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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA
CURSO DE MESTRADO EM ZOOLOGIA
Revisão Taxonômica do Gênero Polycentrus Müller & Troschel, 1848
(Perciformes; Polycentridae) com a descrição de três novas espécies
DANIEL PIRES COUTINHO
Dissertação de Mestrado apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Zoologia,
Curso de Mestrado, da Universidade Federal
do Pará e Museu Paraense Emílio Goeldi
como requisito para obtenção do grau de
Mestre em Zoologia.
Orientador: Dr. Wolmar Benjamin Wosiacki
Belém – PA
2010
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ii
Revisão Taxonômica do Gênero Polycentrus Müller & Troschel, 1848
(Perciformes; Polycentridae) com a descrição de três novas espécies
DANIEL PIRES COUTINHO
Orientador: Dr. Wolmar Benjamin Wosiacki
Belém – PA
2010
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DANIEL PIRES COUTINHO
Revisão Taxonômica do Gênero Polycentrus Müller & Troschel , 1848
(Perciformes; Polycentridae) com a descrição de três novas espécies
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Wolmar Benjamin Wosiacki (Orientador)
Coordenação de Zoologia, Museu Paraense Emílio Goeldi
______________________________________________________________________
Dr. Carlos Alberto Santos Lucena
______________________________________________________________________
Dr. Jonathan Stuart Ready
______________________________________________________________________
Dr. Marcelo Ribeiro de Britto
______________________________________________________________________
Dra. Maria Isabel Landim
______________________________________________________________________
Dr. Roberto Esser dos Reis
iv
DEDICATÓRIA
À minha amada família e ao fruto do
meu amor por minha esposa dedico
este trabalho.
v
Agradecimentos
Gostaria de demonstrar minha imensa gratidão a todas as pessoas e instituições que me
ajudaram durante estes dois anos de trabalho.
A Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi e ao Programa de Pós-
graduação em Zoologia-PPGZOO, na pessoa da Coordenadora Dra. Maria Cristina dos
Santos Costa, pela oportunidade de ter cursado o Mestrado em Zoologia, oportunidade esta
que não tive na minha cidade natal.
Ao Dr. Wolmar Benjamin Wosiacki, curador da Coleção Ictiológica do Museu Paraense
Emílio Goeldi, professor do curso de mestrado, orientador da minha dissertação, que
superando os limites de seu dever da transmissão de conhecimentos científicos, cobranças e
correções, demonstrou-se um amigo, com o qual pude compartilhar piadas e músicas, além de
contar com apoio e compreensão “paternal” nas horas onde minha falta de experiência e/ou
limitações intelectuais tornaram moroso o desenvolvimento do trabalho.
A CAPES, pela concessão da bolsa de estudos e financiamento através do Programa Nacional
de Cooperação Acadêmica – PROCAD-NF: 23038.042984/2008-30. Bem como ao Dr.
Wolmar Benjamin Wosiacki pelo apoio nas viagens de visita às coleções.
A todo o corpo docente do PPGZOO, pela disponibilidade, presteza e conhecimentos
transmitidos.
vi
À Isaura Magalhães, Chris Gondinho, Alberto Bezzerra e Sr. Aragão , pessoal do setor de
técnico e curadoria da Ictiologia (MPEG/MCT) pelo suporte, boa vizinhança e pelos
divertidos papos após o almoço e durante os cafezinhos.
À Dr
a
. Ana Lucia da Costa Prudente, Dr. Alexandre Aleixo e Dr. Alexandre Bonaldo pela
aprovação e sugestões na etapa de qualificação deste trabalho, Dr. Roberto Reis, Dr. Taran
Grant, Dr. Rodney, Dr. Flávio Lima e Msc. Manuela, pelas valiosas críticas e sugestões.
À Sabine por ter me oferecido estadia na sua casa em Porto Alegre, bem como a sua família:
Sr. Walter, Sr
a
. Isabel e Eduardo.
Aos curadores e técnicos das coleções pelo acesso fácil aos laboratórios e empréstimo do
material necessário para realização deste trabalho.
Blg
o
. Homero Sanchez (IAAP-Iquitos), Cecile Gama, Fábio Costa e Gerlane (IEPA), Dr
a
.
Lúcia Rapp Py-Daniel (INPA), Dr. Provenzano (MBUCV-Caracas), Dr
a
. Margarete Lucena e
Dr. Carlos Lucena (MCP), Dr. Hernan Ortega e Blg
a
. Jéssica Espino (MUSM-Lima), Dr. José
Lima e Dr. Osvaldo Oyakawa (MZUSP), Dr. Luiz Malabarba e Msc. Fenando Carvalho.
Ao casal de amigos Daniele e Krhishna por me oferecerem abrigo em São Paulo durante a
visita a coleção do MZUSP.
vii
A Natália Castro (Nati) pela grande amizade, companheirismo no laboratório, pela ajuda
mútua na realização dos trabalhos do mestrado e pelo socorro nos “aperreios” durante o
período que estive em São Paulo, e que juntamente com Guilherme, Bruno e Luis me
abrigaram na “Republica do Pão de Queijo” durante a etapa final do mestrado.
Aos amigos da Ictiologia: Dr. Luciano “Miúdo” Montag, Marina Mendonça, Luiz Peixoto,
Tiago Begot, Tiago Freitas, Guilherme Dutra, Fábio “Lost” Costa, Fábio Ribeiro, Cristiane
Ramos, Eduardo, Valéria, Bruno “Alucy” Ayres, Tiago Barbosa e Vitor pelos divertidos
almoços na mesa mais animada do Restaurante do Seu Jorge, bem como aos amigos da turma
de mestrado PPGZOO 2008 e demais colegas do museu pelas dicas e auxílio durante a
execução do presente trabalho.
À Waldima e Suzana que me hospedaram por mais de um mês no início do mestrado.
Aos meus amigos (e quase filhos!) Francílio e Adilana com os quais reparti estes dois anos de
convivência na cidade de Belém, vivendo sobre o mesmo teto. Saudades de vocês meus
irmãozinhos.
Aos meus pais Sr. Jerneide Coutinho Almeida e Sr
a
. Maria do Espírito Santo Pires Coutinho,
pelo apoio moral e financeiro, por todo amor que me dedicam mesmo à distância. E também
as minhas duas manas Sara e Suzane Pires Coutinho por amarem e cuidarem dos meus
velhos.
viii
Um agradecimento especial para minha amada esposa Joxleide Mendes da Costa Pires
Coutinho, pelo suporte financeiro, apoio espiritual, por todo amor dedicado e por toda sua
(in)paciência durante a minha estadia longe dos seus cuidados. “Amor, tô voltando pra casa!”
ix
SUMÁRIO
Introdução Geral ....................................................................................................................... 1
Introdução ................................................................................................................................. 5
Material e Métodos ................................................................................................................... 6
Resultados .................................................................................................................................. 7
Polycentrus Müller & Troschel ............................................................................................... 7
Chave para as espécies de Polycentrus .................................................................................... 9
Polycentrus “Caxiuanã”, espécie nova .................................................................................... 9
Polycentrus “Flechal”, espécie nova ...................................................................................... 17
Polycentrus “Rio Negro”, espécie nova ................................................................................. 25
Polycentrus Schomburgkii Müller & Trochel, 1848 ............................................................ 32
Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 42
Anexos ........................................................................................... Erro! Indicador não definido.
Legendas das figuras............................................................................................................... 49
Normas de Submissão para a Neotropical Ichthyology............ Erro! Indicador não definido.
1
Introdução Geral 1
2
A ordem Perciformes agrupa mais de 10.000 espécies de peixes marinhos e de 3
água doce distribuídas em 160 famílias agrupadas pelo compartilhamento de um conjunto de 4
caracteres como os primeiros raios das nadadeiras em forma de espinho na nadadeira dorsal, 5
nadadeira anal e pélvica, ausência de nadadeira adiposa, escamas ctenóides, nadadeira pélvica 6
em posição torácica, nadadeira peitoral com base lateral e vertical, maxila margeada pela pré-7
maxila, ausência dos ossos orbitoesfenóide e mesocoracóide e ausência de duto na bexiga 8
natatória (Nelson, 2006). No entanto, o monofiletismo da Ordem é incerta e certamente está 9
sujeita a mudanças que refletirão melhor sua história evolutiva (Nelson, 2006). Johnson e 10
Paterson (1993) e Nelson (2006) apresentaram evidências de que o grupo, no estado atual, é 11
polifilético e para tornar-se um grupo natural, devem ser incluídos membros atualmente 12
alocados em Scorpaeniformes (peixe-escorpião), Pleuronectiformes (linguados) e 13
Tetraodontiformes (baiacu). 14
Dentre as famílias de Perciformes de água doce, os “peixes-folha” compartilham 15
comportamento furtivo e padrão de coloração que mimetiza folhas (e.g. Nandidae, Badidae e 16
Polycentridae) (Nelson,2006). A família Polycentridae é um grupo natural composto, 17
atualmente, por quatro gêneros monotípicos, sendo duas espécies da região Neotropical e 18
duas da África ocidental (Britz, 1997). As espécies neotropicais são Monocirrhus 19
polyacanthus Heckel 1840, descrita para alto Rio Negro na localidade Marabitanas, 20
Amazonas e Polycentrus schomburgkii Müller & Troschel 1848, descrito para o Rio 21
Essequibo na Guiana. Para a África foram descritas as espécies Polycentropsis abbreviata 22
Boulenger 1901, do rio Niger e Afronandus sheljuzhkoi Meinken 1955, da Costa do Marfim. 23
2
Os Polycentridae são predadores de cabeça volumosa e uma grande boca protrátil 24
especializada em engolir presas inteiras, corpo comprimido de pequeno porte (6-8 cm 25
Comprimento Padrão), nadadeira dorsal e anal extensas, com bordas de aspecto serreado 26
nadadeiras peitorais sem espinhos e a nadadeira ventral com espinho único e cinco raios 27
bifurcados, nadadeira caudal truncada ou levemente arredondada quando aberta, coloração 28
críptica e hábitos miméticos (Britz e Kullander, 2003). 29
Segundo Liem (1970) os quatro gêneros são facilmente diagnosticados pelo padrão de 30
serreamento dos ossos lacrimal e pré-opercular. O gênero Monocirrhus possui as bordas dos 31
ossos lacrimal e pré-opercular lisas; Afronandus possui o lacrimal liso e o pré-opercular 32
distintamente serreado em toda a extensão da borda ventral do processo horizontal, com os 33
espinhos direcionados anteroventalmente; Polycentropsis porta serras no lacrimal e serras 34
pouco desenvolvidas na margem das porções anterior do processo horizontal e angular do 35
pré-opercular; e Polycentrus é caracterizado por possuir serras na borda ventral do lacrimal e 36
no pré-opercular na margem ventral do processo horizontal sendo esta série dividida em três 37
porções por dois poros do sistema do sistema sensorial. 38
A família Polycentridae foi, desde sua proposição, mal definida taxonomicamente, por 39
compartilhar caracteres basais com outros percóides de distribuição disjunta como os 40
Nandidae e Badidae (de distribuição Indo-malaia), com os quais compartilha além da forma 41
do corpo, o hábito furtivo e a coloração críptica. Essa peculiaridade gerou classificações 42
dúbias e várias realocações em nível de família, hora agrupando seus gêneros em Nandidae, 43
hora retirando-os sendo e revalidada. 44
Originalmente os Polycentridae foram descritos na família Sciaenidae e Jordan (1923) 45
propôs a família Polycentridae ao agrupar as espécies neotropicais Polycentrus schomburgkii, 46
Monocirrhus polyacanthus e o gênero africano Polycentropsis, segregando pela primeira vez 47
a família Nandidae em Nandidae e Polycentridae. 48
3
Smith e Bailey (1962) reincorporaram as espécies antes desmembradas para 49
Polycentridae à família Nandidae, que incluía também o gênero Pristolepis. O agrupamento 50
permaneceu até a revalidação de Polycentridae realizada por Kullander & Britz (2002), tendo 51
como base o trabalho de Britz (1997). 52
Britz (1997), analisando a superfície dos ovos, as glândulas adesivas das larvas e o 53
comportamento reprodutivo dos Nandidae sugeriu que os gêneros Polycentropsis, 54
Monocirrhus e Polycentrus formam um grupo natural com base nas seguintes apomorfias: 55
ovos com o exclusivo padrão de superfície, contendo finas cristas que correm radialmente a 56
partir da micrópila, larva com glândula adesiva multicelular no topo da cabeça; e adultos com 57
desova única. O gênero Afronandus é sugerido como parte da família, porém aparecendo em 58
um clado mais abrangente por compartilhar com os outros três gêneros a presença de 59
filamentos adesivos no pólo vegetativo do ovo. 60
A família Polycentridae carece de estudos taxonômicos, já que as espécies conhecidas 61
da família Polycentridae foram descritas a mais de cem anos e dispõe somente de trabalhos 62
esparsos, como citações em catálogos de acervos de museus, sem um maior detalhamento 63
sistemático e taxonômico. Uma análise prévia do acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi 64
(MPEG) e do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) nos indicou a 65
existência de um número maior de morfoespécies, bem como uma abrangência geográfica 66
muito maior que a conhecida, como é o caso da espécie aqui descrita para o Rio Negro. 67
O artigo a seguir revisa a sistemática e a taxonomia do gênero Polycentrus, redescrevendo a 68
espécie tipo do gênero, descrevendo três novas espécies e adicionando caracteres antes não 69
utilizados nas análises morfológicas, merísticas e morfométricas, detalhando melhor a 70
diagnose para o gênero. 71
72
4
73
Revisão Taxonômica de Polycentrus Müller & Troschel , 1848 (Perciformes: Polycentridae) 74
com a descrição de três novas espécies. 75
76
*DANIEL PIRES COUTINHO 77
*Programa de Pós-Graduação em Zoologia, UFPA/MPEG, Av. Magalhães Barata, 376, CP 78
399, CEP 66040-170, Belém, PA, Brasil; E-mail: [email protected] 79
80
The genus Polycentrus Müller & Troschel is revised. Four species are recognized, P. 81
schomburgkii is redescribed and three species are described as new. The genus diagnosis is 82
enlarged based in meristic, morfology and colour pattern. Polycentrus n. sp. “Caxiuanã”, 83
from Lowlands Amazon Bansin, is diagnosed by the totaly serrated interopercular edge vs. 84
smooth or partialy serrated on the congeners. Polycentrus sp. n. “Rio Negro” from midle rio 85
Negro, is diagnosed by the smooth lacrhymal bone vs. serrated in congeners plus a 86
combination of non-exclusive characters. Polycentrus n. sp. “Flechal” is diagnosed by a dark 87
opercular vertical bar vs. vertical opercular bar absent plus a combination of non-exclusive 88
characters. A dichotomic key to species and remarks about exclusive characters is provided. 89
90
O gênero Polycentrus Müller & Troschel é revisado. Quatro espécies são reconhecidas P. 91
schomburgkii redescrita e três espécies novas descritas. A diagnose do gênero é ampliada 92
baseada em dados merísticos, morfológicos e do colorido. Polycentrus “Caxiuanã”, do baixo 93
Amazonas, diferencia-se pela borda ventral do inter-opercular totalmente serreada vs. lisa ou 94
parcialmente serreada nos congêneres, entre outros caracteres. Polycentrus n. sp. “Rio 95
Negro”, do médio Rio Negro, pelo osso lacrimal liso vs. serreado nos congêneres mais a 96
5
combinação de outros caracteres não exclusivos. Polycentrus n. sp.. “Flechal”, da bacia do rio 97
Araguari, diferencia-se por apresentar barra negra vertical no opérculo vs. máculas não 98
formando barras nos congêneres, mais a combinação de outros caracteres não exclusivos. 99
Uma chave dicotômica para espécies, bem como comentários sobres caracteres exclusivos e 100
compartilhados são apresentados. 101
Palavras-chave. Peixe-folha, Baixo Amazonas, Rio Negro, Baixo Orinoco, Drenagem do 102
escudo das Guianas. 103
104
Introdução 105
O gênero Polycentrus Müller & Troschel, 1848 apresenta distribuição restrita à América 106
do Sul, iniciada a partir da Venezuela, nas drenagens do golfo de Paria acima da foz do rio 107
Orinoco, aparecendo nos rios da drenagem litorânea do escudo das Guianas, na ilha de 108
Trinidad, até a foz do rio Amazonas. 109
Foi proposto por Müller & Troschel (1848) para alocar Polycentrus schomburgkii Müller 110
& Troschel , 1848, descrita muito sucintamente, sendo no ano seguinte, um pouco mais 111
detalhada por Müller & Troschel (1849). Entretanto, P. schomburgkii foi descrita 112
primariamente por Linnaeus (1758) como Labrus punctatus Linnaeus (Labridae), baseado 113
nos desenhos de Gronovius que nunca foi utilizado sendo considerado nomen nudum. 114
Segundo Fernholm e Wheeler (1983) um dos espécimes de L. punctatus desenhados por 115
Gronovius é um Cichlidae do Suriname [Cichlasoma bimaculatum (Linnaeus)] e o outro, 116
depositado no NHM, é um P. schomburgkii designado por Kullander (1983) como lectótipo 117
da espécie, tornando o nome P. schomburgkii ameaçado por L. punctatus (Paepke, 1993). 118
Reconhecendo esta ameaça, Paepke (1993) solicita ao ICZN a supressão de L. punctatus em 119
detrimento de P. schomburgkii, que era amplamente utilizado. A Opinião 1954 de junho de 120
6
2000 removeu esta ameaça, e ao P. schomburgkii é dada precedência sobre o nome Labrus 121
punctatus quando os dois forem considerados sinônimos (ICZN, 2000). A sinonimização 122
ocorreu em Britz e Kullander (2003). 123
Gill (1858) descreveu P. tricolor Gill, 1858, da bacia do rio Arauco em Trinidad, 124
justificando que na descrição de P. schomburgkii consta apenas a palavra bräun (castanho) na 125
caracterização da coloração da espécie. Desta forma Gill (1858) propôs como diagnose para 126
P. tricolor o padrão de coloração com flancos pontilhados. Sauvage (1882) descreveu 127
Mesonauta surinamensis Sauvage para o Suriname, nome este que juntamente com L. 128
punctatus e P. tricolor foram sinonimizados com P. schomburgkii, por Britz e Kullander 129
(2003). No mesmo trabalho, os autores apresentaram Polycentridae formalmente como 130
família, que já havia sido proposta como grupo monofilético por Britz (1997). Britz e 131
Kullander (2003) listaram dois gêneros e duas espécies (Monocirrhus polyacanthus e 132
Polycentrus schomburgkii) válidas para a região Neotropical. 133
Baseado em análises de material de acervos científicos, proveniente de diversas 134
localidades das bacias Amazônica, Orinoco e drenagens do litoral do escudo das Guianas, 135
constatou-se a necessidade de uma revisão taxonômica de Polycentrus registrando-se a 136
ocorrência de novas espécies do gênero, as quais são descritas no presente trabalho. 137
138
Material e Métodos 139
Dados morfométricos e merísticos obtidos com auxílio de estereomicroscópio e 140
paquímetro digital modelo Mitutoyo aferido ao décimo de milímetro, seguiram Kullander 141
(1983) e Kullander & Britz (2002) com as modificações; altura anal medida da origem da 142
nadadeira anal até o ponto mais dorsal do corpo, altura pélvica medida da origem da 143
nadadeira pélvica até o ponto mais dorsal, comprimento das nadadeiras dorsal e anal 144
7
divididas em comprimento das bases espinhosa para a distância entre o primeiro e o último 145
raio duro e raiada para a distância entre o primeiro e o último raio mole. Para o padrão de 146
colorido são propostos os seguintes caracteres: faixas negras pós-orbitais sendo uma diagonal 147
superior, horizontal uma média e uma diagonal inferior, todas com origem na borda posterior 148
da órbita ocular; máculas operculares para conjuntos de 3-5 escamas circum vizinhas 149
pigmentadas de negro, formando duas ou três máculas sobre o opérculo; barra opercular 150
vertical, provavelmente um estado do caráter anterior onde ao se tornarem contíguas as 151
maculas formam uma barra sobre o opérculo; faixa sub opercular para um faixa levemente 152
escura originada no ponto mais ventral da origem do operculo e se extende até a regial pré 153
anal.Abreviaturas institucionais seguiram Reis et al.(2003), com a adição de ECFP (Estação 154
Científica Ferreira Pena), IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado 155
do Amapá, Expedição Permanente à Amazônia (EPA), mais as abreviações morfométricas 156
CP (Comprimento Padrão), CC (Comprimento da Cabeça), DP (Desvio Padrão). Dados 157
merísticos dos holótipos representados por asterisco (*). A freqüência de cada contagem é 158
apresentada entre parênteses após a respectiva contagem. A análise dos ossos e poros foi 159
baseada em exemplares diafanizados segundo Taylor e Van Dyke (1985) e radiografias 160
obtidas no site http://artedi.nrm.se/nrmfish/imageinspect.php (lectótipo de Poycentrus 161
schomburgkii) e com o aparelho Orion 100, com profundidade 100 e tempo 0.1, seguindo a 162
nomeclatura proposta por Liem (1970), sendo que os poros do sistema sensorial seguiu 163
Kullander & Britz (2002). 164
165
Resultados 166
Polycentrus Müller & Troschel 167
8
Polycentrus Müller & Troschel , 1848: 622 [descrição original, espécie-tipo: Polycentrus 168
schomburgkii - Müller & Troschel , 1849: 25 [repete a descrição do gênero e amplia a 169
descrição da espécie-tipo] 170
171
Diagnose. O gênero Polycentrus pode ser diagnosticado por apresentar padrão de coloração 172
formado por séries horizontais de pontos escuros, margeados por pontos claros (vs. padrão 173
marmorizado nos demais gêneros sem séries horizontais de pontos); número de espinhos na 174
nadadeira anal, 11-13 (vs. Afronandus, três ou quatro; Polycentropsis, dez); número de 175
escamas perfuradas na linha lateral superior, uma [vs. Polycentropsis, cinco ou seis e escamas 176
perfuradas ausentes em Afronandus, senso Berra (2001)]; serras do pré-opercular pequenas e 177
voltadas ventralmente (vs. conspicuamente desenvolvidos e orientados ântero-ventralmente 178
em Afronandus); número de pterigióforos da nadadeira anal 16 ou 17 (vs. nove em 179
Afronandus e 23 ou 24 em Monocirrhus); serras do pré-opercular descontínuas na margem 180
ventral (vs. serras contínuas); barbilhão na sínfise mandibular ausente (vs. presente em 181
Monocirrhus); ausência de escamas na base da nadadeira caudal (vs. ¾ da nadadeira caudal 182
com escamas em Monocirrhus); serras presentes na borda ventral do pré-opercular e 183
interopercular (vs. ausente em Monocirrhus); escamas ausentes na linha lateral posterior (vs. 184
ocasionalmente presente em Monocirrhus). 185
186
Distribuição Geográfica. Distribuição conhecida descontínua, com registro isolado no 187
médio rio Negro, e no litoral Atlântico Norte da América do Sul, da foz do rio Orinoco, foz 188
das drenagens costeiras dos escudo das Guianas até pequenos sitemeas fluviais da foz do rio 189
Amazonas. 190
191
192
9
Chave para as espécies de Polycentrus 193
1.a Três faixas escuras pós-orbitais (uma superior, uma media e uma inferior); margem 194
ventral do lacrimal lisa; margem posterior do processo vertical do pré-opérculo serreada; 195
1-2 espinhos livres no opérculo evidentes e palpáveis; presença de1-3 serras na borda 196
posterior do opérculo; borda do cleitro serreada (Fig.1c)..................................Polycentrus 197
“Rio Negro”, n. sp. 198
1.b Duas faixas pós-orbitais (superior e inferior); margem ventral do lacrimal serreada; 199
margem posterior do processo vertical do pré-opérculo lisa; espinhos do opérculo coberto 200
total ou parcialmente pelas escamas do opérculo; serras ausentes, borda do 201
cleitro.....................................................................................................................................2 202
203
2.a Margem ventral do inter-operculo totalmente serreada; faixa escura sub-opercular 204
presente (Fig.1a)......................................................................Polycentrus “Caxiuanã” n. sp. 205
2.b Margem posterior do inter-operculo com serras somente na porção anterior, ou 206
estendendo-se, no máximo, até a porção mediana; faixa escura do sub-opercular ausente 207
ou inconspícua.......................................................................................................................3 208
3.a Margem do inter-opercular com serras até a porção medial; barra escura opercular e faixa 209
escura maxilar presentes; máculas infra-opercular e médio-opercular ausentes 210
(Fig.1b).......................................................................................Polycentrus “Flechal” n. sp. 211
3.b Margem do inter-opercular lisa ou com serras restritas à porção anterior; barra escura 212
opercular e faixa escura maxilar ausentes (Fig.1d)......................................P. schomburgkii. 213
214
Polycentrus “Caxiuanã”, espécie nova 215
Figs. 1a e 2; Tabela 1 216
10
217
Holótipo. BRASIL. Estado do Pará. MPEG XXXXX, 31.0 mm CP, município de Melgaço, 218
Igarapé Santa Rosa, Montag, L. F. A., 22 Nov 2003. 219
Parátipos. BRASIL. Estado do Pará. Todos da bacia do rio Amazonas MPEG 10403, 6, 220
28.9-32.6 mm CP, 1 C&S, 32.6 mm CP, coletados com o holótipo; MPEG 7578, 1, 33.0 mm, 221
