Download PDF
ads:
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMANIA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
BIOMETRIA E MORFOLOGIA DE Attalea maripa (Aubl.) Mart.
(INAJÁ) EM SISTEMA SILVIPASTORIL NO NORDESTE PARAENSE
ARIANA KELLY MOTA GEMAQUE MATOS
Belém-Pará
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
ARIANA KELLY MOTA GEMAQUE MATOS
BIOMETRIA E MORFOLOGIA DE Attalea maripa (Aubl.) Mart.
(INAJÁ) EM SISTEMA SILVIPASTORIL NO NORDESTE PARAENSE
Belém-Pará
2010
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Florestais da Universidade
Federal Rural da Amazônia como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Ciências
Florestais.
Área de Concentração: Silvicultura
Orientador: Profª. Dra. Leonilde dos Santos Rosa
ads:
iii
MATOS, Ariana Kelly Mota Gemaque. Biometria e morfologia de Attalea
maripa (Aubl.) Mart. (INAJÁ) em sistema silvipastoril no Nordeste paraense.
Belém-Pa, 2010. 90 p.
Dissertação Universidade Federal Rural da Amazônia. Programa de Pós-
Graduação em Ciências Florestais.
1. Attalea maripa 2. Morfometria 3. Morfologia 4. Modelos de Regressão 5.
Análise multivariada.
I. Universidade Federal Rural da Amazônia. Programa de Pós-
Graduação em
Ciências Florestais. II-t
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔMIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
BIOMETRIA E MORFOLOGIA DE Attalea maripa (Aubl.) Mart. (INA) EM
SISTEMA SILVIPASTORIL NO NORDESTE PARAENSE
ARIANA KELLY MOTA GEMAQUE MATOS
APROVADO em 06 de agosto de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA:
_____________________________________________
Profª. Drª. Leonilde dos Santos Rosa (Orientadora)
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
______________________________________________
Drª. Regina Célia Viana Martins da Silva (1º Examinador)
Embrapa Amazônia Oriental
______________________________________________
Profª. Drª. Gracialda Costa Ferreira (2º Examinador)
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
______________________________________________
Prof. Dr. Paulo Luiz Contente de Barros (3º Examinador)
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
_____________________________________________
Prof. Dr. Francisco de Assis Oliveira (Suplente)
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
BELÉM
2010
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Florestais da Universidade
Federal Rural da Amazônia como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Ciências
Florestais.
v
Dedico
A Deus, meu Senhor e Salvador, pela força
concedida para vencer mais uma etapa da minha
vida e por todas as maravilhas que me tem
proporcionado.
Aos meus grandes amores, Télio Matos Jr.
(esposo) e Tales Gemaque Matos (filho lindo da
mamãe); aos meus pais (Ray e Roberto
Gemaque) e irmãos (Andréia Rangifo e Roberto
Gemaque Jr.).
vi
AGRADECIMENTOS
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pela concessão de bolsa de estudo durante o curso de mestrado;
Ao curso de pós-graduação em Ciências Florestais da Universidade
Federal Rural da Amania, na pessoa do coordenador Francisco de Assis
Oliveira;
A profª. Drª. Leonilde dos Santos Rosa, por todo apoio, orientação,
conselhos, incentivos e, principalmente, pela paciência desde a elaboração do
plano de pesquisa até a conclusão desta dissertação;
Aos estagiários, Paulo Ferreira, Wanessa do Carmo e Glauco Nogueira
pelo apoio e amizade, e aos ex estagiários”, e agora, engenheiros Daniel dos
Santos, Rudá Viana, Eliane Balieiro, Viviane da Silva, Adriano Monteiro e
Rodrigo Santos; ás mestrandas, Rafaella Damasceno e Helaine Pirez, pela
companhia e ajuda. E aos colegas do curso, em especial aos companheiros da
sala de estudo (Alberdan Muller, Amanda Diogenes, Adriana Melo, Ana Paula
Baldez, João Guimarães e Leidy Alves);
A profª. Rosangela Souza pelo apoio e compreensão; ao engenheiro
florestal e técnico da UFRA Benedito Cabral pela auxilio na coleta dos dados;
Ao Sr. Raimundo Lameira (Osnir), de Bonito-Pa, pela estadia, ao Sr.
Francisco de Souza e ao Sr. Camilo dos Santos pela área de sistema
silvipastoril estudada e pelos cachos de inajá coletados;
Aos funcionários do ICA, em especial as secretárias Mylena Rodrigues
da pós-graduação, Silvia Moraes do ICA, ao Nazareno Pereira, ao Sr. Sergio
Lima pela solicitude e ao motorista da UFRA, José Soares pela ajuda;
Aos amigos Pedro Lima, Alexandre Mesquita, José Neto Souza e
Lorenna Barros, em especial, a Cintia Lika Inada Takerana, pela grande
amizade, motivação, conselhos, apoio e entretenimento que me proporcionou;
Ao meu esposo Télio José de Matos Jr., pelo carinho, amor, amizade,
apoio e incentivo nas horas difíceis e ao meu filho Tales Gemaque Matos, pelo
sorriso, amor, companhia e por suas palavras carinhosas;
À Ana Selma de Andrade, por cuidar de meu filho nas horas em que
precisei ficar ausente;
E a todos que, direto ou indiretamente, contribuíram para a realizão
desta dissertação, muito obrigada.
vii
SUMÁRIO
Dedicatória ....................................................................................................
v
Agradecimentos ............................................................................................
vi
Lista de Tabelas............................................................................................
ix
Lista de Figuras.............................................................................................
xi
RESUMO GERAL..........................................................................................
12
1 INTRODUÇÃO GERAL...............................................................................
13
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................
14
2.1 Características e potencial oleaginoso de Attalea maripa.......................
14
2.2 A Ocorrência de palmeiras em Sistemas Silvipastoris............................
16
2.3 Relações Biométricas..............................................................................
17
2.4 Relações Morfométricas..........................................................................
18
2.5 Morfometria de Cachos, Frutos e Sementes...........................................
18
2.6 Morfologia de Frutos, Sementes e Plântulas...........................................
20
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................
21
CAPÍTULO 1 -
CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DE CACHOS,
FRUTOS, SEMENTES E MORFOLOGIA DE PLÂNTULAS DE INAJÁ
(Attalea maripa (Aubl.) Mart.)- ARECACEAE................................................
28
RESUMO.......................................................................................................
28
ABSTRACT………………………………………………………………………...
29
1.1 INTRODUÇÃO.........................................................................................
30
1.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................
31
1.2.1 Local de coleta......................................................................................
31
1.2.2 Seleção de palmeiras matrizes.............................................................
32
1.2.3 Morfometria de cachos, frutos e pirênios..............................................
33
1.2.4 Morfologia de frutos, pirênios e plântulas.............................................
34
1.2.5 Análise dos Dados................................................................................
35
1.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................
36
1.3.1 Caracterização das palmeiras selecionadas para coleta de cachos....
36
1.3.2 Avaliação morfométrica dos cachos, de Attalea maripa.......................
37
1.3.3 Parâmetros morfométricos dos frutos maduros de Attalea maripa......
43
1.3.4 Parâmetros morfométricos dos pirênios de Attalea maripa..................
45
1.3.5 Peso úmido dos componentes dos frutos de Attalea maripa...............
47
viii
1.3.6 Número de Amêndoas (sementes) por Frutos de Attalea maripa........
51
1.3.7 Morfologia do fruto, pirênio e semente de Attalea maripa....................
53
1.3.8 Morfologia de plântulas de Attalea maripa...........................................
57
1.4 CONCLUSÃO .........................................................................................
59
1.5 RECOMENDAÇÃO..................................................................................
60
1.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................
60
CAPÍTULO 2 - RELAÇÕES BIOMÉTRICAS PARA Attalea maripa
(Aubl.)
Mart. (INAJÁ)-
EM SISTEMA SILVIPASTORIL NO NORDESTE
PARAENSE...................................................................................................
64
RESUMO.......................................................................................................
64
ABSTRACT....................................................................................................
65
2.1 INTRODUÇÃO.........................................................................................
66
2.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................
67
2.2.1 Localizão e Características da área de estudo.................................
67
2.2.2 Amostragem e Levantamento dos dados ............................................
68
2.2.3 Análises dos dados...............................................................................
70
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................
73
2.3.1 Performance de A. maripa em sistema silvipastoril..............................
73
2.3.2 Índices Morfométricas para Attalea maripa..........................................
75
2.3.3 Relações entre as variáveis biométricas e morfométricas...................
78
2.3.4 Análise Discriminante...........................................................................
82
2.4 CONCLUSÃO..........................................................................................
83
2.5 RECOMENDAÇÃO..................................................................................
84
2.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................
84
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
86
ANEXO..........................................................................................................
87
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Performance das árvores matrizes de Attalea maripa em
sistemas silvipastoris em Bonito e Nova Timboteua-Pa
(n=5/procedência) ......................................................................................... 39
Tabela 2 Parâmetros morfométricos dos cachos de Attalea maripa, em
sistemas silvipastoris, em Bonito e Nova Timboteua-Pa
(n=5/procedência).......................................................................................... 41
Tabela 3 Número médio de frutos de ina(Attalea maripa) presente nos
cachos obtidos de palmeiras distintas em áreas de pastagem em Bonito e
Nova Timboteua-Pa (n=500/procedência)..................................................... 43
Tabela 4 - Parâmetros Morfométricos do fruto maduro (com perianto) de
Attalea maripa de Bonito e Nova Timboteua (n= 500/ procedência).............
44
Tabela 5 Parâmetros morfométricos dos pirênios (endocarpo com
amêndoas) dos cachos de Attalea maripa procedentes de Bonito e Nova
Timboteua-Pa (n=500/ procedência)..............................................................
46
Tabela 6 - Correlação linear entre os parâmetros morfotricos dos frutos
e dos pirênios de Attalea maripa procedentes de Bonito e Nova Timboteua 48
Tabela 7 - Contribuição do peso úmido dos componentes dos frutos de
Attalea maripa de Bonito e de Nova Timboteua (n= 500/ procedência)........ 49
Tabela 8 Análise de correlação linear entre o peso do fruto e o peso das
partes que compõem o fruto (perianto, epicarpo e mesocarpo) de Attalea
maripa, procedentes de Bonito e de Nova Timboteua ..................................
51
Tabela 9 - Correlação linear entre o número de amêndoa e o tamanho e o
peso do fruto de inajá (Attalea maripa) .........................................................
54
Tabela 10 Análises discriminantes, para os frutos de inajá provenientes
de Bonito e Nova Timboteua, utilizando como variável resposta o morfotipo
dos frutos (pequeno (1), médio (2) e grande (3) e variáveis preditoras
(Peso do fruto (PF), comprimento do fruto (CF) e diâmetro do fruto (DF) .... 56
Tabela 11 - Modelos hipsométricos pré-selecionados para determinação
de equações de altura total de Attalea maripa, em áreas de sistemas
silvipastoril no município de Bonito-Pa...........................................................
72
Tabela 12 - Performance de árvores adultas de Attalea maripa que
apresentam altura de estipe 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA
(n= 67)............................................................................................................
77
Tabela 13 Ajuste da relação hipsométrica para 14 modelos testados,
utilizando 67 pares de dados de altura total e diâmetro a altura do peito de
árvores adultas de Attalea maripa, que apresentam altura de estipe 1,30
m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA........................................................... 79
x
Tabela 14 - Índices morfométricos para árvores adultas de Attalea maripa
que apresentam altura de estipe ≥ 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-
PA ..................................................................................................................
81
Tabela 15 - Correlações de Pearson entre as variáveis biométricas e
morfométricas para árvores adultas de Attalea maripa, que apresentam
altura de estipe ≥ 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA ......................
84
Tabela 16 - Análise de Regressão entre as variáveis biométricas com as
variáveis morfométricas em árvore adultas de Attalea maripa que
apresentam altura de estipe ≥ 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA ..
86
Tabela 17 Análise discriminante, para árvores de Attalea maripa que
apresentaram ou não altura de estipe 1,30m, em sistema silvipastoril,
utilizando como variáveis preditoras a altura total (m); altura do estipe (m)
e diâmetro da copa (m), Bonito-PA ............................................................... 88
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Mapa de localização da área de estudo dos municípios Bonito
e Nova Timboteua, ambos no Estado do Pa...............................................
31
Figura 1.2 - Desenho esquemático das principais estruturas da Attalea
maripa.............................................................................................................
37
Figura 1.3 - Palmeira de Attalea maripa (inajá) em área de sistema
silvipastoril em Bonito-PA...............................................................................
39
Figura 1.4 - Cacho de Attalea maripa coletado no município de Bonito-PA
41
Figura 1.5 - Perianto, epicarpo, mesocarpo e pirênio (conjunto do
endocarpo com amêndoas), partes constituintes do fruto de inajá (Attalea
maripa)............................................................................................................
48
Figura 1.6 - Porcentagem da contribuição dos componentes dos frutos
(perianto, epicarpo, mesocarpo e pirênio) de Attalea maripa, procedentes
de Bonito-PA e de Nova Timboteua-PA, sobre o peso total dos frutos..........
49
Figura 1.7 Vista do número de amêndoa do fruto de inajá (Attalea
maripa)............................................................................................................
51
Figura 1.8 - Variação na forma e no tamanho do fruto de inajá (Attalea
maripa) procedente de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA..............................
53
Figura 1.9 -
Variação na forma e no tamanho do pirênio (endocarpo com
amêndoa) de inajá (Attalea maripa), procedente de Bonito-PA e Nova
Timboteua-PA.................................................................................................
56
Figura 1.10 - Amêndoa (Semente) retirada de frutos maduros de inajá
(Attalea maripa)..............................................................................................
57
Figura 1.11 - Estágio do processo de germinão de Attalea maripa...........
58
Figura 2.1- Vista parcial da área de estudo na área do agricultor familiar
na Vila Cumaru, Bonito-PA.............................................................................
68
Figura 2.2 - Desenho esquemático de Attalea maripa e suas
características dimensionais.......................................................................... 69
Figura 2.3 - A análise de resíduos das equações que apresentaram as
melhores medidas de precisão (F calculado, R², SYX)..................................
81
12
RESUMO GERAL
Este trabalho foi organizado em dois capítulos: o primeiro, aborda a
caracterização morfométrica de cachos, frutos, sementes e caracterizão
morfológica de plântulas de Attalea maripa (Aubl.) Mart. (inajá); o segundo
avalia a performance da palmeira inajá em área de sistema silvipastoril. A
pesquisa foi realizada no âmbito do projeto “Bases Científicas e Tecnológicas
para o manejo e domesticação do inajá para produção de biodiesel e
recuperação de áreas degradadas”, coordenado pela Universidade Federal
Rural da Amazônia (UFRA).. Para proporcionar o aproveitamento econômico
do inajá e a sua incorporação à lista de produtos não madeireiros comerciais,
esta pesquisa analisou as características morfométricas de cachos, frutos,
sementes e morfológicas plântulas de inajá, assim como ajustar e construir
modelos matemáticos que expressem, indiretamente, o crescimento do inajá
em sistemas silvipastoris, bem como calcular índices morfométricos que
permitam prever o espaço exigido para o desenvolvimento desta palmeira. Os
resultados obtidos permitiram concluir que não existe diferença no crescimento
das palmeiras matrizes de A. maripa em sistemas silvipastoril de Bonito-PA
com as matrizes de Nova Timboteua-PA. O cacho maduro apresentou
maturação heterogênea, contendo, ao mesmo tempo, frutos maduros, imaturos
e apodrecidos. Existe grande variação em relação aos frutos e pirênios,
independentemente, da procedência, revelando a ocorrência de classes
diferenciadas de morfotipos (frutos pequenos, médios e grandes), baseadas na
gradação de variáveis preditoras como tamanho e peso. A plântula de inajá
apresenta características típicas do gênero Attalea, e es totalmente
estabelecida quando a terceira bainha cotiledonar se expande, ocorrendo à
formação da primeira folha. O estudo sobre a performance da palmeira de inajá
revelou que os indivíduos adultos apresentaram ampla variação em relação as
características dendrométricas. O comprimento da copa, diâmetro da copa,
área de copa, proporção de copa, índice de abrangência e o formal de copa,
não são influenciados pelo diâmetro. O grau de esbeltez e o índice de saliência
o influenciados negativamente pelo DAP) O comprimento de copa e o índice
morfométrico Grau de esbeltez estão inter-relacionados e são influenciados
positivamente pelo crescimento em altura total. A proporção de copa é
influenciada de forma negativa pelo crescimento em altura do estipe e pela
altura de frutificação, e de forma positiva pelo comprimento da copa. O índice
de saliência, o índice de abrangência e o formal de copa são influenciados
positivamente pelo diâmetro da copa. Este último é influenciado de forma
positiva pela altura do estipe e pela altura de frutificação, e de forma negativa
pelo crescimento do comprimento de copa. Os modelos 2, 3, 5, 8 e 9, são
adequados para estimar as variáveis dependentes, proporção de copa, grau de
esbeltez, índice de saliência e índice de abrangência. A análise discriminante
revelou que existe variabilidade em relação ao porte do inajá. Esta análise
mostrou ser um método alternativo para classificação do tamanho do fruto e da
palmeira de inajá.
Palavras-chave: Palmeira, germinação, mensuração biométrica, plantas jovens.
13
1 INTRODÃO GERAL
A Amazônia apresenta grande diversidade de palmeiras que ocorrem em
diferentes ecossistemas. As palmeiras possuem vasta distribuição geográfica e
apresentam ampla diversidade de uso e, por conseguinte, grande importância
socioeconômica e cultural, principalmente, para alimentação e geração de
renda, visto que, a maioria das espécies possui frutos comestíveis, estipes,
raízes, folhas e outras partes passíveis de aproveitamento (FERREIRA, 2005),
proporcionando algum tipo de utilidade para os habitantes da região
(ANDERSON e IORIS, 1990; KAHN, 1991; HIRAOKA, 1992; HIRAOKA, 1993;
ROSA, 2002; CAMPOS e EHRINGAUS, 2003).
No caso da Attalea maripa (Aubl.) Mart.), conhecida na Amazônia
brasileira com inajá, as pesquisas mostram que seus frutos apresentam alto
teor de óleo, e indicam que esta palmeira tem grande potencial para ser usada
como fonte de matéria-prima para a extração comercial de óleo para uso na
síntese de biodiesel em larga escala (CARVALHO et al., 2007; MOTA e
FRANÇA, 2008).
Na Amazônia Oriental, o inajá ocorre naturalmente, em áreas de
florestas secundárias e espresente como componente arbóreo de sistemas
silvipastoris. Nestes sistemas agroflorestais, a regeneração natural do inajá, em
geral, não tem a função produtora, uma vez que é, precariamente, mantida pelo
agricultor para proteção de animais.
Apesar do potencial oleaginoso dos frutos do inajá, as suas populações
naturais estão sendo, gradualmente, eliminadas durante a limpeza de pastos e
durante a prática de derruba e queima de capoeiras, usadas no preparo de
áreas para plantio de culturas agrícolas. Portanto, para proporcionar o
aproveitamento econômico do inajá e a sua incorporação à lista de produtos
não madeireiros comerciais, é necessário ampliar as pesquisas básicas sobre
tecnologia de semente e sobre modelagem matemática a partir de equações
baseadas em medidas diretas como altura, diâmetro à altura do peito e
comprimento de copa, para gerar uma equação matemática que estime uma
variável de difícil medição em função de uma variável de fácil medição. Em
vista disso, esta pesquisa tem por objetivo analisar as características
morfométricas e morfológicas de cachos, frutos, sementes e plântulas de inajá,
14
assim como ajustar e construir modelos matemáticos que expressem,
indiretamente, o crescimento do inajá em sistemas silvipastoris, bem como
calcular índices morfométricos que permitam prever o espaço exigido para o
desenvolvimento desta palmeira.
Neste trabalho, foram admitidas as seguintes hipóteses científicas:
1) Os cachos, frutos e pirênios de inajá apresentam grande variabilidade
morfométrica;
2) O fruto de inajá apresenta diferentes classes de morfotipos;
3) Existe alta relação entre as variáveis biométricas e morfométricas.
Os resultados deste trabalho foram organizados em dois capítulos: o
primeiro, aborda a caracterização morfométrica e morfológica de cachos,
frutos, sementes e plântulas de A. maripa e o segundo, avalia a performance
da palmeiras de inajá em área de sistema silvipastoril. A pesquisa foi realizada
no âmbito do projetoBases Científicas e Tecnológicas para o manejo e
domesticação do inajá (Attalea maripa (Aubl.) Mart) para produção de biodiesel
e recuperação de áreas degradadas”, coordenado pela Universidade Federal
Rural da Amazônia (UFRA), cujo objetivo é estudar a silvicultura e o manejo
sustentável do inajá, visando a produção sustentada de óleo para produção de
biodiesel e de outros produtos industriais, bem como, promover a disseminação
de conhecimentos científicos e de inovações tecnológicas geradas pelo projeto,
objetivando recuperação de áreas degradadas e a promoção do
desenvolvimento local.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Características e potencial oleaginoso de Attalea maripa
Attalea maripa - Arecaceae, é uma palmeira nativa do Brasil, sendo
encontrada em todo o norte da América do Sul, incluindo Colômbia, Venezuela,
Bolívia e Brasil (HENDERSON et al., 1995 e LORENZI, 1996). Na Colômbia, é
conhecida como guichire; na Venezuela é chamada de cucurito, anae cusu;
huacava na Bolívia; inayio no Equador; maripa na Guiana Francesa e
Suriname; incham, inaynga no Peru; kokerit-palm na Guiana e aritá pelos
15
Ameríndios. No Brasil, essa palmeira é conhecida como inae tem registro de
ocorrência no Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Rondônia
(HENDERSON et al., 1995 e LORENZI, 1996).
O inajá pode crescer em diferentes ambientes, desde florestas de terra
firme, tipicamente amazônicas a margens de savanas, pois é uma espécie
tolerante a áreas com inundações prolongadas, porém seu crescimento é maior
em solos bem drenados (CAVALCANTE, 1986).
No Pará, esta espécie forma grandes populações em áreas de
pastagens e áreas de roçado em pousio, formando muitas vezes agrupamentos
conhecidos por inajazais, lembrando muito as grandes áreas dominadas por
babaçu no estado do Maranhão.
Em áreas de florestas primárias, a ocorrência de perturbação na floresta
favorece a distribuição do inajá, devido à sua elevada necessidade de luz para
seu estabelecimento (SALM, 2004).
Em habitat natural de floresta de terra firme, o inajá é uma palmeira de
dossel, com estipe solitário e ereto, chegando a 20 metros de altura e 100 cm
de diâmetro à altura do peito (DAP), às vezes, com um cone de raízes na base
alcançando até 70 cm (RIBEIRO et al., 1999).
A inflorescência é intrafoliar, persistente, algumas vezes totalmente
estaminada ou estaminada e pistilada; o fruto é recoberto, às vezes, até a
metade pelo perianto e com resíduo estaminoidal apicalmente franjado, e pelo
epicarpo fibroso, e entre o epicarpo e o endocarpo, encontra-se o mesocarpo
(massa), pouco pastoso, quando o fruto está ainda verde, quando maduro é
amarelado, pastoso e muito oleoso (MOTA e FRANÇA, 2008).
Os frutos da palmeira inajá podem ter 100% de aproveitamento, pois do
mesocarpo obtém-se óleo (37,16%), proteína (14,25%) e água (5,80%),
enquanto as amêndoas produzem 59,28% de óleo, 19,25% de proteínas e
5,8% de água, além de outros materiais (PESCE, 1941). Estudos mais
recentes, desenvolvidos por Corrêa et al. (2005), Rodrigues et al. (2006) e
Bezerra et al. (2006), revelaram que o óleo da amêndoa de inapossui alto
potencial para a prodão de biodiesel.
Segundo Serruya et al. (1979), os óleos das amêndoas do inajá e do
dendê são muito semelhantes, com vantagem para o inajá por apresentarem
maior rendimento em óleo e menor acidez. O mesmo autor destacou que os
16
componentes sico-químicos e a composição do óleo da polpa do inajá
apresentam grande semelhança com outros óleos de palmeiras de valor
comercial como os da polpa da oliva e do dendê.
Estudos sobre tecnologia de semente de A. maripa o pouco
encontrados na literatura, tendo como exemplos os trabalhos de Martins et al.
(1996) que estudaram os tratamentos pré-germinativos de semente da
palmeira inajá; Araújo et al. (2000) e Duarte (2008) que estudaram a morfologia
do fruto e da semente do inajá e Matos et al. (2009) pesquisou a morfometria
de cachos, frutos e sementes de A. maripa, em áreas de ocorrência natural no
estado do Pará. Até o momento, não registros de estudos sobre morfologia
de plântulas dessa espécie.
Do mesmo modo, os registros na literatura sobre a dinâmica e estrutura
desta palmeira nas áreas de ocorrência natural são escassos. Estudos sobre a
densidade do caule e o crescimento de A. maripa foram relizados por Salm
(2004). Este mesmo autor investigou a importância das palmeiras arborescente
de grande porte, com enfoque na A. maripa e A. aculeatum (SALM, 2005).
Por sua vez, as características do ina com vista à produção de
biodiesel, foram pesquisadas por Mota e França (2008), no estado do Pará e
por Duarte (2008) no estado de Roraima.
2.2 A Ocorrência de palmeiras em Sistemas Silvipastoris
Os sistemas silvipastoris são sistemas de produção nos quais árvores,
arbustos ou palmeiras são mantidos ou cultivados em áreas de pastagens e
animais, com a finalidade de auferir produtos ou serviços desses três
componentes (DUBOIS, 1996; VEIGA et al., 2001; DIAS-FILHO, 2006).
Estes sistemas reduzem os efeitos negativos dos rigores impostos pelo
clima tropical aos animais e melhora a utilização dos recursos naturais, com
conseqüente aumento na produtividade e redução de custos (CARVALHO,
1998).
No Nordeste Paraense, na Amazônia Oriental, o comuns exemplos de
associações de árvores-pastagens manejadas por produtores rurais (VEIGA et
al., 2001; ROSA et al., 2006; ROSA et al., 2009). Palmeiras como o inajá e o
babaçu (Orbignia phalerata Mart.), oriundas de regeneração natural, ocorrem
17
em extensas áreas localizadas entre a Amazônia e o semi-árido do Maranhão
(MAY et al., 1985), e são comumente encontradas em sistemas silvipastoris.
Outras palmeiras como o coqueiro (Cocus nucifera L.) e o dendê (Elaeis
guineensis Jacq.), são cultivadas em sistemas silvipastoris no Nordeste
Paraense, Amazônia Oriental. Na microrregião Bragantina Rosa et al. (2006)
identificaram a ocorrência de sistemas silvipastoris contendo C. nucifera e
Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick.. Estes sistemas silvipastoris
contendo coqueiro, também foram identificados nos municípios de Salinópolis,
Santarém Novo e Belém, ambos no estado do Pará (VEIGA e SERRÃO, 1990).
Nestes sistemas agroflorestais, comumente, o inajá proporciona ao
ambiente conforto térmico aos animais, os quais procuram por ambientes
sombreados, durante o verão. Além de que, a palmeira apresenta boa
performance em termos de desenvolvimento, muito embora exista
desuniformidade no seu crescimento diamétrico e na altura.
2.3 Relações Biométricas
Pesquisas sobre as relações entre variáveis dendrométricas requerem o
emprego da análise de correlão e regressão, para determinação dos
modelos matemáticos.
A relação altura/diâmetro, por exemplo, tem sido muito estudada por
diversos pesquisadores, por meio da utilização de um grande número de
modelos matemáticos, os quais têm se mostrado mais ou menos eficientes em
função da composição do povoamento e qualidade do sítio (SCHMIDT,1977).
Dependendo do seu domínio de aplicabilidade, esta relação pode ser
empregada em locais onde as condições de sítio não são bem definidas
(TOMÉ, 1988), porém, neste caso, é uma opção de trabalho controvertida, mas
de grande utilização (SCOLFORO,1997).
Em povoamentos cujo sítio é bem delimitado, bem formado e conduzido,
em geral espera-se uma forte correlação entre a variável altura e diâmetro,
visto que have maior homogeneidade na população considerada. Em
povoamentos mal formados, mal conduzidos ou em tios não muito bem
definidos, pode ocorrer fraca correlação entre essas variáveis devido à maior
18
heterogeneidade da população considerada (FINGER, 1992, PRODAN et al.,
1997 e SCOLFORO, 1997).
2.4 Relações Morfométricas
A pesquisa das relações interdimensionais das árvores solitárias através
dos índices morfométricos é importante, pois permite prever o espaço exigido
pela árvore ao longo de seu desenvolvimento, julgar a concorrência a que es
submetida, além de possibilitar inferências sobre a estabilidade, vitalidade e
produtividade de cada indivíduo. Assim sendo, serve como instrumento prático
para intervenções silviculturais, especialmente quando não se conhece a idade
das plantas (DURLO et al., 2004).
As primeiras caracterizações de árvores foram dadas por Burger (1939).
Este autor propôs as seguintes variáveis morfométricas:
1) proporção de copa;
2) grau de esbeltez;
3) relação entre o diâmetro de copa e o DAP;
4) índice de abranncia.
A proporção ou porcentagem de copa correspondem à relação entre o
comprimento da copa e altura total da árvore. O grau de esbeltez, conhecido
como relação Ht/DAP, caracteriza a estabilidade das árvores, isto é, quanto
mais alto o grau de esbeltez, tanto mais instável é a árvore. A relação entre o
diâmetro de copa e o DAP, denominada índice de saliência, expressa quantas
vezes o diâmetro de copa é maior que o DAP. O índice de abrangência é
calculado pela relação entre o diâmetro de copa e a altura total da árvore.
Quando existe correlação entre o índice de abrangência e a altura das árvores,
este índice pode ser usado como indicador de desbaste ao longo da vida do
povoamento.
2.5 Morfometria de Cachos, Frutos e Sementes
A descrição e a caracterização morfométrica de frutos e sementes
podem fornecer subsídios importantes para a diferencião de espécies do
mesmo gênero (CRUZ et al., 2001; CRESTANA, 1998; AMORIM , 1996) e
19
contribuem para a tecnologia de produção de mudas de espécies nativas
(SANTIAGO e PAOLI, 1999; FERREIRA et al., 2001; ARAÚJO NETO et al.,
2002; PINÃ-RODRIGUES, 2002;).
Em se tratando de palmeiras, estes estudos são importantes para
explorar o potencial paisagístico dessas espécies, sobretudo para respaldar
pesquisas voltadas para a propagação sexuada das espécies, para viabilizar a
produção de frutos com a finalidade de extração de óleo e o uso no artesanato
(ARAÚJO et al., 2000).
Nascimento et al. (2007a) estudaram a caracterização biométrica de
cachos, frutos e sementes da palmeira murumuru (Astrocaryum ulei Burret)
proveniente da região de Porto Acre, tendo em vista o potencial para biodiesel.
Estes autores verificaram que os cachos apresentaram peso médio de 8,2 kg,
comprimento de 79,3 cm, diâmetro de 22,2 cm e média de 552 frutos por
cacho. Os frutos exibiram peso médio de 12,98 g.
Duarte (2008), pesquisando a morfologia de cachos, frutos e sementes
de inajá, em área de pastagem no Campo Experimental de Serra da Prata,
Mucajaí-RR, obtiveram cachos com peso médio total de 46,36 Kg, em média
2.549 frutos por cacho, e em Iracema-RR, 1.744 frutos/cacho.
Pesquisas sobre biometria de cachos, frutos e sementes de tucumã
(Astrocaryum aculeatum), no Estado do Acre, Brasil, revelaram que existe alta
variação no peso do cacho e o número de frutos e as variáveis dos cachos
apresentam correlação alta, linear e positiva entre si (NASCIMENTO et al.,
2007b).
Barbosa et al. (2009), avaliando a biometria de frutos de cinco matrizes
de Mauritia flexuosas L.f, em Roraima, detectaram variabilidade morfométrica
entre os frutos coletados nas diferentes matrizes avaliadas. Estes autores
verificaram que o número médio de cachos por matriz foi de 3,20, com
amplitude variando de 1 a 6 cachos, com produção média anual de 62,2 kg de
frutos frescos por planta. Eles observaram que o número de frutos por cacho
variou de 415 a 189 frutos. Segundo estes autores, o peso médio de frutos por
cacho foi de 19,44 ± 6,1 kg.
Mytja et al. (2008) ao estudarem a biometria de frutos e sementes de
babaçu (Attalea speciosa Mart. Ex Spreng.) no estado de Tocantins,
verificaram que os frutos pequenos apresentavam 55 a 65 mm de
20
comprimento, 51 a 60 mm de espessura e peso entre 137 e 201 g, enquanto
os frutos grandes possuíam 66 a 74 mm de largura, 60 a 66 mm de espessura
e peso de 207 a 291 g.
Pesquisas sobre morfometria de cachos, frutos e sementes fornecem
informações importantes para a propagação da espécie, e podem auxiliar na
seleção de matrizes, coleta de cachos com maior potencial de produção de
óleo.
2.6 Morfologia de Frutos, Sementes e Plântulas
Estudos que visam o conhecimento da morfologia de frutos, sementes e
plântulas de palmeiras o ainda escassos na literatura referencial, tendo como
exemplos os trabalhos de Aguiar e Mendonça, (2002), que trata dos aspectos
morfo-anatômicos do embrião de Euterpe precatoria Mart.; Gentil e Ferreira
(2005) que estudaram a morfologia de plântulas de Astrocaryum aculeatum
Meyer; Leitão (2008) que caracterizou a morfologia de frutos e sementes de
Astrocaryum aculeatum; Lopes (2007) que pesquisou a morfologia e fenologia
reprodutiva do ariri (Syagrus vagans (Bondar) Hawkes) numa área de caatinga
do município de Senhor do Bonfim-Ba; Luz (2008) que avaliou a germinação e
aspectos morfológicos de sementes de Archontophoenix cunninghamii H.
Wendl. e Drude, dentre outros autores.
O estudo da morfologia do desenvolvimento pós-seminal fornece
importantes informações, sob o ponto de vista taxonômico, especialmente, no
conhecimento das estruturas essenciais da plântula ao longo de seu
desenvolvimento, possibilitando a caracterizão da espécie.
Além disso, a morfologia auxilia a identificação botânica da espécie, a
interpretação dos testes de laboratório e o reconhecimento da espécie em
bancos de sementes do solo e em fase de plântulas em formações florestais
(MELO et al., 2004). Estas análises contribuem para o estudo dos mecanismos
de dispersão, sucessão e regeneração natural da espécie, além de serem
importantes para esclarecer questões relativas à taxonomia, filogenia e
ecologia (SANTIAGO e PAOLI 1999; FERREIRA et al., 2001).
Vale salientar que, a morfologia do desenvolvimento pós-seminal está,
intimamente, relacionada aos temas de reprodução, propagação, morfologia de
21
germinação e de plântula de espécies, economicamente importantes, devido ao
grande interesse na propagação de mudas dessas espécies (KUNIYOSHI,
1983; LEITÃO, 2008).
Tratando-se de Arecaceae, o desenvolvimento das estruturas básicas do
processo germinativo é bastante peculiar, podendo diferir entre espécies. Desta
forma, o conhecimento dos estádios morfológicos durante a germinação das
sementes de cada espécie de palmeira é, imprescindível, para auxiliar na
análise do ciclo vegetativo podendo fornecer subsídios à interpretação de
testes de germinação e, tamm, auxiliar os estudos de taxonomia e ecologia
(KOBORI, 2006).
Além disso, a descrição morfológica de plântulas e plantas jovens é
fundamental para facilitar o reconhecimento das espécies em levantamentos
ecológicos de regeneração natural (CRESTANA, 1998). As características
morfológicas das plântulas, à semelhança das sementes, também permitem a
identificação de famílias, gêneros e até escies (OLIVEIRA, 1993).
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, M.O.; MENDONÇA, M.S. de. Aspectos morfo-anatômicos do embrião
de Euterpe precatória Mart. Durante o processo germinativo. Acta Botânica
brasileira 16(3): 241-249, 2002.
AMORIM, I.L. Morfologia de frutos, sementes, germinação, plântulas e
mudas de espécies florestais da região de Lavras - MG. 1996. 127f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Departamento de
Silvicultura, Universidade Federal de Lavras, Lavras. 1996.
ANDERSON, A. B.; IORIS, E. Extraction and Forest Manegement by rural
inhabitants in the Amazon Estuary: a case study of açaí palm production. In:
ANDERSON, A. B. (Ed.). Alternatives to deforestation: steps toward
sustainable use the Amazon rain forest. New York: Columbia University Press.
1990. p. 65-85.
ARAÚJO NETO, J.C.; AGUIAR, I.B.; FERREIRA, V.M.; PAULA, R.C.
Caracterização morfológica de frutos e sementes e desenvolvimento pós-
seminal de monjoleiro (Acacia polyphylla DC.). Revista Brasileira de
Sementes, Brasilia, v.24, n.1, p. 203-211, 2002.
22
ARAÚJO, M. G. P. de; LEITÃO, A. M. e MENDONÇA, M. S. de. Morfologia do
fruto e da semente de inajá (Attalea maripa (Aubl.) Mart.). Revista Brasileira
de Sementes, vol. 22, nº 2, p.31-38, 2000.
BARBOSA R. I. ; LIMA, A.D.; MOURÃO JR., M. Biometria de frutos do buriti
(Mauritia flexuosa L.f. Arecaceae): estimativas de produtividade de polpa
e óleo vegetal em uma área de savana em Roraima. (Relatório de pesquisa).
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA, Boa Vista, A. D.;
MOURÃO JR, M.– Roraima Brasil. 2009. Disponível em:
http://agroeco.inpa.gov.br. Acesso em: 16 de novembro de 2009.
BEZERRA, V.S.; FERREIRA, L.A.M. ; PEREIRA, S.S.C. ; CARIM, M. de J.V. O
inajá (Maximiliana maripa (Aubl.) Drude) como potencial alimentar e
oleaginoso. In: Congresso brasileiro de plantas oleaginosas, óleos,
gorduras e biodiesel. Varginha : UFLA, p. 301-305. 2006.
BURGER, H. Baumkrone und zuwachs in zwei hiebsreifen fichtenbeständen.
Mitteilungen der Schweizerischen Anstalt für das Forstliche
Versuchswesen, Wessen, v.21, p.147-176, 1939.
CAMPOS, M.T.; EHRINGHAUS, C. Plant virtues are in the eyes of the
beholders: a comparison of known palm uses among indigenous and folk
communities of southwestern Amazonia. Economic Botany, New York, v. 57,
n. 3, p. 324-344. 2003.
CARVALHO, A.L. de; FERREIRA, E. J.L.; NASCIMENTO, J.F.; REGIANI, A.M.
Aspectos da Biometria dos Cachos, Frutos e Sementes da Palmeira Najá
(Maximiliana maripa (Aublet) Drude) na Região Leste do Estado do Acre.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 228-230,
julho. 2007.
CARVALHO, M.M. Arborização de pastagens cultivadas. Juiz de Fora:
EMBRAPA-CNPGL. 37p. EMBRAPA CNPGL. Documentos, 64. 1998.
CAVALCANTE, P.B. Maximiliana maripa (Corr. Serra) Drude. In Food and
Fruit-bearing forest species 3: Examples from latin America. In: FAO Forestry
Paper 44/3, Roma, p.193-195, 1986.
CORRÊA, A.B., F. NETO, D.C.; LIMA, D.K.B.; COSTA, L.A. M.A. da.; CHAAR,
J.S; FLACH, A. Estudo do potencial oleaginoso de Maximiliana maripa (Correa)
Drude como fonte de biodiesel. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira
de Química, Poços de Caldas, p.28. 2005.
CRESTANA, C.S.M. Recrutamento de plântulas de Genipa americana L.
(Rubiaceae) em mata ripária. Revista Instituto Florestal 10(1): 1-15. 1998.
23
CRUZ, E.D.; MARTINS, F.O. e CARVALHO, J.E.U. Biometria de frutos e
sementes e germinação de jatobá-curuba (Hymenaea intermedia Ducke,
Leguminosae- Caesalpinioideae). Revista Brasileira de Botânica 24. v.2,
p.161-166. 2001.
DIAS-FILHO, M.B. 2006. Sistemas silvipastoris na recuperação de pastagens
tropicais degradadas. In: Gonzaga Neto, S.; Costa, R.G.; Pimenta Filho, E.C.;
Castro, J.M. da C. (Eds.) Simpósios da Reunião Anual da Sociedade
Brasileira de Zootecnia, 43. João Pessoa, Anais…João Pessoa: SBZ: UFPB,
p. 535-553. 2006 (Suplemento Especial da Revista Brasileira de Zootecnia,
v.35, 2006).
DUARTE, O. R. Morfologia de cachos, frutos e sementes de ina(Maximiliana
maripa (Aubl.) Drude) em duas populações de Roraima. In: Congresso
Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5, 2008,
Lavras-MG. Resumos. Lavras-MG. Disponível em: http://oleo.ufla.br/
anais_05/artigos/a5_380.pdf. Acesso em: 15/08/2009.
DUBOIS, J. C. L.; VIANA, V. M.; ANDERSON, A. B. Manual agroflorestal para
a Amazônia. Rio de Janeiro, RJ: REBRAF, 1996. v. 1, 228 p.
DURLO, M.A.; SUTILI, F.J.; DENARDI, L. Modelagem da copa de Cedrela
fissilis Vellozo. Ciência Florestal. Santa Maria, v. 14, n. 2, p. 79-89 79, 2004.
FERREIRA, E. J. L. Diversidade e importância econômica das palmeiras da
amazônia brasileira. In: Congresso Nacional de Botânica, 56, 2005, Curitiba.
Anais. Curitiba: Paraná, p. 1-6, 2005.
FERREIRA, R.A.; BOTELHO, S.A.; DAVIDE, C.A. & MALAVASI, M.M.
Morfologia de frutos, sementes, plântulas e plantas jovens de Dimorphandra
mollis Benth. faveira (Leguminosae-Caesalpinioideae). Revista Brasileira de
Botânica, v. 24, n.3, p.303-309. 2001.
FINGER, C. A. G. Fundamentos de biometria florestal. UFSM, CEPEF -
FATEC. Santa Maria - RS. 1992. 269 p.
GENTIL, D. F. de O.; FERREIRA, S. A. do. Morfologia da plântula em
desenvolvimento de Astrocaryum aculeatum Meyer (Arecaceae). Acta
Amazônica, v. 35, n.3, p.337 – 342, 2005.
HENDERSON, A. GALEANO, G. e BERNAL, R. Field Guide to the Palms of
the Americas. Princeton University Press, Princeton, New Jersey,1995. 351p
HIRAOKA, M. Caboclo and ribereño resource managemente in Amazônia: a
review. In: Redford, K. H. ; Padoch, C. (Ed.). Conservation of neotropical
forest: working from traditional resource use. New York: Columbia University
Press. p.134-157. 1992.
