Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DE TAUBA
JULIANO GUIMARÃES ASSUMPÇÃO
DESEMPENHO DO LEITO CULTIVADO NO TRATAMENTO
DE EFLUENTES GERADO EM UMA INSTITUIÇÃO DE
ENSINO
TAUBATÉ - SP
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE DE TAUBA
JULIANO GUIMARÃES ASSUMPÇÃO
DESEMPENHO DO LEITO CULTIVADO NO TRATAMENTO
DE EFLUENTES GERADO EM UMA INSTITUIÇÃO DE
ENSINO
TAUBATÉ - SP
2010
Dissertação apresentada para
obtenção do Título de Mestre pelo
curso de Ciências Ambientais do
Departamento de Ciências
Agrárias da Universidade de
Taubaté
Orientadora: Profa. Dra. Mariko
Ueno
ads:
Ficha catalográfica elaborada pelo
SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU
A851e Assumpção, Juliano Guimarães
Eficiência do leito cultivado, de uma estação de tratamento de esgotos,
em uma instituição de ensino / Juliano Guimarães Assumpção. - 2010.
79 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade de Taubaté, Programa de Pós-
graduação em Ciências Ambientais, 2010.
Orientação: Profa. Dra. Mariko Ueno, Instituto Básico de
Biociências.
1. Esgotos domésticos. 2. Leitos cultivados. 3. Saneamento
ambiental. 4. Wetlands construídos. I. Título.
JULIANO GUIMARÃES ASSUMPÇÃO
EFICIÊNCIA DO LEITO CULTIVADO, DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE
ESGOTOS, EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Dissertação apresentada para obtenção
do Título de Mestre pelo Curso de
Ciências Ambientais, do Departamento
de Ciências Agrárias da Universidade de
Taubaté,
Área de Concentração: Ambiente
Construído.
Orientadora: Prof. Dra. Mariko Ueno
Data:30/06/2010
Resultado: APROVADO
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Mariko Ueno Universidade de Taubaté
Prof. Dr. Paulo Fortes Neto Universidade de Taubaté
Profa. Dra. Elisangela Cândido de Jesus Universidade de São Paulo
Taubaté - SP
2010
Dedico esse trabalho à Juracy Pissurno Assumpção, minha eterna incentivadora e
amiga, um ser humano fantástico.
As minhas filhas Letícia e Clara, minha
esposa Sara, meus pais Egmar e Sônia e meus
avós Pedro e Juracy pelo amor e apoio incondicional
AGRADECIMENTOS
Ao Criador, por sempre iluminar meus caminhos.
Aos meus pais, que em todos os momentos da minha vida atuaram como meus
sólidos pilares, contribuindo para minha formação moral e acadêmica através de
gestos e incentivos diários.
À minhas filhas, por me mostrarem o real significado do amor puro e simples.
À minha esposa, mulher guerreira e companheira, que apóia e incentiva meus
sonhos por mais loucos que eles pareçam.
À minha irmã, uma pessoa com um coração do tamanho do mundo, por sempre me
incentivar com gestos e palavras.
A toda minha amada família Guimarães Assumpção, esta que sempre foi numerosa
e barulhenta, mas acima de tudo unida. Sou grato pelos momentos bons e
inesquecíveis que passamos juntos, parte de minha formação humana devo a cada
um de vocês.
Aos meus sogros, que literalmente me vêem como filho, incentivadores constantes
de meus estudos.
À Prof. Dra. Mariko Ueno pela amizade e valiosa orientação, fundamental para o
desenvolvimento deste estudo.
Ao Prof. Dr. Paulo Fortes Neto pelo apoio em momentos importantes no trilhar desta
jornada.
Ao Prof. Dr. Jorge Pasin de Oliveira pelo auxílio intelectual e por disponibilizar toda a
infra-estrutura laboratorial do CEAVAP para realização das análises físico-química e
microbiológicas.
À Prof. Dra. Elisangela de Jesus Cândido Moraes pela amizade e ensinamentos na
realização da etapa laboratorial.
À Prof. MSc. Amanda Maria Bicudo de Souza pela tradução do resumo para a língua
inglesa.
À estagiária Simone Máximo pela dedicação e ajuda na execução das análises
microbiológicas.
Ao funcionário Domício Sebastião da Silva pela realização dos trabalhos de limpeza
e manutenção do leito estudado.
À toda turma XVI pela amizade em todos os momentos em que estivemos juntos.
EPÍGRAFE
“... a vitória de um homem às vezes se esconde
num gesto forte que só ele pode ver...
sou guerreiro, trabalhador e todo dia, vou encarar
com fé em Deus e na minha batalha...”
Lado B Lado A (O Rappa)
Desempenho do leito cultivado no tratamento do efluente gerado em uma
instituição de ensino
Autor: Juliano Guimarães Assumpção
Orientadora: Profª. Draª. Mariko Ueno
Resumo: A utilização de métodos naturais, do tipo leitos cultivados, para a redução
de poluentes tem mostrado resultados satisfatórios que o tornam viáveis para
diversos segmentos da sociedade. Instituições de ensino possuem calendários
acadêmicos que incluem longos períodos de recesso que leva o fluxo de esgoto nos
sistemas praticamente a zero causando graves danos tanto para as colônias de
micro-organismos as macrófitas associadas. O presente estudo teve por objetivo
avaliar a eficiência de um sistema de leito cultivado, em uma instituição de ensino,
logo após período de recesso, verificando se o mesmo apresentava sinais de
recuperação sem qualquer intervenção e em seguida com uma manutenção. Para
avaliar a eficiência do tanque de leito cultivado a metodologia adotada baseou-se
nos parâmetros físico-químicos e microbiológicos de análise da água em um sistema
de fluxo subsuperficial. A eficiência de remoção para os parâmetros de turbidez,
NH
3
, NO
3
- e Fósforo foram respectivamente de 63%, 21,69%, 31,05% e 20,27%,
para DBO, DQO e coliformes termotolerante os respectivos valores da eficiência
média foram de 45,99%, 29,72% e 44,01%. Se for considerado apenas o período
pós-intervenção os resultados melhoram, sendo os seguintes: turbidez=78,17%,
NH
3
=37,95%, NO
3
-
=53,18%, Fósforo=25,56%, DBO=66,15%, DQO=36,50% e
coliformes termotolerantes=60,72%. Os resultados demonstram a importância da
vegetação na qualidade da eficiência desse tipo de sistema.
Palavras chave: wetlands construídos, esgotos domésticos, saneamento ambiental,
leitos cultivados.
Eficiência do leito cultivado, de uma estação de tratamento de esgotos, em
uma instituição de ensino
Author: Juliano Guimarães Assumpção
Adviser: Profª. Draª. Mariko Ueno
Abstract: The utilization of natural methods to reduce pollutants, like wetland, has
shown satisfactory results which make it viable for different segments of society.
Educational institutions have academic calendars that include long periods of recess
which takes the flow of sewage systems practically zero causing serious damage
both for microorganisms as for the associated macrophytes. The present study had
as it goal to evaluate the wetland system efficiency, after the recess period of an
educational institution, checking if it showed signs of recovery without any
intervention, and then with a maintenance. In order to evaluate the efficiency of the
wetland pool the adopted methodology was based on physico-chemical and
microbiological parameters of water analysis in a subsurface flow system. The
removal efficiency for the parameters of turbidity, NH
3
, NO
3
- and phosphorus were
respectively 63%, 21.69%, 31.05% and 20.27%, for DBO, DQO and thermotolerant
coliforms the several values of average efficiency were 45.99%, 29.72% and 44.01%.
If it was considered only the period after intervention, the results get better, being the
following: turbidity=78,17%, NH
3
=37,95%, NO
3
-
=53,18%, phosphorus=25.56%,
DBO=66.15%, DQO=36.50% and thermotolerant coliforms=60.72%. The results
show the importance of vegetation on the quality of efficiency of this kind of system.
Key words: wetlands, constructed wetlands, domestic sewage, environmental
sanitation.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO: Demanda Química de Oxigênio
ETE: Estação de Tratamento de Esgotos
EUA: Estados Unidos da América
FAn1: Filtro Anaeróbio de Fluxo Descendente
FAn2: Filtro Anaeróbio de Fluxo Ascendente
FUNASA: Fundação Nacional de Saúde
IWA: International Water Association
N-NH4: Nitrogênio Amoniacal
NMP: Número Mais Provável
NTK: Nitrogênio Total Kjeldahl
OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde
pH: Potencial Hidrogeniônico
Qa: Vazão entrada
Qe: Vazão de saída
RAFA: Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente
RZM: Root Zone Method
SS: Sólidos Sedimentáveis
SST: Sólidos Suspensos Totais
SSV: Sólidos Suspensos Voláteis
ST: Sólidos Totais
TRH: Tempo de Retenção Hidráulica
TS: Tanque Séptico
USEPA: United States Environmental Protection Agency
UNESP: Universidade Estadual Paulista
UNICAMP: Universidade de Campinas
UNITAU: Universidade de Taubaté
LCFS: Leito Cultivado de Fluxo Superficial
LCFSS: Leito Cultivado de Fluxo Subsuperficial
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Processo de aplicação de águas residuárias pelo sistema de
infiltração lenta no solo
29
Figura 2: Processo de aplicação de águas residuárias pelo sistema de
infiltração rápida no solo e métodos de recuperação de água
tratada
30
Figura 3: Representação de um sistema por escoamento superficial 34
Figura 4: Leitos Cultivados de fluxo superficial, subsuperficial e vertical 40
Figura 5: Ilustração do funcionamento de um leito cultivado 41
Figura 6: Esquema da seqüência de tratamento / filtração 44
Figura 7: Filtros anaeróbios 45
Figura 8: Vista lateral do tanque 55
Figura 9:
Vista de um exemplar de Typha sp.
55
Figura 10: Vista lateral do leito logo após manutenção 56
Figura 11: Vista lateral do leito cerca de 30 dias após manutenção 57
Figura 12: Variação da temperatura e eficiência durante período de estudo 57
Figura 13: Valores de turbidez e eficiência amostrada durante período de
estudo
58
Figura 14: Valores de pH e eficiência amostrada durante período de estudo 60
Figura 15: Valores de N-amoniacal e eficiência amostrada durante o período
de estudo
61
Figura 16: Valores de N-nitrato e eficiência amostrada durante o período de
estudo
62
Figura 17: Valores de Ptotal e eficiência amostrada durante período de estudo 64
Figura 18: Valores de DBO e eficiência amostrada durante período de estudo 66
Figura 19: Valores de DQO e eficiência amostrada durante período de estudo 66
Figura 20: Valores de Coliformes termotolerante e eficiência amostrada
durante período de estudo
68
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Índice de DBO prevista 47
Tabela 2 Valores de vazão afluente monitorado no sistema de LC 50
Tabela 3 Valores de vazão efluente monitorado no sistema de LC 51
Tabela 4 Eficiência para DBO e DQO antes e depois do plantio 65
Tabela 5 Eficiência do Leito Cultivado 69
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
13
2. OBJETIVO GERAL 15
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15
4. REVISÃO DE LITERATURA 16
4.1. Sociedade X Recursos Hídricos 16
4.2. Atual Realidade Brasileira 18
4.3. Formas de Tratamento 20
4.3.1. Processos Físicos 20
4.3.2. Processos Químicos 20
4.3.3. Processos Biológicos 21
4.4. Sistemas Naturais 25
4.4.1. Sistemas Solo-Planta 26
4.4.1.1.
Sistemas de Infiltração Lenta 27
4.4.1.2.
Sistemas de Infiltração rápida 29
4.4.1.3.
Sistemas de Infiltração Subsuperficial 31
4.4.1.4.
Sistemas de Escoamento Superficial 31
4.5 Leitos Cultivados 32
4.6 Tipos de Leitos Cultivados 36
4.7 Pesquisas anteriores 39
5. MATERIAL E MÉTODOS 42
5.1. Localização da área de Estudo 42
5.2. Descrição do sistema de tratamento, pontos de coleta e período de
estudo
42
5.3. Metodologia de Análise dos Resultados do Tratamento de Efluente no
Sistema Proposto
45
5.3.1. Método das Análises Físico-Químicas e Microbiológica 45
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 50
6.1. Estimativa do volume, vazão e TRH do sistema 50
6.1.1. Volume útil do sistema de Leito Cultivado 50
6.1.2. Vazões Afluente e Efluente 50
6.1.3. Calculo do Tempo de Retenção Hidráulica 51
6.2. Estado do leito cultivado durante o período de estudo 52
6.3. Parâmetros Físicos 55
6.3.1. Temperatura 55
6.3.2. Turbidez 56
6.4. Parâmetros Químicos 58
6.4.1. Potencial Hidrogeniônico (pH) 58
6.4.2. Nitrogênio Amoniacal e Nitrato 59
6.4.3. Fósforo Total 62
6.4.4. Demandas Bioquímica e Química de Oxigênio 64
6.5. Coliformes Termotolerante 66
6.6. Comparativo da eficiência entre os períodos pré e pós-plantio 68
7. CONCLUSÕES 70
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72
13
1. INTRODUÇÃO
A questão da conservação dos recursos hídricos tem se tornado mais
importante a cada dia. Vivemos em um planeta que tem abundância desse recurso,
porém desse total 97% o é adequada para o consumo devido à sua salinidade,
dos 3% restantes temos mais de três quartos retidos nas calotas polares, restando
apenas 3% para o consumo humano.
