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Thais Elaine Vick
RELAÇÕES ENTRE GESTÃO DA INFORMAÇÃO E CRIAÇÃO DE
CONHECIMENTO EM EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA:
ESTUDO COMPARATIVO DE CASOS
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Seido Nagano
São Carlos
2010
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Thais Elaine Vick
RELAÇÕES ENTRE GESTÃO DA INFORMAÇÃO E CRIAÇÃO DE
CONHECIMENTO EM EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA:
ESTUDO COMPARATIVO DE CASOS
Dissertação apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Seido Nagano
São Carlos
2010
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,
DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Vick, Thais Elaine
L636e Relações entre gestão da informação e criação de
conhecimento em empresas de base tecnológica : estudo
comparativo de casos / Thais Elaine Vick ; orientador
Marcelo Seido Nagano. –- São Carlos, 2010.
Dissertação (Mestrado) -- Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção e Área de Concentração em Análise
de Organizações de Trabalho : Pessoas, Conhecimento e
Saúde) –- Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, 2010.
1. Gestão da informação. 2. Criação de conhecimento.
3. Empresas de base tecnológica. I. Título.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela proteção divina.
Ao Prof. Dr. Marcelo Seido Nagano, por sua orientação, amizade, atenção e
incentivo constantes.
Aos membros da banca examinadora, pelas observações, sugestões e
encaminhamento da versão final do trabalho.
Aos docentes do PPGEP, responsáveis por minha formação científica.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo
apoio ao desenvolvimento da pesquisa.
A direção do Parque Tecnológico de São Carlos.
Às empresas que fizeram parte da pesquisa, em particular aos entrevistados, pela
oportunidade concedida e contribuições para este trabalho.
A meu pai, rico tanto em informação quanto em conhecimento, que me
proporcionou a mais valiosa das heranças: a educação. A minha mãe, por seus
conselhos e dedicação.
Aos amigos do PPGEP, com os quais tive o privilégio de conviver tanto no
enriquecedor ambiente acadêmico como fora dele.
Iron rusts from disuse, stagnant water loses its purity, and
in cold weather becomes frozen, even so does inaction sap
the vigor of the mind.
Da Vinci
RESUMO
VICK, Thais Elaine. Relações entre gestão da informação e criação de
conhecimento em empresas de base tecnológica: estudo comparativo de casos. 2010.
138 p. Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de
São Paulo, São Carlos, 2010.
Informação e conhecimento m sido citados por duas cadas como ferramentas de
vantagem competitiva. Recentemente, discute-se a utilização destas na promoção da
inovação. A premissa indica que a interação de indivíduos, o compartilhamento de
informação e a criação do conhecimento são vitais para o sucesso das organizações que
precisam aprender e inovar a todo o momento. O estudo tem como propósito apontar
contribuições de um ambiente de aquisição, disseminação e utilização da informação
para a subseqüente criação do conhecimento, verificando como esses dois processos
ocorrem em empresas de base tecnológica. Optou-se pelo emprego do método
comparativo de casos e pela pesquisa qualitativa, realizada em nove empresas de base
tecnológica, as quais se encontravam incubadas ou que passaram recentemente pela fase
de incubação no Parque Tecnológico da cidade de São Carlos. Entre os principais
resultados, constatou-se que nas empresas graduadas a gestão da informação e seus
procedimentos foi identificada como mais consciente e estruturada. Em contrapartida,
percebeu-se que as empresas incubadas possuíam um ambiente com maiores condições
de criação de conhecimento.
Palavras-chave: Gestão da Informação; Criação de Conhecimento; Empresas de Base
Tecnológica.
ABSTRACT
VICK, Thais Elaine. Relations between information management and knowledge
creation in technology-based companies: a comparative case study. 2010. 138 p.
Dissertation (Master’s Degree) Engineering School of São Carlos, University of São
Paulo, São Carlos, 2010.
Information and knowledge have been cited for two decades as competitive advantage
tools. Recently, the use of them is discussed in promotion of the innovation. The
premise indicates that human interaction, information sharing and knowledge creation
are vital for the success of organizations that need to learn and innovate all the time.
This study has the intention to point contributions from an environment of acquisition,
dissemination and the use of information to the subsequent knowledge creation,
verifying how these two processes happen in technology-based companies. The
comparative method of cases and qualitative research was used, conducted in nine
technology-based companies, which were incubated or which passed recently by the
incubating process in Technologic Park of São Carlos. Among the main results, it was
found that in graduated companies the information management and its procedures was
identified as more conscious and structured. However, it was also noticed that the
incubated companies had an environment with better conditions for knowledge creation.
Keywords: Information Management; Knowledge Creation; Technology-based
Companies.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – O processo de gerenciamento da informação..............................................21
Figura 2 – Comportamento informacional ....................................................................26
Figura 3 – As dimensões e elementos da competência informacional..........................31
Figura 4 – Hierarquia do conhecimento. .......................................................................35
Figura 5 – Investigador de conhecimento versus criador de conhecimento..................36
Figura 6 – Ilhas explícitas em um mar tácito.................................................................36
Figura 7 – Etapas do processo de criação de conhecimento.........................................48
Figura 8 – Modelo SECI de conversões do conhecimento............................................49
Figura 9 – Necessidades informacionais como um fenômeno integrado e
multidimensional...........................................................................................................53
Figura 10 – O processo de comunicação.......................................................................60
Figura 11 – Processo de aprendizagem organizacional.................................................66
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Panorama das dimensões e fatores que influenciam as preferências por
fontes de informação......................................................................................................29
Quadro 2 – Princípios da organização do conhecimento ..............................................34
Quadro 3 – Categorizações do conhecimento ...............................................................44
Quadro 4 – Classificação dos tipos de conhecimento ...................................................46
Quadro 5 – Conceitos de informação e necessidades de informação comparados
através das buscas tradicional e alternativa...................................................................54
Quadro 6 Abordagens características principais sobre necessidades e usos da
informação.....................................................................................................................57
Quadro 7 – Aporte 1: Necessidades informacionais ....................................................58
Quadro 8 – Aporte 2: Comunicação..............................................................................63
Quadro 9 – Aporte 3: Aprendizagem ............................................................................67
Quadro 10 Evidenciação das contribuições da gestão da informação para a criação
de conhecimento............................................................................................................68
Quadro 11 – Fatores propulsores e restritivos da empresa A........................................84
Quadro 12 – Fatores propulsores e restritivos da empresa B ........................................87
Quadro 13 – Fatores propulsores e restritivos da empresa C ........................................91
Quadro 14 – Fatores propulsores e restritivos da empresa D........................................94
Quadro 15 – Fatores propulsores e restritivos da empresa E ........................................97
Quadro 16 – Fatores propulsores e restritivos da empresa F........................................100
Quadro 17 – Fatores propulsores e restritivos da empresa G.......................................103
Quadro 18 – Fatores propulsores e restritivos da empresa H.......................................106
Quadro 19 – Fatores propulsores e restritivos da empresa I.........................................109
Quadro 20: Propostas de melhores práticas para as empresas A, B, C, D e E..............116
Quadro 21: Propostas de melhores práticas para as empresas F, G, H e I.....................116
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Campos tecnológicos das atividades das EBTs de São Carlos...................79
Tabela 2 – Campos tecnológicos das EBTs selecionadas .............................................80
Tabela 3 – Comparação da determinação das exigências de informação.....................110
Tabela 4 – Comparação da obtenção da informação....................................................111
Tabela 5 – Comparação da distribuição e da utilização da informação .......................112
Tabela 6 – Comparação da socialização e externalização do conhecimento ...............113
Tabela 7 – Comparação da combinação e internalização do conhecimento ................114
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
CIESP - Centro de Indústrias do Estado de São Paulo
CINET - Centro Incubador de Empresas Tecnológicas
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CRM - Customer Relationship Management
EBTs - Empresas de Base Tecnológica
ERP - Enterprise Resource Planning
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
GI - Gestão da Informação
GRI - Gestão de Recursos Informacionais
IFM - Instituto Fábrica do Milênio
OCDE - Organization for Economic Co-operation and Development
PARQTEC - Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
SECI - Socialização, externalização, combinação e internalização do conhecimento
SOFTNET - Centro Incubador de Empresas de Software
TI - Tecnologia da Informação
USP - Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................15
1.1 Contexto e problema......................................................................................15
1.2 Objetivos........................................................................................................15
1.3 Justificativas da pesquisa...............................................................................16
1.4 Delimitação temática.....................................................................................18
2. GESTÃO DA INFORMAÇÃO........................................................................19
2.1 Informação....................................................................................................19
2.2 O Processo de gerenciamento da informação...............................................20
2.3 O uso da informação e o processo de construção de sentido........................24
2.4 Comportamento, fluxo e compartilhamento informacional..........................25
2.5 Disponibilidade de informações e preferências por fontes...........................28
2.6 As competências informacionais..................................................................30
3. CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL....................................................32
3.1 Uma nova economia baseada no conhecimento............................................32
3.2 A Hierarquia do conhecimento......................................................................35
3.3 Fatores intervenientes na gestão do conhecimento........................................37
3.3.1 Fator 1: Cultura organizacional..................................................................37
3.3.2 Fator 2: O indivíduo no contexto histórico administrativo.........................39
3.3.3 Fator 3: Indivíduo e comportamento cognitivo..........................................39
3.3.4 Fator 4: Indivíduo e competências individuais...........................................41
3.4 Tipologias de conhecimento..........................................................................43
3.5 Criação de conhecimento como um processo de sintetização.......................47
3.6 Teoria japonesa de criação de conhecimento e o modelo SECI....................48
3.7 O contexto de criação de conhecimento........................................................50
4. APORTES DA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA INFORMAÇÃO E
CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO................................................................52
4.1 Aporte 1: Necessidades informacionais........................................................52
4.1.1 Análise ambiental.......................................................................................55
4.1.2 Diagnóstico organizacional........................................................................56
4.1.3 Principais abordagens sobre necessidades informacionais.........................56
4.2 Aporte 2: Comunicação.................................................................................58
4.2.1 A tecnologia da informação como facilitadora da comunicação................61
4.3 Aporte 3: Aprendizagem................................................................................63
4.4 Aportes e envolvimento dos indivíduos........................................................68
5. MÉTODO DE PESQUISA E CAMPO............................................................70
5.1 Caracterização da pesquisa............................................................................70
5.2 Amostra da pesquisa......................................................................................71
5.3 Técnica de coleta e análise de dados.............................................................73
5.4 Variáveis e temática da pesquisa...................................................................75
5.5 Questões de pesquisa.....................................................................................76
5.6 Caracterização do setor pesquisado...............................................................76
6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS................................................81
6.1 Empresa A.....................................................................................................81
6.2 Empresa B.....................................................................................................84
6.3 Empresa C.....................................................................................................88
6.4 Empresa D.....................................................................................................91
6.5 Empresa E......................................................................................................94
6.6 Empresa F......................................................................................................97
6.7 Empresa G...................................................................................................100
6.8 Empresa H...................................................................................................103
6.9 Empresa I.....................................................................................................106
6.10 Análise comparativa dos dados.................................................................110
6.10.1 Comparações sobre gestão da informação.............................................110
6.10.2 Comparações sobre criação de conhecimento........................................113
6.10.3 Comparações sobre necessidades informacionais, comunicação e
aprendizagem.....................................................................................................115
6.11 Propostas de melhores práticas para as empresas......................................115
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................117
7.1 Considerações finais sobre os estudos de casos..........................................117
7.2 Considerações finais sobre o método adotado.............................................119
7.3 Considerações finais sobre o problema e objetivos de pesquisa.................119
7.4 Limitações do estudo...................................................................................120
7.5 Sugestões para trabalhos futuros.................................................................120
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................122
9. APÊNDICES
9.1 Apêndice A: Ofício de Pesquisa..................................................................131
9.2 Apêndice B: Caracterização da Empresa.....................................................132
9.3 Apêndice C: Roteiro de Entrevistas.............................................................133
9.4 Apêndice D: Protocolo de Pesquisa.............................................................137
15
1. INTRODUÇÃO
O capítulo inicial traz a contextualização pela qual o trabalho é delineado, bem
como o problema que motiva seu desenvolvimento. As intenções de pesquisa são
apresentadas através dos objetivos central e específicos. Na seqüência, justifica-se a
relevância desse estudo para o campo de pesquisa escolhido. Em seguida, delimita-se o
escopo temático do trabalho.
1.1 Contexto e Problema
A competitividade veio introduzir novos comportamentos, levando empresas a
uma situação desconfortável e muitas vezes a não adaptação às exigências ambientais
(HAYES e WHEELWRIGHT, 1984). Desta forma, a importância da gestão da
informação e do conhecimento nas organizações é considerada em detrimento da
procura de meios mais competentes para atender demandas atuais (GOH, 2005).
O reconhecimento de que a informação, para ser acessível, deve ser organizada e
gerenciada e que as habilidades de criação, busca, análise e interpretação da informação
são essenciais para indivíduos e grupos criarem conhecimento, além da percepção de
que as necessidades de informação se tornam cada vez mais complexas e dependentes
de diferentes e múltiplas fontes - cuja correta avaliação é fator crucial para os processos
de tomada de decisão - tornaram mais visíveis o valor e a dependência da gestão da
informação e do conhecimento por parte das organizações (MARCHIORI, 2002).
Pode-se afirmar que o desempenho inovador de uma organização é diretamente
proporcional à sua capacidade de obter informação, processá-la e disponibilizá-la de
forma rápida e segura (BORGES, 1995). Produtos inovadores possuem o ineditismo
como dimensão fundamental. Essa busca pelo novo faz com que projetos de
desenvolvimento com foco em inovação demandem a criação de uma gama de novos
conhecimentos (NONAKA e TAKEUCHI, 1995).
1.2 Objetivos
Com base nas definições apontadas, e considerando que idéias inovadoras surgem
através da interação entre indivíduos em um ambiente que gera condições para a criação
do conhecimento, o presente trabalho pretende promover uma discussão acerca do
16
seguinte questionamento:
Como se encontram e quais são as relações entre os processos de gestão da
informação e de criação de conhecimento em empresas de base tecnológica?
Para tanto, procura-se atingir o seguinte objetivo central:
Identificar inicialmente a importância e as relações do processo de
gerenciamento da informação e de criação do conhecimento em empresas
incubadas e recentemente graduadas, enfatizando o valor que deve ser conferido
ao processamento de informações pelos indivíduos.
Pretende-se também atingir os seguintes objetivos específicos:
Analisar o processo de gestão da informação no contexto organizacional,
tomando-se por base as determinações de exigências, a aquisição, a distribuição
e a utilização da informação;
Analisar o processo de criação de conhecimento nas empresas, de acordo com a
teoria japonesa, tomando-se por base a socialização, a externalização, a
combinação e a internalização do conhecimento;
Sugerir três contribuições resultantes das relações entre gestão da informação e
criação de conhecimento: necessidades informacionais, comunicação e
aprendizagem, salientando-se como deve ser o envolvimento dos indivíduos
quanto à informação e ao conhecimento.
1.3 Justificativas da pesquisa
um número de desafios associados com o controle de informação em
organizações com atividades de engenharia, em particular os volumes crescentes de
informação, de sua natureza continuamente mutável e da grande variedade de usos da
mesma informação.
A gestão da informação tenta explicar o comportamento da organização
examinando os fluxos de informação em torno dela. Estudos precedentes como o de
Chou et al. (2007) mostraram que compreender a capacidade do processamento da
informação é importante porque facilita as atividades de criação de conhecimento e
afetam assim as ações estratégicas.
17
Gold et al. (2001) sugerem que a chave para compreender o sucesso e a falha da
gestão do conhecimento consiste em identificar e em avaliar as condições prévias, tais
como as capacidades de processo de informação, que são necessárias para que o esforço
floresça. Contudo, raros estudos relataram testes empíricos das ligações entre
capacidades da gestão da informação e seu efeito para a criação de conhecimento eficaz.
Uma metodologia eficiente deve ser estabelecida a fim de avaliar a informação
para evitar sua sobrecarga e retê-la de forma correta para que seja possível reutilizá-la.
Atualmente, muitas ferramentas existem avaliando recursos na engenharia, mas não são
inteiramente associadas com a avaliação da informação. Enquanto a quantidade de
informação disponível aumenta, sua qualidade transforma-se em um fator importante
para a eficácia nas organizações e para os indivíduos. O desempenho de um indivíduo
ou de uma organização pode ser prejudicialmente afetado pelo desequilíbrio
informacional (EPPLER e MENGIS, 2004).
Muitas organizações estão cientes que estes problemas geram algumas perguntas
fundamentais como: quanta informação uma organização precisa? Que fragmentos de
informação uma organização precisa? E quando a organização precisa desses?
(EPPLER e MENGIS, 2004). Contudo, pode ser uma falha aprender de uma experiência
precedente porque a informação não foi capturada ou não é prontamente recuperável em
um contexto significativo. Encontrar respostas a estas perguntas é importante para todo
o funcionamento da organização em qualquer setor empresarial.
Entretanto, dentro de setores altamente tecnológicos e competitivos, a definição
destas questões é particularmente crítica. Isso se deve por causa da natureza intensiva da
informação de processos da engenharia. Responder a essas perguntas é imprescindível
pelo fato de que há uma combinação de processos criativos com as atividades em
equipe, e também dentro das organizações que empreendem em grande parte das
atividades (ZHAO et al, 2008).
Reconhece-se assim, a necessidade de entender de forma mais profunda como
esses novos conhecimentos são efetivamente criados em meio aos processos
organizacionais. O processo de criação de conhecimento é complexo, de dinâmica
pouco linear e de características nem sempre naturalmente explícitas. Este fato torna o
desafio de compreendê-lo ainda maior (NONAKA, REINMOELLER e SENOO, 1998;
LEONARD-BARTON e SENSIPER, 1998).
18
1.4 Delimitação temática
Os conteúdos abordados nesse estudo estão situados em uma gama
multidisciplinar de áreas de pesquisa. O fato reforça a necessidade de delimitar a esfera
do trabalho e as razões pelas quais cada tópico foi abordado.
A informação e o conhecimento são recursos fundamentais em todas as áreas,
são considerados essenciais tanto do ponto de vista acadêmico quanto profissional, e
quando transformados pelas ações dos indivíduos, geram benefícios sociais e
econômicos, que estimulam o desenvolvimento.
Nesse trabalho, o foco de investigação é examinar os atributos do conhecimento
nas organizações e as capacidades de gestão da informação.
Limita-se, portanto, a estudar o processo de gestão da informação no contexto
organizacional impulsionado por atividades inovadoras. Com relação ao conhecimento,
busca-se aqui contemplar suas tipologias, e especialmente o processo de criação de
conhecimento de acordo com a teoria japonesa, como forma de evidenciar as relações
propostas na discussão.
Para que uma organização alcance vantagem competitiva por intermédio da
informação e do conhecimento, é imprescindível adotar uma preocupação voltada para
seus profissionais, que resposta para a informação relevante passará sempre pelas
mãos das pessoas, únicas capazes de acoplar criatividade na formulação de idéias
inovadoras. Assim, serão enfatizados no nível individual os aspectos cognitivos e
competências informacionais, bem como o envolvimento dos indivíduos quanto à
informação e ao conhecimento.
Os três aportes (necessidades informacionais, comunicação e aprendizagem),
resultantes das relações entre gestão da informação e criação de conhecimento, foram
selecionados como uma forma de contribuir com evidências de que uma estrutura
organizacional flexível processadora de informações estimula a criação de
conhecimento.
19
2. GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Informação vem aparecendo como chave de discussões em quase todas as
questões relativas à organização e estratégia. No entanto, não se limita a uma coleta de
dados. Trata-se de dados que são coletados, ordenados, julgados e organizados, aos
quais são atribuídos significados e contexto. Reforçando essa argumentação, Prusak e
McGee (1994) inferem que a concorrência nos dias de hoje se baseia na capacidade de
recuperar, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz. O segundo capítulo
traz os principais processos relacionados à gestão da informação.
2.1 Informação
Nas últimas décadas, a informação assumiu um papel de grande relevância na
administração. O que se chamou, no final da década de 70, de sociedade da informação,
de maneira mais rápida encontra-se no século XXI as condições estruturais para sua
efetivação. Este século inicia-se sob uma proposta de ampla conectividade, de
preocupação com conteúdos criados, manipulados e disseminados, bem como a revisão
e determinação de competências profissionais organizacionais que sejam responsáveis
pelos processos e atividades de uma sociedade voltada para o aprendizado
(MARCHIORI, 2002).
Informações são dados que fazem a diferença (DAVENPORT e PRUSAK, 1998)
e proporcionam a possibilidade de se adquirir novos pontos de vista para a interpretação
de eventos ou situações. São consideradas também um meio de se extrair e construir
conhecimento (NONAKA e TAKEUCHI, 1995).
Conforme Lesca e Almeida (1994), a informação é um vetor importantíssimo
porque pode multiplicar a sinergia dos esforços ou anular o resultado do conjunto dos
esforços, está no domínio pessoal do receptor, é ele quem define se a mensagem
recebida acrescenta algum valor ao estado anterior, estabelecendo sentido e
modificando atitudes.
Informação está sempre em fluxo, e para o sujeito funciona como troca com o
mundo exterior, o que lhe confere seu caráter social. Quando assimilada, interiorizada e
processada pelo sujeito, torna-se a base para a sua integração no mundo (TÁLAMO,
2004).
20
Hoje, entre os maiores problemas enfrentados pelas organizações estão: como
lidar com o excesso de informação, como utilizar as fontes de informação de forma
eficaz e como priorizar o fluxo de informação buscando relevância em organizações
inovadoras. Mais especificamente, busca-se entender como a informação pode se tornar
ferramenta estratégica dentro da empresa (STAREC et al., 2005).
Embora gerenciar estrategicamente a informação seja tão importante quanto
gerenciar outros bens, o conhecimento relativo à gestão da informação não é
desenvolvido da mesma forma. Esse conhecimento ainda tende a ser mal compreendido
e mal aplicado na maioria das vezes, ainda que existam amplas pesquisas referentes à
informação. As deficiências informacionais mais comuns encontradas nas organizações
são fluxos de informação inadequados e o desconhecimento da informação como uma
ferramenta de apoio ao desenvolvimento de ações cotidianas (PRUSAK e MCGEE,
1994).
2.2 O processo de gerenciamento da informação
A complexidade que é atualmente característica das organizações faz com que a
exigência de habilidades ligadas ao gerenciamento da informação seja de total
necessidade para um bom desempenho estratégico. A falta de controle da informação
impede a sinergia entre os diferentes membros da organização (CÂNDIDO, 2005).
Davenport (2001) faz menção aos grupos que se preocupam com este processo,
denominando-os inovadores de informação, ou seja, uma equipe com talento e
criatividade que busca novas informações e maneiras inovadoras de apresentá-las. Esses
fornecedores de informação podem criar novos bancos de dados para dar apoio aos
negócios e fornecer informações interessantes sobre o mercado, que podem dar
indicações sobre as condições de concorrentes. Em outras palavras, o lema é resolver
problemas através do uso eficiente da informação ou abrir novas oportunidades. Uma
abordagem participativa que enfatize objetivos estratégicos, juntamente com fatores
externos como espaço físico comum e trabalho em equipe é o que oferece os melhores
resultados.
Conseqüentemente, faz-se necessário descobrir informações que indiquem qual o
norte a ser seguido, qual o melhor caminho que propicie maior segurança para suas
ações estratégicas.
21
A idéia de recurso estratégico nas organizações fez com que a informação
passasse a ser gerenciada, tal como são gerenciados os recursos financeiros e humanos.
Inicialmente denominada GRI – Gestão de Recursos Informacionais – a gestão da
informação representa toda a cadeia de valores da informação, em outros termos, deve
incluir a definição das necessidades de informação, a coleta, armazenamento,
distribuição e recuperação, para a subseqüente utilização das informações (CIANCONI,
2003).
A Figura 1 apresenta o processo de gerenciamento da informação segundo
Davenport (2001), que será utilizado como um dos pilares deste trabalho.
Figura 1 – O processo de gerenciamento da informação. Fonte: Adaptado de Davenport (2001).
São consideradas fases do processo:
Determinação de exigências, no intuito de combinar e conhecer as necessidades
e exigências de informação das pessoas que as necessitam. É possível que os
gestores de informação não saibam se uma determinada informação está
disponível no ambiente interno ou externo da empresa, tampouco se ela pode ser
gerada internamente. Nesse caso, os profissionais que lidam com a informação
precisam, além de identificar as necessidades informativas da empresa, analisar
se tais fontes estão disponíveis ou podem ser geradas, bem como divulgar as
formas de acesso à informação.
Obtenção, que significa obter a informação analisando seu conteúdo de forma a
estabelecer os níveis de qualidade, segurança e confiabilidade. Os usuários
obtêm informações de muitas e diferentes fontes, formais e informais. As fontes
informais (colegas de trabalho, contatos pessoais, etc.) são quase sempre tão ou
mais importantes que as fontes formais (banco de dados online, intranet, etc.).
Distribuição, de forma a disseminar a informação ao grupo que a necessita.
Obviamente, a interação humana nessa fase pode aumentar o valor estratégico da
informação. O desafio reside em identificar e antecipar outras informações não
Determinar
exigências
Obter
informações
Distribuir
Utilizar
22
previstas. Para isso é necessário localizar um dispositivo de interface que
estabeleça a ligação entre os usuários e os responsáveis pela distribuição e
disseminação da informação.
A utilização, de caráter bastante pessoal, é a maneira com que o profissional
absorve e digere informações estruturadas e o-estruturadas. Entende-se por
informação estruturada aquela encontrada em documentos de ordem formal,
como dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas.
Informações não-estruturadas englobam de notícias e idéias a rumores e
conversas informais (DAVENPORT, 2001).
Em relação ao uso da informação, Choo (2003) acredita que é uma conceituação
de difícil definição, porque envolve a seleção e o processamento das informações de
modo a solucionar um problema, responder perguntas, tomar decisões, negociar
posições e entender situações. Para o autor, o resultado da utilização da informação é
uma mudança no estado de conhecimento do indivíduo e de sua capacidade de ação.
Neste trabalho, as quatro fases desse processo são utilizadas como forma de
evidenciar as contribuições propostas como discussão.
Prusak e McGee (1994) afirmam que o gerenciamento da informação é um
processo porque representa um conjunto de tarefas conectadas logicamente e deve ser
genérico por duas razões: 1) porque a informação recebe ênfases diferentes em cada
segmento econômico e em cada organização; 2) porque as diferentes tarefas dentro do
modelo assumem diferentes níveis de importância e valor entre as organizações.
Choo (1998) considera a importância dos indivíduos processadores de
informação, e enfatiza que as organizações a utilizam por formas distintas. Na primeira
delas, a informação é coletada do ambiente e interpretada para a construção de
significados. Na segunda forma, a organização compartilha informações almejando a
inovação. Por último, utilizam-se essas informações procuradas, analisando-as para a
tomada de decisões.
Choo (1998) constrói ainda um ciclo como forma de representar a relação entre
informação e conhecimento, no qual atrela a necessidade, a busca e o uso de
informação, concomitantemente. Essas etapas compõem a estrutura cognitiva interna
dos indivíduos e sua organização emocional:
23
Necessidade de informação: representa elementos cognitivos, afetivos e
situacionais, sentida também como uma incerteza. A necessidade de informação
progressivamente vai chegando à consciência e então a questão é formalizada;
Busca pela informação: a escolha das fontes de informação depende da inserção
do indivíduo e da motivação que gerou a busca, através das etapas: iniciação,
encadeamento, pesquisa, diferenciação, monitoramento, extração, verificação e
conclusão. As três primeiras categorias são importantes para o desenvolvimento
do foco e estratégia da pesquisa, as demais são fortemente influenciadas pelo
ambiente cultural e organizacional;
Uso da informação: seleção e processamento de informação que resultará em um
novo conhecimento. A informação nessa etapa é utilizada a fim de responder
questões, resolver problemas, tomar decisões, negociar posições, ou construir
significados para determinada situação.
A gestão da informação está condicionada a três arenas básicas: na criação de
significados para o entendimento do seu ambiente de atuação; na construção de
conhecimentos para suprir lacunas de conhecimento e desenvolver novas competências;
na tomada de decisões para escolher formas de ação. A geração e transformação da
informação são moldadas pela cultura e pela especificação de regras, rotinas e papéis.
Informações e significados são forjados nos pensamentos, sentimentos e ações dos
indivíduos, em um processo cíclico (SILVEIRA e ODDONE, 2007).
O processamento da informação gera mais informação, que por sua vez gera
conhecimento; que subsidia a estratégia fornecendo base para a ação; e que fornece a
realimentação necessária para recomeçar o processo. Dessa forma, a gestão da
informação deve ser vista como a gestão de uma rede de processos que adquirem, criam,
organizam, distribuem e usam a informação num ciclo contínuo (CHOO, 1998;
POPADIUK e CHOO, 2006).
Os indivíduos praticam a gestão da informação para resolver problemas ou
desenvolver uma tarefa. O ambiente social na qual a informação é encontrada determina
seu valor e sua importância. Quando a informação é tratada como subjetivamente
construída, preocupa-se em entender os processos sociais e comportamentais nos quais a
informação se estrutura e funciona (SILVEIRA e ODDONE, 2007). Grupos distintos de
pessoas têm diferentes necessidades e hábitos de busca de informação, bem como
estilos diferentes de processar a informação. Ao buscar e usar a informação, as pessoas
estão continuamente construindo sentido a respeito do ambiente e, fazendo isso,
24
parecem empregar estratégias básicas, dependendo do tipo de situação e das
necessidades informacionais em que se encontram (CHOO, 1998; POPADIUK e
CHOO, 2006).
2.3 O uso da informação e o processo de construção de sentido
No processo de construção de sentido, ou sense making”, o objetivo é permitir
aos membros da organização a construção de um entendimento compartilhado da
organização como um todo, para garantir que a empresa continue a prosperar em um
ambiente dinâmico. Para isso, é preciso encarar a organização como comunidade que
continuamente deve realizar uma espécie de escaneamento ambiental, no intuito de se
tornar uma comunidade de interpretação e construção de sentido (CHOO, 1998).
Mais do que nunca, as organizações passam a ter consciência de que sua
capacidade de sobrevivência é determinada pela capacidade de construir sentido e
influenciar seus ambientes e constantemente renovar significados e propósitos à luz das
novas condições estabelecidas.
Partindo desse princípio, Choo (1998) identifica dois propósitos no processo de
escaneamento ambiental:
Busca de informações a fim de permitir que a empresa reconheça tendências e
desenvolvimentos que causarão impactos na organização;
Identificação de assuntos relevantes que necessitem de análise posterior.
A definição e a explicação da natureza e das propriedades da construção de
sentido nas organizações são tratadas em Weick (1995) apud Choo (1998):
O sense making fundamenta-se na construção de identidade do indivíduo;
É retrospectivo: o problema principal é escolher um significado plausível a partir
de diversos significados na interpretação de eventos passados;
É representado, que as pessoas freqüentemente produzem parte do ambiente
que enfrentam;
É social, feito coletivamente em grupos de vários indivíduos;
É um fluxo, não começa nem termina, está continuamente presente em fluxo de
atividades, projetos e outros processos que constituem a realidade
organizacional;
25
É extraído de pistas e dicas, são os pontos de referência a partir dos quais se
formam os elos de significados;
É dirigido mais pelo aceitável do que pela precisão. Na crescente dinâmica das
operações e de processamento de informações, indivíduos tendem a trocar a
precisão pela velocidade.
Choo (1998) descreve esse processo em quatro etapas e reconhece ainda que a
busca de informação é vista como um processo de construção de sentido em que a
incerteza e a ansiedade são partes integrantes, particularmente nos estágios iniciais:
Mudança ecológica, em que a construção de sentido se inicia quando alguma
espécie de mudança no ambiente da organização, resultante de distúrbios nos
fluxos de experiência, afetando os membros da organização. Faz-se necessário
entender esses distúrbios e determinar o significado dessas mudanças;
Representação, quando os gerentes devem responder à informação ambígua pela
interpretação do ambiente ao qual se deseja uma adaptação. Ao construir
cenários do ambiente em questão, é possível re-arranjar as características da
realidade que cerca a organização. O enfoque central é a criação de dados brutos
que posteriormente serão transformados em informações, significados e ações.
Seleção, processo que se caracteriza por responder perguntas sobre o que está
acontecendo com o ambiente da organização. Para tanto, utiliza-se o passado e
as experiências para extrair a história da organização e selecionar um esquema
de interpretação;
Retenção, é a etapa final na qual os produtos gerados pela construção de sentido
vitoriosa são retidos para utilização futura.
2.4 Comportamento, fluxo e compartilhamento informacional
O que se percebeu com relação aos estudos que partiram dos anos 90 sobre
comportamento informacional (information behavior) foi a tentativa de valorizar a
perspectiva dos usuários da informação, mais especificamente atribuindo ênfase ao seu
papel no compartilhamento de informações. Seguindo essa tendência, Wilson (1999)
concebeu um modelo inspirado nas necessidades cognitivas, afetivas e de interação dos
indivíduos, pelas demandas de seu papel no fluxo de informações e pelo ambiente em
que seu trabalho acontece.
26
Figura 2 – Comportamento Informacional. Fonte: Adaptado de Wilson (1999).
Através da figura 2, entende-se o comportamento informacional como a
totalidade do comportamento em relação a fontes e trocas de informação, incluindo a
busca e o uso da mesma. Wilson (1999) ressaltou que a quantidade de informação que
se recebe é erroneamente interpretada somente como uma quantidade de páginas, por
exemplo. Ao contrário, essa idéia deve partir de processos mentais e de entendimento e
integração de dados na estrutura pessoal de conhecimento, o que coloca em ênfase a
perspectiva cognitiva do usuário, que será tratada no próximo capítulo.
A busca e o uso da informação são processos construídos cognitiva e
emocionalmente, como também de forma situacional e dinâmica (o contexto define
normas, convenções e práticas que moldam comportamento). Esses dois processos
dependem de como o indivíduo avalia a relevância cognitiva e emocional da informação
recebida e de atributos objetivos capazes de determinar a pertinência da informação a
certa situação ou problema. Diferentes pessoas ou grupos têm diferentes idéias sobre o
que constitui a solução de um problema. Atributos físicos e sociais influenciam no uso
da informação porque especificam o seu ambiente de uso: familiaridade da situação; o
tempo disponível; o quanto a informação pode ser útil; a qualidade do processo e dos
resultados da busca (MIRANDA, 2006).
Yu, Yan e Cheng (2001) também corroboram os benefícios da cooperação e
compartilhamento da informação. Para os autores, a globalização dos negócios foi
Usuário da
informação
Satisfação ou
insatisfação
Usuário da
informação
Necessidade
Comportamento
de busca
Troca de
informação
Outras
pessoas
Demanda por
fontes de info.
Falha
Demanda por
sistemas de info.
Sucesso
Transferência
informacional
27
acelerada nas últimas duas décadas devido ao rápido desenvolvimento da tecnologia de
produção e informação, aumentando a pressão dos custos e ocasionando demanda mais
agressiva dos clientes. Os esquemas de produção e distribuição foram modificados, e
novos padrões de relacionamento entre fornecedores, produtores, varejistas e outras
partes foram introduzidos no mercado.
A importância das pessoas no compartilhamento da informação é salientada por
Davenport (1994):
As organizações devem começar a pensar como as pessoas usam a informação, e
não como usam os recursos tecnológicos;
As informações que as pessoas consideram importantes nas organizações, em
grande parte, não são passíveis de serem gerenciadas por recursos tecnológicos;
As pessoas agregam valor aos dados interpretando-os e contextualizando-os, por
isso os gerentes preferem obter informações das pessoas;
As pessoas são ativos importantes e determinantes no contexto informacional,
assim qualquer modelo ou mapa informacional deve incluí-las;
A comunicação eletrônica só é possível se primeiro houver a comunicação face a
face.
Coerente com essas afirmações, Dixon (2000) adverte que a tecnologia não
substitui o contato pessoal.
o fluxo da informação é abordado por Davenport e Prusak (1998, p.7), que
criaram os “quatro Cs”, como forma de apresentar um processo da transformação da
informação em conhecimento. As pessoas precisam encarregar-se dessa tarefa, e,
conforme sugerem os autores, é preciso estabelecer:
Comparação: de que forma as informações relativas a essa situação se
comparam com outras situações conhecidas?
Conseqüências: que implicações essas informações trazem para as decisões e
tomadas de ação?
Conexões: quais as relações desse novo conhecimento com o conhecimento
acumulado?
Conversação: o que as outras pensam dessa informação?
Percebe-se que as demandas por informação ganham força crescente e passam a
colocar em jogo a competitividade das empresas.
28
2.5 Disponibilidade de informações e preferências por fontes
Gerentes executam um papel estratégico no top-down, bottom-up, e no
processamento dos fluxos laterais de informação, criam o conhecimento novo para a
companhia e colocam sua confiança fortemente no trabalho de equipes como a fonte de
informação para iniciar mudanças e melhorar o desempenho de organização.
Embora o tempo e o espaço não são considerados barreiras à informação, a
facilidade de acesso não implica necessariamente a recuperação da informação relevante
e de qualidade. Dado o cenário de rápidas mudanças e a necessidade de identificar e
selecionar as fontes de informação as mais apropriadas, é importante para organizações
compreender como os gerentes empregam um ambiente rico em informação em seu
lugar de trabalho, como refletir a preferência dos gerentes para fontes e canais de
informação, e quais são os impactos nos custos e no desempenho da empresa (ALWIS
et al.,2006).
O comportamento dos gerentes perante a informação é o reflexo de um
relacionamento com suas ferramentas de trabalho e ambiente de informação diante da
necessidade de solucionar problemas como um precursor para compreender como
procurar e usar a informação.
As necessidades informacionais do dia-a-dia dos gerentes variam da resolução
de um problema ou da superação de uma situação ao tomar uma decisão ou aumentar
sua compreensão. Devido à natureza dos problemas que enfrentam freqüentemente,
gerentes devem confiar em dados avaliados; procurar opções e alternativas ao invés de
respostas e exigir diferentes construções da informação para tomar uma decisão. A
disponibilidade da informação relevante e a identificação dos sinais irrelevantes
melhoram claramente a exatidão das decisões (ALWIS et al.,2006).
Em seus estudos recentes, Alwis et al. (2006) identificam quatro dimensões
chaves dos tipos de preferências informacionais dos gerentes e alguns fenômenos sob
cada uma dessas dimensões, como mostra o quadro 1:
29
Dimensão Contextual
Posição na hierarquia
Ambiente de trabalho
Tarefas e papéis (complexidade, ambigüidade)
Tempo disponível para tarefas
Pressão para produzir resultados
Acesso a tecnologias
Como as situações são percebidas
Dimensão Situacional
Objetivos e missão organizacional
Tamanho da organização
Cultura corporativa
Motivação e incentivos
Ambiente informacional
Fluxos de comunicação
Competição e fatores ambientais
Dimensão Sócio-cultural
Estilos cognitivos
Gênero, idade e qualificação profissional
Experiência de trabalho
Objetivos pessoais
Comportamento individual, trabalhos em grupo
Influências sociais
Preferências habituais por fontes de informação
Dimensão Informacional
Quantidade aceitável
Formato e acessibilidade
Disponibilidade e custos
Familiaridade e facilidades de uso
Clareza e velocidade de resposta
Relevância, qualidade e quantidade
Escolha das fontes
Quadro 1: Panorama das dimensões e fatores que influenciam as preferências por fontes de informação.
Fonte: Adaptado de Alwis et al. (2006).
São consideradas as seguintes dimensões por Alwis et al. (2006):
Dimensão Contextual, que representa as variáveis relativas de trabalho que
influenciam o comportamento informacional dos gerentes. Estes incluem os
diferentes papéis que os gerentes executam, sua posição na hierarquia que os
fornece o poder e o controle, o ambiente de tarefa que inclui a natureza e a
complexidade das tarefas, e o ambiente de informação.
Dimensão Situacional, variáveis associadas com a organização e a competição.
Em nível da organização, os critérios que têm um impacto na preferência por
fontes de informação incluem a missão e os objetivos, o tamanho, a estrutura e a
cultura, o uso da tecnologia e a motivação. Os fatores ambientais como a
complexidade e a incerteza influenciam a competição.
Dimensão Sócio-cultural, vistas como condicionantes de estilos e escala do
comportamento informacional dos gerentes, que vão de educacional
30
(qualificações profissionais, anos de experiência de trabalho e anos com a
organização) aos estilos pessoais de busca por informação. Os estilos pessoais
podem variar da pesquisa ativa pela informação a um papel passivo e do
processamento regular ou irregular da informação, dependendo das
necessidades.
Dimensão Informacional, incluem critérios em relação à informação
(quantidade, qualidade, formato e credibilidade), à consciência das fontes
(acessibilidade e riqueza), assim como aspectos técnicos (velocidade) que pode
afetar a decisão em optar por uma fonte ou outra.
2.6 As competências informacionais
O termo competência informacional pode ser definido como um conjunto de
competências individuais que possa ser colocado em ação nas situações práticas do
trabalho com a informação, podendo ser expresso pela expertise em lidar com o ciclo
informacional, com as tecnologias da informação e com os contextos informacionais
(ZARIFIAN, 2003).
A competência informacional mobilizada em situações de trabalho pode ser vista
como um dos requisitos do perfil profissional necessário para trabalhar com a
informação, não importando o tipo de profissional ou de atividade. É uma competência
que perpassa processos de negócio, processos gerenciais e processos técnicos diversos,
bem como diferentes partes de uma mesma organização ou atividade (Miranda, 2006).
Essa pode ser entendida como o que Zarifian (2003) denomina competências de fundo:
adquiridas em situação educativa e formalizadas em conquistas cognitivas e
comportamentais necessárias para enfrentar as categorias de situações–problema nas
quais o trabalho com a informação tem papel primordial, mesmo que não apareça no
resultado final da atividade. Essa competência pode ser desenvolvida para possibilitar
que um usuário de informação atenda a suas próprias necessidades de informação.
A competência informacional caracteriza-se em torno de três dimensões
relacionadas ao saber (conhecimentos), saber–fazer (habilidades) e saber–agir (atitudes).
Miranda (2006) apresenta um construto sobre competência informacional,
reunindo conceitos em uma relativa unanimidade entre os autores da área na
consideração de competência como um conjunto de recursos que compreende:
conhecimentos, habilidades e atitudes, representados na figura 3:
31
Figura 3: As dimensões e elementos da competência informacional. Fonte: Adaptado de Miranda (2006).
As dimensões da competência informacional podem ser exemplificadas como:
Conhecimentos sobre a arquitetura e o ciclo da informação; como obter produtos
e serviços de informação; como selecionar fontes, canais, contextos e
tecnologias adequados de informação para solucionar problemas específicos de
usuários de informação específicos;
Habilidades em detectar necessidades; avaliar o custo/benefício da busca e uso
da informação para solucionar problemas; lidar com a tecnologia da informação;
Atitudes de integridade, controle e compartilhamento, transparência,
proatividade - uma "cultura informacional" rica e positiva capaz de avaliar o
valor da informação para cada usuário no intuito de atender suas necessidades. O
que especifica conhecimentos, habilidades e atitudes de um usuário que
desenvolve a competência informacional é a sua eficiência e efetividade em
reconhecer suas necessidades de informação e atendê–las para cumprir objetivos
em suas tarefas e resolver seus problemas informacionais (MIRANDA, 2006).
Em meio ao reconhecimento de uma necessidade de informação e as ações no
sentido de atendê-la, coloca-se como imprescindível a formação de competências que
habilitem o pensamento a tornar-se ação, a transformação da informação em
conhecimento, e ainda, a formação de habilidades e atitudes apropriadas para o
processamento de informações.
Conhecimentos
Atitudes
Habilidades
Saber fazer
Saber
Saber agir
Pessoa em
seu contexto
Ciclo e
tecnologia da
informação
Contextos
informacionais
Ambiente de informação
32
3. CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL
Neste capítulo são tratados os princípios das organizações do conhecimento e
discutidas suas características. Frente ao crescente interesse pela ampliação do
entendimento dos processos de inovação organizacionais, o estudo atenta agora para
alguns de seus aspectos intangíveis, pertencentes à cultura organizacional, adotando-se
os níveis individual e coletivo como fatores intervenientes na gestão do conhecimento.
Apresenta-se também a conceituação dos tipos de conhecimento destacados da revisão
de literatura e os modos de conversão de acordo com a abordagem japonesa.
Nonaka e Takeuchi (1997, p.64) afirmam que: “a informação é um fluxo de
mensagens, enquanto o conhecimento é criado por esse próprio fluxo de informação,
ancorado nas crenças e compromissos de seu detentor”.
Desse modo, o conhecimento organizacional consolida-se a partir de
informações com valor agregado, assimiladas pelos indivíduos ou pelas organizações,
incorporadas às experiências e saberes anteriores, conduzindo à ação.
Para fins desse estudo, considera-se o conhecimento de um ponto de vista
integrativo, que diz respeito a duas fontes: tanto o pensamento (razão) como a
experiência. O sujeito, no seu contexto, vale-se tanto da razão quanto da experiência
para construir seu conhecimento. Ressalta-se assim, que conhecimento possui
propriedades inerentes ao sujeito que o constrói.
3.1 Um ambiente competitivo baseado no conhecimento
A partir dos anos 90, a gestão pró-ativa do conhecimento adquire um papel
central para a competitividade das empresas, e desde então apresenta alguns desafios,
guiados especialmente por três forças, de acordo com Terra (2000):
O volume de informação que está sendo criado, armazenado e distribuído
atualmente;
A velocidade com que o conteúdo do conhecimento está mudando;
A transformação contínua dos locais de trabalho.
33
Nesse contexto, Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que em um ambiente
competitivo onde a única certeza é a incerteza, o conhecimento é importante fonte de
vantagem competitiva. Em uma época em que os mercados mudam, as tecnologias se
multiplicam, aumentam o número de concorrentes e os produtos caem em desuso
rapidamente, as empresas de sucesso são aquelas que criam sistematicamente novos
conhecimentos, os disseminam pela organização e rapidamente os incorporam em novas
tecnologias e produtos.
Significativos sinais desse ambiente competitivo baseado no conhecimento são
encontrados em estatísticas que relacionam conhecimento à produção. De acordo com
informações da OCDE, em 1999 mais de 55% da riqueza mundial foi proveniente do
conhecimento e dos bens produtivos intangíveis, tais como softwares, patentes, serviços
de consultoria, royalties e bens culturais em geral.
O mapeamento de processos, conteúdos e das competências exige a necessidade
de registro, decodificação e explicitação; atividades extremamente relacionadas com a
gestão da informação. Todavia, as interações em comunidades baseadas em
relacionamentos internos e externos e a aprendizagem organizacional estão relacionadas
à gestão do conhecimento. Portanto, a gestão do conhecimento envolve tanto atividades
com foco em informação conhecimento explícito quanto atividades com foco no
conhecimento tácito (CIANCONI, 2003).
A gestão do conhecimento é um processo necessariamente social e
organizacional, provido de estratégias, objetivos e etapas simultâneas, que visa, num
primeiro momento, desenvolver nas pessoas a capacidade de percepção, de criação de
significado e de construção de conhecimentos, e em um segundo momento visa
desenvolver nas mesmas a capacidade de transformar o conhecimento em informação,
compartilhar e utilizar informação e conhecimento (CIANCONI, 2003).
As estruturas passam a ser repensadas, as hierarquias diminuem, os valores
intangíveis despontam como decisivos para a competitividade, caracterizando as
organizações da sociedade do conhecimento. O quadro 2 demonstra as principais
características da organização industrial e da organização do conhecimento:
34
Dimensões
Organização Industrial
Organização do Conhecimento
Pessoas
Geradoras de custos e recursos
Geradoras de receita
Base de poder dos gerentes
Nível relativo na hierarquia
Nível relativo de conhecimento
Principal tarefa da gerência
Supervisão de subordinados
Apoio e incentivo aos colegas
Informação
Instrumento de controle
Ferramenta de apoio à criação de
conhecimento
Produção
Trabalhadores físicos
processando recursos físicos
para criar produtos tangíveis
Trabalhadores do conhecimento
convertendo conhecimentos em
produtos intangíveis
Fluxo de informações
Via hierarquia organizacional
Via redes colegiadas
Estrangulamentos na produção
Capital financeiro e habilidades
humanas
Tempo e conhecimento
Manifestação da produção
Produtos tangíveis
Estruturas intangíveis, conceitos
e softwares
Efeitos de escala
Economia de escala no processo
de produção
Economia de escopo das redes
Relacionamento com clientes
Unilateral pelos mercados
Interativo pelas redes pessoais
Conhecimento
Um recurso entre outros
Foco empresarial
Finalidade do aprendizado
Aplicação de ferramentas
Criação de novos ativos
Quadro 2: Princípios da organização do conhecimento. Fonte: Adaptado de Sveiby (1998, p.32)
Para Terra (2000), a gestão do conhecimento tem como premissa organizar as
principais políticas, processos e ferramentas gerenciais e tecnológicos à luz de uma
melhor identificação, validação, disseminação, compartilhamento e uso dos
conhecimentos estratégicos para gerar resultados para a empresa e benefício para os
colaboradores. Sveiby (1998) define a gestão do conhecimento como uma ferramenta
estratégica competitiva residente ao modismo da eficiência operacional e capaz de
35
aproveitar recursos existentes na própria empresa, proporcionando o emprego de
melhores práticas.
3.2 A hierarquia do conhecimento
O paradigma mais comum na literatura sobre gestão do conhecimento é de uma
hierarquia do conhecimento (DAVENPORT e PRUSAK, 1997). Neste paradigma, cada
nível da hierarquia se sustenta do que se encontra abaixo dele, assim os dados são
exigidos para criar a informação, e a informação é exigida para criar conhecimento. A
hierarquia do conhecimento descreve, portanto, o conceito do convencional das
transformações do conhecimento, onde os dados são transformados em informação, e a
informação é transformada no conhecimento.
O modelo de hierarquia do conhecimento tem caráter previsível porque indica a
habilidade da ão e o volume relativo dos níveis. Usando a linha vertical para
representar a habilidade da ação e a linha horizontal de representar o volume, pode-se
perceber que o conhecimento é o nível o mais acionável, porém o mais raro, enquanto
os dados estão em um vel menos acionável, porém com um grande volume (NISSEN,
2002). A figura a seguir traz a hierarquia do conhecimento freqüentemente encontrada
na literatura sobre gestão do conhecimento:
Acionabilidade
Volume
Figura 4: Hierarquia do Conhecimento. Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak, 1997.
Nissen (2002) estende esse conceito com um modelo que contem duas
hierarquias, como mostra a figura 5. A primeira hierarquia mostra a opinião do
Conhecimento
Dados
Informação
36
investigador do conhecimento, a segunda hierarquia é invertida e representa a opinião
do criador de conhecimento. Da perspectiva do criador, conhecimento é necessário para
criar a informação, que é por sua vez necessária para criar dados. Da perspectiva do
investigador, dados são colocados no contexto para criar informação, e a informação
que se torna acionável é conhecimento.
Figura 5: Investigador de conhecimento versus criador de conhecimento.
Fonte: Adaptado de NISSEN (2002).
Uma limitação da hierarquia do conhecimento é que essa considera somente
dados, informação e conhecimento. Diversos componentes ou elementos da literatura
sobre gestão do conhecimento não são encontrados no paradigma da hierarquia do
conhecimento. Sobretudo, o paradigma não faz distinções entre conhecimento explícito
e tácito. Movidos por essas limitações, Hicks et al. (2007) propõem um novo modelo
alternativo para essa hierarquia. Para tanto os autores propõem uma metáfora: Ilhas
explícitas em um mar tácito, representada na figura 6.
Figura 6: Ilhas explícitas em um mar tácito. Fonte: Adaptado de Hicks et al. (2007).
Dados
Informação
Conhecimento
Conhecimento
Informação
Dados
Investigador do conhecimento X Criador de conhecimento
Gestão do conhecimento estratégico
Aprendizado
Organizacional
Aspectos
Comportamentais
C. explícito
Conhecimento
Tácito
Informaçã
o
Dados
37
As “ilhas” dessa metáfora são representações dos dados, informações e
conhecimento explícito. As pontes entre essas ilhas são bidirecionais, usadas para
representar o fluxo e as transformações do conhecimento no meio explícito. a
metáfora “mar” significa que o conhecimento tácito cerca dados, informação e
conhecimento explícito. O conhecimento tácito é necessário para criar, executar e
manter todas essas “ilhas”.
Completando a metáfora, o “mar” é cercado por três importantes fatores
ambientais – aspectos comportamentais, aprendizado organizacional e gestão estratégica
do conhecimento. Esses componentes representam as teorias de gestão do
conhecimento, que são relacionadas quase exclusivamente com os aspectos tácitos. A
aprendizagem organizacional é o processo que utiliza novas ferramentas e métodos para
melhorar os processos que são importantes para a organização. Os aspectos
comportamentais na gestão do conhecimento têm seu foco na criação de oportunidades
para gerar capital social através da interação. A gerência estratégica do conhecimento é
uma estratégia da corporação com focos na exploração de serviços baseados no
conhecimento.
3.3 Fatores intervenientes na gestão do conhecimento
Delinear uma estrutura organizacional facilitadora dos processos de gestão da
informação e do conhecimento é essencial às organizações. Contudo, além de fatores
estruturais, é preciso levar em conta fatores de ordem cultural, relacionados aos
indivíduos. A seguir serão tratados alguns desses fatores.
3.3.1 Fator 1: Cultura organizacional
Na era da gestão do conhecimento, as organizações que almejam manterem-se
competitivas visam estimular seus colaboradores a se engajarem de forma cada vez mais
intensa, na implementação de melhorias contínuas e até de transformações mais radicais
na gestão empresarial. Em uma economia que pressiona as organizações para a
sustentabilidade e ao mesmo tempo para acelerarem seus processos de desenvolvimento
tecnológico e explorar suas propriedades intangíveis, as mesmas respondem buscando a
construção de vantagens competitivas entre as quais a inovação é um dos principais
meios para o alcance de sucesso (PEREZ-BUSTAMANTE, 1999). Dessa forma,
38
organizações contemporâneas reorganizam-se continuamente com o objetivo de
responder mais rapidamente a um ambiente que cada vez mais introduz novas práticas e
tecnologias (CHOI; PRICE, 2005).
No entanto, para que a inovação ocorra, alguns aspectos devem ocorrer
concomitantemente. Salienta-se neste estudo que os fatores envolvidos na inovação
englobam a cultura organizacional e as formas com que a informação é utilizada na
organização, e que sem a preocupação com esses, a inovação tende a não acontecer em
plenitude.
As formas sociais constituem uma esfera da invenção cultural em que é
particularmente difícil estabelecer a linha demarcatória entre fins e meios. A invenção
de novos tipos de associação entre membros de uma sociedade e a institucionalização
das relações de cooperação entre indivíduos e grupos é a expressão da capacidade
criadora do homem em uma de suas formas mais nobres (FURTADO, 2002).
Todas as organizações necessitam de um conjunto de normas e valores que
direcionem o comportamento dos indivíduos que nela trabalham. Cultura organizacional
é formada por mais do que normas e valores, é composta por crenças, mitos, tabus e
personagens que interagem e se expressam por meio do comportamento comum na
organização, tornando-se perceptível a todos. Trata-se de um conjunto de pressupostos
básicos que um determinado grupo desenvolveu ao aprender a lidar com os problemas
de adaptação externa e de integração interna, e que funcionou bem o bastante para
serem considerados válidos e transmitidos aos novos membros como a forma de pensar,
perceber e sentir em relação aos problemas. Essa cultura é expressa pela linguagem,
princípios, regras, métodos e gestão (SCHEIN, 1994).
Cultura organizacional vem facilitar o desenvolvimento de processos inovadores
por possuir seu foco em valores, crenças e padrões de comportamento que influenciam a
inovação organizacional. É uma efetiva maneira de direcionar a solução desestruturada
de problemas e é central para a organização que busca inovar (SCHEIN, 1994;
MORGAN, 1996). A cultura organizacional pode ser encarada como a soma das
criatividades individuais, primeiro passo para a inovação. Quando a criatividade aparece
em determinada cultura organizacional, o resultado é a inovação (HIGGINS, 1995). A
criatividade, como qualquer traço ou característica humana, necessita de condições
adequadas para ser desenvolvida. A seguir são tratadas as características humanas como
os pilares da cultura organizacional.
39
3.3.2 Fator 2: O indivíduo e seu contexto histórico administrativo
Toda discussão acerca da inovação atrai para si as empresas e suas formas de
competir estrategicamente por liderança. Ao mesmo tempo, encontram-se os debates
sobre as novas necessidades de perfis profissionais diferenciados.
O segredo do sucesso organizacional está cada vez mais baseado nos indivíduos,
suas competências e características individuais. Identificar e perseguir novas formas de
associar recursos e oportunidades de mercado é responsabilidade indispensável das
pessoas para cumprir a exigência de agregar continuamente mais valor à organização.
O indivíduo é por definição um ser biopsicossocial, tríplice origem que lhe
confere complexidade singular. Esta tríplice se faz presente nos estudos dos seres
humanos nas organizações (CHANLAT, 1996).
Dentro do contexto histórico administrativo, o homem se apresentou, em um
primeiro momento, como um indivíduo solitário, e posteriormente, como um ser social
que buscou seu reconhecimento enquanto ser humano pertencente a um grupo que lhe
confere legitimidade e prestígio. O homem então passa a ser visto como um ser dotado
de múltiplas necessidades, as quais são supridas de diferentes maneiras.
O trabalho, categoria utilizada para apresentar a interação do homem em grupos,
com seus componentes, atividade, condições e resultados de cada atividade, apresenta
sempre um caráter duplo, pessoal e sócio-econômico conforme o ângulo que é
abordado: da pessoa que trabalha ou da empresa (GUÉRIN et alli, 2007). O resultado da
atividade de um trabalhador é sempre único, seja ele um objeto, parte de um objeto, ou
um serviço cujas características concretas dependem inteiramente da atividade
desenvolvida para executá-lo (GUÉRIN et alli, 2007). Até mesmo na produção em
massa, os objetos padronizados que se fabricam são idênticos em aparência. Pelo
trabalho humano neles investido, em sua essência, carregam o traço pessoal, mesmo
ínfimo, daquele que os realizou, traço este relacionado com um conjunto de
conhecimentos específicos e habilidades (GUÉRIN et alli, 2007).
A partir da categoria trabalho, apresentada como uma das formas de interação do
homem com grupos, o indivíduo será, sobretudo, o que busca constantemente meios
para suas necessidades a partir da criação de condições para tal.
40
3.3.3 Fator 3: Indivíduo e o comportamento cognitivo
Cada indivíduo enfrenta a experiência da vida conforme sua própria forma de
ser, conforme sua personalidade. A personalidade do indivíduo é uma variável
intrínseca ao seu estado de ânimo, rendimento, motivação, atitude diante dos conflitos.
Cada ação favorável ou não depende de como esse interage com os outros e com a
sociedade (DAVIS e NEWSTROM, 1995).
Personalidade inclui aspectos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos,
fisiológicos e morfológicos. Cada ser humano responde a certos estímulos e as
circunstâncias da vida com sua maneira própria de ser, o que gera como resultado seu
comportamento. As múltiplas definições de personalidade englobam a estrutura
psicológica total de cada individuo, onde é revelada a forma de pensar, de se expressar e
de manipular suas atitudes e interesses. Conforme psicólogos, a personalidade refere-se
aos padrões de comportamento únicos e relativamente estáveis de uma pessoa, logo, à
consistência de quem o indivíduo é, quem foi e quem será (DAVIS e NEWSTROM,
1995).
O homem é um complexo organismo vivo, que tem funções motoras, sensitivas
e vegetativas, com uma essência biológica e física; e ao mesmo tempo um elemento
único dentro de sua espécie. É acima de tudo um ser inteligente, com capacidade de
pensar, com consciência racional da sua conduta, que o diferencia dos demais seres
vivos. Com isso, a personalidade une a essência do conjunto físico e mental com a
disposição que cada sujeito adota e que o faz diferente de outros (DAVIS e
NEWSTROM, 1995).
Dentro da teoria cognitiva, as características individuais são formadas por
valores centrais e outras disposições cognitivas que se desenvolvem bem cedo na vida
do indivíduo por meio da relação de determinismo recíproco entre o ambiente e seu
comportamento. Esses valores são importantes estruturas cognitivas organizadas
categórica e hierarquicamente, denominados esquemas cognitivos e crenças centrais.
Essas crenças centrais representam os conteúdos dos esquemas e determinam o
conteúdo do pensamento, afeto e comportamento. A maneira como os indivíduos
processam os dados acerca de si mesmos e dos outros é influenciada por suas crenças e
outros componentes de sua disposição cognitiva (BECK, 2005).
Ao desenvolver uma atitude frente a algo, o indivíduo seleciona uma idéia
carregada de sentimentos frente a algo concreto, que o condiciona a atuar de uma
41
determinada maneira perante uma situação específica. Isto ocorre porque as atitudes se
formam nas nossas mentes graças a experiências pessoais vividas e/ou à influência de
pessoas importantes e grupos aos quais pertencemos (BECK, 2005).
3.3.4 Fator 4: Indivíduo e as competências individuais
Nos últimos anos, o tema competência, seu desenvolvimento, sua gestão e outros
aspectos têm sido foco de discussões acadêmicas e empresariais, associados a diferentes
compreensões: no nível individual (a competência do indivíduo) e das organizações
(denominadas core competences). As competências organizacionais referem-se à
combinação de recursos da empresa que a torna única, sendo, portanto, a origem da
vantagem competitiva. As individuais se referem a uma determinada habilidade sobre
certa área de conhecimento (SILVA, 2002).
A noção de competência enfoca a mobilização e articulação dos recursos com o
objetivo de agregar valor à organização, conceito alinhado à proposta de mensuração do
intangível, uma vez que a competência não é medida por números, e sim pelo poder que
a mesma tem de contribuir para o desenvolvimento da organização, por meio dos
indivíduos. Esta análise pode ser realizada tanto no nível individual, aspecto relacionado
à avaliação de desempenho por competência, quanto no nível organizacional,
relacionado ao desempenho empresarial.
Falar em competência pode determinar diversos significados, não os ligados
às características da pessoa, como conhecimentos, habilidades e atitudes, como outros
voltados para a tarefa e resultados (FLEURY e FLEURY, 2003).
Fernandes e Santos (2008) sugerem duas classes de recursos obtidos pelas
organizações: os recursos físicos e humanos, também denominados ativos tangíveis e
intangíveis, respectivamente. O primeiro refere-se à matéria-prima, equipamentos,
estoques, entre outros. O segundo refere-se às diversas classes de empregados na
empresa. É a partir deste ponto que se pode tratar dos conceitos de competência no nível
individual, considerado um dos pilares desta discussão.
Competência em nível individual pode ser pensada como o conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desempenho, acreditando-
se que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e personalidade
das pessoas. Pode ser entendida, ainda, como a tarefa e o conjunto de tarefas pertinentes
a um cargo (FLEURY e FLEURY, 2003). É ainda, a capacidade de executar uma tarefa,
42
algo que exige conhecimento e habilidade pessoal. Considera-se alguém competente,
por exemplo, em uma ngua estrangeira se tiver a habilidade de compreender a língua
escrita, ou compreender a língua falada, falar ou fazer a partir dela traduções escritas ou
simultâneas, etc.
Dutra, Hipólito e Silva (2000) lembram, no entanto, que durante os anos 80 e
90, muitos autores contestaram a definição de competência associada às realizações das
pessoas. Segundo eles, o fato de a pessoa deter as qualificações necessárias para certo
trabalho não assegura que ela irá realizar o que lhe é demandado. Segundo LeBortef
(1995), a competência não é estado ou conhecimento que se tem, nem é resultado de
treinamento. Competência é, sobretudo, colocar em prática o que se sabe em um
determinado contexto, marcado geralmente pelas relações de trabalho, cultura da
empresa, imprevistos, limitações de tempo e recursos etc. Pode-se falar de competência
apenas quando competência em ação, isto é, saber ser e saber mobilizar
conhecimentos em diferentes contextos.
As novas tecnologias de informação e de comunicação criaram uma nova
diversidade de necessidades, abrindo espaço para a nova economia do conhecimento.
Para Zarifian (2003) competência é a qualidade de quem é capaz de analisar uma
situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas. No modelo da
competência, o trabalho segue o sujeito e torna-se a expressão direta da potência de seu
pensamento e de sua atuação.
De acordo com Tremblay e Sire (1999), existem cinco dimensões de
competência que apresentam particularidades capazes de dar indicações sobre o
desempenho dos indivíduos:
Knowledge são os conhecimentos, acervo de informações, conceitos, idéias e
formação acadêmica pertinentes a um domínio específico que o indivíduo
possui. Faz-se necessária uma reciclagem e aprendizado constante, para que o
saber não se torne obsoleto;
Skills são as habilidades que correspondem à demonstração real das
competências que se tem, capacidade de colocar o conhecimento em ação,
habilidade de transformar a teoria em prática, através de uma visão pessoal das
atividades de negócio;
Behaviours são os conceitos que o indivíduo possui sobre si mesmo e que se
refletem nas atitudes, valores, emoções, ações e reações diante de uma situação,
43
comportamento que envolve o impulso e a determinação de inovar, bem como a
convicção de melhorar continuamente, além do espírito empreendedor;
Traits referem-se aos traços de personalidade que conduzem uma pessoa a se
comportar de determinada maneira;
Motives são os comportamentos no trabalho dirigido para um motivo ou alvo
específico e que mobiliza as forças interiores que geram reações.
Percebe-se, portanto, que o conjunto de aptidões e inteligência forma a
competência individual necessária para exercer com sucesso uma atividade profissional.
3.4 Tipologias de conhecimento
O papel desempenhado pelo conhecimento considerando a formação de estratégia
ganhou destaque nos anos 90. Esse novo ambiente requer a incorporação da gestão do
conhecimento como um diferencial de sucesso. É no conhecimento presente nos
indivíduos que se encontra a principal fonte de vantagem competitiva (STAREC et al.,
2005).
Conhecimento foi outrora definido por Nonaka e Takeuchi (1995) como “crença
verdadeira justificada”, ferramenta que pode vir a aumentar a capacidade efetiva de
ação das organizações. O conhecimento pertinente a organizações de negócios é
composto por fatos, opiniões, idéias, teorias, princípios, modelos, valores, experiências,
informações, contexto e intuições (MITRI, 2003).
Davenport e Prusak (1998) caracterizam o conhecimento como uma mistura fluida
de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado,
mistura essa que proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas
experiências e informações. Tem sua origem na mente dos indivíduos e nas
organizações aparece embutido não em documentos e repositórios, mas também em
rotinas, processos, práticas e normas organizacionais.
Johannessen (2008) propõe algumas categorizações do conhecimento, conforme
quadro 3. A distinção principal é o conhecimento comunicado facilmente, e o
conhecimento difícil de ser comunicado:
44
Tipos de
conhecimento
Aprendizado por
O que é aprendido
Como
compartilhar
Meios
Meta-
conhecimento
Reflexão
Saber por quê
Comunicação
Livros, bases de
dados, etc.
Conhecimento
Explícito
Ler, ouvir
Saber o que
Comunicação
Livros, bases de
dados, etc.
Conhecimento
Tácito
Utilizar, fazer
Saber como
Brainstorming
Experiência
prática
Conhecimento
Escondido
Socialização
Saber como
sabemos
Grupos focados
Modelos mentais,
suposições e
questionamentos
Conhecimento
Social
Interação
Saber quem
Parcerias e
equipes
Arranjos sociais
Quadro 3. Categorizações do conhecimento. Fonte: Adaptado de Johannessen (2008).
Segundo Johannessen (2008), o meta-conhecimento (saber por que) é a base de
conhecimentos que estrutura o conhecimento explícito. Aparece quando as reflexões são
feitas com base em nossa base normativa: o meta-conhecimento é um processo e um
produto. Como um processo, a reflexão é um processo de saber que sabemos. Como
produto, é o conhecimento de como pensamos. A perspectiva gera o significado nos
termos de como o trabalho é percebido e interpretado, além de interpretações a respeito
do que o indivíduo está procurando em um contexto do trabalho.
O meta-conhecimento representa assim a competência da interpretação entre as
pessoas que compartilham de uma perspectiva. Desta maneira, influencia estas pessoas
a respeito de que tipo de conhecimento explícito é relevante e significativo para a
companhia.
O conhecimento explícito (saber o que) é a parte de nossa base de conhecimento
que pode facilmente ser comunicada a outro como a informação.
O conhecimento tácito (saber como) representa a habilidade do saber, difícil de
ser comunicado a outro como informação.
O conhecimento escondido (saber como sabemos) influencia a maneira com que
pensamos e atuamos, organiza o desenvolvimento de modelos mentais, a natureza da
abstração, nossas escolhas e os fatos sobre os quais escolhemos focalizar.
O conhecimento social (saber quem) envolve a capacidade social para estabelecer
relacionamentos em grupos especializados a fim de extrair conhecimento em cima de
suas competências.
45
Nonaka e Takeuchi (1995), Davenport e Prusak (1998), bem como Leonard-
Barton e Sensiper (1998), contemplam o conhecimento através de duas dimensões:
tácito e explícito. Para os autores, o conhecimento tácito é baseado na experiência,
pensamentos e sentimentos dentro de um contexto específico, e composto por elementos
técnicos e cognitivos. O componente cognitivo refere-se aos modelos mentais
individuais, mapas e crenças, paradigmas e pontos de vista. O componente técnico
refere-se a habilidades e ao “saber fazer”. Devido à importância das habilidades
cognitivas, experiências, idéias, e técnicas dificilmente perceptíveis, o conhecimento
tácito é um recurso imprescindível para a inovação (POLITIS, 2003).
Em contrapartida, o conhecimento explícito é articulável, codificado e
comunicável através de símbolos, números, fórmulas; ou tangível na forma de
equipamentos, modelos e documentos. Esse tipo de conhecimento pode ser encontrado
sob a forma de regras, rotinas, normas e procedimentos operacionais (POPADIUK e
CHOO, 2006).
Popadiuk e Choo (2006) discutem um terceiro tipo de conhecimento: o cultural,
em outras palavras, crenças que são utilizadas para descrever e explicar a realidade, bem
como convenções e expectativas utilizadas para atribuir valor e significado para novas
informações. Trata-se de um conhecimento não codificado, entretanto, é difundido
através das relações grupais. Embora Nonaka e Takeuchi (1995) o discutam o
conhecimento caracterizado como cultural, os autores elaboram uma distinção entre
conhecimento coletivo e individual, assim como Leonard-Barton e Sensiper (1998).
Yakhlef (2005) contempla o conhecimento como acumulativo, construído sobre e
a partir de conhecimentos criados anteriormente. Diferentemente de outras atividades
organizacionais, a criação de conhecimento não precisa estar localizada em certo lugar e
tempo, e não precisa ser monitorada. Para o autor, idéias criativas e insights não
necessariamente são criados durante o trabalho. Em contraste com recursos físicos,
idéias são transferidas e ao mesmo tempo não se perdem, o indivíduo as compartilha e
continua possuindo-as. As tipologias de conhecimento discutidas anteriormente são
apresentadas no quadro 4:
46
Tipologias
Características
Referências
Tácito
Não codificado, baseado na experiência,
pensamentos e sentimentos
Explícito
Articulável, codificado e comunicável, facilmente
transferido
Davenport e Prusak (1998)
Nonaka e Takeuchi (1995)
Leonard-Barton e Sensiper
(1998)
Cultural
Crenças nas relações de grupo que são utilizadas
para descrever e explicar a realidade
Popadiuk e Choo (2006)
Acumulativo
Construído sobre e a partir de conhecimentos
criados anteriormente
Yakhlef (2005)
Quadro 4 - Classificação dos tipos de conhecimento.
Indivíduos que lidam com o conhecimento, segundo TERRA (2000, p. 203), têm
alguns desafios inerentes:
Como mapear o conhecimento através das competências individuais?
Como facilitar e estimular a explicitação do conhecimento tácito dos
trabalhadores?
Como atrair, selecionar e reter pessoas com as requeridas competências,
habilidades e atitudes?
Quais sistemas, políticas e processos devem ser implementados para moldar
comportamentos relacionados ao estímulo à criatividade?
Como incentivar e premiar o knowledge sharing (compartilhamento de
conhecimento) e desencorajar o knowledge holding (que as pessoas guardem o
conhecimento para si próprias)?
O conhecimento deve ser visto como uma ferramenta útil para que este seja
absorvido como parte da cultura organizacional. É necessário desenvolver em conjunto
com as pessoas modelos que façam sentido para elas e para a organização, para que
sejam adotados de comum acordo.
47
3.5 Criação de conhecimento como um processo de sintetização
A teoria tradicional das organizações é baseada na idéia de uma organização
como uma máquina de processamento da informação que capturam e processam
informação do ambiente para resolver um problema e se adaptarem ao ambiente
baseado em um objetivo dado. A realidade é cortada em fragmentos de informação que
são pequenos e simples o bastante para que uma pessoa processe. Então a informação é
processada e remontada pelos membros de organização de modo que a organização
como um todo trate a complexa realidade. O conhecimento não é apenas uma parte da
realidade. É uma realidade vista de um determinado ângulo. A mesma realidade pode
ser vista diferentemente dependendo de que ângulo (contexto) alguém o (NONAKA,
TOYAMA e NAGATA, 2000).
Na criação do conhecimento, um indivíduo não pode estar livre do se próprio
contexto. Os contextos sociais, culturais e históricos são importantes para indivíduos
porque tais contextos dão a base para a interpretação da informação para criar
significados. Isso é porque interações ambientais limitadas e a externalização do
conhecimento pessoal podem conduzir a falácias, porque a complexidade inteira do
fenômeno dado pode permanecer não descoberta. Na criação do conhecimento, o
indivíduo tenta ver o retrato inteiro da realidade interagindo com as aquelas que vêem a
realidade de outros ângulos, compartilhando de seus contextos (INKPEN, 1996).
Desde que os indivíduos têm objetivos e contextos diferentes, as contradições
são inevitáveis entre os indivíduos e a organização a que pertencem. As teorias de
organização tradicionais tentam resolver tais contradições com projetos da estrutura de
organização, dos sistemas de incentivo, das rotinas, ou da cultura de organização. De
acordo com Nonaka e Toyama (2003), se vemos uma organização como uma entidade
de criação de conhecimento, podemos também ver essas contradições como
necessidades para criar o conhecimento em vez de obstáculos a serem superados. O
conhecimento é criado através da síntese das contradições, ao invés de tentativas de
encontrar um contrapeso entre contradições.
O conhecimento é criado com as interações entre seres humanos e estruturas
sociais. Nossas ações e interações com o ambiente criam e ampliam o conhecimento
através do processo de conversão de conhecimento tácito e explícito (Nonaka e
Takeuchi, 1995). O ambiente influencia seus agentes, e estes estão recreando
48
continuamente seu ambiente através da interação social. A estrutura social, portanto,
não existe independente fora da ação humana.
No que se refere à atividade dinâmica criativa, Leonard-Barton (2000) baseia-se
em abordagens clássicas para caracterizar as cinco principais etapas existentes no
processo de criação de conhecimento, como mostra a figura 7:
Figura 7: Etapas do processo de criação de conhecimento. Fonte: Adaptado de Leonard-Barton (2000)
São características das cinco etapas:
Preparação: A consolidação de vasta experiência e conhecimento profundo é
precedente crucial para o processo de inovação;
Identificar Oportunidades: Identificação efetiva de problemas reais que
requerem novas soluções;
Divergência: Promoção de pensamentos divergentes buscando a geração de
opções;
Incubação: Tempo necessário para a maturação de idéias e opções geradas para
posterior escolha da mais adequada;
Convergência: Etapa final responsável pelo afunilamento das idéias em direção a
um conceito ou solução final.
3.6 Teoria japonesa de criação de conhecimento e o modelo SECI
A teoria japonesa pode ser considerada um marco conceitual na mudança de
paradigma que trouxe a sociedade para a Era do conhecimento (STEFANOVITZ e
NAGANO, 2006). O eixo conceitual desta teoria parte de discussões sobre o paradigma
da escola ocidental de administração, que possui a concepção de organização como uma
máquina de “processamento de informações”. Para os autores, essa visão considera
apenas o conhecimento explícito, quantificável e facilmente disseminado.
Nesse contexto, a contribuição desta teoria pode ser entendida como o despertar
para um conjunto de elementos de caráter mais tácito e menos explícito.
Convergência
Incubação
Divergência
Identificar
oportunidades
Prepara
r
49
Uma das mais influentes teorias sobre criação de conhecimento organizacional é
a defendida por Nonaka e Takeuchi (1995). Em suas análises, a organização cria
conhecimento através da conversão e interação entre as dimensões tácito e explícito. A
conversão de conhecimento ocorre em quatro modos: do conhecimento tácito para tácito
socialização; do conhecimento tácito para o explícito externalização; do
conhecimento explícito para explícito combinação; e do conhecimento explícito para
o tácito – internalização.
A Figura 8 traz os quatro modos de conversão bem como suas características
principais. O modelo é utilizado neste trabalho como um dos pilares da discussão.
FIGURA 8 – Modelo SECI de conversões do conhecimento.
Fonte: Adaptação dos textos de Nonaka e Takeuchi (1995) e Silva (2002).
Esse processo é entendido como a capacidade da organização para criar
conhecimento, difundi-lo em todas as áreas e incorporá-lo a bens, serviços e sistemas
(JOHANNESSEN et al., 1999). O modelo é considerado um dos pilares deste trabalho.
É importante ressaltar que o movimento com as quatro modalidades da
conversão do conhecimento tem a forma de uma espiral, não de um círculo. Na espiral
da criação do conhecimento, a interação entre o conhecimento tácito e explícito é
amplificada com as quatro modalidades da conversão do conhecimento. A espiral torna-
se maior em escala enquanto move os níveis ontológicos. O conhecimento criado com o
Socialização
Conversão de parte do
conhecimento tácito de uma
pessoa no conhecimento tácito de
outra pessoa.
Externalização
Conversão de parte do
conhecimento tácito do indivíduo
em algum tipo de conhecimento
explícito.
Internalização
Conversão de partes do
conhecimento explícito da
organização em
conhecimento tácito do
indivíduo.
Combinação
Conversão de algum tipo de
conhecimento explícito gerado
por um indivíduo para agregá-lo
ao conhecimento explícito da
organização.
Explícito
Tácito
Tácito
Explícito
Tácito
Tácito
Explícito Explícito
50
processo SECI pode provocar uma nova espiral de criação do conhecimento,
expandindo horizontalmente e verticalmente enquanto se move através das
comunidades de interação que transcendem departamentos, divisões e até mesmo
limites da organização (INKPEN, 1996).
Nonaka e Takeuchi (2005) propõem também algumas etapas para um processo
ideal de criação de conhecimento:
Compartilhamento de conhecimento tácito: correspondente à socialização e
interação de indivíduos que permitem os insights, modelos mentais e trocas de
experiências;
Criação de conceitos: correspondente à externalização, tornando explícito o
conhecimento tácito trocados na etapa acima;
Justificação de conceitos: indivíduos filtram conceitos para julgá-los pertinentes
e importantes para a organização;
Construção de um arquétipo: conversão dos conceitos filtrados em elementos
mais concretos e tangíveis;
Nivelação de conhecimento: o conhecimento é criado e disseminado para os
indivíduos da mesma divisão, de outras divisões ou também de espaços externos
à organização.
3.7 O contexto de criação de conhecimento
O conhecimento precisa de um contexto para ser criado. Ba é um mecanismo
generativo continuamente criado que explica as potencialidade e as tendências que
impedem ou estimulam atividades criativas do conhecimento. É definido como um
contexto compartilhado em movimento, em que o conhecimento é compartilhado,
criado e utilizado. Ba é o contexto que fornece a energia, a qualidade e os lugares para
executar as conversões individuais do conhecimento e para mover-se ao longo da espiral
do conhecimento.
Esse contexto pode emergir nos indivíduos, nos grupos de trabalho, nas equipes
de projeto, em círculos informais, em reuniões provisórias, etc. É um lugar existencial
onde os participantes compartilham de seus contextos e criam significados novos com
as interações. Ba faz com que seus participantes compartilhem tempo espaço, e ao
mesmo tempo transcende o tempo e o espaço por si só (NONAKA e TOYAMA, 2003).
51
A palavra Ba tem sua origem japonesa e é utilizada nos estudos de Nonaka e
Konno (1998), Nonaka e Toyama (2003) e Nonaka, Toyama e Konno (2000) como
forma de representar o contexto dinâmico organizacional nos processos de criação,
disseminação e utilização do conhecimento. Ba é conceituado como um contexto
compartilhado e em movimento, sem barreiras de espaço, tempo ou fronteiras da
organização para criar conhecimento.
Existem elementos indispensáveis que juntos formam um conjunto de condições
organizacionais necessárias para que ocorra a criação de conhecimento (NONAKA e
TAKEUCHI, 1997). São eles:
Intenção: se relaciona com as aspirações organizacionais para a obtenção de
metas, direcionando a capacidade da organização para a aquisição, acúmulo,
criação e utilização do conhecimento;
Autonomia: responsável por ampliar as chances de introdução de situações
inesperadas, relacionado com a motivação dos indivíduos, elemento este
encontrado na formação de equipes auto-geridas;
Caos criativo e flutuação: a tensão encontrada na resolução de problemas
acompanhada de reflexão e obtenção de soluções. Seu estabelecimento contribui
para a força criativa dos indivíduos na externalização de conhecimentos tácitos.
Redundância: superposição de informações intencionalmente feita na
organização a fim de promover o compartilhamento do conhecimento tácito;
Variedade de requisitos: diversidade interna de informações, corresponde à
complexidade do ambiente e é aprimorada através da combinação de
informações de forma flexível em todos os níveis da organização.
Para que se torne conhecimento é necessário contexto que dê significado e
interpretação à informação. Trata-se, portanto, de contextos sociais, culturais e
históricos que fornecem a base de criação de significados para os indivíduos. Para os
autores, informação é tangível, e conhecimento, ao contrário, é intangível e reside em
Ba. Esta funciona como o contexto para a concentração de recursos das capacidades
intelectuais (NONAKA e TOYAMA, 2003).
52
4. APORTES DA RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DA
INFORMAÇÃO E CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO
Tomando-se por base os capítulos apresentados anteriormente, serão discutidas
neste capítulo as principais relações entre gestão da informação e criação de
conhecimento, para que seja possível analisar como essas ocorrem nas empresas
incubadas de base tecnológica. Para tanto, destacam-se três aportes, considerados como
contribuições da relação entre o processo de gerenciamento da informação e o processo
de criação de conhecimento (VICK et. al, 2009).
4.1 Aporte 1: Necessidades informacionais
Para que seja desenvolvida uma inovação sensível aos objetivos organizacionais,
é indispensável a preocupação com as necessidades informacionais da organização em
virtude de seus objetivos estratégicos (EISENSTAT, 1993). A organização deve estar
atenta a uma espécie de diagnóstico organizacional juntamente com a análise ambiental.
A partir do mapeamento informacional desses dois fatores, promove-se o entendimento
dos elementos intervenientes no processo inovador (SCHULER e JACKSON, 1987).
Dentro da ciência da informação, o termo necessidades informacionais tornou-se
o gancho sob o qual a motivação pela busca de informações tem sido travada.
Entretanto, quando o termo é definido, alguns autores trazem concepções diferentes. O
que é comum entre muitas concepções é o foco na visão cognitiva da informação, que
tem dominado os estudos das necessidades dos usuários por décadas (CASE, 2002).
A necessidade informacional pode ser entendida como uma experiência
subjetiva que ocorre na mente de cada indivíduo em determinada circunstância ou como
condição objetiva observável quando uma informação específica contribui para atender
ao motivo que a gerou. Define-se necessidade de informação como um estado ou um
processo no qual alguém percebe a insuficiência ou inadequação dos conhecimentos
necessários para atingir objetivos e/ou solucionar problemas, sendo essa percepção
composta de dimensões cognitivas, afetivas e situacionais (MIRANDA, 2006).
São determinadas também pela percepção de lacunas no conhecimento e a
capacidade de dar sentido ao lidar com problemas ou tarefas; por fatores emocionais
inerentes à incerteza e dificuldades existentes ao perceber essas lacunas, bem como por
53
fatores situacionais encontrados em contextos e experiências específicos: restrição de
recursos, consenso quanto aos objetivos, formas de controle, magnitude de riscos
normas profissionais, tempo, etc (POPADIUK e CHOO, 2006).
Um estudo recente feito por Hepworth (2004) mostra que as necessidades
informacionais podem ser entendidas através de vários níveis incluindo o sociológico,
psicológico e comportamental. As descobertas do estudo também mostram que as
necessidades informacionais podem ocorrer em diferentes dimensões e de uma maneira
sobreposta e integrada, representada na figura 9:
Figura 9. Necessidades informacionais como um fenômeno integrado e multidimensional. Fonte:
Adaptado de Hepworth (2004).
A dimensão pessoal representa o nível cognitivo individual. Nesse nível a
atenção é focada nos estados mentais do indivíduo que está tentando suprir suas
necessidades informacionais.
Na segunda dimensão a atenção individual é focada em construir e manter
contatos sociais com outros atores que dividem interesses similares. Seu objetivo é o
aprendizado social e colaborativo. O acesso a sistemas de informação e ferramentas que
facilitem a comunicação são suportes para esse aprendizado e também implicam a
promoção da interação grupal e a distribuição da informação.
O terceiro nível é o domínio das relações de poder. Nesse nível o indivíduo
responde a questões como “quem precisa saber” ou “o que precisa ser modificado”. A
preocupação principal é a transformação de políticas de desenvolvimento e modelos
existentes de relações de poder, práticas institucionais e distância de capacidades que
causam a exclusão grupal (HEPWORTH, 2004).
Individual
Coletivo Político
54
Dervin e Nilan (1986) perceberam que era necessário modificar o paradigma
tradicional de necessidades e uso da informação e desenvolver uma nova perspectiva.
Os autores detectaram as seguintes tendências, conforme quadro 5:
BUSCA TRADICIONAL
BUSCA ALTERNATIVA
Informação: propriedade da matéria, mensagem,
documento ou recurso informacional, qualquer
material simbólico publicamente disponível.
Informação: o que é capaz de transformar
estruturas de imagem, estímulo que altera a
estrutura cognitiva do receptor.
Necessidade de informação: estado de
necessidade de algo que o pesquisador chama de
informação, focada no que o sistema possui, e não
no que o usuário necessita.
Necessidade de informação: quando o indivíduo
reconhece que existe algo errado em seu estado de
conhecimento e deseja resolver tal anomalia,
estado de conhecimento insuficiente para lidar
com incertezas, em uma área de estudo ou
trabalho.
Quadro 5: Conceitos de informação e necessidades de informação comparados através das buscas
tradicional e alternativa. Fonte: Dervin e Nilan (1986, p.17).
Nessa mesma visão cognitiva, Bouwman e Wijngaert (2002) seguem a
concepção de construção de sentido de Darvin e Nilan (1986) ao afirmarem que a idéia
central é a existência de uma diferença subjetiva e de percepção entre informação
disponível e informação requerida para uma determinada atividade. Essa diferença é que
determina o tamanho e o tipo das necessidades informacionais, que podem ser ainda
mais específicas: necessidade de uma nova informação, de elucidar ou confirmar uma
informação adquirida, e de elucidar ou confirmar crenças e valores adquiridos. Uma
semelhante categorização é proposta por Chew (1994):
Orientação: busca de informações como forma de descobrir o que está
acontecendo;
Reorientação: busca de informações para checar se o indivíduo está no caminho
certo;
Construção: busca de informações para formar opinião ou resolver um
determinado problema.
As necessidades informacionais caracterizam-se por uma percepção do vazio
cognitivo e pelas estratégias para preenchê-lo, representadas pelos estados emocionais
55
de ansiedade, confusão, frustração e dúvida, acompanhadas da incerteza envolvida e
pelos requisitos, normas e expectativas provenientes do ambiente de trabalho do usuário
da informação que determinam as percepções compartilhadas nesse ambiente sobre o
que constitui a solução de um problema. Entre os elementos que determinam usos e
necessidades de informação, estão (SILVEIRA e ODDONE, 2007):
Sua relevância e pertinência para o esclarecimento da questão ou solução do
problema, que são elementos subjetivos, cognitivos, situacionais,
multidimensionais e dinâmicos;
Atitudes do usuário em relação à informação e à sua busca, que são fruto da sua
educação, treinamento, experiência passada, preferências pessoais etc.
Percebe-se, assim, que as necessidades informacionais são determinadas por
fatores de natureza cognitiva, psicológica e social, que revelam a existência de
problemas a resolver, insuficiências nos conhecimentos acumulados, ou perda de
sentido com relação ao ambiente vivido e à forma de lidar com ele (SILVEIRA e
ODDONE, 2007).
Para analisar e diagnosticar tais necessidades e insuficiências de conhecimento,
bem como formular com mais clareza as questões necessárias que solucionem os
problemas existentes, é necessário adquirir competências particulares. Por exemplo,
competências relacionadas à interação (comunicacionais) e competências de
diagnóstico, que permitam ao profissional tornar-se um engenheiro do conhecimento,
um conselheiro em informação e conhecimento, etc. (POPADIUK e CHOO, 2006).
4.1.1 Necessidades informacionais e análise ambiental
Em se tratando de mercado, cabe destacar a importância de se distinguir essa
definição na era da informação e do conhecimento. De acordo com diversos
pressupostos da economia, o conceito de mercado remete a idéias de demanda, lei de
oferta e procura, entre outros. Nesse caso, para a gestão estratégica da informação e do
conhecimento, a definição de mercado representa o conjunto de relações que interferem
na sociedade.
Nesse sentido, o mercado no qual a organização deve estar atenta representa o
estudo das atividades e suas evoluções, procurando saber até onde as informações de um
56
fato ocorrido irão chegar e de que forma a sociedade reagirá (STAREC et al., 2005). O
ambiente informacional deve incluir (DAVENPORT, 2001):
Alto nível de atenção às informações dos concorrentes;
Alta qualidade e quantidade de informações sobre desenvolvimento de produtos;
Disposição para repensar frequentemente as estratégias informacionais.
4.1.2 Necessidades informacionais e diagnóstico organizacional
Ao lado da análise ambiental, outra etapa importante desse processo é o
diagnóstico organizacional. A organização deve olhar para dentro da empresa a procura
de pontos fortes e fracos que enfrentam as ameaças e oportunidades externas. É um
levantamento de informações sobre diversos aspectos da organização e de suas
operações.
Empresas que possuem seu foco na inovação de produtos têm um contexto de
informações e conhecimentos distintos. Como dados de pesquisa e desenvolvimento e
engenharia informacional costumam ser melhores transmitidos no contato pessoal, essa
maneira de compartilhar informações deve ser administrada cautelosamente. Para isso,
faz-se necessário (DAVENPORT, 2001, p.149):
Compreensão abrangente da área de atuação e conhecimento da estrutura e da
função da empresa;
Conhecimento sobre as diferentes fontes de informação da organização;
Facilidade de acesso a tecnologias;
Fortes qualificações para relações interpessoais;
Expressiva orientação para o conjunto do desempenho do negócio.
Nesse contexto, organizações inovadoras de forma geral devem possuir as
seguintes atribuições (MAXIMIANO, 1997):
Monitoramento informacional do ambiente e identificação de ameaças e
oportunidades, assim como identificação e desenvolvimento dos novos
negócios;
Acompanhamento de projetos estratégicos;
Análise e compilação informações de modo a fazer projeções sobre tendências
sociais, econômicas e comportamentais.
57
4.1.3 Principais abordagens sobre necessidades informacionais
A literatura sobre os estudos das necessidades infromacionais evoluiu no sentido
de colocar o usuário da informação como centro de interesse em vez dos sistemas de
informação que ele usa. Algumas correntes se diferenciam pela maneira de perceber o
usuário e suas necessidades.
Enquanto alguns autores percebem o usuário por meio dos problemas que ele
tenta resolver, outros procuram captar o que esse usuário considera como anomalia no
seu estado de conhecimento diante de uma situação problemática. Um terceiro grupo de
autores tenta entender como o usuário atribui sentido para o seu mundo por meio da
maneira como ele usa a informação (SILVEIRA e ODDONE, 2007).
Seguindo essa mesma concepção, Dervin e Nilan (1986) destacam o valor
adicionado, a construção de sentidos e a anomalia cognitiva como principais abordagens
sobre as necessidades de informação, demonstrados no quadro 6:
ABORDAGEM
CARACTERÍSTICAS
Valor adicionado
Foco na percepção da utilidade e valor que o usuário traz para o sistema. Faz do
problema do usuário o foco central, identificando diferentes classes de problema
e ligando-os aos diferentes traços que os usuários estão dispostos a valorizar
quando enfrentam problemas. Trabalho de orientação cognitiva no
processamento da informação (problema valor cognitivo soluções).
Construção de sentidos
Conjunto de premissas conceituais e teóricas para analisar como pessoas
constroem sentidos e como usam a informação e outros recursos nesse processo.
Procuram lacunas de sentido expressas em forma de questões que podem ser
codificadas e generalizadas a partir de dados diretamente úteis para a prática da
comunicação (situação lacuna de sentido uso).
Anomalia cognitiva
Foco nas pessoas em situações de problema, em visões incompletas ou
limitadas. Usuários são vistos em um estado de conhecimento anômalo, no qual
é difícil falar ou mesmo reconhecer o que está errado. Estes usuários enfrentam
lacunas, incertezas e incoerências, e predomina a incapacidade de especificar o
que é necessário para resolver tais anomalias (situação anômala lacuna
cognitiva estratégias de busca).
Quadro 6: Abordagens e características principais sobre necessidades e usos da informação
Fonte: Adaptado de Dervin e Nilan (1986).
58
Vale ressaltar que existem similaridades entre as três abordagens apresentadas, e
que todas elas procuram isolar o que o indivíduo como dimensão fundamental para
uma situação-problema. O conjunto dessas abordagens define como as pessoas
necessitam, buscam, fornecem e utilizam a informação em diferentes contextos, e
exprime a totalidade do comportamento humano face às fontes e canais de informação.
O quadro 7 traz as características da gestão da informação, da criação de conhecimento
e do envolvimento dos indivíduos com relação às necessidades informacionais:
Necessidades informacionais
Gestão da informação
Determinação de exigências e Obtenção
Criação de conhecimento
Externalização
Envolvimento dos indivíduos
quanto à informação
Informações estruturadas e não
estruturadas; análise ambiental e
diagnóstico organizacional
Envolvimento dos indivíduos
quanto ao conhecimento
Conhecimento compartilhado através do
uso de metáforas, conceitos, hipóteses,
diagramas e modelos
Quadro 7: Aporte 1- Necessidades informacionais
4.2 Aporte 2: Comunicação
Em termos organizacionais, a comunicação assume um papel estratégico
somente a partir dos anos 90, quando se integra ao processo de tomada de decisões e a
todos os setores da empresa em uma dimensão sistêmica que tem como objetivos
principais criar vínculos, congregar interesses, e construir sentidos a partir das
informações adquiridas, na criação de canais e veículos direcionados às suas
necessidades, anseios e expectativas (TUBBS e MOSS, 2003).
59
O poder da comunicação é imprescindível como forma de influir, convencer,
unir, separar ou modificar o rumo das informações. É por meio desta que a organização
estabelece uma congruência, equalização e integração de idéias e propósitos.
Ainda conscientes da necessidade de processar informações, grande parte das
organizações não possui uma cultura para desenvolver o processo comunicativo. A
comunicação não se constitui unicamente da transmissão de informações. A
comunicação deve enraizar-se na cultura da instituição e incluir todos os seus níveis.
Mais do que canais e instrumentos, as organizações devem encorajar a democratização
da informação internamente. Essa deficiência existe porque a comunicação ainda sofre
censura e há pouco estímulo à participação (STEINMUELLER, 2002).
Nesse sentido, a comunicação serve como estratégia de aproximação entre
indivíduos que estão em busca da informação que se traduza em reais benefícios,
satisfações de expectativas e sensações agradáveis. A quantidade de informação é
definida a partir de seus níveis de interesse (OLIVEIRA, 2003).
Comunicação organizacional possui infindáveis conceitos. Dentre eles, o de
maior relevância para o entendimento deste estudo encontra-se no processo de
comunicação facilitador de inovação. Esse processo aliado à criatividade é diretamente
proporcional ao suporte de informações e sua disponibilidade, necessário para a
implementação de novas idéias. Para que a disseminação ocorra de forma facilitada, a
visão tradicional de controle deve ser substituída de forma a enfatizar e estimular
iniciativas entre os funcionários (NATALE et al., 1995).
O modelo proposto por Tubbs e Moss (2003) apresenta elementos apontados em
diversos modelos presentes na literatura, considerado aqui o mais adequado para
representar o processo de comunicação no contexto organizacional analisado. O
esquema incorpora elementos que o antecederam, propõe um aspecto dinâmico de
apresentação e destaca o elemento insumo (estímulos), como observado na figura 10:
60
Figura 10: O processo de comunicação. Fonte: Adaptado de Tubbs e Moss (2003).
Depreende-se do modelo apresentado que a comunicação deve possibilitar aos
atores internos (emissores e receptores) o efetivo acesso à informação, postura interativa
e inclusão no processo, o que ocorre através de ações específicas da comunicação
formal e dos meios utilizados pela comunicação informal (canais). Entende-se por
formal a comunicação oficial da organização, possível de ser planejada, uma vez que
depende das relações entre as necessidades de informação e dos objetivos da
organização. Diferentemente, a comunicação informal não segue os mesmos critérios e
encontra-se nas relações interpessoais e na troca de informações fora de qualquer
planejamento (TUBBS e MOSS, 2003).
Para cada indivíduo a informação comunicada tem um sentido diferente, que
cada um é portador de perfis culturais e profissionais distintos. Essas diferenças podem
ser consideradas uma variável positiva para a inovação (YAKHLEF, 2005). O processo
de comunicação deve implicar a circulação de informações relevantes para o grupo e
como cada indivíduo dissemina informações adquiridas na análise ambiental e no
diagnóstico organizacional.
O processo de comunicação caracterizado como estratégico deve possibilitar a
coordenação dos fluxos informacionais que promovam uma rede de relacionamento
capaz de absorver todos os indivíduos da organização. Oliveira (2003) afirma que uma
abordagem adequada para gerir o processo comunicativo deve manter seu alicerce no
CANAL
CANAL
FILTROS
Emissor
Estímulos
Receptor
FILTROS
Receptor
Estímulos
Emissor
MENSAGENS
INTERFERÊNCIAS
MENSAGENS
INTERFERÊNCIAS
Comunicador 1
Comunicador 2
61
relacionamento organizacional, na prática do diálogo, da argumentação de opiniões e de
uma gestão participativa que fomente um ambiente integrador, em que os processos de
trocas e de interação entre pessoas e grupos são estimulados.
Nesse contexto, para Oliveira (2003), a comunicação estratégica deve
compreender:
A identificação do gerenciamento dos relacionamentos organizacionais;
A implementação de metodologias que possibilitem o processo comunicacional;
Políticas organizacionais no propósito de concentrar esforços no processamento
de informações para os objetivos da empresa;
Apoio da alta administração a fim de elevar o processo de comunicação ao nível
estratégico;
O estabelecimento de um clima favorável ao forte fluxo informacional;
A promoção da integração de políticas de comunicação aos demais setores para
alcançar colaboradores externos à instituição.
4.2.1 A tecnologia da informação como facilitadora da comunicação
A tecnologia da informação desponta como principal aliada no processo de
comunicação. As mudanças e desenvolvimentos decorrentes dessa tecnologia permitem
a melhoria de diversos aspectos organizacionais. Essa ferramenta vem sendo utilizada
na transmissão de informações de forma efetiva.
A comunicação interna era realizada por meios tradicionais como relatórios e
documentos impressos. Com o advento da sociedade do conhecimento esse processo
ocorre através de novas tecnologias. A intranet, ferramenta interna nas organizações,
permite que as informações sejam coletadas mais rapidamente e disponibilizadas
democraticamente.
Tal tecnologia provê a realização de um grande volume de transações em um
menor custo, estreitando barreiras de espaço e tempo. Dessa forma, a tecnologia da
informação cria um canal de comunicação mais estreito e consolida um aumento da
produtividade dos participantes. O rápido fluxo de informações através da TI gera
inúmeras contribuições, tais como o rearranjo interorganizacional frente ao grau de
intensidade nas comunicações; um melhor posicionamento quanto ao mercado junto à
62
coleta de informações sobre clientes, novos produtos e concorrentes; a rapidez de
resposta frente às solicitações e à flexibilidade quanto às mudanças de regras no
ambiente empresarial (ALBERTIN, 2001).
A comunicação e o acesso aos recursos de conhecimento estabelecem um
modelo de gestão de negócios mais colaborativo e descentralizado, que contribui para
uma intensa integração em tempo real das aplicações das tecnologias de informação nos
processos de e-business. Terra e Bax (2003) apresentam a promoção de portais
corporativos como instrumento fundamental para a comunicação organizacional,
visando à disseminação das informações para auxiliar nos processos de tomada de
decisão.
Em um ambiente onde o acesso rápido à informação é requisito básico, a
implantação de portais corporativos é de grande importância. Essas são ferramentas cujo
objetivo principal é promover a eficiência e vantagens competitivas. A essência desses
portais está na captura, organização e disseminação de informações, influenciando todos
os níveis organizacionais. Outra característica é o gerenciamento do excesso de
informações disponíveis. Tais portais possuem não sistemas de dados integrados,
como também dados convertidos em sistemas não estruturados como relatórios,
gráficos, etc (TERRA e BAX 2003).
A comunicação interna e integrada promove uma maior coerência, uma
linguagem comum e um comportamento homogêneo. Os profissionais trabalham de
forma conjunta, compatibilizando os interesses dos colaboradores e da empresa
mediante um estímulo à troca de experiências e informações. O quadro 8 traz as
características da gestão da informação, da criação de conhecimento e do envolvimento
dos indivíduos com relação à comunicação:
63
Comunicação
Gestão da informação
Distribuição
Criação de conhecimento
Combinação
Socialização
Envolvimento dos indivíduos quanto
à informação
Compartilhamento de informações baseado
na confiança mútua, como apoio à tomada
de decisão
Envolvimento dos indivíduos quanto
ao conhecimento
Troca de conhecimento através de
documentos, reuniões, conversas
telefônicas, comunicação computadorizada,
etc.
Quadro 8: Aporte 2 - Comunicação
4.3 Aporte 3: Aprendizagem
A noção de aprendizagem discutida nesse estudo tem a informação como pano
de fundo, ressalta o operar da informação através do processo cognitivo e procura
apresentar conceitos congêneres de conhecimento organizacional e aprendizagem. Tema
clássico da teoria das organizações, a aprendizagem está vinculada ao conceito de
inovação.
As organizações hoje voltadas para a aprendizagem são o oposto das tradicionais
e burocráticas. Possuem caráter descentralizado, favorecem a comunicação aberta, a
busca por melhor utilização de informações e o trabalho em equipe, fatores que
colaboram para o aumento da capacidade da empresa para tirar proveito de condições
externas em rápida mudança (SENGE,1990).
Garvin (1993) seleciona cinco vias possíveis para a aprendizagem. São elas:
Resolução sistemática de problemas: elaboração de diagnósticos com o uso de
métodos científicos, utilização de informações para a tomada de decisão e
recursos estatísticos para organizar as informações e fazer inferências.
64
Experimentação: procura sistemática e teste de novos conhecimentos via método
científico, motivada pelas oportunidades de expandir horizontes.
Experiência passada: apoiada na revisão e avaliação de situações de sucesso e
fracasso da própria organização, seguida da disseminação dos resultados entre
seus integrantes.
Circulação de conhecimento: orientada pela rápida e eficiente circulação de
novas idéias por toda a organização, como forma de aumentar seu impacto por
serem compartilhadas coletivamente.
Experiências realizadas por outras organizações: trata-se da observação de
experiências vivenciadas por outras empresas, vista como importante caminho
de aprendizagem.
Outrossim, o caráter da organização que aprende é enfatizado por Mintzberg
(1995). As organizações que aprendem despendem muita energia olhando para fora de
seus limites em busca de conhecimento. Elas aprendem com clientes, fornecedores e
concorrentes. No passado, as organizações tendiam a limitar suas interações com
clientes à pesquisa de marketing, e a interação com os fornecedores aos canais formais.
Entretanto, cada vez mais as empresas têm ampliado essas interações, trazendo essas
pessoas para os processos de desenvolvimento e de projetos.
A aprendizagem deve incluir evidências de mudanças que são promovidas a
partir das experiências dos indivíduos no contexto organizacional. De acordo com
Argyris e Schön (1996), essas mudanças incluem:
Utilizar e interpretar experiências passadas tanto de sucesso como de fracasso;
Interpretar de ações e resultados bem como suas aplicações nas ações futuras;
Descrever mudanças organizacionais e suas relações com desempenhos atuais e
futuros;
Analisar pontos fortes e fracos com relação à estratégia, estrutura e sistemas de
informação;
Atentar para conflitos de interesses que emergem sob condições de
complexidade e incertezas;
Fazer reflexões críticas sobre a estrutura organizacional em uso e propostas para
sua reestruturação;
Analisar experiências de outras organizações.
65
Aprender em organizações significa testar continuamente experiências e
transformá-las em conhecimento acessível a toda a organização de forma pertinente aos
seus objetivos. A característica chave da aprendizagem é o trabalho em grupo e não
somente o individual, o que implica em organizações cujas tomadas de decisões são
descentralizadas e que não possuem estruturas hierárquicas rígidas. Enquanto o grupo
aprende e produz resultados em conjunto, seus membros evoluem individualmente,
através da interação e intercâmbio de idéias de forma fluida. O grupo consegue
desenvolver ações coordenadas e assim atingir melhores resultados (SENGE, 1990).
Para Senge (1990), a organização que aprende tem algumas características
diferenciais. Para esta, é útil ter uma razão para falar e aprender, uma necessidade de
solucionar um problema, um desejo coletivo de criar algo novo, ou um impulso para
promover novos relacionamentos com outras partes da organização. Essa preocupação
tornar-se-á o campo da prática preliminar para seu desenvolvimento. À medida que
adquirir confiança, a organização avança para considerar outras questões.
Além do engajamento das pessoas no intuito de solver problemas, da
necessidade coletiva de criar algo novo e do impulso para promover novos
relacionamentos com outras partes da organização, faz-se necessário incorporar na
organização algumas disciplinas. Senge (1990) elaborou um conjunto de práticas de
aprendizagem por meio das quais as pessoas se modificam, adquirindo novas
habilidades, conhecimentos, experiências e níveis de consciência. Para o autor, existem
cinco disciplinas fundamentais para o aprendizado:
Raciocínio sistêmico: clara visão de conjunto a partir da qual as modificações
necessárias à melhoria da organização seriam identificadas;
Domínio pessoal: capacidade doa indivíduos buscarem e esclarecerem a
efetivação de suas aspirações pessoais;
Modelos mentais: idéias profundamente arraigadas, imagens que influenciam a
visão de mundo e os comportamentos pessoais;
Objetivo comum: busca de imagens do futuro que promovam o engajamento dos
membros da organização;
Aprendizado em grupos: decorrente da capacidade de reconhecer os padrões de
interação entre integrantes de um grupo capazes de favorecer ou dificultar seu
desempenho conjunto.
