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Anne Louise Gester de Souza
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM ESCOLAS
MONTESSORIANAS: elaboração e validação de instrumento
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação da Fundação Cesgranrio,
como requisito para a obtenção do título
de Mestre em Avaliação
Orientadora: Profa. Dra. Angela Carrancho da Silva
Rio de Janeiro
2010
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S729 Souza, Anne Louise Gester de.
Avaliação da educação infantil em Escolas Montessorianas :
elaboração e validação de instrumento / Anne Louise Gester de
Souza. – 2010.
58 f. ; 30 cm.
Orientadora : Profa. Dra. Angela Carrancho da Silva.
Dissertação (Mestrado Profissional em Avaliação) – Fundação
Cesgranrio, Rio de Janeiro, 2010.
Bibliografia: f. 55.
1. Montessori, Método de educação - Avaliação. 2. Educação
de crianças - Avaliação. I. Silva, Angela Carrancho. II. Título.
CDD 371.392
Ficha catalográfica elaborada por Vera Maria da Costa Califfa (CRB7/2051)
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
dissertação.
Assinatura Data
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ANNE LOUISE GESTER DE SOUZA
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
EM
ESCOLAS
MONTESSORIANAS: elaboração e validação de instrumento
Dissertação apresentada
ao
Programa de
Pós-Graduação da Fundação Cesgranrio,
como requisito para a obtenção do título
de Mestre em Avaliação
Aprovada em 28 de abril de 2010
BANCA EXAMINADORA
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----------------------
Prof!.
Dr'I
. LIGIA GOMES ELLlOT
Fundação Cesgranrio
_
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----
Prof
a
.
Dr'I
. MARIA DE LOURDES
EARP
Universidade Católica de Petrópolis
Somente como membro de um grupo
pode o indivíduo desempenhar seu papel
como ser humano.
(Maria Montessori)
Dedico esta dissertação aos meus
exemplos de vida, Maria de Fátima Gester
(in memorian – jamais esquecida) e
Madiel Souza (apesar da distancia está
sempre torcendo por mim) que sempre
me estimularam a dar este grande passo.
A estas duas pessoas dedico toda a
minha formação, pois com sabedoria,
discernimento, bom senso, dedicação e
muito amor e carinho estiveram sempre
ao meu lado me encorajando nas horas
difíceis e me aplaudindo nos momentos
de glória. Obrigada por serem meus pais.
Pessoas corretas, fonte de inspiração,
apoio e ensino diário.
AGRADECIMENTOS
À minha Professora e Orientadora Doutora Angela Carrancho da Silva, pela
dedicação e disponibilidade nas orientações que foram de grande experiência para a
minha vida, que me acolheu quando eu mais precisava, sempre estampando um
sorriso no rosto, acompanhado de estímulos e de excelentes sugestões.
À Professora Doutora Ligia Gomes Elliot, pela orientação metodológica e pela
confiança confortadora depositada em todas as fases desta dissertação.
À Professora Doutora Maria de Lourdes Sá Earp, pela participação na banca
examinadora e sugestões oportunas para o aprimoramento da análise realizada.
Ao grupo de colegas que fizeram parte dessa orientação Ana Paula Souza Leão
Gester, Vanessa Olmo e Márcia Galdino de Araujo Serour, pois, nas horas de
angústia, sempre nos apoiávamos e nos ajudávamos.
Aos funcionários Nilma Gonçalves Cavalcante, Valmir Marques de Paiva e Vera
Maria da Costa Califfa e a todos do apoio e limpeza pelo gentil atendimento durante
o Curso.
Aos meus pais, por suas orações e sábios conselhos.
Ao meu esposo Gustavo pelo amor e apoio constante, em especial pela paciência,
incentivo e leituras críticas que muito me ajudaram sempre que precisei, jamais
esquecerei.
Aos meus irmãos Sebastian e Rafael Gester pelo estímulo na realização desta
pesquisa.
A minha tia Ana Paula Souza Leão Gester que, além de fazer parte do grupo de
estudo, estava sempre proporcionando discussões e sugestões que serviram para o
meu crescimento.
Aos meus familiares que sempre me deram amor e força, valorizando meus
potenciais.
Às professoras das Escolas Montessorianas, as quais observei pela hospitalidade,
agilidade e auxílio que permitiram a realização deste estudo.
A todos os meus amigos e amigas que sempre estiveram presentes me
aconselhando e incentivando com carinho e dedicação.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução
desta Dissertação de Mestrado.
RESUMO
O objetivo deste estudo avaliativo foi elaborar um instrumento para avaliação do
desenvolvimento e da aprendizagem de crianças de 3 a 6 anos em ambientes
montessorianos. Para obtenção dos dados necessários ao estudo, foi desenvolvida
uma avaliação por juízes especialistas. Para tanto foi elaborado um roteiro de
entrevista que visava ao levantamento das concepções dos especialistas sobre a
avaliação do desenvolvimento e aprendizagem da criança. A análise das respostas
fornecidas pelos especialistas possibilitou a identificação das categorias e dos
indicadores a serem contempladas no instrumento. A segunda etapa do estudo foi
constituída de um questionário para validação pelos especialistas do instrumento
elaborado. O instrumento proposto no estudo foi elaborado com base na revisão da
literatura e nas expectativas apresentadas e validadas pelos especialistas. Em sua
versão final, o instrumento contempla cinco categorias e cento e noventa
indicadores, além de espaço para indicadores não antecipados, onde podem ser
apresentados pontos fortes e fragilidades de cada dimensão avaliada. Há também a
possibilidade de inserção de análises qualitativas em cada uma das categorias,
desde que necessárias para compor o relatório final. Foram estabelecidos critérios
de frequência para cada um dos indicadores que compõem as categorias.
Palavras-chave: Montessori. Avaliação. Educação infantil. Professor. Criança.
ABSTRACT
The objective of this study was to elaborate an instrument for appreciation of the
development and the learning of children of 3 the 6 years in Montessori
environments. For attainment of the necessary data to the study, an evaluation for
judges was developed specialists. For in such a way an interview script was
elaborated with the intention to search the statistics of the conceptions of the
specialists on the evaluation of the development and learning of the child. The
analysis of the answers supplied for the specialists made possible the identification of
the categories and the pointers to be contemplated in the instrument. The second
stage of the study was constituted of a questionnaire for validation by the specialists
of the elaborated instrument. The instrument considered in the study was elaborated
on the basis of the revision of literature and in the expectations presented and
validated for the specialists. In its final version, the instrument contemplates five
categories and one hundred and ninety pointers, beyond space for not anticipated
pointers, where strong points and fragilities of each evaluated dimension can be
presented. It also has the possibility of insertion of qualitative analyses in each one of
the categories, since that necessary to compose the final report. Criterions of
frequency for each one of the pointers had been established that compose the
categories.
Keywords: Montessori. Evaluation. Early childhood. Teacher. Child.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Maria Montessori com as crianças - Casa Del Bambino..................... 17
Figura 2 Momentos de aprendizagem............................................................... 27
Figura 3 Material dourado.................................................................................. 28
Gráfico 1 Resultado da Aplicação do Questionário............................................. 39
Quadro 1 Padrões................................................................................................ 44
Figura 4 Uso do instrumento para avaliação do discente.................................. 45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11
1.1 MARIA MONTESSORI: UMA MULHER À FRENTE DE SEU TEMPO....... 11
1. 2 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO.............................................. 13
1. 3 QUESTÕES DE ESTUDO........................................................................... 14
2 O CENÁRIO................................................................................................ 15
2.1. O MÉTODO: PEDAGOGIA CIENTÍFICA.................................................... 15
2.2 A CRIANÇA E O MUNDO – PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA
MONTESSORI............................................................................................. 19
2.3 A CRIANÇA................................................................................................. 20
2.4 O AMBIENTE.............................................................................................. 24
2.5 A ROTINA................................................................................................... 25
2.6 OS MATERIAIS: OS CANTINHOS E AS ATIVIDADES.............................. 27
2.7 A AVALIAÇÃO............................................................................................. 29
2.8 O PAPEL DO PROFESSOR....................................................................... 30
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................... 32
3.1 AVALIAÇÃO POR ESPECIALISTAS.......................................................... 32
3.2 INSTRUMENTAÇÃO................................................................................... 34
3.2.1 Entrevista.................................................................................................... 34
3.2.2 Questionário................................................................................................ 34
3.3 OS ESPECIALISTAS PARTICIPANTES DO ESTUDO............................... 35
3.4 COLETA DE DADOS E TRATAMENTO DOS DADOS.............................. 35
4 O PRODUTO............................................................................................... 36
4.1 RESULTADOS OBTIDOS COM A APLICAÇÃO DA ENTREVISTA AOS
PROFESSORES.......................................................................................... 36
4.1.1 O Perfil Profissional das Participantes do Estudo....................................... 36
4.1.2 Respostas às entrevistas............................................................................ 37
4.2 OS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO APLICADO................................ 38
5 O INSTRUMENTO PROPOSTO NO ESTUDO.......................................... 42
5.1 AS CATEGORIAS....................................................................................... 42
5.1.1 Aspectos de Vida Prática............................................................................ 42
5.1.2 Habilidade Sensorial.................................................................................... 43
5.1.3 Linguagem Matemática............................................................................... 43
5.1.4 Linguagem: da Oralidade à Escrita............................................................. 43
5.1.5 Conhecimento de Mundo............................................................................. 43
5.2 OS NÍVEIS DE DESEMPENHO.................................................................. 44
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES.................................. 53
6.1 RECOMENDAÇÕES................................................................................... 54
REFERÊNCIAS........................................................................................... 55
ANEXOS.................................................................................................... 56
1 INTRODUÇÃO
Nunca ajude uma criança a fazer a sua tarefa enquanto ela sentir
que pode ser bem sucedida sozinha.
(Maria Montessori)
1.1 MARIA MONTESSORI: UMA MULHER À FRENTE DE SEU TEMPO
Maria Montessori (1990, p. 4) foi a primeira italiana formada em Medicina.
Como pediatra, abriu a primeira escola para crianças portadoras de necessidades
especiais em 1907. Iniciou suas atividades pelos bairros degradados de Roma, na
chamada Casa dei Bambini (Casa das Crianças), e a sua metodologia atravessou as
fronteiras européias. Seu método se fundamenta basicamente no desenvolvimento
natural da criança e a sua consequente adaptação à resposta da criança aos
diversos estímulos e não o uso de medicamentos, como era uso até então.
Foram abertos colégios e escolas com o seu método por todo o mundo
ocidental, na China e na Índia. Em 1936, por motivos ideológicos, Montessori
abandonou a Itália e radicou-se nos Países-Baixos. Durante toda a sua vida foi
defensora da liberdade e da paz. O seu método de ensino foi publicado com o título
“A Criança”.
Ao abrir sua primeira “Casa da Criança” criou um ambiente onde elas
pudessem agir independentes do adulto, manusear, experimentar, tirar suas próprias
conclusões e, assim, gradativamente ir construindo uma rede de relações e saberes
que lhe garantiriam autonomia e conhecimento (MONTESSORI, 1990, p. 9).
Aos poucos, através de intensa observação, Montessori foi constatando que
em um ambiente que refletisse o mundo infantil e que oportunizasse a convivência
com crianças de diferentes idades, a criança tinha oportunidade de se deparar com
circunstâncias peculiares, que se emparelhavam com a fase específica de
desenvolvimento que se encontrava, além de descobrir uma variedade de modelos
novos para imitar. Para a autora, a convivência com crianças mais novas propicia à
criança mais velha a chance de ensinar. Desta forma a aprendizagem era vista
como algo colaborativo e agradável e o ambiente escolar como um local
interessante e atraente.
