atuação. Como exemplo Kurosawa cita o menino que atua no filme Tsubaki Sanjuro
(1962). Outro exemplo é o da atriz Misa Uhera que interpreta a princesa Yukihime, no
filme A Fortaleza Escondida (1958). Conforme constata Kurosawa a referida atriz não
era propriamente uma profissional, mas uma estudante, que depois de trabalhar em duas
ou três películas, se retirou do ofício para casar.
O que acabamos de constatar, comprova que Kurosawa é um tipo de diretor
que, no tangente à relação com atores, prima por tirar proveito deles naquilo que podem
render em termos expressivos e não apenas como partes complementares do processo
cinematográfico em geral. Ademais, como parece claro, Kurosawa também não dá
muita importância ao estrelato. A ele, como diretor o que importa é a qualidade do ator
e aquilo que estes podem render para o efeito final do filme.
Um dos atores com quem o diretor japonês mais buscou colaboração foi o
também japonês Toshiro Mifune, o qual desempenha os principais papéis em alguns de
seus mais importantes filmes. Em Trono Manchado de Sangue (1957), é Mifune que
desempenha o papel Principal (Washisu), assim como em O Barba Ruiva (1965), é ele
quem faz o papel do médico Kyoijio, isto apenas para citar duas de sua obras mais
importantes. Segundo revela, em uma entrevista ao Cahier du Cinema, número 182, de
1966 Kurosawa conheceu Mifune durante as filmagens de uma película de outro
importante diretor japonês chamado Senkichi Taniguchi. No entanto, de acordo com as
palavras do próprio Kurosawa, só foi descobrir as qualidades intrínsecas do trabalho de
Mifune quano passou a trabalhar com ele em seus filmes.
Para Kurosawa nenhum outro ator consegue como Mifune, compor um
interpretação tão matizada, viva e dinâmica. Segundo o diretor japonês, tais
características são uma grande virtude, já que considera que os atores japoneses são
lentos, lhes faltando espontaneidade e ritmo. Em Mifune Kurosawa acredita ter
encontrado as raras qualidades que, como diretor, sempre quis explorar.
Ainda falando sobre a questão do ator, em sua autobiografia de 1989,
Kurosawa revela que a pior coisa que um ator pode fazer no cinema é mostrar que sabe
onde está a câmera. Segundo o diretor japonês, com freqüência, quando um ator recebe
ordem de ação, se coloca tenso e muda seu ponto de vista, mostrando-se pouco natural.
Para Kurosawa, isto, que ele chama de “consciência de si mesmo” é algo que a câmera
capta com grande claridade, por isso, a primeira advertência que costuma fazer a um
ator é esclarecê-lo de que o set não é um cenário posto frente ao público e de que, ao
filmar, nunca, em hipótese alguma, o ator deve olhar para a câmera. Ressalta ainda que,