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pois eu vô volta de novo. Aí o F. num tinha nem passaporte e nem visto pra ir, a J. tinha. Eu
falei assim, meu sofrimento vai ser o mesmo, seu eu dexar a J. e leva o F., ou dexa o F e leva
J. e se eu dexa os dois eu tamém vô sofre do mesmo jeito, meu sofrimento num vai ser nem
maior e nem menor. Então, conversei com a J.A J. já era maiorzinha, falei, J. a mãe vai voltar
pro Japão, mas quando a mãe já tivé um dinheiro a mãe vem pra te buscar, vem busca você e
seu irmão, num vo leva ocê e dexa seu irmão, por que, num é justo, você fica ai mais a vó,
que a mãe vem busca ocês dois. Tanto é, que foi o que eu fiz, quando cheguei lá, senti muito,
larga um pedaço de você assim, que é inexplicável! Só que também, eu trabalha doze, mais de
doze horas por dia, eu entrava as seis da manhã e saia as dez da noite, meio que virando.
Chegava na sexta-feira, num tinha serviço na minha seção, pegava na fábrica de alimento que
virava a noite, ai só ia dormir noutro dia, pra na segunda-feira já tinha que trabalha. Então
assim, me entertia no serviço, entendeu, tanto é que foi, que eu juntei dinheiro pra vir buscar
eles. Aí, quando foi, em junho, eu vim busca, que tava calor, que é a época que faz calor lá,
né! Eu disse, num vô trazê eles na época do frio, já chega logo de cara um frio danado. Não,
eu vou buscar na época do calor, já aproveita, tamém que no meio do ano tem feriado, eu já
curto eles um pouco tamém eu pensava em trazê eles. O F. nunca tinha ficado lá, só que eles
vai estranhá, né! A J. já tava, tanto é, que hoje em dia, ela prefere lá do que aqui, mais pela
nossa vida que a gente ta levando, então ela aceita fica aqui. Mas, cê fô fala pra J., hoje nóis
pode ir pro Japão, vamo embora, ela num pensa duas vezes, vai responde vamo! Aí, eu falei,
assim, então não, eu busquei eles. Aí, quando foi final de julho, ia fazê uma mês, faltava uma
semana pra fazê uma mês que o F. tinha chegado. Aí, chego, fico doente, aí foi doente eu falei
assim, eu achei que era assim, ele deve tar estranhando aqui, crima, alimentação, alguma
coisa, né! Porque, mesmo eu cozinhando lá em casa, tem coisas diferentes, né! Aí, levei ele
numa clinica, o médico falo assim, ah não, é porque ele tá um poquinho, vomitando, não
comia nada, não ele tá um pouquinho desedratado só, você te dá um remedinho só pra ele
parar de vomitar, que ele vai ficar bem. Então tá, e eu pronto, é só um estranhamento mesmo
de um país que chego, tanto é que daí eu fui, dei o remédio pra ele. Chego em casa esse
moleque piora, com a mesma falta de ar, que num fica nem sentado sozinho, assim, falei
assim, não é possível, acho que esse remédio que foi muito forte, então, para quem tava tão
fraquinho, né! Eu falei assim, então foi reação do remédio, eu achava que era isso. Ai, eu
falei, assim, vamo espera mais pouco, vamo vê se ele come mais uma coisa, ele vai reagindo,
mas que nada. Mias, só foi piora, piora. Ai, como tava calor, deixei ele sem camisa, só de
cuequinha, aí se via aquele coraçãozinho dele disparado, de longe cê percebia que o coração
estava disparado e que ele tava com a falta de ar. Daí, minha filha já fico desesperada, o meu