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FUDAÇÃO UIVERSIDADE FEDERAL DE RODÔIA - UIR
CAMPUS DE GUAJARÁ-MIRIM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM CIÊCIAS DA LIGUAGEM
DICIOÁRIO SATERÉ- MAWÉ/PORTUGUÊS
Guajará-Mirim - RO
2010
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2
MARIA DE JESUS PACHECO RIBEIRO
DICIOÁRIO SATERÉ- MAWÉ/PORTUGUÊS
Dissertação de Mestrado em Ciências da
Linguagem para obtenção do título de Mestre
em Ciências da Linguagem, opção
Etnolinguística Indigenista, Universidade
Federal de Rondônia, Programa de Pós-
Graduação Mestrado em Ciências da
Linguagem.
Orientador:
Prof. Dr. Valteir Martins
Guajará-Mirim- RO
2010
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RESUMO
Este trabalho apresenta o resultado do levantamento lexical da língua Sateré-Mawé, que
tem como objetivo principal a elaboração do dicionário bilíngue Sateré-Mawé/Português. A
língua, objeto deste estudo, é classificada por Rodrigues (2002) inserida no tronco Tupi,
sendo uma língua isolada ao nível de família de um membro, falada por indígenas Mawé
ou Sateré, habitantes da região entre o baixo Tapajós, o Madeira e o Amazonas. Inclui ainda
conceitos básicos referentes aos conhecimentos da lexicografia e da língua foco deste estudo
com a fundamentação teórica pertinente. O corpus básico foi inventariado a partir de pesquisa
bibliográfica em documentos sobre e na língua e com falantes nativos em situação de
comunicação oral. O conjunto de léxico foi organizado em ordem alfabética, indicado por
uma entrada em Sateré-Mawé, seguido da classificação gramatical, de uma significação
correspondente em português, de um enunciado exemplificador e uma significação deste em
português. O inventário será, portanto, apresentado como dicionário de base científica, sendo
bilíngue Sateré-Mawé/Português, explicitado no escopo deste texto.
Palavras-chave: léxico, Sateré-Mawé/Português, dicionário.
4
ABSTRACT
This work presents the result of the lexical rising of the language Sateré-Mawé that
has as main objective the elaboration of the bilingual dictionary Sateré-Mawé/Português. The
language, object of this study, it is classified by Rodrigues (2002) inserted in the trunk Tupi,
being an isolated language at the family level of only one member, spoken by indigenous
Mawé or Sateré, habitants of the area among low Tapajós, the Wood and Amazon. It still
includes basic concepts regarding the knowledge of the lexicography and of the language
focus of this study with the pertinent theoretical recital. The basic corpus was inventoried
starting from bibliographical research in documents on and in the language and with native
speakers in situation of oral communication. The lexicon group was organized in alphabetical
order, suitable for an entrance in Sateré-Mawé, following by the grammatical classification, of
a corresponding significance in Portuguese, of a statement exemplificador and a significance
of this in Portuguese. The inventory will be, therefore, presented as dictionary of scientific
base, being bilingual Sateré-Mawé/Português in the mark of this text.
Word-key: lexicon, Sateré-Mawé/Português, dictionary.
5
FOLHA DE APROVAÇÃO
Esta dissertação foi julgada suficiente como um dos requisitos para obtenção do título de mestre
em Ciências da Linguagem, opção Etnolinguística Indigenista, e aprovada em sua forma final pela
banca examinadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Fundação
Universidade Federal de Rondônia.
Guajará-Mirim, __ de _____ de 2010.
Prof
a
. Dra. Geralda de Lima Vitor Angenot
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Linguagem.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Dr. Valteir Martins (orientador)
UEA – Manaus-AM
________________________________________________
Prof.Dr. Drª. Catherine Barbara Kempf
UNIR – Porto Velho/RO
________________________________________________
Prof. Dr. Dorosnil Alves Moreira
UNIR – Porto Velho/RO
6
DEDICATÓRIA
Ao meu esposo Jefson Vieira e aos meus filhos Thássio, Milana e Jackson pela
compreensão, amor, carinho e estímulo que sempre demonstraram ao longo da nossa vivência,
dedico-lhes o sucesso desta vitória alcançada.
7
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus onipotente que me deu forças e coragem para superar todas as
dificuldades ao longo dessa jornada.
Aos meus amigos da etnia Sataré-Mawé e colabores na construção deste trabalho
Cleucinete, Ernaldo e Amarildo.
Aos colaboradores informantes da etnia Sateré-Mawé Joãozinho, Teca, Lúcio, Agripino
que deram a base para este trabalho se desenvolver.
Aos meus irmãos Janaina, Frantomé e Jesuete pelo apoio incondicional na minha
caminhada rumo a esta conquista.
A todos meus irmãos que contribuíram direta ou indiretamente para o meu sucesso.
Ao meu amigo e orientador Valteir Martins pela gentileza e firmeza com que me
encaminhou para esta vitória.
Aos meus companheiros da Universidade do Estado do Amazonas que souberam ser
compreensíveis quando da minha ausência para os estudos.
Aos meus amigos da cidade de Guajará-Mirim pela generosidade com que me
acolheram naquela cidade.
As minhas sobrinhas Elizane e Rita pelo cuidado com meu filho na minha ausência.
A amiga Raynice pela força e paciência em prestar-me informações substanciais.
A minha amiga Arlete Barreto pela paciência para ler meus textos.
Aos meus pais biológicos Luis e Áurea e de criação Thomé e Maria do Carmo pelas
orações diárias.
A todos o meu mais profundo agradecimento com carinho e respeito.
8
EPÍGRAFE
Dizer do que é que não é, ou do que não é que é, é falso, enquanto que dizer do que é que
é, ou do que não é que não é que é, é verdadeiro.
(Aristóteles)
9
SUMÁRIO
ITRODUÇÃO ............................................................................................................
11
1 A METODOLOGIA IMPLEMETADA A PESQUISA.................................... 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 18
2.1 CONSIDERAÇÕES LINGUÍSTICAS FUNDAMENTAIS..................................... 18
2.2 DEFININDO A LEXICOLOGIA E TERMOS AFINS............................................ 20
2.2.1 A lexicologia e a lexicografia ................................................................................ 21
2.2.2 Léxico e lexema .................................................................................................... 22
2.2.3 Dicionários: relações de sentido e classificação ..................................................
24
3 O POVO IDÍGEA SETERÉ-MAWÉ: O REGISTRO DA LÍGUA
ESCRITA......................................................................................................................
28
3.1 CONSIDERAÇOES PRELIMINARES .................................................................. 28
3.2 OS SATERÉ-MAWÉ: SUA HISTÓRIA E SUA LÍNGUA.................................... 30
3.2.1 Breve relato histórico............................................................................................ 30
3.2.2 A língua materna da etnia Sateré-Mawé...............................................................
32
4 OS RESULTADOS DA PESQUISA....................................................................... 35
4.1 INVENTÁRIOS DOS SONS E GRAFIA NOS ESTUDOS DA LÍNGUA........... 35
4.1.1 O livro da FUNAI Aiwemu’e Hap (livro de apoio) ............................................. 35
4.1.2 Classificação dos fonemas, segundo Franceschini................................................ 36
4.1.3 Consoantes de vogais da língua Sateré-Mawé, segundo Raynice G. da
Silva.............................................................................................................................
37
4.1.4 As realizações sonoras nos relatos da mitologia de Uggê.................................. 38
4.1.5 Esboço gramatical da língua Sateré-Mawé no contexto deste estudo ......... 39
10
5 LEVATAMETO LEXICAL DA LÍGUA SATERÉ-MAWÉ ........................ 44
5.1 ORGANIZAÇÃO DOS VERBETES...................................................................... 44
5.2 LISTA DE ABREVITURAS LINGUÍSTICAS........................................................
54
6 DICIOÁRIO SATERÉ- MAWÉ/PORTUGUÊS..................................................
46
COCLUSÃO................................................................................................................
100
REFERÊCIAS ...........................................................................................................
102
APÊDICES .................................................................................................................
106
AEXOS ....................................................................................................................... 111
11
ITRODUÇÃO
Há muito que os indígenas brasileiros buscam recuperar os direitos que perderam com a
chegada do colonizador no país. As conquistas alcançadas por essa população dizem
respeito: i) à valorização da identidade da etnia, ii) às demarcações do território onde
habitam, iii) e, principalmente, ao reconhecimento perante as leis como cidadãos brasileiros
com as características de sua própria cultura, inclusive no que se refere ao uso da língua
materna. É neste sentido que a “Constituição Federal assegura às comunidades indígenas a
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem” (GRUPIONI,
2005).
Quando se trata das línguas nativas faladas no Brasil, de se considerar dois fatos
relevantes: a densidade linguística, da qual uma porcentagem considerável está localizada na
região amazônica, e o risco de desaparecimento de muitas dessas línguas. É inserido nesse
contexto que está a língua Sateré-Mawé, classificada como pertencente ao tronco Tupi
(RODRIGUES, 2002) falada pelo povo indígena Sateré-Mawé, que habita, principalmente
“na região do médio rio Amazonas, entre os estados do Amazonas e Pará”, posto que,
conforme pesquisas realizadas recentemente, em algumas áreas indígenas onde
concentração dessa etnia, as pessoas, principalmente crianças e jovens, estão deixando de
usar a língua em situação de comunicação, posto que “existem várias comunidades onde o
idioma Sateré-Mawé não é mais falado por uma quantidade expressiva, seja em casa ou na
comunidade (TEIXEIRA, 2005).
Embora o povo apoie a manutenção da língua materna, muitos fatores, como os novos
meios de comunicação (parabólica, TV, deo e outros) que estão presentes nas aldeias, a
busca por condições de vida do povo com melhor conforto, o interesse em que os filhos
tenham um nível de estudo para este fim, tudo isso influencia a perda da importância da
12
língua, pois os indígenas almejam um futuro diferente daquele que vivem nas aldeias. Desse
modo pretendem ter profissões de educadores, de enfermeiros, de médicos, de advogados,
entre outras e buscam funções públicas dos não índios, como por exemplo, ocupações em
cargos políticos administrativos. Para Franchetto et. al. (in: Cadernos de Educação Escolar
Indígena, 2004), “quando estamos diante de uma situação desse tipo, é este o momento ideal
para começar a documentação linguística e cultural, um trabalho que inclui, também, formas
de intervenção em apoio à preservação linguística e cultural”.
No caso da etnia Sateré-Mawé, várias ações fazem parte de sua realidade, pois já
existem estudos linguísticos realizados e projetos de revitalização em desenvolvimento.
Contudo os documentos da língua ainda não estão completos, principalmente no que diz
respeito aos dicionários. Embora existam listas de palavras elaboradas por pesquisadores,
assim como o documento bilíngue que foi elaborado por missionários religiosos, que está em
arquivos do conhecido SIL (Sociedade Internacional de Linguística), e o dicionário
monolíngue, Sateré-Mawé, conforme site, www.fapeam.am.gov.br/noticia.php?not=1746.
que está em andamento, elaborado por uma equipe de professores coordenados por
Fraceschini, ainda não existe um dicionário bilíngue nessa língua.
Por essas considerações, este trabalho apresenta o resultado de um levantamento do
léxico realizado a partir de documentos bibliográficos existentes e em contexto de
comunicação da referida língua indígena. O resultado está organizado, sequencialmente, com
entrada do verbete em ordem alfabética, seguida da classificação gramatical, conforme
estudos realizados por cientistas da mesma língua, o significado semântico, frases na língua
em estudo e em português para fim de elaborar um dicionário bilíngue Sateré-
Mawé/Português. Este visa contribuir tanto no plano teórico científico, focalizando os
estudos linguísticos indígenas no Brasil, como no plano social, fortalecendo o “mecanismo
de resistência cultural e de significado simbólico e político assumido pela língua indígena na
construção da identidade étnica” (TEIXEIRA, 2005) do povo que tem esse idioma como
língua materna.
No aspecto da ciência da linguagem, o estudo do léxico é importante para aprofundar as
informações sobre a língua, como afirma Borba (2003) “O terceiro nível de análise é o do
léxico ou vocabulário que procura determinar como os traços semânticos combinam para
constituir unidades significativas (semântica léxica), e como estas se combinam através de
seus traços para constituir a comunicação propriamente dita, que é obrigatoriamente
13
significativa (semântica textual)”. Assim, através da interação social, que se faz pela
linguagem, há possibilidade de conhecer a língua na sua mais profunda existência de uso,
pois “grande parte da interação social se faz pela linguagem que, por isso, aparece como
fonte geradora de sentidos e, por conseguinte, de signos” (idem).
Na busca dos significados no contexto de uso, leva-se em consideração a vida social da
população usuária da língua, neste estudo “não devemos esquecer [...] que apoio
estrategicamente mais eficaz é aquele que se destina a uma documentação participativa
associada com formas de intervenção positiva, com o objetivo de fortalecer línguas ainda
aparentemente “saudáveis” ou “seguras”, mas que mostram sinais de uma crise que poderá
resultar, muito rapidamente, em perdas linguísticas e culturais irreversíveis.”
(FRANCHETTO, 2004 P.24).
O plano social tem como parâmetro a tomada de consciência do povo indígena Sateré-
Mawé referente à atual situação da língua materna da etnia. Desse modo,
tendo como parâmetro [os] direitos conquistados pelos povos indígenas e
assegurados legalmente, a identificação do quadro educacional Sateré-Maleva
em consideração, em primeiro lugar, a situação linguística, uma vez que a ngua
(ou as línguas) utilizada pelo povo assume um papel central no processo de
aprendizagem e na construção da identidade étnica (TEIXEIRA,2005).
Por esse fato há um interesse desse povo indígena pelo estudo a ser realizado, posto que,
para as lideranças indígenas Sateré-Mawé, “está delineado no projeto étnico-social de
identidade e de desenvolvimento do povo o domínio do código escrito de sua língua.” (idem).
Como a educação no contexto das aldeias Sateré-Mawé é desenvolvida nas línguas
materna e portuguesa, o dicionário bilíngue é um fator positivo porque servirá como um
recurso a mais para consolidar processo ensino-aprendizagem de modo que possa fortalecer o
conhecimento da língua.
Este trabalho está distribuído em seis capítulos que delineiam o conhecimento
organizado sobre a língua da etnia em estudo: 1) no primeiro, faz-se referência à metodologia
implementada para alcançar os objetivos propostos; 2) no segundo, há uma abordagem
teórica que serviu de subsídio para a pesquisa; 3) no terceiro, há as considerações referentes à
comunidade indígena, cuja língua é o foco principal para o levantamento do léxico; 4) no
quarto, estão as abordagens referentes aos inventários dos sons e grafias nos estudos da
língua; 5) no quinto, tece-se considerações sobre o levantamento lexical da língua Sateré-
14
Mawé; 6) e, no sexto, apresenta-se o dicionário que foi organizada no processo da pesquisa.
Portanto, é na perspectiva argumentada acima que este estudo, por meio de uma
pesquisa bibliográfica e de campo, cujos sujeitos informantes foram os falantes nativos que
habitam nas aldeias e/ou na zona urbana da região do município de Parintins-AM, organiza
um dicionário bilíngue preliminar, como contribuição para o conhecimento científico e
significado social ao povo Sateré-Mawé.
15
1 A METODOLOGIA IMPLEMETADA A PESQUISA
A metodologia utilizada neste trabalho envolveu um estudo bibliográfico e pesquisa de
campo. Foram desenvolvidas três etapas: i) realizou-se uma investigação em bibliografia de
leigos e cientistas da linguagem que abordam ngua usada pela etnia Sateré-Mawé; ii) o
fenômeno
1
linguístico foi identificado em contexto de comunicação dos falantes nativos, na
busca real de conhecimentos referentes à língua; iii) com os dados registrados, conjuntamente
com a equipe, foi organizado o dicionário bilíngue.
Na primeira fase da pesquisa, que ocorreu no período compreendido entre março de
2008 a fevereiro de 2009, realizou-se um levantamento de obras para a pesquisa documental
que se deu em obras escritas sobre e na língua foco do estudo, englobando: tese de doutorado,
dissertação de mestrado, artigos publicados, livros utilizados no contexto educacional, obras
de relatos mitológicos, obras religiosas e literárias (poemas, cantos, brincadeiras infantis).
Para definir a substância constitutiva do banco de dados do levantamento lexical da
língua, foi digitada uma lista de palavras básicas destacadas dos documentos escritos na
língua em estudo para posterior busca de significado, considerando, nesse contexto, o
conteúdo do material escrito coletado, para ser o corpus do objeto de estudo - a língua Sateré-
Mawé. Nessa etapa também ficou definido todo o arcabouço metodológico do estudo,
(BOAVENTURA, 2004). Nessa etapa foi feita a seleção do “conjunto de processos mediante
os quais se torna possível chegar ao conhecimento de algo” como afirma Cervo; Bervian
(apud GONÇALVES, 2005).
A partir dessa concepção deu-se sequência na organização dos procedimentos
sistemáticos, visando os objetivos previstos para o estudo evidenciado, que era fazer um
levantamento do léxico da língua Sateré-Mawé para a elaboração de um dicionário bilíngue
Sateré-Mawé/Português. Esse direcionamento foi fundamental para desenvolver um estudo
científico de qualidade a partir do banco de dados constituído.
Os documentos encontrados foram analisados, registrados e documentados, em
anotações referentes aos estudos da língua em evidência. Os documentos escritos incluem o
1
Para Barros e Lehfeld (apud GONÇALVES, 2005 p.33) “os fatos acontecem na realidade, independente
da haver ou não quem conheça, mas, quando existe um observador, a percepção que ele tem do fato é que se
chama fenômeno
”.
16
estudo da fonética e da fonologia, aspectos relacionados à morfologia e outras noções
gramaticais. Foram, ainda, utilizados trabalhos escritos na língua em estudo, incluindo
cartilhas pedagógicas, outros textos escritos direcionados ao uso educacional, relatos de
lendas e mitos e textos literários produzidos por nativos usuários da língua.
Os procedimentos tiveram sequência, verificando-se as semelhanças e as divergências
nos estudos científicos referentes ao inventário fonológico, analisando o conhecimento sobre
a gramática em geral da língua, conhecendo a história e a vivência social da etnia Sateré-
Mawé.
Nesta fase da pesquisa as constatações foram alcançadas, partindo dos aspectos
constitutivos do conteúdo bibliográfico existente, para ser complementado, na sequência,
através da observação da oralidade em contexto de comunicação, visando organizar o léxico
da língua em estudo ora apresentada neste trabalho.
Na segunda fase foi desenvolvida a pesquisa de campo, no período compreendido entre
março e novembro de 2009. Nesse momento foram coletados dados a partir da expressão oral
dos usuários nativos. Através da observação direta e por meio de entrevista sistemática, ora
individual, ora em equipe, no contexto familiar dos falantes nativos na área urbana da cidade
de Parintins-AM e nas comunidades indígenas rurais da região do rio Andirá, o conteúdo foi
sendo constituído.
O trabalho de campo ocorreu pela proposta de realizar um levantamento do léxico da
língua Sateré-Mawé com falantes nativos em contexto de comunicação, considerando que
precisava ser feita uma coleta de dados padronizados e reais. O fenômeno foi observado,
registrado, analisado, interpretado e classificado sem interferência na realização de uso da
língua em estudo, no contexto social dos informantes, para que o corpus tivesse a maior
originalidade possível. Há de se considerar nessa circunstância que o conhecimento dos
vocábulos e respectivo significado em contexto de comunicação é um aspecto fundamental
desta pesquisa, para se chegar ao conjunto lexical da língua.
Os informantes nativos participaram diretamente com o inventário da língua,
registrando, ora em anotações, ora em gravador digital, ora adequando a grafia da língua a ser
utilizada no trabalho.
Da equipe de colaboradores, entre os que moram na zona urbana da cidade de Parintins
e os da zona rural nas comunidades situadas no rio Andirá, constituiu-se uma efetiva
17
população heterogênea, incluindo participantes de eventos como reunião e encontros festivos,
entrevistas com adultos, idosos e lideranças nas comunidades indígenas.
Na sequência do estudo, os dados foram coletados em realização de encontros para a
produção de textos orais e escritos referentes aos mitos, às crendices, às narrativas e aos
costumes no contexto das aldeias, de cujo conteúdo foram destacados os vocábulos, que são
constitutivos do presente trabalho. Houve a participação em reuniões para tomada de decisões
nas comunidades indígenas do Andirá, como mostram os textos e figuras nos anexos.
Após cada encontro, os dados foram digitados e sistematicamente analisados, a partir de
fundamentos teóricos concernentes ao corpus para ser a base do dicionário de fundamento
científico, bilíngue Sateré-Mawé/Português.
Na terceira fase, foi formada uma equipe constituída de falantes nativos da língua. São
jovens que estudam na zona urbana de Parintins, mas retornam para as comunidades
indígenas no período das férias escolares. Entre eles uma jovem de 35 anos, graduanda de
letras da Universidade Estadual do Amazonas, dois jovens de 20 e 21 anos idade que cursam
o ensino médio em escolas públicas. São oriundos das comunidades da região do rio Andirá,
conforme informações em questionários anexos.
Conjuntamente com essa equipe, os dados foram categorizados, tabulados, interpretados
e analisados, identificando e classificando as palavras nas diferentes categorias gramaticais
objeto de estudo. A partir dos resultados alcançados, o léxico foi organizado em um pequeno
dicionário de base científica bilíngue Sataré-Mawé/Português, para informação na
comunidade científica e utilização pela comunidade falante ou não falante da língua.
Todo o conteúdo ordenado e organizado constituiu o corpus classificado e listado ora
apresentado no escopo deste trabalho, visando uma contribuição científica na área da
etnolinguística indigenista, focalizando a língua Sateré-Mawé e respectiva correspondência na
língua portuguesa. O léxico, adequadamente organizado em dicionário, teum registro em
CD que poderá ser complementado periodicamente pelos usuários.
18
2 FUDAMETAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONSIDERAÇÕES LINGUÍSTICAS FUNDAMENTAIS
Os seres humanos estabelecem relações complexas uns com os outros, por meio de
gestos, posturas, olhares, contato físico, entre outros. Os sons que são emitidos por uns e
escutados por outros, inferem um significado, possibilitado a comunicação. Tudo isso
caracteriza a linguagem humana. Esta tem sido objeto de interesse, ao longo da história, desde
que o homem começou a buscar explicação para a ocorrência do fenômeno, que demanda o
produto da comunicação entre os homens, a qual tanto pode ser a linguagem verbal (oral e
escrita) como as linguagens não verbais.
Embora tenham sido os filósofos a darem início aos estudos linguísticos principiados
como ramo da filosofia, a escrita, por sua vez, é a base para a definição da história da
civilização. A partir dessas concepções foram intensificados todos os estudos voltados para o
conhecimento linguísticos, definindo língua e fala, distinguindo as diferentes línguas
existentes, destacando as respectivas descrições e representações sonoras ou gráficas,
incluindo a constituição do conjunto dos vocábulos utilizados em contexto de comunicação
social.
O estudo referente à linguagem, à língua e fala que fazem parte do material da
Linguística “constituída inicialmente por todas as manifestações da linguagem humana” e esta
“tem um lado individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro”
(SAUSSURE, p.17, 1995).
A linguagem é um termo que apresenta mais de um sentido. Tanto pode se referir a todo
processo de comunicação, incluindo a linguagem dos diversos animais, por exemplo, das
baleias, dos pássaros, a linguagem do corpo, das artes, dos sinais, entre outros. Mas também
pode ser explicitada como a capacidade exclusivamente humana, que possui características
específicas como a técnica articulatória, a base neurobiológica, cognitiva e sociocultural e
comunicativa (MARTELLOTA, 2008).
Saussure diz que “a linguagem é multiforme e heteróclita; a cavaleiro de diferentes
domínios, ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica, ela pertence, além disso, ao domínio
individual e ao domínio social”. Neste sentido “a linguagem é o mais eficiente processo de
ação e interação social de que o homem dispõe”, como afirma Borba (2003). Por isso mesmo
a linguagem é a faculdade de expressar estados mentais por meio de sistema de sons vocais
chamados língua, sendo a faculdade da espécie humana que pode ser falada e escrita.
19
Quando se trata de explicar sobre a língua, Bisol (1996, p.11) diz que esta “constitui o
meio mais completo de comunicação entre as pessoas” pela simplicidade e naturalidade que
ela é apreendida no meio social, sem que o falante, mesmo sendo uma criança, não se
conta da complexidade da sua organização interna. Para Saussure, a
língua não se confunde a com a linguagem; é somente uma parte determinada,
essencial dela indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da
faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo
corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.
(1995
p.17).
No que concerne à definição do termo língua, no contexto da ciência da linguagem, foi
Saussure que classificou como o “sistema de signos que exprimem ideias”, ou seja, sons
vocais que se processam através de signos verbais. Assim é um sistema que permite a
comunicação entre os indivíduos de uma comunidade linguística, constituído por um conjunto
de palavras e expressões usadas por um povo, por uma nação, que se utiliza de regras
internas, a gramática, para comunicar suas emoções, pensamentos em interação verbal.
Segundo Weedwood (2008, p.108) “uma língua não é um conjunto de enunciados
produzidos pelos falantes, mas os princípios ou regras subjacentes que possibilitam aos
falantes produzir tais enunciados e, mais que isso, um número ilimitado de enunciados.”
Para Saussure “a língua constitui algo adquirido e convencional, [...] de natureza
homogênea”. Furlan (2006) explica que:
Língua é um sistema de signos verbais articulados entre si [...] que é utilizado
pelos membros de uma comunidade para expressarem suas mensagens e que
funciona mediante regras e coerções. Ela consta, pois, de: a) um sistema de sons
vocais composto de unidades mínimas capazes de distinguir palavras de sentido
diferente, isto é, de fonemas [...]; b) um sistema de formas, composto de unidade
mínima portadoras de significação gramatical interna nos vocábulos e nas frases,
isto é, de morfemas [...]; um sistema de padrões frasais, composto de sintagmas
(conjunto ou locuções capazes de desempenhar funções sintáticas, [...], isto é de
frases. (p.22)
O que na proposição de Bakhtin (1997, p. 127) “a língua constitui um processo de
evolução ininterrupto, que se realiza através da interação verbal social dos locutores”. Não
se pode deixar de mencionar que as línguas são dinâmicas e variáveis, como organismos que
se desenvolvem no tempo e no espaço, sendo, assim, “o produto social depositado no cérebros
de cada um” ( idem, SAUSSURE) membro de um grupo social que a utiliza comumente como
forma de comunicação.
20
A língua, portanto, é uma instituição social de caráter abstrato, exterior aos indivíduos
que a utilizam, pois cada membro de uma dada comunidade pode usar a língua de forma
particular, criando um ato individual de vontade e inteligência, que se concretiza através da
fala (ou da escrita). Foi Sapir quem visualizou uma perspectiva alternativa sobre a linguagem
em 1921, ao sugerir que a linguagem influencia a forma como os indivíduos pensam. Nessa
visão “um observador sobre o mundo ao seu redor é controlada de alguma forma fundamental
pela linguagem que ele usa” (Wikipedia, 2010).
Sendo uma manifestação cultural da linguagem na visão de Bastos e Candioto (2007,
p.15) “a fala [...] é o modo particular e individualizado pelo qual o utente exercita a língua. A
fala é o exercício material da língua levado a cabo por este ou aquele indivíduo pertencente a
uma comunidade linguística específica”.
Conforme Ponzio (2007), ao fazer uma abordagem generalizada:
A fala tem uma função especificamente comunicativa, ao passo que a
linguagem constitui em primeiro lugar um procedimento de modelo que, apenas em
segundo momento quando, com o surgimento da forma primitiva do homo sapiens, o
falar permitiu a sua exteriorização, assumiu também uma função comunicativa,
ampliando no plano quantitativo, mas transformando qualitativamente as
capacidades comunicativas dos procedimentos não verbais possuídas pelo ser
humano em comum com outros animais (p.118).
Todos esses conceitos são elementos de interesse da Linguística, que é o estudo dos
elementos constitutivos da linguagem articulada das formas diversas que assumem ou podem
assumir esses elementos como o estudo da fonética e da estrutura das línguas.
Desse modo o estudo científico da linguagem, manifestada como língua, feito, pois, à
base de observações controladas e verificáveis empiricamente e com referência a uma teoria
geral da estrutura dela, pode-se estudar diferentes línguas como as dos povos indígenas do
Brasil.
2.2DEFININDO A LEXICOLOGIA E TERMOS AFINS
Cada sociedade tem sua própria língua e toda língua tem seu conjunto de vocábulos que
vai constituir o léxico dessa língua, cujo significado está inserido em um estudo semântico. A
semântica como o estudo da significação das formas linguísticas possui uma vinculação
restrita entre o sentido concreto – o significante - e o abstrato – o significado, sendo concebida
por Saussure que cada termo linguístico é um pequeno membro, um articulus, em que uma
21
ideia se fixa num som e em que um som se torna o signo de uma ideia” (1995, p.131).
Estudiosos da linguagem como Borba (2003) afirmam que a Semântica é um ramo da
semiótica que se ocupa da significação ou dos sentidos veiculados pela linguagem.
Organizar uma língua, quanto a seu léxico, significa interpretar a relação dos falantes
com essa língua, identificando o que esta representa na realidade histórica e social. Borba
(2003, p.225) diz que,
se se entender, de um modo bem amplo, a significação ou o sentido como
possibilidade de interpretação, facilmente se perceberá que toda atividade social é
produtora de significações uma vez que a todo momento estamos sendo chamados a
interpretar (entender, avaliar, reagir) às mais diversas situações da vida comunitária.
A significação é veiculada por signos e, portanto, a vida social está impregnada
deles.
Esse conhecimento necessita ser efetivado, portanto, pela área específica que é a
lexicologia e a lexicografia.
2.2.1 A lexicologia e a lexicografia
Na perspectiva histórica e social, existem aspectos associados às unidades lexicais
2
de
uma determinada língua que, de maneira constante e sistemática, necessitam ser analisados
através de estudos sistematizados pela lexicologia e registrados pela lexicografia. Conforme
Cabral (1988) a “lexicologia é a parte da linguística que se ocupa com a descrição dos
conjuntos de palavras em cada sistema linguístico, sendo uma de suas principais subdivisões a
lexicografia, que trata da elaboração de dicionários” (p. 151).
Como um ramo da linguística a lexicologia visa o estudo científico
do acervo de
palavras de uma dada língua, traçando um aprofundamento desta sob diversos aspectos: a
origem, a forma, o significado entre outros. Weiss (1998) diz que “a lexicologia abrange a
morfologia e a semântica lexical, com sua aplicação técnica na lexicografia, tendo como
tarefa a descrição da estrutura e da função das unidades do léxico”.
Matoso Câmara Jr.(2007, p.195) explicita que a lexicologia é um “termo usado por
alguns gramáticos para designar o estudo dos vocábulos, tanto em flexão, quanto nos
processos para sua derivação e composição”. Isto envolve um “estudo dos morfemas
2
SILVA (2003) destaca que unidades lexicais podem ser os itens passíveis de terem sua própria entrada no
dicionário da língua. Tais itens podem ser constituídos de temas, temas flexionados (derivação), compostos
(mais de um tema) ou expressões (constituídos de vários elementos estruturais com um sentido único).
22
flexionais e dos morfemas lexicais, que servem para formar novas palavras na base de uma
palavra primitiva”.
Nesse sentido, o estudo do inventário do léxico de uma dada língua precisa ser
fundamentado por conhecimentos que advenham de uma teoria semântica geral para poder
definir os termos básicos a serem listados. Segundo Borba (2003, p. 226), “uma teoria
semântica geral é uma teoria dos universais semânticos. A partir daí é que se verifica como
eles se realizam em línguas particulares, ou melhor, como funciona o componente semântico
das línguas naturais”.
Infere-se ainda uma teoria de referência, posto ser esta que pode esclarecer as relações
entre a língua e a realidade, pois “para todos os falantes de uma mesma língua deve ter um
certo número de conceitos e valores mais ou menos uniformes que permitam a comunicação”
A partir dos estudos semânticos, pode-se focalizar as unidades léxicas e a combinação
destas em enunciados comunicativos. É nessa perspectiva que o estudioso que se interessa em
listar as unidades lexicais de uma dada língua busca “captar o valor significativo da unidade
codificada – a palavra” – que forma o conjunto formador do léxico em evidência.
Na propositura da elaboração do dicionário de uma dada língua, a lexicografia aparece
como o estudo metódico, o que implica na enumeração e significação dessa língua. Para Maia
(2006, p. 114) a lexicografia é “uma disciplina linguística importante e de grande relevo para
o desenvolvimento de políticas e manutenção e revitalização linguística”. É a cientificidade
instrumental, a técnica de redigir o dicionário com o léxico sistematicamente organizado.
Nesse labor, a formação de uma equipe, responsável pela dita língua, é fundamental
para poder se levantar os verbetes a partir de fontes reais que é usada pelos falantes nativos e
desse modo conceber uma organização bem desenvolvida para o registro em dicionário.
2.2.2 Léxico e lexema
O léxico pode ser definido como o acervo de palavras de um determinado idioma. Em
outras palavras, é todo o conjunto de palavras que as pessoas de uma determinada língua têm
à sua disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito. Vilela (apud WEISS, 1998, p.21)
descreve o léxico como “o conjunto de unidades linguísticas básicas (morfema, palavras e
locuções) próprias de uma língua, e a competência lexical do falante/ouvinte.”
Para Lyons (1987) o léxico de uma ngua é complementar à gramática na medida em
que o vocabulário “não lista os lexemas da ngua como também associa a cada lexema
todas as informaçoes necessárias às regras da gramática”. E ainda reforça que “nem todos os
23
lexemas são palavras” porque “muitos são lexemas sintagmáticos”. Por outro lado,
lexemas com vários significados que receberão significado de acordo com o contexto de uso.
Na afirmação de Câmara Jr., o termo léxico pode ser sinônimo de vocabulário, e desse
modo é “o conjunto de vocábulos de que dispõe uma língua dada”. Mas também pode assumir
um sentido especializado que é “a parte do vocabulário correspondente às palavras, ou
vocábulos providos de semantemas da língua, vistos através de sua integração em palavras”.
O léxico tem a caracterização da mutabilidade, uma vez que ele está em constante
movimento. É notar o fato de que palavras se tornam arcaicas, outras são incorporadas,
outras mudam seu sentido. Tudo isso ocorre de forma gradual e quase imperceptível no
contexto de uma língua o que
traduz a experiência cultural acumulada por uma sociedade
através do tempo. Desse modo o léxico passa ser concebido como o patrimônio vocabular de
uma comunidade linguística, através de sua história, sendo um acervo que é transmitido de
uma geração para a geração seguinte.
O inventário aberto de palavras que constitui o léxico é empregado pelo usuário da
língua, que utiliza o léxico disponível no seu idioma, para a formação do seu vocabulário,
importante na própria expressão no momento da fala e para a efetivação do processo
comunicativo.
Assim, o vocabulário de um indivíduo caracteriza-se pela seleção e pelos empregos
pessoais que ele faz do léxico. Quanto maior for o vocabulário do usuário, maior a
possibilidade de escolha da palavra mais adequada ao seu intento expressivo, e parte do léxico
de um dado idioma pode ser encontrado listados em diversos tamanhos, desse modo quanto
maior o tamanho, maior é o conjunto de palavras e definições que poderão ser contempladas
com um espaço naquela obra.
O lexema na explicação de Matoso Câmara (1997 p.193) tem duas definições
qualificadas: a primeira na concepção da escola norte-americana, “designa um segmento da
enunciação que é a forma livre e se opõe a outros para construir a frase”, denominado de
monema
3
:
com mais precisão e rigor tecnológico que a palavra assinala o caráter de unidade
significativa e mórfica do segmento fônico considerado mediante a combinação do
radical do grego lexis “palavra com o sufixo –ema, que indica [...]
sistematicamente uma realidade linguística acima da realidade física. (p.193).
3
Um morfema, que é a parte fônica mínima com significado linguístico recebe também a designação de
monema “em virtude de sua indivisibilidade, do ponto de vista formal, isto é, como conjunto de significante e
significado” (CÂMARA JR., 1997).
24
A segunda concepção é de Martinet, como explicita Câmara Jr. “que designa [...] um
dos tipos de forma mínima correspondente ao [...] semantema
4
.” É, portanto, o léxico como o
conjunto de unidades linguísticas que será inserido no processo de feitura de um dicionário
porque contém a significação da língua.
2.2.3 Dicionários: relações de sentido e classificação
Elaborar o dicionário de uma língua infere fazer o registro do léxico que constitui uma
dada língua, permitindo o acesso dos usuários ao conhecimento semântico essencial para a
interação social da comunidade. Esse trabalho requer uma pesquisa sistemática inserida na
técnica lexicográfica. Neste sentido Vilela (apud SILVA, 2003) trata “o léxico como um
conjunto de todas as unidades lexicais/palavras de uma língua, que capacita os falantes de
uma determinada comunidade linguística a interagirem entre si. Nestes termos, o léxico de
uma língua é visto como o dicionário ideal”.
Na visão de Cabral (1988), um dicionário da língua oportuniza ao usuário da ngua
escolher a palavra adequada para utilização em contexto comunicativo verificando,
os traços semânticos essenciais através dos quais as palavras se relacionam umas
com as outras de modo que o falante, tendo-os incorporado, sabe escolher dentro de
várias possibilidades aqueles adequados a entrar num determinado contexto e não
outros; é capaz de atribuir a significação correta a itens lexicais que apresentam mais
de um traço semântico, o que poderia criar ambiguidade
(p.151)
.
Na discussão sobre o termo dicionário, Ferreira (1988) o define como conjunto de
vocábulos de uma língua ou de termos próprios duma ciência ou arte, dispostos, em geral,
alfabeticamente, e com o respectivo significado, ou a sua versão em outra língua”. É no
processo de dicionarização que o estudioso refine e amplia os lexemas que estão organizados
no “dicionário mental” em “campos semânticos” do falante como firma Maia (2006), cujas
unidades lexicais devem fazer parte do conteúdo do dicionário.
Para conhecer a significação dos lexemas existem certas relações estabelecidas entre
os vocábulos da língua que devem ser levadas em consideração. Pode-se dar destaque a:
hiponímia, hiperonímia, sinonímia, antonímia, homonímia e polissemia.
4
Da-se esse nome ao elemento formal que simboliza na língua o ambiente biossocial em que ela funciona.
(idem)
25
Quando a relação caracteriza maior especificidade inserida numa dada cadeia de
significados a este termo dá-se o nome de hiponímia. Por outro lado pode existir uma relação
de menor especificidade de significados entre os vocábulos da língua, que se estabelece com
base na menor especificidade do significado de um deles. No entanto apresenta características
de outros pertencentes à mesma cadeia de significado: é o que se chama a hiperonímia (id.
p.111).
Para Sapir, (apud CABRAL,1988) os sistemas linguísticos apresentam uma evolução
muito mais lenta do que os demais fatores da cultura, contudo a linguagem funda a realidade.
Nesse contexto “o léxico é o componente mais flutuante e mais sensível às mudanças
culturais”. Assim as outras relações expressam a cultura e revelam os interesses culturais da
comunidade falante, nesse contexto na relação de sinonímia os significantes são distintos, mas
tem identidade de significado. “Mas não dois lexemas em nenhuma língua cujos
significados sejam exatamente idênticos (MAIA 2006).” Já pela relação de antonímia o
lexema que tem significados opostos.
Por sua vez os homônimos são lexemas que tem formas idênticas, contudo os sentidos
não estão relacionados, porque não tem traços semânticos ou semas
5
comuns. Por fim a
situação da polissemia que se refere ao fato de um mesmo lexema ter mais de um significado,
havendo relação entre si, ou seja, possuem semas comuns. Todos esses conhecimentos que o
lexicógrafo deve ter ciência para não incluir verbetes com sentido equivocado.
Sendo o dicionário o registro dos vocábulos que engloba todo conhecimento
internalizado da linguagem verbal de uma língua, indicando as diferentes acepções de formas
de uso, é significativo que existam diversos tipos de dicionários. O que leva a caracterização é
a finalidade para que aquele se propõe.
Marcos Maia (2006) apresenta os dicionários: i) dicionários de língua materna que
registram os vocábulos de uma língua podem conter informações gerais, gramaticais, etc.;
ii) dicionários bilíngues aquele que põe em correspondência os vocábulos de uma língua com
os equivalentes de outra; iii) dicionários poliglóticos que põem em correspondência os
vocábulos de uma língua com os equivalentes de duas ou mais línguas.
Por sua vez, Wess (1998) apresenta dicionários mais específicos, fazendo a listagem:
5
Traço semântico mínimo não passível de ocorrência independente (Dicionário Aurélio).
26
- dicionários gerais: do padrão da língua;
- dicionários especializados: de uma determinada área da língua (sinônimos, gírias,
etc.);
- dicionário técnico-científico: física, economia, etc.;
- enciclopédia: obra de referência com informações máximas sobre o mundo
(extralinguístico), organizado por conceitos: é um estoque de conhecimento geral,
- dicionários monolíngues: em uma só língua e na mesma língua com definições por
sinônimos ou perífrase;
- dicionários bilíngues ou multilíngues: fornecem equivalentes da língua fonte na
língua alvo;
- de ordem inversa: uso para rimas, poesia, etc.;
- dicionário histórico: dando o vocabulário de determinada época, etimológico, etc.;
- analógico: tesauro ( agrupamento de sinônimos em campos semânticos);
- concordância: mostrando as palavras em determinados contextos.
Processando a elaboração de um dicionário, é importante definir a estrutura formal da
apresentação dos verbetes
6
, ou seja, como apresentar as informações de cada entrada nele
constantes. Maia (2006) diz que os dicionários bilíngues geralmente contêm: entrada lexical,
categoria lexical, frases de exemplificação de uso, expressão idiomáticas, algumas
informações gramaticais, a pronúncia, sinônimos, acepções diferentes separadas por
algarismos.
No seu dicionário Silva (2003) utilizou o que denominou de aspectos, aquilo que
Weiss (1998) chama de microestrutura, formando o conjunto de informações das palavras-
entrada:
. a classificação gramatical da unidade lexical;
• a indicação de homofonia quando ocorrer;
• os diferentes sentidos das unidades lexicais polissêmicas;
subclasses de temas;
• ilustração em Parakanã da unidade lexical dentro de um contexto;
• tradução do sentido em Português da unidade lexical ilustrada;
remissão para outras unidades com características semânticas relacionadas
(sinônimos ou antônimos);
• notas gramaticais e antropológicas quando necessárias;
• nomes científicos nos casos referenciados por Literatura especializada
O conteúdo final de um inventário lexical de uma língua deve ter a precisão referente
ao conhecimento dos veis da significação existentes nas formas linguísticas dessa língua.
Posto que isso representa o registro que caracteriza a língua, o qual “é produto da fala e ao
mesmo tempo seu instrumento”. Bastos e Candiotto (2007, p. 17) afirmam: “a língua é um
sistema de signos socializados e a fala ou discurso é a atividade linguística nas múltiplas
facetas da vida individual”, portanto, toda representação simbólica da língua em evidência
será, ao mesmo tempo, a referência de interação social da comunidade que dela faz uso.
6
Na organização dum dicionário, glossário, ou enciclopédia, é o conjunto das acepções e exemplos
respeitantes a um vocábulo. (id.)
27
Por fim o estudioso lexicógrafo tem a função precípua de analisar como deve ser o
dicionário de uma língua, quem será/serão os seus autores? Para que irá servir? Como serão
os verbetes? Todas estas questões devem ser exaustivamente avaliadas para produzir um
trabalho realmente, compromissado com o conhecimento linguístico e a realidade sócio
cultural dos falantes da língua.
28
3 O POVO IDÍGEA SETERÉ-MAWÉ: O REGISTRO DA LÍGUA ESCRITA
3.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O conhecimento inicial referente aos estudos linguísticos indígenas teve a contribuição
dos missionários colonizadores, cujos saberes resultaram em substancial significação. Foi a
partir do primeiro contato com os nativos Tupi, ocupantes do litoral, que ocorreu a
identificação da semelhança que havia entre as línguas, criando-se um protótipo das línguas
indígenas. Sobre esse fato Câmara Jr. (1979), afirma que:
O primeiro contato da ciência ocidental com as línguas indígenas do Brasil
foi através dos missionários nos primeiros tempos da colonização. Esse contato
caracterizou-se por certos aspectos que tiveram consequências muito importantes, de
grande repercurssão, no desenvolvimento posterior dos estudos (p.99).
Documentos de historiadores e estudiosos da linguagem dão conta da “multiplicidade
das línguas indígenas”, que existiam quando os europeus aportaram no Brasil no século XVI.
Embora haja divergências quanto ao número delas, tem-se a referência de que não havia
apenas uma, mas várias, considerando que existiam diferentes grupos ou povos indígenas de
culturas diversificadas.
O jesuíta Fernão Cardim, (apud. SILVA, 2004, p.77) relata a heterogeneidade das
nações que não habitavam a área litorânea conhecida àquela época: “Todas estas setenta e seis
nações de Tapuias, que têm as mais deles diferentes línguas,[...] são contrários quase todos do
gentio que vive na costa brasileira”
A origem dessas línguas faz parte do mesmo tronco como Silva (idem) explica:
Nos estudos de linguística indígena contemporâneos, essas diversificadas
línguas pertenceriam ao tronco linguístico macro-jê, que se estenderia pelos
interiores do Nordeste até o meio norte; pelos cerrados do Brasil central até o sul
oriental; para o Sul do Brasil ocupariam áreas de São Paulo, Paraná e Santa
Catarina.
Contudo, Aryon Rodrigues (1986, p.73) diz que, segundo conhecimentos atuais,
“Muitas línguas indígenas faladas no Brasil constituem famílias linguísticas que não se
incluem em nenhum dos grandes agrupamentos genéticos” como: Tupi, Macro-Jê, Karib e
Aruak. Mas são famílias,
com distribuição geográfica mais restrita, compreendendo, em regra, menor número
de línguas. Em sua maioria situam-se na Amazônia, distribuindo-se ao longo de uma
espécie de arco que coincide em sua extensão com as mais recuadas fronteiras do
Brasil, desde o Pantanal matogrossense, ao sul, até a fronteira com a Venezuela, ao
norte.
29
Dos milhares de indígenas que habitavam o Brasil o que a história deixa evidente é que
ocorreu a destruição de muitas nações que se deslocaram para o interior do país na busca de
sobrevivência que ainda precisam ser estudadas para se conhecer tanto da sua cultura,
incluindo as línguas que usavam para se comunicar. Como afirma Silva (op. cit. p.81):
Sabemos que o índio brasileiro foi dizimado no litoral no século XVI, mas
sobrevive ainda hoje nos interiores brasileiros, em pequenos grupos populacionais,
um conjunto de 150 a 180 línguas, faladas por uma população que começa a crescer,
mais ainda está à volta de 250.000 indivíduos.
Na percepção de Arruda (in: GRUPIONI et. al. 2001):
As populações indígenas que sobreviveram ao genocídio iniciado com a
invasão europeia na América, e mesmo os povos de contato mais recente que
superaram os choques dos primeiros anos de envolvimento com o ‘mundo do
branco’, tem apresentado nas últimas décadas um crescimento em taxas maiores do
que a população brasileira (p.54).
Nessa perspectiva pode-se constatar que as sociedades indígenas não estão em estágio
terminal, que apesar de todas essas situações, retomam sua dignidade por meio de lutas que
tanto podem ser pacíficas como de modo mais rigoroso chegando à violência.
Na atualidade o Governo Federal infere aos índios os direitos que teriam normalmente
como qualquer brasileiro, mas ainda necessitam de tutela para conseguirem o que teriam por
garantia social de cidadãos. Cunha (in: PONTES FILHO, 2000, p.99) a questiona: “Que
direitos são esses? Minimamente, direitos históricos aos seus territórios, que os estados têm o
dever de garantir, direito a serem reconhecidos como povo, e direito, como todos os
segmentos sociais deste país, à cidadania, isto é, à organização e representação”.
Nessa perspectiva é importante que não se deve tratar o indígena como se fosse um ser
que merece ser cuidado especial, um ser sem capacidade de refletir sobre a sua organização
social, a sua própria existência. Da Matta (1987) evidencia que as injustiças aos indígenas
devem ser denunciadas, e afirma: “isso não deve ser feito em nome de uma atitude
condescendente, superior, como se eles fossem uma espécie de humanidade em extinção,
liquidada por seu próprio atraso cultural” (p.12)
A partir de tanto tempo de contato com uma sociedade marcadamente letrada, os
indígenas compreenderam que precisavam ter o domínio da escrita para saírem da situação de
desvantagem na qual foram inseridos historicamente. Essa questão interfere
30
consideravelmente no que concerne ao uso da língua materna de cada etnia
7
que ainda existe
no Brasil. Para Raynice Silva (2005).
A preocupação coma a perda da diversidade linguística e com o processo de
descaracterização cultural aparece em muitos estudos de documentação e descrição
desse patrimônio, feitos por linguistas e recentemente pelos próprios índios que
tomam consciência de sua importância no cenário cultural e social brasileiro.
Essa preocupação está presente no contexto do povo Sateré-Mawé, nação indígena que
ocupa uma área demarcada desde 1994, no estado do Amazonas, terra indígena Andirá-
Marau, que apresenta uma divisão, onde a região do rio Marau está ligada a Maués e a região
do rio Andirá à Barreirinha, assim como o rio Uaicurapá (Anexo 1, v. mapas 1 e 2,). No
contexto social desse grupo há evidências de políticas internas das lideranças, buscando
formas de fortalecimento da cultura através de ações de projetos para a manutenção da
identidade da etnia.
3.2 OS SATERÉ-MAWÉ: SUA HISTÓRIA E SUA LÍNGUA
3.2.1 Breve relato histórico
Ao longo dos anos a história do povo Sateré-Mawé, vem sendo registrada por leigos e
cientistas da linguagem, historiadores e outros. Entre esses trabalhos estão aqui destacados:
Teixeira
8
(2005), Lorenz (1992), Cérqua (1980), Franceschini (1999), Silva (2005), Uggé
(s/d), Santos et. al. (2007). Estes tanto explicam a língua, como relatam a cultura e a realidade
dessa comunidade indígena.
Teixeira (2005) faz referência que “o primeiro registro histórico do contato desse povo
com os ‘brancos’ data de 1669, com a fundação de missão jesuíta na ilha Tupinambarana,
atual Parintins” (p.21).
Lorenz (1992, p.11) relata que esses indígenas “são os inventores da cultura do
guaraná” cultura esta que ganhou destaque quando domesticaram uma planta silvestre, e
destaca:
Os Sateré-Mawé, povo que habita a região do médio rio Amazonas, na divisa
dos estados do Amazonas como o Pará, integram o troco linguístico tupi. [...] São
chamados regionalmente ‘Mawés’, no entanto se autodenominam Sateré-Mawé. O
primeiro nome Sateré - quer dizer ‘lagarta de fogo’ e é o clã mais importante
dentre os que compõem esta sociedade, porque indica tradicionalmente a linha
7
Neste trabalho o termo é usado para designar população ou grupo social que apresenta relativa homogeneidade
cultural e linguística, compartilhando história e origem comuns.
8
O professor Pery Teixeira, organizou e coordenou uma pesquisa do projeto que realizou um diagnóstico sócio-
demográfico da população Sateré-Mawé que teve início em 2002, sob a responsabilidade da Universidade
Federal do Amazonas, com apoio financeiro e técnico do UNICEF.
31
sucessória dos tuxauas (palavra que designa chefe político). O segundo nome
Mawé - quer dizer ‘papagaio inteligente e curioso’, e não é designação clânica.
Conforme explica Uggé (s/d), os índios conhecidos regionalmente como Mawé ao
longo de sua história receberam várias denominações, dadas por cronistas, exploradores,
missionários, antropólogos e naturalistas do passado: Maooz, Mabué, Jaquezes, Manguases,
Mahués, Mauris, Mawé, Maragua e Maraguazes. A designação Sateré vem do clã dos antigos
chefes, e o termo Mawé provem do nome mais comum de um dos grupos tribais que
sobreviveram à extinção dos grupos indígenas do baixo rio Amazonas.
Silva (2005) diz que “com o passar do tempo vários dos etnônimos foram sumindo dos
relatos dos viajantes. no século XIX, as referências são somente aos Mawés, Munduruku,
Kawahiwa Mura-Pirahã como as poucas unidades tribais indígenas presentes ao norte da área
do Tapajós-Madeira” (p.29). Esclarece ainda que várias cidades do Amazonas foram
organizadas em regiões onde viveu esse povo. “Relatos dos viajantes e cronistas do passado
afirmam que os municípios de Maués e Parintins, no Amazonas, e o município de Itaituba, no
Pará, foram fundados sobre sítios Sateré-Mawé, o que coincide com relatos da história oral
deste povo”.
A maioria dos indígenas Sateré-Mawé, hoje, vive nas comunidades rurais, em área
demarcada pelo governo federal como destacam Franceschini (1999) e Cerqua (1980):A
tribo Sateré-Maué está localizada em sua maioria no alto Andirá e no Marau, afluente do rio
Maués; e sua área de cerca de 639.500ha, foi demarcada pelo Decreto 76.999.” Contudo
se evidencia a migração de muitos indígenas para as zonas urbanas, principalmente jovens
por fatores diversos que são apontados por Santos et.al.(2007):
Se no início do século XX, alguns fatores como o movimento nativista da
cabanagem, levaram a uma mudança no modo de vida dos Maués, hoje, podemos
dizer que a alteração ocasionada pelas missões religiosas, pela a ação de órgãos
como a Funai, como a pressão dos regatões e pelas epidemias, levaram aos Sateré-
Mawé a necessidade de ficar mais próximo das cidades ou até mesmo nos subúrbios
das cidades do interior da Amazônia como é o caso da etnia em questão.
Atualmente a área habitada por essa etnia está situada na região dos rios Andirá-Marau
no estado do Amazonas, distribuída pelos municípios de Parintins e Barreirinha e no estado
do Pará pelos municípios de Itaituba e Aveiro. Além desses lugares há grupos que se
instalaram em comunidade às margens do rio Mari-Mari, em terra indígena Koatá-Laranjal no
município de Borba (AM) e no município de Nova Olinda do Norte, cuja população total é
32
aproximadamente de 9.000 indígenas vivendo em terras indígenas. Santos, et.al.(2007),
afirma que
Este fenômeno parece ser o resultado do contato que esses povos tiveram
com os chamados homens brancos, que ocorreu por volta de 1669, e mesmo antes
disso, devido às guerras com os Mundurucus e Parintintim, o território ancestral dos
Sateré-Mawé foi sensivelmente reduzido. Epidemias e uma cruel perseguição, tanto
aos Sateré-Mawé, quanto aos grupos indígenas que com eles guerreavam,
devastaram enormes áreas da Amazônia, deslocando esses grupos dos seus
territórios tradicionais.
A união das comunidades organizadas Sateré-Mawé que existe nos dia de hoje reflete
sobre a realidade na busca de melhoria e põe em evidência a educação com o interesse da
auto-sustentação cultural, principalmente através da permanência do uso da língua materna do
grupo indígena.
3.2.2 A língua materna da etnia Sateré-Mawé
O indígena, como qualquer ser humano, usa a linguagem para expressar seus
pensamentos, suas emoções, seus sonhos e intenções. Pode aproveitá-la ora para convencer,
ora para fazer arte, construir discursos diversos. Adequadamente imprime um sentido para a
própria existência, interagindo no meio social, o qual o faz através da linguagem. Dessa
forma:
A linguagem é, quase sempre, o meio mais importante, através do qual os
povos constroem, modificam e transmitem cultura. É por meio do uso da linguagem
que a maneira de viver de uma sociedade é expressa e passa, constantemente
reavaliada, de uma geração para outra. Os modos específicos de usar a linguagem
são, por isso, como documentos de identidade de um povo num determinado
momento de sua história. BRASIL ( RCNEI, 2005 p.113)
Por essas considerações, avalia-se que língua e cultura de um povo não subsistem uma
sem a outra: a língua possibilita o desenvolvimento da cultura e esta desenvolve o
conhecimento da língua. É através desta que se permite a organização do sujeito em
sociedade.
Para Franchetto (in: CADERNOS, 2004) No Brasil existem, aproximadamente, 180
línguas, a grande maioria concentrada na região amazônica, faladas por uma população hoje
estimada em 350.000 pessoas, formando 206 etnias.
A língua Sateré-Mawé, como ocorre com muitas línguas indígenas, ainda é pouco
conhecida. As informações sobre ela estão em processo de organização, através de produção
33
científica, destinada ao registro escrito por estudiosos da linguagem. Para estes há necessidade
de definir sua classificação.
Silva, (2005, p. 32) diz “a classificação da língua Sateré-Mawé ainda não está bem
definida”. Rodrigues (1986, p. 42) classifica inserida no tronco Tupi que “abrange [...]
algumas línguas isoladas ao nível de família, as quais podem ser consideradas um só membro.
Nesse caso estão as línguas Aweti, no alto Xingu, e Mawé ou Sateré, entre o baixo Tapajós, o
Madeira e o Amazonas.”
Na verdade há uma tendência basicamente definida pelos estudiosos de que a ngua
Sateré-Mawé tem a classificação definida por Rodrigues, conforme publicações recentes,
como em Franceschini (2009) que diz sobre o fato: “essa língua é classificada por Rodrigues
(1984/85) como sendo o único membro da família Mawé tronco Tupi - e é falada por cerca
de 9.000 mil pessoas, os Sateré-Mawé, que vivem na área indígena Andirá-Marau, municípios
de Parintins, Barreirinha e Maués, no Baixo Amazonas”.
Trabalhos recentes
9
estão propondo uma família do tronco Tupi, como se refere Meira
(2001), ao fato de haver semelhanças das palavras estativas que só ocorrem nas línguas Mawé
e Aweti e não haver ocorrências em outras línguas desse tronco, explicando:
“this fact may
lend support to Rodrigues’ hypothesis that Mawé, Awetí, and the Tupí-Guaraní languages
form a genetic subgroup within the Tupian family (for which one might propose the name
‘Mawetí-Guaraní’)”.
Quando se trata da situação linguística a avaliação que se faz é que a língua Sateré-
Mawé é utilizada no processo de comunicação do grupo indígena do mesmo nome por
crianças, jovens, adultos e idosos. Teixeira (2005, p. 91) considera que:
A identificação do modo como os Sateré-Mawé estão usando esses
instrumentos de comunicação e expressão cultural permite a formulação de
entendimentos sobre suas estratégias simbólicas e políticas, para viver as interações
com os outros grupos da sociedade maior.
Estudos sobre a gramática estão sendo desenvolvidos, alguns concluídos e outros em
andamento, ora enfatizando a fonética e a fonologia, ora descrevendo a morfologia ou
morfonologia, ora priorizando o léxico como o caso deste trabalho.
No que concerne ao seu léxico, evidenciam-se “influências do Nheengatu, da língua da
família Tupi-Guarani, também conhecida como Língua Geral Amazônica (LGA)” (SILVA,
9
Para melhor conhecimento referente ao assunto, consultar Meira, Sérgio (2001). Stative verbs vs. nouns in
Sateré-Mawé e Rodrigues, Aryon D. & Wolf Dietrich. 1997. On the linguistic relationship between Mawé
and Tupí-Guaraní. Diachronica 14:2, 265-304.
34
2005) que perpassada por fatos culturais do povo. Há, também, as influências da língua
portuguesa, posto que pela necessidade de comunicação com a sociedade envolvente e por se
estar construindo um registro escrito dessa língua indígena, surgem, frequentemente,
neologismos que vão sendo incorporados ao léxico nativo.
No uso da língua de um povo pressupõe, por fim, a concepção de sujeito da linguagem,
o que significa que se pode falar de sujeito quando ele é discursivamente constituído, ou
seja, quando se a sujeição à linguagem, ao dizer do outro, ao olhar do outro, que o
sujeito se vê no espelho do olhar do outro, como diria Lacan (apud CORACINI, 2003).
35
4 OS RESULTADOS DA PESQUISA
O léxico da língua Sateré-Mawé é objeto de estudo deste trabalho, cujo levantamento é
organizado em um dicionário bilíngue Sateré-Mawé/Português de base científica por se
entender que ele
constituirá a memória lexical daquela sociedade indígena, contendo o acervo
e o registro escrito das significações equivalentes na língua portuguesa para uso em situação
de comunicação inter ou extra cultural.
Considerando que os sistemas registrados na escrita são tidos como formas de
conhecimento representativo do que se usa de modo oral dessa língua.
4.1 INVENTÁRIOS DOS SONS E GRAFIA NOS ESTUDOS DA LÍNGUA SATERÉ-
MAWÉ
Os sons da língua Sateré-Mawé são evidenciados em vários trabalhos escritos. Entre
eles pode-se mencionar: i) No trabalho Livro de Leitura Sateré-Mawé (FUNAI, 2002); ii) A
classificação dos fonemas segundo Franceschini (1999) e (2005); iii) Estudos fonológicos da
língua por Raynice Silva (2005); e iv) As histórias escritas de Enrique Ugge (s/d).
4.1.1 O livro da FUAI Aiwemu’e Hap (livro de apoio)
O livro de composição S.I.L
10
, coeditado pela FUNAI em Belém, denominado
Aiwemu’e Hap (livro de apoio) (2002) é o “produto de estudos fonológicos e gramaticais
realizados por elementos do Summer Institute of Linguistics”, cujo estudo é o resultado “das
pesquisas feitas em virtude dos Convênios Museu Nacional S.I.L. e Ministério do Interior,
Fundação Nacional do Índio - Summer Institute of Linguistics.”
A obra apresenta a realização dos segmentos sonoros, que são representados
graficamente nos textos do referido livro, indicando como são empregadas as letras do
alfabeto, afirmando que: “Neste livro estão introduzidas todas as letras do alfabeto Sareré-
Mawé” que foram usadas na escrita dos textos dessa língua na cartilha.
No seu prefácio podem ser encontradas explicações, referentes aos elementos sonoros
e suas respectivas representações gráficas, do seguinte modo:
10
Sociedade Internacional de Linguística
36
As letras p, t, m, n, s, r, e, i, a, e u representam sons que se aproximam aos
escritos em português pelas mesmas letras.
h
é consoante aspirativa, semelhante ao som rr na pronúncia de muitos
brasileiros.
g representa consoante nasalizada, com a pronúncia da sequencia ng na
palavra manga.
'
''
' simboliza um fechamento rápido da glote.
y representa uma vogal alta, situada entre o i e o u.
w representa uma consoante cuja pronúncia é semelhante à vogal u.
o representa o o aberto, como por exemplo, em avó.
k simboliza o som do c, como na palavra carro.
~ indica nasalização de vogal. (FUNAI, 2002)
O livro é uma cartilha pedagógica, que foi utilizada nas escolas para alfabetizar na
língua Sateré-Mawé no contexto das comunidades nativas, conforme relataram antigos
professores indígenas, dizendo: este é o livro que foi utilizado para alfabetizar nas escolas
indígenas por muito tempo.
4.1.2 Classificação dos fonemas, segundo Franceschini
Franceschini (1999) apresenta uma descrição (quadro 1; 2) das consoantes e das vogais
da língua Sateré-Mawé, segundo a qual, é uma descrição realizada a partir de um estudo
linguístico sistematizado pela primeira vez.
QUADRO1:
Classificação das consoantes Sateré-Mawé
bilabial alveolar palatal velar glotal
oclusiva
oral
p t k
nasal
m n ( 
̃
)
֊
fricativa
s h
flap
r
aproximantes
w
i
Fonte: Franceschini (1999)
QUADRO 2:
Classificação das vogais Sateré-Mawé
anteriores centrais posterior
breve longa breve longa breve longa
fechado i
i
y
y
u
u
aberto e
e
o
o
a
a
Fonte: Franceschini (1999)
Franceschini (1999) não faz uma descrição fonética e fonológica aprofundada, mas
deixa evidente aspectos em relação às vogais, pois embora não apresente as vogais nasais,
37
destaca que estas podem se realizar como nasais, contudo considera que o status fonológico
daquelas não são muito evidentes: “Ces voyelles peuvent aussi se réaliser comme dês
nasales. Cependant le statut phonologique de La La nasalité dês voyelles n’est três évident.”
A autora, também, faz a representação gráfica da língua na obra Satere Mawe Pusu
Agkukag (2005) a qual denomina como a “primeira gramática escrita em língua indígena
Sateré-Mawé”. A obra é o “resultado do projeto de pesquisa-ação ‘Elaboração de uma
Gramática Pedagógica Sateré-Mawé’ desenvolvido com os Sateré-Mawé”, coordenado pela
autora Franceschini, a partir de estudos científicos e propostas gráficas de trabalhos
anteriores de outros estudiosos para registros escritos da língua Sateré-Mawé.
A partir desses estudos mencionados acima, Franceschini publicou ainda também a
Cartilha escrita na língua nativa, denominada “Satere-mawe: pusu etiat wemu’e hap”,
financiada pelo MEC, organizada com a colaboração dos indígenas, para fins educacionais.
Conforme a autora “e
ste material foi elaborado com os professores Sateré-Mawé no contexto do
Projeto de Educação Indígena que desenvolvemos na área do Marau-Maués(AM)- com o apoio da
O.N.G espanhola Ameríndia Cooperação/Plenty”.
4.1.3 Consoantes de vogais da língua Sateré-Mawé, segundo R. G. da SILVA
Silva (2005) desenvolveu um estudo fonológico da língua Sateré-Mawé. Esse trabalho
apresenta as descrições dos fones consonantais e vocálicos e desenvolve a análise fonêmica
das consoantes e das vogais da língua. O quadro 3 e 4 destacam os fonemas da língua
organizados pela pesquisadora da linguagem. O estudo foi realizado no ano de 2003 junto às
comunidades rurais com indígenas Sateré-Mawé, e foi elaborado com maior rigor, buscando
definir o status fonológico o mais completo possível. É um estudo especificamente
acadêmico.
38
QUADRO 3:
Fonemas consonantais Sateré-Mawé
BILABIAL ALVEOLAR PALATAL VELAR GLOTAL
OCLUSIVA
p t k
Б
NASAL
m n
֊
TEPE
ש
FRICATIVA
s
h
APROXIMANTE
w j
Fonte: SILVA (2005)
QUADRO 4:
Classificação das vogais Sateré-Mawé
não arredondada arredondada
ATERIOR CETRAL POSTERIOR
oral nasal longa oral nasal longa oral nasal longa
ALTO
i
i i
᭣⍧
u
u u
MÉDIO
e
e e
o
BAIXO
a ã
a
Fonte: SILVA (2005)
4.1.4 As realizações sonoras nos relatos da mitologia de Uggê
Para relatar as narrações mitológicas na obra As bonitas histórias Sateré-Mawé”,
Ugge (s/d) detalhou os sons da língua que foram representados na grafia da língua nativa
narrando as histórias do povo Sateré-Mawé. Assim ,destaca: “a escrita na linguagem indígena
foi preparada para facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita do idioma tribal para os
indígenas Sateré-Maué”. Os sons e respectiva grafia não foram descritos seguindo uma
sistematização científica, contudo esse trabalho apresenta um conhecimento da língua porque
os textos foram escritos por falantes nativos da língua.
As vogais são descritas da forma a seguir:
As vogais são: orais sonoras, podem ser também:
- surdas (na ortografia a vocal é precedida de h).
- prolongadas (duplicando a vocal).
- nasalizadas (marcando-as com til).
a – central baixa arredondada.
e - = ϯ anterior média não arredondada
i – anterior alta não arredondada.
39
o – posterior média arredondada.
u – posterior alta arredondada.
y - = central alta arredondada. (UGGÉ, s/d)
Quanto às consoantes apresentadas por Ugge são indicadas a seguir:
As consoantes são:
- p, t, k, oclusivas surdas. Na pronúncia as consoantes p e t podem ter variantes em
b e d.
- I oclusão glotal.
- h fricativa plana surda.
- m, n nh=n, g=֊, nasais surdas.
- s fricativa côncava alveolar surda.
- r = r vibrante simples sonora álveo-palatal. Na pronúncia pode ter variante l.
- w semivocal – aparece em função de consoante. (UGGÉ, s/d)
Nos textos foram acrescentados acentos gráficos usados na língua portuguesa, indicando
a tonicidade e a posição de articulação, ora vogais abertas, ora vogais fechadas. Os textos
foram escritos por nativos com o conhecimento linguístico de usuário da língua.
Como se pode evidenciar, semelhanças entre as apresentações dos sons da língua e
respectivas grafias, tanto dos leigos como dos cientistas da linguagem. São fatos que os
estudos linguísticos científicos explicam, embora existam realizações sonoras que ainda não
estão esgotadas com referência ao status fonológico, como é o caso das vogais nasais. Ainda
há o que se pesquisar para uma descrição completa da língua, que não é objeto de estudo deste
trabalho.
4.1.5 Esboço gramatical da língua Sateré-Mawé no contexto deste estudo
Conhecimentos linguísticos relevantes neste trabalho serão esboçados nesta seção. São
aspectos referentes à ortografia, à fonética, à fonologia, à morfologia, ao léxico da língua
Sateré-Mawé.
4.1.5.1 Os segmentos sonoros
A fonética e a fonologia possibilitam a definição do fonema como sons distintivos de
uma língua, posto que a primeira estuda os sons ou fones da fala humana em suas diversas
realizações, mas não dá importância ao significado que cada um deles possa inferir. Enquanto
a última leva em conta a função e o significado que cada segmento sonoro da voz humana
representa. Certamente são os fonemas sequenciados, organizados conforme a gramática da
língua, que resultam em cada palavra do léxico. Embora a descrição das propriedades dos
40
sons da língua em estudo não seja objeto deste trabalho, necessidade de apresentar alguns
fatos relevantes para este.
Conforme indicações nas seções anteriores, a ngua Sateré-Mawé é constituída de
doze (12) fonemas consoantes, segundo Silva (2005, p.62) sendo “quatro oclusivas, três
nasais plenas, um tepe, duas fricativas e duas aproximantes” e quinze vogais na percepção de
Silva e doze na de Franceschini. O aspecto de diferença entre as duas pesquisadoras, é que
Silva considera as quatro vogais nasais como fonemas da língua.
Em relação à oclusiva glotal [Б], Silva (2005) esclarece:
Análise acústica permite-nos comprovar sua ocorrência tanto no início
quanto em meio de palavra diante de segmento vocálico. Em início de palavra, sua
ocorrência se com certa variação de intensidade. em posição medial, o
segmento é bem marcado, inclusive com contraste de pares em ambiente idêntico.
Sendo assim optamos por sustentar que em posição inicial de palavra ocorrência
puramente fonética [da oclusiva glotal].
Exemplo dessa ocorrência pode ser evidenciado em:
a. /awiБa/ [ Бai⎆Бa] abelha
b. / apeБi/ [Бapɛ⎆Бi] barata
No que refere aos “fones [w] e [] ocorrem em variação livre em posição incial e medial
de palavra, exceto diante de /, em que ocorre [w]: /wewato/ [wɛwatɔ] [ɛatɔ] anta.”
(op.cit p.64).
Os fones oclusivos surdos realizam-se [p], [t], [k] em ataque
11
de sílaba, precedendo
vogais orais, em posição inicial ou medial de palavra. [pɨ'ɾɨk˺] rato [tuБisa] chefe [kahatɔ]
muito. Enquanto os fones oclusivos não explodidos [p˺], [t˺], [k˺] ocorrem em Coda silábica,
precedendo consoantes oclusivas e silêncio. [makup˺ tia] (moça), [hat˺] (fruta),[sɔk˺pɛ]
(roupa).”
4.1.5.2 A representação gráfica da língua Sateré-Mawé
Com relação à representação escrita, pode-se encontrar obras com registros gráficos na
língua que foram publicados por órgãos públicos como SEDUC, FAPEAM e MEC. São
publicações a partir de estudos de cunho científico de base linguística, assim como textos
para fins educacionais, os quais são avaliados pelos indígenas como representação gráfica da
língua.
11
Pike (apud Silva, 2005) estruturou a sílaba em ataque e peak(núcleo) e uma coda, estudiosos posteriores
definiram-na constituída por Ataque, e Rima esta (obrigatória) é formada de núcleo e Coda.
41
A grafia da língua Sateré-Mawé ainda necessita de discussão abrangente para se chegar
a uma definição unificada para a ortografia. Neste trabalho, portanto, será utilizado o
inventário de grafemas que constam nas obras publicadas pelas instituições oficiais, conforme
está demonstrado no quadro 5.
Assim, serão usados os símbolos do alfabeto e sinais como o nasalizador sobre as
consoantes j [nh] e g [֊], assim como o [Б] para indicar a realização da consoante glotal e
o h para representar o som de [rr]. Os suprafixos que aparecem na grafia são: i) a indicação
de vogal longa [
] como em [ahu] āhū (doença), [puБi] pu’i (músculos), [uritБi hyrypБi]
urit’i hyrp’i (nambu azul). E, ii) a
indicação de nasalização [
~
] nas vogais e nas consoantes
g e j, como em wãhōp (jenipapo), we (boca), gyp (piolho) ju’i (porco espinho).
QUADRO 5
Representação fonológica e ortográfica Sateré-Mawé/ português
SÍMBOLO
FOÉTICO/
FOOLÓGICO
ORTOGRAFIA
SATERÉ
LEXEMA
SATERÉ
PORTUGUÊS
maiúsculas minúsculas
/a/ A a
a
kuri cutia
// E e
e
wy amigo
/֊/
G
̃
g gap
caba
/h/ H h (rr)
h
aity; a
h
ut corda; papagaio
/i/ I i
i
ty mãe (dele/dela)
/j/
J
̃
(nh)
ju’i
porco espinho
/k/ K k
k
ahato; ahik muito; bater
/m/ M m
m
i’i ele/ela
/n/ n
n
u pedra
// O o
og
sombra
/p/ P p
p
ira peixe
// R r
pi
r
a peixe
/s/ S s
s
okpe roupa
/t/ T t
t
u’isa cacique
/u/ U u
u
’i farinha
/w/ W w
w
ato grande
// Y y
y
y
água
/Б/ Б
yt
a paneiro
//
-
ā
āhū doença
/
~
/
~
ã
amo’ã
nuca
42
4.1.5.3 A morfologia
Para este estudo o conhecimento científico existente sobre a língua Sateré-Mawé foi
fundamental para a compreensão dos lexemas instrumentais (advérbios, artigos, conjunções,
interjeições, numerais e preposições), posto que o índice de ocorrência é frequente e cuja
compreensão é essencial para relacionar os lexemas plenos (adjetivos, verbos, substantivos e
advérbios) dentro das estruturas sintagmáticas. Desses aspectos serão evidenciados os nomes,
os pronomes e os verbos pela importância no registro lexical ora apresentado.
Os nomes na ngua Sateré-Mawé podem existir tanto como radical, como recebendo
afixos que caracterizam as categorias, ora como possuidor, ora como coisa possuída.
O plural dos nomes em Sateré-Mawé é marcado pelos morfemas ko’i e –tia, podendo
variar para –nia, segundo Franceschini(1999): “Le pluriel est marque par lês mophèmes ko’i
et Tia. L’emploi de ces deux morphèmes est conditionné para le carctère massif ( continu
donc non-énumerable) ou comptable (discontinu donc énumérable) dês termes”(p.38).
também morfemas indacadores de coletivo como –’in, -sem, -sok, e -tok,
conforme Franceschini (op. cit.) “outres ces morphèmes, on trouve assi lês morphémes
collectivisateurs: –’in, -sem, -sok, et -tok.”
Em Sateré-Mawé os pronomes pessoais empregados como agente ativo são
(FRANCESCHINI, 2003):
singular plural
1 uito .... eu
2 en .... você/tu
1 incl. aito aitoria nós todos
1 excl. uruto urutoria nós todos
2 eipe eiperia vocês todos
3 mi’i mi’iria eles/elas
Os nomes possuídos são realizados como morfemas específicos para este fim.
O verbo é flexionado através de elementos pronominais (afixos) e pode ser classificado
como: i) transitivo ativo, focalizando o sujeito com o qual se emprega com uns a partícula ti-
e com outros h- ao radical. Ainda ocorrência de prefixos “para identificar: recíproco,
reflexivo, objeto nominal prefixado, objeto costumeiro (humano), objeto parcial e objeto
completo”.
12
Também o verbo transitivo focaliza o objeto. ii) intransitivos ativo com
marcador pessoal na posição de sufixo. A maioria dos verbos intransitivos pode receber o
12
HARRISON, Carl H.; GRAHAM, Albert e Sue. Prefixos Pessoais e umerais da Língua Sateré-Mawé.
43
marcador pessoal na posição de sufixo, ao se reduplicar o radical. iii) Verbos descritivos que
ocorrem com um conjunto de prefixos que indicam predicativos.
No levantamento listado neste trabalho os verbos são destacados como intransitivos,
transitivos e descritivos, conforme a classificação de Meira
13
Examples of person markers on transitive verbs.
a. muu’e ‘ensinar O’ (ti-class)
A-conjugation O-conjugation
a- ti- muu’e ‘I teach O’ u- i- muu’e ‘A teaches me’
e- ti- muu’e ‘you teach O’ e- muu’e ‘ A teaches you
waa- ti- muu’e ‘we.PI teach O’ a- i- muu’e ‘A teaches us.PI’
ewe- i- muu’e ‘you.PL teach O’ e- i- muu’e ‘A teaches you.PL
uru- i- muu’e ‘we.PE teach O’ uru- muu’e ‘A teaches us.PE’
ta’atu- muu’e ‘they teach O’ i’atu- muu’e ‘A teaches them’
Maria ti- muu’e ‘Maria teaches O’ Maria muu’e ‘A teaches Maria’
to- i- muu’e ‘s/he teaches O’
moro- muu’e ‘I teach you’
en u-i- muu’e ‘you teach me
13
MEIRA,Sérigio. Stative verbs vs. nouns in Sateré-Ma and the Tupian family. KNAW Museu
Paraense Emílio Goeldi.
44
5 LEVATAMETO LEXICAL DA LÍGUA SATERÉ-MAWÉ
Este capítulo apresenta o dicionário Sateré-Mawé/Português, organizado a partir de
bibliografia referentes à/na língua em estudo, constituída por: tese de doutorado, dissertação
de mestrado, obras de cunho educacional, relatos mitológicos, textos literários (poemas,
cantos, brincadeiras infantis). São trabalhos que abrangem a língua falada pela etnia Sateré-
Mawé que habitam no estado do Amazonas. Comporta ainda conteúdo oral de informantes,
falantes nativos, oriundos da região do Andirá, no mesmo Estado.
O presente conteúdo é um trabalho preliminar de organização do léxico da língua
Sateré-Mawé, não tendo sido feito, portanto, um levantamento exaustivo dos lexemas, por
isso necessita uma complementação proposta pela equipe de colaboradores, considerando que
língua é um organismo vivo e dinâmico, assim, outras palavras surgem a qualquer momento
ou as existentes podem sofrer mudanças de diversas naturezas.
O contato com a sociedade envolvente, a necessidade de comunicação na era
globalizada, o processo de registro escrito da língua, a valorização e resgate da cultura, entre
outros, são fatores que impulsionam a continuidade do levantamento do léxico, ora
apresentado, pois quanto maior for o vocabulário do usuário, maior é a possibilidade de
escolha da palavra mais adequada ao seu intento expressivo.
O usuário da língua utiliza o léxico, como inventário aberto de palavras disponíveis no
seu idioma, para a formação do seu vocabulário, para sua própria expressão no momento da
fala e para a efetivação do processo comunicativo. Assim, o vocabulário de um indivíduo
caracteriza-se pela seleção e pelos empregos pessoais que ele faz do léxico.
5.1 ORGANIZAÇÃO DOS VERBETES
Weiss (ano) (afirma que
"os lexemas de uma língua são organizados em verbetes, que
consistem numa palavra-entrada, seguida de informações explicitando aquela palavra-
entrada”. Neste trabalho os verbetes serão constituídos de informações, como estão
apresentadas no exemplo a seguir:
sok 1) n.: ninho. Ypēka to sok pe. O pato está no ninho.
2) n.: tocaia. Espreita ao inimigo; local de espera de caça. Kurum tunug sok. O
menino fez tocaia. Wate sok nug
̃
upip kawiat. Vamos fazer tocaia de palha.
45
a. Entrada lexical: sok
b. Categoria lexical: 1) n.:(nome); 2) n.:(nome)
c. Significação com informações semânticas: 1) ninho; 2) Espreita ao inimigo; local
de espera de caça.
d. Frase com exemplo de uso na língua Sateré-Mawé: 1) Ypēka to sok pe. 2)
Kurum tunug sok. Wate sok nug
̃
upip kawiat!
e. Tradução do sentido correspondente em português: 1) O pato está no ninho. 2) O
menino fez tocaia. Vamos fazer tocaia de palha!
f.
Os diferentes sentidos das unidades lexicais polissêmicas:
1) ninho; 2) espreita ao
inimigo; local de espera de caça.
Desse modo os verbetes na primeira ngua (Sateré-Mawé) são representados por um
significado na segunda língua (Português), indicado uma correspondência equivalente.
5.2 LISTA DE ABREVITURA LIGUÍSTICA
adv. advérbio
expr. expressão
interj. interjeição
inv. invariável
m. masculino
n. nome
n.an. nome animado
n.dep. nome dependente
n.inan. nome inanimado
n.n-cont. nome inanimado não contável
nom. nominalizador
onom. onomatopeia
pl. plural
s. singular
sin. sinônimo
suf.nom. sufixo nominal
suf.verb. sufixo verba
var. variante
v.desc. verbo auxiliar
v.dep. verbo dependente
v.intr. verbo intransitivo
v.tr. verbo transitivo
46
DICIOÁRIO SARETÉ-MAWÉ/PORTUGUÊS
47
A
a- pref. Indicação de possse
nosso/nossa (exclusivo). Satere
ahet (a-het). osso nome de clã.
Aheyara (a-heyara). nossa
canoa(de toda a comunidade).
a-
1
pref. primeira pessoa do singular
em situação normal. Atikuap. Eu
sei/entendi. Ahenoi. Eu conto.
a-
2
pref. pron. plural inclusive o(s)
destinatário(s) nós (todos).
Aito ahesy’at (a-hesy’at). ós
estamos com fome. Aito ai’ahu
(a-i’ahu). ós estamos doente.
agkukag
1
n.: gramática estruturada. Musu
agkukag waku ra’yn. A
gramática sateré está completa.
agkukag
̃
2
n: estrutura, armação estruturada.
Meju tuisa yat agkukag. Esta é a
estrutura da casa do cacique.
ag
̃
kukag
̃
’i n.: mandi. Peixe teleósteo,
siluriforme, pimelodídeo (Leiarius
pictus), da Amazônia. Ag
̃
kukag
̃
i
ywopi. mandi comprido
ag
̃
kukag
̃
’kyt’i. Mandizinho
branco bem fininho.
ahape n.: orelha:
O órgão da audição onde
se localiza a entrada do ouvido.
Wewato iahape wato. Boi
orelhudo. i‘ahape. orelha dele.
Mi’i ahape hīt. A orelha dele é
pequena.
ahay v.intr.:zoar.
Soar fortemente; ter
som forte e confuso; fazer zoada:
Yara wato iahay tuerut. O
barco vem zoando.
ahe pron. poss.: nosso no sentido
inclusivo. Ahe sokpe. ossa
roupa.
ahetua n.: quadril. As regiões de cada
lado da pelve, onde se situa cada
articulação de fêmur com ilíaco.
Haryporia hetua wato kahato.
A mulher tem o quadril grande.
ahisāt v.intr.: agachar-se; abaixar-se.
Paig
̃
ni tuwa’ahisāt tohetup
hamo. O pajé agachou-se para
rezar.
ahit n.: pênis.
O órgão copulador do
macho. Etikoho ahit, kurum!
Lava teu pênis, menino!
ahiypysat v.tr.: abraçar.
Apertar com os
braços; tomar entre os braços.
Hirokat tiahi ypysat. A criança
me abraça.
āhū n.: doença. Hirokat āhū sēse
ipoity’i. A doença da criança é
grave.
ahut n.: papagaio.
Nome comum a
várias espécies de psitaciformes,
psitacídeos.
Hywi ti auka ahut.
O gavião matou o papagaio.
ahyk v.tr.: bater. Ati ahyk hirokat. Eu
bati em criança. Mi’i ti ahyk
oken ypy. Ele bateu a porta.
aikotā 1) conect.: como, da mesma
forma que. Aikotā ity awy. Era
como a mãe dela.
2) aikota
̃
me: de que maneira,
indicando pergunta Aikotā me en
ereto hamuat? De que maneira
você vai?
3)aikotā pron.: como? Aikotā
meig epot pāp? Como você
trabalha?
aipok v.intr.:voltar, retornar, chegar de
volta a um lugar. Ara’aipok. Eu
48
voltei. Mogki’i te aru ariore. A
manhã eu retorno de novo.
Ereaipok to! Volta logo! Areaipok
ta’yn, ui kyesat re apo’en? Eu
voltei. Tu ainda me queres?
Ereaipok. Você voltou. Kurum
ta’aipok toyat kape. O menino
voltou para casa.
aira v.tr.: escolher. Urui aira we’eja
wakuat. Escolhemos as castanhas
boas.
aito pron.pess 1ª.pl nós. Aito wato
nós vamos. Aito watut koi ty’i
nós viemos hoje. Aito ai’āhū. ós
estamos doentes.
aiwat pron.: nosso, nossa. Indicaçao de
posse coletiva. Aiwat aiko yt
kat’i. ós não temos roça. Aiwat
aiko ikahuro. ossa roça
acabou.
a
̃
umpe pron.: onde; em que lugar?
Ajumpe eyat? Onde é sua casa?
Ajumpe toig hairu? Jumpe.
Onde tem a festa? - É aqui.
akag
̃
1) n.: cabeça. Aware akag. A
cabeça de cachorro. Mii akag
iwato. A cabeça dele é grande. Ui
akag haty. Minha cabeça dói.
2) akyta kag n.:crânio.
Caixa óssea que encerra e protege
o encéfalo, no homem e nos
vertebrados.
Ui
akyt
a kag pike.
Meu crânio quebrou.
akaiu n.: ano. Mesuwat akaiu sēse ihy
wato. Este ano foi a maior
enchente.
akara wato n.dep.: carauaçu. Espécie de
peixe de escama da Amazônia.
Uito atu’u akara wato koity’i Eu
comi carauaçu hoje.
akasa v. tr. ver. Mi’i ta’akasa aware py
kape. Ele vê o pé do cachorro.
akit v.desc.: estar esmigalhado. Awati
mi’a kit. O milho está
misgalhado. Akit awati. Eu soco
milho.
akua’i n.:pessoa que faz palhaçada.
Kurum iakua’i. O menino é
palhaço.
akuara n.: taboca; bambu. Designação
comum a diversas plantas da
família das gramíneas, geralmente
dotadas de caule oco. Gy’imory’a
jaig
̃
wo waku.(mory’ayaig)
taboca é bom para bico da
flecha.
akuri n.: cotia. Areha’at akuri ga’ary
pe. Eu vi a cutia no mato.
ām v.intr.:subir. Kurum ta’am
ariayp upi. O menino subiu no
pau.
aman v. intr.: chover. Ga’atpo iaman.
Choveu ontem.
amo’a n.: nuca.
Região da cabeça que
compreende as partes moles que
se dispõem posteriormente ao
setor cervical da coluna vertebral
.
Uiamo’a haty. Minha nuca dói.
amokiusu’ap n.: algodão. Conjunto de
compridos pêlos alvos e
entrelaçados, macios, que
revestem a superfície das
sementes do algodoeiro.
Amokiusu’ap kawiat yni. A rede
é de algodão.
ampe’ok’at. n. virada. Uhepopera.
iampe’ok’at. O meu caderno está
virado.
ampy n.: nariz. Saliência de forma
triangular, situada na parte média
do rosto, acima da boca e abaixo
da testa e com funções olfativas e
respiratórias
.
Mana iampy wato.
Menina tem o nariz grande. i-
‘ãpy. nariz dele.
ampyhyk v.pron.: afogar-se; privar de
respiração por asfixia após
mergulhar em líquido. Awyato
49
tuwa’ampyhyka y’y pe. A onça
se afogou no rio. Piã tuwa’ampy
min. A menina se a fogou.
Iku’uru wampyhyka pe. Morreu
afogado.
amyap n. banco, cadeira. Assento, com
encosto ou sem ele, de formas
variadas, rústico ou não, feito de
madeira. Pi’ã apyk’e amyap tote.
A menina sentou no banco. Uiat
toig wentup amyap. Eu tenho um
banco.
amym me v.pron.: acocorar-se.
Pôr-se
de cócoras; agachar-se. Hary
amym me kamunti ywt pe. A
avó acocora-se perto do pote.
anehu n. calango Designação comum a
alguns animais da família de
reptis lacertílios, escamados, em
que se classificam lagartos com
membros locomotores bem
desenvolvidos. Anehu tu’u pohit.
O calango come gafanhoto.
antiha v.intr.espirrar. Hirokat antihã-
antiha’e wantm muo. Acriança
espirra a noite.
antipy n.: ombro. O segmento mais alto
de cada membro superior,
representando o local pelo qual
cada membro superior se une ao
tórax. Ariayp aterut uhaanti
ypyke. Eu trouxe o pau no meu
ombro.
aparap v.tr. errar. Mi’i ti aparap mu’āp.
Ele errou o caminho.
ape n. costa(s) Ihaignia terut
yrysakag taa pe tote. O homem
trouxe o paneiro na costa.
ape’i n. barata. Inseto de corpo
achatado e oval, que põe ovos e
pode ser silvestre ou doméstico, e
tem hábitos noturnos. Ape’i
g
̃
a’apy piat. barata do mato.
apehuri’agkukag n.: espécie de formiga.
Apehuri’agkukag mīt ekatu’u
hat. A formiga morde pessoa.
apeman n.: feixe, indicação de conjunto
de objetos reunidos e circulados
de algum modo. Mani’yp
apeman (feixe de de mandioca);
Kanã apeman (feixe de cana).
aperuha n. centopeia. Aperuha pun’e
merep. A centopeia corre rápido.
apin v.tr.: pentear-se. Mi’i tuwa’apin.
Ele se penteou. Uito ara’apin. Eu
me penteio.
apo conect.: Expressão indicantiva de
pergunta. En apo etikuap? Você
entede? Você sabe?
apo’a n.dep.: indicação de coletivo
cambada, amontoado de seres
vivos. Toig wentup apo’a pira.
Tenho uma cambado de peixe.
Wa’akap apo’a; yrypo apo’a;
Roda de cipó; Sasug apo’a;
cacho de laranja; gap apo’a
monte de caba.
apokīk v. tr. amassar. Pi’ã ti apokīk
maniay. A moça amassa tapioca.
apopynug
̃
v.tr.: misturar. Ase’i ti
apopynug mahy. O velho
misturou a cachaça.
apotek v.tr.: desmoitar. limpar (um
terreno) do mato e plantas
silvestres, para cultivá-lo. Mi’iria
te’ereko apotek ta’yn. Eles
desmoitaram a roça.
apuk 1) v.intr.: ensopar.
Molhar muito;
empapar,encharcar. Uhesokpe
iapuk. ossa roupa ensopou.
Mi’i tima’apuk sokpe. Ele molha
a roupa. Ere pu’uja mo’apuk.
Você molhou o dedo.
2) v.desc.: estar molhado. I apuk.
Estou molhado. Are ma’apuk.
50
apukui v.intr.:remar. Conduzir pequena
embarcação com a ajuda de
remos. Araapukui yara puo.
Eu remo no casco. Ase’i tuwa’
apukui kahato. O velho rema
muito.
apukuita n.: remo. Instrumento de
madeira, composto de um cabo
roliço terminado por uma parte
espalmada, e que serve para
impulsionar, manobrar ou fazer
parar pequenas embarcações
.
Apukuita kurum tunug. O
menino fez o remo.
apyehup ko’i n.dep.: aspa (“”) sinal de
pontuação.
apyhik v.tr.: fechar. Etiapyhik’o oken
ypy etohamo. Tu fecha a porta
antes sair.
apyk 1) v.tr.: descer Ara’apyk teran’i
yni pyi. ão quero descer da
rede. Uito ara’a pyk. Eu desço.
Ara’apyk mejempe pyi! Desça
daí da árvore! Mi’i ta’apyk
mikoi yp wyi.
2)v.intr.: sentar. Mejempe ere
apyk en, kurum! Senta aí,
menino! Haryporia apyk’e. A
menina sentou. Are apyk’o!
Senta!
apykpe v. desc. estar assentado, ou
sentado. Kurum apyk’e amyap
tote. O menino está sentado no
banco. Apykpe kurum. O
menino está sentado.
apyp v. desc.: podre. Mani sey iapyp.
A macaxeira está podre.
apypok 1) v.tr.: abrir. Pira kat hat ti
apypok kurara. O pescador
abriu a cerca.
2) v.desc. apypok pe estar aberto.
Oken ypy ta apypok pe. A porta
está aberta.
arekoig v. tr.: arranhar, coçar; Uito
arekoig koig. Eu estou
arranhando. ou Eu me arranhei.
arewe n.: barata. Inseto de corpo
achatado e oval tem hábitos
noturnos. Arawe mopyhat. A
barata voa.
aria yat n.dep: cozinha. Uito arenuk ária
yat pe. Eu como na cozinha.
aria ahyt n.dep: fósforo. Aria’ahyt
ikahuro. O fósforo acabou.
aria sapue n. dep.: carvão. Aria sapue
ho’o woity kahato. O carvão está
muito caro.
aria 1) n. fogo. Aria tu’u g
̃
o. O fogo
pegou a roça.
2) n. lenha. Porção de ramos,
achas ou fragmentos de troncos de
árvores reservados para servirem
de combustível, para fazer fogo.
Uito areto ariape. Eu fui buscar
lenha.
aria’yp 1) n:.pau, madeira. Aria’yp hup
pau-brasil. hit. dim. Ariayp hit.
pauzinho. Aria’ayp hit atitek.
Cortei o pauzinho.
2) aria’yp y’y piat n. igapó.
Kurum tepinaigtyk aria’yp y’y
piat rote. O menino pesca no
igapó.
3) aria’yp ka’a n. buraco de pau.
Akuri teke aria’yp ka’a pe. A
cutia entrou no buraco do pau.
aria’yp ka’ape n.: buraco de pau. Akuri
teke aria’yp ka’ape. A cutia
entre no buraco de pau.
ari-him n.dep. tamanduá–í. Mamífero
desdentado, mirmecofagídeo. Ari-
him tu’u nupi’a. Tamandua-í
come cupim.
arirampa n. martim-pescador. Arirampa
tu’u pira. O martim-pescador
comeu o peixe.
51
ariukere n. preguiça. Designação comum
aos mamíferos desdentados, de
pelagem muito densa e longa,
membros muito desenvolvidos e
cauda rudimentar, assim chamado,
pela notável lentidão de seus
movimentos. Ariukere mikoi yp
tote. A preguiça está na árvore.
ariukere wen hīt n.dep.:tamanduá-colete.
(Myrmecophaga tetradactyla)
.
Arakasa ariukere wen hit
ga’apy pe. Vi o tamandua-colete
no mato.
arōt v. intr.: estar triste. Kurum iarōt.
O menino está triste.
āru v.intr.: bochechar.
Agitar (líquido
com ação medicamentosa, ou sem
ela) na boca, movimentando as
bochechas. Hirokat tiaru mohag
̃
.
A criança bochecha o remédio.
aru-aru are. v.tr.: mastigar. Triturar com
os dentes. Ati aru mi’u. Eu
mastigo comida.
asap n. cabelo. Cada pêlo da cabeça ou
de outra parte do corpo.
Kurum ti tek asap. O menino
cortou o cabelo. iasap. cabelo
dele. Pi’ã iasap iywop. O cabelo
da menina é comprido.
ase’i 1) v.desc: ser velho, ser pessoa
idosa. Tu’isā wentup ase’i O
cacique é um velho.
2) n.: avô, vovô. Hirokat ase’i
kurum. O avô do menino.
ase’ikuru n. curupira. Ente fantástico que,
segundo a crendice indígena,
habita a floresta e é um índio
cujos pés apresentam o calcanhar
para diante e os dedos para trás.
Asei’kuru miot ka’iwat.
Curupira é o dono da caça.
ase’ikuru n.: curupira, ser lendário.
Asei’kuru miot ka’iwat. O
curpira é o dono da caça.
asp v.intr.: enterrar, fazer penetrar,
(plantar). Mog
̃
ki’yn atiasyp ta’
yn mikoi. Hoje enterrei a planta.
Ase’i tiasyp mikoi. O velho
enterrou a planta.
at min’e expr.: O cair da tarde. At min’e
ra’yn.
at pe n.: verão. At pe sēse hakup. o
verão é muito quente.
āt n.: sol Estrela em torno da qual
giram a Terra e os outros planetas
do sistema solar. At ikahu sese
koiti’i. O sol está muito bonito
hoje.
at v.intr.: cair. Suwana ta’āt y’y pe.
O camaleão caiu na água. Ara’at
yni pyi. Eu caí da rede. Eu caí.
Ara’at.
āt’ape n.: besouro come folha.Āt’ape
tu’u upip.
atahon v.tr.: engolir. Atohon mi’u. Eu
engoli comida. Atohon y’y.
Engoli água.
ateg v.dep. cravar. Toi ateg kyse
pakua yp we. Cravou uma faca
na bananeira.
ati’asyp v.tr.:enterrar. Atiasyp mikoi
ypy. Enterrei o de planta. En
eti’a syp hamo hayig. Você vai
enterrar a semente.
ati’atek v.tr.:cortar. Ati’atek we’eja. Eu
corto castanha. Mi’i ti’atek
kyseyp wo. Ele corta o pau com
terçado. En etiatek. Cortar você.
atihep v.tr.: arrancar Atihep mani. Eu
arranco mandioca. Atihep uhaig.
Vou arrancar meu dente.
atipak v.tr. partir, rachar. Uito atipak
aria. Eu parti lenha. partir, abrir
o ouriço de castanha. Ati’atek
we’e
̃
a.
atipy n. céu. Tupana atipy pe. Deus
está no céu. Atipy ikahu. O céu
está lindo.
atiwuk v. intr. queimar Areto arekowuk
hamo. Eu vou queimar a roça.
52
Toi’ro watiwuk aiko. Vamos
tocar fogo na roça. En apo
etiwuk hamuat eko. Você vai
tocar fogo na roça.
atposeke adv.: meio–dia. Yara wato Toto
atpo seke. O barco sai meio-dia.
Atposeke iaman kahato. Meio
dia choveu muito.
'atu- pref. Indicação de um objeto ou
situação completo “todos eles”.
ti'atupag. (Eu) ponho todos eles
dentro (dele). Ati’atuakasa. (Eu)
vejo todos eles.
atūg me v.desc.estar deitado, extendido
horizontalemente. Atu me
mesup we. Eu estou deitado
aqui.
atuiat v.tr.:deixar, esquecer. Mi’i toiat
yara y’y tote. Ele deixou a conoa
no rio. Mi’i toiat apukuita yara
pe. Ele esqueceu o remo na
canoa. Ase’i toiat kyse yp g
̃
o pe.
O velho esqueceu teçado na roça.
atūka hap v.tr.: guerrear. Kurum
in
ta
atūka hamuat. Os jovens vão
guerrear.
atum v.tr.: dar Atum mi’u epe. Dei
comida pra você. Eterut (me ).
Etum hamuat apo? Você vai dar
isso? en etum. Você deu. eterūt
uhepe mi’u ’i. Me um
pedaço de carne. Ehe’erut emi’u.
Me dá um pedaço de comida.
atunug
̃
v.tr.: juntar, reunir. Ati atunug
̃
we’e
̃
a. Eu ajunto castanha.
galhos amontoados. seg
̃
a atunug
̃
.
Tuisaria te’eru wa’atunug
hamuat. Os tuchauas vão se
reunir.
auka v.tr. matar Te auka yty. Eu matei
veado. Ui auka. Me mataram. Ui
ywōt ti auka waipaka. Meu pai
matou galinha. Egyp aha’auka
Vamos matar piolho. Tu weauka.
Matar-se. Ase’i tu weauka. O
velho suicidou-se.
awahuru n.:cachorro do mato, rapousa.
Awahuru tu’u waipaka. A
raposa comeu a galinha.
awai’a n.: cará designação comum a
espécies da família das
dioscoreáceas, providas de
tubérculos alimentares. cará
branco Awai’a kyt sig’i. Uito
atu’u awai’a kyt’i. Eu como cará
branco. awai’a hūn’i cará roxo.
aware n.:cachorro Aware hekatu’u
kurum. O cachorro morde o
menino. Awahuru cachorro do
mato (pl.) Awahuru timogyt
akuri. A raposa assustou a cutia.
awati n.: milho. Awati sese go pe. Tem
muito milho na roça.
awayato a sap n.dep: irara. Animal
carnívoro. Uito atu’u awayato a
sap. Eu comi irara.
awerep v.: ser redondo. Yi i’awerep. A
terra é redonda.
āwi n.: agulha. Pi’a ti pun āwi. A
menina jogou a gulha.
awi’a n.: abelha. Genérico para todo
tipo de insetos himenópteros,
apídeos e/ou meliponídeos.
Awi’a toto. A abelha vai.
awuru n.: besouro. Designação comum
aos insetos coleópteros,
holometabólicos, cujas asas
anteriores são córneas e cava a
terra. Awuru tipan yi. Besouro
cava terra.
awyato ti n.: maracajá. Mamífero
carnívoro, espécie de gato que
vive na mata,atinge cerca de 85cm
de comprimento e 40cm de altura
Awyato hit tu’u hapiri. O
maracajá comeu o rato. Awyato
tu’u wawori. A onça comeu o
jabuti.
awyato n.: onça, termo genérico da
espécie. Grande felino vive nas
matas em todo o Brasil. Seruwai
53
ti auka awayato. Meu cunhado
matou a onça. Awyato hūn’i.
onça preta Awyato hit. onça
pequena. awyato wato. onça
grande.
awyky n.: guariba. Espécie de símio
(macaco)
de coloração escura,
caracterizados pela maxila inferior
barbada, e, sobretudo, pelo grito
peculiar.
Ase’i tiauka awyky. O
velho matou a guariba.
54
E
e- 1) pron poss.teu, tua. indicação de
possse teu/tua/seu/sua. eset teu
nome; emani tua mandioca;
2) Indicação de posse de vocês.
ehemani mandioca de vocês; ehet
nome de vocês.
e’at n.: dia. Koty’i e’at ikahu. Hoje o
dia está bonito.
eg
̃
a n.: galho. Aria’yp eg
̃
a. O galho
de árvore. Weita aria’yp egatote.
O passarinho está no gallho.
ehay n. a fala de alguém. Ehay ro!
Fala! En ehay hawyi woro
wesat. Você fala e eu
respondo.Uito uhehay.
eipe pron.pess pl vós, vocês. É
endereçado a todas as pessoas
presentes de um grupo genérico
.
Eipe put’ok ewei’e. Vocês
chegaram. Eipe ei’āhū. Vós
estais doentes.
eiwat pron.: vosso/vossa. Eiwat apo
toig u’i? Vocês tem farinha?
ewat pron.: teu, tua. Ewat eko iwato.
A tua roça é grande. Ewat
eyrysakag hawopy mani wo. Teu
paneiro está cheio de mandioca.
ekara’ape n. curuatá. Puwi ekara’ape
ta’at. O curuatá de inajá caiu.
ekatup v.tr.: esperar Uito ahekatup. Vou
te esperar. En uhekatup. Você
me espera.
ekerīt v.intr.:chorar Yt ekerīt rei’o
hirokat. ão chora criança.
Arawak chorar, eu vou Arawak
hamuat.
emiariru n.: neto. Tuisa emiariru ti
capitão. O neto do cacique é o
capitão.
en pron.2s tu; você. En ereto sokpe
kysyk hamo? Você vai esfregar a
roupa? En ereto tu vais. En
etitek yt. Tu/você cortou/corta o
veado. En put’ok ere; Você
chegou; En etu’u pira. Você
come peixe.
enoi v.tr. contar sobre. Ase’i henoi
Tupana etiat. O velho conta
sobre Deus.
enuk v.tr. comer. Mi’i tenuk kahato.
Ele come muito.
ēpe pron.: para ti. Pira ēpe. O peixe é
para ti.
epiat rel.: algo sobre você. Mana
miporo epiat ywa. A moça
mandou fruta pra ti.
epo’iam. v.intr.: levantar-se! epo’iam
merep mo Levante-se rápido!
epun v.tr.: jogar. Atipun pya. Eu
joguei. Etimak meipewat y’y!
Joga essa água. jogar fora, varrer.
Atipun no. Joga longe. etipun
pya.
eremu’e v. intr. sonhar. Uimu’e. Eu
sonhei. Mi’i imū’e sa'ag. Ele
sonhou ruim. Ui mū’e kahato.
Eu tive um sonho bonito.
erūt v.tr.: trazer. Mi’i terūt wasa’i.
Ele trouxe açaí.
esera v.intr estar cansado. Maria hera.
Maria está cansada.
eso 1) n. mentira. Kurumhin henoi
so. O menino conta mentira.
2)v.tr.: mentir. Kurūm heso
kahato. O menino mente muito.
etat v.tr.: pegar. Etāt ro. Pega logo!
Atat kyse. Peguei a faca. Uito
moro sat aru. Eu vou te pegar.
Etat aria’yp. Pegar o pau. Etāt
y’y uhepe! Pega água para mim!
Aho’osat hamuat mi’u. Vou
pegar comida.
55
etiat rel. algo sobre você. Ety to’e
etiat. A sua mãe disse algo sobre
você.
etikoho v.tr.:lavar no sentido genérico,
exceto a mão. Etikoho esokpe.
Lava tua roupa. Etikoho
uhesok’pe. Lavar minha roupa.
etityp ok v.tr.: limpar. Etityp ok kyse.
Limpar a faca.
ewa n.dep. rosto, bochecha. Sewa
mi’i ewa ikytsig
̃
kahato. O rosto
dele é limpo. Makuptia hewa
puk. A bochecha da menina está
inchada.
ewy n. amigo. Eu sou amigo. Uito
ewy.
eyke’et n.: teu irmão mais velho. Eyke’et
put’ok’e merep mo. Teu irmão
mais velho chegou cedo.
eko n. tradição, comportamento. Meiko
uiat uhemīt’in eko. Essa é a
tradição do meu povo.
ete loc. em, sobre: expressa a noção de
“sobre / em contato com uma
superfície”
Mi’i ta’at
aria’yp ete.
Ele caiu sobre o pau.”
eupī loc. atrás de. Expressa a noção de
posterioridade espacial e temporal:
“atrás de, seguindo”. To’iro eupī
kumpa’e. Vamos, compadre, (eu)
atrás de você!’, disse.” Uito areto
mua’ap eupī. Eu ando no caminho
atrás de você.
-’ewy suf.rel. indica comparativo de
igualdade. Ewepīt ro pyno en
wuat’i e’āt pe ui’ewy. Fique feliz
você, entao, todo dia, assim como
eu.
etiat rel. Sobre, referente a. Ahenoi
hamuat warana etiat. Eu vou
contar sobre o guaraná.
56
G
̃
ga’apy n.: mato, floresta, selva. G̃a’apy
wato. O mato está grande.
ga’atpo adv: ontem. Areto ga’atpo miat
pe. Fui caçar ontem.
ga’iwat n.: dono. Ase’i go ka’iwat. O
velho é o dono da roça.
gen’e interj. de medo. Akuri token’e
kahato. A cutia tem muito medo.
Kurum gen’e. (token’e). O
menino tem medo (é medroso).
get v.intr.: dormir. Mi’i toket. Ele
dorme. Uito areto uiket hamo.
Eu vou deitar e dormir. Uito
areket hamuat. Vou dormir.
getap n.: casa, moradia. Uiat toig getap
uimiweneru wuat. Tenho casa
para vender. G
̃
etap wato. Casa
grande.
go n.: roça. Terreno de pequena
lavoura, em especial de mandioca,
milho, feijão, etc. Uruwat toig
̃
wetup g
̃
o wato. ós temos uma
roça grande.
go’yp n.: toco de árvore que é
derrubada. Weita hupi’a go’yp
we. O passarinho desovou no toco
da árvore.
guap’a v.: ser sabido. Mi’i sese guap’a.
Ele é sabido.
gup te’en v.intr.:sobreviver. Mīt’ in
tukupte’en mot pap kaipyi. As
pessoas sobrevivem de trabalho.
gupte’en n.: morar, viver. Mejupiat
gupte’en haria tuwat mogki’ite. Os
que moram aqui, vão embora
amanhã.
g
̃
ag 1) v.tr.: secar. Sokpe igag
̃
mosaity ete. A roupa secou na
corda.
2) v.desc. estar seco. Kui’a igag.
A cuia está seca.
g
̃
ap n.: caba, vespa. Insetos
himenópteros, vespídeos. G̃ap
tihok kurūm. A caba ferrou o
homem. G
̃
ap tihok hirokat. A
caba ferrou a criança.
g
̃
u’uro v.intr.: morrer. Aware iku’uro. O
cachorro morreu.
gy’i n. espécie de planta utilizada para
fazer flauta, ponta de lança. Ase’i ti
tek g
̃
y’i mory’a jaigwo. O velho
cortou planta [gy’i] para fazer o bico
da flecha.
g
̃
yp n.: piolho. Pi’ã hegyp tok
kahato. A menina tem muito
piolho. Moi eg
̃
yp. Piolho de
cobra.
gyt hap v.intr.:engordar.Mi’i tu’u mohag
gyt hap. Ele tomou remédio para
engordar..
57
H
ha’āt v.tr. olhar. Mi’i teha’at y’y. Ele
olha o rio. Uito areha’at en. Eu
olho para você.
ha’awyte n.faz tempo.Ara’akasa’i
ha’awyte ra’yn mi’i.Faz tempo
não vi mais ele.
ha’awyte v.faz tempo. Ara’akasa’i
ha’awyte ra’yn mi’i. Faz tempo
não vi mais ele.
ha’ok v.tr.: debulhar, (milho).
Uruiha’ok awati. ós
debulhamos milho.
hãig
̃
n.:dente dele. Mi’i hãig
̃
haty. O
dente dele dói.
haigpe’e v.tr.: amolar. Uito ahaig
̃
pe’e
kyse. Eu amolo a faca. Uito
ahaig pē’e kyse wato. Eu amolo
o terçado. En ehaig
̃
pe’e awy
hap. Você amola o machado.
haipe rel. assim que, logo que. Haipe
nik pe so put’ok’e mi’i. Logo
que chegou uma pessoa.
hairu v.intr.: dançar To’í ahehairu.
Vamos dançar. Uito uhehairu.
Eu vou dançar.
haity n.:corda. Asaity kytyt yara
Amarra a canoa com a corda.
hakera’at 1) v.tr.: perdoar. Tupana ti
akera’at ui mi’aparap. Deus
perduou meus pecado.
2)v.tr.: salvar. Hirokaria ti
atuehakera’at mikoi ko’i. As
crianças salvam as plantas.
haki’i n.:morcego. Haki’i tiauka
waipaka. O morcego matou a
galinha.
hakup 1)v.desc. estar quente. Wa’ã
hakup. A panela está quente. Y’y
hakup. A água está quente.
Watenuk to hakup te tunan.
Vamos comer, enquanto está
quente. Hakup werup. Mi’u
hakup ta’yn. A comida está
quente.
2) estar morno, meio quente. Y'y
hakup werup. A água está morna.
hamaut sig
̃
1) n.:Caititu, porco do mato.
Mamífero artiodáctilo, taiaçuídeo
(Tayassu tajacu), da região da
América do Sul.
Hamaut tu’u
mani. O caititu come mandioca.
2) hamaut ywato n.: queixada.
hami’i n.: sauim (macaco). Designação
comum às espécies de primatas,
calitriquídeos, dos gêneros e
várias espécies em território
brasileiro. Hami’i tu’u pakua. O
sauim come banana.
hampyk n.: direto, reto. Mu’āp hampyk
uiyat kape. O caminho direto
para minha casa.
hamuat
1
v.intr: sair. Areto hamuat. Eu
vou sair. Aretem no! Sai logo!
Erepik to mejepe pyi. Sai logo
daí!
hamuat
2
v. tr.: indicação de acontecimento
futuro, alguma coisa que vai
acontecer. Are’y’u hamuat. Eu
vou beber água. Mi’i toto
ipotpap hamuat mogki’ite. Ele
vai trabalhar amanhã.
hanu’an n. macaco prego; espécie de
macaco. hanu’an hūn’i. macaco
prego preto.
hanuan n. macaco. Designação comum a
todas as espécies de primatas.
Hanuan peso’e aria’yp eg
̃
atote.
O macaco pula no galho.
hanun 1) n.: arara. Designação comum
às aves psitaciformes psitacídeas,
gêneros Anodorhynchus, Ara,
Cyanopsitta.
58
2) Hanun ihup Arara vermelha.
3) Hanun hyryp’i. Arara azul.
4) hanun ka’ay. arara peito
amarelo.
5) hanun ka’ay. Arara peito
amarelo.
6) hanun hup’i. Arara vermelha.
hap n.:pena (de ave). Hanūn toig hap
hyrp. A arara tem pena azul.
hapiri n.: rato grande de pêlo duro
Hapiri pun’e. O rato corre.
hapo n.: raiz. Uriuru sapo iwato. A
raiz da batata é grande.
hapowenug v.tr.: enraizar. Mikoi
hapowenug
̃
kahato. A planta
enraizou bem.
hapyap n.: nora. Tuisa mi mo hapyap
sese iokpi poki. A nora do
cacique é esperta.
haria rel.: plural nominalizador de
pessoa. Wepy haria. Os cantores.
Pirakat haria Os pesacadores.
hary n.: avó Uhe hary sese waku.
Minha avó é boa.
haryporia n.:designação genérica à pessoa
do sexo feminino, mulher,
menina. Uhehary’i put ok’e.
Minha mulher chegou. Haryporia
tē sok pe koho. A mulher lava
sua roupa.
haty 1) v.tr.: doer. Hirokat
̃
un my’a
haty kahato. A barriga da
criança dói muito.
2) n.: dor. Ui’ywōt sēse i’ape
haty. Papai está com muito dor
na costa. Uiakag
̃
haty. (uito).
Minha cabeça dói.
hau-hau v.intr.: latir. A ware hau-hau’e.
O cachorro latiu.
hawiu v.: estar sujo. Sokpe hawiu. A
roupa está suja.
hawuhu’i n.:patauá. Tipo de palmeira de
cuja fruta se faz suco (vinho)
Kurum terut hawuhui. O
menino trouxe patauá. Uito atu’u
hawuhu’i hy. Eu tomo vinho de
bacaba.
hawyi adv.: depois. Hairu hawyi a reto
ira’yn. Depois da festa vou
embora. J̃enuk hawyi aru
arewei. Depois de comer vou
tomar banho.
hay
1
n.: voz de pessoa. Arenentup
ihaig
̃
nia ehay. Ouvi a voz do
homem.
hay
2
v.intr.:urrar. Wewato ihay. O boi
urra.
hay
3
v. tr. falar. Ihaig
̃
nia ihay. O
homem fala.
hayig
̃
sok n. cheio de caroço, encaroçado.
Sasug
̃
hayig
̃
sok kahato. A
laranja tem muito caroço.
hayig n.: semente. Kurum tikoi hayig.
O menino plantou a semente.
he-/e pref. pron. possessivo hekui’a
cuia dele/dela he-/e- Indicação de
relacionamento acompanha
pronome possessivo. Uhemani
(minha mandioca); ēmani(tua
mandioca).
he’aito n.: marido. Pi
a eaito ti kat pay.
O marido da mulher caça paca.
he’ (je’e) n.: açúcar (coisa doce). Hy je’e.
O vinho é doce.
heg v.intr.: endurecer, solidificar. Oken
ypy iheg. A porta endureceu.
heg
̃
ku n.: língua.
Órgão muscular
alongado, móvel, situado na
cavidade bucal. Heg
̃
ku wato. A
língua é grande.
hejug
̃
v desc.: ser azedo. Sasug
̃
hejug
kahato. A laranja é muito azeda.
henoihat. n. narrador Uha’ase’i henoi
towat nimo ehap. Meu avô narrou
sua história.
59
hep v.tr.: tirar. Uito atihep uhesokpe
arewei hamo. Eu tiro minha
roupa para tomar banho. Mi’i
tihep ū’i kuia pyi. Ele tira a
farinha da cuia.
hep’e v.intr:sair de. Pira hep’e pina
pyi. O peixe saiu do anzol.
hepamo v.devagar.Wawori hewyry
hepamo.Jabute anda devagar.
hepai’a v.intr.:defecar, Expelir os
excrementos. Waipaka hepai’a.
A galinha defecou.
hepirip v.:ser enxerido Heperip kahato
pi

’ã. A menina é muito enxirida.
heso rakat v. mentiroso Uiat uheinyt heso
rakat. A minha irmã é mentirosa.
Me
̃
ewat ase’i heso-heso rakat.
Aquele velho é mentiroso.
hesō’ok v.:estar doido. Heso’ok uiwy.
Meu irmão está doido. En
ēsōk’ok. Você está doido.
hesy’at v. estar com fome. Uito uhesy’at.
Estou com fome. Mi’i hesy’at. Ele
está com fome.
het n.: nome. Uhet Iose e. Meu nome
é José.
het’ok n. Dar nome.Ywot het’ok
tomempyt.O pai deu nome para o
filho.
hewyry
1
v.tr.: viajar. Mi’i hewery tawa
wato kape. Ele viaja pra cidade.
hey v.intr.: assar. Haryporia tey pira.
A mulher assa peixe.
hi’an~ti’an. expr. indicação de pena,
admiração. Hi’an, kurum’i!
Coitado! dos rapazes. ta’in
urupotpap. Coitadas! ós
trabalhamos! (fala do masculino).
hik v. por sobre; por em cima de;
cobrir. E to hik howerk netap
apy tote. Põe a palha em cima da
casa.
hīkuru n.: urubu. Designação comum às
aves catartidiformes, catartídeas,
que se alimentam de carnes em
decomposição. Hikuru tu’u pira
ok puk. O urubu come peixe
pudre. Hīkuru (wato). urubu rei.
tuwewu wato.
himpa n.:tamanduá bandeira.
Mamífero
desdentado, mirmecofagídeo
(Myrmecophaga judata ou M.
tridactyla). O tamanduá-bandeira
é grande.
hiote v.tr.: rasgar. Yni hiote. A rede
gasgou.
hirokat n.: criança. Hirokat pesō’e y’y
pe. A criança pulou na água.
hīt v.desc. ser pequeno. yara hit. O
casco(pequena canoa).
hiware n.: pau de chuva. Espécie de
chocalho em forma de um cone
longo. Atiweneru heware. Vendi
pau de chuva.
hiwu n.Viuva.Tuisa ehary’i hiwu wo.A
mulher do caciqui ficou viúva.
ho
̃
-ho
̃
v.intr.: roncar. Ase’i i’agkuat ok
py ho
̃
-hō wantm muo. O velho
ronca de noite.
hom v.intr.:pingar. Sokpe apuk hom-
hom’e. A roupa molhada está
pingando.
hon v.tr.: ingerir, engolir. Mi’i tohon
mi’u hē rakat. Ela ingeriu a
comida gostosa.
ho'o suf. objeto parcial “alguns deles”
Aho’o pon uhekare’en. Eu perdir
algumas das minhs coisas.
hot’ok v.tr. entender. Uhete yt hot’ok’e’i.
Eu não entendi.
ho
̃
wyt v. intr.: assobiar. Jose ho
̃
wyt puo
tuwepy. José assobia a música.
hu n. espinho. Hu tok kahato mu’ap
tote. Tem muito espinho no
caminho.
60
v.tr.: amaldiçoar. Hary ti’uhū
aware. A velha amaldiçoou o
cachorro.
hu~su n.dep.: sangue. Ahu ipy tiu
kahato. O nosso sangue é muito
pitiú.
huet v.tr.: roer. Hamaut ti huet-huet
uriuru. O porco roeu a batata.
hun v.ser manchado, ser marcado,
ewstar sujo. Hesokpe hun. A
roupa dele está manchada. Hun
kahato esokpe. Sua roupa está
suja. Y'y hun kahato. A água
está suja.
hune adv.:cedo, amanhecer. Hune āt
kahu. Amanhece um dia bonito.
Arehumut hune uipotpāp hamo.
Acordei cedo para trabalhar.
hurū-hurū v.intr.:trovejar. Mug
̃
kī hurū-
hurū’e. Essa noite trouvejou.
hut yp kaa n. dep. goela Hut yp kaa
puk. Goela está inchada.
huwy v.tr.: enrolar. To’ok moig upip
ete. Enrolar na folha. (fazer
moqueca) Ehuwy hamo mi’u.
huwy. Vai fazer moqueca. Ehuwy
hawyi etey. Faz a muqueca e
assa.
hwwyry
2
. v. intr. andar Aware hewyry. O
cachorro anda.
hy n. vinho. Atikyi’at wasa’i hy.
Comprei vinho de açaí.
hyti n.: beija-flor. hyt’i wato. beija-
flor maior. Hyt’i topopy. O
beija-flor voou.
hyekyi v.tr.: espremer. Mi’i ti hekyi
mani mohoro pe. Ela espremeu a
mandioca no tipiti.
hyi’i hūn’i n.dep.: curica preta. Ave
psitaciforme, psitacídea
(Eucinetus barrabandi), da
Amazônia.
hymūt v.intr. acordar. Uity erehymūt ro!
Mamãe, acorda logo!
hyp indicação de coletivo hyri hyp
muita tiririca; māre hyp muito
caraná; maripe hyp; mopep hyp
uriuru hyp.
hyp’a indicação de coletivo. moita.
wewo hyp’a - moita de cipó; hri
hyp’a - moita de tiririca.
hypap 1)
n.: seca: falta de chuvas;
estiagem. Misua akaiu sese
hypap. A seca foi muito grande
este ano.
2) Período em que a ausência ou
carência de chuvas acarreta graves
problemas sociais e econômicos.
Y’y sēse ihypap. O rio está muito
seco.
hypit’i v.: estar fino. Wasa’i hy ihypit’i.
O vinho de açaí está fino.
hri n.: tiririca. Erva daninha,
graminiforme, da família das
ciperáceas (Cyperus rotundus),
tem folhas alongadas e cortante.
uikp hri. A tiririca me cortou.
hyrp’i adj. azul. Pi’ã ta’akasa hanun
hyrp’i A moça viu uma arara
azul.
ht n. irmão. Erewi ro uht! Vai
tomar banho com meu irmão!
hyt v. estar cheio. Yt’a wasa’i hyt.
Paneiro cheio de açaí. mare hyt.
Cheio de Panacu; Kara’ype hyt.
Cheio de caraipé; Warana hyt.
Cheio de guaraná; U’i hyt. Cheio
de farinha.
hywi n.: gavião, águia. Qualquer das
aves de rapina diurnas,
falconiformes, acipitrídeas,
falconídeas. Waipaka hywi ti
auka. O gavião matou a galinha.
hywi hit’i gavião peq.; ripino;
hywi wato. gavião real. Hywi
wato tu’u awyky. O gavião
grandecome a guariba.
61
I
i- pref. pron. possessivo pref. nom.
indicador de posse que se refere a
tudo que é próprio do ser
humano.dele/dela. iakag. cabeça
dele; ia’ape. costas dele; iwe.
boca dele. ipū’i carne dele; ity
mãe dele/ dela; i’atuset nome
deles
ioktu n.:coxa(s) A tuu hamaut oktu
pu’i. Eu comi a carne da coxa do
porco. i’up. A coxa dele.
i’āhū n.: febre. Hirokat i’āhū. A
criança está com febre.
i’aman mōt n.: inverno. I’aman mōtpe
sēse na’ak. o inverno é muito
frio.
i’anam n.: capim. Toig
̃
i’anam g
̃
o pe.
Tem capim na roça.
i’apohup v. ser/estar amarelo. Ywa
iapohup. A fruta está amarela.
i’apuk v. molhado – Sokpe pak iapuk. O
pano está molhado.
i’ywop v. comprido,extenso, longetudinal.
Moi iywop. A cobra é comprida.
i’ypyrp v.: estar escuro. Yka’apy
iypyrp. O quarto é escuro.
ia’ut n.: chifre. Wewato aut kurin. O
chifre da vaca é pequeno.
i'ahu v.: estar doente I’ahu kahato
pi’ã. A menina está muito doente.
iakare n.:jacaré. Designação comum a
todos os reptis crocodilianos
aligatorídeos, especialmente o
Caiman yacare. Uito areha’at
iakare. Eu estou olhando o
jacaré. iakare wato. jacaré
grande. Iakare wato ikyt. Jacaré
grande e gordo.
i'amān v.intr:chover. i'aman hamuat.
Vai chover. I’aman kosap. Parar
de chover.
ianam adj.: espesso. G
̃
o ianam kahato.
A roça está espessa.
iapuk v.: estar molhado. Uhesokpe
iapuk Minha roupa está molhada.
Arewei hawyi uiapuk. Tomei
banho, estou molhado.
iarōt v.: estar murcho. Upip i’arot. A
folha está murcha.
igag v.: estar seco. Igag na’yn sokpe.
A roupa está seca. Ihy pap y’y
hīt’i. Está seco o igarapé.
uhesokpe igag. Minha roupa está
seca.
ihaig
̃
nia n.: homem. Arakasa ihaig
̃
nia g
̃
o
pe. Vi o homem na roça. ihaignia
hīt (menino). Sese ihaig
̃
nia’īn
hit. muitos meninos. ihaignia ou
haryporia n.: sobrinho/ sobrinha.
Iatu mempyt Toto pira pe. O
sobrinho dele vai pescar.
ihapope sap n.dep.:pestanas.Mana tipen
teha popesap. Minha irma pintou
a pestana.
ihapytig
̃
’i v.desc.: ser cego ihapytig
̃
’i.
cego. Hary yt ihapytig’i. A velha
não enxerga. Ihainia ihaputig
̃
’i.
O homem é cego.
ihary’i n.:esposa.Tu’isā ehary’i ikahu. A
esposa do cacique é bonita.
ihat’ ok kai’i n.: madrugada. Ihat’ok kai’
i iaman. De madrugada chuveu.
ihay v.intr: berrar. Yty hīt ihay
kahato. O veadinho berra muito.
ihep v.tr.: desfazer. Modificar a forma
ou o arranjo de; desmanchar:
62
Paigni tihep hui. O pajé desfaz o
feitiço.
ihepypyryp v. desc.: estar turvo, não
limpo (água turva, barrenta). Y’y
ihepypyryp. A água está turva
(barrenta).
iherep v. desc. estar limpo/limpa Uiko
iherep. Minha roça está limpa.
ihoiro v.tr.: ralhar. Ihoiro mi’i. Ralha
ele.
ihot’ok n.:dia Koity’i anakup werup. O
dia está ensolarado hoje.
ihup n.: vermelho. Atiky’esat’i sokpe
pak ihup takat. ão gosto de
pano vermelho.
ihy 1) n. líquido, vinho. hu’irop’i hy.
vinho de Jussara.
2) ihy wato cheia, inundação.
Merep ihy wato y’y. Rápido veio
a cheia do rio.
ihyesaika n.: cachoeira. Ihyesaika iwato.
A cachoeira é grande.
ihypīt v.: grosso(líquido). Hawuhu’i hy
ihypīt. O vinho da bacaba está
grosso.
ihypy huatpe n. lago. Ihypy huat iwato.
O lago é grande.
ihyryp v.: ser/estar verde.Ywa iahyrp.
A fruta está verde. Ahut ihyryp.
O papagaio é verde.
ika’ay v.: amarelo. Hanun sap ika’ay. A
pena da arara é amarela. ika’a.
ikag
̃
mot’i v.: magro. Ikag
̃
mot’i
kurum. O menino está muito
magro.
ikag koi n.dep.: osso(s). Ikag koi aware
tuu. O cachorro comeu os ossos.
ikagoktu n.:perna(s). Aware hekatuu
ikag ete. O cachorro mordeu na
perna.
ikahu v.: belo, bonito. Kuhum yat
ikahu kahato. A casa do menino
é muito bonito. Ikahu kahato.
Muito bonito. Hary poria ikahu.
Mulher bonita. En ekahu. Você é
bonita.
ikap n.: gordura. Pira ekap. A
gordura do peixe.
iket’āt’i v. intr.: estar com insônia. Miat
kāt hat yt iket āt’i. O caçador
está com insônia.
ikyt v.desc:ser gordo. Uito iktyt. Eu
estou gorda! En ikyt. Você está
gordo.
ikytsig
̃
v.desc: ser branco. Pi’a sokpe
ikytsig
̃
. O vestido da moça é
branco.
imepyt n.: filho dele. Paig
̃
ni mepyt 
̃
ū.
O filho do pajé está aqui.
ime’en n.: tripa dele. Pay me’em ikam
hig
̃
. A tripa(bucho) da paca está
fede.
-’in suf. indicação de coletivo
indicando grupo de seres humanos
para pessoas. Morekuaria’in.
(Grupo de chefes) uiwyria’in
(meus irmãos, indicando as
pessoas em um ambiente).
Uimemput’in (grupo de criança).
inakuat’i v.:mau. Kurum inakuat’i. O
menino é mau.
ine’en v. ser, existir. ( eu sou pessoa)
inug haria expr. os que fizeram. Inug
̃
haria ko’i. Os que fizeram a
roça.G
̃
o nug
̃
haria ko’i.
inug hat expr. quem fez.Inug
̃
hat.Uweig
̃
inug
̃
mi’u Quem fez a comida.
inyt n.: irmã dele. Kurum inyt ikahu.
A irmã do rapaz é bonita.
ipa’ãu n.: alma. Uipa’ãu toto atipy
kape. A minha alma vai pro céu.
ipa'aiat n.:macho. Aware pa’iat iwato.
Cachorro macho é grande.
ipakup v desc.: ser novo. G
̃
etap ipakup.
A casa é nova.
63
ipāt rakat n.: gêmeos. Uiwy’ok toig ipāt
rakat. Eu tenho irmão gêmeos.
ipe n.: couro. Uito a tiweneru
awyato pe. Eu vendi couro da
onça. Ipe pele dele.
ipepo n.:asa dele Weita ipepo pik’e. A asa
do pássaro quebrou.
iperup n.: preguiçosa, pessoa. Iperup
kahato piã. A menina é muito
preguiçosa. Iperup preguiçoso.
iperup mit. Homem preguiçoso.
iperup’i v.:fofar Weg
̃
kia ti
agku’i yi. A saúva fofou a terra.
iporo n.: velha, mulher Haryporia
ipōro. Mulher velha. velho,
homem. Ihaignia ipōro. Homem
velho. velha, bem velha. Ipōro
kahato. Mulher bem velha.
ipohyt n.: flor, nome genérico. Sasug
̃
ipohyt. A flor da laranjeira.
ipoity’i n.: grave. Hirokat āhū sēse
ipoity’i. A doença da criança é
grave.
iporan n.: esquerda. Moran kai
netap. A casa está à esquerda da
sua.
ipotyi v.: é pesado. U’i ipotyi kahato. A
farinha é muio pesada.
ipotyi’i v.:leve. Waipaka sap ipotyi’i. A
pena da galinha é leve.
ipuehay v. fazer barulho. Hapiri ipuehay
netap we. O rato faz barulho na
casa.
ipp v.: podre Mani i’okpyp. A
mandioca está podre. Mi’u ipyp.
A carne está podre. Ipyp takat.
ipyre v.: cru. Hamaut pu’i ipyre. A
carne do porco está crua.
ira’ak v.: frio, gelo. na’ak eat. O tempo
está frio.
irania ĩn pron.: outros(vários). Uito
areha’at irania’in ahut aria’yp
tote. Eu vi outros papagaios na
árvore.
irania pron.:algum(ns). Toig
̃
irania’in
apukuita pakup. Tenho alguns
remos novos.
itirik n.:coceira Uito uitirik ui’yke ete.
Estou com uma coceira no braço.
ituwe’eg’i n.:sem-vergonha. Yt tuwe’eg’i
kurum. O menino sem-vergonha.
itym v.desc.: ser liso, escorregadio.
Pira itym. Peixe liso.
itypore v. desc. ser alto. Myrawe itypore
kahato. A pupunheira é muito
alta.
iurumu n.:abóbora. Hamaut tu’u
iurumu. O porco come jerimum.
iwato 1)n.dep/adj.grande, grosso(sólido)
Yi iwato. A terra é grande. Yara
iwato kahato. A canoa é muito
grande. Iasap iwoity sese. O cabelo
dele é muito grande.
2) v.desc. grosso Apukuita wy’yp
iwato. O cabo do remo é grosso.
iwato rakat.
iwot irakat n.: órfão(sem pais). Hiroka
iwot irakat’i. A criança não tem
pais.
iwyp v.desc: estar cozido. Pay ’i
iwp ta
yn. A carne da paca está
cozida.
i'ytek n.: resina, cera. i'ytek resina,
breu mescla.
ikuaphat n. sabedoria. Mi’i sese ikuaphat
toig. Ele tem muita sabedoria.
i’ahay n. Fazer barulho. Hirokat e’hay
pirik. Criança faz barulho
i’aju n. ponta, extensão. Mikoi i’aju
pik’e. Aponta da planta qubrou.
i’akyt n. fruta ainda verde. Pakua i’akyt.
i’aman n. chuva, chover. I’aman kahato.
Chuva forte.
64
i’ape n. casca de alguma fruta. We’eja
i’ape heg. A casca da castanha é
dura. I’apehup popera. A capa
do caderno é vermelha.
i’apojig v.desc. ser grisalho. Hary
i’apojig. A avó está com o cabelo
grisalho.
i’atag v.desc. estar meduro. Magka i’atag
na’yn. A manga está madura.
i’ewyte rel. também. Areto i’ewyte en
ereto. Eu vou e você também vai
pescar.
ihot’ok expr. de saudação. Ihot’ok! Bom
dia!
ihy’apope n.: rio a cima, babeceira. Sese
pira ihy’apope. Tem muito peixe
na cabeceira do lago.
ihywap v.tr.: derreter. Mi’i timoihywap
mani’ay karay. Ele derreteu a
tapioca.
ipoiyt v. desc. ser abundante. Ipoity
kahato sasug. Tem muita laranja.
iteneg v. desc. estar bem torrado. U’i
iteneg kahato. A farinha está bem
torrada.
65
J
̃
ja’yig n.: semente. Haryporia ti koi
melancia ja’yig. A mulher
plantou a semente de melancia.
ja'aman n.: chuva. J
̃
a’aman kahato.
Muita chuva.
jaig n.: dente (s). Mii haig haty. Ele
está com dor no dente.
jape n.:chocalho. Hary tihuruk jape.
A avó balança o chocalho.
jega n. galho, ramo. Atiterek sasug
̃
ega. Eu cortei o galho da
laranjeira.
je’en n. vômito. J
̃
e’en āhū ipoity’i
rakat. Vômito é uma doença
muito perigosa.
jum n.: dar. Atum aru mory’a kurum
me. Eu darei uma flecha ao
menino.
jumpe pron.: aqui, cá. Etunugno jumpe.
Deixa logo aqui.
jumteran’i v.tr.: negar. Mi’i Tum teran’i
kyseyp. Ele negou o teçado.
jun mya n.: barriga (abdômem).
Kurum hun mya wato. O rapaz
tem barriga grande.
jaig
̃
tīn n.: apontar. Toiro wahaig
̃
tīn
ariayp ywōp. Vamos apontar a
vara.
̃
ū adv.: cá, aqui. Kurum
̃
ū. O
menino está aqui.
̃
u’i n.: porco espinho. Ju’i aria yp
jega tote. O porco espinho está
no galho. Ariukere
juempe pron.: ali, lá. Areto juempe. Vou
ali.
jug n.:bicho-de-pé, pulga. Espécie de
insetos sifonápteros, ápteros, que se
alimentam de vertebrados de
sangue quente. Kurum pype toig
jug upi’a. O menino tem pulga no
pé. Aware he
̃
ug tok kahato. O
cachorro tem muita pulga.
̃
ugkan hit. tucano pequeno; ika’ay
supia u hat. Tucano amarelo.
̃
ug
̃
kan wato. tucano grande.
̃
ug
̃
kan n.: tucano, toda espécie (araçari
amarelo, comedor de ovo).
jumpe adv. Aqui como resposta.
Ajumpe toig hairu? Jumpe.
Onde é a festa? - É aqui.
̃
un n.: fezes. Ypeka
̃
un
̃
umpe. O
pato fez fezes aqui.
je’en n. vômito, ato de vomitar. Je’en ahu
ipoity’i rakat. O vômito é uma
doença muito perigosa.
66
K
kanã n.: cana de açúcar. Kurum tikoi
kana. O menino plantou cana.
kag
̃
n.: osso Sahu kag
̃
iheg
̃
kahato.O
osso do tatu é muito duro.
kahu v. desc.: bonito, atrativo.
Mesuwat g
̃
o ikahu. Esta é uma
bonita roça.
kamisa n.: blusa/camisa. Kurum tikyi’at
kamisa. O menino comprou a
camisa.
kamuti n.: pote. Kamunti hawapy y’y
wo. O pote está cheio de água.
Kamuti mana ti apok. Minha
Irma quebrou o pote. kamunti
wato. pote grande. Hary toig
kamunti wato. A velha tem um
pote grande.
kan pron.interrogativo o que? Kan
pyno toterūt? O que será ele
trouxe?
kara’ype n.
espécie de árvores de casca
taninosa, que servem para fabricar
vasilha de barro. kui’a kara’ype
hyt. A cuia é feita de caraipé.
karaiwa n.: branco (homem não indígena).
Karaiwa hekat kahato. O
branco(homem) tem muitas
coisas.
karania pron.: quantos? Karania akai’u
ereine’en. Quantos anos você tem?
karawōt n.: cigarra. Designação comum
a várias espécies de insetos da
família dos cicadídeos. Karawot
tepy. A cigarra canta.
karay hap n.dep.: torrador. Hary ti karay
warana ikaray hap pe. Vovó
torra guaraná no torrador.
karay v.tr.: torrar. Uito atikaray u’i. Eu
torrei a farinha.
kare’en n.: coisa. Hary hekare’en
kahato. Vovó tem muita coisa.
kasa v.tr.: ver Are’akasa moi. Eu já vi
a cobra. Mi’i ta’akasa moi. Ele
viu a cobra.
kasu n.: caju. Kasu ipoity karato. Tem
muito caju. Atu’u kāsu. Comi o
caju.
kat hamoig expr. para que? Kat hamoig
meipat
yara? Para que essa
canoa?
kāt v.tr. procurar. Mi’i tikāt
apukuita. Ele procura o remo.
kat v.tr.: caçar. Ihaig
̃
nia in teremi’u
kāt kahato. Os homens caçam
muito.
kat’i potiat n.dep.: reserva. Uiat toig
mory’a kat’i potiat. Eu tenho uma
flecha de reserva.
kat-kat n.: bicho. Kat-kat ikahu’i. O
bicho feio.
katpote conect.: porque. Arep katpote
uipopāp. Eu canto porque gosto.
katu’u 1)v.tr.: morder Aware hekatu’u. O
cachorro mordeu.
2)v.tr.: picar. Awi’a hekatu’u
hirokat. A abelha picou a
criança.
katup v. esperar.Paigni he katuk tu’isā.
O pajé espera o cacique.
katuw n. companheiro. Uhekatuw
tētem wantm muo. Meu
companheiro saiu a noite.
kawiano v.tr.: defender, livrar. Kurum’ in
tikawiano ahesaikap. Os rapazes
defendem os nossos direitos.
Kurum tikawiano toy wyt. O
menino livrou o irmão dele.
kawuti n.: tucum, bacabinha. Kawuti
hun kahato.
67
kay v.tr: atrair. Moi tikay miat. A
cobra atrai a caça.
ket v.intr. dormir Hirokat ase’i
toket O avô da criança dorme.
kia n.: aranha. Kia tu’u ape’i.
Aranha comeu barata.
ko n. roça. Uiko kahato. Minha roça
é grande.
ko’i indicação de plural de animais não
humanos e seres inanimados.
awayato ko’i ( as onças); yi ko’i
( as terras); saware ko’i
(cachorros).
koho v.tr.: lavar. Pi’ã ti koho yni. A
menina lavou a rede.
koi tywy interj. é agora! Pronto! Koi tywy
aru epyhik ta’yn. Agora tu vai
ser preso.
koi v.tr.: cultivar. Fertilizar (a terra)
pelo trabalho; dar condições para
o nascimento e desenvolvimento
de (planta). Haryporia’in tikoi
mani. As mulheres cultivam
mandioca.
koity’i adv. Hoje. Koity’i āt kahu
kahato. Hoje o dia está bonito.
Put’ok are koity’i. Cheguei hoje.
kon’a n. moela. Waipaka ekon’a
kahato. A moela de galinha é
gostoso.
koro n.: principal. hapo koro. raiz
principal ou radical.
kosāp v.intr.:atravessar. Akuri to kosāp
mu’āp wuo. Acutia atravessa
caminho.
kotā expr. por exemplo. Kotā: taiuwa,
wa’ã, sokpe toig ne. Exemplo:
dinheiro, panela, roupa, etc.
kotkot’e v.tr.: ferver. En etimosakup apo
ihy. Você feveu o caldo?
ku’i v.tr.: triturar. Ase’i ti ku’i awati
wegku’a pe. O velho triturou o
milho no pilão.
ku’uro v.: estar morto Uiwy ikuro. O
meu amigo está morto. Pywo
iku’uro..
ku’uru v.intr.: morrer Pay iku’uro. A
paca morreu. Ui uwot iku’uro.
Meu pai morreu. iku’uro
ra’yn. morreu. Ikurotira’yn.
Ele morreu de verdade
kuap v.tr.: saber. Atikuap’i(mi’iria
tikuap kahato kat ko’i). Eu sei
nadar. Eles sabem muita coisa.
kuasa v.tr.: caluniar. Ihaig
̃
nia tikuasa
haryporia. O homem caluniou a
mulher.
kui’a 1) n.: prato (para comer dentro).
Atu’u yi kawiat kui’a pe. Eu
comi no prato de barro.
kui’a 2)n.:cuia (cabaça cortada,partida)
Ati kyiat kuia.
3)kui’a apak. cuia (cabaça
cortada). akag apak Eu comprei
a cuia. kuia kyt’i bacia.
kuiru’a n.:jamaru. Planta da família das
cucurbitáceas (Cucurbita
idolatrica), cujo fruto tem casca
espessa e forte, serve como
vasilha para transprotar água.
kuitu v.tr.: cuspir. Hirokat kuitu’e yi
tote. A criança cuspiu na terra.
kuitu’e n.:saliva, cuspe.Hirokat etyhy
tima’apuk sokpe. O cuspe da
criança molhou a roupa.
kuiwat pron.: aquele,aquela,aquilo.
Kuiwat sasug i’apuhup. Aquela
laranja está amarela.
kumana n.: feijao. Kumana hawaity
kahato. O feijão é muito caro.
Kumana he kahato. O feijão é
muito gostoso.
kupitu n.: capivara. Kupitu pun’e. A
capivara correu.
68
kurin 1) v. desc. ser fino. Pina saity
kurin. A linha do anzol é fina.
2) adv pouco. Kurin ehe’erūt
mi’u. Dá-me um pouco de comida.
kurum 1) n.: menino. Kurum pira kat
hat. O menino pescador. Kurum
ti apok kui’a. O menino quebrou
a cuia. Atipik ária yp sapen;
2) n.: rapaz novo. Kurum iwasu
ihary’i. O rapaz novo casou.
3) hirokaria n.: muitos meninos.
Sese hirokaria Muitos meninos.
kusiu n.: macaco cuxiu. Hanu’an tu’u
ywahup. O macaco come
caramuri.
kutiere n.: quatipuru. Espécie de cutia
que tem cauda.
Mamífero roedor,
dasiproctídeo, gênero Dasyprocta.
Kutiere tu’u puwi. Quatipuru como
inajá.
ky’esat v. ter necessidade. Atiky’esat
yara. Tenho necessidade de
canoa.
ky’esat v.tr.: querer. Woro ky’esat en.
Quero você. Arenuk teran ui yat
pe. Eu quero comer em casa.
ky’esat’i v.tr.: contrariar, impedir.
Kurum ti ky’esat’i seko. O
menino contrariou os costumes.
y tikyesat’i Ito hap. A mãe
impede a viagem.
kyha n.: babaçu. Kyha kawiat. O
chapéu é de babaçu.
kyri v.tr.: cuidar, ter cuidado, tratar.
Pia ti kyri pira. A menina cuidou
o peixe. y teropat hirokat. A
mãe cuida da criança.
kyry v.tr.: ato de rir. Hirokat
tuwekyry kahato. A criança ri
muito. Pi’ã tuwekyry. A menina
riu. Wekyry. Ele riu.
kyse 1) n.: faca. Kurum ti pun kyse O
menino perdeu a faca.
2) kyse yp: facão, terçado. Kyse
wato asei tikyiat O velho
comprou terçado.
3) kyse ariayp kawit: facão de
madeira.
4) kyse ariayp kawiat; kyse hit:
faca pequena. Kyse hit atiky’at.
Eu comprei uma faca pequena.
kytyire n. besouro serrador, que corta pau.
Kytyire ti tek aria’yp ega.O
besouro serrador corta o galho de
árvore.
kytt 1) v.tr. amarrar. A tikytyt
mosaity. Eu amarrei a corda.
kytt. Kurum ti asaity kytyt te
yara aria’yp ete. O rapaz
amarrou a conoa no pau.
2) kytyt pe. v.desc. estar
amarrado. Wewato tosaity kytt
pe. O boi está a marrado.
kywa n.: pente Kywa pia tipik. A
menina quebrou o pente.
kai 1) rel. indicação de proximidades
de”, “perto de”, “ao lado de”,
determinado localização no
espaço, ou no tempo. Kokai
erekosap. Passa para o outro
lado.
2) kai pyi rel. locução
posposicional significa a
ocorrência de um movimento, sem
que este implique em uma
separação daquele que se desloca
do seu ponto inicial. Pyno kora
pyi eikai pyi miowat atikuap
ta’yn. Entao, a partir desse
momento, ja vou conhecer isso de
vocês.
kape loc.: espacial ou temporal; e usado
para indicar deslocamento em
direção a um ponto de
chegada
Areto eyat kape. Eu vou
na sua casa
69
kueriu n.: coelho.
Mi’i
toto ra’yn kueriu
yat puo. Ele ja foi la pela casa do
coelho.
koran pyi expr. A partir de hoje. Koran
pyi atiywyk uheko. A partir de
moje mudei o meu
comportamento.
kuipua adv. para lá. Etipun no kuipua.
Joga para lá.
kyt’i v. desc. ser branco. Uity ti anug
awai’a kyt’i. Mamãe cozinhou
cará branco.
kay kay v.tra. chamar alguém. Mi’i tikay-
kay uity. Ele chama minha mãe.
kuipua adv. pra Etipum no kuipua.
Joga pra lá.
70
M
ma’apuk v.tr.: molhar. Iaman ti ma’apuk
u’i. A chuva molhou a farinha.
ma’at v.tr.: trair, lograr. Mi’i ti ma’at te
hary’i. Ele traiu a mulher.
Kukum ti ma’at te karaiwa. O
menino logrou o pai.
magka n.:manga. Magka he’e. A manga
é doce. Ahekuap magka. Eu
gosto de manga.
mahara v. brincar, divertir-se. Hirokaria
te’ere mahara yikyt pe. As
crianças brincaram na praia.
mak are v.dep.: atirar alguma coisa. Pog
are hamuat. Eu vou atirar. Mak
are nuwo. Eu vou atirar pau.
Mak are ária yp wo. Atirar com
o pau.
makuptia n.: moça. Makuptia toto g
̃
o
kape. A moça vai para roça.
man pohy n. tucupi. Líquido extraído da
mandioca. Man pohy musē puo.
O tucupi está temperado com
pimenta.
man 1)n.: beiju (de mandioca). Uity
tung man. Minha mae fez beiju.
2)n: Ahekup man. pão, bolacha.
Eu gosto de pao. A tikyi’at man.
Eu comprei bolacha.
manã n.: senhora. Manã ipotpāp g
̃
o
ete. A senhora trabalha na roça.
mani n.: mandioca. Uiko pe mani yn.
Minha roça é de mandioca.
mani’aky n.: manicuera. Uito atu’u
mani’aky migka’u. Eu tomei o
mingau de manicuera.
maniay karay n. dep.: tapioca. Fécula
alimentícia que se extrai da
mandioca; goma Maniay
karay
marupy pe. A tapioca está na
gamela. maniay pyre: goma da
mandioca.
manisey n.: macaxeira. Manisey waku
aimi’u wo. A macaxeira serve
para comer.
mantukawa num. Cinco. Metap ko’i
mantukawa. São cinco casas.
marakanã n.:maracanãzinho, jandaia (tem
peito vermelho e costa verde).
Marakanã tu’u awati. O
maracanã come milho.
māre n.: carana. Aterūt māre. Eu
trouxe carana.
marupy n. gamela. Utensilio de madeira
ou de barro, com a forma de
alguidar usada para lavagem e/ou
guardar alimento. Maniay karay
marupy pe A tapioca está na
gamela.
mãtēru n.:vaga-lume, pirilampo. Inseto
coleóptero, lampirídeo ou
elaterídeo, que apresenta órgãos
fosforescentes localizados na
parte inferior dos segmentos
abdominais. Matēru hapyke. O
vaga-lume acende a luz.
mau’a n. espécie de preguiça; preguiça
real. Mau’a aria’yp ega tote. A
preguiça está no galho da árvore.
meen n.: intestino(bucho). Pay meen
atitip hamuat. Eu vou limpar o
bucho da paca.
mehĩ n.: parente. Mehi put’ok’e
mejumpe. O parente chegou
aqui. Aito mehi’in. ós somos
parentes.
meiko 1) pron.: este, esta, isto. Uwewan
meiko popera? De quem este
caderno?
2) adv. meiko po’rap. daqui a
pouco. Meiko po’rap areto
71
netap kape! Daqui a pouco vou
para casa!
meipe pron.: esse,essa. Uwewan meipe
aware? De quem é esse
cachorro?
mesup pron. isso. Mesup pay. Isso é
uma paca.
mejupe 1)adv.:aqui, ( neste/nesse lugar)
Yara mejupe. A canoa está aqui.
Getap me
̃
epe. A casa é aí.
mempy 1) n.:abanador. Mempy hary
wat. O abanador da minha avó.
2) mempy rui-rui n.: Arraia.
Mempy rui-rui tihok kurum. A
arraia ferreou o menino.
mempyt n.: criança, filho. Ui mempyt
tuwak. Meu filho chora.
Uimempyt José. Meu filho José.
mempyta n.: grávida. Pia imempyta
wato. A menina está grávida.
meremo adv.: rápido. Miatkāt hat
put’ok’e meremo. O caçador
chegou rápido.
merep 1) v.dep.: no instante,
imediatamente. Areto hamuat
merep. Eu vou sair
imediatamente.
2)expr.: ligeiro. Merep ereto! Vai
ligeiro!
merep’e v.intr.: relampear. Merep-
merep’e kahato koity’i.
Relampeou muito hoje.
merup v.: ser preguiçoso, vadio.
Kurum merup’a. O menino
preguiçoso. Pi’ã iperup kahato.
A menina é muito vadia.
metap n.:casa.Ui’ywot yat me
̃
e. A casa
do meu pai é ali.
mi koi n.: mamas. Pia hemi watoin.
A menina tem mamas grandes.
mit pit. n.dep:corpo humano ikagmoti
mit pit. O corpo humano é
magro.
mi’i pron. sing. Ele. Mi’i’iāhū. Ele
está doente.
mi’i 1) pron.3s.ele/ela;eles/elas. Mi’i
miotã are ēpe! mi’iria.
2) mi’i wat dele/dela. Mi’iwat
mi’u ikahuro. A comida dele
acabou. Mi’i tu’u ne mi’u. Ele
acabou a comida. Mi’i ria tuwat
eles/elas vão Mi’i timomã
motpāp. ele acabou o trabalho.
Mi’i toto – ele/ala vai.
mi’iria pron. pess eles/elas. Mi’ria yn
so tukupte’en. Eles moram só.
mi’itā expr. é verdade, sim, é.Pywo apo
mi’i put’ok’e. É verdade que ele
chegou.
mi’ituran adv.: enquanto. Arewei turan
yra wato tokosap. Enquanto
estava tomando banho o barco
passou.
mi’u 1) n.:comida. Pira mi’u hērakat.
Peixe é comida boa.
2) Mi’u nug v.tr.: fazer comida,
cozer, preparar alimentos.
Haryporia’ in tianug pira. As
mulheres cozinham o peixe. Atu’u
nen mi’u. Eu acabei a comida.
miat po’i v.desc. ser possível, ser fácil.
Tupana pe torania miatpo’i.
Para Deus tudo é possível.
miat 1 n.:) caça. Ihaignia terut miat.
O homem trouxe a caça.
2 n.:) miat kat hat. Caçador.
Miat kāt hat hewantym ga’apy
pe. O caçador anoiteceu no mato.
migka’u n.: mingau. Atu’u migka’u kuia
pe. Eu tomo mingau na cuia.
mikoi n.: planta (em geral). Mikoi yp.
pé de planta.
72
mikuap’i n.: surpresa. Uiwy tum
uimikuap’i. Meu irmão fez
surpresa.
min v.intr.: mergulhar, afundar. Min
erero! Mergulha logo! min are!
Eu mergulhei. Mi’i min’e
ra’yn. Ele já mergulhou.
mipāp ko’i n. mercadoria. Kurum’in
terepo’ok mipāp ko’i. Os
rapazes carregam a mercadoria.
mipyhik n.: prisioneiro.Yt topyhik pe. O
veado está prisioneio.
misym’i v.: desmamar. y timowaure
temi ete pyi hirokat. A mãe
desmamou a criança.
mit n.: gente, pessoa. etap wato pe
sēse mīt’in. o barracão tem
muita gente. Mīt ihapytig
̃
’i
rakat. Pessoa cega. Mīt
kahato’i. Pessoa desajeitada.
Makuptia mītkahato’i. A moça
desajeitada.
mitigtig v.desc. ser pontilhado.
Timowekuap mitigtig upi.
Cubra o pontilhado.
mitumo interj. cuidado! mitumo’o
ewyria’in kai. Cuidado com seus
irmãos!
miywytip n. lugar limpo pra roça. Sejam
miywytip g
̃
o wuat.
mo yp n.: braço. Kurum po yp pike. O
braço do menino quebrou.
mo n.: mão Uipope popera hit. O
caderninho está na minha mao.
José po pe yty pe. O couro do
veado está na mão de José.
mo’yha
1
n.: ponto de exclamação ( ! ) sinal
de pontuação.
mo’yha
2
n.: bengala: b
astão de madeira
usada, principalmente, como apoio.
Hary hewyry mo’yha ete. A velha
anda debengala.
mog v.tr. grudar, colar, concertar.
Ihaignia ti mog yara.O homem
grudou o canoa.
mogket v.tr.: ninar criança. Ihary ti
mogket hirokat. A avó nina a
criança pra dormir.
mogki’ite adv.:amanhã. Mogki’ite areto
pira pe. Vou pescar amanhã.
mogko’i v. tr. transformar, mudar,
modificar. Mi’i ti mogko’i hamo
apukuita. Ele modificou o remo.
mogyt v.tr. espantar outro. Kurum ti
mokyt pay. O menino espantou a
paca. Uimogyt awyato! A onça
me assustou!
mog
̃
ko’i n.: aleijar. Iakare timog
̃
ko’i pay.
O jacaré aleijou a paca.
mohag nug hat n.: curador, aquele que
faz remédio para curar. Mohag
nuga hat i ku’uro. O curador
morreu.
mohag n.:remédio. Hirokat tu’u mohag.
A criança toma remédio.
mohep v.tr.: soltar. Mi’i ipohep waipaka
ete. Ele soltou a galinha.
moherep v.tr.: mostrar. Kurum ti
moherep toja’agkap. O menino
mostrou a foto dele.
mohey 1)v.tr.: confiar Uito a ti mohey
kurum. Eu confio no menino.
2)v.tr: crer, acreditar. Uito ati
mohey Tupana. Eu creio em
Deus.
mohik’e v.tr: entupir, encher Y’y hit’i
mopep timohik’e. O igarapé
entupio de capim.
mohoro v.tr. afrouxar. Kurum ywōt ti
mohoro yni saity. O pai do
menino afrouxou o nó da rede.
mōhoro n.: tipiti.
Forma de utensílio tecido
como uma espécie de cesto
73
cilíndrico longo, feito de palha,
com uma abertura na parte
superior e duas alças, usado para
extrair, por pressão, o tucupi da
mandioca. Atipi’ig mōhoro. Eu
teci o tipiti. Mōhoro atipi’ig. Eu
teço tipiti.
mohoropysomsom n.: espécie de
passarinho. Mohoropysomsom
tuwe sok nug. O passarinho faz
ninho.
moh vintr.descançar Tu’isā temoh
yni pe. O tuxaua descança na
rede.
moi n.: cobra (genérico) Moi
hekatu’u kurum. A cobra
mordeu o homem.
mokiu n.: ingá Mokiu kurum ho’o hep.
O menino apanhou ingá.
mokyha ko’i expr. são as consoantes.
Mokyha ko’i Satere pusu puat.
São as consoantes da língua
sateré.
moma v.tr acabar.Haryporia ti moma
u’i. A mulher acabou a farinha.
momā v.tr.: terminar. Uito timomā
ra’yn motpāp. Eu terminei de
fazer meu trabalho.
mompyahak v.tr.: irritar, aborrecer.
Mejewat kurum uimompyahak.
Aquele menino me irrita. Kurum
ti mompya hak hary. O menino
aborreceu a vovó.
montag v.:criar Ywōt’in tomontag
tomempyt’in. Os pais criam os
filhos.
monto v.tr.: soltar. Kurum ti monto
weita. O meninou soltou o
pássaro.
montyhot v.tr.: alumiar. Atykyesat
hentyhot netap. Precisa alumiar
a casa.
mopāp v.intr.: fazer esforço. Uipopāp
motpāp hamo. Me esforcei no
meu trabalho.
mopeypy n.: axilas, sovaco. Ipopeypy
nem kahato kurum. O axila dele
é fede.
mop v.intr.: voar. Ahut topop. O
papagio voou.
mopyakag’a n.: cotovelo. Kurum ti
ahyk topopyakag’a wo piā. O
rapaz bateu na menina com o
cotovelo.
morania v.tr.: conferir. Tu’isa ti morania
te mīt’in. O tuxawa conferiu seu
povo. Pira kāt hat Pira kāt hat
ti morania pira ko’i. O pescador
confere os peixes.
morem 1) v. intr.: virar. Ere morem
kokai. Tu te viraste para o lado.
Wawori tuwemorem. O tracajá
virou-se.
2)v.tr.: rolar. u morem’e mu’ap
empeke. A pedra rolou pela
ladeira.
moro suk vtr.: apunhalar, enfiar o punhal
En etisuk kat-kat. Você
apunhalou o bicho.
morope’i n. borboleta Morope’i topopy.
A borboleta voa.
mory’a 1) n.: flecha. Mory’a hit kat
auka hamo. Flecha pequena para
matar bicho. Mory’ahit hirokat
wat. Flecha pequena de criança
calango etc. Kurum wat toig
mory’a O menino tem flecha.
2) n.dep. mory’a wat. arco.
Haste de madeira, encurvada, com
uma corda presa às suas
extremidades para atirar flechas.
Kurum tepory’a nug. Menino faz
o arco.
mosakup v.tr.: esquentar (comida).
Etimosakup pyno mi’u aimi’u
74
wo. Vai esquentar a comida para
nos comer.
mosat v.tr: pendurar. Haryporia
timosat sokpe. A mulher
pendurou a roupa.
mōt n.: demorar. Mi
i hemōt kahato
put’ok e hamo. Ele demorou
muito para chegar.
mot pap 1) v.inr.:trabalhar. Mi’i ipot pap
hamuat. Ele vai trabalhar. Mi’i
ipot pāp kahato.
2) n.: mot pāp hat trabalhador.
Motpap hat hesyat poity’i. O
trabalhador está com fome.
Mi’iria motpāp haria. Eles são
trabalhadores.
mot’ok hup n.:peixe jiju (pirara
ok’heg’i).
mowatetup v.tr.: informar. Morekuat ti
mowatetup ase’iria. O chefe
informou os velhos.
mowempap v.tr.: ler. En etimowempāp
popera. Você leu livro. Mi’i
timowempap tui’sa epora. Ele
leu a carta do cacique.
moweuka’i v.tr.: caçoar. Haryporia in
pi’ã moweuka’i. As mulheres
caçoam da moça.
mowyro haria
1
expr. aqueles que ajudam.
Mowyro haria netap wiaria.
Aqueles que ajudam na casa.
mowyro hat
2
expr. quem ajuda. Mowyro
hat netap wiat. Quem ajuda na
casa.
muuja koi n.:os dedos da mão. Mu’uja
ko’i hawiu. Os dedos da mão
estão sujos.
mu’ujã n. dedo. Hirokat pu’uja. o dedo
da criança.
mu’uja’a pe n.: unha. A ti’ahyk
uipu’uja’ape. Eu bati a minha
unha.
mu'ap n.:caminho Mu'ap ianam. O
caminho está cerrado. Ui puap Meu
caminho. Ui puap tote hu tok. o
meu caminho tem espinho. Go puap.
Caminho da roça.
muehay v.intr.:soar. Arenentup huru-
huru’e. Ouvi soar o trovão.
muetu v.tr.: sonhar. Uity muetu iaman.
Mamãe sonhou com chuva.
mujãpia n.:anel. Makuptia tāt mu’u
̃
a
piat. A moça ganhou um anel.
mukā n.: espingarda. Mukā waku miat
auka hamo. A espingarda serve
para matar caça.
mukureru n.:caracol da terra Mukureru
ariayp tote. O caracol está em
cima do pau. mukut caracol da
água.
mukut n. embuá. Mukut yi tote. O
embuá está na terra.
muruhapetu’i n.: espécie de coruja
Muruhapetu’i tu’u ape’i. A
coruja come barata.
murusi mopiuku n.:muruci. Mopiuku
jukan tuu. O tucano come
muruci.
mūry n.: cujubim. Designação comum
às aves galiformes, cracídeas,
gênero Pipile, que ocorrem na
Amaz
onia
Mury ga’apy pe O
cujubim está no mato.
muse n.:pimenta Muse hai kahato A
pimenta é muito queimosa.
muse’yp n. pimenteira. Muse’py ipoty
kahato. A pimenteira tem muita
muita fruta.
musi n.:quati. Musi toto go kape. O
quati vai para roça.
mu’e v.tr. Mi’i toimu’e kurum. Ele
ensina o menino.
75
my n.: pé(s). Uipy ete uihok sári. A
formiga ferrou no meu pé.
mya susa n.: calcanhar. Uipya susa
wato kahato. O meu calcanhar é
muito grande.
mya n.: fígado. Asei ipya wato
kahato. O velho tem o fígado
grande.
myakag’a n.: joelho(s). Uipy akag’a
ati ahyk. Bati o meu joelho.
Ipyakag: joelho dele. Ipyakag’a
haty. O joelho dele dói.
my’atutuk’e v.tr. abaixar-se. Iuse
my’atutuk’e aria’yp
ywot’okpype. José abaixa-se
debaixo da árvore.
my’yhã n.: dedos do pé. Moi heka tuu
uipy’yhã. A cobra mordeu meu
dedo do pé.
myasusa n.: calcanhar. Toig
̃
hu
uipy’asusa pe. Tem um espinho
no meu calcanhar.
mye’ym num.: três. Hamaut mempyt toig
mye’ym. O porco tem três filhos.
myetig n.: reticências (...): sinal de
pontuação.
my
̃
aig
̃
n. peçonha. Kurum tunug
my
̃
aig. O menino fez a peconha.
my
̃
umpot n.: jacu. Ave das famílias
galiformes, cracídeas, gênero
Penelope, frequentes nas matas
primitivas do Brasil. Alimentam-
se, sobretudo, de frutas e folhas.
Myjumpot tu’u wasa’i. O jacu
come açaí. My
̃
u jacutinga,
cujubim. Myjun jacu.
mynsym v.intr.: mamar(no peito). Hirokat
temi sym kahato. A criança
mama muito.
mp n. forno (de metal, barro).
Atikyiat yi kawiat mp. Eu
compro o forno de barro. Uity ti
karay u’i myp tote. Mamãe torra
farinha no forno.
myrawe n.: pupunha. Kurum tihep
myrawe. O menino apanhou a
pupunha.
myryhu n.:juriti cinzenta, rolinha.
Hirokat ti awa myryhu. O
menino flechou juruti.
muo loc.funciona como um locativo
exprimindo relações de lugar e de
tempo localização não estática.
Ihagnia pun’e yamuo. O homem
corre em pé.
miariru n.: neto. Uhemiariru miat kāt
hat. Meu neto é caçador.
mijuram adv.: daqui a pouco. Mijuram
areto hamuat iyat kape. Daqui a
pouco eu vou na tua casa.
moput’ok v.tr.: completar. Etimoput’ok
sehay ko’i. Complete as frases.
mani’yp n.: maniva. Haryporia’in tikoi
mani’yp. As mulheres plantam
maniva.
mejuran adv. daqui a pouco. Mejuran
areto hamuat eyat kape. Daqui a
pouco vou na tua casa.
mõputok v.tr. completar. Etimoput’ok
sehay ko’i! Complete as frases!
76
N
na’ak n.: frio. Hirokat ete na’ak. A
criança sente frio. Mi’i hena’ak.
Ele está com frio. Uito uhe
na’ak. Estou com frio.
nakup n.: calor Kurum he’anakup
kahato. O menino está com calor.
Uito uhanakup. Estou com calor.
Uhanakup. En eanakup.Você
está com calor.
naku’ i v. desc. não presta. Mi’u naku’i.
A comida não presta.
nana n.: abacaxi. Atu’u nana. Comi o
abacaxi.
nasyk n.: mutuca. Designação comum
aos dípteros da família dos
tabanídeos. asyk tisym
puruweira. A mutuca chupou a
professora.
netap n.: casa, barraco. etap wato.
Toiro watuwa’atunug netap
wato pe. Casa grande.vamos nos
reunir no barracão.
niatpo v. ser difícil. Wemu’ehap niatpo
kahato. Estudar é muito difícil.
nīk v.tr. pressionar com a ponta do
dedo. Ihagnia tonīk pira
topu’uja wo. O homem amassou
o peixe com o dedo.
nimo v. desc.: ser antigo; antigamente.
Mesuwat yara nimo. Essa canoa
é antiga.
nop v.desc.: ser amargo. Mosop nop
kahato. Andiroba é muito
amargo.
nu n.: pedra. u mu’ap tote. A
pedra está no caminho.
nug
̃
v.tr.: fazer, produzir, construir.
Uito ahepāp mory’a wat nug
hap. Eu sei fazer arco. Uito
atung yrysakag iatu kahato. Eu
produzi muito paneiro. Ihaignia
tunug netap. O homem contrói a
casa. Mi’i tunug mi’u. Ele faz
comida.
nug’a n. verbo. ug
̃
’a(ser)yt kat’i Satere
pusu puo. O verbo ser não existe
na língua sateré.
nug
̃
kahu v.tr.: concertar. r em boa
ordem; dar melhor disposição a;
compor, ajustar, endireitar. Y
ywōt tunug
̃
kahu netap. O pai
concertou a casa.
nuk v.tr.: comer. Arenuk hamuat.
Vou comer. Hawyi areposei
hamuat. Eu vou comer e depois
lavar minha mão. Wate’nuk. ós
comemos. Uito arenuk teran. Eu
quero comer. Arenuk kahu
ra’yn. Eu já comi.
nupi’a n.: cupim. Espécie de insetos
isópteros. São sociais, vivem em
comunidades, geralmente
populosas, formadas por
indivíduos ápteros e alados.
Aria’yp nupia tu’u. O cupim
come o pau.
nurp n.: machado de pedra. Mi’i
tipoenti nurp. Ele achou o
machado pedra.
nusoken n.: paraíso. usoken kape toto
we’ã. A alma foi para o paraíso.
ny n.: mãe uity Minha mãe. ity. mãe
dele ou dela. Ity toto go kape. A
mãe dela vai para roça.
77
O
og n.: sombra, sombrinha(guarda-
sol). Uito ianam og
̃
me. Estou na
sombra da árvore.
oheg
̃
v.intr.: estar duro (resistente).
Pakua iok tag. A banana está
dura.
oho’e v.intr.: tossir. Oho’e hirokat. A
criança tosse. Uito oho are. Estou
tossindo. En oho-oho ere kahato.
Você tosse muito.
ok 1)v.tr.: satisfazer. Atu’u ui ok
mono are hawe. Comi para
satisfazer minha fome.
2) ok moig v.tr.: enroscar. Moi to
okmoig
̃
ariayp ete. A cobra
enroscou no pau.
-’ok suf. precede um nome indicando uma
parte de um todo. ihy’ok pori’ok.
braço de rio, afluente. Curso de
água que deságua em outro curso
de água, considerado principal, ou
em um lago, contribuindo para
lhes aumentar o volume.
oken ypy n.: porta. Kurum tunug oken
ypy. O menino faz a porta.
okpun n.: derramar. To’okpun wasa’i
hy. Derramou o vinho de açaí.
okpy n.: ânus Orifício na extremidade
terminal do intestino, pelo qual se
expelem os excrementos.
I
okpy
puo tetem . Pelo ânus dele sai
sangue.
oktag 1) v.intr.: estar maduro. Sasug
iatag
̃
. A laranja está maduro.
2) n.: cintura. Uioktag sese haty.
Minha cintura dói muito.
oktek n.: toro (pedaço de madeira).
Kurum timak y’y pe aria’yp
tek. O menino jogou um toro de
madeira na água.
ot v.intr.: vir
En yt eriot rei’o!
Você não vem mais. erioro! Vem
logo! eriot merep! Vem
ligeiro, ou vem rápido! Eriot
pyno pi’ã. Vem cá, menina! Uito
ariot kokai pyi. Eu venho do
lado. Eriot. Tu vens.
okpo’i rel. indicação de objeto enrolado.
sūhu okpo’i tabaco enrolado;
tawari okpo’i tauari enrolado;
taiuwa okpo’i dinheiro
enrolado;ūku okpo’i timbó
enrolado;yrypo okpo’i cipó
enrolado.
ok hyt’at v. tr.: cair de cima. Kurum i’ok
hyt’at sasug yp totepyi. O
menino caiu da laranjeira.
78
P
___________________________________________________________________________________
pa’i n.: padre. Pa’i tūt koity’i
ahepiok hamo. O padre veio hoje
nos visitar.
pā’yp n.: travessão ( ̶ ) sinal de
pontuação.
pag v.: botar dentro. Mi’i to pag
̃
kuia
yara py pe. Ele botou a cuia
dentro da canoa.
paigni n.: curador, médico, pajé. Paigni
mi momtypot sese. O curador é
muito respeitado.
pak v.tr.: estourar. Dar estouro;
rebentar com estrondo; explodir.
Ananiwa tipak mikoi. O raio
estourou a árvore.
pakua n.: banana. Pakua i’ok hup
kahato. A banana está amarela.
pakua ok’tag. banana madura;
pakua ok’kyt. banana verde.
pakua wato. banana grande.
pan v.tr.: cavar. Kurum ti pan yi. O
menino cavou a terra.
panane n.: peneira Hapiri tiok hot
panane. O rato roeu a peneira.
pātu n.: gareira. Ihaignia tunug pātu.
O homem fez a gareira.
pay n.:paca. Ahekuap kahato pay.
Eu gosto muito de paca. Pay toto.
A paca vai.
payhīt n.: grilo-toupeira (vulgo
paquinha). Payhīt ti huēt mikoi
sapo. A paquinha roeu a raiz da
planta.
pe ~ me ~ we loc. Indicação de estático;
pode expressar uma localização
espacial, temporal ou nocional.
Aremū’e Parintin me. Eu estudo
em Parintins. Watikoi tuereto
mani julho pe. ós sempre
plantamos mandioca em julho.
pe ~ me ~ we loc. Indicação de estático;
pode expressar uma localização
espacial, temporal ou nocional.
Aremū’e Parintin me. Eu estudo
em Parintins. Watikoi tuereto
mani julho pe. ós sempre
plantamos mandioca em julho.
pe rel. para. Mi’i terut y’y ahepe.
Ele trouxe água para nós
pehu v.tr.: abanar. Hary ti pehu ária.
A vovó abana o fogo.
pekin n.: vírgula (, ): sinal de
pontuação.
pemū’e v.: boiar Mopēp pemū’e y’y hīt
pe. O capim bóia no lago.
pen v.tr.: tingir. Haryporia ti pen
amogkiusu ehapo. A mulher
tinge o fio de algodão.
pesō v.intr.:pular. Pay pesō’e A paca
pulou.
pi’ig
̃
v.tr.: tecer. Haryporia’īn ti pi’ig
̃
yrysakag
̃
. As mulheres tecem
paneiro.
pi’ig hat n.: costureira. Pi’ig ehat tikyat
sokpe. A costureira comprou a
roupa.
piat n.:morador, comunitário.
Haryporia me
̃
uwat tawa piat. A
mulher é moradora dessa
comunidade.
79
piheg v.tr surrar Atiapiheg hirokat. Eu
surro a criança.
pihi n.: ferida. Aware toig hepihi. O
cachorro tem uma ferida. Hirokat
epihi ipiop. Tem pus no ferimento
da criança.
pik-pik v.tr.: destruir. Mi’iria ti pik-pik i
pyhyp. Eles destruíram a cerca.
pinã
1
inerrogação (?): sinal de
pontuação. Ewig tūt? Quem veio?
Kat hamoig tūt? Por que ele
veio?
pina
2
n.: anzol. Pina tāt pira. Pegou o
peixe no anzol. Pira ti tek pina.
O peixe cortou o anzol.
pinawa n.: palha. Ase’i tipi’ig pinawa. O
velho tece palha.
piok v.tr.visitar alguém. Imempyt to
piok toty. O filho visitou a mãe
dele.
piop n.: pus. Mistura de exsudato
inflamatório, leucócitos
polimorfonucleares vivos e
mortos, e bactérias vivas e mortas.
Hirokat epiphi ipiop. Tem pus no
ferimento da criança.
pira n.: peixe de modo genérico.pira
wato. peixe bem grande. Atekyi
pira wato. Eu puxei peixe grande.
pira jig n.: matrinchã: espécie de peixe
eleósteos, caraciformes,
caracídeos, do gênero Brycon
Mi’i tu’u pira jig. Ele come
matrichã.
pira kat hat n.: pescador. Pira kat hat
ta’apy’at. O pescador se alagou.
pira awahat n.dep.: zagaia.
pira tig
̃
n.: surubim; peixe pintado.espécie
de peixe comum aos peixes
actinopterígios, siluriformes,
pimelodídeos, gêneros
Platystomatichthys,
Pseudoplatystoma.
Uito tu’u
pira tig sey. Como surubim
assado.
pira upi’a n.: ova de peixe. Atu’u pira
upi’a. Eu comi ova de peixe.
pirag
̃
a n.:piranha. piragã wato piranha
gde; pirag
̃
a hit piranha pequena.
pirik v.tr.: colher. Hary ti pirik awati.
Vovó colheu o milho.
piru’i n. merenda, janta, almoço. Piru’i
piru’i waku ra’yn. A merenda
está pronta.
pīt n.: corpo A substância física, ou a
estrutura, de cada homem ou
animal. Hiroka pīt. O corpo da
criança. Pay pīt iwato. O corpo
da paca é grande.
po n.: mão. Mi’i po ipuk. A mão
dele está inchada.
po’og
̃
adv.: mais, acrescentar, por mais
coisas. Ehe’erūt po’og
̃
mi’u.
Traz mais comida. Ehe’erut
po’og u’i. Traz mais farinha.
po’oro v.tr.: enviar, mandar em missão;
encaminhar. Ywōt ti po’oro to
mempyt tawa wato kape. O pai
envivou o filho pra cidade.
pog’e n.: tiro (subs) p.ex. de espingarda.
Ihaignia pog
̃
’e awyato ete. O
homem deu um tiro na onça.
pohia n.: camarão.Urutu’u pohia.
Comemos camarão.
pohit n.: grilo. Ara’akasa pohit mikoi
ete. Vi um grilo na planta.
pohuruk v. tr.: cumprimentar. Mi’iria
to’o pohuruk. Eles se
cumprimentaram.
pohyt v.intr.: florir. Magka ipohyt ra’en.
A mangueira floriu.
poi v. tr. cuidar, alimentar na boca.
Ity ti poi hirokat. A mãe alimenta
a criança.
poityra v. benzer, invocar ajuda divina.
Paini ti poityra hirokat. O pajé
80
benzeu a criança. Paig
̃
ni ti
poityrai’ahū rakat. O pajé benze
para doenças.
poko n.: patrona, espécie de bolsa de
couro ou de tecida de palha
.
Ase’i
tipi’ig poko. Vovó tece patrona.
pokyryma n.: poraquê. Hesaika kahato
pokyrima. Tem muito puraquê
força.
popera n.: caderno, livro. Atikyi’at
popera koity’i. Hoje eu comprei
um caderno. Atimowempāp yne
popera. Eu acabeide ler o livro.
pop 1) v.tr.:fugir Mi’i topop hairu
pe. Ele foge para festa. Eipe
eweipop hamo.Voces vão fogir
2) v.tr. popȳ. Weita topop. O
pássaro voa.
porenotem n.: solto. Tatuporenotem
mipyhik. O preso está solto.
porog
̃
me v. intr. deitar. Estender ao
comprido; pôr ou dispor mais ou
menos horizontalmente. Ihoinia
porog ̃me. O está homem deitado.
Uito are atug
̃
. Eu deito. Areket
hamuat ra’yn. Eu vou dormir.
porokpun v.tr.: pôr. Mi’i tiporokpun
kui’a yi tote. Ele colocou a cuia
no chão.
posei v.tr. lavar a mão. Mi’i teposei
ra’yn. Ele já lavou a mão dele.
posēse n.:mão direita. Hirokat posēse. A
mão de direita o menino.
potek’ehat n.: roçador. Potek-potek ehat
tipuenti wawori. O roçador
achou o jabuti.
potek-potek v.tr.: roçar. quando
conjugado não ocorre repetição,
somente no infinitivo. Ati apotek
g
̃
a’apy. Eu rocei o mato.
poti’a n.: peito-dele. Mi’i ipoti’a wato.
O peito dele é grande.
potpāp v. trabalhar Mi’i ipotpāp go ete.
Ele tabalha na roça.
pu’i n.: músculos. Kurum iyke pu’i
kahato. O homem tem muito
músculo no braço.
puenti v.tr.: descobrir, achar. Tirar
cobertura, a tampa, ou qualquer
outra coisa que ocultava total ou
parcialmente, deixando à vista.
Ihaignia tipuenti netap. O
homem descobriu a casa. Mi’i
tupenti pay. Ele achou a paca.
pueri v.intr.:rodar.
Fazer
andar à roda;
girar em volta de:
Kurum pueri’e. O menino
rodou.
puk v.: estar inchado. Kurum py
ipuk. O pé do menino esta
inchado. Hut yp puk. A garganta
está inchada.
pun 1)v.tr.: jogar. Mi’i tipun pira y
y
pe. Ele jogou peixe na água.
2)v.tr.: perder, não saber onde
está algo. A ti pun uipu’u
̃
a piat.
Eu perdi meu anel.
puo
1
loc. funciona como um locativo
exprimindo relações de lugar e de
tempo, localização não estática.
Mi’i
toto ra’yn kueriu yat puo. Ele
ja foi la pela casa do coelho.
puo
2
prep. com. U’i hy musē puo. Xibé
com peimenta. U’i hy sahai puo.
Xibé com saúva.
pūre n.: rodo. Pi’a ti pykoig u’i pure
wo. A moça mexe farinha com
rodo.
puru v.tr.: fiar; vender a crédito. Pi’ã ti
puru u’i. A moça fia a farinha.
purure n.: enchada. Uito a tikyi’at
wentup purure. Eu comprei uma
enchada.
pusu n. língua de um povo, idioma.
sateré-mawe pusu agkukag. A
língua sateré-mawé.
put v.intr. correr. Mi’i teput mit’in
tok pua. Ele corre no meio das
pessoas.
81
put’ok v.intr.:chegar. Miat kāt hat put’
ok’e meremo. O caçador chegou
cedo. Mi’i put’ok’e ra’yn. Ele
chegou.
putā n.: isca. Pira tu’u iputā. O peixe
comeu a isca.
puwi n.:inajá. Puwi hanu’an tu’u
kahato. O macaco come inajá.
Kutiere tu’u puwi. Quatipuru
como inajá.
py n.: perna. Sahu py kurin. A perna
do tatu é pequena
py’a n.: fígado. Mi’i wat ipy’a waku
kahato. O fígado dele está bom.
py’ahak v.tr.: odiar. Kurum ipy’ahak
aware ete. O menino odiou o
cachorro.
p
1
interj. de compaixão, coitado.
P! katpoteig erewak? Coitado!
por que tu choras?
p
2
v. tocar (música) Kurum to p
waku rakat wentup wep hap.
O rapaz toca uma linda música.
pya adv. distante, longe. Areto hamo
pya. Mi’i toto pya hamo. Ele vai
embora pra longe. Mi’i yat pya.
A casa dele é longe.
pyahin’i adv. perto. Hary yat pyahin’i
tawa kai. A casa da vovó é perto
da aldeia.
pye ha’ ok n.: rim(ns). Uipye ha’ok haty.
Meu rim dói.
pyhu’at v.int.: ficar. Mi’i topyhu’at
hamuat Parintins me. Ele vai
ficar em Parintins. Uito
arepyhu’at koity’i ui yat pe. Vou
ficar em casa hoje.
pyi
1
expr. Desse lugar, daí. Ara’apyk
mejempe pyi.
pyi
2
rel: expressa uma noção dinâmica:
origem, procedência, ponto de
partida,início de uma trajetória no
espaço, no tempo; também se aplica
ao domínio nocional. Uity tūt myp
yat kai pyi. Mamãe veio da cozinha.
pykasu n.: pombo. pykasu topop. O
pombo voa.
pykīk v.: espremer, apertar. Mi’i ti
pykīk. Ele te apertou.
Atihypykīk manisey! Espreme
macaxeira!
pykoig
̃
v.tr.: coar. y ti pykoig
̃
ihy. A mãe
côa o vinho.
pyno conj. então. Pyno, ereto iro!
Então, vá embora!
pyokpe n.: pé. Mi’i pyokpe iwato. O
dele é grande.
pytyp n.: jirau, suporte, ou estrado de
varas sobre forquilhas cravadas no
chão.
Miat kat hat hekatup to
pytyp tote awyato
.
O caçador
fica no suporte esperando a onça.
pyryk n.: rato. Hapiri ti’huet ywa. O
rato roeu a fruta.
pym’i v.tr.: piscar. Mi’i pym’i’e
kahato. Ele pisca muito.
82
R
ra’ak v.tr.: esfriar. Mi’i ti mora’ak
mig
̃
ka’u! Ele esfria o mingau!
ra’yn v. estar completo, pronto. Mi’u
waku ra’yn. Comida está pronta.
etap waku ra’yn. A casa está
pronta.
-ria~-tia~-nia suf. Indicação de plural ou
coletivo. Hirokaria tuwat pira
pe. As crianças foram pescar.
nagnia atuehairu. Os velhos dançam.
Ipakuptia netap ko’i. As casas
são novas.Gaptia tukupte’en
Terra Preta pe. O clã Caba vive
na Terra Preta.
83
S
saa n.: região genital. Haa puk.
Região genital está inchada.
sa’up nug v.tr.: pagar. Ase’i ha’up nug
y’y. O velho pagou a água.
sahu n. tatu. Designação comum aos
mamíferos desdentados,
dasipodídeos. Atipuenti sahu
toka’ape. Eu achei o tatu no
buraco.
sahuhu hit. n. paquinha que cava terra.
Payhīt ti huēt mikoi sapo. A
paquinha roeu a raiz da planta.
saipekai expr. depois, logo. Karaiwa
saipekai toto ra’yn y’y kape.
Depois seu patrão saiu e foi.
saiwot v.intr.: rosnar; Emitir (o cão, o
lobo, etc.) som surdo, diferente do
latido, geralmente em sinal de
ameaça, e arreganhando os dentes
.
Pisana g
̃
a’apy piat haiwot
wantym muo. O gato do mato
rosna no escuro.
sakitu n.: genro. Uiat uhakitu ipotpap
ta kat. Meu genro é trabalhador.
sakpo n. lado. Yara meipe e’ysakpo. A
canoa está aí ao lado.
sama n. pica-pau. Sama tihot aria yp.
O pica-pau furou o pau. sama
kyt’i pica-pau br.; sama hup’i
pica-pau peq. Vermelho.
sap n.: pena de ave; pelo de animais.
Waipaka sap waku wahi wo. A
pena da galinha serve para fazer
colar. hamaut sap: pelo de
porco.
sapira n.: tesoura. Pi’a ti asap tek
kurum sapira wo. A menina
cortou o cabelo do menino com
tesoura.
sapo n. espécie de bebida feita de guraná
ralado. Sapo torania i’u wa’atunug
turan. Sapó todos tomaram na
reunião.
saware n. vassoura. A velha tem uma
vassoura.
sehaypōt’i n. língua antiga. agnia
ikuap sehaypōt’i. Os velhos
conhecem língua antiga.
sapōt n.: lacrau, escorpião .Sapōt tihok
ihaignia. O lacrau ferrou o
homem.
sapyke v.tr.: acender. Pia ty hapyke ária.
A mãe da menina acendeu o fogo.
sara n. osga, espécie de Reptil
lacertílio, geconídeo (Hemidactylus
mabovia). espécie de calango que
só anda por cima dos paus, trepado
sara amog-amog n.: A osga sobe na
parede.
sari n.: formiga de correição;saca-saia.
Ase’i sari tihok hok. A formiga
ferrou o velho.
sasug n.: laranja. Uito atism sasug. Eu
chupo laranja.
sat v.tr.: ganhar. Mi’i tāt ase
i
a’apukuita koi. Ele Ganhou os
remos do velho.
sawaipo n. rabo de animal. Hanu’ān
sawaipo i’ywop. Rabo do macaco
é comprido.
sawopy v.tr.: encher. Ehawopyro wa’a y’y
wo.Encher a panela com a água.
Ocupar o espaço, a capacidade ou
a superfície de; tornar cheio (1) ou
repleto; preencher. Yrysakag
hawapy pakua wo. Enche o
paneiro com banana.
84
se aito n.: esposo. Pi’a e aito Toto pira
pe. O esposo da menina foi
pescar.
se’e porop v. estar salgado. Mi’u sēse he’e
porop. A comida está muito
salgada.
segku n.: língua. Uhegku haty. Minha
língua dói.
seha pekag sap n.: sobrancelhas. Pia
tipuruk tehapekag sap. A
menina tirou a sobrancelha.
seha pekag sap n.:sobrancelhas Pia
tipuruk tehapekag sap. A
menina tirou a sobrancelha.
seha n.: olho (s). Mit eha. Olho de
gente.
seha’āt v.tr.: espiar.
Observar
.
Pi’a te
ha’āt waty. A menina espiou a
lua.
seharyi n.: nora. Tuisa ehary’i sese
iokpi poki. A nora do cacique é
esperta.
sehay n. fala. Meipāt sehay satereria
pusu. Esta é a fala do povo
sateré.
sehay n.: voz/ fala Haryporia’in ehay.
A fala das mulheres.
sehayja’ag v.intr. emitir um som, soar,
(motor, cachoeira, pássaro).
Kurum tihay
̃
a’ag aware. O
menino imitou o cachorro.
sejuha v. dar nome a. Ity tum se
̃
uha to
mempyt pe. A mãe dar nome
para o filho.
sekat n.: objeto. Kurum tema’at
kahato sekat ete. O menino mexe
muito nos objetos.
sekyi interj. puxa! Atekyi wewato
ahup asaity. Puxei a corda de
boi.
-sem suf. Indicação de coletivo de
coletivo de animais. hamuat sem
–grupo de caitus; hanu’na sem
grupo de macacos; awyky sem-
grupo de guaribas; wahue sem
grupo de macacos brancos;
sawuwa sem – grupo de saúvas.
sempe n.: lábios, beiços. Haryporia
empe. Os lábios da menina.
sen v. triscar, tocar. Yt aut ti sen
mikoi eg
̃
a. O chifre do veado
triscou no galho da árvore.
senoi v. dar culpa, culpar. Kurum
henoi ase’i. O menino culpou o
avô.
sentup tupana kape v.tr.: cultuar, prestar
culto a um ser. Uruto uruhetup
tupana kape. ós cultuamos a
Deus.
sentup v.tr.: pedir. Ase’i hetup u’i. O
velho pedi farinha.
senugha ko’i expr. são as vogais. Estas
são as vogais da língua sateré-
mawé.
senywa n.: queixo. Haryporia enywa
ywop. Oqueixo da menina é
comprido.
sepe kik n.: pulmão. Uhe pekik gag
kahato. Meu pulmao está seco.
sepekīk n. pulmão. Ihaignia epekīk. O
pulmão do homem. Torania
epekik. Pulmão do mundo.
sēra adj.: cansado. Uito uhēra. Eu
estou cansado.
sere’ok v.tr.: roubar. Kurum tere’ok yni.
O menino robou a rede.
sese adv.: muito. Sese i’aman. Muita
chuva. Sēse hanūn ika’ay. Muita
arara amarela. Sēse hanūn ika’ay
ra karia. Muita arara amarela.
85
setua n.: glúteo(s) “bunda”. Pia toig
hetua wato kahato. A moça tem
a bunda muito grande.
sewaig v. aconselhar. Tu’isā hewaig
kurum. O cacique aconselha o
rapaz.
sewaku v.tr.: aceitar. Paigni hewaku sa.
O pajé aceitou o chá.
sewāku v.tr.: agradecer. Mi’i ywōt
tohewāku motpāp. O pai dele
agradeceu o trabalho.
sewatua n.: testa(fronte). Pia hewatua
wato. A menina testa grande.
sewyry v.intr.:andar. Mi’i hewyry muap
upi. Ele anda pelo caminho.
sey v.tr.: assar. Mi’i ty tey yt. A mãe
dele assa o veado.
sig~hig v.tr.: cheirar. Mana ti sig
̃
hirokat. A moça cheira a
criança.
sirara hit n.: tanga. Espécie de roupa
usada por certos povos para cobrir
o corpo desde o ventre até as
coxas. Sirara hit atunug hirokat
pe. Eu fiz uma tanga para
criança.
sirarahit n.: calcinha. Atikyi’at wentup
sirahit. Eu comprei uma calsinha.
siraraywyt n.: cueca. Kurum toig wentup
siraraywyt. O menino tem uma
cueca.
so’opot v.intr. sofrer. Hary
so’opot(ho’opot)haty. A velha
sofre dor.
so’owynug
̃
v.tr.: começar. Tuweso’o
wynug na’yn watyama ehairu
hap. Começou a festa da
tucandeira.
so’owynug v.tr.: sugir. Tuwe
so’owynug ywyt’y wāto. Surgiu
um temporal grande.
sok
1
n.: ninho. Ypēka to sok pe. O
pato está no ninho.
sok
2
n.: tocaia. Espreita ao inimigo;
local de espera de caça. Kurum
tunug sok O menino fez tocaia.
sok upip kawiat: tocaia de palha.
Wate sok nug
̃
upip kawiat
Vamos fazer tocaia de palha.
-sok
3
suf. Indicação de coletivo de
coletivo de (feixe, monte)
indicando quantidade de seres que
podem ser contados em monte,
como amontuado de seres
inanimados. ari’ypsok (monte de
pau), manisok (monte de
madioca), nusok ( monte de
pedra); nusok (monte de pedra).
soko n.: socó. Ave siconiforme da
família dos trigrissomas lineatum.
sokpe n.: roupa. Uhesokpe. Minha
roupa. Mi’i esokpe. Roupa dele,
de outra pessoa.
sokpepag v.tr.: vestir. Uito are sokpepag
̃
.
Eu visto minha roupa.
n.: sangue. ahū nosso sangue.
Awyato sū. Sangue da onça.
suupa n.:lança.
Arma ofensiva ou de
arremesso; haste de madeira
terminada por ferro pontiagudo.
Suupa atunug. Eu fiz a lança.
suhu pu’i n.: rapé(tabaco torrado). Hary
to hig
̃
suhu pu’i.A velha cheira
rapé. suhu pu’i tabaco Hary tikoi
suhu. A vovó planta tabaco.
suia n.: batata da perna. Uikag suia
haty. A bata da minha perna dói.
suk v.tr. furar Mi’i toisuk heha pya .
Ele fura o olho da paca.
suki n.: cesto grande, 3 lados Suki pe
ui uwot terut pira. Meu pai
trouxe peixe no cesto.
supīt v.tr.: cobrir. Tu’isā hupīt to yat.
O tuxaua cobriu a casa dele.
86
sy n.: urina. Pisana sy ikam hig
̃
. A
urina do gato é fede.
s’at n. fome. Uito uhes’at. Eu estou
com fome.
sym v.tr.: chupar, sugar. Kurum tisym
sasug. O menino chupa laranja.
Atisym kāna. Eu chupo cana.
syt pok v.tr.: semear. To’i wahyt pok
melancia ja’yig
̃
. Vamos semear a
melancia.
som adv. talvez. Uity som ikuap.
Talvez minha avó saiba.
supe adv. isso aí, ali. Supe yte’a. Isso
é paneiro. Supe moi. Isso ali é
cobra.
87
T
ta’apyk v.tr.:descer. Seguir de cima para
baixo. Kurum ta’apyk ariayp
totepyi. O menino desce da
árvore.
ta’atu pron.poss. Indicação de possse.
ta’atuset nome de alguém.
tā’i ou mi’itā adv.: sim. Tā’i (mi’itā) ati
kyesat mi’u. Sim, eu quero
comida.
tag v.intr.:crescer.
Aumentar em
estatura ou altura. Mikoi itag. A
árvore cresceu muito.
taiuwa n. dinheiro Ihania tum uhepe
taiuwa. O homem me deu
dinheiro.
tāwa 1)n.: aldeia. Kurum etāwa pya.A
aldeia do menino é longe.
2) tāwa wato n. cidade. Mi’i toto
tāwa wato kape. Ele vai para a
cidade.
tawakore n.: cacau. Fruto do cacaueiro.
Tawakore ihyryp. O cacau está
verde.
tek v.tr.: golpear; ferir com golpes;
recortar, retalhar. Mi’i titek
mikoi. Ele golpeou o pau. Atitek
mikoi wato. Golpeei a árvore
grande.
tēke v.tr.: caber. Mani tēke yrysakag
̃
me. A mandioca cabe no paneiro.
tera’aipok v.tr.: devolver. Atera’aipok
kurum e yni. Eu devolvi a rede
do menino.
tereyra n.: traíra. Peixe teleósteo,
caracídeo (Hoplias malabaricus),
distribuído por todo o Brasil.
tem v. tr. sair (para fora). Aware
tuwentem getap pyi. O
cacnhorro saiu da casa.
tia suf. indicação de plural usada para
seres humanos. hiroka(t)ria (as
crianças) hamua(t)nia(os titios)
Também pode ser usada com a
pessoa exclusiva, 1ª. pessoa
inclusivo e o pessoa do plural
.
tu’isa(t)nia (os tuchauas;
uha’awareria - os meus cachorros.
tig 1) v. ser pintado. Waipaka a tig.
Galinha pintada; Pira tig. Peixe
pintado; awyato tig onça pintada.
2) ponto (.) sinal de pontuação.
tigpekin ponto e vírgula (;)sinal de
pontuação.
tihypun v.tr.: ato de tirar água da canoa.
Mi’i tihypun yara. Ele tira água
da canoa.
timowekuap v.tr. cobrir com.
Timowekuap mitigtig upi.
Cubra o pontilhado. Mi’i
timowekuap netap. Ele cobriu a
casa.
tioto v.tr.: levar. Ase’i tioto aware
ga’apy kape. O velho leva o
cachorro para o mato.
tipan v.tr.: cavar. Revolver ou furar (a
terra) com enxada, ou outro
instrumento. Kurun tipan yi. O
menino cava terra.
tisym v.tr:chupar. Atisym
magka. Chupei a manga.
to 1) pref. indicação de coordenação
entre dois termos. Maria tikoho
topy. Maria lavou o dela.
Haryporia toto toko kape. A
mulher foi para a roça dela. 2)
pron.poss. indicação de possse
dele. toset ome dele.3) v. intr.
ir. toto ira’yn. v.tr.: expressão
indicativa de partir, ir embora.
(verbo irregular) Ele foi embora.
88
(toto – ir foi, vai) Eretoro! vai
logo! Areto. Eu fui. Mi’i toto.
Ele foi. toiro intej de convite.
vamos! Toiro aipohep! Vamos
parar! (ir para algum lugar).
Areto hamuat ra’yn. Eu vou
embora. Eweiwat hamuat ra’yn
apo? Vocês já vão embora? Yt
areto hamuat’i. Eu não vou.
Eweiwat pya hamuat apo. Vocês
vão pra longe. Areto pya kahato
irane. Vou para bem longe. Areto
ra’yn. Eu vou. Areto juempe.
Eu vou ali. Areto esat hamo. Eu
vou te buscar. wat (n(to). Mi’iria
tuwat pira pe. Eles foram pescar.
to v.tr.: partir, ir embora. Mi’i toto
tawa wato ka pe. Ele foi embora
para a cidade. Eipe ewei
wat vocês vão. Ereto merep!
vai ligeiro! Uito Areto hamuat.
Eu irei na viagem.
to’e v.tr.: dizer. Mi’i to’e kotā. Ele
disse isso.
to’okape v.tr.: incluir junto, inserir junto.
Aito watopag
̃
to’okape kuia pe.
ós incluímos as cuias no cesto.
Mi’i ipan pakuaria to’okape ipy
pe. Ele/ela incluiu as bananas no
cesto.
tohon v.tr.: ingerir. Ato hon mi’u. Eu
ingeri comida.
toig
̃
v.: haver, ter, possuir. Toig
̃
hamuat wepīt hap tawa pe mug
̃
ki’i ete. Haverá festa na aldeia
amanhã. Uiat toig mory’a. Eu
tenho uma flecha. Uiat toig
̃
uiyat.
Eu tenho minha casa. Aiwat toig
̃
yni. ós temos rede. Mi’i wat
toig
̃
yara. Ele tem canoa. Mi’iria
wat toig
̃
apukuita. Eles tem
remo.
toig ne expr.etc.(e outros, tem mais) y,
mo, toig ne. Mãe, mão, etc .
tok
1
v. tr. pilar. Ihaig
̃
nia ti tok awati.
O homem pilou o milho.
tok
2
suf. Indicação de coletivo usado
especilamente com os nomes que
se referem a animais que vivem
em colônia como: (gaptok) monte
de caba. Awi’atok (monte de
abelha), (saritok) monte de
formiga. Também com nomes não
contáveis. yitok (monte de terra),
musetok (monte de pimenta).
tok v.tr.: pilar. Mi’i totok awati. Ele
pila milho.
toran v.tr.: não ter mais. Toran na’yn
mi’u! Acabou a comida. Toran
na yn ihy. Acabou o vinho.
torania adj.:todo(s) toda(as). Torania
netap pinawa kawiat. Toda casa
é de palha.
tote loc.indica uma localização
espacial. Atiauka moi muap tote.
Matei a cobra no caminho.
towat’ite adj.: separado. Sokpe towat’i te.
A roupa está separada.
tu’isā n.: cacique Torania tu’isā monty
pōt. Todos obedecem ao cacique.
tu’u v.tr.: comer, saborear, tomar.
Mi’iriatu’u nana. Eles comeram
o abacaxi. Toiro watu’u mahy.
Vamos saborear o tarubá. Aito
watu’u mohag
̃
. ós tomamos
remédio.
tukawa num.:quatro. Ihaignia toig
tukawa imempyt. O homem tem
quatro filhos.
tukuma n. tucumã Ahekuap tawara. Eu
gosto de tucuma.
tum v.tr.: entregar. Mi’i Tum na’yn
yara. Ele entregou a canoa.
tunik v.intr.:sossegar. Torania atunik
wantym’i kape.
tunug v.tr.: cumprir, completar, atingir,
realizar. Kurum tunug
morekuat piat topo’oro hap. O
menino cumpriu a ordem do
chefe.
89
tupakup’i expr. primeira vez. Tupakup’i
ariot tawa wato kape. A primeira
vez que veio na cidade.
tupana n.: Deus. Tupana emit’in. O
povo de Deus.
tupe n.: esteira. Atipuru tupe. Eu
emprestei a esteira.
turan adv.: durante Hairu turan sēse
mit’in. Durante a festa deu muita
gente. topyt’at turan: expr.estar
cheio de.
tut v.tr.: vir. Mi’ i tut tawa kaipyi.
Ele veio da comunidade. Mi’i yt
tūt’i koi ty’i. Ele não vem hoje.
Mi’iria to’e koi ty’i. Eles vem
hoje.
tuwemoherep v.intr: acontecer, aparecer.
Tuwemoherep pira kat hap
y’y hit pe. Aconteceu uma
pescaria no lago. Tuwemoherep
awyato go pe. apareceu uma
onça na roça.
tuwemosāt v:desc.. estar pendurado.
Pira tomosat pe. O peixe está
pedudurado. Uhesokpe
tuwemosāt. A minha roupa está
pendurada.
typy num.: dois. Aware tu’u typy
waipaka hīt. O cachorro comeu
dois pintinhos.
tyr ’e n.: tremor. Yi tyry’e. A terra
tremeu.
tytig dois pontos ( : ) sinal de
pontuação.
90
U
u- pref.pron.1ª indicação de possse:
meu, minha (uhaig - meu dente)
uhet; uhekui’aminha cuia.
uwa n.: cana para flecha. Ase’i
ho’otek uwa. O velho corta cana
para flecha.
u’i hy n. chibé. Espécie de alimento
constiuido de pirão de farinha de
mandioca molhada. U’i hy sahai
puo. Chibé com saúva.
u’i n.:farinha. U’i hoowoity kahato.
A farinha está muito caro.
uheniatpo v.:estar atrasado, não
desenvolvido. Hemot’yt
tuwenug’i. A criança não
desenvolveu. Ui mempyt
heniat’po. Meu filho está
atrasado.
uheyke’et n.:meu irmão mais velho.
Uheyke’et put’ok’e koity’i. Meu
irmão mais velho chegou hoje.
uheywyt n. meu irmão mais novo.
Uheywyt toto miat pe. Meu
irmão mais novo foi caçar.
uhu v.tr.: soprar Mi’i ti’uhu yhig. Ele
sopra a poeira. Uito ati’uhu
hamuat yhig. Eu vou soprar a
poeira.
uhut yp n.: pescoço. Hirokat ut yp. O
pescoço da criança.
ui- pref. pron. possessivo uity
minha mãe.
uiat pron.: meu, minha. Uiat
uhe’aware iwato. Meu cachorro
é grande.Ui yat iwato. Minha
casa é grande.
uito pron. sing Uito uheso. Eu
minto. Uito uhes’at. Estou com
fome. Uito ui’āhū. Eu estou
doente.
uito pron. 1s. eu. Uito atemig te mig.
Eu vou esfregar a roupa. esfregar,
Uito arepotpāp. Eu vou
trabalhar.
uity wyok mempyt uiwyok n.: primo.
Toig uiwy’ok mempyt wentup
ikahu rakat. Tenho uma prima
bonita.
uiwy’ok n.: irmão. Mi’i wy’ok put’ok’e.
O irmão dele chegou.
uk’e v.intr.:engasgar-se. Hirokat uk’e-
uk’e. A criança se engasgar-se.
uku n: timbó. Uku ti auka pira. O
timbó matou o peixe. ukuay.
Veneno de timbó.
uniawasap'i n.: Maria mãe de Jesus.
Uniawasap’i aipowyro aito.
Maria a mãe de Jesus ajuda nós.
upara n. macaco da noite, espécie de
macaco. Upara hewyry wantym
muo Macaco da noite anda de
noite. hanuan ikamig se ra kat;
O macaco de cheiro.
upi’a n.: ovo. Atu’u wawori upi’a. Eu
comi ovo de jabuti. Mi’i tu’u pira
upi’a. Ele comeu ova de peixe.
ūre n.: jacamim. Designação comum
a várias aves gruiformes, da
família dos psofiídeos, gênero
Psophia da região Amazônia.
Awyato tu’u ure. A onça comeu
o jacamim.
urīt’i n.: nambu. urit’i wato:nambu açu
Atimog gyt uriti. Eu espantei o
inambu. urīt’i hūn’i nambu preta.
uriuru n.: batata. Pi’a tu’u uriuru. A
menina come cara.
91
uru- 1)pref. pron. possessivo uruty –
nossa mãe. Indicação de possse
nosso, de todos nós (inclusivo).
uruset – nosso nome.
3) urue- pref. pron.
possessivo uruekui’a nossa
cuia (exclusivo).
urukut n.: nome genério da coruja.
Urukut iha wata A coruja tem o
olho grande. Urukut coruja bode
urukut coruja mãe da lua urukut
wato corujão.
uruto pron. pess1ª pl.exclusivo nós.
Uruto urueso. nós mentimos;
uruto urues’at. ós estatos com
fome.
ut n.: lagarta. Insetos são polípodes,
e têm o corpo vermicular
alongado e mole, três pares de
patas verdadeiras no tórax, e
pernas abdominais do tipo
reduzido, sob a forma de
protuberâncias. Mikoi he’ut
kahato. A planta tem muita
lagarta.
uweig pron.: quem? Uweig put’ok’e
meijū? Quem vai chegar hoje?
ūwi n: minhoca; lombriga. Nome geral
dos animais anelídeos,
oligoquetos, sobretudo das formas
terrestres. Uwi yi tote. A minhoca
está no chão.
uha’yru n.: meu filho. Uha’yru temiat kat.
Meu filho caça.
uhaki’yt n.: minha filha. Uhakit’yt ikahu.
Minha filha é bonita.
upi adv. em cima de, nele/nela.
Timowekuap mitigtig upi.
Cubra o pontilhado.
ukyt n.: sal. Asei tikyi’at ukyt. Vovó
compra sal.
92
W
wahōp n.: jenipapo. Ase’i ti pe’e wahōp.
O velho ralou o jenipapo.
wateru n. vaga-lume Wãteru hewery
wãtym muo.
wa’ã n. panela. Waa pakup. A panela
é nova; wa’ã wato panela
grande; wa’ã hit panela pequena;
wa’ã wato yi kawiat. panela
grande de barro. Wa’a kot-kot’e.
A panela ferve.
wa’akap n.: urucum. Wa’akap ihup
kahato. Urucum é muito
vermelho.
wa’asa n.: sapo em geral. sapo-cururu.
Anfíbio anuro, bufonídeo (Bufo
marinus), wa’asa wato sapo
grande. Wa’asa peso’e y’y pe. O
sapo pulou no rio.
wag v.tr. juntar, reunir seres
inanimados. Mi’i towag pakua.
Ele junta banana.
wahat’i n. : peixe-cachorro. Wahāt’i sey
hē. O peixe-cachorro é gostoso
assado.
wãhut’i n. nambu relógio. Wãhut’i
timowatetup hora. O nambu
relógio avisou a hora.
waiawa n.: goiaba. Hamaut tu’u waiawa.
O porco come goiaba.
waikiru n.: estrela. Waikiru hapyhot
wantym muo. A estrela brilha a
noite.
waipaka n.: galinha. Uito atu’u waipaka.
Eu comi a galinha. Waipaka
minig karia. pintos miúdos.
Atimontag uito waipaka hit. Eu
crio pinto miúdo.
waipaka yat n.: galinheiro. Waipaka yat
pe hunajig tēke. A mucura entrou
no galinheiro.
wak hap v.: ser chorão. Kurum tuwak
kahato. O menino é muito
chorao.
wakiu’i hīt’i n.: macaco zogzog; espécie
de macaco. Wakiui wato
n.:parauacu; macaco cabeludo.
waku 1) v.desc. ser bom. O pescador é
bom. Pirakat hat waku.
2) waku apo. rel. indicação de
possibilidade. Waku apo areto?
Eu posso ir?
3) waku he v.desc. ser gostoso Pira
sey waku He. O peixe assado é
gostoso. Wakuat mi’u. Boa
comida.
4) waku apo v.desc. estar bem.
Kurum ete yt waku hin’i. O
menino não está passando bem.
5) waku po’og v.tr.: melhorar.
Ase’i āhū hap waku po’og na’yn.
A doença do velho melhorou.
wakuat v desc.: ser legal, aquilo que
presta. Ele é uma pessoa legal.
Mi’i wakuat mīt.
wakuat’i v.desc.. ser nojento. Me
̃
ewat
pi’a wakuat’i . Aquela menina é
nojenta.
wakupuo v. intr. em boa forma, (bom.)
Etimohampyt to emi’aparak
waku puo. Resolve o teu
problema de boa forma.
wan v.tr.: escrever, anotar. Atiwan
popera pe. Escrevi no caderno.
Mi’i tiwan ukyt popera pe. Ele a
notou o sal no caderno.
93
wanentup v.tr.: ouvir. Kurum tu
wanentup wep hap. O menino
ouvi a música.
wantym 1) n.: noite. Wantym muo pay
hewyry. A paca anda à noite.
Hapiri hewyry wantym muo. O
rato anda a noite.
2) wantym sa’awy n.:anoitecer.
Wantym meremo. Anoiteceu
cedo. Wantym’ira’ym.
Anoiteceu.
wantm’i adv.: tarde. Mejum wantm’i
potek-potek urutu’e. a tarde de
hoje roçamos.
waraku n. aracu; Kurum tekyi
waraku. O menino pescou o
aracu.
waru’i n.: mucuim. Acarídeo
trombidiforme (Tetranychus
molestissimus), cuja mordedura
provoca intensas coceiras.
Pi’a
ete waru’i tok. Tem muito
mucuim na menina. Sēse waru’i
tok mopē we. Tem muito mucuim
no capim.
waruma n.: aruma.
Planta da família das
marantáceas (Ischnosiphon
ovatus), com que se fazem
balaios, paneiros, cestos, etc.
Waruma waku panene wo. O
aruma serve para fazer peneira.
wasa’i n.: açaí.
Palmeira (Euterpe
oleracea), de cujos frutos se faz
uma espécie de suco (vinho)
muito apreciada na amazônia.
Wasa’i jukan tu’u. O tucano
come açaí. wasa’i yp. açaizeiro.
wāt ka onom. Grito do cachorro, choro.
Ihaignia tu wāt ka i’ahaywo. O
homem grito alto.
wat ka v.intr.:uivar. Ase’i tuwat ka-wat
ka. O velho uivou.
wa
̃
ti’ũ n. carapanã. Designação comum a
todos os insetos dípteros,
culicídeos, de porte pequeno,
pernas muito longas, corpo e asas
revestidos de escamas, antenas
longas e finas. Wati’u uihok. O
carapanã me ferrou.
wato v.desc. ser grande. Y’y wato. Rio
é grande.
waty n.: lua. Waty kyt. A lua nasce.
watyama n.tucandeira legit. Espécie
de formiga, utilizada para
Watyama hatypoity’i. A
tucandeira dói muito. watyama
hun’i. tucandeira preta (sujo)
Watyama hun’i.
waure kaa n.dep. ouvido. Kurum
hewaure kaa haty. O menino
está com dor no ouvido.
waure v.tr.: esquecer. Mi’i ti waure
apukuita yara pe. Ele esqueceu
o remo na canoa. Atiwaure
kui’a. Eu esqueci a cuia.
wawori 1) n: jabuti. tracajá. Reptil
quelônio, testudíneo (Testudo
tabulata), comum nas matas
brasileiras, desde a Amaz.
Hirokat tipun wawori. A criança
jogou o jaboti. Wawori y’y puat.
i’akaã; wawori g
̃
a’apy puat.
Tartaruga; jabuti; I’akag.
2) wawori wato n.: jabuti grande;
wawori ty mãe do jabuti.
3)wawori wato y’y puat. n.
Tartaruga grande da água.
we n.: boca. Mana we. Boca da
moça. iwe. boca dele/dela Iwe
iwato kahato. A boca dele é
grande.
wea n.: coração. Uiwea ipoonik.
Meu coração parou. iwe’ã
coração dele. Mi’i iwe’ã
po’inik. O coração dele parou.
94
we’e
̃
a yp n.: castanheira. Weeja yp
kurum tiypun. O menino
derrubou a castanheira.
we’e
̃
a n.: fruto da castanheira. Heno
we’e
̃
a waha’aperi. Vamos
descascar castanha.
we’e
̃
a’a n. ouriço da castanha; To’i
watiatek we’eja’a. Vamos cortar
o ouriço de castanha.
wē’yp n.: arco-iris. Wē’yp temoherep.
A pareceu o arco-iris
we’ywyk v.tr.: adiar. Paig
̃
ni ti ywyk
wentup eāt toto hamo. O cacique
adiou a viagem para outro dia.
wegku’a n.: pilão. Wegku’a hary wat. O
pilão é da vovó.
weg
̃
ki’a n.: tanajura, saúva
barriguda. Weg
̃
ki’a tiag
̃
ku’i yi. A
saúva fofou a terra. Wegki’a
titek mani ypia. A saúva cortou a
maniva.
weha’āt v.tr.: olhar. Asei teha’at ihyupī.
O velho olha o rio.
wehi v.: urinar Mi’i tehī te. Ele ainda
urina) Erehi teran apo? Tu quer
urinar?
weigne’en 1) v.intr.:morar. Mi’i toigne’en
uiyat pe. Ele mora na minha
casa.
2) weigne’en v.tr.: estar em. Mi’i
toigne’en toyat pe koity’i. Ele
está em casa hoje.
3) weigne’en v.tr.: situar. Tawa
toigne’en y’y Andi pe. A
comunidade situa-se no rio
Andirá.
weihap v.intr.: banhar-se Are wei hamo.
Banhar-se- eu vou tomar banho.
Arewei hamuat. Vou tomar
banho. En erewei hamo. vc vai
tomar banho.
weita hit n.: sabiá Weita hesy’at. O sabiá
está com fome.sabiá, vc arremeda
o sabiá.
weita pak-pak n. espécie de
passarinho. O passarinho tem
ninho na árvore.
weita. n. passarinho. Weita aria’yp
egatote. O passarinho está no
gallho.
weityka v.intr.:sumir. Yara tuweityk wa
̃
totepyi. A canoa sumiu do porto.
wēke v.intr.:entrar. Areke hamuat
netap we. Vou entrar na casa.
wekyry v.tr.: rir de, caçoar, sorrir. Pi’a
tekyry’i kuhum ete. A moça
caçoou do menino. Hirokat
tekyry kahato. A criança sorria
muito.
wema’at n.: mexelhão;
aquele que mexe
em tudo; traquinas, travesso;
mexelhão
.
Kurum tema’at
kahato kare’en ete. O menino
mexe muito na bagage.
wemempet v.tr.: parir. Wewato ahup
imempyt. Avaca pariu.
wemig
̃
v.tr.: esconder Kurum temig
awyato pūpī. O menino se
escondeu da onça.
wemonti 1) v.desc ser vergonhoso, ter
vergonha de. Pi’a temonti
kahato. A moça tem muita
vergonha. Kurum vemonti
kahato. O menino é muito
vergonhoso.
wemu’e v.intr.: rezar. Haryporia’in
te’eremu’e kahato. As mulheres
rezam muito.
weneru v.tr.: vender. Ati weneru hamaut
pu’i. Eu vendo carne e porco.
wenka v.tr.: seduzir, convidar. Kurum te
wenka pi’a. O rapaz seduziu a
moça. Mi’i tuwenka pi’ã. Ele
convida a moça.
95
wentem v.intr.: sair. Mi’i tuwentem rune
pira pe. Ele saiu cedo para
pescar.
wentup num.: um. Atikyi’at wentup
popera. Eu compro um caderno.
wenuk v.tr.: almoçar. Toiro watenuk
pira. ós vamos almoçar peixe.
Mi’i tenuk wewoto pu’i ete. Ele
almoça carne de caça.
wepit’i v.intr. dar tristeza. Pi’ã yt
aimowepit’i. A menina só da
tristeza.
wep v.tr.: cantar. Hirokat tuwepy
hune’ite. A criança canta de
manha cedo.
weri 1) n peixe miúdo, filhote de
peixe em geral. Weri ko’i y’y pe.
Os peixinhos estãos no lago.
2)weri wato n.: piaba grande;
weri hīt piabinha.
wesat v.tr.: responder. Atiwesat kurum
my’ahak tu. Respondi o menino
com raiva.
weu’u v.tr.: beber. Mi’i tuwe’u’u. Ele
bebe água.
weupi’a pun v.intr.:desovar. Waipaka
tuweupi’a pun. A galinha
desovou.
weupi’a pun v.tr.: desovar, por ovos.
Waipaka tuweupi’a pun. A
galinha desovou.
we-wanentup v.: pensar/ lembrar. Mi’i tu
we-wanentup tominug kape. Ele
lembrar de alguma coisa.
wewāt n.: carrapato. Animal artrópode,
aracnídeo, acarino, ixodídeo.
Wewat aware ete. O carrapato
está no cachorro. wewāt hit
carrapato miúdo.
wewato n.: anta. Animal que atinge até 2m
de comprimento por 1m de altura,
tem quatro dedos na mão e três no
pé, e pesa até 180 quilos. Pêlo
uniforme, pardacento. A cauda é
muito curta, o nariz prolongado.
Vive nas matas, nas proximidades
de rios ou lagoas, alimentando-se
de frutas e folhas.
1)wewato
ga’apy piat Anta do mato.
2) wewato iwary’i. anta fêmea.
3) wewato pa’ai’at. anta macho.
Wewato tu’u miriti. Anta come
miriti.
wiawu n: mutum. Tipo de aves galiformes
cracídeas, gênero Crax. Iawu
tosok pe. O mutum está no ninho.
win n.: mosca comum. wīn aperu’ra.
mosca varejeira. Win tok kahato
pira ete. Tem muita mosca no
peixe.
win sup n.: larva de mosca, tapuru. Pira
ok puk hewin sup. o peixe
podre tem larva de mosca.
wiok v.tr.: riscar Hirokat tuwewiok. A
criança feriu-se.
wywo rel. com. Pi’ã toto uiwywo. A
moça vai comigo.
wo’o auka hat n.: matador. Ihaignia wo
auka hat. O homem é um
matador.
wo’osat v.tr.: reconciliar. Tu’isa to’osat
temīt’in wywo. O tuxaua
reconciliou com seu povo.
wory’ywat n.:arco Uito atunug
mory’wat. Eu fiz o arco.
wu’uka v.tr.: brigar. Ihaignia tu’uka te
hary’i wywo. O homem brigou
com sua mulher.
wuk v.tr.: queimar. Ati wuk ui ko. Eu
queimo minha roça.
wy’yp n.: cabo. Apukuita wy’yp iwato.
O cabo do remo é grosso.
wyry v. andar. Pi’a hewyry. A moça
anda.
wo ~ mo loc. indica instrumento, meio ou
finalidade. Kurum tiauka weita
mory’a wo. O menino mata o
96
pássaro com a flecha. Yrysakag
hawopy awai’a wo. O paneiro está
cheio de cará.
wo’opehik n.: casamento. Koity’i pi’ã
wo’opehik hap e’ā. Hoje é o dia
casamento da moça.
wowi loc. expressa em direção a mais
aproximação. Atipo’oro mi’u
ewowi. Eu mando comida para
você.
wuo loc.funciona como um locativo
exprimindo relações de lugar e de
tempo localização não estática.
wywo
rel. com; expressa a noção de “em
companhia de”.
Uito areine’en
uiwyria’īn wywo. Vivo com meus
irmãos.
weja’ag v.tr.: treinar. Mi’iria te’ereja’ag
surara wuat hamo. Eles
treinaram para ser soldado.
wepīt v. desc. Ficar alegre, feliz. Ywōt
iwepit tomempyt wemu’e pote.
O pai fica feliz porque o filho dele
estuda.
weran v.desc. estar sozinho. Eweran apo
ereigne’en? Você mora sozinho?
weja’ag v.tr. treinar. Mi’iria te’ereja’ag
surara uiuat hamo. Eles
treinaram para ser soldado.
97
Y
y wa’i v.tr.: nascer. Hirokat i’ywã’i.
Acriança nasceu.
y’yra’aktan n.: friagem. Y’yra’aktan
ihypy huatpe
yam v.intr.: estar em pé. Yam me uito
Estou em pé. Yam me en
ereine’em. Você está em pé. Yam
me uito! Fica em pé! Levanta-te!
yara n.:canoa Ui uwot tunug yara.
Meu pai fez canoa. yara hit.
casquinho. yara wato. canoa
grande.
yat n.: casa, indicando posse. Hary
yat maré wo. A casa da vovó é de
caraná. José ty yat. A casa da
mãe de José. José ty to’yat pe. A
mãe de José está na casa dela. Ui
yat ikahu. Minha casa é bonita.
yempe n.: porto/ beira de, beirada. Yara
wato tehik yempe ke. O barco
encostou na beirada. Yempeke
wa’asa toine’en. O sapo está na
beira.
yhig n.: poeira. Yhig kahato go tote.
Tem muita poeira na roça.
yhop n.: folha.Mikoi yhop ika’ay. A
folha da planta é amarela.
yi n. terra. Yi iwato. A terra é
grande.
yi ka’a n.: cova. Kurum tipan yi koi to’e
hamo. O menino fez a cova para
plantar.
yi og n.: barro. Yi og waku wa’a wo. O
barro serve para fazer panela.
yi tote n.: chão. Yi tote aware pori’e. O
cachorro deita no chão.
yi ty’ok n.: montanha. Yi ty’ok tote
hikuru toine’em. Urubu está na
montanha.
yikyt n.: areia. Yikyt tote porog’e.
Deitou na areia.
yjan me adv.: antes. Put ok are aru hairu
eyjan me te. Vou chegar ante da
festa.
yjan v.tr.: pressentir. Asei eyjan me
iaman. O velho pressentiu a
chuva.
yjna n.: frente. Uito e’yjan me. Estou
a tua frente.
ykat’a n.: caranguejo Ykata y’y pe. O
caranguejo está na água.
yka’apy n.: quarto. En ereket yka’apy
pe. Você dorme no quarto.
yke n.: braço.Ui’yke haty. Meu braço
dói.
yky v.tr.: peneirar. Pi’ã ti yky
mani’ay. A menina peneirou a
tapioca.
ymēp v.tr.: balançar. Mikoi ymēp-
ymēp’e. A árvore balança.
yni n.: rede. Hirokat toket yni pe. A
criança dorme na rede. Yni
hiote. A rede rasgou.
yparakai n.: girau. Mana ti tek-tek pay
yparakai tote. A moça corta
paca no girau.
ype n.: casca. Invólucro exterior de
vários órgãos vegetais, como
tronco, caule, raiz, fruto e
semente. Aria’yp ype ig
̃
ag
̃
. A
casca da árvore secou.
ypeka n.: pato Ypeka tu’u manipuk. O
pato come mandioca mole.
ypia n. indicação de coletivo: reunião
de pés de planta. marē ypia -
caranazal; warana ypia -
guaranazal; awati ypia milharal;
98
hu ypia espinhal. ypia
wasa’i ypia (açaizal),
we’eja ypia (castanhal). Tuisa
toig he warana ypia wato. O
cacique tem um guaranazal
grande.
ypui n.: tipóia, para carregar criança.
Ypui hirokat ereto hap.
ypun v.tr.: derrubar. Kurum hin ti
‘ypun mikoi. O menino derrubou
a árvore.
ypy n.:genitália. Órgãos sexuais
externos femininos. haryporia
ypy.
yrypo n.: cipó Yrypo toig ga’apy pe.
Tem cipó no mato. yrypo
(ukuay) veneno de cipó
yt wahu’i v. ser ruim. Yt waku’i en. Você
é ruim.
yt adv.: não. Yt pya sēse i’apo
e’yat? ão é muito longe sua
casa? Yt eriot rei’o. ão vem
yt’a n.: paneiro, urutu, utilizado para
pegar,, guardar ou colocar algo.
Yt’a wato. Paneiro grande. Yt’a
waku u’i sat hamo.
yt’ipype adj.:é estreito, não largo. Y’y
yt’ipype irakat. O igarapé é
estreito.
yt’iwop’i v.:ser curto, não comprido. Ase’i
e yara iywop’i. O casco do vovo é
curto.
ytagag n.: Peixe liso. espécie de peixe
sem escama.
yty n.: veado Yty toto. O veado vai.
José tat yty. José pegou veado.
yty hit veado roxo. Yty hit
pun’e. O veadinho corre. yty
wato.
ywa n.: fruta. Hary terut ywa. A avó
trouxe fruta.
ywai hifem (-) sinal de pontuação.
ywania n. nação, povo. Satere ywania
iwato kahato. A nação sateré é
muito grande.
ywoporo v.tr.: continuar. Uito
urui’ywoporo go nug
̃
hap. ós
continuamos o trabalho da roça.
ywot n.: pai. Uiywot toto. Meu pai vai.
uiywot Meu pai.
ywyhap n. machado Asei tikyi’at
ywyhap. O velho comprou o
machado. Kurum tum wentup
ywyhap. O menino me deu um
machado.
ywyhig 1 v.: sereno. Ywyhig ti ma’apuk
amyap. O sereno molhou o
banco.
2)v.intr.:serenar. Wantm muo
ywyhig
̃
. A noite serenou.
ywyk v.intr.balançar Mikoi ywyk-
ywyk’e. A árvore balança.
ywyku’i n.: praia. Arakasa anehu
ywyku’i pe. Eu vi o largato na
praia.
ywyrup n.: cinza.Ywyrup hakep kahato.
A cinza está muito quente
ywysasare n.: paraíso. Hirokat toto
ywysasare ka pe. A criança foi
para o paraíso.
ywyt ywāto n.: vulcão. Ywytu ti aporok
getap. O vulcão destruiu a casa.
ywyt’apanag n.: espécie de abelha, abelha
africana. Ywyt’apanag tihok
makuptia. Abelha africana ferrou
a moça.
ywytip v.tr.: limpar, varrer. Hary
hywytip toyat. Avelha limpa a
casa dela. Pin hywytip netap. A
menina varreu a casa.
ywytu v.:vento. Ywytu kahato koity’i.
O vento está forte hoje. Ywytu
hytpok sokpe. O ventoespalhou
a roupa.
99
y'y 1) n.: água. y'y hy wato Rio
grande. y’y hy’ok n.: lama. Y’y
hy’ok pe sēse wa’asa. Tem muito
sapo na lama.
2) y’y pyhu’at n.: poço. Pi’a
ho’osat y’y pyhu’at. A menina
tira água do poço.
’yp n.: de planta. Indicação de
árvore e arbusto. Sasug yp
(laranjeira),wasa’i’yp
(açaizeiro), magka’yp
(mangueira), we’eja’yp
(Castanheira).
ywã’i n. nascimento, ato de nascer.
Areha’āt hirokat ywa’i. Vi o
nascimento da criança.
ywop v. longo. Warana etiat iywop
kahato. O ramo do guaraná é
longo.
yi n.: terra. Yi iwato. A terra é
grande.
yt’a n.: urutu, espécie de cesto para
armezenar farinha. Yt’a waku u’i
sat hamo. Urutu para guarder
farinha.
ywop v.desc. ser comprido, longo.
Warana etiat iywop kahato.
Sobre o guaraná é comprido.
ywyt’okpy adv.: em baixo de. Amyop
ywyt’okpy pe aware. O cachorro
está em baixo do banco.
ytyk he n. breu. Espécie de pez usado pra
clafetar embarcação. Ytyk he
waku miweneru wo. O breu
serve pra vender.
ywop v. desc. Ser comprido, longo.
Warana etiat iywop kahato.
Sobre o guaraná é comprida.
ywyt’okpy adv. em baixo de. Amyap
ywyt’okpy pe heware. O cachorro
está em baixo do banco.
100
COCLUSÃO
A expressão linguística dos indígenas amazonenses é um patrimônio cultural que
necessita ser registrado através da produção do conhecimento científico, posto que este é de
fato bastante reduzido. No que concerne aos indígenas da etnia Sateré-Mawé os pesquisadores
estão solidificando os conhecimentos linguísticos, descrevendo a fonética, a fonologia, a
morfonologia, o discurso, o léxico da língua em uso.
No que diz respeito ao conhecimento do léxico da língua dessa comunidade indígena, o
presente trabalho representa uma proposta que precisa ser ampliada. Note-se que não é um
levantamento exaustivo, devido ao espaço de tempo para a realização da formação do corpus
deste estudo.
A classificação gramatical e outros aspectos relativos à semântica ainda necessitam de
pesquisas para ampliar as informações linguísticas contidas no dicionário da área da
linguagem. O que consta neste estudo foi levantado a partir de estudos realizados por
pesquisadores. Sendo, então, um trabalho que será complementado em pesquisas futuras sobre
a língua Sateré-Mawé. Posto que existem aspectos relativos à esta língua que seriam melhor
definidos em uma pesquisa conjunta com cientistas que a estudam, uma vez que os
conhecimentos existentes ainda se encontram fragmentados.
O conteúdo do presente trabalho foi construído em três fases, sendo a primeira em
documentos bibliográficos, a segunda em pesquisa de campo e a terceira na elaboração do
dicionário bilíngue Sateré-Mawé/Português. Os vocábulos listados neste texto representam o
léxico básico de uso frequente na língua, num total de um mil e duzentos verbetes.
Nesse sentido, as abordagens teóricas referentes aos conhecimentos linguísticos básicos,
assim como as referentes à lexicologia e lexicografia foram aprofundadas para os estudos
apresentados neste trabalho.
101
Por outro lado um perfil histórico da etnia está sendo evidenciada neste texto servindo
de suporte ao contexto de uso da língua, daí a indicando da região onde se concentra o povo
Mawé, assim como o tronco linguístico no qual a língua está inserida.
Os resultados da pesquisa são satisfatórios para os objetivos propostos. Contudo
precisaria a cooperação de maior número de pesquisadores e colaboração dos informantes de
todas as áreas onde estão os falantes da ngua Sateré-Mawé, o que daria representatividade
dos estudos registrados da língua.
Um aspecto que necessita de estudo, por exemplo, é se distinção entre o léxico dos
dialetos da região do Andirá e do Marau, sendo, assim, um aspecto a ser aprofundado através
da ciência da linguagem, para uma definição precisa da língua.
Em relação à importância deste para a sociedade da etnia, é que com o estudo concluído
será mais um passo para a conservação da sua identidade cultural de forma sólida e
permanente, pois o dicionário tanto poderá ser utilizado para o conhecimento interno da
língua como para a intercomunicação com a sociedade não indígena como ficou evidente
durante a realização da pesquisa.
As academias que se desenvolvem pesquisas na área da ciência das linguagens precisam
ser mais ousadas, em ações conjuntas, para fazer o registro de real importância para a
comunidade científica e para a sociedade indígena que usa a língua Sateré-Mawé.
De tudo que foi realizado pode-se concluir que os objetivos foram alcançados, para a
finalidade a que se propôs: elaborar um dicionário bilíngue Sateré-Mawé/Português, embora
haja necessidade de um aprofundamento do conhecimento linguístico semântico da língua
para sua ampliação. Por fim, este dicionário terá uma gravação em CD a qual visa a
complementação, de unidades lexicais existentes, como de neologismos, que pode ser feita
por pesquisadores e falantes da língua indígena em estudo.
102
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SANTOS, Doriedson de Oliveira, et.al. PERIÓDICO ELETRÔNICO. FORUM
AMBIENTAL DA ALTA PAULISTA. VOL. III, ANO 2007. Educação intercultural:
estratégias de ensino e meio ambiente nas escolas Sateré-Mawé na Cidade de Manaus no
estado do Amazonas, 2007.
SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. 20. ed. São Paulo: Cultrix, 1995.
SEKI, Lucy. Gramática do Kamaiurá: língua Tupi-Guarani do Alto Xingu. Campinas,
SP: Unicamp, 2000.
SILVA Gino Ferreira da
.
Construindo um dicionário parakanã-português. Dissertação
(mestrado) Pós-Graduação em Letras e Artes da Universidade Federal do Pará Belém, 2003.
SILVA, Rosa Virgínia de Matos. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro.
São Paulo: Parábola, 2004.
SILVA, Raynice Geraldine Pereira da. Estudo fonológico da língua Sateré-Mawé.
Dissertação (mestrado), Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2005.
SOCIEDADE INTERNACIONAL DA LINGUÍSTICA. Aiwemu’e Hap: Livro de Leitura
Sateré-Mawé. Belém,PA:Nikkei Desig, 2002.
TEIXEIRA, Peri. Sateré-Mawé:Retrato de um povo indígena. Manaus-
Am:UFAM/UNICEF, 2005
UGGÉ, Henrique Pe. As Bonitas Histórias Sateré-maué. Amazonas: Imprensa Oficial, s/d.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS. PROFORMAR. Pesquisa e prática pedagógica
II. Manaus: Ed. Da Universidade do Estado do Amazonas, 2006.
_____. Pesquisa e prática pedagógica I. Manaus: UEA/PROFORMAR, 2005.
WEISS, Helga Elisabeth. Para um dicionário da língua Kayabí. São Paulo: FFLCH-USP, 1998.
Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
1998.
WEEDWOOD, Barbara. História concisa da Linguística. Trad. Marcos Bagno. São Paulo:
Parabólica, 2002.
106
APÊNDICES
107
TEXTOS EM SITUAÇÃO DE COMUICAÇÃO
FRASES
SATERÉ-MAWÉ PORTUGUÊS
Yty toto.
O veado vai.
Pay Toto
A paca vai.
José toto.
José vai
José tat pay.
José pegou a paca.
Pay José tat.
A paca que José pegou.
José tat yty.
José pegou o veado
Yty José tat.
É o veado que José pegou.
Ihainia tat yty.
O homem pegou o veado.
Ihania tat pay.
O homem pegou a paca.
Ai’akag ete toig asat.
ossa cabeça tem cabelo.
Mi’i aka iwato.
A cabeça dele(e) é grande.
Ui’akag haty.
Minha cabeça dói.
Ei’ akag pitpit
As cabeças de vocês estão sujas.
Pay akag.
Cabeça da paca.
Are potpap.
Eu trabalho.
Atiky’esat mi’u.
Eu quero comida.
Uito uhesy’at.
Estou com fome.
Eterut y’y! Uito areu’utu’i.
Me dá água, estou com sede.
Uito uiket’at. Areket hamo ra’yn
Estou com sono vou dormir.
Ihet’ok!
Bom dia!
Heika’at!
Boa tarde!
Wantym!
Boa noite!
Mejuran ra’yn!
Até mais tarde!
Ako’õy ereto?
Para onde você vai?
108
TEXTOS COM TRANSCRIÇÃO EM SATERÉ-MAWÉ E TRADUÇÃO EM
PORTUGUÊS
Os textos apresentados nestes anexos foram transcritos e feita a tradução literal pelos
indígenas Sateré-Mawé, que fazem parte da equipe de organização do dicionário, cujas
traduções foram elaboradas na linguagem coloquial da língua portuguesa.
TEXTO 1
(Entrevista com Capitão Manoel na aldeia Vila Miquilis, registrada em gravador digital
2009)
Tu’isāria are areto kuepuo hempype kat entup hamo karaiwa’in kaipywiat sio
put’ok are iatu yat piat hawyi karania upig kowat karaiwa are ma’ato ren yt toikuap hin’i
uipusu toikuap hin’i kat ahentup hap hawyi kotā’e topusupuo[atikuap’i rat Satere’e]aiwat
aheyipe pon Satere pusu waku sese ti ra’yn aitoria sok tupono, ikytsi naria eyipe keig yt’i
mi’ipykai. Juempe hempype aito hawyi ti
׃
se ra’yn ahatek uiwyria’in meig muat karaiwa’in
pusu ete,tupono uito atiky’esat puruwei’in ho’omū
׃
e aimempyt’in typy seku ete hap mi’i pote
yn ni’aru aimempyt’in iatuewasat’i mejuran meketā uruto uruiky’esat puruweira. Mi’ipykai
puruweira Dulce iky’esat so Satere pusupuo yn ma’ato ti tapy’yiaria miky’esat awaȳ’i hawyi
wy ywōt’in ti ky’esat puruweiria tum ta’atupy’a pyi [aula]hap ta’atumempyt’in miat hap mi’i
pote po’og ta’atupuenti waku.
TRADUÇÃO 1
Os tuxauas se eu for para cidade para pedir alguma coisa dos brancos quando chegar
e perguntar a ele no minha língua quanto esse [cordão], será que ele entende? O que eu
falo, não. que ele diz : sateré eu não sei. Mas na nossa terra a gente pode falar
satere. Mas na terra dos brancos não pode falar com a nossa língua. Se quiser falar com o
branco tem que usar língua dele para conversar. Ali na cidade, quando agente vai, tenho
muita dúvida de falar em língua dos brancos. Meus amigos, por isso eu quero que os
professores ensinem com amor os nossos filhos com as duas línguas: português e sateré.
atravez disso da qui a mais um tempo os nossos filhos não tem dificuldade de falar e entender
o português. E pela professora Dulce, na língua satere. que as maiores lideranças não
concordam com plano dela][ se filhos deles aprendem em duas línguas seria melhor para os
pais dos alunos.
109
TEXTO 2 - HISTÓRIA DA COMUNIDADE VILA MIQUILIS
(contada pelo capitão Manoel, registrada em gravador digital - 2009)
Pyno karaiwa nimo meiko wat yt kat hin’i tawa mejuwat meikotā uruwyria’in jeigne’en
haria ne’i netap to’opya-to’opya hawyi nagnia’in uha’ase’iria uhehary’in titiu’in topap ta’yn
uruto yn na’yn uruto pyhu’at ma’ato meiko wat mimoherep hamo ti bola petek hap kaipyi
urute mahara juempe sirig ypia pe mi’i hawyi sa’awy ti temoherep mejuwat tawa juempe
uhy
׃t
uiat uiwȳ’ok topyityk sirig sapo ete hawyi urutō’e mejempe pyi ti wate kampu nug
kuesom waku po’og urutu’e hawyi go pōt uruhentup uhenany pe hawyi urutunug go pōt rote
kampu uruesȳ’at wywo more wegki’a, sahai tok wywo yn ni urutunug meig muat yn urutu’u
inug haype mi’i hawyi wentup e’āt pe tere’ysakpo uity uhy
׃
t’i in wywo Ponta Alegre kape
ihypy’asēt puo turan ywytu ta
׃
t yara hap tote te’era’apy’at hawyi porāp topap uity uhȳt’i
ihary’i wentup ok imempyt uity te’yhā kuap’i tupono ta’atusat hempy kai mejempe mi’i
tupuo ysakpo hawyi uhyt’i wary porap min’e turan misat meke turan urutoria titiu ko kaipyi
urutō
'
e urute
׃
mani koi hawyi. Mi’i hap tote pyi uito arenentup mi’i tempu morekuat no Lúcio
Menezes te hawyi uhehay ra’yn mi’i hawyi ti Lúcio kotā
'
e pyno kapi’e ewetunug ni
׃
ro
oḡ’ape[barracão] iwytī’e pote yn ni’aru watekyi kuap puruwei meikowo’e mi’i tote pyi are
paig morekuat’e sese miky’esat hap kaipyi sa’awȳ mejumpe temoherep wo’omū
׃
e hap hawyi
yn nasig topotmū’e puruweira Macina tī mejumpe sirig ypiape haipepe ra’yn irania’in.
TRADUÇÃO
Então antigamente não existia esta aldeia, assim antes moravam aqui meu tios e também o
meu avôs. Avós e tios são falecidos. Eles antes e ficou nós depois para construir essa
aldeia. ós bricamos de bola lá embaixo das seringueiras, porque no jogo meu irmão bateu
na raiz de seringueira daí nós pensamos. Assim é melhor fazer o campo de futebol para
brincar. Depois pedimos o terreiro do meu cunhado pra fazer campo. a gente fizemos
campo. Com muita fome comemos saúva, saúbataia é essas que nós come na hora de
trabalhar no campo. Depois, um dia foram para Ponta Alegre no outro lado, minha mãe,
meu irmão e a mulher dele e um filho. Quando estavam no meio do rio o vento pegou o canoa
bem forte e canoa afundou na água de repente quase eles morreram todos afogado, porque o
rio é largo, portanto quase eles morrem na água. Depois disso eu pensei, naquele tempo
ainda era o chefe Lucio Menezes. Eu falei para ele e disse então serás o capitão. É melhor
vocês fazerem pelo menos um barracão, depois disso nós podemos trazer professor para
cá. E eu disse: é verdade, chefe. Depois que o barracão ficou pronto. ós conseguimos uma
professora a Macina para trabalhar aqui na minha comunidade Vila Miquiles. Depois
ficamos muito contentes.
110
TEXTO 3-
( Reunião na comunidade para tratar sobre a situação da elaboração do dicionário – registrada
em gravador digital. Traduzida por nativo da língua. Nov/09)
Pyno koran aipore’i wantym’i ra’yn, uito meju koity’i uipuenti wo’opotmue haria mi’i
hawyi ti aru meikoran wato’e hay’e hawyi waku are uheywyt Iuwau, Rusiu ō’ē haria
kurum’in wemū’e haria are hawyi ti uito ahewaku sese mi’i rakine ti uruikuap teran kat hamo
tō’e hap ma’ato awyran te’eruwemu
׃
e nug hamo apo-apo ta’atu’e hamo - so hawyi apo iatu’e
uhepe aikotā hamo som tō’e hawyi upaig are meju aru watikuap tīare kat hamo hap waku sese
ti koran tō’e katupono ti aiwemu
׃
’e hap kaipyi ti kat wakuat watipuenti we’eḡ mi’ituran;
iawyte ikaipyi yn wyti aiwyria’in kape watioto sehay wakuat aiwemū’e hap totepyi yn ma’ato
yt wemū’e ipote yt kat watipuenti wakuat koran ti meig mue ra’yn aitoria aiwat aho’ote koran
waku ewehenoi katupono ti irania nagnia tukupte’en ikuap’i haria pykai aito watikuap ta’yn
kurin iatupyatap upī aito hawyi ma’ato mi’iria po’og ikuap teran haype koran aiwywo
te’eruwanentup y tirania ete’i ti aru ahehay sehay ti aru wakuat ete yn; katupono miky’esat
wakuat- mi’i turan nagnia sok aitoria uwe’i som mejumpe imompe’e heso’ok takat pyno ti
Tupana aitokpe toigne’en pyno waku sese koran mesup ahewantym meikotā te’en-te’en pote
som po’ogni waku aitoria ti meikotan hap ky’ewi sehay ky’ewi nagnia ehay pusupuo ga’apy
ka’iwat e história pusupuo.
TRADUÇÃO
Mais uma vez boa tarde a todos. Estou aqui agorinha me encontrou com os
educadores, por isso hoje a noite nós vamos conversar um pouco. Daí eu digo está bom meu
irmão João e Lúcio depois outros que vieram os rapazes, estudantes. Depois eu agradeço
muito bem, depois nós queremos saber para que eles vieram. Mas vieram para perguntar
como que foi situações dos professores. Depois perguntaram para mim pra que eles vieram.
ão sei mas hoje nós vamos souber tudo para que eles vieram. Agora eles estão aqui, muito
bom porque através de estudo nos conseguimos mais experiências e as coisas boas. Só
através disso cada pessoa pode levar para sua família as coisa que a família espera. Também
se tu não estuda o que você vai levar para sua família. Tu vai levar ruim. Então agora
pode vocês contar porque tem os nossos velhos, aqui não sei ,mas nós soubemos um pouco
através que nós fomos no rumo deles ,mas eles querem saber mais por isso eles escutam, nos
vamos conversar só boas porque precisamos bem ninguém quer ruim porque todos nós
adultos ninguém aqui está bêbado porque também Deus fica no nosso meio então é muito
ótimo esta noite se assim sempre nos unimos cada vez melhor para nós, porque nós precisa
conselho de nosso pai quando criança assim também nos preciso de educadores.
111
ANEXOS
112
DOCUMETOS DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Figura .1: Cartilhas na língua Sateré-Mawé usada no processo educacional
Fonte: Pesq. Bibliográfica / março 09.
113
Figura 2: Gramática didática
Fonte: Pesquisa bibliográfica/ 2009
114
TRABALHO DE CAMPO
Figura.3: Entrevista em contexto familiar
Fonte: pesquisa de campo/ 2009
Figura 4: Entrevista em contexto familiar
Fonte: pesquisa de campo/ 2009
115
Figura.5: Reunião para tomada de decisões referente ao dicionário bilíngue.
Fonte: Pesquisa de campo/2009.
FORMAÇÃO DA EQUIPE DE ELABORAÇÃO DO DICIONÁRIO
Figura 6: Equipe para elaboração do dicionário
Fonte: Pesquisa de campo/2009.
116
MAPA 1
Figura 8: A localização das aldeias Sateré-Mawé no Amazonas e Pará
Fonte: TEIXEIRA, 2005
117
MAPA 2
Figura 9: A localização das aldeias Sateré-Mawé na região do rio Andirá e Uaicurapá.
Fonte: TEIXEIRA, 2005
118
QUESTIONÁRIOS
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