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O conceito de "método analítico" na pedagogia musical tornara-se conhecido, no
século XIX, sobretudo através da obra Guide de la méthode élémentaire et analytique de
musique et de chant, divisé en deux parties (Paris, 1821-1824), de Guillaume-Louis Wilhem
(1781-1842), o grande nome do movimento orfeônico francês. No Brasil, o conceito une-se à
orientação pedagógica geral seguida nas Escolas Modelo de São Paulo, pela passagem do
século. No prefácio desta obra O Ensino da música pelo Methodo Analytico, os seus autores
esclarecem os motivos da adoção do método também na educação musical. A justificativa da
adaptação à música de um método defendido, sobretudo para o ensino da língua baseou-se na
similaridade vista entre a música e a linguagem. Mesmo que o Canto Orfeônico não tenha se
expandido nas escolas brasileiras nas décadas de 1910 e 1920, o ensino de Música esteve
presente nas três primeiras décadas do século XX, principalmente nas escolas primária e
normal. No entanto, no ensino secundário, este estava ausente dos programas escolares.
A Música é a disciplina que mais analogia tem com a linguagem – ella é a linguagem da
alma, a linguagem do coração. Manifestamos o nosso pensamento por meio da palavra
falada, ou escripta do mesmo modo que com a palavra musical – o compasso, escrevendo
ou entoando, entretemos a nossa vida de relação. Na linguagem temos os symbolos
formando as palavras e as palavras formando as proposições e na música temos os signaes
formando os compassos e os compassos constituindo a phrase e a phrase compondo o
pensamento musical. Ressalta a paridade entre essas duas disciplinas; não é possível, pois,
disparidade em methodo. Havendo tanta analogia entre a musica, a leitura e a linguagem,
rebusquemos alguns factos destas disciplinas, partindo, assim, de uma questão debatida,
discutida e vivenciada, para uma questão que se procura divulgar. (Gomes e Cardim, 1914)
Lemos Júnior (2005) afirma que: somente no início da década de 1930 o ensino de
Canto Orfeônico tornou-se oficialmente uma disciplina obrigatória no ensino secundário, mais
especificamente para o curso ginasial, graças à atuação de Villa-Lobos junto ao Governo
Brasileiro, que além de apresentar as diretrizes do ensino do Canto Orfeônico na escola,
preocupou-se com a formação de professores qualificados para tal empreitada.