A postura consumista de nossa sociedade atual tem contribuído para o
agravamento da escassez deste elemento tão básico e milhares de pessoas em todo
mundo vivem no limite da ausência de água, principalmente nas regiões mais
áridas.
Por serem locais de concentração de pessoas, as instituições de ensino são
geradores de grandes quantidades de esgoto doméstico, considerando poucas
exceções pode-se dizer que quase em sua totalidade essas instituições utilizam-se
dos sistemas públicos de abastecimento para o fornecimento de água e lançamento
do efluente “in natura” nos corpos d´agua comprometendo a qualidade destes
recursos.
Os custos de aquisição dos materiais e equipamentos para montagem e
manutenção de uma estação de tratamento de efluentes tradicional, por muitas
vezes leva algumas escolas a destinarem seus recursos para construção dos
chamados sistemas naturais que, tradicionalmente apresentam relativo baixo custo
de instalação e manutenção simples.
14
Bastian et al. (1993) demonstram em seus trabalhos um considerável
aumento na pesquisa e utilização de leitos cultivados, isso se devido à baixa
demanda energética requerida e a minimização do uso de processos químicos, além
de não produzir lodo e não utilizar substâncias químicas adicionais. Assim sendo, os
leitos cultivados constituem uma alternativa simples, podendo atender a demanda de
instituições de ensino e até mesmo de pequenas comunidades.
15
2. OBJETIVO GERAL
Avaliação da eficiência de um leito cultivado após período de
aproximadamente dois meses parado, tal tanque integra o sistema de tratamento de
efluentes para o esgoto gerado pelo prédio central do Departamento de Ciências
Agrárias da Universidade de Taubaté – UNITAU.
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estimar volume, vazão e tempo de retenção hidráulica do sistema;
Identificar o desenvolvimento das macrófitas no sistema no período estudado;
Monitoramento e verificação da eficiência na remoção de matéria orgânica
pelo sistema;
Monitoramento e verificação da eficiência na remoção de nitrogênio e fósforo
pelo sistema;
Verificação da eficiência na remoção de Coliformes termotolerante pelo
sistema;
Análise de Temperatura, pH e turbidez.
16
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. – Sociedade X Recursos Hídricos
A água representa um recurso fundamental para o desenvolvimento e
manutenção da vida, historicamente as sociedades sempre se desenvolveram no
entorno de corpos d´agua.
O ciclo hidrológico mantém em nosso planeta um volume praticamente
constante de água doce, segundo Thame (2001) a quantidade de água atual é a
mesma de 1950 e, provavelmente, será a mesma em 2050.
Hespanhol (2001) afirmou que através do ciclo hidrológico a água se constitui
como um recurso renovável. Quando reciclada através de sistemas naturais, é um
recurso limpo e seguro que é, através da atividade antrópica, deteriorada em níveis
diferentes de poluição.
O crescimento populacional desordenado associado às ações antrópicas sem
planejamento tem resultado a cada dia mais na falta desse recurso para um número
maior de pessoas. Em muitas regiões do globo, a população ultrapassou o ponto em
que podia ser abastecida pelos recursos hídricos locais disponíveis. Atualmente
existem 26 países que abrigam 262 milhões de pessoas que se enquadram na
categoria de escassez de água (POSTEL 2003, apud MANCUSO, 2003).
A idéia do lançamento desordenado dos despejos industriais ou ainda da
diluição destes para posterior lançamento no meio ambiente, aliada à falta de
conhecimento específico de gerenciamento e tratamento dos efluentes, relaxava a
atenção ambiental à quase total despreocupação com relação aos recursos naturais,
ao homem, fauna e flora (OENNING, 2007)
O assoreamento de rios e lagos, o descaso com os mananciais, o
desmatamento e as práticas agrícolas inadequadas são alguns dos principais fatores
17
que conduziram diversos países a atual situação de escassez no abastecimento de
água, conjuntamente ou de forma isolada esses fatores diminuíram a oferta nominal
de água, além disso, a contaminação dos corpos d´agua pelo lançamento de
efluentes urbanos, industriais e agrícolas sem tratamento tem comprometido ainda
mais a pequena quantidade que resta para uso humano.
A escassez de água não é um atributo apenas das regiões áridas e semi-
áridas onde existe pouca água de superfície e baixo índice de precipitação
pluviométrica. Regiões, que embora disponham de recursos hídricos significativos,
mas insuficientes para atender a demandas excessivamente elevadas, também
experimentam conflitos de usos e sofrem restrições de consumo que afetam as
atividades econômicas e influem negativamente na qualidade de vida de suas
populações (HESPANHOL, 1997).
No Oriente Médio, diversos países apresentam um panorama de extrema
escassez de água doce, o baixo índice de precipitação média anual resulta em uma
baixa vazão aos poucos rios existentes, nessas regiões o processo de
dessalinização é amplamente utilizado para manter a agricultura desses países e
ainda é necessário importar mais de 50% da demanda de alimentos.
A região árabe, com uma população de cerca de 5% da população do mundo,
recebe apenas menos de 1% da oferta mundial de recursos hídricos renováveis,
devido à sua localização geográfica em regiões áridas ou semi-áridas do mundo
(HAMODA, 2004).
A extração excessiva de água dos aqüíferos subterrâneos nessa região tem
permitido a invasão de águas marinhas, comprometendo a qualidade da água do
subsolo.
18
No Japão a tendência à escassez se mostra da mesma forma, segundo
Asano (1996), embora o país apresente uma precipitação média anual de 1714 mm
e centenas de represas e reservatórios construídos, freqüentes e severas secas têm
ocorrido em elevadas escala, comprometendo a disponibilidade hídrica.
Na Austrália, em muitas áreas, as tendências no consumo de água são
insustentáveis e a gestão adaptativa da água torna-se a cada dia mais necessárias
para sustentar o crescimento econômico (THOMAS et al., 1999).
Reafirmando o atual panorama mundial Yang (2001) considerou que a
projeção da demanda de água na região indica um agravamento contínuo do déficit
hídrico nos próximos anos, destacando a escassez da água e esgotamento dos
recursos na Planície do Norte da China.
4.2. – A Atual Realidade Brasileira
No Brasil a demanda atual é inferior à atual oferta deste recurso, porém isso
não coloca o país em uma posição privilegiada, pois é na região amazônica, onde
apenas 5% da população brasileira vive que estão localizadas 80% dos recursos,
restando para os outros 95% da população os 20% dos recursos hídricos.
A cada dia a consciência de que a água torna-se cada vez mais escassa
devido às inúmeras ações antrópicas e os problemas causados pela falta desse
importante recurso tem preocupado todos os segmentos da sociedade (PHILIPPI,
2003).
Não é de hoje que a água é mencionada nas leis brasileiras, porém somente
na constituição de 1988 passou a ser considerada um recurso finito e recebeu uma
atenção especial, vale ressaltar que uma importante alteração de conceito foi a
definição desse recurso como de domínio publico, extinguindo o conceito de domínio
19
privado adotado no Código das Águas, a importância dessa alteração é que a água
passou a ter um caráter social.
A constituição de 1988 foi o marco de outras profundas mudanças no domínio
hídrico anterior, nada se alterou no que se diz respeito aos domínios da União, por
outro lado incluiu-se para os Estados o domínio de águas superficiais e
subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, excetuando-se as decorrentes de
obras da União.
O Código Florestal que foi alterado em 1989 e proporcionou maior proteção
aos corpos d´agua, buscando preservar desta forma a flora das propriedades rurais
e urbanas (FINK; SANTOS 2002).
A Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela lei 9.433, de 08
de janeiro de 1997, responsável pela criação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos e a Lei 9.984, de 17 de julho de 2000,
que criou a Agência Nacional de Águas (ANA), entidade federal responsável
pela implementação da política e coordenação do Sistema, foram criadas para
proporcionar um maior controle legal sobre as disposições legais dos recursos
hídricos.
A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 20, de
18/06/86, dividiu as águas do território nacional em águas doces (salinidade <
0,05%), salobras (salinidade entre 0,05% e 3%) e salinas (salinidade > 3%). Em
função do uso previsto, foram criadas nove classes. As classes relativas às águas
doce são as Classes especial, 1, 2, 3, e 4. A Classe especial é para águas com usos
mais nobres e a Classe 4 para os usos menos nobres. As Classes 5 e 6 são para as
águas salinas e as Classes 7 e 8 para as águas salobras.
20
4.3. – Formas de Tratamento
Ao longo do tempo, diversas tem sido as tecnologias desenvolvidas para
criação de sistemas de tratamento de efluentes que promovam a recuperação e
manutenção da integridade física, química e biológica das águas. Segundo Haandel;
Lettinga (1994), “O objetivo principal do tratamento de esgoto é corrigir as
características indesejáveis, de tal maneira que o seu uso ou a sua disposição final
possa ocorrer de acordo com as regras e critérios definidos pelas autoridades
legislativas.”
Dentre os poluentes podemos citar como principais constituintes dos esgotos:
sólidos, nutrientes, material orgânico e microorganismos patogênicos.
Quanto aos tipos de tratamentos Asano (2004) os dividiu da seguinte forma:
4.3.1. Processos Físicos
Por terem sido originados da observação da natureza, os processos de
tratamento físicos foram os primeiros a serem usados no tratamento das águas
residuais. Esses processos caracterizam-se pela remoção de substâncias que se
separam fisicamente dos quidos e tem a função de separar as substâncias em
suspensão no esgoto.
4.3.2. Processos Químicos
São processos nos quais a eliminação dos contaminantes é provocada pela
adição de produtos químicos e pelas reações químicas causadas. Geralmente não
21
são adotados isoladamente e são empregados quando os processos físicos ou
biológicos o são eficientes na remoção de substâncias indesejáveis presentes no
esgoto.
4.3.3. Processos Biológicos
São métodos de tratamento nos quais a remoção de contaminantes ocorre
por meio de processos biológicos. É utilizado essencialmente para eliminar
substâncias orgânicas biodegradáveis contidas nos esgotos, as quais se tornam
fonte de alimento para os microrganismos. Podem também, em muitos casos,
eliminar nutrientes, como nitrogênio e fósforo, além de patógenos.
Dentro desses três tipos acima citados os mesmos ramificam-se em variadas
formas de tratamento, sendo que todos os processos podem ser considerados
atualmente como amplamente utilizados em escala mundial, a opção por
determinada tecnologia se por fatores como o tipo de efluente gerado, qualidade
desejada do efluente final tratado e a quantidade de recursos disponíveis para
montagem e manutenção da ETE (HESPANHOL, 1997).
Segundo Boller (1997) em se tratando de estações de tratamento de esgoto
de pequeno porte, características como simplicidade, confiabilidade e economia são
fundamentais ao processo de escolha pela tecnologia de tratamento.
Pequenas estações podem considerar-se em vantagem sobre as grandes
quando se pensa em opções para tratamento, sistemas como simples tanques
sépticos até os mais avançados sistemas para a remoção de nutriente.
Dentre os processos que se utilizam de tratamentos químicos vários trabalhos
relatam sua eficiência, Hussein et al. (2006) demonstrou seus estudos realizados na
22
Malásia a alta eficiência de processos físico-químicos com aplicação de calcário e
carvão ativado para a remoção de nitrogênio amoniacal.
Em um estudo realizado na cidade de San Diego (EUA), Stackelberg et al.
(2007) analisaram a eficácia de diferentes tratamentos com adição de químicos, que
combinados apresentaram relativa eficácia na remoção de produtos farmacêuticos.
Outros processos eficientes também o podem deixar de ser citados,
atualmente quando se pensa no “estado da arte” em tratamento de efluentes pode-
se citar o que de melhor existe no mercado no contexto tecnológico, tais como
oxidação com ozônio, dióxido de cloro e peróxido de hidrogênio, microfiltração,
ultrafiltração, nanofiltração, osmose reversa, eletrólise reversa, destilação e
precipitação química e troca iônica (OENNING, 2007).
Os custos relativos à aquisição e manutenção dessas tecnologias avançadas
tornam-se, em geral, um enorme empecilho para instituições e comunidades de
pequeno porte que desejem tratar suas águas residuárias, além disso, a qualidade
necessária do efluente final para descarte em corpos hídricos nem sempre justifica
este elevado investimento, sendo nesse ponto que os filtros biológicos tornam-se
interessantes, por apresentarem custos infinitamente mais baixos e resultados
satisfatórios.
O tratamento por processo biológico visa replicar o que ocorre naturalmente
quando o esgoto é lançado em corpos d´água, ou seja, o processo de
autodepuração, que nada mais é do que a ação degradadora dos microorganismos
sobre a matéria orgânica que resultam em substâncias inertes e que podem
permanecer na água.
23
A evolução da tecnologia de tratamento de esgoto em ambiente confinado e
controlado iniciou-se a partir da verificação de que as lagoas poderiam ser utilizadas
como sistema de tratamento e também com a criação, em 1860, da fossa séptica.
Pesquisas registram que esse tipo de tratamento foi desenvolvido por Jean Louis
Mouras em Veoul, França (ANDRADE NETO; CAMPOS, 1999).
No final do século dezenove, os processos físico-químicos eram os mais
empregados, mas não ofereciam a eficiência desejada. O processo de tratamento
biológico estava apenas começando, restringindo-se ao uso de filtros intermitentes,
filtros biológicos, leitos percoladores e tanques sépticos. Desta maneira, foi com
grande entusiasmo que os pesquisadores receberam a notícia do surgimento de um
novo processo de tratamento, chamado de lodos ativados, o qual seria capaz de
produzir efluentes de alta qualidade (BUSATO, 2004).
Atualmente é sabido que ambos os processos biológicos, anaeróbios e
aeróbios, podem ser utilizados em separado ou de forma conjunta para tratamento
do esgoto sanitário. De maneira geral o tratamento aeróbico resulta em um volume
maior de lodo que o anaeróbio, o segundo possui uma maior produção de biogás.
O mais adequado é avaliar os aspectos positivos e negativos da utilização de cada
processo, para cada caso, de maneira a encontrar a solução mais adequada.
Outro ponto importante a ser considerado em um projeto de montagem de
uma ETE é a associação de filtros biológicos com os de retenção física para
aperfeiçoar a eficácia alcançada.
Segundo Tonetti (2005) a associação de reator anaeróbico com filtros de
areia é uma alternativa que preserva o baixo custo e as mínimas necessidades de
operação e manutenção.
24
Nunes (1998) constatou em seus estudos realizados na cidade de Porto,
Portugal, que se utilizando de um filtro biológico em conjunto com um filtro de areia
com fluxo ascendente, apesar de a eficiência ser fortemente influenciada pelo tempo
de retenção hidráulica e a razão C:N, os valores de desnitrificação alcançados foram
de até 100%.
Aslam (2007) reafirmou em seu estudo que os filtros de areia podem ser uma
excelente escolha, principalmente no processo de desnitrificação de água potável,
nesse caso o trabalho foi realizado na Turquia utilizando-se de um filtro de areia
lento e com fluxo descendente, os resultados apontaram após 15 dias uma eficiência
próxima de 100%.
Para o tratamento de esgotos domésticos a associação de filtro biológico com
outros de retenção física (areia e pedra) é indicado, segundo Bolton (1973) a
primeira experiência desse processo aconteceu na Inglaterra em 1897.
Inicialmente as unidades de filtro biológico eram construídas de tanques,
cheios de pedregulho, onde os esgotos eram retirados por algum tempo,
estabelecendo-se um ciclo operacional de enchimento e esvaziamento. Na época,
procurava-se relacionar a depuração dos esgotos retidos com a presença de
microrganismos produtores de limo. A operação descontínua, a rápida colmatação
dos espaços vazios, e a necessidade de ciclos operacionais, limitaram por muito
tempo a capacidade de tratamento daquelas unidades (CHAGAS, 2000).
Após o desenvolvimento de filtros que possuíam um fluxo contínuo a
aplicação do processo aumentou, através de dispositivos de distribuição de esgotos
no meio suporte, eliminando as manobras e dispositivos do funcionamento
intermitente.
25
Nos últimos anos verificou-se, no País, grandes avanços em pesquisa e
desenvolvimento de processos e técnicas de tratamento de águas residuárias,
direcionados tanto para sistemas de grande porte e de maior complexidade, quanto
de pequeno porte, baixo custo e simplicidade operacional, tais como: tanques
sépticos, lagoas de estabilização, reatores anaeróbios, disposição nos solos e leitos
cultivados (MAZZOLA, 2003).
4.4. – Sistemas Naturais
Os sistemas de tratamento de esgotos são ditos naturais quando se baseiam
na capacidade de ciclagem dos elementos contidos nos esgotos em ecossistemas
naturais, sem o fornecimento de qualquer fonte de energia induzida para acelerar os
processos bioquímicos, os quais ocorrem de forma espontânea. Dentro desta
concepção, enquadram-se as lagoas de estabilização e os leitos cultivados
(constructed wetland) (SEZERINO, 2006).
Pode-se dizer também que esses sistemas visam, em suma, replicar de forma
otimizada a serie de processos que ocorrem naturalmente em banhados naturais,
diferentemente dos sistemas biológicos tradicionais estes normalmente não
necessitam de insumos químicos, equipamentos mecânicos e gastos com energia
elétrica.
De acordo com Reed et al. (1995) sistemas naturais para tratamento de
efluentes podem ser definidos como o conjunto de processos que dependem
principalmente de componentes naturais para atingir o propósito pretendido.
Considerados como formas de tratamento não convencionais, os sistemas
naturais tem como principais fatores de funcionamento a utilização da força
gravitacional, ação de microrganismos e o metabolismo das plantas que, interagindo
26
com o solo e com a atmosfera, resultam na melhoria da qualidade de águas
residuárias.
Ocorrem nestes sistemas muitos processos encontrados nos convencionais
como: sedimentação, filtração, transferência de gás, adsorção, troca iônica,
precipitação química, oxidação química e redução; conversão biológica e
degradação, e os processos naturais como a fotossíntese, a fotoxidação e o
consumo pelas plantas. Além disso, os processos ocorrem em “taxas naturais” e
tendem a ocorrer simultaneamente em um reator único, ao contrário dos sistemas
convencionais em que os processos ocorrem seqüencialmente em reatores
separados e com taxas aceleradas (METCALFY e EDDY, 1991).
São exemplos de sistemas de tratamento naturais a aplicação no solo
(infiltração, irrigação e outras variações), banhados naturais ou construídos e a
aquacultura com produção de biomassa vegetal ou animal (METCALFY e EDDY,
1991)
O Brasil é um dos países que oferece excelentes condições climáticas e
ambientais para a implantação deste tipo de sistema, além de apresentar uma
enorme carência de tratamento de águas residuárias, especialmente nos pequenos
e médios municípios (VALENTIN, 2005).
4.4.1. – Sistemas Solo-Planta
A aplicação de efluentes no solo pode ser considerada como forma de reuso,
no entanto atualmente são reconhecidos como sistemas de pós-tratamento que
demandam disponibilidade de áreas para implantação.
Os tipos mais comuns de aplicação no solo são:
27
Sistemas com base no solo:
irrigação (infiltração lenta ou fertirrigação)
infiltração rápida (alta taxa ou infiltração – percolação)
infiltração subsuperficial
escoamento superficial
Sistemas com base na água:
Leitos cultivados (banhados artificiais)
4.4.1.1. – Sistemas de infiltração lenta (irrigação)
Os sistemas de irrigação, que utilizam esgoto pré-tratado, além da ação física
dos solos e bioquímica dos microorganismos, ocorre o aproveitamento dos
nutrientes pelas plantas. Grande parte do líquido é perdido para a atmosfera na
forma de vapor d´agua por evaporação e evapotranspiração, diminuindo o volume
do efluente que é encaminhado às camadas mais profundas do solo (ZANELLA,
2008).
No processo de irrigação deve-se levar sempre em conta os níveis de
nutrientes a serem dispostos no solo de acordo com as necessidades de cada
cultura, deste modo esses sistemas apresentam-se sempre com lançamento
intermitentes.
Características sazonais devem ser muito bem observadas para também não
saturar o solo, ou seja, regiões mais áridas possibilitam a aplicação do de águas
residuárias durante o ano todo, as zonas úmidas impossibilitam a disposição dos
28
esgotos nos períodos chuvosos, pois a saturação pode causar condições anaeróbias
e com isso surgirem problemas com odores indesejáveis e insetos.
A irrigação constitui o sistema de tratamento/disposição que requer maior
área superficial por unidade de água residuária tratada. Por outro lado, é o sistema
natural com maior eficiência. As plantas são grandes responsáveis pela remoção de
nutrientes, como fósforo e nitrogênio dos dejetos, cabendo aos microrganismos do
solo a remoção de substâncias orgânicas. Durante a percolação pelo solo, ocorre
também uma elevada remoção de organismos patogênicos (von SPERLING, 2005).
O uso de águas residuárias na irrigação de espécies persistentes, perenes e
produtivas durante todo o ano seria desejável. Dessa forma, algumas capineiras, de
sistema radicular abundante e profundo, podem ser muito uteis também sob o ponto
de vista ambiental, por serem capazes de reter grandes quantidades de macro e
micronutrientes do solo, diminuindo a lixiviação para águas subterrâneas e
diminuindo o carreamento via escoamento superficial (MATOS, 2003).
Chernicharo (2001) afirmou que a utilização de esgotos tratados para a
irrigação pode aumentar a produtividade agrícola por unidade de área devido à
presença de nutriente, além de colaborar com a preservação das águas liberando
vazões de água de melhor qualidade para os usos mais exigentes como o
abastecimento público.
29
Processo de aplicação de águas residuárias pelo sistema de infiltração
lenta no solo: a) Escoamento hidráulico, b) Distribuição superficial e c) Distribuição
por Sprinklers. Adaptado: QASIN, 1999.
4.4.1.2. – Sistemas de infiltração rápida
Sendo a forma mais antiga e mais comum nos processos de infiltração no
solo, o sistema de infiltração pida visa a utilização do solo como um filtro de
retenção para águas residuárias. O sistema é caracterizado pela percolação da água
residuária, a qual, purificada pela ação filtrante do meio poroso, constitui recarga
para águas freáticas ou subterrâneas (MATOS, 2002).
Nos processos de infiltração deve-se levar em conta a possibilidade de perda
de capacidade drenante do solo e a contaminação do lençol freático, especialmente
quanto às formas de nitrogênio que podem ter elevado o grau de mobilidade do solo
(ZANELLA, 2008). Para de evitar tais condições a aplicação deve ser feita de forma
a)
b)
c)
30
intermitente, permitindo assim que o solo descanse. Nesse período, o solo seca e
restabelece as condições aeróbicas (von SPERLING, 2005).
A aplicação pode ser feita por descargar diretas (sulcos, canais, tubulações
perfuradas) ou por aspersores de alta capacidade. O método de infiltração-
percolação é o que requer a menor área, dentre os processos de disposição no solo.
O crescimento poderá ou não ocorrer, o que não interfere na eficiência do processo,
se constitui objetivo do tratamento (COURACCI FILHO et al, 1999).
Processo de aplicação de águas residuárias pelo sistema de infiltração
rápida no solo e métodos de recuperação de água tratada: a) Escoamento hidráulico,
b)recuperação por drenos subterrâneos e c) Recuperação por poços.
a)
b)
c)
31
4.4.1.3. – Sistemas de infiltração subsuperficial
Nos sistemas de infiltração subsuperficial, o esgoto pré-tratado é aplicado
abaixo do nível do solo. É empregada normalmente como método de polimento e
disposição final, normalmente, de esgotos tratados em unidades de pequena vazão.
Os locais de infiltração são preparados por escavações enterradas,
preenchidas com meio poroso. O meio de enchimento mantém a estrutura da
escavação, permite o livre fluxo dos esgotos e proporciona o armazenamento dos
mesmos durante vazões de pico (von SPERLING, 2005).
Trata-se de um sistema muito parecido com o de infiltração rápida, no entanto
apresenta com única diferença o fato da forma de condução do fluxo hídrico
acontecer subterraneamente e não por inundação superficial.
As principais configurações desse tipo de sistema utilizadas são os
sumidouros e as valas de infiltração (ZANELLA, 2008). No Brasil tais configurações
são regulamentadas pela NBR 13969/97 (ANBT, 1997).
4.4.1.4. – Sistemas de escoamento superficial
O sistema de escoamento superficial é normalmente constituído por uma
série de rampas uniformes nas quais o esgoto é lançado controladamente por um
sistema de distribuição, localizado na parte mais alta (CHERNICHARO, 2001).
Solos adequados para esse tipo de tratamento são os de baixa
permeabilidade, tais como os argilosos. Além disso, deverão ser moderadamente
inclinados (entre 2 e 8%) (von SERLING, 2005).
No sistema de escoamento superficial o esgoto sofre evaporação,
evapotranspiração, processos de infiltração no solo e estabilização por biofilme que
se desenvolve aderido ao solo e às plantas (ZANELLA, 2008).
32
O uso de culturas em crescimento, na área de disposição das águas
residuárias, é essencial para aumentar a taxa de absorção dos nutrientes
disponíveis no solo e a perda de água por transpiração. Além disso, a vegetação
representa uma barreira ao livre escoamento superficial do líquido no solo,
aumentando a retenção de sólidos em suspensão e evitando a erosão, e
proporciona um habitat para a biota, possibilitando maior oportunidade para a ação
dos microorganismos.
O tipo de vegetação utilizada também é importante pela sua capacidade de
absorver o nitrogênio e o fósforo (REED et al, 1995).
A aplicação da água residuária pode ser feita por asperção, utilizando-se
aspersores de média e baixa pressão, por tubos janelados ou por sistema de bacias
de distribuição por sulco (MATOS, 2002).
Figu
ra 3
Representação
de um sistema por escoamento superficial.
Fonte: Zanella, 2008
4.5. – Leitos Cultivados
O termo “wetland” que na tradução literal quer dizer terras úmidas, ou seja,
são terrenos que permanecem saturados de água e tem sua fauna e flora adaptadas
para essas condições, Zanella (2008) definiu como áreas de transição entre os
33
ambientes aquático e terrestre. Os pântanos, brejos, charcos, várzea, lagos muito
rasos e manguezais. Ele ainda cita como exemplos brasileiros o pantanal-
matogrossense e a planície amazônica central.
Iwa, 2000; Chernicharo, 2001; Usepa, 1988 consideraram naturalmente
importante como habitat diversos animais superiores, são ainda ocupados por
plantas, animais invertebrados e microrganismos diversos que, conjuntamente,
promovem uma melhoria considerável na qualidade da água, principalmente
considerando os seguintes mecanismos:
retenção de material particulado suspenso;
filtração e precipitação química pelo contato da água com o substrato;
transformações químicas;
sorção e troca nica na superfície das plantas, substrato/meio suporte e
sedimentos;
quebra, transformação e metabolização de poluentes e nutrientes por
microorganismos e plantas;
predação e redução natural de organismos patogênicos.
A partir da perspectiva da possibilidade de depuração dos esgotos mediada
pelos elementos atuantes (solo, plantas, regime hidráulico e fauna) aliadas às
limitações do seu uso no meio natural, surgiram os primeiros estudos utilizando
estes princípios de tratamento em situações controladas leitos cultivados,
impendido à dispersão destas águas residuárias no solo e corpos d’água. Dentro da
ótica dos leitos cultivados, os filtros plantados com macrófitas foram os pioneiros no
tratamento de esgoto doméstico. A primeira concepção destas unidades de
34
tratamento entrou em operação em Othfresen, Alemanha, sendo chamando de
processo de zona de raízes - root zone method/RZM (Kickuth, 1997 apud IWA
Specialist Group on Use of Macrophytes, 2000).
A reformulação ou adaptação dos banhados naturais, sendo providas de
sistemas de impermeabilização de fundo evita a infiltração e contaminação das
camadas mais profundas do solo e do lençol freático subterrâneo de água. Nesta
reformulação prevêem-se ainda dispositivos hidráulicos de entrada e saída dos
esgotos, substrato artificial (leito filtrante areia, brita, cascalho, etc) e as macrófitas
aquáticas (SEZERINO 2002).
Para minimizar os riscos potenciais das águas residuárias os leitos cultivados
se apresentam como método interessante de tratamento, por oferecer uma
tecnologia de fácil construção, operação, manutenção e baixo custo.
Os filtros plantados com macrófitas são sistemas que dispõem de um material
de recheio (usualmente empregado brita, areia ou cascalho) onde o efluente a ser
tratado é disposto. O efluente irá percolar pelo material de recheio, também
conhecido como material filtrante, onde as macrófitas empregadas, do tipo
emergente, são plantadas diretamente (PHILIPPI e SEZERINO, 2004).
Os processos de depuração da matéria orgânica e transformação da série
nitrogenada, bem como a retenção do fósforo, são físicos (filtração e sedimentação);
químicos (adsorção, complexação e troca iônica) e biológicos (degradação
microbiológica aeróbia e anaeróbia, predação e retirada de nutrientes pelas
macrófitas), ocorrendo tanto no material filtrante como na rizosfera (PHILIPPI e
SEZERINO, 2004).
A remoção de poluentes nos leitos cultivados envolve uma complexidade de
processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem simultaneamente. Os
35
processos de tratamento incluem sedimentação, filtração, precipitação, sorção,
decomposição microbiológica, nitrificação e desnitrificação (KADLEC, 1998; WYNN
et al., 2001).
A redução dos valores de sólidos em suspensão se por sedimentação e
filtração. Nos sistemas de fluxo superficial, os sólidos são removidos em parte por
sedimentação e em parte por filtração através da vegetação. Em sistemas sub-
superficiais, a remoção ocorre principalmente pela filtração no solo ou no substrato
utilizado (FERREIRA et al., 2003).
Uma significativa parcela da DBO presente no percolado é removida pela
sedimentação dos materiais orgânicos em suspensão. Parte dos compostos
orgânicos em suspensão remanescentes e dos que se encontram em solução são
degradados, via oxidação ou digestão anaeróbia, pela ação do biofilme bacteriano
aderido ao meio filtrante e às raízes da vegetação, que utiliza a matéria orgânica
como fonte de energia. Uma outra parcela orgânica do efluente ainda é removida
pelas plantas, que a utiliza como nutriente (FERREIRA et al., 2003; KINSLEY et al.,
2001; MÆHLUM, 1998; WYNN et al., 2001).
A remoção de nitrogênio através dos leitos cultivados envolve uma série de
processos descritos por Barbosa (2002), Ferreira et al. (2003), Kinsley et al. (2001),
Mæhlum (1998), Wynn et al. (2001).
A remoção do nitrogênio amoniacal acontece, sobretudo pela ação de
microorganismos nitrificantes que, em condições aeróbias, o convertem em íons
nitrito (NO
2
-
) e posteriormente nitrato (NO
3
-
), por sua assimilação pelas plantas e por
adsorção através de reações de troca iônica no solo. Uma pequena parcela da
amônia é perdida por volatilização sob a forma de amônia molecular (NH
3
), isto é,
não ionizada.
36
A volatilização da amônia não atinge valores significativos, pois o pH no
interior dos leitos cultivados se mantém na faixa da neutralidade, o favorecendo
tal processo, que ocorre predominantemente em meios básicos.
Os íons nitrato são absorvidos pelos vegetais como nutrientes e, sob a ação
de bactérias desnitrificantes, em sítios anóxicos no interior dos leitos cultivados, são
transformados novamente em nitrogênio molecular, possibilitando seu retorno para a
atmosfera.
4.6. Tipos de leitos cultivados
Segundo Medeiros (2009) os leitos cultivados são divididos em configurações
diferentes que indicam a direção do efluente em seu interior, tais como:
a) Leitos cultivados de fluxo superficial (LCFS): são canais com algum tipo
de barreira subsuperficial, geralmente o próprio solo, que fornece condições de
desenvolvimento para as plantas, sendo que a água flui a uma pequena
profundidade (0,1 a 0,3m). Nos Estados Unidos o sistema de fluxo superficial é muito
utilizado no tratamento terciário de grandes volumes de águas residuárias (Figura
4/a);
b) Leitos cultivados de fluxo subsuperficial (LCFSS): são essencialmente
filtros lentos horizontais preenchidos com brita ou areia como meio suporte e onde
as raízes das plantas se desenvolvem. Não oferecem condições para o
desenvolvimento e proliferação de mosquitos e para o contato de pessoas e animais
com a lâmina d’água. É muito utilizado no tratamento secundário de efluentes de
pequenas comunidades, tanto nos Estados Unidos, Austrália e África do Sul
(cascalho como meio suporte) quanto na Europa (tecnologia solo-base) (Figura 4/b);
37
c) Leitos cultivados de fluxo vertical (LCFV): filtros de vazão vertical
intermitente (areia como meio suporte) ou por batelada (brita como meio suporte).
Nível d’água abaixo do meio suporte, impossibilitando seu contato com animais e
pessoas. Sistema com grande potencial para nitrificação. Os primeiros WCFV
surgiram na Europa nos anos de 1970 e eram conhecidos como “campos de
infiltração” na Holanda e sistema “Seidel” na Alemanha, às vezes conhecido como
processo do Instituto Max Planck (Figura 4/c).
Nos leitos cultivados de escoamento superficial, como o próprio nome diz, a
água ou o esgoto escoa sobre a superfície do solo. As macrófitas, neste caso,
podem ser do tipo emergentes, emersas ou flutuantes (OLIJNYK, 2008).
Sezerino (2002) atribuiu aos Leitos Cultivados de Fluxo Subsuperficial,
inúmeras vantagens, tais como a capacidade de remoção de SST e bactérias devido
à habilidade de filtração, remoção de DBO superior à capacidade de transferência
de oxigênio realizada pelas plantas ou pela troca de gases na interface ar/água, e
boa capacidade de denitrificação. Possui como desvantagem a limitada capacidade
de transferência de oxigênio que prejudica a realização do processo de nitrificação
nestes leitos.
38
Figura 4: Leitos cultivados de fluxo (a) superficial, (b) subsuperficial e (c) vertical
Fonte: (a) Adaptado de USEPA, 1999; (b e c) de GUSTAFSON et al. (2001)
Os leitos cultivados podem ser utilizados nos tratamentos primário,
secundário e terciário de águas residuárias de origem domiciliar, industrial e rural; no
tratamento de águas subterrâneas e águas para reuso; no manejo de lodo, de águas
de escoamento superficial e contaminada com substâncias tóxicas; e na produção
de biomassa (PATERNIANI et al., 2003).
39
A figura 5 ilustra o funcionamento de um leito cultivado.
Figura 5: Ilustração do funcionamento de um leito cultivado
Fonte: Paterniani e Roston, 2003
4.7. – Pesquisas anteriores
Conforme citado anteriormente, os leitos cultivados visam replicar e aproveitar
as características despoluidoras desse ambientes, Seidel em 1952 realizou na
Alemanha um trabalho no qual foi testada a eficiências do Scirpus lacustris
plantado
sobre a brita para a remoção de fenol, ainda na Alemanha na década de 1970,
Kickuth testou a eficiência na remoção de poluentes em leitos cultivados usando
como meio de suporte solo de alta quantidade de silte e plantado com Phragmites
australis
(HEGEMANN, 1996).
Somente depois dos trabalhos de Wolwerton (1988) os leitos cultivados
passaram a se difundir na America do Norte, nesse trabalho foi testada sua
eficiência para tratamento de esgotos domésticos em residências não atendidas pelo
sistema público.
Até o ano de 1999, mais de 200 comunidades nos Estados Unidos utilizavam
os LC. Muitas aplicavam este sistema como polimento para lagoas de efluente,
40
como Phoenix/Arizona e Orange County/Florida. Em muitas cidades, os WCFS são
utilizados no tratamento de comunidades de 5000 a 50000 pessoas. (USEPA, 1999).
Em São Paulo, no campus da UNESP, foram realizadas por Salati Filho et al.
(1998) pesquisas de tratamento de esgotos com o uso de leitos cultivados, na
UNICAMP Valentim (1999) utilizou leitos cultivados e em Santa Catarina, Oliveira
(1993) testou em um sistema de tanques com aguapés (Eichhornia crassipes) no
tratamento de efluentes de pocilga.
Além da eficiência, as plantas aquáticas apresentam sobre os filtros
convencionais (solo ou pedras), uma estática mais agradável, o controle de mau
odor, agindo como biofiltro de odor, possibilitando a instalação próxima à
comunidades; o tratamento aeróbio e anaeróbio do efluente, retirando sólidos
suspensos e microrganismos patogênicos; e o controle de insetos, por ação de
plantas superficiais (VALENTIN, 1999).
Zanella reforça essa idéia com seu trabalho, no qual foram utilizadas plantas
ornamentais, tais como copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica), mini papiro
(Cyperus isocladus) e guaimbê (Philodendron bipinnatifidum) plantadas no leito.
Sezerino et al. (2000) avaliaram o desempenho de um leito de macrófitas com
fluxo subsuperficial localizado na zona rural de Florianópolis, neste estudo foram
montados como meio de suporte camadas de casca de arroz, areia e brita e
plantado com capim roxo (Echinochloa polystachya).
Meira et al. (2001) focaram seus estudos na avaliação da influência do TRH
em leitos cultivados com taboa (Thypha sp.).
Campos et al. (2002) avaliaram o uso de sistemas leitos cultivados, em escala
piloto, para tratamento do chorume gerado pelo Aterro Sanitário de Piraí (RJ). Os
leitos foram cultivados com Typha sp. e uma gramínea da região, e um sistema
41
permaneceu sem planta (controle). Foram conduzidos dois experimentos, um
alimentado com chorume e outro com água.
O quadro 1 mostra, em ordem cronológica, outros estudos realizados entre
1956 e 1998.
Quadro 1: Compilação das várias aplicações de leito cultivado no tratamento
de efluentes de 1956 a 1998.
Ano Tratamento Condição
1956 Efluente de gado confinado Experimental
1975 Efluente de refinaria de petróleo Operacional
1978 Efluente de indústria têxtil Operacional
1978 Efluente da drenagem de mina ácida Experimental
1979 Efluente de lago com piscicultura Operacional
1982 Efluente da drenagem de mina ácida Operacional
1982 Redução de eutrofização de lago Experimental
1982 Escoamento superficial de chuva em área urbana Operacional
1983 Efluente de fábrica de papel Experimental
1985 Efluente de laboratório fotográfico Experimental
1985 Efluente de fábrica de conserva de pescado Experimental
1988 Chorume de aterro sanitário Experimental
1988 Chorume do processo de compostagem Operacional
1988 Efluente de gado confinado Operacional
1989 Redução na eutrofização de lago Operacional
1990 Efluente de cais do porto Experimental
1991 Efluente de indústria de papel Operacional
1993 Remoção de cor de efluente de indústria de papel Experimental
1994 Desidratação de lodo de esgoto urbano Experimental
1997 Efluente de indústria de processamento de batata Operacional
1998 Efluente de hospital Operacional
[Adaptado de WOOD et al. (1994); BURGON et al.(1998); EDWARDS et al.(1998) e
LABER et al.(1998).]
42
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1 . - Localização da área de estudo
O estudo foi desenvolvido nas instalações da Fazenda Piloto do
Departamento de Ciências Agrárias Universidade de Taubaté, Taubaté, SP, tendo
como coordenadas geográficas 23°02’34”S e 45°31’02”W e altitude aproximada de
577m. O clima é do tipo CWA (subtropical) segundo classificação de Köpen (1948)
caracterizado por períodos chuvosos no verão, secos no inverno e uma média
pluviométrica de 1300 mm.
5.2. - Descrição do sistema de tratamento, pontos de coleta e período de
estudo
O sistema de tratamento consiste de uma etapa de tratamento (Fossa séptica e
filtros anaeróbios), seguida do filtro de leito cultivado com a espécie Typha sp.,
conhecida popularmente por taboa.
A representação esquemática do sistema é mostrada na Figura 6.
Figura 6. Esquema da seqüência de tratamento / filtração.
Fonte: Adaptado de Fortes Neto, 1997
O efluente coletado foi o do prédio central que em suma é constituído por
resíduos de higiene humana, agroindustrial e também descartes laboratoriais, a
vazão média gerada é de aproximadamente 211L/h.
L
CFSS
43
As coletas iniciaram em 23 de fevereiro e foram encerradas em 27 de maio de
2010 e os pontos de coleta de efluente foram na caixa de passagem localizada
antes do leito e no registro instalado após o leito cultivado.
A primeira fase do tratamento é composta por uma caixa séptica com
capacidade limite de 30 m
3
, Andrade Neto (1997) afirmou que tais tanques são
extremamente simples, em diferentes concepções, os quais apresentam a função de
reter os sólidos contidos no esgoto, por sedimentação.
Um sistema de filtração anaeróbia composta basicamente por um par de
caixas d´agua de cimento amianto com dimensões de 150 mm de comprimento, 130
mm de largura e 50 mm de profundidade e capacidade limite de 1m
3
cada, o fluxo do
efluente se dá de forma descendente para a primeira caixa e ascendente para a
segunda, filtros como este podem apresentar elevada eficiência na remoção de DBO
e não exige uma unidade de decantação complementar.
Figura 7: Filtros anaeróbios
Fonte: Fortes Neto, 2009
44
A ultima etapa do tratamento, que será foco deste estudo, é composta por um
tanque construído com cimento armado e com dimensões de 540 cm de
comprimento, largura de 340 cm e a profundidade de 160 cm, sua capacidade total é
de 15m3, seu interior é preenchido com brita nº2 que além de proporcionar a
sustentação do leito cultivado ainda promove a retenção de partículas sólidas em
suspensão no efluente.
Considera-se como volume útil V
U
, a diferença entre o volume efetivo do leito
de tratamento (V
e
) e o volume ocupado pelo elemento filtrante, que neste caso é o
leito de brita 2. Como base, serão utilizados os procedimentos adotados no trabalho
de Mannarino (2003). Para se obter V
U
, multiplica-se V
e
pelo percentual de volume
de vazio entre um cubo de aresta igual ao diâmetro médio esférico para as pedras
de 2,2 cm e um arranjamento perfeito das mesmas (admitido para facilitar os
cálculos).
Fica evidente, que esse volume útil (V
U
) calculado não leva em consideração
o volume ocupado pelos sedimentos que se depositam no alagado ao longo do
tempo de funcionamento, bem como o volume ocupado pelas raízes das plantas que
se desenvolveram no tanque. Uma aproximação foi feita com base nos estudos
realizados por Manios et al. (2003), onde um leito plantado tinha tempo de
residência 82 % menor que um leito sem plantas.
Para a determinação de um valor médio das vazões de entrada e saída de
esgotos foi feito o monitoramento por três dias em diferentes semanas, as tabelas 2
45
e 3 mostram os dias, horários, tempo gasto para encher um volume de 1 litro e a
respectiva vazão efluente média (Qa e Qe).
5.3. - Metodologia de Análise dos Resultados do Tratamento de Efluente no
Sistema Proposto
A eficiência do tanque de tratamento foi medida em termos da capacidade do
sistema remover poluentes, comumente controlados pelos órgãos reguladores do
governo, logo após período aproximado de dois meses sem fluxo efluente.
Inicialmente não houve qualquer intervenção e em seguida foi feita a remoção de
toda a matéria vegetal morta seguida de um novo plantio de mudas da macrófita
Typha sp.
Foram analisados: pH, temperatura, turbidez, DBO, DQO, nitrogênio, fósforo, e
coliformes termotolerante.
5.3.1. - Método das Análises Físico-Químicas e Microbiológica
a) Turbidez
Para determinação da turbidez, foi empregado o método indireto, com a
utilização de nefelômetro eletrônico, cujos resultados foram reportados como
unidade nefolométrica de turbidez (NTU) utilizando espectrofotômetro HACH DR
2010 (FUNASA, 2006).
b) pH e Temperatura
Para determinação do pH e da temperatura, foi utilizado pHmetro digital da marca
ORION Modelo 303 (FUNASA, 2006).
46
c) Determinão do teor de nitrogênio e sforo
Segundo a Resolução CONAMA 357 de 2005, os padrões de qualidade
para os corpos d’água das diversas classes encontram-se definidos em
concentrações máximas permitidas para cada espécie nitrogenada.
Para realização da determinação de nitrogênio, as amostras que apresentaram
material em suspensão foram previamente filtrado um volume de 200 mL através de
filtro de 0,45 µm, e se utilizou 50 mL do filtrado ou volume diluído a 50 mL. No caso
de turbidez/cor a amostra foi clarificada com adição de 2 mL de hidróxido de
alumínio a 100 mL de amostra, e filtrado por papel filtro.
Para condução do ensaio foi empregada proveta com tampa com 50 ml de
amostra (ou amostra filtrada, ou clarificada), ou volume menor diluído a 50 mL, ao
qual 1 mL de reagente de sulfanilamida foi adicionado, após 5 minutos, 1 mL de
dicloreto de N - (1-naftil) etilenodiamina, foi incorporado, sendo as amostras lidas em
espectofotômetro a 540 nm, em intervalos variáveis de 10 minutos a 1 hora. Os
resultados foram comparados a uma curva de calibração construída com o padrão
nitrito, sendo empregado como branco, água destilada e repetindo o procedimento
executado para a amostra (FUNASA, 2006).
Para a determinação de fósforo em uma amostra de 50 mL foi adicionada de 1 ml
de acido sulfúrico concentrado e 5 mL de ácido nítrico depois foi digerida por 1 hora
a 105ºC. Após resfriamento adicionou-se á ao meio 3 gotas de fenolftaleína (em
NaOH 1N). Foram adicionados 16 mL de solução desenvolvedora de cor (ácido
sulfúrico 5N, tartarato misto de antimônio e potássio hemihidratado, molibidato de
amônio e ácido ascórbico) e a leitura foi feita em espectrofotômetro a 880 nm após
30 minutos. Foi utilizado como branco, água deionizada. Os resultados foram
47
comparados aos de uma curva padrão preparada com fosfato de potássio anidro
(FUNASA, 2006).
d) Determinação de DQO e DBO
1 - Demanda Química de Oxigênio (DQO)
As amostras coletadas foram devidamente colocadas em tubos de ensaio com
solução previamente preparada de acordo com metodologia descrita pela HACH e
incubadas a 150C por duas horas. Logo após, a demanda química de oxigênio
(DQO) foi realizada, utilizando espectrofotômetro HACH DR 2010 num comprimento
de onda de 620 nm. Os resultados foram reportados em mg/L de O
2
(OPAS, 1999).
2 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
As amostras coletadas foram devidamente colocadas em frascos de vidro tipo
âmbar com capacidade de 1 L. Os frascos com agitador magnético e com o reagente
hidróxido de lítio, que é captador de oxigênio, foram incubados em estufa de DBO
modelo HACH BODTrack a 20º C por 5 dias. Os resultados puderam ser
acompanhados diariamente e foram reportados em mg/L de O
2
(OPAS, 1999).
A Tabela 1 mostra que o volume de amostra nos frascos poderiam variar de
acordo com a expectativa de DBO, sendo assim o volume das amostras poderiam
variar de 95 a 420 ml.
Tabela 1. Índice de DBO prevista
Expectativa DBO (mg/L) Volume amostra (ml) Unidade (mg/L)
0 – 35 420 0 – 35
0 – 70 355 0 – 70
0 – 350 160 0 – 350
0- 700 95 0 – 700
48
e) Análises Microbiológicas
Foi empregado o método clássico de análise de coliformes, (FUNASA, 2006),
constituído de 5 etapas sucessivas, conforme descrito a seguir:
1. Teste presuntivo dos coliformes (totais)
Foram empregados 5 tubos de caldo de lactose (duplo) com o volume de
amostra de 10 ml; 5 tubos de caldo de lactose simples - 1,0 ml; e outros 5 tubos de
caldo de lactose simples - 0,1 ml. Os frascos foram agitados. Foram transferidos 10
ml, transferir para os 5 tubos de caldo de lactose dupla, para os 5 tubos de caldo de
lactose simples 1,0 ml de amostra e para os 5 tubos de caldo de lactose simples
com 0,1 ml de amostra. As amostras foram convenientemente diluídas, se
necessário.
Os tubos foram incubados a aproximadamente 35 ºC durante 24-48 horas,
sendo observados com relação ao número de tubos de cada rie que têm 10% ou
mais gás nos tubos de Durham. Foi calculado o NMP de coliformes totais
consultando a tabela da FUNASA.
2. Teste de confirmação dos coliformes (totais)
Na seqüência, um tubo de caldo de lactose, com resultado presumível
positivo, foi utilizado para transferir uma alçada para placa de agar Levine EMB. As
placas foram incubadas a 35 ºC durante 24 horas.
Após este período, as placas foram analisadas em busca de colônias típicas
de coliformes no agar Levine EMB (com um centro negro).
49
Sendo as colônias de Escherichia coli são pequenas e com um brilho
esverdeado metálico; as de Enterobacter aerogenes são, geralmente, maiores e sem
brilho.
3. Teste completo dos coliformes (totais)
Um tubo de caldo de lactose e um tubo de Agar inclinado nutritivo foram
inoculados com uma colônia típica do Agar Levine EMB anteriormente identificada.
Os tubos incubados a 35 ºC durante 24-48 horas e examinados sobre a produção de
gás no caldo de lactose.
Foi então preparada uma coloração de Gram a partir da cultura no Agar
inclinado e examinado ao microscópio com objetiva de imersão.
4. Teste presuntivo dos coliformes termotolerante
Para esta identificação, os tubos foram incubados 44,5 ºC durante 24-48
horas, registrando-se o número de tubos com produção de gás nos tubos de
Durham. Foi calculado o NMP de coliformes fecais consultando-se a tabela da
APHA.
5. Teste de confirmação dos coliformes termotolerante
Utilizando tubo contendo caldo de lactose com resultado presumível positivo
de coliformes fecais, uma alçada foi transferida para tubo com meio EC que foi
incubado a 44,5 ºC durante 24 horas examinado para a produção de gás no tubo
com meio EC que confirma a presença de coliformes termotolerante.
50
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. – Estimativa do volume, vazão e TRH do sistema.
6.1.1. – Volume útil do sistema de leito cultivado
Os cálculos matemáticos e seus respectivos resultados para volume útil do
leito em estudo são mostrados na equação 1.
(equação 1)
Na equação 2 o resultado do volume sofre um ajuste que considera
sedimentos e sistema radicular dispostos no tanque, usando esta aproximação,
teremos:
(equação 2)
6.1.2. – Vazões afluente e efluente.
Os valores médios do período monitorado para Qa e Qe foram de,
respectivamente, 210 L/h e 160 L/h.
Tabela 2: Valores de vazão afluente monitorado no sistema de LC.
Data
horário
Tempo
L/h
31/mar 08:31 20,33 177,0
31/mar 10:00 19,04 189,0
31/mar 12:15 14,74 244,2
31/mar 14:07 23,89 150,6
31/mar 16:46 14,33 251,2
31/mar 18:10 22,05 163,2
31/mar 20:14 19,89 180,9
7/abr 08:07 22,55 159,6
7/abr 10:18 17,35 207,4
7/abr 12:01 16,41 219,3
7/abr 14:23 21,72 165,7
7/abr 16:30 17,64 204,0
7/abr 18:30 20,18 178,3
7/abr 20:07 18,05 199,4
12/abr 08:23 31,04 115,9
12/abr 10:07 16,39 219,6
12/abr 12:55 16,41 219,3
12/abr 14:35 19,03 189,1
12/abr 16:05 14,45 249,1
12/abr 18:00 22,28 161,5
12/abr 19:40 19,05 188,9
Vazão média =
211,1
51
Tabela 3: Valores de vazão efluente monitorado no sistema de LC.
Data Horário Tempo (s) Vazão (L/h)
31/mar 08:40 31,13 115,6
31/mar 10:12 26,44 136,1
31/mar 12:23 23,44 153,5
31/mar 14:15 23,04 156,2
31/mar 16:54 17,99 200,1
31/mar 18:18 27,08 132,9
31/mar 20:21 24,88 144,6
7/abr 08:12 29,44 122,2
7/abr 10:25 18,19 177,9
7/abr 12:15 22,06 163,1
7/abr 14:34 19,03 189,1
7/abr 16:50 20,4 176,4
7/abr 18:38 21,77 165,3
7/abr 20:18 19,63 153,3
12/abr 08:30 33,48 107,5
12/abr 10:15 18,15 198,3
12/abr 13:03 17,66 123,8
12/abr 14:47 18,8 151,4
12/abr 16:21 17,36 147,3
12/abr 18:13 19,28 186,7
12/abr 20:00 19,95 180,4
Vazão média =
157,2
Para fins estatísticos foram adotados para representar as vazões de entrada e saída,
respectivamente as siglas Qa e Qe.
6.1.3. – Cálculo do tempo de retenção hidráulica.
A equação 3 representa o cálculo utilizado para se obter o TRH do sistema.
(equação 3)
O volume e a vazão em leitos cultivados influenciam diretamente o TRH,
sendo que este parece ser um importante item para a eficiência dos leitos cultivados,
Valentin (2004), que comparou tanques com diferentes TRH (1, 2, 3, 4, 5 e 6 dias),
obteve aumento na remoção de DQO, Turbidez, Sólidos e Nitrogênio-nitrato, nos
tanques com TRH de 6 dias, Meira et al. (2001) seguindo a mesma linha comparou
52
leitos com tempos de retenção hidráulica de 1 a 10 dias e relatou um aumento médio
de 15% na remoção de coliformes termotolerante no tanque com o maior tempo,
Campos et al. (2002) também segue o modelo e comparou caixas que operaram em
bateladas com TRH de 3, 4, 5 e 7 dias, neste caso a eficiência na redução de DBO
foi de 86% para 7 dias contra 61% para 4 dias, para nitrogênio-amoniacal obteve-se
remoção de 89% contra 83% para TRH de 7 e 3 dias.
Em geral as investigações adotam TRH mais elevados, quando comparados
com este trabalho, Sezerino (2002) utilizou em sua pesquisa, que tratava dejetos
suínos, TRH de 7,5 dias, Toniatto (2005) adotou o tempo de retenção hidráulica de
6,15 dias no tratamento de esgotos domésticos.
6.2. – Estado do leito cultivado durante o período do estudo.
A sazonalidade na freqüência e na intensidade do fluxo de pessoas é, sem
dúvida alguma, um problema na manutenção de estações de tratamento de esgotos
em Instituições de ensino, períodos de recesso e férias acadêmicas praticamente
interrompem a geração de efluentes forçando paradas de operação no sistema, tal
situação ocasiona morte parcial ou até mesmo total das colônias de
microorganismos e macrófitas em sistemas do tipo leito cultivado.
O sistema abordado neste estudo passou por um período de
aproximadamente dois meses praticamente sem operação, isso ocasionou uma alta
mortalidade da vegetação e possibilitou uma invasão maciça de brachiarias
competidoras. A figura 8 mostra a situação do leito cultivado após,
aproximadamente, 3 semanas em reinicio de operação.
53
Figura 8: Vista lateral do tanque.
Fica clara a intensidade do dano que períodos relativamente longos de
interrupções causam na manutenção da vida em macrófitas utilizadas nos sistemas
de leito cultivado, no caso em estudo somente alguns pequenos brotos da espécie
Typha sp. apresentavam características salutares. A figura 9 mostra, em detalhes,
um desses pequenos exemplares
Figura 9: Vista de um exemplar de Typha sp.
54
Em 15 de abril de 2010 foi feita uma manutenção no qual foram removidos
totalmente os restos vegetais de brachiarias invasoras, no processo se teve o
cuidado de preservar as mudas de Typha que haviam se desenvolvido até então,
foram também plantadas 12 novas mudas da mesma espécie para melhorar o
processo de recuperação do mesmo. Na figura 10 é possível verificar o resultado do
plantio efetuado.
Figura 10: Vista lateral do leito logo após manutenção.
No decorrer dos estudos foi possível constatar, visualmente, o
desenvolvimento das macrófitas dispostas no leito, provavelmente a redução nos
valores de alguns dos parâmetros analisados e mostrados adiante está associada
ao ganho de biomassa das plantas. A figura 11 mostra as macrófitas com 20 dias
após o transplante das mudas, verifica-se houve notório desenvolvimento.
55
Figura 11: Vista lateral do leito cerca de 30 dias após manutenção
6.3. – PARÂMETROS FÍSICOS
6.3.1. – Temperatura.
A temperatura medida no período de estudo é mostrada na figura 12.
Figura 12: Variação da temperatura e eficiência durante período de estudo.
A variação da temperatura do esgoto no leito cultivado, por ser uma fase
aberta, é influenciada pelas mudanças climáticas que ocorrem no ambiente
(TONIATTO, 2005).
56
Os resultados amostrados variaram entre 17,8 e 24,1ºC no esgoto afluente e
16,9 e 23,1ºC no efluente, em todo o período os valores de saída foram menores
que os de entrada, isso se pela exposição às alterações climáticas que este tipo
de sistema possui.
Na literatura os valores encontrados tendem a variar de acordo com a época
do ano, Garcia (2009) obteve em seus estudos valores de 28 e 24ºC para entrada e
saída, respectivamente, sendo que a época do estudo ocorreu entre dezembro de
2008 e fevereiro de 2009, Toniatto (2005) em seu estudo realizado entre dezembro
de 2004 e março de 2005 mensurou um valor médio de 27ºC entrando e na saída
23ºC, Sousa (2003) em seu estudo realizado em Campo Grande entre os meses
de junho de 2002 e janeiro de 2003 obteve resultados médios de 22 e 24ºC para
esgotos efluentes e afluentes, respectivamente.
6.3.2. –Turbidez.
O parâmetro de turbidez é mostrado na figura 13.
Figura 13: Valores de turbidez e eficiência amostrada durante o período de estudo.
57
Os resultados mostram um aumento gradativo na eficiência ao longo do
estudo, sendo na primeira coleta 26,19% e na ultima 86,36%, como valor médio a
remoção do parâmetro em questão ficou em 63%.
Reis (2003) avaliou um sistema do tipo leito cultivado para o tratamento de
esgotos domésticos na cidade de Alagoinhas (BA), o resultado da eficiência média
do sistema ficou em 48,4%.
Meira (2004) avaliou um sistema com leito misto de brita e areia, plantado
com Typha sp. no tratamento de um rio urbano com poluição típica de descartes
domésticos e industriais, 97% foi o valor médio de eficiência obtido.
Silva (2007) avaliou o desempenho de um sistema de leito cultivado de fluxo
vertical descendente, utilizando como meio de suporte latossolo vermelho-amarelo
misturado com areia, plantado com arroz (Oryza sativa L.), seus resultados
mostraram uma eficiência média de 99,15%.
Sousa (2003) avaliou em diferentes tempos de retenção hidráulica (6, 12, 24 e
36h) a eficiência de um leito plantado com Spartina alterniflora no tratamento de
efluentes de carcinicultura, os resultados foram de 52,1%, 60,5%, 69,4% e 81,0%
para os respectivos TRH.
Tomando como base os resultados reportados pode-se afirmar que a
eficiência deste estudo segue a tendência encontrada em outros trabalhos.
Os valores mais baixos no inicio das operações com tendência a melhora no
decorrer das coletas pode ser atribuído a um repovoamento do leito de britas por
microorganismos, que se intensificou após o replantio das macrófitas associadas.
58
6.4. – Parâmetros Químicos
6.4.1. – Potencial Hidrogeniônico (pH)
A figura 14 mostra os valores de pH amostrados durante o período de estudo.
Figura 14 Valores de pH e eficiência amostrada durante período de estudo.
Em todo o período de estudo foram amostrados valores de pH afluente acima
da neutralidade (media=7,82), sendo que os valores de saída parecem ser afetados
pela capacidade tampão do leito cultivado (média=7,47).
Na literatura normalmente os leitos cultivados com fluxo subsuperficial
tendem a neutralizar o pH durante a passagem do fluxo pelo leito, mas ainda não é
muito bem explicado o motivo dessa ocorrência. Gschlöbl et al. (1998) afirma que
em sistemas de leitos cultivados que recebem efluentes de lagoas de estabilização
em faixas alcalinas tendem a levá-los a valores mais próximos da neutralidade,
em pós-tratamentos de efluentes pticos e primários, que normalmente produz em
seu processo ácidos orgânicos levando o pH a valores baixos, os leitos cultivados
tendem a aproximá-los da neutralidade (KADLEC et al., 1997; KASEVA, 2003).
59
Avelar (2008) obteve em seus estudos, realizados no Espírito Santo, valores
variados de pH (7,3 a 11,8) e em todos de forma unânime os valores de saída
mostraram-se mais próximos da neutralidade (média=7,19).
Os resultados de Meira et al. (2001) também indicam a tendência do pH ser
neutralizado, neste caso foi avaliado um leito de fluxo sub-superficial e os valores
médios afluentes e efluente foram, respectivamente, 7,7 e 7,5.
Marques et al. (1996) obteve resultados proporcionalmente inversos aos
anteriores, mas que, no entanto reforçam o atributo tampão designado aos leitos
cultivados, nesse caso o efluente de entrada apresentava valores próximos de 4,0
mas na saída do tanque o valor médio foi de 6,7.
6.4.2. – Nitrogênio Amoniacal e Nitrato.
Os valores de nitrogênio-amoniacal e nitrogênio-nitrato são mostrados nas figuras 15
e 16.
Figura 15: Valores de N-amoniacal e eficiência amostrada durante o período de
estudo.
60
Figura 16: Valores de N-nitrato e eficiência amostrada durante o período de estudo.
Pode-se conhecer a presença e aquilatar o grau de estabilidade da matéria
orgânica pela verificação da forma como estão presentes os compostos de
nitrogênio na água residuária (DRIVER et al., 1972; PESSOA et al., 1982;
PAGANINI, 1997). Von Sperling (2005) afirmou que se a poluição é recente, o
nitrogênio estará basicamente na forma de nitrogênio orgânico ou amônia e, se
antiga, na forma de nitrato.
Os valores médios de amônia e nitrato foram, respectivamente, 43,73 e
160,50 mg/L, isso indica que a vazão de passagem do efluente nas etapas de
tratamento anteriores (fossa séptica e filtros anaeróbios) é menor que a capacidade,
com isso o tempo de detenção hidráulica se eleva possibilitando a conversão de
grande parte do nitrogênio orgânico em nitrato, outros fatores que também se pode
atribuir esses resultados são: temperatura e pH no leito (Figuras 10 e 11).
Quanto à eficiência do leito na remoção das formas de nitrogênio estudadas,
podemos dividir em dois períodos, o primeiro leva em consideração as coletas
efetuadas com o leito degradado (NO
3
-=12,62% e NH
3
=2,18%) e o segundo após o
plantio em 15/abril/2010 (NO
3
-=53,18% e NH
3
=37,95%). Essa diferença pode ser
61
atribuída à colaboração da cobertura vegetal nos processos de nitrificação e
assimilação.
Sezerino et al. (2000) avaliaram um leito cultivado de escoamento
subsuperficial instalado em uma propriedade rural em Florianópolis/SC. O leito era
preenchido com meio suporte composto por camadas de casca de arroz, areia, brita
e solo argiloso e cultivado com capim roxo (Echinochloa polystachya). A eficiência
obtida para remoção de NH
3
foi de 74%, para NO
3
- houve um acréscimo de 400%
no efluente de saída. Esse panorama foi atribuído ao alto nível de desenvolvimento
do vegetal, que passou a contribuir pouco na assimilação do nitrato.
Olijnyc (2008) avaliou os processos de nitrificação e desnitrificação em leitos
cultivados com Typha sp., os resultados obtidos foram de 33% na remoção de
amônia e para nitrato 59%, números que muito se aproximaram dos obtidos neste
estudo, isso ocorreu devido à semelhança de ambos no grau de desenvolvimento da
espécie vegetal.
Mazzola (2003) obteve em seus estudos resultados baixos para a remoção de
amônia e nitrato, ele comparou a eficiência entre leitos plantados com Typha sp. e
Eleocharis sp., no primeiro caso a eficiência do leito foi de 15% para amônia e 8,06%
para nitrato, já para a segunda macrófita os resultados foram de 10% e 11,11% para
amônia e nitrato, respectivamente.
62
6.4.3. – Fósforo total
A figura 17 mostra a variação de fósforo durante o período estudado:
Figura 17: Valores de Ptotal e eficiência amostrada durante período de estudo.
O valor médio de fósforo na entrada do sistema foi de 13,86 mg/L, com um
máximo de 30 e mínimo de 5 mg/L, após sua passagem pelo leito cultivado o valor
médio foi de 9,93 mg/L, tendo como valores máximo e mínimo 15 e 5 mg/L,
respectivamente. Sendo assim, pode-se afirmar que sua eficiência média foi de
20,27%, no entanto em dois momentos (16/abril e 27/maio/2010) a eficiência foi
negativa.
Na literatura, os valores de eficiência encontrados são dos mais variados,
Urbanc-Bercic et al. (1995), analisou um leito vegetado com Phragmites australis,
que servia como pós tratamento para um tanque séptico obteve uma eficiência de
97,1% na remoção de fósforo.
Campos et al. (2002) avaliaram o uso de sistemas naturais de leitos
cultivados, em escala piloto, como tratamento do chorume gerado no Aterro
Sanitário de Piraí (RJ). Os leitos foram cultivados com Typha sp. e uma gramínea da
63
região. Em ambos os casos os resultados de remoção foram excelentes (95%, para
Typha sp. e gramínea de aproximadamente 88%).
Philippi et al. (1998) avaliaram um sistema composto por um tanque séptico
associado a um leito cultivado com Zizanopsis bonariensis, os estudos foram
desenvolvidos no Centro de Treinamento da EPAGRI em Agronômica/SC, tinha
como objetivo tratar suas águas residuárias (origem doméstica e agroindustrial). A
eficiência média demonstrada ao longo do trabalho foi de 13%.
Toniato (2005), em seu estudo intitulado “Avaliação de um leito cultivado no
tratamento de efluentes sépticos estudo de caso Ilha Grande, Rio de Janeiro,
Brasil” teve como resultado 17% na remoção de fósforo.
Em todos os casos citados, é atribuído ao índice de eficiência o tempo de
utilização do meio filtrante.
Ceballos (2000) afirmou que sistemas de leitos cultivados normalmente não
apresentam altos índices de remoção desse nutriente, pois em geral os valores de
entrada ultrapassam muito sua capacidade retentora.
A assimilação pelas plantas é uma das formas de remoção, mas mostra-se
insuficiente se comparado com a concentração presente no afluente. Outro
mecanismo importante, mas também com eficiência temporária, é a precipitação /
troca iônica / sorção por alguns minerais associados ao meio, seu tempo de
eficiência é variável de acordo com a origem do material granular (brita, cascalho e
tipos de solos), mas seus efeitos sempre mostram um curto prazo (DRIZO, 1997 e
MERZ, 2000).
Essa tendência a perda de capacidade é muito bem demonstrada no trabalho
de Souza et al. (2002) que avaliou o leito cultivado por 36 meses e os resultados
64
mostraram uma diminuição quando comparado 1º, 2º e anos de operação (82, 22
e 13%, respectivamente.
No caso do leito cultivado do presente estudo pode-se dizer que a capacidade
retentora da brita encontra-se prejudicada, pois a mesma já está em utilização desde
2004.
6.4.4. – Demandas Bioquímica e Química de Oxigênio
Os resultados obtidos para DBO e DQO no sistema estudado são
apresentados nas Figuras 18 e 19.
Figura 18: Valores de DBO e eficiência amostrada durante período de estudo.
Figura 19: Valores de DQO e eficiência amostrada durante período de estudo.
65
A maioria dos estudos que envolvem sistemas de leitos cultivados tem como
resultado valores elevados na remoção da DBO e DQO, não foi essa a tendência
demonstrada no estudo em questão, a eficiência média ficou em 45,99% para a
demanda bioquímica e 29,72% para demanda química de oxigênio.
Costa (2004) comparou as diferenças entre Pennisetum purpureum e
Phragmites australis na remoção de partâmetros físico-quimicos. Seus resultados
para DBO foram de 99,0% para a primeira espécie e 98,30% para a segunda, os
valores de DQO também foram elevados, sendo de 88,80 e 91,80% para as
respectivas espécies.
Toniato (2005) verificou a eficiência de um leito cultivado utilizado no s-
tratamento de um tanque séptico resultados de 86% para a DBO e para a DQO 87%.
Queiroz (2001) mediu a eficiência de um leito cultivado alocado no s-tratamento
teve como resultado 86% na remoção da DBO, para DQO o valor foi de 51%. Duarte
(2007) voltou a ter valores significativos nos dois parâmetros, amostrando valores
médios na eficiência de DBO e DQO em 84,36 e 84,21%.
Em todos os casos citados, a qualidade no desenvolvimento das macrófitas
era elevada, fato que o pode ser compartilhado com este estudo e isso pode ter
influenciado os resultados obtidos, se dividirmos e compararmos a eficiência do leito
antes e depois de 15/abril/2010 (data do plantio executado no leito) é possível notar
um pequeno aumento nos resultados do s-plantio, a Tabela 4 mostra os períodos
e suas respectivas eficiências.
Tabela 4: Eficiência para DBO e DQO antes e depois do plantio
Parâmetro
P
-
plantio
(%)
P
ós
-
plantio
(%)
G
lobal (%)
DBO 15,76 66,15 45,99
DQO 21,59 36,50 29,72
66
A DBO parece ter sido rapidamente influenciado pela manutenção pois logo
depois do plantio das novas mudas nota-se um decaimento nos seus valores (figura
17), a intensidade de melhora também foi expressiva (quadruplicou), mostrando que
o aumento na oferta de O
2
disponível no leito cultivado e a atividade microbiana nas
zonas adjacentes às raízes influenciou positivamente a sua redução, a DQO também
apresentou uma melhora no período pós-plantio, mas de forma menos intensa, e
como Toniatto (2005) afirma que sua remoção é principalmente obtida através de
meios de retenção físicos, sem depender fortemente do fornecimento de O
2,
não era
de se esperar que o replantio das mudas interferisse significativamente nesse
parâmetro.
6.5. – Coliformes termotolerante.
A figura 20 mostra os valores de Coliformes termotolerante amostrados em
todo o período de estudo.
Figura 20: Valores de Coliformes termotolerante e eficiência amostrada durante
período de estudo.
Para o parâmetro em questão, foram amostrados resultados de eficiência
variados, ocorrendo desde valores negativos (-6,63%) até outros mais elevados
(77,50%). De forma global o valor médio da eficiência ficou em 45,99%.
67
Roston (1994) desenvolveu um sistema para tratar a água residuária de duas
casas de fazendas localizadas no Colorado/Estados Unidos. Seu trabalho testou um
leito cultivado com Typha sp. e substrato de brita, seus resultados mostraram uma
eficiência média na remoção de coliformes termotolerante de 94%.
Valentin (1999) comparou dois leitos de fluxo subsuperficial com diferentes
formatos (quadrado e retangular), a espécie utilizada foi Eleocharis sp. e os
resultados obtidos mostraram uma mínima variação entre os formatos
(quadrado=96% e retangular=97%), sendo que ambos foram eficientes.
Borges et al. (2002) estudaram e avaliaram a eficiência do sistema de leito
cultivado no tratamento de águas do rio Corumbataí, que é altamente contaminada
por esgotos domésticos e resíduos industriais, e observaram que a eficiência média
na remoção de coliformes foi de 95% e o TRH testado foi de 10 dias.
Meira (2004) utilizou diferentes tipos de substratos e plantas para tratar águas
de um rio urbano poluído, foram testados TRH´s de 5 e 10 dias. Para a macrófita
Typha sp. com substrato de brita os valores de eficiência obtidos foram de 98,06% e
99,97 em tempos de retenção hidráulica de 5 e 10 dias, respectivamente.
Toniatto (2005) afirmou que a remoção de patógenos em áreas alagadas
parece estar relacionada com a remoção de sólidos suspensos e o tempo de
retenção hidráulica (TRH), seu estudo resultou em alta eficiência na remoção de
Coliformes termotolerante (99,86%)
Os microrganismos patogênicos presentes nas águas residuárias são
eliminados através de significativo decaimento natural e das condições ambientais
desfavoráveis a que são expostos nos leitos cultivados (temperatura, pH e
68
substâncias químicas desfavoráveis), através de adsorção e filtração pelo meio
suporte e sedimentação (REED, 1988; KADLEC e KNIGHT, 1996).
Os sistemas de leitos cultivados destacam-se pela adequação de fatores
físicos, químicos e biológicos que atuam na remoção de organismos patogênicos.
Os fatores físicos abrangem a filtração, exposição aos raios ultravioletas,
temperatura e sedimentação. Os fatores químicos abrangem oxidação, pH,
exposição aos biocidas excretados pelas raízes de algumas plantas e adsorção. Os
biológicos compreendem predação, competição, ataque por bactérias e vírus, além
de morte natural (SEZERINO et al. 2004).
Os resultados inferiores aos citados na literatura parecem ser influenciados
por um dos fatores descritos por Toniato, pois o tempo de retenção hidráulica (TRH)
é baixo se comparado a outros estudos (1,15 dias), a baixa densidade radicular, que
é fundamental para o desenvolvimento de colônias de microorganismos nas regiões
adjacentes ao sistema radicular.
6.6. – Comparativo da eficiência entre os períodos pré e pós-plantio.
Os resultados amostrados em todos os parâmetros utilizados neste estudo
podem subdividir-se em dois períodos, o primeiro compreende as coletas feitas entre
17 de março de 2010 e 14 de abril de 2010 e o segundo, abrange coletas entre 16
de abril de 2010 e 27de maio de 2010. Essa segregação é feita em virtude de um
processo de intervenção que foi executado no leito em 15 de abril de2010, nesse
processo foi removido todo material vegetal em decomposição que estava sobre o
leito e foi feito um plantio de 15 mudas da espécie vegetal Typha sp., a tabela 5
69
mostra as diferentes taxas de eficiência alcançada pelo leito em cada um dos
períodos.
Tabela 5: Eficiência do leito cultivado
Parâmetro
Eficiência pré
-
plantio (%)
Eficiência pós
-
plantio (%)
Eficiência
global
(%)
Temperatura
2,5 5,25 4,27
Turbidez 47,84 78,17 63,0
pH 2,45 5,83 4,27
NH
3
2,18 37,95 21,69
NO
3
- 12,62 53,18 31,05
Fósforo total 13,93 25,56 20,27
DBO 15,76 66,15 45,99
DQO 21,59 36,50 29,72
Col. Termo 29,68 60,72 44,01
Pode-se notar um aumento nos valores da eficiência em todos os parâmetros
analisados, isso indica uma influência positiva da vegetação
70
7. Conclusões
O leito cultivado mostrou baixo índice de regeneração vegetal, no entanto
uma pequena manutenção englobando a retirada da matéria vegetal morta e o
replantio de novas mudas mudou este panorama, no qual o desenvolvimento do
vegetal foi notório.
Houve decréscimo da temperatura na passagem do efluente pelo leito em
todas as amostras, o que demonstra a influência do meio externo.
A eficiência do leito na diminuição da turbidez aumentou no decorrer dos
estudos, isso mostra a importância do nível de desenvolvimento microbiano para
controle desse parâmetro.
O pH do esgoto afluente mostrou-se com uma tendência alcalina, que foi
corrigida para faixas mais neutras pelo sistema, isso mostra uma característica
tampão do mesmo.
A quantidade média de nitrato encontrado no esgoto de entrada (160,50
mg/L) indica alto grau de oxidação do efluente, isso deve ocorrer em virtude da baixa
vazão gerada pelo prédio, ocasionando um TRH elevado pelas etapas anteriores do
sistema.
O processo de plantio mostrou-se fundamental para melhoria na eficiência
média do leito para amônia e nitrato, pois antes de tal ação seus valores eram de
2,18% e 12,62% e depois passaram a 37,95% e 53,18%, respectivamente.
Para fósforo o leito cultivado também apresentou aumento na eficiência nos
períodos pré e pós-plantio (13,93% e 25,56% respectivamente), todavia esse perfil
foi temporário e algumas semanas depois os resultados voltaram a ser diminuídos,
sendo em alguns momentos negativos.
71
Para DQO e DBO novamente o processo de replantio de mudas interferiu nos
resultados que eram inicialmente de 21,59% e 15,76% e passaram para 36,50% e
66,15% para os respectivos parâmetros, os resultados mostram também a
importância do aumento de O
2
para redução da DBO, pois sua eficiência foi
aumentada em mais de 300%.
Os resultados amostrados para coliformes termotolerante ficaram abaixo dos
reportados pela literatura, isso provavelmente ocorreu devido ao reduzido TRH (1,27
dias) e pela baixa densidade radicular do leito.
Houve melhora em todos os parâmetros adotados neste estudo após o
processo de plantio executado no leito cultivado, isso demonstra a importância da
macrófita na melhoria dos resultados.
72
8. Referências Bibliográficas
ABU QDAIS, H.A. ; HAMODA, M.F. Enhancement of carbon and nitrogen
transformations during composting of municipal solid waste. Journal of
Environmental Science and Health Part A--Toxic/Hazardous Substance e
Environmental Engineering, v. 39, n. 2, p. 409-420, 2004.
ANDRADE NETO, C.O. Sistemas Simples para Tratamento de Esgotos
Sanitários – Experiência Brasileira. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária, 301p, 1997.
ANDRADE NETO, C.O.; CAMPOS, J.R. Tratamento de esgoto sanitário por
processo anaeróbio e disposição controlada no solo. Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária, p.1-28, 1999.
APHA. AWWA. WPCF.Standard methods for the examination of water and
wastewater. 15 ed. Washington, D.C.: American Public Health Association.
American Water Works Association, Water Pollution Control Federation, 1134p,
1995.
ASANO, T.; Wastewater Reclamation and Reuse, Water Quality Management
Library, Technomic Publishing Co., Inc., Lancaster, PA v.10, 1998.
BASTIAN, R. K.; HAMMER, D. A. The use of constructed wetlands for
wastewater treatment and recycling. In: Moshiri,G.A. – Constructed wetlands for
water quality improvement. Pensacola, Florida. 3-8, 632p. 1993.
ASANO, T.; MAEDA, M.; TAKAKI, M. Wastewater reclamation and reuse in
Japan: overview and implementation examples. Water Science. Technology, v.
34, n. 11, p. 219–26, 1996.
ASANO, T. et al. Water reuse, issues, technologies, and applications. 1.Ed. New
York: McGraw Hill, 1570p, 2007.
ASLAM, S., CAKICI, H. Biological denitrification of drinking water in a slow sand
filter. Journal of Hazardous Materials, v.148, p.253-58, 2007.
BOLLER, M., TSCHUI, M., GUJER, W., “Effects of transient nutrient
concentrations in tertiary biofilm reactors”, Water Science and Tecnology, v.36,
n.1, p. 101-109, 1997.
73
BOLTON, R.L.; KLEIN, L. ; "Sewage Treatment, Basic Principles and Trends",
Ann Arbor Science, Michigan, EUA, 1973.
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água.
Brasília: Funasa, 2006.
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Política Nacional de Recursos
Hídricos: Legislação. Brasília, 54 p., 2001.
BREGA FILHO, D.; MANCUSO, P.C.S. Conceito de Reuso de Água. In: Reuso de
Água. São Paulo: ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental, 2002.
BREGA FILHO, D.; MANCUSO, P.C.S. Conceito de reúso de água. In:
MANCUSO, P.C.S.; SANTOS, H.F. Reúso de água. São Paulo: Universidade de
São Paulo/Faculdade de Saúde Pública: Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental, cap. 2, p. 21-36, 2001.
BUSATO, R. Desempenho de um filtro anaeróbio de fluxo ascendente como
tratamento de efluente de reator UASB: estudo de caso da ETE Imbituva.
Curitiba, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, 237 p., 2004.
CAMARGO, S.A.R.; NOUR, E.A.A. Tratamento de esgoto sanitário por filtro
anaeróbio utilizando o bambu como meio suporte: partida do sistema. In: IX
SIMPOSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL,
Porto Seguro, BA, Brasil. Anais eletrônicos, 2000.
CEBALLOS, B.S.O.; MEIRA, C.M.B.S.; SOUSA, J.T.; OLIVEIRA, H.; GUIMARÃES,
A.O.; KONIG, A. Desempenho de um leito cultivado na melhoria da qualidade de
um córrego poluído destinado à irrigação. In: Congresso Interamericano de
Ingenieria Sanitaria y Ambiental, 27., 2000, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre:
ABES, 2000. CD Rom.
CHAGAS, W.F. Estudo de patógenos e metais em lodo digerido bruto e
higienizado para fins agrícolas, das estações de tratamento de esgotos da ilha
do governador e da Penha no estado do Rio de Janeiro. [Mestrado] Fundação
Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 89 p. 2000.
CHERNICHARO, C. A L. Pós tratamento de efluentes de reatores anaeróbios.
Segrac: Belo Horizonte. p. 171 – 200, 2001.
74
CHIANG, C. F.; DAGUE, R. R. Effects of reactor configuration and biomans
activity on performance of upflow static media anaerobic reactors. Water
Environment Research, v. 64, n.2, p. 12-19. 1992.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº. 20 de 18 de junho de
1986. Classificação de corpos d‘água. Relator: Deni L. Schwartz. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, 23 jan. 1990.
COURACCI FILHO, B.; CHERNICHARO, C.A.L.; ANDRADE NETO, C.O.; NOUR,
E.A. Bases conceituais da disposição controlada de águas residuárias no solo.
In: Campos, J.R. (ed.) Tratamento de esgotos sanitários por processo anaeróbio e
disposição controlada no solo. Rio de Janeiro: ABES/PROSAB, 1999. 435p.
CROOK, J.; SARAMPALLI, R.Y.; Water Reclamation and Reuse Criteria in the
US, Water Science Technology. v.33, n.10, p. 451- 62, 1996.
CROOK, James. Critérios de qualidade da água para reuso. Revista DAE
Departamento de Águas e Esgotos SABESP, São Paulo, v. 53, n. 174, p. 10-18.
1993.
DHODAPKAR, R.S.; Pophali, G.R.; Nandy, T.; Devotta, T. Exploitation results of
seven RO plants for recovery and reuse. Desalinition. v.217, 291-300. 2007.
DRIVER, C.H. et al. Assessement of effectiveness and effects of land disposal
methodologies of water management. Washington: Department of the Army Corps
of Engineers, 1972.
DRIZO, A.; FROST, C. A.; SMITH, K. A.; GRACE, J., Phosphate and ammonium
removal by constructed wetlands with horizontal subsurface flow, using shale
as a substrate. Water Science and Technology, 35, (5), 95–102, 1997.
FINK, D.R.; SANTOS, H.F. A legislação de reúso de água. In: MANCUSSO,
P.C.S.; SANTOS, H.F. Reúso de água. São Paulo: Manole, p. 261–290. 2003.
GREENWAY, M.; WOOLLEY, A. Constructed wetlands in Queensland:
Performance efficiency and nutrient bioaccumulation. Ecological Engineering,
12, 39- 55, 1999.
HAANDEL, A.V.; LETTINGA, G. Tratamento anaeróbio de esgotos - um manual
para regiões de clima quente. Campina Grande: Guerreiro e Catunda, 199 p. 1994.
75
HEGEMANN, W. “Natural wastewater treatment systems in Germany -
Constructed wetlands and lagoons”, Anais: Seminário Internacional Tendências
no Tratamento Simplificado de Águas Residuárias Domésticas e Industriais, Belo
Horizonte, p.81-105, 1996.
HESPANHOL, I., 2001. Potencial de Reuso de Água no Brasil - Agricultura, Industria,
Municípios, Recarga De Aqüíferos. III Encuentro de las Águas, 26 october 2001,
December 2002 <http://www.aguabolivia.org/situacionaguaX/
IIIEncAguas/contenido/trabajos_verde/TC-158.htm> . 2002
HUSSEIN, S.; Aziz, H.A.; Isa, M. H.; Adlan, N.; Asaari, F.A.H., Phisico-chemical
method for ammonia removal from synthetic wastewater using limestone and GAC in
batch and column studies. Bioresource Technology, v. 98, p. 874-880. 2006.
INTERNATIONAL WATER ASSOCIATION - Constructed Wetlands for Pollution
Control – Processes, Performance, Design and Operation. Scientific and
Technical Report Nº 8. IWA Specialist Group on Use of Macrophytes in Water
Pollution Control. IWA Publishing, 2000.
JORDÃO, E.P.; PESSOA, C.A. Tratamento de esgotos domésticos. Rio de
Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1995.
KADLEC, R.H.; KNIGHT R. L. Treatment Wetlands. Boca Raton, Florida: Lewis
Publishers,1996.
MANCUSO, P.C.S.; SANTOS, H.F. Reúso de água. São Paulo: Universidade de
São Paulo/Faculdade de Saúde Pública: Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental. cap. 3, p. 37-95. 2003.
MANIOS, T., STENTIFORD, E. I., MILLNER, P. The removal of Chemical Oxygen
Demand from primary–treated domestic wastewater in subsurface–flow reed
beds using different substrates. Water Environment Research, 75 (4), 336 – 341,
2003.
MANNARINO, C. F. Uso de Wetland Sub-Superficial no Tratamento de Efluente
de Estação de Tratamento de Chorume Por Lodos Ativados. Dissertação de
Mestrado: Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental – UERJ, Rio de
Janeiro, 91 p. 2003.
MARQUES, D. L. L. M., Controle de metais e elevação de pH por banhado
(wetlands) construídos sem fonte externa de matéria orgânica. Anais do 19º
Congresso Brasileiro de Engenharia sanitária e ambiental, Foz do Iguaçu, Pr, 1997.
76
MENDONÇA, P.A.O. Reuso de Águas em Edificações Públicas - O Caso da
Escola Politécnica da UFBA. Dissertação, Mestrado Profissionalizante em Gestão
Ambiental, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Ba, 171p, 2004.
MATOS, A.T. Tratamento e destinação final de resíduos gerados no
beneficiamento de frutos do cafeeiro. In: ZAMBOLIM, L. (ed.). Produção integrada
de café. Viçosa: UFV; DFP, p.647-708, 2003.
MEDEIROS, G.M.S. Utilização de leitos cultivados com Typha sp para
tratamento de efluente domiciliar. Trabalho de Conclusão de Curso, Apresentado
à Universidade de Taubaté, 72 p. 2009.
MERZ, S. K. Guidelines for Using Free Water Surface Constructed Wetlands to
Treat Municipal Sewage. Department of Natural Resources, Queensland, Australy,
2000.
METCALF e EDDY. Wastewater engineering: treatment, disposal and reuse. 3
ed., Metcalf e Eddy Inc. 1334 p. 1991
MILLER, G.W. Integrated Concepts in Water Reuse: Managing Global Water Needs.
Desalination, v.187, n.1, p.65–75. 2006.
MITSCH, W. J.; HORNE, A. J.; NAIRN, R. W. Nitrogen and phosphorus retention
in wetlands – ecological approaches to solving excess nutrient problems.
Ecological Engineering, 14, p. 1 – 7, 2000.
MORELLI, E.B. Reúso de água na lavagem de veículos. Dissertação de Mestrado,
apresentada à Escola Politécnica da USP, 92 p., 2005.
NUNES, M.M.C. Estudo do processo de desnitrificação em filtros biológicos de
fluxo ascendente. Dissertação de Mestrado, apresentada ao Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, 138p., 1998.
OENNING JUNIOR, A.; PAWLOWSKY, U. Avaliação de tecnologias avançadas para
o reúso de água em indústria metal-mecânica. Engenharia Sanitária Ambiental,
Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p.31-8. 2007.
77
OLIJNYK, D. P. Avaliação da nitrificação e desnitrificação de esgoto doméstico
empregando filtros plantados com macrófitas (wetlands) de fluxos vertical e
horizontal – sistemas híbridos. Florianópolis, Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Santa Catarina, 112f, 2008
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Fascículo água: A desinfecção da
água. Brasília: OPAS, 1999.
PAGANINI, W.S. Disposição de esgotos no solo: escoamento à superfície. São
Paulo: Fundo Editorial da AESABESP, 1997.
PATERNIANI, J. E. S.; ROSTON. D. M. Tecnologias para tratamento e reuso da
água no meio rural. In: HAMADA, E. (Ed.) Água, agricultura e meio ambiente no
Estado de São Paulo: avanços e desafios. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente,
2003.
PHILIPPI Junior, A. Introdução ao Reuso de águas. In: MANCUSO, P.C.S.; dos
SANTOS, H.F. Reuso de águas. São Paulo: Manole. p.6, 2003.
POSTEL, S. In: MANCUSO, P. C.S.; SANTOS, H.F. A escassez e o
reuso de água em âmbito mundial . São Paulo: Manole, 12 p. 2003.
PRIDE, R. E.; NOHRSTEDT, J. S.; BENEFIELD, L. D. Utilization of created
wetlands to upgrade small municipal wastewater treatment systems. Water, Air,
and Soil Pollution, 50, 371 – 385, 1990.
REED, S, C.; CRITES, R. W.; MIDDLEBROOKS, E. J. Natural systems for
management and treatment. New York: McGraw-Hill, Inc. 435p. 1995.
SAHA N.K.; Balakrishnan M.; Batra V.S. Improving industrial water use: case study
for an Indian distillery, Resource, Conservation e Recycling, v.43, p.163-174. 2005
SALATI, E. Método fitopedológico de despoluição de águas.o Paulo:
Fundação Salim Farah Maluf, 37p. 1984.
SEZERINO, P. H. “Wetlands como polimento de efluentes de lagoas de estabilização
de dejetos de suínos – início de operação”. Proceedings: VI Simpósio Ítalo
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, ABES, Vitória-ES/Brasil, 1 a 5 de
set. de 2002.
78
SOLANO, M.L.; SORIANO, P.; CIRIA, M.P. Constructed wetlands as a
sustainable solution for wastewater treatment in small villages. Biosystems
Engineerig, 87, (1), 109-118, 2004.
STACKELBERG, P.E.; GIBS J.; FURLONG E.T.; MEYER M.T.; ZAUGG S.D;
LIPPINCOTT R.L. Efficiency of conventional drinking-water-treatment
processes in removal of pharmaceuticals and other organic compounds.
Science Total Environment, v.377, p.255-272, 2007.
TAYLOR, J. The estimation of numbers of bacteria tenfold dilution series. J.
appl. Bact., v.25, p.54, 1962.
THAME, A.C.M. Água : A eminência da escassez. São Paulo : Secretaria de
Recursos Hídricos, Saneamento e Obras do Estado de São Paulo, 12 p. 2001.
TANNER, C. C.; KADLEC, R. H.; GIBBS, M. M.; SUKIAS, J. P.S.; NGUYEN, M. L.
Nitrogen processing gradients in subsurface-flow treatment wetlands -
influence of wastewater characteristics. Ecologial Engineering, 18, 499 – 520,
2002.
TONETTI, Adriano Luiz et al. Organic matter and total coliform removal and
nitrification in the treatment of domestic wastewater by sand filter. Engenharia
Sanitária e Ambiental [online]. v. 10, n. 3, p. 209-218. ISSN 1413-4152. 2005.
TONIATO, J. V. Avaliação de um Wetland construído no tratamento de
efluentes sépticos: estudo de caso Ilha Grande, Rio de Janeiro, Brasil. Rio de
Janeiro, 2005
TRIPHATI, B. D. e UPADHYAY, A. R. Dairy effluent polishing by aquatic
macrophytes. Water, Air, and Soil Pollution, 143, p. 377 – 385, 2003.
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, USEPA. Manual:
Constructed wetlands treatment of municipal wastewater. Cincinnati, Ohio:
Usepa, Office of Research and Development, 2000. (EPA/625/R-99/010). Disponível
em: http://www.epa.gov/owow/wetlands/pdf/Design_Manual2000.pdf. Acesso em:
27/08/2009
VALENTIN, M. A. A. Uso de leitos cultivados no tratamento de efluente de
tanque séptico modificado, Campinas: FEAGRI, UNICAMP, 1998, Dissertação
(Mestrado) - Faculdade de Engenharia Agrícola – Universidade Estadual de
Campinas, 113 p. 1999.
79
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. DESA - Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. Belo
Horizonte - Universidade Federal de Minas Gerais, v. 1(3), p.92-99. 2005.
WOLVERTON, B. C. Aquatic plant / microbial filters for treating septic tank
effluent, Chattanooga, International Conference on Constructed Wetlands for
Wastewater Treatment,p. 173-177, 1988.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Reuse of effluents: methods of
wastewater treatment and health safeguards. Of a WHO meeting of experts.
Technical report series Nº 517.Genebra, 1973.
YANG H, ZEHNDER A. "China's regional water scarcity and implications for grain
supply and trade" Environment and Planning. v. 33, n.1, p.79 – 95, 2001.
ZANELLA, L. Plantas ornamentais no pós-tratamento de efluentes sanitários:
Wetlands-construídos utilizando brita e bambu como suporte. Campinas:
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo ,Universidade Estadual de
Campinas, 2008.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo