Download PDF
ads:
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO
Dissertação de Mestrado Profissional
Sebastián Arbeleche
DESEMPENHO DE LONGO PRAZO DE FUSÕES E AQUISIÇÕES:
EVIDÊNCIA DE MERCADOS DE CAPITAIS LATINO-AMERICANOS
São Paulo
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Sebastián Arbeleche
DESEMPENHO DE LONGO PRAZO DE FUSÕES E AQUISIÇÕES:
EVIDÊNCIA DE MERCADOS DE CAPITAIS LATINO-AMERICANOS
Dissertação apresentada à Escola de Economia
da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP) como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Finanças e Economia Empresarial.
Campo de conhecimento: Fusões e Aquisições
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Ratner Rochman
São Paulo
2008
ads:
Arbeleche, Sebastián
Desempenho de Longo Prazo de Fusões e Aquisições: Evidência de
Mercados de Capitais Latino-Americanos / Sebastián Arbeleche - 2008.
78 f.
Orientador: Ricardo Ratner Rochman.
Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo.
1. Empresas – Fusão e incorporação – América Latina. I. Rochman, Ricardo
Ratner. II. Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo. III.
Desempenho de Longo Prazo de Fusões e Aquisições: Evidência de
Mercados de Capitais Latino-Americanos.
CDU 65.016.4(8=6)
Sebastián Arbeleche
DESEMPENHO DE LONGO PRAZO DE FUSÕES E AQUISIÇÕES:
EVIDÊNCIA DE MERCADOS DE CAPITAIS LATINO-AMERICANOS
Dissertação apresentada à Escola de Economia
da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP) como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Finanças e Economia Empresarial.
Data de aprovação:
___/___/_____
Banca Examinadora:
_____________________________________
Prof. Dr. Ricardo Ratner Rochman (Orientador)
FGV-EAESP
_____________________________________
Prof. Dr. Jose Evaristo dos Santos
FGV-EAESP
_____________________________________
Prof. Dr. Wilson Toshiro Nakamura
Mackenzie
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu pai Sergio
e a minha mãe Carmen,
que me ensinaram a ser perseverante
e a procurar desafios.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Ricardo Ratner Rochman, pelo apoio,
pela orientação e pela confiança depositada neste trabalho, sem os quais não seria
possível concluí-lo com sucesso.
Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Jose Evaristo dos Santos e
Prof. Dr. Wilson Toshiro Nakamura, agradeço pelos comentários e contribuições
para o aprimoramento deste trabalho.
Agradeço ao Sergio e à Carmen, os meus pais, porque sempre me
incentivaram, apoiaram e investiram para que eu pudesse progredir na minha
educação e profissão.
Agradeço a minha avó Ana e a minha tia Ana Maria, que sempre me
estimularam para que eu afrontasse este desafio.
Agradeço à Ione, que sempre acompanhou bem de perto as minhas
conquistas ao longo do mestrado, me dando entusiasmo para seguir em frente.
Agradeço ao Padre Ronaldo, quem sugeriu que eu aproveitasse para fazer
um mestrado enquanto eu estivesse morando no Brasil.
Agradeço à Patrícia, que me ajudou a estar mais bem preparado para a
defesa desta dissertação.
Por fim, agradeço a todos os meus amigos que, com suas palavras de
incentivo, contribuíram para que eu chegasse até esta instância.
RESUMO
Esta dissertação analisa o desempenho de longo prazo (36 meses após o evento)
das fusões e aquisições em países latino-americanos. O estudo abrange um total de
429 eventos de fusão e aquisição anunciados entre os anos de 1994 a 2005, em
sete países da América Latina (Brasil, México, Chile, Argentina, Peru, Colômbia e
Venezuela), onde os mercados de capitais estão relativamente mais desenvolvidos.
É utilizada uma abordagem em tempo calendário baseada no modelo de mercado
CAPM, através do qual se calcula o α de Jensen, para estimar os retornos anormais
de longo prazo. Há evidências claras de retornos anormais de longo prazo negativos
e significativos para México e Argentina, enquanto para Chile observam-se retornos
anormais de longo prazo positivos e significativos. Os demais países da região
(Brasil, Peru, Colômbia e Venezuela) não apresentam retornos anormais de longo
prazo significativamente diferentes de zero. Procura-se também analisar as
amostras de eventos a partir de diferentes pontos de vista com o intuito de entender
quais os possíveis determinantes do desempenho de longo prazo: forma de
pagamento, atitude do comprador, transações locais versus internacionais,
especialização versus diversificação, e ocorrência da transação dentro ou fora de
uma onda de fusões e aquisições. Observam-se evidências de retornos anormais de
longo prazo para as subamostras, mas não se registra um comportamento uniforme
na amostra de países.
Palavras-chave: Fusões e Aquisições, Desempenho de Longo Prazo, Retornos
Anormais, América Latina.
ABSTRACT
This dissertation analyzes the long-run performance (36 months post-event period) of
Latin American mergers and acquisitions. This work covers a total of 429 merger &
acquisition events announced during the period comprehended between the years
1994 and 2005, in 7 Latin American countries (Brazil, Mexico, Chile, Argentina, Peru,
Colombia and Venezuela), where capital markets are relatively more developed. A
CAPM based calendar-time approach is used to estimate Jensen’s α, a measure of
long-run abnormal returns. On the one hand, Mexico and Argentina present hard
evidence on the existence of significant negative abnormal returns. On the other
hand, Chile shows evidence of significant positive long-run abnormal returns. There
is no proof of abnormal performance for acquiring companies in the rest of the
analyzed countries (Brazil, Peru, Colombia and Venezuela). The mergers and
acquisitions sample is also studied from different points of view in order to establish
possible long-run performance determinants, such as: mode of payment, deal
attitude, country of transaction (cross-border or non-cross-border), type of activity
(related or non-related) and timing relative to M&A wave (in-wave or out-of-wave).
This sub-sample analysis offers some evidence on the existence of abnormal
performance as well, but there is no unique results pattern through the sample of
studied countries.
Keywords: Mergers and Acquisitions, Long Run Performance, Abnormal Returns,
Latin America.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16
2.1 Evidências de Retornos Anormais 16
2.2 Determinantes do Desempenho de Longo Prazo 22
2.2.1 Forma de Pagamento da Transação 23
2.2.2 Atitude do Comprador 23
2.2.3 Transações Locais vs. Internacionais 24
2.2.4 Especialização vs. Diversificação 25
2.2.5 Fora ou Dentro de Uma Onda de Fusões e Aquisições 25
3 AMOSTRA E METODOLOGIA 27
3.1 Descrição dos Dados 27
3.2 Revisão da Metodologia Existente 34
3.2.1 Importância da Análise de Longo Prazo 34
3.2.2 Tempo Relativo vs Tempo Calendário 35
3.2.3 Cálculo dos Retornos: Uniforme ou Pela Capitalização de Mercado 37
3.2.4 Regressão por Mínimos Quadrados Simples ou Ponderados 38
3.2.5 Modelos Para Estimar os Retornos Normais ou Esperados 40
3.2.6 Método de Cálculo dos Retornos Anormais de Longo Prazo 41
3.2.7 Sobreposição de Eventos 46
3.3 METODOLOGIA APLICADA 46
4 RESULTADOS 53
4.1 Desempenho de Longo Prazo de Companhias Adquirentes 53
4.2 Possíveis Determinantes do Desempenho de Longo Prazo 56
4.2.1 Brasil 57
4.2.2 México 59
4.2.3 Chile 61
4.2.4 Argentina 62
4.2.5 Peru 64
4.2.6 Colômbia 65
4.2.7 Venezuela 66
5 CONCLUSÕES 67
REFERÊNCIAS 70
ANEXO A 76
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Revisão das Evidências sobre os Retornos de Longo Prazo após Eventos
de Fusão e Aquisição................................................................................................21
Tabela 2 - Quantidade de eventos que cumprem os critérios utilizados para a
seleção da amostra ...................................................................................................28
Tabela 3 - Distribuição dos eventos estudados em função do SIC (Standard
Industrial Classification) ............................................................................................31
Tabela 4 - Classificação da amostra de cada país conforme Forma de Pagamento 31
Tabela 5 - Classificação da amostra de cada país conforme Atitude da Transação.32
Tabela 6 - Índices de mercado para cada país .........................................................50
Tabela 7 - Séries de Retornos da carteira de M&As, retornos do índice de mercado,
taxa livre de risco e excessos de retorno correspondentes para México ..................50
Tabela 8 - Resultados da regressão linear entre os excessos de retorno da carteira
de M&As do México e os excessos de retorno do índice de mercado IPyC de México
..................................................................................................................................51
Tabela 9 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos,
séries de retornos de 24 até 36 meses, regressão baseada em WLS).....................54
Tabela 10 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................55
Tabela 11 - Retornos anormais conforme α de Jensen (sem sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................56
Tabela 12 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................58
Tabela 13 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................60
Tabela 14 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................62
Tabela 15 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................63
Tabela 16 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................64
Tabela 17 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................65
Tabela 18 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de
eventos, séries de retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS) .................66
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1 - Abordagem de tempo relativo ..............................................................35
Esquema 2 - Abordagem de tempo calendário .........................................................36
Esquema 3 – Metodologia de formação e rebalanceamento das carteiras com
empresas que apresentaram eventos de fusão e aquisição .....................................49
Esquema 4 - Evidências de retornos anormais significativos para possíveis
determinantes do desempenho de longo prazo. .......................................................57
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Distribuição das amostras de eventos no período 1994-2005 ..................30
Figura 2 - Proporção de transações Internacionais vs. Nacionais.............................32
Figura 3 - Proporção de transações Relacionadas vs. Não-Relacionadas ...............33
Figura 4 - Proporção de transações que aconteceram Dentro de uma onda vs. Fora
de uma onda .............................................................................................................33
Figura 5 - Transações de fusão e aquisição na Inglaterra, 1990:I – 2008:II..............39
Figura 6 - Quantidade de Empresas Brasileiras que nos 36 meses prévios ao mês
analisado apresentam no mínimo um evento de fusão ou aquisição........................39
Figura 7 - Valores da ponderação mensal para os mínimos quadrados – método
ponderado (WLS) e método simples (OLS)...............................................................40
Figura 8 - Regressão Linear entre os excessos de retorno da carteira de M&As do
México e os excessos de retorno do índice IPyC de México. ...................................51
13
1 INTRODUÇÃO
O fenômeno das fusões e aquisições é um assunto que vem sendo estudado
e analisado há muito tempo. Tem gerado grande interesse, tanto por parte de
acadêmicos, quanto do mercado. Elas foram analisadas de diferentes pontos de
vista como, por exemplo, os motivos pelos quais são realizadas, a eficiência do
mercado para traduzir no preço da ação as economias de escala que elas
promovem, causas pelas quais se manifestam em forma de ondas, assim como o
desempenho de curto e longo prazo tanto da empresa adquirente quanto da
adquirida. Por exemplo, Manne (1965) analisa os vários argumentos contra e a favor
das fusões e aquisições. Naquela época, o debate se concentrava no quanto os
fenômenos de fusão e aquisição deveriam estar regulamentados para garantir a
existência de um nível mínimo de concorrentes no mercado. Posteriormente,
começou a se desenvolver um grande volume de estudos e pesquisas que se
concentravam na análise de estudo de evento para estabelecer a existência de
retornos anormais tanto para a companhia adquirente quanto para a companhia
alvo, ao redor da data do anúncio do evento. Jarrell e Poulsen (1989) encontram
retornos anormais médios para os acionistas da companhia-alvo maiores de 20%
em uma amostra de 663 aquisições nos Estados Unidos entre os anos 1960 e 1985.
Em contraposição, o retorno anormal para os acionistas da companhia adquirente
resulta próximo de zero, chegando a ser negativo. Eckbo (1983) especificamente
foca a sua pesquisa na relação existente entre a concentração de poder resultante
das fusões e aquisições e os retornos anormais dessas transações. Da sua
pesquisa, conclui que a diminuição da concorrência no mercado não chega a
constituir um dos motivos relevantes pelos quais se pode explicar os ganhos
resultantes das fusões e aquisições.
As empresas costumam recorrer à realização de uma fusão ou aquisição
como uma estratégia de crescimento pida, em oposição ao que se conhece como
crescimento orgânico, que costuma ser mais lento. Também se constituem como
uma forma de entrar em novos mercados, evitar aquisições indesejadas ou
aproveitar oportunidades de investimento, como, por exemplo, quando uma empresa
está sendo mal gerenciada, fazendo com que o seu valor diminua, e,
14
conseqüentemente, nas mãos de outra empresa, o valor do conjunto possa ser
recuperado ou, inclusive, ser maior em função das sinergias encontradas. Em
resumo, pode se pensar que quando uma empresa inicia um processo de fusão e
aquisição o objetivo é ter alguma forma de sucesso e grande parte delas não
alcança seu objetivo. De acordo com Napier (1989), cerca de 30% das fusões e
aquisições acabam em falhas e mais de 50% não alcançam completamente os
objetivos pretendidos, sendo, então, consideradas insucessos.
Uma das medidas de desempenho que é utilizada na literatura são os
retornos anormais, que avaliam o impacto de um evento sobre o preço da ação da
firma, estimando a expectativa de retorno das firmas após todos os ganhos terem
sido incorporados ao valor da ação, em comparação com alguma medida substituta
que possa refletir o valor que corresponderia caso nenhuma aquisição tenha
ocorrido (Seth, 1990). Os estudos geralmente utilizam um intervalo de tempo
próximo ao anúncio da aquisição para que seja possível verificar as mudanças no
desempenho da firma. A mesma medida de mensuração de desempenho pode,
ainda, ser analisada no longo prazo; para tanto, autores como Carrow, Heron e
Saxton (2004) usam intervalo de tempo de trinta e seis meses ou quarenta e oito
meses, como Fowler e Schimdt (1989).
As análises de desempenho de longo prazo, em geral, foram desenvolvidas
para países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália, Alemanha, França
e Japão. Os resultados da pesquisa bibliográfica desenvolvida para esta dissertação
demonstram que há muito pouca ou quase nenhuma evidência das fusões e
aquisições de economias menos desenvolvidas como as correspondentes aos
países latino-americanos.
Esta dissertação tem por objetivo realizar uma análise quanto ao
desempenho de longo prazo das fusões e aquisições, tomando uma amostra dos
mercados de capitais latino-americanos. Os países que foram considerados para
este estudo são: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, e Venezuela.
15
A importância desta dissertação está embasada em dois pilares:
a) Este trabalho é um dos poucos que estuda o desempenho de
longo prazo das fusões e aquisições para países latino-americanos. Sendo
assim, o foco é trazer evidências de uma ampla amostra de países da região.
b) Além de comprovar a existência de retornos anormais, procura-
se entender quais são os possíveis determinantes do desempenho das
fusões e aquisições.
O trabalho está organizado nas seguintes seções:
1. Revisão bibliográfica: descrição do embasamento teórico desenvolvido
por estudos anteriores, para avaliação do desempenho de longo prazo de
eventos em geral e apresentação de resultados específicos sobre o
desempenho de longo prazo das fusões e aquisições, em diversos países.
2. Metodologia: descrição da amostra escolhida e detalhamento do
procedimento utilizado para estimar e analisar o desempenho de longo prazo.
3. Resultados: exposição e avaliação dos resultados.
4. Conclusões: comentários finais e sugestões para desenvolvimento
futuro de outros estudos.
16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O objetivo desta revisão bibliográfica é expor quais foram alguns dos estudos
mais relevantes sobre esta matéria. É interessante entender a metodologia utilizada,
o tamanho da janela de evento, o período estudado, quais países, o tamanho da
amostra e as principais conclusões.
2.1 Evidências de Retornos Anormais
Os críticos da eficiência de mercado fornecem evidência de que as fusões e
aquisições, na média, são seguidas por uma tendência negativa significativa nos
retornos no decorrer dos primeiros cinco anos de formação da nova companhia. Por
exemplo, Asquith (1983) encontra um excesso de retorno acumulado significativo de
-7,2% para o período de 240 dias posterior ao evento para as companhias
fusionadas. Agrawal, Jaffe e Mandelker (1992) reportam um retorno anormal
significativo de -10,26% para o período de 60 meses posterior ao evento. Esses
autores argumentam que tais achados são inconsistentes com a hipótese de que o
mercado consegue fazer uma leitura rápida e adequada das informações contidas
nos eventos de fusão e aquisição.
Por outro lado, os defensores da eficiência de mercado argumentam que a
evidência que apóia os desempenhos negativos das fusões e aquisições está
contaminada com uma série de problemas metodológicos. Por exemplo, Fama
(1998) e Mitchell e Stafford (2000) argumentam que os principais problemas
referem-se à escolha inapropriada de carteiras de empresas comparáveis (gerando
o problema de especificação do modelo), à adoção de premissas inapropriadas a
respeito das distribuições dos testes estatísticos, e, finalmente, à premissa
inapropriada sobre a independência das observações. Mitchell e Stafford (2000)
corrigem esses vieses, e a tendência negativa achada em seus estudos deixa de ser
significativamente diferente de zero.
17
A discussão sobre a tendência negativa versus a inexistência de tal tendência
nos retornos evidenciados pós-fusão ou pós-aquisição é de longa data, gera muita
controvérsia e até hoje não se tira dela uma posição clara e definitiva.
A literatura sobre o estudo do desempenho de longo prazo das fusões e
aquisições tem tido um desenvolvimento importante nos últimos anos. A Tabela 1
faz um resumo das informações que são apresentadas posteriormente.
Um dos primeiros estudos de desempenho de longo prazo foi o de Mandelker
(1974), no qual foi considerada uma ampla amostra com um modelo que
considerava variáveis de risco. As perguntas que Mandelker pretendia responder
eram:
1) “Are mergers in fact associated with abnormal positive or negative
returns?”
2) “Is the capital market efficient with respect to mergers? That is, is
information on mergers reflected immediately in the stock prices of the
merging firms?”
(MANDELKER, 1974, p. 304).
Para estimar os retornos anormais, tanto para as empresas adquirentes
quanto para as adquiridas, Mandelker utiliza o CAPM (Capital Asset Pricing Model)
de Sharpe (1964) e de Lintner (1965) como uma medida dos retornos esperados que
incorporam o controle pelo risco. Considerando uma amostra de 241 empresas
adquirentes listadas na NYSE (New York Stock Exchange) e utilizando dados
mensais, Mandelker conclui que a combinação das firmas não apresenta retornos
anormais acumulados significativos nos 40 meses posteriores ao evento. Ele
interpreta esses resultados como consistentes com a hipótese do mercado eficiente.
Langetieg (1978) trabalha com algumas variantes do modelo de CAPM de
Sharpe (1964) e de Lintner (1965), incorporando o uso de um fator industrial. Em
seu estudo, Langetieg, por um lado, encontra excessos de retorno acumulados de
aproximadamente -6,00% nos doze meses posteriores ao evento para uma amostra
de 149 firmas (listadas do CRSP) no período de 1929 até 1969. Por outro lado,
confirma que esse retorno não é significativamente diferente do retorno de uma
amostra de controle com 141 firmas nas mesmas indústrias. A amostra de controle é
18
escolhida de forma tal que tenha a maior correlação residual (respeito do mercado)
se comparada às empresas de evento em cada classificação industrial.
Conseqüentemente, Langetieg, com base nesses resultados, também apóia a
hipótese da eficiência de mercado.
Asquith (1983) opta por utilizar uma carteira de controle para determinar o
retorno esperado das firmas fusionadas. Especificamente, classifica todas as
companhias listadas na NYSE e na AMEX em 10 carteiras igualmente ponderadas
com base no beta do modelo de mercado de cada uma delas. O retorno da carteira
de controle com o beta mais próximo ao da firma de evento é considerado como o
retorno esperado da firma caso não houvesse participado da fusão ou aquisição.
Para a sua análise de longo prazo, Asquith forma carteiras de firmas de evento com
a abordagem de tempo calendário (ver seção 3.2.2) , incluindo na carteira empresas
que tenham participado de uma transação nos 240 dias prévios ao dia sob análise.
Sua amostra apresenta retornos anormais significativos de -7,2%.
Malatesta (1983) utiliza o modelo de mercado para estimar os parâmetros
com o método dos mínimos quadrados simples. A amostra de 121 fusões entre 1969
e 1974 apresenta um retorno anormal significativo de -2,9% nos doze meses
posteriores ao evento. Em vez de declarar seus resultados inconsistentes com a
hipótese de eficiência de mercado, prefere não descartar a possibilidade de que a
metodologia utilizada para estimar os retornos esperados talvez não considere
adequadamente todos os riscos relevantes ou as mudanças no risco.
Franks, Harris e Titman (1991) também apóiam a teoria de que os
pesquisadores utilizam medidas inadequadas para estimar os retornos esperados na
hora de analisar os retornos pós-fusão e aquisição. É analisada uma amostra de 399
firmas listadas na NYSE e na AMEX, no período de 1975 a 1984, com a
abordagem de tempo relativo e absoluto ao evento, durante um prazo de trinta e seis
meses. Dependendo da métrica utilizada para calcular o retorno esperado,
apresentam para a abordagem de tempo relativo resultados não significativos de
-3,96% e resultados significativos de 10,44%. Os seus resultados com a abordagem
de tempo absoluto ou calendário também apresentam uma grande variabilidade,
desde um valor de -7,92% não significativo até um valor de 13,22% significativo.
19
Agrawal, Jaffe e Mandelker (1992) encontram retornos anormais acumulados
de -10,26% nos sessenta meses posteriores às fusões que aconteceram no período
de 1955 até 1987. Para chegar a esses resultados, utilizam o modelo de Dimson e
Marsh (1986) para realizar ajustes por tamanho e mudanças de risco.
Gregory (1997) também percebe que as maiores discrepâncias entre os
resultados obtidos nos diversos estudos sobre o desempenho de longo prazo de
companhias adquirentes encontram-se na escolha do modelo para estimar os
retornos esperados. Conseqüentemente, Gregory utiliza o CAPM, o modelo de
Dimson e Marsh (1986), que ajusta por risco e tamanho, o modelo de Fama-French
(1993) de três fatores, e algumas outras variantes desse modelo para realizar suas
estimações. Gregory, em suas estimações, acha evidências de mudança de
parâmetros entre o período prévio ao evento e o período posterior a ele, do mesmo
modo que o faz Agrawal, Jaffe e Mandelker (1992). Em função disso, sua escolha é
trabalhar diretamente com os parâmetros pós-evento. Utiliza uma amostra de
aquisições na Inglaterra entre os anos 1984 e 1992 e encontra retornos anormais
acumulados significativos no range de -11,80% até -17,06%, no período de 24
meses pós-aquisição, independentemente do modelo de retornos esperados
escolhido. Com a metodologia de tempo absoluto ou calendário, comprova a
existência de retornos anormais acumulados mensais no range de -0,66% até
-0,99%, ainda mais negativos que os informados para o método de tempo relativo.
Gregory (1997) também divide sua amostra em função do meio de pagamento, da
natureza da transação, de se basear em uma estratégia de especialização ou
diversificação, da atitude da empresa adquirente, de o adquirente possuir uma
estratégia de crescimento por aquisições e finalmente em função de quão concorrido
era o objeto-alvo da transação. Os adquirentes que utilizaram dinheiro apresentam
um melhor desempenho do que os que ofereceram ações. As transações que
tiveram uma estratégia de especificação apresentaram melhor desempenho em
relação às que optaram pela diversificação. As transações hostis apresentaram
melhor desempenho do que as amigáveis, e os adquirentes com múltiplas fusões e
aquisições também apresentaram melhor desempenho do que os que o fazem sem
regularidade. Gregory não achou evidência para sugerir que as empresas
adquirentes que enfrentaram uma oferta concorrente tenham apresentado um
desempenho inferior.
20
De forma similar, Loughran e Vijh (1997) estudam uma amostra de 788 fusões
e aquisições cujo alvo são companhias listadas na NYSE, AMEX e NASDAQ. Por
um lado, escolhem para estimar os retornos esperados uma amostra de controle
formada por empresas de características similares às adquirentes no que se refere
ao tamanho e à relação de valor contábil versus valor de mercado. Por outro lado,
não concordam com o todo de revisão mensal da composição da carteira
utilizado por Franks, Harris e Titman (1991) e Agrawal, Jaffe e Mandelker (1992),
porque não representa adequadamente a experiência de longo prazo dos acionistas.
Dessa forma, a diferença entre o retorno resultante da estratégia de comprar e
manter os ativos das companhias adquirentes e os ativos das companhias que
formam parte do grupo de controle por um prazo de 60 meses é de -15,9% e é
significativo.
Rau e Vermaelen (1998) trabalham com uma amostra de 2.823 companhias
adquirentes listadas na NYSE, AMEX e NASDAQ, no período de 1980 até 1991, no
prazo de trinta e seis meses posteriores ao evento, e acham um retorno anormal
acumulado significativo de -4.04%.
Mitchell e Stafford (2000), depois de estudar as diferentes metodologias
existentes para estimar os retornos anormais de longo prazo, concluem que a
abordagem mais apropriada é a de tempo absoluto, que também é conhecida como
tempo calendário. Com essa abordagem, a única amostra de eventos que
apresenta um desempenho negativo e significativo corresponde às empresas
adquirentes que realizaram o pagamento da transação em ações.
Megginson, Morgan e Nail (2003) argumentam que a especialização ou foco
corporativo é o principal determinante do desempenho pós-fusão ou pós-aquisição.
Seus resultados demonstram que as transações que procuram uma estratégia de
diversificação possuem um desempenho significativo e inferior às transações que
procuram se especializar e focar na própria indústria de -10,99% nos primeiros doze
meses após o evento.
21
Tabela 1 - Revisão das Evidências sobre os Retornos de Longo Prazo após Eventos de Fusão e
Aquisição
Autor (ano)
Retorno anormal
informado
Janela do
Evento
(meses)
Tamanho
da amostra
(empresas)
Período
analisado
Detalhes sobre a amostra /
observações
Mandelker (1974) 0,6% CAR
0,1% CAR
-1,4% CAR
0,03 to 0,32% CTAR
[0, +12]
[0, +24]
[0, +40]
241 1941-1962 Adquirentes listadas na NYSE
Langetieg (1978) -6,59 to -6,00% CAR*
-12,23 to -10,8% CAR*
-26,15 to 22,3% CAR*
[0, +12]
[0, +24]
[0, +72]
149 1929-1969 Fusão entre firmas listadas na
NYSE e com informação suficiente
na CRSP para análise de 3 anos
antes e depois do evento
Asquith (1983) -7,2% CTAR* [0, +240]
(dias)
196 1962-1976 Todas as adquirentes de empresas
listadas na NYSE
Malatesta (1983) -2,9% CAR
-13,7% CAR*
[0, +12]
[0, +12]
121
75
1969-1974
1971-1974
O mês 0 corresponde ao mês da
aprovação do diretório. A amostra
é de alvos com um mínimo de USD
10 MM em ativos.
Franks, Harris e
Titman (1991)
-3,96 to +10,44%* CAR
-0,22 to +0,37%* CTAR
[0, +36] 346 1975-1984 O mês 0 corresponde ao mês da
proposta final. Analisam-se
adquirentes e alvos listados na
NYSE e AMEX
Agrawal, Jaffe e
Mandelker (1992)
-1,53% CAR
-4,94% CAR*
-7,38% CAR*
-8,67% CAR*
-10,26% CAR*
[0, +12]
[0, +24]
[0, +36]
[0, +48]
[0, +60]
765 1955-1987 Adquirentes listadas na NYSE com
empresas alvo listadas na NYSE e
na AMEX
Gregory (1997) -5,80 to -9,28% CAR*
-11,18 to -17,06% CAR*
-0,66 to -0,99% CTAR*
[0, +12]
[0, +24]
452 1984-1992 Transações domésticas
completadas na Inglaterra com um
valor de transação superior a
£10 MM
Loughran e Vijh
(1997)
-15,9% BHAR*
-14,2% BHAR
[0, +60]
[0, +60]
788
434
1970-1989 Companhias alvo listadas na
NYSE, AMEX e NASDAQ.
Reportam-se resultados para a
amostra total e para uma
subamostra de eventos sem
sobreposição em uma janela de 60
meses
Rau e Vermaelen
(1998)
-4,04% CAR*
-2,58% CAR*
[0, +36]
[0, +36]
2,823
643
1980-1991 Companhias adquirentes listadas
na NYSE, AMEX e NASDAQ.
Reportam-se resultados para a
amostra total e para uma
subamostra de alvos públicos.
