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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA
YUKA ITO
ENSINO DE LÍNGUA JAPONESA NO NÚCLEO DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS DA UECE: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ORAL DOS
PROFESSORES E PROPOSTA DE ATIVIDADE DIDÁTICA
FORTALEZA
2010
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YUKA ITO
ENSINO DE LÍNGUA JAPONESA NO NÚCLEO DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS DA UECE: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ORAL DOS
PROFESSORES E PROPOSTA DE ATIVIDADE DIDÁTICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Linguística Aplicada (Área de Concentração:
Estudos da Linguagem).
Orientador: Prof. Dr. Wilson Júnior de Araújo Carvalho.
Co-orientador: Profa. Dr. Laura Tey Iwakami.
FORTALEZA
2010
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I893e
B238 Ito, Yuka
Ensino de língua japonesa no Núcleo de Línguas
Estrangeiras da UECE: Análise da produção oral dos
professores e proposta de atividade didática./Yuka Ito –
Fortaleza, 2010.
195 p.il.
Orientador: Profº Dr. Wilson Júnior de Araújo Carvalho
Dissertação (Programa de Pós-Graduação em
Lingüística Aplicada) - Universidade Estadual do Ceará,
Centro de Humanidades.
1. Ensino de Língua estrangeira 2. Pronúncia 3. Língua
japonesa. I. Universidade Estadual do Ceará, Centro de
Humanidades.
CDD: 400
CDD: 410
YUKA ITO
ENSINO DE LÍNGUA JAPONESA NO NÚCLEO DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS DA UECE: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ORAL DOS
PROFESSORES E PROPOSTA DE ATIVIDADE DIDÁTICA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Lingüística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre
em Linguística Aplicada (Área de Concentração: Estudos da
Linguagem).
Dedico a presente dissertação a todos os familiares,
professores, amigos, colegas do trabalho e alunos que
me incentivaram na busca de meus objetivos
profissionais.
AGRADECIMENTOS
À CAPES pela concessão de bolsas de estudo, incentivo financeiro constante que me
propiciou crescimento profissional e pessoal ao participar de diversos congressos e eventos
similares.
Ao Curso de Mestrado em Linguística Aplicada, pelo conhecimento acadêmico que
enriqueceu minha vida profissional e pessoal ao longo do curso.
Ao Curso de Japonês do Núcleo de Línguas Estrangeiras da Universidade Estadual do Ceará -
UECE, instituição onde lecionava, pela possibilidade de oferecer lugar para realizar a prática
de ensino e campo de pesquisa para realizar esta dissertação, e por sempre possibilitar meu
crescimento profissional e pessoal.
Ao meu Professor Orientador, Wilson Júnior de Araújo Carvalho, pelos inúmeros e valiosos
comentários realizados em todo o processo para concluir este trabalho.
À minha Professora Co-orientadora e Coordenadora do Curso de Japonês do Núcleo de
Línguas Estrangeiras da UECE, Profa. Dr. Laura Tey Iwakami, pela ajuda que me ofereceu
profissionalmente, pelos importantes comentários na qualificação do projeto do presente
estudo e durante todo o processo de pesquisa. E a seus demais familiares, pelo apoio que
sempre me deram.
À Profa. Dr. Leiko Matsubara Morales, pela participação como membro da banca
examinadora que avaliou o presente estudo e pelos importantes comentários recebidos durante
a defesa.
Ao Prof. Dr. Antônio Luciano Pontes, pelos importantes comentários feitos durante a
qualificação do projeto e bem como na defesa da dissertação como membro da banca
examinadora que avaliou o presente estudo.
Aos colaboradores japoneses, pela participação nesta pesquisa como avaliadores de pronúncia
dos Sujeitos participantes desta pesquisa.
A todos os colegas professores do Curso de Japonês do Núcleo de Línguas Estrangeiras da
UECE, pela participação durante o processo desta pesquisa e apoio pessoal em diversos
momentos.
À minha família, pelo seu imenso carinho e incentivo, de longe.
Aos meus amigos, Wadison Nogueira Melo e Francisco Jadilton Lima Pereira, pela ajuda na
elaboração de redação e tradução dos textos em japonês durante todo o processo deste
trabalho.
RESUMO
Este trabalho tem como tema o ensino de pronúncia da Língua Japonesa no Curso de Japonês
do Núcleo de Línguas Estrangeiras da Universidade Estadual do Ceará, verificando a
pronúncia dos professores do referido curso e o tratamento do ensino de pronúncia. Após a
análise, objetiva-se apresentar propostas didáticas para um ensino de pronúncia para o
desenvolvimento das habilidades orais dos alunos. A pesquisa fundamenta-se nos estudos
fonéticos e fonológicos de Cagliari (1999), Massini-Cagliari (1992), Barbosa (2000),
Collischonn (1996), Kashima (2005), Koizumi (1993), nas teorias sobre ensino de línguas
estrangeiras de Brown (2000), Sasaki (1994), sobre a interlíngua de Corder (1972), Ellis
(1982) e GASS.Susan.M & GASS. Larry.Selinker (1997), nas pesquisas acerca de problemas
de pronúncia de aprendizes de línguas estrangeiras de Silva (2006), Toda (2003), Tasugawa
(1999), Ogawara (1997), e, ainda, nas propostas didáticas de Toda (2004, 2008), Isomura
(2009), e Imada (1989). Considera-se a hipótese de que, na percepção de algumas
dificuldades na pronúncia da língua japonesa dos professores, devido à diferença no sistema
fonético e fonológico dos dois idiomas, japonês e português, tais pronúncias são fenômenos
de interlíngua, e não erro. O diagnóstico para a pesquisa foi realizado em quatro etapas:
leitura em voz alta; observação de aula; análise de materiais utilizados no curso; e, por fim,
realização de oficina de pronúncia da ngua japonesa com a aplicação de um questionário
com todos os professores do referido curso. Revelou-se, pelos dados obtidos, que o ensino de
pronúncia é restrito ao Semestre I, quando é introduzida a escrita japonesa, Hiragana e
Katakana, a qual é ligada ao ritmo da língua. Pelo teste de leitura em voz alta com quatro
professores selecionados durante a pesquisa, verificou-se que algumas inadequações de
pronúncia, que podem ser identificadas como interlíngua. Ao aplicar o questionário com a
Coordenadora do curso, entende-se que não houve oportunidade de realizar especificamente
uma orientação sobre ensino de pronúncia da língua japonesa até o momento. Dentro desse
ambiente, os professores do referido curso reconhecem a importância do ensino da pronúncia,
especialmente, o tratamento de acento e ritmo. Porém, como não havia orientação sistemática
voltada ao ensino de pronúncia, sua prática é realizada de acordo com a experiência e
criatividade de cada professor. A análise de materiais didáticos permitiu-nos verificar que o
ensino da pronúncia requer muito a intuição dos alunos mediante repetição e imitação de
modelo de áudio. Pela análise conjunta dos dados obtidos, entende-se que os professores
necessitam de um estudo focalizado no ensino da pronúncia, e, consequentemente, poderem
aprimorar a aprendizagem dos alunos. Assim, com base nessa afirmação e nos resultados
obtidos, elabora-se uma proposta didática para o ensino da pronúncia da língua japonesa, que
possibilite promover, de forma coerente, a melhoria das habilidades orais dos alunos, servindo,
também, aos professores como um estudo para aperfeiçoamento da sua própria prática oral e
docente.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Estrangeira. Pronúncia. Língua japonesa.
ABSTRACT
This paper is about the teaching of the Japanese Language’s pronunciation at Núcleo de
Línguas Estrangeiras - UECE. The aim of this work is to check the pronunciation of the
teachers from this course and the treatment given to the teaching of pronunciation. After the
analysis, some proposals for a didactic teaching of pronunciation to the development of the
students’ oral skills will be presented. This research is based on phonetic and phonological
studies of Cagliari (1999), Massini-Cagliari (1992), Barbosa (2000), Collischonn (1996),
Kashima (2005), Koizumi (1993); on the theories about foreign language teaching of Brown
(2000), Sasaki (1994); on the interlanguage of Corder (1972), Ellis (1982) and e GASS. Susan.
M & GASS. Larry. Selinker (1997); on the researches concerning the problems of
pronunciation of foreign languages learners of Silva (2006), Toda (2003), Tasugawa ( 1999),
Ogawara (1997); and also on the didactic proposals of Toda (2004, 2008), Isomura (2009) and
Imada (1989). The hypothesis considered in this paper is that in the perception of some
difficulties on pronunciation of the Japanese teachers, due to the difference in phonetic and
phonological system of the two languages, Japanese and Portuguese, such pronunciations are
interlanguage phenomena, not error. The diagnosis for the research was conducted in four
stages: reading aloud; classroom observation; analysis of materials used in the course; and,
finally, conducting a workshop on pronunciation of the Japanese language by applying a
questionnaire to all teachers of this Japanese course. It was proved by the data obtained that
the teaching of pronunciation is restricted to Semester I, when the Japanese writing is
introduced, Hiragana and Katakana, which is connected to the rhythm of this language. By the
reading aloud test with four teachers selected for the survey, it was found that there are some
inadequacies in pronunciation, which can be identified as interlanguage. After applying the
questionnaire with the coordinator of the course, it was understood that there was no
opportunity to be held specifically a guidance about the pronunciation teaching of the
Japanese language until now. Within this environment, the teachers of this course recognize
the importance of the pronunciation teaching, especially the treatment of rhythm and stress.
However, as there was no systematic guidance related to the pronunciation teaching, its
practice is performed in accordance with the experience and creativity of each teacher. The
analysis of instructional materials allowed us to verify that the teaching of pronunciation
requires much intuition of students through the repetition and the audio imitation model. After
the analysis of the data, we noticed that the teachers need a focused study on the teaching of
pronunciation, so that they can improve the student’s learning. So based on this statement and
the results, it draws up a proposal for the teaching of pronunciation of the Japanese language,
making it possible to promote and to improve the oral skills of students, serving also as a
studying for teachers to improve their oral teaching and their own oral practice.
KEYWORDS: Foreign Language Teaching. Pronunciation. Japanese Language.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Movimento utilizado no Verbo-tonal Method .............................................. 24
Figura 2: Prosody Graf (KAWANO; KUSHIDA; TSUKIJI; MATSUZAKI, 2004 p.iv)
....................................................................................................................................... 24
Figura 3: Estrutura silábica da teoria auto-segmental (COLLISCHON, 1996, p95) .... 26
Figura 4: Estrutura silábica da teoria métrica (COLLISCHON, 1996, p96) ................ 26
Figura 5: Árvore de estrutura de sílaba pesada/leve (COLLISCHON, 1996, p98) ..... 26
Figura 6: Árvore de estrutura de mora (COLLISCHON, 1996, p100) ........................ 27
Figura 7: Árvore de estrutura de mora: vogais longas e ditongo (COLLISCHON, 1996,
p.100) ............................................................................................................................ 27
Figura 8: Estrutura interna de sílaba do português (COLLISCHON, 1996, p. 110) ..... 27
Figura 9: Uso de escrita japonesa (ISHIZAWA; TOYODA, 1998, p. 3) .................... 39
Figura 10: Explicação de acento da língua japonesa (KAWARAZAKI, 1980, p.x e xi) 82
Figura11: Exercício para pronunciar o som de [ɸ] (TODA, 2004, p.100) ................. 110
Figura12: Exercício para pronunciar o som de [ɸ] - 2 (ISOMURA, 2009, p31) ....... 111
Figura 13: Exercício de prolongamento da palavra eiga /eːga/ - uso de movimento de
mão. (TODA, 2004, p.18) .......................................................................................... 112
Figura 14: Exercício de pausa da palavra chotto /tʃo
Q
to/ - uso de movimento de mão
(TODA, 2004, p.19) ................................................................................................... 113
Figura15: Exercício para fixar o número de moras – uso de movimento do corpo com
a palavra obaasan /obaːsan/ (TODA, 2004, p.19) ...................................................... 114
Figura16: Exercícios para aprender o ritmo com a unidade de “pé” (TANAKA;
KUBOZONO, 1999, p. 53) ........................................................................................ 115
Figura 17: Exercício para fixar acento da palavra: uso do movimento de braço com
palavras sakana /sakaNa/ e tamago /tamago/ (ISOMURA, 2009, p.92) ................... 117
Figura 18: Exercício para fixar acento: uso do movimento de cabeça com palavras
sakana /sakaNa/ e tamago /tamago/ (ISOMURA, 2009, p.93) .................................. 117
Figura 19: Exercício para fxar acento - uso de partitura musical com palavras sakana
/sakaNa/, tamago /tamago/ e tomato /tomato/ (ISOMURA, 2009, p.93) ................... 118
Figura 20: Exercício para aprender a pronúncia de palavras homônimas (TODA, 2008,
p.42) ............................................................................................................................ 119
Figura 21: Prosody Graf (KAWANO; KUSHIDA; TSUKIJI; MATSUZAKI, 2004 p.
iv) ................................................................................................................................ 120
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Diferença de significado entre duas variações de tonicidade 3 ................. 29
Quadro 2 - Possibilidades de interpretação da expressão kyo
̅
iku .................................. 30
Quadro 3 - Distribuição de tom de três palavras, “tori”, “niku” e “toriniku .............. 30
Quadro 4 - Explicação gramatical da frase “torinikukatta .......................................... 31
Quadro 5 - Combinação de uma consoante e uma vogal em rōma-ji representada por
um caractere em Hiragana e Katakana ......................................................................... 34
Quadro 6 - Combinação de duas consoantes e uma vogal em rōma-ji epresentada por
dois caracteres em Hiragana e Katakana ..................................................................... 35
Quadro 7 - Combinação de duas consoantes dobradas em Hiragana e Rōma-ji ......... 36
Quadro 8 - Número de moras da palavra “kaji” (incêndio) ......................................... 37
Quadro 9 - Número de moras da palavra “kanji (ideograma) .................................... 38
Quadro 10 - Número de moras da palavra kitte (selo) ................................................. 38
Quadro 11 - Número de moras da palavra kite (o verbo “vir”) .................................... 38
Quadro 12 - Explicação da leitura de (tsu) escrita em tamanho menor ................... 39
Quadro 13 - Número de moras da palavra obāsan (avó) ............................................. 39
Quadro 14 - Número de moras da palavra obasan (tia) ............................................... 40
Quadro 15 - Número de moras e divisão de pé de palavra kouten e shinkansen .......... 40
Quadro 16 - Número de moras e divisão de pé de palavra megane e tabemonoya ...... 40
Quadro 17 - Número de moras e divisão de pé de palavra kyūtto................................. 41
Quadro 18 - Número de moras e divisão de pé com um enunciado okuttandeshō ....... 41
Quadro 19 - Alteração de número de mora durante a produção oral ............................ 41
Quadro 20 – Símbolos fonéticos consonantais relevantes para transcrição do português42
Quadro 21- Símbolos fonéticos consonantais da língua japonesa ................................ 43
Quadro 22 - Símbolos fonéticos das vogais do português ........................................... 43
Quadro 23 - Símbolos fonéticos das vogais do japonês ............................................... 43
Quadro 24 - Frases que podem causar ambiguidades na produção oral por aprendizes46
Quadro 25 - Diferença no acento da palavra seki .......................................................... 66
Quadro 26 - Diferença no acento da expressão moushimashita .................................... 66
Quadro 27 - Diferença de acento na expressão kurumade ............................................ 66
Quadro 28 - Diferença de acento na palavra sankai ...................................................... 68
Quadro 29 - Diferença de acento na expressão kurumade ............................................ 68
Quadro 30 - Tratamento de elementos de pronúncia no Semestre I ............................. 94
Quadro 31- Tratamento de elementos de pronúncia no Semestre II em diante ............ 95
Quadro 32 - Divisão de mora de um slogan de regras de trânsito no Japão ............... 116
Quadro 33 - Roteiro do diálogo do Exercício 11 ........................................................ 121
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... 7
LISTA DE QUADROS ................................................................................................. 8
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 19
2.1 Ensino de Línguas Estrangeiras e importância de ensino de pronúncia ......... 19
2.2 Ensino de Pronúncia de Línguas Estrangeiras .................................................. 22
2.3 Definição e conceituação de termos utilizados neste trabalho .......................... 25
2.3.1 Sílaba ................................................................................................................... 25
2.3.2 Acento ................................................................................................................... 28
2.3.2.1 Acento da língua portuguesa ............................................................................. 28
2.3.2.2 Acento da língua japonesa ............................................................................... 29
2.3.3 Ritmo ................................................................................................................... 32
2.3.3.1 Ritmo da língua portuguesa ............................................................................. 32
2.3.3.2 Ritmo da língua japonesa .................................................................................. 33
2.3.3.2.1 Sistema da escrita japonesa e o conceito de mora .................................................... 33
2.3.3.2.2
Mora especial, Hiragana e Katakana
................................................................. 37
2.3.3.2.3
Mais uma unidade de ritmo da língua japonesa
................................................... 40
2.3.4 Diferença nos aspectos segmentais entre as duas línguas ................................ 42
2.3.5 Interlíngua .......................................................................................................... 44
2.35.1 Caso dos brasileiros .......................................................................................... 47
3 METODOLOGIA ...........................................................................................
49
3.1 Contexto da pesquisa ............................................................................................. 49
3.2 Sujeitos da pesquisa ............................................................................................... 52
3.2.1 Professores do Curso de Japonês do NLE e seu material de ensino ................ 53
3.2.2 Sujeitos participantes A ...................................................................................... 55
3.2.3 Sujeitos participantes B ....................................................................................... 56
3.3 Procedimentos da pesquisa .................................................................................. 56
3.3.1 Teste de leitura em voz alta ................................................................................ 56
3.3.1.1 Instrumento de leitura em voz alta - roteiro de leitura .................................... 57
3.3.1.2 Procedimento de gravação de leitura em voz alta ........................................... 58
3.3.1.3 Procedimento de teste de leitura em voz alta ................................................... 58
3.3.1.3.1 Colaboradores japoneses
................................................................................... 59
3.3.1.4 Submissão de gravação de leitura em voz alta ................................................ 59
3.3.1.4.1. Teste de leitura em voz alta ...................................................................................... 59
3.3.2 Observação de aula ............................................................................................. 60
3.3.2.1 Procedimento de observação de aula ............................................................... 60
3.3.3 Análise de materiais didáticos ............................................................................ 61
3.3.4 Oficina de pronúncia da língua japonesa ......................................................... 61
3.3.4.1 Materiais ........................................................................................................... 62
3.3.4.2 Procedimentos da oficina ................................................................................. 62
3.3.5 Aplicação do questionário .................................................................................. 62
3.3.5.1 Questionários aplicados ................................................................................... 63
3.3.5.2 Procedimento de aplicação de questionários .................................................. 64
3.3.6 Análise de dados ................................................................................................. 64
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO ....................................................................................... 65
4.1 Teste de leitura em voz alta .................................................................................. 65
4.2 Observação de aula ............................................................................................... 69
4.2.1 Sujeito participante A-1 ...................................................................................... 70
4.2.2 Sujeito participante A-2 ...................................................................................... 73
4.2.3 Sujeito participante A-3 ....................................................................................... 75
4.2.4 Sujeito participante A-4 ...................................................................................... 77
4.3 Materiais didáticos ............................................................................................... 79
4.3.1 Nihongo: Kana-Uma Introdução ao Silabário Japonês .................................... 81
4.3.2 Apostila Kana Nyuumon-Introdução ao Kana .................................................. 83
4.3.3 Shin Nihongo no Kiso e Minnna no Nihongo .................................................. 84
4.3.4 A coleção do Minna no Nihongo ....................................................................... 85
4.3.4.1 Conteúdo do material de áudio ........................................................................ 86
4.3.5 Reflexão sobre materiais .................................................................................... 87
4.4 Oficina de pronúncia da língua japonesa ........................................................... 89
4.4.1 Uso de materiais didáticos .................................................................................. 90
4.4.2 Como aprendeu a pronúncia da língua japonesa? ........................................... 91
4.4.3 O que ensinam? .................................................................................................. 93
4.4.4 Quando ensinam? ............................................................................................... 97
4.4.5 Como ensinam? ................................................................................................... 98
4.4.6 Sobre oficina de pronúncia ................................................................................ 98
4.5 Discussão sobre os dados obtidos ...................................................................... 100
5 PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADE DIDÁTICA .................................................... 107
5.1 O quê, como e quando ensinar? ........................................................................ 107
5.2 Atividades didáticas de pronúncia .................................................................... 109
5.2.1 Atividades para o ensino de aspectos segmentais ............................................ 110
5.2.2 Atividades para o ensino de ritmo .................................................................... 112
5.2.3 Atividades para o ensino de acento .................................................................. 116
5.2.4 Sugestões para o desenvolvimento de atividades inseridas por Sujeitos
participantes A e B ..................................................................................................... 121
5.2.4.1 Modificação de atividades adotadas nos livros ............................................. 121
5.2.4.2 Gravação de produção oral ........................................................................... 123
5.2.4.3 Teatro ............................................................................................................. 124
5.2.4.4 Pesquisa sobre materiais para o estudo de pronúncia ................................. 125
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 127
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 131
APÊNDICES ............................................................................................................. 136
Apêndice A: Questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia (pesquisa-
piloto) ......................................................................................................................... 136
Apêndice B: Roteiro de leitura em voz alta para os Sujeitos participantes A ..... 139
Apêndice C: Teste de leitura em voz alta ............................................................... 143
Apêndice D: Tradução do roteiro de leitura em voz alta ...................................... 146
Apêndice E: Perfil dos Sujeitos participantes A .................................................... 151
Apêndice F: Perfil dos colaboradores japoneses .................................................... 155
Apêndice G: Questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia da ngua
japonesa ..................................................................................................................... 156
Apêndice H: Questionário respondido sobre ensino/aprendizagem de pronúncia
da língua japonesa .................................................................................................... 161
Apêndice I: Questionário para coordenadora do curso de japonês do NLE ...... 186
ANEXOS .................................................................................................................... 187
Anexo A: Tabela de escrita japonesa: Hiragana, Katakana e Rōmaji (Minna no
Nihongo I, p.3) ........................................................................................................... 188
Anexo B: Explicação sobre pronúncia (Livro-tradução e notas gramáticas do
Minnna no Nihongo I p. 4-7) .................................................................................... 189
Anexo C: Instrução de ensino de pronúncia (Livro-instrução de metodologia do
livro texto principal do Minnna no Nihongo I p. 30-34) ............................................ 1
Anexo D: Pares mínimos de moras especiais do livro Hatsuon (IMADA, 1989,
p.164-167) .................................................................................................................. 191
Anexo E: Pares mínimos e homônimos de moras especiais do livro Hatsuon
(IMADA, 1989, p.171, 189) ...................................................................................... 192
Anexo F: Marcas indicadoras de acento da língua japonesa do livro Hatsuon
(IMADA, 1989, p.102) .............................................................................................. 193
Anexo G: Dicionário de japonês português (COELHO, 1998, p. 11) .................. 194
Anexo H: Dicionário de acento da língua japonesa (NHK, 1998, p. 6-7) ............ 195
14
1 INTRODUÇÃO
Quando um indivíduo se dispõe a aprender uma língua estrangeira, em geral, uma de
suas finalidades é utilizá-la como meio de comunicação. Essa comunicação pode ocorrer tanto
através da escrita (cartas, e-mails, bate-papos online, etc.) quanto através da fala. É bem
provável que aprendizes de língua estrangeira tenham como um de seus objetivos
conseguirem se comunicar com certa fluência na língua-alvo, tanto com nativos como com
outros aprendizes da língua em estudo. O fato de as línguas apresentarem estruturas
organizacionais diferenciadas em diversos aspectos faz com que o aprendiz de ngua
estrangeira venha a enfrentar, no decorrer do processo de aprendizagem, algumas dificuldades
no desenvolvimento das seguintes habilidades: escrita, leitura, compreensão auditiva e
oralidade.
Quanto à oralidade, é verdade que, em algumas situações interativas entre falantes,
mesmo que as palavras não sejam articuladas adequadamente, pode-se transmitir o princípio
da mensagem através de uma negociação/interação durante o decorrer da conversa. Porém,
em determinadas situações interativas, embora se processe uma negociação/interação entre os
falantes, se o conjunto de aspectos envolvidos na produção oral (entoação, aspectos
segmentais, pausas, prolongamento, etc.) não se manifestarem adequadamente na oralidade do
falante aprendiz, sua intenção pode não ser transmitida. Além disso, podem-se criar situações
não muito agradáveis, onde, por exemplo, o interlocutor constrói uma má impressão do
falante aprendiz ou constrói uma interpretação equivocada da mensagem que lhe foi
transmitida.
Ao refletir sobre a prática de ensino no Curso de japonês do Núcleo de Línguas
Estrangeiras da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
1
, como professora, nativa e falante
de língua japonesa, percebia-se, com freqüência, algumas produções orais inadequadas da
língua japonesa na fala dos alunos e dos professores, cuja língua materna é o português, na
interação diária com os mesmos.
Na interação com os professores do Curso, houve também comentários sobre as
dificuldades de aprendizagem de pronúncia da ngua japonesa. E, sempre que tratamos deste
assunto, os professores e alunos do referido Curso, que tiveram contato com japoneses,
comentam que sentem dificuldades de entender o idioma quando este é produzido oralmente
1
A partir de agora, sempre que usarmos a sigla NLE estaremos nos referindo ao Núcleo de Línguas Estrangeiras
da Universidade Estadual do Ceará.
15
por um nativo. Além disso, continuam eles, que os japoneses, em alguns momentos, também
não entendem suas falas.
Para saber qual é o entendimento dos professores do Curso de japonês - NLE da
UECE, sujeitos desta pesquisa, sobre o ensino e a aprendizagem da pronúncia da língua
japonesa, aplicamos um questionário (vide apêndice A) com os mesmos, como pesquisa-
piloto. Os comentários observados no dia-a-dia a que nos referimos foram reafirmados pelos
professores do curso nesses questionários aplicados. O questionário foi baseado no trabalho
de Toda (2003), a fim de investigar as idéias sobre ensino/aprendizagem de pronúncia da
língua japonesa dos professores deste curso. A devolução do questionário era voluntária e
conseguimos recolher respostas de cinco professores.
Através das respostas recolhidas dos professores, pudemos observar que, quanto ao
ensino de pronúncia, apenas um professor respondeu que sempre corrige a pronúncia dos
alunos e os outros corrigem de acordo com a importância do aspecto de pronúncia que eles
avaliam que deveria ser corrigido.
Apresentamos algumas respostas sobre ensino e aprendizagem de pronúncia da
língua japonesa:
Conforme a pessoa fica mais velha, também aumenta a dificuldade em adquirir a
pronúncia dos novos sons da língua estudada. Nesse sentido, acho que uns 60% a 80%
seja suficiente para uma boa comunicação e interação com a língua estudada.
Acredito que seja importante se ter uma boa pronúncia, porém, acredito que a
importância seria mais para se ter mais confiança em si mesmo para poder se
comunicar em língua estrangeira.
Dentre os cinco professores, dois professores avaliaram sua pronúncia como “ruim”
e outros avaliaram como “razoável” ou “boa”. Porém, é interessante apresentar o comentário
de um professor que avaliou sua pronúncia como “boa”. Este avalia sua pronúncia como
“boa”, mas isso não significa que é igual à do nativo, e tem a consciência de que:
Bem, com essas questões percebi que embora eu queira ter uma ótima pronúncia e
semelhante a do nativo, eu não faço nenhum esforço para alcançar isso. Está na hora
de eu começar a refletir sobre a minha própria pronúncia e buscar melhorá-la,
principalmente porque os alunos, de uma forma ou de outra, acabam tendo o professor
como um modelo e tentam imitar a sua pronúncia. Sei que minha pronúncia se difere
bastante com a do nativo e não quero que meus alunos aprendam a pronunciar o
japonês erroneamente por minha causa.
Assim, inicialmente, estávamos apoiados apenas em observações livres, porém, após
a aplicação deste questionário-piloto, conseguimos verificar a necessidade de refletir, de
16
modo científico, sobre a questão do ensino de pronúncia no curso. Quando se observa os
comentários dos professores, vemos que nenhum professor descarta o ensino da pronúncia da
língua japonesa no seu curso e a maioria possui a atitude/desejo de melhorar sua pronúncia.
Considerando os comentários dos professores deste curso, eles tentam, ao máximo,
criar um ambiente de comunicação oral em japonês na sala de aula com seus alunos. Porém,
apesar de terem levado em consideração a importância do ensino de pronúncia, ainda parece
haver dúvida sobre como e quando tratar o ensino de pronúncia no curso. Esses professores
são concludentes do próprio Curso onde ensinam atualmente. Como não Letras Japonês no
Curso de Graduação da UECE, através do qual poderiam se formar como profesores de língua
japonesa, então, na maioria dos casos, o método de ensino de pronúncia dependia ao
autoditatismo de cada professor. E, segundo a Coordenadora do referido curso, as orientações
pedagógicas não vinham sendo muito focalizadas no ensino de pronúncia durante a existência
do curso, apesar de o curso ter como objetivo o desenvolvimento da habilidade oral. Talvez
por isso, pudemos observar que o ensino de pronúncia da língua japonesa não foi tratado
como prioridade da mesma forma como o foi quanto ao ensino de estrutura gramatical.
Contudo, talvez seja natural não haver forte preocupação com o aperfeiçoamento de
pronúncia, uma vez uma vez que a efetivação de situações comunicativas de fala entre
aprendizes de japonês e falantes naturais e nativos de língua japonesa é uma raridade. E
consequentemente, talvez por isso não esteja sendo priorizado o ensino de pronúncia nesse
curso. No entanto, nessa pesquisa, interessa-nos focar o fenômeno que, até então, tem se
mostrado a principal causa pela qual o conjunto de aspectos envolvidos na produção oral não
estaria sendo destacado em seu todo no curso de japonês do NLE, a saber: a produção oral dos
professores deste curso não tem sido desenvolvida de modo satisfatório para atingir seu
objetivo do estudo e, posteriormente, do ensino.
Graças ao material recebido pela Fundação Japão
2
, como doação, o curso possui
livros sobre o ensino da ngua japonesa e da sua pronúncia. Dessa forma, é necessário
encontrar uma abordagem para que os materiais sejam utilizados de uma maneira satisfatória.
E, se os professores não aproveitam os materiais que pertencem ao Curso, como trabalhariam,
então, o ensino de pronúncia da língua japonesa em sala de aula? Em outras palavras, os
2
Fundação Japão (Japan Foundation) é uma instituição com a qual o curso vem trabalhando desde o início. A
instituição, segundo seu site oficial, é definida como:
“A Fundação Japão é uma organização vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Japão, estabelecida
em 1972, cujo objetivo é promover o intercâmbio cultural e a compreensão mútua entre o Japão e outros países.”
(http://www.fjsp.org.br/fundacao/index.htm)
17
professores deste curso precisam dar um pouco mais de atenção à importância no tratamento
desse assunto.
pesquisas sobre a produção oral dos aprendizes de línguas estrangeiras
desenvolvidas no Brasil, como de Joko (1987) que tratam sobre pronúncia da línguajaonesa
pelos brasileiros, cujas lígua materna é portugês brasileiro. Também no Japão, mesmo que
haja pesquisas sobre produção oral da língua japonesa pelo falante de coreano, de chinês ou
de inglês e o ensino de pronúncia voltado a cada falante de língua-mãe, mostra-se uma
carência de pesquisa sobre a pronúncia de falantes de português do Brasil.
Considerando a situação acima descrita, dispomo-nos, em nossa pesquisa, analisar as
produções orais dos atuais professores do Curso de Japonês do NLE cuja língua materna é o
português, refletir como os mesmos aprenderam a pronúncia da língua japonesa quando
alunos do Curso e, posteriormente, como passam a ensiná-la. Por fim, propomos sugerir
atividades didáticas complementares que auxiliem esses professores tanto no aperfeiçoamento
de suas falas quanto na prática do ensino da pronúncia em sala de aula. Assim, temos as
seguintes questões:
a) Quais fenômenos se manifestam na produção oral dos professores do Curso de
Japonês do NLE?
b) De que forma e quais atividades didáticas são desenvolvidas pelos professores do
curso de japonês do NLE para o ensino de pronúncia da língua japonesa, no que diz
respeito ao tom, à duração e aos elementos segmentais?
c) Quais atividades didáticas poderiam ser propostas a este Curso para que as
peculiaridades essenciais da pronúncia do idioma japonês sejam destacadas?
Dessa forma, essa pesquisa tem por objetivo analisar a pronúncia dos professores do
Curso de Japonês do NLE e o tratamento do ensino da pronúncia. Com base no resultado da
análise, apresentaremos propostas de atividades didáticas complementares sobre a pronúncia
da língua japonesa auxiliando, assim, tanto o aperfeiçoamento da fala dos professores, como a
prática de ensino da pronúncia da língua japonesa, visando uma comunicação oral
compreensível por parte dos alunos.
O resultado dessa pesquisa pretende contribuir como um levantamento de dados
sobre Curso de japonês do NLE. Tomando-se esta pesquisa como base, desejamos estimular o
interesse em trabalhar com a pronúncia da língua japonesa no planejamento do curso, e,
18
consequentemente, desenvolver a competência comunicativa de todos os membros,
professores e alunos do referido curso de japonês.
O trabalho consta de seis capítulos, sendo o primeiro esta introdução onde buscamos
refletir sobre os problemas enfrentados pelos aprendizes do Curso de Japonês do NLE na
aprendizagem de pronúncia da língua japonesa, assim como apresentamos também a
justificativa, os objetivos e as questões desta pesquisa.
No segundo capítulo, apresentamos a fundamentação teórica sobre a qual a pesquisa
foi construída. Nele tratamos do ensino de línguas estrangeiras e da importância do ensino de
pronúncia, do ensino de pronúncia de línguas estrangeiras, e apresentaremos a definição e a
conceituação dos termos utilizados neste trabalho.
No terceiro capítulo, descreveremos a metodologia da pesquisa, com a apresentação
do contexto, dos sujeitos e dos procedimentos da pesquisa.
No quarto capítulo, analisaremos os dados obtidos na pesquisa através do teste de
leitura em voz alta, das observações de aula, da análise do material didático e da oficina de
pronúncia da língua japonesa. No final do capítulo, faremos uma conclusão sobre a análise e
discussão.
No quinto capítulo, apresentaremos uma proposta didática para o ensino de
pronúncia do japonês elaborada com base nos resultados obtidos da análise dos dados.
No sexto e último capítulo, apresentaremos nossas considerações finais.
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Como vimos na seção anterior, o ensino de pronúncia é um aspecto importante para
desenvolver a comunicação oral dos aprendizes do Curso de japonês do NLE. Para destacar o
ensino de pronúncia da língua japonesa, precisa-se verificar a necessidade do referido curso, e
também, é preciso que os professores compreendam a importância de ensinar a pronúncia
deste idioma.
Como um dos objetivos do curso de Japonês em relação à pronúncia, deveria se
destacar problemas de acento e de ritmo que poderiam causar um mau entendimento durante a
comunicação oral caso não fosse pronunciado de acordo com o sistema fonético ou
fonológico da língua japonesa.
Para perseguir o objetivo acima, desta pesquisa, nesta sessão, descrevemos os estudos
que fundamentam a investigação desta pesquisa.
2.1 Ensino de Línguas Estrangeiras e Importância do Ensino de Pronúncia
No ensino de línguas estrangeiras, ainda no início das teorizações, a prática oral não
era considerada como prioritária. O chamado Método Clássico e/ou Método Gramática e
Tradução era o predominante até o surgimento do Método Direto e do Método Áudio-lingual
no século XIX.
O Método de Gramática e Tradução, segundo Brown (1993), focalizava o ensino de
gramática através da tradução e explicação de vocabulário em um contexto isolado e não a
prática oral.
Quanto ao Método Direto, a posição de Saveur (1826~1907 apud RIBEIRO, 2006),
iniciador da proposta desse método, é que: “uma língua estrangeira deve ser aprendida da
mesma maneira que a língua materna foi aprendida”. Assim, para o ensino de Língua
Estrangeira, a comunicação durante a aula deveria ser realizada na língua-alvo, pressupondo
uma certa tradução da língua materna para a língua-alvo, principalmente através de processos
mentais. Dessa forma, podemos perceber as principais características dessa abordagem:
“ênfase na habilidade áudio-oral; contato direto com a língua de estudo; exclusão do uso da
Língua Materna em sala de aula” (RIBEIRO, 2006). No Método Áudio-lingual, o principal
objetivo do método áudio-lingual era “a aquisição de ‘estruturas linguísticas’ (Wilkins,
1978:110; Larsen-Freeman,1986:41, apud. Paiva, 2004). Paiva (2004) afirma que;
20
O material didático era organizado em uma seqüência de estruturas gramaticais
selecionadas em um nível progressivo de dificuldades e as estruturas eram repetidas
várias vezes para que os aprendizes as automatizassem (PAIVA, 2004).
Assim, tanto o Método Direto quanto o Áudio-Lingual priorizam a habilidade oral
através do uso da língua estudada. Com esses métodos, os alunos seguem uma “fala modelo”.
O exercício de prática de repetição e substituição de partes das sentenças-modelo constituía a
prática controlada mais frequente.
o Método Áudio-visual traz um certo desenvolvimento ao Método Áudio-lingual.
Segundo Ribeiro (2006), apresentava
... diálogos contextualizados e não sentenças isoladas e soltas, empregava uma certa
variedade de técnicas transformacionais com o uso combinado do gravador e do
projetor de “slides”, de cartões ilustrativos e de objetos reais. (RIBEIRO, 2006).
No século XX, várias abordagens de ensino de línguas estrangeiras foram discutidas, e as
principais foram: a Sistemática, a Estrutural, a Funcional/Nocional e a Comunicativa.
Os métodos Áudio-lingual e Áudio-visual refletiam a Abordagem Estrutural.
A Abordagem Funcional/Nocional focaliza a maneira como a língua era usada em
interações. Na citação de Ribeiro (2006), podemos perceber a característica desta abordagem:
Na Abordagem Funcional/Nocional os aprendizes são colocados no centro do
processo de ensino-aprendizagem, exercendo um papel mais atuante no que se refere
à análise do material lingüístico e à expressão de suas próprias idéias durante a
produção. também, por parte do professor, uma maior tolerância ao erro e um
maior encorajamento às tentativas de expressão. (RIBEIRO, 2006)
Quanto à Abordagem Comunicativa, ela tem sua raiz na Abordagem
Funcional/Nocional. Sobre essa abordagem, Paiva (2004) ressalta que “o lema é apresentar e
usar linguagem autêntica e a língua-alvo passa a ser não apenas o objeto de estudo, mas
também o meio de comunicação”. Sobre os materiais e suas práticas é Ribeiro (2006) quem
enfatiza:
Os materiais didáticos lançados a partir da década de 80 e as práticas de ensino
observadas ilustram aspectos transformativo-generativos, formação de hábitos
através do estímulo-resposta, práticas menos guiadas para a expressão e
compreensão de noções e de funções comunicativas. No entanto, essas práticas são
conduzidas através de tarefas que inserem os aprendizes em um contexto de real
necessidade de comunicação. Os aprendizes estão se tornando, cada vez mais,
agentes reflexivos e responsáveis por sua aprendizagem e pelo ensino. (RIBEIRO,
2006)
21
Brown (2003), na tentativa de definir a abordagem comunicativa mostrou quatro
características principais:
1 Os objetivos da sala de aula são focados em todos os componentes da
competência comunicativa e não apenas restritos aos componentes gramaticais ou
linguísticos.
2 Técnicas de linguagem são desenvolvidas para que os aprendizes façam uso
pragmático, autêntico e funcional da linguagem para propósitos significativos.
Formas de linguagem organizacional não são o foco, mas sim aspectos linguísticos
que possibilitam que o aluno atinja seus objetivos.
3 A fluência e a exatidão são vistas como princípios complementares às
técnicas da abordagem comunicativa. Às vezes é dada maior importância à fluência
do que à exatidão a fim de manter os aprendizes engajados no uso significativo da
linguagem.
4 Na sala de aula comunicativa, é exigido que os aprendizes usem a língua de
forma produtiva e receptiva em contextos autênticos e/ou não ensaiados.
3
(BROWN, 2003, p. 245, tradução nossa)
Brown (2003), porém, enfatizou que a abordagem comunicativa, que prioriza a
competência comunicativa do falante, não dá importância às regras gramaticais como as
abordagens tradicionais. Para Brown, isso poderia trazer dificuldades para professores não-
falantes nativos que o possuem uma proficiência suficiente para ensinar uma segunda
língua, pois essa abordagem necessitaria mais da fala espontânea e de uma situação autêntica.
Nesse sentido, para os professores não-falantes nativos, os diálogos, os drills, exercícios
preparados e a discussão sobre as regras gramaticais teriam mais vantagens, uma vez que se
sentiriam mais seguros numa sala de aula.
Sasaki (1994) observou que, no caso do ensino de língua japonesa no Japão, a
Abordagem Comunicativa, que foca o uso da linguagem voltada à comunicação dos
aprendizes, estaria sendo mais aceita graças a críticas contra o Método Áudio-lingual, que se
volta para o ensino de padrões de estruturas gramaticais e a execução de exercícios de
repetição. Porém, ainda segundo Sasaki (1994), quem apoiava o Método Áudio-lingual
defendia que um professor experiente compreenderia o que os materiais didáticos organizados
pelo Método Áudio-lingual pretendem ensinar e, então, esse professor introduziria habilmente
o contexto real a partir desse material para realizar a prática comunicativa na sua sala de aula.
3
1. Classroom goals are focused on all of the components of communicative competence and not restricted to
grammatical or linguistic competence.
2. Language techniques are designed to engage learners in the pragmatic, authentic, functional use of language
for meaningful purpose. Organizational language forms are not the central focus but farther aspects of language
that enable the learner to accomplish those purposes.
3. Fluency and accuracy are seen as complementary principles underlying communicative techniques. At times
fluency may have to take on more importance than accuracy in order to keep learners meaningfully engaged in
language use.
4. In the communicative classroom, students ultimately have to use the language, productively and receptively,
in unrehearsed contexts.
22
Continuando, Sasaki (1994), diz que não há garantia de que todos os professores
tenham essa capacidade ou consciência de refletir seu método de ensino na própria sala de
aula. Então, Sasaki interessou-se em procurar uma proposta para utilizar os pontos positivos
do Método Áudio-lingual e da Abordagem Comunicativa, esclarecendo, assim, que o objetivo
dos professores de língua japonesa é, sem dúvidas, aumentar o desempenho e a capacidade de
uso da língua estudada pelos aprendizes do idioma japonês. Esta visão também poderia ser
levada em consideração ao ensino de outros idiomas.
2.2 Ensino de Pronúncia de Línguas Estrangeiras
No ensino de línguas estrangeiras, o ensino de pronúncia é influenciado pelos estudos
de abordagem estruturalista, que introduzem exercícios visando à estruturação da língua
através da utilização de pares nimos. O Método Áudio-lingual, que utiliza essa prática, é
criticado principalmente por partidários da abordagem comunicativa, porque os exercícios de
repetição de palavras em pares mínimos são descontextualizados e pouca ênfase no nível
supra-segmental.
Depois que a Abordagem Comunicativa foi introduzida na área do ensino de nguas
estrangeiras, as atividades como role play”, que englobam situações reais, tornaram-se mais
predominantes do que exercícios de repetição de frases-padrão. Dessa forma, como a
Abordagem Comunicativa tenta focalizar o estabelecimento da comunicação e não a exatidão
da sua pronúncia seguindo o sistema fonético e fonológico de uma língua estudada, a imagem
do ensino de pronúncia tornou-se um estudo menosprezado e os exercícios de pronúncia de
pares mínimos foram mais criticados.
Toda (2008), um linguista japonês, afirma que, enquanto o ensino de pronúncia estava
começando a ser criticado, defensores da Abordagem Comunicativa perceberam a
importância do ensino da pronúncia para o estabelecimento da comunicação e, assim, voltou a
ser valorizada a importância do ensino de pronúncia, uma vez que a pronúncia que não segue
o sistema fonético e fonológico pode impedir a transmissão das informações ou a intenção do
falante durante a comunicação. Por fim, Toda (2008) traz propostas de ensino de pronúncia
discutidas no Japão, que poderemos adaptar ao contexto da nossa pesquisa, discussão que
retomaremos logo a baixo.
23
No Brasil, conforme o trabalho de Silva (2006), foram sugeridos quatro pontos a
serem considerados no ensino de Línguas Estrangeiras, a saber:
a. O ensino de ngua estrangeira deve levar em conta as categorias sonoras (e
gramaticais) mais frequentes na língua estrangeira.
b. Os sons (estruturas) equivalentes nas duas línguas devem ter as suas
particularidades fonéticas específicas (detalhe fonético) explicadas.
c. Os sons novos na língua-alvo devem ser categorizados, na medida do
possível, a partir de sons já conhecidos na língua materna.
d. O ensino de pronúncia deve ser privilegiado desde o início da aprendizagem
de uma língua estrangeira.
(SILVA, 2006, p.4)
Assim, a preocupação com o ensino de pronúncia de língua estrangeira, possui algo
em comum, independendo do idioma a ser ensinado e o contexto do ensino.
Para entendermos melhor a tendência atual do ensino de pronúncia da língua
japonesa no Japão, vamos verificar, no livro Nihongo Kyōiku to Onsei
4
(TODA, 2008) como
autores japoneses tratam a pronúncia da língua japonesa em relação ao ensino, à metodologia
e à aprendizagem do japonês.
Segundo Toda (2008), um dos primeiros materiais de ensino de pronúncia da língua
japonesa foi organizado por Toki e Murata (1989) e era dividido em quatro elementos: vogal,
consoante, acentuação e entonação. Por sua vez, Tanaka e Kubozono (1999) acrescentaram,
em seus escritos, as regras sobre o sistema fonético da língua japonesa. Tais autores mostram
a língua, através dos homônimos, as diferenças no vel lexical e frasal, juntamente com os
sinais indicando o acento. Tanto as publicações de Toki e Murata (1989), como as de Tanaka
e Kubozono (1999) são acompanhadas por material de áudio gravado por um japonês nativo
com a pronúncia da língua japonesa padrão.
Existe, por outro lado, uma outra abordagem, através do método chamado Verbo-
tonal Method, que é uma tentativa de ensinar a pronúncia da ngua japonesa percebendo a
frase toda e não as palavras separadamente, e explica o lugar de queda de tom de cada palavra
através dos segmentos moraicos. Segundo Kawaguchi (2008), o Verbo-tonal Method possui
outro nome: “SGAV (Methode structro-global audio-visuelles)”, baseado em uma teoria
chamada Verbo-tonal System. Esta teoria visa à relação entre percepção e reprodução de
sonoridade de uma língua, originalmente utilizado na terapia dos portadores de deficiência de
fala e audição e também no ensino de língua estrangeira. O Verbo-tonal Method foi utilizado
no livro de ensino de francês, na França, na cada de 1960 e, posteriormente, chamou a
4
“Ensino de japonês e sua pronúncia” (tradução nossa)
24
atenção dos pesquisadores japoneses para a área de ensino de língua estrangeira. A
característica peculiar deste método é utilizar o movimento do corpo para indicar o ritmo ou
acento da língua japonesa principalmente, utilizando o movimento de mão. Para ensinar o tom,
utiliza o movimento do corpo inteiro. Mostramos a figura 1 para entender melhor a explicação.
Figura 1 - Movimento utilizado no Verbo-tonal Method (Kawaguchi, 2008, p. 126)
outro método que focaliza a questão fonológica, utilizando um gráfico chamado
Prosody Graf baseado na linha gráfica de F0
5
, para poder visualizar a mudança melódica da
língua japonesa no nível frasal. Mostraremos um modelo deste gráfico na figura 3.
Figura 2 - Prosody Graf (KAWANO; KUSHIDA; TSUKIJI; MATSUZAKI, 2004 p.iv)
Pode-se observar que a maioria dos autores prefere que o ensino de pronúncia da
língua japonesa não siga o método Áudio-lingual, ou seja, que não focalize a estrutura ou o
sistema de pronúncia dos segmentos através dos exercícios de pares mínimos. Isso talvez
porque, atualmente, o ensino de línguas estrangeiras tem a tendência de se basear na
abordagem comunicativa. Consequentemente, evita focalizar as unidades mínimas da
linguagem e prioriza tratar a linguagem como um todo. Porém, como diz Toda (2008), no
caso de ensino da pronúncia, para se aprender a entoação frasal, é preciso aprender o acento
5
F0 significa a frequência fundamental. Termo derivado do estudo da física do som e usado na FONÉTICA
ACÚSTICA, indicando o componente de frequência mais baixa em uma onda sonora complexa. [...] A noção de
“fundamental”, ou F0, é de particular relevância para o estudo da ENTONAÇÃO, onde mostra uma
correspondência consideravelmente próxima com os movimentos de PITCH envolvidos. (David, 1985, p121-
122)
25
de cada palavra e, para aprender onde fica o núcleo do acento de cada palavra, é preciso
aprender onde a queda de tom; para isso, é preciso ter uma noção de mora e da existência
de dois tipos de unidade rítmica, e assim, julgou-se necessário voltar aos conteúdos que os
estruturalistas tomaram.
O ensino de pronúncia da língua japonesa, atualmente, toma mais de uma abordagem
para atingir o seu objetivo, como na discussão do livro de Toda (2008). Assim, recomenda-se
aos professores utilizar exercícios de pares mínimos e de repetição de áudio, mas ao mesmo
tempo, preparar o conteúdo para inseri-lo no ensino de pronúncia de um modo mais
contextualizado.
Assim, apesar da tendência atual de um ensino voltado para uma abordagem
comunicativa, parece que os pesquisadores do ensino também estão vendo a necessidade de
reforçar o ensino da pronúncia da língua japonesa enfocando os aspectos da entoação frasal,
seu ritmo acento e unidade de sílaba. A nosso ver, esta preocupação como o segmento
fonético pode contribuir positivamente no ensino comunicativo de língua japonesa como uma
Língua estrangeira. Seguindo essa tendência, nossa próxima seção tratará de definir sílaba,
ritmo e acento dentro da estrutura fonológica da língua.
2.3 Definição e conceituação de termos utilizados neste trabalho
Nesta seção, apresentamos os sistemas fonéticos e fonológicos dos idiomas
português e japonês. Para tanto, explicaremos alguns termos que serão utilizados no decorrer
dessa pesquisa.
2.3.1 Sílaba
Segundo Collischonn (1996), basicamente duas teorias a respeito da estrutura
interna da sílaba: a teoria auto-segmental e a teoria métrica da sílaba e, apesar de os
pesquisadores concordarem que a sílaba tem um papel central na hierarquia fonológica, não
unanimidade de entendimento quanto à sua estrutura interna. A teoria auto-segmental
entende a sílaba como “um nó ao qual estão ligados diretamente os segmentos” (KAHN, 1976,
apud. COLLISCHONN, 1996, p.95). Nessa teoria, a sílaba será apresentada como na figura
abaixo.
26
Figura 3 - Estrutura silábica da teoria auto-segmental (COLLISCHON, 1996, p95)
Quanto à teoria métrica, segundo Collischonn (1996), a sílaba é estruturada conforme
apresentada na figura 4. Conforme Selkirk (1982), a estrutura de sílaba é representada
baseando-se em propostas feitas anteriormente por Pike e Pike (1947) e Fudge (1969).
Figura 4 - Estrutura silábica da teoria métrica (COLLISCHON, 1996, p96)
Collischonn (1996), explica esta figura da seguinte maneira.
Uma sílaba consiste em um ataque (A) e em uma rima (R); a rima, por sua vez,
consiste em um núcleo (Nu) e em uma coda (Co). Qualquer categoria, exceto (Nu),
pode ser vazia. (COLLISCHONN, 1996, p.96)
A diferença entre a primeira teoria e a segunda diz respeito ao relacionamento entre
cada elemento no interior da sílaba. A primeira teoria prevê que o relacionamento entre os três
elementos é igual, enquanto a segunda teoria prevê um relacionamento muito mais estreito
entre a vogal do núcleo e a consoante da coda do que entre esta vogal e a consoante do ataque.
Com base na segunda teoria, podemos observar sílabas pesadas e leves, o que se reflete nas
regras de atribuição de acento e também na atribuição de tom, em línguas tonais.
Seguimos o exemplo de Collischonn (1996), que faz a distinção entre sílaba pesada e
leve como uma distinção entre sílabas com rima ramificada e sílabas com rima não-ramificada,
e não pelo número de elemento constituído na sílaba. Por exemplo, na palavra lacrima o
acento cai na antepenúltima sílaba, mesmo que a laba ‘cri’ possua três elementos. Já em
peperci, a sílaba ‘per’ possui três elementos. Verificamos a estrutura interna de cada sílaba.
Figura 5 - Árvore de estrutura de sílaba pesada/leve (COLLISCHON, 1996, p98)
27
Podemos verificar aqui, como Collischonn (1996) definiu, “a distinção entre sílabas
pesadas e leves como uma distinção entre sílabas como rima ramificada e sílaba com rima não
ramificada.” (COLLISCHONN, 1996, p.99)
Uma proposta diferente sobre a sílaba é feita por Hyman (1985), que apresenta mora
como as sílabas que consistem em constituintes ou unidades de peso, defendendo a idéia de
Troubetzkoy (1939). Uma sílaba pesada consiste em duas moras e uma sílaba leve, em uma
mora. Veremos na seguinte figura, que se utiliza o símbolo “µ” para representar a mora.
Figura 6 - Árvore de estrutura de mora (COLLISCHON, 1996, p100)
Caso de vogais longas e ditongos são associados a duas moras. “aːrepresenta vigais
longas e “w” representa o ditongo. Verificamos a estrutura de mora na figura
Figura 7 - árvore de estrutura de mora: vogais longas e ditongo (COLLISCHON, 1996, p.100)
Assim, existem duas propostas sobre sílaba. No caso do português, seguimos a teoria
métrica para entender a sílaba, e do japonês, utilizaremos a proposta de mora para continuar
este trabalho.
No modelo silábico do português, segundo Collischonn (1996), não acordo entre
os autores quanto ao mero máximo de elementos que uma sílaba pode conter. Porém, o
mesmo apresenta o padrão de modelo silábico do português da seguinte forma:
Figura 8 - Estrutura interna de sílaba do português (COLLISCHON, 1996, p. 110)
28
Quanto ao japonês, segundo Koizumi (1993), a unidade mínima do ponto de vista
fonológico poderia ser representada como mora cujas estruturas são V, CV, CyV e M. M
indica mora especial que representa /N/, /Q/ e /R/
6
. E o prolongamento de vogal /Vː/ seria
contado como duas moras /VV/ com a qualidade igual entre elas.
A qualidade da mora é diferente de sílaba. Explicaremos melhor a diferença entre
sílaba e mora juntamente com o acento, ritmo e escrita japonesa em seções seguintes.
2.3.2 Acento
Nesta seção, apresentamos algumas considerações sobre o acento da língua
portuguesa e da língua japonesa.
2.3.2.1 Acento da língua portuguesa
Cantoni (2009) relata que a maioria dos teóricos apontam para quatro aspectos
fundamentais do acento do português brasileiro: aplica-se nas três últimas sílabas da palavra;
a natureza acústico-articulatória apresenta um aumento de duração e intensidade; a
funcionalidade é um contraste lexical, mas com restrições; e a distribuição de padrões está
presente na paroxítona com maior frequência.
Quanto ao primeiro e ao quarto dos aspectos acima citados, sobre a posição do
acento e a distribuição de padrão de acento, Bisol (1992) afirma que “no português brasileiro,
o acento se restringe a uma janela de três sílabas, ao fim da palavra, formando oxítonas,
paroxítonas ou proparoxítonas” (BISOL, 1992 apud CANTONI, 2009, p.94). Afirma também
que as palavras paroxítonas são mais freqüentes do que as proparoxítonas e oxítonas.
A natureza acústico-articulatória do acento do português brasileiro é mencionada no
trabalho de Massini-Cagliari (1992) através de uma investigação experimental. A conclusão
deste experimento relata que, a sílaba tônica é caracterizada por sua maior duração, o que é
suficiente para fazer crer que a duração deve ser o principal correlato físico do acento no
português do Brasil. Desse modo, recorrendo a um exemplo mencionado por Cantoni (2009),
em uma palavra como espaço, a sílaba pa será mais longa e mais intensa que as outras sílabas.
Quanto à funcionalidade do acento, ainda segundo Cantoni (2009, p. 94), “o acento é
o responsável pelo contraste lexical em palavras como bia, sabia e sabiá. No entanto, não é
6
Explicaremos detalhadamente estas duas moras na seção 2.3.3.
29
tão fácil encontrar pares mínimos dentro da mesma classe de palavras”. Segundo a autora, os
pares abaixo exemplificam a funcionalidade do acento em PB: cara x cará, no caso dos
nomes, e comeram x comerão, no caso dos verbos.
2.3.2.2 Acento da língua japonesa
Segundo Silva (2005), existem línguas cujos núcleos silábicos carregam tons, cujas
características são tons altos, médios e baixos ou tons de contorno como “médio-alto”. A
língua japonesa é categorizada como língua tonal que possui tons altos e baixos.
Diferentemente da ngua portuguesa, cujas sílabas tônicas ou acentuadas são produzidas de
maneira que sejam percebidas auditivamente como tendo duração mais longa e mais alta (em
termos de intensidade), em japonês uma mudança de direção da curva melódica em um
enunciado.
Tomaremos como exemplo a palavra japonesa “ame”. A diferença de tonicidade
aparece entre as moras “a”/a/ e “me” /me/. Esta palavra possui duas moras e a mudança de
tom é marcada pela mora. “Ame” apresenta duas possibilidades de tonicidade, uma em que o
tom mais alto recai sobre o “a” e outra onde é o tom mais baixo que recai sobre o “a”. Mesmo
possuindo o mesmo número de moras, dependendo do tom, o significado pode mudar de
“chuva” para “bala (doce)”. A marcação de tonicidade é representada por H (alto) e L (baixo)
conforme apresentamos no Quadro1.
Língua japonesa Significado em língua portuguesa
a me
H L
Chuva
a me
L H
Bala (doce)
Quadro 1 - Diferença de significado entre duas variações de tonicidade
Neste caso, na primeira palavra, o “a” é pronunciado com o tom mais alto do que
“me”; na segunda palavra, é o inverso, ou seja, o aé mais baixo do que “me”. Mesmo
produzindo essa palavra com uma tonicidade inadequada, pode-se entender o significado das
palavras pelo contexto da conversa, mas quando se leva em consideração a tonicidade de uma
frase, surge uma possível de ambiguidade no seu sentido.
Se essa palavra, “ame”, fosse pronunciada seguindo o sistema fonológico da língua
portuguesa, a sílaba tônica estaria no primeiro segmento, “a”, e consequentemente, “a”
30
poderia ser produzida com a maior intensidade (tom alto) e duração (um pouco prolongado)
em relação à outra sílaba.
A tonicidade é responsável pela distinção da sintaxe também. Tomando como exemplo
a expressão kyo
̅
iku”, ela poderia ter dois significados distintos. Podemos observar melhor no
Quadro 2 a seguir.
Escrita em rōma-ji Divisão moráica e tonicidade Significado em português
Kyo
̅
iku
kyo u i ku
L H H H
Educação
kyo u i ku
H L L H
Irei hoje.
Quadro 2- Possibilidades de interpretação da expressão kyo
̅
iku
Surgiram essas diferenças porque, pelo sistema da tonicidade japonesa, apenas um
segmento alto dentro de uma palavra, ou seja, uma vez que aparece H e ocorre mudança para
L, não ocorre mais uma mudança para H dentro de uma mesma palavra. O primeiro exemplo
é composto de uma palavra, enquanto que o segundo é composto de duas palavras. O
segmento onde ocorre a queda de tom é chamado “núcleo”. Para aprender a tonicidade da
língua japonesa, precisa-se de um bom conhecimento de distribuição do “núcleo”.
Mesmo conhecendo a distribuição da tonicidade de cada palavra, quando juntamos
duas palavras para formarmos outra, dependendo da palavra ou da ordem gramatical, a
posição do tom alto pode ser modificada. Para entender melhor, vamos ver o exemplo no
Quadro 3:
Palavras em japonês Significado em português
to ri
L H
Pássaro
ni ku
L H
Carne
to ri ni ku
L H H H
Carne de pássaro
7
(frango)
Quadro 3: Distribuição de tom de três palavras, “tori”, niku” e “toriniku
Agora, tomando o exemplo de Kashima (2005), verificamos aqui três expressões
diferentes no Quadro 4
8
mostrando o significado e a tonicidade de cada palavra nas três frases.
7
Geralmente, a palavra “toriniku” se refere ao frango, porém colocamos a tradução como “carne de pássaro”
para poder justificar a alteração de tom de acordo com a ordem lexical da língua japonesa.
8
O quadro foi modificado pela autora deste projeto baseado no livro de Kashima (2005)
31
Significado em português Divisão de mora
Frase a)
Torinikukatta
Comprei frango. to ri ni ku ka t ta
L H H H H H H
Toriniku Frango to ri ni ku
L H H H
Katta Passado do verbo "comprar” ka t ta
L H H
Frase b)
Torinikukatta
Foi difícil pegar. to ri ni ku ka t ta
L H H H L L H
Torinikui Junção de duas palavras “toru” e
“nikui”. “toru” significa pegar e
“nikui” é sufixo para acrescentar o
significado “difícil”.
to Ru
H L
ni ku i
L H L
Junção de dois segmentos
to ri ni ku i
L H H H L
Katta Sufixo para modificar o verbo para o
passado
ka t ta
L L H
Frase c)
Torinikukatta
Odiava pássaro. to ri ni ku ka t ta
L H L H L L L
Tori Pássaro to ri
L H
Nikui adjetivo odiar ni ku i
L H L
Katta Sufixo para modificar o adjetivo para
o passado
ka t ta
L L H
Nikukatta Odiava ni ku ka t ta
L H L L L
Quadro 4- Explicação gramatical da frase “torinikukatta
Na escrita japonesa, não existem símbolos gráficos de acentuação como na escrita da
língua portuguesa. Como o kanji representa a idéia na sua escrita, em frases escritas em
japonês, utilizando-se do hiragana e do kanji dentro da mesma frase, pode-se identificar o
significado facilmente. Nesse caso, as três frases serão escritas como: a)
(
Comprei frango)
;
b)
取りにくかった (
Foi difícil pegar)
; c) 鳥憎かった(
Odiava pássaro
). Um
japonês nativo, primeiramente, faz a identificação da frase e, em seguida, faz a diferença na
tonicidade no momento de leitura em voz alta de acordo com a escrita. Então, se não tiver o
kanji e não souber o contexto em que a frase está sendo inserida, o japonês não saberá quais
tonicidades serão adequadas.
32
2.3.3 Ritmo
Apresentaremos, nesta seção, o sistema rítmico dos dois idiomas para poder
compreender melhor a diferença entre eles.
2.3.3.1 Ritmo da língua portuguesa
O ritmo, nessa seção, está ligado à idéia de tempo, duração. Cagliari (1992) afirma
que uma das consequências desta visão temporal de ritmo é a frequente divisão das línguas
em dois grupos: línguas de ritmo silábico e línguas de ritmo acentual, cuja definição será
determinada através da noção de isocronia
9
(também, consequência dessa visão temporal do
ritmo). Na língua de ritmo silábico, a duração de sílaba é fornecida pelo processo de produção
de sílabas e elas recorrem a intervalos iguais de tempo – elas são isócronas. Quanto às línguas
de ritmo acentual, a recorrência periódica de movimento é fornecida pelo processo de
produção de acentos, os pulsos dos acentos e, portanto, as sílabas acentuadas são isócronas’
No caso da língua portuguesa, segundo Silva (2005), a relação entre o acento primário,
o acento secundário e a ausência de acento leva à construção do ritmo da fala, ou seja, a
língua portuguesa possui um tipo de acentuação que leva à construção do ritmo da fala. A
duração da vogal acentuada é percebida como mais longa em relação às vogais não
acentuadas. Assim, a categorização de ritmo da língua portuguesa é de ritmo acentual.
Segundo Massini-Cagliari (1992), se for considerada apenas a noção de isocronia, o
português poderia ser classificado como uma língua de ritmo acentual.
Conforme Cagliari. L. (1945), “na formação de pés fonéticos
10
, sempre ficam onde
ficarem as sílabas contíguas das palavras às quais se agregam.” (Cagliari. L., p35), e o ritmo
do português forma pés fonéticos que se iniciam sempre em uma sílaba acentuada.
Por fim, no trabalho de Massini-Cagliari (1992), afirma que algumas medidas
classificam o português como língua de ritmo acentual, enquanto outras como de ritmo
silábico, baseando-se nos resultados das pesquisas feitas, tais como Major (1981, 1985) e
Moraes e Leite (1989).
Esse trabalho se interessa na aprendizagem da pronúncia da ngua japonesa por parte
dos brasileiros falantes de português, pois a classificação rígida do ritmo do português não é o
9
No ritmo isócrono, as silabas acentuadas recaem em intervalos aproximadamente regulares em todo o
enunciado.
10
“Pé” indica uma unidade de ritmo em línguas com isocronia e que ele aponta “onde as sílabas tônicas recaem
aproximadamente em intervalos regulares por todo o enunciado” (CRYSTAL, 1985, p199).
33
foco principal para chegar aos nossos objetivos. Porém, é interessante mencionar aqui, como
o trabalho de Barbosa (2000), evidência de que a língua portuguesa de observar, na sua
produção o ritmo misto: acentual e silábico.
2.3.3.2 Ritmo da língua japonesa
Dentre os aspectos que envolvem a produção oral, o sistema de ritmo da língua
japonesa possui uma característica distinta da língua portuguesa. Existem autores como Major
(1981, apud Cagliari, 1992, p.42), que consideram um tipo de ritmo, isto é, o ritmo de mora.
A característica do ritmo de mora é que as moras são aproximadamente iguais em relação à
duração e não apresentam uma implicação de intensidade dentro de uma mora. Major
considera que a língua japonesa é um tipo de língua de ritmo moraico. Neste trabalho
assumimos a posição de Major, considerando que o japonês é uma língua de ritmo moraico
para continuar nossa discussão.
Uma vez que a escrita japonesa é fortemente ligada ao sistema do ritmo, nesta parte
explicamos o sistema rítmico (mora) da língua japonesa mais detalhadamente juntamente com
a escrita da mesma.
2.3.3.2.1 Sistema da escrita japonesa e o conceito de mora
A ngua japonesa possui quatro tipos de escrita: Hiragana, Katakana, Rōma-ji
11
e
Kanji. As escritas Hiragana e Katakana são escritas fonossilábicas, e o Rōma-ji é um tipo de
escrita em alfabeto romano para a conveniência dos estrangeiros que não são familiarizados
com a escrita Hiragana e Katakana. O Kanji, uma escrita conhecido em português como
“ideograma”, teve origem na China e foi introduzido no Japão por volta do século VI. Apesar
de ter nome “ideograma”, o Kanji é sempre figurativo, ou seja, não apenas representa uma
idéia, mas também apresenta a figura dos elementos físicos da natureza através da qual faz
representar tanto elementos concretos como abstratos da realidade. Então, ele é letra, mas
também, é palavra ao mesmo tempo. Tal sistema de escrita, o Kanji, foi adotado no sistema da
escrita japonesa e veio sendo modificado ao longo dos anos.
11
No livro de Koizumi (1993), foram apresentados três tipos de rōma-ji, porém existem outras maneiras de
escrever em rōma-ji de acordo com a conveniência de quem escreve. O presente trabalho adota o sistema
Hepburn para apresentar a leitura de palavras e frases em japonês.
34
Quando o Hiragana e Katakana são representados em rōma-ji, as duas escritas são
apresentadas, basicamente, com apenas uma vogal ou uma combinação de consoante(s) e uma
vogal. Porém, uma exceção, em que a consoante ncorresponde a uma letra tanto em
Hiragana como em Katakana . E essas duas escritas são utilizadas para os sons não
representados com Kanji. Assim, questões fonológicas são muito ligadas à escrita de
Hiragana e Katakana.
Vejamos, no Quadro 5 a seguir, os três sistemas de escrita. Na ordem da esquerda para
direita, no interior de cada célula do quadro, temos o rôma-ji, o Hiragana e o Katakana.
Destacamos, em vermelho, a letra (em Hiragana) e (em Katakana) dentro do quadro.
Essa letra será discutida posteriormente como uma característica peculiar da língua japonesa.
a
i
u
e
o
ka
ki
ku
Ke
ko
sa
shi
su
se
so
ta
chi
tsu
te
to
na
ni
nu
Ne
no
ha
hi
fu
He
ho
ma
mi
mu
Me
mo
ya
--
yu
--
yo
ra
ri
ru
re
ro
wa
--
--
--
wo
n
--
--
--
--
ga
gi
gu
Ge
go
za
ji
zu
ze
zo
da
ji
zu
De
do
ba
bi
bu
Be
bo
pa
pi
pu
Pe
po
Quadro 5-Combinação de uma consoante e uma vogal em rōma-ji representada por uma caractere em
Hiragana e Katakana
35
Além das escritas acima, temos combinações formadas por dois caracteres japoneses:
um maiúsculo
12
e um minúsculo. Vejamos, no quadro 6, o caso das letras ya , yu e
yo escritas em tamanho menor.
kya きゃ キャ
--
kyu きゅ キュ
--
kyo きょ キョ
sha しゃ シャ
--
shu しゅ シュ
--
sho しょ ショ
cha ちゃ チャ
--
chu ちゅ チュ
--
cho ちょ チョ
nya にゃ ニャ
--
nyu にゅ ニュ
--
nyo にょ ニョ
hya ひゃ ヒャ
--
hyu ひゅ ヒュ
--
hyo ひょ ヒョ
mya みゃ ミャ
--
myu みゅ ミュ
--
myo みょ ミョ
rya りゃ リャ
--
ryu りゅ リュ
--
ryo りょ リョ
gya ぎゃ ギャ
--
gyu ぎゅ ギュ
--
gyo ぎょ ぎょ
ja じゃ ジャ
ju じゅ ジュ
--
jo じょ ジョ
ja じゃジャ
ju じゅジュ
jo じょジョ
bya びゃ ビャ
--
byu びゅ ビュ
--
byo びょ ビョ
pya ぴゃ ピャ
--
pyu ぴゅ ピュ
--
pyo ぴょ ピョ
Quadro 6 - Combinação de duas consoantes e uma vogal em rōma-ji representada por dois caracteres em
Hiragana e Katakana
Temos mais uma escrita que é diferenciada em relação ao tamanho da letra. Trata-se
da letra “ /tsu/. Ela pode se apresentar em forma minúscula, da mesma forma que o
exemplo anterior ya , yu e yo . A letra escrita em tamanho menor em
Hiragana e Katakana serve para representar o som mudo (ou pausa) produzido pela fala. Em
rōma-ji, essa letra ”, tsu, é representada com as consoantes p, t, k e s, repetidas. Porém,
seguindo a escrita rōma-ji Hepburn, alguns sons mudos são representados por duas
consoantes diferentes, cujas combinações estão grifadas em vermelho
13
.
12
Apesar de não existirem as denominações de maiúsculas e minúsculas no sistema de escrita japonesa,
letras, como “” “” “” que apresentam uma forma menor em relação às outras letras.
13
Os exemplos no quadro de “foram baseados do livro de Koizimi 1993. Sobre símbolos como /Q/, /R/ e /N/
serão explicados seção 2.3.3.2.2.
36
pp-
いっ
っぱい
Ippai
/i
Q
pai/
[ippai]
いっ
っぴき
Ippiki
/i
Q
piki/
[ippiki]
いっ
っぷく
Ippuku
/ip
Q
pɯkɯ/
[ippuku]
いっ
っぺん
Ippen
/i
Q
pe
N
n/
[ippen]
いっ
っぽん
Ippon
/i
Q
po
N
/
[ippon]
tt-
いっ
ったい
Ittai
/i
Q
tai/
[ittai]
いっ
っちゃく
Itchaku
/i
Q
ʧaku/
[itʧaku]
いっ
っつう
Ittsuu
/i
Q
ʦɯR/
[itʦɯː]
いっ
ってい
Ittei
/i
Q
tei/
[itten]
いっ
っとう
Ittou
/i
Q
to
R
/
[ittoː]
kk-
いっ
っかい
Ikkai
/i
Q
kai/
[ikkai]
いっ
っき
Ikki
/i
Q
ki/
[ikki]
いっ
っく
Ikku
/i
Q
kɯ/
[ikku]
いっ
っけん
Ikken
/i
Q
ke
N
/
[ikken]
いっ
っこう
Ikkou
/i
Q
koR/
[ikkoː]
ss-
いっ
っさい
Issai
/i
Q
sai/
[issai]
いっ
っしん
Isshin
/i
Q
ʃi
N
/
[iʃʃin]
いっ
っすん
Issun
/i
Q
sɯ
N/
[issun]
いっ
っせん
Issen
/i
Q
e
N
/
[issen]
いっ
っそん
Isson
/i
Q
so
N
/
[isson]
Quadro 7- Combinação de duas consoantes dobradas em hiragana e rōma-ji
Na língua japonesa, os quatro tipos de escrita são utilizados dentro de uma mesma
frase, dependendo da necessidade e practicidade. Reproduzimos aqui, a explicação dada no
livro didático Minna no nihongo I para verificar sobre o uso de cada tipo de escrita japonesa.
Figura 09 - Uso de escrita japonesa (ISHIZAWA; TOYODA, 1998, p. 3)
Uma razão para esta organização é que o Kanji auxilia na compreensão em leitura
silenciosa quando houver uma homonímia. Então, geralmente, utiliza-se o Kanji para facilitar
a compreensão por parte do leitor. Um exemplo de trava-língua japonês mostra claramente
como é importante a inserção do Kanji:
うらにわにはにわ、にわにはにわのにわとりがいる
Ura niwa niwa niwa, niwa niwa niwano niwatorigairu
37
Nesse caso, existem muitos “niwa” numa frase, e cada “niwa” possui um significado
diferente: são, quintal, jardim, dois pássaros e um conjunto de particulas “ni” e “wa”. Se
estivesse escrita com Kanji a frase ficará assim:
うらにわ にわ にわ にわ にわとり
裏庭には二羽、庭には二羽の がいる
Ura niwa niwa niwa, niwa niwa niwano niwatorigairu
Cada “niwa” corresponde ao seguintes significados: quintal (裏庭, apenas a segunda
parte do Kanji), jardim (), dois pássaros (二羽) e um conjunto de particulas “ni” () e
“wa” (). O significado desta frase é dois galos no quintal e dois galos no jardim da
casa”. Com a inserção do Kanji, como está mostrado acima, visualmente, o significado da
frase ficaria muito claro por parte dos leitores. Para facilitar a leitura para aqueles que não
tenham ainda o conhecimento de Kanji, coloca-se uma leitura auxiliar logo acima de cada
Kanji, também acima exemplificado. Em outras palavras, o Kanji, pode simplificar a
compreensão do sentido da frase por parte do leitor.
2.3.3.2.2 Mora especial, Hiragana e Katakana
Algumas moras possuem características peculiares na ngua japonesa e são
chamadas de moras especiais. Segundo Koizumi (1993), Kashima (2005), Tanaka e,
Kubozono (1999) e Toda (2003), existem três moras especiais: /N/, /Q/ e /R/. /N/ representa
as seguintes possibilidades de realização: [n], [m] ou [ŋ]. A realização desses três fonemas
poderá ser representado como /N/, sendo uma única letra <n> em rōma-ji, tendo a mesma
duração que outras moras. Se ela não for considerada como mora, poderá alterar o sentido da
palavra. Como, por exemplo, kanjie kaji”. Para visualizar melhor, veremos as diferenças
entre essas duas palavras no quadro.
Número de moras
Mora
ka Ji
Representação fonológica
/ka/ /ji/
Quadro 8 - Número de moras da palavrakaji” (incêndio)
38
Número de moras
Mora
Ka N ji
Representação fonológica
/ka/ /N/ /ji/
Quadro 9 - Número de moras da palavrakanji (ideograma)
A palavra kanjipossui três moras /ka/, /N/ e /ji/ e significa “letra chinesa”, por sua
vez, a outra palavra, “kaji”, possui apenas duas moras /ka/ e /ji/ e significa “incêndio”. Assim,
a existência da mora /N/, no caso de Hiragana ou Katakana, ()
14
que corresponde a letra
<n> em português, carrega a responsabilidade de diferenciar o significado da palavra japonesa.
Em seguida, mostraremos outro exemplo de mora especial /Q/, das palavras que
possuem a letra (), cuja leitura é /tsu/, escrita em menor tamanho do que as outras letras.
Ela indica uma pausa ou um pequeno momento silencioso mantendo a mesma duração entre
as outras moras. Comparamos aqui, as duas palavras em japonês, きって kitte e きて kite.
Número de moras
Mora
Ki t te
Representação fonológica
/ki/ /
Q
/ /te/
Quadro 10 - Número de moras da palavra kitte (selo)
Número de moras
Mora
ki te
Representação fonológica
/ki/ /te/
Quadro 11 - Número de moras da palavra kite (o verbo “vir”)
Então, a palavra きて() kite /kite/ significa “vir”, mas quando se insere a letra
() “tsu” menor, em rôma-ji essa letra corresponde à duplicação da consoante <t> como
em () kitte /ki
Q
te/, significa “selo”. Caso não se insira uma pausa com a
duração suficiente entre () ki e () te, o interlocutor pode não entender sua mensagem
através da comunicação oral.
Para pronunciar mora /Q/ mantendo o ritmo de acordo com o sistema fonológico do
japonês, o livro Hatsuon (Kawase; Sugihara; Ueno, 1980,
p. 102-109) explica da seguinte
maneira. Vejamos aqui, o resumo da explicação sobre modo de pronunciar esta letra.
14
A primeira letra está escrita em Hiragana e a segunda (que está em parentes) em Katakana.
39
Antes do som [p], A retenção do ar dentro da boca pelo fechamento dos lábios
prolonga-se por mais um momento antes de som sair da boca
com explosão.
Antes de som [t] e [ts] O som sai sem explosão e o contato da ponta da língua
prolonga-se por mais um momento antes de o som sair da boca.
Antes de [tʃ] O fechamento prolonga-se mais um momento, com a língua na
posição para a pronúncia do som [tʃ].
Antes de [k] O fechamento prolonga-se por mais um momento, com a
língua numa posição para a pronúncia do som [k].
Antes de [s] e [ʃ] O som fricativo surdo é pronunciado com mais um momento
de duração da mesma maneira da articulação do som [s].
Quadro 12 - Explicação da leitura de
(tsu) escrita em tamanho menor
Assim, esse livro explica que é um “prolongamento” parcial ([s] e [ʃ]), e não uma
“pausa”, porém o importante é a manutenção suficiente da duração de mora para diferenciar o
significado da palavra.
Mais um aspecto importante para se citar aqui é o de quando duas vogais contíguas
seguidas dentro de uma mesma palavra. Como vimos na explicação de mora na seção 2.3.1,
duas vogais /Vː/ serão consideradas como duas moras /VV/. Seguimos ao Isomura (2009),
representaremos esta mora como [ː] quando for transcrição fonética e /R/ quando for
representação fonológica. Uma palavra como obaasan /obaRsan/, as duas vogais contíguas
são percebidas como um prolongamento da primeira vogal repetida. E, em rōma-ji Hepburn,
o “a”, é representado como obāsan, com a barra em cima de “a”. Em Hiragana e Katakana,
simplesmente se insere cada tipo de letra, assim como おば
さんem Hiragana, e オバ
サン” em Katakana.
O número de moras determina o significado das palavras, temos que ler de acordo
com a escrita em Hiragana ou Katakana, e também, manter a duração de cada mora
equivalente às outras. Por exemplo, continuando com o exemplo da palavra obāsan, que
significa avó, podemos dizer que possui cinco moras, porém, se omitirmos a segunda vogal
“a” e pronunciarmos obasan como uma palavra que possui quatro moras, o sentido muda para
“tia”. Os quadros 10 e 11 mostram visualmente a diferença no número de moras dessas duas
palavras:
Número de moras
Mora
O BA A sa n
Representação fonológica
/o/ /ba/ /R/ /sa/ /N/
Quadro 13 - Número de moras da palavra obāsan (avó)
40
Número de moras
Mora
O ba sa n
Representação fonológica
/o/ /ba/ /sa/ /N/
Quadro 14 - Número de moras da palavra obasan (tia)
Assim, se diminuir ou prolongar a mora /a/ dessas duas palavras, obāsan /obaRsaN/
e obasan /obasaN/ elas vão adquirir ou perder uma mora e, ao mesmo tempo, vão adquirir
sentidos diferentes conforme o número de moras. No caso do exemplo destas duas palavras,
se ela perder/adquirir a mora /R/, por causa da produção inadequada, vai perder o sentido em
língua japonesa.
Assim, a unidade nima que constrói o ritmo da ngua japonesa é mora e a
manutenção da duração de mora é importante para manter o número moras para a construção
do significado em língua japonesa.
2.3.3.2.3 Mais uma unidade de ritmo da língua japonesa
Como vimos agora, o termo mora é uma unidade mínima que constrói o ritmo da
língua japonesa. Kubozono (1999) explica que os falantes nativos de língua japonesa têm uma
forte tendência de pronunciar palavras dividindo-as em pequenos grupos de duas moras. O
autor chama esses pequenos grupos de foot
15
, cujo grupo é um elemento que constrói o ritmo
da língua japonesa. Foot ou “pé” da língua japonesa, conforme Isomura (2009), é considerado
como bimoraico, cuja estrutura é baseada em duas moras. Para que possamos entender melhor
como se dá a distribuição de “pé” nas palavras japonesas, vamos ver os exemplos seguintes:
Divisão de moras Divisão de “pé”
Kouten Ko / ɯ / te / n Koɯ / tem
Shinkansen Shi / N / ka / N / se / N ShiN / kaN / seN
Quadro 15 - Número de moras e divisão de pé de palavra kouten e shinkansen
No caso de palavras com números ímpares de moras, a divisão de pé se dá da seguinte
forma:
Divisão de moras Divisão de “pé”
Megane me / ga / ne Mega / ne
Tabemonoya Ta / be / mo / no / ya Tabe / mono / ya
Quadro 16 - Número de moras e divisão de pé de palavra megane e tabemonoya
15
Ver a nota de rodapé 10. Utilizamos este termo foot como “pé” em português para continuar a explicação
sobre pé da língua japonesa.
41
Porém, quando se trata da divisão de “pé” em palavras onde existem moras especiais
(/R/,/Q/, ou /N/) ou semivogal /j/, não uma concordância entre os autores. Isso ocorre
devido ao fato de as moras especiais terem características muito próprias e diferentes umas
das outras. Por exemplo, a palavra kyūtto(onomatopéia que indica o barulho de algo que
está sendo apertado ou o barulho de uma freada brusca), dependendo do autor, pode ter duas
divisões de “pé” diferentes, como vemos no quadro seguinte:
Divisão de moras Divisão de “pé”
Kyūtto
kjɯ / ɯ / Q / to
Kju / u Q / to
Kju u Q / to
Quadro 17 - Número de moras e divisão de pé de palavra kyūtto
No nível frasal, vamos ver as divisões de “pé” possíveis da frase Okuttandeshō que
possui moras especiais em vários segmentos:
Número de moras Divisão de “pé”
Okuttandeshou
O / kɯ / Q / ta / n / de / sho / ɯ
1 2 3 4 5 6 7 8
O / kut / tan / de / shou
O ku t / ta N de / sho u
Quadro 18 - Número de moras e divisão de pé com um enunciado okuttandeshō
Independente de como as teorias determinam o que o “pé” indica dentro do sistema da
língua japonesa, é evidente que o falante de ngua japonesa possui uma tendência de
conglomerar mais de uma mora para construir o ritmo de fala.
Kubozono (1999) explica essa questão utilizando a numeração da língua japonesa.
Quando se contam números em japonês de um a três, usa-se ichi /ichi/, ni /ni/ e san /saN/
16
.
uma tendência de a segunda mora /i/ do ni /ni/ ser prolongada para manter o ritmo de fala
ajustado para criar um pé constituído por duas moras. Explicamos melhor no quadro 19.
Número de mora Número de mora durante a produção oral
Ich i / ni / sa N
2 1 2
Ich i / ni
i
/ sa N
2 2 2
Quadro 19 – Alteração de número de mora durante a produção oral
Assim, podemos entender que a unidade nima que constrói a língua japonesa é
chamada mora e, baseando-se na mora, o ritmo da língua japonesa é construído através da
organização do “pé”
16
A contagem em língua japonesa. A tradução em ordem seria “um, dois e três”.
42
2.3.4 Diferenças nos aspectos segmentais entre as duas línguas
Em relação aos aspectos fonéticos, existem alguns fones da língua japonesa que não
existem na língua portuguesa e vice-versa. Assim, por causa da distribuição dos sons, algumas
pronúncias podem não coincidir com o sistema da língua japonesa. Na maioria dos casos, a
diferença de segmentos não influencia a alteração de número de moras, porém a nasalização
da vogal ou a inserção de semivogal, por exemplo, poderia alterar o número de moras. Para
tanto, é interessante conhecer os fones dos dois idiomas.
Veremos os fones consonantais de cada ngua no quadro a seguir. Os fones que estão
grifados em verde não existem no sistema fonético da língua japonesa. Utilizamos o quadro
“Símbolos fonéticos consonantais relevantes para transcrição do português” organizado por
Silva (2005, p.37).
Articulação Bi
labial
Labio
dental
Dental
ou
alveolar
Alveo
palatal
Palatal Velar Glotal
Maneira Lugar
Oclusiva
desv
voz
p
b
t
d
k
g
Africada
Desv
voz
tʃ
ʤ
Fricativa
desv
voz
f
v
s
z
ʃ
ʒ
X
ɣ
h
ɦ
Nasal Voz m n ɲ ў
Tepe Voz ɾ
Vibrante Voz ȑ
Retrolexa
Voz ɹ
Lateral Voz l ɫ ʎ lʲ
Quadro 20 - Símbolos fonéticos consonantais relevantes para transcrição do português
Em seguida, mostraremos os fones consonantais da língua japonesa no quadro,
segundo Imada (2002, p.14). Os fones que estão grifados em amarelo são os que não existem
na língua portuguesa.
43
Bi
labial
Labio
dental
Dental
ou
alveolar
Alveo
Palata
l
Palat
al
Bilabial
velar
Vel
ar
Glotal
Oclusi
va
desv
voz
p
b
t
d
ɲ
k
g
ʔ
Africa
da
desv
voz
ts
dz
tʃ
ʤ
Fricati
va
desv
voz
ɸ s
z
ʃ
ʒ
ç H
Nasal Voz M m ŋ
Tepe Voz ɾ
Vibra
nte
Voz ɺ
Semiv
ogal
voz j W
Quadro 21 - Símbolos fonéticos consonantais da língua japonesa
Veremos agora, as diferenças nas vogais. Mostraremos primeiramente as vogais orais
e nasais do português (SILVA, 2005) e em seguida, as vogais do japonês (IMADA 1989)
Anterior Central Posterior
arred não arred arred não arred arred não rred
Alta i ɪ ĩ u ʊ ũ
Média-alta e o õ
Média-baixa ɛ ə ɔ
Baixa a, ã
Quadro 22 - Símbolos fonéticos das vogais do português
Anterior Central Posterior
arred não arred arred não arred arred não rred
Alta i ɯ
Média-alta e O
Média-baixa
Baixa a
Quadro 23- Símbolos fonéticos das vogais do japonês
Podemos verificar, claramente nos quadros, que muito mais fones no português do
que no japonês. Além dos fones vocálicos orais, há também vogais nasais no português: ã, , ĩ,
õ e ũ.
44
De acordo com a diferença no sistema fonético e fonológico entre as duas línguas,
poder-se-ia observar que as pronúncias que não seguem o sistema fonético do japonês são
produções possivelmente ocasionadas pela influência da língua portuguesa, como por exemplo:
a) Vogal /ɯ/ que não existe no português, substituída por /u/ ou /ʊ/.
Exemplo: palavra ushi /ɯʃi/ a ser pronunciada como [uˈʃi] ou [ʊˈʃi]
b) Vogais de sílabas que se tornam não pronunciadas antes das consoantes desvozeadas
“k”, “s”, “t” e “h”.
Exemplo: A palavra きく/kiku/ ao ser pronunciada como [kiˈku] (O fonema /i/ é o som
não pronunciando, diferentemente do português no qual ocorre geralmente em vogais não
acentuadas no final da palavra.).
c) Fonemas que não existem em português (/ts/, /
ɸ
/)
Exemplo: palavra tsunami /tsunami/ a ser pronunciada como [tʃisunami]
Exemplo: palavra fune /
ɸ
une/ a ser pronunciada como [fuˈne].
d) Vogal de uma sílaba acompanhada com fonema /n/ e vogal de uma sílaba antes de um
fonema /n/ ou /m/
Exemplo: a palavra nani /nani/ a ser pronunciada como [nãˈni]
Exemplo: a palavra que possui três moras tamago /tama
ŋ
o/ a ser pronunciada como
[tãmaˈgo]
e) Aumento de um fonema /j/, ao mesmo tempo, nasalização da vogal anterior a uma
consoante “n” ou “m”.
Exemplo: a palavra sensei /seNsei/ a ser pronunciada como [sjsei]
Na próxima seção, apresentamos a teoria de interlíngua para verificar o ponto de vista
sobre influência da língua-mãe na aprendizagem de uma língua estrangeira.
2.3.5 Interlíngua
Apresentaremos aqui, o termo interlíngua para estabelecer o ponto de vista de como
nosso trabalho trata a pronúncia dos aprendizes brasileiros de língua japonesa.
Na perspectiva de Corder (1981), a Análise Contrastiva limitou-se a prever os erros,
porque estes poderiam ser vistos sob dois ângulos: erros interlinguais e erros intralinguais. O
primeiro indica a transferência das regras da língua-mãe para uma língua estrangeira e o
segundo indica erros que são resultados do processamento da própria língua estrangeira.
45
Assim, a interlíngua trata de um sistema que representa um contínuo entre a língua
materna e a língua-alvo do aprendiz, construído durante o processo de aprendizagem de uma
segunda língua.
Ellis (1983) menciona que o termo “interlíngua” foi cunhado por Selinker, (1967) e
está sendo expresso de maneira um pouco diferente por cada pesquisador, existindo alguns
termos semelhantes como Approximative System” (sistema aproximado) de Nemser (1971),
idiosyncratic dialect (dialeto idiossincrático) de Corder (1971). Ellis (1983) explica que:
A idéia principal da teoria de Interlíngua é que o aprendiz constrói uma série de
hipóteses sobre a gramática da língua-alvo e, conscientemente ou inconscientemente,
as testa em um contexto de aprendizagem formal ou informal. (ELLIS, 1983, p.207,
tradução nossa)
17
Por sua vez, Gass e Selinker (1994) afirmam que a interlíngua é um sistema composto
por inúmeros elementos oriundos não somente da língua materna, mas também da língua alvo
de um aprendiz de língua estrangeira (LE) ou de segunda língua (L2). Além disso, há
elementos na interlíngua cujas origens não são da língua materna nem da língua alvo. O mais
importante sobre a noção de interlíngua é que o próprio aprendiz impõe estruturas nos dados
lingüísticos disponíveis e formula um sistema internalizado da língua alvo.
Assim, o termo indica que um aprendiz de línguas estrangeiras ou segunda ngua cria
suas próprias regras gramaticais da língua-alvo, diferentemente da língua estrangeira e da
língua materna. Consequentemente, os fenômenos podem ser observados na produção oral
dos aprendizes de uma língua estrangeira.
Com esse ponto de vista, Toda (2003) revelou que é difícil definir se a causa da
dificuldade na aprendizagem de pronúncia da língua japonesa vem da língua materna ou se é
independente da mesma. Mas diz que, de acordo com vários trabalhos feitos, a aprendizagem
do sistema de fonológico relacionado à mora especial é um dos aspectos difíceis de aprender
independente da língua-mãe, podendo ocorrer tanto elipse como epêntese da mora especial.
Desta forma, poderiam ser observadas as inadequações de pronúncia da língua japonesa pelos
aprendizes brasileiros que estudam a língua japonesa, especificamente, os aprendizes do caso
do Curso de japonês do NLE, porém, isto não deve ser considerado como erro, mas sim, como
um tipo de interlíngua dos mesmos. Toda (2003) mostrou exemplos que podem ser percebidos
17
The principple tenent of IL theory, that the learner constructs for himself a series of hypotheses aboutthe
Grammar of the target language and consciously or unconsciously tests these out in formal or informal learning
contet.
46
na produção dos estrangeiros. Veja o Quadro 24, que foi organizado com base no trabalho de
Toda (2003).
Distribuição moráica Número de mora Significado em português
a) Ki te (kudasai)
/ki/ /te/
H L
2 Venha aqui, por favor.
b)
Ki te (kudasai)
/ki/ /te/
L H
2 Vista, por favor.
c) Ki t te (kudasai)
/ki/ /
Q
/ /te/
H L L
3 Corte, por favor.
d)
Ki t te (kudasai)
/ki/ /
Q
/ /te/
L H H
3 Dê-me o selo, por favor.
e) Ki i te (kudasai)
/ki/ /R/ /te/
L H H
3 Escute, por favor.
Quadro 24 - Frases que podem causar ambiguidades na produção oral por aprendizes
Observando as frases (a), (b) e (e) no quadro 24, podem ocorrer as seguintes
ambigüidades em termos de número de moras: Podemos notar que a palavra “kite” /kite/, nas
frases (a) e (b), possui duas moras. Com relação à palavra “kite” /kite/, embora possua
somente duas moras, existem aprendizes que têm a tendência de acrescentar uma mora /i/
entre as moras /ki/ e /te/, ou seja, pronunciando a mora /ki/ mais prolongada do que deveria.
Se isso acontecer, o interlocutor poderá entender a frase (e) com o sentido de “Escute, por
favor”.
Continuando com os mesmos exemplos das frases (a) e (b) “Kite kudasai”, outro
fenômeno observado na produção dos aprendizes seria a inserção de uma pausa entre “ki” e
“te”. Se isso acontecer, a frase será entendida como da frase (d), “Kitte kudasai” (Corte, por
favor). também a possibilidade do fenômeno contrário, onde o aprendiz oculta o
prolongamento da palavra “kiite” /kiRte/ na frase (e) e pronunciar como da frase (a) ou (b), ou
ainda há possibilidade de ocultar o “i” e inserir a pausa “kitte”/kiQte/ como da frase (d).
Quanto à tonicidade, se trocar o tom alto e baixo entre as frases (a) e (b) ou entre (c) e
(d) poderá alterar o sentido da frase. Sendo assim, em uma produção inadequada de ritmo ou
de tonicidade, poderá ocorrer alteração de sentido.
Para os falantes de língua japoneses, a compreensão e/ou confirmação da intenção do
falante estrangeiro poderá ocorrer através da análise do contexto aplicado ao resto da sentença
ou ao ambiente onde a frase está sendo inserida, procurando os significados equivalentes na
47
medida em que se produz a fala. Contudo, dependendo do ambiente, a produção do aprendiz
poderia fazer com que o sentido fosse interpretado de outra maneira.
Vamos imaginar que as frases (d) e (e) fossem utilizadas em um caixa de uma agência
do correio: Um cliente chega ao caixa e produz a frase (d), “kitte kudasai” (Dê-me o selo, por
favor), mas, devido à ambiguidade de pronúncia da segunda mora, o mesmo produziu a frase
(d) de uma forma que poderia ser entendida como a frase (e) “kiite kudasai” (Escute, por
favor). O funcionário entenderia a mensagem do cliente como sendo “kiite kudasai” (Escute,
por favor), então ele esperaria o cliente mencionar algo mais, enquanto o cliente ficaria
esperando até que o funcionário se levantesse para entregar o selo.
Como vimos nos exemplos anteriores, os aprendizes de língua japonesa poderiam ter
dificuldades nesses aspectos fonológicos, pois, além de precisar manter o número de mora, o
falante necessita diferenciar o tom dentro da palavra, caso contrário, o interlocutor pode não
compreender as intenções do falante. Veremos na sessão seguinte, as influências de pronúncia
do caso dos aprendizes brasileiros que estudam japonês.
2.3.5.1 Caso dos brasileiros
Como existem diferenças de sistema fonético e fonológico entre a língua portuguesa e
a japonesa, possivelmente, serão observadas produções orais que não seguem o sistema da
língua estudada, nesse caso a japonesa, pelos aprendizes falantes de língua portuguesa.
Tasugawa (1999) analisou a leitura de palavras em voz alta de dois brasileiros
aprendizes de japonês com nível avançado, residentes no Japão. O nível dos dois aprendizes é
considerado avançado e suas falas são bem razoáveis, podendo até serem percebidas como a
de um nativo. Porém, apesar de a fala deles não ser percebida como a de estrangeiros,
especialistas percebem a influência da língua-mãe na produção oral em alguns aspectos. A
pesquisa foi feita através da análise de gravação de leitura em voz alta desses aprendizes. Na
seleção de palavras, o número de moras e a tonicidade foram levados em consideração. E,
como foi apresentado no trabalho de Toda (2003), o sistema fonológico da língua japonesa é
considerado como uma das dificuldades comuns para os aprendizes deste idioma.
Nesse trabalho, o referido autor concluiu que os fenômenos encontrados em comum,
percebidos como não característicos do sistema fonológico da língua japonesa, em alguns
casos, eram de influência da língua portuguesa, mas também foram encontrados alguns
aspectos que não eram do sistema de nenhuma das duas, sendo um sistema que os próprios
48
aprendizes estabeleceram durante sua aprendizagem. Em outras palavras, esses fenômenos
podem ser categorizados como um sistema fonológico da interlíngua desses aprendizes.
O trabalho por ele realizado observou dois brasileiros descendentes de japoneses, sendo
que um tinha estudado na sua infância em um ambiente onde se falava a língua japonesa.
Não foi citado de qual região eles eram, pois, o resultado da análise poderia variar com a
variação linguística do português brasileiro e o(s) idioma(s) que estavam sendo utilizados no
ambiente onde os informantes desta pesquisa foram criados.
Porém, poderíamos nos basear no resultado da pesquisa acima para refletir sobre o
nosso ambiente de pesquisa, no caso do Curso de Japonês do NLE. Como os informantes da
nossa pesquisa são brasileiros e falantes de português, a dificuldade na aprendizagem em língua
japonesa poderia ser semelhante ao caso pesquisado por Tasugawa (1999). Essa pesquisa está
relacionada à aprendizagem do ritmo moraico.Já, no caso da Língua Portuguesa, esta possui
características de ritmo acentual e parcialmente silábico, diferindo do sistema fonológico da
língua japonesa, que é um sistema moraico. Assim, o que poderia acontecer com os aprendizes
de japonês, falantes de português, seria a dificuldade de produzir, adequqdqmente, a duração da
mora.
Considerando os estudos feitos pelos pesquisadores acima, nossa pesquisa seguirá a
procurar o que o curso de japonês do NLE necessita e a descrever como ele vem trabalhando
até agora, para fazer algumas propostas de melhoria do ensino. No seguinte capítulo,
apresentaremos o processo desta pesquisa para buscar as respostas à questão de pesquisa,
baseando-nos nas discussões feitas neste capítulo.
49
3 METODOLOGIA
Neste estudo, desenvolveremos uma pesquisa de caráter qualitativo-descritiva, cuja
ênfase investigativa é a análise das produções orais dos professores de japonês do NLE da
UECE e, a partir disso, a proposição de atividades didáticas complementares que destaquem
as peculiaridades de pronúncia essenciais da língua japonesa. O intuito do nosso trabalho é
contribuir para que os professores desse curso passem a ensinar com maior adequação o
conjunto de aspectos envolvidos na produção oral do idioma japonês.
3.1 Contexto da pesquisa
Nossa pesquisa foi realizada no contexto educacional do Curso de Japonês do Núcleo
de Línguas Estrangeiras (NLE) da UECE. O NLE funciona como projeto de extensão mantido
pela Universidade Estadual do Ceará e como campo de prática dos alunos do curso de Letras
bem como dos alunos do Mestrado em Linguística Aplicada da mesma universidade. Assim,
pelas regras dessa instituição, os professores do NLE são professores-bolsistas que estão
cursando a graduação em Letras-licenciatura ou alunos do Mestrado da mesma universidade.
O NLE oferece cursos de idiomas tais como inglês, espanhol, francês, italiano, japonês, grego
e latim. Apesar de o italiano e o japonês não possuírem cursos de graduação na UECE, o NLE
abriu cursos desses dois idiomas porque havia uma demanda na comunidade. Os cursos são
abertos à comunidade para aqueles que concluíram o Ensino Fundamental.
Escolhemos o curso de japonês do NLE como local dessa pesquisa porque o mesmo
funciona dentro da mesma universidade que o Mestrado Acadêmico em Linguística Aplicada
e porque a própria pesquisadora faz parte do corpo docente do curso. Isso facilitou a
colaboração dos participantes do curso, além da possibilidade de haver uma contribuição
significativa nas atividades para o curso de japonês e para o grupo de formação de professores
de língua japonesa.
O Curso de Japonês, segundo informações adquiridas no NLE e respostas colhidas
através de questionário aplicado com a coordenadora do curso, foi estabelecido oficialmente
na instituição referida em 1993, com o objetivo de atender aos interessados em conhecer e
aprender a língua e cultura japonesa, bem como divulgá-las.
Inicialmente, o corpo discente do curso era composto, em sua maioria, por pessoas
envolvidas com atividades culturais tradicionais e religiosas do Japão. Dos cerca de 150
50
alunos matriculados no período de 2010.1, percebeu-se uma mudança do perfil desses alunos.
Em outras palavras, houve um aumento do público que tem por intuito aprender a língua
japonesa, a fim de intensificar seu envolvimento com a cultura-pop japonesa (música,
mangá
18
, ani
19
, filmes, etc.). Assim, uma das características deste curso é sempre estar
adequando seu planejamento pedagógico, principalmente nas seleções de material
paradidático, ao perfil dos alunos que procuram o curso, para que assim o curso de japonês do
NLE possa atender aos desejos e às necessidades desses alunos.
Cada período letivo dos cursos do NLE tem carga horária de 60h/a e cada aula tem a
duração de 45 minutos. O curso está atualmente estruturado em duas partes: uma de nível
básico e outra de nível intermediário inicial
20
. O vel básico corresponde aos Semestres I a
VI, enquanto que o nível intermediário inicial corresponde aos Semestres VII e VIII. Os
Semestres VII e VIII são optativos e oferecidos quando número suficiente de alunos para
abrir uma turma. O quadro de turmas apresenta a seguinte composição: Semestre I – 2 turmas;
Semestre II 2 turmas; Semestre III 2 turmas; Semestres de IV a VII 1 turma cada. No
período 2009.2, não houve turma de Semestre VIII, então, ao todo, havia nove turmas. No
período de 2010.1, abrimos duas turmas de Semestre I e formou-se uma turma de Semestre
VIII com 11 alunos, totalizando dessa forma, no período 2010.1, onze turmas com o total de
150 alunos matriculados no curso. Normalmente, cada turma é assumida por um único
professor, mas há casos também de turmas assumidas por dois professores
21
.
Além das atividades em sala de aula, o curso organiza concursos de oratória em
língua japonesa para desenvolver a produção oral dos alunos e, ao mesmo tempo, para
selecionar candidatos para o concurso de oratória da etapa regional nordestina, organizado
pela Fundação Japão. Mais uma atividade destacada, organizada pelo curso, é o concurso de
karaokê
22
que tem o intuito de incentivar a integração entre alunos de semestres diferentes e,
também, “abrir as portasdo curso para que o público em geral conheça as suas atividades e
interaja com seus alunos, professores e monitores. Em 2007, a etapa nordestina do concurso
de oratória em língua japonesa foi realizada em Fortaleza e, em 2008, a etapa nordestina do
concurso de karaokê foi também realizada em Fortaleza, sendo ambas organizadas pelo curso
de japonês do NLE e promovidas pela Fundação Japão.
18
Livros de histórias em quadrinhos produzidos em estilo japonês.
19
Desenhos animados de origem japonesa.
20
A estruturação em níveis do referido Curso está baseado nas referências de níveis de proficiência estabelecidos
pelo Ministério da Educação do Japão.
21
Como foi o caso da turma Semestre I-A no período 2009.2.
22
Uma diversão com a participação de caontores amaodr. Palavra japonesa que é formada pela junção de kara
(‘vazio’) e oke (abreviação de orchestra, pronunciada ōkesutora em japonês).
51
Segundo a coordenadora do curso de japonês do NLE, desde o início do
funcionamento do curso, ele tem recebido apoio e reconhecimento de instituições ligadas ao
Japão, tais como, Consulado Geral do Japão, em Recife; Fundação Japão e Japan
Internacional Cooperation (JICA)
23
, e da própria Universidade Estadual do Ceará. O curso,
que iniciou suas atividades com certas dificuldades, teve um crescimento significativo e hoje
podemos dizer que ele funciona plenamente, constituindo-se de seis semestres diferentes de
nível básico e dois semestres de nível pré-intermediário.
No que se refere ao quadro de professores que atuam no referido curso, havia, em
2010.1, uma coordenadora e dez professores
24
. A coordenação é realizada por uma professora
do Curso de Letras da UECE. Ela é brasileira nata, de ascendência japonesa, e falante de
português e japonês. Quanto ao corpo docente do curso, uma professora japonesa nativa,
nascida em Tóquio e falante de língua japonesa como língua-mãe, aluna do Curso de
Mestrado em Linguística Aplicada da mesma universidade (a autora deste projeto) e dez
professores brasileiros, sendo que alguns concluíram o curso e outros ainda estão cursando
o nível intermediário.
Nem os alunos nem os professores brasileiros do curso possuem, em sua maioria,
experiência de moradia no Japão, não são descendentes de japoneses e não foram criados em
um local em que houvesse a necessidade do uso da língua japonesa. Na cidade de Fortaleza,
uma associação nipo-brasileira criada por descendentes de japoneses, o Instituto Nipo-
Brasileiro do Ceará, com o qual o curso mantém relações sempre que possível.
Não um ambiente onde seja necessário o uso da língua japonesa, pois mesmo
entre os membros do Instituto é utilizada a ngua portuguesa como meio de comunicação.
Assim, as práticas de conversação do idioma japonês pelos professores do curso acontecem,
basicamente, entre eles próprios ou em ambiente virtual (Skype, MSN, ou outros meios
virtuais em que possam praticar a comunicação oral online) que eles descobriram
pessoalmente.
Com base no questionário respondido pela coordenadora, podemos ressaltar que o
curso sempre se encontrava com carência de professores. Segundo as condições estruturais do
Núcleo de Línguas Estrangeiras da UECE, seus Cursos de Idiomas seriam vinculados aos
Cursos de Graduação em Línguas Estrangeiras (Inglês, Francês e Espanhol) e os professores
desses Cursos devem ser estagiários-bolsistas, alunos do Curso de Letras (LE) da UECE.
Porém, como não Curso de Letras-Japonês na graduação da UECE, diferentemente das
23
Agência de Cooperação Internacional do Japão
24
A autora desta pesquisa também está incluída no número de professores.
52
outras línguas inseridas no NLE, com exceção do italiano, os professores do curso de japonês
não têm um vínculo necessário com a UECE. Possuem, no entanto, conhecimentos básicos da
Língua Japonesa, adquiridos através de estudos feitos no próprio curso em que atualmente
ensinam, necessários para o ensino básico da língua japonesa.
Em 2006, foi criado o Grupo de Monitores e Professores do Curso de Japonês do
NLE para superar a constante carência de professores que o Curso enfrentava e
principalmente para formar os próprios professores do Curso, criando um ambiente de
discussão onde se pudesse desenvolver conhecimentos linguísticos do japonês e refletir como
lidar com o ambiente sociodiscursivo da sala de aula, direcionados pela coordenadora do
Curso de japonês do NLE.
Em 2010.1, além dos dez professores
25
, cinco monitores estavam participando desse
grupo. O grupo realiza reuniões, todas as sextas-feiras, nas quais são feitas discussões sobre
assuntos observados nas salas de aula, seminários sobre ensino de línguas, incluindo a
japonesa, e também são abordados temas de interesse relacionados à língua e à cultura
japonesa, visando sempre um ensino que possa trazer uma melhora qualitativa ao curso.
Enquanto os professores dão suas aulas, monitores acompanham os professores na preparação
de aulas, selecionam os materiais para serem utilizados, observam as atividades feitas pelo
professor e ajudam a refletir sobre essas aulas, colaborando, assim, para as discussões nas
reuniões do grupo. Além dessas atividades, o grupo organiza eventos educacionais e culturais,
como concursos de oratória e karaokê, semana de cultura japonesa na UECE, etc.
3.2 Sujeitos da pesquisa
Primeiramente, apresentaremos o perfil dos professores do curso de japonês como
um todo, e em seguida, apresentaremos especificamente os Sujeitos Participantes A e B.
Todas as informações sobre os professores foram obtidas em fevereiro de 2010 através de um
questionário chamado “Questionário de ensino/aprendizagem de pronúncia da língua
japonesa” (apêndice G). Sobre este questionário, falaremos mais adiante.e compuseram
Categorizamos quatro professores como sujeitos participantes A: aqueles que
participaram de todas as etapas desta pesquisa (gravação de leitura em voz alta, observação de
aulas, aplicação de todos os questionários e aula experimental); como sujeitos participantes B,
os outros professores que participaram apenas da aplicação de questionário e da aula
25
A pesquisadora também participa deste grupo e trabalha juntamente com professores e monitores.
53
experimental de pronúncia da língua japonesa. Houve divisão de grupos de Sujeitos
participantes em A e B em razão da limitação de tempo para observar aulas de todos os
professores do referido curso. Assim, escolhemos quatro turmas de níveis de conhecimento
diferenciados e seus respectivos professores que compuseram o grupo de Sujeitos
participantes A, e os outros professores como sujeitos do Grupo B.
3.2.1 Professores do Curso de Japonês do NLE e seu material de ensino
Havia sete professores no curso de japonês do NLE no momento em que iniciamos a
pesquisa em 2009.2. em 2010.1, mais duas professoras foram incluídas no curso,
totalizando nove professores
26
. A faixa etária dos professores varia entre 21 e 33 anos. Os
professores também são universitários, na sua maioria, e frequentam cursos de Graduação em
Artes plásticas, Direito, Engenharia Civil, Filosofia, Jornalismo, Letras-Inglês - bacharelado,
e Serviço Social. Apenas um professor faz o curso de licenciatura, porém em Letras - Francês.
Todos os professores, sujeitos da pesquisa, são brasileiros, sem ascendência japonesa,
nascidos e criados em Fortaleza, Ceará. Todos os nove professores do referido curso foram
criados em local em que não havia necessidade de uso da língua japonesa.
Um dos objetivos desta pesquisa é analisar a produção oral dos professores e
investigar sobre o ensino/aprendizagem em relação à pronúncia da língua japonesa do curso
de japonês do NLE. Assim, escolhemos apenas quatro professores para realizar a gravação de
leitura em voz alta e a observação de suas aulas a fim de analisar a produção oral de cada
professor e o tratamento de pronúncia da língua desses professores em sala de aula. Para
investigar melhor como a pronúncia da língua japonesa era tratada no ensino/aprendizagem da
língua japonesa no curso todo, aplicamos um questionário sobre o assunto com todos os
professores. Baseados nos dados obtidos, propomos ao curso atividades didáticas que possam
servir de referência para o ensino de pronúncia, assim como atividades que possam servir de
referência aos professores para a melhoria de suas pronúncias da língua japonesa.
Os professores raramente encontram oportunidades de estar em um ambiente em que
seja necessário o uso exclusivo da língua japonesa, uma vez que, como vimos, quase não
falantes da língua japonesa em Fortaleza. Podemos dizer isso através dos comentários obtidos
nos questionários. Porém, a maioria possui experiência de interação com japoneses nativos
em língua japonesa por meio da internet (SKYPE, MSN e outros programas que
26
Salientamos que a partir deste momento, pesquisadora deste trabalho, apesar de professora do Curso, não faz
parte desse total, pois não é sujeito da pesquisa.
54
disponibilizam um ambiente de comunicação oral online) ou com japoneses nativos que vêm
a Fortaleza por algum motivo, embora com estes últimos o contato tenha sido por curto
período de tempo. Mesmo assim, alguns professores demonstraram que houve poucas
oportunidades de comunicação exclusiva em língua japonesa, uma vez que os japoneses
nativos com quem os professores tiveram contato, inclusive a autora desta pesquisa, tinham
como objetivo praticar a língua portuguesa como meio de interação aqui na cidade. Desta
forma, os professores e os nativos japoneses misturavam o português e o japonês para se
comunicarem.
Os professores do grupo pesquisado foram estudantes do próprio curso em que
atualmente ensinam. O tempo de estudo de língua japonesa desse grupo de professores
pesquisados, incluindo também aqueles que fizeram os dois semestres intermediários
optativos e o período em que os professores continuaram a estudar como autodidatas, varia
entre quatro e dez anos. Porém, em relação ao conhecimento linguístico, todos possuem pelo
menos o terceiro nível de proficiência de língua japonesa
27
, resultado a que se chegou
mediante aplicação de um simulado do Teste de Proficiência em Língua Japonesa. O nível
três do teste é considerado como de transição entre o nível básico e o nível intermediário.
Quanto ao material de ensino, o nome do livro que vinha sendo utilizado, antes de
2004, no referido curso era o Shin Nihongo no Kiso
28
(AOTS, 1980). A mudança do material,
em 2004, deu-se devido à sugestão, pela Fundação Japão, de uma nova versão do livro
didático utilizado pelo curso. O livro que substituiu o anterior foi o Minna no Nihongo
29
(ISHIZAWA, TOYODA, 1998). Os dois livros didáticos têm a mesma metodologia e a
diferença está na contextualização dos diálogos e exemplos do texto no decorrer dos livros.
Desta forma, os professores mais antigos passaram a utilizar um material didático diferente do
material que utilizavam quando eles eram alunos.
Todos os livros e materiais didáticos utilizados no Curso tratam de uma variação de
japonês conhecida como japonês-padrão e consequentemente, todos os professores, que
estudaram no próprio curso, estudaram a língua padrão japonesa acompanhando o livro
didático. Contudo, os mesmos assistem a programas da televisão japonesa gravados ou filmes,
principalmente através da Internet, visualizados na tela do computador e escutam músicas em
27
O nível de proficiência de ngua Japonesa é determinado com base no Teste de Proficiência em ngua
Japonesa (Japanese Language Proficiency Test) produzido e aplicado pela Fundação Japão em todas as partes do
mundo, em um determinado dia e horário.
28
“Novo japonês básico” (tradução nossa)
29
“Japonês para todos” (tradução nossa)
55
japonês, o que indica a possibilidade de eles possuírem conhecimentos sobre a pronúncia de
alguns dialetos da língua japonesa.
3.2.2 Sujeitos participantes A
No segundo semestre de 2009, tivemos duas turmas de Semestre I, duas de Semestre
II, duas de Semestre III, e uma turma para cada semestre do IV a VII. Os quatro professores
tidos como sujeitos participantes A foram escolhidos a partir do nosso foco de interesse em
determinados semestres. O Semestre I foi objeto do nosso interesse, particularmente devido
ao seu conteúdo, uma vez que inclui o ensino de escrita fonossilábica japonesa, Hiragana e
Katakana, cuja matéria é muito ligada à pronúncia da língua japonesa. Também tivemos
interesse em observar possíveis diferenças na metodologia de como os professores tratam o
ensino de pronúncia da língua japonesa em turmas de diferentes níveis. Assim, escolhemos
dois professores das duas turmas do Semestre I. Denominamos Semestre I-A uma turma que
começa às 18hs, e outra turma de Semestre I-B, que começa às 20hs.
Para observar o tratamento do ensino de pronúncia da língua japonesa nas turmas de
outros níveis, tomamos mais dois professores como Sujeitos participantes A, e observamos se
houve ou não alguma diferença por causa do nível de conhecimento linguístico de japonês dos
alunos.
É claro que o nível de conhecimento da língua japonesa dos alunos de cada turma é
diferente, e consequentemente, isso pode limitar a utilização de japonês pelos professores nas
aulas. Porém, esta pesquisa não possui o objetivo de avaliar a frequência de uso da língua
japonesa dos professores na sala de aula, e sim observar a frequência com que os professores
tratam da pronúncia em sala de aula. Dessa forma, o nível de conhecimento de japonês da
turma não influencia os resultados desta pesquisa.
Denominamos o professor do Semestre I-A como Sujeito participante A-1, o
professor do Semestre I-B como Sujeito participante A-2, o professor do Semestre III como
Sujeito participante A-3 e o professor do Semestre V, como Sujeito participante A-4. Esses
quatro professores, Sujeitos participantes A, acompanharam todos os procedimentos desta
pesquisa: coleta de dados (gravação de leitura em voz alta e análise de pronúncia),
observações de aulas, aula experimental de pronúncia da língua japonesa para os professores
do curso de japonês do NLE. Os procedimentos de cada etapa da pesquisa serão apresentados
no capítulo 3.4. O perfil dos Sujeitos participantes A está em apêndice E.
56
3.2.3 Sujeitos participantes B
Para responder à última questão da pesquisa “Quais atividades didáticas poderiam ser
propostas a este curso para que as peculiaridades essenciais da pronúncia do idioma japonês
sejam destacadas?”, torna-se importante conhecer as opiniões sobre ensino/aprendizagem de
pronúncia da língua japonesa de todos os professores do curso de japonês do NLE, para
termos uma idéia geral de como os professores abordam a questão da pronúncia. Para isso,
incluímos os outros cinco professores do curso que não se enquadravam como Sujeitos
participantes A e os denominamos como Sujeitos participantes B. Aplicamos o mesmo
questionário aplicado com os Sujeitos participantes A, a fim de refletir sobre as questões de
pesquisa elencadas na introdução deste trabalho.
3.3 Procedimentos da pesquisa
A coleta de dados de nossa pesquisa foi efetivada, basicamente, com as seguintes
etapas: 1) teste de leitura em voz alta, 2) observação de aulas 3) Análise do material didático.
4) Oficina de pronúncia da língua japonesa com os professores do curso de japonês do NLE e
aplicação de questionários. Nas sessões seguintes, descreveremos, detalhadamente, cada etapa
da coleta de dados.
3.3.1 Teste de leitura em voz alta
O teste de leitura em voz alta foi realizado com o objetivo de responder à primeira
questão de pesquisa “Quais fenômenos se manifestam na produção oral dos professores do
Curso de Japonês do NLE?”. Temos três instrumentos para realizar esta etapa: roteiro de
leitura em voz alta (ver apêndice B), a gravação de leitura desse roteiro pelos Sujeitos
participantes A, e, finalmente, o teste de leitura em voz alta (ver apêndice C). A tradução de
do roteiro de leitura em voz alta está em apêndice D.
Para realizar o teste de leitura em voz alta, prosseguimos com as seguintes etapas: 1)
gravação de roteiro de leitura em voz alta 2) submissão de gravação de leitura de roteiro em
voz alta aos colaboradores japoneses 3) Diagnostico da pronúncia dos Sujeitos participantes A,
através do teste de leitura em voz alta, feito pelos colaboradores nativos japoneses.
57
O roteiro de leitura em voz alta foi organizado pela pesquisadora, focalizando os
aspectos fonológicos que poderia causar a interferência na identificação dos significados das
palavras. Quanto ao teste de leitura em voz alta, o objetivo desta etapa é utilizar a percepção
dos falantes nativos japoneses para analisar a produção oral dos Sujeitos participantes A.
Assim, o teste de leitura em voz alta foi criado para que os colaboradores, japoneses nativos,
pudessem diagnosticar a gravação de leitura em voz alta. Os dados provenientes dos
colaboradores servem como critério para a análise da produção oral dos sujeitos.
Enfim, o objetivo desta etapa é investigar a pronúncia dos Sujeitos participantes A
junto a falantes de língua japonesa como língua materna, pois achamos conveniente (efetuar
este teste) para que a análise não ficasse apenas restrita à impressão de uma japonesa nativa,
autora deste trabalho. Apresentaremos agora os instrumentos e procedimentos da gravação de
leitura em voz alta, e, em seguida, apresentaremos os instrumentos e procedimentos do teste
de leitura em voz alta foram estudados para responder à primeira questão de pesquisa “Quais
fenômenos se manifestam na produção oral dos professores do Curso de Japonês do NLE?”.
Para realizar essa etapa, utilizamos instrumentos tais como: a) roteiro de leitura em voz alta. A
análise desta gravação foi feita pela autora dessa pesquisa, porém, organizamos um teste de
leitura em voz alta para que fosse diagnosticada a gravação de leitura em voz alta pelos
japoneses nativos. O objetivo desta etapa é investigar a pronúncia dos Sujeitos participantes A
e, para isso, solicitamos, junto aos falantes que possuem a língua japonesa como a língua
materna, que efetuem esse teste, para que a análise não ficasse apenas com a impressão de
uma japonesa nativa, autora deste trabalho.
3.3.1.1 Instrumento de leitura em voz alta - Roteiro de leitura
Para averiguarmos a produção oral em japonês pelos Sujeitos participantes A,
julgamos conveniente gravar sua leitura de texto em voz alta. Para tanto, elaboramos um
roteiro em que reunimos pares mínimos e frases que incluem os pares mínimos, os quais, se
não pronunciados de acordo com sistema fonológico da língua japonesa, podem causar
ambiguidades de sentido (ver apêndice B). Dispomos esses pares mínimos em doze questões.
Cada questão traz palavras ou frases que serão pronunciadas pelos Sujeitos participantes A.
Para seleção das palavras e frases, utilizamos os livros Hatsuon (IMADA, 1989)
30
e
Nihongo no Hatsuon Kyōshitsu (KUBOZONO; TANAKA, 1999)
31
que apresentam as
30
Pronúncia (tradução nossa)
58
palavras de pares mínimos que podem causar ambiguidade na compreensão por parte do
interlocutor. No processo de elaboração do teste, focalizamos cinco pontos: moras especiais
de moras /N/, /Q/ e /R/
32
e semivogal /j/, responsáveis pelo número de moras, e tom
diferenciado nas palavras com mesmo número de mora.
As questões 1 e 2 tratam do prolongamento, as questões 3 e 4 estão relacionadas à
semivogal /j/, as questões 5 e 6 estão relacionadas ao som de /N/, as questões 7 e 8 estão
relacionadas à pausa /Q/ e as questões 9 e 10 estão relacionadas ao tom. Quanto às questões
11 e 12, misturamos todas as características do sistema de ritmo e acentuação. Nas questões 1,
3, 5, 7 e 9, colocamos palavras soltas, e nas questões 2, 4, 6, 8, 10, 11 e 12, colocamos o par
mínimo numa frase.
3.3.1.2 Procedimento de gravação de leitura em voz alta
Para efetuar a gravação de leitura em voz alta, cada professor foi chamado
individualmente. A gravação de leitura em voz alta foi feito em outubro de 2009, em uma sala
de aula normal da Universidade Estadual do Ceará em que estavam presentes apenas o sujeito
e a pesquisadora. Escolhemos uma sala onde havia o mínimo de ruídos possíveis.
Primeiramente, o roteiro foi entregue para o professor poder verificar o tamanho e o conteúdo
do texto e a pesquisadora respondeu às perguntas relacionadas à leitura de Kanji ou dúvidas
sobre como responder às questões. No roteiro, existem palavras que não são familiares aos
professores, porém, como o foco desta pesquisa é a pronúncia e não o conhecimento de
vocabulário, caso tivessem perguntas, a pesquisadora responderia sobre os significados das
palavras no roteiro. A pesquisadora não mencionou aos Sujeitos Participantes A como eles
deveriam pronunciar as palavras, em especial, o tom e o ritmo das palavras colocadas no
roteiro. A gravação foi feita com o aparelho de gravador “SANYO STEREO ICR-S170M”.
3.3.1.3 Procedimento de teste de leitura em voz alta
Submetemos aos japoneses a gravação de leitura em voz alta dos Sujeitos
participantes A, a fim de reforçar a análise da produção oral dos mesmos pela autora.
31
“Aula de pronúncia da língua japonesa” (tradução nossa)
32
/N/ representa o som de /n/, /m/, ou /ŋ/, /R/ representa prolongamento da vogal, e /Q/ representa uma pausa.
Cada símbolo representa uma mora.
59
Para verificar alguns fenômenos da produção oral dos Sujeitos participantes A,
pedimos a colaboração de japoneses nativos que estavam no Brasil durante esta etapa a fim de
confirmar, através da análise desses japoneses, as observações feitas pela autora sobre a
produção oral dos professores do curso de japonês do NLE.
Apresentaremos a seguir os colaboradores japoneses.
3.3.1.3.1 Colaboradores japoneses
Para investigarmos a produção oral dos sujeitos desta pesquisa, pedimos a
colaboração de quatro japoneses nativos que estavam no Ceará. A seleção dos colaboradores
japoneses levou em conta os seguintes critérios:
Deveriam apresentar, em uma conversa livre com a pesquisadora, sinais de percepção e
compreensão do ritmo e da acentuação da língua japonesa padrão.
Incluímos os quatro japoneses nativos como sujeitos colaboradores dessa pesquisa,
pois todos mostraram o perfil adequado para investigar a produção oral dos sujeitos
participantes A. No decorrer do nosso estudo, esses japoneses nativos, que foram selecionados
e colaboraram na efetivação de nossa pesquisa, serão citados como colaboradores.
O perfil desses colaboradores que auxiliaram em nossa investigação será mostrado
no apêndice F.
3.3.1.4 Submissão de gravação e teste de leitura em voz alta
As gravações de leitura em voz alta dos Sujeitos participantes A foram submetidas aos
colaboradores em dois momentos diferentes. A primeira submissão foi com os colaboradores
A e B, na biblioteca do Centro Comunitário da comunidade onde a ONG se situa, e, na
segunda submissão, foi realizada no mesmo local, no dia seguinte com os colaboradores C e
D.
3.3.1.4.1 Teste de leitura em voz alta
O teste, que foi elaborado para que os colaboradores diagnostiquem a pronúncia dos
sujeitos identificando os significados das palavras, possui doze questões. A estrutura do teste
acompanha o roteiro da leitura em voz alta. Nas questões 1, 3, 5, 7, 9, 11 e 12, colocamos
60
possíveis significados de acordo com a pronúncia dos Sujeitos participantes A, e nas questões
2, 4, 6, 8 e 10, pedimos aos colaboradores para que escrevessem as palavras que eles
ouvissem na gravação ou que marcassem a opção “sem identificação”.
3.3.2 Observação de aula
As observações de aulas foram iniciadas em 2009.2, no começo de agosto. As
observações foram feitas com os dois primeiros semestres (primeiro semestre A e primeiro
semestre B) durante 20 horas/aula cada um; com o terceiro semestre, durante 22horas/aula e
com quinto semestre, durante 14 horas/aula. A pesquisadora esteve presente na sala de aula
juntamente com os alunos.
A diferença da duração de observação ocorreu devido ao calendário do programa e ao
tempo disponível da pesquisadora. Porém, esta diferença não influencia no resultado desta
pesquisa, porque o foco da pesquisa é observar as abordagens dos professores sobre pronúncia
na sala de aula, e não a quantidade de palavras, ou frases que eles utilizam na sala de aula.
3.3.2.1 Procedimento de observação de aula
Primeiramente, pedimos a permissão da coordenadora para efetivar as observações de
aula. Em seguida, conversamos com os sujeitos participantes A e pedimos a permissão de
cada professor. Os fenômenos observados foram registrados a partir das gravações e das
anotações da pesquisadora. Todos os professores concordaram com a presença da
pesquisadora e com a gravação do áudio das aulas. A gravação foi feita em vários momentos
durante as observações, porém, esta gravação foi utilizada pela pesquisadora como apoio
reminiscente. Então, a qualidade das gravações não é ótima, porém, não interfere na discussão
sobre a observação. A gravação foi feita com o aparelho de gravador “SANYO STEREO
ICR-S170M”.
Para responder às questões desta pesquisa, focalizamos os seguintes pontos durante a
observação:
1) Elementos sobre a pronúncia, (pronúncia de fone, duração de mora e tom), e o
tratamento desses elementos em sala de aula;
61
2) Pronúncia da língua japonesa dos professores que pode dificultar a compreensão do
interlocutor devido à ambigüidade da produção
3.3.3 Análise de materiais didáticos
Analisamos aqui, os materiais didáticos adotados no curso de japonês do NLE. Shin
Nihongo no Kiso
33
(ATOS, 1980), Minna no Nihongo I
34
- Livro texto principal (ISHIZAWA;
TOYODA, 1998), Minna no Nihongo I-Livro tradução e notas gramaticais (ISHIZAWA;
TOYODA, 1999), Nihongo: Kana–Uma introdução ao silabário japonês
35
(KAWARAZAKI,
1980), a apostila Kana Nyūmon
36
(Curso de japonês do NLE, 2007).
Verificaremos que tipo de abordagem está sendo tomada, para que tipo de público está
sendo organizada e o tratamento sobre o ensino de pronúncia da língua japonesa no livro
didático.
3.3.4 Oficina de pronúncia da língua japonesa
A oficina de pronúncia da língua japonesa foi realizada no período do dia 11 a 15 e de
25 a 28 de janeiro e de 1 a 4 de fevereiro de 2010 (26 horas/aula) com o objetivo de procurar
pensamentos/idéias dos professores sobre o ensino/aprendizagem deste tema, sob orientação
da coordenadora do curso de japonês do NLE como parte desta pesquisa, e também como
contribuição para o referido curso de japonês. Para tanto, esta aula experimental focalizou três
aspectos: 1) Oferecer um momento para estudar o sistema fonético e fonológico da língua
japonesa para aprimorar seus conhecimentos prévios, 2) Trocar idéias sobre a
abordagem/metodologia de ensino de pronúncia de cada professor na sala de aula, 3) Praticar
a pronúncia para ter mais segurança na sua produção oral em língua japonesa.
Posteriormente, aplicamos um questionário chamado “Questionário sobre
ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa” com todos os professores e um
questionário sobre ensino de pronúncia da língua japonesa do Curso de japonês de NLE com a
coordenadora do referido curso. Veremos primeiramente, a oficina de pronúncia da ngua
japonesa. Em seguida, veremos a aplicação de questionários.
33
“Novo japonês básico” (tradução nossa)
34
“Japonês para todos” (tradução nossa)
35
O nome do livro está misturado em dois idiomas, português e japonês. A parte de japonês significa Japonês:
“silabário japonês”. (tradução nossa)
36
“Introdução ao silabário japonês” (tradução nossa)
62
3.3.4.1 Materiais
Foi feita uma releitura dos materiais didáticos adotados no curso de japonês do NLE
tais como: Minna no Nihongo–Livro texto principal (ISHIZAWA, TOYODA, 1998), Minna
no Nihongo I–Livro tradução e notas gramaticais (ISHIZAWA, TOYODA, 1998), Nihongo:
Kana –Uma introdução ao silabário japonês (KAWARAZAKI, 1980), a apostila Kana
Nyūmon (Curso de Japonês do NLE, 2007)
37
.
E, foram propostos os seguintes materiais para ensino de pronúncia: Nihongo no
hatsuon kyoushitsu
38
(KUBOZONO, 2004), Nihongo kyouiku wo mezasu hito no tame no
kiso kara manabu onsleigaku
39
(KASHIMA, 2005), Ichinichi juppun no hatsuon renshū
(KAWANO; KUSHIDA; TUSUKIJI; MATSUZAKI, 2004)
40
e Hatsuon
41
(IMADA , 1989).
3.3.4.2 Procedimentos da oficina
Após a permissão da Coordenadora do Curso de japonês do NLE, elaboramos
materiais de revisão e selecionamos materiais do curso que não estavam sendo consultados
com muita frequência na realização das aulas.
Levando em consideração o horário mais conveniente para todos os professores,
convocamos os professores para a aula durante as férias do NLE, apresentando a importância
e a necessidade da revisão do sistema fonético e fonológico entre as duas línguas, português e
japonês, e a revisão e a discussão sobre os livros didáticos adotados neste curso, focalizando
as partes que tratam a pronúncia. E também, por fim, praticar a pronúncia desta língua para
refletir e aprimorar sua própria produção oral.
3.3.5 Aplicação do questionário
Inicialmente, estávamos apoiados apenas em observações livres sobre as opiniões dos
professores do curso de japonês do NLE em relação ao ensino/aprendizagem de pronúncia da
língua japonesa. A aplicação do questionário tem por objetivo verificar a necessidade de
refletir, de modo mais científico, sobre a questão do ensino/aprendizagem de pronúncia da
língua japonesa no referido curso. Temos dois questionários: a) Questionário sobre
ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa e b) Questionário para a coordenadora
do curso de japonês do NLE para verificar o tratamento do ensino de pronúncia da língua
37
Tradução de livros foram apresentadas nas notas de rodapé 38,39,40.
38
Curso de pronúncia japonesa - Teoria e prática (tradução nossa)
39
Introdução a linguística para os professores de língua japonesa (tradução nossa)
40
Praticar pronúncia dez minutos por dia (tradução nossa)
41
Pronúncia (tradução nossa)
63
japonesa no decorrer da história deste curso. No processo de elaboração do questionário,
todos os questionários foram elaborados com base na metodologia de elaboração de
questionário de Gonçalves (2005), Dörnyei (2009). Apresentaremos os questionários a seguir:
3.3.5.1 Questionários aplicados
Dois tipos de questionários foram aplicados durante esta pesquisa. Descrevemos nesta
seção cada questionário.
a) Questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa
Esse questionário (ver apêndice G) é um dos principais desta pesquisa como fonte de
informações sobre professores do curso de japonês e tenta investigar o perfil dos mesmos, o
processo de aprendizagem da língua deles, em especial, a metodologia de ensino de pronúncia
da língua japonesa adotada em sala de aula no curso do NLE e as reflexões sobre a aula
experimental de pronúncia da língua japonesa realizada pela pesquisadora em janeiro de 2010.
Para a elaboração deste questionário, seguimos, o modelo de questionário estruturado
pela linguista japonesa Toda (2006). Além do modelo de Toda (2006), utilizamos o modelo
de questionário estruturado pela linguista japonesa Ogawara (1997). O questionário produzido
por Toda (2006) foi aplicado para alunos de diversos países, residentes no Japão, em um curso
de ngua japonesa para estrangeiros, a fim de investigar o interesse desses alunos em
aprender a pronúncia da língua-alvo. Assim, visto que nosso questionário se destinava a um
público de perfil diferenciado do perfil dos Sujeitos da pesquisa de Toda (2006) (professores
de japonês, nascidos e residentes no Brasil, cuja ngua materna é o português), decidimos
alterar algumas perguntas incoerentes à realidade, até então, vivida pelos sujeitos participantes
da nossa pesquisa.
O questionário aplicado é composto de cinco partes: 1) Dados pessoais; 2) Sobre o
estudo de japonês e pronúncia deste idioma; 3) Sobre o ensino de língua japonesa; 4) Sobre o
ensino de pronúncia; 5) Sobre a aula experimental de pronúncia da língua japonesa. Esse
questionário foi aplicado com Sujeitos participantes A e B, ou seja, todos os professores do
curso.
b) Questionário para coordenadora do curso de japonês do NLE
Este questionário (apêndice I) foi aplicado com a coordenadora do curso de japonês do
NLE com o objetivo de conhecer o curso de japonês do NLE com uma visão geral, e para
64
tanto, investigamos a sua breve história em geral, seu objetivo, o perfil do curso e dos
professores, sua metodologia de ensino e o tratamento do ensino de pronúncia do curso.
3.3.5.2 Procedimento de aplicação dos questionários
Os questionários foram enviados aos professores e à coordenadora, e reenviados
respondidos para a pesquisadora por e-mail, um meio com o qual todos eles estavam
familiarizados. Quando havia dúvidas sobre o preenchimento do questionário, estas eram
resolvidas pela pesquisadora em encontros realizados com cada participante ou por e-mail.
Todos os sujeitos, Sujeitos participantes A e B, ou seja, professores e a coordenadora do curso
responderam ao questionário.
3.3.6 Análise de dados
Nesta parte, analisaremos os dados obtidos no teste de leitura, observação de aula,
analise de materiais didáticos, oficina de pronúncia da língua japonesa, e questionário
respondidos, tentaremos responder as questões desta pesquisa. Elencamos todos os dados
obtidos para refletir sobre as tendências de tratamento de ensino de pronúncia da língua
japonesa do referido curso e, ao mesmo tempo, tentaremos compreender o pensamento dos
professores sobre o ensino de pronúncia desta língua. Ao prosseguir a metodologia mostrada
neste capítulo, faremos a proposta didática para concluir esta pesquisa.
65
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Nesta seção, apresentaremos as análises de todos os dados obtidos durante essa
pesquisa para refletir a proposta didática sobre ensino pronúncia da ngua japonesa para o
Curso de Japonês do NLE. Primeiramente, apresentaremos os dados obtidos através do teste
de leitura em voz alta, observação das aulas, análise de materiais didáticos, oficina de
pronúncia da língua japonesa. Ao final desta seção, faremos uma reflexão sobre a análise e
discussão feitas durante a coleta de dados.
4.1 Teste de leitura em voz alta
Gravamos as leituras de texto em voz alta dos Sujeitos participantes A para
diagnosticar a sua pronúncia, e para isso, solicitamos, junto aos falantes que possuem a língua
japonesa como a língua materna que efetuassem esse teste para que a análise não fosse apenas
a impressão de uma japonesa nativa, a autora deste trabalho.
O roteiro para “leitura em voz alta” (ver apêndice B) para os Sujeitos participantes
efetuarem a leitura em voz alta foi organizado para responder à primeira questão desta
pesquisa “Quais fenômenos se manifestam na produção oral dos professores do Curso de
Japonês do NLE?”. Levou-se em consideração aspectos focalizados no ritmo e no acento, que
podem alterar o significado das palavras caso não sejam pronunciados de acordo com seu
sistema fonológico.
A gravação da leitura dos Sujeitos participantes A foi submetida, primeiramente, aos
colaboradores 1 e 2, na biblioteca do Centro Comunitário da comunidade onde uma ONG
42
japonesa se situa, e, no dia seguinte, aos colaboradores 3 e 4.
Através do processo descrito acima, foram esclarecidos alguns aspectos comuns
percebidos pelos japoneses ao analisar as produções orais dos Sujeitos participantes A. Houve
pronúncias dos Sujeitos participantes A que deixaram os colaboradores japoneses em dúvida
sobre qual seria o sentido da palavra que estavam pronunciando. Isso ocorreu com frequência
maior na parte de identificação de palavras pelo tom, por exemplo, seki /seki/ (tosse) e seki
/seki/ (assento) dentro de uma frase もど(/sekini modotte seki wo
42
O nome da ONG é Criança de Luz
66
shita/)”
43
, entre enunciados moushimashita /mouʃimaʃita/ (o verbo falar no passado) e
moushimashita /mouʃimaʃita/ (o verbo fazer no passado)
44
, ou kurumade /kɯrumade/ na frase
(/hai, soredewa kurumade ma
Q
te imasu/ que
significa “esperarei então, até você chegar)” e kurumade /kɯrumade/ (no carro) はい、それ
では車で待ってます( /hai, soredewa kurumade ma
Q
te imasu / que significa “esperarei então,
no carro”)”
45
. Veremos visualmente a diferença de tom entre cada exemplo.
Seki Seki
Divisão de mora /se ki/ /se ki/
Acento
L H H L
Em português Tosse Assento
Quadro 25- Diferença no acento da palavra seki
moushimashita Moushimashita
Divisão de mora /mo R ʃi ma ʃi ta/ /mo R ʃi ma ʃi ta/
Acento
L H H H L L H L L H L L
Em português Verbo falar no passado Verbo fazer no passado
Quadro 26- Diferença no acento da expressão moushimashita
Kurmade Kurumade
Divisão de mora /ku ru ma de/ /ku ru ma de/
Acento
H L L L
L H H H
Em português Verbo “chegar” e advérbio
“até”
Substantivo “carro” e
partícula “de”
Quadro 27 - Diferença no acento da expressão kurumade
As respostas revelaram que, se os colaboradores japoneses tivessem que escrever o
som que eles escutaram e não tivessem alternativas no teste, eles teriam mais discordâncias
nas respostas entre eles. Por exemplo, quando o Sujeito participante A-1 produziu a palavra
oki/oki/ (alto mar), que possui duas moras /o/ e /ki/, os colaboradores japoneses A, C e
E colocaram uma palavra que não foi esperada pela pesquisadora: hōki[hoːki] (vassoura),
que possui três moras. Porém a dúvida não foi apenas no prolongamento, mas outro aspecto, a
inserção da consoante “h” antes de “o”.
Se existisse uma opção que os fizesse raciocinar no que eles escutaram e nas
alternativas do teste, como por exemplo, nas questões 1, 3, 5, 7, 9, 11 ou 12, os colaboradores
japoneses talvez “acertassem” as questões de múltipla escolha, mas nas questões abertas, 2, 4,
43
Verifique Apêndice B, a questão 10.10
44
Verifique Apêndice B, a questão 12.2
45
Verifique Apêndice B, a questão 12.3
67
6, 8 ou 10, como os próprios colaboradores japoneses tiveram que perceber o som que eles
escutaram e o significado, a resposta variou mais do que nas de múltipla escolha.
Por exemplo, o caso do Sujeito participante A-1, na questão 10.4, a palavra escrita no
roteiro para leitura em voz alta era kashiya /kaʃija/ (casa para alugar), porém, dois
colaboradores colocaram interrogação indicando que não tinham entendido, um compreendeu
como kasha /kaʃa/ (que não tem significado em língua japonesa), e outro compreendeu como
sendo kaisha /kaiʃa/ (empresa). No caso do Sujeito participante A-2, na questão 10.5, a
palavra escrita no roteiro para leitura em voz alta era kame /kame/ (pote), porém, dois
responderam kami /kami/ (papel), outro respondeu kage /kaŋ(ɡ)e/ (sombra). Apenas um
respondeu kame /kame/ (pote) que correspondeu à intenção do Sujeito participante A-2. No
caso do Sujeito participante A-3, a palavra escrita no roteiro para leitura em voz alta é oki
/oki/ na questão 2.3, porém um percebeu como sendo ouchi /outʃi/ (casa), e na pronúncia do
mesmo Sujeito na questão 6.3, a palavra escrita no roteiro para leitura em voz alta era buka
/buka/ (subordinado), porém, um percebeu como sendo bukka /bu
Q
ka/(preço) e outro
percebeu como sendo buta /buta/ (porco).
A questão 2 focalizou o prolongamento para identificar o significado da palavra e a
questão 10 analisa a pronúncia que pode influenciar a identificação de significado de acordo
com o tom. Porém, a percepção dos colaboradores japoneses não se limitou apenas ao
elemento focalizado em cada questão, surgindo dúvidas também em outros elementos.
Um juiz comentou que palavras soltas poderiam ser mais difíceis de compreender do
que palavras dentro de frases, pois palavras que estão em frases poderiam ter seus significados
imaginados pelo contexto ou reconstruídos com base no seu senso comum.
Mais um comentário interessante foi que, como os colaboradores japoneses tinham
consciência de que a gravação havia sido feita por aprendizes da língua japonesa, ou seja, não
falantes de japonês como língua materna, tiveram uma atenção maior para compreender o
som do que no dia-a-dia, apesar de terem sido alertados pela pesquisadora para que
prestassem atenção no som em si antes de começar a análise. Desta forma, houve um
resultado que mostrou claramente a compreensão dos colaboradores japoneses sendo atribuída
ao sentido que seria mais comum e não pela sua pronúncia. Por exemplo, na questão 10.8, a
palavra selecionada 科医 sankai”, “obstetra” em português, foi utilizada para formar par
com palavras onde diferença no tom, são as palavras 三回・三 /saNkai/, “terceira
vez” ou “terceiro andar” em português. De acordo com a elaboração da frase, poderia haver
dois sentidos:
68
a. Sankai he sankai itta (Fui ao obstetra três vezes)
b. Sankai he sankai itta (Fui ao terceiro andar três vezes)
a) Sankai b) Sankai
Rōma-ji sa n ka i sa n ka i
Divisão de mora /sa N ka i/ /sa N ka i/
Acento
L H H L L H H H
Quadro 28- Diferença de acento na palavra sankai
Como a primeira frase não é tão utilizada no dia-a-dia, mesmo que fosse pronunciada
de acordo com seu sistema fonológico, poderia ser compreendida no uso mais comum, ou seja,
terceiro andar. E, evidentemente, todos compreenderam como “terceiro andar” e não como
“obstetra”.
Porém, quando houve duas frases que são de uso comum no dia-a-dia e que possuíam
pares mínimos na diferença no tom, como na questão 12.3:
a. Hai, soredewa kurumade matteimasu (Esperarei então, até você chegar.)
b. Hai, soredewa kurumade matteimasu (Esperarei então, no carro.)
a) kurumade b) kurumade
Rōma-ji ku ru ma de ku ru ma de
Divisão de mora /ku ru ma de/ /ku ru ma de/
Acento
H L L L L H H H
Quadro 29- Diferença de acento na expressão kurumade
Os colaboradores japoneses ficaram com dúvida maior, porque ambas faziam sentido
e poderiam ser realizadas frequentemente no dia-a-dia. Neste caso, tudo dependia da produção
oral dos sujeitos participantes A. E aqui, nós precisamos dar uma importância à pronúncia,
porque mesmo que os nativos falantes da língua-alvo tivessem prestado uma atenção maior
para compreender a produção oral dos aprendizes do seu idioma, eles poderiam não
compreender a fala de acordo com a intenção do falante.
Porém, é interessante ressaltar que em termos de modo de avaliação, um colaborador
comentou que na análise da quarta gravação, foi mais fácil avaliar os significados, porque
poderia prever a palavra a seguir, então a avaliação poderia ser feita de forma mais favorável
para a quarta gravação do que para a primeira.
Considerando todos os comentários acima, podemos refletir que a avaliação de
pronúncia dos Sujeitos participantes A não foi feita somente com a percepção de som em si,
mas também com uma tentativa dos nativos de compreender a pronúncia dos mesmos. Os
nativos consideraram aspectos relativos à semântica, assim como levantaram hipótese
s sobre
69
o contexto enunciativo em que a produção em análise poderia ocorrer na ngua japonesa.
Porém, há questões em que, mesmo havendo atenção especial dos colaboradores japoneses na
compreensão da pronúncia dos Sujeitos participantes A, o resultado dessa tentativa não
chegou a uma resposta única. Principalmente nas questões onde os colaboradores japoneses
precisavam escrever as palavras que eram pronunciadas, em vez de escolher uma entre as
quatro alternativas.
Depois dessa etapa, a observação que vem sendo feita pela pesquisadora sobre a
pronúncia dos Sujeitos participantes A durante a convivência com eles no curso,
aproximadamente três anos, foi confirmada. A percepção da pesquisadora sobre a pronúncia
dos Sujeitos participantes A que pode causar ambiguidade na compreensão e que,
eventualmente, causa interferência na comunicação em língua japonesa por causa da
pronúncia, coincidiu parcialmente com as percepções dos quatro colaboradores japoneses,
principalmente nas questões de acento e ritmo.
Na próxima seção, observaremos as aulas dos Sujeitos participantes A para ter um
subsidio para refletir sobre a questão de pesquisa b. De que forma e quais atividades didáticas
são desenvolvidas pelos professores do curso de japonês do NLE para o ensino de pronúncia
da língua japonesa, no que diz respeito ao tom, à duração e aos elementos segmentais?
4.2 Observação de aula
As observações das aulas foram iniciadas em 2009.2, no começo de agosto. As
observações foram feitas com duas turmas de semestres I (Semestre I. A e Semestre I. B),
com uma turma do Semestre III e com uma turma do Semestre V, incluindo o período da
prova oral aplicada pelos mesmos. A pesquisadora estava presente na sala de aula juntamente
com os alunos.
Os pontos observados nessa observação de aula foram baseados nas questões da
pesquisa para verificar o tratamento do ensino de pronúncia e a pronúncia dos professores em
sala de aula. Assim, durante a observação, focalizamos os seguintes pontos:
1) Elementos sobre a pronúncia (pronúncia de fones, duração de mora e tom) e
frequência de tratamento desses elementos em sala de aula;
2) Pronúncia da língua japonesa dos professores que pode dificultar a compreensão do
interlocutor devido à ambiguidade da produção.
70
Todos os professores concordaram com a presença da pesquisadora e com a gravação
de áudio das aulas. Então, os fenômenos observados foram registrados a partir de anotações
da pesquisadora. A gravação foi feita em vários momentos durante as observações, porém, a
utilização deste material foi somente como apoio à memória da pesquisadora e não como
análise acústica. Então, a qualidade das gravações não é ótima, porém, não interfere na
discussão sobre esta sessão.
Considerando as informações obtidas através do questionário utilizado nesta pesquisa,
o questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa respondido por
Sujeitos participantes A, todos os Sujeitos participantes A concluíram o Semestre VIII do
Curso de Japonês no NLE da UECE, denominado ‘Nível Avançado’, correspondendo ao
Nível 3 na Proficiência da Língua Japonesa, dentre as categorias determinadas pela Fundação
Japão. Dentre esses Sujeitos, diferenças na sua experiência de prática oral em língua
japonesa principalmente em relação à duração de tempo de convivência com japoneses no
Brasil ou estada no Japão. Tais Sujeitos possuem capacidade para estabelecer a comunicação
oral em língua japonesa com fluência suficiente para transimtir a mensagem.
Descreveremos agora, as observações obtidas nas salas de aula de cada Sujeito
participante A. Primeiramente, apresentamos sobre a turma assumida pelo Sujeito participante
A-1 e o perfil do mesmo sintetizadamente
46
. Em seguida, descrevemos os itens observados
durante esta observação.
4.2.1 Sujeito participante A-1
1. Turma Semestre I-A, terças e quintas feiras
18:30 a 20:00
2. Número de alunos 12
3. Duração de observação de aula 20 horas/aula durante dois meses
4. Curso onde estudou japonês Curso de japonês do NLE
5. O período de ingresso no curso de
japonês
Março de 2000
6. O período de término do curso de
japonês
Novembro de 2003 (terminou até oitavo
semestre)
7. Nível e área de estudo Superior completo. Letras Licenciatura
Português/Inglês da Universidade Federal do
Ceará
8. Cidade natal e de criação Fortaleza
9. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de sua
criação
Não
46
O perfil mais detalhado de cada Sujeito participante A encontra-se no Apêndice E.
71
10. Experiência de estadia no Japão o
11. Interação com japonês nativo Sim
Amigos japoneses nativos na internet.
Alguns dias com japoneses nativos quando
esteve em São Paulo.
12. Período e instituição em que
começou a ensinar japonês
PROLIN
47
: Agosto de 2006 a junho de 2007
NLE: Agosto de 2009
1) Elementos sobre a pronúncia (pronúncia de fone, duração de mora e tom), e o tratamento
desses elementos em sala de aula.
Um dos elementos observados foi a indicação do prolongamento de palavras. O
professor apontou a questão do prolongamento, da palavra biru que apareceu no texto. O
aluno leu o ide maneira que ele pudesse ser percebido como prolongado na leitura desta
palavra em voz alta, pronunciando-a biiru [biːru]. Neste momento, enfatizou a importância
do prolongamento utilizando outro exemplo e explicou que o prolongamento muda o
significado das palavras. No caso destas duas palavras, biru /biru/ sem prolongamento no /i/
tendo duas moras significa “prédio”, enquanto a palavra biiru /biːru/ com prolongamento no
/i/ tendo três moras significa “cerveja”.
Porém, na conversa espontânea com um aluno durante a aula, o professor não
corrigiu a eliminação ou inserção de prolongamento, por exemplo, quando a palavra kyōshitsu
/kjoːʃitʃu/ (sala de aula) foi pronunciada como kyoshitsu [kjoʃitʃu] sendo eliminado o
prolongamento ou a palavra shukudai /ʃjukudai/ (tarefas de casa) foi pronunciada como
shūkudai [ʃjuːkudai].
Em geral, o tratamento de pronúncia restringiu-se ao aspecto do ritmo da língua
japonesa e não ao acento.
2) Pronúncia da língua japonesa pelos professores que poderia dificultar a compreensão do
interlocutor devido à ambiguidade na produção
Durante a observação, puderam ser percebidas pronúncias que não seguem o sistema
fonético da língua japonesa, principalmente na produção de vogais. Por exemplo, a pronúncia
da vogal “a” tende a ser nasalizada, principalmente quando pronuncia uma partícula da língua
japonesa, o “wa” (/wa/), e no final da frase com uma palavra terminada em “a”. Mas, isso não
impediria a compreensão por parte do interlocutor. O que poderia interferir na compreensão
47
Projeto de Inclusão de Línguas (PROLIN). O PROLIN é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Políticas Estudantis
(PRAE) da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
72
do interlocutor seria em relação ao tom. Em nível lexical, houve troca das distribuições de
tom de determinadas palavras, tais como denwa /deNwa/ (telefone), suteki /suteki/
(maravilhoso), ou watashi /wataʃi/ (eu), que apareceram várias vezes na lição que o Sujeito
participante A estava ensinando. Poderia ocorrer uma ambiguidade nessas palavras citadas
acima. Comparamos a produção desta palavra do professor e a distribuição de tom na língua
japonesa.
Acento em japonês Acento do professor 1
de n wa
L H H
de n wa
H L L
Se o Sujeito participante A-1 não mantiver a duração da mora “n” com esta
acentuação, poderá ser percebido como dewa /dewa/ (então) com seus acentos sendo “de” H e
“wa” L.
No caso da palavra suteki /suteki/ (maravilhoso), poderia ser alterado o sentido.
Vejamos aqui, a possibilidade de alteração do seu significado.
Tonicidade em japonês
su te ki
L H H
A pronúncia desta palavra foi percebida como se tivesse alterado a distribuição de
tom e a mora “te” foi percebida como se tivesse sido prolongada.
Tonicidade em japonês Tonicidade do Sujeito participante A-1
su te ki
L H H
su te e ki
L H L L
Isso poderia ser confundido com outra palavra. Nesse caso, poderia alterar o
significado de “maravilhoso” para “carne assada na chapa”. Durante a conversa, os
interlocutores poderiam imaginar a intenção que ele queria expressar, porém, isso poderia
dificultar a compreensão e impedir o raciocínio do interlocutor durante a conversa.
Outro caso é a palavra watashi /wataʃi/que significa “eu”. Vejamos o acento na
pronúncia do Sujeito A-1.
Acento em japonês Acento do Sujeito participante A-1
wa ta shi
/wa ta ʃi/
L H H
wa ta shi
[wa ta ʃi]
L H L
Através da pronúncia do Sujeito participante A-1, pudemos entender o significado
desta palavra pelo contexto da frase, porém, poderia interferir o fluxo da conversa fazendo
com que o interlocutor passe a dar mais atenção ao que está sendo dito, a fim de compreender
a real intenção do Sujeito A-1.
73
4.2.2 Sujeito participante A-2
1. Turma Semestre I-B, terças e quintas-feiras, das 20hs
às 21h30min.
2. Número de alunos 8
3. Duração de observação de aula 20 hora/aula
4. Curso onde estudou japonês Senac (até segundo semestre) NLE (de terceiro
até oitavo semestre)
5. O período de ingresso no curso de
japonês
Março de 2005 (Senac)
Março de 2006 (teste de nível – 3º semestre)
6. O período de término do curso de
japonês
Novembro de 2008 (terminou até oitavo
semestre)
7. Nível de estudo
Superior incompleto. Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Ceará
8. Cidade natal de criação Fortaleza
9. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de criação
Não
10. Experiência de estada no Japão Não
11. Interação com japonês nativo Não
12. Periodo e instituição em que começou
a ensinar japonês
Março de 2008 NLE
1) Elementos sobre a pronúncia, (pronúncia de fone, duração de mora e tom), e o tratamento
desses elementos em sala de aula
O elemento ao qual o Sujeito participante A-2 deu mais atenção na produção oral dos
alunos foi a questão do ritmo, principalmente a eliminação da pausa e a inclusão da semivogal
/j/. Porém, ele prioriza a fluência dos alunos e, quando estes fazem leitura de frases em voz alta,
ele não se preocupa em corrigir os detalhes de suas pronúncias, pedindo somente que eles as
repitam quando estes não as realizam de maneira fluente, fazendo interrupções indevidas no
meio de sua produção.
Em uma determinada aula, ele explicou o som de [ŋ] utilizando a transcrição fonética
para mostrar a diferença de [n] e [ŋ] dizendo que ele mesmo não ganhou ainda o costume de
produzir este som. Ao escrever os símbolos no quadro, a turma reagiu como se não estivesse
gostando da maneira que ele ia continuar. Podia-se perceber que os alunos, não queriam
assistir a uma aula muito específica sobre este assunto. Ele continuou a explicação com um
exemplo da palavra em inglês swing, para facilitar a identificação deste som, e por fim, todos
compreenderam e ficaram satisfeitos com a explicação do professor.
Em outra aula, uma aluna se apresentou como bancária em japonês, pronunciando a
sentença Watashi wa gink
ōin desu”. Nesse caso, não foi uma fala espontânea, porém, ela
eliminou o prolongamento da palavra ginkōin /giNkoRiN/, que está destacado em negrito.
74
Além disso, o acento da palavra watashi /wataʃi/ foi diferente do acento da língua japonesa, e
o professor não corrigiu talvez por dar mais importância ao estabelecimento da comunicação
oral e não da pronúncia.
Podemos observar que a abordagem desse professor é mais caracterizada como uma
abordagem comunicativa, priorizando o estabelecimento da comunicação e utilizando os
assuntos do cotidiano ou pessoal. Por outro lado, ele utiliza a metodologia que o livro traz: a
repetição e substituição de palavras e frases.
2) Pronúncia da língua japonesa pelos professores que poderia dificultar a compreensão do
interlocutor devido à ambiguidade na produção
O sujeito participante A-2 produz oralmente frases em japonês com entoação frasal
razoável para não deixar o interlocutor japonês nativo, no caso, a autora dessa pesquisa, em
dúvida quanto ao significado da frase. Quanto ao ritmo, ele produz a duração de cada mora de
modo inteligível. Porém, pode-se observar a inadequação na acentuação de palavras soltas.
Por exemplo, a palavra gakusei /gakusei/ (estudante) foi pronunciada por ele com a
distribuição do tom diferente da língua japonesa.
Acento em japonês Acento do Sujeito participante A-2
ga ku se i
/ga ku se i /
L H H H
ga ku se i
/ga ku se i /
L L H L
Da maneira como o Sujeito participante A-2 pronunciou, poderia não fazer sentido
como uma palavra da língua japonesa, já que não há palavra com o mesmo número de moras,
a mesma sequência de mora, e a mesma distribuição de tom.
Outro exemplo, o som do /yo/ (yo) com o tamanho menor na escrita, como na
palavra byōin /byoRiN/ (hospital) foi produzido por esse Sujeito participante A-2 de forma
adequada quanto ao número de moras, porém o tom da primeira mora “byo” foi produzido
alto.
Acento em japonês Acento do Sujeito participante A-2
byo u i n
/byo R i N /
L H H H
byo u i n
[byo ː i n]
H L L L
Com esta pronúncia do Sujeito participante A-2, tem-se a possibilidade de ser
percebida como a outra palavra, biy
ōin /biyoRiN/ (cabeleireiro) porque, apesar de número de
75
moras ser diferente, a distribuição do tom é parecida. Veremos aqui o acento da palavra
biyōin /biyoRiN/ (cabeleireiro).
Acento em japonês
bi yo u i n
/bi yo R i N/
L H L L L
Assim, quando se vai pronunciar uma palavra em japonês, precisa-se manter o
numero de moras e respeitar o acento de tal palavra.
Mais um aspecto observado e que não segue o sistema fonológico da língua japonesa
foi na palavra tsugi /tsugi/ que significa “próximo” em português.
Acento em japonês Acento do Sujeito A-2
tsugi tsugi
/tsu gi / [tsu gi]
L H H L
Podemos compreender o significado desta palavra pelo contexto, porém, poderia ter
uma certa interferência na comunicação oral espontânea.
Quando foram inseridos vocábulos novos no capítulo da aula observada, percebeu-se
que o professor os lia primeiro e depois os alunos repetiam tais palavras. Mas, neste momento,
percebeu-se que os acentos de alguns vocábulos apresentados por esse Sujeito não seguiam o
sistema fonológico da língua japonesa. Assim, o Sujeito participante A-2 tem o cuidado de
inserir momentos para a comunicação oral em sala de aula, porém, eventualmente, foram
percebidas inadequações no seu acento.
4.2.3 Sujeito participante A-3
1. Turma Semestre III, segundas e quartas-feiras, das
16h30min às 18hs
2. Número de alunos 16
3. Duração de observação de alua 22 horas/aula durante dois meses (inclusive no
dia da prova oral)
4. Curso onde estudou japonês Curso de japonês do NLE
5. O período de ingresso no curso de
japonês
Março de 2002
6. O período de término do curso de
japonês
Novembro de 2005 (terminou até oitavo
semestre)
7. Nível e área de estudo Superior completo. Curso de Letras Bacharelado
Inglês Universidade Esadual do Ceará
76
8. Cidade natal e de criação Fortaleza
9. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de sua criação
Não
10. Experiência de estadia no Japão Sim. Seis semanas (janeiro a fevereiro de 2009)
11. Interação com japonês nativo Sim.
Hospedou duas japonesas em sua residência.
(no entanto sempre se comunicavam em
português, uma vez que elas vieram pra
aprender essa língua).
Durante a experiência de estadia no Japão, por
seis semanas.
No SKYPE, com os amigos coreanos falantes
de japonês.
12. Período e instituição em que
começou a ensinar japonês
Agosto de 2008 NLE
1) Elementos sobre a pronúncia (pronúncia de fone, duração de mora ou tom) e o tratamento
de pronúncia dos alunos na aula.
O Sujeito participante A-3 utiliza palavras, frases e estruturas gramaticais que ainda
não tinham sido estudadas pela turma, inclusive interjeições de modo coloquial, tais como usō
[usoː] (meu deus!), Sugoijyan [sugoiʤjan] (muito bem!), e, assim como outros professores,
ele tenta utilizar o japonês também, porém no caso dele, é a linguagem mais informal, em sala
de aula. Durante a observação, não foram verificadas muitas interações com os alunos, em
japonês. Também não foram observadas correções de pronúncia durante a aula. Isso talvez
tenha sido porque o conteúdo que estava sendo abordado na aula não exigia a produção oral
dos alunos, pois o Sujeito participante A-3 fazia uma explicação sobre a elaboração de
redação na sala de aula e a explicação gramatical da nova lição. Houve um exercício de leitura
de vocábulos novos da lição. O professor leu os novos vocábulos e pediu para os alunos
repetirem em conjunto. Foram percebidas, algumas vezes, pronúncias inadequadas do Sujeito
A-3, em particular, a mudança de tom alto e baixo dentro de uma palavra, porém, alunos
pronunciavam da mesma maneira que o Sujeito A-3 pronunciou. Na maioria dos casos, foi
corrigida somente uma leitura de Hiragana que não seguia o sistema fonológico da língua
japonesa quando um aluno fez a leitura de um texto.
2) Pronúncia da língua japonesa pelos professores que poderia dificultar a compreensão do
interlocutor devido à ambiguidade na produção
A característica de pronúncia deste professor é a inadequação na manutenção da
duração de mora, principalmente a pausa,
/tsu/ (tsu) escrita com o tamanho menor,
77
prolongamento. Por exemplo, durante uma aula, ele repetiu a mesma palavra jyūsho /ʤuRʃo/
por três vezes, mas todas as vezes, produziu do mesmo modo, eliminando o prolongamento.
Esta palavra possui três moras, tais como /ʤuu/, /u/ e /ʃo/, porém, ele pronunciou com duas
moras, /ʤju/ e /ʃo/. A possível ambiguidade que poderia ocorrer é o interlocutor compreender
a palavra jisho /ʤiʃo/ que possui duas moras como /ʤi/ e /ʃo/e significa “dicionário”. Poderia
ocorrer a ambiguidade porque estas duas palavras possuem a distribuição de tom parecida.
Acento da palavra “endereço” Acento da palavra “dicionário”
jyu u sho
/ʤu R ʃo /
H L L
ji sho
/ʤi ʃo/
H L
Outro ponto que poderia observar como característica dele é a entoação de uma
expressão tatoeba. Este significa “por exemplo”, porém, na produção oral deste sujeito, a
distribuição de tom não estava correspondendo ao desta palavra japonesa, e também pode-se
perceber que, caso a última mora esteja um pouco prolongada, consequentemente, alteraria o
número de mora.
Acento em japonês Acento do professor 3
ta to e ba
/ta to e ba/
L H L L
ta to e ba a
[ta to e ba ː ]
L H H H L
Essa inadequação não mudaria o sentido da palavra, porque não outra palavra que
possa ser entendida pela substituição de distribuição de tom ou de número de mora. Assim,
não ocorreria ambiguidade na compreensão por parte do interlocutor, porém, isso poderia
interromper o fluxo da conversa, fazendo com que o interlocutor tente entender o significado
dessa palavra caso ele não tenha conseguido compreender a intenção do falante.
4.2.4 Sujeito participante A-4
1. Turma Semestre V, segundas e quartas-feiras
18:30 a 20:00
2. Número de alunos 7
3. Duração de observação de alua 14horas/aula durante dois meses (inclusive prova
oral)
4. Curso onde estudou japonês Curso de japonês do NLE
5. O período de ingresso no curso de
japonês
Agosto de 2001
78
6. O período de término do curso de
japonês
Junho de 2005
7. Nível e área de estudo Superior incompleto. Letras Francês,
Licenciatura na Universidade Estadual do Ceará
8. Cidade natal e de criação Fortaleza
9. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de sua
criação
Não
10. Experiência de estadia no Japão Não
11. Interação com japonês nativo Sim.
Seis meses na sua residência com um japonês
No total, quatro meses com outro japonês
Hospedou mais de 10 japoneses na sua
residência que chegaram a Fortaleza em
períodos diferentes.
12. Período e instituição em que
começou a ensinar japonês
Agosto de 2005 PROLIN
Março de 2006 NLE
1) Elementos sobre a pronúncia (pronúncia de fone, duração de mora ou tom) e o tratamento
de pronúncia dos alunos na aula.
Como este sujeito prioriza a manutenção da comunicação, foi observada poucas
vezes a correção de pronúncia dos alunos. O período coincidiu com a matéria que ensina a
fala de modo informal e mostra a importância da entoação frasal que poderia mudar o
significado ou transmitir a sua emoção apenas pela diferença da entoação. Ele explicou
claramente as diferenças, utilizando o livro didático para ensinar este capítulo e seguindo as
explicações apresentadas com a mudança melódica indicada pela seta como ”,“ ”, ou
”, porém, raramente apontou algo durante a produção oral dos alunos, quando
responderam em voz alta durante o exercício. Ele utilizou essa marca de um modo mais
expositivo e não como exercício de pronúncia
2) Pronúncia da língua japonesa pelos professores, que poderia dificultar a compreensão do
interlocutor devido à ambiguidade na produção
Observa-se maior frequência de uso da língua japonesa deste professor, nas suas
aulas, comparando com outros professores. Isso poderia ser natural, pois a turma é mais
avançada e isso poderia permitir estabelecer a comunicação oral com mais facilidade. Como
ele produziu mais japonês, poderiam ser percebidas mais características da fala do japonês
deste professor.
Primeiramente, ele costuma produzir palavras com a distribuição de tom e o ritmo
que não segue o do japonês, principalmente as palavras de origem inglesa que foram inseridas
79
no japonês, como por exemplo, a palavra tāminaru /ta R mi na ru/ que significa “terminal de
ônibus” em português, a pronúncia dele foi da seguinte forma:
Acento da língua japonesa Acento do Sujeito A-4
tāminaru Tamināru
/ta R mi na ru / [ta mi na ː ru ]
H L L L L L L H L L
Com a pronúncia do Sujeito participante A-4, o interlocutor pode não compreender o
significado, pois não há palavra equivalente a essa pronúncia na língua japonesa.
Outra característica percebida é que ele coloca o tom alto no início da frase. Quanto
ao ritmo, houve um momento que, ao ouvir a pronúncia dele, um aluno perguntou se existia
pausa, a letra (tsu) escrita em tamanho menor, numa palavra nova que ele introduziu e
que não havia sido apresentada no livro didático.
O Sujeito participante A-4 utiliza o material de áudio durante a aula. Logo após a
audição, ele costuma repetir o modelo da fala do material um pouco mais devagar. Neste
momento, ele produz tanto o acento como o ritmo de acordo com a língua japonesa, porém,
quanto mais o tempo passava, mais ele lia o modelo seguindo a característica da fala dele.
4.3 Materiais didáticos
Segundo o questionário respondido pela Coordenadora do Curso de japonês do NLE,
no início da história do referido curso, o objetivo era trabalhar a escrita japonesa e a
conversação com os alunos através do método áudio-lingual que foi adotado no primeiro livro
didático Gijyutsu kenshuusei no nihongo (JICA, 1985)
48
. Posteriormente, o curso foi adotando
novos livros didáticos tais como: Nihongo shyoho (The Japan Foundation Japanese Language
Institute, 1981)
49
e, após este livro, Shin nihongo no kiso (AOTS, 1989)
50
, porém o objetivo
inicial do curso foi mantido.
Houve uma mudança de livro didático na tentativa de melhorar o material do curso,
com a ajuda de doações da Fundação Japão. Assim, desde 2004.1, o curso adotou uma
coleção de livros didáticos chamada Minna no Nihongo (ISHIZAWA; TOYODA, 1998)
51
,
que é uma versão nova do Shin nihongo no kiso (ATOS, 1989). No início, o referido curso
48
Japonês para estagiários técnicos (tradução nossa)
49
Japonês básico (tradução nossa)
50
Novo japonês básico (tradução nossa)
51
Japonês para todos (tradução nossa)
80
recebeu uma parte da coleção deste livro Minna no Nihongo (ISHIZAWA; TOYODA, 1998)
e, aos poucos, o curso solicitou outros livros complementares dessa coleção à Fundação Japão.
Então, os materiais didáticos utilizados no Curso de Japonês do NLE no semestre
2009.2 são: o volume I e II da coleção do livro Minna no Nihongo (ISHIZAWA; TOYODA,
1998).
A coleção do livro Minna no Nihongo I e II (ISHIZAWA; TOYODA, 1998) é
composta por um Livro texto principal (escrito em japonês) acompanhado com material de
áudio, um manual de ensino (escrito em japonês), um Livro - explicação gramatical (escrito
em português), dois cadernos de exercício gramatical, um caderno de exercício de
compreensão auditiva (com material de áudio) e um caderno de exercício de compreensão
textual. Os alunos do curso dispõem do livro principal e do livro de explicação gramatical.
O curso trata a escrita japonesa, Hiragana, Katakana e kanji
52
, e para introduzir
Hiragana e Katakana, utilizava um livro chamado Nihongo: Kana - Uma Introdução ao
Silabário japonês. A partir de 2007, adotou uma apostila organizada por um professor do
próprio curso. O motivo da organização de apostila era aumentar o número e variação de
exercícios e vocábulos mais utilizados no contexto do referido curso. Esta apostila é utilizada
nos primeiros meses do semestre I; a coleção do livro Minna no Nihongo I (ISHIZAWA,
TOYODA, 1998), é utilizada durante os seis primeiros semestres e a coleção do Minna no
Nihongo II (ISHIZAWA, TOYODA, 1998) está sendo utilizado nos semestres VII e VIII.
Além da apostila Kana nyuumon (MELLO, 2007) e da coleção Minna no Nihongo I e
II (ISHIZAWA, TOYODA, 1998), o curso possui diversos livros didáticos e paradidáticos
para consulta. Todos os materiais estão disponíveis aos professores para complementar o
ensino dos conteúdos em sala de aula. Hoje, o curso trabalha, além da escrita japonesa e da
conversação básica, os aspectos gramaticais, textuais e de compreensão auditiva do idioma
japonês.
Uma parte dos Sujeitos participantes A e B utilizou o Nihongo: Kana - Uma
Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980) e outros utilizaram a apostila para
estudar a escrita japonesa. Da mesma forma, uma parte deles utilizou Shin nihongo no kiso
(ATOS, 1989) e outros utilizaram (ou ainda utilizam) a coleção do Minna no Nihongo
(ISHIZAWA; TOYODA, 1998) Em seguida, apresentaremos a estrutura dos livros e apostilas
adotadas pelo Curso de japonês do NLE com o objetivo de identificar como a pronúncia da
52
Segundo comentário da Coordenadora do Curso de japonês do NLE, o ensino de Kanji (em torno de 1900
kanjis) não estava firmado dentro dos objetivos do Curso, portanto, o seu ensino ficava a critério de cada
professor.
81
língua japonesa está (ou estava) sendo explicada no livro para tratar o ensino de pronúncia da
língua japonesa.
4.3.1 Nihongo: Kana - Uma Introdução ao Silabário Japonês
Até 2007.1, este livro estava sendo utilizado para ensinar Hiragana e Katakana nos
primeiros dois meses do período inicial do curso. O objetivo desse livro é, como o título
indica, introduzir a escrita silabário da língua japonesa. O livro foi organizado, voltado para as
pessoas que desejam estudar japonês, sendo que existe a versão com a tradução em português.
Ele é constituído por quatro partes, “Prefácio”, “Descrição do Texto e Recomendações para a
Sua Utilização”, a parte de ensino de Hiragana e, por fim, a parte de ensino de Katakana.
A seção de Hiragana é constituída de dez capítulos com duas provas para avaliar a
aprendizagem dos alunos, uma prova após o capítulo 5, e a outra após o capítulo 10. Para
finalizar a parte do Hiragana, o livro contém um apêndice sobre as origens do Hiragana. A
seção de Katakana, por sua vez, é constituída de quatro capítulos. O sistema da escrita
Hiragara e Katakana do japonês é bem relacionado ao ritmo da língua japonesa relacionada à
mora, pois além da escrita japonesa, os capítulos de 6 a 9 são de explicações sobre pausa,
prolongamento.
No capítulo 6, pausa está explicada em seguinte maneira:
A pronúncia de consoantes dobradas (como acontece no italiano ou no latim, por
exemplo) é indicada por um pequeno [
] que precede o Kana que deverá ser
pronunciado de tal maneira. Esse [
] também terá duração de uma sílaba.
(KAWARAZAKI, 1992, p.27)
Na explicação original em língua japonesa, não foram citados os exemplos do italiano e latim.
Supostamente, esta explicação foi modificada para leitores que têm a língua portuguesa como
língua materna e que possuem conhecimento de outras línguas de origem latina.
O capítulo 7 introduz o prolongamento. A existência do prolongamento influencia o
número de moras, e consequentemente pode alterar o sentido da palavra. Embora o assunto
seja relacionado ao número de moras, no sistema rítmico da língua japonesa apenas os
exemplos de vocábulos que incluem prolongamento e não explicação sobre mora, isto é,
uma unidade mínima que constrói o ritmo da língua japonesa. Uma mora possui a mesma
duração entre outras moras. Sua função dentro do sistema rítmico da língua japonesa é que o
número de moras determina o significado da palavra na língua japonesa.
82
Os capítulos seguintes, 8 e 9, tratam de (ya) [ya], (yu) [yɯ] e (yo) [yo] com a
escrita menor, sem mencionar o aspecto do ritmo. Os capítulos que ensinam a escrita
Katakana, não mencionam nada em relação ao ritmo. O termo moranão é adotado no livro
Nihongo: Kana - Uma Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980) apesar de a
unidade silábica da língua japonesa ser chamada de “mora”.
Quanto ao acento, o livro a explica na parte inicial, “Descrição do Texto e
Recomendações para a Sua Utilização”, e mostra os sinais de acentuação dos vocábulos das
lições em notas de rodapé. Mostraremos a explicação sobre acentuação apresentada no livro
Nihongo: Kana - Uma Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980).
Abaixo apresentamos as instruções e os exemplos sobre o ensino do acento da língua
japonesa que constam no livro Nihongo: Kana - Uma Introdução ao Silabário Japonês
(KAWARAZAKI, 1980):
Figura 10 - Explicação de acento da língua japonesa (KAWARAZAKI, 1980, p.x e xi)
É interessante ressaltar que, na parte inicial, existe uma explicação sobre o uso deste
livro. Nessa parte, é dito que o livro é acompanhado de uma fita cassete para familiarizar os
aprendizes com a sonoridade do japonês-padrão. Assim, as explicações sobre o ritmo e o
acento da língua japonesa foram dadas juntamente com a introdução da escrita silabário
japonês.
Porém, no curso, não se encontra a fita cassete e quando foi perguntado sobre esse
material de áudio que acompanha o livro, durante a oficina de pronúncia da língua japonesa
ministrada pela autora desta pesquisa
53
, todos os professores que aprenderam a escrita
japonesa com esse livro comentaram que não estudaram com a fita cassete quando eram
alunos. E os mesmos, por sua vez, quando se tornaram professores, utilizavam o mesmo livro
53
Trataremos sobre oficina está na seção 4.4
83
para introduzir a escrita japonesa, sem a utilização da fita indicada pelo material. Aliás, todos
ficaram surpresos por terem descoberto que existia um material de áudio acompanhando esse
livro.
Poder-se-ia dizer que, supostamente, no decorrer do curso, a parte da pronúncia não
foi destacada no planejamento do curso, ou o curso não buscou um material de áudio com
gravações de produções orais de nativos como modelo. Por sinal, até então, o curso teve
várias oportunidades de solicitar material didático às instituições como a Fundação Japão,
porém, esta fita cassete nunca foi solicitada, e nenhum professor sentiu falta desse material. E,
no lugar de utilizar a gravação do nativo como modelo, os professores utilizavam a sua
própria pronúncia como modelo.
4.3.2 Apostila Kana Nyuumon-Introdução ao Kana
Segundo o questionário respondido pelos Sujeitos participantes A e B e a discussão
durante a aula experimental, além do livro Nihongo: Kana - Uma Introdução ao Silabário
Japonês (KAWARAZAKI, 1980) da Fundação Japão, os professores sempre utilizavam
vários materiais extras para completar o conteúdo deste livro, principalmente quando
ensinavam katakana onde sentiam falta de vocábulos de uso frequente no dia-a-dia. Assim,
sempre tinham sugestões, tanto por parte dos alunos como por parte dos professores, para que
o curso adquirisse um livro mais organizado sobre o ensino de escrita japonesa. Dentro desse
contexto, um professor do mesmo curso tomou a iniciativa de reorganizar os materiais.
Para elaborar essa apostila, foram referidos vários materiais. Em especial, em relação à
pronúncia da língua japonesa, foram: Nihongo: Kana - Uma Introdução ao Silabário Japonês
(KAWARAZAKI, 1980), Dicionário japonês-português romanizo (KAKINE;
HINATA,1998), Dicionário português-japonês romanizado (HINATA, 1992), Shin nihongo
no kiso caderno de exercício de Kana japonês (AOTS, 1977), Minna no nihongo Livro-
tradução e notas gramaticai(Ishizawa toyoda, 2000), Minna no nihongo Livro-texto principal
(ISHIZAWA, TOYODA, 1998) e Nihongo Hatsuon Akusento jiten (NHK
54
,1998).
55
No
Semestre II de 2007, a apostila foi aceita por todos os professores, e substituiu o livro e esta
sendo utilizado até agora.
A apostila trata a pronúncia da língua japonesa, basicamente igual ao Nihongo: Kana -
Uma Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980), porém, incluiu um aspecto
54
NHK: Nihon Hōsō Kyoku. A tradução em inglês é Japan Broadcasting Corporation.
55
Dicionário de pronúncia e acento da língua japonesa (tradução nossa)
84
fonético da língua japonesa, isto é, o não pronunciamento da vogal em algumas moras de
acordo com o japonês-padrão baseado no Nihongo Hatsuon Akusento Jiten (NHK, 1998).
Esse aspecto não foi citado no livro da Fundação Japão, porém ocorre frequentemente na
produção oral da língua japonesa. O termo “sílaba” é utilizado nessa apostila, adotando o
termo mais conhecido da mesma maneira que o dicionário utilizava na sua explicação.
Nessa apostila, incluiu-se a explicação sobre o ritmo, não apenas a parte de pausa, mas
também de prolongamento e de ”, “” e ” (ya, yu, yo) em tamanho menor que não era
explicada no livro. As explicações foram baseadas no Dicionário de japonês - português
(HINATA, 2001). Primeiramente, o prolongamento está descrito apenas como “vogais
longas”. E, quanto à parte de pausa (chamado na apostila de sokuon), em vez de dizer “pausa”,
ela foi substituída por:
促音
そくおん
(sokuon) significa “som assimilado”. Na ortografia moderna do japonês, ele é
indicado por umつ」(tsu) pequenoちいさい「つ」(letra pequeno) e
terá a duração de uma sílaba também. Em romaji ele é indicado dobrando-se a
consoante que lhe segue. (MELO, 2007, p.25)
Em relação às escritas de ”, e ”(ya, yu, yo) em tamanho menor, a apostila
explica:
O
(youon) é formado escrevendo
(ya, yu, yo) em
tamanho menor depois de kanas do I-dan
(き・ぎ・し・ち・ぢ・に・ひ・び・ぴ・み・
(ki, gi, shi, ji,chi di, ni, hi, bi, pi, mi, ri).
(youon) também tem a
duração de uma silaba só. (MELO, 2007, p.31)
O termo “sílaba” continua sendo utilizado nas explicações na apostila e não foi
preparado um material de áudio acompanhando essa apostila.
4.3.3 Shin Nihongo no Kiso e Minnna no Nihongo
Como foi citado anteriormente, alguns dos Sujeitos participantes A e B, atuais
professores do Curso de japonês do NLE, utilizaram o Shin Nihongo no Kiso I e II, e outros
utilizaram (ou ainda utilizam) o Minna no Nihongo I e II. Porém, nenhum professor utilizou o
Kenshuusei no Nihongo (Japonês para estagiários técnicos) e o Kiso Nihongo (Japonês básico).
Então, nesta parte, analisamos os livros Shin Nihongo no Kiso I e II e Minna no Nihongo I e II
focalizando a parte de ensino de pronúncia do japonês.
85
O livro Shin Nihongo no Kiso é direcionado para estagiários técnicos aprendizes de
japonês. O livro Minna no Nihongo possui a mesma estrutura e mesmo método do Shin
nihongo no kiso, porém:
[...] a ‘Surii ei cooporation’ (3A Corporation) decidiu publicar Minna no Nihongo
para atender as solicitação e opiniões das inúmeras pessoas que m se dedicando
durante anos ao ensino do idioma japonês, tanto no Japão como no exterior. Minna
no Nihongo apresenta a clareza e a facilidade de entendimento utilizado
características especiais, e métodos de aprendizado de Shin Nihongo no Kiso, mas
por outro lado, inclui cenas, situações e personagens mais abrangentes a fim de
atender a necessidade de uma grande faixa de estudantes. Seu conteúdo foi
elaborado para permitir que todos usem o livro para estudar o japonês com prazer.
(ISHIZAWA; TOYODA, 2003, p.1 do prefácio)
Tanto no livro Shin nihongo no kiso (AOTS, 1989) quanto no livro Minna no Nihongo
(ISHIZAWA; TOYODA, 1998) a pronúncia é tratada em um único momento: na parte
introdutória do livro, onde uma explicação detalhada sobre pronúncia que ocupa cinco
páginas.
Esta introdução é dividida em nove tópicos: 1) Tabela de Hiragana e Katakana, 2)
Vogais longas, 3) Pronúncia do [N], 4) Pronúncia de pausa (tsu), 5) Pronúncia de
palavras que contém glide ([ya], [yɯ] e [yo] pequena), 6) Pronúncia da linha (ga)
56
,
7) Não pronunciamento das vogais [i] e [u], 8) Tonicidade, 9) Entoação. Mostraremos a
explicação do livro onde cada um desses itens é tratado mais detalhadamente nos dois livros.
A explicação está no anexo B.
No livro Livro-instrução de metodologia do livro-texto principal da coleção do Minna
no nihongo I (ISHIZAWA; TANAKA; MAKINO; TSURUO; FUJISAKI, 2000) apresenta
sobre como introduzir essa parte de pronúncia no anexo C.
4.3.4 A coleção do Minna no Nihongo
Como foi citado anteriormente, a coleção do Minna no Nihongo I (ISHIZAWA;
TOYODA, 1998) contém, além do Livro-texto principal, o Livro tradução e notas gramaticais
em vários idiomas e fita cassete gravada por um modelo nativo japonês com todos os textos e
exercícios do livro-texto principal. No decorrer do tempo, a editora vem publicando os livros
complementares desta coleção atendendo às necessidades e opiniões dos usuários. Hoje em
56
A linha “ga” indica a letra ‘ga’ “gi’ “gu’ ‘ge’ e ‘go’ em ambos os tipos, hiragana e katakana. Veja anexo A.
86
dia, existem sete paradidáticos e seis materiais de áudio/áudio-visual acompanhando esta
coleção no mercado
57
.
O curso possui seis livros paradidáticos além dos livros citados anteriormente, tais
como: Shokyū de yomeru topikkusu
58
(MAKINO; SAWADA; SHIGEKAWA; TANAKA;
MIZUNO, 2000), Chōkai tasuku 25
59
(MAKINO; TANAKA; KITAGAWA, 2003)
acompanhado de um CD, Kaite oboeru bunkei renshūchō
60
(HIRAI; MIWA, 2000), Hyōjun
mondaishū
61
(3A Corporation, 1999), kanji I-English edition (SHINYA; KOGA; TAKADA;
MIKOGAMI, 2000), e Yasashī sakubun (KADOWAKI; NISHIUMA, 1999).
Todavia, nenhum material trata especificamente da metodologia de ensino de
pronúncia da língua japonesa.
4.3.4.1 Conteúdo
e estrutura do material de áudio
Existem quatro CDs de material de áudio, três correspondem aos textos do Livro-texto
principal. Nos três CDs, encontram-se gravados vocábulos, padrões de sentenças e
conversações. E um dos CDs traz a gravação apenas da parte de exercício de compreensão
auditiva no Livro texto principal.
Segundo o Livro-instrução de metodologia do livro-texto principal (ISHIZAWA;
TANAKA; MAKINO; SURUO; FUJISAKI, 2000), a escolha da gravação foi o japonês
padrão e a parte de vocabulário novo possui a pronúncia gravada com maior clareza. O
restante das gravações é em velocidade e entoação o mais próximo possível do natural. A
gravação começa pela parte de pronúncia de cada mora
62
e traz a leitura de exemplos de pares
mínimos na parte da explicação sobre ritmo e acento da língua japonesa e expressões úteis na
sala de aula. Depois dessa introdução, as gravações trazem os conteúdos correspondentes aos
vinte e cinco capítulos.
O modo de utilizar esse material enfatiza que os alunos prestem atenção maior para se
para se habituar à velocidade e o modo de falar dos japoneses nativos, e também para
aprender indutivamente a pronúncia da língua japonesa. Esse tipo de metodologia é bastante
típico do método Áudio-lingual, que pede a repetição do modelo-nativo.
57
As informações foram obtidas pelo site <http://www.3anet.co.jp/japanese/minna_series.html> (Acesso em 6
de julho de 2010)
58
Caderno de exercício para leitura de textos (tradução nossa)
59
Caderno de exercícios 25 - compreensão auditiva (tradução nossa)
60
Caderno de exercício estrutura gramatical (tradução nossa)
61
Caderno de exercícios para uso da língua (tradução nosa)
62
No Livro-instrução de metodologia do livro-texto principal, utiliza se o termo “sílaba”
87
Quanto à lista de vocábulos novos do Livro-tradução e notas gramaticais, no tom de
cada vocábulo não marca indicadora de acento. Então, a identificação de tom de cada
vocábulo depende totalmente da percepção do aprendiz, ou seja, como o livro indica, os
aprendizes têm de ouvir bastante e para habituar-se à sonoridade de cada vocábulo, portanto,
o livro pede que os alunos ouçam e se acostumem com o material de áudio gravado com a fala
dos nativos.
4.3.5 Reflexão sobre os materiais
O livro Nihongo: Kana - Uma Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI,
1980) explica, claramente, os itens que precisam ser ensinados: aspectos segmentais, tom e
ritmo, porém não acompanha o material de áudio. Para quem tem contato pela primeira vez
com a língua japonesa, pode ter sido um pouco complicado conhecer a sonoridade da língua
japonesa e entender as características peculiares da pronúncia da língua japonesa.
Tomamos como exemplo o uso de rōma-ji ao ensinar o Hiragana e Katakana. Em
vez de se utilizar a transcrição fonética, utiliza-se o rōma-ji para ajudar na leitura. Isso pode
ajudar/interferir na aprendizagem da leitura de letras japonesas. Nem todos os aprendizes
conhecem o símbolo fonético, então eles podem sentir dificuldades na sua leitura. Desse
modo, a tabela de Hiragana e katakana com leituras indicadas com transcrição fonética pode
se tornar um material de difícil acesso (Ver anexo A)
Assim, o rōma-ji pode facilitar a aprendizagem da maioria dos aprendizes que
utilizam este material, por outro lado, pode influenciar na leitura do japonês devido ao sistema
fonético e fonológico do português, nesse caso, o português falado no Ceará. De fato, pode-se
observar frequentemente, por exemplo, a troca de vogais fechadas por vogais abertas. No
japonês não se usa a vogal ‘e’ e ‘o’ abertas ([e] e [ɔ]), mas elas podem ser observadas nas
produções orais dos aprendizes desta língua, não apenas dos professores, mas também dos
alunos. A tabela apresenta apenas o som de cada mora, portanto, quando for dentro de uma
palavra, a leitura do fonema pode ser alterada de acordo com o sistema do português, nesse
caso o português falado em Fortaleza. Por exemplo, a palavra japonesa nabe’ (panela), com
terminação ‘be’, se fosse lida seguindo as convecções do sistema de escrita do português,
poderia ser pronunciada como [naˈbi], ao invés de [nabe] em japonês. Isso pode acontecer
mesmo que a palavra esteja escrita em hiragana, visto que alguns alunos reescrevem em
r
ōma-ji uma palavra que está escrita em hiragana e, no momento da leitura da mesma,
acabam sendo influenciados pelo sistema de leitura do português. Assim, Este tipo de atenção
88
a uma determinada língua poderia ser mencionado no Nihongo: Kana - Uma Introdução ao
Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980), porém apesar de esse livro ter escrito em dois
idiomas, português e japonês, não foi mencionada esta parte.
Por sua vez, o Livro-instrução de metodologia do livro-texto principal da coleção do
Minnna no nihongo I explica que o objetivo dessa coleção é atender aqueles que não possuem
a língua japonesa como língua materna para poderem utilizá-la como meio de comunicação
em qualquer ambiente social. Assim, o livro aborda várias situações que poderiam ocorrer no
dia-a-dia do Japão para que as pessoas possam relacionar seu material de estudo ao cotidiano
e desenvolver o uso da língua. Desse modo, poderíamos observar a tentativa do livro de juntar
as duas abordagens, áudio-lingual e comunicativa, no sentido de levar o assunto para a vida
real. Porém, diferentemente da abordagem comunicativa, o livro exige repetição, substituição
de palavras e várias sentenças padrões para auxiliar na fixação da gramática e dos
vocabulários estruturadamente e para desenvolver a competência comunicativa na nova língua.
No que diz respeito ao ensino de pronúncia, o Minnna no nihongo (ISHIZAWA,
TOYODA, 1998) explica claramente sobre a questão do acento e do ritmo da língua japonesa
juntamente com as indicações de tom de palavras japonesas, como por exemplo, o acento de
palavras homonímia, hashi (ponte) e hashi (um tipo de talher japonês, popularmente dito é
pauzinho) como marca indicadora de acento, tais como , e acompanha material de
áudio com todos os exemplos. Quanto ao ritmo, ele explica sobre a importância de existência
(ou ausência) de prolongamento, som de /N/, pausa e /j/. Essas explicações sobre pronúncia
são dadas antes da primeira lição. Porém, não traz os exercícios para praticar os aspectos
mostrados nessa parte. E, durante o uso deste material, é indicado escutar várias vezes o áudio
para aprender a pronúncia. Desse modo, o estudo de pronúncia depende totalmente da
percepção dos aprendizes, através de repetição de escutar o áudio.
As explicações dadas no livro parecem ser claras para japoneses nativos, porém, para
quem não possui a língua japonesa como língua materna, talvez seja difícil compreender e
sentir a diferença no acento e no ritmo apenas com este material, mesmo com material de
áudio. Os que sentem dificuldade em compreender as explicações dadas no livro podem ter
dificuldade em perceber a pronúncia no material de áudio e na reprodução de sons,
principalmente nas sequências dos sons que possuem características peculiares do sistema
fonológico da língua japonesa no material. Ou seja, mesmo que haja o material de áudio, se os
professores não souberem utilizá-lo, não conseguirão ensinar a pronúncia com grande
eficiência.
89
Como a maioria dos Sujeitos participantes utilizam a introdução a escrita Hiragana e
Katakana da apostila Kana Nyūmon, se os professores não derem importância ao ensino de
pronúncia, esta parte do Livro-texto principal do Minnna no nihongo não tratará da pronúncia,
e se os professores não derem uma orientação sobre o uso de material de áudio de todas as
partes do livro durante o seu estudo com este material, enfatizando a atenção à pronúncia, será
focalizado apenas o exercício de compreensão auditiva para realizar as tarefas.
Interessante ressaltar que, a coleção do Minna no Nihongo II (ISHIZAWA;
TOYODA, 1998) não inclui a explicação de pronúncia nos dois livros, Livro-texto principal,
nem no Livro-tradução e explicação gramatical. Isso talvez porque a atenção ao ensino de
pronúncia deva ser dada no processo inicial da aprendizagem desta língua, ou seja, na coleção
de Minna no Nihongo I (ISHIZAWA; TOYODA, 1998).
O que poderia observar aqui é que o livro trata a pronúncia de modo expositivo,
porém não inclui os exercícios para aprendê-la. Por sua vez, o planejamento do curso segue as
instruções do livro e não inclui, também, os exercícios relativos à pronúncia.
4.4 Oficina de pronúncia da língua japonesa
Nesta sessão, refletiremos sobre o ensino de pronúncia com três materiais obtidos
durante a pesquisa, isto é, os pontos observados através das discussões que ocorreram durante
a oficina, as respostas recolhidas através de questionário sobre ensino/aprendizagem de
pronúncia da língua japonesa aplicado com Sujeitos participantes A e B (apêndice G) e um
questionário aplicado com a coordenadora deste curso (apêndice I).
A oficina de pronúncia da língua japonesa foi realizada entre os dias 11 a 15 e 25 a
28 de janeiro e 1 a 4 de fevereiro de 2010 (26 horas/aula), com o objetivo de conhecer as
opinião dos professores sobre o ensino/aprendizagem desse tema, sob a orientação da
coordenadora do curso de japonês do NLE como parte desta pesquisa. Como essa oficina foi a
primeira tentativa de estudar especificamente a pronúncia de japonês com os professores deste
curso, poderíamos tomar o resultado desta oficina como base de informação para refletir
como trabalhar esse assunto no futuro dentro do curso.
Para tanto, essa oficina focalizou três assuntos: 1) Oferecer um momento para
estudar o sistema fonético e fonológico da língua japonesa para aprimorar conhecimentos
prévios; 2) Conhecer a abordagem/metodologia de ensino de pronúncia dos outros
90
professores; 3) Praticar a pronúncia para ter mais segurança na produção oral em ngua
japonesa.
No momento da oficina, em janeiro de 2010, duas professoras atuais (ano letivo
2010.2) que foram enquadradas como Sujeito participante B
63
ainda não tinham começado a
ensinar no referido curso, porém incluímos estas duas professoras como Sujeitos participantes
B. Dessa forma, ao todo, treze membros do grupo de formação de professores participaram: a
coordenadora do curso, nove professores e três monitores.
Apresentaremos as discussões feitas durante a oficina de pronúncia da língua
japonesa na seguinte ordem: 1) Uso de materiais didáticos; 2) O que ensinar; 3) Quando
ensinar; 4) Como ensinar; e 5) Sobre a aula experimental de pronúncia da língua japonesa.
4.4.1 Uso de materiais didáticos
Sobre os materiais didáticos, todos os participantes da oficina estudaram pronúncia
juntamente com a introdução da escrita japonesa sem ter acesso ao material de áudio, porque
não havia material de áudio acompanhando o livro Nihongo: Kana - Uma Introdução ao
Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980) nem a apostila Kana nyūmon (Curso de japonês
do NLE, 2007). Existem explicações sobre pronúncia e escrita da língua japonesa no Shin
nihongo no kiso (AOTS, 1989) e Minna no nihongo I (ISHIZAWA; TOYODA, 2000) antes
de entrar na lição 1, a lição onde se iniciam as explicações gramaticais. material de áudio
acompanhando a explicação da pronúncia da língua japonesa deste livro, porém, os
professores Sujeitos participantes A e B utilizavam esse livro apenas para explicação
gramatical. Então, os professores dos Sujeitos A e B entravam direto nas lições. Professores e
alunos têm acesso ao material de áudio desse livro, porém, alguns Sujeitos participantes A e B
comentaram que não sabiam da existência da gravação da parte de pronúncia. Assim, havia
falta de conhecimento sobre o material de ensino no decorrer deste curso.
Vejamos aqui, a avaliação dos Sujeitos participantes A e B sobre o tratamento de
pronúncia dos livros didáticos:
No inglês tem vários exercícios de repetição com CDs e transcrições fonéticas; no
japonês, não é dada tanta ênfase à pronúncia. (Sujeito A-3)
Não tratam. Os professores eram completamente autônomos na aplicação de
metodologias. (Sujeito A-4)
63
Retomamos aqui, que os Sujeitos participantes A são quatro professores que realizaram o teste de leitura em
voz alta e observação de aula, por sua vez, os Sujeitos participantes B são outros professores que participaram na
aplicação de questionário e oficina de pronúncia da língua japonesa.
91
Como uma parte do ensino do japonês, mas não em especial. (Sujeito B-2)
Tivemos apenas um comentário que considerou as explicações do livro como
satisfatório:
Preocupam-se com o ensino de pronúncia, pois a mesma é necessária para que o
aprendiz desenvolva de uma maneira satisfatória a sua competência linguística.
(Sujeito A-1)
Em resumo, os Sujeitos participantes A e B comentaram que os materiais didáticos
poderiam trazer informações básicas sobre aspectos fonéticos e fonológicos da língua
japonesa e oferecer, também, exercícios auditivos. Porém, disseram também que é difícil
ensinar somente com o livro por si ou mesmo com material de áudio, principalmente o
acento que é muito diferente do português.
Quando os Sujeitos A e B se tornaram professores, da mesma forma que estudaram,
não trataram a parte que explica a pronúncia no Minna no nihongo I, que o curso utiliza
atualmente como livro didático. A razão para tal atitude talvez seja a concordância com o
modo através do qual eles aprenderam, ou talvez a falta de conhecimento sobre os materiais
que existem no curso ou sobre como utilizá-los.
Porém, para se habituarem aos sons da língua japonesa, os professores se esforçaram
para procurar materiais que não fossem do curso de japonês, por exemplo, músicas, filmes,
programas de televisão em japonês. Às vezes, nos materiais preparados para estrangeiros, a
gravação do diálogo é feita com velocidade muito lenta e o vocabulário é limitado para que se
facilite a compreensão por parte dos aprendizes. Isso seria bom para introduzir/revisar o
conteúdo do capítulo, porém, os alunos não podem estar em cotato somente com esse tipo de
diálogo planejado/ensaiado, porque a conversação real no dia-a-dia é bastante diferente.
Então, a maior preocupação sobre o material didático poderia ser a dificuldade de
uso do material e a dificuldade de encontrar materiais que eles gostariam de utilizar na sala de
aula.
4.4.2 Como aprendeu a pronúncia da língua japonesa
?
Segundo o questionário aplicado com a coordenadora do curso, os professores que
vêm ensinando no curso não haviam sido orientados de forma concreta sobre como ensinar a
pronúncia da língua japonesa. Os atuais professores também, até agora, não haviam sido
orientados para enfatizar o ensino de pronúncia desta língua. Para investigar a relação entre
92
como os Sujeitos participantes A e B aprenderam a pronúncia, incluímos uma pergunta no
questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa.
A maioria dos Sujeitos participantes aprendeu através de repetição de pronúncia dos
professores deles no início do curso quando aprenderam a escrita de Hiragana e Katakana. O
conteúdo de ensino sobre pronúncia era o que foi explicado no livro Nihongo: Kana - Uma
Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980), e o modo de ensinar era a
apresentação do sistema fonético e fonológico desta língua. Vejamos alguns comentários
obtidos através das respostas dos questionários de Sujeitos participantes A e B acerca do
ensino e aprendizagem da pronúncia japonesa:
Apenas através de repetições, sendo eles próprios geralmente o modelo. (Sujeito A-1)
Não tinham aulas especiais voltadas para isso. No entanto, uma vez ou outra, alguns
professores diziam para tomar cuidado com palavras básicas, tais como umi, ame,
hashi... (Sujeito A-3)
Pediam para repetir o que eles falavam. (Sujeito A-4)
Através dos cartões com os kanas eles pronunciavam o kana e o vocabulário e a classe
repetia. O áudio era utilizado nas aulas de compreensão auditiva e não como base para
a pronúncia da língua. Com a entrada do professor nativo, a pronúncia e correção da
mesma era feita pelo professor. (Sujeito B-3)
Por meio de exercícios de repetição de palavras e expressões. O professor colocava um
CD e os alunos deveriam tentar imitar a pronúncia do nativo. (Sujeito B-4)
Ensinavam através de repetição de áudios dos CDs e, às vezes, corrigindo a própria
pronúncia na hora com a pronúncia deles mesmo. (Sujeito B-5)
Sobre a pergunta “Alguém corrige sua pronúncia?”, a maioria dos Sujeitos respondeu
que sim. Quem corrige a pronúncia dos Sujeitos são japoneses nativos que eles têm contato ou
colegas (outros professores do curso) durante a aula, quando a inadequação na sua
pronúncia, principalmente com prolongamento e pausa. Com os nativos, dois Sujeitos
participantes A comentaram que;
Algumas vezes pela internet (SKYPE/MSN) quando alguns amigos coreanos ou
japoneses falam comigo e não entendem alguma palavra que pronunciei. Outras vezes,
pergunto para alguns sensei qual seria a pronúncia certa, para que no momento da aula
eu não pronuncie errado. Em último caso, durante a aula, já aconteceu de algum
monitor/sensei (professor) levantar a mão e dizer “a pronúncia certa não seria X?”.
(Sujeito A-3)
93
Sim. Geralmente minha pronúncia foi corrigida por nativos. Mas isso acontece
quando pronuncio algo que eles têm muita dificuldade de entender, ou que possa
causar mal-entendidos. (Sujeito A-4)
Sobre seu próprio modo de estudo para melhorar a pronúncia. Cinco sujeitos
comentaram que não há metodologia específica. Outros comentaram da seguinte maneira:
Bem, o modo que tento melhorar a pronúncia é assistindo programas em japonês para
acostumar bem o ouvido e consequentemente a pronúncia. (Sujeito A-1)
Tentar imitar o que estou ouvindo. Sem querer, de tanto ver animê/dorama (novela)
/filme, quando me deparo com tal expressão ou palavra, tento lembrar como aquele
personagem pronunciou e tento fazer igual. (Sujeito A-2)
Costumo repetir e gravar trechos de filmes e seriados para comparar com o original e
ver onde está diferente. (Sujeito A-3)
Escuto áudios de conversação em japonês, como novelas. Vejo programação da
televisão japonesa. Tento imitar os textos que escuto. (sujeito B-1)
4.4.3 O que ensinam?
Como foi citado nas sessões anteriores, os livros que o curso de japonês adota indicam
elementos para ensinar a pronúncia da língua japonesa. Além desses itens, surgiram algumas
observações sobre a tendência de pronúncia da língua japonesa pelos falantes de português,
neste caso, em Fortaleza, durante a discussão na aula. Incluindo esses itens, listaremos e
mostraremos aqui os elementos que os Sujeitos participantes A e B dizem tratar sobre o
ensino de pronúncia na sala de aula:
Características fonético- fonológicas da língua japonesa:
a) Vogal que não existe no português ([ɯ]);
b) Vogais das labas [ki]”, [kɯ]”, [ʃi]”, (su)”, “(chi)”, (tsu)”,
(hi)” e “(fu)” que não são pronunciadas antes de consoantes desvozeadas “k”, “s”,
“t” e “h” (きく[kikɯ]);
c) Semivogais (sons como “[ya], [yɯ] e [yo] “” minúsculas) que não se
pronunciam do mesmo modo que no português;
d) Sons que não existem em português ([tsɯ], [ɸɯ]);
e) Prolongamento de vogal (きゅう[kyɯː], おじいさん [ojiːsan]);
f) Pausa (きって[ki
Q
te]);
g) Acento das palavras, por exemplo, a diferença entre (あめ[ameˈ]) e (あめ
/aˈme/);
h) Entoação frasal no final de frase (です[desɯ], ですか [desɯka], ましょう [maʃoː],
etc.).
94
Itens focados pelos Sujeitos participantes A e B
i) Inserção de /j/ e nasalização de vogal antes de consoante “n” ou “m” (ぃんせい
[sjsei]) como produções possivelmente ocasionadas pela influência da língua
portuguesa;
j) Inserção de /n/ e nasalização de vogal antes de uma consoante “n” ou “m” (
[nãni]) como produções possivelmente ocasionadas pela influência da ngua
portuguesa.
A seguir, veremos o número de professores que tratam, na sala de aula, de cada
assunto mostrado acima no Semestre I, cujo conteúdo inclui a escrita japonesa, Hiragana e
Katakana, que é muito ligada à sua pronúncia. Dentre os Sujeitos participantes B, havia dois
professores que não tinham começado a ensinar no curso ainda, porém, o questionário foi
aplicado antes do início do período 2010.1, o período em que eles começaram a ensinar no
Semestre I. Os outros Sujeitos participantes A e B possuíam experiência de ensino no
Semestre I. Portanto, o número total neste quadro é de nove pessoas, incluindo todos os
Sujeitos participantes.
Elementos de ensino Sim Não Elementos de ensino Sim Não
a) Vogais 9 0 b) Vogal não pronunciada 8 1
c) Semivogais 8 1 d) Som de [tsɯ] e [ɸɯ] 9 0
e) Prolongamento da
vogal
9 0 f) Pausa 9 0
g) Acento das palavra8 6 3 h) Entoação frasal 6 3
i) Inserção de /y/ 8 1 j) Inserção ou nazalização
de /n/
6 3
Quadro 30- Tratamento de elementos de pronúncia no Semestre I
Podemos entender que todos tratam dos itens que estavam sendo colocados no livro
ou na apostila, para introduzir a escrita japonesa, isto é, prolongamento, pausa e acentuação.
Segundo os comentários durante a aula, o item b) Vogal não pronunciada começou a ser
tratado quando a apostila foi introduzida no curso.
Os elementos que não são tratados no livro vão ser tratados dependendo dos Sujeitos
participantes A e B. Podemos resumir que o tratamento do ensino de pronúncia ocorre
dependendo do entendimento dos Sujeitos participantes A e B de como o ensino de pronúncia
deve ser avaliado em sala de aula.
Levantamos uma questão para os Sujeitos A e B sobre como a pronúncia lhes foi
ensinada quando eles eram alunos. Segundo comentários, geralmente, os professores dos
Sujeitos participantes A e B pediam para que eles repetissem o que o professor falava, e
95
também os mesmos escutavam materiais de áudio com a pronúncia de um nativo. Como um
dos objetivos do curso visava (e ainda visa) a comunicação, é necessário que o professor se
comunique constantemente na língua-alvo em sala de aula, induzindo os estudantes a utilizá-
la também.
Existiam materiais de compreensão auditiva e alguns professores dos Sujeitos
participantes A e B utilizavam esses materiais para ensinar a entoação frasal, pedindo atenção
quando fossem escutar a fala dos nativos gravada nos materiais para repetir. Podemos resumir
que, quando os Sujeitos A e B eram alunos, o ensino de pronúncia dependia totalmente da
pronúncia do seu professor através da repetição da própria voz do professor, ou repetição de
material de áudio.
Mais uma questão levantada é sobre o que se ensina na pronúncia na sala de aula no
primeiro semestre quando se insere a escrita japonesa. Diferentemente da maioria dos
professores do referido curso, dois Sujeitos participantes B não tinham experiência de ensino
acima do Semestre II, então, excluímos esses dois Sujeitos B do número total deste quadro. A
seguir, mostraremos o número de Sujeitos participantes A e B que tratam de cada elemento
sobre ensino de pronúncia na sala de aula nas turmas do Semestre II em adiante. O número
total na tabela é sete.
Elementos de ensino Sim Não Elementos de ensino Sim Não
a) Vogais 2 7 b) Vogal não pronunciada 3 6
c) Semivogais 2 7 d) Som de [tsɯ] e [ɸɯ] 3 6
e) Prolongamento de
vogal
5 4 f) Pausa 6 3
g) Acento 4 5 h) Entoação frasal 6 3
i) Inserção de /n/ 4 5 j) Inserção de /j/ 2 7
Quadro 31: Tratamento de elementos de pronúncia no Semestre II em diante
Parece que, em geral, o número de elementos de pronúncia tratados nas turmas de
Semestre II em diante diminui um pouco, principalmente na questão fonética e fonológica
relativa aos itens a, b, c, h e j. Considerando os dois quadros acima, podemos concluir que a
tendência de tratar a pronúncia é mais frequente no Semestre I, porque entra na questão de
ortografia da língua japonesa, porém, depois que os tópicos sobre a escrita do hiragana e
katakana terminam, os elementos que os professores tratam na sala de aula diminuem, e os
mesmos começam a focalizar as questões de nível frasal bem como de prolongamento e
acento, mas não de aspectos segmentais.
96
Tivemos um comentário feito por um Sujeito participante B que tem experiência de
ensino nas turmas de Semestre I em diante, enfatizando a importância da ligação entre escrita
e pronúncia:
Acho que a importância dos itens pode variar dependendo do semestre em que se está
lecionando. No Semestre I e II, por exemplo, a caligrafia e vocabulário têm bastante
importância durante o ensino dos kanas, juntamente com a pronúncia dos mesmos.
(Sujeito B-3)
Como podemos observar pelos comentários nos questionários recolhidos, uma
tendência de tratar a pronúncia relacionando-a à introdução de caligrafia e vocábulos, ou seja,
ela é mais focalizada no Semestre I. E no decorrer dos semestres, outros assuntos são mais
focalizados. Vejamos o comentário do Sujeito B:
A partir do semestre, não trabalhei essa parte de pronúncia como foco, ou seja, não
trabalhei em nada específico. Foquei-me mais na matéria e na prática de exercícios e
tentei deixar que a pronúncia fosse adquirida apenas escutando os CDs e na prática do
dia-a-dia. Apenas corrigia quando eu achava necessário. (Sujeito B-5)
Interessante observar que seis professores responderam que tratam de acento da
língua japonesa na sala de aula, e, dentre eles, dois Sujeitos participantes A. Porém,
durante a observação de aula desses dois Sujeitos participantes A, a maneira com que eles
trataram a acento não foi com a correção na produção oral dos alunos, foi dando ênfase à
importância do acento durante a fala em japonês, alertando que se não for bem pronunciada,
pode causar problemas na comunicação. Supostamente, o tratamento de pronúncia da língua
japonesa dos professores desse curso não é a correção de pronúncia, mas sim, a explicação do
sistema fonético e fonológico do japonês.
Quanto às metodologias, eles utilizam materiais de áudio preparados para
compreensão auditiva ou música japonesa. Utilizam também, materiais audiovisuais tais
como: novelas, filmes, clipes de música, programas de televisão japonesa, dentre outros.
Assim, eles utilizam bastante os materiais com a gravação de nativos para demonstrar a
pronúncia de um japonês nativo e o processo de conversas mais próximas ao natural na
medida do possível, ou segundo o comentário de um Sujeito B-3.
Como modo de compensar a pronúncia de um o nativo, utilizar ao máximo o áudio
do material que acompanha o livro para que os alunos tenham a pronúncia nativa
97
como base de comparação para sua própria pronúncia e para a do professor. (Sujeito
B-3)
Dessa maneira, podemos observar o esforço dos Sujeitos participantes A e B em
completar os materiais didáticos. Assim, estão sendo inseridos muitos materiais para input.
Quanto à explicação sobre elementos de pronúncia, tivemos uma discussão sobre o
modo de como explicar a leitura de (tsu) em tamanho menor. A explicação dada nos dois
materiais, Nihongo: Kana – Uma Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1992) e
apostila Kana nyuumon (MELLO, 2007), foi sobre a ortografia, porém, inclui a expressão
“duração de uma sílaba” indicando o ritmo da língua japonesa. Então, os professores têm que
explicar como se pronuncia essa letra em tamanho menor, juntamente com a ortografia.
Porém, todos os professores comentam que somente essa explicação não é suficiente para
indicar a existência de uma “pausa” durante a produção de palavras que possuem esta letra
/tsu/ (tsu) em tamanho menor.
Quando cada professor explicou sobre a letra /tsu/ (tsu) em tamanho menor,
inserindo suas explicações, surgiu uma polêmica sobre o uso do termo “pausa”. Existem
professores que estudaram sobre a pronúncia dessa letra com outro livro Hatsuon (KAWASE;
SUGIHARA; UENO, 1980). A explicação dada nesse livro diz que um “prolongamento”
dos fonemas /s/ e /ʃ/, quando os mesmos forem precedidos do /tsu/ (tsu) em tamanho
menor, e tal assunto foi apresentado por um dos professores nessa oficina. O curso possui o
livro Hatsuon (KAWASE, SUGIHARA e UENO, 1980) há muito tempo, porém, é raramente
consultado pelos Sujeitos participantes A e B. Dessa forma, surgiu a discussão de uso de
termos diferentes entre os Sujeitos participantes A e B que haviam consultado esse livro e
os que não haviam. A partir de tal discussão, chegou-se a conclusão de que o termo “pausa”
seria utilizado com os fonemas /p/, /t/ e /k/ enquanto o termo “prolongamento” seria utilizado
com os fonemas /s/ e /ʃ/.
4.4.4 Quando ensinam?
Para saber como eles separam o tempo para o ensino de pronúncia, foi perguntado
sobre a distribuição de tempo de aula para tratar do ensino de pronúncia. A maioria dos
professores não separa um tempo da aula especificamente para o ensino de pronúncia.
Vejamos os comentários dos Sujeitos participantes A e B:
98
Outros idiomas que não precisam estudar esses aspectos (escrita japonesa, por
exemplo) podem focar mais na pronúncia, leitura, conversação, enquanto que para nós,
estudantes de japonês, temos esses e muitos outros aspectos para tratar em sala de aula,
dificultando a abordagem das quatro principais habilidades da língua. (Sujeito A-3)
Demonstrar as nuance da pronúncia nas quais possuo mais facilidade é o mais fácil.
Fazer os alunos experimentarem as novidades da língua mãe
64
e corrigir erros
persistentes é o que considero mais difícil. (Sujeito B-1)
4.4.5 Como ensinam?
A maneira de ensinar a pronúncia não varia muito entre Sujeitos participantes. Sobre o
modo de ensinar a pronúncia, vejamos comentários dos Sujeitos participantes A e B:
Sim, na realidade eu passo a teoria e, em seguida, peço para os alunos repetirem
exemplos de palavras sobre aquela pronúncia específica. A repetição ocorre tanto
tendo eu mesmo (o professor) como exemplo ou através de áudio em japonês. (Sujeito
A-1)
Dava atenção a alguns cuidados e fazia correções quando encontrava erros mais graves
no decorrer da aula, com o cuidado de não desestimular ninguém, pois uma boa
pronúncia é algo gradativo e precisa de algum esforço para se conseguir. (Sujeito B-3)
Observa a pronúncia do aluno durante a aula e faz a correção na frente de todos e
em todas as aulas enfatiza a importância da pronúncia correta das palavras e frases.
(Sujeito B-4)
Quando eu ensinei o primeiro semestre, não utilizei nenhum método específico para
cada aspecto, praticamente, pedia para os alunos repetirem a minha pronúncia depois
de mim, e em outros casos, usava um CD com pronúncia de palavras em japonês e
pedia para eles escutarem e depois repetirem. Depois, escutava de novo, e escrevia
como havia escutado. (Sujeito B-5)
Quanto a inserir o ritmo, um Sujeito participante B comentou durante a aula que, para
enfatizar a existência de pausa ou prolongamento, faz algum barulho, por exemplo, bater
palmas, tocar a mesa, e etc. para sentir a existência de mora visualmente e auditivamente.
Assim, podemos entender que cada professor possui um pensamento diferente sobre o que,
como, quando abordar esse assunto no ensino.
4.4.6 Sobre a oficina de pronúncia
Com base nas respostas no questionário aplicado, alguns Sujeitos participantes
comentaram que puderam aprender noções gerais de pronúncia da língua japonesa, porém,
64
Compreendemos esta parte de comentário como a pronúncia da língua japonesa que não há na sua língua
materna, neste caso, a língua portuguesa.
99
quem tinha estudado ou pesquisado livros sobre pronúncia da ngua japonesa, sentiu algo
repetitivo.
O benefício do curso foi, em geral, segundo comentários, o momento de aprendizado
sobre as particularidades da pronúncia japonesa e, assim, conseguimos ter um panorama geral
da pronúncia japonesa. Assim, o conteúdo foi relevante e voltado para as questões principais
relativas à pronúncia. Foi colocado também que viram tudo o que nunca havia sido
apresentado em aula antes e como utilizá-lo. Como não tiveram acesso ao material, ou melhor,
não souberam como usar os materiais que existem no curso por muito tempo, foi útil para
aprender como aprofundar o aprendizado e ensino da pronúncia desta língua.
E, em relação à prática durante a aula, um comentou que antes dessa aula, elementos
que considerava de aquisição muito difícil seguindo um método, percebeu que através da
prática e convivência no dia-a-dia era possível adquiri-los.
Dois Sujeitos participantes B responderam:
É importante, embora exija muita sensibilidade para compreender. (Sujeito A-2)
Funcionou para abrir os olhos em alguns aspectos da pronúncia que antes eu não
conhecia ou passavam despercebidos. (Sujeito B-3)
Depois do curso comecei a me policiar mais com relação à pronúncia e gostei muito
do material utilizado. (Sujeito B-5)
O maior ponto negativo foi a falta de tempo e da prática de conteúdo mais complexo.
Para aprender não somente a teoria, mas também, para adquirir a prática, precisaria de mais
exercícios.
Além disso, continuam carregando a
contradição
de dar ênfase na comunicação oral e,
ao mesmo tempo, dizer que não se deve ficar muito preocupado se está ou não sendo
realizando uma pronúncia correta para que isso não interfira na sua produção oral. Veja o
comentário:
Agora, sabe que existe e que terão casos em que você pode cometer erros, mas em
outros seria melhor pensar duas vezes antes de pronunciar qualquer coisa. É
importante ter em mente que se ficarmos nos policiando antes de qualquer palavra, não
conseguiremos fazer a conversação fluir, então, algumas vezes, mesmo que fale errado,
devemos tentar falar algo. Com certeza o japonês vai se esforçar pra te entender e vai
te corrigir da maneira mais gentil possível. (sujeiot A-3)
A atitude de como tratar o ensino de pronúncia também varia um pouco, por exemplo,
os comentários dos Sujeitos participantes A e B revelaram que:
100
Difícil ensinar sobre shi/chi e su/tsu no começo. Mas é fácil ensinar as sílabas e as
vogais básicas por causa da proximidade com o som. (Sujeito A-2)
Sinceramente ainda não me sinto capaz de trabalhar esse aspecto. Preciso pesquisar e
estudar um livro com o qual eu me identifique para que, assim, possa levar para a sala
de aula. Ainda não tenho uma boa pronúncia, por isso me falta mais conhecimento
sobre o assunto. (Sujeito B-4)
Porém, por ser a primeira aula desta natureza oferecida aos Sujeitos desta pesquisa, em
geral, a maioria comentou que o curso foi um incentivo à pesquisa aprofundada do lado dos
professores, e ao mesmo tempo, os sujeitos comentaram que podem enfatizar mais o ensino
de pronúncia na sala e aula, uma vez que o curso visa melhorar a competência comunicativa e,
para tanto, não podem descartar o ensino de pronúncia. E também, um dos Sujeitos
participantes B comentou que, desde o Semestre I, é necessário ensinar pronúncia para evitar
vícios de linguagem e, nesse sentido, evitar a internalização de uma pronúncia “errada”.
Assim, podemos entender que, cada um possui o seu jeito de tentar aprender e ensinar
a pronúncia da língua japonesa, e todos possuem interesse em incluir o ensino de pronúncia.
Porém, não uma metodologia homogeneizada estabelecida no curso, e assim, podemos
levar em consideração a relevância da contribuição dessa pesquisa como uma base de
informação sobre ensino de pronúncia da língua japonesa na seção de proposta didática.
4.5 Discussão sobre os dados obtidos
Mostramos até aqui o resultado do diagnóstico sobre a leitura em voz alta dos Sujeitos
participantes A, observação de aulas dos Sujeitos participantes A, materiais didáticos, oficina
de pronúncia da língua japonesa juntamente com o questionário respondido pelos Sujeitos
participantes A e B e pela Coordenadora do Curso de japonês do NLE. Temos três questões
de pesquisa; a) Quais fenômenos se manifestam na produção oral dos professores do Curso de
Japonês do NLE? b) De que forma e quais atividades didáticas são desenvolvidas pelos
professores do curso de japonês do NLE para o ensino de pronúncia da língua japonesa, no
que diz respeito ao tom, à duração e aos elementos segmentais? c) Quais atividades didáticas
poderiam ser propostas a este curso para que as peculiaridades essenciais da pronúncia do
idioma japonês sejam destacadas?
Retomamos as observações feitas durante a pesquisa aqui, para responder às primeiras
duas questões de pesquisa e concluir esta sessão.
101
a) Quais fenômenos se manifestam na produção oral dos professores do Curso de Japonês
do NLE?
A maior tendência observada na produção oral dos Sujeitos participantes A que não
seguem o sistema fonético e fonológico da ngua japonesa foi principalmente a questão de
acento. Uma hipótese é que a pronúncia deles poderia ter algumas influências do sistema
fonético e fonológico da língua materna, nesse caso, a língua portuguesa. Retomamos o caso
de Sujeito A-4 na pronúncia da palavra tāminaru
Acento da língua japonesa Acento do Sujeito A-4
Pronúncia Tāminaru tamināru
Distribuição de mora /ta R mi na ru/ [ta mi na R rɯ]
Acento
H L L L L L L H L L
O sujeito prolongou a penúltima mora, como o acento do português, que é paroxítona
e pode-se perceber a maior intensidade na mesma mora. Porém, muitas vezes, a pronúncia
inadequada poderia não ser por causa da influência da ngua portuguesa, por exemplo, a
pronúncia do Sujeito A-3, em que não podemos identificar exatamente a influência da língua
portuguesa. Se a produção oral do mesmo fosse causada pela influência da língua portuguesa,
não haveria prolongamento da última mora /a/, mas sim, da mora /e/, que se situa na posição
paroxítona.
Acento em japonês Acento do professor 3
ta to e ba
/ta to e ba/
L H L L
ta to e ba a
[ta to e ba ː ]
L H H H L
Foi observado também o prolongamento, a pausa e a pronúncia de /j/ que,
eventualmente, confundem a percepção dos interlocutores.
Para analisar detalhadamente a evidência da influência de cada fenômeno tais como a
alteração de tom e de número de moras que modifica o significado em língua japonesa,
precisa-se de uma diferente abordagem como análise acústica. Porém, este trabalho não
possui a intenção de descrever o resultado de análise detalhada sobre a pronúncia dos Sujeitos
participantes A. Concluímos assim que, existem algumas produções orais que poderiam ter
sido influência da língua materna, mas poderiam não ter sido por causa da língua materna.
Contudo, o fato é que, foram observadas algumas inadequações de pronúncia que são
diferentes do sistema fonético e fonológico da língua japonesa.
102
Com o ponto de vista da interlíngua, o que o japonês nativo precisa compreender é que,
algumas inadequações na produção oral dos aprendizes de língua japonesa, especificamente
na pronúncia, não serão erros, mas é um fato que nós estamos observando como um processo
de aprendizagem de uma língua nova. Assim, a pronúncia dos aprendizes pode não ser tal
qual a do nativo.
Dentro dessa consciência, não nenhuma obrigação por parte do aprendiz, em saber
pronunciar tal qual um nativo. Na realidade, pode-se pensar que, falantes da língua-alvo, neste
caso a língua japonesa, devem ficar mais atentos para tentar entender a fala dos aprendizes. E,
o contexto da conversa, mesmo em caso de ambiguidade na pronúncia dos falantes de uma
língua alvo, no caso, a língua japonesa, pode ajudar a compreensão por parte de falantes
nativos. Porém, dependendo da ocasião, essa atenção não será dada sempre do mesmo modo e
consequentemente, pode haver casos em que o contexto da coversa pode não ajudar a
compreensão por parte do interlocutor. Pela própria experiência da autora desta pesquisa,
pode-se observar a importância de uma pronúncia clara. Apresentaremos abaixo, o exemplo
de mau entendimento devido à pronúncia incorreta e aos fatores extra-linguisticos que não
ajudaram a transmissão da intenção do falante.
Houve um diálogo com um amigo da autora desta pesquisa. A autora, nessa época
morava perto da UECE, onde ela estudava e trabalhava como professora-bolsista do Curso de
japonês do NLE. O amigo, por sua vez, também, estudava na mesma Universidade e
trabalhavam juntos como professor de japonês. Como ele tentava aperfeiçoar a sua habilidade
de comunicação oral, a autora utilizava a língua japonesa como meio de comunicação com ele
diariamente.
Ele levava mais de uma hora para deslocar-se de casa até a Universidade, mas ele
costumava voltar para casa para almoçar após a aula da graduação pela manhã. Após o
almoço, voltava à UECE para dar aula de japonês no período da tarde e noite.
Certo dia, ele aceitou um trabalho de intérprete por alguns dias. O horário do
trabalho não era fixo e, um dia, ele trabalhou apenas à tarde. Ele marcou o encontro com o
cliente perto da Universidade, por volta das 16 horas. Pela rotina da família dele que almoça
às duas horas ou um pouco mais tarde, era mais prático, ele almoçar perto da Universidade.
Porém, ele voltou para casa dele depois que ele assistiu aula pela manhã.
Nesse dia, ele ligou para autora por volta de uma hora e trinta minutos da tarde e
pediu que ela preparasse o meshi que significa refeição, em língua japonesa, no modo
coloquial. Quase três horas da tarde, ele apareceu na porta da casa da autora, então a mesma
ofereceu o prato logo que ele entrou na casa. Ele, em vez de aceitar o prato, começou a
103
perguntar sobre o meshi que ele havia pedido por telefone. Depois de uma pequena discussão,
ambos começaram a rir, por um mau entendido que ocorreu durante a conversa pelo telefone.
Esse mau entendido surgiu em razão da pronúncia do amigo da autora que acabou causando
ambigüidade de sentido. Ele quis mencionar meishi que significa cartão de visita, cuja palavra
possui três moras. Porém, a autora percebeu somente duas moras ao ouvir a fala dele por
telefone.
Tanto meshi, refeição, como meishi, cartão de visita caberiam perfeitamente no
contexto da conversa. No caso do amigo, apesar de pronunciar meshi (refeição), teve a
intenção de dizer meishi (cartão de visita), pois necessitava confeccionar os cartões e sabia
que na casa da autora da pesquisa havia materiais. Por outro lado, a autora interpretou a
palavra produzida oralmente, como meshi, pois imaginou que o amigo ainda não havia
almoçado, uma vez que, de acordo com a rotina acima descrita, ela sabia que ele almoçava
tarde.
Assim, pudemos perceber, através do exemplo acima, que uma pronúncia clara, sem
margem a ambiguidade na compreensão por parte do ouvinte, é importante quando for
expressar algo na língua estudada, porque pode ocorrer um momento em que o contexto da
conversa não ajuda a transmissão da mensagem do falante. E até pode ocorrer de um aprendiz
de uma língua nova acabar passando uma imagem negativa para os interlocutores devido à
pronúncia.
Temos de entender que não devemos evitar a comunicação oral por causa das
dificuldades da língua alvo, porém, temos que compreender também que, poderíamos ter a
possibilidade de receber uma avaliação negativa durante a comunicação oral caso não
tenhamos uma pronúncia compreensível para os interlocutores da língua estudada. Assim,
pronúncia é um subsídio indispensável para o estabelecimento de comunicação oral e ao
mesmo tempo, é um subsídio que poderia causar um mau entendimento durante a
comunicação oral se a pronúncia for incompreensível.
Os Sujeitos participantes A e B da nossa pesquisa também, estão muito cientes neste
ponto e dão importância ao ensino de pronúncia desta ngua pela sua própria experiência.
Tivemos a seguinte pergunta no questionário: “Já sentiu dificuldade na comunicação oral com
japoneses por causa da sua pronúncia?”. A maioria respondeu que sim. No entanto, apenas o
Sujeito A-2 comentou que houve dificuldade na comunicação oral não por causa da pronúncia,
mas pela falta de vocabulário, o que dificultou a compreensão por parte do nativo.
Mostraremos comentários de outros sujeitos a seguir:
104
Sim. ocorreu de japoneses terem dificuldade de entender o que eu digo por eu ter
errado uma acentuação
Sim, eventualmente preciso repetir as frases para consertar erros de pronúncia. .
(Sujeiot A-2)
Às vezes percebo que o nativo, da maneira mais natural, vai pronunciar a palavra que
eu queria ter dito, da forma correta, assim ele me mostra como é a real pronúncia.
Com certeza o fato deles se esforçarem pra compreender nosso japonês, ajuda bastante
bem como incentiva e nos corrige sem menosprezar. (Sujeiot A-3)
Sim. Fui mal compreendida por pronunciar uma palavra com a sílaba nica errada.
(Sujeito B-1)
Sim, em relação à acentuação, entonação. (Sujeiot B-2)
Sim. Em conversas mais informais costuma ocorrer sem grandes problemas. Porém há
vezes em que uma palavra mal pronunciada muda o sentido da frase, ou então quando
se é perguntado qual o significado de uma palavra sem antes ter dado um contexto,
raramente consigo me fazer entender sem pôr a palavra em contexto. (Sujeiot B-3)
Dando sequência às questões de pesquisa, encaminhemo-nos desenvolvendo a
segunda questão.
b) De que forma e quais atividades didáticas são desenvolvidas pelos professores do curso
de japonês do NLE para o ensino de pronúncia da língua japonesa, no que diz respeito ao
tom, à duração e aos elementos segmentais?
Durante a observação de aula, não foi verificado um tratamento sistemático de ensino
de pronúncia, observando-se, por sua vez, tratamentos sobre correção e questão de ritmo. O
modo de ensinar a pronúncia dos professores, Sujeitos participantes A é semelhante à maneira
como os mesmos aprenderam com seus professores de japonês. Tal modo, consiste na
repetição de áudio ou repetição da própria pronúncia do professor.
Cada Sujeito participante A tenta trazer atividades que incluam produções orais: pede
para os alunos fazerem leitura de textos de materiais que estavam sendo utilizados, vocábulos
novos ou de suas próprias redações, introduzindo, também, exercícios de diálogo padrão do
livro didático para desenvolver a prática oral. Assim, os Sujeitos participantes A tentam
utilizar ao máximo a língua japonesa, usando frases úteis na sala de aula e no dia-a-dia,
perguntas e respostas entre aluno-professor ou aluno-aluno, e, assim, incluem atividades
comunicativas na sala. Porém, durante essas atividades, não havia momentos específicos para
estudar sobre características peculiares de pronúncia da língua japonesa.
105
Quando o tratamento focalizado na pronúncia, restringem-se à correção de ritmo,
principalmente, à leitura de /tsu/ (tsu) escrita em tamanho menor e prolongamento de mora.
Quanto ao tom, foi enfatizada a importância de diferenciação de tom, porém, não foi
observada a correção de pronúncia relacionada a este elemento.
Outra atividade voltada ao ensino de pronúncia da língua japonesa observada foi a
apresentação do elemento fonético pelo Sujeito participante A-2 em relação às possíveis
realizações de /N/ ([n], [m] e [ŋ]) e a explicação sobre a importância de elementos
fonológicos, especificamente o ritmo.
Quanto à correção de leitura em voz alta ou de fala espontânea dos alunos, observou-
se que os quatro Sujeitos participantes A raramente apontaram as inadequações de pronúncia
cometidos pelos alunos, mesmo que o significado da palavra fosse alterado.
Assim, os Sujeitos pesquisados tratam o ensino de pronúncia indicando as
inadequações ocorridas durante a produção oral dos alunos, porém, não foram esclarecidos os
critérios e momentos em que os Sujeitos interromperiam a fala dos alunos, a fim de fazer a
orientação com relação à pronúncia.
Quanto ao material, nenhum material específico foi utilizado para ensinar pronúncia
da língua japonesa durante a observação de aula. Os materiais didáticos adotados no curso que
tratam da pronúncia da língua japonesa são, por exemplo, o livro Nihongo: Kana - Uma
Introdução ao Silabário Japonês (KAWARAZAKI, 1980) e a apostila Kana nyuumon
(MELLO, 2007) que explicam o princípio do sistema fonético e fonológico da língua
japonesa, porém, em tais materiais não havia material de áudio, o que dificultou a
compreensão das explicações do livro e, consequentemente, os Sujeitos pesquisados disseram
que aprenderam a pronúncia da língua japonesa cada um a seu modo. O livro didático Minnna
no nihongo (ISHIZAWA; TOYODA, 1998) também trata de aspectos de pronúncia da língua
japonesa. Porém, os livros apresentados acima tratam a pronúncia da língua japonesa de um
modo expositivo e não trazem os exercícios concretos para aprendê-la. E durante o
planejamento do curso, não é dada muita ênfase a essa parte.
O sujeito participante A-4 utilizou uma marca indicadora de acento melódica
representada pelas seguintes setas: ”,“ ”, ou ”. Tais sinais foram adotados pelos
livros que ele utilizava quando aluno. No entanto, mais uma vez, tratou-se de um modo mais
expositivo, e não pediu para que os alunos as pronunciassem, a fim de confirmar a pronúncia
dos mesmos.
O curso de Japonês do NLE possui livros de instrução para os professores sobre
pronúncia da língua japonesa no curso chamado Hatsuon (KAWASE, SUGIHARA, UENO,
106
1980) e Hatsuon (IMADA, 1989) que acompanham o material de áudio para ensinar a
pronúncia da língua japonesa, porém, poucos Sujeitos participantes A e B conheciam esses
livros, ou conhecem, mas não sabem como utilizá-los. Essas complicações talvez tivessem
surgido pelo fato de os materiais, todo escrito em japonês, serem destinados a leitores
japoneses nativos, e, dessa forma, as explicações não esclareceram o sistema
fonético/fonológico da Língua Japonesa para os Sujeitos, que são brasileiros e ainda estão em
fase de processo de aprendizagem da escrita e leitura na língua japonesa.
No livro didático Minnna no nihongo (ISHIZAWA; TOYODA, 2000), é
recomendada a utilização do material de áudio que acompanha o livro, através do método de
repetição do áudio.
Em uma situação ideal, seria desejável a presença de um professor de japonês que
pudesse verificar dos professores deste curso, e, além disso, soubesse indicar como poderia
melhorar a pronúncia do Sujeito, dando seu feedback, e assim o método adotado no livro
poderia ter funcionado de modo mais eficiente. Porém, os Sujeitos participantes não tinham
oportunidade, até então, de encontrar uma especialista para abordar esse assunto. Apesar de
todos tentarem procurar uma maneira de ensinar a pronúncia da ngua japonesa, não havia
uma orientação organizada para os professores desse curso, por isso todos ensinavam do jeito
que aprenderam, e, pela mesma razão, alguns sentem insegurança na maneira como ensinam e
na sua própria capacidade de pronúncia. Quando começaram a ensinar no Curso, a própria
aprendizagem foi tomad como uma referência de ensino de pronúncia, introduzindo a escrita
japonesa juntamente com a explicação do sistema fonético e fonológico da língua japonesa, e
repetição da fala do professor.
Quanto à oficina de pronúncia da língua japonesa, por ser a primeira tentativa de aula
dessa natureza oferecida aos Sujeitos dessa pesquisa, em geral, a maioria comentou que o
curso foi um incentivo à pesquisa aprofundada do lado dos professores, e também que podem
enfatizar mais o ensino de pronúncia na sala de aula, uma vez que, se o curso visa melhorar a
competência comunicativa, não podem descartar o ensino de pronúncia.
No capítulo seguinte, apresentaremos as atividades didáticas que poderiam ser
aproveitadas na aprendizagem dos Sujeitos participantes A e B, bem como na sala de aula de
cada Sujeito participante, de modo a responder a questão “c” desta dissertação.
107
5 PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADE DIDÁTICA
Nesta sessão, apresentaremos as propostas didáticas para responder à última questão
desta pesquisa: Quais atividades didáticas poderiam ser propostas a este curso para que as
peculiaridades essenciais da pronúncia do idioma japonês sejam destacadas?”. A resposta para
esta questão deve atender às dúvidas e necessidades dos Sujeitos participantes A e B de
acordo com o objetivo do curso. Assim, poderíamos tomar o resultado da análise feita no
capítulo 4 como base de informação para refletir como trabalhar esse assunto no curso
futuramente.
Como vimos na sessão anterior, o ensino de pronúncia está sendo destacado no
Semestre I quando se introduz a escrita japonesa Hiragana e katakana. Porém, o conteúdo
sobre o ensino de pronúncia está limitado à explicação do sistema fonético e fonológico
apresentado no livro de introdução da escrita japonesa. Ao mesmo tempo, a maioria dos
professores revela que não trabalha a prática da pronúncia através de exercícios. Durante a
observação, percebemos que o tratamento da pronúncia foi realizado durante a leitura de texto
pelos alunos, limitando-se apenas à orientação quanto à atenção em relação ao ritmo e número
de moras. Em resumo, a grande dúvida dos Sujeitos participantes A e B é: como e quando
inserir o ensino de pronúncia em sala de aula.
A proposta de atividades didáticas que faremos nesta seção se baseará nas
dificuldades descritas na coleta de dados desta pesquisa e deverá ser viável para o ambiente de
ensino do Curso, no qual se baseou a nossa pesquisa
Nesta seção, refletiremos sobre a importância de ensino de pronúncia no Curso de
japonês do NLE com base nas informações obtidas durante a pesquisa, e em seguida, faremos
propostas de atividades didáticas que sejam adequadas ao objetivo do curso e realizáveis para
os Sujeitos participantes A e B, em termos de tempo e material, dando ao Grupo de Formação
de Professores de Japonês do referido curso uma base para analisar, desenvolver e incentivar
o ensino de pronúncia da língua japonesa no seu âmbito do curso.
5.1 O quê, como e quando ensinar?
Como Isomura (2009) afirma, não uma resposta única para o quê, como e quando
ensinar a pronúncia da língua japonesa, porque a exigência de boa pronúncia depende da
formalidade, ambiente e objetivo de comunicação.
108
Através da análise feita no capítulo 4, podemos afirmar que os Sujeitos participantes
A e B raramente encontram um ambiente em que se exige apenas a língua japonesa. Quando
surge uma oportunidade de encontrar um japonês nativo para conversar, na maioria dos casos,
os japoneses demonstram simpatia por brasileiros, aprendizes de japonês. Considerando o
ambiente desta pesquisa e o objetivo do curso como conversação, compreensão auditiva,
compreensão textual, além de escrita fonossilábica hiranga a e katakana, podemos estabelecer
o objetivo de ensino da pronúncia como: uma pronúncia inteligível para aqueles que tentam
compreender a fala e não tal qual a pronúncia do nativo. Para tanto, precisamos
primeiramente focalizar as questões de ritmo e acento que podem interferir na compreensão
auditiva por parte dos japoneses nativos. O ensino de pronúncia não precisa ser limitado à
relação estabelecida com a introdução da escrita japonesa na turma de Semestre I, mas seria
desejável que houvesse uma continuidade no tratamento da pronúncia, esperando-se um maior
desempenho na capacidade de comunicação oral dos alunos durante o curso.
Porém, será que o professor pode tratar este assunto apenas quando ensina a
pronúncia para atingir o objetivo do curso? Compreendemos que, como os Sujeitos
participantes são os atuais professores e, ao mesmo tempo, estão no processo de
aprendizagem deste idioma, não nenhuma necessidade de esperar uma melhoria de
pronúncia do japonês dos referidos Sujeitos para introduzir o ensino de pronúncia na sua sala
de aula.
Assim, será importante o Grupo de Formação de Professores do Curso de Japonês do
NLE incentivar o estudo de pronúncia dos Sujeitos participantes A e B, primeiramente,
desenvolvendo a capacidade de compreensão auditiva da pronúncia da língua japonesa dos
Sujeitos participantes A e B. Porque, mesmo que não esteja atingindo o nível de pronúncia
que o curso coloca como objetivo, o professor precisa ter conhecimento de como poderia
analisar a pronúncia dos outros e introduzir ou incentivar os alunos a aprenderem a pronúncia
deste idioma. Ao ensinar, os Sujeitos participantes A e B podem aperfeiçoar sua capacidade
de pronúncia da língua japonesa. Para melhorar a capacidade de compreensão auditiva e de
sua pronúncia, seria ideal ter companheiros tanto colegas quanto japoneses nativos.
Apresentamos aqui as atividades didáticas sobre pronúncia da língua japonesa
baseado nos dois livros de ensino de japonês especificamente a pronúncia, Onsei wo oshieru
65
(ISOMURA, 2009), Komyunikēshon no tame no hatsuon ressun
66
(TODA, 2004) e Nihongo
65
“Ensinar a Pronúncia da Língua Japonesa” (tradução nossa)
66
“Exercícios de Pronúncia da Língua Japonesa voltado à Comunicação” (tradução nossa)
109
no hatsuon kyōshitsu - riron to renshū
67
(KUBOZONO; TANAKA, 1999) As atividades serão
focalizadas nas questões de tom e ritmo, cujos tópicos são mais voltados para os Sujeitos
participantes A e B. Em seguida colocaremos sugestões de melhorias nas atividades que cada
Sujeito participante vem aplicando atualmente.
Todas as atividades que serão mostradas na sessão seguinte poderiam ser utilizadas
não apenas na sala de aula, mas também entre professores durante os seminários que ocorrem
no grupo de formação de professores. E enfatizamos que, a melhoria da sua pronúncia, deve
ser avaliada por outra pessoa, seja por um japonês nativo, seja por outros aprendizes de
japonês. O importante é que para ter uma pronúncia inteligível, sempre se precisa ter uma
confirmação de outros. O próprio aprendiz deveria também saber como avaliar a sua própria
pronúncia. Para tanto, é interessante trabalhar o estudo de pronúncia em conjunto.
5.2 Atividades didáticas de pronúncia
Ambos os livros, Onsei wo oshieru (ISOMURA 2009) e Komyiunikēshon no tame no
nihongo hatsuon ressun (TODA, 2004), tratam as características peculiares do sistema de
pronúncia da língua japonesa para os professores não falantes de japonês poderem aperfeiçoar
sua pronúncia e, também, apresentam atividades concretas que poderiam ser inseridas na sala
de aula. Os livros utilizam pares mínimos e as combinações de homônimos para explicar
sobre pronúncia de japonês no nível lexical com material de áudio e mostram algumas
soluções para a melhoria de um aprendiz que não consiga produzir determinados sons, ritmos
e acentuação. Para visualizar melhor a mudança melódica de acentuação ou de entonação,
Onsei wo oshieru (ISOMURA, 2009) apresenta softwares como instrumentos gratuitos tais
como: Praat, Speech Analyzer ou Wave Surfer
68
, que podem ser adquiridos gratuitamente pela
internet.
Os livros adotam os exercícios típicos do método áudio-lingual, a repetição de
material de áudio gravado por japoneses nativos e adotam também exercícios como role
playing e tarefas que exigem reflexão sobre a pronúncia da língua japonesa de outros e de sua
própria pronúncia. E também, possuem atividades com características do Verbo-tonal Method.
67
“Curso de pronúncia japonesa - Teoria e prática” (tradução nossa)
68
Os sites apresentados no corpo são: Praat <http://www.baixaki.com.br/linux/download/praat.htm> Speech
Analyzer <http://www.softpedia.com/get/Multimedia/Audio/Other-AUDIO-Tools/Speech-Analyzer.shtml>, e
Wave Surfer <http://www.speech.kth.se/wavesurfer/download.html> Todos os sites foram acessados em 12 de
julho de 2010.
110
Julgamos conveniente ressaltar aqui que o material de ensino de pronúncia que o curso
adquiriu é publicado no Japão, e as metodologias de ensino apresentadas nesses livros
refletem muito as tendências sobre metodologia de ensino da época em que os livros foram
publicados. Porém, podemos dizer que os livros, que tratam as estratégias de ensino do
método áudio-lingual, podem ser utilizados também para a abordagem comunicativa,
conforme o uso criativo do professor.
Em seguida, apresentaremos as atividades trazidas pelos dois livros que poderíamos
realizar com os materiais que o curso possui, para tentar responder à última questão de
pesquisa: “Quais atividades didáticas poderiam ser propostas a este curso para que as
peculiaridades essenciais da pronúncia do idioma japonês sejam destacadas?”.
Para as atividades, selecionamos os aspectos segmentais, ritmo e acento, elementos
fonéticos e fonológicos que foram discutidos durante a pesquisa. O ritmo e o acento são
elementos essenciais que, segundo a análise, podem causar a ambigüidade na compreensão
dos interlcutores. Quanto aos aspectos segmentais, tratamos o fonema [ɸ], focalizado durante
a oficina, porque os Sujeitos participantes A e B sentiram dificuldade de pronunciá-lo.
5.2.1 Atividades para o ensino de aspectos segmentais
Os aspectos segmentais que não são pronunciados adequadamente pelos aprendizes
da língua japonesa, não interfeririam no sentido da palavra se o número de moras não for
alterado. Porém, durante a oficina, houve uma discussão sobre sons que eram difíceis de
serem pronunciados. Um desses sons era [ɸ]. Apresentaremos aqui, um exercício para
pronunciar o som [ɸ], cujo som não existe na língua portuguesa.
Atividade 1
Figura 11 - Exercício para pronunciar o som de [ɸ] (TODA, 2004, p.100)
69
69
Tradução nossa do texto contido na figura 11:
111
A explicação dada aqui é imaginar-se soprando a chama de uma vela. Não
nenhuma explicação científica em relação à articulação sonora, porém poderia haver algum
aprendiz que encontre o ponto de articulação assimilado através deste exercício.
Figura 12 – Exercícios para pronunciar o som de [ɸ] - 2 (ISOMURA. 2009, p31)
70
Aqui, temos dois modos para produzir o som explicado nesta parte. Primeiramente,
do mesmo modo que foi explicado no livro de Toda (2008), a indicação dada é soprar a
chama da vela ou imaginar que soprasse uma sopa quente. Outra indicação é soprar um lenço
de papel aberto segurando com duas mãos, como foi mostrado na figura 12. Por fim, depois
que fizer estes movimentos, insira a vogal /ɯ/. Aqui, temos dois modos para produzir o som
explicado nesta parte. Primeiramente, do mesmo modo que foi explicado no livro de Toda
(2008), a tecnica sugerida é soprar a chama da vela conforme mostrado na figura 11. Outra
sugestão é soprar um lenço de papel aberto segurando com duas mãos, conforme mostrado na
figura 12. Por fim, depois destes movimentos, inserir a vogal /ɯ/.
Modo do exercício: Porduz a consoante “fu” como se fosse apagar a chama de uma vela. Vamos pronunciar “fu”
imaginando que estivéssemos apagando uma vela a nossa frente.
70
Tradução nossa do texto contido da fegura 12:
Consoante da mora “fu”
O som da consoante da mora “fu” é produzido com os lábios. Este som é o mesmo som de quando você sopra
algo. Então, vamos treinar da seguinte forma:
1 Lembre do momento de quando você apaga a chama da vela. Coloque um dedo na frente da sua boca no lugar
de vela. Sopre como se estivesse apagando a chama.
1̍ Lembre do momento de quando você esfria a sopa na colher. Imagine que você está segurando uma colher com
sopa quente e sopre como se estivesse esfriando-a.
1̍̍̍ˈ Segure um lenço de papel com as duas mãos e deixe na frente da sua boca. Sopre até mover o papel.
2 Após após soprar, produz-se a vogal “u”.
112
5.2.2 Atividades para o ensino de ritmo
Sobre o ritmo da língua japonesa, os Sujeitos participantes já realizam algumas
atividades a respeito no Semestre I quando ensinam a escrita japonesa, Hiragana e Katakana,
com a apostila Kana nyūmon explicando sobre o sistema de pronúncia da língua japonesa.
Segundo as respostas do questionário, alguns batem palmas junto com a turma para que todos
possam sentir o número de moras, utilizando os pares mínimos como o ji i sa n(avô) e “o ji
sa n (tio). Infelizmente, os Sujeitos participantes não utilizam o material de áudio para
relacionar a escrita com o som de mora, porque a apostila não o possui. Então, os Sujeitos
participantes utilizam sua própria voz para apresentar o som de cada mora e palavras que
contêm a questão do ritmo, da pausa, do prolongamento de vogal, o fonema /j/ que poderia
modificar o número de mora que, consequentemente, alteraria o significado da palavra.
Recomendamos aqui atividades que acompanham o material de áudio.
Atividade 2
A atividade que mostraremos aqui é sobre como introduzir a concepção de mora.
Para compreender melhor sobre o ritmo da língua japonesa, Toda (2004) apresenta atividades
utilizando o movimento das mãos para contar o número de moras das palavras. Através do
questionário respondido, constatamos que alguns professores utilizavam um método parecido
com este e relataram que os alunos compreendiam bem a questão de ritmo através desse
método. Assim, recomendamos aqui esta atividade para reforçar a importância da introdução
de ritmo da língua japonesa. Esta atividade é, supostamente, baseada no Verbo-tonal Method
71
pelo seu método de utilizar o movimento do corpo.
/ e i ga /
Figura 13 - Exercício de prolongamento da palavra eiga /eːga/ - uso de movimento de mãos (TODA, 2004,
p.18)
72
71
O método foi apresentado na sessão 2.2
72
Tradução nossa do texto contido na figura 13:
113
/ tʃo
Q
to /
Figura 14 - Exercício de pausa da palavra chotto /tʃo
Q
to/ - uso de movimento de mãos (TODA, 2004,
p.19)
73
Para elaborar as palavras para fazer este exercício, podemos utilizar um livro
chamado Hatsuon
74
(IMADA, 2002), da biblioteca do Curso de Japonês, que reúne os
exercícios de pares mínimos que abrangem características fonéticas e fonológicas da língua
japonesa e que podem diferenciar o significado da palavra. Um material de áudio, gravação de
voz por um falante nativo em fita cassete, acompanha o material.
Este tipo de exercício pode trazer beneficios para os aprendizes deste idioma como
um exercício de pronúncia da unidade mínima que constrói o ritmo de fala da língua japonesa.
Atividade 3
Acrescentamos aqui uma atividade com um movimento maior do que a atividade 1.
A atividade que mostraremos aqui é apresentada no livro de Isomura (2009). O objetivo é a
contagem do número de moras. Porém, em vez de utilizar a mão, esta atividade utiliza os
dedos para contar o número de moras ou utiliza o corpo todo para sentir o número de moras.
Os alunos se levantam e dão passos de acordo com o número de moras de uma palavra. Esta
atividade também é, supostamente, baseada no Verbo-tonal Method pelo seu método de
utilizar o movimento do corpo.
“Vamos treinar o som prolongado. Junte duas mãos como na figura, e quando for pronunciar o som prolongado
tente abri-las.”
73
Tradução nossa do texto contido na figura 14
“Vamos treinar o som de letra “tsu” escrita em tamanho menor. Vamos tentar fechar a mão na mora “tsu”, e
abri-la logo em seguida.”
74
“Pronúncia” (tradução nossa)
114
Figura15 - Exercício para fixar o número de moras da palavra – uso de movimento do corpo com a
palavra obaasan /obaːsan/ (TODA, 2004, p.19)
75
Podemos acrescentar uma tarefa tanto na Atividade 1 como na 2, isto é, em vez de
utilizar o material de áudio que acompanha o livro Hatsuon (pronúncia) de Imada (1999),
poderíamos utilizar a voz de alunos para verificar se a pronúncia deles está inteligível no
sentido de diferenciar claramente o número de moras ou não.
O espaço de sala de aula não é favorável para que todos se levantem e façam o
movimento. Nesse caso, poderíamos dividir o papel de quem faz o movimento e quem oferece
as palavras. Assim, poderíamos adequar essa atividade ao ambiente de cada sala de aula.
Atividade 4
O objetivo desta atividade é entender mais uma unidade rítmica da língua japonesa,
isto é, o ritmo tendo como base principal duas moras, chamada pé. Muitos autores do ensino
de pronúncia da língua japonesa como Kashima (2002) Tanaka, Kubozono (1999) e Isomura
(2009) organizam os exercícios para aprender o ritmo de com áudio. Apresentamos aqui
um exercício que foi apresentado no livro Nihongo no hatsuon kyōshitsu - riron to renshū
76
de Kubozono e Tanaka (1999). O exercício trata de alteração de número de moras
arbitrariamente para criar o ritmo de pé.
75
Tradução nossa do texto contido na figura 15
b. Pronuncie ao contar o número de mora.
Quando for pronunciar uma palavra, treine a fala contando o número de mora que a palavra possui.
c. Pronuncie andando
Peça para os alunos ficarem de pé na sala de aula. Pronuncie uma palavra ao marchar.
76
“Curso de Pronúncia da Língua Japonesa – Teoria e Prática” (tradução nossa)
115
Figura16 - Exercícios para aprender o ritmo com a unidade de “pé” (TANAKA; KUBOZONO, 1999, p.
53)
77
Veremos um exemplo de manutenção de ritmo de que ocorre no exercício (1).
Nesta frase incluem-se três palavras getsu, ka e sui. São nomes de dias de semana, e quando
se vai pronunciar estas três palavras na frase, ocorre uma alteração do número de moras para
manter o ritmo entre essas três palavras. A palavra ka originalmente possui apenas uma
mora, porém, quando se realiza a leitura, acrescenta-se uma mora e pronuncia-se como kaa
[kaː]. Afinal, as três palavras vão ser lidas como getsu /getsu/, kaa /kaR/ sui /sui/ dentro desta
frase. Assim, esse exercício reuniu frases que enfatizam a unidade rítmica bimoraica para
treinar a questão de pé.
Atividade 5
Toda (2004) recomenda o uso de Haiku ou Senryū
78
como atividade de ensino de
pronúncia da língua japonesa. O objetivo é, mais uma vez, sentir o ritmo da língua japonesa,
mas essa atividade inclui uma forma poética, o Haiku. Colocamos um exemplo em Quadro30.
77
Tradução nossa do texto contido na figura 16
Vamos tentar pronunciar as seguintes frases dando atenção à manutenção do ritmo das palavras em negrito.
1) Konshū wa getu kā sui wa isogashīkeredo, moku kin dō wa sorehodo demo naiyo.
(Esta semana, estarei ocupado na segunda, terça e quarta-feira, mas não estarei muito ocupado na quinta,
sexta-feira e sábado.)
2) Ichi kara jyū madedewa, ichi san gō nana kyū ga kisū de nī yon roku hachi jyū ga gūsū desu.
(De um a dez, um, três, cinco e nove são números impares, e dois quatro seis oito e dez são números pares)
3) Kongetsu wa, njyū nanna, njyū hachi, sanjyū to arubaito ga arundesu.
(Este mês, trabalharei no dia vinte sete, vinte oito e trinta.)
4) Watashino ginkō no kōzabangō wa nī yon ichi no hachi gō hachi no zero zero gō nī desu
(O número da conta do meu banco é dois quatro um digito oito cinco oito digito zero zero cinco dois)
5) Watashi no denwa bagō wa nī gō ichi no nana hachi san nī desu.
(Meu número de telefone é dois cinco um sete oito três dois.)
116
Escrita em japonês
とびだすな くるまはきゅう とまれない
Transcrição em rōma-ji
Número de mora
to bi da su na
1 2 3 4 5
ku ru ma wa kyu u ni
1 2 3 4 5 6 7
to ma re na i
1 2 3 4 5
Tradução em português
Não corra! Porque o carro não pode parar de repente.
Quadro 32- Divisão de mora de um slogan de regras de trânsito no Japão
Para elaborar o texto, poderíamos acessar a internet para procurar os sites que
oferecem obras feitas. Este tipo de cultura de curtir o ritmo da língua é um dos lazeres da
cultura japonesa, e assim, o acesso a esse tipo de obra não causaria transtorno no processo de
preparação de material.
5.2.3 Atividades para o ensino de acento
Através do questionário respondido, entendemos que sentir a diferença do tom da
palavra é complicado para os Sujeitos participantes tanto na percepção quanto a produção.
Este elemento é bastante diferente da língua portuguesa, primeiramente, porque não há
indicação de acento na escrita em japonês; por sua vez, o português indica claramente o
acento na ortografia e, quando não há acento, automaticamente o acento cai na paroxítona.
Para facilitar o ensino de acento da língua japonesa, poder-se-ia ensinar as regras do
acento no nível lexical e frasal na sala de aula. Porém, após o experimento de apresentar as
regras gerais de acento da língua japonesa na aula experimental, percebemos que os Sujeitos
participantes A e B ficaram assustados com explicação de regras do acento da língua japonesa,
o que os desestimulou por terem muitas exceções.
Porém, não podemos deixar de ensinar o acento da língua, porque, como vimos na
análise, poderia interferir a identificação do significado da fala dos aprendizes caso não
pronunciada de acordo com o acento de uma determinada palavra.
Em seguida, apresentamos algumas atividades relacionadas ao ensino de acento da
língua japonesa para tentar procurar um modo interessante para os Sujeitos participantes
ensinarem/aprenderem o acento da língua japonesa.
78
Ambos Haiku e Senryū são tipos de poesia. O Haiku possui um ritmo padrão da sua obra organizado pelos três
segmentos dividido por cinco, sete e cinco moras. Além de organização rítmica, o Haiku pede os elementos
linguísticos, por exemplo, interjeições, na linguagem arcaica e pelo menos uma palavra metafórica que indica
uma das quatro estações, isto é, primavera, verão, outono ou inverno. O Senryū, exige apenas esta regra rítmica
do Haiku, e quanto ao tema, poderia ser qualquer acontecimento do dia-a-dia. Existem também propagandas ou
slogans que adotam esta regra rítmica.
117
Atividade 6
Isomura (2009) apresenta um modo de sentir o acento do nível lexical da língua
japonesa utilizando o movimento do corpo. O acento de uma palavra poderia ser alterado
dentro de uma frase. Isomura (2009) esclarece que, esta atividade é para reconhecer onde teria
a queda de tom de uma palavra, para poder levar este conhecimento para a pronúncia da frase
e não como atividade de treinar a entonação. Esta atividade também é, supostamente, baseada
no Verbo-tonal Method pelo seu método, utilizar o movimento do corpo. Vejamos a Figura
17e 18 para poder entender o movimento.
/sa ka na/ /ta ma go/
Figura 17 - Exercício para fixar acento da palavra: uso do movimento de braço com as palavras sakana
/sakaNa/ e tamago /tamago/ (ISOMURA, 2009, p.92)
79
/sa ka na/ /ta ma go/
Figura 18 - Exercício para fixar acento da palava: uso do movimento de cabeça com palavras sakana
/sakaNa/ e tamago /tamago/ (ISOMURA, 2009, p.93)
80
A figura 17utiliza o mrovimento do braço para indicar o tom alto e baixo, e a 18
utiliza o movimento da cabeça para entender a mudança de tom da palavra sakana (peixe) e
tamago (ovo). Como podemos verificar na figura, o caso de sakana /sakaNa/, somente a
79
Tradução do texto contido na figura 17
Utilize o braço: Ao pronunciar a palavra, mobiliza-se o braço de acordo com acento de cada palavra (alto e
baixo).
80
Tradução do texto contido na figura 19
Balançe a cabeça: Pronuncie as palavras ao levantar ou baixar a cabeça de acordo com o acento (alto e baixo)
118
mora /sa/ é alta e outras moras /ka/ e /Na/ são tons baixos. Quanto à palavra tamago
/tamago/,as moras /ta/ e /go/ são baixos e /ma/ é alto. De acordo com a alteração de tom,
utiliza o movimento do corpo para indicar o acento. Importante lembrar para os alunos não
nasalizarem a mora que vem antes de fonema /N/, ou seja, /ka/ de palavra sakana e /ta/ da
palavra tamago, que é um fato observadas nas pronúncias dos Sujeitos participantes A e B.
Outra maneira de mostrar a diferença de tom é utilizar a partitura musical. Utiliza
dois sons diferentes para indicar o tom alto e baixo. Verificamos tons altos e baixos de três
palavras, sakana /sakaNa/, tamago /tamago/ e tomato /tomato/.
/sa ka na/ /ta ma go/ /to ma to/
Figura 19 – Exercíco para fixar acento – uso de partitura musical com palavras sakana /sakaNa/, tamago
/tamago/ e tomato /tomato/ (ISOMURA, 2009, p.93)
Porém, infelizmente, Isomura (2009), explica que precisamos conhecer o acento de
cada palavra sistematicamente. Segundo Isomura (2009), mesmo os aprendizes precisam
conhecer o acento de todas as palavras, pois existe um padrão de acento para o verbo e um
tipo de adjetivo
81
. Entre verbos, existem apenas dois padrões: o primeiro padrão é que os
verbos que não têm queda de tom dentro desses verbos, e outro padrão é que existe uma
queda de tom na penúltima mora. Existem algumas exceções, porém esse caso se encontra em
poucas ocasiões.
Quanto ao adjetivo, isso poderia ajudar para conhecer o acento de palavras de língua
japonesa. O primeiro padrão é que estes não têm queda de tom dentro desses adjetivos, e
outro padrão éque a queda de tom sempre se encontra antes de /i/
Atividade 7
O livro Hatsuon (IMADA, 1989) traz os exercícios que organizam os pares mínimos
e homônimos que abrangem os elementos de tom e ritmo. Poder-se-ia utilizar esse tipo de
81
Imada (2009) utiliza o termo para este adjetivo “adjetivo-i”. Este tipo de adjetivo sempre termina com /i/ numa
forma que se encontra no dicionário.
119
exercícios para treinar a audição para diferenciar o acento de cada palavra e as palavras de
pares mínimos dentro de frases (ver anexo D e E). O objetivo desse exercício é aprender a
diferenciar o tom, assim, os Sujeitos participantes A e B podem introduzir este tipo de
exercício independente de nível da turma.
Porém, o livro de Toda (2004) apresenta os exercícios prontos para treinar os pares
mínimos e homônimos juntamente com a figura e com o áudio, junção essa que poderia
ajudar para uma compreensão mais eficaz.
Figura 20 - Exercício para aprender a pronúncia de palavras homônima (Toda, 2008, p.42)
82
Atividade 8
Para aprender a entoação da língua japonesa, poder-se-ia utilizar o Prosody Graf
apresentado no livro chamado Ichinichi jyuppun no hatsuon renshū (Kawano; Kushida;
Tsukiji; Matsuzaki, 2004)
83
. O curso possui esse livro, porém ainda não foi utilizado na sala
de aula. Durante a aula experimental, este livro foi apresentado por Sujeitos participantes A e
B. Confirmamos que os Sujeitos participantes A e B nunca aprenderam e nunca ensinaram a
82
Tradução do texto contido na figura 20:
Vamos tentar pronunciar.
A língua japonesa possui uma característica fonológica que, de acordo com a posição do acento, modifica o
significado da palavra. Vamos treinar a pronúncia com seguintes frases. Vamos tomar cuidado com a altura do
tom das partículas “ga” e “wa”.
(1) Sake ga sukidesu (Eu gosto de salmão)
(2) Sake ga sukidesu (Eu gosto de sake, bebida alcoólica japonesa)
(3) Kaki wo tabemashita (Eu comi ostra)
(4) Kaki wo tabemashita (eu comi caqui)
(5) Ame ga futte imasu (Está chovendo)
(6) Amega arimasu (Há balas)
83
“Exercícios de pronúncia da língua japonesa, dez minutos por dia” (tradução nossa)
120
questão de entoação deste idioma e, assim, conheciam este livro, porém nunca utilizaram em
sala de aula.
A unidade mínima de que o livro trata não é a nível lexical, mas a nível frasal. A
diferença na abordagem deste livro está na aprendizagem da mudança melódica de
determinada frase na forma visual, tratando da entoação com a marca indicadora de mudança
melódica de forma diferente de outros livros. Em outros livros, a marca indicadora de acento
é colocada em cada palavra, porém, este gráfico indica tanto o acento como a entoação.
Vejamos aqui, na figura 21, o gráfico chamado Prosody Graf.
Figura 21 - Prosody Graf (KAWANO; KUSHIDA; TSUKIJI; MATSUZAKI, 2004 p. iv)
Os autores deste livro denominaram a diferença de tom como “montanha”. Tal termo
está sendo utilizado para indicar um segmento composto de apenas uma subida de tom dentro
de uma frase. No gráfico do lado esquerdo na figura 21, existe apenas uma “montanha”,
enquanto no gráfico da direita, existem duas montanhas em apenas uma frase. Cada mora é
indicada por um desenho como uma bola e a mora prolongada é representada pela imagem de
uma elipse.
Quanto à mudança melódica frasal, ela está representada com a linha vertical
diferenciada pela altura. E a questão fonética é tratada apenas no não pronunciamento da
vogal indicado por uma bola ou elipse com a linha ponteada. Existe um site que oferece
exercícios contidos nesse livro, junto com o áudio. Então, podem entrar no site para
experimentar este material
84
.
Os sujeitos poderiam juntar os dois tipos de atividades, atividades de aprender o
ritmo e acento, como no caso de Atividade 1 e 2, e Atividade 5, contando número de moras
com o movimento do corpo e ao mesmo tempo, utilizar o movimento do corpo para enfatizar
a mudança de tom. A partir dessas atividades apresentados acima, poder-se-ia desenvolver
muito mais atividades que poderiam ser inseridas na sala de aula no seu ambiente de ensino.
84
http://home.hiroshima-u.ac.jp/hiroshim/pg.html. Acesso em 10 de maio de 2010.
121
5.2.4 Sugestões para o desenvolvimento de atividades a serem inseridas por Sujeitos
participantes A e B.
Os sujeitos participantes mostravam sua criatividade para introduzir a prática oral da
língua japonesa. Podemos desenvolver as atividades de ensino de pronúncia da língua
japonesa a partir das atividades atuais inseridas na sala de aula com a criatividade de cada
professor. Em seguida, apresentaremos as atividades que podemos realizar com material do
curso ou material que poderiam ser adquiridos com facilidade através da rede digial, ou seja,
internet.
5.2.4.1 Modificação de atividades adotadas nos livros
O curso possui um livro chamado Ofukurowa fukuro? Kanchigai 50 Is My Mother
a Bag?
85
O livro é organizado com base num programa de rádio coreano que estava sendo
transmitido entre 1999 a 2000. Este livro juntou cinquenta diálogos que podem causar mal-
entendidos, ocasionalmente, mesmo entre os japoneses, por causa da pronúncia, da estrutura
gramatical e da diferença de costume entre culturas diferentes visando o público como
aprendizes de língua japonesa no nível intermediário.
Originalmente, esse livro é utilizado como exercício de compreensão auditiva com a
gravação de japoneses nativos, porém, podemos aproveitar alguns diálogos apresentados neste
livro focalizando o mal-entendido causado pelo ritmo e pelo acento. Apresentamos um
exemplo de exercício utilizando o exercício 11 deste livro para explicar o processo da
atividade. Descrevemos aqui, o diálogo em japonês e transcrição em rōma-ji, e a tradução do
diálogo em português. O roteiro do diálogo foi extraído da página 55 deste livro.
Escrita em japonês Transcrição em Rōma-ji
男:山田さんがビールをつくったんだって。
Otoko: Yamadasan ga bīru wo
tsukuttandatte.
女:うらやましいわあ。
Onna: Urayamashiiwaa.
男:僕も作るんだ。
Otoko: Bokumo tsukurunda.
女:あなたも?みんな金持ちなのねえ。
Onna: Anatamo? Minna
kanemochi nanonee.
男:どうして?ビールをつくるだけだよ。
君だってできるよ。
Otoko: Doushite? B
īru wo tsukuru
dake dayo. Kimi datte dekiruyo.
Quadro 33-Roteiro do diálogo do Exercício 11
85
“Minha mãe é uma sacola? Mau entendimento 50” (BONJINSHA, 2002). (tradução nossa)
122
- Tradução em português -
Homem: Ouvi falar que o Sr. Yamada fez uma cerveja caseira.
Mulher: Nossa, que bom.
Homem: Eu farei isso também.
Mulher: Você também? Nossa, mas todos têm dinheiro, hein?
Homem: Por quê? Farei apenas uma cerveja caseira. Você também pode fazer.
Neste diálogo, a mulher entendeu a palavra bīru [biːrɯ] como biru [birɯ]. A palavra
bīru possui três moras tendo prolongamento na mora /i/, por sua vez, a palavra biru
possui duas moras sem ter prolongamento. A primeira significa cerveja, e a segunda significa
prédio. Assim, a mulher entendeu que Sr Yamada construiu um prédio, e achou que o homem
também faria isso facilmente. Por isso, ela comentou no diálogo, “Nossa, mas todos têm
dinheiro, hein?”. É subtendido fazer uma cerveja caseira não é uma atividade que tem custo
alto. Vejamos aqui, as propostas novas para utilizar este material.
O principal objetivo desta atividade modificada do exercício é utilizar a gravação de
produção oral dos alunos. Os alunos vão realizar este diálogo para ser gravado. A gravação
será utilizada no lugar de material de áudio gravado por japoneses nativos. Assim, os alunos
precisam diferenciar bem a existência/ausência de prolongamento na segunda mora /i/. O
procedimento desta atividade é o seguinte:
1. Escolher dois alunos para realizar este diálogo.
2. Dois alunos praticam bastante este diálogo ao ouvir o material de áudio do livro.
3. Gravar a produção deste diálogo produzido pelos mesmos.
4. Utilizar a gravação do diálogo dos alunos na sala de aula no lugar de material de áudio
que acompanha esse livro.
5. Outros alunos fazem o exercício do modo original, mas desta vez, será com o diálogo
feito com os colegas da sala.
A vantagem da gravação é que os dois alunos refletem sobre suas pronúncias e, ao
mesmo tempo, o professor também poderia aperfeiçoar sua capacidade de avaliação junto
com os alunos ao acompanhar a gravação.
Também, em vez de fazer a gravação, poder-se-ia realizar o diálogo dos alunos na sala
de aula. Seria interessante os alunos inserirem algumas ões como teatro, para que o diálogo
se torne mais real. Através desta atividade, poder-se-ia mostrar para os alunos a importância
123
de uma pronúncia inteligível para os outros. Ao mesmo tempo, esperamos criar o hábito de
avaliar a pronúncia dos outros.
Assim, com este livro, podemos trazer um exercício no nível frasal para treinar a
pronúncia da língua japonesa levando em consideração o contexto em que poderia acontecer
no dia-a-dia.
5.2.4.2 Gravação de produção oral
Recomendamos aqui, mais uma atividade para utilizar a gravação de voz dos Sujeitos
participantes A e B e trabalhar junto com os nativos para criar o parâmetro de avaliação de
pronúncia dos alunos e, ao mesmo tempo, dos próprios Sujeitos participantes.
Durante a observação de aula dos Sujeitos participantes A, acompanhamos também a
prova oral de três Sujeitos: Sujeitos participantes A-1, 3 e 4. O modo de aplicar a prova oral
mostra a criatividade de cada Sujeito participante. Porém, percebemos que o critério de
avaliação de prova oral não estava claro. A partir dessa observação, a sugestão que faremos
aqui será o restabelecimento sobre a avaliação de pronúncia da língua japonesa durante a
prova oral. O objetivo principal da prova oral estava sendo a confirmação do grau de
compreensão dos alunos sobre estruturas e regras gramaticais que apareceram nos capítulos
estudados através de produção oral, mas como os alunos vão ter oportunidade de se expressar
em língua japonesa neste momento, poderia ser avaliada também a pronúncia deles.
Para efetuar a avaliação de pronúncia dos alunos na prova oral, recomendamos
utilizar um aparelho que possa gravar a voz durante a prova oral, porque durante a prova oral,
seria interessante focalizar mais na manutenção de comunicação oral do que na pronúncia.
Como os Sujeitos A e B comentaram que ainda não estão seguros para avaliar a pronúncia dos
outros, nesse momento, a avaliação de pronúncia, poderia pedir a colaboração de um japonês
nativo. Através da avaliação junto com um nativo, poder-se-ia perceber em que pontos os
nativos sentem dificuldade na compreensão do significado na produção oral dos alunos. Seria
importante se acostumarem a ouvir a pronúncia dos outros.
Como foi citado anteriormente, no curso é difícil encontrar um japonês nativo ou
pessoas que poderiam avaliar a pronúncia da íngua japonesa. Porém, atualmente, o uso de
internet é bastante comum para maioria dos Sujeitos participantes A e B, pois é interessante
manter o contato com os japoneses que os Sujeitos participantes conheceram e que têm
interesse em colaborar no ensino de japonês para o curso. Através de questionário, podemos
entender que alguns Sujeitos participantes possuem este tipo de contato pessoalmente, mas
124
podemos organizar esses contatos para que se possa criar uma comunidade de troca de ajuda,
tanto para os Sujeitos participantes poderem receber colaboração dos japoneses nativos, como
para os Sujeitos participantes poderem oferecer algumas colaborações para os japoneses.
Assim, os Sujeitos participantes poderiam criar um parâmetro de avaliação de
pronúncia da língua japonesa dos alunos focalizando os pontos que não serão inteligíveis para
os japoneses nativos e, ao mesmo tempo, poderiam verificar as diferenças entre japoneses
nativos e Sujeitos participantes sobre a percepção dos japoneses nativos sobre a pronúncia de
aprendizagem desta língua.
5.2.4.3 Teatro
Outra sugestão que podemos fazer aqui é sobre a peça teatral que os alunos do
Sujeito participante A-4. Sujeito participante A-4 organiza peças teatrais para sua turma.
Quando apresentação de peça teatral, geralmente é realizada na sala de aula no final de
semestre, porém todos os alunos são convidados para assistir. Como o ambiente da turma é
favorável para fazer brincadeiras entre eles, inclusive o professor, esta atividade é uma das
atividades em que os alunos se divertem tanto de participar como de assistir.
Dentro desta atividade, os participantes se expõem bem, porém eles raramente
decoram a sua fala que está no roteiro da peça e, consequentemente, acabam lendo o roteiro
no momento da apresentação. Quanto à pronúncia, como eles se concentram somente na
leitura, não se preocupam com a pronúncia. O objetivo principal dessa atividade talvez seja o
desenvolvimento comunicativo ou o incentivo ao uso da língua japonesa, porém, esta
atividade poderia ser modificada de modo que se incluam atividades de prática de pronúncia
da língua japonesa.
Então, poder-se-ia aproveitar os materiais extras que muitos Sujeitos participantes A
e B utilizam, isto é, materiais audiovisuais em japonês adquiridos através de várias maneiras,
tais como: internet, gravações de programas de televisão transmitidos ou filmes lançados no
Brasil. Escolher uma das cenas interessantes, e primeiramente, fazer a transcrição de fala das
personagens de novela para eles fazerem o roteiro de uma cena para fazer a encenação. Nesse
momento, os alunos têm que prestar atenção maior na fala dos personagens, e assim, poderem
se acostumar à velocidade da fala autêntica. Depois que terminar de fazer o roteiro, os alunos
vão treinar a fala da sua personagem ao ouvir a fala original de um personagem do material
audiovisual. Durante esse processo, podemos esperar a melhoria da compreensão auditiva da
125
fala que acontece no dia-a-dia dos japoneses. Consequentemente poder-se-ia esperar o
melhoramento de pronúncia ao acostumar-se a avaliar o som da língua japonesa
Talvez, para turmas de nível inicial tenha-se dificuldade na elaboração de roteiro através de
compreensão auditiva, por nessas turmas haver menos conhecimento linguístico de japonês.
Neste caso, propomos uma alternativa a esta atividade. Em vez de organizar o roteiro que
segue a fala de um modelo, eles criam o diálogo de acordo com estruturas gramaticais que
aprenderam até então. Neste caso, o Sujeito participante que acompanha essa atividade não
teria o modelo de fala dos nativos, porém, poderia indicar as principais características de
pronúncia da língua japonesa para não deixar esta atividade simplesmente como uma diversão
no curso.
5.2.4.4 Pesquisa sobre materiais para o estudo de pronúncia
Nesta seção, apresentamos algumas indicações de material de ensino de pronúncia da
língua japonesa que pertencem ao curso de japonês do NLE para facilitar a aprendizagem de
estudo de pronúncia da língua japonesa, isto é, aprender a identificação de acerto. Por terem
uma maneira de identificar o acento da língua japonesa, acreditamos que, facilitará sua
aprendizagem de pronúncia deste idioma.
Mais uma vez, citamos o livro Hatsuon (IMADA, 1989), que apresenta várias formas
de indicação de acento adotadas por vários materiais, tais como: dicionários de japonês,
dicionários de acentuação de japonês, dicionários de japonês-inglês, livros sobre acento da
língua japonesa, livros de ensino de japonês pra estrangeiros, entre outros. (ver o anexo D e E)
Os Sujeitos participantes podem escolher uma maneira de indicação de acento que fique
melhor para eles utilizarem no seu estudo individual, por exemplo, quando fore, fazer o
exercício de compreensão auditiva.
O Dicionário de Japonês-Português (Jaime Nuno Cepeda Coelho, 1998) seria mais
um material que oferece o modo de indicação de acento de palavras japonês. Neste dicionário,
as palavras japonesas estão escritas em rōma-ji e os significados estão escritos em português.
Nas palavras japonesas, uma indicação de acento em cada palavra. O sistema da indicação
do acento é colocar um acento agudo, como o do sistema de ortografia do português, em cima
da vogal de cada mora, onde possuem os tons altos. (ver anexo G) Recomendaremos
consultar esse dicionário para conhecer esse tipo de marca indicadora de acento para os
Sujeitos participantes ter mais uma opção da sua maneira de anotar o acento da língua
japonesa além do livro Hatsuon (IMADA, 1989).
126
Mais um material do referido curso que poderia apoiar a aprendizagem de pronúncia
da língua japonesa para os Sujeitos participantes A e B é Dicionário de acento da língua
japonesa (NHK, 1998). Sugerimos que os Sujeitos participantes façam um estudo sobre o
acento dos vocabulários da língua japonesa. O dicionário indica onde cai o acento dentro de
uma palavra, então os Sujeitos participantes A e B poderiam se acostumar com a indicação de
acento do dicionário (ver o anexo H). Existem alguns Sujeitos participantes que utilizam o
material de áudio para introduzir os vocabulários novos. A metodologia que se utiliza é a
repetição de áudio. Então, seria interessante fazer um pré-estudo sobre o acento de cada
palavra nova e assim, poderiam ficar mais seguros para avaliar a pronúncia dos alunos quando
for indicar os vocabulários novos na sala de aula.
Assim, tendo um estudo organizado sobre metodologia de ensino de pronúncia da
língua japonesa, os professores poderiam desenvolver o ensino e aprendizagem de pronúncia
da língua japonesa no referido curso.
Para finalizar esta seção, ressaltamos que as atividades e indicações sugeridas não
são prontas e acabadas. Os dados são apenas umas ideias para os Sujeitos participantes
poderem se referir como base de informação para desenvolver outras atividades considerando
a necessidade e perfil de cada turma. E, esses dados poderão ser analisados e discutidos
durante a atividade do Grupo de formação de professores de japonês do NLE como incentivo
para trabalhar pronúncia de língua japonesa.
No próximo capítulo, apresentaremos sucintamente todo o trabalho para finalizar esta
pesquisa.
127
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo geral realizar uma investigação sobre o
tratamento do ensino de pronúncia no Curso de Japonês do Núcleo de Línguas da UECE e
elaborar uma proposta didática para contribuir com a melhoria do processo de ensino e
aprendizagem da língua japonesa no referido curso. Nossos objetivos específicos pretendiam
verificar os fenômenos que se manifestam na produção oral dos professores do Curso de
Japonês do NLE; as metodologias que os professores do curso de japonês adotam para ensino
de pronúncia no que se refere ao tom, à duração e aos elementos segmentais da língua
japonesa; as atividades didáticas adotadas pelos professores para o ensino da pronúncia na
mesma instituição; as atividades didáticas que poderiam ser propostas a este curso para que as
peculiaridades essenciais da pronúncia do idioma japonês sejam destacadas.
Para fundamentar nossas intenções de pesquisa, baseamo-nos, principalmente, nos
estudos fonéticos e fonológicos de Cagliari (1999), Massini-Cagliari (1992), Barbosa (2000),
Collischonn (1996), Kashima (2005), Koizumi (1993), nos pressupostos teóricos sobre ensino
de linguas estrangeiras de Brown (2000), Sasaki (1994), sobre a interlíngua de Corder (1972),
Ellis (198), Gass. Susan M & Gass.Larry Selinker (1997), e nas pesquisas acerca de
problemas de pronúncia de aprendizes de linguas estrangeiras de Silva (2006), Toda (2003),
Tasugawa (1999) Ogawara (1997), e nas propostas didáticas de Toda (2004, 2008), Isomura
(2009), Imada (1989).
Tendo em vista tais objetivos e referenciais teóricos, optamos por um caráter
qualitativo-descritivo como natureza dessa pesquisa e desenvolvemos a metodologia desta
pesquisa com coleta de dados em várias etapas: teste de leitura em voz alta; análise de
materiais didáticos utilizados no referido curso; observação de aulas; oficina de pronúncia da
língua japonesa dos professores do curso de japonês do NLE; aplicação de questionário sobre
ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa com professores do referido curso e um
questionário com a coordenadora do mesmo para conhecer sobre o perfil do curso.
Denominamos quatro professores como Sujeitos participantes A-1, A-2, A-3 e A-4
para realizar a gravação de leitura em voz alta e as observações de aula. Os professores que
não foram enquadrados como Sujeitos participantes A foram denominados como Sujeitos
participantes B. Todos os professores, em outras palavras, Sujeitos participantes A e B
responderam ao questionário e participaram da oficina de pronúncia da língua japonesa.
128
Todos os Sujeitos participantes A e B são concludentes do mesmo curso onde eles ensinam
atualmente.
Para analisar a pronúncia dos Sujeitos participantes A, efetivamos um teste de leitura
em voz alta dos Sujeitos participantes A com os colaboradores japoneses como um suporte de
análise, para não depender da impressão/percepção de uma japonesa nativa, autora desta
pesquisa.
No segundo momento do diagnóstico, verificamos o tratamento de pronúncia dentro
de materiais didáticos utilizados no referido curso.
No terceiro momento, observamos as aulas de quatro professores do curso de japonês
do NLE. Os dados colhidos nas observações da prática dos professores nos permitiram
verificar qual a pronúncia de japonês durante a fala espontânea, o tratamento dado ao ensino
de pronúncia, bem como quais as estratégias didáticas e metodológicas utilizadas por cada
professor.
Por fim, realizamos uma oficina de pronúncia da língua japonesa para oferecer um
espaço para estudar a pronúncia da língua japonesa e discutir sobre ensino e aprendizagem de
pronúncia da língua japonesa.
Procedemos à aplicação de um questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia
da língua japonesa tanto com Sujeitos participantes A como Sujeitos participantes B. O
objetivo maior do questionário é verificar a metodologia, as dúvidas e a postura sobre
ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa como atual professor, e também refletir
sobre quando eram alunos da instituição onde eles ensinam agora.
No outro momento de diagnóstico, aplicamos um questionário com a coordenadora
do curso de japonês do NLE para obtermos mais informações obre o funcionamento da
instituição, objetivo do curso e sobre o ensino de pronúncia deste idioma.
A análise dos resultados obtidos durante a fase de diagnóstico do teste de leitura em
voz alta dos Sujeitos participantes A nos revelou que algumas inadequações de pronúncia
dos Sujeitos que deixa alguma ambiguidade na compreensão por parte dos nativos japoneses.
O resultado da análise de pronúncia dos colaboradores japoneses reforçou a análise de
pronúncia dos Sujeitos participantes pela autora desta pesquisa.
Durante a análise de materiais didáticos, verificamos que tais materiais tratam sobre
a pronúncia de língua japonesa de modo expositivo, porém, não trazem os exercícios
concretos voltados para treinar a pronúncia deste idioma. A estratégia mostrada na instrução
de uso do material orienta para que cada aprendiz atente ao áudio no sentido de se familiarizar
com a velocidade e pronúncia de fala dos nativos.
129
A análise dos resultados obtidos na fase das observações de aula nos revelou que os
Sujeitos participantes A introduzem o ensino de pronúncia quando utilizam o material de
introdução à escrita japonesa, Hirataga e Katakana e incluem a explicação sobre sistema
fonético e fonológico da língua japonesa. Assim, quando terminam o ensino de escrita
Hirataga e Katakana, os Sujeitos participantes A se esforçam para estabelecer um ambiente
de comunicação oral em japonês, porém, o único tratamento de pronúncia foi a correção ou
indicação durante a leitura de texto em voz alta dos alunos, onde ocorreu eliminação de pausa
ou inclusão de prolongamento. Quanto ao acento, não foi mencionado por eles. A mesma
tendência foi verificada pelos dados do questionário e pelas discussões feitas durante a oficina
de pronúncia da ngua japonesa, o ensino de pronúncia deste idioma não foi bem trabalhado
por todo nível de turma. Porém, verificamos também que os Sujeitos participantes estão em
duvidas sobre o quê, como e quando inserir este tema. Por isso, foi limitado ao Semestre I
quando introduziam a escrita japonesa, Hiragana e Katakana.
Conforme o questionário aplicado aos Sujeitos Participantes A e B, foi verificado
que a estratégia de ensino, segundo eles, é parecida com a que os professores deles
utilizavam, isto é, repetição de áudio ou repetição da própria pronúncia dos professores.
Apesar dos problemas detectados, percebemos, por muitas vezes durante nossa
pesquisa, que os professores têm a consciência de que o ensino de pronúncia é um aspecto que
deve ser inserido no seu planejamento de aula do referido curso. O que parecia faltar-lhes, em
nossa opinião, eram direcionamentos para esta prática. Confirmamos essa necessidade de
orientação didática a partir das respostas afirmativas dos professores quando indagados, no
questionário, sobre a importância de existir no NLE uma proposta para o ensino de pronúncia.
No momento de discussão dos dados, averiguamos que até então não houve, no
Curso de japonês, uma proposta didática voltada para o ensino de pronúncia da Língua
Japonesa.
Nossa proposta, pautada nas dificuldades de ensino detectadas na fase do diagnóstico,
visa contribuir com algumas orientações para o tratamento dos elementos de pronuncia em
sala de aula. Nossa ideia foi de sugerir algumas atividades que contemplam os elementos
segmentais e suprassegmentais.
Nossa proposta, no entanto, não tem a intenção de limitar a atuação dos professores,
mas deve servir apenas como uma sugestão, passível de ser adaptada às peculiaridades de
cada contexto de ensino.
Apesar dos esforços, este estudo apresenta algumas limitações resultantes de
diferentes fatores. Com relação ao diagnóstico, seria mais proveitoso se as observações
130
tivessem ocorrido por um período maior de tempo e com mais professores, para que
pudéssemos verificar o tratamento de ensino de pronúncia do curso como um todo.
Seria enriquecedor observar, também, a mudança de tratamento de pronúncia da
língua japonesa antes e depois da oficina de pronúncia para que pudéssemos investigar a
importância de uma orientação e estudo conjunto sobre pronúncia da língua e as dificuldades
mais recorrentes dos Sujeitos participantes A e B com relação à pronúncia da língua japonesa
para tornar a proposta mais completa.
Uma vez que os professores do Curso são também aprendizes da língua japonesa,
precisam ter aulas de aperfeiçoamento de habilidades lingüísticas. Estando eles em processo
de aprendizagem, podem bem conpreender as dificuldades de aquisição de língua japonesa
por parte dos alunos, em nosso caso especialmente em relação à pronúncia. É um fato
plausível que esses professores se esforcem para adquirir o conhecimento mais aprofundado
sobre esse tema, e também, refletir como levar em prática no seu ensino na sala de aula.
A partir das limitações apresentadas acima e de nossa reflexão sobre os resultados
obtidos na pesquisa, apontamos algumas sugestões para possíveis trabalhos futuros:
Estudos longitudinais sobre os efeitos da abordagem de ensino da pronúncia adotada
pelo professor no processo de aquisição dos elementos de pronúncia;
Pesquisas sobre as dificuldades de pronúncia mais recorrentes de estudantes cearenses
aprendizes de japonês, inclusive os professores, abordando aspectos segmentais e
suprassegmentais;
Inclusão de materiais e atividades que contemplem conteúdos necessários para o
desenvolvimento de pronúncia de todos os aprendizes.
Com os dados apresentados nessa pesquisa e, a partir de nossa proposta didática,
esperamos contribuir para a melhoria do desempenho de prática de ensino, no que se refere ao
ensino de pronúncia da língua japonesa. Pretendemos também, com a divulgação de nossos
resultados no curso de japonês do Núcleo de Línguas Estrangeiras, conscientizar e incentivar
os professores em direção a uma atuação mais eficiente em sala de aula no que diz respeito ao
ensino de pronúncia da língua japonesa.
Desejamos que nosso estudo sirva para todos aqueles que lidam com o ensino do
japonês .
131
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RIBEIRO, Maria Alice Capocchi. Século XX: o século da controvérsia na Lingüística
Aplicada e no ensino de Gramática.
Disponível em
<
http://www.filologia.org.br/anais/anais%20III%20CNLF%2006.html
>. Acesso em 10 de julho.
2010.
SAKANE, Shigeru. HINATA, Noemia. Dicionário português-japonês romanizado. Tóquio:
Kashiwa Shyobō, 1992.
SASAKI, Mizue. Ōdio ringaru mesoddo to komyunikatibu apurōchi no yūgō wo mezashite
(The Communicative Approach and the Audio-Lingual Method in the Teaching of Japanese
as a Foreign Language) PP.38-54 Departmental Bulletin Paper Jan-1994. Disponível em
<http://hdl.handle.net/10131/1112> Acesso em: 10 de junho. 2010.
SHINYA. Makiko, KOGA. Chiyoko, TAKADA. Ryou, MIKOGAMI. Keiko. Kanji I -
English edition, Tóquio: 3A Network 2000.
135
SILVA, Thaïs, Cristofaro. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de
exercícios. São Paulo: Contexto, 2005.
__________. O Ensino de pronúncia na aula de língua estrangeira. Disponível em
<http://www.projetoaspa.org/cristofaro/publicacao/pdf/ensinopronuncia-2006-ms.pdf>Acesso
em: 27 maio. 2009
TASUGAWA, Yasuhiko. Burajirujin nihongo gakushuūsya no 2 mora to 3 mora no pitch
jitsugen. In: Onsei kenkyū (Journal of the Phonetics Society of Japan), Tóquio, vol.3, n.3,
p.13-25, dezembro. 1999.
TODA, Takako. Gaikokujin gakushu
̅
sha no nihongo tokushu on no shu
̅
toku In: Onsei kenkyū.
Tóquio vol.7, n.2, p.70-83, 2003.
__________. Nihongo kyōiku to Onsei. Tóqio: Kuroshio Shuppan, 2008.
3A Network, Minnna no nihongo Livro-instrução de metodologia. Tóquio: 3A Network, 1999.
136
Apêndice A: Questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia (pesquisa-piloto)
Dados
pessoais
1. Nome
2. Turma
Experiência
de estudo
da língua
japonesa
1. Idade com que iniciou o estudo
2. Tempo de estudo Tempo de ensino
3. Freqüência de uso da língua japonesa oralmente.
4. Tem contatos com japoneses nativos? Qual é a freqüência? Comunica-
se em que língua?
5. Já foi ao Japão / Ficou quanto tempo?
Comentários
Nível da
língua
japonesa
(auto-
avaliação)
1. Escrita (muito boa / boa / razoável / ruim / muito ruim)
2. Fala (muito boa / boa / razoável / ruim / muito ruim)
3. Compreensão auditiva (muito boa / boa / razoável / ruim / muito ruim)
4. Nível de pronúncia (muito boa / boa / razoável / ruim / muito ruim)
Comentários
Ensino de
pronúncia
1. Como você trata o ensino de pronúncia na sua sala de aula? Qual
material você utiliza?
2. Você corrige pronúncia dos alunos? Qual freqüência?
Estudo de
pronúncia
1. Tem experiência de aulas de pronúncia? (sim/não)
2. Se alguém corrigir sua pronúncia, você acha que sua pronúncia pode
melhorar? (sim/não)
3. Você está satisfeito com sua capacidade de pronúncia? (sim/não)
4. Qual a freqüência da correção da sua pronúncia pelo seu colega?
5. Você gostaria que o interlocutor achasse sua pronúncia igual à de um
nativo? (sim/não)
6. Você acha suficiente manter uma comunicação razoável mesmo sem
ter uma boa pronúncia? (sim/não).
7. Você acha que se não tiver uma boa pronúncia será difícil transmitir
suas idéias? (sim/não)
8. Você sentiria vergonha se não tivesse uma boa pronúncia? (sim/não)
9. Você acha desvantagem não ter uma boa pronúncia? (sim/não)
10. Você acha que seria difícil ser aceito na sociedade se não tivesse uma
boa pronúncia? (sim/não)
11. Você quer ter aulas de pronúncia? (sim/não)
12. Você acha que pode melhorar sua pronúncia com materiais auditivos
ou áudio-visual? (sim/não)
13. Você acha que precisa ter mais tempo para ensinar sobre pronuncia da
língua japonesa na sala de aula?
Comentários:
137
Atitude
sobre
estudo de
pronúncia
1. A matéria sobre pronúncia é importante na aprendizagem de língua
japonesa. (sim/não)
2. Qual o grau de importância de ter a pronúncia igual à de um japonês
nativo?
3. Quero se comunicar em japonês com japoneses nativos (sim/não)
4. Quero trabalhar ou estudar com japoneses nativos (sim/não)
5. Quero conversar com um japonês nativo com uma pronúncia igual ao
nativo. (sim/não)
6. Sempre tenho preocupação de como os japoneses nativos e os outros
aprendizes pensam sobre a minha pronúncia.
7. Quero me esforçar para melhorar minha pronúncia. (sim/não)
8. Não ficarei satisfeito (a) com o nível de pronúncia atual e continuarei
me esforçando para adquirir uma pronúncia igual ao nativo. (sim/não)
9. Gostaria de ter mais aulas ou orientações sobre a pronúncia. (sim/não)
Comentários
Estratégia
de auto-
avaliação
1. Quando alguém corrige minha pronúncia, sinto a diferença entre antes
e depois da correção. (sim/não)
2. Tento imitar a pronúncia dos materiais de áudio ou dos professores.
(sim/não)
3. Comparo minha pronúncia e com modelo tais como; filmes,
programas de TV, músicas, materiais de compreensão auditiva.
(sim/não)
4. Comparo minha pronúncia com a dos outros aprendizes. (sim/não)
5. Aproveito as dicas dos colegas para melhorar minha pronúncia.
(sim/não)
6. Sempre tomo cuidado com minha pronúncia quando vou pronunciar
algo em japonês. (sim/não)
7. Tento saber como aquelas pessoas que possuem uma boa pronúncia
estudam pronúncia. (sim/não)
8. Sempre comparo aspectos comuns e diferentes da pronúncia da língua
portuguesa e da língua japonesa. (sim/não)
9. Você tem alguma metodologia própria para avaliar sua pronúncia?
Comentários
Modo de
estudar a
pronúncia
1. Tenho uma meta para aprender a pronúncia. (sim/não) Como?
2. Tenho e aproveito o livro sobre pronúncia japonesa. (sim/não)
3. Treino pronúncia quando tenho tempo. Como? (sim/não)
138
Muito obrigada!
4. Eu corrijo minha pronúncia procurando uma maneira certa até eu
achar que ela está correta (razoável) (sim/não)
5. Peço as indicações ou instruções aos professores ou amigos sobre
pronúncia. (sim/não)
6. Peço aos japoneses nativos ou colegas para me corrigir. (sim/não)
7. Escuto material de áudio várias vezes para estabelecer uma imagem
da pronúncia correta para aprender a pronúncia. (sim/não)
8. Pronuncio imitando a forma da boca do professor. (sim/não)
9. Presto atenção nas posições dos meus lábios ou da língua ao
pronunciar. (sim/não)
10. Na hora de treinar a pronúncia, tento falar alto e claro. (sim/não)
11. Tenho uma metodologia própria para melhorar minha pronúncia.
(sim/não)
Comentário
139
Apêndice B: Roteiro de leitura em voz alta para os Sujeitos participantes A
UECE
Universidade Estadual do Ceará
Centro de Humanidades
Pós-Graduação em Lingüística Aplicada
Curso de Mestrado Acadêmico em Lingüística Aplicada – CMLA
(O teste está escrito em japonês com guia de leitura em Hiragana em cima de cada
ideograma para facilitar a leitura e o significado de palavras e frases estão em parentes).
1.
1.1.
1.
次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。(Leia as palavras seguintes)
1.
かど
(esquina) 2.佐渡
(o nome de uma ilha no Japão) 3.ビール(cerveja)
4.華道 (caminho de arte das flores) 5.輸送
(envoi pelos correios)
2.
2.2.
2.
次の文を読んでください。
次の文を読んでください。次の文を読んでください。
次の文を読んでください。(Leia as frases seguintes)
1. ここに来
て、おじいさんとおじさんに聞
いてください。
(Venha aqui e pergunte ao avô e tio, por favor.)
2. ゆきという子
は勇気
がある。
(A menina chamada Yuki é corajosa)
3. 大場
さんのおばさんは
おき
で大木
さんと
およ
いでいる。
(A tia Ooba está nadando na parte fundo do mar com Sr. Ooki)
4.
おく
おお
くの
ほん
がある。
(Tem muitos livros no fundo (do quarto)
3.
3.3.
3.
次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。(Leia as palavras seguintes)
1.
きゃく
(cliente) 2.今日
(hoje) 3.使用人
しよ
(empregado) 4.石屋
(loja
que vende pedras)
4.
4.4.
4.
次の文を読んでください。
次の文を読んでください。次の文を読んでください。
次の文を読んでください。(Leia as frasess seguintes)
1.
ひょう
が降
って屋根
しゅうり
に費用
がかかった。
(caiu granizo e gastei muito dinheiro para consertar o telhado.)
2.
ひゃく
まで飛躍
したい。
(quero fazer sucesso até os cem anos de idade)
3.
びょういん
を曲
がると美容院
びよ
があります。
(Dobre a esquina do hospital, você encontrará um cabeleireiro)
140
5.
5.5.
5.
次の言葉を発音してください。
次の言葉を発音してください。次の言葉を発音してください。
次の言葉を発音してください。(Leia as palavras seguintes)
1.
じんぶつ
(pessoa) 2.
ひんめい
(nome do produto) 3.インド (Índia)
4. 課題
(tarefa) 5.元気
(saudável) 6. 火事
(incêndio)
6.
6.6.
6.
次の文を読んでください。
次の文を読んでください。次の文を読んでください。
次の文を読んでください。(Leia as frases seguintes)
1.自分
は人
じんぶんかがく
べんきょう
をしたい。
(Quero estudar a área de ciências humanas.)
2.その意見
には過激派
かんげき
した。
(Até o grupo de radicalistas ficou emocionado com a idéia.)
3.部下
が文化
について
はな
した。
(o subordinado falou sobre cultura)
4.
だいとうりょう
は二期
の任期
を終
えた。
(O presidente concluiu dois turnos)
7.
7.7.
7.
次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。(Leia as palavras seguintes)
1.スパイ(espião) 2.
いっつう
(uma carta) 3.活気
(animo) 4.
いっせい
(primeira
geração) 5.火災
(incêndio)
8.
8.8.
8.
次の文を読んでください。
次の文を読んでください。次の文を読んでください。
次の文を読んでください。(Leia as frases seguintes)
1.
いま
ここにいた
ひと
は何処
へいったのだろう。
(Para onde será que foi aquele homem que estava aqui nesse instante?)
2.
あたら
しい
うた
のレコードを売
った。
(Vendi um disco de uma música nova)
3.今日
じっしゅう
じしゅう
だ。
(a aula prática de hoje será auto-estudo)
9.
9.9.
9.
次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。次の言葉を読んでください。
次の言葉を読んでください。 (Leia as palavras seguintes)
1.
あか
(vermelho) 2. イカ (lula) 3.
うみ
(mar) 4.演技
(apresentação)
5.
(por) 6.
げんきん
(proibição) 7.ご
えん
(carma) 8.
(rasgar)
9.
すみ
(tinta carvão) 10.
せいしょ
(biblia) 11.
そうちょう
(manhã cedo)
12.
たいしょう
(alvo) 13.
ちか
(juramento) 14.電気
(eletricidade)
15.二本 (dois objetos compridos) 16.履
(calçar)
17.
ひろ
(pegar algo do chão) 18.負債
(divida) 19.兵器
(armament)
20.火照
(sentir calor) 21.
みち
(rua) 22.
むし
(inceto)
23.焼
(queimar) 24.容器
(vazilha) 25.和解
(reconsilhação)
141
10.
10.10.
10.
次の文を読んでください。
次の文を読んでください。次の文を読んでください。
次の文を読んでください。(Leia as frases seguintes)
1. 医師
いし
につまづいた。
(o médico tropeçou na pedra)
2. 五日
の事件
についてはいつか
はな
そう。
(conversaremos sobre o acidente um dia)
3. 依然
として以前
のままだ。
(ainda está do mesmo jeito)
4. 貸家
となり
に菓子屋
がある。
(Há uma confeitaria ao lado da casa de aluguel.)
5. このかめにカメがいる。
(Há uma tartaruga nesta vasilha)
6.
げんきん
の持
ち出
しは
げんきん
だ。
(É proibido sair com dinheiro)
7.
しりょう
こうかい
して
こうかい
した。
(Fiquei arrependida de ter publicado este documento)
8. 産科医
へ3
かいおこな
った。
(Fui à ginecologista três vezes)
9.
せいよう
のために西
せいよう
に行
く。
(Irei ao ocidente para descansar)
10.
せき
にもどってせきをした。
(Tossi quando voltei ao meu assento)
11.
11.11.
11.
次の文を読んでください。
次の文を読んでください。次の文を読んでください。
次の文を読んでください。 (Leia as frases seguintes)
1. あなたははっきりと思想
かた
るべきです。
(você deve contar sua opinião)
あなたははっきりと
しんそう
かた
るべきです。
(você deve contar a verdade)
2. ちょっと
にい
さん、
しつもん
していいですか。
(com licença, posso fazer uma pergunta, meu irmão?)
ちょっと二三
しつもん
していいですか。
(com licença, posso fazer umas duas ou três perguntas?)
3.
ざんねん
だったねえ。
しょうかい
するのが
おそ
かったようだ。
(que pena, mas foi um pouco tarde para apresentá-lo)
ざんねん
だったねぇ。
しょうか
するのが
おそ
かったようだ。
(que pena, mas demorou um pouco para ser digerido)
142
4. 実験後
じっ
やっと
しんじつ
かくにん
した。
(confirmamos a realidade após o experimento)
事件後
やっと
しんじつ
を確認した。
(confirmamos a realidade após o incidente)
5.
ゆめ
なか
きり
かこ
まれていた。
(estava envolto pelo nevoeiro no meu sonho)
ゆめ
なか
でキリンに
かこ
まれていた。
(estava rodeado pelas girafas no meu sonho)
6. 遺体
、何処
で見
つかったんですか。
(o cadáver foi descoberto aonde?)
いったい、何処
で見
つかったんですか。
(mas onde é que isso foi descoberto?)
7. これを
きょうじゅう
とど
けていただけませんか。
(pode entregá-lo ainda hoje?)
これを
きょうじゅ
とど
けていただけませんか。
(pode o entregar ao professor?)
12.
12.12.
12.
次の文を読んでください。
次の文を読んでください。次の文を読んでください。
次の文を読んでください。(Leia as frases seguintes)
1.
わたし
の好
きな食
もの
はかれいです
(minha comida preferida é curry)
わたし
の好
きな食
もの
はカレーです
(meu peixe preferido (para comer) é karei)
2. それは
わたし
もう
しました。
(foi eu que disse isso)
それは
わたし
がもうしました。
(eu já fiz isso)
3. はい、それでは来
るまで待
っています。
(esperarei então, até você chegar)
はい、それでは
くるま
で待
っています。
(esperarei então, no carro)
143
Apêndice C: Teste de leitura em voz alta
Universidade Estadual do Ceará
Curso de Mestrado em Lingüística Aplicada
Aluna: YUKA ITO
1. どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものにどちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに○
○をつけてください。
をつけてください。をつけてください。
をつけてください。
(Marque as palavras de acordo com sua compreensão. A opção “c”significa “não entendi” )
1.a.角・b. ード・c.分からない 2a.佐渡 b.サード・c.分からない
3.a.ビル・b.ビール・c.分からない 4a.角・b華道・c.分からない
5.a.輸送・b.郵送・c.分からない
2.
)に聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
に聞き取ったとおりに言葉を入れてください。に聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
に聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
(Escreva as palavras de acordo com sua compreensão)
1.ここに来て )と( )に聞いてください
2.( )という子は( )がある。
3.( )さんの( )は( )で( )さんと泳いで
いる。
4.( )に( )の本がある。
3. どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものにどちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに○
○をつけてください。
をつけてください。をつけてください。
をつけてください。
(Marque as palavras de acordo com sua compreensão)
1.a.客・b.約・c.分からない 2.a.今日・b.器用・c.分からない
3.a.承認・b.使用人・c.分からない 4.a.医者・b.屋・c.分からない
4.
)に聞き取ったとおりに言葉を入
に聞き取ったとおりに言葉をに聞き取ったとおりに言葉を
に聞き取ったとおりに言葉をれてください。
れてください。れてください。
れてください。
(Escreva as palavras de acordo com sua compreensão)
1.( )が降って屋根の修理に( )がかかった
2.( )まで( )したい。
3.( )を曲がると( )があります。
5. どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものにどちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに○
○をつけてください。
をつけてください。をつけてください。
をつけてください。
(Marque as palavras de acordo com sua compreensão)
1.a.人物・b.事物・c.分からな 2.a.品名b.悲鳴・c.分からない
3.a.インド・b.井戸・c.分からない 4a. 寛大・b. 題・c.分からない
5.a.元気・b.劇・c.分からない 6a. 幹事・b. 事・c.分からない
6.
)に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
(Escreva as palavras de acordo com sua compreensão)
1.( )は( )科学の勉強をしたい。
2.その意見に )派も( )した。
3.( )が( )について話した。
4.大統領は( )の( )を終えた。
144
7. どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものにどちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに○
○をつけてください。
をつけてください。をつけてください。
をつけてください。
(Marque as palavras de acordo com sua compreensão)
1.すっぱい・パイ・c.分からない 2.一通・胃痛・c.分からない
3.活気・c.からない 4.一世・異性c.分からな
5.喝采・火災c.分からない
8.
)に、聞き取ったとおりに言葉を入てください。
)に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。)に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
)に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
1.今ここに( )人は何処へ( )のだろう
2.新しい( )のレコードを( )。
3.今日の( )は( )だ。
9. どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものにどちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに○
○をつけてください。
をつけてください。をつけてください。
をつけてください。
(Marque as palavras de acordo com sua compreensão)
1.a.赤・b.カ・c.分からない a. イカ・b. 科・c.分からない
3.a.海・b.(うみ)・c.分からない 4.a.技・b.縁起・c.分からな
.a. 置く・b.c.分からない 6.a.現金・b.厳禁・c.分からない
7.a.ご縁・b.五円・c.分からない a. 咲く・b. 裂く・c.分からない
9.a.司会・b.歯科医・c.分からない 10.a.墨・b.c.分からな
11. a.聖書・b.清書・c.分からない 12.a.総長b.早朝・c.分からない
13.a.対象・b.大将・c.分からない 14.a.い・b.近い・c.分からな
15.a.電気・b.伝記・c.分からない 16.a.日本・b.2本・c.分からない
17.a.履く・b. 吐く・c.分からない 18.a.披露b.拾う・c.分からない
19.a.負債・b.夫妻・c.分からない 20.a.平気・b.兵器・c.分からない
21.a.火照るb.ホテル・c.分からない22.a.b. 未知・c.分からない
23.a.虫・b.無視・c.分からない 24.a.b.焼く・c.分からない
25・a.容器・b.陽気 c.分からない 26.a.解・b 若い・c.分からな
10.
)に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。
に、聞き取ったとおりに言葉を入れてください。 (Escreva as palavras
de acordo com sua compreensão)
1. ( )が( )につまづいた。
2. ( )の事件については( )話そう。
3. ( )として( )のままだ。
4. ( )の隣に( )がある。
5. この( )に( )がいる。
6. ( )の持ち出しは(だ。
7. 資料を( )して( )した。
8. ( )へ( )行った。
9. ( )のために( )に行く。
10. )にもどって( )をした
11. 次の文
次の文次の文
次の文を聞いて、どちら
を聞いて、どちらを聞いて、どちら
を聞いて、どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
の言葉を発音したか、聞き取ったものにの言葉を発音したか、聞き取ったものに
の言葉を発音したか、聞き取ったものに○
○をつけてください。
をつけてください。をつけてください。
をつけてください。
(Marque as palavras de acordo com sua compreensão)
1.あなたははきりと(思想
しそう
しんそう
/?)を
かた
るべきです。
あなたははっきりと(思想
しそう
しんそう
/?)を
かた
るべきです。
145
2.ちょっと(
にさん
/兄さん)、
しつもん
していいですか
ちょっと(
にさん
にい
さん)、
しつもん
していいですか。
3.
ざんねん
だったねえ。(
しょうか
しょうかい
/?)するのが
おそ
かったようだ。
ざんねん
だったねぇ。(
しょうか
しょうかい
/?)するのが
おそ
かったようだ。
4.(事件後
じっけんご
/?)やっと
しんじつ
かくにん
した。
(事件後
じっけんご
/?)やっと
しんじつ
を確認した。
5.
ゆめ
なか
で(
きり
/キリン/?)に
かこ
まれていた。
ゆめ
なか
で(
きり
/キリン/?)に
かこ
まれていた。
6.(遺体
いたい
/いったい/?)、何処
ど こ
で見
つかったんです
(遺体
いたい
/いったい/?)、何処
ど こ
で見
つかったんです
7. これを(
きょうじゅ
きょうじゅう
/?)に
とど
けていただけませんか。
これを(
きょうじゅ
きょうちじゅう
/?)に
とど
けていただけませんか。
12. 次の文を
次の文を次の文を
次の文を聞いて、
聞いて、聞いて、
聞いて、どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものにどちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに
どちらの言葉を発音したか、聞き取ったものに○
○をつけてください。
をつけてください。をつけてください。
をつけてください。
(Marque as palavras de acordo com sua compreensão)
1.
わたし
の好
きな食
もの
は(カレー/かい/?)です
わたし
の好
きな食
もの
は(カレー/かい/?)です
2. それは
わたし
が(もうしました/申しました/?)。
それは
わたし
が(もうしました
もう
しました/?)
3. はい、そでは(車で/来
るまで/?)
っています。
はい、そでは(
くるま
/来るまで/?)待
っています。
146
Apêndice D: Tradução do roteiro de leitura em voz alta
2. As traduções em português estão em entre parênteses.
3. Mora que possui tonicidade alta está em vermelho.
4. As palavras destacadas em cores são elementos focalizados a análise
5. A ordem colocada neste documento acompanha os dois testes, análise de compreensão
auditiva dos nativos e leitura de voz alta dos sujeitos.
1.
1a. /kado/ (esquina) b. /kaRdo/(cartão)
2a./sado/ (o nome de uma ilha no Japão) b./saRdo/ (terceira base no jogo de
beisebol)
3a. /biɾɯ/ (edifício)b. /biRɾɯ/ (cerveja)
4a./kado/(esquina)b. /kadoR/ (caminho da arte das flores)
5a. /yɯsoR/ (transporte)b. /yɯRsoR/ (envio pelos correios)
2.
1. / kokoni kite oʤiRsa
N
to oʤisa
N
ni ki:te kɯdasai /
(Venha aqui e pergunte ao avô e tio, por favor.)
Obs. /ojiRsa
N/
= avô /ojisa
N/
= tio
2. / yɯki to iuɯ ko wa yuRkiga arɯ /
(A menina chamada Yuki é corajosa)
Obs./yɯki/ = nome de uma menina, /yɯRki/ = coragem
3. / oRbasa
N
no obasa
N
wa oki de oRkisa
N
to oyoide irɯ /
(A tia Ooba está nadando na parte fundo do mar com Sr. Ooki)
Obs. /oRbasa
N
/ = sobrenome japonês, /obasa
N
/ = tia, /oki/ = fundo do mar,
/o:ki/ = sobrenome japonês
4. / okɯ ni oRkɯ no ho
Nɡ
a arɯ /
(Tem muitos livros no fundo (do quarto)
Obs. /okɯ/=fundo, /oRkɯ/=muito
3.
1. a./kjakɯ/ (cliente)b./kijakɯ/ (regra) 2. a./ kjo:/ (hoje)b./ kijoR/ (hábil)
3. a. /ʃjoRnin/ (aceitação) b. /ʃiyorniN/(empregado)
4. a./iʃja/ (médico)b. /iʃija/ (loja que vende pedra)
4.
1. / hjou ga fu
Q
te yane no ʃyɯRrini hijoR ga kaka
Q
ta /
(caiu granizo e gastei muito dinheiro para consertar o telhado.)
Obs./hyou/ = granizo, /hijoR/ = despesa
2. / hjakɯ made hijakɯ ʃitai /
(quero fazer sucesso até os cem anos de idade)
Obs. /hjakɯ/ = cem, /hijakɯ/ = fazer sucesso
3. / bjoRi
N
wo maɡaru to bijoRi
N
ɡa arimasɯ /
(Dobre a esquina do hospital, você encontrará um cabeleireiro)
Obs. /bjoRiN/ = hospital, /bijoRiN/ = cabeleireiro
147
5.
1. a./ ʤi
N
butsɯ/ (pessoa)b. /ʤibutsɯ / (coisas e objetos)
2. a./hi
N
meR/ (nome do produto)b./ himeR/ (grito)
3. a./i
N
do/ (Índia)b./ido/ (poço)
4. a. /ka
N
daj/ (generosidade)b. /kadaj/ (tarefa)
5. a./ge
N
ki/ (saudável)b./geki/ (teatro)
6. a. /ka
N
ʤi/ (kanji, ideograma)b. /kaʤi/ (incêndio)
6.
1. / ʤibɯ
N
wa ʤi
N
bɡ
N
kaɡakɯ no be
N
kyR wo ʃitai /
(Quero estudar a área de ciências humanas.)
Obs. / ʤibuN/ =eu, /ʤiNbuN/ =ciências humanas
2./ sono ike
N
niwa kaɡekiha mo ka
N
ɡeki wo ʃita /
(Até o grupo de radicalistas ficou emocionado com a idéia.)
Obs. /kaɡeki/ = grupo de radicalistas , /ka
N
ɡeki/ = emocionar-se
3./ bɯka ɡa bɯ
N
ka ni tʃuite hanaʃi wo ʃita /
(o subordinado falou sobre cultura)
Obs. /bɯka/ = subordinado /bu
N
ka/=cultura
4. / daitoRryo: wa niki no ni
N
ki wo oeta /
(O presidente concluiu dois turnos)
Obs. /niki/ = dois turnos, /ninki/ = período de exercício de um cargo
7.
1. /sɯ
Q
pai/ (azedo)/sɯpai/ (espião)
2. /i
Q
tʃuR/ (uma carta)/itʃuR/ (dor no estômago)
3. /ka
Q
ki/ (animo)/kaki/ (fruta caqui)
4./i
Q
sei/ (primeira geração)/isei/ (diferentes sexos)
5. /ka
Q
sai/ (aplauso)/kasai/ (incêndio)
8.
1. / ima koko ni ita hito wa doko e i
Q
ta no daroɯ /
(Para onde será que foi aquele homem que estava aqui nesse instante?)
Obs. /ita/ = tempo passado do verbo “estar”, /i
Q
ta/ = tempo passado do verbo “ir”
2./ataraʃi: ɯta no reko:do wo ɯ
Q
ta /
(Vendi um disco de uma música nova)
Obs. /ɯta/ = música, / ɯQta/ = tempo passado do verbo “vender”
3./ kyoR no ji
Q
ʃjɯR wa jiʃjɯR da /
(a aula prática de hoje será auto-estudo)
Obs. / ji
Q
ʃyuR/ = aula prática, /ji
Q
ʃyuR/ = auto-estudo
9.
1.a. /aka/ (vermelho) b. /aka/ (sebo) 2. a. /ika/ (lula)b. /ika/ (área de medicina)
3. a./ɯmi/ (mar)b./ɯmi/ (pus) 4. a./e
N
ɡi/(apresentação)b. ./e
N
ɡi/ (sorte)
5.a. /o
kɯ/ (por)b. /okɯ/ (fundo) 6. a./ɡe
N
ki
N
/ (em dinheiro)/ɡe
N
ki
N
/(proibição)
148
7. a./ɡoe
N
/ (carma)b. /ɡoe
N
/ (cinco ienes) 8. a. /sakɯ/ (florescer)b. /sakɯ/ (rasgar)
9. a./sɯmi/ (tinta carvão) b../sɯmi/ (canto) 10. a./seiʃjo/ (bíblia)b. /seiʃyo/ (trabalho
passado a limpo) 11. a. /soRtʃoR/ (chefe geral)b. /soRtʃoR/ (manhã cedo)
12. a./taiʃoR/ (alvo)b. ./taiʃoR/ (capitão) 13. a./tʃikai/(juramento)b. /tʃikai/(perto)
14. a./de
N
ki/(eletricidade)b../de
N
ki/ (autobiografia) 15. a./niho
N
/(Japão)
b ./niho
N
/(dois objetos compridos) 16. a./hakɯ/(calçar)b. ./hakɯ/(vomitar)
17. a. ./hiroR/ (apresentação)b./hiroR/ (cansaço) 18.a./fɯsai/ (divida)b. ./fɯsai/
(casal) 19. a./he:ki/(calma)b ./he:ki/ (armamento) 20. a./hoterɯ/ (sentir calor)
b./hoterɯ/ (hotel) 21.a./mitʃi/(rua)b. ./mitʃi/(desconhecido)
22. a./mɯʃi/(inseto)b./mɯʃi/ (ignorar) 23. a./yakɯ/ (cerca de)b./jakɯ/(queimar)
24. a./yoRki/ (vasilha)b./yoRki/ (extrovertido) 25. a./wakai/ (reconciliação)b.
/wakai/(juventude)
10.
1. / iʃi ɡa iʃi ni tsumazɯita /
(o médico tropeçou na pedra)
Obs. / iʃi / = médico / iʃi / = pedra
2. / itsɯka no jike
N
ni tsɯite wa itsɯka hanaso:/
(conversaremos sobre o acidente um dia)
Obs. / itsɯka / = um dia., / itsɯka / = dia cinco
3. / ize
N
to ʃite ize
N
no mama da /
(ainda está do mesmo jeito)
Obs. / ize
N
/ = ainda, /ize
N/ =
antes
4. / kaʃiya no tonari ni kaʃiya ɡa aru /
(Há uma confeitaria ao lado da casa de aluguel.)
Obs. / kaʃiya / = confeitaria, / kaʃiya / = casa de aluguel
5. / kono kame ni kame ga iru /
(Há uma tartaruga nesta vasilha)
Obs. /kame/ = vasilha, /kame/ = tartaruga
6. / ɡe
N
ki
N
no motʃidaʃi wa ɡe
N
ki
N
da /
(É proibido sair com dinheiro)
Obs. / ɡe
N
kin/ = dinheiro vivo / ɡe
N
kin / = proibição
7. / ʃiryo: wo ko:kay ʃhite ko:kay ʃita /
(Fiquei arrependida de ter publicado este documento)
Obs. /ko:kay/ = publicar /ko:kay/ = arrepender-se
8. / sa
N
kay e sa
N
kay i
Q
ta /
(Fui à ginecologista três vezes)
Obs. / sa
N
kay / = ginecologista, / sa
N
kay / = três vezes
9. / seRjoR no tame ni seRjoR ni ikɯ /
(Irei ao ocidente para descansar)
Obs. / seRyor/ = descansar. / seRyoR/ = país ocidental
10. / seki ni modo
Q
te seki wo ʃita /
(Tossi quando voltei ao meu assento)
Obs. /seki/ = assento, /seki/ = tossir.
149
11.
1./ anata wa ha
Q
kirito ʃisoR wo katarɯ beki desɯ /
(você deve contar sua opinião)
/ anata wa ha
Q
kirito ʃi
N
soR wo katarɯ beki desɯ /
(você deve contar a verdade)
Obs. / ʃisoR/ = opinião, / ʃi
N
soR/ = realidade
2./ tʃo
Q
to niRsa
N
ʃitsɯmo
N
ʃitemo iRdesɯ ka /
(com licença, posso fazer uma pergunta, meu irmão?)
/ tʃo
Q
to nisa
N
ʃitsɯmo
N
ʃitemo i:desɯ ka /
(com licença, posso fazer umas duas ou três perguntas?)
Obs. / niRsa
N
/ = irmão mais velho, /nisa
N/
= umas, uns
3./ za
N
ne
N
da
Q
ta neR /. / ʃoRkai sɯrɯnoɡa osoka
Q
ta joRda /
(que pena, mas foi um pouco tarde para apresentá-lo)
/ za
N
ne
N
da
Q
ta neR / / ʃoRka sɯrɯnoɡa osoka
Q
ta yo:da /
(que pena, mas demorou um pouco para ser digerido)
Obs. / ʃoRkay / = apresentar, / ʃoRka / = digestão
4. / ji
Q
ke
N
ɡo ya
Q
to ʤiʤitsɯ wo kakɯni
N
ʃita /
(confirmamos a realidade após o experimento)
/ jike
N
ɡo ya
Q
to ʤiʤitsɯ wo kakɯni
N
ʃita /
(confirmamos a realidade após o incidente)
Obs. / ji
Q
ke
N
/ = experimento
, /
ji
Q
ke
N
/ = incidente
5./ jɯme no naka de kiri ni kakomarete ita /
(estava envolto pelo nevoeiro no meu sonho)
/ jɯme no naka de kiri
N
ni kakomarete ita /
(estava rodeado pelas girafas no meu sonho)
Obs. / kiri / = nevoeiro, / kiri
N
/ = girafa
6./ itai doko de mitsɯka
Q
ta
N
desɯka /
(o cadáver foi descoberto aonde?)
/ i
Qt
ai doko de mitsɯka
Q
ta
N
desɯka /
(mas onde é que isso foi descoberto?)
Obs. / i
t
ai/ = cadáver, /i
Qt
ai/ = enfatiza a interrogação
7./ kore wo kyoRʤɯR ni todokete itadakemase
N
ka /
(pode entregá-lo ainda hoje?)
/ kore wo kyoRʤɯ ni todokete itadakemase
N
ka /
(pode o entregar ao professor?)
Obs. / kyoRʤɯR / = hoje ainda, / kyoRʤɯ / = professor
12
1. / wataʃi no sɯkina tabemono wa kare: desɯ /
(minha comida preferida é curry)
/ wata
ʃi no sɯkina tabemono wa kare: desɯ /
(meu peixe preferido (para comer) é karei)
150
Obs. / kareR / = uma refeição popular no Japão, / kareR / = o nome de um tipo de
peixe em japonês
2./ sore wa wataʃi ɡa moRʃimaʃita /
(foi eu que disse isso)
/ sore wa wataʃi ɡa moR ʃimaʃita /
( eu já fiz isso)
Obs. / mo:ʃimaʃita / = tempo passado do verbo “dizer”, / moRʃimaʃita / = literalmente
“já fiz”
3. / hai, soredewa kɯrɯma de ma
Q
te imasɯ /
(esperarei então, até você chegar)
/ hai, soredewa kɯrɯ made ma
Q
te imasɯ /
(esperarei então, no carro)
Obs. / kɯrɯmade / = /kɯrɯ/ “vir” + /made/ “até”.
/ kɯrɯmade / = /kɯrɯma/ “carro” + /de/ partícula indicando o lugar “em”
151
Apêndice E: Perfil dos Sujeitos participantes A
Sujeito participante A-1
1. Idade 26
2. Sexo Masculino
3. Cidade natal e de criação Fortaleza
4. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de sua criação
Não
5. Nível e área de estudo Superior completo. Letras Licenciatura
Português/Inglês da Universidade Federal
do Ceará
6. Motivo do seu estudo de japonês Assistir programas de animê, escutar
músicas em japonês
7. O período de ingresso no curso de
japonês
Março de 2000
8. O período de término do curso de
japonês
Novembro de 2003 (terminou até oitavo
semestre)
9. Curso onde estudou japonês Curso de japonês do NLE
10. Livro didático utilizado no curso
Kana Nyuumo I
Shin Nihongo no Kiso I
11. Livro didático utilizado
pessoalmente além do oferecido pelo
curso
Vários livros de Kanj (ideograma) e
de gramática.
Sites na internet para não perder o
contato com o idioma.
12. Nível de japonês Não possui certificado, porém, poderia
ser considerado como intermediário.
13. Interação com japonês nativo
Amigos japoneses nativos na internet.
Alguns dias com japoneses nativos
quando esteve em São Paulo.
14. Experiência de estadia no Japão o
15. Experiência de ensino de língua
estrangeira em outro curso
Sim, Inglês.
16. Experiência e período como monitor
do curso de japonês do NLE
Não. Entrou no grupo de monitoria para
ser professor no Curso de japonês do
NLE sem passar tempo como monitor.
17. Período e instituição em que
começou a ensinar japonês
PROLIN
86
: 2006.2 e 2007.1
NLE: 2009.2
18. Semestre da turma que ensinou no
NLE
Semestre I
86
Projeto de Inclusão de Línguas. Sobre os detalhes veja no a de rodapé 47.
152
Sujeito participante A-2
1. Idade 21
2. Sexo Masculino
3. Cidade natal e de criação Fortaleza
4. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de sua criação
Não
5. Nível e área de estudo Superior incompleto. Faculdade de
Direito da Universidade Federal do Ceará
6. Motivo do seu estudo de japonês Influência dos programas de TV (animê)
7. O período de ingresso no curso de
japonês
2005.1 (Senac)
2006.1 (teste de nível – 3º semestre)
8. O período de termino do curso de
japonês
2008.2 (terminou até oitavo semestre)
9. Curso onde estudou japonês Senac (até segundo semestre) NLE (de
terceiro até oitavo semestre)
10. Livro didático utilizado no curso Minna no Nihongo I, II (3A Network)
11. Livro didático utilizado
pessoalmente além do que oferecido
pelo curso
Progressive nihongo shokyu: Curso
básico de japonês 1e 2
A coleção de Minna no nihongo –1 e 2
Shin nihongo no kiso – módulo de kanji
12. Nível de japonês Não possui certificado, porém, poderia
ser considerado como intermediário.
13. Interação com japonês nativo Não
14. Experiência de estadia no Japão o
15. Experiência de ensino de língua
estrangeira em outro curso
Sim. Japonês
16. Experiência e período como monitor
do curso de japonês do NLE
Março de 2007 até novembro de 2008
17. O período e instituição de que
começou a ensinar o japonês
Março de 2008 NLE
18. Semestre da turma que ensinou no
NLE
Semestre I a IV
153
Sujeito participante A-3
1. Idade 23
2. Sexo Masculino
3. Cidade natal e de criação Fortaleza
4. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de sua criação
Não
5. Nível de estudo Superior completo. Curso de Letras
Inglês da Universidade Esadual do Ceará
6. Motivo do seu estudo de japonês Curiosidade sobre escrita japonesa
assistir animê, tokusatsu
87
7. O período de ingresso no curso de
japonês
Março de 2002
8. O período de termino do curso de
japonês
Ovembro de 2005 (terminou até oitavo
semestre)
9. Curso onde estudou japonês NLE
10. Livro didático utilizado no curso
Shin Nihongo no Kiso I
Final do Minna no Nihongo I
Quatro primeiras lições do Minna no
Nihongo II.
11. Livro didático utilizado pessoalmente
além do que oferecido pelo curso
Principalmente para o estudo do Kanji
ou gramática.
Livros como caderno de Kanji da
coleção do Miinna no Nihongo e do
Shin Nihongo no kiso.
13. Nível de japonês Não possui certificado, porém, poderia
ser considerado como intermediário.
12. Interação com japonês nativo Sim.
Hospedou duas japonesas na sua
residência. (no entanto sempre
falávamos em português, uma vez que
elas vieram pra aprender essa língua).
Durante a experiência de estadia no
Japão por seis semanas.
No SKYPE, com meus amigos coreanos
falantes de japonês.
13. Experiência de estadia no Japão Sim. Seis semanas (Janeiro a Fevereiro
de 2009)
14. Experiência de ensino de língua
estrangeira em outro curso
Sim. Inglês
15. Experiência e período como monitor
do curso de japonês do NLE
2005.2 até 2008.2
16. O período e instituição de que
começou a ensinar o japonês
2008.2 NLE
17. Semestre da turma que ensinou no
NLE
Semestre I a V
87
Uma abreviação de palavra japonesa Tokushusatsuei, Tokushu “efeito especial” e satsue “filmagem” traduzida
como filmagem de efeito especial. Este termo está sendo utilizado como um sinônimo de filme japonês com
efeito especial.
154
Sujeito participante A-4
1. Idade 26
2. Sexo Masculino
3. Cidade natal e de criação Fortaleza
4. Necessidade de uso da língua
japonesa no ambiente de sua criação
Não
5. Nível e área de estudo Superior incompleto. Letras Francês,
Licenciatura na Universidade Estadual do
Ceará
6. Motivação do seu estudo de japonês Assistir programas de animê
7. O período de ingresso no curso de
japonês
Agosto de 2001
8. O período de término do curso de
japonês
Junho de 2005
9. Curso onde estudou japonês NLE
10. Livro didático utilizado no curso
Shin Nihongo no Kiso I
Minna no Nihongo II
11. Livro didático utilizado pessoalmente
além do oferecido pelo curso
Vários
Livros de gramática
Livros de interpretação de texto
14. Nível de japonês Não possui certificado, porém, poderia
ser considerado como intermediário.
12. Interação com japonês nativo Sim.
Seis meses na sua residência com um
japonês
No total, quatro meses com outro
japonês
Hospedou mais de 10 japoneses na sua
residência que chegaram a Fortaleza
com período diferente.
13. Experiência de estadia no Japão Não
14. Experiência de ensino de língua
estrangeira em outro curso
Sim. Japonês.
15. Experiência e período como monitor
do curso de japonês do NLE
No semestre 2006.2 (seis meses)
16. O período e instituição de que
começou a ensinar o japonês
2005.2 PROLIN
2006.1 NLE
17. Semestre da turma que ensinou no
NLE
Semestre I a VII
155
Apêndice F: Perfil dos colaboradores japoneses
Colaborador 1
Sexo Feminino
Idade 21
Profissão Voluntária universitária na comunidade onde a ONG
da colaboradora se atua.
Tempo de estadia no Brasil
no momento da pesquisa
Dois meses
Cidade em que nasceu Kawasaki, na província de Kanagawa, vizinha a
Tóquio
Colaboradora 2
Sexo Feminino
Idade 21
Profissão Universitária voluntária na comunidade onde a ONG
da colaboradora 01 atua.
Tempo de estadia no Brasil
no momento da pesquisa
Dois meses
Cidade em que nasceu Yokohama, na província de Kanagawa, vizinha a
Tóquio
Colaborador 3
Sexo Feminino
Idade 32 anos
Profissão Coordenadora de uma ONG japonesa estabelecida
numa comunidade no Ceará
Tempo de estadia no Brasil
no momento da pesquisa
11 anos
Cidade em que nasceu Yokohama, na província de Kanagawa, vizinha a
Tóquio
Colaborador 4
88
Sexo Masculino
Idade -
Profissão -
Tempo de estadia no Brasil
no momento da pesquisa
-
Cidade em que nasceu Tóquio
88
Não conseguimos recolher o questionário, porque perdemos contato com este colaborador
156
Apêndice G: Questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia da língua japonesa
UECE
Universidade Estadual do Ceará
Centro de Humanidades
Pós-Graduação em Lingüística Aplicada
Curso de Mestrado Acadêmico em Lingüística Aplicada – CMLA
Prezado (a) professor (a)
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre o ensino de pronúncia de japonês,
desenvolvida para a elaboração de minha dissertação de Mestrado, a ser defendida no
Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará, sob
orientação do Prof. Dr. Wilson Júnior de Araújo Carvalho.
Com o objetivo de conhecer o funcionamento das aulas do curso de japonês do Núcleo de
Línguas Estrangeiros da Universidade Estadual do Ceará - UECE, solicito sua colaboração
para o desenvolvimento da pesquisa, por meio do preenchimento deste questionário. Informo
que será preservado o anonimato dos informantes.
Desde já agradeço a colaboração, colocando-me à disposição para quaisquer esclarecimentos
complementares pelo e-mail: otiyus@hotmail.co.jp
1. Dados pessoais
1 Quantos anos você tem?
2 Sexo- (masculino / feminino)
3 Escolaridade -
Caso for universitário ou formado, qual é (era) o seu curso na universidade?
4 Onde você foi criado a maioria do tempo da sua vida?
5 No ambiente em que você foi criado utilizava a língua japonesa? (sim / não)
6 Em caso afirmativo, com que regularidade?
2. Sobre estudo de japonês e pronúncia deste idioma
1 Qual foi o ano e mês do seu ingresso a um curso de japonês? Quando terminou?
2 Onde você estudou (ou estuda) japonês?
3 Por que você começou a estudar japonês?
4 Durante o período que você estudou no curso, o motivo que o levou a estudar japonês
mudou?
5 Depois que começou a ensinar japonês, o motivo que lhe fez continuar estudando
japonês mudou?
6 Quais livros didáticos você utilizou no curso que você estudou?
7 Você utilizava (utiliza) os materiais extras para estudo de japonês além do livro didático
oferecido pelo curso? Explique o que e para que.
8 Se você estudou (ou estuda) japonês no N L E, responda:
Quem foi seu professor de japonês nos do NLE nos seguintes semestres ?
Primeiro semestre - Segundo semestre -
Terceiro o semestre - Quarto semestre -
Quinto semestre - Sexto semestre -
Sétimo semestre - Oitavo semestre -
157
9 Você tem algum certificado oficial de proficiência da língua japonesa ou já realizou
alguma prova simulada deste gênero? (sim/não)
10 Qual nível de proficiência do Japanese Language Proficiency Test (Avaliação de
proficiência em língua japonesa, 日本語能力試験)?
11 Já teve convivência com pessoas que utilizam a língua japonesa? (sim/não)
Em caso afirmativo, quando e como?
12 Já realizou algum estudo no Japão? (sim/não) Em caso afirmativo, quando?
13 Em relação às últimas duas questões, 11 e 12, você acha que a resposta influencia sua
pronúncia? (sim/não) Explique por quê.
14 Como seus professores ensinavam a pronúncia da língua japonesa?
15 Você se sente seguro em relação à sua pronúncia da língua japonesa? (sim/não)
Em que ponto você se sente seguro/inseguro na sua pronúncia da língua japonesa?
Explique.
16 Já sentiu dificuldade na comunicação oral com japoneses por causa da sua pronúncia?
(sim/não) Em caso afirmativo, explique como.
17 Alguém corrige sua pronúncia? (sim/não)
Em caso afirmativo, detalhe quem e de que modo (por exemplo, pela internet, pelo
contato diário, com aprendizes e professores de japonês, etc.).
18 Sobre seu estudo de pronúncia da língua japonesa, marque os itens com que você se
identifica.
a. Reconheço minhas dificuldades na pronúncia da língua japonesa. (sim / não)
b. Peço uma orientação aos professores, japoneses nativos ou amigos para
ensinar/mostrar a pronúncia em língua japonesa. (sim / não)
c. Peço aos professores, japoneses nativos ou amigos para avaliarem e corrigirem minha
pronúncia. (sim / não)
d. Verifico o melhoramento da minha pronúncia. (sim / não)
e. Leio e pesquiso os materiais de ensino de pronúncia da língua japonesa. (sim / não)
f. Tento imitar a pronúncia do professor ou material de áudio. (sim / não)
g. Treino minha pronúncia até achar que consegui chegar à orientação dada ou ao
parâmetro que eu estabeleci através de material de áudio. (sim / não)
h. Quando for falar em japonês, tenho consciência da minha pronúncia. (sim / não)
i. Sempre tento procurar saber por que não consigo pronunciar determinada palavra ou
frase. (sim / não)
j. Quando vejo um estudante de língua japonesa que tem uma boa pronúncia, costumo
pensar em como ele estuda a pronúncia. (sim / não)
k. Sempre comparo e procuro as diferenças entre minha pronúncia e a de materiais de
áudio ou dos japoneses nativos.
l. Conheço as diferenças e semelhanças de pronúncia da língua portuguesa e da língua
japonesa. (sim / não)
m. Quando falo em língua japonesa, observo as reações do ouvinte para avaliar se a
minha pronúncia é inteligível ou não. (sim / não)
n. Quando achar que estou pronunciando errado ou diferente em relação ao que estudei,
pronuncio mais vezes. (sim / não)
158
o. Tomo cuidado com a forma e a posição das articulações motoras (boca, língua ou
lábios) quando for falar em língua japonesa. (sim / não)
p. Observo a forma e a posição das articulações motoras dos professores, dos japoneses
nativos ou dos amigos. (sim / não)
19 Quando encontrar uma palavra desconhecida, como você pronuncia em relação à
entonação e acentuação?
20 Você tem alguma metodologia própria para melhorar sua pronúncia? (sim / não)
Explique como você a utiliza.
21 Quando for fazer a leitura em voz alta em língua japonesa, quais pontos que você presta
atenção?
3. Sobre ensino de língua japonesa
1 Você tem experiência como monitor? (sim / não) Qual foi o período?
2 Quando você começou a ensinar língua japonesa no Núcleo de Línguas Estrangeiras
(NLE)?
3 Quais turmas você já ensinou e ensina atualmente no NLE?
4 Você ensina (ou ensinou) língua estrangeira em outra instituição? (sim/não)
Em caso afirmativo, responda seguintes perguntas.
1 Qual é o idioma que você ensina (ensinou)?
2 A metodologia na outra instituição é diferente da adotada no NLE? (sim/não)
3 Qual é o livro didático adotado por outra instituição?
4 Como eles tratam o ensino de pronúncia?
5 Organize os itens seguintes de acordo com a sua idéia de como você dar uma
importância ao ensino de japonês na sua sala de aula. Numere de 1 a 5 como nível de
importância (1= menos importante, 5 = mais importante)
Escrita (caligrafia) ( ) Escrita (redação) ( )
Conhecimento de Kanji (escrita) ( ) Conhecimento de Kanji (leitura) ( )
Gramática ( ) Compreensão textual ( )
Pronúncia ( ) Comunicação ( )
Compreensão auditiva ( ) Vocabulário ( )
Outros (esplique)
4. Sobre o ensino de pronúncia da língua japonesa
No ensino de pronúncia da língua japonesa, existem os elementos que precisam ser
destacados. Estes elementos são;
a) Vogal que não existe no português (/ ɯ /)
b) Vogais de silabas como “(ki)”, “(kɯ)”, “(shi)”, “(su)”, “(chi)”, “(tsu)”,
(hi)” e “(fu)” que se tornam desvozeadas antes de consoantes desvozeadas “k”,
“s”, “t” e “h” (きく(/ kikɯ / )
159
c) Semivogais (letras como “/ya/, /y ɯ/ e /yo/ “” minúsculas) que não se
pronuncia do mesmo modo que no português
d) Sílabas que não existem em português (/tsɯ/, /ɸɯ/)
e) Prolongamento (きゅう/ kyu: /, おじいさん / ojiRsan / )
f) Pausa (きって/ ki
Q
te /)
g) Acentuação das palavras, por exemp˳lo, diferença entre (あめ/ame /) e (あめ
/ame /)
h) Entonação frasal no final de frase (です(/desɯ/), ですか /desɯka/, ましょう /maʃo:/,
etc.)
i) A inserção de /y/ e nasalização de vogal antes de uma consoante “n” ou “m” (せぃん
せい /sysei/) como produções possivelmente ocasionadas pela influência da língua
portuguesa
j) A inserção de /n/ e nasalização de vogal antes de uma consoante “n” ou “m” (
/nãni/) como produções possivelmente ocasionadas pela influência da língua
portuguesa
1. Marque com X os elementos que você trabalhou quando ensinou o primeiro semestre.
a) Vogais ( ) b) Vogal não pronunciada ( )
c) Semivogais ( ) d) Som de [tsɯ] e [ɸɯ]
( )
e) Prolongamento da vogal ( ) f) Pausa ( )
g) Acentuação das palavras ( ) h) Entonação frasal ( )
i) Inserção de /y/ ( ) j) Inserção ou nazalização de /n/ ( )
2. Marque com X os elementos que você trabalha na sua aula a partir do segundo semestre.
a) Vogais ( ) b) Vogal desvozeada ( )
c) Semivogais ( ) d) Som de [tsɯ] e [ɸɯ]
( )
e) Prolongamento da vogal ( ) f) Pausa ( )
g) Acentuação das palavras ( ) h) Entonação frasal ( )
i) Inserção de /y/ ( ) j) Inserção ou nazalização d /n/ ( )
3. Se tiver outros elementos que você trabalhou dentro da sala de aula além dos elementos
mostrados nas últimas questões (4. 1 e 4.2), explique o que, como e em que semestre
você trabalhou esses elementos.
4. Sobre material didático, o que você acha que os livros podem oferecer ao ensino de
pronúncia na sua sala de aula?
5. Você utiliza os materiais extras para o ensino da pronúncia? Qual é o material e qual o
objetivo de utilizar este recurso?
6. No seu planejamento de aula, você separa um tempo para tratar do ensino de pronúncia?
(sim/não) Em caso afirmativo, você está satisfeito com seu plano?
7. Sobre as atitudes dos alunos em relação ao ensino de pronúncia, você sente alguma
dificuldade de tratar esse assunto na sala de aula?
8. Que tipo de dificuldades/facilidades relativas ao ensino da pronúncia você sente?
160
5. Sobre o curso de pronúncia da língua japonesa
Você participou do curso de pronúncia da língua japonesa realizado em janeiro de 2010?
(sim/não) Em caso afirmativo, responda às seguintes perguntas.
1. O que você achou em relação ao conteúdo?
2. Indique os pontos positivos e os negativos sobre o curso todo.
3. O que você aprendeu durante o curso?
4. O curso de pronúncia ofereceu algum benefício sobre sua prática de ensino? Quais
aspectos você acha que podem ser beneficiado?
5. Gostaria de ter mais orientação sobre melhoramento da sua pronúncia da língua
japonesa? Que elemento você gostaria de praticar mais?
6. Gostaria de ter mais orientação sobre o melhoramento do ensino de pronúncia da língua
japonesa na sala de aula? Que elemento você gostaria de aprofundar mais?
Obrigado pela colaboração.
161
Apêndice H: Respostas do Questionário sobre ensino/aprendizagem de pronúncia da
língua japonesa
As respostas do questionário estão colocadas em ordem como: Sujeito A-1, A-2, A-3, A-4,
B-1, B-2, B-3, B-4 e B-5.
1 Dados pessoais
1 Quantos anos você tem?
26/21/23/26/22/31/32/22/24
2 Sexo- (masculino / feminino)
M/M/M/M/F/F/M/F/M
3 Escolaridade -
Sujeito A-1: Superior Completo. Letras português/inglês – Universidade Federal do Ceará
Sujeito A-2: Universitário- Letras Inglês – Bacharelado (UECE – CH)
Sujeito A-3: Universitário Estudante da faculdade de direito da universidade federal do
Ceará.
Sujeito A-4: Universitário- Letras Frances – Licenciatura (UECE)
Sujeito B-1: Graduação incompleta. Curso Superior de Tecnologia em Artes Plásticas.
Sujeito B-2: Superior, Serviço Social - UECE
Sujeito B-3: Universitário – Engenheira Civil - UFC
Sujeito B-4: Universitária, Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na
Universidade Federal do Ceará
Sujeito B-5: Universitário. Curso Bacharelado em Filosofia
4 Onde você foi criado a maioria do tempo da sua vida?
Fortaleza/ Fortaleza/ Fortaleza/ Fortaleza/ Fortaleza /Fortaleza/ Fortaleza/ Fortaleza/
Fortaleza
5 No ambiente em que você foi criado utilizava a língua japonesa? (Sim / Não)
Não/ Não/ Não/ Não/ Não/ Não/ Não/ Não/ Não
6 Em caso afirmativo, com que regularidade?
Não/ Não/ Não/ Não/ Não/Não/ Não/ Não/ Não
2 Sobre estudo de japonês e pronúncia deste idioma
1. Qual foi o ano e mês do seu ingresso a um curso de japonês? Quando terminou?
Sujeito A-1: Março de 2000 (início). Novembro de 2003 (término)
Sujeito A-2: Ano de ingresso: 2006.1 (teste de nível – 3º semestre), Ano de conclusão: 2008.2
(8º semestre)
Sujeito A-3: 2002.1~2005.2 (8 semestres). E em 2007~2008.
Sujeito A-4: Entrei em agosto de 2001 e acabei junho de 2005.
Sujeito B-1: Março de 2007. Previsto para terminar no fim de 2010
Sujeito B-2: Março/2006. Continuo estudando. Cursando 8° semestre
162
Sujeito B-3: Início - 2005.1 (março) término – 2008.2 (novembro)
Pulei o semestre e fui pro 4º. Como não houve o semestre no período em que deveria
cursá-lo esperei 6 meses e o concluí junto com a minha turma de início do curso.
Sujeito B-4: Ano de ingresso: 2003.1. Ano de conclusão: 2007.1
Sujeito B-5: Eu entrei pro curso de japonês no ano de 2006.1. Terminei o Avançado I no ano
de 2009.1, faltando ainda concluir o Avançado II.
2. Onde você estudou (ou estuda) japonês?
Sujeito A-1: NLE
Sujeito A-2: Semestres 1 e 2 centro de línguas do SENAC, semestres 3 a 8 - Curso de
Japonês do Núcleo de Línguas Estrangeiras da Universidade Estadual do Ceará.
Sujeito A-3: NLE e Kumon
Sujeito A-4: NLE
Sujeito B-1: NLE
Sujeito B-2: Estudei do 1º ao 3° no PROLIN-UECE e 3° ao 8º no NLE/
Sujeito B-3: NLE
Sujeito B-4: NLE
Sujeito-5: NLE
3. Por que você estudou (ou estuda) japonês?
Sujeito A-1: Comecei a estudar porque assistia anime e escutava músicas em japonês. Isso me
fez ficar interessado pelo idioma e então decidi fazer o curso.
Sujeito A-2: Durante boa parte da minha infância acompanhei a transmissão de alguns
desenhos animados bem famosos, como "Cavaleiros do zodíaco" e "Dragonball", e de
seriados de efeitos especiais (os conhecidos como tokusatsu), como "Jaspion", "Ninja Jiraya"
e "Kamen Rider", todos criados e produzidos no Japão. Também nesse período treinei Karatê
por quatro anos, até 1998, e com isso aprendi um pouco sobre o Japão e o modo de vida dos
japoneses tradicionais, antigos. Essa parte da cultura me interessou bastante, mas não o
suficiente pra querer aprender a língua.
O ponto mais responsável pela vontade de aprender japonês veio logo depois, quando em
1999 explodiu no Brasil o fenômeno de consumo do "Pokemon". Influenciado pelo jogo do
"Pokemon", resolvi estudar inglês. À medida que o tempo foi passando, novos anime foram
chegando ao Brasil, enquanto eu estudava inglês. Nesse período, apenas algumas séries
animadas eram exibidas na tevê aberta brasileira e dezenas eram acessíveis aos falantes de
inglês, enquanto centenas de títulos novos saíam no Japão, apenas para quem entendesse
japonês. Percebi então que não era em inglês que eu queria consumir os produtos do mercado
cultural do Japão. Sentia inveja das pessoas que assistiam aos episódios de anime totalmente
sem legenda. Eu queria fazer o mesmo, assistir episódios de anime sem legenda, ler mangá
sem tradução.
Um certo dia, comprei numa banca uma edição de uma revista que trazia o katakaná e o
hiraganá no verso. O formato das letras me fascinou. Aquilo podia representar um monte de
desenhos estranhos, pra maioria das pessoas que eu conhecia, mas pra mim representava ser
163
capaz de ler um mundo inteiro de aventuras. Eu tinha doze anos, nem imaginava o quanto
podia demorar pra conseguir fazer o que queria com a língua japonesa - ler, escrever, entender
e falar - mas foi nesse dia que resolvi que queria saber japonês.
Sujeito A-3: O japonês é um idioma que possui não um sistema de escrita único, ma s
também toda uma história por trás. Isso me despertou a curiosidade, uma vez que gosto de
desafios e coisas diferentes. Além disso, o anime fez parte da minha infância, bem como o
tokusatsu. Ambos tinham aberturas e encerramentos todos escritos em nihongo. Sem saber o
que era aquilo, sempre quis ser capaz de conseguir ler aquelas 'casinhas'. Mesmo não fazendo
idéia de que idioma se tratava, o fato de eu não ter sido capaz de ler, me despertou ainda mais
a curiosidade. Com 14 anos, comecei a estudar japonês sozinho, transcrevendo nomes de
amigos e personagens de anime para o katakana. Nessa época, por influência do meu pai
dizendo que se eu levasse a rio e estudasse pra valer mesmo, algum dia eu poderia ir
trabalhar no Japão (uma vez que a essa altura eu considerava o Japão como um país com
uma cultura única e empolgante)! Foi que uma tia minha me falou do curso de japonês da
UECE. Mesmo não tendo idade para entrar pro curso, continuei meus estudos sozinho de
hiragana, katakana e kanji, com materiais pela internet e revistas de anime e mangá, até que
eu completasse 15 anos e pudesse me matricular (em fevereiro de 2002).
Sujeito A-4: Porque fiquei curioso e interessado depois que joguei jogos de vídeo game em
japonês.
Sujeito B-1: Por gostar de anime e mangá e pela influência de alguns amigos que
estudavam.
Sujeito B-2: Por causa dos animes
Sujeito B-3: Porque sempre achei interessante a cultura japonesa, curiosidades sobre o Japão
um país que fica exatamente do outro lado do mundo e também quando criança adorava os
animês, super sentais e tokusatsus
Sujeito B-4: Porque todos os jogos que eu gostava de jogar no “Super Nintendo” estavam em
japonês e eu não entendia nada.
Sujeito B-5: Desde os 13 anos de idade, eu sempre gostei de artes marciais e outras coisas
mais relacionadas ao oriente (China, Coréia e Japão). É besteira mais, nessa época, eu tinha o
sonho de ir pro oriente, principalmente Japão, e treinar muito e depois sair pelo oriente
desafiando mestres e academias inteiras, depois quando cheguei aos 17 ou 18 anos, passei a
querer estudar japonês para poder ir pro Japão fazer faculdade, antes de entrar pro curso de
japonês da UECE, ainda estudei 1 ano sozinho em casa, pois não sabia da existência desse
curso, apesar de o mesmo ter cerca de 16 anos de existência.
4. Durante o período que você estudou no curso, o motivo que o levou a estudar japonês
mudou?
Sujeito A-1: Na verdade, digamos que os motivos apenas aumentaram. Fiquei interessado na
língua em si. Gosto muito de estudar idiomas e o Japonês realmente me fascinou. Além disso,
comecei a fazer amizades com japoneses e meu interesse por outros aspectos da cultura
nipônica apenas aumentaram.
Sujeito A-2: A mudança na minha motivação foi bem clara, perceptível. Obviamente,
continuo do produto audiovisual japonês, pois o anime se inclui na categoria. Entretanto, à
medida que estudava, meu contato com a cultura japonesa me fez ter uma visualização mais
abrangente do que é produzido, em termos de cultura, pelo Japão. Conheci mais a cultura pop,
com a moda, a musica, as artes visuais, conheci um pouco da tecnologia presente no dia-a-dia
164
do povo japonês, como as maquinas de venda, as maquinas de cozinhar gohan(arroz), os
carros ecologicamente amigáveis, e conheci bem mais, consideravelmente mais, sobre o
pensamento humano e o espírito guerreiro que habita o coração do povo japonês. Conhecer
esse universo da cultura pop além do anime foi um dos fatores que me fez ter ainda mais
vontade de estudar japonês.
De todo o conteúdo cultural que absorvi sobre o Japão durante o curso, certamente a noção de
coletividade, o valor dado à educação, o esforço constante e a cidadania do povo japonês
foram os responsáveis por mudar meu motivo de estudar a língua. Passei a sentir que nosso
país tem muito a aprender com o Japão, sobre civilização, cidadania e desenvolvimento
humano. Durante o curso, além de me fascinar cada vez mais com a ngua - eu passei a
estudar o imaginário que norteia a formação do kanji, o ideograma usado na língua, derivado
da china - resolvi que um dia queria trazer ao Brasil um pedacinho do Japão, pra mostrar os
pontos bons da cultura que podem ser aprendidos pelos brasileiros. Pra isso, precisaria ir ao
Japão para conhecê-lo, e conseguir repassar bem o que aprendesse, daí a necessidade de
aprender a ensinar. Nessa época, no final do curso, comecei a querer ser professor de
japonês, e isso me incentivou a estudar mais.
Passei inclusive a freqüentar aulas de outras turmas, com a autorização da professora, para
tentar ajudar os estudantes dos primeiros semestres.
Sujeito A-3: O motivo não mudou, pelo contrário. Ao entrar pro curso, apelei meus planos
para com o japonês. Dessa vez, eu não queria apenas trabalhar no Japão, como também queria
estudar para me tornar melhor nesse idioma. Foi aí que, ao final do 5º semestre, fiquei
sabendo das bolsas de estudo do Governo Japonês, Monbushou (Ministério da Educação,
Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão).
Alguns amigos da época iriam tentar para graduação, no entanto, como eu não sabia inglês,
não pude fazer. Foi que, decidi fazer faculdade de inglês para então aprender esse outro
idioma e, juntamente com o estudo do japonês, poderia unir os dois e um dia fazer a prova do
Monbusho (Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão). No
entanto, o tempo passou e, quando aprendi inglês de fato, de acordo com o conselho dado por
alguns amigos na época, decidi me formar para tentar essa prova. O tempo que levei pra me
formar, foi o tempo que estudei mais japonês e me dediquei mais ao curso. Sempre tentando
contribuir de alguma forma, ao mesmo tempo em que melhorava meu nível de inglês e
japonês, bem como me tornava mais responsável. Acredito que durante o curso, a
responsabilidade foi a maior conquista, ou seja, o motivo para com o japonês se intensificou
ainda mais.
Sujeito A-4: Mudou. Depois que comecei a estudar no curso, quis estudar no Japão.
Sujeito B-1: Sim. Agora eu quero aprender mais pelo conhecimento em língua estrangeira e
também quero poder estudar no Japão.
Sujeito B-2: Sim. No começo era por diversão (para assistir anime sem legenda), mas me
apaixonei pelo idioma e passei a ter interesse por outras atividades envolvendo a cultura
japonesa, e querer me aprofundar mais no estudo do idioma e futuramente ensiná-lo e ir ao
Japão para estudar.
Sujeito B-3: Não necessariamente. Ainda gosto e tenho interesse pelas mesmas coisas, mas
outros fatores foram agregados tais como a própria língua, música, mangas, capacitação
profissional, etc..
Sujeito B-4: Sim. Agora tenho interesse em estudar japonês para fazer mestrado no Japão.
165
Sujeito B-5: Depois que entrei pro curso passei a objetivar aprender o japonês cada vez mais,
para depois tentar conseguir uma bolsa de mestrado no Japão, e claro, no tempo livre poder
praticar artes marciais.
5. Depois que começou a ensinar japonês, o motivo que lhe fez continuar estudando
japonês mudou?
Sujeito A-1: Sim. Agora além de aprender japonês para poder me comunicar na língua,
preciso estudar para desenvolver minha fluência não apenas para efeitos de me tornar um
falante competente, mas também de poder ajudar meus alunos a trilharem o caminho para que
possam adquirir a fluência que almejam no idioma.
Sujeito A-2: Na essência, o motivo básico não mudou. Continuo querendo trazer um
pedacinho do Japão para o Brasil, através de projetos futuros de educação, como a criação de
uma escola especializada no ensino de língua e cultura japonesa aqui no ceará ou algo
próximo disso. Mas, depois de começar a ensinar, o incentivo para o meu próprio estudo
também passou a incluir entender o japonês de modo sistemático, entendendo as estruturas
não apenas intuitivamente, mas através de um método que me permita facilitar a compreensão
e a assimilação da língua pelos estudantes. Daí, o meu próprio modo de estudo mudou. Passei
a estudar métodos de simplificar o estudo do japonês dos alunos.
A compreensão da língua está diretamente ligada à aceitação da cultura pelos estudantes,
então faz parte do meu papel de professor saber transpor a cultura para os estudantes, de modo
que a língua seja mais facilmente assimilada.
Também passei a estudar mais exaustivamente os assuntos, esgotando as possíveis dúvidas
que pudessem surgir. Eventualmente aparecem assuntos que nem os japoneses conseguem
explicar muito bem, exatamente por ser intuitivo demais para eles, em nuances sutis de
significado e compreensão. Apesar das partes difíceis, cada vez que dou uma aula sobre um
determinado assunto me torno mais confiante nele, as vezes confiante o suficiente para tentar
uma metodologia nova ou uma abordagem fora do padrão. Passei a testar novas maneiras de
estudar o japonês, indo além do meu objetivo básico de sala de aula, para poder melhorar a
própria qualidade do ensino. Nesse ponto, meu motivo de estudar japonês passou a incluir a
melhoria no ensino da língua como objetivo simultâneo ao objetivo de trazer um pouco do
Japão ao Brasil.
Sujeito A-3: O motivo para com o japonês após o ensino, com certeza foi intensificado.
Acredito que, como dito anteriormente, a responsabilidade aumentou! Em outras palavras, ao
tentar contribuir com o curso desde 2005 quando ajudei a pesquisa do Professor 1 com a
monitoria, me tornei mais responsável. Me envolvi mais ainda com o curso (eventos, aulas..).
Foi que surgiu a preocupação de ajudar os alunos de japonês, sempre tentando manter o
interesse deles para com o curso. Ao me tornar professor, me esforcei ao máximo para passar
o japonês da forma mais lúdica, em prol do interesse pessoal de cada aluno. Sempre quis
mostrar que, cada um tinha um objetivo com o Nihongo (Língua Japonesa), e que deveriam
usar essa motivação para alcançar seus sonhos. O meu parecia ser um sonho possível, mas eu
nunca tinha desistido. Queria passar isso para os alunos. Foi que me deparei com os pontos
positivos de cada aluno, bem como suas fraquezas. Me interessei muito no estudo do kanji, e
tentei de várias formas passar isso pros alunos que tinham mais dificuldade. Desde a minha
época como aluno, tentava ajudar com ordem de traços, significado e leituras.. Fui muito
elogiado pelo Professor 2 quanto a minha letra e esforço. Acredito que isso me incentivou
ainda mais pra estudar. Quando era aluno, tinha o Professor 2 como ídolo e sempre falava
'um dia vou saber muitos kanji como o Professor 2!'. Mesmo pensando assim, ao me tornar
166
professor, ajudar os alunos se tornou o meu foco. Por isso, acredito que, mais uma vez, meus
planos para o futuro, foram intensificados; agora tenho o objetivo de pesquisar ainda mais a
minha área favorita do Nihongo, para que possa fazer os estrangeiros estudantes de Nihongo
tomarem cada vez mais gosto por esse idioma complexo e ao mesmo tempo interessante!!
Sujeito A-4: Sim. Conheci muitas coisas além da língua, como modo de vida no Japão,
cultura, música, cinema e TV do Japão, etc. Tudo isso me incentivou a estudar mais japonês.
Sujeito B-1: Sim. Não pensava em ensinar nada a ninguém antes de começar a ensinar o
japonês. Agora quero ser melhor ensinando.
Sujeito B-2: Não, sinto que a responsabilidade aumentou. Tenho que me capacitar mais e
mais para conseguir passar o conteúdo pros alunos. No ensino de pronúncia da língua
japonesa, existem os elementos que precisam ser destacados. Como você ensina?
Sujeito B-3: Também não, Porém antes os motivos eram apenas pessoais, assuntos do meu
próprio interesse, agora como professor tenho que ter mais responsabilidade tenho que
conciliar os meus interesses e os dos alunos, tenho que me esforçar pra entender e repassar os
assuntos que eu e os alunos têm interesse da melhor forma possível. E ensinando a gente com
certeza aprende bem mais do que quando era aluno.
Sujeito B-4: Um pouco. Além de querer fazer mestrado no Japão, continuo a estudar japonês
para me aperfeiçoar como professora.
Sujeito B-5: Não tinha objetivo de ser professor, no máximo queria ser monitor do curso, mas
quando foi me feito o convite, vi como uma grande responsabilidade, e que se eu estudava
muito (ou não), tinha que estudar mais ainda agora, meu objetivo anterior se manteve, mas foi
acrescentado outro, o de ajudar ao máximo para melhorar cada vez mais o curso de japonês.
Devido as dificuldades que o curso enfrentou para chegar ao que é hoje, sinto que é uma
responsabilidade dos novos professores manter tudo que foi conquistado e fortalecer mais
ainda o curso.
6. Quais livros didáticos você utilizou no curso que você estudou?
Sujeito A-1: Shin Nihongo no Kiso
Sujeito A-2: Shin Nihongo no Kiso, final do Minna no Nihongo I, 4 lições do Minna II.
Sujeito A-3: Aliança cultural Brasil-Japão – livros 1 e 2
Minna no nihongo - shokyuu 1 e 2, - tradução e notas gramaticais, - exercicios, - choukai
tasuku 25 (caderno de exercício de audição), - bunpou renshuu chou (caderno de exercício
de aprender estruturas gramaticais), - modulo de kanji, Shin nihongo no kiso módulo de
kanji
Sujeito A-4: Shin Nihongo no Kiso e Minna no Nihongo
Sujeito B-1: Kana Nyuumon (introdução ao silabário japonês), Minna no Nihongo, Kaze no
Tsubasa (um livro didático), Mainichi no Kikitori (livro de exercício de audição).
Sujeito B-2: 日本語かな入門 (introdução ao silabário japonês); Minna no Nihongo I e II
Sujeito B-3: Minna no nihongo - honsatsu (pronúnica) e bunpou (gramática), como
complemento os demais livros da mesma coleção.
Sujeito B-4: Coleção do Minna no nihongo (I e II shokyuu), Kaze no tsubasa, Shin nihongo
no kiso I, Yan-san (material audio-visual), Mainichi no kikitori (livro de exercício de audição).
167
Sujeito B-5: KanaNyuumon (introdução ao silabário japonês) e Minna no Nihongo I.
7. Você utilizava (utiliza) os materiais extras para estudo de japonês além do livro
didático oferecido pelo curso? Explique o que e para que.
Sujeito A-1: Sim, utilizo livros de kanji e gramática, bem como sites na Internet para não
perder contato com o idioma.
Sujeito A-1: Sim, dicionários para expandir o vocabulário, livros de outras séries para
exercícios, livros de kanji para melhorar caligrafia, matérias adicionais para estudo através de
vídeo e áudio.
Sujeito A-1: Sim. Principalmente para o estudo do Kanji ou gramática. Livros como caderno
de kanji do Minna (no Nihongo) e do Shin nihongo no kiso.
Sujeito A-1: Sim, usava outros livros de gramática para aprender mais estruturas e livros de
interpretação de texto para ampliar meu vocabulário.
Sujeito B-1: Sim. Livros que comprei/ganhei, além da internet. Aprender vocabulário e kanj.
Sujeito B-2: Sim. Apostila de Introdução ao Kana Wadison Melo (para aplicar com os
alunos do 1° semestre)
Novo Curso Básico de Japonês- Aliança Cultural Brasil-Japão (gramática e vocabulário)
日本語の発音教室理論と練習 (curso de pronúncia da língua japonesa – teoria e prática)
para melhorar pronúncia
おぼえよう漢字 (vamos aprender kanjis) para estudar kanji
どんなときどうつかう? (quando e como utiliza?) para estudar gramática
Sujeito B-3: Os livros principais são o Minna no Nihongo (“honsatsu- pronúncia e
bunpou”- gramática). Porém as aulas costumam ser complementadas com outros livros da
mesma coleção como um somente para compreensão auditiva, outro com textos para
compreensão textual, etc. E ocasionalmente algum outro livro, vídeo, música, etc, com o
propósito lúdico, curiosidade, gerar debate, etc...
Sujeito B-4: Sim. Livros e dicionários de kanji para melhorar escrita e leitura do ideograma;
Livro de gramática para complementar o aprendizado das formas vistas no Minna no Nihongo.
Sujeito B-5: Sim. Utilizava materiais que encontrava na internet com objetivo de aprender
outras formas de passar a informação que eu queria, normalmente, formas que ainda não tinha
visto no curso de japonês.
8. Se você estudou (ou estuda) japonês no N L E, responda quem foi seu professor de
japonês nos do NLE nos seguintes semestres?
*Por se tratarem de informações pessoais, não mencionaremos as respostas à esta
questão.
9. Você tem algum certificado oficial de proficiência da língua japonesa ou realizou
alguma prova simulada deste gênero? (sim/não)
Sujeito A-1: Não
Sujeito A-2: Sim. Não Tenho O Certificado, Mas já fiz vários simulados.
Sujeito A-3: Certificado não, mas já fiz simulado
168
Sujeito A-4: Sim (simulado)
Sujeito B-1: Não
Sujeito B-2: Não
Sujeito B-3: Sim. Fiz diversos simulados com base na prova de proficiência, porém em
nenhum desses simulados foi utilizado a parte de compreensão auditiva.
Sujeito B-4: Sim
Sujeito B-5: Não
10. Qual nível de proficiência do Japanese Language Proficiency Test (日本語能力試験,
Avaliação de proficiência em língua japonesa)?
Sujeito A-1: Não sei
Sujeito A-2: Nível 3
Sujeito A-3: Tentei o Nível 2 (mas não recebi resultado ainda)
Sujeito A-4: Acredito que seja N2.
Sujeito B-1: Não sei
Sujeito B-2: Não sei
Sujeito B-3: Baseado nos simulados, creio que seja 3 (3º nível). Com base no novo teste de
proficiência creio que seja algo próximo do Nível 3.
Sujeito B-4: Nível 3
Sujeito B-5: Não sei
11. teve convivência com pessoas que utilizam a língua japonesa? (sim/não)
Em caso afirmativo, quando e como?
Sujeito A-1: Sim, tenho vários amigos nativos de japonês que converso pela Internet, bem
como já tive a chance de conviver por alguns dias com japoneses quando estive em São Paulo
em duas oportunidades.
Sujeito A-2: Não
Sujeito A-3: Já ficaram hospedadas na minha casa, duas japonesas (no entanto sempre
falávamos em português, uma vez que elas vieram pra aprender essa ngua). Além disso,
quando fui ao Japão, tive que usar japonês por seis semanas. No SKYPE, com meus amigos
coreanos falantes de japonês. Algumas vezes com alunos e professores do curso de japonês
(essa era pra ser a maneira mais comum de utilização da língua japonesa, mas infelizmente
não é).
Sujeito A-4: Sim, desde que ingressei no semestre em 2003 que hospedo japoneses na
minha casa todos os anos, e também conheci alguns que estiveram de passagem em Fortaleza.
Geralmente eles vêm em época de férias escolares do Japão.
Sujeito B-1: Sim. Dentro do grupo de monitoria (com a YUKA). No início de 2010 durante o
Kenshuu (curso de japonês de curto período para universitários) na Fundação Japão.
Sujeito B-2: Sim. Quando algum japonês vem visitar o curso de japonês do NLE
169
Sujeito B2: Sim. Bem, foi mais pra um contato um pouco prolongado, do que uma
convivência. Eles não sabiam falar ou falavam pouco português, mas estavam aqui para
aprender. Então o maior contato foi durante um período de 2 meses (não diariamente). A
conversa girava em torno do uso de 70% japonês e 30% português.
E se deu no começo do meu curso 2005 2006. Outros contatos de menor período
aconteceram com a quantidade de japonês utilizado na conversa girando em torno de 70%
80%.
Sujeito B-4: Sim. Com professores e estudantes japoneses que visitaram o curso e
participaram de eventos.
Sujeito B-5: Em agosto de 2009 viajei para a cidade Palhano-CE para ajudar como intérprete
em uma pesquisa de um professor de medicina e cinco estudantes de medicina de uma
Universidade Japonesa.
12. Já realizou algum estudo no Japão? (sim/não) Em caso afirmativo, quando?
Não/Não/2009.1 (Janeiro a Fevereiro) seis semanas/Não/ Não/Não /Não/Não/Não
13. Em relação às últimas duas questões, 11 e 12, você acha que a resposta influencia sua
pronúncia? (sim/não) Explique por quê.
Sujeito A-1: Creio que a convivência com nativos de qualquer idioma, não somente de
japonês, facilita, com toda a certeza, a aquisição de uma pronúncia que se assemelhe com a
“ideal”.
Sujeito A-2: Sim. Caso tivesse contato frequente com falantes ou tivesse morado no Japão,
minha pronúncia seria melhor.
Sujeito A-3: Sim, porque acabo querendo pronunciar igual aos nativos, e estes também me
ajudam, às vezes, me corrigindo quando não pronuncio japonês corretamente.
Sujeito A-4: Com certeza. Se não fosse esses contatos que tive, minha pronúncia poderia ser
pior. Tentar imitar o que estou escutando ou o que está ao meu redor, sempre foi uma das
maneiras que utilizei para aprender mais.
Sujeito B-1: Sim. Se eu tivesse mais convivência com a língua poderia me condicionar
melhor a alcançar uma pronuncia melhor
Sujeito B-2: Sim, porque no Japão além de conviver só com japoneses, sendo obrigado a falar
japonês 24 horas, eu aprenderia novas metodologias para aplicar em sala de aula.
Sujeito B-2: Sim. Um pouco. Como o meu nível de japonês não era e ainda não é muito
elevado, a concentração necessária para entender o que é dito e responder criando assim a
comunicação ainda é alta, prejudicando a tranquilidade necessária para perceber outras
nuances da língua como algumas entonações e pronúncias de algumas palavras.
Sujeito B-2: Sim. Porque a minha percepção da pronúncia japonesa poderia ser melhor se eu
tivesse mais contato com japoneses ou se já tivesse ido para o Japão.
Sujeito B-2: Sim. Acredito que se tivesse mais contatos com japoneses nativos que não
soubessem falar português, me sentiria mais pressionado a falar japonês e assim também com
a convivência, poderia perceber melhor a pronúncia e corrigir a minha.
14. Como seus professores ensinavam a pronúncia da língua japonesa?
Sujeito A-1: Apenas através de repetições, sendo eles próprios geralmente o modelo.
170
Sujeito A-2: Professor 3 - por repetição, Professor 4- por indução, Professor 2 - por indução e
coerção, Professor 5 - por imersão e indução
Sujeito A-3: Não tinham aulas especiais voltadas para isso. No entanto, uma vez ou outras,
alguns professores diziam para tomar cuidado com palavras básicas, tais como ‘umi’, ‘ame’,
‘hashi’...
Sujeito A-4: Pediam para repetir o que eles falavam.
Sujeito B-1: Através de exercícios auditivos de pergunta e resposta e exercícios de
conversação
Sujeito B-2: Material de áudio do Minna (no Nihongo) I e II; músicas, vídeos
Sujeito B-3: Através dos cartões com os kanas eles pronunciavam o kana e o vocabulário e a
classe repetia. O áudio era utilizado nas aulas de compreensão auditiva e não como base para
a pronúncia da língua. Com a entrada do professor nativo a pronúncia e correção da mesma
era feita pelo professor.
Sujeito B-4: Por meio de exercícios de repetição de palavras e expressões. O professor
colocava um CD e os alunos deveriam tentar imitar a pronúncia do nativo.
Sujeito B-5: Ensinavam através de repetição dos áudios do CDs e às vezes corrigindo a
pronúncia na hora mesmo com a pronúncia deles mesmo.
15. Você se sente seguro em relação à sua pronúncia da língua japonesa? (sim/não)
Em que ponto você se sente seguro/inseguro na sua pronúncia da língua japonesa? Explique.
Sujeito A-1: Não. Eu não me sinto seguro em relação à entoação, pois às vezes sinto que não
pronuncio corretamente certos agrupamentos lexicais, e é difícil trabalhar essa questão, pois
nem sempre tenho um feedback de um falante nativo.
Sujeito A-2: Embora saiba que os japoneses vão se esforçar para entender o que digo, sempre
confundo as tonalidades das palavras com mesma construção silábica (ex: úmi / umí)
Sujeito A-1: Não. Algumas vezes que falo japonês, algum nativo pergunta ‘hai?ou então,
logo pronuncia alguma palavra que eu tenha falado de uma maneira diferente, para me
mostrar qual a real pronuncia. Além disso, os homófonos são os maiores problemas, pois na
língua falada, precisamos fazer a diferenciação através da pronúncia correta. No caso da
escrita, a saída seria a escolha do ideograma correto.
Sujeito A-1: Não. Acentuação, porque acho que não a faço corretamente.
Sujeito B-1: Não. Acredito ter menos dificuldade em labas contraídas e longas, e
particularidades como o tsu (). O ponto mais fraco, do meu ponto de vista, é certas
diferenças de entonações e vogal nasal/
Sujeito B-2: Não sou fluente. E às vezes, por distração, não pronuncio palavras corretamente
provocando mal entendidos.
Sujeito B-3: Percebo que às vezes tenho uma pronúncia mais distante do que alguns
companheiros com o mesmo tempo de estudo, mas acho ainda assim consigo me fazer
entender razoavelmente bem
Sujeito B-4: Às vezes o pronuncio o chiisai tsu (“tsu” pequeno) adequadamente e a minha
entonação não é boa. Também não conheço bem a acentuação das palavras.
171
Sujeito B-5: Sim. Sei que minha pronúncia não é tão correta, porém sinto seguro porque
normalmente consigo passar o as informações que desejo, às vezes sinto vontade de melhorar
minha pronúncia, isso quando eu pronuncio algo de uma maneira e em seguida um japonês
pronuncia a mesma coisa um pouco diferente.
16. sentiu dificuldade na comunicação oral com japoneses por causa da sua pronúncia?
(sim/não), Em caso afirmativo, explique como.
Sujeito A-1: Já, mas sim por falta de vocabulário e não de pronúncia.
Sujeito A-2: Sim, eventualmente preciso repetir as frases para consertar erros de pronúncia.
Sujeito A-3: Às vezes percebo que o nativo, da maneira mais natural, vai pronunciar a palavra
que eu queria ter dito, da forma correta, assim ele me mostra como é a real pronúncia. Com
certeza o fato deles se esforçarem pra compreender nosso japonês, ajuda bastante bem como
incentiva e nos corrige sem menosprezar.
Sujeito A-4: Sim, ocorreu de japoneses terem dificuldade de entender o que eu digo por eu
ter errado uma acentuação
Sujeito B-1: Sim. Fui mal compreendida por pronunciar uma palavra com a sílaba tônica
errada
Sujeito B-2: Sim, em relação à acentuação, entonação
Sujeito B-3: Sim. Em conversas mais informais costuma ocorrer sem grandes problemas.
Porém vezes em que uma palavra mal pronunciada muda o sentido da frase, ou então
quando se é perguntado qual o significado de uma palavra sem antes ter dado um contexto,
raramente consigo me fazer entender sem por a palavra em contexto.
Sujeito B-4: Sim
Sujeito B-5: Não
17. Alguém corrige sua pronúncia? (sim/não)
Em caso afirmativo, detalhe quem e de que modo (por exemplo, pela internet, pelo
contato diário, com aprendizes e professores de japonês, etc.).
Sujeito A-1: Não. Isso ocorre quando estou falando com algum nativo e eu mesmo peço
para que ele/ela faça a correção.
Sujeito A-2: Professor 5, sempre que eu faço errado me corrige. outros professores mais
experientes também me corrigem.
Sujeito A-3: Algumas vezes pela internet (SKYPE/MSN) quando alguns amigos coreanos ou
japoneses falam comigo e não entendem alguma palavra que pronunciei. Outras vezes,
pergunto para alguns sensei (professor) qual seria a pronúncia certa, para que no momento da
aula eu não pronuncie errado. Em último caso, durante a aula, aconteceu de algum
monitor/sensei (professor) levantar a mão e dizer “a pronúncia certa não seria X?”.
Sujeito A-4: Sim. Geralmente minha pronúncia foi corrigida por nativos. Mas isso
acontece quando pronuncio algo que eles têm muita dificuldade de entender, ou que possa
causar mal-entendidos.
Sujeito B-1: Sim. Contato com professores.
172
Sujeito B-2: Por professores, na sala de aula.
Sujeito B-3: Sim. Bem, a correção aconteceu principalmente durante o mini-curso de
pronúncia dado pela professora. Em outras oportunidades houve algumas correções, mas nada
tão significativo quanto as feitas durante o mini-curso.
Sujeito B-4: Sim. Correções feitas por outros professores do curso (Professor 5, Professor 6).
Sujeito B-5: Normalmente professores japoneses e alguns japoneses nativos, corrigem não
diretamente, mas normalmente, depois de eu pronúncia de alguma maneira estranha, eles
repetem a palavra confirmando, isso ao mesmo tempo me parece uma correção.
18. Sobre seu estudo de pronúncia da língua japonesa, marque os itens com que você se
identifica.
a. Reconheço minhas dificuldades na pronúncia da língua japonesa. (Sim / Não)
Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
b. Peço uma orientação aos professores, japoneses nativos ou amigos para
ensinar/mostrar a pronúncia em língua japonesa. (Sim / Não)
Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
c. Peço aos professores, japoneses nativos ou amigos para avaliarem e corrigirem minha
pronúncia. (Sim / Não)
Sim/Sim/Sim/Não/Não/Sim/Não/Não/Não
d. Verifico o melhoramento da minha pronúncia. (Sim / Não)
Não/Sim/Sim/Não/Sim/Sim/Sim/Sim/Não
e. Leio e pesquiso os materiais de ensino de pronúncia da língua japonesa. (Sim / Não)
Não/Sim/Não/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Não
f. Tento imitar a pronúncia do professor ou material de áudio. (Sim / Não)
Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
g. Treino minha pronúncia até achar que consegui chegar à orientação dada ou ao
parâmetro que eu estabeleci através de material de áudio. (Sim / Não)
Não/Sim/Sim/Não/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
h. Quando for falar em japonês, tenho consciência da minha pronúncia. (Sim / Não)
Sim/Não/Sim/Não/Não/Sim/Sim/Não/Sim
i. Sempre tento procurar saber por que não consigo pronunciar determinada palavra ou
frase. (Sim / Não)
Sim/Sim/Não/Não/Sim/Sim/Não/Sim/Não
j. Quando vejo um estudante de língua japonesa que tem uma boa pronúncia, costumo
pensar em como ele estuda a pronúncia. (Sim / Não)
Sim/Sim/Sim/Não/Sim/Não/Não/Sim/Não
k. Sempre comparo e procuro as diferenças entre minha pronúncia e a de materiais de
áudio ou dos japoneses nativos.
Não/Sim/Sim/Não/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
173
l. Conheço as diferenças e semelhanças de pronúncia da língua portuguesa e da língua
japonesa. (Sim / Não)
Não/Sim/Não/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
m. Quando falo em língua japonesa, observo as reações do ouvinte para avaliar se a
minha pronúncia é inteligível ou não. (Sim / Não)
Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
n. Quando achar que estou pronunciando errado ou diferente em relação ao que estudei,
pronuncio mais vezes. (Sim / Não)
Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
o. Tomo cuidado com a forma e a posição das articulações motoras (boca, língua ou
lábios) quando for falar em língua japonesa. (Sim / Não)
Não. Dificilmente penso nisso/Sim/Não/Sim/Não/Não/Não/Não/Não
p. Observo a forma e a posição das articulações motoras dos professores, dos japoneses
nativos ou dos amigos. (Sim / Não)
Não/Sim/Não/Não/Sim/Não/Não/Não/Sim
19. Quando encontrar uma palavra desconhecida, como você pronuncia em relação à
entonação e acentuação?
Sujeito A-1: Apenas por intuição.
Sujeito A-2: Tento assemelhá-la a palavras conhecidas.
Sujeito A-3: Da primeira vez que vêm a cabeça. Muitas vezes não tenho como descobrir, na
maioria das vezes, é mais viável procurar um nativo e pedir pra ele pronunciar e eu tentar
imitar.
Sujeito A-4: Invento na hora
Sujeito B-1: Como oxítona
Sujeito B-2: Pergunto a um professor primeiro e repito várias vezes
Sujeito B-3: Tento lembrar de alguma palavra parecida para tentar buscar a pronúncia mais
próxima. Porém, normalmente nós brasileiros temos o costume de por a sílaba tônica das
palavras na penúltima sílaba e isso se reflete nas pronúncias das palavras em japonês que não
conhecemos e não raramente nas palavras que conhecemos também.
Sujeito B-4: Como não tenho dicionário de acentuação japonesa, pronuncio de acordo com as
regras de pronúncia que eu já aprendi.
Sujeito B-5: Não tenho uma regra exata, às vezes, simplesmente como eu acho que seja.
Outras vezes, quando acho parecida a escrita com de outra palavra, e as vezes pela leitura do
kanji. Mas normalmente, apenas leio como acho que seja.
20. Você tem alguma metodologia própria para melhorar sua pronúncia? (Sim/Não)
Explique como você a utiliza.
174
Sujeito A-1: Bem, o modo que tento melhorar a pronúncia é assistindo programas em japonês
para acostumar bem o ouvido e conseqüentemente a pronúncia.
Sujeito A-2: Tentar imitar o que estou ouvindo. Sem querer, de tanto ver anime/dorama
(seriado ou novela) /filme, quando me deparo com tal expressão ou palavra, tento lembrar
como aquele personagem pronunciou, e tento fazer igual.
Sujeito A-3: Costumo repetir e gravar trechos de filmes e seriados para comparar com o
original e ver onde está diferente.
Sujeito A-4: Não
Sujeito B-1: Escuto áudios de conversação em japonês, como novelas. Vejo programação da
TV japonesa. Tento imitar os textos que escuto
Sujeito B-2: Não
Sujeito B-1: Não
Sujeito B-4: Não
Sujeito B-5: Não
21. Quando for fazer a leitura em voz alta em língua japonesa, quais pontos que você
presta atenção?
Sujeito A-1: Tento prestar atenção ao “timing” para ver se minhas pronúncia/entonação estão
parecidas com o de um nativo.
Sujeito A-2: Entonação da frase e tonalidade das palavras.
Sujeito A-3: Partículas, pois acho que vão me indicar pausas e elementos importantes na frase.
Kanji, pois se não souber ler, a leitura não flui. Katakana, pois por ser menos praticada, torna
a leitura mais lenta.
Sujeito A-4: Entonação
Sujeito B-1: Se estou pronunciando da mesma maneira que estou lendo/está escrito.
Sujeito B-2: Acentuação e tonicidade, prolongamento, 小さ (a letra “tsu” escrita em
menor tamaho)
Sujeito B-3: Tento falar de forma clara e com o mesmo ritmo, para isso tento na minha mente
ligar a palavra que estou lendo com a seguinte para achar um ritmo e entonação mais
apropriados. Quando no texto muitas palavras que não conheço a minha leitura fica muito
prejudicada.
Sujeito B-4: Entonação, respiração, pausas
Sujeito B-5: Tento pronunciar como vem a minha cabeça os sons que lembro. Tipo
diferenciando som fechado de som aberto.
3 Sobre ensino de língua japonesa
1. Você tem experiência como monitor? Qual foi o período?
Sujeito A-1: Não
Sujeito A-2: Sim. De mar/2007 até nov/2008.
175
Sujeito A-3: Fui o primeiro monitor/pesquisador do curso (de 2005.2~2008.2) (três anos)
Sujeito A-4: Sim, só durante o semestre 2006.2 (6meses)
Sujeito B-1: De 2008 a 2009 (1 ano)
Sujeito B-2: Sim. Julho/2007 a Dezembro/2009
Sujeito B-3: Sim. Fui monitor de 2007.2 até 2008.2 (1 ano).
Sujeito B-4: Sim. Período: 2007.2 (6 meses)
Sujeito B-5: Sim. Fui monitor do 3º semestre de japonês no período 2008.1 (6 meses)
2. Quando você começou a ensinar ngua japonesa no Núcleo de Línguas Estrangeiras
(NLE)?
Sujeito A-1: Na realidade, ensinei dois semestres no Prolin (Projeto de Línguas da UECE) e
apenas um semestre no NLE (em 2009.2)
Sujeito A-2: Mar/2008
Sujeito A-3: 2008.2. Turma de primeiro semestre (vai completar 2 anos)
Sujeito A-4: No semestre 2005.2 (vai completar 5 anos agora)
Sujeito B-1: Março de 2010 (vai completar 1 semestre)
Sujeito B-2: Março/2010 (vai completar 1 semestre)
Sujeito B-3: Em 2008.2. (vai completar 2 anos), mas durante o período em que estava como
monitor substituí o professor em diversas aulas.
Sujeito B-4: Em 2008.1 (vai completar 2 anos e 1 semestre)
Sujeito B-5: Comecei a ensinar no semestre de 2008.2 (vai completar 2 anos)
3. Quais turmas você já ensinou e ensina atualmente no NLE?
Sujeito A-1:
Sujeito A-2: 2008.1 – S1 E S3, 2008.2 – S2 E S4, 2009.1 – S3 E S4, 2009.2 – S1, 2010.1 – S2
Sujeito A-3: 1, 2, 3, 4, 5. Atualmente: semestre I(Sáb), IV(seg-qua) e V(ter-qui).
Sujeito A-4: 1, 2, 3, 4, 5, 6. Atualmente: 6° e 8°
Sujeito B-1:
Sujeito B-2:
Sujeito B-3: 4º, atualmente 2. (2,3 enquanto era monitor)
I, II, III (enquanto era monitor) e IV semestres. Atualmente estou com o II semestre.
Sujeito B-4: 1, 2, 3, 4. Atual 1.
ensinei o quarto semestre (atual avançado II), terceiro semestre (atual sexto), primeiro e
segundo semestre (atual terceiro). Ensino o primeiro semestre 2009.1 do sábado.
Sujeito B-5: 1, 2, 3, 4, atual 3
Já ensinei desde o 1º semestre até o 4º semestre. E, atualmente, estou ensinando o
semestre.
176
4. Você ensina (ou ensinou) língua estrangeira em outra instituição? (sim/não)
Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Não/Não/Não/Sim
Em caso afirmativo, responda seguintes perguntas.
1. Qual é o idioma que você ensina (ensinou)?
Inglês/Japonês/Inglês e Japonês/Japonês/Japonês/não/não/não/ /Japonês
2. A metodologia na outra instituição é diferente da adotada no NLE? (sim/não)
Sim/Sim/Não/Sim/Sim/Não/Não/Não/Sim
3. Qual é o livro didático adotado por outra instituição?
Sujeito A-1: Material Próprio
Sujeito A-2: Minna no Nihongo.
Sujeito A-3: Inglês (Top Notch); Japonês (Minna no Nihongo).
Sujeito A-4: Curso Básico de Japonês da Aliança Cultural Brasil-Japão
Sujeito B-1: Aliança Brasil Japão. E Apostila própria da instituição
Sujeito B-2: Não
Sujeito B-3: Não
Sujeito B-4: Não
Sujeito B-5: É um material próprio
4. Como eles tratam o ensino de pronúncia?
Sujeito A-1: Preocupam-se com o ensino de pronúncia, pois a mesma é necessária para que o
aprendiz desenvolva de uma maneira satisfatória a sua competência linguística.
Sujeito A-2: Como prioridade, por ser um curso comunicativo, é exigido que o professor se
comunique constantemente na língua-alvo em sala de aula, induzindo os estudantes a utilizá-
la também.
Sujeito A-3: No inglês tem vários exercícios de repetição com CDs e transcrições fonéticas;
No japonês, não é dada tanta ênfase na pronúncia.
Sujeito A-4: Não tratam. Os professores são completamente autônomos na aplicação de
metodologias.
Sujeito B-2: Como uma parte do ensino do japonês, mas não em especial. Pregam a
conversação como o mais importante.
Sujeito B-2: Não
Sujeito B-3: Não
Sujeito B-4: Não
Sujeito B-5: Os alunos repetem o que o professor fala e também escutam um CD com a
pronúncia de um nativo.
5. Organize os itens seguintes de acordo com a sua idéia de como você dar uma
importância ao ensino de japonês na sua sala de aula. Numere de 1 a 5 como nível de
importância (1= menos importante, 5 = mais importante)
177
Comentário:
Sujeito B-3
Acho que a importância dos itens pode variar dependendo do semestre em que se está
lecionando. No e semestres, por exemplo, a caligrafia e vocabulário tenham bastante
importância durante o ensino dos kanas. Juntamente com a pronúncia dos mesmos.
4 Sobre o ensino de pronúncia da língua japonesa
No ensino de pronúncia da língua japonesa, existem os elementos que precisam ser
destacados. Estes elementos são;
a) Vogal que não existe no português ([ɯ])
b) Vogais de silabas como “ki”, “ku”, “shi”,“su”,“chi”,“tsu”, “hi” e
“fu” que não são pronunciadas antes de consoantes desvozeadas “k”, “s”, “t” e “h”
(きく/kiku/)
c) Semivogais (letras como /ya/, /yu/ e /yo/ minúsculas) que não se pronuncia
do mesmo modo que no português
d) Sílabas que não existem em português (/tsu/, /ɸu/)
e) Prolongamento (きゅう/kyuː/, おじいさん /ojiːsan/)
f) Pausa (きって/kiQte/)
g) Acento das palavras, por exemplo, diferença entre (あめ/
a
me/) e (あめ/a
me
/)
h) Entoação frasal no final de frase (です(/desu/), /desuka/, /maʃoː/,
etc.)
i) A inserção de /y/ e nasalização de vogal antes de uma consoante “n” ou “m” (せぃんせ
/sysei/) como produções possivelmente ocasionadas pela influência da ngua
portuguesa
j) A inserção de /n/ e nasalização de vogal antes de uma consoante “n” ou “m” (なんに
/nãni/) como produções possivelmente ocasionadas pela influência da língua portuguesa
Escrita (caligrafia) (2/5/2/3/3/5/5/4/2) Escrita (redação) (2/4/2/2/4//5/4/2/3)
Conhecimento de Kanji (escrita)
(1/4/3/1/2/3/2/3/3)
Conhecimento de Kanji (leitura)
(3/5/5/1/4//4/ 3/4/4)
Gramática (4/3/3/4/5/5/3/4/4) Compreensão textual (4/5/4/3/4/5/5/5/5)
Pronúncia (2/3/3/5/4/3/4/3/4) Comunicação (5/4/3/5/4/5/5/3/5)
Compreensão auditiva (5/4/5/3/4//4/4/4//5/) Vocabulário (1/5/5/2/4/5/4/5/5)
Outros (explique) (não/não/não/não/não/ não/sim*/não/não)
178
1. Marque com X os elementos que você trabalhou quando ensinou o primeiro semestre.
a) Vogais (x/x/x/x/x/x/x/x/x) b) Vogal não pronunciada (-/x//x/x/x/x/x/x)
c) Semivogais (-/x/x/x/x/x/x/x/x) d) Som de [tsɯ] e [ɸɯ]
(x/x/x/x/x/x/x/x/x)
e) Prolongamento da vogal
(x/x/x/x/x/x/x/x/x)
f) Pausa (x/x/x/x/x/x/x/x/x)
g) Acento das palavras (-/x/x/-/x/x/x/-/x) h) Entoação frasal (-/x/x/-/x/-/x/x/x)
i) Inserção de /y/ (x/x/x/-/x/x/x/x/x) j) Inserção ounazalização de den/y/
(x/x/-/-/x/x/x/-/-)
2. Marque com X os elementos que você trabalha na sua aula a partir do segundo
semestre.
a) Vogais (-/-/-/x/-/-/x/-/-) b) Vogal não pronunciada (-/-/-/x/-/-/x/x/-)
c) Semivogais (-/-/-/x/-/-/x/-/-) d) Consoantes (-/-/-/x/-/-/x/x/-)
e) Prolongamento da vogal
(-/x/-/x/x/x/x/-/-)
f) Pausa (-/x/-/x/-/x/x/x/-)
g) Acento das palavras (-/x/-/-/x/x/x/-/-) h) Entoação frasal (-/x/-/x/x/x/x/x/-)
i) Inserção de /y/ (-/x/-/x/-/-/x/x/-) j) Inserção ou nazalização de /n/
(-/x/-/-/-/-/x/-/-)
*Sujeito A-1 marcou não em todas porque só ensinei primeiro semestre.
Comentários sobre o ensino da pronúncia nos diferentes níveis de conhecimento em
língua japonesa da(s) turma(s)
Sujeito A-1: Sim, na realidade eu passo a teoria e, em seguida, peço para os alunos repetirem
exemplos de palavras sobre aquela pronúncia específica. A repetição ocorre tanto tendo eu
mesmo (o professor) como exemplo ou através de áudio em japonês.
Sujeito A-3: No primeiro semestre acho importante abordar a questão das consoantes e vogais.
Sempre digo pros alunos que as vogais são as mesmas que as nossas, no entanto, o “e” e o “o”
são fechadas, falem das 5 vogais, a, i, u , e, o, o japonês possui as consoantes mas SEMPRE
formando sílabas. A única "consoante" que está sozinha, seria o som do "n". Todas as outras
estão juntas das 5 vogais ensinadas logo no primeiro encontro. Depois de iniciar o estudo do
hiragana, os sons longos (chou-on), sons de consoante dobrada (soku-on), sons de consoante
sonora (daku-on) também são muito importantes. Escrevo palavras com e sem esses
"fenomenos" do japonês, para que os alunos percebam a diferença. Depois disso, os
pronuncio e peço para os alunos repetirem. Por exemplo: Oji-san e Ojiisan, Oba-san e Obaa-
san. Para perceberem que tem o som longo e que devem SIM pronunciar, para que não se
torne outra palavra. Mesma coisa com soku-on e daku-on !! Tento fazer os alunos perceberam
a diferença com a pronuncia de cada palavra em voz alta. Kakitori (exercício de audição)
também é muito bom para treinar essa percepção. Com a inserção do (semivogal) “y”
pequeno, a mesma coisa. Palavras com e sem semivogal “y” (ou letras como “ya”, “yu” ou
“yo”) pequeno, são escritas e trabalhadas em voz alta e com ditados.
no decorrer dos semestres, como essa base introdutória está mais solidificada, seria
interessante trabalhar a questão da entonação das palavras e das frases. Mas sempre que
179
possível, tento retomar a questão do TSU pequeno, que muitos alunos costumam esquecer
da "pausa". Assim como chou-on (sons longos) também. Trabalho com frases completas e a
pronúncia das mesmas, sempre respeitando as pausas e as partículas. Diferenças de Úmi (mar)
e Umí,(pus) com kanji na sentença, ajuda a compreensão da palavra que está sendo dita.
Sujeito B-5: Quando eu ensinei o primeiro semestre, não utilizei nenhum método específico
para cada aspecto, praticamente, pedia para os alunos repetirem a minha pronúncia depois de
mim, e em outros casos, usava um CD com pronúncia de palavras em japonês e pedia para
eles escutarem e depois repetirem. Depois, escutava de novo, e escrevia como havia escutado.
3. Se tiver outros elementos que você trabalhou dentro da sala de aula além dos
elementos mostrados nas últimas questões (4. 1 e 4.2), explique o que, como e em que
semestre você trabalhou esses elementos.
Sujeito A-1: Não
Sujeito A-2: Não
Sujeito A-3: Acho que a “pausa” em partículas ou pontuações é bastante importante para que
os alunos possam ler mais naturalmente. Muitos alunos querem ler rápido porque escutam
japoneses falando rápido. Mas é importante ressaltar em qualquer semestre a questão da pausa
entre palavras, pontuações e partículas. Dessa forma, cada elemento pode ser pronunciado da
maneira correta.
Sujeito A-4: Não
Sujeito B-1: Não
Sujeito B-2: Não
Sujeito B-3: Não
Sujeito B-4: Não
Sujeito B-5: A partir do semestre não trabalhei essa parte de pronúncia como foco, ou seja,
não trabalhei em nada específico. Me foquei mais na matéria e praticar de exercícios, e tentei
deixar que a pronúncia fosse adquirida através apenas escutando os CDs e prática no dia-a-dia.
Apenas corrigia quando eu achava necessário.
4. Sobre material didático, o que você acha que os livros podem oferecer ao ensino de
pronúncia na sua sala de aula?
Sujeito A-1: Eles podem trazer aspectos sobre pronúncia que são comprovadamente difíceis
ou bastante relevantes para estudantes de língua estrangeira para aquele determinado idioma.
Sujeito A-2: Livros podem ajudar a dar um ponto de partida e referência gráfica ao estudo da
pronúncia.
Sujeito A-3: Os livros podem oferecer a transcrição fonética das palavras bem como a
acentuação por meio de sinais. No entanto, só o CD pode oferecer a pronúncia correta de cada
palavra. Juntando os dois, poderíamos trabalhar melhor a questão da pronúncia dos nossos
alunos e de nós professores.
Sujeito A-4: Poderiam ter sinais de indicação de acentuação.
Sujeito B-1: Do material atualmente usado, seriam os exercícios auditivos.
180
Sujeito B-2: Em relação ao material usado no semestre (o qual ensino) não muito. Vai
depender totalmente do professor já q não tem material de áudio.
Sujeito B-3: Regras básicas para pronúncia do japonês e no final juntamente com o glossário
das palavras e tradução a pronúncia correta como em (あめ/áme /) e (あめ/amé /)
Sujeito B-4: Livros com a acentuação japonesa indicada nas palavras podem ajudar os alunos
a terem uma noção de como devem pronunciar, mas o livro por si não é suficiente. A
pronúncia deve ser estudada utilizando-se em conjunto livros, CDs com falantes nativos e
DVDs.
Sujeito B-5: O livro em si, acredito que pode oferecer um apoio ao ensino de pronúncia
quando possui algum CD de áudio para acompanhar o livro, ou talvez alguma indicação de
como pronunciar, apesar de que acredito que o CD ainda seria melhor, ainda mais se tiver
sido gravado por um nativo.
5. Você utiliza os materiais extras para o ensino da pronúncia? Qual é o material e qual o
objetivo de utilizar este recurso?
Sujeito A-1: Ainda não utilizei.
Sujeito A-2: Vídeos acompanhados por texto, para que os estudantes percebam a diferença
entre compreender um texto escrito e reproduzir um texto falado.
Sujeito A-3: Não utilizo. Sinceramente ainda o me sinto capaz de trabalhar esse aspecto.
Preciso pesquisar e estudar um livro com o qual eu me identifique, para que, assim, possa
levar para a sala de aula.
Sujeito A-4: Não
Sujeito B-1: Sim. Kaze no tsubasa (livro didático com material de áudio), Mainichi no
kikitori (livro de exercício de audição), Erin ga chosen (um desafio de Erin, material audio-
visual). Demonstrar a pronúncia de um japonês nativo e processo de conversa mais próximo
ao natural, na medida do possível.
Sujeito B-2: Músicas e vídeos. Com o objetivo de mostrar aos alunos a pronúncia de nativos
para que eles percebam a acentuação, palavras parecidas, mas que possuem pronúncias e
significados diferentes.
Sujeito B-3: Como modo de compensar a pronúncia de um não nativo, tento utilizar ao
máximo o áudio do material que acompanha o livro para os alunos terem a pronúncia nativa
como base de comparação para a pronúncia deles e do professor.
Sujeito B-4: Sim. Utilizei o livro Mainichi no kikitori (livro de exercício de audição) com
alunos do terceiro e quarto semestre (na época em que ensinei nessas turmas). Os alunos
ouviam o áudio e tentavam imitar a pronúncia.
Sujeito B-5: Utilizo materiais extras, porém não para o ensino de pronúncia, e sim para dar
um apoio a matéria ensinada, ou para dar mais outra oportunidade de prática aos alunos.
6. No seu planejamento de aula, vo separa um tempo para tratar do ensino de
pronúncia? (sim/não) Em caso afirmativo, você está satisfeito com seu plano?
Sujeito A-1: Não
Sujeito A-2: Sim, mas ainda não tenho treino suficiente para abordar com segurança o tema
em sala de aula.
181
Sujeito A-3: Infelizmente, não estou satisfeito. Temos muitas habilidades para tratar quanto
ao ensino da língua japonesa, desde caligrafia até o estudo do kanji (essas são habilidades A
MAIS no ensino da língua japonesa, por exemplo). Outros idiomas que não precisam estudar
esses aspectos podem se prender mais à pronúncia, leitura, conversação, enquanto para nós
estudantes de japonês, temos esses e muitos outros aspectos para tratar em sala de aula,
dificultando a abordagem das quatro principais habilidades da língua.
Sujeito A-4: Não
Sujeito B-1: Sim. Mas acho que ainda tenho muito a melhorar.
Sujeito B-2: Sim, mas não estou satisfeito, pois não faço isso todas as aulas.
Sujeito B-3: Não. Mas no decorrer da aula atento para alguns cuidados e faço algumas
correções em casos que acho mais grave, com o cuidado de não desestimular ninguém pois
uma boa pronúncia é algo gradativo e precisa de algum esforço para se conseguir.
Sujeito B-4: Observo a pronúncia do aluno durante a aula e faço a correção na frente de
todos. E em todas as aulas enfatizo a importância da pronúncia correta das palavras e frases.
Sujeito B-5: Não
7. Sobre as atitudes dos alunos em relação ao ensino de pronúncia, você sente alguma
dificuldade de tratar esse assunto na sala de aula?
Sujeito A-1: Na realidade não. A questão da pronúncia deve ser tratada como algo importante
na aprendizagem de uma língua estrangeira, desse modo, o professor deve, desde o início,
monitorar seus alunos e, de vez em quando, executar atividades que envolvam esse tipo de
aspecto lingüístico fazendo assim com que os mesmo se acostumem naturalmente com esse
assunto.
Sujeito A-2: Não. A maioria dos alunos deseja se comunicar, e por isso importância ao
estudo da pronúncia.
Sujeito A-3: Com certeza. Como não me sinto preparado, algumas vezes quando os alunos
fazem perguntas como ‘a pronúncia é /KÁsa/ ou /kaSÁ/? Se eu não souber, fico meio sem
jeito e digo, ‘vou pesquisar com calma e na próxima aula eu te digo’. No entanto, seria mais
conveniente se eu soubesse responder na mesma hora que a pergunta fosse feita. Isso
aumentaria minha auto-estima dentro da sala, deixando os alunos à vontade para qualquer tipo
de pergunta relacionada a esse tópico.
Sujeito A-4: Não
Sujeito B-1: Sim. cerca inibição e medo, por parte dos alunos, ao tentar pronunciar
alguma coisa nova.
Sujeito B-2: Não
Sujeito B-3: Os alunos se sentem curiosos e dispostos a aprender a pronúncia, mas também
podem se sentir extremamente frustrados, desestimulados e confusos com a dificuldade de
reproduzir os sons. O cuidado meu ver seria mostrar que existem diferenças e que eles têm
que estar cientes que esta diferença existe, mas sem sobrecarregar o aluno com muitos
detalhes (regras, exceções, etc.), é algo que se tem que ir percebendo, sentido e treinando para
ir se adaptando.
Sujeito B-4: Alguns alunos sentem-se envergonhados de falar em voz alta, então às vezes é
difícil conseguir fazer a avaliação da pronúncia desses estudantes.
182
Sujeito B-5: Não
8. Que tipo de dificuldades/facilidades relativas ao ensino da pronúncia você sente?
Sujeito A-1: O que facilita é o fato de grande parte dos fonemas encontrados em japonês
existirem também na língua portuguesa, isso faz com que os alunos não sintam dificuldades
com a maior parte dos kanas. Entretanto, a questão da entonação com certeza é o calcanhar de
Aquiles de qualquer estudante.
Sujeito A-2: Difícil ensinar sobre shi/chi e su/tsu no começo. É fácil ensinar as silabas e as
vogais básicas por causa da proximidade do som.
Sujeito A-3: O uso do kanji facilita a pronúncia/diferenciação dos homófonos. Acho bastante
útil quanto ao ensino da pronúncia. No entanto, na fala, infelizmente isso não pode ser tratado.
Sujeito A-4: Acho que os alunos gostariam de realizar uma pronúncia igual ao do nativo,
portanto sempre que eles têm sua pronúncia corrigida, sinto que eles ficam satisfeitos achando
que sua pronúncia está mais parecida com a do nativo.
Sujeito B-1: Demonstrar as nuance da pronuncia nas quais possuo mais facilidade é o mais
fácil. Fazer os alunos experimentarem as novidades a língua mãe e corrigir erros persistentes
são o mais difícil.
Sujeito B-2: Insegurança de estar ensinando a pronúncia correta.
Sujeito B-3: Há realmente alguns sons bastante difíceis de se reproduzir, a facilidade é que o
grau de “aceitação” da variação do som ajuda o falante a não se sentir tão desanimado pra
tentar corrigir a pronúncia. Mas não se deve ficar acomodado com sua atual pronúncia, isto é
um fator bastante importante e dever ser levado em conta.
Sujeito B-4: Ainda não tenho uma boa pronúncia, por isso me falta mais conhecimento sobre
o assunto.
Sujeito B-5: Até hoje, nenhum aluno se posicionou de alguma maneira se sentindo
contrariado nesse ponto, todos sempre aceitaram as correções, ou qualquer outra coisa em
relação a esse ponto.
5 Sobre oficina de pronúncia da língua japonesa
Você participou da oficina de pronúncia da língua japonesa realizada em janeiro de 2010?
(sim/não)
Não/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim/Sim
Em caso afirmativo, responda às seguintes perguntas.
7. O que você achou em relação ao conteúdo?
Sujeito A-1: Não participei
Sujeito A-2: Importante, embora exija muita sensibilidade para compreender
Sujeito A-3: Interessante
Sujeito A-4: Interessante e bem escolhido
Sujeito B-1: Muito esclarecedor. Houve tópicos que pude trabalhar no dia a dia e sentir sua
utilidade
Sujeito B-2: Bom, principalmente por abordar pontos que são ensinados no 1 semestre.
183
Sujeito B-3: Muito bom, funcionou para abrir os olhos em alguns aspectos da pronúncia que
antes eu não conhecia ou passavam despercebidos.
Sujeito B-4: Conteúdo bem trabalhado, voltado para as questões principais relativas a
pronúncia.
Sujeito B-5: Achei muito bom. Achei que depois do curso comecei a me policiar mais com
relação à pronúncia e gostei muito do material utilizado.
8. Indique os pontos positivos e os negativos sobre o curso todo.
Sujeito A-1: Não participei da oficina
Sujeito A-2: Não tive acesso ao material, então passei a maior parte do curso sem ponto de
referência gráfica. Como ponto negativo, foi muito depressa. Como ponto positivo, teve
bastante conteúdo.
Sujeito A-3: Foi bastante básico e rápido. Sabemos que um assunto como esses requerem
maior empenho, pesquisa e estudo de ambos os alunos e professor. Infelizmente tiveram
pontos um tanto complicados, mas que, devido ao curto prazo, não puderam ser aprofundados.
Sujeito A-4: Positivos: conseguimos ter um panorama geral da pronúncia japonesa.
Negativos: faltou tempo para prática
Sujeito B-1: O positivo foi ver tudo o que nunca havia sido apresentado em aula antes, e
como utilizá-lo. O negativo seria o pouco tempo para explorar um assunto tão amplo
Sujeito B-2: Positivos: os professores e monitores treinaram a pronúncia; tiveram
oportunidade de corrigir erros; e a explicação de pontos abordados (divisão em grupos) no 1
semestre para dois convidados. Negativos: o curso foi curto
Sujeito B-3: PONTOS POSITIVOS: foi a explicação sobre como funciona a pronúncia da
língua japonesa. Como o curso teve curta duração tivemos uma introdução dos vários tópicos
do tema. Também foi levado em conta como seria a melhor forma de apresentar o conteúdo
aos alunos. Ao final do curso cada um em grupos ministrou uma aula sobre um ponto
diferente da pronúncia. O MAIOR PONTO NEGATIVO: foi a duração, 2 semanas (1 semana
teórica 1 semana prática) talvez seja um pouco curto para um tema um pouco difícil e
complicado.
Sujeito B-4: Positivos: aprendizado sobre as particularidades da pronúncia japonesa;
exercícios para melhorar a pronúncia; livro acessível. Negativos: o curso poderia ter sido de
maior duração.
Sujeito B-5: Os pontos positivos, acredito que tenha sido o material utilizado, e também com
o a professora os utilizou. O ponto negativo (não é bem um ponto negativo), seria mais o fato
que pensei que é muito difícil de se adquirir uma pronúncia seguindo um método, passei a
pensar que é possível se adquirir através da prática e convivência do dia-a-dia.
9. O que você aprendeu durante o curso?
Sujeito A-1: Não participei da oficina
Sujeito A-2: Além da importância da pronúncia, as complicações que uma pronúncia ruim
pode causar e modos de evitar que isso atrapalhe a comunicação.
Sujeito A-3: Marcações nas palavras para indicar a pronúncia. Aprendi que existem diversas e
que todas são bastante úteis para ensinar melhor. Passei a utilizá-las, em alguns casos.
184
Sujeito A-4: De novo, somente algumas regras de acentuação.
Sujeito B-1: Diferenças de entonação que mudam sentidos por completo, pronúncia singular
das vogais em relação ao português, técnicas de estudo de pronúncia.
Sujeito B-2: Mora; sílaba; acentuação (pude corrigir erros na minha pronúncia de certas
palavras). Mais esclarecimentos sobre prolongamentos, (“tsu” pequeno) e
(consoantes)
Sujeito B-3: Formas de abordar o tema de pronúncia em sala de aula, formas de estudar sobre
o tema, de perceber as minhas dificuldades e as dificuldades dos outros professores e
monitores, etc.
Sujeito B-4: Noções gerais de pronúncia japonesa. Exercícios que podem ser aplicados com
os alunos em sala de aula. As diferenças entre a pronúncia portuguesa e japonesa.
Sujeito B-5: Aprendi maneiras de como eu poderia levar o ensino de pronúncia pra sala de
aula e como eu mesmo poderia melhorar a minha. E passei a prestar mais atenção na
pronúncia de nativos ou aqueles que me parecem ter uma boa pronúncia.
10. O curso de pronúncia ofereceu algum benefício sobre sua prática de ensino? Quais
aspectos você acha que podem ser beneficiado?
Sujeito A-1: Não participei da oficina.
Sujeito A-2: Sim, passei a dar mais ênfase a pronuncia dos estudantes e a corrigi-los mais
frequentemente, sempre evitando que eles permaneçam com um vicio de pronuncia.
Sujeito A-3: O incentivo à pesquisa/estudo aprofundado desse assunto. È bastante complicado
e nem todos conseguem se dedicar a isso. Agora, sabem que existe e que terão casos em que
você pode cometer erros, mas em outros seria melhor pensar duas vezes antes de pronunciar
qualquer coisa. É importante ter em mente que se ficarmos nos policiando antes de qualquer
palavra, não conseguiremos fazer a conversação fluir, então, algumas vezes, mesmo que fale
errado, devemos tentar falar algo. Com certeza o japonês vai se esforçar pra te entender e vai
te corrigir da maneira mais gentil possível.
Sujeito A-4: Sim, pude enxergar bem quais os pontos que devo enfatizar para os meus alunos
em sala de aula.
Sujeito B-1: Sim. Tópicos que devem ser passados aos alunos desde o primeiro semestre para
evitar vícios de linguagem. Exemplo de como uma pronúncia errada pode ser problemático.
Sujeito B-2: Como citei pude corrigir erros de pronúncia e na aula q precisamos dar aos
convidados, pude observar a maneira como outros professores explicam e isso me ajudou a
pensar em várias formas de fazer com os alunos entendam os pontos citados acima.
Sujeito B-3: Sim, os métodos e conceitos foram bastante úteis.
Sujeito B-4: Sim. Fiquei mais preocupada em inserir as questões de pronúncia em sala de aula
e depois de ver as diferenças entre a pronúncia do português e japonês, pude perceber quais os
sons precisam ser mais trabalhados em sala de aula.
Sujeito B-5: Acredito que sim, como disse anteriormente, no fato de me mostrar métodos e
materiais que eu poderia utilizar, porém que ainda teria que ver como eu poderia encaixar isso
a maneira em que ensino. Sobre os aspectos que podem ser beneficiados, realmente, não tenho
uma idéia exata de algum aspecto, pois toda vez que penso em pronuncio, não consigo
visualizar muito com aspectos e sim como um todo, um geral.
185
11. Gostaria de ter mais orientação sobre melhoramento da sua pronúncia da língua
japonesa? Que elemento você gostaria de praticar mais?
Sujeito A-1: Sim, gostaria de praticar mais a entonação, principalmente daquelas palavras e
expressões que são escritas da mesma forma em kana, mas o “stress” ou entonação
Sujeito A-2: Gostaria de praticar mais a entonação das frases e a acentuação das palavras.
Sujeito A-3: Acentuação das palavras nas frases. Vimos que esse ponto é o mais complicado,
uma vez que, palavras homófonas, causam bastante equívocos durante um diálogo. Apenas
uma acentuação diferente, causa um sentido completamente diferente no que está sendo dito,
mesmo o japonês não sendo uma língua tonal como o chinês.
Sujeito A-4: Sim, acentuação.
Sujeito B-1: Sim. Entonação de sentenças.
Sujeito B-2: Sim. Acentuação/Tonicidade
Sujeito B-3: Sim. Gostaria de focar mais na prática em si. Técnicas de aquecimento vocal,
relaxamento, etc. Essas técnicas de fonoaudiologia poderiam ser um ótimo acréscimo a um
possível novo curso de pronúncia
Sujeito B-4: Sim. Acentuação.
Sujeito B-5: Sim. Gostaria de praticar mais a entonação das palavras e dentro das frases.
12. Gostaria de ter mais orientação sobre o melhoramento do ensino de pronúncia da
língua japonesa na sala de aula? Que elemento você gostaria de aprofundar mais?
Sujeito A-1: Sim, da mesma forma da questão anterior, gostaria de ter mais base teórica e
exemplos práticos para poder exercitar com os alunos as questões da pronúncia. A princípio,
pode parecer para os alunos que a pronúncia japonesa é bastante simples, mas na verdade eles
devem ter cuidado com alguns aspectos que podem acabar dificultando a comunicação. Dessa
forma, acredito que o ensino de entonação seja bem significativo.
Sujeito A-2: Sim! Gostaria de aprofundar mais a questão de palavras com leituras iguais, no
entanto com significados e acentuação diferentes e em frases diferentes. Por exemplo, “Rika-
chan to benkyoushimasu” (Estudarei com amiguinha Rika) ou “Rika chanto benkyoushimasu”
(Estudarei a matéria de ciência firmemente).
Sujeito A-3: Sim, acentuação.
Sujeito A-4: Sim. Gostaria de aprender a coordenar o estudo de pronuncia em sala de aula
sem correr o risco de ensinar algo errado aos estudantes.
Sujeito B-1: Sim. Como mostrar da melhor maneira, o mais compreensível, possível a
diferença entre a tonicidade das palavras.
Sujeito B-2: Sim. Acentuação/Tonicidade
Sujeito B-3: Sim. O mesmo nas duas últimas respostas.
Sujeito B-4: Sim. Todos.
Sujeito B-5: Sim. Gostaria de orientação também na parte de entonação das palavras e dentro
das frases, pois acredito ser o mais difícil de se conseguir.
186
Apêndice I: Questionário para coordenadora do curso de japonês do NLE
UECE
Universidade Estadual do Ceará
Centro de Humanidades
Pós-Graduação em Lingüística Aplicada
Curso de Mestrado Acadêmico em Lingüística Aplicada – CMLA
Prezada coordenadora do curso de japonês do Núcleo de Línguas Estrangeiras
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre o ensino de pronúncia de japonês,
desenvolvida para a elaboração de minha dissertação de Mestrado, a ser defendida no
Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará, sob
orientação do Prof. Dr. Wilson Júnior de Araújo Carvalho.
Com o objetivo de conhecer o funcionamento das aulas do curso de japonês do Núcleo de
Línguas Estrangeiros da Universidade Estadual - UECE, solicito sua colaboração para o
desenvolvimento da pesquisa, por meio do preenchimento deste questionário. Desde já
agradeço a colaboração, colocando-me à disposição para quaisquer esclarecimentos
complementares pelo e-mail: otiyus@hotmail.co.jp
Questionário
1. Como e por que foi inserido o curso de japonês do Núcleo de Línguas Estrangeiras da
UECE?
2. Qual é o objetivo do ensino de japonês no NLE? Houve alguma alteração do seu
objetivo desde início até agora?
3. Como funciona o curso de japonês do NLE dentro do sistema da instituição?
4. Como funciona a seleção dos professores bolsistas do curso de japonês?
5. Quais seriam os critérios para ser professor de japonês?
6. Quais características foram observadas nos professores, ao longo do curso?
7. Como será definida a distribuição de professores para cada turma?
8. Como foi a seleção de material didático? Houve alguma mudança ao decorrer da
existência do curso?
9. A coordenação do curso de japonês realiza alguma orientação pedagógica e
metodológica sobre o ensino da língua japonesa?
10. Há algumas atividades organizadas pelo curso fora da sala de aula?
11. Há alguma proposta de ensino ou ementa do curso que indique quais elementos da
língua japonesa devem ser abordados?
12. Como o curso visa o ensino da produção oral, em especial, a pronúncia em sala de
aula?
13. Em relação à pergunta anterior (12), como foi tratado este assunto?
14. Quais habilidades que precisam ser desenvolvidas nos professores atuais.
Muito obrigada
187
Anexo A: Tabela de escrita japonesa: Hiragana, katakana e Rōmaji (Minnna no nihongo
I, p.3)
188
Anexo B: Explicação sobre pronúncia (Livro-tradução e notas gramaticais do Minnna
no Nihongo p.4-7)
189
Anexo C: Instrução de ensino pronúncia (Livro-instrução de metodologia do livro-texto
principal Minnna no nihongo I, p 30-34)
.
190
191
Anexo D: Pares mínimos de moras especiais de livro Hatsuon (IMADA, 1989, p.164-167)
192
Anexo E: Pares mínimos e homônimos de moras especiais do livro Hatsuon. (IMADA,
1989, p.171, 189)
193
Anexo F: Marcas indicadoras de acento da língua japonesa do livro Hatsuon (IMADA,
1989 p.102)
194
Anexo G: Dicionário de japonês português (COELHO, 1998, p.11)
195
Anexo H: Dicionário de acento da língua japonesa (NHK, 1998, p. 6-7)
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