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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Faculdade de Medicina
Pós-Graduação em Medicina/Pediatria e Saúde da Criança
FERRITINA COMO MARCADOR DE RESPOSTA
INFLAMATÓRIA SISTÊMICA EM CRIAAS
CRITICAMENTE DOENTES
Dani Laks
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Medicina da PUCRS
para a obtenção do título de Doutor em Medicina
(área de concentração em Pediatria).
Orientador: Prof. Dr. Pedro Celiny Ramos Garcia
Porto Alegre, Brasil, 2010.
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ii
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Rosaria Maria Lúcia Prenna Geremia
Bibliotecária CRB 10/196
L192f Laks, Dani
Ferritina como marcador de resposta inflamatória sistêmica em crianças
criticamente doentes / Dani Laks. Porto Alegre: PUCRS, 2010.
xvii, 75 p.: il. tab. Inclui artigo de periódico submetido à publicação.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Celiny Ramos Garcia.
Tese (Doutorado) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de s-Graduação em Medicina e
Ciências da Saúde. Doutorado em Pediatria e Saúde da Criança.
1. FERRITINAS/sangue. 2. CUIDADOS CRÍTICOS. 3. ESTADO TERMINAL. 4.
SÍNDROME DE RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA. 5. PROTEÍNA C-REATIVA.
6. UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA. 7. SEPSE. 8. CHOQUE
SÉPTICO. 9. CRIANÇA. 10. LACTENTE. 11. PRÉ-ESCOLAR. 12. ADOLESCENTE.
13. PROGNÓSTICO. 14. ESTUDOS TRANSVERSAIS. 15. ESTUDOS DE COORTE.
16. MARCADORES BIOLÓGICOS. I. Garcia, Pedro Celiny Ramos. II. Título.
C.D.D. 618.92944
C.D.U. 616.94-053.2:612.392.43(043.2)
N.L.M. QV 183
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iii
“Se você tem uma maçã e eu tenho uma maçã e nós
trocamos essas maçãs, então você e eu ainda teremos uma maçã.
Mas se você tem uma idéia e eu tenho uma idéia e nós trocamos
essas idéias, então cada um de nós teremos duas idéias.
George Bernard Shaw (1856-1950), dramaturgo irlandês cujos
trabalhos lidavam severamente com problemas sociais
predominantes, mas tinha uma veia humorística para fazer seus
fortes temas mais palatáveis. Shaw examinava a educação, o
casamento, a religião, os governos, o atendimento à saúde e os
privilégios de classe.
Para meu pai, Moshe Jacob Laks, que
embora ausente na vida terrena,
continua presente em minha vida
espiritual, norteando-me com os seus
valores chassídicos (alegria e
integridade).
Para minha mãe, Annita Aronis Laks,
pelo incentivo ao estudo, desde o
berçinho...
Para minha esposa, Fernanda Longhi,
pelo apoio incondicional.
Para meu filho, Maurício Laks, razão de
viver e viver de razão.
Para meu irmão, Solon Laks, pela
torcida.
v
AGRADECIMENTOS
Em especial, ao Dr. Pedro Celiny Ramos Garcia, por sua
orientação incondicional, mais uma vez.
Ao Dr. Renato Machado Fiori, por ter me aberto as portas da
Pós-Graduação.
Ao Dr. Renato Teteilbom Stein, por ter mantido as portas
abertas da Pós-Graduação.
Ao Dr. João Carlos Santana, por ter colaborado na coleta de
dados.
Aos médicos do Serviço de Cirurgia Pediátrica, da Emergência
Pediátrica, da UTI Pediátrica, por terem participado da coleta de
dados.
Ao professor Mário Bernardes Wagner, pelo auxílio estatístico e
pelos chás ingleses.
Ao Dr. Marcello Guerchfeld, pela insistência.
À secretária Carla Carmo de Melo Rothmann, por manter o
schedule.
Ao secretário Fabrício Baltazar Silveira, pelo aulio durante
todo o trabalho.
Às crianças e aos seus pais, pela capacidade de doação num
momento tão critico de suas vidas.
À CAPES e à FAPERGS, pelo auxílio-pesquisa concedido.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .............................................................................. p. ix
LISTA DE TABELAS .............................................................................. p. xi
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................. p. xii
RESUMO .............................................................................................. p. xiv
ABSTRACT .......................................................................................... p. xvi
Capítulo 1
REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Introdução ...................................................................................... p. 02
1.1.1. Sepse ............................................................................... p. 03
1.1.1.1. Definições ............................................................ p. 03
1.1.1.2. Epidemiologia ...................................................... p. 09
1.1.1.3. Biomarcadores ..................................................... p. 11
1.1.2. Metabolismo do Ferro e Ferritina ....................................... p. 13
1.1.3. Outras Proteínas de Fase Aguda ...................................... p. 19
1.2. Justificativa .................................................................................... p. 27
1.3. Objetivos ........................................................................................ p. 28
1.3.1. Geral ................................................................................... p. 28
1.3.2. Específicos .......................................................................... p. 28
1.4. Referências Bibliográficas ............................................................. p. 29
vii
Capítulo 2
MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
2.1. Métodos .......................................................................................... p. 40
2.1.1. Delineamento ....................................................................... p. 40
2.1.2. Local de Realização ............................................................. p. 40
2.1.3. Cálculo da Amostra .............................................................. p. 41
2.1.4. Pacientes ............................................................................. p. 42
2.1.5. Variáveis Analisadas ............................................................ p. 43
2.1.5.1. Dados Demográficos .............................................. p. 43
2.1.5.2. Variáveis de Desfecho ........................................... p. 44
2.2. Análise Estatística ........................................................................... p. 47
2.3. Considerações Éticas ..................................................................... p. 49
2.4. Referências Bibliográficas ............................................................... p. 50
Capítulo 3
ARTIGO ORIGINAL
3.1. Página de Rosto ............................................................................. p. 52
3.2. Introdução ........................................................................................ p.53
3.3. Métodos .......................................................................................... p. 54
3.4. Resultados ...................................................................................... p. 57
3.5. Discussão ....................................................................................... p. 70
3.6. Referências Bibliográficas ............................................................... p. 73
3.7. Carta de Submissão ....................................................................... p. 76
viii
Capítulo 4
CONCLUSÕES
4.1. Conclusões ..................................................................................... p. 78
ANEXO .................................................................................................. p. 80
ANDICE ............................................................................................ p. 82
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1
Figura 1.1 Metabolismo do ferro ........................................................... p. 14
Figura 1.2 Transporte intestinal do ferro não-heme .............................. p. 15
Figura 1.3 Estrutura da ferritina ............................................................. p. 18
Capítulo 3
Figura 3.1 Boxplot representando a distribuição dos valores de ferritina
entre os grupos estudados ................................................... p. 60
Figura 3.2 Probabilidade (estimada em modelo de regressão logística
ordinal) de pertencer a um determinado grupo segundo
valores de ferritina ............................................................... p. 61
Figura 3.3 Boxplot representando a distribuição dos valores do índice
ferritina entre os grupos estudados ..................................... p. 62
Figura 3.4 Probabilidade (estimada em modelo de regressão logística
ordinal) de pertencer a um determinado grupo segundo
valores de índice ferritina .................................................... p. 63
Figura 3.5 Boxplot representando a distribuição dos valores de
proteína C reativa entre os grupos estudados .................. p. 64
Figura 3.6 Probabilidade (estimada em modelo de regressão logística
ordinal) de pertencer a um determinado grupo segundo
valores de proteína C reativa ............................................ p. 65
x
Figura 3.7 Boxplot representando a distribuição dos valores de ferritina
entre pacientes que foram ao óbito e sobreviventes ........ p. 66
Figura 3.8 Boxplot representando a distribuição dos valores do índice
ferritina entre pacientes que foram ao óbito e
sobreviventes .................................................................... p. 67
Figura 3.9 Boxplot representando a distribuição dos valores de
proteína C reativa entre pacientes que foram ao óbito e
sobreviventes .................................................................... p. 68
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1
Tabela 1.1 Definições de síndrome da resposta inflamatória sistêmica
(SIRS), infecção, sepse, sepse grave e choque séptico .... p. 06
Tabela 1.2 Variáveis laboratoriais e de sinais vitais específicas para a
idade ................................................................................... p. 07
Tabela 1.3 Critérios para disfunção de órgãos ..................................... p. 08
Capítulo 2
Tabela 2.1 Valores de referência para ferritina na infância e na
adolescência ................................................................. p. 45
Capítulo 3
Tabela 3.1 Descrição da idade e do sexo dos pacientes nos grupos
estudados ........................................................................ p. 57
Tabela 3.2 Descrição dos valores observados para ferritina, índice
ferritina e proteína C reativa dos pacientes nos grupos
estudados ........................................................................ p. 58
Tabela 3.3 Risco relativo para ocorrência de óbito segundo valores de
ferritina e proteína C reativa ............................................... p. 69
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
ACCP American College of Chest Physicians
Colégio Americano de Pneumologistas
AIQ amplitude interquartil
AST aspartato aminotransferase
dL decilitro
DMT1 divalent metal transporter
proteína transportadora metal divalente
DNA desoxirribonucleic acid
ácido desoxirribonucleico
Fe ferro
FiO
2
fração inspirada de oxigênio
h hora
HSL Hospital São Lucas
IF índice ferritina
IL interleucina
IP-10 proteína indutora de interferon
kg quilograma
L litro
mEq miliequivalente
mg miligrama
min minuto
mL mililitro
mm milímetro
xiii
mmHg milímetros de mercúrio
ng nanograma
O
2
oxigênio
PaCO
2
pressão parcial de dióxido de carbono
PaO
2
pressão parcial de oxigênio
PCR proteína C reativa
PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
RNI relação de normatização internacional
s segundos
SAA proteína amilóide A sérica
SCCM Society of Critical Care Medicine
Sociedade de Terapia Intensiva
SIRS systemic inflammatory response syndrome
síndrome da resposta inflamatória sistêmica
SPSS statistical package for the social sciences
pacote estatístico para ciências sociais
SUS Sistema Único de Saúde
TNF tumor necrosis factor
fator de necrose tumoral
UTI unidade de terapia intensiva
°C graus Celsius
% percentagem
menor
> maior
menor ou igual
maior ou igual
xiv
RESUMO
Objetivo: Comparar os níveis séricos de ferritina entre crianças sem e
com quadro infeccioso, grave ou não, buscando pontos discriminadores.
Métodos: Foi realizado um estudo em duas fases. Primeiramente, um
estudo transversal controlado no qual foi considerada a condição clínica
como sendo a exposição (fator em estudo) e as dosagens séricas de
ferritina e de proteína C reativa, os desfechos. Em seguida, procedeu-se
a realização de um estudo de coorte histórico (baseado em registros de
prontuários) para estimação da taxa de ocorrência de óbitos nos
pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. O
estudo foi realizado no Hospital São Lucas, localizado em Porto Alegre,
Brasil, com pacientes com idade entre um mês e 18 anos. De junho de
2008 a junho 2010, as dosagens séricas de ferritina e de proteína C
reativa foram coletadas dos pacientes dividos em três grupos: sem
infecção (pacientes em pré-operatório de cirurgia pediátrica eletiva), com
sepse (pacientes da Emergência Pediátrica) e com sepse grave/choque
séptico (pacientes da UTI Pediátrica). Foi aplicado um índice de correção
conforme os valores de referência da ferritina, o índice ferritina, que
corresponde à razão entre a ferritina sérica obtida de cada paciente pelo
valor máximo normal da ferritina sérica conforme a idade e o gênero.
Resultados: Foram incluídos no estudo 147 pacientes distribuídos nos
três grupos: 41 pacientes no grupo sem infecção, 39 no grupo com
sepse e 67 no grupo com sepse grave/choque séptico. Os níveis de
ferritina, proteína C reativa e índice ferritina mostraram-se mais elevados
xv
conforme o grau de severidade. As medianas da ferritina encontradas
para os pacientes sem infecção, sepse e sepse grave/choque séptico
foram 29 ng/mL, 101 ng/mL e 287 ng/mL, respectivamente
(P<0,001).Valores de ferritina acima de 760 ng/mL estão relacionados a
uma alta probabilidade de sepse grave/choque séptico. Estimou-se um
risco relativo de 3,41 para ocorrência de óbito nos pacientes com ferritina
acima de 500 ng/mL e risco relativo de 5,06 para índice de ferritina
acima de 1.7. Não houve relação entre estimativa de mortalidade e
proteína C reativa num ponte de corte de 8 mg/dL.
Conclusões: A ferritina é um exame laboratorial facilmente exequivel
para a rotina do pediatra. Mostrou relação com o nível de severidade da
sepse e com a probabilidade de óbito.
Unitermos: ferritina, sepse grave, choque séptico, prognóstico, criança.
xvi
ABSTRACT
Objective: To compare the serum ferritin levels between children with
and without the infection, severe or not, seeking discriminators points.
Methods: A study in two phases was carried out. First, a cross-sectional
study in which the clinical condition was considered as exposure (study
factor) and serum ferritin and C-reactive protein, the outcomes. Then a
study of historic cohort study (based on patient records) was conducted
to estimate the rate of deaths in patients admitted to the Pediatric
Intensive Care Unit. The study was conducted at Hospital São Lucas, in
Porto Alegre, Brazil, with patients aged between one month and 18 years
old. From June 2008 to June 2010, serum ferritin and C-reactive protein
were collected from the patients divided into three groups: no infection
(patients in preoperative of elective pediatric surgery), sepsis (Pediatric
Emergency patients) and with severe sepsis/septic shock (patients in the
pediatric ICU). A correction index was applied in agreement to the values
of reference of ferritin, the ferritin index, which corresponds to the ratio
between observed serum ferritin and maximum normal value of serum
ferritin according to age and gender.
