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INTRODUÇÃO
Cerrado e regime de queima
Com uma área de aproximadamente 2 milhões de km
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, o Cerrado é o segundo
maior bioma brasileiro e faz divisa com a Floresta Amazônica, Caatinga e Mata Atlântica
(Oliveira-Filho & Ratter, 2002) e apresenta grande diversidade em formações vegetais,
seguindo um gradiente em densidade de lenhosas desde áreas abertas (campos) até
formações mais densas como Cerradão e Matas de Galeria (Eiten, 1972). A precipitação
anual varia entre 1.100 a 1.600 mm, sendo a maior parte desta distribuída nos meses de
outubro a abril (Cole, 1986).
O clima é tropical, marcado por um inverno seco e verão úmido o que impõe sobre
a vegetação uma forte sazonalidade fazendo com que, especialmente gramíneas, percam
seu teor de umidade no inverno (Ramos-Neto & Pivello, 2000). O clima, disponibilidade
de água e nutrientes no solo são determinantes à formação do Cerrado (Reatto et al., 1998;
Oliveira-Filho & Ratter, 2002), além do fator fogo (Cole, 1986; Klink & Machado, 2005).
As queimadas são comuns ao Cerrado, bem como para as demais savanas, e assim
têm sido por milhares de anos (Miranda et al., 2002). Estudos comprovam que o tempo de
exposição do Cerrado ao fogo é de no mínimo 32.400 anos, e que as queimas de origem
antropogênica ocorram há, pelo menos, 11.000 anos (Salgado-Labouriau & Ferraz-
Vicentini, 1994), o que têm alterado o regime natural (frequência e época do ano), a
estrutura da vegetação e composição de espécies, trazendo sérios riscos à conservação do
bioma (Miranda et al., 2002; Klink & Moreira, 2002).
As queimadas antropogênicas estão tradicionalmente relacionadas às práticas
agrícolas (Ramos-Netto & Pivello, 2000), ocorrem de maio a setembro, momento no qual a
vegetação encontra-se em déficit hídrico e, portanto, mais inflamável. Nessa época, o fogo
espalha-se com maior facilidade, gerando queimadas mais severas conforme o andamento
da estação (Coutinho, 1990; Pivello & Coutinho, 1992; Ramos-Neto & Pivello, 2000).