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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
TATIANA GASPAROTTO NOGUEIRA
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM UMA
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO SOBRE OS SERVIÇOS
COMPLEMENTARES ATRAVÉS DO USO DA ESCALA SERVQUAL.
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
SÃO PAULO
2010
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TATIANA GASPAROTTO NOGUEIRA
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM UMA
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO SOBRE OS SERVIÇOS
COMPLEMENTARES ATRAVÉS DO USO DA ESCALA SERVQUAL.
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
Dissertação apresentada a Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo como exigência
parcial para a obtenção do título de
MESTRE em Administração de Empresas,
sob a orientação do Professor Doutor
Alexandre Luzzi Las Casas
SÃO PAULO
2010
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BANCA EXAMINADORA
Aos meus pais
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Sr. Walter e a Dona Aparecida, meus pais, por apoiarem todas minhas
iniciativas ao longo da vida e por colocarem o bem estar e a educação de seus
quatro filhos sempre acima de qualquer coisa.
Agradeço ao meu irmão Artur pela paciência em ouvir minhas ideias e por passar
alguns domingos longe da namorada me ajudando a traduzir palavras em conceitos
matemáticos.
Agradeço a Suzy por me ajudar a fazer a coleta de dados e levantar porquês; e a
amiga Diana, por compartilhar ideias e me ajudar nos testes iniciais da pesquisa.
Agradeço também a todos meus amigos de mestrado, em especial a Carla e
Vinnicius, pelo companheirismo, pelos trabalhos realizados em conjunto, pelos cafés
e pelas risadas nas poucas horas de descontração.
Agradeço a Rita, do departamento de s-graduação, por me guiar nos tortuosos
caminhos da burocracia do curso, ajudando sempre que necessário.
Agradeço profundamente ao professor Arnoldo Hoyos por dispor de seu tempo de
férias para me orientar e corrigir o curso de meu trabalho, me ajudando a elaborar e
aprofundar análises. E a professora Clotilde Peres pelas contribuições.
Meus sinceros agradecimentos ao meu orientador, professor Alexandre Las Casas
pela orientação, estando sempre disponível e pronto para ajudar. Por colocar meus
pés no chão quando meus objetivos pareciam confusos e administrar minha
ansiedade.
Agradeço também à PUC-SP, em especial ao departamento de administração de
empresas, por permitir a realização deste trabalho.
A todos aqueles que participaram da pesquisa ou contribuíram de alguma maneira
para que chegássemos até aqui, muito obrigada.
Por último, agradeço a Deus, por me dar tudo, inclusive a capacidade de chegar a
esta conquista.
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 Relação candidato/vaga do curso de administração de
empresas campus Monte Alegre -
63
Tabela 6.1 - Teste T-pareado para as médias de expectativas de
biblioteca e SAE
73
Tabela 6.2 - Teste T-pareado para as médias de expectativas de
biblioteca e laboratório
74
Tabela 6.3 - Teste T- pareado para as médias de expectativas de SAE e
laboratório
75
Tabela 6.4 Médias das expectativas agrupadas por dimensão
78
Tabela 6.5 - Teste T- pareado para as médias de percepções de
Biblioteca e SAE
81
Tabela 6.6 - Teste T- pareado para as médias das percepções de
biblioteca e laboratório
82
Tabela 6.7 - Teste T- pareado para as médias das percepções de
biblioteca e laboratório
83
Tabela 6.8 Médias das percepções agrupadas por dimensão
86
Tabela 6.9 Médias dos gaps agrupados por dimensão
91
Tabela 6.10 - Teste Z para as médias de percepções de funcionários e
alunos sobre a biblioteca
92
Tabela 6.11 - Teste Z para as médias de percepções de funcionários e
alunos sobre a SAE
93
Tabelas 6.12 Médias das percepções de alunos e funcionários
agrupadas por dimensão
98
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - O modelo de desconfirmação da satisfação do consumidor
24
Figura 3.1 - Espectro da Tangibilidade
39
Figura 4.1 - Modelo Conceitual de Qualidade de Serviço
46
LISTA DE QUADROS
Quadros 5.1 - Variáveis ambientais aplicadas ao ensino superior brasileiro
55
Quadro 5.2 - Cenários para a educação superior 2003/2025
57
Quadro 5.3 - Afirmativas da escala SERVQUAL adaptada a este estudo
60
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1.1 - Distribuição do número de vagas no ensino superior por
categoria de IES em 2008
15
Gráfico 5.1 - Evolução do número de IES - período 1995/2008
53
Grafico 6.1 - Distribuição dos respondentes por sexo e idade.
69
Gráfico 6.2 - Frequência de uso dos serviços pelos alunos
70
Gráfico 6.3 - Médias das expectativas dos alunos por atributo
72
Gráfico 6.4 - Médias das percepções dos alunos por atributo
79
Gráfico 6.5 - Médias dos gaps dos alunos por atributo
87
Gráfico 6.6 - Médias das percepções de aluno e funcionários por atributo
para a Biblioteca
95
Gráfico 6.7 - Médias das percepções de alunos e funcionários por atributo
96
para a SAE
Resumo
A expansão do ensino superior privado e sua profissionalização têm levado as
instituições de ensino superior brasileiras a investir em melhores práticas de gestão
e a buscar a qualidade de seus serviços para fazer frente à crescente competição no
setor. A literatura em serviços aponta a qualidade como uma das chaves para o
sucesso no mercado e ressalta que para se estabelecer uma estratégia efetiva de
serviços é necessário conhecer as opiniões dos clientes. Gronroos (2003) explica
que os clientes não buscam bens e serviços per se, eles procuram soluções que
atendam seus próprios processos de geração de valor, e explica que o que cria
vantagem competitiva sustentável é o desenvolvimento de cada etapa do
relacionamento com o cliente, incluindo todos os tipos de serviços envolvidos na
compra. Neste trabalho, através da aplicação da escala SERVQUAL, avaliou-se a
qualidade dos serviços prestados por três setores de apoio de uma grande
instituição de ensino superior da grande São Paulo. Avaliou-se também a utilidade
da aplicação da ferramenta SERVQUAL nesse tipo de contexto de análises
múltiplas. Verificou-se a insatisfação geral dos alunos com os serviços avaliados
para os quais foram feitas sugestões de correção. Concluiu-se também que a
referida ferramenta é adequada para a avaliação desse tipo de serviço, porémo é
recomendada sua utilização em avaliações simultâneas de serviços que possuam
características distintas. Complementando este estudo, avaliaram-se ainda as
percepções dos funcionários prestadores de serviços de dois dos setores estudados
com o objetivo de buscar correlações com as percepções dos alunos. Tal avaliação
não foi conclusiva, dado que os departamentos apresentaram resultados
divergentes.
Palavras-chave: ensino superior, serviços, qualidade em serviços, serviços
periféricos, SERVQUAL
Abstract
The expansion and professionalization of private higher education has taken
Brazilian colleges and universities to seek improved management practices and
improved quality of their services to face the growing competition. Services literature
brings out the importance of assessing the opinions of clients in order to establish an
effective market strategy. Grönroos (2003) explains that clients do not seek products
or services per se, but solutions aligned to their own value creation processes, and
points out that achieving sustainable competitive advantage demands the
development of each service encounter. In this dissertation, SERVQUAL was used to
evaluate three complimentary services offered by a large private university in the
Great Sao Paulo area in the perspective of its students. The applicability of the tools
to this context was also evaluated. Results indicated a general degree of
dissatisfaction with the evaluated services, and SERVQUAL was proved to work for
such analysis but not recommended for the evaluation of several services
simultaneously. Complementing the study, the perceptions of services by employees
of two of the evaluated departments were measured in search of correlations with the
opinion of the students. Such evaluation was not conclusive since the comparisons
between departments presented opposite results.
Key words: higher education, services, complimentary services, services quality
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1. Tema Problema
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivos específicos
1.3. Justificativa
2. SERVIÇOS E QUALIDADE
2.1. Definições de eerviços
2.2. Definindo qualidade em serviços
2.2.1. Os serviços complementares
2.2.2. O prestador de serviços
2.2.2.1. A importância das pesquisas com
funcionários
2.2.2.2. Serviços de apoio interno
3. OS SERVIÇOS EDUCACIONAIS
4. AVALIANDO A QUALIDADE EM SERVIÇOS
4.1. A escala SERVQUAL
5. A PESQUISA
5.1. Panorama brasileiro da educação superior
5.1.1. Breve histórico
5.1.2. O cenário competitivo
5.2. Metodologia de pesquisa
5.2.1. Um estudo de caso
5.2.2. A instituição pesquisada
5.2.3. Os departamentos avaliados
5.3. A amostra e coleta de dados
5.3.1. Alunos
5.3.2. Funcionários
5.3.2.1. Biblioteca
5.3.2.2. Secretaria de Atendimento Escolaro
6. RESULTADOS OBSERVADOS
6.1. Pesquisa com os alunos
6.1.1. Perfil dos respondentes
6.1.2. Frequência de uso dos serviços
6.1.3. Módulo de expectativas
6.1.3.1. Expectativas - Avaliação por atributo
6.1.3.2. Expectativas Avaliação por dimensão
6.1.4. Módulo de Percepções
6.1.4.1. Percepções Avaliação por atributo
6.1.4.2. Percepções Avaliação por dimensão
6.1.5. Qualidade percebida: análise de gaps
6.1.5.1. Análise de gaps Avaliação por atributo
6.1.5.2. Análise de gaps Avaliação por dimensão
6.2. Comparando as percepções de alunos e funcionários
6.2.1. Avaliação por atributo
6.2.2. Avaliação por dimensão
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1. Sugestões gerenciais
7.2. Limitações à pesquisa
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICE
11
1. INTRODUÇÃO
1.1. Tema - Problema
O ensino superior privado no Brasil apresentou um acelerado crescimento no
período compreendido entre 1995 e 2002. Sob o comando do então presidente
Fernando Henrique Cardoso e de seu ministro da Educação, Paulo Renato de
Souza, a política do governo para a educação apoiou-se em uma proposta que dava
destaque ao papel econômico da educação como base de um novo estilo de
desenvolvimento. Atuando no sistema educacional pelo topo, a proposta do então
ministro previa a necessidade de se estabelecer uma parceria entre setor privado e
governo, tanto na gestão quanto no financiamento do sistema brasileiro de
desenvolvimento científico e tecnológico. (CUNHA, 2004).
Criada em 1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
flexibilizou a criação de instituições de ensino ao, entre outras medidas, definir a
instituição universitária de modo genérico, abolir a universalidade de campo e
detalhar as características da autonomia universitária que asseguraram a
possibilidade (negada às instituições isoladas de ensino superior) de criar e extinguir
cursos, e de determinar o número de vagas de cada um, essenciais para a sintonia
das instituições privadas com o mercado. (CUNHA, 2004)
As mudanças descritas traduziram-se em números. O número de vagas para a
universidade cresceu mais de 15% ao ano nesse período, e a matrícula inicial, que
era ligeiramente inferior a 1/3 da matrícula total em 1999, passou para quase cerca
da metade em 2005 (TAFNER et al., 2007). De 1991, ano do primeiro censo do
ensino superior realizado no Brasil, a 2008, o crescimento no número de vagas foi
da ordem de 478%, segundo dados publicados pelo Ministério da Educação.
Crescimento esse que foi possível graças ao investimento privado no Ensino
Superior, que responde hoje por quase 90% das vagas ofertadas no país.
12
Essa expansão trouxe diversos desafios às instituições privadas atuantes nesse
mercado. O surgimento de novas instituições, a entrada de capital estrangeiro no
setor e a queda na demanda por vagas, que segundo o censo de 2008, é de apenas
1,16 candidatos por vaga no ensino privado, fazem com que essas instituições
precisem adequar-se a uma nova realidade. Se, no passado, as instituições de
ensino superior (IES) creditavam maior ênfase ao seu papel de instituições
educacionais, hoje, por operarem num ambiente competitivo e altamente exigente,
requerem-se práticas de gestão institucional adequadas às pressões do mercado e
da sociedade. Os cursos de graduação e pós-graduação beneficiam-se ao atingirem
elevados patamares de qualidade no ensino, pois uma melhora na formação
profissional, mesmo que não seja garantia de emprego, resulta em uma maior
empregabilidade de seus egressos (MASTELA, 2006), impactando positivamente no
marketing da instituição.
Segundo Kotler (1994), as instituições de ensino têm que se renovar e se adaptar às
exigências do mercado visando aumentar os seus níveis de competência e de
qualidade. Para isso, devem recorrer às técnicas de marketing objetivando atrair
estudantes, além de periodicamente reavaliar o desempenho da instituição e avaliar
a qualidade nos aspectos tangíveis e intangíveis do processo e todos aqueles
aspectos que permitam mensuração: instalações físicas, professores, alunos e
programas.
Avaliar a qualidade de serviços, e em especial a qualidade de serviços educacionais,
não é tarefa fácil. Características distintivas dos serviços, como o fato de se tratar de
um processo desempenhado simultaneamente ao consumo, onde o consumidor está
diretamente envolvido na produção e interage com funcionários prestadores de
serviços para obter um resultado intangível, contribuem para que a avaliação da
qualidade por parte do consumidor seja altamente sensível as suas expectativas.
Expectativas essas que podem ser baseadas em sua avaliação pré-consumo de
instalações físicas, no contato prévio com funcionários da instituição, no boca-a-boca
ou na imagem corporativa, entre outros.
13
A percepção por parte dos clientes da qualidade dos serviços prestados por uma
IES, tampouco se faz apenas sobre o que chamamos de serviço central. O
desempenho dos serviços ocorre ao longo do período em que o consumidor interage
diretamente com o prestador. Isso significa que todos os elementos desse encontro
de serviço, como instalações físicas, tempos de espera, pessoal de contato, estão
envolvidos (WALKER, 1995).
Tais dificuldades não devem desencorajar os gestores de instituições de ensino de
buscar compreender a ótica do aluno. Segundo Keller:
...as faculdades e universidades tendem a ser incrivelmente narcisistas,
fixando suas próprias tradições, privilégios, operações e aspirações. Elas
são relativamente descuidadas sobre forças do mercado e mudanças na
demografia, a economia, competidores e preferências públicas. (1997 apud
CANTERLE, 1998, p.41)
Como coloca Palharini (1996), algumas IES entraram em uma perspectiva
inadequada ao ofertarem os serviços educacionais, por desenvolverem programas
de qualidade sob a ótica de quem produz, ou seja, do prestador do serviço,
esquecendo de considerar a perspectiva de quem recebe e interage nesse tipo de
serviço. Segundo a autora, para tornar eficazes os programas de qualidade em IES,
é necessário incluir a percepção que o cliente tem de qualidade.
Para se prestar um serviço de qualidade, porém, não basta ouvir- apenas aos
clientes, é necessário ouvir também aos funcionários que prestam esses serviços,
pois segundo Parasuraman, Zeithaml e Berry (1994), eles veem mais que os clientes
e de um ângulo diferente. A pesquisa com os funcionários ajuda a perceber porque
os problemas ocorrem e o que as empresas podem fazer para solucioná-los. Ambas
desempenham um papel único e fundamental na melhoria da qualidade dos serviços
(ZEITHAML e BITNER, 2003).
14
A avaliação da qualidade do ensino prestado pela instituição estudada está fora do
escopo deste trabalho, pois, como coloca Dourado (2007), a qualidade da educação
é um fenômeno complexo, abrangente, envolvendo múltiplas dimensões, e que pode
ser definida levando-se em conta a relação entre os recursos materiais e humanos,
bem como os processos de ensino-aprendizagem, os currículos, e as expectativas
de aprendizagem. Esse tipo de avaliação demandaria outro arcabouço teórico.
Tomamos, assim, uma perspectiva gerencial a respeito dos serviços prestados na
tentativa de auxiliar a IES a buscar maior eficiência e competitividade.
1.2. Objetivo
Sabendo-se que a gestão das IES deve adequar-se a uma nova realidade de
mercado, o objetivo principal deste trabalho consiste em identificar o nível de
satisfação dos alunos de graduação no ensino superior, com os serviços
complementares prestados pelas IES e a aplicabilidade da ferramenta SERVQUAL
nesse contexto.
1.2.1. Objetivos Específicos
Avaliar o nível de satisfação dos alunos para com os serviços
complementares prestados, notadamente os serviços de apoio administrativo,
como o prestado pelas secretarias de alunos, e os serviços de apoio
acadêmico, neste trabalho, biblioteca e laboratórios de informática.
Testar a aplicabilidade da ferramenta SERVQUAL como instrumento de
avaliação em contextos de avaliações simultâneas.
Mensurar as percepções dos funcionários prestadores dos serviços avaliados,
em busca de semelhanças com as avaliações dos alunos que nos permitam
observar até que ponto a pesquisa com funcionários serve como sistema de
alerta para possíveis falhas.
15
1.3. Justificativa
Entre 1995 e 2005, segundo censos realizados pelo Sistema Nacional de Avaliação
do Ensino Superior, doravante SINAES, o número de instituições de ensino superior
públicas permaneceu praticamente estável, tendo crescido apenas 10% nesses dez
anos. No mesmo período, o número de inscritos em processos seletivos cresceu
178%, chegando hoje a pouco mais de cinco milhões de candidatos. Observamos
que a oferta de vagas pelo ensino público é insuficiente para responder à demanda
por vagas no ensino superior, uma vez que responde por apenas 12% das vagas
totais ofertadas de acordo com o censo SINAES 2008. Dada a incapacidade
governamental de atender à demanda de mercado, cabe às instituições de ensino
superior privadas a tarefa de suprir tal déficit
Gráfico 1.1 Distribuição do numero de vagas no ensino superior por categoria de IES em 2008
Fonte: Censo SINAES 2008
12%
88%
publicas
privadas
16
Mediante tal expansão do ensino superior, o Ministério de Educação propôs
mudanças direcionadas à melhoria na qualidade do serviço educacional, como a
criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, SINAES, e a
proposta de uma nova reforma universitária. A lei No. 10.861 de 14 de abril de 2004
visou aprofundar o compromisso e a responsabilidade social das IES através da
valorização da sua missão, difusão dos valores democráticos, da diversidade, da
afirmação, da autonomia e da identidade institucional. Ao tentar cumprir o seu papel,
o SINAES promove a avaliação institucional, interna e externa (INEP, 2004).
Porém, o ensino converteu-se em um produto comercializado em um mercado
altamente competitivo no qual, apesar de haver forte regulamentação
governamental, as IES devem primordialmente atender às demandas de seu
consumidor. Como colocam Cobra e Ryan:
[...] a regulamentação e a fiscalização do poder público sobre o ensino
superior contribuem pouco para os serviços prestados pelas IES. A
diversificação na qualidade das IES obedece aos imperativos da demanda
de mercado, não podendo ser “artificialmente” controlada pelo poder
publico. Somente critérios de avaliação com base em dados reais é que
proporcionarão uma melhoria da qualidade e do desempenho das IES
privadas. (2004, p.14)
Tal visão dos autores é corroborada pelo trabalho Índice de Imagem e Reputação
2009, publicada pelo SEMESP (Sindicato das Entidades Mantenedoras de
Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo) e que traz o
resultado de uma pesquisa a respeito dos parâmetros de qualidade de mercado
atribuídos por seus diversos públicos: alunos, ex-alunos, professores, pais de alunos
e de ex-alunos, gestores, funcionários administrativos, população do entorno,
autoridades municipais e mídia. De acordo com dados apresentados, com relação
aos critérios para escolha da instituição em que estuda, a pesquisa mostrou que a
decisão do aluno baseia-se principalmente na localização (40%) e no preço
acessível (19%). O índice de respostas mostra que as avaliações do MEC não são
significantes nem para atrair, nem para rejeitar uma IES (média de 2%).
17
A alta competitividade representada pelas estatísticas apresentadas do ensino
superior privado ameaça a sobrevivência das IES, que devem adequar-se a esse
novo cenário para sobreviver e, assim, continuar contribuindo para que o Brasil crie
conhecimento e forme mão de obra qualificada para atender ao mercado de
trabalho, auxiliando o desenvolvimento do país.
Apoiado no estudo das demandas específicas dos clientes dessas instituições,
somado à análise das percepções dos funcionários prestadores de serviços,
pretende-se contribuir com “dados reais”, como colocaram Cobra e Ryan (2004),
para ampliar a compreensão do papel dos serviços periféricos na construção dos
relacionamentos entre instituições de ensino e alunos.
Em ultima análise, os resultados obtidos pretendem, ainda, auxiliar as IES a
tomarem melhores decisões de investimento de seus limitados recursos,
posicionando-se adequadamente ao mercado e melhorando sua competitividade,
através da melhoria da qualidade da oferta total de seus serviços.
18
2. SERVIÇOS E QUALIDADE
2.1. Definições de serviços
O conceito de serviços é de difícil definição. Além das atividades econômicas de fácil
identificação para o consumidor como sendo um serviço, como a aquisição de
serviços bancários, de transporte, ou um corte de cabelo, cada dia mais os serviços
têm sido usados pelos fabricantes de produtos tangíveis para diferenciar sua oferta.
Bateson (1995) explica que é extremamente difícil definir um serviço ou um produto
puro. Para ele, um produto puro implica que o consumidor estará obtendo um
benefício de um produto isolado, sem valor agregado por nenhum serviço, enquanto
um serviço puro é aquele em que nenhum “produto” é oferecido. Grönroos (2003, p.
66) argumenta que, ao invés de se buscar uma definição para serviços, talvez seja
mais produtivo tomar suas características mais ou menos comuns e buscar um
entendimento do seu consumo como um ponto de partida para o desenvolvimento
de uma compreensão de como gerenciá-los e comercializá-los.
Independentemente da crença ou não na existência de uma definição única para
serviços, os autores consultados ao longo deste trabalho tendem a descrevê-los com
base em algumas características comuns. Grönroos (2003) apresenta três
características sicas que podem ser identificadas na maioria dos serviços: a) são
processos compondo-se por uma série de atividades ao invés de objetos concretos;
b) são consumidos e produzidos simultaneamente; c) o cliente participa do processo
de produção, ao menos, até certo ponto. Para Zeithaml e Bitner (2003, p.28),
“serviços são atos, processos e performances, como também todas as atividades
econômicas, cujo produto não é físico ou construído”. O serviço é consumido na
hora em que é produzido e provê valor agregado (em formas como: conveniência,
divertimento, economia de tempo, conforto ou saúde), é essencialmente intangível e
dedicado, primordialmente, a quem compra. Las Casas (2006) destaca que apesar
de vários serviços estarem associados à transferência de um bem, como no ato de
alugar um imóvel, serviços é a parte intangível presente na transação, é a parte que
deve ser vivenciada, é uma experiência, é o desempenho.
