Download PDF
ads:
JOSEANI CASTRO DA SILVA
SELEÇÃO DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. NO CONTROLE BIOLÓGICO DA
QUEIMA-DA-BAINHA (Rhizoctonia solani Kühn) EM ARROZ (Oryza sativa L.).
Belém-PA
2010
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
JOSEANI CASTRO DA SILVA
SELEÇÃO DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. NO CONTROLE BIOLÓGICO DA
QUEIMA-DA-BAINHA (Rhizoctonia solani Kühn) EM ARROZ (Oryza sativa L.).
Orientadora: Prof. Dra. Gisele Barata da Silva
Co-Orientadora: Dra. Denise Castro Lustosa
Belém-PA
2010
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de
concentração em Produção Vegetal, da
Universidade Federal Rural da Amazônia, como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Agronomia.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA
ads:
Silva, Joseani Castro
Seleção de isolados de Trichoderma spp. no controle biológico da
queima-da-bainha (Rhizoctonia solani Kühn) em arroz (Oryza sativa
L.)./ Joseani Castro da Silva. Belém, 2010.
78 f.:il.
Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Federal
Rural da Amazônia, 2010.
1. Arroz - microrganismos 2. Queima-da-bainha 3. Arroz -
controle biológico 4. Arroz crescimento promoção I. Título.
CDD 633.1899
JOSEANI CASTRO DA SILVA
SELEÇÃO DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. NO CONTROLE BIOLÓGICO DA
QUEIMA-DA-BAINHA (Rhizoctonia solani Kühn) EM ARROZ (Oryza sativa L.).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, área de concentração
em Produção Vegetal, da Universidade Federal
Rural da Amazônia, como requisito para obtenção
do título de Mestre em Agronomia.
Aprovada em 10 de março de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA:
____________________________________
Dra. Kátia de Lima Nechet
Embrapa Roraima
____________________________________
PhD. Marta Cristina Corsi Filippi
Embrapa Arroz e Feijão
_______________________________
Dra. Denise Castro Lustosa
UFRA
_______________________________
Dra. Gisele Barata da Silva
Orientadora - UFRA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA - UFRA
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus.
A Professora Gisele Barata da Silva e a Dra. Denise Castro Lustosa pela orientação,
dedicação e amizade.
A secretária do Programa de Pós-graduação em Agronomia Gracy.
Ao CNPq pelo apoio financeiro.
Ao Engenheiro Agrônomo e esposo Walter Vellasco, pelo apoio profissional e
companheirismo.
Aos estagiários do Laboratório de Proteção de Plantas da UFRA: Darlyne, Arinaldo,
Laudecir, Laureny, Moara, Claudeana, Michele, Jaqueline, Cintia, Marcela e Helem, não
apenas pela participação efetiva neste trabalho, mas também pela amizade.
Aos Engenheiros Agrônomos e amigos de trabalho Alessandra Moraes e Bruno
Brabo pela grande amizade desde a graduação, e também auxílio nas atividades deste
trabalho.
Aos amigos e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Daniel
Pinheiro, Patricia Maia e Érica Freire.
As eternas amigas Vanessa Marques e Diana Castro.
Aos meus pais Moraes e Ana Castro, meus irmãos e minha bonequinha Ana Clara.
A todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização deste trabalho.
Muito obrigada.
DEDICATÓRIA
“...Dedico este trabalho aos meus queridos pais e
heróis Moraes e Ana Castro, ao meu esposo Walter
Vellasco, e a minha filha Ana Clara...”
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
CAPÍTULO 1
1
INTRODUÇÃO GERAL
13
2
REFERENCIAL TEÓRICO
15
2.1
A CULTURA DO ARROZ
15
2.2
Rhizoctonia solani Kühn
16
2.3
QUEIMA-DA-BAINHA
17
2.4
Trichoderma spp.
19
2.4.1
MECANISMOS DE AÇÃO DE Trichoderma spp.
20
2.4.1.1
Micoparasitismo
20
2.4.1.2
Antibiose
20
2.4.1.3
Competição
21
2.4.1.4
Indução de resistência
21
2.4.1.5
Promoção de crescimento de plantas
22
REFERENCIAS
24
CAPITULO 2
SELEÇÃO DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. COM
POTENCIAL DE REDUÇÃO DE R. solani “IN VITRO” E DE
PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO DE ARROZ
31
RESUMO
31
ABSTRACT
32
2.1
INTRODUÇÃO
33
2.2
MATERIAL E MÉTODOS
35
2.2.1
Isolados de Trichoderma spp.
35
Isolamento
35
2.2.2
Isolado de Rhizoctonia solani Kühn.
35
2.2.3
Confrontação direta
36
2.2.4
Interação de hifas
36
2.2.5
Produção de compostos tóxicos
36
2.2.6
Produção de compostos voláteis
37
2.2.7
Colonização de raiz de arroz por Trichoderma spp.
37
2.2.8
Efeito de Trichoderma spp. na germinação de sementes e
desenvolvimento de plântulas de arroz
38
2.2.9
Análise estatística
39
2.3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
39
2.3.1
Confrontação direta
39
2.3.2
Interação de hifas
41
2.3.3
Produção de compostos tóxicos
42
2.3.4
Produção de compostos voláteis
42
2.3.5
Colonização de raiz de arroz por Trichoderma spp.
44
2.3.6
Efeito de Trichoderma spp. na germinação de sementes e
desenvolvimento de plântulas de arroz
45
2.4
CONCLUSÕES
51
REFERÊNCIAS
52
CAPITULO 3
CONTROLE DA QUEIMA-DA-BAINHA E PROMOÇÃO DO
CRESCIMENTO EM PLANTAS DE ARROZ POR ISOLADOS DE
Trichoderma spp.
57
RESUMO
57
ABSTRACT:
58
3.1
INTRODUÇÃO
59
3.2
MATERIAL E MÉTODOS
61
Obtenção de inóculo de Rhizoctonia solani
61
Obtenção de isolados de Trichoderma spp.
61
3.2.1
Efeito da pulverização preventiva e curativa de isolados de
Trichoderma spp. sobre a queima-da-bainha do arroz
62
3.2.2
Avaliação do tratamento de sementes combinado a pulverização
curativa de Trichoderma spp. no controle da queima-da-bainha
do arroz.
63
3.2.3
Efeito do tratamento de sementes combinado a pulverização
curativa de Trichoderma spp. na promoção do crescimento de
plantas de arroz
63
3.2.4
Efeito de Trichoderma spp. aplicado via tratamento de semente e
substrato contra Rhizoctonia solani em arroz
64
3.2.5
Análise estatística
64
3.3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
65
3.3.1
Efeito da pulverização preventiva e curativa de isolados de
Trichoderma spp. sobre a queima-da-bainha do arroz
65
3.3.2
Avaliação do tratamento de sementes combinado a pulverização
curativa de Trichoderma spp. no controle da queima-da-bainha
do arroz.
67
3.3.3
Efeito do tratamento de sementes combinado a pulverização
curativa de Trichoderma spp. na promoção do crescimento de
plantas de arroz
69
3.3.4
Efeito de Trichoderma spp. aplicado via tratamento de semente e
substrato contra Rhizoctonia solani em arroz
71
3.4
CONCLUSÕES
73
CONCLUSÕES GERAIS
74
REFERÊNCIAS
75
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Diâmetro da colônia de Rhizoctonia solani em confrontação direta
com diferentes isolados de Trichoderma spp.
40
Figura 2
Interação de hifas entre isolados de Trichoderma spp. e R.solani.
41
Figura 3
Produção de compostos voláteis de diferentes isolados de
Trichoderma spp em relação ao crescimento micelial de
Rhizoctonia solani
43
Figura 4
Microbiolização de sementes de arroz tratadas com quatro isolados
de Trichoderma
44
Figura 5
Germinação de sementes (%) de arroz tratadas com isolados de
Trichoderma spp
48
Figura 6
Crescimento do hipócotilo (mm) (a) e radicula (mm) (b) em
sementes tratadas com Trichoderma spp.
49
Figura 7
Severidade da queima-da-bainha (Rhizoctonia solani) com pulverizações
preventiva e curativa de quatro isolados de Trichoderma spp.
66
Figura 8
Área Abaixo da curva de progresso (ASCPD) da queima-da-bainha em plantas
de arroz pulverizadas com quatro isolados de Trichoderma spp.
67
Figura 9
Severidade da queima-da-bainha (Rhizoctonia solani) em plantas
tratadas via semente com três diferentes períodos de pulverizações
foliares curativas de quatro isolados de Trichoderma spp.
68
Figura 10
Área Abaixo da curva de progresso (ASCPD) da queima-da-bainha em plantas
tratadas via semente com três diferentes períodos de pulverizações foliares de
quatro isolados de Trichoderma spp.
68
Figura 11
Severidade da queima-da-bainha (Rhizoctonia solani) em plantas tratadas com
quatro isolados de Trichoderma spp. em diferentes métodos de veiculação
71
Figura 12
Área sob a curva de progresso (ASCPD) da queima-da-bainha em plantas
tratadas com quatro isolados de Trichoderma spp. em diferentes métodos de
veiculação
72
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Germinação de sementes (%) de arroz tratadas com
Trichoderma spp.
46
Tabela 2
Efeito do tratamento de sementes combinado a pulverização curativa de
Trichoderma spp sobre a promoção do crescimento de plantas de arroz.
70
RESUMO: A queima-da-bainha causada pelo fungo Rhizoctonia solani Kühn é uma
das mais importantes doenças da cultura do arroz irrigado. O uso de microrganismos
antagônicos com eficiente potencial sobre a queima-da-bainha gera perspectivas no
controle da doença. Fungo do gênero Trichoderma é uma alternativa viável não apenas
no controle de doenças, mas também na promoção do crescimento de plantas. O
objetivo deste trabalho foi selecionar isolados de Trichoderma spp. provenientes da
floresta Amazônica capazes de reduzir a severidade da queima da bainha e promover o
crescimento de plantas de arroz. Foram avaliados in vitro 13 isolados de Trichoderma,
quanto à produção de compostos tóxicos, produção de compostos voláteis, confrontação
direta, interação de hifas e seu efeito na germinação de sementes e desenvolvimento de
plântulas. Em condições de casa-de-vegetação foram realizados quatro experimentos
inteiramente ao acaso, com quatro isolados de Trichoderma que constaram de, efeito da
pulverização preventiva e curativa de isolados de Trichoderma; tratamento de sementes
combinado a pulverização curativa no controle da doença e promoção do crescimento
de plantas de arroz; e efeito de Trichoderma spp. aplicado via tratamento de semente e
substrato contra Rhizoctonia solani em arroz. As avaliações constaram da severidade da
doença, com base no comprimento da lesão no perfilho principal, comprimento e massa
seca de raiz e parte aérea. Foi calculado a área sob curva de progresso da doença
(ASCPD) a partir de cinco avaliações da severidade. In vitro, todos os isolados de
Trichoderma spp. reduziram o crescimento micelial de R. solani, destacando-se T.06,
T.09, T.12, T.52. e T.a. Os isolados avaliados não afetaram negativamente a germinação
de sementes de arroz. A severidade e ASCPD da queima da bainha foram reduzidas
significativamente pelos isolados de Trichoderma (T.06, T.09, T.12 e T.52) quando
pulverizados preventivamente, ocorrendo o mesmo ao tratar substrato e sementes com
Trichoderma via e suspensão, exceto para os tratamentos T.09 M
2
e M
3
e T.12 M
1
e
M
2
que não reduziram a ASCPD. O tratamento de sementes combinado com a
pulverização curativa de isolados de Trichoderma também reduziram a severidade,
ressaltando que o isolado T.52 proporcionou maior comprimento de parte aérea e o
T.12, destacou-se pelo o aumento da massa seca em relação à testemunha, não
ocorrendo incremento no comprimento de raiz por nenhum dos isolados de
Trichoderma. Os isolados de Trichoderma T.06, T.09, T.12 e T.52 foram promissores
na redução da queima da bainha em arroz em condições de casa de vegetação.
Palavras-chave: arroz, microrganismos, queima-da-bainha, controle biológico,
promoção do crescimento.
ABSTRACT: The sheath blight caused by Rhizoctonia solani Kühn fungus it‟s one of
the most important diseases from the irrigated rice culture. The use of antagonistic
microorganisms with efficient potential over the sheath blight creates perspectives on
the disease control. A fungus of Trichoderma kind it‟s a viable alternative not only in
the diseases control, but also in the promotion of plants growing. The objective of this
work was to select isolates of Trichoderma spp. from the Amazon forest capable of
reducing the roughness of the sheath blight and promote the rice plants growth. Where
available in vitro 13 isolates of Trichoderma, as the toxic products production, volatile
compounds production, straight confrontation, hyphae interaction and it‟s effects on the
seeds germination and seedlings development. In house of vegetation were realized four
experiments entirely at random, with four Trichoderma isolates that consist from effect
off preventive pulverization and healing of Trichoderma isolates; seeds treatment
combined to healing pulverization on disease control and promoting the rice plant
growth.; and Trichoderma spp. effect applied over the seed treatment and subtract
against Rhizoctonia solani in rice. The evaluations consist on the severity of disease,
based on the injury‟s length, length and dry mass of the root and aerial part. The area of
the progress curve of the disease (ASCPD) was calculated, from five evaluations of
severity. In Vitro, all the Trichoderma spp. isolates had reduced the mycelial of R.
solani, highlighting the T.06, T.09, T.12, T.52. and T.a. The evaluated isolates haven‟t
negatively affected the germination of the rice seeds. The roughness and ASCPD of the
sheath blight were significantly reduced by the Trichoderma (T.06, T.09, T.12 and
T.52) isolates when pulverized preventively, occurring the same by treating the
substratum and seeds with Trichoderma by way of dust and suspension, except for the
treatments T.09 M
2
e M
3
and T.12 M
1
and
M
2
that wont reduce the ASCPD. The seed
treatment combined with the healing pulverization of Trichoderma isolates that also
reduce the severity emphasizing that the isolate T.52 provided greater length of the
aerial part and the T.12, stood out by the increase of the dry mass related to the
spectator not occurring increase on the root length by any of the Trichoderma isolates.
The Trichoderma T.06, T.09, T.12 and T.52 isolates were promising on reducing the
sheath blight on the rice in conditions of house of vegetation.
Keywords: rice, microorganisms, sheath blight, biological control, promoting growth.
13
CAPÍTULO 1
1- INTRODUÇÃO GERAL
O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais cultivados e consumidos no mundo
(BORGES et al., 2008), sendo considerada uma cultura de grande importância econômica,
movimentando de maneira efetiva sua cadeia produtiva.
Considerado um alimento saudável, o arroz possui uma composição em proteínas
(aminoácidos essenciais) mais adequada em termos nutricionais que a de outros cereais,
apresenta fonte primária de energia advinda de carboidratos complexos, além do baixo teor de
gordura do arroz, rica em ácidos graxos insaturados (NAVES e BASSINELLO, 2006).
É o principal produto da cesta básica do brasileiro, o qual destina cerca de 22% do seu
orçamento em alimentação. Na Região Norte, o cultivo do arroz é importante em vários
Estados, como Amapá, Roraima, Tocantins e Pará. O Estado do Pará ocupa o segundo lugar
em quantidade produzida, equivalente a 29%, com produção de 292 mil toneladas em uma
área de 153 mil ha, com produtividade inferior a dois mil kg.ha
-1
(IBGE, 2009).
Como fator limitante, a orizicultura enfrenta a ocorrência de doenças provocadas por
patógenos, como a queima-da-bainha, doença ngica do colmo e bainha em arroz irrigado,
que causa danos expressivos na produtividade (FILIPPI; PRABHU e SILVA, 2004). A
doença é causada por Rhizoctonia solani J.G. Kuhn, fungo que sobrevive saprofiticamente no
solo, geralmente encontrando nas camadas superficiais do perfil do solo, principalmente nos
primeiros 10 cm, devido à dependência de oxigênio (CARDOSO, 1994). A incidência da
queima-da-bainha resulta em seca parcial ou total das folhas e provoca acamamento da planta
(EMBRAPA, 2004). Na região norte, Bedendo e Prabhu, (2005) afirmam que, em todas as
lavouras orizícolas do Estado do Tocantins, ocorrem à doença, em maior ou menor grau de
severidade, assumindo importância relevante para a região.
A queima-da-bainha é uma doença de difícil controle, uma vez que, o patógeno forma
escleródios (estruturas de resistência), conferindo ao fungo a capacidade de sobrevivência,
além de possuir ampla gama de hospedeiros (PRABHU et al., 2002; RODRIGUES et al.,
2003; NUNES; RIBEIRO e TERRES, 2004). Práticas culturais antes, durante e depois do
cultivo, o fatores que devem ser levados em consideração para obter o melhor desempenho
da cultura, como destruir restos culturais e drenar as áreas durante a entressafra.
Nagarajkumar; Bhaskaran e Velazhahan (2004), afirmam que, o controle químico pode
resultar no surgimento de populações resistentes do patógeno. Por outro lado, a prioridade dos
programas de melhoramento genético do arroz continua sendo a brusone. Assim, não entre
14
as cultivares recém lançadas, genótipos resistentes ou moderadamente resistentes a queima-
da-bainha (RODRIGUES et al., 2003). Entretanto, a severidade tem aumentado na última
década de modo significativo nas lavouras de produtores na região norte do país (PRABHU;
et al, 2002).
Portanto faz-se necessária a busca por outros métodos de controle da queima da bainha,
sendo o controle biológico, através do tratamento de sementes e pulverizações em plantas,
uma alternativa viável. Segundo Bomfim (2007), diversos fungos têm atividade comprovada
como agentes de biocontrole, destacando-se o fungo do gênero Trichoderma, que apresenta
como principais mecanismos de ação, antibiose, parasitismo, competição e indução de
resistência (MELO, 1998).
Diante da importância que a queima-da-bainha representa para a cultura do arroz no
norte do Brasil, torna-se necessário conhecer o efeito do controle biológico de isolados de
Trichoderma spp. oriundos da região Amazônica. Diante do exposto, o presente trabalho teve
como objetivo selecionar isolados de Trichoderma spp. provenientes da floresta Amazônica
capazes de reduzir a severidade da queima da bainha e promover o crescimento de plantas de
arroz em condições de casa de vegetação.
15
2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1- A CULTURA DO ARROZ
O arroz (Oryza sativa L.) é um cereal originário da Ásia e está amplamente disperso por
todas as regiões tropicais e temperadas do mundo, é cultivado em vários continentes e
ambientes, como várzeas inundadas e terras altas, adaptando-se em diversas regiões
(EMBRAPA, 2004).
A cultura do arroz foi, provavelmente, a primeira planta cultivada na Ásia e na Europa,
sendo seu cultivo iniciado nos séculos VII e VIII e no Brasil, foi introduzida no final do
século XIX por imigrantes europeus (ALVARENGA et al., 2005) tornando-se uma das
atividades mais importantes na economia brasileira, tanto pelo seu valor econômico quanto
pela geração de empregos.
Sendo cultivado e consumido em todos os continentes, o arroz apresenta elevada
produção e significativa área de cultivo. É considerado o principal alimento do mundo, por ser
a base da alimentação de metade da população mundial. Estimativas apontam que até 2050, a
produção mundial deverá ser dobrada para atender a demanda da população (GUIMARÃES
et al., 2006). Segundo Alonço et al. (2006), cerca de 150 milhões de hectares dessa cultura
seriam cultivados anualmente no mundo, produzindo 590 milhões de toneladas. As
estimativas apontam que em 2009/10 a produção mundial teria um crescimento inferior a 1%
ao ano, enquanto o consumo ficaria acima de 1%, ajustando dessa forma, o quadro de oferta e
demanda (INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ, 2008).
O arroz é o principal produto da cesta básica do brasileiro, o qual destina cerca de 22%
do seu orçamento em alimentação. A produção brasileira é destinada ao consumo interno, e o
seu consumo médio é de 75 kg/habitante/ano. Na safra 2008/2009, a área plantada foi de
aproximadamente três milhões de hectares, com produção de mais de 12 milhões de toneladas
e produtividade média de 4,4 kg.ha
-1
(IBGE, 2009).
A maior parcela da produção de arroz do país é proveniente do ecossistema de várzeas,
onde a orizicultura irrigada é responsável por 69% da produção nacional. Neste contexto, a
disponibilidade de várzeas, as características dos solos e as condições de hidromorfismos
adequadas, tornam a região tropical apta à orizicultura irrigada. Nos últimos anos o cultivo
nesta região vem crescendo de maneira considerável, por apresentar fatores favoráveis à boa
16
produtividade, como as condições climáticas das várzeas, que permitem o cultivo do arroz
durante o ano todo, portanto maior produção anual de fitomassa quando comparada com
várzeas da região subtropical (GUIMARÃES et al., 2006)
A orizicultura, assim como outras culturas agrícolas, também enfrenta como fator
limitante a ocorrência de doenças provocadas por patógenos, que podem reduzir o potencial
produtivo das cultivares. Dentre essas destaca-se a queima-da-bainha, doença fúngica do
colmo e bainha em arroz irrigado, com potencial para causar danos expressivos na
produtividade de arroz (FILIPPI; PHABHU e SILVA, 2004)
2.2- Rhizoctonia solani Kühn
Rhizoctonia solani J.G. Kühn [teleomorfo Thanatephorus cucumeris (Frank) Donk],
pertence ao grupo de anastomose AG-1 e ao grupo intraespecífico 1-A, é um patógeno habitante do solo,
apresentando micélio bem desenvolvido, septado que ramifica-se em ângulo de 45º a 90º
graus (BEDENDO e PRABHU, 2005). A habilidade saprofítica competitiva, a capacidade de
formar estruturas de resistência, o potencial patogênico e a vasta gama de hospedeiros tornam
R.solani um patógeno economicamente importante (MENZIES, 1970).
Solos com elevado percentual de matéria orgânica, altos níveis de nitrogênio e fósforo
apresentam-se favoráveis ao patógeno, assim como, temperatura em torno de 28 °C e elevada
umidade (BEDENDO e PRABHU, 2005).
A produção de escleródios, estrutura de resistência globosa com diâmetro de
aproximadamente 2 mm, inicialmente de cor branca tornando-se marrom ao longo do tempo
(INSTITUTO BIOLÓGICO DE SÃO PAULO, 2007), também aumenta o potencial de R.
solani. Através dessas estruturas o patógeno sobrevive no solo e em plantas doentes por
longos períodos sob condições adversas, pois possui a capacidade de resistir à degradação
química e biológica (ABO ELLIL, 1999).
São diversas as culturas hospedeiras de R. solani, como cenoura, alface, feijão, soja,
eucalipto, entre outros, permitindo que o patógeno persista no solo por longo período. É um
patógeno com grande capacidade de sobrevivência e ampla gama de hospedeiros (PRABHU;
FILIPPI e RIBEIRO, 1999), ou seja, a rotação de culturas com espécies hospedeiras e ainda, o
17
cultivo contínuo do arroz na mesma área, aumentam os danos, uma vez que, os restos de
cultura contribuem para o aumento do inóculo inicial (LEE E RUSH, 1992).
2.3- QUEIMA-DA-BAINHA
No Brasil a ocorrência da queima-da-bainha foi identificada pela primeira vez em
lavouras de arroz de alguns municípios do Estado de São Paulo, em 1967 (AMARAL et al.,
1979). Posteriormente foi observada no Rio Grande do Sul (RIBEIRO e TANAKA, 1984) e
no Estado do Amazonas (SANTOS e GALVÃO, 1989). Esta doença é responsável por danos
crescentes a cada ano na cultura do arroz (LUDWIG e MOURA, 2007).
Os sintomas iniciam por lesões na bainha, na altura da lâmina de água, e em condições
favoráveis a doença pode alcançar folhas superiores (OU, 1985). O fungo forma estruturas de
resistência, os escleródios que sobrevivem no solo são disseminados pela água de irrigação,
infectando folhas e bainhas até a base da haste (RABINDRAN e VIDHYASEKARAN, 1996).
Tais estruturas sobrevivem até dois anos e multiplicam-se no solo, com o tempo, flutuam na
água e se acumulam ao redor da planta, causando infecção inicial nos colmos, disseminando-
se rapidamente, através da infecção por hifas, para as partes superiores (ALONÇO et al.,
2006).
A infecção tem início quando escleródios, disseminados pela água da cultura irrigada,
atingem partes de plantas e germinam sobre a superfície vegetal, onde a penetração pode
ocorrer através dos estômatos ou diretamente através da cutícula, então o micélio desenvolve-
se rapidamente no interior e na superfície externa dos tecidos, levando ao aparecimento de
manchas, sobre as quais podem ser encontradas hifas e escleródios, caracterizando-se
inicialmente por manchas circulares, elípticas ou ovaladas, de coloração verde-acinzentada
(AGRIOS, 2005). As lesões encharcadas aparecem nas bainhas ao nível da água e,
posteriormente, aumentam de tamanho e apresentam-se rodeadas por bordadura irregular e
marrom, provocando o acamamento da planta (RIBEIRO e TANAKA, 1984). Os escleródios
são novamente disseminados pela água da irrigação (BEDENDO e PRABHU, 2005).
As fontes primárias de infecção são as sementes e os escleródios presentes em solos
infeccionados. A lâmina d‟água permite o movimento dos escleródios, os quais entram em
contato com o colmo do arroz, revestido por bainhas. Neste ponto, os escleródios germinam e
as hifas iniciam a colonização dos colmos, incluindo as folhas e as plantas adjacentes sob
condições de baixa luminosidade, umidade em torno de 95% e altas temperaturas, de 28 a
18
32C (OU, 1985).
A queima-da-bainha altera o equilíbrio de síntese e da decomposição de pigmentos de clorofila nas
folhas e taxa de fotossíntese (NAIDU; RAO e MURTY, 1981) reduz o comprimento da panícula,
aumenta número de espiguetas vazias que variam em torno de 12%, e a massa de
grãos/panícula (ARAÚJO e ARAÚJO, 2006). A alta adubação nitrogenada, a elevada densidade de
plantas e a suscetibilidade das cultivares são fatores responsáveis pela alta severidade da doença em diferentes
países (LEE e RUSH, 1992), inclusive no Brasil (PRABHU et al., 2002; RODRIGUES et al., 2003).
Práticas culturais antes, durante e depois do cultivo, são fatores que devem ser levados em
consideração para obter o bom desenvolvimento da cultura. O uso de fungicidas é um método
complementar e eficiente no controle das doenças, principalmente naquelas lavouras com
histórico de danos freqüentes e sob condições climáticas muito favoráveis à sua ocorrência.
Porém vale ressaltar que, o emprego adequado das práticas de manejo implica em menor uso
de fungicidas e contribui para a preservação da qualidade do ambiente e da saúde humana,
além de reduzir o custo de produção e aumentar a produtividade e sustentabilidade da lavoura
orizícola (FUNCK e KEMPF, 2008).
As técnicas utilizadas para controle da doença consistem em realizar um adequado
manejo das áreas afetadas, realizando boa drenagem na entressafra, utilizar densidade de
semeadura recomendada (120-150 kg ha
-1
), adubação de acordo com análise de solo, uso
racional de herbicidas e rotação com outras gramíneas como milho e sorgo, e ainda o
tratamento de sementes com agentes biológicos como Trichoderma sp., Gliocladium sp. e
Bacillus sp., sendo Trichoderma eficiente no controle da queima-da-bainha em nível
experimental no Rio Grande do Sul (PRABHU; FILIPPI e RIBEIRO, 2006). Portanto faz-se
necessária a busca por outros métodos de controle, sendo o controle biológico uma alternativa
promissora da queima da bainha do arroz.
Agentes de controle biológico são capazes de se estabelecer, colonizar e dispersar no
ecossistema (ÁVILA et al., 2005). Tais agentes constituem alternativa para diminuir o
potencial de inóculo de patógenos habitantes do solo, sem trazer danos ao meio ambiente
(MELLO et al., 2007). Os fungos do gênero Trichoderma são de grande importância
econômica para a agricultura, uma vez que são capazes de atuarem como agentes de controle
de doenças de várias plantas cultivadas, promotores de crescimento e indutores de resistência
de plantas à doença (MOHAMED e HAGGAG, 2006). Algumas linhagens desses fungos vêm
recebendo grande atenção da pesquisa, também, por sua versatilidade de ação. Estas são
capazes de produzir enzimas que degradam paredes celulares de outros fungos e produzem
19
também substâncias antifúngicas (antibióticos), apresentam diversidade de estratégias de
sobrevivência que as tornam altamente competitivas no ambiente e extraordinária capacidade
de proliferação na rizosfera (MELO 1996, RESENDE et al., 2004). Ademais, certos isolados
se mostram resistentes aos fungicidas, característica que os fazem potenciais agentes
biorremediadores (RESENDE et al., 2004). A literatura disponível demonstra que os fungos
desse gênero possuem amplas possibilidades para aplicação, tanto no biocontrole, de
patógenos foliares, quanto de patógenos habitantes do solo (LOUZADA et al., 2009).
Diante deste contexto, o controle biológico torna-se uma importante ferramenta no
combate à queima-da-bainha, buscando uma agricultura sustentável (MICHEREFF; PERUCH
e ANDRADE, 2005). Levando a resolução de problemas relacionados à ocorrência de
doenças de plantas, com base na conservação dos recursos naturais, aumento da diversidade
biológica, redução no uso de agrotóxicos e maximização da produtividade (THURSTON,
1992).
2.4- Trichoderma spp.
No controle biológico de doenças causadas por patógenos de solo, os fungos são os
principais agentes antagônicos. Micoparasitas como fungos do gênero Trichoderma
[teleomorfo Hypocrea sp.], pertencente à família Hypocreaceae, o qual forma estruturas de
sobrevivência como os clamidósporos, têm sido considerados eficazes no biocontrole de
fitopatógenos. Principalmente de fitopatógenos que apresentam estruturas de resistência
consideradas difíceis de serem atacadas, como esporos, escleródios, clamidósporos e
microesclerócios (MELO, 1996).
Segundo Mukherjee et al. (1995) Trichoderma spp. apresenta diversas vantagens do
seu uso quando comparado com outros agentes de biocontrole, como parasitas de hifas e
escleródios de Rhizoctonia sp. podendo reduzir sua sobrevivência; adaptam-se em
temperatura entre 15º e 35ºC (temperatura ótima: 25°C), umidade em torno de 70% (podendo
desenvolver-se entre 20 e 80%) e pH em torno de 6 à 6.5 (NORTE, 2008). É um fungo
anaeróbio facultativo, o que lhe confere a capacidade de atuar tanto em condições robias
(solos muito porosos), cujas condições são ótimas para seu crescimento, como em meios com
elevada atividade microbiana, pontualmente deficientes em oxigênio.
No Brasil existem diversos produtos comerciais à base de Trichoderma, como:
Trichodermil, possuindo como i.a T.harzianum, que atua sobre vários patógenos de diferentes
20
culturas, como no controle de R. solani em feijão; e Tricovab a base de T. stromaticum
utilizado no controle de Crinipellis perniciosa, causador da vassoura-de-bruxa do cacaueiro.
Fungos do gênero Trichoderma podem atuar por diferentes mecanismos de ação, como:
antibiose, parasitismo, competição e indução de resistência (MELO, 1998). A determinação
desses efeitos depende de muitas interações que ocorrem no solo entre Trichoderma spp.
raízes da planta e outros microorganismos (ASKEW e LAING, 1993, PORRAS et al., 2007).
2.4.1- MECANISMOS DE AÇÃO DE Trichoderma spp.
2.4.1.1- Micoparasitismo
O micoparasitismo (hiperparasitismo) consiste em um processo em que o
microrganismo parasita o outro, estes atacam hifas e estruturas de reprodução e sobrevivência
dos patógenos de planta, reduzindo a infecção e o inóculo do patógeno. A relação hospedeiro-
parasita é caracterizada por um período relativamente longo de contato, que pode ser físico ou
metabólico com digestão por enzimas hidrolíticas, como, quitinases, proteases, glucanases e
lipases (BETTIOL, 1991; MELO e FAULL, 2000). Trichoderma spp. possui característica
micoparasita desenvolvendo-se em direção as hifas de outros fungos, presumivelmente em
resposta a estímulos químicos produzidos pela hifa hospedeira, enrola-se fortemente em toda
a sua extensão para, então, penetrar e digerir a hifa (SILVA, 1997; MELO,1998). Em trabalho
realizado por Lucon (2009), isolados de Trichoderma spp. proporcionaram total supressão de
R. solani em mudas de pepino.
2.4.1.2- Antibiose
Antibiose é definida como uma interação entre organismos, na qual um ou mais
metabólitos, produzidos por um organismo, têm efeito danoso sobre o outro (BETTIOL,
1991). As espécies de Trichoderma têm sido estudadas por produzirem uma série de enzimas
extracelulares (MENEZES e SOUZA, 1995); por degradarem paredes de células fúngicas e
21
por serem ativas na produção de metabólitos extracelulares com atividade antimicrobiana
(MELO, 1991) que, segundo Harman et al. (2004), chegam a mais de 100.
Algumas espécies de Trichoderma caracterizam-se por apresentarem alta produção de
substâncias gasosas de origem antibiostática com característico aroma de côco. Os
metabólitos produzidos podem ser voláteis e não-voláteis. Dos antibióticos produzidos por
Trichoderma, Bastos (1991) cita gliotoxina, viridina, trichodermina, suzucacilina, alameticina
e dermadina, os quais têm a capacidade de inibir o desenvolvimento de vários fungos. De
acordo com Roberts e Lumsden (1990), a gliotoxina é responsável pela inibição da
germinação de esporângios e do crescimento micelial de Pythium ultimum.
2.4.1.3- Competição
Competição é um processo referente à interação entre dois ou mais organismos,
empenhados na mesma ação. A competição entre microrganismos ocorre principalmente por
nutrientes, espaço e oxigênio, colonizando rapidamente o substrato, não podendo ser
colonizando por outro microrganismo (BETTIOL, 1991; BAKER e DICKMAN, 1993,
ETHUR, 2006) e, mesmo sendo um mecanismo importante, é extremamente difícil de ser
comprovado experimentalmente, o que não ocorre com a antibiose e o micoparasitismo
(HARMAN, 2000). Segundo Harman et al. (2004), Trichoderma spp. compete pelos
exsudados liberados pelas sementes no processo de germinação que estimulam a germinação
de propágulos de fungos fitopatogênicos. De acordo com Howell (2005), a competição é uma
das principais características de isolados de Trichoderma usados como agentes de biocontrole,
pois somente assim tem a capacidade de se desenvolver na rizosfera.
2.4.1.4- Indução de resistência
A indução de resistência é outro mecanismo utilizado por agentes de biocontrole,
como Trichoderma spp. Esse processo ocorre quando as plantas expostas a um agente indutor
têm seus mecanismos de defesa ativados, não apenas no sítio de indução como também em
outros locais dele distantes, de forma mais ou menos generalizada (ROMEIRO, 1999). Tem
22
ocorrido muito progresso na elucidação dos caminhos que envolvem a indução de resistência,
sendo que, em muitos casos, o ácido salicílico e o ácido jasmônico, juntamente com o etileno
ou óxido nitroso, induzem a cascata de eventos que provoca a produção de uma grande
variedade de metabólitos e proteínas com diversas funções na planta, modificando o proteoma
vegetal (HARMAN et al., 2004, ETHUR, 2006).
