Download PDF
ads:
Universidade de São Paulo
Faculdade de Saúde Pública
Prevalência e fatores de risco da hipertensão
arterial no bairro Piratininga de Osasco
Sílvia Helena Cruz Pereira
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde blica para
obtenção do título de Mestre em Saúde
Pública
Área de concentração: Epidemiologia
Orientador: Prof. Dr. Ruy Laurenti
São Paulo
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Prevalência e fatores de risco da hipertensão
arterial no bairro Piratininga de Osasco
Sílvia Helena Cruz Pereira
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Pública da
Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Mestre em Saúde Pública
Área de concentração: Epidemiologia
Orientador: Prof. Dr. Ruy Laurenti
São Paulo
2010
ads:
É expressamente proibida a comercialização deste documento,
tanto na sua forma impressa como eletrônica. Sua reprodução
total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos
e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do
autor, título, instituição e ano da dissertação.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que colaboraram para que essa dissertação
de mestrado fosse concluída.
Agradeço a Elisabeth Cristina Coelho Silva Caires, responsável pela
Unidade Básica de Saúde José Hilário dos Santos (UBS Piratininga), a
oportunidade de desenvolvimento acadêmico.
Agradeço a participação, o trabalho, a presença e o empenho das pessoas
que compõem a equipe do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS) do bairro Piratininga de Osasco, principalmente durante a realização
da pesquisa de campo:
Enfermeira Coordenadora Lucimeire Lima Vasconcelos; e,
Agentes Comunitários de Saúde Alessandra da Silva Gonçalves, Alessandra
Sandrini de Freitas Ismael, Ana Cristina de Souza Barbosa Santos, Andrea
Ferreira Roldan, Camila Raquel Lazaro, Claudia Marques dos Santos, Deise
Santos Silva, Denise Dantas Machado, Edson Justino Vieira, Janaina
Ferreira, Josilene Maria Silva Benetti, Luis Carlos Ferreira, Maria da Penha
dos Santos, Marlei Gonçalves Lima dos Santos, Marta Carlos da Silva, Nilza
Aparecida da Silva, Renato Candido da Silva e Sheila de Oliveira Vieira.
Agradeço aos Professores Doutores Luiz Augusto Marcondes Fonseca,
Nilza Nunes da Silva e Sabina Léa Davidson Gotlieb pelas críticas e
correspondentes sugestões que enriqueceram o texto da dissertação.
Agradeço especialmente ao Professor Doutor Ruy Laurenti pela orientação
segura e sempre presente, indispensável à elaboração de minha
dissertação.
Agradeço a minha família: Sylvio, Janete e Márcio pelo incentivo, pela
revisão do texto e assessoria estatística.
Agradeço a meu marido Carlos pela paciência, compreensão e bom humor
com que me acompanhou nesse desafio.
RESUMO
Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um importante
problema de saúde pública mundial, por sua alta prevalência e por ser causa
de doenças que são fatais ou que levam a invalidez permanente.
Objetivo: Conhecer a prevalência da hipertensão arterial sistêmica e as
relações existentes entre os fatores de risco e a HAS, em adultos, da
população cadastrada pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS), no bairro Piratininga da cidade de Osasco.
Métodos: O presente estudo epidemiológico foi realizado através de
amostra autoponderada e estratificada por microárea, de 1733 moradores do
bairro Piratininga, na cidade de Osasco, com mais de 20 anos cadastrados
no PACS. O trabalho de campo foi feito junto com os agentes comunitários
de saúde e a enfermeira do PACS, por meio da aplicação de questionário e
de medidas de peso, altura e pressão arterial.
Resultados: Foram entrevistadas 1576 pessoas, da amostra sorteada de
1733, resultando em 9% de perdas. Eram 32 % do sexo masculino e 68% do
sexo feminino. A prevalência de HAS encontrada foi de 47%. A análise
estatística mostrou associação com HAS com a idade, com acentuado
aumento de prevalência a partir dos 30 anos; escolaridade, com maiores
prevalências para as pessoas sem escolaridade e até 4 anos de estudo, com
p<0,001. Observou-se o efeito protetor familiar com menores prevalências
de hipertensão em famílias mais numerosas. A presença de diabetes
mostrou aumento da prevalência de HAS com p<0,01; e o IMC>30 também
associou-se significativamente. Os demais fatores como sexo, cor,
tabagismo, consumo de álcool e histórico familiar não influíram na
prevalência de HAS.
Conclusão: O conhecimento da prevalência da HAS e dos fatores de risco a
ela relacionados permite subsidiar medidas objetivas para obter melhor
controle da HAS, com ênfase em ações educativas, que podem ser
desenvolvidas por programas tais como o PACS.
Descritores: Prevalência de hipertensão, hipertensão arterial sistêmica,
pressão arterial, fatores de risco, saúde pública, epidemiologia.
ABSTRACT
Background: Hypertension is a major worldwide public health problem
because of its high prevalence and the fact that it causes diseases leading to
death or permanent disability.
Objective: To know the hypertension prevalence and the relationships
between risk factors and hypertension in the adult population enrolled in the
Program of Community Health Agents (PACS) in Piratininga, a district in the
city of Osasco, São Paulo, Brazil.
Methods: This epidemiologic study was conducted through a self-weighted
stratified through microarea of 1,733 residents over 20 years of age in
Piratininga, a district in the city of Osasco, enrolled in the PACS. The field
work was conducted together with community health agents and a nurse
from the PACS through a questionnaire and measurement of weight, height
and blood pressure.
Results: The survey results cover 1,576 subjects, of the sample drawed of
1733, resulting in 9 percent of loss. They were 32 percent male and 68
percent female. Hypertension prevalence was found to be 47 percent.
Statistical analysis results association of hypertension with age: with a
marked increase in prevalence for 30-year-olds; schooling: with the highest
prevalence for people with no schooling and up to 4 years of study, with
p<0.001. A protective family effect with lower prevalence of hypertension in
larger families was observed. The presence of diabetes showed an increased
prevalence of hypertension with p<0.01, and BMI>30 was also significantly
associated. Other factors such as sex, race, smoking, alcohol consumption
and family history did not influence hypertension prevalence.
Conclusion: Knowledge of hypertension prevalence and risk factors may
subsidize objective actions to achieve better hypertension control, with an
emphasis on educational activities to be developed through programs such
as the PACS.
Keywords: Prevalence of hypertension, hypertension, blood pressure, risk
factors, public health, epidemiology.
ÍNDICE
Assunto página
1. INTRODUÇÃO
1.1 PRESSÃO ARTERIAL
1.2 HISTÓRICO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL
1.3 CONCEITOS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
1.4 PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO
1.5 PREVENÇÃO
1.5.1 Prevenção primária
1.5.2 Prevenção secundária
1.5.3 Prevenção terciária
1.6 FATORES DE RISCO
1.6.1 Idade
1.6.2 Sexo
1.6.3 Cor
1.6.4 Hábitos alimentares
1.6.5 Atividade física
1.6.6 Condições sócio-econômicas
1.6.7 Tabagismo e alcoolismo
1.6.8 História familiar
1.7 EFEITOS DA HIPERTENSÃO EM DOENÇAS VASCULARES
1.8 BAIRRO PIRATININGA DE OSASCO NA GRANDE SÃO PAULO
1.9 PROGRAMA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
(PACS)
9
10
10
13
14
16
16
17
18
18
19
20
20
21
21
22
22
23
23
24
29
2. OBJETIVOS 31
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 PLANO DE AMOSTRAGEM
3.2 TREINAMENTO DA EQUIPE PARA A PESQUISA
3.3 APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA
3.4 INQUÉRITO DOMICILIAR
3.5 MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E DE PRESSÃO ARTERIAL
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
32
32
34
35
35
40
42
4. RESULTADOS
4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO DE ESTUDO
4.2 PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E
FATORES DE RISCO
4.3 FATORES DE RISCO, DADOS DEMOGRÁFICOS E
SÓCIO-ECONÔMICOS E SUA RELAÇÃO COM A
PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO E O CONTROLE
DOS NÍVEIS PRESSÓRICOS
43
43
50
53
5. DISCUSSÃO 58
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 63
7. BIBLIOGRAFIA 64
ANEXOS
Anexo 1 - Questionário impresso 73
Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 74
CURRÍCULO LATTES 75
Lista de figuras
Figura 1 Mapa da Grande São Paulo. Destaca-se, em vermelho, a
cidade de Osasco, onde foi realizada a pesquisa de campo, no período de
novembro de 2009 a junho de 2010. 25
Figura 2 Mapa de Osasco e seus bairros. Destaca-se, em vermelho, o
bairro Piratininga, onde foi realizada a pesquisa de campo, no período de
novembro de 2009 a junho de 2010. 26
Figura 3 Mapa do bairro Piratininga, onde foi realizada a pesquisa de
campo, no período de novembro de 2009 a junho de 2010. 27
Figura 4 Área livre, o “Flamenguinho”, situada no bairro Piratininga,
local onde foi realizada a pesquisa de campo, no período de novembro de
2009 a junho de 2010. 28
Figura 5. Agentes comunitários de saúde e a enfermeira coordenadora do
PACS Piratininga, que participaram da pesquisa de campo, realizada nesse
bairro, no período de novembro de 2009 a junho de 2010. 30
Figura 6. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de campo,
realizada no bairro Piratininga da cidade de Osasco, conforme sexo, no
período de novembro de 2009 a junho de 2010. 43
Figura 7. Pirâmides etárias das pessoas do bairro Piratininga do Censo de
2000 e da população em estudo, no período de novembro de 2009 a junho
de 2010. 45
Figura 8. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de campo,
segundo a cor, no período de novembro de 2009 a junho de 2010. 45
Figura 9. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de campo,
segundo as categorias de escolaridade, no período de novembro de 2009
a junho de 2010. 46
Figura 10. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo situação conjugal, no período de novembro de 2009 a
junho de 2010. 47
Figura 11. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo renda em salários mínimos (R), no período de novembro
de 2009 a junho de 2010. 48
Figura 12. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo dieta, no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
50
Figura 13. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo exercícios, no período de novembro de 2009 a junho de
2010. 51
Figura 14. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo tabagismo, no período de novembro de 2009 a junho de
2010. 51
Figura 15. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo consumo de álcool, no período de novembro de 2009 a
junho de 2010. 52
Lista de tabelas
Tabela 1 Plano de amostragem estratificada por microárea das pessoas
do bairro Piratinga que se submeteram a pesquisa de campo, no período de
novembro de 2009 e junho de 2010. 33
Tabela 2 Distribuição etária das pessoas do bairro Piratinga que se
submeteram a pesquisa de campo, no período de novembro de 2009 e
junho de 2010. 44
Tabela 3 Distribuição etária das pessoas que participaram da pesquisa
de campo, por categoria de escolaridade, no período de novembro de 2009
a junho de 2010. 46
Tabela 4 Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo segundo categorias de renda familiar em salário mínimo, no período
de novembro de 2009 a junho de 2010. 47
Tabela 5 .Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo por microárea, segundo renda em salários mínimos (R), no período
de novembro de 2009 a junho de 2010. 49
Tabela 6 Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo fatores sócio-demográficos (sexo, idade, cor e situação
conjugal), no período de novembro de 2009 a junho de 2010. 54
Tabela 7 Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo fatores sócio-econômicos (escolaridade, número de
pessoas da família e renda familiar mensal em SM), no período de novembro
de 2009 a junho de 2010. 55
Tabela 8 Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo fatores comportamentais relacionados à saúde (história
familiar de HAS, antecedente de infarto, antecedente de AVC, diabetes,
exercícios, tabagismo, consumo de álcool e índice de massa corporal
IMC), no período de novembro de 2009 a junho de 2010. 56
1. INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um importante problema de saúde
pública, por sua alta prevalência, por ser causa de doenças que são fatais
ou que levam a invalidez permanente; pelo seu difícil controle e tratamento;
por ser evitável por meio de ações de prevenção; por ter relação com
hábitos de vida modificáveis por práticas de educação para a saúde; e, pelo
seu alto custo social.
O presente estudo epidemiológico sobre hipertensão foi realizado através de
amostragem da população cadastrada pelo Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS) no bairro Piratininga, da cidade de Osasco
localizada na região oeste da Grande São Paulo. O conhecimento das
características dessa população contribuirá para o planejamento de ações
de saúde na prevenção da HAS.
O trabalho de campo foi feito pela pesquisadora, junto com a enfermeira
coordenadora e os agentes comunitários de saúde que compõem a equipe
do PACS do bairro Piratininga. Essa equipe participou de treinamento
conduzido pela pesquisadora, que supervisionou todas as atividades
realizadas.
9
1.1 PRESSÃO ARTERIAL
Os conceitos atuais sobre a Pressão Arterial (PA) baseiam-se na aplicação
criteriosa dos princípios da hidrodinâmica ao sistema circulatório. Ainda que
com limitações, esta aplicação da dinâmica dos fluidos contribuiu para o
desenvolvimento da hemodinâmica e da fisiopatologia cardiovascular.
(LOLIO, 1990).
A pressão arterial é aquela existente no interior das artérias e que é
comunicada às suas paredes e que pode ser medida somente com auxílio
de aparelhos, chamados de esfigmomanômetros, aneróides ou de coluna de
mercúrio, que medem a PA em milímetros de mercúrio (mmHg).
1.2 HISTÓRICO DA HIPERTENO ARTERIAL
A hipertensão arterial é uma das entidades clínicas que mais incide no ser
humano e que mais o incapacita. Um pouco de conhecimento de história
poderá ajudar a identificar pessoas que dedicaram parte de suas vidas
construindo saberes que levaram a classificação da hipertensão arterial
como entidade clínica. Algumas pessoas e fatos da história da Medicina
ligados à hipertensão arterial foram selecionados a partir de sua relevância.
10
Erasístrato (310 a. C.), considerado como o fundador da fisiologia, afirmava
que o coração produzia o espírito vital e que este era transportado pelas
artérias para todas as partes do corpo. Herófilo (300 a. C.), primeiro
anatomista e clínico, criou a doutrina do pulso, ao descrever com exatidão
as pulsações e seus significados. Sêneca dizia que o médico não pode
consultar a distância, uma vez que é preciso sentir o pulso do paciente
(INTROCASO, 2005).
O médico grego Galeno, estabelecido em Roma, foi o fundador da medicina
sistemática. Ele considerava que o sangue se formava no fígado a partir dos
alimentos, atravessava o coração através de poros do septo interventricular
e coagulava nos vasos, formando a carne. Essa teoria, apoiada pela Igreja,
segue quase sem mudanças até o Renascimento. Ibn Nafis, médico árabe,
discordava de Galeno. Sua opinião era que como o septo interventricular
não tinha poros, o sangue da metade esquerdao passaria para a metade
direita do coração. Essa posição foi esquecida rapidamente (MIRADOR
INTERNACIONAL, 1976).
Servet e Colombo levantaram a hipótese de que o sangue iria do lado
esquerdo ao lado direito do coração passando pelos pulmões (pequena
circulação). Cesalpino percebeu como possível uma grande circulação.
Harvey demonstrou essas hipóteses ao conceber o processo de circulação
sanguínea. Sua proposta foi publicada em 1628, em um tratado sobre o
movimento do coração e do sangue nos animais. Suas idéias não foram
11
aceitas de imediato e geraram grandes controvérsias. Mais de cem anos se
passaram até que fossem retomadas (MIRADOR INTERNACIONAL, 1976).
Sobre as primeiras medidas da pressão arterial, Hales realizou, em 1733, a
primeira medida (invasiva) da pressão arterial de um animal. Sobre esse
evento, Müller, um dos maiores fisiologistas do séc. XIX afirmou que a
medida da pressão sanguínea foi mais importante que a descrição da
circulação sanguínea. Favre realizou, em 1856, a primeira medida acurada
(ainda invasiva) da pressão arterial de uma pessoa. Durante cirurgia,
cateterizou a artéria femural e ligou-a a um manômetro de mercúrio. A partir
desse experimento, buscaram-se valores de normalidade para a pressão
arterial (INTROCASO, 2005).
Von Bash inventou, a partir de 1880, três aparelhos para medir a pressão
arterial. Foi o primeiro a utilizar um manômetro aneróide (1886) e também o
primeiro a observar que nas pessoas idosas ou com aterosclerose, a
pressão sistólica era mais elevada que na população normal. Huchard, a
partir dos estudos de Von Bash, afirmou que a pressão arterial persistente
levava a aterosclerose. Além disso, propôs que a pressão arterial dependia
de outras doenças como, por exemplo, a nefrite crônica (INTROCASO,
2005).
O esfigmomanômetro não foi aceito, de maneira uniforme pela comunidade
médica. O British Medical Journal declarou, naquela época, que o uso desse
12
aparelho empobrecia a sensibilidade e enfraquecia a perspicácia clínica dos
médicos.
Riva-Rocci descreveu, em 1896, um novo esfigmomanômetro. Em 1905,
Korotkoff mostrou ser possível ouvir os ruídos produzidos quando o
manômetro era esvaziado; a ausculta dos mesmos, com o auxílio de um
estetoscópio aplicado sobre a artéria braquial durante a deflação do
manguito pneumático, permitiu a caracterização de “fases” destes ruídos,
cujo início e fim podem ser usados para avaliar a Pressão Arterial Sistólica
(PAS) e a Pressão Arterial Diastólica (PAD) (INTROCASO, 2005 e LÓLIO,
1990).
No Brasil, na cada de 1920, foram importados os primeiros
esfigmomanômetros de mercúrio para aferição da pressão arterial para
serem utilizados na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
1.3. CONCEITOS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica que pode ser
conceituada como o aumento dos níveis pressóricos, acima do
recomendado para uma determinada faixa etária e condição clínica (LOPES,
2006).
13
A hipertensão era definida pelo critério da Organização Mundial da Saúde
(OMS) de 1978, como medida de Pressão Arterial Sistólica (PAS) maior ou
igual a 160 mmHg e/ou Pressão Arterial Diastólica (PAD) maior ou igual a 95
mmHg. Encontramos na literatura alguns trabalhos que ainda se utilizam
desse critério.
O critério mais atual e utilizado no presente estudo, é o definido pelo Comitê
Norte-Americano de Detecção, Avaliação e Tratamento da Hipertensão
Arterial JOINT COMITTEE FOR THE DETECTION, EVALUATION AND
TREATMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE JNC VII de 2003 que define
hipertensão como PAS maior ou igual a 140 mmHg e PAD maior ou igual a
90 mmHg.
1.4. PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO
A prevalência da hipertensão arterial sistêmica encontrada no Brasil e no
mundo é muito alta, variando principalmente na dependência da distribuição
etária e da urbanização do local, pois a prevalência aumenta com a idade,
conforme está amplamente divulgado na literatura. Conforme revisão de
KEARNEY et al (2004), encontrou-se prevalência de hipertensão de 30 %
nos EUA e nos países da Europa, que têm sua população mais envelhecida.
Foram encontradas as maiores prevalências de hipertensão na Polônia, da
14
ordem de 70%, na Espanha, de 40 %, com prevalências maiores nas zonas
urbanas. MITTAL et al (2010), num trabalho de revisão mundial de países
em desenvolvimento, encontraram prevalências de 35% na América Latina e
30% entre os Chineses e Indianos. ESPINOZA-GÓMEZ et al (2004)
detectaram 28,6% de prevalência de hipertensão em Colima, México e sua
associação com a presença de antecedentes familiares, sobrepeso e
sedentarismo.
No Brasil, não dados de prevalência geral, pois ainda não foi concluído
um estudo multicêntrico, realizado simultaneamente numa parcela
representativa da população total, mas a estimativa do MINISTÉRIO DA
SAÚDE (2001) é de que a HAS atinja 22% da população brasileira acima de
20 anos. Mais recentemente, a Associação Brasileira de Hipertensão fez
uma estimativa de prevalência da hipertensão no Brasil de 30%.
