103
assim, embora eu trabalhe hoje muito dentro de empresas essa coisa de
motivação, esta tendo bastante trabalho, mas tem uma parte assim que
precisa.....Faço muito trabalho pra educadores, dou aula na PUC de São
Paulo, na USP, em Pós. Enfim... Mas aí continuando a história dos Navajos, e
lá eu fui treinado pra ser não só um curador como um líder de cerimônias, um
líder de cerimônias onde aprendesse a liderar cerimônias de tenda do suor,
busca da visão, e essa que eu fiz agora.
Sobre seu mestre: Esse curandeiro que era o chefe que era por nome de
Thãni Tisô. E o trabalho dos Navajos[....] É ele me adotou. É ele foi
primeiro para o Novo México e depois de um mês eu fiquei pensando que
principio um cara, escuta Oh! Vamos largar tudo comigo, ou seja, ficaria
louco né, aí eu fui mais louco e eu é que fui. aprendeu a cerimônias...Aí teve
uma troca também porque muita coisa ligada a ervas né, dos nossos estados,
aqui, eu fiz isso né, eu. Eu só voltei cedo por causa do serviço militar que era
obrigatório e ai eu tive que fazer CPOR. 18 pra 19 anos. Ai eu tive que voltar
e ai eu fui... E acabei servindo.... Do serviço militar, fui fazer CPOR, ai[...] já
aproveitei pra fazer CPOR fui para um agrupamento e fui parar na selva, ai
fui pra o batalhão da selva amazônica, porque fui fazer SE forças especiais,
porque lá eu também ficava junto as tribos, ajudando,enfim que era uma
facilidade já que não tinha jeito de escapar , aí fui pra onde me sentia
bem.Terminei e saí e continuei fazendo o trabalho de cura, estudando e
levando, ai temporada estive no Brasil temporada fico fora. Fui indo e
voltando. Minha avó falou pra mim. que ia ser curandeiro, ela era, mais do
que minha mãe. Porque é assim, oh... Na realidade tem uma coisa dentro da
aldeia, que é assim: os mais velhos são pais de todos, pais e mães de todos,
então é... É a referência como a gente vê aqui pai e mãe, não tem muito esse
apego. Tem o respeito, tem as honras que você dá, mas não tem muito esse...,
afeto tem, então tem gente que vai ficar mais com o tio, porque o tio é bom
de caça ou é bom em fazer farinha o outro é bom em ralar mandioca, o outro
é bom em artesanato e o outro é bom .. Sabe... É você tem opções daquilo
que você vai se identificar. Então aquela pessoa que você convive mais, é
como se fosse mais o seu pai ou mais a sua mãe, entendeu, porque o sentido
assim de união, pelo menos posso assim responder pela minha, era muito
grande,sabe, são coisas que não precisa estar alguém mandando fazer, pra
você estar fazendo, pra você ver, tem um processo construtivo, o senso
mesmo de unidade de construção em conjunto, de crescimento em conjunto.
Aos 5 anos de idade ela me apresentou pra o fogo. Me levantou na fogueira.
E eu fiquei por cinco ou seis meses, mais ou menos, tendo pesadelos, eu via
uns olhos bem profundos me olhando... E ela falou que com tempo você vai
entender.
... Não. Teve momentos assim principalmente em que a gente começa a
conhecer culturas diferentes, por exemplo eu na escola né, de repente, existe
duas profissões que vocês são estimulados dentro das aldeias a seguir ou é
advogado, ou fazer advocacia ou fazer medicina: uma pra entender de leis e
outra pra entender de cura. São as duas coisas: uma pra entender de conflito
de terras e essas coisas todas e tem muitos Índios que vão entrar na parte de
Antropologia né, hoje tem muitos, tem grandes aí, tem o Daniel Manduruku
tem o Ailton Krenake tem o próprio Kaká Werá Jecupé que está estudando,
mas, que são áreas totalmente diferentes.
... E por exemplo o Daniel Manduruku é um contador de histórias nato,
vários livros, trabalha com crianças, sabe, você olha ele, você fica, você
escuta ele contando as histórias, você baba, nossaaaa...e ele é um doce de
pessoa, grandão, é um doce de pessoa. Então quando firmou mesmo esse
despertar foi quando eu fui para os Navajos. Digamos assim: OK, não vou
fazer mais nada disso, não vou fazer mais aquilo ou aquilo outro né, até
mesmo que eu podia ter seguido, pois eu estava no auge da dança, com
pessoas de nomes ... Então e aquilo tudo, então eu fui guardando grana,