2.4.1.5- Promoção de crescimento de plantas
A promoção de crescimento ocasionada por microrganismos do solo ocorre devido à
ação de vários fatores. Pode envolver produção de hormônios vegetais, produção de vitaminas
ou conversão de materiais a uma forma útil para a planta, absorção e translocação de minerais
e controle de patógenos (MELO, 1996). Trichoderma atua como biostimulante do
crescimento radicular, pois promove o desenvolvimento de raízes devido à secreção de
fitohormônios, o que permite, devido ao incremento da massa radicular, uma melhor
assimilação de nutrientes e água aumentando a resistência em situações de estresse. Além de
facilitar a solubilização e absorção de nutrientes pelas plantas (HARMAN, 2000; HARMAN
et al., 2004).
O isolado T-22 de T.harzianum promoveu o crescimento em plantas, através da sua
habilidade em solubilizar muitos nutrientes importantes para a mesma (ALTOMARE et al.,
1999). A interferência de Trichoderma spp. no crescimento de plantas e o aumento na
produtividade ocorrem, segundo Harman et al. (2004), devido à sua capacidade em colonizar
as raízes. O isolado T-22 de T. harzianum foi efetivo na indução de formação de raízes em
tomateiro, promoveu o incremento no comprimento de raízes de soja e milho e o aumento da
produtividade de pimentão tanto quanto um hormônio comercial (HARMAN, 2000).
Sivan e Harman (1991), tratando sementes de milho e algodão com os isolados T12,
T95 e T22 (fusão dos dois anteriores) de T. harzianum observaram que o isolado T22
aumentou em 31 % em milho e 60 % em algodoeiro o crescimento das raízes, em relação à
testemunha. Essa mesma espécie de Trichoderma quando aplicada na forma de suspensão de
conídios no solo proporcionou aumento de massa seca em feijoeiro de 10 %, no rabanete de
8%, no tomateiro de 37 %, na pimenteira de 42 % e no pepineiro de 93 % (CHANG et al.,
1986). Também foram encontrados resultados positivos por Inbar et al. (1994), em tratamento
de solo com isolado de T. harzianum, nos quais o pepineiro e pimenteira tiveram aumento
23
significativo quanto à altura das plantas em 24 e 17 %, e peso de massa seca em 25 e 29 %,
respectivamente.
Isolados de Trichoderma spp. podem agir como promotores de crescimento, mesmo na
presença de fungos micorrízicos. Calvet; Pera e Barea (1993), utilizando tratamentos com a
aplicação dos fungos micorrízico Glomus mosseae, antagonista T. aureoviride e o
fitopatógeno Pythium ultimum em Tagetes erecta, observaram que G. mosseae + T.
aureoviride aumentaram a massa seca em 100 % e a área foliar em 55 %.
A contribuição de Trichoderma spp. na germinação também é comprovada por vários
autores. Kleifeld e Chet (1992) observaram ação positiva de isolado de T. harzianum em
tratamento de semente e de solo na germinação de feijão em 77 e 100%, rabanete em 58 e
100%, tomate em 100 e 70 %, pimenta em 90% e pepineiro 90 e 100 %, respectivamente,
evidenciando que as variações nos resultados podem ser decorrentes da forma de tratamento e
da cultura. Por outro lado, em alface alguns isolados de T. harzianum inibiram a germinação
de sementes (OUSLEY et al., 1994)
24
REFERÊNCIAS
ABO ELLIL, A. H. A. Oxidative stress in relation to lipid peroxidation, sclerotial
development and melanin production by Sclerotium rolfsii. Journal of Phytopathology,
Berlin, v.147, p.561-566, 1999. Disponível em: <http://www.blackwell-synergy.com.br>.
Acesso em: 2009.
AGRIOS, G. N. Plant diseases caused by fungi. In: AGRIOS, G. N. Plant Pathology. 5.ed.
San Diego: Elsevier Academic Press, 2005. p.385-614.
ALONÇO, A.S. et al. Avaliação técnica de uma máquina para a correção de microrrelevo do
solo de áreas destinadas ao cultivo de arroz irrigado. Ciência Rural, v.36, n.5, p.1643-1646,
2006.
ALTOMARE C., NORVELL W.A., BJÖRKMAN T., HARMAN G.E. Solubilization of
phosphates and micronutrients by the plant-growth-promoting and biocontrol fungus
Trichoderma harzianum Rifai 1295-22. Appl Environ Microbiol 65:2926-2933, 1999.
ALVARENGA, B. S.; D‟ARCO, E.; MOREIRA, M. A.; RUDORFF, B. F. T. Avaliação de
técnicas de processamento digital de imagens para a estimativa de áreas de arroz irrigado: um
estudo de caso no município de Santa Vitória do Palmar/RS. In: Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto, 12., Goiânia, 2005. Anais: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento
Remoto. Brasil: INPE. Disponível em: < http://marte.dpi.inpe.br/col/ltid.inpe.br>. Acesso em:
2009.
AMARAL, R.E.M.; ISSA, E.; SOUZA, D.M; MALAVOLTA, V.M.A.; LEITE, L.C.; JESUS,
L.M. Estudo sobre a queima das bainhas do arroz Oryza sativa L. Arquivos do Instituto
Biológico, São Paulo, v.46, 1979.
ARAÚJO, A.S.F. e ARAÚJO, R.S. Sobrevivência e nodulação de Rhizobium tropici em
sementes de feijão tratadas com fungicidas. Ciência Rural 36:973-976, 2006.
ASKEW, D. J., and LAING, M. D. Anadapted selective medium for the quantitative isolation
of Trichoderma species. Plant Pathology. 42:686-690, 1993.
ÁVILA, Z.R., CARVALHO, S.S., BRAÚNA, L.M., GOMES, D.M.P.A., SILVA, M.C.F. ;
MELLO, S.C.M. Seleção de isolados de Trichoderma spp. antagônicos a Sclerotium rolfsi
e Sclerotinia sclerotiorum.. Embrapa Recursos Genéticos, Brasília, 2005. 30p. (Boletim
25
Técnico de Desenvolvimento e Pesquisa, 177).
BAKER, R.; DICKMAN, M.B. Biological control with fungi. In: METTING JR; F.B. (Ed.)
Soil Microbial Ecology: applications in agricultural and environmental management. New
York: Dekker, 1993. p. 275-305.
BASTOS, C.N. Possibilidade do controle biológico da vassoura-de-bruxa (Crinipellis
perniciosa) do cacaueiro. In: BETTIOL, W. (Org.). Controle biológico de doenças de
plantas. Jaguariúna: EMBRAPA-CNPDA, 1991.
BEDENDO, I.P PRABHU, A.S. Doenças do Arroz (Oryza sativa). In: BERGAMIN FILHO,
A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manual de Fitopatologia. 3. ed. São Paulo:
Agronômica Ceres, 2005. p. 829-837.
BETTIOL, W. Componentes do controle biológico de doenças de plantas. In: BETTIOL, W.
(Org.) Controle biológico de doenças de plantas. Brasília: EMBRAPA, 1991. p.1-5.
(Boletim Técnico, n.5).
BOMFIM, M.P. Antagonismo in vitro e in vivo de Trichoderma spp. a Rhizopus
stolonifer em Maracujazeiro amarelo. 2007.76 f. Dissertação (Mestrado)-Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia - Vitória da Conquista - BA, 2007.
BORGES, C. S.; CUCHIARA, C. C.; RIBEIRO, M. F.; OLIVEIRA-NAPOLEÃO, I. T.;
MOURA, A. B.; MORAES, D. M. Efeito da microbiolização no crescimento de plântulas de
arroz (Oriza sativa L.). CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 17., ENCONTRO
DE PÓS-GRADUAÇÃO, 10., Pelotas, 2007. Anais Pelotas : Universidade Federal de
Pelotas, 2008.
CALVET, C.; PERA, J.; BAREA, J.M. Growth response of marigold (Tagetes erecta L.) to
inoculation with Glomus mosseae, Trichoderma aureoviride and Pythium ultimum in a peat-
perlite mixture. Plant and Soil, v. 148, p. 1-6, 1993.
CARDOSO, J. E. Podridões radiculares. In: SARTORATO, A.; RAVA, A. (Ed.). Principais
doenças do feijoeiro comum e seu controle. Brasília: Embrapa-SPI. 1994. p.151- 64.
CHANG, YA-CHUN et al. Increased growth of plants in the presence of the biological
control agent Trichoderma harzianum. Plant Disease, v. 70, p. 145-148, 1986.
EMBRAPA Arroz e Feijão. Cultivo do Arroz Irrigado no Estado do Tocantins. Sistemas de
Produção, 2004. Disponível em: <http://sistemasdeprodução. cnptia.embrapa.br/>. Acesso
em: 2009.
26
ETHUR, L. Z. Dinâmica populacional e ação de Trichoderma no controle de fusariose em
mudas de tomateiro e pepineiro. 2006, 155.f. Tese (Doutorado) Universidade Federal de
Santa Maria-RS, 2006.
FILIPPI, M.C, PRABHU, A.S, SILVA, G.B. Cultivo do Arroz Irrigado no Estado do
Tocantins. Sistemas de Produção, n 3. Goiania : Embrapa Arroz e Feijão, 2004. Versão
eletrônica.
FUNCK, G.R.D.; KEMPF, D. Doenças do Arroz Irrigado no Rio Grande do Sul. Boletim
Técnico, n° 5. Cachoeirinha/RS: IRGA. pág. 7-33 2008.
GUIMARÃES, C.M; SANTOS, A.B; MAGALHÃES JÚNIOR, A.M; STONE, L.F. Sistemas
de Cultivo. In: SANTOS, A.B.; STONE, L.F.; VIEIRA, N.R.A. A cultura do arroz no
Brasil. 2. ed. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2006. Cap. 3.
HARMAN, G.E. et al. Trichoderma species opportunistic, avirulent plant symbionts.
Nature, v. 2, p. 43-56, 2004.
HARMAN, G.E. Myths and dogmas of biocontrol changes in perceptions derived from
research on Trichoderma harzianum T-22. Plant Disease, v. 84, p. 377-392, 2000.
HOWELL, C.R. Mechanisms employed by Trichoderma species in the biological control of
plant diseases: the history and evolution of current concepts. Plant Disease, v. 87, p. 4-10,
2003.
IBGE, Produção agrícola municipal. Rio de Janeiro: (Instituto Brasileiro de Geografia e
estatística, 2008/2009. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em 2009.
INBAR, J; ABRAMSKY, M; COHEN, D. CHET, I. Plant growth enhancement and disease
control by Trichoderma harzianum in vegetable seedlings grown, under commercial
condition. European Journal of Plant Pathology 100, 337-346, 1994.
.
INSTITUTO BIOLÓGICO DE SÃO PAULO. Podridão branca: Sclerotium rolfsii Sacc.
[s.d], 2007. Disponível em: <http: //www.biologico.sp.gov.br>. Acesso em: 2009.
INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ - IRGA. Doenças do Arroz Irrigado no Rio
Grande do Sul. Cachoeirinha/RS, 2008. p.7-33.( Boletim Técnico, 5)
INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ - IRGA. Manejo de Doenças do Arroz
Irrigado e suas Implicações no Ambiente. 2008. Disponível em:
<http://www.irga.rs.gov.br/index.php>. Acesso em: mar. 2010.
27
KLEIFELD, O.; CHET, I. Trichoderma harzianum interaction with plants and effect on
growth response. Plant and Soil, v. 144, p. 267-272, 1992.
LEE, F.N.; RUSH, M.C. Rice sheath blight: a major rice disease. Plant Disease, v.67, p.829-
832. 1992.
LOUZADA, G. A. S., CARVALHO, D. D. C.; MELLO, S. C. M., LOBO JÚNIOR, M.,
MARTINS I., BRAÚNA L. M. Potencial antagônico de Trichoderma spp. originários de
diferentes agroecossistemas contra Sclerotinia sclerotiorum e Fusarium solani. Biota
Neotropica, Campinas, v.9, n.3, Jul/Set., 2009.
LSPA/IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Produção agrícola municipal.
Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:http://www.irga.rs.gov.br/index.php. Acesso: 2009.
LUCON, C.M.M. Promoção de crescimento de plantas com o uso de Trichoderma spp.
2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em:
<http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/trichoderma/index.htm>. Acesso em: mar.,2010.
LUDWIG, J.; MOURA, A.B. Controle biológico da queima-das-bainhas em arroz pela
microbiolização de sementes com bactérias antagonistas. Fitopatologia Brasileira v.32,
p.381-386, 2007.
MELO, I.S. Agentes microbianos de controle de fungos fitopatogênicos. In: MELO, I.S.;
AZEVEDO, J.L. (Ed.) Controle biológico. Jaguariúna: EMBRAPA, 1998.
MELO, I. S. Potencialidades de utilização de Trichomonas spp no controle biológico de
doenças de plantas. In: BETTIAL, W. Controle biológico de doenças de plantas.
Jaguariúma: CNPDA/EMBRAPA, 1991. (EMBRAPA-CNPDA Boletim de Pesquisa,15)
MELO, I.S. Trichoderma e Gliocladium como bioprotetores de plantas. Revis. Anu. Patol.
Plantas, v.4, n.1, p.261-295, 1996.
MELO, I.S.; FAULL, J.L. Parasitism of Rhizoctonia solani by strains of Trichoderma spp.
Scientia agrícola. Piracicaba, v.57, n.1, jan/mar., 2000.
MELLO, S.C.M.; ÁVILA, Z.R.; BRAÚNA, L.M.; PÁDUA, R.R.; GOMES, D. Cepas de
Trichoderma para el control biológico de Sclerotium rolfsii Sacc. Fitosanidade v.11, n.1, p.3-
9, 2007.
28
MENEZES, M.; SOUZA, E.E.B. Avaliação de isolados de Trichoderma através da análise
eletroforética em gel de poliacrilamida. Fitopatologia Brasileira, ago.. 1995. Suplemento,
20.
MENZIES, J.D. The first century of Rhizoctonia solani. In: Parmeter, J.R. (Ed.). Rhizoctonia
solani, Biology and Pathology. Berkeley. University of California Press, 1970. p.69-92.
MICHEREFF, S. J.; PERUCH, L. A. M.; ANDRADE, D. E. G. T. Ecologia manejo de
patógenos radiculares em solos tropicais. Recife: UFRPE - Imprensa Universitária, 2005.
MOHAMED, H.A.L.A.; HAGGAG, W.M. Biocontrol potential of salinity tolerant mutants of
Trichoderma harzianum against Fusarium oxysporum. Braz. J. Microbiol. v.37, n.2, p.181-
191. 2006.
MUKHERJEE, P.K.; MUKHOPADHYAY, A.N.; SARMAH, D.K.; SHRESTHA, S.M.
Comparative antagonistic properties of Gliocladium virens and Trichoderma harzianum on
Sclerotium rolfsii and Rhizoctonia solani - its relevance to understanding the mechanisms of
biocontrol. Journal of Phytopathology. v.143, p.275-279, 1995.
NAGARAJKUMAR, M.; BHASKARAN, R.; VELAZHAHAN, R. Involvement of secondary
metabolites and extracellular lytic enzymes produced by Pseudomonas fluorescens in
inhibition of Rhizoctonia solani, the rice sheath bligth pathogen. Microbiological Research,
2004.
NAIDU, D.V.; RAO, B.S.; MURTY, P.S.S. Influence of sheath blight infection on the leaves
of chlorophyll and 14CO2 uptake in rice. Indian Phytopathology. v.34, p.30-33, 1981.
NAVES, M.M.V.; BASSINELLO, P.Z. Importância na nutrição humana. In: SANTOS, A. B.,
SONE, L. F., VIEIRA, N.R. A cultura do arroz do arroz no Brasil.. 2. ed. rev. ampl. Santo
Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2006.
NORTE, A. Spainbonsai.com. Revista digital. Disponível em:<
http://www.spainbonsai.com>. Acesso em: jan.2009.
NUNES, C.D, RIBEIRO, A.S.; TERRES, A.L. Principais doenças do arroz irrigado e seu
controle. In: Gomes, A.S. e Magalhães Junior, A.M. (Ed.) Arroz irrigado no sul do Brasil.
Brasília DF. Embrapa Informação Tecnológica. 2004. p.579-633.
OU, S.H. Rice disease. Commonwealth Mycological Institute, 2
.
ed., 1985.
OUSLEY, M., LYNCH, J., WHIPPS, J., 1994. Potential of Trichoderma as consistent plant
growth stimulators. Biology and Fertility of Soils 17, 8590.
29
PORRAS, M. C. BARRAU, F. T. ARROYO, B. SANTOS, C. BLANCO, AND F.
ROMERO. Reduction of Phytophthora cactorum in Strawberry Fields by Trichoderma
spp. and Soil Solarization. Alcalá del Río, Sevilla, Spain : IFAPA/CIFA, 2007.
PRABHU, A. S.; FILIPPI, M.C.; RIBEIRO, A. S. Doenças e seu controle. In: SANTOS, A.
B.; SONE, L. F.; VIEIRA, N.R.A. A cultura do arroz do arroz no Brasil. 2. ed. rev. ampl.
Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2006.
PRABHU, A.S.; FILIPPI, M.C.; SILVA, G.B.; SANTOS, G.R. Resistência de cultivares de
arroz a Rhizoctonia solani e Rhizoctonia oryzae.
Pesquisa Agropecuária Brasileira. v..37, 2002.
PRABHU, A.S; FILIPPI, M.C; RIBEIRO, A.S. In: A cultura do arroz do arroz no Brasil.
Goiás: EMBRAPA, 1999.
RABINDRAN, R.; VIDHYASEKARAN, P. Development of a formulation of Pseudomonas
fluorescens PfALR2 for management of rice sheath bligth. Crop Protection. v.15, p.715-
721.1996.
RESENDE, M. L.; OLIVEIRA, J. A.; GUIMARÃES, R. M.; VON PINHO, R. G.; VIEIRA,
A. R. Inoculação de sementes de milho utilizando o Trichoderma harzianum como promotor
de crescimento. Ciência e Agrotecnologia, v. 28, p. 793-798, 2004.
