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INPE-16718-TDI/1656
SENSIBILIDADE DA PRECIPITA¸C
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AO SIMULADA NA
REGI
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AO DO CENTRO DE LAN ¸CAMENTO DE
ALC
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ANTARA A ESQUEMAS DE CONVEC ¸C
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AO
EXPL
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ICITA: ESTUDOS DE CASO
Jos´e H´elio Abreu Nogueira
Disserta¸ao de Mestrado do Curso de os-Gradua¸ao em Meteorologia, orientada
pelo Dr. Marcos Daisuke Oyama, aprovada em 05 de maio de 2010.
URL do documento original:
<http://urlib.net/8JMKD3MGP8W/37AUJDB>
INPE
ao Jos´e dos Campos
2010
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SENSIBILIDADE DA PRECIPITA¸C
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AO SIMULADA NA
REGI
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AO DO CENTRO DE LAN ¸CAMENTO DE
ALC
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ANTARA A ESQUEMAS DE CONVEC ¸C
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ICITA: ESTUDOS DE CASO
Jos´e H´elio Abreu Nogueira
Disserta¸ao de Mestrado do Curso de os-Gradua¸ao em Meteorologia, orientada
pelo Dr. Marcos Daisuke Oyama, aprovada em 05 de maio de 2010.
URL do documento original:
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INPE
ao Jos´e dos Campos
2010
Dados Internacionais de Cataloga¸ao na Publica¸ao (CIP)
Nogueira, Jos´e H´elio Abreu.
N689s
Sensibilidade da precipita¸ao simulada na regi˜ao do Centro de
Lan¸camento de Alcˆantara a esquemas de convec¸ao expl´ıcita: estu-
dos de caso / Jos´e elio Abreu Nogueira. ao Jos´e dos Campos :
INPE, 2010.
154 p. ; (INPE-16718-TDI/1656)
Disserta¸ao (Mestrado em Meteorologia) Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais, ao Jos´e dos Campos, 2010.
Orientador : Dr. Marcos Daisuke Oyama.
1. Precipita¸ao. 2. Centro de Lan¸camento de Alcˆantara. 3. Es-
quemas de convec¸ao. 4. Instituto de Controle do Espa¸co A´ereo
(ICEA). 5. Modelo regional MM5. I.T´ıtulo.
CDU 551.509.313.4
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of any material supplied specifically for the purpose of being entered and executed on a computer
system, for exclusive use of the reader of the work.
ii
À minha esposa Rita
e nossos filhos Maria Rita, João Pedro,
João Lucas e João Miguel,
pelos momentos que deixamos de passar juntos
para que este trabalho pudesse ser realizado.
AGRADECIMENTOS
A Deus Pai, por ter permitido tudo que aconteceu em minha vida.
A minha família, pelas inúmeras vezes que me apoiaram e inspiraram nos momentos de
cansaço e desânimo.
A meus pais Hélio e Maria Aparecida, pelo exemplo de amor, caráter e simplicidade
que me nortearam por toda a minha vida.
Ao meu orientador Dr. Marcos Daisuke Oyama, pelo extraordinário conhecimento e
incansável paciência que foram fundamentais para que os objetivos fossem alcançados.
Ao Dr. Cléber Souza Corrêa, pela atenção e companheirismo que demonstrou em todas
as oportunidades em que estivemos juntos durante a realização deste trabalho.
Ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), ao Instituo de Controle do
Espaço Aéreo (ICEA) e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por terem
viabilizado esta oportunidade ímpar em minha vida.
A todos os companheiros de curso, professores e funcionários do INPE, pelo convívio
harmonioso que tivemos durante este período.
A todos os companheiros do Grupo de Pesquisa e aos servidores da Divisão de Ciências
Atmosféricas do IAE, pelos momentos agradáveis e pelo apoio prestado durante a
realização desta pesquisa.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram neste trabalho e não foram citados.
E a todos os amigos e familiares, que direta ou indiretamente contribuíram para que este
trabalho fosse realizado.
RESUMO
Eventos de precipitação ocorridos na região do Centro de Lançamento de Alcântara
(CLA) foram simulados com o modelo regional MM5 em grades aninhadas para avaliar
a sensibilidade da precipitação simulada a 1) uso de diferentes esquemas de convecção
explícita e 2) retirada do esquema de convecção implícita nas grades de maior resolução
horizontal. O trabalho consistiu em duas partes. Na parte I, foram utilizadas três grades
aninhadas centradas sobre o CLA (27, 9 e 3 km de espaçamento). Inicialmente,
diferentes esquemas de convecção explícita foram utilizados juntamente com esquema
de convecção implícita nas três grades (aproximação híbrida) para simular quatro
eventos de precipitação. Apesar de todos os esquemas levarem a erros expressivos, o
Simple Ice apresentou melhores resultados. Então, os mesmos eventos foram simulados
empregando somente o Simple Ice nas grades de 3 e/ou 9 km de espaçamento. A
representação da precipitação na grade de 3 km apresentou melhorias expressivas
quando se empregou somente o esquema de convecção explícita nas grades de 9 e 3 km.
Na parte II, simulações para o período de 1 mês (março de 2009) foram realizadas com
uma versão operacional do MM5 instalada no Instituto de Controle do Espaço Aéreo
(ICEA). Grades aninhadas com espaçamento de 36 e 12 km, centrado no Nordeste do
Brasil, foram utilizadas. Na grade de 12 km, o uso tanto de aproximação híbrida
(ICEA1) quanto de somente esquema de convecção explícita (Simple Ice; ICEA2),
levaram a uma boa representação da variabilidade interdiária da precipitação, embora
tenham superestimado o total de precipitação no período. ICEA2 produziu núcleos de
elevada intensidade de precipitação, enquanto ICEA1 gerou áreas de chuva mais
espalhadas e com intensidade menor. Apesar de constatada sensibilidade da precipitação
simulada ao uso de diferentes estratégias, os erros em relação às observações impediram
que se apontasse a superioridade de uma delas. Assim como observado em trabalhos
anteriores, persistem as dúvidas sobre a relação entre adequação do uso de aproximação
híbrida e resolução espacial dos domínios utilizados em simulações com modelos de
mesoescala, pois a utilização de somente esquemas explícitos nas grades de menor
espaçamento, no presente estudo, não garantiu melhorias expressivas das previsões de
precipitação.
SENSITIVITY OF THE SIMULATED PRECIPITATION OVER THE
ALCÂNTARA LAUNCH CENTER REGION TO EXPLICIT CONVECTION
SCHEMES: CASE STUDIES
ABSTRACT
Precipitation events over the Alcântara Launch Center (CLA, Brazil) were simulated
using the MM5 regional model in nested domains to assess the sensitivity of simulated
precipitation to 1) the use of different explicit convection schemes and 2) turning off the
implicit convection scheme in the domains with higher horizontal resolution. This work
is composed by two parts. In part I, three nested domains centered at CLA (27, 9 and 3
km grid spacing) were used. Initially, different explicit convection schemes were used
along with an implicit convection scheme for all domains (hybrid approach) to simulate
four precipitation events. Despite the marked errors found for all schemes, the Simple
Ice scheme showed better results. Then, the same events were simulated using only the
Simple Ice scheme in the 3 and/or 9 km grid spacing domains. The representation of
precipitation in the 3 km grid spacing domain showed significant improvement when
only explicit convection scheme was used in both 9 and 3 km grid spacing domains. In
part II, simulations for a 1-month period (March 2009) were performed with an
operational version of MM5 installed at the Institute of Air Space Control (ICEA,
Brazil). Two nested domains with grid spacing of 36 and 12 km, centered at Northeast
Brazil, were used. In the 12 km grid spacing domain, the use of either hybrid approach
(ICEA1) or only explicit scheme (Simple Ice; ICEA2) led to good representation of the
precipitation interdaily variability, even though the total monthly precipitation was
overestimated. ICEA2 (ICEA1) generated concentrated (broader) areas with high
(lower) precipitation intensity. Despite the sensitivity of the simulated precipitation to
the strategy used, the errors found in relation to the observations precluded the
possibility of choosing the best strategy. As noted in previous studies, the doubts on the
relationship between hybrid approach use adequacy and spatial resolution of the
domains used in simulations with mesoscale models do persist, because the use of
explicit schemes alone in higher resolution domains, in the present study, did not assure
significant improvements in precipitation forecasts.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................29
2 DADOS....................................................................................................................35
2.1 Dados de Satélite....................................................................................................35
2.2 Dados de Radiossondagens ....................................................................................35
2.3 Dados Meteorólogicos de Superfície ......................................................................36
2.4 Dados de Radar Meteorólogico ..............................................................................36
2.5 Dados de Reanálise do NCEP/NCAR.....................................................................37
2.6 Dados de análise do NCEP.....................................................................................37
2.7 Boletim Climanálise...............................................................................................37
2.8 Dados de precipitação estimada pelo satélite TRMM .............................................37
2.9 Dados de precipitação estimada pelo modelo Hidroestimador ...............................38
3 MODELO DE MESOESCALA MM5....................................................................39
3.1 Descrição geral ......................................................................................................39
3.2 Comparação entre os esquemas explícitos do MM5................................................41
4 SELEÇÃO E ESTUDOS OBSERVACIONAL DOS CASOS DE
PRECIPITAÇÃO.......................................................................................................47
4.1 Estudos de casos de precipitação sobre a região do CLA ........................................47
4.1.1 Eventos ocorridos no dia 18/07/08.......................................................................48
4.1.2 Eventos ocorridos no dia 30/07/08.......................................................................56
4.1.3 Eventos ocorridos no dia 12/03/09.......................................................................61
4.1.4 Eventos ocorridos no dia 26/03/09.......................................................................68
4.2 Síntese descritiva dos casos de precipitação sobre a região do CLA .......................76
5 DESENHO DAS SIMULAÇÕES ...........................................................................77
5.1 Simulações com o modelo instalado na ACA/IAE..................................................77
5.2 Simulações com o modelo instalado no ICEA ........................................................83
6 RESULTADOS .......................................................................................................87
6.1 Simulações realizadas com o modelo instalado na ACA/IAE .................................87
6.1.1 Análise das simulações do Grupo 1 .....................................................................87
6.1.2 Síntese dos resultados das simulações do Grupo 1.............................................104
6.1.3 Análise das simulações do Grupo 2 ...................................................................108
6.1.4 Síntese dos resultados das simulações do grupo 2..............................................126
6.2 Simulações realizadas com o modelo instalado no ICEA.....................................127
6.2.1 Precipitação observada na região do NEB durante março de 2009.....................127
6.2.2 Análise das simulações......................................................................................128
6.2.3 Síntese dos resultados das simulações realizadas no ICEA. ...............................136
7 CONCLUSÕES.....................................................................................................137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................141
APÊNDICE A - TESTES DE SENSIBILIDADE DE SIMULAÇÕES DE
PRECIPITAÇÃO À RESOLUÇÃO VERTICAL ..................................................149
1.1 Objetivo...............................................................................................................145
1.2 Metodologia.........................................................................................................146
1.3 Resultado das simulações.....................................................................................146
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1 - Área delimitada (aproximada, em vermelho) para obtenção da precipitação
média...............................................................................................................................48
Figura 4.2 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São
Luís (SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM) para o dia 18/07/08. Unidade de precipitação: mm/h......................................49
Figura 4.3 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as 12UTC
do dia 17/07/08 (a), 00UTC (b) e 06UTC (c) do dia 18/07/08. Fonte:
INPE/CPTEC/DSA. Os painéis “d”, “e” e f” referem-se a campos gerados a partir de
dados de análise, sendo: (d) direção do vento horizontal (VNT, m/s) e umidade
específica (Q, em g/kg) em 850 hPa para as 00UTC do dia 18; (e) perfil do fluxo de
umidade específica sobre o ponto de grade que contém o CLA para as 12UTC de
18/07/08 e (f) ômega (Pa/s) em 850 hPa para as 12UTC do dia 18/07/08......................51
Figura 4.4 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia 18/07/08.
Os campos referem-se aos seguintes horários: (a) 0245UTC, (b) 0330UTC, (c)
0445UTC e (d) 0615UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA...................................................52
Figura 4.5 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA
para o dia 18/07/08. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem:
(a) 0515, (b) 0603, (c) 0702, (d) 0904, (e) 1030 e (f) 1123. O maior círculo concêntrico
representa uma distância de 120 km................................................................................53
Figura 4.6 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA
para o dia 18/07/08. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem:
(a) 1633 e (b) 1720. O maior círculo concêntrico representa uma distância de 120
km....................................................................................................................................54
Figura 4.7 - (a) Recorte de imagem obtida pelo satélite NOAA-15 para as 1930UTC do
dia 18/07/08. (b) Recorte de imagem obtida pelo satélite NOAA-17 para as 0026UTC
do dia 19/07/08. Fonte: INPE/CPTEC/DSA. (c) Campo de precipitação (mm/h)
estimado pelo satélite TRMM para as 18UTC do dia 18/07/08. (d) Campo de
divergência do vento horizontal em 850 hPa (1/s) gerado a partir de dados de análise
para as 00UTC do dia 19/07/08.......................................................................................55
Figura 4.8 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São
Luís (SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM) para o dia 30/07/08. Unidade de precipitação: mm/h......................................56
Figura 4.9 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para às 00UTC
do dia 29/07/08 (a), 00UTC (b), 12UTC (c) e 1815UTC (d) do dia 30/07/08. Fonte:
INPE/CPTEC/DSA..........................................................................................................57
Figura 4.10 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia
30/07/08. Os campos referem-se aos seguintes horários: (a) 1715UTC, (b) 1830UTC,
(c) 1930UTC e (d) 2045UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA..............................................58
Figura 4.11 - Campos gerados a partir de dados de análise, sendo: perfil do fluxo de
umidade específica sobre o ponto de grade que contém o CLA para as 12UTC do dia 30
(“a”) e para as 00UTC do dia 31/07/08 (“b”); escoamento (VNT, m/s) e umidade
específica (Q, em g/kg) em 700 hPa para as 12UTC do dia 30/07/08 (c) e ômega (Pa/s)
em 700 hPa para as 00UTC do dia 31/07/08 (“d”)..........................................................59
Figura 4.12 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no
CLA para o dia 30/07/08. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta
ordem: (a) 1638 e (b) 1704, (c) 1833, (d) 1921, (e) 2037 e (f) 2116. O maior círculo
concêntrico representa uma distância de 120 km............................................................60
Figura 4.13 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São
Luís (SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM) para o dia 12/03/09. Unidade de precipitação: mm/h......................................61
Figura 4.14 - Análise sinótica ao nível de 250 hPa (a) e à superfície (b) para às 00Z do
dia 12/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/GPT.........................................................................62
Figura 4.15 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para às
18UTC do dia 11/03/09 (a), 0015UTC (b) e 12UTC (c) do dia 12/03/09. Fonte:
INPE/CPTEC/DSA. O painel “d” refere-se ao escoamento (VNT, m/s) e umidade
específica (Q, em g/kg) em 925hPa, para as 00UTC do dia 12/03/09, gerado a partir de
dados de análise...............................................................................................................63
Figura 4.16 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia
12/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários: (a) 0245UTC, (b) 05UTC, (c)
0730UTC e (d) 11UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.......................................................64
Figura 4.17 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no
CLA para o dia 12/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta
ordem: (a) 0203 e (b) 0241, (c) 0329, (d) 0531, (e) 0713 e (f) 0942, (g) 1113 e (h) 1315.
O maior círculo concêntrico representa uma distância de 120 km..................................65
Figura 4.18 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as
1815UTC do dia 11/03/09 (a) e 0015UTC do dia 12/03/09. Fonte:
INPE/CPTEC/DSA.........................................................................................................66
Figura 4.19 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia
12/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários: (a) 1615UTC, (b) 1915UTC,
(c) 2015UTC e (d) 2115UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.............................................66
Figura 4.20 - Campos de linhas de corrente em 200hPa, para as 18UTC do dia 12 (a) e
00UTC do dia 13/03/09 (b), gerados a partir de dados de reanálise. O retângulo
vermelho delimita área usada para estudo.......................................................................67
Figura 4.21 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no
CLA para o dia 12/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta
ordem: (a) 1615 e (b) 1715, (c) 1830, (d) 1915, (e) 1945 e (f) 2033. O maior círculo
concêntrico representa uma distância de 120 km............................................................67
Figura 4.22 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São
Luís (SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM) para o dia 26/03/09. Unidade de precipitação: mm/h......................................68
Figura 4.23 - Análise ao nível de 250 hPa (a) e à superfície (b) para às 00Z do dia
26/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/GPT. Campos de direção do vento horizontal (VNT,
m/s) e umidade específica (Q, em g/kg) em 925 hPa, para as 00UTC do dia 26/03/09 (c)
e 00UTC do dia 27/03/09 (d), gerados a partir de dados de análise................................69
Figura 4.24 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as
06UTC (a) e 18UTC do dia 26/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/DSA................................70
Figura 4.25 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as
00UTC (a) e 12UTC do dia 26/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/DSA................................71
Figura 4.26 - (a) Campo de divergência do vento horizontal (1/s) e (b) ômega (Pa/s) em
925hPa, para as 00UTC do dia 26/03/09, gerados a partir de dados de análise..............71
Figura 4.27 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia
12/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários: (a) 09UTC e (b) 1015UTC.
Fonte: INPE/CPTEC/DSA..............................................................................................72
Figura 4.28 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no
CLA para o dia 26/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta
ordem: (a) 0801 e (b) 0915, (c) 1015 e (d) 1113. O maior círculo concêntrico representa
uma distância de 120 km.................................................................................................72
Figura 4.29 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia
26/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários: (a) 15UTC, (b) 1630UTC, (c)
1815UTC e (d) 20UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.......................................................73
Figura 4.30 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no
CLA para o dia 26/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta
ordem: (a) 1315 e (b) 1403, (c) 1502, (d) 1617, (e) 1715 e (f) 1830. O maior círculo
concêntrico representa uma distância de 120 km............................................................74
Figura 5.1 - Domínio das grades de resolução horizontal 27 km (G1), 09 km (G2) e 3
km (G3)............................................................................................................................78
Figura 5.2 - Campos de topografia (a), fração de área vegetada (b), uso da terra (c) e
umidade do solo entre 10 e 40 cm para à 00 UTC do dia 26/03/2009 (d) para o
domínio 1.........................................................................................................................81
Figura 5.3 - Campos de topografia (a), fração de área vegetada (b), uso da terra (c) e
umidade do solo entre 10 e 40 cm para à 00 UTC do dia 26/03/2009 (d) para o
domínio 2.........................................................................................................................82
Figura 5.4 - Campos de topografia (a), fração de área vegetada (b), uso da terra (c) e
umidade do solo entre 10 e 40 cm para à 00 UTC do dia 26/03/2009 (d) para o
domínio 3........................................................................................................................83
Figura 5.5 - Domínio das grades de resolução horizontal 36 km (D1) e 12 km (D2) para
a região Nordeste utilizado pelo ICEA............................................................................86
Figura 6.1 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para o dia
18/07/08. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no CLA e em SLZ
e de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos domínios de 27, 9 e 3
km de resolução. Os gráficos “a”, “b”, “ce “d” referem-se, aos esquemas Warm Rain,
Simple Ice, Reisner e Schultz (SC), nesta ordem. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.......................................................................................................................88
Figura 6.2 - Campos de precipitação simulada (de d” a “p”, mm), precipitação
estimada pelo TRMM (“b”) e pelo HIDRO (“c”) e de TB (“a”, °C) para as 06 UTC de
18/07/08. Cada uma das colunas, a contar da esquerda, refere-se a campos (exceto
campos “a”, “b e “c”) cujos domínios o de 27, 9 e 3 km de espaçamento de grade,
respectivamente. Cada uma das linhas, a contar da segunda na descendente, refere-se a
um esquema explícito, conforme a seguinte ordem: Warm Rain, Simple Ice, Reisner 2 e
Schultz. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise..................................91
Figura 6.3 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para o dia
30/07/08. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no CLA e em SLZ
e de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos domínios de 27, 9 e 3
km. Os gráficos “a”, “b”, “c” e “d” referem-se, aos esquemas Warm Rain, Simple Ice,
Reisner e Schultz, nesta ordem. Precipitação (mm/h) em escala logarítmica.................92
Figura 6.4 - Campos de precipitação simulada (de “d” a p”, mm) e de precipitação
estimada pelo TRMM (de “a” a “c”) para as 06UTC (esquerda), 15UTC (centro) e
18UTC (direita) de 30/07/08. Cada uma das colunas, a contar da esquerda, refere-se a
campos (exceto campos “a”, “b” e “c”) cujos domínios são de 27, 9 e 3 km de
espaçamento de grade, respectivamente. Cada uma das linhas, a contar da segunda na
descendente, refere-se a um esquema explícito, conforme a seguinte ordem: Warm
Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz................................................................................95
Figura 6.5 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região
do CLA para o dia 12/03/09. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada
no CLA (REG), de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo
satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se aos valores dios simulados nos
domínios de 27, 9 e 3 km de resolução. Os gráficos “a”, “b”, c” e d” referem-se, aos
esquemas Warm Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz, nesta ordem. Precipitação (mm/h)
em escala logarítmica......................................................................................................96
Figura 6.6 - Campos de precipitação simulada (de “d” a “p”, mm), de precipitação
estimada pelo Hidroestimador (“a” e “b”) e de refletividade de radar (“c”) para as
02UTC (esquerda), 15UTC (centro) e 18UTC (direita) de 12/03/09. Cada uma das
colunas, a contar da esquerda, refere-se a campos (exceto campos a”, “b” e “c”) cujos
domínios são de 27, 9 e 3 km de espaçamento de grade, respectivamente. Cada uma das
linhas, a contar da segunda na descendente, refere-se a um esquema explícito, conforme
a seguinte ordem: Warm Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz. Os retângulos delimitam
as áreas utilizadas para análise........................................................................................99
Figura 6.7 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para o dia
26/03/09. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no CLA e em SLZ
e de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos domínios de 27, 9 e 3
km de resolução. Os gráficos “a”, “b”, “c” e “d” referem-se, aos esquemas Warm Rain,
Simple Ice, Reisner e Schultz, nesta ordem. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.....................................................................................................................100
Figura 6.8 - Campos de precipitação simulada (de “d” a “p”, mm), de precipitação
estimada pelo TRMM (“a”, b” e “c”) para as 00UTC de 27/03/09 (esquerda), 15UTC
(centro) e 18UTC (direita) de 26/03/09. Cada uma das colunas, a contar da esquerda,
refere-se a campos (exceto campos “a”, “b” e c”) cujos domínios são de 27, 9 e 3 km
de espaçamento de grade, respectivamente. Cada uma das linhas, a contar da segunda na
descendente, refere-se a um esquema explícito, conforme a seguinte ordem: Warm
Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para
análise............................................................................................................................103
Figura 6.9 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região
do CLA para o dia 18/07/08. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada
no CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e
pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se aos valores dios obtidos no
domínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.....................................................................................................................109
Figura 6.10 - Campos de precipitação estimada pelo TRMM (“a”, “e” e “i”) e simulada
no domínio de resolução horizontal 09 km para o dia 18/07/08, em mm/h. As colunas da
esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 06, 15 e 21 UTC, nesta
ordem. Os campos “b”, “f”, e “j” referem-se a simulações SI. Os campos c”, “g” e “l”
referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, h” e m” referem-se a simulações
SI2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise......................................111
Figura 6.11 - Campos de precipitação estimada pelo Hidroestimador (“a”) e pelo
TRMM (“f” e “l”) e simulada no domínio de resolução horizontal 03 km para o dia
18/07/08, em mm/h. As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos
horários das 06, 15 e 21 UTC, nesta ordem. Os campos “b”, g”, e “m” referem-se a
simulações SI. Os campos “c”, h” e “n” referem-se a simulações SI PNC. Os campos
“d”, “i” e “o” referem-se a simulações SI1. Os campos “e”, “j” e “p” referem-se a
simulações SI2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise..................112
Figura 6.12 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região
do CLA para o dia 30/07/08. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada
no CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e
pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se aos valores médios obtidos no
domínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.....................................................................................................................113
Figura 6.13 - Campos de precipitação estimada pelo modelo Hidroestimador (“a”, “e” e
“i”) e simulada no domínio de resolução horizontal 09km para o dia 30/07/08, em
mm/h. As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 12,
15 e 1800UTC, nesta ordem. Os campos “b”, “f”, e “j” referem-se a simulações SI. Os
campos “c”, “g” e “l” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, “h” e m”
referem-se a simulações SI2..........................................................................................114
Figura 6.14 - Campos de precipitação estimada pelo TRMM (“a”, “f” e l”) e simulada
no domínio de resolução horizontal 03km para o dia 30/07/08, em mm/h. As colunas da
esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 12, 15 e 18UTC, nesta
ordem. Os campos “b”, “g”, e “m” referem-se a simulações SI. Os campos “c”, “h” e
“n” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, “i” e “o” referem-se a simulações
SI1. Os campos “e”, “j” e “p” referem-se a simulações SI2.........................................116
Figura 6.15 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região
do CLA para o dia 12/03/09. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada
no CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e
pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se aos valores dios obtidos no
domínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.....................................................................................................................117
Figura 6.16 - Campos de precipitação estimada pelo modelo Hidroestimador (“a”, “e” e
“i”) e simulada no domínio de resolução horizontal 09 km para o dia 12 e 13/03/09, em
mm/h. As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 06,
18 e 00UTC (dia 13), nesta ordem. Os campos “b”, “f”, e “j” referem-se a simulações
SI. Os campos “c”, “g” e “l” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, h” e
“m” referem-se a simulações SI2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para
análise............................................................................................................................120
Figura 6.17 - Campos de precipitação estimada pelo Hidroestimador (“a”, “f” e “l”) e
simulada no domínio de resolução horizontal 03 km para o dia 12 e 13/03/09, em mm/h.