Results: The study included 147 patients divided in three groups: 41
patients in the group without infection, 39 in the group with sepsis and 67
in the group with severe sepsis/septic shock. The levels of ferritin, C-
reactive protein and ferritin index were shown to be higher according to
the degree of severity. The median ferritin found for patients without
infection, sepsis and severe sepsis/septic shock was 29 ng/mL, 101
xvii
ng/mL and 287 ng/mL, respectively (P<0.001). Ferritin values above 760
ng/mL are related to a high likelihood of severe sepsis/septic shock. It
was estimated a relative risk of 3.41 for the occurrence of death in
patients with serum ferritin above 500 ng/mL and relative risk of 5.06 for
ferritin index above 1.7. There was no relationship between estimate of
mortality and C-reactive protein in a cutoff of 8 mg/dL.
Conclusions: Ferritin is a laboratory test easily feasible for routine
pediatrician. It showed a relationship to the level of severity of sepsis and
the probability of death.
Key words: ferritin, severe sepsis, septic shock, prognostic, children.
1
Capítulo 1
REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Introdução
1.2. Justificativa
1.3. Objetivos
1.4. Referências Bibliográficas
2
1.1. Introdução
A sepse é a causa mais comum de morbidade e mortalidade em
unidades de terapia intensiva (UTI) pediátrica
1,2
. O diagnóstico da sepse
pode ser difícil porque os achados clínicos e laboratoriais são semelhantes
àqueles presentes em diferentes níveis de severidade da síndrome da
resposta inflamatória sistêmica (SIRS systemic inflammatory response
syndrome) causada por doenças infecciosas ou não infecciosas. Além disso,
sinais de sepse como taquicardia, taquipnéia e febre necessitam de
interpretação especial em crianças devido à ampla variabilidade da
normalidade dependendo da idade do paciente. Por isso, o diagnóstico
precoce da sepse é mais difícil na criança do que no adulto.
É muito importante que os pediatras tenham ferramentas que
reconheçam e diagnostiquem a sepse precocemente, de maneira que
terapias efetivas para o tratamento da infecção possam ser rapidamente
implementadas. Um marcador que consiga distinguir sepse de infecção
localizada e SIRS de causa não infecciosa seria de grande utilidade clínica.
Os marcadores tradicionais como temperatura corporal, freqüência cardíaca,
freqüência respiratória ou contagem de leucócitos são inespecíficos
3,4
.
Em 2001, durante a conferência internacional para definições de
sepse foram introduzidos a proteína C reativa (PCR) e a procalcitonina como
3
marcadores inflamatórios nos critérios diagnósticos de sepse
4
. Contudo, na
conferência de 2005, nenhum marcador bioquímico confirmou robustez
suficiente para ser incorporado à definição geral de sepse. Na ocasião foi
estabelecido o ponto de corte como valores duas vezes acima do normal
para ambos os parâmetros. Em 2007, Garcia e colegas publicaram os
resultados da relação entre os níveis de ferritina sérica e o desfecho final em
crianças sépticas no Brasil. As crianças foram divididas em três grupos
baseados nos níveis de ferritina: menor que 200 ng/mL, entre 200-500
ng/mL, e maior que 500 ng/mL. Foram observados níveis de mortalidade de
30%, 10%, e 60%, respectivamente. Todavia os pacientes se
apresentavam em estado grave (sepse severa e choque séptico) e o
descrição dos níveis de ferritina com as diferentes estratificações da
resposta inflamatória, infecciosa ou não
5
.
1.1.1. Sepse
1.1.1.1. Definições
Em 1992 foi publicado pela Sociedade de Terapia Intensiva (Society
of Critical Care Medicine SCCM) em conjunto com o Colégio Americano de
Pneumologistas (American College of Chest Physicians ACCP) a
introdução do conceito de SIRS. Nessa publicação, SIRS correspondia à
descrição de um processo inflamatório não específico ocorrendo em adultos
após um trauma, infecção, queimaduras, pancreatites e outras doenças.
4
Sepse foi definida como a presença de SIRS associada à infecção
6
.
Para a
população pediátrica, várias modificações foram sugeridas e publicadas
7,8
. O
consenso internacional pediátrico para definição de sepse e disfunção
orgânica foi realizado em 2002 em San Antonio, Estados Unidos. No
encontro, os critérios da SIRS em adultos foram modificados para o uso
pediátrico e as definições de sepse, sepse grave e choque séptico para a
população pediátrica foram revisadas
9,10
. Os sinais vitais e os dados
laboratoriais para as faixas etárias específicos foram incorporados às
definições de SIRS e sepse em crianças
11
. As principais modificações na
definição de SIRS incluíram elevação de temperatura ou anormalidades nos
leucócitos como requisitos indispensáveis. Isso porque a taquicardia e a
taquipnéia são sinais comuns em várias doenças pediátricas e, portanto,
insuficientes para o diagnóstico. A bradicardia pode ser sinal de SIRS no
recém-nascido (0 dia a 1 semana), mas não em crianças mais velhas. Esses
conceitos foram discutidos e revisados por um painel de especialistas e
publicados em 2005. A Tabela 1.1 lista os conceitos de SIRS, infecção,
sepse, sepse grave e choque séptico em pediatria, e a Tabela 1.2, os pontos
de corte específicos para a idade em cada critério
9
.
A sepse é caracterizada por infecção confirmada (cultura positiva) ou
fortemente suspeitada associada a duas ou mais das condições
consideradas para SIRS. A infecção pode ser de origem bacteriana, viral,
fúngica ou riquetsial. A definição de sepse chegou a ser ampliada para
incluir os marcadores de resposta inflamatória do hospedeiro frente a uma
infecção, como a PCR e a procalcitonina
12
. Entretanto, a falta de
especificidade e a alta sensibilidade encontradas com esses marcadores fez
5
com que os mesmos fossem excluídos da definição de sepse
9
. A definição
de sepse grave corresponde à sepse mais uma das seguintes situações:
disfunção orgânica cardiovascular, síndrome da disfunção respiratória
aguda, ou duas ou mais disfunções orgânicas (respiratória, renal,
neurológica, hematológica ou hepática). A Tabela 1.3 lista os critérios de
disfunção orgânica.
6
Tabela 1.1 Definições de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), infecção,
sepse, sepse grave e choque séptico.
SIRS
Presença de pelo menos 2 dos 4 critérios seguintes, nessariamente um deles tendo que ser
temperatura anormal ou alteração na contagem de leucócitos
- temperatura corporal > 38,3°C ou < 36°C)
- frequência cardíaca > 2 desvios-padrão acima do valor normal para a idade na ausência de
estímulo externo, uso crônico de medicamento ou estímulo doloroso; ou elevação persistente
por um período de 30 min a 4 h sem explicação; OU para crianças menores de 1 ano de
idade: bradicardia, definida como a média de freqüência cardíaca < percentil 10 para a idade
na ausência de estímulo vagal externo, uso de drogas -bloqueadoras ou doença cardíaca
congênita; ou depressão persistente por um período > 30 min sem causa aparente
- freqüência respiratória média > 2 desvios-padrão acima do normal para a idade ou
ventilação mecânica por um processo agudo não relacionado a doença neuromuscular de
base ou anestesia geral
- contagem de leucócitos elevada ou diminuída para a idade (não secundária à leucopenia
induzida por quimioterapia) ou mais de 10% de neutrófilos imaturos
Infecção
Infecção suspeita ou comprovada (por cultura positiva, coloração tecidual ou teste de reação
em cadeia da polimerase) causada por qualquer patógeno OU uma síndrome clínica
associada a uma alta probabilidade de infecção. Evidência de infecção inclui achados
positivos no exame sico, em exames de imagem ou testes laboratoriais (isto é, leucócitos
em fluido corporal estéril, víscera perfurada, radiografia de tórax compatível com
pneumonia, petéquias ou púrpura, ou púrpura fulminante).
Sepse
SIRS na presença de ou como resultado de uma infecção suspeitada ou comprovada.
Sepse grave
Sepse associada a um dos seguintes: disfunção orgânica cardiovascular OU síndrome da
disfunção respiratória aguda OU duas ou mais disfunções orgânicas outras como definido na
Tabela 3.
Choque séptico
Sepse e disfunção cardiovascular como definido na Tabela 1.3.
7
Tabela 1.2 Variáveis laboratoriais e de sinais vitais específicas para a idade.
Freqüência Cardíaca
(bat/min)
Idade
Taquicardia
Bradicardia
Freqüência
Respiratória
(mov/min)
Leucócitos
(x10
3
mm)
Pressão
Sistólica
(mmHg)
0 dia-1 sem
1 sem-1 mês
1 mês-1 ano
2-5 anos
6-12 anos
13-18 anos
> 180
> 180
> 180
> 140
> 130
> 110
< 100
< 100
< 100
< 90
NA
NA
> 50
> 40
> 34
> 22
> 18
> 14
> 34
> 19,5 ou < 5
> 17,5 ou < 5
> 15,5 ou < 6
>13,5 ou <4,5
> 11 ou < 4,5
< 65
< 75
< 100
< 94
< 105
< 117
NA, não aplicável.
8
Tabela 1.3 Critérios para disfunção de órgãos.
Disfunção cardiovascular
Apesar da administração de bolus ≥ 40 ml/kg em 1 h de solução isotônica intravenosa:
diminuição na pressão sangüínea < percentil 5 para a idade ou pressão sistólica < 2
desvios-padrão abaixo do normal para a idade
OU
necessidade de droga vasoativa para manter a pressão sangüínea normal
OU
dois dos seguintes: acidose metabólica inexplicada (déficit de base > 5 mEq/l);
lactato arterial aumentado mais de 2 vezes o limite superior do normal; oligúria
(débito urinário < 0,5 ml/kg/h); enchimento capilar prolongado (> 5 s); variação da
temperatura corporal periférica > 3°C
Disfunção respiratória
PaO
2
/FiO
2
< 300 na ausência de doença cardíaca cianótica ou doença pulmonar
preexistente
OU
PaCO
2
> 20 mmHg da PaCO
2
de base
OU
necessidade provada ou > 50% de FiO
2
para manter a saturação O
2
≥ 92%
OU
necessidade de ventilação mecânica invasiva ou não-invasiva
Disfunção neurológica
escore de coma de Glasgow ≤ 11
OU
variação aguda no estado mental com uma diminuição no escore da escala de
Glasgow ≥ 3 pontos do valor de base anormal
Disfunção hematológica
contagem de plaquetas < 80.000/mm
3
ou uma diminuição de 50% na contagem de
plaquetas do valor mais alto registrado nos últimos 3 dias (para pacientes
hematológicos/oncológicos crônicos)
OU
RNI > 2
Disfunção renal
creatinina sérica 2 vezes o limite superior para a idade ou um aumento de 2 vezes
na creatinina basal
Disfunção hepática
bilirrubina total ≥ 4 mg/dl (não aplicável para recém-nascidos)
OU
AST 2 vezes acima do limite superior para a idade
PaO
2
, pressão parcial de oxigênio; FiO
2
, fração inspirada de oxigênio; PaCO
2
, pressão
parcial de dióxido de carbono; RNI, relação de normatização internacional; AST, aspartato
aminotransferase.
Adaptado de Goldstein B. e colaboradores
9
.
9
O choque séptico é caracterizado como sepse associada à
hipotensão mesmo após ressuscitação volumétrica adequada, somada à
presença de hipoperfusão
13,14
. No entanto, essa definição ainda parece
problemática. Diferentemente dos adultos, as crianças podem estar em
estado de choque sem a presença de hipotensão sistêmica. Assim, o
delineamento entre sepse grave e choque séptico em crianças pode ser
artificial e essas duas definições podem descrever uma mesma síndrome
clínica
11
. Carsillo e colaboradores definiram o choque séptico em pediatria
como taquicardia (a qual pode estar ausente em pacientes hipotérmicos)
com sinais de diminuição de perfusão incluindo a diminuição dos pulsos
periféricos quando comparados ao pulso central, alteração do sensório,
preenchimento capilar maior que 2 segundos, extremidades moteadas ou
frias ou diminuição do bito urinário. A hipotensão é então considerada um
sinal tardio de choque descompensado em criança
15
.
1.1.1.2. Epidemiologia
A sepse é a principal causa de morte de lactentes e crianças.
Nos Estados Unidos, houve mais de 42.000 casos de sepse grave em
crianças com idade menor de 19 anos em 1995, com uma taxa de
mortalidade de 10,3%
16
. Em 2002, Einloft e colegas relataram os resultados
de um estudo transversal que avaliou a mortalidade em pacientes com
sepse grave e choque séptico internados na UTI pediátrica do Hospital São
Lucas da PUCRS, que foi de 28,8%
1
. Em 2005, Sundarajan e colegas
publicaram os resultados de um estudo epidemiológico realizado no segundo
10
principal estado da Austrália. O índice de mortalidade encontrado nos
pacientes com sepse grave foi de 32,7%
17
.
A idade é o principal fator que influencia na epidemiologia da sepse
nos Estados Unidos. O pico de incidência de sepse ocorre em neonatos e
em lactentes menores de um ano e em adultos na oitava década de vida
16,17
.
Angus e colaboradores publicaram um estudo que mostrou uma incidência
de sepse de 2,26 para cada 100 admissões hospitalares nos Estados
Unidos
18
. Martin e colaboradores publicaram os resultados de um estudo
que analisou a incidência de sepse nos Estados Unidos entre os anos de
1979 e 2000. Essa incidência aumentou de 82,7/100.000 habitantes em
1979 para 240,4/100.000 habitantes no último ano
19
.