Foi em 1907, na Itália, que Montessori (1990, p. 14) decidiu abrir sua primeira
escola para as crianças ditas “normais”, uma escola pioneira e inovadora em todos
os aspectos pedagógicos. Uma escola que oferecia uma educação com os
12
seguintes objetivos: (a) o respeito à forma de aprendizado e o ritmo da criança; (b) a
valorização da liberdade e das habilidades; (c) o desenvolvimento do senso de
responsabilidade: (d) o favorecimento de uma educação pela paz; e (e) a formação
de um novo homem: integrado com visão holística. Montessori entendia a
aprendizagem para além da transmissão de conhecimentos pelo professor. Para ela
a aprendizagem é um processo natural, que se desenvolve espontaneamente em
virtude de experiências realizadas no ambiente, cujos objetivos centrais devem ser:
A importância da relação da criança com o meio ambiente é, sem dúvida, o
ponto de partida de toda a metodologia. Montessori (1976) defendia uma escola
nova, onde houvesse um ambiente preparado e apropriado para garantir o respeito
às diferenças individuais, um espaço onde o professor não fosse apenas um
transmissor de conhecimento, mas sim um mediador entre o conhecimento
historicamente produzido pela humanidade e a ação da criança frente a este
universo. É possível afirmar que o método de Montessori é fundamentado
basicamente pelos seguintes princípios: (a) mobiliário e material adequado; (b)
espaço para trabalhar em grupo e individualmente; (c) organização do ambiente; (d)
cada criança tem seu ritmo próprio; (e) respeito mútuo e responsabilidade desde
cedo; (f) liberdade para o desenvolvimento de potencialidades; (g) cooperação é um
fator de crescimento; e (h) atividade autodirigida. (AZZI, 1999)
Para que os objetivos sejam alcançados, há uma oferta de trabalhos
diversificados cuja escolha fica a cargo da criança, sempre desafiada pela
professora, pelos colegas de turma e pelo meio ambiente. Neste sentido, a autora
produziu uma série de cinco grupos de materiais didáticos: exercícios para a vida
cotidiana; material sensorial; material de linguagem; material de matemática; e
material de ciências.
É importante destacar a ênfase dada à cooperação em todas as atividades
porpostas, a cada momento se procura oferecer às crianças muitas oportunidades
para ajuda mútua o que é feito com grande prazer e alegria.
O método Montessori (1990, p. 26) propõe o desenvolvimento da totalidade
da personalidade da criança e não somente suas capacidades intelectuais,
chamando especial atenção para as capacidades de iniciativa, de deliberação e de
escolhas independentes e os componentes emocionais.
No que diz respeito à avaliação da aprendizagem, na visão montessoriana, o
modelo classificatório abre espaço para um sistema de avaliação processual e
13
contínuo, que privilegia os aspectos qualitativos do processo. A avaliação deve ser,
portanto, uma diretriz para orientar professores e alunos em busca da
aprendizagem, ou seja, ao ver que os objetivos não foram alcançados, os
professores repensam suas metodologias.
Fica claro que para a autora, o professor desempenha um papel fundamental
no processo do crescimento integral do seu aluno e, acima de tudo, é ele o sujeito
que pode viabilizar o equilíbrio entre a liberdade individual e a necessidade do
grupo, conforme propõe a metodologia montessoriana, ao defender a convivência de
crianças de idades diferentes no mesmo espaço. Nesse sentido, o papel do
professor deve ser repensado e novas estratégias devem ser previstas, criando na
escola um ambiente para a formação de sujeitos críticos, dotados de autonomia de
aprendizagem.
1.2 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
A experiência da avaliadora de quatro anos em Escolas Montessorianas em
muito contribuiu para a definição do objetivo deste estudo avaliativo. Sua efetiva
prática pedagógica fundamentada nos pressupostos montessorianos revela a
eminente dificuldade de avaliar tanto a aprendizagem, quanto o desenvolvimento
das crianças na Educação Infantil. A formação anacrônica oferecida na maioria dos
cursos de formação de professores, a falta de instrumentos de avaliação
especificamente voltados para o método e para a Educação Infantil como um todo,
são obstáculos que o professor precisa vencer para que sua prática não reflita os
equívocos da formação. Além disso, é preciso que a comunidade escolar, a família
em especial, tenha clareza, tanto das atividades desenvolvidas pela criança em sua
rotina, quanto da forma como ela é avaliada. Contudo, é necessário que haja
clareza, objetividade e transparência nos instrumentos utilizados cotidianamente
para avaliação. O modelo tradicional e classificatório da cabeça dos pais tem sido
um eterno desafio para os professores e para os gestores de Escolas
Montessorianas.
Por todas as razões já apresentadas o objetivo deste estudo é elaborar e
validar, junto a juízes especialistas, uma ficha para acompanhamento do
desenvolvimento e avaliação da aprendizagem de crianças de 3 a 6 anos de
Educação Infantil em Escolas Montessorianas.
14
1.3 QUESTÕES DE ESTUDO
As seguintes questões nortearam o estudo:
1. Na opinião dos especialistas, que aspectos um instrumento deve
contemplar para avaliar a aprendizagem e o desenvolvimento infantil?
2. Até que ponto o instrumento elaborado atende a avaliação discente em
escolas Montessorianas?
2 O CENÁRIO
Para o desenvolvimento do instrumento de avaliação proposto no primeiro
capítulo desse estudo, foi necessária uma leitura atenta sobre a metodologia
Montessori, base para a elaboração do instrumento. Este capítulo apresenta, de
forma sucinta, os principais pontos do Método Montessori.
2.1 O MÉTODO: PEDAGOGIA CIENTÍFICA
Já notaram o que acontece quando tentamos apontar alguma coisa
para um cachorro? Ele não olha para a direção em que apontamos,
mas para o braço e o dedo esticados. Não posso deixar de pensar
que vocês agem de certa forma de modo similar quando me dão
tanta importância. [...] A maior honra e a gratidão mais profunda que
me podem oferecer é voltar sua atenção de mim para a direção que
estou apontando: para a criança (MONTESSORI apud POLLARD,
1993, p. 51).
A fundamentação teórica do método Montessori é o conhecimento da criança
e seu desenvolvimento se dá de acordo com as leis do crescimento do corpo e da
mente, ou seja, a formação da estrutura psíquica da criança se desenvolve a partir
de uma força interior, numa relação de influência recíproca entre o meio, quer dizer,
o amadurecimento intelectual da criança se dá na relação com o mundo, à medida
que sua maturação biológica evolui (MONTESSORI, 1957).
A ideia central de Montessori era ter como ponto de partida tudo aquilo que as
crianças faziam naturalmente. Ela acreditava que as crianças sabiam mais que
ninguém como deviam ser ensinadas. Mesmo hoje, mais de um século depois da
primeira Casa da Criança, esta continua sendo uma visão contemporânea de
educação.
É preciso destacar que, no início do século XX, tanto na Itália quanto em
todos os outros países, as escolas eram locais, onde as crianças eram mais
treinadas do que ensinadas. Criança que não aprendia rápido era comumente
taxada de preguiçosa. Aos alunos não era dada a possibilidade da crítica. Falar era
proibido.
Alunos deviam sentar em suas carteiras e não tinham direito de se mexer até
que lhes fosse permitido. A escola não era considerada um espaço onde se pudesse
experimentar, manipular objetos, enfim descobrir um universo.
16
A noção de educação era que o professor detinha uma quantidade de
conhecimentos para transmitir e as crianças deviam aprender palavra por palavra.
Ninguém pensava que ir para a escola pudesse ser algo agradável ou interessante.
Crianças iam à escola para serem treinadas para a vida adulta, quanto mais cedo
estivessem prontas para trabalhar melhor. Enquanto isso, elas deviam permanecer
caladas e, acima de tudo, obedientes. À criança era exigido que se adaptasse ao
jeito de viver do adulto e, portanto, o oposto à sua natureza durante os primeiros
anos de vida.
Curiosamente, a criadora do Método Montessori não havia se formado como
Professora, embora tivesse estudado teoria da educação. Talvez por esta razão
tenha mergulhado no universo da prática pedagógica sem as ideias preconcebidas
ou preconceituosas da época. O trabalho desenvolvido por Montessori até então
havia sido com crianças especiais em instituições, onde eram colocadas para ficar
afastadas do resto da sociedade. A maioria das pessoas acreditava que as crianças
com problemas mentais não podiam ser educadas. Contudo, a visão de que um
ensino especial poderia melhorar a condição dessas crianças concentra sua
atenção.
Montessori, através de sua visão inovadora, defendia uma metodologia
fundamentada em pressupostos científicos para minimizar os males que, de forma
geral, a escola trazia para as crianças, principalmente para as mais jovens ao tentar
com que as mesmas se adaptassem ao universo adulto. Neste sentido, Montessori
(1937, p. 44) afirmava que
Enquanto a “ciência” se limitasse a “conhecer melhor” as crianças,
sem praticamente livrá-las dos inúmeros males que havia descoberto
nas escolas comuns e nos antigos métodos de educação, não seria
legítimo proclamar a existência de uma Pedagogia científica.
Enquanto os investigadores se limitassem a ventilar novos
problemas, não haveria fundamento para afirmar que estava
surgindo uma “pedagogia científica”, porque é a solução dos
problemas que ela deve aportar, e não só a evidência das
dificuldades e dos perigos, tanto tempo ignorados dos responsáveis
pela educação das crianças. A higiene e a psicologia experimental
tinham diagnosticado o mal; isso, porém, não criou uma nova
pedagogia.
Montessori defendia que, através de sua metodologia, seria possível ajudar a
criança a conquistar sua independência, ou seja, um meio para libertá-la da tirania e
17
dos preconceitos antigos da educação. “É a personalidade humana e não um
método que vamos considerar é a defesa da criança, o reconhecimento científico de
sua natureza, [...] que devem substituir os falhos modos de conceber a educação”
(MONTESSORI, 1987, p. 12).
Figura 1. Maria Montessori com as crianças - Casa Del Bambino.
Fonte: Maria Montessori (2010).
O cerne da metodologia Montessori é o respeito ao ritmo e ao período de
desenvolvimento em que cada criança se encontra. Para tanto, é necessário que
sejam desenvolvidas ao máximo suas capacidades físicas, emocionais, intelectuais
e espirituais. É através da ação e da ajuda que se concede à criança de agir por si
só, que se favorece a construção de sua auto-independência. Para Montessori, a
liberdade é condição indispensável para o desenvolvimento da vida. A liberdade
para a autora tinha um sentido biológico: liberdade de se movimentar, de escolher
entre alternativas possíveis dentro do ambiente. Assim sendo, as crianças podem
agir de acordo com suas necessidades internas, dentro de um ritmo próprio.
O método Montessori dá liberdade à criança na medida em que incentiva uma
série de ações no sentido de contribuir para que a criança se torne independente.
“Não se trata de abandonar a criança a si mesma para que ela faça o que quiser,
mas de lhe preparar um ambiente onde possa agir livremente” (MONTESSORI,
1939, p. 25).
Para garantir a construção desta liberdade, é preciso que o Professor
redimensione sua ação, ou seja, é necessário que seja criado um ambiente onde a
18
criança possa ter espaço suficiente para movimentar-se de forma adequada, assim
como oportunidade de experimentação. A professora deverá ajudá-la a fazer
sozinha tudo quanto é possível fazer e interferir somente quando sua orientação se
fizer necessária. É desta forma que a ajuda é entendida pela metodologia
Montessori. A criança deve ser ajudada a agir e a expressar-se, porém o adulto não
deve agir em seu lugar sem que haja uma real necessidade, pois cada vez que isso
acontece, seu crescimento é dificultado e seu desenvolvimento atrasado. Não se
deve fazer pelo outro aquilo que ele é capaz de fazer sozinho.
Outro aspecto importante da metodologia Montessori é o equilíbrio entre a
liberdade individual e a necessidade do grupo. Para Montessori a formação de um
grupo coeso depende fundamentalmente da liberdade individual, pois é somente
quando o sujeito é suficientemente livre para ser ele mesmo, sem preconceitos ou
discriminação, que ele consegue ajustar o limite da sua liberdade em favor do bem-
estar geral. Para Montessori (1939), o conceito liberdade engloba conquistas
pessoais ou coletivas que acontecem ao longo do desenvolvimento da criança,
quando ela aprende a fazer suas próprias escolhas e responsabilizar-se por elas,
quando ela aprende a avaliar seus atos e quando consegue se relacionar com os
outros, visando ao bem-estar comum. Neste sentido, a atividade é consequência do
princípio da livre escolha, é através da ação que a criança aprende.
