permitissem a recuperação da produção (CASTRO, 2005). A década de 1990 representou a
ruptura da economia brasileira com o modelo de desenvolvimento econômico vigente desde
1930, que se baseava na elevada participação do Estado
nas tomadas de decisão. Sua nova
configuração baseia-se na redução das iniciativas do Estado, principalmente no que diz
respeito aos recursos para os investimentos, transferindo essa responsabilidade para o setor
privado; no processo de privatização
das empresas estatais e na abertura econômica,
comercial e financeira, demonstrando a maior participação da empresa estrangeira no país,
inclusive com a instalação dos oligopólios globais (CARNEIRO, 2002). O alvo de nossa
atenção serão as reformas, políticas econômicas e transformações presentes na economia
brasileira a partir dos anos 90 com maiores repercussões sobre o desempenho do mercado de
trabalho.
O início da década de 1990 foi marcado pelas idéias neoliberais
e é no governo de
Fernando Collor de Mello que se observam as primeiras medidas liberalizantes, pautadas na
proposta do Consenso de Washington
, cujos objetivos eram: resolver o problema do
descontrole inflacionário, reformar e promover uma nova inserção da economia brasileira no
cenário internacional e ajustar o papel do Estado na economia. Tais medidas também
enquadravam a reforma fiscal e monetária: disciplina fiscal, reforma tributária, taxa de juros
positiva e determinada pelo mercado, liberalização da taxa de câmbio, alteração nos gastos
sociais, com redução dos subsídios e elevação dos gastos com educação e saúde, e as medidas
No Modelo de Substituição de Importações (1930 a 1980) o Estado tinha três papéis fundamentais: o de
indutor da industrialização através da concessão de crédito e do uso intensivo de instrumentos cambiais,
restrições quantitativas e tarifárias, o de empreendedor a fim de eliminar os principais “pontos de
estrangulamento” da economia, e o de gerenciador dos escassos recursos cambiais, a fim de evitar sobreposição
de picos de demanda por divisas e crises cambiais recorrentes (CASTRO, 2005, p. 143).
As razões por detrás do processo de privatizações estão explicadas no artigo 1 da Lei nº 8.031 de abril de
1990, conforme o qual o Programa Nacional de Desestatização (PND) lançado em 1990 tinha os seguintes
objetivos fundamentais: reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à iniciativa privada
atividades indevidamente exploradoras pelo setor público, contribuindo para a redução da dívida pública,
permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem a ser transferidas à iniciativa privada,
contribuir para a modernização do parque industrial do país, permitir que a administração pública concentre seus
esforços nas atividades em que a presença do Estado seja fundamental para a consecução das prioridades
nacionais e contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais (GIAMBIAGI, 2005, p. 186).
Na década de 1990 surgiram as idéias neoliberais, que se baseavam na redução da emissão monetária,
elevação da taxa de juros, desregulamentação do mercado de trabalho, do comércio internacional e do mercado
financeiro, redução do papel do Estado, dos gastos estatais e privatização do setor público, maior flexibilização
do uso e da remuneração da mão de obra que facilitaria a geração de novas vagas de emprego (POCHMANN,
2002).
O Consenso de Washington refere-se a um conjunto abrangente de medidas aplicadas de maneira padronizada
nos países periféricos, por meio de políticas macroeconômicas de estabilização monetária e de reformas
estruturais liberalizantes. Surgiu, inicialmente, com o Plano Bake, em 1985, que distinguia a busca da
estabilização e o crescimento econômico e a necessidade de apoio das agências multilaterais e de reformas
estruturais. Com o Plano Brady, em 1990, foi estabelecido o critério de negociação do endividamento externo,
como forma de viabilizar o ingresso de novos recursos aos países periféricos. Ainda em 1990, o Banco Mundial,
em resposta às críticas decorrentes dos péssimos efeitos sociais resultantes da adoção das medidas de ajuste
macroeconômico, desenvolveu programas específicos para os pobres (POCHMANN, 2002, p. 184-185).