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interdiscursividade (presença de vozes num mesmo segmento discursivo ou
textual). Neste caso, a autora sugere o uso do termo interdiscurso.
Já em sentido estrito (stricto sensu) se dá quando em um texto está
inserido outro texto (intertexto), já produzido, que faz parte da memória social
de uma coletividade ou da memória discursiva dos interlocutores. Esta pode
ser explícita (com a fonte do intertexto mencionada no próprio texto) ou
implícita (sem mencionar a fonte). No primeiro caso, aparecem as paráfrases,
mais ou menos próximas do texto-fonte, as citações referenciais, a retomada
de textos do interlocutor, o discurso relatado etc.; no segundo, incluem-se
enunciados parodísticos e/ou irônicos, apropriações etc.
Na intertextualidade implícita, para a construção do sentido, o produtor
do texto espera que seu interlocutor identifique a presença do intertexto e
reconheça o texto-fonte, através da ativação em sua memória discursiva. Sem
esta recuperação, o objetivo de comunicação do autor pode não ser atingido,
tanto no caso de subversão (posição contrária ao texto-fonte) como de
captação (adesão).
Koch (2006) explica:
Na intertextualidade implícita com valor de subversão, por seu turno, a
‘descoberta’ do intertexto torna-se crucial para a construção do sentido. Por
serem os intertextos, de maneira geral, trechos de obras literárias, de músicas
populares bem conhecidas ou textos de ampla divulgação pela mídia, bordões
de programas humorísticos de rádio ou TV, assim como provérbios, frases-
feitas, ditos populares, etc., tais textos-fonte fazem parte da memória coletiva
(social) da comunidade, podendo ser, em geral, facilmente acessados por
ocasião do processamento textual – embora, evidentemente, não haja
nenhuma garantia de que isso venha a acontecer. (p. 147)
As citações, as referências, as retomadas do texto do interlocutor, o
discurso relatado, entre outros, fazem parte da intertextualidade explícita. A
autora acrescenta que são inúmeros os textos que só fazem sentido com
relação a outros, que constituem o seu contexto.
Para Jenny (1979), a sensibilidade dos leitores ao fenômeno da
intertextualidade varia em função da cultura, da memória de cada época, da
preocupação formal de seus escritores, entre outros aspectos. Fazendo alusão