pela maternidade e pelo seu papel cada vez mais central dentro da família.
Em tais condições, a família se desarticula, se fragmenta, perde toda
valência educativa, esmagada pelos problemas do trabalho e da miséria.
As crianças são também inseridas no sistema de fábrica, colocadas nas
tecelagens ou em outras fábricas para atender a determinadas fases da
produção (fiação, tecelagem etc.), ou nas minas de carvão e de enxofre,
inseridas numa cadeia que transporta os materiais extraídos para a
superfície. Duríssimas, suas condições de vida: são desnutridas,
macilentas, raquíticas, retardadas; muitas vezes – assim dizem as
enquetes inglesas – nascem, vivem e morrem na fábrica, sem conhecer
outra realidade a não ser aquela imunda e ensurdecedora das oficinas.
Estamos diante de uma infância expropriada de qualquer direito, à saúde, à
educação, ao crescimento: direitos elementares que o sistema de fábrica
anula de maneira total e sistemática. [...]. (CAMBI, 1999, p. 370)
As jornadas de trabalho eram rigorosas e exaustivas, e, quando um
trabalhador ficava doente pela sobrecarga do trabalho exercido, era despedido,
abandonado à própria sorte.
A situação dos trabalhadores revelava-se difícil nos primórdios da
Revolução Industrial. A disciplina nas fábricas e a jornada de trabalho eram
rígidas – não raro trabalhava-se até 18 horas por dia; as fábricas,
localizadas ao lado de rios, eram insalubres; os salários baixos tornavam a
alimentação deficiente; a promiscuidade e as péssimas condições de vida
dos bairros operários produziam doenças e epidemias devastadoras nos
trabalhadores. Para piorar, os capitalistas utilizavam a força de trabalho
mais barata de mulheres e crianças. (CÁCERES, 1988, p. 148)
Dessa maneira, muitas pessoas, sem o emprego esperado e sem moradia,
viviam em situações subumanas, de profunda miséria. Muitos, sobretudo jovens e
rapazes, vagavam pelas ruas, ociosos e em situação de mendicância,
representando uma ameaça à sociedade, pois frequentemente estavam envolvidos
em pequenos furtos. Essa situação só vinha se agravando e, como consequência,
as prisões estavam cada vez mais lotadas, muitos dos quais eram jovens.
A Revolução Francesa foi um dos fatos mais importantes da história da
humanidade tendo o seu apogeu no século XVIII, conhecido como “século das
luzes”, pela valorização da razão e do seu uso na busca de soluções para os
problemas e questões da vida do homem e da sociedade. Tinha como lema
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, ideário que resumia as aspirações de
pensadores da época, os chamados de iluminados (entre eles: Locke, Voltaire,
Rousseau, Montesquieu), que além do uso da razão, defendiam o uso do