Outro fator importante na metodologia Montessori é a troca de papéis
proposta pela autora, diferentemente da visão tradicional, em vez de ser a
professora que guia a criança para que faça determinadas atividades, é a própria
criança que escolhe a atividade e a usa de acordo com sua criatividade.
A partir desta visão a rotina Montessori é fundamentada no trabalho
diversificado. Cada criança escolhe suas próprias atividades dentro de um meio
ambiente organizado e adequado ao universo infantil. O método Montessori oferece
ao educando múltiplas oportunidades de desenvolvimento de suas potencialidades,
tendo em vista as diferenças individuais, ou seja, cada criança tem o seu próprio
ritmo de trabalho e suas diferenças naturais e isso deve ser respeitado. É o respeito
à diferença e ao tempo de cada um que propiciará um ambiente livre de
preconceitos e promoverá o desenvolvimento do espírito crítico. A sala de aula
Montessori oferece à criança uma variada gama de atividades diárias, onde ela é
ensinada a tomar conta de si mesma, assumindo consciência e responsabilidade
19
sobre o seu próprio corpo, como ele se movimenta, como se relaciona com os outros
e com os objetos à sua volta. (MONTESSORI, 1987)
2.2 A CRIANÇA E O MUNDO: PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA MONTESSORI
Os princípios básicos fundamentais da Pedagogia Montessori são: a
liberdade, a atividade e a individualidade. Outros aspectos abordados nesta
metodologia são: a ordem, a concentração, o respeito pelos outros e por si mesmo,
a autonomia, a independência, a iniciativa, a capacidade de escolher, o
desenvolvimento da vontade e a autodisciplina. O método Montessori está inspirado
no humanismo integral que postula a formação dos seres humanos como pessoas
únicas. A metodologia Montessori busca desenvolver na Criança a autodisciplina, a
conquista da independência e da liberdade. Para a autora liberdade esta relacionada
a pertencimento, para ser, para escolher, para instruir, para desenvolver-se, para
responder às necessidades de seu desenvolvimento. Liberdade para desenvolver o
próprio controle (MONTESSORI, 1972, p. 46).
A criança se constrói a si mesma. O que permite ao aluno conhecer
inatamente seu entorno? A mente absorvente Montessori observou uma
sensibilidade especial da criança para observar e absorver tudo em seu ambiente
imediato e a denominou “a mente absorvente". Esta é a capacidade única em cada
criança de tomar seu ambiente e aprender como adaptar-se a ele. Durante seus
primeiros anos, as sensibilidades dos meninos e meninas conduzem a uma
vinculação inata com o ambiente (MONTESSORI, 1993, p. 8).
Os períodos sensíveis referem-se aos períodos da idade em que a criança
demonstra capacidades inusuais em adquirir habilidades particulares, ou seja,
quando o interesse dela se focaliza em uma parte específica de seu ambiente. Estas
sensibilidades que a criança desenvolve normalmente ajudam a adquirir as
características necessárias para seu desenvolvimento como adulto
Os períodos sensíveis variam individualmente para cada criança e são
aproximados, mas passam por todos e nunca regressam. Segundo Montessori, na
maior parte das escolas, as habilidades básicas se ensinam, em grande parte,
depois que seus períodos já passaram. Segundo Carrel (1935, p. 222):
O tempo da primeira infância é, sem dúvida, o mais rico. Deve ser
utilizado de todos os modos possíveis e imagináveis por meio da
20
educação. A perda deste período é irreparável. O nosso dever é
cultivar, com a máxima atenção, os primeiros anos de vida e nunca
os descurar.
É importante demonstrar à criança que, no curso da evolução, cada ser vivo
preparou qualquer coisa para um ser que lhe sucedeu ou que criou uma vida
paralela. O encadeamento na natureza precisa ser descoberto e analisado pela
criança, pois ela é a base do equilíbrio cósmico. Forças físicas, químicas e vitais,
todos colaboram no que Montessori chama de Cósmico Inconsciente
(MONTESSORI, 1972).
A criação não se constitui num momento, ela é contínua e em contínuo
desenvolvimento. Nela, cada ser tem a sua função, uma função da qual ele não tem
consciência, mas que é para o bem e a serviço dos outros seres (MONTESSORI,
1972). A grande lei que rege a vida do cosmos depende da colaboração, que é, em
essência para Montessori, o trabalho cósmico. Na luta pela vida não é o pode ou o
poderoso que vence, mas aquele que é o mais inteligente e que encontra métodos
sempre melhores para proteger sua prole. Isto é o desenvolvimento de uma
sensibilidade superior, é o desenvolvimento do amor.
2.3 A CRIANÇA
"A criança deve ser livre", para ser de verdade um mestre de seu ser.
Ela deve estar livre para tomar suas decisões e fazer seus
descobrimentos aprendendo por si mesmo "a única disciplina
verdadeira é a de si mesmo” (MONTESSORI, 1972, p. 46).
Montessori entendia que, se a sociedade julgava necessário dispensar uma
educação plena e obrigatória, essa educação deveria ser ministrada de modo prático
e deveria começar a partir do nascimento e não somente quando o jovem entrasse
na universidade. Portanto, ela sustentava que, para mobilizar qualquer reforma, a
educação deveria basear-se sobre o desenvolvimento da personalidade humana.
Para ela, o ser humano que aparece no mundo, sob a forma de criança, desenvolve-
se rapidamente por um verdadeiro milagre da criação. “A criança é o construtor do
homem, não existe um só homem que não tenha sido formado pela criança que já
foi certo dia” (MONTESSORI, 1985, p. 25).
21
A autora ressaltou que o desenvolvimento humano tendia em direção ao
equilíbrio, passando ao longo da vida por várias etapas no processo de seu
desenvolvimento mental, ou seja, passava por uma sucessão de nascimentos, onde
ocorriam perdas e ganhos. Porém, não se pode desconsiderar que cada etapa
dessas seria o desenvolvimento de algo que já havia sido iniciado anteriormente.
A primeira fase se estende do nascimento aos seis anos ou até a época da
mudança da primeira dentição. É subdividido em duas fases: a primeira vai do 0 aos
3 anos e é onde um enorme crescimento do corpo é acompanhado por um
desenvolvimento mental ainda maior. Os poderes da percepção, memória,
imaginação e raciocínio começam a manifestar-se nas atividades da criança. Ela os
utiliza para conquistar o ambiente que a cerca, ou seja, ela absorve as impressões
do mundo exterior através dos sentidos. É o que se chama de Mente Absorvente
Inconsciente. Maria Montessori dizia que os sentidos, sendo exploradores do
ambiente, abrem caminhos à consciência. “São oferecidos como uma espécie de
chave para abrir uma porta à exploração das coisas exteriores como uma chama
que na escuridão (no estado inculto) não se poderia ver” (MONTESSORI, 1985,
p. 203).
Os sentidos são pontos permanentes de contato com o ambiente, que em sua
exploração do real, abrem os caminhos do conhecimento. A mente exercitando-se a
observar o ambiente, exige mais e mais o uso refinado dos órgãos receptadores;
assim sendo, a mente pode absorver dos sentidos impressões sempre mais precisas
e refinadas que parecem ser classificadas. A educação dos sentidos é um trabalho
do movimento e da inteligência, através do qual a criança realiza suas necessidades
naturais como pegar, cheirar, degustar, etc, preparando-a para as atividades
cognitivas acadêmicas.
Segue-se, então, outra fase: dos 3 aos 6 anos. É o momento em que ocorrem
grandes transformações. Há uma necessidade de crescer, há pressa em “ser
grande”. Essa fase ela chamava de Mente Absorvente Consciente, pois caracteriza
a ação consciente da criança na absorção do ambiente. Nesse novo período, ela
exerce a sua vontade, agora quem a guia é o seu eu. É como se a criança, agora,
pegasse o mundo nas mãos, aperfeiçoando e enriquecendo as conquistas já feitas,
ou seja, é um período de aperfeiçoamento construtivo através de uma experiência
ativa. “Não são mais apenas os sentidos, mas a mão que se transforma num órgão
de captação da inteligência” (MONTESSORI, 1985, p. 187).
22
A segunda etapa vai dos 6 aos 12 anos e é uma fase de crescimento e
relacionamento direto com o mundo concreto, com aquilo que vê, ouve ou sente. A
criança encontra-se, nesse momento, diante de um considerável desenvolvimento
da consciência, a qual já estava desperta no período anterior, mas agora está
especificamente voltada para o exterior. Faz relação com os fatos que acontecem ao
seu redor, reflete e questiona sobre o mundo. Vive à procura dos como e porque das
coisas. É à entrada da criança no mundo das abstrações e da aquisição da cultura.
Termina com a puberdade.
O terceiro período vai dos 12 aos 18 anos e também é caracterizado por
grandes transformações. Subdivide-se em puberdade (12 a 15 anos) e adolescência
(15 a 18 anos). O adolescente interessa-se de forma mais aberta pelas causas e
efeitos dos problemas que lhe são apresentados. Os fatos da vida são entendidos
como consequência das ações e atitudes que pratica. Há um desejo de mudança e a
sensação de que tudo é possível. A capacidade de abstração já está totalmente
desenvolvida.
Depois dos 18 anos, já adulto, o homem se limita a crescer em idade. Nessa
época, aparece o dente do siso. Esse fato comprova que o organismo do, até então,
adolescente já está na maturidade. O desenvolvimento do homem não cessa, mas é
ao fim do terceiro período que este desenvolvimento adquire um rumo.
Outra colaboração de Montessori para a ciência da infância foi a descoberta
dos sucessivos períodos sensíveis da criança, dentro dos quais se realizam certas
descobertas e conquistas especiais. A sensibilidade da criança muito pequena leva-
a a uma estrutura psíquica primitiva, que pode permanecer oculta e gerar
consequências sérias, que resultam em desenvolvimento irreparável da futura
organização psíquica.
Em seu livro A Criança, Montessori (1987) fala dessas delicadas estruturas
psíquicas que passou a observar nas crianças (seres em crescimento) após ter se
servido dos estudos do cientista holandês Hugo de Vries (apud MONTESSORI,
1987, p. 43), que descobriu os períodos sensíveis nos animais: “[...] fomos nós, nas
nossas escolas, que descobrimos os períodos sensíveis do crescimento das
crianças e os utilizamos com fins educativos”. Ela define assim:
Trata-se de sensibilidades especiais que se observam nos seres em
crescimento, isto é, nos estados infantis, e que são passageiras e se
limitam à aquisição dessas características, terminando a
23
sensibilidade com a aquisição dessa característica (MONTESSORI,
1987, p. 43).
Pode-se dizer, então, que no curso do desenvolvimento sucedem-se períodos
de sensibilidade particulares, que revelam aptidões psicológicas e potencialidades
que vão, aos poucos, desaparecendo e sendo sempre substituídas por uma outra,
que é totalmente diferente. É a razão porque, em certas fases de suas vidas, as
crianças demonstram um interesse enorme por certos objetos ou certos exercícios, o
que não se encontrará mais tarde. Dessa forma, a criança é dotada de uma
sensibilidade especial que a força fixar sua atenção sobre certos aspectos de seu
ambiente, excluindo outros. Isso não é consequência de uma simples curiosidade, é,
sim, uma espécie de paixão ardente, como diria a doutora Montessori, “que brota do
fundo do inconsciente e que coloca em marcha uma maravilhosa atividade. Esta, ao
contato com o mundo exterior, fará acordar a consciência”.
Quando um período sensível chega ao seu mais alto grau, pode-se
compará-lo a um farol que, vindo do fundo do intelecto, iluminaria
certas partes do ambiente, deixando o resto na sombra. O efeito
desse raio de luz seletiva é tal que lá onde reinava antes a confusão
e o caos, se faz, pouco a pouco, a ordem e a discriminação. Nesse
sentido, os períodos de sensibilidade ocorrem através de toda a
juventude. Este processo é tão amplo no homem simplesmente
porque todos os aspectos de sua personalidade se formam como
resultado de suas próprias experiências ao interagir com o meio
ambiente dentro de uma dada comunidade (MONTESSORI JÚNIOR,
1991, p. 31).
A partir dos estudos sobre os neurônios de base, pesquisadores de diversas
partes do mundo descobriram etapas importantes no desenvolvimento do cérebro de
crianças, ao qual denominaram janelas sensíveis ou janelas de oportunidades. A
inteligência, as emoções, a capacidade de se relacionar e a linguagem podem e
devem ser aprimorados nas instâncias sociais, em períodos mais ou menos
determinados. Quanto mais se expuser a criança a estímulos benéficos, mais ela
poderá aproveitar as potencialidades do seu cérebro. Em outras palavras, é
exatamente isso que Maria Montessori (1965) dizia: “a aprendizagem não é aquilo
que o adulto transmite, mas sim um processo natural que se desenvolve
espontaneamente no indivíduo humano em virtude de experiências realizadas no
seu ambiente natural”.
24
2.4 O AMBIENTE
Para Montessori (1972), a escola não é apenas um ambiente de quatro
paredes, onde as crianças ficam sentadas umas atrás das outras, recebendo
instrução, acumulando informações ou conhecimentos acadêmicos. É preciso
oferecer à criança um ambiente que favoreça a observação, a atividade, a ordem, a
liberdade e a autonomia, voltado para o processo de construção do conhecimento e
não apenas para o produto final. A escola deve, também, explorar os conceitos até o
seu esgotamento, usando recursos que possam ser manipulados e sentidos, que
façam parte da vida da criança, incluindo aí as “ferramentas tecnológicas modernas,
que multiplicam intensamente o volume de informações e encurtam distâncias”
(MONTESSORI, 1990).
Na realidade, existe uma preocupação constante com a organização do
ambiente, onde tudo está disposto para atender as necessidades da criança, sendo
assim, há uma descentralização da figura do professor. O controle passa do
professor para o ambiente. O equipamento, os materiais, o mobiliário, o desafio dos
objetos, a valorização da arte e da estética estimulam a criança a agir independente
do adulto, consequentemente, a interferência do professor deve ser mínima, na
medida do possível.
Como podemos observar, então, o papel do professor na prática cotidiana é
de fundamental importância para o sucesso dessa abordagem integrativa da ação
pedagógica. “O ambiente do adulto não é o ambiente para criança, pois é cheio de
obstáculos que só a faz desenvolver defesas e a impede de evoluir naturalmente”
(MONTESSORI, 1987, p. 105).
O Sistema de Educação Montessori é justamente caracterizado pela
importância central que nele se confere ao ambiente. Ela foi tão enfática nesse
aspecto e afirmava sempre julgar importantíssimo que a preparação do ambiente
deveria ter início muito antes da criança entrar para a escola, ou seja, que ela fosse
como uma chave para a educação, desde o nascimento, para uma perfeita
cultivação do indivíduo desde sua entrada no mundo exterior.
Primeiramente cabe a criança achar o caminho e os meios necessários para a
sua concentração, que estabelecem os fundamentos do caráter e preparam o
comportamento social. Como ninguém de fora pode dar à criança concentração ou
organização a sua psique, ela deve fazê-lo por si. A importância nas escolas
25
Montessorianas está nisto – através desse processo a criança encontrará o tipo de
trabalho que poderá dar-lhe esta possibilidade. Um ambiente preparado (fechado)
favorece a concentração. Através de uma atividade que promove em um lugar
recolhido esta concentração, o caráter se forma e a criação do individuo se cumpre.
Assim as escolas Montessorianas oferecem às crianças um ambiente de proteção
no qual os primeiros elementos do caráter possam forma-se e adquirir a sua
particular importância. É algo mais que um ambiente de proteção, é um ambiente
que Montessori chama de psíquico, sua importância está diretamente ligada aos
materiais inseridos nele, pois sem esses materiais a criança não pode se concentrar.
Há dentro de uma classe montessoriana os materiais essenciais para atender
às necessidades da criança. Elas escolhem os objetos que as ajudem na construção
de si mesmas. Dessa forma desenvolvem certas qualidades sociais que são de
grande importância – o respeito aos materiais que estão sendo utilizados por outra
criança e uma grande experiência social que vai amadurecendo ao longo do tempo.
Desta forma se origina uma transformação, uma adaptação, a construção da
vida social, numa combinação de atividades que devem se harmonizar pela própria
experiência da criança como a paciência e o controle dos seus impulsos, afirmando
assim, espontaneamente suas virtudes.
A intervenção dos adultos nessa primeira preparação para o comportamento
social é fundamental. Uma atitude equivocada pode causar danos no
desenvolvimento da criança.
2.5 A ROTINA
Montessori (1985) enfatiza a importância do cuidado estético na organização
do ambiente, pois a criança, através da mente absorvente, desenvolve a sensação
de harmonia e estética e o gosto pelo belo. Mais tarde, isto será a base para a
compreensão da harmonia cósmica. Paredes claras, decoradas com quadros ou
objetos que levem à criança, os elementos da cultura e das artes compõem este
espaço.
Pensar numa rotina eficiente, para crianças pequenas, exige coordenar a
intenção de cuidar com o ato de educar. Nessa fase, as necessidades biológicas
como sono, alimentação e higiene são tão importantes quanto as afetivas, motoras,
cognitivas e socioemocionais.
26
A rotina funciona como um elemento organizador; para as crianças. Terem
atividades regradas garante mais conforto e segurança, pois se acostumam com a
sequência de acontecimentos e conseguem prever o que virá depois. Isso permite
que os pequenos comecem a conhecer seus limites e construam a percepção de
que coisas nem sempre podem acontecer na hora e do jeito que eles desejam.
A assimilação de normas desde a primeira infância sedimenta a mente sócio
afetiva da criança. O progresso na aquisição dos movimentos voluntários é muito
rápido. Em 12 meses a criança vai de uma total falta de coordenação a mais difícil
forma de coordenação: caminhar sobre duas pernas. O desenvolvimento do
movimento coordenado passa por várias etapas, que são muito semelhantes para
todas as crianças. Em geral, as crianças se arrastam, engatinham e logo andam.
Ação e movimento estão intimamente relacionados com o desenvolvimento
da personalidade e se a concentração da criança for respeitada, ela cresce ativa,
criativa e tranquila. São também importantes nesta fase os cuidados com o
desenvolvimento da linguagem.
Ainda que existam muitas teorias sobre a aquisição da linguagem oral, em
geral pode-se dizer que o ser humano tem mecanismos para adquiri-la e que se
estabelecem na mente muito antes de aprender a falar. As crianças já trazem ao
nascer, um potencial para desenvolver um perfeito conhecimento da gramática
universal, ou como Montessori (1987) dizia: "a nébula da linguagem".
Os primeiros 12 meses de vida constituem uma etapa importante para
desenvolvimento da comunicação Todos os trabalhos que realizam as crianças se
ocultam dentro delas, começam mesmo antes do nascimento e muito pouco se pode
observar por fora. Se quisermos facilitar esse processo silencioso, deve-se dar conta
dele. Se desejarmos "trocar nossas ideias" com as crianças, temos que observá-los
atentamente.
As diferentes formas de linguagem estabelecem a comunicação. Neste
período de 12 meses, o bebê vai desenvolvendo habilidades para, cada vez melhor,
usar a sua competência para comunicar-se. Este é um processo mental de
manifestação do pensamento e de natureza essencialmente consciente. Um
sistema, que é constituído por elementos que podem ser gestos, sinais, sons,
símbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, ideias,
significados e pensamentos (MONTESSORI, 1972).
27
Enquanto os processos cognitivos se desenvolvem, os órgãos físicos
amadurecem, permitindo que a criança vá estabelecendo a comunicação através da
linguagem oral. Desde a vida intra-uterina o bebê ouve os sons da língua materna e
os distingue entre todos os sons do ambiente. A apreensão de uma língua específica
requer a imersão nessa língua, ou seja, a exposição passiva, ouvindo os outros
falarem e ativa, interagir com eles. Se essa imersão ocorre de maneira favorável
durante a primeira infância, a criança tornar-se um falante competente
(MONTESSORI, 1972).
2.6 OS MATERIAIS: OS CANTINHOS E AS ATIVIDADES
Montessori (1985) chamou os três primeiros anos de vida de "período da
mente absorvente inconsciente". Isto significa que os pequeninos captam, através
dos sentidos, as impressões do mundo e vão arquivando em seu cérebro. O
ambiente apropriado para as crianças deve ser limpo, arejado e harmonioso, ser um
facilitador para o início da vida.
Figura 2. Momentos de aprendizagem.
Fonte: Associação Brasileira de Educação Montessoriana (ABEM).
Movida por tendências humanas, a criança explora, busca orientar-se e
organizar-se, desenvolvendo um processo de adaptação ao ambiente onde vive. Ela
busca conhecer seu espaço, então o ambiente precisa possibilitar a sua ação e
conter atividades com propósito para a organização da personalidade.
O material de desenvolvimento pode estar disposto no chão ou em estantes
bem baixinhas, deve estar organizado criteriosamente e disposto segundo uma
28
classificação e gradação. No período sensível para a construção do sentido de
ordem, este é um referencial importante.
O material deve ser simples, o uso deve ser claro para a criança. Ele deve
encerrar em si mesmo o comando para a atividade. Deve obedecer a critérios de
segurança para a faixa etária, ser proporcional às possibilidades da criança quanto
ao tamanho, peso e em relação às suas necessidades de autoconstrução; pois em
cada etapa, diferentes habilidades devem ser exercitadas.
O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho
educativo, pois pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas,
tendo como função a estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se
manifesta no trabalho espontâneo do intelecto. Ela produz uma série de cinco
grupos de materiais didáticos: exercícios para a vida cotidiana, material sensorial,
material de linguagem, material de matemática e material de ciências.
Estes materiais se constituem de peças sólidas de diversos tamanhos e
formas: caixas para abrir, fechar e encaixar; botões para abotoar; série de cores, de
tamanhos, de formas e espessuras diferentes; coleções de superfícies de diferentes
texturas e campainhas com diferentes sons.
O Material Dourado é um dos materiais criado por Montessori (1965). Este
material baseia-se nas regras do sistema de numeração, inclusive para o trabalho
com múltiplos, sendo confeccionado em madeira. É composto por cubos, placas,
barras e cubinhos. O cubo é formado por 10 placas, a placa por 10 barras e a barra
por 10 cubinhos. Este material é grande importância na numeração e facilita a
aprendizagem dos algoritmos da adição, da subtração, da multiplicação e da divisão.
Figura 3. Material dourado.
Fonte: Google Imagens (2010).
29
A livre escolha das atividades pela criança é outro aspecto fundamental para
que exista a concentração e para que a atividade seja formadora e imaginativa. Essa
escolha se realiza com ordem, disciplina e com um relativo silêncio.
O silêncio também desempenha papel preponderante. A criança fala quando
o trabalho assim o exige, a professora não precisa falar alto. Pés e mãos têm grande
destaque nos exercícios sensoriais (não se restringem apenas aos sentidos),
fornecendo oportunidade às crianças de manipular os objetos, sendo que a
coordenação se desenvolve com o movimento.
Em relação à leitura e à escrita, na escola montessoriana, as crianças
conhecem as letras e são introduzidas na análise das palavras e letras. Estando a
mão treinada e reconhecendo as letras, a criança pode escrever palavras e orações
inteiras. Em relação à Matemática, os materiais permitem o reconhecimento das
formas básicas, permitem o estabelecimento de graduações e proporções,
comparações, induzem a contar e a calcular.
2.7 A AVALIAÇÃO
A avaliação para Montessori (1965) é vista como processo diário, alimentando
a prática pedagógica. É através dessa prática que o professor revê propostas, ajusta
interesses e esclarece dúvidas. A criança aprende que a autoavaliação e a avaliação
em grupo são tão importantes quanto a avaliação individual, pois cria espaço de fala,
reflexão e escuta momentos de verdadeiro aprendizado para todos. A família
participa do processo avaliatório da produção da criança, mas preocupando-se
também, como ela é em casa, o que produz e a forma como expressa seu
conhecimento e os valores de sua comunidade. É importante que o aluno sinta que
sempre será avaliado, mas que o importante é como ele se avalia e como sua
família o percebe.
Em uma sala de aula Montessoriana, livros, notas, exames, castigo,
recompensas, e trabalhos de casa raramente são abraçados ou aplicados. Ao
contrário dos métodos tradicionais de ensino, o método focaliza na cooperação ao
invés de concorrência, no crescimento pessoal em vez de avaliação quantitativa. Os
estudantes são avaliados com base em um resumo descritivo diário, ou seja,
diariamente são avaliados em seu progresso escolar.
30
É da responsabilidade do professor avaliar individualmente cada criança,
através da observação crítica para que os planos individuais possam ser revistos e
refeitos, para ajudá-los nas suas dificuldades. Inclui na forma de avaliação
qualitativa (MONTESSORI, 1987, p. 6):
Atitude positiva para com a escola; Segurança interna e o senso de
ordem; primar pelo ambiente físico; permanente curiosidade;
Hábito de concentração; hábitos de iniciativa e persistência;
capacidade de tomar decisões; senso de independência e
autoconfiança; autodisciplina e; senso de responsabilidade para os
outros membros da classe, na escola e comunidade.
2.8 O PAPEL DO PROFESSOR
O primeiro passo para um professor, ao ingressar numa escola
montessoriana, é a autopreparação, ou seja, deve tornar-se um ser capaz de
estudar técnicas para serem aplicadas didaticamente e alguém capaz de estudar-se,
ouvindo e refletindo sobre o ponto de vista dos outros em relação a si próprio,
mesmo porque o vínculo que ela estabelece com o aluno caminha por uma via
afetiva, que possibilita, mais tarde, a relação professor – aluno – conhecimento,
tendo como cenário o ambiente da sala de aula.
Pensando que a educação se dá pelo modelo, o professor não estará
formando mentes democráticas, justas e cooperativas, se ele mesmo não exercer
uma atitude democrática, justa e cooperativa.
A educação é compartilhada pelo professor e pelo ambiente, sendo assim a
observação é a habilidade mais importante que deve ser desenvolvida por um
professor que trabalha numa classe Montessori. “A observação é o primeiro passo
da reflexão, esta antecede a ação. Observar, refletir e agir – esta é a sequência do
mestre Montessoriano” (LIMA, 2007, p. 13).
O professor é um observador da criança, sempre pronto para guiar, dirigir e
manter o entusiasmo pela aprendizagem, sem interferir no seu esforço de aprender.
O princípio da não-intervenção considera que, quando a criança está absorta no seu
trabalho, o professor deve respeitar sua concentração e não perturbá-la, seja com
elogios ou punições, pois qualquer ajuda desnecessária pode abalar o bom
andamento de uma atividade.
31
É fundamental que o professor montessoriano tenha simultaneamente
formação científica, formação técnica e formação espiritual, ou seja, precisa “saber,
saber fazer e saber ser” (AZZI, 1999). É essencial que ele conheça, estude, saiba
sobre a criança. Amá-la é importante, mas não basta. É necessário reconhecer uma
criança, compreender o que está escondido além dela, suas relações, o que pensa e
como trabalha a sua mente. Quanto mais o professor tiver conhecimento nas
diversas áreas, melhor ajudará e motivará a criança.
Enfim, é indispensável conhecer e reconhecer a criança. Além dessa ampla
formação, outro aspecto a considerar é a organização do ambiente/ ambiente vivido
e percebido pela criança – vejo, sinto, vivo. Montessori observa que se quisesse
resumir o dever principal do professor, na prática, dever-se-ia dizer que ele deve
conhecer o material, saber explicar o seu uso, saber como colocá-lo na sala de aula
e como apresentá-lo. Se ele souber tornar os objetos atraentes para as crianças, o
seu ato de ensinar será tão eficiente quanto o próprio material. Conforme assinala
Montessori (2000, p. 93): “basta que ele lhes mostre para que servem: depois, pode
deixar as crianças com seu trabalho. Pois o nosso objetivo não é ministrar
ensinamentos, mas sim despertar e desenvolver as forças espirituais e o potencial
criativo de cada um”.
O educador deve estar preparado para orientar e motivar, além de estar
atento às escolhas, às possibilidades e às dificuldades de cada aluno seu,
colocando-o em um relacionamento direto com o ambiente e baseando-se em um
planejamento previamente estabelecido, segundo as fases de desenvolvimento
infantil nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora.
Sendo assim, o modo de ser do professor, na sua maneira de se relacionar
com a criança, na maneira como olha para esta criança, através da afetividade e do
sentimento, do sentido social da vida e da aprendizagem de valores, pode fazer a
criança alcançar uma educação mais positiva, capaz de permitir o amadurecimento
da sua capacidade de autonomia e aquisição de posturas mais equilibradas no
relacionamento com o mundo e com os outros. Saber escutar e saber esperar são
atitudes que devem ser exercitadas todos os dias.
Por fim, adultos e crianças trabalham em conjunto, experimentando uma
relação cooperativa para atingir uma meta comum: o desenvolvimento.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esse estudo teve como propósito a concepção e validação de um instrumento
para avaliação do desenvolvimento de crianças em classes de Educação Infantil
(3 a 6 anos) em Escolas Montessorianas.
3.1 AVALIAÇÃO POR ESPECIALISTAS
Para o desenvolvimento do estudo, foi elaborada uma metodologia que
privilegiou a Avaliação por Especialistas, abordagem considerada a mais adequada
aos objetivos propostos.
Alguns autores defendem que o procedimento que atesta a validade de
conteúdo de um instrumento, consiste na avaliação do instrumento por especialistas.
Durante o desenvolvimento do instrumento, um dos pontos discutidos nessa
avaliação foi o número e a qualificação desses juízes. A literatura apresenta
controvérsias sobre esse ponto. Lynn (1986) recomenda um mínimo de cinco e um
máximo de 10 pessoas participando desse processo. Outros autores sugerem de
seis a 20 sujeitos, sendo composto por um mínimo de três indivíduos em cada grupo
de profissionais selecionados para participar do estudo.
Nessa decisão, é preciso se levar em conta as características do instrumento,
a formação, a qualificação e a disponibilidade dos profissionais necessários para
atuarem como juízes especialistas.
Berk (1990) relata que essa avaliação deve ser feita em dois momentos
distintos, com orientações específicas para cada fase. Primeiro sugere realizar uma
avaliação na fase de especificação dos domínios e depois na fase de
desenvolvimento dos itens. De uma forma geral, recomenda-se que os especialistas
recebam instruções específicas sobre como avaliar cada item, o instrumento como
um todo e como preencher o questionário que orienta a avaliação.
Com o objetivo de atender tanto as indicações da literatura quanto às exigências da
exiguidade de prazos a serem cumpridos, a avaliadora convidou seis juízes
especialistas em Montessori para acompanharem e validarem o instrumento
elaborado.
Os procedimentos metodológicos adotados neste estudo foram organizados
em 8 etapas.
33
Na primeira delas foi verificada a movimentação da criança dentro da classe
Montessori visando buscar todas as formas de avaliá-la.
A seguir, na segunda etapa, foram levantados os referenciais teóricos e
revisão da literatura em ralação a Metodologia Montessoriana, na busca de
evidenciar a força dos argumentos objetivos para essa etapa de desenvolvimento.
Na terceira etapa, foram inicialmente definidas e escolhidas as cinco
categorias – Aspectos de Vida Prática, Habilidade Sensorial, Linguagem
Matemática, Linguagem – da oralidade a escrita, Conhecimento de Mundo – as
quais nortearam o estudo proposto. Essa divisão possibilitou a demarcação dos
primeiros indicadores para compor cada uma dessas categorias.
Para trazer informações e certos números sobre a realidade da vivência da
criança, foi realizada a conceituação e a atribuição de valores para cada um dos
indicadores selecionados. O manejo desses conceitos tornou possível a elaboração
de uma versão preliminar do instrumento mencionado, que visa ajudar os
professores atuantes na Educação Infantil de Escola Montessoriana, na avaliação da
criança 3 a 6 anos. Já que, sem indicadores, faltavam parâmetros para acompanhar
e avaliar o estudo em questão.
Na quarta etapa do estudo, foi elaborado um roteiro de entrevista para ser
aplicada a especialistas em Montessori atuantes em sala de aula, visando nortear a
elaboração do instrumento de avaliação em questão.
A quinta etapa foi destinada as entrevistas que foram desenvolvidas pela
própria avaliadora.
Em seguida, na sexta etapa, foram organizados os dados obtidos através das
entrevistas e incorporados ao Instrumento de Avaliação as sugestões dadas pelas
especialistas entrevistadas.
A sétima etapa do estudo foi dedicada à elaboração de um questionário para
ser aplicado as participantes do estudo, cujo objetivo central foi a validação
instrumento concebido. Desta forma, chegou-se à elaboração da sua versão final.
Os juízes foram inicialmente ouvidos para avaliar o instrumento como um
todo, determinando sua abrangência. Isto é, se cada domínio ou conceito foi
adequadamente coberto pelo conjunto de itens e se todas as dimensões foram
incluídas.
O relatório final da avaliação, contendo a versão final do instrumento
proposto, foi elaborado durante a oitava etapa do estudo.
34
3.2 INSTRUMENTAÇÃO
Antes da elaboração dos instrumentos para o estudo, a avaliadora,
desenvolveu uma detalhada pesquisa sobre a avaliação do desenvolvimento infantil
sob a ótica de Montessori.
Para o estudo foram desenvolvidos dois tipos de instrumentos com objetivos
distintos para serem aplicados a mesma clientela. A avaliadora optou pela
elaboração de um roteiro de entrevista e de um questionário por considerar estes
instrumentos adequados tanto ao objetivo do estudo, quanto à metodologia
especialmente desenhada para ele.
3.2.1 Entrevista
Em função do pequeno número de participantes, a aplicação das entrevistas,
foi feita pessoalmente no mês de maio de 2010 para as seis especialistas em
Montessori selecionadas para o estudo.
O roteiro da entrevista (ANEXO A) tinha como foco levantar a visão das juízes
especialistas, participantes sobre os aspectos a serem privilegiados em momentos
avaliativos para a educação infantil em escolas Montessorianas.
Com relação ao conteúdo, o roteiro foi validado por dois juízes que o
consideraram adequado aos objetivos. Em sua versão final, o roteiro possui
questões relacionadas a prática pedagógica de acordo com a metodologia
Montessoriana.
3.2.2 Questionário
O questionário é composto por perguntas de fechadas e apenas uma
pergunta aberta. As questões abrangem o nível de satisfação dos juízes
especialistas com relação à versão final do instrumento. A pergunta aberta foi
necessária, uma vez que a autora precisava de parâmetros para estabelecer se as
questões anteriores atendiam as expectativas das respondentes.
O principal objetivo do questionário (ANEXO B) é contribuir para a avaliação
desenvolvida na etapa de desenvolvimento de 3 a 6 anos – de acordo com a
Educação Infantil de escolas Montessorianas. Por exemplo, na identificação da
35
movimentação da criança para atender o padrão mínimo de desempenho exigido
dentro de classes Montessori.
Tendo em vista o objetivo e a população de estudo, assim como aspectos
relacionados com a viabilidade da coleta dos dados, optou-se pelo questionário
anônimo, auto-aplicado, como instrumento de coleta. Ao se construírem as
questões, houve a preocupação quanto à linguagem empregada, atentando-se para
uma comunicação fácil e rápida com os respondentes. As questões obedecem a
uma ordem sequencial, agrupadas de acordo com as variáveis, atendendo o estudo.
A validação desse instrumento foi feita por duas Pedagogas especialistas
residentes no município de Niterói, as quais já tiveram experiências em Montessori e
tiveram acesso a Ficha de Avaliação.
A aplicação do questionário se deu através de e-mail (devido à falta de tempo
da autora em ir até os especialistas) no final do mês de junho de 2010. Contendo
uma carta dirigida aos respondentes com o passo-a-passo do que deveria ser feito
para obter a devolução dos resultados.
3.3 OS ESPECIALISTAS PARTICIPANTES DO ESTUDO
Como juízes especialistas e participantes do estudo foram selecionados,
conforme preconizado pela literatura pertinente, seis professores conhecedores
profundos da Metodologia Montessori, que atuaram como juízes especialistas.
Dos seis participantes, cinco atuam em sala de aula em Escolas Montessorianas no
Estado do Rio de Janeiro.
3.4 COLETA DE DADOS E TRATAMENTO DOS DADOS
A coleta de dados foi realizada pela autora durante o primeiro semestre de
2010. Os dados coletados, através das entrevistas e questionários aplicados, foram
organizados em gráficos e tabelas, descritos qualitativamente quando pertinente e
apresentados no próximo capítulo deste estudo.
4 PRODUTO
Nesse capítulo é apresentado o levantamento de informações junto às
professoras especialistas em Montessori, sobre a avaliação do desenvolvimento
infantil em escolas montessorianas, obtidos com a aplicação da entrevista. São
também apresentados os dados obtidos através do questionário aplicado as
mesmas professoras com o objetivo de verificar até que ponto os participantes
tiveram suas visões sobre avaliação do desenvolvimento infantil contempladas na
forma final do instrumento especialmente elaborado para essa finalidade.
Os resultados deste estudo refletem a avaliação por especialistas proposta na
metodologia. O questionário foi o instrumento elaborado para validar os resultados
da entrevista cujo objetivo foi levantar a visão que as especialistas, todas
professoras regentes em escolas montessorianas, sobre o ato de avaliar o
desenvolvimento e a aprendizagem de crianças de 3 a 6 anos.
4.1 RESULTADOS OBTIDOS COM A APLICAÇÃO DA ENTREVISTA AOS
PROFESSORES
As entrevistas foram realizadas com as especialistas pela própria avaliadora.
O roteiro elaborado continha questões abertas e ainda contemplava a possibilidade
de indicadores não antecipados a partir da fala de cada uma das respondentes. A
seguir será apresentado um breve perfil da vida profissional de cada uma das
participantes desse estudo.
4.1.1 O perfil profissional das participantes do estudo
Por questões éticas e de respeito pessoal e profissional, as especialistas
consultadas para esse estudo terão garantido o anonimato. Para apresentar os
dados de cada uma delas, optou-se por identificá-las apenas numericamente.
Participante 1 – É formada em Fonoaudiologia há 15 anos, e atua como
Professora de Educação Infantil há mais de 10 anos. É professora regente de
Educação Infantil de uma Escola Montessoriana há nove anos.
37
Participante 2 – É formada em Psicologia há 32 anos. É também formada em
Magistério em Nível Médio há 35 anos. Há 25 anos trabalha em uma Escola
Montessoriana, em turmas do primeiro segmento do Ensino Fundamental.
Participante 3 – É graduada em Psicologia há 30 anos, fez especialização em
Orientação Vocacional e, é também formada em Magistério em nível médiod.
Trabalha como professora de Educação Infantil numa escola de Montessoriana há
25 anos.
Participante 4 – É graduada em Pedagogia há 15 anos, fez especialização em
Psicopedagogia, é mestranda em avaliação. Trabalha em uma escola
Montessoriana há seis anos.
Participante 5 – É graduada em Pedagogia há 21 anos, também se formou
em Pedagogia há oito anos e tem especialização em Psicopedagogia e em
Neuropsicologia. Atualmente trabalha como professora de Educação Infantil em uma
escola Montessoriana há 12 anos.
Participante 6 – É formada há 10 anos em Letras e é regente de classe do
primeiro segmento do Ensino Fundamental uma escola Montessoriana há cinco
anos.
4.1.2 Respostas às entrevistas
A primeira pergunta da entrevista buscava levantar a opinião das professoras
(especialistas) sobre a metodologia montessoriana. Nesta questão houve
praticamente uma unanimidade das respostas já que cinco das seis entrevistadas
afirmaram que é a melhor metodologia para trabalhar com a criança, pois respeita o
ritmo individual de cada criança lhe concedendo a liberdade com responsabilidade.
Apenas uma professora respondeu que trabalhar com essa metodologia dá muito
trabalho.
Com relação á avaliação, as seis professoras afirmaram que avaliam as
crianças através da observação. Para tanto, elaboram relatórios a partir dessa
observação atribuindo conceitos aos comportamentos observáveis de cada criança.
Através dos relatos das professoras, não foi possível perceber como são elaborados
os relatórios, já que nenhuma delas apresentou indicadores, categorias ou padrões
para a elaboração de cada relatório.
38
No que concerne ao instrumento utilizado para a avaliação, duas das seis
especialistas afirmaram que se utilizam dos materiais de uso rotineiro para
verificarem o nível de desenvolvimento de cada criança.
As outras quatro professoras informaram que utilizam as fichas elaboradas e
distribuídas pela Coordenação da Escola para avaliarem seus alunos. As fichas são
distribuídas por cada material correspondente ao desenvolvimento, localizados nas
estantes das áreas do conhecimento como Vida Prática, Sensorial, Linguagem,
Linguagem Matemática e Conhecimento de Mundo. As professoras atribuem um
conceito que informa se a criança alcançou ou não determinado nível de
desenvolvimento em cada uma das atividades propostas para o trabalho realizado.
Quando questionadas sobre o que gostariam de contemplar em um
instrumento, as seis especialistas destacaram as seguintes categorias: Aspectos de
Vida Prática; Habilidade Sensorial; Linguagem; Linguagem Matemática e
Conhecimento de Mundo.
Ainda no que diz respeito aos indicadores, foi possível elencar uma série
deles através da informalidade do discurso de cada especialista, que durante o
estudo foram organizados por cada categoria e validados através da aplicação do
questionário a cada uma das especialistas. Outros indicadores não mencionados
pelos especialistas foram originados da revisão da literatura.
A avaliadora optou também por criar três subcategorias para a categoria de
Aspectos de Vida Prática em função de melhor organizar o instrumento proposto
neste estudo.
4.2 OS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO APLICADO
O questionário foi aplicado as seis professoras respondentes da entrevista
anteriormente realizada. No questionário, os temas são relacionados à Ficha de
Avaliação elaborada no estudo contendo as respostas das professoras em
correspondentes ao instrumento proposto. Ou seja, é um feedback das especialistas
em Montessori em relação à Ficha de Avaliação construída para avaliar a criança de
3 a 6 anos
O questionário tinha um conjunto de 6 questões relativas ao grau de
satisfação (1= Muito Insatisfeito; 2= Insatisfeito; 3 = Pouco Satisfeito; 4 Satisfeito; 5 =
Muito Satisfeito), das especialistas sobre o Instrumento de Avaliação elaborado
39
diante da entrevista feita anteriormente. Contendo questões 5 fechadas e 1 aberta
no questionário, a última questão, cada professora colocaria a razão de utilizar ou
não, a ficha avaliativa elaborada no estudo.
O Gráfico 1 se refere aos resultados das questões de 1 a 5, de acordo com o
questionário aplicado.
Gráfico 1. Resultado da Aplicação do Questionário.
Legenda:
1. Formato do instrumento
2. Organização do instrumento
3. Atendimento das expectativas com relação às categorias
4. Atendimento das expectativas no que tange aos aspectos qualitativos
5. Atendimento das expectativas com relação aos indicadores
No que diz respeito ao formato do instrumento, exposto na questão 1, a
maioria das professoras ficaram muito satisfeitas e apenas uma ficou satisfeita como
indica o grau de satisfação representado no gráfico 1 – com a explicação de que
espera que o instrumento atinja o formato de livreto. Isso demonstra que o
instrumento no que tange o seu formato, atendeu às expectativas das professoras.
Em relação à organização do instrumento, referente à questão 2, a maior
parte das professoras ficou muito satisfeita, sendo que duas disseram ficar satisfeita
e pouco satisfeita, como demonstra no gráfico 1. Com a justificativa de que poderia
haver mais ou menos três linhas abaixo de cada área para eventual observação do
professor, e que também poderia haver um destaque maior nos pontos principais de
cada tópico, onde explica as categorias do instrumento.
No que diz respeito ao atendimento às expectativas das categorias, a maioria
das professoras ficou muito satisfeita, o que reflete um bom resultado do instrumento
40
construído. Sendo que a minoria ficou entre satisfeita e pouco satisfeita de acordo
com o grau de satisfação do gráfico 1. Uma professora não justificou sua resposta e
a outra justificou com a seguinte fala: “deveria conter o “ainda não” nos conceitos
que avaliam a criança, pois a criança está sempre no processo de aprendizagem até
o fechamento do ciclo”.
No que concerne ao atendimento das expectativas aos aspectos qualitativos
do gráfico 1, a maioria das professoras ficou muito satisfeita. Percebe-se diante disto
que o instrumento privilegiou positivamente o aspecto abordado. Apenas uma ficou
pouco satisfeita, com a justificativa de que se houvesse a mudança no instrumento
das observações feitas pelas professoras “1” e “5”, aí sim atingiria o grau de
satisfação 5. Tornando-se assim, muito satisfeita com o instrumento apresentado.
Constatou-se no que tange ao atendimento das expectativas com relação aos
indicadores, referente à questão 5, que a maioria das professoras ficou muito
satisfeita, sendo que apenas uma se declarou pouco satisfeita, o que reflete um
número irrelevante para o instrumento proposto. Este fator foi justificado pela
professora dizendo que: “alguns indicadores da Categoria Vida Prática
(Subcategoria Desempenho Socioafetivo) estão muito ligados a aspectos
emocionais”. Isto significa que o instrumento também atendeu, de forma geral, às
expectativas das professoras.
No que se refere à utilização do instrumento em sua prática, todas as
professoras responderam afirmativamente que usariam em sala de aula com seus
alunos.
A primeira professora justificou dizendo que achou claro os objetivos, porém
acha que faltou dentro dos conceitos o “ainda não”, “devido ser um agrupamento
onde a criança ficará durante mais ou menos 3 anos”.
A segunda professora respondeu que o instrumento abrange a avaliação
fundamental em Montessori que é a observação individual da criança.
A terceira apontou que além do instrumento utilizar todos os objetivos e
conteúdos adequados para a etapa evolutiva, não se prende a outros critérios senão
o próprio desempenho de cada criança.
A quarta professora destacou que o instrumento ficou bem detalhado com a
possibilidade de avaliar a criança de uma forma global, atendendo cada etapa de
desenvolvimento.
41
A quinta professora afirmou que os indicadores do instrumento apontam de
forma geral o estágio de desenvolvimento da criança.
Por último, a sexta professora respondeu que é um instrumento prático e
eficaz, que de uma forma objetiva permite uma avaliação ampla e consistente,
viabilizando uma análise clara do dia-a-dia da prática pedagógica em Montessori,
tornando possível uma perspectiva de melhora e de aperfeiçoamento.
Na opinião das professoras, o instrumento em aspectos gerais como: clareza,
objetividade, qualidade e organização atendem às expectativas de cada uma delas.
É importante esclarecer que, praticamente quase todos os aspectos considerados
relevantes pelas professoras, e por elas indicados nos questionários, foram
organizados e contemplados no instrumento proposto para o estudo.
No próximo capítulo, será apresentada a versão final do Instrumento de
Avaliação Discente para a Educação Infantil (3 a 6 anos) em Escolas
Montessorianas.
5 O INSTRUMENTO PROPOSTO NO ESTUDO
O instrumento para avaliação discente na Educação Infantil no cotidiano de
escolas que adotam a metodologia Montessori foi elaborado com o propósito de
nortear o processo avaliativo, a fim de minimizar, o máximo possível, a subjetividade
inerente a qualquer avaliação.
O instrumento foi concebido a partir da revisão da literatura e das
expectativas apontadas pelos professores regentes de turmas na Educação Infantil
em Escolas Montessorianas entrevistados especialmente para esse estudo.
A contribuição dos professores foi fundamental para o delineamento de um
instrumento específico que atendesse as reais necessidades desses docentes. Da
análise das entrevistas e da literatura emergiram as cinco grandes categorias que
deveriam ser contempladas no instrumento elaborado. Desta forma, a versão final
do instrumento levou-se em consideração as seguintes categorias: Aspectos de Vida
Prática; Habilidade Sensorial; Linguagem; Linguagem Matemática e Conhecimento
de Mundo.
A categoria Aspectos de Vida Prática encontra-se subdividida em três
subcategorias: Desenvolvimento Sócio-Afetivo; Refinamento – Habilidade
Psicomotora Ampla e Habilidade Psicomotora Fina.
Dentro da subcategoria Desenvolvimento Sócio-Afetivo foram elaborados 25
indicadores. Para a subcategoria Refinamento – Habilidade Psicomotora Ampla,
foram desenvolvidos 18 indicadores. Já para a terceira e última subcategoria
Habilidade Psicomotora Fina foram elaborados 20 indicadores.
Na categoria de Habilidade Sensorial foram elaborados 29 indicadores, em
Linguagem 30 indicadores, em Linguagem Matemática 39 indicadores e, por fim, em
Conhecimento de Mundo foram elaborados 35 indicadores para avaliação do
desenvolvimento e da aprendizagem da criança de 3 a 6 anos.
5.1 AS CATEGORIAS
5.1.1 Aspectos de Vida Prática
Para Montessori (1987), os aspectos de vida prática constituem a parte mais
importante da sala de aula, pois ajudam a criança a desenvolver a coordenação,
concentração, independência, ordem e disciplina. Abarcam os exercícios para a
43
relação social, a tolerância e a cortesia, o controle perfeito e refinamento do
movimento.
5.1.2 Habilidade Sensorial
Segundo Montessori (1980, p. 41) “a habilidade sensorial está ligada ao
desenvolvimento e ao refinamento dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e
paladar”. O propósito dos exercícios é educar os sentidos, assim a criança pode
aprender sobre o ambiente e ser capaz de discriminar seus aspectos mais sutis.
5.1.3 Linguagem Matemática
Para Montessori (1981, p. 161), “A criança vai internalizar
habilidades matemáticas, utilizando materiais concretos e em
seguida passar para a memorização de fatos matemáticos básicos,
experimentam a emoção da descoberta quando utilizam esses
materiais concretos, que incluem as hastes, fusos, cartões, talões,
etc”.
5.1.4 Linguagem: da Oralidade a Escrita
Para Montessori (1981) a classe de Educação Infantil enfatiza e incentiva a
linguagem falada, pois é a base para a expressão linguística. “A criança ouve,
aprende e utiliza vocabulário específico em todas as atividades. Assim, elas
desenvolvem uma expressão clara e articulada” (MONTESSORI, 1981, p. 41).
5.1.5 Conhecimento de Mundo
Para Montessori o ambiente da sala de aula precisa ser preparado para a
realidade cultural da criança. Nesse momento elas são introduzidas à geografia,
história e culturas do mundo. “É importante para a criança que seja demonstrado o
curso da evolução de cada ser vivo, o encadeamento na natureza precisa ser
descoberto e analisado pela criança, pois ela é a base do equilíbrio cósmico”
(MONTESSORI, 1980, p. 68).
Sob a perspectiva de Montessori (1987, p. 161),
44
A criança é dotada de poderes, de uma sensibilidade e de um instinto
criador que ainda não foram reconhecidos e utilizados. Para se
desenvolver, ela precisa de um campo de possibilidades bem mais
vasto do que o que lhe foi oferecido até agora. Não nos é necessário
modificar toda a estrutura educativa para atingir esse objetivo?
Nossa sociedade deve reconhecer plenamente os direitos sociais da
criança e construir, para ela e para o adolescente, um mundo que
lhes permita desenvolverem-se espiritualmente.
5.2 OS NÍVEIS DE DESEMPENHO
Os níveis de desempenho do instrumento foram inspirados nos instrumentos
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP), para avaliação de Cursos e Instituições. Foram estabelecidos 5
níveis de desempenho para cada um dos indicadores de cada uma das categorias e
subcategorias.Os níveis variam em um continuum de 1 a 5, sendo 1 atribuído ao
indicador que nunca acontece na rotina escolar; 2 para as atividades que acontecem
raramente; 3 para aquelas que acontecem frequentemente; 4 para as que
acontecem quase sempre e 5 para as que sempre acontecem.
Foi estabelecido o conceito 3 – DESEJÁVEL como o referencial mínimo de
qualidade esperado para cada categoria. O quadro a seguir ilustra cada um dos
conceitos e suas devidas descrições.
Conceito Descrição
1
Quando os indicadores da categoria avaliada configuram um quadro MUITO
ABAIXO do que expressa o desejável (referencial mínimo de qualidade).
2
Quando os indicadores da categoria avaliada configuram um quadro ABAIXO
do que expressa o desejável.
3
Quando os indicadores da categoria avaliada configuram um quadro
DESEJÁVEL ao que expressa o referencial mínimo de qualidade.
4
Quando os indicadores da categoria avaliada configuram um quadro ACIMA
do DESEJÁVEL.
5
Quando os indicadores da categoria avaliada configuram um quadro MUITO
ACIMA do DESEJÁVEL.
Quadro 1. Padrões.
Além dos níveis de desempenho que expressam a frequência com que cada
indicador acontece durante o cotidiano escolar, o instrumento também possui um
espaço destinado à inserção de indicadores não antecipados para cada categoria,
45
e/ou colocação de comentários extras. Além disso, há também a possibilidade de
indicação de pontos fortes e fragilidades, observados pelo professor, durante sua
prática pedagógica.
5 ------------------------ 4 --------------------- 3 ----------------------- 2 -------------------- 1
DESEJÁVEL
Figura 4. Uso do instrumento para avaliação do discente.
É preciso chamar a atenção para o fato de que as cinco categorias e as
subcategorias contemplam aspectos muito diferentes. Dessa forma, ao se utilizar o
instrumento para avaliar o aluno, deve-se obter separadamente o total de pontos
que ele alcançou em cada uma das categorias.
O instrumento deve ser preenchido semanalmente e, para obter o conceito
final, o professor deverá somar os pontos de cada categoria de forma isolada e
dividir pelo número de indicadores de cada uma delas. Assim sendo, se um
estudante obtiver, por exemplo, um total de 125 pontos na subcategoria
Desempenho Sócio-Afetivo que possui 25 indicadores, seu conceito final será esse
total dividido pelo total de indicadores da categoria, ou seja: 125÷25= 5
A qualquer momento que um aluno tenha atingido o conceito 5 em todas as
categorias, ele será imediatamente levado a um outro agrupamento de classe já que
terá vencido todos os desafios propostos para o agrupamento em que está inserido.
A troca de agrupadas não está necessariamente ligada à questão do ano letivo,
podendo acontecer a qualquer momento dependendo da avaliação do professor.
A seguir, é apresentado o instrumento avaliativo para Educação Infantil em
Escolas Montessorianas, elaborado e validado neste estudo.
46
Aluno (a): _____________________________________ Agrupamento: __________
Categoria: Vida Prática
Sub-Categoria: Desempenho Socioafetivo
Total de Pontos = 125
Indicadores
Sempre
Quase
sempre
Frequen-
temente
Rara-
mente
Nunca
1. Contribui para o crescimento do
outro
2. Age de forma autônoma nas
atividades
3. Ajuda o colega quando solicitado
4. Ajuda o colega de maneira
involuntária
5. Demonstra interesse pelo outro
6. Cumpre ordens
7. Respeita os limites do outro
8. Constrói os limites com o outro
9. Mantém a organização no ambiente
10. Mantém a limpeza no ambiente
11. Tem cuidado com o próprio corpo
12. Espera sua vez
13. Demonstra sentimentos
14. Emite opinião própria
15. Agradece
16. Cumprimenta
17. Convida
18. Desculpa-se
19. Pede licença
Total Geral:
Considerações sobre a Categoria Vida Prática
Sub-Categoria Desempenho Socioafetivo
Pontos Fortes
Fragilidades
47
Categoria: Vida Prática
Sub-Categoria: Habilidade psicomotora ampla – Refinamento do Equilíbrio
Total de Pontos = 90
Indicadores
Sempre
Quase
sempre
Frequen-
temente
Rara-
mente
Nunca
1. Anda sobre linha reta para frente
2. Anda sobre linha reta para trás
3. Movimenta-se sem esbarrar nos
materiais
4. Movimenta-se sem esbarrar nos
colegas
5. Transporta os materiais
adequadamente
6. Caminha harmonicamente
7. Veste-se sozinho
8. Despe-se sozinho
9. Calça-se sozinho
10. Descalça-se sozinho
11. Sobe escada com equilíbrio
12. Desce escada com equilíbrio
13. Lava as mãos adequadamente
14. Enxuga as mãos adequadamente
15. Escova os dentes com
movimentação adequada
16. Penteia-se adequadamente
17. Assoa o nariz
18. Abre e fecha a porta
Total Geral
Considerações sobre a Categoria Vida Prática
Sub-Categoria Habilidade psicomotora ampla – Refinamento do Equilíbrio
Pontos Fortes
Fragilidades
48
Categoria: Vida Prática
Sub-Categoria: Habilidade psicomotora fina
Total de Pontos = 100
Indicadores
Sempre
Quase
sempre
Frequen-
temente
Rara-
mente
Nunca
1. Apresenta movimento de pinça
2. Amassa
3. Rasga
4. Picota
5. Recorta com a tesoura
adequadamente
6. Escreve
7. Cola adequadamente
8. Enfia adequadamente
9. Desenfia adequadamente
10. laços
11. Enche jarra com líquido
12. Esvazia jarra com líquido
13. Abre vidros de tampas variadas
com movimentação adequada
14. Fecha vidros de tampas variadas
com movimentação adequada
15. Utiliza colher de forma adequada
16. Utiliza garfo de forma adequada
17. Utiliza faca de forma adequada
18. Abotoa com movimentação
adequada
19. Desabotoa com movimentação
adequada
20. Colore dentro de linhas
Total Geral
Considerações sobre a Categoria Vida Prática
Sub-Categoria Habilidade Psicomotora Fina
Pontos Fortes
Fragilidades
49
Categoria: Habilidade sensorial
Total de Pontos = 145
Indicadores
Sempre
Quase
sempre
Frequen-
temente
Rara-
mente
Nunca
1. Pareia cores primarias
2. Identifica cores secundárias
3. Identifica graduação das cores
4. Identifica texturas contrastantes
5. Discrimina liso
6. Discrimina áspero
7. Discrimina mole
8. Discrimina duro
9. Discrimina frio X gelado
10. Discrimina morno X quente
11. Discrimina doce
12. Discrimina salgado
13. Discrimina azedo
14. Discrimina grande
15. Discrimina pequeno
16. Discrimina grosso
17. Discrimina fino
18. Discrimina alto
19. Discrimina baixo
20. Discrimina largo
21. Discrimina estreito
22. Discrimina leve
23. Discrimina pesado
24. Percebe semelhança entre os
materiais propostos
25. Percebe diferença entre os
materiais propostos
26. Reconhece diferença entre sons
fortes
27. Reconhece diferença entre sons
fracos
28. Reconhece objetos de diferentes
formas
29. Reconhece diferença entre odores
Total Geral
Considerações sobre a Categoria Habilidade Sensorial
Pontos Fortes
Fragilidades
50
Categoria: Linguagem matemática
Total de Pontos = 195
Indicadores
Sempre
Quase
sempre
Frequen-
temente
Rara-
mente
Nunca
1. Percebe a posição do seu corpo no espaço
2. Percebe a relação do seu corpo com o objeto
3. Percebe espacialidade entre objetos
4. Identifica formas geométricas: circulo, triângulo,
quadrado
5. Identifica sólidos geométricos
6. Identifica posição vertical
7. Identifica posição horizontal
8. Identifica posição inclinada
9. Classifica atributos
10. Forma conjuntos
11. Compara quantidades utilizando vocabulário
adequado: mais, menos, pouco, muito...
12. Compara conjuntos
13. Identifica relação de pertinência entre elemento e
conjunto
14. Identifica quantidades
15. Identifica pares
16. Identifica ímpares
17. Organiza sequências lógicas
18. Ordena sequência crescente
19. Ordena sequência decrescente
20. Identifica a metade representando concretamente
21. Diferencia conceito de igual e diferente
22. Reconhece o conceito alto
23. Reconhece o conceito baixo
24. Reconhece sua posição espacial: em cima e
embaixo
25. Reconhece espacialmente longe
26. Reconhece espacialmente perto
27. Identifica a posição espacial em pé
28. Identifica a posição espacial deitado
29. Identifica o conceito de devagar
30. Identifica o conceito de depressa
31. Identifica as medidas: cheio e vazio
32. Reconhece a forma reta
33. Reconhece a forma curva
34. Reconhece a forma aberta
35. Reconhece a forma fechada
36. Ordena objetos quanto às formas: grosso/ fino
37. Ordena objetos quanto a tamanhos: grande/
pequeno
38. Forma conjuntos agrupando formas
39. Forma conjuntos agrupando tamanhos
Total Geral
Considerações sobre a Categoria Linguagem matemática
Pontos Fortes
Fragilidades
51
Categoria: Linguagem – da oralidade à escrita
Total de Pontos = 150
Indicadores
Sempre
Quase
sempre
Frequen
-temente
Rara-
mente
Nunca
1. Utiliza vocabulário compatível com sua
faixa etária
2. Identifica seu nome
3. Faz leituras
4. Ler palavras soltas
5. Ler frases inteiras
6. Tira conclusões através da leitura
7. Escreve seu nome
8. Escreve o nome do(a) amigo(a)
9. Escreve palavras soltas
10. Escreve listas solicitadas
11. Copia listas de palavras com autonomia
12. Escreve frase utilizando conectores
13. Apresenta movimentação adequada para
a escrita
14. Pronuncia com clareza as palavras
15. Articula palavras corretamente
16. Utiliza variedades de frases
17. Completa com sentido as frases
18. Compreende ordens complexas
19. Utiliza períodos complexos
20. Narra acontecimentos com clareza
21. Narra acontecimentos com sequência
lógica
22. Expressa-se pelo grafismo
23. Identifica sons
24. Identifica sons de olhos fechados de
vogais
25. Identifica sons de olhos fechados de não
vogais
26. Identifica figuras diante de uma leitura feita
pelo(a) orientador de
classe
27. Representa figura humana
28. Imita gestos e expressões faciais
29. Imita sons
Total Geral
Considerações sobre a Categoria Linguagem – da oralidade à escrita
Pontos Fortes
Fragilidades
52
Categoria: Conhecimento de Mundo
Total de Pontos = 175
Indicadores
Sempre
Quase
sempre
Frequen-
temente
Rara-
mente
Nunca
1. Diz sua idade
2. Reconhece seu nome inteiro
3. Reconhece o nome dos pais
4. Reconhece seus objetos
5. Reconhece seu vestuário
6. Identifica nome de funcionário
7. Identifica nome de colega
8. Identifica locais da escola
9. Reconhece materiais da classe
10. Reconhece e Identifica pessoas da família
11. Identifica objetos da mãe
12. Identifica objetos do pai
13. Identifica objetos do(a) Responsável
14. Reconhece relações de parentesco
15. Reconhece cômodos da casa
16. Identifica objetos dos cômodos da casa
17. Reconhece meios de transporte
18. Reconhece condições do tempo: sol, chuva
19. Reconhece diferença entre: manhã, tarde,
noite
20. Identifica meios de comunicação
21. Reconhece tipos de profissão
22. Reconhece partes do seu corpo
23. Reconhece funções do seu corpo
24. Identifica objetos de higiene pessoal
25. Reconhece diferentes tipos de animais
26. Identifica animais da terra
27. Identifica animais da água
28. Identifica animais do ar
29. Identifica tipos de flores
30. Identifica tipos de frutas
31. Identifica tipos de legumes e verduras
32. Reconhece características físicas: gordo,
magro, alto, baixo
33. Reconhece características físicas de
animais: pele, bico, asas, patas...
34. Reconhece o cuidado necessário com o
ambiente
35. Reconhecer o cuidado necessário com a
natureza
Total Geral
Considerações sobre a Categoria Conhecimento de Mundo
Pontos Fortes
Fragilidades
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Só é possível educar para a liberdade num ambiente onde em cada
etapa a criança encontre os meios necessários para o seu
desenvolvimento.
(Maria Montessori)
A avaliação por especialistas, além da revisão da bibliografia pertinente em
Montessori, possibilitou a criação de categorias, indicadores e padrões que
viabilizaram a versão final do instrumento para avaliação do desenvolvimento infantil
em ambientes montessorianos.
Fale frisar que a elaboração do instrumento seguiu de forma fidedigna todas
as indicações apresentadas pelos juízes especialistas consultados durante o estudo.
Na primeira etapa houve, através da entrevista, uma escuta dos anseios e
expectativas de cada um deles sobre a avaliação em educação infantil em
ambientes montessorianos. Numa segunda etapa, foi possível a validação de seus
relatos, através do questionário aplicado, em que cada um dos especialistas pode
ver contemplada as suas opiniões sobre o ato de avaliar. Todas as categorias
emergiram da prática acumulada de cada uma das juízas e foram ratificadas pela
literatura.
Pode-se considerar que as especialistas envolvidas neste estudo,
reconhecem a importância da utilização de um instrumento avaliativo na Educação
Infantil que fundamente essa etapa de desenvolvimento de maneira mais formal e
sistematizada com o intuito de minimizar a subjetividade em momentos avaliativos.
O instrumento de avaliação elaborado contribui para uma maior transparência
do processo avaliativo tanto para professores quanto para os responsáveis pelas
crianças que têm a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento da criança e
melhor entender a rotina proposta por Montessori em sua metodologia. Além disso,
a própria criança, desde a mais tenra idade, aprende a lidar com as atividades
rotineiras e auto-avaliar também com maior objetividade, ou seja, sabendo
exatamente o que é esperado dela em cada atividade.
O instrumento oferece a possibilidade de avaliação do desempenho da
criança nas diferentes áreas do conhecimento, a partir da observação diária do
trabalho da criança no cotidiano da escola, diante das múltiplas oportunidades que o
ambiente preparado oferece.
54
Finalmente, a autora deste estudo espera que este instrumento venha a ser
um facilitador da prática pedagógica na Educação Infantil em ambientes
montessorianos. Espera que o instrumento traga transparência para o processo
avaliativo e, dessa forma, contribua para o desenvolvimento de relações mais
autônomas e democráticas no cotidiano escolar. Só através da vivência de
processos democráticos desde muito cedo se consegue atingir o ideal de
democracia de um país, inspirado por Montessori, que sempre defendeu o respeito
ao ritmo e a liberdade de cada criança.
6.1 RECOMENDAÇÕES
A partir dos resultados alcançados e da elaboração do instrumento
especialmente desenhado para avaliação do desenvolvimento de crianças de 3 a 6
anos em Escolas Montessorianas, recomenda-se:
Utilizar o instrumento proposto nesse estudo em situações reais de
aprendizagem, pois somente assim será possível identificar suas potencialidades e
possíveis fragilidades.
Discutir com as equipes, coordenadores e professores de escolas
montessori, possíveis dificuldades na utilização do instrumento no sentido de buscar,
em conjunto, soluções alternativas para o aperfeiçoamento do mesmo.
Sensibilizar os professores dessas escolas sobre a importância do uso do
instrumento, para eliminar o máximo possível a subjetividade no processo de
avaliação discente.
Finalizando o estudo, a autora considerou que ainda há muito a ser
pesquisado e avaliado sobre os processos avaliativos no campo da educação
infantil. Assim, espera que estudos futuros contemplem aspectos que não foram
tratados aqui, ampliando-se a possibilidade de aperfeiçoamento do instrumento
elaborado.
55
REFERÊNCIAS
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In: PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo:
Cortez, 1999.
BERK, R. A. Importance of expert judgment in content-related validity evidence.
West J Nurs Res, Baltimore, v. 12, n. 5, p. 659-671, 1990.
CARREL, A. Man the unknown. New York: Harper & Brothers, 1935.
______. Movimento Montessori contemporâneo: conhecendo fundamentos,
derrubando mitos. Revista Direcional Escolas, São Paulo, ano 3, p. 10-13, abr. 2007.
LYNN, M. R. Determination and quantification of content validity. Nursing Research,
Philadelphia, PA, v. 35, n. 6, p. 382-385, 1986.
MARAN, J. Montessori: uma educação para a vida. São Paulo: Loyola, 1977.
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2010.
O MATERIAL dourado. Altura: 387 pixels. Largura: 350 pixels. 71 k. Formato: gif.
Google Imagens. Disponível em: <doaluno.com.br>. Acesso em: 16 maio 2010.
MONTESSORI, M. A criança. Rio de Janeiro: Nórdica, 1987.
MONTESSORI, M. Os grandes humanistas. São Paulo: Globo, 1990.
______. Da infância à adolescência. Tradução e organização de Sônia Maria
Alvarenga Braga. Rio de Janeiro: ZTG Ed., 2006.
______. Descoberta da criança. [S.l.]: Ballantine Books, 1972.
______. Manual práctico del método Montessori. Barcelona: Casa Editorial Araluce,
1939.
______. Mente absorvente. 2. ed. Lisboa, PT: Portugália, 1985.
______. Montessori em família. Rio de Janeiro: Nórdica, 2000.
______. Pedagogia científica: a descoberta da criança. São Paulo: Flamboyant,
1965.
MONTESSORI JÚNIOR, M. M. Educação para o desenvolvimento humano: para
entender Montessori. Rio de Janeiro: Obrape, [1991].
ANEXOS
57
ANEXO A – Roteiro de entrevista
Com o objetivo de embasar o trabalho de dissertação da mestranda Anne Louise,
pedimos a gentileza que responda as questões abaixo.
1. PERFIL:
Formação Acadêmica?
Anos de Formada?
Lida com Montessori há quanto tempo?
2. COMO VOCÊ VÊ A METODOLOGIA MONTESSORIANA?
3. COMO VOCÊ AVALIA, EM MONTESSORI?
4. VOCÊ UTILIZA ALGUM INSTRUMENTO MONTESSORIANO?
( ) Sim ( ) Não
5. SE UTILIZA, QUAL?
6. SE NÃO UTILIZA, POR QUÊ?
7. SE VOCÊ FOSSE FAZER UM INSTRUMENTO PARA AVALIAR SEU ALUNO, O
QUE PRIVILEGIARIA?
8. QUE CATEGORIAS VOCÊ GOSTARIA DE VER CONTEMPLADAS EM UM
INSTRUMENTO AVALIATIVO?
58
ANEXO B - Questionário
Instruções de resposta ao questionário
Este questionário versa sobre um conjunto de perguntas relativas ao modo como o
especialista percebe a educação numa visão Montessoriana, de modo a aferir o grau
de satisfação sobre a entrevista anteriormente elaborada, para a construção do
Instrumento de Avaliação.
É conveniente que responda com o máximo de rigor e honestidade, pois só assim é
possível apostar numa melhoria contínua do processo de avaliação na Educação
Infantil – de 3 a 6 anos – de escolas Montessorianas.
Não há respostas certas ou erradas relativamente a qualquer dos itens,
pretendendo-se, obter apenas a sua opinião sincera diante do instrumento.
O tratamento deste questionário, por sua vez, é efetuado de uma forma
individualizada, sendo sujeito a modificações, se necessário.
Ao preencher o questionário observe o grau de satisfação:
Indicador
Grau de Satisfação
O que falta para
que o seu grau
de satisfação
seja 5?
1 2 3 4 5
1. Formato geral do
instrumento
2. Organização do instrumento
3. O instrumento atendeu às
expectativas de avaliação
da aprendizagem esperada
na Educação Infantil (3 a 6
anos)
4. O resultado esperado na
avaliação da criança (de
acordo com o instrumento)
atinge qualitativamente a
avaliação feita em
Montessori
5. Os indicadores utilizados
no instrumento, para avaliar
cada categoria, atenderam
as suas expectativas
apresentadas durante
entrevista
Legenda: 1 = Muito Insatisfeito. 2 = Insatisfeito. 3 = Pouco Satisfeito. 4 = Satisfeito. 5 = Muito
Satisfeito.
6. Você utilizaria esse instrumento em sua prática? Justifique sua resposta.
( ) Sim ( ) Não
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