Mitchell e Stafford
(2000)
-1,00% EW BHAR
-3,80% VW BHAR
-0,14% EW CTAR
-0,07% VW CTAR
[0, +36]
[0, +36]
2,068 1958-1993 Informação obtida do banco de
dados de eventos da CRSP
Megginson,
Morgan
e Nail (2003)
-2,58% BHAR
-9,86% BHAR*
-6,62% BHAR
[0, +12]
[+13, +24]
[+25, +36]
204 1977-1996 Fusões nas bases de dados da
SDC e CRSP. Consideram-se as
companhias que são deslistadas e
que, ao mesmo tempo, estão livres
de efeitos que distorcem, como,
por exemplo, as mudanças na
estrutura de capital.
Fonte: BREAZEALE, 2004, p.14.
Nota: artigos que estudam o desempenho de fusões e aquisições completadas com um horizonte de 12 até 60 meses
expostos em ordem cronológica. CAR refere-se aos Retornos Anormais Acumulados, BHAR refere se aos retornos anormais
da estratégia de Comprar e Manter e CTAR refere-se ao retorno anormal mensal em tempo absoluto ou calendário. EW e VW
referem-se aos cálculos baseados em retornos de carteiras ponderados uniformemente ou pela capitalização de mercado.
* Estatisticamente significativo ao nível de 5,0% ou melhor.
22
2.2 Determinantes do Desempenho de Longo Prazo
São vários os estudos que procuram entender quais os fatores que
influenciam os retornos de longo prazo posteriores às fusões e aquisições. Entre
alguns dos principais, podemos mencionar: Myers e Majluf (1984), Franks et al.
(1991), Agrawal et al. (1992), Kang (1993), Loughran and Vijh (1997), Gregory
(1997), Healey, Palepu, e Ruback (1997), Rau e Vermaelen (1998), Mitchell e
Stafford (2000), Black, Carnes e Jandik (2001), Conn, Cosh, Guest e Hughes (2001),
Megginson, Morgan, e Nail (2003), André, Kooli e L’Her (2004), Rosen (2004), e
Bouwman, Fuller e Nain (2004).
Destacam-se como os principais fatores: a forma de pagamento, a atitude do
comprador, o fato de tratar-se de uma transação local ou internacional, o foco na
especialização ou na diversificação, e a ocorrência da transação dentro ou fora de
uma onda de fusões e aquisições.
Alguns estudos acham evidência para suportar uma possível teoria de como
esses fatores impactam o desempenho de longo prazo das fusões e aquisições e,
imediatamente, surgem outros estudos que trazem evidências de que tais teorias
não possuem fundamento e, inclusive, postulam novas contra-teorias. Muitas dessas
discrepâncias nos estudos que foram feitos podem ser explicadas pelo fato de se
tratar de diferentes períodos estudados ou de as metodologias aplicadas para
estimar os retornos serem tão variadas quanto a quantidade de estudos e pesquisas
que existem.
Segue uma breve resenha para melhor entender quais os fatores que
determinam o desempenho de longo prazo das fusões e aquisições e que
posteriormente serão analisados para os países de America Latina escolhidos para
este estudo.
23
2.2.1 Forma de Pagamento da Transação
Os trabalhos de Myers e Majluf (1984), Loughran and Vijh (1997) e Mitchell e
Stafford (2000) sugerem que as firmas adquirentes que utilizam dinheiro como meio
de pagamento mostram um desempenho melhor do que as firmas adquirentes que
realizam uma oferta de ações. A hipótese que se encontra por trás desse fenômeno
é conhecida como “hipótese do meio de pagamento”, que sugere que as adquirentes
procuram pagar com ações quando a sua ação está sobrevalorizada e com dinheiro
quando ela está desvalorizada. Gregory (1997) confirma o achado de Loughran e
Vijh (1997), enquanto Franks et al. (1991) concluem que a diferença existente entre
os retornos conseqüentes de transações que foram pagas em dinheiro versus os
retornos das transações que foram pagas com ações não é significativamente
diferente de zero.
2.2.2 Atitude do Comprador
As fusões geralmente são transações de caráter amistoso, que envolvem
uma negociação entre a firma adquirente e a firma adquirida. No entanto, as ofertas
hostis não abrem esse espaço de negociação, e, mesmo assim, parecem trazer
benefícios aos acionistas. Martin e McConnell (1991) argumentam que isto pode vir
a acontecer porque, geralmente, os executivos da firma adquirida são substituídos
por outros com melhor desempenho. Muitos estudos apresentam retornos positivos
significativos para transações onde o adquirente se comporta de forma hostil
(Loughran e Vijh, 1997; Rau e Vermaelen, 1998; e Gregory, 1997). Em oposição,
Healey, Palepu, e Ruback (1997) acham evidência que demonstra que as
transações hostis não estão associadas a retornos positivos significativos, como
conseqüência ao pagamento de prêmios maiores na aquisição.
24
2.2.3 Transações Locais vs. Internacionais
Shaked, Michel e McClain (1991) argumentam que, se os mercados de
capitais estivessem perfeitamente integrados, se os custos de transação fossem
baixos, e se os investidores fossem avessos ao risco e racionais, não haveria
nenhum benefício na diversificação atingida em um investimento internacional que
não pudesse ser replicado por um investidor no país de origem da companhia
inversora. Mas acontece que os controles de fluxo de capitais, os diferentes custos
de transação e estruturas de tributação, e as variações na cotação das moedas
fazem com que os mercados estejam imperfeitamente integrados, gerando, assim,
uma oportunidade para um investidor internacional. A teoria da internacionalização
apóia o argumento de que as companhias que empreendem uma fusão ou aquisição
de características internacionais podem criar valor pelo fato de aproveitarem os seus
conhecimentos sobre os mercados internacionais (Buckley e Casson, 1976 e
Rugman, 1981), se beneficiarem das imperfeições dos mercados financeiros que
permitem diminuir os investimentos e os custos operacionais, como acontece com as
taxas de câmbio (Aliber, 1970, 1978), e, finalmente, pelo fato de reduzirem o seu
risco de falência ao diversificar o seu ingresso (Agmon e Lessard, 1977; French e
Poterba, 1991).
Mais recentemente, Kang (1993) demonstra que nas aquisições conduzidas por
empresas Japonesas nos Estados Unidos existiram benefícios significativos para os
acionistas das duas companhias. Em oposição, Black, Carnes e Jandik (2001)
acham retornos negativos significativos para as companhias americanas que
realizaram uma transação de caráter internacional no período de três a cinco anos
posterior ao evento. Finalmente, Conn, Cosh, Guest e Hughes (2001) não
conseguem evidenciar retornos negativos significativos para as aquisições de
caráter internacional.
Conseqüentemente, parece não haver um comportamento uniforme no
tocante ao desempenho de longo prazo quando se analisa esse determinante.
25
2.2.4 Especialização vs. Diversificação
Megginson, Morgan, e Nail (2003) sugerem que o principal determinante do
desempenho de longo prazo das fusões e aquisições é se a transação traz
diversificação ou não ao conjunto. Eles observam que existe uma perda de 9,0% na
riqueza do acionista por cada decréscimo de 10% no indicador de foco corporativo
(medido pelo Indicador Herfindahl). Ou seja, na medida em que a diversificação da
união é maior, a perda evidenciada na riqueza do acionista é maior.
Numerous researchers claim that conglomerate mergers underperform in
the long run because managers are not familiar with the target industry. In
other words, horizontal acquisitions should benefit from the leader’s
expertise of the acquiring company to generate economies of scale and to
strengthen the market share of the company. (ANDRÉ; KOOLI; L’HER,
2004, p.39).
A teoria do “custo de transação” postula que a sobreposição de atividades
entre as companhias fusionadas traz benefícios operativos e de escala,
conseqüência da existência de uma base em comum que permite um melhor
desenvolvimento da partilha de tecnologia e conhecimento, e, ao mesmo tempo,
uma maior capacidade para avaliar os benefícios da transação (Chan et al., 1997)
Em contraposição, Agrawal et al. (1992) reportam que as fusões que não
visam formar um conglomerado de empresas, ou seja, que focam na mesma
indústria, possuem um desempenho inferior às transações cujo objetivo é se
diversificar. Eles explicam esse resultado sugerindo que os conglomerados
possivelmente tenham acesso a fontes de financiamento com menores custos para
poder melhorar a estabilidade dos lucros, reduzir a probabilidade de a companhia
falir e incrementar o valor ao combinar as dívidas das duas companhias.
2.2.5 Fora ou Dentro de Uma Onda de Fusões e Aquisições
Algumas teorias questionam se a reação geral ao anúncio de um evento de
fusão ou aquisição depende do ânimo geral do mercado. Rosen (2004) e Bouwman,
26
Fuller e Nain (2004) observam que o valor das ações das companhias adquirentes
tem maiores chances de aumentar quando o mercado de capitais em geral está com
um bom desempenho. Com esse conhecimento, alguns executivos no meio de uma
onda de fusões e aquisições poderiam estar propensos a realizar uma compra,
sendo menos conservadores e rigorosos nas análises necessárias para avaliar os
benefícios da transação, que, como conseqüência do bom ânimo do mercado,
uma transação que não apresenta sinergias será recebida e interpretada pelos
investidores como uma boa notícia. Rosen (2004) e Bouwman, Fuller e Nain (2004),
destacam que, no longo prazo, existe uma reversão desse efeito. As empresas que
realizam a aquisição quando o mercado está muito valorizado apresentam
desempenho negativo significativo no período de três anos posteriores ao evento; no
entanto, as transações realizadas quando o mercado está deprimido apresentam um
desempenho positivo significativo. Esses resultados sugerem que os picos das
ondas de fusões e aquisições ocorrem como conseqüência de uma visão muito
otimista dos investidores e executivos.
27
3 AMOSTRA E METODOLOGIA
3.1 Descrição dos Dados
Os bancos de dados de fusões e aquisições dos diferentes países analisados
neste trabalho foram obtidos da Thomson One Financial Banker. As cotações das
ações, capitalização de mercado e índices de mercado foram obtidas do banco de
dados Economatica.
Os eventos de fusão e aquisição que compõem a amostra devem cumprir as
seguintes condições:
a) A companhia adquirente é aberta.
b) A companhia adquirente encontra-se em algum dos países sob
análise.
c) A transação é anunciada no período de 1994 a 2005.
d) A transação, além de anunciada, precisa ser efetivada.
e) A transação pertence a alguma das seguintes categorias: fusão
(combinação de empresas), aquisição (100%), aquisição de uma porção
majoritária (a empresa adquirente detém menos de 50% de participação
acionária e procura ficar com 50% ou mais, porém menos de 100% da
empresa alvo) ou simplesmente é uma aquisição de ativos (ativos de uma
companhia, subsidiária, divisão ou filial são adquiridos).
f) As companhias com uma ou mais transações são incluídas.
g) As ações são suficientemente líquidas (existe informação da sua
cotação e capitalização de mercado, de no mínimo 28 meses dos 36 meses
analisados).
No tocante às cotações das ações, foram utilizadas as séries de preços em
dólares americanos com as devidas correções, por desdobramentos de ações,
pagamentos de dividendos e demais eventos e proventos, para assim refletir as
valorizações ou desvalorizações autênticas.
28
Em uma primeira análise, e para contar com a maior quantidade de eventos
possíveis, também foram considerados os eventos para os quais há possibilidade de
se analisar um período superior a dois anos posteriores à data do mesmo (seja
porque antes de completar os três anos a companhia é adquirida por outra, porque
os dados de mercado não são suficientes para completar os trinta e seis meses de
análise ou porque o evento ocorreu no final do ano 2005).
Também é feita, conforme sugerem André, Kooli e L’Her (2004), uma análise
com uma amostra limpa, sem sobreposição de eventos (ver seção 3.2.7).
Para todas as análises posteriores consideram-se exclusivamente os eventos
que apresentam dados de mercado suficientes para completar as 36 observações
mensais posteriores ao anúncio do evento e permitindo sobreposição. Isso permite
contar com uma quantidade de eventos maior.
Dessa forma, contamos com a seguinte quantidade de eventos compondo a
amostra de cada um dos países para as diferentes análises propostas:
Tabela 2 - Quantidade de eventos que cumprem os critérios utilizados para a seleção da amostra
Com sobreposição Sem sobreposição
Países
analisados
Informação de mercado de
2 a 3 anos após o evento
Informação de mercado
de 3 anos após o evento
Informação de mercado
de 3 anos após o evento
Brasil 170 124 18
México 146 124 36
Chile 74 66 30
Argentina 71 65 24
Peru 43 27 11
Colômbia 19 13 4
Venezuela 10 10 6
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Financial Banker
As empresas adquirentes que participaram dos eventos de fusão e aquisição
para cada um dos países analisados detalha-se no Anexo A.
29
Baseando-se na quantidade de eventos incluídos nas amostras, podemos
dividir a amostra de países em três grandes grupos. No primeiro grupo, encontram-
se Brasil e México, com um volume relevante de transações, seguidos por um
segundo grupo formado por Chile e Argentina, com um volume significativamente
menor (quase a metade de transações) e, finalmente, um terceiro grupo de países
formado por Peru, Colômbia e Venezuela (com um volume bem baixo de
transações). Do ponto de vista estatístico, talvez não seria interessante analisar este
terceiro grupo de países, por contar com um volume de eventos muito reduzido;
mas, mesmo assim, não foram descartados, com o intuito de trazer as primeiras
evidências para esses países. Apresentamos na Figura 1 a amostra de anúncios de
eventos de fusões e aquisições escolhida como base para as análises de
desempenho de longo prazo distribuídas ao longo do período 1994 – 2005.
30
Figura 1 - Distribuição das amostras de eventos no período 1994-2005
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Banker
México
0
5
10
15
20
25
30
'94 '95 '96 '97 '98 '99 '00 '01 '02 '03 '04 '05
Brasil
0
5
10
15
20
25
30
'94 '95 '96 '97 '98 '99 '00 '01 '02 '03 '04 '05
Chile
0
5
10
15
20
25
30
'94 '95 '96 '97 '98 '99 '00 '01 '02 '03 '04 '05
Argentina
0
5
10
15
20
25
30
'94 '95 '96 '97 '98 '99 '00 '01 '02 '03 '04 '05
Peru
0
5
10
15
20
25
30
'94 '95 '96 '97 '98 '99 '00 '01 '02 '03 '04 '05
Colômbia
0
5
10
15
20
25
30
'94 '95 '96 '97 '98 '99 '00 '01 '02 '03 '04 '05
Venezuela
0
5
10
15
20
25
30
'94 '95 '96 '97 '98 '99 '00 '01 '02 '03 '04 '05
124 eventos
124 eventos
66 evento
65 eventos
27 eventos
13 eventos
10 eventos
31
Os eventos também foram classificados em função do setor econômico ao
qual pertence a companhia adquirente (Tabela 3). Com exceção da Colômbia e da
Venezuela, pode se observar que o setor da economia que concentra a maior
quantidade de transações é o de manufatura.
Tabela 3 - Distribuição dos eventos estudados em função do SIC (Standard Industrial Classification)
Código SIC Primário Brasil México Chile Argentina Peru Colômbia
Venezuela
01
Agricultura - 2% - 9% 4% - -
10
Mineração 15% 2% - 20% 33% - -
20-39
Manufatura 38% 42% 29% 32% 37% 23% 30%
40
Comunicações
12% 23% 29% 8% - 8% 10%
50
Comércio 16% 13% 15% 3% - 23% -
60
Financeiro 17% 16% 27% 28% 26% 46% 60%
70-89
Serviços 2% 1% - - - - -
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Financial Banker
No que se refere à forma de pagamento, podemos observar que em todos os
casos existe um grande volume de transações cuja forma de pagamento ou é
desconhecida ou é diferente de dinheiro, ações ou uma combinação de ambas,
exclusivamente.
Tabela 4 - Classificação da amostra de cada país conforme Forma de Pagamento
Forma de
Pagamento
Brasil México Chile Argentina
Peru Colômbia
Venezuela
Dinheiro 25 16 6 16 5 4 1
Ações 2 2 3 2 2 2 -
Híbrido 3 1 1 - 2 1 -
Outras 50 52 23 13 9 4 4
Desconhecida 44 53 33 34 9 2 5
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Financial Banker
32
Praticamente todas as transações foram amistosas, não há nenhuma com
atitude hostil. Apenas no Brasil observam-se uns poucos eventos com atitude
neutral.
Tabela 5 - Classificação da amostra de cada país conforme Atitude da Transação
Atitude Brasil México Chile Argentina Peru Colômbia Venezuela
Amistoso 118 121 66 65 27 13 10
Hostil - - - - - - -
Neutra 4 3 - - - - -
Outra 2 - - - - - -
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Financial Banker
Com exceção do México e da Venezuela, a proporção de eventos
internacionais é relativamente baixa, mantendo-se abaixo de 24%.
24%
22%
23%
23%
19%
30%47%
70%
77%
81%
78%
76%
53%
77%
Brasil México Chile Argentina Peru Colômbia Venezuela
Internacional Nacional
Figura 2 - Proporção de transações Internacionais vs. Nacionais
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Financial Banker
É interessante ver como a proporção de transações que ocorreram entre a
mesma indústria (relacionada / sem diversificar) versus as que ocorreram entre
indústrias diferentes está levemente desequilibrada com exceção da Venezuela, que
apresenta uma grande tendência de diversificação.
33
42%
43% 62%34%
30%
41%54%
46%
66%
58%
57% 59%
38%
70%
Brasil México Chile Argentina Peru Colômbia Venezuela
Relacionada Não Relacionada
Figura 3 - Proporção de transações Relacionadas vs. Não-Relacionadas
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Financial Banker
Com exceção do Brasil, podemos observar nos países restantes que a
maioria das transações ocorreu dentro de uma onda (ver final da seção 3.3).
Acontece que o Brasil apresenta um volume de transações bem constante e com
uma só onda no período analisado.
39%
74%
80%
65%
77%
71%70%
20%23%
26%
29%
30%
35%
61%
Brasil México Chile Argentina Peru Colômbia Venezuela
Dentro de uma onda Fora de uma onda
Figura 4 - Proporção de transações que aconteceram Dentro de uma onda vs. Fora de uma onda
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Financial Banker
34
3.2 Revisão da Metodologia Existente
O marco teórico das decisões metodológicas necessárias para estudar o
desempenho de longo prazo é comum ao estudo de evento de várias decisões
corporativas, e, conseqüentemente, a bibliografia desenvolvida é ampla. Algumas
dessas decisões corporativas o: a abertura de capital (IPO, Initial Public Offering),
a emissão pública não inicial de ações (SEO, Seasoned Equity Offering), as fusões e
aquisições (M&A, Merger & Acquisition), os anúncios de resultados ou os
desdobramentos de ações, entre outras. Isso fez com que a metodologia utilizada
fosse aprimorada ao longo do tempo.
3.2.1 Importância da Análise de Longo Prazo
Há muitos estudos que procuram entender o processo de criação de valor das
fusões e aquisições, assim como os fatores que o determinam. Uma das primeiras
escolhas ao se realizar um estudo de evento é a janela de tempo que será
analisada. Existem duas vertentes: estudar o fenômeno no curto prazo (em alguns
casos, um ou dois dias posteriores ao evento) ou no longo prazo (período de doze a
sessenta meses posterior ao evento).
A literatura começou a se interessar não pelo estudo do desempenho de
curto prazo, mas também pelo de longo prazo:
However, several recent long-term event studies measuring negative
abnormal returns over the three to five years following merger completion
cast doubt on the interpretation of traditional short-window event study
findings. According to these studies, investors systematically fail to assess
quickly the full impact of corporate announcements, with the implication that
inferences based on announcement-period event windows are flawed,
particularly those attempting to document the wealth effect of the event. In
fact, some authors find that the long-term negative drift in acquiring firm
stock prices overwhelms the positive combined stock price reaction at
announcement, making the net wealth effect negative. (ANDRADE;
MITCHELL; STAFFORD, 2001, p.112).
35
Neste trabalho, o foco é estudar o desempenho de longo prazo. Escolhe-se
como prazo os trinta e seis meses posteriores ao anúncio da transação.
3.2.2 Tempo Relativo vs Tempo Calendário
Para estimar os retornos de longo prazo, existem duas abordagens na hora
de considerar os retornos no tempo: considerar os meses posteriores ao evento de
forma relativa ou de forma absoluta aos eventos.
Na abordagem de tempo relativo, o tempo é definido em função do período
que transcorre com referência ao evento, independente da data de ocorrência. O
interesse é observar o comportamento dos retornos no primeiro s posterior ao
evento, independente do mês ou ano calendário em que tenha se manifestado o
evento (ver esquema 1). Desta forma, se tivermos três eventos de fusão e aquisição
anunciados em diferentes meses de um mesmo ano, calculam-se os retornos
correspondentes ao primeiro mês transcorrido desde a data do anuncio para cada
um dos eventos e posteriormente calcula-se a média destes retornos. Ou seja,
calcula-se o primeiro retorno do evento A, o primeiro retorno do evento B e o
primeiro retorno do evento C e finalmente se faz a média destes três retornos.
Esquema 1 - Abordagem de tempo relativo
Fonte: elaboração própria.
36
Na abordagem de tempo absoluto, também conhecida como tempo
calendário, o tempo é definido respeitando a seqüência de eventos com referência
às datas na quais os eventos ocorreram. Resulta de interesse observar o
comportamento dos retornos correspondentes a um período específico do calendário
(ver esquema 2). Ou seja, neste caso, se forma uma carteira de ações com as
empresas que participaram de um evento de fusão e aquisição e calcula-se o
retorno dessa carteira para cada mês calendário. Neste caso, o retorno R
5
se
manifesta entre os meses de maio e junho, e observa-se que é o primeiro mês que a
empresa correspondente ao evento A participa na carteira de ações analisada,
enquanto as empresas que participaram dos evento B y C, formam parte da carteira
de ações, há cinco meses e dois meses, respectivamente.
Esquema 2 - Abordagem de tempo calendário
Fonte: elaboração própria
Kothari e Warner (1997), Barber e Lyon (1997), Lyon, Barber e Tsai (1999),
Jegadeesh (2000), Brav (2000), e Mitchell e Stafford (2000) destacam as
dificuldades que surgem como conseqüência da dependência seccional dos retornos
de uma amostra quando são medidos em horizontes de tempo prolongados.
Para lidar com este problema, Fama (1998) sugere que sejam construídas
carteiras de ações mensais em tempo calendário, que para utilizar a abordagem
de tempo relativo ao evento é preciso que a premissa de independência dos termos
de erro seja válida, o que não ocorre necessariamente como conseqüência da
dependência seccional dos retornos. É por esse motivo que, para este trabalho,
37
escolhe-se a abordagem de tempo calendário para realizar os cálculos dos retornos
anormais.
3.2.3 Cálculo dos Retornos: Uniforme ou Pela Capitalização de Mercado
Para o cálculo dos retornos existem duas alternativas. Eles podem ser
calculados como retornos uniformes (dando a mesma importância a todas as
companhias na carteira) ou com retornos ponderados pela capitalização de mercado
das companhias sob análise (concedendo maior importância às companhias de
maior valor de mercado na carteira).
Loughran e Ritter (2000) argumentam que, quando os retornos são
ponderados pela capitalização de mercado, o poder para detectar os retornos
anormais diminui:
If percentage misvaluations are greater among small firms than among big
firms, then tests that weight firms equally should find greater abnormal
returns than tests that weight firms by market capitalization. Consistent with
this statement, just about every known stock market pattern is stronger for
small firms than for big firms. Value-weighted portfolios can also have some
periods in which a single firm is a large proportion of the portfolio, resulting
in a high variance of returns because this firm’s unique risk is not diversified
away. The resulting low power will manifest itself in large standard errors
and low t-statistics. (LOUGHRAN; RITTER, 2000, p. 2).
É por esse motivo que os retornos anormais costumam ser muito mais
detectados com ponderação uniforme do que com a ponderação pela capitalização
de mercado.
Outra interpretação do fato de detectar retornos anormais quando se faz a
ponderação uniforme e não poder detectá-los quando se faz a ponderação pela
capitalização de mercado pode ser pelo fato de que o as companhias menores
que apresentam os retornos anormais, enquanto isso não acontece com as
companhias com maior valor de mercado. Se isto se manifestasse no sentido
contrário o raciocínio seria similar, que, nesse caso, poderíamos inferir que os
retornos anormais são próprios das companhias com maior valor de mercado,
38
enquanto as de menor valor de mercado poderiam estar isentas de apresentar
retornos anormais.
No presente trabalho a análise de retornos anormais sefeita utilizando-se
ambos os critérios de ponderação.
3.2.4 Regressão por Mínimos Quadrados Simples ou Ponderados
Quando se trabalha com a abordagem de tempo calendário, e considerando
que as fusões e aquisições se manifestam em forma de ondas (ver Figura 5), como
exemplificam Mitchell e Mulherin (1996), é natural que existam meses nos quais
maior atividade de fusões e aquisições e meses com menor atividade. Loughran e
Ritter (2000) argumentam que isso faz com que a abordagem de tempo calendário
tenha baixo poder para a detecção de retornos anormais, obtendo, assim, resultados
viesados em favor da eficiência de mercado. O seu raciocínio é que os executivos
monitoram o momento adequado para realizar o evento de aquisição com o intuito
de melhor aproveitar as oportunidades nas quais o valor dos ativos não reflete o
valor justo de mercado. Dessa forma, quando se formam carteiras de ativos com a
abordagem de tempo calendário, ponderam-se igualmente tanto os períodos de
tempo onde os ativos possuem um valor de mercado diferente do justo quanto os
períodos nos quais os ativos estão com o valor justo. Assim, os períodos com maior
quantidade de transações são considerados com menor peso em relação aos
períodos nos quais há um menor número de transações.
39
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
1990 Q1
1991 Q2
1992 Q3
1993 Q4
1995 Q1
1996 Q2
1997 Q3
1998 Q4
2000 Q1
2001 Q2
2002 Q3
2003 Q4
2005 Q1
2006 Q2
2007 Q3
Figura 5 - Transações de fusão e aquisição na Inglaterra, 1990:I – 2008:II
Fonte: UK Office for National Statistics
Para mitigar este problema escolhemos aplicar neste estudo o modelo de
mínimos quadrados ponderados (WLS, Weighted Least Squares) em vez do modelo
de mínimos quadrados simples (OLS, Ordinary Least Squares) para realizar as
regressões. Franks et al. (1991) utilizam o modelo WLS para ponderar mais
fortemente os meses que possuem maior atividade de fusões e aquisições e ao
mesmo tempo lida com potenciais resíduos heterocedásticos. Os pesos utilizados
para ponderar as séries de mínimos quadrados se estabelecem de forma que sejam
proporcionais à raiz quadrada do número de empresas sob análise em cada mês
(ver Figuras 6 e 7).
-
5
10
15
20
25
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Figura 6 - Quantidade de Empresas Brasileiras que nos 36 meses prévios ao mês analisado
apresentam no mínimo um evento de fusão ou aquisição.
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Banker
40
0.00%
0.10%
0.20%
0.30%
0.40%
0.50%
0.60%
0.70%
0.80%
0.90%
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
WLS OLS
Figura 7 - Valores da ponderação mensal para os mínimos quadrados – método ponderado (WLS) e
método simples (OLS).
Fonte: elaboração própria com informações da Thomson One Banker
3.2.5 Modelos Para Estimar os Retornos Normais ou Esperados
Para avaliar o desempenho de longo prazo, estuda-se a existência de
retornos anormais de longo prazo das ações de empresas que tenham participado
de um evento de fusão ou aquisição.
Inicialmente, é importante, então, esclarecer o que se entende por retorno
anormal de longo prazo. Para definir um retorno anormal é necessário estabelecer o
que se considera como retorno normal ou esperado. Uma vez conhecido o retorno
normal ou esperado, o retorno anormal calcula-se por diferença:
(
)
ititit
RERAR = ,
onde t é algum dos meses posteriores ao mês do evento, AR
it
é o retorno anormal
do ativo ou carteira de ações i no mês t, R
it
é o retorno realizado do ativo ou carteira
de ações i no s t, e E(R
it
) é o retorno esperado do ativo ou carteira de ações i no
mês t.
O CAPM (Capital Asset Pricing Model), desenvolvido por Sharpe (1964) e
Lintner (1965), é uma das formas mais conhecidas ou usadas para estimar o valor
esperado de uma ação ou carteira de ações. Embora este modelo esteja bem
estruturado do ponto de vista teórico, possui algumas limitações empíricas. O
41
CAPM, de acordo com Campbell, Lo e MacKinlay (1997, p. 156), foi, durante muito
tempo, o principal modelo de mensuração dos retornos normais. No entanto, os
desvios das restrições impostos pelo modelo podem ser um dos motivos
relacionados ao quase desaparecimento de sua utilização. Para que o modelo seja
validado, algumas premissas devem ser seguidas, dentre elas: o investidor deve ser
racional, avesso ao risco, tomador de preços e detentor de expectativas
homogêneas; deve existir um ativo livre de risco de tal modo que os investidores
possam emprestar ou tomar emprestadas quantias ilimitadas a taxa livre de risco; as
quantidades de ativos serem fixas. Além disso, todos os ativos devem ser
negociáveis e perfeitamente divisíveis, os mercados de ativos não devem ter fricção
e as informações não devem ter custo e devem estar disponíveis para todos os
investidores, não deve haver imperfeições de mercado, como impostos,
regulamentações ou restrições sobre venda a descoberto, e os retornos dos ativos
devem apresentar distribuição normal.