66
O conhecimento é criado somente por indivíduos, e o papel da organização é
facilitar a aprendizagem, estimulando-o e cristalizando-o no nível grupal através de
troca de experiências, debates e observações (MINTZBERG, 1994). Sob esta ótica,
conhecimento organizacional e aprendizagem resultariam da soma dos conhecimentos e
capacidades de aprendizagem individuais, respectivamente.
Ao incluir o conhecimento cultural em seus estudos, Choo (1998) atenta para o
fato de que o aprendizado da organização se faz considerando a experiência passada,
refletida nas normas, políticas e metas da organização.
Crossan, Lane e White (1999) propõem um modelo para o processo de
aprendizagem organizacional por eles denominado “4 Is”: intuição, interpretação,
integração e institucionalização, que abrangem 3 níveis: indivíduo, grupo e organização,
como mostra a figura 11:
Intuição
Interpretação
Interpretação
Integração
Integração
Institucionalização
Figura 11: Processo de aprendizagem organizacional. Fonte: Adaptado de Crossan et al. (1999).
Através da figura, percebe-se que aprendizagem é um fenômeno que se
origina no nível individual e passa a ter caráter organizacional através da soma da
aprendizagem de seus membros. Para isso cabe à organização criar mecanismos para
manter e utilizar o conhecimento desenvolvido pelos indivíduos. Os atores acreditam
que a aprendizagem ocorre também quando lições do passado são incorporadas às
rotinas da organização, orientando o comportamento futuro. Assim, indivíduos
aprendem com experiências próprias e de outros, gerando melhorias nas rotinas
(CROSSAN et al.,1999).
Informação / Experiência
Indivíduo
Grupo
Organização
Aquisição de
conhecimento
Distribuição e interpretação
da informação
Memória Organizacional
67
Partindo dessa mesma concepção, Cook e Brown (1999) consideram a
aprendizagem organizacional como um fenômeno social, no qual cada indivíduo
depende do conhecimento de outros membros da organização. A interação social facilita
não apenas a comunicação e a coordenação nos grupos de trabalho, mas também a
aprendizagem. Edmondson (2002) também discute a aprendizagem na perspectiva de
grupos, e ressalta a importância da reflexão conjunta dos indivíduos para a continuidade
do processo. A perspectiva de grupo possibilita uma conexão entre as observações e os
entendimentos individuais divergentes. Terra (2000) define aprendizagem
organizacional como o processo de aquisição de conhecimento pelos atores (grupos e
indivíduos) na organização, no momento de análise e tomada de decisões acerca dos
processos, sendo função da organização disponibilizar conhecimento para que seus
atores o utilizem. O quadro 9 traz as características da gestão da informação, da criação
de conhecimento e do envolvimento dos indivíduos com relação à aprendizagem:
Aprendizagem
Gestão da informação
Utilização
Criação de conhecimento
Internalização
Socialização
Envolvimento dos indivíduos quanto
à informação
Análise, compilação e entendimento das
informações adquiridas
Envolvimento dos indivíduos quanto
ao conhecimento
“Aprender fazendo”, know how técnico
(internalização); compartilhamento de
experiências (socialização)
Quadro 9: Aporte 3 - Aprendizagem
Com base nos estudos destacados nesse capítulo, vislumbra-se como a gestão da
informação pode gerar condições adequadas e contribuir para a criação de
conhecimento. Partindo deste pressuposto, os três aportes (necessidades informacionais,
comunicação e aprendizagem) resultantes dessa conexão, são demonstrados no quadro
68
10, que sintetiza o capítulo com evidências e características das relações propostas
como discussão:
Quadro 10 - Evidenciação das contribuições da gestão da informação para a criação de
conhecimento.
4.4 Aportes e envolvimento dos indivíduos
Percebe-se que a atividade de identificar e incorporar novos conhecimentos é
um processo que deve ser articulado através da interação de indivíduos, fundamental à
adequação das organizações às transformações ambientais.
O envolvimento dos indivíduos em plenitude se dá quando (BEATTY e
SCHNEIER, 1997):
O indivíduo consegue vislumbrar as vantagens do em grupo em relação ao
trabalho individual, tais como complementaridade, sinergia das ações e
interdependência;
Necessidades
Informacionais
Informações
estruturadas e não
estruturadas; análise
ambiental e
diagnóstico
organizacional
Conhecimento
compartilhado através
do uso de metáforas,
conceitos, hipóteses,
diagramas e modelos
Determinação
de exigências
e Obtenção
Externalização
Comunicação
Compartilhamento de
informações baseado
na confiança mútua,
como apoio à tomada
de decisão
Troca de conhecimento
através de documentos,
reuniões, conversas
telefônicas,
comunicação
computadorizada, etc.
Distribuição
Combinação
Socialização
Aprendizagem
Análise, compilação e
entendimento das
informações adquiridas
“Aprender fazendo”,
know how técnico
(internalização);
compartilhamento de
experiências
(socialização)
Utilização
Socialização
Internalização
Gestão
da
Informação
Envolvimento dos
indivíduos quanto à
informação
Envolvimento dos
indivíduos quanto
ao conhecimento
Criação de
conhecimento
APORTES
1
2
3
69
Quando se percebe a existência da disposição de compartilhar objetivos,
decisões, responsabilidades e resultados;
Quando há necessidade de avaliação constante dos processos e dos resultados;
Quando necessidade de aprimorar as relações interpessoais e de valorizar a
comunicação;
Quando disposição em ouvir e considerar experiências e saberes de cada
indivíduo.
Face às necessidades informacionais, deve existir por parte dos indivíduos
tolerância à ambiguidade e à imprevisibilidade de informações bem como um potencial
para assumir riscos.
A comunicação deve ser antiburocrática, caracterizada pela versatilidade e
busca da clareza de metas e propósito. Também deve ser distinguida pela colaboração
interfuncional (BEATTY e SCHNEIER, 1997).
Quanto à aprendizagem, o comportamento deve ser criativo na utilização de
informações, o que possibilita a expansão contínua das competências individuais e
coletivas, o surgimento e compartilhamento de novas idéias e soluções e o
comprometimento de repensar a estratégia da organização em conformidade com sua
missão, valores e objetivos (SANTOS, 1999).
70
5. MÉTODO DE PESQUISA
Nesse capítulo é descrita a metodologia de pesquisa utilizada, caracteriza-se o
ambiente em que se pretende realizar a pesquisa de campo bem como o processo de
coleta de dados. Apresentam-se também as variáveis de pesquisa indicando os temas
pesquisados.
5.1 Caracterização da Pesquisa
A pesquisa pode ser caracterizada como (GRINNELL, 1997; CRESWELL,
1998):
De natureza aplicada: visando gerar conhecimentos para aplicação prática na
resolução de problemas específicos.
De acordo com seus objetivos, é exploratória, com o propósito de aumentar o
conhecimento sobre o problema com o intuito de torná-lo claro. A análise do
relacionamento e das contribuições da gestão da informação para a criação de
conhecimento nas empresas de base tecnológica é uma temática pouco abordada na
literatura.
De enfoque qualitativo na forma de abordagem do problema, que reconhece
que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, sendo o ambiente
natural a fonte direta para se coletar os dados. Utiliza a coleta e análise de dados para
responder às questões de pesquisa. Grinnell (1997) e Creswell (1998) apresentam quatro
considerações para a pesquisa qualitativa:
Existem duas realidades: a primeira consiste em crenças, pressupostos e
experiências subjetivas das pessoas. Essas chegam a variar de muito vagas até
crenças bem organizadas e desenvolvidas logicamente por meio de teorias
formais. A segunda realidade é objetiva e independente das crenças que
tenhamos em relação a ela;
Essa realidade objetiva pode ser conhecida e analisada;
É preciso conhecer e obter a maior quantidade de informação sobre a realidade
objetiva. A realidade do fenômeno existe e é certo que conhecemos os eventos à
71
nossa volta por meio de suas manifestações. Para entender essa realidade é
preciso registrar e analisar tais eventos;
Quando as investigações estabelecem que a realidade objetiva é diferente das
crenças individuais, essas devem ser modificadas ou adaptadas em torno da
realidade.
De acordo com seus procedimentos técnicos, é caracterizada com um estudo
comparativo de casos, já que se busca investigar um conjunto contemporâneo de
temáticas e acontecimentos, buscando-se estudar em profundidade mais de uma
empresa, e propondo comparações entre elas, que o enfoque comparativo enriquece a
pesquisa qualitativa.
O estudo comparativo de casos permite perguntas como “por que?”, “o que?” e
“como”, as quais permitem uma maior compreensão da natureza e da complexidade do
fenômeno estudado, gerando conclusões relevantes oriundas da observação da prática
(YIN, 2005). Segundo Yin (2005), o estudo de múltiplos casos apresenta evidências
reconhecidamente mais fortes, e permite a comparação de similaridades ou diferenças
entre os casos, aumentando a confiabilidade da pesquisa.
5.2 Amostra da pesquisa
A escolha de empresas de base tecnológica deve-se à magnitude de informação e
conhecimento nestas incorporados, possuem o conhecimento científico-tecnológico
como principal insumo de produção, característica que exerce grande influência no
processo de aquisição de informação e criação de conhecimento, bem como na
comunicação e transferência de conhecimento contínuo entre as universidades e as
empresas em questão.
A amostra caracteriza-se como intencional, já que a escolha garantiu a relevância
ao tema e às questões de análise, bem como a concordância e disposição dos
proprietários/dirigentes das empresas para um trabalho mais detalhado e sistematizado
em seus negócios.
A etapa inicial para a definição da amostragem e subseqüente coleta de dados
consistiu em um primeiro contato junto à direção geral do Parque Tecnológico da
cidade de São Carlos (Parqtec) e informações encontradas nos sites das empresas
72
incubadas e recentemente graduadas, no intuito de identificar as empresas para
estabelecer contato.
Inicialmente, foram mapeadas 23 empresas de base tecnológica na cidade de São
Carlos, sendo que:
15 empresas estão em fase de incubação (de dois a quatro anos) nas
incubadoras Cinet e Softnet do Parque Tecnológico de São Carlos – Parqtec;
08 empresas são graduadas, e passaram recentemente pela fase de incubação
nas incubadoras Cinet e Softnet do Parque Tecnológico de São Carlos
Parqtec.
Posteriormente ao mapeamento, um primeiro contato foi feito através de um
ofício de pesquisa contendo os principais objetivos de estudo, buscando uma pré-
seleção das empresas. Como critérios de triagem para uma amostra com maior
homogeneidade, foram retiradas da pesquisa 14 empresas, sendo que:
05 empresas pertencem ao Parqtec apenas dois meses, portanto são
iniciantes na fase de incubação;
05 empresas incubadas no Parqtec não foram consideradas estritamente de base
tecnológica;
04 empresas graduadas não mantêm mais vínculo algum com o Parqtec.
Entende-se por graduadas as organizações que passam pela incubação e
alcançam desenvolvimento suficiente para ser habilitada a deixar a incubadora. No
entanto, a empresa graduada pode manter o vínculo com o parque tecnológico na
condição de empresa associada (ANPROTEC, 2004).
Portanto, foram selecionadas nove empresas para o desenvolvimento da
pesquisa. A distribuição das empresas estritamente de base tecnológica configura-se da
seguinte forma:
05 empresas instaladas, pertencentes a duas incubadoras: Cinet e Softnet do
ParqTec de São Carlos;
04 empresas recentemente graduadas, que pertenceram às incubadoras Cinet e
Softnet do Parqtec de São Carlos.
73
5.3 Técnica de coleta e análise de dados
Uma das fontes de dados mais importantes para o estudo comparativo de casos é
a pesquisa feita através de entrevistas, que pode assumir as seguintes formas (YIN,
2005):
Entrevista com perguntas de natureza aberta e fechada: o entrevistador solicita
aos pesquisados a apresentação de fatos e de suas opiniões a eles relacionadas;
Entrevista focada: o pesquisado é entrevistado por um curto período de tempo e
pode assumir um caráter aberto-fechado ou se tornar conversacional;
Entrevista do tipo survey: o pesquisador elabora questões para obter respostas
mais estruturadas.
São vantagens da entrevista, segundo Gressler (2003):
Oferecer melhor análise de condutas e atitudes, que se pode observar o
entrevistado naquilo que é dito;
Ter a oportunidade de obtenção de informações que não são encontradas na
literatura;
Permitir que o pesquisador consiga informações mais precisas e relevantes;
Dispensar o entrevistado da leitura de questões, permitindo maior interação
entre o pesquisador e o pesquisado.
Para este trabalho, utilizou-se um roteiro de entrevista com questionamentos
estruturados a fim de possibilitar uma comparação entre as respostas obtidas pelos
pesquisados. O questionamento estruturado delimita o campo a ser pesquisado, que
em entrevistas abertas não uma seqüência de questões que direcionam as variáveis
tratadas na pesquisa (GRESSLER, 2003).
Foram realizadas entrevistas individualmente, com os responsáveis pela gestão
da informação e do conhecimento das empresas selecionadas. Todas as entrevistas
foram gravadas, transcritas e posteriormente enviadas aos entrevistados, com seu devido
consentimento. O roteiro de entrevistas serviu como uma intenção de trajetória de
pesquisa (APÊNDICE C), apresentando as seguintes funções (GRESSLER, 2003):
Auxílio ao pesquisador na organização e estrutura antes e no momento da
entrevista;
74
Auxílio ao entrevistado a fornecer informações com maior precisão e
facilidade;
Auxílio na organização da interação social no momento da entrevista e da
organização dos conceitos e variáveis de pesquisa previamente estabelecidos.
O desenvolvimento de um roteiro foi essencial para a pesquisa, norteando a
entrevista de forma a garantir que todos os conceitos fossem aproveitados. Infere-se que
uma entrevista bem aplicada depende do domínio do pesquisador sobre as questões
contidas no roteiro. Dessa forma, evitam-se confusões sobre diferentes nomenclaturas e
é possível apresentar ao entrevistado definições claras que correspondem aos objetivos
da investigação.
Como forma de analisar os dados obtidos junto às empresas, seguiu-se as
recomendações de Bardin (1979) no que se refere à análise de conteúdo categorial, que
tem como etapas de trabalho:
Pré-análise: corresponde à organização de todo o material de pesquisa e o
primeiro contato com documentos e informações: estão inclusos nesta etapa as
visitas iniciais, as informações contidas nos sites das empresas e a leitura
flutuante” das transcrições das entrevistas;
Exploração do material: corresponde ao momento de escolha das categorias
de análise, os grandes temas, ou seja, as variáveis de pesquisa (descritas no
próximo item deste capítulo), as unidades de registro (podendo ser um tema,
palavra ou frase) e as regras de contagem (escolhas feitas pela freqüência,
ausência, ordem de aparição e co-ocorrência);
Tratamento dos resultados: corresponde a parte final e crucial do trabalho de
campo. A inferência se orienta por diversos pólos de atração da comunicação.
A interpretação se orienta por analisar os dados e organizá-los de forma a obter
relações entre eles que permitam dar existência a estruturas conceituais.
Através das diretrizes de Bardin (1979), a análise dos dados desta pesquisa
constituiu-se da seguinte forma:
1) Pré-análise: através da leitura flutuante do diário de campo das visitas
iniciais, das informações contidas nos sites das empresas e das transcrições das
entrevistas, formularam-se os indicadores que fundamentaram a interpretação final;
75
2) Exploração do material: definiram-se:
As categorias: os grandes temas de pesquisa, sendo: a) gestão da informação; b)
criação de conhecimento; c) três aportes;
As unidades de registro: foram os sub-temas: a) Determinação de exigências
Obtenção Distribuição Utilização, b) Socialização Externalização
Combinação Internalização, c) Necessidades informacionais Comunicação
Aprendizagem;
As regras de contagem: foram estabelecidas pela presença dos elementos mais
significativos;
3) Tratamento dos resultados: Na inferência utilizou-se das entrevistas
transcritas e na interpretação dos dados houve a exposição de conceitos teóricos e
reflexões abrangentes sobre o setor em questão.
5.4 Variáveis e temática de pesquisa
Nesse trabalho, o foco de investigação é examinar os atributos do conhecimento
nas organizações e as capacidades de gestão da informação. Limita-se, portanto, a
estudar o processo de gestão da informação no contexto organizacional impulsionado
por atividades inovadoras. Essa variável é analisada tomando-se por base os fatores:
Determinação de exigências de informação;
Obtenção da informação analisando seu conteúdo e níveis de qualidade;
Distribuição da informação ao grupo que a necessita;
Utilização da informação.
Com relação ao conhecimento, busca-se aqui contemplar especialmente o
processo de criação de conhecimento de acordo com a teoria japonesa, como forma de
evidenciar as relações propostas na discussão. Essa variável é analisada de acordo com
os seguintes fatores:
Socialização: conversão do conhecimento tácito para tácito;
Externalização: conversão do conhecimento tácito para o explícito;
Combinação: conversão do conhecimento explícito para explícito;
76
Internalização: conversão do conhecimento explícito para o tácito.
Através dos três aportes da gestão da informação para a criação de
conhecimento, o estudo procura contribuir com evidências de que uma estrutura
organizacional flexível processadora de informações estimula a criação de
conhecimento. São eles:
Necessidades informacionais;
Comunicação;
Aprendizagem.
5.5 Questões de pesquisa
Os questionamentos resultantes do problema de pesquisa representam o que o
investigador almeja esclarecer para atingir seus objetivos. Face ao desenvolvimento da
revisão bibliográfica, foram definidas as seguintes questões de pesquisa:
Qual a importância e quais são as relações do processo de gerenciamento da
informação e de criação do conhecimento nas empresas de base tecnológica?
Como as empresas determinam exigências de informação, a aquisição, a
distribuição e a utilização da informação?
Quais os níveis de socialização, externalização, combinação e internalização do
conhecimento nas empresas?
Como se o envolvimento dos funcionários quanto às necessidades
informacionais, comunicação e aprendizagem?
5.6 Caracterização do setor pesquisado
Frente à crescente importância que as empresas de base tecnológica assumem na
geração de riqueza e promoção do desenvolvimento econômico sustentável, ressalta-se
o papel das incubadoras de empresas na promoção da inovação, imersas em ambientes
tradicionalmente geradores de conhecimento.
As incubadoras de empresas destacam-se como ambientes convergente de
empreendedorismo e inovação, fortalecido pelas relações universidade-empresa para o
desenvolvimento local. No Brasil, o empreendedorismo começou a ganhar força a partir
dos anos 90, com a abertura da economia. A entrada de novos produtos proporcionou
77
controle de preços e uma oportunidade do país voltar a crescer e modernizar-se para
poder competir como os produtos importados (TORKOMIAN, 1994).
As incubadoras de empresas de base tecnológica estimulam setores
tecnologicamente dinâmicos e que tem a inovação tecnológica como um diferencial
competitivo. O papel desempenhado por essas facilitadoras é a sustentação e ajuda à
sobrevivência, preparação técnica e administrativa das empresas nascidas para
promoverem o desenvolvimento local e regional.
Em setores de tecnologia de ponta, a cidade de São Carlos tem sido pioneira,
destacando-se nas áreas de novos materiais, ótica, informática, instrumentação e
mecânica de precisão. A origem do Pólo de Alta Tecnologia de São Carlos está
estreitamente relacionada à existência de duas universidades na cidade, ambas públicas
(TORKOMIAN, 1994).
Com o objetivo de criar condições para acelerar o surgimento e consolidação de
empresas de base tecnológica (EBTs) na região, foi criada, em 1984, a Fundação Parque
de Alta Tecnologia de São Carlos (ParqTec). Trata-se de uma fundação privada sem fins
lucrativos, instituída pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), pelo Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e pela
Prefeitura Municipal de São Carlos, que desempenha o papel de "gestora" do Pólo
(ANPROTEC, 2004).
O ParqTec inaugurou em 1985 o Centro Incubador de Empresas Tecnológicas -
CINET tornando-se a primeira incubadora na América Latina. Devido a demanda e
grande potencial para a criação de empresas de Tecnologia da Informação o ParqTec
implantou em 1996, a sua primeira incubadora temática denominada Centro Incubador
de Empresas de Software - SOFTNET.
A gestão de qualidade do CINET e do SOFTNET manifesta-se pela taxa de
sobrevivência acima de 50% das empresas graduadas nos últimos 25 anos de atuação do
ParqTec.
A taxa de sobrevivência cresceu significativamente para 95% após a implantação
do Plano Real pelo Governo Federal. Esse fato demonstra que o ambiente externo é
causador das maiores dificuldades vivenciadas pelas empresas no seu estágio inicial,
constatação que vale também para os dias de hoje.
Empresas de base tecnológica (EBTs) são tipos específicos de organização e, na
literatura, observam-se outras nomenclaturas para empresas com o mesmo perfil de base
78
tecnológica. É comum encontrar os termos “empresa de tecnologia avançada”, “empresa
intensiva em tecnologia” e mais freqüentemente, “empresa de alta tecnologia”.
Tendo em vista a ampla gama de definições e também para construir uma
atuação específica nesse segmento, a FINEP (2009), agência do governo federal que
visa apoiar projetos tecnológicos no Brasil, tem utilizado a seguinte definição para
empresa de base tecnológica: “empresa de qualquer porte ou setor que tenha na
inovação tecnológica os fundamentos de sua estratégia competitiva”. Esta condição é
considerada atendida pelas empresas que apresentam pelo menos duas das
características:
Desenvolvam produtos ou processos tecnologicamente novos ou melhorias
tecnológicas significativas em produtos ou processos existentes. O termo
produto se aplica tanto a bens como a serviços;
Obtêm pelo menos 30% (trinta por cento) de seu faturamento, considerando-se a
média mensal dos últimos doze meses, pela comercialização de produtos
protegidos por patentes ou direitos de autor, ou em processo de obtenção das
referidas proteções;
Encontram-se em fase pré-operacional e destinam pelo menos o equivalente a
30% (trinta por cento) de suas despesas operacionais, considerando a média
mensal dos últimos doze meses, a atividades de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico;
Não se enquadram como micro ou pequena empresa e destinam pelo menos 5%
(cinco por cento) de seu faturamento a atividades de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico;
Não se enquadram como micro ou pequena empresa e destinam pelo menos
1,5% (um e meio por cento) de seu faturamento a instituições de pesquisa ou
universidades, ao desenvolvimento de projetos de pesquisa relacionados ao
desenvolvimento ou aperfeiçoamento de seus produtos ou processos;
Empregam, em atividades de desenvolvimento de software, engenharia, pesquisa
e desenvolvimento tecnológico, profissionais técnicos de nível superior em
percentual igual ou superior a 20% (vinte por cento) do quantitativo total de seu
quadro de pessoal;
79
Empregam, em atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, mestres,
doutores, ou profissionais de titulação equivalente em percentual igual ou
superior a 5% (cinco por cento) do quantitativo total de seu quadro de pessoal.
Torkomian, Pinho e Piekarski (2006) apresentaram uma avaliação das áreas de
potencial científico e tecnológico em São Carlos, a partir dos cursos de graduação e
programas de pós-graduação ofertados, das empresas de base tecnológica instaladas e
dos projetos aprovados em programas de financiamento de P&D da FAPESP.
Na avaliação das EBTs, foi realizado um levantamento para identificar a
quantidade e a área tecnológica em que se concentra a operação de cada empresa. O
resultado foi uma listagem com 112 EBTs em São Carlos, que se concentram nas áreas
de computação, eletrônica, engenharia biomédica, materiais avançados, mecânica,
serviços de engenharia, ótica e química, conforme tabela 1.
Campos Tecnológicos
EBTs
Computação
Eletrônica
Engenharia Biomédica
Materiais avançados
Mecânica
Serviços de Engenharia
Ótica
Química
Outros
38%
18%
10%
09%
08%
07%
06%
03%
01%
Tabela 1: Campos tecnológicos das atividades das EBTs de São Carlos. Fonte: Adaptado de Piekarski
(2007).
O autor apresenta ressalvas quanto aos critérios adotados na classificação e
quanto ao peso econômico dessas empresas no município. Considerando os dados da
RAIS, apontam, no período de 1996 e 2003, um crescimento de 2,2% para 3,8% na
participação das EBTs no emprego industrial em São Carlos, e de 1,3% para 1,5% no
emprego total.
As empresas selecionadas para esta pesquisa correspondem aos seguintes
campos tecnológicos:
80
Campos Tecnológicos
Empresa
Eletrônica
Computação
Materiais avançados
Mecânica
Serviços de Engenharia
Eletrônica e serviços de engenharia
Computação
Engenharia biomédica
Ótica
A
B
C
D
E
F
G
H
I
Tabela 2: Campos tecnológicos das EBTs selecionadas
81
6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
Conforme descrito no capítulo 5, as variáveis de pesquisa são os processos da
gestão da informação, as fases de criação de conhecimento e os três aportes desta
relação: necessidades informacionais, comunicação e aprendizagem. Este capítulo
apresenta os resultados dos dados obtidos na pesquisa, investigados de acordo com as
variáveis. O apêndice C apresenta o roteiro de entrevistas realizadas, sua construção
teve como objetivo contemplar os grandes temas abordados nos capítulos teóricos.
Os dados a seguir apresentam um valor intrínseco por serem primários, e
conseqüentemente, originais. Sua coleta foi delineada no projeto da pesquisa, no
protocolo de estudo de casos (apêndice D), na construção da estrutura conceitual e na
escolha dos atributos dos fenômenos sob estudo.
6.1 Empresa A
A empresa encontra-se em fase de incubação, é a formalização do trabalho
conjunto de três sócios, que atuam em áreas técnicas de desenvolvimento de produtos.
Durante um contrato de prestação de serviços de desenvolvimento eletro-mecânico com
inteligência embarcada, encontraram a oportunidade de abertura de negócio visando à
criação de produtos próprios, integrando tecnologias de mercado ao desenvolvimento
interno da empresa e assim gerando projetos com foco no uso racional de recursos
naturais e energéticos.
Sua missão é trabalhar em conjunto com clientes e parceiros de modo a criar
soluções com o uso de recursos de modo racional. Tem como objetivo prestar serviços
que levem ao cliente soluções em tecnologia eletromecânica e de fabricação, visando
agregar maior valor a produtos de mercado, tanto no conceito quanto na cadeia
produtiva.
A empresa possui dois tipos de serviços: projetos de produtos e projetos de
processos. No primeiro caso, atente desde a fase de pré-projeto conceitual (protótipos)
até projetos detalhados, incluindo levantamento de cadeia produtiva e estudo de custos
diretos, utilizando sua experiência em projetos eletromecânicos, micro-eletrônicos e de
sistemas mecânicos. No segundo caso, a empresa busca agregar valor desde a
82
concepção de uma linha produtiva completa, automatizar uma linha pré-existente, ou
integrando um módulo ou célula à linha produtiva.
Com relação à gestão da informação (GI) têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir de duas grandes áreas: inovação e tecnologia,
para as quais os funcionários mais precisam de informação. A organização não possui
um setor ou pessoa específica responsável pela coleta de informações do ambiente
externo, sendo que os três sócios trabalham nessa área.
A disponibilidade e atualização de informações dos procedimentos para uso
diário dos funcionários e das principais áreas da empresa não é imediata, o prazo é de
mais ou menos uma semana.
A empresa possui um sistema informatizado de informações que é no momento
o mais viável, porém não o considera o mais adequado para a agilidade dos serviços.
Obtenção da informação: As informações coletadas sobre o ambiente externo
utilizadas são dados de segmento de mercado, clientes, novas linhas de fomento, dados
de mercado externo, cotação de dólar e perspectivas de mercado. Estes são considerados
redutores de incerteza para a organização.
São feitas reuniões esporadicamente, a cada dois meses a fim de descobrir quais
produtos e (ou) serviços a empresa precisa no futuro. Ainda não existem pesquisas
dentro da organização sobre produtos e (ou) serviços que a empresa pode precisar.
Os funcionários ainda não são direcionados a detectar mudanças fundamentais e
preferências do mercado por produtos e (ou) serviços. As fontes internas de informação
(pessoais e documentais) são consideradas essenciais para o processo de inovação
tecnológica na empresa.
Distribuição da informação: A empresa não enxerga a necessidade de
encontros interdepartamentais para discutir tendências na indústria de serviços de
informação. Os encontros não são feitos por departamento, por se tratar de uma empresa
pequena.
Somente os funcionários da área administrativa sabem imediatamente quando
algo importante acontece no processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços.
Utilização da informação: Não são produzidos documentos de ordem formal -
dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas. Existem
somente primeiras versões. Os procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais
83
serviços não estão documentados e padronizados. Ainda não existem critérios de
qualidade de informação na empresa.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: O próprio ambiente de trabalho é considerado o principal espaço
de cooperação e troca de informações relativas ao negócio. A totalidade dos projetos é
desenvolvida e analisada por interações conjuntas.
Externalização: Na organização, são encorajadas opiniões, idéias e conversas
informais antes que decisões específicas sejam tomadas. Os funcionários ainda não são
capazes de dizer qual a meta e a missão da empresa, quando questionados.
A troca de idéias e as conversas informais são estimuladas através de um café
diário, e são consideradas de grande importância nas reuniões, ajudam na condução dos
negócios e na resolução dos problemas coletivos.
Os funcionários aprimoram seus conhecimentos em palestras proporcionadas
pelo parque tecnológico e interagem em seguida com o grupo sobre os conceitos
aprendidos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões é freqüentemente
registrado em atas. Os funcionários são estimulados a trocar conhecimento através da
comunicação computadorizada, por meio de intranet.
Internalização: Os funcionários apresentam mais know how técnico, são mais
especialistas do que generalistas.
A empresa acredita que o sistema de informações consegue viabilizar as ações
cooperadas, trazendo as vantagens de memória, registro e facilidade de resgate de
informações.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de reorientação: necessidade de elucidar informações para
checar se a empresa está no caminho certo. Existe pouca necessidade de novas
informações como forma de descobrir o que está acontecendo e pouca necessidade de
informações para formar opinião ou resolver um determinado problema.
Comunicação: Os canais de comunicação mais utilizados na empresa e que
possuem um caráter colaborativo e descentralizado são emails, intranet e MSN.
84
Aprendizagem: Para a empresa A, a observação de experiências vivenciadas
por outras organizações é importante para que os mesmos erros não sejam cometidos. A
incubação vem proporcionando vários benefícios, entre eles o amparo financeiro, o
contato com outras empresas na mesma fase de desenvolvimento e o acesso aos serviços
de consultoria fora da área técnica.
De acordo com os registros apresentados, o quadro 11 traz os principais fatores
propulsores e restritivos da empresa A:
Fatores propulsores
Fatores restritivos
São encorajadas opiniões e idéias antes
que decisões específicas sejam tomadas
A troca de idéias e as conversas
informais são estimuladas diariamente
Os funcionários aprimoram seus
conhecimentos em cursos e treinamentos
O conhecimento novo adquirido em
reuniões é freqüentemente registrado.
Os funcionários são estimulados a trocar
conhecimento através da comunicação
computadorizada.
O sistema informatizado de informações
não é considerado o mais adequado para
a agilidade dos serviços
A disponibilidade e a atualização de
informações não são imediatas
Não existe um setor ou pessoa
específica responsável pela coleta de
informações
Não existem pesquisas dentro da
organização sobre produtos e (ou)
serviços que a empresa pode precisar
Não são produzidos documentos de
ordem formal
Quadro 11: Fatores propulsores e restritivos da empresa A
6.2 Empresa B
A empresa encontra-se em fase de incubação, atualmente desenvolve projetos
nas áreas de transações financeiras transmídia, conectividade entre dispositivos móveis
e cloud computing, além de processamento de dados genéticos e conta com apoio da
FINEP. A principal área de atuação são serviços de plataforma para Tecnologia da
Informação. A empresa dispõe de um softbase desenvolvido para computação de alto
desempenho aliados a 32 servidores de alto desempenho. Dispõe ainda de profissionais
com formação acadêmica pela USP.
85
Seus clientes são empresas de pequeno a grande porte, com necessidades de
recursos computacionais de larga escala. Têm uma postura inovadora diante de suas
estratégias operacionais e não possuem capacidade ou interesse em investir nesta parte
de seu negócio, priorizando o uso eficiente dos recursos disponíveis.
Com relação à GI, têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir de duas grandes áreas: tecnologia da
informação e comunicação, para as quais os funcionários mais precisam de informação.
A organização não possui hoje um setor ou pessoa específica responsável pela coleta de
informações do ambiente externo, todos são estimulados, mas somente um dos sócios é
o atual responsável.
Todas as informações dos procedimentos para uso diário dos funcionários e das
principais áreas da empresa estão disponíveis e atualizadas.
Existe um sistema informatizado de informações que a empresa não considera
adequado, mas que é útil para a demanda de uso do sistema.
Obtenção da informação: As informações coletadas sobre o ambiente externo
utilizadas são normalmente provenientes do networking com empresas do setor e
informações sobre perspectivas de mercado. Estes são considerados os redutores de
incerteza para a organização, abrindo um leque de oportunidades.
São feitas reuniões esporadicamente (uma vez por mês) a fim de descobrir quais
produtos e (ou) serviços a empresa precisa no futuro. Ainda não existem pesquisas
formais dentro da organização sobre produtos e (ou) serviços que a empresa pode
precisar. O procedimento é feito informalmente.
Os funcionários são direcionados a detectar mudanças fundamentais e
preferências do mercado por produtos e (ou) serviços. Existe um trabalho constante de
escutar o cliente, a empresa lida com clientes específicos, que mudam a realidade de
mercado de dois em dois anos, o tempo de lançamento de produto, portanto, é cada vez
menor. As fontes internas de informação (pessoais e documentais) também são
consideradas essenciais para o processo de inovação tecnológica na empresa.
Distribuição da informação: Por se tratar de uma empresa pequena, os
encontros para discutir tendências na indústria de serviços de informação são feitos em
forma de reuniões entre funcionários e com outras empresas do parque tecnológico.
Todos os funcionários sabem imediatamente quando algo importante acontece
no processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços. A burocracia é pequena, e
86
existe uma metodologia de desenvolvimento de produtos. A comunicação é direta e
diária, caracterizada pelo face a face para detectar problemas que podem ser ocultados
em relatórios.
Utilização da informação: São produzidos documentos de ordem formal -
dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas na forma de
relatórios de gravação de tempo gasto com tarefas e de prospecção de custos e
resultados. Os procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais serviços estão
documentados.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: A empresa acredita que as reuniões entre empresas instaladas no
parque tecnológico estão em falta. O próprio ambiente de trabalho é considerado o
principal espaço de cooperação e troca de informações relativas ao negócio. A maior
parte dos projetos é desenvolvida e analisada por interações conjuntas. Discutem-se
futuras necessidades de produtos e (ou) serviços através de conversas direcionadas
sobre software e hardware, já que a tendência dos clientes da empresa é procurar ambos
os serviços em um só lugar.
Externalização: São encorajadas na empresa as opiniões, idéias e conversas
informais antes que decisões específicas sejam tomadas. Os funcionários pouco
provavelmente são capazes de dizer qual a meta e a missão da empresa, quando
questionados.
A troca de idéias e as conversas informais são estimuladas através de conversas
informais no final da tarde em cafés e conversas sobre as rotinas diárias.
Os funcionários aprimoram seus conhecimentos em palestras proporcionadas
pelo parque tecnológico e interagem em seguida com o grupo sobre os conceitos
aprendidos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões é freqüentemente
registrado em atas. Estas atas carecem de indexação, são armazenadas sem
preocupação com a organização. Os funcionários são estimulados a trocar conhecimento
através da comunicação computadorizada, por meio de emails, MSN e intranet.
Internalização: Os funcionários são mais generalistas do que especialistas.
A empresa acredita que o sistema de informações consegue viabilizar as ações
cooperadas, é a principal necessidade, a maior parte das informações é proveniente da
interação no sistema.
87
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de reorientação: necessidade de elucidar informações para
checar se a empresa está no caminho certo. Existe pouca necessidade de novas
informações como forma de descobrir o que está acontecendo e pouca necessidade de
informações para formar opinião ou resolver um determinado problema.
Comunicação: O canal de comunicação mais utilizado na empresa e que possui
um caráter colaborativo e descentralizado é a internet e emails.
Aprendizagem: Para a empresa B, a observação de experiências vivenciadas
por outras organizações é importante, por se tratar de empresa jovem, que precisa
minimizar seus erros através de visão de experiências vividas por outras.
A incubação vem proporcionando vários benefícios, entre eles o espaço físico, as
salas de reuniões, a reputação para potenciais clientes. A empresa ainda carece de
informação de auxílio financeiro.
De acordo com os registros apresentados, o quadro a seguir traz os principais
fatores propulsores e restritivos da empresa B:
Fatores propulsores
Fatores restritivos
A comunicação é direta e diária,
caracterizada pelo face a face para
detectar problemas
Os procedimentos operacionais (rotinas)
dos seus principais serviços estão
documentados.
Discutem-se futuras necessidades de
produtos e (ou) serviços através de
conversas direcionadas
A troca de idéias e as conversas
informais são estimuladas diariamente
Os funcionários são estimulados a trocar
conhecimento através da comunicação
computadorizada.
O conhecimento novo registrado em atas
carece de indexação
O sistema informatizado de informações
não é considerado o mais adequado para
a agilidade dos serviços
Não existe um setor ou pessoa
específica responsável pela coleta de
informações
Não existem pesquisas dentro da
organização sobre produtos e (ou)
serviços que a empresa pode precisar
Quadro 12: Fatores propulsores e restritivos da empresa B
88
6.3 Empresa C
A empresa encontra-se em fase de incubação, surgiu como uma empresa de alta
tecnologia unindo os ideais de dois pesquisadores e um docente da Universidade de São
Paulo e membros do IFM Instituto Fábrica do Milênio, com ampla experiência em
processos de fabricação. A partir da realização de vários trabalhos conjuntos tanto no
Brasil quanto no exterior, uniram esforços para a criação de uma empresa de produtos
de alto valor agregado voltados para a área de metrologia e inspeção com prestação de
serviços visando a integração de conhecimentos do mundo acadêmico com as
necessidades das empresas brasileiras na área de usinagem.
A empresa fabrica e comercializa soluções integradas nas áreas de medição,
controle dimensional e monitoramento da qualidade de processos em máquinas e
ferramentas.
Com relação à GI, têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir de duas grandes áreas: inovação e tecnologia,
para as quais os funcionários mais precisam de informação. O diferencial da empresa
são produtos inovadores perto do que existe no mercado. Portanto, as informações
sobre tecnologia dão parâmetros de concorrentes.
A empresa não possui hoje um setor ou pessoa específica responsável pela coleta
de informações do ambiente externo, mas procura verificar o que se passa com os
concorrentes para trazer benefícios para seus produtos.
As informações dos procedimentos para uso diário dos funcionários é
disponível e atualizada com relação à capital, custo de produção, de vendas, e despesas.
São informações comuns a todos os funcionários.
A empresa possui um sistema informatizado de informações apenas no que tange
às informações financeiras, relatórios de despesas e ganhos, tabelas, boletos, etc. Este
não é considerado o mais adequado para a agilidade dos serviços.
Obtenção da informação: Existem pesquisas informais sobre as informações
do ambiente externo, é feita uma espécie de benchmarking, sobre desenvolvimento de
produto, com o objetivo de agregar maior inovação possível. Estas são consideradas
redutores de incerteza para a organização. O benchmarking é feito com dois principais
concorrentes e depois com o mercado em geral.
89
As informações mais utilizadas deste ambiente são características dos produtos
dos concorrentes, precisão e margem de erro do produto e custo viável.
Os funcionários são direcionados a detectar mudanças fundamentais e
preferências do mercado por produtos e (ou) serviços, verificando tendências do
mercado e procurando reavaliar o desenvolvimento de novos projetos.
As fontes internas de informação (pessoais e documentais) são consideradas
fundamentais para o processo de inovação tecnológica na empresa. Dentre os
funcionários, contam com dois doutores e um doutorando, todos na área de engenharia
de produto.
Distribuição da informação: A empresa ainda não é considerada
departamentalizada, as reuniões são feitas periodicamente, a cada mês, e diariamente
com o tratamento de imprevistos. São discutidas como ampliar o leque de produtos,
que existe apenas um produto pronto para comercialização e dois em fase de
desenvolvimento.
Somente os funcionários da engenharia de produto sabem imediatamente quando
algo importante acontece no processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços.
Tudo o que acontece é posteriormente informado para os outros funcionários.
Utilização da informação: Não são produzidos documentos de ordem formal -
dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas. Os
procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais serviços não estão
documentados e padronizados. Ainda não existem critérios de qualidade de informação
na empresa.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: Reuniões são feitas a fim de discutir melhorias e o que acontece
externamente com concorrentes e clientes. As reuniões, assembléias, conferências e
confraternizações são os principais espaços de cooperação e troca de informações
relativas ao negócio. Nestas, os sócios-proprietários participam mais do que os
funcionários.
Todos os projetos são desenvolvidos e analisados por interações conjuntas. A
engenharia de produto desenvolve e a tomada de decisão é feita em conjunto.
Externalização: São encorajadas opiniões, idéias e conversas informais antes
que decisões específicas sejam tomadas. Os funcionários são capazes de dizer qual a
meta e a missão da empresa, quando questionados.
90
A troca de idéias e as conversas informais acontecem praticamente durante todo
o tempo, o ambiente é de interação constante a respeito do produto e da
comercialização. Os funcionários ainda não aprimoraram seus conhecimentos em cursos
e treinamentos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões e (ou) alguma
informação nova são arquivados em relatórios, mas a maioria são processos informais.
Os funcionários são estimulados a trocar conhecimento através da comunicação
computadorizada, por meio de emails.
Internalização: Os funcionários apresentam mais know how técnico, são mais
especialistas do que generalistas.
A empresa acredita que um sistema de informações mais completo seria útil para
saber o que acontece no mercado externo, o que os concorrentes estão fazendo, qual a
proximidade com clientes e para troca de informações em geral.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de orientação: de novas informações como forma de
descobrir o que está acontecendo. pouca necessidade de elucidar informações para
checar se estão no caminho certo, e funciona como um feedback de clientes. pouca
necessidade de informações para formar opinião ou resolver um determinado problema.
Comunicação: Os canais de comunicação mais utilizados na empresa e que
possuem um caráter colaborativo e descentralizado são emails, intranet e site com
acesso restrito.
Aprendizagem: Para a empresa C, a observação de experiências vivenciadas
por outras organizações é importante para que os mesmos erros não sejam cometidos. A
incubação vem proporcionando vários benefícios, entre eles o auxílio em como abrir e
gerir uma empresa, diretrizes para a parte financeira, tributária, a ajuda de custos em
cursos e viagens para que a empresa possa divulgar os produtos. A incubadora
disponibiliza para a empresa consultores financeiros e de marketing que proporcionam
apoio e direção.
De acordo com os registros apresentados, o quadro 13 traz os principais fatores
propulsores e restritivos da empresa C:
91
Fatores propulsores
Fatores restritivos
A troca de idéias e as conversas
informais acontecem praticamente
durante todo o tempo, o ambiente é de
interação constante a respeito do produto
e da comercialização.
São encorajadas opiniões antes que
decisões específicas sejam tomadas
As reuniões, assembléias, conferências e
confraternizações são os principais
espaços de cooperação e troca de
informações relativas ao negócio.
Os funcionários são estimulados a trocar
conhecimento através da comunicação
computadorizada
O sistema informatizado traz apenas
informações financeiras e não é
considerado o mais adequado para a
agilidade dos serviços.
Não existe um setor ou pessoa
específica responsável pela coleta de
informações
Os procedimentos operacionais dos
principais serviços não estão
documentados e padronizados
Existem somente pesquisas informais
sobre as informações do ambiente
externo
Somente os funcionários da engenharia
de produto sabem imediatamente
quando algo importante acontece no
processo de desenvolvimento de
produtos
Quadro 13: Fatores propulsores e restritivos da empresa C
6.4 Empresa D
A empresa encontra-se em fase de incubação, instalada no parque tecnológico e
atua no setor de serviços especializados em automação industrial. Trata-se de uma
entidade que surgiu da política blica para institucionalizar a transferência de
tecnologia da academia para o setor produtivo.
Atualmente oferece serviços de projetos, fornecimento e gerenciamentos de
sistemas de automação em geral; projeto e fornecimento de centros de controle de
motores; manutenção de equipamentos elétricos industriais em geral; venda de
equipamentos eletro-eletrônicos destinados as indústrias em geral; desenvolvimento de
sistemas supervisórios; montagem de painéis elétricos em geral; comissionamento e
start up.
Com relação à GI, têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir da área de tecnologia, para as quais os
92
funcionários mais precisam de informação. A empresa não possui hoje um setor
específico responsável pela coleta de informações do ambiente externo, sendo que os
dois sócios trabalham nessa área.
A empresa acredita ter disponíveis e atualizadas as informações dos
procedimentos para uso diário dos funcionários e das principais áreas da empresa. A
empresa possui um sistema informatizado de informações que é no momento o mais
viável, porém não o considera o mais adequado para a agilidade dos serviços, estão
buscando esse aprimoramento.
Obtenção da informação: As informações coletadas sobre o ambiente externo
mais utilizadas são sobre clientes e dados de segmento de mercado. Estas são
consideradas informações cruciais, porém não são necessariamente redutores de
incerteza.
São feitas reuniões uma vez por semana, a fim de descobrir quais produtos e (ou)
serviços a empresa precisa no futuro. Ainda não existem e necessidade de pesquisas
dentro da organização sobre produtos e (ou) serviços que a empresa pode precisar.
Através de uma espécie de benchmarking informal, os funcionários são
direcionados a detectar mudanças fundamentais e preferências do mercado por produtos
e (ou) serviços. As fontes internas de informação (pessoais e documentais) são
consideradas as principais no processo de inovação tecnológica na empresa.
Distribuição da informação: A empresa não enxerga a necessidade de
encontros interdepartamentais para discutir tendências na indústria de serviços de
informação. Os encontros não são feitos por departamento, por se tratar de uma empresa
pequena. Ainda não são discutidas futuras necessidades de produtos ou serviços.
Somente os funcionários da engenharia de produto sabem imediatamente quando
algo importante acontece no processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços.
Utilização da informação: Não são produzidos documentos de ordem formal -
dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas. Os
procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais serviços não estão
documentados e padronizados. Ainda não existem critérios de qualidade de informação
na empresa.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: Grande parte dos projetos é desenvolvida e analisada por
interações conjuntas. O principal espaço de cooperação e troca de informações relativas
ao negócio é o próprio ambiente de trabalho.
93
Externalização: As conversas informais são encorajadas antes que decisões
específicas sejam tomadas. Os funcionários ainda não são capazes de dizer qual a meta
e a missão da empresa, quando questionados.
A troca de idéias e as conversas informais são estimuladas através de um café
diário, e são consideradas de grande importância nas reuniões, ajudam na condução dos
negócios e na resolução dos problemas coletivos.
A maior parte dos funcionários aprimora seus conhecimentos em palestras
proporcionadas pelo parque tecnológico e interagem em seguida com o grupo sobre os
conceitos aprendidos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões não é
freqüentemente registrado, apenas discutido. Os funcionários são estimulados a trocar
conhecimento através da comunicação computadorizada, por meio de MSN e skype.
Internalização: Os funcionários são mais especialistas, apresentam mais know
how técnico.
A empresa está buscando um sistema de informações que consiga viabilizar as
ações cooperadas, trazendo vantagens de facilitação na comunicação e de resgate de
informações.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de reorientação: necessidade de elucidar informações para
checar se a empresa está no caminho certo. Existe pouca necessidade de novas
informações como forma de descobrir o que está acontecendo e pouca necessidade de
informações para formar opinião ou resolver um determinado problema.
Comunicação: Os canais de comunicação mais utilizados na empresa e que
possuem um caráter colaborativo e descentralizado são emails e MSN.
Aprendizagem: A observação de experiências vivenciadas por outras empresas
é importante para verificar os erros e acertos e para nortear o caminho da empresa. A
incubação vem proporcionando vários benefícios, entre eles o amparo financeiro, o
contato com outras empresas na mesma fase de desenvolvimento, a aquisição do espaço
físico e o auxílio de consultores.
De acordo com os registros apresentados, o quadro a seguir traz os principais
fatores propulsores e restritivos da empresa D:
94
Fatores propulsores
Fatores restritivos
Grande parte dos projetos é
desenvolvida e analisada por interações
conjuntas.
O principal espaço de cooperação e
troca de informações relativas ao
negócio é o próprio ambiente de
trabalho
A troca de idéias e as conversas
informais são estimuladas diariamente,
ajudam na condução dos negócios e na
resolução dos problemas coletivos.
A maior parte dos funcionários aprimora
seus conhecimentos em palestras
proporcionadas pelo parque tecnológico
e interagem em seguida com o grupo
sobre os conceitos aprendidos.
Os funcionários são estimulados a trocar
conhecimento através da comunicação
computadorizada
O conhecimento novo adquirido em
reuniões não é registrado, apenas
discutido
O sistema de informações não é
considerado o mais adequado para a
agilidade dos serviços
Não são produzidos documentos de
ordem formal
Não existe um setor ou pessoa
específica responsável pela coleta de
informações
Ainda não existem
critérios de qualidade
de informação na empresa.
Os procedimentos operacionais (rotinas)
dos seus principais serviços não estão
documentados e padronizados
Não existem pesquisas dentro da
organização sobre produtos e (ou)
serviços que a empresa pode precisar
Quadro 14: Fatores propulsores e restritivos da empresa D
6.5 Empresa E
A empresa encontra-se em fase de incubação, está instalada no Parque
Tecnológico da cidade de São Carlos. Atua na área de automação residencial e predial.
O foco da empresa é alta tecnologia com baixo custo, desenvolve soluções nacionais
accessíveis para uma grande quantidade de pessoas, e combina design com tecnologia.
Foi fundada por físicos e engenheiros com o objetivo de popularizar a
automação de casas e prédios. Esta área, no Brasil, se encontrava restringida aos
imóveis de alto padrão, e conseqüentemente, aos mais favorecidos financeiramente.
Com relação à GI, têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir da área de tecnologia em equipamentos
eletrônicos, para a qual os funcionários mais precisam de informação. A organização
não possui hoje um setor ou pessoa específica responsável pela coleta de informações
95
do ambiente externo, sendo que somente uma pessoa se aproxima mais a este cargo, na
área de vendas.
As informações dos procedimentos para uso diário dos funcionários e das
principais áreas da empresa ainda não se encontram disponíveis e atualizadas. A
empresa não possui um sistema informatizado de informações, a intenção é solucionar o
problema com a implantação de um ERP.
Obtenção da informação: As informações coletadas sobre o ambiente externo
mais utilizadas são dados de segmento de mercado como estatísticas online sobre
pessoas idosas, lançamento de campanhas, clientes e novas linhas de fomento. Estes são
considerados redutores de incerteza para a organização.
São feitas reuniões semanalmente em conjunto com o sistema PRIME de
consultoria, fornecido pelo Parqtec, a fim de descobrir quais produtos e (ou) serviços a
empresa precisa no futuro. Existem pesquisas informais dentro da organização sobre
produtos e (ou) serviços que a empresa pode precisar, apenas investigações para
exportações no futuro
Através de entrevistas no âmbito das vendas, os funcionários são direcionados a
detectar mudanças fundamentais e preferências do mercado por produtos e (ou)
serviços. As fontes internas de informação (pessoais e documentais) são consideradas
essenciais para o processo de inovação tecnológica na empresa.
Distribuição da informação: A empresa tem encontros com os responsáveis
pela consultoria para discutir tendências na indústria de serviços de informação. Os
encontros não são feitos por departamento, por se tratar de uma empresa pequena.
Todos os funcionários sabem imediatamente quando algo importante acontece
no processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços.
Utilização da informação: São produzidos documentos de ordem formal -
dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas, apenas por
exigências da consultoria PRIME. Os procedimentos operacionais (rotinas) dos seus
principais serviços não estão documentados e padronizados. Ainda não existem critérios
de qualidade de informação na empresa. Esforços nesse sentido estão sendo realizados
com a busca da implantação do ERP.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: O próprio ambiente de trabalho é considerado o principal espaço
de cooperação e troca de informações relativas ao negócio. Não muita participação
96
em reuniões, assembléias e confraternizações proporcionadas pelo Parqtec. Grande
parte dos projetos é desenvolvida e analisada por interações conjuntas.
Externalização: Na organização, são encorajadas opiniões, idéias e conversas
informais antes que decisões específicas sejam tomadas. Todos os funcionários são
capazes de dizer qual a meta e a missão da empresa, quando questionados.
A troca de idéias e as conversas informais são estimuladas através de um café
diário, e são consideradas de grande importância nas reuniões, ajudam na condução dos
negócios e na resolução dos problemas coletivos.
Os funcionários aprimoram seus conhecimentos a cada ano geralmente por
cursos à distância e internet, interagindo em seguida com o grupo sobre os conceitos
aprendidos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões ainda não é
registrado, não há relatórios. Os funcionários ainda não são estimulados a trocar
conhecimento através da comunicação computadorizada, a comunicação é feita face a
face.
Internalização: Os funcionários apresentam mais know how técnico, são mais
especialistas do que generalistas.
A empresa acredita que a futura implantação do sistema ERP conseguirá
viabilizar as ações cooperadas, trazendo as vantagens de distribuição de informações
internas e facilidade de resgate de informações.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: Principalmente na parte de vendas, o que
acontece com mais freqüência e intensidade é a necessidade de reorientação:
necessidade de elucidar informações para checar se a empresa está no caminho certo.
Existe pouca necessidade de novas informações como forma de descobrir o que está
acontecendo e alguma necessidade de informações para formar opinião ou resolver um
determinado problema.
Comunicação: A conversa informal face a face ainda é considerada o canal de
comunicação mais utilizado na empresa.
Aprendizagem: A empresa E surgiu a partir de outra empresa antes incubada no
parque. A observação da atuação desta foi de grande importância. A incubação vem
proporcionando rios benefícios, entre eles o apoio na divulgação do produto e
consultoria.
97
De acordo com os registros apresentados, o quadro 15 traz os principais fatores
propulsores e restritivos da empresa E:
Fatores propulsores
Fatores restritivos
Os funcionários aprimoram seus
conhecimentos por cursos à distância
interagindo em seguida com o grupo
sobre os conceitos aprendidos.
Grande parte dos projetos é
desenvolvida e analisada por interações
conjuntas. O principal espaço de
cooperação e troca de informações
relativas ao negócio é o próprio
ambiente de trabalho.
A troca de idéias e as conversas
informais acontecem praticamente
durante todo o tempo, o ambiente é de
interação constante.
A empresa não possui um sistema
informatizado de informações
As informações dos procedimentos para
uso diário dos funcionários e das
principais áreas da empresa ainda não se
encontram disponíveis e atualizadas.
São produzidos documentos de ordem
formal apenas por exigências da
consultoria.
Os procedimentos operacionais (rotinas)
dos seus principais serviços não estão
documentados e padronizados.
Quadro 15: Fatores propulsores e restritivos da empresa E
6.6 Empresa F
A empresa encontra-se graduada, passou recentemente pela fase de incubação no
Parque Tecnológico de São Carlos. Dedica-se ao desenvolvimento e produção de
equipamentos eletrônicos. Neste segmento destacam-se instrumentos e sistemas
utilizados em automação e controle industrial, laboratórios, universidades, centros de
pesquisa, indústria de cerâmica vermelha, supervisão e controle de temperatura, etc.
Além dos equipamentos com marca própria, a empresa tem atuado no
desenvolvimento e produção de circuitos eletrônicos para fabricantes de equipamentos
odontológicos, máquinas de sorvete, controladores de ambiente para granjas, máquinas
agrícolas e outros.
No setor de serviços, presta-se ao desenvolvimento de circuitos eletrônicos sob
encomenda, desenvolvimento de softwares para monitoração e controle de processos,
produção e montagem de placas de circuitos eletrônicos acompanhadas de ajustes e
98
testes funcionais. Com sede própria, conta com departamentos de engenharia,
desenvolvimento de softwares, produção, suporte técnico e vendas técnicas.
Com relação à GI, têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação no segmento da empresa é dada a partir da área de tecnologia,
no início das atividades, que prestavam serviços de engenharia. Recentemente surgiu
a necessidade de informações para a área de inovação e criação de produtos.
A organização possui hoje uma pessoa específica responsável pela coleta de
informações do ambiente externo, sendo este um dos sócios.
A disponibilidade de informações dos procedimentos para uso diário dos
funcionários e das principais áreas da empresa é imediata, a atualização também se
imediatamente com a chegada de um equipamento novo.
A empresa possui um sistema informatizado de informações que é no momento
o mais viável, porém não o considera o mais adequado para a agilidade dos serviços.
Uma nova adequação está sendo buscada, a empresa vem tentando implantá-lo há quase
dois anos.
Obtenção da informação: As informações coletadas sobre o ambiente externo
utilizadas são provenientes de participações em feiras para saber o que acontece na área
e informação sobre clientes. A empresa sente falta de informação na área técnica.
São raras as reuniões e os momentos a fim de descobrir quais produtos e (ou)
serviços a empresa pode precisar no futuro. A empresa vive “apagando fogo”.
Existem pesquisas dentro da organização sobre produtos e (ou) serviços que a
empresa pode precisar, um dos sócios é responsável pela projeção de produtos.
Os funcionários encontram dificuldades em detectar mudanças fundamentais e
preferências do mercado por produtos e (ou) serviços; são relutantes a mudanças. Não
conseguiram modificar o sistema de informação antigo, uma vez que os funcionários
estavam habituados. As fontes internas de informação (pessoais e documentais) são
consideradas importantes para o processo de inovação tecnológica na empresa.
Distribuição da informação: A empresa tem a necessidade de encontros
interdepartamentais semanalmente para discutir onde existem mais problemas, grande
parte deles é relacionada ao estoque.
As informações de algo importante que acontece no processo de
desenvolvimento de produtos e (ou) serviços passam primeiro pela engenharia de
99
produto, a distribuição é gradativa, o restante dos funcionários não sabe digerir essa
informação.
Utilização da informação: É pouca a produção de documentos de ordem formal
- dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas. Os
procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais serviços não estão
corretamente padronizados devido à tentativa de implantação de um sistema novo.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: Não existem reuniões, assembléias, conferências ou
confraternizações como espaços de cooperação e troca de informações relativas ao
negócio.
Os projetos não são desenvolvidos e analisados por interações conjuntas, a parte
física é dividida e distribuída.
Externalização: Na organização, são encorajadas opiniões antes que decisões
específicas sejam tomadas. Em algumas áreas, os funcionários são capazes de dizer qual
a meta e a missão da empresa, quando questionados. Não são todas.
A troca de idéias e as conversas informais não são estimuladas. Um dos
funcionários aprimora seus conhecimentos em um curso de pós graduação e interage em
seguida com o grupo sobre os conceitos aprendidos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões ainda não é
registrado. Os funcionários não são estimulados a trocar conhecimento através da
comunicação computadorizada. A comunicação que era feita é desnecessária.
Internalização: Os funcionários são mais generalistas do que especialistas.
A empresa acredita que o sistema de informações que está tentando implantar
possibilitará vantagens como a composição do preço de produto, uma vez que trabalham
com preço cotado em dólar, e perdem muito tempo com cálculos de margem de lucro.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de construção: necessidade de informações para formar
opinião ou resolver um determinado problema, considerada falha da empresa (“apagar
fogo”). Existe pouca necessidade de elucidar informações para checar se a empresa está
no caminho certo, e pouca necessidade de novas informações como forma de descobrir
o que está acontecendo.
100
Comunicação: O canal de comunicação de caráter colaborativo e
descentralizado mais utilizado na empresa (80%) é o telefone. Com relação à internet
estima-se 20%.
Aprendizagem: Para a empresa F, a observação de experiências vivenciadas por
outras empresas durante a incubação no Parqtec foi importante, que estas falavam de
problemas por eles também enfrentados. Entre os benefícios proporcionados pela
incubação, são destacados apenas o espaço físico, a sala e o telefone. A empresa F não
teve oportunidade de desfrutar dos serviços de consultoria, não existiam conferências e
assembléias.
De acordo com os registros apresentados, o quadro 16 traz os principais fatores
propulsores e restritivos da empresa F:
Fatores propulsores
Fatores restritivos
A organização possui uma pessoa
específica responsável pela coleta de
informações do ambiente externo.
A disponibilidade de informações dos
procedimentos para uso diário dos
funcionários e das principais áreas da
empresa é imediata, a atualização
também se dá imediatamente com a
chegada de um equipamento novo.
A empresa possui um sistema
informatizado de informações que é no
momento o mais viável.
Existem pesquisas dentro da
organização sobre produtos e (ou)
serviços que a empresa pode precisar.
Não existem reuniões, assembléias,
conferências ou confraternizações como
espaços de cooperação e troca de
informações relativas ao negócio. São
raras as reuniões e os momentos a fim
de descobrir quais produtos e (ou)
serviços a empresa pode precisar no
futuro.
Os projetos não são desenvolvidos e
analisados por interações conjuntas.
A troca de idéias e as conversas
informais não são estimuladas. Os
funcionários não são estimulados a
trocar conhecimento através da
comunicação computadorizada.
.
Quadro 16: Fatores propulsores e restritivos da empresa F
6.7 Empresa G
A empresa encontra-se graduada, passou recentemente pela fase de incubação no
Parque Tecnológico de São Carlos. Foi fundada por pesquisadores e seu corpo técnico é
formado por engenheiros mecatrônicos com experiência no desenvolvimento de
sistemas automatizados para controle de fábrica e monitoramento de processos.
101
Atualmente vem atuando com o estado da arte das ferramentas computacionais
na área de automação industrial, oferecendo soluções de software e hardware para
atender a todos os requisitos de instrumentação e controle industrial. Com experiência
no ambiente de chão de fábrica, os engenheiros visam entender as necessidades do
cliente e elaborar soluções customizadas para cada caso.
A empresa oferece soluções de ciência e tecnologia aplicadas a dois níveis de
automação industrial: nível básico de monitoramento e controle de equipamentos e
máquinas; e nível de sistemas de TI para o gerenciamento de dados do chão de fábrica.
Com relação à GI, têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir de duas grandes áreas: inovação e tecnologia,
para as quais os funcionários mais precisam de informação. A organização não possui
hoje um setor específico responsável pela coleta de informações do ambiente externo,
sendo que as informações estratégicas e não técnicas cabem ao trabalho dos dois sócios,
e as informações técnicas são identificadas individualmente pelos funcionários.
A disponibilidade e atualização de informações dos procedimentos para uso
diário dos funcionários e das principais áreas da empresa é imediata, a empresa fez um
trabalho em conjunto com a USP para organizá-las.
A empresa G possui um sistema informatizado de informações (criação própria)
não elaborado. Sempre concentram esforços na tentativa de simplificá-lo para torná-lo
mais ágil.
Obtenção da informação: As informações coletadas sobre o ambiente externo
mais utilizadas são de cunho estratégico, no setor de produtos para área médica. Estas
são consideradas redutores de incerteza para a organização.
São feitas reuniões informais a cada semana, a fim de descobrir quais produtos e
(ou) serviços a empresa possa precisar no futuro. Existem pesquisas dentro da
organização na área de produto, denominadas prospectos de mercado futuro. Ainda não
existem pesquisas dentro da organização na área de serviços.
Os funcionários ainda não são direcionados a detectar mudanças fundamentais e
preferências do mercado na área de serviços, isso ocorre apenas na área de produtos. As
fontes internas de informação (pessoais e documentais) são consideradas essenciais para
o processo de inovação tecnológica na empresa.
102
Distribuição da informação: A empresa não tem encontros interdepartamentais
para discutir tendências na indústria de serviços de informação. Os encontros são feitos
em sua maioria pelo departamento P&D e são considerados encontros informais.
Todos os funcionários sabem imediatamente quando algo importante acontece
no processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços.
Utilização da informação: São produzidos e registrados documentos de ordem
formal - dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas. Uma
pequena parte dos procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais serviços está
documentada e padronizada, em sua maioria da área administrativa.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: O próprio ambiente de trabalho é considerado o principal espaço
de cooperação e troca de informações relativas ao negócio. Grande parte dos projetos é
desenvolvida e analisada por interações conjuntas, o primeiro contato parte dos dois
sócios.
Externalização: São encorajadas opiniões, idéias e conversas informais antes
que decisões específicas sejam tomadas através de questionamentos de projetos em
ambiente aberto. Os funcionários ainda não são capazes de dizer qual a meta e a missão
da empresa, quando questionados.
Os funcionários aprimoram seus conhecimentos cursos de pós graduação
oferecidos pela USP e interagem em seguida com o grupo sobre os conceitos
aprendidos.
Combinação: Existe uma ata de reuniões para registrar o conhecimento novo
adquirido. Os funcionários são estimulados a trocar conhecimento através da
comunicação computadorizada, por meio do servidor, área comum de troca de
informações sobre projetos.
Internalização: Os funcionários são mais generalistas do que especialistas.
A empresa acredita que o sistema de informações consegue viabilizar as ações
cooperadas, trazendo as vantagens de cruzamento de dados dos projetos através do
sistema.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de orientação: necessidade de novas informações como
forma de descobrir o que está acontecendo (projetos novos). Existe pouca necessidade
103
de reorientação para elucidar informações para checar se a empresa está no caminho
certo. Existe pouca necessidade informações para formar opinião ou resolver um
determinado problema.
Comunicação: Os canais de comunicação mais utilizados na empresa e que
possuem um caráter colaborativo e descentralizado são a intranet e as conversas diretas.
Aprendizagem: A empresa G aprendeu com o contato e a observação de
experiências vivenciadas por outras empresas graduadas. A incubação proporcionou
vários benefícios, entre eles os serviços de consultoria e o aprendizado com as
experiências das empresas juntamente incubadas.
De acordo com os registros apresentados, o quadro 17 traz os principais fatores
propulsores e restritivos da empresa G:
Fatores propulsores
Fatores restritivos
A disponibilidade e a atualização de
informações dos procedimentos para uso
diário dos funcionários e das principais
áreas da empresa são imediatas.
A empresa possui um sistema
informatizado de informações (criação
própria).
Existem pesquisas dentro da
organização na área de produto.
Todos os funcionários sabem
imediatamente quando algo importante
acontece no processo de
desenvolvimento de produtos e (ou)
serviços.
São produzidos e registrados
documentos de ordem formal.
Os funcionários ainda não são capazes
de dizer qual a meta e a missão da
empresa, quando questionados.
A empresa não tem encontros
interdepartamentais para discutir
tendências na indústria de serviços de
informação. Os encontros são feitos em
sua maioria pelo departamento P&D e
são considerados encontros informais.
Os funcionários ainda não são
direcionados a detectar mudanças
fundamentais e preferências do mercado
na área de serviços, o que ocorre apenas
na área de produtos.
Não existem pesquisas dentro da
organização na área de serviços.
Quadro 17: Fatores propulsores e restritivos da empresa G
6.8 Empresa H
A empresa encontra-se graduada, passou recentemente pela fase de incubação no
Parque Tecnológico de São Carlos. Produz e desenvolve soluções com materiais
104
inteligentes para organizações inovadoras. Traz da universidade, onde teve a sua
origem, a motivação para produzir materiais inteligentes. Alinha-se com empresas de
todo o mundo para criar produtos que transformam o conhecimento em soluções que
agregam valor econômico aos seus clientes. Apoiada firmemente em instituições e
centros de pesquisa nacionais e internacionais, cria produtos dentro dos princípios da
sustentabilidade para melhorar os negócios e a qualidade de vida dos seus usuários. Na
forma de processos, insumos, dispositivos e equipamentos, esses produtos podem ser
adotados por inúmeras indústrias.
Com relação à GI, têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir de duas grandes áreas: inovação e tecnologia,
para as quais os funcionários mais precisam de informação. A organização possui hoje
um departamento de TI e uma pessoa específica responsável pela coleta de informações
do ambiente externo.
A disponibilidade e atualização de informações dos procedimentos para uso
diário dos funcionários e das principais áreas da empresa é imediata. A empresa possui
um sistema informatizado de informações e o considera o mais adequado para a
agilidade dos serviços.
Obtenção da informação: As principais informações coletadas sobre o
ambiente externo utilizadas são novas tecnologias, potenciais clientes, novas linhas de
fomento, dados de mercado externo, cotação de dólar e perspectivas de mercado. Estes
são considerados redutores de incerteza para a organização.
São feitas reuniões a cada mês a fim de descobrir quais produtos e (ou) serviços
a empresa precisa no futuro. Existem pesquisas dentro da organização sobre produtos e
(ou) serviços que a empresa pode precisar. A atualização constante sobre novas
tecnologias é feita por uma equipe multidisciplinar interna por um comitê científico,
bem como pela ajuda externa prestada pela rede de instituições parceiras que mantém.
Os funcionários ainda não são direcionados a detectar mudanças fundamentais e
preferências do mercado por produtos e (ou) serviços. As fontes internas de informação
(pessoais e documentais) são consideradas essenciais para o processo de inovação
tecnológica na empresa.
Distribuição da informação: São realizados a cada mês encontros
interdepartamentais para discutir tendências na indústria de serviços de informação. Os
105
funcionários da engenharia de produto são os primeiros a saber quando algo importante
acontece no processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços.
Utilização da informação: São produzidos documentos de ordem formal -
dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas, armazenados em
um banco de dados. Os procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais
serviços estão documentados e padronizados.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: O próprio ambiente de trabalho é considerado o principal espaço
de cooperação e troca de informações relativas ao negócio. A totalidade dos projetos é
desenvolvida e analisada por interações conjuntas.
Externalização: Na organização, não são encorajadas opiniões e idéias antes
que decisões específicas sejam tomadas. Nem todos os funcionários são capazes de
dizer qual a meta e a missão da empresa, quando questionados.
A troca de idéias é estimulada apenas em reuniões formais e ajudam na
condução dos negócios e na resolução dos problemas coletivos.
Os funcionários aprimoraram seus conhecimentos em palestras proporcionadas
pelo parque tecnológico, cursos e treinamentos, interagindo em seguida com o grupo
sobre os conceitos aprendidos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões não é
freqüentemente registrado. Os funcionários são estimulados a trocar conhecimento
através da comunicação computadorizada, por meio de intranet.
Internalização: Os funcionários apresentam mais know how técnico, são mais
especialistas do que generalistas.
A empresa acredita que o sistema de informações vigente consegue viabilizar as
ações cooperadas, trazendo as vantagens de agilidade, organização, registro e facilidade
de resgate de informações.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de novas informações como forma de descobrir o que está
acontecendo Existe pouca necessidade de elucidar informações para checar se a
empresa está no caminho certo e pouca necessidade de informações para formar opinião
ou resolver um determinado problema.
106
Comunicação: Os canais de comunicação mais utilizados na empresa e que
possuem um caráter colaborativo e descentralizado são emails, intranet e MSN.
Aprendizagem: Para a empresa H, a observação de experiências vivenciadas
por outras empresas é importante para nortear o caminho a ser seguido. A incubação
proporcionou vários benefícios, entre eles o reconhecimento dado a empresas
inovadoras no país, o amparo financeiro, o contato com outras empresas na mesma fase
de desenvolvimento e o acesso aos serviços de consultoria em TI.
De acordo com os registros apresentados, o quadro 18 traz os principais fatores
propulsores e restritivos da empresa H:
Fatores propulsores
Fatores restritivos
A organização possui hoje um
departamento de TI e uma pessoa
específica responsável pela coleta de
informações do ambiente externo.
A disponibilidade e atualização de
informações dos procedimentos para uso
diário dos funcionários e das principais
áreas da empresa é imediata.
A empresa possui um sistema
informatizado de informações e o
considera o mais adequado para a
agilidade dos serviços.
São produzidos documentos de ordem
formal e armazenados em um banco de
dados. Todos os procedimentos
operacionais (rotinas) dos seus
principais serviços estão documentados
e padronizados.
A troca de idéias e as opiniões são
estimuladas apenas em reuniões formais.
O conhecimento novo adquirido em
reuniões não é freqüentemente
registrado.
Nem todos os funcionários são capazes
de dizer qual a meta e a missão da
empresa, quando questionados.
Não são encorajadas opiniões e idéias
antes que decisões específicas sejam
tomadas.
Quadro 18: Fatores propulsores e restritivos da empresa H
6.9 Empresa I
A empresa encontra-se graduada, passou recentemente pela fase de incubação no
Parque Tecnológico de São Carlos. É a formalização do trabalho conjunto de
pesquisadores e técnicos do Instituto de Física do Campus da USP de São Carlos.
Aprofunda-se nas diversas áreas de atuação, tais como: óptica de precisão, filmes finos
especiais, projetos, aplicações médicas e industriais a laser, etc.
T
em em sua política da
107
qualidade uma proposta em nível estratégico, que dirige as realizações em seus
mercados de atuação, enfatizando ações que inovem e que melhorem a qualidade dos
seus produtos e sistemas no contexto da ótica.
O foco de atuação leva em consideração os fatores essenciais que condicionam o
crescimento da empresa nesses mercados, entre eles, os requisitos regulamentares
nacionais e internacionais e as necessidades dos clientes, sendo que estes até pelo seu
grau de sofisticação demandam produtos não somente eficazes, mas seguros, duráveis e
muitas vezes personalizados.
A empresa ainda coopera e desenvolve negócios com
parceiros aproveitando-se da experiência e da tecnologia desenvolvidas nos diversos
programas e projetos da divisão de gestão, engenharia da qualidade e assuntos
regulatórios, tanto para viabilizar registros, homologações ou certificações em outros
países tanto quanto no caminho inverso, quanto atuando para viabilizar ações similares
no Brasil para produtos de parceiros do exterior.
Com relação à gestão da informação (GI) têm-se os seguintes registros:
Determinação das exigências de informação: A identificação de novas
exigências de informação é dada a partir de três grandes áreas: desenvolvimento de
projetos, inovação e tecnologia, para as quais os funcionários mais precisam de
informação. A organização possui um setor de P&D que nasceu junto com a empresa,
considerado o principal fator de competitividade da mesma, responsável pela coleta de
informações do ambiente externo (seguem o modelo do marketing voltado para o
mercado).
A disponibilidade e atualização de informações dos procedimentos para uso
diário dos funcionários e das principais áreas da empresa é imediata. A empresa possui
um sistema informatizado de informações que é considerado o mais adequado para a
agilidade dos serviços.
Obtenção da informação: As informações coletadas sobre o ambiente externo
mais utilizadas são linhas internacionais de produtos industriais a laser na medida em
que as diversas aplicações de seus produtos a laser exigem adaptações constantes para a
solução dos problemas de cada cliente. Essas informações são armazenadas em um
software. Existe um constante aprimoramento dos produtos e expansão de suas
utilidades. Estes são considerados redutores de incerteza para a organização.
Juntamente com uma empresa terceirizada, são feitas reuniões a cada mês a fim
de descobrir quais produtos a empresa pode precisar no futuro. Através dessas reuniões,
foram criadas pesquisas dentro da organização sobre produtos que a empresa pode
108
precisar, bem como de prospecção de mercado. Os funcionários de P&D e vendedores
são direcionados a detectar mudanças fundamentais e preferências do mercado por
produtos. As fontes internas de informação (pessoais e documentais) são consideradas
importantes para o processo de inovação tecnológica na empresa.
Distribuição da informação: A empresa tem encontros interdepartamentais
uma vez por mês, para discutir tendências na indústria de serviços de informação. A
maioria dos funcionários sabe imediatamente quando algo importante acontece no
processo de desenvolvimento de produtos e (ou) serviços. Esta informação fica
disponível em um blog interno.
Utilização da informação: São produzidos documentos de ordem formal -
dados de desempenho operacional ou outras informações quantitativas. Estes
documentos são encaminhados para os funcionários na forma de circulares. Os
procedimentos operacionais (rotinas) dos seus principais serviços estão documentados e
padronizados.
Com relação à criação de conhecimento, têm-se os seguintes registros:
Socialização: Workshops são realizados com bastante freqüência, compostos
por representantes de vários setores da empresa. A maioria dos projetos é desenvolvida
e analisada por interações conjuntas.
Externalização: Não são encorajadas opiniões, idéias e conversas informais
antes que decisões específicas sejam tomadas. Todos os funcionários são capazes de
dizer qual a meta e a missão da empresa, quando questionados. Na entrada dos
departamentos encontra-se um painel com metas, missões e valores.
Os funcionários buscam constante atualização e aprimoram seus conhecimentos
em palestras proporcionadas pelas universidades, e por projetos de iniciação científica,
há pouca interação em seguida com o grupo sobre os conceitos aprendidos.
Combinação: O conhecimento novo adquirido em reuniões é freqüentemente
registrado em relatórios. Os funcionários são estimulados a trocar conhecimento através
da comunicação computadorizada, por meio de um blog interno de acesso restrito.
Internalização: Os funcionários apresentam mais know how técnico, são mais
especialistas do que generalistas. A empresa acredita que o sistema de informações
vigente, bem como os softwares ERP e CRM conseguem viabilizar as ações cooperadas,
trazendo as vantagens de interação com toda a empresa.
Com relação aos três aportes (resultantes da relação entre GI e criação de
conhecimento), têm-se os seguintes registros:
109
Necessidades informacionais: O que acontece com mais freqüência e
intensidade é a necessidade de reorientação: necessidade de elucidar informações
(principalmente de mercado externo) para checar se a empresa está no caminho certo.
Existe pouca necessidade de novas informações como forma de descobrir o que está
acontecendo no país, que a empresa não possui concorrentes diretos e alguma
necessidade de informações para formar opinião ou resolver um determinado problema.
Comunicação: O canal de comunicação mais utilizado na empresa e que possui
um caráter colaborativo e descentralizado é o BLOG interno, que se encontra na página
principal da empresa.
Aprendizagem: Para a empresa I, a observação de experiências vivenciadas por
outras empresas durante a incubação foi importante para que os mesmos erros não
fossem cometidos. Existe hoje a observação de empresas estrangeiras, que pouca
concorrência nacional. A incubação proporcionou vários benefícios, entre eles o espaço
físico, o contato com outras empresas na mesma fase de desenvolvimento e o acesso aos
serviços de consultoria fora da área técnica.
De acordo com os registros apresentados, o quadro a seguir traz os principais
fatores propulsores e restritivos da empresa I:
Fatores propulsores
Fatores restritivos
Existem pesquisas dentro da organização
sobre produtos que a empresa pode precisar
São produzidos documentos de ordem formal
que são encaminhados para os funcionários
na forma de circulares.
Os procedimentos operacionais (rotinas) dos
seus principais serviços estão documentados
e padronizados.
A disponibilidade e atualização de
informações dos procedimentos para uso
diário dos funcionários e das principais áreas
da empresa é imediata.
A empresa possui um sistema informatizado
de informações que é considerado o mais
adequado para a agilidade dos serviços.
A organização possui um setor de P&D
responsável pela coleta de informações do
ambiente externo.
Não são encorajadas opiniões, idéias e
conversas informais antes que decisões
específicas sejam tomadas.
Quadro 19: Fatores propulsores e restritivos da empresa I
110
6.10 Análise comparativa dos dados
Os procedimentos da gestão da informação e o modelo SECI de criação de
conhecimento foram o foco de estudo do presente trabalho. Apresenta-se a seguir uma
análise mais aprofundada, que tem por objetivo comparar os registros coletados das
nove empresas com base nas variáveis de pesquisa.
6.10.1 Comparações sobre gestão da informação
Os processos da GI podem ser observados como predominantes nos fatores
propulsores das empresas graduadas F, G, H e I e nos fatores restritivos das empresas
incubadas A, B, C, D e E. As tabelas a seguir trazem uma síntese dos grandes temas
estudados e dos registros obtidos. Conforme tabela 3, verificam-se as comparações das
nove empresas com relação à determinação de exigências de informação. Nesta, foram
ressaltadas as áreas para as quais os funcionários mais precisam de informações,
questionando-se ainda a disponibilidade e atualização das informações para
procedimentos diários; se o sistema de informações vigente é adequado para a agilidade
dos serviços e se a empresa possui um setor ou pessoa específica para o processamento
de informações externas:
Tabela 3: Comparação da determinação das exigências de informação nas empresas
DETERMINAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DE INFORMAÇÃO
Combinar e conhecer as necessidades e exigências de informação das pessoas que as
necessitam
Teoria
Inovação e
tecnologia
Sistema de
informações
Disponibilidade/atualização Setor ou pessoa específica
Empresa
A
X X
Empresa
B
X X X
Empresa
C
X X X
Empresa
D
X X X
Empresa
E
X
Empresa
F
X X X X
Empresa
G
X X X
Empresa
H
X X X X
Empresa
I
X X X X
111
Vale ressaltar que as empresas A, B, D e F possuem um sistema de informações
viável, porém não é considerado o mais adequado para a agilidade dos serviços. O
sistema da empresa C diz respeito a informações financeiras. Apenas a empresa E
não possuía nenhum sistema.
A disponibilidade e atualização das informações acontecem na maioria das
empresas. Na empresa C, apenas as informações sobre capital, custo de produção, de
vendas e despesas estão atualizadas.
Apenas as empresas F, H e I possuem um setor ou pessoa específica para a
coleta de informações sobre o ambiente externo.
A tabela 4 traz a comparação da obtenção da informação nas empresas. Nesta,
foram ressaltadas as fontes internas e externas de informação, se orientação por parte
dos funcionários para detectar mudanças específicas no setor e preferências por
produtos ou serviços, bem como se são realizadas reuniões freqüentes para discutir o
que a empresa pode precisar no futuro:
OBTENÇÃO DA INFORMAÇÃO
Obter a informação analisando seu conteúdo de forma a estabelecer os níveis de
qualidade, segurança e confiabilidade. Os usuários obtêm informações diferentes
fontes, formais e informais.
Teoria
Reuniões sobre
futuro
Orientação p/
detectar
mudanças
Fontes internas
Pesquisas / fontes externas
Empresa A
X X
Empresa B
X X X
Empresa C
X X X
Empresa D
X X X
Empresa E
X X X
Empresa F
X X
Empresa G
X X X X
Empresa H
X X X
Empresa I
X X X X
Tabela 4: Comparação da obtenção da informação nas empresas
As pesquisas feitas nas empresas C e E sobre produtos que a empresa pode
precisar são feitas informalmente. A Empresa F faz pesquisas sobre projeção de
112
produtos, e a empresa G possui pesquisas somente na área de produtos, o que não
acontece na área de serviços.
A empresa F encontra dificuldades em orientar seus funcionários para detectar
mudanças fundamentais e preferências do mercado por produtos. A empresa I orienta o
departamento de P&D e vendedores. Apenas nas empresas C e F não são feitas reuniões
a fim de descobrir quais produtos ou serviços podem-se precisar no futuro.
A tabela 5 traz a comparação da obtenção da informação nas empresas. Nesta,
foram questionadas se existem encontros interdepartamentais, se as informações sobre o
desenvolvimento de um novo produto é distribuída imediatamente, se são produzidos
documentos de ordem quantitativa e formal e se as rotinas estão documentadas e
padronizadas:
Tabela 5: Comparação da distribuição e da utilização da informação nas empresas
Nas empresas C, D, F e H, os funcionários da engenharia de produto são os
primeiros a saber quando algo importante acontece no processo de desenvolvimento de
produtos e (ou) serviços. A empresa G tem documentadas e padronizadas as rotinas
apenas da área administrativa. Na empresa E, são produzidos documentos de ordem
DISTRIBUIÇÃO E UTILIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Disseminar a informação ao grupo que a necessita. A interação humana nessa fase pode
aumentar o valor estratégico da informação. A utilização tem caráter bastante pessoal, é
a maneira com que o profissional absorve e digere informações.
Teoria
Encontros
interdepartamentais
Info. imediata
sobre
desenvolvimento
de produtos
Documentos de
ordem formal
Rotinas documentadas e
padronizadas
Empresa
A
X
Empresa
B
X X X X
Empresa
C
X X
Empresa
D
X X
Empresa
E
X X
Empresa
F
X X X
Empresa
G
X X X
Empresa
H
X X X X
Empresa
I
X X X X
113
formal apenas por exigências da consultoria que recebe. Os encontros para discutir
tendências na indústria de serviços de informação são considerados interdepartamentais
nas empresas D, F, H e I. Nas empresas B e C, esses encontros também são realizados,
porém entre os funcionários, de forma não departamentalizada, por se tratar de empresas
pequenas. A empresa E só realiza esse tipo de encontro com a consultoria.
6.10.2 Comparações sobre criação de conhecimento
Os processos de socialização, de externalização, de combinação e de
internalização do conhecimento podem ser observados como predominantes nos fatores
propulsores das empresas incubadas A, B, C, D e E. As tabelas a seguir trazem uma
síntese dos grandes temas estudados e dos registros obtidos. Conforme tabela 6,
verificam-se as comparações das nove empresas com relação à socialização e à
externalização do conhecimento. Nesta, foram ressaltadas a cooperação no ambiente de
trabalho, questionando-se se os projetos são em grande parte provenientes de interações
conjuntas, se as opiniões são encorajadas antes que decisões específicas sejam tomadas,
e se há estímulo diário a conversas informais.
Tabela 6: Comparação da socialização e externalização do conhecimento nas empresas
SOCIALIZAÇÃO E EXTERNALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Conversão de parte do conhecimento tácito de uma pessoa no conhecimento tácito de
outra pessoa.
Conversão de parte do conhecimento tácito do indivíduo em algum tipo de
conhecimento explícito.
Teoria
Ambiente de
trabalho -
cooperação
Projetos de
interações
conjuntas
Opiniões
encorajadas
antes de
decisões
Estímulo diário a
conversas informais
Empresa A
X X X X
Empresa B
X X X X
Empresa C
X X X X
Empresa D
X X X X
Empresa E
X X X X
Empresa F
X
Empresa G
X X X
Empresa H
X X
Empresa I
X X
114
Nas empresas A, B, C, D e E, o próprio ambiente de trabalho é considerado o
principal espaço de cooperação e troca de informações relativas aos negócios. Em todas
estas, grande parte dos projetos é desenvolvida e analisada por interações conjuntas.
Percebe-se também que nas empresas F, G, H e I, as conversas informais não são
estimuladas diariamente. Já nas empresas H e I, não são encorajadas opiniões, idéias e
questionamentos antes que decisões específicas sejam tomadas.
Conforme tabela 7, verificam-se as comparações das nove empresas com relação
à combinação e à internalização do conhecimento. Nesta, foram ressaltadas a
comunicação computadorizada, o conhecimento novo registrado, os funcionários com
maior know how técnico, e o sistema de informação que viabiliza as ações cooperadas:
Tabela 7: Comparação da combinação e internalização do conhecimento nas empresas
Na empresa B, o conhecimento novo adquirido em reuniões que é
freqüentemente registrado em atas carece de indexação e padronização. Na empresa C,
esse conhecimento é registrado em relatórios que também não são indexados,
considerados processos informais. Na empresa D, o conhecimento novo é apenas
discutido.
COMBINAÇÃO E INTERNALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Conversão de algum tipo de conhecimento explícito gerado por um indivíduo para
agregá-lo ao conhecimento explícito da organização/
Conversão de partes do conhecimento explícito da organização em conhecimento
tácito do indivíduo.
Teoria
Conhecimento
novo
registrado
Comunicação
computadorizada
Funcionários
com maior
know how
técnico
Sistema de info. que
viabilize ações cooperadas
Empresa A
X X X X
Empresa B
X X X
Empresa C
X X X
Empresa D
X X
Empresa E
X
Empresa F
Empresa G
X X X
Empresa H
X X X
Empresa I
X X X X
115
A comunicação computadorizada não é estimulada na empresa F. Na empresa E,
esta se através do face a face. A maioria das empresas possui mais funcionários
especialistas do que generalistas.
As empresas C, D, E e F estão buscando implantar um sistema de informações
que consiga viabilizar as ações cooperadas e que traga as vantagens de memória,
registro e facilidade de resgate de informações.
6.10.3 Comparações sobre necessidades informacionais, comunicação e
aprendizagem
As necessidades informacionais mais freqüentes foram as de reorientação:
necessidade de elucidar informações para checar se a empresa está no caminho certo
(encontradas nas empresas A, B, D, E e I). Encontrou-se nas empresas C, G e H maior
necessidade de orientação: de novas informações como forma de descobrir o que está
acontecendo no mercado. Na empresa F encontrou-se a necessidade de construção: de
informações para formar opinião ou resolver um determinado problema.
Com relação a instrumentos para a disseminação e o compartilhamento do
conhecimento, todas as empresas declararam que existem canais de comunicação que
possuem caráter colaborativo e descentralizado. Os principais encontrados nos registros
foram: intranet, skype, MSN, emails e blog interno.
Todas as empresas acreditam que a observação de experiências vivenciadas por
outras empresas durante o processo de incubação foi importante para que os mesmos
erros não fossem cometidos. Os principais benefícios do processo de incubação
encontrados nos registros foram: aparo financeiro, espaço físico, contato com outras
empresas na mesma fase de desenvolvimento, acesso aos serviços de consultoria, sala
de reuniões e reputação para potenciais clientes.
6.11 Propostas de melhores práticas para as empresas
Baseando-se na análise dos dados coletados nas entrevistas, nos fatores
propulsores e restritivos de cada empresa e nas tabelas que contêm a síntese da análise
comparativa dos casos, percebeu-se uma significativa distinção entre as empresas
recentemente graduadas e as empresas que ainda encontram-se na fase de incubação.
Nas empresas A, B, C, D e E, encontrou-se um maior nível de informalidade com
116
relação à gestão da informação. Nas empresas F, G, H e I, encontrou-se um menor
estímulo à criação de conhecimento. Por esse motivo, foram elaborados dois quadros
que contêm as principais sugestões de melhoria para as empresas, para as quais uma
maior atenção deve ser dada. O quadro 20 traz as propostas de melhores práticas para as
empresas A, B, C, D e E, com relação à determinação de exigências, obtenção,
distribuição e utilização da informação:
Empresas
A, B, C, D, E
Determinação de
exigências
Obtenção Distribuição Utilização
Propostas de
melhores
práticas
Designação de
funcionário
específico
responsável pela
coleta de
informações
e pesquisas sobre
produtos e (ou)
serviços que a
empresa pode
precisar
Produção e
controle de
documentos de
ordem formal;
preocupação com
a informalidade, a
disponibilidade e
atualização de
documentos
advindos de fontes
internas e externas
Implantação de
um sistema
informatizado de
informações que
seja considerado o
mais adequado
para a agilidade
dos serviços
Agrupamento e
sistematização de
documentos com
resultados e
aprendizados,
ligando-se a
outros
documentos de
interesses
relacionados
Quadro 20: Propostas de melhores práticas para as empresas incubadas A, B, C, D e E
O quadro 21 traz as propostas de melhores práticas para as empresas F, G, H e I,
com relação à socialização, externalização, combinação e internalização do
conhecimento:
Empresas
F, G, H, I
Socialização Externalização Combinação Internalização
Propostas de
melhores
práticas
Política interna de
incentivo às
reuniões,
encontros e
diálogos, inclusive
com pessoas
externas às
empresas, visando
a troca de
experiências e
aprendizados
Encorajamento de
opiniões, idéias e
conversas
informais antes
que decisões
específicas sejam
tomadas
Registro e
normalização do
formato do
conhecimento
novo adquirido em
reuniões. Maior
preocupação dos
funcionários com
esse tipo de
registro
Estudo de
documentos
advindos da
execução de
atividades e de
resultados da
empresa, bem
como relacionados
a fontes externas à
empresa
Quadro 21: Propostas de melhores práticas para as empresas graduadas F, G, H e I
117
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo apresenta os principais comentários e recomendações que
podem ser obtidos dos estudos de caso realizados. Como conseqüência dessa discussão,
comentam-se também o método adotado e a sua importância para a realização do
trabalho, algumas considerações finais sobre o problema e os objetivos de pesquisa e
por fim, inspirando-se parcialmente nas justificativas e nas limitações do estudo,
propõem-se sugestões para trabalhos futuros.
7.1 Considerações finais sobre os estudos de casos
Através da observação dos fatores propulsores e restritivos propostos na forma
de quadros que sintetizam os principais registros de cada empresa, verificou-se
claramente a seguinte distinção entre as empresas incubadas e as graduadas: um maior
nível de informalidade com relação à gestão da informação foi encontrado nas empresas
incubadas, e ao mesmo tempo, maiores estímulos à criação de conhecimento. nas
empresas graduadas, percebeu-se maior preocupação com a gestão da informação, que
aparece mais consolidada, ao passo que há menor estímulo à criação de conhecimento.
As diferenças nos resultados encontrados entre empresas incubadas e
recentemente graduadas são em grande parte devido ao ambiente de incubação, sendo
que a geração de conhecimentos passíveis de serem transformados em novos produtos e
processos está entre seus objetivos primordiais, proporcionando assim maiores
condições de aprendizagem para o desenvolvimento das empresas incubadas, e estas por
sua vez, têm a oportunidade de aprender em condições privilegiadas, criando novos
conhecimentos no desenvolvimento de produtos inovadores.
Nas empresas incubadas percebeu-se que existe maior preocupação com o
registro das informações quantitativas, e as informações qualitativas e informais,
embora detectadas pelas empresas, não possuem um tratamento diferenciado. As
empresas utilizam as informações disponíveis e nem sempre contam com todas as
informações necessárias. Valorizam-se as informações pessoais e informais. Quando
encontrados nestas, os sistemas de informações não são satisfatórios para um efetivo
gerenciamento estratégico da informação.
Diferentemente, nas empresas graduadas, faz-se uso de maiores fontes formais
de informação, e maior preocupação com a sua organização e padronização. Os
118
sistemas de informações encontrados foram considerados essenciais e satisfatórios para
as necessidades informacionais internas.
O processo inovador existente tanto nas empresas incubadas quanto nas
empresas graduadas deve ser direcionado por dois eixos conceituais: o envolvimento
dos indivíduos quanto à informação e o envolvimento quanto ao conhecimento. A
complexidade, quantidade e diversidade de informações exigidas atualmente
impossibilitam que profissionais possam individualmente dominar todos os
conhecimentos que permeiam a organização, tornando-se necessário o
compartilhamento de informações.
Através dos três aportes apresentados, o estudo procurou contribuir com
evidências de que uma estrutura organizacional flexível e o ambiente de incubação
estimula a criação de conhecimento. Buscou-se também salientar o valor que deve ser
conferido ao processamento de informações pelos indivíduos. Tanto a informação
quanto o conhecimento são relacionais na medida em que dependem da transmissão de
significados de forma dinâmica por intermédio das ações humanas.
Em meio ao reconhecimento de uma necessidade de informação e as ações no
sentido de atendê-la, coloca-se como imprescindível a formação de competências que
habilitem o pensamento a tornar-se ação, a transformação da informação em
conhecimento, e ainda, a formação de habilidades e atitudes apropriadas para o
processamento de informações. Esse processo se torna complexo porque cada
funcionário faz uso diferenciado da informação. O que é uma informação importante
para uns, pode ser informação saturada para outros.
A comunicação é sempre um tema importante, mas quando se trata de criação de
conhecimento, assume um papel de destque, que o conhecimento tácito depende da
transmissão face a face, e o conhecimento explícito depende de um sistema eficaz de
comunicação para aqueles que dele necessitam. O desafio da comunicação é contribuir
para que os funcionários percebam as variáveis ambientais e organizacionais. O estudo
mostrou que muito se tem pensado nesse sentido, porém muito ainda para ser feito,
principalmente no tocante ao ambiente externo das empresas.
A busca por novas idéias e o desenvolvimento de projetos devem ser tarefas
encorajadas e desenvolvidas em conjunto, por profissionais de diferentes áreas, o que
resulta, além do aspecto positivo da interação humana e organizacional, na transferência
de conhecimentos e na aprendizagem contínua. Para que uma organização alcance
vantagem competitiva por intermédio da informação e do conhecimento, é
119
imprescindível adotar uma preocupação voltada para seus profissionais. A resposta para
a informação relevante passará sempre pelas mãos das pessoas, únicas capazes de
acoplar criatividade na formulação de idéias inovadoras.
7.2 Considerações finais sobre o método adotado
O estudo comparativo de casos privilegiou empresas estritamente de base
tecnológica, pela magnitude de informações e conhecimento nestas incorporados, das
quais inferiu-se que neste tipo de segmento poderiam ser encontrados os recursos
necessários para a análise do tema proposto, bem como resultados mais satisfatórios
para a pesquisa.
Ainda, por se tratar de um segmento que necessita de um relativo grau de
conhecimento técnico no desenvolvimento de suas atividades, se pressupôs encontrar
um maior número de entrevistados com altos níveis de formação, instrução e acesso à
informação, melhorando assim a qualidade da pesquisa. A escolha metodológica do
roteiro de entrevistas com questões estruturadas mostrou-se adequada porque permitiu
transmitir claramente aos entrevistados o que se pretendia investigar, e orientou a
entrevistadora na sistematização das informações coletadas.
Através do auxílio e das informações concedidas pelas nove empresas de-se
realizar um trabalho que estivesse em consonância com o referencial teórico proposto,
que a colaboração das empresas envolvidas foi fundamental para sua conclusão. Por
meio dos dados coletados conseguiu-se estruturar alguns comentários concernentes aos
processos analisados e como as empresas devem agir em sintonia com o que a literatura
defende como os requisitos essenciais para manterem-se competitivas.
7.3 Considerações finais sobre o problema e objetivos de pesquisa
Através da análise e da forma como se propôs a apresentação dos dados, pode-se
afirmar que foram encontradas respostas satisfatórias para as questões de pesquisa para
os objetivos do presente trabalho. Foi possível demonstrar como se encontram e quais
são as relações entre os processos de gestão da informação e de criação de
conhecimento em empresas de base tecnológica.
Os quatro objetivos propostos no presente trabalho foram alcançados:
Identificou-se a importância e as relações do processo de gerenciamento da
120
informação e de criação do conhecimento em empresas incubadas e
recentemente graduadas, e enfatizou-se o valor que deve ser conferido ao
processamento de informações pelos indivíduos.
Foi analisado o processo de gestão da informação no contexto organizacional,
tomando-se por base as determinações de exigências, a aquisição, a distribuição
e a utilização da informação.
Foi analisado o processo de criação de conhecimento nas empresas, de acordo
com a teoria japonesa, tomando-se por base a socialização, a externalização, a
combinação e a internalização do conhecimento.
Foram sugeridas três contribuições resultantes das relações entre gestão da
informação e criação de conhecimento: necessidades informacionais,
comunicação e aprendizagem, e salientou-se como deve ser o envolvimento
dos indivíduos quanto à informação e ao conhecimento.
7.4 Limitações do estudo
Por se tratar de um estudo comparativo de casos baseado em poucas empresas de
um setor da economia local, a presente pesquisa teve baixo poder de ampliação dos
resultados para um universo maior.
A população-alvo foi um fator limitador, que o objetivo inicial era trabalhar
com um número maior de participantes, o que não foi possível devido a não colaboração
de algumas empresas, acarretando assim em resultados da pesquisa que não podem ser
generalizados.
Além disso, apesar dos cuidados metodológicos descritos, visando a
imparcialidade na coleta e análise dos dados, a pesquisa qualitativa está sujeita a vieses
pessoais do entrevistado ou do entrevistador, já que a pesquisa empírica baseia-se
apenas na percepção dos entrevistados.
7.5 Sugestões para trabalhos futuros
O estudo permitiu que algumas vertentes fossem exploradas como pesquisa,
tanto no que concerne à gestão da informação quanto à criação de conhecimento e ao
121
ambiente dos parques tecnológicos. A pesquisa teve ainda seu foco em dois processos
orientados pela inovação.
Futuras pesquisas poderiam ser realizadas com o intuito de sistematizar pontos
principais da gestão do conhecimento como um todo, não somente o processo de
criação. Um aprofundamento de grande valia seria uma análise do processo de aquisição
de conhecimento por equipes multidisciplinares e a cooperação universidade/empresa.
Outra temática importante é o planejamento estratégico para empresas intensivas em
conhecimento.
Diante da complexidade do fenômeno, outros estudos futuros poderiam
concentrar-se em analisar, através dos níveis individual e organizacional, os processos
pelos quais o conhecimento é criado, disseminado e materializado na forma de
inovação. Ademais, sugerem-se pesquisas aplicadas que auxiliem organizações a lidar
com informação, tornando-as cada vez mais capazes de apropriar-se do conhecimento
buscado e transformá-lo em produtos e serviços.
122
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http://www.oecd.org
131
APÊNDICE A:
Ofício de Pesquisa
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
São Carlos, mês/2010.
Prezado (a) Senhor (a),
Estamos realizando uma pesquisa com o objetivo de caracterizar os processos de
gestão da informação e do conhecimento nas empresas de base tecnológica da cidade de
São Carlos. Para atingirmos nosso objetivo gostaríamos de contar com a sua
colaboração para agendarmos uma visita a fim de realizar entrevista para coleta de
dados necessários.
A entrevista não requer muito tempo, solicitamos que seja respondida pelo
dirigente responsável por tomar decisões sobre os processos de gestão da informação e
do conhecimento empresarial, ressaltando que essa participação é fundamental para o
sucesso da pesquisa.
Não serão solicitadas informações de cunho sigiloso, ainda assim as informações
fornecidas serão tratadas com o sigilo necessário e utilizadas de maneira a agregar
maior compreensão sobre o processo de gestão da informação e do conhecimento no
segmento como um todo.
Por fim, assumimos o compromisso de divulgar-lhes os resultados da pesquisa.
Aproveitamos o ensejo para antecipar os agradecimentos por sua valiosa
colaboração.
Thais Vick
Mestranda em Engenharia de Produção – EESC - USP
132
Marcelo Seido Nagano
Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Produção – EESC – USP
APÊNDICE B:
Caracterização da empresa
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Prezado entrevistado,
Neste momento você está contribuindo para a realização de uma pesquisa acadêmica e
para a geração de novos conhecimentos sobre o setor no qual sua empresa se insere.
Esta pesquisa busca investigar algumas questões em relação à gestão da informação
(registrados em normas e rotinas organizacionais) e à criação de conhecimento
(experiências, práticas, habilidades e idéias) que são gerados nas empresas de base
tecnológica da cidade de São Carlos.
Garantimos a confidencialidade de todas as informações deste questionário.
Agradecemos sua valiosa contribuição.
Inicialmente, algumas questões que resumem as principais características relativas à sua
empresa.
Quanto à caracterização
Breve descrição: produtos e/ou serviços; clientes; concorrentes; parceiros
Focos estratégicos: principais desafios e objetivos empresariais
Ao ingressar no Parque, a empresa era:
Nascente Já existente Proveniente de outra incubadora
Quanto à identificação
Nome do entrevistado:
133
É proprietário da empresa? Sim Não
Cargo:
APÊNDICE C:
Roteiro de entrevistas
PARTE I: Gestão da Informação
Determinação das exigências de informação
Áreas para as quais os funcionários mais precisam de informação:
- Quais
- Por quê?
Coleta de informações estratégicas sobre o ambiente externo:
- Setor
- Pessoa específica
Informações dos procedimentos para uso diário dos funcionários e das principais áreas
da empresa:
- Disponibilidade
- Atualização
Sistema informatizado de informações:
- Adequação
- Agilidade
Obtenção da informação
A fim de descobrir quais produtos e (ou) serviços a empresa precisa no futuro:
- Reuniões
- Freqüência
Quanto aos produtos e (ou) serviços que a empresa pode precisar:
- Pesquisas dentro da organização
134
- Freqüência
Importância de fontes para o processo de inovação tecnológica na empresa:
- fontes internas de informação (pessoais e documentais)
- fontes externas
Informações coletadas sobre o ambiente externo:
- forma de utilização
- redutores de incerteza para a organização
Informações para detectar mudanças fundamentais e preferências do mercado por
produtos e (ou) serviços:
- funcionários direcionados
- quais formas
Distribuição da informação
Discussão de tendências na indústria de serviços de informação e futuras necessidades
de produtos e (ou) serviços:
- encontros interdepartamentais
- freqüência
Quando algo importante acontece no processo de desenvolvimento de produtos e (ou)
serviços:
- atualização de informações para funcionários
Utilização da informação
Documentos de ordem formal:
- produção de informações quantitativas
- quais
Antes que decisões específicas sejam tomadas:
135
- encorajamento de opiniões, idéias, conversas informais
- de que forma
Quanto aos procedimentos operacionais (rotinas) dos principais serviços:
- documentados em quais meios
- disponibilidade
- atualização
Existem critérios de qualidade de informação na empresa? Quais?
PARTE II: Criação de conhecimento
Socialização
Espaços de cooperação e troca de informações relativas ao negócio:
- Principais espaços
Projetos desenvolvidos e analisados por interações conjuntas:
- quantos
- freqüência
Externalização
Quanto à meta e a missão da empresa:
- funcionários aptos a responder, quando questionados
Troca de idéias e as conversas informais
- quais estímulos
- como podem ajudar na condução dos negócios e na resolução dos problemas coletivos
Aprimoramento de conhecimento dos funcionários:
- quais meios
- interação seqüencial com o grupo sobre os conceitos aprendidos
Combinação
136
Conhecimento novo adquirido:
- meios
- registro
Estimulo à troca de conhecimento:
- comunicação computadorizada
Internalização
Caracterização dos funcionários:
- especialistas
- generalistas
Sistema de informação da empresa:
- vantagens
- de que forma viabiliza as ações cooperadas
PARTE III: Aportes
Freqüência e tipologia das necessidades de informação:
- Orientação: necessidade de novas informações como forma de descobrir o que está
acontecendo;
- Reorientação: necessidade de elucidar informações para checar se estamos no caminho
certo;
- Construção: necessidade de informações para formar opinião ou resolver um
determinado problema.
Canais de comunicação mais utilizados:
- caráter colaborativo e descentralizado
Observação de experiências vivenciadas por outras empresas:
- importância
- motivos
137
Incubadora de empresas de base tecnológica:
- benefícios proporcionados
- aprendizado com a incubação
138
APÊNDICE D:
Protocolo de Estudo de Casos
Como se encontram e quais são as relações entre os processos de gestão da informação e de criação de conhecimento em
empresas de base tecnológica?
Objetivos Questões de pesquisa Coleta de dados Técnica de análise de dados
Identificar a importância e as relações
do processo de gerenciamento da
informação e de criação do
conhecimento nas empresas incubadas,
enfatizando o valor que deve ser
conferido ao processamento de
informações pelos indivíduos.
Qual a importância e quais são as
relações do processo de gerenciamento
da informação e de criação do
conhecimento nas empresas de base
tecnológica?
-
aplicação de entrevistas com roteiro
estruturado
Análise de conteúdo categorial
Analisar o processo de gestão da
informação no contexto
organizacional, tomando-se por base
as determinações de exigências, a
aquisição, a distribuição e a utilização
da informação.
Como as empresas determinam
exigências de informação, a aquisição,
a distribuição e a utilização da
informação?
-
aplicação de entrevistas com roteiro
estruturado
Análise de conteúdo categorial
Analisar o processo de criação de
conhecimento nas empresas, de acordo
com a teoria japonesa, tomando-se por
base a socialização, a externalização, a
combinação e a internalização do
conhecimento.
Quais os graus de socialização,
externalização, combinação e
internalização do conhecimento nas
empresas?
-
aplicação de entrevistas com roteiro
estruturado
Análise de conteúdo categorial
Sugerir três contribuições resultantes
das relações entre gestão da
informação e criação de conhecimento:
necessidades informacionais,
comunicação e aprendizagem,
salientando-se como deve ser o
envolvimento dos indivíduos quanto à
informação e ao conhecimento.
Como se dá o envolvimento dos
funcionários quanto às necessidades
informacionais, comunicação e
aprendizagem?
-
aplicação de entrevistas com roteiro
estruturado
Análise de conteúdo categorial
139
140
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