Percebemos, dessa maneira, que o figurino é construído a partir de elementos
visuais que colaboram na composição da personagem, ou seja, através das cores, formas,
texturas das roupas e dos adereços que compõem determinado personagem. Além disso o
figurino deve ser corente com o perfil psicológico do mesmo e com a época em que se passa a
trama. A respeito do figurino, Anderson afirma que:
Qualquer coisa vestida numa produção é um figurino, quer sejam muitas camadas de
tecido ou absolutamente nada. Um figurino é descrito tecnicamente como sendo
roupa em geral, incluindo roupas de baixo, acessórios, adereços de cabeça e
maquilagem. Não existe algo como um show sem figurinos, apesar da vontade de
muitos de deixar este item de lado. Uma produção que vai ser feita com roupas de
ensaio é uma produção que foi desenvolvida para que o figurino fosse o de atores
em roupas de ensaio. Uma cena pode ser apresentada com o que quer que o ator
esteja vestindo na hora da apresentação, mas estas roupas então se transformam em
figurino e passam a ter uma influência na platéia. Obviamente uma mulher
interpretando uma garota bem jovem, cheia de inocência e pureza vai certamente ter
problema para convencer a platéia estando metida num vestido muito decotado, de
tricô vermelho bem curto e de sandálias de couro vermelho que são amarradas até o
joelho. Um ator descalço, sem camisa, com um jeans velho certamente não vai
superar os obstáculos que o separam de se mostrar como um homem de negócios
rico, bem estabelecido. Negar que os figurinos existam e colocar os atores com
malhas de ensaio e collants não vai eliminar o conceito de figurino de forma
alguma; a uniformidade criada ainda vai sugerir um efeito muito forte, como por
exemplo o dos corpos marcados por estas roupas. Enquanto estes exemplos são
muito óbvios, existem outros muito mais sutis que podem chegar à platéia, maneiras
tão sutis que fazem com que a seleção do figurino tenha que ser muito cuidadosa. O
público vê e reage consciente ou inconscientemente. Qualquer coisa vestida numa
produção é um figurino e deveria ser o mais apropriado possivel dentro do
contexto.
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Dessa forma, o figurino diz muito sobre um personagem, além de funcionar como
um espelho dos modos de vida, da cultura e da estética de uma época.
Já a moda pode ser entendida como movimento cíclico e mutacional. Simmel
exemplifica de forma muita clara essa característica da moda ao afirmar que “a moda possui o
atrativo simultâneo do começo e do fim, da novidade e, ao mesmo tempo, da caducidade.”
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A
Moda, para esse autor, é entendida como imitação de um modelo já dado, satisfazendo assim a
necessidade de apoio social, fazendo do comportamento de cada indivíduo um simples
exemplo. A moda, entendida como imitação, pode ser percebida quando o espectador passar a
consumir produtos que são veiculados em uma determinada novela, como é o caso de Roque
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NACIF, Maria Cristina Volpi. O figurino e a questão da representação da personagem. I Simpósio do LARS.
Rio de Janeiro, PUC/RIO, jun 2002, p. 5.
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ANDERSON, Barbara & Cletus apud VIANA, Fausto Roberto Poço. O figurino gerado através do trabalho
do ator: uma abordagem prática. 2000, Dissertação de mestrado, Escola de Comunicação e Arte, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2000, p. 02..
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SIMMEL, Georg. Filosofia da Moda e outros escritos. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2008, p. 17.