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APÊNDICE B: Queridos membros do grupo,
A. iniciou a sessão nos dizendo que sentiu que estamos conseguindo nos expressar um pouco
melhor como grupo, e que os sentimentos estão ficando mais claros. Segundo ele, muitas vezes
maquiamos os problemas por um tempo, mas a partir da convivência com o grupo ele conseguiu
mostrar seus problemas sem essa maquiagem. Essa foi uma fala muito importante para mim dentro
do grupo: ele nos contou que confiou a nós suas histórias. Fiquei curiosa em saber como vocês
ouviram essa fala de A. e em como vocês estão se sentindo como grupo.
A., outro momento de sua fala que pra mim mostrou-se importante foi podermos conhecer os medos
que às vezes aparecem em sua vida. Gabriela, na equipe reflexiva, ressaltou o quanto achou essa uma
atitude de coragem. Acredito que conhecermos esses medos faz-se essencial para podermos enfrentá-
los. Por isso, valorizo a distinção que você fez desses diferentes tipos de medo: medos que te ajudam
a se tornar cauteloso e medos que te atrapalham e paralisam. Como você acha que podemos fazer
para diferenciar um medo do outro no momento em que eles aparecem? Nas situações em que o
medo não foi de ajuda, como você o superou e não deixou que ele te paralisasse? Qual o primeiro
passo que você deu?
L., fiquei contente pelas contribuições que você deu ao grupo. Você nos trouxe o enfrentamento de
um medo seu, e em como você conseguiu lidar com isso dividindo suas preocupações com sua
esposa. E então me lembrei de você nos contar do seu lado que fica pensando sozinho nas
preocupações. Pensando nessas duas coisas, isso me fez refletir: Como você se sentiu dividindo com
sua esposa uma preocupação? Será que você poderia dividir outras preocupações com outras
pessoas? Como seria isso? Como isso poderia ser de ajuda?
Li., como achei bonita a sua participação. Você se conectou com a história das demais pessoas e nos
deu um exemplo de como uma pessoa próxima a você que se vê envelhecendo está tendo que mudar
algumas atividades, e de como todos nós vamos tendo que nos adaptar a novos jeitos de viver.
Sempre te percebo muito forte e confiante em dias melhores. E fico curiosa em saber: como essa
força e confiança têm te ajudado a lidar com aquelas assombrações que teimavam em ter perseguir?
C. você também concordou com o que a Li. falou, contando que também percebe mudanças em
você, tais como estar mais calma e relaxada. Para você, como é se sentir mais calma e relaxada?
Como se deu essa mudança? O que mudou no seu dia-a-dia ao você estar mais calma e relaxada? Em
que momentos você consegue estar assim? Eu gostaria muito de te escutar um pouco mais no
decorrer da sessão. Como você acha que podemos fazer isso? O que depende de mim, o que depende
de você e o que depende do grupo para que isso aconteça?
H., você dividiu conosco alguns medos que já apareceram e que você conseguiu enfrentá-los
chutando o balde do medo. Achei essa uma história de superação, que só pode vir de uma mulher
determinada e de coragem. Você disse que se não fizesse isso, ninguém faria por você. E agora, H., o
que mais você gostaria de fazer por você? Como convidar aquela coragem e determinação para te
ajudar nessas novas histórias e com os velhos baldes que te trouxeram à terapia?
J. assim como dito para a C., também fico curiosa em escutar suas histórias. Como podemos fazer
isso? Nessa sessão, você nos disse que muitas vezes devemos aceitar as coisas que acontecem com a
gente. Como isso se encaixa em sua vida, J.? Que coisas você deve aceitar? Que coisas você não
deve aceitar e deveria chutar, assim como o balde do medo do A. e da H.? Do que você precisa para
poder aceitar? Do que você precisa para poder chutar essas coisas, J.?
E. achei bonito você dividir conosco sua pressa em ir embora e a ansiedade que estava te
acompanhando durante todo o grupo. Fiquei feliz por você ter vindo e ficado, mesmo tendo tantas
coisas lá fora te esperando. Isso possibilitou que a gente pudesse sentir o seu compromisso com o
grupo. Fiquei emocionada ao você nos contar que tem uma história de vitórias, “desde o ventre”.
Imaginando que a gente se encontre daqui a um tempo, para que você me conte sobre como essas
histórias de hoje se desenrolaram, que coisas você esperaria me contar? Como você planeja terminar
esse capítulo da sua história, E.? O que precisará acontecer para o que você imagina e deseja
aconteça?
Fiquei comovida com essa sessão e com as histórias que escutei de cada um de vocês. Mais uma
vez, percebi o grupo se empenhando em ajudar uns aos outros e buscando se ajudar, relatando com
sinceridade os medos que os acompanham e os baldes a serem chutados. Essas falas foram mescladas
com histórias de superação e conquistas. Isso me deu uma sensação de que juntos podemos construir
novas histórias, enfrentar os medos e chutar novos baldes. Senti muito a falta de R. e M. Fico na
expectativa do nosso próximo encontro.
Ludoana Paiva – 10ª sessão – 30/10/2008