19
Bateson (1995) explica que todos os produtos, sejam eles bens ou serviços,
entregam um conjunto de benefícios ao consumidor. Compramos produtos na forma
de serviços profissionais ao visitar um médico ou advogado. Da mesma forma, os
estudantes compram um produto quando se matriculam em uma faculdade, e
esperam receber benefícios em termos de conhecimento, que mais tarde podem ser
trocados por um melhor emprego e padrão de vida. Porém, os processos de entrega
desses benefícios diferem de maneira importante. Segundo o autor, quando um
consumidor compra um serviço, ele está adquirindo uma experiência gerada pela
sua entrega , bastante diferente da aquisição de um bem físico. Os benefícios
entregues por um bem físico estão normalmente relacionados às características do
bem em si, enquanto os benefícios entregues na aquisição de um serviço podem vir
de diferentes fontes, como sua porção não visível (a cozinha de um restaurante, por
exemplo), o ambiente físico, os funcionários de contato e até mesmo de outros
consumidores, resultando em um processo interativo.
Em consonância com as proposições apresentadas anteriormente, Zeithmal e Berry
(2003) resumem as principais características dos serviços que os diferenciam de
bens tangíveis. São elas:
1. Intangibilidade - serviços não podem ser vistos, sentidos ou tocados;
2. Perecibilidade - serviços não podem ser preservados, estocados, revendidos ou
devolvidos;
3. Heterogeneidade resulta em larga escala da interação humana e das variações
decorrentes. Sua prestação varia de produtor para produtor, de cliente para cliente,
de dia para dia, impossibilitando a padronização;
4. Produção e consumo simultâneo produção e consumo são inseparáveis.
Indicando que o cliente, na maioria das vezes, estará presente enquanto o serviço
está sendo produzido, podendo participar do processo de produção.
20
Froemming (2001) resume as características dos serviços ao explicar que são
principalmente intangíveis, o podem ser separados de seu provedor, que interage
intimamente com o consumidor, não podem ser estocados, e sua entrega tende a
ser inconsistente e difícil de ser padronizada. Em razão dessas características, os
clientes estão mais sujeitos a incerteza quando escolhem entre serviços do que
quando escolhem entre produtos.
Dadas as características distintivas relacionadas acima, os serviços apresentam
inúmeros desafios a seus administradores. Um dos desafios mais debatidos na
literatura é a impossibilidade de se controlar a qualidade de um serviço antes que ele
chegue ao consumidor. Como explica Bateson (1995), os encontros de serviços
acontecem em tempo real e com o envolvimento direto do consumidor, sendo
impossível tomarem-se medidas de controle de qualidade antes que estes ocorram
efetivamente. Uma discussão a respeito das particularidades do tema qualidade em
serviços será apresentada a seguir.
2.2. Definindo qualidade em serviços
Qualidade é reconhecidamente uma das chaves para se obter sucesso em qualquer
indústria. Em serviços, a qualidade ajuda a manter a confiança dos consumidores e
é essencial para a manutenção da vantagem competitiva. Buttle (1996) afirma que a
qualidade em serviços (QS) tornou-se um importante pico de pesquisa dada a sua
aparente relação com custos, lucratividade, satisfação do cliente, retenção de
clientes e boca-a-boca favorável, influenciando diretamente o marketing corporativo
e os resultados financeiros de uma organização.
21
Ao destacarem a importância da qualidade em serviços, Berry e Parasuraman
(1991) afirmam que os quatro “P”´s do mix de marketing, produto, praça, preço e
promoção, não funcionam se não existe um “Q” maiúsculo de Qualidade. Segundo
Parasuraman, Zeithaml e Berry (1994), oferecer excelência em serviços é uma
estratégia lucrativa, porque resulta em um número maior de novos clientes, mais
negócios com os existentes, menor perda de clientes, menor exposição à
competição por preço, e menor ocorrência de retrabalho. Também no mercado
educacional, esse efeito pode ser observado. A qualidade nos serviços pode ter
efeitos de longo prazo sobre a instituição e seus alunos, influenciando, por exemplo,
o boca-a-boca feito pelos alunos a outras pessoas (LEBLANC E NGUYEN, 1997)
Qualidade significa, para a maioria das pessoas, aspectos como durabilidade, bom
acabamento, funcionalidade, uso de matérias primas, característicos de produtos
tangíveis. Isso ocorre porque, ao serem questionados, consumidores definem
produto como algo tangível - um automóvel, uma peça de vestuário - mas poucos
acrescentam serviços a sua definição de produto. Segundo a definição da American
Society for Quality Control, qualidade é a totalidade de aspectos e características de
um produto ou serviço com capacidade de satisfazer necessidades explícitas ou
implícitas (KOTLER, 2000). Visão essa compartilhada por Las Casas (2006) que
afirma que o serviço com qualidade é aquele que tem a capacidade de proporcionar
satisfação.
Embora bens e serviços de qualidade sejam aqueles que satisfazem aos desejos e
necessidades dos consumidores, existem algumas diferenças importantes entre
essas duas classes de produtos, especialmente no que tange a avaliação por parte
do consumidor. A intangibilidade torna os serviços mais difíceis de serem
imaginados e desejados do que os bens tangíveis (PARASURAMAN & BERRY,
1991). Por serem ricos em “qualidades de experiência”, sua avaliação está sujeita a
fatores menos objetivos, como as expectativas do consumidor, que são baseadas
em diversos fatores, desde suas próprias experiências anteriores, como clientes, até
a comunicação boca-a-boca e, posteriormente, por suas interações pessoais com o
ambiente físico da empresa, com os funcionários e até mesmo com outros clientes
(LOVELOCK, 2002). Berry (1996) menciona que a qualidade é definida pelo cliente.
A conformidade com as especificações da empresa não é qualidade; a conformidade
22
com as especificações do cliente é qualidade. A capacidade de investir para
melhorar os serviços provém da aprendizagem contínua sobre as expectativas e
percepções dos clientes e não-clientes.
Segundo Grönroos (2003), a qualidade de um serviço tem duas dimensões: uma
dimensão cnica, ou de resultado, e uma dimensão funcional ou relacionada ao
processo. A primeira refere-se a o quê o cliente recebeu em sua interação com a
empresa, como obter um empréstimo junto a um banco; a segunda refere-se a como
aquela qualidade é transferida para ele e abrange, nesse exemplo, características
como a aparência e o comportamento do pessoal do banco. Ainda segundo o autor,
uma estratégia de qualidade cnica é bem sucedida se a empresa conseguir obter
uma solução técnica que a concorrência não consegue igualar. Porém, criar uma
vantagem técnica é difícil porque os concorrentes podem conseguir introduzir
soluções semelhantes em um curto espaço de tempo. Nesse caso, desenvolver a
dimensão qualidade funcional, pode agregar substancial valor para os clientes,
criando, assim, o diferencial competitivo necessário. Las Casas (2006) ensina que o
pessoal de uma organização é muito importante para a qualidade da prestação de
serviços. Além disso, as pessoas contratadas ajudam a formar uma imagem.
Indivíduos de boa aparência e bem treinados comunicam uma preocupação da
administração em atender bem a seus clientes.
Para Froemming (2001), qualidade de serviços é difícil de controlar e de identificar,
principalmente pelos problemas que se apresentam na captação do que representa
qualidade e, no tocante a serviços, a dificuldade inerente de mensuração, graças
às suas características. Serviços são principalmente intangíveis, não podem ser
separados de seu provedor que interage intimamente com o consumidor, não podem
ser estocados e sua entrega tende a ser inconsistente e difícil de ser padronizada.
Além disso, os serviços abarcam atributos relacionados à busca, experiência e
crença.
23
Zifgo-Baliga e Krampf (1997 apud FROEMMING, 2001) sugerem que quando se
estuda qualidade percebida de serviços, deve-se levar em conta a estrutura, o
processo e os resultados. Estrutura é a percepção do consumidor do ambiente
físico e as facilidades físicas em que o serviço ocorre. Inclui ainda imagem
corporativa, aparência/estética, limpeza/ordem, segurança e tangíveis. Processo é a
percepção do consumidor de sua interação com o pessoal de serviço e com cada
“outro” dentro do ambiente durante o desenrolar do serviço. Como dimensões de
processo temos: interatividade/integração, responsividade, confiança/ amistosidade,
empatia/cortesia, competência, acessibilidade, comunicação e disponibilidade.
Finalmente, o resultado é a percepção do que resultou da interação. Inclui qualidade
técnica, confiança e ter a necessidade atendida.
Denton (1991) explica que em se tratando de qualidade de serviço é necessário
entender, respeitar e monitorar o cliente. Para tanto, a melhor maneira de
desenvolver uma estratégia efetiva de serviços é simplesmente ouvir o cliente, mas
se deve fazer isso de uma maneira efetiva a fim de conhecer melhor suas atitudes,
preferências e desejos. Para se compreender os desejos dos clientes, fazem-se
necessárias contínuas verificações, pois muitas vezes o que as pessoas na
organização pensam ou supõem serem os desejos dos clientes podeo ter relação
com o que estes realmente desejam.
Como observado até aqui na revisão da definição do conceito de qualidade, os
autores estudados concordam que a qualidade é definida pelo cliente, e a satisfação
é resultante de uma comparação subjetiva entre as expectativas e percepções
destes. Seus elementos principais estão descritos no modelo de desconfirmação
(Figura 2.1) que mede quão bem experiências do processo de serviço e seus
resultados atendem expectativas. De acordo com o modelo, a satisfação do
consumidor está relacionada ao tamanho e direção da desconfirmação, produzindo
três possíveis resultados: desconfirmação negativa, desconfirmação positiva e
confirmação (WALKER, 1995).
24
Figura 2.1 - O modelo de desconfirmação da satisfação do consumidor.
Fonte: Adaptado de WALKER, 1995.
Coutinho (2007) sugere que uma série de experiências bem sucedidas com o
serviço gera clientes satisfeitos. Para ele, a qualidade dos serviços pode ser
determinada pelos clientes a partir de avaliações cognitivas de longo prazo sobre a
entrega do serviço, identificando o grau que um serviço atende ou supera as
expectativas do cliente, e conclui que ultrapassar os níveis desejados das
expectativas dos clientes resulta em percepções positivas da qualidade de serviço e,
possivelmente, melhores resultados financeiros.
Grönroos (2003) é enfático ao afirmar que o que conta é como a qualidade é
percebida pelos clientes, e vai além ao explicar que é preciso definir qualidade do
mesmo modo que os clientes o fazem, sob a pena de se tomar decisões erradas em
programas de qualidade, resultando em um mau investimento de tempo e dinheiro.
Conhecer o que os clientes definem como qualidade, porém, não é tarefa fácil. Dois
trabalhos estudados buscaram identificar os aspectos percebidos pelos alunos de
25
graduação do curso de administração de duas IES, como sendo a qualidade do
serviço recebido. O primeiro, de Souza (2005), avaliou as percepções de discentes
de uma IES privada, o segundo, de Derísio (2007), avaliou as respostas dadas por
discentes de uma IES pública municipal. É interessante notar que, apesar das
semelhanças entre os serviços prestados por ambas as instituições, a percepção de
que aspectos atribuem qualidade aos serviços foi bastante diferente em cada grupo.
Os resultados da pesquisa de Derísio (2007) levaram-na a inferir que os alunos da
IES municipal avaliada entendem que o ponto mais importante, que devem observar
no que se refere à qualidade de uma instituição superior de ensino, é a capacitação
do seu corpo docente. Em Souza (2005), por outro lado, esse papel coube a
existência de um ambiente acadêmico agradável que permitisse aos alunos da IES
privada avaliada receber mais condizentemente seus ensinamentos. Ficou claro que,
enquanto os alunos do primeiro tipo de instituição entendiam haver mais qualidade
no transmissor do conhecimento, os alunos do segundo grupo reconheciam haver
maior qualidade no ambiente propriamente dito.
Em outro exemplo, as variáveis relacionadas ao atendimento ficaram em segundo
lugar na pesquisa feita por Souza (2005) e na quinta colocação na IES municipal
quanto à percepção de qualidade. O que permitiu inferir que o público de
universidades privadas é muito mais exigente com relação ao atendimento do que o
público de universidades municipais.
Froemming (2001) conclui que alunos diferem em termos de que características da
escola estão relacionadas a sua satisfação e quanto de cada uma delas eles julgam
ser essencial, e lembra que as instituições que respondem totalmente ao mercado
fazem levantamentos sobre a satisfação atual de seus consumidores, mesmo
sabendo que a satisfação dos alunos pode ser difícil de ser mensurada.
26
Em concordância com Froemming, Vavra (1993 apud CARRIJO, 2007) defende que,
apesar das dificuldades, a definição de qualidade é um passo importante para as
organizações conseguirem alcançar a satisfação do cliente, pois, como vimos, é ele
que efetivamente definirá a qualidade, podendo, inclusive, mudá-la ao longo do
tempo.
Como observado até aqui, a definição do que é qualidade muda com o momento em
que a prestação de serviço ocorre, respeitando sua dinâmica característica. Mesmo
serviços com alto grau de padronização e mecanização de processos, como
serviços bancários, estão sujeitos a avaliações pobres por parte de seus clientes. Tal
fato exige constante atenção por parte da organização prestadora a todos os
momentos de encontro que compõe a experiência do serviço, contexto em que se
inserem os serviços complementares que serão estudados a seguir.
2.2.1. Os serviços complementares
Os serviços compõem- se de um componente central e de componentes periféricos
ou complementares. O serviço central é o que o cliente compra efetivamente, e os
serviços periféricos têm a característica de não corresponderem ao que o
consumidor está adquirindo. Froemming (2001) comenta a pesquisa de Morash e
Ozment (1994) realizada junto a companhias aéreas. Nela os autores definem os
serviços centrais como sendo o transporte reo em si, enquanto os periféricos
seriam os serviços de suporte e facilitadores, como as passagens e bagagens, ou
serviços extras, como salas de conferência para executivos. Na pesquisa
mencionada, os autores constataram que os serviços centrais estão mais propensos
a refletir a estratégia de oferta de produto a um dado mercado, o que envolve
estratégias de longo prazo, maiores investimentos e maiores riscos para a empresa.
Os serviços periféricos, por outro lado, refletem a oferta de serviço em nível tático,
que requerem nível de operação de envolvimento dos empregados para as
atividades correntes do serviço ao cliente, decisões de curto prazo e menores riscos.
Para Grönroos (2003), os clientes não buscam bens e serviços per se, procuram
soluções que atendam seus próprios processos de geração de valor e, explica, o
que cria vantagem competitiva sustentável é o desenvolvimento de cada etapa do
27
relacionamento com o cliente, incluindo todos os tipos de serviços envolvidos na
compra. Segundo o autor, os serviços adicionais devem ser gerenciados com o
mesmo cuidado que é tratada a solução central, pois formam com ela uma Oferta
Total de Serviços.
Para chegarem ao serviço central, muitas vezes, os consumidores devem passar
pelos serviços periféricos e, portanto, estes fazem parte do processo de avaliação da
satisfação. Os consumidores, ao fazerem sua avaliação dos serviços, consideram o
desempenho de ambos os aspectos. (FROEMMING, 2001).
Segundo Walker (1995) a satisfação geral com um serviço, é função de três estágios
integrados de desconfirmação, um de pré-consumo, um de consumo e um de pós-
consumo, estando o segundo estágio ligado à avaliação do serviço central. De
acordo com o autor, as expectativas dos consumidores mudam ao longo do
processo de serviço, e são influenciadas pela “zona de indiferença” do consumidor
zona em que o desempenho do serviço gera neutralidade na avaliação, pois está
alinhado com as expectativas e pelos desempenhos dos serviços centrais e
periféricos.
Enquanto os serviços centrais não forem entregues, eles não poderão ser avaliados,
porém as expectativas a respeito do desempenho nesse estágio do processo, bem
como a avaliação geral do encontro de serviços, serão influenciadas pela avaliação
pré-consumo dos serviços complementares. Exemplos de itens avaliados nesse
estágio são a aparência do pessoal de contato, o tratamento recebido em um
primeiro contato com os funcionários do provedor de serviços e outras evidências
físicas, como instalações e equipamentos. A respeito da importância do ambiente
físico, Bitner (1992) explica que, mesmo antes da compra, os consumidores
procuram por dicas a respeito da capacitação e da qualidade da empresa prestadora
de serviços, e que o ambiente físico é rico nesse tipo de indicadores, podendo ter
grande influência na comunicação da imagem e objetivos da empresa a seus
consumidores.
28
A exemplo do que ocorre durante a avaliação p-consumo, mesmo que o serviço
central seja adequadamente entregue, a avaliação geral do serviço pode ser
comprometida pela avaliação pós-consumo dos serviços complementares. Nesse
estágio, podem ser listados como exemplos de itens avaliados as facilidades de
pagamento, o contato com o pessoal de serviço ou, como constatou Woodside et al.
(1989 apud WALKER, 1995), até mesmo a comida servida por um hospital no
período de internação de um paciente.
Ainda segundo Walker (1995), o peso dado a cada um dos estágios de
desconfirmação mudará de acordo com a maior ou menor presença de elementos
intangíveis ao composto do produto. Segundo o autor, quanto maior a
predominância de elementos intangíveis, maior o impacto da avaliação do primeiro e
terceiro estágios.
Para Froemming (2001), em se tratando de serviços, os periféricos podem ser
preponderantes na avaliação por estarem bastante calcados em aspectos tangíveis
(mais fáceis de avaliar), o que nem sempre acontece com o serviço central, que
costuma ter predominância de aspectos intangíveis. Quanto mais carregado de
atributos de crença e ambíguo for o serviço central, mais difícil será sua avaliação
para o consumidor. Nesse caso, a avaliação dos periféricos poderá constituir-se na
avaliação geral do serviço. Incrementar a performance de qualidade de serviços é
incrementar a oferta total do serviço, que inclui tanto os aspectos centrais como os
periféricos.
Lovelock (1996) enfatiza que à medida que aumenta a concorrência e a indústria
amadurece, o serviço central de uma organização torna-se uma commodity e os
serviços periféricos ou suplementares é que darão às empresas a fonte de suas
vantagens competitivas.
29
Esse recurso tem sido largamente utilizado em diversos mercados, esteja o serviço
complementar diretamente ligado ao serviço central ou não. O fornecimento de
rápido atendimento a reclamações de falhas técnicas em provedoras de serviços de
internet ou televisão por assinatura, seguradoras que oferecem suporte técnico em
informática e reparos domésticos na compra de um seguro de automóveis,
homepages onde se pode solicitar serviços como a segunda via de boletos
bancários são alguns exemplos da utilização dos serviços complementares na busca
por vantagem competitiva.
No caso das IES, trabalhar para obter satisfação na gestão de serviços
complementares configura-se em uma estratégia de aplicação mais fácil e rápida
para a melhoria da satisfação geral com os serviços prestados pela instituição, pois
como lembram Nunes et al. (2008, p. 192), no desenvolvimento de um curso, o é
considerado o fato de que o insucesso desse produto perdura por no mínimo de
quatro a cinco anos, pois um programa mal concebido não pode ser descontinuado
antes de formar a turma inicial.
Em uma Universidade, pode-se citar como componente do serviço central o ensino,
pesquisa e extensão. No caso de uma Faculdade somente o ensino. Nessas
instituições, os serviços complementares podem ser definidos como: secretaria,
Xerox, tesouraria, cantina, biblioteca, apoio administrativo, laboratórios,
infraestrutura, dentre outros (COUTINHO, 2007).
2.2.2. O prestador de serviços
A literatura em serviços dedica grande atenção à importância do pessoal de contato
na percepção da qualidade de serviços por parte do cliente. Las Casas (2006)
explica que a prestação de serviços é alicerçada no desempenho humano, e prestar
bons serviços depende da qualidade desse desempenho. Bateson (1995) afirma que
assim como os consumidores são parte do processo de serviço, as pessoas de
contato são parte da experiência. As pessoas de contato são humanas e sujeitas a
exibir comportamentos que não podem ser controlados no processo de serviços.
Suas emoções são perceptíveis ao consumidor e podem afetar a experiência do
serviço positiva ou negativamente.
30
Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985), em seu modelo conceitual de qualidade de
serviço, reconhecem que os empregados de uma empresa de serviços exercem
forte influência sobre a qualidade tal como percebida pelos consumidores e que o
desempenho dos empregados nem sempre pode ser padronizado.
Vella, Gountas e Walker (2009) afirmam que a operacionalização da cultura
organizacional e dos processos internos é desempenhada pelos funcionários, dessa
forma, a implementação de estratégias de qualidade de serviços está intimamente
ligada a estratégias centradas no funcionário. Os autores complementam que as
condições de trabalho e políticas organizacionais podem influenciar diretamente os
comportamentos e práticas dos funcionários, e indiretamente, as percepções dos
consumidores a respeito dos atributos de marca dos serviços.
Para Grönroos (2003), o sucesso do marketing de relacionamento depende
imensamente das atitudes, do compromisso e do desempenho dos funcionários. Se
não houver comprometimento para o desempenho de seus papéis enquanto
verdadeiros funcionários prestadores de serviço e, ainda, se não estiverem
motivados para agir de maneira orientada para a satisfação de seu cliente, a
estratégia gerencial fracassará.
Segundo Cobra e Ryan (2004, p.74), “o professor é uma espécie de fornecedor
direto, com impacto decisivo na maior ou menor competitividade do produto (curso)
de uma IES.” Para os autores, uma instituição não obterá sucesso ao implementar
uma estratégia mercadológica sem o apoio de seus professores, especialmente se
tentar apresentar uma imagem que seus professores não gostem ou que não
acreditam ser verdadeira.
31
2.2.2.1. A importância das pesquisas com funcionários
A respeito da importância de se realizar pesquisas com os funcionários,
Parasuraman, Zeithaml e Berry (1994) apresentam três razões. Primeiro, os
funcionários são eles mesmos clientes dos serviços internos sendo, portanto, as
únicas pessoas capazes de avaliar a qualidade destes. Além disso, uma vez que a
qualidade dos serviços internos afeta a qualidade dos serviços externos, medir a
primeira é essencial. Segundo, os funcionários podem dar sugestões a respeito das
condições que reduzem a qualidade na organização, uma vez que vivenciam o
sistema dia-a-dia. Eles também veem mais que os clientes e de um ângulo diferente.
A pesquisa com os funcionários ajuda a perceber porque os problemas ocorrem e o
que as empresas podem fazer para solucioná-los. Finalmente, a pesquisa com os
funcionários serve como um sistema de alerta, que ao se exporem ao sistema
diariamente, eles percebem as falhas antes dos clientes.
