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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
A influência da biodiversidade florestal na ocorrência de insetos-
praga e doenças em cultivos de tomate no município de Apiaí-SP
Fabio Leonardo Tomas
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre em Ciências. Área de concentração: Recursos
Florestais
Piracicaba
2010
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2
Fabio Leonardo Tomas
Engenheiro Agrônomo
A influência da biodiversidade florestal na ocorrência de insetos-praga e doenças
em cultivos de tomate no município de Apiaí-SP
Orientador:
Prof. Dr. FÁBIO POGGIANI
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre em Ciências. Área de concentração: Recursos
Florestais
Piracicaba
2010
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3
FICHA CATALOGRÁFICA
Verso da Folha de Rosto
Elaborada pelo Tr
atamento da Informação
(Biblioteca Central)
3
DEDICATÓRIA
A memória de, Flávio José Thomaz, pai e melhor amigo.
A lembrança do nosso anjo protetor, Beatriz Tomaz Rubel
A todas as crianças da família Thomaz e Alecrim.
4
5
AGRADECIMENTOS
A Deus:
A Minha esposa Daniela, pela força em todo este caminho, percorrido em
conjunto.
A Mãe Darticléa e Tia Geralda, pelos anos de dedicação e fé.
Aos filhos, João, Isadora e Flávia Helena, pela força transmitida.
A toda família, Daniele, Angela, Ana Carolina, Zelma, Alessandro e
Américo, por toda a linda vida em grupo.
Ao professor e orientador Fábio Poggiani, pela confiança
Aos orientadores no trabalho e na vida, professores Paulo Yoshio
Kageyama e Hasime Tokeshi, Deus os abençoe.
Aos professores e amigos que apoiaram este projeto Flávio Gandara e
Miguel Cooper.
Aos agricultores do Assentamento Rural Luiz David de Macedo”, Zaqueu,
Toninho, José Pinheiro e Joaquim, pelo exemplo de caminhada e de busca em vencer
os desafios, neste projeto e no dia-a-dia.
Aos agricultores do Bairro Encapoeirado e de Apiaí, pela valiosa parceria
A toda a equipe do LARGEA e PPDARAF ESALQ, João Dagoberto,
Pedro Salústio, João Portella, Marcos “Zidane”, Andréa, Elza, Talita, pelo apoio
cotidiano, paciência e companheirismo.
Aos técnicos do INCRA e Associação Prod. Assentamento Rural PDS
“Luiz David de Macedo”, Luiz “Timbalada”, Osvaldo, Rosa e tantos outros que
mostraram vontade de construir nossa nova sociedade em todos os momentos.
Aos técnicos que auxiliaram esta produção, Daniel Tomazeto, Maíra
Cotrim, Renata Morelli, Bruno Brasil, Renato “Solei”, Leandro, Kátia Pisciotta, Maurício
Marinho, que com todo amor ajudaram a solucionar parte dos desafios deste trabalho.
A república Antro e toda sua família pela força incondicional e lar.
A toda equipe administrativa do Programa de s-graduação em
Recursos Florestais, Catarina Germuts e colegas, pelo apoio transmitido.
6
A equipe da Fundação Florestal e PETAR, Donizetti Barboza, Antônio
Modesto, Tadeu Gonçalvez, Nilza, Simone, Elias, Jaqueline, Nice, Andréa, Maria
Aparecida (Nininha), e tantos outros, muito queridos, por toda cooperação e apoio.
A Terra, mãe acolhedora, que mantêm a vida de todos que amamos.
7
EPÍGRAFE
“Todas as coisas são impermanentes
Esta é a lei dos nascimentos e
extinções
Quando os dois, vida e morte
perecem.
O Nirvana será a felicidade
suprema”
Ensinamento Budista Xintoísta
8
9
SUMÁRIO
RESUMO.........................................................................................................................11
ABSTRACT.....................................................................................................................13
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................15
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................17
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................23
2.1 Conceito de Biodiversidade.......................................................................................23
2.2 A Biodiversidade Florestal Atlântica..........................................................................24
2.3 As regiões de Apiaí e do continuum de Paranapiacaba-SP......................................27
2.4 O panorama da frente de desmatamento na região de Apiaí-SP.............................29
2.5 A cultura do tomate e sua presença na região de Apiaí-SP.....................................29
2.6 A criação e o desenvolvimento de alternativas sustentáveis para a conservação da
Mata Atlântica e da Socieconomia da agricultura familiar regional.................................32
3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................35
3.1 Proposta Experimental..............................................................................................35
3.2 Descrição dos modelos experimentais propostos.....................................................35
3.2.1 Módulos experimentais de cultivo agroecológico com alta biodiversidade florestal
no entorno.......................................................................................................................36
3.2.2 Módulos comparativos de cultivo convencional com baixa biodiversidade florestal
no entorno.......................................................................................................................38
3.3 Caracterização da cobertura florestal e da biodiversidade vegetal no entorno dos
cultivos.............................................................................................................................40
3.4 Ocorrência de insetos-praga e doenças em cultivos agroecológicos e convencionais
de tomate.........................................................................................................................41
3.5 Análise da relação entre a biodiversidade florestal no entorno dos cultivos de tomate
e a ocorrência de insetos-praga na cultura.....................................................................43
3.6 Análise Socioambiental e Econômica.......................................................................43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................45
4.1 Caracterização da cobertura florestal e da biodiversidade vegetal no entorno dos
cultivos de tomate na região de Apiaí-SP..................................................................45
10
4.2 Ocorrência de insetos-praga e doenças em cultivos agroecológicos experimentais,
com alta biodiversidade florestal no entorno, e em cultivos convencionais
comparativos, com baixa biodiversidade florestal no entorno...................................58
4.3 Análise da relação entre a biodiversidade florestal no entorno dos cultivos de tomate
e a ocorrência de insetos-praga e patógenos na cultura...........................................66
4.4 Análise socioambiental e econômica de modelos de cultivo agroecológico e
convencional e tomate...............................................................................................67
5 CONCLUSÕES............................................................................................................75
REFERÊNCIAS...............................................................................................................77
ANEXOS..........................................................................................................................86
11
RESUMO
A influência da biodiversidade florestal na ocorrência de insetos-praga e doenças
em cultivos de tomate no município de Apiaí-SP
A Mata Atlântica (MA) é um dos ambientes naturais mais ameaçados do Brasil,
tendo sua área original atualmente bastante reduzida pelas ações antrópicas. As
atividades agrícolas estão incluídas entre os fatores de impacto a este Bioma; e
inserida na área de domínio da MA está a região de Apiaí SP, produtora de tomate
(Solanum lycopersicum L.) de mesa, uma cultura caracterizada pela sua importância
alimentar, e responsável por significativos impactos socioambientais devido ao uso de
agroquímicos, desmatamentos e más condições de trabalho. Devido à infestação por
insetos-praga e às ocorrências de doenças agrícolas, esta cultura é considerada uma
das mais exigentes em tratos culturais necessitando pulverizações constantes e uso
geral de agroquímicos. Este trabalho busca ampliar o conhecimento sobre as funções
que a biodiversidade florestal pode ter como um instrumento para auxiliar o manejo
agrícola de insetos fitófagos e doenças em cultivos de tomate de mesa. No município
de Apiai SP, entre 2008 e 2010, foram instalados 5 módulos experimentais de cultivo
de tomate em manejo agroecológico no modelo de Ilhas de Alta Produtividade (IAPs),
em locais onde a biodiversidade florestal é um elemento presente no entorno. Em cada
módulo de cultivo, foram analisados: a biodiversidade florestal no entorno até uma
distância de 300 m nos sentidos N, S, L, O; a ocorrência de insetos-praga e doenças
agrícolas e a viabilidade econômica e socioambiental. Os resultados foram comparados
aos mesmos dados coletados de outros 5 cultivos convencionais da mesma região
ecológica, que cultivaram variedades semelhantes, no mesmo período, em ambientes
com menor biodiversidade florestal nativa em seu entorno. Os módulos experimentais
de cultivo agroecológico demonstraram uma área media de cobertura Florestal Atlântica
em torno de 43,82%, com uma ocorrência media de 46 espécies arbóreas nativas cujo
índice de diversidade de Shannon foi de 3,87. Os cultivos convencionais comparativos
apresentaram áreas médias de cobertura florestal em seu entorno de 31,34 %, com
uma ocorrência média de 26 espécies arbóreas nativas e índice de diversidade de 3,44
para essa categoria de espécies, sendo esse índice significativamente inferior ao dos
módulos agroecológicos. Em amostras de 20 plantas de tomate por cultivo, nas áreas
experimentais, não foram constatadas a ocorrência de viroses; uma única espécie
causadora de doença fúngica e um total de 4 espécies de insetos-praga foram
identificadas. Os produtores convencionais comparados tiveram a ocorrência de 11
espécies de doenças fúngicas e bacterianas, com 1,4 plantas/ cultivo, em média,
atacada por virose e 7 espécies de insetos fitófagos. Os dados mostraram que existe
relação entre diversidade florestal e número de espécies de insetos-praga nos cultivos.
Em uma análise de viabilidade socioambiental entre os cultivos experimentais e
comparativos, foi identificada uma maior taxa de risco, investimento, produtividade,
volume de produção e prejuízos financeiros, bem como maiores impactos ambientais e
sociais entre os cultivos de tomate convencionais comparativos. Os modelos
experimentais com biodiversidade florestal em seu entorno se mostraram viáveis social
e ambientalmente para utilização prática na agricultura familiar na região de Apiaí - SP.
12
Palavras-chave: Biodiversidade florestal; Ilhas de Alta Produtividade; Agroecologia;
Solanum lycopersicum; Fitossanidade; Socioeconomia; Ecologia da
paisagem
13
ABSTRACT
The influence of forest biodiversity in the occurrence of insect pests and diseases
in tomato crops in the municipality of Apiaí-SP
The neotropical Atlantic Rain Forest (MA) is one of the most threatened natural
environments of Brazil, with its original area now greatly reduced by human actions.
Agricultural activities are included among the impact factors in this biome, and inserted
in the area with the MA is the region of Api SP producer of tomato (Solanum
lycopersicum L.) table, a culture characterized by its nutritional importance and also
responsible for significant environmental impacts due to the use of agrochemicals,
deforestation and poor working conditions. Due to infestation by insect pests and plant
diseases this crop is considered one of the most demanding in cultivation requirements
such as constant spraying and general use of agrochemicals. This work seeks to
expand the knowledge about the functions that forest biodiversity can perform as a tool
to assist the cultivation in the control of phytophagous insects and diseases in tomato
crop. In the district of ApiSP, from 2008 to 2010, five modules have been installed
for experimental cultivation of tomato in the agroecologic model called Islands of High
Productivity (IAPs), in places where forest biodiversity is an element current around. The
biodiversity in the surrounding forest to a distance of 300 m in the directions N, S, E, W,
the occurrence of insect pests and diseases and also the economic viability and
environmental impact were analyzed in each module of cultivation. The results were
compared to the same data collected from five other conventional crops in the same
ecological region which cultivated similar varieties in the same period in environments
with less native forest biodiversity in their environment. The experimental agroecologic
modules showed an average area of Atlantic Forest cover around 43.82%, with an
average occurrence of 46 native tree species with Sannon’s diversity index of 3.87 for
these species. The conventional modules had 31.34% of atlantic forest cover, with an
occurrence of 26 native tree species with Shannon’s diversity index of 3.44 being this
value significantly lower than the agroecological modules. In the experimental areas,
with sampling of 20 tomato plants/ cultivation, were not identified any occurrence of
viruses but only a single species causing fungal disease and a total of four species of
insect pests. The conventional producers had the occurrence of 11 species of fungal
and bacterial diseases, with 1.4 plants/ crop on average attacked by virus and 7 species
of phytophagous insects. The data showed that there are relationship of forest
biodiversity and number of species of insect pests in crops. In analysis of economic and
socio-environmental viabilities between the experimental and comparative cultivations, it
was identified a higher rate of risk, investment, productivity, production volume and
financial losses, as well as higher environmental and social impacts of the conventional
tomato cultivations. The agroecologic experimental models with higher forest biodiversity
around have proved being socially and environmentally viable for practical use in family
farming in the region of Apiai - SP.
Keywords: Forest biodiversity; Islands of High Productivity; Agroecology; Solanum
lycopersicum; Plant health; Socioeconomics; Landscape ecology
14
15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Cobertura vegetal do Município de Apiaí – SP, indicando os locais dos
cultivos acompanhados..................................................................................27
Figura 2- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A1-3...................................................................................46
Figura 3- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A2......................................................................................47
Figura 4- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A4......................................................................................48
Figura 5- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A5......................................................................................49
Figura 6- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C1......................................................................................50
Figura 7- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C2......................................................................................51
Figura 8- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C3......................................................................................52
Figura 9- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C4......................................................................................53
Figura 10- Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C5.....................................................................................54
16
Figura 11- Número de espécies vegetais amostradas no entorno de cultivos de tomate
(300.000 m
2
) agroecológicos experimentais e convencionais comparativos no
município de Apiaí-SP ...................................................................................56
Figura 12- Número de indivíduos vegetais amostradas no entorno de cultivos de tomate
(300.000 m
2
) agroecológicos experimentais e convencionais comparativos no
município de Apiaí-SP ...................................................................................56
Figura 13- Número total de espécies de pragas e doenças identificadas nos cultivos sob
manejo agroecológico experimental e convencional comparativo.................59
Figura 14- Correlação linear entre a Biodiversidade Florestal arbórea (A) ou
biodiversidade vegetal (B) e as espécies de insetos-praga em cultivos
experimentais e comparativos convencionais de tomate em Apiaí – SP.......66
Figura 15- Custo total de produção de tomate em cultivos agroecológicos experimentais
e convencionais comparativos na região de Apiaí-SP...................................68
Figura 16- Distribuição dos custos da produção de 1000 plantas de tomate em cultivos
agroecológicos experimentais e convencionais comparativos na região de
Apiaí-SP.........................................................................................................68
Figura 17- Renda líquida média em cultivos de tomate em sistema orgânico e
convencional em Apiaí-SP.............................................................................69
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Localização (latitude, longitude), altitude, área cultivada, número de plantas e
época de semeadura de tomate, variedade Débora, em 5 módulos
experimentais de cultivo agroecológicos no município de Apiaí-SP, bairro
Caximba...........................................................................................................38
Tabela 2- Localização (latitude, longitude), altitude, área cultivada, número de plantas e
época de semeadura de tomate, variedade Débora Max, em 5 módulos
convencionais na região de Apiaí-SP, bairro Encapoeirado............................39
Tabela 3- Caracterização da biodiversidade florestal no entorno (300.000m
2
) de cultivos
de tomate agroecológicos experimentais e convencionais comparativos no
município de Apiaí-SP......................................................................................55
Tabela 4- Índices de Diversidade de Shannon (H’) e número de espécies para
categorias de diferentes estratos vegetais no entorno (300.000 m
2
) de cultivos
de tomate em sistemas de manejo agroecológicos experimentais e
convencionais comparativos............................................................................57
Tabela 5- Número médio de insetos-praga em cultivos de tomate em sistemas de
manejo agroecológico experimental e convencional comparativo no município
de Apiaí-SP......................................................................................................59
Tabela 6- Ocorrência de doenças bacterianas e fúngicas em cultivos de tomate em
sistemas agroecológico experimental e convencional comparativo na região de
Apiaí-SP...........................................................................................................63
Tabela 7- Severidade da infestação (% de área foliar afetada) por Phytophtora infestans
em plantas de tomate (%) em cultivos agroecológicos experimentais e
convencionais comparativos............................................................................65
18
19
1 INTRODUÇÃO
O tomate (Solanum lycopersicum L.) é uma hortaliça de grande
importância econômica no Brasil, principalmente pelo volume de produção e geração de
empregos, sendo reconhecido como de suma importância na alimentação da população
brasileira (EMBRAPA, 1992). Segundo pesquisas da Associação Brasileira do Comércio
de Sementes e Mudas (2010), o tomate representa cerca de 16% do PIB gerado pela
produção de hortaliças no Brasil.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2009), a área plantada de tomate no país, em 2008, foi de 61 mil hectares, com
produção de mais de 3 milhões de toneladas, sendo a espécie mais expressiva ao
representar 20% do total de hortaliças produzido. Nesse mesmo ano, a produção de
tomate no Brasil foi responsável pela geração de 610 mil empregos (IBGE, 2009).
Uma das características da produção do tomate no Brasil é a migração da
cultura em busca de novas áreas, devido, principalmente, à ocorrência de problemas
fitossanitários que inviabilizam a produção em determinado local. É comum encontrar
áreas com histórico de abandono do local de cultivo por períodos longos, mais de 20
anos, para “descanso” e eliminação de agentes patogênicos do solo, principalmente
bactérias. Após as áreas de cultivo de tomate serem abandonadas, as mesmas são
ocupadas com pastagens e lavouras anuais como forma de “aproveitar” os fertilizantes
e agrotóxicos ainda presentes no agroecossistema, sem, no entanto, ser realizada
nenhuma atividade de restauração florestal.
A cultura do tomate é de ciclo curto, sendo intensamente mecanizada e
pulverizada, com manejo difícil devido ao grande número de insetos-praga e doenças
fúngicas, bacterianas e virais que ocorrem durante seu ciclo. Em decorrência do fato de
ser extremamente exigente em condições climáticas, ambientais e edáficas, o cultivo do
tomate na região de Apiaí-SP é realizado prioritariamente em áreas recém
desflorestadas, com a finalidade de aproveitar, principalmente, a estruturação do
ambiente e dos solos, sua drenagem e capacidade supressiva às doenças. Nessas
condições, a cultura apresenta incidência de doenças muito baixa, mesmo quando o
patógeno é introduzido, a planta é suscetível e as condições climáticas são favoráveis à
sua ocorrência (RAGASSI, 2009)
20
O município de Apiai – SP, intitulado o portal da Mata Atlântica, está
totalmente inserido no Bioma Atlântico, tendo as suas florestas classificadas como
ombrófilas semideciduais de altitude, com presença de Araucárias (Araucaria
angustifollia) (VELOSO, 1992). Neste município, encontra-se um dos principais centros
de produção de tomate de mesa do estado, sendo a base desta cadeia produtiva
composta, principalmente, por agricultores familiares que têm no manejo desta cultura
sua principal fonte de renda.
Devido à estratégia de manejo adotada pelos agricultores locais, a região
de Apiaí tem sofrido intensa pressão de desmatamento, apresentando grande
fragmentação florestal em locais onde se concentram os pólos produtivos.
Atualmente, o panorama é de perdas crescentes do componente florestal,
o que implica em perda da biodiversidade local. Paralelamente a isso, observa-se o
aumento da ocorrência de pragas e doenças na cultura do tomate, com incremento nos
custos, trabalho e escala de produção. Segundo Gravena (2003), a ocorrência e o
aumento do número de pragas e doenças em cultivos podem estar relacionados às
perdas da biodiversidade nativa e, consequentemente, de nichos para predadores
naturais destes agentes nocivos. Este cenário gera um círculo de degradação que,
normalmente, se quebra com a extinção dos recursos produtivos locais, tendo como
resultado final a criação de ambientes degradados e comunidades empobrecidas.
Visando reverter esta situação real e recorrente em diferentes sistemas
agrícolas, têm se buscado, nas últimas décadas, estratégias sustentáveis de produção
de alimentos ou modelos agroecológicos de produção.
As estratégias de cultivo agroecológico preconizam que o ambiente onde
estejam inseridos os cultivos seja “equilibrado” de forma a manter as características
supressivas aos herbívoros e agentes patógênicos que, podendo ou não estar
presentes no ambiente, não causarão infestações significativas ou doenças nas culturas
agrícolas em situações onde exista equilíbrio na cadeia alimentar. Alguns modelos
agroecológicos pretendem a busca do equilíbrio de cadeias biológicas entre insetos
fitófagos e seus predadores naturais, através de técnicas de consórcio entre os cultivos
de interesse e espécies vegetais companheiras que auxiliarão na dispersão de
predadores e promoverão demais serviços de interesse para o bom desenvolvimento da
21
cultura desejada. Entretanto, devido às características já citadas da cultura do tomate
de mesa e seu respectivo manejo, a necessidade de consórcio interno com outras
espécies vegetais se mostra incômoda aos agricultores.
No estado do Acre, foram desenvolvidos modelos de cultivo para
seringueiras (Hevea brasiliensis) em pequenos módulos de cultivo inseridos em
ambientes florestais (KAGEYAMA et al., 2002). Esses modelos preconizam com
sucesso que pequenas populações desta espécie, a qual em grandes cultivos é
suscetível e dizimada pelo fungo Microcyclus ulei, causador do mal-das-folhas, podem
ter seu manejo viabilizado por meio do isolamento conferido pela estrutura florestal
como proteção a agentes patogênicos.
Com finalidade de oferecer um panorama mais sustentável para a
produção de tomate e renda para os produtores da região de Apiaí-SP, bem como a
possibilidade de incremento e manutenção do componente florestal nesta região,
desenvolveu-se o sistema de cultivo experimental de produção de tomate em Ilhas de
Alta Produtividade (IAPs). Esse sistema consiste em manejar pequenas populações de
tomateiros, sob princípios agroecológicos, em escala economicamente viável, em
ambientes que tenham pelo menos 300 metros de distância de outros cultivos
semelhantes, os quais devem ser separados entre si pelo componente florestal.
Com base na hipótese acima, admitiu-se neste trabalho que o panorama
insustentável de fragmentação florestal atrelada ao alto uso de agrotóxicos, poderia ser
modificado com o emprego de técnicas de cultivo em IAPs. Nesse novo panorama
proposto, a manutenção dos serviços ecológicos proporcionados pelo componente
florestal provoca menores índices de doenças e infestação de insetos-praga na cultura
do tomate, diminuindo o uso de fungicidas e inseticidas. Dessa forma, aumenta-se a
economicidade da cultura, o que pode acarretar em menores índices de
desflorestamento e maior conservação de recursos hídricos, além de incremento nos
lucros e melhoria das condições de trabalho e saúde para os produtores rurais.
Esta pesquisa foi realizada com objetivo de avaliar a influência da
biodiversidade florestal sobre a ocorrência de insetos-praga e doenças em dois
sistemas diferenciados de manejo do tomate no município de Apiaí-SP: cultivo
22
experimental em Ilhas de Alta Produtividade (IAPs) e cultivo convencional realizado por
produtores locais.
23
2 REVISÃO BIBLIOGÁFICA
2.1Conceito de Biodiversidade
Nas ultimas décadas e, principalmente a partir da década de 1980, a
humanidade como um todo têm mostrado o surgimento de uma maior conscientização
sobre a necessidade da manutenção do meio ambiente e dos ecossistemas naturais.
Grelle et al. (2009), indicam que a partir da década de 90, mais de 380
artigos foram publicados com a temática da Biologia da Conservação no Brasil, sendo a
maioria dos temas relacionados a conservação da Biodiversidade nos ambientes de
Mata Atlântica e Amazônia.
Diversas definições para o termo “biodiversidade” foram propostas no
decorrer destas décadas. A utilização e a expansão do conhecimento deste conceito
tiveram início a partir da década de 1980, com pioneirismo de Lovejoy (1980). Neste
estudo, Lovejoy revisou rios sistemas ambientais e globais considerando a energia,
as populações humanas, a economia e os recursos florestais globais e as
conseqüências de sua exploração, tais como mudanças climáticas e estimativas de
extinção de espécies. Foram escritos temas a respeito da diversidade biológica, criando
formalmente uma expressão para definir o número de espécies presentes.
Norse; McManus (1980 apud JEFFRIES, 1997; HARPER;
HAWKSWORTH, 1995), que colaboraram com o Conselho da Qualidade Ambiental da
Casa Branca, no capítulo 11 do Relatório Anual do Conselho de Qualidade Ambiental,
também durante o mandato do Presidente J. Carter examinam a biodiversidade global e
a definem com conceitos relacionados, como Diversidade Genética e Diversidade
Ecológica, colocando a Diversidade Ecológica no mesmo nível da riqueza de espécies,
em referência ao número de espécies em uma comunidade de organismos (JEFFRIES,
1997).
Em ambas as publicações (JEFFRIES, 1997; HARPER; HAWKSWORTH,
1995), a biodiversidade foi discutida em uma escala global, relacionada com temas
mais amplos e não somente com o aspecto biológico. Tendo a importância da
biodiversidade atual e potencialmente, reconhecida como a atividade dos ecossistemas
24
naturais, provindo o que agora se denomina serviços ou funções vitais para a saúde do
Planeta Terra, deixa claro nestes documentos que a biodiversidade não devia ser vista
unicamente como um objeto de estudo da biologia (JEFFRIES, 1997).
Atualmente os conceitos de Biodiversidade consideram a presença
das espécies bióticas e as complexas relações ambientais e sociais que envolvem a
manutenção destes componentes. Estas relações, principalmente pela influência das
atividades antrópicas, atualmente são apontadas como sendo uma das principais
causas de perda de biodiversidade (EHRLICH, 1997).
Segundo Wilson (1997) as florestas tropicais se configuram como as
principais áreas de concentração de Biodiversidade, tendo apenas 7% da cobertura
total do planeta e contendo mais da metade das espécies da Biota mundial.
2.2 A Biodiversidade Florestal Atlântica
A biodiversidade florestal é freqüentemente citada como sendo uma
estrutura ou uma forma de sistema vegetal complexo que age e têm efeito positivo e
regulador sobre diversas funções ambientais benéficas às praticas da agricultura e
silvicultura (ALTIERI; SILVA; NICHOLLS, 2003). Em contrapartida existem exemplos
que colocam a biodiversidade florestal e sua manutenção como sendo um fator de risco
e entrave ao desenvolvimento e produção na agricultura, apontando para o fato de que
a biodiversidade florestal, suas características e funções, devem ser mais bem
estudadas quanto à sua contribuição para as práticas agropecuárias (ALTIERI; SILVA;
NICHOLLS, 2003).
Dados da FAO do ano de 2005 apontam para a perda anual de
aproximadamente 9,38 milhões de hectares de florestas nativas em todo o mundo,
sendo que entre os anos de 1990 e 2005 foram desflorestados 64 milhões de hectares
de florestas (FAO, 2007) em toda América do Sul, tendo o Brasil como líder destes
índices.
25
Estima-se que as florestas da América Latina contenham a maior
biodiversidade vegetal arbórea do planeta, abrangendo mais de 1000 espécies, e
também o maior número de espécies arbóreas consideradas ameaçadas ou vulneráveis
à extinção (FAO, 2007). Segundo Dean (1996), as estruturas florestais nativas são co-
responsáveis por amparar e fornecer subsídios para o desenvolvimento urbanístico e
agrícola de toda a nação brasileira (e outras), pelo uso e exploração dos seus recursos
ao longo dos quinhentos anos de historia de colonização do Brasil.
Um dos biomas alvo dos desflorestamentos no Brasil é a floresta
denominada Mata Atlântica, que também é um dos mais ameaçados do planeta, tendo
sua área drasticamente reduzida a 7% da original em poucos séculos de ocupação
deste território (SOS MATA ATLÂNTICA, 2010). Boa parte da ocupação social do Brasil
se concentra e está sobreposta sobre a área original de domínio do bioma Atlântico,
cuja cobertura original era de aproximadamente 15% de todo o território nacional e que,
sem as suas características sistêmicas mantidas, representa grande perda de
biodiversidade para todo o planeta.
Neste bioma encontram-se aproximadamente 260 espécies de mamíferos,
1020 espécies de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 peixes, além de
incontáveis espécies de insetos e demais invertebrados, bem como outras centenas de
espécies vegetais endêmicas (RBMA, 2010). Heyer et al. (1988) registram a suposta
extinção de espécies de anuros (Amphibia: Anura) na região da Mata Atlântica
localizada no continuum de Paranapiacaba devido à ação humana, e evidencia que a
velocidade de degradação deste ambiente pela ão antrópica é muito maior que a
capacidade de pesquisadores e cientistas de registrar e catalogar as espécies e
relações ecológicas contidas nestes ecossistemas.
No Brasil, o decréscimo da mata atlântica e sua exploração estão
associados ao desenvolvimento urbano, ao extrativismo predatório e a agricultura de
monocultivos desde tempos coloniais (SMITH et al., 2008).
Frequentemente a agricultura e a pecuária se colocam como frentes de
impacto sobre as florestas nativas, acarretando redução e fragmentação sobre as áreas
ocupadas por estes biomas, causando extinção de espécies e de nichos ecológicos
26
(ODUM, 2007) e impactos profundos sobre a função e manutenção destas estruturas
naturais.
Nas últimas décadas, surgiram trabalhos importantes que
demonstram a necessidade da preservação de todos os biomas nacionais e que, muitas
vezes, culminam em ações significativas por parte dos Governos e Sociedade, como a
aprovação de leis e a criação de Áreas Protegidas (DF 750/93; LF 9.985/2000).
