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coordenação, parceria, especialização e divisão dos papéis. A segunda corrente enaltece a
busca da “relação social”, sendo representada pela divisão sexual do trabalho, nas formas de
dominação, contradição, antagonismo, oposição, opressão e poder, caracterizando esta teoria
como uma teoria geral das relações sociais (HIRATA, 2002).
Pode-se concordar com a afirmação de Rapkwiekz ao dizer que o mercado de
trabalho, assim como a tecnologia, não é neutro, pois ele é resultante dos desdobramentos das
relações sociais que são inerentemente sexuadas (RAPKWIEKZ, 1998).
Portanto, são estes os conceitos estabelecidos que caracterizam a divisão sexual do
trabalho: se o masculino é associado à modernidade da razão, do trabalho, da liberdade e do
cidadão, o feminino é ligado à antiga ordem social da família, da dependência e da
naturalidade. Assim, nas representações sociais, a partir de então, o homem é visto como
portador da cultura – e “in fine” pode dominar a natureza – e a mulher como submissa à
natureza (DAUNE-RICHARD, 2003).
No entanto, na questão da inserção das engenheiras no mercado de trabalho Cida
(2009) colocou que as características pessoais é que determinam a inserção do mercado, mas
concordou com Aldo (2009) ao colocar a força física masculina como um fator de vantagem
para os homens.
Cida (2009): A forma como se insere, eu acho que não é o sexo, é a pessoa. Tem
uns que se atiram e outros ficam esperando cair do céu. Eu acho, que aí, tanto
homens como mulheres estão no mesmo barco, não vejo diferença. Já aconteceu da
empresa preferir contratar uma mulher pra uma determinada tarefa, pelo fato da
mulher...que...todas as empresas dizem que as mulheres são mais organizadas, mais
dedicadas, talvez até pra mostrar essa competência. Mas também têm empresas que
até preferem homens, necessita de força para uma determinada tarefa... Às vezes
você precisa mais de resistência do corpo.
Aldo (2009): As atividades de campo da engenharia civil, que é você ir lá visitar
uma obra, entrar no meio da concretagem, tirar um malote de concreto. São
atividades laborais que são mais complicadas. Na Engenharia Florestal você vai pro
campo, você tem que fazer um buraco de dois metros de profundidade. São
atividades laborais da engenharia que exercem muito esforço físico e aí tem a
diferenciação sim. O aspecto físico masculino mais vantajoso pras atividades físicas
do que o feminino. Nisso se gera uma diferença, sim. Na Engenharia Industrial
Madeireira é mais o aspecto, né, de chão de fábrica. Nesse aspecto de liderar o chão
de fábrica aí os homens tem uma tendência maior de ser mais bem sucedidos do que
as mulheres. Mas isso não quer dizer que as mulheres são excluídas do mercado de
trabalho, não. Eu falei de alguns aspectos da atividade profissional, ela engloba
várias atividades. Então dentro de todas essas atividades, a mulher pode ser muito
bem sucedida, sem problemas. A própria atividade profissional acaba limitando o
interesse das mulheres, não a capacidade.
Os essencialismos construídos a partir de paradigmas totalizantes buscaram explicar
e definir a essência do comportamento humano, desconsiderando as subjetividades. É o
rompimento com o essencialismo e as crenças deterministas que otimizam as práticas anti-