24
HIRAOKA, M. Mudanças nos padrões econômicos de uma população ribeirinha
do estuário do Amazonas. In: FURTADO, L.; LEITÃO, W.; MELLO, F. de.
Povos das Águas: realidade e perspectivas na Amazônia. Belém: Museu
Paraense Emílio Goeldi, 1993. 292 p.
KAHN, F. Palms as key swamp forest resources in Amazonia. Forest Ecology
Management, v.38, p.133-142. 1991.
KOBORI, N.N. Germinação, morfologia e sanidade de sementes de
Livistona chinensis (Jack.) R. Br. Ex. Mart. (Arecaceae). 2006. 51f. Dissertação
(mestrado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. 2006.
KUNIYOSHI, Y.S. Morfologia da semente e da germinação de 25 espécies
arbóreas de uma floresta com araucária. 1983. 233f. Dissertação (Mestrado
em Silvicultura) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 1983.
LEITÃO, A. M. Caracterização morfológica e físico-química de frutos e
sementes de Astrocaryum aculeatum Meyer (Arecaceae) de uma floresta
secundária. 2008. 91f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas). INPA/UFAM,
Manaus, 2008.
LOPES, V. da S. Morfologia e fenologia reprodutiva do ariri (Syagrus vagans
(bondar) hawkes)-Arecaceae- numa área de caatinga do município de Senhor
do Bonfim-ba. 2007. 70f. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Areia-PB:
CCA/ Universidade Federal da Paraíba. 2007.
LORENZI, H.; SOUZA, H.M.; MEDEIROS-COSTA, J.T.; CERQUEIRA, L.S.C.;
BEHR, N. Palmeiras no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarun,
1996. 303p.
LUZ, P.B. Germinação e aspectos morfológicos de Sementes de
Archontophoenix cunninghamii H. Wendl. & Drude (Arecaceae). 63f. 2008.
Tese (Doutorado em Agronomia - Produção e Tecnologia de Sementes).
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Jaboticabal- SP.
MARTINS, C.C.; SILVA, W.R. & BOVI, M.L.A. Tratamentos Pré-germinativo
de Sementes de Inajá. Bragantia, Campinas, v.55, n. 1. p. 123-128, 1996.
MATOS, A. K. M. G.; ROSA, L. dos S.; SILVA, R. F. D.; PIRES, H. C.;
BALIEIRO. E. C.; VIEIRA, T. A. Morfometria de Cachos, Frutos e Sementes de
Attalea maripa (Aubl.) Mart: uma Espécie Nativa da Amazônia Potencial para
Produção de Biodiesel. Revista Brasileira de Agroecologia. v.4, n. 2. p.1285-
1289. 2009.
MAY, P.H., ANDERSON, A.B., BALICK, M. & FRAZÃO, R.R. Subsistence
benefits from Babassu palm (Orbignya martiana). Economia Botânica n.39,
p.113-129. 1985.
25
MELO, M. G. G.; MENDONÇA, M. S. de; MENDES, A. M. da S. Análise
morfológica de sementes, germinação e plântulas de jatobá (Hymenaea
intermedia Ducke var. adenotricha (Ducke) Lee & Lang.) (Leguminosae-
caesalpinioideae). Acta Amazônica. v. 34, n.1, p. 9 – 14, 2004.
MITJA, D.; SILVA, J.C.S.; MELO, S.L.; FILHO, H. C. Biometria dos Frutos e
sementes de babaçu, Natividade-TO. In: Simpósio Nacional Cerrado:
Desafios e estratégia para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e
recursos naturais, 9. Brasília-DF. p. 1-8. 2008
MOTA, R. V.; FRANÇA, L. F. de. Estudo das características da Ucuuba
(Virola surinamensis) e do Inajá (Maximiliana regia) com vistas à
produção de biodiesel. Revista Científica da UFPA; Ano 07, v.06, n.01.
Disponível em http://www.cultura.ufpa.br/rcientifica/ Acesso em: 10/11/2008.
NASCIMENTO, J. F do; FERREIRA, E. J. L; CARVALHO, A. L.; REGIANI, A.
M. Parâmetros Biométricos dos Cachos, Frutos e Sementes da Palmeira
Murmuru (Astrocaryum ulei Burret.) encontrada na Região de Porto Acre, Acre.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p.90-92, jul.
2007a.
NASCIMENTO, J. F do; FERREIRA, E. J. L; CARVALHO, A. L.; REGIANI, A.
M. Parâmetros Biométricos de Cachos, Frutos e Sementes de Tucu
(Astrocaryum aculeatum G, Meyer), no Estado do Acre, Brasil. Revista
Brasileira de Agroecologia. v.2, n.2, p. 1314-1318, 2007b.
OLIVEIRA, E.C. Morfologia de plântulas. In: AGUIAR, I.B.; PIÑARODRIGUES,
F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. (Ed.). Sementes florestais tropicais. Brasília:
ABRATES, p.175-214, 1993.
PESCE, C. Oleaginosas da Amazônia. Belém: Ol. Graf. Da Revista da
Veterinária, 1941. 123p.
PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. Guia prático para a colheita e manejo de
sementes florestais tropicais. Rio de Janeiro: Idaco, 2002. 40 p.
PRODAN, M., PETERS, R., COX, F. & REAL, P. Mensuração Florestal. IICA,
San José – Costa Rica. 1997. 586p.
RIBEIRO, J.E.L.S.; HOPKINS, M.J.G.; VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.;
COSTA, M.A. da S.; BRITO, J.M.; SOUZA, M.A.D.; MARTINS, L.P.;
LOHMANN, L. ASSUNÇÃO, P.A.C.L.; PEREIRA, E. DA C.; SILVA, C.F.;
MESQUITA, M. R. PROCÓPIO,L.C. Flora da Reserva Ducke: Guia de
identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na
Amazônia Central. Manaus: INPA – DPFID. 1999. 816p.
RODRIGUES, A. M. C.; GAMA, S. S; LINS, R. T.; RODRIGUES, P. R.; SILVA´,
L.H.M. Estudo da potencialidade de três oleaginosas Amazônicas para a
produção de Biodiesel. Documentos de Congresso. p.345-350. 2006.
26
Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br/docs/congresso2006/agricultura/
Caracter% DsticasFisicas Oleaginosa.pdf. Acesso em 4 de julho de 2008.
ROSA, L. S. Limites e possibilidades do uso sustentável dos produtos
madeireiros e não madeireiros na Amazônia brasileira: o caso dos
pequenos agricultores da Vila Boa Esperança, em Moju, no Estado do
Pará. 2002, 304f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável do
Trópico Úmido) Belém: Universidade Federal do Pará/Núcleo de Altos
Estudos da Amazônia, 2002.
ROSA, L.S.; VIEIRA, T.A.; FRANCÊS, D.C.; VASCONCELOS, P.C.;
MODESTO, R.S.; SANTOS, M.M. Identification of species and agroforestry
systems potentials for Bragantina microregion, Amazon region, Brazil.
(Report). UFRA, 2006. 130 p.
ROSA, L.S.; VIEIRA, T.A.; SANTOS, A.P.A ; MENEZES, A.A.S. ; RODRIGUÊS,
A.F. ; PEROTE, J.R.S. ; LOPEZ, C.V.C . Limites e oportunidades para a
adoção de sistemas agroflorestais pelos agricultores familiares da microrregião
Bragantina, PA. In: Roberto Porro. (Org.). Alternativa agroflorestal na
Amazônia em transformação. Brasília: EMBRAPA. p. 645-670, 2009.
SALM, R. Densidade do caule e crescimento de Attalea maripa e Astrocaryum
aculeatum: implicações para a distribuição de palmeiras arborescentes na
floresta Amazônica. Biota Neotropica. v.4, n.1. 2004. 11p.
SALM, R. A. A importância das palmeiras arborescentes de grande porte
na dinâmica das florestas amazônicas sazonalmente secas. 2005. 225 f.
Tese (Doutorado em Ciências, área de concentração em Ecologia e Recursos
Naturais), Universidade Federal de São Carlos. São Carlos: UFSCar, 2005.
SANTIAGO, E.F. e PAOLI, A.A.S. Morfologia do fruto e da semente de
Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert (Leg-Caesalpinoideae). Naturalia, v.
24, p.139-152. 1999.
SCHMIDT, P. B. Determinação indireta da relação hipsométrica para
povoamentos de Pinus taeda L. 1977. 102 f. Dissertação (Mestrado em
Ciências) Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias,
Curitiba.
SCOLFORO, J. R. S. Biometria Florestal - cnicas de regressão aplicada
para estimar: volume, biomassa, relação hipsométrica e múltiplos
produtos da madeira. Lavras – MG: UFLA/FAEPE/DCF, 1997. 298 p.
SERRUYA, H.; BENTES, M.H.S.; SIMÕES, J.C.; LOBATO, J.E.; MULLER, A.H.
& ROCHA FILHO, G.N. Análise dos óleos dos frutos de três palmáceas da
Região Amazônica. In: Congresso brasileiro de química, 20, Recife, 1979.
Anais. Belém: UFPa, Depto. de Química, v.1, p.1-6, 1979.
TOMÉ, M. Modelação do Crescimento da Árvore Individual em
Povoamentos de Eucalyptus globulus Labill. (1ª rotação). Região Centro de
Portugal. Tese (Doutorado em Eng. Silv.) ISA. 1988.
27
VEIGA, J. B. da; ALVES, C. P.A; MARQUES, L. C. T.; VEIGA, D. F. da.
Sistemas Silvipastoris na Amazônia Oriental. In: CARVALHO, M. M.; ALVIM, M.
J.; CARNEIRO, J. C. Sistemas agroflorestais pecuários: opções de
sustentabilidade para áreas tropicais e subtropicais. Juis de Fora: Embrapa
Gado de Leite; Brasília: FAO, 2001.
VEIGA, J. B.; SERRÃO, E.A.S. Sistemas silvipastoris e produção animal nos
trópicos úmidos: a experiência da Amazônia brasileira. In: Pastagens.
Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, FEALQ, p.37-68, 1990.
28
CAPÍTULO 1 - CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DE CACHOS,
FRUTOS, PINIOS E MORFOLOGIA DE PLÂNTULAS DE INAJÁ (Attalea
maripa (Aubl.) Mart.)- ARECACEAE
RESUMO: Esta pesquisa avaliou as características morfométricas de cachos,
frutos, sementes (endocarpo e amêndoa) e morfológicas de plântulas de
Attalea maripa (inajá), das procedências de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA,
ambos localizados no Nordeste Paraense. Os cachos com frutos de A. maripa
foram coletados de matrizes, oriundas de regeneração natural, em sistema
silvipastoril. Após a coleta, os cachos foram transportados ao Laboratório de
Sementes Florestais da Universidade Federal Rural da Amazônia. Para a
avaliação morfométrica e morfológica do fruto e da semente, foram utilizados
100 frutos maduros e sadios de cada cacho, totalizando 500 frutos, por
procedência. Os morfotipos dos frutos de A. maripa foram confirmados através
da análise discriminante. Para o estudo da morfologia de plântulas, foram
semeadas quatro repetições de vinte e cinco pirênios, conforme as
recomendações das Regras para Análise de Sementes. Os resultados
mostraram que: a) Existe diferença no crescimento das matrizes de A. maripa
em sistemas silvipastoril e, as matrizes de Bonito-PA apresentaram melhor
potencial produtivo; b) O cacho apresentou maturação heterogênea, e
continha, ao mesmo tempo, frutos maduros, imaturos e apodrecidos; c) O
cacho procedente de Bonito-PA proporcionou maior potencial produtivo; d)
Existe grande variabilidade em relação aos frutos e pirênios,
independentemente da procedência, revelando a ocorrência de classes
diferenciadas de mortipos (frutos pequenos, médios e grandes), baseadas na
gradação de variáveis preditoras, como tamanho e peso; e) a plântula de ina
apresenta características típicas do gênero Atallea, e está totalmente
estabelecida quando a terceira bainha cotiledonar expande-se, ocorrendo à
formação da primeira folha.
Palavras-chave: Biometria, Descrição de frutos e sementes, Palmeiras,
Germinação.
29
MORFOMETRIC CHARACTERIZATION OF BUNCHES, FRUITS, SEEDS
AND SEEDLING MORPHOLOGY OF INAJÁ (Attalea maripa (Aubl.) Mart.)-
ARECACEAE
ABSTRACT: This research evaluated the morfometric characteristics and
morphologic of bunches, fruits, seeds (endocarp with the almonds) and
seedlings of Attalea maripa (inajá), from the Bonito-PA and Nova Timboteua-
PA, provenances, both located in the Nordeste Paraense. The bunches with
fruits of A. maripa were collected of matrices, originated from of natural
regeneration in the silvopastoral systems. After the collection, the bunches were
transported to the Laboratory of Forest Seeds of the University Federal Rural of
the Amazonian. For the morfometric evaluation and morphologic of the fruit and
of the seed, they were used 100 mature and healthy fruits of each bunch,
totaling 500 fruits, for provenace. The morphotypes of the fruits of A. maripa
were confirmed through the discriminant analysis. For the study of the seedlings
morphology, four repetitions of twenty-five pirênios were sowed, according to
the recommendations of the Brasilian Rules for Analysis of Seeds. The results
shown, that: a) exist difference in the growth of the main trees of A. maripa in
the silvopastoral systems and, matrices b) the bunch presented heterogeneous
maturation, and it contained, at the same time, fruits mature, immature and
deteriorated; c) the bunch coming from Bonito-PA provided high productive
potential; c) Exist great variability in relation to the fruits and seeds,
independently of the provenance studied, revealing the occurrence of
differentiated classes of morphotypes (fruits small, medium and big), based on
the gradation of variables preditoras as size and weight; d) the inajá seedling
presents typical characteristics of the gender Atallea, and it is totally established
when the third hem cotiledonar expands, happening to the formation of the first
leaf.
Key-words: Biometrics, Description of fruits and seeds, palms,
Germination.
30
1.1 INTRODUÇÃO
Attalea maripa (Aubl.) Mart., conhecida como Inajá, é uma escie
rústica com ampla ocorrência e abundância natural em áreas de pastagens e
roças abandonadas na região Amazônica. Porém, suas populações naturais
têm sofrido grandes perturbações antrópicas devido à prática de derruba e
queima para o preparo de áreas agrícolas e o uso do fogo para limpeza de
pastos, que contribuem para a perda gradual de suas populações.
Os frutos desta palmeira apresentam grande potencial para produção de
biodiesel e outros produtos industriais (CORREA et al., 2005 e RODRIGUES et
al., 2006).
Apesar do seu potencial energético, sua utilizão ainda é de forma
insipiente devido à carência de pesquisas básicas na área de tecnologia de
sementes que possibilitem a domesticação e o manejo sustentado de suas
populações naturais.
Os estudos morfológicos e morfométricos de sementes e plântulas, por
exemplo, fornecem subsídios para pesquisas sobre banco de sementes do solo
em estudos que tratam de regeneração natural de áreas degradadas (ARAÚJO
NETO et al., 2002) e contribuem de maneira significativa para a identificação,
caracterização e diferenciação das espécies do mesmo nero (CRUZ et al.
2001), sendo portanto importantes para estudos que tratam de taxonomia
(FERREIRA et al., 2001), além de fornecerem subsídios importantes para a
germinação e produção de mudas (SILVEIRA, 2008).
Cabe destacar que, as características morfotricas e morfológicas de
frutos e sementes podem variar de uma localidade para outra e entre árvores
(KUNIYOSHI, 1983).
Diante do exposto, esta pesquisa teve por objetivo estudar as
características morfométricas de cachos, frutos e sementes, bem como
descrever a morfologia de plântulas de Attalea maripa, de duas procedências
no estado do Pará, visando a sua domesticação e a produção sustentada de
óleo e de outros produtos industriais das suas populações naturais.
31
1.2 MATERIAL E MÉTODOS
1.2.1 Local de coleta
Os cachos com frutos de A. maripa foram coletados de dez matrizes,
oriundas de regeneração natural, distribuídas, aleatoriamente, em sistemas
silvipastoris em áreas de agricultores dos municípios de Bonito-PA (01º21’48”
de latitude Sul e 47º18’21” de longitude a Oeste de Greenwich) e de Nova
Timboteua-PA (01º12’17” de latitude Sul e 47º23’20” de longitude a Oeste de
Greenwich), ambos localizados na Microrregião Bragantina, no Nordeste do
estado do Pará (Figura 1.1).
Figura 1.1 - Mapa de localização da área de estudo nos municípios Bonito e
Nova Timboteua, ambos no estado do Pará.
Bonito-PA
Nova Timboteua-PA
32
O município de Bonito-PA possui temperatura média anual em torno de
25 °C, umidade relativa do ar em torno de 80% e regime pluviométrico próximo
a 2.250 mm/ano. Em Bonito, fora registrado Latossolo Amarelo, textura média,
e concrecionário Laterítico, além das Areias Quartzosas e Podzólico
Hidromórfico (SEPOF, 2008).
Nova Timboteua-PA apresenta temperatura média de 25 ºC, umidade
relativa do ar oscilando em torno de 85% e regime pluviométrico em torno de
2.250 mm/ano. Nesse município, predominam Latossolo Amarelo e
Concrecionário Laterítico, ácidos, porosos, bem desenvolvidos e com baixa
fertilidade (SEPOF, 2008).
1.2.2 Seleção de palmeiras matrizes
Ao todo, foram selecionadas de forma aleatória, dez palmeiras de A.
maripa, sendo cinco em Bonito e cinco em Nova Timboteua, respeitando uma
disncia mínima de cem metros entre elas. A posição geográfica de cada
matriz foi identificada com auxilio de um aparelho GPS (Global Positining
System) - modelo Garmin 12 XL Programa Track Macker. Após esta etapa,
foram coletadas as seguintes variáveis:
a) Diâmetro à altura do peito (DAP): o DAP do estipe foi medida a 1,30
m do solo, com auxílio de uma fita métrica.
b) Altura total (Ht): estimada com auxilio de uma vara de três metros,
tomada a altura total das palmeiras da base do estipe até a ponta da folha mais
alta.
c) Altura do estipe (He): foi medida da base do estipe até a inserção
das bainhas com auxilio de uma vara quando possuía altura maior que dois
metros e quando inferior foi medida com auxilio de uma trena.
d) Diâmetro da copa (Dc): obtido pela medição de quatro distâncias
(raios), em direções fixas (Norte-Sul e Leste-Oeste), com o auxílio de uma
trena de trinta metros e uma bússola, para verificar o potencial de
sombreamento arbóreo.
33
e) Comprimento da copa (Cc): foi calculado por meio da subtração da
altura total pela a altura do estipe.
f) Área da copa (Ac): é a área que abrange toda copa da palmeira e
permite conhecer a área ocupada por um indivíduo. Nesta região, ocorre a
produção de folhas e de cachos. Foi obtida através da fórmula: r².π/4 (m²);
onde r é o raio da copa, obtido através do Dc/2.
1.2.3 Morfometria de cachos, frutos e pirênios
A caracterização morfométrica foi realizada no Laboratório de Sementes
Florestais (LSF) da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, em
Belém, Pará .
Os cachos de A. maripa foram coletados manualmente, com auxílio de
uma vara de três metros e uma foice (Anexo 1). Após a coleta, os dez cachos
foram transportados para o laboratório. Inicialmente, todos os cachos foram
pesados, individualmente, em uma balança de precisão, seguida da
mensuração do comprimento e da circunferência do ápice, do meio e da base
do cacho, utilizando-se uma trena milimetrada. Após esta etapa, os frutos
foram removidos dos cachos com o uso de tesoura de poda e/ou estilete. Em
seguida, foram contados, separados e classificados em maduros, imaturos
(frutos que não desenvolveram) e com injúrias (apodrecidos). Os frutos mal
formados e com injúrias foram eliminados manualmente (Anexo 2).
Após o desmanche dos cachos, foram contabilizados o número e peso
total dos frutos maduros, imaturos e apodrecidos, bem como o peso da ráquis e
das ráquilas.
Para a avaliação morfométrica do fruto e do pirênio (conjunto do
endocarpo com as amêndoas), foram retirados, aleatoriamente, cem frutos
maduros e sadios de cada cacho, totalizando 500 (quinhentos) frutos, por
procedência. O processo de beneficiamento dos frutos para a obtenção dos
pirênios iniciou com a extração do perianto e do epicarpo com auxilio de uma
prensa manual de quebrar castanha (Anexo 3), seguida da remoção do
mesocarpo com uso de bisturi e faca.
34
A mensuração do fruto e do pirênio foi realizada com o uso de
paquímetro digital de precisão (Anexo 4). Foram avaliadas as seguintes
variáveis: comprimento e diâmetro do fruto e do pirênio, peso do fruto inteiro,
do epicarpo, do mesocarpo e do pirênio, e mero de amêndoas por pirênio,
seguido de registro fotogfico. Para verificar o peso do endocarpo sem
amêndoa, do mero e peso da amêndoa, separadamente, foram serrados
apenas cem pirênios de cada procedência. A partir das medições básicas de
comprimento e diâmetro de frutos e pirênios, foi calculada a razão entre o
diâmetro e o comprimento, com o intuito de melhor representar suas formas e
tamanhos.
Para obter a determinação do peso de 1.000 (mil) frutos e de 1.000 (mil)
pirênios foram utilizadas oito subamostras de cem frutos e de cem pirênios,
baseada na Regra para Análise de Sementes- RAS (BRASIL, 1992).