As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 06, 12 e
00UTC (dia 13), nesta ordem. Os campos “b”, g”, e “m” referem-se a simulações SI.
Os campos “c”, “h” e “n” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, i” e “o”
referem-se a simulações SI1. Os campos “e”, “j” e “p” referem-se a simulações SI2. Os
retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise...................................................121
Figura 6.18 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região
do CLA para o dia 26/03/09. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada
no CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e
pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se aos valores médios obtidos
nodomínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica....................................................................................................................122
Figura 6.19 - Campos de precipitação estimada pelo modelo TRMM (“a”, e” e “i”) e
simulada no domínio de resolução horizontal 09 km para o dia 26 e 27/03/09, em mm/h.
As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 12, 15 e 00
UTC (dia 27), nesta ordem. Os campos b”, “f”, e “j” referem-se a simulações SI. Os
campos “c”, “g” e “l” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, “h” e m”
referem-se a simulações SI2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para
análise............................................................................................................................124
Figura 6.20 - Campos de precipitação estimada pelo Hidroestimador (“a”, “f” e “l”) e
simulada no domínio de resolução horizontal 03 km para o dia 26 e 27/03/09, em mm/h.
As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 12, 15 e 00
UTC (dia 27), nesta ordem. Os campos “b”, g”, e “m” referem-se a simulações SI. Os
campos “c”, “h” e n” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, “i” e “o”
referem-se a simulações SI1. Os campos “e”, “j” e “p” referem-se a simulações SI2. Os
retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise...................................................125
Figura 6.21 - Precipitação (mm) observada em todo o Brasil e os desvios em relação aos
valores médios históricos para março de 2009..............................................................127
Figura 6.22 - Área delimitada (retângulo no interior do mapa) para obtenção da
precipitação total acumulada (mm) pelo satélite TRMM e pelas simulações ICEA1 e
ICEA2............................................................................................................................128
Figura 6.23 - Campos de precipitação acumulada (mm) para o dia 01/03/09 simulada
por ICEA2. O painel (a) refere-se à precipitação total (convectiva mais não convectiva)
simulada para o domínio 1. (b) refere-se à precipitação convectiva simulada para o
domínio 1. O campo (c) refere-se à precipitação convectiva simulada para o domínio 2
.......................................................................................................................................129
Figura 6.24 - Séries de precipitação acumulada por dia (mm) para o s de março de
2009. As linhas referem-se aos valores obtidos pelas simulações ICEA1 e ICEA2 nos
domínios de resolução horizontal 36 (D1) e 12 km (D2) e estimados pelo satélite
TRMM (TRMM) para a área delimitada em D2. O gráfico “a” (“b”) refere-se às
simulações para D1 (D2). Precipitação em escala logarítmica.....................................130
Figura 6.25 - Campos de precipitação estimada pelo satélite TRMM (“a”, “d” e “g”) e
simulada no domínio de resolução horizontal 36 km, em mm/h. As colunas da esquerda
para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 03UTC do dia 02/03/09, 06UTC
do dia 14/03/09 e 18UTC do dia 30/03/09, nesta ordem. Os campos “b”, “e”, e h”
referem-se às simulações ICEA1. Os campos “c”, “f” e “i” referem-se às simulações
ICEA2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise................................ 134
Figura 6.26 - Campos de precipitação estimada pelo satélite TRMM (“a”, “d” e “g”) e
simulada no domínio de resolução horizontal 12 km, em mm/h. As colunas da esquerda
para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 03UTC do dia 02/03/09, 06UTC
do dia 14/03/09 e 18UTC do dia 30/03/09, nesta ordem. Os campos “b”, “e”, e h”
referem-se às simulações ICEA1. Os campos “c”, “f” e “i” referem-se às simulações
ICEA2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise.................................135
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Descrição dos esquemas de microfísica do modelo MM5..........................40
Tabela 4.1 - Resumo das condições meteorológicas observadas relativas aos casos de
precipitação sobre a região do CLA selecionados para as simulações............................75
Tabela 5.1 - Número de pontos de grade para os domínios 1, 2 e 3 empregados nas
simulações realizadas na ACA/IAE................................................................................79
Tabela 5.2 - Descrição das categorias de vegetação.......................................................80
Tabela 5.3 - Configuração das simulações realizadas com o modelo instalado na
ACA/IAE quanto ao uso de esquemas implícitos e explícitos de convecção.................83
Tabela 5.4 - Número de pontos de grade dos domínios empregados pelo modelo MM5
instalado no ICEA...........................................................................................................84
Tabela 6.1- Precipitação Convectiva (PC), o Convectiva (PNC) e Total (TT)
Simulada obtida para o dia 18/07/08 para a região do CLA com o uso dos esquemas
Warm Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de
precipitação: mm/dia.......................................................................................................89
Tabela 6.2 - Precipitação Convectiva (PC), Não Convectiva (PNC) e Total (TT)
Simulada obtida para o dia 30/07/08 para a região do CLA com o uso dos esquemas
Warm Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de
precipitação: mm/h..........................................................................................................93
Tabela 6.3 - Precipitação Convectiva (PC), Não Convectiva (PNC) e Total (TT)
simulada obtida para o dia 12/03/09 para a região do CLA com o uso dos esquemas
Warm Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de
precipitação: mm/dia.......................................................................................................97
Tabela 6.4 - Precipitação Convectiva (PC), Não Convectiva (PNC) e Total (TT)
simulada obtida para o dia 26/03/09 para a região do CLA com o uso dos esquemas
Warm Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de
precipitação: mm/dia.....................................................................................................101
Tabela 6.5 - Desenho das simulações do Grupo 1 (G1) e 2 (G2) com relação ao uso dos
esquemas de convecção explícita (EE) e implícita (EI) nos espaçamentos de grade de
27, 9 e 3 km...................................................................................................................108
Tabela 6.6 - Precipitação estimada pelo satélite TRMM, Precipitação convectiva (PC),
Não convectiva (PNC) e Total obtidas pelas simulações ICEA1 e ICEA2 para os
domínios de resolução horizontal 36 e 12 km, para o mês de março de 2009. Valores de
precipitação em mm.......................................................................................................129
LISTA DE ABREVIATURAS
CLA Centro de Lançamento de Alcântara
ICEA Instituto de Controle do Espaço Aéreo
MREG Modelos Atmosféricos Regionais
CPT Centro de Previsão do Tempo
PNT Previsão Numérica do tempo
NMOC National Meteorological Operations Centre
IAE Instituto de Aeronáutica e Espaço
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
ZCAS Zona de Convergência do Atlântico Sul
SF Sistemas Frontais
VCAS Vórtices Ciclônicos de Ar Superior
DOL Distúrbios Ondulatórios de Leste
SCM Sistemas Convectivos de Mesoescala
LI Linhas de Instabilidade
ARPS Advanced Regional Prediction System
BRAMS Brazilian Regional Atmospheric Modeling System
KF2 Esquema de convecção Kain-Fritsch, versão 2 (Kain, 2004)
NCEP National Centers for Environmental Prediction
DSA Divisão de Satélites Ambientais do CPTEC
CPTEC Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos
GOES-12 Geoestationary Operational Environmental Satellites, número 12
UTC Universal Time Coordinated (tempo universal coordenado) ou hora Z
ACA Divisão de Ciências Atmosféricas do IAE
T126 Modelo com resolução horizontal de aproximadamente 100 km
PSU Pennsylvania State University
NCAR National Center of Atmospheric Research
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de São Paulo
TSM Temperatura da superfície do mar
KF Esquema de convecção Kain-Fritsh (Kain e Fritsch, 1993)
NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration
TB Temperatura de brilho das nuvens (°C)
LPM Laboratório de Prognóstico de Mesoescala
EE Esquemas de convecção explícita
EI Esquemas de convecção implícita
ES Esquema de convecção explícita selecionado
SLZ Cidade de São Luís (MA)
TRMM Satélite TRMM
HIDRO Modelo Hidroestimador
SI Simulações que usaram o esquema explícito Simple Ice nos 3 domínios
RE Simulações que usaram o esquema explícito Reisner 2 nos 3 domínios
WR Simulações que usaram o esquema explícito Warm Rain nos 3 domínios
SC Simulações que usaram o esquema explícito Schultz nos 3 domínios
PC Precipitação convectiva
PNC Precipitação não-convectiva
G1 Grupo de simulações que usaram aproximação híbrida nos 3 domínios,
realizadas na ACA/IAE
G2 Grupo de simulações que utilizaram somente esquemas explícitos nos
domínios de 9 e 3 km de resolução horizontal, realizadas na ACA/IAE
SI1 Simulações que utilizaram somente o esquema Simple Ice no domínio de
3 km de resolução horizontal, realizadas na ACA/IAE
SI2 Simulações que utilizaram somente o esquema Simple Ice nos domínios
de 9 e 3 km de resolução horizontal, realizadas na ACA/IAE
ICEA1 Simulações que usaram aproximação híbrida nos 2 domínios, realizadas
no ICEA
ICEA2 Simulações que usaram somente esquema explícito no domínio de 12 km
de resolução horizontal, realizadas no ICEA
NEB Nordeste Brasileiro
JBN Jatos de Baixos Níveis
EMAQS Estagnações de Massas de Ar Quente e Seco
29
1 INTRODUÇÃO
Com o aumento da capacidade de processamento de computadores de menor porte e a
necessidade de prognósticos de tempo mais pidos para domínios mais localizados, os
modelos atmosféricos regionais (MREG), também chamados de modelos de mesoescala
ou de área limitada, têm se constituído numa ferramenta indispensável para os grupos
de previsão de tempo e pesquisa atmosférica. Os MREG podem fazer o downscaling”
de previsões obtidas por modelos globais e, assim, reproduzir com maior detalhamento
espacial os campos atmosféricos nas áreas de interesse. Por exemplo, o Laboratório de
Prognósticos em Mesoescala da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LPM/UFRJ)
faz previsões utilizando dois MREG (MM5 e WRF) no espaçamento de grade de 20 km
para o Estado do Rio de Janeiro (http://www.lpm.meteoro.ufrj.br/).
Apesar dos contínuos avanços na área de modelagem atmosférica, a comunidade
meteorológica em geral concorda sobre as dificuldades envolvidas na previsão
quantitativa de precipitação tanto por modelos globais quanto por MREG. A
precipitação, segundo Bélair e Mailhot (2001) e Colle et al (2003), é um dos parâmetros
mais complexos no contexto da previsão numérica do tempo (PNT), e sua representação
em modelos atmosféricos essujeita a erros expressivos devido a diversos fatores, tais
como inconsistências nas condições iniciais e deficiências nas parametrizações
convectiva e de microfísica dos modelos. Um trabalho que ilustra essa dificuldade é o
de McBride e Ebert (2000), que avaliaram o desempenho de 7 modelos operacionais
usados no National Meteorological Operations Centre (NMOC, Melbourne, Austrália)
durante o período de setembro/1997 a agosto/1998 para duas regiões distintas da
Austrália: o regime de monção da região tropical do norte e a região subtropical do
sudeste. Os modelos superestimaram (subestimaram) a precipitação no verão (inverno)
para as duas regiões, obtendo melhor desempenho para a região subtropical. O fraco
desempenho para o regime de monção foi associado à incapacidade de simular
adequadamente sistemas convectivos tropicais.
Em modelos atmosféricos, a precipitação é obtida de duas formas: parametrizadas por
esquemas de convecção profunda (EI, implícita ou sub-grade) ou resolvida por
esquemas explícitos (EE, ou de microfísica de nuvens). Conceitualmente, esquemas
implícitos deveriam ser utilizados somente em espaçamentos de grade maiores (por
30
exemplo, maiores que 20 ou 30 km; modelos de dia e baixa resolução); em
espaçamentos de grade menores (por exemplo, menores que 5 km; modelos de alta
resolução), somente esquemas explícitos deveriam ser usados (Molinari e Dudek, 1992).
Em espaçamentos de grade maiores, esquemas explícitos são usados (juntamente com
esquemas implícitos) para principalmente evitar supersaturação no ponto de grade, ou
seja, possuem uma importância secundária na produção de precipitação.
Em espaçamentos de grade menores, particularmente para espaçamentos próximos a 10
km ou na ordem de 1 km, existem divergências quanto à necessidade do uso de
esquemas implícitos. Weisman et al (1997) mostram que um espaçamento de grade de 4
km, que emprega somente esquemas explícitos, pode reproduzir a precipitação tão bem
quanto um espaçamento de grade de 1 km. Cram et al (1992) mostram que o uso de
somente esquemas explícitos em espaçamento de grade de 5 km não é adequado para
simular satisfatoriamente a precipitação de linhas de instabilidade; seria necessário,
neste espaçamento, o uso simultâneo de esquemas de convecção implícita. Segundo
Molinari e Dudek (1992), o uso de aproximações híbridas (emprego simultâneo de
esquemas explícitos e implícitos) em modelos de alta resolução pode tornar as
simulações de sistemas de mesoescala mais realistas.
O problema de utilizar ou não a aproximação híbrida em grades de alta resolução vem
se tornando particularmente importante nos dias atuais, quando a estratégia de
aninhamento (“nesting”) vem se tornando popular. No “nesting”, grades aninhadas de
dimensões decrescentes e resoluções horizontais crescentes em um domínio são
executadas simultaneamente. A estratégia de aninhamento é muito utilizada para obter
maior detalhamento espacial nas áreas de interesse sem aumentar excessivamente o
custo computacional. Nesse contexto, surge a seguinte questão: deve-se utilizar
aproximação híbrida ou somente esquema explícito nas grades aninhadas de maior
resolução horizontal para uma boa representação da precipitação?
Nas simulações o ideal é obter uma boa representação da precipitação em todas as
grades, com melhor desempenho quanto maior a resolução horizontal. Esse aspecto é
crucial para fins operacionais, pois quanto maior o número de grades (de alta
resolução), maior é o custo computacional; o aumento desse custo somente se
justificaria com um melhor desempenho nas grades de resolução espacial mais alta.
31
Colle et al (2000) avaliaram os efeitos do aumento da resolução horizontal em
simulações com o modelo MM5 de eventos de precipitação ocorridos no oeste dos
Estados Unidos durante as estações de outono e primavera de 1997 a 1999. Para tal
utilizaram grades aninhadas de 36, 12, 4 e 1,33 km, e não foram utilizados esquemas
implícitos nas grades de 4 e 1,33 km. As simulações nas grades de mais alta resolução
apresentaram melhores resultados. Hass et al (2002) analisaram os mecanismos físicos
associados a eventos de enchentes no Sul do Brasil com o modelo ARPS e o
desempenho quanto à previsão da chuva em grades aninhadas de 40, 10, 5 e 3 km de
espaçamento. O esquema de convecção implícita foi utilizado em todas as grades. Os
resultados mostraram que o aumento de resolução e o uso da estratégia adequada
(aproximação brida ou somente esquema explícito) nas grades de resolução espacial
mais alta resultaram em simulações mais realistas. Esses estudos mostram que o uso de
aninhamento pode ser viável e interessante. Para uma dada região de interesse, a
questão em aberto é justamente identificar a estratégia adequada nas grades de resolução
mais alta; note que, nos dois estudos citados, as estratégias adotadas foram distintas.
Neste trabalho, a região de interesse é o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA,
Alcântara, Maranhão) localizado na costa norte do nordeste do Brasil (NEB), na latitude
de 02˚ 22΄S, longitude 44˚ 23΄W e 49 m de altitude. Pertencente ao Comando da
Aeronáutica, o CLA realiza atividades de interesse tecnológico e de defesa estratégica
por meio de lançamento de foguetes projetados e construídos no Instituto de
Aeronáutica e Espaço (IAE, São José dos Campos, SP). Para as atividades de
lançamento de foguetes são necessárias informações detalhadas de elementos
meteorológicos que atendam os requisitos de segurança de vôo no instante do
lançamento, o que demanda previsões de tempo com maior desempenho para a região
do CLA.
As principais características climatológicas da região que abrange o CLA foram
descritas por Pereira et al (2002), utilizando um conjunto de informações
meteorológicas (dados de superfície, de ar superior, de satélite, entre outros). A variação
sazonal da temperatura média mensal é pequena, sendo que o mês de novembro (março)
apresenta temperatura média mensal maior (menor) do que a temperatura de outros
meses, com 28,1°C (26,7°C). O regime de precipitação é caracterizado por alternância
de estações seca e chuvosa: a estação chuvosa (seca) ocorre entre os meses de janeiro e
32
junho (julho e dezembro), e os máximos (mínimos) de precipitação ocorrem nos meses
de março e abril (setembro e novembro). A precipitação na região do CLA está
associada a fatores de escala sinótica tais como Zona de Convergência Intertropical
(ZCIT), Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), Sistemas Frontais (SF),
Vórtice Ciclônico de Ar Superior (VCAS) e Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL);
de mesoescala, como Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM) e Linhas de
instabilidade (LI); e também de escala local, como tempestades isoladas. Segundo
Barros (2008) o principal fator de grande escala associado à precipitação na região do
CLA é a ZCIT; de mesoescala, as LI que, em muitos casos, se associam à ZCIT. Em
cerca da metade dos casos, a precipitação esteve associada a um sistema convectivo
com núcleos convectivos (temperatura de brilho, TB< 230K) em seu interior.
Barros (2008) avaliou o desempenho das previsões de precipitação na região do CLA
com o MREG MM5 por meio de simulações de 24 h para os anos de 2005 e 2006,
utilizando um espaçamento de grade de 30 km com domínio centrado no CLA.
Resultados mostraram que o modelo superestimou a precipitação para todo o período.
Para o mesmo domínio e espaçamento de grade, simulações de eventos de precipitação
para os períodos de seca e de chuva sobre o CLA foram realizadas por Pereira Neto
(2009) com o objetivo de ajustar o esquema de convecção implícita Kain-Fritsch 2
(KF2; Kain 2004). Os resultados mostraram que, com os ajustes, houve expressiva
melhoria na representação do total de precipitação e da fração dos dias do mês com
chuva na escala mensal. O padrão espacial de erros no domínio, no entanto, não sofreu
muitas alterações (em geral, a precipitação é melhor representada sobre o continente que
sobre o oceano). Assim, considerando que o esquema de convecção implícita
conseguiria representar a precipitação na região do CLA no espaçamento de grade de 30
km, o objetivo geral deste trabalho consiste em verificar qual estratégia
(aproximação híbrida ou esquema explícito somente) nas grades de maior
resolução traria ganhos para a previsão quantitativa de precipitação na região do
CLA em simulações com o MREG MM5.
Na literatura científica, o são muitos os trabalhos relacionados ao uso de esquemas
explícitos em grades de alta resolução com o uso do modelo MM5 (as pesquisas
envolvendo o modelo MM5 estão apresentadas na seção 3.2). No Brasil, pesquisas
foram feitas para avaliar o desempenho de modelos com alta resolução e conveniência
33
do uso combinado de esquemas explícitos e implícitos (Silva e Santos, 2002; Hass et al,
2002; Hallak, 2006; Mendes, 2006). Por exemplo, um caso extremo de chuva ocorrido
em Angra dos Reis/RJ foi simulado por Mendes (2006), com o intuito de identificar os
principais mecanismos meteorológicos atuantes neste sistema. Com o emprego de
grades de resoluções 40, 10 e 3 km e distintos perfis de umidade, foram feitas
simulações com o modelo ETA. Em todas as grades se usaram esquemas implícitos e os
esquemas explícitos foram empregados nas grades de 10 e 3 km. Os resultados
mostraram que o aumento da resolução permitiu que o modelo pudesse simular mais
adequadamente a precipitação e a localização das nuvens. Outros trabalhos enfocaram a
r
egião amazônica (Silva e Avissar, 2006; Saad, 2008). Por exemplo, Saad (2008)
avaliou os efeitos do desmatamento na Amazônia, em diferentes regiões do Pará,
utilizando o modelo regional BRAMS (Brazilian Regional Atmospheric Modeling
System). Para as simulações foram usadas grades de tamanho e forma geométrica
variados. Uma das etapas do trabalho consistia em avaliar se a resolução das grades (16
e 8 km de resolução) e os esquemas de convecção implícita e explícita adotados nas
simulações representariam a variabilidade da precipitação em função do desmatamento.
Resultados mostraram que as variações de precipitação nos experimentos com
esquemas de microfísica aplicados na grade maior foram pouco expressivas. A
precipitação simulada pela microfísica de nuvens na grade de 8 km o respondeu ao
efeito esperado do desmatamento, enquanto que o uso combinado dos esquemas na
mesma grade foi melhor.
Em geral, os estudos que se dedicam a avaliar o desempenho de modelos na previsão de
precipitação envolvendo diversas grades enfocam um único caso ou evento; neste caso,
pode ser que uma estratégia particular (aproximação híbrida ou esquema explícito
somente) seja melhor. No entanto é arriscado tomar os resultados obtidos em
simulações de um único evento como base para propor mudanças operacionais. O ideal
seria a realização de testes para o maior conjunto de situações possíveis. Todavia, diante
do alto custo computacional que isto implica, uma possibilidade mais viável consiste em
realizar testes para alguns casos distintos. Sendo assim, neste trabalho, numa primeira
etapa, adotou-se a seguinte estratégia: foram simulados eventos de convecção noturna e
diurna, eventos organizados (LI), sistemas isolados (escala local), etc., ocorridos
durante a estação chuvosa e de transição na região do CLA. Numa segunda etapa, foram
34
realizadas simulações para um período mais longo (1 mês) com o modelo MM5
utilizado em um ambiente operacional.
Os objetivos específicos para este trabalho são:
a) avaliar o desempenho dos esquemas explícitos de convecção Warm Rain, Simple Ice,
Reisner e Schultz, disponíveis no modelo MM5, na simulação de eventos de
precipitação sobre a região do CLA usando grades de alta resolução, ou seja, testar a
sensibilidade do modelo aos diferentes esquemas explícitos (sobretudo nas grades de
mais alta resolução espacial);
b) avaliar se o modelo é capaz de representar realisticamente eventos de precipitação
com o uso de somente esquemas explícitos nas grades de alta resolução; e
c) verificar se as conclusões obtidas com a realização dos objetivos anteriores (itens “a”
e “b”) são válidas ou aplicáveis em um ambiente operacional que utilize o modelo MM5
com diferente configuração, através de simulações de precipitação referentes a um
período mais extenso.
O trabalho está organizado da seguinte forma. Na seção 2, mostra-se o conjunto de
dados utilizado para o desenvolvimento do trabalho. Na seção 3, descrevem-se
sucintamente o modelo MM5 e os esquemas de convecção explícita. Na seção 4,
realiza-se um estudo observacional dos casos de precipitação selecionados para as
simulações. Na seção 5, encontra-se o desenho experimental utilizado nas simulações.
Na seção 6, os resultados obtidos são apresentados e analisados. Finalmente, as
conclusões são mostradas na seção 7.
35
2 DADOS
O conjunto de dados usado, tanto para fins observacionais nos estudos de caso quanto
para fins de comparação com os valores simulados, é composto de dados de satélite
meteorológico, dados meteorológicos de superfície e de radiossondagens, dados de
radar meteorológico, dados de precipitação estimados pelo satélite TRMM e pelo
modelo Hidroestimador, informações do Boletim Climanálise, além de dados de análise
do NCEP e Reanálise do NCEP/NCAR. Os dados de análise do NCEP referentes ao
período dos eventos selecionados também são usados como condições iniciais e de
contorno para simulações com o modelo MM5 (ver seção 5).
2.1 Dados de Satélite
Os dados de satélite provêm da DSA (Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais) do
CPTEC. São dados da temperatura de brilho (TB) do canal 4 do satélite GOES-12
(Geoestationary Operational Environmental Satellites) posicionado sobre o equador em
75˚W com o domínio de 100˚W - 28˚W e 50˚S - 21˚N e resolução temporal (espacial)
de 30 minutos (4 km). Essas imagens podem apresentar falhas ou não terem sido
recebidas, porém, a cada 3h são realizadas transmissões do globo terrestre que
costumam não falhar. O canal 4 do GOES-12, que corresponde ao comprimento de onda
de 10,7 µm na faixa do infravermelho do espectro eletromagnético, permite
identificação de nuvens nos períodos noturno e diurno, sendo apropriado para o estudo
de eventos de chuvas ocorridos a qualquer hora do dia.
2.2 Dados de Radiossondagens
Os dados de radiossondagens das 12 UTC do CLA são disponibilizados pela Divisão de
Ciências atmosféricas (ACA) do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Embora
existam radiossondagens às 00 UTC, particularmente para o período mais recente, a sua
quantidade é muito menor que as das 12 UTC.
3
6
2.3 Dados meteorológicos de superfície
São disponibilizados pela ACA/IAE os dados horários da precipitação ocorrida no
CLA, provenientes de um pluviômetro instalado numa estação automática localizada no
próprio local. Vale destacar que a série temporal pode apresentar falhas devido a fatores
como pane na estação automática e atraso na recuperação do equipamento, por exemplo.
Também são utilizados os dados de precipitação registrados pela estação meteorológica
do Aeroporto Marechal Cunha Machado, em São Luís, (SBSL, Maranhão). Esta
estação, que opera continuamente, está localizada na latitude de 02° 35’S e longitude de
44° 14’W, com 54 m de altitude.
2.4 Dados de radar meteorológico
As imagens de radar usadas neste trabalho são geradas pelo radar doppler DWSR-
2001X-SDP (Doppler Weather Surveillance Radar), fabricado pela Enterprise
Electronics Corporation (Alabama, Estados Unidos), instalado no CLA. Seu alcance
máximo é de 480 km e sua frequência é limitada a banda de 150 MHz para a recepção
dos sinais. O software de operação do equipamento (chamado EDGE) permite
configurar características como tipo de varredura, alcance, ângulo de elevação,
frequência de recepção de pulsos e saída de produtos. Algumas das variáveis calculadas
pelo seu sistema são velocidade zonal, meridional e vertical do vento, taxa de
precipitação e refletividade. Maiores detalhes técnicos encontram-se na publicação
DWSR-2001X-SDP Doppler Weather Surveillance Radar Technical Description (2006,
Alabama, US), fornecida pelo fabricante. No entanto, como o radar no CLA foi
instalado recentemente e os procedimentos operacionais ainda não foram definidos,
períodos com falhas na gravação das varreduras volumétricas, não uniformidade nos
padrões de varredura (VCP, “volume coverage pattern”) e o acesso aos dados não é em
tempo real. Apesar desses problemas, os campos de refletividade permitem localizar
adequadamente os sistemas de precipitação (Marcos Daisuke Oyama, 2010,
comunicação pessoal). Neste trabalho são usados os dados disponíveis na ACA/IAE.
37
2.5 Dados de Reanálise do NCEP/NCAR
São utilizados dados de Reanálise do NCEP/NCAR com resolução temporal de 6 h e
resolução espacial de 2,5º × 2,5º cobrindo todo o globo terrestre, com 17 níveis na
vertical (1000, 925, 850, 700, 600, 500, 400, 300, 250, 200, 150, 100, 70, 50, 30, 20 e
10 hPa). Maiores detalhes sobre os dados encontram-se em Kalnay et al (1996). Os
dados estão disponíveis no sítio da internet do Climate Diagnostics Center/ National
Oceanic and Atmospheric Administration (CDC / NOAA).
2.6 Dados de análise do NCEP
As análises globais do NCEP disponibilizadas pelo CPTEC/INPE são utilizadas como
condições iniciais e de contorno para as simulações com o MM5 instalado na
ACA/IAE. Essas análises possuem uma resolução temporal de 12 horas (2 vezes ao dia)
e resolução horizontal de aproximadamente (T126). Dados de análise com resolução
horizontal de 0.5° (formato GRIB2), disponibilizados pelo NOAA/NCEP são usados
como condições iniciais e de contorno nas simulações com o MM5 instalado no ICEA.
2.7 Boletim Climanálise
Editado e disponibilizado pelo CPTEC/INPE, o Boletim Climanálise descreve e analisa,
em escala mensal, os sistemas meteorológicos que atuam no Brasil. As edições deste
boletim referentes aos períodos dos casos de precipitação selecionados para simulação
são utilizadas para complementar as informações obtidas a partir de dados observados.
Os boletins podem ser acessados através do seguinte sítio do CPTEC na internet:
http://climanalise.cptec.inpe.br.
2.8 Dados de precipitação estimada pelo satélite TRMM
O satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM), projeto conduzido em
parceria entre a NASA e a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), tem
como missão monitorar e estudar a distribuição de precipitação nos trópicos. Os
produtos gerados pelo projeto TRMM variam de acordo com a combinação de
instrumentos usada no algoritmo de cálculo. Neste estudo são usadas estimativas do
38
produto 3B42, o qual utiliza estimativas de precipitação por microondas (TMI)
corrigidas através de informações da estrutura vertical das nuvens, que são obtidas por
meio de precipitação estimada por radar (PR). Os dados gerados (disponibilizados
gratuitamente pela NASA) têm resolução temporal (espacial) de 3 horas (0.25°),
cobrindo uma área que se estende de 50°S a 50°N de latitude e de 180°W a 180°E de
longitude. Trabalhos realizados com o uso destes dados mostram que as estimativas de
precipitação deste satélite podem ser uma fonte alternativa de dados em caso de
escassez de informação (Collischonn et al., 2006). Este último mostrou que a estimativa
de precipitação do satélite TRMM foi relativamente precisa quando comparada com
dados de solo na bacia do Rio São Francisco. O projeto TRMM possui um programa de
validação para minimizar as diferenças entre as estimativas do satélite e as medições
feitas no solo.
2.9 Dados de precipitação estimada pelo modelo Hidroestimador
O Hidroestimador é um método usado para gerar valores de precipitação em tempo real
através do uso de uma relação empírica exponencial entre a precipitação (estimada por
radar) e a temperatura de brilho do topo das nuvens (obtidas por meio do canal
infravermelho do satélite GOES-12). Através da avaliação da tendência da temperatura
da nuvem juntamente com informações de textura da mesma, é realizado um ajuste da
área coberta pela precipitação. A taxa de precipitação é ajustada com o uso de variáveis
como água precipitável, umidade relativa, orografia, paralaxe e um ajuste do nível de
equilíbrio convectivo para eventos de topos quentes (Scofield, 2001). Os arquivos
empregados (em formato binário, de resolução 4x4 km) obtidos junto à Divisão de
Satélites Ambientais (DSA) do CPTEC, contêm valores de precipitação instantânea
(mm/h). Contudo, a série temporal pode apresentar falhas, principalmente devido à
ausência de imagens do satélite GOES ou de dados de vento gerados pelo modelo
global do CPTEC.
39
3 MODELO DE MESOESCALA MM5
3.1 Descrição Geral
O modelo de mesoescala MM5 pertence à quinta geração do sistema de modelagem
desenvolvido em conjunto pela Pennsylvania State University (PSU) e pelo National
Center for Atmospheric Research (NCAR). A primeira versão está descrita em Grell et
al (1995) e a mais atualizada, versão 3, foi lançada em 1999. Como as primeiras
gerações do modelo são oriundas dos anos de 1970, progressivos melhoramentos têm
sido feitos. O MM5 tem sido amplamente empregado tanto para fins de pesquisa quanto
para operação. No Brasil tem sido utilizado por diversas instituições: Universidade do
Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), Centro Nacional
de Meteorologia Aeronáutica (CNMA, projeto em andamento) entre outros. Algumas
características gerais do modelo o: não-hidrostático, uso da coordenada vertical
sigma, portável (pode ser instalado e executado em diversas plataformas e sob os
sistemas operacionais Linux e Unix), possibilidade de uso em altas resoluções
horizontais, aninhamento de grades (permite até nove domínios que podem ao mesmo
tempo interagir entre si), assimilação de dados quadridimensional e disponibilidade de
variados esquemas de parametrização de processos físicos (6 opções de convecção
profunda, 6 de microfísica de nuvens, 4 de radiação, 6 de camada limite e 7 de
superfície).
Desenvolvido para simular ou prever a circulação atmosférica de área limitada, o
modelo é apoiado por programas de pré e pós-processamento, que no seu conjunto o
designados como sistema de modelagem MM5. Esse sistema compreende diversas
componentes; o conjunto de componentes mínimo necessário para executar o modelo é
composto por TERRAIN (interpola as informações de topografia e uso da terra para a
grade do modelo), REGRID (interpola horizontalmente as análises e previsões),
INTERPF (interpola verticalmente as coordenadas de pressão para coordenadas sigma e
gera condições iniciais e de contorno), MM5 (definição dos esquemas de
parametrização, períodos de integração e assimilação de dados, e execução do modelo)
e MM5toGrADS (gera saídas convertidas para o formato do GrADS, pós-
processamento).
40
O MM5 possui 6 esquemas de microfísica disponíveis sendo que alguns esquemas são
variações ou melhorias de outros esquemas. Na tabela 3.1 encontra-se uma descrição
sucinta dos esquemas.
Tabela 3.1 - Descrição dos esquemas de microfísica do modelo MM5
Número
E
squema Descrição Referências
1 Warm Rain As quantidades de água de chuva e de nuvem
são prognosticadas explicitamente. Permite a
evaporação de água de chuva, o arrasto
provocado pelas gotas de chuva e a conversão de
gotas de nuvens em chuva. A distribuição do
tamanho das gotas é considerada (distribuição de
Marshall-Palmer). Não considera processos da
fase gelo.
Hsie et al
(1984)
2 Simple Ice Baseado no esquema anterior (Warm Rain), com
a introdução da fase gelo. Para temperaturas
menores (maiores) que 0°C só considera gelo
(água); assim, não considera água
supercongelada. Ao passar pelo nível de 0°C, a
água (o gelo) automaticamente se congela
(derrete).
Dudhia (1989)
3 Mixed-Phase
ou Reisner
Difere do anterior por permitir água super-
resfriada. Possui equações que permitem
derretimento de gelo e congelamento de água de
forma diferente do esquema Simple Ice, pois ao
passar pelo nível de 0°C, a água (o gelo) não se
congela (derrete) automaticamente.
Reisner et al
(1998)
4 Mixed-Phase
com graupel
Também chamado Reisner 2, inclui 2 equações
para previsão de graupel e concentração de
cristais de gelo (esquema de 2 momentos).
Reisner et al
(1998),
Thompson et
al (2004)
5 Goddard Adotado da National Aeronautics Space
Administration (NASA), semelhante ao anterior
além de incluir processos de formação de
granizo e tratamento mais detalhado dos
processos microfísicos.
Lin et al
(1983), Tao et
al (1993),
Dudhia et al
(2004)
6 Schultz Semelhante ao esquema Goddard com maior
detalhamento dos processos de água, gelo e água
supercongelada.
Schultz (1995)
Além dos esquemas descritos na Tabela 3.1, o modelo dispõe de 2 outras opções de
microfísica: Dry, opção onde não existe umidade ou vapor d’água e Stable, na qual a
supersaturação de grande escala é removida como precipitação não-convectiva.
41
3.2 Comparação entre os Esquemas Explícitos do MM5
Na literatura encontram-se trabalhos cujo objetivo principal é comparar o desempenho
dos diversos esquemas de microfísica utilizados nos modelos de mesoescala. Nesta
subseção, abordam-se os trabalhos que utilizam o modelo MM5.
Wenshi et al (2000) testou a sensibilidade dos esquemas Stable, Warm Rain, Simple
Ice, Mixed-Phase e Goddard em simulações de evento de precipitação ocorrido no sul
da China em 1994. Para isso usaram grades aninhadas de 54 e 18 km, nas quais se usou
o esquema implícito Kain-Fritsh. Simulações apontaram pequenas diferenças na
representação da distribuição da precipitação na grade de menor resolução. Os
esquemas explícitos mais sofisticados (Goddard e Reisner 2) que incluem tratamento
para granizo e/ou graupel causaram superestimativa; por outro lado esquemas que não
incluem gelo (Stable e Warm Rain) subestimaram a quantidade de precipitação. A
distribuição espacial e temporal de precipitação simulada pelo modelo com o uso de
diferentes esquemas apresentou variações significativas, associadas ao tratamento dos
processos de microfísica dado pelos esquemas e ainda ao tamanho de grade onde se
aplicaram os esquemas explícitos (18 Km). Assim, para este caso, o uso de esquemas
explícitos nas grades de maior resolução não acarretou em melhoria expressiva na
previsão de precipitação do modelo.
Simulações de um evento de forte precipitação que ocasionou enchente nos estados
americanos de Washington e Óregon em 1996 foram realizadas por Colle e Mass
(2000). Para tal usaram grades aninhadas de 36, 12, 4 e 1,33 km de resolução com o uso
dos esquemas Warm Rain, Simple Ice, Reisner e Reisner 2. Na rodada de controle usou
os esquemas Kain-Fritsh nas 2 grades externas e Warm Rain (nas grades internas)
modificado de forma a permitir fase mista água-gelo acima do nível de congelamento.
Resultados das simulações mostraram que, embora o aumento da resolução das grades
levasse a representações melhores de distribuição de precipitação, principalmente
quando se passou de 36 km para 12 km de resolução (grades em que não se usaram
esquemas explícitos), o uso de esquemas mais complexos não acarretou em melhores
previsões de precipitação.
42
É fato que as operações militares são bastante sensíveis às condições de tempo. As
atividades militares dos Estados Unidos na Coréia e Japão são muito afetadas pelas
precipitações que ocorrem na região, especialmente no inverno (Carter, 2002). Sendo
assim, este autor propôs-se a comparar o desempenho dos esquemas Mixed-Phase e
Reisner 2 do MM5, modelo usado pela força aérea americana, através de simulações de
um ciclone extratropical com grades aninhadas de 45 e 15 km de resolução. Resultados
indicaram uma representação menos detalhada da distribuição de precipitação para a
grade de menor resolução, na qual se usou o esquema de convecção Grell (Grell et al,
2004). Os esquemas explícitos apresentaram mesma tendência de erros de temperatura,
umidade e precipitação, sendo que as maiores diferenças foram verificadas nos níveis
mais baixos da atmosfera. No entanto, apesar de Reisner 2 ser mais detalhado (inclui
processos de riming e formação de graupel), apresentou piores representações nas
simulações. Isso pode estar relacionado ao tamanho da grade (15 km) em que se usaram
os esquemas explícitos.
Segundo Tomé (2004) um dos maiores problemas encontrados nas previsões de
precipitação é encontrar a parametrização ou o esquema adequados, pois a precipitação
é muito sensível à convecção, que distribui quantidades de calor sensível e latente
através das células convectivas de pequena escala. Diante disso, propôs-se a estudar o
desempenho das diversas parametrizações físicas do MM5 em simulações de eventos de
tempestades ciclônicas (furacão Charley, 1992 e ciclogênese explosiva, 2002), visando
o desenvolvimento de um protótipo operacional para a região dos Açores, Portugal. O
modelo foi configurado com 5 grades aninhadas de resoluções 54, 18, 6, 2 km (2
grades) e foram testados 6 esquemas de microfísica: Warm Rain, Simple Ice, Reisner,
Goddard, Reisner 2 e Schultz. O esquema de convecção explícita Kain Fritsh 2 foi
empregado nas grades de 54 e 18 km. As simulações de distribuição de precipitação da
grade maior o foram influenciadas significativamente pelo uso de diferentes
esquemas explícitos. Resultados para a simulação do furacão mostraram uma melhor
representatividade da precipitação com o aumento da resolução, sendo que o esquema
Schultz obteve os melhores índices. Ainda assim, todos os esquemas apresentaram
deficiências na estimativa da precipitação. As simulações da ciclogênese explosiva
indicaram que os esquemas tidos como mais simples (Warm Rain e Simple Ice)
apresentaram menores erros e que, ao contrário do evento anterior, o esquema Schultz
(tido como mais sofisticado) demonstrou pior desempenho. Diante do exposto, o autor
43
acaba por definir o esquema Simple Ice como o mais adequado para esses casos, devido
a sua simplicidade e desempenho.
Com o objetivo de avaliar a influência da temperatura da superfície do mar (TSM) na
previsão de precipitação do modelo MM5 para a cidade do Rio de Janeiro, De Sá (2005)
realizou simulações de eventos alternados de precipitação ocorridos em março/2003,
associados à passagem de um sistema frontal. Para tanto, usou 7 parametrizações de
microfísica disponíveis do modelo, aplicando-as em grades de 3 e 1 km de resolução
horizontal aninhadas a grades de 27 e 9 km, nas quais empregou o esquema implícito
Grell. No cômputo geral, os esquemas Warm Rain, Simple Ice e Stable geraram boas
representações, sendo que a parametrização de Schultz obteve o melhor desempenho.
Contudo as parametrizações produziram chuva no período seco, o que, segundo o autor,
pode estar associado ao fato de que as parametrizações são desenvolvidas para latitudes
médias e ajustadas a dados de período chuvoso.
Grubisic et al (2005) simularam 4 eventos de precipitação de inverno ocorridas entre
1982 e 1986 na região orográfica de Sierra Nevada (oeste dos Estados Unidos). Para
isso, usaram grades aninhadas de 40,5 e 13,5 km de resolução com o esquema KF e
grades de 4,5 e 1,5 km para os esquemas explícitos Simple Ice, Goddard, Reisner 2 e
Schultz. O objetivo era testar o desempenho de diferentes esquemas de microfísica na
representação dos campos de precipitação relacionados aos eventos. Independente do
esquema de microfísica, o desempenho do modelo piorou nas duas grades com menor
espaçamento horizontal (4,5 e 1,5 km). Todos os esquemas superestimaram a
precipitação nos dois lados da montanha (sobretudo com o aumento da resolução
horizontal) e indicaram diferenças marcantes na distribuição espacial de precipitação.
Isso sugere que o refinamento dos parâmetros de microfísica e as características de cada
região têm forte influência sobre o desempenho do modelo.
Serafin e Ferreti (2007) simularam dois eventos de precipitação ocorridos em 1999, na
região montanhosa do Mediterrâneo, com o intuito de comparar os efeitos do uso dos
esquemas Reisner, Reisner 2 e Goddard numa grade de 3 km aninhada a grades de 27 e
9 km de resolução, nas quais se utilizou esquema implícito de Kain-Fritsch (Fritsch e
Kain 1993). Houve tendência do MM5 em subestimar o total de precipitação em ambos
os lados da montanha. Em síntese, os esquemas produziram diferentes distribuições
44
verticais de hidrometeoros, contudo não houve diferenças marcantes na distribuição
temporal e espacial de precipitação, inclusive para as grades onde se empregou esquema
KF.
Segundo Liu e Moncrieff (2007), o lento avanço das parametrizações convectivas
existentes como também o progressivo avanço computacional sugerem o uso de
esquemas explícitos em grades de alta resolução, mesmo estes esquemas sendo a
principal fonte de incertezas para os modelos de previsão de precipitação. Desta forma,
os autores investigaram os efeitos de 4 diferentes esquemas de microfísica (Simple Ice,
Reisner, Reisner 2 e Goddard) do MM5, aplicados a um único domínio amplo, com
espaçamento horizontal de grade de 3 km, na simulação de um evento de precipitação
de 7 dias ocorrido nos Estados Unidos, em 2003. Uma grade de 40 km de análise do
modelo Eta forneceu as condições iniciais e de contorno. Resultados mostraram que a
distribuição temporal e espacial da precipitação é pouco sensível aos diferentes
esquemas. Embora os esquemas de fase misturada água-gelo (fase mista) apresentassem
melhores representações, tanto no quantitativo quanto na distribuição da precipitação,
que o Simple Ice, o tratamento mais detalhado dos processos de microfísica desses
esquemas não resultou em melhorias expressivas na comparação com as observações.
Diante do exposto, conclui-se que os esquemas de microfísica do MM5, diferenciados
pelos níveis de tratamento dos processos de formação de hidrometeoros e suas
interações, apontam para variados resultados em simulações de eventos de precipitação.
Não se deve descartar a influência das características particulares dos eventos simulados
(duração, época do ano, região de ocorrência, etc.), das condições iniciais e de contorno
disponíveis, dos métodos utilizados para verificação das simulações, da resolução do
modelo, além das próprias deficiências na determinação dos parâmetros dos esquemas.
O desafio consiste em conseguir um bom desempenho na previsão quantitativa de
precipitação utilizando somente esquemas explícitos quando o espaçamento de grade
torna-se suficientemente pequeno, pois, conceitualmente, não existiria justificativa para
o uso de esquemas implícitos em espaçamentos de grade menores que 5 km (Molinari e
Dudek, 1992). No entanto, em alguns trabalhos, esquemas implícitos foram usados em
espaçamentos de grade menores que 10 km (Wenshi et al, 2000, por exemplo). Por
outro lado, não é regra que o uso de esquemas explícitos mais complexos leve sempre a
melhores simulações de precipitação. A escolha correta do esquema depende de cada
45
caso a ser estudado, pois como se nota em alguns trabalhos (p. ex., Mass e Colle, 2000;
Liu e Moncrieff, 2007) esquemas mais simples, com menor custo computacional,
podem produzir melhores resultados.
46
47
4 SELEÇÃO E ESTUDO OBSERVACIONAL DOS CASOS DE PRECIPITAÇÃO
Foram selecionados 4 eventos de precipitação ocorridos sobre a região do CLA entre
2008 e 2009. Para caracterizá-los foram utilizados dados de análise e reanálise, de radar
meteorológico, de temperatura de brilho das nuvens, além das séries temporais de
precipitação observada e estimada (Seção 2).
4.1 Estudos de casos de precipitação sobre a região do CLA
Nesta seção, faz-se uma breve descrição em escala sinótica, regional e local das
condições meteorológicas atuantes durante a ocorrência e passagem dos sistemas de
precipitação sobre a região do CLA. Os campos de TB e de radar foram utilizados para
verificar a organização espacial do sistema precipitante, bem como acompanhar o seu
ciclo de vida. Os dados de radiossondagem foram utilizados para obter a instabilidade
do perfil sobre o CLA. Empregaram-se os dados de análise e Reanálise para detalhar os
aspectos dinâmicos e termodinâmicos na região do CLA durante a atuação dos sistemas.
A evolução temporal e a quantidade da precipitação referente aos eventos foram obtidas
não somente dos dados de precipitação registrados pelas estações de Alcântara e São
Luís, mas também das estimativas de precipitação do modelo Hidroestimador e do
satélite TRMM. As estimativas de precipitação por meio de satélites são uma fonte
alternativa de dados em casos de escassez de informação. Para obter valores
representativos de uma região que abrangesse as localidades do CLA e de São Luís, foi
delimitada uma área de 0,5°×0,5° que se estende de 02.2°S a 02.7°S de latitude e de
315.4°W a 315.9°W de longitude (Figura 4.1). Assim, o valor obtido representa uma
estimativa de precipitação média da área.
48
Figura 4.1 - Área delimitada (aproximada, em vermelho) para obtenção da precipitação média.
Fonte: www.guianet.com.br/ma/mapama.htm
4.1.1 Eventos ocorridos no dia 18/07/08
Com base nos dados de precipitação, pode-se notar a ocorrência de 2 eventos no
decorrer do dia 18/07/08 (Figura 4.2): um durante a madrugada e manhã, que abrange
os horários de precipitação entre 02 e 12UTC; outro que se inicia a partir das 15UTC.
Como mostrado adiante, o primeiro evento está associado à intensificação de sistema
convectivo por convecção noturna; o segundo, por convecção diurna. O total de
precipitação diária registrada no CLA foi de 63,8 mm; em SLZ, 2,8 mm. Foram
estimados 48,1 mm de precipitação pelo Hidroestimador e 49,3 mm pelo TRMM. A
distribuição temporal de precipitação estimada é coerente com a evolução da
precipitação registrada para os eventos aqui analisados.
49
Precipitação Registrada e Estimada para o dia 18/07/08
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM
Figura 4.2 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São
Luís (SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo
satélite TRMM (TRMM) para o dia 18/07/08. Unidade de precipitação:
mm/h.
4.1.1.1 Evento de convecção noturna
Em imagens obtidas pelos satélites GOES-10 e METEOSAT-09 (Figura 4.3), é possível
verificar uma fraca atividade da ITCZ (caracterizada por uma estreita banda de nuvens
sobre o oceano Atlântico próxima a linha do equador) às 12UTC do dia 17/07/08, bem
como alguma nebulosidade próxima a região norte da costa do NEB (nordeste
brasileiro). Neste período, a ITCZ atuou entre 5°N e 10°N, ou seja, mais ao norte de sua
posição climatológica média (Climanálise Vol. 23, n°07). Às 00UTC e principalmente
às 06UTC do dia 18, observam-se aglomerados convectivos (cor branca) sobre uma
linha orientada na direção SW/NE que se estende desde a região que abrange o CLA até
um amplo sistema convectivo no Atlântico pertencente à ITCZ. Esses aglomerados são
produto de convecção noturna que se iniciou por volta das 0330UTC do dia 18,
conforme imagens de temperatura de brilho (TB) da Figura 4.4, e não tem relação com a
ITCZ, de acordo com inspeção feita nas imagens anteriores ao dia 17 (não mostradas).
Essas formações de convecção noturna poderiam estar associadas à ocorrência de Jatos
de Baixos Níveis (JBN). Na costa paraense, os JBN ocorrem durante a estação seca com
maior frequência à noite, acima de 500 m de altitude, com direção predominante entre
nordeste e sudeste no ponto de máxima velocidade (Souza et al. 2006). Os JBN
intensificam o transporte de umidade e calor, sendo importantes no desenvolvimento e
na manutenção de convecção noturna (Whiteman et al. 1997). Para se verificar a
50
ocorrência de JBN na região do CLA, dados de magnitude do vento obtidos a partir das
radiossondagens das 00UTC e 12UTC do dia 18 foram analisados utilizando os critérios
de Bonner (1968), modificado por Whiteman et al. (1997) e Stivari (1999), empregados
por Souza et al. (2006). Apesar da existência de ventos de magnitude significativa sobre
o CLA (acima de 12 m/s), não foram satisfeitos os critérios acima citados para a
constatação da ocorrência de JBN. No entanto, verificou-se a ocorrência de fluxos ou
Ventos Máximos (VM), denominação usada por Corrêa (2005) para ventos de
magnitude de 10 m/s ou mais, em seu estudo sobre os efeitos dos JBN relacionados à
forte precipitação sobre o Rio Grande do Sul. Esta classificação não considera o critério
de cisalhamento vertical do vento associado às situações de ocorrência de jato, porém o
transporte de umidade realizado por estes fluxos pode gerar severa precipitação (Corrêa,
2005). Deve-se destacar que mesmo ventos de magnitude inferior a 10 m/s, porém com
cisalhamento vertical da ordem de 5 m/s, podem ser significativos para a ocorrência de
fortes chuvas (Corrêa, 2005). Valores significativos de alguns índices de instabilidade
foram obtidos através da radiossondagem realizada às 00 UTC do dia 18 no CLA:
índice K acima de 30, Total-totals (Tt) acima de 40 e CAPE maior de 2000. Esses
valores o favoráveis à ocorrência de convecção profunda. O comportamento do vento
horizontal (U, m/s) e da umidade específica (Q, g de vapor d’água/Kg de ar) no nível de
850 hPa foi verificado por meio das análises. É possível observar na Figura 4.3d a
presença dos ventos alísios vindos do oceano (aproximadamente de leste/sudeste)
transportando quantidade significativa de umidade específica para a região do CLA. Em
menor escala, esses ventos associam-se à circulação de brisa marítima (terrestre)
formada na região costeira durante a tarde (noite). O perfil de fluxo de umidade
específica sobre o ponto de grade que contém o CLA (Figura 4.3e) mostra valores mais
elevados desse transporte na camada que se dispõe entre os níveis de 925 e 850 hPa. Os
dados de análise mostram uma área com valores negativos de ômega (fluxo ascendente)
próximo à costa do Maranhão às 12 UTC do dia 18 (Figura 4.3f). Esse movimento
ascendente é resultado de convergência sobre a região devido (possivelmente) à atuação
de brisa terrestre, mesmo já em fase de enfraquecimento (Kousky, 1980). Assim, pode-
se considerar que o transporte de umidade mais acentuado em baixos veis somado à
ação da brisa terrestre deve ser relevante para o surgimento dos produtos de convecção
noturna observados sobre a região que contém o CLA.
51
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.3 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as 12UTC do dia
17/07/08 (a), 00UTC (b) e 06UTC (c) do dia 18/07/08. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
Os painéis “d”, “e” e “f” referem-se a campos gerados a partir de dados de análise,
sendo: (d) direção do vento horizontal (VNT, m/s) e umidade específica (Q, em
g/kg) em 850 hPa para as 00UTC do dia 18; (e) perfil do fluxo de umidade
específica sobre o ponto de grade que contém o CLA para as 12UTC de 18/07/08 e
(f) ômega (Pa/s) em 850 hPa para as 12UTC do dia 18/07/08.
O desenvolvimento das formações convectivas noturnas observadas na re
gião do CLA
está apresentado nas imagens de temperatura no canal infravermelho (TB) da Figura
52
4.4. Nota-se a presença de núcleos de convecção de pequena extensão horizontal
próximos do CLA por volta das 0330 UTC do dia 18, inseridos numa camada de
nebulosidade com topo baixo que cobre grande parte da região norte da América do Sul.
Esses núcleos se intensificaram e se uniram (“merge”) a atingir um máximo
desenvolvimento (TB< -60°C) por volta das 0615 UTC. O sistema resultante, centrado
aproximadamente sobre o CLA e que cobre quase toda a costa norte do Maranhão,
adquiriu uma dimensão maior (cerca de 300 km) e se deslocou para oeste (conforme
observado pelas imagens de radar, Figura 4.5).
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.4 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia 18/07/08. Os
campos referem-se aos seguintes horários: (a) 0245UTC, (b) 0330UTC, (c)
0445UTC e (d) 0615UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
As imagens geradas por meio das varreduras efetuadas pelo radar localizado em
Alcântara permitem uma visão mais detalhada dos sistemas que cruzam a região.
Assim, desde as primeiras horas do dia 18/07/08 notam-se formações convectivas com
disposição zonal se deslocando no sentido leste-oeste e cruzando o CLA (Figura 4.5). A
partir das 05 UTC, as formações expandem-se e intensificam-se, apresentando máxima
atividade entre 06 e 07 UTC, período em que foram registrados os maiores valores de
53
precipitação horária (28,4 mm e 14,2 mm, Figura 4.2). Os núcleos de precipitação se
enfraquecem entre 10 e 11 UTC, mas continuam afetando o CLA até as 12 UTC
(devido à pequena extensão dos núcleos e da sua proximidade do CLA, ocorre
contaminação da refletividade pelos ecos de terreno, o que dificulta a identificação dos
núcleos).
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.5 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA para o
dia 18/07/08. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem: (a)
0515, (b) 0603, (c) 0702, (d) 0904, (e) 1030 e (f) 1123. O maior círculo concêntrico
representa uma distância de 120 km.
4.1.1.2 Evento de convecção diurna
Quanto ao segundo evento de chuva, formações pequenas em extensão, geradas por
convecção diurna, são detectadas pelo radar localizado no CLA se deslocando de leste,
por volta das 1630 UTC (Figura 4.6).
54
(a)
(b)
Figura 4.6 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA para o
dia 18/07/08. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem: (a)
1633 e (b) 1720. O maior círculo concêntrico representa uma distância de 120 km.
Durante a tarde, o aquecimento da superfície terrestre associado à disponibilidade de
umidade nas camadas mais baixas da atmosfera dá suporte à convecção diurna (e
precipitação associada), conforme se observa sobre o CLA e no campo de precipitação
estimada pelo satélite TRM para as 18 UTC (Figura 4.7c). Este sistema foi responsável
pela precipitação intermitente registrada sobre o CLA e São Luís entre 15 e 21 UTC.
Mais tarde (por volta das 00 UTC do dia 19), outros núcleos mais afastados do CLA
(predominantemente a oeste) são observados (Figura 4.7b). O campo de divergência do
vento horizontal em 850 hPa, obtido a partir de dados de análise, aponta regiões de
convergência numa região que se estende desde o interior do Maranhão até o estado do
Amapá (Figura 4.7d). Nas imagens das Figuras 4.7a e 4.7b é possível observar a
presença de núcleos convectivos nessas áreas de convergência.
55
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.7 - (a) Recorte de imagem obtida pelo satélite NOAA-15 para as 1930UTC do dia
18/07/08. (b) Recorte de imagem obtida pelo satélite NOAA-17 para as 0026UTC
do dia 19/07/08. Fonte: INPE/CPTEC/DSA. (c) Campo de precipitação (mm/h)
estimado pelo satélite TRMM para as 18UTC do dia 18/07/08. (d) Campo de
divergência do vento horizontal em 850 hPa (1/s) gerado a partir de dados de
análise para as 00UTC do dia 19/07/08.
56
4.1.2 Evento ocorrido em 30/07/08
Trata-se de um caso de convecção diurna ocorrido durante a época de transição entre as
estações chuvosa e seca da região. Embora não houvesse registro de precipitação nas
estações do CLA e de SLZ e estimativas do satélite TRMM para este dia (talvez devido
a sua resolução espacial de 0.25°), as estimativas geradas pelo modelo Hidroestimador
(28.1 mm no total diário, Figura 4.8) para a área delimitada que envolve a região do
CLA justificam considerar a ocorrência de precipitação isolada no período
compreendido entre 15 e 19 UTC sobre a região.
Precipitação Registrada e Estimada para o dia 30/07/08
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM
Figura 4.8 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São Luís
(SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM) para o dia 30/07/08. Unidade de precipitação: mm/h.
Ocorre atividade da ITCZ (relativamente afastada do NEB) sobre o oceano Atlântico
Norte (Figura 4.9). A atividade convectiva sobre grande parte do Brasil, incluindo a
região do NEB, é muito fraca ou quase nula. Em imagens de satélite abrangendo a
América do Sul é difícil identificar a formação de sistemas muito localizados e isolados,
como o que acontece neste caso. Mesmo assim, verifica-se sobre o NEB a presença de
uma persistente camada de nuvens de fraco desenvolvimento vertical e teto baixo
(possivelmente nuvens do nero Stratocumulus) distribuída em duas bandas que se
estendem até o Oceano Atlântico Sul: uma que começa na Bahia; outra se iniciando no
litoral do NEB. A quase total ausência de nebulosidade cumuliforme sobre parte das
Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil pode estar associada a
“Estagnações de Massas de Ar Quente e Seco” (EMAQS), ou seja, presença de uma
massa de ar seco e quente sobre estas regiões, as quais são caracterizadas por anomalias
57
positivas de temperatura do ar e negativas de precipitação, persistentes por vários dias.
Tal fenômeno ocorre nos meses de abril a setembro (Padilha, 2006). De fato, durante o
mês de julho de 2008, ocorreu a atuação de uma massa de ar seco na maior parte do
Brasil Central, onde predominou um estado de ausência de precipitação e baixa
umidade relativa do ar que resultou na ocorrência de temperaturas máximas acima da
média (Climanálise Vol. 23, n°7). Observa-se também o deslocamento de um sistema
frontal sobre o Uruguai e Sul do Brasil, que mais tarde se estaciona sobre o Paraná
(Figura 4.9d) devido à massa de ar quente e seca que impede o avanço de frentes pelo
Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.9 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para às 00UTC do dia
29/07/08 (a), 00UTC (b), 12UTC (c) e 1815UTC (d) do dia 30/07/08. Fonte:
INPE/CPTEC/DSA.
Com base nas imagens de TB da Figura 4.10 identifica-se o surgimento de pequenas e
isoladas formações convectivas na região do CLA, que nascem na borda oeste da banda
de nebulosidade de topo baixo que se estende pelo litoral nordestino a partir das 1715
58
UTC (Figura 4.10a). Estas formações atingem seu desenvolvimento máximo entre 1830
e 1930 UTC (TB < -40°C). O enfraquecimento desse sistema se a partir das 2045
UTC (Figura 4.10d).
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.10 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia 30/07/08. Os
campos referem-se aos seguintes horários: (a) 1715UTC, (b) 1830UTC, (c)
1930UTC e (d) 2045UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
Os perfis de fluxo de umidade específica no ponto de grade que contém o CLA (Figura
4.11a-b) mostram valores mais acentuados entre os níveis de 925 e 700 hPa. O sistema
convectivo formado durante a tarde próximo à São Luís possivelmente tem sua origem e
manutenção relacionada ao aquecimento da superfície (que gera correntes ascendentes)
brisa marítima e umidade transportada pelo escoamento entre esses níveis (p.ex. em 700
hPa, Figura 4.11c). Essa umidade seria oriunda da camada de nebulosidade de topo
baixo que se estende pelo litoral nordestino. Apesar da subsidência em 700 hPa inibir a
convecção (Figura 4.11d), o que explica o fato da ampla camada de nebulosidade no
litoral nordestino possuir topo baixo, fatores locais na região do CLA devem ter atuado
para a formação do sistema isolado. Índices de instabilidade obtidos através da
radiossondagem realizada às 00 UTC do dia 31 no CLA apresentaram valores
59
favoráveis à ocorrência de convecção profunda: índice K maior que 35, Total-totals (Tt)
acima de 44 e CAPE maior de 2000.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.11 - Campos gerados a partir de dados de análise, sendo: perfil do fluxo de umidade
específica sobre o ponto de grade que contém o CLA para as 12UTC do dia 30
(“a”) e para as 00UTC do dia 31/07/08 (“b”); escoamento (VNT, m/s) e umidade
específica (Q, em g/kg) em 700 hPa para as 12UTC do dia 30/07/08 (c) e ômega
(Pa/s) em 700 hPa para as 00UTC do dia 31/07/08 (“d”).
Um detalhamento maior das formações de convecção diurna é obtido com o uso de
imagens geradas pelo radar localizado no CLA (Figura 4.12). Por volta de 1638 UTC
vê-se a presença de pequenas formações convectivas dispostas aproximadamente em
linha no sentido sudoeste/nordeste a uma distância pouco maior que 50 km do CLA
(aproximadamente centradas em São Luís). Mais tarde, estas formações se organizaram
num sistema linear maior (nas dimensões da Baía de São Marcos) que se deslocou no
sentido sudeste/noroeste, passando sobre o CLA entre 1830 e 1930 UTC. A partir de
então, ocorre o enfraquecimento do sistema e outras células permaneceram isoladas
sobre a região.
60
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.12 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA para o
dia 30/07/08. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem:
(a) 1638 e (b) 1704, (c) 1833, (d) 1921, (e) 2037 e (f) 2116. O maior círculo
concêntrico representa uma distância de 120 km.
61
4.1.3 Eventos ocorridos em 12/03/09
A distribuição horária de precipitação (Figura 4.13) mostra a ocorrência de 2 eventos
distintos no decorrer do dia 12/03/09: um durante a madrugada e manhã, que abrange os
horários de precipitação a partir de 01 até aproximadamente 14 UTC; outro que cobre o
período entre 15 e 23 UTC. Como mostrado adiante, o primeiro evento está associado à
intensificação de sistema convectivo por convecção noturna; o segundo, por convecção
diurna. O total de precipitação diária registrada no CLA foi de 25,8 mm; em São Luís
(SLZ) registrou-se 10,0 mm. Apesar de existir uma pequena discordância dos horários
de máxima intensidade de precipitação entre os valores estimados e os registrados,
novamente se verifica uma coerência entre esses conjuntos de dados, isto é, é possível
identificar uma atividade relacionada à convecção noturna, com ximo entre 06 e 08
UTC e outra diurna, com início por volta das 16 UTC.
Precipitão Registrada e Estimada para o dia 12/03/09
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM
Figura 4.13 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São Luís
(SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM) para o dia 12/03/09. Unidade de precipitação: mm/h.
Durante o mês de março de 2009, a ITCZ permaneceu mais ao sul de sua posição
climatológica, posicionando-se entre o Equador e 5ºS, próximo à costa nordeste do
Brasil. Esse sistema juntamente com a formação de LI’s foram os principais
mecanismos que favoreceram as chuvas na região noroeste do Maranhão neste período
(Climanálise Vol. 24, 3; Cf. Barros, 2008). A análise sinótica elaborada pelo Grupo
de Previsão do Tempo do CPTEC (GPT/CPTEC) referente às 00 UTC do dia 12 mostra
que o tempo em parte da região sudeste e nordeste, onde se observa ausência de
62
convecção (cor escura nas imagens de satélite da Figura 4.15) está sendo influenciado
pela seguinte configuração: em superfície (Figura 4.14b), presença, especialmente sobre
Minas Gerais e Bahia, da borda da Alta Subtropical que está sobre o Atlântico com
núcleo de 1026 hPa; em altos níveis (Figura 4.14a), observa-se um cavado estendido
meridionalmente entre o Maranhão e o noroeste de Minas Gerais. Essa configuração de
alta (baixa) em baixos (altos) níveis traduz-se em ocorrência de subsidência e
consequentemente inibição de convecção. O campo gerado a partir de dados de análise
da Figura 4.15d aponta, para a região do NEB com ausência de nuvens (especialmente a
SE do Piauí) circulação anti-horária em 925 hPa com baixos valores de umidade
específica. A Figura 4.15b mostra a nebulosidade que se forma na periferia desse
cavado (especialmente ao norte e a oeste), ou seja, região onde ventos divergentes
(convergentes) em altos (baixos) níveis.
(a)
(b)
Figura 4.14 - Análise sinótica ao nível de 250 hPa (a) e à superfície (b) para às 00Z do dia
12/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/GPT.
4.1.3.1 Evento de convecção noturna
Nas imagens de satélite das 18 UTC do dia 11 e 00 UTC do dia 12/03/09 (Figuras
4.15a-b) nota-se que ocorre convecção em grande parte do território brasileiro;
particularmente ao longo da costa do Maranhão e Pará, ocorre uma banda de nuvens que
se organiza em forma de Linha de Instabilidade às 18 UTC do dia 11. Esse sistema se
propaga para o interior do continente, permanecendo ativo durante as primeiras horas do
dia 12, quando então enfraquece. As imagens de TB (Figura 4.16) mostram o
63
surgimento de núcleos convectivos ao norte do Maranhão por volta das 0245 UTC
(Figura 4.16a). Esses núcleos surgiram da nebulosidade que restou na retaguarda da LI
formada no final da tarde do dia 11. Esses sistemas se intensificaram, tornando-se mais
organizados a partir das 05 UTC, com máxima atividade sobre o CLA entre 05 e 06
UTC (valor máximo de precipitação horária registrada: 9,6 mm). O enfraquecimento
desses sistemas se dá a partir das 11 UTC (Figura 4.16d).
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.15 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para às 18UTC do dia
11/03/09 (a), 0015UTC (b) e 12UTC (c) do dia 12/03/09. Fonte:
INPE/CPTEC/DSA. O painel d” refere-se ao escoamento (VNT, m/s) e umidade
específica (Q, em g/kg) em 925hPa, para as 00UTC do dia 12/03/09, gerado a
partir de dados de análise.
64
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.16 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia 12/03/09. Os
campos referem-se aos seguintes horários: (a) 0245UTC, (b) 05UTC, (c)
0730UTC e (d) 11UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
P
ode-se acompanhar a evolução das formações convectivas através das imagens de
radar (Figura 4.17). Às 0203 UTC (Figura 4.17a) nota-se o deslocamento vindo de leste
de uma pequena banda de nuvens disposta em sentido N/S e que passa pelo CLA por
volta de 03 UTC (Figura 4.17b). Entre 0530 UTC e 11 UTC formações de maior
extensão espacial, deslocando no mesmo sentido que a anterior, passam pelo CLA.
Essas formações se afastaram totalmente da região a partir das 1315 UTC.
65
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
Figura 4.17 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA para o
dia 12/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem:
(a) 0203 e (b) 0241, (c) 0329, (d) 0531, (e) 0713 e (f) 0942, (g) 1113 e (h) 1315.
O maior círculo concêntrico representa uma distância de 120 km.
4.1.3.2 Evento de convecção diurna
Durante à tarde, notam-se núcleos convectivos oriundos de convecção diurna a leste do
CLA (Figuras 4.19a e 4.21a). Essas formações parecem mais organizadas na imagem de
satélite das 1815 UTC (Figura 4.18a). Observa-se, nos campos oriundos de dados de
reanálise da Figura 4.20, que ocorre divergência do vento horizontal no escoamento em
altos níveis (200 hPa) sobre a região onde se observam essas formações, favorecendo
66
seu desenvolvimento. A partir disso, aumentam de tamanho e avançam no sentido NW,
passando pelo CLA entre 18 e 19 UTC (Figura 4.21c), vindo a enfraquecer por volta das
2015 UTC. Na imagem de satélite das 0015 UTC do dia 13 (Figura 4.18b), notam-se
apenas algumas nuvens remanescentes da dissipação do sistema ao sul do CLA.
(a)
(b)
Figura 4.18 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as 1815UTC do
dia 11/03/09 (a) e 0015UTC do dia 12/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.19 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia 12/03/09. Os
campos referem-se aos seguintes horários: (a) 1615UTC, (b) 1915UTC, (c)
2015UTC e (d) 2115UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
67
(a)
(b)
Figura 4.20 - Campos de linhas de corrente em 200hPa, para as 18UTC do dia 12 (a) e 00UTC
do dia 13/03/09 (b), gerados a partir de dados de reanálise. O retângulo vermelho
delimita área usada para estudo.
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.21 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA para o
dia 12/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem:
(a) 1615 e (b) 1715, (c) 1830, (d) 1915, (e) 1945 e (f) 2033. O maior círculo
concêntrico representa uma distância de 120 km.
68
4.1.4 Eventos ocorridos em 26/03/09
A rie horária de precipitação registrada e estimada mostra a ocorrência de eventos
distintos no decorrer do dia 26/03/09 (Figura 4.22): um durante a madrugada e manhã,
que abrange os horários de precipitação entre 02 e 13 UTC; outro que cobre a
precipitação ocorrida a partir das 17 UTC. Como mostrado adiante, o primeiro evento
está associado à intensificação de sistema convectivo por convecção noturna; o
segundo, por convecção diurna. O total de precipitação diária registrada pela estação do
CLA foi de 32,9 mm; pela de SLZ 2,0 mm. Os valores estimados foram de 63,5 mm
para o Hidroestimador e de 5,8 mm para o satélite TRMM. Apesar da diferença de
magnitude entre os valores registrados e estimados, é possível notar a ocorrência de
eventos distintos de convecção noturna e diurna considerando-se os dados
conjuntamente.
Precipitão Registrada e Estimada para o dia 26/03/09
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM
Figura 4.22 - Precipitação horária registrada pelas estações de Alcântara (CLA) de São Luís
(SLZ) e estimada pelo modelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM) para o dia 26/03/09. Unidade de precipitação: mm/h.
A ocorrência de convecção é notada em boa parte do território brasileiro nas imagens de
satélite para o dia 26/03/09 (Figura 4.24). A nebulosidade que se estende pelas Regiões
Norte, Centro-Oeste e parte das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, seguindo pelo
Atlântico, associa-se à atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS),
sistema que se formou a partir do dia 22 e persistiu ao início do mês seguinte nestas
regiões (Climanálise Vol. 24, n° 3). As áreas com baixo valor de umidade específica em
925 hPa (Figuras 4.23c-d) referem-se à mesma região de ausência de nuvens sobre o
noroeste da Bahia e sul do Pia que se verifica nas imagens de satélite das Figuras
69
4.24a-b. A ITCZ esteve presente próxima a costa norte do NEB, contribuindo para a
atividade convectiva na região (Figura 4.23b). O escoamento difluente que se
configurou entre a Alta da Bolívia e o cavado a leste (Figura 4.23a) favoreceu a
formação de áreas de instabilidade, principalmente sobre as Regiões Norte e Nordeste
do Brasil, conforme ilustra a imagem de satélite das 18 UTC do dia 26 (Figura 4.24a).
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.23 - Análise ao nível de 250 hPa (a) e à superfície (b) para às 00Z do dia 26/03/09.
Fonte: INPE/CPTEC/GPT. Campos de direção do vento horizontal (VNT, m/s) e
umidade específica (Q, em g/kg) em 925 hPa, para as 00UTC do dia 26/03/09 (c)
e 00UTC do dia 27/03/09 (d), gerados a partir de dados de análise.
70
(a)
(b)
Figura 4.24 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as 06UTC (a) e
18UTC do dia 26/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
4.1.4.1 Evento de convecção noturna
Às 00 UTC do dia 26 (Figura 4.25a) ocorrem formações convectivas oriundas de
“restos” de convecção diurna espalhadas pelas regiões Norte e Nordeste do Brasil
(inclusive na região que envolve o CLA). Índices de instabilidade gerados a partir da
radiossondagem das 00 UTC do dia 26 indicam condições favoráveis à ocorrência de
convecção profunda: índice K maior que 30, Total-totals (Tt) acima de 40 e CAPE
maior de 1800. Os campos de divergência do vento horizontal e ômega em 925 hPa
(Figuras 4.26a-b) apontam, em geral, áreas comuns com correntes ascendentes (valores
negativos de ômega) e convergência (valores negativos de divergência). Essas áreas
coincidem, na sua maioria, com aquelas onde se encontram os núcleos convectivos. A
imagem de satélite das 12 UTC (Figura 4.25b) permite notar que essas formações
enfraquecem.
71
(a)
(b)
Figura 4.25 - Recorte de imagens do satélite GOES-10 + METEOSAT-09 para as 00UTC (a) e
12UTC do dia 26/03/09. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
(a)
(b)
Figura 4.26 - (a) Campo de divergência do vento horizontal (1/s) e (b) ômega (Pa/s) em 925hPa,
para as 00UTC do dia 26/03/09, gerados a partir de dados de análise.
As imagens de TB para o dia 26/03/09 (Figura 4.27) mostram a passagem de formações
convectivas pouco intensas entre as 09 e 11 UTC sobre a região do CLA e que deram
origem a precipitação registrada pela estação de Alcântara. Essas formações tiveram
origem sobre o oceano, se deslocaram no sentido leste/oeste e atingiram seu máximo
desenvolvimento por volta das 08 UTC antes de atingir o CLA (não mostrado).
72
(a)
(b)
Figura 4.27 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia 12/03/09. Os
campos referem-se aos seguintes horários: (a) 09UTC e (b) 1015UTC. Fonte:
INPE/CPTEC/DSA.
Entre 08 e 11 UTC nota-se, nas imagens de radar (Figura 4.28), o deslocamento de um
sistema vindo de leste/sudeste e que passa pelo CLA por volta das 10 UTC.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.28 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA para o
dia 26/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem:
(a) 0801 e (b) 0915, (c) 1015 e (d) 1113. O maior círculo concêntrico representa
uma distância de 120 km.
4.1.4.2 Evento de convecção diurna
As imagens de TB (Figura 4.29) mostram que, durante à tarde, novas formações surgem
sobre o norte do NEB, desde o norte do Rio Grande do Norte até a costa do Pará, com
73
início a partir das 15 UTC. Esses sistemas, ao se intensificarem, se organizaram em uma
LI costeira que se propaga continente adentro. A LI atua sobre a região até por volta das
20 UTC, quando então se enfraquece. As LIs o induzidas pela brisa marítima e pelos
ventos alísios de sudeste (Kousky, 1980) ou ainda acompanham a evolução da ITCZ
(Cavalcanti, 1982).
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4.29 - Imagens de temperatura de brilho das nuvens (TB, °C) para o dia 26/03/09. Os
campos referem-se aos seguintes horários: (a) 15UTC, (b) 1630UTC, (c)
1815UTC e (d) 20UTC. Fonte: INPE/CPTEC/DSA.
Maiores detalhes são visualizados por meio das imagens de radar da Figura 4.30. A
partir das 1315 UTC observam-se formações mais numerosas. Entre 16 e 18 UTC nota-
se a passagem de um sistema mais organizado a noroeste do CLA, o qual ocasionou
precipitação que foi registrada pela estação meteorológica local. Com o início da noite,
há um enfraquecimento desses sistemas oriundos de convecção diurna.
74
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Figura 4.30 - Imagens de refletividade das nuvens geradas pelo radar localizado no CLA para o
dia 26/03/09. Os campos referem-se aos seguintes horários (UTC), nesta ordem:
(a) 1315 e (b) 1403, (c) 1502, (d) 1617, (e) 1715 e (f) 1830. O maior círculo
concêntrico representa uma distância de 120 km.
75
4.2 Síntese descritiva dos casos de precipitação sobre a região do CLA
Uma síntese das condições meteorológicas observadas durante a ocorrência dos casos
de precipitação que ocorreram na região do CLA encontra-se na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Resumo das condições meteorológicas obs
ervadas relativas aos casos de
precipitação sobre a região do CLA selecionados para as simulações.
Caso
(Dia)
Horário (UTC)
do(s) evento(s) e
tipo de convecção
Estação
do ano
Condição
sinótica
relevante
Mecanismo causador da
convecção
18/07/08
02/12 (noturna) e
a partir das 15
(diurna)
Transição
Fraca
atividade da
ITCZ
Transporte de umidade em baixos
níveis e atuação da brisa terrestre;
aquecimento da superfície
30/07/08
15/19 (diurna) Transição
EMAQS Aquecimento da superfície, brisa
marítima e umidade transportada
pelo escoamento em baixos níveis
12/03/09
01/14 (noturna) e
15/23 (diurna)
Chuvosa ITCZ mais ao
sul, cavado
estendido
sobre o MA e
MG e LIs
Convecção noturna surge da
nebulosidade restante de uma LI
formada no dia anterior.
Aquecimento da superfície e
divergência em altos níveis
favorecem a convecção diurna
26/03/09
02/13(noturna) e a
partir das 17
(diurna)
Chuvosa Atuação de
ZCAS
(grande parte
do Brasil),
ITCZ e Alta
da Bolívia
Áreas comuns de correntes
ascendentes e convergência em
baixos níveis (noturna).
LIs que se propagam continente
adentro (diurna).
A evolução temporal e a morfologia da convecção sobre a região do CLA pode variar
bastante, com regimes que vão desde sistemas convectivos mais organizados como
linhas de instabilidade até células convectivas isoladas. Os regimes variam
sazonalmente (Barros, 2008). Conforme se observa na Tabela 4.1, o transporte de
umidade realizado em baixos níveis, especialmente pela atuação da brisa (marítima e
terrestre) é importante para a ocorrência da convecção sobre a região do CLA.
Destacam-se também as linhas de instabilidade, que se formam sobre a costa e se
propagam continente adentro. Outro mecanismo bastante importante na geração de
precipitação nesta região é a presença de áreas de convergência de massa em baixos
níveis (evento do dia 26/03/09), favorecendo tanto a formação de convecção diurna
quanto noturna. Para os modelos de mesoescala, representar todos os aspectos
76
mencionados é fundamental para que se obtenha uma adequada simulação da evolução
temporal e morfologia das áreas de precipitação.
77
5 DESENHO DAS SIMULAÇÕES
O modelo MM5 foi executado em 2 plataformas com configurações e finalidades
distintas: uma versão está instalada na ACA/IAE (para fins de pesquisa e
desenvolvimento científicos); a outra se encontra no ICEA, sendo usada de forma
operacional. Instituição associada ao conceito de defesa e segurança do espaço aéreo
brasileiro, o ICEA emprega o modelo MM5 tanto para fins operacionais quanto para
pesquisa e desenvolvimento científico. Atualmente, conduz um projeto em parceria com
o CNMA (Centro Nacional de Meteorologia Aeronáutica, sediado em Brasília), ambos
subordinados ao DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo, Comando da
Aeronáutica), cujo objetivo é de pesquisa e desenvolvimento da modelagem numérica
para fins aeronáuticos. Maiores informações encontram-se no sítio
www.icea.gov.br/climatologia/produtos
. O CNMA, órgão que se destina à prestação de
serviço na área de meteorologia (previsão e informações meteorológicas) para a aviação
em geral, planeja, em breve, utilizar uma versão do MM5 em suas instalações. Assim,
acredita-se ser importante testar e avaliar se os resultados encontrados com as
simulações do modelo instalado na ACA/IAE resultarão em algum benefício para
previsões de precipitação com o modelo instalado em ambientes operacionais (p. ex.,
ICEA) com diferentes configurações. A seguir descreve-se o desenho experimental
empregado nas simulações.
5.1 Simulações com o modelo instalado na ACA/IAE
Com base na metodologia de grades aninhadas utilizada por outros autores (p.ex.
Serafin e Ferretti, 2007) neste trabalho as simulações empregaram 3 domínios
aninhados de resoluções horizontais 27 (G1), 9 (G2) e 3 (G3) km, centradas
aproximadamente sobre o CLA, na latitude de 02,5°S e longitude 44.5°W, conforme
Figura 5.1.
78
Figura 5.1 - Domínio das grades de resolução horizontal 27 km (G1), 09 km (G2) e 3 km (G3).
O número de pontos nas direções zonal e meridional e o domínio para cada grade estão
descrito na Tabela 5.1. Foram utilizados 38 níveis sigma na vertical (com pressão de
topo 50 hPa), mesmo número usado por Colle e Mass (2000) e que obteve bons
resultados. Ainda sobre o número de níveis verticais, testes de sensibilidade de
simulações de precipitação à resolução vertical foram realizados e os resultados
encontram-se no Apêndice A deste trabalho.
Tabela 5.1 - Número de pontos de grade para os domín
ios 1, 2 e 3 empregados nas simulações
realizadas na ACA/IAE.
Espaçamento de
grade (km)
N° pontos zonal N° pontos meridional
Extensão do
domínio (Km)
27 80 60 2160X1620
9 91 67 819X603
3 91 67 273X201
Conforme descrito na seção 2, as simulações foram inicializadas com dados de análise
cuja resolução espacial é de 1°. O uso de condições iniciais e de contorno com
resolução espacial mais baixa pode ser visto como uma limitação deste trabalho. Chan
et al. (2003), ao simular um evento extremo de precipitação sobre Caracas, Venezuela,
constataram que o aumento de resolução das condições iniciais e de contorno foi
necessária para que se alcançasse uma previsão de precipitação mais próxima aos
valores aproximados. Forçantes laterais de maior resolução proporcionaram o aumento
79
do suprimento de umidade, o que acarretou condições mais favoráveis para a convecção
profunda.
Os dados de TSM obtidos junto a NOAA possuem resolução horizontal (temporal) de
(7 dias). Adotaram-se as seguintes parametrizações físicas do modelo: RRTM (Mlawer
et al, 1997) para radiação; MRF-PBL (Hong e Pan, 1998) para camada limite planetária;
Kain-Fritsch2 [KF2, Kain e Fritsch (2004)] para convecção profunda e NOAH-LSM
(Chen e Dudhia, 2001) para processos de superfície. Este último é capaz de prever a
temperatura e umidade do solo em quatro camadas. O NOAH-LSM calcula os balanços
radiativo, de energia e de água sobre superfícies continentais e contém também
processos para melhor tratar a cobertura de neve e os efeitos do solo congelado. Apesar
da conhecida influência dos processos de superfície na formação de precipitação
(Cândido, 2002) para o CLA, considera-se que a fonte de umidade para a formação de
nuvens e chuva se deve mais ao transporte de umidade do oceano efetuado pelos alísios
do que à evapotranspiração ou aos processos de superfície. Assim, a temperatura e a
umidade do solo foram inicializadas de forma simples com valores provenientes da
Reanálise do NCEP/NCAR (referentes à data e o horário da condição inicial). As
Figuras 5.2, 5.3 e 5.4 mostram os campos de topografia, umidade do solo entre 10 e 40
cm para à 00 UTC do dia 26/03/2009, fração de área vegetada e uso da terra para os três
domínios, já interpolados para as grades dos domínios.
No caso dos processos de microfísica, os seguintes esquemas fora
m testados: Warm
Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz (estes últimos por serem considerados mais
sofisticados que os dois primeiros).
80
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.2 - Campos de topografia (a), fração de área vegetada (b), uso da terra (c) e umidade do
solo entre 10 e 40 cm para à 00 UTC do dia 26/03/2009 (d) para o domínio 1. As
categorias de vegetação estão especificadas na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 - Descrição das categorias de vegetação.
Número
Tipo de vegetação
2 Pastagem e agropecuária
5 Mosaico de agropecuária e gramíneas
6 Mosaico de floresta e agropecuária
8 Caatinga
10 Savana (cerrado)
11 Floresta tropical decídua e semi-decídua
16 Água
81
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.3 - Campos de topografia (a), fração de área vegetada (b), uso da terra (c) e umidade do
solo entre 10 e 40 cm para à 00 UTC do dia 26/03/2009 (d) para o domínio 2. As
categorias de vegetação estão especificadas na Tabela 5.2.
82
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.4 - Campos de topografia (a), fração de área vegetada (b), uso da terra (c) e umidade do
solo entre 10 e 40 cm para à 00 UTC do dia 26/03/2009 (d) para o domínio 3. As
categorias de vegetação estão especificadas na Tabela 5.2.
Com passo de tempo de 60 s, o tempo total de integração para cada simulação foi de 36
h, com saídas a cada 60 min, sendo que as 12 primeiras horas foram descartadas como
spin-up (tempo necessário para ajuste dos campos atmosféricos); assim, somente se
consideraram as últimas 24 h de cada integração para fins de análise. Baseado nos
trabalhos de Warner e Hsu (2000) e Grubisic (2005) realizaram-se, para cada evento de
precipitação selecionado, as seguintes simulações do modelo, conforme Tabela 5.3.
Visando a definição do esquema que apresentasse melhores resultados nas simulações
de precipitação na região do CLA, foram realizadas 4 simulações para cada um dos
quatro casos selecionados (simulações 1, 2, 3 e 4). Cada rodada empregou um esquema
explícito diferente: Warm Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC).
Usou-se aproximação híbrida [uso conjunto de esquemas implícitos (neste caso, KF2) e
explícitos] nos 3 domínios. Essas simulações foram chamadas de Grupo 1 (G1).
83
Definido o esquema explícito mais eficiente (ES), realizaram-se novas simulações
(simulações 5 e 6, denominadas Grupo 2, G2) alternando o uso do esquema implícito
nos domínios 2 e 3. Foram comparados os aspectos da precipitação entre as simulações
dos Grupos 1 e 2 para o mesmo esquema explícito, visando definir a melhor
combinação do uso de esquemas implícitos e explícitos nos domínios de 9 e 3 km de
resolução horizontal.
T
abela 5.3 - Configuração das simulações realizadas com o modelo instalado na ACA/IAE
quanto ao uso de esquemas implícitos e explícitos de convecção.
Simulações
Grupo 1 Grupo 2
Espaçamento
de grade (km)
1 2 3 4 5 6
27 KF2/WR KF2/SI KF2/RE KF2/SC KF2/ES KF2/ES
9 KF2/WR KF2/SI KF2/RE KF2/SC KF2/ES ES
3 KF2/WR KF2/SI KF2/RE KF2/SC ES ES
5.2 Simulações com o modelo instalado no ICEA
O modelo instalado no ICEA, atualmente, faz previsões operacionais duas vezes ao dia
(para os horários da 00 e 12 UTC), com saídas a cada 3 horas, para 3 diferentes regiões
do território brasileiro: Norte, Nordeste e Sul/Sudeste, utilizando, cada uma delas,
grades aninhadas de resolução horizontal 36 e 12 km. Estas grades ou domínios usam o
método “two way” de aninhamento (os resultados das integrações são transmitidos entre
os domínios, nos dois sentidos, a cada passo de tempo). Futuramente, pretende-se
empregar um novo domínio, centrado aproximadamente sobre o CLA, com grades de
resolução horizontal 18 e 6 km.
Por padrão, as rodadas do modelo realizadas no ICEA utilizam esquemas implícitos e
explícitos de convecção (esquemas Grell e Simple Ice, respectivamente) para todos os
domínios. Conforme verificado nas simulações realizadas com o modelo instalado na
ACA/IAE, o uso de somente esquema de microfísica para o domínio de espaçamento de
grade 9 km produz variados resultados nas simulações de precipitação para a região do
CLA, quando comparados aos resultados obtidos com as simulações que empregaram
aproximação híbrida. Diante disso, foram realizadas simulações com o objetivo de testar
o uso de somente esquemas explícitos de convecção para o domínio de espaçamento de
grade 12 km utilizado nas previsões realizadas pelo ICEA. Esta resolução (12 km)
84
encontra-se dentro da faixa de espaçamento de grade na qual ainda não se tem
claramente estabelecida a necessidade ou não do uso de esquemas de convecção
profunda (Molinari e Dudek, 1992).
Para que se alcançasse o objetivo proposto, o modelo foi executado para os domínios
que cobrem a região Nordeste (em função do tempo gasto com as simulações, as demais
regiões não foram utilizadas). A Figura 5.5 ilustra a extensão dos domínios para esta
região. A seguir descrevem-se as características das simulações. O número de pontos
nas direções zonal e meridional para os diferentes domínios está indicado na Tabela 5.4.
A resolução vertical compreende 23 níveis sigma, com pressão de topo 100 hPa. Os
dados de TSM obtidos junto a NOAA possuem resolução horizontal (temporal) de (7
dias). A temperatura e a umidade do solo são inicializadas com valores climáticos de
Reanálise do NCEP. As parametrizações físicas do modelo são as seguintes: cloud
radiation scheme para radiação; MRF-PBL (Hong e Pan, 1996) para camada limite
planetária; multi layer para processos de superfície; Grell (Grell, 1995) para convecção
implícita e Simple Ice (Dudhia, 1989) para microfísica de nuvens. Estas
parametrizações são empregadas nos 2 domínios e foram adotadas nas simulações de
controle (chamadas ICEA1).
Tabela 5.4 - Número de pontos de grade dos domínios
empregados pelo modelo MM5 instalado
no ICEA.
Região Resolução (km)
Nº Pontos Zonal e Meridional
36 120x120
Norte
12 103x103
36 90x95
Nordeste
12 70x70
36 90x90
Sul/Sudeste
12 67x70
Com passo de tempo de 90 s, foram feitas rodadas de 36 h de integração (descartando-
se as doze horas iniciais), para todos os dias do mês de março de 2009 (escolhido em
função da disponibilidade dos dados de análise e de precipitação, além da freqüente
ocorrência de precipitação sobre a região Nordeste). As simulações foram inicializadas
a partir das 12 UTC do dia anterior ao do dia considerado, utilizando-se para isso, dados
de análise com resolução horizontal de 0.5° (formato GRIB2), disponibilizados pelo
NOAA/NCEP. Tais dados se encontravam disponíveis no ICEA. Realizaram-se duas
85
rodadas para cada dia, chamadas ICEA1 (simulações de controle) e ICEA2. Ambas
utilizaram esquemas de convecção implícita (Grell) e explícita (Simple Ice) para o
Domínio 1 (D1, 36 km de resolução horizontal). No entanto, para o Domínio 2 (D2, 12
km de resolução horizontal), enquanto ICEA1 usou a mesma combinação (híbrida) de
esquemas utilizada em D1, ICEA2 utilizou somente esquema explícito (Simple Ice)
neste espaçamento de grade. Esta é a única diferença entre as simulações.
Figura 5.5 - Domínio das grades de resolução horizon
tal 36 km (D1) e 12 km (D2) para a região
Nordeste utilizado pelo ICEA.
86
87
6 RESULTADOS
A seguir, descreve-se a análise dos resultados obtidos a partir das simulações realizadas
com o modelo MM5 instalado na ACA/IAE e ICEA.
6.1 Simulações realizadas com o modelo instalado na ACA/IAE
6.1.1 Análise das simulações do Grupo 1
A seguir, faz-se uma análise dos aspectos das simulações do Grupo 1 referentes aos 4
casos de precipitação ocorridos na região do CLA. Para se analisar a magnitude da
precipitação, os valores obtidos pelas simulações foram comparados com os valores de
precipitação registrados pelas estações do CLA e São Luís (SLZ), além dos valores
médios de precipitação estimados pelo método Hidroestimador (HIDRO) e pelo Satélite
TRMM (TRMM) para a mesma área usada na análise observacional dos casos. O
posicionamento e evolução dos sistemas precipitantes simulados nos 3 domínios foram
comparados com os campos de TB, campos de precipitação estimada pelo HIDRO e
TRMM e imagens de refletividade das nuvens obtidas por radar (especificamente para o
domínio 3). É importante ressaltar que os campos gerados possuem diferente resolução
espacial e temporal, portanto a comparação dos resultados obtidos com as simulações e
as observações foi feita de forma subjetiva.
6.1.1.1 Eventos de precipitação ocorridos no dia 18/07/08
Durante o dia 18/07/08 houve a ocorrência de eventos distintos de
convecção/precipitação noturna (entre 2 e 12 UTC) e diurna (a partir das 15 UTC) na
região que abrange o CLA. O total de precipitação diária registrada (estimada) foi de
63,2 mm para o CLA e de 2,8 mm em SLZ (48,1 mm para o HIDRO e 49,4 mm para o
TRMM). Para este caso, somente o esquema WR não conseguiu simular precipitação
referente à convecção noturna (Figura 6.1a). Além disso, pode-se observar que houve
similaridade (mas não coincidência) tanto da quantidade diária de precipitação simulada
quanto da evolução da mesma para os três domínios, para todos os esquemas de
microfísica. Os esquemas SI e RE apontaram um comportamento muito semelhante no
que se refere à evolução temporal dos eventos de precipitação.
88
(a)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - WR
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(b)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - SI
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(c)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - RE
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(d)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - SC
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
HIDRO CLA TRMM SLZ 27KM 09KM 03KM
Figura 6.1 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para o dia 18/07/08.
As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no CLA e em SLZ e de
precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos domínios de 27,
9 e 3 km de resolução. Os gráficos “a”, “b”, “c” e “d” referem-se, aos esquemas
Warm Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz (SC), nesta ordem. Precipitação (mm/h)
em escala logarítmica.
Os 4 esquemas testados subestimaram a quantidade de precipitação diária, sendo que os
esquemas SI e RE foram os que mais se aproximaram dos valores observados (Tabela
6.1). Quanto à divisão da precipitação simulada em parte convectiva (PC, relacionada
aos esquemas implícitos) e não-convectiva (PNC, associada aos esquemas explícitos),
somente os esquemas RE e SI geraram PNC na região mais próxima do CLA nos
domínios 2 e 3 (não mostrado), tendo este último (SI) apresentado melhores resultados.
As simulações também mostraram que a participação da PC diminui com o aumento da
resolução das grades. Isso é coerente com a idéia de que, em resoluções mais altas,
esquemas explícitos são suficientes para simular adequadamente a precipitação
(Molinari e Dudek, 1992; Weisman et al., 1997).
89
Tabela 6.1- Precipitação Convectiva (PC), Não-Convectiva (PNC) e Total (TT) simulada obtida
para o dia 18/07/08 para a região do CLA com o uso dos esquemas Warm Rain
(WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de precipitação:
mm/dia.
Precipitação Convectiva, Não Convectiva e Total Simulada (mm/dia)
Esquemas WR SI RE SC
Resolução
PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT
27 km
4.5 0 4.5 12.6 0 12.6 27.8 0 27.8 14.8 0 14.8
09 km
11.7 0 11.7 16.6 5.1 21.7 23.8 0.9 24.7 11.5 0 11.5
03 km
3.9 0 3.9 11.9 14.7 26.6 8.5 6.7 15.2 5.9 0 5.9
Os campos de precipitação simulada, estimada e de TB referentes ao horário das 06
UTC foram usados para análise da distribuição espacial e intensidade das áreas de
chuva (Figura 6.2). Além de todos os dados para comparação da precipitação simulada
com a observada estarem disponíveis, neste horário houve o maior registro de
precipitação (oriunda de convecção noturna) na estação do CLA (28,4 mm). Quanto ao
posicionamento das regiões de precipitação, houve relativa coerência e uniformidade
entre os 3 domínios para todas as simulações (Figura 6.2). Se considerarmos as
formações convectivas no campo de TB (baixos valores de TB, Figura 6.2) como áreas
prováveis de precipitação, nos domínios 1 e 2, para os 4 esquemas, 2 regiões de
precipitação foram geradas erroneamente: uma sobre o interior do Maranhão (ao sul do
CLA) e outra a leste do CLA.
Para a grade de 3 km de resolução todos os esquemas (exceto WR) simularam
corretamente chuva na região do CLA, porém não localizaram a região de precipitação
mais próxima de SLZ leste do CLA). Destacam-se as simulações realizadas com os
esquemas SI e RE, que representaram melhor o padrão de precipitação neste domínio,
onde se pode notar que a linha” de precipitação na região ao norte entre CLA e SLZ
nos domínios 1 e 2 (e que não aparece nas observações) não é simulada no domínio 3.
Assim, pode-se dizer que, neste caso, o uso de grades de maior resolução espacial
melhorou a representação da precipitação, isto é, eliminou os erros simulados nas
grades de maior espaçamento. Nota-se ainda nas Figuras 6.2i e 6.2m (referentes aos
esquemas SI e RE respectivamente), a presença de núcleos com valores de precipitação
acima de 15 mm que estão coerentes com o campo observado (Figura 6.2c). Tais
núcleos estão relacionados à parte não convectiva da precipitação (não mostrado).
90
Em geral, pode-se dizer que, neste caso, os esquemas SI e RE apresentaram melhores
resultados na representatividade da precipitação. Especificamente para o domínio de 3
km de resolução, destacam-se o maior detalhamento das áreas de precipitação e
principalmente, a filtragem de alguns erros (com relação ao domínio 2) conseguida
neste espaçamento de grade.
91
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(l)
(m)
(n)
(o)
(p)
Figura 6.2 - Campos de precipitação simulada (de “d” a “p”, mm), precipitação estimada pelo
TRMM (“b”) e pelo HIDRO (“c”) e de TB (“a”, °C) para as 06 UTC de 18/07/08.
Cada uma das colunas, a contar da esquerda, refere-se a campos (exceto campos
“a”, “b” e “c”) cujos domínios são de 27, 9 e 3 km de espaçamento de grade,
respectivamente. Cada uma das linhas, a contar da segunda na descendente, refere-
se a um esquema explícito, conforme a seguinte ordem: Warm Rain, Simple Ice,
Reisner e Schultz. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise.
92
6.1.1.2 Eventos de precipitação ocorridos no dia 30/07/08
Valores de precipitação (28 mm) foram estimados pelo modelo Hidroestimador
referentes a um sistema isolado que atravessou a região do CLA entre 15 e 19 UTC
aproximadamente. No entanto, nenhuma simulação foi capaz de prever adequadamente
a evolução e quantidade de precipitação neste caso (Figura 6.3). Todos os esquemas
anteciparam o início da precipitação (entre 9 e 10 UTC) e somente o esquema SC
simulou precipitação nos horários em que foi observada (HIDRO). Os valores de
precipitação obtidos pelos 3 domínios foram mais similares entre si nas simulações com
os esquemas RE e SC.
(a)
Série de Precipitação para o dia 30/07/08 - WR
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(b)
Série de Precipitação para o dia 30/07/08 - SI
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(c)
Série de Precipitão para o dia 30/07/08 - RE
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(d)
Série de Precipitão para o dia 30/07/08 - SC
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
Figura 6.3 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para o dia 30/07/08.
As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no CLA e em SLZ e de
precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos domínios de 27,
9 e 3 km. Os gráficos “a”, “b”, “c” e “d” referem-se, aos esquemas Warm Rain,
Simple Ice, Reisner e Schultz (SC), nesta ordem. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.
A Tabela 6.2 mostra os valores totais de precipitação obtidos com as simulações: nota-
se que o esquema WR apresentou os maiores erros de magnitude quando comparados
aos valores gerados pelo HIDRO. Em geral, as simulações para os domínios de
resolução horizontal 27 e 9 km foram mais similares quanto à evolução temporal e
quantidade de precipitação, apresentando valores mais próximos do valor total
observado (HIDRO), embora ainda o subestimando. Para este caso, a precipitação
93
simulada pelo domínio 3 para a região que envolve o CLA foi bem abaixo do observado
(num máximo de 25% desse valor).
Tabela 6.2 - Precipitação Convectiva (PC), Não-Convectiva (PNC) e Total (TT) simulada
obtida para o dia 30/07/08 para a região do CLA com o uso dos esquemas Warm
Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de
precipitação: mm/h.
Precipitação Convectiva, Não Convectiva e Total Simulada (mm
/dia)
Esquemas WR SI RE SC
Resolução
PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT
27 km
3.5 0 3.5 8.3 0 8.3 12.6 0 12.6 11.5 0 11.5
09 km
0.7 0 0.7 9.8 0.2 10 11.5 0 11.5 9 0 9
03 km
0 0 0 2.2 0.6 2.8 4.2 1.0 5.2 6.1 0.2 6.3
Quanto à divisão da precipitação em parte convectiva e não-convectiva, conforme se
esperava, a porção o convectiva aumenta sua contribuição para o valor total com o
aumento da resolução das grades (Tabela 6.2). No entanto, os valores da parte não-
convectiva foram bem menores que os da parte convectiva.
Houve similaridade entre os campos gerados pelas quatro simulações quanto ao
posicionamento das áreas de precipitação e sua evolução no tempo, exceto para o
domínio de 3 km (Figura 6.4). No domínio de 27 km notam-se diferenças entre as
simulações e o observado. Na Figura 6.4a nota-se a existência de apenas uma área de
chuva sobre o oceano, próximo a costa do Ceará. No entanto, todas as simulações
produziram (erroneamente) uma área de precipitação que se estende desde o estado do
Amapá até a Ilha de Marajó. Nota-se ainda outra área precipitante (em posição
deslocada com relação ao campo observado e que permanece existindo por praticamente
toda a simulação) entre a costa do Ceará e o nordeste do Maranhão.
No domínio de resolução horizontal 9 km, para o horário das 15 UTC, ocorre o
aparecimento de células de precipitação maiores a leste do CLA (Figuras 6.4b).
Contudo, nenhuma simulação foi capaz de representar isoladamente tais células,
produzindo (equivocadamente) uma grande e única área de precipitação disposta desde
a costa do Maranhão ao Pará. Em síntese, em todas as simulações, os domínios 1 e 2
não representaram bem o evento diurno de precipitação ocorrido na região do CLA.
94
Para o domínio 3, as simulações também não apontaram resultados melhores: os quatro
esquemas geraram áreas de precipitação ao norte do CLA a partir das 10 UTC (não
mostrado). Estas formações se intensificaram e deslocaram de leste, apresentando
núcleos com elevadas taxas de precipitação em horários e locais não observados tanto
nas imagens de radar quanto nos campos estimados pelo TRMM. Às 18 UTC, uma área
de chuva isolada vinda de leste (não mostrada) passa pelo CLA (Figura 6.4c). O
resultado mais próximo do real foi obtido com a simulação de precipitação não
convectiva com os esquemas SC e WR, mesmo deslocado mais ao norte que o
observado. Importante destacar que apesar do erro no posicionamento, a extensão
(localizada) e a quantidade (pequena) dos núcleos foram bem simulados.
Pode-se afirmar que os erros verificados quanto aos valores gerados e a evolução
temporal da precipitação decorrem dos erros de posicionamento dos sistemas e seu
deslocamento observado nas simulações. Diante dos resultados, ficou evidente a
dificuldade do modelo em representar este caso de formação convectiva isolada. Não se
pode apontar o esquema explícito que tenha produzido melhores resultados, pois o
evento não foi bem representado em nenhum domínio, para as quatro simulações.
95
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(l)
(m)
(n)
(o)
(p)
Figura 6.4 - Campos de precipitação simulada (de “d” a p”, mm) e estimada pelo TRMM (de
“a” a “c”) para as 06UTC (esquerda), 15UTC (centro) e 18UTC (direita) de
30/07/08. Cada uma das colunas, a contar da esquerda, refere-se a campos cujos
domínios são de 27, 9 e 3 km de espaçamento de grade, respectivamente. Cada
uma das linhas, a contar da segunda na descendente, refere-se a um esquema
explícito, conforme a seguinte ordem: Warm Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz.
96
6.1.1.3 Eventos de precipitação ocorridos no dia 12/03/09
As séries de precipitação observada para este dia alcançaram 25,8 mm para o CLA, 10,0
mm para SLZ, 112,8 mm para o modelo Hidroestimador e 38,7 mm para o TRMM.
Esses totais referem-se aos dois eventos de convecção (um noturno, outro diurno) que
atingiram o CLA. Quanto às simulações, nenhuma foi capaz de prever adequadamente a
quantidade de precipitação para a região do CLA neste caso (Figura 6.5). As simulações
não conseguiram ilustrar com clareza os dois grupos de precipitação das séries
observadas, especialmente para os domínios de 27 e 9 km de resolução. Aparentemente,
as séries representadas pelos valores simulados com o esquema SI, para a grade de 3 km
e pelo RE para o domínio de 9 km (Figura 6.5b-c) mostram alguma similaridade com a
série observada. As séries os três domínios foram mais similares nas simulações com o
esquema WR (Figura 6.5a).
(a)
Série de Precipitação para o dia 12/03/09 - WR
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(b)
Série de Precipitação para o dia 12/03/09 - SI
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(c)
Série de Precipitão para o dia 12/03/09 - RE
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(d)
Série de Precipitão para o dia 12/03/09 - SC
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
Figura 6.5 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região do CLA
para o dia 12/03/09. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no
CLA (REG), de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo
satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos
domínios de 27, 9 e 3 km de resolução. Os gráficos “a”, “b”, “c” e “d” referem-se,
aos esquemas Warm Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz, nesta ordem. Precipitação
(mm/h) em escala logarítmica.
A Tabela 6.3 mostra os valores totais de precipitação simulada para os três domínios.
No geral, ao se comparar os valores simulados e observados, nota-se que ocorre
subestimativa de precipitação, especialmente para a grade de 3 km de resolução. Quanto
97
aos totais simulados, os esquemas WR e SC geraram resultados mais similares aos
observados, seguido pelos esquemas SI e RE. Constata-se ainda os baixos resultados
obtidos com o domínio 3, especialmente para o esquema RE. Exceto para o WR (0,4
mm), todos os outros esquemas não foram capazes de simular precipitação não-
convectiva para a região delimitada para este estudo.
Tabela 6.3 - Precipitação Convectiva (PC), Não-Conve
ctiva (PNC) e Total (TT) simulada
obtida para o dia 12/03/09 para a região do CLA com o uso dos esquemas Warm
Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de
precipitação: mm/dia.
Precipitação Convectiva, Não Convectiva e Total Simulada (mm/dia)
Esquemas WR SI RE SC
Resolução
PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT
27 km
21.9 0 21.9 18.9 0 18.9 23.1 0 23.1 29.2 0 29.2
09 km
31.5 0 31.5 20 0 20.2 13 0 13 33.6 0 33.6
03 km
10 0.4 10.4 4.3 0 4.3 1.7 0 1.7 6.8 0 6.8
Nota-se nos campos de precipitação simulada para o domínio 1 (Figura 6.6) uma área de
chuva que se estende desde a costa leste do Maranhão até o leste do Ceará, com
prolongamentos continente adentro, gerada erroneamente pelos 4 esquemas às 02 UTC.
Outra região de precipitação não-observada foi simulada em forma de linha desde o
noroeste do Maranhão até a Ilha de Marajó. Também são notadas diferenças quanto à
distribuição espacial das regiões de chuva entre as simulações e os campos observados,
especialmente sobre o continente. Contudo, destaca-se positivamente que todos os
esquemas foram capazes de representar satisfatoriamente as áreas de chuva que se
estendem desde o Piauí, passando pelo interior do Maranhão indo até o Pará.
Quanto ao domínio 2, para o horário das 06 UTC, todos os esquemas foram capazes de
simular as áreas de precipitação sobre o CLA e suas adjacências. Contudo, diferenças
quanto ao posicionamento, extensão e disposição espacial dessas áreas são evidentes.
Enquanto os esquemas WR e SI (Figuras 6.6e-h) mostram claramente uma separação
espacial entre uma área de precipitação que envolve o CLA e outra mais ao sul dessa
localidade, os esquemas RE e SC (Figuras 6.6l-o) localizam as duas regiões como uma
só, diferentemente do que se observa no campo de precipitação estimada (Figuras 6.6b).
Nessa resolução, é possível notar que houve ligeira melhora (ruptura e
98
enfraquecimento) na representação da área de precipitação que se estende pelo noroeste
do Maranhão em direção a Ilha de Marajó com relação ao domínio 1.
Para o mesmo horário as simulações para o domínio 3 não indicam uma melhora na
representação espacial das áreas de precipitação. Enquanto o esquema RE (Figura
6.6m) gera uma área menor e menos intensa de precipitação, o esquema SC (Figura
6.6p) simula uma área mais extensa que os demais. WR (Figura 6.6f) não conseguiu
simular as formações mais ao norte do CLA, enquanto que o esquema SI (Figura 6.6i)
gera áreas de precipitação muito espalhadas.
Para este caso, as maiores diferenças nas características da precipitação fazem
referência à sua representação espacial (intensidade, tamanho e disposição). Isso retrata
a atuação diferenciada de cada esquema de microfísica nos aspectos da
convecção/precipitação simulada. Apesar da magnitude dos erros apresentados nos
resultados das simulações, pode-se considerar aqueles obtidos com o uso do esquema
Simple Ice, especialmente para o domínio de 9 km de resolução espacial, como os que
melhor representaram os eventos de precipitação.
99
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(l)
(m)
(n)
(o)
(p)
Figura 6.6 - Campos de precipitação simulada (“d” a “p”), estimada pelo Hidroestimador (“a” e
“b”) e de refletividade de radar (“c”) para as 02UTC (esquerda), 15UTC (centro) e
18UTC (direita) de 12/03/09. Cada uma das colunas, a contar da esquerda, refere-
se a campos cujos domínios são de 27, 9 e 3 km de espaçamento de grade,
respectivamente. Cada uma das linhas, a contar da segunda na descendente, refere-
se a um esquema explícito, conforme a seguinte ordem: Warm Rain, Simple Ice,
Reisner e Schultz. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise.
100
6.1.1.4 Eventos de precipitação ocorridos no dia 26/03/09
As ries de precipitação observada para este dia alcançaram 32,9 mm para o CLA, 0,2
mm para SLZ, 63,5 mm para o modelo Hidroestimador e 5,7 mm para o TRMM. Esses
totais referem-se aos dois eventos de convecção (um noturno, outro diurno) que
atingiram a região de Alcântara. Todas as simulações não representaram adequadamente
a quantidade de precipitação total e sua distribuição horária (Figura 6.7). As simulações
não conseguiram distinguir os dois eventos de precipitação em nenhum dos 3 domínios.
Em geral, as séries de precipitação simulada têm o mesmo comportamento para todos os
esquemas: início nas primeiras horas do dia (entre 01 e 04 UTC), intensificação com
pico à tarde (entre 13 e 16 UTC) para em seguida se dissiparem no início da noite (entre
18 e 21 UTC). As séries para os três domínios foram mais similares (diferentes) nas
simulações com o esquema WR (RE e SC). As ries obtidas para o domínio 3, em
todas as simulações, apresentaram os piores resultados.
(a)
Série de Precipitação para o dia 26/03/09 - WR
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(b)
Série de Precipitação para o dia 26/03/09 - SI
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(c)
Série de Precipitão para o dia 26/03/09 - RE
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(d)
Série de Precipitão para o dia 26/03/09 - SC
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
Figura 6.7 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para o dia 26/03/09.
As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no CLA e em SLZ e de
precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos domínios de 27,
9 e 3 km de resolução. Os gráficos “a”, “b”, “c” e “d” referem-se, aos esquemas
Warm Rain, Simple Ice, Reisner e Schultz (SC), nesta ordem. Precipitação (mm/h)
em escala logarítmica.
101
Tabela 6.4 - Precipitação Convectiva (PC), Não-Convectiva (PNC) e Total (TT) simulada
obtida para o dia 26/03/09 para a região do CLA com o uso dos esquemas Warm
Rain (WR), Simple Ice (SI), Reisner (RE) e Schultz (SC). Unidade de
precipitação: mm/dia.
Precipitação Convectiva, Não Convectiva e Total Simulada (mm/dia)
Esquemas WR SI RE SC
Resolução
PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT
27 km
13.1 0 13.1 13.7 0 13.7 7.1 0 7.1 13.8 0 13.8
09 km
17.6 0 17.6 9.5 0 9.5 10.9 0 10.9 18.2 0 18.2
03 km
8.4 1.7 10.1 1.8 0 1.8 1.0 0 1.0 1.2 0 1.2
Principalmente com relação aos valores estimados pelo HIDRO ocorre subestimativa de
precipitação em todos os domínios, especialmente para a grade de resolução horizontal
de 3 km (Tabela 6.4). Neste domínio, os melhores resultados para os totais diários de
precipitação foram obtidos com o esquema WR. Para a região delimitada que abrange o
CLA, houve precipitação de origem não-convectiva apenas para o esquema WR (1,7
mm).
As principais diferenças destacadas nas simulações fazem referência à representação do
tamanho e intensidade das áreas de chuva. Para o horário das 00 UTC do dia 27, todos
os esquemas representam de forma satisfatória o desenvolvimento de uma área de
precipitação em forma de linha observada nos campos de TRMM (Figura 6.8a). As
melhores simulações quanto à morfologia dessa região parecem ter sido alcançadas pelo
esquema SI (Figura 6.8g) e SC (Figura 6.8n), nesta ordem, apesar de grande
similaridade entre as simulações. O esquema RE (Figura 6.8j) fragmentou a região de
precipitação.
Para o domínio 2, o esquema WR (Figura 6.8e) parece levar a uma melhor
representação da distribuição espacial das áreas de precipitação, seguido pelos
esquemas SI e RE (Figura 6.8h e 6.8l, respectivamente). O esquema SC, pelo contrário,
superestimou a extensão das áreas precipitantes. No que concerne à intensidade das
formações, nota-se na Figura 6.8b a existência de núcleos com precipitação acima de 10
mm/h em seu interior (p. ex., a oeste do CLA). Nota-se que os quatro esquemas foram
capazes de gerá-los com intensidade equivalente ao observado.
102
Para o domínio 3, às 15 UTC, exceto para o esquema SC (Figura 6.8p), todos os
esquemas simularam áreas de precipitação em locais onde o radar detectou
nebulosidade, especificamente ao norte e noroeste do CLA. Cabe mencionar que em
WR, SI e RE, as áreas de precipitação são “espalhadas”, o que é semelhante às
observações. Assim como aconteceu para o domínio 2, SC também superestimou a
dimensão da área de precipitação na região ao sul do CLA.
Confrontando os campos da Figura 6.8 referentes aos domínios 1 e 2, é possível dizer
que houve melhora significativa na representatividade das áreas de precipitação com o
aumento da resolução horizontal, especialmente quanto ao detalhamento e
posicionamento dessas áreas. Com base nos erros obtidos nas simulações podem-se
considerar os resultados obtidos com o uso do esquema SC como os piores, seguido
pelo esquema RE e deixando WR e SI num mesmo nível de acerto.
103
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(l)
(m)
(n)
(o)
(p)
Figura 6.8 - Campos de precipitação simulada (de “d” a “p”), estimada pelo TRMM (“a” e “b”)
e de refletividade do radar para as 00UTC de 27/03/09 (esquerda) e 15UTC
(centro e esquerda) de 26/03/09. Cada uma das colunas, a contar da esquerda,
refere-se a campos cujos domínios o de 27, 9 e 3 km de espaçamento de grade,
respectivamente. Cada uma das linhas, a contar da segunda na descendente, refere-
se a um esquema explícito, conforme a seguinte ordem: Warm Rain, Simple Ice,
Reisner e Schultz. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise.
104
6.1.2 Síntese dos resultados das simulações do Grupo 1
Caso do dia 18/07/08
1. Todos os esquemas subestimaram a quantidade de precipitação diária, sendo que os
esquemas Simple Ice (SI) e Reisner 2 (RE) foram os que mais se aproximaram dos
valores observados.
2. Quanto ao posicionamento das regiões de precipitação, houve relativa coerência e
uniformidade entre os 3 domínios para todas as simulações
3. As simulações realizadas com os esquemas SI e RE foram as que melhor
representaram o padrão de precipitação no domínio de 3 km de resolução horizontal.
Destacam-se o maior detalhamento das áreas de precipitação e a filtragem de alguns
erros (com relação ao domínio 2) conseguida com o uso destes esquemas.
Caso do dia 30/07/08
1. Nenhuma simulação foi capaz de prever adequadamente a evolução temporal e
quantidade de precipitação para a região do CLA. Todos os esquemas apresentaram
problema de timing, ou seja, anteciparam o início da precipitação. Somente a série
temporal obtida com o esquema Schultz (SC) simulou precipitação para o período em
que foi observada.
2. Em todas as simulações, os domínios 1 e 2 não representaram bem o evento de
precipitação. Para o domínio 3, todas as simulações apresentaram valores de chuva bem
abaixo do observado. Contudo, neste espaçamento de grade (3 km) cabe destacar que
apesar do erro no posicionamento, a extensão (localizada) e a quantidade (pequena) dos
núcleos de chuva foram bem simulados.
3. Ficou evidente a dificuldade do modelo em representar este caso de formação
convectiva isolada. Neste caso, como o evento não foi bem representado em nenhum
domínio, para as quatro simulações, não se pode apontar o esquema explícito que tenha
produzido melhores resultados.
105
Caso do dia 12/03/09
1. Nenhuma simulação foi capaz de prever adequadamente a evolução e a quantidade de
precipitação para a região do CLA.
2. As séries com os valores de precipitação obtidos pelos três domínios foram mais
similares nas simulações com o esquema WR.
3. Ao se comparar os valores simulados e observados verifica-se que ocorre
subestimativa de precipitação, especialmente para a grade de 3 km de resolução
horizontal. Analisando os valores totais simulados é possível afirmar que os esquemas
Warm Rain e Schultz geraram resultados mais similares aos observados.
4. Para este caso, as maiores diferenças nas características da precipitação fazem
referência à sua representação espacial (intensidade, tamanho e disposição).
Considerando a magnitude dos erros destacados, é possível afirmar que aqueles obtidos
com o uso do esquema Simple Ice, especialmente para o domínio de 9 km de resolução
espacial, foram os que melhor representaram os eventos de precipitação.
Caso do dia 26/03/09
1. As simulações não representaram adequadamente a quantidade de precipitação total e
sua distribuição horária para a região do CLA. Os 4 diferentes esquemas explícitos
usados não conseguiram distinguir os dois eventos de precipitação em nenhum dos três
domínios.
2. Ocorre subestimativa de precipitação em todos os domínios, especialmente para a
grade de resolução horizontal de 3 km. Neste domínio, os melhores resultados quanto
aos valores totais diários de precipitação foram obtidos com o esquema WR.
3. Para o domínio 2, o esquema WR parece levar a uma melhor representação da
distribuição espacial das áreas de precipitação, seguido pelos esquemas SI e RE. O
esquema SC, pelo contrário, superestimou a extensão das áreas precipitantes. Os quatro
106
esquemas foram capazes de simular núcleos de precipitação com intensidade
equivalente ao observado.
4. Mediante a significância dos erros observados nas simulações, pode-se classificar os
resultados obtidos com o uso do esquema Schultz como os piores, seguido pelo
esquema Reisner, deixando Warm Rain e Simple Ice num mesmo nível de acerto
Aspectos gerais:
1. As simulações mostraram dificuldade em prever adequadamente tanto o evento de
chuva isolada (caso do dia 30/07/08) como também a evolução temporal dos eventos de
muita precipitação (como os ocorridos nos dias 12 e 26/03/09).
2. Em praticamente todas as simulações, para todos os domínios, ocorre subestimativa
da quantidade diária de precipitação. É possível afirmar que os erros verificados quanto
aos valores gerados decorrem dos erros de posicionamento dos sistemas e seu
deslocamento observado nas simulações.
3. Outro aspecto observado nas simulações foi que a morfologia e distribuição temporal
e espacial da precipitação são praticamente insensíveis ao esquema de microfísica usado
para o domínio de 27 km de resolução espacial. No entanto, as diferenças morfológicas
tornam-se mais evidentes conforme diminui o espaçamento de grade utilizado (9 e 3
km). Constatou-se ainda, em todos os casos, a ocorrência de um problema de timing,
isto é, a convecção antecipa sua formação quando comparada com o observado.
4. Observou-se também que a porção não-convectiva da precipitação aumenta com a
diminuição do espaçamento de grade. Isso retrata a atuação diferenciada de cada
esquema de microfísica nos aspectos da convecção/precipitação simulada.
5. As simulações confirmaram que o uso de esquemas de microfísica mais complexos
em sua formulação (p.ex. Schultz) não garantem melhores simulações de precipitação.
Os resultados mostraram que, apesar de terem gerado erros significativos esquemas
mais simples, como Simple Ice e Warm Rain, apresentaram melhores desempenhos nas
previsões de chuva para a região do CLA.
107
6. Os erros apontados nas simulações não devem ser atribuídos apenas ao uso dos
esquemas de convecção explícita, pois ocorrem erros comuns a todos os esquemas. Tais
discrepâncias podem ter relação com as condições iniciais e de contorno empregadas
(baixa resolução), com o tempo de integração, com a resolução horizontal e vertical dos
domínios, com a escala dos sistemas meteorológicos simulados, etc.
7. Para que se pudesse dar continuidade aos trabalhos, um esquema de microfísica
deveria ser apontado como o de melhor desempenho nas simulações. Os resultados
mostraram uma similaridade considerável entre os esquemas Simple Ice e Reisner.
Então, testes adicionais (não mostrados) foram realizados com o uso de somente estes
esquemas explícitos em grades de mais alta resolução, visando determinar qual deles
seria usado nas simulações do Grupo 2. Os resultados obtidos com o Simple Ice foram
pouco melhores. Sendo assim, considerando também importante a preferência por
esquemas mais simples, o Simple Ice foi apontado como o de melhor desempenho e
usado nas simulações do Grupo 2.
108
6.1.3 Análise das simulações do Grupo 2
As simulações do Grupo 2 (G2) foram realizadas da seguinte forma: para cada caso de
precipitação, realizaram-se 2 novas rodadas com as mesmas características usadas nas
simulações do G1, somente com o esquema Simple Ice. A diferença está relacionada ao
uso ou não do esquema implícito KF2 nos domínios 2 e 3. As simulações do G2 foram
assim caracterizadas: SI1, na qual se usou esquemas implícito e explícito no D2 e
somente explícito no D3; SI2, na qual se usou somente esquema explícito no D2 e D3.
Para esse estudo, as simulações do Grupo 1 realizadas com o esquema Simple Ice, que
empregaram a aproximação híbrida nos 3 domínios, foram denominadas de SI (Tabela
6.5).
T
abela 6.5 - Desenho das simulações do Grupo 1 (G1) e 2 (G2) com relação ao uso dos
esquemas de convecção explícita (EE) e implícita (EI) nos espaçamentos de
grade de 27, 9 e 3 km.
Simulações
Grupo 1 Grupo 2
Espaçamento de
grade
SI SI1 SI2
27 km EI e EE EI e EE EI e EE
09 km EI e EE EI e EE EE
03 km EI e EE EE EE
6.1.3.1 Eventos de precipitação ocorridos no dia 18/07/08
As séries de precipitação geradas pelas simulações do G2 são bastante similares a do
G1, e com isso não resultaram em melhores representações (Figura 6.9). Quanto aos
valores totais simulados no domínio 3, obteve-se similaridade entre as simulações: 19,5
mm para SI1 e 13,2 mm para SI2, contra 14,6 mm de precipitação não-convectiva
simulada pela SI). Contudo esses valores são menores quando comparados com a
precipitação total gerada pela SI (26,6 mm). Quanto à grade de 9 km de resolução, o
resultado também não mostrou melhoras: enquanto somente SI2 gerou precipitação para
a área do CLA (2,0 mm), SI havia obtido valores bem mais expressivos (5,2 mm de
PNC e 21,7 mm no total). Assim, em termos de magnitude de precipitação, pode-se
dizer que não se alcançaram resultados melhores com as simulações do G2.
109
rie de Precipitão Simulada para o dia 18/07/08 - SI/SI1/SI2
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM SI1-3km SI2-3km SI-3km
Figura 6.9 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região do CLA
para o dia 18/07/08. As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no
CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e
pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se aos valores médios obtidos no
domínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.
Nota-se na Figuras 6.10 que a simulação SI2 (somente esquema explícito no domínio 2)
não foi capaz de eliminar o erro mostrado nas demais simulações (área de precipitação
ao sul do CLA dentro da região delimitada). Para o mesmo horário, nota-se que a
simulação SI2 (Figura 6.10d) gera áreas de precipitação coincidentes com aquelas
obtidas com a parte não-convectiva da chuva na simulação SI (Figura 6.10b), porém
com maior intensidade. Da mesma forma, em outro horário (15 UTC) observa-se a
mesma similaridade (Figuras 6.10f a 6.10h).
Outro aspecto notado foi a geração de núcleos de precipitação não-convectiva
praticamente com posição, tamanho e intensidade semelhantes em todas as simulações
para este horário (áreas em formato circular com alta taxa de precipitação dentro da
região delimitada nos mapas). A despeito da intensidade, SI2 parece apresentar a
melhor representação das áreas de chuva para este horário. Às 21 UTC nota-se o mesmo
aspecto observado às 15 UTC. SI2 foi capaz de gerar precipitação na região à noroeste
do CLA, porém o fez o mesmo na região à sudeste da mesma localidade (Figura
6.10m). Contudo esta simulação, para os 3 horários analisados, corrige o erro apontado
nos campos da SI ao não representar a área de chuva que se estende na costa do
continente (Figura 6.10b, 6.10f e 6.10j).
110
Para a grade de 3 km, às 06 UTC, SI2 apresentou a pior representação das áreas de
chuva (Figuras 6.11a a 6.11e). A SI1 apresenta uma configuração muito similar à
gerada pela precipitação não-convectiva da simulação SI. Apesar dos erros de
posicionamento retratados pelas simulações SI (parte não-convectiva) e SI1, estas foram
as que melhor simularam chuva para este horário. Para as 21 UTC, nota-se que,
enquanto a SI2 (Figura 6.11p) representou isoladamente a área de chuva na região
delimitada na Figura 6.11l, as demais simulações a representaram (equivocadamente)
como uma extensão da área de precipitação que se observa ao norte do CLA (Figura
6.11m, 6.11n e 6.11o).
Quanto à evolução temporal da precipitação, o uso de esquemas explícitos nos
espaçamentos de grade de 9 e 3 km não foi suficiente para corrigir as discrepâncias
observadas na simulação anterior (que empregou aproximação híbrida). Mesmo assim,
para este caso, a melhor representação das características da precipitação parece ter sido
realizada pela simulação SI2.
111
(a)
(e)
(i)
(b)
(f)
(j)
(c)
(g)
(l)
(d)
(h)
(m)
Figura 6.10 - Campos de precipitação estimada pelo TRMM (“a”, “e” e “i”) e simulada no
domínio de resolução horizontal 09 km para o dia 18/07/08, em mm/h. As colunas
da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 06, 15 e 21
UTC, nesta ordem. Os campos “b”, f”, e “j” referem-se a simulações SI. Os
campos “c”, “g” e “l” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”, “h” e “m”
referem-se a simulações SI2. Retângulos delimitam as áreas analisadas.
112
(a)
(f)
(l)
(b)
(g)
(m)
(c)
(h)
(n)
(d)
(i)
(o)
(e)
(j)
(p)
Figura 6.11 - Campos de precipitação estimada pelo Hidroestimador (“a”) e pelo TRMM (“f” e
“l”) e simulada no domínio de resolução horizontal 03 km para o dia 18/07/08, em
mm/h. As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários
das 06, 15 e 21 UTC, nesta ordem. Os campos “b”, “g”, e m” referem-se a
simulações SI. Os campos “c”, “h” e “n” referem-se a simulações SI PNC. Os
campos “d”, “i” e “o” referem-se a simulações SI1. Os campos “e”, “j” e “p”
referem-se a simulações SI2. Retângulos delimitam as áreas analisadas.
113
6.1.3.2 Eventos de precipitação ocorridos no dia 30/07/08
A evolução temporal de precipitação referente à SI2 é bastante similar ao
comportamento apresentado pela simulação anterior SI (no qual ocorrem aparentemente
dois eventos de chuva), porém com valores horários mais elevados (Figura 6.12). Já a
simulação SI1 (Simple Ice isoladamente somente no domínio de 3km de resolução), a
série apresentou apenas um intervalo de precipitação. As simulações do Grupo 2, além
de anteciparem o início da chuva na região do CLA, também não a representaram no
período de sua ocorrência (entre 15 e 19 UTC). Quanto aos valores totais simulados na
grade de 3 km, obteve-se melhor resultado com a SI2, a qual gerou 8,4 mm de
precipitação não-convectiva na região do CLA (contra 0,9 mm para SI1 e 3,4 mm
obtidos pela SI). Quanto domínio 2, apesar da simulação SI2 ter gerado maior valor de
chuva que os valores de precipitação não-convectiva obtidos pela SI (1,2 mm contra 0,2
mm), esse valor ainda está bem abaixo do valor total (parte convectiva mais a não-
convectiva) simulada por SI (10,2 mm). Em termos de magnitude de precipitação, pode-
se dizer que a SI2 melhorou os resultados obtidos anteriormente para a o domínio 3,
mas não obteve o mesmo efeito com o domínio 2.
rie de Precipitão Simulada para o dia 30/07/08 - SI/SI1/SI2
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM SI1-3km SI2-3km SI-3km
Figura 6.12 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região do
CLA para o dia 30/07/08. As barras referem-se aos valores de precipitação
registrada no CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo
Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se
aos valores médios obtidos no domínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2.
Precipitação (mm/h) em escala logarítmica.
A
precipitação que atingiu a região do CLA, não foi bem representada nos domínio 2 e
3 em nenhuma das simulações (Figuras 6.13 e 6.14). Quanto à evolução temporal, as
114
simulações adiantaram o surgimento da área de chuva em pelo menos três horas sobre
uma região que o corresponde ao observado (erro de posicionamento). Uma melhoria
na representação da precipitação conseguida com a SI2 foi o refinamento da região de
chuva ao eliminar a “linha” de precipitação que se observa em SI (Figura 6.13b e 6.13f).
Importante citar que o núcleo isolado de chuva foi bem representado em SI2; o erro,
neste caso, foi de posicionamento e timing. Para o domínio 3, verificam-se os mesmos
erros referentes a evolução das áreas de precipitação, porém com maior detalhamento
espacial das mesmas. Quanto à intensidade da precipitação, nota-se que todas as
simulações geraram núcleos com taxa de chuva bem acima do observado (Figura 6.14f,
6.14g, 6.14h, 6.14i e 6.14j). Assim sendo, para este caso, a estratégia de optar pelo uso
de somente esquemas explícitos nos domínios 2 e 3 não foi suficiente para alcançar
melhores resultados.
115
(a)
(e)
(i)
(b)
(f)
(j)
(c)
(g)
(l)
(d)
(h)
(m)
Figura 6.13 - Campos de precipitação estimada pelo modelo Hidroestimador (“a”, “e” e “i”) e
simulada no domínio de resolução horizontal 09km para o dia 30/07/08, em
mm/h. As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários
das 12, 15 e 1800UTC, nesta ordem. Os campos b”, “f”, e j” referem-se a
simulações SI. Os campos “c”, “g” e “l” referem-se a simulações SI PNC. Os
campos “d”, “h” e “m” referem-se a simulações SI2. Retângulos delimitam as
áreas analisadas.
116
(a)
(f)
(l)
(b)
(g)
(m)
(c)
(h)
(n)
(d)
(i)
(o)
(e)
(j)
(p)
Figura 6.14 - Campos de precipitação estimada pelo TRMM (“a”, “f” e “l”) e simulada no
domínio de 03km para o dia 30/07/08, em mm/h. As colunas da esquerda para a
direita referem-se, cada uma, aos horários das 12, 15 e 18UTC. Os campos “b”,
“g”, e “m” referem-se a simulações SI. Os campos c”, “h” e “n” referem-se a
simulações SI PNC. Os campos “d”, i” e “o” referem-se a simulações SI1. Os
campos “e”, “j” e “p” referem-se a simulações SI2.
117
6.1.3.3 Eventos de precipitação ocorridos no dia 12/03/09
Existem acentuadas diferenças entre as séries temporais de precipitação referentes às
simulações SI, SI1 e SI2, para o domínio 3 (Figura 6.15). Enquanto as séries formadas
pelos dados observados (barras) apontam chuva em praticamente todos os horários para
a região do CLA, com picos no período da manhã e ao anoitecer, as séries de
precipitação simulada, especialmente as do Grupo 2 (SI1 e SI2) mostram
comportamentos que pouco retratam as observações. No caso da SI1, a série de
precipitação ficou restrita a alguns horários (3); na simulação SI2, a série mostra a
ocorrência de 3 períodos de chuva, porém, assim como foi verificado em SI, todas as
rodadas geram valores baixos de precipitação horária quando comparados aos valores
observados.
rie de Precipitão Simulada para o dia 12/03/09 - SI/SI1/SI2
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM SI1-3km SI2-3km SI-3km
Figura 6.15 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região do
CLA para o dia 12/03/09. As barras referem-se aos valores de precipitação
registrada no CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo
Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se
aos valores médios obtidos no domínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2.
Precipitação (mm/h) em escala logarítmica.
Quanto aos valores totais simulados no domínio 3, melhor resultado foi alcançado com
a SI2, a qual gerou 5,0 mm de precipitação não convectiva na região do CLA contra 0,6
mm para SI1 e 4,3 mm de precipitação total (neste caso, apenas convectiva) obtidos
pela SI. Quanto ao domínio 2, a simulação SI2 não foi capaz de gerar precipitação para
a região do CLA (SI havia simulado 25,8 mm). Portanto, com respeito à série temporal
e magnitude da precipitação, pode-se dizer que a SI2 melhorou os resultados obtidos
anteriormente para o domínio 3, não obtendo a mesma resposta com o domínio 2. A
118
simulação SI1, a qual empregou somente o esquema Simple Ice no domínio 3,
apresentou os piores resultados.
Para os horários dos campos selecionados da Figura 6.16, SI2 melhorou
significativamente a representação espacial das áreas de chuva para o domínio 2 com
relação à simulação de precipitação não-convectiva que empregou esquemas implícito e
explícito nos 3 domínios (SIPNC). Contudo, isso o se aplica totalmente quando se
comparam SI e SI2, pois ocorrem diferenças acentuadas no posicionamento das áreas de
precipitação, especialmente nos dois primeiros horários (06 e 18 UTC). Os campos
simulados por SI2 (SI) mostram áreas mais concentradas (extensas) de precipitação
mais (menos) intensa. Especificamente para o horário das 18 UTC verifica-se uma
representação mais adequada e próxima do observado (Figura 6.16e) no campo de
precipitação simulado por SI2 (Figura 6.16h), pois enquanto SIPNC (Figura 6.16g)
praticamente não gerou precipitação em todo o campo, SI ao contrário, simulou
(incorretamente) chuva em quase toda a extensão continental do mapa (Figura 6.16f).
Para as 00 UTC do dia 13, é possível dizer que as áreas de chuva destacadas na Figura
6.16i (concentradas mais a leste e sudeste do CLA) foram mais bem representadas pela
simulação SI2 (Figura 6.16m), seguida pelo campo gerado por SIPNC (Figura 6.16l).
Em SI (Figura 6.16j) nota-se que ocorre um prolongamento dessas regiões
(equivocadamente) no sentido sudeste/noroeste em direção ao Pará.
Quanto à disposição espacial no domínio 3 (Figura 6.17), fica claro, neste caso, que as
simulações que utilizaram somente esquemas explícitos neste espaçamento de grade
(SI1 e SI2, campos da 4° e 5° linha da Figura 6.18, respectivamente) apresentaram
melhores resultados. Assim como se verificou no domínio 2, o uso de esquema
implícito na grade de resolução 3 km (SI) gera áreas muito espalhadas e menos intensas
de precipitação (Figuras 6.17b e 6.17g). Quando à parte não-convectiva da precipitação
obtida em SI (SIPNC), praticamente não foi simulada chuva para estes horários (exceto
para o campo da Figura 6.17n). Especificamente para as 12 UTC, a região de chuva
sobre o CLA que se observa na Figura 6.17f, mesmo com pequenas diferenças no
tamanho e intensidade, foi bem representada pelas simulações SI2 e SI1, nesta ordem.
Às 00 UTC do dia 13, todas as simulações aqui comparadas representaram a área de
precipitação que se posiciona mais a sudeste do CLA (aproximadamente sobre SLZ),
119
mesmo com diferentes intensidades. No entanto, SI e especialmente SI2, simularam
(erroneamente) áreas de chuva ao redor do CLA.
Sobre a evolução temporal das formações de precipitação que se observaram sobre a
região do CLA, é possível afirmar que as simulações do Grupo 2 apresentaram o mesmo
comportamento verificado em SI, havendo pequenas diferenças especificamente no
início e fim do período de simulação analisado. As maiores discrepâncias referem-se ao
posicionamento e intensidade das regiões de chuva.
Assim, por meio da análise dos campos de precipitação obtidos no domínio 2, pode-se
dizer que não ficou evidente a ocorrência de melhores resultados com o emprego de
somente esquema explícito nesta resolução; para o domínio 3, SI1 e SI2 melhoraram a
representação da precipitação.
120
(a)
(e)
(i)
(b)
(f)
(j)
(c)
(g)
(l)
(d)
(h)
(m)
Figura 6.16 - Campos de precipitação estimada pelo modelo Hidroestimador (“a”, “e” e “i”) e
simulada no domínio de resolução horizontal 09 km para o dia 12 e 13/03/09, em
mm/h. As colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários
das 06, 18 e 00UTC (dia 13), nesta ordem. Os campos “b”, “f”, e “j” referem-se a
simulações SI. Os campos “c”, “g” e “l” referem-se a simulações SI PNC. Os
campos “d”, h” e “mreferem-se a simulações SI2. Os retângulos delimitam as
áreas utilizadas para análise.
121
(a)
(f)
(l)
(b)
(g)
(m)
(c)
(h)
(n)
(d)
(i)
(o)
(e)
(j)
(p)
Figura 6.17 - Campos de precipitação estimada pelo Hidroestimador (“a”, “fe “l”) e simulada
no domínio de resolução horizontal 03 km para o dia 12 e 13/03/09, em mm/h. As
colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 06, 12 e
00UTC (dia 13), nesta ordem. Os campos “b”, “g”, e “m” referem-se a simulações
SI. Os campos “c”, “h” e “n” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”,
“i” e “o” referem-se a simulações SI1. Os campos “e”, “j” e “p” referem-se a
simulações SI2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise.
122
6.1.3.4 Eventos de precipitação ocorridos no dia 26/03/09
As séries de precipitação para o domínio 3 referentes às simulações do Grupo 2 (SI1 e
SI2) não trouxeram melhorias quando comparadas com a simulação SI, a qual também
não retrata as séries de precipitação observada (Figura 6.18). Quanto aos valores totais
simulados para este domínio, a SI2 gerou apenas 0,4 mm de precipitação não-
convectiva na região do CLA contra nenhuma para SI1 e 1,8 mm de precipitação total
(neste caso, apenas convectiva) obtidos pela SI. Quanto ao domínio 2, a simulação SI2
não foi capaz de gerar precipitação para a região do CLA (SI havia simulado 9,5 mm).
No que diz respeito à série temporal e magnitude da precipitação, pode-se dizer que
tanto SI1 quanto SI2 obtiveram resultados piores que os anteriores (obtidos por SI),
especialmente para o domínio 2.
rie de Precipitão Simulada para o dia 26/03/09 - SI/SI1/SI2
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm)
CLA SLZ HIDRO TRMM SI1-3km SI2-3km SI-3km
Figura 6.18 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para a região do
CLA para o dia 26/03/09. As barras referem-se aos valores de precipitação
registrada no CLA e em SLZ, de precipitação média estimada pelo
Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM (TRMM). As linhas referem-se
aos valores médios obtidos no domínio de 3km com as simulações SI, SI1 e SI2.
Precipitação (mm/h) em escala logarítmica.
Para o domínio 2, embora a SI apresente erros de posicionamento e evolução temporal
das áreas de precipitação, esta simulação representou mais adequadamente tais áreas
quando comparadas com a simulação SI2 (Figura 6.19). Esta última, por sua vez, não ou
muito pouco localizou chuva na extensão deste domínio, exceção feita para o horário
das 00 UTC do dia 27. Aliás, neste horário, houve a melhor representação feita por
parte de SI2, quando simulou precipitação numa região deslocada mais ao sul quando
comparada com o observado. De fato, para os horários analisados, as áreas de chuva
123
mais próximas ao CLA, especialmente para as 12 e 15 UTC (Figura 6.19a e 6.19e)
foram mais bem localizadas em SI (Figura 6.19b e 6.19f). Ficou evidente, neste caso,
que somente a obtenção de precipitação não-convectiva (ou o emprego de apenas
esquemas explícitos) não foi suficiente para simular os campos de precipitação
observada para o domínio 2, tanto em SI1 quanto em SI2, sendo necessário considerar a
precipitação oriunda do esquema implícito. A precipitação não-convectiva em SI
(SIPNC, Figuras 6.19c, 6.19g e 6.19l) e SI2 (Figuras 6.19d, 6.19h e 6.19m) apresentam
erros de posicionamento e principalmente de evolução temporal das áreas de chuva.
Nota-se que, para um mesmo dia ou duração de um evento de chuva, o uso de somente
esquemas explícitos apresenta bons (00 UTC) e maus resultados (p. ex. 12 e 15 UTC).
Para o domínio 3, as áreas de chuva não foram bem simuladas tanto no posicionamento
quanto na evolução temporal, em todas as simulações (Figura 6.20). Ao contrário do
que ocorreu no domínio 2, desta vez a SI não apresentou boas representações. A
simulação SI1, para os três horários analisados, gerou os piores resultados.
Aparentemente, SI2 corrige alguns erros verificados em SI1 (Figura 6.20j) onde áreas
de chuva observadas aproximadamente a leste do CLA (Figura 6.20f) são
acertadamente simuladas. Também para este domínio, nenhuma simulação foi capaz de
localizar a área de precipitação que se observa sobre o CLA (Figura 6.20l).
Para este caso, o uso de somente esquemas de microfísica (Simple Ice) nas grades de
resolução horizontal 9 e 3 km não trouxe melhores resultados na representação das áreas
de precipitação.
124
(a)
(e)
(i)
(b)
(f)
(j)
(c)
(g)
(l)
(d)
(h)
(m)
Figura 6.19 - Campos de precipitação estimada pelo modelo TRMM (“a”, “ee “i”) e simulada
no domínio de resolução horizontal 09 km para o dia 26 e 27/03/09, em mm/h. As
colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 12, 15 e
00 UTC (dia 27), nesta ordem. Os campos “b”, “f”, e “j” referem-se a simulações
SI. Os campos “c”, “g” e “l” referem-se a simulações SI PNC. Os campos “d”,
“h” e “m” referem-se a simulações SI2. Os retângulos delimitam as áreas
utilizadas para análise.
125
(a)
(f)
(l)
(b)
(g)
(m)
(c)
(h)
(n)
(d)
(i)
(o)
(e)
(j)
(p)
Figura 6.20 - Campos de precipitação estimada pelo Hidroestimador (“a”, “f” e “l”) e simulada
no domínio de resolução horizontal 03 km para o dia 26 e 27/03/09, em mm/h. As
colunas da esquerda para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 12, 15 e
00 UTC (dia 27), nesta ordem. Os campos “b”, “g”, e “m” referem-se a
simulações SI. Os campos “c”, h” e “n” referem-se a simulações SI PNC. Os
campos “d”, “i” e “o” referem-se a simulações SI1. Os campos “e”, “j” e “p”
referem-se a simulações SI2. Retângulos delimitam as áreas analisadas.
126
6.1.4 Síntese dos resultados das simulações do Grupo 2
1. Sobre a evolução temporal das formações de precipitação que se observaram sobre a
região do CLA, é possível afirmar que as simulações do Grupo 2 apresentaram o mesmo
comportamento verificado nas simulações do Grupo 1, destacando-se pequenas
diferenças no início e fim do período de simulação analisado. Ressalta-se que as
maiores discrepâncias referem-se ao posicionamento e intensidade das regiões de chuva.
2. Quanto aos aspectos morfológicos da precipitação simulada, observa-se que enquanto
a chuva gerada pelos esquemas implícitos (convectiva) é menos intensa em sua
magnitude e cobre áreas maiores, a precipitação chamada de não-convectiva (produzida
pelos esquemas de microfísica) é mais intensa e mais concentrada no espaço. Esse
aspecto é a principal diferença que se observa entre as simulações que empregam
somente esquemas explícitos e aquelas que se valem de esquemas implícitos e
explícitos.
3. Por meio da análise dos campos de precipitação obtidos no domínio 2, pode-se dizer
que não se obteve resultados expressivos com o emprego de somente esquema explícito
nesta resolução.
4. Contudo, essa conclusão não se aplica ao domínio 3, nos quais se obteve melhores
representações com as simulações que empregaram somente esquemas explícitos nos
domínios de 9 e 3 km de resolução horizontal (SI2, Grupo 2).
5. Em resumo, quando se pretende focar apenas no domínio 3, pode-se afirmar que são
obtidos melhores resultados quando se aplicam somente esquemas explícitos nos
domínios de 9 e 3 km de resolução horizontal. Por outro lado, quando se foca o domínio
2, a não utilização de esquemas implícitos não é garantia de melhores resultados
(esperado, por se tratar de um espaçamento de grade para o qual não esestabelecido a
relação mais adequada quanto ao uso ou o de tais esquemas). Essa incerteza vem ao
encontro do propósito a que se refere às simulações realizadas com o MM5 executado
no ICEA: testar o uso de somente esquemas explícitos numa grade de resolução
horizontal 12 km para um período mais longo.
127
6.2 Simulações realizadas com o modelo MM5 instalado no ICEA
Nesta seção, faz-se uma análise dos aspectos das simulações realizadas com o modelo
MM5 instalado no ICEA.
6.2.1 Precipitação observada na região do NEB durante março de 2009
Com base nas informações do Boletim Climanálise Vol. 24, 3, disponibilizado pelo
CPTEC/INPE (http://climanalise.cptec.inpe.br/), descreve-se, a seguir, uma síntese dos
principais aspectos da precipitação que ocorreram na região do NEB durante o mês de
março de 2009.
(a)
(b)
Figura 6.21 - Precipitação (mm) observada em todo o Brasil e os desvios em relação aos valores
médios históricos para março de 2009. Fonte: http://climanalise.cptec.inpe.br/.
A Figura 6.21 mostra a precipitação observada em todo o Brasil e os desvios em relação
aos valores médios históricos. Conforme a Figura 6.21a, os maiores acumulados de
precipitação ocorreram nas Regiões Norte e no norte do Nordeste do Brasil. A
proximidade da ITCZ junto à costa nordeste da América do Sul e a formação de LI’s
foram os principais mecanismos que favoreceram as chuvas no nordeste do Pará,
incluindo a Ilha de Marajó, e no noroeste do Maranhão, regiões em que os totais
mensais excederam 500 mm. As LI’s estiveram mais bem caracterizadas em 14 dias do
mês, atuando principalmente entre o Ama e o norte do NEB. Especificamente no
interior e na parte leste do Nordeste, a atuação dos VCAN’s (em especial entre o
período de 18 a 23 de março) inibiu a ocorrência das chuvas, fazendo com que os totais
mensais ficassem até 100 mm abaixo da média climatológica (Figura 6.21b).
128
6.2.2 Análise das simulações
Para a análise dos resultados das simulações, foram obtidos valores médios de
precipitação sobre uma área pertencente ao domínio 2. A área se estende de 5° a 7°S de
latitude e de 34° a 36°W de longitude (Figura 6.22). Esta área apresenta algumas
características similares às da região do CLA, tais como posicionamento geográfico,
porção de terra e mar e influência de alguns sistemas meteorológicos como ITCZ e
Sistemas Convectivos de Mesoescala, por exemplo.
Figura 6.22 - Área delimitada (retângulo no interior do mapa) para obtenção da precipitação
total acumulada (mm) pelo satélite TRMM e pelas simulações ICEA1 e ICEA2.
A
magnitude e a evolução da curva com os valores diários de precipitação simulada,
para a área delimitada, foram comparadas com os valores de precipitação estimados
pelo satélite TRMM. De forma geral, os valores do TRMM são coerentes com os
representados na Figura 6.21a. Para que se obtivesse o acumulado de 24 h de chuva com
os dados estimados pelo TRMM, estes foram multiplicados por um fator de três (pois
apresentam resolução temporal de três horas). O posicionamento e a intensidade das
regiões de precipitação foram analisados através da comparação entre alguns campos
simulados e estimados em toda a extensão dos domínios 1 e 2. A Tabela 6.6 apresenta
os totais de precipitação simulada e estimada para o mês de março de 2009.
129
Tabela 6.6 - Precipitação estimada pelo satélite TRMM, Precipitação convectiva (PC), Não-
convectiva (PNC) e Total obtidas pelas simulações ICEA1 e ICEA2 para os
domínios de resolução horizontal 36 e 12 km, para o mês de março de 2009.
Valores de precipitação em mm.
ICEA 1 ICEA 2 Espaçamento
de grade
PC PNC Total PC PNC Total
TRMM
36 km 65,8 92,0 157,8 - 209,8 209,8
12 km 66,8 93,6 160,4 - 211,9 211,9
98,9
Pela Tabela 6.6 é possível verificar que o total mensal de precipitação estimada pelo
TRMM (98,9 mm) para a área delimitada foi superestimado, em ambas as simulações,
para os dois domínios. Essa superestimativa é maior em ICEA2 (211,9 mm contra 160,4
mm de ICEA1). O domínio 2 simula praticamente o mesmo total de chuva que o
domínio 1, em ambas as simulações. Além disso, a porção de chuva não-convectiva
(PNC) foi maior que a parte convectiva (PC) em ICEA1. Em ICEA2 o houve PC
dentro da região que é comum aos domínios 1 e 2. Isto está relacionado ao aninhamento
“two way” (bidirecional) usado entre os domínios, pois como as simulações do grupo
ICEA2 o utilizaram esquema implícito de convecção em D2, o houve
“retroalimentação” de informação referente a este esquema de D2 para D1, fazendo com
que o mesmo parecesse estar desligado também em D1. A Figura 6.23 ilustra esta
situação (notar o “vazio” de precipitação na área referente ao domínio 2 na Figura
6.23b).
(a)
(b)
(c)
Figura 6.23 - Campos de precipitação acumulada (mm) para o dia 01/03/09 simulada por
ICEA2. O painel (a) refere-se à precipitação total (convectiva mais não
convectiva) simulada para o domínio 1. (b) refere-se à precipitação convectiva
simulada para o domínio 1. O campo (c) refere-se à precipitação convectiva
simulada para o domínio 2.
130
A Figura 6.24 mostra as séries de precipitação obtidas com as simulações ICEA1 e
ICEA2, e a série de precipitação estimada pelo TRMM, para a área delimitada (Figura
6.23), para o mês de março. Não foi observada chuva para 08 dias do mês (TRMM).
Enquanto ICEA1 simulou precipitação para todos os dias [mesmo produzindo valores
baixos (cerca de 0.1 mm) em alguns deles], ICEA2 o previu precipitação em 9 dias.
Sob este aspecto, ICEA2 melhor representou o número de ocorrências de dias de chuva
para o mês de março sobre a área delimitada.
(a)
ries de Precipitação Estimada e Simulada para março/09 - Donio 1
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
DIAS
PRP (mm)
TRMM ICEA1-D1 ICEA2-D1
(b)
ries de Precipitão Estimada e Simulada para março/09 - Domínio 2
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
DIAS
PRP (mm)
TRMM ICEA1-D2 ICEA2-D2
Figura 6.24 - Séries de precipitação acumulada por dia (mm) para o mês de março de 2009. As
linhas referem-se aos valores obtidos pelas simulações ICEA1 e ICEA2 nos
domínios de resolução horizontal 36 (D1) e 12 km (D2) e estimados pelo satélite
TRMM (TRMM) para a área delimitada em D2. O gráfico “a” (“b”) refere-se às
simulações para D1 (D2). Precipitação em escala logarítmica.
A
s curvas de precipitação simulada para os dois domínios são bastante similares entre si
e a curva de precipitação estimada, especialmente a partir do início da segunda pêntada.
131
A chuva observada (TRMM) mostra alternância de períodos de chuva e estiagem a
intervalos irregulares. Os maiores valores de precipitação ocorreram entre os dias 12 e
17 e houve estiagem nos períodos compreendidos entre os dias 04 e 05 e entre 09 e 11,
com dias isolados (18, 20 e 27). Os maiores valores diários de precipitação simulada
(tanto ICEA1 quanto ICEA2), na maioria dos casos, coincide com o período de maiores
valores observados. Apesar dos erros em magnitude, a evolução diária da série de
precipitação estimada foi razoavelmente bem representada pelas séries de chuva
simulada, tanto em ICEA1 quanto ICEA2, para os dois domínios.
Para que se pudesse analisar a distribuição espacial e evolução temporal das áreas de
precipitação simulada, alguns campos referentes a horários e dias distintos foram
selecionados de forma subjetiva. Procurou-se apresentar campos que apresentassem
algum aspecto sinótico relevante ou que evidenciasse distintos aspectos entre as
simulações ICEA1 e ICEA2.
Conforme se observa nos painéis da Figura 6.25, pequenas diferenças na disposição
espacial e intensidade das áreas de precipitação foram verificadas entre os campos
simulados (ICEA1 e ICEA2) e estimados (TRMM) para o domínio 1. Para as 03 UTC
do dia 02/03/09, as observações indicam áreas de precipitação de pouca intensidade
espalhadas sobre o oceano próximo à linha do equador, bem como formações de chuva
mais intensa que se estendem desde a costa leste do NEB até o noroeste do Pará,
associadas a Linhas de Instabilidade. Tanto ICEA1 quanto ICEA2 representam bem a
disposição espacial das áreas de chuva, apesar de apresentarem intensidade mais
elevada de algumas formações, especialmente sobre o oceano.
Áreas de precipitação intensa sobre o Maranhão e formações que se estendem sobre o
oeste do Pará, em sentido longitudinal, são observados às 06 UTC do dia 14/03/09
(Figura 6.25d). Notam-se, ainda, áreas de precipitação que se alinham no sentido
NW/SE entre o litoral de São Paulo e sul de Goiás, conseqüência da atuação pouco
intensa de ZCAS sobre a região no período entre 13 e 16 de março (Climanálise Vol.
24, 3). Outras áreas mais fragmentadas podem ser observadas sobre o oceano a
noroeste do NEB. Ambas as simulações previram corretamente as áreas de chuva sobre
o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e também sobre o Maranhão (apesar da pouca
intensidade). Contudo não produziram chuva para a região oeste do Pará e
132
representaram formações de chuva de intensidade maior que o observado (neste caso,
principalmente ICEA2) na costa leste do NEB (Figuras 6.25e-f). Novamente,
simulação de núcleos mais intensos de precipitação sobre o oceano.
No campo de precipitação observada (TRMM) para as 18 UTC do dia 30/03/09 (Figura
6.25g), ocorrem áreas de chuva em grande parte do continente, exceto sobre uma região
que se estende desde a costa sul da Bahia até o Ceará. Destaca-se, ainda, uma grande
banda de precipitação sobre o oceano que se alinha às áreas de chuva sobre o
continente, caracterizando a atuação de ZCAS sobre grande parte do Brasil (Climanálise
Vol. 24, n°3). Apesar dos erros decorrentes da intensidade de algumas áreas,
especialmente sobre o oceano (novamente) e nordeste do Maranhão, a disposição
espacial da precipitação foi bem representada, neste domínio, em ambas as simulações
(Figuras 6.25h-i).
De forma geral, as simulações representaram satisfatoriamente a disposição espacial das
áreas de precipitação para o domínio de resolução horizontal 36 km, situação
considerada necessária para uma boa representatividade nas simulações para o domínio
2. Contudo, discordâncias mais evidentes foram notadas nas simulações para este
domínio, relacionadas especialmente ao uso ou o de esquemas implícitos neste
espaçamento de grade (Figura 6.26).
Os campos de precipitação constantes na Figura 6.27 referem-se aos mesmos horários
dos campos da Figura 6.27. Às 03 UTC de 02/03/09 (Figura 6.26a), há áreas de
precipitação espalhadas pela costa e interior do continente, relativamente mais
concentradas sobre a costa do estado do Rio Grande do Norte (1) e na divisa entre
Pernambuco e Alagoas (2). As simulações não representaram a área (1), mas
representam satisfatoriamente tanto a disposição espacial quanto a intensidade da
precipitação da região (2). Um aspecto negativo presente em ICEA1 e principalmente
em ICEA2 é a presença de núcleos de alta intensidade de chuva (não-convectiva)
posicionados principalmente sobre o oceano.
Áreas de chuva posicionadas sobre o oceano e costa dos estados do Rio Grande do
Norte e Ceará são observadas às 06 UTC de 14/03/09 (Figura 6.26d). Embora ambas as
simulações tenham produzido as áreas de chuva observadas sobre o continente, somente
133
ICEA1 simulou as áreas de chuva observadas sobre o oceano, a nordeste do continente
(apesar da intensidade ter sido superestimada). Na região oceânica a leste da costa,
pequenas áreas de precipitação são observadas; ICEA1 acertou a intensidade (~ 2
mm/h) mas superestimou as áreas, enquanto ICEA2 acertou a extensão das áreas (apesar
do pequeno deslocamento para leste) mas superestimou a intensidade (~25 mm/h).
Às 18 UTC do dia 30/03/09, podem-se observar áreas isoladas e de baixa intensidade de
precipitação sobre o oceano (Figura 6.26g). Tanto ICEA1 quanto ICEA2 (Figuras
6.26h-i) representaram satisfatoriamente esse comportamento (áreas isoladas de chuva),
com a ressalva de que, novamente, a principal diferença entre as simulações esteja
relacionada à intensidade da chuva que simularam.
Conforme analisado nos campos da Figura 6.26, em domínios com espaçamentos de
grade menores, o uso conjunto de esquemas implícito e explícito (estratégia híbrida)
tende a representar bem a intensidade da chuva, mas a superestimar a extensão das áreas
de precipitação; por outro lado, o uso de somente esquemas explícitos tende a limitar
realisticamente a extensão das áreas de chuva em “famílias” de núcleos de precipitação,
mas os núcleos possuem elevada (e não-realista) intensidade, sobretudo em regiões
oceânicas.
Em geral, ambas as simulações foram capazes de representar a disposição espacial das
áreas de chuva observadas. Assim, não se pode afirmar que uma simulação obteve
resultados expressivamente superiores a outra, mas que os aspectos da precipitação
simulada com o modelo MM5 são sensíveis ao uso de somente esquemas de convecção
explícita para espaçamentos de grade menores (neste caso 12 km).
134
(a)
(d) (g)
(b)
(e)
(h)
(c)
(f)
(i)
Figura 6.25 - Campos de precipitação estimada pelo satélite TRMM (“a”, “d” e “g”) e simulada
no domínio de resolução horizontal 36 km, em mm/h. As colunas da esquerda
para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 03UTC do dia 02/03/09,
06UTC do dia 14/03/09 e 18UTC do dia 30/03/09, nesta ordem. Os campos “b”,
“e”, e “h” referem-se às simulações ICEA1. Os campos “c”, f” e “i” referem-se
às simulações ICEA2. Os retângulos delimitam as áreas utilizadas para análise.
135
(a)
(d)
(g)
(b)
(e)
(h)
(c)
(f)
(i)
Figura 6.26 - Campos de precipitação estimada pelo satélite TRMM (“a”, “d” e “g”) e simulada
no domínio de resolução horizontal 12 km, em mm/h. As colunas da esquerda
para a direita referem-se, cada uma, aos horários das 03UTC do dia 02/03/09,
06UTC do dia 14/03/09 e 18UTC do dia 30/03/09, nesta ordem. Os campos “b”,
“e”, e “h” referem-se às simulações ICEA1. Os campos “c”, f” e “i” referem-se
às simulações ICEA2. Retângulos delimitam as áreas analisadas.
136
6.2.3 Síntese dos resultados das simulações realizadas no ICEA
1. Houve similaridade entre as séries de precipitação simulada para os dois domínios e a
curva de precipitação estimada, embora o total mensal de precipitação acumulada para a
região delimitada para análise é superestimada em ambas a simulações.
2. Em ICEA1, houve maior produção de precipitação o-convectiva. Em ICEA2, não
foi possível obter chuva de origem convectiva na área referente ao domínio 2 devido ao
método de aninhamento usado entre os domínios nas simulações (“two way”).
3. Pequenas diferenças na disposição espacial e intensidade das áreas de precipitação
foram verificadas entre os campos simulados (ICEA1 e ICEA2) e estimados (TRMM)
para o domínio 1.
4. As diferenças entre as simulações tornam-se mais evidentes entre os campos
simulados para o domínio 2. Apesar de ambas as simulações apresentarem erros de
posicionamento das áreas de precipitação, a principal diferença entre o uso de somente
esquemas explícitos e uso de aproximação brida está relacionada à intensidade da
precipitação e à extensão das áreas de precipitação.
5. Em domínios com espaçamentos de grade menores, o uso conjunto de esquemas
implícito e explícito tende a representar bem a intensidade da chuva, mas a superestimar
a extensão das áreas de precipitação; por outro lado, o uso de somente esquemas
explícitos tende a limitar realisticamente a extensão das áreas de chuva em “famílias” de
núcleos de precipitação, mas os núcleos possuem elevada (e não-realista) intensidade,
sobretudo em regiões oceânicas.
6. Apesar de verificada sensibilidade das simulações ao uso de somente esquemas
explícitos em espaçamentos de grade menores, as diferenças observadas na disposição
espacial e intensidade das áreas de precipitação simulada não permitiram apontar
superioridade representativa dos resultados de uma simulação sobre a outra.
137
7 CONCLUSÕES
Eventos de precipitação ocorridos sobre a região do Centro de Lançamento de Alcântara
(CLA) foram simulados com o modelo regional MM5. As simulações tiveram como
objetivo verificar se o uso de esquemas de convecção explícita em grades de alta
resolução traria ganhos para a previsão quantitativa de precipitação para esta região.
Utilizando grades aninhadas de 27, 9 e 3 km de resolução horizontal, centradas
aproximadamente sobre o CLA, quatro diferentes esquemas de convecção explícita
(Warm Rain, Simple Ice, Reisner 2 e Schultz) foram utilizados nas simulações, nos três
domínios, visando estabelecer que esquema apontaria melhores resultados. Os testes
mostraram que, em praticamente todas as simulações, para todos os domínios, ocorre
subestimativa da quantidade de precipitação. Outro aspecto observado foi que a
evolução temporal e disposição espacial das áreas de precipitação são praticamente
insensíveis ao esquema de microfísica usado para o domínio de 27 km de resolução
espacial. Contudo a sensibilidade aumenta ao mesmo tempo em que a porção não-
convectiva da precipitação aumenta com a diminuição do espaçamento de grade. As
simulações confirmaram que o uso de esquemas de microfísica mais complexos em sua
formulação (p.ex. Schultz) não garantem melhores simulações de precipitação. Apesar
de ter gerado erros significativos, o esquema Simple Ice (mais simples) apresentou
melhores representações nas simulações.
Definido o esquema explícito de melhores resultados, os eventos de precipitação foram
novamente simulados, com a diferença de que se optou por usar somente esquema
explícito (Simple Ice) nos domínios de 9 e 3 km de resolução. O objetivo era avaliar se
o modelo é capaz de representar realisticamente a precipitação com o uso de somente
esquemas explícitos nas grades de alta resolução. Resultados mostraram que as maiores
discrepâncias observadas entre as simulações que usaram esquemas implícitos e
explícitos nestes domínios e aquelas que só utilizaram esquemas de microfísica referem-
se ao posicionamento e intensidade das regiões de chuva. Pouco se distingue com
relação a evolução temporal das áreas de precipitação. Quanto aos aspectos
morfológicos da precipitação simulada, observou-se que enquanto a chuva gerada pelos
esquemas implícitos (convectiva) é menos intensa em sua magnitude e cobre áreas
maiores, a precipitação chamada de não-convectiva (produzida pelos esquemas de
138
microfísica) é mais intensa e mais concentrada no espaço. Essa é a principal diferença
na precipitação simulada pelos esquemas de convecção explícita e implícita. Por meio
da análise dos campos de precipitação, pode-se dizer que não se obteve resultados
expressivos com o emprego de somente esquema explícito no domínio de 9 km de
resolução. Contudo, quanto ao domínio de 3 km de espaçamento de grade, é possível
afirmar que o mesmo apresentou melhorias expressivas nas simulações de precipitação
quando se empregaram somente esquemas explícitos nos domínios de 9 e 3 km de
resolução espacial.
Com o intuito de verificar se o uso de somente esquemas de convecção explícita em
grades de menor espaçamento levaria a melhores resultados em previsões de
precipitação, considerando um período mais abrangente e o aspecto de aplicabilidade
(em ambientes operacionais), simulações para um período de 1 mês foram executadas
com uma versão operacional do modelo MM5 instalado no ICEA. Para isso foram
utilizados dois domínios aninhados (de resolução espacial 36 e 12 km), centrados
aproximadamente sobre a região Nordeste do Brasil. Tanto as simulações que
empregaram esquemas implícitos e explícitos quanto àquelas que somente utilizaram
esquemas explícitos no domínio de 12 km apresentaram similaridade entre as séries de
precipitação simulada para os dois domínios e a curva de precipitação estimada, embora
tenham superestimado o total mensal de precipitação acumulada para a região
delimitada para análise. Houve maior produção de precipitação não-convectiva nos dois
grupos de simulações. Especialmente nas simulações que empregaram somente
esquemas de convecção explícita, verificou-se que nenhuma chuva de origem
convectiva foi gerada na área delimitada devido à técnica de aninhamento usada entre
os domínios nestas simulações (“two way”). As diferenças entre as simulações são mais
destacadas entre os campos de chuva simulados para o domínio de 12 km. Apesar de
ambas as simulações apresentarem erros de posicionamento das áreas de precipitação, a
principal diferença está relacionada à intensidade da precipitação. As simulações que
empregaram somente esquemas explícitos em espaçamentos de grades menores
produziram núcleos de elevada intensidade de precipitação, sobretudo em regiões
oceânicas, enquanto as simulações que utilizaram aproximação híbrida geraram áreas de
chuva mais espalhadas pelo domínio, porém com intensidade menor. Por fim, os
resultados mostraram que, para este caso, apesar de constatada sensibilidade das
simulações ao uso de somente esquemas explícitos em espaçamentos de grade menores,
139
as diferenças observadas na disposição espacial e intensidade das áreas de precipitação
não foram suficientes para que se apontasse superioridade da qualidade dos resultados
de uma simulação para com a outra.
Espera-se que o presente trabalho tenha contribuído para a realização de melhores
previsões de precipitação para a região do CLA. É importante registrar que os erros
apontados nas simulações o devem ser atribuídos apenas ao uso dos esquemas de
convecção explícita, pois como se viu, ocorrem erros comuns a todos os esquemas. Tais
discrepâncias podem ter relação com o tempo de integração, com a resolução horizontal
e vertical dos domínios, com a escala dos sistemas meteorológicos simulados, com as
condições iniciais e de contorno empregadas, etc. A despeito do uso de condições
iniciais e de contorno de maior resolução espacial, como as utilizadas no modelo
empregado no ICEA, deve-se ressaltar que os aspectos morfológicos dos campos de
precipitação observada foram adequadamente simulados com o uso de maior resolução
das condições iniciais e de fronteira lateral, sugerindo uma tendência para o uso das
mesmas em simulações futuras.
Melhorar os próprios esquemas de convecção explícita através de sua relação com as
demais parametrizações pode ser um caminho. Como sugestão de trabalhos que possam
ser realizados futuramente, indicamos:
1) a realização de simulações com o uso de condições iniciais e de contorno oriundas
de outras fontes e de maior resolução espacial (p. ex., geradas pelo modelo
AVN/NCEP);
2) o estudo comparativo de dados de vento obtidos por radar meteorológico com dados
gerados pelo modelo MM5 em simulações de precipitação, visando analisar a relação da
representatividade do vento com os esquemas de convecção implícita; e
3) a busca de um conhecimento mais aprofundado da elaboração dos esquemas de
convecção explícita, pois geralmente estes são formulados com base nas condições e
nos sistemas meteorológicos que atuam em regiões diferentes da região do CLA,
podendo assim se constituir numa fonte de erros.
140
141
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148
149
APÊNDICE A: TESTES DE SENSIBILIDADE DE SIMULAÇÕES DE
PRECIPITAÇÃO À RESOLUÇÃO VERTICAL
1 Objetivo
Com o objetivo de verificar a sensibilidade dos resultados das simulações de chuva às
mudanças na resolução vertical, simulações adicionais dos eventos de precipitação
ocorridos no decorrer do dia 18/07/08 (descritos na Seção 4.1.1) sobre a região do CLA
foram realizadas com o modelo MM5 instalado na ACA/IAE. Em cada nova simulação
o número de níveis sigma foi alterado com relação ao número de níveis utilizado nas
simulações anteriores (38). Espera-se que os processos convectivos relacionados à
precipitação possam ser mais bem resolvidos com o aumento do número de níveis,
como por exemplo, na baixa atmosfera, onde os efeitos turbulentos associados à camada
limite são relevantes e na termodinâmica da coluna atmosférica, ao detalhar os
processos de transferência radiativa.
Alguns trabalhos mostram que mudanças na resolução vertical do domínio podem
alterar os resultados das simulações de precipitação e de outras variáveis. Utilizando o
modelo MM5, Colle e Mass (2000) fizeram simulações de 24 h de um evento de forte
chuva ocorrido entre os dia 6 e 7 de fevereiro de 1996 sobre as montanhas Cascades,
nos Estados Unidos. Para tal usaram grades aninhadas de 36, 12 e 4 km de resolução
horizontal. Uma parte dos testes realizados se propunha a explorar os efeitos das
mudanças na resolução vertical para o domínio de 4 km. Resultados mostraram
diferenças na quantidade de chuva prevista a barlavento e sotavento das montanhas.
Observou-se que ao aumentar de 29 para 38 este número, a quantidade de precipitação a
barlavento aumenta de 10 a 30%; quando a resolução vertical é elevada para 57 níveis, a
quantidade de chuva diminui para um valor próximo do obtido com 29 níveis. A
sotavento, a quantidade de precipitação varia de 20 a 80% de acordo com a resolução
vertical empregada. Os autores atribuíram estas diferenças a variações na formação e
advecção de hidrometeoros nos lados da montanha em função do número de níveis na
vertical. Por fim concluíram que a simulação que utilizou 38 níveis (número de níveis
intermediário) foi a que mais se aproximou do observado.
150
2 Metodologia
Executaram-se simulações empregando as mesmas configurações descritas na seção 5.1
(domínio, passo de tempo, parametrizações, etc) utilizadas nas simulações do Grupo 1
com o uso do esquema de microfísica Simple Ice e KF2 em todos os domínios. A única
diferença, desta vez, restringe-se a alterar a resolução vertical, com a inclusão ou
exclusão de níveis sigma. Dessa maneira, 3 rodadas foram executadas, com 23, 57 e 76
níveis na vertical, respectivamente denominadas TN23, TN57 e TN76. Para a análise
dos resultados, a mesma metodologia descrita na seção 6 foi usada para comparação
entre a precipitação prevista por estas simulações, a simulação que empregou 38 veis
(TN38, considerada a simulação de controle) e a precipitação observada. A Tabela 2.1
mostra os níveis sigma usados em cada uma das simulações.
Tabela 2.1 - Níveis sigma utilizados nas simulações
TN23, TN38, TN 57 e TN76
TN23
1.00, 0.98, 0.95, 0.92, 0.89, 0.85, 0.80, 0.75, 0.70, 0.65, 0.60, 0.55, 0.50, 0.45, 0.40,
0.35, 0.30, 0.25, 0.20, 0.15, 0.10, 0.05, 0.0
TN38
1.00, 0.99, 0.98, 0.97, 0.95, 0.93, 0.91, 0.89, 0.87, 0.85, 0.83, 0.81, 0.79, 0.77, 0.75,
0.73, 0.71, 0.69, 0.67, 0.65, 0.62, 0.59, 0.56, 0.53, 0.50, 0.47, 0.44, 0.41, 0.37, 0.33,
0.29, 0.25, 0.21, 0.17, 0.13, 0.09, 0.05, 0.0
TN57
1.000, 0.998, 0.996, 0.994, 0.992, 0.990, 0.987, 0.9
84, 0.981, 0.978, 0.975, 0.970,
0.965, 0.960, 0.950, 0.940, 0.930, 0.920, 0.910, 0.900, 0.880, 0.860, 0.840, 0.820,
0.800, 0.775, 0.750, 0.725, 0.700, 0.675, 0.650, 0.625, 0.600, 0.575, 0.550, 0.525,
0.500, 0.475, 0.450, 0.425, 0.400, 0.375, 0.350, 0.325, 0.300, 0.275, 0.250, 0.225,
0.200, 0.175, 0.150, 0.125, 0.100, 0.075, 0.050, 0.025, 0.0
TN76
1.000, 0.998, 0.996, 0.994, 0.992, 0.990, 0.987, 0.984, 0.981, 0.978, 0.975, 0.970,
0.965, 0.960, 0.955, 0.950, 0.945, 0.940, 0.935, 0.930, 0.925, 0.920, 0.915, 0.910,
0.905, 0.900, 0.890, 0.880, 0.870, 0.860, 0.850, 0.840, 0.830, 0.820, 0.810, 0.800,
0.780, 0.760, 0.740, 0.720, 0.700, 0.680, 0.660, 0.640, 0.620, 0.600, 0.580, 0.560,
0.540, 0.520, 0.500, 0.480, 0.460, 0.440, 0.420, 0.400, 0.380, 0.360, 0.340, 0.320,
0.300, 0.280, 0.260, 0.240, 0.220, 0.200, 0.180, 0.160, 0.140, 0.120, 0.100, 0.080,
0.060, 0.040, 0.020, 0.0
3 Resultados das simulações
Para este dia, o total de precipitação registrada (estimada) foi de 63,2 mm para o CLA e
de 2,8 mm em SLZ (48,1 mm para o HIDRO e 49,4 mm para o TRMM), relacionada à
passagem de eventos de convecção noturna (entre 2 e 12 UTC) e diurna (a partir das 15
UTC) (Figura 3.1). A precipitação simulada representada nos gráficos representa a
média de uma área que envolve o CLA e São Luís (seção 4.1). Verifica-se uma
151
similaridade entre as séries de precipitação obtidas pelas 4 simulações (Figura 3.1),
especialmente para os domínios de 27 e 9 km de resolução horizontal. Para o domínio
de 3 km, a série simulada que mais se aproximou das séries de chuva observada foi a
produzida pela simulação TN23, embora a magnitude de chuva simulada em cada hora
não tenha sido adequada em todas as rodadas.
(a)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - TN23
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
P RP (m m )
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(b)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - TN38
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (m m )
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(c)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - TN57
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm )
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
(d)
Séries de Precipitação para o dia 18/07/08 - TN76
0,1
1
10
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
HORAS (UTC)
PRP (mm )
CLA SLZ HIDRO TRMM 27KM 09KM 03KM
Figura 3.1 - Comparação entre os valores horários (UTC) de precipitação para o dia 18/07/08.
As barras referem-se aos valores de precipitação registrada no CLA e em SLZ e de
precipitação média estimada pelo Hidroestimador (HIDRO) e pelo satélite TRMM
(TRMM). As linhas referem-se aos valores médios simulados nos domínios de 27,
9 e 3 km de resolução. Os gráficos “a”, “b”, “c” e “d” referem-se às simulações
TN23, TN38, TN57 e TN76, nesta ordem. Precipitação (mm/h) em escala
logarítmica.
Com relação à magnitude dos valores acumulados de chuva, verificaram-se diferenças
entre os valores obtidos pelas simulações para todos os domínios (Tabela 3.1). Isso está
relacionado às variações de posicionamento e evolução temporal das áreas de
precipitação produzidas pelas simulações, mais acentuadas nos domínios de maior
resolução horizontal. Isso ilustra como as mudanças na resolução vertical dos domínios
alteram os aspectos da precipitação simulada. Novamente, verifica-se que a quantidade
de precipitação não-convectiva aumenta com o aumento da resolução horizontal das
grades (esperado). Nas simulações TN38 e TN57 a quantidade de precipitação não-
convectiva no domínio 3 foi até mesmo superior à precipitação convectiva. Isso sugere
a existência de uma relação entre a resolução vertical e a horizontal do domínio usado
152
nas simulações que seja mais favorável a formulação dos esquemas explícitos. Em
síntese, as simulações que produziram a precipitação diária mais próxima da observada,
nos 3 domínios, foram as seguintes: domínio 1: TN57 ou TN76; domínio 2: TN57;
domínio 3: TN38 ou TN57.
Tabela 3.1 - Precipitação Convectiva (PC), Não Conve
ctiva (PNC) e Total (TT) Simulada
obtida para o dia 18/07/08, para a região do CLA, com as simulações TN23,
TN38, TN57 e TN76. Unidade de precipitação: mm/dia.
Precipitação Convectiva, Não Convectiva e Total Simulada (mm/dia)
Simulações TN23 TN38 TN57 TN76
Resolução
PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT PC PNC TT
27 km
16.4 0 16.4 12.9 0 12.9 19.6 0 19.6 19.8 0 19.8
09 km
20.3 4.9 25.2 16.5 5.1 21.7 27.1 10.6 37.7 19.1 0.4 19.5
03 km
11.3 5.1 16.4 11.9 14.7 26.6 10.5 15.2 25.7 10.7 3.2 13.9
Não se observaram diferenças quanto à evolução temporal das áreas de chuva entre as
quatro simulações. Alguns campos de precipitação simulada foram selecionados para
ilustrar diferenças verificadas quanto à disposição espacial e intensidade das áreas de
precipitação nos 3 domínios (Figura 3.2). No geral, verificou-se que tais diferenças não
são expressivas, especialmente nos domínios de maior espaçamento de grade (27 e 9
km) (Figura 1.2). O padrão espacial das regiões de chuva é praticamente o mesmo em
todas as simulações (Figuras 3.2d, 3.2g, 3.2j e 3.2n), ressalvando-se pequenos detalhes
que as diferenciam. Uma pequena região de precipitação mais intensa que se observa a
noroeste do CLA é (erroneamente) simulada por todas as simulações, destacando
apenas uma diferença de magnitude. Esta situação é novamente retratada no domínio de
9 km (Figuras 3.2e, 3.2h, 3.2l e 3.2o), onde são claras as variações no posicionamento
dos núcleos de máxima precipitação sobre a região do CLA. Contudo estas variações
não devem ser consideradas expressivas, pois novamente, o padrão espacial da
precipitação é bastante similar entre as simulações.
Devido à maior resolução do domínio 3 (3 km), a área de chuva sobre o CLA apresenta
aspectos mais detalhados e diferenciados entre as quatro simulações. Nota-se em todas
as rodadas, uma área de chuva se estendendo (erroneamente) ao norte do CLA, desde o
oceano até o continente, que não aparece no campo de chuva observado (TRMM) para o
horário das 21 UTC. O incremento no número de níveis na vertical testado nestas
simulações parece não ter acarretado diferenças nos resultados das previsões.
153
Para este caso, pode-se dizer que a resposta do modelo é pouco sensível para mudanças
na resolução vertical, pois, no geral, verificou-se que as diferenças observadas entre as
simulações são pouco expressivas, mesmo para menores espaçamentos de grade.
154
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(l)
(m)
(n)
(o)
(p)
Figura 3.2 - Campos de precipitação simulada (de “da “p”, mm) e de precipitação estimada
pelo TRMM (“a”, “b” e “c”) para as 21UTC de 18/07/08. Cada uma das colunas,
a contar da esquerda, refere-se a campos (exceto campos “a”, “b” e “c”) cujos
domínios são de 27, 9 e 3 km de espaçamento de grade, respectivamente. Cada
uma das linhas, a contar da segunda na descendente, refere-se às simulações
TN23, TN38, TN57 e TN76, nesta ordem. Os retângulos delimitam as áreas
utilizadas para análise.
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