RESUMO
BIANCHI, M. A. F. Estudo da prevalência pós-morte de doenças da cavidade
oral de mãos-peladas (Procyon cancrivorus) de vida livre e de cativeiro. [Study
of post-mortem prevalence of diseases of the oral cavity of raccoons (Procyon
cancrivorus) free living and in captivity. 2010. Npág145f. Dissertação (Mestrado em
Ciência Animal) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Centro
Universitário Vila Velha, Vila Velha, 2010.
Enfermidades orais estão relacionadas com casos que envolvem debilitação
paciente, já que dá início ao processamento do alimento, sendo a manutenção da
higidez das estruturas orais, como dentes, periodonto e língua essencial. A maioria
das doenças dos animais de natureza e cativeiro encontra-se associada à
proximidade humana, que resulta da fragmentação e degradação do habitat destes
animais, no isolamento das espécies e no contato mais próximo entre estes e
animais domésticos e o homem. Escolheu-se estudar mãos-peladas (Procyon
cancrivorus), por ser esta uma espécie amplamente distribuída em território
brasileiro, mas com escassa literatura acerca de suas enfermidades orais,
especialmente em vida livre. Foram estudados 104 indivíduos, procedentes dos
acervos do Museu Paraense Emílio Goeldi, Museu Nacional do Rio de Janeiro,
Museu de Mastozoologia da Universidade de São Paulo, e Centro Universitário Vila
Velha, ES. Os sincrânios foram estudados por meio de avaliação direta,
preenchimento de ficha odontológica veterinária e documentação fotográfica, que
relataram anormalidades encontradas, as quais foram classificadas e contabilizadas
para fins estatísticos. Pretendeu-se, assim, estabelecer um parâmetro do estado de
saúde oral da espécie estudada, e sua ocorrência em vida livre e em cativeiro,
relacionando a prevalência dessas com características da ecologia da espécie. Os
achados deste trabalho aludem que os animais de cativeiro foram mais acometidos
com as lesões relacionadas à doença periodontal, como cálculo, reabsorção óssea
alveolar, deiscência, fenestração, exposição de furca, além de maloclusão,
apinhamento dentário e os níveis mais graves de desgaste dentário. Os animais de
vida livre apresentaram mais altos índices de fraturas, perdas dentárias ante-morte e
escurecimento dentário, que caracterizam maior trauma dentário, durante o
processo alimentar. A pigmentação dentária foi mais prevalente em animais de vida
livre, mas faltam estudos que configurem essa alteração como uma lesão
característica desse grupo. Faltam estudos sobre esta importante área da
Odontologia Veterinária.
Palavras-chave: Animais selvagens, dente, Odontologia Veterinária, Procyonidae,
pigmentação de esmalte, trauma dentário