O teor de umidade dos pirênios foi determinado, após a secagem de
quatro repetições de dez pirênios, em condições laboratoriais pelo método da
estufa a 105 ºC, admitindo-se uma variação de ± 3 ºC, por 24 h, conforme as
recomendações das Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992), ao
peso constante que ocorreu ao quarto dia. Após o tempo prescrito, e de posse
dos dados, foi realizado o lculo de umidade, baseado no peso do pirênio
úmido. Os resultados da porcentagem de umidade dos pirênios foram
expressos em base úmida.
1.2.4 Morfologia de frutos, pirênios e plântulas
Para descrição morfológica de frutos e pirênios foram selecionados,
aleatoriamente, cem frutos maduros e sadios de cada cacho, totalizando 500
(quinhentos) frutos, por procedência. Foram descritas e ilustradas as
características morfológicas externas e internas do fruto, e do pirênio, como:
coloração, comprimento, e diâmetro, etc.
O estudo sobre morfotipo dos frutos foi realizado com base nas variáveis
morfométricas peso, comprimento, dmetro. Para definir a classe de
morfotipos (pequenos, médios e grandes), foi tomado como base o volume do
fruto, o qual foi estimado por similaridade com o elipsóide de revolução (V =
4/3πab²), onde a representa o comprimento e b o diâmetro do fruto
35
(BATTILANI et al., 2006). Em seguida os frutos foram separados em três
classes de morfotipo: pequenos, médios e grandes.
O estudo da morfologia das plântulas foi realizado, adotando-se as
terminologias empregadas por Albuquerque (1987). Para este estudo, foram
semeadas 100 pirênios de inajá, em quatro repetições de vinte e cinco pirênios
em bandejas de polietileno, contendo areia esterilizada, conforme as
recomendações das Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992),
irrigadas, diariamente, com água destilada. Foram coletadas amostras de
plântulas de inajá, em fases sequenciais de desenvolvimento.
1.2.5 Análise dos Dados
Todas as observações realizadas foram colocadas em um banco de
dados digital, com auxilio de um programa eletrônico de planilhas. Os dados
morfométricos dos frutos e pirênios foram analisados mediantes a estatística
descritiva e análise de correlação de Pearson (r) e o respectivo nível de
significância (p) entre as variáveis (STEEL e TORRIE, 1980). Foi realizada a
aplicação do teste de normalidade de Anderson-Darling para verificar se a
distribuição dos dados é normal e a análise de igualdade de variância para
verificar se as variâncias dos dados coletados dos dois municípios são
estatisticamente iguais. De posse das análises de normalidade e de igualdade
de variância dos dados das palmeiras de inajá oriundas de populações
existentes nos municípios de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA, foi realizado o
teste t de Student para comparar as médias de dois grupos independentes a
um nível de significância de 5%, para verificar se as variáveis são
estatisticamente diferente entre si. A hipótese nula (H0: Média da varvel
observada de Bonito é igual média da variável observada de Nova Timboteua-
PA) é rejeitada se o teste estatístico fornecer valor superior ao crítico relevante
e aceita-se a hipótese alternativa (H1: Média da variável observada Bonito é
diferente da média da varvel observada de Nova Timboteua-PA).
A avaliação dos morfotipos dos frutos de A. maripa foi realizada por meio
da análise discriminante, que é uma ferramenta estatística multivariada
empregada para descobrir as características que distinguem os membros de
36
um grupo dos de outro, de modo que, conhecidas as características de um
novo indivíduo, se possa prever a que classe pertence.
Após obter as classes de morfotipo (pequeno, médio e grande) dos
frutos de A. maripa, foi realizada a análise discriminante visando determinar as
funções que permitam classificar os frutos dentro das classes (morfotipos) para
as quais apresentam maior probabilidade de pertencerem, bem como verificar
a precisão da classificação.
1.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
1.3.1 Descrição das palmeiras selecionadas para coleta de cachos
O inajá possui no ápice a copa formada por folhas composta, pinadas
com aproximadamente, 20 folhas, inseridas em filas verticais. As pinas são
lineares, eretas, agrupadas e dispostas em ângulos diferentes; pecíolo e
bainha persistente, pecíolo e raque com os bordos cortantes; a inflorescência é
intrafoliar, o eixo central do cacho é a ráquis, os ramos laterais são as ráquilas,
onde as flores estão presas (Figura 1.2). As inflorescências são cobertas por
espatas que são folhas modificadas, com estrutura lenhosa e persistente.
Verificou-se que o inajá apresentou frutificação simultânea com a
floração (Anexo 5). Esta característica é um indicativo para inferir na
possibilidade desta espécie apresentar assincronia, ou seja, em um mesmo
indivíduo podem ser encontrados cachos com espata fechada, com
inflorescência e frutificando (LEITÃO, 2008).
37
Figura 1.2- Desenho esquemático das principais estruturas da Attalea maripa
(Ilustrações: João Barros, 2010).
Em Bonito-PA e Nova Timboteua-PA, a produção média do mero de
cachos por matriz de inajá em sistemas silvipastoris, contendo forrageiras do
gênero Brachiaria e bovinos, foi de, aproximadamente, cinco cachos por
indivíduo. Estes dados indicam que as matrizes de inajá avaliadas nos dois
municípios possuem características de produção muito parecidas,
provavelmente em decorrência das semelhanças nas condições climáticas,
pois, em geral, as plantas estão sujeitas a variações de temperatura,
comprimento do dia, índices pluviométricos e outras variantes, que afetam a
floração e a produção de fruto.
Coro
a
Folhas Pinadas
Pecíolo
Infrutescência
Baínha
Inflorescência
Espata
Estip
e
38
Não obstante, a análise descritiva do crescimento das matrizes de inajá
revelou que as de Bonito-PA apresentaram melhor performance em DAP,
altura do estipe e altura total, diâmetro de copa e área de produção,
comparadas às palmeiras de Nova Timboteua-PA (Tabela 1.1, Figura 1.3). A
média dos valores das variáveis observadas ficou próxima dos valores da
mediana. As variáveis apresentaram uma grande variação, o maior coeficiente
de variação foi na área da copa do inajá e a menor variação foi no DAP das
palmeiras dos dois municípios.
Tabela 1.1 - Performance das palmeiras matrizes de Attalea maripa em
sistemas silvipastoris nos municípios de Bonito e de Nova Timboteua no
Estado do Pará (n=5 por localidade).
Variáveis observadas Unid.
_
x
± s
CV% Mediana Mínimo Máximo
Bonito-PA
DAP cm
29,25 ± 1,71 5,84 29,50 27,00 31,00
Altura total m
10,10 ± 1,6 15,82 9,95 8,50 12,00
Altura do estipe m
2,92 ± 1,15 38,39 2,75 2,00 4,50
Altura de frutificação m
3,48 ± 1,18 34,00 3,25 2,40 5,00
Diâmetro da copa m
9,90 ± 3,07 30,98 10,75 5,50 12,60
Área de copa
19,30 ± 9,63 49,85 25,20 5,94 31,20
Nova Timboteua-PA
DAP cm
26,50 ± 2,38 8,98 26,50 24,00 29,00
Altura total m
8,34 ± 2,67 32,08 7,57 6,20 12,00
Altura do estipe m
1,36 ± 0,41 30,43 1,27 1,00 1,92
Altura de frutificação m
1,83 ± 0,36 19,54 1,77 1,50 2,29
Diâmetro da copa m
8,59 ± 2,01 23,43 9,00 6,00 10,35
Área de copa
13,20 ± 6,95 45,79 15,30 5,70 21,00
Nota: DAP- Diâmetro a altura do peito, obtido a 1,30 m da superfície do solo;
_
x
-
média; s- desvio padrão; CV- Coeficiente de Variação.
A altura do estipe foi, aproximadamente, três vezes maior nas palmeiras
matrizes de Bonito-PA comparadas com as de Nova Timboteua-PA
(Tabela1.1). Ao mesmo tempo em que, a área de copa das matrizes de Bonito-
PA foram maiores que as de Nova Timboteua-PA.
39
Figura 1.3 - Palmeira de Attalea maripa (inajá) em área de sistema silvipastoril
em Bonito-PA.
O teste de normalidade Anderson-Darling, confirma a normalidade dos
dados, ou seja, é possível afirmar com 95% de probabilidade que as variáveis
o normais para as variáveis DAP, altura total, altura do estipe, diâmetro da
copa e área da copa, pois o p-valor de todas as variáveis em análise é maior
que 0,05, assim, se aceita a hipótese de “normalidade” da distribuição em
análise. A igualdade de variância das variáveis observadas não foi significativa
a nível de 95% de probabilidade, ou seja, todas as variáveis em teste são
homocedásticas (Tabela 1.2).
TABELA 1.2- Teste de normalidade de Anderson-Darling das variáveis
coletadas das matrizes de Attalea maripa Bonito-PA e Nova Timboteua-PA.
NORMALIDADE
Variável observada
AD p
BONITO-PA
DAP 0,268 0,459*
Altura Total 0,198 0,760*
Altura do estipe 0,169 0,861*
Diâmetro da copa 0,234 0,613*
Área da copa 0,174 0,846*
NOVA TIMBOTEUA-PA
DAP 0,202 0,684*
Altura Total 0,234 0,612*
Altura do estipe 0,165 0,873*
Diâmetro da copa 0,308 0,401*
Área da copa 0,316 0,379*
Nota - AD: Anderson-Darling; p: p-valor ; * Significativo a nível de significância α = 0,05
40
O teste de igualdade de variância mostrou que todas as variáveis são
homocedásticas, assim, as médias das variáveis observadas nas palmeiras de
inajá em sistemas silvipastoris de Bonito o apresentaram diferença em
relação às médias das variáveis observadas nas palmeiras de inajá de Nova
Timboteua, revelando que os valores das variáveis são estatisticamente iguais
entre si e a hipótese de nulidade foi aceita a 95% de probabilidade, porém,
somente a igualdade de variância entre a altura do estipe foi significativo a
vel de 5% (Anexo 6). O teste t mostra que as médias dos grupos das
variáveis são todas iguais (Tabela 1.3), ou seja, não houve diferença
significativa entre as variáveis observadas de Bonito com as variáveis
observadas de Nova Timboteua.
TABELA 1.3- Teste de igualdade de variância e Teste t das varveis coletadas
das matrizes de Attalea maripa Bonito-PA e Nova Timboteua-PA.
IGUALDADE DE VARIÂNCIA TESTE t
Variáveis observadas T p t p
DAP 0,57 0,651
ns
1,832 0,117
ns
Altura total 0,01 0,912
ns
0,329 0,751
ns
Altura do estipe 11,1 0,039* 1,678 0,168
ns
Diâmetro da copa 0,02 0,89
ns
1,039 0,329
ns
Área da copa 0,19 0,671
ns
1,1521 0,283
ns
Nota- t: teste t de Stundet;
ns:
Não Significativo a nível de significância α = 0,05; * Significativo a
nível de 5%.
Estudos realizados por Salm (2004; 2005) sobre densidade e
crescimento de inajá em área de florestas secundária na Amazônia, revelaram
que, nestas condições o inajá apresentou a altura total média de 8,2 m ± 3,9 m.
Estes resultados mostram que, a performance do crescimento em altura do
inajá em sistema silvipastoril, aproxima-se do crescimento em floresta
secundária. Este crescimento pode ser explicado pela grande incidência de
radiação solar, nestes dois ambientes.
Estes dados apontam para o fato de que o inajá é uma espécie tolerante
à alta incidência de radião solar e, ainda, que esta palmeira pode ser
cultivada a pleno sol, associada ou não com outras espécies vegetais e
animais.
41
1.3.2 Avaliação morfométrica dos cachos de Attalea maripa
Os cachos procedentes de Bonito-PA apresentaram os maiores valores
médios de circunferência, comprimento, peso de frutos maduros e peso total do
cacho comparado aos cachos de Nova Timboteua-PA (Tabela 1.2). Vale
mencionar que a média dos valores da morfometria dos cachos foi próximo aos
valores da mediana, os maiores coeficientes de variação no peso dos frutos e
do cacho, foi observado nos cachos coletados de Bonito-PA. O peso dos frutos
apodrecidos apresentou um grande coeficiente de variação nos dois
municípios, porém em Bonito o CV foi bem maior, quando comparado com os
de Nova Timboteua..
A superioridade do tamanho e do peso do cacho e de frutos maduros de
inajá em Bonito-PA em relação à Nova Timboteua-PA pode ser devido ao
melhor desenvolvimento dos indivíduos, e possivelmente à variabilidade
genética, às condições edáficas mais favoráveis na área de estudo em Bonito-
PA.
Tabela 1.4 Parâmetros morfométricos dos cachos de Attalea maripa, em
sistemas silvipastoris nos municípios de Bonito-PA e de Nova Timboteua-PA
(n=5 por localidade).
Variáveis observadas Unid.
x ± s CV% Mediana Mín. Max.
Bonito-PA
Comprimento médio cm 84,20± 16,87 20,04 87,0 60,0 105,0
Circunferência média do ápice cm 108,0 ± 25,56 23,67 100,0 90,0 152,0
Circunferência média do meio cm 110,20 ± 25,95
23,54 105,0 88,0 150,0
Circunferência da base cm 96,0 ± 29,32 30,54 80,0 78,0 147,0
Peso total da ráquis Kg 1,91 ± 1,36 71,20 1,43 1,05 4,32
Peso total das ráquilas Kg 0,61 ± 0,31 50,82 0,70 0,16 0,95
Peso total dos frutos imaturos
Kg 1,21 ± 0,87 72,00 1,32 0,10 2,10
Peso total dos frutos
apodrecidos
Kg 1,28 ± 1,38 107,81 0,68 0,10 3,06
Peso total dos frutos maduros
Kg 27,88 ± 20,99 75,28 19,03 7,80 58,00
Peso total do cacho Kg 32,78 ± 23,74 72,42 23,13 9,12 66,10
Nova Timboteua-PA
Comprimento médio cm 61,0 ± 5,67 9,33 61,0 55,0 69,0
Circunferência do ápice cm 100,20 ± 8,50 8,48 100,0 88,0 110,0
Circunferência do meio cm 114,20 ± 20,68
18,11 108,0 97,0 150,0
42
Circunferência da base cm 89,90 ± 11,99 13,35 90,0 73,0 105,0
Peso total da ráquis Kg 1,57 ± 0,67 42,95 1,46 0,90 2,30
Peso total das ráquilas Kg 0,48 ± 0,19 40,15 0,46 0,20 0,73
Peso total dos frutos imaturos
Kg 0,72 ± 0,62 31,42 0,40 0,10 1,56
Peso total dos frutos
apodrecidos
Kg 1,87 ± 1,54 82,35 1,51 0,30 4,04
Peso total dos frutos maduros
Kg 17,78 ± 4,46 25,08 18,00 12,71 24,50
Peso total do cacho Kg 21,84 ± 6,86 31,38 20,15 15,20 32,95
Nota - x: dia; s: desvio padrão; CV: coeficiente de variação; Mín.: mínimo; Max.:
máximo.
Cabe destacar que, o peso médio da ráquis dos cachos coletados em
Bonito-PA representou 5,8% do peso médio total do cacho de inajá, enquanto
que, o peso das quilas correspondeu apenas a 1,9%. No caso de Nova
Timboteua-PA, o peso médio da ráquis representou 7,2% do peso médio total
do cacho e o peso da das ráquilas correspondeu a 2,2%.
Em Bonito-PA, o peso médio total de frutos maduros, imaturos e
apodrecidos representou 84,8%, 3,7% e 3,9% do peso médio total do cacho,
respectivamente. Em Nova Timboteua-PA, o peso médio total de frutos
maduros, imaturos e apodrecidos, correspondeu a 78,7%, 3,3% e 8,6%,
respectivamente.
Como pode ser observado, o peso médio total dos frutos maduros
obtidos em Bonito-PA foi quase duas vezes maior do que o peso dio total
dos frutos coletados em Nova Timboteua-PA, revelando que, os cachos de
inajá coletados nas matrizes de Bonito-PA (Figura 1.4) apresentaram maior
potencial produtivo, comparado aos cachos procedentes de Nova Timboteua-
PA.
Figura 1.4- Cacho de Attalea maripa coletado no município de Bonito-PA.
43
Carvalho et al. (2007) estudando os aspectos morfométricos de cachos
de inajá no Acre, em área de pastagens, encontraram peso médio dos cachos
de 39,2 kg, comprimento e o diâmetro médio dos cachos 77,0 cm e 39,7 cm,
respectivamente, valores superiores ao encontrado nesta pesquisa. Esses
autores observaram que as ráquilas apresentaram comprimento médio de
25,24 cm, e continham, em média, oito frutos.
Duarte et al. (2008), pesquisando o inajá, em área de pastagem no
Campo Experimental de Serra da Prata, Mucajaí-RR, obtiveram cachos com
peso médio total de 46, 36 Kg e peso médio da ráquis de 2,24 Kg,
correspondendo a 4,83% do peso médio total, ambos superiores aos
observados neste estudo. Vale ressaltar que o menor peso dos cachos
observado em Bonito-PA e Nova Timboteua-PA, pode ter sido ocasionado pelo
fato das palmeiras matrizes estarem localizadas em áreas de agricultores
familiares, situadas numa velha fronteira agrícola, onde os solos devem
apresentar baixa fertilidade devido à pratica de derruba e queima.
O maior mero médio de frutos maduros foi observado nos cachos
oriundos de Bonito-PA que apresentou quase 1.700 frutos/cachos, superando a
média de Nova Timboteua-PA que foi de, aproximadamente, 1.630 frutos/cacho
(Tabela 1.3). A ocorrência de frutos imaturos por cacho foi praticamente igual
nos dois locais, o mesmo não aconteceu em relação ao número de frutos
apodrecidos, que foi o dobro em Nova Timboteua-PA. Ocorreu um alto
coeficiente de variação entre os números de frutos por cacho, porém em
Bonito-PA o número de frutos apodrecidos apresentou o maior CV, no entanto
em Nova Timboteua-PA, o mero de frutos imaturos teve a maior variação
dos valores. Os
Tabela 1.5 Número médio de frutos de ina(Attalea maripa) presente nos
cachos obtidos de palmeiras distintas em áreas de pastagem em Bonito-PA e
Nova Timboteua-PA (n=500 por localidade).
Variáveis observadas x ± s CV% Mediana
Mínimo Máximo
Bonito-PA
Nº Frutos maduros/cacho 1.021,40 ± 670,09
65,61
743,00 1.223,00
2.288,00
Nº Frutos imaturos/cacho 576,80 ± 399,41
69,25
707,00 58,00 940,00
Nº Frutos apodrecidos/cacho
81,80 ± 106,27
129,91
38,00 4,00 263,00
Nº Total de frutos/cacho 1.680,00 ± 398,76
23,74
1.488,00 1.285,00
3.491,00
44
Nova Timboteua-PA
Nº Frutos maduros/cacho 895,80 ± 284,10
31,71
882,00 464,00 1.203,00
Nº Frutos imaturos/cacho 561,00 ± 365,43
65,14
523,00 206,00 1.010,00
Nº Frutos apodrecidos/cacho
171,60 ± 95,93
55,90
235,00 32,00 243,00
Nº Total de frutos/cacho 1.628,40 ± 339,92
20,87
1.640,00 702,00 2.456,00
Nota- x: média; s: desvio padrão; CV: coeficiente de variação.
Carvalho et al. (2007), ao estudarem a morfométria de cachos de ina
no Acre, em área de pastagens, verificaram o número total de frutos por cacho
variou de 3.680 a 4.571 frutos/cacho. Por sua vez, Duarte et al. (2008),
obtiveram em média 2.549 frutos/cacho em Mucajaí- RR e 1.744 frutos/cacho
em Iracema-RR, valores estes superiores ao total de frutos observados em
Bonito-PA e em Nova Timboteua-PA. Essa superioridade no número de
frutos/cachos observada no Acre e Roraima, em relação ao Pará, pode ter sido
ocasionada pelo menor tamanho do fruto coletado nos dois primeiros estados,
e possivelmente deve ser decorrente da variabilidade getica das populações
de inajá e variações edafoclimáticas locais.
Apesar da produção de frutos por cacho de inajá não ser uniforme, ela
em geral é superior a produção de outras palmeiras oleaginosas nativas da
Amazônia, como murumuru (Astrocaryum ulei) que apresentou 552
frutos/cacho (NASCIMENTO et al., 2007a); tucumã (Astrocaryum aculeatum),
cuja produção média de frutos por cacho foi de 264; e buriti (Mauritia flexuosa)
que apresentou 677 frutos/cacho (BARBOSA et al., 2009).
1.3.3 Parâmetros morfométricos dos frutos maduros de Attalea maripa
Os frutos maduros de inajá, procedente de Bonito-PA apresentaram, em
média, maior comprimento, diâmetro e peso, quando comparados aos frutos de
Nova Timboteua-PA (Tabela 1.4). Nota-se que a razão comprimento/diâmetro
do fruto foi semelhante, não revelando uma descontinuidade marcante entre os
frutos de inajá coletados nas duas procedências estudadas. Os valores dios
apresentaram um alto coeficiente de variação e as variáveis observadas estão
próximas dos valores da mediana.
45
Tabela 1.6 - Parâmetros morfométricos do fruto maduro (com perianto) de
Attalea maripa de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA (n= 500/ procedência).
Variáveis observadas Unid.
x ± s CV% Mediana
nimo
Máximo
Bonito-PA
Peso do fruto g 24,17 ± 6,54
27,07 25,76 7,39 37,66
Comprimento do fruto mm 57,35 ± 5,89
58,57 58,57 26,84 68
Diâmetro do fruto mm 28,20 ± 3,70
28,54 28,54 16,07 43,18
Razão média comprimento/diâmetro
2,03
Peso de 1.000 frutos Kg 24,21
Nº de frutos em 1 Kg Kg 42
Nova Timboteua-PA
Peso do fruto g 20,98 ± 4,92
23,46 20,77 8,98 36,18
Comprimento do Fruto mm 53,81 ± 4,87
54,14 54,14 25,87 65,5
Diâmetro fruto mm 26,88 ± 2,80
26,93 26,93 18,7 37,65
Razão média comprimento/diâmetro
2,00
Peso de 1.000 frutos Kg 20,98
Nº de frutos em 1 Kg Kg 48
Nota- x: média; s: desvio padrão; CV: coeficiente de variação.
O comprimento médio do fruto de inajá coletado tanto em Bonito-PA
quanto em Nova Timboteua-PA, foi superior ao encontrado por Araújo et al.
(2000) na Zona Urbana de Manaus-Am (5,23 cm); por Duarte et al. (2008) em
Mucajaí-RR (5,033 cm) e Iracema-RR (4,725 cm); por Carvalho et al. (2007) na
região leste do Acre (4,531 cm), bem como por Matos et al. (2009) em Baião
(5,59 cm), Bujaru (5,13 cm) e Mosqueiro (5,65 cm), todos no Pará.
O peso médio do fruto procedente de Bonito-PA é maior do que o peso
do fruto oriundo de Nova Timboteua-PA, e é duas vezes maior do que o
encontrado por Carvalho et al. (2007) no Acre (12,657 g), aproximando-se,
entretanto, do peso médio encontrado por Duarte et al. (2008) em Mucajaí
(24,49 g ), em Roraima.
O peso de 1.000 frutos maduros obtidos em Bonito-PA foi superior ao
peso dos frutos procedentes de Nova Timboteua-PA. Em contrapartida, o
número de frutos de inajá maduros/Kg, coletado neste último município, foi
maior do que o mero de frutos maduros/Kg obtidos em Bonito-PA. Isto se
deve, sobretudo, ao menor tamanho do fruto procedente de Nova Timboteua-
PA.
No Acre, Carvalho et al. (2007) obtiveram 79 frutos/kg, correspondendo
a quase duas vezes o número de frutos por quilograma observado em Bonito-
PA, devido ao tamanho reduzido do fruto.
46
Vale destacar que os frutos, coletados tanto em Bonito-PA quanto em
Nova Timboteua-PA, apresentaram grande amplitude em relação ao
comprimento, diâmetro e peso. A grande amplitude no tamanho do fruto
também foi observada em outras palmeiras, como Astrocaryum ulei Burret.
(NASCIMENTO et al., 2007a), Astrocaryum aculeatum (LEITÃO 2008;
NASCIMENTO et al., 2007b), Attalea speciosa (MITJA et al., 2008), Acrocomia
aculeata (CHUBA et al., 2008), Mauritia flexuosa (BARBOSA et al., 2009),
entre outras.
A varião encontrada nas dimensões dos frutos maduros de inajá e de
outras palmeiras oleaginosas pode ser resultado da variabilidade populacional
do ina nos dois municípios alvos deste estudo, promovida pela ação de
fatores ambientais, revelando a necessidade de pesquisas na área de
melhoramento genético. Em relação aos fatores ambientais, Tabarelli et al.
(2003) relataram que a disponibilidade de água é um fator essencial para a
produção de frutos carnosos.
1.3.4 Parâmetros morfométricos dos pirênios de Attalea maripa
Os pirênios apresentam variação nos tamanhos, porém a diferença mais
acentuada foi observada no diâmetro, para a procedência de Bonito-PA a
variação no diâmetro foi o dobro, quando comparado ao município de Nova
Timboteua-PA (Tabela 1.5). A média dos valores das varveis morfométricas
dos pirênios foi próxima aos valores da mediana.
Tabela 1.7 Características morfométricas dos pirênios (endocarpo com
amêndoas) dos cachos de Attalea maripa procedentes de Bonito-PA e Nova
Timboteua-PA (n=500 por localidade).
Variáveis observadas Unid.
x ± s CV% Mediana
nimo
Máximo
Bonito-PA
Peso do pirênio g 9,48 ± 3,57 37,65 10,35 1,12 16,35
Comprimento do pirênio mm 43,15 ± 5,99
13,88 44,68 20,98 53,30
Diâmetro do pirênio mm 19,10 ± 3,98
20,83 20,28 9,50 27,35
Razão comprimento/diâmetro 2,26 - - - -
Média percentual do TU % 14,78 - - - -
Peso de 1.000 Pirênios Kg 9,47 - - - -
Nº de Pirênios/Kg Kg 106 - - - -
47
Nova Timboteua-PA
Peso do pirênio g 7,73 ± 1,84 23,80 7,63 2,37 14,30
Comprimento do pirênio mm 40,74 ± 3,70
9,08 41,09 26,40 49,89
Diâmetro do pirênio mm 18,10 ± 1,88
10,38 18,20 7,67 28,00
Razão comprimento/diâmetro 2,25 - - - -
Média percentual do TU % 13,80 - - - -
Peso de 1.000 Pirênios Kg 7,74 - - - -
Nº de Pirênios/Kg Kg 129 - - - -
Nota- TU: Teor de umidade; x: média; s: desvio padrão; CV: coeficiente de variação.
O comprimento e diâmetro médio do pirênio observados em Bonito-PA,
aproximou-se dos valores médios encontrados por Duarte et al. (2008) em
Mucajaí-RR (44,04 e 22,68 mm), porém foi superior ao comprimento e diâmetro
médio do pirênio procedentes de Iracema-RR (36,12 e 21,46 mm).
A razão comprimento/diâmetro do pirênio foi, praticamente, igual para
os pirênios procedentes de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA, o revelando
uma descontinuidade acentuada entre o tamanho dos pirênios de inajá.
O peso médio do pirênio oriundo de Nova Timboteua-PA foi
aproximadamente 7,7 g, menor do que o peso do pirênio procedente de Bonito-
PA que foi quase 9,5 g.
Araújo et al. (2000) estudando a biometria do inajá em Manaus,
verificaram que os pirênios apresentaram, em média, 3,84 cm de comprimento
e 1,77 cm de diâmetro e possuíam pesos médios de 6,62 g. Valores esses,
inferiores aos encontrados neste estudo.
Matos et al. (2009) constataram que pirênios obtidos de frutos
procedentes de Baião, Bujaru e Mosqueiro, todos no Pará, apresentaram 4,56
cm, 3,75 cm e 4,29 cm comprimento médio, respectivamente. Em se tratando
do diâmetro médio, estes autores obtiveram 2,01 cm em Baião; 1,72 cm em
Bujaru e 1,97 cm em Mosqueiro. Os valores encontrados neste estudo para os
frutos de inajá de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA, foram superiores aos
encontrados por Matos et al. (2009).
O teor de umidade dos pirênios coletados nos municípios de Bonito-PA e
Nova Timboteua-PA foram, aproximadamente 15% e 14%, respectivamente
(Tabela 1.6).
48
O número de pirênios/Kg, oriundos de Nova Timboteua-PA foi superior
comparado ao de Bonito-PA. Em contrapartida, o peso de 1.000 pirênios foi
maior para a procedência de Bonito-PA. Isto se deve, sobretudo, ao menor
tamanho do pirênio procedente de Nova Timboteua-PA.
A análise de correlação linear entre os parâmetros morfométricos do
fruto (peso total, comprimento e diâmetro do fruto), e do pirênio (peso total,
comprimento e diâmetro médio do pirênio), revelou que existe alta correlação
linear e positiva, entre vários parâmetros morfométricos (Tabela 1.6). O
comprimento do fruto apresentou alto grau de associação com o peso,
comprimento e diâmetro médio do pirênio, o mesmo não acontecendo em
relação ao diâmetro do fruto, procedente tanto de Bonito-PA quanto em Nova
Timboteua-PA, que apresentou correlação linear positiva apenas com o peso e
diâmetro do pirênio.
O peso do pirênio apresentou alto grau de associação com o
comprimento e diâmetro. Verifica-se, ainda, que houve alta correlação linear
entre o comprimento e o diâmetro do pirênio, obtido nas duas procedências.
Estes resultados indicam que frutos e pirênios com pesos maiores tendem a
apresentar tamanhos maiores.
Tabela 1.8 - Correlação linear entre os parâmetros morfométricos dos frutos e
dos pirênios de Attalea maripa procedentes de Bonito-PA e Nova Timboteua-
PA.
Bonito-PA PF (g) CF (mm) DF (mm)
PP (g) CP (mm)
DP (mm)
PF (g) 1
CF (mm) 0,65 1
DF (mm) 0,76 0,48 1
PP (g) 0,89 0,76 0,69 1
CP(mm) 0,73 0,88 0,47 0,85 1
DP (mm) 0,89 0,72 0,71 0,95 0,82 1
Nova Timboteua-PA
PF (g) 1
CF (mm) 0,72 1
DF (mm) 0,82 0,48 1
PP (g) 0,87 0,73 0,73 1
CP(mm) 0,76 0,87 0,52 0,78 1
DP (mm) 0,72 0,56 0,67 0,82 0,61 1
Nota- PF: peso médio do fruto; CF: comprimento médio do fruto; DF: diâmetro médio
do fruto; PP: peso médio do pirênio; CP: comprimento médio do pirênio; DP: diâmetro
médio do pirênio.
49
Nascimento et al. (2007a), estudando a biometria do murumuru, também
obtiveram alta correlação linear e positiva (r=0,799) entre o diâmetro e o peso
do fruto, o mesmo não acontecendo em relação ao comprimento.
1.3.5 Peso úmido dos componentes dos frutos de Attalea maripa
O fruto está dividido em duas partes: pericarpo e sementes (amêndoas).
O pericarpo é formado pelo epicarpo, mesocarpo e endocarpo. O epicarpo, que
é a camada mais externa, é delgado e fibroso de cor marrom-ferrugínea. O
mesocarpo é carnoso, fibroso e oleoso, de coloração bege a amarela,
apreciado por animais. O endocarpo é delgado e lenhoso, possuindo as
sementes no seu interior, esse conjunto é denominado de pirênio (Figura 1.5).
Figura 1.5 - Perianto, epicarpo, mesocarpo e pirênio (conjunto do endocarpo
com amêndoas), partes constituintes do fruto de inajá (Attalea maripa).
A contribuição do peso úmido dos componentes dos frutos de Attalea
maripa de Bonito-PA e de Nova Timboteua-PA, é apresentada na Tabela 1.7 e
Figura 1.6. Em se tratando da procedência de Bonito-PA, o perianto contribui
em média com 11,48%, o epicarpo com 22,21%, o mesocarpo com 24,29%, o
endocarpo com 31,34% e as amêndoas com 10,68%. Entretanto, no caso de
Nova Timboteua-PA, o perianto dos frutos contribuiu apenas com 8,50%, o
epicarpo com 21,30%, o mesocarpo com 30,16%, o endocarpo com 32,64% e
as amêndoas com 7,41%.
Perianto
Epicarpo Mesocarpo
Pirênio
Fruto
50
Tabela 1.9 - Contribuição do peso úmido dos componentes dos frutos de
Attalea maripa de Bonito-PA e de Nova Timboteua-PA (n= 500 por localidade).
Partes do fruto Unid.
x ± s CV% Mediana Mínimo
Máximo
Bonito-PA
Perianto
g
2,59 ± 0,62
23,94
2,55 1,25 4,07
Epicarpo
g
5,01 ± 1,31
26,15
5,25 1,93 7,74
Mesocarpo
g
5,48 ± 2,02
36,86
5,41 1,14 10,71
Peso total do pirênio
g
9,48 ± 3,57
37,66
10,35 1,12 16,35
Endocarpo sem amêndoa
g
7,07 ± 7,02
99,29
4,48 11,53 7,07
Amêndoa
g
2,41
Nova Timboteua-PA
Perianto
g
1,64 ± 0,44
26,83
1,59 0,54 4,09
Epicarpo
g
4,11 ± 1,47
35,76
3,69 1,64 8,79
Mesocarpo
g
5,82 ± 1,93
33,16
5,74 1,60 10,88
Peso total pirênio
g
7,73 ± 1,84
23,80
7,63 2,37 14,30
Endocarpo sem amêndoa
g
6,30 ± 2,90
46,03
7,48 1,88 11,27
Amêndoa
g
1,43
Nota- x: média; s: desvio padrão; CV%: Coeficiente de Variação em percentagem.
A média dos valores da contribuição dos componentes dos frutos foi
próximo aos valores da mediana. Além do que, houve um alto coeficiente de
variação nas partes dos frutos.
Vale mencionar que, durante o processo do desmanche dos frutos, para
retirada do peso úmido dos componentes, ocorreu perda de umidade de 6,7%
para os frutos coletados de Bonito-PA e 8,0% para os procedentes de Nova
Timboteua-PA, contribuindo para diminuição do peso total do fruto para 22,56 g
e 19,30 g, respectivamente.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Bonito Nova Timboteua
Perianto Epicarpo Mesocarpo Endocarpo Amêndoa
Figura 1.6 - Porcentagem da contribuição dos componentes dos frutos
(perianto, epicarpo, mesocarpo e pirênio) de Attalea maripa, procedentes de
Bonito-PA e de Nova Timboteua-PA, sobre o peso total dos frutos.
11,48%
22,21%
24,29
%
31,34
%
10,68
%
8,50%
21,30%
30,16
%
32
,64
%
7,41
%
51
Carvalho et al. (2007), ao estudarem a morfometria de inajá no Acre, em
área de pastagens, obtiveram peso médio do epicarpo de 3,562 g, peso médio
do mesocarpo de 2,177 g, peso médio do endocarpo com amêndoa de 6,479 g.
Araújo et al. (2000) verificaram que o pirênio do inajá apresentou 6,62 g de
matéria fresca e 5,75 g de matéria seca. Nota-se que, peso médio do epicarpo
e do mesocarpo do fruto de inajá obtidos em Bonito-PA e Nova Timboteua-PA,
foram superiores aos encontrados no Acre por Carvalho et al. (2007). Isto,
provavelmente, se deve à variabilidade genética e às variações edafoclimáticas
existentes nos diferentes áreas de estudo no Pará e no Acre.
A contribuição do peso úmido dos componentes dos frutos de palmeiras
nativas da Amazônia com potencial energético e alimentar, tem sido
pesquisado por outros autores. Barbosa et al. (2009), ao estudarem a biometria
dos frutos de buriti, verificaram que a contribuição média do epicarpo foi de
21,66%, enquanto a contribuição do mesocarpo, da semente e de fibra, foram
24,98%, 32,98% e 20,49%, respectivamente. Nascimento et al. (2007b)
verificaram que o epicarpo do tucumã representa 19,22%, o mesocarpo 27,8%
do peso do fruto, a semente 51,14% e o endosperma seco 17,11%.
No caso do processamento dos frutos de inajá, para a extração de óleo,
nem todas as partes do fruto podem ser industrialmente, aproveitadas, como: o
perianto, o epicarpo e o endocarpo, os quais seriam considerados como
resíduos, uma vez que apenas a amêndoa e o mesocarpo são aproveitados no
processo agroindustrial (SOUZA e DUARTE, 2008).
Cabe destacar que, além dos resíduos supracitados, o processo de
beneficiamento irá gerar outros resíduos industriais, constituídos de fibras do
mesocarpo e da polpa da amêndoa. Este último podeser transformado em
torta de valor comercial, usada para diversos fins.
A correlação linear entre o peso e as partes que compõem o fruto
(perianto, epicarpo, mesocarpo e endocarpo) revelou que o peso do fruto
apresentou correlação alta e positiva com o epicarpo e mesocarpo, tanto para
os frutos procedentes de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA. A correlação entre
o peso do perianto foi alta apenas para a procedência de Nova Timboteua-PA
(Tabela 1.8).
52
Tabela 1.10– Correlação linear entre o peso do fruto e o peso das partes que
comem o fruto (perianto, epicarpo e mesocarpo) de Attalea maripa,
procedentes de Bonito-PA e de Nova Timboteua-PA (n= 500 por procedência).
Bonito-PA Peso do Fruto (g) Perianto (g) Epicarpo(g)
Mesocarpo (g)
Peso do fruto (g) 1
Perianto (g) 0,45 1
Epicarpo (g) 0,90 0,54 1
Mesocarpo (g) 0,70 0,37 0,59 1
Nova Timboteua-PA
Peso do fruto (g) 1
Perianto (g) 0,78 1
Epicarpo (g) 0,80 0,74 1
Mesocarpo (g) 0,83 0,73 0,69 1
Nascimento et al. (2007a) estudando a morfometria de frutos de
murumuru, procedentes de Porto Acre - Acre, verificaram que o peso dos
frutos, da casca, da polpa e do endosperma possuíam alto índices de variação,
e apresentaram alta correlação linear e positiva entre si, o mesmo não
acontecendo em relação ao peso da polpa e o comprimento do fruto.
Em se tratando do tucumã (Astrocaryum aculeatum), o tamanho e o
peso da semente, endosperma e endocarpo foram as variáveis que
apresentaram maior grau de associação (NASCIMENTO et al., 2007b).
Como se percebe, palmeiras nativas tendem, em geral, a apresentarem
alta correlação linear e positiva entre o peso total do fruto e o peso das partes
que compõem o fruto, apesar de existir variação no peso e no tamanho do
fruto.
1.3.6 Número de Amêndoas (sementes) por frutos de Attalea maripa
Os frutos de inajá coletados em Bonito-PA apresentaram de uma a três
amêndoas sendo que, 22,0% dos frutos continham apenas uma amêndoa,
34,0% apresentaram duas e 44,0% dos frutos com três amêndoas. No caso
dos frutos procedentes de Nova Timboteua-PA, 50,4% continham apenas uma
amêndoa, 29,40% apresentavam duas e 20,20% dos frutos continham três
amêndoas. Nota-se que, a porcentagem do número de frutos procedentes de
53
Nova Timboteua-PA, com uma única amêndoa, foi o dobro quando
comparados aos frutos procedentes de Bonito-PA (Figura 1.7).
Figura 1.7 – Vista do número de amêndoa do fruto de inajá (Attalea maripa).
Estes resultados diferem, em parte, do número de amêndoa por fruto
verificado por outros autores que estudaram o inajá. Henderson et al. (1995) e
Lorenzi et al. (1996) mencionaram a ocorrência de 2 a 3 amêndoas por fruto.
Cabe destacar que esses autores não citaram a ocorrência de frutos com uma
única semente. Araújo et al. (2000), por sua vez, estudando a morfologia das
sementes de inajá, observaram a predominância de 1 e 2 amêndoas por fruto.
Duarte et al. (2008), verificaram, em duas populações de inajá
estudadas em Mucajaí e Iracema em Roraima, que os frutos apresentaram
sementes contendo de 1 a 3 amêndoas. De acordo com estes autores, 49,25%
dos frutos procedentes de Mucajaí possuíam uma amêndoa; 22% possuíam
duas amêndoas e 28,75% continham três amêndoas. Por sua vez, 28,5% dos
frutos oriundos de Iracema apresentaram uma única amêndoa; 41,75%
continham duas e 29,75% apresentavam três amêndoas. Esses resultados
mostram a grande variação do número de amêndoas por fruto de inajá, e
revela a necessidade de estudos para o melhoramento genético desta espécie.
Cabe salientar que, esta variação do número de amêndoas (sementes)
observada no fruto de inajá, tem sido verificada em outras palmeiras nativas da
Amazônia. Mitja et al. (2008) ao estudarem a biometria dos frutos de babaçu
em Natividade-TO, observaram que os frutos maduros continham de 1 a 8
sementes, sendo que mais de 80% de 945 frutos, apresentavam entre 3 e 5
sementes.
54
A variação no número de amêndoa pode está relacionada às variações
do solo e do clima (LYNDON, 1992) e à variabilidade genética existente entre
indivíduos e populações de inajá e das outras palmeiras supracitadas, nativas
da região Amazônica.
A correlação linear realizada entre o número de amêndoa, o peso e
tamanho do fruto de inajá foi muito baixa tanto para os frutos procedentes de
Bonito-PA quanto para os coletados em Nova Timboteua-PA (Tabela 1.9).
Estes resultados revelaram que o número de amêndoa não aumenta,
linearmente, com o crescimento do tamanho e peso do fruto.
Tabela 1.11 - Correlação linear entre o mero de amêndoa e o tamanho e
número de amêndoa e peso do fruto Attalea maripa (n= 500 por procedência).
Parâmetros observados Peso pinio (g) Comprimento (mm) Diâmetro (mm)
Bonito-PA
Nº de amêndoa -0,03 -0,16 0,11
Nova Timboteua-PA
Nº de amêndoa 0,17 0,25 0,12
1.3.7 Morfologia do fruto, pirênio e semente de Attalea maripa
Quando maduros, os frutos de ina apresentam forma elipsóide-
oblongo, coloração marrom–ferrugem e possuem superfície áspera, com
perianto e estigma persistente (Figura 1.8). Nota-se que, o fruto de inajá
apresenta variações na forma e no tamanho. Essas variações também foram
constatadas por Duarte et al. (2008), ao estudarem a morfologia de frutos de
inajá.
Figura 1.8 - Variação na forma e no tamanho do fruto de inajá (Attalea maripa)
procedente de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA.
Perianto
Estigma
55
A forma do fruto de inajá encontrada neste estudo, concorda com a
descrição feita por Oliveira et al. (2009), e se aproxima da forma referida por
Araújo et al. (2000), que descreveram a forma como ovóide, porém estes
últimos autores relataram que alguns exemplares apresentam forma oblonga.
De modo geral, estas formas assemelham-se à descrição feita por Tomlinson
(1990) que considera a forma elipsóide a obovóide a mais freqüente nos frutos
de palmeiras.
Com base na variação, a forma e tamanho do fruto de inajá,
identificados neste estudo, foram definidas três classes de volume para os
frutos procedentes de Bonito-PA: 63,11 cm
3
a 175,18 cm
3
(frutos pequenos),
175,19 cm
3
a 287,25 cm
3
(frutos médios) e 287,26 mm
3
a 399,32 mm
3
(frutos
grandes). As classes de volume para os frutos de Nova Timboteua-PA foram as
seguintes: 58,44 mm
3
a 157,89 mm
3
(frutos pequenos), 157,90 mm
3
a 257,34
mm
3
(frutos médios) e 257,35 mm
3
a 356,79 mm
3
(frutos grandes). Nota-se
que, em geral, os frutos de Bonito-PA apresentaram volumes superiores aos de
Nova Timboteua-PA.
A pertinência das três classes de morfotipos foi avaliada por meio de
análise discriminante (Tabela 1.11). Como podem ser verificadas, as variáveis
morfométricas (peso, comprimento e diâmetro do fruto) utilizadas na análise
discriminante foram capazes de discriminar a existência de três classes de
morfotipos de frutos de inajá, com alta porcentagem de concordância:
a) frutos pequenos (classe 1), b) frutos com tamanho médio (classe 2) e
c) frutos com tamanho grande (classe 3). Os frutos com tamanho médio foram
os que mais ocorreram nos dois municípios estudados, porém, a maior
frequência foi observada em Bonito-PA. Em contrapartida, a ocorrência de
frutos grandes foi baixa, independentemente da procedência.
A probabilidade de classificação dos frutos coletados em Bonito-PA foi
94%, enquanto os procedentes de Nova Timboteua-PA foi 97%, indicando a
precisão das classes de morfotipos formadas (Tabela 1.11).
Como pode ser notado na Tabela 1.11, a taxa de classificação correta
dos frutos pequenos, classe de morfotipo 1, procedentes de Nova Timboteua-
PA foi quase duas vezes maior do que a taxa dos frutos coletados em Bonito-
PA. Por sua vez, a proporção de concordância foi superior (quase 99%),
56
comparada à proporção de concordância obtida para os frutos de Bonito-PA,
que foi aproximadamente 88%.
Os frutos médios (classe de morfotipo 2) procedentes de Bonito-PA
apresentaram taxa de classificação correta superior, bem como proporção de
concordância (quase 99%), comparado aos frutos coletados em Nova
Timboteua-PA (Tabela 1.11).
Em contrapartida, a taxa de classificação correta dos frutos grandes
procedentes de Nova Timboteua-PA, assim como a proporção de concordância
(quase 91%), foram superiores aos coletados em Bonito-PA.
A existência de três classes de morfotipos de frutos denota indícios de
alometria decorrentes de modificações na forma e no tamanho dos frutos de A.
maripa, provavelmente, resultantes da variabilidade genética.
Tabela 1.12 Análises discriminantes, para os frutos de inajá provenientes de
Bonito-PA e Nova Timboteua-PA, utilizando como variável resposta o morfotipo
dos frutos (pequeno (1), médio (2) e grande (3) e variáveis preditoras (Peso do
fruto (PF), comprimento do fruto (CF) e diâmetro do fruto (DF) (n= 500 por
procedência).
Reclassificação dos frutos por morfotipo
Morfotipo de Origem
1 2 3
Total
Bonito-PA
1 129 0 0
2 18 339 5
3 0 3 6
Nº Total de frutos 147 342 11 500
Classificação correta 129 339 6 474 (94%)
Proporção 87,8% 99,1% 54,5%
Nova Timboteua-PA
1 225 2 0
2 2 249 1
3 0 11 10
Nº Total de frutos 227 262 11 500
Classificação correta 225 249 10 484 (97%)
Proporção 99,1% 95% 90,9%
As classes de morfotipos, decorrentes da existência de variabilidade no
tamanho e no peso de frutos, ocorrem, naturalmente, em outras palmeiras
nativas da Amazônia, pertencentes à Arecaceae.
Barbosa et al. (2009) ao estudarem a biometria dos frutos de buriti
(Mauritia flexuosa), identificaram três classes morfotipos: pequeno, médio e
57
grande. Estudos com o babaçu (Attalea speciosa.), revelaram indícios de
grande variabilidade no tamanho e no peso de frutos (MITJA et al., 2008).
Existem, ainda, evidências na literatura da ocorrência de morfotipos em
frutos de espécies lenhosas. Morais e Alves (2002) ao estudarem a biometria
de frutos e diásporos de Cryptocarya aschersoniana e Cryptocarya moschata,
ambas pertencentes à Lauraceae, constataram a existência de morfotipos, com
base no tamanho e forma de frutos.
O pirênio (endocarpo com amêndoa) do ina quando obtido de frutos
maduros contém três opérculos (poros germinativos), possui formato oblongo-
elipsóide, apresenta endocarpo lenhoso e rígido com coloração marrom-parda
de superfície lisa e brilhante, contém três marcas longitudinais formadas por
cicatrizes deixadas pelas fibras mesocárpicas (Figura 1.9).
Figura 1.9 - Variação na forma e no tamanho do pirênio (endocarpo com
amêndoa) de inajá (Attalea maripa), procedente de Bonito-PA e de Nova
Timboteua-PA.
Nota-se que, o pirênio de inajá apresenta variações na forma e no
tamanho. Estas variações são decorrentes das classes de morfotipos do fruto
acima identificadas.
A amêndoa ou semente, propriamente dita, é oleaginosa, sólida, rígida,
apresenta superfície lisa e contém endosperma com coloração esbranquiçada
(Figura 1.10). O tegumento que envolve a semente é fino, apresenta coloração
marrom clara, com presença de marcas finas (cicatrizes mesocarpicas).
Essas características morfológicas da amêndoa concordam com as
descrições feitas por Araújo et al. (2000), à morfologia do fruto e da semente de
A. maripa, em condições laboratoriais.
Opérculo
Cicatrizes
mesocárpicas
58
Figura 1.10 - Amêndoa (Semente) retirada de frutos maduros de inajá (Attalea
maripa).
1.3.8 Morfologia de plântulas de Attalea maripa
A germinação da Attalea maripa iniciou aos setenta dias após a
semeadura em areia esterilizada (Figura 1.11), e foi analisado até aos 187 dias
após a semeadura, totalizando 52 germinões de 100 pirênios semeados.
A germinação é hipógea, do tipo remota tubular, semelhante às
palmeiras do complexo Babaçu, descrito por Pinheiro e Araújo Neto (1987).
A germinação remota tubular é caracterizada pelo alongamento do
pecíolo e bainha cotiledonar (Figura 1.11A, B, C), atingindo vários centímetros
que conduzem, em consequência, a radícula para o interior do solo (Figura
1.11D).
O haustório (estrutura de sucção) ocupa o espaço dentro da semente,
transfere os nutrientes do endosperma para a plântula. A primeira folha da
plântula de A. maripa consiste de uma bainha protetora, sem limbo, pontiaguda
e rígida, que cresce em direção à superfície do solo e é liberada através de
uma fenda existente na bainha, o que facilita a penetração na superfície
(Figura 1.11E).
59
Figura 1.11 - Estágio do processo de germinação de Attalea maripa. A-Saída
do opérculo; B, C- protusão do pecíolo cotiledonar; D- Surgimento da raiz
primária; E- emissão da primeira bainha; F- emissão da segunda bainha,
emissão de raízes secundárias e terciárias; G- emissão do primeiro eófilo. op-
opérculo; pc- pecíolo cotiledonar; rp- raiz primária; bc-bainha cotiledonar; b1-
primeira bainha; b2-segunda bainha; rs- raiz secundária; rt- raiz terciária; pe-
primeiro eófilo. (Ilustrações: João Barros, 2010).
A
B
C
1 cm
op pc
D
E
rp
b
1
b
c
F
b2
b1
rp
rs
rt
b3
Pe
G
H
60
A radícula é emitida antes da plúmula, surgindo através da base do
cotilédone, persistindo por limitado período de tempo, posteriormente, é
substituída por raízes adventícias, originadas na base do caule em
desenvolvimento (Figura 1.11F). O sistema radicular é fasciculado, com raízes
adventícias diferenciadas e várias raízes laterais, com poucos pelos
absorventes. Segundo Tomlinson (1990), as palmeiras, raramente, apresentam
uma camada pilífera considerável.
O primórdio caulinar alonga-se em comprimento variável e não
formação de lígula e sim, de um tubo de natureza foliar; é constituído por três
bainhas que envolvem a primeira folha jovem, as quais se abrem,
sucessivamente, permitindo a emergência da folha primária. A primeira bainha
é localizada próximo ao eixo embrionário e apresenta menor extensão que as
demais. Este tipo de germinão difere das palmeiras do gênero Euterpe, que
de acordo com Aguiar (1998), apresentam formão de lígula.
As folhas subsequentes da plântula, inicialmente, envolvidas pela bainha
expandem-se acima do solo. A plântula encontra-se, totalmente, estabelecida,
quando a terceira bainha cotiledonar expande-se, ocorrendo a formação da
primeira folha (1.11G e H). A folha apresenta nervura paralela típica.
1.4 CONCLUSÃO
a) Não existe diferença significativa no crescimento em diâmetro a altura do
peito, altura total, altura do estipe, diâmetro da copa e área de copa
da palmeira A. maripa em sistemas silvipastoril oriundas de populações
existentes nos municípios de Bonito-PA e Nova Timboteua-PA;
b) O cacho apresentou maturação heterogênea, contendo, ao mesmo tempo,
frutos maduros, imaturos e apodrecidos;
c) Existe variação no tamanho em relação aos frutos e pirênios,
independentemente, da procedência, revelando a ocorrência de classes
diferenciadas de morfotipos (frutos pequenos, médios e grandes), baseadas na
gradação de variáveis preditoras como tamanho e peso;
61
d) A análise discriminante mostrou ser um método alternativo para classificação
do tamanho dos frutos da palmeira inajá;
e) A plântula de inajá apresenta características típicas do gênero Attalea, e
estotalmente estabelecida quando a terceira bainha cotiledonar se expande,
ocorrendo à formação da primeira folha.
1.5 RECOMENDAÇÃO
Pelo que a pesquisa evidenciou, necessidade de um estudo mais
aprofundado sobre a tecnologia de sementes, e produção de mudas do inajá,
assim como pesquisas na área de melhoramento genético da espécie.
1.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, M.D. Morfo-anatomia da semente, germinação e plântula de
Euterpe precatória Mart. (Açaí-solteiro). Manaus: 1998. 80f. Dissertação
(Mestrado em Biologia Tropical e Recursos Naturais) Instituto de Pesquisas da
Amazônia, Universidade do Amazonas, Manaus: Amazonas. 1998.
ALBURQUERQUE, J.M. Estudo morfológico da semente e sua germinação
até a fase de plântula, principalmente de plantas invasoras de culturas e
de essências florestais da Amazônia. 137p. 1987. Tese (Doutorado em
Ciências Biológicas). Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia: Fundação
Universidade do Amazonas. Manaus: Amazonas. 1987.
ARAÚJO, M.G.P. de; LEITÃO, A.M. e MENDONÇA, M.S. de. Morfologia do
fruto e da semente de inajá (Attalea maripa (Aubl.) Mart.). Revista Brasileira
de Sementes, v. 22, nº 2, p.31-38, 2000.
ARAÚJO NETO, J.C.; AGUIAR, I.B.; FERREIRA, V.M.; PAULA, R.C.
Caracterização morfológica de frutos e sementes e desenvolvimento pós-
seminal de monjoleiro (Acacia polyphylla DC.). Revista Brasileira de
Sementes, Brasilia, v.24, n.1, p. 203-211, 2002.
BARBOSA R. I. ; LIMA, A.D.; MOURÃO JR., M. Biometria de frutos do buriti
(Mauritia flexuosa L.f. Arecaceae): estimativas de produtividade de polpa
e óleo vegetal em uma área de savana em Roraima. (Relatório de pesquisa).
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA, Boa Vista, A. D.;
62
MOURÃO JR, M.– Roraima Brasil. 2009. Disponível em:
http://agroeco.inpa.gov.br. Acesso em: 16 de novembro de 2009.
BATTILANI, J.L.; SANTIAGO, E.F.; SOUZA, A.L.T. de. Morfologia de frutos,
sementes e desenvolvimento de plântulas e plantas jovens de Maclura tinctoria
(L.) D. Don. ex Steud. (Moraceae). Acta botânica brasileira, v.20, n.3, p.581-
589. 2006.
BRASIL. Minisrio da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise
de sementes. Brasília, 1992. 365p
CARVALHO, A. L. DE; FERREIRA, E. J. L.; NASCIMENTO, J. F.; REGIANI, A.
M. Aspectos da Biometria dos Cachos, Frutos e Sementes da Palmeira Najá
(Maximiliana maripa (Aubl.) Drude) na Região Leste do Estado do Acre.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v.5, n.1, p.228-230. 2007.
CHUBA, C.A.M.; MACHADO, M.A.G.T. C.; SANTOS, W.L.; SANJINEZ-
ARGANDOÑA, E.J. Parâmetros biométricos dos cachos e frutos da bocaiúva.
In: XX Congresso Brasileiro de Fruticultura, 20, 2008. Vitória-ES. p.1 - 5.
CORRÊA, A.B., F. NETO, D.C.; LIMA, D.K.B.; COSTA, L.A. M.A. da.; CHAAR,
J.S; FLACH, A. Estudo do potencial oleaginoso de Maximiliana maripa (Correa)
Drude como fonte de biodiesel. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira
de Química, Poços de Caldas, p.28. 2005.
CRUZ, E.D.; MARTINS, F.O. & CARVALHO, J.E.U.. Biometria de frutos e
sementes e germinação de jatobá-curuba (Hymenaea intermedia Ducke,
Leguminosae- Caesalpinioideae). Revista Brasileira de Botânica, v.24, n.2, p.
161-166, 2001.
DUARTE, O. R.; MIRANDA, I.P. de A.; BARBOSA, E.M. Morfologia de cachos,
frutos e sementes de inajá (Maximiliana maripa (Aubl.) Drude) em duas
populações de Roraima. In: Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas,
Óleos, Gorduras e Biodiesel, 5, 2008, Lavras-MG. Resumos... Lavras-MG,
2008b. Disponível em: http://oleo.ufla.br/anais_05/artigos/a5_380.pdf. Acesso
em: 15/08/2009.
FERREIRA, R.A.; BOTELHO, S.A.; DAVIDE, C.A. e MALAVASI, M.M..
Morfologia de frutos, sementes, plântulas e plantas jovens de Dimorphandra
mollis Benth.–faveira. Revista brasileira de Botânica, São Paulo,
v.24, n.3, p.303-309, 2001.
HENDERSON, A. GALEANO, G. e BERNAL, R. Field Guide to the Palms of
the Americas. Princeton University Press, Princeton, New Jersey, 351p.1995.
KUNIYOSHI, Y.S. Morfologia da semente e da germinação de 25 espécies
arbóreas de uma floresta com Araucaria. 1983. 233f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Florestal) - Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba. 1983.
63
LEITÃO, A. M. Caracterização morfológica e físico-química de frutos e
sementes de Astrocaryum aculeatum Meyer (Arecaceae) de uma floresta
secundária. 2008. 91f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas). INPA/UFAM,
Manaus, 2008.
LORENZI, H.; SOUZA, H.M.; MEDEIROS-COSTA, J.T.; CERQUEIRA, L.S.C.;
BEHR, N. Palmeiras no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarun,
1996. 303p.
LYNDON, R. F. The environmental control of reproductive development. In:
MARSHALL, C.; GRACE, J. (Ed.). Fruit and seed production: aspects of
development, environmental physiology and ecology. Cambridge:
Cambridge University Press, p. 9-32. 1992.
MATOS, A. K. M. G.; ROSA, L. dos S.; SILVA, R. F. D.; PIRES, H. C.;
BALIEIRO. E. C.; VIEIRA, T. A. Morfometria de Cachos, Frutos e Sementes de
Attalea maripa (Aubl.) Mart.: uma Espécie Nativa da Amazônia Potencial para
Produção de Biodiesel. Revista Brasileira de Agroecologia. v.4, n. 2. p.1285-
1289, 2009.
MITJA, D.; SILVA, J.C.S.; MELO, S.L.; FILHO, H. C. Biometria dos Frutos e
sementes de babaçu, Natividade-TO. In: Simpósio Nacional Cerrado:
Desafios e estratégia para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e
recursos naturais, 9, 2008. Brasília-DF. p. 1-8.
MORAIS, P. L. R., ALVES , M. C. Biometria de frutos e diásporos de
Cryptocarya aschersoniana Mez e Cryptocarya moschata Nees (Lauraceae).
Biota Neotropica, v. 2, n. 1, 2002 - Biota Neotropica, Volume 2, número 1,
2002-http://www.biotaneotropica.org.br/v2n1/pt/abstract?articl+BN01302012002
NASCIMENTO, J. F do; FERREIRA, E. J. L; CARVALHO, A. L.; REGIANI, A.
M. Parâmetros Biométricos dos Cachos, Frutos e Sementes da Palmeira
Murmuru (Astrocaryum ulei Burret.) encontrada na Região de Porto Acre, Acre.
Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 90-92, 2007a.
NASCIMENTO, J. F do; FERREIRA, E. J. L; CARVALHO, A. L.; REGIANI, A.
M. Parâmetros Biométricos de Cachos, Frutos e Sementes de Tucu
(Astrocaryum aculeatum G, Meyer), no Estado do Acre, Brasil. Revista
Brasileira de Agroecologia. Porto Alegre, v.2 nº.2. p. 1314-1318, 2007b.
OLIVEIRA, J.A.; ROCHA, A.E.S. da; BASTOS, M. do N. do C. A família
Arecaceae Bercht. E. J. P. p. 261 263. In: JARDIM, M.A.G. (Org.).
Diversidade Biológica das áreas de proteção ambiental: Ilha de Combu e
Algodoal-Maiandeua – Belém-Pará, Brasil: MPEG/MCT/CNPq, 2009.
PINHEIRO, C.U.B.; ARAÚJO-NETO, A. Descrição do processo germinativo
de semente de babaçu (Orbignya phalerata Mart.). (Comunicado cnico,
14). São Luis: EMAPA, 1987. 7 p.
64
RODRIGUES, A. M. C.; GAMA, S. S; LINS, R. T.; RODRIGUES, P. R.; SILVA´,
L.H.M. Estudo da potencialidade de três oleaginosas Amazônicas para a
produção de Biodiesel. Documentos de Congresso. p.345-350. 2006.
Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br/docs/congresso2006/agricultura
/Caracter%Dsticas FisicasOleaginosa.pdf. Acesso em 4 de julho de 2008.
SALM, R. Densidade do caule e crescimento de Attalea maripa e Astrocaryum
aculeatum: implicações para a distribuição de palmeiras arborescentes na
floresta Amazônica. Biota Neotropica. V.4, n.1, p. 1-11. 2004.
SALM, R. A. A importância das palmeiras arborescentes de grande porte
na dinâmica das florestas amazônicas sazonalmente secas. 225 p. 2005.
Tese (Doutorado em Ciências, área de concentração em Ecologia e Recursos
Naturais), Universidade Federal de São Carlos. São Carlos: UFSCar, 2005.
SEPOF (Pará). Estatística municipal. Belém, 2008. Disponível em:
<http://www.sepof.pa.gov.br/municipio.html>. Acesso em: 05 maio 2008.
SILVEIRA, E. L. Morfometria, morfologia de frutos, sementes e plântulas e
produção de mudas de macacaporanga (Aniba fragrans Ducke)-
Lauraceae. 91p. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais),
Universidade Federal Rural da Amazônia: UFRA, 2008.
SOUZA, R. de C. P de; DUARTE, O.R. Resíduos da análise biométrica e físico-
química de frutos de inajá (Maximiliana maripa (aublet) drude), oriundos de
Roraima, Amazonia, Brasil. p.1-8. 2008. Disponível:
http://www.zoonews.com.br/ noticias2/noticia. php?idnoticia=166302. Acesso
em: 15/02/2010.
STEEL, R.G. & TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistcs. New
York, MacGraw-Hill,1980. 632p.
TABARELLI, M. A.; VICENTE, D. C. A.; BARBOSA, D. Variation of seed
dispersal spectrum of woody plants across a rainfall gradient in northeastern
Brazil. Journal of Arid Environmental, [S.l.], v. 53, p. 197- 210, 2003.
TOMLINSON, P.B. The Structural Biology of Palms. Clarendon Press,
Oxford. 1990.
65
CAPÍTULO 2 - RELAÇÕES BIOMÉTRICAS E MORFOMÉTRICAS PARA
Attalea maripa (AUBL.) MART. (INAJÁ) EM SISTEMA SILVIPASTORIL NO
NORDESTE PARAENSE
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo estudar as relações morfométricas da
palmeira adulta de Attalea maripa (inajá), em sistema silvipastoril, visando
definir diretrizes para o seu manejo sustentável e domesticação. A área do
estudo está localizada na Vila de Cumaru, Bonito-PA, Pará. Os dados foram
coletados em uma área de 3,25 hectares de sistema silvipastoril, dividida em
13 parcelas de 50 m x 50 m, onde foram inventariadas 100% das palmeiras de
Attalea maripa adultas. As características dendrométricas dos indivíduos foram
analisadas pela estatística descritiva. No estudo das relações morfométricas,
foram selecionadas 67 indivíduos adultos de inajá com altura de estipe ≥ a 1,30
m e DAP ≥ 10 cm. O estudo da análise discriminante foi realizado com todos os
125 índividuos adultos, com ou sem cachos e palmeiras com ou sem DAP. No
estudo das relações morfométricas foram estimados os índices de proporção
da copa, grau de esbeltez, de saliência, de abrangência e o Formal de copa. As
relações entre as variáveis biométricas e morfométricas foram expressas por
meio da análise de correlação e regressão. O estudo sobre a performance do
inajá revelou que os indivíduos adultos apresentaram ampla variação em
relação as características dendrométricas. O comprimento da copa, diâmetro
da copa, área de copa, proporção de copa, índice de abrangência e o formal de
copa, não são influenciados pelo diâmetro. Os índices grau de esbeltez e de
saliência são influenciados negativamente pelo DAP. O comprimento de copa e
o índice Grau de esbeltez tendem a aumentar com o crescimento em altura
total do inajá A proporção de copa é influenciada de forma negativa pelo
crescimento em altura do estipe e pela altura frutificação, e de forma positiva
pelo comprimento da copa. O índice de saliência, índice de abrangência e o
formal de copa são influenciados positivamente pelo diâmetro da copa. O
formal de copa também é influenciado de forma positiva pela altura do estipe e
pela altura de frutificação, porém ele decresce com o crescimento do
comprimento de copa. Os modelos 2, 3, 5, 8 e 9, são adequados para estimar
as variáveis dependentes, a área de copa, proporção de copa, grau de
esbeltez, índice de saliência e índice de abrangência. A análise discriminante
revelou que existe variabilidade em relação ao porte da palmeira de inajá. Esta
análise mostrou ser um método alternativo para a classificação do porte da
palmeira inajá.
Palavras-chave: Agrossilvipastoril, Relações morfométricas, Índices
Morfométricos, Análise Discriminante.
66
BIOMETRICS RELATION SHIP FOR Attalea maripa (Aubl.) Mart. (INAJÁ) IN
SIVOPASTORAL SYSTEM IN NORTHEAST OF PARÁ
ABSTRACT: This work aimed to study morphometrics relationships of adults palms of
Attalea maripa (inajá), in the silvipastoral system, to define guidelines to its sustainable
management and domestication. The study area is located in Cumaru Village, Bonito-
PA. The data were collected in an area of 3,25 ha of silvopastoral system, divided in 13
sampling units of 50mx50m, where 100% of the adult palms were sampled by the
floristic inventory. The dendrometric characteristics of individuals were analyzed by
descriptive statistics. The study of discriminant analysis was made with all the 125
adults individuals, with or without stem and palms with or without DAP. In
morphometrics relationship study, were estimated the index of Proportion of crown;
Degree of slenderness, Salience index, Coverage index and crown form index, The
relationship biometric and morphometrics variables were expressed through analysis of
correlation and regression. The study on the performance of the inajá palm revealed
that the adult individuals presented wide variation in relation to dendrométricas
characteristics. The length of the crown, diameter of the crown, crown área, crown
proportion, coverage index and the formal of crown, they are not influenced by the
diameter. The indexes slenderness degree and of saliency they are influenced
negatively by DAP. The length of crown and the Degree of slenderness, tend to
increase with the total growth in height of inajá. The proportion of crown is influenced
negatively by growth in height of stem and by height of fructification, and positively by
length of crown. The salience index, coverage index and crown form are influenced
positively by diameter of crown. The crown form also is influenced, positively, by stem
height and, by height of fructification, but it decreases with the growth of length of
crown. The models 2, 3, 5, 8 e 9, are appropriate to estimate the dependent variables,
area of crown, proportion of crown, degree of slenderness, index of salience and
coverage index. The discriminant analysis revealed that exist variability in relation to
the size of the palm inajá. This analysis showed to be an alternative method for
classification of size of inajá palm.
Key-words: Agrosilvopasture, relations morphometric, morphometric indices,
Discriminant Analysis.
67
2.1 INTRODUÇÃO
Os sistemas silvipastoris são sistemas sustentáveis de produção e
surgem como uma alternativa promissora para a região Amazônica, por
apresentarem diversas vantagens ecológicas e socioeconômicas, comparados
aos sistemas pecuários tradicionais. Estes sistemas o constituídos de
árvores e/ou arbustos, associados à pastagem e animais (DUBOIS, 1996).
Muitas espécies que constituem os sistemas silvipastoris, inclusive de
Arecaceae, ocorrem de forma espontânea nas áreas de pastagem,
provenientes de regeneração natural, oriundas de sementes, brotações e
raízes. Em muitos casos, essas espécies são tratadas como invasoras e são
eliminadas durante a limpeza do pasto, como é o caso da Attalea maripa
(Aubl.) Mart., conhecida como inajá. Essa palmeira é bastante comum na
arborização de pastagens no Pará (VEIGA e SERRÃO, 1990) e a sua
preservação representa a forma mais econômica de arborizar as pastagens
(OLIVEIRA et al., 2003).
Além das vantagens acima mencionadas, o inajá desponta como matéria
prima para o biodiesel, juntamente com o dendê (Elaeis guineensis Jacq.),
macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.) e tucumã (Astrocaryum
aculeatum Meyer) (COSTA e MARCHI, 2008). Vale ressaltar que, com exceção
do dendê, predomina a escassez de informões botânicas, ecológicas e
silviculturais sobre as demais palmeiras. Estas informações básicas são
importantes para o manejo de populações naturais e para o cultivo dessas
palmeiras em sistemas agroflorestais ou em monocultivos.
Em vista disso, torna-se necessário desenvolver pesquisas que
proporcionem o aproveitamento econômico e uso sustentável do inajá e, por
conseguinte a sua admissão à lista comercial de produtos não madeireiros.
Portanto, é necessário realizar pesquisas básicas sobre as relações
biométricas para a palmeira inajá. Dentre estas relações, destaca-se a
morfométrica, que proporiona a compreensão das relações interdimencionais,
por meio de índices morfométricos que possibilitem prever o espaço necessário
para cada árvore ao longo de seu desenvolvimento, assim como julgar o grau
de concorrência entre indivíduos de um povoamento e fazer inferências sobre a
68
estabilidade, vitalidade e produtividade de cada indivíduo (DURLO e DENARD,
1998; DURLO, 2001).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é estudar as relações
morfométricas visando definir diretrizes para o manejo sustentável e
domesticação do inajá, baseadas em medidas diretas como altura total, altura
do estipe, altura de frutificação, diâmetro a altura do peito, comprimento e
diâmetro da copa do inajá, em sistema silvipastoril.
2.2 MATERIAL E MÉTODOS
2.2.1 Localização e características da área de estudo
A área de estudo está localizada na Vila Cumaru no município de Bonito-
PA (01º21’48” de latitude Sul e 47º18’21” de longitude a Oeste) localizado na
Microrregião Bragantina no nordeste do estado do Pará. Esse município
apresenta temperatura média anual, aproximadamente, de 25 ºC; umidade
relativa do ar média em torno 80% e regime pluviométrico próximo a 2.250 mm
por ano, os solos predominantes são: Latossolo Amarelo, textura média, e
concrecionário Laterítico, além das Areias Quartzosas e Podzólico Hidromórfico
(SEPOF, 2008).
Na área de pesquisa, o inajá proveniente de regeneração natural, ocorre
de forma espontânea em associação com espécies forrageiras de Brachiaria e
animais bovinos, constituindo assim um sistema silvipastoril (Figura 2.1). No
local de estudo, este sistema tem sido manejado por um período de 20 anos e
a principal finalidade do inajá é servir de abrigo aos animais, além de fornecer
serviços ambientais.
69
Figura 2.1- Vista parcial da área de estudo na área do agricultor familiar na Vila
Cumaru, Bonito-PA.
2.2.2 Amostragem e Levantamento dos dados
A pesquisa foi realizada no período de agosto a outubro de 2009. Os
dados foram coletados em uma área de 3,25 hectares de sistema silvipastoril,
dividas em 13 parcelas de 50 m x 50 m, onde foram levantadas 100% das
palmeiras adultas de A. maripa,Todas as parcelas foram georreferenciadas
com auxílio de GPS (Global Positining System -modelo Garmin 12 XL
Programa Track Macker).
Para o estudo das relações entre as variáveis biométricas e
morfométricas foram utilizadas somente 67 palmeiras de inajá com altura de
estipe 1,30 m e diâmetro à altura do peito (DAP) 10 cm, com base no
inventário florestal da área. Neste estudo, não foram incluídas todas as
palmeiras, pois nem todas apresentaram altura suficiente para obtenção do
DAP. Assim, foram coletadas as seguintes variáveis (Figura 2.2): diâmetro à
altura do peito (DAP), altura total (Ht), altura do estipe (He), altura de
frutificação (Hf), diâmetro da copa (Dc), comprimento da copa (Cc), número de
folhas, mero de cachos, qualidade do estipe - Qe (1 para estipe sem
deformações e com boa qualidade aparentemente; 2 estipe com cicatrizes
resultantes de queimadas e/ou atacados por cupins).
70
Figura 2.2 - Desenho esquemático de Attalea maripa e suas características
dimensionais. DAP: Diâmetro a altura do peito (cm) a 1,30 m do solo; Dc:
Diâmetro da copa (m); He: Altura do estipe (m); Ht: Altura Total (m); Hf: Altura
de frutificação (m) e Cc: Comprimento da copa (m). Ilustração: João Barros,
2010.
Para o estudo da análise discriminante foram selecionadas todas as
palmeiras de inajá, totalizando 125 indivíduos, com ou sem cachos, aqueles
com altura suficiente para a obtenção do DAP e indivíduos que não
apresentaram altura suficiente para obtenção do DAP, ou seja, sem DAP. As
variáveis biométricas avaliadas para este estudo foram altura total (m); altura
do estipe (m) e diâmetro da copa (média);
Ht
DAP
Cacho com
flores
Hf
H
e
Cacho com
frutos
Dc
Cc
71
2.2.3 Análises dos dados
Inicialmente, todos os dados coletados foram tabulados para formão
de um banco de dados digital e analisados por meio do programa SAEG
(Sistema para Análises Estatísticas). Para estudar a performance dos
indivíduos adultos, os dados dendrométricos foram analisados mediante
estatística descritiva.
Foi realizada a análise de correlação linear de Pearson entre as
variáveis biométricas e morfométricas. Esta análise é um procedimento técnico,
usado para avaliar o grau de associação linear (r), existente entre duas
variáveis quaisquer, independente do efeito causado pela escala adotada
(FREESE, 1967). O valor que representa esta associação pode variar de
1 a -1, ou seja, quanto mais próximo da unidade, melhor o grau de associação.
Quando tende a zero, menor o grau de associação existente entre elas.
As variáveis biométricas utilizadas para este estudo foram: DAP, altura
total (Ht), altura do estipe (He), Altura de frutificação (Hf), diâmetro da copa
(Dc), comprimento da copa (Cc) e a área da copa (Ac). Por sua vez, as
variáveis morfométricas utilizadas foram: proporção de copa (Pc), grau de
esbeltez (GE), índice de saliência (IS), índice de abrangência (IA) e formal de
copa (Fc).
As variáveis utilizadas na análise de regressão, pelo procedimento
estatístico ‘stepwise’, foram aquelas que apresentaram correlação linear para
um nível de 5% de probabilidade, utilizando como variável dependente, as
variáveis morfométricas (Ac, PC, GE, IS, IA, Fc) e como variáveis
independentes as variáveis biométricas (DAP, Ht, He, Hf, Cc, Dc). Os critérios
utilizados para a seleção das melhores equações ajustadas foram: maior
coeficiente de determinação (R²); menor erro padrão de estimativa (Syx); valor
de F significativo; menor coeficiente de variação; e melhor distribuição de
resíduos.
Finalmente, devido à grande variabilidade no porte das palmeiras de
inajá, foram criados dois grupos, visando identificar classes de indivíduos
adultas de inajá, por meio da análise discriminante, método estatístico
multivariado que se emprega para distinguir os membros de um grupo dos de
outro. Para isto, foram estabelecidos dois grupos de palmeiras: o grupo 1,
72
representa os indivíduos adultas de inajá, com ou sem cachos, com estipe
1,30 m (palmeiras com DAP) e o grupo 2, representado pelas palmeiras com
ou sem cachos, que não apresentaram estipes com tamanho suficiente para
obtenção do DAP (palmeiras sem DAP).
Após a realizão do ajuste dos dados, foi realizada a seleção dos
melhores modelos matemáticos, com base nos seguintes critérios estatísticos:
coeficiente de determinação (R
2
), erro padrão residual da estimativa (Syx),
coeficiente de variação em percentagem (CV%), análise gráfica dos resíduos e
teste F.
Para o estudo dos índices morfotricos, baseou-se nas pesquisas de
Durlo e Denardi (1998), Tonini e Arco-Verde (2005). Neste estudo, foram
selecionadas 67 palmeiras de inajá que apresentaram estipes com tamanho
suficiente para obtenção do DAP:
a) Proporção de copa (PC): dá indicativos do grau de concorrência da
árvore. Esse índice foi calculado pela razão entre o comprimento de copa (Cc)
e a altura total (Ht) das árvores:
PC = (Cc / Ht) * 10 (m)
b) Grau de Esbeltez (GE): caracteriza a estabilidade das árvores.
Quanto mais alto o grau de esbeltez, tanto mais instável é a árvore. Foi
calculado pela razão entre a altura total (Ht) e o DAP (diâmetro a 1,30 m acima
do solo) das árvores:
GE = Ht/DAP (m)
c) Índice de saliência (IS): expressa quantas vezes o diâmetro de copa
é maior que o DAP. É calculado pela razão entre o Dc (diâmetro da copa) e o
DAP.
IS = Dc/DAP (m)
d) Índice de abrangência (IA): foi calculado pela razão entre o diâmetro
de copa (Dc) e a altura total (Ht) da árvore. Este índice pode ser usado como
indicador de desbaste.
IA = Dc/Ht (m)
73
e) Índice formal de copa: é a relação entre o diâmetro de copa (Dc) e a
respectivo comprimento da copa (Cc). Considerando uma mesma escie e
uma mesma área, quanto menor o formal de copa, melhor é a produtividade da
árvore.
Fc = Dc/Cc (m)
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
2.3.1 Performance das palmeiras de Attalea maripa em sistema
silvipastoril
Com base na análise estatística descritiva avaliou-se apenas a
performance dos indivíduos adultos de inajá que apresentam altura de estipe
1,30 m (Tabela 2.1). O DAP médio dos indivíduos adultos de inajá foi de 31 cm,
e apresentou grande amplitude. A altura total média foi de quase 10 m, e
apresentou uma amplitude menor, comparada ao DAP.
A altura média de frutificação e a altura média do estipe correspondem a
quase 1/3 da altura total da palmeira. O comprimento da copa abrange a
aproximadamente 2/3 da altura total, enquanto o diâmetro de copa do inaé
quase 34 vezes maior do que o DAP.
A área da copa corresponde a aproximadamente 22 m
2
. Por sua vez, o
número de folhas novas e velhas foi baixo, comparado ao número total de
folhas, o mesmo não acontecendo em relação às folhas maduras de coloração
esverdeada, importantes para o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo
desta palmeira, cuja quantidade correspondeu a quase 77% do total de folhas.
A média de cachos por indivíduo foi de aproximadamente cinco, sendo que o
número mínimo de cachos foi dois e o máximo dez.
Tabela 2.1 - Performance dos indivíduos adultos de Attalea maripa com altura
de estipe ≥ 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA (n= 67).
Variáveis observadas
x ± s
CV% Mediana nimo Máximo
DAP (cm)
31,23 ± 5,31 17,00 30,88 21,33 57,30
Altura total (m)
9,67 ± 1,33 13,78 9,50 6,80 12,80
Altura do estipe (m)
3,05 ± 1,20 39,21 2,80 1,30 6,30
Altura de frutificação (m)
3,52 ± 1,21 34,35 3,20 1,60 7,00
Comprimento da copa (m)
6,62 ± 1,28 19,34 6,60 3,90 10,40
Diâmetro de copa (m)
10,40 ± 1,84 17,71 10,70 6,35 13,60
Área de copa (m²)
21,91 ± 7,41 33,82
22,48 7,92 36,32
74
Nº de folhas novas
1,93 ± 0,47 24,45 2,00 1,00 3,00
Nº de folhas maduras
15,25 ± 2,98 19,55 15,00 8,00 23,00
Nº de folhas velhas
2,66 ± 1,28 48,01 2,50 1,00 6,00
N° total de folhas
19,72 ± 3,39 17,21 20,00 13,00 29,00
Nº total de cachos
4,84 ± 2,01 41,56 5,00 2,00 10,00
Nota: DAP: Diâmetro a altura peito, a 1,30m do solo; x: média; s: desvio padrão; CV:
coeficiente de variação.
O DAP, o diâmetro de copa e o número total de folhas, apresentaram
praticamente a mesma variação de quase 17% (Tabela 2.1). A variação da
altura de frutificação e da área de copa foi relativamente alta, girando em torno
de 34%. Vale salientar, que o número de folhas velhas, o número total de
cachos e altura do estipe apresentaram a maior variação, enquanto que a
altura total apresentou menor variação, comparada às demais variáveis
biométricas.
Amaral et al. (1997), avaliando o coeficiente de variação como medida
de precio, para espécies de Citrus, observaram que as variáveis biométricas
com determinação no campo (número de frutos, altura de plantas e peso de
frutos), apresentaram os maiores valores de CV, sobretudo o número de
frutos/planta. No caso do inajá, as variações observadas podem estar
associadas à variabilidade genética e as variações edafoclimáticas, uma vez
que as palmeiras estudadas são remanescentes de populações naturais.
Estudos realizados por Tonini e Arco Verde (2005) com espécies
florestais lenhosas nativas da Amazônia, revelaram que a copa da árvore de
Bertholletia excelsa Bonpl. é cerca de 50 vezes maior do que o DAP. Segundo
estes autores, outras espécies, como: Carapa guianensis Aubl., Tabebuia
avellanedae Lorentz ex Griseb., e Hymenaea courbaril L., possuem copas 14,7,
32,2, 33,1 vezes, maiores que o DAP, respectivamente. Esses autores
observaram que o diâmetro e o comprimento da copa crescem, à medida que
aumentam o DAP e a altura, com exceção da Carapa guianensis.
Durlo e Dernardi (1998) ao estudarem a morfometria de Cabralea
canjerana (Vell.) Mart., em mata secundária nativa do Rio Grande do Sul,
verificaram que a copa dessa espécie é cerca de 20 vezes maior que o seu
DAP. Esses autores verificaram que existe uma grande amplitude da variação
nas características de copa das canjeranas, sendo necessário averiguar a
75
existência de relações entre estas variáveis e as dimensões das árvores dessa
escie.
Em se tratando da qualidade do estipe das 67 palmeiras estudadas, 36
pertenciam ao grupo 1, isto é, apresentavam estipes sem deformações e com
boa qualidade aparente, e 31 que pertenciam ao grupo 2 apresentavam estipes
com cicatrizes, oriundas de queimadas e/ou de ataques de cupins.
2.3.2 Índices Morfométricos para Attalea maripa
A análise estatística descritiva realizada para os índices morfométricos
revelou que a proporção da copa das palmeiras de inajá é altamente variável e
ocupa, em média, aproximadamente 68% da altura total do indivíduo (Tabela
2.3). Este dado dá indicativos do grau de concorrência da palmeira e, ao
mesmo tempo, revela vitalidade do inajá. Neste sentido, Romam et al. (2009),
afirmaram que quanto maior a porcentagem, tanto mais produtiva pode ser esta
árvore. Cabe destacar que esse índice apresentou ampla amplitude, pois foram
identificadas palmeiras com quase 42% de copa e outras com mais de 87%.
Uma grande amplitude na proporção de copa também foi observada em
árvores de Bertholletia excelsa, em sistemas agroflorestais multi-estratificados
na Amazônia Central (COSTA et al., 2009). Esses autores obtiveram valor
médio de proporção de copa 66,55%, máximo de 80% e valor mínimo de 44%.
Estudos realizados por Orellana e Koehler (2008) sobre a proporção de
copa de Ocotea odorifera em área de Floresta Ombrófila Mista, no Paraná,
mostraram que o valor de proporção de copa médio foi de 55,2%, enquanto o
valor máximo de proporção de copa foi de 77,8% e o valor mínimo encontrado
foi de 30%.
Tabela 2.2 - Índices morfométricos para indivíduos adultos de Attalea maripa
que apresentam altura de estipe 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA
(n= 67).
Variáveis x ± s Mediana nimo Máximo CV%
Proporção da copa (%) 68,7 ± 10,57 70,11 42,73 87,74 15,38
Grau de Esbeltez 0,32 ± 0,07 0,30 0,16 0,52 20,68
Índice de saliência 33,96 ± 7,08 33,69 16,33 51,26 20,86
Índice de abrangência 1,08 ± 0,19 1,05 0,75 1,62 17,93
Formal de copa 1,62 ± 0,42 1,51 0,96 2,91 26,09
76
Nota: x: média; s: desvio padrão; CV: coeficiente de variação
O valor médio do grau de esbeltez foi inferior a 1, indicando que não
esocorrendo mudança na estabilidade da altura do inajá em função do DAP,
no sistema silvipastoril estudado, uma vez que quanto mais alto o valor do
grau de esbeltez, mais insvel é a árvore.
De acordo com Tonini e Arco-Verde (2005), quando o valor médio do
grau de esbeltez é superior a 1 poderá indicar a necessidade de desbaste,
visto que neste caso, o crescimento em DAP é reduzido em relação à altura.
O valor médio do índice de saliência revela que o inajá tem um dmetro
de copa aproximadamente 34 vezes maior que o DAP, sendo que o maior valor
encontrado foi superior a 51 e o menor foi de quase 16. Estes dados apontam
para o fato de que o inajá na fase adulta necessita de espaços maiores para o
seu desenvolvimento, seja em monocultivo ou em sistemas agroflorestais.
De maneira geral, a média do índice de saliência obtido para o inajá
encontra-se na faixa de valores observados para as espécies nativas como, a
Tabebuia avellanedae (32,3), Hymenaea courbaril (33,1), obtidos por Tonini e
Arco-Verde (2005) e Bertholletia excelsa (31,59) encontrado por Costa et al.
(2009), ao estudarem as varveis morfométricas visando avaliar o espaço vital
necessários para estas espécies, na Amazônia.
Para a espécie Cabralea canjerana, Durlo e Dernardi (1998) obtiveram
valores médios de índice de saliência de 21,70, sendo que o menor valor
encontrado foi de 12,8 e o maior foi de 35,70. Roman et al. (2009) encontraram
valores médios de índice de saliência para Cordia trichotoma de 24,70 e
valores máximos de 38,10 e mínimo 16,80.
O índice médio de abrangência para o inajá, obtido pela relação entre o
diâmetro de copa e a altura total da palmeira, foi de 1,08. Nota-se por este
valor, que no caso do inajá, o aumento em altura é proporcional ao aumento do
Dc. Em outras palavras, o crescimento em altura acompanha o crescimento do
diâmetro de copa. Não obstante, não se pode esquecer que estes índices
foram calculados apenas para indiduos adultos que apresentam altura
suficiente para obtenção do DAP.
77
Segundo Roman et al. (2009), no caso de ocorrer um alto grau de
associação entre índice de abrangência e a altura das árvores, pode-se usar
esse índice como indicador de desbaste ao longo da vida do povoamento.
A média do índice de formal de copa, que expressa à relação entre
diâmetro de copa e o comprimento de copa, para aos indivíduos adultos de
inajá foi de aproximadamente 1,6. Segundo Orellana e Koehler (2008), valores
baixos de formal de copa de espécies lenhosas indicam árvores com copas
esbeltas, enquanto valores altos indicam copas achatadas. No caso do ina,
em sistemas silvipastoril, este valor indica que a copa do indivíduo adulto é
bem desenvolvida. Isto se devido, sobretudo, a grande incidência de
radiação solar nestes sistemas, aliada a baixa competição por esta fonte de
energia e por outros recursos naturais. Contudo, os valores máximos e
mínimos revelaram uma amplitude relativamente grande, denotando
desurniformidade em relação à copa, decorrentes provavelmente da grande
variabilidade do porte das palmeiras.
A análise formal de copa tem sido alvo de muitas pesquisas recentes,
para espécies florestais. Tonini e Arco-Verde (2005) observaram que a
Bertholletia excelsa, apresenta copas mais profundas e com maiores
diâmetros. Costa et al. (2009), ao estudarem os aspectos silviculturais dessa
mesma espécie, em sistemas agroflorestais na Amazônia, obtiveram valores
mínimos e máximo do índice de formal de copa de 0,51 e 1,52,
respectivamente. Estes autores observaram que não existem grandes
diferenças entre os indivíduos de B. excelsa, havendo quase uma uniformidade
em relação à forma da copa.
Orellana e Koehler (2008), estudando as relões morfométricas de
Ocotea odorifera, encontraram um valor médio de formal de copa de 1,3. O
valor máximo encontrado foi de 2,31 e o menor valor de 0,39. Apesar desta
escie não ser uma palmeira, estes valores se aproximam dos encontrados
para o inajá.
2.3.3 Relações entre as variáveis biométricas e morfométricas
O estudo da correlação linear de Pearson entre as variáveis biométricas
(Tabela 2.2) demonstrou que existe uma baixa associação entre o DAP com
78
altura total, DAP com a altura do estipe, DAP com a altura de frutificação, DAP
com o comprimento da copa e DAP com o diâmetro da copa, DAP e área de
copa, DAP e proporção de copa, DAP e índice de abrangência e DAP com o
formal de copa. O mesmo não aconteceu em relação ao grau de esbeltez e
índices de saliência que apresentaram alto grau de associação negativa com o
diâmetro, revelando que à medida que o DAP cresce, decresce o grau de
esbeltez e o índice de saliência. A altura total apresentou correlação linear
positiva com a altura de frutificação, assim como entre a altura total e
comprimento da copa, porém apresentou baixa correlação entre altura total e
altura do estipe, e atura total e diâmetro de copa. A altura do estipe apresentou
alta correlação linear positiva com a altura de frutificação e baixa correlação
entre a altura de estipe com comprimento de copa e altura de estipe com
diâmetro de copa. Houve baixa correlação da altura de frutificação com o
comprimento de copa e da altura de frutificação com o diâmetro de copa. Do
mesmo modo, o comprimento de copa apresentou uma baixa associação com
o diâmetro de copa.
Tabela 2.3 - Correlações de Pearson entre as variáveis biométricas e
morfométricas para os indivíduos adultos de Attalea maripa, que apresentam
altura de estipe ≥ 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA (n= 67)
DAP H T He Hf Dc Ac Pc GE IS IA Fc
DAP
1
H T
0,041 1
He -0,068
0,380 1
Hf -0,068
0,380 0,995 1
Dc 0,151 0,274 -0,005 -0,005
1
Ac 0,151 0,274 -0,005 -0,005
0,996
1
Pc 0,074 0,001 -0,916 -0,916
0,114
0,114 1
GE -0,731
0,604 0,277 0,277
0,013
0,013 -0,041
1
IS -0,604
0,202 0,031 0,031
0,661
0,661 0,054 0,601 1
IA 0,115 -0,427 -0,258 -0,258
0,746
0,746 0,101 -0,404
0,474
1
Fc 0,139 -0,276 -0,906 -0,906
0,080
0,080 0,879 -0,280
-0,031
0,266
1
Nota: DAP diâmetro à altura do peito (1,30 m do solo (m)); Ht: Altura total da palmeira (m); He:
altura do estipe; Hf: Altura de frutificação; Cc: comprimento de copa; Dc: diâmetro de copa; Ac:
Área da copa; Pc: proporção da copa; GE: grau de esbeltez; IS: índice de saliência; IA:índice
de abrangência; Fc: índice formal de copa.
A correlação entre o comprimento de copa e do Grau de esbeltez foi
positiva com a altura total, mostrando que estes tendem a aumentar com o
crescimento em altura total do ina(Tabela 2.4).
79
A área da copa apresentou um alto grau de associação positiva com o
diâmetro da copa, ou seja, a área de copa tende a aumentar com o
crescimento do diâmetro da copa.
A proporção de copa apresentou uma correlação negativa com a altura
do estipe e com a altura de frutificação, o mesmo não aconteceu em relação ao
comprimento de copa em que a correlação foi positiva. Como se percebe, a
proporção de copa tende a diminuir com o crescimento em altura do estipe e da
frutificação, porém tende a aumentar com o crescimento no comprimento da
copa.
O índice de saliência, o índice de abrangência e o formal de copa
apresentaram correlação linear positiva com o diâmetro de copa, ou seja, à
medida que o diâmetro da copa cresce estes índices tendem a aumentar. O
formal de copa também obteve grau de associação positiva com a altura do
estipe, altura de frutificação, porém com o comprimento da copa a correlação
foi negativa.
O conhecimento da natureza dessas correlações entre as características
biométricas e as características morfométricas são úteis no processo de
seleção da palmeira A. maripa para produção de frutos para biodiesel e de
outros produtos industriais.
Orellana e Koehler (2008), estudando as correlações de Pearson entre
as varveis biométricas e morfométricas para árvores adultas de Ocotea
odorífera, relataram a ocorrência de correlações positivas do DAP com a altura
total da árvore, o diâmetro de copa, o comprimento de copa e o índice de
abrangência, indicando que estas variáveis tendem a crescer à medida que o
DAP cresce. Apenas a correlação do DAP com o índice de abrangência foi
negativa, revelando que este decresce com o aumento do DAP.
Com base no grau de associação entre as variáveis, foi realizada a
análise de regressão para 13 pares de variáveis que obtiveram um alto grau de
associação linear e positiva (Tabela 2.5).
80
Tabela 2.4 - Análise de Regressão entre as variáveis biométricas com as
variáveis morfométricas em indivíduos adultos de Attalea maripa que
apresentam altura de estipe 1,30 m, em sistema silvipastoril, Bonito-PA (n=
67).
Medidas de Precisão
Equação
SYX F
1 Cc = 5,658+0,606*Ht 0,338 1,092 33,261*
2 Pc= 93,822 - 8,241*He 0,869 3,854 431,185*
3 Pc = 96,706 - 7,945*Hf 0,829 4,404 315,048*
4 Pc = 30,498 + 5773*Cc 0,489 7,614 62,147*
5 GE = 0,591 - 0,877*DAP 0,503 0,047 65,748*
6 GE = -0,013 + 0,034*Ht 0,482 0,048 60,473*
7 IS = 56,655 - 72,679*DAP 0,297 5,984 27,434*
8 IS = 5,159 + 2,768*Dc 0,519 4,95 70,070*
9 IA= 0,266 + 0,078*Dc 0,556 0,131 81,422*
10 Fc = 1,005 + 0,204*He 0,329 0,35 31,827*
11 Fc = 0,967 + 0,186*Hf 0,284 0,361 25,758*
12 Fc= 3,057 - 0,216*Cc 0,427 0,323 48,516*
13 Fc = 0,131 + 0,144*Dc 0,39 0,334 41,563*
Nota: DAP diâmetro à altura do peito (1,30 m do solo (m)); Ht: Altura total da palmeira (m); He:
altura do estipe; Hf: Altura de frutificação; Cc: comprimento de copa; Dc: diâmetro de copa;
Ac: Área de copa; Pc: proporção da copa; GE: grau de esbeltez; IS: índice de saliência;
IA:índice de abrangência; Fc: índice formal de copa. Syx - erro padrão da estimativa; F - valor
de F calculado;* significativo a nível de 5%.
Das 13 equações apresentadas na Tabela 2.5, somente 6 (2, 3, 5, 8 e
9), apresentaram os melhores ajustes, diferentemente das demais equações.
Observa-se que a proporção de copa pode ser estimado em função da altura
do estipe (equação 3) e em função da altura de frutificação (equação 4). O grau
de esbeltez pode ser estimado satisfatoriamente pelo DAP (equação 6). Os
índices de saliência e de abrangência podem ser estimados em função do
diâmetro de copa.
A análise gráfica dos resíduos (Figura 2.3) mostrou que as equações 2,
3, 5, 8 e 9 são adequados para estimar as variáveis dependentes supracitadas.
81
Figura 2.3 - A análise de resíduos das equações que apresentaram as
melhores medidas de precisão (F calculado, R², SYX). DAP diâmetro à altura do
peito (1,30 m do solo (m)); He: altura do estipe; Hf: Altura de frutificação; Dc: diâmetro de copa.
Tonini e Arco-Verde (2005), ao ajustarem modelos matemáticos para
estimarem o diâmetro da copa em função do DAP de várias espécies florestais,
encontraram baixos valores de R²=0,15, Syx=0,14 e F=0,24 ao testarem a
equação lnDc= b0+b1*1/d³+b2*1/d²+b3*DAP, para a andiroba (Carapa
guianensis). De acordo com estes autores, os melhores ajustes (R²=0,80,
Syx=0,14 e F=79,90) foram obtidos com o modelo lnDc=b0+b1*ln² *DAP para o
ipê-roxo (Tabebuia avellanedae) No caso da castanheira-do-brasil (Bertholletia
excelsa) e do jatobá (Hymenaea courbaril), eles conseguiram um ajuste
satisfatório ao utilizarem os modelos lnDc=b0+b1*lnDAP e do
lnDc=b0+b1*DAP, respectivamente.
-15
-10
-5
0
5
10
0 2 4 6 8
Ae (m)
Reduos
-15
-10
-5
0
5
10
15
0 2 4 6 8
Af (m)
Reduos
-0,15
-0,1
-0,05
0
0,05
0,1
0,15
0 0,2 0,4 0,6 0,8
DAP (m)
Reduos
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
0 5 10 15
Dc (média)
Reduos
-0,4
-0,3
-0,2
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0 5 10 15
Dc (média)
Reduos
2
3
5
8
9
82
2.3.4 Análise Discriminante
O resultado da análise discriminante, realizada, para identificar classes
de palmeiras adultas com características distintas em relação ao porte, é
apresentado na Tabela 2.6. Registraram-se que as variáveis preditoras altura
total, altura do estipe e diâmetro da copa foram capazes de discriminar a
existência de dois grupos característicos de inajá: 1- palmeiras com portes
menores, com ou sem cachos, que não apresentaram estipes com altura
suficiente para obtenção do DAP (sem DAP); 2- palmeiras adultas com porte
maiores, com ou sem cachos, apresentando estipe ≥ 1,30 m (com DAP).
Tabela 2.5 Análise discriminante, para Attalea maripa que apresentaram ou
não altura de estipe 1,30m, em sistema silvipastoril, utilizando como variáveis
preditoras a altura total (m); altura do estipe (m) e diâmetro da copa (m),
Bonito-PA (n = 125).
Reclassificação das palmeiras
Descrição
Estipe a 1,30 m Estipe a 1,30 m
Total
Estipe a 1,30 m 49 12
Estipe a 1,30 m 9 55
Nº Total 58 67 125
Classificação correta 49 55 104 (83,2%)
Proporção 84,5% 82,1%
A probabilidade de classificação das palmeiras foi de quase 83%,
evidenciando a precisão das classes distintas do inajá, em relação ao porte
(Tabela 2.6).
O indivíduos com porte menores (sem DAP) apresentaram menor taxa
de classificação do que a taxa dos indivíduos com porte maiores (com DAP).
Verifica-se que do total de 58 palmeiras sem DAP, nove palmeiras
apresentaram características de palmeiras com DAP. Das 67 palmeiras com
DAP, doze foram classificadas corretamente, como pertencente ao grupo das
palmeiras sem DAP.
Estes resultados revelam que as variáveis preditoras foram importantes
na discriminação das palmeiras com e sem altura, suficiente para a obtenção
do DAP, visto que possibilitaram uma classificação adequada, com alta
porcentagem de concordância.
83
A existência de dois grupos distintos de palmeiras em relação ao porte
denota indícios de variabilidade em relação ao desenvolvimento dos indivíduos
adultos de inajá, decorrentes de modificações na forma e no tamanho destas,
provavelmente resultante da variabilidade genética e das variações edafo-
climáticas.
2.4 CONCLUSÃO
a) O estudo sobre a performance da palmeira de inajá revelou que os
indivíduos adultos apresentaram ampla variação em relação as características
dendrométricas.
b) O comprimento da copa, diâmetro da copa, área de copa, proporção
de copa, índice de abrangência e o formal de copa, praticamente, não são
influenciados pelo diâmetro.
c) O índice morfométrico grau de esbeltez e o índice de saliência são
influenciados negativamente pelo DAP;
d) O comprimento de copa e o Grau de esbeltez estão inter-relacionados
e são influenciados positivamente pelo crescimento em altura total;
e) A proporção de copa é influenciada de forma negativa pelo
crescimento em altura do estipe e pela altura de frutificação, e de forma
positiva pelo comprimento da copa.
f) O índice de saliência, o índice de abrangência e o formal de copa são
influenciados positivamente pelo diâmetro da copa. Este último é influenciado
de forma positiva pela altura do estipe e pela altura de frutificação, e de forma
negativa pelo crescimento do comprimento de copa;
g) Os modelos 2, 3, 5, 8 e 9, são adequados para estimar as variáveis
dependentes, proporção de copa, grau de esbeltez, índice de saliência e índice
de abrangência;
h) A análise discriminante revelou que existe variabilidade em relação ao
porte do ina. Esta análise mostrou ser um método alternativo para
classificação do tamanho da palmeira inajá.
84
2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, A.M.; MUNIZ, J.A.; SOUZA, M. Avaliação do coeficiente de variação
como medida da precisão na experimentação com citros. Pesq. Agropecu.
Bras., v.32, p.1221-1225, 1997.
COSTA, J. R.; CASTRO, A.B.C; WANDELLI, E.V.; CORAL, S.A.G. de S.
Aspectos silviculturais da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) em sistemas
agroflorestais na Amazônia Central. Acta Amazônica. vol.39, n.4, p. 843-850,
2009.
COSTA, C.J.; MARCHI, E.C.S. As palmeiras e a produção de biodiesel.
Disponível em: www.cpac.embrapa.br/download/1433/t. Acesso em:
15/08/2008.
DUBOIS, J. C. L.; VIANA, V. M.; ANDERSON, A. B. Manual agroflorestal para
a Amazônia. Rio de Janeiro, RJ: REBRAF, v. 1. 1996. 228 p.
DURLO, M.A. Relações morfométricas para Cabralea canjerana (Well.) Mart.
Ciência Florestal, Santa Maria, v.11, n.1, p. 141-150. 2001.
DURLO, M.A.; DENARDI, L. Morfometria de Cabralea canjerana, em mata
secundaria nativa do Rio Grande do Sul. Ciência Florestal, Santa Maria, v.8,
n.1, p. 55-66 55. 1998.
FREESER, F. Elementary Statistical Methods for foresters. U. S. Departmentof
Agriculture. Forest Service. 1967. 87 p.
OLIVEIRA, T K de; FURTADO, S C; ANDRADE C M S DE; FRANKE, I. D.
Sugestões para implantação de sistemas silvipastoris. Documentos, 84.
Rio Branco, AC: Embrapa Acre, 2003. 28 p.il.
ORELLANAA, E., KOEHLER, A. B. relações morfométricas de Ocotea odorifera
(vell.) Rohwer. Rev. Acad., Ciênc. Agrár. Ambient., Curitiba, v. 6, n. 2, p. 229-
237, abr./jun. 2008.
ROMAN, M.; BRESSAN, D.A.; DURLO, M.A. Variáveis morfométricas e
relações interdimensionais para Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.
Ciência Florestal, Santa Maria, v. 19, n. 4, p. 473-480, 2009.
SCOLFORO, J. R. S.; MELLO, J. M. Inventário Florestal. Lavras,
UFLA/FAEPE, 1997. 341p.
SEPOF (Pará). Estatística municipal. Belém, 2008. Disponível em:
<http://www.sepof.pa.gov.br/municipio.html>. Acesso em: 05 de maio de 2008.
85
TONINI, H.; ARCO-VERDE, M.F. Morfologia da copa para avaliar o espaço vital
de quatro espécies nativas da Amazônia. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.40,
n.7, p.633-638. 2005.
VEIGA, J. B.; SERRÃO, E.A.S. Sistemas silvipastoris e produção animal nos
trópicos úmidos: a experiência da Amazônia brasileira. In: Pastagens.
Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, FEALQ, p.37-68.1990.
86
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O inajá apresenta uma ampla ocorrência na Amazônia e tem grande
importância ecológica, social e econômica. Não existe diferença significativa
entre as características biométricas de árvores matrizes oriundas de
populações remanescentes de Bonito e de Nova Timboteua, municípios alvos
deste estudo.
Os cachos, frutos e pirênios de Attalea maripa apresentaram grande
variação morfométrica no comprimento, diâmetro e peso. Essas informações
podem ser consideradas importantes quando se pensa no uso sustentável
desta espécie para fins econômicos, sobretudo para produção de
bicombustível, extraído da amêndoa, assim como para a síntese de óleo do
mesocarpo, para fins alimentícios.
O inajá mostra-se promissor para o uso em reflorestamentos, devendo
ser aprofundados os estudos sobre tecnologia de semente, bem como sobre os
aspectos silviculturais, ecofisiológicos e econômicos.
O estudo sobre a tecnologia de sementes do inajá precisa ser
aprofundado, especialmente em relação à germinação. Pesquisas sobre
produção de mudas precisam ser conduzidas visando aperfeiçoar o sistema de
produção em escala comercial. Assim como, é preciso desenvolver pesquisas
sobre o manejo de populações naturais e o manejo da regeneração do inajá
em sistemas silvipastoris.
87
ANEXOS
88
ANEXO 1 - Coleta de cacho de Attalea maripa. Detalhes: Coleta de cacho com
foice adaptada a uma vara; B: cacho coletado; C: cacho colocado em saco de
ráfia para o transporte.
ANEXO 2 - Frutos presentes no cacho de Attalea maripa. Detalhes: A, frutos
maduros; B, frutos imaturos; C, frutos apodrecidos.
A
C
B
A B C
89
ANEXO 3 - Beneficiamento de parte do fruto de Attalea maripa, com auxilio de
uma prensa manual para caracterização morfometrica. Detalhes: A e B:
Retirada do perianto; C e D: Remoção do epicarpo.
ANEXO 4 - Caracterização morfométrica dos frutos de Attalea maripa. A:
Dimensões com uso do paquímetro; B: Determinação do peso das partes do
fruto; C: Quantificação do número de amêndoas.
B
A
C D
90
ANEXO 5 - Árvores de Attalea maripa (inajá) apresentando os cachos com
diferentes graus de maturação e floração (Figura 1A e 1B). Detalhes da
floração (1C); e de cachos com frutos imaturos com diferentes tamanhos (1D).
E
C
D
A
B
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo