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A autora ressaltou que o desenvolvimento humano tendia em direção ao
equilíbrio, passando ao longo da vida por várias etapas no processo de seu
desenvolvimento mental, ou seja, passava por uma sucessão de nascimentos, onde
ocorriam perdas e ganhos. Porém, não se pode desconsiderar que cada etapa
dessas seria o desenvolvimento de algo que já havia sido iniciado anteriormente.
A primeira fase se estende do nascimento aos seis anos ou até a época da
mudança da primeira dentição. É subdividido em duas fases: a primeira vai do 0 aos
3 anos e é onde um enorme crescimento do corpo é acompanhado por um
desenvolvimento mental ainda maior. Os poderes da percepção, memória,
imaginação e raciocínio começam a manifestar-se nas atividades da criança. Ela os
utiliza para conquistar o ambiente que a cerca, ou seja, ela absorve as impressões
do mundo exterior através dos sentidos. É o que se chama de Mente Absorvente
Inconsciente. Maria Montessori dizia que os sentidos, sendo exploradores do
ambiente, abrem caminhos à consciência. “São oferecidos como uma espécie de
chave para abrir uma porta à exploração das coisas exteriores como uma chama
que na escuridão (no estado inculto) não se poderia ver” (MONTESSORI, 1985,
p. 203).
Os sentidos são pontos permanentes de contato com o ambiente, que em sua
exploração do real, abrem os caminhos do conhecimento. A mente exercitando-se a
observar o ambiente, exige mais e mais o uso refinado dos órgãos receptadores;
assim sendo, a mente pode absorver dos sentidos impressões sempre mais precisas
e refinadas que parecem ser classificadas. A educação dos sentidos é um trabalho
do movimento e da inteligência, através do qual a criança realiza suas necessidades
naturais como pegar, cheirar, degustar, etc, preparando-a para as atividades
cognitivas acadêmicas.
Segue-se, então, outra fase: dos 3 aos 6 anos. É o momento em que ocorrem
grandes transformações. Há uma necessidade de crescer, há pressa em “ser
grande”. Essa fase ela chamava de Mente Absorvente Consciente, pois caracteriza
a ação consciente da criança na absorção do ambiente. Nesse novo período, ela
exerce a sua vontade, agora quem a guia é o seu eu. É como se a criança, agora,
pegasse o mundo nas mãos, aperfeiçoando e enriquecendo as conquistas já feitas,
ou seja, é um período de aperfeiçoamento construtivo através de uma experiência
ativa. “Não são mais apenas os sentidos, mas a mão que se transforma num órgão
de captação da inteligência” (MONTESSORI, 1985, p. 187).