.
RIBEIRO, A.S.; TANAKA, M.A.S. Doenças do arroz e medidas de controle. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.10, n.114, p.26-32, 1984.
.
ROBERTS, D.P.; LUMSDEN, R.D. Effect of extracellular metabolites from Gliocladium
virens on germination of sporangia and mycelial growth of Pythium ultimun.
Phytopathology, v. 80, p. 461-465, 1990.
RODRIGUES, F.A.; VALE, F.X.R.; DATNOFF, L.E.; PRABHU, A.S.; KORNDÖRFER,
G.H. Effect of rice growth stages and silicon on sheath bligth development. Phytopathology,
2003.
ROMEIRO, R.S. Indução de resistência em plantas a patógenos. Viçosa: Ed. UFV, 45p.
(Caderno Didático nº 56). 1999.
SANTOS, J.R.M.; GALVÃO, E.U.P.; Avaliação de doenças em germoplasma de arroz em
várzea e terra firme no Amazonas. Pesquisa Agropecuària Brasileira. Brasília, v. 24, n. 12,
30
dez. 1989.
SILVA, A.C.F. Uso da radiação gama para obtenção de mutantes de Trichoderma harzianum
Rifai e T. viride Pers. Fr. com capacidade melhorada no controle ao Sclerotinia sclerotiorum
(Lib.) de Bary. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal de São Paulo, São
Paulo, 198p, 1997.
SIVAN, A.; HARMAN, G.E. Improved rhizosphere competence in a protoplast fusion
progeny of Trichoderma harzianum. Journal of General Microbilogy, v. 137, p. 23-29,
1991.
THURSTON, H. D. Sustainable practices for plant disease management in traditional farming
systems. Boulder: Westview Press, 1992.
31
CAPITULO 2
SELEÇÃO DE ISOLADOS DE Trichoderma spp. COM POTENCIAL DE REDUÇÃO DE
R. solani “IN VITRO” E DE PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO DE ARROZ
RESUMO: Os objetivos deste trabalho foram selecionar isolados de Trichoderma spp.
oriundos de Coari-AM, possíveis agentes de biocontrole de Rhizoctonia solani Kühn,
causadora da queima-da-bainha em arroz, verificando o potencial dos mesmos em aumentar o
poder germinativo de sementes e proporcionar melhor desenvolvimento de plântulas. Foram
realizados quatro ensaios in vitro, com os isolados T.06, T.09, T.07, T.12, T.13, T.20, T.21,
T.34, T.42, T.46, T.47, T.52, T.09 e T.a, sendo estes, confrontação direta, interação de hifas,
produção de compostos tóxicos e produção de compostos voláteis. Os isolados mais
promissores foram avaliados quanto aos seus efeitos na germinação de sementes e
desenvolvimento de plântulas de arroz, avaliaram-se respectivamente, a colonização de
Trichoderma spp. sobre raízes das plântulas e, germinação de sementes. Determinou-se o
percentual de germinação normal e anormal, número de sementes mortas, comprimento da
radícula e do hipocótilo. Os ensaios ocorreram em delineamento inteiramente casualizado,
variando de três a quatro repetições. Todos os isolados de Trichoderma spp. reduziram o
crescimento micelial de R. solani, destacando-se T.06, T.09, T.12, T.52 e T.a. Nenhum
isolado afetou negativamente a germinação de sementes de arroz e T.a proporcionou maior
desenvolvimento do hipocótilo, juntamente com os isolados T.12 e T.52 via pó; os isolados T.
47 e T.a via suspensão, não afetaram o desenvolvimento radicular de plântulas de arroz.
Palavras-chave: Trichoderma spp., Thanatephorus cucumeris, Oryza sativa, antagonismo,
microbiolização.
32
CHAPTER 2
SELECTION OF Trichoderma spp. ISOLATES WITH POTENTIAL OF REDUCTION
OF R. solani “IN VITRO” AND OF PROMOTE THE GROWTH OF RICE.
ABSTRACT: The Objects of these work were to select Trichoderma spp. isolates from
Coari-AM, possible agents of Rhizoctonia solani Kühn biocontrol, causer of sheath blight on
rice, verifying the potential from the them on raising the germinal power of seeds and propose
a better development of seedlings. Were realized four test in vitro with the T.06, T.09, T.07,
T.12, T.13, T.20, T.21, T.34, T.42, T.46, T.47, T.52, T.09 and T.a, isolates and these being
direct confrontation, hyphae interaction, production of toxic compounds and production of
volatile compounds. The isolates most promissory were evaluated due to its effects on the
seeds germination and development of rice seedlings were evaluated respectively the
colonization of Trichoderma spp. about roots of seedlings and seeds germination. Was
determined the percentage of normal and abnormal dead seeds percentage radicle and
hipocolito length. The tests occurred in lineation entirely randomized ranging from three to
four repetitions. All the Trichoderma spp. isolates had reduced the mycelial growth of R.
solani being distinguished T.06, T.09, T.12, T.52. and T.a. Any of the isolates affected
negatively the rice seeds germination and T.a. provided a major development of hipocolito
both with isolates T.12 and T.52 by way of dust, the isolates T.47 and T.a by way of
suspension hasn‟t affected the radicle development of rice seedlings.
Keywords: Trichoderma spp., Thanatephorus cucumeris, antagonisms, microbiolization,
Oryza sativa.
33
2.1 INTRODUÇÃO
O arroz (Oryza sativa L.), um dos cereais mais cultivados e consumidos no mundo,
movimenta de maneira expressiva sua cadeia produtiva. A produtividade desta cultura é
afetada por diversos fatores, como doenças fúngicas responsáveis por significativos danos
(BALARDIN e BORIN, 2001).
Causada por Rhizoctonia solani Kühn, a queima-da-bainha, importante doença da
cultura do arroz, causa severos danos em arroz irrigado, ocorre geralmente nos colmos e
bainhas, caracterizando-se inicialmente por manchas circulares, elípticas ou ovaladas, de
coloração verde-acinzentada, estas lesões aparecem nas bainhas ao nível da água e,
posteriormente, aumentam de tamanho e apresentam-se rodeadas por bordadura irregular e de
coloração marrom, provocando o acamamento da planta (RIBEIRO e TANAKA, 1984).
O controle biológico de doenças fitopatogênicas é capaz de suprimir doenças e
promover o crescimento das plantas cultivadas (THOMASHOW, 1996) e ainda reduzir ou
substituir o uso de produtos agroquímicos, na produção de alimentos (FREITAS e
AGUILAR-VILDOSO, 2004). O uso de agentes de biocontrole (ACB) requer uma
interrupção de algum estágio da doença ou do ciclo de vida do fitopatógeno, a qual pode
ocorrer através de diversos mecanismos. A prevenção da infecção, redução na colonização do
tecido hospedeiro, redução da esporulação ou da sobrevivência do fitopatógeno podem
proporcionar diferentes níveis de controle através da utilização de agentes biológicos (PUNJA
e UTKHEDE, 2003). Dentre os organismos capazes de realizar o controle de fitopatógenos,
destaca-se o fungo do gênero Trichoderma, documentado como antagonista de sucesso à
patógenos habitantes de solo, como: R. solani; Sclerotium rolfsii; Sclerotinia sclerotiorum;
Fusarium spp. e Pythium spp. (CORABI-ADELL, 2004).
Outro benefício gerado por Trichoderma é a promoção do crescimento de plantas que
está relacionada com sua capacidade de produção de hormônios vegetais, absorção e
translocação de minerais, solubilização de fosfastos e controle de patógenos (MELO, 1996;
HOYOS-CARVAJAL; ORDUZ e BISSET, 2009). Microbiolização de sementes consiste na
utilização de microrganismos ou de seus metabólitos, na proteção de sementes, sendo este
método utilizado na promoção de germinação, crescimento de plantas e no controle de
diferentes patógenos (LAZZARETTI e BETTIOL, 1997; LUZ, 2003; FARIA;
ALBUQUERQUE e NETO, 2003).
34
A utilização de testes in vitro para a seleção de organismos biocontroladores é uma
importante ferramenta para a avaliação de um grande número de isolados (LYNCH, 1987;
LINHARES; MATSUMURA e LUZ, 1995), e ainda a realização de tratamento de sementes
através da microbiolização para avaliar germinação e vigor de plântulas (NGHIEP e GAUR,
2005) surgem como alternativas na busca por medidas de cultivo adequadas. Diante do
exposto, o objetivo deste trabalho foi selecionar in vitro, isolados de Trichoderma spp.
capazes de inibir o crescimento micelial de Rhizoctonia solani Kühn e promover o
crescimento de plântulas de arroz.
35
2.2 MATERIAL E MÉTODOS
2.2.1 Isolados de Trichoderma spp.
Foram utilizados 13 isolados de Trichoderma spp., dos quais um foi Trichoderma
asperellum proveniente da Universidade Federal de Viçosa- Viçosa-MG, Brasil, e os demais,
provenientes de solos rizosféricos de espécies florestais em áreas reflorestadas e matas
nativas, da Base de Urucu, Coari- AM, pertencentes à unidade da PETROBRÁS. Estes
isolados encontram-se armazenados na coleção de microrganismos do Laboratório de
Proteção de Plantas da Universidade Federal Rural da Amazônia (Belém-PA, Brasil).
Isolamento:
Os isolados de Trichoderma foram obtidos através do método de diluição seriada,
sendo diluídos 10 g de cada amostra de solo rizosférico em 90 ml de água destilada estéril. A
solução de solo obtida foi agitada por 10 minutos à 85 rpm até se tornar uma suspensão
homogênea. As diluições foram procedidas nas concentrações 10
-1
a 10
-6
e em seguidas foram
plaqueadas 100µl da suspensão de solo em placas de Petri contendo meio de BDA (Batata-
Dextrose-Ágar) e espalhada com auxílio de alça de Drigalski. As placas foram mantidas a
±25ºC sob luz contínua e após 48 horas foi realizada a contagem das colônias na diluição
onde as mesmas encontravam-se isoladas. Os isolados obtidos foram preservados de acordo
com o método de Castellane.
2.2.2 Isolado de Rhizoctonia solani Kühn.
O isolado de R. solani 4F, foi proveniente da Coleção de Fungos Fitopatogênicos da
Embrapa Arroz e Feijão (Goiânia-GO, Brasil).
36
2.2.3 Confrontação direta
Para avaliar o antagonismo direto de diferentes isolados de Trichoderma spp. à R.
solani utilizou-se o método de pareamento. Em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA, foram colocados em pontos equidistantes, discos de cultura de R. solani e de cada um
dos isolados de Trichoderma spp. avaliados, ambos a 1,0 cm de distância da borda da placa e
mantidas sob luz contínua a ± 25°C em câmaras de crescimento.
Os tratamentos foram: R. solani (Testemunha); isolado de Trichoderma 06 (T.06);
isolado de Trichoderma 07 (T.07); isolado de Trichoderma 09 (T.09); isolado de Trichoderma
12 (T.12); isolado de Trichoderma 13 (T.13); isolado de Trichoderma 20 (T.20); isolado de
Trichoderma 21 (T.21); isolado de Trichoderma 34 (T.34); isolado de Trichoderma 42 (T.42);
isolado de Trichoderma 46 (T.46); isolado de Trichoderma 47 (T.47); isolado de Trichoderma
52 (T.52) e Trichoderma asperellum (T.a).
2.2.4 Interação de hifas
A metodologia empregada foi semelhante ao teste de pareamento, com exceção de que
neste, uma lamínula, previamente esterilizada, foi posicionada centralmente, entre as colônias
do antagonista e desafiante. As placas foram mantidas a ± 25°C, sob luz contínua até que
fosse observado o crescimento de hifas de ambos os fungos, sob a lamínula. Após esse
período, as lamínulas foram retiradas, para montagem de lâminas microscópicas e observação
sob microscopia óptica e fotografadas em objetiva de 40x.
2.2.5 Produção de compostos tóxicos
Em erlenmeyers (125 mL) contendo 75 mL de meio BD (batata-dextrose), adicionou-
se 10 discos de BDA contendo micélio e esporos dos isolados de Trichoderma spp. Estes
37
foram colocados sob agitação contínua, por três dias a 85 rpm, em condições de escuro. Após
este período foi realizada a dupla filtragem do conteúdo em filtro de Millipore 0,45µm.
Em placas de Petri contendo meio BDA foram feitos quatro orifícios de 5 mm em
pontos eqüidistantes e colocado em cada orifício 1µL do filtrado e centralmente foi
depositado um disco de R solani. Na testemunha foi adicionado apenas água nos orifícios.
2.2.6 Produção de compostos voláteis
A produção de compostos foi avaliada pela adição de meio BDA em tampas de placas
de Petri, onde na extremidade inferior semeou-se um disco de BDA contendo micélio e
conídios de Trichoderma spp. e na extremidade superior um disco de micélio de R. solani. As
tampas foram posicionadas umas sobre as outras e seladas. No tratamento testemunha, R.
solani foi colocada em ambas as tampas das placas. As placas foram mantidas a ± 25 °C, sob
luz contínua.
2.2.7 Colonização de raiz de arroz por Trichoderma spp.
Sementes de arroz da cultivar „BRS Jaburu‟ foram tratadas com quatro isolados de
Trichoderma spp., T.06, T.09, T.12 e T.52 via pó, considerados os mais promissores de
acordo com os testes in vitro dos ensaios 3.3.3 à 3.3.6 e semeadas em caixa tipo gerbox
contendo papel de filtro estéril, umedecido com água destilada e estéril. Aos seis dias após o
tratamento avaliou-se a germinação das sementes e, posteriormente foram realizadas
visualizações diárias, sob microscópio estereoscópico, para observar a provável colonização
de Trichoderma spp. sobre as raízes das plântulas. A testemunha constou de sementes tratadas
com água.
Para obtenção do de Trichoderma, foram semeados discos de BDA com conídios
do fungo, em erlenmeyers contendo 100 g de arroz, previamente cozido por cinco minutos e
autoclavado a 120 °C, durante 20 minutos, sendo mantidos a ±25°C, sob luz contínua. Após
sete dias o arroz colonizado por Trichoderma foi triturado em liquidificador até obtenção do
38
pó. As sementes foram umedecidas e tratadas com dose de 5 g.Kg
-1
de semente (ETHUR,
2006).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições e
cinco tratamentos (quatro isolados de Trichoderma e um tratamento testemunha). Cada
repetição foi composta por uma caixa tipo gerbox, contendo 10 sementes.
2.2.8 Efeito de Trichoderma spp. na germinação de sementes e desenvolvimento de
plântulas de arroz
Sementes da cultivar BRS Jaburu foram tratadas por dois métodos de veiculação,
tratamento de semente com Trichoderma via (VP) e suspensão de conídios (SP) com
isolados de Trichoderma (T.12 T.47, T.52 e T.a-Trichoderma asperellum) previamente
selecionados.
Os tratamentos foram: Sementes imersas (testemunha - sementes submersas em água por
24h); Sementes umedecidas (testemunha - sementes umedecidas em água por 24 h); T.12 via
suspensão”; T.12 via ”; T.47 via suspensão”; T.47 via ”; T.52 via suspensão”; T.52
via pó”; T.a “via suspensão e T.a “via pó”.
Trichoderma via suspensão, foi obtido de culturas do fungo cultivado em meio BDA, a
±25º C, sob luz constante por cinco dias, e a concentração ajustada para 6x10
8
conídios. mL
-1
.
As sementes tratadas foram mantidas por 24 horas em suspensão de conídios.
A obtenção de Trichoderma via e o tratamento de sementes foi igual ao descrito no
item 3.3.7. Após 24 horas, as sementes embebidas em suspensão e as tratadas com o pó foram
semeadas em caixa tipo gerbox contendo duas folhas de papel de filtro umedecidos com água
destilada estéril, sendo 25 sementes de arroz por gerbox. Diariamente o papel de filtro foi
umedecido com água destilada e esterilizada. Após 48 horas foi avaliado o número de
sementes germinadas e não germinadas e, após 10 dias avaliou-se o número de sementes com
germinação normal, germinação anormal, número de sementes mortas e fez-se a medição do
comprimento da radícula e do hipocótilo. Foram consideradas como germinação anormal
todas as plântulas que apresentaram deficiências do tipo hipocótilo apodrecido, danificado,
sem hipocótilo ou sem raiz primária (NAKAGAWA, 1999).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições e 10
tratamentos em arranjo fatorial 4 x 2 + 2 (quatro isolados de Trichoderma, dois métodos de
39
veiculação, e duas testemunhas). Cada repetição foi composta por uma caixa tipo gerbox
contendo 50 sementes. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste de Scott-Knott, ao nível de 5% de probabilidade.
2.2.9 Análise estatística
Nos ensaios 2.2.3 à 2.2.6 as avaliações foram feitas após 72 horas da instalação do
experimento, medindo-se o diâmetro das colônias em centímetro. E o delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, com três repetições e 14 tratamentos (13 isolados
de Trichoderma spp. e uma testemunha). A análise de variância foi realizada para todas as
variáveis obtidas e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade (Sisvar, versão 5.2).
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.3.1 Confrontação direta
Todos os isolados de Trichoderma spp. testados diferiram significativamente da
testemunha, com destaque ao T.06 que reduziu o cescimento de R. solani a 1,97 cm, enquanto
o patógeno sem presença de isolado de Trichoderma apresentou crescimento de 8,0 cm
(Figura 1). Sendo a redução do crescimento micelial de R. solani do isolado T.06 de 75,4%,
seguido dos isolados T.13, T.52, T.34 e T.09, que reduziram em 64,1%; 63,7%; 62,9% e
62,5%, respectivamente, o diâmetro da colônia de R. solani. Quando o patógeno foi desafiado
pelo isolado T.a ocorreu menor redução do crescimento micelial do fitopatógeno, em torno
de 4,0 cm, enquanto a testemunha apresentou crescimento de 8 cm (Figura 1), equivalendo a
49% de redução.
40
Figura 1: Diâmetro da colônia de Rhizoctonia solani em confrontação direta com diferentes isolados de
Trichoderma spp. Os tratamentos foram: R. solani (Testemunha); isolado de Trichoderma 06 (T.06);
isolado de Trichoderma 07 (T.07); isolado de Trichoderma 12 (T.12); isolado de Trichoderma 13 (T.13);
isolado de Trichoderma 20 (T.20); isolado de Trichoderma 21 (T.21); isolado de Trichoderma 34 (T.34);
isolado de Trichoderma 42 (T.42); isolado de Trichoderma 46 (T.46); isolado de Trichoderma 47 (T.47);
isolado de Trichoderma 52 (T.52); isolado de Trichoderma 09 (T.09) e Trichoderma asperellum (T.a).
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 1% de
probabilidade.
Estas alterações evidenciam o parasitismo e a competição por espaço e nutrientes
(PAPAVIZAS, 1985), entretanto mais de um mecanismo de ação pode está
concomitantemente envolvido na ação antagonista de Trichoderma, como competição,
considerado um dos mais eficientes mecanismos, podendo resultar ao patógeno, limitação de
nutrientes, água, ou sítios onde esses fatores nutricionais são mais abundantes (PERELLO et
al., 2003).
Em trabalho realizado por Melo e Faull (2000) Trichoderma apresentou de 79 a 82%
de inibição de crescimento de R. solani proveniente de arroz. Resultado semelhante foi
encontrado em trabalho realizado por Bonfim (2007), onde todos os isolados de Trichoderma
spp. testados apresentaram rápido crescimento micelial diferindo estatisticamente da
testemunha ao inibir o desenvolvimento de Rhizopus stolonifer de maracujazeiro. Carvalho
Filho et al. (2008), demonstraram o potencial dos isolados de Trichoderma spp. em controlar
Cylidrocladium.
41
2.3.2 Interação de hifas.
Foi observado que dos 13 isolados avaliados, seis destes (T.06, T.07, T.09, T.12, T.21,
T.52 e T.a) promoveram o enrolamento, crescimento paralelo e/ou estrangulamento das hifas
de R. solani (Figura 2), indicando o potencial dos isolados de Trichoderma estudados no
controle do patógeno através desse mecanismo de ação.
Figura 2: Interação de hifas entre isolados de Trichoderma spp. e R.solani. Isolados: T.06 (a); T.07 (b);
T.09 (c); T.12 (d); T.21(e); T.52 (f) e T.a (g).
Este enrolamento e estrangulamento pode causar a destruição da parede celular,
provavelmente para obter nutrientes a partir das células mortas (MELO, 1998). Enzimas
produzidas por Trichoderma spp. como quitinases e celulases, lisam ou degradam a parede
celular do patógeno (ELAD; CHET e HENIS, 1982). Essas enzimas hidrolizam a parede
a
b
c
g
f
e
d
42
celular de outros fungos, sendo induzidas por diferentes polímeros componentes da parede
dos fungos alvo (HOWELL, 2005). Melo e Faull (2000) ao estudarem o parasitismo de R.
solani por isolados de Trichoderma, também afirmam que enzimas líticas parecem ser
capazes de degradar a parede celular de R. solani .
2.3.3 Produção de compostos tóxicos
Nenhum dos 13 isolados de Trichoderma spp. avaliados proporcionaram redução do
crescimento micelial de R. solani por produção de compostos tóxicos.
Em resultados contrários, Trichoderma inibiu o crescimento de patógenos por
mecanismos como a produção de antibióticos ativos (SMITH; WILCOX e HARMAN, 1990;
CHAMBERS e SCOTT, 1995). Segundo Ethur; Cembranel e Silva (2001) a eficiência de
metabólitos tóxicos produzidos por espécies de Trichoderma spp. foi evidenciada em
trabalhos, como de Reis; Oliveira e Menezes (1995) e, Aparecido; Egydio e Figueiredo (1999)
demonstrando haver difusão desses metabólitos sobre hifas de muitos outros patógenos. E
ainda que fungos do gênero Trichoderma se demonstrem com tais eficiências, os isolados
testados neste ensaio não foram promissores no controle de R. solani.
2.3.4 Produção de compostos voláteis
Os isolados T.52, T.12, T.09 e T.a diferiram significativamente da testemunha quanto
a redução do crescimento micelial de R. solani pela produção de compostos voláteis, onde as
colônias do fitopatógeno atingiram crescimento, respectivamente de, 1,4 cm, 5,17 cm, 5,45 e
5,63, enquanto a testemunha apresentou crescimento de 8.0 cm (Figura 3). A percentagem de
inibição do crescimento micelial de R. solani pelos isolados T.52, T.12, T.09 e T.a, foi
respectivamente: 82,5%, 35,4%, 31,9% e 29,6%.
43
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Diâmetro da colônia (cm)
Isolados
a
b
b
b
c
c
c c c
c c c
c
c
Figura 3. Produção de compostos voláteis de diferentes isolados de Trichoderma spp em relação ao
crescimento micelial de Rhizoctonia solani. Os tratamentos foram: R. solani (Testemunha); isolado
de Trichoderma 06 (T.06); isolado de Trichoderma 07 (T.07); isolado de Trichoderma 12 (T.12);
isolado de Trichoderma 13 (T.13); isolado de Trichoderma 20 (T.20); isolado de Trichoderma 21
(T.21); isolado de Trichoderma 34 (T.34); isolado de Trichoderma 42 (T.42); isolado de
Trichoderma 46 (T.46); isolado de Trichoderma 47 (T.47); isolado de Trichoderma 52 (T.52);
isolado de Trichoderma 09 (T.09) e Trichoderma asperellum (T.a). Médias seguidas de mesma letra
na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade.
Os isolados do gênero Trichoderma são capazes de produzir metabólitos voláteis com
efeito inibitório sobre o crescimento micelial de vários fungos (DENNIS e WEBSTER,
1971a, 1971b, 1971c). Entre tais metabólitos, gases, como: etileno e cianeto de hidrogênio
(CAMPBELL, 1989), acetaldeído, acetona, etanol e dióxido de carbono (TAMIMI e
HUTCHINSON, 1975), que afetam o crescimento microbiano. Esses gases são ativos em
baixas concentrações, mas não são considerados como antibióticos. De acordo com Mangenot
e Diem (1979), o CO
2
é uma das substâncias voláteis produzidas por antagonistas mais
estudadas e seus efeitos em fungos são bastante variáveis, podendo ser estimulantes ou
inibitórias, o mesmo ocorrendo com a amônia, enquanto o etileno não é inibitório, porém
facilita a formação de derivados inibidores, como o alil-álcool.
O potencial de metabólitos voláteis ocorre devido a maior facilidade de difusão no
ambiente solo, por meio de poros ou filmes d‟água, conseguindo muitas vezes atingir de
maneira eficiente patógenos deste ambiente, como R. solani (LOBO JÚNIOR e ABREU,
2000).
Os resultados do presente trabalho demonstraram-se satisfatórios, porém torna-se
necessário a confirmação da eficiência dos isolados em ensaios em casa de vegetação.
44
2.3.5 Colonização de raiz de arroz por Trichoderma spp
Todos os isolados de Trichoderma formulado em pó, foram capazes de crescer sobre a
radícula e região do hipocótilo das plântulas (Figura 4).
Figura 4. Microbiolização de sementes de arroz tratadas com quatro isolados de Trichoderma (a): T.06; (b):
T.09; (c): T.12; (d): T.52.
Estes resultados podem ser considerados positivos para a utilização destes isolados de
Trichoderma, uma vez que, ao colonizar o sistema radicular da planta, pode inibir a
colonização por fitopatógenos, formando uma barreira em torno da raiz, além de promover o
crescimento da plântula.
a
c
c
c
b
b
b
a
a
d
d
d
45
O tratamento de sementes com microrganismos antagonistas pode promover bom
desenvolvimento de plantas de forma geral, incluindo os efeitos benéficos na germinação de
sementes, emergência e desenvolvimento das plântulas, uma vez que, fungos do gênero
Trichoderma são capazes de atuar como bioestimulante do crescimento radicular,
promovendo o desenvolvimento de raízes através de fitohormônios, e assim melhorar a
assimilação de nutrientes o que aumenta a resistência diante de fatores bióticos não
favoráveis, além de degradar fontes de nutrientes que serão de fundamental importância para
o desenvolvimento do vegetal (HARMAN, 2000; HARMAN et al., 2004).
Introduzir microrganismos em sementes a fim de reduzir a transmissão de patógenos,
tem sido uma alternativa explorada com sucesso. Fessehaie e Walcott (2005) ao tratarem
sementes de melancia com isolado avirulento de Acidovorax avenae subsp. avenae ou de
Pseudomonas fluorescens, obtiveram redução da transmissão via semente para plântulas da
bactéria patogênica A. avenae subsp. citruli .
2.3.6 Efeito de Trichoderma spp. na germinação de sementes e desenvolvimento de
plântulas de arroz
A porcentagem de sementes germinadas após 48 horas do semeio, não diferiru
significativamente entre os tratamentos com Trichoderma e a testemunha. A germinação
variou de 77,5 a 85,5 % (Tabela 1). Demonstrando que nenhum dos isolados testados
afetaram negativamente a germinação das sementes de arroz.
46
Tabela 1: Germinação de sementes (%) de arroz tratadas com Trichoderma spp. formulados em pó e suspensão
de conídios [6 x10
8
. esporos.mL
-1
].
Tratamento
Germinação (%)
T.a (VP)
77,50 a
T.52 (VP)
77,50 a
T.12 (SP)
79,00 a
T.52 (SP)
80,00 a
Testemunha (submersas em água por 24 h)
81,00 a
T.12 (VP)
81,50 a
T.a (SP)
81,50 a
Testemunha (umedecidas em água)
81,50 a
T.47 (SP)
82,50 a
T.47 (VP)
85,50 a
VP: Trichoderma via pó; SP: Trichoderma via suspensão. Médias seguidas pela mesma letra na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
A porcentagem de germinação normal foi maior do que a germinação anormal e
sementes mortas (Figura 5). E ainda que não tenha ocorrido diferença estatística entre os
tratamentos, as sementes tratadas com isolados de Trichoderma, com exceção do isolado T.47
apresentaram menores índices de germinação quando comparado com a testemunha. Um dos
problemas que podem ser ocasionados ao tratar sementes com agentes de biocontrole, é que,
estes podem muitas das vezes serem deletérios às sementes, afetando sua germinação
(LUCON, 2009). Porém os isolados avaliados não apresentaram nenhum dano à semente
quando comparado a testemunha, podendo portanto ser viabilizado o uso dos mesmos no
tratamento de sementes de arroz.
Para a germinação normal (Figura 5-a) os tratamentos não diferiram
significativamente entre si, porém os tratamentos com os isolados T.12, T.47 e T.52 via e
suspensão apresentaram tendência em proporcionar melhores índices de germinação normal
quando comparado com os tratamentos testemunha. Em trabalho realizado por Ethur (2006),
ao estudar a germinação de sementes de tomate, os resultados foram contrários, uma vez que,
ocorreu diferença estatística entre os tratamentos, porém neste ensaio, os isolados de
Trichoderma avaliados proporcionaram menor número de sementes com germinação normal,
(36,5%) quando comparado com a testemunha (80,5%), sendo mais eficiente realizar o
tratamento apenas com sementes umedecidas em água.
47
Em relação à germinação anormal observou-se que apenas os tratamentos T.12 pó,
T.47 suspensão e T.52 via e suspensão, diferiram das testemunhas (Figura 5-b),
apresentando menor mero de sementes com essa característica, evidenciando o potencial
em promover satisfatória germinação de sementes, e consequentemente bom crescimento e
vigor de plântulas evitando a morte das mesmas (NGHIEP e GAUR, 2005).
Na avaliação do número de sementes mortas todos os isolados de Trichoderma
testados não diferiram do tratamento testemunha (Figura 5-c), porém vale ressaltar que, os
tratamentos T.12 suspensão e T.47 apresentaram menores sinais de danos ou
apodrecimento às sementes. Trichoderma spp. pode atuar como apodrecedor de sementes de
tomate, se as mesmas estiverem em contato com o agente de biocontrole e o ambiente
apresentar umidade, propiciando o rápido desenvolvimento sobre o envoltório das sementes
(ETHUR, 2006). espécies fúngicas de Trichoderma capazes de reduzir a germinação das
sementes, produzirem plantas jovens raquíticas e necroses em hipocótilo e raízes
(CHAMBERLAIN e GRAY, 1974).
48
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Germinação normal (%)
Isolados de Trichoderma spp.
a
a
a
a a
a
a a
a
a
0
2
4
6
8
10
12
Germinação anormal (%)
Isolados de Trichoderma spp.
b
b
b
b
a
a
a
a
a
a
0
2
4
6
8
10
12
Sementes mortas (%)
Isolados de Trichoderma spp.
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
Figura 5: Germinação de sementes (%) de arroz tratadas com isolados de Trichoderma spp.:
Germinação normal (a); Germinação anormal (b); Sementes mortas (c). Os tratamentos foram:
Sementes imersas (testemunha - sementes submersas em água por 24h); Sementes umedecidas
(testemunha - sementes umedecidas em água por 24 h); T.12 “Susp.”; T.12 “Pó”; T.47 “Susp.”;
T.47 “Pó”; T.52 “Susp.”; T.52 “Pó”; T.a “Susp.” e T.a “Pó” (“Susp”: sementes tratadas em
Trichoderma via suspensão por 24 h / “Pó”: sementes tratadas em Trichoderma via pó por 24 h).
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a ao nível
de 5% de probabilidade.
a
b
c
49
O tratamento com o isolado T.a via suspensão e sementes imersas obtiveram maiores
médias de comprimento do hipocótilo, diferindo significativamente de todos os outros
tratamentos (Figura 6.a).
0
5
10
15
20
25
T.12
T.52
Test. Sem.
umedecidas
T.12 susp.
T.47 susp.
T.47
T.52 susp.
T.a pó
Test. Sem.
imersas
T.a susp.
Comprimento do hipocótilo (mm)
Isolados de Trichoderma spp.
a
b
b
b
b
a
b
c
c
c
0
5
10
15
20
25
T.a pó
T.12 susp
T.52 susp
T.47
T.12
T.a susp
T.47 susp
Test. Sem.
imersas
T.52
Test. Sem.
umedecidas
Comprimento da radícula (mm)
Isolados de Trichoderma spp.
a
a
a
a
a
a
b
b
b
c
Figura 6: Crescimento do hipócotilo (mm) (a) e radicula (mm) (b) em sementes tratadas com
Trichoderma spp. Os tratamentos foram: Sementes imersas (testemunha - sementes submersas em água
por 24h); Sementes umedecidas (testemunha - sementes umedecidas em água por 24 h); T.12 “Susp.”;
T.12 “Pó”; T.47 “Susp.”; T.47 “Pó”; T.52 “Susp.”; T.52 “Pó”; T.a “Susp.” e T.a “Pó” (“Susp”: sementes
tratadas em Trichoderma via suspensão por 24 h / “Pó”: sementes tratadas em Trichoderma via pó por 24
h). Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade.
A promoção no crescimento da plântula pode estar relacionada com a produção de
hormônios, pela disponibilidade de nutrientes do solo ou matéria orgânica e aumento na
captação ou translocação de minerais (KLEIFELD e CHET, 1992). No presente trabalho, o
aumento do hipocótilo provavelmente está mais relacionado à produção de biomoléculas
análogas à fitohormonios as quais podem desencadear alterações na rota do metabolismo do
a
b
50
crescimento de plântulas que o ensaio foi realizado sobre papel de filtro em caixa tipo
gerbox. Em trabalho com pepineiros constatou-se que o estímulo do crescimento realizado por
isolado de T. harzianum em meio hidropônico, estava na interação formada entre fungo e
planta (YEDIDIA; BENHAMOU e CHET, 1999; ETHUR, 2006)
Ao avaliar o comprimento da radícula, sementes tratadas com os isolados T.47 e T.a
via suspensão, T.52 e T.12 via pó, não diferiram estatisticamente dos tratamentos testemunhas
(Figura 6.b), apresentando satisfatório desenvolvimento radicular, uma vez que, apesar de não
ter ocorrido estímulo no desenvolvimento radicular, não proporcionou efeito contrário, como
ocorreu com todos os outros tratamentos testados. Da mesma forma, em trabalho realizado
por Ethur (2006), buscando avaliar desenvolvimento de plântulas de pepineiro, isolados de
Trichoderma spp. (ETSR20 e mix) inibiram a germinação e o desenvolvimento não apenas da
radícula, mas também do hipocótilo.
O desenvolvimento da radícula foi superior ao desenvolvimento do hipocótilo, em
todos os tratamentos, demonstrando provável maior indução radicular. Tal desenvolvimento
pode ser justificado pela influência do Trichoderma spp. através da produção de reguladores
de crescimento como os jasmonatos, que regulam germinação de sementes e crescimento
radicular (BAKER e COOK, 1974).
51
2.4 CONCLUSÕES
Todos os isolados reduziram o crescimento micelial de Rhizoctonia solani in vitro,
com destaque aos isolados T.06, T.09, T.12, T.52 e T. asperellum.
Todos os isolados de Trichoderma spp. não afetaram negativamente a germinação de
sementes de arroz.
T. asperellum via suspensão proporcionou maior desenvolvimento do hipocótilo;
Os isolados de Trichoderma T.12, T.a e T.52 via pó, assim como, os isolados T.47 e
T.a via suspensão, não afetam o desenvolvimento radicular de plântulas de arroz.
52
REFERÊNCIAS
APARECIDO, C.C.; EGYDIO, A.P.M.; FIGUEIREDO, M.B. Eficiência do método de
Castellani (água destilada) para a preservação de fungos fitopatogênicos. In: REUNIÃO
CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS DO LAGEADO, Botucatu, SP, 1999.
Resumos.... Botucatu: FCA-UNESP, 1999. p.42.
BAKER, K.F.; COOK, R.J. Biological control of plant pathogens. San Francisco: W.F.
Freeman, 1974.
BALARDIN, R. S.; BORIN, R. C. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa Maria:
FSM, 2001. 48 p.
BOMFIM, M.P. Antagonismo in vitro e in vivo de Trichoderma spp. a Rhizopus
stolonifer em Maracujazeiro amarelo. 2007.76 f. Dissertação (Mestrado)-Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia - Vitória da Conquista - BA, 2007.
CARVALHO FILHO, M.R.; MENÊZES, J.E.; MELO, S.C.M; SANTOS, R.P. Avaliação de
isolados de Trichoderma no controle da mancha foliar do Eucalipto in vitro e quanto a
esporulação em dois substratos sólidos. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento.
Brasília,DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2008.
CAMPBELL, R. Biological control of microbial plant pathogens. Sidney: C.U.P, 1989.
218p.
CHAMBERLAIN, D.W.; GRAY, L.E. Germination, seed treatment and microorganisms in
soybean seed produced in Illinois. Plant Disease Reporter, Washington, 1974.
CHAMBERS, S.M. ; SCOTT, E.S. In vitro antagonism of Phytophtora cinnamomi and P.
citricola by isolates of Trichoderma spp. and Gliocladium virens. Journal of
Phytopathology. V.143; p. 471-477, 1995.
CORABI-ADELL, C. Biodiversidade do gênero Trichoderma (HYPOCREALES
FUNGI) mediante técnicas moleculares e análise ecofisiográfica. 2004. 220f. Tese.
(Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2004.
53
DENNIS, C.; WEBSTER, J. Antagonistic properties of species groups of Trichoderma. 1-
Production of non volatile metabolites. Transactions of the British Mycological Society,
London, v.57, Feb, 1971a.
DENNIS, C.; WEBSTER, J. Antagonistic properties of species groups of Trichoderma. 2-
Production of volatile metabolites. Transactions of the British Mycological Society, London
v.57, Feb 1971b.
DENNIS, C.; WEBSTER, J. Antagonistic properties of species groups of Trichoderma. 3-
Hiphal Interaction. Transactions of the British Mycological Society, London, v.57, Dec.
1971c.
ELAD, Y.; CHET, I.; HENIS, Y. Degradation of plant pathogenic fungi by Trichoderma
harzianum.Can. J. Microbiol., v.28, 1982.
ETHUR, L. Z.; CEMBRANEL, C. Z.; SILVA, A. C. F. Seleção de Trichoderma spp. visando ao
controle de sclerotinia sclerotiorum, in vitro Selection of Trichoderma spp. Ciência Rural,
Santa Maria, v. 31 n.5, Sept./Oct., 2001.
ETHUR, L. Z. Dinâmica populacional e ação de Trichoderma no controle de fusariose em
mudas de tomateiro e pepineiro. 2006, 155.f.Tese (Doutorado) Universidade Federal de
Santa Maria-RS, 2006.
FARIA, A. Y. K.; ALBUQUERQUE, M.C. de F. ; NETO, D. C. Qualidade fisiológica de
sementes de algodoeiro submetidas a tratamento químico e biológico. Revista Brasileira de
sementes, v.25, n.1, p. 121-127, 2003.
FESSEHAIE, A.; WALCOTT, R. R. Biological control protect watermelon blossoms and
seed from infection by. Acidovorax avenae subsp.citrulli. Phytopathology, v. 95, n. 4, 2005.
FREITAS, S.S; AGUILAR VILDOSO, C.I. Rizobactérias e promoção do crescimento de
plantas cítricas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.28, p.987-994, 2004.
HARMAN, G.E. Myths and dogmas of biocontrol changes in perceptions derived from
research on Trichoderma harzianum T-22. Plant Disease, v. 84, p. 377-392, 2000.
HOYOS-CARVAJAL, L.; ORDUZ, S.; BISSETT, J. Growth stimulation in bean (Phaseolus
vulgaris L.) by Trichoderma. Biological Control, v.51, p.409416, 2009.
54
HOWELL, C.R. Understanding the Mechanisms Employed by Trichoderma virens to Effect
Biological Control of Cotton Diseases. The Nature and Application of Biocontrol
Microbes II: Trichoderma spp. p.227-232. 2005
KLEIFELD, O.; CHET, I. Trichoderma harzianum interaction with plants and effect on
growth response. Plant and Soil, v.144, p.267-272, 1992.
LAZZARETTI, E.; BETTIOL, W.. Tratamento de sementes de arroz, trigo, feijão e soja com
um produto formulado à base de células e de metabólitos de Bacillus subtilis. Scientia
Agrícola, v.54, n.1-2, p. 89-96, 1997.
LINHARES, A. I; MATSUMURA, A. T. S; LUZ, V. C. Avaliação da amplitude de ação
antagonística de microrganismos epífitas do trigo sobre o crescimento radial de Drechslera
tritici-repentis. Revista Brasileira de Agrociência, v.1, n.3, p.119-126, 1995.
LOBO JUNIOR, M.; ABREU, M.S. inibição do crescimento micelial de Sclerotinia
Sclerotiorum por metabólitos voláteis produzidos por alguns antagonistas em diferentes
temperaturas e ph‟s. Ciênc. agrotec., Lavras, v.24, n.2, abr./jun., 2000.
.
LUCON, C.M.M. Promoção de crescimento de plantas com o uso de Trichoderma spp.
2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em:
<http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/trichoderma/index.htm>. Acesso em: mar.,2010.
LUZ. W. C. Combinação dos tratamentos biológico e químico de sementes de milho.
Fitopatologia Brasileira, v. 28, n. 1, p. 37-40, 2003.
LYNCH, J.M. In vitro identification of Trichoderma harzianum as a potential antagonist of
plant pathogens. Current Microbiology, v.16, p.49-53, 1987.
MANGENOT, F.; DIEM, H.G. Fundamentals of biological control. In: KRUPA, S.V.;
DOMMERGUES, Y. R. (Eds.). Ecology of root pathogens, Amstenolam: Elsevier, 1979. p.
207-215.
MELO, I.S. Trichoderma e Gliocladium como bioprotetores de plantas. Revis. Anu. Patol.
Plantas, v.4, n.1, p.261-295, 1996.
MELO, I.S. Agentes microbianos de controle de fungos fitopatogênicos. In: MELO, I.S.;
AZEVEDO, J.L. (Ed.) Controle biológico. Jaguariúna: EMBRAPA, 1998.
55
MELO, I.S.; FAULL, J.L. Parasitism of Rhizoctonia solani by strains of Trichoderma spp.
Scientia agrícola. Piracicaba, v.57, n.1, jan/mar., 2000.
MELO, I.S.; FAULL, J.L. Tombamento de plântulas e controle biológico de Rhizoctonia
solani e Pythium spp. In: MELO, I.S.; AZEVEDO, J.L. (Eds.) Controle biológico.
Jaguariúna: EMBRAPA, v.2. p. 237-262, 2000.
NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In:
KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.) Vigor de sementes:
conceitos e testes. Londrina : ABRATES, 1999.
NGHIEP, H. V.; GAUR, A. Efficacy of seed treatment in improving seed quality in rice
(Oryza sativa L.). Omonrice, n. 13, p.42-51, 2005.
PAPAVIZAS, G.C. Trichoderma and Gliocladium: biology, ecology, and potential for
biocontrole. Annual Review Phytopathology, Palo Alto, US, v. 23, 1985.
PERELLÓ, A.; MÓNACO, C.; SIMÓN, M.R.; SISTERMA, M.; DALL BELLO, G.
Biocontrol efficacy of Trichoderma isolates for tan spot of wheat in Argentina. Crop
protection. v. 22, 2003.
PUNJA, Z. K.; UTKHEDE, R. S. Using fungi and yeasts to manage vegetable crop diseases.
Trends in Biotechnology, v. 21, p.400-407, 2003.
REIS, A.; OLIVEIRA, S.M.A. MENEZES, M. Potencial de isolados de Trichoderma para
biocontrole da murcha de Fusarium do feijoeiro. Summa Phytopathologica, São Paulo, v.21,
n.1, p.16-20, 1995.
RIBEIRO, A.S.; TANAKA, M.A.S. Doenças do arroz e medidas de controle. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.10, n.114, p.26-32, 1984.
SMITH, V.L.; WILCOX, W.F.; HARMAN, G.E. Potential for biological control of
Phytophthora root and crown rots of apple by Trichoderma and Gliocladium spp.
Phytopathology 80: 880-885, 1990.
TAMIMI, K. M.; HUTCHINSON, S. A. Differences between the biological effects of culture
gases from several species of Trichoderma. Transactions of the British. Mycological Society,
London, v. 64, 1975.
56
THOMASHOW, L. S. Biological control of plant root pathogens. Current Opinion in
Biotechnology, 7: 343-347, 1996.
YEDIDIA, I.; BENHAMOU, N.; CHET, I. Induction of defense responses in cucumber plants
(Cucumis sativus L.) by the biocontrol agent Trichoderma harzianum. Applied and
Environmental Microbiology, v. 65, n. 3, 1999.
MINISTÉR
IO DA
EDUCAÇ
ÃO
UNIVERSI
DADE
FEDERAL
RURAL
DA
AMAZÔNI
A
PROGRA
MA DE
PÓS-
GRADUA
ÇÃO EM
AGRONO
MIA
MINISTÉR
IO DA
EDUCAÇ
ÃO
UNIVERSI
DADE
FEDERAL
RURAL
DA
AMAZÔNI
A
PROGRA
MA DE
PÓS-
GRADUA
ÇÃO EM
AGRONO
MIA
MINISTÉR
IO DA
EDUCAÇ
ÃO
UNIVERSI
DADE
FEDERAL
RURAL
DA
AMAZÔNI
A
PROGRA
MA DE
PÓS-
GRADUA
ÇÃO EM
AGRONO
MIA
57
CAPITULO 3
CONTROLE DA QUEIMA-DA-BAINHA E PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO EM
PLANTAS DE ARROZ POR ISOLADOS DE Trichoderma spp.
RESUMO: No presente estudo, o efeito de quatro isolados de Trichoderma (T.06, T.09, T.12,
T.52), importante membro da microflora da rizosfera e agente de controle biológico de
doenças de plantas, foram avaliados no patossistema queima-da-bainha (Rhizoctonia solani)
em arroz quanto às diferentes formas de veiculação e épocas de aplicação sobre a severidade
da doença e a promoção do crescimento do arroz. A Severidade e ASCPD da queima da
bainha foram reduzidas significativamente pelos isolados de Trichoderma quando
pulverizados preventivamente. O isolado T.09, pulverizado cinco dias antes da inoculação,
reduziu em 65,5% a severidade da doença. Por outro lado, o tratamento de sementes
combinado com a pulverização curativa proporcionou redução de no máximo 48,2% (T.06) na
severidade da doença. Comparados às testemunhas, os isolados T.06, T.09 e T.52
promoveram o incremento do comprimento da parte aérea em torno de 8,1%. Não houve
promoção no comprimento de raiz por nenhum dos isolados de Trichoderma testados. O T.12
proporcionou aumento de 61,2% e de 32,9% na massa seca de parte aérea e raiz,
respectivamente. O tratamento do substrato e de sementes, independente do método de
veiculação, com os isolados do Trichoderma reduziram a severidade da queima-da-bainha em
50,1% pelo T.06 via suspensão. Os resultados sugerem que o uso desse agente de biocontrole
no tratamento de semente combinado às aplicações preventivas podem reduzir a severidade da
queima-da bainha e promover o crescimento de plantas de arroz.
Palavras-chave: Oryza sativa L., Rhizoctonia solani, controle biológico, manejo integrado de
doenças, promoção do crescimento.
58
CHAPTER 3
CONTROL OF THE SHEATH BLIGHT AND GROWTH OF RICE PLANTS BY
Trichoderma spp. ISOLATES.
ABSTRACT: On the present study the effect of four Trichoderma (T.06, T.09, T.12, T.52)
isolates important member of microflora, rhizosphere and biological control agent of plants
diseases, were evaluated on the phatosystem sheath blight (Rhizoctonia solani) on rice as
different ways of serving and application times about the severity of diseases and the
promotion of rice growth. The severity and ASCPD of sheath blight were reduced
significantly by the Trichoderma isolates when pulverized preventively. The isolate T.09
pulverized five days before the inoculation reduced over 65,5% the severity of the disease.
Compared to the spectator the isolates T.06, T.09 and T.52 promoted the length increment of
the aerial part in over 8,1%. There was no length rise by nay of the Trichoderma isolates
tested. The T.12 provided a rise of 61,2% and 32,9% on the dry mass of the aerial part and
root respectively. The treatment of the substratum and of seeds regardless of method of
transmission with the Trichoderma isolates reduced the severity of sheath blight in 50,1% by
the T.06 by way of suspension. The results suggest that the use of this biological agent on the
treatment of seed combined to the preventive applications may reduce the severity of sheath
blight and promote the rice plants growth.
Keywords: Oryza sativa L., Rhizoctonia solani, biological control, integrated management of
diseases, growth promotion.
59
3.1 INTRODUÇÃO
O arroz é produto de importância econômica em muitos países em desenvolvimento, e o
aumento crescente de seu consumo impõe aos setores produtivos a busca de novas técnicas de
cultivo (WANDER, 2006) que possam assegurar a produtividade das cultivares melhoradas,
visto que apresentam suscetibilidade a doenças que causam danos durante o desenvolvimento
da cultura no campo. Dentre essas, destaca-se a queima da bainha, causada por Rhizoctonia
solani Kühn, fungo habitante do solo e responsável por severos danos econômicos à cultura
do arroz (PRABHU et al., 2002; ARAÚJO e ARAÚJO, 2006).
A queima da bainha inicia-se por sementes contaminadas e quando os escleródios,
disseminados pela água atingem as bainhas e folhas das plantas germinam sobre a superfície
alcançando rapidamente o interior dos tecidos, levando ao aparecimento de manchas de
coloração verde-acinzentadas que evoluem para marrons e sem bordas definidas, sobre as
quais podem desenvolver novas hifas e escleródios (RIBEIRO e TANAKA, 1984;
BEDENDO e PRABHU, 2005; EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO, 2006). A capacidade de
formar escleródios associado ao amplo espectro de hospedeiros resulta no difícil controle de
R. solani (WEBSTER e GUNELL, 1992).
O manejo da queima-da-bainha é principalmente realizado pelo controle químico,
entretanto existem poucos produtos registrados e os resultados ao longo das safras não tem
sido satisfatórios. A melhor relação custo-benefício e ambientalmente econômica e segura
para controle das doenças é o uso de cultivares resistentes (AKKOPRU e DEMIR, 2005),
porém as cultivares de arroz irrigado tradicionais e com elevado potencial produtivo
apresentam-se suscetíveis à queima da bainha.
A dificuldade do manejo da queima da bainha e os enfoques com a proteção ambiental
têm estimulado as pesquisas com controle biológico (FRAVEL; DEAHL e STOMME, 2005).
Entre os agentes de biocontrole utilizados para controle de R. solani tem-se o fungo do gênero
Trichoderma (SOUZA e DUTRA, 2003). Este agente de biocontrole é um importante
membro da rizosfera, sendo considerado efetivo na proteção de plantas contra fitopatógenos,
na promoção do crescimento e no aumento da tolerância da planta a vários estresses abióticos
(CHANG et al., 1986; GRAVEL; ANTOUN e TWENDDELL, 2007; SOUZA et al., 2004). A
redução da severidade da doença por Trichoderma pode ocorrer por diferentes mecanismos,
competição, antibiose, indução de resistência e sua efetividade é dependente do patossistema,
60
do isolado, da composição da rizosfera, da forma de aplicação e das condições ambientais
(MELO, 1998).
A promoção do crescimento foi registrado em culturas como berinjela, feijão, milho,
algodão, plantas ornamentais e pimentão (YEDIDIA; BENHAMOU e CHET, 1999;
HARMAN et al., 2004; RESENDE et al., 2004; GRAVEL; ANTOUN e TWENDDELL,
2007). Os benefícios para a planta na presença de Trichoderma sugerem como uma interação
com um simbionte avirulento (HARMAN et al., 2004; YEDIDIA; BENHAMOU e CHET,
1999). Resultados obtidos com feijão mostram que o incremento na promoção do crescimento
e a indução de resistência ao patógeno são relacionados à composição da rizosfera e a
capacidade endofítica dos isolados, sendo essas características relacionadas aos isolados e não
com a espécie de Trichoderma utilizada (HOYOS-CARVAJAL; ORDUZ e BISSET, 2009).
Linhagens de Trichoderma viride e T. harzianum foram considerados eficazes no controle de
R. solani do arroz (KRISHNAMURTHY et al., 1999).
O estudo do uso de Trichoderma no controle da queima da bainha em arroz tem sido
realizado em várias regiões do Brasil e do mundo. Entretanto, nas regiões de clima tropical,
com elevada temperatura e umidade, ocorre alterações na atividade e na composição
microbiana na rizosfera, requerendo a seleção de isolados desse fungo no bioma amazônico.
A obtenção de isolados de Trichoderma spp. adaptados a essas condições com cultivares de
arroz produtivas constituem em uma alternativa para o manejo da queima-da-bainha além da
promoção do crescimento do arroz.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar isolados de Trichoderma spp.
provenientes da região amazônica capazes de reduzir a severidade da queima-da-bainha e
promover o crescimento do arroz por diferentes métodos de aplicação, em condições de casa-
de-vegetação.
61
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção de inóculo de Rhizoctonia solani
O inóculo de R solani, 4F (proveniente da Coleção de Fungos Fitopatogênicos da
Embrapa Arroz e Feijão/Goiânia-GO, Brasil), foi obtido através de cultivo em casca (C) e
grãos de arroz (GA), na proporção de 3:1 (meio CGA), respectivamente. Os grãos de arroz
parboilizado foram previamente cozidos por cinco minutos, a mistura foi colocada em
erlenmeyers, e autoclavada por 20 minutos a 120 °C atm. Ao meio CGA adicionou-se 15
discos de micélio de R. solani, crescido em BDA, por sete dias e incubados a ±25 ºC em
regime de luz contínua (PRABHU et al., 2002).
Obtenção de isolados de Trichoderma spp.
Os isolados foram obtidos de solos rizosféricos de espécies florestais em áreas
reflorestadas e matas nativas (Base de Urucu/Coari- AM) da floresta amazônica, através do
método de diluição seriada, onde 10 g de cada amostra de solo rizosférico coletado foi diluído
em 90 ml de água destilada e estéril. Esta solução foi agitada por 10 minutos a 85 rpm ase
tornar uma suspensão homogênea. As diluições foram procedidas nas concentrações de 10
-1
a
10
-6
e em seguidas foram plaqueadas 100µl da suspensão de solo em placas de Petri contendo
meio de BDA (Batata-Dextrose-Ágar) e espalhada com auxílio de alça de Drigalski. As placas
foram mantidas a ±25ºC e após 48 horas foi realizada a contagem das colônias na diluição
onde as mesmas encontravam-se isoladas. Os isolados obtidos foram preservados de acordo
com o método de Castellani.
Após os testes in vitro, foram selecionados quatro isolados, T.06, T.09, T.12 e T.52,
sendo veiculados via pó e suspensão de conídios.
Discos de BDA contendo micélio e conídios dos isolados de Trichoderma, foram
semeados em erlenmeyers contendo 100 g de arroz, previamente cozido por cinco minutos e
autoclavado a 120 °C, durante 20 minutos, sendo mantidos a ±25°C, sob luz contínua. Após
sete dias o arroz colonizado por Trichoderma foi triturado em liquidificador até obtenção do
pó. As sementes foram umedecidas e tratadas com dose de 5 g.Kg
-1
de sementes (ETHUR,
2006).
62
Trichoderma via suspensão foi obtido de culturas do fungo cultivado em meio BDA, a
±25º C, sob luz constante por cinco dias, e a concentração da suspensão ajustada para 6x10
8
conídios. mL
-1
. As sementes tratadas foram mantidas submersas por 24 horas em suspensão
de conídios.
Foram utilizadas sementes da cultivar “BRS Jaburu”, previamente desinfestadas em
álcool a 70% e hipoclorito (2%), e lavadas em água corrente.
3.2.1 Efeito da pulverização preventiva e curativa de isolados de Trichoderma spp. sobre
a queima-da-bainha do arroz
Sementes da cultivar BRS Jaburu, foram semeadas em bandejas contendo substrato
Plantmax
®
, e após 14 dias fez-se o transplantio mantendo três plantas por vaso, contendo dois
quilos do substrato, adubado com cinco gramas de NPK.
Os isolados de Trichoderma spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52) foram aplicados em quatro
períodos, P1: pulverização de Trichoderma cinco dias antes da inoculação de R. solani; P
2
:
pulverização de Trichoderma simultâneo à inoculação de R. solani; P
3
: pulverização de
Trichoderma seis dias após à inoculação de R. solani; P
4
: pulverização de Trichoderma 12
dias após a inoculação de R. solani. As plantas testemunhas foram pulverizadas com água e
inoculadas com o patógeno. As pulverizações foram feitas sobre as folhas, até o ponto de
escorrimento da suspensão. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em
arranjo fatorial 4 x 4 + 1 (4 isolados de Trichoderma, 4 períodos de aplicação + 1
testemunha), com quatro repetições, cada uma composta por um vaso contendo três plantas.
A inoculação com R. solani foi feita nas plantas de arroz aos 49 dias de idade,
adicionando-se dois discos de micélio por planta e 1g de CGA por vaso ao redor da bainha de
cada planta. As plantas foram incubadas por 48 horas, sob temperatura entre 25º e 30º C e
umidade acima de 90%. Após esse período as plantas foram mantidas em temperatura e
umidade ambiente.
A severidade da doença foi avaliada com base no comprimento da lesão do perfilho principal de cada
repetição, sendo feitas cinco avaliações, em intervalos que variaram de quatro a 11 dias, sendo calculada a
Área Sob a Curva de Progresso da Doença (ASCPD) considerando as cinco avaliações da
severidade da doença (SHANNER e FINNEY, 1977).
63
3.2.2 Avaliação do tratamento de sementes combinado a pulverização curativa de
Trichoderma spp. no controle da queima-da-bainha do arroz.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, e os tratamentos
em esquema fatorial 4 x 3 + 1 (4 isolados, 3 épocas de pulverização + 1 testemunha), com
quatro repetições, e cada repetição foi representada por um vaso contendo três plantas).
Os tratamentos foram constituídos de quatro isolados de Trichoderma (T.06, T.09,
T.12 e T.52) e três diferentes épocas de pulverização: E
1
: Pulverização de Trichoderma spp.
sete dias após a inoculação de R. solani; E
2
: Pulverização de Trichoderma spp. onze dias após
a inoculação de R. solani; E
3
: Pulverização de Trichoderma spp. quinze dias após à
inoculação de R. solani. No tratamento testemunha as sementes não foram tratadas, sendo as
plantas pulverizadas com água e inoculadas com o patógeno. As sementes dos tratamentos E1,
E2 e E3 foram tratadas com Trichoderma via (5 g.Kg
-1
de semente), semeando cinco
sementes por vaso, e após 14 dias fez-se o desbaste, mantendo três plantas por vaso.
Foi inoculada R. solani em plantas de arroz aos 38 dias de idade, adicionando-se um
disco de micélio por planta e 5g de CGA por vaso ao redor da bainha de cada planta. As
plantas foram incubadas por 48 horas e após esse período as plantas foram mantidas em
temperatura e umidade ambiente. Os sintomas foram visualizados quatro dias após a
inoculação. Fez-se quatro avaliações em intervalos que variaram de quatro a cinco dias para
dados de severidade e análise da ASCPD.
3.2.3 Efeito do tratamento de sementes combinado a pulverização curativa de
Trichoderma spp. na promoção do crescimento de plantas de arroz
Para avaliar o potencial de promoção de crescimento dos quatro isolados de
Trichoderma spp. estudados, fez-se o tratamento de sementes e em plantas com 45 dias os
isolados foram pulverizados uma única vez, sendo as plantas testemunha pulverizadas apenas
com água. O experimento foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos, sendo quatro
isolados de Trichoderma spp., quatro repetições por tratamento e uma testemunha, e cada
repetição composta por um vaso contendo três plantas. Fez-se a avaliação do comprimento e
massa seca de raiz e parte aérea das plantas aos 90 dias de idade.
64
A biomassa (comprimento da parte aérea e da raiz e massa seca da parte aérea e raiz)
foi determinada acondicionando-se as plantas em sacos de papel e colocadas em estufa por 72
horas a 70°C.
3.2.4 Efeito de Trichoderma spp. aplicado via tratamento de semente e substrato contra
Rhizoctonia solani em arroz
O ensaio foi realizado em delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 4
x 3 + 1 (4 isolados de Trichoderma, 3 métodos de veiculação de Trichoderma e + 1
testemunha) com 4 repetições, sendo cada uma representada por um vaso contendo três
plantas.
Os tratamentos foram constituídos de quatro isolados de Trichoderma (T.06, T.09,
T.12 e T.52) e três diferentes métodos de veiculação: M
1
: sementes tratadas com Trichoderma
via pó; M
2
: sementes tratadas com Trichoderma via suspensão; M
3
: adição de Trichoderma
via pó no substrato (5 g / 2 kg de substrato); e a testemunha inoculada com R. solani. Fez-se o
semeio, mantendo três plantas por vaso e aos 45 dias de idade foi inoculado R. solani, sendo
adicionando 5g de CGA por vaso ao redor da bainha de cada planta, mantendo-se câmara
úmida. A análise de severidade e ASCPD da doença foi obtida através de cinco avaliações de
comprimento das lesões, em intervalos que variaram de quatro a cinco dias.
3.2.5 Análise Estatística
A análise de variância foi feita para todas as variáveis e as médias dos tratamentos
comparados pelo teste de Scott-Knott ao nível de 1 e 5% de probabilidade, empregando o
programa Sisvar versão 5.2.
65
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1 Efeito da pulverização preventiva e curativa de isolados de Trichoderma spp. sobre
a queima-da-bainha do arroz
A severidade da queima-da-bainha em arroz em relação a todos os isolados de
Trichoderma, independente do período de aplicação testado diferiram significativamente da
testemunha. O isolado T.09 pulverizado cinco dias antes da inoculação, apresentou menor
severidade da doença, com altura média da lesão de 4,88 cm, enquanto que a testemunha
apresentou média de 13,75 cm (Figura 7), sendo a eficiência de controle da doença de 65,5%
em relação à testemunha.
Considerando as duas variáveis, severidade e ASCPD, o isolado T.09 foi superior na
redução da queima-da-bainha em arroz. A ASCPD foi menor quando os isolados de
Trichoderma foram aplicados de maneira preventiva, simultânea e após a inoculação com R.
solani quando comparado a testemunha (Figura 8). Os isolados T.06 e T.09 não diferiram
significativamente quando aplicados preventivo e simultaneamente, enquanto que os isolados
T.12 e T.52 proporcionaram menor ASCPD quando aplicados preventivamente do que,
quando aplicados simultâneo e após aparecimento da doença. A eficiência relativa do isolado
T.09 foi igual a 64,51%.
De modo geral os melhores resultados com agente de controle biológico (ACB)
ocorrem quando aplicados preventivamente, isso pode ser devido à elevada capacidade de
adaptação de Trichoderma em competir com outros microrganismos por espaço, colonizando
mais rapidamente a estrutura do solo e melhor se adaptando as condições deste. A chave para
o sucesso do controle biológico no campo tem sido compreendido pela dinâmica das
interações entre o agente de controle biológico (ACB), patógeno do solo e a rizosfera
(PAULITZ, 2000). A maioria dos ACBs são aplicados em estragias inundativas como
pulverização, isto é importante para manter elevada a população dos ACBs por longos
períodos e assim obter o efeito sobre o patógeno. No presente estudo o patógeno R. solani,
possui rápido crescimento vegetativo e elevada capacidade de adaptação. Sendo assim para
ACBs serem efetivos, é desejável que apresentem elevada população inicial associada a
condições ambientais favoráveis a sua multiplicação (BULL, WELLER e TOMASHOW,
1991).
66
Perelló et al. (2009) avaliaram o controle biológico de Septoria tritici em trigo, por
isolados de Trichoderma spp. em condições de campo e também avaliaram a eficiência de
duas formulações (suspensão de esporos e sementes peletizadas) à base desse microrganismo.
Os autores verificaram que não houve diferença entre as formulações testadas. Porém,
apontaram que um dos principais problemas que podem afetar as características desejáveis de
um produto comercial biológico são as condições de microclima, época de aplicação,
características do solo e até mesmo a perda da capacidade de antagonismo durante as etapas
de multiplicação em laboratório (PATRÍCIO et al., 2007).
Além do fator época de aplicação, o número de pulverizações deve ser considerado
dentro da avaliação de doença. A combinação de pulverizações preventivas e curativas podem
proporcionar melhor controle da doença por Trichoderma spp. Como encontrado por Lisboa
et al. (2007), que utilizou para controle de B. cinerea em tomateiro, pulverizações semanais
de T. harzianum, devido à manutenção de alta taxa de propágulos do antagonista no solo. A
adição de antagonistas ao substrato de plantas é uma estratégia que pode ser importante no
controle de fitopatógenos de solo, porque permite a colonização e o estabelecimento destes
agentes antes da sua exposição ao inóculo presente no campo (HARRIS e ADKINS, 1999).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Severidade (cm)
Tratamentos
a
a
a
a
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
c
a
Figura 07. Severidade da queima-da-bainha (Rhizoctonia solani) com pulverizações de quatro
isolados de Trichoderma spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52) aplicados em quatro épocas (P
1
: cinco dias
antes da inoculação de R. solani, P
2
: simultâneo à inoculação, P
3
: seis dias após à inoculação; P
4
: 12
dias após a inoculação). As plantas testemunhas foram apenas pulverizadas com água e inoculadas
com o patógeno. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-
Knott ao nível de 1% de probabilidade.
67
0
50
100
150
200
250
ASCPD
Tratamentos
a
a
a
a
a
a
a
b
b
b
b
b
b
b
b
c
b
Figura 08. Área Sob a Curva de Progresso (ASCPD) da queima-da-bainha em plantas de arroz
pulverizadas com quatro isolados de Trichoderma spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52) aplicados em quatro
épocas (P
1
: cinco dias antes da inoculação de R. solani, P
2
: simultâneo à inoculação, P
3
: seis dias após
à inoculação; P
4
: 12 dias após a inoculação). As plantas testemunhas foram apenas pulverizadas com
água e inoculadas com o patógeno. Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si
pelo teste de Scott-Knott a ao nível de 1% de probabilidade.
3.3.2 Avaliação do tratamento de sementes combinado a pulverização curativa de
Trichoderma spp. no controle da queima-da-bainha do arroz.
O tratamento de sementes combinado com pulverização curativa de Trichoderma spp.
reduziu a severidade da doença em relação a testemunha, independente do isolado e época de
pulverização. O isolado T.06 E1 (pulverizado sete dias após a inoculação de R. solani)
proporcionou menores valores de severidade, 5,55 cm, enquanto a testemunha apresentou
média de 10,71 cm (Figura 9). Sendo a eficiência de controle deste tratamento (T.06 E1) de
48,2% comparado a testemunha.
Considerando a ASCPD, o isolado T.12 pulverizado sete dias após a inoculação com
R. solani, diferiu significativamente da testemunha. Entretanto os demais isolados em todas as
épocas de aplicação não diferiram da testemunha (Figura 10).
Das variáveis avaliadas quanto à epidemia da doença, a severidade obtida pelo
comprimento de lesão diferenciou melhor os tratamentos em comparação à ASCPD.
Provavelmente por apresentar menor coeficiente de variação (CV) que foi de 20,06%,
comparado ao coeficiente de variação de 25,11% da ASCPD e ainda, considerar todas as
avaliações de severidade em relação ao tempo.
68
0
2
4
6
8
10
12
Comprimento de leo (cm)
Tratamentos
a
b
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
Figura 09. Severidade da queima-da-bainha (Rhizoctonia solani) em plantas tratadas via semente com três
diferentes períodos de pulverizações foliares curativas (E
1
: sete dias após a inoculação de R. solani; E
2
:11 dias
após a inoculação de R. solani; E
3
: 15 dias após à inoculação de R. solani) de quatro isolados de Trichoderma
spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52). No tratamento testemunha as sementes não foram tratadas e as plantas
pulverizadas com água e inoculadas com o patógeno. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo
teste de scott-knott, ao nível de 5% probabilidade.
0
20
40
60
80
100
120
ASCPD
Tratamentos
a
b
ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
Figura 10: Área Sob a Curva de Progresso (ASCPD) da queima-da-bainha em plantas tratadas via semente com
três diferentes períodos de pulverizações foliares (E
1
: sete dias após a inoculação de R. solani; E
2
:11 dias após a
inoculação de R. solani; E
3
: 15 dias após à inoculação de R. solani) de quatro isolados de Trichoderma spp.
(T.06, T.09, T.12 e T.52). No tratamento testemunha as sementes não foram tratadas e as plantas pulverizadas
com água e inoculadas com o patógeno. Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo
teste de Scott-Knott a ao nível de 5% de probabilidade.
O uso de mais de uma variável para avaliar a resposta de um determinado tratamento
de controle da doença é recomendado devido às vantagens e desvantagens de cada uma
(SILVA; PRABHU e ZIMMERMANN, 2003). No caso da ASCPD que é o produto da
69
severidade no tempo (VAN DER PLANK, 1963; VALE; JESUS JUNIOR e ZAMBOLIM,
2004) tem como vantagens possibilitar a comparação de epidemias entre experimentos, sem a
necessidade da avaliação da doença na mesma data, numa determinada fase de crescimento
(SHANER e FINNEY,1977). E como desvantagens incluem a não distinção entre baixos
níveis de infecção inicial e elevados níveis de infecção tardia (JAMES; SHIH e HODGSON,
1972), que pode ter ocorrido no ensaio.
Independente da variável analisada (severidade e ASCPD), a aplicação de
Trichoderma logo após o surgimento dos sintomas proporcionou maior redução da queima da
bainha em arroz. Indicando que as pulverizações ainda que curativas devam ser realizadas até
quatro dias após o aparecimento dos sintomas da doença. Contudo são necessários estudos
posteriores a fim de se determinar o número e o intervalo de aplicação para melhor controle
da doença.
3.3.3 Efeito do tratamento de sementes combinado a pulverização curativa de
Trichoderma spp. na promoção do crescimento de plantas de arroz.
A análise das variáveis relacionadas à promoção do crescimento em arroz por
Trichoderma spp. encontram-se na Tabela 2. Os isolados T.06, T.09 e T.52 diferiram
significativamente da testemunha para o comprimento da parte aérea (CA). Não houve
incremento no comprimento de raiz por nenhum dos isolados de Trichoderma testados. O
isolado T.12 proporcionou maior incremento da massa seca de parte aérea e raiz de arroz em
relação à testemunha e aos demais isolados avaliados. O ganho na promoção do crescimento
das plantas de arroz em relação à testemunha foi de 8,1% no comprimento de parte aérea pelo
isolado T.52 e o isolado T.12 proporcionou incremento de 61,2% e de 32,9% na massa seca
de parte aérea e raiz, respectivamente.
70
Tabela 2. Efeito do tratamento de sementes combinado a pulverização curativa de Trichoderma spp. sobre a
promoção do crescimento de plantas de arroz.
Tratamentos
Comprimento (cm)
Massa Seca
(g)
Parte Aérea
Raiz
Parte Aérea
Raiz
T.52
79,10 a
21,80 a
2,10 b
0,65 b
T.06
75,30 b
20,40 a
1,70 c
0,20 d
T.09
74,30 b
20,20 a
1,50 d
0,40 c
T.12
71,80 c
19,00 a
3,40 a
0,70 a
Testemunha
(água)
72,70 c
21,70 a
1,32 d
0,47 c
CV (%)
2,34
8,30
8,61
19,74
Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 1% de
probabilidade.
O incremento na promoção do crescimento em plantas por espécies de Trichoderma
spp. tem sido demonstrado em vários estudos em culturas agrícolas inoculadas com isolados
específicos de Trichoderma spp. (KLEFIELD e CHET, 1992; INBAR et al., 1994; YEDIDIA
et al., 2000; HARMAN et al., 2004; HOYOS-CARVAJAL; ORDUZ e BISSET, 2009). A
promoção do crescimento pode ser evidenciada pelo aumento de biomassa, produtividade,
resistência ao estresse e aumento da absorção e solubilização de nutrientes. Vários
mecanismos estão envolvidos no estímulo do crescimento das plantas por Trichoderma
(ETHUR, 2006). Esses incluem interações com raízes das plantas semelhantes à micorrizas,
no qual o Trichoderma penetra e coloniza os tecidos da raiz sem elicitar algum mecanismos
de defesa específico contra patógeno (YEDIDIA; BENHAMOU e CHET, l999). Também foi
observado por Yedidia et al. (2000) e Hoyos-Carvajal; Orduz e Bisset, (2009) que isolados de
Trichoderma produzem metabólitos com atividades análogas a fitohormônios, como ácido
indol acético (CUTLER et al., 1989), os que são capazes de solubilizar fosfatos e produzir
sideróforos (HOYOS-CARVAJAL; ORDUZ e BISSET, 2009).
Em estudos realizados em espécies de feijão, Hoyos-Carvajal; Orduz e Bisset, (2009),
observaram maior incremento na biomassa e comprimento de parte aérea e radícula, e ainda
em plantas de milho Resende et al. (2004) afirmam ter ocorrido maior acúmulo de matéria
seca das raízes. O efeito da aplicação de Trichoderma spp. pode proporcionar aumento dos
valores das concentrações foliares dos nutrientes, o que permite interferir sobre melhor
71
absorção dos macro e micronutrientes (PRATES; LAVRES JUNIOR e ROSSI, 2007). Por
outro lado, em trabalhos realizados por Carvalho Filho et al. (2008) e Lohmann et al. (2009)
com Trichoderma em eucalipto, não foi verificado o incremento na promoção do crescimento.
3.3.4 Efeito de Trichoderma spp. aplicado via tratamento de semente e substrato contra
Rhizoctonia solani em arroz
Todos os tratamentos (isolados x método de veiculação) reduziram significativamente
à severidade da queima da bainha comparado à testemunha (Figura 11). A eficiência de
controle do tratamento T.06 M2 (isolado T.06 tratamento de semente via suspensão), em
relação à testemunha foi de 50,1%. Trabalhos realizados com T. harzianum no tratamento de
semente em tomate promoveram o controle em mais de 70 % da podridão de raiz (F.
oxysporum f. sp. radicis-lycopersici) (DATNOFF et al., 1995) e de 87% no tombamento de
mudas (Pythium aphanidermatum) (SIVAN; ELAD e CHET, 1984).
0
1
2
3
4
5
6
7
Comprimento da Lesão (cm)
Tratamentos
a
a
a
aa
a
a
b
a
a
aa
a
Figura 11. Severidade da queima-da-bainha (Rhizoctonia solani) em plantas tratadas com quatro
isolados de Trichoderma spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52) em diferentes métodos de veiculação (M
1
:
sementes tratadas com Trichoderma via pó; M
2
: sementes tratadas com Trichoderma via suspensão;
M
3
: adição de Trichoderma via pó no substrato). As plantas testemunha foram inoculadas com R.
solani e não receberam tratamento com Trichoderma spp. Médias seguidas de mesma letra na coluna
não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 1% de probabilidade.
72
0
50
100
150
200
250
ASCDP
Tratamentos
b
a
a
a
a
a
a
b
b
b
b
a
a
Figura 12: Área Sob a Curva de Progresso (ASCPD) da queima-da-bainha em plantas tratadas com quatro
isolados de Trichoderma spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52) em diferentes métodos de veiculação (M
1
: sementes
tratadas com Trichoderma via pó; M
2
: sementes tratadas com Trichoderma via suspensão; M
3
: adição de
Trichoderma via pó no substrato). As plantas testemunha foram inoculadas com R. solani e não receberam
tratamento com Trichoderma spp. Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo
teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Foram realizadas cinco avaliações de severidade da doença as quais foram utilizadas
para calcular a ASCPD (Figura 12). Dos 12 tratamentos avaliados, oito diferiram
significativamente a ASCPD em relação à testemunha. Os isolados T.06 e T.52, independente
do método de veiculação, foram eficientes na redução da ASCPD, com reduções variando em
36,4% e 27,3%, respectivamente. Enquanto que para os demais isolados variaram a eficiência
de acordo com método de veiculação. Os resultados sugerem que os isolados de Trichoderma
avaliados são agentes em potencial de biocontrole de R. solani quando utilizados no
tratamento de sementes e substrato, podendo reduzir a severidade da queima-da bainha e
promover o crescimento de plantas de arroz.
73
3.4 CONCLUSÕES
A pulverização dos isolados de Trichoderma avaliados (T.06, T.09, T.12 e T.52)
foram promissores no controle da queima-da-bainha ao longo do cultivo, obtendo
ainda melhor sucesso no controle quando pulverizados preventivamente, apresentando
menores valores de ASCPD.
A pulverização curativa de Trichoderma spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52), quando
combinada com o tratamento de semente reduziu a severidade da queima-da-bainha,
sendo eficiente na redução da severidade da doença.
Ao combinar o tratamento de semente com pulverização curativa, todos os isolados
avaliados foram tidos como promissores quanto à promoção do crescimento.
O tratamento de sementes e do substrato com os isolados de Trichoderma spp. (T.06,
T.09, T.12 e T.52) mostrou-se eficiente no controle da severidade da queima-da-
bainha, principalmente para os isolados T.06 e T.52 que apresentaram menores valores
de ASCPD.
74
CONCLUSÕES GERAIS
Os isolados T.06, T.09, T.12, T.52 e T.a reduzem o crescimento de Rhizoctonia solani,
in vitro.
Nenhum dos isolados de Trichoderma spp. afetaram negativamente a germinação de
sementes de arroz. Enquanto que, apenas os isolados T.12, T.a e T.52 via pó e T. 47 e
T.a via suspensão, não afetaram o desenvolvimento radicular de plântulas de arroz.
O isolado T.a aplicado, via suspensão, proporcionou maior desenvolvimento do
hipocótilo;
A pulverização dos isolados de Trichoderma avaliados (T.06, T.09, T.12 e T.52)
foram promissores no controle da queima-da-bainha ao longo do cultivo, obtendo
ainda melhor resultado no controle quando pulverizados preventivamente,
apresentando menores valores de ASCPD.
A pulverização curativa de Trichoderma spp. (T.06, T.09, T.12 e T.52), quando
combinada com o tratamento de semente reduziu a severidade da queima-da-bainha,
sendo eficiente no controle da doença, e promissores quanto à promoção do
crescimento.
O tratamento de sementes e do substrato com os isolados de Trichoderma spp. (T.06,
T.09, T.12 e T.52) foram eficientes no controle da severidade da queima-da-bainha.
Os isolados T.06 e T.52, aplicados no tratamento de sementes e substrato
apresentaram menores valores de ASCPD.
Os resultados sugerem que o uso deste agente
de biocontrole no tratamento de semente combinado às aplicações
preventivas podem reduzir a severidade da queima-da-bainha e promover o
crescimento de plantas de arroz.
75
REFERÊNCIAS
AKKOPRU A., DEMIR S. Biological control of Fusarium wilt in tomato caused by Fusarium
oxysporum f. sp. lycopersici by AMF Glomus intraradices and some rhizobacteria. Journal of
Phytopathology 153: 544-550, 2005.
ARAÚJO, A.S.F. e ARAÚJO, R.S. Sobrevivência e nodulação de Rhizobium tropici em
sementes de feijão tratadas com fungicidas. Ciência Rural 36:973-976, 2006.
BEDENDO, I.P PRABHU, A.S. Doenças do Arroz (Oryza sativa). In: BERGAMIN FILHO,
A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manual de Fitopatologia. 3. ed. São Paulo:
Agronômica Ceres, 2005. p.829-837.
BULL, C.T; WELLER, D.M.; TOMASHOW, L.S.; Relationships between root colonization
and supression of gaeumannomyces garminis var. tritici by Pseudomonas fluorescens strain.
Phytopathology, v.81, p.954-959. 1991.
CARVALHO FILHO, M.R.; MENÊZES, J.E.; MELO, S.C.M; SANTOS, R.P. Avaliação de
isolados de Trichoderma no controle da mancha foliar do Eucalipto in vitro e quanto a
esporulação em dois substratos sólidos. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento.
Brasília,DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2008.
CHANG, YA-CHUN et al. Increased growth of plants in the presence of the biological
control agent Trichoderma harzianum. Plant Disease, v. 70, p. 145-148, 1986.
CUTLER, H. G.; HIMMELSBACH, D. S.; ARRENDALE, R. E.; COLE, P. D.;COX, R. D.
Koninginin A: a novel plant growth regulator from Trichoderma koningii. Agric. Biol. Chem,
v. 53, n. 10, p. 2604-2611, 1989.
DATNOFF, L.E. et al. Biological control of Fusarium crown and root rot of tomato in
Florida using Trichoderma harzianum and Glomus intraradices, 1995.
EMBRAPA Arroz e Feijão. Cultivo do Arroz Irrigado no Estado do Tocantins. Sistemas de
Produção, 2004. Disponível em: <http://sistemasdeprodução. cnptia.embrapa.br/>. Acesso
em: 2009.
76
ETHUR, L. Z. Dinâmica populacional e ação de Trichoderma no controle de fusariose em
mudas de tomateiro e pepineiro. 2006, 155.f.Tese (Doutorado) Universidade Federal de
Santa Maria-RS, 2006.
FRAVEL, D.R.; DEAHL, K.L.; J.R. STOMME. Compatibility of the biocontrol fungus
Fusarium oxysporum strain CS-20 with selected fungicides Biological Control. V. 34, p.
165-169, 2005.
GRAVEL, V; ANTOUN, H; TWENDDELL, R.J. Growth stimulation and fruit yield
improvement of greenhouse tomato plants by inoculation with Pseudomonas putida or
Trichoderma a atroviride: possible role of indole acetic acid (IAA). Soil Biology e
Biochemistry, Elmsford, NY, v. 39, p. 1968-1977. 2007.
HARMAN, G.E. et al. Trichoderma species opportunistic, avirulent plant symbionts.
Nature, v. 2, p. 43-56, 2004.
HARRIS, A.R.; ADKINS, P.G. Versatility of fungal and bacterial isolates for biological
control of damping-off disease caused by Rhizoctonia solani and Pythium spp. Biological
Control, v.15, p.10-18, 1999.
HOYOS-CARVAJAL, L.; ORDUZ, S.; BISSETT, J. Growth stimulation in bean (Phaseolus
vulgaris L.) by Trichoderma. Biological Control, v.51, p.409416, 2009.
HOYOS-CARVAJAL, L; ORDUZ, S; BISSET, J. Genetic and metabolic
biodiversity of Trichoderma from Colombia and adjacent neotropic regions.
Fungal Genetics and Biology., v.46, p.615-631, april., 2009.
INBAR, J; ABRAMSKY, M; COHEN, D. CHET, I. Plant growth enhancement and disease
control by Trichoderma harzianum in vegetable seedlings grown, under commercial
condition. European Journal of Plant Pathology, v.100, p.337-346, 1994.
JAMES, W.C; SHIH, C.S; HODGSON, W.A. The quantitative relationship between late
blight of potato and loss in tuber yield. Phytophatology, St. Paul, v. 62, 1972.
KLEIFELD, O.; CHET, I. Trichoderma harzianum interaction with plants and effect on
growth response. Plant and Soil, v.144, p.267-272, 1992.
KRISHNAMURTHY, J.; SAMIYAPPAN
,
R.; VIDHYASEKARAN
,
P.; NAKKEERAN,
S.; RAJESWARI
2
, E.; RAJA, J. A. J.; BALASUBRAMANIAN, P. Efficacy of Trichoderma
chitinases against Rhizoctonia solani, the rice sheath blight pathogen. Journal of
Biosciences. V.24, n.2, p.207-213, 1999.
77
LISBOA, B.B; BOCHESE, C.C; VARGAS, L.K; SILVEIRA, J.R.P; RADIN, B; OLIVEIRA,
A.M.R. Eficiência de Trichoderma harzianum e Gliocladium viride na redução da incidência
de Botrytis cinerea em tomateiro cultivado sob ambiente protegido. Ciência Rural, v.37, n.5,
set-out, 2007.
LOHMANN, T.R.; PAULINO, B. V.; YAMAMOTO, S.; LOPES, R. B.; FONSECA, E. D.;
MASCARIN, G. M. Efeito da Aplicação de Trichoderma harzianum na Supressão de
Doenças e no Desenvolvimento de Mudas de Eucalipto. Resumos do VI CBA e II CLAA.
Revista Brasileira de Agroecologia. v.4, n. 2, nov. 2009.
PATRÍCIO, F.R.A; KIMATI, H; NETO, J.T; PETENATTI, A; BARROS, B.C. Efeito da
solarização de solo, seguida pela aplicação de Trichoderma spp. ou de fungicidas, sobre o
controle de Pythium aphanidermatum e Rhizoctonia solaniAG-4. Summa Phytopathologica,
v. 33, n. 2, p. 142-146, 2007.
PAULITZ, T.C. Population dynamics of biocontrol agents and pathogens in soils and
rhizospheres. European Journal of Plant Pathology, v.106, p. 401413, 2000.
PRABHU, A.S.; FILIPPI, M.C.; SILVA, G.B.; SANTOS, G.R. Resistência de cultivares de
arroz a Rhizoctonia solani e Rhizoctonia oryzae.
Pesquisa Agropecuária Brasileira. v..37, 2002.
PERELLÓ, A.; MÓNACO, C.; SIMÓN, M.R.; SISTERMA, M.; DALL BELLO, G.
Biocontrol efficacy of Trichoderma isolates for tan spot of wheat in Argentina. Crop
protection. v. 22, 2003.
PRATES H. S.; LAVRES JUNIOR, J.; ROSSI, M, L.; Composição mineral de mudas cítricas
com aplicações de Trichoderma spp. Trabalho publicado na IPNI International Plant
Nutrition Institute, n. 118, 2007.
RESENDE, M. L.; OLIVEIRA, J. A.; GUIMARÃES, R. M.; VON PINHO, R. G.; VIEIRA,
A. R. Inoculação de sementes de milho utilizando o Trichoderma harzianum como promotor
de crescimento. Ciência e Agrotecnologia, v. 28, p. 793-798, 2004.
RIBEIRO, A.S.; TANAKA, M.A.S. Doenças do arroz e medidas de controle. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.10, n.114, p.26-32, 1984.
SHANER, G.; FINNEY, R.E. The effect of nitrogen fertilizatin on the expression of slow
mildewing resistance in knox wheat. Phytopathology, St. Paul, v.67, 1977.
SILVA, G. B. da; PRABHU, A. S.; ZIMMERMANN, F. J. P. Manejo integrado da brusone
em arroz no plantio direto e convencional. Pesquisa Agropecuària Brasileira vol.38, n.4,
2003.
78
SIVAN, A.; ELAD, Y.; CHET. I. Biological control effects a new isolate of Trichoderma
harzianum on Pythium aphanidermatum. Phytopathology, v. 74, p. 498-501, 1984.
SOUZA, A.Q.L.; SOUZA, AD.L.; ASTOLFI FILHO, S.; PINHEIRO, M.L.B.; SARQUIS,
M.I.M.; PEREIRA, J.O. Atividade Antimicrobiana de Fungos Endofíticos isolados de plantas
tóxicas da Amazônia: Palicouera longiflora (Aubl.). Rich e Strychnos cogens Bentham. Acta
amazônica, Manaus, v.34, p.185-195, 2004.
SOUZA, P.; DUTRA, M. Fungicidas no controle e manejo de doenças de plantas. Lavras:
UFLA, 2003.
VALE, F. X. R., JESUS JUNIOR, W. C. de e ZAMBOLIM, L. Epidemiologia
aplicada ao manejo de doenças de plantas. Belo Horizonte, Editora Perfil,
531p., 2004.
VAN DER PLANK, J.E. Plant diseases: epidemics and control. New York: Academic Press,
1963.
WANDER, A.E. Cultivo do Arroz de Terras Altas no Estado de Mato Grosso. Embrapa Arroz
e Feijão. Sistemas de Produção, v 7. Setembro/2006.
WEBSTER, R.K.; GUNELL, P.S. Compendium of rice diseases. Davis: A.P.S. Press,
University of California, 1992.
YEDIDIA, I.; BEHAMOU, N.; KAPULNIK, Y.; CHET, I. Induction and accumulation of PR
proteins activity during early stages of root colonization by the mycoparasite T. harzianum
strain T-203. Plant Physiol. Biochem. 38: 863-873, 2000.
YEDIDIA, I.; BENHAMOU, N.; CHET, I. Induction of defense responses in cucumber plants
(Cucumis sativus L.) by the biocontrol agent Trichoderma harzianum. Applied and
Environmental Microbiology, v. 65, n. 3, 1999.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo