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UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS - FACE
FLÁVIO MARINHO DOS SANTOS JÚNIOR
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA
DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE PERCEBIDA E DAS
ATITUDES E INTENÇÕES COMPORTAMENTAIS DE
USUÁRIOS DE SOFTWARE
Belo Horizonte
2010
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FLÁVIO MARINHO DOS SANTOS JÚNIOR
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA
DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE PERCEBIDA E DAS
ATITUDES E INTENÇÕES COMPORTAMENTAIS DE
USUÁRIOS DE SOFTWARE
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Administração da Faculdade de Ciências
Empresariais da Universidade FUMEC, como
requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre
em Administração.
Orientador: Prof. Dr. Cid Gonçalves Filho
Co-orientação: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki
Belo Horizonte
2010
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Folha de Aprovação
Dedico este projeto
ao meu avô Mauro,
pela oportunidade,
pelo exemplo de vida,
sabedoria e simplicidade.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Gustavo Quiroga Souki pelas orientações, pela grande amizade,
pela paciência, pelo incentivo e ajuda ao longo do curso. Agradeço também pela indiscutível
competência, pelos ensinamentos e oportunidades de crescimento pessoal e profissional.
Ao Professor Doutor Cid Gonçalves Filho pelas suas contribuições, ensinamentos e
orientação.
Aos meus pais Flávio e Suzana, por me proporcionarem todas as condições para
realizar este trabalho, além de transmitirem imenso carinho e apoio incondicional. Aos meus
irmãos Rafael e Paulo, pela amizade nas mais diversas ocasiões.
A Flávia, que esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis, sempre me auxiliando
com palavras incentivadoras e entendendo a minha ausência durante o período do curso.
Aos amigos e familiares presentes, pela preocupação e apoio.
As pessoas que contribuíram direta e indiretamente para a realização desta dissertação
de mestrado, desde o momento em que este trabalho ainda era um sonho.
A todos os entrevistados, que participaram com valiosas informações.
Por fim, agradeço a Deus pela conclusão deste trabalho.
“As pessoas poderão ser bem-sucedidas em
praticamente tudo, bastando para isso que tenham
um entusiasmo ilimitado.”
Charles Schwab
RESUMO
Nos últimos anos, o mundo vem passando por mudanças sociais, políticas e
econômicas que têm gerado um expressivo aumento da concorrência no mercado tecnológico,
trazendo novos desafios para as empresas desse setor. Esse cenário tem influenciado as
organizações a buscarem novas estratégias gerenciais com a finalidade de garantir sua
sobrevivência em um ambiente cada vez mais competitivo. Neste contexto, a adoção de
estratégias que visem à qualidade percebida pelos clientes é fundamental. Existem diversas
escalas para avaliação da qualidade percebida, entretanto, poucas delas foram desenvolvidas
especificamente para avaliar a qualidade percebida por usuários de softwares. Além disso, as
escalas encontradas mais frequentemente nessa área foram desenvolvidas em outros países,
não tendo sido devidamente adaptadas à realidade brasileira. Ademais, o impacto da
qualidade percebida por usuários de software sobre as suas atitudes e intenções
comportamentais tem sido pouco contemplado em tais instrumentos. Nesse sentido, são
objetivos deste trabalho: desenvolver e validar uma escala de mensuração da qualidade
percebida por usuários de software; avaliar os impactos da qualidade percebida por usuários
de software sobre suas atitudes e intenções comportamentais. Para tanto, foi realizado um
levantamento do tipo survey envolvendo 302 usuários. Foram realizados testes para verificar a
consistência interna e utilizadas técnicas de análise fatorial confirmatória para validação da
escala. A escala desenvolvida neste estudo apresentou níveis adequados de confiabilidade e
validade convergente e discriminante. O modelo testado foi razoavelmente suportado pelos
dados empíricos da pesquisa. Os resultados obtidos permitiram concluir que a qualidade
percebida pelos usuários com relação aos softwares é um construto multidimensional,
apresentando uma elevada ligação com as atitudes e intenções comportamentais, tais como
satisfação, comunicação boca a boca / recomendação, propensão à lealdade e orgulho. Sob o
aspecto gerencial, o modelo teórico apresentado demonstra a necessidade de estimular
investimentos nos componentes do construto qualidade percebida global, tais como
usabilidade, confiabilidade, portabilidade e funcionalidade que, de acordo com a pesquisa,
produzem efeitos positivos na satisfação do usuário que, por sua vez, exerce influência direta
em sua lealdade e recomendação.
Palavras-chave: Qualidade de Software. Qualidade percebida global. Satisfação. Atitudes e
intenções comportamentais.
ABSTRACT
In the last years the world has been going throw social, political and economic
changes, which have been producing an expressive increase of the competition in the
technological market, bringing new challenges to the enterprises of this sector. This scenario
has been influencing organizations to search for new management strategies aiming their
survival in a more and more competitive environment. In this context, it is primordial to use
strategies that aim the quality observed by the client. There are several scales to evaluate the
perceived quality; in the meantime few of them were speciafically developed to estimate the
perceived quality by software users. Besides, the most frequently found scales in this area
were developed in other countries, and have not been properly well-adjusted for the Brazilian
reality. Futhermore, the impact of perceived quality by software users on their attitutes and
behavioral intentions has been rarely included in such instruments. The purposes of this study
were to develop and validate a scale for measuring perceived quality for software users; to
evaluate the impacts of perceived quality by software users about their attitudes and
behavioral intentions. A survey was conducted involving 302 users. Tests were conducted to
verify the internal consistency and confimatory factor analysis techniques were used for
validation of the scale. The scale developed in this study presented adequate levels of
reliability and convergent and discriminant validity. The tested model was reasonably
supported by the empirical data. Results showed that perveiced quality by users regarding
softwares is a multidimensional construct, showing a high coherency to attitudes and
behavioral intentions, such as satisfaction, word of mouth communication / recommendation,
propensity to loyalty and pride. As for the management aspect, theorical model presented
demonstrates the need to stimulate investments in components of the perceived overall quality
construct, such as usability, reliability, portability and functionality, which according to this
research, produce positive effects in the user´s satisfaction who turn to prosecuse a straight
influence on his loyalty and recommendation.
Keywords: Software quality. Global perceived quality. Satisfaction. Attitudes and behavioral
intentions.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Categorias dos Custos Operacionais da função Qualidade. ...................................30
Quadro 2 - Relação de dimensões nos questionários em relação à satisfação e a qualidade
percebida por usuários de software. .................................................................................42
Quadro 3 - Hipóteses do modelo da pesquisa. .........................................................................59
Quadro 4 - Critérios para adequação da solução fatorial e confiabilidade.............................79
Quadro 5 - Índices de ajuste do modelo proposto. ...................................................................93
Quadro 6 - Resultados da avaliação das hipóteses. ..................................................................95
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Características e subcaracterísticas da Qualidade de Software................................34
Figura 2 - Teoria da Ação Racional de Fishbein e Ajzen (1975).............................................45
Figura 3 - Visão contemporânea das relações entre crenças, sentimentos, atitude, intenção
comportamental e comportamento. ..................................................................................46
Figura 4 - Os quatro níveis de lealdade. ...................................................................................50
Figura 5 - Etapas de desenvolvimento e validação do instrumento de avaliação de qualidade
percebida por usuários de softwares.................................................................................58
Figura 6 - Modelo hipotético da pesquisa. ...............................................................................59
Figura 7 - Teste do modelo de validação..................................................................................90
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Gênero....................................................................................................................60
Gráfico 2 - Profissão.................................................................................................................60
Gráfico 3 - Faixa etária.............................................................................................................61
Gráfico 4 - Renda Familiar.......................................................................................................61
Gráfico 5 - Escolaridade...........................................................................................................62
Gráfico 6 - Estado Civil............................................................................................................63
Gráfico 7 - Frequência de uso do software na semana.............................................................64
Gráfico 8 - Tempo de utilização do software em anos.............................................................65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Softwares citados como mais utilizado em primeiro lugar......................................63
Tabela 2 - Softwares citados.....................................................................................................64
Tabela 3 - Estatística descritiva das variáveis que pretendem mensurar a qualidade de
softwares...........................................................................................................................66
Tabela 4 - Estatística descritiva das variáveis que pretendem mensurar as atitudes e intenções
comportamentais em relação aos softwares. ....................................................................67
Tabela 5 - Análise dos dados ausentes das variáveis................................................................70
Tabela 6 - Teste de aderência à normalidade de Kolmogorov-Sminorv. .................................73
Tabela 7 - Solução fatorial do construto Qualidade de Softwares..........................................79
Tabela 8 - Motivos e variáveis excluídas para melhor solução fatorial. ................................80
Tabela 9 - Solução fatorial dos construtos que medem as atitudes e intenções
comportamentais de usuários de software.......................................................................81
Tabela 10 - Avaliação da validade convergente dos construtos.................................................83
Tabela 11 - Avalião da variância dia extraída e da confiabilidade composta dos
construtos. ........................................................................................................................85
Tabela 12 - Validade discriminante dos construtos através do método de Fornell e Larcker
(1981). ..............................................................................................................................86
Tabela 13 - Validade discriminante com base no critério sugerido por Bagozzi, Yi & Philips
(1991). ..............................................................................................................................88
Tabela 14 - Estimativas de mensuração do modelo proposto. .................................................91
APÊNDICES
Apêndice A - Questionário sobre Qualidade de Software......................................................109
Apêndice B - Questionário sobre Atitudes e Intenções Comportamentais ............................110
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................16
2
OBJETIVO GERAL ..................................................................................................20
2.1
Objetivos específicos....................................................................................................20
3
REFERENCIAL TEÓRICO .....................................................................................21
3.1
Qualidade......................................................................................................................21
3.2
Qualidade Percebida.....................................................................................................25
3.3
Qualidade de Software..................................................................................................27
3.3.1
A norma ISO/IEC 9126-1: Modelo de Qualidade........................................................33
3.4
Satisfação......................................................................................................................36
3.4.1
Indicadores e formas de mensurar a satisfação e a qualidade do produto ou serviço ..38
3.4.2
Instrumentos para avaliação da satisfação e da qualidade percebida em produtos de
softwares...................................................................................................................................40
3.5
Atitudes e intenções comportamentais .........................................................................43
3.5.1
Propensão à lealdade ....................................................................................................46
3.5.2
Orgulho.........................................................................................................................51
3.5.3
Comunicação boca a boca / Recomendação.................................................................52
4
METODOLOGIA.......................................................................................................55
4.1
Primeira fase - Qualitativa............................................................................................56
4.2
Segunda fase - Quantitativa..........................................................................................56
4.3
Modelo hipotético da pesquisa .....................................................................................58
5
RESULTADOS E DISCUSSÃO ...............................................................................60
5.1
Caracterização da amostra............................................................................................60
5.2
Análise descritiva dos dados ........................................................................................65
5.3
Validação das escalas de mensuração da qualidade percebida e das atitudes e intenções
comportamentais dos usuários de software ..............................................................................68
5.3.1
Análise exploratória dos dados.....................................................................................68
5.3.1.1
Análise de Dados Ausentes .......................................................................................................................68
5.3.1.2
Análise de Outliers....................................................................................................................................72
5.3.1.3
Normalidade dos dados .............................................................................................................................73
5.3.1.4
Linearidade................................................................................................................................................75
5.3.2
Fidedignidade das medidas do instrumento..................................................................75
5.3.2.1
Dimensionalidade e confiabilidade............................................................................................................76
5.3.2.1.1
Dimensionalidade e confiabilidade do construto Qualidade de Softwares ......................................79
5.3.2.1.2
Dimensionalidade e confiabilidade dos construtos que medem as atitudes e intenções
comportamentais em relação a softwares.............................................................................................................81
5.3.2.2
Validade Convergente e Discriminante .....................................................................................................82
5.3.2.3
Validade Nomológica................................................................................................................................88
5.4
Avaliação do modelo hipotético da pesquisa ...............................................................94
6
CONCLUSÕES...........................................................................................................96
7
LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ........................98
8
REFERÊNCIAS .......................................................................................................100
16
1 INTRODUÇÃO
Observam-se, atualmente, muitos avanços da tecnologia e dos meios de comunicação
e, ao mesmo tempo, um crescente número de usuários utilizando sistemas de informação.
Entende-se como sistema de informação um sistema automatizado ou mesmo manual que
abrange pessoas, máquinas e/ou métodos organizados para coletar, processar, transmitir e
disseminar dados que representam informação para o usuário (LAUDON; LAUDON, 1999).
A rapidez na difusão das informações juntamente com a globalização criou um
ambiente propício para estimular a percepção do cliente. E, nesse constante processo de
mudanças ambientais, criam-se novos cenários competitivos para as organizações, exigindo
delas respostas rápidas. Toda essa movimentação está revolucionando o modo de
gerenciamento das organizações, principalmente no que se refere às relações com os clientes.
Cada vez mais as empresas concentram esforços para transferir valor aos clientes, através de
produtos que correspondam às suas necessidades e desejos (DAHMER; ESTRADA, 2002).
Não como negar que agora o consumidor ocupa uma posição de comando, tem
poder de barganha e não é mais atraído por vantagens não mensuráveis. Oferecer menor
preço, apenas, deixou de ser uma vantagem. Hoje, o mercado é mais competitivo, e o cliente
está consciente de seu poder. Como consequência, essa mudança de postura está exigindo
melhor qualidade dos produtos e serviços, deixando esta de ser um detalhe ou melhoria para
se converter em elemento fundamental.
No entanto, paradoxalmente, o que se percebe, no dia-a-dia, são situações de
inabilidade, angústia e não-adaptação dos usuários frente a tecnologias digitais de acesso à
informação. Existe um gap entre as expectativas do usuário e o produto, podendo gerar
17
insatisfação ou até mesmo frustração. Apesar da obviedade das afirmações, não é frequente,
na definição dos sistemas, uma preocupação com a qualidade.
Dentro desse cenário, surge um grande problema, encontrado pela engenharia de
software, que é a dificuldade de se medir a qualidade. A qualidade de um dispositivo
mecânico pode ser medida em termos de tempo médio entre suas falhas, tempo de execução
de uma tarefa, capacidade do dispositivo de suportar desgaste, entre outros. O software não é
palpável, não se desgasta, portanto, tais métodos de medição de qualidade não podem ser
aproveitados.
Para auxiliar o processo de medição da qualidade de produtos de software, a ISO
(International Organization for Standardization)
1
juntamente com a IEC (International
Electrotechnical Commission)
2
lançaram a norma ISO/IEC 9126, publicada em 1991 e que,
na versão brasileira de agosto de 1996, recebeu o número NBR 13596. Essa norma define
qualidade de software como “a totalidade de características de um produto de software que
lhe confere a capacidade de satisfazer necessidades explícitas e implícitas”. A ISO/IEC 9126
(NBR 13596) fornece um modelo de propósito geral que define seis amplas categorias de
características de qualidade de software, que são, por sua vez, subdivididas em
subcaracterísticas.
Apenas a título de exemplo da importância da qualidade como influência em um
mercado cada vez mais competitivo, a Microsoft inaugurou, em 1989, o seu primeiro
laboratório de usabilidade (usability lab), para que produtos ainda não liberados sejam
testados por usuários leigos e avançados enquanto são observados por engenheiros de
usabilidade que registram e analisam o que acontece. As informações coletadas são utilizadas
por diversas áreas na empresa e têm viabilizado avanços significativos na melhoria da
1
Organização o-governamental estabelecida em 1947 e que coordena o trabalho de órgãos de 127 países
membros para promover a padronização de normas técnicas em âmbito mundial.
2
Fundada em 1906, conta com a participação de mais de 50 países e publica normas internacionais
relacionadas com eletricidade, eletrônica e áreas relacionadas.
18
usabilidade de seus produtos. A mesma Microsoft, antes de colocar seus softwares nas
prateleiras dos revendedores, libera uma versão preliminar para grupos de usuários
cadastrados, que os testam em seus próprios computadores e reportam os resultados. Essa
prática tem permitido à empresa diminuir custos, ampliar a equipe de teste, gerar
conhecimento prévio do produto e propaganda gratuita, além de garantir melhor qualidade e
maiores lucros (GOMES, 2009).
Um dos objetivos principais da avaliação da qualidade percebida pelos usuários de
software é possibilitar aos profissionais do marketing a identificação dos pontos fracos dos
produtos para que se proponham melhorias. Encontram-se, na literatura, diversos trabalhos
nos quais se avaliam a qualidade percebida e as intenções comportamentais, principalmente a
satisfação, a propensão à lealdade e a comunicação boca a boca, nos mais diversos segmentos
do mercado, sendo estas muito exploradas pelos profissionais e pesquisadores da área do
marketing. No entanto, no segmento de informática, não foi encontrado nenhum trabalho em
que todos esses construtos tenham sido analisados. A falta de resultados consistentes e de um
modelo que permita realmente identificar todas as dimensões da qualidade de software é
evidente, sendo necessário que trabalhos sejam realizados, a fim de suprir essa demanda.
Alguns trabalhos pesquisados apresentam, além da avaliação da satisfação e da
qualidade percebida, um exame das atitudes e intenções comportamentais, que possibilita
analisar se o usuário voltaria a utilizar aquele software (SALES, C. A. C.; RAMOS, A. S. M,
2008; CURI, W. R.; GONÇALVES, C. A., 2006). Em sua maioria, os trabalhos levam em
consideração apenas a satisfação dos usuários (CORDEIRO, A. G.; MOLL, R. N, 2006;
SOARES, L. G.; GUIMARÃES, L. B. M, 2004; CHUA, B. B.; DYSON, L. E, 2004). Muitas
pesquisas também enfocam a usabilidade do software como tema central (SOARES, L. G.;
GUIMARÃES, L. B. M, 2004; BEVAN, 1995).
19
A lealdade é a atitude e intenção comportamental mais comumente encontrada nas
escalas de avaliação da satisfação. Outras dimensões, porém, relacionadas às atitudes de
intenções comportamentais, são dificilmente encontradas nesses instrumentos, tais como a
recomendação / comunicação boca a boca e orgulho. Questionários de satisfação específicos
por área, assim como questionários genéricos que se propõem a avaliar tipos diversos de
produtos, são amplamente encontrados na literatura. No entanto, algumas áreas ainda estão
carentes de instrumentos válidos e confiáveis na detecção da qualidade percebida pelo cliente,
como é o caso dos softwares. Dessa forma, o desenvolvimento de escalas e modelos próprios
para a avaliação da qualidade dos softwares, por meio do qual a satisfação seja compreendida
como um construto que sofre impactos diretos da qualidade se faz necessário.
Considerando-se todos esses aspectos, o problema da presente pesquisa fundamenta-se
no fato de que uma carência de estudos em relação à qualidade percebida por usuários de
software. Além disto, não se obteve nenhum relato de pesquisas que mensurassem os
impactos da qualidade percebida por usuários de software sobre suas atitudes e intenções
comportamentais, tais como a satisfação, propensão à lealdade, comunicação boca a boca /
recomendação e orgulho. Serão então aqui avaliados comparativamente alguns softwares
genéricos no que tange à sua qualidade percebida, assim como às atitudes e intenções
comportamentais do usuário. Para isso, será utilizada a norma ISO/IEC 9126 (NBR 13596)
como referência.
