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1 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV
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Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento:
Artigos
Jacob (J.) Lumier
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Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos
Jacob (J.) Lumier
INDICAÇÕES PARA FICHA CATALOGRÁFICA
Lumier, Jacob (J.) (1948 -...):
Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos
E-book universitário, 77 págs., Outubro 2006, com Bibliografia.
WEBSITIO PRODUÇÃO LEITURAS DO SÉCULO XX-PLSV: literatura digital
Através de
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1. Comunicação Social
2. Sociologia e Política
I. Título. II. Série.
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Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento:
Artigos
Coletânea de Artigos
Por
Jacob (J.) Lumier
Autor de ensaios sociológicos na Internet.
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Rio de Janeiro – Outubro 2006
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Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos
Jacob (J.) Lumier
APRESENTAÇÃO
Os três artigos reunidos neste e-book refle-
tem preocupações complementares de pesquisa em matéria de sociologia
do conhecimento que, do primeiro para o terceiro, nesta ordem, se desdo-
braram respectivamente em atividades ou em ensaios mais complexos ou
permanecem na fase inicial.
No primeiro pequeno artigo são os proble-
mas da Metodologia Científica que nos ocupam tendo em conta que o co-
nhecimento nas instituições do Ensino Superior é produzido na medida em
que se elaboram as Monografias. Em face do reduzido número de monogra-
fias oferecidas, procuramos formular de modo sumário uma orientação práti-
ca com os recursos da Internet e em prol do Ensino a Distância para auxiliar
os menos experientes nas dificuldades de composição, e colocamos em re-
levo o enlace entre experimentação e comunicação como fundamental para
o método da forma monográfica.
No segundo artigo, o mais extenso, nossa
preocupação já não se restringe ao aspecto metodológico da produção do
conhecimento universitário como o fizemos no artigo anterior, mas nos ocu-
pamos de tecnologia e conhecimento. O Interesse específico deste artigo,
em sua tese, consiste em alcançar os programas de pesquisa sobre os sis-
temas cognitivos. (a) - Abordando a comunicação social com profundidade
este artigo contém as linhas básicas para passar pela crítica a suposição
de uma apreensão do ciberespaço, observando a carência de extensão
concreta neste caso. (b) - Em face da crescente influência concorrente da
filosofia abstrata do conhecimento alimentada pela neuropsicologia da cog-
nição (as chamadas “ciências cognitivas”), este ensaio encontra motivo para
buscar as orientações básicas da nova sociologia do conhecimento -
notada na obra de C.Wright Mills, mas fundamentada, desenvolvida e pro-
movida por Georges Gurvitch - insistindo que nenhuma comunicação po-
de ter lugar sem o psiquismo coletivo e que isto exige o estudo da vari-
abilidade na realidade social.
No terceiro e último artigo reunido neste e-
book, o mais crítico e mais circunstancial dentre os três, tratamos o conhe-
cimento político compreendido desde o ponto de vista sociológico como
combinação específica de utopismo e realismo, já explicitada por Georges
Gurvitch. Estudamos o caso da obra de democratização no Brasil que ainda
não chegou ao voto e, examinando justamente o problema do voto obrigató-
rio, mostramos a deficiência do conhecimento político neste caso, sua ca-
rência de realismo.
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Jacob (J.) Lumier
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................................. 5
PALAVRAS-CHAVES..........................................................................................................8
A MONOGRAFIA COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO E
TRABALHO CIENTÍFICO. ..................................................................................................9
A TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E
A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO.........................................................................16
A FICÇÃO NAS ELEIÇÕES..............................................................................................48
SOBRE O AUTOR..............................................................................................................62
CARACTERÍSTICAS DESTE E-BOOK COMO PRODUTO CULTURAL.................76
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PALAVRAS-CHAVES
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os termos abaixo relacionados.
Análise / Arte / Autor / Ciências Humanas / Comunicação / Conhecimen-
to / Cultura / Desenvolvimento / E-Book / Estrutura / Experiência / Expe-
rimentação / Função / Liberdade / Literário (a) / Política (o) / Procedi-
mento / Produção / Produtivo (a) / Produto /
/ Público (a) / Sistema / Sociedade / Sociologia / Técnica (o) / Tecnolo-
gia / Tecnológico (a) / Teoria / Valor /
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A Monografia Como Forma de Comunicação e Trabalho Científico.
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A MONOGRAFIA COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO E
TRABALHO CIENTÍFICO.
Comentário em vista de
estabelecer os pontos de embasamento de
uma Oficina para a monografia como grupo tipo fórum na internet.
.
Por
Jacob (J.) Lumier
Autor de ensaios sociológicos na Internet
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Jacob (J.) Lumier
A Monografia Como Forma de Comunicação e
Trabalho Científico.
Por
Jacob (J.) Lumier
O estudioso que tenha lido os ensaios de
Ralf Dahrendorf nos anos 70/80 (“Ensaios de Teoria da Sociedade”, Zahar,
Rio) terá com certeza notado as profundas implicações para o conhecimento
que são decorrentes da condição da publicidade do trabalho científico. Terá
visto que grande parte dos mal-entendidos a respeito de certas obras ou teo-
rias científicas tem muito a ver com o fato de sua exposição a todos os tipos
de públicos, muitas vezes composto não só de leigos, mas de gente alheia à
formação nas ciências humanas. Se a condição de publicidade é inerente ou
não ao modo de produção científico ou se deve ou não ser restringida aos
estudiosos é uma questão que extrapola o domínio do pensamento científico
para lançar-se no âmbito da comunicação social, já que a obra impressa ou,
depois do advento da Internet, a obra ou livro eletrônico, “e-book”, é um pro-
duto cultural do qual a atividade científica não saberia distanciar-se. O traba-
lho científico se realiza como documento escrito e comunicado: tal é a ver-
dade que não pode ser disfarçada. Ao ser comunicado, toma impreterivel-
mente na Monografia uma forma racional de composição que lhe é própria,
sobre a qual se confeccionaram historicamente as Revistas de Artigos e os
Livros, desse modo reconhecidos como publicações científicas. Há, portanto,
dois momentos no desempenho da prática científica: o trabalho científico
propriamente dito, de que se ocupa a Epistemologia; e a comunicação da
pesquisa, que a Metodologia, como disciplina filosófica geral, busca incorpo-
rar de modo aplicado como Metodologia da Pesquisa ou Metodologia Cientí-
fica . Cultiva-se em modo recorrente a expectativa de que é pelo estudo
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A Monografia Como Forma de Comunicação e Trabalho Científico.
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dessa metodologia aplicada que a formação do pesquisador-autor-iniciante
pode chegar a bom termo e efetuar a passagem do nível epistemológico pa-
ra o nível da comunicação.
Todavia, com a honrosa exceção de Ralf
Dahrendorf, como mencionado, é raro encontrar quem atribua relevância
específica ao nível da comunicação no desempenho da prática científica,
sendo admitido que a composição da Monografia resultará quase de modo
automático, mediante a observância de certas técnicas de preparação do
relato da pesquisa, cujo material produzido com o auxílio dessas técnicas
deverá ser processado na elaboração do pesquisador, como autor de tal
composição, largado este, porém, ao seu suposto desejado talento individual
para fazê-lo, haja vista o branco a este respeito que predomina na disciplina
de Metodologia da Pesquisa. Ora, como é sabido, nos países de não muita
tradição literária é grande o número de candidatos na pós-graduação que
não apresentam a Monografia, já bastante reduzida quanto à sua extensão
exigida, tendo eles cursado não só as disciplinas conexas à sua disciplina
principal, mas a Metodologia da Pesquisa. Não que seja equivocada aquela
percepção de que o nível da comunicação é desprovido de especificidade do
ponto de vista da realização do trabalho científico, mas, sim, que o nível da
comunicação escapa aos critérios estritamente circunscritos a esse ponto de
vista. Aliás, a Metodologia da Pesquisa por si só, como disciplina científica,
não tem a obrigação de ensinar sobre o nível da comunicação social nem
compreende a pessoa encarregada de preparar e elaborar a monografia
como um autor, como um pesquisador-autor iniciante neste ofício. Há, pois
uma lacuna na oferta dos subsídios ou ferramentas necessárias ao bom de-
sempenho do pesquisador ao ser colocado na circunstância de elaborar co-
mo autor sua monografia. E não se trata só de subsídios a serem ofertados
por uma disciplina científica num ambiente de sala de aula, mas sobretudo
trata-se de procedimentos composicionais a serem ofertados ou exercidos
no ambiente aplicado de uma oficina, como instância de praticidade da pro-
dução cultural, haja vista que o nível da comunicação é conexo à atividade
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artística, sendo este o caso da composição literária da Monografia como
forma racional de comunicação.
COORDENADAS DE UM GRUPO-OFICINA NA INTERNET
Aqui nomeado GRUPO MONOGRAFIA.
O grupo-oficina MONOGRAFIA na Internet
põe em prática atividades concebidas em complementação à disciplina de
Metodologia da Pesquisa; É um espaço aberto de reflexão e aplicação dos
conhecimentos metodológicos onde cada um, como pesquisador e, sobretu-
do autor de sua própria comunicação acadêmica, pode apreciar e comentar
livremente as experiências mútuas de composição e solucionar as suas difi-
culdades na preparação, montagem, elaboração e redação da sua monogra-
fia como forma de comunicação, sob orientação.
Tendo em vista o imperativo de montar e
cumprir um roteiro de anotações “protocolares” capaz de atender e adaptar o
plano de composição da monografia (supostamente) proposto na disciplina
de Metodologia da Pesquisa, o grupo MONOGRAFIA na Internet é concebi-
do para atender à demanda em assistir a cada pesquisador-autor-iniciante
no seu esforço individual de (a) -aproveitar, nos quadros conceituais de sua
disciplina principal, os seus levantamentos de dados; (b)- apreciar, comparar
e comentar, em modo compreensivo, suas leituras dos textos da bibliografia
específica selecionada (ou em vias de ser selecionada);
O GRUPO MONOGRAFIA favorece as se-
guintes demandas: Permite ao pesquisador-autor-iniciante aplicar-se nos
procedimentos de observação e registro que são diferenciados, em níveis ou
em etapas, no curso da elaboração do texto e composição da monografia,
como forma de comunicação da pesquisa; Mediante entrevistas utilizando o
Messenger e o Blogue além do correio eletrônico (e-mail), O GRUPO
MONOGRAFIA na Internet permite ao autor-orientador assistir a cada pes-
quisador-autor-iniciante em suas ponderações e demandas metodológicas
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individuais, sem esquecer que a monografia se faz por auto-aprendizagem;
Especialmente ao pesquisador-autor-iniciante que já reconhece operativa-
mente a mirada da sua disciplina e, desse modo, dispensa a necessidade de
ser assistido individualmente, o GRUPO MONOGRAFIA lhe propicia o ambi-
ente favorável à troca de experiências e, com isso, lhe dá maior oportunida-
de de prosperar em sua capacidade de propor correlações pertinentes e tirar
inferências das leituras da bibliografia e das suas próprias anotações dessas
leituras. Enfim, o pesquisador-autor-iniciante que quiser uma orientação
mais individual, tipo “aula particular”, além de seu endereço de correio ele-
trônico (e-mail), deverá dispor de um contato de Messenger e utilizar um
Blog com endereço restrito, não público, exclusivo seu, para registrar suas
anotações e as entrevistas de orientação com o autor-orientador sem prejuí-
zo das mensagens e trocas de experiência utilizando a Homepage do grupo,
onde cada um deixará registrado e atualizará o assunto e a disciplina de sua
pesquisa, para favorecer os interesses comuns.
Jacob (J.) Lumier
2006©Jacob (J.) Lumier
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A TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E
A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
(1)
(relações entre as tecnologias da informação e as sociedades)
Por
JACOB (J.) LUMIER
TP
1
PT Sob o título de “Tópicos Para Uma Reflexão Sobre A Teoria de Comunicação Social (relações entre
tecnologias da informação e sociedades)”, uma primeira versão em quinze páginas -pdf- da pesquisa
em curso que me levou ao presente artigo inteiramente original e inédito, está publicada em <Sala de
Lectura CTS+I; sección Sociedade de Información> da Organización de Estados Iberoamericanos para
la Educación, la Ciencia y la Cultura-OEI, datada em 09 de Janeiro 2006 http://www.campus-
oei.org/salactsi/.
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A Teoria de Comunicação Social e a Sociologia do Conhecimento
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A Teoria de Comunicação Social e a Sociologia do Conhecimento
Abstract:
A teoria de comunicação social, ao examinar a cultura do compartilhamento
nas redes P2P fluindo no ciberespaço, sugere uma noção tecnológica do
conhecimento. Entretanto a sociologia do conhecimento no século XX, como
disciplina das ciências humanas, nos faz relembrar a indispensabilidade do
espaço da sociabilidade na compreensão mesma do termo conhecimento.
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A Teoria de Comunicação Social e a Sociologia do Conhecimento
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A Teoria de Comunicação Social e a Sociologia do Conhecimento
Por
Jacob (J.) Lumier
INTRODUÇÃO
O estudioso de filosofia conhece bem a fórmula muito citada para lembrar
Spinoza de que não se deve rir nem chorar diante das situações na realida-
de. Diz-se que o filósofo pretendeu com isto pôr em relevo a liberdade inte-
lectual, embora tenha igualmente revelado certo afeto pelos valores na sua
escala formalista dos níveis do conhecimento, tão bem analisada e mais a-
inda interpretada pelo insuperável León Brunschvicg (1869-1944). Seja co-
mo for, a lembrança de que o avanço do conhecimento positivo liga-se a
uma atitude livre de conceitos gerais ou sem pré-concepções é uma consi-
deração oportuna quando se tece algum comentário sobre a reflexão da so-
ciedade de informação. Isso porque não será difícil ao leitor atento sugesti-
onar, de si para consigo, uma coloração vistosa, como se contemplasse uma
corrente de um pensamento satisfeito em espelhar-se no esplendor dos re-
cursos inovadores -- na pegada do qual uma pessoa pode sentir-se estimu-
lada a exercer-se no prolongamento dos instrumentos das tecnologias da
informação e da comunicação. Todavia, um espanto admirado talvez pudes-
se afetar o nosso leitor de mirada curiosa caso se perguntasse pela corrente
contrária, a do pensamento insatisfeito. Veria que para alcançá-la, ou so-
mente buscá-la, já se encontraria em meio aos temas da reflexão da socie-
dade de informação, e, dentre estes, não somente aqueles voltados para
configurar a inovação, como os que tratam da descrição e conceituação do
ciberespaço, mas, de uma maneira geral, em meio às relações entre tecno-
logias da informação e sociedades. É que, em fato há, via de regra, algo as-
sim como uma predisposição para internalizar o sentimento do avanço e da
inovação que, a primeira vista, parece empolgar o pensamento iluminando a
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sociedade de informação. Nota-se, sobretudo a preocupação em enfatizar o
benefício das tecnologias da informação para o maior número. Não que haja
algo de errado com esse tipo de postura pública, mas que, se lembrarmos a
máxima do referido Spinoza, iremos constatar que o filósofo não está sendo
ouvido. “É claro!” - diria um interlocutor satisfeito: “nem houvera porquê ouví-
lo se o assunto é instrumental e não um fim em si mesmo”. Mas aí, nesse
caso, não há reflexão, não há meios de chegar a um pensamento de com-
preensão e explicação, e a sociedade de informação não teria outra realida-
de que a dos grupos de interesse e das estratégias de investimento secun-
dando as instâncias planejadoras, restando equívoca, deslocada, sua pre-
tensão cultural como imagem do utilitário. Mas nem tudo é um mar de rosas
e a voz do filósofo que fez da substância metafísica uma via para o caminhar
do homem moderno como subjetividade, se faria ressoar naquelas outras
miradas mais distanciadas, a enfocarem a sociedade de informação desde
suas fronteiras, sem rir nem chorar, no caso, sem redução das relações en-
tre as tecnologias da informação e as sociedades, mas, ao contrário de
qualquer simplificação, reencontrando-as numa morfologia aberta às signifi-
cações humanas. Por nossa parte, se é fato que sem a comunicação social
não há cultura, como é sabido, será, pois de bom alvitre começar nossa a-
proximação acolhendo as indagações a este respeito, atentos à Metodologia
do pensar teorético neste domínio e às brechas suscitantes para a sociologia
do conhecimento.
***
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A Teoria de Comunicação Social e a Sociologia do Conhecimento
/Primeira Parte/
A teoria de comunicação social se afirma dentro da sociedade de informação
e não vê o pluralismo cultural e lingüístico.
A TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
se insere no contexto da cultura da tecnologia como fenômeno social global
(cultura na medida em que se trata de apreensão do ciberespaço como re-
des de redes) levando ao surgimento da sociedade de redes de informação,
como consagração do princípio da virtualidade real, de que nos falou Manuel
Castells (Castells, 2003). Ela dá expressão ou reflete esse processo de for-
mação, e o faz voltada para a indústria cultural (esta é mais antiga, vem dos
anos vinte) que é um dos setores dessa cultura da tecnologia (em inelutável
expansão inelutável desde os anos cinqüenta). A sociedade de redes de in-
formação é uma unidade coletiva surgida com o desenvolvimento tecnológi-
co, cuja obra a realizar é o desenvolvimento das tecnologias da informação
para o que, conforme assinalou Vicente Ortega em artigo de TELOS em
2004, articula os três âmbitos mencionados por Arnold Pacey no livro The
culture of technology, publicado en 1983. As relações entre as tecnologias e
as sociedades dão lugar a um sistema combinando “tres ámbitos o aspectos:
el científico-técnico, el organizacional y el cultural. El primero incluye el co-
nocimiento científico-técnico experimental, los procedimientos y habilidades
técnicas, las fuentes de energía, los recursos naturales, las máquinas, apa-
ratos y herramientas, etc. El segundo ámbito engloba los conocimientos y las
actividades económicas y empresariales, sindicales y profesionales, las ad-
ministraciones públicas y organizaciones de consumidores y otros aspectos
parecidos propios del mundo de la economía, los servicios y la gestión. Por
último, el ámbito cultural comprende aspectos más generales e indefinidos
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como los fines, los valores, las creencias, las costumbres, las ideas de crea-
tividad, riesgo, progreso, etc., que constituyen el caldo de cultivo predomi-
nante en una determinada sociedad”. Do ponto de vista assim localizado, a
sociedade de redes de informação aparece como instância do “desarrollo
tecnológico sostenible de las tecnologías de la Información”, sendo repre-
sentada em seus fins ideais (1)-como foco de “nuevos tipos de información y
nuevos servicios que contribuyen a un cambio de hábitos culturales que ti-
enden a modificar los comportamientos sociales”; (2)-como un “estadio del
desarrollo de la sociedad caracterizado por la capacidad de sus miembros –
individuos, organizaciones e instituciones– para crear, procesar,
Em seu caldo de cultivo, a sociedade de redes de informação afirma uma
ideologia ou um discurso como expressão de seu vínculo estrutural e recí-
proco ao desenvolvimento das tecnologias da informação.
comunicar, obtener y compartir libremente cualquier tipo de información, en
cualquier lugar y en cualquier momento”; (3)- a que se conjugam, como ne-
cessárias, “las infraestructuras, sistemas y servicios de telecomunicaciones
e informática, es decir las tecnologías propriamente ditas
(2).
Portanto, a so-
ciedade de informação, em seu caldo de cultivo, afirma uma ideologia ou um
discurso como expressão de seu vínculo estrutural e recíproco ao desenvol-
vimento das tecnologias da informação. É desse “caldo de cultivo” que, co-
mo veremos adiante, participa a TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL na
medida em que, por sua vez, se afirma dentro da sociedade de informação e
não vê as sociedades além desta, como o pluralismo cultural e linguístico,
por exemplo, que escapa ao domínio da TEORIA DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL.
TP
2
PT A noção de uma cultura da tecnologia foi posta em relevo, dentre as publicações eletrônicas em lín-
gua espanhola, por Vicente Ortega, numa reflexão proposta a partir do mencionado livro de Arnold
Pacey. Segundo V. Ortega, trata-se alí de promover o conceito moderno de tecnologia, como visión
multisciplinar da qual são aspectos conjugados a comunicação (sem a qual não há cultura), a tecnolo-
gia e a sociedade. As relações entre tecnologias e sociedades dão lugar a um sistema combinando “tres
ámbitos o aspectos: el científico-técnico, el organizacional y el cultural (Ortega, 2004).
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A sociedade da informação é um aprofun-
damento na cultura da tecnologia (consagra como foi dito o princípio da vir-
tualidade real). Todavia é preciso levar em conta que a apreensão do cybe-
respaço, base dessa cultura da tecnologia, não se dá indiferentemente aos
conteúdos comunicados, aos temas percebidos (como as próprias relações
entre tecnologias e sociedades), às línguas ou às significações nelas e por
elas apreendidas (as criações e os produtos segregados no ciberespaço,
como virtualidades reais, desdobram-se desses conteúdos, desses temas
percebidos, ainda que se possa observar o surgimento da atividade de “con-
teúdista de software”, invertendo aparentemente a ordem das funções mas
consagrando a prioridade e a anterioridade dos conteúdos).
A TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
como discurso da cultura da tecnologia voltado para apreciar as situações
surgidas nas redes de redes trata seu objeto (a mensagem, o medium, a
mídia) sem considerar as línguas em que as informações são comunicadas
em texto, nem a determinação que a particularidade das línguas impõe aos
conteúdos ou constitui os conteúdos. Dá por suposto que a língua dos con-
teúdos informativos é tão formal ou indiferente quanto os algoritmos da lin-
guagem tecnológica ou digital que constitui o medium (software, por ex.).
Supõe um monismo da língua nas informações. Neste sentido, a recoloca-
ção do tema e do problema das relações entre tecnologias e sociedades,
acentuando o aspecto da variedade nessas relações, passa pela discussão
sobre a TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL em face do pluralismo cultu-
ral e lingüístico. Note-se que do ponto de vista do pluralismo há uma relativa
autonomia dos conteúdos, sendo legítimo tratar ou classificar as informações
desde o aspecto temático e distinguir assim, por diferença da sociedade da
informação à qual estão ligadas como as suas regiões diferenciais, as socie-
dades do saber, nas quais os conteúdos informativos são realçados nas
classificações variadas, em face dos critérios exclusivamente tecnológicos
ou das situações econômicas típicas resultantes das dinâmicas das redes de
redes na Internet. O pluralismo cultural e lingüístico torna possível perceber
ou dar expressão às relações entre tecnologias e sociedades com anteriori-
dade ao sistema da cultura da tecnologia (os três âmbitos mencionados),
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isto é, como sendo um conjunto de relações que não se reduz ao nível do
que é produzido nesse sistema, mas introduz um princípio de variabilidade
no mesmo. Tal o quadro de referência que permite uma apreciação crítica
das premissas na TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.
O pluralismo cultural e lingüístico é uma realidade sociológica independente
e individualizada, não é um produto da cultura da tecnologia embora lhe seja
transversal ou interveniente;
Seja como for, podemos constatar que o
estudo das relações entre tecnologias e sociedades sendo feito com atenção
ao pluralismo, leva a assinalar não só várias ambigüidades no sistema da
cultura tecnológica, mas, por esta via, permite realçar certas alterações na
linha do desenvolvimento das tecnologias da informação. Lembre-se a este
respeito que: “la posición de fuerza de los medios de comunicación en el
comercio externo está relacionada, por un lado, con la buena comercializaci-
ón de sus productos (cine, radiotelevisión, vídeo) y, por otro, con la capaci-
dad que tienen éstos para generar audiencias sobre la base de una relación
calidad/precio competitiva. Pero en ambos casos dependen en su mayor
parte de las características del mercado interno”. “El año 2001 estuvo mar-
cado por un neto decrecimiento del mercado mediático tras diez años de
continua expansión. La causa principal fue la reducción de un 6,2 por ciento
de la inversión publicitaria La crisis alcanzó al uso instrumental de los pro-
ductos de la industria del copyright pero no a su mercado de consumo, que
en su mayor parte continuó creciendo. A pesar de la fuerte caída de las in-
versiones publicitarias –que no se había registrado de forma tan pronunciada
desde la II Guerra Mundial- el gasto de los consumidores en medios de co-
municación continuó creciendo, registrando un aumento del 6,5 por ciento
con respecto al año precedente (cf. Richeri, 2004).
La importancia estratégica de las industri-
as del copyright no solo se debe a que se trata de uno de los segmentos
más dinámicos de la economía estadounidense, o al hecho de que hoy pa-
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rece desempeñar, en el desarrollo económico general, el mismo rol que la
industria pesada en épocas pasadas. Su importancia se debe sobre todo al
hecho de que esta indústria ha alcanzado un nivel de expansión internacio-
nal muy elevado, y al hecho de que sus productos –mucho más que cualqui-
er otra clase de producto– se caracterizan por su doble valor económico y
socio-cultural” (ib.ibidem). E este autor mencionado nos lembra ainda que a
relevância dessa última característica “es evidente si se tienen en cuenta las
iniciativas que la Unión Europea está tomando para reforzar la competitivi-
dad de sus productos y para elevar las barreras de entrada a los productos
norteamericanos”(ib.ibidem).
A indústria do copyright tornou-se vulnerável
em conseqüência das redes P2P
Constata-se a vulnerabilidade da indústria do copyright como consecuen-
cia del uso de Internet para intercambiar y distribuir gratuitamente ‘entre pa-
res’ (peer to peer) nas redes P2P, atingindo não só aos CD musicais, mas
con el desarrollo de las redes de banda ancha, a otros sectores como el de
la industria cinematográfica(ib.ibidem).
Desta forma, chega-se à conclusão de que
estas nuevas formas de liberación espontánea de los flujos internacionales
de “información”, como consecuencia del desarrollo de las redes y servicios
de telecomunicaciones, plantea nuevos problemas al menos sobre dos fren-
tes: el de las empresas que poseen y gestionan el copyright y ven amenaza-
dos sus ingresos; y el no menos importante relacionado con el incremento
de los desequilibrios en los intercambios internacionales, los cuales se pro-
fundizarán a través de las nuevas redes y serán difíciles de evaluar y regu-
lar, como lo viene intentando la Unión Europea desde hace tiem-
po”(ib.ibidem).
De fato, é neste ponto que a TEORIA DE
COMUNICAÇÃO encontra o tema que lhe dá projeção como teoria conjectu-
ral. O estudo das redes de redes introduz na sociedade de informação um
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quadro diferencial que exige uma apreciação mais ou menos profunda para
ser compreendido. Aos olhos da TEORIA DE COMUNICAÇÃO os “progra-
mas peer-to-peer (P2P), como eMule, Gnutella, eDonkey, BitTorrent e outros
tantos permitiram que, de conteúdos compartilhados nos servidores, a rede
se estendesse, desde a base dos 340 milhões de computadores ligados à
rede (junho de 2005) para os computadores pessoais dos usuários da rede,
ou seja, estendendo o intercâmbio de conteúdo para outras 910 a 940 mi-
lhões de máquinas em uso (e-Forecast, 2005). Trata-se de uma quantidade
gigantesca de informação que flui de forma descentralizada e frenética pela
rede” (apud Machado, 2005).
No estudo dessa situação da indústria cul-
tural na sociedade de informação e por efeito desta, a TEORIA DE COMU-
NICAÇÃO SOCIAL não só nos oferece uma descrição da mentalidade no
círculo social dos administradores e usuários das redes de redes, à qual
chama “cultura do compartilhamento”, mas por esta via, nos deixa ver
uma noção do conhecimento como conteúdo impresso/gravado comunicado
nos produtos da indústria cultural (o que nos anos sessenta e setenta cha-
mava-se “mensagem” - o meio é a mensagem), mas bastante submetido ao
ponto de vista da tecnologia da informação e ao aspecto quantitativo. Mas
não é tudo. A Teoria de Comunicação Social põe em relevo as mudanças
verificadas no complexo sistema de produção, distribuição, logística, plane-
jamento que envolvia as relações entre o produtor/autor e o consumidor na
indústria cultural. Tomadas em conjunto, as tecnologias da informação e
comunicação e a dinâmica da Internet, tanto pela introdução do suporte vir-
tual quanto pela expansão das redes “P2P”, tiveram várias conseqüências
levando a quebrar o elo em torno da função de fazer o conhecimen-
to/informação/mensagem chegar ao cidadão/consumidor que, via de regra,
era uma função assumida pelas editoras e gravadoras com suporte conven-
cional. As tecnologias da informação e comunicação e a dinâmica da Inter-
net colocaram em cheque a propriedade do conhecimento, pois “qualquer
obra humana que possa ser convertida em bits pode ser reproduzida
indeterminadas vezes e facilmente distribuída”; Em face dessa qualidade,
inverteu-se o procedimento da comercialização passando-se a falar mais em
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“vender o suporte do que a informação”, tendendo-se a “pagar apenas pelos
átomos”; Observou-se o surgimento nesse âmbito digital de “uma comunhão
de bens culturais, técnicos e científicos considerados ‘públicos’ (...) em que
o único constrangimento para a reprodução e distribuição deve ser o
controle pelo autor sobre a integridade de seu trabalho e o direito de
sua propriedade intelectual e devida citação” (ibidem Machado, 2005).
Portanto, afirma-se a exigência de rever os papéis econômicos, para o que a
TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL sugere que o contexto configurado
pelos programas peer-to-peer (P2P) seja tomado como modelo. Quer dizer,
estaríamos diante de um contexto em que “a informação e, principalmente, o
conhecimento são tanto insumos como produtos cada vez mais importantes
para a produção cultural, econômica, artística, intelectual e, assim, para o
desenvolvimento econômico e social”, estabelecendo-se a configuração de
um novo paradigma da difusão e construção do conhecimento”, o qual seria
observado no “compartilhamento através das redes de criação e inovação”,
o qual a TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL torna seu modelo principal
de análise e interpretação, seguinte: O compartilhamento do conhecimento
tem sido a base da inovação e da produção de novos conhecimentos. As
modernas tecnologias de informação e comunicação proporcionam ferra-
mentas inovadoras para o intercâmbio de conhecimento em nível global e
em tempo real; Consolida-se cada vez mais uma cultura do compartilhamen-
to, baseada principalmente nas comunidades de interesses e, cada vez
mais, na troca entre particulares – nas redes do tipo P2P (ibidem Machado,
2005).
Na realidade, o que a TEORIA DE COMU-
NICAÇÃO SOCIAL quer dizer quando nos fala de um novo paradigma de
construção do conhecimento não é tanto o fato de que as tecnologias da
informação possibilitam que o conhecimento técnico seja construído em
seus conteúdos lógico-numéricos pelas próprias ferramentas tecnológicas,
ou que as tecnologias sejam construídas pelas próprias tecnologias (os
computadores constroem computadores, robôs constroem robôs), mas, sim-
plesmente, que, ao quebrar-se o elo convencional em torno da função de
fazer o conhecimento/informação/mensagem chegar ao consumidor, a difu-
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são desse conhecimento tal como disponibilizado na indústria cultural, passa
a sofrer os efeitos das redes de redes, de tal sorte que “o compartilhamento
desse conhecimento tem sido a base da inovação e da produção de novos
conhecimentos”. A noção de “construção” do conhecimento é, portanto em-
pregada no sentido preciso de que o conhecimento/informação/mensagem
não é mais imposto desde cima pela indústria cultural, mas o usufruto do
mesmo, como conteúdo impresso/gravado socialmente comunicado, resulta
do círculo dos administradores e usuários das novas tecnologias da informa-
ção, sobretudo do compartilhamento e das trocas entre os particulares de-
corrente das novas redes de redes P2P.
O usufruto do conhecimento/informação/mensagem resulta do círculo social
dos administradores e usuários das novas tecnologias da informação e não
é mais imposto desde cima pela indústria cultural.
Admite-se, então, que esse conhecimen-
to/informação/mensagem assim difundido e desfrutado, em redes de redes,
introduz novas referências para a compreensão dos papéis na indústria cul-
tural, já que, por sua vinculação direta aos meios tecnológicos de difusão da
informação, ou como extensões desses meios, sobretudo pela magnitude do
seu volume e rapidez, aquele conhecimento adquire um valor econômico
próprio que anteriormente não se verificava. Daí falar-se em conhecimento-
insumo e em conhecimento-produto para chegar a uma análise dessa situa-
ção em que, como foi dito, “uma quantidade gigantesca de informação flui de
forma descentralizada e frenética pela rede”. Quer dizer, trata-se de uma
configuração particular do conhecimento técnico, como atividade de selecio-
nar e classificar as informações recebidas das redes com o fim de fabricar,
confeccionar ou elaborar produtos que retornem as informações para as re-
des, num encadeamento sucessivo e ininterrupto, no qual toda a informação
já é um conhecimento técnico, já é uma atividade de selecionar e classificar
informações em redes, conhecimento este tornado informação por seu esta-
tuto duplamente instrumental nessa corrente circular (a informação como
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conhecimento-insumo e conhecimento-produto e vice-versa) e todo o con-
sumidor/usuário vem a ser de alguma maneira autor/produtor cultural e vice-
versa, com todos esses papéis revertendo em benefício do desenvolvimento
sustentado das próprias tecnologias da informação. Tal o seu valor econô-
mico. Portanto, a novidade não é tanto o incremento do conhecimento téc-
nico, que já é predominante nos tempos modernos, mas sim a mudança dos
papéis econômicos na indústria cultural em decorrência desse incremento,
papéis que como já o dissemos passam a reverter em benefício do desen-
volvimento das tecnologias da informação/comunicação, pressionando não
só a indústria cultural, mas toda a indústria do copyright.
A representação do conhecimento como insumo ou produto promove os va-
lores do utilitarismo.
A TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
sofre, pois, os efeitos dessa pegada das tecnologias da informa-
ção/comunicação e nos deixa ver seu componente discursivo na sua própria
maneira de formular tal configuração particular de um conhecimento técnico
com acréscimo de valor no sistema cognitivo. Ela o representa em termos de
“conhecimento-insumo” e “conhecimento produto” e promove desse modo,
nessa representação, os valores do utilitarismo (não é tanto o conhecimen-
to que importa, mas a utilidade da atividade classificadora –como insumo--
para o desenvolvimento das tecnologias da comunicação, considerado como
um progresso benéfico). Ou seja, em face da potenciação do conhecimento
técnico como atividade classificadora em redes, diretamente exercida no
prolongamento das próprias tecnologias da informação e em benefício do
desenvolvimento destas, e que, portanto, pode ser definida como uma ativi-
dade tecnológica cabe indagar se a TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL,
ao conceitualizar tal atividade classificadora em redes como conhecimento-
insumo - um valor econômico ou sócio-econômico - não estaria incorrendo
numa projeção pelo utilitarismo para o domínio dos símbolos sociais da-
quela potenciação do conhecimento técnico? Não estaria revalorizando uma
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noção tecnológica do conhecimento” (atividade tecnológica impulsionando o
desenvolvimento das próprias tecnologias da informação), ao invés de sua
compreensão sociológica? (Neste sentido, a “cultura do compartilhamento
seria o modo pelo qual o desenvolvimento das tecnologias da informação se
beneficia da mudança dos papéis na indústria cultural e vice-versa).
A “cultura do compartilhamento” seria o modo pelo qual o desenvolvimento
das tecnologias da informação se beneficia da mudança dos papéis na in-
dústria cultural e vice-versa.
Não que a projeção pelo utilitarismo careça
de procedência ou deva ser repelida como estranha ao objeto da TEORIA
DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Pelo contrário: antes de prejudicar a mirada
sobre a mídia e as tecnologias da informação, o utilitarismo moderno a favo-
rece, na medida em que constitui uma filosofia pública preconizando que “as
ações publicas só possam ser julgadas pelas conseqüências benéficas que
elas possam ter” para a vida em comum. Como se sabe, a defesa de um
‘utilitarismo liberal’ como filosofia pública é notada por alguns estudiosos
como uma idéia que já pode ser encontrada em John Stuart Mill. Admite-se
(a)-que o fato do “utilitarismo não incentivar o cumprimento indiscriminado de
promessas e a expressão da verdade”, embora seja fatal no nível social, se-
ria pelo menos aceitável no nível político-público; (b)-que a noção vaga de
felicidade” ali adotada seria um modo de criar “um espaço de negociação
entre interesses diferentes e conflitantes, respeitando as tendências pluralis-
tas das sociedades contemporâneas”, tanto mais que “a variedade das esco-
lhas aumenta a possibilidade da felicidade, principalmente numa sociedade
pluralista”; (c) – que o utilitarismo das acções ao nível moral é ineficaz e tem
resultados contra-intuitivos [o imperativo de que cada ação deva ser ponde-
rada de forma que maximize a felicidade do maior número não garante con-
tra os abusos]. (d) - que o utilitarismo liberal é um utilitarismo político que
pode (deve) ser eficaz e cujos resultados contra-intuitivos são bloqueados
pela sua vertente liberal. Por fim, admite-se que as idéias de democracia,
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progresso e de direito à escolha são três idéias enraizadas na cultura pública
que podem ser explicadas em termos utilitaristas [a democracia pode ser
vista como uma espécie de Utilitarismo aplicado, na medida em que, sendo
o governo da maioria, defenderá os interesses do maior número]. Assim
sendo, o utilitarismo liberal está longe de ser uma proposta inconsistente e a
idéia de que uma das funções da política é promover o bem-estar humano
encontra nele uma justificação teórica adequada “(
3
) (Bizarro 2001).
A atividade que se desenrola em prolongamento da ferramenta tecnológica
incorpora um incremento estranho aos juízos cognitivos.
Do ponto de vista da sociologia, o termo
conhecimento não é utilizado para representar atividade de outra ordem nem
encobre afirmação de valores morais ou filosóficos. Do que foi dito acima, a
atividade de selecionar e classificar as informações recebidas das redes com
o fim de fabricar, confeccionar ou elaborar produtos que retornem as infor-
mações para as redes, é, com certeza, conhecimento técnico, mas se essa
atividade, assimilando um incremento de ordem tecnológica, pode ter o e-
feito de beneficiar o desenvolvimento sustentado das próprias tecnologias da
informação e vice-versa é um valor sócio-econômico que já extrapola e é
exterior ao nível do conhecimento propriamente dito, ainda que ao mesmo
apareça acoplado. A atividade que se desenrola em prolongamento da fer-
ramenta tecnológica incorpora um incremento estranho aos juízos cogniti-
vos. Ainda que se possa falar de “apreensão” relativamente ao ciberespa-
ço, do ponto de vista dos conteúdos lógico-numéricos, está claro que não se
trata das amplitudes concretas apreendidas na experiência humana, base
dos objetos do conhecimento, haja vista a parte que cabe às máquinas inte-
TP
3
PT Aproveito aqui os comentários de Sara Bizarro que se apóia, dentre outros, em Goodin, Robert E., Utili-
tarianism as a Public Philosophy, Cambridge University Press, 1995, e sustenta as seguintes conclusões: “nas
discussões acerca do utilitarismo muitas vezes ataca-se exclusivamente a sua versão clássica ignorando o
utilitarismo liberal de John Stuart Mill”. O utilitarismo liberal das acções escapa aos paradoxos propostos
pelos críticos do utilitarismo [não conseguiria evitar a ‘veneração das regras’ e deixaria de ser utilitarismo].
O utilitarismo das regras reduz-se de facto ao utilitarismo das acções, mas o utilitarismo liberal é um utilita-
rismo das acções capaz de bloquear os efeitos contra-intuitivos graças a sua vertente liberal.
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ligentes em tal “apreensão”. A sociologia do conhecimento, como disciplina
das Ciências Humanas, já mostrou que a capacidade cognitiva de encontrar
correlações e tirar inferências gera-se no espaço da sociabilidade, no qual
está mergulhado o mundo exterior da percepção, espaço que já é apreendi-
do nos Nós, forma esta que, por sua vez, constitui segundo o ensinamento
de G.Gurvitch (1894-1965) o primeiro foco da experiência humana (ver: Gur-
vitch, 1962). De fato, de acordo com esta orientação, na elaboração da ex-
plicação em sociologia, o sociólogo descreve e aplica os diversos procedi-
mentos relativista-dialéticos de intermediação que ele encontra na própria
realidade social descoberta, para fazer ressaltar o acordo ou desacordo do
conhecimento em correlações funcionais com os quadros sociais. Essa ati-
tude de descrever correlações exclui qualquer “invencionismo” e não induz a
deformação” alguma, mas pode certamente favorecer a diminuição da im-
portância do coeficiente existencial do conhecimento pela tomada de consci-
ência. A liberdade humana, seja a de escolha, a de decisão ou a de criação,
antes de se limitar ao indivíduo, em particular ao sociólogo, se afirma tam-
bém nas manifestações coletivas as quais, elas mesmas, estruturam a reali-
dade social a qual, por isso, só pode ser descoberta pelo sociólogo (e não
inventada).
***
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/Segunda Parte/
A sociologia do conhecimento, como disciplina das Ciências Humanas, já
mostrou que a capacidade cognitiva de encontrar correlações e tirar inferên-
cias gera-se no espaço da sociabilidade, nas amplitudes concretas, no qual
está mergulhado o mundo exterior da percepção, espaço que já é apreendi-
do nos Nós, como o primeiro foco da experiência humana, mas que não se
verifica na apreensão do ciberespaço.
A “nova” sociologia do conhecimento no
século XX, desse modo aqui apresentada, que está desenvolvida notada-
mente ao longo da monumental e elucidativa obra de Georges GURVITCH,
(em especial: Gurvitch, 1962; 1968; 1969) nos oferece a compreensão dos
sistemas cognitivos e empreende a análise das classes e formas do conhe-
cimento, que é indispensável para estudar as variações do saber, intensifi-
cadas hoje em dia com o crescimento da sociedade de informação. OS
SISTEMAS COGNITIVOS compreendem diferentes hierarquias de “classes
do conhecimento” entrecruzadas com as diferentes “acentuações das for-
mas” dessas classes – observadas no âmbito mesmo dessas classes de
conhecimento, como veremos adiante. No centro da sociologia do conheci-
mento estão, pois os estudos das estruturas sociais, como quadros sociais,
já que nas estruturas sociais o saber está em correlações funcionais e, as-
sim, como sistema cognitivo, desempenha um papel de argamassa, junta-
mente com as demais obras de civilização – sendo a este “papel cimentador
das mesmas que se refere a noção de controles ou regulamentações soci-
ais, papel este que não deve ser confundido com as obras de civilização elas
próprias, as quais ultrapassam este seu “papel” (lembre-se que os seguido-
res do neo-hegeliano e fundador bem conhecido desta disciplina nos anos
vinte Karl Mannheim identificaram erroneamente o papel de argamassa das
obras de civilização a uma função conservadora de adaptação do espírito às
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situações existentes). A análise diferencial desenvolvida pela sociologia do
conhecimento em sua “démarche”, vai das classes do conhecimento mais
espontaneamente implicadas na realidade social para aquelas mais implica-
das na engrenagem das estruturas sociais e permite assinalar as diferenças
nas fases por que passam os sujeitos sociais para se constituírem como tais,
isto é, para se afirmarem como intermediários e se objetivarem nos quadros
sociais. Em realidade, o sequenciamento praticado nesta análise “gurvitche-
ana” é uma via de mão dupla, e a configuração dos quadros sociais é mar-
cada pela ambigüidade e pela ambivalência dialéticas, de tal sorte que os
próprios intermediários ora são pendentes mais para a função simbólica, ora
mais para a função social real, dependendo das situações de fato,isto é,
conforme a perspectivação sociológica do conhecimento. Portanto, o “salto
qualitativo” por trás da configuração dos quadros sociais não é totalmente
irreversível e quando se verifica a objetivação da funcionalidade o estágio
“menos complexo” da tomada de consciência permanece em tensão, sem
síntese superadora – como se pode ver, por exemplo, no caso da “distinção
sutil” observada por Ralf Dahrendorf (Dahrendorf 1974, págs.114 a 117), em
que o conhecimento de senso comum permanece atualizado no âmbito do
público da ciência, como quadro social.
O conhecimento perceptivo, o co-
nhecimento de outro e o conhecimento de senso comum, os mais profunda-
mente implicados na realidade social, são estudados no âmbito da hierarquia
em classes do conhecimento, havendo, todavia uma lógica bem marcada na
seqüência com que figuram nesta análise – já que o conhecimento percepti-
vo do mundo exterior é privilegiado e, como já o notamos, dá conta das
perspectivas recíprocas, sem as quais não há funções sociais, enquanto os
demais já são classes de conhecimento particular, já são funções correlacio-
nadas dos quadros sociais e pressupõem aquele conhecimento perceptivo
do mundo exterior -sem que haja, todavia, qualquer atribuição de valor, mas
apenas a constatação de que a simples manifestação dos temas coletivos,
como conjuntos complexos e abertos, é diferenciada, de fato, através da
perspectivação sociológica do conhecimento perceptivo do mundo exterior,
do conhecimento de outro e do conhecimento de senso comum. Em resumo:
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onde se verifique essas classes de conhecimento profundamente implicadas
na realidade social descobre-se a simples manifestação dos temas coletivos
– os Nós, os grupos, as classes sociais, as sociedades – de tal sorte que o
conhecimento aparece como obstáculo, como aquilo que suscita os esforços
e faz participar no real, levando à configuração da funcionalidade dos qua-
dros sociais, como reciprocidade de perspectivas, aos quais são essas clas-
ses de conhecimento as mais espontaneamente ligadas.
O saber em correlações funcionais nas estruturas sociais constitui os siste-
mas cognitivos e desse modo, junto com as demais obras de civilização co-
mo a moral, a educação, o direito, desempenha o papel de argamassa dos
elementos estruturais (controles sociais).
Já o conhecimento técnico, o conhecimento político, o conhecimento científi-
co e o conhecimento filosófico são estudados, exatamente nesta seqüência,
em suas diferenças específicas ----guardam seus segredos— como classes
de um conhecimento particular, igualmente implicadas na realidade social,
mas de modo específico na engrenagem das suas estruturas. Ademais, nes-
se caracter estrutural específico do conhecimento, nesta sua distributividade
em função dos seus próprios segredos, são conhecimentos que exigem
quadros de referência, exigem as interpretações das funções e, portanto,
servem à marcha dos temas coletivos preferencialmente lá onde se atualiza
a tomada de consciência em suas conceitualizações e simbolizações. Quer
dizer, no tocante ao conhecimento técnico, ao conhecimento político, ao co-
nhecimento científico, ao conhecimento filosófico, a perspectivação socioló-
gica do conhecimento faz ver, preferencialmente, o aprofundamento na luta
dos temas coletivos como sujeitos da tomada de consciência, compreen-
dendo as massas, as comunidades, as comunhões, os agrupamentos parti-
culares --incluindo os grupos profissionais, as universidades, os Estados, as
Igrejas, as fábricas, os agrupamentos de localidades--, enfim as classes so-
ciais e as sociedades globais como tipos de quadros sociais do conhecimen-
to em estado de correlações funcionais.
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Já tivemos a ocasião de lembrar que os
sistemas cognitivos são assim designados por Gurvitch porquanto sejam
correspondentes à variedade dos tipos de sociedades globais e suas estru-
turas parciais ou globais, como quadros sociais, isto é, precisamente como
intermediários entre os atos humanos e as obras de civilização. As acentua-
ções das formas das classes do conhecimento são observadas, portanto, a
partir da análise das classes do conhecimento, como correlacionadas aos
quadros sociais. Sem dúvida, essas formas se modificam, igualmente, em
função dos quadros sociais e podem servir para caracterizar, segundo o ca-
so, tanto os sistemas variáveis de classes do conhecimento, como cada uma
dessas classes em suas relações com os quadros sociais, que a análise de-
verá precisar. Trata-se de formas em dicotomias que se encontram diferen-
temente acentuadas dentro de cada classe do saber, portanto, são as for-
mas de relatividade das classes do conhecimento, das quais GURVITCH
estuda as cinco dicotomias seguintes:
1) - o conhecimento místico e o conhecimento racional;
2) - o conhecimento empírico e o conhecimento conceitual;
3) - o conhecimento positivo e o conhecimento especulativo;
4) - o conhecimento simbólico e o conhecimento adequado;
5) - o conhecimento coletivo e o conhecimento individual.
Note-se que esta diferenciação das formas do conhecimento segundo dico-
tomias, revelando a compreensão relativista de que estas formas se apre-
sentam antes como tendências ou matizes , e só excepcionalmente em uma
relativa pureza , procede da constatação de que todo o conhecimento é
uma combinação dialética de experiências e juízos.
A sociologia do conhecimento perceptivo do mundo exterior visa sobretudo
resguardar a integridade do mundo exterior em sua relativa diversidade, co-
mo condição da experiência humana, “salvando-o” da dominação pelo ele-
mento das imagens, isto é, liberando-o do preconceito da consciência fecha-
da ou idêntica em todos, genérica.
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O alcance sociológico de toda essa análise considera as classes do conhe-
cimento cada vez que apareceram em um quadro social, logo, cada vez co-
mo uma classe do conhecimento que estava rechaçada ao último lugar no
tipo de sociedade a que correspondiam. Observa-se então que a marcha
dos temas coletivos reais se afirma na medida em que “uma quantidade
considerável de percepções, ainda individuais, são controladas e sugeridas
por critérios coletivos” que integram a seleção perceptiva dos objetos. Fala-
se então de “amplitudes concretas”, como as “extensões” opostas às “ten-
sões características dos diferentes graus da duração qualitativa”: tal o crité-
rio básico da possibilidade da disposição das classes e das formas do co-
nhecimento em um sistema cognitivo. Desta sorte, no ensino da nossa disci-
plina, 1) “o conhecimento perceptivo do mundo exterior se nos apresenta
como um domínio privilegiado”, embora, nesta seqüência, também 2) o co-
nhecimento de outro, dos Nós, dos agrupamentos particulares, das classes
sociais e das sociedades; 3) o conhecimento político e 4) certos ramos do
conhecimento científico (ciências naturais e ciências humanas, incluindo a
história e a sociologia), “implicam o estudo das amplitudes e dos tempos es-
pecíficos em que se movem seus objetos”().
Conforme a análise gurvitcheana, o co-
nhecimento perceptivo do mundo exterior afirma como verdadeiro um con-
junto coerente de imagens imbricadas em amplitudes e tempos concretos e
específicos; sua percepção, a possibilidade de conceituá-las e quantificá-las
são muito variáveis”. Além disso, além de distinguir as percepções e o co-
nhecimento perceptivo, a análise gurvitcheana, pondo em relevo as amplitu-
des concretas, -as extensões que, segundo Gurvitch, Henri Bergson tratou
como distintas de sua quantificação em espaços- visa sobretudo resguardar
a integridade do mundo exterior em sua relativa diversidade, como condição
da experiência humana, “salvando-o” da dominação pelo elemento das ima-
(TP
PT) Com outras palavras, se o conhecimento aparece em classes, como se fosse uma distribuição de
probabilidades, no sentido dos “meios” em “estratificação social”, o estudo das amplitudes e dos tem-
pos de seus objetos dá conta da diferença específica entre os limites de cada classe do conhecimento,
quer dizer, nos faculta a qualidade ou caráter desses objetos, bem como os intervalos, as durações em
que estão dados a nós.
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gens, isto é, liberando-o do preconceito da consciência fechada ou idêntica
em todos, genérica. Quer dizer, o conhecimento perceptivo do mundo exte-
rior encontra obstáculo na própria “percepção coletiva de amplitudes e tem-
pos em que está situado este mundo” – percepção esta que o próprio co-
nhecimento perceptivo pressupõe. Característica bem notada se tivermos
em conta que o caráter da extensão na morfologia da sociedade encontra-se
enroscado a esta classe do conhecimento perceptivo, constatação esta que,
ao invés de suprimir a objetividade deste “mundo dos produtos” (incluindo
desde os insumos da produção econômica, os recursos, até as tecnologias)
que é a morfologia, que é a base morfológica da consciência coletiva - su-
pressão de objetividade esta que Claude Levy-Strauss exagerou em atribuir
a Gurvitch- , faz por acentuar que a morfologia está penetrada de significa-
ções propriamente humanas que não podem passar despercebidas numa
mirada exclusivamente quantitativa, mas devem ser alcançadas e aclaradas
pela sociologia.
O caráter da extensão na morfologia da sociedade se encontra enroscado
no conhecimento perceptivo do mundo exterior.
Quando estava “em último lugar”, no quadro da sociedade feudal, o conhe-
cimento perceptivo do mundo exterior alcançando a morfologia, tinha como
expressões a “ausência de perspectiva na arte, o plissamento das cidades e
dos povoados em si mesmos, em sua arquitetura e sua disposição”, estando
assim em acordo com o caráter fechado da mentalidade coletiva naquele
tipo de sociedade global. Podemos assinalar, então, nessa análise em maté-
ria de sociologia do conhecimento, que as amplitudes e os tempos estão
entre os obstáculos que suscitam a manifestação e a tomada de consciência
dos temas coletivos reais como sujeitos – os Nós, os agrupamentos particu-
lares, as classes sociais, as sociedades globais. É como se a análise gurvit-
cheana procedesse a uma redução das imagens do mundo exterior ao seu
elemento mais simples, chegando à observação e descrição dos “meios” ou
amplitudes–tempos em que o mundo exterior está imbricado, referência esta
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muito perquirida pelos estudiosos da “história íntima”. (ver: Lumier (J.),
2005; págs. 84 a 91).
***
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SUMÁRIOS
ou
Proposições em destaque no texto:
(Na ordem da exposição)
//A compreensão dos temas e problemas
da reflexão da sociedade de redes de informação deve evitar a redução das
relações entre as tecnologias da informação e as sociedades, em favor de
uma compreensão sociológica aprofundada da morfologia. //
//A teoria de comunicação social é voltada
para a indústria cultural e reflete o processo de formação da sociedade de
informação, como consagração do princípio da virtualidade real. //
//As relações entre tecnologias e socieda-
des dão lugar a um sistema combinando tres ámbitos o aspectos: el científi-
co-técnico, el organizacional y el cultural. //
//A sociedade de informação em seu caldo
de cultivo afirma uma ideologia ou um discurso como expressão de seu vín-
culo estrutural e recíproco ao desenvolvimento das tecnologias da informa-
ção. //
//A recolocação do tema e do problema das
relações entre tecnologias e sociedades, acentuando o aspecto da varieda-
de nessas relações, passa pela discussão sobre a TEORIA DE COMUNI-
CAÇÃO SOCIAL em face do pluralismo cultural e lingüístico. //
//No estudo das alterações nas relações
entre tecnologias da informação e sociedades os números levam em conta o
mercado interno e as relações internacionais. //
//Tomadas em conjunto, as tecnologias da
informação e comunicação e a dinâmica da Internet, tanto pela introdução do
suporte virtual quanto pela expansão das redes “P2P”, tiveram várias conse-
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qüências levando a quebrar o elo em torno da função de fazer o conheci-
mento/informação/mensagem chegar ao cidadão/consumidor. //
//A TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
toma como seu modelo principal de análise e interpretação o fato de que (a)
- o compartilhamento do conhecimento tem sido a base da inovação e da
produção de novos conhecimentos e que (b) - consolida-se cada vez mais
uma cultura do compartilhamento baseada principalmente nas comunidades
de interesses e, cada vez mais, na troca entre particulares – nas redes do
tipo P2P.//
//Há, nessa atividade de selecionar e clas-
sificar as informações recebidas das redes com o fim de fabricar, confeccio-
nar ou elaborar produtos que retornem as informações para as redes, rever-
tendo em benefício do desenvolvimento sustentado das próprias tecnologias
da informação, uma configuração particular do conhecimento técnico com
acréscimo de valor no sistema cognitivo. //
// Ao conceitualizar a atividade classificado-
ra em redes como conhecimento-insumo, a TEORIA DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL incorre em uma projeção pelo utilitarismo da potenciação do co-
nhecimento técnico, deslocando-o para o domínio dos símbolos sociais. //
//O utilitarismo moderno favorece a TEORIA DE
COMUNICAÇÃO SOCIAL na medida em que constitui uma filosofia pública
preconizando que “as ações publicas só possam ser julgadas pelas conse-
qüências benéficas que elas possam ter” para a vida em comum. //
//A atividade que se desenrola em prolon-
gamento da ferramenta tecnológica incorpora um incremento estranho aos
juízos cognitivos. //
//A sociologia do conhecimento como disci-
plina das Ciências Humanas já mostrou que a capacidade cognitiva de en-
contrar correlações e tirar inferências gera-se no espaço da sociabilidade, no
qual está mergulhado o mundo exterior da percepção, espaço que já é apre-
endido nos Nós, forma esta que, por sua vez constitui segundo o ensina-
mento de G.Gurvitch (1894-1965), o primeiro foco da experiência humana
(ver: Gurvitch, 1962). //
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//No centro da sociologia do conhecimento
estão, pois os estudos das estruturas sociais como quadros sociais, já que
nas estruturas sociais o saber está em correlações funcionais e, assim, co-
mo sistema cognitivo, desempenha um papel de argamassa, juntamente
com as demais obras de civilização – sendo a este “papel cimentador” das
mesmas que se refere a noção de controles ou regulamentações sociais.//
//O caráter da extensão na morfologia da
sociedade encontra-se enroscado ao conhecimento perceptivo do mundo
exterior, constatação esta que, ao invés de suprimir a objetividade deste
“mundo dos produtos” (incluindo desde os insumos da produção econômica,
os recursos, até as tecnologias) que é a morfologia ou base morfológica da
consciência coletiva, faz por acentuar que a morfologia está penetrada de
significações propriamente humanas que não podem passar despercebidas
numa mirada exclusivamente quantitativa, mas devem ser alcançadas e a-
claradas pela sociologia.//
***
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CONCLUSÕES
Para fazer frente aos novos temas e novos desafios à compreen-
são/explicação colocados pela cultura do compartilhamento, a sociologia do
conhecimento oferece à TEORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL o conceito
operativo de sistema cognitivo, como instrumento de análise e interpreta-
ção capaz de : (a) - Trazer maior precisão ao uso da noção do conheci-
mento na reflexão da sociedade de redes de informação e, (b) - Levar a uma
recolocação mais qualitativa do tema e do problema das relações entre as
tecnologias da informação e as sociedades no âmbito da base morfológica
da consciência coletiva.
***
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Em Inglês, Stanford, EUA, 1968).
3. CASTELLS, Manuel: "The Internet Galaxy: reflections on the internet,
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dução em português-brasileiro, editora Zahar, Rio de Janeiro 2003;
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7. LUMIER, Jacob (J.): Internet, e-book: “Aspectos da Sociologia do Co-
nhecimento: Reflexão em torno às análises Sociológicas de Georges Gur-
vitch doc.”, 548 fls., 2005, bibliografia, índices remissivo e analítico eletrôni-
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; ou pelo website “Produção Leituras do Século XX”, em
http://www.leiturasjlumierautor.pro.br.
8. MACHADO, Jorge Alberto S.: “Difusão do conhecimento e inovação -
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http://www.campusred.net/telos/home.asp?idRevistaAnt=59&rev=&rev=; pesquisa-
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10. RICHERI, Giuseppe: Una actividad en pleno crecimiento. La industria
del copyright en la economía de Estados Unidos”, Revista TELOS, Julio-
Septiembre 2004 || Nº 60, Segunda Época
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A Ficção nas Eleições
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A FICÇÃO NAS ELEIÇÕES
Ou
Para Refletir Sobre o Voto e a Democracia:
As linhas mestras sobre as Eleições com Voto Obrigatório no Brasil (
)
Notas de sociologia para um estudo crítico.
Por
Jacob (J.) Lumier
Autor de ensaios na Internet.
***
(
) A Primeira versão reduzida deste artigo está publicada em Francês no Blog do jornalista Eric Dupin
(ex-Libération) http://ericdupin.blogs.com/murmures/2006/01/optimiste_chili.html#comments
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A Ficção nas Eleições
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Apresentação
A divulgação deste pequeno artigo visa sugerir que se faça uma campanha
pelo voto facultativo ou voluntário na Democracia para resgatar a motiva-
ção política no ato eleitoral. Os eleitores votariam em urnas espalhadas por
todos os lugares oficiais de votação em alternativa ao voto obrigatório. Pode-
se lembrar como exemplo precedente de uma iniciativa deste tipo nos EUA,
mutatis mutandis, a exitosa Campanha empreendida há algum tempo para
sensibilizar os congressistas a produzirem os votos dos eleitores - mobiliza-
da em torno à candidatura critica do FICUS (a planta). Promovida com espí-
rito propositivo inicialmente por um cineasta e logo expandida em escala do
país, tal Campanha contribuiu consideravelmente para o comparecimento
politicamente motivado dos eleitores.
Categorias de referência:
Relações Institucionais/ Estudos Críticos/ Sociologia/ Cultura de Massa/
Democracia/ Eleições/ Liberdade Política/.
Palavras-Chaves:
Conformismo/ Ficção/ Cidadania/ Desobediência Civil/.
***
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Epígrafe
Em vários países, a eficácia das leis que tornam o voto obrigatório não pare-
ce depender da aplicação da lei nem das penalidades impostas. Isto indica
que a lei por ela mesma incita os eleitores a conformar-se, talvez porque a
lei estabelece normas sociais de voto que são endossadas informalmente
pela sociedade sem que o governo tenha de intervir. Não se deve contudo
tomar esta situação por definitiva. O respeito da lei, e por consegüinte a sua
aplicação, podem variar conforme o país. A taxa de participação não aumen-
tará necessariamente na seqüência da adoção de uma lei que torne o voto
obrigatório. É necessário reforçá-lo. Se as condições que permitem à lei dar
forma ao comportamento em virtude da sua autoridade normativa não exis-
tem, o sucesso do voto obrigatório descansa sobre a aplicação da lei. O Es-
tado deve evidentemente demonstrar um mínimo de capacidades adminis-
trativas. É necessário incorrer custos que, todos ou em parte, podem ser
recuperados pela mediação de multas. Quase todos os países que fazem
respeitar as leis onde o voto é obrigatório impõem multas. Alguns embara-
çam publicamente os eleitores que não votam ou vão até recusar-lhes os
serviços e os benefícios governamentais. Embora pareça haver boas razões
práticas e filosóficas para adotar o voto obrigatório, existem razões importan-
tes para ao mesmo se opor em princípio. A razão mais invocada para opôr-
se ao que constitui a norma é que os cidadãos devem ter não somente o
direito de voto, mas o de escolher ao mesmo se abster. Certos cidadãos re-
cusam tomar parte à eleição por princípio, afirmam que o voto obrigatório se
intromete nas suas liberdades fundamentais, enquanto que outros se abstêm
de votar por apatia. A Austrália invocou que o voto obrigatório libera os parti-
dos políticos da sua responsabilidade de fazer campanha, de motivar o elei-
torado e transportar os eleitores
.
***
Ver Projet ACE (Red de conocimientos electorales ACE)
http://www.aceproject.org/main/francais/es/esc07a.htm
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Ementa :
O sufrágio universal na democracia
não é obtido pela obediência (ao voto obrigatório), e seu princípio deve ser
compreendido como funcionalidade de política pública.
(homenagem a "A Mentira na Política", de Hannah Arendt).
***
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/Primeira Parte/
(1) - No regime de voto obrigatório há redu-
ção do princípio de soberania à obediência burocrática a respeito da ordem
constitucional interpretada, ou obediência a respeito dos dispositivos regu-
lamentados (não estabelecidos no texto da Constituição). Permanece no
esquecimento que a qualidade universal do sufrágio não resulta simples-
mente do comparecimento massivo do grande número em razão da autori-
dade burocrática, sem motivação política real e em detrimento da prática da
liberdade política coletiva, cujo exercício em ato é requerido no regime do
voto voluntário ou facultativo, o qual, este sim inclui a motivação política
imprescindível à obtenção da universalidade do sufrágio (
*
). / ***/.
(2) - A falsa aparência
1
favorecida com a
suposta universalidade do sufrágio neste regime de voto obrigatório reside
em que a cidadania posta sob tutela guarda uma função do poder modera-
dor herdada da Monarquia brasileira e desenvolvida em detrimento da ver-
dadeira função de intermediação e reconhecimento da cidadania plena, isto
é, em detrimento precisamente do sufrágio universal. Faz-se então sobres-
sair a imagem hobbeseana da ordem já que o voto obrigatório se estabelece
por coerção/conflito. Tem lugar um regime no qual prepondera o costume da
barganha compreendido na imagem do homem lobo do homem e na crença
de que o mais forte impõe a sua ordem tida como arbitrada pelo voto obriga-
(
*
) Do ponto de vista sociológico sobre um regime de voto tão diferenciado como este que contem-
plamos, a qualidade da motivação política reside unicamente na desobrigação do comparecimento ou
simplesmente não
acontece. A democratização da administração pública ainda não chegou ao voto.
1
Falsa aparência e ficção são termos correlatos. Por sua vez, a aparência como aspecto da realidade é qualidade
na observação direta das significações práticas que diferenciam os agrupamentos sociais particulares em suas
obras a realizar. Ver o artigo de Georges Gurvitch sobre os agrupamentos particulares e classes sociais no “Tra-
tado de Sociologia vol.1”, Porto, Iniciativas Editoriais, 1964, 2ªedição corrigida (1ªedição em Francês: Paris,
PUF, 1957).
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tório. Deste fato se constata que a tutela pelos aparelhos administrativos
sobre o ato de votar restringe a liberdade política pública na medida em que
esta pressupõe a realização das obras de civilização (Conhecimento, Moral,
Educação, Direito, Arte), reduzindo-se em decorrência dessa tutela especial
a possibilidade de aceder à desejável cidadania plena, como formação polí-
tica pública onde as disputas de interesses ou as lutas pelo poder se subor-
dinam às plataformas de conjunto da sociedade Vale dizer, na cidadania
plena como regime de voto pelo comparecimento desobrigado, a tendência
política pública que surge desse voto delimita o campo das barganhas e tor-
na superada a crença na ordem do mais forte. Neste sentido, o voto obriga-
tório praticado em cidadania tutelada mostra-se prejudicial à Democracia
porque desfavorece a ultrapassagem da situação em que o homem é o lobo
do homem, nada acrescentando para que as funções sociais prevaleçam. /
***/.
(3) - Análise da obediência ao "voto obrigatório” /.
(3.1) - Queira-se ou não alguma coisa há que “ne marche pas” nas rela-
ções institucionais lá onde é admitido que os instrumentos burocráticos pos-
sam forçar alguém à liberdade política. O menos que se pode notar a respei-
to disso é a ficção como expressão da aludida falsa aparência no voto obri-
gatório (
). Com efeito, no regime de cidadania tutelada, ao ser obrigatório o
voto não é produzido e a presença do eleitor no ato não releva de motivação
política, mas da imposição burocrática. Situação de dependência essa refor-
çada pela constatação de que, além das multas, se estabeleceram sanções
administrativas sobre as prerrogativas de nacionalidade (questionáveis em
seus fundamentos) para punir a pessoa do eleitor desobediente ou que su-
postamente se recusa a comparecer nos locais de votação. Bem entendido:
o eleitor que não comparece por qualquer motivo comum está previamente
enquadrado num ato insurgente e passa a ser tratado como tendo se recu-
(
) Entendemos aqui a ficção no sentido da sociologia da arte e da literatura como forma de expressão narrativa,
oral ou escrita, criada sobre a falsa aparência das coisas e situações, mas dotada de semelhança da verdade, de tal
sorte que no romance como gênero literário (Balzac, Flaubert, Thomas Mann, por exemplo) o romancista não diz
mentira quando inventa a fantasia poética, mas na política a ficção é desconhecimento da realidade. Ver o artigo
Sociologia da Literatura”, in Gurvitch, Georges e al.: “Tratado de Sociologia vol. I”; op.cit.
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sado a obedecer à disposição burocrática e, à revelia, já sofre sanções ad-
ministrativas de tal forma que a ausência deste eleitor comum por motivos
ordinários passa a ser uma ausência produzida, uma ausência crítica, uma
contradição do sistema burocrático posta pelo próprio sistema. / *** (3.2) -
Deste quiproquo no ato eleitoral sob cidadania tutelada se configura de
modo inevitável o quadro da desobediência civil como contestação a uma
lei iníqua. Quadro inevitável este porque a consciência da iniqüidade contes-
tada não releva de uma atitude contestatória espontânea ou voluntariamente
diferenciada, mas, antes, é a consciência sublimada (silenciosa) na conduta
interessada na manutenção do sistema burocrático (o stablishment) e obje-
tivada (exteriorizada) nos seus interditos, aquela conduta verificada lá onde
a obrigatoriedade imposta deixa ver sua justificativa ideológica (populista)
sob a representação de um “mal necessário”. / *** (3.3) - Temos então que
por meio dessa desobediência civil funcional vem a ser confirmado o para-
doxo de que somente o eleitor faltoso no regime de voto obrigatório - e por
eficácia do fato desta ausência - adquire compulsoriamente o caracter políti-
co democrático e, igualmente por eficácia deste fato da ausência estigmati-
zada nas punições previstas, lhe vêm a ser imputados motivos políticos quer
o eleitor faltoso os represente ou não. / *** (3.4) - Moral da história: não se
sabe ou não se vê de onde procede a motivação política no regime eleitoral
do voto obrigatório já que não é verificada no ato de votar. Desprovida de
motivação política a eleição sob voto obrigatório é a configuração do imagi-
nário discursivo da cidadania tutelada: é mais um fenômeno cultural (“país
do carnaval”) do que fenômeno político. Imagina-se que se está fazendo po-
lítica democrática nas campanhas eleitorais ao passo que se participa de um
sarau à fantasia com fundo burocrático e coercitivo: é o “Rock’n’roll” dos a-
parelhos administrativos com a indústria cultural (notadamente a Mídia) e a
cultura de massa (imagens do chefe ou do líder).
***
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/Segunda Parte/
Neste ponto podemos aprofundar e pôr em
relevo a configuração particular da norma social que reforça e garante o voto
obrigatório no Brasil. Inicialmente constatamos que a extensão da cultura de
massa alcança somente o estado mental da norma social de reforço impri-
mindo a motivação somente psicológica para o conformismo na situação de
imposição burocrática, motivação resultante da pressão do conjunto na qual
o indivíduo aceita seu comparecimento em face de que “todo o mundo vai
votar”. Portanto, a extensão da cultura de massa explica tão só as manifes-
tações das correntes de eleitores em direção ao comparecimento massivo
nos locais de votação, mas não esclarece nem de longe a vigência do voto
obrigatório. Ora, acontece que, por definição a norma social de reforço ultra-
passa o elemento sociológico de pressão da massa sobre os indivíduos. O
estatuto normativo significa a afirmação de valores coletivos não reconheci-
dos no elemento constringente do grande número, ainda que a pressão seja
potencializada pela Mídia. Quer dizer é preciso que a norma social de refor-
ço configure os valores previamente aceites cuja afirmação se observa jus-
tamente na vigência e na eficácia do regime do voto obrigatório, em sua não-
transformação para o voto voluntário. Há, pois, uma moralidade social parti-
cular no conformismo em face do voto obrigatório no Brasil cuja configuração
em atitude deve ser explicitada para atender ao interesse literário no fenô-
meno cultural da cidadania posta sob tutela, não do ponto de vista da céle-
bre “Teoria das Idéias fora de Lugar”, mas sim para chegar à descoberta do
que impera em realidade nesse conformismo.
Com efeito, na Primeira Parte deste artigo
está posto em relevo o legado da Monarquia brasileira do século XIX como
referência compreensiva fundamental à norma social da cidadania posta sob
tutela no regime do voto obrigatório. Cabe agora insistir em distinguir por um
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lado, o sistema dos aparelhos administrativos como dando conta inclusive do
fato de que o regime monárquico criou e consolidou a autoridade burocrática
(cujo modelo encontramos na mencionada teoria da coerção/conflito dos
grupos de interesse) ainda que a concentração burocrática seja obra do Sé-
culo XX. Da mesma maneira, há que distinguir, por outro lado, o mencionado
conformismo em face da imposição burocrática levando à aceitação e mais
do que isso à prática do voto obrigatório como se fosse uma paradoxal pre-
ferência coletiva. Quer dizer, o conformismo de que falamos pode ser tudo
menos mera decorrência da implantação de um sistema específico dos apa-
relhos administrativos com instância para controlar a prática do voto obriga-
tório como conduta de norma social: este sistema não produz o conformis-
mo, mas o pressupõe. Aliás, trata-se de um sistema bem diferenciado pelo
estabelecimento da instância controladora como assimilando nela mesma,
de modo surpreendente, certas atribuições próprias à Divisão de Poderes,
sendo justamente esta especificidade que demanda e justifica uma análise
sociológica exclusiva desse regime do voto obrigatório tomado em “separa-
ta” dos demais componentes do sistema político democrático.
No regime do voto obrigatório se trata de
um conformismo “à outrance”, esdrúxulo, bem distinto daquele conformismo
já visto nos comportamentos habituais ou apáticos, relegados à inércia dian-
te do statu quo. No conformismo para com a imposição do voto obrigatório a
passividade não equivale à abstenção, não é ausência. Neste caso a indife-
rença típica de todo o conformismo para com a ordem imposta exige um ato,
exige o comparecimento do indivíduo ao ato de votar. Desta forma, o con-
formismo para com o voto obrigatório revela-se obediência social, obediên-
cia no sentido de atendimento à ordem eleitoral como exigência difusa não
de uma vontade, mas sim a exigência em si mesma como valor superior,
portanto compreendendo uma atitude moral do tipo juramento (
). Tal é a
(
) Sobre a procedência sociológica da noção de obediência social como levando ao juramento, Georges GURVITCH observa
que há na sociologia de Jean Paul SARTRE exposta na sua obra “La Critique de la Razon Dialectique” (ver Tome I
: Théorie
Des Ensambles Pratiques, précedé de Questions de Méthode, Paris, Gallimard, 1960, 756 pp.) um esforço desesperado para
chegar aos Nós sob o aspecto da comunidade. Isso é notado na sociologia sartreana dos grupos, já que o grupo, nessa visão, não
pode ser tornado inteligível sem a dialética sartreana entre “projeto, juramento, invenção, medo”, que é tida como a fonte da
“dimensão da comunidade” e, mais exatamente, a fonte do que SARTRE chama “praxis comum”, que é ao mesmo tempo uma
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A Ficção nas Eleições
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configuração da norma social de reforço que garante a vigência e a eficácia
do regime do voto obrigatório, sua não-transformação para o voto voluntário.
Tal é o conformismo por obediência social que constitui a cidadania tutelada,
dependente. Ou seja, no ato de votar, lembrando os grupos estamentais ou
estamentos estudados nas sociedades feudais e encontrados nas socieda-
des tradicionais, o eleitor faz por sua vez um voto de obediência no sentido
dos votos monásticos só que, num espantoso círculo vicioso jura obedecer
ao próprio voto obrigatório que está a praticar. Daí ser inevitável a inferência
conclusiva de que, na configuração da norma social de reforço ao voto obri-
gatório como elemento da atitude do conformismo por obediência social a-
firma-se a nostalgia do regime monárquico como sentimento de carência
coletiva (estado da consciência coletiva como realidade social), dado que
fora no regime monárquico que a obediência e o juramento constituíram o
princípio de autoridade do regime. Evidentemente, nessa nostalgia se des-
cobre um conteúdo não-reconhecido nem mesmo implicitamente, no sentido
de que ninguém, instância alguma projeta sua existência como tal. Nada
obstante é um sentimento real efetivo no conformismo por obediência social
que acabamos de descrever já que d’outro modo não se poderia cogitar nem
falar de norma social de reforço ao voto obrigatório, a qual por definição exi-
ge para mostrar-se em vigência um valor imperativo coletivo vivido ou apre-
endido em modo concreto. Valor aceite este que em hipótese alguma pudera
ser confundido aos discursos de representação de interesses, cujo estatuto
não-político sob o regime de voto obrigatório os reduz a meras razões admi-
nistrativas; nem muito menos esse valor coletivo pudera ser associado ao
desprovido verbalismo sobre a suposta mas em fato negada responsabilida-
de do eleitor, verbalismo este que já o dissemos nada mais faz do que acen-
tuar a pressão psicológica do grande número sobre o indivíduo que, para
não destoar comparece por força do “todo o mundo vai votar”. Além disso, é
a inexistência de uma atitude de negação em segundo grau que se trata de
explicar, sendo exigido resposta à indagação do por que a recusa em face
ligação de “reciprocidade ambivalente” (cf. Gurvitch, Georges: “Dialectique et Sociologie”, Paris, Flammarion, 1962, 312 pp.,
col. Science, págs. 215 sq.).
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do voto obrigatório resta não-manifesta, resta virtual, com o eleitor descarac-
terizando qualquer tendência política pública pela ampla disparidade das
suas escolhas. Questão tanto mais procedente quanto a obrigatoriedade do
voto nos sistemas institucionais democráticos, vista no paradoxo que a cons-
titui, permanece uma obrigatoriedade que por sua vez é negação em primei-
ro grau, revelando-se uma imposição que nega em fato o reconhecimento da
capacidade política do eleitor.
Seja como for é inegável que, em maneira
positiva ou negativa as relações institucionais produzem fatos sociais, no
caso as intensas variações nas preferências do eleitor, a ampla disparidade
das suas escolhas desfigurando qualquer tendência política pública. À luz
deste indicador confirma-se o estatuto sociológico da nostalgia do regime
monárquico como carência coletiva personalizada na presença do eleitor.
Posto que a legislação é incapaz de forçar alguém a ser livre, mas somente
defende e garante a liberdade, temos em definitivo que o valor obedecido no
voto obrigatório não é a lei. Somente a experiência do respeito à imagem
sagrada ou consagrada do Imperador na Monarquia brasileira como exigên-
cia objetivada na Tradição pudera explicar a persistência da norma social,
garantindo o reforço e viabilizando a obediência ao voto obrigatório num sis-
tema de instituições democráticas e transparentes em flagrante contradição
com o princípio do sufrágio universal.
***
59 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
A Ficção nas Eleições
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/Terceira Parte/
(Conclusão)
A estas alturas já deixamos claro que, em-
bora o vejamos no âmbito de um regime eleitoral complexo e diferenciado
não contemplamos neste estudo o Eleitor como simples função de um sis-
tema jurídico-político tendo sua figura limitada a um contrato de representa-
ção. A ocorrência de um regime do voto obrigatório torna pré-judicado este
sistema representacional e como vimos torna inócua a abordagem mais fun-
cionalista, ao passo que favorece e exige o estudo descritivo do tipo socioló-
gico do eleitorado como matriz, estudo este imprescindível para compreen-
der a capacidade de produzir tendência política pública como escala de valo-
res, critérios e estilo nas relações com as instâncias constituídas.
Vale dizer, na mirada da sociologia em pro-
fundidade o Eleitor moderno surge com as Cidades livres (Século XIV) le-
vando à Renascença. Nele tem expressão a liberdade política ultrapassando
a estrutura feudal, ou melhor: o Eleitor é a liberdade política em ato, é o su-
jeito in-surgente lá onde a obrigação de ceder bens em obediência deixa de
valer; é o liberto da obrigação em obediência. Originariamente o Eleitor não
é um papel social ainda que possa constituí-lo quando em associações vo-
luntárias com funções de formação de opinião e defesa dos interesses dos
cidadãos perante as instâncias constituídas. Visto em profundidade o aspec-
to funcional no estudo sociológico do universo simbólico-social do Eleitor é
antes uma decorrência do que pressuposição, já que se trata de uma função
que emana do ato eleitoral como a capacidade de produzir tendência política
pública, uma função de liberdade, em perspectiva. Portanto, antes de qual-
quer coisa impõe-se a reflexão sobre a configuração do Nós do Eleitor no
ato de votar, sua realidade em ato. Quer dizer, se no regime do voto obriga-
tório o Nós do Eleitor é atualizado como vimos em uma comunidade de or-
dem estamentaria, centrada no juramento, pergunta-se agora qual será a
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manifestação particular da configuração do Nós específico do Eleitor sob
regime de voto facultativo ou voluntário correspondendo à desobrigação?
Neste sentido, o Nós do Eleitor como sub-
jetividade coletiva complexa, microssociológica, poderá ser buscado na base
dessa capacidade espontânea para produzir tendência política pública, o
que exclui a comunidade de ordem estamentária na qual essa capacidade
faz falta ou só existe por falta, é carência. Portanto, o eleitor-pleno não deve
obediência alguma, mas tampouco configura a irresponsabilidade que se
julga pertencer ao soberano, como no hegelianismo. Desta sorte a questão
sobre o comparecimento nos locais de votação se coloca de novo em nova
maneira. Vale dizer é no comparecimento que o Nós do Eleitor-pleno se con-
figura em realidade social efetiva, podendo ser observado na mirada da so-
ciologia no instante do ato eleitoral a partir dos aglomerados de votantes
formados nesses locais de votação, como uma corrente continua em vai-
vem, um fluxo mais do que um agrupamento que se diferencia. Da mesma
maneira, aquela capacidade espontânea para produzir tendência política
pública significa não somente a motivação política como corrente coletiva
para o comparecimento voluntário, mas a afirmação da desobrigação como
qualidade do ato eleitoral e do voto não-obrigatório, facultativo. É o liberto, o
eleitor-pleno como sujeito desobrigado afirmando a liberdade para a liberda-
de: afirmando a liberdade no comparecimento voluntário como votante, para
a liberdade no produzir espontâneo da tendência política pública. Desta for-
ma, e no sentido dessa liberdade reconhecendo-se como liberdade elevada
ao segundo grau, poderíamos dizer que o Nós do Eleitor-pleno afirmado no
instante do ato eleitoral como a comunidade dos votantes propriamente polí-
ticos enseja a configuração particular de uma comunidade de ordem libertá-
ria, por contraposição à ordem estamentária onde o ascendente moral da
obediência no voto obrigatório prevalece inviabilizando a afirmação em liber-
dade dos votantes políticos (por definição alheios a qualquer obediência).
Finalmente, há pois ao menos uma liberdade-decisão e uma liberdade-
escolha combinando-se na comunidade dos votantes políticos. Liberdade-
decisão porque, ultrapassando todo o arbítrio subjetivo (somente psicológi-
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co) e as veleidades em optar entre alternativas prévias que se excluem - os
votantes políticos aparecem unicamente à medida que a alternativa entre
comparecer e não-comparecer deixou de ter lugar - o comparecimento vo-
luntário é posto pelo sujeito liberto para si próprio como oportunidade de a-
ção (implicando aspiração). Liberdade-escolha porque, no instante do ato, o
voto facultativo consiste na afirmação das preferências desejadas dos votan-
tes políticos em face de alternativas variadas (partidos, candidatos, chapas,
propostas) postas para eles como expectativas, já que o votante político rea-
liza no voto o ato eleitoral à medida que escolheu como desígnio um destina-
tário dentre os outros elegíveis.
***
2006©Jacob (J.) Lumier
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Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos.
Jacob (J.) Lumier
SOBRE O AUTOR
Membro da Lista de distribuição da Internet Society-ISOC
Membro do Fórum Social Mundial-FSM (2006 e 2007)
Autor publicado na Organización de Estados Iberoamericanos para
la educación, la ciencia
y la cultura-O.E.I.
Mensagem
Ensaísta incorrigível ao modo do ideal experimental com que se diferencia o homem de idéia, J. Lu-
mier é um autor com experiência internacional, mas sem parti pris cuja satisfação é a descoberta dos
conteúdos intelectuais pela leitura e na leitura. Há quem veja nisso uma atitude obsessiva em intenção
do outro e dos pósteros. Melhor para seus leitores que podem sempre se reconhecer contemplados em
seus textos. Não será, portanto à toa haver intitulado sua Web "Leituras do Século XX" ludibriando
os que tiveram imaginado nesta fórmula a coloração gris de um Outono nostálgico. Longe disso. Lon-
ge a cogitação de um eterno Século XX que se impostaria no título à pegada do termo "Leituras".
Pelo contrário. São as leituras literárias que imperam; é o trabalho da obra intelectual emergindo em
atualizações recorrentes no ato de ler e escrever que prevalece. E ninguém pode negar o ápice literário
e científico da produção intelectual do século XX. Na Home Page <www.leiturasjlumierautor.pro.br>
a imagem do ideal das "Leituras" nos é oferecida na seguinte formulação: "a PRODUÇÃO LEITURAS
DO SÉCULO XX - PLS é vocacionada para avançar na reflexão de uma situação de fatos com gran-
de impacto no século XX, já assinalada no âmbito da sociologia por Georges GURVITCH, a saber: a
situação de que, sob a influência do impressionante desenvolvimento das técnicas de comunicação,
"passamos, num abrir e fechar de olhos, pelos diferentes tempos e escalas de tempos inerentes às
civilizações, nações, tipos de sociedades e grupos variados". "A unidade do tempo revelou-se ser uma
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miragem", como nos mostraram, simultaneamente, a filosofia (BERGSON) e a ciência (EINSTEIN).
Ficou claro que "a unificação dos tempos divergentes em conjuntos de tempos hierarquizados", sem o
que é impossível nossa vida pessoal, a vida das sociedades e nossa orientação no mundo, não é uma
unidade que nos é dada, mas uma "unificação a adquirir pelo esforço humano, onde entra a luta para
dominar o tempo", dirigi-lo em certa forma". Sem dúvida, se nos mantivermos em atenção, cultivando
a mirada aberta á influência da expressão e dos conteúdos intelectuais iremos com certeza desfrutar da
reflexão acima assinalada e descobriremos a coerência da complexa matéria tratada em disciplina
científica por Jacob (J.) Lumier em seus E-books e artigos. Com efeito, para o nosso autor a mono-
grafia é trabalho científico à medida em que compreende descoberta e verificação/justificação, mas é
igualmente forma racional de comunicação comportando, por isso, por esse enlace de experimentação
e comunicação, uma diferença específica apreendida como arte de compor a que se ligam as profun-
das implicações para a difusão do conhecimento decorrentes da condição de publicidade do trabalho
científico. No dizer de J. Lumier "(...) grande parte dos mal-entendidos a respeito de certas obras ou
teorias científicas tem muito a ver com o fato de sua exposição a todos os tipos de públicos, muitas
vezes composto não só de leigos, mas de gente alheia à formação nas ciências humanas. Se a condi-
ção de publicidade é inerente ou não ao modo de produção científico ou se deve ou não ser restringi-
da aos estudiosos é uma questão que extrapola o domínio do pensamento científico para lançar-se no
âmbito da comunicação social, já que a obra impressa ou, depois do advento da Internet, a obra ou
livro eletrônico, “e-book”, é um produto cultural do qual a atividade científica não saberia distanci-
ar-se". Portanto, nos escritos de Jacob (J.) Lumier não se trata somente das variações compreendendo
o tema das simbolizações e a autonomia relativa do conhecimento, mas se fosse perguntado, o leitor
atento diria que a palavra chave aproximando seus ensaios é "Gestalt", uma das noções fundamentais
em matéria de ciências humanas. Neste sentido, os escritos sociológicos de Jacob (J.) Lumier são de
interesse básico e prestantes à formação.
***
Dados do Autor
Professor do ensino superior, o autor é Titulaire d'une licence de l'Université de Paris VIII -
Vincennes, section Philosophie. Durante o prolongamento dos anos sessenta freqüentou a antiga
EPHE-VI
éme
Section (Sorbonne). É sociólogo profissional e exerceu a docência, lecionando Sociolo-
gia e Metodologia Científica junto à universidade privada e junto à universidade pública. Exerceu
também as atividades de pesquisador com o amparo de fundação científica.
É o autor dos e-books monográficos e dos artigos socioló-
gicos apresentados como produtos culturais e literatura digital no referido websitio
<www.leiturasjlumierautor.pro.br> de cujo domínio é o titular. Sendo membro individual da lista de
correio eletrônico da Internet Society-ISOC, realiza desde os anos noventa uma atividade intelectual e
literária no âmbito da ciência e tecnologia que promove a auto-aprendizagem, favorece a educação a
distância (EAD) e é voltada para a formação nas ciências humanas, passando pela criação e coordena-
ção do Grupo Oficina da Monografia (cf. < http://groups.go-ogle.com/group/Oficina-da-
Monografia?lnk=gschg&hl=en> com aproveitamento de outros recursos Internet ademais do e-mail,
tais como o Blog e o Messenger).
Sobre a firma individual de minha iniciativa a partir de meu domínio Internet:
2006
©Jacob (J.) Lumier - Websitio Produção leituras do século XX - PLSV: Literatura Digital
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A idéia de redirecionar meus estudos acadêmicos de so-
ciologia mediante a produção de um e-book universitário em vista de contribuir para a reflexão da
sociedade de informação, me aflorou ao pensamento no âmbito de minha participação como membro
individual da Internet Society-ISOC. Como se sabe ISOC é a única ONG dedicada exclusivamente ao
desenvolvimento mundial da Internet na qual se pode propor e promover posturas para revalorizar os
direitos de autor e combater a exclusão digital (
a
). Inspirado no direito internacional de autor (
4
) e no
(
a
) La Sociedad Internet (Internet Society, ISOC) es una asociación no gubernamental y sin fines de lucro, la cual está fi-
nanciada por sus miembros. ISOC es la única organización dedicada exclusivamente al desarrollo mundial de Internet, con
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conceito legal de que “publicação” é o oferecimento da obra literária ao conhecimento do público,
com o consentimento do autor, por qualquer forma ou processo, inclusive por Internet, aderi ao prin-
cípio de que, no tocante à oferta e distribuição do e-book, uma produção em Internet permite ao usuá-
rio a nova liberdade de realizar a seleção da obra para percebê-la em um tempo e lugar previamente
determinado. Minha posição era, então, há um ano, engajar uma produção dos meus ensaios monográ-
ficos capaz de projetar um modelo de e-book com enlaces (hyperlink) no próprio doc.Word para faci-
litar a pesquisa no texto, ao qual chamei “e-book universitário”, tendo em conta sua destinação ao
público das universidades e seu valor como bibliografia específica, interessando aos programas e
cursos de graduação e pós-graduação. Tal é o ponto de vista da iniciativa que desenvolvo sob a firma
"JACOB (J.) LUMIER WEBSITIO PRODUÇÃO LEITURAS DO SÉCULO XX - PLSV:
LITERATURA DIGITAL", resumida sob a fórmula <www.leiturasjlumierautor. pro.br: literatura
digital>.
Note-se que deste ponto de vista, a Internet é utilizada
como circulação de idéias e comunicação por e-mail. Com efeito, segundo o “Dictionnaire du NEF" -
www.etudes-francaises.net/dico/ - "la littérature numérique est apparue avec le développement de
l’internet, du web et des Technologies numériques. La littérature numérique regroupe divers
genres: site d’écriture hypermédia, roman multimédia, hyper-roman, nouvelle hypertexte, feuilleton
hypermédia, et, notamment, le mail-roman, etc; “Le mail-roman est créé au fur et à mesure par
l’auteur et envoyé par courrier électronique à une liste de diffusion selon une périodicité déterminée.
L’auteur peut prendre en compte les réactions et suggestions des lecteurs pour écrire la suite de
l’histoire“. “A la fin des années 1990, les technologies numériques nous ont donné l’e-book (livre
numérisé), qui comporte lui-même plusieurs variantes, comme l’e-book audio, l’e-book braille ou l’e-
book hypermédia“. “L’e-book est appelé aussi, de manière plus littéraire, livre numérique ou livre
électronique. Le livre étant à l’origine un ensemble de feuilles imprimées, coupler “livre” avec
“numérique” et “électronique” peut relever de l’hérésie si on s’en tient au livre en tant que support.
Ceci reste néanmoins tout à fait acceptable si on considère le livre dans sa dimension éditoriale”.
Posto que meu projeto dirige-se ao público universitário
em sentido amplo, como já disse, afirmou-se a exigência de que a produção cultural visada devia
proporcionar não só a circulação de idéias e a comunicação por e-mail, mas formação nas ciências
humanas e divulgação dos escritos digitais nessa área. Todavia, a produção do e-book universitário ou
e-book monográfico deve operar, por um lado, conhecimentos reconhecidos em classificação interna-
cional (a) - sobre a gestão de arquivos individuais de computador para negócios sobre os direitos do
autor/escritor/produtor; compreendendo, notadamente, os arquivos digitais de obras intelectuais e
literárias para a formação na auto-aprendizagem (portanto, com interesse para a educação a distância,
“EAD”), e (b) - sobre os negócios de anúncios centrados na oferta do livro eletrônico. Por outro lado,
é preciso dispor de conhecimentos referentes à concepção e à montagem/automatização de um website
configurando: (a) um esquema operativo na Internet para a valorização econômica, a promoção e o
recebimento diretamente pelo autor, dos seus direitos autorais sobre os arquivos de folhas editadas de
texto das suas obras intelectuais, através de e-mail exclusivo do autor; (b) - compreendendo registro,
transcrição, composição, compilação ou a sistematização de comunicações escritas e de registros. Por
último, a integração da produção do e-book universitário comporta um nível de produto cultural pro-
priamente dito, devendo atender a certas qualidades apreendidas na leitura do livro sem volume, isto é,
la tarea específica de concentrar sus esfuerzos y acciones en asuntos particulares sobre Internet; fundada en 1991 por una
gran parte de los "arquitectos" pioneros encargados de su diseño, la ISOC tiene como objetivo principal ser un centro de
cooperación y coordinación global para el desarrollo de protocolos y estándares compatibles para Internet. La ausencia na-
tural de fronteras nacionales en Internet requiere una perspectiva global para el desarrollo de políticas públicas. Internet
constituye un medio excepcional, debido a que toda información que se publica en la red, instantáneamente es accesible
en todo el mundo, desde cualquier parte y su impacto se percibe globalmente. A través de sus miembros individuales e
institucionales, así como de los Capítulos Regionales filiales ubicados en 160 países, la Sociedad Internet mantiene una
posición de liderazgo que le permite cumplir con uno de sus principales objetivos: asesorar a gobiernos, empresas priva-
das, asociaciones civiles y particulares sobre los diversos impactos de Internet en la sociedad, sean éstos en los ámbitos
políticos, económicos, sociales y éticos. De manera democrática y con la aprobación de sus miembros, la Sociedad Inter-
net desarrolla, propone y promueve posturas y tendencias relacionadas con asuntos de especial interés para la comunidad
global de Internet como son la privacidad, seguridad, internacionalización de nombres de dominio e IPV6, además de
áreas como impuestos, gobernabilidad, marginación digital, propiedad intelectual y derechos de autor. Ver: <http://www.
isoc.org>. ver também a revista eletrônica "Sociétés de l'information" em <h t t p: / / w ww. s o c i e t e s d e l i n f o r m a
t i o n. n e t>.
4
Ver Convenção Universal sobre Direito de Autor revista em Paris a 24 de Julho de 1971.
http://portal.unesco.org/culture/es/ev.php-URL_ID=7816&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html
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na leitura do texto digital, qualidades essas que se combinam ao trabalho científico, imprimindo uma
configuração peculiar, personalizada e interativa à comunicação intelectual como virtualidade real
(para usar um conceito descoberto por Manuel CASTELLS). Vale dizer, a produção do e-book uni-
versitário como um arquivo digital interligado na Internet, igualmente a esta última, deve dar lugar a
um campo interativo para o leitor pesquisar. A construção da imagem do e-book universitário em um
modelo se faz, finalmente, como projeção dessa característica de campo hyperlink, de tal sorte que
não somente a verificação da integridade do texto original do autor se torna viável com as obras sendo
formatadas em títulos numerados, mas o conteúdo é mais bem manuseado e melhor aproveitado com a
utilização de hyperlink, sendo o sumário, as notas complementares, os índices remissivo e analítico,
todos, eletronicamente operacionalizados.
Para concluir, note-se minha orientação como
autor, seguinte: as minhas obras eletrônicas, digitadas em arquivos do Windows com aproveitamento
dos docs. Word para comunicação precipuamente através de e-mail, são originais, inteiramente inédi-
tas, observam os padrões acadêmicos e aplicam o modelo das monografias: a) abordam problemas de
uma só disciplina universitária ou tratam da obra de um pensador; b) apóiam-se em fontes teóricas e
metodológicas específicas; c) apresentam notas complementares e bibliografia comentada; d) utilizam
as normas técnicas recomendadas. Vale dizer, elaboro minhas obras intelectuais orientado pela com-
preensão de que um ensaio se diferencia de um tratado nos seguintes termos: - "Escribe ensayística-
mente el que compone experimentando, el que vuelve y revuelve, interroga, palpa, examina, atraviesa
su objeto con la reflexión, el que parte hacia él desde diversas vertientes y reúne en su mirada espiri-
tual todo lo que ve y da palabra todo lo que el objeto permite ver bajo las condiciones aceptadas y
puestas al escribir." (...) "El ensayo es la forma de la categoría crítica de nuestro espíritu. Pues el que
critica tiene necesariamente que experimentar, tiene que establecer condiciones bajo las cuales se hace
de nuevo visible un objeto en forma diversa que en un autor dado; y, ante todo, hay que poner a prue-
ba, ensayar la ilusoriedad y caducidad del objeto; éste es precisamente el sentido de la ligera variación
a que el critico somete el objeto criticado"(
c
). Em duas palavras, o autor de ensaios dedica-se a culti-
var, sobretudo uma atitude experimental.
Outubro 2006
Jacob (J.) Lumier
***
c
(Cf. Max Bense: "Uber den Essay und seine Prosa", apud Theodor W. Adorno: "Notas de Literatura", trad. Manu-
el Sacristán, Barcelona, Ed. Ariel, 1962, pp. 28 e 30).
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Relação dos e-books e Artigos ofere-
cidos no meu
Websitio Produção Leituras do Século
XX - PLSV.(em construção).
RELAÇÃO DOS ARTIGOS
ARTIGO 1
(colaboração editorial):
Em duas apresentações, seguintes:
(a) - Em doc. WORD, com índices eletrôni-
cos; (b) – em PDF.
Texto do artigo de cultura de Jacob (J.) Lumi-
er intitulado:
“DEMOCRACIA E SOBERANIA
SOCIAL: REFLEXÃO A PARTIR DA
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS
SOCIAIS”,
30 pp., datado em 30 de março de 1992, ora
apresentado neste website com algumas corre-
ções e precisões indispensáveis, mas sem
alteração, embora o autor já disponha de nova
expressão melhor elaborada nos seus ensaios,
no âmbito dos quais o texto em pauta deve ser
lido.
Na composição original aqui respeitada, este
artigo foi acrescido da “Declaração Dos Direi-
tos Sociais” divulgada em Nova York, em
l944, que se encontrará no final do texto deste
Artigo 01.
***
ARTIGO 2
(Publicado):
Em PDF
Texto de Jacob (J.) Lumier intitulado:
“TÓPICOS PARA UMA REFLEXÃO
SOBRE
A TEORIA DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL”
(relações entre tecnologias da informação e
sociedades),
20 pp., 09/01/2006, publicação electrónica do
Programa "sala de lectura cts+i; sección soci-
edad de la información", Organización de
Eestados Iberoamericanos para
la educación, la ciencia
y la cultura-O.E.I. <http://www.campus-
oei.org/salactsi/>,
Ver também o Boletin 47 da OEI
<http://www.oei.es/ctsi47.htm>
***
ARTIGO 3
(Texto):
Em DOC/WORD e em PDF com a
Formulação em vigor do texto de embasamen-
to da Oficina da Monografia - grupo tipo fó-
rum na internet, atualmente promovido por
J.Lumier no site da Google-groups. Título:
“A MONOGRAFIA COMO FORMA DE CO-
MUNICAÇÃO E TRABALHO CIENTÍFICO”:
Comentário sobre a especificidade da arte
de compor uma monografia, como forma
racional de comunicação da pesquisa em
disciplina científica, utilizada nas institui-
ções do ensino superior.
11 pp., (Primeira versão em 04.01.2006).
***
ARTIGO 4
(colaboração editorial):
Em DOC/WORD e em PDF com o texto da
versão atual de:
“A TEORIA DE COMUNICAÇÃO
SOCIAL E
A SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO”
(relações entre as tecnologias da informa-
ção e as sociedades),
34 p., 23 Fevereiro 2006.
(Primeiro desdobramento do Artigo 2 e ainda
inédito, mas acolhido como proposta e apreci-
ado como colaboração junto ao Conselho da
Revista eletrônica TELOS).
***
ARTIGO 5
(Divulgação)
“E-BOOKS E ORIENTAÇÕES DE
JACOB (J.) LUMIER”, PDF
Seqüências unificadas das entradas de blog do
autor no MSN-spaces:
“Sobre a produção leituras do Século XX”,
Da Primeira parte à Sexta parte,
Fevereiro e Maio 2006.
Reproduzido aqui como expressão das linhas
da literatura digital
produzida por Jacob (J.) Lumier.
***
RELAÇÃO DOS E-BOOKS
E-book/01/2006
<LEITURA DA TEORIA DE COMUNI-
CAÇÃO SOCIAL DESDE O PONTO DE
VISTA DA SOCIOLOGIA DO
CONHECIMENTO: AS TECNOLOGIAS
67 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV
http://www.leiturasjlumierautor.pro.br
DA INFORMAÇÃO, AS SOCIEDADES E
A PERSPECTIVAÇÃO SOCIOLÓGICA
DO CONHECIMENTO>,
229 págs., e-book, 2006,
Com bibliografia e índices remissivo e analíti-
co;
Download (US$4,50) PDF ou WORD
***
E-book/02/2006
<SOCIOLOGIA E FILOSOFIA À LUZ
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
DOIS ENSAIOS>
190 págs., e-book, 2006, com bibliografia e
índices remissivo e analítico;
1º) – Primeiro Ensaio:
<Introdução a uma Reflexão sobre a Teo-
ria de Comunicação Social
Desde o ponto de vista da Sociologia do
Conhecimento:
Relações entre as tecnologias da informação
e as sociedades>.
2º) - Segundo Ensaio:
<A Crítica Dualista na Leitura de Hegel:
uma reflexão a partir de A.Kojévè>,
Download (US$4,50) PDF ou WORD
***
OBRAS ATUALIZADAS
E-book/03/2005/2006
<A CRÍTICA DUALISTA NA
LEITURA DE HEGEL:
UMA REFLEXÃO À PARTIR DE A.
KOJÉVÈ>.
E-Book Universitário/Ensaio: 88 págs.,
Abril/2006; com bibliografia.
Índices remissivo e analítico.
1.Comunicação Social - Análise e Interpreta-
ção;
2.Filosofia; 3.Sociologia
.
Download (US$4,50) PDF ou WORD
***
E-book/04/2005/2006
<ASPECTOS DA SOCIOLOGIA DO
CONHECIMENTO:
REFLEXÃO EM TORNO ÀS ANÁLISES
SOCIOLÓGICAS DE
GEORGES GURVITCH>
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em cada obra. Estas obras já estão atualizadas
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ais das versões de 2005.
-Obra 01/2005: "A CRÍTICA
DUALISTA NA LEITURA DE
HEGEL: UMA REFLEXÃO A
PARTIR DE A.KOJÉVÈ.doc",
109 págs., e-book monográfico, (515kb.Zip), 2005,
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eletrônicos;
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-
Obra 02/2005: "ASPECTOS DA
SOCIOLOGIA DO
CONHECIMENTO: REFLEXÃO EM
TORNO ÀS ANÁLISES SOCIOLÓ-
GICAS DE GEORGES
GURVITCH.doc.",
548 págs., e-book monográfico, (897kb. Zip), 2005,
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68 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
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tendimento visa resguardar unicamente o
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Meus Escritos de Sociolo-
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NOVAS OBRAS I
(Junho 2006):
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"LEITURA DA TEORIA DE COMUNI-
CAÇÃO SOCIAL
DESDE O PONTO DE VISTA DA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
- AS TECNOLOGIAS DA INFORMA-
ÇÃO, AS SOCIEDADES E
A PERSPECTIVAÇÃO SOCIOLÓGICA
DO CONHECIMENTO".
Por
Jacob (J.) Lumier. / sociólogo.
/http://www.leiturasjlumierautor.pro.br
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/ E-BOOK UNIVERSITÁRIO
WEBSITIO PRODUÇÃO LEITURAS DO
SÉCULO XX-PLSV: Literatura digital
http://www.leiturasjlumierautor.pro.br . / Di-
reitos Reservados
2006©Jacob (J.) Lumier . / Classificação do
Ensaio:
Área de Comunicação social/ Grupo de So-
ciologia do Conhecimento.
Disciplinas de Interesse: Teoria Sociológi-
ca/Comunicação Social/ Metodologia Cientí-
fica
***
Interesse específico:
Esta obra alcança os programas de pesquisa
sobre os sistemas cognitivos;
Tema:
“O problema sociológico dos sistemas cogni-
tivos”.
Conteúdo:
Nesta obra se pode ver como o conhecimento
em seus gêneros e suas formas é constituído
em sistema cognitivo e quais foram os pro-
blemas de sociologia enfrentados para se che-
gar à compreensão dos sistemas cognitivos nas
suas três escalas do microssocial, dos grupos e
classes sociais, das sociedades globais.
***
SUMÁRIO: / APRESENTAÇÃO... pág.: 8./
ÍNDICE DOS ASSUNTOS... pág.: 16
/PREFÁCIO... pág.: 32 . / INTRODUÇÃO...
pág.: 35. / PRIMEIRA PARTE:
ATUALIDADE DA TEORIA DE COMUNI-
CAÇÃO SOCIAL (na trilha da cultura do
compartilhamento)... pág.: 39. / SEGUNDA
PARTE: O PONTO DE VISTA DA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO (o
problema do coeficiente existencial do conhe-
cimento)... pág.: 57/
TERCEIRA PARTE: VISTA SUCINTA DA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO
TÉCNICO, DO CONHECIMENTO CIENTÍ-
FICO E DO CONHECIMENTO FILOSÓFI-
CO
(decompondo os sistemas cognitivos)... pág.:
81. /QUARTA PARTE: LINHAS DE
APROFUNDAMENTO NA SOCIOLOGIA
DO CONHECIMENTO - I: (os quadros soci-
ais do conhecimento)... pág.: 98 / QUINTA
PARTE: LINHAS DE APROFUNDAMENTO
NA
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO – II:
(a multiplicidade dos tempos sociais)... pág.:
137 /
SEXTA PARTE: LINHAS DE
APROFUNDAMENTO NA SOCIOLOGIA
DO CONHECIMENTO – III: (a dialética
sociológica)... pág.: 163/ BIBLIOGRAFIA...
pág.: 178
/ANEXOS SOBRE METODOLOGIA: ANEXO
– 01:
A MANIFESTAÇÃO DO PROBLEMA DA
MULTIPLICIDADE DOS TEMPOS
69 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
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ou: O caso do experimento de Popper e o
fracasso da sua tentativa de refutar a Heisen-
berg... pág.: 186 / ANEXO – 02: NOTAS
SOBRE A SOCIOLOGIA DO
CONHECIMENTO
E A ANÁLISE ETNOLÓGICA DAS
SOCIEDADES ARCAICAS ou:
a relatividade da oposição metodológica do
arcaico e do histórico... pág.: 196/
ANEXO – 03: A SIMBOLIZAÇÃO DOS
TEMPOS SOCIAIS COMO CRITÉRIO NA
APRECIAÇÃO DA SOCIOLOGIA DO
REALISMO LITERÁRIO DO SÉCULO
XIX... pág.:209
ÍNDICE REMISSIVO... pág.: 220 / SOBRE O
AUTOR... pág.: 226
***
PREFÁCIO
Neste en-
saio discutimos, por um lado, a Teoria Socio-
lógica (incluindo a microssociologia) no âmbi-
to de sua vertente probabilitária e não “causa-
lista”. Acentuamos: (a) - o estudo das coinci-
dências (sobretudo aquelas da intervenção da
liberdade humana e dos determinismos nos
tempos sociais) e (b) - o estudo da variabili-
dade na realidade social. Evitamos qualquer
confusão com o “culturalismo abstrato” que
prejudicou o alcance probabilitário da socio-
logia de Max WEBER. Esta orientação erráti-
ca despreza as “censuras sociais” como ele-
mento de regulamentação presente em reali-
dade nas obras de civilização e nas estruturas.
Desta sorte, o “culturalismo abstrato“ atribui
ao conhecimento (e a todas as obras de civili-
zação em geral) uma independência e uma
ineficácia muito maior do que elas têm efeti-
vamente na engrenagem complexa e constrin-
gente da realidade social. Por outro lado,
abordando a comunicação social com profun-
didade, passamos pela crítica a suposição de
uma apreensão do ciberespaço, haja vista a
carência de extensão concreta. Todavia, em
face da crescente influência concorrente da
filosofia abstrata do conhecimento alimentada
pela neuropsicologia da cognição (as chama-
das “ciências da cognição”), fomos motivados
a desenvolver com profundidade as orienta-
ções básicas da nova sociologia do conheci-
mento. Daí a longa extensão deste ensaio,
originalmente limitado ao campo da análise
crítica da teoria de comunicação social, mas,
posto que nenhuma comunicação pode ter
lugar sem o psiquismo coletivo, nosso ensaio
veio a ser ampliado até o estudo da multipli-
cidade dos tempos e da metodologia (incluin-
do nesta última a desdogmatização pelo estudo
da dialética em ligação com a nova sociologia
do conhecimento e os problemas da colabora-
ção desta disciplina com a epistemologia) (
).
Com efeito, partindo do fato elementar de que
o conteúdo do saber varia em função dos
quadros sociais, o pensamento relativista
sociológico argumenta contra o pré-conceito
de que os juízos cognitivos devem ter validade
universal: “a validade de um juízo não é nunca
universal, já que se refere a um quadro de
referência preciso” - cuja multiplicidade fre-
qüentemente corresponde aos quadros sociais,
sejam estes da Massa, da Comunidade, da
Comunhão, ou dos agrupamentos particulares,
das classes sociais, das sociedades globais.
“Se a verdade e os juízos fossem sempre uni-
versais não poderia estabelecer-se uma distin-
ção nem entre as ciências particulares, nem
entre os gêneros do conhecimento (não se
poderia falar, neste último caso, de “classes do
conhecimento”), notando-se que até mesmo os
“filósofos mais dogmáticos distinguem dois
ou três gêneros do conhecimento: o conheci-
mento filosófico, o conhecimento científico e
o conhecimento técnico”, os quais - como
classes do conhecimento - se impõem cada um
como um quadro de referência, “eliminando
assim o dogma da validade universal dos juí-
zos” (GURVITCH).
Neste ensaio, ultrapassando as limitações da
antiga sociologia do conhecimento promovida
por Karl MANNHEIM, partimos da constata-
ção sociológica de que cada ‘eu’ participa
inevitavelmente dos conjuntos sociais mais
diversos que lhe dão aos seus membros os
critérios para chegar a uma integração relativa
e variada das tendências contrárias ou com-
plementares próprias de toda pessoa humana.
Por esta via, destacamos dentre as orientações
básicas da nova sociologia do conhecimento
que a diferenciam de qualquer filosofia abstra-
ta da identidade, não somente a intermediação
e as distinções entre o psiquismo e o saber,
mas, sobretudo a imanência recíproca do
individual e do coletivo. Vale dizer, a nova
sociologia do conhecimento, já notada na
obra de C.WRIGHT MILLS, mas fundamen-
tada, desenvolvida e promovida por Georges
GURVITCH, integra a compreensão (atribuí-
da a Max SCHELER) de que, a cada tipo de
sociedade, a cada grupo, a cada ligação social,
a cada era de civilização, se oferece um setor
diferente do mundo infinito dos valores e do
logos”, assim como uma ordem das realida-
70 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV
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des com particular relevo, conduzindo à ne-
cessidade da colaboração de todos os quadros
sociais e de todos os indivíduos para chegar a
uma visão de conjuntos. Por essa via, verifi-
cam-se duas descobertas fundamentais para
toda a sociologia do conhecimento: (a) - a
multiplicidade dos gêneros de conhecimento e,
(b) - a diferente intensidade de ligação entre
esses gêneros de conhecimento e os quadros
sociais. O conhecimento, tomado desde sua
tendência a ser coletivo, pode definir-se como
“participação de uma realidade a uma outra”
sem que nesta outra se produza qualquer mo-
dificação (é o sujeito cognoscente que sofre
alterações em virtude do conhecimento). Daí,
contrariando ao mencionado Karl
MANNHEIM, se chega à formulação propri-
amente sociológica de que: (a) - a relação
entre quadro social e conhecimento não
é
geralmente uma ligação causal; (b) - não se
pode afirmar nem que a sociologia do conhe-
cimento institui a realidade social como causa
e o conhecimento como efeito, nem que o
conhecimento, como tal, age como causa
sobre os quadros sociais. Por isso a perspecti-
vação sociológica do conhecimento nada tem
a ver em si própria com a afirmação de que
um conhecimento é uma projeção ou um epi-
fenômeno de um quadro social, ou ainda que é
uma superestrutura ideológica. Trata-se, afi-
nal, de verificar a coerência de um conheci-
mento; trata-se da procura de correlações
funcionais entre os quadros sociais e o conhe-
cimento; trata-se de um estudo explicativo que
não levanta a questão do condicionamento de
uns em relação ao outro, mas limita-se a veri-
ficar seu paralelismo. Sob esse paralelismo
posto em destaque pelas correlações funcio-
nais podem surgir, segundo GURVITCH,
ademais da dependência ao mesmo fenômeno
social total, as relações entre o simbolizado e
o simbolizante. Quer dizer, dessa dependência
configurando uma realidade particularmente
qualitativa e contingente em mudança decorre
que a afirmação do significado em sua au-
tonomia relativa a respeito do significante -
ou do simbolizado a respeito do simbolizan-
te- seja também a antecipação no presente
de um tempo futuro, seja também “um
futuro atual”. Portanto, na nova sociologia
do conhecimento a subjetividade coletiva é
reconhecida do ponto de vista da metodologia
como eficaz e levada em conta em nível ope-
rativo. Se o conhecimento não
é separado
da mitologia, podemos notar finalmente, em
conseqüência, que, para a compreensão dos
sistemas cognitivos, se impõe o estudo do
coeficiente existencial do conhecimento. Por
sua vez, nesse estudo do coeficiente existenci-
al do conhecimento – incluindo os coeficientes
humanos (aspectos pragmáticos, políticos e
ideológicos) e os coeficientes sociais (varia-
ções nas relações entre quadros sociais e co-
nhecimento) -- deve-se ter em conta não so-
mente o reconhecimento da autonomia do
significado, mas deve-se acentuar igualmente
a equivalência dos momentos antitéticos (anu-
lação da oposição espiritualismo-
materialismo): a realidade que a sociologia
estuda é a condição humana considerada
debaixo de uma luz particular e tornando-se
objeto de um método específico.
Contrariando os que buscam o determinismo
único em sociologia, na maioria das vezes
atribuído às infra-estruturas, neste ensaio
seguimos a orientação de G.GURVITCH
(1894 – 1965) - o continuador/renovador dos
trabalhos do grupo de Émile DURKHEIM e
Marcel MAUSS - ao chamar a atenção para a
evidência de que, sem falsear e sem desacredi-
tar um conhecimento em sua coerência relati-
va não se pode afirmar que seja uma simples
projeção ou um epifenômeno da realidade
social. Quer dizer, antes de buscar a aplicação
da causalidade, deve-se ter em conta que na
sociologia do conhecimento (nova), a explica-
ção, a formulação de enunciados determinísti-
cos, não deve nunca na ‘primeira instancia’ ir
mais além do estabelecimento: (a) - de corre-
lações funcionais, (b) - de regularidades ten-
denciais e (c) - de integração direta nos qua-
dros sociais, pelo que se verifica a coerência
relativa de um conhecimento. Só então, uma
vez empreendida a verificação da coerência,
se poderá passar à fase de refutação ou desa-
creditar tal conhecimento para, enfim, nessa
suposição, mostrá-lo como epifenômeno de-
terminado pelas infra-estruturas. Além disso, é
preciso ter em conta que a sociologia do co-
nhecimento (nova), ao não atribuir valor ao
saber, não pode ela servir para invalidar o
‘falso saber’, isto é, invalidar a manifestação
que, desde o ponto de vista de sua realidade
social, parece e funciona como se fosse um
fato de conhecimento sem que o seja. Cabe
antes à sociologia do conhecimento renovada
estudar as variações do saber e para isso
estabelece o coeficiente social adequado ao
conhecimento mediante as correlações funcio-
nais que lhe são próprias. Pode então nossa
disciplina fazer sobressair a ineficácia do
“saber adequado” mediante a colocação do
conhecimento em perspectiva sociológica
possibilitando a constatação de perspectivas
utópicas, ideológicas, mitológicas, como as
71 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV
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expressões de uma consciência mais aberta às
influências da ambiência social (Gestalt)
expressões diferenciadas entre aquele “saber
adequado” (mero reflexo das posições dos
papéis sociais) e o seu quadro social. Para
GURVITCH, se as relações de causalidade
podem ser consideradas somente nos casos de
ruptura entre os quadros sociais e o saber, a
sociologia do conhecimento, por sua vez, é
impotente para servir à desmistificação e à
desalienação do saber no sentido anti-
relativista pretendido por Marx, como “libera-
ção de toda relação entre conhecimento e
quadro social”, já que esta pretensão represen-
ta nada mais do que “uma utopia intelectualis-
ta do saber desencarnado”.
Abril 2006
Jacob Lumier
(
) Elaboramos um índice remissivo de termos e
autores que deve ser consultado como instrumento
para esclarecer eventuais imperfeições e dificuldades
nessa matéria complexa da nossa disciplina.
Meus Escritos de Socio-
logia – Continuação
Relação dos e-books e Artigos oferecidos no
Websitio Produção Leituras do Século XX -
PLSV
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CONTINUAÇÃO
NOVAS OBRAS II
(Junho 2006)
<SOCIOLOGIA E
FILOSOFIA À LUZ DA
COMUNICAÇÃO SOCIAL/ DOIS
ENSAIOS>:
Por
JACOB (J.) LUMIER
sociólogo
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logia do Conhecimento.
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"SOCIOLOGIA E
FILOSOFIA À LUZ DA
COMUNICAÇÃO SOCIAL / DOIS
ENSAIOS":
Primeiro Ensaio:
<Introdução a uma Reflexão sobre a Teoria
de Comunicação Social
Desde o ponto de vista da Sociologia do
Conhecimento:
Relações entre as tecnologias da informação
e as sociedades>.
Segundo Ensaio:
<A Crítica Dualista na Leitura de Hegel:
uma reflexão a partir de A.Kojévè>.
Por
JACOB (J.) LUMIER / sociólogo/
http://www.leiturasjlumierautor.pro.br
Membro da Internet Society-ISOC
NOTÍCIA SOBRE ESTA OBRA
Sociologia e Filosofia à Luz da Comunicação
social é uma obra interessante sob enfoques
múltiplos dos quais a autoria de Jacob (J.)
Lumier não é o menos considerável. Ensaísta
incorrigível ao modo do ideal experimental
com que se diferencia o homem de idéia, J.
Lumier é um autor com experiência interna-
cional, mas sem parti pris cuja satisfação é a
descoberta dos conteúdos intelectuais pela
leitura e na leitura. Há quem veja nisso uma
atitude obsessiva em intenção do outro e dos
pósteros. Melhor para nós, seus leitores, que
podemos sempre nos reconhecer contempla-
72 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
Websitio Produção Leituras do Século XX – PLSV
http://www.leiturasjlumierautor.pro.br
dos em seus textos. Não será, portanto à toa
haver intitulado sua Web "Leituras do Século
XX", ludibriando os que tiveram imaginado
nesta fórmula a coloração gris de um Outono
nostálgico. Longe disso. Longe a cogitação de
um eterno Século XX que se impostaria no
título à pegada do termo "Leituras". Pelo
contrário. São as leituras literárias que impe-
ram; é o trabalho da obra intelectual emergin-
do em atualizações recorrentes no ato de ler e
escrever que prevalece. E ninguém pode negar
o ápice literário científico da produção intelec-
tual do século XX. Na Home Page
<www.leiturasjlumierautor.pro.br> a imagem
do ideal das "Leituras" é nos oferecida na
seguinte formulação: "a PRODUÇÃO
LEITURAS DO SÉCULO XX - PLS é vocacio-
nada para avançar na reflexão de uma situa-
ção de fatos com grande impacto no século
XX, já assinalada no âmbito da sociologia por
Georges GURVITCH, a saber: a situação de
que, sob a influência do impressionante de-
senvolvimento das técnicas de comunicação,
"passamos, num abrir e fechar de olhos, pelos
diferentes tempos e escalas de tempos ineren-
tes às civilizações, nações, tipos de sociedades
e grupos variados". "A unidade do tempo
revelou-se ser uma miragem", como nos mos-
traram, simultaneamente, a filosofia
(BERGSON) e a ciência (EINSTEIN). Ficou
claro que "a unificação dos tempos divergen-
tes em conjuntos de tempos hierarquizados",
sem o que é impossível nossa vida pessoal, a
vida das sociedades e nossa orientação no
mundo, não é uma unidade que nos é dada,
mas uma "unificação a adquirir pelo esforço
humano, onde entra a luta para dominar o
tempo", dirigi-lo em certa forma". Sem dúvi-
da, se nos mantivermos em atenção, cultivan-
do a mirada aberta á influência da expressão e
dos conteúdos intelectuais iremos com certeza
desfrutar da reflexão acima assinalada e des-
cobriremos a coerência da complexa matéria
tratada em disciplina científica por Jacob (J.)
Lumier neste e-book impresso em volume que
temos em mão. Com efeito, para o nosso autor
a monografia é trabalho científico, mas é i-
gualmente forma racional de comunicação
comportando, por isso, uma diferença especí-
fica apreendida como arte de compor a que se
ligam as profundas implicações para a difusão
do conhecimento decorrentes da condição de
publicidade do trabalho científico. No dizer de
J. Lumier "(...) grande parte dos mal-
entendidos a respeito de certas obras ou teo-
rias científicas tem muito a ver com o fato de
sua exposição a todos os tipos de públicos,
muitas vezes composto não só de leigos, mas
de gente alheia à formação nas ciências hu-
manas. Se a condição de publicidade é ineren-
te ou não ao modo de produção científico ou
se deve ou não ser restringida aos estudiosos
é uma questão que extrapola o domínio do
pensamento científico para lançar-se no âmbi-
to da comunicação social, já que a obra im-
pressa ou, depois do advento da Internet, a
obra ou livro eletrônico, “e-book”, é um pro-
duto cultural do qual a atividade científica
não saberia distanciar-se". Todavia, "Socio-
logia e Filosofia à Luz da Comunicação
Social" compreende certos aspectos favoreci-
dos pela forma da monografia e postos em
relevo pelo cotejo dos "Dois Ensaios" reuni-
dos numa só obra. E não se trata somente das
variações compreendendo o tema das simboli-
zações e a autonomia relativa do conhecimen-
to, mas se fosse perguntado, o leitor atento
diria que a palavra chave aproximando os
dois ensaios é "Gestalt", uma das noções
fundamentais em matéria de ciências huma-
nas. Neste sentido, os escritos do sociólogo
Jacob (J.) Lumier são de interesse básico e
prestantes à formação.
***
SOCIOLOGIA E FILOSOFIA À LUZ DA
COMUNICAÇÃO SOCIAL
DOIS ENSAIOS:
S U M Á R I O / Primeiro Ensaio / 1º) Intro-
dução a uma Reflexão sobre a Teoria de Co-
municação Social / Desde o ponto de vista da
Sociologia do Conhecimento:Relações entre
as tecnologias da informação e as socieda-
des.1ª Seção Págs. 15 a 95. /
Segundo Ensaio /
2º) A Crítica Dualista na Leitura de He-
gel:Uma reflexão a partir de A.Kojévè. 2ª
Seção Págs. VII a LXXIX.
/Sobre o Autor e Sua Orientação - Págs.
LXXXI a LXXXIV
***
PRIMEIRO ENSAIO :
"Introdução a uma Reflexão sobre a Teoria
de Comunicação Social
Desde o ponto de vista da Sociologia do Co-
nhecimento:
Relações entre as tecnologias da informação
e as sociedades".
Interesse específico:
Este ensaio alcança os programas de pesquisa
sobre os sistemas cognitivos;
Tema:
“O problema sociológico dos sistemas cogni-
tivos”.
73 Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento: Artigos. 2006 © Jacob (J.) Lumier
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Conteúdo:
Neste ensaio se pode ver em nível de introdu-
ção algumas linhas sobre o modo como o
conhecimento em seus gêneros e formas é
constituído em sistemas cognitivos e quais
foram os problemas de sociologia enfrentados
para chegar à compreensão dos sistemas cog-
nitivos nas suas três escalas do microssocial,
dos grupos e classes sociais, das sociedades
globais.
Composição
(a) - Abordando a comunicação social com
profundidade, este ensaio passa pela crítica a
suposição de uma apreensão do ciberespa-
ço, observando a carência de extensão concre-
ta.
(b) - Em face da crescente influência concor-
rente da filosofia abstrata do conhecimento
alimentada pela neuropsicologia da cognição
(as chamadas “ciências da cognição”), este
ensaio encontra motivo para buscar as orienta-
ções básicas da nova sociologia do conheci-
mento, insistindo que nenhuma comunica-
ção pode ter lugar sem o psiquismo coletivo
e que isto exige o estudo da variabilidade na
realidade social.
Orientação
Neste ensaio evitamos qualquer confusão com
o “culturalismo abstrato” que prejudicou o
alcance probabilitário da sociologia de Max
WEBER ao atribuir ao conhecimento (e a
todas as obras de civilização em geral) uma
independência e uma ineficácia muito maior
do que elas têm efetivamente na engrenagem
complexa e constringente da realidade social.
Por sua vez, a nova sociologia do conheci-
mento, já notada na obra de C.WRIGHT
MILLS, mas fundamentada, desenvolvida e
promovida por Georges GURVITCH, integra
duas descobertas fundamentais para toda a
sociologia do conhecimento: (a) - a multiplici-
dade dos gêneros de conhecimento e, (b) - a
diferente intensidade de ligação entre esses
gêneros de conhecimento e os quadros sociais.
O conhecimento, tomado desde sua tendência
a ser coletivo, pode definir-se como “partici-
pação de uma realidade a uma outra” sem que
nesta outra se produza qualquer modificação
(é o sujeito cognoscente que sofre alterações
em virtude do conhecimento). Daí, contrarian-
do a Karl MANNHEIM, se chega à formula-
ção propriamente sociológica de que: (a) - a
relação entre quadro social e conhecimento
não
é geralmente uma ligação causal; (b) - não
se pode afirmar nem que a sociologia do co-
nhecimento institui a realidade social como
causa e o conhecimento como efeito, nem que
o conhecimento, como tal, age como causa
sobre os quadros sociais.
SOCIOLOGIA E FILOSOFIA À LUZ DA
COMUNICAÇÃO SOCIAL
DOIS ENSAIOS:
SEGUNDO ENSAIO
A Crítica Dualista na Leitura de Hegel:
Uma reflexão a partir de A. Kojévè.
Jacob (J.) Lumier
Extrato da APRESENTAÇÃO
Este ensaio visa antes de tudo ser prestante
aos “Estudos Hegelianos” e orientar a leitura
de “A Fenomenologia do Espírito”, ainda que
nos mostre um estudo sobre a noção histórica
do mito. Mais precisamente, nos mostra como
a antropologia filosófica desemboca na filoso-
fia estética. Sendo um autor sociólogo, não
foi por acaso que me apliquei na reflexão
sobre o dualismo para compor este ensaio
sobre a leitura de Hegel baseado, sobretudo
nos ensinamentos de Alexandre KOJÉVÈ,
embora com aproveitamento dos esclareci-
mentos de Ernst BLOCH e de Ernst
CASSIRER. Sabe-se que o dualismo no pen-
samento histórico despertou o interesse de
grandes sociólogos como Max WEBER, cujos
estudos sobre a teodicéia repercutem a influ-
ência do hegelianismo. Podemos confirmar
isto se, como veremos, tivermos em conta o
seguinte: primeiro, que, por um lado, a com-
preensão do elemento simbólico do mito já
está no Prefácio da “Fenomenologia do Espíri-
to” numa formulação definindo a conexão
entre a ciência e a consciência sensível, em
que Hegel estabelece a problemática geral
estrutural aplicada à conexão do conhecimento
e da consciência mítica. Segundo: por outro
lado, será o problema crítico cultural do espiri-
tualismo ou da teodicéia, será a questão sobre
a transposição do conservadorismo hegeliano
no século XX levando à crença de que uma
ordem nova pode surgir como criação ex-
nihilo, que se repercutirá na sociologia. A
noção histórica do mito liga-se em Hegel à
figura da razão como fluente substância uni-
versal partilhada ao mesmo tempo em muitos
seres inteiramente independentes, conscientes
dentro de si próprios de que são estes seres
independentes e individuais, através do fato de
cederem e sacrificarem sua individualidade
particular. Sem dúvida a afirmação de um
mente perfeita, absoluta, identificada ao gran-
de homem histórico e sua vontade universal
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será uma linha hegeliana desdobrada daquela
figura de razão. Tal afirmação, implicando
sustentar contra a liberdade intelectual de
Spinoza a impossibilidade de descobrir a subs-
tância ética numa lei tida por meramente for-
mal, encontra uma explicação se tivermos em
conta certas orientações da sociologia. De
fato, tivera Max WEBER observado que o
impacto da cultura afirmando os juízos de
valor veste uma nova roupagem à teodicéia,
cujo problema central deixa de ser o da exis-
tência do sofrimento e do mal para se concen-
trar no da imperfeição do mundo condenado
ao pecado. Tivera ocorrido uma reação, um
verdadeiro “processo moral” contra a cultura
(incluindo nesta a história legislativa) difundi-
da a partir do século XVIII, com os valores
sendo alvos de acusação. A teodicéia aparece
então para Max WEBER como a questão
essencial das religiões monoteístas, estando na
base das escatologias messiânicas, das repre-
sentações relativas às recompensas e aos cas-
tigos na outra vida, sobretudo na base das
teorias dualistas, em que se confrontam “bem
e mal”, até o triunfo definitivo do bem em um
tempo indeterminado. Será no marco desse
dualismo que a ligação entre a teodicéia e a
crença metafísica na mudança histórica como
criação ex-nihilo, acima referida, é estudada
por Max WEBER.
SUMÁRIO/ Apresentação: - p. IX / Índice
dos Títulos: - p. XIII / Prefácio: - p. XV /
Primeira Parte: Sob a teoria da Gestalt: - p.
XVII/ Segunda Parte: A Fenomenologia do
Mito: - p. LI / Notas Complementares: - p.
LXV / Bibliografia: - p. LXXIII / Cronolo-
gia: - p. LXXV / Índice de Assuntos: - p.
LXXVII
***
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ORIGINAL DAS MINHAS OBRAS EM
DESENVOLVIMENTO
OBRAS CONCLUÍDAS, EDITADAS E
FORMATADAS em Word e PDF
(e-books universitários acolhidos como artigos
sobre filosofia junto à
Fundación Biblioteca Virtual Miguel de Cer-
vantes)
-Obra 01: "A CRÍTICA DUALISTA NA
LEITURA DE HEGEL: UMA REFLEXÃO A
PARTIR DE A.KOJÉVÈ.doc", 109 págs., e-
book, (515kb. Zip), 2005,
Com bibliografia e índices remissivo e analíti-
co eletrônicos;
(atualizada em Agosto 2006)
-Obra 02: "ASPECTOS DA SOCIOLOGIA
DO CONHECIMENTO: REFLEXÃO EM
TORNO ÀS ANÁLISES SOCIOLÓGICAS
DE GEORGES GURVITCH.doc.", 548 fls, e-
book, (897kb. Zip), 2005, com bibliografia e
Índices remissivo e analítico eletrônicos;
(atualizada em Agosto 2006).
***
- OBRAS SOMENTE CONCLUÍDAS
(brevemente serão editadas e formatadas em
doc.):
-Obra 03: "ASPECTOS DA SOCIOLOGIA
DA LITERATURA – I: PROUST: UMA
ABORDAGEM INSPIRADA EM SAMUEL
BECKETT";
-Obra 04: "ASPECTOS DA SOCIOLOGIA
DA LITERATURA - II : PRIMEIRA PARTE:
A CRÍTICA DA CULTURA DE
T.W.ADORNO; A FILOSOFIA LITERÁRIA
DE ERNST BLOCH; LEITURA DA
MONTANHA MÁGICA, DE THOMAS
MANN";
***
- OBRAS EM ELABORAÇÃO AVANÇA-
DA:
-Obra 05: "OS MODELOS DE INTERPRE-
TAÇÃO NOS ESTUDOS PASCALIANOS";
-Obra 06: "ASPECTOS DA SOCIOLOGIA
DA CULTURA: NO HORIZONTE DA
FILOSOFIA DA RENASCENÇA DE JACOB
BUCKHARDT";
***
- OBRA EM ELABORAÇÃO INICIAL:
-Obra 07: "ASPECTOS DA SOCIOLOGIA
DA LITERATURA- II- SEGUNDA PARTE:
LEITURA DO ULISSES, DE JAMES
JOYCE";
***
- OBRA EM PREPARAÇÃO:
-Obra 08: "ASPECTOS DE SOCIOLOGIA E
PSIQUIATRIA : Reflexão com aproveitamen-
to de ELIAS CANNETTI";
***
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CARACTERÍSTICAS DESTE E-BOOK COMO
PRODUTO CULTURAL
Arquivo Office Word 2003 em ambiência Windows
Com hiperlink no próprio doc. servindo ao
Sumário.
Melhor visualizado na Resolução de Tela 1024 por 768 pixels
Zoom Largura de Página ou 130%.
Estatísticas:
Páginas: 77
Palavras: 19185
Palavras por página completa: 350
Linhas por página: 34
Parágrafos em Estilo normal+arial 12pts. Entrelinhas um e meio,
Títulos em nível quatro, negrito. Alinhamento justificado
E-Book Monográfico
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Classificação Desta Obra:
Área de Comunicação social/
Grupo de Sociologia do Conhecimento.
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FIM DO E-BOOK
2006©Jacob (J.) Lumier
Nome do arquivo: Preparando novo e-book de artigos
Pasta: D:\HOME\Desenvolvendo site Leituras\literatura e políti-
ca\E-book Met Cient.,Sociol, Polit
Modelo: C:\Documents and Settings\J LUMIER\Dados de aplicati-
vos\Microsoft\Modelos\Normal.dot
Título: Comunicação Social e Sociologia do Conhecimento.
Assunto: Coletânea de artigos.
Autor: Jacob (J.) Lumier
Palavras-chave: cidadania, sociedade, conhecimento.
Comentários: Reunião em e-book de três escritos curtos para publicação
em biblioteca virtual na Internet.
Data de criação: 29/10/2006 07:43:00
Número de alterações: 143
Última gravação: 3/11/2006 22:01:00
Salvo por: J LUMIER
Tempo total de edição: 1.086 Minutos
Última impressão: 3/11/2006 22:17:00
Como a última impressão
Número de páginas: 77
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Número de caracteres: 112.892 (aprox.)
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