Zeithaml e Bitner (2003), ao discorrerem a respeito da necessidade de se realizar
pesquisa de marketing, afirmam que descobrir o que os clientes esperam é essencial
para proporcionar qualidade em serviços, porém, ouvir aos clientes não é suficiente.
É necessário escutar quem realiza o trabalho. Para elas, as empresas que têm o
foco da pesquisa da qualidade em serviços exclusivamente com clientes externos
estão desperdiçando uma fonte de informação rica e vital.
Schneider (apud BATESON,1995, p.96) afirma que resultados positivos, tanto para
clientes externos, como para funcionários, são função de uma mesma dinâmica
organizacional, pois ambos compartilham experiências com o mesmo
comportamento organizacional, sugerindo que a forma com que os clientes externos
percebem o tratamento recebido ao usar os serviços de uma organização deve
relacionar-se positivamente com aquilo que os funcionários dizem a respeito das
práticas e procedimentos dessa mesma organização. De acordo com Zeithaml e
Bitner (2003), a pesquisa com funcionários complementa a pesquisa com clientes
quando se trata de investigar a qualidade do serviço, uma vez que os funcionários
são, eles mesmos, clientes de serviços internos.
32
Bitner (1992), ao estudar o impacto do ambiente físico sobre consumidores e
funcionários, afirma que os serviços normalmente exigem que ambos interajam
dentro do espaço físico da organização prestadora de serviços, e que por essa
razão, o ambiente físico deve ser adequado às necessidades e preferências de
funcionários e clientes simultaneamente.
Enquanto a pesquisa com clientes auxilia a compreensão do que está ocorrendo, a
pesquisa com funcionários auxilia a compreensão do por que está ocorrendo. Ambas
desempenham um papel único e fundamental na melhoria da qualidade dos
serviços, pois, segundo Zeithaml e Bitner (2003), os funcionários estão na melhor
posição para a observação dos serviços e identificação dos impedimentos para sua
qualidade uma vez que acabam por compreender questões centrais sobre as
expectativas e as percepções do cliente.
2.2.2.2. Serviços de apoio interno
Voltado aos princípios para o atendimento ideal ao cliente interno, Grönroos (2003)
explicita a teoria do marketing interno, explicando que o chamado endomarketing
parte do princípio de que os funcionários são um primeiro mercado, interno, para
todas as organizações. Se seus bens, serviços ou suas ferramentas de comunicação
planejada de marketing, novas tecnologias aplicadas, equipamentos e sistemas
operacionais, não puderem ser promovidos entre esse grupo-alvo interno, muito
menos que se esperar que o procedimento de marketing adotado para alcançar
os interesses dos clientes finais, externos, seja bem sucedido. O marketing interno é
um pré-requisito para se obter o êxito do marketing externo.
Como explicam Zeithaml e Bitner (2003), sem um suporte de apoio interno com foco
no cliente e sistemas orientados a este, é praticamente impossível que os
funcionários prestem serviços de qualidade, mesmo que o queiram. O
comprometimento por parte do prestador de serviço para com a qualidade do serviço
prestado ao cliente, apesar de essencial, de nada valerá sem um suporte de apoio
interno.
33
Os empregados e as funções da linha de frente de uma empresa têm que ter o apoio
de outras pessoas e áreas da empresa. As funções de secretaria, ou audiovisual, em
uma instituição de ensino, são imprescindíveis se for desejável prestar um bom
serviço ao cliente final externo. Se o serviço interno for insatisfatório, o serviço
prestado externamente será prejudicado. A ideia é fazer com que uma troca interna,
entre a organização e as equipes de funcionários, seja eficaz antes que a empresa
possa ter êxito no alcance de suas metas relativas aos mercados externos. Todos os
trabalhos, esforços e processos internos devem estar atrelados à manutenção ou à
melhoria do desempenho externo da empresa.
Ao se estudar uma instituição de ensino superior, percebe-se que, respeitadas suas
especificidades, tanto professores como alunos são igualmente servidos por
diversos departamentos e funcionários da organização. A secretaria acadêmica, o
setor de audiovisual, a biblioteca, a Xerox e mesmo a limpeza não são de uso
exclusivo de um ou outro público. Da mesma forma, professores e alunos travam
contato com o material de divulgação, comunicados acadêmicos, e são influenciados
pela imagem pública da instituição.
As considerações apresentadas neste item nos levam a compreender que o
funcionário de uma empresa prestadora de serviços, e em especial aquele que trava
contato direto com cliente, é uma peça fundamental na percepção da qualidade que
os consumidores têm dos serviços prestados. Para que esses funcionários
materializem as estratégias de serviços da organização, eles devem compreender
essas estratégias, devem possuir os recursos necessários para a realização do seu
trabalho, devem trabalhar num ambiente que respeite suas necessidades, assim
como as dos clientes. Esses funcionários vivem dia-a-dia a dinâmica da organização
ao mesmo tempo em que recebem feedback direto dos clientes, tornando-se
também uma valiosa fonte de informação para os gestores que devem lançar mão
de pesquisas com os funcionários para ampliar sua compreensão a respeito das
percepções dos clientes e dos possíveis impedimentos à qualidade de seus serviços
prestados.
34
3. OS SERVIÇOS EDUCACIONAIS
Os serviços educacionais têm as mesmas características básicas presentes em
outras modalidades de serviços, como a intangibilidade, a perecibilidade, a
variabilidade e a inseparabilidade, discutidos anteriormente. No que se refere à
qualidade também. Esta é definida pelo cliente, e sua satisfação é resultante de uma
comparação subjetiva entre suas expectativas e percepções. Devemos, contudo,
observar algumas particularidades desses serviços que afetam sua entrega e
avaliação por parte do cliente.
Uma particularidade diz respeito à definição de quem é o cliente de uma instituição
educacional. Uma IES possui diversos públicos com os quais deve relacionar-se,
entre eles temos: os alunos, suas famílias, a sociedade, o governo e potenciais
empregadores, cada qual com seus próprios interesses na qualidade dos serviços
prestados pela instituição. Para Kotler e Fox (1994), alguns possíveis consumidores
de uma faculdade são os alunos (que consomem diretamente o produto oferecido),
os pais de alunos (que esperam que a faculdade transmita conhecimento a seus
filhos), os funcionários, a sociedade e os ex-alunos. para Sirvanci (1996 apud
DERÍSIO), os alunos o clientes no momento que saem das escolas secundarias
para adquirir o serviço, produtos em processo enquanto cursam e podem ser
considerados produtos acabados a serem consumidos ao saírem para o mercado
de trabalho.
Lima (2005) explica que para determinar quem é o cliente da IES, deve-se ter em
mente duas perspectivas: a endógena e a exógena. Pela perspectiva exógena, o
cliente final é a sociedade, que avalia o produto final da IES o concludente
através de seus próprios agentes, os empregadores. Pela perspectiva endógena, o
cliente final é o aluno, que consome os produtos e serviços oferecidos pela IES.
Essa variedade de clientes para os serviços educacionais resulta que, ao se falar em
qualidade dos serviços em educação e especificamente da qualidade dos serviços
em Instituições de Ensino Superior (IES), estas podem também ser avaliadas de
diferentes maneiras. Dutra et al. (2002 apud MASTELLA, 2006) explica que existem
três formas de avaliação dos serviços educacionais. A primeira é através do
35
Programa da Avaliação de Oferta de Cursos de Graduação feita pelo MEC, que visa
avaliar in loco os cursos de graduação das instituições em relação à qualidade do
seu corpo docente, à organização didaticopedagógica e as suas instalações. A
segunda é pelo mercado de trabalho, que avalia as IES através de seus alunos ou
egressos. Estes se submetem constantemente a seleções de estágios, programas
de trainee e empregos. Dentre os critérios adotados nas seleções, normalmente os
candidatos são avaliados nos seus conhecimentos referentes à atividade acadêmica
escolhida, de forma que o mercado avalia indiretamente o ensino oferecido pela
instituição onde o profissional estudou. A terceira é a avaliação feita pelo cliente em
relação ao serviço oferecido, pois o aluno, no momento que entra em contato com a
instituição, começa a receber estímulos que são processados, formando sua
avaliação pessoal da qualidade do serviço educacional. Sendo que suas percepções
não estão restritas apenas ao contexto da sala de aula, mas a todas as atividades
que compõem o serviço.
Jennings (1989 apud ENGELLAND et al., 2000) explica que os programas
acadêmicos podem ser avaliados de três maneiras. A primeira é uma abordagem do
valor agregado, a segunda refere-se ao sucesso na carreira do egresso e a última foi
denominada abordagem do impacto.
A abordagem do valor agregado considera que os estudantes devem mudar em um
número de aspectos referentes a seus conhecimentos, atitudes e habilidades ao
longo do curso de sua vida acadêmica. Essa avaliação é baseada em uma série de
exames que mensurem o quanto o aluno mudou dentro desses aspectos. A
avaliação baseada no sucesso da carreira do egresso tenta determinar o quanto a
graduação o influencia. A avaliação, aqui, é baseada na qualidade dos empregos
obtidos, na avaliação de desempenho do egresso, nos níveis salariais e nas
promoções alcançadas. Por último, a abordagem do impacto tenta mensurar o
quanto o egresso contribui para o sucesso de uma organização.
36
De acordo com o autor, as avaliações de programas educacionais tendem a
concentrar-se na abordagem do valor agregado, como é o caso das avaliações do
ENADE, pois as outras duas estratégias de avaliação são mais caras e difíceis de
administrar, além de ser difícil distinguir se o sucesso profissional de seus egressos
está calcado na educação recebida ou deve ser atribuído às suas características
existentes antes de seu ingresso no programa.
No que tange a avaliação do MEC, especificamente, temos que a sistemática de
avaliação institucional estabelecida pelo SINAES é construída com base em três
processos que, segundo o MEC, “buscam captar indicadores de qualidade, em
distintos níveis e enfoques, cujos resultados serão analisados de modo sistemático e
integrado”, são eles:
Avaliação da Instituição (Autoavaliação e Avaliação Externa);
Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE);
Avaliação dos Cursos de Graduação.
A avaliação da instituição compreende uma avaliação interna e uma externa. A
interna é coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada instituição
e orientada pelas diretrizes e pelo roteiro da autoavaliação institucional da CONAES.
A externa é realizada por comissões designadas pelo INEP, segundo diretrizes
estabelecidas também pela CONAES.
O ENADE consiste de um exame que, ao avaliar o desempenho do estudante no
início e ao final do curso, permite analisar os conhecimentos adquiridos ao longo do
seu processo de formação.
Por ultimo, a Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG) avalia os cursos de
graduação por meio de instrumentos e procedimentos que incluem visitas in loco de
comissões externas. A periodicidade dessa avaliação depende diretamente do
processo de reconhecimento e renovação de reconhecimento a que os cursos estão
sujeitos.
37
Para a avaliação da instituição, as referências de qualidade estão estabelecidas em
dez dimensões do Sistema Nacional de Avaliação, a saber:
Dimensão 1: A Missão e o Plano de Desenvolvimento Institucional
Dimensão 2: Perspectiva científica e pedagógica formadora: políticas,
normas e estímulos para o ensino, a pesquisa e a extensão
Dimensão 3: Responsabilidade Social da IES
Dimensão 4: Comunicação com a sociedade
Dimensão 5: Políticas de Pessoal, Carreira, Aperfeiçoamento, Condições
de Trabalho
Dimensão 6: Organização e Gestão da Instituição
Dimensão 7: Infraestrutura física e recursos de apoio
Dimensão 8: Planejamento e avaliação
Dimensão 9: Políticas de atendimento aos estudantes
Dimensão 10: Sustentabilidade Financeira
Dentre as formas de avaliação mencionadas a avaliação feita pelo cliente-aluno, que
consome diretamente o produto oferecido, pode trazer benefícios mais imediatos
para a instituição pesquisada, possibilitando, quando necessário, a rápida adoção de
medidas corretivas.
Krehbiel et al. (1998 apud MASTELLA, 2006) afirmam que apesar da existência de
vários critérios para avaliar a qualidade em IES o mais adequado é avaliar a
qualidade a partir das opiniões dos clientes, e que a forma de mensurar a satisfação
dos clientes é calcular a diferença entre suas percepções e suas expectativas
quanto à qualidade do serviço prestado.
A respeito da importância de se avaliar a qualidade dos serviços percebida pelos
clientes-alunos, especificamente, Coutinho (2007) coloca que a retenção de alunos é
tão importante quanto atrair novos alunos para a instituição. Segundo o autor, a
decisão de renovar a matrícula, semestral ou anualmente, passa pela análise de
diversos fatores, e pelo menos um desses fatores, provavelmente, está relacionado
com o serviço prestado pela instituição. O discente insatisfeito pode reduzir o
número de disciplinas cursadas ou abandonar o curso, ou solicitar transferência para
38
outra instituição, com consequente perda de receita da mensalidade. Além disto, a
insatisfação pode contaminar outros estudantes e abalar a imagem da instituição. O
autor acrescenta ainda que o engajamento dos estudantes no processo de avaliação
de serviços implica, para estes, apoderar-se de sua importância, pois, ao participar
diretamente, assumem a parcela que lhes cabe como membros de uma comunidade
educacional. Segundo ele, realizar melhorias oriundas dessas avaliações pode ser
uma importante fonte de satisfação com os serviços da instituição.
Ruby (1998), ao falar sobre a importância de se avaliar a satisfação dos alunos com
os serviços de apoio em sua pesquisa realizada em quatro universidades
americanas, afirma que a satisfação com os serviços mencionados influencia
fortemente a retenção de alunos, bem como sua disposição para recomendar a
instituição para seus amigos, além de impactar sobre suas intenções de contribuir
financeiramente com a instituição no futuro.
Para Kotler e Fox (1994), uma instituição que responde ao mercado, deseja que as
satisfações, ou insatisfações dos clientes-alunos apareçam, pois eles são
frequentemente os melhores formadores de opinião sobre a instituição, sendo
observadores do desempenho de seus serviços; além disso, suas opiniões podem
ajudar a identificar os serviços mais importantes que exigem atenção.
Outro ponto a destacar como particularidade dos serviços educacionais diz respeito
ao seu grau de intangibilidade. Como comentado no item 2.1 deste trabalho, é
extremamente difícil definir um serviço ou um produto puro. G. Lynn Shostack em
seu texto clássico Breaking Free from Product Marketing, de 1977 (in ZEITHMAL e
BITNER, 2003), apresenta uma escala em que classifica os serviços de acordo com
a dominância de aspectos tangíveis ou intangíveis (Figura 3.1).
39
Figura 3.1 Espectro da tangibilidade
Fonte: SHOSTACK, G. in ZEITHMAL & BITNER, 2003
Nele, Shostack classificava o ensino no extremo direito do espectro,
demonstrando a predominância de aspectos intangíveis. Visão esta apoiada por
Kotler e Fox (1994), que afirmam que as ações intangíveis determinam a natureza
do ato do serviço no ensino superior.
Dada tal característica, as IES podem se beneficiar ao investir recursos em ações
que tangibilizem a prestação de serviços. Las Casas (2008) sugere que a confecção
de folhetos, folders e outros materiais promocionais, bem como a estrutura física do
estabelecimento tangibilizam a oferta comercial da instituição. apostilas, livros e
materiais didáticos, tangibilizam a orientação pedagógica dos cursos. A estes
podemos acrescentar as homepages das instituições, que tem servido não somente
como porta de entrada para a pesquisa de oferta de serviços da IES por potenciais
alunos, mas também como ferramenta de prestação de serviços complementares
aos discentes, como a realização de matrículas, consulta de notas, consulta ao
acervo da instituição, entre outros.
Em consonância com Las Casas (2008), Lima (2005) afirma que, na hora de
escolher uma faculdade, o aluno vai procurar por aspectos que o auxiliem a tornar
tangível esse serviço, como instalações físicas, atendimento, limpeza, preço,
formação dos professores, recomendações de outras pessoas, reputação da
instituição na sociedade, quantidade de egressos no mercado de trabalho,
40
diversidade de serviços ofertados, tradição e outros. Diversos desses aspectos
ajudam a formar a imagem da instituição educacional e influenciam a formação do
conceito da qualidade de ensino que o aluno terá.
Os serviços complementares, ou periféricos, também desempenham importante
papel na avaliação da qualidade por parte dos clientes. Para Froemming (2001), no
caso de uma IES, a avaliação da qualidade nos serviços é dificultada por ser mais
centrada em atributos de experiência e de crença. Por esse motivo, os alunos
procuram indícios que os ajudem na avaliação de sua satisfação. Para a autora,
esses indícios se localizam no nível da oferta dos periféricos. Afirma, ainda, que é
importante a manutenção dos serviços centrais com qualidade satisfatória, porém,
quando se deseja significativo aumento de desempenho na satisfação global do
aluno, os serviços periféricos devem ser enfatizados.
Na busca de fatores para analisar a qualidade percebida de serviços educacionais
LeBlanc e Nguyen (1997) destacam alguns fatores importantes como:
Contato pessoal com os professores: inclui-se aqui a aparência dos
professores, sua cordialidade e atenção com os alunos, suas habilidades de
comunicação, seu potencial de inovar e ser agente de mudanças.
Reputação: a cultura, os valores e os comportamentos da Instituição, seu
envolvimento com a comunidade e a forma de gerenciar seus alunos.
Evidências sicas: layout, iluminação e limpeza das salas de aula, aparência
do prédio e demais construções, conforto das salas de aula e sua decoração.
Contato pessoal com a parte administrativa: cortesia e gentileza dos
funcionários, sua capacidade na resolução de problemas, preparo e
conhecimento acerca dos procedimentos.
Currículo: orientação dos programas e cursos, número de cursos oferecidos e
o nível de esclarecimento aos estudantes sobre os objetivos dos programas.
Responsividade: estudantes são informados sobre possíveis mudanças
Acesso a facilidades: avaliação do estacionamento, acesso a computadores e
outras tecnologias, e acesso as salas de aula.
41
De acordo com Grönroos (2000), na prestação de serviços sempre ocorre algum
nível de interação entre o cliente e a empresa, que varia no tempo de duração e na
forma de contato. Observa-se que no caso de uma IES o contato é contínuo durante
um longo período de tempo, incluindo muitos contatos e interações. Dessa interação
surge um relacionamento que, se não for satisfatório para o cliente, poderá levá-lo a
buscar um novo fornecedor para os serviços. Essa visão é compartilhada por Las
Casas (2008); ao discorrer a respeito do tempo de duração dos serviços
educacionais, explica que é necessária uma análise do grau de durabilidade da
prestação. Segundo o autor, no caso da interação entre uma IES e seus alunos, por
ser essa uma relação que se estenderá por quatro ou cinco anos, a instituição deve
se preocupar em manter relacionamentos duradouros para evitar evasão.
Rowley (1997, apud MASTELA, 2006) reforça a importância do relacionamento com
o cliente. Segundo a autora, diferentemente de outros serviços em que o cliente
participa de forma neutra, a participação, nesse caso, é ativa ao longo de todo o
processo, sendo importante o papel desempenhado pelo cliente no ambiente de
serviço, e sua compatibilidade e interação não só com os professores e funcionários
da instituição, como também com os outros colegas, para alcançar a sua satisfação
com o serviço. Num encontro de serviços prolongado mais tempo para o
prestador de serviços e o consumidor efetuarem trocas e provocar uma
autorrevelação entre as partes que leva a uma maior intimidade nos encontros de
serviços.
Cuthbert (1996) explica ainda que, em se tratando da experiência com os serviços
no ambiente educacional, além dos encontros de serviço prolongarem-se por longos
períodos, uma grande variedade de encontros que incluem os serviços de apoio
como os administrativos, biblioteca, alimentação, acomodações, serviços de
informática, serviços de fotocópias e relacionados, estrutura esportiva, entre outros.
42
Froemming (2001) destaca que tem havido um reconhecimento de que a totalidade
da experiência do aluno com a instituição é uma perspectiva mais útil a se adotar em
termos de satisfação do aluno e de marketing, e cita Aldridge e Rowley (1998) ao
explicar que ensinar e aprender não é algo que ocorra isoladamente, sendo uma
experiência global do aluno cada vez mais importante como definidora das atitudes
deste para com a instituição de ensino.
Vivemos hoje uma realidade na qual a educação não mais se encerra com o termino
de um curso de graduação. Com o advento da educação continuada, a
aprendizagem passou a ser para toda a vida, levando os indivíduos de volta as salas
de aula para se manterem atualizados e capacitados nas evoluções ocorridas em
todas as áreas do conhecimento. Nesse contexto, pensar os serviços prestados em
uma IES além da sala de aula é valorizar a experiência do cliente-aluno dentro do
campus, estreitando o relacionamento entre a instituição e seus clientes.
43
4. AVALIANDO A QUALIDADE EM SERVIÇOS
Na década de 1980, surgiram os primeiros trabalhos propondo modelos de
qualidade em serviços utilizados para examinar as relações entre a qualidade do
serviço, a satisfação do consumidor e as intenções de compra. Em 1984, Grönroos
propôs o modelo de qualidade percebida de serviços e introduziu os conceitos de
qualidade técnica e funcional. No ano seguinte, Parasuraman, Zeithamal e Berry
estudaram formas para avaliar a expectativa e percepção dos consumidores. Ambos
os modelos já foram mencionados no item 2.2 deste trabalho.
Com base em pesquisa de 1985, Parasuraman, Zeithamal e Berry criaram em 1988
a ferramenta de avaliação da qualidade em serviços chamada SERVQUAL
(LADHARI, 2009). Esse modelo propõe a análise de lacunas que representam a
diferença entre as expectativas dos clientes e a oferta dos prestadores de serviço,
identificando, assim, os determinantes da qualidade percebida.
Desde então, foram utilizadas diferentes metodologias para avaliação da qualidade
em serviços e satisfação do cliente. Outros métodos encontrados na revisão da
literatura em serviços realizada para este trabalho foram o método do incidente
crítico aplicado a encontros de serviços (COUTINHO, 2007; FROEMMING, 2001) e
o modelo SERVPERF (CRONIN & TAYLOR,1994 apud BUTTLE, 1996).
O método do incidente crítico consiste de um conjunto de procedimentos para
coletar diretamente observações do comportamento humano,de maneira a facilitar a
sua utilidade potencial na prática de solução de problemas. Para que se defina um
incidente como “crítico”, ele deve poder ser descrito em detalhes e deve desviar-se
significativamente do considerado “normal” ou esperado, tanto positivamente como
negativamente. (FROEMMING, 2001).
o modelo SERVPERF surgiu como uma crítica ao modelo SERVQUAL. Esse
instrumento utiliza-se dos mesmos itens do último, mas com uma abordagem
diferente na mensuração da qualidade, não considerando as expectativas dos
clientes, mas apenas suas percepções de qualidade.