20
2 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma escala para avaliação da qualidade
percebida por usuários de software e avaliar seu impacto sobre as atitudes e intenções
comportamentais dos mesmos.
2.1 Objetivos específicos
1. Desenvolver e validar uma escala de mensuração da qualidade percebida por usuários
de software;
2. Avaliar os impactos da qualidade percebida por usuários de software sobre o construto
satisfação;
3. Avaliar os impactos da satisfação sobre as atitudes e intenções comportamentais dos
usuários, tais como:
Propensão à lealdade;
Orgulho;
Comunicação boca a boca / Recomendação.
21
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Com base nos objetivos propostos, o referencial teórico buscou as dimensões
necessárias para se elaborar um modelo que contemplasse os aspectos necessários para avaliar
a qualidade percebida por usuários de sistemas de informação, assim como suas atitudes e
intenções comportamentais. Foi percebido que algumas dimensões apresentaram conceitos
variados e, portanto, buscou-se aqueles mais adequados para o tipo de produto ora
investigado.
Para tanto, foi feito uma busca por trabalhos principalmente indexados nos bancos de
dados da ISO, MCT e Enanpad, além de referências citadas por importantes autores do tema.
As atitudes e intenções comportamentais como a satisfação, propensão à lealdade,
comunicação boca a boca / recomendação foram as mais encontradas na literatura.
3.1 Qualidade
Existem várias definições na literatura para o termo qualidade, criadas em diferentes
épocas e por autores distintos, refletindo as idéias que tinham sobre o tema num dado
momento. Abaixo estão descritos alguns dos principais conceitos de qualidade que ratificam
esta evolução conceitual.
“Qualidade é uma propriedade, atributo ou condição das pessoas, capaz de distingui-Ias das
outras e de lhes determinar a natureza; numa escala de valores, a qualidade é uma
propriedade, atributo ou condição que permite avaliar e, consequentemente, aprovar, aceitar
ou recusar qualquer coisa.” (FERREIRA, 2004)
22
“Qualidade é a capacidade de satisfazer as necessidades, tanto na hora da compra quanto
durante a utilização, ao menor custo possível, minimizando as perdas, e melhor do que os
nossos concorrentes.” (TEBOUL, 1991)
“Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável,
de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente.”
(CAMPOS, 1994)
"Qualidade significa ir de encontro às necessidades do cliente.” (CROSBY, 1994)
“Qualidade é adequação ao uso.” (JURAN, 1998)
“Qualidade é fazer certo. “(SLACK, 1993)
“Qualidade consiste em minimizar as perdas causadas pelo produto não apenas ao cliente,
mas à sociedade, a longo prazo.” (TAGUGHI, 1990)
A preocupação com a qualidade não é recente, os consumidores sempre tiveram o
cuidado de inspecionar os bens e serviços. No entanto, antes, essa preocupação era voltada
apenas para o produto acabado, encontrando-se produtos defeituosos durante a inspeção.
Com a ascensão das grandes indústrias e da produção massificada, tornou-se
impraticável inspecionar a totalidade dos produtos que saíam das linhas de montagem. Por
causa disso, o contexto favoreceu o surgimento de novos processos, quando então foram
criados os principais órgãos ligados à qualidade, como a ABNT e a ISO.
O desenvolvimento dos conceitos não cessou, e, chamando a atenção para os
problemas que haviam surgido, Feigenbaum apresentou, em 1961, uma versão evoluída das
proposições publicadas 10 anos antes, à qual deu o nome de Controle da Qualidade Total
(TQCTotal Quality Control). A idéia do TQC tinha como pedra fundamental uma definição
de qualidade em que o interesse do cliente era o ponto de partida. Segundo Feigenbaum
23
(2003), a qualidade quem estabelece é o cliente e não os engenheiros, nem o pessoal de
marketing ou a alta administração. A qualidade de um produto ou serviço pode ser definida
como um conjunto total das características de marketing, do produto ou serviço que
satisfazem às expectativas do cliente.
Garvin (1984) agrupou as várias definições de qualidade em cinco abordagens
principais. A abordagem transcendental considera que a qualidade é uma característica de
excelência que é inata ao produto e que está mais relacionada com a marca ou com a
especificação do produto do que com seu funcionamento. Na abordagem baseada no produto,
define-se qualidade como um conjunto mensurável de atributos de um produto, que são mais
facilmente identificados no caso de bens tangíveis do que no caso de serviços. Na abordagem
baseada em manufatura, a qualidade é definida como conformidade com as especificações de
projeto, mesmo que essas especificações não correspondam às reais necessidades dos clientes.
A abordagem baseada em valor relaciona a qualidade com a percepção de valor em relação
ao preço do produto, devendo o valor ser, para o cliente, maior que o preço. Na abordagem
baseada no usuário, o foco passa a ser satisfazer as necessidades do cliente, procurando-se
conciliar as especificações do produto com as especificações do consumidor.
Ghobadian et al. (1994) confirmam que a maioria das definições de qualidade remete à
abordagem baseada no usuário (ou cliente), afirmando que a qualidade percebida pelo cliente
deve corresponder ou superar suas expectativas. Portanto, a qualidade não deve ser apenas a
ausência de defeitos, nem tampouco a conformidade com as especificações. A qualidade deve
estar embutida no produto ou serviço desde o começo, a partir dos desejos e interesses do
cliente.
Como era de se esperar, a qualidade também passou a ser exigida em produtos não
palpáveis, como softwares. O conceito de qualidade de software surgiu devido à necessidade
de padronização e organização no processo de desenvolvimento de softwares, que não tinha
24
planejamento nem norma de qualidade estabelecida. O único meio encontrado para a obtenção
de sistemas eficientes era a contratação de programadores competentes, e, na maioria dos
casos, esses sistemas demandavam manutenção complicada e não eram completamente
confiáveis. Por isso, foram criados os primeiros padrões no intuito de melhorar a qualidade
dos softwares.
O processo de melhoria da qualidade de software pode ser dividido em: melhoria de
qualidade de processo de software e melhoria de qualidade de produto de software. As
normas para o alcance de qualidade de processo de software fazem um estudo dos requisitos
necessários ao cliente, cria um ciclo de vida para os processos e, por final, realiza a sua
instalação e manutenção. Já as normas para qualidade de produto de software listam as
características que um produto com qualidade deve ter, o modo de medir essas características
de qualidade e as descrições para se fazer a avaliação do produto (GOMES, 2009).
A qualidade baseada no produto refere-se a uma variável precisa e mensurável. Esse
conceito dificilmente seria aplicado em serviços devido ao seu caráter intangível. A qualidade
baseada no usuário extrapola os limites do produto e se orienta a partir das necessidades,
desejos e expectativas dos consumidores. A abordagem de produção é focalizada na questão
da qualidade e na conformidade com os padrões fixados previamente. Nesse caso, um produto
terá qualidade se estiver dentro dos limites de tolerância estabelecidos. E, por fim, a qualidade
baseada no valor expressa a relação custo-benefício proporcionada por um produto ou serviço,
ou seja, um produto de qualidade é aquele que provê desempenho ou conformidade a um
preço ou custo aceitável (GARVIN, 1992).
Essas dimensões determinantes da qualidade percebida pelo cliente serão confrontadas
com a sua expectativa sobre o nível de serviço esperado, conformando-se a partir da
propaganda boca a boca, das necessidades pessoais e da experiência anterior do cliente.
25
A qualidade é um fator importante quando se discute satisfação e fidelidade de
consumidores. Conforme citado por Johnson et al. (2001), em um estudo realizado sobre os
índices de satisfação de consumidores, a qualidade participa de todos os modelos como uma
variável que influencia diretamente na satisfação.
Embora essa observação seja óbvia, é preciso deixar claro que a palavra qualidade
deve ser sempre empregada de forma acompanhada, ou seja, é preciso explicitar sempre qual
o objeto a que se refere à qualidade. Assim, devem-se empregar as expressões: qualidade do
produto, qualidade do processo, qualidade do sistema, qualidade da gestão etc.
A qualidade que será tratada neste trabalho está restrita a softwares, mais
especificamente, qualidade de softwares.
3.2 Qualidade Percebida
Qualidade percebida é um construto abstrato que apresenta diferenças em relação à
qualidade objetiva de um produto. Isso porque no caso da qualidade objetiva ou real é
possível mensurar características observáveis, como o número de defeitos, a durabilidade ou o
preço (Garvin, 1983). Por outro lado, a qualidade percebida está mais relacionada a um
julgamento abstrato por parte do consumidor do que aos atributos concretos do produto ou do
serviço (Zeithaml, 1988).
De acordo com Berry e Parasuraman (1995), as expectativas do cliente são os
verdadeiros padrões para avaliar a qualidade do produto. Compreender a natureza e os
determinantes dessas expectativas é essencial para assegurar que o produto satisfaça ou supere
tais expectativas. Segundo Garvin (1984), tanto para serviços quanto para bens, a qualidade
percebida envolve uma avaliação, subjetivamente realizada pelo cliente, de excelência ou
superioridade de uma oferta.
26
Na concepção de Grönroos (1990), a qualidade percebida é expressa pela diferença
entre expectativas e experiências dos clientes, logicamente com ambas as avaliações
ocorrendo sobre os mesmos atributos.
Slack et al. (1997) ressaltam que um problema que acontece ao se basear a definição
de qualidade em expectativas é que as expectativas podem variar para diferentes
consumidores. E, além das expectativas poderem ser diferentes, as percepções que os clientes
têm de um produto também podem variar para diferentes clientes. De acordo com os autores,
há três possibilidades nas relações entre expectativas e percepções dos clientes:
Expectativas < Percepções: a qualidade percebida é boa.
Expectativas = Percepções: a qualidade percebida é aceitável.
Expectativas > Percepções: a qualidade percebida é pobre.
Grönroos (2003) afirma que bons resultados na qualidade percebida são obtidos
quando o serviço ou produto experimentado atende às expectativas dos clientes. Nesses
termos, o autor argumenta que qualidade é o que os clientes percebem. Somente quando o
prestador de bens ou serviços compreender como estes são avaliados pelos clientes é que será
possível saber como influenciar essas avaliações na direção desejada.
A mensuração da qualidade percebida pelos clientes é fundamental para a definição de
ações a serem desenvolvidas, a melhoria do desempenho, e consequentemente, a
sobrevivência e lucratividade das empresas. É necessário que as empresas atinjam pelo menos
um nível mínimo de qualidade exigido pelos clientes, se não for possível atingir um nível de
excelência nos serviços prestados.
Anderson, Fornell & Lehmann (1994) afirmam que a qualidade percebida está ligada a
satisfação do consumidor. Quanto maior for à qualidade percebida, maior será a satisfação do
27
consumidor. Assael (1992) destaca ainda que o elevado grau de satisfação com o processo de
aquisição de bens ou serviços leva a uma predisposição à lealdade dos clientes, caracterizada
pela preferência continuada em relação a um fornecedor.
Pontell (2000) ressalta que a satisfação do cliente é capaz de estimular a repetição da
compra e a propaganda “boca a boca”, o que faz com que os profissionais de marketing
devam procurar não apenas satisfazer, mas principalmente “encantar” os seus clientes,
oferecendo atributos que eles não esperavam encontrar no produto ou serviço.
Oliver (1997) salienta ainda que a satisfação do consumidor é um fator crucial para o
sucesso dos mais variados tipos de organizações, especialmente por influenciar diretamente a
lealdade à empresa, a repetição de compras, a comunicação “boca a boca positiva, a
lucratividade e a participação de mercado.
3.3 Qualidade de Software
Segundo Gomes (2009), software de qualidade é fácil de usar, funciona corretamente, é
de fácil manutenção e mantém a integridade dos dados em falhas do ambiente ou outras fora
do seu controle. Além disso, a maioria dos softwares requer conhecimentos específicos para a
sua utilização e ainda apresenta falhas sem aviso prévio.
Pouco se fala a respeito dos custos resultantes dos defeitos ou erros provocados por
falha de softwares, tanto para desenvolvedores quanto para usuários. Conforme Gomes
(2009), o bug do milênio, fenômeno que seria causado pelos erros dos computadores ao
confundirem o ano 2000 com o ano 1900, consumiu bilhões de dólares para ser evitado.
Bancos poderiam perder milhões, clientes veriam o saldo de suas contas sumir de repente,
telefones poderiam não funcionar, aviões poderiam ter sua rota desviada, e outros problemas
28
bem mais graves poderiam ocorrer. Esse é um exemplo recente do custo gerado por falhas e
dimensiona o quanto as máquinas e seus softwares são hoje imprescindíveis.
A preocupação com a qualidade no setor de software brasileiro é expressa pelo MCT
(Ministério da Ciência e Tecnologia) mediante pesquisas amostrais realizadas desde 1993, a
cada dois anos, para acompanhar e divulgar as medidas adotadas pelas empresas para a
qualificação do processo de desenvolvimento e do produto final, baseados em normas
consolidadas no mercado (MARQUES; MELO SILVA, 2008).
Essa importância da informação é um dos fatores responsáveis pelo mercado de
tecnologia da informação e pelo crescimento constante do setor. O Brasil, um dos países com
as maiores taxas de crescimento de uso da Internet, possui um mercado de tecnologia da
informação girando em torno de 15 bilhões de dólares por ano, sendo considerado um dos 10
maiores mercados em termos globais (MCT, 2001). A qualidade de software tem tido uma
importância crescente como fator crucial de competitividade das organizações. A avaliação da
qualidade de software é indispensável para a obtenção e garantia da qualidade tanto no
processo de desenvolvimento de software quanto no produto final.
Diante dessa crescente demanda dos sistemas de informação, observa-se a necessidade
do aprimoramento do processo de criação do software, tendo como objetivo a busca por
critérios que melhorem a qualidade das aplicações e aperfeiçoe o processo de
desenvolvimento do software, proporcionando, como consequência, maior satisfação do
usuário e previsibilidade dos resultados. No entanto, apesar de os sistemas de informações
representarem grandes investimentos, poucas organizações avaliam a percepção dos seus
usuários na busca pela melhoria da qualidade.
O Software Engineering Institute (SEI) apresentou alguns números relativos a
melhorias de desempenho em empresas americanas que investiram em qualidade seguindo os
passos do Capability Maturity Model CMM5. O aumento de produtividade foi em média de
29
35% por ano, enquanto o número de bugs encontrados em software após a entrega foi
reduzido em 39% ao ano. A relação custo/benefício, comparando os investimentos em
qualidade com o retorno financeiro em termos de redução de custos via aumento de
produtividade e redução de retrabalho e manutenção ficou em média em 5 para 1, chegando a
9 para 1 em alguns casos, ou seja, para cada dólar investido em qualidade, essas empresas
economizaram 5 dólares em média (GOMES, 2009).
Tem sido comum, especialmente em órgãos do governo, compradores exigirem dos
fabricantes de computadores a certificação ISO 9000. Infelizmente, essa boa prática ainda não
é muito utilizada nos processos de aquisição de software, mesmo já existindo a norma
brasileira NBR ISO 9000-3 para a gestão de qualidade e garantia de qualidade para o processo
de desenvolvimento, fornecimento e manutenção de software.
Segundo Gomes (2009), as falhas são fenômenos aleatórios, sendo impossível prever
quando vão ocorrer, e ocorrem sempre que um certo número de causas se acumula. Tais como
as falhas, os custos da não-qualidade também não são diretamente controláveis.
Segundo Frota (1999), os custos operacionais da função qualidade podem ser
classificados em quatro categorias: prevenção, avaliação, falhas internas e falhas externas.
30
Quadro 1 - Categorias dos Custos Operacionais da função Qualidade.
Fonte: FROTA, A., 1999.
Pode-se verificar no quadro acima que o orçamento gasto para prevenir falhas pode
chegar até 14 vezes menor no melhor caso. Além do valor financeiro, falhas também causam
má impressão e perda de confiança por parte do cliente. Por isso, pode-se concluir que avaliar
a qualidade do software é uma excelente prática tanto para a obtenção de produtos mais
estáveis, como para atingir um menor custo de manutenção.
De acordo com os registros de Tsukumo et al. (2001), avaliar a qualidade de um
produto de software é verificar, pelo uso de técnicas e atividades operacionais, se os requisitos
são atendidos. Os requisitos são a expressão das necessidades, apresentados em termos
quantitativos e qualitativos, tendo por objetivo a definição das características de um software,
a fim de permitir o exame de seu atendimento.
De acordo com Rocha (2001, p.113), é evidente que a qualidade do software passa
pela necessidade de “identificar as características de qualidade necessárias para determinado
produto e definir em que grau as características precisam ser alcançadas para satisfazer [...]”
às expectativas do cliente.
31
Para Dias (2002), esse conceito foi reforçado quando se desenvolveu um modelo
baseado nos conceitos de utilidade, usabilidade e qualidade para avaliar a satisfação dos
usuários de sistemas de informação.
a) Utilidade: é a satisfação e os benefícios percebidos pelo usuário derivados do sistema;
b) Usabilidade: refere-se à medida que a interface do sistema é adequada aos seus usuários
no tocante às suas necessidades e desejos;
c) Qualidade: está relacionada à confiabilidade das informações e ao resultado obtido com o
uso dela.
Segundo Côrtes e Chiossi (2001, p.38), o usuário está interessado na utilização do
produto de software, no seu desempenho e nos efeitos do seu uso, quaisquer que sejam suas
características construtivas. Pode-se dizer, nesse caso, que o usuário está interessado nas
medidas externas da qualidade.
Entretanto, de acordo com Leite (2001), a compreensão da qualidade voltada para a
construção do software não elimina a importância da visão do produto final no processo de
qualificação, já que os critérios que orientam o desenvolvimento passam pelos requisitos
definidos como essenciais para o usuário. Fato confirmado por Koscianski e Soares:
Definir com precisão os requisitos de um software permite que todos os
recursos da empresa e a energia da equipe de desenvolvimento sejam
direcionados a um fim claro. [...] perde-se tempo, mais erros são cometidos e
a qualidade do produto final é incerta (KOSCIANSKI; SOARES, 2007,
p.172).
Nessa direção, foi desenvolvida uma variedade de modelos de qualidade que avaliam
o bom desempenho do produto baseando-se nos métodos, ferramentas e procedimentos
ligados ao software. Para ajudar nessa questão, a ISO (International Organization for
32
Standardization) e a IEC (International Electrotechnical Comission), que são organismos
normalizadores com importância internacional no setor de software, uniram-se para editar
algumas normas internacionais que tratam da qualidade do produto software, como, por
exemplo: ISO 12119, ISO 9126 e ISO 12207. Segundo Gomes (2009), as principais normas
aplicadas à qualidade do produto de software ou à qualidade do processo de software são:
Norma ISO/IEC 9126 (NBR 13596) define as características de qualidade de software
que devem estar presentes em todos os produtos (Funcionalidade, Confiabilidade, Eficiência,
Usabilidade, Manutenibilidade e Portabilidade);
Norma ISO/IEC 12119 estabelece os requisitos de qualidade para pacotes de software e
instruções para teste, considerando-se esses requisitos;
Norma ISO/IEC 14598-5 define um processo de avaliação da qualidade de produto de
software;
Norma ISO/IEC 12207 define um processo de ciclo de vida de software;
Norma ISO/IEC 9000-3 apresenta diretrizes para a aplicação da ISO 9001, a mais
utilizada por organizações que desenvolvem software, o desenvolvimento, fornecimento e
manutenção de software;
Modelo CMM/SEI Capability Maturity Model”, desenvolvido nos EUA pelo Software
Engineering Institute (SEI). Não é uma norma ISO, mas é muito bem aceita no mercado;
Projeto SPICE Software Process Improvement & Capability dEtermination”, cujo
objetivo é gerar normas ISO/IEC para a avaliação de processos de software.
A norma ISO/IEC 9126 foi publicada em 1991 e contém características e
subcaracterísticas que definem um produto de qualidade. Em 1996, foi lançada sua tradução
para o Brasil, chamada NBR 13596. O modelo proposto pela ISO/IEC 9126 tem como
33
objetivo servir de referência básica na avaliação do produto de software. Além de ter a força
de uma norma internacional, ela cobre os aspectos mais importantes para qualquer produto de
software. Essa norma sofreu algumas alterações desde a sua criação, e, após sucessivas
melhorias e revisões, foram criadas algumas divisões, como segue abaixo:
ISO/IEC 9126-1: Modelo de Qualidade
ISO/IEC 9126-2: Métricas Externas
ISO/IEC 9126-3: Métricas Internas
ISO/IEC 9126-4: Métricas de Qualidade em Uso
A série de normas ISO/IEC 9126 descreve um modelo de qualidade para produtos de
software categorizando a qualidade hierarquicamente em um conjunto de características e
subcaracterísticas que devem ser atendidas para que o produto seja dito de qualidade. Essa
série também propõe métricas que podem ser utilizadas durante a avaliação dos produtos de
software.
O modelo de qualidade descrito pela norma ISO/IEC 9126-1 será a referência utilizada
neste trabalho. As normas referentes a métricas não serão utilizadas, pois não fazem parte do
escopo.
3.3.1 A norma ISO/IEC 9126-1: Modelo de Qualidade
A norma ISO 9126-1 mede a qualidade de software em relação a uma série de
características, vistas como desejáveis e essenciais para a efetividade dos aplicativos
(KOSCIANSKI; SOARES, 2007). Essa norma fornece um modelo de propósito geral que
34
categoriza os atributos de qualidade de software em seis características principais, que, por
sua vez, são divididas em subcaracterísticas, com um mínimo de superposição dos atributos.
Pode-se notar na Figura 1 que os atributos Funcionalidade e Portabilidade possuem a
mesma subcaracterística conformidade. Isso acontece porque é possível observar aderência à
legislação, padrões internos e normas diversas associadas a elas ou qualquer normalização
aplicável ao contexto.
Figura 1 - Características e subcaracterísticas da Qualidade de Software.
Fonte: ISO (2001).
Definição dos atributos de qualidade segundo a ISO/IEC 9126-1:
Funcionalidade: descreve um conjunto de atributos que evidenciam a existência de um
conjunto de funções que atendem às necessidades explícitas e implícitas, quando o software
estiver sendo utilizado sob condições específicas. Suas subcaracterísticas são:
Adequação: Executa as tarefas a que se propõe.
Acurácia: Apresenta os resultados conforme o esperado.
35
Interoperabilidade: É capaz de interagir com outros sistemas.
Segurança de acesso: Evita acesso não autorizado, acidental ou deliberado.
Confiabilidade: descreve um conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do software
de manter um nível de desempenho especificado, quando usado em condições específicas.
Suas subcaracterísticas são:
Maturidade: Os problemas que já surgiram nesse software vêm sendo corrigidos ao
longo do tempo.
Tolerância a falhas: É capaz de identificar e demonstrar erros.
Recuperabilidade: É capaz de recuperar dados em caso de erro.
Usabilidade: descreve um conjunto de atributos que evidenciam o esforço necessário para o
produto de software ser compreendido, aprendido, operado e atraente ao usuário, quando
usado sob condições específicas. Suas subcaracterísticas são:
Inteligibilidade: É fácil entender como utilizar.
Apreendibilidade: É fácil aprender a operar.
Operacionalidade: Pode ser utilizado sem muito esforço.
Atratividade: Tem um visual bonito e agradável.
Eficiência: descreve um conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do produto de
software de apresentar desempenho apropriado, relativo à quantidade de recursos usados,
mediante condições estabelecidas. Suas subcaracterísticas são:
Tempo de resposta: Responde rapidamente aos comandos do usuário.
Recursos utilizados: Utiliza recursos (Ex: memória, processador) de maneira
eficiente.
36
Manutenibilidade: descreve um conjunto de atributos que avaliam o esforço necessário para
o produto de software ser modificado. As modificações podem incluir correções, melhorias ou
adaptações do software. Suas subcaracterísticas são:
Analisabilidade: É fácil identificar um erro quando ele ocorre.
Modificabilidade: É fácil adaptar o software a novas demandas.
Estabilidade: Há risco de erro(s) quando modificações no software são realizadas.
Testabilidade: É fácil testar quando modificações são realizadas.
Portabilidade: descreve um conjunto de atributos que avaliam a capacidade do produto de
software ser transferido de um ambiente para outro. Suas subcaracterísticas são:
Adaptabilidade: É de cil adaptação em diversos ambientes operacionais. (Ex:
Windows XP, Windows Vista, Linux, MAC OS)
Capacidade para ser instalado: É fácil instalar em diversos ambientes operacionais.
Capacidade para substituir: Pode facilmente substituir outro(s) software(s).
Vale ressaltar que a norma ISO 9126, apesar de recomendar a mensuração direta das
referidas características, não sugere métricas nem indica claramente como fazê-lo. Apenas
recomenda que caso a característica desejada o possa ser mensurada diretamente, deve-se
procurar medir algum outro atributo que possa ajudar o avaliador a prognosticá-la.
3.4 Satisfação
Vários conceitos podem ser encontrados na literatura para o termo satisfação. Kotler
(2000) define satisfação como o sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da
comparação entre o desempenho esperado pelo produto (ou resultado) e as expectativas da
37
pessoa. Para Engel, Blackwell e Miniard (2000), a satisfação ocorre quando a avaliação pós-
consumo alcançou ou excedeu suas expectativas, ou seja, o consumidor obteve o que
procurava de maneira prazerosa. Oliver (1999) propõe que a satisfação ocorre quando o
consumo supre alguma necessidade, desejo, meta, assim satisfazendo o consumidor. Segundo
o dicionário Michaelis (1998), satisfação é a sensação agradável que sentimos quando as
coisas correm à nossa vontade ou se cumprem a nosso contento.
A satisfação do consumidor vem sendo encarada como fator crucial para a
sobrevivência dos mais variados tipos de organizações no mercado, especialmente por
influenciar de forma direta a lealdade à marca, repetição de compras, comunicação boca a
boca positiva, lucratividade e participação de mercado (OLIVER, 1997). Por isso, torna-se
cada vez mais importante o monitoramento da satisfação do consumidor. Conforme Bolton
(1998), muitas empresas têm adotado ações de marketing com o objetivo de elevar a
satisfação dos seus clientes e, consequentemente, maximizar o valor do cliente ao longo do
tempo, por meio de sua retenção.
No entanto, para Kotler (2003), a maioria das empresas dedica mais atenção à
participação no mercado do que à satisfação do cliente, não tendo a percepção de que, ao cair
o nível da satisfação, terá início, por conseguinte, o desgaste da participação no mercado.
Para se ter uma idéia da importância da satisfação dos clientes, em 1994, uma pesquisa
conduzida pelo Juran Institute
3
verificou que cerca de 90% dos gerentes das 200 maiores
empresas americanas concordaram com a afirmação de que, maximizando a satisfação do
consumidor, aumentariam os lucros e mercados. Constatou-se também que, nessas empresas,
existe uma evidência clara da utilização de capital e esforços para analisar sistematicamente e
medir a satisfação do consumidor.
3
Juran Institute é uma empresa de consultoria internacional fundada pelo perito em qualidade Joseph M. Juran,
em 1979. Fornece treinamento e consultoria em melhoria da qualidade e gestão, bem como a certificação
SixSigma.
38
Muitas vezes, as empresas pressupõem que os clientes estão satisfeitos com seus
produtos ou serviços e falham em não mostrar interesse pela seguinte pergunta: Como
estamos fazendo as coisas? Apenas pressupor que os clientes estão satisfeitos representa uma
“miopia” em relação ao cliente (PORTER, 1989).
Acredita-se que a melhor maneira de saber se as expectativas do cliente estão sendo
atendidas é ouvi-lo, observando o que ele valoriza e analisando os pontos que podem ser
melhorados. Isso quer dizer que a satisfação dos clientes exige que os profissionais
compreendam as necessidades e os desejos do seu público consumidor, favorecendo a venda
de um produto ou serviço que realmente o satisfaça. Dessa forma, a pesquisa de satisfação é
uma função de suporte à tomada de decisão e está voltada para a análise dos clientes e dos
consumidores, bem como de suas necessidades e seu nível de satisfação (DAHMER;
ESTRADA, 2002).
Dessa forma, pode-se concluir que a satisfação é fundamental na vida das
organizações. Vale ressaltar que o monitoramento contínuo desse construto será sempre
necessário, já que as expectativas dos consumidores e os padrões de desempenho estão
continuamente mudando.
3.4.1 Indicadores e formas de mensurar a satisfação e a qualidade do produto ou
serviço
Para se avaliar a satisfação é necessário que o consumidor tenha efetivamente
consumido o produto ou serviço. Geralmente, ela será alta no momento pós-compra quando a
escolha atender ou exceder as expectativas do cliente (ENGEL, BLACKWELL e MINIARD,
2000). No entanto, a satisfação não deve ser mensurada de forma direta, ou seja, perguntando
39
diretamente ao consumidor se ele está satisfeito com o serviço prestado. A avaliação deve ser
feita através de atributos ou indicadores da satisfação.
Várias maneiras de avaliar a qualidade de serviços e a satisfação são encontradas na
literatura. Modelos baseados na premissa de que a qualidade é medida através da comparação
entre as expectativas e percepções dos usuários são muito utilizados para esse fim, sendo o
SERVQUAL (PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 1988), baseado no modelo de
satisfação de Oliver (1981), um dos mais conhecidos. Esse modelo tem apresentado boa
confiabilidade e validade.
Para avaliar a qualidade de um produto de software, é necessário verificar se os
requisitos são atendidos. Os requisitos são a expressão das necessidades, apresentados em
termos quantitativos e qualitativos, tendo por objetivo a definição das características de um
software, a fim de permitir o exame de seu atendimento. A maioria dos trabalhos sobre
qualidade de software utiliza como referência as normas ISO, que tratam da qualidade do
produto de software, tais como: ISO 12119, ISO 9126 e ISO 12207. Por fim, será a qualidade
percebida pelos usuários do software que servirá como base para a avaliação da satisfação.
Anderson, Fornell & Lehmann (1994) afirmam que a qualidade percebida está intimamente
ligada à satisfação do consumidor, ou seja, quanto maior for a qualidade percebida, maior será
a satisfação do consumidor.
Apesar de a literatura apresentar vários modelos de escalas de avaliação da satisfação,
muitos autores também elaboram os próprios questionários na tentativa de personalizar a
avaliação dentro das características de um produto específico. No entanto, poucas
informações sobre essas escalas são publicadas, o que dificulta a crítica e a reprodutibilidade
do trabalho por outros pesquisadores e, portanto, a verificação da validade e confiabilidade
desses instrumentos.
40
3.4.2 Instrumentos para avaliação da satisfação e da qualidade percebida em produtos
de softwares
Diversos são os instrumentos para avaliação da qualidade de produtos, no entanto,
foram poucos os trabalhos encontrados em que se desenvolveram escalas de avaliação da
satisfação em produtos de software. É possível notar que a maioria dos trabalhos que avaliam
a percepção da satisfação foca-se nos atributos de qualidade e não na satisfação propriamente
dita. Isso pode estar acontecendo devido a um erro conceitual que se vem perpetuando ao
longo do tempo.
Foram encontrados alguns trabalhos que avaliam a qualidade percebida por usuários
em produtos de softwares, assim como também outros que avaliam a satisfação. O Quadro 2
apresenta as dimensões utilizadas pelos autores. Vale ressaltar que a maioria dos trabalhos na
língua local utilizou-se de instrumentos desenvolvidos na língua estrangeira. Para que uma
pesquisa seja eficaz, os instrumentos devem ser desenvolvidos na língua local, ou passar por
um criterioso processo de tradução para validá-lo em outro idioma.
Curi e Gonçalves (2006) validaram quais são os principais indicadores da percepção
de qualidade de um website no Brasil. O objetivo do trabalho foi avaliar o grau de importância
de cada um dos construtos apresentados no modelo WebQual, segundo a percepção do cliente.
A partir daí, visou-se a medir a avaliação dos clientes quanto à qualidade do website e a
relação dessa avaliação com a intenção de retornar ao site.
Cordeiro e Moll (2006) fizeram uma pesquisa de satisfação de usuários de software de
Gestão Hospitalar utilizando os critérios da ISO 9126. O instrumento de pesquisa utilizado
para a coleta de dados foi o questionário no formato de perguntas fechadas. O método
escolhido para a realização da mensuração dos resultados foi o da análise importância-
performance (IPA), que está sendo amplamente usado para mensuração de satisfação de
41
clientes. A pesquisa levou à percepção de que é possível buscar meios de melhorar a
qualidade de software e com isso obter maior satisfação dos usuários, sendo o usuário o
elemento central a ser considerado para a consecução desse objetivo.
Soares e Guimarães (2004) realizaram um estudo com o objetivo principal de medir o
índice de satisfação dos usuários finais, em relação à interface do software. Foram coletadas
opiniões dos usuários especialistas em usabilidade para se comparar com a opinião dos
usuários finais. A avaliação de usabilidade seguiu os critérios ergonômicos, e a satisfação do
usuário foi avaliada por questionário. A conclusão foi a de que a satisfação do usuário do
software estudado não está relacionada, necessariamente, ao bom desempenho da interface e
sim ao fato de a ferramenta cumprir sua função de gerenciamento de conteúdo; considerando
que, antes dela, os usuários não dispunham de outra ferramenta.
Chua e Dyson (2004) demonstraram a validade do modelo ISO 9126 em um estudo de
caso aplicado a um sistema de ensino on-line e mostraram como ele pode ser usado para
detectar falhas de projeto. Propõe-se que a métrica seria aplicável a outros sistemas on-line e
poderia ser usada como base para uma comparação com as decisões de compra.
Sales e Ramos (2008) estudaram as relações entre os fatores intervenientes para a
satisfação no processo de compras baseadas na Internet e sua influência na fidelidade on-line,
na visão dos consumidores de varejo virtual. Para tanto, foi utilizado como instrumento de
coleta de dados um questionário baseado em fatores de qualidade e fidelidade oriundos dos
serviços convencionais, que foi adaptado para a realidade dos serviços digitais. Os resultados
da análise quantitativa evidenciaram que a qualidade está ligada à satisfação dos clientes em
vários fatores, mas o preço não influencia muito na satisfação. Na análise qualitativa, a
segurança do website e os preços oferecidos são fatores que potencialmente fidelizam os
clientes digitais, segundo a perspectiva dos entrevistados. Os fatores segurança e confiança no
42
website foram considerados os mais críticos para a fidelidade dos clientes que compram pela
internet.
Como se pode perceber, as atitudes e intenções comportamentais têm sido abordadas
de forma bem resumida. A maior parte dos trabalhos acima citados avalia apenas a intenção
de re-uso ou re-visita, fidelidade e satisfação. Ainda assim, geralmente, esses dois construtos
são ponderados com apenas um ou dois itens no questionário. Não se conhece, dessa forma,
como as atitudes e intenções comportamentais afetam a percepção da satisfação e da
qualidade global dos produtos de software.
Quadro 2 - Relação de dimensões nos questionários em relação à satisfação e a qualidade percebida por usuários
de software (continua).
Autores Dimensões
OLIVEIRA e BELCHIOR, 2002
Comunicabilidade: correção no uso do método, uniformidade de
terminologia, uniformidade no nível de abstração, modularidade da
documentação, concisão, conformidade. Manipulabilidade:
disponibilidade, rastreabilidade.
CURI e GONÇALVES, 2006
Facilidade de uso: variável determinada pelas dimensões facilidade
de entendimento e operação intuitiva. Utilidade: é formado a partir
das dimensões adequação da informação, interatividade, confiança
e tempo de resposta. Entretenimento: determinado pela percepção
de apelo visual, inovação e apelo emocional. Relacionamento
complementar: formado por integração on-line, comparação com
canais alternativos e imagem consistente.
COLOMBO e GUERRA, 2004
Instalação, software, interface, documentação, descrição do
produto, embalagem, desinstalação.
ALEXANDRE e ÉVORA, 2010 Funcionalidade, usabilidade e eficiência.
CORDEIRO e MOLL, 2006
Funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiência,
manutenibilidade e portabilidade.
SALES e RAMOS, 2008
Reputação, preço, qualidade da interface, qualidade da
navegabilidade, qualidade serviços de suporte, qualidade de
produtos e serviços, gestão de reclamações.
43
Quadro 2 - Relação de dimensões nos questionários em relação à satisfação e a qualidade percebida por usuários
de software (conclusão).
Autores Dimensões
SOARES e GUIMARÃES, 2004
Usabilidade: usuário no controle, objetividade, consistência,
tolerância, feedback, estética, simplicidade. Ergonomia: adequação
à tarefa, autodescrição, controlabilidade, conformidade com a
expectativa do usuário, tolerância a erros, adequação à
individualização, adequação para aprendizado.
CHUA e DYSON, 2004
Funcionalidade: adequação, acurácia, segurança,
Interoperabilidade. Confiabilidade: maturidade, tolerância a falhas,
recuperabilidade. Usabilidade: inteligibilidade, apreensibilidade,
operacionalidade, atratividade. Eficiência: tempo de resposta.
BEVAN, 1995
Usabilidade: afeto, eficiência, auto-ajuda, controle e facilidade de
aprendizado.
Qualidade do uso mensurado pela eficiência, efetividade e
satisfação.
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.5 Atitudes e intenções comportamentais
Para Engel, Blackwell e Miniard (2000) as atitudes desempenham o principal papel na
modelagem do comportamento do consumidor, determinando aquilo que eles gostam e não
gostam, ou seja, refletem os gostos e aversões.
Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001), a atitude pode ser definida como sendo um
construto com as dimensões cognitiva, afetiva e conativa. O componente cognitivo representa o
conhecimento e a percepção comumente sob forma de crenças, ou seja, “expectativas quanto ao
que alguma coisa é ou não é, ou quanto ao que determinado objeto fará ou não fará”. Já o
componente afetivo é o sentimento que uma pessoa tem em relação a um objeto.
Tal dimensão
talvez seja a mais crítica manifestação das atitudes, por refletir posicionamentos e
comentários críticos como: “eu gosto”, “eu não gosto”, “eu espero”, entre outros
. Finalmente,
44
o componente conativo refere-se à ação que uma pessoa deseja realizar em relação ao objeto.
Tal
dimensão pode ser observada por ações de aceitação ou rejeição a certas pessoas e situações.
As intenções comportamentais podem ser definidas como planos de ações. Por
exemplo, uma pessoa pode ter a intenção de se manter calma durante uma reunião, que
antecipa como difícil, mas durante esta pode ser provocada de tal modo que acaba por perder
a calma e serenidade e reagir de modo inverso.
Segundo Dias (1995), a intenção comportamental possui dois elementos básicos, que
são a atitude comportamental e a norma subjetiva.
Atitude comportamental
o Crenças comportamentais relativas ao que a pessoa crê que irá acontecer por
desempenhar o comportamento;
o Avaliações das consequências deste comportamento.
Norma subjetiva
o Crenças normativas originadas das pressões sociais de seus referentes
(sociedade, amigos, família);
o Motivação para concordar com esses referentes.
A Figura 2 apresenta, esquematicamente, o modelo da “Teoria da Ação Racional”
(TAR), desenvolvido por Fishbein & Ajzen (1975).
45
Figura 2 - Teoria da Ação Racional de Fishbein e Ajzen (1975).
Fonte: Adaptado de Dias (1995).
Segundo Fishbein & Ajzen (1975), a intenção comportamental é o melhor indicativo
da probabilidade de uma pessoa executar ou não o comportamento.
Engel, Blackwell e Miniard (2000) apresentam uma visão mais contemporânea, onde a
atitude é influenciada pelas crenças e sentimentos do indivíduo, que por sua vez gera uma
intenção comportamental. Por fim, a intenção comportamental determina o comportamento do
consumidor, conforme a Figura 3.
46
Figura 3 - Visão contemporânea das relações entre crenças, sentimentos, atitude, intenção comportamental e
comportamento.
Fonte: ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000, p. 241.
As atitudes, assim como suas dimensões não podem ser mensuradas ou observadas de
forma direta, necessitando de atributos que permitam avaliá-las indiretamente (SOUKI e
PEREIRA, 2006).
As intenções comportamentais podem ser avaliadas através da lealdade, da satisfação,
da comunicação boca a boca / recomendação e outros construtos. Essas dimensões serão
abordadas posteriormente.
3.5.1 Propensão à lealdade
Vários estudos têm ressaltado a importância da lealdade e de seus antecedentes como
principais responsáveis pelo bom desempenho organizacional, além de terem sido
considerados como fonte de vantagem competitiva (RUST; ZEITHAML; LEMON, 2001).
47
A lealdade é definida por Oliver (1999) como sendo um profundo comprometimento
do consumidor em recomprar ou favorecer um mesmo fornecedor, causando a repetição de
uma mesma marca ou de um mesmo grupo de produtos da mesma marca, apesar da oferta da
concorrência.
Stone, Woodcock e Machtynger (2001) compartilham da definição de Oliver (1999),
mas acrescentam, apontando que lealdade não envolve apenas o comportamento de recompra
do cliente. A lealdade é, para os autores, “um estado de espírito, um conjunto de atitudes,
crenças e desejos”. As experiências consideradas importantes são as vividas pelos clientes,
representando um vínculo mais emocional que racional.
Segundo Souki e Pereira (2006), o componente emocional interno inclui os
sentimentos de afetividade, familiaridade e comprometimento, enquanto a dimensão externa
expressa os caminhos pelos quais a lealdade é manifestada.
O entendimento de que a conquista da lealdade do consumidor poderá levar as
empresas a uma vantagem competitiva faz com que profissionais de marketing comecem a
preocupar-se de que forma conquistar a lealdade de seus consumidores (OLIVER, 1999).
Toda empresa deseja e busca criar em seus consumidores uma forte lealdade (ENGEL;
BLACKWELL; MINIARD, 2000). Eles salientam que a lealdade conquistada por meio de
repetitivos momentos satisfatórios em relação ao produto ou serviço é um dos ativos mais
importantes da empresa. Mas, para conquistá-la, é necessário fazer com que os consumidores
acreditem que a empresa esteja oferecendo a melhor opção de consumo.
No entanto, Rowley e Dawes (2000) propõem que, no contexto mundial, caracterizado
por rápidas mudanças, os consumidores são mais suscetíveis às promoções e às novidades
apresentadas no mercado, tornando a lealdade uma conquista difícil para as empresas.
Programas de fidelização vêm sendo implementados nas empresas de diversos setores,
como hotéis, empresas aéreas, de aluguel de veículos, no intuito de reter seus clientes. Uma
48
evidência desse fenômeno é o crescente número de programas de bonificações e premiações
com compras cumulativas — milhagem (LEWIS, 2004). Porém, deve-se ter o cuidado em não
tratar a fidelidade como uma lealdade, pois, muitas vezes, esses programas "seguram" os
clientes, mas, no entanto, estes não necessariamente são leais ao produto ou serviço. Trata-se
de uma maneira forçada de reter o cliente e não de criar um vínculo ou comprometimento
com o mesmo. Ao se confrontarem os conceitos de lealdade e comprometimento, verifica-se
uma aproximação muito grande (PRADO; SANTOS, 2003). No entanto, eles representam
construtos diferenciados e devem ser tratados dessa forma.
Segundo Oliver (1999), a lealdade não ocorre de uma única forma ou em um mesmo
espaço de tempo, descrevendo então suas quatro fases:
1. Lealdade cognitiva: A fase cognitiva é a primeira das quatro fases. É marcada pela
influência das informações sobre os atributos da marca disponíveis para o consumidor. Nesse
momento, a lealdade é baseada na crença de que aquele produto ou serviço é o melhor. A
cognição também pode ser baseada no conhecimento prévio ou em uma experiência de
informação recente.
2. Lealdade afetiva: Nesta fase, o consumidor cria um vínculo maior com o produto ou
serviço por estar repetidamente satisfeito após ter realizado várias recompras. Devido a isso,
surge uma atitude positiva em relação à marca, o desenvolvimento do gostar. Enquanto a
cognição é sujeita à contra-argumentação, o afeto não é facilmente derrubado. Aqui, o vínculo
do cliente com a empresa torna-se maior e fica mais fácil reter o consumidor, diferentemente
da primeira fase. “Eu compro isso porque gosto disso”.
49
3. Lealdade conativa: A terceira fase é influenciada por sucessivos episódios de afeto
positivo em direção à marca. Essa fase acontece após vários episódios de recompra de uma
marca específica e da consistência ou estabilidade de crenças a respeito do produto ou do
serviço. A ideia base está na crença de que o consumidor cria um comprometimento profundo
com o produto ou serviço. “Eu tenho compromisso de comprar este produto”.
4. Lealdade de ação: Na última fase, a intenção motivacional dos estágios anteriores da
lealdade é transformada em prontidão para agir, ou seja, leva o compromisso de compra para
a ão de compra. Ela sugere que as intenções são convertidas em ações, acompanhadas por
um desejo de superar alguns impedimentos, que são criados para a ação não vir a ser
realidade. Cria-se então um forte paradigma em relação ao produto ou serviço, fazendo com
que o cliente entre no estado de inércia.
Bloemer e Kasper (1995) identificaram dois tipos de lealdade: a lealdade verdadeira e
a lealdade espúria, entre as quais a principal diferença está no fato de que a lealdade
verdadeira baseia-se num forte comprometimento com a marca, enquanto a lealdade espúria é
baseada especificamente na inércia. O fator inércia ocorre quando, em uma situação de
comodismo, o consumidor é levado a adquirir o mesmo produto por atender suas necessidades
e desejos. Na lealdade verdadeira, o consumidor compromete-se com a marca, de forma que,
cada vez que ele necessitar de um determinado produto, irá optar pela mesma marca.
Dick e Basu (1994) desenvolveram um modelo que procura integrar duas abordagens
da lealdade: a atitudinal e a comportamental. O modelo desses autores pode ser visualizado na
Figura 4.
50
Figura 4 - Os quatro níveis de lealdade.
Fonte: DICK; BASU, 1994, p.101.
Segundo Dick e Basu (1994), os quatro níveis de lealdade seriam:
1. Ausência de lealdade: quando se constata uma atitude fraca ou negativa combinada com
um comportamento baixo;
2. Lealdade espúria: quando se nota uma atitude relativamente fraca, acompanhada por um
padrão de repetição elevado;
3. Lealdade latente: na situação em que uma atitude relativamente forte, com padrão de
repetição baixo;
4. Lealdade: é considerada a mais preferível das quatro condições, significa uma alta
correspondência entre uma atitude favorável e repetição de padrão.
O termo "propensão" é acrescentado, previamente, ao termo "lealdade", quando a
avaliação é feita antes de o consumidor efetivamente se tornar leal. Em outras palavras,
quando são avaliadas as chances de o indivíduo realizar recompras futuras, sem que as
mesmas tenham ocorrido. Diversos autores m utilizando essa expressão na literatura
(ALMEIDA, 2003; GONÇALVES FILHO; ELIAS; LEITE, 2006).
51
3.5.2 Orgulho
Segundo Ferreira (2004), orgulho é um sentimento de dignidade pessoal, significa
excelência, amor-próprio demasiado, soberba. Também pode ser entendido como um
autoconceito elevado ou exagerado. Harter (1996) afirma que orgulho é concebido como uma
construção teórica que o indivíduo realiza sobre si, a partir de sua interação com o meio
social.
De acordo com Faria (1998), o sentimento de orgulho está altamente ligado à
experimentação do sucesso, ao sentimento de “ser capaz” em comparação com outras pessoas.
O autor ainda afirma que o orgulho se através da comparação social mediante experiências
de sucesso, de resultados considerados satisfatórios que se contrapõem ao sentimento de
fracasso. Essa autoconstrução é um reflexo das percepções e imaginações que o indivíduo
realiza a respeito da influência que a sua imagem exerce sobre os outros, do julgamento que
estes (outros significativos) realizam sobre o indivíduo, somados a uma espécie de auto
sentimento (orgulho ou vergonha) resultante dessa interação social.
Segundo Weiner (1984), as sensações de orgulho e fracasso afetam a autoestima, o
autoconceito e as expectativas do indivíduo. Ele considera que as pessoas que obtiveram
sucesso experimentaram sensações de orgulho ao fazerem atribuições internas. Porém, as
mesmas atribuições internas os fizeram relatar sensações de vergonha quando fracassaram. Se
esse fracasso visto como interno também fosse visto como controlável, experimentavam ainda
a sensação de culpa.
Weiner et al. (1971) detectaram que, se o sucesso fosse atribuído à capacidade
(habilidade), os sujeitos vivenciavam emoções como felicidade, competência, confiança e
orgulho; caso o sucesso fosse atribuído a esforço, vivenciavam felicidade, orgulho,
competência e satisfação, e, se o sucesso fosse atribuído à sorte, vivenciavam surpresa e
52
culpa. O sucesso atribuído à ajuda de outros suscitava gratidão. Quando ocorria fracasso, e se
este era atribuído à falta de habilidade, os indivíduos relatavam emoção de incompetência; se
à falta de esforço, culpa e vergonha; se à sorte, surpresa; se à interferência de outros,
hostilidade.
Do ponto de vista organizacional, o modelo das “melhores empresas para se trabalhar”
fundamenta uma pesquisa com trabalhadores de diversas empresas em cinco dimensões
fundamentais: credibilidade, respeito, justiça, orgulho/brio e camaradagem (LEVERING;
MOSKOWITZ, 2002). Segundo Tolfo e Piccinini (1998), as melhores organizações avaliadas
foram aquelas nas quais os empregados tinham maior orgulho de pertencer.
Segundo o modelo de Walton (1973), orgulho no trabalho, clareza e abertura interna,
oportunidade de carreira, camaradagem no ambiente de trabalho, segurança e confiança na
gestão, treinamento e desenvolvimento, inovação no sistema de trabalho, salários e benefícios
são os principais itens que compõem a pesquisa sobre o comprometimento organizacional.
3.5.3 Comunicação boca a boca / Recomendação
O boca a boca constitui um dos comportamentos mais relevantes em marketing.
Conforme argumenta Gremler (1994), o boca a boca é, em muitas situações, a maior fonte de
informações de que os clientes se utilizam em suas decisões de compra. Murray (1991)
conclui que os consumidores preferem as fontes pessoais às fontes impessoais e confiam mais
nas informações derivadas de outros consumidores do que na comunicação gerada pelas
empresas.
Rosen (2001, p.47) justifica que os clientes têm medo de serem enganados ao comprar
algo que não conseguirão utilizar ou, simplesmente, de pagarem caro demais. Conversar com
53
amigos e escutar suas recomendações, antes de investir, especialmente em produtos de alto
preço, é uma forma de reduzir riscos.
Murray (1991) afirma que, diante de uma decisão de compra, os consumidores
tendem, em primeiro lugar, a buscar em sua memória informações que possam contribuir para
a escolha, incluindo experiências passadas, além de depoimentos de outros consumidores.
De acordo com a literatura, o boca a boca ocorre em dois momentos. O primeiro é no
processo de busca de informação, logo após o reconhecimento da necessidade. O segundo
momento acontece após a compra ou escolha, ocorrendo na avaliação pós-compra ou
experiência pós-compra (MOWEN; MINOR, 2003, p.192; SHETH; MITTAL; NEWMAN,
2001, p.489-490).
Na fase de pré-compra, a comunicação boca a boca é apontada como um fator de
grande influência, funcionando como uma importante fonte de informação e base de avaliação
para os consumidores futuros. Na fase de pós-compra, além do boca a boca positivo ou
negativo, um dos comportamentos de saída do consumidor é a geração de indicações. Para
File (1992), a recomendação é o mais alto grau de comunicação boca a boca positiva, pois o
consumidor não só fala bem do produto, serviço ou empresa, como também indica para outros
consumidores.
Do ponto de vista gerencial, conforme Sheth, Mittal e Newman (2001, p.44-45), a
melhor maneira para uma empresa crescer e ganhar novos clientes sem um investimento
significativo em produto é por meio da comunicação boca a boca. Isso porque uma empresa
voltada para o consumidor produz clientes satisfeitos e dispostos a investir o seu próprio
tempo para contar aos outros sobre sua experiência.
Quanto mais o cliente percebe que a empresa fez tudo o que poderia para o serviço dar
certo ou para consertar uma falha, menor será a probabilidade de gerar comunicação boca a
boca negativa (BLODGETT et al., 1993; SWAN; OLIVER, 1989). Por outro lado, a
54
comunicação boca a boca positiva parece estar mais relacionada ao alto grau de qualidade e à
superação de expectativas (BOONE, 1998).
Para Souki (2003), considerando-se que a satisfação do cliente é capaz de estimular a
repetição da compra e a comunicação boca a boca, os profissionais de marketing têm
procurado não apenas satisfazer, mas “encantar” os seus clientes, oferecendo atributos que os
clientes não esperavam encontrar nos produtos e/ou serviços.
Diante desse cenário, pode-se dizer que uma comunicação boca a boca positiva é
extremamente importante para os negócios de uma empresa ou sucesso de um produto. Deve-
se tomar muito cuidado com uma comunicação boca a boca negativa, pois a mesma tem
efeitos devastadores. Farber e Wycoff (1991) estimaram que consumidores satisfeitos
compartilham suas experiências boas com três a quatro pessoas, enquanto consumidores
insatisfeitos compartilham sua insatisfação com 10 a 11 pessoas.
55
4 METODOLOGIA
Este trabalho se propôs a desenvolver e validar uma escala de avaliação da qualidade
percebida por usuários de software sobre as suas atitudes e intenções comportamentais. Para
tanto, buscaram-se na literatura procedimentos de elaboração de escalas que possibilitaram
esse desenvolvimento.
De acordo com Vergara (2003), cada procedimento apresenta vantagens e
desvantagens, não de modo absoluto, mas relativamente a seu problema de investigação.
Portanto, um método não deve ser considerado certo ou errado e sim mais ou menos adequado
ao fim que se pretende alcançar.
Segundo Spector (1992), devem-se seguir cinco passos gerais para elaborar uma
escala:
1. Definição clara e precisa do construto. Deve-se clarear qual o construto e qual o
significado dele dentro do contexto a se analisar. Segundo o autor, é nesta fase que ocorre
grande parte dos erros de desenvolvimento de escalas.
2. Elaboração do desenho da escala, onde é definido, por exemplo, as opções de respostas e
o enunciado das mesmas.
3. Realização do estudo piloto a fim de corrigir possíveis itens ambíguos ou confusos antes
da aplicação em toda a amostra.
4. Aplicação da análise em toda a amostra. O autor indica inicialmente um número entre
100 e 200 respondentes. Nesta etapa ainda são realizadas as primeiras análises
estatísticas, o coeficiente alfa de Cronbach e avaliada a consistência interna da escala.
Caso a amostra apresente boa confiabilidade passa-se ao próximo passo.
56
5. Por fim são realizados os testes de validade (convergente, discriminante, de construto e
nomológica), além da normalização dos dados em relação à pontuação na população.
Dessa forma, buscando atingir o objetivo proposto de desenvolver e validar uma escala
de avaliação da qualidade percebida por usuários de software, a presente pesquisa foi dividida
em duas fases, sendo a primeira de natureza qualitativa e a segunda de caráter quantitativo.
4.1 Primeira fase - Qualitativa
Na primeira fase, levantaram-se os atributos de qualidade percebida por usuários de
software. De acordo com Gil (2002), a pesquisa qualitativa tem como objetivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses.
Para tanto, foi feita uma ampla revisão da literatura no intuito de conhecer melhor o
ambiente do problema, levantar as variáveis envolvidas e suas inter-relações, assim como
obter subsídios para a elaboração dos questionários que foram aplicados na fase quantitativa.
4.2 Segunda fase - Quantitativa
A pesquisa de caráter quantitativo, segundo Malhotra (2006), apresenta a vantagem da
quantificação e precisão dos resultados. Nessa fase, foi realizado um levantamento tipo survey
envolvendo 302 usuários de softwares. Ademais, o critério de seleção dos participantes
baseou-se na conveniência e acessibilidade.
Para esse levantamento, foi elaborado um questionário estruturado, utilizando os
atributos de qualidade de software e também perguntas relacionadas às atitudes e intenções
57
comportamentais dos usuários. Em seguida, o questionário foi aplicado utilizando uma escala
do tipo likert variando de 0 (discordo totalmente) a 10 (concordo totalmente), e ainda a opção
“NS/NA” (Não sei / Não se aplica). Esse tipo de escala permite uma maior precisão de
resposta, levando a uma maior consistência dos dados (SPECTOR, 1992).
Foram listados 22 itens relacionados à qualidade percebida e 13 itens relacionados às
atitudes e intenções comportamentais. Utilizou-se um cabeçalho com explicações detalhadas
de como os entrevistados deveriam responder às questões, que foram lidas pelo entrevistador
antes de se iniciar a coleta. Os demais itens incorporados ao questionário foram coletados para
serem avaliados em estudos futuros, não cabendo seu enfoque neste momento. Os
questionários completos encontram-se nos apêndices deste trabalho.
As seguintes variáveis de segmentação foram incorporadas ao instrumento para
caracterizar a amostra: sexo, idade, profissão, renda familiar, escolaridade, estado civil,
frequência de utilização e tempo de utilização.
Os dados obtidos foram analisados por meio dos softwares Microsoft ExcelR, SPSSR
versão 13.0 e AmosR versão 5.0. Os critérios utilizados para se desenvolver e validar a
escala de avaliação de qualidade percebida por usuários de software foram baseados nos
trabalhos de Hair Jr. et al. (2005), Tabachnick e Fidel (2001), Malhotra (2006), Netemeyer,
Bearden e Sharma (2003), Fornell e Larcker (1981), Bagozzi, Yi e Philips (1991) e Spector
(1992). O esquema da Figura 5 demonstra as etapas do processo de desenvolvimento da
escala. Maiores detalhes dessas análises são discutidos ao longo dos resultados e discussão do
trabalho.
58
Figura 5 - Etapas de desenvolvimento e validação do instrumento de avaliação de qualidade percebida por
usuários de softwares.
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.3 Modelo hipotético da pesquisa
O modelo hipotético a ser testado pressupõe que a qualidade percebida por usuários de
softwares é um construto multidimensional que apresenta impactos sobre as atitudes e
intenções comportamentais dos mesmos. Assim sendo, a qualidade percebida global foi
concebida como um fator de segunda ordem, em que as várias dimensões de qualidade
compõem tal construto. A Figura 6 apresenta o modelo hipotético da pesquisa, indicando suas
hipóteses, que também estão descritas no Quadro 3.
59
Figura 6 - Modelo hipotético da pesquisa.
Fonte: Modelo proposto pelo estudo.
Quadro 3
- Hipóteses do modelo da pesquisa.
Hipóteses
H1
A qualidade percebida global apresenta uma relação monotônica positiva sobre a satisfação dos clientes.
H2
A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre a propensão à lealdade dos clientes.
H3
A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre a comunicação boca a boca / recomendação
dos clientes.
H4
A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre o orgulho dos clientes.
Fonte: Elaborado pelo autor.
60
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização da amostra
A presente análise foi estruturada considerando-se a necessidade de responder aos
objetivos propostos. Todavia, inicialmente, será feita uma descrição da amostra utilizada na
pesquisa.
Os Gráficos 1 e 2 exibem o nero e a profissão dos entrevistados. Observa-se que
57% são homens e 43% são mulheres e apenas 10% dos entrevistados trabalham na área de
Tecnologia da informação / Sistema de informação.
Gráfico 1 - Gênero.
Fonte: Dados da pesquisa.
Gráfico 2 - Profissão.
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráfico 3 exibe a faixa etária dos entrevistados. Verifica-se uma maior concentração
nas faixas de 18 a 34 anos, que somam aproximadamente 65% da amostra. À medida que as
faixas de idade vão aumentando (considerando-se a partir de 35 anos), vai diminuindo o
número de entrevistados.
Masculino
57%
Feminino
43%
Outro
89%
Prof. em
Tec. da
Inform ação
/ Sist. de
Inform ação
10%
o
respondeu
1%
61
Gráfico 3 - Faixa etária.
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráfico 4 exibe o perfil da renda familiar dos entrevistados. Observa-se uma maior
concentração nas faixas etárias iniciais (até R$ 4.000,00) e à medida que as faixas vão
crescendo o percentual de entrevistados vai diminuindo. Apenas 2% dos entrevistados não
informaram a renda da família.
Gráfico 4 - Renda Familiar.
Fonte: Dados da pesquisa.
1,6%
29,2%
36,9%
15,4%
9,9%
2,6%
1,3%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Até 17 anos De 18 a 24
anos
De 25 a 34
anos
De 35 a 44
anos
De 45 a 54
anos
De 55 a 64
anos
o
respondeu
30,8%
29,8%
15,2%
8,6%
6,6%
2,3%
1,3% 1,0%
2,3%
2,0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Até R
$
2
.00
0
R$ 2
.
001 a 4.000
R$
4.
0
0
1
a
6.0
0
0
R$ 6.001
a
8.000
R$
8
.
0
0
1
a
10.
0
0
0
R
$
1
0
.001 a
1
2
.0
0
0
R$ 12.
0
01 a 14.
0
00
R
$
14
.0
01
a
1
6
.0
00
Aci
m
a d
e
R
$
1
6
.000
Não responde
u
62
Observa-se que grande parte dos entrevistados concluiu o Ensino médio (39%) ou
possuem o ensino superior completo (30,5%). Apenas quatro indivíduos cursaram até o antigo
primário.
Gráfico 5 - Escolaridade.
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto ao estado civil dos entrevistados, observa-se que a grande maioria compõe-se
de pessoas solteiras (63%), e, em segundo lugar, aparecem os casados / amigados (34%).
1,3%
39,1%
13,2%
30,5%
10,9%
4,3%
0,7%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primário Ensino médio Sup.
incompleto
Sup. completo Especializ. Mest. / Dout. Não
respondeu
63
Gráfico 6 - Estado Civil.
Fonte: Dados da pesquisa.
O software com maior percentual de utilização em primeiro lugar na primeira opção
foi o Word, com 26,2%, seguido do Windows com 16,6%. Em terceiro lugar aparece o Excel
com 15,9% e em quarto o Autocad com 4%. Verificou-se um grande número de softwares,
71, que receberam menos de 2% de citações e foram agrupados somando 32,8% da amostra.
Tabela 1 - Softwares citados como mais utilizado em primeiro lugar.
Software 1 n %
Word 79 26,2%
Windows 50 16,6%
Excel 48 15,9%
Autocad 12 4,0%
Corel Draw 7 2,3%
Open Office 7 2,3%
Outros 71 softwares com menos de 2% de citações 99 32,8%
Total 302 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa.
Casado /
Amigado
34,1%
Divorciado
/ Separado
3,0%
Não
respondeu
0,3%
Solteiro
62,6%
64
Tabela 2 - Softwares citados.
Softwares citados n %
Word 182 24,0%
Excel 154 20,3%
Windows 88 11,6%
Power Point 38 5,0%
Corel Draw 20 2,6%
Autocad 18 2,4%
Photoshop 15 2,0%
Mozilla 15 2,0%
Outros 112 softwares com menos de 2% de citações 228 30,1%
Total 758 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa.
Com relação à frequência de uso do software citado na primeira opção, observa-se que
é utilizado praticamente de cinco a sete vezes por semana. Tais respostas somam 84% dos
entrevistados.
Gráfico 7 - Frequência de uso do software na semana.
Fonte: Dados da pesquisa.
2,3%
4,3% 4,3%
5,0%
24,8%
18,9%
40,1%
0,3%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1
vez por
s
em
ana
2
v
ez
e
s
p
or
s
em
a
na
3
ve
z
es po
r s
e
ma
na
4
ve
z
es por seman
a
5
v
ezes
por semana
6
v
ezes
por semana
7
ve
z
e
s
p
or s
e
ma
n
a
N
ã
o
re
s
pon
d
e
u
65
com relação ao tempo durante o qual tais softwares vêm sendo usados, observa-se
que mais da metade da amostra os utiliza há mais de seis anos.
Gráfico 8 - Tempo de utilização do software em anos.
Fonte: Dados da pesquisa.
5.2 Análise descritiva dos dados
As estatísticas descritivas das variáveis que pretendem medir a qualidade de softwares
serão apresentadas em tabela separada das variáveis que pretendem mensurar as atitudes e
intenções comportamentais. As estatísticas que serão apresentadas são: o n que revela o
número de respondentes, o valores mínimo e máximo citados, a mediana, a média e o
coeficiente de variação.
A Tabela 3 apresenta as estatísticas descritivas para as variáveis que pretendem
mensurar a qualidade de softwares.
8,3%
7,3%
6,6%
9,9%
5,6%
4,6%
57,6%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
A 1 ano De 1 a 2
anos
De 2 a 3
anos
De 3 a 4
anos
De 4 a 5
anos
De 5 a 6
anos
Acima de 6
anos
66
Tabela 3 - Estatística descritiva das variáveis que pretendem mensurar a qualidade de softwares.
Variáveis n Mínimo
Máximo
Mediana
Média
CV
B1) Executa as tarefas a que se propõe. 302 4,00 10,00 9,00 8,62 1,47
B2) Apresenta os resultados conforme o esperado. 302 3,00 10,00 9,00 8,52 1,61
B3) É capaz de interagir com outros sistemas. 291 0,00 10,00 8,00 7,36 2,61
B4) Evita acesso não autorizado, acidental ou
deliberado.
287 0,00 10,00 8,00 7,01 3,20
B5) Os problemas que já surgiram neste software vêm
sendo corrigidos ao longo do tempo.
295 0,00 10,00 8,00 7,85 2,23
B6) É capaz de identificar e demonstrar erros. 299 0,00 10,00 8,00 7,65 2,45
B7) É capaz de recuperar dados em caso de erro. 295 0,00 10,00 8,00 7,01 2,90
B8) É fácil entender como utilizar. 302 0,00 10,00 9,00 8,11 2,40
B9) É fácil aprender a operar. 302 0,00 10,00 9,00 8,27 2,12
B10) Pode ser utilizado sem muito esforço. 302 0,00 10,00 9,00 8,29 2,20
B11) Tem um visual bonito e agradável. 301 0,00 10,00 8,00 7,81 2,28
B12) Responde rapidamente aos comandos do usuário. 298 0,00 10,00 9,00 8,42 1,81
B13) Utiliza recursos de maneira eficiente. (Ex.:
Memória, processador, espaço em disco)
297 0,00 10,00 9,00 8,10 2,18
B14) É fácil identificar um erro quando ele ocorre. 301 0,00 80,00 8,00 7,57 4,90
B15) É fácil adaptar o software a novas demandas. (Ex.:
Criação de uma nova funcionalidade)
287 0,00 10,00 8,00 7,00 2,69
B16) risco de erro(s) quando modificações no
software são realizadas.
284 0,00 10,00 7,00 6,67 2,71
B17) É fácil testar quando modificações são realizadas. 288 0,00 10,00 8,00 7,40 2,26
B18) É de fácil adaptação em diversos ambientes
operacionais. (Ex: Windows XP, Windows Vista, Linux,
MAC OS)
279 0,00 10,00 8,00 7,74 2,57
B19) É fácil instalar em diversos ambientes
operacionais.
283 0,00 10,00 9,00 7,92 2,68
B20) Pode ser facilmente desinstalado. 281 0,00 10,00 9,00 8,37 2,27
B21) Interfere no funcionamento de outro(s) software(s)
quando é desinstalado.
265 0,00 10,00 5,00 4,57 3,73
B22) Pode facilmente substituir outro(s) software(s). 277 0,00 10,00 8,00 7,23 2,91
Fonte: Dados da pesquisa.
A Tabela 4 apresenta as estatísticas descritivas para as variáveis que pretendem
mensurar as atitudes e intenções comportamentais em relação aos softwares.
67
Tabela 4 - Estatística descritiva das variáveis que pretendem mensurar as atitudes e intenções comportamentais
em relação aos softwares.
Variáveis n Mínimo
Máximo
Mediana
Média
CV
C1) Eu estou satisfeito em utilizar este software. 302 0,00 10,00 9,50 8,62 1,90
C2) Eu sinto prazer em utilizar este software. 299 0,00 10,00 9,00 7,64 2,90
C3) Utilizar este software tem atendido às minhas
expectativas.
301 0,00 10,00 9,00 8,50 1,86
C4) Eu sinto orgulho de utilizar este software. 302 0,00 10,00 7,00 6,70 3,22
C5) Eu fico envaidecido de contar para outras pessoas
que utilizo este software.
302 0,00 10,00 6,00 5,59 3,55
C6) Utilizar este software é uma honra para mim. 302 0,00 10,00 6,00 5,53 3,56
C7) Eu gosto de utilizar este software. 300 0,00 10,00 9,00 7,98 2,57
C8) Eu recomendo às pessoas a utilizarem este software.
300 0,00 10,00 8,50 7,59 2,95
C9) Eu falo coisas positivas sobre este software para
as pessoas.
302 0,00 10,00 7,00 6,68 3,07
C10) Eu não gostaria que as pessoas falassem mal deste
software.
296 0,00 10,00 5,00 4,68 3,46
C11) Eu estou propenso a continuar utilizando este
software.
300 0,00 10,00 10,00 8,52 2,20
C12) Eu pretendo continuar utilizando as novas versões
deste software que forem lançadas no futuro.
302 0,00 10,00 10,00 8,51 2,24
C13) Mesmo que outras pessoas indiquem produtos
concorrentes, eu pretendo continuar utilizando este
software.
300 0,00 10,00 8,00 7,39 2,92
Fonte: Dados da pesquisa.
68
5.3 Validação das escalas de mensuração da qualidade percebida e das atitudes e
intenções comportamentais dos usuários de software
5.3.1 Análise exploratória dos dados
Durante a análise exploratória dos dados, torna-se fundamental purificar as medições e
detectar eventuais problemas nos dados coletados, diagnosticando e remediando os problemas
de forma adequada a fim de evitar distorções nos resultados da análise (TABACHNICK e
FIDEL, 2001). Para tanto, foram analisados os dados ausentes existentes no banco de dados
(missing values), a existência de outliers uni e multivariados, a normalidade dos dados, e a
linearidade.
5.3.1.1 Análise de Dados Ausentes
Dados ausentes podem acontecer devido à recusa do respondente em emitir uma
opinião, erros na coleta de dados ou erro na tabulação dos dados. De acordo com Hair et al.
(2005), dados ausentes com padrões não aleatórios ou dados escondidos do pesquisador
podem comprometer a generalização dos resultados. Portanto, o ideal é que, caso existam
dados ausentes, estes sejam aleatórios.
Dados ausentes aleatórios são classificados como Ausentes ao acaso (AAA) quando
um valor ausente de Y depende de X, mas não de Y e Ausentes completamente ao acaso
(ACAA) quando valores de Y são realmente uma amostra aleatória de todos os valores de Y,
não gerando vieses para os dados observados (HAIR et al., 2005). Nesse caso, podem-se
69
empregar algumas técnicas de correções que os autores sugerem, sendo a substituição do dado
ausente pela média o método mais utilizado.
A partir disso, realizou-se uma análise da extensão dos dados ausentes para cada um
dos indicadores que serão utilizados no modelo, de forma a identificar a existência de
padrões. Buscou-se primeiramente a identificação de erros de procedimento, por meio da
verificação dos valores mínimos e máximos observados. Dessa forma, notou-se que para
todas as variáveis os valores observados estavam dentro dos valores aceitáveis.
Foi avaliada a magnitude dos dados ausentes, tendo sido encontradas 244 células com
dados ausentes em uma base com 10.570 células, representando cerca de 2,31% do total.
Observou-se que 101 dos 302 casos apresentaram de 1 a 3 dados ausentes. Levando em conta
tal informação, considera-se a exclusão de casos uma alternativa pouco atrativa, pois
desconsiderar esses 101 questionários não traria necessariamente uma solução significativa
para o problema de dados ausentes e reduziria consideravelmente o número de observações
para o tamanho da amostra obtido (TABACHNICK e FIDEL, 2001).
Foi feita uma análise também dos dados ausentes por variável. Observou-se que a
variável que mais apresentou dados ausentes foi a “B21) Interfere no funcionando de outro (s)
software (s) quando é desinstalado.”, com 12,25%. A B22, B18, B20, B19 e B16 foram
também responsáveis por um número considerável de dados ausentes. Observou-se que tais
variáveis que apresentaram grandes percentuais de dados ausentes dependem de experiências
que muitos usuários de software podem não ter tido, e dependem de um maior conhecimento
da área. Por exemplo: muitos indivíduos nunca instalaram ou desinstalaram softwares, e
mesmo nem sabem da existência de recursos de indicação de erros. Isso porque podem ser
considerados como meros usuários da função principal dos softwares.
70
Tabela 5 - Análise dos dados ausentes das variáveis (continua).
Ausentes
Variáveis
n %
B21) Interfere no funcionamento de outro (s) software (s) quando é desinstalado. 37 12,25%
B22) Pode facilmente substituir outro (s) software (s). 25 8,28%
B18) É de fácil adaptação em diversos ambientes operacionais. (Ex: Windows XP,
Windows Vista, Linux, MAC OS)
23 7,62%
B20) Pode ser facilmente desinstalado. 21 6,95%
B19) É fácil instalar em diversos ambientes operacionais. 19 6,29%
B16) Há risco de erro (s) quando modificações no software são realizadas. 18 5,96%
B15) É fácil adaptar o software a novas demandas. (Ex.: Criação de uma nova
funcionalidade)
15 4,97%
B4) Evita acesso não autorizado, acidental ou deliberado. 15 4,97%
B17) É fácil testar quando modificações são realizadas. 14 4,64%
B3) É capaz de interagir com outros sistemas. 11 3,64%
B5) Os problemas que já surgiram neste software vêm sendo corrigidos ao longo do tempo.
7 2,32%
B7) É capaz de recuperar dados em caso de erro. 7 2,32%
C10) Eu não gostaria que as pessoas falassem mal deste software. 6 1,99%
B13) Utiliza recursos de maneira eficiente. (Ex.: Memória, processador, espaço em disco) 5 1,66%
B12) Responde rapidamente aos comandos do usuário. 4 1,32%
B6) É capaz de identificar e demonstrar erros. 3 0,99%
C2) Eu sinto prazer em utilizar este software. 3 0,99%
C7) Eu gosto de utilizar este software. 2 0,66%
C8) Eu recomendo às pessoas a utilizarem este software. 2 0,66%
C11) Eu estou propenso a continuar utilizando este software. 2 0,66%
C13) Mesmo que outras pessoas indiquem produtos concorrentes, eu pretendo continuar
utilizando este software.
