Mitchel, B. Agle & D. Wood, em 1997, corretamente perceberam que, conquanto não haja
muita discordância sobre quem pode potencialmente ser um stakeholder (pessoas, grupos,
vizinhanças, organizações, instituições, sociedades e até mesmo o ambiente natural), as
definições sobre o que é um stakeholder variam da mais ampla possível, até a mais restrita
possível, tendo implicações efetivas sobre a capacidade das empresas em reconhecer os
públicos aos quais ela deve se reportar.
Visto que conhecer os stakeholders é um passo essencial para assegurar a legitimidade da
empresa com relação a esses, e que, sem a legitimidade a longo prazo, a continuidade de suas
ações pode se tornar insustentável, a capacidade de adaptação e de renovação de tais
interações poderá ser o elemento que faz a diferença quando se avalia o que torna as ações de
uma empresa bem sucedidas ou não.
Utilizada para compreender a firma na sociedade, a teoria dos stakeholders foca na
importância das relações entre gerentes e stakeholders e pode ser abordada de uma maneira
normativa, instrumental ou empírico-descritiva, conforme afirmam Donaldson e Preston
(1995),
Normativa: como os gerentes devem lidar com os stakeholders da empresa,
apelando para conceitos como: direitos individuais ou de grupos, contratos sociais
ou utilitarismo, o uso dos valores monetários para atingir os meios; a posição de
que os stakeholders têm interesses legítimos e um valor intrínseco para a empresa é
o foco central da teoria e tido como verdadeiro.
Instrumental: prevê o que acontecerá se os gerentes agirem em relação aos
stakeholders de uma certa maneira, tendo esta atuação um efeito sobre o
desempenho da organização, ou seja, se certas práticas são levadas a cabo então
certos resultados serão observados. É proposto que a empresa, praticando a gestão
dos relacionamentos com os stakeholders e outros fatores permanecendo iguais, irá
ter relativo sucesso nos indicadores de desempenho tradicionais, sendo estes a
lucratividade, a estabilidade e o crescimento.
Descritiva/Empírica: como os gerentes se relacionam, na realidade, com os
stakeholders, verificando se os conceitos que fazem parte do arcabouço teórico
correspondem à realidade observada. A teoria apresenta e explica as relações que
são observadas no mundo externo, descrevendo a empresa como uma constelação
de cooperativos e competitivos interesses que têm um valor intrínseco.
(DONALDSON; PRESTON, 1995, p.75)
É possível, então, a multiplicação do valor por meio da adequada gestão dos relacionamentos
com os stakeholders, abrindo a possibilidade para a cooperação, em vez da competição. A
governança corporativa é feita por contratos celebrados entre, principalmente, a administração
e os outros stakeholders, em negociações que vão levar ao equilíbrio ou ao desequilíbrio.