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social do “homem ao homem” o princípio básico da sua
teoria;
3. ... concebe assim a negação da negação [em
Hegel] apenas como a contradição da filosofia consigo
mesma, como a filosofia que afirma a teologia
(transcendência, etc.) depois de a ter abolido, afirmando-
a portanto em oposição a si mesma.
Posteriormente Marx discordou dos jovens hegelianos por considerar limitada a
crítica destes em dois sentidos: por ser uma crítica apenas no aspecto religioso e por
abandonar a filosofia de Hegel no que ela tem de mais valioso: o raciocínio dialético.
Assim as divergências eram de duas ordens: com relação aos Hegelianos de direita o
debate centrava-se na questão religiosa – os de direita desejando conciliar Hegel com a
religião e os de esquerda usando Hegel para criticar a religião. Neste ponto Marx
concordava com os hegelianos de esquerda como Bauer e Feuerbach – e declara na
Ideologia Alemã [II,2,p. 35] que este último “tem a grande vantagem de compreender
que também o homem é objeto sensível”, embora, “não como atividade sensível”
17
.
Outro debate se dava entre Marx e os hegelianos de esquerda: é que Marx acreditava
que a dialética hegeliana possibilitava a superação da filosofia hegeliana
18
. Neste ponto
divergia fortemente dos jovens hegelianos. Os textos que caracterizam este rompimento
são A Sagrada Família, A ideologia alemã e as Teses sobre Feuerbach, mas na Tese de
Doutorado já se desenha este rompimento fundamental. Marx endossou inteiramente a
crítica à religião feita pelos jovens hegelianos, e explicitou isto na tese sob a forma de
um elogio da filosofia e uma crítica da religião; entretanto, o embate seguinte entre o
16
MARX. Manuscritos... p 173 e 174
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Essa passagem da Ideologia Alemã é a explicitação da crítica que Marx faz na 1ª tese sobre Feuerbach
ao materialismo anterior. Ali Marx comenta que “a falha principal, até aqui, de todos os materialismos
(incluindo o de Feuerbach) é que o objeto, a realidade efetiva, a sensibilidade, só é percebido sob a
forma do objeto ou da intuição; mas não como atividade sensivelmente humana, como prática, e não de
maneira subjetiva” MARX, K. Teses sobre Feuerbach em MARX-vida & obra, de GIANNOTTI. Trad.
Luciano Codato. S. Paulo: L&PM, 2000. P. 108.
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No posfácio à Segunda edição de O Capital, datado de janeiro de 1873, Marx indica que há quase 30
anos critica “o lado mistificador da dialética hegeliana”. Afirma que “meu método dialético não só
difere do hegeliano, mas que é também a sua antítese direta”. Todavia, declara-se “abertamente
discípulo daquele grande pensador, e, no capítulo sobre o valor” por ser “o primeiro a expor as formas
gerais do movimento [da dialética] de forma ampla e consciente”. Continua Marx comentando que a
dialética em Hegel “é necessário inverte-la, para descobrir o cerne racional dentro do invólucro
místico” MARX, K. O capital. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kolhe. São Paulo: Abril Cultural, 2ª ed,
1985. P 20 e 21.