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grande do Sul e no oeste de Santa Catarina, hoje, já é considerado parte do vocabulário
“gaúcho”
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Segundo Bakhtin, (2006) a sociedade, evidentemente, é também uma parte da
natureza, no entanto, é qualitativamente distinta e separada dela, pois possui seu sistema de
leis específicas. É nesta perspectiva que podemos compreender a influência da sociedade no
comportamento humano. É certo, portanto, que o desenvolvimento social é um sistema em
que o homem modifica a sociedade e esta o modifica, numa cadeia simbiótica de trocas.
Logo, ao compor os enunciados, veiculados pela linguagem radiofônica, essas expressões
traduzem-se como demarcadoras do lugar de enunciação, e este, por sua vez, como um lugar
de possibilidade para simbiose. A linguagem radiofônica pode assim interferir na cadeia de
troca simbiótica, tanto pelo enunciado quanto pelo lugar de enunciação; traduz-se, ainda, tanto
como o espaço de fronteira cultural como ponte que possibilitando o transitar por territórios
culturais diferentes, promove o tecer através do deslocar.
Ainda sobre esse diálogo, pode-se afirmar que a interação e o caráter dialógico do
enunciado revelam tanto a demarcação do lugar de enunciação – como o exemplo de
locutores gaúchos que, avaliando a atitude “audaciosa” dos ladrões e a “competência” do
sistema de segurança do renomado Museu do Estado de São Paulo. O estar do “lado de fora”
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Cabe destacar que outras expressões consideradas pertencentes ao vocabulário ‘gaúcho’ também aparecem
nas edições pesquisadas: Uma delas seria “tomar chimarrão. Esta aparece em algumas edições, como no dia
17/08/2008, “eu aposto que ela tá tomando chimarrão Ariovaldo”, se referindo a ouvinte que estaria tomando
chimarrão, o mesmo que dizer “de folga”, sem estar trabalhando. Ou no dia 06/02/2008, “[...] e ali agora se
concentram assim os jovens que vão ali tomar chimarrão, bater papo, [...]”, relacionando ao chimarrão como
ponto de encontro, lazer, possibilidade das pessoas se encontrarem e confraternizarem. Observa-se que o
enunciado procura atribuir essa possível característica ao chimarrão: reunir, integrar, facilitar entrosamento
das pessoas e conversas em torno de uma mesma cuia e uma mesma bomba. Conforme, LESSA, (1985) o
chimarrão ou mate é uma bebida característica da cultura do sul da América do Sul, um hábito legado pelas
culturas quíchua, aymará e guarani. É composto por uma cuia, uma bomba, erva-mate e água quente. Embora
a acepção mate seja castelhana, é utilizada popularmente também no Rio Grande do Sul paralelamente com o
termo "chimarrão", do espanhol “cimarrón”. O chimarrão é montado com erva-mate, geralmente servido
quente de uma infusão. Tem gosto que mistura doce e amargo, dependendo da qualidade da erva-mate, que,
pronta para o uso, consiste em folhas e ramos finos, secos e triturados, passados em peneira grossa, de cor
verde, havendo uma grande variedade de tipos, uns mais finos outros mais encorpados, vendidos a diversos
preços. Um aparato fundamental para o chimarrão é a cuia, vasilha feita do fruto da cuieira. Há quem tome
chimarrão em outros recipientes, mas a prática é geralmente mal vista. O outro talher indispensável é a
bomba ou bombilha, um canudo de cerca de 6 a 9 milímetros de diâmetro, normalmente feito em prata
lavrada e muitas vezes ornado com pedras preciosas, de cerca de 25 centímetros de comprimento em cuja
extremidade inferior há uma pequena peneira do tamanho de uma moeda e na extremidade superior uma
piteira semelhante a usada para fumar, muitas vezes executada em bom ouro de lei. A outra expressão foi
“bah”. No dia 17/01/2008, o locutor 1 comenta: “Mas realmente está todo mundo chiando, aí, ‘que bah’. O
chiar pode estar relacionado a duas expressões fortemente vivenciadas na cultura gaúcha. Primeiro, o forte
vento minuano característico do Rio Grande do Sul, que sopra “chiando”. O segundo, relacionado também ao
chimarrão, pois a água é aquecida e antes um pouco de ferver. O segundo, relacionado também ao
chimarrão, pois a água é aquecida e quando estiver “chiando” está pronta para ser servida. Nesse contexto o
“chiando” está relacionado a reclamação, irritação, fúria. A expressão “bah” aumentando, ressaltando. Assim
“chiando aí que bah” é o mesmo que dizer, que a reclamação está muito grande, demais, insuportável.