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Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
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Mariana Roberta Lopes Simões
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Belo Horizonte - MG
2010
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Mariana Roberta Lopes Simões
Análise do absenteísmo-doença dos
trabalhadores rurais de uma empresa florestal
em Minas Gerais
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da
Escola de Enfermagem da Universidade Federal de
Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Enfermagem.
Área de concentração: Planejamento, organização
e gestão de serviços de saúde e de enfermagem
Orientadora: Profª. Drª. Adelaide De Mattia Rocha
Belo Horizonte - MG
2010
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Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
1
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
2
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Enfermagem
Programa de Pós-Graduação
Dissertação intituladaAnálise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma
empresa florestal em Minas Gerais”, de autoria da mestranda Mariana Roberta Lopes Simões,
aprovada pela banca examinadora constituída pelas seguintes professoras:
______________________________________________________
Profª. Drª. Adelaide De Mattia Rocha - Escola de Enfermagem da UFMG - Orientadora
______________________________________________________
Prof. Dr. Luciano José Minette - Universidade Federal de Viçosa
______________________________________________________
Prof. Dr. Tarcísio Márcio Magalhães Pinheiro - Escola de Medicina da UFMG
______________________________________________________
Profª. Drª. Tânia Couto Machado Chianca
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da UFMG
Belo Horizonte, 26 de novembro de 2010
Av. Professor Alfredo Balena, 190 - Belo Horizonte, MG - 30130-100 - Brasil - tel.: (031)XX34099886
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
3
Dedico este trabalho à todos os trabalhadores desse Brasil
,
em especial os trabalhadores rurais
, que lutam no dia a dia nas
mais diversas e adversas condições de trabalho, sempre com um sorriso
no rosto e a esperança no peito.
Que esta obra possa contribuir verdadeiramente para conquista de
espaços de trabalho que garantam e promovam a saúde
do homem,
e que todo homem tenha seus direitos reconhecidos,
independente de onde trabalhem e do que fazem.
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Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
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Agradeço primeiramente a DEUS
pela realização deste sonho. Guiada por Suas mãos e infinitamente incentivada pela tão
querida e saudosa Vó Eme
,
permaneci resistente na caminhada do mestrado. Agora, junto ao Pai, sei que suas
orações continuam a me sustentar nos desafios da vida.
De maneira muito especial, agradeço a oportunidade e a confiança da
Profª. Drª. Adelaide De Mattia Rocha
,
minha querida orientadora. Não tenho palavras para expressar a gratidão que lhe terei
eternamente. Espero, dedicando-
lhe esta conquista, retribuir um pouco do muito que
fez por mim nesta caminhada.
À empresa que trabalho, aos colegas de trabalho
e em especial ao amigo Tiago Morais
,
meus sinceros agradecimentos pela oportunidade de estudar
e de aprendermos juntos.
Agradeço aos colegas de turma do mestrado, particularmente
Walquíria, Gisele e Maria Emília
,
que sempre se fizeram presentes.
A
gradeço a prontidão, respeito e dedicação do amigo
Edilson, e do Prof. Dr. Adriano Maçal Pimenta
.
À minha mãe e irmãs, Mili e
,
agradeço pelo apoio, orações, confiança e AMOR dedicados.
Aos meus familiares e amigos
,
pela torcida e pelo carinho.
Por fim, ao meu companheiro de todas as horas, com quem dividi as maiores
alegrias e frustrações dessa empreitada, Claudinho
,
essa conquista é nossa!
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Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
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Ooooooooh! Oooi!
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
È duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...
É ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...
Êeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado
Êh!
Povo feliz!...
Zé Ramalho
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
6
RESUMO
SIMÕES, M. R. L. Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais
de uma empresa florestal em Minas Gerais. 2010. 75 f. Dissertação (Mestrado
em Enfermagem) - Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2010.
O objetivo deste estudo foi analisar os fatores associados ao absenteísmo-doença
dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais. Trata-se de um
estudo transversal, analítico, realizado com 883 trabalhadores de uma empresa
florestal em Minas Gerais. Realizou-se o levantamento de todos os atestados médicos
emitidos na empresa no ano de 2009. Utilizou-se para análise dos dados estatística
descritiva, regressão logística com análises bi e multivariadas e odds ratio com nível
de significância de p<0,05. Os resultados indicaram uma prevalência de 54,0% de
atestados na população, com a perda de 7655 dias. Os agravos mais prevalentes
foram os referentes ao aparelho osteomuscular (23,5%), seguidos do aparelho
respiratório (14,0%) e as lesões, envenenamentos e outras consequências de causas
externas (9,0%). A análise multivariada revelou que as variáveis função, setor e
tempo de trabalho na empresa estiveram associadas à ocorrência do absenteísmo-
doença. Os achados fornecem evidências importantes sobre a relação entre fatores
ocupacionais e demográficos e o absenteísmo-doença dos trabalhadores florestais.
Conclui-se que o trabalho rural nos ambientes florestais tem relevância o suficiente
para que estudos mais aprofundados sejam realizados, considerando a complexidade
do tema relacionado à saúde e trabalho.
Palavras-chave: Saúde do Trabalhador. Absenteísmo. Silvicultura. Trabalhadores
Rurais.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
7
ABSTRACT
SIMÕES, M. R. L. Analysis of absenteeism-disease of the rural workers of a
forestry company in Minas Gerais. 2010. 75 f. Dissertation (Master Degree in
Nursing) - Nursing School, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2010.
The aim of this study was to evaluate the factors associated with absenteeism-
disease of the rural workers of a forestry company in Minas Gerais - Brazil. This is a
cross-sectional, analytical study performed on 883 workers of a forestry company in
Minas Gerais. It was conducted a survey of all medical certificates issued in the
company in the year 2009. It was used for data analysis descriptive statistics, logistic
regression with bivariate and multivariate analysis and odds ratios with significance
level of p<0.05. The results indicated a prevalence of 54.0% of statements in the
population, with the loss of 7,655 days. The most prevalent injuries were related to
the musculoskeletal system (23.5%), followed by respiratory system (14.0%) and
injuries, poisoning and other consequences of external causes (9.0%). Multivariate
analysis revealed that the variables function, sector and labor time in the company
were associated with the occurrence of absenteeism-disease. The findings provide
important evidence about the relationship between demographic and occupational
factors and absenteeism-disease of forest workers. It is concluded that the rural
work in the forests is relevance enough that further studies should be performed,
considering the complexity of the issue related to health and work.
Key-words: Occupational Health. Absenteeism. Forestry. Rural Workers.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 -
Localização da Microrregional de Curvelo / Minas Gerais...... 33
Gráfico 1 -
Distribuição da população de trabalhadores flor
estais,
segundo características sócio-
demográficas e ocupacionais.
Curvelo / Minas Gerais, 2009.............................................
41
Gráfico 2 -
Prevalência de atestados médicos entre os trabalhadores
florestais, segundo características sócio-
demográficas e
ocupacionais. Curvelo / Minas Gerais, 2009........................
43
Gráfico 3 -
Distribuição do número de atestados médicos, número de
dias perdidos e média de dias perdidos por atestado,
segundo Capítulo da CID-10, entre os trabalhado
res
florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009..............................
46
Gráfico 4
-
Distribuição dos atestados por agravos do Capítulo X da
CID-
10, doenças do aparelho respiratório, entre os
trabalhadores florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009.........
47
Gráfico 5 -
Distribuição dos atestados por agravos do Capítulo XIII da
CID-
10, doenças osteomusculares, entre os trabalhadores
florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009 .............................
48
Gráfico 6 -
Distribuição dos atesta
dos por agravos do Capítulo XIX da
CID-
10, lesões, envenenamentos e algumas outras
consequências de causas externas, entre os trabalhadores
florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009..............................
48
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
9
LISTA DE TABELAS
1 -
Distribuição percentual da população de trabalhadores florestais,
segundo funções nos setores da empresa. Curvelo / Minas Gerais,
2009.............................................................................................
42
2 - Distribuição dos
atestados médicos entre os trabalhadores florestais,
segundo número de dias de afastamento por atestados e número
total de dias perdidos. Curvelo / Minas Gerais, 2009.........................
45
3 - Prevalência, Odds ratio (OR) e Intervalo de confiança
(IC95%) para
atestados médicos, segundo características sócio-
demográficas e
ocupacionais dos trabalhadores florestais. Curvelo / Minas Gerais,
2009.............................................................................................
50
4 - A
nálise ajustada da prevalência, Odds ratio (OR) e Intervalo de
confiança (IC95%) para os atestados médicos, segundo
características sócio-
demográficas e ocupacionais dos trabalhadores
florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009...........................................
52
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
10
LISTA DE SIGLAS
Aj. - Ajudante
Cap - Capítulo
CBO - Classificação Brasileiro de Ocupações
CID-10 - Classificação Internacional das Doenças - 10ª edição
CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas
COEP - Comitê de Ética e Pesquisa
DP - Desvio-padrão
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC95% - Intervalo de Confiança 95%
ILO - Internation Labour Organization
OIT - Organización Internacional del Trabajo
Op. - Operador
OR - Odds Ratio
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PEVS - Produtos da Extração Vegetal e da Silvicultura
PIB - Produto Interno Bruto
SESTR - Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural
SPSS - Statistical Package for Social Science
UTM - Unidade de Tratamento de Madeira
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 13
1.1 Justificativa.................................................................................... 19
2 OBJETIVOS.................................................................................. 21
2.1 Geral............................................................................................. 21
2.2 Específicos..................................................................................... 21
3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................. 22
3.1 O trabalho rural/florestal................................................................. 23
3.2 O absenteísmo-doença................................................................... 25
3.3 Relação trabalho e adoecimento no meio rural/florestal.................... 27
4 METODOLOGIA........................................................................... 32
4.1 Delineamento................................................................................. 33
4.2 Local do estudo.............................................................................. 33
4.3 População do estudo...................................................................... 36
4.4 Critérios de inclusão....................................................................... 36
4.5 Critério de exclusão........................................................................ 36
4.6 Coleta de dados............................................................................. 37
4.7 Variáveis do estudo........................................................................ 37
4.7.1 Variáveis dependentes (desfechos).................................................. 37
4.7.2 Variáveis independentes................................................................. 37
4.7.2.1
Sócio-demográficas........................................................................ 37
4.7.2.2 Ocupacionais................................................................................. 38
4.8 Análise dos dados.......................................................................... 38
4.9 Aspectos éticos..............................................................................
39
5 RESULTADOS.............................................................................. 40
5.1 Descrição do universo da pesquisa.................................................. 41
5.2 Descrição dos atestados médicos - Absenteísmo-doença................... 43
5.3 Análise da ocorrência de atestados médicos - Absenteísmo-doença.... 49
6 DISCUSSÃO................................................................................. 53
6.1 Perfil da população......................................................................... 54
6.2 Ocorrência de atestados médicos.................................................... 56
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
12
6.3 Ocorrência dos principais agravos.................................................... 57
6.4 Fatores associados à ocorrência de atestados médicos...................... 60
6.4.1 Tempo na empresa........................................................................ 60
6.4.2 Função.......................................................................................... 61
6.4.3 Setor............................................................................................. 62
7 CONCLUSÃO................................................................................ 63
8 RECOMENDAÇÕES.......................................................................
66
REFERÊNCIAS............................................................................. 68
ANEXO......................................................................................... 74
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
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Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
14
1 INTRODUÇÃO
A motivação para realização deste trabalho surgiu a partir da necessidade de
atuação profissional da pesquisadora, enfermeira do trabalho de uma empresa
florestal, após constatação de um elevado número de ausências ao trabalho em
decorrência de atestados médicos.
A efetivação da pesquisa teve início com a observação do problema, e se
consolidou através da investigação criteriosa da ocorrência dos atestados por motivo
de saúde.
Na intenção de conhecer, com maior profundidade, os motivos e o
comportamento da ocorrência dos atestados médicos entre os trabalhadores
florestais, a pesquisadora passou a acompanhar o evento, criando e alimentando um
banco de dados na perspectiva de construir um instrumento útil no planejamento ao
nível coletivo de trabalho.
Os estudos realizados para a confecção do banco de dados levou ao
entendimento da complexidade do tema e do cuidado na escolha das variáveis a
serem consideradas que melhor contribuíssem para o levantamento das
necessidades em saúde dos trabalhadores, em especial dos trabalhadores rurais do
setor florestal.
O termo rural pode ser entendido como sendo todo espaço não urbanizado
onde se desenvolvem atividades econômicas diversas, com representatividade na
organização de grupos populacionais (PERES, 2009).
Abordar a temática da saúde e trabalho no meio rural brasileiro apresenta
diversos desafios, principalmente derivados da complexidade e da diversidade de
processos de trabalho no setor (ALESSI; NAVARRO, 1997).
A produção rural, outrora destinada à subsistência familiar, hoje passou a ser
determinada pela incorporação de novas áreas ainda não cultivadas, pela introdução
de novas culturas, a generalização do uso de insumos e máquinas, pelo crescente
uso da engenharia genética e pelas variadas possibilidades de destinação dos
produtos (ALESSI; NAVARRO, 1997). Concomitante às mudanças nos processos de
trabalho, também ocorrem mudanças nas relações de trabalho do meio rural,
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
15
especialmente com a propagação do trabalho assalariado e com a crescente
concentração fundiária.
Nesse âmbito, várias categorias de trabalhadores foram incorporadas e
desenvolvidas. O espaço rural passou a ser marcado pela introdução e diversificação
de tecnologias e subordinação ao capital.
Essas transformações apresentam nuances diversas derivadas do tipo de
cultura, dos investimentos e das políticas governamentais de incentivo entre outros
fatores (ALESSI; NAVARRO, 1997). O impacto dessas mudanças inclui o surgimento
de novos perfis de trabalhador e novas habilidades para o trabalho.
Nessa perspectiva, encontra-se o setor florestal brasileiro, que, com o
aumento das demandas por madeira, a partir principalmente da década de 90,
transforma-se na busca por alternativas mais seguras e adequadas de produção que
garantam a sustentabilidade econômica, ambiental e social (SILVA
et al.
, 2009).
A esfera de trabalho florestal é constituída tanto pelo cultivo de florestas,
como pela extração delas e também pela transformação de seus produtos
(POSCHEN, 1993). É essa diversidade que faz do setor um importante instrumento
na construção do novo cenário do trabalho rural brasileiro, caracterizando-se por
processos produtivos manuais conjugados às tecnologias industriais.
O crescimento da produção das empresas florestais brasileiras e das
demandas internacionais por produtos dessa cadeia, tem tornado o Brasil um dos
maiores países exportadores de produtos florestais. Ao longo dos anos, o setor
florestal vem destacando-se como um dos setores de maior crescimento nacional,
contribuindo para a geração de empregos e renda (VALVERDE
et al
., 2004).
Segundo a Sociedade Brasileira de Silvicultura (2006) a produção das
reflorestadoras brasileiras representa 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional,
empregando, formalmente, 6,5 milhões de pessoas direta e indiretamente em todos
os seus segmentos. Internacionalmente, o Brasil contribuiu com 4,6% das
exportações mundiais de produtos florestais.
Dentre estes, destaca-se o carvão, sendo o estado de Minas Gerais, segundo a
pesquisa sobre Produtos da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007), responsável por 78% da
produção nacional de carvão de florestas cultivadas.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
16
O crescimento da produção e a modernização tecnológica implicaram em
intensa mobilização de contingentes humanos, e, de maneira geral, não contribuíram
para a melhoria das condições de vida e trabalho no meio rural, ao contrário,
reforçaram a histórica exploração da força de trabalho e aumento dos fatores de
riscos à saúde dos trabalhadores (PERES, 2009; SILVA
et al.
, 2005; SILVA; GROSSI;
CAMPANHOLA, 2002).
Os trabalhadores rurais, tradicionalmente, continuam sendo relegados à
marginalização social, apresentam baixa qualificação profissional e baixos salários.
São trabalhadores empobrecidos e com baixo acesso a bens e serviços
(PERESTRELO; MARTINS, 2003).
O desenvolvimento econômico do setor florestal, conjugado a crescente
incorporação das tecnologias, fez com que suas atividades laborais ultrapassassem
os domínios dos riscos do trabalho rural exclusivamente manual. E, se por um lado a
mecanização reduziu a demanda de força e energia dos operadores, por outro a
coexistência das atividades florestais manuais faz com que o setor mantenha o seu
caráter de trabalho eminentemente pesado. Esse trabalho, não raramente, leva à
sobrecarga dos trabalhadores por exigir deles esforços físicos exacerbados com alto
consumo de energia (GRANDJEAN, 1998).
Couto (1987) ressalta que o trabalho realizado ao tempo é desgastante,
produz fadiga, extenuação física e nervosa, diminuição do rendimento e aumento dos
erros e riscos de acidentes de trabalho, além de expor o organismo humano a
diversas doenças.
Os fatores de risco e as cargas de trabalho originam, forçadamente,
mecanismos de adaptação no organismo trabalhador. Esses mecanismos são gerados
pela capacidade de resposta do corpo humano diante de condições específicas que,
quando ultrapassam a capacidade do trabalhador, se traduzem em desgastes
(LAURELL; NORIEGA, 1989).
As cargas de trabalho do processo produtivo conhecido como industrial-
florestal, tem causado impactos negativos sobre a saúde dos trabalhadores, surgindo
assim doenças e acidentes com graves repercussões na vida dos trabalhadores
(PIGNATI; MACHADO, 2005).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
17
Para além de simplesmente representar o adoecimento, o desgaste do
trabalhador pode ser entendido como a perda da capacidade potencial e / ou efetiva
corporal e psíquica do trabalhador. Normalmente, os desgastes o moldados pelas
ações da coletividade, definindo um perfil patológico para os diferentes grupos de
trabalhadores. O perfil de adoecimento bem como os modos de atender as
necessidades humanas são construídos diferentemente no tempo, lugar e nas formas
de organização social, o que caracteriza o fenômeno como dinâmico, dependente e
historicamente determinado (LAURELL; NORIEGA, 1989).
O processo de desgaste, com a perda ou diminuição da capacidade para o
trabalho, pode levar o trabalhador a se ausentar dos seus compromissos de trabalho
para se recompor física e/ou psiquicamente. A ausência do trabalhador às suas
atividades laborais, comumente é definido na literatura como absenteísmo.
O termo absenteísmo é definido como ausência do trabalhador ao trabalho, no
entanto, pode ser categorizado das seguintes maneiras: absenteísmo voluntário
aquele que o trabalhador falta por razões particulares; absenteísmo legal aquela falta
que é amparada por lei, tal como a licença maternidade; absenteísmo compulsório
no qual o trabalhador falta por impedimento de ordem disciplinar e por último,
absenteísmo-doença que se deve ao adoecimento do trabalhador, podendo este
último ser subdivido em doenças relacionadas ao trabalho, acidentes do trabalho e
doenças não relacionadas diretamente ao trabalho (QUICK; LAPERTOSA, 1982; SALA
et al.
, 2009). As ocorrências do absenteísmo-doença, geralmente são conferidas por
meio de atestados médicos.
Considerando que as doenças, em geral, e os acidentes no trabalho são as
principais origens do absenteísmo, chegando a cerca de 75% das faltas no setor
industrial por exemplo, é perceptível o prejuízo representado pelo adoecimento dos
trabalhadores para as empresas e para a sociedade (ORGANIZACIÓN
INTERNACIONAL DEL TRABAJO (OIT, 1989).
Além de gastos diretos com o atendimento ao trabalhador adoecido, tem-se
ainda os custos indiretos representados pela desorganização do ambiente, pela
diminuição da produtividade, sobrecarga dos colegas e insatisfação no trabalho
(QUICK; LAPERTOSA, 1982; SILVA; MARZIALE, 2006).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
18
Além disso, para North
et al
. (1993), as ausências ao trabalho por doença são
importantes indicadores de problemas de saúde, das causas de perdas na
produtividade e da habilidade dos próprios trabalhadores para lidarem com o seu
trabalho.
O absenteísmo-doença então se constitui em uma questão complexa, cuja
etiologia é de caráter multifatorial, resultante da interação entre fatores individuais,
sociais e laborais, numa proporção nada simples de ser estabelecida (DANATRO,
1997).
O adoecimento dos trabalhadores é determinado por diversos fatores, desde
os macro-determinantes, de ordem estrutural e social; a outros mais específicos,
internos aos diferentes processos de trabalho e relacionados a cada tarefa (PERES,
2009).
Essa constatação permite compreender parte das dificuldades que fazem com
que ainda haja escassez e inconsistência nas informações referentes à realidade da
saúde dos trabalhadores, especialmente os trabalhadores dos ambientes rurais
brasileiros (DIAS, 2006).
Uma rie de agravos à saúde conhecidamente levam ao absenteísmo-doença
entre os trabalhadores rurais. Entre esses agravos podemos citar as doenças
respiratórias, cutâneas, as doenças do aparelho osteomuscular e outras. Alguns
desses agravos e até mesmo a morte de trabalhadores rurais da agroindústria
brasileira, têm sido relacionados às condições e às relações de trabalho que são
estabelecidas neste setor (ALVES, 2006).
Apesar disso, no estudo realizado com trabalhadores rurais de Canguçu, Rio
Grande do Sul, a questão da relação entre trabalho e saúde apresentou uma
dimensão ambígua, identificada pelos próprios trabalhadores, como favorável tanto
como prejudicial (RIQUINHO; GERHARDT, 2010).
Esse conflito pode ser resultado, entre outras coisas, das atuais
transformações nos padrões de produção e comércio no meio rural, que além de
introduzir mudanças radicais nas relações de trabalho, origina novos determinantes
de saúde e doença, o que requer inovações na organização das práticas de saúde e
segurança nos espaços de trabalho.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
19
1.1 Justificativa
O resultado da combinação entre as características manuais e industriais do
setor florestal faz com este seja destaque em todo o mundo, com os elevados os
índices de acidentes e de doenças (INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION/ILO,
1998). O trabalho no setor florestal é assim reconhecido pela grande penosidade e
riscos para seus trabalhadores.
Os padrões mundiais de produção e comércio, caracterizados pela
globalização, têm introduzido mudanças radicais nas relações de trabalho, nos
determinantes de saúde e doença, no quadro de morbimortalidades relacionadas ao
trabalho e na organização das práticas de saúde e segurança nos espaços laborais
(SILVA; BARBOSA JUNIOR; SANT’ANA, 2003).
Embora existam alguns estudos que buscam relacionar agentes etiológicos
isolados, acidentes e morbidades específicas do trabalho, são escassos os estudos
sobre a importância do trabalho na determinação do adoecimento comum (FASSA;
FACCHINI; DALL’AGNOL, 1996).
Normalmente esse adoecimento é constituído por agravos de etiologia
múltipla e representa perdas na capacidade para o trabalho com consequentes
ausências ao trabalho. Eventualmente esses agravos podem sofrer aumento da
frequência de sua ocorrência ou na precocidade de seu surgimento em
trabalhadores, sob determinadas condições de trabalho. Podem também sofrer
agravamento pelo trabalho ou este ser fator provocador de um distúrbio latente
(BRASIL, 2001). Nessas situações dificuldade de estabelecimento do nexo causal,
por não ser o trabalho considerado causa necessária.
A identificação do adoecimento através do acompanhamento do absenteísmo-
doença tem revelado suas altas prevalências e forte relação com o trabalho. O
estabelecimento dessa relação é ainda mais complexo quanto se trata de
trabalhadores rurais, sobre os quais pouco conhecimento é produzido.
A avaliação sistemática dos motivos que levam os trabalhadores a se
ausentarem do trabalho, por doença, pode oferecer sinalizações sobre as relações
existentes entre o trabalho executado e ocorrência dos agravos à saúde.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
20
Tendo em vista a relevância da informação para o sucesso do planejamento
de ações, espera-se que os resultados desta pesquisa possam subsidiar a criação e
adoção de programas de promoção da saúde dos trabalhadores florestais.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
21
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Analisar os fatores associados ao absenteísmo-doença dos trabalhadores
rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais.
2.2 Específicos
Descrever o perfil sócio-demográfico e ocupacional dos trabalhadores da
empresa;
Identificar e descrever a distribuição dos atestados médicos conforme
categoria do adoecimento, idade, sexo, setor de trabalho, função e tempo
de trabalho na empresa;
Identificar e descrever a distribuição dos agravos mais frequentes em
número de ocorrências e em número de dias perdidos;
Relacionar a função, o setor de trabalho, e o tempo do trabalhador na
empresa com a ocorrência de atestados médicos.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
22
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Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
23
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 O trabalho rural/florestal
O século 20 foi caracterizado por um intenso e contínuo processo de
mudanças tecnológicas e organizacionais nos cenários produtivos, acarretando
grandes transformações nos processos e nas relações de trabalho (SILVA
et al.
,
2005).
Para Laurell e Noriega (1989) o trabalho é uma atividade especificamente
humana, como atividade consciente para um fim, base da criatividade, possibilitando
a criação de novos objetos e novas relações entre os homens. A negação da
criatividade no trabalho poderia explicar como o trabalho, em alguns modos
produtivos, se tornaria destrutivo e não potencializador das capacidades humanas
dos trabalhadores, caracterizando o trabalho como alienador e explorador.
O trabalho, no modo de produção capitalista, nem sempre permite exercer a
criatividade. Ao assumir a necessidade de geração de mais-valia, nos processos de
valorização capitalista, o trabalho se desenvolve com base na exploração da força de
trabalho e na alienação do trabalhador.
Trabalhador é todo homem ou mulher que exerce atividade para sustento
próprio ou de seus dependentes, qualquer que seja a forma de inserção no mercado
de trabalho nos setores formais ou informais da economia. Estão incluídos os
trabalhadores assalariados, domésticos, avulsos, agrícolas, autônomos, servidores
públicos, empregadores e cooperados. Deve-se também considerar os indivíduos que
exercem atividades não remuneradas, em ajuda a um membro da família, ou que
trabalhem como estagiários. São considerados também trabalhadores aqueles que
estão afastados de suas atividades por doença, aposentadoria ou desemprego
(BRASIL, 2005).
Trabalhadores rurais são aqueles que exercem suas atividades de trabalho em
espaços não urbanizados (PERES, 2009).
O cenário rural, principalmente a partir da década de 80, sofreu inovações,
sendo caracterizado por um conjunto de atividade não somente de agricultura, mas
também ligadas a várias atividades industriais e de prestação de serviços.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
24
Atualmente, não se pode mais considerar o rural como sinônimo de agrícola, de
atraso tecnológico e de gestão familiar da terra e dos modos de cultivo dela (SILVA;
GROSSI; CAMPANHOLA, 2002).
A atividade rural brasileira inclui a lavoura, a pecuária, a atividade florestal, o
extrativismo, a pesca artesanal, entre outros (DIAS, 2006).
Estima-se que 20% da população economicamente ativa brasileira seja
composta por trabalhadores dos setores agrícola e extrativista (DIAS, 2006). Para
Alessi e Navarro (1997) mais de 15 milhões de pessoas desempenham algum tipo de
atividade rural, sendo em sua maioria, na condição de empregados.
O desenvolvimento rural brasileiro é marcado por profunda heterogeneidade
de processo de trabalho e de produção, de assimilação tecnológica, tipos de culturas
e de relação com a posse da terra (ALESSI; NAVARRO, 1997; DIAS, 2006). Essas
heterogeneidades têm sido vislumbradas tanto na produção em si como nas relações
de trabalho, resultando em um aumento e diversificação da produção rural bem
como na recriação de antigas e emergência de novas formas de organização do
trabalho (ALESSI; NAVARRO, 1997; SILVA; GROSSI; CAMPANHOLA, 2002).
Em se tratando das mudanças tecnológicas nesse meio, destaca-se a
substituição da mão-de-obra humana pela máquina em algumas atividades,
introdução de produtos químicos como os agrotóxicos e a biotecnologia, permitindo
modificações e seleções genéticas dos produtos (SILVA
et al.
, 2005).
O trabalhador, submetido a essa realidade, rompe com o tempo natural e
passa a ser regido pelo tempo do capital, ou o tempo que é valor (LAURELL;
NORIEGA, 1989). Nessa perspectiva, o trabalhador no sistema capitalista não vende
o trabalho, mas a sua força de trabalho.
Para Alessi e Navarro (1997, p. 113):
“[...] o trabalho no campo, sob a égide das relações capitalistas de
produção, passa a ser marcado pela extensão da jornada de trabalho,
intensificação do seu ritmo, pagamento por produção, decréscimo real do
valor dos salários e descumprimento dos direitos trabalhistas”.
A incorporação tecnológica, as mudanças dos padrões da organização do
trabalho e da comercialização dos produtos do campo, não se refletiram em
melhorias para o trabalhador. Ao contrário, em muitos casos representaram exclusão
social, pobreza, exploração da força de trabalho, desrespeito ao meio ambiente e
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
25
danos à sua saúde (ALESSI; NAVARRO, 1997; PERESTRELO; MARTINS, 2003; SILVA
et al.
, 2005).
Nesse contexto, encontra-se o setor de cultivo e colheita florestal brasileiro.
Um setor em ascensão econômica, cuja consolidação tem sido possível pelo o
aumento das demandas por madeira, impulsionando profundas mudanças no
mercado desse produto, aumentando as áreas plantadas, número de trabalhadores
envolvidos e a produtividade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2006;
VALVERDE
et al.
, 2004).
No mundo inteiro esse setor apresenta ainda uma variedade de formas de
realizar a mesma tarefa, dependo da organização do ambiente, da finalidade do
produto, da tecnologia empregada, da região onde é desenvolvida e do custo
demandado para o processo de produção. Para o trabalhador isso diversifica os
fatores de riscos e fazem do setor florestal um dos mais perigosos setores de
trabalho do mundo (OIT, 1989).
3.2 O absenteísmo-doença
Segundo Gehring Junior
et al.
(2007) a palavra “absenteísmo” tem sua origem
no francês (absenteisme) e significa falta de assiduidade ao trabalho ou a outras
obrigações sociais, que pode ser por doença ou qualquer outro motivo.
Para Quick e Lapertosa (1982) o termo absenteísmo é antigo e origina-se do
campo, tendo sido primeiramente aplicado a proprietários rurais que abandonavam
suas terras para viverem na cidade. Posteriormente, no período industrial, o termo
passou a definir os trabalhadores que faltavam ao trabalho.
Barboza e Soler (2003, p. 178) destacam que, usualmente, o termo
absenteísmo pode ser usado para representar a ausência ao trabalho, entretanto seu
significado é mais amplo e diz respeito ao “hábito de não comparecer, de estar
ausente”.
Apesar das definições para o termo, o certo é que, rios pesquisadores
tratam o tema absenteísmo como a falta do trabalhador aos seus compromissos de
trabalho, sendo representativo de uma infinidade de fatores presentes nas
organizações de trabalho e na vida dos trabalhadores. O absenteísmo pode estar
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
26
relacionado tanto ao próprio trabalhador como também à organização, à supervisão
deficiente, ao empobrecimento de tarefas, a falta de motivação e estímulo e a
condições desagradáveis de trabalho. Entre outras justificativas estão as doenças
efetivamente comprovadas, os motivos familiares, atrasos involuntários, faltas
voluntárias, dificuldades em relação ao meio de transporte e política organizacional
imprópria (BARBOZA; SOLER, 2003; COUTO, 1987; DANATRO, 1997; SILVA;
BARBOSA JUNIOR; SANT’ANA, 2003; SILVA; MARZIALE, 2006).
Do ponto de vista da classificação, o absenteísmo pode ser caracterizado em
cinco espécies:
a) absenteísmo-doença (ausência justificada por licença-saúde, sem relação
direta com o trabalho), b) absenteísmo-doença por patologia profissional (causado
por acidente de trabalho e/ou doença profissional), c) absenteísmo legal (respaldado
por lei), d) absenteísmo-compulsório (por suspensão imposta pelo patrão, por prisão
ou por outro impedimento de comparecer ao trabalho) e e) absenteísmo voluntário
(por razões particulares não-justificadas) (QUICK; LAPERTOSA, 1982; SALA
et al.
,
2009).
Nessa conjuntura, o absenteísmo representa uma questão complexa, fonte de
problemas para a organização dos ambientes de trabalho e para o trabalhador.
Couto (1987) aponta alguns problemas críticos e gerais que a ausência do
trabalhador pode representar tais como a diminuição da produtividade, o aumento
do custo da produção, refletindo no custo final do produto para o consumidor,
déficits previdenciários, diminuição do rendimento do próprio trabalhador e
sobrecarga de tarefas para a equipe de trabalho.
Na prática, o que se sabe é que independente do tipo, o absenteísmo
desorganiza o serviço, gera insatisfação e sobrecarga entre os trabalhadores
presentes, reduz a produção e se constitui em problema administrativo complexo e
oneroso por aumentar substancialmente o custo operacional (INOUE
et al.
, 2008).
Entre as categorias do absenteísmo: Voluntário, legal, compulsório e doença;
o doença, definido como absenteísmo-doença, torna-se especialmente prejudicial
que representa o comprometimento da capacidade física e psíquica para o trabalho
(QUICK; LAPERTOSA, 1982). Em específico, o conceito de “absenteísmo-doença” se
refere ao não comparecimento ao trabalho por motivo de doença ou problema de
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
27
saúde, subdividido em absenteísmo-doença relacionado ou não relacionado ao
trabalho (QUICK; LAPERTOSA, 1982).
O absenteísmo-doença é considerado o principal tipo de absenteísmo,
representando 75% do total das justificativas no setor industrial. Apesar de todas as
melhoras na oferta e qualidade da assistência à saúde, as taxas do absenteísmo-
doença têm aumentado de forma considerável nos países industrializados
(DANATRO, 1997). Para Couto (1987) diversos fatores estão relacionados à
ocorrência do absenteísmo-doença, dentre eles os fatores individuais, do trabalho,
sociais e culturais.
Estudos coincidem em sinalizar que o absenteísmo-doença, desde a revolução
industrial, aponta para a existência de múltiplos fatores como desencadeadores.
Sendo ele um complexo fenômeno de interação entre os fatores individuais, que
residem no fator humano, tomando o trabalhador como unidade básica da
organização do trabalho, suas expectativas, necessidades, valores, habilidades,
conhecimento e outros; os fatores laborais, relacionado às condições do ambiente de
trabalho e dos processos realizados, e os extra laborais, principalmente
representados pelos fatores sociais e culturais (BARBOZA; SOLER, 2003; COUTO,
1987; DANATRO, 1997; SILVA; MARZIALE, 2006).
3.3 Relação trabalho e adoecimento no meio rural/florestal
A Lei Orgânica da Saúde em seu parágrafo terceiro, artigo define que “a
saúde tem como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte,
o lazer e o acesso a bens e serviços essenciais”, para terminar afirma “os níveis de
saúde expressam a organização social e econômica do país” (BRASIL, 1990, p. 1).
Nessa perspectiva, a saúde dos trabalhadores é determinada por diversos
fatores, entre eles os fatores relacionados ao trabalho tais como os de natureza
física, química, biológica, mecânica e ergonômica presentes nos processos de
trabalho (BRASIL, 2001).
Nesse referencial, o conceito de cargas de trabalho é um ponto central para a
compreensão da dinâmica da relação do trabalho e do adoecimento. As cargas de
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
28
trabalho são reconhecidas como um conjunto de elementos externos (físicos,
químicos, mecânicos e biológicos) como internos (fisiológicos e psíquicos) presentes
nos ambientes e nas condições de trabalho que interagem entre si e com o homem,
podendo gerar ou não padrões de desgastes específicos (LAURELL; NORIEGA, 1989).
Esse conceito se diferencia do convencional “riscos do trabalho” por centrar-se
na dinamicidade das interações possíveis entre estes e a individualidade do trabalho
humano no desencadeamento de desgastes. Ou seja, na interação entre os
elementos constitutivos das cargas de trabalho nos ambientes laborais e nos
processos de trabalho é que reside a origem do desgaste (LAURELL; NORIEGA,
1989).
Esse conceito ampliado de cargas de trabalho vai ao encontro do significado
de “fatores de risco” nos ambientes de trabalho, que estes também consideram a
dinamicidade das interações.
Laurell e Noriega (1989) distinguem dois tipos de cargas de trabalho: as de
materialidade externa e as de materialidade interna ao corpo. As cargas de
materialidade externa são aquelas que ao interatuarem com o corpo do trabalhador,
sofrem mudança de qualidade e adquirem materialidade interna; estas podem ser
detectadas e medidas e são agrupadas em físicas, químicas, biológicas e mecânicas.
As cargas de materialidade interna expressam transformações nos processos internos
do corpo e são agrupadas em fisiológicas e psíquicas.
Para esses autores, a relação entre o trabalho e a saúde dos trabalhadores
reside na compreensão do processo saúde-doença como coletivo e socialmente
determinado.
O processo saúde-doença, enquanto um processo social, que se expressa na
corporeidade humana e adquire historicidade, é concebido como nexo biopsíquico
humano. Este nexo se manifesta a partir da atividade humana no trabalho e o
entendimento de sua historicidade es baseada no conceito de adaptação,
concebido como a capacidade do corpo responder com plasticidade diante de suas
condições específicas e que se expressam como formas biológicas características
(LAURELL; NORIEGA, 1989).
Nesta perspectiva, decompor e agrupar as cargas de trabalho, ou os fatores
de riscos, nos seus diferentes tipos é o primeiro passo para análise da dinâmica do
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
29
processo de trabalho sob o ponto de vista do entendimento do desgaste, como
sendo representativo das transformações negativas nos processos biopsíquicos
humanos. O desgaste do trabalhador, para além do adoecimento, significa
diminuição ou perda da capacidade potencial e ou efetiva corporal para o trabalho, e
tem seus padrões caracterizados coletivamente. Em outras palavras, formas
concretas de consumo da força de trabalho no processo de trabalho se expressam
em padrões de desgaste específicos, demonstrando características da coletividade e
não somente do indivíduo, definindo o perfil patológico do grupo específico
(LAURELL; NORIEGA, 1989).
Mendes e Dias (1999) sintetizam o adoecimento dos trabalhadores em quatro
grupos de causas, quais sejam: as doenças comuns, cujas causas não têm relação
com o trabalho; as doenças comuns eventualmente modificadas na frequência ou na
precocidade de sua ocorrência por fatores do trabalho; as doenças comuns que têm
sua etiologia ampliada e complicada por aspectos do trabalho, conhecidos como
efeitos aditivos e sinérgicos e, por último, os agravos específicos do trabalho como
os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais.
As três últimas categorias, constituintes do grupo das doenças que têm
relação com o trabalho, são caracterizadas de acordo com Schilling
1
(1984 apud
BRASIL, 2001) em três grupos:
Grupo I: doenças em que o trabalho é causa necessária, tipificada pelas
doenças profissionais;
Grupo II: doenças em que o trabalho é fator contributivo, mas não necessário;
Grupo III: doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente,
ou agravador de doença já estabelecida ou preexistente.
Nos Grupos II e III, encontramos agravos de etiologia múltipla, nos quais a
relação com o trabalho é muitas vezes identificadas por estudos epidemiológicos, não
sendo o nexo facilmente presumido. Para estes grupos, a identificação das cargas de
trabalho contribui para desenvolvimento de estratégias de eliminação dos fatores de
risco e possivelmente para a diminuição do adoecimento.
________________________
1
SCHILLING, R. S. F. More effective prevention in occupational health practice. Journal of The
Society of Occupational Medicin, v. 39, p. 71-79, 1984.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
30
Em se tratando de trabalhadores da atualidade, Barboza e Soler (2003)
destacam como prejuízo à saúde física e mental as jornadas prolongadas, o ritmo
acelerado, o excesso de tarefas, a repetitividade e a baixa remuneração,
transformando o trabalho em sofrimento.
Em se tratando do trabalhador rural, temos também a adversidade dos
ambientes em que o trabalho é desenvolvido, tornando-o desgastante, produzindo
fadiga, extenuação física e nervosa, diminuição do rendimento e aumento dos erros
e riscos de acidentes de trabalho, além de expor o organismo a diversas doenças
(COUTO, 1987).
Alessi e Navarro (1997) apontam algumas similaridades entre os trabalhadores
rurais dos diversos segmentos, manifestadas nas cargas de trabalho e nos padrões
de desgastes, tais como meios de transporte precários, exposição a agrotóxicos,
adversidades do clima, acidentes com ferramentas e máquinas entre outros.
Entretanto, os autores destacam que somente na referência particular de cada
processo de trabalho é que é possível apreender suas especificidades quanto aos
fatores de risco, derivados, principalmente, de seus modos de divisão do trabalho,
organização e da tecnologia empregada.
De maneira geral, Dias (2006) relaciona as situações de trabalho e os fatores
de risco encontrados nos ambientes de trabalho rural conforme abaixo:
Riscos físicos: calor, frio, vento, chuva, vibração, ruído, radiação solar. Todos
estes derivados da exposição às adversidades do trabalho ao ar livre em conjunto
com a existência de máquinas nesses ambientes;
Riscos químicos: fertilizantes, agrotóxicos, adubos e pesticidas. Derivados da
manipulação no preparo e aplicação de diversos tipos de compostos químicos nas
áreas de cultivo;
Riscos biológicos: bactérias, vírus, fungos, ácaros e picada de animais
peçonhentos. Derivados do trabalho em ambientes adversos no preparo do solo,
limpezas de áreas, colheita entre outros;
Riscos mecânicos: Ferramentas manuais, máquinas e implementos. Derivados
dos processos de trabalho que necessitam manipulação ou operação dessas
tecnologias;
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
31
Risco ergonômico: relação de trabalho, precarização e sazonalidade. Derivados
da distância do local de trabalho, da alimentação e hidratação, das condições
desconfortáveis para realização das necessidades fisiológicas, hierarquia rigorosas e
precárias entre outros.
Diante disso, o setor industrial florestal, como constituinte do rural, ainda é
um dos setores mais perigosos no mundo inteiro. Nele, são elevados os números de
acidentes de trabalho e de adoecimento. Entretanto, existem claros indícios de que
há possibilidade do desenvolvimento das atividades florestais em melhores condições
de segurança e saúde para os trabalhadores, de modo geral, pesquisas têm
contribuído para o desenvolvimento de estratégias de produção com menor impacto
para o trabalhador (OIT, 1989; SILVA
et al.
, 2005).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
32
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33
4 METODOLOGIA
4.1 Delineamento
Trata-se de um estudo epidemiológico, de corte transversal e analítico.
O estudo epidemiológico é um dos instrumentos e dos recursos tecnológicos
que favorecem na investigação da relação saúde-trabalho-doença, sendo indicado
quando o foco da investigação é a coletividade (BRASIL, 2001; LAURELL; NORIEGA,
1989).
4.2 Local do estudo
Este estudo foi desenvolvido em uma empresa Florestal, gestão de florestas
de Eucalipto, na zona rural do município de Curvelo, região central de Minas Gerais.
A área ocupada pela empresa equivale a 13867 hectares, entre as rodovias BR 135 e
BR 040. A sede da empresa está à aproximadamente 22 km do centro comercial de
Curvelo e a 180 km da capital Belo Horizonte (FIG. 1).
FIGURA 1 - Localização da Microrregional de
Curvelo / Minas Gerais
Fonte: ABREU, 2006.
A sede do município apresenta altitude de 633 m e tem sua posição
geográfica determinada pelo paralelo de 18º 45' da latitude sul em sua interseção
com o meridiano de 44º 25' de longitude oeste (WIKIPÉDIA, 2010).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
34
A média de trabalhadores desta unidade no ano de 2008 foi de 900
trabalhadores ao mês, no entanto, devido à crise financeira mundial, refletida no
setor no final do ano de 2008, a empresa reduziu em aproximadamente 45% o seu
número de trabalhadores. No ano de 2009 a dia de trabalhadores foi de 560 por
mês, distribuídos em atividades diversas dentro da cadeia produtiva do eucalipto.
A empresa em questão é uma das maiores geradoras de empregos diretos e
indiretos da cidade onde está sediada, o que a torna de grande importância social no
cenário regional. Atualmente, ela se dedica a produção de madeira, destinada a
produção de carvão vegetal, mourões e postes tratados.
Para facilitar a compreensão, neste trabalho algumas funções existentes na
empresa foram agrupadas em categorias, outras se mantiveram individualizadas
devido ao número de trabalhadores sendo identificadas pelo código da Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO), da seguinte forma: administrativas (gerentes,
coordenadores, supervisores, encarregados de operações, assistentes e auxiliares
administrativos, profissionais da segurança e saúde, analistas florestais e de recursos
humanos, copeiras, vigias, porteiros) que executam atividades de escritório, de
planejamento, liderança e gerenciamento; motoristas (CBO 7823-05)
principalmente de caminhão, que trabalham dentro das dependências da empresa no
apoio às operações; ajudantes florestais (CBO 6321-25) ou também denominados
ajudantes de reflorestamento que desempenham atividades com uso da força física
no preparo, plantio e manutenção das florestas, na extração, descascamento e
encabeçamento, baldeio, carregamento e transporte da madeira e na organização do
pátio de estocagem da madeira; ajudantes de serviços gerais (CBO 6326-15)
desenvolvem atividades principalmente de controle de madeira e serviços de
manutenção em geral; marceneiros (CBO 7711-05) (marceneiros e auxiliares de
marcenaria) executam tarefas na produção de móveis em pequena escala, com uso
de máquinas próprias da atividade; operadores de máquinas (CBO – 6420-15)
operam máquinas e implementos agrícolas e florestais, participam das atividades
operacionais; operadores de motosserra (CBO 6321-20) efetuam derrubada,
traçamento e desgalha de árvores com o uso da motosserra; e por fim, outras
funções com número reduzido de trabalhadores foram agrupadas na categoria
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
35
“outros”, quais sejam: trabalhadores das torres de observação, operadores de
autoclave de tratamento da madeira, e mecânicos e auxiliares de mecânico.
O regime de contrato é regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)
com jornada de trabalho de 44 horas semanais, compensadas de segunda a sexta-
feira, no horário diurno.
Dentro da perspectiva organizativa da empresa, os setores existentes são:
Silvicultura - práticas de cultivo do eucalipto que são desenvolvidas no
campo, a céu aberto, tais como: Preparo, plantio e manutenção de
florestas;
Colheita florestal - atividades de colheita manual, realização do traçamento
(recorte da madeira), descascamento semi-mecanizado e transporte de
toras de madeira. Também a céu aberto com uso da motosserra, gruas,
máquinas de descascamento;
Unidade de tratamento de madeira (UTM) - tratamento químico de
madeira, sob pressão, através da autoclave. Nesse setor também é feita a
manutenção e organização do estoque e expedição de toras de madeira
tratada;
Marcenaria - um pequeno laboratório de veis, em caráter de teste, com
produção em baixa escala destinada ao consumo interno;
Administrativo - atividades realizadas dentro das acomodações do
escritório.
Em obediência a Norma Regulamentadora 31 (BRASIL, 2005), a empresa
mantêm o Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR),
composto por uma enfermeira do trabalho, um auxiliar de enfermagem do trabalho,
um médico do trabalho, dois técnicos em segurança do trabalho e um engenheiro de
segurança do trabalho. O serviço desta equipe é destinado ao desenvolvimento de
ações técnicas, integradas às práticas de gestão de segurança, saúde e meio
ambiente de trabalho. O acompanhamento interno da saúde dos trabalhadores é
feito por meio da assistência direta, realizada através dos exames ocupacionais e
eventuais e pela execução de ações de prevenção e promoção da saúde conforme
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
36
planejamento anual do Programa de Controle dico de Saúde Ocupacional
(PCMSO).
Além disso, todos os trabalhadores possuem plano de saúde privado,
oferecido pela empresa, não existindo nenhuma restrição quanto à emissão de
atestados médicos por qualquer profissional, médico, que realize o atendimento. O
controle desses atestados, até o momento da pesquisa, era feito apenas para
justificar faltas no departamento de pessoal da empresa. No setor de saúde, as
informações constantes nos mesmos, como causa referida, tempo de afastamento,
local de atendimento e data, alimentam o histórico do trabalhador em uma planilha
de Excel e no prontuário do trabalhador.
4.3 População do estudo
A população estudada constituiu-se de trabalhadores de todas as funções e de
todos os setores da empresa, em atividade por algum período do ano de 2009,
inclusive os que foram desligados ou admitidos no decorrer do ano.
4.4 Critérios de inclusão
Foram incluídas neste estudo, todas as informações referentes aos atestados
médicos emitidos em 2009.
4.5 Critério de exclusão
Atestados médicos por motivo de acidente de trabalho. Optou-se por não
incluí-los no estudo por entender que este evento requer uma abordagem
diferenciada e específica.
Inconsistência ou omissão de alguma variável de análise do estudo nas
fontes de busca que pudessem gerar vieses nos resultados obtidos.
Atestados médicos emitidos com data anterior ao início do estudo.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
37
4.6 Coleta de dados
Para levantamento e acompanhamento mensal das informações relativas aos
atestados médicos, inicialmente, foi elaborada uma planilha utilizando a ferramenta
Microsoft Office Excel (programa de planilha eletrônica) na qual foram abordadas as
variáveis do estudo. Tal instrumento foi preenchido e atualizado a partir dos
atestados e dos registros dos trabalhadores no departamento de saúde e de pessoal
da empresa durante todo o ano de 2009, sendo este procedimento realizado pela
própria pesquisadora.
Uma vez que os dados foram todos coletados, passou-se para a segunda
etapa do trabalho que consistiu em um tratamento estatístico detalhado descrito a
seguir na sessão análise dos dados.
4.7 Variáveis do estudo
4.7.1 Variáveis dependentes (desfechos)
Ocorrência de atestados médicos (absenteísmo-doença);
Sendo caracterizada pela Classificação Internacional das Doenças - 10ª edição
(CID-10) e pela duração, em dias, da recuperação.
4.7.2 Variáveis independentes
4.7.2.1 Sócio-demográficas
Escolaridade obtida através da última rie formal cursada pelo
trabalhador e categorizada da seguinte forma: analfabeto sem nenhum
ano de estudo, de 1 a 4 anos de estudo, de 5 a 8 anos de estudo, de 9 a
11 anos de estudo e a partir de 12 anos de estudo;
Sexo;
Idade obtida a partir da data de nascimento e categorizada a partir da
média e do desvio padrão em: 18 à 28 anos, 29 à 38 anos, 39 à 48 anos,
49 à 58 anos e maior que 58 anos.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
38
4.7.2.2 Ocupacionais
Setor de trabalho considerado no ano do estudo;
Tempo na empresa como sendo o tempo de vínculo, decorrido a partir da
admissão até o momento do atestado médico ou até o final do estudo para
aqueles que não tiveram atestados no período;
Função considerada aquela exercida pelo trabalhador no ano do estudo.
4.8 Análise dos dados
As informações organizadas na planilha do programa Microsoft Office Excel
foram transferidas para o programa estatístico Statistical Package for Social Science
(SPSS) versão 16.0. Foi feita a caracterização da população conforme variáveis
pesquisadas, que consistiu no cálculo das prevalências, médias, medianas e desvios
padrão.
Posteriormente, os atestados dicos foram distribuídos conforme a CID-10,
duração do evento, setor de trabalho, tempo de trabalho na empresa e função;
separados ainda de acordo com a idade e sexo.
Para verificar associação entre as variáveis, foi realizada inicialmente análise
bivariada com teste qui-quadrado. A força de associação foi medida pelo Odds ratio
(OR) e calculada com auxílio da técnica de regressão logística. Nessas análises o
nível de significância estatística estabelecida foi de 5% (p<0,05).
Seguiu-se a análise multivariada por regressão logística não condicional,
também ao nível de significância de 5% (p<0,05). Para seleção das variáveis
participantes do modelo final, foi usada a estratégia passo a passo, com a inclusão
de todas as variáveis selecionadas durante a análise bivariada em ordem decrescente
de significância estatística. As variáveis que apresentaram p≥0,05 foram retiradas
uma a uma do modelo e consideradas definitivamente excluídas, se o decréscimo na
explicação do desfecho não fosse estatisticamente significativo. Para avaliar este
parâmetro, o modelo foi avaliado a cada retirada com o auxílio dos testes estatísticos
de Wald e a razão de veromassimilhança parcial baseado na estatística –2[ln(Lr)
ln(Lc)], que compara a veromassimilhança do modelo reduzido –Lr com a
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
39
veromassimilhança do modelo completo Lc. A razão da veromassimilhança é um
teste estatístico assintótico que tem distribuição quiquadrado com graus de liberdade
equivalente ao número de parâmetros estimados em relação às duas hipóteses
testadas (modelo completo modelo reduzido). Termos de interação também foram
testados entre as variáveis independentes que permaneceram no modelo final.
Ao final foram construídos gráficos e tabelas que permitiram a discussão dos
resultados encontrados.
4.9 Aspectos éticos
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais (COEP) com protocolo de aprovação sob o nº ETIC 379/08
(ANEXO).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
40
R
RR
R
R
RR
R
E
EE
E
E
EE
E
S
SS
S
S
SS
S
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A
AA
A
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D
D
DD
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O
O
OO
O
S
SS
S
S
SS
S
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
41
5 RESULTADOS
5.1 Descrição do universo da pesquisa
O grupo de estudo foi composto por 883 trabalhadores do ano de 2009. A
média mensal foi de 560 trabalhadores ao s, todos residentes na área urbana do
município onde se encontra a empresa. A distribuição dessa população conforme
características sócio-demográficas e ocupacionais é mostrada no GRAF. 1:
GRÁFICO 1 - Distribuição da população de trabalhadores florestais, segundo características
sócio-demográficas e ocupacionais. Curvelo / Minas Gerais, 2009
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
42
Em relação ao sexo, a grande maioria (93%) dos trabalhadores foi do sexo
masculino. Quanto à idade, 49% foram menores de 38 anos, com a média de 33
anos, 10,54 anos de desvios-padrão (DP), a mediana foi de 30 anos. Destaca-se a
baixa escolaridade, embora apenas 1% tenha sido analfabeto, 38% tiveram no
máximo 4 anos de escolaridade, equivalente ao ensino primário, e, no total cerca de
73%, não estudaram mais que 8 anos, até o ensino fundamental.
A maioria dos trabalhadores encontrou-se distribuída entre os setores de
silvicultura e colheita florestal como mostra a distribuição acima, 38 e 36%
respectivamente.
Considerando o “tempo de empresa” como sendo o período entre a admissão
e o final do estudo para aqueles que permaneceram até o final, ou até o último dia
trabalhado para aqueles que se desligaram da empresa durante o estudo, a média
de tempo na empresa foi de 29,6 meses (DP = 40,4) e mediana 15 meses (1 ano e 3
meses), com extremos que variaram de 3 meses a 27 anos de tempo de empresa. O
GRAF. 1 permite visualizar que grande parcela da população (44%) é relativamente
nova na empresa, com menos de 1 ano de vínculo.
A distribuição por função revelou que 75% da população foram ajudantes
florestais, função essa distribuída por todos os setores, com exceção do setor
administrativo, conforme TAB. 1.
TABELA 1
Distribuição percentual da população de trabalhadores florestais, segundo funções
nos setores da empresa. Curvelo / Minas Gerais, 2009
Setor
Administrativo
Colheita
Florestal
Marcenaria
Silvicultura
UTM Total
Função (%) (%) (%) (%) (%) (%)
Administrativo 60,7 9,5 0,0 20,2 9,5 100,0
Aj. Florestal 0,0 42,1 1,4 39,1 17,5 100,0
Aj. Serviços 0,0 0,0 0,0 40,0 60,0 100,0
Marceneiro 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0
Motorista 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 100,0
Op. Máquina 0,0 19,6 1,8 58,9 19,6 100,0
Op. Motosserra 0,0 85,2 0,0 0,0 14,8 100,0
Outros 0,0 0,0 0,0 76,5 23,5 100,0
Total 5,8 36,4 2,9 38,1 16,9 100,0
Nota: Aj. - Ajudante; Op. - Operador; UTM - Unidade de Tratamento de Madeira.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
43
A TAB. 1 mostra que a grande parcela dos ajudantes florestais, função de
maior representatividade na população total, esteve entre os setores de silvicultura e
colheita florestal.
5.2 Descrição dos atestados médicos - Absenteísmo-doença
Dos 883 trabalhadores que compuseram a população do estudo, 474 (54%)
tiveram um ou mais atestados médicos no período.
O GRAF. 2 mostra as prevalências da ocorrência de atestados médicos na
população, conforme características sócio-demográficas e ocupacionais.
GRÁFICO 2 - Prevalência de atestados médicos entre os trabalhadores florestais,
segundo características cio-demográficas e ocupacionais. Curvelo /
Minas Gerais, 2009
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
44
Através do GRAF. 2, percebe-se que com relação às variáveis sócio-
demográficas as prevalências se mantiveram entre 40 e 60%, com exceção do nível
de escolaridade superior que apresentou prevalência bem inferior a essas (17%).
Nota-se também uma tendência decrescente na prevalência com o aumento
da idade. Quanto ao sexo, a prevalência de atestados entre as mulheres foi maior.
As variáveis ocupacionais demonstraram prevalências bem diferenciadas entre
as categorias. Destaque merece a prevalência encontrada para o tempo de empresa
entre 1 e 2 anos. Os trabalhadores com tempo inferior a 1 ano, ou superior a 5 anos
apresentaram as menores prevalências.
Na avaliação dos setores, destacou-se primeiramente a marcenaria, seguida
pela UTM com grandes prevalências de atestados no período, 73 e 66%
respectivamente. O setor administrativo foi o que apresentou menor prevalência.
Em relação às funções, o operador de motosserra ganhou destaque com
prevalência de mais de 80%, em seguida o marceneiro com 63% e o ajudante
florestal com 59%.
Os 474 trabalhadores do subgrupo dos que apresentaram atestados médicos,
foram responsáveis por 2047 atestados médicos no ano de 2009, o que equivale a
média de 4,2 atestados por cada trabalhador que teve atestado no período (DP =
3,6).
Os 2047 atestados médicos resultaram na perda de 7655 dias. Apresentando
uma média de 3,7 dias perdidos por atestados e 16,2 dias perdidos por trabalhador
com atestado.
Mais de 70% dos atestados foram com perda de tempo igual a 1 dia,
entretanto, 46,6% do total de dias perdidos foram por atestados de mais de 15 dias
conforme demonstrado na TAB. 2.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
45
TABELA 2
Distribuição dos atestados médicos entre os trabalhadores florestais, segundo
número de dias de afastamento por atestados e número total de dias perdidos.
Curvelo / Minas Gerais, 2009
Eventos Dias perdidos
*N Prevalência (%) **n
Prevalência (%)
Tipo de atestados
Atestados de 1 dia 1459
71,3 1459
19,1
Atestados de 2 dia 211 10,3 422 5,5
Atestados de 3 dia 108 5,3 324 4,2
Atestados de 4 a 10 dias 167 8,2 1047
13,7
Atestados de 11 a 15 dias 57 2,8 832 10,9
Atestados superiores a 15 dias 45 2,2 3571
46,6
Total 2047
100,0 7655
100,0
Nota: *N - nº de eventos; **n - nº de dias perdidos pelo total de eventos da linha.
Com relação à causa referida, ou, diagnóstico referido no atestado médico,
temos a seguinte distribuição, categorizada conforme Capítulos da CID-10 (GRAF. 3):
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
46
GRÁFICO 3 - Distribuição do número de atestados médicos, número de dias perdidos e média de dias
perdidos por atestado, segundo Capítulo da
CID-10, entre os trabalhadores florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009
Nota: Cap I - Doenças infecciosas e parasitárias; Cap II - Neoplasias; Cap IV - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; Cap V -
Transtornos
mentais e comportamentais; Cap VI - Doenças do sistema nervoso; Cap VII - Doenças do olho e anexos; Cap VIII - Doenças do ouvido; Cap IX -
Doenças do aparelho circulatório; Cap X - Doenças do aparelho respiratório; Cap XI - Doenças do aparelho digestivo; Cap XII -
Doenças de pele e
tecido subcutâneo; Cap XIII - Doenças osteomusculares; Cap XIV - Doenças do aparelho geniturinário; Cap XV -
Gravidez, parto e puerpério; Cap
XVIII - Sintomas, sinais e achados anormais de exames; Cap XIX - Lesões, envenenamentos e outras consequências de causas externas; Cap XX -
Causas externas de morbidade e mortalidade; Cap XXI - Causas administrativas.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
47
Nota-se que os Cap XIII, X e XIX, doenças do aparelho respiratório, do
osteomuscular e as lesões, envenenamentos e outras consequências de causas
externas respectivamente; foram os que mais se destacaram em números de
ocorrência de atestados, 46% do total, e ao mesmo tempo de perda de dias, juntos
responsáveis por 61% do total de dias perdidos com atestados. Com relação à perda
média de dias por atestado, entre as categorias de maior ocorrência, Cap X, XIII e
XIX, destacou-se a perda média de dias do Cap XIX, média de 10,7 dias perdidos por
atestado.
Segue-se uma subdivisão dos agravos dentro dos três Capítulos da CID-10
mais prevalentes em número de ocorrências de atestados na população estudada.
Primeiramente, observa-se a subdivisão do Cap X, doenças respiratórias, referido em
14% dos atestados médicos (GRAF. 4).
GRÁFICO 4 - Distribuição dos atestados por agravos do Capítulo X da CID-10,
doenças do aparelho respiratório, entre os trabalhadores florestais.
Curvelo / Minas Gerais, 2009
Nesta categoria, destacaram-se as infecções agudas das vias aéreas
superiores, J00 a J06, com 65% do total, seguidas pelas gripes, 30%.
Em seguida, observa-se a subdivisão do Capítulo XIII, doenças
osteomusculares, referido em 23,5% dos atestados (GRAF. 5).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
48
GRÁFICO 5 - Distribuição dos atestados por agravos do Capítulo XIII da CID-10,
doenças osteomusculares, entre os trabalhadores florestais. Curvelo
/ Minas Gerais, 2009
O destaque aqui é dado para as dorsopatias (62%) destas, 60,7% são
dorsalgias (CID-M54). Em seguida temos os transtornos de tecidos moles não
especificados, CID-M79, representando 20% das ocorrências.
Por fim, o Capítulo XIX, lesões, envenenamentos e outras consequências de
causas externas, representando 9% do total dos atestados (GRAF. 6).
GRÁFICO 6 - Distribuição dos atestados por agravos do Capítulo XIX da CID-10,
lesões, envenenamentos e algumas outras consequências de
causas externas, entre os trabalhadores florestais. Curvelo / Minas
Gerais, 2009
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
49
Nesta categoria de diagnósticos destacaram-se os CID S60 à S69, referentes a
traumatismos do punho e da mão, seguido pelos S90 à S99 traumatismos do
tornozelo e do pé.
5.3 Análise da ocorrência de atestados médicos - Absenteísmo-doença
A análise bivariada revelou que o comportamento do absenteísmo-doença, ou
seja, a ocorrência de atestados médicos na população estudada, não está associado
a fatores como idade e sexo. Todavia evidenciou associação significativa (p<0,05)
com os outros fatores como função, setor, tempo de empresa e escolaridade (TAB.
3).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
50
TABELA 3
Prevalência, Odds ratio (OR) e Intervalo de confiança (IC95%) para atestados médicos, segundo características
sócio-demográficas e ocupacionais dos trabalhadores florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009***
Atestados médicos
Variável
*N **n Prevalência (%) OR IC (95%) Valor-p
Sexo
masculino 822 437 53,16 1,00 -
feminino 61 37 60,66 1,36 0,80-2,31 0,259
Total 883 474
Ocupação
Motorista 10 1 10,00 1,00 -
Administrativo 84 18 21,43 2,46 0,29-20,67 0,409
Aj. Florestal 663 393 59,28 13,10 1,65-104,00 0,015
Aj. Serviços 10 4 40,00 6,00 0,53-67,65 0,147
Marceneiro 16 10 62,50 15,00 1,50-149,70 0,021
Op. Máquina 56 22 39,29 5,80 0,68-49,22 0,106
Op. Motosserra 27 22 81,48 39,60 4,04-388,23 0,002
Outros (torre, op auto, mecanico) 17 4 23,53 2,70 0,26-29,05 0,396
Total 883 474
Idade (anos)
De 18 à 28 359 215 59,89 1,24 0,53-2,94 0,620
28 à 38 273 139 50,92 1,16 0,49-2,76 0,740
38 à 48 152 76 50,00 0,99 0,40-2,41 0,977
48 à 58 77 35 45,45 1,20 0,46-3,1 0,706
Maior que 58 22 9 40,91 1,00 -
Total 883 474
Setor
Administrativo 51 8 15,69 1,00 -
Colheita florestal 321 189 58,88 7,70 3,50-16,90 0,000
Silvicultura 336 159 47,32 4,82 2,204-10,58 0,000
Marcenaria 26 19 73,08 14,59 4,62-46,03 0,000
UTM 149 99 66,44 10,64 4,65-24,35 0,000
Total 883 474
Tempo de empresa
Menor que 1 ano 387 168 43,41 1,11 0,74-1,67 0,622
Entre 1 e 2 anos 185 133 71,89 2,71 1,69-4,35 0,000
Entre 2 e 5 anos 189 120 63,49 2,16 1,36-3,44 0,001
Maior que 5 anos 122 53 43,44 1,00 -
Total 883 474
Escolaridade
Analfabeto 10 6 60,00 7,25 1,55-33,84 0,012
Primeiro Grau 641 354 55,23 5,96 2,44-14,56 0,000
Segundo Grau 197 108 54,82 5,86 2,33-14,76 0,000
Superior 35 6 17,14 1,00 - 0,000
Total 883 474
Nota: *N = População total; **n= População com atestados; ***Nas análises foram consideradas apenas a primeira ocorrência
de atestado médico do trabalhador no período.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
51
Para efetivação da análise bivariada foram consideradas categorias de
referências aquelas que apresentaram menores prevalências dentro de cada variável.
Função: o maior odds foi encontrado para a função de Operador de
motosserra (OR = 39,6) seguido pela de marceneiro (OR = 15) e de
ajudante florestal (OR = 13,1). Para as demais funções, o houve
associação significativa.
Setor: todos os setores se mostraram associados à ocorrência de atestados
médicos. Tendo como referência o setor administrativo, em ordem
decrescente de chances se encontram: Marcenaria (OR = 14,59), UTM (OR
= 10,6), Colheita florestal (OR = 7,7) e Silvicultura (OR = 4,8).
Tempo de empresa: foi revelada associação entre a ocorrência de
atestados médicos e os trabalhadores com tempo de vínculo na empresa
entre 1 e 2 anos (OR = 2,71), seguidos pelos com tempo a partir de 2 à 5
anos (OR = 2,2).
Escolaridade: chance de se ter atestados médicos progressivamente maior
quanto menor a escolaridade.
Entretanto, após o ajuste pelas cinco variáveis significativas para p<0,2, a
análise apresentada na TAB. 4, apresentou o desaparecimento da associação da
ocorrência dos atestados médicos com a função de marceneiro e com a escolaridade;
mantendo a associação com as funções de ajudante florestal e de operador de
motosserra, com os setores marcenaria e UTM e com a variável tempo de empresa.
Apesar de não significativos na análise bivariada, a idade e o sexo foram
mantidos no modelo multivariado como variáveis de ajuste.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
52
TABELA 4
Análise ajustada da prevalência, Odds ratio (OR) e Intervalo de confiança (IC95%)
para os atestados médicos, segundo características sócio-demográficas e
ocupacionais dos trabalhadores florestais. Curvelo / Minas Gerais, 2009***
Nota: *N = População total; **n = População com atestados; ***Nas análises foram consideradas
apenas a primeira ocorrência de atestado médico do trabalhador no período.
Atestados médicos
Variável *N **n
Prevalência
(%)
OR IC (95%) Valor-p
Ocupação
Motorista 10 1 10 1 -
Administrativo 84 18 21,43 3,56 0,38 -33,70 0,267
Aj. Florestal 663 393 59,28 18,25 2,20-151,60 0,007
Aj. Serviços 10 4 40 5,45 0,45-66,10 0,183
Marceneiro 16 10 62,5 2,17 0,09-51,29 0,631
Op. Máquina 56 22 39,29 5,69 0,65-49,47 0,115
Op. Motosserra 27 22 81,48 36,6 3,49-384,07 0,003
Outros (torre, op auto,
mecânico) 17 4 23,53 3,49 0,31-39,36 0,312
Total 883 474
Setor
Administrativo 51 8 15,69 1 -
Colheita florestal 321 189 58,88 2,54 0,83-7,77 0,103
Silvicultura 336 159 47,32 1,71 0,57-5,11 0,337
Marcenaria 26 19 73,08 15,14 1,39-164,36 0,025
UTM 149 99 66,44 3,98 1,29-12,21 0,016
Total 883 474
Tempo de empresa
Menor que 1 ano 387 168 43,41 0,56 0,33-0,95 0,030
Entre 1 e 2 anos 185 133 71,89 2,24 1,25-3,99 0,006
Entre 2 e 5 anos 189 120 63,49 1,6 0,94-2,74 0,084
Maior que 5 anos 122 53 43,44 1 -
Total 883 474
Sexo
Masculino 822 437 53,16 1 -
Feminino 61 37 60,66 1,39 0,74-2,63 0,309
Idade (contínua) 0,99 0,98-1,01 0,606
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
53
D
DD
D
D
DD
D
I
II
I
I
II
I
S
SS
S
S
SS
S
C
CC
C
C
CC
C
U
UU
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UU
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S
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S
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SS
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O
OO
O
O
OO
O
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
54
6 DISCUSSÃO
A abordagem do absenteísmo-doença é complexa. É importante destacar,
novamente, seu caráter multicausal, envolvendo fatores do trabalho, fatores sociais,
culturais e individuais (COUTO, 1987; DANATRO, 1997).
O presente trabalho, ao abordar os atestados médicos, indicadores no estudo
do absenteísmo-doença, não pretende delinear a saúde como mera ausência de
doença, ou, a doença como única representação do desgaste do trabalhador. Tal
postura significaria um retrocesso no processo de produção de conhecimento e
negaria a dinâmica da relação saúde-trabalho.
Entretanto, o que se pretende com esta abordagem clássica é apontar agravos
e associações relevantes ao processo saúde-trabalho-doença no âmbito do trabalho
no meio florestal, com vistas a instigar novas investigações e novos olhares sobre
esse trabalhador até então pouco explorado neste aspecto.
Para Sala
et al.
(2009) essa abordagem nos permite caminhar rumo à
compreensão da dinâmica do viver e trabalhar na perspectiva histórica do
adoecimento no trabalho.
Toda a pesquisa foi conduzida considerando a amplitude da questão saúde,
principalmente reconhecendo que ela está relacionada com a maneira como o
homem produz seus meios de vida, trabalho, ou satisfaz suas necessidades,
consumo, produzindo as relações sociais que mantém com os outros homens
(LAURELL; NORIEGA, 1989).
6.1 Perfil da população
O reconhecimento do perfil dos trabalhadores da empresa é muito importante
para o desenvolvimento e planejamento de treinamentos, orientações e
interferências positivas no ambiente de trabalho (SILVA; SOUZA; MINETTI, 2002).
Especificamente, o levantamento do perfil dos trabalhadores potencializa o
entendimento de eventos como a ocorrência de atestados dicos, de que trata a
presente pesquisa.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
55
O perfil apresentado pela população em estudo é corroborado por outros
estudos caracterizados pelo trabalho rural, tais como o de Andrietta (2004) no setor
agropecuário e extrativista no estado de São Paulo; o de Rocha, Marziale e Robazzi
(2007) com canavieiros também em o Paulo; Pimenta
et al.
(2006) com
trabalhadores da produção de carvão vegetal em Minas Gerais e Silva
et al.
(2009)
com trabalhadores da colheita florestal em Minas Gerais. Todos estes estudos
identificaram prevalência do sexo masculino, baixa escolaridade, até 4 anos de
estudo, e faixa de idade predominante de 18 à 38 anos.
Segundo Pignati e Machado (2005) esse perfil é condizente com a necessidade
do trabalho em atividades mais pesadas, que exigem trabalhadores com maior força
física e higidez.
A baixa escolaridade desta população pode ser entendida como um
determinante histórico e social de grande relevância para o adoecimento e cuidados
com a saúde. Andrietta (2004) comenta que este é um dos poucos setores da
economia que ainda absorvem formalmente mão-de-obra analfabeta.
Ainda dentro da descrição do perfil, temos o tempo na empresa, 44% da
população estudada tinha menos de um ano de trabalho na empresa. Essa variável
apresentou uma expressiva diferença entre a média e mediana, fato que revela a
dispersão da distribuição, com extremos que variaram de 3 meses a 27 anos de
vínculo contínuo com a empresa. Essa constatação revela a alta rotatividade dos
trabalhadores.
Estudos confirmam que cerca de 40% dos trabalhadores rurais possuem
menos de 12 meses de vínculo nas empresas (ANDRIETTA, 2004; SILVA
et al.
,
2009).
Com relação à distribuição das funções 75% dos trabalhadores pertencentes
ao estudo assumem a função de ajudante florestal realizando grande parte das
tarefas que exigem esforço físico e trabalho manual.
Os setores que se destacaram em quantitativo de trabalhadores foram a
colheita e a silvicultura, caracterizados por processos de trabalho com grande
demanda de força de trabalho humana.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
56
6.2 Ocorrência de atestados médicos
Na população de estudo, o perfil do adoecimento é vislumbrado através dos
atestados médicos. A prevalência de atestados foi de 54%, ou seja, mais da metade
dos trabalhadores apresentaram pelo menos um atestado médico no ano. Essa
realidade também é levantada no estudo de Silva
et al.
(2009) igualmente com
trabalhadores florestais, com prevalência de 61% de atestados.
Os danos à saúde dos trabalhadores devem ser compreendidos como
expressão das tecnologias utilizadas, da organização e divisão do trabalho, da ação
de técnicos e, sobretudo da intervenção dos próprios trabalhadores no ambiente e
suas experiências relativas à realidade que estão inseridos (SILVA
et al.
, 2005).
Em se tratando de trabalhadores rurais, alguns fatores são identificados como
determinantes no processo de adoecimento, são eles: os fatores individuais como
esforços físicos e acelerado ritmo de trabalho; os determinantes ambientais, dentre
os quais se destacaram o calor intenso, poeira, fuligem e presença de animais
peçonhentos; e as condições de vida e a pobreza desses indivíduos, como principal
determinante social do seu adoecimento (BARBOZA; SOLER, 2003; COUTO, 1987;
ROCHA; MARZIALE; ROBAZZI,
2007; ROMANKOW, 2007).
Complementando esses fatores, temos os riscos naturais, associados com
terreno irregulares, as culturas densas e condições adversas de trabalho e os riscos
materiais tais como a inadequação ou ausência de instalações de saneamento e
conforto no trabalho que podem também contribuir para o adoecimento (POSCHEN,
1993).
Além disso, as questões individuais e subjetivas, referentes à percepção da
realidade dos trabalhadores, têm papel determinante na relação saúde-doença. Silva
et al.
(2009) verificaram em seu estudo condições de saneamento, de alimentação e
de moradia inadequados, além de um elevado percentual de atestados dicos
entre os trabalhadores florestais, ainda assim identificou que 59% deles
consideraram sua saúde como boa. Para os autores, esta consideração elucida a
baixa instrução que se reflete na não apropriação dos seus direitos como cidadãos e
o limitado conhecimento do que realmente é ter saúde.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
57
Toda essa dinâmica de determinação do adoecimento contribui para a
elevação do absenteísmo-doença, na medida em que este é representativo da
necessidade de cuidados à saúde, para os quais, na maioria das vezes, o trabalhador
não está preparado ou não lhe são fornecidas condições para sua efetivação.
No geral, foram perdidos no período estudado 7655 dias com atestados
médicos. Mais de 70% dos 2047 atestados, emitidos no ano, foram com perda de
apenas um dia, destes, 55% foram oriundos de atendimentos de urgência.
No estudo realizado por Quick e Lapertosa (1982) quase metade dos
atestados encontrados em uma usina siderúrgica também foram de um dia. Para
estes autores, esse tempo não é suficiente para cura, e por ser em grande número,
representa um ponto crítico a ser tratado. Os autores atribuem esses atestados
principalmente a exames e procedimentos médicos além do que é por eles chamado
de “doenças invocadas” ou falseadas.
Sob outra perspectiva, pode-se considerar, por exemplo, a exposição
excessiva ao sol e sobrecarga física como fatores do trabalho causadores de
exaustão ao final da jornada e que potencialmente desencadeiam agravos de curta
duração e desgaste nos trabalhadores florestais em questão. Essa dinâmica,
reconhecida como resultado da interação das cargas de trabalho e o homem,
geralmente é peculiar aos modos de produção (LAURELL; NORIEGA, 1989).
O cansaço sico após a jornada de trabalho foi evidenciado no estudo
realizado com trabalhadores da produção de carvão, no qual 30% dos trabalhadores
referiram sentir-se cansados devido ao grande esforço da atividade (PIMENTA
et al.
,
2006).
Pode-se inferir que grande parte dos atestados de curta duração não se refere
a doenças instaladas, mas figura como uma possibilidade de recomposição da força
de trabalho.
6.3 Ocorrência dos principais agravos
Como importante questão da pesquisa, os agravos relacionados nos atestados
médicos foram distribuídos conforme os Capítulos e Subcapítulos da CID-10. Foi
evidenciado que os Cap X, XIII e XIX, doenças do aparelho respiratório, do aparelho
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
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osteomuscular e as lesões, envenenamentos e outras consequências de causas
externas respectivamente; foram os que mais se destacaram em números de
ocorrência de atestados e ao mesmo tempo de perda de dias.
As doenças do Capítulo XIII, aparelho osteomuscular, foram destaque na
população, sendo responsáveis por 23,5% dos atestados médicos emitidos no ano.
A problemática dos danos ao aparelho osteomuscular frequentemente
relaciona-se à defasagem tecnológica, às tarefas que requerem esforço físico
elevado, desenvolvidas por trabalhadores que efetuam tarefas manuais (LAURELL;
NORIEGA, 1989). Nas atividades florestais, o sistema osteomuscular é comprometido
pelo levantamento e transporte de cargas com peso acima dos limites toleráveis,
com movimentos incorretos e posturas inadequadas (FERNANDES
et al.
, 2009;
FIEDLER, 2001; PICOLOTO; SILVEIRA, 2008).
A sobrecarga do sistema osteomuscular em atividades rurais é evidenciada em
Davatchi
et al.
(2009) numa comunidade rural do Iran, com prevalência de 66% de
queixas osteomusculares entre os pesquisados.
Dentre os danos ao sistema osteomuscular, os distúrbios dolorosos da coluna
vertebral, genericamente denominados lombalgias e dorsalgias, constituem uma
importante causa de transtorno de saúde, absenteísmo relacionado ao trabalho e de
invalidez permanente (OIT, 1989). Na pesquisa, esses danos aparecem como
responsáveis por 62% dos atestados por doenças osteomusculares.
O ritmo intenso associado à cobrança por produtividade e ausência de pausas
também são fatores que, quando presentes no ambiente de trabalho rural,
contribuem para o surgimento das doenças osteomusculares (BRASIL, 2001; SILVA
et al.
, 2005).
Para além das questões ocupacionais, um estudo realizado na Grécia
(ANTONOPOULOU
et al.
,
2009) apontou a existência de forte associação entre a
ocorrência de distúrbios osteomusculares em comunidades rurais e a baixa qualidade
de vida e saúde mental nesta comunidade. Esse achado levanta outras hipóteses que
poderiam contribuir para as elevadas prevalências deste evento na população
estudada. Ao encontro deste raciocínio, temos a definição da multicausalidade dos
agravos à saúde dos trabalhadores e da interação potencilizadora entre as cargas de
trabalho (LAURELL; NORIEGA, 1989).
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
59
Posteriormente ao aparelho osteomuscular, se destacaram as doenças do
aparelho respiratório, responsáveis por 292 atestados médicos e por 470 dias
perdidos.
O sistema respiratório constitui uma importante interface do organismo com o
ambiente, particularmente com o ar e seus constituintes. A poluição do ar nos
ambientes de trabalho associa-se a uma gama de doenças do trato respiratório que
acometem desde o nariz até o espaço pleural (BRASIL, 2001).
Alguns estudos apontam que as condições ambientais do trabalho rural, em
particular as poeiras de origem orgânica e mineral, estão associadas ao aumento das
prevalências de doenças respiratórias entre os trabalhadores (FARIA
et al.
, 2006;
ROCHA; MARZIALE; ROBAZZI, 2007; SILVA
et al.
, 2005).
Além disso, os agravos como as infecções de vias aéreas superiores e as
gripes, responsáveis por 95% dos atestados que acometeram o sistema respiratório,
podem ser potencializadas pela baixa ingestão de líquidos nos ambientes florestais,
pelo clima quente e seco da região estudada e pela presença de poeira de madeira
emitida nos processos que envolvem o eucalipto.
Completando o trio dos capítulos mais prevalentes, o Cap XIX, lesões,
envenenamentos e outras consequências de causas externas, aparece com
significativa representatividade em número de atestados, 9% do total, e,
principalmente em número de dias perdidos, 26% do total de dias perdidos com
atestados no ano.
Levando-se em consideração que neste estudo os acidentes de trabalho não
foram envolvidos, esse resultado causa uma estranheza. No entanto, numa análise
detalhada da ocorrência desses agravos na população estudada, foi evidenciado que
estavam relacionados principalmente a traumas, sendo alguns deles em decorrência
de acidentes de trânsito, motocicleta principalmente, e a práticas esportivas como o
futebol, não relacionados ao trabalho.
Os traumas também foram a terceira maior causa de atestados no estudo de
Quick e Lapertosa (1982) sendo atribuídos, já naquele ano, à violência urbana. Esses
autores apresentaram inclusive causas de óbitos da população no ano do estudo
corroborando a afirmativa.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
60
6.4 Fatores associados à ocorrência de atestados médicos
As análises estatísticas possibilitaram o reconhecimento de associações
importantes entre a ocorrência de atestados médicos, absenteísmo-doença, e as
variáveis: função, tempo na empresa e setor de trabalho.
Para além do apontamento de fatores ou situações de risco, a presente
abordagem pretende contribuir, conforme Sala
et al.
(2009), para a compreensão do
adoecimento não somente na perspectiva da organização e divisão do trabalho e a
sua relação com as subjetividades dos trabalhadores, mas também dos diferentes
arranjos que se manifestam em cada situação concreta de trabalho.
6.4.1 Tempo na empresa
Na análise multivariada foi evidenciada uma associação positiva entre a
ocorrência de atestados e o tempo de empresa entre 1 e 2 anos, sugerindo uma
faixa de risco. Foi evidenciado também uma concentração menor de atestados entre
os trabalhadores com tempo de empresa inferior a 1 ano e entre os com tempo
superior a 5 anos.
Essa realidade é também explicitada por Couto (1987). Uma possível
explicação seria a relacionada a questões de insegurança ou necessidade de
trabalho, levando os trabalhadores com tempo inferior a 1 ano a apresentarem
menor número de atestados.
Por outro lado, possíveis reflexos do trabalho na saúde dos trabalhadores
podem requer um tempo que não é presumido facilmente. A avaliação criteriosa do
tempo de exposição às cargas de trabalho é fator fundamental para o
estabelecimento de uma suposta relação entre a atividade laboral e um agravo à
saúde (BRASIL, 2001).
Assim, o tempo na empresa é um dos muitos fatores que devem ser
considerados na avaliação do processo de adoecimento nos ambientes laborais,
sempre conjugado à avaliação dos demais.
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
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6.4.2 Função
O operador de motosserra e o ajudante florestal foram as funções que se
apresentaram positivamente associadas ao absenteísmo-doença.
A ocorrência de atestados dicos entre os operadores de motosserra pode
ser atribuída às altas exigências físicas da atividade. São apontados como fatores de
sobrecarga para a atividade a realização de movimentos repetitivos com os membros
superiores, carregamento de peso, postura inadequada, vibração e organização do
trabalho, muitas vezes, por tarefa (SILVA
et al.
, 2009).
Os efeitos cumulativos da sobrecarga física têm se manifestado principalmente
com agravos à saúde relacionados ao sistema osteomuscular (BRASIL, 2001;
COUTO, 1987).
A prevalência de 81% de atestados médicos entre os operadores de
motosserra sobrecarrega a equipe, tornando-se um ciclo no qual o trabalhador falta
porque está doente e adoece porque está sobrecarregado.
Na função de ajudante florestal, maioria da população, se destaca o trabalho
principalmente manual, a baixa qualificação, a rotina de movimentação e
levantamento de peso e a proximidade dos fatores de riscos da atividade florestal.
No setor florestal o manejo manual de cargas representa um dos mais
importantes problemas ergonômicos, responsável por lesões que incapacitam o
trabalhador e que geralmente requerem tratamento e tempo para reabilitação (SILVA
et al.
, 2009).
A alta exigência física relativa à atividade florestal também está associada à
ocorrência de atestados médicos em outros estudos como no realizado na região de
Guanhães, Minas Gerais, em 2009 (SILVA
et al.
, 2009).
Em ambas as funções, operadores de motosserra e ajudantes florestais,
percebem-se demandas físicas compondo um universo de trabalho desfavorável à
saúde. Além disso, destaca-se que, para além do adoecimento, o absenteísmo-
doença também está relacionado à insatisfação, desmotivação e sobrecarga de
trabalho (SILVA; MARZIALE, 2006).
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62
6.4.3 Setor
Os setores de Marcenaria e a UTM foram os dois setores que se associaram
positivamente à ocorrência de atestados médicos. Em termos gerais, ambos são
caracterizados como setores de processamento de madeira, e como tal apresentam
processos de trabalho, a certo ponto, diferenciados dos demais setores,
principalmente em se tratando de tecnologias.
A saúde dos trabalhadores está relacionada ao tipo da atividade profissional,
às condições em que a mesma é desempenhada, à divisão e organização do
trabalho, ao conteúdo da tarefa, às relações de poder, supervisão e outros (SILVA;
MARZIALE, 2006). Essa constatação justifica a peculiaridade de cada setor, apesar
de pertencerem a uma mesma organização.
O trabalho em marcenarias é descrito por Pignati e Machado (2005) e Silva,
Souza e Minetti (2002) por como um trabalho extremamente perigoso e desgastante,
com alta incidência de acidentes de trabalho e doenças. Os autores discutem os
prejuízos à saúde dos trabalhadores das marcenarias, principalmente em função da
busca por produtividade. Destacam também, a coexistência de fatores de riscos
como máquinas potencialmente perigosas, ruído, de serra e fumaça de
conservantes de madeira, aliados ao mau uso ou não uso de equipamentos de
proteção nessa atividade.
Por se tratar de um laboratório experimental, a marcenaria estudada está
localizada dentro dos limites físicos da UTM, e tem uma demanda de produção
pequena. Assim, os trabalhadores do processo de tratamento de madeira e da
marcenaria da empresa estudada compartilham riscos e características de
organização do ambiente de trabalho.
Além disso, esses dois setores se destacam pela interface tecnológica, na qual
atividades com alto nível de demanda física humana são realizadas junto à operação
de máquinas pesadas e perigosas, com grande capacidade de transformação.
Os resultados indicam a necessidade de uma avaliação específica das
condições de trabalho de cada setor, uma vez que eles se apresentaram
diferenciados com relação à ocorrência dos atestados médicos.
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7 CONCLUSÃO
O modo de condução desta pesquisa, a análise e discussão dos seus
resultados permitiram concluir que o trabalho em ambientes rurais, em particular no
florestal, apresenta peculiaridades com relação à saúde e a doença de seus
trabalhadores que merecem ser investigadas e melhor entendidas.
Os impactos nos modos de adoecer dos trabalhadores resultantes da interface
tecnológica existente entre o fazer manual e o uso da máquina no setor rural se
constitui em um ponto crítico da modernidade do trabalho.
De maneira geral, pôde-se identificar na população estudada características
sócio-demográficas contempladas e comprovadas por outros estudos que
abordassem o trabalhador do meio rural. O perfil levantado constituiu-se por
trabalhadores do sexo masculino, jovens e de baixa escolaridade.
Quanto às características ocupacionais, destacou-se a alta rotatividade
representada pelo curto tempo de vínculo da maioria dos trabalhadores com a
empresa. Além disso, a função predominante, ajudantes florestais, é a que está
mais intimamente relacionada às atividades manuais do processo de trabalho.
Com relação ao absenteísmo-doença, foi possível visualizar uma grandiosa
perda de dias de trabalho justificadas por atestados médicos na população estudada.
Entre os agravos referidos, destacaram-se o acometimento do aparelho
osteomuscular, do respiratório e as lesões conseqüentes de causas externas. Esse
perfil patológico tem sido apontado como característico das atividades rurais,
principalmente porque requerem grandes esforços físicos do trabalhador e o expõem
a condições ergonômicas desfavoráveis, estabelecendo uma relação que pode
prejudicar o trabalhador.
Os achados também forneceram evidências importantes sobre a relação entre
fatores ocupacionais e o absenteísmo-doença entre os trabalhadores florestais.
Apresentaram-se associados positivamente ao absenteísmo-doença na
população estudada:
o tempo de empresa entre 1 e 2 anos;
as funções de ajudantes florestais e operadores de motosserra;
Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
65
o setor de trabalho, destacando-se a marcenaria e a unidade de
tratamento da madeira, ambos representativos do processo de
transformação da madeira.
Esses resultados sugerem serem estes, possíveis fatores de risco para a saúde
dos trabalhadores em questão.
Considerando as limitações e as possibilidades a partir do alcance dos
objetivos dessa pesquisa, tem-se que a identificação das variáveis associadas ao
absenteísmo-doença dos trabalhadores representa um grande avanço para o
entendimento das relações saúde-trabalho-doença no âmbito florestal.
Ao considerar que essas variáveis podem contribuir para desencadear ou
agravar doenças e desgastes nos trabalhadores, esse avanço se torna perceptível, na
medida em que, pode representar uma base para elaboração de programas pontuais
e estratégicos na busca pela melhoria das condições de saúde no trabalho.
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8 RECOMENDAÇÕES
Investigar a existência de associações entre o absenteísmo-doença,
representativo do adoecimento dos trabalhadores, e as suas características
ocupacionais e sócio-demográficas, representa um avanço no conhecimento do tema
saúde e trabalho no meio florestal, além de compreender uma questão norteadora
para o desenvolvimento de mecanismos de proteção, estratégias de melhorias dos
ambientes de trabalho e da qualidade de vida dos trabalhadores.
Para o planejamento de ações de prevenção e promoção da saúde é
importante reconhecer os fatores que podem estar contribuindo para o processo de
adoecimento do trabalhador. Considerar a categoria trabalho na determinação do
adoecimento origina a necessidade de uma investigação detalhada, que seja capaz
de identificar as particularidades dos diferentes modos de trabalho e do trabalhador,
buscando suas possíveis aproximações.
No setor florestal, a coexistência de trabalhos manuais e tecnologias pesadas
particularizam o segmento, carente de melhor compreensão. Neste cenário, a
identificação dos principais agravos que acometem os trabalhadores contribui para o
esclarecimento dos fatores que representam ou predispõem o trabalhador aos riscos.
Embora não tenha sido objetivo desta pesquisa, análises específicas para
identificar a associação dos três principais Capítulos da CID-10 com as variáveis do
estudo foram feitas separadamente e não apresentaram resultados diferentes e/ou
relevante para a presente discussão. No entanto, sugeriram, assim como os
resultados aqui apresentados, necessidade de analisar detalhadamente cada um dos
fatores que se mostraram associados. Esse detalhamento possibilitará melhor
compreensão da magnitude da associação do fator apresentado e a ocorrência dos
agravos identificados, o que poderá se constituir em objeto de estudos futuros.
Para consolidação dos achados desta pesquisa, torna-se importante que novos
olhares sejam lançados à compreensão da organização da produção e das relações
de trabalho que se estabelecem no meio florestal, nos seus diversos segmentos.
Por fim, reconhece-se o caráter infinito do conhecimento, sendo os resultados
aqui apresentados, fontes para novas pesquisas que tenham como objeto o modo de
produção que se constrói a cada dia nos ambientes rurais brasileiros.
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Análise do absenteísmo-doença dos trabalhadores rurais de uma empresa florestal em Minas Gerais
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A
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ANEXO
Aprovação Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG
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