A criação de Áreas Naturais Protegidas, (LF 9.985/2000) e o
desenvolvimento de instrumentos legais para a proteção das matas são algumas das
estratégias utilizadas para a proteção ambiental do bioma Mata Atlântica, consideradas
grandes avanços na conservação do mesmo.
Altieri (2000) estima que existam mais de 16 milhões de famílias de
pequenos agricultores em toda América Latina, e coloca estas pessoas como co-
responsáveis pelas práticas predatórias sobre a biodiversidade nativa, porém aponta
para a contribuição significativa que este grupo pode realizar para a conservação
ambiental no caso de passarem a adotar técnicas de produção e manejo agrícola
integradas e sinérgicas aos ecossistemas locais.
Diegues (1996a) discute, em O mito moderno da Natureza Intocada,
que muitas vezes o comportamento de comunidades tradicionais e de grupos que
habitam e necessitam diretamente dos recursos nativos de matas como a Atlântica,
pode ser agente de proteção destes ecossistemas.
Em outro artigo, Diegues (1996b) defende que a conservação de
Áreas Naturais Protegidas e dos Ecossistemas Nativos, deve vir aliada a um pacto
socioambiental, onde tenhamos os ambientes naturais preservados e fornecendo
serviços e subsídios para a manutenção de comunidades humanas, as quais, por sua
vez, podem ser ativamente parceiras da proteção destas áreas, aliando produtividade
agrícola e manejo extrativista com a conservação ambiental.
27
2.3 As regiões de Apiaí e do continuum de Paranapiacaba-SP
A história de Apiaí, remonta ao inicio do período colonial (século
XVIII), quando a região foi explorada por suas reservas de ouro e como ponto de
passagem para tropas de cavaleiros vindos do sul do País.
Atualmente o município se intitula o Portal da Mata Atlântica, por ser considerada
uma região onde a Floresta Atlântica atinge altos índices de preservação e em grandes
fragmentos (Figura 1).
Figura 1 - Cobertura vegetal do Município de Apiaí SP, indicando os locais dos
cultivos acompanhados
Ao analisar os mapas de cobertura vegetal da área do município,
podemos notar que os maiores remanescentes florestais encontram-se na região leste
e sudoeste do município. Nestas regiões, estão localizados o Parque Estadual Turístico
Alto Ribeira PETAR, Unidade de Conservação de Proteção Integral considerada uma
das áreas com maior biodiversidade em Mata Atlântica, com riquíssimo patrimônio
convencionais
agroecológicos
28
natural (SMITH et al., 2008) e área superior a 35. 700 mil hectares (SÃO PAULO,
2010).
Outro remanescente importante na região é uma área anexa ao
PETAR, chamada antigamente de Fazenda Vitória, com aproximadamente 7.700
hectares, sendo atualmente local do Assentamento Rural e Projeto de Desenvolvimento
Sustentável (PDS) “Edson Luis David de Macedo”.
Próximo a estas áreas no município de Apiaí, podemos apontar a
presença do Parque Municipal Natural “Morro do Ouro”, criado em 2003, com área
superior a 540 hectares (SHIMADA, 2008). Este parque é considerado um
remanescente importante para manter a qualidade das águas e nascentes que
abastecem o município e garantir uma das maiores áreas verde periurbanas do Estado
de São Paulo.
Desta forma, estas áreas somadas totalizam mais de 44.000
hectares de florestas contínuas, o que caracteriza um mosaico de áreas protegidas de
grande importância para a conservação da Mata Atlântica por possuir diferentes
formações deste Bioma, como por exemplo, a Floresta Ombrófila Densa de Altitude
com presença de Araucárias e a Floresta Ombrófila Densa sobre Carste (VELOSO,
1992).
Este mosaico de áreas protegidas que circunda o município de Apiaí
pelos lados nordeste, leste e sudeste, se soma ao continuum de Paranapiacaba, área
designada pela junção dos Parques Estaduais Turísticos Alto Ribeira, Intervales e
Carlos Botelho e da Reserva Ecológica de Xitué. Juntas somam mais de 150.000
hectares em áreas protegidas, o que consolida, junto com todas as demais áreas
incluindo o Mosaico de Jacupiranga e as unidades de conservação de uso sustentável,
como os Quilombos do Médio Ribeira e a Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar,
o maior remanescente de Mata Atlântica do Brasil.
No município de Apiaí temos, historicamente, a presença de um forte
componente em agricultura familiar, estimando que dos seus mais de 25.700 habitantes
(IBGE, 2009), 10. 514 pessoas estejam habitando as zonas rurais e tendo basicamente
as praticas agrícolas de cultivos anuais e a pecuária como fonte de renda e
subsistência (IBGE, 2001) (Anexo A).
29
2.4 O panorama da frente de desmatamento na região de Apiaí-SP
Em suas faces norte e oeste, o Município de Apiaí, têm uma grande
frente de desflorestamento, com a presença de grandes concentrações de maciços em
reflorestamento e a utilização de diversas áreas pequenas em cultivos intensivos
agrícolas e pastagens. Esta região localiza-se sob o domínio da cobertura Florestal
Atlântica (DF 750/93 e RESOLUÇÃO CONAMA 10/1993), considerada uma das
formações florestais mais ricas em diversidade, tendo um panorama de ocupação e
desflorestamento semelhante ao de outras regiões e biomas do País (RBMA, 2010).
Desta forma podemos citar as praticas locais agrícolas na região de Apiaí SP, como
sendo um fator de impacto e diminuição de biodiversidade nos ambientes ocupados
originalmente por formações florestais.
2.5 A cultura do tomate e sua presença na região de Apiaí
O tomate (Solanum lycopersicum L.) é uma das mais importantes
hortaliças consumidas e cultivadas em todo o mundo e que compõe a culinária típica de
diversas etnias do planeta, ocupando o primeiro lugar em volume de produção de
hortaliças no Brasil (SILVA et al., 2003; SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2010). Devido à
diversidade de formatos, tamanhos, cores e sabores, o tomate possui ampla
versatilidade de uso (CONSUEGRA et al.; 2000)
Como citado por Silva et al. (2003), é a cultura olerícola mais
importante do Brasil, sendo cultivada em todas as regiões do país, e adquiriu, a partir
da década de 50, importância na região sudeste e no Estado de São Paulo. Este
cultivo é responsável pelo emprego direto de mais de 200 mil pessoas no país
(TAVARES, 2003).
Segundo Barbieri; Stumpf (2008), o cultivo de tomate é diferenciado
devido a diversas características favoráveis, o que inclui propriedades nutricionais como
a presença de carotenóides (SILVA et al., 2003), vitamina C, potássio, além de ter ação
comprovada na prevenção do câncer de próstata, doenças vasculares e danos oculares
causados por raios UV (FAGUNDES et al., 2005).
Suas propriedades anticancerígenas e antiaterogênicas (alterações
na deposição de gordura nas artérias) são, segundo Agarwal; Rao (2000 apud
30
BARBIERI; STUMPF, 2008), devido a presença do licopeno, um carotenóide com
propriedades antioxidantes.
Os tomates cultivados com finalidade de consumo in-natura, ou de
mesa, são considerados de crescimento indeterminado (RICK, 1995) e necessitam de
tutoramento e colheita de manual e escalonada, sendo que os tomates para
processamento industrial são de hábito determinado e rasteiro, tendo os frutos
utilizados na agroindústria (BARBIERI; STUMPF, 2008).
Segundo Barbieri e Stumpf (2008), uma das dificuldades na
produção do tomate de mesa é a sua perecibilidade, o que força a comercialização em
curto prazo de tempo, sendo uma das culturas com um dos maiores índices de perdas
pós-colheita, decorrentes principalmente do manuseio inadequado na colheita e
transporte.
Atualmente, os produtores de tomate de mesa têm optado por
variedades chamadas longa-vida, que, por manterem o pericarpo dos frutos firmes por
mais tempo, incrementam significativamente sua conservação pós-colheita, o que
permite o transporte entre regiões mais distantes (PIERRO, 2002).
O tomateiro é um vegetal originário no território entre o Equador,
Chile, Oceano Pacífico e Cordilheira dos Andes, em locais de precipitação moderada e
com temperaturas médias em torno de 1 a 19ºC (SILVA et al., 2003). A espécie
cultivada, Solanum lycoperiscum, originou-se da espécie silvestre andina Solanum
cesariforme, que produz frutos do tipo cereja (RICK, 1995).
O tomate foi domesticado na região do México, fora de seu local de
origem, para onde foi levado em tempos pré-colombianos por rotas de comércio entre
povos andinos e mexicanos. Na região de domesticação, seu cultivo era praticado em
consórcio com plantas de milho, feijão e abóbora (CONSUEGRA et al., 2000).
Com a chegada dos colonizadores espanhóis no México, estes
encontraram o tomate sendo consumido amplamente pela população local, e levaram-
no para a Europa, onde foi difundido em vários países como Inglaterra, Itália e
Espanha. No entanto, por muito tempo, o tomateiro foi considerado uma planta
ornamental, vindo a ter seus frutos amplamente consumidos apenas por volta do século
XIX (RICK, 1976).
31
No Brasil, a introdução do tomate ocorreu por imigrantes europeus
no final do século XIX (ALVARENGA, 2004).
Na região de Sorocaba, nos municípios de Guapiara e Apiaí SP, o
cultivo de tomate iniciou-se na década de 50 (MINAMI, 1980), sendo, até os dias de
hoje, a região produtora de tomate de mesa mais importante do Estado de São Paulo.
Devido ao município de Apiaí apresentar um período de inverno com
ocorrência de geadas, o cultivo do tomateiro na região se entre os meses de agosto
a março, tendo, pelo seu clima subtropical de altitude com características temperadas,
as melhores condições para o desenvolvimento do tomateiro (FILGUEIRA, 1972).
Apesar destas condições geográficas e ambientais na região serem, em sua maior
parte, favoráveis à cultura do tomate, a pluviosidade média anual encontra-se acima
das recomendações ideais para esta cultura, o que, por exemplo, possibilita o cultivo
comercial somente com a adoção de métodos de controle da requeima (Phytophthora
infestans) (MINAMI, 1980).
Neste município, temos a cultura do tomate como sendo uma das
principais estratégias de produção da agricultura familiar, por adequar-se ao perfil e
densidade da ocupação deste território. Segundo dados do Sindicato Rural de Apiaí,
foram cultivados durante a safra de 2009, mais de um milhão de plantas desta espécie.
A maior parte da produção é disponibilizada por agricultores familiares que, em acordo
com empresários ou comerciantes locais, têm suas lavouras financiadas em conjunto
com a obrigação de fornecer sua safra para o parceiro a preços flutuantes dependentes
dos picos de comercialização do CEASA - SP.
No sistema convencional de cultivo de tomates, tem se notado um
aumento significativo na ocorrência de pragas e doenças destas lavouras (PRIMAVESI,
1988), o que tem forçado boa parte dos agricultores locais, que adotam esse sistema de
cultivo, a investirem grandes somas de capital em agrotóxicos e recursos humanos para
manter sua produtividade.
O tomate é tradicionalmente um cultivo com grande vulnerabilidade à
ocorrência de pragas e doenças tendo, em sua lista de patógenos, mais de 30 possíveis
tipos de enfermidades (KUROZAWA; PAVAN, 2005) e 15 insetos-praga potenciais
(GALLO et al., 2002).
32
Atualmente, um produtor convencional do município de Api SP
submete sua lavoura a uma media aproximada de 36 pulverizações de produtos
químicos em conjunto por ciclo (TOMAS et al., 2009), o que torna a cultura do tomate
um dos mais caros e contaminantes sistemas agrícolas, tanto para o meio ambiente,
quanto para as pessoas que estão envolvidas em sua produção e consumo.
De forma recorrente, temos visto produtores locais colhendo grandes
safras de tomate e vendendo aos mercados urbanos, porém enfrentando prejuízos
financeiros devido aos altos custos de produção e aos baixos preços obtidos, como
citado por um técnico agrícola local em entrevista: “Há décadas os produtores não
conseguem um bom lucro com a produção do tomate”.
2.6 A criação e o desenvolvimento de alternativas sustentáveis para a
conservação da Mata Atlântica e da Socieconomia da agricultura familiar regional
Nas ultimas décadas, a partir da revolução verde, notamos um
aumento nos estudos e desenvolvimento de técnicas agrícolas, transmitidas aos
agricultores, e que pregam a utilização de insumos sintéticos e químicos para a
manutenção dos níveis de fertilidade dos solos e o controle e prevenção da ação de
insetos-praga e doenças. Nestes pacotes tecnológicos, podemos notar a proposta de
substituição dos ambientes florestais em favor de áreas cultivadas, que, após o manejo
inicial, permanecem sem a biodiversidade florestal nativa e serão destinadas a um ciclo
de rotações de culturas prioritariamente com pastagens e cultivos anuais e perenes.
Este modelo tecnológico levou, nas ultimas décadas, a um “afastamento” do
conhecimento e utilização dos ambientes florestais por parte de técnicos e agricultores,
que neste período vêm deixando de utilizar, parcial e progressivamente, estes
ecossistemas florestais em beneficio da produção agrícola (ALTIERI, 2002).
Neste contexto, tendo de um lado produtores rurais que vêm
enfrentando em suas atividades um aumento dos custos de produção devido ao
aumento de insetos-praga e doenças em seus cultivos, e de outro lado quedas
drásticas nos índices de cobertura florestal e da biodiversidade nativa nesta região,
surge a questão se os indicadores destas duas situações poderiam possuir uma relação
direta de interação.
33
Nos últimos anos, esta situação tem se evidenciado em diferentes
pólos de produção agrícola, o que vêm ocasionando o surgimento de diversas
iniciativas em buscar o desenvolvimento de técnicas mais sustentáveis de cultivo.
Em paralelo, notamos o crescimento de uma preocupação em toda a
sociedade com o impacto da agricultura no ambiente e a contaminação da cadeia
alimentar com agrotóxicos, resultando na presença de segmentos de mercado que
buscam produtos diferenciados, livres de agrotóxicos e praticados em cultivos
socioambientalmente sustentáveis (BETTIOL; GHINI, 2003).
Neste sentido, podemos citar algumas estratégias bem sucedidas em
manter a produtividade agrícola com patamares baixos de insumos e custos de
produção, utilizando serviços biológicos e ambientais, como por exemplo, alguns
modelos de sistemas agroflorestai, como o projeto RECA (SILVA, 2006) entre outros
(VIVAN, 2003) e as estratégias de Ilhas de Alta Produtividade, as quais preconizam
pequenos núcleos de cultivo isolados entre si pelo componente florestal, testados e em
fase de produção pelo Brasil e pelo mundo.