Tais estimativas sobre a prevalência de hipertensão no Brasil fundamentam-
se em estudos independentes voltados a populações específicas e
características. Estes estudos trazem diferentes informações sobre a
prevalência de hipertensão traduzindo as diversidades locais. BARBOSA et
al (2008) encontraram uma prevalência de 27,4% de hipertensão em São
Luiz do Maranhão. LIMA e COSTA et al (2004), obtiveram uma prevalência
de hipertensão de 23,3% em Bambuí-MG. CHRESTANI et al (2009)
obtiveram uma prevalência de hipertensão de 29,5% em Pelotas-RS.
CASTRO et al (2007) estimaram a prevalência de hipertensão em 32,7% na
15
cidade de Formiga-MG. JARDIM et al (2007) obtiveram uma prevalência de
hipertensão de 36,4% em Goiânia-GO. LESSA et al (2006) observaram uma
prevalência de hipertensão de 29,9% em Salvador-BA. CIPULLO et al (2008)
encontraram uma prevalência de hipertensão de 25,23% em São José do
Rio Preto-SP.
1.5. PREVENÇÃO
As medidas preventivas para hipertensão arterial sistêmica são aplicadas
nas diversas etapas da evolução da História Natural da Doença (LEAVELL e
CLARK, 1976).
1.5.1 Prevenção Primária
Aplica-se antes do início da doença e, no caso da hipertensão, pode iniciar-
se desde o nascimento. É bom lembrar que algumas nações indígenas não
conhecem a hipertensão e nessas tribos, não existe sequer o aumento
“fisiológico” da pressão arterial com a idade (MANCILHA-CARVALHO e
SOUZA e SILVA, 2008). Medidas preventivas que implicam práticas de
16
educação em saúde podem beneficiar uma grande parcela da população,
que, apesar de apresentar herança familiar desfavorável, pode não
apresentar hipertensão manifesta se adquirir hábitos mais saudáveis.
1.5.2 Prevenção Secunria
O tratamento previne a evolução, agravamento da hipertensão e seus
graves efeitos vasculares, como Infarto do Miocárdio (IM) e Acidente
Vascular Cerebral (AVC), seguidos de seqüelas ou óbito.
A hipertensão é uma doença de difícil controle, pois quase sempre é
assintomática, havendo baixa adesão do paciente ao tratamento
medicamentoso e não medicamentoso. A hipertensão é influenciada por
outros fatores de risco cardiovascular como dieta, tabagismo, alcoolismo e
sedentarismo. Daí o interesse em tratar a hipertensão como uma doença
multifatorial que requer investimento em mudanças de hábito de vida além
do tratamento puramente medicamentoso.
17
1.5.3 Prevenção Terciária
Trata-se da reabilitação de pacientes com seqüelas ou limitações físicas
decorrentes de complicações cardiovasculares. A reabilitação para o
trabalho é muito difícil, pois depende do comprometimento da empresa e do
trabalhador, sob orientação de equipe multiprofissional da Previdência
Social: médico, assistente social, psicólogo, fisioterapeuta e outros. Esse
esforço conjunto, para aproveitamento máximo da capacidade residual do
segurado, possibilita sua recolocação no mercado de trabalho.
1.6 FATORES DE RISCO
A hipertensão arterial sistêmica é uma doença multifatorial de base genética
pouco esclarecida, que pode ser prevenida através do controle de seus
fatores de risco, tais como dieta rica em sódio, baixo nível de atividade física,
peso excessivo, tabagismo e consumo de álcool.
Alguns exemplos são citados a seguir: BARBOSA et al (2008) verificaram
forte associação da hipertensão com sobrepeso, obesidade e diabetes,
principalmente nas idades mais elevadas. CASTRO et al (2007) encontraram
associação da hipertensão com obesidade e sedentarismo. LESSA et. al.
18
(2006) observaram a hipertensão associada com sobrepeso e obesidade.
CIPULLO et al (2008) encontraram a associação de hipertensão com baixa
escolaridade e obesidade
Para nem todos esses fatores de risco, contudo, consenso entre os
pesquisadores. Por exemplo, mesmo o tabagismo, que é considerado um
fator de risco por instituições do nível do VII JOINT COMITTEE (2003), não
mostra associação significativa com a hipertensão em estudos como o de
BARBOSA et al (2008), o de CASTRO et al (2007) e o de PICCINI e
VICTORA (1994).
1.6.1. Idade
A pressão arterial aumenta com a idade e a hipertensão atinge em torno de
60% de prevalência após os 60 anos de idade (FIRMO et al, 2004 e LIMA e
COSTA, 2009). O envelhecimento populacional constitui a mais importante
mudança demográfica observada tanto em países desenvolvidos quanto em
países em desenvolvimento. Tem como consequência o aumento da
importância de doenças crônicas como a hipertensão, e seus efeitos sobre
as doenças cardiovasculares.
19
1.6.2 Sexo
Apesar de a hipertensão não ser diretamente influenciada pelo sexo,
devemos lembrar que ela é duas vezes mais comum em mulheres usuárias
de anticoncepcional, especialmente em obesas (LOPES, 2006)
1.6.3 Cor
A hipertensão tem sido mostrada como mais prevalente na população negra,
mas estudos mais recentes questionam essa afirmação, que observam
interferência mais importante do fator sócio-econômico. GRAVLEE et al
(2005), estudaram a hipertensão medindo objetivamente o grau de
pigmentação da pele e associando-o aos níveis sócio-econômicos.
Chegaram à conclusão de que a hipertensão é mais prevalente entre os
negros porque eles ocupam, na sua maioria, as classes sociais mais baixas.
20
1.6.4bitos alimentares
O sódio da dieta participa diretamente da fisiopatologia da hipertensão. Isso
fica claro, quando se estudam povos indígenas que desconhecem a
hipertensão, por não adicionarem sal à sua alimentação. Pode, inclusive,
explicar em parte a maior prevalência de hipertensão nas classes mais
baixas, que consomem mais sal (MOLINA et al, 2003).
Recentemente, o estudo da Dietary Approaches to Stop Hypertension
(DASH) propõe mudanças mais amplas nos hábitos alimentares com a
inclusão de vegetais e fibras, com menos gorduras saturadas, além da
retirada do sal, redução da obesidade e redução do consumo de bebidas
alcoólicas, mas não teve grande impacto na redução dos níveis pressóricos
(KATSUYUKI e HIDEAKI, 2005).
1.6.5 Atividade física
O sedentarismo é um fator associado à hipertensão e às doenças
cardiovasculares. Sabe-se, conforme SILVA (2009), que programas de
exercício reduzem significativamente a PAS e a PAD.
21
1.6.6 Condões sócio-ecomicas
A maioria dos estudos mostra uma relação da prevalência da hipertensão
arterial com os baixos níveis sócio-econômicos, que provocam interferências
no comportamento e levam a aumento dos níveis pressóricos nessa
população (LIMA et al, 2004; MARTINS et al, 2008)
1.6.7 Tabagismo e alcoolismo
O tabagismo, na literatura mais tradicional, é apontado como um dos fatores
de risco para hipertensão. Porém, em muitos estudos atuais, ele aparece
com pouca interferência sobre os níveis pressóricos (BARBOSA et al, 2008;
CASTRO et al, 2007; PICCINI e VICTORA, 1994).
O alcoolismo é sem dúvida um importante fator de risco para hipertensão,
mas a ingestão de quantidades moderadas aparece muitas vezes como
efeito protetor (LOLIO, 1990)
22
1.6.8 História familiar
Trabalhos como o de PICCINI e VICTORA (1994) mostram a associação
entre história familiar e hipertensão. Esse dado aparece de diversas formas
dependendo do tipo de população estudada e seu conhecimento sobre a
própria herança familiar.
1.7. EFEITOS DA HIPERTENSÃO EM DOENÇAS VASCULARES
A hipertensão é o mais importante fator de risco modificável para infarto do
miocárdio e acidente vascular cerebral, as principais causas de morte e
invalidez permanente do mundo. Estudos epidemiológicos apontam a
hipertensão como causa para o aumento do risco de doença vascular
encefálica, doenças arteriais coronarianas, insuficiência cardíaca congestiva,
insuficiência renal crônica e doença vascular periférica (BARBOSA et al,
2008).
Na cidade de Osasco, no Estado de São Paulo e no Brasil de maneira geral,
o infarto do miocárdio e as doenças cerebrovasculares são a primeira causa
de mortalidade (DATASUS). A hipertensão é responsável por 80% dos
casos de acidente vascular cerebral, 60% dos casos de infarto agudo do
23
miocárdio e 40 % das aposentadorias precoces, além de significar um custo
de 475 milhões de reais gastos em internações por ano (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2001).
De acordo com valores divulgados por GAZIANO et al (2009) para a
International Society of Hypertension (ISH), em 2001, os custos anuais
globais relacionados diretamente com a hipertensão arterial foram de
aproximadamente 372 bilhões de dólares. Para 2009, os custos anuais
globais diretamente ligados a hipertensão arterial foram estimados em 500
bilhões de dólares. Esses custos podem aumentar cerca de dez vezes,
quando são considerados potenciais custos indiretos.
1.8. BAIRRO PIRATININGA DE OSASCO NA GRANDE SÃO PAULO
Osasco é um município localizado a oeste do município de São Paulo, do
qual era um bairro e foi emancipado em 19 de fevereiro de 1962.
24
Figura 1. Mapa da Grande São Paulo. Destaca-se, em vermelho, a cidade
de Osasco, onde foi realizada a pesquisa de campo, no período de
novembro de 2009 a junho de 2010
É uma cidade onde predominam as atividades de indústria, comércio e
serviços. Tem uma área de 65 Km² e tem 718646 habitantes, sendo o
maior município em população do Estado de São Paulo.
25
Figura 2. Mapa de Osasco e seus bairros. Destaca-se, em vermelho, o
bairro Piratininga, onde foi realizada a pesquisa de campo, no período de
novembro de 2009 a junho de 2010.
O bairro Piratininga, localizado na zona norte de Osasco, tem área de 1,4
Km² e 11537 habitantes. É um bairro com predomínio de indústrias e
pequenas empresas, limitado ao sul pelo Rio Tietê e ao norte pela Rodovia
Castelo Branco.
26
Figura 3. Mapa do bairro Piratininga, onde foi realizada a pesquisa de
campo, no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
O bairro Piratininga, na sua porção residencial que permeia indústrias e
pequenas empresas locais, compreende em sua maioria domicílios de
classe média baixa.