44
Segundo Buttle (1996) e Ladhari (2009), contudo, nenhum outro modelo de
avaliação de qualidade em serviços, parece ser tão popular quanto a escala
SERVQUAL, e apesar das críticas sofridas, a escala continua sendo considerada
uma ferramenta útil para a avaliação e gestão da qualidade em serviços.
4.1. A escala SERVQUAL
Como visto anteriormente, Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) explicam seu
conceito de qualidade como o nível de discrepância entre as expectativas que o
consumidor tem em relação à realização de determinado serviço e as suas
percepções a respeito do desempenho do serviço realizado, onde a expectativa
pode ser compreendida como aquilo que o cliente acredita que uma empresa
prestadora de serviços deve oferecer, enquanto a percepção é a avaliação do
serviço oferecido por uma dada empresa.
Segundo os autores, antes de fazer uso de um dado serviço, o cliente já tem
expectativas a respeito dos requisitos de qualidade de um serviço, formadas a partir
de suas próprias necessidades, experiências passadas, comunicação boca-a-boca e
da comunicação externa gerada pelo fornecedor de serviços, em especial a
publicidade. Normalmente, há uma diferença entre o serviço esperado e o percebido,
ou seja, uma lacuna de qualidade do ponto de vista do consumidor. Essa lacuna
reflete como o consumidor avalia o serviço e é função de outras lacunas do lado do
fornecedor.
45
As lacunas encontradas por Parasuraman et al. (1985), podem ser assim resumidas
(Figura 4.1) :
Lacuna 1 A diferença entre as expectativas dos clientes e a percepção
gerencial sobre elas;
Lacuna 2 A diferença entre a percepção gerencial sobre as expectativas
dos clientes e a especificação da qualidade do serviço;
Lacuna 3 A diferença entre a especificação da qualidade do serviço e o
serviço efetivamente prestado ao cliente;
Lacuna 4 A diferença entre a percepção do cliente do serviço recebido e
a comunicação externa;
Lacuna 5 A diferença entre o serviço esperado e o serviço percebido.
A quinta lacuna é influenciada pelas lacunas de 1 a 4, estando estas últimas ao
alcance do controle da organização, que deve analisá-las para identificar mudanças
a serem implementadas com o objetivo de reduzir ou eliminar a quinta lacuna.
Segundo Parasuraman et al. (1985), essa análise das lacunas é crítica para a
identificação de discrepâncias entre as percepções do prestador de serviços a
respeito das dimensões de qualidade e aquelas dos consumidores. De acordo com
Engelland et al. (2000, p. 238), esse procedimento permite que os gerentes foquem
sua atenção nas causas da ocorrência de cada uma e estimula que se desenvolvam
estratégias para estreitá-las.
46
Figura 4.1 - Modelo conceitual de qualidade de serviço
Fonte: adaptado de PARASURAMAN, A.; ZEITHAML, V.; BERRY, 1985.
47
Derivado desse modelo de lacunas, Parasuraman, Zeithaml e Berry desenvolveram
a escala SERVQUAL. Esse instrumento reflete as cinco dimensões da qualidade dos
serviços, que representam o modo como os clientes organizam em sua mente tal
informação. Cada dimensão contém múltiplos itens responsáveis pela captação dos
atributos fundamentais do serviço (ZEITHAML & BITNER, 2003). São elas:
Tangíveis: são as evidências físicas do serviço. Envolvem a aparência das
instalações físicas, equipamentos, pessoal e materiais de comunicação;
Confiabilidade: envolve a consistência da prestação e a capacidade para
realizar os serviços de forma correta;
Presteza (ou Responsividade): diz respeito à disposição ou prontidão dos
empregados para prestação do serviço. É a vontade de ajudar os clientes
e fornecer um serviço com motivação;
Garantia (ou Segurança): conhecimento e cortesia dos funcionários e sua
capacidade de inspirar confiança;
Empatia: atenção personalizada e o cuidado que a empresa dispensa aos
seus clientes.
Segundo Lovelock e Wright (2002), a dimensão confiabilidade está relacionada
com os atributos de serviço referentes ao resultado esperado pelo cliente, pois é
avaliada depois da experiência do serviço. as outras dimensões estão
relacionadas aos atributos do processo de serviço, pois podem ser avaliadas pelos
clientes durante a entrega do serviço.
O instrumento é composto de um questionário, dividido ainda em dois módulos,
sendo um de avaliação das expectativas, e outro, das percepções com relação a um
dado serviço. Cada módulo é composto de 22 afirmações às quais os respondentes
devem atribuir notas em graus variados, variando de discordo totalmente (1) a
concordo totalmente (7). A qualidade percebida é, então, calculada pela diferença
entre a pontuação atribuída às percepções e às expectativas (P-E).
48
A respeito da aplicabilidade da escala, Parasuraman et al. (1991, p. 445 apud
Ladhari, 2009) afirmam tratar-se de um instrumento genérico de boa confiabilidade,
validade e ampla aplicabilidade, cujo propósito é servir como uma metodologia de
diagnóstico capaz de revelar forças e possíveis áreas de melhoria na qualidade dos
serviços de uma organização. Segundo os autores, ainda, as dimensões e itens
presentes em SERVQUAL, vão além de empresas ou indústrias específicas.
Corroborando essa visão, em revisão conduzida por Ladhari (2009) da pesquisa
acadêmica realizada com a utilização do instrumento SERVQUAL em seus 20 anos
de existência, verificou-se sua larga aplicação em diferentes indústrias e países. Em
seu levantamento, Ladhari (2009) lista a utilização da escala em uma grande
variedade de tipos de serviços, como serviços médicos, serviços bancários,
telecomunicações, varejo, serviços de informação, restaurantes fast-food e
bibliotecas. A mesma variedade é encontrada na origem dos trabalhos, publicados
em países tão diversos como Estados Unidos, Austrália, Holanda, Grã-Bretanha,
China, Coréia e África do Sul. Essa diversidade indica que SERVQUAL apresenta
um modelo genérico que permite, além de numerosas aplicações, comparações de
resultados entre diferentes indústrias e contextos.
Também na avaliação da qualidade em serviços educacionais, o modelo
SERVQUAL tem sido utilizado, tanto no Brasil (CARRIJO, 2007; COUTINHO, 2007;
LIMA, 2005; MASTELLA, 2006; PALHARINI,1996; TURETA et al., 2007;) como no
exterior (CUTHBERT, 1996; ENGELLAND et al., 2000; RUBY, 1998; SMITH et al.,
2007).
Por outro lado, SERVQUAL tem também sido submetido a diversas críticas com
relação a sua validade teórica. A primeira diz respeito ao fato de estar baseado em
um modelo de desconfirmação ao invés de nas atitudes dos clientes (BUTTLE,
1996); além de agregar pouco em relação aos modelos de avaliação de
desempenho. Engelland et al. (2000), explicam que a comparação entre expectativa
e desempenho é atraente para os gerentes de marketing. Para a autora, é
reconhecida a importância de a organização manter um esforço contínuo para
garantir que o nível de serviço equipare-se ou supere as expectativas dos clientes.
Esse modelo de gaps permite que a empresa as identifique assim que surjam e crie
49
estratégias para estreitá-las. segundo Cuthbert (1996), para o ensino superior
este é, provavelmente, um modelo apropriado, uma vez que a experiência do serviço
aqui não é tão facilmente definível como em uma interação entre o caixa e um
cliente de banco, por exemplo.
Outra crítica feita diz respeito ao fato de a escala focar-se na entrega do serviço, ao
invés do resultado final. Mais uma vez, Cuthbert (1996) defende que para o ensino
superior este é o foco ideal, uma vez que aqui, é o processo que deve ser
monitorado, não os resultados do trabalho dos alunos, pois, segundo ele, o resultado
final da educação é mais que o diploma, e frequentemente pode ser notado apenas
alguns anos após a experiência com o serviço.
Uma terceira crítica presente na literatura diz respeito à inconsistência de resultados
em diferentes situações levantada por Rosen e Karwan (1994 apud CUTHBERT,
1996) que criticaram a afirmação de Parasuraman et al. (1991 apud LADHARI, 2009)
de que se trata de um instrumento genérico de ampla aplicabilidade. Eles afirmam
que é razoável encontrar resultados diferentes em contextos diferentes, e sugerem
que as organizações prestadoras de serviços deveriam ser classificadas pelo tipo de
entrega, não pelo tipo de serviço. As três variáveis chaves nessa classificação
seriam: o grau de contato e a interação do cliente com os funcionários da
organização; o grau de customização do serviço, e o grau de utilização de mão de
obra. Para exemplificar, aplicando-se essa ideia a um contexto de educação
presencial, os autores concluem que neste um alto grau de uso de mão de obra,
baixa customização e nível médio de interação. Por outro lado, serviços bancários e
seguros apresentam um serviço padronizado de baixa interação e customização.
Essas diferenças levam a resultados diferentes na constatação de quais os fatores
de avaliação são os mais importantes.
50
Em sua pesquisa, Palharini (1996) mostrou que a escala SERVQUAL é útil na
identificação de pontos que demandam ações da instituição pesquisada. Sendo que
o levantamento da faixa de tolerância serve para balizar a ação dos dirigentes,
permitindo a eles identificar o escopo de ação que possuem nas diversas
características relevantes para os clientes. Em contrapartida, as medidas de
adequação e de superioridade sinalizam para a organização os pontos fortes e as
oportunidades de melhoria.
Como mencionado anteriormente, apesar das críticas sofridas, nenhuma outra
ferramenta de avaliação da qualidade em serviços alcançou tamanha
popularidade. Acreditamos que a simplicidade do modelo que sustenta a escala
(modelo de desconfirmação), sua adaptabilidade a diferentes mercados e tipos de
serviços e a fácil compreensão do conteúdo dos questionários por parte dos
respondentes colaboram para essa popularidade, que cada vez mais tem tido sua
aplicação estendida também para a avaliação de serviços internos (MOORES;
REYNOSO, 1995), e serviços complementares, como é o caso deste trabalho.
Para a execução desta pesquisa, a ferramenta SERVQUAL foi adaptada para
utilização junto a alunos do curso de Administração de Empresas da IES estudada,
buscando observar as expectativas e percepções de qualidade dos primeiros a
respeito da qualidade dos serviços periféricos avaliados.
51
5. A PESQUISA
5.1. Panorama brasileiro da educação superior
5.1.1. Breve histórico
O nascimento da primeira célula da educação superior no Brasil data de 1572, com a
criação dos cursos de Artes e Teologia no Colégio dos Jesuítas da Bahia. O ensino
superior não religioso, porém, só veio a surgir com a transferência da sede do
império português para o Brasil. A transferência resultou na instalação de cursos
superiores no Rio de Janeiro a partir de 1808. Tais cursos visavam suprir as
necessidades do Estado de profissionais para trabalharem na burocracia estatal e
também formar profissionais liberais.
Depois da Independência, formaram-se no Brasil dois setores, o do ensino estatal
(secular) e o do ensino particular (religioso). Mas foi apenas a partir da República
que se criaram as condições para a existência de um ensino superior privado no
Brasil com a descentralização do ensino superior instituído pela Constituição de
1891, que delegou a responsabilidade pelo ensino também para os governos
estaduais e permitiu a criação de instituições privadas. A criação de escolas
superiores livres por particulares possibilitou um maior desenvolvimento do ensino
superior no país. Entre 1892 e 1910, foram criadas 27 instituições de ensino
superior, e o número de estudantes que em 1880 era de aproximadamente dois mil e
trezentos estudantes, pulou para mais de dez mil em 1915 (BARREYRO, 2008).
Desde seu surgimento, o ensino superior no Brasil passou por uma série de
reestruturações e reformas, adequando-se à política governamental vigente em cada
época. Foi a partir da década de 1990, contudo, que se acelerou o processo de
expansão e privatização da educação superior brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB 9.394/96), proposta pelo ministro Paulo Renato de
Souza durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, permitiu a criação de
instituições privadas stricto sensu. Essas instituições devem ser mantidas e
administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Elas ainda se
distinguem em instituições com ou sem fins lucrativos, sendo as primeiras
52
particulares em si, e as segundas, comunitárias, confessionais ou filantrópicas
(BARREYRO, 2008). As IES mantidas pela União, em contrapartida, são as criadas
ou incorporadas, mantidas e administradas pelo poder público.
Pela referida LDB, o poder do Estado no âmbito do ensino superior foi mantido
mediante a dupla reconhecimento/credenciamento e avaliação. Uma IES
necessitaria passar por processos de autorização e reconhecimento da instituição e
de seus cursos para que pudesse ofertá-los. Processos esses que passaram a ter
prazos limitados, sendo renovados periodicamente, após processo regular de
avaliação. Caso existissem deficiências, a lei previa que, no caso em que a
avaliação fosse negativa, o curso ou a instituição receberiam um “prazo de
saneamento”, após o que nova avaliação mostraria a reabilitação do curso ou da
instituição, caso contrário haveria intervenção na instituição, suspensão temporária
da autonomia (no caso de universidades) ou, ainda, o descredenciamento. (CUNHA,
2003)
A partir de 1997, princípios adotados pelo MEC passaram a assegurar às IES maior
liberdade na composição da carga horária mínima, na definição das unidades de
estudo a ministrar, evitando, também, a fixação de conteúdos específicos em cargas
horárias pré-determinadas, que não poderiam exceder 50% da carga horária total
dos cursos. Tais princípios permitiram que, do ponto de vista mercadológico, as IES
saíssem de um modelo de massa, de oferta do maior número possível de produtos,
o mais padronizado possível, para um modelo segmentado, em que os cursos
passariam a ser diferenciados de acordo com demandas de mercado, regiões de
atuação, perfil do aluno etc. (NUNES et al., 2008). Sob o ponto de vista institucional,
contudo, uma classificação que afeta a autonomia da instituição para criar novos
cursos e decidir quanto à oferta de vagas nos seus diversos cursos. Enquanto as
universidades gozam de autonomia, estando, ainda que com algumas limitações,
dispensadas pela Lei 9394 art.53 inciso I de solicitar ao poder blico autorização
para abrir novos cursos Superiores, as Faculdades Integradas, Faculdades Isoladas,
Escolas Superiores, Institutos Superiores, sejam elas publicas ou privadas, não
gozam de autonomia e devem ter seus cursos autorizados pelo Ministério.(DERÍSIO,
2005)
5.1.2. O cenário competitivo
53
Ao longo das últimas duas décadas, o ensino superior no Brasil passou por uma
forte expansão. Observou-se um grande crescimento no número de alunos
matriculados em cursos superiores no país, que passou de aproximadamente 1,76
milhões de alunos em 1995, para pouco mais de cinco milhões em 2008. Esse
crescimento no número de matriculados foi possível graças ao surgimento de novas
instituições de ensino superior no país, que passou de 894 para 2252 no mesmo
período, em sua grande maioria, instituições privadas, como pode ser observado no
gráfico 5.1.
Gráfico 5.1 - Evolução do número de IES período 1995/2008
Fonte : Censo SINAES 2008
Nunes et al. (2004 apud CARRIJO, 2007) enumeram alguns fatores que explicam o
crescimento do número de IES privadas. Primeiramente, o aumento de alunos com o
ensino médio completo. Las Casas (2008) explica tal fato pelo abrandamento da
crise do ensino médio a partir do ano de 1998, quando um número maior de alunos
passou a se formar e pôde ter acesso ao ensino superior. O segundo fator apontado
são os bons salários e a estabilidade empregatícia que p-determinam a
importância de um maior nível educacional. De fato, a remuneração dos
trabalhadores com educação superior é 250% maior do que a remuneração média
0
500
1000
1500
2000
2500
1995
1998
2000
2003
2005
2008
210
211
176
207
231
236
684
764
1004
1652
1934
2016
Privadas
Publicas
IES por Categoria
54
da força de trabalho brasileira, e cerca de 64% dos indivíduos com educação
superior estão entre os 10% mais ricos do país (TAFNER et al., 2007). O terceiro
fator apontado é a oportunidade de acesso em razão da expansão de IES. E por
último, a estabilização econômica a partir de 1994, possibilitando planejamento
familiar e dos alunos para custear o curso no médio prazo.
Junto com tamanho crescimento setorial, desenhou-se um cenário competitivo
bastante acirrado para as IES privadas. O número de vagas cresceu mais do que o
número de ingressos e a relação candidato-vaga aumentou nas universidades
públicas, mas diminuiu nas privadas. Como comentado na introdução deste trabalho,
segundo o censo INEP de 2008, a demanda por vaga no ensino privado é de apenas
1,16 candidatos, enquanto no ensino superior publico a relação chega a 7,13
candidatos por vaga.
De acordo com Las Casas (2008), com o aumento da oferta, os alunos têm uma
variedade maior para sua decisão de compra, o que tem exigido que as instituições
tratem estes como clientes e apliquem práticas comerciais que contribuam para sua
sobrevivência. Para o autor, as instituições de ensino superior privadas passaram a
ser prestadoras de serviços com vistas à obtenção de lucros em suas operações.
Ademais, na disputa por alunos, as IES privadas têm que enfrentar altas taxas de
evasão. Nunes et al. (2008) comentam que, nacionalmente, cursos com perdas
de alunos de 30% a 70%, o que tem levado algumas universidades a concentrar os
esforços não apenas na captação de novos alunos mas, também, na implementação
de estratégias de retenção e manutenção dos destes. Os autores mencionam, ainda,
o trabalho de Veloso e Almeida (2000), realizado na Universidade Federal do Mato
Grosso e que exemplifica o problema da evasão no ensino superior brasileiro. Na
universidade estudada, apesar de pública e gratuita, verificou-se que cursos com
até 73,14% de evasão (Licenciatura em Química). Ainda nesse estudo, o menor
índice encontrado ocorreu no curso de Direito, com 29,74% de perda de alunos
dentro de um ciclo completo de graduação.
Nunes et al. (2008) apresentam um quadro que traz as variáveis ambientais atuantes
nesse mercado. Divididas em fatores politicolegais, econômicos, socioculturais e
55
tecnológicos, elas demonstram o ambiente turbulento com o qual devem lidar as IES
brasileiras hoje.
Quadro 5.1 - Variáveis ambientais aplicadas ao ensino superior brasileiro
Fatores
Politicolegais
Liberalização na abertura de novas IES; 544 novas IES de
outubro de 2001 a julho de 2003, média de 1,2 ao dia (INEP,
2003)
Estatização de 10% das vagas nas IES filantrópicas (PROUNI)
Isenção de impostos para as universidades privadas em troca de
10% das vagas (PROUNI)
Cotas raciais nas universidades públicas.
50% das vagas nas IES públicas para egressos de escolas
públicas
Fatores
Econômicos
Desemprego de 13,10% em 2002 (IPEA, maio de 2004)
Queda da renda média mensal de 14,4%, entre 2002 e 2004.
Baixo nível de financiamento para o ensino superior
Guerra de preços no setor de ensino superior
Aumento da inadimplência dos alunos
Fatores
Socioculturais
Apenas 9% da população entre 18 e 24 anos está matriculada no
ensino superior (IBGE, 2002)
Apenas 16% da população acima de 18 anos está estudando ou
é formada em curso superior (UNESCO, 2001)
Haverá 8 milhões de alunos em 2010, mantidos os índices de
crescimento (INEP, 2000)
Introdução do Provão (evoluindo para o SINAES) como
instrumento de avaliação da qualidade das universidades
Fortalecimento dos exames de associações de classe como
premissa para o exercício profissional do egresso (OAB)
Ampliação da exigência de ensino superior como fator crítico de
sucesso profissional
Fatores
Tecnológicos
Introdução do ensino a distância
Competição internacional em EAD
20% das disciplinas podem ser oferecidas a distância (LDB,1996)
em qualquer curso.
Crescimento das ferramentas virtuais de apoio ao ensino
presencial
Fonte: Adaptado de SERRA, TORRES E TORRES (2002) in NUNES, G.T. et al. (2008)
56
As variáveis ambientais apresentadas no quadro acima nos demonstram uma
tendência para a continuidade no crescimento da demanda. Apesar de o ensino
superior ter se convertido em um fator crítico de sucesso profissional, apenas 16%
da população acima de 18 anos está estudando ou é formada em curso superior, o
que indica que ainda espaço para o crescimento desse setor. Por outro lado,
vemos que alguns fatores mencionados, como as taxas de desemprego, a queda na
renda da população, o aumento da inadimplência dos alunos, as guerras de preços
no setor de ensino superior e a competição internacional, reforçam a necessidade de
as IES privadas aprimorarem seu foco no mercado.
As conclusões baseadas nas variáveis ambientais, são reforçadas pelo Quadro 5.2.,
que traz os resultados de um estudo de projeção de cenários para o ensino superior
para o período 2003/2025 realizado pelo Conselho dos Reitores das Universidades
Brasileiras e a UNESCO.
57
Quadro 5.2 - Cenários para a educação superior 2003/2025
Tendência
Características
Mudança nas
características do
Ensino Superior, por
meio da introdução
de novos elementos.
Quebra do monopólio geográfico.
Mudança do modelo organizacional: o sistema federado de
faculdades e universidades dá lugar a uma indústria do
conhecimento, operando em mercado global e não
regulamentado.
Universidades amplas, fortes e verticalmente integradas
dão lugar a instituições mais especializadas, centradas no
aluno, e não no professor.
Mudança na estrutura
do Setor de
Educação Superior
Universidades corporativas.
Empresas instrucionais que prestam serviços às
universidades.
Entidades de intermediação que fazem a ligação dos
provedores com o aluno, para financiamento, certificação do
conhecimento adquirido, busca de emprego etc.
Organizações não tradicionais ingressando no mercado de
educação superior: empresas de telecomunicações,
informação, entretenimento, ONG e terceiro setor.
Mudança nas
relações da
universidade com a
sociedade
A Universidade desempenha novos papéis na sociedade:
saúde, assistência social, desenvolvimento econômico,
entretenimento etc.
A Universidade ficará mais visível, vulnerável e sujeita a
controles externos.
Mudança na natureza
da prestação de
serviços acadêmicos.
Educação continuada.
Aprendizagem assíncrona.
Diversificação dos serviços em função da diferenciação
dos públicos, necessidades e objetivos (customização).
Mudança no modo de
execução das
atividades
acadêmicas
Modelo de produção com características da indústria de
entretenimento: menos artesanal, mais massiva.
