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Por essa perspectiva, observamos que as organizações estão em estágios
diferentes, muitas se utilizam estrategicamente do discurso da responsabilidade
social como instrumento de promoção de sua imagem e busca de legitimidade
social; outras ainda confundem “responsabilidade social” com “caridade” e
“filantropia”. Para essas, a ética serve apenas como instrumento de regulação, para
conduzir a relação da organização com seus funcionários. Um enunciado que expõe
esse comportamento normatizador e autoritarista das organizações é o “manda
quem pode, obedece quem tem juízo”, muito utilizado por funcionários que se
sentem coagidos.
No entanto, apesar das diferenças de estágios, a responsabilidade social
ocupou a agenda das organizações e se tornou uma exigência da sociedade. Na
esteira das cobranças sociais, ganha força as preocupações ambientais. O consumo
exacerbado, impulsionado pelo “turbocapitalismo”, trouxe severos impactos sobre a
natureza, como o desgaste dos recursos naturais; o aumento da poluição, que
ocasiona o aquecimento global; a escassez de água, entre outras questões de
ordem da sobrevivência planetária. “[...] a degradação ambiental se manifesta como
sintoma de uma crise de civilização, marcada pelo modelo de modernidade regido
pelo predomínio do desenvolvimento da razão tecnológica sobre a organização da
natureza” (LEFF, 2001, p. 8).
É nesse ambiente que surge o discurso da sustentabilidade. Alguns autores,
entre eles Capra (2005), Kunsch (2007) e Baldissera (2009), dizem que o termo
surgiu na década de 1970, a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, realizada em junho de 1972, em Estocolmo, Suécia. À época, porém, o
enunciado guardava significado estritamente ambiental. Tal como é conhecido hoje,
o conceito de “sustentabilidade”
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como a preocupação com a perenidade dos
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Define-se por “sustentabilidade” um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que
satisfaça às necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer
as próprias necessidades:
Sustentabilidade Ecológica – o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de
sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia,
conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental;
Sustentabilidade Cultural – respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de
mudança que acolham as especificidades locais;
Sustentabilidade Espacial – equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações,
desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde
e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada;
Sustentabilidade Política – no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa para sistemas
descentralizados e participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos
governos locais e descentralização da gestão de recursos;