2 0,66%
B11) Tem um visual bonito e agradável. 1 0,33%
B14) É fácil identificar um erro quando ele ocorre. 1 0,33%
C3) Utilizar este software tem atendido às minhas expectativas. 1 0,33%
B1) Executa as tarefas a que se propõe. 0 0,00%
B10) Pode ser utilizado sem muito esforço. 0 0,00%
B2) Apresenta os resultados conforme o esperado. 0 0,00%
B8) É fácil entender como utilizar. 0 0,00%
B9) É fácil aprender a operar. 0 0,00%
C1) Eu estou satisfeito em utilizar este software. 0 0,00%
71
Tabela 5 - Análise dos dados ausentes das variáveis (conclusão).
Ausentes
Variáveis
n %
C4) Eu sinto orgulho de utilizar este software. 0 0,00%
C5) Eu fico envaidecido de contar para outras pessoas que utilizo este software. 0 0,00%
C6) Utilizar este software é uma honra para mim. 0 0,00%
C9) Eu só falo coisas positivas sobre este software para as pessoas. 0 0,00%
C12) Eu pretendo continuar utilizando as novas versões deste software que forem lançadas
no futuro.
0 0,00%
Fonte: Dados da pesquisa.
Para verificar se tais dados ausentes são aleatórios ou não, foi aplicado o
procedimento, sugerido por Hair et al. (2005), de realização de um teste disponível no SPSS
13.0 denominado M de Car. Tal teste analisa o padrão de dados ausentes em todas as
variáveis e o compara com o padrão esperado para um processo de dados perdidos aleatórios
(HAIR et al., 2005), sendo que, se a hipótese nula for rejeitada (sig. Inferior a 1%), os dados
não são ACAA. O teste apresentou uma significância inferior a 1% (Little's MCAR test: Chi-
Square = 6078,045, DF = 5382, Sig. = 0,000), revelando que os dados não são ACAA.
Como as técnicas multivariadas que serão aplicadas posteriormente não permitem a
existência de dados ausentes, faz-se necessário encontrar uma solução para o problema. Hair
et al. (2005) sugerem a existência de duas alternativas para casos em que os dados não são
ACAA: (1) trabalhar somente com os casos completos; ou (2) substituir pela média os dados
ausentes. Conforme mencionado anteriormente, como a exclusão dos casos com dados
ausentes reduziria substancialmente a amostra, optou-se por trabalhar com a segunda
alternativa.
72
5.3.1.2 Análise de Outliers
Prosseguiu-se então com a avaliação das observações atípicas presentes no banco de
dados. Segundo Hair et al. (2005), as observações atípicas se caracterizam por apresentar um
padrão de respostas notavelmente diferente das outras observações, sendo que não devem ser
rotuladas num primeiro momento como maléficas às análises subsequentes. Os autores
ressaltam que tais observações atípicas podem ser indicativas de características da população
que não seriam descobertas no curso normal da análise.
Existem quatro tipos de observações atípicas, sendo: (1) erro de procedimento como
erro na entrada dos dados ou uma falha na codificação; (2) observações que ocorrem devido à
ocorrência de um evento extraordinário; (3) observações extraordinárias para as quais o
pesquisador não tem uma explicação; e (4) observações que estão no intervalo usual de
valores para cada variável, mas são únicas em sua combinação de valores entre as variáveis
(HAIR et al., 2005).
Iniciou-se esse processo pela análise da consistência do banco de dados, isto é,
buscaram-se valores inconsistentes, logicamente incoerentes ou erros de digitação
(MALHOTRA, 2006). Na presente pesquisa, não foram encontrados valores fora dos limites
previstos das escalas (0 a 10) utilizadas.
Para verificar a existência univariada (tipo 2 ou 3) de observações atípicas, empregou-
se um método comumente usado que consiste na padronização dos resultados de forma que a
média da variável seja 0 e o desvio padrão 1. Sugere-se que observações com escores
padronizados superiores a 3 ou 4 sejam consideradas observações atípicas (HAIR et al.,
2005). Na presente análise, empregou-se o critério de escores fora da faixa de -3,24 a 3,24
como observações atípicas.
73
Foram encontradas 54 observações com escores fora da faixa de -3,24 a 3,24
distribuídos em 17 variáveis, divididos em 34 casos. Por se tratar de observações
supostamente válidas da população, uma vez que deram respostas dentro dos valores
aceitáveis para a escala (0 a 10), e visando a manter a consistência da amostra, optou-se por
manter tais casos na análise.
Foi verificada também a existência de observações atípicas multivariadas (tipo 4).
Empregou-se a elas a medida de Mahalanobis. De acordo com Hair et al. (2005), tal
medida verifica a posição de cada observação comparada com o centro de todas as
observações em um conjunto de variáveis. Para verificar a significância da medida, é
empregado o teste qui-quadrado, em que valores inferiores a 0,001 são considerados outliers.
Foram encontrados 52 casos de observação atípica multivariada. Mais uma vez, como a
exclusão de tais casos reduziria substancialmente a amostra, optou-se por mantê-los.
5.3.1.3 Normalidade dos dados
A distribuição normal das variáveis é um pressuposto implícito nas técnicas de
inferências empregadas nesse estudo. Para verificar a normalidade dos dados empregou-se o
teste de Kolmogorov-Smirnov. Segundo esse teste uma variável pode ser considerada normal
se o valor da significância da estatística for superior a 0,01 (nível liberal).
Tabela 6 - Teste de aderência à normalidade de Kolmogorov-Sminorv (continua).
Variável Teste Sig.
B1) Executa as tarefas a que se propõe. 3,69 0,00
B2) Apresenta os resultados conforme o esperado. 3,79 0,00
B3) É capaz de interagir com outros sistemas. 2,68 0,00
B4) Evita acesso não autorizado, acidental ou deliberado. 3,09 0,00
B5) Os problemas que já surgiram neste software vêm sendo corrigidos ao longo do tempo. 2,92 0,00
74
Tabela 6 - Teste de aderência à normalidade de Kolmogorov-Sminorv (conclusão).
Variável
Teste Sig.
B6) É capaz de identificar e demonstrar erros. 3,05 0,00
B7) É capaz de recuperar dados em caso de erro. 3,02 0,00
B8) É fácil entender como utilizar. 3,84 0,00
B9) É fácil aprender a operar. 3,65 0,00
B10) Pode ser utilizado sem muito esforço. 3,81 0,00
B11) Tem um visual bonito e agradável. 3,02 0,00
B12) Responde rapidamente aos comandos do usuário. 3,60 0,00
B13) Utiliza recursos de maneira eficiente. (Ex.: Memória, processador, espaço em disco) 3,29 0,00
B14) É fácil identificar um erro quando ele ocorre. 5,32 0,00
B15) É fácil adaptar o software a novas demandas. (Ex.: Criação de uma nova funcionalidade) 2,77 0,00
B16) Há risco de erro (s) quando modificações no software são realizadas. 2,55 0,00
B17) É fácil testar quando modificações são realizadas. 2,48 0,00
B18) É de fácil adaptação em diversos ambientes operacionais. (Ex: Windows XP, Windows Vista,
Linux, MAC OS)
3,28 0,00
B19) É fácil instalar em diversos ambientes operacionais. 3,69 0,00
B20) Pode ser facilmente desinstalado. 4,21 0,00
B21) Interfere no funcionamento de outro (s) software (s) quando é desinstalado. 2,63 0,00
B22) Pode facilmente substituir outro (s) software (s). 2,85 0,00
C1) Eu estou satisfeito em utilizar este software. 4,64 0,00
C2) Eu sinto prazer em utilizar este software. 3,58 0,00
C3) Utilizar este software tem atendido às minhas expectativas. 3,80 0,00
C4) Eu sinto orgulho de utilizar este software. 2,70 0,00
C5) Eu fico envaidecido de contar para outras pessoas que utilizo este software. 2,22 0,00
C6) Utilizar este software é uma honra para mim. 2,10 0,00
C7) Eu gosto de utilizar este software. 3,74 0,00
C8) Eu recomendo às pessoas a utilizarem este software. 3,58 0,00
C9) Eu só falo coisas positivas sobre este software para as pessoas. 2,48 0,00
C10) Eu não gostaria que as pessoas falassem mal deste software. 2,32 0,00
C11) Eu estou propenso a continuar utilizando este software. 4,72 0,00
C12) Eu pretendo continuar utilizando as novas versões deste software que forem lançadas no
futuro.
4,87 0,00
C13) Mesmo que outras pessoas indiquem produtos concorrentes, eu pretendo continuar utilizando
este software.
3,31 0,00
Fonte: Dados da pesquisa.
75
Conforme a Tabela 6, pode-se verificar que todas as variáveis rejeitaram a hipótese
nula de normalidade dos dados. Pode-se confirmar também a não existência da normalidade
multivariada, uma vez que esta exige a distribuição normal univariada (TABACHNICK e
FIDEL, 2001).
5.3.1.4 Linearidade
A linearidade também consiste em pressuposto para as técnicas multivariadas e é
baseada em medidas correlacionadas de associação linear entre as variáveis.
Um dos meios de se verificar a linearidade dos dados é através da verificação da
correlação das variáveis par a par. Se a correlação apresenta um coeficiente significativo isso
indica que os dados são lineares (HAIR et al., 2005). O coeficiente mais utilizado para
verificar relações lineares entre variáveis é o de Pearson (MALHOTRA, 2006), o qual foi
empregado na presente pesquisa. Ressalta-se que foram observadas 266 de 980 relações não
significativas ao nível de 5%, a partir da análise da matriz de correlação, o que representa
27,1% das correlações possíveis.
Foi dado prosseguimento às análises, pois se considerou que os efeitos não lineares
encontrados representam apenas uma pequena parcela da variação desse tipo de associação
entre os indicadores, não implicando, portanto, em falta de linearidade (HAIR et al., 2005) ou
perda substancial da informação contida na matriz de dados (RAMALHO, 2006).
5.3.2 Fidedignidade das medidas do instrumento
A pesquisa quantitativa é possível por meio de um processo de medição e
escalonamento das variáveis de interesse do pesquisador. A medição consiste na atribuição de
76
números às características de objetos, de tal forma que esses números representem diferenças
reais entre os objetos. o escalonamento consiste em definir a métrica subjacente ao
processo de medição empregado. Em ciências sociais esse processo é especialmente delicado,
pois o cientista está interessado em mensurar conceitos abstratos que não podem ser
observados diretamente e que devem ser inferidos com base em dados observáveis por meio
de, por exemplo, um questionário (NUNNALY e BERNSTEIN, 1994).
Essa pesquisa pode ser classificada na categoria de estudos que visam a examinar
construtos latentes abstratos. É, portanto, fundamental compreender a teoria subjacente à
operacionalização das perguntas, favorecendo a interpretação correta por parte dos
respondentes (NETEMEYER, BEARDEN e SHARMA, 2003). Para que isso ocorra, é
imprescindível avaliar a extensão da fidedignidade das medições realizadas por meio da
avaliação da confiabilidade e da validade do instrumento de pesquisa.
5.3.2.1 Dimensionalidade e confiabilidade
De forma a verificar quais sãos as dimensões latentes da qualidade de softwares foi
realizada uma análise fatorial com os itens do questionário. Além disso, verificou-se também
se os construtos que compõem as atitudes e intenções comportamentais de fato são dimensões
latentes, sendo realizada uma análise por construto.
Netemeyer, Bearden e Sharma (2003) ressalvam que é necessário explorar a
dimensionalidade dos construtos incluídos no estudo de forma a atestar a fidedignidade do
instrumento. Isso porque cada construto trico deve tratar de dimensões distintas do
fenômeno estudado. Dessa forma, a unidimensionalidade implica que os itens do
questionário devem estar altamente relacionados uns com os outros, formando um único
conceito (HAIR et al., 2005).
77
Como método de extração, utilizou-se a extração por principais componentes. Quanto
ao método de rotação foi utilizado o Varimax, que permite que as dimenes subjacentes
estejam correlacionadas, pois as escalas utilizadas são reflexos de um construto
multidimensional (HAIR et al., 2005).
Uma série de regras para verificar se existem condições adequadas para o uso da AFE
devem ser observadas. Inicialmente, é necessário notar se a medida de adequação da amostra
de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO). O KMO indica a proporção da variância dos dados que pode
ser considerada comum a todas as variáveis, ou seja, que pode ser atribuída a um fator
comum. Ela varia de 0,000 a 1,000, sendo que quanto mais próximo de 1,000 (unidade)
melhor o resultado, ou seja, mais adequada é a amostra à aplicação da análise fatorial. De
acordo com Malhotra (2006), a solução fatorial é adequada se o KMO apresentar um valor
entre 0,500 e 1,000.
o Teste de Esfericidade de Bartlett deve indicar que a matriz de correlação
populacional não é uma identidade, o que ocorre quando o resultado revela um valor
significativo (p < 0,01).
Além disso, é esperado que a solução fatorial consiga explicar pelo menos 60% da
variância total dos dados, o que indica que a redução de dados consegue explicar uma parcela
considerável da variação existente (Hair et al., 2005).
Também é conveniente verificar a magnitude das comunalidades, que é a quantia total de
variância que um item original compartilha com todos os outros índices incluídos na análise.
A comunalidade para cada indicador deve ser superior a 0,400 (HAIR et al., 2005).
Para a definição do número de fatores, foi utilizado o critério do Eigenvalue, ou seja,
somente fatores que apresentaram Eigenvalues (quantidade de variância explicada por um
fator) maiores que 1 foram considerados como significantes (HAIR et al., 2005).
78
A carga fatorial permite interpretar o papel que cada variável assume na definição do
fator e representa a correlação de cada varvel com o fator. Segundo Hair et al. (2005),
valores de carga fatorial acima de 0,400 são considerados significantes. Variáveis com
cargas superiores a 0,400 em mais de um fator foram excluídas do modelo.
Além disso, para verificar se a escala é livre de erros alearios é feita a análise da
confiabilidade da escala (MALHOTRA, 2006). A medida normalmente empregada para
verificar a confiabilidade de uma escala em estudos do comportamento do consumidor é o
Alfa de Cronbach.
Tal medida representa a proporção da varncia total da escala que é atribuída ao
verdadeiro escore do construto latente que es sendo mensurado (NETEMEYER,
BEARDEN e SHARMA, 2003). Ele varia de 0,00 a 1,00 sendo que quanto mais próximo de
1,00, maior a confiabilidade da escala.
Malhotra (2006) afirma que valores aceiveis de confiabilidade devem ser
superiores a 0,700, mas no caso de escalas em desenvolvimento (como é o caso da presente
pesquisa) valores de 0,600 também são aceitáveis. Utilizou-se também de um recurso
disponível na análise de Confiabilidade (Analyse > Scale > Realiability analysis > Statistics
> Scale IF item deleted) do software SPSS 13.0 em que se verifica o Alfa de Cronbach e se
a retirada de alguma variável do construto aumentaria o valor do mesmo. Algumas
exclusões foram feitas com base nesse critério.
79
Assim, os critérios adotados para encontrar a melhor solão fatorial foram:
Quadro 4 - Critérios para adequação da solução fatorial e confiabilidade.
Medida Pametro de aceitação
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) > 0,500 (para 2 varveis) e >0,600 (para 3 varveis ou mais)
Teste de Esfericidade de Bartlett (TEB) Valor significativo inferior a 1%
Variância explicada (VE) >60%
Comunalidade (h²) >0,400
Carga fatorial (CF) >0,400 (para somente um fator)
Alfa de Cronbach > 0,600
Fonte: Hair et al. (2005); Mingoti (2005); Malhotra (2006).
5.3.2.1.1 Dimensionalidade e confiabilidade do construto Qualidade de Softwares
A solão fatorial encontrada apresentou um KMO de 0,811, o Teste de Esfericidade
de Bartlett (TEB) foi de 1603,836 (significante ao nível de 1%) e a variância explicada foi de
71,63% com 4 fatores. O Alfa de Cronbach para o modelo final foi de 0,845. A Tabela 7
exibe as comunalidades, as cargas e o Alfa de Cronbach para os fatores encontrados.
Tabela 7 - Solução fatorial do construto Qualidade de Softwares (continua).
Fatores Itens Comunalidade
Carga
Fatorial
Alfa de
Cronbach
B8) É fácil entender como utilizar. 0,774 0,894
B9) É fácil aprender a operar. 0,782 0,903
F1 –
Usabilidade
B10) Pode ser utilizado sem muito esforço. 0,693 0,858
0,917
B1) Executa as tarefas a que se propõe. 0,589 0,863
B2) Apresenta os resultados conforme o esperado. 0,881 0,867
F2 -
Funcionalidade
B12) Responde rapidamente aos comandos do usuário. 0,877 0,589
0,742
80
Tabela 7 - Solução fatorial do construto Qualidade de Softwares (conclusão).
Fatores
Itens Comunalidade
Carga
Fatorial
Alfa de
Cronbach
B18) É de fácil adaptação em diversos ambientes
operacionais. (Ex: Windows XP, Windows Vista, Linux,
MAC OS)
0,806 0,778
B19) É fácil instalar em diversos ambientes operacionais. 0,506 0,821
F3 -
Portabilidade
B20) Pode ser facilmente desinstalado. 0,700 0,672
0,724
B6) É capaz de identificar e demonstrar erros. 0,659 0,784
B7) É capaz de recuperar dados em caso de erro. 0,756 0,732
F4 -
Confiabilidade
B14) É fácil identificar um erro quando ele ocorre. 0,575 0,743
0,710
Fonte: Dados da pesquisa.
Observa-se que todas as variáveis apresentam comunalidades e carga fatorial
superiores ao padrão estabelecido e que todos os fatores apresentam Alfa de Cronbach
superior ao limite sugerido pela literatura de 0,600, definido para escalas em
desenvolvimento (MALHOTRA, 2006).
Para tanto, foi necessária a exclusão de 10 variáveis para se chegar à melhor
solução fatorial. A Tabela 8 apresenta os motivos e as variáveis excluídas.
Tabela 8 - Motivos e variáveis excluídas para melhor solução fatorial.
Motivos Variáveis excluídas
B3) É capaz de interagir com outros sistemas.
Comunalidade < 0,400
B11) Tem um visual bonito e agradável.
B15) É fácil adaptar o software a novas demandas. (Ex.: Criação de uma nova
funcionalidade)
B17) É fácil testar quando modificações são realizadas.
B13) Utiliza recursos de maneira eficiente. (Ex.: Memória, processador, espaço em disco)
Carga fatorial > 0,400
em mais de 1 fator
B5) Os problemas que já surgiram neste software vêm sendo corrigidos ao longo do
tempo.
B16) Há risco de erro (s) quando modificações no software são realizadas.
B21) Interfere no funcionamento de outro (s) software (s) quando é desinstalado.
B4) Evita acesso não autorizado, acidental ou deliberado.
Alfa de Cronbach
aumentou com a
exclusão
B22) Pode facilmente substituir outro (s) software (s).
Fonte: Dados da pesquisa.
81
5.3.2.1.2 Dimensionalidade e confiabilidade dos construtos que medem as atitudes e
intenções comportamentais em relação a softwares
A solução fatorial encontrada para os construtos que medem as atitudes e intenções
comportamentais dos usuários de software é apresentada a seguir.
Para tanto, foi necessário a exclusão da variável “C2) Eu sinto prazer em utilizar este
software para se chegar à melhor solução fatorial no caso do construto Satisfação. Isso
porque, com a exclusão da variável, o Alfa de Cronbach aumentou.
Tabela 9 - Solução fatorial dos construtos que medem as atitudes e intenções comportamentais de usuários de
software.
Fator
Variáveis KMO TEB VE CF Alpha
C1) Eu estou satisfeito em utilizar este software. 0,818 0,904
C3) Utilizar este software tem atendido às minhas
expectativas.
0,798 0,894
Satisfação
C7) Eu gosto de utilizar este software.
0,729 0,00% 78,71%
0,745 0,863
,849
(após
exclusão
de C2)
C4) Eu sinto orgulho de utilizar este software. 0,821 0,906
C5) Eu fico envaidecido de contar para outras
pessoas que utilizo este software.
0,901 0,949
Orgulho
C6) Utilizar este software é uma honra para mim.
0,736 0,00% 87,94%
0,916 0,957
0,931
C8) Eu recomendo às pessoas a utilizarem este
software.
0,722 0,850
C9) Eu falo coisas positivas sobre este software
para as pessoas.
0,765 0,875
Bo
ca a boca /
recomendação
C10) Eu não gostaria que as pessoas falassem mal
deste software.
0,680 0,00% 70,01%
0,614 0,783
0,780
C11) Eu estou propenso a continuar utilizando este
software.
0,805 0,897
C12) Eu pretendo continuar utilizando as novas
versões deste software que forem lançadas no
futuro.
0,773 0,879
Lealdade
C13) Mesmo que outras pessoas indiquem produtos
concorrentes, eu pretendo continuar utilizando este
software.
0,638 0,00% 70,00%
0,522 0,722
0,759
Fonte: Dados da pesquisa.
82
5.3.2.2 Validade Convergente e Discriminante
Após verificar a confiabilidade da escala, foi realizada a avaliação da validade
convergente das medidas, buscando identificar se os indicadores de um construto realmente
são adequados para medir as dimensões latentes de interesse e a validade divergente, que
avalia se os construtos efetivamente medem diferentes aspectos do fenômeno de interesse
(HAIR et al., 2005). Tais testes foram realizados por meio de uma Análise Fatorial
Confirmatória (AFC).
O método utilizado neste trabalho para avaliar a validade convergente foi o proposto
por Bagozzi, Yi e Philips (1991), que sugerem que a Análise Fatorial Confirmatória pode ser
usada para verificar se os indicadores estão significativamente relacionados aos construtos de
interesse. Além disso, tais autores recomendam que seja verificada a significância das cargas
fatoriais dos construtos ao nível de 5% ou 1%, utilizando usualmente testes t unicaudais, em
que o t crítico corresponde a 1,65 (α=0,05) ou 2,236 (α=0,01).
Para testar os modelos fatoriais recorreu-se ao método de estimação de mínimos
quadrados generalizados, já que os estimadores dessa função não têm como suposição a
normalidade multivariada dos dados (MINGOTI, 2005). Para identificar os construtos latentes
fixou-se a variância dos fatores na unidade (1), supondo os construtos na forma padronizada
(KELLOWAY, 1998).
83
A Tabela 10 apresenta os resultados para a validade convergente.
Tabela 10 - Avaliação da validade convergente dos construtos (continua).
Fatores Variável Reg.
a
Erro
b
Valor T
c
Padrão
d
B8) É fácil entender como
utilizar.
1,991 0,108 18,374 0,933
B9) É fácil aprender a operar.
1,683 0,098 17,128 0,898
F1
Usabilidade
B10) Pode ser utilizado sem
muito esforço.
1,594 0,108 14,766 0,806
B1) Executa as tarefas a que
se propõe.
0,917 0,087 10,595 0,741
B2) Apresenta os resultados
conforme o esperado.
1,177 0,096 12,261 0,840
F2
Funcionalidade
B12) Responde rapidamente
aos comandos do usuário.
0,739 0,110 6,722 0,504
B18) É de fácil adaptação em
diversos ambientes
operacionais. (Ex: Windows
XP, Windows Vista, Linux,
MAC OS)
1,308 0,147 8,871 0,611
B19) É fácil instalar em
diversos ambientes
operacionais.
1,963 0,154 12,753 0,837
F3
Portabilidade
B20) Pode ser facilmente
desinstalado.
1,137 0,132 8,621 0,603
B6) É capaz de identificar e
demonstrar erros.
1,611 0,148 10,858 0,737
B7) É capaz de recuperar
dados em caso de erro.
1,171 0,175 6,695 0,468
F4
Confiabilidade
B14) É fácil identificar um
erro quando ele ocorre.
1,795 0,153 11,766 0,787
C1) Eu estou satisfeito em
utilizar este software.
1,387 0,094 14,680 0,837
C3) Utilizar este software
tem atendido às minhas
expectativas.
1,291 0,095 13,649 0,814
Satisfação
C7) Eu gosto de utilizar este
software.
1,927 0,127 15,177 0,839
84
Tabela 10 - Avaliação da validade convergente dos construtos (conclusão).
Fatores Variável Reg.
a
Erro
b
Valor T
c
Padrão
d
C4) Eu sinto orgulho de
utilizar este software.
2,381 0,156 15,259 0,855
C5) Eu fico envaidecido de
contar para outras pessoas
que utilizo este software.
2,846 0,166 17,144 0,927
Orgulho
C6) Utilizar este software é
uma honra para mim.
2,952 0,163 18,126 0,949
C8) Eu recomendo às
pessoas a utilizarem este
software.
2,241 0,148 15,124 0,846
C9) Eu falo coisas
positivas sobre este software
para as pessoas.
2,155 0,159 13,548 0,785
Boca a boca /
Recomendação
C10) Eu não gostaria que as
pessoas falassem mal deste
software.
1,945 0,192 10,154 0,664
C11) Eu estou propenso a
continuar utilizando este
software.
1,787 0,110 16,269 0,876
C12) Eu pretendo continuar
utilizando as novas versões
deste software que forem
lançadas no futuro.
1,690 0,115 14,743 0,821
Lealdade
C13) Mesmo que outras
pessoas indiquem produtos
concorrentes, eu pretendo
continuar utilizando este
software.
1,600 0,163 9,787 0,615
Fonte: Dados da pesquisa.
Observações: a) peso de regressão: corresponde ao valor da estatística não padronizada. b) erro padrão: erro da
estimativa não padronizada. c) confiabilidade do indicador de acordo com o critério sugerido por Bagozzi - valor
t: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão e, se superior a 2,236, indica validade convergente
ao nível de 1%. d) peso padronizado: indica a correlação entre o indicador e o construto latente.
85
Entende-se, portanto, que, conforme o critério sugerido por Bagozzi, Yi e Philips
(1991) todos os indicadores atingiram os valores mínimos necessários para atender ao
pressuposto de validade convergente.
Como alertam Hair et al. (2005), o Alfa de Cronbach é uma medida que pode
apresentar limitões, uma vez que não considera o erro nos indicadores. Uma solão
alternativa é o cálculo da Confiabilidade Composta (CC) e da Variância Média Extraída
(AVE) por meio da realização de uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Dessa forma,
foi feita a avaliação da variância média extraída (Average Variance Extracted - AVE) e da
confiabilidade composta (Composite Reliability CR). Conforme Fornell e Larcker (1981), a
AVE indica o percentual médio de variância compartilhada entre o construto latente e seus
indicadores. a medida de confiabilidade composta é uma estimativa do coeficiente de
confiabilidade e representa o percentual de variância dos construtos que é livre de erros
aleatórios. Na Tabela 11 o apresentados os resultados para os construtos do modelo.
Tabela 11 - Avaliação da variância média extrda e da confiabilidade composta dos construtos.
Construtos AVE CC
F1 - Usabilidade 0,77 0,91
F2 - Funcionalidade 0,50 0,74
F3 - Portabilidade 0,50 0,73
F4 - Confiabilidade 0,59 0,74
Satisfação 0,69 0,87
Orgulho 0,83 0,94
Boca a Boca / Recomendação 0,60 0,81
Lealdade 0,61 0,82
Fonte: Dados da pesquisa.
Considerando que, conforme Tabachnick e Fidel (2001), a AVE deve ser superior a
0,50 e a confiabilidade composta superior a 0,70, os resultados obtidos mostram que todos os
construtos apresentaram medidas de adequação da mensuração dentro de limites aceitáveis,
86
sendo que para o construto F4 Confiabilidade foi necessária a exclusão da variável “B7) É
capaz de recuperar dados em caso de erro.”.
Enquanto a validade convergente busca atestar que os itens de um construto são
suficientemente correlacionados de forma a medir uma variável latente, a validade
discriminante busca provar que os construtos do modelo tratam de conceitos distintos
(MALHOTRA, 2006).
Para avaliar a validade discriminante dos construtos empregou-se o método
desenvolvido por Fornell e Larcker (1981). O procedimento sugerido por tais autores consiste
em fazer uma Análise Fatorial Confirmatória, por meio do método de mínimos quadrados
generalizados e comparar o quadrado do coeficiente de correlação entre os pares de construtos
com a variância média extraída dos construtos. Os resultados dessa análise estão apresentados
na Tabela 12.
Tabela 12 - Validade discriminante dos construtos através do método de Fornell e Larcker (1981) (continua).
Construto 1 Construto 2 Correlação ² AVE1 AVE2
F1 - Usabilidade F2 - Funcionalidade 0,05 0,77 0,50
F1 - Usabilidade F3 - Portabilidade 0,17 0,77 0,50
F1 - Usabilidade F4 - Confiabilidade 0,17 0,77 0,59
F1 - Usabilidade Satisfação 0,16 0,77 0,69
F1 - Usabilidade Orgulho 0,09 0,77 0,83
F1 - Usabilidade Boca a Boca / Recomendação 0,17 0,77 0,60
F1 - Usabilidade Lealdade 0,06 0,77 0,61
F2 - Funcionalidade F3 - Portabilidade 0,12 0,50 0,50
F2 - Funcionalidade F4 - Confiabilidade 0,11 0,50 0,59
F2 - Funcionalidade Satisfação 0,30 0,50 0,69
F2 - Funcionalidade Orgulho 0,15 0,50 0,83
F2 - Funcionalidade Boca a Boca / Recomendação 0,14 0,50 0,60
F2 - Funcionalidade Lealdade 0,17 0,50 0,61
F3 - Portabilidade F4 - Confiabilidade 0,21 0,50 0,59
F3 - Portabilidade Satisfação 0,28 0,50 0,69
F3 - Portabilidade Orgulho 0,13 0,50 0,83
87
Tabela 12 - Validade discriminante dos construtos através do método de Fornell e Larcker (1981) (conclusão).
Construto 1 Construto 2 Correlação ² AVE1 AVE2
F3 - Portabilidade Boca a Boca / Recomendação 0,32 0,50 0,60
F3 - Portabilidade Lealdade 0,23 0,50 0,61
F4 - Confiabilidade Satisfação 0,17 0,59 0,69
F4 - Confiabilidade Orgulho 0,19 0,59 0,83
F4 - Confiabilidade Boca a Boca / Recomendação 0,20 0,59 0,60
F4 - Confiabilidade Lealdade 0,16 0,59 0,61
Satisfação Orgulho 0,72 0,69 0,83
Satisfação Boca a Boca / Recomendação 0,78 0,69 0,60
Satisfação Lealdade 0,59 0,69 0,61
Orgulho Boca a Boca / Recomendação 0,63 0,83 0,60
Orgulho Lealdade 0,39 0,83 0,61
Boca a Boca / Recomendação Lealdade 0,58 0,60 0,61
Fonte: Dados da pesquisa.
Os resultados mostram que se pode atestar a validade discriminante para quase todos
os pares de construtos com base no método proposto por Fornell e Larcker (1981), com
exceção do par Satisfação Boca a boca / Recomendação, Satisfação Orgulho e Orgulho -
Boca a boca / Recomendação.
Dessa forma, outro método de testar a validade discriminante foi empregado para
esses pares de construtos. Tal método é o sugerido por Bagozzi, Yi & Philips (1991). Nesse
método também é realizada uma análise fatorial confirmatória. Nesta, os construtos são
representados como variáveis latentes e os itens como indicadores da respectiva variável
latente. Para cada par de construtos dois modelos são testados, sendo que no primeiro o
parâmetro de correlação é fixado em um (1) e no segundo modelo o parâmetro de correlação é
estimado livremente.
A validade discriminante é confirmada caso o valor da estatística qui-quadrado
diminua quando a correlação entre os construtos for estimada livremente. Tal diferença é
testada para se comprovar que esta é estatisticamente significativa com base no teste qui-
88
quadrado. Ao nível de 5%, tal diferença deve ser superior a 3,841. A Tabela 13 exibe os
valores do teste.
Tabela 13 - Validade discriminante com base no critério sugerido por Bagozzi, Yi & Philips (1991).
Construto 1 Construto 2 C=1 C livre Dif Sig
Satisfação Orgulho 101,868 54,261 47,607 0,000
Satisfação Boca a Boca / Recomendação 62,671 42,421 20,250 0,000
Orgulho Boca a Boca / Recomendação 65,824 33,358 32,466 0,000
Fonte: Dados da pesquisa.
Com base nos dois testes pode-se comprovar que os construtos do modelo medem
aspectos diferentes do fenômeno de interesse (MALHOTRA, 2006).
5.3.2.3 Validade Nomológica
Quando se testa um modelo, o pesquisador busca não apenas avaliar a fidedignidade
das medições auferidas, mas, principalmente saber se as medições definidas anteriormente
como adequadas efetivamente suportam as hipóteses dos relacionamentos entre as variáveis
mensuradas, conforme previsto teoricamente. É imprescindível, portanto, avaliar se as
associações, supostamente causais, sugeridas por uma teoria são, de fato, suportadas pelos
dados coletados. Em última instância, espera-se testar uma série de relacionamentos causais
por meio de uma cadeia nomológica (HUNT, 2002).
Para tanto, foi também utilizado o Método de Equações Estruturais. De acordo com
Mackenzie (2001), tal método tem sido uma abordagem usualmente empregada em marketing
para avaliar relações de causalidade, pois:
89
a) leva em conta o erro de mensuração;
b) aumenta o controle dos efeitos de manipulações experimentais;
c) é capaz de testar estruturas teóricas complexas;
d) consegue conjugar abordagens macro e micro;
e) oferece indícios robustos de validade e confiabilidade.
Apesar de o termo Método de Equações Estruturais fazer referência a diversos
algoritmos para a solução de sistemas de equações simultâneas, em marketing, é usual
compreender o termo enquanto uma técnica que visa a compreender a relação entre:
1. Variáveis observadas, denominadas de indicadores, e suas respectivas variáveis
latentes, denominadas construtos latentes e erros de mensuração;
2. Diversas variáveis latentes, isto é, a relação entre diversos construtos teóricos. Em
suma, assume-se que os indicadores mensurados são reflexos dos construtos latentes
de interesse somado a um erro de mensuração.
Para rodar o modelo considerou-se que o construto de segunda ordem denominado
Qualidade Percebida de Softwares como reflexivo. De acordo com Brei e Neto (2006), em um
modelo reflexivo a direção da causalidade vai do construto para seus indicadores. Isso quer
dizer que mudanças no construto causam variações nos itens. Para que o modelo rodasse a
variância do construto de segunda ordem, esta foi fixada em 1 (TABACHNICK e FIDEL,
2001).
90
Figura 7 - Teste do modelo de validação.
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: O nome dos construtos foi reduzido de forma a se adequar à figura. A seguir, encontra-se o significado
para os mesmos: F1 Usabilidade; F2 Funcionalidade; F3 Portabilidade; F4 Confiabilidade; QPG
Qualidade Percebida Global; SAT – Satisfação; BOCA / REC – Boca a boca / Recomendação; LEA –
Lealdade; e ORG – Orgulho. Além disso, optou-se por mostrar no modelo apenas as relações entre os
construtos; as relações entre as variáveis e os construtos serão exibidas abaixo em uma tabela.
Observa-se que a F3 - Portabilidade é o fator que tem principal influência na QPG,
seguida da F4 Confiabilidade, da F1 Usabilidade e por fim da F2 Funcionalidade. O
construto QPG apresenta uma carga significativa ao nível de 0,71 na satisfação, sendo
responsável por 51% das variações da última.
F1
F2
F3
F4
QPG
SAT
R
²
-
51%
BOCA /
REC
R
²
= 80%
LEA
R
²
= 60%
ORG
R
²
= 89%
0,54**
0,44**
0,65**
0,64**
0,71**
0,95**
0,77**
0,90**
Medidas de ajuste:
c
2
=413,139
G.l
.=222
c
2
/G.l=1,861
GFI
=0,881
AGFI
=0,852
RMSEA=0,053
**Caminho
é
significativo ao n
í
vel de 0,1% (p < 0,001)
91
a satisfação apresenta um impacto significativo ao nível de 0,1% no Boca a boca /
Recomendação, Lealdade e Orgulho, sendo as cargas de 0,95, 0,77, e 0,90, respectivamente.
Verifica-se que a satisfação é responsável por 80% das variações do Boca a boca /
Recomendação, 60% da Lealdade e 89% do Orgulho.
A Tabela 14 apresenta as cargas da regressão e sua significância, além da carga
padronizada e da correlação múltipla das variáveis do modelo. Conforme mencionado
anteriormente, as relações são significativas ao nível de 5% ou 1% quando o t crítico é de 1,65
(α = 0,05) ou 2,236 (α = 0,01). Com base nesse critério, é possível verificar que todas as
relações do modelo foram significativas ao nível de 1%.
Tabela 14 - Estimativas de mensuração do modelo proposto (continua).
Construto Dependente
Construto
Independente
Reg.
a
Erro
b
Valor T
c
Padrão
d
F1 - Usabilidade
Qualidade Percebida
Global
0,79 0,13 6,10 0,54
F2 - Funcionalidade
Qualidade Percebida
Global
0,26 0,09 3,05 0,44
F3 - Portabilidade
Qualidade Percebida
Global
0,62 0,12 5,03 0,65
F4 - Confiabilidade
Qualidade Percebida
Global
1,25 0,17 7,38 0,64
Satisfação
Qualidade Percebida
Global
0,78 0,12 6,82 0,71
Orgulho Satisfação 2,45 0,25 9,94 0,90
Lealdade Satisfação 1,13 0,11 9,88 0,77
Boca a boca /
Recomendação
Satisfação 1,83 0,18 9,94 0,95
B10 F1 - Usabilidade 1,00 - - 0,78
B9 F1 - Usabilidade 1,10 0,07 15,05 0,89
B8 F1 - Usabilidade 1,27 0,08 15,32 0,93
B12 F2 - Funcionalidade 1,00 - - 0,41
B2 F2 - Funcionalidade 1,90 0,45 4,23 0,87
B10 F2 - Funcionalidade 1,16 0,24 4,87 0,62
92
Tabela 14 - Estimativas de mensuração do modelo proposto (conclusão).
Construto Dependente
Construto
Independente
Reg.
a
Erro
b
Valor T
c
Padrão
d
B20 F3 - Portabilidade 1,00 - - 0,53
B19 F3 - Portabilidade 1,95 0,33 5,95 0,84
B18 F3 - Portabilidade 1,26 0,22 5,81 0,58
B14 F4 - Confiabilidade 1,00 - - 0,88
B6 F4 - Confiabilidade 0,66 0,12 5,51 0,62
C1 Satisfação 1,67 0,14 12,07 0,82
C3 Satisfação 1,00 - - 0,77
C7 Satisfação 1,07 0,08 13,34 0,79
C4 Orgulho 1,03 0,04 28,85 0,95
C5 Orgulho 1,00 - - 0,94
C6 Orgulho 0,81 0,04 19,62 0,86
C8
Boca a boca /
Recomendação
1,02 0,10 10,71 0,70
C9
Boca a boca /
Recomendação
1,00 - - 0,78
C10
Boca a boca /
Recomendação
1,02 0,08 13,13 0,83
C11 Lealdade 0,95 0,11 8,41 0,60
C12 Lealdade 1,00 - - 0,81
C13 Lealdade 1,01 0,08 12,93 0,85
Fonte: Dados da pesquisa.
Observações: a) peso de regressão: corresponde ao valor da estatística não padronizada. b) erro padrão: erro da
estimativa não padronizada. c) valor t: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão e, se superior
a 2,236, indica validade convergente ao nível de 1%. d) peso padronizado: indica a correlação entre o indicador e
o construto latente.
A qualidade de ajuste de um modelo mede a correspondência da matriz de dados de
entrada reais ou observados (covariância ou correlação) com aquela prevista pelo modelo
proposto (HAIR et al., 2005). Os autores ressaltam que o pesquisador deve tomar precauções
contra “superajustamento” do modelo aos dados. Ou seja, deve ser mantida certa proporção
93
entre o número de coeficientes estimados e o número de respondentes de forma a obter
parcimônia (a conquista de melhor ou maior ajuste para cada coeficiente estimado).
Para verificar o ajuste do modelo estrutural foram utilizadas medidas de ajuste
absoluto e parcimonioso. As medidas de ajuste absoluto avaliam apenas o ajuste geral do
modelo não levando em conta o “superajustamento”. as medidas de ajuste parcimonioso,
avaliam a parcimônia do modelo proposto pela análise do ajuste versus o número de
coeficientes estimados necessário para atingir aquele nível de ajuste. No Quadro 5 são
apresentados os valores encontrados e os valores desejados para as medidas de ajuste.
Quadro 5 - Índices de ajuste do modelo proposto.
Ajuste
Índice
Valor
Encontrado
Valor Desejado
χ
2
(Qui-quadrado)
413,139 N.A
RMSEA (Raiz do erro quadrático médio de aproximação) 0,053 Inferior a 0,080
Absoluto
GFI (Índice de qualidade de ajuste) 0,881 Superior a 0,900
AGFI (Índice ajustado de qualidade de ajuste) 0,852 Superior a 0,900
Parcimo
nioso
χ
2
/G.l (Qui-quadrado escalonado)
1,861 Entre 1,000 e 3,000
Nota - Coluna valor desejado construída tendo-se como base os limites aceitos na literatura (HAIR et al., 2005).
Fonte: Dados da pesquisa.
Finalmente, foi avaliada a adequação da solução estrutural obtida. É importante
salientar que não ocorreram estimativas ofensivas, tais como variâncias de erro não
significantes, o que indica uma relativa estabilidade da solução (HAIR et al., 2005).
Para avaliar o ajuste absoluto do modelo foram usados o RMSEA (Raiz do erro
quadrático médio de aproximação) e o GFI (Índice de qualidade de ajuste). De acordo com os
parâmetros estabelecidos na literatura (HAIR et al., 2005) pode se verificar no Quadro 5 que o
GFI ficou muito próximo do limite estabelecido e que o RMSEA ficou dentro do limite.
94
Já para avaliar o ajuste parcimonioso utilizou-se o índice de qualidade de ajuste
calibrado (AGFI), o qual é ajustado pela razão entre os graus de liberdade para o modelo e o
qui-quadrado escalonado. O AGFI ficou um pouco abaixo do limite estabelecido, enquanto o
qui-quadrado escalonado ficou dentro do esperado.
Desse modo, mesmo que o modelo não apresente um ajuste perfeito, o seu
ajustamento é moderado, permitindo que inferências acerca das relações causais estimadas
sejam tecidas.
5.4 Avaliação do modelo hipotético da pesquisa
Com base nos resultados obtidos, pode-se afirmar que a qualidade percebida em
relação aos softwares é um construto de várias dimensões, e apresenta impactos sobre as
atitudes e intenções comportamentais dos usuários.
As dimensões que mais contribuem com a percepção de qualidade por parte dos
usuários são a Portabilidade, Confiabilidade e a Usabilidade. Entende-se, portanto, que os
fatores ligados às experimentações do usuário se mostraram mais relevantes na constituição
da Qualidade Percebida Global, por afetarem mais significativamente as atitudes e intenções
comportamentais dos mesmos.
Considerando-se que a Qualidade Percebida Global apresenta uma elevada capacidade
preditiva da satisfação e que esta tem impactos elevados sobre a propensão à lealdade, o
orgulho e a comunicação boca a boca / recomendação, é fundamental que as empresas de
desenvolvimento de softwares ofereçam produtos de elevada qualidade. Para tanto, devem-se
contemplar principalmente as dimensões que mais contribuem com a percepção de qualidade
por parte dos usuários, conforme mencionado anteriormente.
95
Como havia sido suposto no modelo hipotético da pesquisa, constatou-se que a
satisfação apresenta impacto positivo sobre as atitudes e intenções comportamentais dos
usuários de software, confirmando todas as hipóteses propostas.
Quadro 6 - Resultados da avaliação das hipóteses.
Hipóteses Resultados
H1
A qualidade percebida global apresenta uma relação monotônica positiva sobre a
satisfação dos clientes.
Suportada
H2
A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre a comunicação boca a boca
/ recomendação dos clientes.
Suportada
H3
A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre a propensão à lealdade dos
clientes.
Suportada
H4
A satisfação apresenta uma relação monotônica positiva sobre o orgulho dos clientes.
Suportada
Fonte: Dados da pesquisa.
96
6 CONCLUSÕES
A principal contribuição deste trabalho está na validação de um modelo teórico
adaptado que procura ser ferramenta de avaliação da qualidade percebida pelos usuários de
software e, ainda, de identificação dos impactos da qualidade percebida em atitudes e
intenções comportamentais. Este estudo também contribuiu para o reforço da teoria que
relaciona o construto qualidade percebida global com outros, chamados consequentes, tais
como satisfação, propensão à lealdade, orgulho e comunicação boca a boca / recomendação,
indicando que os mesmos não são conceitos isolados, mas se interligam.
Os resultados obtidos na pesquisa permitiram concluir que a qualidade percebida pelos
usuários de software é um construto multidimensional que pode ser avaliado através de quatro
fatores latentes: Fator 1 Usabilidade; Fator 2 Funcionalidade; Fator 3 - Portabilidade;
Fator 4 Confiabilidade. A variância explicada pelos quatro fatores foi de 71,63%. A solução
fatorial apresentou resultados satisfatórios, já que o percentual total superou o desejado de
60%.
A avaliação da confiabilidade da escala foi realizada através da avaliação da
consistência interna das variáveis, por meio do Coeficiente Alfa de Cronbach (α). Todos os
fatores apresentaram valores superiores ao exigido indicando uma satisfatória consistência
interna.
Foi possível concluir que os construtos apresentaram evidências de validade
convergente e discriminante, através de técnicas de análise fatorial confirmaria, em que
todos os indicadores atingiram valores mínimos necesrios. Dessa forma, é possível
afirmar que a escala desenvolvida neste estudo, apresentou níveis adequados de
confiabilidade e validade.
97
Os dados empíricos suportam razoavelmente o modelo hipotico da pesquisa. O
modelo apresentou elevada capacidade preditiva, que pode explicar 51% da varncia do
construto Satisfação. Verificou-se também que a satisfação é responsável por 80% das
variações do Boca a boca / Recomendação, 60% da Propensão à Lealdade e 89% do Orgulho.
Notavelmente observou-se que a qualidade é um determinante da satisfação dos
usuários e que o construto satisfação exerce impacto significativo sobre as intenções
comportamentais dos usuários perante os softwares. Em especial nota-se um impacto
significativo sobre a comunicação boca a boca / recomendação (quanto mais satisfeitos menos
tendem a reclamar) e o orgulho. Isto realça a importância de se manter a satisfação dos
clientes por meio do gerenciamento adequado da qualidade, permitindo incentivar a
divulgação de uma imagem positiva do software e reduzindo a probabilidade de o cliente
trocá-lo por outras fontes alternativas em um cenário futuro.
Sob o aspecto gerencial, o modelo teórico apresentado demonstra a necessidade de
estimular investimentos nos componentes do construto qualidade percebida global, como
usabilidade, funcionalidade, portabilidade e confiabilidade que, de acordo com a pesquisa,
produzem efeitos positivos na satisfação dos usuários que, por sua vez, exerce influência
direta sobre o orgulho em utilizar o software e sobre a comunicação boca a boca /
recomendação. A satisfação também exerce influência direta em sua propensão à lealdade.
Desta forma, ações que aumentem a percepção de qualidade terão impacto positivo na
intenção dos usuários em permanecer utilizando o software, reforçando também a percepção
de valor e a segurança quanto à confiança na empresa.
98
7 LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Apesar das escolhas metodológicas realizadas estarem alinhadas e coerentes com o
objetivo do estudo, as limitações decorrentes destas escolhas podem ser observadas de formas
distintas. O survey, segundo Malhotra (2001), apresenta certas deficiências como à perda de
validade de certos tipos de dados como crenças e sensações, ou ainda a dificuldade de
formulação adequada de questões relativas à determinada situação. A utilização de survey,
embora possua vantagens mencionadas anteriormente, é considerada por alguns pesquisadores
como superficial, por não identificar as causas do problema. Sendo assim, embora o modelo
proposto demonstre a relação existente entre as variáveis, ele não aprofunda a análise, no
sentido de identificar os motivos do resultado obtido, o que poderia exigir triangulações com
técnicos, entrevistas com gerentes e qualitativas.
Uma limitação deste trabalho é o universo pesquisado, que gerou uma amostra de 302
respondentes do questionário survey. Com amostras deste porte restringe-se a capacidade de
generalizações. Sugere-se a aplicação do modelo teórico validado por este trabalho em um
universo mais amplo. A aplicação dos questionários restringiu-se a um determinado mercado,
o da região metropolitana de Belo Horizonte, fazendo com que os dados e a interpretação dos
resultados possam ser característicos de um comportamento de compra localizado. Sugere-se
que pesquisas desta mesma natureza sejam realizadas em outras localidades do Estado e do
país, de modo a analisar diferentes comportamentos de usuários de software.
Os dados da pesquisa indicaram que apenas 10% dos respondentes são usuários que
trabalham na área de Tecnologia da Informação / Sistemas de Informação. Nesse sentido, é
possível que a percepção geral de qualidade e formação de intenções comportamentais por
parte dos respondentes ainda estejam em processo de formação, o que pode refletir-se em
especificidades observadas no teste final do modelo hipotético de pesquisa.
99
Outra limitação da pesquisa foi o grande número de softwares citados, podendo gerar
diferenças de comportamento nas respostas. Enquanto um usuário pode estar avaliando um
software complexo, outro usuário pode estar avaliando um software muito simples. Como
sugestão para resolver esta questão e obter um resultado mais consistente, seria interessante,
por exemplo, definir um sistema ERP específico para pesquisa, onde rias empresas que
utilizam o mesmo software poderiam avaliá-lo individualmente.
100
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Computação Regional de São Paulo – II ERI da SBC, 1997.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
WALTON, R. Quality of working life: What is it? Sloan management review, USA,
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Educational Psychology, v.71, n. 1, p.3-25, feb.1979. (Uma teoria da motivação para
algumas experiências de sala de aula. Tradução de Terezinha Pancini de Sá e M. R.
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model and synthesis of evidence. Journal of marketing, v.52, n. 3, p.2-22, jul. 1988.
109
Apêndice A - Questionário sobre Qualidade de Software
PESQUISA DE OPINIÃO
(Usuários de Software)
Bom dia / boa tarde, boa noite. Prezado (a) senhor (a), meu nome é ____________________________. Estamos
realizando uma pesquisa acadêmica de mestrado que tem como objetivo conhecer a opinião dos usuários
sobre Qualidade de Software. Sua participação é muito importante para o êxito do nosso trabalho. Cabe
ressaltar que o sigilo das informações será plenamente preservado. Por sua especial colaboração, antecipamos
nossos mais sinceros agradecimentos!
Nome do entrevistado:____________________________________ Telefone:________________
Questão 1. Cite o nome de três softwares que o (a) senhor (a) utiliza mais frequentemente:
1. ________________________________________________________________________________________
2. ________________________________________________________________________________________
3. ________________________________________________________________________________________
E
M RELAÇÃO EXCLUSIVAMENTE AO PRIMEIRO
S
OFTWARE CITADO NA QUESTÃO
1
, favor marcar um X nas
opções que melhor representem a sua opinião, sendo 0 para DISCORDO TOTALMENTE e 10 para CONCORDO
TOTALMENTE. Favor marcar valores intermediários para níveis médios de concordância ou discordância. Caso o
entrevistado não saiba avaliar ou a questão não se aplique, favor marcar “Não sei /Não se aplica” (NS/NA).
Afirmações sobre Qualidade de Software
NS/NA
Discordo
totalmente
Concordo
totalmente
1. Executa as tarefas a que se propõe.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2. Apresenta os resultados conforme o esperado.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3. É capaz de interagir com outros sistemas.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4. Evita acesso não autorizado, acidental ou deliberado.
NS/NA
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5. Os problemas que já surgiram neste software vêm sendo
corrigidos ao longo do tempo.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
6. É capaz de identificar e demonstrar erros.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7. É capaz de recuperar dados em caso de erro.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
8. É fácil entender como utilizar.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
9. É fácil aprender a operar.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10. Pode ser utilizado sem muito esforço.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11. Tem um visual bonito e agradável.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
12. Responde rapidamente aos comandos do usuário.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
110
13. Utiliza recursos de maneira eficiente. (Ex.: Memória,
processador, espaço em disco)
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
14. É fácil identificar um erro quando ele ocorre.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
15. É fácil adaptar o software a novas demandas. (Ex.: Criação
de uma nova funcionalidade)
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
16. Há risco de erro (s) quando modificações no software são
realizadas.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
17. É fácil testar quando modificações são realizadas.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
18. É de fácil adaptação em diversos ambientes operacionais.
(Ex: Windows XP, Windows Vista, Linux, MAC OS)
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
19. É fácil instalar em diversos ambientes operacionais.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
20. Pode ser facilmente desinstalado.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
21. Interfere no funcionamento de outro (s) software (s) quando
é desinstalado.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
22. Pode facilmente substituir outro (s) software (s).
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Apêndice B - Questionário sobre Atitudes e Intenções Comportamentais
Com relação às suas
ATITUDES E INTENÇÕES COMPORTAMENTAIS EM RELAÇÃO EXCLUSIVAMENTE AO
PRIMEIRO
S
OFTWARE CITADO NA QUESTÃO
1
, favor marcar um X nas opções que melhor representem a sua opinião,
sendo 0 para DISCORDO TOTALMENTE e 10 para CONCORDO TOTALMENTE. Favor marcar valores intermediários
para níveis médios de concordância ou discordância. Caso o entrevistado não saiba avaliar ou a questão não se aplique,
favor marcar “Não sei /Não se aplica” (NS/NA).
Atitudes e intenções comportamentais
NS/NA
Discordo
totalmente
Concordo
totalmente
1. Eu estou satisfeito em utilizar este software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2. Eu sinto prazer em utilizar este software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3. Utilizar este software tem atendido às minhas expectativas.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4. Eu sinto orgulho de utilizar este software.
NS/NA
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5. Eu fico envaidecido de contar para outras pessoas que
utilizo este software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
6. Utilizar este software é uma honra para mim.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7. Eu gosto de utilizar este software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
111
8. Eu recomendo às pessoas a utilizarem este software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
9. Eu só falo coisas positivas sobre este software para as
pessoas.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10. Eu não gostaria que as pessoas falassem mal deste software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11. Eu estou propenso a continuar utilizando este software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
12. Eu pretendo continuar utilizando as novas versões deste
software que forem lançadas no futuro.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
13. Mesmo que outras pessoas indiquem produtos concorrentes,
eu pretendo continuar utilizando este software.
NS/NA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I n f o r m a ç õ e s P e s s o a i s
1 . S e x o
1. Masculino 2. Feminino
2 . I d a d e
_______________
3 . P r o f i s s ã o
1. Profissional em Tecnologia da Informação / Sistemas de Informação / Ciência da Computação
2. Outro. Especificar: ____________________________________________________________
4 . R e n d a F a m i l i a r
1. Até R$ 2.000,00
2. R$ 2.001,00 a R$ 4.000,00
3. R$ 4.001,00 a R$ 6.000,00
4. R$ 6.001,00 a R$ 8.000,00
5. R$ 8.001,00 a R$ 10.000,00
6. R$ 10.001,00 a R$ 12.000,00
7. R$ 12.001,00 a R$ 14.000,00
8. R$ 14.001,00 a R$ 16.000,00
9. Acima de R$ 16.000,00
5 . E s c o l a r i d a d e
1. Não possui
2. Primário
3. Ensino médio
4. Superior incompleto
5. Superior completo
6. Especialização
7. Mestrado / Doutorado
6 . E s t a d o C i v i l
1. Casado / Amigado
2. Solteiro
3. Divorciado / Separado
4. Viúvo (a)
7 . F r e q u ê n c i a d e u t il i z a ç ã o ( Q u a n t a s v e z e s p o r s e ma n a v o c ê u t i li z a o s o f t w a r e e m
q u e s t ã o ? )
1. 1 vez por semana
2. 2 vezes por semana
3. 3 vezes por semana
4. 4 vezes por semana
5. 5 vezes por semana
6. 6 vezes por semana
7. 7 vezes por semana
8 . T e m p o d e u t i l i z a ç ã o ( H á q u a n t o t e m p o v o c ê u t i l i z a o s o f t w a r e e m q u e s t ã o ? )
1. Até 1 ano
2. De 1 a 2 anos
3.
De 2 a 3 anos
4.
De 3 a 4 anos
5. De 4 a 5 anos
6.
De 5 a 6 anos
7.
Acima de 6 anos
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