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A ocorrência global de doenças relacionadas ao aumento do consumo de
gorduras saturadas e hidrogenadas e à substituição do consumo de frutas e
hortaliças por alimentos energeticamente densos e pobres em nutrientes justifica a
preocupação, tanto da população em risco, quanto dos órgãos que visam à proteção
da saúde do consumidor, quanto ao tipo de informação disponibilizada nos rótulos
de alimentos (COUTINHO e RECINE, 2007).
Partindo do pressuposto de que a rotulagem nutricional pode ser efetiva no
processo de escolha mais adequada dos alimentos embalados industrializados, mas
que, entretanto, nem sempre o consumidor está apto a ler e interpretar as
informações nutricionais, as alegações de saúde, quando apropriadas, podem
contribuir para informar o consumidor, já que muitas vezes são mensagens diretas e
orientam com maior precisão a escolha de determinados produtos pelos
consumidores (COUTINHO e RECINE, 2007).
De acordo com COUTINHO (2004), 43% dos consumidores brasileiros, no ato
da compra dos alimentos, buscam nas embalagens informações sobre os benefícios
para a saúde. Muitos entrevistados afirmaram acreditar na capacidade de prevenção
e controle que a alimentação pode exercer sobre doenças como o câncer, a
hipertensão arterial, a obesidade e as doenças do coração. Outro estudo, realizado
com frequentadores de supermercados, concluiu que 61% dos entrevistados liam os
rótulos dos produtos que compravam; porém, a autora ressaltou que tal conduta
referia-se, particularmente, àqueles consumidores com problemas de saúde ou de
classe social mais elevada (MARINS, 2004).
As alegações de saúde podem, por vezes, ser prejudiciais, por exemplo, se
não estiverem contextualizadas em relação à alimentação como um todo. Entretanto,
se forem coerentes com as políticas de saúde e nutrição dos países, é provável que
essas alegações sirvam para proteger a saúde do consumidor (COUTINHO e
RECINE, 2007).
Com relação à rotulagem geral, os estudos analisados concluíram que, tanto
nos produtos importados, como nos produtos nacionais, as inadequações eram:
ausência de informações sobre o número do lote, a data de fabricação, o prazo de
validade, especificação dos corantes adicionados intencionalmente e informação
sobre a presença de glúten (CÂMARA et al., 2008).
Em estudo com alimentos para praticantes de atividades físicas, apenas um
pouco mais da metade dos produtos estudados apresentaram-se conforme as