Lutzemberger (2002) cita que mudanças do manejo com uso de
agroquímicos para o manejo nutricional agroecológico de pomares de laranja
ocasionaram a supressão das características patógênicas da bactéria Xanthomonas
citrii, causadora do cancro-cítrico, que se manteve no ambiente mas não se manifestou
como agente infeccioso na cultura.
Kageyama et al. (2002) demonstram a possibilidade de obter
produtividade e sanidade em seringueiras cultivadas em sistema de Ilhas de Alta
Produtividade no Estado do Acre, com plantas saudáveis, sem necessidade de controle
de pragas e doenças, em áreas inviáveis para o cultivo em larga escala devido à
ocorrência do agente causal do mal-das-folhas, principal responsável pelo insucesso
de cultivos comerciais na Amazônia (MATTOS et al., 2003). Nestes sistemas
agroflorestais e em IAPs, as estratégias apontam para um cultivo em menor escala que
os convencionais, preconizando, basicamente, o manejo agroecológico e o consórcio
com diversas espécies arbóreas, embasadas pela substituição dos insumos sintéticos
por promotores biológicos e naturais da regulação e manutenção da produtividade
agrícola.
34
A atuação do agricultor familiar envolve diversas funções, como a
produção de alimentos e serviços ambientais e culturais, comprovando a
multifuncionalidade do seu papel socioambiental, podendo, desta forma, como citado
por Diegues (1996b), representar um agente potencial para auxiliar no desenvolvimento
de mecanismos que venham a impedir ou minimizar a perda da biodiversidade nativa e
Atlântica.
Com a integração de dinâmicas sociais, motivando inovações, e o
desenvolvimento de modelos agroecológicos de produção, independentemente da
construção da credibilidade destas técnicas no mundo acadêmico, grupos de pequenos
produtores rurais, historicamente marginalizados, vêm sendo geradores de seus
próprios benefícios voltados para a conservação dos ecossistemas em que vivem e
produzem.
Considerando a hipótese que a biodiversidade florestal pode ser um
importante e efetivo instrumento promotor de fitossanidade em cultivos agrícolas, o
presente trabalho tem como objetivo testar a eficiência do modelo agroecológico
experimental em Ilhas de Alta Produtividade para cultivo de tomate, analisando a
utilização do componente florestal como um instrumento para a regulação da ocorrência
de insetos-praga e doenças. Para isso, foram analisadas a ocorrência e severidade de
doenças, bem como a população de insetos-praga, em cultivos de tomate, no município
de Apiaí-SP, em sistemas de manejo agroecológico experimental em IAPs e
convencional comparativo, em ambientes caracterizados com alta e baixa diversidade
florestal seu entorno, respectivamente. Durante a condução dos cultivos, foram
levantadas informações financeiras e socioambientais para geração de indicadores de
viabilidade socioeconômica dos modelos experimentais.
35
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Proposta Experimental
Buscando o cumprimento da função da pesquisa voltada a
construção do pensamento social (FREIRE, 2004), o projeto foi conduzido em situações
reais de campo, com participação e apoio de agricultores locais e familiares do
município de Apiaí SP, onde foram desenvolvidos módulos experimentais de cultivo
de tomate em sistema de manejo agroecológico em 5 propriedades locais com
predomínio do componente florestal Atlântico em seu entorno. Concomitantemente à
condução dos cultivos experimentais, acompanhou-se também o cultivo da cultura em
sistema de manejo convencional em 5 propriedades na mesma região, com condições
socioambientais semelhantes, que consistiram em referencial comparativo para os
indicadores analisados.
Todos os 10 cultivos, 5 agroecológicos e 5 convencionais, tiveram
seus entornos analisados quanto à biodiversidade vegetal e cobertura florestal. Em
cada cultivo, foi determinada a ocorrência de insetos-praga e doenças, para
comparação entre os módulos de manejo agroecológico e convencional, bem como
verificar a relação entre biodiversidade vegetal no entorno e ocorrência de pragas e
doenças.
Paralelamente à condução dos cultivos, foram levantadas
informações sociais e econômicas para embasarem a geração de indicadores sobre a
viabilidade socioambiental e econômica nos dois sistemas de manejo, relacionando
com a aplicabilidade prática do uso da biodiversidade florestal como instrumento auxiliar
da produção agrícola em cultivos de tomate de mesa.
3.2 Descrição dos modelos experimentais propostos
Os locais de implantação dos módulos experimentais de cultivo
agroecológico, bem como os módulos comparativos de cultivo convencional, foram
escolhidos considerando semelhantes condições edáficas, climáticas e sociais, tendo
os insumos utilizados durante o cultivo, a forma de manejo e a biodiversidade florestal
no entorno das lavouras como diferenciais.
36
Ao longo de dois anos, participaram deste projeto um total de 10
produtores de tomate no município de Apiaí – SP.
3.2.1 Módulos experimentais de cultivo agroecológico com alta biodiversidade
florestal no entorno
O acompanhamento técnico dos produtores responsáveis pela
condução dos módulos experimentais foi dado por estudantes e Engenheiros
Agrônomos, vinculados ao Projeto de Desenvolvimento Agroecológico da Reforma
Agrária (PPDARAF)/USP.
As recomendações técnicas dadas a estes produtores agrícolas têm
base nos princípios da Agroecologia (GLIESSMAN, 2001) e da Agricultura Sustentável
(PRIMAVESI, 1992), utilizando prioritariamente técnicas voltadas à interação dos
cultivos com a Biodiversidade Florestal e o Manejo Ecológico de Pragas e Doenças
(VIVAN, 1998; PRIMAVESI, 1988), como forma de possibilitar a regulação natural de
insetos-praga e doenças nos cultivos. Os insumos utilizados, quando necessários, nos
cultivos agroecológicos eram certificados e foram disponibilizados em quantidades
iguais para os 5 produtores participantes do projeto.
O Assentamento Rural Projeto de Desenvolvimento Sustentável
(PDS) - “Luiz David de Macedo”, localizado no bairro Caximba do município de Apiaí-SP
é uma área com aproximadamente 7.700 hectares, tendo pelo menos 5.500 ha desta
propriedade sob cobertura florestal Atlântica onde residem aproximadamente 83
famílias de agricultores (SANTOS et al., 2008).
Os produtores foram selecionados em assembléias coletivas da
Associação de Produtores Rurais do Assentamento, utilizando métodos participativos e
comunitários com foco conservacionista e organizativo (OOSTRUM, 1996; OOSTRUM;
STIVEN, 1997).
O experimento teve duração de dois ciclos agrícolas durante os anos
de 2008 e 2010, contando com a participação de dois agricultores deste assentamento
no primeiro ano e três agricultores no segundo ano (Tabela 1).
37
Os produtores rurais assentados participantes do projeto
experimental foram denominados de agricultores agroecológicos quando citados em
conjunto, e suas áreas de cultivo classificadas como módulos experimentais
agroecológicos.
Foi utilizado o princípio do cultivo em Ilhas de Alta Produtividade
(KAGEYAMA et al., 2002) tendo a biodiversidade florestal como componente principal
do entorno das culturas de tomate. Como citado por Altieri et al. (1981), a influência da
biodiversidade do entorno tem amplitude de 40 metros da borda para o interior do
cultivo, sendo este o critério utilizado para o dimensionamento dos dulos
experimentais, que possuíram dimensões de aproximadamente 25 x 25 m e um total
máximo de 1000 pés de tomate da variedade Débora, plantados em espaçamento 0,7 x
1,0 m (Tabela 1). A semeadura foi feita em bandejas acondicionadas em viveiros, e as
mudas foram transplantadas com 45 dias após a semeadura.
A distância media entre os cultivos experimentais foi superior a 300
metros, tendo ao menos 3 km de distância de cultivos convencionais que poderiam
interferir ou proporcionar contaminações por derivas de pesticidas e contaminações em
cursos d’água.
38
Tabela 1 - Localização (latitude, longitude), altitude, área cultivada, número de plantas e
época de semeadura de tomate, variedade Débora, em 5 módulos
experimentais de cultivo agroecológicos no município de Apiaí-SP, bairro
Caximba
Módulos experimentais
A1 A2 A3 A4 A5
Propriedade
A1-3 A2 A1-3 A4 A5
Produtor Zaqueu Joaquim Zaqueu Toninho Zé pinheiro
Latitude 24°27’38.41”S 24°28’36.48”S 24°27’38.41”S 24°27’41.52”S 24°28’09.68”S
Longitude 48°46’47.23”O
48°46’53.02”O
48°46’47.23”O
48°47’55.64”O
48°47’34.40”O
Altitude 900 m 880 m 900 m 930 m 930 m
Área
cultivada
600 m
2
523 m
2
656 m
2
698 m
2
698 m
2
nº de
plantas
860 750 940 1000 1000
Época de
semeadura
Out/ 2008 Out/ 2008 Set/ 2009 Set/ 2009 Set/ 2009
3.2.2 Módulos comparativos de cultivo convencional com baixa biodiversidade
florestal no entorno
O Bairro Rural do Encapoeirado é um local onde residem diversos
produtores rurais familiares que se dedicam profissionalmente ao cultivo de tomate de
mesa.
Devido ao histórico de ocupação no local e a prática intensiva
agrícola, este bairro apresenta uma paisagem florestal fragmentada, altamente
impactada pela pressão das atividades agrícolas.
Participaram do projeto dois produtores no ano de 2008, e três nos
anos de 2009 e 2010, os quais foram denominados agricultores convencionais (Tabela
2).
39
40
Tabela 2 - Localização (latitude, longitude), altitude, área cultivada, número de plantas e
época de semeadura de tomate, variedade Débora Max, em 5 módulos
convencionais na região de Apiaí-SP, bairro Encapoeirado
Módulos experimentais
C1 C2 C3 C4 C5
Propriedade
C1 C2 C3 C4 C5
Produtor
Sérgio
Barbosa
Fazenda
Reunidas
Ivo Isaltino Adão
Latitude 24°30’00.00”S
24°27’47.56”S
24°27’43.89”S
24°26’35.80”S
24°28’36.14”S
Longitude 48°4801.00”O
49°00’52.62”O
48°55’08.80”O
48°54’47.73”O
48°55’3.95”O
Altitude 906 m 820 m 940 m 925 m 890 m
Área
cultivada
34.998 m
2
13.298 m
2
6.998 m
2
8.398 m
2
24.498 m
2
nº de
plantas
50000 19000 10000 12000 35000
Época de
plantio
Out/ 2008 Set/ 2008 Set/ 2009 Set/ 2009 Set/ 2009
A semeadura foi feita em bandejas acondicionadas em viveiros, e as
mudas foram transplantadas com 45 dias após a semeadura. O espaçamento utilizado
foi de 0,7 x 1,0 m
O manejo agrícola adotado pelos produtores em locais com baixa
biodiversidade florestal no entorno, prevê a utilização de insumos agrícolas para auxílio
à produção, como adubos sintéticos, herbicidas, inseticidas, fungicidas entre outros.
Os produtores que atuam sob o manejo convencional de produção
de tomate, têm acompanhamento técnico local, sendo seus cultivos observados e
analisados de forma comparativa aos módulos experimentais propostos.
Os dados sobre a ocorrência de insetos e doenças foram obtidos em
lavouras com efetivo controle destes indicadores e voltadas à otimização da produção.
41
3.3 Caracterização da cobertura florestal e da biodiversidade vegetal no entorno
dos cultivos
As áreas de cultivo de todos os produtores envolvidos, tanto
agroecológicos quanto convencionais, tiveram a presença do componente vegetal do
seu entorno caracterizadas segundo metologia construída e sugerida pelo grupo técnico
e de pesquisadores do LARGEA/ESALQ/USP.
A análise da biodiversidade do componente florestal presente no
entorno dos cultivos de tomate foi feita por amostragem em transectos lineares de
comprimento de 300 metros cada um, nos sentidos Norte, Sul, Leste e Oeste,
estabelecidos a partir do centro dos cultivos agroecológicos e, no caso dos cultivos
convencionais, por serem maiores, a partir das bordas extremas em cada sentido.
Em cada transecto, foram marcados cerca de 6 pontos de
amostragem com distância de 50 m entre cada ponto, em uma área total de
aproximadamente 300.000 no entorno. As parcelas amostrais tiveram dimensões de
2x2 m, no caso de locais com componente vegetal herbáceo e arbustivo, e 5x5 m em
locais com componente vegetal arbóreo, buscando garantir maior representatividade.
Os pontos foram estabelecidos com auxilio de trenas, além de fotografadas e
georreferenciadas (aparelhos de GPS, marca Garmin, Etrex) para posterior elaboração
de mapas compostos com imagens de satélites.
Em cada parcela, foi feita coleta de todas as espécies vegetais, as
quais foram mantidas em exicatas para posterior identificação no laboratório de
Botânica da ESALQ/USP, o que permitiu a estruturação do panorama e perfil amostral
da situação de cobertura florestal do entorno dos cultivos.
A frequência das espécies vegetais no entorno de cada cultivo
(propriedade) foi calculada pelo número total de indivíduos em relação ao total de
espécies encontradas.
Os resultados absolutos obtidos nas parcelas dos produtores
experimentais e comparativos, relativos à Biodiversidade Florestal, foram convertidos
em índices de Diversidade de Shannon (SHANNON, 1949), segundo a fórmula:
H’=
=
S
i
pipi
1
ln
;
42
Onde H’= índice de Shannon; S= de uma espécie; pi= abundância
relativa de cada espécie (ocorrência da espécies/ total de espécies).
Foram calculados índices para cada categoria de espécies (nativas e
exóticas) nos cultivos agroecológicos e convencionais, considerando a totalidade de
espécies e indivíduos amostrados nas 5 propriedades. Os índices de diversidade foram
comparados pelo teste t conforme proposto por Hutcheson (1970 apud ZAR, 2010).
Foram elaborados mapas situando os pontos amostrais e indicando
as taxas de cobertura florestal nativa no perímetro amostrado do entorno dos cultivos
de cada um dos 10 produtores, bem como tabelas e gráficos comparativos indicando a
ocorrência e a freqüência das espécies vegetais.
Para estimar a área de cobertura florestal no entorno de 300.000 m
2
de cada cultivo, foi utilizado o programa Google Pró.
3.4 Ocorrência de insetos-praga e doenças em cultivos agroecológicos e
convencionais de tomate
Entre os anos de 2008 e 2010, foram acompanhados os cultivos de
10 produtores de tomate cujo manejo se diferenciava entre o modelo convencional com
uso de agroquímicos e o modelo agroecológico sem utilização de insumos sintéticos.
As lavouras foram acompanhadas desde o período de transplante
das mudas de tomate para o campo até a colheita. Foram feitas 3 avaliações mensais
por ciclo da cultura, sendo a primeira 20 dias após o plantio das mudas, a segunda no
início da frutificação (45 dias após o plantio) e a terceira durante a colheita, em
aproximadamente 70 dias após o plantio.
Os acompanhamentos técnicos se deram de maneira semanal,
quinzenal, ou mensal através de métodos diferenciados e adaptados a cada indicador
da pesquisa.
A obtenção dos dados sobre estas ocorrências utilizou o método de
coletas amostrais sendo selecionadas aleatoriamente a cada avaliação, 20 plantas em
fase produtiva por cultivo que foram analisadas em toda a sua estrutura.
Os insetos fitófagos foram contabilizados em número de indivíduos
por planta amostrada, utilizando lentes de aumento e anotações em fichas de campo,
43
sendo que os valores apresentados por produtor foram obtidos a partir da média
aritmética da soma do número de insetos identificados por plantas amostradas dividido
pelo total de plantas amostradas.
Devido ao fato dos frutos de tomate que estejam infestados com a
Broca pequena do fruto, Neoleucinodes elegantalis, serem descartados imediatamente,
independentemente do número de larvas que estão infestando o fruto, os dados sobre a
ocorrência deste inseto são relativos ao número de frutos atacados x número de insetos
por fruto, sendo esse último proveniente da contagem em um fruto da respectiva planta.
As doenças causadas por bactérias e fungos foram identificadas e
quantificadas quanto à presença ou ausência no cultivo (MALAVOLTA JR., 2004). A
ocorrência de doenças virais foi quantificada como numero de plantas doentes em 20
plantas amostradas. No caso da requeima, causada pelo fungo Phytophthora infestans,
foi determinada a porcentagem de indivíduos afetados e a severidade da infestação
(área foliar afetada), por meio da chave de severidade proposta por James (1971).
Devido ao fato de que a ocorrência de diversos fungos e bactérias no
tomateiro são associados às condições de drenagem e estrutura dos solos, foi avaliada
a compactação do solo dos cultivos, tanto nos módulos agroecológicos quanto
convencionais, por meio de penetrômetro Hatô, que mede a profundidade (até 90 cm),
em centímetros, das camadas compactadas com resistência superior a 2,0 MegaPascal
(RAGASSI, 2009). Para isso, foram selecionados 5 pontos em cada cultivo de forma
aleatória e homogênea.
A ocorrência de viroses nas plantas foi determinada quanto à
presença ou ausência de sintomas, tendo relação direta com a ocorrência de insetos
vetores (GRAVENA, 1984).
Os resultados para cada sistema de manejo, agroecológico e
convencional, são oriundos da média aritmética dos cultivos avaliados.
Foram também calculados Índices de Diversidade de Shannon
(SHANNON, 1949), conforme descrito anteriormente, para os insetos-praga em cada
um dos cultivos, considerando amostragem total de 100 plantas de tomate.
44
3.5 Análise da relação entre a biodiversidade florestal no entorno dos cultivos de
tomate e a ocorrência de insetos-praga na cultura
Para avaliar a relação da biodiversidade arbórea e vegetal com a
ocorrência de espécies de insetos-praga, foi aplicado o teste de correlação com
distribuição por t-Student (gl=n-2).
3.6 Análise socioambiental e econômica
Os cultivos de tomate agroecológicos experimentais e convencionais
comparativos tiveram os indicadores socioeconômicos amostrados como forma de
determinar a viabilidade ambiental e social dos modelos propostos.
As condições de estudo dos dulos foram reais em campo, onde
todos os fatores sociais e ambientais que podem influenciar uma pesquisa laboratorial
estavam presentes, como intempéries ambientais, oscilações de preços e mercados,
bem como a condição física e humana dos envolvidos no trabalho cotidiano de cultivo.
Buscou-se estimar os principais custos envolvidos na produção do
tomate sob as duas propostas de manejo, a produtividade total destes, aproveitamento
da colheita, volume comercializado ou utilizado, bem como os valores de venda e o
lucro obtido nas safras. Essas informações foram coletadas por meio de entrevistas e
contato cotidiano com os produtores, sendo feitas anotações em fichas de campo
. Os
equipamentos permanentes envolvidos no cultivo do tomate, como tratores, sistemas de
irrigação, implementos agrícolas e demais veículos, por exemplo, não foram
contabilizados nos custos da atividade produtiva, sendo sua depreciação e aquisição
consideradas como fontes de aumento dos custos totais da produção.
Os cálculos de produtividade e receita foram baseados em
Samuelson; Nordhaus (1993).
45
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização da cobertura florestal e da biodiversidade vegetal no entorno
dos cultivos de tomate na região de Apiaí-SP
a) Módulos agroecológicos experimentais
Devido ao fato de os produtores Rurais do PDS “Luiz David de
Macedo” estarem assentados desde o ano 2007, algumas áreas ocupadas pelos
produtores encontram-se em franco processo regenerativo, tendo uma ampla
ocorrência de espécies pioneiras da regeneração florestal próximas as suas áreas de
cultivo.
Módulo A1 - 3
A partir de um ponto central situado na cultura de tomate, foram
estabelecidos 24 pontos de amostragem (Figura 2), dos quais 10 coincidiram em áreas
de cobertura florestal nativa e 14 em área sem cobertura florestal nativa. Da área total
(300.000m
2
), 33,3% apresenta cobertura florestal nativa, o que corresponde a 99.883
m
2
. No caso desta propriedade, existem diversas áreas em regeneração, o cultivo de
tomate é situado no centro, e nas margens estão presentes diversos fragmentos
florestais estruturados.
46
Figura 2 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A1-3
dulo A2
A partir de um ponto central situado na cultura de tomate,
foram estabelecidos 24 pontos de amostragem (Figura 3), dos quais 16 estavam
inseridos em áreas cobertas por floresta nativa, e 8 não. Grande parte desta área
(76,5%) encontra-se coberta por floresta nativa (229.468 m
2
), e a área de cultura de
tomate é totalmente cercada por vegetação florestal. No mapa nota-se que próximo a
rodovia SP – 250, visada Sul, o terreno encontra-se desprovido de vegetação florestal.
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
FLFloresta
PA - Pasto
HB – Habitações
APP – Preservação Permanente
47
Figura 3 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A2
Módulo A4
A partir de um ponto central situado na cultura de tomate,
foram estabelecidos 24 pontos (Figura 4) de amostragem, dos quais 7 e 17 coincidiram
em áreas cobertas e não cobertas, respectivamente, por floresta nativa. Nesta
propriedade, existem diversos cultivos agrícolas próximos ao tomate, como feijão-de-
vara (Vigna unguiculata [L] Walp), sorgo (Sorghum bicolor [L.] Moench), yacon
(Smallanthus sonchifolius [Poepp. & Endl.] H. Robinson); e também área bem
estruturada em floresta Atlântica, rica em lianas (como o cipó-mil-homem, Aristholochia
triangularis Cham) e com presença de samambaia-açú (Cyathea sp) e árvores nativas
importantes, como a canela-preta (Ocotea catharinensis Mez), caixeta (Tabebuia
cassinoides [Lam.] DC.) e outras. A área de cobertura florestal nativa é de 69.623 m
2
,
correspondendo a 23,2% do total amostrado (300.000 m
2
)
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
FL – Floresta
PA - Pasto
HB – Habitação
APP– Preservação Permanente
48
Figura 4 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A4
Módulo A5
A partir de um ponto central situado na cultura de tomate,
foram estabelecidos 24 pontos (Figura 5), dos quais 8 estavam inseridos e 16 não em
áreas de floresta nativa. Neste módulo temos boa parte da área de uso do produtor
ocupada com capim braquiária (Brachiaria decumbens Stapf), e em processo de
regeneração. Tendo uma boa diversidade vegetal nas áreas ocupadas por componente
florestal, em cursos d’água e pequenos fragmentos, nota-se que além da área
amostrada em transectos (300.000 m
2
), existem grandes remanescentes contínuos de
formação Florestal Atlântica. A área de cobertura florestal nativa foi estimada em
158.627 m
2
, 52,8% do total
.
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
FL – Floresta
HB – Habitação
APP – Preservação Permanente
49
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
BR - Braquiária
FL – Floresta
PA - Pasto
HB – Habitação
APP – Preservação Permanente
Figura 5 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo A5
b) Módulos convencionais comparativos
Módulo C1
Foram amostrados 26 pontos (Figura 6), dos quais 7 e 19 coincidiram
em áreas cobertas e não cobertas, respectivamente, por floresta nativa. A área de
cobertura florestal nativa foi estimada em 118.549 m
2
, 39,5% do total.
Nota-se a presença de uma área de fragmento florestal ao nordeste
do local de cultivo, muito próximo a uma estrada que faz divisa com o local de cultivo.
Ao lado sul nota-se a presença de outros cultivos de tomate a menos de 300m do
cultivo acompanhado. Entre estas duas áreas de cultivo de tomate, encontra-se uma
área de APP, com nascentes e a formação de um pequeno curso d’água que pode ser
utilizado para abastecimento de pulverizadores, irrigação e ser alvo de contaminação
por uso de agroquímicos nas proximidades.
50
Figura 6 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C1
Módulo C2
Foram estabelecidos 27 pontos de amostragem (Figura 7), dos quais
6 estavam inseridos e 21 não em áreas de floresta nativa. A área de cobertura florestal
nativa foi estimada em 61. 970m
2
, 20,65% do total. A área do entorno do módulo C2 é
caracterizada por um componente florestal bastante reduzido e impactado pela
colonização de plantas gramíneas, restrito às áreas de preservação permanente no
entorno de cursos d’água. Um problema apontado entre os produtores convencionais é
a deriva de produtos agroquímicos das áreas de cultivo para os fragmentos florestais, o
que pode ocasionar diminuição na ocorrência natural de espécies vegetais.
51
Figura 7 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C2
Módulo C3
No entorno deste cultivo, foram marcados 26 pontos de amostragem
(Figura 8), dos quais 5 e 21 coincidiram em áreas cobertas e não cobertas,
respectivamente, por floresta nativa. A área de cobertura florestal nativa foi estimada
em 41.096
m
2
, 13,7% do total, estando localizada próxima aos cursos d’águas. Grande
parte dos pontos amostrais se deu em áreas caracterizadas por uma baixa quantidade
de espécies vegetais em sua composição, sendo ocupadas, predominantemente, por
espécies herbáceas espontâneas e cultivos anuais como o milho e o feijão.
. A maior parte desta área amostral encontra-se com um alto perfil de
fragmentação, sendo os remanescentes florestais, dispersos e isolados, o que dificulta
o fluxo gênico e a manutenção dos processos reprodutivos entre as espécies arbóreas
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
FLFloresta
BR - Braquiária
PI – Pinus
APP
Preservação Permanente
52
que estão contidas tanto no interior quanto nas bordas (KAGEYAMA; GANDARA;
SOUZA, 1998).
Figura 8 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C3
Módulo C4
Foram estabelecidos 24 pontos de amostragem, (Figura 9), dos quais
4 e 20 coincidiram em áreas cobertas e não cobertas, respectivamente, por floresta
nativa. A área de cobertura florestal nativa foi estimada em 66.600 m
2
, 22,2% do total.
Nesta área, nota-se em quase sua totalidade a presença de
ambientes alterados pela ação antrópica, com muitos cultivos de milho, feijão e
eucalipto.
Os remanescentes florestais presentes nesta área encontram-se
bastante alterados, com cortes seletivos de árvores em seu interior, sinais de
bosqueamento, passagem de animais domésticos e caminhamentos humanos. Apesar
deste panorama de impactos na presença do componente florestal, nota-se a presença
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
FL – Floresta
PA - Pasto
APP – Preservação Permanente
53
de indivíduos adultos de diferentes espécies arbóreas com porte de até 30 metros, o
que torna estes fragmentos importantes do ponto de vista do fornecimento de sementes
e manutenção dos processos ecológicos locais.
Figura 9 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C4
Módulo C5
Foram estabelecidos 27 pontos de amostragem (Figura 10), dos
quais 12 encontravam-se em áreas com cobertura florestal e 15 em áreas abertas.
As áreas florestadas, em sua maioria, encontram-se constituídas
principalmente de mata secundária com árvores de diâmetro reduzido e presença de
espécies de Lianas e Pteridófitas. A estrutura do transecto sul é constituída de um único
fragmento florestal, diversificado em espécies arbóreas com a presença de espécies
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
FL – Floresta
PA – Pasto
FE – Floresta de eucalipto
APP – Preservação Permanente
54
clímax como a Araucária, porém com diversos caminhamentos internos, curso de água
represado e corte seletivo de algumas espécies arbóreas. Os demais pontos amostrais
com cobertura florestal apresentaram-se com diversos indicadores de impacto como,
bosqueamento, corte seletivo de espécies, caminhamento e trilhas de passagem de
animais domésticos, entretanto a maioria era margeada por cultivos anuais, pastagens
ou talhões de árvores exóticas (Eucaliptus spp. e outras). A área de cobertura florestal
nativa foi estimada em 182.033 m
2
, 60,67% do total amostrado.
Nas áreas abertas encontrou-se um número baixo de diversidade de
espécies, sendo a maioria herbáceas, com poucas espécies arbustivas e ausência de
plantas arbóreas.
Figura 10 - Pontos de amostragem para caracterização da biodiversidade florestal no
módulo de cultivo C5
Legenda:
CA – Cultura Agrícola
FLFloresta
APP – Preservação Permanente
55
No entorno dos cultivos agroecológicos, 45,84% das parcelas
possuíam cobertura florestal, e nos cultivos convencionais, 26,26%. A área média de
cobertura florestal no entorno dos cultivos convencionais de tomate foi de 94.049 m
2
, o
que representa 31,4% do total (300.000 m
2
) (Tabela 3). A maior taxa de cobertura
florestal entre os agroecológicos foi comprovada por análise de imagem de satélite
(Google Pro) e entre os pontos amostrais.
Nas análises das imagens sobre os mesmos campos de cultivo,
identifica-se uma maior taxa de fragmentação florestal, e a presença de pastagens e
cultivos anuais, o que aliado a menores índices de biodiversidade vegetal nativa,
auxilia, segundo Panizzi; Parra (1991), a criação de ambientes de refúgio para espécies
de insetos-praga.
Tabela 3 - Caracterização da biodiversidade florestal no entorno (300.000m
2
) de
cultivos de tomate agroecológicos experimentais e convencionais
comparativos no município de Apiaí-SP. Média ± EP (N=5)
Cultivos
Agroecológico
Experimental
Convencional
Comparativo
Cobertura florestal nativa
Área (m
2
) 131.496 ± 28.426,78 94.049 ± 25.424,36
% 43,82 ± 9,47 31,34 ± 8,47
Área média infestada por gramíneas e
outras plantas invasoras (m
2
)
15,5 ± 3,66 49,3 ±12,51
Os entorno dos cultivos agroecológicos experimentais apresentaram
maior número médio de espécies arbóreas que o entorno dos cultivos convencionais,
46,75 e 20,60 respectivamente (Figura 11). Entretanto, o número de indivíduos
arbóreos foi praticamente o mesmo para os dois cultivos (Figura 12), indicando que as
florestas entre os produtores agroecológicos se apresentarem bem estabelecidas, com
maior riqueza de espécies, indivíduos arbóreos de maior porte e com maiores índices
de dispersão entre plantas.
56
0
100
200
300
400
500
600
arbóreos arbustivos herbáceos lianas e outros
agroecológico
convencional
Figura 11 - Número de espécies vegetais amostradas no entorno de cultivos de tomate
(300.000 m
2
) agroecológicos experimentais e convencionais comparativos
no município de Apiaí-SP. Valores médios (n=5)
Figura 12 - Número de indivíduos vegetais amostradas no entorno de cultivos de tomate
(300.000 m
2
) agroecológicos experimentais e convencionais comparativos
no município de Apiaí-SP. Valores médios (N=5)
As áreas em regeneração nas propriedades agroecológicas se
mostraram mais biodiversas em espécies arbustivas, tendo o número de indivíduos
Agroecológico
lianas e
outras
15,66
16%
arbóreas
46,75
48%
herbáceas
21,00
22%
arbustivas
14,00
14%
Convencional
arbustivas
6,20
12%
herbáceas
16,00
31%
arbóreas
20,60
39%
lianas e
outras
9,60
18%
57
superior em relação às áreas convencionais comparativas, provavelmente devido ao
fato dessas áreas estarem em estágio inicial de regeneração florestal.
Os entornos dos cultivos agroecológicos apresentaram maior
diversidade de espécies arbóreas nativas que os convencionais (P<0,05) (Tabela 4).
Não houve diferença entre os cultivos para as demais categorias. Todas as espécies
arbóreas e herbáceas exóticas encontradas são, em totalidade, de interesse ou outros
cultivos agrícolas, como plantas medicinais e alimentares, ex. abacate (Persia
americana), limão (Citrus spp.), banana (Musa spp.), feijão-de-corda (Vigna unguiculata
L. Walp.) e outras.
Tabela 4 - Índices de Diversidade de Shannon (H’) e número de espécies para
categorias de diferentes estratos vegetais no entorno (300.000 m
2
) de
cultivos de tomate em sistemas de manejo agroecológicos experimentais e
convencionais comparativos
Categoria
de
espécies
Agroecológicos Convencionais
t
tabelado
t
calculado
Arbóreas
H’ nº de espécies
H’ nº de espécies
Nativas
3,8750
60
3,4435
34
1,900 2,6022 *
Exóticas
1,0397
3
0,6816
2
2,262 0,5202 ns
Arbustivas
Nativas
2,3007
17
2,2143
9
1,960 1,2586 ns
Exóticas
0,2573
1
0,0000
1
2,145 0,2573 ns
Herbáceas
Nativas
2,8294
22
2,7679
18
1,969 1,6595 ns
Exóticas
2,4129
10
2,2652
15
1,960 1,3656 ns
Lianas e
outras
Nativas
2,2508
17
2,0208
14
1,960 1,2731 ns
Exóticas
0,6792
4
1,0796
2
2,131 -0,1349 ns
* os índices H’ diferem entre si (P<0,05)
ns- diferença não significativa entre H’ (P>0,05)
58
Os cultivos convencionais apresentaram índices de diversidade de
espécies exóticas menores que os agroecológicos, com uma frequencia 4 vezes
superior. Os índices de diversidade de espécies vegetais nativas foram maiores entre
as categorias observadas nas propriedades agroecológicos do que nas convencionais.
A grande ocorrência de indivíduos herbáceos entre as áreas
convencionais se deve ao fato de haverem campos de cultivo anuais em pousio no
entorno dos cultivos analisados, e mostram que nas áreas convencionais com alto grau
de fragmentação a regeneração apresenta alto índice de indivíduos de espécies
nativas, com possibilidade de regeneração pelo banco de sementes ainda existentes.
Os indivíduos herbáceos exóticos consistem em plantas invasoras espontâneas em
áreas de agricultura não utilizadas.
As espécies consideradas lianas e outros, em sua maioria, são
bromélias e cipós considerados medicinais, como o timbó e o são-joão (Pyrostegia
venusta Miers), tendo outras espécies como o caraguatá (Bromelia balansae), o xaxim
e espécies de samambaias açu, vermelha e outras (Dicksonia spp.). Nos entornos dos
cultivos agroecológicos, notou-se uma boa qualidade no número de espécies de
bromélias, orquídeas, lianas e bambus, tendo todos os quatro entornos apresentado
ocorrência de mais de 15 espécies identificadas. Já nos cultivos convencionais
comparativos, somente em dois entornos (de um total de 5) apresentaram mais de 12
espécies destes vegetais.
4.2 Ocorrência de insetos-praga e doenças em cultivos agroecológicos
experimentais, com alta biodiversidade florestal no entorno, e em cultivos
convencionais comparativos, com baixa biodiversidade florestal no entorno
A frequencia de insetos-praga (Tabela 5), de uma forma geral, bem
como a diversidade de espécies (Figura 13) foi maior nos cultivos convencionais.
59
0
2
4
6
8
10
12
insetos-praga doeas
bacterianas
doenças
fúngicas
doeas virais
número de espécies
agroecológicos
convencionais
Tabela 5 - Número médio de insetos-praga em cultivos de tomate em sistemas de
manejo agroecológico experimental e convencional comparativo no
município de Apiaí-SP. Média ± EP (N=5)
Cultivo
Agroecológico
experimental
Convencional
comparativo
Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)
0,26 ± 0,19 18,00 ± 5,83
Mosca-branca (Benisia tabaci)
0,08 ± 0,06 34,00 ± 1.87
Vaquinha (Diabrotica speciosa)
0,61 ± 0,37 7,00 ± 2,00
Larva-minadora (Liriomyza spp.)
0,00 ± 0,00 14,00 ± 4,00
Broca-pequena do tomate (Neoleucinodes
elegantalis) (% de frutos atacados/ planta)
38,1 ± 5,14 33,00 ± 4,06
Figura 13 - Número total de espécies de pragas e doenças identificadas nos cultivos
sob manejo agroecológico experimental e convencional comparativo
Os cultivos convencionais apresentaram maior índice de
biodiversidade de insetos-praga (H=1,482) que os cultivos agroecológicos (H=0,511),
que por sua vez indicam baixa biodiversidade de insetos-praga em menor ocorrência
nas lavouras agroecológicas.
60
Os cultivos convencionais de tomate apresentam, tradicionalmente,
uma alta população de insetos-praga (GRAVENA, 2003), que têm sua ocorrência
relacionada a fatores diversos como o ambiente de cultivo, a variedade utilizada,
nutrição das plantas e uso de agrotóxicos (CHABOUSSOU, 2006) entre outros
(ALTIERI; NICHOLLS, 2003). Entretanto, a possibilidade de estabelecimento destas
comunidades, de forma a causarem prejuízos agrícolas, está vinculada a outros tantos
fatores, como o manejo local das lavouras, o ambiente e a oferta de nutrientes de forma
acessível na paisagem onde essas estão inseridas (PANIZZI; PARRA, 1991).
Em cultivos de tomate em locais com alta fragmentação florestal,
associada à presença de diversos cultivos exóticos anuais propícios às necessidades
nutricionais dos insetos-praga, como milho, vagem, feijão e hortaliças diversas, deve
ser considerada a presença de “refúgios” ou fontes alternativas de alimentação para
estas comunidades de insetos, o que auxilia na regulação populacional e manutenção
de comunidades de inimigos naturais ao longo do ano (LARA, 1979).
Em estudos feitos na região de Açores por Heleno et al. (2008), a
substituição do componente florestal nativo por espécies exóticas pode ocasionar a
diminuição de até 67% da biomassa de insetos, bem como a diminuição de insetos
considerados inimigos naturais de insetos praga.
Bihn; Gebauer; Brandl (2010) demonstram uma estreita relação entre
as espécies e a diversidade funcional destas em ambientes de mata Atlântica, onde o
componente florestal foi gradualmente substituído por espécies secundárias e
invasoras, o que alterou a população de formigas que viviam no local naturalmente para
espécies que se adaptam à oferta de novos alimentos e novas condições ecológicas
(ODUM, 2007).
Uma característica encontrada nas áreas agroecológicas com
floresta Atlântica é a presença constante de insetos considerados inimigos naturais de
pragas agrícolas (ALTIERI, 2003), que, como citado por DeLoach (1970), ocorre devido
à manutenção de seus hábitats naturais. Não a diversidade e ocorrência de
parasitóides na cultura circundada por grande diversidade florestal é maior como
também a taxa de parasitismo pode ser favorecida (MARINO; LANDIS, 1996).
61
Durante as coletas de campo em ambientes florestais, foram
identificados locais de reprodução e refúgio de diversas espécies predadoras de
insetos-praga, como vespas, pássaros, coleópteros, formigas carnívoras, aranhas entre
outras, que acessam e interagem em ambientes com bordas compostas
predominantemente por espécies herbáceas e anuais devido à presença de insetos
com fontes de alimento. Estes predadores naturais não foram identificados nas áreas
do entorno dos cultivos convencionais de tomate, provavelmente devido à intensa
aplicação de produtos agroquímicos e repelentes da biodiversidade animal (GRAVENA,
1992).
A região de borda das florestas parece abrigar mais espécies de
predadores generalistas da ordem Neuroptera que o interior, sendo a maior diversidade
de espécies encontrada em arbustos e árvores (DUELLI; OBRIST; FLUCKIGER, 2002).
A abundância de predadores também se mostra associada à diversidade vegetal
(LUNDGREN; WYCKHUYS; DESNEUX, 2009).
Segunda Gandara (2009), um manejo pouco intensivo do solo
associado à maior produção de serrapilheira, como, por exemplo, em sistemas
agroflorestais de cultivo, favorece a diversidade de macro invertebrados no solo.
Conforme citado por Altieri; Nicholls (2003), os predadores naturais têm um papel
regulador de populações de insetos fitófagos, o que consiste em um indicador técnico
para concluir o fato de estes agentes serem os responsáveis pela baixa ou nenhuma
frequência de insetos-praga, geralmente bastante comuns, nas plantas de tomate
amostradas entre os produtores agroecológicos, como a mosca branca, tripes, a
ausência de bichos mineiro e baiano, de lagarta-minadora, vaquinha entre outros.
A ocorrência e a severidade do ataque de insetos fitófagos em
cultivos agrícolas são tanto maiores quanto menores forem as condições ecológicas e
ambientais, bem como os teores de matéria orgânica, condições estruturais e fertilidade
dos solos, como citado por Altieri; Nicholls (2003). Existem indícios de maior
diversidade e ocorrência de parasitóides e predadores nos estratos arbóreos nos
arredores do cultivo que nos herbáceos (SPERBER et al., 2004; DYER; LANDIS, 1997),
diretamente associadas à diversidade vegetal (SPERBER et al., 2004).
62
A ocorrência de algumas doenças do tomateiro, como a murchadeira
(Ralstonia solanacearum) ou outras bactérias secundárias, são apontadas como
sintomáticas de solos compactados e com baixa drenagem, características mais
facilmente atingidas em solos com maior teor de argila e baixos índices de matéria
orgânica do que em solos mais arenosos e ricos em matéria orgânica (THORNTON et
al., 2008), aqueles típicos do município de Apiaí – SP.
Segundo Thornton et al. (2008), os solos mais úmidos apresentam
estrutura mais fraca e são mais suscetíveis à compactação do que solos secos, sendo
que no caso da cultura de tomate, os solos cultivados recebem constante irrigação e
são preparados para cultivo em condições de umidade elevada. Como citado por
Ragassi (2009), a resistência à penetração, acima de certos valores, é limitante ao
crescimento radicular das culturas, os quais apresentam pequena variação na literatura
como 1,5Mpa (GRANT; LAFOND, 1993; STALHAM et al. 2007) e 2,0Mpa (SILVA; KAY;
PERFECT, 1994; TAYLOR; ROBERSON; PARKER, 1994; TORMENTA; SILVA;
LIBARDI, 1998).
Sob condições desfavoráveis de penetrabilidade radicular nos solos,
Stalham et al. (2007) apontam para a ineficiência do uso de irrigação e nutrientes
sintéticos, o que acarreta uma maior suscetibilidade dos vegetais cultivados à
ocorrência de insetos-praga e doenças agrícolas na cultura do tomate.
As medições sobre a capacidade de penetrabilidade, até 2,0Mpa,
dos solos dos produtores agroecológicos (n=25) e convencionais (n=25) apresentaram
valores médios de 44,45 (± 4,89) cm para os produtores convencionais e acima de 90
cm de profundidade para todos os produtores agroecológicos. Estes valores de
profundidade de camadas compactadas são indicativos de formação de “pé de arado”,
que acarreta diminuição do volume total de oxigênio do solo e da área de exploração
radicular, o que ocasiona, em muitos casos, a ocorrência de doenças fúngicas e
bacterianas no tomateiro (RAGASSI, 2009).
A não ocorrência de murchadeira (Ralstonia solanacearum), e
demais fungos e bactérias de solo nos cultivos agroecológicos (Tabela 6), pode ser
atribuída basicamente à ausência de compactação nos solos cultivados e à alta
capacidade de drenagem destes, motivo para a manutenção do solo como supressivo a
63
estes patógenos, conforme preconizado por Tokeshi et al. (1997). o foram
constatadas ocorrências de viroses nos cultivos agroecológicos experimentais, e nos
cultivos convencionais comparativos o número médio de plantas afetadas/ cultivo foi de
1,4 (± 0,24). Vale ressaltar que nos cultivos convencionais utilizou-se de aplicações
sistemáticas de inseticidas e fungicidas, enquanto nos cultivos agroecológicos somente
se aplicou calda bordalesa para controle da requeima.
Tabela 6 - Ocorrência de doenças bacterianas e fúngicas em cultivos de tomate em
sistemas agroecológico experimental e convencional comparativo na região
de Apiaí-SP
Cultivos
afetados (%)
Agroecológicos
experimentais
Convencionais
comparativos
Doenças bacterianas
Cancro bacteriano (Corynebacterium michiganense)
0,00 100
Mancha bacteriana pequena (Pseudomonas tomato) 0,00 100
Talo oco (Erwinia carotovora)
0,00 100
Doenças fúngicas
Requeima (Phytophthora infestans)
100,00 100,00
Pinta preta (Alternaria solani e Macrosporium solani)
0,00 60,00
Septoriose (Septoria lycopersici)
0,00 80,00
Mancha de estenfílio (Stemphylium solani)
0,00 10,00
Podridão dura de fruto (Phytophothora spp.)
0,00 0,00
Podridão de phoma (Phoma destructiva)
0,00 0,00
Oídio (Oidium lycopersici)
0,00 60,00
Podridão de esclerotínea (Sclerotinia sclerotiorum)
0,00 100,00
Bolor cinzento do fruto (Botrytis cinerea)
0,00 80,00
Podridão de escleródio (Sclerotium rolfsii)
0,00 20,00
Antracnose (Glomerella singulata, Colletotrichum
phomoides)
0,00 100,00
Murcha-de-fusarium (Fusarium oxysporum f.
lycopersici)
0,00 100
Murcha-de verticilium (Verticillium albo-atrum)
0,0 100
Acredita-se que a ocorrência de doenças relacionadas aos solos
entre os produtores convencionais esteja, entre outros fatores, relacionada ao grau de
compactação destes (MALAVOLTA JR., 2004) que resulta em drenagem de águas
pelo solo e impedimento da penetrabilidade das raízes.
64
Entre os produtores convencionais de tomate, os solos ideais são
aqueles onde o componente florestal foi imediatamente retirado para este esse cultivo,
os quais possuem alto teor de matéria orgânica e boa estruturação (MOREIRA;
SIQUEIRA, 2006) e reduzem, consequentemente, a possibilidade da ocorrência de
doenças relacionadas à má drenagem, compactação e perda estrutural (RAGASSI,
2009).
Como citado por Moreira; Siqueira (2006), a matéria orgânica é parte
essencial para a manutenção de toda a biota do solo, sendo que sua incorporação em
profundidade se dá principalmente pelas raízes de espécies arbóreas e pela microbiota
associada.
Segundo Moço et al. (2005), a Biodiversidade Florestal têm papel
fundamental na formação e qualidade da serrapilheira depositada sobre os solos, o que
com maiores índices de biodiversidade acarretará uma maior diversidade de nutrientes
e componentes orgânicos, dando maior suporte a uma fauna mais biodiversa pela maior
oferta de alimento nos solos, o que amplia, conforme citado por Tokeshi et al. (1997), as
caracterísiticas supressivas dos solos a ocorrência de patógenos nas culturas agrícolas,
fato este notado entre os produtores agroecológicos experimentais que tinham seus
cultivos em ambientes com solos mais bem estruturados e drenados que os
convencionais comparativos.
Entre as propriedades agroecológicas acompanhadas neste projeto
não foram identificados sinais de compactação dos solos, nem tampouco a ocorrência
de doenças relacionadas às más condições de drenagem e estruturação destes,
provavelmente devido à matéria orgânica e a estruturação dos mesmos, conferida pelo
componente florestal na área e no entorno dos cultivos.
Em relação a requeima (Phytophtora infestans), as áreas com
manejo agroecológico apresentam 100% das plantas amostradas doentes, com
aproximadamente 75% da área foliar afetada, sendo 70% das plantas no cultivo
convencional com área foliar afetada abaixo de 25%, demonstrando a ocorrência
generalizada deste fungo e a eficiência do controle com fungicidas nos cultivos
convencionais (Tabela 7).
65
Tabela 7 - Severidade da infestação (% de área foliar afetada) por Phytophtora
infestans em plantas de tomate (%) em cultivos agroecológicos
experimentais e convencionais comparativos
Muito alta Alta Média Baixa Muito baixa
> 75 % 75-50% 50-25% 25-10% <10%
% plantas
Cultivos Agroecológicos experimentais
1 40,00 60,00 0,00 0,00 0,00
2 65,00 20,00 10,00 5,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 90,00 10,00
4 65,00 35,00 0,00 0,00 0,00
5 50,00 50,00 0,00 0,00 0,00
média 44,00 33,00 2,00 19,00 2,00
Cultivos convencionais comparativos
1 0,00 0,00 0,00 8,00 92,00
2 5,00 5,00 20,00 50,00 20,00
3 0,00 0,00 6,67 13,33 80,00
4 0,00 0,00 7,69 15,38 76,92
5 0,00 0,00 0,00 55,00 45,00
média 1,00 1,00 6,87 28,34 62,79
Os produtores agroecológicos obtiveram, a partir do segundo ano,
bons resultados no controle da requeima com o uso da calda bordaleza, o que
ocasionou a possibilidade do ciclo agrícola do tomate ser concluído com índices de
produtividade.
Doenças fúngicas (como a requeima) dispersas pelo vento com
grande eficiência (FRY; MIZUBUTI, 1998), ou também por meio do transporte de
material infectado ou outros agentes vetores, podem ser propagadas por grandes
distâncias, o que, provavelmente, é um dos principais motivos para sua ocorrência
generalizada entre produtores convencionais e agroecológicos, uma vez que a
biodiversidade florestal não tem influência direta sobre sua dispersão ou incidência.
66
A
B
4.3 Análise da relação entre a biodiversidade florestal no entorno dos cultivos de
tomate e a ocorrência de insetos-praga na cultura
Na analise de correlação linear, adotamos o parâmetro de 10 cultivos
para a composição da formulação de interpretação. Tendo o dado obtido para a
covariância de 0,7481 (t= 3,1891; gl=8; P= 0,012) para biodiversidade arbórea e 0,7933
(t= 3,686; gl=8; P= 0,006) para biodiversidade vegetal, podemos apontar com 99% de
certeza de que existe correlação entre a biodiversidade vegetal nativa no entorno dos
cultivos de tomate, tanto arbórea quanto total, e a ocorrência de insetos-praga. Ou seja,
a ocorrência de insetos-praga foi maior em áreas com baixa biodiversidade florestal
(Figura 14), entretanto, os resultados estatísticos não são responsáveis por afirmar que
as relações entre estes fatores são de influência direta (TRIOLA, 1998).
Figura 14 - Correlação linear entre a Biodiversidade Florestal arbórea (A) ou
biodiversidade vegetal (B) e as espécies de insetos-praga em cultivos
experimentais e comparativos convencionais de tomate em Apiaí – SP
Devido à similaridade de condições climáticas e ambientais entre as
diferentes propriedades acompanhadas, bem como das condições de nutrição e
sanidade de todas as plantas amostradas, existem indícios claros de que a
biodiversidade florestal do entorno das lavouras agroecológicas tenha influenciado na
menor diversidade e incidência de insetos pragas e patógenos em relação às áreas
67
convencionais. Atenção especial deve ser dada à diversidade de espécies arbóreas
nativas, uma vez que apresentou diferença significativa nos índices entre os cultivos
agroecológicos e convencionais (Tabela 4) e parece estar mais associada à diversidade
de inimigos naturais que os estratos herbáceos (SPERBER et al., 2004; DYER;
LANDIS, 1997).
4.4 Análise socioambiental e econômica da cultura do tomate em sistema de
manejo agroecológico e convencional
Na região de Apiaí, os investimentos nos cultivos convencionais de
tomate variam de acordo com a produtividade esperada, de R$ 3,80/ planta para safras
estimadas de 200 caixas/mil plantas cultivadas, até R$ 5,70 para índices acima de 300
caixas/mil plantas. Como os produtores convencionais acompanhados pelo projeto
tiveram produtividades médias em torno de 250 caixas/mil plantas cultivadas, os custos
da sua produção foram compatíveis com os esperados para esta estimativa de
produção, ou seja, em torno de R$ 4,26 por planta de tomate
Entre os produtores agroecológicos experimentais foi observado um
custo único de R$ 0,86 por cultivado, pois todos os insumos foram adquiridos em
uma única vez e distribuídos igualmente entre os produtores entre os dois anos do
projeto.
Os custos totais para a produção de mil pés de tomate é cinco vezes
superior entre os produtores convencionais em relação aos agroecológicos (Figura 15),
e a distribuição dos custos com defensivos químicos entre os produtores convencionais
são duas vezes superiores a todo o custo para a produção total de mil pés de tomate no
modelo agroecológico (Figura 16).
68
Agroecológicos
Fertilizantes
R$ 610,00
72%
Materiais
R$ 36,00
4%
Defensivos
R$ 178,00
21%
Sementes
R$ 24,00
3%
Convencionais
Defensivos
R$ 1500,00
36%
Mão-de-
obra
R$ 1205,00
28%
Sementes
R$ 190,00
4%
Fertilizantes
R$ 458,00
11%
Outros
R$ 100,00
2%
Materiais
R$ 809,00
19%
Figura 15 - Custo total de produção de tomate em cultivos agroecológicos
experimentais e convencionais comparativos na região de Apiaí-SP
Figura 16 - Distribuição dos custos da produção de 1000 plantas de tomate em cultivos
agroecológicos experimentais e convencionais comparativos na região de
Apiaí-SP
Do total produzido pelos agricultores agroecológico, apenas uma
parte dos alimentos produzidos foi comercializado, sendo a prioridade da produção a
destinação ao consumo interno da comunidade do Assentamento Rural (Anexo B). Para
a estimativa da rentabilidade obtida pelos produtores agroecológicos foram utilizados os
69
parâmetros de produtividade total, ou seja, o volume comercializado somado ao volume
de produção consumido internamente pela comunidade.
Os produtores agroecológicos apresentaram valores para os custos
da produção de tomate, em media cinco vezes menor que os custos médios em modelo
convencional, sendo que a produtividade máxima obtida entre os produtores
agroecológicos, durante o período do desenvolvimento do projeto experimental, foi em
torno de 24% do valor obtido pelos convencionais, tendo as estimativas de
produtividade entre estes produtores, para este modelo agroecológico, em torno de
40% da media obtida entre os produtores convencionais, o que representaria que um
plantio de 1000 pés de tomate em sistema agroecológico em Ilhas de Alta Produtividade
apresentando rentabilidade anual de aproximadamente 6.000,00R$/ safra.
A renda media obtida por caixa entre os produtores agroecológicos
foi em torno de R$ 68,75, 4,24 vezes superior ao valor médio obtido pelos produtores
convencionais. Entre os produtores convencionais comparativos, não foram estimadas
perdas na produção, sendo considerados para análises estatísticas os parâmetros de
produtividade comercializada e rentabilidade bruta (Figura 17).
Figura 17 - Renda líquida média em cultivos de tomate em sistema orgânico e
convencional em Apiaí-SP
Entre os cinco produtores convencionais acompanhados, dois
obtiveram prejuízos financeiros em seus cultivos, e os três demais produtores
70
convencionais que obtiveram lucro em suas atividades, não atingiram índices
superiores a 7,8% do total dos valores investidos, demonstrando como, citado por
SANTOS; NORONHA (2001), que são indicadores de uma atividade econômica que
pode apresentar baixa rentabilidade e possui alto risco de investimento.
Entre os produtores convencionais notamos que maiores taxas de
lucratividade são obtidas a partir de uma estratégia de busca de valores diferenciados
na comercialização como no caso do produtor C1, que obteve o maior índice de
rentabilidade por produção (Anexo B), devido a uma estratégia individual de
comercialização e busca de valores diferenciados de mercado
Os produtores convencionais são comprometidos em sua safra com
os agentes que financiam a atividade e executam a comercialização, que determinam o
preço de mercado e as condições de pagamento aos agricultores.
Em conjunto com estratégias de redução do uso de insumos e
ampliação da valorização da produtividade através da busca de alimentos certificados e
diferenciados, podemos apontar a necessidade da busca da construção de modelos
cooperativos e comunitários de produtividade e acesso ao mercado, como citado por
Singer (2007); de forma a ampliar a construção de um modelo produtivo e social voltado
à conservação ambiental e a economia solidária.
Os produtores envolvidos no manejo dos módulos experimentais
entre os dois anos do projeto demonstraram grande apropriação das técnicas de
manejo agroecológico difundidas para o cultivo do tomateiro.
Incluindo a discussão sobre a perspectiva de produtividade entre os
agroecológicos, temos de deixar transparente que os produtores que a superaram
adotaram estratégias bem sucedidas de controle da requeima, tiveram perdas
significativas, em torno de 50 caixas/1000 pés, pela ocorrência de broca pequena, o
que inviabilizou a comercialização e o consumo desta parte da safra. Desta forma foram
produzidas mais de 100 cx/1000 pés entre os modelos experimentais como, por
exemplo, do cultivo do Zaqueu, que a partir de resultados no controle da broca
pequena, deverá atingir este potencial de comercialização, o que projeta os valores
aproximados de rentabilidade líquida de 6000,00R$/1000 s nos modelos
agroecológicos em Ilhas de Alta Produtividade.
71
Os produtores agroecológicos participantes do projeto tiveram uma
média diária de dedicação ao trabalho de 2 a 3 horas, utilizando basicamente a mão de
obra do chefe da família ou, eventualmente, a ajuda de filhos e companheiros de
trabalho de outras áreas do assentamento rural em Apiaí – SP.
Os produtores convencionais utilizam mão de obra contratada, o que
representa em media 28,27% do custo de produção da cultura, sendo que os
funcionários devem se dedicar de dez a doze horas de trabalho diário para a
manutenção mínima de cinco mil plantas/pessoa (Anexo C).
Os produtores convencionais arrendam a terra para produção de
tomate e, devido a essa relação com a terra, não praticam nenhuma estratégia de
consórcio entre espécies cultivadas ou algum tipo de prestação de serviços ambientais,
mesmo utilizando água para irrigação proveniente de nascentes e cursos d’água.
Em todas as propriedades agroecológicas notaram-se serviços
agregados à produção do tomate, como o consórcio do tomateiro com outras plantas de
interesse, tal qual a mandioquinha-salsa, milho ou outras, além do aproveitamento dos
frutos impróprios para o consumo para alimentação animal.
Entre os produtores convencionais foi notada perda de produtos,
decorrente de fatores diversos, que variaram desde o descarte de frutos atacados por
brocas e lagartas até a perda de frutos saudáveis e aptos para o consumo por falta de
preços adequados que inviabilizou a colheita e o transporte da produção.
Os produtores agroecológicos declararam, ao longo da presente
pesquisa, o ganho e incremento do conhecimento em terem participado de um projeto
para desenvolvimento de técnicas agrícolas em consórcio com a Floresta Atlântica, o
que demonstra uma valoração social de seu papel como agricultor no desenvolvimento
de técnicas agroecológicas e na valorização de sua identidade cultural (LOPES;
BERGAMASCO, 2009).
Apesar da realidade financeira dos dois grupos analisados serem, de
certa forma, instáveis quanto às necessidades básicas em saúde, educação,
saneamento básico, transporte e lazer, foi notada entre os produtores convencionais,
72
uma maior ansiedade e descrédito em relação a possibilidades de melhorias no meio
agrícola com consequentes ganhos sociais.
Os produtores convencionais de tomate apresentaram uma alta taxa
de investimento em seus cultivos, sendo relatado em entrevistas que os agentes
financiadores destas lavouras são, em geral, donos e empresários de comércio de
alimentos e verduras de grandes centros urbanos, como Piracicaba e Campinas. Estes
empresários, desta forma, tornam-se responsáveis pelo transporte, comercialização e
pagamento da produção destes agricultores, sendo que quando ocorre o prejuízo em
algum roçado, este saldo devedor normalmente é transferido para um cultivo seguinte.
A maior parte da produção dos agricultores agroecológicos foi
destinada ao consumo local e a programas de aquisição e compras de alimentos
governamentais, sendo que deverão ter maior rentabilidade e lucratividade caso a
produtividade seja certificada segundo sua natureza orgânica. Os produtores
convencionais muitas vezes comercializaram a colheita com a mesma pessoa que
financiou o plantio, demonstrando uma estratégia isolada de produção e
comercialização onde a produção é destinada aos consumidores em grandes centros
urbanos como São Paulo, Sorocaba e Campinas.
Segundo Gliessman (2001), existe uma necessidade global de se
buscar sistemas de produção sustentáveis, através do desenvolvimento de práticas
agrícolas alternativas, orientadas pelo conhecimento dos processos ecológicos que
ocorrem nas áreas produtivas e nos contextos ambientais mais amplos dos quais elas
fazem parte.
A agricultura familiar camponesa tem um papel essencial na
participação e construção destes novos modelos produtivos (PETERSEN, 2009) e,
segundo Costa; Campanhola (1997), têm apresentado índices crescentes de produtores
que buscam atuar sob o sistema de produção orgânica e natural no Estado de São
Paulo.
Os módulos agroecológicos desenvolvidos em campo com a
participação de agricultores locais têm finalidade experimental quanto à mensuração da
ocorrência de insetos-praga e doenças. Entretanto, a partir das melhorias e
73
desenvolvimentos de tecnologias relacionadas ao manejo comunitário (BOEF et al.,
2007), ao manejo ecológico de pragas (PRIMAVESI, 1988) e ao uso da biodiversidade
no manejo agrícola (ALTIERI, 2003), os produtores agroecológicos envolvidos no
projeto prevêem taxas de produtividade em torno de 100 caixas por mil pés plantados.
Os produtores agroecológicos participantes mostram-se envolvidos
em atividades relacionadas à recuperação ambiental de nascentes e Áreas de
Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL), como plantio de árvore em
mutirões entre outras, e, desta forma, asseguram o cumprimento da legislação
ambiental que, segundo Brancalion et al. (2010), são importantes instrumentos para a
ampliação e a manutenção da biodiversidade natural.
Identifica-se que, devido aos investimentos financeiros relativamente
baixos e as possibilidades de rentabilidade envolvidas nesta proposta de manejo
agroecológico com utilização da Biodiversidade Florestal como insumo da produção
agrícola, a mesma pode ser desenvolvida e adaptada às necessidades e ao perfil dos
agricultores familiares e produtores de tomate da região de Apiaí – SP.
Não foi notado nenhum planejamento ou atividades ligadas à
recuperação ambiental nas propriedades convencionais, provavelmente pelo fato de as
terras utilizadas para a produção serem normalmente de terceiros.
Os produtores agroecológicos não necessitaram de irrigação para a
manutenção da cultura devido a época de plantio, o que torna a sincronização com a
sazonalidade climática do ambiente local uma estratégia de diminuição de custos e
insumos.
As lavouras agroecológicas necessitaram pulverizações de produtos
minerais e orgânicos, como a calda bordalesa e preparados vegetais (pimenta e alho),
numa frequencia semelhante aos produtores convencionais, devido à alta ocorrência do
fungo causador da requeima do tomate nesta região (MINAMI, 1980) e da broca-
pequena do tomate, responsável por grande parte das perdas de plantas nas lavouras
destes produtores.
Foi confirmado em campo, mediante conversas e entrevistas junto
aos produtores, um extenso histórico de incidentes relacionados à saúde dos
74
agricultores envolvidos no cultivo do tomate, decorrentes diretos do uso de
agroquímicos, como desmaios, tonturas e problemas nas funções gástricas e hepáticas.
Segundo Gravena (2003), e conforme constatado na pesquisa de campo, a cultura do
tomate é conduzida sob intensa aplicação de agrotóxicos, muitas vezes combinados,
sendo que nos cultivos convencionais a média foi de 36,4 pulverizações por ciclo,
superior a média nacional de 30 pulverizações (GRAVENA, 2003).
Foi utilizado nos cultivos convencionais um total de 29 produtos
químicos, em um padrão de classificação semelhante ao citado por Santos; Noronha
(2001), para cultivos de tomate de mesa na região de Goiânia – GO, sendo sete
pertencentes à classe toxicológica I (Altamente Tóxico), quatro à classe II (Muito
Tóxico), oito à classe II (Tóxicos) e dez à classe IV (pouco Tóxicos), todos altamente
perigosos à saúde humana e ao meio ambiente, segundo Andrei (1996).
O uso de equipamento de proteção individual (EPI) foi notado entre
os produtores convencionais de tomate na região de Apiaí, porém de forma irregular por
serem considerados muitas vezes desconfortáveis, como mencionado por Vicente et al.
(1998), ou com equipamentos essenciais faltantes como luvas e outros, de forma que
pode-se considerar a possibilidade de contaminação e intoxicação entre os
trabalhadores envolvidos no manejo agrícola.
Entre os produtores agroecológicos foram utilizados produtos
naturais e minerais como o calcário e o enxofre, junto com preparados de fumo
(Nicotiana tabacum), primavera (Bougainvillea spectabilis), alho (Allium sativum) entre
outros produtos da floresta, como folhas de cedro (Cedrela fissilis), além de iscas contra
insetos, como o tajujá (Cayaponia tayuya), uma liana nativa, que atrai vaquinhas e
outros insetos e os dispersa do cultivo de interesse (SANCHES; ISHIMURA, 2001).
75
5 CONCLUSÕES
1 A incidência de insetos-praga na cultura do tomate mostrou-se inversamente
correlacionada à biodiversidade presente no entorno dos cultivos. Os cultivos de tomate
em sistema de manejo agroecológico, e com biodiversidade florestal presente em seus
entornos, tiveram menor incidência de insetos do que os cultivos convencionais, mesmo
estes fazendo uso severo de produtos agroquímicos repelentes e inseticidas.
2 – A ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas originárias de solos foi superior nos
cultivos convencionais em relação aos agroecológicos experimentais. Isso devido ao
fato de que nos convencionais tenha se verificado uma menor profundidade da camada
de compactação do solo, que dificulta a drenagem e favorece o desenvolvimento
dessas doenças.
3 A presença da biodiversidade florestal no entorno dos cultivos não foi limitante à
ocorrência do fungo Phytophthora infestans (requeima), que tem sua propagação pelo
ar, estando presente em todos os cultivos acompanhados, no espaço, cujo controle só
foi possível com a utilização de insumos orgânicos (agricultores orgânicos) ou
fungicidas químicos (agricultores convencionais).
4 O alto custo econômico e ambiental do cultivo de tomate em sistema convencional
se deveu, principalmente, à dependência de insumos sintéticos químicos (fertilizantes e
agrotóxicos) que eleva o custo de instalação e de cultivo. O custo socioambiental e de
saúde para os produtores convencionais se mostrou alto, devido o mesmo ter reduzido
significativamente as condições exigidas para a saúde e bem-estar dos produtores e
para a produção de alimento saudável.
5 – Concluiu-se, experimentalmente, que a biodiversidade florestal no entorno dos
cultivos de tomate pode ser, de maneira direta e indireta, um efetivo instrumento de
manutenção da produção agrícola e equilíbrio da paisagem, auxiliando na regulação de
populações de insetos-praga e de doenças. Essa questão é de alta importância para o
agricultor familiar, de baixo poder aquisitivo, para obtenção de renda e qualidade de
76
vida, usando a biodiversidade como ferramenta. A biodiversidade é, portanto, um
insumo que, se bem utilizado, pode diminuir custos de produção e melhorar a renda, a
qualidade do trabalho e o produto final.
77
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86
ANEXOS
87
Anexo A- Dados gerais sobre o município de Apiai – SP
Dados do Município de Apiaí
-
SP
Fundação 14 de agosto de 1771
Área do município 1.005,73 km
2
Marco central 1 Igreja Matriz
Altitude 1050 m
Latitude 24º30’35.19311 Sul
Longitude 48º50’33.47928 Oeste
Coordenada SAD 69
Clima Subtropical, Temperado/ Super úmido
Topografia Montanhoso com declives e planaltos
Hidrografia Ribeira de Iguape, Pilões, Macacos, Tijuco, Palmital,
Claro, Saivá e Estiva
Solos principais Massapés e Latossolos
População 27.136 hab (IBGE, 2000)
Densidade demográfica 26,98 hab/ km
2
Fonte: Prefeitura Municipal de Apiai – SP (2009)
88
Anexo B - Dados de custos, produtividade e rentabilidade entre produtores de tomate
em sistemas de cultivo agroecológico experimental e convencional
comparativo no município de Apiaí-SP
Sistemas de cultivo
Agroecológicos
Convencional
Propriedade 1
Total de caixas 18 comercializadas (23 produzidas)
8.500
Custo/ caixa R$ 37,00 R$ 22,35
Custo total de produção R$ 848,00 R$ 190.000,00
Renda bruta R$ 1.125,00 R$ 205.000,00
Renda líquida R$ 277,00 R$ 15.000,00
Preço médio/ caixa R$ 62,50 R$ 24,11
Propriedade 2
Total de caixas 9 comercializadas (13 produzidas) 5.000
Custo/ caixa R$ 65 R$ 17,00
Custo total de produção R$ 848,00 R$ 185.000,00
Renda bruta R$ 562,00 R$ 71.000,00
Renda líquida - R$ 285,50 -R$ 14.000,00
Preço médio/ caixa R$ 62,50 R$ 14,20
Propriedade 3
Total de caixas 40 comercializadas (55 produzidas)
10.640
Custo/ caixa R$ 15 R$ 15,04
Custo total de produção R$ 848,00 R$ 160.000,00
Renda bruta R$ 3.000,00 R$ 175.000,00
Renda líquida R$ 2152,00 R$ 15.000,00
Preço médio/ caixa R$ 75,00 R$ 16,45
Propriedade 4
Total de caixas 3 comercializadas (6 produzidas) 3.320
Custo/ caixa R$ 141 R$ 13,16
Custo total de produção R$ 848,00 R$ 70.000,00
Renda bruta R$ 225,00 R$ 76.000,00
Renda líquida - R$ 623,00 R$ 6.000,00
Preço médio/ caixa R$ 75,00 R$ 14,28
Propriedade 5
Total de caixas 4 comercializadas (8 produzidas) 4.050
Custo/ caixa R$ 106 R$ 18,68
Custo total de produção R$ 848,00 R$ 75.650,00
Renda bruta R$ 225,00 R$ 48.650,00
89
Renda líquida - R$ 623,00 - R$ 27.000,00
Preço médio/ caixa R$ 75,00 R$ 12,01
Anexo C - Características socioeconômicas de produtores de tomate no município de
Apiai – SP acompanhados pelo projeto
Caracte
rística atividade
Produtor agroecológico
Produtor convencional
Nº de produtores
acompanhado e entrevistados
2 produtores em 2009/ 3 em
2010
2 produtores em 2009/ 3 em
2010
Relação com a terra que
planta
Assentado do PNRA 4 arrendatários, 1 proprietário
Custo da terra para plantio Terra própria R$ 1600,00/ ha (média)
Destinatários da produção Projetos de compra
direta/PAA
Pedras CEASA
Forma de custeio da
produção
Recurso próprio, empréstimo,
auxílio projeto
3 empréstimo da pedra
CEASA; 2 custeio próprio
Tempo diário de trabalho
dispendido pelo produtor
2 a 3 h/ dia 10 a 12 horas/ dia
Tipo de mão-de-obra
empregada
Própria e familiar Empregada – CLT
Número de pessoas
envolvidas na cultura
1 pessoa a cada mil pés 1 trabalhador para cada 5 mil
pés
Média de aplicações de
defensivos
36 pulverizações combinadas
de produtos orgânicos e nim
36 puverizações combinadas
(média)
Natureza dos insumos
empregados
Mineral e orgânica Sintética e química
Perspectiva de uso da área
agrícola (ciclo de uso)
Um ano com 3 anos de
pousio
Um ano com pelo menos 20
de pousio
Tempo de colheita e
produção total /1000 pés
Aprox. 3 meses
equipamentos de irrigação
empregados
Não utiliza Tubulação alumínio ¾ e 1 pol.
Bombas hidráulicas
Insumos da irrigação
(combustível, peças, outros)
Não utiliza Manutenção geral dos
maquinários
Equipamentos de
pulverização empregados
Bomba costal 20 l Gás tanque hidráulico com
mangueiras e bicos
Insumos da pulverização
(bicos, roupas, outros)
Não houve irrigação Um kit de EPI/ safra/
trabalhador
Equipamentos de transporte
empregados
Tração animal, tratores de
uso comunitário
Tratores próprios com
carretas
Histórico de contaminação Nenhum Recorrentes tonturas e relatos
de mal-estar
Uso do EPI Coletes e máscaras para
aplicação de calda bordaleza
Completo paa defensivos de
alta capacidade. Contam
Atividades de recuperação
ambiental ou compensação
Averbação, reflorestamento, e
manutenção APP e RL
Não identificada
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