Existem outros modelos para estimar o valor esperado de uma ação como o
modelo de três fatores do Fama-French ou o APT (Arbitrage Pricing Theory). Fama e
French (1993) desenvolvem um modelo de três fatores para explicar as variações
comuns nos retornos das ações.
3.2.6 Método de Cálculo dos Retornos Anormais de Longo Prazo
Existem vários métodos que foram desenvolvidos para o calculo dos retornos
anormais. Entre os principais, destacam-se:
a) Retorno Anormal Médio Acumulado (Cumulative Average Abnormal
Return – CAAR):
Essa metodologia está baseada na abordagem de tempo relativo ao
evento. Assim sendo, se tivermos N companhias que participaram de um evento
independentemente do mês no qual ele ocorreu, calcula-se, por exemplo, o
42
retorno anormal médio para o primeiro mês relativo ao mês do evento das N
ações da amostra, da seguinte forma:
=
=
N
i
itt
AR
N
AAR
1
1
Posteriormente, acumulam-se os retornos desde o primeiro mês relativo
ao evento até onde for fixado o horizonte de análise (q, s):
=
=
s
qt
tsq
AARCAAR
Existem problemas tanto conceituais quanto estatísticos com essa
metodologia. Por um lado, ela não reflete a verdadeira experiência do investidor,
que não é factível montar uma estratégia de investimento que reflita as
condições representadas na abordagem de tempo relativo ao evento. Por outro
lado, ela não considera o efeito dos retornos compostos, que, conforme Barber e
Lyon (1997) sugerem, provoca resultados viesados.
b) Retorno Anormal com estratégia de Comprar e Manter (Buy-and-Hold
Abnormal Return – BHAR)
Esta metodologia é utilizada com muita freqüência para medir o
desempenho de longo prazo. De acordo com Mitchell e Stafford (2000), o BHAR
de uma firma i durante um período de tempo T pode ser calculado da seguinte
maneira:
( ) ( )
==
++=
T
t
tcontrole
T
t
tii
rrBHAR
1
,
1
,
11
,
onde r
controle,t
representa o retorno de uma carteira de ativos com características
similares às características da firma sob análise. Geralmente essa carteira de
controle pode estar formada por firmas que estão na mesma indústria que a firma
analisada, ou simplesmente com tamanhos similares ou outro tipo de medidas
que façam com que elas sejam comparáveis.
Na seqüência calcula-se a média dos BHAR das N firmas sob análise:
43
=
=
N
i
i
BHAR
N
BHAR
1
1
“Although BHAR takes into account the investor experience, it suffers from the
skewness and the cross-sectional dependence problems.” (SAHIN, 2002, p.49).
c) Retorno Anormal Médio de Tempo Calendário (Mean Calendar-Time
Abnormal Return)
Essa metodologia propõe a formação de carteiras em tempo calendário para
a medição dos retornos anormais. O critério para que uma firma esteja incluída
na carteira é que esta firma tenha participado em algum evento nos trinta e seis
meses prévios ao mês sob análise. Conseqüentemente, estas carteiras são
rebalanceadas a cada mês, novas firmas são incorporadas e as firmas que
alcançaram o período de máxima permanência na carteira são descartadas.
Em primeiro lugar, estabelece-se quais as firmas que formam parte da
carteira no s sob estudo. Então, calcula-se o retorno anormal de cada uma
delas da seguinte forma:
ptitit
RRAR =
,
onde t é o s-calendário sob análise, AR
it
é o retorno anormal da firma i no
mês-calendário t, R
it
é o retorno realizado da firma i no mês-calendário t, e R
pt
é o
retorno de uma carteira de controle no mês-calendário t.
Dessa forma o retorno anormal médio do mês calendário t é:
=
=
t
n
i
ititt
ARxMCTAR
1
,
onde n
t
é o número de firmas que formam parte da carteira no mês t, e x
it
é a
participação da empresa i na carteira no mês-calendário t. Essa participação
pode ser uniforme ou proporcional à capitalização de mercado de cada firma.
Finalmente, a grande média dos retornos anormais mensais é:
=
=
T
t
t
MCTAR
T
MCTAR
1
1
,
onde T é o número total de meses analisados.
44
Mitchell e Stafford (2000) sugerem um mínimo de 10 firmas analisadas em cada
mês calendário para a formação da carteira para evitar problemas de
heterocedasticidade devido às mudanças de composição da carteira ao longo do
tempo. Nem sempre é possível cumprir essa condição nas economias latino-
americanas.
d) Modelos de fatores
Os retornos anormais em tempo calendário também são passíveis de serem
calculados aplicando modelos de fatores como o modelo de mercado de um fator
baseado no CAPM, o modelo de Fama-French (1993) de três fatores ou o
modelo de Carhart (1997) de quatro fatores.
Para realizar o cálculo do retorno anormal em tempo calendário conforme o
modelo de um fator baseado no CAPM, deve-se estimar a seguinte regressão:
(
)
tftmtppftpt
eRRRR ++=
βα
onde R
pt
é o retorno mensal ponderado (uniforme ou pela capitalização de
mercado) da carteira de firmas de evento no mês t, R
ft
é a taxa livre de risco , R
mt
é o retorno da carteira de mercado e
α
p
é o retorno anormal médio mensal da
carteira de firmas de evento.
Para realizar o cálculo do retorno anormal em tempo calendário da forma que
Fama e French (1993) sugerem, deve-se estimar a seguinte regressão:
(
)
ttptpftmtppftpt
eHMLhSMBsRRRR ++++=
βα
onde R
pt
é o retorno mensal ponderado (uniforme ou pela capitalização de
mercado) da carteira de firmas de evento no mês t, R
ft
é a taxa livre de risco , R
mt
é o retorno da carteira de mercado, SMB
t
(small minus big) é a diferença de
retornos entre carteiras formadas por firmas com baixo e com alto valor de
mercado, HML
t
(high minus low) é a diferença de retornos entre carteiras
45
formadas por firmas com alta e baixa relação entre valor contábil e valor de
mercado e
α
p
é o retorno anormal médio mensal da carteira de firmas de evento.
O modelo estabelece que uma relação linear entre o retorno esperado de
uma ação ou carteira de ações e os coeficientes dos retornos de três carteiras
construídas para replicar alguns fatores de risco subjacentes o risco de
mercado, o tamanho (baseado na capitalização de mercado) e o crescimento
(relação entre o valor contábil e o valor de mercado).
Para realizar o cálculo do retorno anormal em tempo calendário da forma que
Carhart (1997) sugere, deve-se estimar a seguinte regressão:
(
)
ttptptpftmtppftpt
eUMDuHMLhSMBsRRRR +++++=
βα
onde R
pt
é o retorno mensal ponderado (uniforme ou pela capitalização de
mercado) da carteira de firmas de evento no mês t, R
ft
é a taxa livre de risco , R
mt
é o retorno da carteira de mercado, SMB
t
é a diferença de retornos entre
carteiras formadas por firmas com baixo e com alto valor de mercado, HML
t
é a
diferença de retornos entre carteiras formadas por firmas com alta e baixa
relação entre valor contábil e valor de mercado, UMD
t
(up minus down) é a
diferença de retornos entre carteiras formadas por firmas com alto retorno e baixo
retorno e
α
p
é o retorno anormal médio mensal da carteira de firmas de evento.
A hipótese desses testes é que o
α
p
seja igual a zero. Se o
α
p
for
estatisticamente diferente de zero, ficaria comprovada a existência de retornos
anormais para as empresas que participaram dos eventos de fusões e
aquisições.
Este último termo é também conhecido como o
α
de Jensen (1968). Fama e
MacBeth (1973), Mandelker (1974), Dodd e Ruback (1977), e Langetieg (1978)
utilizam o índice
α
de desempenho de Jensen que se baseia no modelo CAPM
para estabelecer a existência de retornos anormais. Autores como Franks (1991),
Brav e Gompers (1997), Sheel e Nagpal (2000), Mitchell e Stafford (2000), Hsu e
46
Jang (2007), e Yang e Kim (2007) consideram que o
α
do Jensen é uma medida
relativamente boa para medir o desempenho das companhias adquirentes no
longo prazo.
Uma das grandes vantagens do modelo de um fator baseado no CAPM é a
pequena quantidade necessária de dados. No entanto, outros modelos como o
Fama-French ou Carhart precisam de dados que nem sempre estão disponíveis,
principalmente em economias com mercados de capitais menos desenvolvidas,
e, conseqüentemente, sua construção apresenta algumas dificuldades.
Como nesta dissertação deseja-se incluir no estudo uma ampla amostra de
países latino-americanos, com o intuito de despertar o interesse pelo estudo
desse tipo de fenômenos nestas economias regionais, escolhe-se o CAPM por
exigir de menos informações que os demais modelos.
3.2.7 Sobreposição de Eventos
Para endereçar o problema de dependência seccional induzida por eventos
que se sobrepõem, pode se trabalhar com uma amostra limpa, conforme sugerem
André, Kooli e L’Her (2004). Para limpar a amostra, excluem-se as aquisições que
ocorrem dentro do prazo de três anos, tanto anteriores quanto posteriores a um
evento experimentado pela mesma firma.
3.3 METODOLOGIA APLICADA
Para este estudo, optamos por aplicar a metodologia de formação de
carteiras em tempo calendário das companhias que evidenciaram um evento nos 36
meses prévios ao mês sob análise, ponderar os retornos tanto uniformemente
quanto pela capitalização de mercado, aplicar um modelo de um fator baseado no
CAPM, realizar uma regressão linear de mínimos quadrados ponderados, e, assim,
47
estimar os retornos anormais de longo prazo a traves do índice
α
de desempenho de
Jensen.
Em primeiro lugar, definimos o retorno anormal da carteira no mês t da
seguinte forma:
ptptpt
RERAR
=
(1)
Conforme o modelo de um fator, temos a seguinte expressão para estimar o
retorno esperado de uma carteira de companhias:
tft
mt
pft
pt
eRRRR +
+=
~~
β
(2)
Aplicando valores esperados à expressão (2) chegamos à seguinte
expressão:
ftmtpftpt
RRERRE +=
β
(3)
Combinando as expressões (1) e (3) e considerando que a variável AR
pt
é
constante ao longo do tempo, chegamos na seguinte expressão:
(
)
ftmtppftpt
RREARRR +=
β
(4)
onde R
pt
é o retorno realizado (ponderado uniformemente ou pela capitalização de
mercado) da carteira p, formado pelos eventos de M&A (Mergers & Acquisitions) que
foram anunciados nos 36 meses prévios ao mês t, R
ft
é a taxa livre de risco,
β
p
é o
fator de sensibilidade dos excessos de retorno da carteira p em relação com o
excesso de retorno do mercado, R
mt
é o retorno de mercado, e AR
p
é o retorno
anormal médio mensal da carteira no período de 36 meses posteriores ao evento.
Em segundo lugar, segue-se formando as carteiras com a abordagem de
tempo absoluto ou tempo calendário. Para isso, é preciso distribuir os eventos no
tempo, e, então, analisa-se em cada mês quais as empresas que nos 36 meses
prévios participaram de um evento de fusão e aquisição para poder incluí-las na
carteira. Essa análise é feita a cada mês, e na medida em que uma empresa cumpre
48
com o seu prazo de permanência de 36 meses na carteira, ela sairá da carteira, e na
medida em que é detectado um novo evento no mês sob análise, a empresa
correspondente será incorporada à carteira.
Em terceiro lugar, calcula-se o valor da carteira com as firmas de evento
utilizando os dois critérios de ponderação: uniforme e pela capitalização de mercado.
Em quarto lugar, deve-se calcular o retorno mensal da carteira, mas é preciso
ter o cuidado de que, quando se calcula o retorno, a formação da carteira do mês “t”
seja comparável com a formação da carteira do s “t+1”. Ou seja, sendo que a
carteira é constantemente rebalanceada, pode acontecer que no s “t+1” seja
incorporada uma empresa que não fazia parte da carteira no mês “t”, ou que no mês
“t+1” uma empresa tenha cumprido com o seu período de permanência na carteira.
Qualquer uma destas duas situações faria com que o retorno calculado resultante do
quociente entre o valor da carteira no mês “t+1” e o mês “t” apresentasse uma
distorção. Precisamos garantir que os valores da carteira que são utilizados para o
cálculo dos retornos sejam comparáveis no sentido que os mesmos ativos estejam
formando parte da carteira nos dois momentos do tempo. Para ilustrar melhor esse
assunto, inclui-se a seguir o esquema 3:
49
Esquema 3 – Metodologia de formação e rebalanceamento das carteiras com empresas que
apresentaram eventos de fusão e aquisição
Fonte: elaboração própria com informações de Thomson One Banker
Em quinto lugar, os índices da cada um dos países sob análise são
escolhidos para calcular os retornos da carteira de mercado (Tabela 6).
50
Tabela 6 - Índices de mercado para cada país
País Índice Descrição
Brasil
IBOV Ibovespa
México
IPyC Índice de Precios y Cotizaciones
Chile
IGPA Índice General de Precios de Acciones
Argentina
MERVAL Mercado de Valores
Peru
IGBVL Índice General de la Bolsa de Valores de Lima
Colômbia
IGBC Índice General de la Bolsa de Valores de Colombia
Venezuela
IBC Índice Bursátil Caracas
Fonte: Elaboração do autor
Em sexto lugar, escolhe-se o T-bond de 30 anos como ativo para representar
a taxa livre de risco. Desta forma temos todos os dados necessários para poder
fazer a regressão. Apresentamos na Tabela 7 uma seção da série de dados para
fins ilustrativos:
Tabela 7 - Séries de Retornos da carteira de M&As, retornos do índice de mercado, taxa livre de risco
e excessos de retorno correspondentes para México
Fonte: Elaboração própria com informações da Thomson e Economatica
51
Finalmente, executa-se a regressão dos excessos de retorno mensais da
carteira de firmas de evento conforme a equação (4) para podermos estimar o AR
pt
(retorno anormal médio mensal) e obter o nível de significância, o p-valor, e o
coeficiente de correlação ajustado da regressão, para julgar se o retorno anormal é
significativamente diferente de zero ou não (ver tabela 8).