Novas tecnologias retiram o professor da sala de aula para
assumir funções de gerador e gestor de novos
experimentos de aprendizagem, como consultor e
orientador do aluno.
Convergência digital cria uma nova “biblioteca”: muda a
preservação, divulgação e acessibilidade do conhecimento.
Novos modelos de extensão universitária exigirão aplicação
mais imediata de um alto volume de conhecimento
Fonte: Adaptado de PORTO E REGNIER (2003) apud NUNES, G.T. et al., 2008.
58
Entre os cenários apontados acima se percebe uma mudança de foco na relação
com o cliente-aluno. As instituições passam a ser mais especializadas e centradas
no aluno com o professor passando a desempenhar um papel de consultor e
orientador. Passa a haver uma diferenciação nos produtos educacionais para
atender a diferentes públicos, necessidades e objetivos. Além do mais, a educação
deixa de cessar com o fim de um curso de graduação, tornando-se um processo
contínuo, que demanda dessas instituições capacidade de desenvolver
relacionamentos de longo prazo com seus clientes-alunos buscando garantir
transações futuras.
5.2. Metodologia de pesquisa
5.2.1. Um estudo de caso
Para a realização deste trabalho, foi conduzida uma pesquisa exploratória de caráter
qualitativo e quantitativo aplicada a apenas uma instituição de ensino superior. A
pesquisa levou em consideração somente os aspectos endógenos para a definição
dos clientes de uma IES, sendo, portanto, os alunos da IES os clientes objetos do
estudo, bem como os funcionários de cada setor avaliado. Para Malhorta (2001), o
objetivo principal da pesquisa exploratória é possibilitar a compreensão do problema
enfrentado pelo pesquisador. Segundo Gil (2002), as pesquisas exploratórias têm
como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo
mais explícito e os dados obtidos em amostras não probabilísticas não são
generalizáveis para a totalidade, mas podem proporcionar condições para identificar
a dinâmica do movimento. Para Mattar (1993), a pesquisa exploratória permite ao
autor um maior conhecimento sobre o tema pesquisado, sendo por isso apropriada
aos primeiros estágios da investigação, uma vez que o conhecimento, a
familiaridade, a compreensão do problema por parte do pesquisador são
insuficientes, além de ser um passo inicial de um processo contínuo de pesquisas
posteriores. Por outro lado, como sugere o nome, a pesquisa exploratória busca
explorar um problema ou uma situação para propiciar critérios e compreensão.
59
O método utilizado para condução do estudo foi o estudo de caso. Segundo Yin
(1994) um estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um
contexto de vida real, especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e o
contexto não são claramente evidentes. O estudo de caso tem por característica a
análise aprofundada de uma unidade específica e exige um completo suporte teórico
que serve de orientação ao pesquisador ao longo da pesquisa, pois, a priori, tanto as
hipóteses como os questionamentos não aparecem claramente estabelecidas,
podendo ser alterados durante a evolução da pesquisa (TRIVIÑOS, 1987 apud
FROEMMING, 2001).
O instrumento de coleta para este estudo de caso baseia-se na aplicação da escala
SERVQUAL aos alunos da instituição avaliada com afirmativas relacionadas em
dois módulos: Expectativas e Percepções. Reduzimos a escala original com 22
afirmações, para 20 afirmações, pois julgou-se que algumas das afirmações
referentes às dimensões Presteza e Empatia tinham traduções muito similares e
poderiam causar confusão nos respondentes. A versão adaptada da escala
SERVQUAL para este trabalho contém cinco afirmações para a dimensão
Confiabilidade, cinco para Tangíveis, três para Presteza, quatro para Garantia e
mais três afirmações para a dimensão Empatia (Quadro 5.3).
60
Quadro 5.3 Afirmativas da escala SERVQUAL adaptada a este estudo
MODULO EXPECTATIVAS
MODULO PERCEPÇÕES
1. O setor deve oferecer um serviço de acordo com as
expectativas dos alunos, cumprindo aquilo que promete.
1. Este setor oferece um serviço de acordo com as minhas
expectativas, cumprindo aquilo que promete.
2. Os funcionários deste setor devem demonstrar um
interesse sincero em resolver os problemas dos alunos.
2. Quando você tem um problema, os funcionários deste
setor demonstram um interesse sincero em resolvê-lo.
3. Neste setor, deve-se executar corretamente os serviços
desde a primeira vez.
3. Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde
a primeira vez.
4. Os serviços prestados por este setor devem obedecer aos
prazos estipulados.
4. Os serviços prestados por este setor são realizados
dentro dos prazos estipulados.
5. Os funcionários deste setor devem sempre mantêr os
alunos informados sobre os prazos para realização de um
serviço, bem como sobre possíveis alterações.
5. Os funcionários deste setor sempre mantêm os alunos
informados sobre os prazos para realização de um
serviço, bem como sobre possíveis alterações.
6. Este setor deve ter equipamentos e materiais atualizados
6. Este setor tem equipamentos e materiais atualizados
7. A aparência das instalações deste setor deve ser limpa e
agradável
7. A aparência das instalações deste setor é limpa e
agradável
8. Os funcionários deste setor devem ser sempre bem
vestidos e asseados.
8. Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos
e asseados.
9. Os materiais associados aos serviços prestados por este
setor (panfletos, cartazes, formulários, website etc.) devem
ser bem feitos e fáceis de entender.
9. Os materiais associados aos serviços prestados por este
setor (panfletos, cartazes, formulários, website etc.) são
bem feitos e fáceis de entender.
10. Este departamento deve ser bem localizado e ter um
horário de atendimento conveniente.
10. Este departamento é bem localizado e tem um horário
de atendimento conveniente.
11. Deve haver rapidez no atendimento prestado pelos
funcionários deste setor.
11. Há rapidez no atendimento prestado pelos funcionários
deste setor.
12. Deve haver boa vontade do pessoal deste setor para
prestar informações aos alunos.
12. O pessoal deste setor tem boa vontade para prestar
informações
13. Os funcionários deste setor devem estar sempre
disponíveis para atender às solicitações dos alunos.
13. Os funcionários deste setor sempre estão disponíveis
para atender às solicitações dos alunos.
14. O pessoal deste setor deve ser agradável, simpático e
fornecer um contato amistoso.
14. O pessoal deste setor é agradável, simpático e fornece
um contato amistoso.
15. O pessoal deste setor deve executar e dominar o serviço
sozinho, sem ajuda de outros ou do supervisor.
15. O pessoal deste setor executa e domina o serviço
sozinho, sem ajuda de outros ou do supervisor, pois
conhece o que faz.
16. Você deve se sentir seguro com relação aos serviços
prestados por este setor.
16. Você se sente seguro com relação aos serviços
prestados por este setor.
17. O comportamento dos funcionários deste setor deve
inspirar confiança.
17. O comportamento dos funcionários deste setor inspira
confiança.
18. Os funcionários sempre demonstram boa vontade para
ajudar aos alunos na suas solicitações.
18. Os funcionários sempre demonstram boa vontade para
ajudar aos alunos na suas solicitações.
19. O pessoal deste setor deve reconhecer o aluno como
indivíduo, identificando suas necessidades e se
flexibilizando para atender prontamente aos seus
interesses.
19. O pessoal deste setor reconhece o aluno como
indivíduo, identifica suas necessidades e se flexibiliza
para atender prontamente aos seus interesses.
20. Os alunos devem receber atenção individualizada neste
setor.
20. Os alunos recebem atenção individualizada neste setor.
Fonte: adaptado de ZEITHMAL, Valarie; BITNER, Mary Jo, 2003.
61
Outra adaptação realizada á escala SERVQUAL, foi a utilização de uma escala de
Likert de cinco pontos, ao invés dos sete pontos da versão original. Buttle (1996)
notou que uma das críticas a serem feitas com relação à operacionalização da
aplicação dos 22 itens presentes na escala nos dois módulos originais é que ele
causa tédio e confusão nos respondentes. Com o objetivo de minimizar esse
problema Babakus e Mangold (1992 apud Buttle, 1996) utilizaram uma escala de
Likert de 5 pontos, o que permitiu aos autores aumentar a taxa de resposta e a
qualidade das mesmas em sua pesquisa.
À escala foi acrescida ainda uma pergunta que nos indicou a frequência de uso
pelos alunos dos serviços periféricos avaliados; a saber, a secretaria de atendimento
escolar (SAE), o laboratório de informática e a biblioteca.
Para a coleta das repostas dos funcionários dos departamentos avaliados, utilizamos
um questionário contendo as mesmas afirmativas presentes na escala SERVQUAL,
mas com apenas um módulo no qual pontuaram suas percepções a respeito dos
itens mencionados.
5.2.2. A Instituição Pesquisada
A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi fundada em 22 de
agosto de 1946, a partir da união da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
São Bento (fundada em 1908) e da Faculdade Paulista de Direito, às quais estavam
ainda agregadas outras quatro instituições da igreja que contavam com estruturas
administrativas financeiras independentes. No ano seguinte, receberia o título de
Pontifícia concedido pelo Papa Pio XII.
A mudança para o endereço atual à Rua Monte Alegre se deu em 1948, após a
instituição receber das Irmãs Carmelitas o seu convento, a capela e um terreno de
dezoito mil metros quadrados aonde viria a se instalar.
62
Ao longo de seus mais de 60 anos de existência, a historia da PUC-SP foi marcada
por episódios de resistência ao regime militar. A contratação de professores como
Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Bento Prado Jr., José Arthur Gianotti, que foram
aposentados compulsoriamente pelos militares, e a realização da 29ª reunião da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que havia sido proibida
pelo governo de acontecer em universidades públicas, são alguns dos episódios que
culminaram, em 1977, com a invasão do campus Monte Alegre pela Policia Militar. A
invasão teve o intuito de reprimir as comemorações estudantis pela reorganização
do movimento estudantil e da União Nacional dos Estudantes (UNE), que atuava na
clandestinidade.
Ao mesmo tempo em que desempenhava um papel político, a instituição investiu em
seu desenvolvimento acadêmico e expansão regional. A PUC-SP conta hoje com
seis campi, sendo quatro na cidade de São Paulo, um em Sorocaba, e um no
município de Barueri. A instituição é composta, ainda, de nove faculdades, 47
departamentos, 47 cursos de graduação e 27 programas de pós-graduação (27
mestrados acadêmicos, 1 mestrado profissional e 19 doutorados), além de oferecer
cerca de 330 cursos em nível de aperfeiçoamento, especialização e extensão a mais
de 36.000 alunos.
Apesar de sua longa tradição e de ter sido apontada como a melhor universidade
particular do Estado de São Paulo e a segunda melhor do Brasil em 2008 e 2009 de
acordo com ranking oficial de instituições superiores do Ministério da Educação
(MEC), a PUC-SP enfrenta os mesmos desafios competitivos que outras IES
particulares do Estado de São Paulo. A relação candidato-vaga média dos
vestibulares realizados pela instituição nesta década caiu de 2,79 em 2001 para 1,58
em 2007, tendo observado uma pequena recuperação em 2010, ano em que atingiu
a média de 1,88 candidatos por vaga ofertada.
Quadro similar é encontrado quando voltamos nossa atenção ao curso de
administração de empresas da universidade. Iniciado em 1971, o curso é oferecido
nos campi Monte Alegre, Barueri e Santana da instituição onde são oferecidas 500,
100 e 50 vagas, respectivamente. As aulas são ministradas nos períodos matutino e
noturno nos campi Monte Alegre e Barueri, e noturno no campus Santana. Aqui
63
também, a relação candidato/vaga do curso oferecido no campus Monte Alegre, o
maior e mais antigo da universidade, sofreu queda, passando de 2,99 em 2001 para
1,99 em 2010, pouco acima da média nacional que, segundo dados do censo INEP
de 2008 para o curso, foi de 1,56.
Tabela 5.1 Relação candidato/vaga do curso de administração de empresas campus Monte Alegre
Curso de Administração de Empresas - Relação Candidato/Vaga Campus Monte Alegre
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Matutino
3,21
3,09
3,12
2,76
2,56
2,99
1,39
2,10
2,38
2,40
Noturno
2,77
2,88
3,21
3,21
2,54
2,57
1,56
1,86
1,81
1,59
Media
2,99
2,98
3,16
2,99
2,55
2,78
1,47
1,98
2,10
1,99
Fonte: Coordenadoria de Vestibulares e Concursos PUC-SP.
A opção pelo foco de avaliação no curso de administração de empresas deu-se por
dois motivos. Em primeiro lugar, pela afinidade e experiência da pesquisadora com o
as demandas do curso do qual foi professora em outra instituição; em segundo
lugar, pela relevância dos cursos de gerenciamento e administração no ensino
superior brasileiro que tiveram uma oferta de mais de 550.000 vagas em 2008 o que
representou aproximadamente 18,6% das vagas oferecidas no Brasil (INEP, 2009).
5.2.3. Os departamentos avaliados
Como visto na revisão bibliográfica, do ponto de vista mercadológico, os serviços
complementares desempenham papel importante na satisfação geral dos clientes
para com os serviços prestados pelas IES. É interessante notar que a preocupação
com a satisfação dos clientes para com esses serviços aparece também nas
avaliações oficiais.
O Ministério da Educação disponibiliza às IES em sua página na internet, um
documento intitulado Orientações gerais para o roteiro da autoavaliação das
instituições, publicado pelo INEP em 2004 e que tem como objetivo declarado
oferecer um roteiro de orientações gerais para a implementação do processo
autoavaliativo, respeitando a identidade e as especificidades institucionais”. No item
4.7 do item intitulado Infraestrutura física, especialmente a de ensino e de pesquisa,
biblioteca, recursos de informação e comunicação, é explicitada a preocupação com
a satisfação dos estudantes com os serviços de apoio em questões sugeridas às
64
Comissões Próprias de Avaliação, como “Qual é a satisfação dos estudantes com os
laboratórios e as bibliotecas da IES? Ou Os horários e calendário da biblioteca
respondem às necessidades dos estudantes nos turnos oferecidos pela IES (diurnos
e noturnos)?
Com base no mencionado, foram selecionados para análise três departamentos que
prestam serviços complementares aos educacionais: Biblioteca, Secretaria de
Atendimento Acadêmico e Laboratório de Informática. Dentro da instituição os
departamentos avaliados podem ser assim descritos:
Biblioteca (Bib): Localizada no campus Monte Alegre a Biblioteca Nadir
Gouvêa Kfouri integra a rede de seis bibliotecas que compõem o sistema de
bibliotecas da PUC-SP. Ela é responsável pela preservação, atualização e
difusão do conteúdo do acervo que atende às áreas de Administração, Direito,
Economia, Educação, Filosofia, Psicologia, História, Geografia,
Fonoaudiologia, Serviço Social, Língua e Literatura, Linguística,
Comunicações, Artes e Ciências Sociais. Além dos títulos disponíveis, a
Biblioteca possui uma Videoteca e micros destinados à pesquisa na Internet,
Multimídia, Colméias de vídeo e Salas de estudo.
Secretaria de Atendimento Acadêmico (SAE): É responsável por lidar com
todas as questões administrativas dos estudantes atendendo requisições de
fornecimento de documentos (histórico escolar, declarações, atestados,
programas de disciplinas); solicitação de equivalência em disciplinas cursadas
na universidade e fora dela; alteração de endereço do aluno; revisão de notas
e frequência; solicitação de bilhetes de transporte e informações sobre as
normas acadêmicas, como matrículas, cursos sequenciais, alteração de
planos de estudos, trancamento, cancelamento e reabertura de matrícula,
sistema de aprovação, abono de faltas, reopção de curso e aproveitamento
de estudos.
Dependendo do serviço requerido ele pode ser solicitado pela internet, por
telefone ou em atendimento presencial em guichês, obedecendo a uma ordem
de senhas de atendimento.
65
Laboratório de informática (Lab): A instituição conta, no campus Monte
Alegre, com uma estrutura de 19 laboratórios de informática com
computadores conectados em rede, administrados pela Divisão de Tecnologia
da Informação (DTI) da PUC-SP e à disposição dos alunos dos diferentes
cursos. A utilização pelo corpo discente é livre e os funcionários do
departamento revezam-se em funções de manutenção de máquinas e suporte
aos alunos. Nota-se aqui, que se trata primordialmente de um autosserviço,
no qual praticamente não necessidade de interação entre alunos e
funcionários.
5.3. A amostra e coleta de dados
Da instituição estudada retiramos uma amostra não probabilística intencional
composta de alunos do sétimo semestre do curso de administração de empresas
Campus de Monte Alegre, bem como dos funcionários que prestam serviços em dois
dos departamentos avaliados. A escolha por alunos que tenham utilizado durante
algum tempo os serviços avaliados visa capturar expectativas baseadas na
experiência dos usuários com os serviços, pois, como colocam Iacobucci et al.
(1994, apud BUTTLE, 1996) a respeito do referido módulo, as expectativas podem
não existir, ou não serem claras o suficiente para servir como padrão de avaliação
da experiência com o serviço, como seria o caso de alunos ingressantes nos cursos
da instituição avaliada.
Apesar de essa opção restringir a possibilidade de generalização dos resultados e
das conclusões da pesquisa, a compreensão de um fenômeno particular é útil para
ampliar o horizonte de análise da área em estudo.
66
5.3.1. Alunos
Após a obtenção de autorização da diretoria do Departamento de Administração de
Empresas da instituição estudada, passou-se à etapa de coleta de dados junto aos
alunos. O sétimo período do curso de administração de empresas contava à época
da pesquisa com aproximadamente 455 alunos distribuídos em dez turmas. Dessas
dez turmas, três eram oferecidas no período da mane sete no período da noite,
contando com um total de 85 e 370 alunos respectivamente.
A distribuição dos questionários ocorreu durante duas semanas, em horário de aula,
tendo sido solicitada a cada um dos professores responsáveis permissão para que a
pesquisa fosse realizada. Em sete das dez turmas, os questionários foram entregues
em mãos aos alunos e os recipientes instruídos pessoalmente a respeito do
conteúdo e forma de preenchimento. Em duas turmas, devido à realização de
exames, os professores solicitaram que os questionários fossem deixados em sala
de aula para posterior coleta. Em apenas um caso, não houve concordância por
parte do professor para a realização da pesquisa. Nesse período, foi distribuído um
total de 131 questionários a alunos.
Por ter ocorrido no período compreendido entre a última semana de maio e a
primeira semana de junho de 2010, a coleta de dados foi prejudicada pela baixa
frequência de alunos, já que as atividades do semestre foram programadas para
terminar antes do início da Copa do Mundo de Futebol. Frequentemente, foi
necessária a permanência da pesquisadora em uma mesma sala de aula por longos
períodos de tempo, uma vez que os alunos compareceram individualmente e em
diferentes horários apenas para conhecerem os resultados de suas avaliações.
Dos 131 questionários distribuídos, obtiveram-se 106 respostas válidas e que
compõem esta pesquisa. Dos 25 questionários restantes, quatro foram invalidados
por estarem incompletos ou rasurados, cinco não foram devolvidos pelos alunos,
nove foram retornados em branco por alunos que optaram por o participar da
pesquisa, e sete foram extraviados pelo professor responsável pela turma.
67
5.3.2. Funcionários
Dos três departamentos avaliados pelos alunos, os serviços prestados pela
Biblioteca e pela Secretaria de Atendimento Acadêmico foram também avaliados por
seus respectivos funcionários. Funcionários da Biblioteca avaliaram apenas os
serviços da biblioteca, o mesmo acontecendo com os funcionários do SAE. Não
houve avaliação dos serviços por parte dos funcionários do laboratório de
informática, pois não foi obtida resposta ao pedido de permissão para realização da
pesquisa.
Devido ao grande número de funcionários envolvidos em tarefas burocráticas e de
suporte e para delimitar o esforço de pesquisa, optou-se por concentrar a amostra
naqueles indivíduos cujas tarefas demandam alguma forma de contato direto com os
alunos. Para isso, utilizou-se a escala SERVQUAL apenas em seu módulo de
percepções, não sendo, assim, calculada a lacuna do ponto de vista dos prestadores
de serviços. A exemplo do questionário aplicado aos alunos, utilizou-se uma escala
de Likert de cinco pontos. A coleta de dados junto aos funcionários foi realizada na
ultima semana de junho e ocorreu de forma diferente nos diferentes departamentos,
como descrito a seguir.
5.3.2.1. Biblioteca
Segundo informações prestadas pelos funcionários contatados, a Biblioteca Nadir
Gouveia Kfouri, contava, à época desta pesquisa, com 18 funcionários envolvidos no
atendimento aos alunos, divididos em dois turnos e em duas funções principais,
atendimento de balcão e reposição de livros e apoio aos alunos.
A realização da pesquisa não demandou nenhuma autorização especial da
coordenação do departamento. Os funcionários foram abordados individualmente, os
questionários entregues em mãos e os recipientes instruídos pessoalmente a
respeito do conteúdo e forma de preenchimento. A participação na pesquisa foi
voluntária, tendo nove dos 18 funcionários preenchido os questionários.
68
5.3.2.2. Secretaria de Atendimento Escolar.
Para que fosse realizada a pesquisa junto aos funcionários do SAE, foi solicitada
permissão à coordenação do departamento, que a concedeu após análise do
material a ser utilizado. Não foi dada, porém, permissão para que os funcionários
fossem abordados pessoalmente. De acordo com as informações fornecidas, o
departamento contava com 18 funcionários de atendimento pessoal aos alunos nos
guichês.
Vinte questionários foram entregues à coordenação do departamento para que
fossem ministrados aos funcionários e coletados posteriormente. Dos vinte
questionários entregues, nove foram respondidos, cinco foram devolvidos em branco
e seis não foram devolvidos pelos funcionários. Não foi possível obter-se nenhuma
informação adicional a respeito da forma de aplicação dos questionários aos
funcionários.
6. RESULTADOS OBSERVADOS
Para a ordenação dos dados coletados, foi utilizada uma planilha Excel. Com o
auxílio da ferramenta de análise estatística Minitab, foram calculados a média e o
desvio padrão de cada atributo nos dois módulos. Posteriormente e com o auxílio da
mesma ferramenta, foram realizados testes de comparação de médias para avaliar a
similaridade entre as respostas de cada departamento. Procedimento similar foi
aplicado para as análises de percepções de alunos e funcionários dos
departamentos avaliados. Os procedimentos de análise e resultados observados
estão descritos a seguir.
6.1. Pesquisa com os alunos
6.1.1. Perfil dos respondentes
Dos 106 questionários respondidos, 42% foram respondidos por indivíduos do sexo
feminino e 58% por indivíduos do sexo masculino. 88% dos respondentes tinham
idades entre 21 e 30 anos e apenas 12% tinham 20 anos ou menos.
69
Gráfico 6.1 - Distribuição dos respondentes por sexo e idade.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
Com relação ao turno de estudo, 81% dos respondentes estavam matriculados no
período noturno e 19% no período matutino, obedecendo à mesma distribuição do
número total de alunos pelas turmas.
6.1.2. Frequência de uso dos serviços
A mensuração da frequência de uso pelos alunos foi realizada com o objetivo de
conhecer quão experientes os alunos são com os serviços avaliados, uma vez que a
pesquisa visava acessar indivíduos experimentados
Observou-se que, apesar de o grupo de alunos pesquisado estar próximo de concluir
sua graduação, uma alta porcentagem deles tinha pouca experiência com os
serviços avaliados. Dentre os serviços, verificou-se a menor frequência de uso para
a biblioteca, onde 54% dos alunos declararam que nunca a usaram, ou raramente
usam seus serviços, contra apenas 10% que os utilizam frequentemente. Os
números encontrados para a biblioteca são seguidos pelo laboratório de informática,
que apresenta 48% de alunos na mesma faixa de frequência. No extremo oposto do
contínuo, encontra-se o SAE com a maior frequência de uso; 70% dos alunos
entrevistados declararam usar ao menos às vezes seus serviços (Gráfico 6.2).
Masc
58%
Fem
42%
Ate 20
anos
12%
de 21 a
30 anos
88%
70
Gráfico 6.2 - Frequência de uso dos serviços pelos alunos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
9%
44%
36%
10%
1%
29%
49%
21%
8%
40%
42%
11%
BIB
SAE
LAB
71
Considerando-se apenas os serviços complementares, tal fato pode sugerir a
atribuição de maior peso aos serviços de apoio administrativos para a satisfação
geral com os serviços prestados pela instituição do que aos serviços de apoio
didático.
6.1.3. Módulo de expectativas
A primeira etapa da análise buscou semelhanças entre as expectativas declaradas
pelos alunos a respeito de cada um dos serviços avaliados. Para tanto, foram
calculadas as médias e desvio padrão de cada atributo nos diferentes
departamentos, que foram, então, comparados através de um teste de comparação
de médias. As médias dos atributos componentes de cada dimensão foram também
agrupados para possibilitar a análise dos resultados por dimensão.
6.1.3.1. Expectativas - Avaliação por atributo
Observa-se que, de maneira geral, as médias das respostas dadas pelos alunos a
respeito de suas expectativas para os diferentes itens de qualidade comportaram-se
de modo similar, ficando em sua maioria na faixa compreendida entre 4 e 5 da
escala Likert (gráfico 6.3). As médias da Biblioteca compreenderam-se no intervalo
entre 3,78 e 4,75, as do SAE, entre 3,84 e 4,84 e as do laboratório de informática
entre 3,75 e 4,81. Desconsideradas as especificidades de cada item e cada
departamento, tal fato indica um alto nível de expectativa geral por parte dos alunos
para com os serviços periféricos ofertados.
72
Gráfico 6.3 - Médias das expectativas dos alunos por atributo
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
Para testar a hipótese de as médias dos diferentes departamentos serem iguais, as
médias para cada atributo foram comparadas aos pares da seguinte maneira:
Biblioteca e SAE, Biblioteca e Laboratório de Informática e SAE e Laboratório de
Informática. O teste utilizado para a comparação entre as médias foi o Teste T
pareado uni caudal. Esse teste é utilizado para definir o nível de semelhança ou
diferença entre dois momentos de uma mesma amostra ou população (COSTA
NETO, 2002).
Adotamos o nível de significância de 95% (alfa=5%). Para aceitarmos a Hipótese
(H0) de que as médias são iguais, o valor de P calculado deverá ser maior do que
0,05. As células em amarelo na coluna P das tabelas 6.1, 6.2 e 6.3 a seguir indicam
os itens que não apresentaram diferenças significativas entre os departamentos.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Bib
SAE
Lab
73
Rejeitar H
0
se P < 0,05 para todos os testes T-pareados a seguir.
Onde,
Bib = média das respostas dos alunos para as expectativas com os serviços da
biblioteca
(SAE) = média das respostas dos alunos para as expectativas com os serviços do
SAE
(Lab) = média das respostas dos alunos para as expectativas com os serviços do
laboratório de informática
TESTE H
0
: Bib = (SAE) vs. H
A
: Bib SAE)
Tabela 6.1 - Teste T - pareado para as médias de Expectativas de Biblioteca e SAE
BIBLIOTECA
SAE
Q
MÉDIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-T
P
1
4,65
0,50
106
4,74
0,54
106
1,69
0,047
2
4,58
0,57
106
4,76
0,51
106
3,75
0,000
3
4,35
0,70
106
4,55
0,66
106
3,89
0,000
4
4,59
0,60
106
4,78
0,50
106
3,68
0,000
5
4,49
0,74
106
4,65
0,77
106
2,81
0,003
6
4,75
0,58
106
4,75
0,58
106
0,00
0,500
7
4,75
0,53
106
4,70
0,59
106
-2,16
0,983
8
3,88
0,95
106
3,93
0,96
106
1,35
0,090
9
4,45
0,65
106
4,55
0,62
106
2,93
0,002
10
4,70
0,52
106
4,76
0,47
106
1,62
0,054
11
4,53
0,72
106
4,84
0,42
106
5,15
0,000
12
4,69
0,50
106
4,83
0,42
106
3,27
0,001
13
4,54
0,57
106
4,68
0,58
106
3,27
0,001
14
4,31
0,72
106
4,40
0,74
106
2,56
0,006
15
3,76
1,06
106
3,84
1,09
106
1,91
0,029
16
4,50
0,73
106
4,72
0,56
106
3,62
0,000
17
4,46
0,68
106
4,60
0,63
106
3,12
0,001
18
4,55
0,62
106
4,72
0,51
106
4,12
0,000
19
4,38
0,83
106
4,58
0,78
106
4,19
0,000
20
3,85
1,14
106
4,31
0,97
106
4,00
0,000
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
74
TESTE H
0
: Bib = ( Lab) vs. H
A
:  Bib Lab)
Tabela 6.2 - Teste T-pareado para as médias de expectativas de Biblioteca e Laboratório
BIBLIOTECA
LAB
Q
MÉDIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-T
P
1
4,65
0,50
106
4,60
0,56
106
1,15
0,127
2
4,58
0,57
106
4,42
0,83
106
2,67
0,004
3
4,35
0,70
106
4,41
0,67
106
-1,28
0,899
4
4,59
0,60
106
4,38
0,87
106
2,67
0,004
5
4,49
0,74
106
4,46
0,88
106
0,42
0,338
6
4,75
0,58
106
4,81
0,57
106
-0,95
0,827
7
4,75
0,53
106
4,74
0,50
106
0,26
0,399
8
3,88
0,95
106
3,82
0,97
106
1,83
0,035
9
4,45
0,65
106
4,46
0,64
106
-1,35
0,910
10
4,70
0,52
106
4,63
0,64
106
1,71
0,045
11
4,53
0,72
106
4,46
0,83
106
1,15
0,126
12
4,69
0,50
106
4,67
0,55
106
1,41
0,081
13
4,54
0,57
106
4,50
0,67
106
0,94
0,174
14
4,31
0,72
106
4,33
0,72
106
-0,24
0,595
15
3,76
1,06
106
3,86
1,04
106
-1,99
0,975
16
4,50
0,73
106
4,51
0,65
106
-0,26
0,601
17
4,46
0,68
106
4,35
0,80
106
1,73
0,043
18
4,55
0,62
106
4,54
0,60
106
0,23
0,410
19
4,38
0,83
106
4,32
0,97
106
0,93
0,178
20
3,85
1,14
106
3,75
1,11
106
1,45
0,075
Fonte : Dados da Pesquisa, 2010
75
TESTE H
0
: Lab = ( SAE ) vs. H
A
: Lab SAE)
Tabela 6.3 - Teste T- pareado para as médias de expectativas de SAE e Laboratório
SAE
LAB
Q
MÉDIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-T
P
1
4,74
0,54
106
4,60
0,56
106
3,27
0,001
2
4,76
0,51
106
4,42
0,83
106
4,67
0,000
3
4,55
0,66
106
4,41
0,67
106
2,53
0,006
4
4,78
0,50
106
4,38
0,87
106
4,79
0,000
5
4,65
0,77
106
4,46
0,88
106
2,45
0,008
6
4,75
0,58
106
4,81
0,57
106
-0,93
0,822
7
4,70
0,59
106
4,74
0,50
106
-1,22
0,887
8
3,93
0,96
106
3,82
0,97
106
2,67
0,004
9
4,55
0,62
106
4,46
0,64
106
2,80
0,003
10
4,76
0,47
106
4,63
0,64
106
3,10
0,001
11
4,84
0,42
106
4,46
0,83
106
4,95
0,000
12
4,83
0,42
106
4,67
0,55
106
3,32
0,001
13
4,68
0,58
106
4,50
0,67
106
2,86
0,003
14
4,40
0,74
106
4,33
0,72
106
1,58
0,059
15
3,84
1,09
106
3,86
1,04
106
-0,19
0,576
16
4,72
0,56
106
4,51
0,65
106
4,04
0,000
17
4,60
0,63
106
4,35
0,80
106
4,34
0,000
18
4,72
0,51
106
4,54
0,60
106
3,74
0,000
19
4,58
0,78
106
4,32
0,97
106
3,80
0,000
20
4,31
0,97
106
3,75
1,11
106
5,50
0,000
Fonte : Dados da Pesquisa, 2010
Os testes realizados nos permitiram notar uma grande semelhança entre as
expectativas dos alunos para com os serviços da biblioteca e do laboratório de
informática. Em um nível de 5%, a hipótese H
0
: ib = ( Lab) (tabela 6.2) foi
confirmada em 15 dos 20 atributos avaliados. Entre esses dois departamentos
apenas as médias dos itens 2, 4, 8, 10 e 17 não apresentaram semelhança entre
suas médias.
A comparação das médias do SAE com as dos demais departamentos, em
contrapartida, demonstrou pouca similaridade entre eles. Na comparação com a
biblioteca, a hipótese H
0
: Bib = ( SAE ) (tabela 6.1) foi rejeitada em 17 dos
itens. Aqui, apenas os itens 6, 7 e 8 , todos referentes à dimensão Tangíveis foram
similares. A comparação com os serviços do laboratório de informática
76
comportaram-se de modo similar. No teste H
0
: Lab = ( SAE ) (tabela 6.3) a
hipótese foi rejeitada em 16 dos itens. Apenas os itens 6 e 7, referentes à dimensão
Tangíveis, e 14 e 15, referentes à dimensão Garantia mostraram similaridade.
De acordo com os testes realizados, os únicos atributos que mostraram ser
estatisticamente similares nas expectativas dos três departamentos foram os
contidos nas questões 6 (Este setor deve ter equipamentos e materiais atualizados)
e 7(A aparência das instalações deste setor deve ser limpa e agradável).
Tomando-se os quatro itens de maiores médias para cada departamento, nota-se
essa semelhança nas expectativas dos alunos para os serviços prestados pela
biblioteca e laboratório de informática. Apesar de serem diferentes em valores
absolutos, em ambos os casos os itens 6, 7, 10 e 12 alcançaram os valores mais
altos. Vale lembrar que 6, 7 e 10 são itens que compõe o atributo Tangíveis, e 12,
Presteza.
As mais altas expectativas para os serviços prestados pela Biblioteca foram
atribuídos às questões 6 e 7 com a média de 4,75. As mesmas questões obtiveram
as maiores médias nas expectativas dos alunos também para com os serviços do
laboratório de informática, com médias de 4,81 e 4,74 respectivamente.
As quatro maiores médias para os serviços prestados pelo SAE, contudo, foram
diferentes, tendo os itens 2, 4, 11 e 12, obtido as maiores pontuações. Aqui as
maiores médias foram obtidas pelos itens componentes do atributo Presteza 11 e
12, com 4,84 e 4,83, respectivamente. Seguidos pelos itens do atributo
Confiabilidade 4 e 2, com médias 4,78 e 4,76.
No grupo das maiores médias, apenas o item 12 (Deve haver boa vontade do
pessoal deste setor para prestar informações aos alunos.) foi comum para os 3
departamentos.
77
Percebe-se que, enquanto os alunos voltam sua atenção para a qualidade de
equipamentos, instalações e o horário de atendimento quando buscando os serviços
de Biblioteca e Laboratório, em se tratando dos serviços prestados pelo SAE, sua
expectativa de um bom serviço volta-se para a prestação de um serviço rápido,
realizado dentro do prazo estipulado e prestado por um pessoal atencioso e que
demonstra boa vontade em ajudar os alunos.
A diferença observada pode ser decorrente das características de cada serviço. Uma
das diferenças entre eles, como visto na descrição dos serviços prestados pelos
departamentos, é que os fornecidos pela Biblioteca e Laboratório de Informática
apresentam um grande componente de autosserviço, enquanto os do SAE sempre
demandam algum tipo de resposta do departamento. Os serviços fornecidos pelo
SAE, por lidarem com a vida acadêmica dos alunos, tratando de assuntos como
matrículas, notas, frequência, entre outros, podem também ser considerados mais
críticos pelos alunos, o que justificaria um nível mais alto de expectativas por parte
dos clientes.
Em se tratando dos itens de mais baixas expectativas, as respostas foram mais
similares. Os itens 8, 14, 15 e 20 obtiveram as menores médias para os três
departamentos. Tal fato indica que os alunos atribuem baixas expectativas à
aparência dos funcionários (8. Os funcionários deste setor devem ser sempre bem
vestidos e asseados) e tampouco esperam que estes sejam simpáticos (14. O
pessoal deste setor deve ser agradável, simpático e fornecer um contato amistoso)
ou dominem os serviços sozinhos (15.O pessoal deste setor deve executar e
dominar o serviço sozinho, sem ajuda de outros ou do supervisor).
78
6.1.3.2. Expectativas Avaliação por dimensão
As médias de cada atributo foram também agrupadas de forma a permitir a
avaliação dos resultados pelas dimensões presentes no questionário.
Diferentemente das dias observadas por atributo, que divergiram entre os
departamentos, aqui as opiniões coincidiram. A dimensão Presteza obteve a maior
média para os três departamentos, indicando que, de modo geral, os alunos
esperam receber atenção individualizada no seu contato com os serviços periféricos
da instituição.
Tabela 6.4 dias das expectativas agrupadas por dimensão
Biblioteca
SAE
Laboratório de
Informática
Confiabilidade
4,5
4,7
4,5
Tangiveis
4,5
4,5
4,5
Presteza
4,6
4,8
4,5
Garantia
4,3
4,4
4,3
Empatia
4,3
4,5
4,2
Fonte : Dados da Pesquisa, 2010
Confiabilidade foi a segunda dimensão de maior média para os serviços do SAE,
com 4,70. A mesma dimensão empatou em nível de expectativa com Tangíveis nas
expectativas para os serviços de Biblioteca e Laboratório de Informática, com 4,5.
Essa dimensão ficou em terceiro lugar nas expectativas dos alunos para o SAE.
As dimensões Garantia e Empatia receberam as menores médias na avaliação
desse módulo.
Podemos concluir que os alunos da instituição, de modo geral, esperam receber um
serviço rápido, que atenda a suas expectativas e seja realizado no prazo estipulado
por pessoas que estejam dispostas a ajudar, mas não demandam atenção
individualizada, nem funcionários especialmente corteses.
79
6.1.4. Módulo de percepções
Seguindo o mesmo procedimento aplicado ao módulo de expectativas, buscaram-se
semelhanças entre as percepções declaradas pelos alunos a respeito de cada um
dos serviços avaliados.
6.1.4.1. Percepções - Avaliação por atributo
A análise da representação gráfica das médias das percepções nos permite
observar que, a exemplo do que foi observado no módulo de expectativas, as
respostas dos alunos tendem a comportar-se de modo similar para os serviços
prestados pela Biblioteca e pelo Laboratório de Informática. As médias, como
demonstrado abaixo foram consideravelmente mais baixas para os serviços
prestados pelo SAE, permanecendo na faixa entre 2 e 3 da escala Likert com
valores entre 1,85 e 3,45. Os demais departamentos, por outro lado, concentraram-
se na faixa entre 3 e 4 da escala, tendo as médias de suas expectativas ficado
encerradas no intervalo entre 2,94 e 3,71, para os serviços da Biblioteca, e entre
2,80 e 3,70 para as do laboratório de informática.
Gráfico 6.4 - Médias das Percepções dos alunos por atributo
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Bib
SAE
Lab
80
O teste T- pareado foi mais uma vez utilizado para a comparação entre as médias
dos diferentes departamentos. Sua aplicação comprovou que, no módulo de
percepções, as médias dos atributos tenderam a ser mais semelhantes entre os
serviços de biblioteca e laboratório, do que entre estes departamentos e o SAE.
O teste da hipótese H
0
: Bib = ( SAE ) (tabela 6.5) , foi confirmada apenas para
as questões 6, 7 e 8, a exemplo do que ocorreu com o módulo de expectativas. Para
a comparação entre laboratório e SAE, a hipótese H
0
: SAE = (Lab) (tabela
6.7) foi confirmada apenas para os atributos descritos nas questões 7, 8 e 20.
Apesar de mantido o comportamento observado anteriormente, o número de
atributos que apresentaram médias semelhantes entre Biblioteca e Laboratório caiu.
A um nível de 5%, a hipótese H
0
: ib = ( Lab) (tabela 6.6) foi confirmada em
10 dos 20 atributos avaliados, contra 15 do módulo anterior. Entre estes dois
departamentos as semelhanças concentram-se nos atributos 4 e 5 da dimensão
Confiabilidade, 6, 7, 8 e 9 de Tangíveis, 15 e 17 de Garantia e 18 e 20 de Empatia.
Sendo,
Bib = média das respostas dos alunos para as percepções com os serviços da
biblioteca
(SAE) = média das respostas dos alunos para as percepções com os serviços do
SAE
(Lab) = média das respostas dos alunos para as percepções com os serviços do
laboratório de informática
Rejeitar H
0
se P < 0,05 para todos os testes T-pareados a seguir.
81
TESTE H
0
: Bib = ( SAE ) vs. H
A
: Bib SAE)
Tabela 6.5 - Teste T- pareado para as médias de percepções de Biblioteca e SAE
BIB
SAE
MÉDIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-T
P
1
3,66
0,93
106
2,27
1,09
106
10,22
0,000
2
3,33
1,14
106
2,29
1,12
106
7,88
0,000
3
3,64
1,04
106
2,17
1,07
106
11,67
0,000
4
3,70
0,90
106
2,43
1,24
106
8,82
0,000
5
3,29
1,21
106
2,32
1,27
106
7,01
0,000
6
3,03
1,16
106
2,88
1,22
106
1,07
0,144
7
3,59
1,05
106
3,45
1,21
106
1,06
0,145
8
3,41
0,80
106
3,13
1,03
106
-0,25
0,600
9
3,19
0,99
106
2,79
1,13
106
3,24
0,001
10
3,71
1,03
106
2,65
1,25
106
8,25
0,000
11
3,39
1,03
106
1,85
1,06
106
12,57
0,000
12
3,30
1,10
106
2,31
1,29
106
7,36
0,000
13
3,27
1,03
106
2,27
1,27
106
9,22
0,000
14
3,29
1,08
106
2,33
1,28
106
7,15
0,000
15
3,37
1,07
106
2,39
1,20
106
7,43
0,000
16
3,44
1,10
106
2,13
1,14
106
10,04
0,000
17
3,32
1,08
106
2,25
1,17
106
7,85
0,000
18
3,22
1,09
106
2,37
1,22
106
6,90
0,000
19
3,17
1,04
106
2,26
1,25
106
7,25
0,000
20
2,94
1,16
106
2,69
1,40
106
2,15
0,017
Fonte : Dados da Pesquisa, 2010
82
TESTE H
0
: Bib = ( Lab) vs. H
A
:  Bib Lab)
Tabela 6.6 - Teste T- pareado para as médias das percepções de biblioteca e laboratório
BIB
LAB
Q
MÉDIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-T
P
1
3,66
0,93
106
3,48
0,99
106
2,02
0,023
2
3,33
1,14
106
3,10
1,11
106
2,82
0,003
3
3,64
1,04
106
3,36
1,07
106
2,93
0,002
4
3,70
0,90
106
3,70
0,90
106
0,59
0,278
5
3,29
1,21
106
3,27
1,26
106
0,34
0,367
6
3,03
1,16
106
3,30
1,13
106
-2,21
0,985
7
3,59
1,05
106
3,51
1,07
106
1,29
0,900
8
3,41
0,80
106
3,35
0,84
106
1,28
0,101
9
3,19
0,99
106
3,10
0,97
106
1,10
0,137
10
3,71
1,03
106
3,14
1,17
106
5,22
0,000
11
3,39
1,03
106
3,07
1,17
106
3,39
0,000
12
3,30
1,10
106
3,09
1,11
106
2,17
0,016
13
3,27
1,03
106
3,05
1,14
106
2,75
0,004
14
3,29
1,08
106
3,11
1,11
106
2,10
0,019
15
3,37
1,07
106
3,29
1,04
106
1,03
0,154
16
3,44
1,10
106
3,20
1,09
106
2,36
0,010
17
3,32
1,08
106
3,19
1,04
106
1,58
0,059
18
3,22
1,09
106
3,14
1,13
106
1,04
0,150
19
3,17
1,04
106
2,98
1,10
106
2,33
0,011
20
2,94
1,16
106
2,80
1,21
106
1,55
0,062
Fonte : Dados da Pesquisa, 2010
83
TESTE H
0
: SAE = (Lab) vs. H
A
: SAE Lab)
Tabela 6.7 - Teste T- pareado para as médias das percepções de biblioteca e laboratório
SAE
LAB
Q
DIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-T
P
1
2,27
1,09
106
3,48
0,99
106
8,95
0,000
2
2,29
1,12
106
3,10
1,11
106
0,00
0,000
3
2,17
1,07
106
3,36
1,07
106
8,91
0,000
4
2,43
1,24
106
3,70
0,90
106
8,88
0,000
5
2,32
1,27
106
3,27
1,26
106
7,01
0,000
6
2,88
1,22
106
3,30
1,13
106
3,10
0,001
7
3,45
1,21
106
3,51
1,07
106
0,31
0,379
8
3,13
1,03
106
3,35
0,84
106
-0,40
0,655
9
2,79
1,13
106
3,10
0,97
106
2,84
0,003
10
2,65
1,25
106
3,14
1,17
106
3,64
0,000
11
1,85
1,06
106
3,07
1,17
106
9,73
0,000
12
2,31
1,29
106
3,09
1,11
106
5,97
0,000
13
2,27
1,27
106
3,05
1,14
106
6,79
0,000
14
2,33
1,28
106
3,11
1,11
106
5,76
0,000
15
2,39
1,20
106
3,29
1,04
106
7,01
0,000
16
2,13
1,14
106
3,20
1,09
106
8,03
0,000
17
2,25
1,17
106
3,19
1,04
106
7,26
0,000
18
2,37
1,22
106
3,14
1,13
106
6,21
0,000
19
2,26
1,25
106
2,98
1,10
106
5,61
0,000
20
2,69
1,40
106
2,80
1,21
106
1,07
0,144
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
84
Passando-se à observação das quatro maiores médias por departamento, nota-se
que uma concentração em atributos da dimensão Confiabilidade nas avaliações
da Biblioteca e do Laboratório de Informática. As questões 1 (Este setor oferece um
serviço de acordo com as minhas expectativas, cumprindo aquilo que promete), 3
(Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a primeira vez) e 4 (Os
serviços prestados por este setor obedecem aos prazos estipulados) dividiram as
primeiras posições para estes departamentos com um atributo da dimensão
Tangíveis. Nessa dimensão, os alunos julgam que a biblioteca é bem localizada e
tem um horário de atendimento conveniente (questão 10), enquanto a aparência das
instalações do laboratório é limpa e agradável (questão 7).
Nas percepções para o SAE, todas as questões avaliadas com as maiores médias
compõem o atributo Tangíveis. A maior média foi atribuída à questão 7 (A aparência
das instalações deste setor é limpa e agradável), com 3,45, seguida das questões 8,
com 3,13 (Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e asseados.),
questão 6 com 2,88 (Este setor tem equipamentos e materiais atualizados) e
questão 9, com 2,79 (Os materiais associados aos serviços prestados por este setor
(panfletos, cartazes, formulários, website etc.) são bem feitos e fáceis de entender).
No extremo oposto, as quatro afirmações a apresentarem as menores médias para a
biblioteca foram as seguintes:
Os alunos recebem atenção individualizada neste setor. (2,94)
Este setor tem equipamentos e materiais atualizados. (3,03)
O pessoal deste setor reconhece o aluno como indivíduo, identifica suas
necessidades e se flexibiliza para atender prontamente os seus interesses.
(3,17)
Os materiais associados aos serviços prestados por este setor (panfletos,
cartazes, formulários, website etc.) são bem feitos e fáceis de entender. (3,19)
85
Para os serviços do SAE, temos:
Há rapidez no atendimento prestado pelos funcionários deste setor. (1,85)
Você se sente seguro com relação aos serviços prestados por este setor.
(2,13)
Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a primeira vez. (2,17)
O comportamento dos funcionários deste setor inspira confiança. (2,25)
E para os serviços do Laboratório de Informática:
Os alunos recebem atenção individualizada neste setor. (2,80)
Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a primeira vez. (2,98)
Os funcionários deste setor sempre estão disponíveis para atender às
solicitações dos alunos. (3,05)
O comportamento dos funcionários deste setor inspira confiança. (3,07)
Zeithmal e Bitner (2003) explicam que algumas vezes os clientes usarão todas as
dimensões para determinar as percepções de qualidade em serviços, outras vezes
não. Por exemplo, em um contato a distância, tal como um contato por caixa
eletrônico, a Empatia não terá probabilidade de ser uma dimensão fundamental.
86
6.1.4.2. Percepções Avaliação por dimensão
O agrupamento das médias em suas dimensões demonstrou um menor intervalo
entre os resultados para cada departamento em comparação com a avaliação por
atributo. O intervalo entre a maior e a menor média para o SAE ficou entre 2,98 e
2,14. Para a biblioteca o intervalo ocorreu entre 3,52 e 3,11 e para o laboratório,
entre 3,38 e 2,97 (tabela 6.8).
Tabela 6.8 dias das percepções agrupadas por dimensão
Biblioteca
SAE
Laboratório
de Informática
Confiabilidade
3,52
2,30
3,38
Tangíveis
3,39
2,98
3,28
Presteza
3,32
2,14
3,07
Garantia
3,35
2,27
3,20
Empatia
3,11
2,44
2,97
Fonte : Dados da Pesquisa, 2010
De acordo com a avaliação das médias agrupadas em suas respectivas dimensões,
temos que os maiores escores para a Biblioteca e o Laboratório de Informática foram
atribuídos à dimensão Confiabilidade, seguido pela dimensão Tangíveis. Para estes
dois departamentos, a dimensão de pior avaliação foi a Empatia. Tal resultado nos
leva a entender que os alunos percebem haver consistência na prestação dos
serviços por estes departamentos, porém o tratamento recebido deixa a desejar.
Para o SAE a maior nota foi atribuída à dimensão Tangíveis, e a mais baixa à
dimensão Presteza, indicando que os alunos entendem que as instalações físicas
são adequadas, porém o atendimento é lento e os funcionários não demonstram boa
vontade.
87
6.1.5. Qualidade percebida: análise de gaps
Conforme estipula o modelo SERVQUAL, a qualidade deve ser medida pela
diferença entre percepções (P) e expectativas (E), utilizando, para tanto, as
pontuações atribuídas às afirmativas contidas em cada um dos módulos
mencionados. Vale lembrar que as médias variam de 5 a +5 e que, enquanto
valores positivos indicam avaliações de qualidade satisfatória, valores negativos
indicam o oposto. Percebemos, pelo lculo da satisfação, que, de modo geral,
nenhum dos departamentos teve seus serviços avaliados como sendo satisfatórios;
os alunos mostraram-se apenas menos insatisfeitos com os serviços da Biblioteca e
do Laboratório de Informática, e apresentaram um alto grau de insatisfação com os
serviços prestados pelo SAE (gráfico 6.5).
Gráfico 6.5 - Médias dos gaps dos alunos por atributo
Fonte : Dados da Pesquisa, 2010
-3
-2,5
-2
-1,5
-1
-0,5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Bib
SAE
LAB
88
6.1.5.1. Análise de gaps Avaliação por atributo
As notas referentes à satisfação dos alunos para com os serviços da biblioteca
ficaram entre - 0,4 (Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e
asseados.) e - 1.7 (Este setor tem equipamentos e materiais atualizados). Mesmo
intervalo encontrado para a satisfação com os serviços do laboratório, porém com a
menor nota sendo dada ao atributo presente na questão 12 (O pessoal deste setor
tem boa vontade para prestar informações). Dentro de um intervalo maior,
encontram-se os valores referentes à satisfação com os serviços do SAE, que
ficaram entre - 0,3 (Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e
asseados) e -3 (Há rapidez no atendimento prestado pelos funcionários deste setor).
A observação dos menores gaps para a biblioteca nos indica que os alunos estão
mais satisfeitos com os seguintes aspectos dos serviços:
Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e asseados. (-0,4)
Você se sente seguro com relação aos serviços prestados por este setor. (-
0,4)
Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a primeira vez. (-0,7)
Os serviços prestados por este setor o realizados dentro dos prazos
estipulados. (-0,8)
Para a SAE, os menores gaps foram encontrados em:
Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e asseados. (-0,3)
Os materiais associados aos serviços prestados por este setor (panfletos,
cartazes, formulários, website etc.) são bem feitos e fáceis de entender. (-1,2)
A aparência das instalações deste setor é limpa e agradável. (-1,3)
O pessoal deste setor executa e domina o serviço sozinho, sem ajuda de
outros ou do supervisor, pois conhece o que faz. (1,4)
89
As avaliações do Laboratório de Informática indicaram maior satisfação com os
seguintes atributos:
Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e asseados. (-0,4)
Os serviços prestados por este setor o realizados dentro dos prazos
estipulados. (-0,4)
O pessoal deste setor executa e domina o serviço sozinho, sem ajuda de
outros ou do supervisor, pois conhece o que faz. (-0,5)
Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a primeira vez. (-0,8)
Analisando-se os resultados para os serviços da Biblioteca, encontramos que os
alunos estão mais insatisfeitos com os atributos descritos nas questões abaixo:
O pessoal deste setor tem boa vontade para prestar informações (- 1,3).
Os funcionários deste setor sempre estão disponíveis para atender às
solicitações dos alunos (- 1,3).
Os funcionários sempre demonstram boa vontade para ajudar aos alunos na
suas solicitações (- 1,3).
Este setor tem equipamentos e materiais atualizados (- 1,7).
Para os serviços do SAE os atributos mais insatisfatórios foram:
Este setor oferece um serviço de acordo com as minhas expectativas,
cumprindo aquilo que promete (-2,5).
Quando você tem um problema, os funcionários deste setor demonstram um
interesse sincero em resolvê-lo (-2,5).
Você se sente seguro com relação aos serviços prestados por este setor (-
2,5).
Há rapidez no atendimento prestado pelos funcionários deste setor (-3,0).
90
Finalmente, com relação aos serviços do Laboratório de Informática encontramos os
maiores gaps nas seguintes afirmações:
Este departamento é bem localizado e tem um horário de atendimento
conveniente (- 1,5).
Os funcionários deste setor sempre estão disponíveis para atender às
solicitações dos alunos (- 1,5).
Este setor tem equipamentos e materiais atualizados (- 1,5).
O pessoal deste setor tem boa vontade para prestar informações (1,7)
6.1.5.2. Análise de gaps Avaliação por dimensão
De acordo com a avaliação das médias agrupadas em suas respectivas dimensões,
temos que os menores gaps para a Biblioteca foram atribuídos à dimensão Garantia
seguida pela dimensão Confiabilidade. Para o Laboratório de Informática os alunos
parecem mais satisfeitos com os mesmos atributos, mas em ordem inversa de
importância, com a dimensão Confiabilidade vindo seguida da dimensão Garantia.
Para estes dois departamentos, a dimensão de pior avaliação foi Presteza. Tal
resultado nos leva a entender que os alunos percebem haver consistência na
prestação dos serviços por estes departamentos; são oferecidos dentro das
expectativas, porém falta rapidez e disponibilidade para atender as solicitações dos
alunos.
91
Para o SAE a maior nota foi atribuída à dimensão Tangíveis, e a mais baixa à
dimensão Presteza, indicando que os alunos entendem que as instalações físicas
são adequadas, porém o atendimento é lento e os funcionários não demonstram boa
vontade.
Tabela 6.9 dias dos gaps agrupados por Dimensão
Biblioteca
SAE
Laboratório
de Informática
Confiabilidade
-0,9
-2,4
-0,9
Tangíveis
-1,0
-1,3
-1,1
Presteza
-1,3
-2,6
-1,5
Garantia
-0,9
-2,1
-1,0
Empatia
-1,2
-2,1
-1,1
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
6.2. Comparando as percepções de alunos e funcionários
Um dos objetivos descritos neste trabalho foi o de buscar semelhanças entre as
respostas das percepções de alunos e funcionários de cada departamento. Como
mencionado no item 5.3. (A amostra e coleta de dados) foram coletadas apenas as
respostas de funcionários de atendimento da biblioteca e do SAE, cujos resultados
estão descritos a seguir.
A primeira etapa da análise testou as semelhanças entre as percepções de alunos e
funcionários a respeito de cada um dos serviços avaliados. Após o cálculo da média
e desvio padrão de cada atributo, foi realizado um teste de comparação de médias.
O teste utilizado para a comparação entre as médias de funcionários e alunos para
cada departamento foi o Teste Z. Esse teste compara as médias obtidas de duas
populações diferentes, transformando-as em Curvas Normais, passando o valor X
(média) para Z (média normalizada) (DE FRANCISCO, 1982). Para isso testamos,
num nível de significância de 5%, a hipótese de não haver diferença significativa
entre as duas médias.
Rejeitar H
0
se Z > 1,65 para os testes Z a seguir.
92
TESTE H
0
: BibF = (Bib ) vs. H
A
: BibF Bib)
Sendo
BibF = média das respostas dos funcionários da biblioteca
(Bib) = média das respostas dos alunos
Tabela 6.10 - Teste Z para as médias de percepções de funcionários e alunos sobre a biblioteca
Funcionários
Alunos
Q
MÉDIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-Z
1
3,22
1,20
9
3,7
0,93
106
-1,07
2
3,44
1,24
9
3,3
1,14
106
0,26
3
3,33
0,87
9
3,6
1,04
106
-0,99
4
4,00
0,87
9
3,7
0,90
106
0,98
5
3,89
1,05
9
3,3
1,21
106
1,62
6
2,33
1,00
9
3,0
1,16
106
-1,98
7
3,78
1,20
9
3,6
1,05
106
0,46
8
3,78
0,83
9
3,4
0,80
106
1,26
9
3,67
1,12
9
3,2
0,99
106
1,23
10
4,11
0,78
9
3,7
1,03
106
1,45
11
4,00
1,00
9
3,4
1,03
106
1,74
12
4,00
0,71
9
3,3
1,10
106
2,71
13
4,00
0,50
9
3,3
1,03
106
3,74
14
4,00
1,00
9
3,3
1,08
106
2,03
15
3,67
1,12
9
3,4
1,07
106
0,76
16
3,89
0,78
9
3,4
1,10
106
1,60
17
4,11
0,78
9
3,3
1,08
106
2,83
18
3,56
0,73
9
3,2
1,09
106
1,27
19
3,89
1,05
9
3,2
1,04
106
1,96
20
3,44
1,33
9
2,9
1,16
106
1,10
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
93
TESTE H
0
: SAEF = (SAE ) vs. H
A
: SAEF SAE)
Sendo
SAEF = média das respostas dos funcionários do SAE
(SAE) = média das respostas dos alunos
Tabela 6.11 - Teste Z para as médias de percepções de funcionários e alunos sobre a SAE
Funcionários
Alunos
Q
MÉDIA
DESVIO
N
MÉDIA
DESVIO
N
Teste-Z
1
4,00
0,71
9
2,27
1,09
106
6,68
2
4,67
0,50
9
2,29
1,12
106
11,95
3
3,56
0,73
9
2,17
1,07
106
5,25
4
4,11
0,93
9
2,43
1,24
106
5,05
5
4,44
0,53
9
2,32
1,27
106
9,89
6
4,00
0,71
9
2,88
1,22
106
4,24
7
4,44
0,73
9
3,45
1,21
106
3,68
8
4,00
0,71
9
3,13
1,03
106
3,41
9
3,67
0,87
9
2,79
1,13
106
2,83
10
4,56
0,53
9
2,65
1,25
106
8,92
11
4,22
0,83
9
1,85
1,06
106
8,01
12
4,56
0,53
9
2,31
1,29
106
10,43
13
4,67
0,50
9
2,27
1,27
106
11,57
14
4,56
0,53
9
2,33
1,28
106
10,34
15
3,67
1,00
9
2,39
1,20
106
3,61
16
3,56
0,73
9
2,13
1,14
106
5,37
17
4,11
0,78
9
2,25
1,17
106
6,54
18
4,56
0,53
9
2,37
1,22
106
10,31
19
4,44
0,53
9
2,26
1,25
106
10,20
20
4,11
0,93
9
2,69
1,40
106
4,22
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
94
A aplicação do teste demonstrou comportamentos diferentes para cada um dos
departamentos. As médias dos atributos tenderam a ser mais semelhantes entre as
percepções de alunos e funcionários da biblioteca, do que entre alunos e
funcionários da SAE.
O teste Z da hipótese H
0
: BibF = (Bib ) (tabela 6.10), foi confirmado para
quinze das vinte questões avaliadas. As opiniões demonstraram ser divergentes
apenas para os atributos 11, 12, 13, relacionados à dimensão Presteza, e 14 e 17 do
atributo Garantia. (tabela 6.10). É interessante notar que essas cinco questões, que
receberam dos funcionários média 4, faziam de alguma forma referência ao trabalho
realizado por eles.
No teste de H
0
: SAEF = (SAE ), por outro lado, a hipótese foi rejeitada em
todas as vinte questões, tendo Z alcançado valores muito acima do limite (tabela
6.11).
Vale lembrar que, dado as restrições impostas pela coordenação da SAE, o método
de aplicação dos questionários foi diferente entre os dois departamentos, não tendo
sido permitido nenhum contato ou esclarecimento por parte da pesquisadora junto a
seus funcionários.
6.2.1. Avaliação por atributo
A observação das médias por atributo das percepções de alunos e funcionários da
biblioteca demonstra que, as atribuídas pelos últimos, tenderam a ser maiores. Isto
indica que os funcionários têm uma percepção mais positiva dos serviços prestados
do que os alunos. Curiosamente, os funcionários da biblioteca são mais rígidos do
que os alunos ao avaliar os atributos de confiabilidade presentes nas questões 1
(Este setor oferece um serviço de acordo com as minhas expectativas, cumprindo
aquilo que promete.) e 3 (Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a
primeira vez.). O atributo 6 (Este setor tem equipamentos e materiais atualizados)
também foi exceção à regra ao receber avaliações mais altas por parte dos alunos
do que pelos funcionários (Gráfico 6.6).
95
Gráfico 6.6 - Médias das percepções de alunos e funcionários por atributo para a Biblioteca
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
Analisando-se os resultados para os serviços da Biblioteca encontramos que os
funcionários atribuíram as maiores notas aos atributos descritos nas seguintes
questões:
Este departamento é bem localizado e tem um horário de atendimento
conveniente. (4,11)
O comportamento dos funcionários deste setor inspira confiança. (4,11)
Os serviços prestados por este setor são realizados dentro dos prazos
estipulados. (4,00)
Há rapidez no atendimento prestado pelos funcionários deste setor. (4,00)
Vemos que, enquanto os funcionários consideram o aspecto mais forte da biblioteca
a disposição ou prontidão dos empregados para prestação do serviço, os alunos
consideraram a consistência da prestação e a capacidade para realizar os serviços
de forma correta seu ponto mais forte.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
BibF
Bib
96
As menores médias das percepções dos funcionários da biblioteca couberam aos
seguintes atributos:
Os alunos recebem atenção individualizada neste setor. (3,44)
Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a primeira vez. (3,33)
Este setor oferece um serviço de acordo com as minhas expectativas,
cumprindo aquilo que promete. (3,22)
Este setor tem equipamentos e materiais atualizados. (2,33)
Desse ponto de vista, os funcionários consideram o aspecto a melhorar a
consistência da prestação do serviço, enquanto os alunos julgam que a atenção
dada a eles necessita correções.
De modo similar ao que ocorreu com a avaliação da biblioteca, a observação das
médias por atributo das percepções de alunos e funcionários da SAE demonstrou
que, as atribuídas pelos últimos, foram sempre maiores. A diferença entre as
comparações realizadas para os dois departamentos foi o grande intervalo que
separa as opiniões dos dois grupos.
Gráfico 6.7 - Médias das percepções de alunos e funcionários por atributo para a SAE
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
SAEF
SAE
97
Como pode ser observado no gráfico 6.7, as percepções dos alunos foram bastante
mais baixas do que as dos funcionários da SAE. As menores diferenças entre as
opiniões destes grupos são encontradas nos atributos 6, 7, 8 e 9, todos
componentes da dimensão Tangíveis. Enquanto que as maiores diferenças são
encontradas nos atributos 2, 11, 12 e 13. Lembramos que o atributo 2 compõe a
dimensão Confiabilidade, e os atributos restantes a dimensão Presteza.
No que diz respeito aos resultados para os serviços da SAE, os funcionários
atribuíram as maiores notas aos atributos descritos nas seguintes questões:
Quando você tem um problema, os funcionários deste setor demonstram um
interesse sincero em resolvê-lo. (4,67)
Os funcionários deste setor sempre estão disponíveis para atender às
solicitações dos alunos. (4,67)
Este departamento é bem localizado e tem um horário de atendimento
conveniente. (4,56)
O pessoal deste setor tem boa vontade para prestar informações. (4,56)
Indicando que os funcionários consideram-se prestativos e disponíveis para ajudar
aos alunos. Opinião esta que não encontra respaldo nas respostas dos alunos, que
julgam estes os pontos a serem melhorados. Para eles as maiores médias compõem
o atributo Tangíveis.
As menores médias anotadas pelos funcionários do SAE referem-se às seguintes
questões:
Os materiais associados aos serviços prestados por este setor (panfletos,
cartazes, formulários, website etc.) são bem feitos e fáceis de entender. (3,67)
O pessoal deste setor executa e domina o serviço sozinho, sem ajuda de
outros ou do supervisor, pois conhece o que faz. (3,67)
Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a primeira vez. (3,56)
Você se sente seguro com relação aos serviços prestados por este setor.
(3,56)
98
O que demonstra que os funcionários encontram espaço para melhoria em aspectos
relacionados aos seus conhecimentos e sua capacidade de inspirar confiança, bem
como os materiais informativos, que desempenham papel importante na dinâmica de
atendimento do departamento.
6.2.2. Avaliação por dimensão
A comparação das médias agrupadas por dimensão confirma o observado na
análise dos atributos. Os funcionários da biblioteca atribuíram as maiores médias à
dimensão Presteza enquanto para os alunos esta dimensão se encontra em
penúltimo lugar em suas percepções dos serviços, que avaliaram a Confiabilidade a
dimensão mais satisfatória.
Para os serviços do SAE, a dimensão Presteza que recebeu os mais altos escores
na avaliação dos funcionários, ficou em último lugar na avaliação dos alunos. Para
eles, a dimensão mais satisfatória foi Tangíveis.
Tabelas 6.12 Médias das percepções de alunos e funcionários agrupadas por dimensão
Biblioteca
SAE
Funcionários
Alunos
Funcionários
Alunos
Confiabilidade
3,58
3,52
4,16
2,30
Tangíveis
3,53
3,40
4,13
2,98
Presteza
4,00
3,32
4,48
2,14
Garantia
3,92
3,36
3,97
2,27
Empatia
3,63
3,11
4,37
2,44
Fonte: Dados da Pesquisa, 2010
99
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino superior privado no Brasil apresentou um acelerado crescimento no
período compreendido entre 1995 e 2002, crescimento esse que foi possível
graças ao investimento privado no setor, que responde hoje por quase 90% das
vagas ofertadas nacionalmente. Essa expansão trouxe diversos desafios às
instituições privadas atuantes , que hoje operam num ambiente competitivo e
altamente exigente, que requer práticas de gestão institucional adequadas às
pressões do mercado e da sociedade.
Nesse contexto, a qualidade tem sido apontada como diferencial. A percepção por
parte dos clientes da qualidade dos serviços prestados por uma IES, porém, não se
faz apenas sobre o que chamamos de serviço central. Para chegarem ao serviço
central, muitas vezes, os consumidores devem passar pelos serviços periféricos que
fazem, portanto, parte do processo de avaliação da satisfação. Os consumidores, ao
fazerem sua avaliação dos serviços, consideram o desempenho de ambos os
aspectos. (FROEMMING, 2001).
Vários modelos e estudos têm sido criados para examinar as relações entre a
qualidade do serviço e a satisfação do consumidor. Muitos deles utilizam a
ferramenta SERVQUAL como forma de avaliar a qualidade da prestação de serviços
em educação do ponto de vista do cliente externo - o aluno (MASTELLA,2006).
O principal objetivo deste trabalho foi o de identificar o nível de satisfação dos alunos
de graduação no ensino superior com os serviços periféricos prestados pelas IES.
Foram analisados os conceitos e as teorias relativas a serviços, além dos estudos
sobre qualidade diretamente relacionados ao tema através de levantamento
bibliográfico pertinente. Posteriormente, passou-se ao estudo de caso conduzido na
PUC-SP.
Aplicou-se, neste caso, a ferramenta SERVQUAL a uma amostra de 124 indivíduos,
sendo 106 alunos do sétimo período do curso de administração de empresas,
campus Monte Alegre da instituição, e 18 funcionários, que avaliaram os serviços
prestados pela biblioteca, pela secretaria de atendimento escolar e pelo laboratório
100
de informática. Para a coleta de dados dos alunos, utilizou-se um formulário único
com dois módulos de 20 afirmativas e três colunas, no qual os alunos deveriam
colocar suas notas de acordo com cada serviço. para os funcionários, utilizou-se
apenas o módulo de percepções referente ao departamento em que trabalham.
A primeira etapa da análise buscou avaliar as expectativas e percepções dos alunos
para cada um dos serviços avaliados, posteriormente, foram calculados os gaps que
indicam o nível de satisfação dos alunos com os serviços.
As médias das expectativas por departamento foram bastante elevadas, atingindo
em sua grande maioria valores acima de 4, com pequenas variações na casa dos
decimais. Tal fato pode indicar uma alta expectativa geral com os serviços
prestados, ou ainda, como colocado por Babakus e Boller (1992 apud BUTTLE,
1996), pode representar um viés da ferramenta utilizada em que os clientes
tenderiam a elevar demasiadamente suas expectativas.
Os valores das percepções, por sua vez, estiveram, sem exceção, abaixo das
expectativas. O que permitiu concluir que os serviços complementares prestados
pela instituição estudada, de forma geral, não são satisfatórios do ponto de vista de
seus clientes-alunos, uma vez que nenhum atributo obteve nota positiva na
avaliação de satisfação de nenhum departamento.
Para testar o nível de semelhança entre as dias das respostas dadas a respeito
de cada departamento, optou-se pela aplicação do teste T-pareado às expectativas
e posteriormente às percepções dos alunos para cada um dos departamentos. Esse
teste nos permitiu observar comportamento semelhante para as respostas a respeito
dos serviços prestados pela biblioteca e pelo laboratório de informática. Em ambos
os testes, as médias dos departamentos demonstraram ser estatisticamente
semelhantes em grande número de atributos. Mais especificamente, 15 entre 20
atributos no módulo de expectativas e 10 entre 20 no módulo de percepções.
101
Tal resultado não foi observado na comparação desses dois serviços com as
avaliações recebidas pelo SAE. Em ambos os módulos, e na comparação deste com
os demais serviços, o número de atributos de médias semelhantes limitou-se a no
máximo quatro, quase sempre em atributos componentes da dimensão Tangíveis.
Isto pode indicar que os alunos percebem os serviços da Biblioteca e do Laboratório
como possuindo as mesmas características. Ou ainda, que a presença de um
departamento como o SAE no grupo de serviços avaliados possa haver polarizado a
avaliação dos alunos em duas.
Pela observação dos questionários preenchidos é possível notar que em ambos os
módulos, grande número de respondentes optou por fazer sua avaliação por
atributos ou ainda dividindo os serviços entre SAE e demais, o que pode haver
ocorrido por falta de compreensão do questionário. Outro fator que possivelmente
levou a essa polarização é a questão da relevância dos serviços prestados pelo
departamento que, ao lidar com temas de grande impacto para a vida acadêmica
dos alunos, como matrículas, alterações de planos de estudos, revisões de notas e
frequências, entre outros, perceberia um nível de exigência mais alta por parte dos
clientes.
A respeito do objetivo de testar a aplicabilidade da ferramenta SERVQUAL no
contexto apresentado, observou-se que, apesar de os serviços periféricos serem
tratados como uma categoria única de serviço ao longo deste trabalho, sua
avaliação no contexto de uma IES o deve ser generalizada. Cada departamento
presta um serviço que será avaliado de acordo com o grau de importância atribuída
pelos alunos a ele no momento da avaliação. Outros trabalhos apresentaram
avaliações dos serviços periféricos (COUTINHO, 2007; CARRIJO,
2007;FROEMMING, 2001) em que as coletas de dados foram realizadas de modo
similar ao utilizado neste trabalho (diversos serviços ou encontros de serviços
avaliados ao mesmo tempo), porém consideramos inadequada a aplicação da
ferramenta SERVQUAL a uma avaliação que não leve em consideração as
características específicas de cada serviço avaliado, sob o risco de os resultados
não representarem a realidade.
102
Em uma avaliação futura, em se optando pela utilização da mesma ferramenta,
sugere-se que cada departamento seja avaliado em separado, e que os resultados
sejam agrupados em momento posterior de análise. Então, serão respeitadas as
características do serviço, bem como a importância relativa deste para o grupo
estudado, evitando o viés descrito.
Com respeito à mensuração das percepções dos funcionários dos departamentos
avaliados e a comparação de suas respostas com as dos alunos, temos que, como
regra geral, as médias das percepções dos primeiros tenderam a ser maiores,
indicando que os funcionários têm uma percepção mais positiva dos serviços
prestados. Esse quadro é ainda mais acentuado quando os atributos avaliados
fazem referência direta ao trabalho desempenhado pelos mesmos. Nas
comparações de ambos os departamentos, questões relacionadas às dimensões
Presteza e Garantia apresentaram as maiores distâncias entre as opiniões de alunos
e funcionários. Zeithmal e Bitner (2003) colocam que uma decorrência da
simultaneidade de produção e consumo de serviços é que os produtores percebem-
se a si mesmos como sendo um ingrediente essencial da experiência daquele
serviço para o cliente, o que explica uma certa miopia por parte dos funcionários em
sua autoavaliação, que atribuir baixos escores aos serviços prestados representa
reconhecer um desempenho pessoal aquém do esperado.
Ainda no que tange o objetivo aqui colocado de buscar semelhanças entre as
percepções dos funcionários prestadores de serviço e seus clientes, os resultados
não foram conclusivos para o alinhamento de percepções. Enquanto as respostas
dos dois grupos foram estatisticamente semelhantes em grande parte dos atributos
na avaliação da biblioteca, as semelhanças entre as respostas para o SAE foram
mínimas, restringindo-se a atributos da dimensão Tangíveis. Como mencionado em
alguns momentos deste trabalho, as diferenças entre os serviços podem ter
contribuído para este quadro, bem como a forma de aplicação do questionário para
cada um dos grupos.
103
Tal observação não invalida a importância de se utilizar pesquisas com funcionários.
De fato, acreditamos que a discrepância entre os pontos de vista observados reforça
a necessidade de sua realização. Da mesma maneira que buscamos compreender o
ponto de vista dos alunos, é necessária a compreensão do ponto de vista dos
funcionários prestadores de serviços para que se chegue a um diagnóstico mais
completo da qualidade dos serviços prestados e medidas corretivas sejam tomadas
quando necessário.
7.1. Sugestões gerenciais
A aplicação da ferramenta SERVQUAL aos departamentos avaliados permitiu
observar um grau generalizado de insatisfação com os serviços de apoio prestado.
Porém, alguns aspectos específicos merecem maior atenção.
A avaliação dos serviços prestados pela Secretaria de Atendimento Escolar (SAE)
denuncia a importância dada pelos alunos aos serviços prestados pelo
departamento. Os alunos parecem mais satisfeitos com a qualidade das instalações
do departamento e reconhecem que os serviços são de fato entregues, porém os
aspectos relacionados à qualidade do atendimento demonstraram um alto grau de
insatisfação.
As respostas indicam a necessidade de se investir em um atendimento mais ágil,
com os funcionários demonstrando um interesse sincero em ajudar a solucionar os
problemas apresentados pelos alunos. Nesse contexto, a avaliação dos próprios
funcionários que consideram seu atendimento de boa qualidade indica que a
administração da instituição poderá enfrentar alguns desafios à implantação de
medidas corretivas.
Sugere-se uma avaliação mais aprofundada das opiniões dos funcionários do SAE a
respeito do atendimento por eles prestado e a adoção de ações de marketing interno
com o objetivo de motivá-los à mudança de comportamento necessária à satisfação
dos alunos.
104
7.2. Limitações e sugestões de estudo
Como limitações à pesquisa, temos aquelas inerentes a suas próprias
características. Yin (1994) afirma que estudos de caso fornecem pequena base para
generalizações científicas uma vez que um ou alguns casos não podem ser
considerados uma amostra da população e, portanto, é insignificante qualquer
tentativa de generalização nesse sentido.
Para além das limitações do método, temos aquelas impostas pelo tema estudado.
Ao discorrer sobre a qualidade no ensino superior, o Ministério da Educação, em
documento de 2006, reafirma a existência de referentes universais de qualidade que
dizem respeito a natureza, condições e formatos das instituições que constituem o
sistema de educação superior. Porém, reconhece que há referentes específicos
particulares de qualidade, vinculados a missão e natureza de um conjunto de
instituições ou de uma instituição, que reafirmam as suas peculiaridades e
caracterizam seus propósitos autoinstituídos. (Avaliação Externa de Instituições De
Educação Superior: Diretrizes e Instrumento, p.11)
A presente pesquisa pretendeu contribuir, ainda que dentro de suas limitações, para
a ampliação do entendimento do assunto enfocado, a saber: a satisfação dos alunos
com os serviços periféricos de uma instituição de ensino superior, bem como o
alinhamento entre as percepções de alunos e funcionários prestadores de serviços
de cada unidade avaliada. Esperamos, assim, haver propiciado uma nova visão do
pensamento dos alunos destas que representam a grande maioria das instituições
no ensino superior brasileiro.
Como sugestão de estudo, propomos que a escala seja aplicada a um mesmo grupo
de alunos em momentos diferentes de sua vida acadêmica, pois como nota Buttle
(1996), os consumidores aprendem com a experiência, o que pode representar um
aumento das expectativas. Em nenhum dos trabalhos mencionados na revisão
bibliográfica desta dissertação, encontrou-se uma abordagem dinâmica da avaliação
da qualidade e serviços.
105
Sugerimos ainda que sejam realizadas novas pesquisas que confrontem as
percepções de clientes e funcionários prestadores de serviços com a utilização da
ferramenta SERVQUAL a diferentes tipos de serviços. As avaliações realizadas com
base no mesmo grupo de perguntas para os dois grupos, além de complementarem-
se, parecem auxiliar na compreensão dos aspectos dos serviços que passam
despercebidos aos olhos dos prestadores de serviços e mesmo da organização.
106
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112
APÊNDICE
PESQUISA DE AVALIAÇÃO EM SERVIÇOS
Responda com um .X. em cima do número correspondente a resposta certa.
1. Sexo
2. Período
3. Ano que está cursando
( 1 ) FEM ( 2 ) MASC
( 1 ) MANHA ( 2 ) NOITE
( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
4. Qual a sua faixa estaria?
( 1 ) até 20 anos ( 2 ) de 21 a 30 anos ( 3 ) de 31 a 40 anos ( 4 ) mais de 40 anos
5. Com que frequência você usa os seguintes serviços?
( 1 ) Biblioteca
( 1 ) Nunca usei ( 2 ) Raramente ( 3 ) Às vezes ( 4 ) Frequentemente
( 2 ) Secretaria Acadêmica
( 1 ) Nunca usei ( 2 ) Raramente ( 3 ) Às vezes ( 4 ) Frequentemente
( 3 ) Laboratório de Informática
( 1 ) Nunca usei ( 2 ) Raramente ( 3 ) Às vezes ( 4 ) Frequentemente
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO:
Nas duas páginas seguintes, você encontrará dois grupos de 20 questões referentes a uma
pesquisa, cujo objetivo é conhecer sua opinião sobre três setores administrativos desta
instituição, com os quais você já teve contato.
O primeiro grupo de questões busca saber o que você espera dos serviços de cada um dos
setores avaliados. O segundo grupo de questões busca saber o que você acha dos serviços
prestados.
Leia cada afirmativa atentamente. NÃO PULE NENHUMA QUESTÃO e as responda na
sequência em que se encontram no formulário.
Você estará avaliando os serviços prestados:
Pela secretaria de atendimento acadêmico;
No laboratório de Informática;
Pela biblioteca.
Para tanto, em uma escala de 1 a 5, marque o seu grau de concordância, ou discordância, em
cada uma das afirmações, escolhendo entre cinco alternativas para cada Setor indicado:
1 (um) = discorda totalmente com o que a frase afirma
2 (dois) = discorda com o que a frase afirma
3 (três) = nem discorda e nem concorda com o que a frase afirma.
4 (quatro) = concorda com o que a frase afirma
5 (cinco) = concorda totalmente com que a frase afirma
Se não teve contato com o setor ou está indeciso, indique 9 (nove) = Não Sei.
Esta pesquisa faz parte de uma dissertação de mestrado e a informação fornecida por você é
sigilosa e terá fins estritamente acadêmicos.
Agradecemos a sua cooperação.
113
PARTE 1 O QUE VOCÊ ESPERA
Por favor, leia as frases abaixo, e pensando naquilo que você espera dos serviços
prestados, indique a importância que você atribui a cada uma das características listadas
para os departamentos indicados.
Se você discordar fortemente que o departamento ou seus funcionários devem ter as
características abaixo, atribua o número 1. Se concordar fortemente, atribua o número 5. Se
não souber responder atribua o número 9.
Discordo
Totalmente
1
Discordo
2
Não Concordo
Nem Discordo
3
Concordo
4
Concordo
Totalmente
5
Não sei
9
Biblioteca
SAE
Laboratório
de
Informática
1. O setor deve oferecer um serviço de acordo com as expectativas
dos alunos, cumprindo aquilo que promete.
2. Os funcionários deste setor devem demonstram um interesse
sincero em resolver os problemas dos alunos.
3. Neste setor, deve-se executar corretamente os serviços desde a
primeira vez.
4. Os serviços prestados por este setor devem obedecer aos prazos
estipulados.
5. Os funcionários deste setor devem sempre manter os alunos
informados sobre os prazos para realização de um serviço, bem
como sobre possíveis alterações.
6. Este setor deve ter equipamentos e materiais atualizados
7. A aparência das instalações deste setor deve ser limpa e agradável
8. Os funcionários deste setor devem ser sempre bem vestidos e
asseados.
9. Os materiais associados aos serviços prestados por este setor
(panfletos, cartazes, formulários, website etc.) devem ser bem feitos
e fáceis de entender.
10. Este departamento deve ser bem localizado e ter um horário de
atendimento conveniente.
11. Deve haver rapidez no atendimento prestado pelos funcionários
deste setor.
12. Deve haver boa vontade do pessoal deste setor para prestar
informações aos alunos.
13. Os funcionários deste setor devem estar sempre disponíveis para
atender às solicitações dos alunos.
14. O pessoal deste setor deve ser agradável, simpático e fornecer um
contato amistoso.
15. O pessoal deste setor deve executar e dominar o serviço sozinho,
sem ajuda de outros ou do supervisor.
16. Você deve se sentir seguro com relação aos serviços prestados por
este setor.
17. O comportamento dos funcionários deste setor deve inspirar
confiança.
18. Os funcionários sempre devem demonstrar boa vontade para ajudar
aos alunos na suas solicitações.
19. O pessoal deste setor deve reconhecer o aluno como indivíduo,
identificando suas necessidades e se flexibilizando para atender
prontamente aos seus interesses.
20. Os alunos devem receber atenção individualizada neste setor.
114
PARTE 2 SUA AVALIAÇÃO
Nesta próxima etapa, mostre a extensão em que você acha que cada um dos
departamentos avaliados possui as características descritas em cada frase, atribuindo-as
números de 1 a 5.
Se você discordar fortemente que o departamento tem estas características, atribua o
número 1. Se concordar fortemente, atribua o número 5. Se não souber responder atribua o
número 9.
Discordo
Totalmente
1
Discordo
2
Não Concordo
Nem Discordo
3
Concordo
4
Concordo
Totalmente
5
Não sei
9
Biblioteca
SAE
Laboratório
de
Informática
1. Este setor oferece um serviço de acordo com as minhas
expectativas, cumprindo aquilo que promete.
2. Quando você tem um problema, os funcionários deste setor
demonstram um interesse sincero em resolvê-lo.
3. Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a
primeira vez.
4. Os serviços prestados por este setor são realizados dentro dos
prazos estipulados.
5. Os funcionários deste setor sempre mantêm os alunos informados
sobre os prazos para realização de um serviço, bem como sobre
possíveis alterações.
6. Este setor tem equipamentos e materiais atualizados
7. A aparência das instalações deste setor é limpa e agradável
8. Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e
asseados.
9. Os materiais associados aos serviços prestados por este setor
(panfletos, cartazes, formulários, website etc.) são bem feitos e
fáceis de entender.
10. Este departamento é bem localizado e tem um horário de
atendimento conveniente.
11. Há rapidez no atendimento prestado pelos funcionários deste
setor.
12. O pessoal deste setor tem boa vontade para prestar informações
13. Os funcionários deste setor sempre estão disponíveis para
atender às solicitações dos alunos.
14. O pessoal deste setor é agradável, simpático e fornece um contato
amistoso.
15. O pessoal deste setor executa e domina o serviço sozinho, sem
ajuda de outros ou do supervisor, pois conhece o que faz.
16. Você se sente seguro com relação aos serviços prestados por
este setor.
17. O comportamento dos funcionários deste setor inspira confiança.
18. Os funcionários sempre demonstram boa vontade para ajudar aos
alunos na suas solicitações.
19. O pessoal deste setor reconhece o aluno como indivíduo,
identifica suas necessidades e se flexibiliza para atender
prontamente aos seus interesses.
20. Os alunos recebem atenção individualizada neste setor.
115
PESQUISA DE AVALIAÇÃO EM SERVIÇOS
Responda com um .X. em cima do número correspondente a resposta certa.
1. Sexo
2. Setor
( 1 ) FEM ( 2 ) MASC
( 1 ) SAE ( 2 ) Biblioteca ( 3 ) Laboratório de informática
3. Há quanto tempo trabalha neste setor?
( 1 ) menos de 1 ano ( 2 ) de 1 a 3 anos ( 3 ) de 3 a 5 anos ( 4 ) mais de 5 anos
4. Tem contato direto com os alunos?
( 1 ) Não, nunca ( 2 ) Raramente ( 3 ) Às vezes ( 4 ) Frequentemente ( 5 ) Sim, diariamente
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO:
Caro colaborador,
Na próxima página, você encontrará um grupo de 20 questões referentes a uma pesquisa cujo
objetivo é conhecer sua opinião sobre os serviços prestados neste setor.
Leia cada afirmativa atentamente. NÃO PULE NENHUMA QUESTÃO e as responda na
sequência em que se encontram no formulário.
Você estará avaliando os serviços prestados:
Pela secretaria de atendimento acadêmico;
No laboratório de Informática;
Pela biblioteca.
Para tanto, em uma escala de 1 a 5, marque com um X o seu grau de concordância, ou
discordância, em cada uma das afirmações, escolhendo entre cinco alternativas para o seu
Setor:
1 (um) = discorda totalmente com o que a frase afirma
2 (dois) = discorda com o que a frase afirma
3 (três) = nem discorda e nem concorda com o que a frase afirma.
4 (quatro) = concorda com o que a frase afirma
5 (cinco) = concorda totalmente com que a frase afirma
Se não sabe ou está indeciso, indique a opção Não Sei.
Esta pesquisa faz parte de uma dissertação de mestrado e a informação fornecida por você é
sigilosa e terá fins estritamente acadêmicos.
Agradecemos a sua cooperação.
116
SUA AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS POR ESTE SETOR
Abaixo mostre a extensão em que você acha que o setor em que você trabalha, possui as
características descritas em cada frase, atribuindo-as números de 1 a 5.
Se você discordar fortemente que o setor tem estas características, faça um X no número 1.
Se concordar fortemente, faça um X no número 5. Se não souber responder escolha Não
Sei..
Discordo
Totalmente
1
Discordo
2
Não Concordo
Nem Discordo
3
Concordo
4
Concordo
Totalmente
5
Não sei
1
2
3
4
5
Não
sei
1. Este setor oferece um serviço de acordo com as
expectativas dos alunos, cumprindo aquilo que promete.
2. Quando os alunos têm um problema, os funcionários deste
setor demonstram um interesse sincero em resolvê-lo.
3. Neste setor, executa-se corretamente os serviços desde a
primeira vez.
4. Os serviços prestados por este setor são realizados dentro
dos prazos estipulados.
5. Os funcionários deste setor sempre mantêm os alunos
informados sobre os prazos para realização de um serviço,
bem como sobre possíveis alterações.
6. Este setor tem equipamentos e materiais atualizados
7. A aparência das instalações deste setor é limpa e
agradável
8. Os funcionários deste setor estão sempre bem vestidos e
asseados.
9. Os materiais associados aos serviços prestados por este
setor (panfletos, cartazes, formulários, website etc.) são
bem feitos e fáceis de entender.
10. Este departamento é bem localizado e tem um horário de
atendimento conveniente.
11. Há rapidez no atendimento prestado pelos funcionários
deste setor.
12. O pessoal deste setor tem boa vontade para prestar
informações
13. Os funcionários deste setor sempre estão disponíveis para
atender às solicitações dos alunos.
14. O pessoal deste setor é agradável, simpático e fornece um
contato amistoso.
15. O pessoal deste setor executa e domina o serviço sozinho,
sem ajuda de outros ou do supervisor, pois conhece o que
faz.
16. Os alunos sentem-se seguros com relação aos serviços
prestados por este setor.
17. O comportamento dos funcionários deste setor inspira
confiança.
18. Os funcionários sempre demonstram boa vontade para
ajudar aos alunos na suas solicitações.
19. O pessoal deste setor reconhece o aluno como indivíduo,
identifica suas necessidades e se flexibiliza para atender
prontamente aos seus interesses.
20. Os alunos recebem atenção individualizada neste setor.
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