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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
PAULA ALVAREZ CABANÊZ
ALTERAÇÕES QUÍMICAS NO SOLO E NA ÁGUA DE DRENAGEM
DECORRENTES DA APLICAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DO
PROCESSAMENTO DOS FRUTOS DO CAFEEIRO
ALEGRE (ES)
2010
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PAULA ALVAREZ CABANÊZ
ALTERAÇÕES QUÍMICAS NO SOLO E NA ÁGUA DE DRENAGEM
DECORRENTES DA APLICAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DO
PROCESSAMENTO DOS FRUTOS DO CAFEEIRO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Produção Vegetal da
Universidade Federal do Espírito Santo -
Centro de Ciências Agrárias, como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em
Produção Vegetal, na área de concentração
Planejamento e Manejo de Recursos
Hídricos.
Orientadora: Profª. Drª. Mirna Aparecida
Neves
ALEGRE (ES)
2010
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PAULA ALVAREZ CABANÊZ
ALTERAÇÕES QUÍMICAS NO SOLO E NA ÁGUA DE DRENAGEM
DECORRENTES DA APLICAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DO
PROCESSAMENTO DOS FRUTOS DO CAFEEIRO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal do
Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Produção Vegetal na área de
concentração Planejamento e Manejo de Recursos Hídricos.
Aprovada em 31 de agosto de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Profª. Drª. Mirna Aparecida Neves
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientadora
_________________________________
Prof. Dr. Roberto Avelino Cecílio
Universidade Federal do Espírito Santo
_________________________________
Prof. Dr. Giovanni de Oliveira Garcia
Universidade Federal do Espírito Santo
_________________________________
Dr. Luiz Carlos Prezotti
Instituto Capixaba de Pesquisa,
Assistência Técnica e Extensão Rural -
INCAPER
DEDICATÓRIA
A Deus, supremo em minha vida.
Aos meus pais, Tereza e Paulo, pelo amor e ensinamento durante a minha vida.
Aos meus irmãos, cunhados, tios e primos, pelo amor, compreensão e apoio.
Ao meu noivo Michael pelo amor, apoio, ajuda e compreensão em todos os
momentos.
AGRADECIMENTOS
À Prof
a
. Dr
a
. Mirna Aparecida Neves, pela orientação segura, confiança, apoio e
amizade em todos os momentos, o meu muito obrigada.
Aos professores Dr. Luiz Carlos Prezotti, Dr. Roberto Avelino Cecílio e Dr. Giovanni
de Oliveira Garcia, pelas valiosas sugestões.
Ao Prof. Dr. Eduardo de Mendonça, pelas discussões sobre a interpretação dos
dados e ao Prof. Dr. Adésio Ferreira, pela ajuda com os tratamentos estatísticos.
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo, pela oportunidade de
realizar o Mestrado.
A Madalena C. Capucho de Oliveira e ao Prof. Dr. Ricardo Antonio Polanczyk, pelo
apoio nos momentos difíceis.
Ao Programa Bolsa REUNI CAPES, pela concessão da Bolsa de Estudos no ano
de 2009.
Ao Agrônomo e Msc. em Produção Vegetal Sr. Izaías dos Santos Bregonci do
Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (INCAPER), pelo apoio na análise
dos dados.
Aos senhores proprietários rurais, Ademir Gonçalves de Paula, Dr. Gilmar Polido
Bodevan e Fabiano, pela colaboração na coleta de material.
Ao Tecnólogo em Gestão Ambiental e Saneamento Sr. Marcos de Souza Neves
Cardoso, pelo apoio, amizade e colaboração na realização do experimento.
Aos laboratoristas Silvo, Soninha e Fabiano, pela colaboração na realização das
análises laboratoriais.
Aos colegas do Mestrado, pelo apoio durante a realização do curso, em especial a
Ester, Tatiana e Talita, pela colaboração, ajuda e amizade.
Enfim, a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
"A principal meta da educação é criar
homens que sejam capazes de fazer
coisas novas, não simplesmente repetir o
que outras gerações já fizeram. Homens
que sejam criadores, inventores,
descobridores. A segunda meta da
educação é formar mentes que estejam
em condições de criticar, verificar e não
aceitar tudo que a elas se propõe."
Jean Piaget
BIOGRAFIA
Paula Alvarez Cabanêz, filha de Tereza de Jesus Alvarez e Paulo Cabanêz, é
natural da cidade de Alegre, ES.
Graduou-se em 2006 no Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, pela
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre (FAFIA).
Atuou como Agente Comunitária de Saúde na Prefeitura Municipal de Alegre, ES.
Atuou como professora de Ensino Fundamental e Médio no Centro Educacional
“Adélia Barroso Bifano” de 2006 a 2008.
Atuou como professora voluntária no Centro de Cncias Agrárias da Universidade
Federal do Espírito Santo, no semestre letivo 2008/2.
É s-graduada (latu sensu) na área de Governança, Educação e Direito Ambiental,
pela FAFIA, Alegre, ES, em 2009.
CABANÊZ, Paula Alvarez, M. Sc., Universidade Federal do Espírito Santo, Agosto de
2010. Alterações químicas no solo e na água de drenagem decorrentes da
aplicação da água residuária do processamento dos frutos do cafeeiro.
Orientadora: Profª Drª Mirna Aparecida Neves.
RESUMO: A reutilização de resíduos culturais na agricultura é uma alternativa
promissora, que permite suster o agroambiente proporcionando melhorias ao
sistema solo-planta. Nesse sentido, a água residuária oriunda do processamento
dos frutos do café (ARC) pode ser utilizada na agricultura como fertilizante natural,
respeitando a concentração dos nutrientes nela contidos. Este trabalho teve como
objetivo utilizar dois solos como meio de tratamento da ARC, possibilitando a
remoção de material orgânico e inorgânico presentes nesses efluentes. Para isso,
fez-se ensaio de colunas de solos, sendo aplicados a eles a ARC. A ARC foi
coletada no período de julho e agosto e as amostras de solos foram retiradas em
profundidade de 0 a 40 cm, em dois solos classificados como Latossolo Vermelho
Amarelo, apresentando texturas diferentes, sendo o solo um de textura média e o
solo dois de textura arenosa. Foram coletadas amostras do lixiviado da ARC e foram
feitas determinações de pH, condutividade elétrica (CE), demanda química de
oxigênio (DQO), P, Ca, Mg e K. Após a percolação da ARC em colunas de solos, as
mesmas foram encaminhadas ao laboratório a fim de proceder as determinações de
P, K, Ca, Mg, pH, matéria orgânica do solo (MOS), soma de bases, capacidade de
troca de cátions (CTC) em pH 7, CTC efetiva e índice de saturação em bases. Foi
possível concluir que a ARC contribuiu para a alteração das concentrações de pH e
Mg, aumento da CTC em pH 7 e da concentração de K, diminuição do índice de
saturação em bases e da concentração de Ca, sendo que as concentrações de P,
MOS, CTC efetiva e soma de bases o foram significativamente alteradas pela
adição da ARC. Para o solo de textura arenosa, a ARC contribuiu para a alteração
do pH e da concentração de K, diminuição da concentração de Ca, MOS, soma de
bases e índice de saturação em bases, aumento da CTC em pH 7, sendo que as
concentrações de P, Mg e CTC efetiva não foram alteradas significativamente pela
adição da ARC. Com relação às águas de drenagem decorrentes da aplicação da
ARC em colunas de solo de textura média, pode-se concluir que houve aumento do
pH, CE e da concentração de Ca, diminuição da DQO, da concentração de Mg e P,
sendo que a concentração de K não foi significativamente alterada. Quanto às águas
do lixiviado da ARC nas colunas de solo de textura arenosa, pode-se inferir que
houve aumento do pH, da concentração de Ca e Mg, diminuição da CE, DQO e em
alguns momentos da concentração de P, sendo que a concentração de K não foi
significativamente alterada.
Palavras-chave: café arábica, Coffea arabica, resíduo agrícola, água residuária.
CABANÊZ, Paula Alvarez, M. Sc., Universidade Federal do Espírito Santo, August to
2010. Chemical changes in soil and drainage water deriving from the application
of wastewater from processing of coffee fruits. Guiding: Drª Mirna Aparecida
Neves.
ABSTRACT: Reuse of crop residues in agriculture is a promising alternative,
which allows sustain agroenvironment providing improvements to the soil-plant
system. This sense, the wastewater coming from the processing of coffee fruits
(ARC) can be used as natural fertilizer in agriculture, respecting the concentration of
nutrients it contains. This study had as objective use two soils as a means of
treatment of ARC, allowing the removal of organic and inorganic material present in
these effluents. For this, made to test soil columns, being applied to them the ARC.
The ARC was collected during july and august and soil samples were removed in
depth from 0 to 40 cm in two soils classified as Yellow Red Latosol, with different
textures, being one soil of medium texture and two soil of arenaceous texture.
Samples were collected from the leachate of the ARC and were made the
measurements of pH, electrical conductivity (EC), chemical oxygen demand (COD),
P, Ca, Mg and K. After percolation of the ARC in soil columns, they were directed to
the laboratory to proceed the determinations of P, K, Ca, Mg, pH, soil organic matter
(SOM), total bases, cation exchange capacity (CEC) at pH 7, effective CEC and base
saturation index. It was concluded that the ARC contributed to the change in the
levels of pH and Mg, CEC at pH 7 and concentration of K, reduced the base
saturation index and Ca concentration, and the concentration of P, SOM, effective
CEC and total bases was not significantly altered by the addition of the ARC. For
arenaceous soil, the ARC has contributed to the change of pH and concentration of
K, reduction in the Ca concentration, SOM, total of bases and base saturation index,
increased CEC at pH 7, and the concentrations P, Mg and effective CEC were not
significantly altered by the addition of the ARC. With respect the drainage water from
the application of ARC in columns of the medium textured soil can conclude that
increasing pH, EC and Ca concentration, reduced the COD, the concentration of Mg
and P, and the concentration of K was not significantly changed. As the waters of the
leachate from the ARC in the columns of arenaceous soil can bein ferred that there
was an increase of pH, Ca and Mg concentration, reduced of the EC, COD and at
times the P concentration, and the concentration of K was not significantly altered.
Key-words: arabica coffee, Coffea arabica, agricultural waste, wastewater.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Características físicas e químicas da amostra de ARC ............... 11
Tabela 2 -
Características físicas e químicas das amostras de solos (solo
textura média e solo de textura arenosa) ..................................... 12
Tabela 3 -
Valores médios do pH obtidos em amostras de solo antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 16
Tabela 4 -
Valores médios do K (mg.dm
-3
) obtidos em amostras de solo
antes e depois da percolação da ARC nas colunas de solos ...... 17
Tabela 5 -
Valores médios do P (mg.dm
-3
) obtidos em amostras de solo
antes e depois da percolação da ARC nas colunas de solos ...... 18
Tabela 6 -
Valores médios do Ca (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em amostras de solo
antes e depois da percolação da ARC nas colunas de solos ...... 19
Tabela 7 -
Valores médios do Mg (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em amostras de
solo antes e depois da percolação da ARC nas colunas de solos
21
Tabela 8 -
Valores médios da MO (dag.kg
-1
) obtidos em amostras de solo
antes e depois da percolação da ARC nas colunas de solos ...... 22
Tabela 9 -
Valores médios da CTC em pH 7 (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em
amostras de solo antes e depois da percolação da ARC nas
colunas de solos ...........................................................................
23
Tabela 10 -
Valores médios da CTC efetiva (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em
amostras de solo antes e depois da percolação da ARC nas
colunas de solos ...........................................................................
24
Tabela 11 -
Valores médios da SB (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em amostras de solo
antes e depois da percolação da ARC nas colunas de solos ...... 25
Tabela 12 -
Valores médios da V (%) obtidos em amostras de solo antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 26
Tabela 13 -
Valores médios do pH obtidos em amostras do lixiviado antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 27
Tabela 14 -
Valores médios da CE obtidos em amostras do lixiviado antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 28
Tabela 15 -
Valores médios da DQO obtidos em amostras do lixiviado antes
e depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................ 29
Tabela 16 -
Valores médios de Ca obtidos em amostras do lixiviado antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 30
Tabela 17 -
Valores médios de Mg obtidos em amostras do lixiviado antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 31
Tabela 18 -
Valores médios de K obtidos em amostras do lixiviado antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 32
Tabela 19 -
Valores médios de P obtidos em amostras do lixiviado antes e
depois da percolação da ARC nas colunas de solos ................... 33
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................
01
2 REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................
03
2.1 A CULTURA DO CAFÉ EM SEUS ASPECTOS GERAIS ............................... 03
2.2 BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS DO CAFEEIRO .......................................
04
2.3 ÁGUA RESIDUÁRIA GERADA NO PROCESSAMENTO VIA ÚMIDA DOS
FRUTOS DO CAFEEIRO (ARC) ..................................................................... 05
2.4 BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL RELATIVA AO
LANÇAMENTO DE EFLUENTES EM CORPO HÍDRICO ...............................
07
2.5 EFEITOS DA DISPOSIÇÃO DA ARC NO AGROAMBIENTE ......................... 08
3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................
11
3.1 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DA DESPOLPA
DOS FRUTOS DO CAFÉ ARÁBICA ............................................................... 11
3.2 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE SOLOS .....................
12
3.3 APLICAÇÃO DA ARC EM COLUNAS DE SOLO ............................................
13
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS ..........................................................................
14
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................
15
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DA DESPOLPA DOS
FRUTOS DO CAFÉ ARÁBICA ........................................................................ 15
4.2 ANÁLISES DAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS NO PERFIL DOS SOLOS
APÓS PERCOLAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DA DESPOLPA DOS
FRUTOS DO CAFEEIRO ................................................................................ 16
4.2.1 Potencial hidrogeniônico (pH) ...................................................................
16
4.2.2 Potássio (K) .................................................................................................
17
4.2.3 Fósforo (P) ...................................................................................................
18
4.2.4 lcio (Ca) ...................................................................................................
19
4.2.5 Magnésio (Mg) .............................................................................................
20
4.2.6 Matéria orgânica (MO) ................................................................................
21
4.2.7 Capacidade de troca catiônica (CTC) em pH 7 (T) ...................................
22
4.2.8 Capacidade de troca catiônica (CTC) efetiva (t) ......................................
23
4.2.9 Soma de bases (SB) e saturação em bases (V%) ....................................
24
4.3 ANÁLISES DAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ARC APÓS
PERCOLAÇÃO DA MESMA NOS SOLOS ..................................................... 26
4.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH) ...................................................................
26
4.3.2 Condutividade elétrica (CE) .......................................................................
27
4.3.3 Demanda química de oxigênio (DQO) .......................................................
28
4.3.4 Cálcio (Ca) ...................................................................................................
29
4.3.5 Magnésio (Mg) .............................................................................................
30
4.3.6 Potássio (K) .................................................................................................
31
4.3.7 Fósforo (P) ...................................................................................................
32
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................
35
1
1 INTRODUÇÃO
Na produção de bens de consumo é gerada grande quantidade de resíduos sólidos,
líquidos e gasosos. O resíduo líquido pode ser de origem industrial ou derivada da
produção pecuária e de outros sistemas de produção da área rural (ISHERWOOD,
1999).
Na agricultura, tem-se a atividade da lavagem e despolpa dos frutos do cafeeiro que,
segundo Batista et al. (2007), é geradora de grandes volumes de resíduos sólidos e
líquidos, ricos em material orgânico e inorgânico. Esse processamento tem sido
comum em regiões produtoras, já que possibilita redução nos gastos e melhora na
qualidade da bebida do café.
Se aplicada em corpos hídricos, o impacto ambiental proporcionado pela água
residuária dos frutos do café (ARC) é grande devido à carga orgânica e quantidade
de nutrientes nela encontradas. Além disso, tem-se grande volume de água limpa
utilizada, mesmo com a recirculação da mesma no sistema de beneficiamento.
Segundo Lima (2006), à medida que a água recircula no processamento do café, os
valores dos atributos físicos e químicos presentes na ARC indicam um potencial
poluente cada vez maior.
Quando a ARC é lançada em corpos d’água promove o desenvolvimento de algas, o
que acarreta uma redução acentuada da concentração de oxigênio dissolvido e a
alta concentração de nutrientes pode levar à eutrofização e colocar em risco a
qualidade das águas.
A ARC pode ser utilizada na agricultura como fertilizante natural respeitando a
concentração adequada dos nutrientes nela contidos. A disposição da água
residuária no solo é considerada uma alternativa para o seu tratamento e, de acordo
com Matos et al. (1995), tem efeitos positivos, como o aumento da produtividade, a
melhoria da qualidade dos produtos colhidos e a redução da degradação ambiental.
Entretanto, a ARC lançada no solo em doses excessivas pode provocar alterações
nas características físico-químicas do meio devido a sua alta concentração de
matéria orgânica e nutrientes. A recomendação para o descarte de resíduos no meio
ambiente deve ser precedida de estudos detalhados decorrentes da adsorção de
2
íons pela fração coloidal do solo e da mobilidade desses íons no perfil do solo
(ALCÂNTARA; CAMARGO, 2001). De acordo com Garcia (2003), o uso agrícola
dessas águas residuárias deve ser cuidadosamente planejado no sentido de
controlar, em longo prazo, os efeitos de salinidade, sodicidade, nutrientes e
oligoelementos sobre o solo e as culturas.
Partindo-se do pressuposto de que a percolação da ARC no solo provoca alterações
nas características químicas da água de drenagem e do solo, este trabalho teve
como objetivo utilizar os dois solos como meio de tratamento da água residuária
proveniente do processamento dos frutos do cafeeiro, possibilitando a remoção de
material orgânico e inorgânico presentes nesses efluentes.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A CULTURA DO CAFÉ EM SEUS ASPECTOS GERAIS
O café é originário da África, sendo Coffea arabica da Etiópia e Coffea canephora do
Congo (FERRÃO et al., 2007). Segundo os mesmos autores, o café arábica é
cultivado em muitas partes do mundo: nas Américas Central e do Sul, na África do
Sul e no leste da Ásia. Segundo Santana e Farah (2000), o café em seu habitat
original é elemento de uma estrutura florestal associado a várias espécies silvestres.
As cultivares de café arábica apresentam qualidade de bebida superior às de
robusta (PIMENTA, 2003). A espécie Coffea arabica possui características
organolépticas desejadas, como aroma, pouca acidez, menos sólidos, enquanto a
Coffea canephora, ou conilon, é mais encorpada, menos aromática e tem pouca
acidez (LEITE; SILVA, 2000).
As espécies Coffea arabica (café arábica) e Coffea canephora (café robusta) são as
únicas cultivadas em grande escala nas variadas regiões cafeeiras do mundo
(MATIELO et al., 2002). Das mais de 100 espécies diferentes de cafés existentes,
Coffea arabica e Coffea canephora respondem por quase todo o caproduzido e
comercializado no mundo (FERRÃO et al., 2008). De acordo com os autores citados,
o café arábica representa mais de 60% da produção e é cultivado em regiões mais
frias, geralmente em altitudes acima de 500 metros, sendo o responsável pela
produção de cafés mais finos, com melhor aroma e sabor, enquanto o café conilon,
conhecido tamm como robusta, responde por aproximadamente 40% da produção
mundial e é adaptado para regiões mais quentes com altitudes abaixo de 500
metros.
É notório o destaque de todo o sistema agroindustrial do café em termos de uso de
mão de obra e fixação do homem no campo, geração de empregos nos setores à
montante e à jusante da produção primária, bem como em termos de obtenção de
divisas externas e arrecadação de impostos (FASSIO; SILVA, 2007).
4
Segundo Ferrão et al. (2008), o Espírito Santo é o segundo maior produtor de café
do Brasil e apresenta produção concentrada, predominantemente, nas regiões do
Caparaó (37,4%), Serrana (36,7%) e Sul (15,3%).
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) verificou, com mais de 90% do
fruto do estado colhido e beneficiado no ano de 2010, uma redução significativa na
produção, isso ocorreu devido ao período de seca que durou mais de três meses,
numa fase de grande demanda de água nos cafezais, que é o período de
enchimento de grãos (CONAB, 2010). Ainda registra a Conab, que o parque cafeeiro
de arábica apresenta potencial para incremento significativo da produção,
necessitando principalmente de ser renovado e o programa Renovar Café Arábica
vem sendo implantado no Estado para auxiliar o aumento da produtividade e da
produção do café arábica no estado.
2.2 BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS DO CAFEEIRO
A indústria cafeeira apresenta crescente segmentação quanto às características de
qualidade do café (PIMENTA, 2001). Um processamento pós-colheita adequado é
sempre fator importante para a obtenção de um produto de boa qualidade (VEGRO;
CARVALHO, 1994). Para obtenção desse produto, são necessários, além do cultivo
de forma adequada, cuidados na colheita e no processamento dos frutos (SILVA;
GUIMARÃES; NOGUEIRA, 2005).
O preparo ou o processamento dos frutos do cafeeiro após a colheita pode ser feito
de dois modos: por via seca, resultando nos “cafés de terreiro” ou “cafés naturais”,
ou por via úmida, dando os “cafés despolpados” ou os “cafés cerejas descascados”
(MATIELO et al., 2002).
No Brasil, grande parte do fruto é preparada por via seca. Nessa operação, os frutos
do cafeeiro colhidos devem ser esparramados imediatamente no terreiro para secar.
A rapidez na operação de secagem é importante, pois pode ocorrer a deteriorização
dos frutos que depende da temperatura, da umidade relativa do ar e do tempo em
que o café permanece úmido (PIMENTA, 2003). Além desses fatores, são tamm
5
importantes os cuidados adotados na colheita para evitar fermentações indesejáveis
que ocorrem na mucilagem açucarada dos frutos (FARIA, 2008).
Quanto ao processamento dos frutos do cafeeiro por via úmida, o Brasil apresenta
regiões com boas condições para produção de cafés despolpados, principalmente
nas regiões montanhosas (PIMENTA, 2003). Segundo Siqueira (2003), é uma
tecnologia que agrega valor ao café e contribui para alcançar boas cotações no
mercado internacional e proporcionar uma bebida suave.
O preparo dos frutos do cafeeiro por via úmida inclui as práticas de lavagem e
despolpa. Durante o processo de lavagem ocorre a separação dos frutos do café
pelo lavador hidráulico de acordo com a sua densidade (SANTOS, 2005). Nesse
processo, obtêm-se o café cereja e o café bóia, sendo que o café cereja passa por
um processo de despolpamento e desmucilagem (LIMA, 2006). Na obtenção do ca
cereja despolpado, a casca e a polpa do fruto são removidas de forma mecânica, e
posterior fermentação da mucilagem e lavagem dos grãos (PIMENTA, 2003).
2.3 ÁGUA RESIDUÁRIA GERADA NO PROCESSAMENTO VIA ÚMIDA
DOS FRUTOS DO CAFEEIRO (ARC)
A água é o elemento condutor dos frutos na unidade de processamento e a ela se
juntam resíduos dos frutos, formando a água residuária do processamento do café
(SOARES et al., 2007). Conforme os autores citados, na operação de lavagem dos
frutos do cafeeiro, geram-se 0,1 a 0,2 L de água residuária por litro de frutos
processados, dependendo das dimensões do lavador e do número de descargas
realizadas para substituição da água de lavagem. no despolpamento e
desmucilagem, de acordo com Matos e Lo Mônaco (2003), geram-se 3 a 5 L de
água residuária por litro de frutos processados.
Devido ao grande volume de água utilizada na despolpa e desmucilagem dos frutos
do café, os agricultores fazem a recirculação da água no sistema. De acordo com
Matos et al. (2007), com a recirculação, a proporção de água utilizada pode diminuir
para aproximadamente 1 litro para cada litro de fruto processado, reduzindo a
6
necessidade de uso de água de boa qualidade captada em mananciais superficiais
ou subterrâneos.
A recirculação da água na atividade da despolpa dos frutos do cafeeiro aumenta a
concentração de material suspenso e em solução, podendo comprometer a
qualidade final do produto, pois a água em recirculação pode ser veiculadora de
fungos e contaminantes, podendo trazer prejuízos à qualidade dos grãos (MATOS;
CABANELLAS; BRASIL, 2006b). Em vista dos riscos de se afetar a qualidade de
bebida dos grãos, considera-se que a recirculação da água seja viável apenas se
esta for submetida a tratamento preliminar (retirada de sólidos) seguido de
tratamento primário (filtragem), antes de ser bombeada para recirculação no sistema
(MATOS, 2003).
A ARC é considerada um resíduo líquido, apesar de possuir uma quantia
considerável de lidos. Lo Mônaco et al. (2004) observaram elevada concentração
de sólidos totais (4.000 mg.L
-1
), dos quais a maior parte é composta por sólidos
voláteis totais que podem ser removidos, em grande parte, por tratamento biológico.
Segundo Matos et al. (2006a), a ARC caracteriza-se por elevados valores de
demanda qmica de oxigênio (DQO) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO), que
são indicativos da presença de carga orgânica. Os valores de DQO variam de 3.430
a 8.000 mg.L
-1
(MATOS, 2003) e de DBO variam de 1.578 a 3.242 mg.L
-1
(MATOS et
al., 2001b).
Na ARC, há presença de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) que se encontram
na faixa de 185,6 a 245,5, 4,5 a 6,5 e 44,4 a 346,0 mg.L
-1
, respectivamente (MATOS
et al., 2001a). Tamm apresenta compostos fenólicos, cafeína, úcares
(GONÇALVES et al., 2000), fragmentos de folhas, ramos das plantas, partículas de
solo, cascas e mucilagem dos frutos do café (SOARES et al., 2007).
Além do nitrogênio, fósforo e potássio, tamm a presença do cálcio, sódio e
magnésio, o que faz com que este resíduo apresente valor fertilizante, podendo ser
aproveitado e disposto na propriedade com fins de complementação de fertilizantes
minerais. De acordo com Batista et al. (2007), a utilização de águas residuárias na
agricultura é uma alternativa para se evitar a poluição das águas superficiais e
subterrâneas, disponibilização de água e de fertilizantes para as culturas, reciclagem
de nutrientes e aumento da produção agrícola.
7
2.4 BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
RELATIVA AO LANÇAMENTO DE EFLUENTE EM CORPO HÍDRICO
Os instrumentos de gestão ambiental devem, de acordo com seus princípios
norteadores, evitar ou minimizar os impactos advindos das atividades humanas
sobre os recursos naturais e, para tanto, precisam ser utilizados de forma
coordenada, visando objetivos finais comuns (PIZELLA; SOUZA, 2007). Quanto à
legislação ambiental relativa ao lançamento de efluente em corpos hídricos, pode-se
citar a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), a Resolução
CONAMA 357, de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2005) e a Resolução CONAMA
nº 396, de 3 de abril de 2008 (CONAMA, 2008).
A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Política Nacional do Meio
Ambiente - visa controlar o lançamento de poluentes no meio ambiente, proibindo o
lançamento em níveis nocivos ou perigosos para os seres humanos e outras formas
de vida. A Política Nacional do Meio Ambiente dispõe sobre cinco instrumentos: os
planos de recursos hídricos, a outorga dos direitos de uso da água, o sistema de
informações sobre recursos dricos, o enquadramento dos corpos d’água e a
cobrança pelo uso da água bruta (especificamente, pelo lançamento de efluentes)
(SILVA; RIBEIRO, 2006).
De acordo com a Lei citada acima no artigo 6º, fica evidente que o Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) tem a finalidade de assessorar, estudar e
propor ao Conselho de Governo, diretrizes de poticas governamentais para o meio
ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida (BRASIL, 1981).
Dessa forma, o CONAMA se torna referência para elaborar normas destinadas a
proteger os recursos naturais e a qualidade de vida no Brasil (CONAMA, 2008).
Nesse sentido, é importante ressaltar a Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março
de 2005, que dispõe sobre a classificação de corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes e outras providências, e, a Resolução CONAMA 396, de
3 de abril de 2008, que dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o
8
enquadramento das águas subterrâneas e outras providências. Essas resoluções
são essenciais para saber a quantidade máxima de efluente que pode ser lançada
em corpos hídricos e, agir sobre os infratores penalizando-os para se adequarem à
legislação.
No estado do Espírito Santo, onde a produção de café é importante, uma
legislação ambiental específica, regida pela Instrução Normativa nº 13, de 17 de
dezembro de 2007 (ESPÍRITO SANTO, 2007), do Instituto Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA). Essa instrução dispõe diretrizes para o
licenciamento ambiental da atividade de beneficiamento de café e de outros grãos.
Quanto ao processamento dos frutos do cafeeiro por via úmida, pode ser dada
destinação adequada ao resíduo oriundo dessa atividade. De acordo com a
Instrução Normativa citada, a ARC pode ser utilizada em fertirrigação, em que um
profissional técnico habilitado deverá atestar, previamente, a aptidão da área com
base em laudo de análises físico-químicas de solos do local, e/ou, a ARC pode ser
disposta em lagoas de estabilização, sendo necessário especificar de acordo com o
tipo de solo da área.
Quanto à lavagem dos grãos do cafeeiro, segundo a Instrução Normativa
mencionada, fica permitido o retorno da água aos mananciais, desde que seja
implantado um sistema adequado de retenção de sólidos, por onde deve passar a
água antes de seu descarte e que respeite os padrões de lançamento de efluentes
estabelecidos na Resolução CONAMA 357/2005. Também é abordado o uso
racional dos recursos naturais para o processamento via úmida, sendo
recomendável que se faça o reuso da água, através do processo de recirculação,
reduzindo assim o volume de captação e a geração efluente.
2.5 EFEITOS DA DISPOSIÇÃO DA ARC NO AGROAMBIENTE
Toda atividade humana gera resíduos, sejam de origem industrial, agropecuária ou
urbana. Os impactos causados pelo lançamento de resíduos no meio ambiente se
tornaram um dos grandes problemas da atualidade. Os diferentes tipos de resíduos
e rejeitos provenientes das atividades antrópicas correspondem a um dos ‘custos’
que devem ser contabilizados no processo produtivo (MAGALHÃES, 2002).
9
Segundo Leon e Cavallini (1999), águas residuárias podem causar impactos
ambientais negativos quando utilizadas de forma inadequada, dentre eles:
- contaminação de água subterrânea por elementos contaminantes não
removidos pelo sistema de tratamento;
- geração de odores desagradáveis caso o projeto, a operação e a
manutenção estejam inadequados;
- presença de vetores de enfermidades, caso não exista controle adequado;
- deterioração do solo pelo aumento da salinização e alagamento, nos
casos em que as necessidades de drenagem e de infiltração não sejam
atendidas.
Nos últimos anos, novas alternativas de tratamento e disposição final desses
resíduos estão sendo procuradas de forma a causar o mínimo de impacto ambiental
(MATOS; EMMERICH; BRASIL, 2005a).
Os resíduos, no contexto agronômico, podem ser utilizados como materiais
condicionadores do solo, como fertilizantes (SOUSA et al., 2006); porém, toda e
qualquer tecnologia gerada para a disposição de resíduos orgânicos no solo, por
mais modernas e complexas que sejam se não contemplarem os riscos potenciais
de contaminação ambiental, estará, inexoravelmente, condenado ao fracasso
(MATOS; SEDIYAMA, 1996).
Como o foco daa discussão é o resíduo líquido proveniente da despolpa dos frutos
do cafeeiro, Hubbard et al. (1987) propõem que, a utilização do solo como meio de
tratamento de águas residuárias (independente da sua origem) se justifica pela sua
capacidade de filtro natural, constituído pelas plantas e pelos microrganismos que,
juntamente com as propriedades de adsorção química e física das argilas,
possibilitam a remoção de material orgânico e inorgânico presentes nesses
efluentes.
Dessa forma, como apontam Hespanhol (2003) e Medeiros et al. (2005), a aplicação
de efluente ao solo é vista como uma alternativa viável para aumentar a
disponibilidade hídrica (fato que não deve ser feito para atender necessidade
hídrica) em regiões áridas e semi-áridas, podendo reduzir os custos com tratamento
e ainda servir como fonte de nutrientes pra as plantas, reduzindo, assim, os custos
com aquisição de fertilizantes minerais comerciais.
Matos, Emmerich e Brasil (2005a) mencionam uma série de vantagens da utilização
da ARC no solo, que se pode citar o beneficiamento agrícola, o baixo investimento
(o custo oscila entre 30 e 50% do custo do tratamento convencional), o pequeno
custo de operação e o baixo consumo de energia.
10
Entretanto, conforme afirma Mikkelsen et al. (1997), a disposição da água residuária
no solo por períodos longos pode resultar no acúmulo de nutrientes, excedendo as
exigências das plantas, ressaltando que, de acordo com Giacomini e Aita (1999
apud FERREIRA et al., 2000), a otimização no aproveitamento dos nutrientes,
somente poderá ser atingida se houver uma boa sincronização entre a velocidade
em que o nutriente é liberado dos resíduos culturais e a velocidade em que o mesmo
é absorvido pelas culturas subsequentes. Dessa forma, quando fertilizantes são
deslocados para os estratos inferiores do perfil do solo, além de tornarem-se
indisponíveis às plantas, acarretam riscos de contaminação das águas subterrâneas
(DODDS et al., 1998).
Ribeiro et al. (2009), quando trabalharam com aplicação da ARC no crescimento do
próprio cafeeiro em seu primeiro ano, chama a atenção quanto à aplicação
prolongada de água residuária de café nas doses até 135 mg.L
-1
de potássio, pois os
níveis de condutividade elétrica do solo podem tornar-se prejudiciais aos cafeeiros.
Por essa razão, as doses de ARC não devem ser estimadas para atender ao déficit
hídrico e sim à nutrição (cálculos com base na concentração de nutrientes, da
concentração no solo e demanda da planta).
Como foi aludido, a ARC apresenta concentrações relativamente elevadas de N e,
principalmente de K, viabilizando a possibilidade de sua utilização nos sistemas
solo-água-planta, como forma de tratamento e/ou disposição dessas águas
(MATOS; Lo MONACO, 2003). E, de acordo com Anjos e Raij (2004), o principal
fator determinante da acidez do solo consiste na nitrificação do amônio, cuja reação
introduz a acidez representada pelo íon H
+
e deixa em solução o ânion nitrato (NO
3
-
).
Desse modo, conforme menciona Garcia (2003), o uso agrícola das ARC como
fertilizante deve ser precedido de um adequado planejamento do manejo, segundo
as recomendações de disponibilização de nutrientes às culturas.
Além dos problemas citados, as altas concentrações de Na e K em águas
residuárias, segundo Loehr (apud MATOS, 1995), podem causar dispersão de
argila, promovendo a desagregação e influenciando a permeabilidade do solo.
11
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DA
DESPOLPA DOS FRUTOS DO CAARÁBICA
A água residuária do processamento dos frutos do café arábica (ARC) foi coletada
durante os meses de julho e agosto de 2009, na zona rural, no município de Guaçuí,
Espírito Santo, localizada nas coordenadas 20º47’37.08’’S e 41º42’06.92”O.
Foram coletados 200 L de ARC no final da despolpa de seus frutos com 10 a 15
recirculações, em decorrência de pouca quantidade de café. A amostra foi
transportada para o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito
Santo (CCA-UFES), em Alegre, ES, acondicionada em recipientes plásticos e
armazenada em freezer sob refrigeração a 4ºC, de acordo com a norma NBR/ABNT
nº 9898 (ABNT, 1987).
A amostra da ARC foi encaminhada ao Laboratório de Nutrição de Plantas do CCA-
UFES, onde foram efetuadas as seguintes determinações: potencial hidrogeniônico
(pH), por pHmetro; condutividade elétrica (CE), pelo condutivímetro; demanda
química de oxigênio (DQO), por colorimetria pelo método de refluxo fechado;
concentração de fósforo (P), por colorimetria e concentração de Ca, Mg e K, por
colorimetria utilizando o espectrômetro de absorção atômica.
Na Tabela 1, estão apresentados os valores médios das características físicas e
químicas encontradas nas águas residuárias analisadas.
Tabela 1 Características físicas e químicas
da amostra de ARC
Características Valor
pH 4,5
CE (
µ
S.cm
-
1
)
907
Temperatura (ºC) 23,1
P (mg.L
-
1
) 6,0
K (mg.L
-
1
) 201,3
Ca (mg.L
-
1
) 26,4
Mg (mg.L
-
1
) 5,5
DQO (mg.L
-
1
) 4.787,3
1
Valores médios da amostragem da ARC;
12
3.2 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE SOLOS
As amostras de solo foram retiradas em profundidade de 0 a 40 cm, em dois solos
classificados como Latossolo Vermelho Amarelo, apresentando texturas diferentes,
sendo o solo 1 de textura média e o solo 2 de textura arenosa.
O solo 1 foi coletado no distrito de São Felipe na cidade de Guaçuí, Espírito Santo,
sob as coordenadas 20º43’24.54”S e 41º43’54.35”O. E o solo 2 foi coletado na Área
Experimental do CCA-UFES, localizada no km 77 da Rodovia BR 482 a 8 km da
cidade de Alegre, Espírito Santo, sob as coordenadas 20º44’48.82”S e
41º29’10.32”O.
Os solos foram secos ao ar, em sombra, destorroados e passados em peneira de 2
mm, sendo retiradas duas subamostras que foram encaminhadas ao Laboratório de
Análises Físicas do Solo do CCA-UFES e ao Laboratório de Análises de Solos do
Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro Serrano do INCAPER, na cidade
de Venda Nova do Imigrante, ES, a fim de proceder às caracterizações físicas e
químicas, respectivamente.
As análises físicas constituíram de textural, massa específica das partículas, massa
específica do solo e porosidade total, seguindo a metodologia da EMBRAPA (1997).
E as análises químicas foram concentração de P, concentração de K-trocável,
concentração de Ca e Mg-trocáveis, potencial hidrogeniônico (pH), matéria orgânica
do solo (MOS), soma de bases trocáveis (SB), capacidade de troca de cátions em
pH 7,0 (T), capacidade de troca de cátions efetiva (t) e índice de saturação em
bases (V), seguindo tamm a metodologia da EMBRAPA (1997).
Os resultados da caracterização física e química dos materiais de solos estão
apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 Características físicas e químicas das amostras de solos
1
(solo textura dia e
solo de textura arenosa)
M
Es
2
M
Ep
3
P
4
Areia
Silte Argila
pH
P K MO Ca
Mg
t
5
T
6
SB
V
g.cm
-
3
%
g.kg
-
1
mg.dm
-
3
dag.kg
-
1
cmol
.dm
-
3
%
Solo textura média
1,07 2,66
59,7
529,9
175,9
294,1
6,8 13,3
62 2,4 3,4
0,7
4,3
5,3
4,3
80,7
Solo textura arenosa
1,59 2,56
37,6
925,9
12,6 61,5 6,2 34 82,3
1,0 0,8
0,3
1,3
2,5
1,3
50,3
1
Valores médios da amostragem dos solos;
2
Massa específica do solo;
3
Massa específica de
partículas;
4
Porosidade total;
5
CTC efetiva;
6
CTC em pH 7.
13
3.3 APLICAÇÃO DA ARC EM COLUNAS DE SOLO
Para montagem do ensaio de colunas, fez-se uso do frasco de Mariotte e do
permeâmetro, sendo este feito de suporte de madeira com cavidades para três
tubos. As colunas, de policloreto de vinila (PVC) com 0,5 m de comprimento e 10 cm
de diâmetro interno, foram seccionadas em quatro partes representando as
profundidades de 0-10, 10-20, 20-30 e 30-40 cm das amostras dos solos (Solo 1 de
textura média e Solo 2 de textura arenosa).
As paredes das colunas foram revestidas internamente com fina camada de areia
grossa, evitando a formação de caminhos preferenciais para o fluxo da água. Na
porção inferior dessas colunas, foram acoplados ralos e, sobre eles foram colocadas
manta de lã de vidro, e sobre ele, a amostra de solo. As colunas, então, foram
preenchidas com materiais de solos homogeneizados, sendo realizadas três
repetições, para os dois solos, até atingir a altura de 40 cm. A superfície do solo
tamm foi coberta com manta de lã de vidro, a fim de garantir uniformidade de
infiltração.
Inicialmente, as colunas foram colocadas no permeâmetro, e interligadas ao frasco
de Mariotte, contendo a ARC. Recipientes foram utilizados na coleta do efluente
após a percolação da ARC nas colunas de solos. Foi coletado um volume de 1 L,
correspondendo a 0,5 volume de poros, determinado em função do volume de poros
da amostra de solo na coluna. Após a primeira coleta do efluente, as seguintes
foram realizadas de duas em duas vezes o volume de poros, sendo que quando
chegou a dez vezes o volume de poros foi finalizada a aplicação da ARC nas
colunas de solos.
Em cada amostra de efluente coletada, a temperatura, condutividade elétrica e
turbidez foram monitoradas. Após essas medições, as amostras foram
encaminhadas ao laboratório para que fossem acidificadas, de acordo com a NBR
9898 (ABNT,1987), onde foram realizadas as determinações potencial
hidrogeniônico (pH), por pHmetro; condutividade elétrica (CE), pelo condutivímetro;
turbidez, através do turbidímetro portátil; demanda química de oxigênio (DQO), por
colorimetria pelo método de refluxo fechado; concentração de fósforo (P), por
14
colorimetria e concentração de Ca, Mg e K, por colorimetria utilizando o
espectrômetro de absorção atômica.
Após a percolação da ARC nas colunas de solos, as mesmas foram separadas nas
secções e encaminhadas ao Laboratório de Análises de Solos do Centro Regional
de Desenvolvimento Rural Centro Serrano do INCAPER, para a realização das
análises químicas: concentração de P, concentração de K-trocável, concentração de
Ca e Mg-trocáveis, potencial hidrogeniônico (pH), matéria orgânica do solo (MOS),
soma de bases trocáveis (SB), capacidade de troca de cátions a pH 7,0 (T),
capacidade de troca de cátions efetiva (t) e índice de saturação em bases (V).
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS
Para o tratamento estatístico dos dados, foi utilizado o programa computacional
Genes (CRUZ, 1997).
Os resultados foram analisados, estatisticamente, a 5% de significância. A
comparação entre as médias foram realizadas pelo teste t de Student.
15
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS DA DESPOLPA
DOS FRUTOS DO CAFÉ ARÁBICA
A água residuária da despolpa dos frutos do cafeeiro apresenta variação quantitativa
devido aos processos envolvidos na sua obtenção e da maturação dos frutos. Em
virtude disso, as características foram analisadas, conforme apresentado na Tabela
1. É importante destacar o valor de K, 201,3 mg.L
-1
, que foi semelhante ao
encontrado por Gonçalves et al. (2000), 209,4 mg.L
-1
; maior quando comparado ao
de Pereira (2009) e de Rigueira (2005), 160 mg.L
-1
; e, menor quando comparado aos
obtidos por Matos (2003), 315 a 460 mg.L
-1
. A CE da ARC apresentada foi 0,907
dS.cm
-1
(ou 907 µS.cm
-1
), esse valor foi equivalente ao encontrado por Matos (2003)
e Ferreira et al. (2006), variando entre 0,55 e 0,99 dS.cm
-1
. O pH 4,5 da ARC foi
semelhante ao encontrado por Matos (2003), que apresentou intervalo de 3,5 a 5,2.
A concentração de P encontrada na ARC foi 6,0 mg.L
-1
, valor baixo dos obtidos por
Matos (2003), Rigueira (2005) e Gonçalves et al. (2000), cujos resultados variaram
de 12 a 26 mg.L
-1
. Os valores de Ca e Mg encontrados na ARC foram de 26,4 e 5,5
mg.L
-1
, respectivamente. Pereira (2009) apresentou concentrações elevadas de Ca e
Mg na ARC, com valores de respectivamente 454 e 48 mg.L
-1
. Merece destaque
tamm o valor de DQO, 4.787,33 mg.L
-1
, semelhante ao obtido por Matos et al.
(2001a) na faixa de 3.429 a 5.524 mg.L
-1
e maior ao obtido por Matos, Emmerich e
Brasil (2005a), 3.020 mg.L
-1
.
4.2 ANÁLISES DAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS NO PERFIL DOS
SOLOS APÓS PERCOLAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA DA DESPOLPA
DOS FRUTOS DO CAFEEIRO
4.2.1 Potencial hidrogeniônico (pH)
16
O pH dos solos foi afetado pela aplicação da ARC, conforme observado na Tabela 3.
Quando comparados os valores do pH encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que houve diferença significativa
nas profundidades de 0-10 e 10-20 cm, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as
maiores médias encontradas no solo inicial. O mesmo o pode ser dito para as
profundidades 20-30 e 30-40 cm, em que supõe que as médias se equivalem.
Tabela 3 Valores médios
1
do pH obtidos em amostras de solo
antes e depois da percolação da ARC nas colunas de
solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 5,9 b 6,8 a
10-20 6,3 b 6,8 a
20-30 6,5 a 6,8 a
30-40 6,9 a 6,8 a
Solo textura arenosa
0-10 5,1 b 6,2 a
10-20 5,4 b 6,2 a
20-30 5,4 b 6,2 a
30-40 6,3 a 6,2 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
O pH encontrado no solo de textura arenosa, após a percolação da ARC quando
comparado com o solo inicial, apresentou diferença significativa nas profundidades
de 0-10, 10-20 e 20-30 cm, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores
médias encontradas no solo inicial. O mesmo não pode ser dito para a profundidade
30-40 cm, onde supõe que as médias sejam equivalentes.
A aplicação da ARC em colunas de solos tende a contribuir para a diminuição do pH
no solo, uma vez que, segundo Souza et al. (2007), ocorre a ionização do H
+
de
ácidos carboxílicos, fenólicos e de alcoóis terciários da matéria orgânica do solo,
contribuindo assim para a acidez do solo.
Garcia et al. (2008) trabalharam com alterações químicas em três solos decorrentes
da aplicação da ARC e obtiveram aumento do pH nos solos, indicando que provocou
conversão dos íons H
+
em água e dxido de carbono, elevando os valores do pH
nos solos que estudaram. Bebé et al. (2010) também encontraram valores de pH no
solo superiores ao da testemunha, sendo alterado pela adição da ARC.
17
4.2.2 Potássio (K)
No que se refere à concentração de K nos materiais de solos, os resultados são
apresentados na Tabela 4.
Quando comparados os valores do K encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que houve diferença significativa
em todas as profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores
médias encontradas no solo após percolação da ARC.
Tabela 4 Valores médios
1
do K (mg.dm
-3
) obtidos em amostras
de solo antes e depois da percolação da ARC nas
colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 359,7 a 62,0 b
10-20 303,7 a 62,0 b
20-30 354,7 a 62,0 b
30-40 377,7 a 62,0 b
Solo textura arenosa
0-10 105,3 a 82,3 b
10-20 93,3 a 82,3 a
20-30 94,7 a 82,3 a
30-40 108,3 a 82,3 b
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
O K encontrado no solo de textura arenosa, após a percolação da ARC quando
comparado com o solo inicial, apresentou diferença significativa nas profundidades
de 0-10 e 30-40 cm, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores médias
encontradas no solo após percolação da ARC. O mesmo não pode ser dito para as
profundidades 10-20 e 20-30 cm, onde supõe que as médias se equivalem.
O aumento nas concentrações de K nos solos, após a percolação da ARC era
esperado, sendo que essa água residuária apresenta elevada concentração de K,
conforme verificado na Tabela 1.
O aumento da concentração de K no solo tamm foi verificado por Garcia et al.
(2008), em que o aumento foi creditado a elevada concentração desse nutriente na
ARC; por Pinto (2001), onde a concentração de K no solo passou de 151,58 mg.dm
-3
para 376,75 mg.dm
-3
; por Lo Monaco (2005), que observou lixiviação do K para
camadas mais profundas de solo; e, por Bebé et al. (2010) que também observaram
18
aumento das concentrações de K
+
com as doses crescentes de ARC. Entretanto,
Matos, Fia e Lo Monaco (2001b) não observaram alteração da concentração de K no
solo quando aplicou doses de ARC (210, 420, 840 e 1.260 L/planta).
Kouraa et al. (2002), quando trabalharam com irrigação de efluente doméstico
tratado em batatinha e alface, durante um ano, constataram que não houve
diferença significativa nas propriedades químicas do solo. Cavallet et al. (2006),
trabalhando com a água residuária da indústria de enzimas adicionada ao solo,
tamm constataram que não houve variação para o nutriente, indicando que o solo
utilizado equilibrou o potássio trocável com o potássio na solução do solo.
Sabe-se que o K tem grande mobilidade no perfil do solo, sendo esta determinada
pela quantidade de água que percola no perfil e pela concentração do elemento a
solução do solo (Ernani et al., 2007). Dessa forma, seu monitoramento deve ser
constante, a fim de evitar contaminação das águas subterrâneas.
4.2.3 Fósforo (P)
A concentração de P dos solos não foi afetada pela aplicação da ARC, conforme
observado na Tabela 5.
Tabela 5– Valores médios
1
do P (mg.dm
-3
) obtidos em amostras
de solo antes e depois da percolação da ARC nas
colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 16,3 a 13,3 a
10-20 13,3 a 13,3 a
20-30 12,7 a 13,3 a
30-40 11,0 a 13,3 a
Solo textura arenosa
0-10 35,7 a 33,7 a
10-20 29,3 a 33,7 a
20-30 28,7 a 33,7 a
30-40 31,0 a 33,7 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Quando comparados os valores do P encontrados no solo de textura média, após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que não houve diferença
19
significativa nas profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, e pode-se dizer
que as médias se equivalem.
A concentração de P encontrada no solo de textura arenosa após a percolação da
ARC, quando comparada com o solo inicial, tambémo apresentou diferença
significativa nas profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, ou seja, as
médias se equivalem.
Resultados semelhantes foram encontrados por Matos, Fia e Lo Monaco (2001b).
Os autores também não observaram alteração da concentração de P no solo devido
as diferentes doses de ARC aplicadas (210, 420, 840 e 1.260 L/planta). Lo Monaco
(2005) e Garcia et al. (2008) observaram baixa disponibilidade de P no solo devido à
baixa concentração ao efeito da quelação/complexação do macronutriente pela
matéria orgânica.
4.2.4 Cálcio (Ca)
A concentração de Ca nos solos foi afetada pela aplicação da ARC, conforme se
observa na Tabela 6.
Tabela 6 Valores médios
1
do Ca (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em
amostras de solo antes e depois da percolação da
ARC nas colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 2,3 b 3,4 a
10-20 2,2 b 3,4 a
20-30 2,5 b 3,4 a
30-40 2,4 b 3,4 a
Solo textura arenosa
0-10 0,4 b 0,8 a
10-20 0,4 b 0,8 a
20-30 0,4 b 0,8 a
30-40 0,4 b 0,8 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Quando comparados os valores de Ca encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que houve diferença significativa
em todas as profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores
médias encontradas no solo inicial.
20
A concentração de Ca encontrada no solo de textura arenosa após a percolação da
ARC quando comparada com o solo inicial, tamm apresentou diferença
significativa nas profundidades avaliadas, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo
as maiores médias encontradas no solo inicial.
A diminuição de Ca é atribuída à quantidade de K aplicada pela ARC
proporcionando competição pelos sítios de troca do solo e, consequentemente,
possibilitando sua remoção do solo, por lixiviação (GARCIA, 2003).
Garcia et al. (2008) verificaram que os valores do Ca permaneceram praticamente
constantes (2,02 cmol
c
.dm
-3
) com a aplicação da ARC. Os autores explanam que
isso acontece devido à baixa concentração de Ca na ARC, sendo que esta o é
uma boa fonte do nutriente. Bebé et al. (2010) também constataram que a aplicação
da ARC o interferiu na concentração de Ca no solo entre as doses aplicadas e as
profundidades, e, justificam esse resultado pela provável solubilização e lixiviação do
Ca ao longo das camadas do solo. Entretanto, Azevedo e Oliveira (2005),
trabalhando com esgoto doméstico aplicado na cultura do pepino, concluíram que a
irrigação com a água residuária contribuiu para o aumento significativo da
concentração de Ca retido na solução do solo.
4.2.5 Magnésio (Mg)
No que se refere à concentração de Mg nos materiais de solos, os resultados estão
apresentados na Tabela 7.
Quando comparados os valores de Mg encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que houve diferença significativa
nas profundidades 0-10, 10-20 e 20-30 cm, pelo teste t a 5% de probabilidade,
sendo as maiores médias encontradas no solo após percolação da ARC. O mesmo
não pode ser dito para a profundidade 30-40 cm, onde supõe que as médias se
equivalem.
Entretanto, a concentração de Mg encontrado no solo de textura arenosa após a
percolação da ARC, quando comparada com o solo inicial, não apresentou diferença
21
significativa nas profundidades avaliadas, pelo teste t a 5% de probabilidade, ou
seja, as médias são equivalentes.
Tabela 7 Valores médios
1
do Mg (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em
amostras de solo antes e depois da percolação da
ARC nas colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 1,1 a 0,7 b
10-20 1,1 a 0,7 b
20-30 1,1 a 0,7 b
30-40 0,9 a 0,7 a
Solo textura arenosa
0-10 0,2 a 0,3 a
10-20 0,2 a 0,3 a
20-30 0,2 a 0,3 a
30-40 0,2 a 0,3 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Garcia (2003) também observou que a concentração de Mg nos solos não foi
afetada pela aplicação da ARC. Resultado semelhante foi encontrado por Bebé et al.
(2010), apesar da concentração de Mg na ARC ter sido aproximadamente três vezes
superior à concentração de Ca.
Matos et al. (2005b) observaram que a menor concentração do Mg nas parcelas que
receberam ARC pode significar carência do macronutriente na ARC, ou ainda, sua
indisponibilidade, em decorrência da formação de precipitados com os solutos
adicionados com a ARC, forte indicativo de que a ARC, além de não ser boa fonte
de Mg para o solo, pode ter diminuído sua disponibilidade à metade.
4.2.6 Matéria orgânica (MO)
A concentração de MO nos solos não foi afetada pela aplicação da ARC, conforme
observado na Tabela 8.
Quando comparados os valores de MO encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que não houve diferença
significativa nas profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, e pode-se dizer
que as médias se equivalem.
22
Faria (2008) tamm observou que a ARC não favorece ao aumento da
concentração de matéria orgânica do solo.
Tabela 8 Valores médios
1
da MO (dag.kg
-1
) obtidos em
amostras de solo antes e depois da percolação da
ARC nas colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 2,5 a 2,4 a
10-20 2,5 a 2,4 a
20-30 2,6 a 2,4 a
30-40 2,5 a 2,4 a
Solo textura arenosa
0-10 0,6 b 1,0 a
10-20 0,5 b 1,0 a
20-30 0,3 b 1,0 a
30-40 0,3 b 1,0 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Entretanto, a concentração de MO encontrada no solo de textura arenosa após a
percolação da ARC, quando comparada com o solo inicial, apresentou diferença
significativa nas profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as
maiores médias encontradas no solo inicial. Não resultados em literatura que foi
constatado diminuição da concentração de MO no solo após aplicação da ARC,
contudo a diminuição da concentração de MO no solo possivelmente foi devido a
sua textura arenosa.
Por outro lado, Pereira (2009) confirma o potencial da ARC em adicionar MO ao
solo, sendo que os resultados encontrados em seu trabalho indicam mobilidade de
material orgânico no perfil do solo, fato preocupante quando se considera os riscos
de contaminação das águas subterrâneas. No entanto, o trabalho do autor citado foi
realizado seis meses após a aplicação da ARC em valas de infiltração, sendo que
boa parte da MO adicionada já teria sido decomposta.
4.2.7 Capacidade de troca catiônica (CTC) em pH 7
No que se referem à concentração da CTC em pH 7 (T) nos materiais de solos, os
resultados estão apresentados na Tabela 9.
23
Quando comparados os valores da T encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que houve diferença significativa
nas profundidades avaliadas, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores
médias encontradas no solo após a percolação da ARC.
Tabela 9 Valores médios
1
da CTC em pH 7 (cmol
c
.dm
-3
) obtidos
em amostras de solo antes e depois da percolação da
ARC nas colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 7,7 a 5,3 b
10-20 6,9 a 5,3 b
20-30 7,1 a 5,3 b
30-40 6,5 a 5,3 b
Solo textura arenosa
0-10 3,8 a 2,5 b
10-20 3,7 a 2,5 b
20-30 3,4 a 2,5 b
30-40 2,9 a 2,5 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
A T encontrada no solo de textura arenosa após a percolação da ARC, quando
comparado com o solo inicial, apresentou diferença significativa nas profundidades
de 0-10, 10-20 e 20-30 cm, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores
médias encontradas no solo após a percolação da ARC. O mesmo não pode ser dito
para a profundidade 30-40 cm, onde supõe que as médias se equivalem.
Resultados contrários foram constatados por Pereira (2009), que observou
diminuição da variável em praticamente todas as amostras quando comparadas ao
solo que não recebeu a ARC; e, por Garcia et al. (2008), que não verificaram
alteração da T nos solos após a aplicação da ARC.
4.2.8 Capacidade de troca catiônica (CTC) efetiva
A concentração da CTC efetiva (t) nos solos após aplicação da ARC está
apresentada na Tabela 10.
Quando comparados os valores da t encontrados no solo de textura média, após a
percolação da ARC com o solo inicial, observa-se que não houve diferença
24
significativa nas profundidades avaliadas, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo
as médias equivalentes.
Tabela 10 – Valores médios
1
da CTC efetiva (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em
amostras de solo antes e depois da percolação da ARC
nas colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 4,4 a 4,3 a
10-20 4,1 a 4,3 a
20-30 4,5 a 4,3 a
30-40 4,3 a 4,3 a
Solo textura arenosa
0-10 1,1 a 1,3 a
10-20 0,9 a 1,3 a
20-30 0,9 a 1,3 a
30-40 0,8 b 1,3 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
A t encontrada no solo de textura arenosa após a percolação da ARC, quando
comparada com o solo inicial, apresentou diferença significativa apenas na
profundidade de 30-40 cm, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo a maior média
encontrada no solo inicial. O mesmo não pode ser dito para as profundidades 0-10,
10-20 e 20-30 cm, onde supõe que as médias se equivalem.
Resultados adversos foram apresentados por Garcia (2003), que observou aumento
da t com a aplicação da ARC e concluiu que esse aumento foi devido à elevação do
pH; e, por Nascimento et al. (2004), que trabalharam com lodo de esgoto aplicado
ao solo e observaram aumento da CTC efetiva em dois solos com diferentes
concentrações de argila.
4.2.9 Soma de Bases (SB) e Saturação em bases (V%)
No que se referem aos valores de SB nos materiais de solos, os resultados estão
apresentados na Tabela 11.
Quando comparados os valores da SB encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, verifica-se que não houve diferença
significativa nas profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as médias
equivalentes. Resultados semelhantes foram observados por Faria (2008), quando
25
avaliou o comportamento da SB nas profundidades de 0-40 cm, para doses de ARC
em épocas de avaliação. O autor citado observou que aos 150 dias de aplicação não
houve diferença significativa entre as profundidades para a testemunha.
Tabela 11 Valores médios
1
da SB (cmol
c
.dm
-3
) obtidos em
amostras de solo antes e depois da percolação da
ARC nas colunas de solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 4,4 a 4,3 a
10-20 4,1 a 4,3 a
20-30 4,5 a 4,3 a
30-40 4,3 a 4,3 a
Solo textura arenosa
0-10 0,9 b 1,3 a
10-20 0,8 b 1,3 a
20-30 0,8 b 1,3 a
30-40 0,8 b 1,3 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
a SB apresentada no solo de textura arenosa após a percolação da ARC, quando
comparada com o solo inicial, apresentou diferença significativa nas profundidades,
pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores médias encontradas no solo
inicial. Resultados contrários foram observados por Garcia (2003), quando verificou
aumento na SB com a aplicação da ARC no solo, sendo explicado pelo aumento do
pH que proporcionou o aumento na disponibilidade de cátions no solo, influenciando
assim no valor da soma de bases.
Quanto ao índice de saturação em bases (V), os valores médios obtidos nas
amostras de solo estão apresentados na Tabela 12.
Quando comparados os valores do V encontrados no solo de textura média após a
percolação da ARC com o solo inicial, verifica-se que houve diferença significativa
em todas as profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores
médias encontradas no solo inicial.
O V apresentado no solo de textura arenosa após a percolação da ARC, quando
comparado com o solo inicial, tamm apresentou diferença significativa em todas
as profundidades, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores médias
encontradas no solo inicial.
26
Em controvérsia aos resultados encontrados no trabalho, Pereira (2009) observou
aumento do V com o aumento da profundidade, sendo o maior V encontrado na
profundidade de 160-175 cm na vala de infiltração. Garcia et al. (2008) observou
aumento linear da saturação em bases nos solos avaliados com a aplicação da
ARC.
Tabela 12 Valores médios
1
da V (%) obtidos em amostras de solo
antes e depois da percolação da ARC nas colunas de
solos
Profundidade (cm)
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0-10 57,0 b 80,7 a
10-20 58,7 b 80,7 a
20-30 63,3 b 80,7 a
30-40 67,0 b 80,7 a
Solo textura arenosa
0-10 23,7 b 50,3 a
10-20 21,3 b 50,3 a
20-30 23,0 b 50,3 a
30-40 27,3 b 50,3 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
4.3 ANÁLISES DAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ARC APÓS
PERCOLAÇÃO DA MESMA NOS SOLOS
4.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH)
No que se referem ao pH do lixiviado da ARC, os resultados estão apresentados na
Tabela 13.
Quando comparados os valores do pH encontrados na ARC, após a percolação da
mesma no solo de textura média com a água residuária inicial, observa-se que
houve diferença significativa em todos os volumes de poros, pelo teste t a 5% de
probabilidade, sendo as maiores médias encontradas no lixiviado da ARC.
O pH encontrado na ARC, após a percolação da mesma no solo de textura arenosa
quando comparado com a ARC inicial, apresentou diferença significativa em todos
27
os volumes de poros, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores médias
encontradas no lixiviado da ARC.
Tabela 13 – Valores médios
1
do pH obtidos em amostras do
lixiviado antes e depois da percolação da ARC nas
colunas de solos
Volume de poros
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0,5 6,2 a 4,5 b
2 5,8 a 4,5 b
4 5,5 a 4,5 b
6 5,3 a 4,5 b
8 5,2 a 4,5 b
10 5,0 a 4,5 b
Solo textura arenosa
0,5 4,8 a 4,5 b
2 4,6 a 4,5 b
4 4,6 a 4,5 b
6 4,6 a 4,5 b
8 4,6 a 4,5 b
10 4,6 a 4,5 b
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Analisando os resultados obtidos em amostras do lixiviado da ARC, observa-se que
os íons H
+
da água residuária ficaram retidos no solo, diminuindo seu pH.
4.3.2 Condutividade elétrica (CE)
No que se referem à CE do lixiviado, os resultados estão apresentados na Tabela
14.
Quando comparados os valores da CE encontrados na ARC após a percolação da
mesma no solo de textura média com a água residuária inicial, observa-se que
houve diferença significativa em todos os volumes de poros, pelo teste t a 5% de
probabilidade, sendo as maiores médias encontradas no lixiviado da ARC.
A CE encontrada na ARC após a percolação da mesma no solo de textura arenosa,
quando comparada com a ARC inicial, apresentou diferença significativa no 0,5º e 4º
volumes de poros, pelo teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores médias
encontradas no lixiviado da ARC. O mesmo não pode ser dito para o 2º, 6º, e 10º
volume de poros e, pode-se dizer que, as médias se equivalem.
28
Anami et al. (2007), quando trabalharam com a água residuária da suinocultura
(ARS), observaram uma tendência de aumento da condutividade elétrica com o
aumento do volume de fluído lixiviado, demonstrando que a grande maioria dos sais
que compõem a ARS não reage quimicamente com o solo.
Tabela 14 Valores médios
1
da CE (µS.cm
-1
) obtidos em
amostras do lixiviado antes e depois da percolação
da ARC nas colunas de solos
Volume de poros
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0,5 1650,3 a 907,3 b
2 1373,3 a 907,3 b
4 1322,3 a 907,3 b
6 1287,3 a 907,3 b
8 1230,3 a 907,3 b
10 1155,3 a 907,3 b
Solo textura arenosa
0,5 1183,7 a 907,3 b
2 964,7 a 907,3 a
4 946,0 a 907,3 b
6 936,0 a 907,3 a
8 937,3 a 907,3 a
10 925,3 a 907,3 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Resultados contrários foram encontrados por Bebé et al. (2010), em que a
concentração de sais foi menor no lixiviado e isso se deve pela lixiviação dos sais
com a aplicação de ARC. De acordo com os autores citados, o resultados de
pesquisas em que a CE seja alterada com o uso contínuo de ARC.
4.3.3 Demanda química de oxigênio (DQO)
No que se referem à DQO do lixiviado da ARC, os resultados são apresentados na
Tabela 15.
Quando comparados os valores da DQO encontrados na ARC, após a percolação
da mesma no solo de textura média com a água residuária inicial, observa-se que
houve diferença significativa na maioria dos volumes de poros, pelo teste t ao a 5%
de probabilidade, sendo as maiores médias encontradas na ARC inicial, com
exceção do 4º e 6º volume de poros, e pode-se dizer que, as médias se equivalem.
29
A DQO encontrada na ARC após a percolação da mesma no solo de textura
arenosa, quando comparada com a água residuária inicial, apresentou diferença
significativa na maioria dos volumes de poros, pelo teste t a 5% de probabilidade,
sendo as maiores médias encontradas na ARC inicial, exceto no 2º volume de poros,
onde as médias são equivalentes.
Tabela 15 Valores médios
1
da DQO (mg.L
-1
) obtidos em
amostras do lixiviado antes e depois da percolação
da ARC nas colunas de solos
Volume de poros
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0,5 3.225,7 b 4.787,3 a
2 3.671,9 b 4.787,3 a
4 4.094,6 a 4.787,3 a
6 3.578,0 a 4.787,3 a
8 3.460,6 b 4.787,3 a
10 3.448,8 b 4.787,3 a
Solo textura arenosa
0,5 3.695,4 b 4.787,3 a
2 3.789,3 a 4.787,3 a
4 3.495,8 b 4.787,3 a
6 3.284,4 b 4.787,3 a
8 3.554,5 b 4.787,3 a
10 3.366,6 b 4.787,3 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Resultados controversos foram observados por Bebé et al. (2010), quando
verificaram que a DQO do lixiviado da ARC não diferiu da testemunha, sendo que o
solo funcionou como um filtro da carga orgânica existente na ARC.
4.3.4 Cálcio (Ca)
No que se refere à concentração de Ca no lixiviado da ARC, os resultados estão
apresentados na Tabela 16.
Quando comparados os valores da concentração de Ca encontrados na ARC, após
a percolação da mesma no solo de textura média com a água residuária inicial,
observa-se que houve diferença significativa em todos os volumes de poros, pelo
teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores médias encontradas no lixiviado da
ARC.
30
A concentração de Ca encontrado na ARC após a percolação da mesma no solo de
textura arenosa, quando comparada com a ARC inicial, apresentou diferença
significativa na maioria dos volumes de poros, pelo teste t a 5% de probabilidade,
sendo as maiores médias encontradas no lixiviado da ARC, exceto no 10º volume de
poros, onde as médias são equivalentes.
Tabela 16 Valores médios
1
de Ca (mg.L
-1
) obtidos em amostras
de efluentes antes e depois da percolação da ARC
nas colunas de solos
Volume de poros
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0,5 251,7 a 26,4 b
2 164,6 a 26,4 b
4 129,7 a 26,4 b
6 117,8 a 26,4 b
8 103,3 a 26,4 b
10 78,4 a 26,4 b
Solo textura arenosa
0,5 62,6 a 26,4 b
2 38,9 a 26,4 b
4 33,3 a 26,4 b
6 30,0 a 26,4 b
8 29,9 a 26,4 b
10 29,1 a 26,4 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Analisando os resultados obtidos em amostras do lixiviado da ARC, observa-se que
houve aumento da concentração de Ca, ou seja, o macronutriente foi removido das
amostras de solos, conforme verificado na Tabela 6. Ernani e Barber (1993)
explicam que o aumento na percolação do nutriente ocorreu porque ele foi
deslocado das cargas elétricas negativas pelo K aplicado, em decorrência da
elevação de sua atividade na solução do solo. Assim, a aplicação da ARC não
interfere na melhoria do macronutriente no solo.
4.3.5 Magnésio (Mg)
No que se refere à concentração de Mg no lixiviado da ARC, os resultados o
apresentados na Tabela 17.
31
Quando comparados os valores da concentração de Mg encontrados na ARC, após
a percolação da mesma no solo de textura média com a água residuária inicial,
observa-se que houve diferença significativa na maioria dos volumes de poros, pelo
teste t a 5% de probabilidade, sendo as maiores médias encontradas no lixiviado da
ARC, com exceção do 8º e 10º volume de poros, onde as médias se equivalem.
Tabela 17 Valores médios
1
de Mg (mg.L
-1
) obtidos em amostras
do lixiviado antes e depois da percolação da ARC
nas colunas de solos
Volume de poros
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0,5 38,6 b 5,5 a
2 25,9 b 5,5 a
4 19,6 b 5,5 a
6 18,3 b 5,5 a
8 17,4 a 5,5 a
10 14,4 a 5,5 a
Solo textura arenosa
0,5 26,6 a 5,5 b
2 12,9 a 5,5 b
4 9,1 a 5,5 b
6 6,7 a 5,5 b
8 6,2 a 5,5 a
10 5,6 a 5,5 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
A concentração de Mg encontrada na ARC após a percolação da mesma no solo de
textura arenosa, quando comparada com a água residuária inicial, apresentou
diferença significativa na maioria dos volumes de poros, pelo teste t a 5% de
probabilidade, sendo as maiores médias encontradas no lixiviado da ARC, com
exceção do 8º e 10º volume de poros, onde as médias são equivalentes.
Analisando os resultados obtidos em amostras do lixiviado da ARC, observa-se que
houve aumento da concentração de Mg, ou seja, o elemento, possivelmente, foi
removido das amostras de solos, conforme verificado na Tabela 7. O Mg assim
como o Ca provavelmente foi deslocado das cargas negativas pelo K adicionado ao
solo pela ARC. Assim, a aplicação da ARC não interfere na melhoria do
macronutriente no solo.
4.3.6 Potássio (K)
32
Quanto à concentração de K no lixiviado, os resultados estão apresentados na
Tabela 18.
Quando comparados os valores da concentração de K encontrados na ARC após a
percolação da mesma no solo de textura média com a ARC inicial, observa-se que
não houve diferença significativa na maioria dos volumes de poros, pelo teste t a 5%
de probabilidade, e pode-se dizer que as médias se equivalem. Observa-se
diferença significativa no 0,5º volume de poros, sendo a maior média encontrada na
ARC inicial.
Tabela 18 Valores médios
1
de K (mg.L
-1
) obtidos em amostras do
lixiviado antes e depois da percolação da ARC nas
colunas de solos
Volume de poros
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0,5 56,4 b 201,3 a
2 170,1 a 201,3 a
4 223,9 a 201,3 a
6 236,9 a 201,3 a
8 222,6 a 201,3 a
10 207,8 a 201,3 a
Solo textura arenosa
0,5 179,9 a 201,3 a
2 202,7 a 201,3 a
4 220,4 a 201,3 a
6 206,1 a 201,3 a
8 211,5 a 201,3 a
10 239,9 a 201,3 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
A concentração de K encontrada na ARC após a percolação da mesma no solo de
textura arenosa, quando comparada com a ARC inicial, não apresentou diferença
significativa nos volumes de poros, pelo teste t a 5% de probabilidade, e pode-se
dizer que, as médias se equivalem.
Analisando os resultados obtidos em amostras do lixiviado da ARC, observa-se que
não houve aumento ou decréscimo do elemento. Entretanto, nas amostras de solo,
houve incremento do K como foi explanado no item 4.2.2. Resultados
semelhantes foram observados por Bebé et al. (2010). Os autores explicam que
possivelmente o K ficou adsorvido nos coloides do solo, não havendo lixiviação.
Pode-se verificar o fato pelo incremento de K no solo conforme a adição da ARC
(Tabela 4).
33
4.3.7 Fósforo (P)
No que se refere à concentração de P no lixiviado, os resultados o apresentados
na Tabela 19.
Quando comparados os valores da concentração de P encontrados na ARC após a
percolação da mesma no solo de textura média com a ARC inicial, observa-se que
houve diferença significativa em todos os volumes de poros, pelo teste t a 5% de
probabilidade, sendo as maiores médias encontradas na ARC inicial.
A concentração de P encontrada na ARC após a percolação da mesma no solo de
textura arenosa, quando comparada com a ARC inicial, não apresentou diferença
significativa na maioria dos volumes de poros, pelo teste t a 5% de probabilidade,
sendo as médias equivalentes. no 0,5º e 10º volume de poros verifica-se
diferença significativa, apresentando a ARC inicial as maiores médias.
Tabela 19 Valores médios
1
de P (mg.L
-1
) obtidos em amostras
do lixiviado antes e depois da percolação da ARC
nas colunas de solos
Volume de poros
Depois ARC Antes ARC
Solo textura média
0,5 0,5 b 6,0 a
2 0,67 b 6,0 a
4 0,73 b 6,0 a
6 0,9 b 6,0 a
8 1,07 b 6,0 a
10 1,23 b 6,0 a
Solo textura arenosa
0,5 3,2 b 6,0 a
2 3,7 a 6,0 a
4 3,8 a 6,0 a
6 3,8 a 6,0 a
8 4,1 a 6,0 a
10 3,5 b 6,0 a
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula em linhas não diferem entre si, a
5% de probabilidade pelo teste t.
Analisando os resultados obtidos em amostras do lixiviado da ARC, observa-se que
houve diminuição da concentração de P. Entretanto, o macronutriente não foi retido
nas amostras de solos, conforme verificado na Tabela 5. Segundo Van Raij (1991), a
solubilização do fosfato lábil é correlacionada com a elevação do pH do solo, porém,
no experimento, ocorreu em consequência da aplicação da ARC, diminuição do pH
34
como demonstrado na Tabela 3. Dessa forma, a aplicação da ARC não interfere na
melhoria do macronutriente no solo.
35
5 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos, pode-se inferir que a concentração de fósforo,
matéria orgânica, CTC efetiva e soma de bases não foi significamente alteradas pela
adição da ARC no solo de textura média. Com relação ao parâmetro pH, houve
diminuição nas profundidades de 0-10 e 10-20 cm. Quanto à concentração de Mg,
houve incremento do elemento nas profundidades de 0-10, 10-20 e 20-30 cm.
Verifica-se também aumento da CTC em pH 7 e da concentração de K, e,
diminuição do índice de saturação em bases e da concentração de Ca.
Para o solo de textura arenosa, a aplicação da ARC não alterou significativamente a
CTC efetiva, da concentração de P e Mg. Entretanto, diminuiu da concentração de
Ca, MO, soma de bases e índice de saturação de bases, e, aumentou a CTC em pH
7. Quanto ao parâmetro pH, houve diminuição nas profundidades 0-10, 10-20 e 20-
30 cm. Verifica-se também aumento da concentração de K nas profundidades 0-10 e
30-40 cm.
Quando analisadas as águas de drenagem decorrentes da aplicação da ARC em
colunas de solo de textura média, pode-se concluir que houve aumento do pH, CE e
da concentração de Ca, diminuição da DQO, da concentração de Mg e P, sendo que
a concentração de K não foi significativamente alterada.
Com relação às águas do lixiviado da ARC nas colunas de solo de textura arenosa,
pode-se inferir que houve aumento do pH, da concentração de Ca e Mg, diminuição
da CE, DQO e em alguns momentos da concentração de P, sendo que a
concentração de K não foi significativamente alterada.
Portanto, vale ressaltar que é importante a reutilização desse resíduo na
propriedade agrícola, uma vez que poderá diminuir o custo com fertilizantes minerais
ao agricultor. Dessa forma, a ARC pode ser disposta no solo como um fertilizante
natural desde que sejam analisadas as suas características iniciais para não
provocar alterações drásticas no solo e contaminar a água subterrânea.
36
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