A incidência anual de sepse é de 50 a 95 casos para cada 100.000 e
tem aumentado em 9% a cada ano. A sepse é responsável por 2% das
admissões hospitalares. Nove por cento dos pacientes progridem para sepse
grave, e 3% desses evoluem para choque séptico, a mais grave complicação
da sepse
20
. Esses valores estão em consonância com um recente estudo
que mostrou um alto risco de crianças com SIRS desenvolverem sepse
10
.
Um estudo realizado por Paulo Carvalho e colegas, no Hospital de Clínicas
de Porto Alegre, mostrou que a prevalência de SIRS em pacientes
internados na UTI é bastante elevada (68%). Desses casos, em torno de
dois terços dos pacientes apresentavam uma causa infecciosa
2
Um estudo multicêntrico relatou a epidemiologia da sepse na Europa,
no Canadá e em Israel: cerca de 28% das infecções estavam associadas à
sepse; 24%, à sepse grave; e 30%, a choque séptico
21
.
11
O custo americano anual estimado com crianças sépticas é de 2,3
bilhões de dólares, o que faz da sepse grave um significativo problema de
saúde pública
11,22
.
1.1.1.3. Biomarcadores
Uma ampla variedade de marcadores biológicos tem sido proposta no
estudo da sepse, muito mais do que em qualquer outra patologia. Por
exemplo, um estudo em pacientes com infarto do miocárdio revelou 14
biomarcadores adequados para o diagnóstico e determinação do
prognóstico
23
. Em pacientes com doença de Alzheimer, somente 8
marcadores foram identificados
24
. Na sepse, 178 biomarcadores têm sido
avaliados, a sua maioria em estudos clínicos
25
. Essa ampla diferença deve
estar relacionada à fisiopatologia complexa da sepse, que envolve muitos
mediadores da inflamação, mas também outros mecanismos
fisiopatológicos
26
. Coagulação, complementos, sistema de ativação ao
contato, inflamação e apoptose estão envolvidos no processo de sepse e
marcadores para cada parte têm sido estudados. Dentre esses, as proteínas
de fase agudas são provavelmente as mais avaliadas. A procalcitonina tem
sido muito utilizada nos últimos anos. A especificidade e a sensibilidade da
procalcitonina para o diagnóstico de sepse são relativamente baixas
(geralmente abaixo de 90%), independente do ponto de corte utilizado
27,28
. A
procalcitonina também está elevada em outras situações associadas à
resposta inflamatória, tais como trauma, cirurgia de grande porte e cirurgia
cardíaca
29,30,31
. A PCR, por sua vez, quase sempre é descrita como inferior à
12
procalcitonina em termos de capacidade de diagnosticar sepse. Por outro
lado, devido a sua fácil disponibilidade, ela é usada de forma mais frequente
na prática clinica. Níveis elevados de PCR estão correlacionados a um maior
risco de falência orgânica e morte
32
e o estudo de sua variabilidade durante
o curso da sepse pode ser útil na avaliação da resposta terapêutica
33
.
Outro grupo de substâncias que tem chamado a atenção como
biomarcadores em potencial são as citocinas. As citocinas são importantes
mediadores na fisiopatologia da sepse, e a maioria é produzida rapidamente
após o inicio do quadro séptico. Os níveis de fator de necrose tumoral (TNF
tumor necrosis factor) e interleucina-10 (IL) aumentaram dentro das
primeiras 24 horas em um estudo clinico
34
. Entretanto, as concentrações de
citocinas sanguíneas são erráticas e não está clara a relação do seu tempo
de curso e o tempo de curso da sepse, o que torna sua interpretação
difícil
34,35
. Na sepse neonatal, o valor diagnóstico das interleucinas (IL-6 e IL-
1b) e do TNF é limitado pelo momento da coleta da amostra sanguínea, que
deve ser realizada o mais precoce possível diante da suspeita de sepse
36
. A
IL-12 se mostrou elevada em neonatos com sepse e a dosagem da proteína
indutora de interferon (IP-10) foi maior em neonatos com sepse e
enterocolite necrosante do que em neonatos que tinham somente
enterocolite necrosante
37,38
.
A fosfolipase-2 do grupo II mostrou alta sensibilidade e especificidade
para o diagnóstico de bacteremia em pacientes adultos criticamente
enfermos num período inferior a 24 horas de sua admissão
39
. O CD64
mostrou também uma alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico
precoce de sepse em adultos, mas não conseguiu diferenciar com clareza
13
infecções bacterianas de infecções virais e infecções sistêmicas de
infecções localizadas
40
. o marcador de neutrófilo por imunofenotipagem,
CD11b, conseguiu distinguir neonatos sépticos de pacientes com possível
infecção com uma boa sensibilidade e especificidade
41
.
Existem três biomarcadores que se mostraram úteis para excluir o
diagnóstico de sepse por apresentarem um alto valor preditivo negativo: a
procalcitonina (99% utilizando-se um ponto de corte de 0,2 ng/mL); o tempo
de tromboplastina parcial ativado em forma de onda (96%); e os produtos de
degradação da fibirina (100% para sepse por germes Gram-negativo pelo
método ELISA). Todavia, em ambos os estudos o padrão-ouro para o
diagnóstico de sepse foi a presença de hemocultura positiva, e sabemos que
a mesma pode permanecer negativa em muitos pacientes com sepse
42,43,44
.
1.1.2. Metabolismo do Ferro e Ferritina
O metabolismo do ferro pode ser visto como um círculo fechado
envolvendo a transferrina circulante, a medula óssea, os eritrócitos e os
macrófagos reticuloendolteliais. A maioria do ferro no corpo é encontrada
nesse círculo. Entretanto, uma pequena quantidade é absorvida e perdida
através da mucosa intestinal. Adicionalmente, o ferro em excesso é
armazenado no fígado. No músculo, o ferro é incorporado à mioglobina
(Figura 1.1).
14
Figura 1.1 Metabolismo do ferro.
A maioria do ferro é integrada nas proteínas de globina, que facilitam
o transporte de oxigênio através do corpo. O ferro também é critico na
conversão de oxigênio em energia celular, servindo como componente
chave na cadeia de transferência de elétrons. Além disso, o ferro é utilizado
como um co-fator enzimático em numerosas outras reações. Por exemplo, a
conversão dos nucleotídeos de ribose em nucleotídeos de desoxirribose é
um processo dependente de ferro catalisado pela ribonucleotídeo redutase e
necessária para a replicação de DNA e divisão celular. Todavia, o ferro pode
ser altamente tóxico facilitando a formação de radicais livres. Por isso,
mecanismos cuidadosos de regulação evoluíram para o transporte de ferro
através das barreiras biológicas, distribuição através do corpo e estocagem
em uma forma inerte até que ele seja utilizado
45
.
15
A regulação do balanço sistêmico de ferro ocorre exclusivamente no
sítio de absorção, que não existe um processo fisiológico para a sua
excreção. A maioria da absorção do ferro ocorre através dos enterócitos no
intestino delgado proximal (Figura 1.2). Ali o ferro é transportado através da
membrana celular pela proteína transportador metal divalente (DMT1), que
transfere o ferro (e outros metais divalentes) através da membrana apical
para a célula por um processo ligado ao próton. Antes do transporte, o ferro
necessita estar no estado ferroso (Fe
2+
). A conversão do ferro não-heme
inorgânico da dieta em Fe
2+
é facilitada pelas ferrirreductases presentes na
borda em escova do enterócito. A absorção do ferro heme é menos
entendida, embora transportadores de heme tenham sido recentemente
descobertos. Os níveis de DMT1 são elevados em resposta à deficiência de
ferro, aumentado dessa forma a absorção celular
45,46,47,48
.
Figura 1.2 Transporte intestinal do ferro não-heme. A borda em escova apical da célula,
de frente ao lúmen intestinal, é mostrada no topo da figura, e a superfície baso lateral na
base.
16
Embora parte do ferro absorvido permaneça presente dentro do
enterócito como ferritina, a maioria é transportada para outros locais do
corpo. A ferroportina é uma bomba de fluxo de ferro que media a exportação
do ferro do enterócito. Antes do transporte do ferro para fora da célula, o
ferro intracelular precisa ser convertido na sua forma férrica (Fe
3+
). Isto
ocorre com a ajuda da hefaestina ou ceruloplasmina, ambas as quais
possuem atividade de ferroxidase (Fe
2+
Fe
3+
). Dentro do intestino, ambas
as proteínas são ativas, enquanto que no fígado (maior local de estoque de
ferro) a ceruloplasmina é quem faz o trabalho pesado. O ferro é então
carregado para a transferrina, o primeiro transportador de ferro na
circulação. Quando ligado à transferrina, o Fe
3+
é solúvel e não reativo,
sendo assim permitida sua entrada no sistema circulatório
45,49
.
O primeiro consumidor do ferro é a medula óssea, onde as lulas
vermelhas necessitam de grande quantidade de ferro para atender a
demanda da produção de hemoglobina contendo ferro. Dentro da medula
óssea, os precursores eritróides expresssam receptores de transferrina nas
suas superfícies. No momento em que ocorrer a ligação da transferrina
saturada de ferro ao seu receptor, o complexo sofrerá endocitose. O
ambiente ácido dos endossomos libera o ferro da transferrina. O ferro livre é
subsequentemente reduzido para a sua forma ferrosa (Fe
2+
) pela Steap3 e
transportado para fora do endossomo em direção ao citoplasma pela DMT1.
A transferrina vazia e os receptores de transferrina retornam à superfície da
célula onde num pH neutro são dissociados e reentram na circulação
50
.
17
A regulação do controle da absorção do ferro, retenção e exportação
ocorrem sob efeito de um efetor humoral comum que coordena a absorção
intestinal e a reciclagem do ferro no macrófago. A hepcidina é um peptídeo
de 25 aminoácidos que tem atividade antimicrobiana intrínseca, mas
também exerce papel fundamental no metabolismo do ferro. É produzida no
fígado, clivada de uma molécula precursora maior e secretada no plasma. A
hepcidina circulante se liga à ferroportina expressa nos enterócitos e
macrófagos levando à internalização da ferroportina na célula e à sua
degradação nos lisossomos
51
. Num contexto inflamatório, a IL-6 se liga aos
seus receptores nos hepatócitos, disparando a cascata JAK/STAT3, que
leva à ligação da Steap3 ativada num elemento distinto na região promotora
de hepcidina
52
.
A apoferritina forma uma concha esférica no qual o ferro rrico é
estocado como um mineral ferrihidrito. A apoferritina se refere à forma livre
de ferro da proteína que, quando passa a conter ferro, chama-se de
holoferritina ou simplesmente ferritina. A concha de apoferritina é composta
de 24 subunidades. As subunidades são de dois tipos: H (encontrada
principalmente no coração e rim) e L (fígado e baço) (Figura 1.3). A razão
dessas subunidades varia amplamente dependendo do tecido, e pode ser
modificada em condições inflamatórias e infecciosas. Cada apoproteína tem
um peso molecular em torno de 450.000 daltons. O monômero L contém 174
aminoácidos e peso molecular de 18.500 daltons; o monômero H tem 182
aminoácidos e peso molecular de 21.000 daltons. As subunidades se
acondicionam para formar uma esfera côncava de aproximadamente 80
ângstroms de diâmetro com paredes de cerca de 10 ângstroms de
18
espessura. Existem dois tipos de canais na parede protéica, na interseção
das subunidades, que permitem a passagem de elétrons e íons
53
.
Após entrar na molécula de ferritina, os íons de ferro são convertidos
para o seu estado férrico (altamente insolúvel) onde formam pequenos
cristalitos com íons de fosfato e hidróxido. Aproximadamente 4.500 íons de
ferro podem ser armazenados dentro de cada molécula de ferritina
54
.
Figura 1.3 Estrutura da ferritina.
FERRITINA H
FERRITINA L
ATIVIDADE DE FERROXIDASE
CONCHA DE APOFFERRITINA
FERRO SEQUESTRADO
19
Em condições basais, as reservas de ferro regulam a produção de
ferritina. Entretanto, durante processos inflamatórios, a síntese de ferritina é
aumentada por influência de IL-1 e de TNF. As citocinas também induzem a
síntese de ferritina indiretamente por aumentarem a incorporação de ferro
pelos hepatócitos
54,55
. Por isso, a ferritina é considerada uma proteína de
fase aguda.
A relação dos níveis de ferritina em pacientes criticamente enfermos e
os resultados clínicos foram descritos em adultos. Níveis elevados de
ferritina foram associados à severidade da doença em pacientes internados
em UTI cirúrgica
56
. Em adultos com politrauma, a elevação da ferritina foi
associada a um risco aumentado de desenvolver falência de múltiplos
órgãos e síndrome da insuficiência respiratória aguda
57
. Em 2007, Garcia
Pedro Celiny Ramos e colegas publicaram o primeiro trabalho relacionando
ferritina elevada (acima de 500 ng/dL) e ocorrência de óbito. É neste
trabalho que é formulado pelos autores o índice ferritina, uma adequação da
ferritina para a idade e o gênero do paciente, e que também se mostrou
associada a uma maior taxa de óbitos quando acima de 1.7
58
.
1.1.2. Outras Proteínas de Fase Aguda
O termo “reações de fase aguda” se refere às modificações que são
desencadeadas num processo inflamatório. Essas reações podem ser
divididas em mudanças fisiológicas, bioquímicas e/ou nutricionais, como
20
leucocitose e aumento da velocidade de hemossedimentação, e em
mudanças nas concentrações das proteínas plasmáticas
59
60
.
Uma proteína de fase aguda é definida como uma proteína cuja
concentração plasmática aumenta ou diminui pelo menos 25% durante um
processo inflamatório. Essas modificações na concentração plasmática
ocorrem devido a mudanças na sua produção pelos hepatócitos. Embora as
concentrações dos componentes da resposta de fase aguda geralmente
aumentem simultaneamente, nem todas aumentam uniformemente em todos
pacientes com a mesma doença. Isso indica que os componentes são
regulados individualmente, o que pode ser explicado, em parte, pelas
diferenças no padrão de produção de citocinas específicas ou de seus
moduladores em diferentes estados patofisiológicos
60
. As citocinas IL-1, FNT
e IL-6 são as principais estimuladoras da produção da maioria das proteínas
de fase aguda
61
.
A seguir, descrevemos as principais proteínas de fase aguda
identificadas na literatura médica como biomarcadores.
Proteína Amilóide A Sérica (SAA)
A proteína amiloide A sérica (SAA) é uma apolipoproteína que
rapidamente se liga a lipoproteína de alta densidade após a sua síntese,
influenciando o metabolismo do colesterol durante os estados inflamatórios,
causando adesão e quimiotaxia das células fagocíticas e dos linfócitos
60
. Em
alguns pacientes com inflamação crônica, o efeito em rede da produção
21
aumentada de SAA pode ser deletéria devido à deposição tecidual de seus
fragmentos e o desenvolvimento de amiloidose sistêmica
62
.
Um estudo recente mostrou uma associação na elevação dos valores
da SAA e PCR em 29 pacientes com choque ptico desenvolvido no
período pós-operatório. No entanto, não foi observada uma diferença
estatística significante nos valores destas proteínas em pacientes que
sobreviveram e nos que foram ao óbito
63
.
Ceruloplasmina
A ceruloplasmina é uma glicoproteína que contém cobre e possui
atividades enzimáticas. É produzida no fígado e contém cerca de 90% do
cobre sérico total.
Em um estudo que avaliou o comportamento da ceruloplasmina e
outras proteínas na ocorrência de sepse grave, houve uma relação entre a
elevação de ceruloplasmina e disfunção hepática
64
.
Proteína C Reativa
Em 1930, foi identificada a capacidade de precipitação de frações
polissacarídeas (chamadas frações C) do pneumococo no soro de pacientes
com pneumonia. Essa precipitação desaparecia quando os pacientes
recuperavam-se da infecção. A causa dessa reação foi identificada como
uma proteína, denominada proteína C reativa (PCR)
60
.
22
A PCR pertence à família das pentraxinas, proteínas que formam um
pentâmero cíclico composto por 5 subunidades não-glicosiladas idênticas,
ligadas por ligações não-covalentes e organizadas em uma estrutura
discóide extremamente estável. Cada monômero pesa 23.027 daltons e é
altamente resistente à proteólise. A PCR liga-se a vários polissacarídeos e
peptídeo-polissacarídeos presentes em bactérias, fungos e parasitas na
presença de cálcio. Esse complexo ativa a via clássica do complemento,
atuando como opsoninas e promovendo a fagocitose. Então, juntamente
com os componentes do sistema complemento, a PCR é a única proteína de
fase aguda envolvida na remoção de microorganismos
65
.
A síntese da PCR ocorre no fígado, estimulada principalmente pela
IL-6, mas também pelo TNF e pela IL-1. Com exceção dos casos de
insuficiência hepática, os níveis de PCR aumentam sempre que ocorre um
processo inflamatório. A secreção de PCR inicia dentro de 4 a 6 horas após
o estímulo pelas citocinas, duplicando a cada 8 horas e atingindo um pico
em 36 a 50 horas. Com um estímulo muito intenso a concentração de PCR
pode aumentar em mais de 1.000 vezes do valor basal. Após a remoção do
estímulo, sua concentração cai rapidamente, pois sua meia-vida é de 19
horas
65
.
Desde a sua descoberta, vários estudos foram publicados analisando
a utilidade da PCR no diagnóstico de sepse. Sabe-se que o nível de PCR
está diretamente relacionado ao grau de resposta inflamatória, ou seja,
pacientes com choque séptico apresentam um nível de PCR maior do que
pacientes com SIRS
65,66
. Além disso, medidas seriadas de PCR são úteis na
monitorização da resposta à terapia. Estudos têm demonstrado que a queda
23
na concentração de PCR indica sucesso na terapia, enquanto a não
diminuição na concentração ou um aumento secundário indica uma
antibioticoterapia inadequada, presença de abscesso ou um novo episódio
séptico
65,67,68
.
Alguns estudos realizados com a população pediátrica revelam PCR
tem pouca utilidade diagnóstica quando comparada a parâmetros
hematológicos
69,70
. Porém, em crianças com suspeita de sepse neonatal,
duas mensurações de PCR com diferenças de 24 horas e que sejam menor
de 10 mg/L são úteis na exclusão de sepse
68
.
Procalcitonina
A procalcitonina é um pró-hormônio da calcitonina, produzida
normalmente pelas células C da tireóide. É formada por 116 aminoácidos, e
sua concentração plasmática em indivíduos saudáveis geralmente é menor
que 0,1 ng/mL
71
. Na vigência de processos inflamatórios, uma produção
extra tireoidiana ocorre e os níveis aumentam após 3-4 horas, atingindo o
pico em 6 horas, com um platô de até 24 horas, e pode permanecer elevado
por até 48 horas.
A partir dos anos 90, a procalcitonina começou a ser estudada como
marcador para o diagnóstico precoce de sepse. Altas concentrações séricas
de procalcitonina foram primeiramente descritas por Assicot e colaboradores
em crianças com infecções bacterianas graves
72
. Ugarte e colaboradores
mostraram que pacientes com choque séptico apresentavam níveis de
procalcitonina muito mais elevados do que pacientes com sepse
71
.
24
A maioria dos estudos relata que a procalcitonina e a PCR possuem
alta sensibilidade no diagnóstico precoce de sepse
73
. Entretanto, em alguns
estudos a procalcitonina apresentou maior sensibilidade, enquanto em
outros, a PCR apresentou maior sensibilidade
4,74,75,76,77,78
.
Em estudos realizados em crianças, a procalcitonina também
apresenta alta sensibilidade e especificidade nos casos de infecção
bacteriana
78,79
. Um estudo publicado por Fioretto e colegas em UTI
pediátrica mostrou que pacientes com choque séptico apresentavam níveis
de procalcitonina mais elevados do que os pacientes com sepse
80
. Todavia,
em neonatos o uso de procalcitonina como marcador de infecção bacteriana
é complicado por alguns fatores: (a) recém-nascidos com síndrome da
angústia respiratória, instabilidade hemodinâmica, asfixia perinatal,
hemorragia intracraniana, pneumotórax ou após parada cardiorrespiratória
têm uma concentração sérica de procalcitonina elevada, o que não difere
daqueles recém-nascidos pticos até 48 horas após o início dos sinais
clínicos de infecção; (b) um aumento fisiológico da procalcitonina tem sido
relatado por até 48 horas após o parto; (c) a administração pré-parto ou
intraparto de antibiótico pode afetar a concentração de procalcitonina no
cordão umbilical, e a administração de antibiótico após o nascimento diminui
a concentração de procalcitonina mais rapidamente do que a de PCR
78
.
25
Glicoproteína Ácida Alfa 1
É uma glicoproteína produzida principalmente no fígado. Mostrou
relação entre sobreviventes e não sobreviventes em pacientes com choque
séptico
81
.
Hepcidina
A hepcidina é um peptídeo sintetizado no fígado que atua como
regulador central na homeostase do ferro. A sua expressão está aumentada
na sobrecarga de ferro e em inflamações, e diminuída na depleção de ferro e
nas hipoxemias
82
. Mostrou-se aumentada em pacientes sépticos em
comparação com indivíduos saudáveis e com insuficiência renal
83
.
Proteína Ligante de Lipopolissacarídeo
Níveis elevados da proteína ligante de lipopolissacarídeo foram
relacionados à ocorrência de bacteremia por germes Gram-negativo em
pacientes neutropênicos febris
84
. Porém, os resultados de um estudo mais
recente, realizado em pacientes em UTI cirúrgica, mostraram que a
dosagem da proteína ligante de lipopolissacarídeo pode diferenciar
pacientes sem infecção de pacientes com sepse grave, mas não de
distinguir dos pacientes com sepse sem disfunção orgânica. Também não
houve diferença dos valores encontrados em infecções por germes Gram-
negativo e Gram-positivo
85
.
26
Pentraxina 3
A pentraxina 3 (PTX3) é um membro da família pentraxina,
recentemente descoberta. É referida com uma pentraxina longa e contém
um domínio único não encontrado na PCR (uma pentatraxina curta). A sua
produção ocorre principalmente nas células endoteliais, células musculares
lisas vasculares, macrófagos e neutrófilos em resposta a um estímulo
inflamatório. Níveis elevados da PTX3 em pacientes criticamente doentes
estão associados à gravidade (num gradiente de resposta inflamatória
sistêmica à choque séptico) e a resultados clínicos desfavoráveis
86
.
27
1.2. Justificativa
A sepse é a principal causa de óbito em unidades de terapia intensiva
pediátricas. O índice de mortalidade por síndromes sépticas vem diminuindo
nos últimos anos, mas ainda permanece alto. Consequentemente, os custos
do tratamento de um paciente com sepse são elevados, principalmente
quando se considera a saúde pública. Isso faz com que surja a necessidade
de identificar precocemente as crianças que vão apresentar um prognóstico
desfavorável.
Os fatores prognósticos utilizados atualmente nos casos de sepse
não são capazes de, por si só, definir essas crianças. Acredita-se que a
ferritina, proteína armazenadora de ferro, também considerada uma proteína
de fase aguda, possa funcionar como um marcador prognóstico em crianças
com sepse grave ou choque séptico. É um exame de fácil acesso em nosso
meio, de baixo custo e cujo resultado pode ser obtido rapidamente.
Entretanto, ainda há poucos estudos sobre esse assunto.
28
1.3. Objetivos
1.3.1. Geral
Avaliar o valor da ferritina como biomarcador de sepse grave/choque
séptico em crianças.
1.3.2. Específicos
Verificar a exequibilidade da utilização da ferritina como marcador de
resposta inflamatória sistêmica em suas diferentes estratificações em
crianças criticamente doentes
Estimar a taxa de mortalidade de pacientes em unidade de terapia
intensiva com diferentes níveis de ferritina, índice ferritina e proteína
C reativa.
29
1.5. Referências Bibliográficas
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39
Capítulo 2
MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
2.1. Métodos
2.2. Análise Estatística
2.3. Considerações Éticas
2.4. Referências Bibliográficas
40
2.1. Métodos
2.1.1. Delineamento
Foi realizado um estudo em duas fases. Primeiramente realizamos um
estudo transversal controlado no qual se considerou a condição clínica como
sendo a exposição (fator em estudo) e as dosagens séricas de ferritina e de
proteína C reativa (PCR) e o índice ferritina (IF), os desfechos. Em seguida
procedeu-se a realização de um estudo de coorte histórico (baseado em
registros de prontuários) no qual se fez o acompanhamento dos pacientes
internados na UTI Pediátrica para estimarmos a taxa de ocorrência de
óbitos.
2.1.2. Local de Realização
O estudo foi realizado no Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS,
localizado em Porto Alegre, no período de junho de 2008 a junho de 2010.
As unidades onde houve coleta de pacientes foram: Emergência Pediátrica,
UTI Pediátrica e ambulatório de Cirurgia Pediátrica.
41
A Emergência Pediátrica atende tanto pacientes do Sistema Único de
Saúde (SUS) quanto pacientes de convênios privados, num total de cerca de
5.000 atendimentos/mês. A unidade possui 13 leitos para observação.
A UTI Pediátrica admite pacientes com idade entre um mês e 20 anos
provenientes de outros setores do hospital (enfermarias, unidade de
emergência e bloco cirúrgico) ou transferidos de postos de saúde, de pronto-
atendimentos ambulatoriais ou de hospitais de menor complexidade,
localizados em Porto Alegre ou em municípios vizinhos. É composta de 12
leitos e possui todas as facilidades de um hospital terciário, incluindo
equipamentos, exames laboratoriais, exames de imagem, serviços e
intervenções especializadas à disposição 24 horas por dia.
O ambulatório de Cirurgia Pediátrica também atende pacientes
oriundos do SUS e de convênios privados, num total de cerca de 300
consultas por mês, sendo que a maioria das consultas é referenciada pela
Secretaria Municipal de Saúde.
A equipe médica das três unidades é formada por professores da
universidade, com mestrado e/ou doutorado; por médicos assistentes, e por
médicos residentes, realizando formação específica em Pediatria, Terapia
Intensiva ou Cirurgia Pediátrica.
2.1.3. Cálculo da Amostra
Para um alfa de 0,05 e poder de 90% e propondo detectar diferenças
nas médias entre os grupos de magnitude 0,85, foi calculado que seriam
42
necessários 31 pacientes por grupo. Considerado que as variáveis
estudadas (ferritina, proteína C reativa e índice ferritina) apresentam uma
distribuição assimétrica, optou-se por realizar um aumento de 20% no
tamanho de amostra. Deste modo estimou-se que o tamanho de amostra
mínimo necessário para realização do estudo seria de pelo menos 37
pacientes por grupo.
2.1.4. Pacientes
Foram incluídas todas as crianças com idade entre um mês e 18 anos
admitidas na emergência pediátrica com quadro clínico de infecção,
compatíveis com sepse, conforme Tabela 1.1
1
; além daquelas admitidas na
UTI Pediátrica durante o período do estudo que tenham apresentado
diagnóstico inicial ou evolutivo de sepse grave ou choque séptico conforme
conceitos descritos na Tabela 1.3. Os valores laboratoriais e de sinais vitais
foram ajustados para a idade conforme a Tabela 1.2. Também foram
incluídas as crianças atendidas no ambulatório de Cirurgia Pediátrica que
estavam em avaliação pré-operatória para cirurgias eletivas.
Os pacientes foram obtidos num processo de recrutamento
seqüencial obedecendo a uma taxa máxima de captação de nove pacientes
por mês. Essa taxa de captação máxima foi implementada levando em
consideração as restrições logísticas da equipe envolvida na condução do
estudo. No período de junho de 2008 a junho de 2010, entraram no estudo
aproximadamente 3 pacientes por mês, captados da UTI Pediátrica,
43
totalizando 67. No peodo de março de 2008 a maio de 2010, entraram no
estudo cerca de 3 pacientes por mês, captados do ambulatório de Cirurgia
Pediátrica, totalizando 41. E no período de janeiro a junho de 2010, foram
captados aproximadamente 6 pacientes por mês na Emergência Pediátrica,
totalizando 39.
Os critérios de exclusão incluíram: evidência de infecção por
Plasmodium falciparum; história familiar ou diagnóstico prévio de síndrome
hemofagocítica; ter recebido sangue nos últimos 4 meses, suspeita ou
hepatite comprovada e presença de patologia associada que
reconhecidamente afete os níveis de ferritina.
Após a seleção inicial dos pacientes pelas equipes médicas de cada
unidade, o autor foi comunicado e, baseado nos critérios supracitados,
incluiu os pacientes no estudo. O termo de consentimento informado e a
verificação do resultado dos exames laboratoriais foram realizados pelo
próprio autor.
2.1.5. Variáveis Analisadas
2.1.5.1. Dados Demográficos
As variáveis demográficas incluíram:
gênero do paciente: variável dicotômica, categorizada em feminino ou
masculino;
idade do paciente: foi aferida em meses;
44
peso do paciente: foi aferido em gramas;
2.1.5.2. Variáveis de Desfecho
Foram utilizados como variáveis de desfecho a PCR, a ferritina sérica,
o IF e o óbito.
Proteína C Reativa
A coleta da amostra de sangue para a dosagem da PCR foi realizada
no momento da coleta da amostra de sangue para a dosagem da ferritina
sérica. O método utilizado foi o de nefelometria, realizado através do
equipamento BN II.
São considerados valores negativos aqueles menores de 0,3 mg/dL,
independente da idade
2
.
Ferritina Sérica
A coleta da amostra de sangue (2 mL) para a dosagem da ferritina
sérica foi realizada depois de estabelecido o diagnóstico de sepse, sepse
grave ou choque séptico, no momento em que foi coletada amostra para os
exames de rotina realizados nesses pacientes. Os pacientes do grupo sem
infecção tiveram a coleta realizada durante a avaliação pré-operatória para a
cirurgia eletiva proposta. A dosagem de ferritina sérica foi feita pelo método
de quimioluminescência através do aparelho IMMULITE
®
2000 fornecido
45
pelo laboratório DPC/Medlab. O material para dosagem da ferritina foi
patrocinado pelo autor.
Os valores de referência da ferritina sérica foram analisados conforme
a idade e o gênero do paciente, sendo expressos em ng/mL (Tabela 2.1)
3
.
Tabela 2.1 Valores de referência para ferritina na infância e na adolescência
(expressos em ng/mL).
Idade
Meninos
Meninas
Até 30 dias
1-6 meses
7-12 meses
13-60 meses
61-108 meses
109-168 anos
6-400
6-410
6-80
6-24
10-55
23-70
6-515
6-340
6-45
6-24
10-55
6-40
Adaptado de Brugnara C. Reference values in infancy and childhood. In: Nathan DG, Orkin SH eds.
Nathan and Oski’s Hematology of Infancy and Childhood. 5
th
ed. Philadelphia: W.B. Saunders
Company, 1998. p. xxii.
Índice Ferritina (IF)
Os valores de referência da ferritina variam conforme a idade e o
gênero. Por isso, foi aplicado um índice de correção neste estudo. O índice
ferritina corresponde à razão da ferritina sérica do paciente pelo valor normal
máximo da ferritina conforme a idade e o gênero, conforme a fórmula:
ferritina observada
IF = _______________________________________
ferritina normal máxima para idade e gênero
46
Por exemplo, para um paciente masculino de 10 meses de idade, o
valor da ferritina rica normal é de até 80 ng/mL. Se o valor encontrado for
80 ng/mL, o IF será 1; se for 50 ng/mL, se0,5; e se for 200 ng/mL, será
2,5.
47
2.2. Análise Estatística
Os dados quantitativos, devido a sua assimetria, foram descritos por
mediana, amplitude interquartil (percentil 25 a percentil 75) e valores nimo
e máximo.
Os dados categóricos foram descritos por contagens e percentuais.
Na comparação dos dados quantitativos entre dois grupos, usamos o teste U
de Mann-Whitney. Quando foram considerados três grupos, utilizamos o
teste de Kruskal-Wallis. Para localização de diferenças, utilizamos o
procedimento de Finner-Bonferroni sobre o teste de U de Mann-Whitney.
4
.
Para a representação gráfica da distribuição dos valores de ferritina,
IF e PCR, usamos o gráfico de Boxplot
5
.
Para estimar a probabilidade de pertencer a um determinado grupo
clinico, segundo os valores de ferritina, IF e PCR, utilizamos a técnica de
regressão logística ordinal, Este modelo foi baseado na pressuposição que
existe entre os 3 grupos estudados uma classificação ordinal e crescente de
gravidade clinica: sem infecção, sepse e sepse grave/choque séptico.
Adicionalmente, utilizamos pontos de corte específicos e estimamos
as taxas de ocorrência de óbito acima e abaixo desses valores, obtendo
risco relativo, seus respectivos intervalos de confiança e sua significância
estatística segundo o teste exato de Fisher
6
.
48
O nível de significância adotado neste estudo foi de alfa = 0,05. Os
dados foram processados e analisados com o auxílio dos programas: SPSS
versão 18 e Sigma Plot versão 11.
49
2.3. Considerações Éticas
O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão Científica e pelo
Comitê de Ética e Pesquisa do HSL da PUCRS sob o mero 09/04800
CEP, tendo sido considerado ética e metodologicamente adequado, de
acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentares de Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos (Resolução mero 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde) e com as Resoluções Normativas do Grupo de Pesquisa
e Pós-Graduação da PUCRS.
Foi obtido termo de consentimento informado para a coleta de
amostras de sangue para a realização dos exames de um dos responsáveis
pela criança. O modelo do termo de consentimento informado encontra-se
em anexo.
50
2.4. Referências Bibliográficas
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51
Capítulo 3
ARTIGO ORIGINAL
3.1. Página de Rosto
3.2. Introdução
3.3. Métodos
3.4. Resultados
3.5. Discussão
3.6. Referências Bibliográficas
3.7. Carta de Submissão
Observação
- Resumo e Abstract estão incluídos nas páginas xiv e xvi, respectivamente.
Não foram inseridos nesse capítulo para evitar repetições desnecessárias
no texto.
52
Título do artigo
Ferritina como marcador de resposta inflamatória sistêmica em crianças
criticamente doentes
Título em inglês
Ferritin as a marker of systemic inflammatory in critically ill children
Título abreviado
Ferritina como marcador inflamatório
Instituição
Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital São Lucas Pós-
Graduação em Pediatria Faculdade de Medicina Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul.
Correspondência
Dr. Dani Laks
Avenida Ipiranga 6690/708 Jardim Botânico Porto Alegre RS
CEP 90.610-000
Fone 55 (51) 3320-5041
Contagem total de palavras
3.086
53
Introdução
A ferritina é uma proteína armazenadora de ferro essencial para a sua
homeostase. É ela que disponibiliza o ferro para os processos celulares
críticos, ao mesmo tempo em que protege os lipídios, o ácido
desoxirribonucléico (DNA) e as proteínas dos efeitos tóxicos do ferro livre
1,2
.
Em condições inflamatórias, ocorre uma diversão do tráfico de ferro da
circulação para os sítios de estocagem do sistema reticuloendotelial,
podendo ocasionar hiperferritinemia
3
. A ferritina é considerada também uma
proteína de fase aguda, ou seja, uma proteína cuja concentração plasmática
aumenta ou diminui pelo menos 25% durante um processo inflamatório
4
.
Isso foi bem demonstrado vários anos por Elin e colegas. Voluntários
hígidos ao receber uma única injeção de endotoxina bacteriana ou
etiocolanolona esteróide indutora de febre, desenvolveram uma rápida
queda nos níveis de ferro sérico e um aumento nos níveis de ferritina sérica,
que durou pelo menos 10 dias
5
.
Na doença grave secundária à sepse, a resposta inflamatória é
desencadeada e níveis altos de citocinas pró-inflamatórias são liberadas em
fases iniciais da doença
6
. O aumento de interleucina-6, interleucina-8 e fator
de necrose tumoral ocasiona a alteração de alguns parâmetros
hematológicos, tais como número de leucócitos e velocidade de
hemossedimentação e estimula a síntese de algumas proteínas, como
ferritina, proteína C reativa (PCR) e procalcitonina. Uma vez que a sepse
grave é uma causa comum de morte em lactentes e crianças, tanto em
países desenvolvidos como em desenvolvimento, é muito importante que os
54
clínicos tenham ferramentas que possibilitem o reconhecimento precoce e o
prognóstico dessa condição
7,8,9
. Em pediatria, existem vários trabalhos
argumentando o valor da PCR e da procalcitonina dentro desse contexto,
mas pouco se sabe do papel da ferritina
10,11
. Nosso grupo publicou em 2007
o primeiro trabalho mostrando uma relação de hiperferritinemia e gravidade
em pacientes com sepse grave e choque séptico em pediatria
12
. No atual
estudo, examinamos o valor da ferritina e da proteína C reativa em crianças
sem e com quadro infeccioso, grave ou não, buscando pontos
discriminadores.
Métodos
Realizamos um estudo transversal controlado seguido de um estudo
de coorte histórico durante 24 meses (junho/2008 a junho/2010), no Hospital
São Lucas da PUCRS, Porto Alegre, Brasil. O estudo foi aprovado pelo
Comitê Cientifico e de Ética da instituição e as crianças foram incluídas no
estudo após a assinatura de termo de consentimento informado por um dos
pais. Foram incluídos pacientes de 1 mês a 18 anos oriundos de três
setores: ambulatório de Cirurgia Pediátrica (pacientes sem infecção),
Emergência Pediátrica (pacientes com sepse) e Unidade de Tratamento
Intensivo Pediátrica (pacientes com sepse grave/choque séptico). Na
inclusão foi respeitada uma taxa de captação dia de aproximadamente 6
pacientes por mês, chegando a um total de 147 pacientes. Os diagnósticos
de sepse, sepse grave e choque séptico foram baseados nas
55
recomendações do Colégio Americano de Pneumologistas (American
College of Chest Physicians ACCP) e pela Sociedade de Terapia Intensiva
(Society of Critical Care Medicine SCCM)
4
adaptadas para crianças
13
. Ou
seja: sepse correspondeu à infecção documentada ou suspeitada associada
a duas ou mais condições consideradas para síndrome da resposta
inflamatória sistêmica (SIRS); sepse grave caracterizou-se como sepse
associada à disfunção cardiovascular ou respiratória ou pelo menos duas
disfunções de outros órgãos, e choque séptico envolveu presença de
hipotensão mesmo após ressuscitação volumétrica adequada, ou
necessidade de utilização de fármacos vasopressores ou inotrópicos,
somada à presença de hipoperfusão. Os critérios de exclusão incluíram:
evidência de infecção por Plasmodium falciparum; história familiar ou
diagnóstico prévio de síndrome hemofagocítica; ter recebido sangue nos
últimos 4 meses, suspeita ou hepatite comprovada e presença de patologia
associada que reconhecidamente afete os níveis de ferritina.
A ferritina sérica e a PCR foram medidas no momento do diagnóstico
do quadro infeccioso e, no caso dos pacientes sem infecção, durante a
consulta de avaliação pré-operatória para cirurgia eletiva. A dosagem de
ferritina sérica foi feita pelo método de quimioluminescência (Immulite 2000,
DPC/Médlab; Diagnostics Products Corp., Medlab Produtos Medico-
Hospitalares Ltda, São Paulo, Brasil). A PCR foi medida através de
nefelometria utilizando o equipamento BN II. O índice ferritina (IF) foi
calculado usando a razão observada do valor da ferritina encontrada pelo
valor superior da normalidade ajustada para a idade e o gênero. Para os
meninos de 1-6 meses, 7-12 meses, 13-60 meses, 61-108 meses e 109-168
56
meses os valores respectivos foram 410, 80, 24, 55 e 70 ng/mL. Para as
meninas, os valores para os mesmos intervalos etários foram 340, 45, 24, 55
e 40 ng/mL
14
.
A análise estatística foi realizada com o auxílio dos programas
SPSS versão 18 e Sigma Plot versão 11. Os dados quantitativos devido a
sua assimetria foram descritos por mediana, amplitude interquartil (percentil
25 a percentil 75) e valores mínimo e ximo. Os dados categóricos foram
descritos por contagens e percentuais. Na comparação dos dados
quantitativos entre dois grupos, usamos o teste U de Mann-Whitney. Quando
foram considerados três grupos, utilizamos o teste de Kruskal-Wallis. Para
localização de diferenças, utilizamos o procedimento de Finner-Bonferroni
sobre o teste de U de Mann-Whitney. Para estimar a probabilidade de
pertencer a um determinado grupo clinico, segundo os valores de ferritina, IF
e PCR, utilizamos a técnica de regressão logística ordinal. Este modelo foi
baseado na pressuposição que existe entre os três grupos estudados uma
classificação ordinal e crescente de gravidade clinica: sem infecção, sepse e
sepse grave/choque séptico.
Adicionalmente utilizamos pontos de corte específicos e estimamos as
taxas de ocorrência de óbito acima e abaixo desses valores, obtendo risco
relativo, seus respectivos intervalos de confiança e sua significância
estatística segundo o teste exato de Fisher. O nível de significância adotado
neste estudo foi de alfa = 0,05.
57
Resultados
Foram arroladas para o estudo 147 crianças, que foram distribuídas
em três grupos: grupo sem infecção, com uma mediana de idade de 56
meses; grupo com sepse, com uma mediana de idade de 12 meses; e grupo
com sepse grave ou choque séptico, com uma mediana de idade de 9
meses. Houve uma predominância do sexo masculino muito parecida nos
três grupos (Tabela 3.1).
Tabela 3.1 Descrição da idade e do sexo dos pacientes nos grupos estudados
Característica
Sem Infecção
n = 41
Sepse
n = 39
SG/CS
n = 67
P
Idade, mediana (meses)
AIQ (P25 a P75)
56
a
(36 a 72)
12
b
(6 a 74)
9
b
(4 a 41)
0,017
Sexo masculino, nº (%)
28 (68,3)
25 (64,1)
41 (61,2)
0,757
SG/CS: sepse grave ou choque séptico. AIQ: amplitude interquartil (Percentil 25 a
Percentil 75). Letras-índice não coincidentes representam diferenças estatisticamente
significativas no procedimento de Finner-Bonferroni.
58
No grupo com sepse grave/choque séptico foram incluídas 67
crianças, que apresentaram as medianas de ferritina, IF e PCR mais
elevadas, sendo que as diferenças entre os grupos apresentaram
significância estatística (Tabela 3.2).
Tabela 3.2 Descrição dos valores observados para ferritina, índice de ferritina e
proteína C reativa dos pacientes nos grupos estudados
Característica
Sem Infecção
n = 41
Sepse
n = 39
SG/CS
n = 67
P
Ferritina, ng/mL
mediana
AIQ (P25 a P75)
29,0
a
(20,1 a 40,5)
101,0
b
(50,8 a 236,1)
287,0
c
(147,0 a
763,3)
<0,001
Índice de ferritina
mediana
AIQ (P25 a P75)
0,6
a
(0,4 a 1,0)
1,3
b
(0,6 a 3,8)
2,8
c
(0,9 a 10,0)
<0,001
PCR, mg/dL
mediana
AIQ (P25 a P75)
0,5
a
(0,5 a 0,5)
1,8
b
(1,0 a 6,8)
6,5
c
(2,7 a 18,1)
<0,001
SG/CS: sepse grave ou choque séptico. AIQ: amplitude interquartil (Percentil 25 a
Percentil 75). Letras-índice não coincidentes representam diferenças estatisticamente
significativas no procedimento de Finner-Bonferroni.
59
Os níveis de ferritina se mostraram mais elevados no grupo com
sepse grave/choque séptico. Na Figura 3.1, estão indicados alguns pontos
diferenciais como, por exemplo, o P75 do grupo sem infecção (41 ng/mL), o
P75 do grupo com sepse (236 ng/mL), e o P75 do grupo com sepse
grave/choque séptico (763 ng/mL). Houve significância estatística entre os
três grupos analisados. Utilizando-se o modelo de regressão logística
ordinal, verificamos que valores de ferritina até 100 ng/mL não conseguem
diferenciar os grupos. Entretanto, a partir de um valor próximo à mediana
(287 ng/mL) ocorre um aumento significativo na probabilidade do paciente
pertencer ao grupo de sepse grave/choque séptico, confirmando os achados
mostrados na Figura 3.1. A partir deste ponto, há um deslocamento da curva
para cima dos pacientes deste grupo. Acima de aproximadamente 760
ng/mL de ferritina, torna-se provável que o paciente apresente uma situação
clínica mais severa. As curvas dos pacientes do grupo sem infecção e sepse
comportam-se de maneira muito semelhante a partir do ponto em que ocorre
o deslocamento da curva dos pacientes do grupo sepse grave/choque
séptico (Figura 3.2).
60
Figura 3.1 Boxplot representando a distribuição dos valores de ferritina
entre os grupos estudados
61
Figura 3.2 Probabilidade (estimada em modelo de regressão logística ordinal) de
pertencer a um determinado grupo segundo valores de ferritina.
62
A análise da distribuição dos valores do IF mostra valores mais
elevados deste índice no grupo com sepse grave/choque séptico de maneira
estatisticamente significativa, semelhante ao que ocorre na análise da
ferritina. A comparação deste índice entre os grupos com sepse e sem
infecção não mostrou significância estatística clássica (Figura 3.3).
A probabilidade de pertencer ao grupo de sepse grave/choque séptico
aumenta a partir do valor do IF de 4 de maneira substancial quando ocorre
um deslocamento da curva do grupo com sepse grave ou choque séptico
dos demais grupos. A partir de 10, não há praticamente chance do
paciente se apresentar sem infecção ou com sepse (Figura 3.4).
Figura 3.3 Boxplot representando a distribuição dos valores do índice ferritina
entre os grupos estudados
63
Figura 3.4 Probabilidade (estimada em modelo de regressão logística ordinal) de
pertencer a um determinado grupo segundo valores de índice ferritina.
64
A análise da distribuição dos valores de PCR nos permite verificar
valores mais elevados para o grupo de sepse grave/choque séptico. O
percentil 75 deste grupo foi 18 mg/dL, enquanto o percentil 75 do grupo com
sepse foi 7 mg/dL. O resultado encontrado no grupo sem infecção foi muito
homogêneo, com valores baixos (Figura 3.5). A chance de pertencer ao
grupo de sepse grave/choque séptico aumenta de maneira substancial após
8 mg/dL e, acima de 10 mg/dL, a probabilidade é muito elevada para que o
paciente pertença a essa categoria (Figura 3.6).
Figura 3.5 Boxplot representando a distribuição dos valores de proteína C reativa
entre os grupos estudados
65
Figura 3.6 Probabilidade (estimada em modelo de regressão logística ordinal) de
pertencer a um determinado grupo segundo valores de proteína C reativa (PCR).
66
A análise dos óbitos no grupo com sepse grave/choque séptico
mostrou que os pacientes que sobreviveram apresentavam níveis menores
de ferritina. Dos 67 pacientes analisados, 19 evoluíram para óbito. A
mediana dos valores de ferritina para esse grupo foi de 777 ng/mL (p25-p75
= 283-1.605 ng/mL). Os sobreviventes apresentaram uma mediana de 238
ng/mL (p25-p75 = 122-527 ng/mL). Houve diferença estatística entre os
grupos (P = 0,004) (Figura 3.7).
n = 19 n = 48
Figura 3.7 Boxplot representando a distribuição dos valores de ferritina
entre pacientes que foram ao óbito e sobreviventes
67
A análise do IF nos pacientes que evoluíram ao óbito mostrou-se
semelhante à análise realizada com a ferritina. A mediana dos valores do IF
dos pacientes que foram a óbito foi de 7.7 (p25-p75 = 2,2-30,8). Os
sobreviventes apresentaram uma mediana de 2,0 (p25-p75 = 0,7-8,3).
Houve diferença estatística entre os grupos (P = 0,004) (Figura 3.8).
n = 19 n = 48
Figura 3.8 Boxplot representando a distribuição dos valores do índice ferritina
entre pacientes que foram ao óbito e sobreviventes
68
A análise da PCR não mostrou diferença estatística entre os
pacientes que foram a óbito e os sobreviventes (P = 0,702). A mediana dos
valores da PCR dos pacientes que foram a óbito foi de 6,58 mg/dL (p25-p75
= 3,63-17 mg/dL). Os sobreviventes apresentaram uma mediana de 6,3
mg/dL (p25-p75 = 2,3-19,1 mg/dL) (Figura 3.9).
n = 19 n = 48
Figura 3.9 Boxplot representando a distribuição dos valores da proteína C reativa
entre pacientes que foram ao óbito e sobreviventes
69
Metade dos pacientes com ferritina acima de 500 ng/mL evoluíram ao
óbito, enquanto apenas cerca de 15% das 41 crianças com menos de 500
ng/mL de ferritina evoluíram ao óbito. O risco relativo da ferritina para o óbito
foi de 3,41, sendo estatisticamente significativo. O mesmo não foi observado
com a PCR, utilizando-se como ponto de corte 8 mg/dL (Tabela 3.3).
Tabela 3.3 Risco relativo para ocorrência de óbito segundo valores de ferritina e
proteína C reativa
Óbito
Variável
n
%
RR
IC95%
P
Ferritina, ng/mL
≥500
26
13
50,0
3,41
1,49 a 7,86
0,002
<500
41
6
14,6
Índice de Ferritina
≥1,7
42
17
40,5
5,06
1,27 a 20,09
0,005
<1,7
25
2
8,0
PCR, mg/dL
≥8
27
7
25,9
0,82
0,27 a 2,44
0,787
<8
40
12
30,0
RR: risco relativo, IC: intervalo de confiança
70
Discussão
Nosso estudo demonstra, pela primeira vez, pontos de corte na
medida da ferritina em crianças com infecção. Valores da ferritina acima de
280 ng/dL estão relacionados a uma alta probabilidade de doença mais
grave (sepse grave/choque séptico) e ferritina acima de 700 ng/dL
praticamente afasta outras possibilidades. Pacientes com quadro infeccioso
menos grave (sepse), apresentaram mediana da ferritina em torno de 100
ng/dL, enquanto pacientes sem infecção apresentaram mediana de apenas
29 ng/dL. Níveis de ferritina acima de 500 ng/dL foram relacionados a uma
estimativa maior de mortalidade, com risco relativo de 3,41 (P=0,002).
vários estudos relacionando proteínas de fase aguda como a PCR
e a procalcitonina à severidade de um quadro infeccioso em crianças e
adultos
15,16
. Todavia, pouco se sabe sobre o papel da ferritina, igualmente
uma proteína de fase aguda, nesse contexto.
Para a classificação de sepse nas crianças estudadas, utilizamos as
definições da conferência internacional para definição de sepse, revisadas e
adaptadas para crianças em 2005
13,17
. As medidas de ferritina foram
coletadas tão logo existisse alto nível de suspeição de infecção em
atividade. Encontramos valores de ferritina mais elevados nos pacientes com
sepse grave/choque séptico. Medidas que giram em torno da mediana do
grupo sepse (100 ng/mL) são pouco informativos, porém a partir da mediana
do grupo sepse severa/choque séptico (287 ng/mL), a probabilidade de
estarmos frente a um quadro infeccioso grave aumentou significativamente.
Estes dados estão em consonância com os achados na literatura de estudos
71
em pacientes adultos
3,18
. Allen e colegas publicaram recentemente os
resultados de um estudo no qual exaltam a facilidade com que o teste de
ferritina pode ser realizado e as vantagens de sua rápida resposta (em
nosso trabalho o resultado do teste era fornecido no máximo 24 horas após
a sua coleta). O estudo avaliou níveis elevados de ferritina e ocorrência de
linfohistiocitose hemofagocítica, uma síndrome letal caracterizada por febre,
esplenomegalia, citopenias, hipertrigliceridemia, hipofibrinogenemia,
anormalidade funcional da célula natural killer (NK), elevados níveis de
intelerucina-2 solúvel e ferritina acima de 500 ng/dL. Nesse estudo
retrospectivo, a mediana da ferritina em pacientes com infecção bacteriana
foi de 972 ng/dL, enquanto a mediana dos pacientes com hemofagocitose foi
de 15.830 ng/dL. De 330 pacientes com ferritina acima de 550 ng/dL, 10
foram diagnosticados com linfohistiocitose hemofagocítica e os autores
concluíram que níveis de ferritina acima de 10.000 ng/dL são específicos e
sensíveis para o diagnóstico da síndrome
19
. Em nosso estudo apenas um
paciente apresentou ferritina acima de 10.000 ng/dL. Em carta ao editor, a
Dra. Letícia Castillo argumenta, por sua vez, que existe uma importante
sobreposição das manifestações clinicas e inflamatórias nos pacientes com
sepse (e suas diferentes estratificações) com a linfohistiocitose
hemofagocítica e recomenda cuidados ao fixar um diagnóstico da síndrome
fagocítica baseado na hiperferritinemia
20
.
Em nosso trabalho também pudemos estimar a probabilidade de um
determinado paciente pertencer ao grupo sem infecção, sepse e sepse
grave/choque séptico de acordo com o cálculo do IF e PCR. Tanto o nível de
IF como o de PCR mostraram-se mais elevados no grupo mais grave.
72
Valores de IF acima de 4 e PCR acima de 8 mg/dL parecem ser pontos de
corte plausíveis para identificar os pacientes com sepse grave/choque
séptico. Não relatos na literatura para que possamos comparar os
resultados encontrados do IF. Em relação à PCR, nossos resultados
mostraram que também houve diferença significativa dos valores
encontrados nos pacientes dos três grupos estudados. Podemos sugerir que
pacientes com PCR maior do que 10 mg/dL m uma grande probabilidade
de apresentar sepse grave/choque séptico. Esses resultados são diferentes
dos encontrados na literatura, que não conseguiram diferenciar os pacientes
com sepse daqueles com choque séptico através do valor da PCR. Porém,
assim como nos trabalhos publicados, também não encontramos relação
entre a PCR e a ocorrência de óbito
15,16,21
. Todavia observamos uma
estimativa de óbito aumentada em pacientes com ferritina acima 500 ng/dL
e, nos pacientes com o IF acima de 1,7, o risco relativo para o óbito chegou
a 5,06 (P = 0,005).
Houve limitações em nosso trabalho. Os diagnósticos de sepse foram
baseados em dados clínicos, uma vez que o obtivemos a identificação
bacteriológica dos germes envolvidos. Além disso, medidas laboratoriais
adicionais do perfil do ferro, tais como ferro sérico e saturação da
transferrina, não foram coletadas. Também não fizemos exames específicos
para descartar síndrome hemofagocítica nos pacientes com ferritina acima
de 10.000 ng/mL, mas como encontramos apenas um paciente com ferritina
acima desse valor, a análise estatística não teve prejuízo. Por fim, existem
vários trabalhos mostrando que a procalcitonina é um biomarcador melhor
73
do que a PCR para avaliação de sepse
10,16,22
, porém é um exame que não
está disponível em nosso meio.
Concluímos que a ferritina é um importante biomarcador para sepse e
tem relação com estimativa de mortalidade nestes pacientes. Estudos
futuros que a comparem com a PCR e a procalcitonina devem ser
realizados.
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76
Carta de Submissão
Ferritina como marcador de resposta inflamatória sistêmica
em crianças criticamente doentes
Os autores desse trabalho declaram que:
a. o artigo é original;
b. nunca foi publicado e, caso venha a ser aceito pelo Jornal de
Pediatria, não será publicado em outra revista;
c. não foi enviado a outra revista e não será enquanto sua publicação
estiver sendo considerada pelo Jornal de Pediatria;
d. todos os autores participaram da concepção do trabalho, da análise e
interpretação dos dados, da sua redação ou revisão crítica e leram e
aprovaram a redação final;
e. não foram omitidas informações sobre quaisquer ligações ou acordos
de financiamento entre os autores e companhias ou pessoas que
possam ter interesse no material abordado no artigo;
f. todas as pessoas que fizeram contribuições substanciais para o
artigo, mas não preencheram os critérios de autoria, são citadas nos
agradecimentos, para o que forneceram autorização por escrito e
reconhecem que a Sociedade Brasileira de Pediatria passa a ter os
direitos autorais, caso o artigo venha a ser publicado.
Atenciosamente,
Dani Laks
Pedro Celiny Ramos Garcia
77
Capítulo 4
CONCLUSÕES
78
Conclusões
Os resultados obtidos neste estudo permitem as seguintes
conclusões:
1. A ferritina tem valor como biomarcador de sepse em criança e
propomos com pontos de corte valores acima de 280 ng/dL para
pacientes com sepse severa/choque séptico e 100 ng/dL para
pacientes com sepse.
2. A ferritina é um teste laboratorial exeqüível, amplamente disponível e
de fácil utilização para a rotina do pediatra, podendo ser utilizada
como biomarcador de resposta inflamatória sistêmica em infecções.
3. uma maior probabilidade de ocorrência de óbito quando a ferritina
ultrapassa 500 ng/dL em pacientes criticamente enfermos e
infectados internados em unidade de cuidados intensivos pediátricos.
79
ANEXO
80
Termo de Consentimento Informado
FERRITINA COMO MARCADOR DE RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA EM CRIANÇAS
CRITICAMENTE DOENTES
O (A) seu (sua) filho (a) está apresentando o quadro clínico de uma infecção ou está apenas
realizando coleta de exames para um procedimento cirúrgico eletivo.
É importante que se possa reconhecer precocemente manifestações que indiquem gravidade em
um quadro infeccioso, pois a infecção pode causar a morte da criança. Sabemos que existem substâncias
presentes no sangue que aumentam ou diminuem na presença de infecção e que se encontram associadas à
resolução favorável ou não da doença (chamamos essas substâncias de marcadores prognósticos). Então, o
objetivo deste estudo é de analisar as substâncias ferritina e proteína C reativa, que devem se encontrar
aumentadas em crianças com infecção. Na maioria das vezes, quanto mais alto for o valor encontrado, pior a
evolução do quadro clínico. Sabendo disso, poderíamos definir quais as crianças que necessitariam de um
tratamento mais intensivo precocemente. Como se pressupõem que crianças sem infecção apresentam níveis de
ferritina e de proteína C reativa normais, é importante avaliar seus níveis também nessas crianças, para podermos
compará-los aos níveis encontrados nas crianças com infecção.
Para dosar a ferritina e a proteína C reativa, é preciso 2 mL de sangue, que serão retirados no
mesmo momento da coleta de amostras sangüíneas para a realização dos exames realizados rotineiramente no
atendimento do paciente. Essa amostra será enviada e analisada no laboratório deste Hospital.
A concordância em participar deste estudo não implica em qualquer modificação no tratamento
que está sendo feito ao seu (sua) filho (a), nem os resultados obtidos terão efeito sobre ele (a). Da mesma
forma, a não concordância em participar deste estudo não irá alterar de nenhuma maneira o tratamento já
estabelecido.
Eu, ______________________________, responsável por ______________________________,
fui informado (a) dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada, podendo esclarecer as minhas
dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações com a Dr. Dani Laks através do
telefone 9678-0948. Para qualquer dúvida sobre os meus direitos como participante deste estudo posso entrar em
contato com o Dr. Pedro Celiny Ramos Garcia através do telefone 3320-3000 (ramal 2280). O (A) Dr (a).
________________________ certificou-me de que todos os dados desta pesquisa referentes ao (à) meu (minha)
filho (a) serão confidenciais, bem como o seu tratamento não será modificado em razão desta pesquisa.
Declaro que recebi cópia do presente termo de consentimento.
__________________________ ___________________________
Assinatura do Responsável Assinatura do Pesquisador
Este formulário foi lido para ______________________________ em ____/____/____ pelo (a) Dr
(a). _______________________________ enquanto eu, ______________________________, estava presente.
__________________________
Assinatura da Testemunha
Porto Alegre, ____ de _______________ de ______.
81
ANDICE
82
REGISTRO
ORIGEM
IDADE
GENERO
PESO
INFECCAO
PREOP
FERRITINA
IFERRO
PCR
LEUC
BASTOES
OBITO
2521
CIRURGIA PEDIATRICA
60,00
1,00
33,00
AMIGDALA
23,50
0,43
0,60
3400,00
1016,00
99,00
2558
CIRURGIA PEDIATRICA
42,00
1,00
16,00
CISTO DERMOIDE
7,00
0,29
0,50
8300,00
83,00
99,00
DK6591
CIRURGIA PEDIATRICA
48,00
1,00
16,00
HERNIA
43,00
1,79
0,50
7100,00
71,00
99,00
DK6587
CIRURGIA PEDIATRICA
72,00
2,00
41,00
ORELHA ABANO
64,00
1,16
0,50
5500,00
55,00
99,00
DK7380
CIRURGIA PEDIATRICA
36,00
1,00
18,00
HERNIA
36,00
1,50
0,50
8500,00
0,00
99,00
DI4205
CIRURGIA PEDIATRICA
84,00
1,00
22,00
POSTECTOMIA
29,00
0,53
0,50
8600,00
0,00
99,00
DK6736
CIRURGIA PEDIATRICA
36,00
2,00
15,00
AMIGDALA
35,00
1,46
0,50
11300,00
226,00
99,00
DK4769
CIRURGIA PEDIATRICA
36,00
1,00
17,50
HIPOSPADIA
24,50
1,02
0,60
4500,00
180,00
99,00
DB6918
CIRURGIA PEDIATRICA
48,00
1,00
23,00
HERNIA
111,00
4,63
0,80
6940,00
0,00
99,00
DK8972
CIRURGIA PEDIATRICA
72,00
1,00
25,00
FIMOSE
37,60
0,68
0,50
7200,00
360,00
99,00
DK8581
CIRURGIA PEDIATRICA
60,00
1,00
21,00
FIMOSE
31,70
0,58
0,50
11700,00
0,00
99,00
DK8725
CIRURGIA PEDIATRICA
72,00
2,00
20,00
HERNIA
38,00
0,69
0,50
7700,00
144,00
99,00
2538
CIRURGIA PEDIATRICA
22,00
1,00
15,00
AMIGDALA
14,00
0,58
0,50
10500,00
20,00
99,00
2539
CIRURGIA PEDIATRICA
48,00
1,00
20,00
AMIGDALA
20,00
0,83
0,50
8100,00
36,00
99,00
2540
CIRURGIA PEDIATRICA
13,00
1,00
34,00
ADENOIDES
24,00
1,00
0,60
4000,00
1890,00
99,00
DK7306
CIRURGIA PEDIATRICA
60,00
2,00
20,00
HERNIA ING.
26,10
0,47
0,50
7900,00
158,00
99,00
DK2925
CIRURGIA PEDIATRICA
6,00
1,00
7,50
HERNIA ING.
11,00
0,03
0,50
11800,00
118,00
99,00
754006
CIRURGIA PEDIATRICA
132,00
1,00
38,50
CRIPTORQUIDIA
37,80
0,54
0,50
6100,00
61,00
99,00
DK7985
CIRURGIA PEDIATRICA
60,00
1,00
23,50
CRIPTORQUIDIA
94,20
1,71
0,50
10100,00
110,00
99,00
755482
CIRURGIA PEDIATRICA
56,00
2,00
20,00
HERNIA EPIG.
84,50
3,52
4,20
12700,00
635,00
99,00
754015
CIRURGIA PEDIATRICA
57,00
2,00
19,00
CISTO DERMOIDE
22,70
0,95
0,50
6600,00
132,00
99,00
DI4453
CIRURGIA PEDIATRICA
87,00
1,00
20,00
FREIO LINGUA
30,30
0,55
0,50
6300,00
0,00
99,00
DD3970
CIRURGIA PEDIATRICA
46,00
2,00
18,00
HERNIA ING.
21,00
0,88
0,50
13200,00
182,00
99,00
DI5707
CIRURGIA PEDIATRICA
18,00
1,00
13,00
CRIPTORQUIDIA
6,80
0,28
0,50
10400,00
208,00
99,00
758017
CIRURGIA PEDIATRICA
67,00
2,00
24,00
HERNIA EPIG.
37,50
0,68
0,50
7000,00
245,00
99,00
755488
CIRURGIA PEDIATRICA
38,00
2,00
12,00
HERNIA ING.
34,00
1,42
0,50
11300,00
113,00
99,00
755725
CIRURGIA PEDIATRICA
4,00
1,00
5,60
HERNIA ING.
43,00
0,10
0,50
7000,00
70,00
99,00
DL3083
CIRURGIA PEDIATRICA
13,00
1,00
11,00
HERNIA ING.
6,30
0,26
0,60
8300,00
83,00
99,00
DL2112
CIRURGIA PEDIATRICA
65,00
2,00
22,00
HERNIA
28,50
0,52
0,50
9900,00
99,00
99,00
DL2145
CIRURGIA PEDIATRICA
38,00
1,00
13,00
CRIPTO
14,00
0,58
0,50
11300,00
226,00
99,00
DD1221
CIRURGIA PEDIATRICA
60,00
1,00
21,00
HERNIA
24,30
0,44
0,50
6700,00
67,00
99,00
DK8760
CIRURGIA PEDIATRICA
40,00
2,00
16,00
HERNIA EPIG
12,00
0,50
0,50
7800,00
0,00
99,00
753104
CIRURGIA PEDIATRICA
144,00
1,00
38,50
HERNIA UMBILICAL
27,70
0,40
0,50
5100,00
51,00
99,00
753307
CIRURGIA PEDIATRICA
73,00
2,00
39,00
AMIGDALA
65,00
1,18
0,50
4100,00
0,00
99,00
DL5542
CIRURGIA PEDIATRICA
2,00
1,00
5,20
HERNIA
185,00
0,45
0,50
7400,00
148,00
99,00
DL5770
CIRURGIA PEDIATRICA
72,00
2,00
17,50
AMIGDALA
47,40
0,86
0,50
8300,00
0,00
99,00
DL5837
CIRURGIA PEDIATRICA
12,00
1,00
9,50
FREIO LINGUA
17,90
0,75
0,50
13900,00
278,00
99,00
83
REGISTRO
ORIGEM
IDADE
GENERO
PESO
INFECCAO
PREOP
FERRITINA
IFERRO
PCR
LEUC
BASTOES
OBITO
REGISTRO
ORIGEM
IDADE
GENERO
PESO
INFECCAO
PREOP
FERRITINA
IFERRO
PCR
LEUC
BASTOES
OBITO
DL4369
CIRURGIA PEDIATRICA
10,00
1,00
9,00
HERNIA
51,40
0,64
0,50
8400,00
1688,00
99,00
DK4566
CIRURGIA PEDIATRICA
120,00
1,00
35,00
ENXERTO OSSEO
20,10
0,29
0,50
6000,00
0,00
99,00
DK4968
CIRURGIA PEDIATRICA
84,00
1,00
28,00
POSTECTOMIA
30,30
0,55
0,50
6300,00
0,00
99,00
853566
CIRURGIA PEDIATRICA
96,00
1,00
32,00
HEMANGIOMA
16,30
0,30
0,50
5400,00
108,00
99,00
756770
EMERGÊNCIA
108,00
2,00
18,00
BCP
99,00
1,80
0,70
11000,00
660,00
99,00
757076
EMERGÊNCIA
12,00
2,00
9,50
BCP
61,00
2,54
0,50
6100,00
183,00
99,00
755880
EMERGÊNCIA
9,00
2,00
7,00
BCP
126,00
2,80
1,10
5400,00
54,00
99,00
726886
EMERGÊNCIA
3,00
1,00
6,40
BCP
153,00
0,37
1,80
15800,00
632,00
99,00
756174
EMERGÊNCIA
6,00
2,00
9,00
BCP
71,00
0,21
2,50
13500,00
1215,00
99,00
755481
EMERGÊNCIA
2,00
2,00
3,50
MENINGITE
309,00
0,91
12,00
11200,00
2464,00
99,00
735080
EMERGÊNCIA
24,00
1,00
12,00
BCP
47,70
1,99
6,80
9000,00
450,00
99,00
756853
EMERGÊNCIA
69,00
2,00
22,00
AMIGDALITE
50,80
0,92
11,80
19700,00
2364,00
99,00
757567
EMERGÊNCIA
2,00
2,00
4,30
PNA
262,60
0,77
4,40
16400,00
164,00
99,00
754732
EMERGÊNCIA
13,00
1,00
9,50
ITR
211,70
8,82
1,70
7800,00
312,00
99,00
757645
EMERGÊNCIA
16,00
2,00
9,00
BCP
31,60
1,32
2,00
10400,00
520,00
99,00
757643
EMERGÊNCIA
9,00
1,00
8,00
PNA
149,30
1,87
14,00
18700,00
1216,00
99,00
588686
EMERGÊNCIA
109,00
1,00
26,00
APENDICITE
39,90
0,73
0,60
8200,00
0,00
99,00
692291
EMERGÊNCIA
149,00
1,00
42,00
ITR
139,80
2,00
2,80
1700,00
34,00
99,00
676134
EMERGÊNCIA
97,00
1,00
40,00
BCP
268,20
4,88
22,60
21300,00
2343,00
99,00
756238
EMERGÊNCIA
4,00
1,00
8,50
BCP
43,40
0,11
0,90
6100,00
183,00
99,00
744969
EMERGÊNCIA
12,00
1,00
10,00
ITR
17,90
0,75
0,70
8600,00
602,00
99,00
756854
EMERGÊNCIA
1,00
1,00
4,50
ITR
394,60
0,96
0,80
8500,00
85,00
99,00
742678
EMERGÊNCIA
60,00
1,00
18,00
GEA
39,20
0,71
0,50
11400,00
114,00
99,00
580981
EMERGÊNCIA
127,00
2,00
42,00
ITR
92,90
2,32
1,80
10500,00
0,00
99,00
727608
EMERGÊNCIA
22,00
1,00
11,00
BCP
77,80
3,24
1,40
12300,00
1107,00
99,00
746470
EMERGÊNCIA
88,00
2,00
22,00
BCP
246,00
4,47
1,40
7100,00
923,00
99,00
535000
EMERGÊNCIA
134,00
1,00
29,00
BCP/OMA
420,00
6,00
10,00
13500,00
1890,00
99,00
757273
EMERGÊNCIA
1,00
1,00
4,50
ITR
236,10
0,58
1,10
7600,00
152,00
99,00
757748
EMERGÊNCIA
25,00
2,00
11,00
BCP
180,00
7,50
28,90
12900,00
1935,00
99,00
757899
EMERGÊNCIA
2,00
1,00
4,00
BCP
32,90
0,08
1,00
12700,00
1270,00
99,00
734060
EMERGÊNCIA
1,30
1,00
4,60
BCP
7,50
0,02
1,60
8900,00
89,00
99,00
709953
EMERGÊNCIA
120,00
1,00
28,00
BCP
35,00
0,50
8,70
14500,00
1595,00
99,00
701675
EMERGÊNCIA
72,00
1,00
22,00
BCP
212,00
3,85
8,00
20700,00
207,00
99,00
744882
EMERGÊNCIA
7,00
1,00
7,30
ITR
61,20
0,77
1,60
9100,00
1183,00
99,00
1107736
EMERGÊNCIA
74,00
1,00
17,00
ITU
162,90
2,96
0,60
9500,00
0,00
99,00
743591
EMERGÊNCIA
9,00
1,00
10,00
ITR
68,00
0,85
6,00
19800,00
990,00
99,00
526766
EMERGÊNCIA
120,00
1,00
20,00
BCP
1409,00
20,13
5,80
13300,00
800,00
99,00
84
REGISTRO
ORIGEM
IDADE
GENERO
PESO
INFECCAO
PREOP
FERRITINA
IFERRO
PCR
LEUC
BASTOES
OBITO
724468
EMERGÊNCIA
6,00
2,00
4,00
BCP
138,30
0,41
1,50
5900,00
590,00
99,00
726970
EMERGÊNCIA
3,00
1,00
4,60
BCP
250,50
0,61
0,80
17800,00
1780,00
99,00
710331
EMERGÊNCIA
20,00
1,00
6,50
BCP
98,00
4,08
3,30
18100,00
1,00
99,00
759055
EMERGÊNCIA
6,00
1,00
10,00
ITR
66,10
0,16
3,80
13700,00
1096,00
99,00
982372
EMERGÊNCIA
12,00
2,00
12,00
0MA
101,00
2,24
1,90
9700,00
97,00
99,00
692353
EMERGÊNCIA
9,00
2,00
8,00
BCP
305,40
6,79
7,60
18600,00
14,00
99,00
638944
CTI
2,00
1,00
4,20
BCP
314,00
0,77
13,80
16400,00
2840,00
2,00
644915
CTI
94,00
1,00
24,00
BCP
186,00
3,38
12,10
27000,00
1953,00
2,00
633678
CTI
1,00
1,00
4,10
TGI
618,00
1,51
0,51
21800,00
1950,00
2,00
592184
CTI
37,00
1,00
6,80
BCP
923,00
38,46
12,50
38400,00
2688,00
2,00
640950
CTI
1,00
2,00
2,70
BCP
147,00
0,43
7,23
4100,00
451,00
2,00
624190
CTI
10,00
2,00
6,10
PNA
44,60
0,99
0,31
5600,00
280,00
2,00
653436
CTI
3,00
1,00
6,50
BCP
332,00
0,81
32,40
22400,00
4704,00
2,00
634916
CTI
6,00
1,00
3,00
BCP
1139,00
0,00
3,63
12400,00
124,00
1,00
652457
CTI
4,00
1,00
5,00
BCP
155,00
0,38
0,32
19600,00
196,00
2,00
646058
CTI
3,00
1,00
5,70
BCP
211,00
0,51
2,32
45200,00
4520,00
2,00
641390
CTI
5,00
1,00
8,00
BCP
47,20
0,12
18,30
6300,00
2016,00
2,00
648579
CTI
4,00
1,00
5,00
BCP
287,00
0,70
5,40
40300,00
14105,00
2,00
640624
CTI
15,00
2,00
13,00
BCP
49,70
2,07
5,58
6600,00
726,00
1,00
656577
CTI
14,00
1,00
8,00
BCP
292,00
12,17
5,53
7600,00
1672,00
1,00
636779
CTI
3,00
1,00
3,30
BCP
1495,00
0,00
2,77
25300,00
2530,00
1,00
641045
CTI
9,00
2,00
5,00
BCP
16,90
0,38
0,68
16700,00
8016,00
1,00
639931
CTI
4,00
1,00
6,70
BCP
4718,00
0,01
15,40
22600,00
4746,00
1,00
654738
CTI
72,00
1,00
17,00
TGI
146,00
2,65
14,00
11000,00
2420,00
1,00
535061
CTI
66,00
1,00
14,80
BCP
2210,00
0,04
6,41
500,00
0,00
1,00
650225
CTI
1,00
2,00
4,70
PELE
17836,00
0,05
3,15
42900,00
10725,00
1,00
641607
CTI
6,00
1,00
7,00
BCP
76,50
0,19
0,59
8500,00
425,00
2,00
638429
CTI
41,00
2,00
14,00
BCP
20,90
0,87
2,83
30600,00
3060,00
2,00
656593
CTI
46,00
2,00
12,50
BCP
143,00
5,96
7,32
13600,00
2040,00
2,00
586871
CTI
30,00
1,00
9,76
BCP
185,00
7,71
6,58
11600,00
2784,00
1,00
638972
CTI
120,00
2,00
31,00
BCP
271,00
6,78
3,58
12000,00
720,00
2,00
641513
CTI
4,00
2,00
5,00
ITU
732,00
2,15
26,80
8300,00
2050,00
1,00
591754
CTI
36,00
1,00
12,50
TGI
170,00
7,08
16,50
10500,00
1260,00
2,00
658973
CTI
2,00
2,00
4,00
BCP
386,00
1,14
24,00
13000,00
520,00
2,00
657767
CTI
6,00
1,00
3,60
BCP
777,00
1,90
18,10
8200,00
902,00
1,00
654783
CTI
6,00
1,00
3,70
BCP
538,00
1,31
2,50
15300,00
150,00
2,00
656681
CTI
10,00
1,00
5,90
BCP
583,00
7,29
43,50
25000,00
3000,00
2,00
85
REGISTRO
ORIGEM
IDADE
GENERO
PESO
INFECCAO
PREOP
FERRITINA
IFERRO
PCR
LEUC
BASTOES
OBITO
657221
CTI
4,00
1,00
4,00
BCP
197,00
0,48
13,80
24700,00
1729,00
2,00
663187
CTI
3,00
2,00
3,40
BCP
417,00
1,23
6,00
12100,00
353,00
2,00
663355
CTI
50,00
2,00
21,00
BCP
500,00
20,83
36,00
22800,00
4104,00
2,00
663836
CTI
48,00
2,00
24,50
TGI
206,00
8,58
19,60
30700,00
5833,00
2,00
663829
CTI
38,00
1,00
12,00
BCP
378,00
15,75
19,90
20600,00
412,00
2,00
664387
CTI
75,00
1,00
25,00
BCP
1402,00
0,03
30,60
40600,00
7600,00
2,00
655054
CTI
36,00
1,00
13,00
BCP
68,00
2,83
20,40
11200,00
112,00
2,00
720019
CTI
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2,00
34,00
BCP
114,40
2,08
7,32
9600,00
6690,00
2,00
720101
CTI
39,00
1,00
15,00
BCP
236,00
9,83
4,00
16600,00
1162,00
2,00
709360
CTI
7,00
2,00
6,00
BCP
1385,00
30,78
22,60
10000,00
3900,00
1,00
633327
CTI
204,00
2,00
45,00
BCP
282,60
7,07
7,40
31800,00
4770,00
1,00
731284
CTI
6,00
1,00
5,60
ITU
501,10
1,22
5,90
19500,00
195,00
1,00
732737
CTI
6,00
2,00
9,80
BCP
60,90
0,18
0,50
15400,00
2926,00
2,00
730696
CTI
4,00
1,00
4,50
BCP
5977,80
14,58
0,50
5000,00
600,00
1,00
707404
CTI
48,00
1,00
15,00
BCP
1232,80
51,37
30,70
7200,00
72,00
2,00
497871
CTI
36,00
1,00
30,00
BCP
52,80
2,20
0,40
8700,00
87,00
2,00
735081
CTI
3,00
2,00
5,80
BCP
282,40
0,83
14,70
14000,00
1540,00
2,00
643156
CTI
132,00
1,00
33,00
TGI
412,20
5,89
5,40
6400,00
1984,00
2,00
728587
CTI
5,00
2,00
4,20
BCP
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2,11
1,40
8900,00
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2,00
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CTI
120,00
1,00
47,00
BCP
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9,07
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27600,00
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2,00
729433
CTI
5,00
1,00
8,50
BCP
169,80
0,41
1,50
12000,00
480,00
2,00
662187
CTI
48,00
1,00
15,70
BCP
239,70
9,99
4,00
6800,00
544,00
2,00
735961
CTI
4,00
1,00
5,60
BCP
4043,90
9,86
6,60
12300,00
1353,00
2,00
735530
CTI
3,00
1,00
4,30
BCP
1247,50
3,04
0,70
4700,00
47,00
2,00
736571
CTI
3,00
1,00
3,00
BCP
43,10
0,11
5,10
14900,00
2384,00
2,00
725127
CTI
4,00
2,00
5,00
BCP
83,00
0,24
4,10
9700,00
1,00
2,00
731290
CTI
108,00
2,00
16,00
BCP
61,60
1,12
19,40
11300,00
8,00
2,00
719263
CTI
11,00
1,00
7,40
BCP
81,10
1,01
1,50
21400,00
10,00
2,00
726566
CTI
3,00
2,00
3,50
TGI
184,30
0,54
1,40
5600,00
1,00
2,00
726864
CTI
15,00
1,00
12,00
BCP
256,00
10,67
2,70
19300,00
1,50
2,00
727612
CTI
9,00
2,00
4,00
pele
1605,20
35,67
17,20
8400,00
14,00
1,00
726749
CTI
6,00
1,00
6,40
BCP
763,30
1,86
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16800,00
3,00
2,00
727437
CTI
132,00
2,00
48,00
TGI
212,10
5,30
31,70
20800,00
2,00
2,00
717312
CTI
32,00
2,00
9,00
ITU
1429,70
59,57
7,80
9000,00
0,00
1,00
669584
CTI
24,00
2,00
11,50
BCP
617,00
25,71
18,20
4000,00
11,00
1,00
753178
CTI
2,00
1,00
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BCP
5000,00
12,20
2,30
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