Apresenta em sua extremidade próxima à Castelo Branco, uma pequena
área de favela com aproximadamente 570 famílias na maioria instalada em
casas de material reaproveitado.
27
Figura 4. Área livre, o “Flamenguinho”, situada no bairro Piratininga, local
onde foi realizada a pesquisa de campo, no período de novembro de 2009 a
junho de 2010.
Dentro do bairro está instalado a Unidade Básica de Saúde José Hilário dos
Santos (UBS Piratininga), responsável pela atenção básica, e a Policlínica
Zona Norte, onde é prestada a atenção secundária de consultas com as
diversas especialidades, alguns exames subsidiários e pequenas cirurgias.
28
1.9 PROGRAMA DE AGENTES COMUNIRIOS DE SAÚDE (PACS)
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) do Ministério da
Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001), escolhe dentro da comunidade
pessoas para atuar como agentes de saúde que são treinados pelo
profissional enfermeiro coordenador para visitas domiciliares periódicas
mensais e atividades de grupo, visando a promoção da saúde e a prevenção
de doenças (STARFIELD, 2002). Cada Agente Comunitário de Saúde (ACS)
é responsável, em média, por 200 famílias, nos domicílios que incluem a sua
região de residência (microárea). Durante a primeira visita é feito o cadastro
familiar através do preenchimento da ficha de cadastramento (Ficha A) do
agente comunitário, que inclui questões sobre o tipo de moradia, doenças
referidas entre os moradores, presença de crianças e gestantes, entre
outras informações de caráter epidemiológico. Essas informações alimentam
um banco de dados, o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) que
é reportado ao Ministério da Saúde. O bairro Piratininga tem o PACS
distribuído por toda a sua extensão e compreende 21 microáreas sob
responsabilidade de 19 agentes comunitários de saúde e de uma enfermeira
coordenadora. As microáreas foram divididas conforme as características da
região e cinco delas compreendem áreas livres (microáreas 1, 8, 9, 10 e 15).
29
Figura 5. Agentes comunitários de saúde e a enfermeira coordenadora do
PACS Piratininga, que participaram da pesquisa de campo, realizada nesse
bairro, no período de novembro de 2009 a 2010.
30
2. OBJETIVOS
Objetivo Geral
O objetivo geral é obter a prevalência de hipertensão e as características
dos hipertensos da população adulta cadastrada pelo PACS no bairro
Piratininga de Osasco.
Específicos
Determinar a prevalência da hipertensão arterial sistêmica na população
adulta das 21 microáreas pesquisadas.
Comparar a prevalência encontrada com diversos trabalhos de
pesquisadores e de instituições de saúde.
Verificar a associação da hipertensão com os possíveis fatores de risco.
31
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 PLANO DE AMOSTRAGEM
Para obtenção de uma amostra representativa de pessoas com idade igual
ou acima de 20 anos, cadastradas pelo PACS do bairro Piratininga de
Osasco para um intervalo de confiança de 95%, com um erro estimado de
2% e considerando que o total da população é de 11537 habitantes e
estimando uma prevalência de hipertensão de 20%, foram sorteadas 788
famílias distribuídas pelas 21 microáreas, o que resultou em 1733 pessoas
com 20 anos de idade ou mais, a serem submetidas à pesquisa.
Configurou-se, assim, uma amostra autoponderada e estratificada por
microárea. Adotou-se como possível perda um total de no máximo 20%, a
fim de obter-se um número de amostra de aproximadamente 1300 pessoas
(SILVA, 1998).
32
A distribuição de indivíduos por microárea apresentou-se conforme Tabela 1.
Tabela 1 Plano de amostragem estratificada por microárea das pessoas
do bairro Piratinga que se submeteram a pesquisa de campo, no período de
novembro de 2009 a junho de 2010.
Microárea Famílias Pessoas
20 anos
Famílias
sorteadas
Pessoas
sorteadas
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
212
179
205
194
168
192
192
202
178
192
202
201
198
182
189
207
173
179
170
172
162
535
426
493
383
407
440
470
465
520
220
536
531
460
419
360
332
418
298
213
384
274
43
36
41
39
34
38
38
40
36
38
40
40
40
36
38
41
34
36
34
34
32
87
82
96
78
69
73
83
86
87
76
89
71
98
81
89
77
86
82
91
79
73
Totais 3939 8583 788 1733
33
3.2 TREINAMENTO DA EQUIPE PARA A PESQUISA
A pesquisa foi realizada com a participação constante da equipe do PACS,
dos ACS e da enfermeira coordenadora, que participaram de um
treinamento prévio com a pesquisadora.
Inicialmente, procedeu-se ao treinamento dos ACS para aplicação do
questionário e para as medições de peso e altura.
Durante quatro horas, foi abordado o tema de conhecimentos básicos sobre
hipertensão arterial em aula ministrada pela pesquisadora. Nessa aula foi
tratado em especial o conceito de hipertensão arterial, sua importância no
Brasil e no mundo e a associação da hipertensão arterial com seus
principais fatores de risco e com variáveis demográficas e econômicas.
Após a abordagem dos conhecimentos básicos, num outro período de
quatro horas, foi apresentado o questionário a ser utilizado durante a
pesquisa, e exaustivamente discutidas as possibilidades de resposta das
pessoas às perguntas, sendo assim sanadas dúvidas sobre sua aplicação.
Num terceiro momento, por mais quatro horas os ACS foram treinados para
realizar com precisão as medidas de peso e altura.
34
Posteriormente, complementando as atividades de treinamento
anteriormente realizadas, desenvolveu-se um pequeno plano piloto em uma
área fora do bairro Piratininga, no qual foram realizados inquéritos com
aplicação do questionário, medidas de peso e altura e aferição da PA, da
mesma forma que seriam feitos em seguida durante a pesquisa. Esse
procedimento ocorreu durante uma semana no bairro Nova Aliança, próximo
ao bairro Piratininga para treinamento da equipe, verificação de dúvidas e
validação do questionário.
3.3 APROVÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA
O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Saúde Pública, que deu aprovação em 30 de outubro de 2009.
Dessa forma, a coleta de dados iniciou em novembro de 2009 e foi
concluída em junho de 2010.
3.4 INQUÉRITO DOMICILIAR
O inquérito domiciliar se deu através da aplicação, em cada domicílio e para
todas as pessoas nele instaladas com idade igual ou acima de 20 anos, de
35
um questionário (Anexo1), e exame físico com medidas de peso e altura e
de pressão arterial, após assinatura de um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Anexo 2), apresentado a cada um.
O questionário foi estruturado para contemplar os seguintes grupos de
variáveis: variáveis sócio-demográficas (idade, sexo, cor, situação
conjugal, condição de chefia na família), variáveis sócio-econômicas
(escolaridade, número de moradores no domicílio, renda familiar mensal e
atividade ocupacional) e comportamentos relacionados à saúde
(antecedentes familiares de HAS, antecedentes pessoais de complicações
cardiovasculares e diabetes mellitus, uso de medicamentos
antihipertensivos, ingesta de sal, sedentarismo, consumo de álcool,
tabagismo e data da última consulta médica,).
O questionário foi aplicado pelos agentes comunitários de saúde que
preencheram as questões conforme referidas pelas pessoas, à exceção da
questão sobre cor de pele, que foi preenchida conforme observado pelo
entrevistador. A aplicação do questionário ocorreu sob supervisão direta da
enfermeira coordenadora do PACS e da pesquisadora.
Além de campo para identificação do entrevistador e da data da entrevista, o
questionário disponível no Anexo 2 conta com 23 questões mais os dados
objetivos de medição de peso, altura, cálculo do índice de massa corpórea,
36
pressão arterial inicial, final (após no mínimo 10 minutos) e o cálculo da
média das duas aferições de pressão arterial.
Segue a descrição detalhada do preenchimento de cada item do
questionário:
Os primeiros itens se referem à identificação do entrevistador e ao
preenchimento da data da entrevista. Em seguida eram levados ao
conhecimento do entrevistado os propósitos da pesquisa e após
esclarecimento de todas as dúvidas era assinado o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Questão 1: Preenchimento do nome completo da pessoa entrevistada
conferindo-o com o nome presente na ficha A.
Questão 2: Anotação do número de família da ficha A com o objetivo de
identificar a pessoa em sua microárea e para poder agrupar as pessoas por
família.
Questão 3: Verificação, junto ao entrevistado, sobre sua condição de chefia
na família.
37
Questão 4: Registro da data de nascimento, sempre confrontando com a
informação da ficha A e, quando necessário, realizando a consulta de
documentos. A partir dessa informação, era feito o cálculo da idade em anos
completos no dia da entrevista.
Questão 5: Registro da alternativa correspondente ao sexo masculino ou
feminino.
Questão 6: Escolha, pelo entrevistador, entre as opções de cor branca,
negra ou parda, conforme observação do entrevistado naquele momento.
Questão 7: Pergunta sobre a ocupação do entrevistado no momento da
entrevista.
Questão 8: Classificação da pessoa de acordo com sua situação conjugal:
solteiro, casado/união estável, separado/divorciado ou viúvo.
Questão 9: Pergunta sobre a escolaridade da pessoa em anos de estudo.
Questão 10: Anotação do número de pessoas residentes no domicílio do
entrevistado.
Questão 11: Registro da renda familiar mensal em reais.
38
Questão 12: Pergunta sobre seu conhecimento sobre a condição de ser ou
não hipertenso, permitindo o cálculo da prevalência de hipertensão arterial
referida, para poder comparar posteriormente com a prevalência de
hipertensão arterial detectada.
Questão 13: No caso da questão acima ser respondida afirmativamente, a
pessoa era perguntada sobre quanto tempo sabia da sua condição de
hipertenso.
Questão 14: Em sabendo da condição de hipertenso, a pessoa era inquirida
sobre o uso de medicação antihipertensiva.
Questão 15: Registro dos medicamentos antihipertensivos em uso. Durante
a consolidação dos dados, a pesquisadora verificou as referências de
medicamentos e, em raríssimas vezes, constatou que os medicamentos
utilizados não eram antihipertensivos, corrigindo esta questão e a anterior.
Questão 16: Pergunta sobre o uso regular dos medicamentos citados.
Questão 17: Pergunta sobre a presença de história familiar de hipertensão
arterial.
Questão 18: Pergunta à pessoa se é portador de diabetes mellitus e se tinha
apresentado infarto ou acidente vascular cerebral no passado.
39
Questão 19: Pergunta ao entrevistado se faz dieta com pouco sal.
Questão 20: Pergunta ao entrevistado se faz exercícios regularmente, fora
do período de trabalho.
Questão 21: Pergunta sobre tabagismo atual e o número de cigarros
consumidos ao dia.
Questão 22: Pergunta sobre o consumo de bebidas alcoólicas e classifica
em: não bebe, bebe raramente, bebe eventualmente, bebe aos finais de
semana ou bebe diariamente.
Questão 23: Registro do tempo transcorrido desde a última consulta médica,
independente do motivo da consulta ser ou não relacionado à hipertensão.
3.5. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E DE PRESO ARTERIAL
A altura das pessoas foi medida com fita métrica simples apoiada a uma
parede disponível e o peso foi medido com balança digital portátil, sendo
então calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC) com base na equação de
Quételet (IMC=kg/m²), sendo classificadas em normais, com IMC menor que
40
25; com sobrepeso, com IMC maior ou igual a 25 e menor que 30; e obesos,
com IMC maior ou igual a 30.
A aferição da pressão arterial foi realizada com a pessoa sentada em
repouso de pelo menos 5 minutos. Foram realizadas duas medições, uma
antes da entrevista e outra ao final da entrevista, com esfigmomanômetro
aneróide no braço direito apoiado na altura da região mamária, sendo
considerada pressão arterial sistólica (PAS) a medida do início dos ruídos
auscultatórios (primeiro som de Korotkof) e pressão arterial diastólica (PAD)
a medida da extinção dos ruídos auscultatórios (fase V de Korotkof).
Foram registradas as médias das duas medições e então foram classificadas
como hipertensas as pessoas com PAS igual ou maior a 140 mmHg e/ou
PAD igual ou maior a 90 mmHg, ou aquelas que referiram o uso de
medicação anti-hipertensiva (VII JOINT NATIONAL COMMITTEE, 2003).
A aferição da pressão arterial foi realizada pela enfermeira coordenadora do
PACS ou pela pesquisadora e as medidas antropométricas foram obtidas
pelos agentes comunitárias de saúde, sob supervisão da enfermeira
coordenadora e da pesquisadora.
Os casos detectados de hipertensão com níveis pressóricos muito elevados
foram encaminhados imediatamente ao atendimento de emergência, se
41
apresentavam sintomas de crise hipertensiva, ou agendados com a maior
brevidade para atendimento médico na UBS Piratininga.
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados das entrevistas foram armazenados na planilha do Microsoft
Excel (SULLIVAN, 2008). Todos os questionários foram revisados, os
dados digitados e revisados duplamente.
Inicialmente foram feitos os cálculos das prevalências, médias e razões de
prevalência com intervalos de confiança de 95%. Foi testada a associação
entre as diversas variáveis e a presença de hipertensão arterial usando-se o
teste do χ² com nível de significância de 5% (GATTI e FERES, 1975). Foram
calculados os níveis descritivos (α*=p), sendo considerado relevante p<0,05
(MAGALHÃES e LIMA, 2005). O mesmo procedimento foi adotado para
testar a associação entre as variáveis e o controle dos níveis pressóricos
dos hipertensos e testar a associação entre as variáveis e o uso regular de
medicação.
42
4. RESULTADOS
4.1 CARACTESTICAS GERAIS DA POPULAÇÃO DE ESTUDO
Nas 788 famílias sorteadas há um total de 1733 pessoas com idade igual ou
acima de 20 anos de idade, das quais, participaram da pesquisa 1576 (91%)
que compõem a população estudada. Destes, 505 (32,0%) eram do sexo
masculino e 1071 (68,0%) eram do sexo feminino.
Figura 6. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de campo,
realizada no bairro Piratininga da cidade de Osasco, conforme sexo, no
período de novembro de 2009 a junho de 2010.
43
A média de idade dos entrevistados foi de 48 anos (com desvio-padrão de
16 anos) e a idade variou de 20 a 95 anos, com valor mediano de 47 anos. A
distribuição nas faixas etárias está indicada na Tabela 2.
Tabela 2 Distribuição etária das pessoas
do bairro Piratinga que se submeteram a
pesquisa de campo, no período de novembro
de 2009 a junho de 2010.
Idade (anos
completos)
Nº de
pessoas
avaliadas
%
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
> 70
267
251
332
345
218
163
16,9
15,9
21,1
21,9
13,8
10,4
Totais 1576 100,0
A distribuição etária por sexo é apresentada a seguir comparando a
população estudada com os dados do Censo de 2000 para o bairro
Piratininga, no intervalo com as pessoas a partir de 20 anos de idade (Figura
7).
44
Figura 7. Pirâmides etárias das pessoas do bairro Piratininga do Censo de
2000 e da população de estudo, no período de novembro de 2009 a junho
de 2010.
A população de estudo tem uma proporção maior de mulheres e idosos que
a população do bairro. Isto ocorre porque uma maior adesão desses
grupos ao PACS e porque também se repetiu também durante a pesquisa.
Segundo a cor, a população de estudo foi composta na sua maioria de
brancos, 898 pessoas (57,0%), com 205 (13,0%) negros e 473 (30,0%)
pardos (Figura 8).
Figura 8. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de campo,
segundo a cor, no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
45
Considerando a distribuição das pessoas entrevistadas segundo a
escolaridade, a média foi de 6 anos (com desvio-padrão de 4,8 anos)
(Tabela 3 e Figura 9).
Tabela 3 Distribuição etária das pessoas que participaram da
pesquisa de campo por categoria de escolaridade, no período de
novembro de 2009 a junho de 2010
Categorias %
sem estudo
de um a quatro anos de estudo
de cinco a oito anos de estudo
de nove a onze anos de estudo
maior que 11 anos de estudo
147
575
383
402
69
9,3
36,5
24,3
25,5
4,4
Totais 1576 100,0
Figura 9. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de campo,
segundo as categorias de escolaridade, no período de novembro de 2009 a
junho de 2010.
A maioria das pessoas (886) era casada ou com situação conjugal estável
(56,2%). Os solteiros eram 378 (23,9%), os separados/divorciados eram 101
46
pessoas (6,4%) e os viúvos corresponderam a 211 pessoas (13,4%) (Figura
10).
Figura 10. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo situação conjugal, no período de novembro de 2009 a
junho de 2010.
Considerando a distribuição das pessoas segundo renda familiar, observa-
se concentração entre 2 e 5 salários mínimos (Tabela 4 e Figura 11).
Tabela 4 Distribuição das pessoas que participaram da
pesquisa de campo segundo categorias de renda familiar em
salário mínimo, no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
Categorias N %
1 salário mínimo
1 e 2 salários mínimos
2 e 3 salários mínimos
3 e 5 salários mínimos
> 5 salários mínimos
103
471
386
430
186
6,5
29,9
24,5
27,2
11,8
Totais 1576 100,0
47
Figura 11. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo renda em salários mínimos (R), no período de novembro
de 2009 a junho de 2010.
A média de renda familiar foi de R$ 1325 (com desvio-padrão de R$ 885),
variando muito entre as microáreas; nas áreas livres ficou em torno de R$
800 e nas demais áreas do bairro acima de R$ 1500.
48
A média de renda das pessoas por microárea pode ser apreciada na Tabela
5.
Tabela 5 .Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa
de campo por microárea, segundo renda em salários mínimos (R),
no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
Microárea Renda mensal (R$)
Média Desvio-padrão
Renda mensal (SM)
Média Desvio-padrão
1*
2
3
4
5
6
7
8*
9*
10*
11
12
13
14
15*
16
17
18
19
20
21
794 442
1428 745
1443 874
1574 874
1552 1067
1655 856
1301 420
1060 475
853 308
1216 539
1073 514
1202 555
1749 929
1083 611
889 672
1905 1750
1577 850
1373 1387
1411 630
1352 946
1449 1040
1,7 0,96
3,1 1,62
3,1 1,89
3,4 1,89
3,3 2,32
3,6 1,86
2,8 0,91
2,3 1,03
1,8 0,66
2,6 1,17
2,3 1,12
2,6 1,19
3,8 2,02
2,3 1,32
1,9 1,45
4,1 3,80
3,4 1,84
3,0 3,01
3,0 1,36
2,9 2,05
3,1 2,26
Totais 1325 886
2,8 ±1,92
* Microáreas em área livre
O número de pessoas por família variou muito pouco entre as microáreas,
sendo, em média, 4 pessoas por família (com desvio-padrão de 1,9).
49
4.2 PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E FATORES DE RISCO
Declararam apresentar pressão alta 667 pessoas, sendo a prevalência de
hipertensão referida de 42,3%. O tempo de hipertensão em média foi de 4,4
anos (com desvio-padrão de 8,2), variando de 1 a 50 anos. Referiram tomar
medicação antihipertensiva 600 pessoas (90% dos que referiram apresentar
hipertensão). Destes, 572 declararam tomar os medicamentos diariamente
(95,3% das pessoas que afirmaram tomar medicamentos).
Relataram história familiar para hipertensão 999 pessoas (64% da
população de estudo). Referiram antecedente de infarto do miocárdio 56
pessoas e antecedentes de acidente vascular cerebral 55 pessoas
(prevalência de 3,6%). Um total de 208 pessoas informou ser diabética
(prevalência de 13%). Disseram fazer dieta com pouco sal 871 pessoas
(55,3%) (Figura 12).
Figura 12. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo dieta, no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
50
Informaram fazer exercício de forma regular fora do trabalho, 364 pessoas
(23,0%). As demais 1212 pessoas (77,0%) declararam-se sedentárias
(Figura 13).
Figura 13. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo exercícios, no período de novembro de 2009 a junho de
2010.
Referiram tabagismo 337 pessoas (21,4%) (Figura 14).
Figura 14. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo tabagismo, no período de novembro de 2009 a junho de
2010.
51
Quanto a ingestão de bebida alcoólica, 401 pessoas (25,4%) informaram
algum grau de consumo de álcool (Figura 15).
Figura 15. Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo consumo de álcool, no período de novembro de 2009 a
junho de 2010.
Considerando o tempo entre a última consulta e a data da entrevista, foi
observada média de 7 meses e meio (com desvio padrão de 18), e o tempo
mediano foi de 3 meses.
Foram classificadas como hipertensas 740 pessoas, resultando em a uma
prevalência de hipertensão de 47,0%. Destas, estavam em uso de
medicação antihipertensiva 598 (80,8%); 572 (77,3%) referiram tomar os
medicamentos diariamente e apenas 317 (42,8%) tinham adequados níveis
pressóricos.
52
4.3. FATORES DE RISCO, DADOS DEMOGRÁFICOS E SÓCIO-
ECONÔMICOS E SUA RELAÇÃO COM A PREVALÊNCIA DA
HIPERTENSÃO E O CONTROLE DOS NÍVEIS PRESSÓRICOS
A associação entre a hipertensão e as diversas variáveis foi analisada
através do teste do quiquadrado (χ²) de Pearson e níveis descritivos. Na
análise, em relação à variável sexo, não foram detectadas diferenças
significativas da prevalência de hipertensão. A idade relacionou-se
positivamente com a hipertensão com um χ² de 31,57 e um p<0,001. Houve
acentuado aumento da prevalência de hipertensão a partir dos 30 anos.
Apesar de se observar uma maior prevalência da hipertensão no grupo de
negros, não foi detectada diferença estatisticamente significativa. A situação
conjugal mostrou os seguintes aspectos: a prevalência em
separados/divorciados é maior que entre os casados, porém a maior
prevalência se observou entre os viúvos, grupo no qual uma grande
interferência da idade, pois são, geralmente, de idades mais avançadas
(Tabela 6).
53
Tabela 6 Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo fatores sócio-demográficos (sexo, idade, cor e situação
conjugal), no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
Fatores N Prevalência
de HAS
Rao de
prevalências
IC 95% Х² P
Sexo:
F
M
1071
505
46,4
47,9
1
1, 03
43,4-49,4
43,6-52,3
0,069 0,793
Idade:
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
> 70
267
251
332
345
218
163
7,5
23,9
43,1
62,6
76,1
82,2
1
3,2
5,7
8,4
10,2
11,0
4,3-10,7
18,6-29,2
37,7-48,4
57,5-67,7
70,5-81,8
76,3-88,1
31,572 < 0,001
Cor:
Branca
Negra
Parda
898
205
473
47,4
48,3
45,2
1
1,02
0,95
44,2-50,7
41,4-75,2
40,7-49,7
0,1183 0,942
Situação conjugal:
solteiro
casado
sep./divorciado
viúvo
378
886
101
211
30,4
45,5
55,4
78,2
1
1, 5
1,8
2,6
25,8-35,1
42,2-48,8
45,6-65,3
72,6-83,8
10,747 0,013
A escolaridade associou-se negativamente com a hipertensão com χ² de
20,62 e p<0,001, com uma concentração nas categorias sem escolaridade e
com escolaridade até 4 anos de estudo. Observou-se o efeito protetor
familiar: a prevalência de hipertensão é menor em famílias mais numerosas,
acima de 2 pessoas por família, com χ² de 5,8 e p=0,0156 . (Tabela 7).
54
Tabela 7 Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo fatores sócio-econômicos (escolaridade, número de
pessoas da família e renda familiar mensal em SM), no período de novembro
de 2009 a junho de 2010.
Fatores N Prevalência
de HAS
Rao de
prevalências
IC 95% Х² P
Escolaridade:
0
1 a 4
5 a 8
9 a 11
> 11
147
575
383
402
69
69,4
61,2
44,4
24,6
23,2
1
0,9
0,6
0,4
0,3
61,9-76,9
57,2-65,2
39,4-49,4
20,4-28,9
13,1-33,3
20,621 < 0,001
N de pessoas na
família:
2
> 2
322
1254
61,8
43,1
1
0,7
56,5-67,1
40,3-45,8
5,8505 0,0156
Renda familiar
mensal (SM):
1
> 1 e 2
> 2 e 3
> 3 e 5
> 5
103
471
386
430
186
63,1
49,0
43,8
44,2
45,2
1
0,8
0,7
0,7
0,7
53,7-72,5
44,5-53,6
38,8-48,7
39,5-48,9
38,0-52,4
0,8521 0,9313
A história familiar de hipertensão não mostrou associação com a prevalência
de hipertensão. O histórico positivo para infarto ou acidente vascular
cerebral prévios mostrou uma maior prevalência de hipertensão nos grupos
com história positiva, mas não foi estatisticamente relevante, provavelmente
devido ao reduzido número de pessoas nesses grupos. A concomitância
com diabetes mostrou associação positiva com a prevalência de hipertensão
com χ² de 15,10 e p<0,001. Com a dieta ocorreu fato inusitado: a
prevalência de hipertensão foi maior nas pessoas que seguem dieta com
pouco sal, com χ² de 44,4 e p<0,001. Os exercícios, o tabagismo e o
consumo de álcool não influenciaram significativamente a hipertensão. O
55
IMC a partir de 30 mostrou grande interferência na prevalência de
hipertensão, com χ² de 20,2 e p<0,001 (Tabela 8).
Tabela 8 Distribuição das pessoas que participaram da pesquisa de
campo, segundo fatores comportamentais relacionados à saúde (história
familiar de HAS, antecedente de infarto, antecedente de AVC, diabetes,
exercícios, tabagismo, consumo de álcool e índice de massa corporal
IMC), no período de novembro de 2009 a junho de 2010.
Fatores Prevalência
de HAS
Rao de
prevalências
IC 95%
χ²
P
História familiar de
HAS:
não
sim
577
999
43,8
48,6
1
1,1
39,8-47,9
45,5-51,8
0,7826 0,3763
Antecedente de
infarto:
não
sim
1520
56
45,4
87,5
1
1,9
42,9-47,9
78,6-96,4
1,3126 0,2519
Antecedente de
AVC:
não
sim
1521
55
45,2
92,7
1
2,0
42,7-47,7
85,7-99,7
1,6131 0,2041
Diabetes:
não
sim
1378
198
41,3
85,9
1
2,1
38,7-43,9
81,0-90,7
15, 109 < 0,001
Dieta com pouco
sal:
não
sim
715
861
28,4
62,3
1
2,2
25,1-31,7
59,0-65,5
44,404 < 0,001
Exercícios:
não
sim
1212
364
46,4
48,6
1
1,04
43,6-49,2
43,5-53,8
0,1013 0,7503
Tabagismo:
não
sim
1239
337
48,2
42,1
1
0,87
45,4-51,0
36,8-47,4
0,6516 0,4196
Consumo de
álcool:
não
raramente
finais de semana
diariamente
1175
223
141
37
50,6
34,1
36,2
45,9
1
0,7
0,7
0,9
47,8-53,5
27,8-40,3
28,2-44,2
29,3-62,6
3,7862 0,2855
Índice de massa
corporal (IMC):
< 25
25 a 29,9
30
638
559
379
32,1
48,8
68,9
1
1,5
2,1
28,5-35,8
44,7-53,0
64,2-73,5
20,205 < 0,001
56
Foi analisada também a associação do controle dos níveis pressóricos com
as variáveis estudadas. Para os hipertensos, o controle é significativamente
maior entre as mulheres, com χ² de 5,8 e p=0,01. São também
significativamente mais controlados os hipertensos que fazem dieta com
pouco sal (χ² de 3,9 e p=0,04). As demais variáveis: idade, cor,
escolaridade, situação conjugal, número de pessoas na família, renda
familiar mensal, história familiar de hipertensão, passado de infarto ou
acidente vascular cerebral, diabetes, exercícios, tabagismo, hábito alcoólico
e IMC, se mostraram independentes do controle dos níveis pressóricos.
A análise da associação entre uso regular de medicamentos e as variáveis
estudadas apresentou-se significativa com sexo, dieta e tabagismo. As
mulheres tomam medicação mais regularmente que os homens (χ² de 5,1 e
p=0,02); quem segue dieta com pouco sal toma medicamento mais
regularmente (χ² de 13,5 e p<0,001) e quem não é tabagista toma
medicação mais regularmente (χ² de 4,0 e p=0,04).
57
5. DISCUSSÃO
Obteve-se, no presente estudo, uma taxa de resposta elevada. Foram
analisadas 1576 pessoas das 1733 oriundas das 788 famílias sorteadas das
famílias cadastradas pelo PACS (91%). Essa resposta muito positiva
provavelmente se deve à participação no estudo dos agentes comunitários
de saúde, que eram conhecidos na região e facilitaram o acesso da
pesquisadora às famílias estudadas.
Analisando a amostra estudada, observa-se uma proporção muito maior de
mulheres que homens e uma maior proporção de pessoas nas faixas etárias
mais idosas, em comparação com a pirâmide etária para o bairro Piratininga,
proveniente do Censo de 2000. É sabido que uma maior adesão de
mulheres e idosos ao PACS e esse fato também se repetiu durante a
pesquisa. As perdas foram quase exclusivamente de homens jovens.
A cor, no presente estudo, foi baseada na observação subjetiva do
entrevistador sobre o entrevistado. Poder-se-ia ter usado a informação do
sujeito, mas optou-se por esse método por esperar dessa forma, maior
acurácia. Há, nesse estudo um predomínio das pessoas de cor branca
(57%), mas não foram obtidos resultados significativos de associação entre
hipertensão e cor de pele, apesar de ter havido uma discreta maior
prevalência no grupo de negros.
58
A maioria da população de estudo foi composta de pessoas casadas ou com
união estável (56,2%-IC 95% 53,5 a 58,4%). Não foi detectada associação
significativa entre a situação conjugal e a hipertensão ou o controle da
mesma.
A escolaridade mostrou forte associação com a prevalência de hipertensão,
sendo observadas altas prevalências de hipertensão nos grupos sem estudo
e com escolaridade até 4 anos. Esses dados são encontrados de forma
semelhante na literatura estudada (JARDIM et al, 2007).
O estudo do número de pessoas na família mostrou o efeito protetor das
famílias mais numerosas, como encontrado no estudo de MARTINS et al,
2008. Esse efeito foi observado em famílias com mais de duas pessoas.
Apesar de uma tendência de maior prevalência em pessoas de menor
renda, não se observou significância estatística. diferentes achados na
literatura que apontam para uma correlação negativa entre renda e
hipertensão.
A prevalência de hipertensão calculada de 47% é alta, mas não está muito
distante das prevalências obtidas em outros estudos brasileiros (CIPULLO
et. al, 2010; CASTRO et. al, 2007; JARDIM et. al, 2007).
59
A prevalência de hipertensão referida (42%) foi muito semelhante à
prevalência detectada, o que é concordante com os estudos de LIMA e
COSTA et al em 2004 e .CHRESTANI et al em 2009, que verificaram que a
prevalência calculada pela hipertensão auto-referida pode ser usada como
um marcador da prevalência de hipertensão verificada. Esse é um dado que
o PACS possui naturalmente com o preenchimento das fichas cadastrais
(fichas A) que contém informações sobre doenças referidas, incluindo a
hipertensão.
Declararam história familiar de hipertensão 64 % das pessoas, mas durante
a coleta de dados percebeu-se que uma grande parcela das pessoas
entrevistadas não tinha conhecimento sobre seus antecedentes. A presença
de antecedentes familiares para hipertensão não mostrou associação
significativa com hipertensão nem com o controle dos níveis pressóricos. O
desconhecimento das pessoas sobre seus antecedentes, devido
principalmente ao fato de que muitas famílias são vindas muito tempo de
outros estados e muitas pessoas desconhecem sua filiação, pode ter
interferido na falha da associação da hipertensão com esta variável.
CHRESTANI et al, em um estudo de base populacional em Pelotas-RS,
verificaram que 15,9% dos entrevistados ignoravam sua filiação paterna e
10,5 % ignoravam sua filiação materna.
60
A prevalência das principais complicações da hipertensão, infarto do
miocárdio e acidente vascular cerebral, foi a mesma, 3,6%. A presença das
complicações estudadas associou-se significativamente com hipertensão.
A prevalência de diabetes detectada no estudo foi de 13%, compatível com
a encontrada em diversos estudos no Brasil (MARTINEZ et al, 2006;
CAPILHEIRA et al, 2008). A presença de diabetes correlacionou-se
significativamente com hipertensão como em todos os trabalhos estudados.
Informou fazer dieta com pouco sal, 55,3% dos entrevistados. Quando
estudada a associação de hipertensão com dieta, observa-se que houve
relação entre dieta e hipertensão, mas de modo inverso: o grupo que fazia
dieta tinha maior prevalência de hipertensão. Pode-se interpretar da
seguinte forma: as pessoas se preocupam mais com a dieta e seu teor de
sal, após o diagnóstico da hipertensão. Em contrapartida, a dieta relacionou-
se de forma importante com o controle dos níveis pressóricos, sendo mais
controladas efetivamente as pessoas que fazem dieta com pouco sal.
Também se observam a coincidência entre dieta e uso regular de
medicamentos.
A prevalência de sedentarismo foi muito alta (77%) e não se observa relação
entre sedentarismo e hipertensão, nem com controle dos níveis pressóricos,
o que é compatível com o encontrado em outros estudos (JARDIM et al,
2007).
61
A prevalência de tabagismo foi de 21,4%, compatível com a apresentada em
outros estudos (JARDIM et al, 2007), porém menor que a encontrada em
estudos mais antigos (PICCINI e VICTORA, 1994). Não foi detectada
associação entre tabagismo e hipertensão, nem entre tabagismo e controle
dos níveis pressóricos, conforme o encontrado em toda a literatura
estudada. Somente houve relação entre tabagismo e uso regular de
medicamentos; o grupo dos não tabagistas apresentou melhor controle dos
níveis pressóricos. Aparentemente, os não tabagistas têm maior cuidado
com a própria saúde.
A prevalência de consumo alcoólico foi menor que a encontrada na literatura
(LIMA et al, 2004), e também não se observa nenhum tipo de associação
entre consumo de álcool e hipertensão. Isso ocorre provavelmente porque é
uma questão que envolve todo um preconceito, sendo grande o número de
pessoas que negaram o uso de álcool, embora existissem informações
contrárias provenientes da equipe do PACS. Talvez fosse melhor utilizar
outros tipos de questões à semelhança do questionário CAGE, para obter
informações mais confiáveis.
Houve forte associação entre o índice de massa corpórea e hipertensão,
mais evidente no grupo de obesos (IMC>30), o que também foi observado
em toda a literatura estudada.
62
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prevalência de hipertensão arterial sistêmica entre pessoas cadastradas
pelo PACS, no bairro Piratininga, foi muito alta, mas aproximou-se de
algumas pesquisas da literatura brasileira e mundial.
A alta prevalência de fatores de risco como sedentarismo e tabagismo e a
forte associação de outros fatores com a hipertensão que foram: baixo nível
socioeconômico, caracterizado principalmente pela baixa escolaridade e
presença de diabetes mellitus e obesidade, indicam que atividades
educativas visando mudanças de hábitos podem influenciar de forma
positiva a saúde das pessoas, prevenindo hipertensão e,
consequentemente, doenças cardiovasculares que levam à morte e invalidez
permanente.
A participação dos agentes comunitários de saúde na pesquisa foi muito
positiva. No caso da utilização de atividades educativas junto a pessoas da
comunidade, é muito promissora a participação destes profissionais na
orientação da comunidade para um estilo de vida mais saudável. É
importante ressaltar que esses profissionais se constituem num grupo muito
motivado e que pode auxiliar pesquisadores em seus estudos.
63
7. BIBLIOGRAFIA
B
BARBOSA, J. B.; Silva, A. A. M.; Santos, A. M.; Monteiro Júnior, F. C.;
Barbosa, Márcio, M.; Barbosa, Marcelo M.; Figueiredo Neto, J. A.; Soares, N.
J. S.; Nina, V. J. S.; Barbosa, J. N. Prevalência da Hipertensão Arterial em
Adultos e Fatores Associados em São Luiz - MA. Arquivos Brasileiros de
Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 91, n. 4, p. 260-266, 2008.
C
CAPILHEIRA, M. F.; Santos, I. S.; Azevedo Júnior, M. R.; Reichert, F. F.
Risk Factors for chronic non-communicable diseases and the CARMEN
Initiative: a population-based study in the South of Brazil. Cadernos de
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 12, p. 2767-2774, dez. 2008.
CASTRO, R. A. A.; Moncau, J. E. C.; Marcopito, L. F. Prevalência de
Hipertensão Arterial Sistêmica na Cidade de Formiga, MG. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 88, n. 3, p. 334-339, mar.
2007.
64
CHOBANIAN, A. V.; Bakris, G. L.; Black, H. R.; Cushman, W. C.; Green,
L.A.; Izzo, J. L. Jr. et al. The Seventh Report of the Joint National Comittee
on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of Hight Blood Pressure.
Hypertension, v. 42, p. 1206-1252, 2003.
CIPULLO, J. P.; Martin, J. F. V.; Ciorlia, L. A. S.; Godoy, M. R. P.; Cação, J.
C.; Loureiro, A. A. C.; Cesarino, C. B.; Carvalho, A.C.; Cordeiro, J. A.
Burdmann, E. A. Prevalência e Fatores de Risco para Hipertensão em uma
População Urbana Brasileira. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de
Janeiro, v. 94, n. 4, p. 519-526, abr. 2010.
CHRESTANI, M. A. D.; Santos, I. S.; Matijasevich, A. M. Hipertensão arterial
sistêmica auto-referida: validação diagnóstica em estudo de base
populacional. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 11, p.
2395-2406, nov. 2009.
E
ESPINOZA-GÓMEZ, F. P.; Ceja-Espíritu, G.; Trujillo-Hernández, B.; Uribe-
Araiza, T.; Abarca-de Hoyos, P.; Flores-Vázquez, D. P. Análisis de los
factores de riesgo de la hipertensión arterial em Colima, México. Rev Panam
Salud Publica, v.16, n. 6, p. 402-407, 2004
65
F
FIRMO, J. O. A.; Lima e Costa, M. F.; Uchôa, E. Projeto Bambuí: maneiras
de pensar e agir de idosos hipertensos. Cadernos de Saúde Pública, Rio
de Janeiro, v. 20, n. 4, p. 1029-1040, jul-ago. 2004.
G
GATTI, B. A. e FERES, N. Estatística Básica para Ciências Humanas.
São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 1975.
GRAVLEE, C. C.; Dressler, W. W.; Bernard, H. R. Skin Color, Social
Classification, and Blood Pressure in Southeastern Puerto Rico. American
Journal of Public Health, v. 95, n. 12, p. 2191-2197, dec. 2005
GAZIANO, T. A.; Bitton, A.; Anand, S.; Weinstein, M. C. for the International
Society of Hypertension. The global cost of nonoptimal blood pressure.
Journal of Hypertension. New York, v. 29, p. 1472-1477, feb. 2009.
66
J
JARDIM, P. C. B. V.; Gondim, M. R. P.; Monego, E. T.; Moreira, H. G.;
Vitorino, P. V. O.; Souza, W. K. S. B.; Scala, L. C. N. Hipertensão Arterial e
Alguns Fatores de Risco em uma Capital Brasileira. Arquivos Brasileiros
de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 88, n. 4, p. 452-457, 2007.
I
INTROCASO, L. História da medida da pressão arterial: 100 anos do
Esfigmomanômetro. Brasília, Publicações SBC, 2005.
K
KATSUYUKI, M.; Nakagawa, H. Can dietary changes reduce blood pressure
in the long term? Current Opinion in Nephrology and Hypertension.
Ishikawa, v. 14, n. 3, p. 253-257, may 2005.
KEARNEY, P. M.; Whelton, M.; Reynolds, K.; Whelton, P. K.; He, J.
Worldwide prevalence of hypertension: a systematic review. Journal of
hypertension. New York, v. 22, n. 1, p. 11-19, jan. 2004.
67
L
LEAVELL, H. R.; CLARK, E. G. Níveis de aplicação da Medicina Preventiva.
In: __________ Medicina Preventiva. São Paulo: Editora Mc Graw-Hill, p.
11-36, 1976.
LESSA, I.; Magalhães, L.; Araújo, M. J. ; Almeida Filho, N.; Aquino, E.;
Oliveira, M. M. C. Hipertensão Arterial na População Adulta de Salvador (BA)
- Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 87, n. 6, p.
747-756, 2006.
LIMA, M. T.; Bucher, J. S. N. F.; Lima, J. W. O. A hipertensão arterial sob o
olhar de uma população carente: estudo exploratório a partir de
conhecimentos, atitudes e práticas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 20, n. 4, p. 1079-1087176, jul/ago, 2004.
LIMA E COSTA, M. F. F.; Peixoto, S. V.; Firmo, J. O. A. César. Validade da
hipertensão arterial auto-referida e seus determinantes (Projeto Bambuí).
Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 38, n. 5, p. 637-642, 2004.
LIMA E COSTA, M. F. F.; Peixoto, S. V.; César, C. C.; Malta, D. C.; Moura,
E. C. Comportamentos em saúde entre idosos hipertensos, Brasil, 2006.
Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 43, Supl 2, p. 18-26, 2009.
68
LOLIO, C. A. Epidemiologia da Hipertensão Arterial. Revista de Saúde
Pública, São Paulo, v. 24, n. 5, p. 425-432, 1990.
LOLIO, C. A.; Pereira, J. C. R.; Lotufo, P. A.; Souza, J. M. P. Hipertensão
arterial e possíveis fatores de risco. Revista de Saúde Pública, São Paulo,
v. 27, n. 5, p. 357-362, 1993.
LOPES, A. C. Tratado de Clínica Médica. São Paulo: Editora Roca Ltda., v.
1, p. 712, 2006.
M
MAGALHÃES, M. N. e LIMA, A. C. P. Noções de probabilidade e
estatística. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.
MANCILHA-CARVALHO, J. J.; Souza e Silva, N. A. Os Yanomami no
INTERSALT. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 80, n.
3, p. 289-294, 2008.
MARTINS, I. S.; Oliveira, D. C.; Marinho, S. P.; Araújo, E. A. C. Hipertensão
em segmentos sociais pauperizados da região do Vale do Paraíba São
Paulo. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 477-486,
2008.
69
MITTAL, B. V.; SINGH, A. K, Hypertension in the Developing World:
Challenges and Opportunities. American Journal of Kidney Diseases, New
York, v. 55, n. 3, p. 590-598, mar. 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relatório técnico da campanha nacional de
detecção de suspeitos de diabetes mellitus. Brasília: Secretaria de
Políticas da Saúde, Ministério da Saúde, 2001.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa agentes comunitários de saúde
PACS. Brasília: Secretaria Executiva. Ministério da Saúde, 2001.
MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do
Brasil Publicações, 1976, vol. 14, verbete Medicina, p. 7423 e p. 7426.
MOLINA, M.C.B.; Cunha, R. S.; Herkenhoff, L. F.; Mill, J. G.. Hipertensão
arterial e consumo de sal em população urbana. Revista de Saúde Pública,
São Paulo, v. 37, n. 6, p. 743-750, 2003.
P
PICCINI, R. X., Victora, C. G. How well is hypertension managed in the
community? A population-based survey in a Brazilian city. Cadernos de
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p. 595-600, out-dez. 1997.
70
PICCINI, R. X.; Victora, C. G. Hipertensão arterial sistêmica em área urbana
no sul do Brasil: prevalência e fatores de risco. Revista de Saúde Pública,
São Paulo, v. 28, n. 4, p. 261-267, 1994.
Q
QUASEM, I.; Shetye, M. S.; Alex, S. C.; Nag, A. K.; Sarma, P. S.;
Thankappan, K. R.; Vasan, R. S. Prevalence, awareness, treatment and
control of hypertension among the elderly in Bangladesh and India: a
multicentre study. Bulletin of the World Health Organization, Geneva, v.
79, n. 6, p. 490-500, 2001.
S
SILVA, A. P. Programa de exercícios e os efeitos sobre os fatores
determinantes da hipertensão arterial. Dissertação de Mestrado pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
SILVA, N. N. Amostragem probabilística: um curso introdutório. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
71
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de
saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Ministério da Saúde/ UNESCO,
2002.
SULLIVAN, L. M. Essentials of Biostatistics Workbook: Statistical
computing using Excel. Sudbury: Jones and Bartlett Publishers, 2008.
Z
ZAITUNE, M. P. A; Barros, M. B. A.; César, C. L. G.; Carandina, L.;
Goldbaum. Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associados
e práticas de controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil.
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 285-294, fev.
2006.
72
Anexo 1 – Questionário impresso
Prevalência e fatores de risco da hipertensão arterial em moradores do
bairro Piratininga de Osasco
Nome do
entrevistador:____________________________________Data:______________
1.NOME:___________________________________________________________
___________________________________________2. Número de família:______
3. Condição de chefia na família: □ sim □ não 4. Data de Nascimento:__________
5. SEXO: □ feminino □ masculino 6. Cor: □ branca □ negra □ parda □ amarela
7. Profissão:__________________________8.Situação conjugal:______________
9. Anos de Estudo:________________ 10. Número de pessoas na casa:_________
11. Renda familiar mensal:________________12. Tem pressão alta? □ sim □ não
13. Há quanto tempo sabe que tem pressão alta?___________________________
14. Toma medicamentos para pressão? □ sim □ não
15. Quais?__________________________________________________________
16. Toma esses medicamentos diariamente? □ sim □ não
17. Tem pessoas com pressão alta na família? □ sim □ não
18. Tem ou teve: □ infarto □ derrame □ diabetes
19. Faz dieta com redução de sal? □ sim □ não
20. Faz exercício físico regularmente? □ sim □ não
21. Fuma? □ sim Quantos cigarros por dia? ______________ □ não
22. Toma bebida alcoólica? □ sim □ diariamente
□ aos finais de semana
□ eventualmente
□ raramente
□ não
23. Quando foi a sua última consulta médica?______________________________
P:______E:_____IMC:______PA 5min______PA 15min_____PAM_______
73
Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Título do Projeto: Prevalência e fatores de risco da hipertensão arterial no
bairro Piratininga de Osasco
Pesquisador Responsável: Dra. Sílvia Helena Cruz Pereira
EXPLICAÇÕES
Este projeto tem o objetivo de conhecer as pessoas que tem pressão alta no
Bairro Piratininga verificando se elas estão se tratando, se têm hábitos de vida
saudáveis, se vão ao médico e como está a medida da pressão, altura e peso dessas
pessoas. Pretende-se oferecer tratamento adequado para pessoas que não sabem
que têm pressão alta. Para isso, se examinada uma amostra sorteada das famílias
cadastradas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Em cada
família serão examinadas todas as pessoas acima de 20 anos de idade que
concordarem, individualmente, em participar da pesquisa. Após consentimento,
cada um de vocês participará de atividades realizadas - somente uma vez - na sua
casa. É preciso, apenas, um pouco de paciência para responder a um questiorio
feito pelo agente comunitário responsável por sua família, que medirá, também,
seu peso e altura. Ao final, a Dra. Sílvia e a Enfermeira Lucimeire do PACS medirão
sua pressão.
Queremos informar que os procedimentos de medida de peso, altura e
pressão arterial o representam nenhum risco para vocês e trarão como benefício
saber se vocês têm ou não pressão alta. Se tiverem pressão alta, serão
encaminhados a tratamento na Unidade Básica de Saúde Piratininga. Se a pressão
estiver muito alta o encaminhamento será imediato.
DECLARÃO
Após ler e receber explicações sobre a pesquisa e ter assegurado meus
direitos de:, receber resposta a qualquer pergunta e outros esclarecimentos sobre
o projeto; retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do
estudo; não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações
coletadas; e, procurar esclarecimentos em caso de dúvidas ou notificão de
acontecimentos não previstos - com o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo, no telefone 3061-7779 ou Av. Dr.
Arnaldo, 715 - Cerqueira César, São Paulo SP, ou com a médica pesquisadora no
Posto de Saúde Piratininga, pessoalmente ou pelos telefones 3697-0277 ou
3686-4319, preencho e assino a declaração abaixo.
Declaro que desejo participar, de livre e espontânea vontade, do projeto
sobre hipertensão arterial no Bairro Piratininga e ou permitir que
__________________________________, sob minha responsabilidade, participe.
Osasco, _____de_______ de ______ .
Nome do sujeito e/ou responsável: __________________________________
Assinatura:_____________________
Eu,_______________________________________, declaro que forneci todas
as informações referentes ao projeto ao participante e/ou responsável.
Assinatura:___________________________________ Data:___/____/____.
74
CURRÍCULO LATTES
+
o Mostrar informações complementares
Dados Gerais
o Informações Pessoais
o Formação acadêmica/Titulação
o Idiomas
o Atuação profissional
o Prêmios e títulos
Áreas
Dados pessoais
Nome
Sílvia Helena Cruz Pereira
Nome em citações
bibliográficas
PEREIRA, S. H. C.
Sexo
Feminino
Formação acadêmica/Titulação
2008
Mestrado em Saúde Pública.
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA -UNIVERSIDADE DE SÃO, FSP,
Brasil.
Título: Perfil Epidemiológico da População Hipertensa de 20 anos ou mais
Atendida pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS ) no
Bairro Piratininga de Osasco, Orientador: Ruy Laurenti.
1988 - 1989
Especialização - Residência médica.
Hospital das Clínicas da Faculdade de medicina da USP. Residência
médica em: Medicina Nuclear
Número do registro: .
Bolsista do(a): Comissão Nacional de Energia nuclear, , .
Grande área: Ciências da Saúde / Área: Medicina / Subárea: Medicina
Nuclear.
Sílvia Helena Cruz Pereira
Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Sorocaba-PUCSP
(1987). Título de Especialista em Medicina de Família e Comunidade. Atualmente é
médica clínica da Prefeitura Municipal de Osasco. Iniciou mestrado em Saúde
Pública em 2008.
(Texto informado pelo autor)
Última atualização do currículo em 03/02/2009
Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/7576724051414797
75
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo