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era centrada no desenvolvimento do ator. Grotowski explica (2005, p.
197 -98)
:
Na Arte como Veículo o impacto sobre o atuante é o resultado. Mas, este
resultado não é o conteúdo: o conteúdo é o trânsito do grosseiro ao sutil.
Quando falo da imagem do elevador primordial, é dizer, da arte como
veículo, me refiro à verticalidade. Verticalidade – o fenômeno é de ordem
energética: energias pesadas, porém orgânicas (ligadas a força da vida, aos
instintos, a sensualidade) e outras energias, mais sutis. A questão da
verticalidade significa passar de um nível, digamos tosco – de certa maneira
podemos dizer entre parênteses “cotidiano” – a um nível energético mais sutil
ou inclusive à alta conexão. Alcançado este ponto, adicionar algo mais não
seria justo, me limito indicar o trânsito, a direção. Neste lugar existe também
outro trânsito: se nos aproximamos à alta conexão – é dizer em temos
energéticos, se nos aproximamos à energia muito mais sutil – se estabelece
todavia, a questão de descer levando de volta consigo essa coisa sutil á
realidade mais ordinária, relacionada com a “densidade” do corpo.
A idéia de transitar entre o grosseiro e o sutil, de entrar em alta
conexão, estimulava a busca, algo de muito precioso acreditávamos
encontrar com estas práticas.
Neste momento passei a entender também, porque o encenador
escolhia cantos que tinham uma ligação direta com rituais, pois a um
ritual interessa esta alta conexão, este é o seu “objetivo”, o canto é
veículo para isto, segundo Grotowski.
Ele alerta, ainda, sobre os equívocos que podem ocorrer, pois na
busca desta conexão “as pessoas trabalham sobre um suposto ritual
procurando um estado de possessão ou uma espécie de transe, cujo
resultado é um caos e improvisações onde se faz qualquer coisa.”
(GROTOWSKI, 2005, p. 200)
Grotowski dizia que não se trata de renunciar a uma parte de
nossa natureza. É tudo como uma linha vertical, e esta verticalidade
deve estar estendida entre a organicidade e o que ele chama de
En El Arte como Vehículo el impacto sobre el actuante es el resultado. Pero este resultado no es el contenido: el
contenido es el tránsito de lo tosco a lo sutil. Cuando hablo de la imagen del ascensor primordial, es decir, del arte
como vehículo, me refiro a la verticalidad. Verticalidad – el fenômeno es de ordem energético: energías pesadas
pero orgânicas ( vinculadas a las fuerzas de la vida, a los instintos, a la sensualidad) y otras energías, más sutiles. La
cuestión de la verticalidad signifca pasar de um nível digamos tosco – en cierta manera podemos decir entre
comillas “cotidiano” – a um nivel energético más sutil o incluso a la alta conexión. Alcanzado este punto, añadir algo
más no sería justo, me limito a indicar el tránsito, la direción. Ahí existe también outro tránsito: si nos acercamos a
la alta conexión – es decir, em términos energéticos, si nos acercamos a la energia mucho más sutil – se plantea
todavia la cuestión de descender llevando de vuelta consigo esa cosa sutil a la realidad más ordinária, relacionada
com la “densidad” del cuerpo. (tradução minha)