município de Ponta de Pedras, igarapé São Domingos, rio Quiã-Paranã, 01º22’09’’S 222
48º55’24’’W, A. B. Sousa e V. Sena, 20 Dez 2003; MPEG 9912, 1, 29.1 mm, município de 223
Barcarena, Vila dos cabanos, igarapé Caripi-açu, 01°29’S 48°42’W, A. B. Sousa, 22 Mar 224
2002; MPEG 11258, 1, 16.5 mm, município de Melgaço, lago Cacuri-ECFP, L. F. A. 225
Montag, 08 Abr 2002; MPEG XXXXX, 30, 14.8-32.2 mm, 4 C&S, 14-8-26.4 mm, município 226
de Barcarena, ilha Trambioca, córrego sem nome na estrada para a praia de Cirituba, 01°25°S 227
48°30’N, W. B. Wosiacki e A. B. Sousa, 21 Nov 2001. 228
Diagnose. Polycentrus “Caxiuanã” distingui-se dos congêneres por apresentar o inter-229
operculo com borda ventral serreada em toda extensão (vs. serreada nos dois terços anteriores 230
em Polycentrus “Flechal”, serreada nos dois terços posteriores em Polycentrus “Rio Negro”, 231
lisa ou serreada no terço anterior em P. schomburgkii ) (fig. 1a-d); faixa opercular 232
estendendo-se da inserção ventral do opercular até a região pélvica (vs. ausente nos 233
congêneres); focinho levemente protuso (vs. acentuadamente protuso em Polycentrus 234
“Flechal” e obtuso Polycentrus “Rio Negro”); pedúnculo caudal com perfis dorsal e ventral 235
côncavos (vs. perfis dorsal e ventral convergentes posteriormente em Polycentrus “Flechal”, 236
paralelos em Polycentrus “Rio Negro”); número de escamas pré-dorsais, 28-30 (vs. 19-21 em 237
Polycentrus “Flechal” e Polycentrus “Rio Negro”). Polycentrus “Caxiuanã” diferencia-se de 238
Polycentrus “Flechal” pela barra vertical opercular ausente (vs. presente); faixa maxilar, 239
estendendo-se da margem ventral do lacrimal sobre a porção distal da maxila até a região 240
gular, ausente ou inconspícua (vs. presente e conspícuas); faixa pré-frontal notoriamente mais 241
11
evidente e nítida que a cor de fundo (vs. pouco evidente e difusa na coloração de fundo). 242
Polycentrus “Caxiuanã” diferencia-se de Polycentrus “Rio Negro” por apresentar duas faixas 243
escuras pós-oculares (vs. três faixas); um processo espinhoso no opérculo (vs. dois processos 244
espinhosos no opérculo); margem posterior do opercular lisa, (vs. serreada); borda do 245
processo ascendente do pré-opercular lisa (vs. borda serreada); margem ventral do lacrimal 246
conspicuamente serreada (vs. lisa); sub-opercular totalmente liso (vs. com serras na região 247
medial); cleitro liso no processo dorsal (vs. processo dorsal serreado); quarto raio da 248
nadadeira peitoral atingindo a vertical sobre os raios III-IV da nadadeira anal (vs. atingindo a 249
vertical sobre a origem da nadadeira anal); escamas na base da nadadeira dorsal, 26-30 (vs. 250
19-20); escamas na base da nadadeira anal, 18-20 (vs.12-14); boca prognata (vs. isognata); 251
base dos raios moles da dorsal e anal em ângulo quase vertical (vs. base inclinada, ± 45°); 252
cabeça estreita e triangular em vista dorsal (vs. notoriamente mais larga e arredondada); 253
protusa em perfil lateral (vs. obtusa); faixa supra-orbital longa, estendendo descontinuamente 254
da margem orbital até próximo dos raios I-III da dorsal (vs. curta, da margem póstero-dorsal 255
da órbita até extremidade dorsal do pré-opercular). Polycentrus “Caxiuanã” diferencia-se de 256
P. schomburgkii por apresentar mácula média-opercular menor, abrangendo duas escamas 257
horizontais e duas verticais (vs. mácula média-opercular maior abrangendo três ½ escamas 258
horizontais e três verticais). 259
F1 e 2. 260
Descrição. Dados merísticos e morfométricos apresentados na Tabela 1. Corpo, em vista 261
lateral, elipsóide, alto, levemente alongado. Elipsóide em seção transversal sobre o meio do 262
comprimento padrão. Perfil dorsal convexo em um arco acentuado de inclinação ascendente 263
na região pré-dorsal, continuando em arco convexo descendente ao longo da base da 264
nadadeira dorsal até o raio mais posterior, terminando em uma pequena inclinação vertical na 265
base dos raios moles. Perfil ventral quase reto do lábio inferior até o istmo, levemente 266
12
convexo posteriormente em um arco até a origem da nadadeira anal, arqueamento mais 267
acentuado por toda a base da anal até o raio mais posterior da nadadeira, terminando em uma 268
pequena inclinação vertical na base dos raios moles. Pedúnculo caudal comprimido, curto e 269
alto (14,2-17,6 % CP), perfis dorsal e ventral ligeiramente côncavos. 270
Cabeça, em vista dorsal, estreita, triangular e protusa em perfil lateral. Machos em fase 271
reprodutiva com discreta gibosidade adiposa na região occipital. Focinho estreito e protuso. 272
Boca ampla, protrátil, terminal, prognata, obliquamente voltada para cima, extremidade 273
anterior na ½ da altura da cabeça, ou um pouco acima, contornada por lábios delgados. Pré-274
maxilar portando 3-5 séries de dentes viliformes por toda extensão do processo dentígero. 275
Dentário portando 3-4 séries de dentes viliformes da borda interna da sínfise mandibular até o 276
ângulo-articular. Ausência de placas dentígeras no maxilar, paresfenóide, ectopterigóide, 277
basehial e terceiro hipobranquial. Extremidade posterior do maxilar ultrapassando a vertical 278
sobre o meio da órbita. Margem ventral do lacrimal serreada. Borda horizontal do pré-279
opérculo serreada, borda vertical lisa, reta em toda sua extensão. Um espinho conspícuo na 280
borda póstero-dorsal do opérculo, restante da borda lisa. Inter-opercular com borda ventral 281
lisa ou serreada no terço anterior. Sub-opercular com borda lisa em toda sua extensão. 282
Postemporal com 3-4 serras diminutas ou ausentes. Cleitro com margem lisa. 283
Sistema do canal-sensorial composto por poros diminutos: anguloarticulares aa1 e aa2, 284
dentários d1-4, extraescapulares ex1-3, frontais f2, lacrimais l1-3, nasais n1 e 2, pré-285
operculares p1-7, pós-temporal po1 e 2, e pteróticos pt1- 3. Poros coronais e infraorbitais 286
ausentes. Série de neuromastos margeando a região infraorbital. Linha lateral restrita a uma 287
escama sob o pós-temporal. 288
Série de escamas: pré-dorsal, 28(4), 29(1), 30*(7); vertical, 16*(7), 17(3) e 18(1); 289
horizontal, 24(1), 25 (1), 26* (6) ou 27(3); circumpeducular, 14(1), 17 (3), 18*(6). Escamas 290
das regiões, pré-dorsal, ventral e margem anterior do pré-opercular ciclóides. Escamas, 291
13
ctenóides, moderadamente grandes, no restante do corpo, mesmo nos jovens (16.4mm CP). 292
Bainha de escamas da nadadeira dorsal presente, livre da base da nadadeira, evidente a partir 293
do raio VI, com ½ a uma escama de altura, na porção terminal da base da nadadeira, 294
terminando abaixo da base dos raios moles. Bainha de escamas da nadadeira anal presente, 295
livre da base da nadadeira, com uma escama de altura, evidente em toda a extensão. 296
Nadadeira dorsal longa, XVI*(3), XVII( 5)XVIII(3)/7 (5),8*(6) raios, sem escamas, com 297
origem na vertical que passa pela inserção dorsal do opérculo; primeiro raio mais curto, 298
equivalente a um terço do raio V; quarto ou quinto raios mais longos; base de inserção dos 299
raios moles das nadadeiras dorsal inclinados em ângulos superiores a 45°, quase vertical; 300
extremidade distal dos raios moles atingindo a metade do comprimento da nadadeira caudal. 301
Nadadeira peitoral com ii/12*(10) ou13(1) raios, quinto raio mais longo, atingindo a origem 302
da nadadeira anal, margem arredondada, raios ramificados dicotomicamente uma vez em 303
torno do ¼ distal de seu comprimento. Nadadeira pélvica com I/5 raios. Espinho quase reto, 304
segundo raio maior que os demais, extremidade distal do segundo raio podendo alcançar 305
desde a abertura da cloaca até o início da nadadeira anal em fêmeas; em machos atingem a 306
base dos raios VI ou VII da nadadeira anal. Nadadeira anal longa, XIII*(7) ou XIV(4)/5(1), 6 307
(6) ou 7* (4) raios, origem sob a linha vertical anterior à inserção do VI-VII raio da nadadeira 308
dorsal, estendendo-se até a origem do pedúnculo caudal; extremidade distal dos raios moles 309
atingindo a metade do comprimento da nadadeira caudal; base dos raios moles ligeiramente 310
menos inclinados, as vezes em ângulos menores que 45°. Extremidade distal da porção mole 311
das nadadeiras dorsal e anal arredondada com os raios centrais ligeiramente mais compridos. 312
Nadadeira caudal redonda, raios dorsais e ventrais menores que os centrais, 16 raios, sem 313
escamas. 314
Vértebras totais, 23; vértebras pré-caudais, dez; vértebras caudais, 13-14. Espinhos 315
supraneurais, três. Espinhos neurais, 22, com o 15° ou 16° raio maior em relação aos demais. 316
14
Espinhos hemais, 11, com o segundo raio maior em relação aos demais. Pterigióforos da 317
nadadeira dorsal, 23, primeiro à frente terceiro espinho neural, com o nono maior em relação 318
aos demais. Pterigióforos da nadadeira anal, 17, primeiro inserido à frente do primeiro raio 319
hemal, quinto maior em relação aos demais. Costelas pleurais 9-11, originadas a partir da 320
terceira vértebra, com a quinta maior e levemente mais espessa em relação às demais. 321
Costelas epipleurais, sete. 322
T1 323
Dimorfismo sexual. Presença de gibosidade adiposa entre na região occipital dos machos, 324
ausente em fêmeas e sub-adultos. Indivíduos fêmeas, maduros, em álcool, apresentam 325
coloração amarelada no ventre . Nadadeira pélvica com o filamento do terceiro raio atingindo 326
entre 30,9-41,6% do CP nos machos, fêmeas e sub-adultos situam-se entre 14,0-26,7% do 327
CP. 328
329
Coloração em álcool. Corpo marrom claro salpicado por séries de pontos claros e escuros. 330
Cromatóforos difusos de coloração marrom clara, marrom escuro, negra e prateada, estes 331
últimos em menor número. O arranjo da distribuição destes pigmentos pode fazer a cor de 332
fundo variar desde o marrom pálido até complexos padrões marmorizados. Podem ocorrer 333
espécimes com colorido totalmente marrom escuro. Escamas geralmente com centro mais 334
claro e uma pequena barra vertical anterior ao meio da escama e pigmentações sub-marginais 335
mais escuras, às vezes, dando um leve aspecto de retículas hexagonais. Flancos com sete à 336
dez séries alternadas de cinco à oito pontos marrons escuro com pontos brancos adjacentes 337
dorsal e ventralmente. 338
Faixa pré-dorsal de display territorial/forrageio presente na maioria dos indivíduos; 339
coloração pálida, 2-3 escamas de espessura, ao longo de toda a região pré-dorsal, atingindo a 340
região da sínfise mandibular, quando ausente, a área correspondente apresenta a mesma 341
15
coloração marrom do corpo Faixa supra-orbital negra ou marrom escura, póstero-dorsal, 342
ascendente a partir da margem orbital paralela ao perfil pré-dorsal, termina abaixo dos raios 343
I-III, formada por 3-4 pontos contíguos, brevemente interrompida em 2-3 escamas com a cor 344
de fundo, segue com um ponto escuro, novamente interrompida por 2-3 escamas pálidas e 345
termina com mais um ponto escuro margeado posteriormente por uma escama pálida. Pode 346
ocorrer uma faixa sub-marginal pálida contígua ao longo de toda a extensão da supra-orbital. 347
Faixa pré-orbital inconspícua, marrom ou cinza, ântero-dorsal, estendendo-se do lacrimal em 348
direção ao dentário. Faixa infra-orbital formada por mais ou menos 6-7 pontos contíguos 349
sobre 13-15 escamas, coloração negra ou marrom escura, póstero-ventral, descendente 350
margeia a porção distal do maxilar a partir da margem orbital, transpassa a região genal, 351
cruza o inter-opercular em direção ao perfil pré-ventral, terminando sobre uma mácula pré-352
ventral inconspícua na quarta escama anterior à origem da nadadeira pélvica onde se conecta 353
a faixa infra-orbital do lado oposto. Faixa pós-orbital ausente. Faixa opercular inconspícua, 354
póstero-ventral, originada na porção mais ventral do opérculo, segue tangente a base ventral 355
da nadadeira peitoral ultrapassando a base da nadadeira pélvica, curvando-se ventralmente até 356
desaparecer antes de atingir o perfil ventral. Região entre pré-opercular e a margem posterior 357
da órbita com coloração mais pálida que a cor de fundo, com pigmentação prateada 358
ocasional. Mácula supra-opercular marrom ou negra sobre quatro ou cinco escamas da porção 359
angular póstero-dorsal do opercular. Mácula supra-cleitral inconspícua, iniciada próxima à 360
inserção do opérculo, parcial ou totalmente coberta pela porção angular póstero-dorsal do 361
opercular, ocupando quatro à seis escamas. Mácula ântero-opercular marrom ou negra sobre 362
três ou quatro escamas da porção ântero-angular do opercular. Mácula humeral marrom 363
escura ou negra, circular ou irregular, parcial ou totalmente encoberta pelo inter-opercular. 364
Sem barras verticais ao longo do corpo nas formas adultas, a não ser quando sob estresse, 365
16
onde assume o padrão de coloração semelhante a dos juvenis. Quatro barras conspícuas, nos 366
indivíduos jovens, originadas abaixo dos espinhos III-IV, VII-VIII e X-XI. 367
Nadadeira dorsal com a membrana interradial dos raios duros pigmentada de marrom 368
médio a marrom escuro, cinco ou seis pontos marrons entre os raios VI-VII,VIII-IX, XI-XII, 369
XIII-XIV e XV-XVI, base da bainha escamosa e todo o contorno abaixo dos espinhos 370
delineados por um sombreamento marrom escuro, quase negro. Membrana interradial dos 371
raios ramificados hialina, raios delineados por uma fileira de cromatóforos negros. Nadadeira 372
anal com as membranas interradiais da porção espinhosa marrom escura, região interradial 373
dos raios ramificados hialina, com uma mácula escura ocupando o terço proximal; raios 1-7 374
delineados por fileira única de cromatóforos negros. Nadadeira pélvica marrom escuro, 375
margem distal com estreita borda branca ou hialina, primeiro ramo do raio 2 pálido e opaco 376
em sua porção distal, demais raios marrons. Nadadeira peitoral com membranas interradiais 377
hialinas com raios ii/12-14 delineados por fileira única de cromatóforos negros. Caudal com 378
membranas interradiais hialinas com diminutos cromatóforos marrons delineando os raios, 379
cromatóforos negros, esparsos, de granulação variada, espalhados por toda a membrana. 380
381
Distribuição. Polycentrus “Caxiuanã” é conhecido de igarapés de várzea próximo a região 382
estuarina da foz do Amazonas, ocorrendo desde a ilha do Marajó nos municípios Ponta de 383
Pedras, Melgaço e de Barcarena-PA (Fig. 3). 384
F3 385
386
Habitat. Os espécimes foram coletados em zona sobre influência da maré. 387
388
Comentários. 389
17
Polycentrus “Caxiuanã” diferencia-se dos demais congêneres por apresentar a borda ventral 390
do inter-opercular totalmente serreada em indivíduos sub-adultos e adultos (acima de 20 391
mm), sendo parcialmente serreada nas demais espécies. Indivíduos de pequeno porte de 392
Polycentrus “Caxiuanã”, Polycentrus “Flechal” e P. schomburgkii compartilham a ausência 393
das serras do inter-opercular, que na ontogenia desenvolvem-se a partir de indivíduos sub-394
adultos de forma diagnóstica para cada espécie. Entretanto, de forma diferente, em 395
Polycentrus “Rio Negro” as serras já estão presentes, mesmo em indivíduos menores de 20 396
mm de CP. Polycentrus Caxiuanã é muito similar à P. schomburgkii com dados 397
morfométricos, morfológicos e merísticos compartilhando grande sobreposição. Entretanto, 398
exemplares adultos e bem conservados são facilmente diagnosticáveis, principalmente 399
quando o padrão de serras no inter-opercular. 400
Em Polycentrus “Caxiuanã” registra-se uma faixa opercular estendendo-se da porção da 401
inserção ventral do opérculo até a região pélvica, que está ausente nas demais espécies do 402
gênero, bem como em Monocirrhus polyacanthus e Polycentropsis abbreviata. Não foi 403
possível observar se em Afronandus sheljuzhkoi ocorre o presente padrão. Porém, 404
aparentemente a presente faixa trata-se de uma autapomorfia de Polycentrus “Caxiuanã”, 405
uma vez que está ausente nas demais espécies da família. 406
407
Polycentrus “Flechal”, espécie nova 408
Figs. 1b e 4; Tabela 2 409
410
Holótipo. BRASIL. Estado do Amapá. IEPA XXXX, 34.3 mm CP, município de 411
Tartarugalzinho, Rio Flechal, F. J.S. Costa, 22 Nov 2003. 412
18
Parátipos. BRASIL. Estado do Amapá. IEPA 2666, 53, 25.5-34.3 mm CP, coletados com o 413
holótipo; IEPA 2657, 32, 12.4-25.7 mm, município de Tartarugalzinho, Rio Flechal, F. J.S. 414
Costa e C. Gama; IEPA 1893, 29, 13.3-29.4 mm, município de Tartarugalzinho, Lago 415
Pracuúba, C. S. Gama, I. M. Vieira e U. M. Guedes-Jr, 20-21 Dez 2004. 416
417
Diagnose. Polycentrus “Flechal” diferencia-se dos congêneres por apresentar barra opercular 418
negra, formada pela fusão das máculas infra e média-opercular sobre seis ou sete escamas (vs. 419
ausente) (fig. 1a-d); faixa maxilar estendendo-se da margem ventral do lacrimal sobre a 420
porção distal da maxila, até a região gular (vs. ausente); inter-opercular com borda ventral 421
serreada nos dois terços anteriores (vs. serreada em toda sua extensão em Polycentrus 422
“Caxiuanã”, serreada nos dois terços posteriores em Polycentrus “Rio Negro” e lisa ou 423
serreada no terço anterior em P. schomburgkii); focinho acentuadamente protuso (vs. 424
levemente protuso em Polycentrus “Caxiuanã” e P. schomburgkii e obtuso em Polycentrus 425
“Rio Negro”); pedúnculo caudal com perfis dorsal e ventral convergentes, mais baixo na 426
porção posterior que anteriormente (vs. perfis dorsal e ventral côncavos em Polycentrus 427
“Caxiuanã” e P. schomburgkii, e paralelos em Polycentrus “Rio Negro”); número de escamas 428
pré-dorsais, 19-21 (vs. 28-30 em Polycentrus “Caxiuanã” e P. schomburgkii). Polycentrus 429
“Flechal” diferencia-se de Polycentrus “Caxiuanã” pela ausência de faixa opercular 430
estendendo-se da inserção ventral do opérculo até a região pélvica (vs. presente); faixa pré-431
frontal pouco evidente e difusa na coloração de fundo (vs. notoriamente mais evidente e 432
nítida que a cor de fundo). Polycentrus “Flechal” diferencia-se de Polycentrus “Rio Negro” 433
pelas duas faixas escuras pós-oculares (vs. três faixas); um processo espinhoso no opercular 434
(vs. dois processos espinhosos no opercular); margem posterior do opercular lisa (vs. 435
serreada); borda do processo vertical do pré-opercular lisa (vs. borda serreada); margem 436
ventral do lacrimal conspicuamente serreada (vs. lisa); sub-opercular totalmente liso (vs. 437
19
serreado na região medial); cleitro liso no processo dorsal (vs. processo dorsal serreado); 438
quarto raio da nadadeira peitoral atingindo a vertical sobre os raios III-IV da nadadeira anal 439
(vs. atingindo a vertical sobre a origem da nadadeira anal); escamas na base da nadadeira 440
dorsal, 29-31 (vs. 19-20); escamas na base da nadadeira anal, 18-19 (vs.12-14); focinho 441
protuso (vs. obtuso); boca prognata (vs. isognata); base dos raios moles da dorsal e anal em 442
ângulo quase vertical (vs. base inclinada, ± 45°); faixa supra-orbital longa, ultrapassando o 443
pré-opercular (vs. curta, da margem póstero-dorsal da órbita até extremidade dorsal do pré-444
opercular). 445
F4. 446
Descrição. Dados merísticos e morfométricos apresentados na Tabela 2. Corpo, em vista 447
lateral, elipsóide, alto, comprimido. Perfil dorsal, reto do focinho a região supra-orbital, 448
convexo em um acentuado arco de inclinação ascendente entre a região supra-orbital- e a 449
origem da nadadeira dorsal, continuando em arco convexo descendente ao longo da base da 450
nadadeira dorsal, até o raio mais posterior, terminando em uma pequena inclinação quase 451
vertical na base dos raios moles. Perfil ventral reto do lábio inferior até o istmo, levemente 452
convexo posteriormente em um amplo arco até o final dos raios duros da nadadeira anal, 453
terminando em uma pequena inclinação quase vertical na base dos raios moles. Pedúnculo 454
caudal comprimido, curto, alto (13,0-15,4 % CP), perfis dorsal e ventral convergentes na 455
porção distal. 456
Cabeça, em vista dorsal, estreita, triangular, acentuadamente protusa em perfil lateral. 457
Boca ampla, protrátil, terminal, prognata, obliquamente voltada para cima, extremidade 458
anterior na ½ da altura da cabeça, contornada por lábios delgados. Pré-maxilar portando 3-5 459
séries de dentes viliformes por toda a extensão do processo dentígero. Dentário portando 3-5 460
séries de dentes viliformes, da borda interna da sínfise mandibular até o ângulo-articular. 461
Ausência de placas dentígeras no maxilar, parasfenóide e ectopterigóide. Extremidade 462
20
posterior do maxilar ultrapassando a vertical sobre o meio da órbita. Margem ventral do 463
lacrimal serreada. Processo horizontal do pré-opercular serreado, borda lisa, reta em toda sua 464
extensão. Processo espinhoso conspícuo na borda póstero-dorsal do opercular, pode ocorrer 465
um pequeno processo acima do espinho principal, restante da borda lisa. Inter-opercular com 466
borda ventral serreada nos dois terços anteriores. Sub-opercular com borda lisa em toda sua 467
extensão. Postemporal com três ou quatro serras diminutos. Cleitro com margem vertical do 468
processo dorsal lisa. 469
Sistema do canal-sensorial composto por poros diminutos: anguloarticulares aa1 e aa2, 470
dentários d1-4, extraescapulares ex1-3, frontais f2, lacrimais l1-3, nasais n1 e 2, pré-471
operculares p1-7, pós-temporal po1 e 2, e pteróticos pt1- 3. Poros coronais e infraorbitais 472
ausentes. Série de numerosos neuromastos diminutos margeando a região infraorbital. Linha 473
lateral restrita a uma escama sob o pós-temporal. 474
Série de escamas: pré-dorsal, 19(3), 20(4), 21*(13); vertical, 14*(7), 15(3) e 16(1); 475
horizontal, 29(2), 30*(12) ou 31(6); circumpeducular, 14(1), 15 (1), 16*(14). Escamas, 476
ctenóides, moderadamente grandes, por todo o corpo. Ocorrem escamas ciclóides nas séries 477
pré-dorsais e, ocasionalmente, na região pré-opercular. Bainha escamosa da nadadeira dorsal 478
presente, livre da base da nadadeira, evidente a partir do raio II-III, com meia a uma escama 479
de altura, na porção terminal da base da nadadeira, terminando abaixo da base dos raios 480
moles. Bainha escamosa da nadadeira anal presente, livre da base da nadadeira, com uma 481
escama de altura, evidente em toda a extensão. 482
Nadadeira dorsal longa, XVI (1), XVII*(14), XVIII(5)/6(1),7 (3),8*(16) raios, origem 483
sobre a margem posterior do processo opercular e a inserção dorsal do opercular, sem 484
escamas, primeiro raio mais curto, equivalente a um terço do raio V, quarto ou quinto raios 485
mais longos. Nadadeira peitoral com ii/12*(20) raios, quinto raio mais longo, atingindo a 486
origem da nadadeira anal, margem arredondada, raios ramificados dicotomicamente uma vez 487
21
em torno do ¼ distal de seu comprimento. Nadadeira pélvica com I/5 raios, espinho quase 488
reto, segundo raio maior que os demais, extremidade distal do segundo raio alcança a 489
abertura da cloaca ou o início da nadadeira anal, em fêmeas, em machos atingem o raio VI. 490
Nadadeira anal longa, XII(19) ou XIII(6)/ 6 (9) , 7* (9) ou 8(6 ) raios, origem da anal sob a 491
vertical anterior à inserção do VI-VII raio da nadadeira dorsal, estendendo-se até a origem do 492
pedúnculo caudal; extremidade distal dos raios moles atingindo metade do comprimento da 493
nadadeira caudal; base de inserção dos raios moles das nadadeiras dorsal e anal inclinados em 494
ângulos superiores a 45°, quase vertical; Extremidade distal da porção mole das nadadeiras 495
dorsal e anal oblonga com os raios centrais nitidamente mais compridos. Nadadeira caudal 496
oblonga ou lanceolada, raios dorsais e ventrais menores que os centrais, 16 raios, sem 497
escamas. 498
499
Dimorfismo sexual. Presença de gibosidade adiposa na região occipital dos machos 500
dominantes, ausente em fêmeas e sub-adultos. Fêmeas ovadas apresentam coloração 501
amarelada no ventre, em indivíduos preservados em álcool. Nadadeira pélvica filamentosa 502
atingindo entre 34,2-37,7% do CP de machos adultos, enquanto que em fêmeas e sub-adultos 503
situam-se entre 24,4-31,2% do CP. 504
T2 505
Coloração em álcool. Coloração de fundo marrom preenchido por séries de pontos claros 506
e escuros. Cromatóforos difusos de coloração marrom clara, marrom escuro, negra e 507
prateada, estes últimos em menor número. O arranjo da distribuição destes pigmentos pode 508
fazer a cor de fundo variar desde o marrom pálido, até complexos padrões marmorizados. 509
Podem ocorrer espécimes com coloração de fundo totalmente pálidos. Escamas geralmente 510
com centro mais claro e pigmentações sub-marginais mais escuras, às vezes, dando um leve 511
aspecto de retículas hexagonais. flancos com 6-8 séries alternadas de 5-8 pontos marrons 512
22
escuros, com pontos bancos adjacentes dorsal e ventralmente. Faixa pré-dorsal de display 513
territorial/forrageio inconspícua, apenas levemente mais pálida que a coloração de fundo. 514
Faixa supra-orbital negra ou marrom escura, póstero-dorsal, ascendente a partir da margem 515
orbital, quase paralela ao perfil pré-dorsal, levemente curva em direção ao dorso, termina 516
anterior a vertical sobre a abertura do opercular, pode ocorrer uma faixa sub-marginal pálida 517
contígua ao logo de toda a extensão da supra-orbital. Faixa pré-orbital marrom, cinza ou 518
negra, ântero-dorsal, do lacrimal, clareando gradualmente em direção ao dentário, em alguns 519
indivíduos ultrapassa as narinas, se espalhando em direção ao dorso do focinho onde parece 520
se unir à sua contra-lateral. Faixa infra-orbital negra ou marrom escura, póstero-ventral, 521
formada por seis ou sete pontos contíguos sobre 12-14 escamas, descendente margeando a 522
porção distal do maxilar a partir da margem orbital, transpassa a região genal, cruza o inter-523
opercular em direção ao perfil pré-ventral, terminando sobre uma mácula pré-ventral 524
inconspícua anterior a origem da nadadeira pélvica onde se conecta a contra-lateral. Faixa 525
maxilar estendendo-se da margem ventral do lacrimal sobre a porção distal da maxila, em 526
direção a região ventral do inter-opercular, até a região gular. Faixa pós-orbital ausente. Faixa 527
opercular ausente. Barra opercular formada pela fusão das máculas infra-, média- opercular, 528
coloração negra sobre seis ou sete escamas, podem ocorrer alongamentos horizontais nas 529
extremidades dorsal e ventral, criando um contorno semelhante a uma lua crescente. Região 530
entre pré-opercular e a margem posterior da órbita com coloração mais pálida que a cor de 531
fundo ou amarelo pálido com diminutos cromatóforos dispersos, com ocasionais 532
pigmentações prateadas. Mácula supra-cleitral ausente ou inconspícua. Mácula humeral 533
inconspícua, esfumaçada, marrom escura ou negra, pode aparecer como uma barra oblíqua, 534
pouco nítida que inicia após o supra-cleitro, passa pela região axilar e termina junto à 535
abertura urogenital. Quatro barras nos indivíduos jovens, originadas abaixo dos espinhos I-536
III, V-VII, IX-XI, XIII-XV. 537
23
Nadadeira dorsal com a membrana interradial dos raios duros pigmentadas de marrom a 538
negro. Membrana interradial dos raios ramificados hialina, raios delineados por uma fileira de 539
cromatóforos negros. Nadadeira anal com as membranas interradiais da porção espinhosa 540
marrom escura, região interradial dos raios ramificados hialina, com uma mácula escura 541
ocupando toda a base. Raios 1-8 delineados por fileira única de cromatóforos negros. Perfil 542
das nadadeiras dorsal e anal delineados por sombreamento negro. Nadadeira pélvica negra, 543
margem distal com estreita borda branca ou hialina, primeiro ramo do raio 2 pálido e opaco 544
em sua porção distal, demais raios negros. Nadadeira peitoral com membranas interradiais 545
hialinas, com raios ii/12-14 delineados por fileira única de cromatóforos negros, base dos 546
raios branca, pode conter poucos cromatóforos prateados. Nadadeira caudal com membranas 547
interradiais hialinas, diminutos cromatóforos marrons delineando os 16 raios, cromatóforos 548
negros, esparsos, de granulação variada, espalhados por toda a membrana. 549
550
Distribuição. Polycentrus “Flechal” é conhecido do rio Araguari e lagos Pracuúba e Lago 551
Novo, rio Flechal e igarapés da drenagem costeira do estado do Amapá, ocorrendo nos 552
municípios vizinhos Pracuúba e Tartarugalzinho (Fig. 3). 553
554
Habitat. Os espécimes de Polycentrus “Flechal” foram coletados em lagos pertencem ao 555
sistema de drenagem do estuário do Amazonas, zona sobre influência de maré. 556
557
Comentários. 558
Em Polycentrus “Flechal” é observado uma barra opercular negra, formada pela fusão das 559
máculas infra e média-opercular sobre seis ou sete escamas (Fig 1b). Polycentrus “Caxiuanã” 560
e P. schomburgkii compartilham a presença destas máculas, porém nunca se fundem como 561
observado em Polycentrus “Flechal”. Em Polycentrus “Rio Negro”, M. polyacanthus e 562
24
Polycentropsis abbreviata não apresentam a citada barra. Desta forma, supõe-se que a 563
presente barra/manchas no opercular seja uma característica com três estados, sendo o 564
plesiomórfico (0) máculas ausentes, (1) presença de duas máculas (infra- e média-opercular) 565
não fusionadas, notoriamente distintas, e (2) máculas fusionadas formando uma barra 566
vertical. Entretanto, somente uma avaliação das relações interespecíficas em um paradigma 567
filogenético poderá confirmar a presente hipótese. 568
Polycentrus “Flechal” apresenta focinho protuso, distinto do focinho obtuso de 569
Polycentrus “Rio Negro”. O focinho protuso de Polycentrus “Flechal” em conjunto com o 570
perfil pré-dorsal reto até a região supra-ocular/occipital, e perfil ventral reto até a extremidade 571
posterior do articular, conferem um perfil triangular da cabeça em vista lateral, servindo 572
como diagnose rápida das demais espécies. Um lote (IEPA 1982) coletado na localidade de 573
Lago Novo (Amapá) apresenta o perfil pré-dorsal ligeiramente convexo e, portanto, 574
ligeiramente distinto do padrão de PolycentrusFlechal”. Entretanto, compartilha as demais 575
características da diagnose da espécie (e.g. barra opercular, barra mandibular, padrão de 576
serras). 577
Barlow (1967a e 1967b) demonstrou que a faixa pré-dorsal é utilizada durante o display 578
territorial e durante o forrageio, disfarçando a silueta dos olhos, confundindo as presas. A 579
presente faixa está presente em todas as espécies de Polycentridae, sendo a mais vistosa em 580
M. polyacanthus, apresentando margens nítidas e largura regular da extremidade do barbilhão 581
mandibular até a origem da nadadeira dorsal. Nas espécies de Polycentrus é menos nítida, 582
mais larga na porção occipital e mais estreita sobre a sínfise dos lábios superior e inferior. 583
Apresenta um padrão gradual, sendo mais evidente em P. schomburgkii semelhante ao 584
observado nos demais gêneros, pouco menos evidente em Polycentrus “Caxiuanã” e 585
Polycentrus “Rio Negro”, mais nítida na região occipital. Em Polycentrus “Flechal” a 586
25
presente faixa é a menos evidente dentre todos os congêneres apresentando-se difusa, quase 587
indistinta e misturada com a coloração de fundo. 588
Polycentrus “Flechal” compartilha com Polycentropsis abbreviata a presença de uma 589
faixa, anterior à faixa infraorbital, que se estende da margem ventral do lacrimal, passando 590
sobre a porção distal do maxilar e atingindo a região gular. Nas demais espécies de 591
Polycentrus esta faixa está ausente (Polycentrus “Rio Negro” e P. schomburgkii) ou muito 592
pouco evidente (Polycentrus “Caxiuanã”) estando também ausente em M. polyacanthus. 593
Somente uma análise filogenética poderá esclarecer se a presença da faixa em Polycentrus 594
“Flechal” e Polycentropsis abbreviata são aquisições independentes ou não e qual sua 595
inferência nas relações interespecíficas. 596
597
598
Polycentrus “Rio Negro”, espécie nova 599
Figs. 1c e 5; Tabela 3 600
601
Holótipo. BRASIL. Estado do Amazonas. MZUSP 62191, 20.3 mm CP, Santa Isabel do 602
Rio Negro, canal de lago em São João, perto de Tapurucuara (=Santa Isabel do Rio Negro), 603
0°24’0”S 65°2’0”W, EPA, 23 Out 1972. 604
Parátipos. BRASIL. Estado do Amazonas. Todos da bacia do rio Negro, município de 605
Santa Isabel do Rio Negro: MZUSP 54586, 1, 28.3 mm CP, Paricatuba, lagoa na margem do 606
rio Negro, 0°61’0”S 65°1’0” W, EPA, 11 Nov 1972; MZUSP 55113, 6, 16.3-24.0 mm CP, 607
igarapé em São João perto de Santa Isabel do Rio Negro , 0°24’0”S 65°2’0”W, EPA, 27 Out 608
1972; MZUSP 59204, 1, 19.4 mm CP, igarapé em São João perto de Santa Isabel do Rio 609
26
Negro, 0°24’0”S 65°2’0”W, EPA, 23 Out 1972; MZUSP 62169, 1, 10.5 mm CP, igarapé de 610
várzea no rio Negro, Santa Isabel do Rio Negro, 0°24’0” S 65°2’0”W, EPA, 19 Out 1972. 611
612
Diagnose. Polycentrus “Rio Negro” distingue-se dos congêneres por apresentar as 613
autapomorfias: Três faixas escuras pós-oculares (vs. duas faixas) (fig. 1a-d); dois espinhos 614
operculares (vs. espinho único); margem posterior do opercular serreada, 1-3 (vs. sem serras); 615
borda do processo vertical do pré-opercular serreada (vs. borda lisa); lacrimal sem serras na 616
borda inferior (vs. conspicuamente serreado); sub-opercular com serras na região medial (vs. 617
totalmente liso); cleitro serreado no processo dorsal (vs. liso); inter-opercular com borda 618
ventral lisa no terço anterior e serreada posteriormente (vs. totalmente serreado em 619
Polycentrus “Caxiuanã”, serreado nos dois terços anteriores em Polycentrus “Flechal” e 620
serreado restrito ao terço anterior em P. schomburgkii); quarto raio da nadadeira peitoral 621
atingindo uma vertical sobre a origem da nadadeira anal (vs. atingindo a vertical sobre os 622
raios III-IV da nadadeira anal); escamas na base da nadadeira anal, 12-14 (vs. 18-20 em 623
Polycentrus “Caxiuanã”, 18-19 em Polycentrus “Flechal” e 16-20 em P. schomburgkii); 624
focinho obtuso (vs. protuso); boca isognata (vs. prognata). Polycentrus “Rio Negro apresenta 625
a combinação dos caracteres: escamas na base da nadadeira dorsal, 19-20 (vs. 26-30 em 626
Polycentrus “Caxiuanã”, 29-31 em Polycentrus “Flechal”, 26-31 em P. schomburgkii); 627
número de escamas pré-dorsais, 19-21 (vs. 28-30 em Polycentrus “Caxiuanã” e Polycentrus 628
schomburgkii). Polycentrus “Rio Negro” diferencia-se de Polycentrus “Caxiuanã” pela 629
ausente de faixa opercular estendendo-se da inserção ventral do opérculo até a região pélvica 630
(vs. presente). Polycentrus “Rio Negro” diferencia-se de Polycentrus “Flechal” pela ausente 631
de barra opercular negra, formada pela fusão das máculas infra- e média-opercular sobre seis 632
ou sete escamas (vs. presente); ausência de faixa maxilar estendendo-se da margem ventral do 633
lacrimal sobre a porção distal do maxilar, até a região gular (vs. presente). Polycentrus “Rio 634
27
Negro” diferencia-se de Polycentrus schomburgkii pela ausência de mácula média opercular 635
(vs. presente). 636
F5 637
Descrição. Dados merísticos e morfométricos apresentados na Tabela 1. Corpo elipsóide em 638
vista lateral, baixo, levemente alongado. Elipsóide em seção transversal sobre o meio do 639
comprimento padrão. Perfil dorsal convexo em um longo arco de inclinação ascendente na 640
região pré-dorsal, continuando em arco convexo descendente ao longo da base da nadadeira 641
dorsal até o raio mais posterior. Perfil ventral quase reto do lábio inferior até o istmo, 642
posteriormente em um arco levemente convexo até a origem da nadadeira anal, pouco mais 643
acentuado por toda a base da anal até o raio mais posterior da nadadeira. Pedúnculo caudal 644
comprimido, curto, alto (13-16 % CP), perfis dorsal e ventral retos. 645
Cabeça, em vista dorsal, larga, arredondada, obtusa em perfil lateral. Machos em fase 646
reprodutiva com discreta gibosidade adiposa na região occipital. Focinho largo, curto e 647
obtuso. Boca ampla, protrátil, terminal, isognata, obliquamente voltada para cima, 648
extremidade anterior na ½ da altura da cabeça, contornada por lábios delgados. Placa 649
dentígera com dentes viliformes no pré-maxilar da margem anterior até ¼ do processo 650
ascendente; dentes do dentário viliformes, da borda interna da sínfise mandibular até o 651
ângulo-articular. Processo ascendente do pré-maxilar com metade comprimento do 652
neurocrânio. Ausência de placas dentígeras no parasfenóide, ectopterigóide, basehial e 653
terceiro hipobranquial. Extremidade posterior do maxilar atingindo a vertical sobre a borda 654
posterior da órbita ou pouco anterior. Margem ventral do lacrimal lisa. Processo horizontal do 655
pré-opercular serreado, borda do processo ascendente com serras diminutas, reta até o poro 656
p5, convexo entre o p5 e p6-7. Dois processos espinhosos conspícuos na borda posterior 657
dorsal do opérculo, sobre dois ou três serras. Inter-opercular com borda ventral lisa no terço 658
anterior, serreado posteriormente. Sub-opercular com serras na região medial, regiões 659
28
anterior e posterior lisas. Três ou quatro serras diminutos no postemporal. Cleitro serreado na 660
margem vertical do processo dorsal. 661
Sistema do canal-sensorial composto por poros diminutos: ângulo-articulares aa1 e 2, 662
dentários d2-4, extra-escapulares ex3 e 4, frontais f2 e 3, lacrimais l1-3, nasais n1 e 2, pré-663
operculares p1-5, pós-temporal po2 e pteróticos pt2 e 3. Poros coronais e infraorbitais 664
ausentes. Série de neuromastos margeando a região infraorbital. Linha lateral restrita a uma 665
escama sob o pós-temporal. 666
Série de escamas: pré-dorsal, 19*(1), 20(7) e 21(1); vertical,12*(3),14(3) ou 15(1); 667
horizontal, 20(1), 21(2), 23*(3) ou 24(1); circumpeducular, 15(1) ou16*(4). Escamas das 668
regiões, pré-dorsal, ventral e margem anterior do pré-opercular ciclóides. Escamas das 669
regiões genal, infra-opercular, inter-opercular e opercular ctenóides. Escamas, ctenóides, 670
moderadamente grandes, na região lateral do corpo. Bainha escamosa da nadadeira dorsal 671
presente, livre da base da nadadeira, evidente a partir do raio IV com, com meia a uma 672
escama de altura ou mais, na porção terminal da base da nadadeira, terminando abaixo da 673
base dos raios moles. Bainha escamosa da nadadeira anal presente, livre da base da 674
nadadeira, com uma escama de altura, evidente em toda a extensão. 675
Nadadeira dorsal longa, XV(1) ou XVI*(9)/8*(9), 9(1) raios, sem escamas, com origem 676
sobre a margem posterior do processo opercular e a inserção dorsal do osso opercular, 677
primeiro raio mais curto, equivalente a um terço do raio IV, quarto raio mais longo. 678
Nadadeira peitoral com ii/11(1), 12*(8) ou 14(1) raios, quarto raio mais longo, atingindo a 679
vertical sobre a origem da nadadeira anal, margem arredondada, raios ramificados 680
dicotomicamente uma vez, no 1/4 distal. Nadadeira pélvica com I/5 raios, espinho quase reto, 681
extremidade distal atingindo a abertura urogenital, segundo raio maior que os demais, 682
alcançando a abertura urogenital, proporcionalmente menor em fêmeas, em machos 683
ultrapassa o IV espinho da nadadeira anal. Nadadeira anal longa, XII*(9) ou XIII(1)/5(2), 684
29
6*(7) ou 7(1) raios, origem sob a linha vertical anterior à inserção do sétimo raio da 685
nadadeira dorsal, estendendo-se até a origem do pedúnculo caudal, extremidade distal dos 686
raios moles atingindo metade do comprimento da nadadeira caudal. Base de inserção dos 687
raios moles das nadadeiras dorsal e anal inclinados em ângulos em torno de 45°. Extremidade 688
distal da porção mole das nadadeiras dorsal e anal levemente afilada com os raios axilares 689
ligeiramente mais compridos. Nadadeira caudal sub-truncada ou levemente convexa quando 690
expandida, raios dorsais e ventrais ligeiramente menores que os centrais, 16 raios, sem 691
escamas. 692
693
Dimorfismo sexual. Presença de gibosidade adiposa discreta entre a região occipital e 694
coronal nos machos, ausente em fêmeas. Fêmeas ovadas apresentam coloração amarelada no 695
ventre, em indivíduos preservados em álcool. 696
T3. 697
Coloração em álcool. Coloração de fundo marrom claro com cromatóforos marrons escuros 698
difusos, aspecto arenoso. Escamas geralmente com centro mais claro, às vezes pigmentações 699
submarginais mais escuras. Faixa supra-orbital negra ou marrom escura, póstero-dorsal, 700
ascendente a partir da margem orbital paralela ao perfil pré-dorsal em direção ao pós-701
temporal, formada por três ou quatro pontos contíguos, brevemente interrompida 702
posteriormente ao pré-opercular por uma ou duas escamas claras, seguidas por um ponto 703
escuro deslocado dorsalmente. Faixa pré-orbital inconspícua, marrom, ântero-dorsal, 704
estendendo-se do lacrimal em direção ao dentário. Faixa infra-orbital negra ou marrom 705
escura, póstero-ventral, descendente, parte da margem orbital em direção a região pré-ventral, 706
formada por mais ou menos três pontos contíguos sobre cinco à sete escamas. Faixa pós-707
orbital negra ou marrom escura, póstero-medial, horizontal, originada na margem orbital, 708
formada por dois pontos contíguos, clareando gradualmente no pré-opercular, continuando 709
30
posteriormente como dois pontos formando uma mácula arredondada na região medial 710
proximal do opercular. Região entre pré-opercular e a margem posterior da órbita com 711
coloração mais pálida que a cor de fundo. Mácula humeral marrom, circular ou irregular. 712
Sem barras verticais ao longo do corpo nas formas adultas, juvenis com quatro barras 713
inconspícuas originadas abaixo dos espinhos I-III, V-VII, IX-XI, XIII-XV. 714
Nadadeira dorsal com a base dos raios duros marrom escura, margem distal branca ou 715
hialina, cinco ou seis pontos marrons notórios entre os raios IV e XII, membrana interradial 716
dos raios ramificados hialina, raios delineados por uma fileira de cromatóforos negros. 717
Nadadeira anal com as membranas interradiais da porção espinhosa marrom escura, margem 718
distal com estreita borda branca ou hialina, região interradial dos raios ramificados hialina, 719
com distinto ponto escuro na base dos raios 1-4, raios 1-7delineados por fileira única de 720
cromatóforos negros. Nadadeira ventral marrom escura, margem distal com estreita borda 721
branca ou hialina, raios ii pálidos, opaco distalmente. Nadadeira peitoral com membranas 722
interradiais hialinas com raios ii/12-14 delineados por fileira única de cromatóforos negros. 723
Caudal com membranas interradiais hialinas com diminutos cromatóforos marrons 724
delineando os 16 raios, cromatóforos negros, esparsos, de granulação variada, espalhados por 725
toda a membrana. 726
727
Distribuição. Polycentrus “Rio Negro” é conhecido de igarapés de várzea do rio Negro, 728
município de Santa Isabel do Rio Negro (Fig. 3). 729
730
Habitat. Os indivíduos dos lotes MZUSP 55113, MZUSP 59204 e MZUSP 62169 foram 731
coletados em igarapé de várzea, o lote MZUSP 62191 em canal de lago e o lote MZUSP 732
54586 em uma lagoa da margem direito do rio Negro, todos em ambientes de águas escuras 733
com características lênticas. 734
31
735
Comentários. De distribuição totalmente divergente dos congêneres das drenagens atlânticas 736
do norte da América do Sul, Polycentrus “Rio Negro” apresenta um conjunto de caracteres 737
autapomórficos, que a torna a espécie mais distinta dentre os Polycentrus. Tanto nas 738
descrições de P. schomburgkii e de seu sinônimo júnior P. tricolor, são descritas serras 739
apenas na borda ventral do ramo inferior do pré-opercular e lacrimal. Liem (1970) 740
acrescentou o registro de uma série de “espinhos” em P. schomburgkii que variam de dois à 741
sete na borda do opercular, comentando que os quatro gêneros de Polycentridae são 742
facilmente diagnosticados pelo formato e arranjo das serras no pré-opercular e lacrimal. 743
Polycentrus “Rio Negro” apresenta serras no pré-opercular, sub-opercular e interopercular, 744
com lacrimal totalmente liso. As demais espécies (Polycentrus “Caxiuanã”, Polycentrus 745
“Flechal” e P. schomburgkii) compartilham com Polycentrus “Rio Negro” a presença de 746
serras somente na margem ventral do pré-opérculo e interopercular, sendo que a margem 747
vertical do pré-opercular de Polycentrus “Rio Negro” é totalmente serreada. Os processos 748
espinhosos operculares são conspicuamente visíveis e palpáveis em Polycentrus “Rio Negro” 749
que apresentam extremidades não recobertas por escamas. Um estado distinto é observado 750
nos congêneres, os quais apresentam espinhos distintamente menores e recobertos por 751
escamas grandes, visíveis somente em exemplares preparados para C&S, ou por remoção das 752
escamas da borda do opercular. O exemplar MZUSP 54586 (Polycentrus “Rio Negro”) 753
apresenta três serras na borda do opercular e são observadas uma ou duas serras nos demais 754
indivíduos da espécie, sem aparente relação com o dimorfismo sexual ou estágio ontogênico. 755
A faixa pós-orbital horizontal entre a supra-orbital e a infra-orbital de Polycentrus “Rio 756
Negro”, presente também em Monocirrhus, não é compartilhado pelos congêneres, bem 757
como nos indivíduos do gênero Polycentropsis analisados. 758
759
32
Polycentrus schomburgkii Müller & Trochel, 1848 760
Figs. 1d, 6-8; Tabela 4 761
762
Labrus punctatus Linnaeus, 1758: 285 [espécime desenhado é Cichlasoma bimaculatum, o 763
espécime do NHM é o mesmo que Polycentrus schomburgkii Müller & Troschel 1848, 764
localidade tipo: Suriname] - Kullander 1983: 65 [Sinônimo (em parte) de Cichlasoma 765
bimaculatum (Linnaeus 1758) Cichlidae] - Keith et al. 2000:144, 1 fig.[Citado como 766
Polycentrus punctatus (Linnaeus 1758)] - Britz e Kullander em Reis et al. 2003:603 [ 767
catálogo de espécies, sinônimo de Polycentrus schomburgkii Müller & Troschel 1848]. 768
Estado atual: Sinônimo de Polycentrus schomburgkii Müller & Troschel 1848 769
Polycentridae. Distribuição: América do Sul, drenagens costeiras do Pará a Venezuela. 770
Polycentrus schomburgkii Müller & Troschel , 1848: 622 [descrição original, Localidade 771
tipo: Essequibo, Guyana]. -Müller & Troschel , 1848: 50, prancha V, fig. 2. [mais 772
caracteres]. – Liem, 1970:19 [anatomia funcional comparada, figuras]. –Paepke, 1993: 216 773
[Labrus punctatus Linnaeus, 1758, sinônimo; Mesonauta surinamensis Sauvage, 1882, 774
sinônimo; Polycentrus tricolor Gill, 1858.]. Kullander e Britz, 2002:300 [considerações 775
filogenéticas]. -Britz e Kullander, 2003: 603 [catálogo, sinônimo sênior precedente à 776
Labrus punctatus Linnaeus, 1758; Mesonauta surinamensis Sauvage, 1882; Polycentrus 777
tricolor Gill, 1858.] Estado atual: Válido como Polycentrus schomburgkii Müller & 778
Troschel 1848]; distribuição: Trinidad, e drenagens costeiras: norte do Brasil, Guiana 779
Francesa, Guiana, Suriname e Venezuela. Habitat: água doce e salobra. 780
Mesonauta surinamensis Sauvage, 1882:173 [descrição] - Bauchot e Desoutter 1989: 24 781
[catálogo de espécies]. 782
Polycentrus tricolor Gill, 1858: 373 [descrição]. 783
33
784
Síntipos. ZMB 1024 (2) e ZMB 20604 (28), Guiana, Rio Essequibo. 785
Lectótipo. NRM 4, 1, Suriname, localidade desconhecida, do coleção do Rei Adolf Fredrik 786
em Ulriksdal com etiqueta impressa de 1765 ou antes. 787
788
Material analisado. BRASIL. Estado do Amapá. MPEG 3294, 1, 40.7 mm CP, Rio Amapá. 789
Munícipio Amapá. Savanas alagadas. 1 Fev 1984. M. Goulding; Venezuela. Estado Sucre. 790
MBUCV-V 22454, 4, 18.9-37.2 mm CP, Bacia do Caribe, Sucre, Turuepano, Ajies, pequeno 791
canal do canal Ajies, aproximadamente 3 km ao sul do povoado Ajies. 13 Abr 1988. Maria E. 792
Antonio; MBUCV-V 35626, 4, 16.9-42.8 mm CP, Bacia do Orinoco, Quebrada afluente de 793
La Laguna Salineta, Guiria 8°16’39.79”N 66°08’13.89”W, 18 Abr 2006. H. López, A. 794
Bonilla y A. Marcano; Estado Monagas. MBUCV-V 12271, 2, 26.2-34.2mm CP, Acequia de 795
Leandro, ao sul de Guaraunos, 6 Dez 1980. F. Mago-Lecia et al.; MBUCV-V 13275, 4, 17.6-796
31.1mm CP, Laguna El Guatero, Barrancas, 12 Nov 1979. John Lundberg. Suriname. Estado 797
Paramaribo. MZUSP 65421, 1, 34.26 mm CP, canal em Leonsberg, Paramaribo, 26 Mai 798
2000, C.A. Figueiredo, F. Breden & H. Brook; MZUSP 65447, 3, 22.53-40.48mm CP, 799
Coropina, riacho afluente do rio Suriname, balneário Republiek, 27 Mai 2000, C.A. 800
Figueiredo, F. Breden & H. Brook; MZUSP 76390, 2, 34.83-42.07 mm CP, Estrada Henri 801
Fernandes, próximo ao mar, 26 Mai 2000, C.A. Figueiredo, F. Breden & H. Brook; 802
803
Diagnose. Polycentrus schomburgkii diferencia-se dos demais congêneres por apresentar 804
redução no serreado do inter-opercular, com borda ventral lisa ou serreada no terço anterior 805
(vs. serreada por toda sua extensão em Polycentrus “Caxiuanã”, serreado nos dois terços 806
anteriores em Polycentrus “Flechal” e serreada nos dois terços posteriores em Polycentrus 807
“Rio Negro”); mácula média opercular distintamente maior, abrangendo três e meia escamas 808
34
horizontais e três verticais (vs. duas escamas horizontais e duas verticais em Polycentrus 809
“Caxiuanã”, ausente em Polycentrus “Rio Negro”); perfil do pedúnculo caudal côncavo (vs. 810
perfis dorsal e ventral convergentes, mais baixo na porção posterior que anteriormente em 811
Polycentrus “Flechal”, paralelos em Polycentrus “Rio Negro”); Polycentrus schomburgkii 812
diferencia-se de Polycentrus “Caxiuanã” pela ausência de faixa opercular estendendo-se da 813
inserção ventral do opérculo até a região pélvica (vs. presente). Polycentrus schomburgkii 814
diferencia-se de Polycentrus “Flechal” pela ausência da barra opercular vertical (vs. 815
presente); ausência de faixa maxilar anterior à faixa infraorbital (vs. presente). Polycentrus 816
schomburgkii diferencia-se de Polycentrus “Rio Negro” por apresentar duas faixas escuras 817
pós-oculares (vs. três faixas); um processo espinhoso no opérculo (vs. dois processos 818
espinhosos no opérculo); margem posterior do opercular lisa, (vs. serreada); borda do 819
processo ascendente do pré-opercular lisa e reta (vs. borda serreada e curva na ½ distal); 820
margem ventral do lacrimal conspicuamente serreada (vs. lisa); sub-opercular totalmente liso 821
(vs. serras na região medial); cleitro liso no processo dorsal (vs. serreado); faixa supra-orbital 822
longa, ultrapassando o pré-opercular (vs. curta não ultrapassando o pré-opercular); quarto raio 823
da nadadeira peitoral atingindo a vertical sobre os raios III-IV da nadadeira anal (vs. 824
atingindo a vertical sobre a origem da nadadeira anal); escamas na base da nadadeira dorsal, 825
26-31 (vs. 19-20); escamas na base da nadadeira anal, 16-20 (vs.12-14); escamas da série pré-826
dorsal 28-30 (vs.19-21); focinho protuso (vs. obtuso); boca prognata (vs. isognata); cabeça 827
estreita e triangular em vista dorsal (vs. distintamente larga e arredondada), protusa em perfil 828
lateral (vs. obtusa); base dos raios moles das nadadeiras dorsal e anal em ângulo quase 829
vertical (vs. base inclinada, ± 45°). 830
F 6, 7 e 8 831
Descrição. Dados merísticos e morfométricos apresentados na Tabela 1. Corpo, em vista 832
lateral, elipsóide, alto, levemente alongado. Elipsóide em seção transversal sobre o meio do 833
35
comprimento padrão. Perfil dorsal convexo em um arco de inclinação ascendente na região 834
pré-dorsal, continuando em arco convexo descendente ao longo da base da nadadeira dorsal 835
até o raio mais posterior, terminando em uma pequena inclinação vertical na base dos raios 836
moles. Perfil ventral quase reto do lábio inferior até o istmo, levemente convexo 837
posteriormente em um arco até a origem da nadadeira anal, arqueamento mais acentuado por 838
toda a base da anal até o raio mais posterior da nadadeira, terminando em uma pequena 839
inclinação ascendente, na base dos raios moles. Pedúnculo caudal comprimido, curto, alto 840
(13,5-17,7 % CP), perfis dorsal e ventral ligeiramente côncavos. 841
Cabeça, em vista dorsal, estreita, triangular e protusa em perfil lateral. Machos em fase 842
reprodutiva com discreta gibosidade adiposa na região occipital. Focinho estreito e protuso. 843
Boca ampla, protrátil, terminal, prognata, obliquamente voltada para cima, extremidade 844
anterior na metade da altura da cabeça, ou um pouco acima, contornada por lábios delgados. 845
Pré-maxilar portando três a cinco séries de dentes viliformes por toda extensão do processo 846
dentígero. Dentário portando três ou quatro séries de dentes viliformes da borda interna da 847
sínfise mandibular até o ângulo-articular. Ausência de placas dentígeras no maxilar, 848
parasfenóide, ectopterigóide, basehial e terceiro hipobranquial. Extremidade posterior do 849
maxilar ultrapassando a vertical sobre o meio da órbita. Margem ventral do lacrimal serreada. 850
Processo horizontal do pré-opercular serreado, borda do processo lisa, reta em toda sua 851
extensão. Um processo espinhoso conspícuo na borda póstero-dorsal do opercular, restante da 852
borda lisa. Inter-opercular com borda ventral serreada em toda sua extensão. Sub-opercular 853
com borda lisa em toda sua extensão. Postemporal com serras diminutos ou ausentes. Cleitro 854
com margem vertical do processo dorsal lisa. 855
Sistema do canal-sensorial composto por poros diminutos: ângulo-articulares aa1 e 2, 856
dentários d1-4, extra-escapulares ex1-3, frontais f2, lacrimais l1-3, nasais n1 e 2, pré-857
operculares p1-7, pós-temporal po1 e 2, e pteróticos pt1- 3. Poros coronais e infraorbitais 858
36
ausentes. Série de neuromastos margeando a região infraorbital. Linha lateral restrita a uma 859
escama sob o pós-temporal. 860
Série de escamas: pré-dorsal, 28(6), 29(2), 30 (16); vertical, 14(1), 15(4), 16(11) e 17(3); 861
horizontal, 25 (4), 26 (6) ou 27(6); circumpeducular, 14(1), 16 (15), 18(1). Escamas, 862
ctenóides, moderadamente grandes, no restante do corpo, mesmo nas formas jovens 863
(16.47mm CP). Bainha escamosa da nadadeira dorsal presente, livre da base da nadadeira, 864
evidente a partir do raio VI com meia a uma escama de altura, na porção terminal da base da 865
nadadeira, terminando abaixo da base dos raios moles. Bainha escamosa da nadadeira anal 866
presente, livre da base da nadadeira, com uma escama de altura, evidente em toda a extensão. 867
Nadadeira dorsal longa, XVI (2), XVII(21)XVIII(2)/7 (7),8(17) raios, sem escamas, com 868
origem sobre a margem posterior do processo opercular e a inserção dorsal do opercular; 869
primeiro raio mais curto, equivalente a 1/3 do raio V; quarto ou quinto raios mais longos. 870
Nadadeira peitoral com ii/11(1) ou 12(24) raios, quinto raio mais longo, atingindo a vertical 871
sobre a origem da nadadeira anal, margem arredondada, raios ramificados dicotomicamente 872
uma vez em torno do ¼ distal de seu comprimento. Nadadeira pélvica com I/5 raios; espinho 873
quase reto, segundo raio maior que os demais, extremidade distal do segundo raio podendo 874
alcançar desde a abertura urogenital até o início da nadadeira anal em fêmeas, em machos 875
maduros pode atingir o raio XII da nadadeira anal e o raio VII nos demais jovens e sub-876
adultos . Nadadeira anal longa, XIII(15) ou XIV(5)/ 6 (8), 7(13) ou 8(2) raios, origem sob a 877
vertical anterior à inserção dos raios VI ou VII da nadadeira dorsal, estendendo-se até a 878
origem do pedúnculo caudal; extremidade distal dos raios moles atingindo metade do 879
comprimento da nadadeira caudal. Base de inserção dos raios moles das nadadeiras dorsal e 880
anal inclinados em ângulos superiores a 45°, quase vertical. Extremidade distal da porção 881
mole das nadadeiras dorsal e anal arredondada com os raios centrais ligeiramente mais 882
37
compridos. Nadadeira caudal redonda, raios dorsais e ventrais menores que os centrais, 16 883
raios, sem escamas. 884
Vértebras totais, 24; vértebras pré-caudais, dez; vértebras caudais, 14. Espinhos 885
supraneurais, três. Raios neurais, 21, com o 14° raio maior em relação aos demais. Raios 886
hemais, 11, com o segundo raio maior em relação aos demais. Pterigióforos da nadadeira 887
espinhosa, 16, primeiro à frente terceiro espinho neural, com o nono maior em relação aos 888
demais. Pterigióforos da nadadeira espinhosa anal, 13, primeiro inserido à frente do primeiro 889
raio hemal, quinto maior em relação aos demais. Costelas pleurais 9, originadas a partir da 890
segunda vértebra, com a quinta maior e levemente mais espessa em relação às demais. 891
Costelas epipleurais e pterigióforos dos raios moles não foram possíveis contar. 892
893
Coloração em álcool. Coloração de fundo marrom, preenchido por séries de pontos claros 894
e escuros. Cromatóforos difusos de coloração marrom clara, marrom escuro, negra e 895
prateada, estes últimos em menor número. O arranjo da distribuição destes pigmentos pode 896
fazer a cor de fundo variar desde o marrom pálido até complexos padrões marmorizados. 897
Podem ocorrer espécimes com coloração de fundo totalmente marrom escuro. Escamas 898
geralmente com centro mais claro e uma pequena barra vertical anterior ao meio da escama. 899
Pigmentações sub-marginais mais escuras, às vezes, dando um leve aspecto de retículas 900
hexagonais. Flancos com sete à dez séries alternadas de cinco à oito pontos marrons escuro 901
com pontos brancos adjacentes dorsal e ventralmente. Faixa pré-dorsal de display 902
territorial/forrageio presente; coloração pálida com duas a três escamas de espessura, ao 903
longo de toda a região pré-dorsal, atingindo a região da sínfise mandibular, onde é mais 904
evidente. Faixa supra-orbital negra ou marrom escura, póstero-dorsal, ascendente a partir da 905
margem orbital paralela ao perfil pré-dorsal, curva-se levemente em direção ao dorso, 906
terminando próxima ao pós-temporal, formada por três ou quatro pontos contíguos, sobre 907
38
cinco à oito escamas. Pode ocorrer uma faixa sub-marginal pálida contígua ao longo de toda a 908
extensão da supra-orbital. Faixa pré-orbital inconspícua, marrom ou cinza, ântero-dorsal, 909
estendendo-se do lacrimal em direção ao dentário; pode tanger o limite das narinas mas nunca 910
ultrapassando. Faixa infra-orbital formada por seis ou sete7 pontos contíguos sobre 13-15 911
escamas, coloração negra ou marrom escura, póstero-ventral, descendente margeando a 912
porção distal do maxilar a partir da margem orbital, transpassa a região genal, cruzando o 913
inter-opercular em direção ao perfil pré-ventral, terminando sobre uma mácula pré-ventral 914
inconspícua na quarta escama anterior à origem da nadadeira pélvica onde se conecta com a 915
contra-lateral; pode ocorrer um clareamento gradual da faixa em sua porção terminal, não 916
alcançando a região pré-pélvica. Região entre pré-opercular e a margem posterior da órbita 917
com coloração mais pálida que a cor de fundo, com pigmentação prateada ocasional. Em 918
indivíduos de coloração negra esta área encontra-se totalmente opaca. Mácula supra-919
opercular marrom ou negra sobre quatro ou cinco escamas da porção angular póstero-dorsal 920
do opercular; podem ocorrer pigmentações marginais de cor branca ou acinzentada. Mácula 921
médio-opercular marrom ou negra sobre três ou quatro escamas sobre o processo anterior do 922
opercular-hiomandibular. Mácula supra-cleitral inconspícua, iniciada próxima à inserção 923
dorsal do opercular, parcial ou totalmente coberta pela porção angular póstero-dorsal do 924
opercular, ocupando quatro à seis escamas. Mácula ântero-opercular marrom ou negra sobre 925
três ou quatro escamas da porção ântero-angular do opercular. Mácula humeral marrom 926
escura ou negra, circular ou irregular, parcial ou totalmente encoberta pelo inter-opercular. 927
Sem barras verticais ao longo do corpo nas formas adultas. Quatro barras conspícuas, nos 928
indivíduos jovens, originadas abaixo dos espinhos I-III, V-VII, IX-XI, XIII-XV. 929
Nadadeira dorsal com a membrana interradial dos raios duros pigmentada de marrom a 930
marrom escuro, cinco ou seis pontos marrons entre os raios VI-VII,VIII-IX, XI-XII, XIII-931
XIV e XV-XVI, base da bainha escamosa e todo o contorno abaixo dos espinhos delineados 932
39
por um sombreamento marrom escuro, quase negro; membrana inter-radial dos raios 933
ramificados hialina, raios delineados por uma fileira de cromatóforos negros. Nadadeira anal 934
com as membranas inter-radiais da porção espinhosa marrom escura, região inter-radial dos 935
raios ramificados hialina, com uma mácula escura ocupando o 1/3 proximal; raios 1-7 936
delineados por fileira única de cromatóforos negros. Nadadeira pélvica marrom escuro, 937
margem distal com estreita borda branca ou hialina, primeiro ramo do raio 2 pálido e opaco 938
em sua porção distal, demais raios marrons. Nadadeira peitoral com membranas inter-radiais 939
hialinas com raios ii/12-14 delineados por fileira única de cromatóforos negros. Nadadeira 940
caudal com membranas inter-radiais hialinas com diminutos cromatóforos marrons 941
delineando os 16 raios, cromatóforos negros, de granulação variada, espalhados por toda a 942
membrana. 943
Distribuição. Polycentrus schomburgkii é conhecido de igarapés de várzea das drenagens 944
costeiras desde a bacia do caribe, foz do Orinoco, Demerara, Essequibo até o rio Amapá. 945
946
Habitat. Os espécimes de P. schomburgkii foram coletados em zona sobre influência da 947
maré. 948
Comentários. O nome Polycentrus schomburgkii foi proposto pela primeira vez em Müller 949
& Troschel (1848) descrevendo características morfológicas gerais para o novo gênero 950
(Polycentrus) e dados merísticos das nadadeiras para a espécie, citando somente o termo 951
castanho (“braün”) relacionado ao padrão de coloração e seu comprimento total de uma 952
polegada e meia, sem a designação de material tipo ou ilustrações. Um detalhamento maior 953
só viria a ser apresentado em Müller & Troschel (1849) repetindo a descrição do gênero, 954
porém ampliando a descrição da espécie com dados morfológicos, morfométricos 955
proporcionais e merísticos, com ilustração em vista lateral, sem designar material tipo. O 956
40
material tipo só veria a ser designado em ICZN (2000) como síntipos sendo dois sub-adultos 957
(ZMB 1024) e 28 juvenis (ZMB 20604), não analisados no presente trabalho. 958
Os dados merísticos e morfométricos proporcionais apresentados por Müller & Troschel 959
(1849) correspondem ao observado nos exemplares de P. schomburgkii, bem como para as 960
demais espécies novas (Polycentrus “Caxiuanã”, Polycentrus “Rio Negro” e Polycentrus 961
“Flechal”). Entretanto, Müller & Troschel (1848, 1849) e mais recentemente Liem (1970) 962
registraram que não há dentes no vômer e no palatino de P. schomburgkii. No presente 963
trabalho foram observados dentes diminutos em exemplares diafanizados de Polycentrus 964
“Caxiuanã” e indivíduos não diafanizados de Polycentrus “Rio Negro” e Polycentrus 965
“Flechal” e P. schomburgkii. Gill (1858) também descreveu, como característica do gênero 966
Polycentrus, vômer provido dentes. A diferença das observações pode ser decorrente da 967
análise de indivíduos juvenis e sub-adultos em Müller & Troschel (1848, 1849) e/ou desvio 968
de método de preparação em Liem (1970) bem como qualidade de equipamentos óticos. 969
Todos demais caracteres citados em Müller & Troschel (1849) para P. schomburgkii são 970
compatíveis com o observado nos exemplares analisados no presente trabalho. Desta forma a 971
possibilidade de tratar-se de duas espécies distintas é improvável. 972
Müller & Troschel (1849) descreveram o padrão de coloração de P. schomburgkii de 973
forma extremamente breve (“braun”). Gill (1858) descreveu P. tricolor, justificando a espécie 974
com diagnose no número de raios da nadadeira dorsal (“one more ray than its congener”) e no 975
padrão de coloração apresentando série de pontos castanhos escuros, base das nadadeiras 976
verticais púrpuras e resto do corpo com numerosos pontos negros dispersos. No presente 977
trabalho foi observado que nenhum destes dois caracteres são diagnósticos satisfatórios. O 978
número de espinhos dorsais observado em P. schomburgkii variou de XVI a XVIII, 979
compartilhado pelas congêneres, sobrepondo-se com os XVIII propostos por Gill (1858) para 980
P. tricolor. O padrão de coloração de P. schomburgkii apresenta variação intra-específica, 981
41
porém segue o padrão de coloração apresentado por Gill (1858) como diagnose para P. 982
tricolor. Desta forma, padrão de colorido sugerido como diagnose para P. tricolor não é 983
válido. 984
985
Material Comparativo. Monocirrhus polyacanthus: Brasil: MCP 42808, 1, 49.2 mm CP, 986
Mazagão, Córrego Itaubal; MPEG 9057, 8, 48.3-56.4 mm CP, Chaves, Igarapé Miri; MPEG 987
11924,7, 45.3-77.2 mm CP, Benevides, Igarapé Itá; MPEG 11922,4, 56.7-76.3 mm CP, 988
Benevides, Igarapé Taiassuí; MPEG 8310, 1, 58.9 mm CP, Bragança, Rio Chumucuí; 989
MZUSP 63742,6, 28.1-40.5 mm CP, Igarapé Candiru-Mirim; MZUSP 8427, 3, 35.9-54.6 mm 990
CP, Alter do Chão, Igarapé Jacundá, RioTapajós; MZUSP 63749, 9, 29.0-43.1 mm CP, 991
Aveiro, Igarapé, Açú RioTapajós; MZUSP 7377, 2, 23.7-29.2 mm CP, Maués, Igarapé 992
Limãozinho, Rio Madeira; MPEG 16053, 1, 49.8 mm CP, Maués, Rio Paraconi, Rio Madeira; 993
MCP 39105, 1, 67.3 mm CP, Guajará-mirim, Igarapé Bananaeiras, Rio Madeira; MPEG 994
4053, 1, 71.8 mm CP, Rio Uapés, Rio Tiquié, Rio Negro: Peru: MUSM 4475, 5, 40.0-43.72 995
mm CP, Loreto, Maynas, Iquitos Rio Ucayali; MCP 37383, 1, 60.0 mm CP, Jenaro Herrera, 996
Quebrada Salomé. Polycentropsis abbreviata: África: Benin, Plateau, Lagbe, rio Iguid: 997
MZUSP 84549, 1, 62.3 mm CP, ponte sobre o rio Iguid, rodovia RNIE1; MZUSP 84794, 6, 998
12.3-41.8 mm CP, rio Iguid, próximo a antiga estação ferroviária Gbokoutou; MZUSP 999
84794, 6, 24.8-34.0 mm CP, Zou, pântano na vila Locoli. 1000
1001
Agradecimentos 1002
Gostaria de agradecer as pessoas e instituições que me apoiaram durante a realização deste 1003
trabalho. Ao Dr. Wolmar Wosiacki, curador da coleção ictiológica do MPEG, pela orientação 1004
e suporte técnico-científico, apoio financeiro para parte das viagens de visitas às coleções. Ao 1005
programa de Pós Graduação em Zoologia UFPA/MPEG. Aos funcionários do setor de 1006
42
Ictiologia-MPEG onde foi desenvolvido a maior parte deste trabalho. A CAPES pela bolsa de 1007
estudos e financiamento através do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica – 1008
PROCAD-NF: 23038.042984/2008-30. Aos curadores e técnicos das coleções pelo acesso e 1009
empréstimo de material: Margarete Lucena e Carlos Lucena (MCP), Lúcia Py-Daniel 1010
(INPA), José Lima e Osvaldo Oyakawa (MZUSP), Cecile Gama(IEPA), Ernan Hortega e 1011
Jessica Espino (MUSM-Lima), Homero Sanchez (IAAP-Iquitos), Francisco Provenzano 1012
(MBUCV). A Sven Kullander (NRM) pela disponibilização das imagens do Lectótipo de P. 1013
schomburgkii. À minha esposa Joxleide Coutinho e aos meus pais Sr. Jerneide Almeida e Sr. 1014
Maria do Espírito Santo pelo suporte financeiro. 1015
1016
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1069
1070
45
Tabela 1. Dados morfométricos e merísticos de Polycentrus “Caxiuanã”. 1071
Holótipo
(mm) Min Máx Méd DP N
Comprimento padrão (mm) 31.0 16.5 33.5 29.2 5.3 15
Porcentagens do CP
Comprimento pré-anal 18.2 52.9 58.8 56.8 2.0 15
Comprimento pré-pélvico 12.9 38.2 44.1 40.7 1.6 15
Comprimento pré-peitoral 12.2 37.7 44.4 39.2 1.9 15
Comprimento pré-dorsal 13.5 40.1 45.2 42.5 1.4 15
Base da dorsal espinhosa 17.1 49.1 55.8 53.5 2.4 15
Base dorsal raiada 2.7 5.6 8.8 7.1 1.2 15
Base anal espinhosa 13.7 34.4 44.2 39.2 2.8 15
Base anal raiada 2.5 6.7 11.4 8.4 1.2 15
Comprimento da peitoral 6.1 15.3 32.3 20.2 4.8 15
Comprimento da pélvica 10.4 23.6 36.9 31.5 3.6 15
Altura do pedúnculo caudal 5.1 14.2 17.6 16.0 1.2 15
Altura anal 14.1 40.8 50.0 45.9 2.8 15
Altura pélvica 14.2 40.0 46.7 43.8 2.1 15
Altura peitoral 9.1 27.4 32.0 28.6 1.4 15
Comprimento da cabeça 11.9 36.5 39.2 38.2 0.8 15
Porcentagens do CC
Comprimento do focinho 2.5 19.3 26.0 21.8 2.3 15
Diametro do olho 3.7 30.1 37.4 32.5 2.8 15
Largura da cabeça 5.2 43.5 55.7 48.8 3.8 15
Largura inter-orbital 3.5 24.9 28.9 26.4 1.3 15
Altura da cabeça 10.7 82.6 96.3 90.5 4.3 15
Raios
Espinhos da dorsal XVI XVI XVIII - - 15
Raios da dorsal 8 7 8 15
Espinhos da anal XIII XIII XIV - - 15
Raios da anal 7 6 7 15
Nadadeira caudal 16 16 - - 15
Nadadeira pélvica I/5 I/5 - - 15
Nadadeira peitoral ii/12 ii/12 - - 15
Escamas
- -
Circumpeduncular 18 14 18 - - 10
Base dorsal 26 26 30 - - 15
Base anal 18 18 20 - - 15
Série horizontal 26 24 27 - - 15
Série vertical 16 16 18 - - 15
Série pré-dorsal 30 28 30 - - 15
1072
46
Tabela 2. Dados morfométricos e merísticos de Polycentrus “Flechal”. 1073
1074
Holótipo
(mm) Min Máx Méd DP N
Comprimento padrão (mm) 34.3 25.5 34.3 26.9 2.1 25
Porcentagens do CP
Comprimento pré-anal 19.9 50.9 60.2 57.8 2.6 25
Comprimento pré-pélvico 14.5 38.5 44.0 40.7 1.5 25
Comprimento pré-peitoral 13.4 35.8 39.9 39.1 0.8 25
Comprimento pré-dorsal 14.7 38.4 46.6 42.9 1.7 25
Base da dorsal espinhosa 18.5 50.4 56.2 53.5 1.5 25
Base dorsal raiada 2.4 4.3 7.9 6.1 0.8 25
Base anal espinhosa 12.5 33.1 46.5 39.6 2.6 25
Base anal raiada 2.9 4.5 8.6 5.7 1.4 25
Comprimento da peitoral 4.4 12.8 24.5 21.9 2.5 25
Comprimento da pélvica 12.7 24.4 37.7 31.2 3.3 25
Altura do pedúnculo caudal 5.3 13.0 15.4 14.0 1.0 25
Altura anal 17.2 44.4 50.0 47.4 1.2 25
Altura pélvica 16.4 42.5 47.8 44.3 1.6 25
Altura peitoral 10.6 26.8 32.0 29.2 1.1 25
Comprimento da cabeça 12.9 34.2 39.3 36.7 1.2 25
Porcentagens do CC
Comprimento do focinho 2.8 19.7 25.3 23.5 1.7 25
Diametro do olho 4.0 27.9 35.8 32.7 1.9 25
Largura da cabeça 6.0 26.9 51.6 48.2 5.4 25
Largura inter-orbital 3.6 24.6 29.8 27.5 1.4 25
Altura da cabeça 12.9 88.5 102.7 97.3 3.8 25
Raios
Espinhos da dorsal XVIII XVI XVIII - - 25
Raios da dorsal 8 7 8 25
Espinhos da anal XIII XII XIII - - 24
Raios da anal 7 6 8 24
Nadadeira caudal 16 16 - - 24
Nadadeira pélvica I/5 I/5 - - 24
Nadadeira peitoral ii/12 ii/12 - - 24
Escamas
- -
Circumpeduncular 16 14 16 - - 19
Base dorsal 30 29 31 - - 19
Base anal 18 18 19 - - 19
Série horizontal 28 19 28 - - 22
Série vertical 16 14 16 - - 22
Série pré-dorsal 21 19 21 - - 25
Tabela 3. Dados morfométricos e merísticos de Polycentrus “Rio Negro”. 1075
47
1076
Holótipo
(mm) Min Máx Méd DP N
Comprimento padrão (mm) 20.3 10.5 28.3 19.3 4.7 10
Porcentagens do CP
Comprimento pré-anal 11.4 56.2 68.1 62.0 3.2 10
Comprimento pré-pélvico 8.4 40.0 46.3 42.4 2.0 10
Comprimento pré-peitoral 8.4 39.2 45.2 41.3 2.1 10
Comprimento pré-dorsal 8.5 41.6 50.3 44.0 3.3 10
Base da dorsal espinhosa 11.0 47.5 57.0 51.5 3.0 10
Base dorsal raiada 1.9 7.0 9.2 8.1 0.8 10
Base anal espinhosa 7.4 29.4 36.4 32.8 2.4 10
Base anal raiada 1.3 5.6 8.3 6.6 0.9 10
Comprimento da peitoral 4.1 9.3 20.1 15.7 3.4 10
Comprimento da pélvica 6.3 21.0 35.4 29.3 4.3 10
Altura do pedúnculo caudal 2.9 13.2 16.8 15.0 1.1 10
Altura anal 7.9 38.0 41.6 40.4 1.3 10
Altura pélvica 7.9 39.1 44.4 41.4 1.8 10
Altura peitoral 5.2 21.7 39.2 27.5 4.6 10
Comprimento da cabeça 7.5 37.1 44.2 39.2 2.6 10
Porcentagens do CC
Comprimento do focinho 1.7 15.9 22.2 19.5 2.2 10
Diametro do olho 2.2 29.2 40.9 34.5 3.8 10
Largura da cabeça 4.8 50.5 63.8 56.0 4.5 10
Largura inter-orbital 2.0 21.3 28.1 24.1 2.2 10
Altura da cabeça 7.6 76.6 100.9 89.9 7.4 10
Raios
Espinhos da dorsal XVI XV XVI - - 10
Raios da dorsal 8 8 9 10
Espinhos da anal XIII XII XIII - - 10
Raios da anal 5 5 7 10
Nadadeira caudal 16 16 - - 10
Nadadeira pélvica I/5 I/5 - - 10
Nadadeira peitoral ii/12 ii/11-14 - - 10
Escamas
Circumpeduncular 16 15 16 - - 6
Base dorsal 19 19 20 - - 7
Base anal 13 12 14 - - 7
Série horizontal 23 20 24 - - 8
Série vertical 12 12 15 - - 10
Série pré-dorsal 19 19 21 - - 10
Tabela 4. Dados morfométricos e merísticos de Polycentrus schomburgkii. 1077
1078
48
Lectótipo Min Máx Méd DP N
Comprimento padrão (mm) - 15.8 42.8 30.0 8.5 25
Porcentagens do CP
Comprimento pré-anal - 52.4 61.4 56.0 2.4 25
Comprimento pré-pélvico - 39.0 43.8 41.1 1.2 25
Comprimento pré-peitoral - 35.6 40.5 38.6 1.4 25
Comprimento pré-dorsal - 37.4 45.9 42.6 1.9 25
Base da dorsal espinhosa - 49.3 59.7 54.9 2.2 25
Base dorsal raiada - 3.8 8.1 6.7 1.5 25
Base anal espinhosa - 32.8 43.3 39.5 1.7 25
Base anal raiada - 4.8 10.0 8.0 1.5 25
Comprimento da peitoral - 14.2 22.9 19.0 2.9 25
Comprimento da pélvica - 14.0 41.6 30.8 5.5 25
Altura do pedúnculo caudal - 13.5 17.7 15.3 1.4 25
Altura anal - 38.4 48.5 44.7 2.6 25
Altura pélvica - 39.5 46.4 44.0 2.1 25
Altura peitoral - 24.3 31.3 28.2 2.2 25
Comprimento da cabeça - 33.7 39.7 37.0 1.7 25
Porcentagens do CC
Comprimento do focinho - 19.4 27.9 23.9 1.9 25
Diametro do olho - 26.5 36.1 31.3 2.4 25
Largura da cabeça - 42.1 59.9 49.0 4.8 25
Largura inter-orbital - 22.3 32.9 27.9 2.8 25
Altura da cabeça - 82.8 111.4 99.2 7.5 25
Raios
Espinhos da dorsal XVII XVI XVIII - - 25
Raios da dorsal 7 7 8 25
Espinhos da anal XII XII-XIII - - 24
Raios da anal 6 6-8 24
Nadadeira caudal 16 16 - - 24
Nadadeira pélvica - I/5 - - 24
Nadadeira peitoral - ii/12 - - 24
Escamas
- -
Circumpeduncular 14 18 - - 19
Base dorsal 27 26 31 - - 19
Base anal 18 16 20 - - 19
Série horizontal 23 23 28 - - 22
Série vertical 17 14 17 - - 22
Série pré-dorsal - 28 30 - - 25
1079
49
Legendas das figuras 1080
1081
Figura 1. Vista lateral esquerda da cabeça das espécies de Polycentrus: a) Polycentrus 1082
“Caxiuanã”; b) Polycentrus “Flechal”; c) Polycentrus “Rio Negro”; d) P. schomburgkii; 1) 1083
lacrimal; 2) pré-operculo 3) inter-operculo; 4) sub-opercular; 5) operculo; e 6) cleitro. 1084
Figura 2. Vista lateral esquerda de Polycentrus “Caxiuanã”, holótipo, MPEG XXXX. 31.1 1085
mm CP. 1086
Figura 3. Mapa mostrando os pontos de ocorrência de Polycentrus “Caxiuanã” (círculos, 1087
1=localidade tipo); Polycentrus “Flechal” (quadrado); Polycentrus “Rio Negro” (triângulo); 1088
P. schomburgkii (estrelas, 2=localidade tipo). Alguns pontos representam mais de uma 1089
localidade. 1090
Figura 4. Vista lateral esquerda de Polycentrus “Flechal”, holótipo, IEPA XXXX. 34.3mm 1091
CP. 1092
Figura 5. Vista lateral esquerda de Polycentrus “Rio Negro”, holótipo, MZUSP XXXX, 20.3 1093
mm CP. 1094
Figura 6. Vista lateral esquerda de Labrus punctatus (=Polycentrus schomburgkii), lectótipo, 1095
NRM 4. 1096
Figura 7. Vista lateral esquerda de Labrus punctatus (=Polycentrus schomburgkii), Raio-X, 1097
lectótipo, NRM 4. 1098
Figura 8. Vista lateral esquerda de Polycentrus schomburgkii demonstrando o padrão de 1099
coloração. MZUSP 76390, 42.07 mm CP 1100
1101
1102
1103
50
Fig. 1 1104
1105
1106
1107
1108
1109
1110
1111
1112
51
Fig. 2 1113
1114
1115
52
Fig.3 1116
1117
1118
53
Fig.41119
54
Fig.51120
55
Fig. 61121
56
Fig.71122
57
Fig. 8 1123
1124
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