Tabela 8 - Resultados da regressão linear entre os excessos de retorno da carteira de M&As do
México e os excessos de retorno do índice de mercado IPyC de México
Fonte: Elaboração própria com informações da Thomson e Economatica
Dos resultados dessa regressão podemos concluir que para o México
comprova-se a existência de retornos anormais mensais significativos e negativos
de -0,73%.
Para fins de ilustrativos, apresenta-se também o gráfico da regressão:
-50.00%
-40.00%
-30.00%
-20.00%
-10.00%
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
-50.00% -40.00% -30.00% -20.00% -10.00% 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00%
Excesso de Retorno do Mercado
Excesso de Retorno do Portfolio de M&A
Figura 8 - Regressão Linear entre os excessos de retorno da carteira de M&As do México e os
excessos de retorno do índice IPyC de México.
Fonte: Elaboração própria com informações da Thomson e Economatica
M&A
p
=C(1)+C(2)*IPyC
Coeficiente
Desvio Padrão
Estatística t
p-valor.
C(1) -0.0073
0.002389
-3.068558
0.0025
C(2) 0.9712
0.027012
35.95746
0.0000
R
2
0.884924
R
2
ajustado 0.884239
52
Para a construção dos resultados das subamostras, procede-se da mesma
forma descrita nos sete passos anteriores. Existem duas observações que precisam
ser esclarecidas no tocante à construção das subamostras:
Com/Sem sobreposição: nesse caso se considera na amostra os eventos
que cumprem com a condição de que não haja ocorrido nenhum outro evento
nos 36 meses anteriores nem nos 36 meses posteriores.
Dentro ou fora de uma onda: para este caso observa-se o histograma anual
de eventos de fusões e aquisições tenham sido ou não completadas, para
refletir em toda sua magnitude a atividade referente a esse fenômeno e,
assim, poder identificar melhor quais os picos de atividade correspondentes
às conhecidas ondas. Dessa forma, conseguimos identificar os seguintes
anos como parte de uma onda para cada um dos países:
Brasil: 1998, 1999, 2000, 2001, 2006, 2007.
México: 1991, 1992, 1993, 1994, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2006,
2007.
Chile: 1994, 1996, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2004, 2007.
Argentina: 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001.
Peru: 1994, 1995, 1996, 1999, 2000, 2001, 2002.
Colômbia: 1993, 1994, 1997, 1998, 2000, 2001, 2005, 2006, 2007.
Venezuela: 1996, 1997, 1998, 2000, 2007.
53
4 RESULTADOS
4.1 Desempenho de Longo Prazo de Companhias Adquirentes
Em uma primeira análise (tabela 9), com os eventos para os quais contamos
com informação de mercado superior a 24 meses e até 36 meses após o evento,
observamos que o México apresenta um retorno anormal mensal médio
(ponderação uniforme) significativo e negativo de -0,91% (t = -2,65). Quando é feita
a mesma análise, mas com retornos ponderados pela capitalização de mercado,
observamos um desempenho negativo inferior ao anterior de -0.70% (t = -2,70)
também significativo. Comprova-se o que Loughran e Ritter (2000) e Fama (1998)
observam, que os retornos anormais diminuem e inclusive podem até sumir quando
se realiza a ponderação dos retornos com base na capitalização de mercado (ver
anexo 3.2.3).
A Argentina também apresenta um retorno anormal mensal médio significativo
e negativo de -1,25% (t = -2,72) quando a ponderação dos retornos é uniforme. Isso
já não se comprova quando os retornos são ponderados pela capitalização de
mercado, onde se observa um retorno positivo de 0,37% não significativo.
Em oposição à evidência apresentada pelo México e Argentina, onde a
carteira de M&As apresenta um desempenho de longo prazo negativo, tanto no
Brasil quanto no Chile observa-se um desempenho positivo.
54
Tabela 9 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 24 até 36 meses, regressão baseada em WLS)
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Países
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Brasil 0,0045
1,142
0,713
0,0068
1,512
0,698
México -0,0091
-2,650
***
0,728
-0,0070
-2,696
***
0,866
Chile 0,0052
1,873
* 0,745
0,0053
1,729
* 0,700
Argentina -0,0125
-2,715
***
0,708
0,0037
0,665
0,606
Peru -0,0015
-0,365
0,515
-0,0039
-0,794
0,357
Colômbia 0,0063
1,259
0,524
0,0061
1,242
0,573
Venezuela 0,0047
0,593
0,617
0,0049
0,548
0,495
*** nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
Para o Brasil, observam-se evidências de um retorno anormal médio mensal
positivo significativo de 0,68% (t = 1,512), com os retornos ponderados pela
capitalização de mercado. Para o Chile, o retorno é de 0,53% (t = 1,87), tanto para a
análise com ponderação uniforme quanto para a análise com ponderação por
capitalização de mercado.
Nota-se, para o Peru, um retorno anormal mensal médio negativo de -0,15%
mas não significativamente diferente de zero (t = =0,365). Enquanto para os
demais países da amostra (Colômbia e Venezuela), observam-se retornos
anormais mensais positivos, mas não-significativos.
Em uma segunda análise (tabela 10), com os eventos para os quais
contamos com informação de mercado exclusivamente igual a 36 meses após o
evento, confirmam-se novamente retornos anormais mensais médios negativos
para o México e Argentina, de -1,04% (t = -3,225) e -1,21% (t = -2,661),
respectivamente, para os retornos ponderados de forma uniforme, enquanto para
os retornos ponderados pela capitalização de mercado, observam-se retornos
anormais mensais negativos de -0,73% (t = -3,069, significativo) e 0,42% (t = 0,761,
não-significativo), respectivamente. o Chile, nessa análise, não evidencia mais
retornos anormais significativos.
55
Tabela 10 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Países
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Brasil 0,0050
1,213
0,703
0,0060
1,253
0,676
México -0,0104
-3,225
***
0,752
-0,0073
-3,069
***
0,885
Chile 0,0026
1,175
0,819
0,0029
1,068
0,760
Argentina -0,0121
-2,661
***
0,717
0,0042
0,761
0,624
Peru 0,0015
0,339
0,489
-0,0023
-0,401
0,299
Colômbia 0,0075
1,331
0,458
0,0072
1,333
0,509
Venezuela 0,0047
0,593
0,617
0,0049
0,548
0,495
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* Nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
Finalmente, realiza-se a análise para a amostra com informação de mercado
exclusivamente de 36 meses após o evento e sem sobreposição de eventos para
uma mesma firma (tabela 11). Dessa análise surgem níveis de significância mais
baixos ainda do que nas análises anteriores, e para os países que apresentam
retornos anormais mensais médios significativos observa-se que, em valor absoluto,
são ainda maiores do que nas análises anteriores, ou seja, acentuam-se.
Dessa análise, confirma-se que tanto o México quanto a Argentina
apresentam retornos anormais significativos e negativos, com os dois tipos de
critérios de ponderação. O México apresenta um retorno anormal mensal médio de
-1,78% (t = -3,835) com ponderação uniforme, e -1,69% (t = -4,332) com ponderação
baseada na capitalização de mercado. A Argentina evidencia um retorno anormal
mensal médio de -2,08% (t = -3,497), com ponderação uniforme, e -1,27%
(t = -1,847), com ponderação pela capitalização de mercado.
Para os demais países da amostra, não se encontra evidência de retornos
anormais significativamente diferentes de zero.
56
Tabela 11 - Retornos anormais conforme α de Jensen (sem sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Países
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Brasil 0,0050
0,851
0,569
0,0035
0,473
0,492
México -0,0178
-3,835
***
0,580
-0,0169
-4,332
***
0,709
Chile -0,0012
-0,327
0,676
0,0005
0,139
0,658
Argentina -0,0208
-3,497
***
0,544
-0,0127
-1,847
* 0,505
Peru 0,0053
0,713
0,321
-0,0056
-0,856
0,322
Colômbia -0,0002
-0,023
0,525
0,0023
0,336
0,524
Venezuela -0,0046
-0,444
0,467
-0,0023
-0,210
0,380
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
4.2 Possíveis Determinantes do Desempenho de Longo Prazo
As amostras de cada país podem ser divididas em subamostras conforme
diferentes critérios para entender quais os determinantes do desempenho de longo
prazo. Antes de entrar no detalhe de cada país, apresenta-se um esquema que
permite ter uma visão geral das evidências encontradas (Esquema 4):
57
Esquema 4 - Evidências de retornos anormais significativos para possíveis determinantes do
desempenho de longo prazo.
Fonte: elaboração própria.
Observa-se que os resultados são muito variados no sentido de que não
existe uma linha de comportamento padrão para todos os países.
4.2.1 Brasil
Quando analisamos a amostra de eventos considerando a forma de
pagamento para o Brasil, concluímos que tanto as transações financiadas com
ações quanto as que são realizadas com dinheiro apresentam retornos anormais
mensais médios positivos marginalmente significativos. Em oposição às conclusões
dos trabalhos de Myers e Majluf (1984), Loughran and Vijh (1997) e Mitchell e
Stafford (2000), observamos que o desempenho mensal das transações feitas com
ações (2,22%, t = 1,602) apresenta um desempenho superior às transações feitas
58
com dinheiro (1,00%, t = 1,596), quando os retornos são ponderados pela
capitalização de mercado. Apresentamos na tabela 12 um resumo dos resultados:
Tabela 12 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
BRASIL
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Variáveis
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Forma de Pagamento:
Dinheiro 0,0014 0,261
0,661 0,0100 1,596
0,628
Ações 0,0215 1,561
0,602 0,0222 1,602
0,607
Híbrido -0,0006 -0,060
0,590 -0,0012
-0,111
0,585
Países Envolvidos:
Internacional 0,0097 1,258
0,353 0,0114 1,569
0,476
Nacional 0,0026 0,655
0,754 0,0055 1,337
0,749
Tipo de Atividade:
Relacionada 0,0039 0,875
0,741 0,0052 1,030
0,727
Não-relacionada 0,0072 1,238
0,441 0,0123 1,560
0,334
Atitude:
Amistosa 0,0046 1,097
0,699 0,0060 1,247
0,676
Hostil --
--
--
--
--
--
Neutral 0,0150 1,994
* 0,682 0,0130 1,563
0,637
Ondas:
Dentro 0,0129 1,927
* 0,748 0,0112 1,644
0,747
Fora 0,0064 0,904
0,347
0,0083 1,005
0,333
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
Comprova-se também que as transações de caráter internacional apresentam
um retorno anormal mensal médio positivo e marginalmente significativo de 1,14%
(t = 1,569), enquanto as transações de caráter nacional apresentam retornos
positivos inferiores aos retornos das transações internacionais, mas não-
significativos.
No tocante ao tipo de atividade, observa-se que as transações com uma
estratégia de diversificação evidenciam retornos anormais mensais médios positivos
59
significativos de 1,23% (t = 1,56). Esses resultados estão de acordo com as
evidências achadas por Agrawal et al. (1992).
Finalmente, destaca-se que, contrariamente ao pensamento de que as
transações que ocorrem dentro de uma onda de fusões e aquisições apresentam
retornos negativos, é observado um retorno anormal mensal médio positivo,
marginalmente significativo, de 1,12% (t = 1,644).
4.2.2 México
Quando dividimos os eventos em função dos países envolvidos nas
transações, observam-se retornos anormais médios mensais negativos e
significativos tanto para as transações internacionais (-1,12%, t = -3,071) quanto
para as transações entre empresas mexicanas (-0,78%, t = -2,157), quando os
retornos são ponderados uniformemente. Se os retornos se ponderam em função
da capitalização de mercado, observam-se também retornos negativos e
significativos, mas nesse caso as transações nacionais evidenciam um
desempenho inferior do que as transações internacionais.
Quando analisamos a amostra a partir do ponto de vista do tipo de atividade,
observam-se retornos anormais médios mensais negativos e significativos com
ponderação uniforme dos retornos. No caso das transações que não procuram
diversificação (-0,93%, t = -1,992), o desempenho é ainda inferior ao desempenho
das empresas que procuram se diversificar (-0,81%, t = -2,252). Quando a
ponderação é em função da capitalização de mercado, se observa um retorno
anormal médio mensal negativo significativo para as transações que procuram
diversificação (-0,62%, t = -2,277), enquanto o retorno anormal das transações que
não procuram se diversificar deixa de ser significativo.
No tocante à atitude da transação, observa-se que as transações amistosas
apresentam um retorno anormal médio mensal negativo e significativo de -1,04%
(t = -3,226) com ponderação uniforme, e equivalente a -0,73% (t = -3,062) quando
60
a ponderação é pela capitalização de mercado. Quando a atitude é neutral,
observam-se, tanto com ponderação uniforme quanto com ponderação pela
capitalização de mercado, retornos anormais médios mensais positivos e
significativos de 1,40% (t = 2,410) e 1,47% (t = 2,551), respectivamente.
Finalmente, para as transações que ocorrem dentro de uma onda, há evidência de
retornos anormais médios mensais negativos e significativos, tanto para a
ponderação uniforme quanto para a ponderação pela capitalização de mercado de
-1,32% (t = -3,179) e -0,90% (t = -3,393), respectivamente. Apresentamos na tabela
13 um resumo dos resultados:
Tabela 13 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
MÉXICO
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Variáveis
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Forma de Pagamento:
Dinheiro -0,0011
-0,236
0,748 -0,0019
-0,524
0,823
Ações 0,0079 0,880
0,483 0,0079 0,880
0,483
Híbrido -0,0391
-1,066
0,223 -0,0391
-1,066
0,223
Países Envolvidos:
Internacional -0,0112
-3,071
***
0,718 -0,0062 -2,069
* 0,807
Nacional -0,0078
-2,157
** 0,725 -0,0079 -2,379
**
0,826
Tipo de Atividade:
Relacionada -0,0093
-1,992
**
0,549 -0,0015 -0,355
0,678
Não-relacionada -0,0081
-2,252
**
0,736 -0,0062
-2,277
**
0,878
Atitude:
Amistosa -0,0104
-3,226
***
0,752 -0,0073
-3,062
***
0,885
Hostil --
--
--
--
--
--
Neutral 0,0140 2,410
**
0,713 0,0147 2,551
**
0,718
Ondas:
Dentro -0,0132
-3,179
***
0,726 -0,0090
-3,393
***
0,899
Fora -0,0028 -0,773
0,718
-0,0022 -0,537
0,736
*** nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
61
4.2.3 Chile
No Chile, para as transações financiadas com ações, observa-se um retorno
anormal médio mensal positivo e significativo de 1,98% (t = 2,774). Não
evidências de retornos anormais significativamente diferentes de zero para as
transações financiadas com dinheiro.
Para as transações cujo objetivo é continuar focado na mesma indústria,
evidência de retornos anormais dios mensais positivos e significativos de 0,51%
(t = 1,75), quando os retornos se ponderam de forma uniforme. Quando os retornos
se ponderam pela capitalização de mercado, o desempenho continua sendo
positivo, mas deixa de ser significativo.
Finalmente, observa-se evidência de retornos anormais médios mensais
positivos e significativos de 0,57% (t = 1,789) para as transações que ocorreram
fora de uma onda de fusões e aquisições, quando os retornos são ponderados de
forma uniforme. Essa evidência persiste quando os retornos são ponderados pela
capitalização de mercado, apresentando um retorno anormal de 0,63% (t = 1,714).
Apresentamos na tabela 14 um resumo dos resultados:
62
Tabela 14 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
CHILE
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Variáveis
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Forma de Pagamento:
Dinheiro 0,0048 0,657
0,464 0,0057 0,766
0,462
Ações 0,0198 2,774
***
0,427 0,0198 2,774
***
0,427
Híbrido 0,0046 0,474
0,570 0,0046 0,474
0,570
Países Envolvidos:
Internacional 0,0008
0,203
0,640 0,0005 0,103
0,597
Nacional 0,0033 1,140
0,731 0,0039 1,297
0,722
Tipo de Atividade:
Relacionada 0,0051 1,750
* 0,712 0,0015 0,445
0,668
Não-relacionada 0,0033 1,064
0,723 0,0045 1,403
0,719
Ondas:
Dentro 0,0016 0,538
0,699 -0,0002
-0,052
0,720
Fora 0,0057 1,789
* 0,753
0,0063 1,714
* 0,682
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
4.2.4 Argentina
Quando analisamos a amostra de eventos a partir do ponto de vista dos
países envolvidos nas transações, observa-se que as transações de caráter
nacional apresentam um retorno anormal médio mensal negativo e significativo
equivalente a -1,52% (t = -3,28), com ponderação uniforme. Para os retornos
ponderados pela capitalização de mercado, essa evidência some. Quando
analisamos a amostra em função do tipo de atividade, encontra-se evidência de
retornos anormais médios mensais negativos e significativos, tanto para a
ponderação uniforme quanto para a ponderação pela capitalização de mercado,
para as transações cuja estratégia não é a de diversificação, de -2,24% (t = -3,215)
e -1,11% (t = -1,803), respectivamente. Para as transações que procuram
diversificação, observa-se um retorno anormal médio mensal positivo e significativo
63
de 1,10% (t = 1,907) para os retornos ponderados pela capitalização de mercado.
Apresentamos na tabela 15 um resumo dos resultados:
Tabela 15 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
ARGENTINA
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Variáveis
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Forma de Pagamento:
Dinheiro 0,0050 0,854
0,698
0,0043 0,660
0,657
Ações -0,0034 -0,371
0,585
-0,0034 -0,371
0,585
Híbrido --
--
--
--
--
--
Países Envolvidos:
Internacional 0,0052 0,798
0,449
0,0095 1,260
0,378
Nacional -0,0152 -3,280
***
0,727
-0,0055 -0,943
0,642
Tipo de Atividade:
Relacionada -0,0224 -3,215
***
0,582
-0,0111 -1,803
* 0,674
Não-relacionada
-0,0006 -0,137
0,694
0,0110 1,907
* 0,591
Ondas:
Dentro -0,0092 -2,068
** 0,836
0,0042 0,625
0,690
Fora -0,0153 -1,982
** 0,474
0,0053 0,685
0,451
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
Finalmente, para as transações que ocorrem tanto dentro quanto fora de
uma onda de fusões e aquisições, existe evidência de retornos anormais médios
mensais negativos e significativos de -0,92% (t = -2,068) e -1,53% (t = -1,982),
respectivamente, quando os retornos são ponderados de forma uniforme. Essa
evidência some quando os retornos são ponderados pela capitalização de
mercado. Contrariamente ao esperado, o desempenho das transações que
ocorrem fora da onda de fusões e aquisições é pior do que o desempenho das
transações que ocorrem dentro de uma onda.
64
4.2.5 Peru
Do ponto de vista da forma de pagamento da transação, observa-se, para o
pagamento feito em dinheiro, um retorno anormal médio mensal positivo e
significativo de 3,34% (t = 1,963), quando os retornos o ponderados
uniformemente. Para a ponderação baseada na capitalização de mercado, o
retorno anormal médio mensal continua sendo positivo, mas é marginalmente
significativo (1,47%, t = 1,522). Apresentamos um resumo dos resultados na tabela
16:
Tabela 16 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
PERU
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Variáveis
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Forma de Pagamento:
Dinheiro 0,0334 1,963
* 0,109 0,0147 1,522
0,271
Ações 0,0099 0,634
0,031 0,0099 0,634
0,031
Híbrido -0,0039
-0,108
0,030 -0,0039
-0,108
0,030
Países Envolvidos:
Internacional -0,0010 -0,111
0,397 -0,0021 -0,227
0,400
Nacional 0,0086 1,535
0,216 0,0017 0,275
0,133
Tipo de Atividade:
Relacionada 0,0037 0,711
0,501 0,0067 1,199
0,371
Não-relacionada 0,0092 1,307
0,310 -0,0015
-0,188
0,252
Ondas:
Dentro 0,0078 1,442
0,317 -0,0001 -0,014
0,206
Fora 0,0009 0,099
0,518
0,0005 0,062
0,480
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
Há evidências marginalmente significativas de retornos anormais médios
positivos para as transações de caráter nacional (0,86%, t = 1,535).
65
4.2.6 Colômbia
Quando analisamos a amostra de eventos do ponto de vista do tipo de
atividade, observa-se um retorno anormal médio mensal positivo e marginalmente
significativo de 1,00% (t = 1,598) com os retornos ponderados uniformemente, para
as transações cuja estratégia não é a de diversificação. Quando os retornos o
ponderados pela capitalização de mercado, observa-se um retorno anormal médio
mensal positivo e significativo de 1,02% (t = 1,666).
Finalmente, para as transações que ocorrem fora da onda de fusões e aquisições,
observa-se um retorno anormal médio mensal positivo e significativo, tanto para a
ponderação de retornos uniforme, quanto para a ponderação pela capitalização de
mercado, de 2,65% (t = 3,276) e de 2,67% (t = 3,20), respectivamente.
Apresentamos na tabela 18 um resumo dos resultados:
Tabela 17 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
COLOMBIA
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Variáveis
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Forma de Pagamento:
Dinheiro -0,0077
-0,793
0,303 -0,0071
-0,733
0,304
Ações 0,0004 0,065
0,883 0,0004 0,065
0,883
Híbrido 0,0145 0,919
0,437 0,0145 0,919
0,437
Países Envolvidos:
Internacional -0,0041
-0,455
0,266 -0,0041
-0,455
0,266
Nacional 0,0044 0,710
0,419 0,0030 0,497
0,442
Tipo de Atividade:
Relacionada 0,0100 1,598
0,428 0,0102 1,666
* 0,482
Não-relacionada 0,0082 1,185
0,557 0,0072 1,067
0,566
Ondas:
Dentro 0,0017 0,293
0,447 0,0013 0,231
0,519
Fora 0,0265 3,276
***
0,640
0,0267 3,200
***
0,627
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
66
4.2.7 Venezuela
No caso da Venezuela, as análises não mostram evidências de retornos
anormais significativamente diferentes de zero. Apresentamos na tabela 17 um
resumo dos resultados:
Tabela 18 - Retornos anormais conforme α de Jensen (com sobreposição de eventos, séries de
retornos de 36 meses, regressão baseada em WLS)
VENEZUELA
Ponderados Uniformemente
Ponderados por Cap. Mercado
Variáveis
α
estatística t R
2
α
estatística t R
2
Forma de Pagamento:
Dinheiro -0,0232
-0,980
0,295 -0,0232 -0,980
0,295
Ações -- --
-- -- --
--
Híbrido -- --
-- -- --
--
Países Envolvidos:
Internacional 0,0064 0,248
0,211
Nacional 0,0020 0,208
0,581 0,0021 0,203
0,466
Tipo de Atividade:
Relacionada -0,0024
-0,201
0,334 -0,0024
-0,202
0,334
Não-relacionada 0,0036 0,334
0,601 0,0036 0,333
0,600
Ondas:
Dentro -0,0022
-0,239
0,523 -0,0034
-0,346
0,368
Fora 0,0078 0,572
0,702
0,0091 0,608
0,692
***
nível de significância inferior a 1%
** nível de significância inferior a 5%
* nível de significância inferior a 10%
Fonte: elaboração própria com informações da Economatica
67
5 CONCLUSÕES
Estuda-se o desempenho de longo prazo das fusões e aquisições anunciadas
entre os anos de 1994 e 2005 em sete países latino-americanos (México, Brasil,
Chile, Argentina, Peru, Colômbia e Venezuela) com mercados de capitais
suficientemente desenvolvidos. O estudo abrange um total de 429 eventos de fusão
e aquisição. É utilizada uma abordagem em tempo calendário baseada no modelo
de mercado CAPM, através do qual se calcula o
α
de Jensen para estimar os
retornos anormais de longo prazo.
O foco do estudo está em trazer as primeiras evidências do desempenho de
longo prazo e procura-se entender também quais são os determinantes desse
desempenho.
claras evidências de retornos anormais de longo prazo negativos e
significativos para México e Argentina. Dependendo do critério de ponderação dos
retornos, para o Brasil, observa-se um desempenho de longo prazo positivo
levemente significativo. Finalmente, em função da amostra escolhida, é possível
observar, para o Chile, retornos anormais positivos.
Na análise dos determinantes do desempenho de longo prazo, divide-se a
amostra conforme os seguintes critérios: forma de pagamento, atitude do
comprador, transações locais versus internacionais, especialização versus
diversificação, e ocorrência da transação dentro ou fora de uma onda de fusões e
aquisições.
Quando se estuda a forma de pagamento, observam-se desempenhos de
longo prazo positivos e significativos para as transações efetivadas em dinheiro para
o Brasil e Peru. Para os pagamentos em ações, observam-se retornos anormais
positivos e significativos para o Brasil e para o Chile.
Só o Brasil apresenta retornos anormais positivos para as transações de
caráter internacional, enquanto as transações internacionais do xico apresentam
retornos anormais negativos. O Peru apresenta retornos anormais significativos e
68
positivos para as transações de caráter doméstico, enquanto México e Argentina
apresentam desempenhos de longo prazo negativos e significativos para esse tipo
de transações.
Quando se analisam as subamostras em função do tipo de atividade,
comprova-se a existência de retornos anormais positivos e significativos para o Chile
e a Colômbia quando o objetivo é a especialização dentro da mesma indústria,
enquanto o México e a Argentina apresentam resultados negativos e significativos.
Quando a estratégia se baseia na diversificação, o Brasil e a Argentina apresentam
desempenhos de longo prazo positivos e significativos, enquanto o México
apresenta retornos anormais negativos e significativos.
Quando a atitude da transação é amistosa, o México apresenta retornos
anormais negativos e significativos. Quando a atitude é neutral, tanto o Brasil quanto
o México apresentam retornos anormais positivos e significativos.
Finalmente, quando estudamos o momento da realização da transação em
função da sua ocorrência dentro ou fora de uma onda de fusões e aquisições,
comprovamos, para as transações que ocorrem dentro de uma onda no México e na
Argentina, que elas resultam em retornos anormais negativos e significativos.
Quando a transação ocorre fora de uma onda, o Chile e a Colômbia apresentam
retornos anormais positivos e significativos. Por um lado, o caso da Argentina é o
único que, fora de uma onda, apresenta retornos anormais negativos e significativos.
Por outro lado, o caso do Brasil é o único que, dentro de uma onda, apresenta
retornos anormais positivos e significativos.
Observam-se evidências de retornos anormais de longo prazo para as
subamostras, mas nem sempre é possível chegar a uma conclusão que possa ser
comum para todos os países analisados.
69
Em relação às limitações deste trabalho, podemos destacar as seguintes:
a) para estimar os retornos anormais de longo prazo aplica-se uma
das tantas metodologias existentes;
b) as amostras de eventos analisadas para estabelecer o desempenho de
longo prazo, são relativamente pequenas, em comparação com as
amostras analisadas para países mais desenvolvidos;
c) conseqüentemente, as sub-amostras analisadas para estudar os
determinantes do desempenho de longo prazo, são ainda mais
pequenas;
d) os retornos anormais são calculados para a amostra como um todo
sem fazer uma análise por setores econômicos procurando utilizar
benchmarks setoriais para uma estimação mais precisa dos retornos
anormais.
A pesar das limitações, espera-se que este estudo possa contribuir para o
desenvolvimento e refinamento de futuros estudos sobre o desempenho de longo
prazo de fusões e aquisições em países latino-americanos.
A sugestão para futuros estudos no tocante ao desempenho de longo prazo
para esses países é a de se aprofundar na análise de diferentes modelagens e
benchmarks para o cálculo dos retornos anormais com o intuito de avaliar a
variabilidade de resultados obtidos em função da metodologia aplicada. Existem
diversas metodologias e critérios utilizados para estimar o desempenho de longo
prazo, o que faz com que os resultados sejam muito variados e inclusive conflitantes
em alguns casos. Sem um aperfeiçoamento do modelo para o cálculo dos retornos
anormais, não haverá consenso sobre a questão de as fusões e aquisições
possuírem no longo prazo um desempenho positivo ou negativo.
70
REFERÊNCIAS
AGMON, T.; LESSARD D.R. Investor recognition of corporate international
diversification. Journal of Finance, v.32, n.4, p. 1049-1055, 1977.
AGRAWAL, A.; JAFFE, J.; MANDELKER, G.N. The post-merger performance of
acquiring firms: a re-examination of an anomaly. Journal of Finance, v. 47, p. 1605-
1621, 1992.
ALIBER, R.Z. Speculation in the flexible exchange revisited. Kyklos, v. 23, n.2, p.
303-14, 1970.
ALIBER, R.Z. Exchange risk and corporate international finance. New York:
MacMillan Press, 1978.
ANDRADE, G.; MITCHELL, M.; STAFFORD, E. New evidence and perspectives on
mergers. Journal of Economic Perspectives, v. 15, p. 103-120, 2001.
ANDRÉ, P.A.; KOOLI, M.; L’HER, J. F. The long-run performance of mergers and
acquisitions: evidence from the Canadian stock market. Financial Management, v.
33, n. 4, p. 27-43, 2004.
ASQUITH, P. Merger bids, uncertainty, and stockholder returns. Journal of Financial
Economics, v. 11, p. 51-83, 1983.
BARBER, B.M.; LYON, J.D. Detecting long-run abnormal stock returns: the empirical
power and specification of test statistics. Journal of Financial Economics, v. 42, p.
341- 372, 1997.
BLACK, F. Capital market equilibrium with restricted borrowing. Journal of Business,
v. 45, p. 444-455, 1972.
BLACK, E.L.; CARNES, T.A.; JANDIK, T. The long-run success of cross-border
mergers and acquisitions. University of Arkansas Working Paper, 2001.
BOUWMAN, C., FULLER, K., NAIN, A. The performance of stock-price driven
acquisitions. 2004.
71
BRAV, A. Inference in long-horizon event studies: a parametric bootstrap approach
with application to initial public offerings. Journal of Finance, v. 55, p. 1979-2016,
2000.
BRAV, A.; GOMPERS, P.A. Myth or reality? The long-run underperformance of initial
public offerings: evidence from venture and non-venture capital-backed companies.
Journal of Finance, v. 52, p. 1791–1821, 1997.
BUCKLEY, P.J.; CASSON, M. The future of the multinational enterprise. London:
The MacMillan Press, 1976.
CAMPBELL, J.Y.; LO, A.W.; MACKINLAY, A.C. The econometrics of financial
markets. New Jersey: Princeton University Press, 1997. p. 611.
CARHART, M.M. On persistence in mutual fund performance. Journal of Finance, v.
52, p. 57-82, 1997.
CAROW, K.; HERON, R.; & SAXTON, T. Do early birds get the returns - an empirical
investigation of early-mover advantages in acquisitions. Strategic Management
Journal, v. 25, p. 563-577, 2004.
CHAN, S. et al. Do strategic alliances create value? Journal of Financial Economics,
v. 46, p. 199-221, 1997.
CONN, C. et al. Long-run share performance of UK firms engaging in cross-border
acquisitions. Centre for Business Research University of Cambridge Working Paper,
v. 214, 2001.
DIMSON, E.; MARSH, P. Event study methodologies and the size effect. Journal of
Financial Economics, v. 17, p. 113-142, 1986.
DODD, P., & RUBACK, R. Tender offers and stockholder returns. Journal of
Financial Economics, v. 5, p. 351-373, 1977.
ECKBO, B. Horizontal mergers, collusion, and stockholder wealth. Journal of
Financial Economics, v. 11, p. 241-276, 1983.
72
FAMA, E.F. Market efficiency, long term returns, and behavioral finance. Journal of
Financial Economics, v. 49, p. 283-306, 1998.
FAMA, E.F.; MACBETH, J.D. Risk, return, and equilibrium: empirical tests. Journal of
Political Economy, v. 71, p. 607-636, 1973.
FAMA, E.; FRENCH, K. Common risk factors in the returns on stocks and bonds.
Journal of Financial Economics, v. 33, p. 3-56, 1993.
FOWLER, K.L.; SCHMIDT, D.R. Determinants of tender offer post acquisition
financial performance. Strategic Management Journal, v. 10, n. 4, p. 339-350, jul./
ago. 1989.
FRANKS, J.; HARRIS, R.; TITMAN, S. The post-merger share-price performance of
acquiring firms. Journal of Financial Economics, v. 29, p. 81-96, 1991.
FRENCH, K.R.; POTERBA, J.M. Investor diversification and international equity
markets. American Economic Review, v. 81, n. 2, p. 222-226, 1991.
GREGORY, A. An examination of the long run performance of U.K. acquiring firms.
Journal of Business Finance & Accounting, v. 24, p. 971-1002, 1997.
HEALEY, P.H; PALEPU, K.G.; RUBACK, R.S. Which takeovers are profitable?
strategic or financial? Sloan Management Review, p. 45-57, 1997.
HSU, L.; JANG, S. Post-merger financial performance of the lodging industry. Journal
of Hospitality & Tourism Research, v. 31, n. 4, p. 471-485, 2007.
JARRELL, G.; POULSEN, A. The returns to acquiring firms in tender offers: evidence
from three decades. Financial Management, v. 18, p. 12-19, 1989.
JEGADEESH, N. Long-term performance of seasoned equity offerings: benchmark
errors and biases in expectations. Financial Management, v. 29, p. 5-30, 2000.
JENSEN, M.C. The performance of mutual funds in the period 1945-1964. Journal of
Finance, v. 23, p. 389-416, 1968.
73
KANG, J.K. The international market for corporate control: mergers and acquisitions
of US firms by Japanese firms. Journal of Financial Economics, v. 34, p. 345-371,
1993.
KOTHARI, S.P.; WARNER, J.B. Measuring long-horizon security price performance.
Journal of Financial Economics, v. 43, p. 301-339, 1997.
LANGETIEG, T.C. An application of a three-factor performance index to measure
stockholder gains from merger. Journal of Financial Economics, v. 6, p. 365-383,
1978.
LINTNER, J. The valuation of risk assets and the selection of risky investments in
stock portfolios and capital budgets. Review of Economics and Statistics, v. 47, p.
1029-1054, 1965.
LOUGHRAN, T.; RITTER, J.R. Uniformly least powerful tests of market efficiency.
Journal of financial Economics, v. 55, p. 361-389, 2000.
LOUGHRAN, T.; VIJH, A.M. Do long-term shareholders benefit from corporate
acquisitions? Journal of Finance, v. 52, p. 1765-1790, 1997.
LYON, J.D.; BARBER, B.M.; TSAI, C. Improved methods for tests of long-run
abnormal stock returns. Journal of Finance, v. 54, n. 1, p. 165-201, fev. 1999.
MALATESTA, P.H. The wealth effect of merger activity and the objective functions of
merging firms. Journal of Financial Economics, v. 11, p. 155-181, 1983.
MANDELKER, G. Risk and return: the case of merging firms. Journal of Financial
Economics, v. 1, p. 303-335, 1974.
MANNE, H. Mergers and the market for corporate control. Journal of Political
Economy, v. 73, p. 110-120, 1965.
MARTIN, K.J.; MCCONNELL, J.J. Corporate performance, corporate takeovers, and
management turnover. Journal of Finance, v. 46, p. 671-687, 1991.
MEGGINSON, W.L.; MORGAN, A.; NAIL, L. The determinants of positive long-term
performance in strategic mergers: corporate focus and cash. Journal of Banking and
Finance, p.1-30, 2003.
74
MITCHELL, M.; MULHERIN, J. The impact of industry shocks on takeover and
restructuring activity. Journal of Financial Economics, v. 41, p. 193-229, 1996.
MITCHELL, M.L.; STAFFORD. E. Managerial decisions and long term stock price
performance. Journal of Business, v. 73, p. 287-329, 2000.
MYERS, S.C.; MAJLUF, N.S. Corporate financing and investment decisions when
firms have information that investors do not have. Journal of Financial Economics, v.
13, p. 187-221, 1984.
NAPIER, N.K. Merger and acquisitions, human resources issues and outcomes: a
review and suggested typology. Journal of Management Studies, v. 26, n. 3, p. 271,
mai. 1989.
RAU, R.P., VERMAELEN, T. Glamour, value and the post-acquisition performance of
acquiring firms. Journal of Financial Economics, v. 49, p. 223-253, 1998.
ROSEN, R. Merger momentum and investor sentiment: the stock market reaction to
merger announcements. Journal of Business, 2004.
RUGMAN, A. Inside the multinationals: the economics of internal markets. London:
Croom Helm, 1981.
SAHIN, O.F. Test methods and the long-run performance of acquisitions. 2002.
Dissertation (Doctorate in Business Administration) Graduate School of Saint Louis
University, USA.
SETH, A. Sources of value creation in acquisitions: an empirical investigation.
Strategic Management Journal, v. 11, n. 6, p. 431-446, out. 1990.
SHAKED, I.; MICHEL, A.; MCCLAIN, D. The foreign acquirer bonanza: myth or
reality? Journal of Business Finance & Accounting, v. 18, p. 431-447, 1991.
SHARPE, W.F. Capital asset prices: a theory of market equilibrium under conditions
of risk. Journal of Finance, v. 19, p. 425-442, 1964.
75
SHEEL, A.; NAGPAL, A. The post-merger equity value performance of acquiring
firms in the hospitality industry. The Journal of Hospitality Financial Management, v. 8
n. 1, p. 37-45, 2000.
YANG, J., KIM, W., Long-Term Post-Merger Financial Performance of the Hospitality
Firms, 12th Annual Graduate Education and Graduate Student Research Conference
in Hospitality and Tourism, January 4-6, 2007, Houston, Texas, USA.
76
ANEXO A
Segue lista de empresas adquirentes por país que participaram dos eventos
de fusão e aquisição analisados:
Brasil: Cia Brasileira de Distribuição, Banco Bradesco SA, Cia Vale do Rio Doce
SA, Petróleo Brasileiro SA, AmBev, CSN, White Martins SA, Brasil Telecom
Participações, União de Bancos Brasileiros SA, Santista Alimentos (Bunge),
Banco Itaú Hldg Financeira SA, Weg SA, Telemar Norte Leste SA, Gerdau SA,
Coteminas, Cia Forca e Luz Cataguazes, Serrana AS (Bunge Brasil), Fertibras SA,
Dixie Toga SA, DASA, Braskem SA, Banco Sudameris Brasil SA, Duratex SA,
Eletrobras, Embratel Participações SA, Aracruz Celulose SA, Cia Suzano de Papel
e Celulose, Light SA, Cia de Concessões Rodoviárias, SA Indústria Comércio
Chapeco, Sadia SA, Alpargatas Santista Têxtil SA, COPEL, Suzano Petroquímica
SA, Cofap, Ultrapar Participações SA, Cemig, Usiminas, Cia de Transmissão de
Energia.
México: Accel SA de CV, Acer Computec Latino America, Alfa SAB de CV, Alsea
SA de CV, America Móvil SAB de CV, CEMEX SA DE CV, CIE, Coca-Cola
FEMSA SA CV, Comerci, Corporación Geo SA de CV, El Puerto de Liverpool,
Embotelladora Argos, Empaques Ponderosa SA de CV, Empresas ICA SAB de
CV, Fomento Economico Mexicano, Gruma SA de CV, Grupo Bafar SA de CV,
Grupo Bimbo SAB de CV, Grupo Carso SA de CV, Grupo Cementos De
Chihuahua, Grupo Comercial Gomo SA de CV, Grupo Continental SA de CV,
Grupo Corvi SA de CV, Grupo Elektra SA de CV, Grupo Financiero Banorte SA,
Grupo Financiero BBVA Bancomer, Grupo Financiero Inbursa SA, Grupo Gigante
SA de CV, Grupo Herdez SA de CV, Grupo Industrial Durango SA, Grupo
Industrial Saltillo SA, Grupo La Moderna SA de CV, Grupo Marti SA, Grupo
Posadas SA de CV, Grupo Sanborns SA de CV, Grupo Simec SAB de CV, Grupo
Televisa SA de CV, Grupo TMM SA De CV, Industrias Bachoco SA de CV,
Industrias CH SA de CV, Industrias Penoles SA de CV, Jugos del Valle SA de CV,
Latinoamericana Duty Free SA, Organización Soriana SA de CV, Savia SA de
CV(Pulsar), Television Azteca SA de CV, Telmex, Tubos de Acero de México SA,
Unefon SA de CV, Vitro SA de CV.
77
Chile: Falabella, Empresas CMPC, Cía de Teléfonos de Chile, Banco de Chile,
AFP Provida SA, Cía Sud Americana de Vap, Vina Concho y Toro SA, Santander
Chile Holding SA, Santa Isabel SA, Quinenco SA, Madeco SA, Cia Cervecerías
Unidas SA, BanMedica SA, Farmacias Ahumada SA, Esval, ENTEL, Edelpa,
Embotelladora Andina SA, Bicecorp SA, Almendral SA, Endesa, Enersis SA,
Elecmetal SA, D&S, BBVA Banco BHIF, Colbun SA, Grupo Security SA, Inforsa
Group, LAN Chile, BCI, Pesquera Itata SA, Puerto de Lirquen SA, CGE, Cencosud
SA, Cementos Bio Bio SA, Sociedad Química y Minera, Soquimich Comercial SA,
Telex-Chile(Grupo Ibanez-Radi).
Argentina: YPF SA, Molinos Rio de la Plata SA, Astra Cía AR Petróleo(Repsol),
San Miguel SA, IRSA, BBV Banco Frances SA, Acindar Industria Argentina,
Tenaris SA, Banco Macro SA, Banco Río de la Plata SA, Banco del Suquia SA,
Grupo Juan Minetti SA, Cresud SA Comercial, Capex SA, Grupo Financiero
Galicia SA, Garovaglio y Zorraquin SA, Indupa SA, BAESA, Ledesma SA Agrícola
Industrial, Metrogas SA, Mirgor SACIFIA, Aluminio Argentino SAIC, Petrobras
Energía Particip SA, Polledo SA, Química Estrella SA, SA Importadora y
Exportador, Atanor SA, Siderar ,Sol Petróleo SA, Telecom Argentina STET-
France, Telefonica de Argentina SA, Banco de Galicia Buenos Aires,
Transportadora de Gas del Sur.
Peru: Volcán Cia Minera, UCP Backus y Johnston SA, Gloria SA, Banco de
Credito del Peru, Credicorp Ltd, Empresa Agraria Andahuasi, Cementos
Pacasmayo SAA, Indeco SA, Interbank, Morococha SA, Quimpac SA, Rimac
Internacional, Sociedad Minera Corona SA, BBVA Banco Continental,
VINSA(Owens Illinois Inc).
Colômbia: Bavaria SA, Bancolombia SA, Carulla y Cia SA, Banco Ganadero SA,
Celumovil AS (Valores Bavaria), Almacenes Éxito SA, Banco Internacional de
Bogotá.
78
Venezuela: Manpa, Banco Provincial SAICA, Mercantil Servicios Financieros,
Banco del Caribe, Fondo de Valores Inmobiliarios, Industrias Ventane AS, Banco
de Venezuela SAICA.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo