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CAROLINA MARIA GOMES CANI
Análise da expressão dos genes PROP1 e CTNNB1 em
craniofaringiomas adamantinomatosos com e sem
mutação somática no CTNNB1
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Doutor em Ciências
Programa de Endocrinologia
Orientadora: Profa. Dra. Berenice Bilharinho de
Mendonça
Co-orientadora: Dra. Luciani Renata Silveira de
Carvalho
São Paulo
2010
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CAROLINA MARIA GOMES CANI
Análise da expressão dos genes PROP1 e CTNNB1 em
craniofaringiomas adamantinomatosos com e sem
mutação somática no CTNNB1
Tese apresentada à Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Doutor em Ciências
Programa de Endocrinologia
Orientadora: Profa. Dra. Berenice Bilharinho de
Mendonça
Co-orientadora: Dra. Luciani Renata Silveira de
Carvalho
São Paulo
2010
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Este trabalho foi realizado na Unidade
Endocrinologia do Desenvolvimento e no
Laboratório de Hormônios e Genética
Molecular LIM 42 da disciplina de
Endocrinologia do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, com apoio da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP): Projeto Temático
05/04726-0; 06/00244-3 e do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) 301339/2008-09.
Dedicatória
Aos meus pais, minha irmã e meu
marido dedico esta tese, a realização
de um sonho.
Agradecimentos
A realização de um sonho? Não. A conclusão desta tese significa muito
mais do que isso. A realização de uma meta, a conclusão de uma etapa, de
um capítulo cuja estória venho escrevendo algum tempo,
dedicadamente. Desde as incansáveis tardes quentes, debruçada nas
bancadas do anatômico, até as melanlicas tardes frias, sentada à frente
das bancadas do laboratório de hormônios, foram muitas superações... E
cada uma delas me trouxe até aqui. Muitos personagens fizeram parte dessa
estória, contribuindo para minhas conquistas, cada um ao seu modo. Penso
que não haveria melhor momento do que este, para agradecer a todos.
Aos meus pais, Pedro e Marilza, agradeço por simplesmente tudo. Por
acreditarem em mim, por me apoiarem, pelo amor. Pai, agradeço a sua
força. Mãe, agradeço a sua alegria. Obrigada por me trazerem até aqui!
À minha irmã, Catarina, por ser minha companheira, sempre presente e
prestativa. Cata, obrigada por ser a minha amiga.
Ao meu marido, Alessandro, agradeço o amor incondicional, a
paciência, a compreensão. Amor, agradeço por você ter estado ao meu lado,
me apoiando, dando suporte às minhas escolhas, fazendo os meus dias
mais felizes.
Aos demais familiares, pela admiração, torcida e momentos de união e
alegria, que fazem compensar qualquer esforço.
À minha orientadora, Profa. Dra. Berenice, por acreditar em mim. Dra.
Berenice, obrigada não apenas pelo conhecimento científico que tive a
oportunidade de obter com a senhora, mas principalmente por ter tido a
felicidade de conviver com seu exemplo de pessoa e acima de tudo, de
médica, o que certamente foi um marco no meu desenvolvimento
profissional.
À minha co-orientadora, Dra. Luciani, por ter me acalentado nos
momentos de maior preocupação e angústia.
Ao neurocirurgião Dr. Hamilton Matushita pela gentileza em coletar e
ceder as amostras de tecido de craniofaringiomas para realização desse
trabalho.
Ao Dr. Alexander, pela contribuição no meu aprendizado clínico e
científico, pelas discussões acadêmicas acaloradas, e pelos momentos de
descontração e conversas alegres, regadas a um bom café!
Ao Dr. Ivo, Dra. Ana Cláudia, Dra. Tânia e Dra. Elaine, pelos
comentários e sugestões sempre pertinentes e pelos ensinamentos valiosos
no ambulatório.
Ao Dr. Vinícius pela amizade, pelos ensinamentos e pela maneira leve
e descontraída que tornava os ambulatórios de quarta-feira mais prazerosos.
À Dra. Mirta pelo acolhimento amigo e incentivo inicial a continuar esse
projeto.
À minha amiga Luciana Brito, pelo companheirismo, pela amizade, pela
busca incessante pelo “melhor possível”, por ser sempre tão prestativa. Lu,
obrigada tamm pelos momentos de descontrão, pelas conversas e
risadas, por ter facilitado essa jornada e ter contribuído para que eu
conseguisse chegar até o fim.
Ao Madson, por ter me ensinado a técnica de PCR em tempo real, e
pela companhia animada no ambulatório.
Ao Frederico, por ter me apresentado à Dra. Berenice.
À Cidinha, pelos ensinamentos nas aulas de pipetagem e por
prontamente providenciar a compra de primers, ensaios, e todos reagentes
necessários para realização desse trabalho.
À Mirian, por me ensinar as bases da biologia molecular, sempre
disposta a me ajuda a solucionar problemas.
À Emília, pela amizade, conversas descontraídas e eficiência na
realização dos sequenciamentos.
À Mariana, por realizar os sequenciamentos.
Às secretárias Nilda, Cris e Ana por sempre estarem disponíveis e
prestativas, facilitando sempre nossa vida em meio a tanta papelada e
burocracia.
À Fran, por sua eficiência na organização dos materiais usados na
bancada e por providenciar o famoso cafezinho na hora do lanche.
À Cris Rossi, sempre pronta a aliquotar as amostras de DNA o mais
rápido possível.
Aos demais amigos do LIM 42, Alexsandra, Ana Paula, Andréia,
Antônio, Beatriz, Camila, Catarina, Débora, Ericka, Everlayny, Karina,
Larissa, Letícia, Luciana Montenegro, Maíra, Marcela, Maria Estela, Marisa,
Milena, Patrícia, Priscila, Regina, Rocio, Tamaya, Viviani, agradeço o clima
de amizade, descontração, solidariedade e alegria que fazem do LIM 42 um
local de trabalho agradável e prazeroso.
Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para realização
desse trabalho, mas que por um descuido deixaram de ser citados.
Esta tese está de acordo com as seguintes
normas, em vigor no momento desta
publicação:
Referências: adaptado do International
Committee of Medical Journals Editors
(Vancouver)
Universidade de São Paulo. Faculdade de
Medicina. Serviço de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de
dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Annelise Carneiro da
Cunha, Maria Júlia de A. L. Freddi, Maria
F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão,
Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena.
ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e
Documentação; 2005.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de
acordo com List of Journals Indexed in
Index Medicus.
Sumário
Lista de figuras ...................................................................................................... 15
Lista de tabelas...................................................................................................... 17
Lista de abreviaturas.............................................................................................. 19
Lista de símbolos ................................................................................................... 21
Lista de siglas ........................................................................................................ 23
Resumo ................................................................................................................. 27
Abstract ................................................................................................................. 31
Introdução................................................................................................................ 1
1.1. O gene CTNNB1........................................................................................ 6
1.2. O gene PROP1 .......................................................................................... 7
1.3. CTNNB1 e câncer...................................................................................... 8
1.4. PROP1 e mutações inativadoras ............................................................. 15
2. Objetivos ......................................................................................................... 19
3. Métodos .......................................................................................................... 20
3.1. Considerações Éticas .................................................................................. 20
3.2. Casuística ................................................................................................... 20
3.3. Extração de RNA ......................................................................................... 21
3.4. Transcrição Reversa ................................................................................... 22
3.5. PCR ............................................................................................................ 23
3.6. Análise in siico das variantes alélicas identificadas ..................................... 24
3.7. Estudo da expressão por PCR em tempo real ............................................. 24
3.8. Validação do método 2
-ΔΔCT
......................................................................... 26
3.9. Escolha dos genes endógenos .................................................................... 30
3.10. Alise estatística ..................................................................................... 32
4. Resultados ...................................................................................................... 33
4.1. Sequenciamento ......................................................................................... 33
4.2. Análise in silico ............................................................................................ 35
4.3. PCR em tempo real ..................................................................................... 35
4.3.1. Gene CTNNB1 ...................................................................................... 35
4.3.2. Gene PROP1 ........................................................................................ 37
5. Discussão ....................................................................................................... 38
6. Conclusões ..................................................................................................... 42
7. Referências..................................................................................................... 43
Lista de figuras
Figura 1 - Via de sinalização WNT..................................................................4
Figura 2 - A: RNM do paciente com mutação inativadora do PROP1. Painéis
superiores aos 8 anos de idade com aumento hipofisário e
hiperssinal em T1. Painéis inferiores aos 15 anos com redução
hipofisária;
B: RNM de pacientes com craniofaringioma, evidenciando o
hiperssinal em T1.........................................................................17
Gráfico 1 - Curva-padrão de amplificação do gene endógeno CYC.............27
Gráfico 2 - Curva-padrão de amplificação do gene alvo PROP1..................27
Gráfico 3 - Experimento de validação do método 2
-ΔΔCT
. Validação para os
genes alvo PROP1 e endógeno CYC...........................................28
Gráfico 4 - Valores de estabilidade da expressão (M) dos genes
endógenos....................................................................................31
Gráfico 5 - Expressão do CTNNB1 por PCR em tempo real em
craniofaringiomas adamantinomatosos com e sem mutação no
CTNNB1, em relação ao pool de hipófise normal........................35
Lista de tabelas
Tabela 1 Mutações somáticas no exon 3 do CTNNB1 em
craniofaringiomas adamantinomatosos, descritas na
literatura....................................................................................10
Tabela 2 Frequência de mutação somática no exon 3 do CTNNB1 em
diversos tumores......................................................................13
Tabela 3 - Genes alvo
1
e endógenos
2
estudados por PCR em tempo
real............................................................................................30
Tabela 4 - Análise do exon 3 do CTNNB1 em pacientes com
craniofaringiomas adamantinomatosos.....................................33
Lista de abreviaturas
del delão
Dr. Doutor
et al. e outros
Log logaritmo
Lista de símbolos
µL microlitros
µmol micromol
mg miligramas
mL mililitros
mmol milimol
n número
ng nanogramas
ng/mL nanogramas por microlitros
número
ºC graus Celsius
pH potencial hidrogeniônico
pmol picomol
s segundos
U unidades
x g vezes a gravidade
= igual
< menor que
maior ou igual
± mais ou menos
% porcentagem
Lista de siglas
A adenina
ACTH hormônio adrenocorticotrófico
APC adenomatous polyposis coli
Asp ácido aspártico
C citosina
CA Califórnia
CAPPesq Comissão de ética para análise de projetos de pesquisa
CCD dispositivo de carga acoplada
cDNA ácido desoxirribonucléico complementar
C
T
treshold cycle
CTNNB1 Beta-catenina (β-catenina)
CYC ciclofilina A
Cys cisteína
DNA ácido desoxirribonucléico
dNTP trifosfato de nucleotídeo
dsh dishevelled
F feminino
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
G guanina
GH hormônio do crescimento
GSK 3β quinase glicogênio sintase 3β
HESX1 Homeobox gene expressed in ES cells
Ile isoleucina
KCl cloreto de potássio
HPRT hipoxantina ribosil transferase
LEF lymphoid enhancer factor
LRP low-density-lipoprotein receptor-related protein
M masculino
MgCl2 cloreto de magnésio
OH Ohio
pb pares de bases
PCR reação em cadeia da polimerase
PGK1 fosfoglicerato quinase 1
Phe fenilalanina
PIT1 Pituitary-specific transcription factor 1
Pro prolina
PROP1 Prophet of PIT1
coeficiente de correlação
RNA ácido ribonucléico
RNM ressonância nuclear magnética
SDS sistema de detecção de sequências
Ser serina
SSCP single strand conformation polymorphism
T timina
TCF T cell factor
Thr treonina
Tris-HCl hidrocloreto de tris-hidroximetil-aminometano
TSH hormônio tireotrófico
TX Texas
USA Estados Unidos da América
Val valina
WNT Wingless
y inclinação da curva
Resumo
Cani CMG. Análise da expressão dos genes PROP1 e CTNNB1 em
craniofaringiomas adamantinomatosos com e sem mutação somática no
CTNNB1 [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo; 2010. 85p.
Os craniofaringiomas são os tumores mais frequentes da região hipotálamo-
hipofisária na faixa etária pediátrica. Apesar de serem histologicamente
benignos, sua tendência infiltrativa e seu comportamento agressivo resultam
em significante morbimortalidade. Histologicamente podem ser divididos em
dois subtipos: adamantinomatosos e papilíferos. A patogênese dos
craniofaringiomas é pouco compreendida. Mutações no gene CTNNB1, que
codifica a proteína β-catenina, são a única alteração molecular conhecida
até o momento implicada na tumorigênese dos craniofaringiomas
adamantinomatosos. Tais mutações afetam o sítio de degradação da β-
catenina, que passa a se acumular no citoplasma e no núcleo, ativando
excessivamente a via de sinalização WNT, através da ligação aos fatores de
transcrição da família LEF/TCF, levando a tumorigênese. Recentemente foi
descoberto um novo mecanismo de determinação da linhagem celular
hipofisária regulado pela β-catenina, através do qual ela interage
diretamente com o PROP1 para determinar a diferenciação celular
hipofisária. De acordo com esse modelo, o complexo protéico PROP1/β-
catenina atua simultaneamente como repressor do HESX1 e ativador do
PIT1, dependendo dos co-fatores associados. Pacientes com mutações
germinativas inativadoras no PROP1 desenvolvem hipopituitarismo e podem
apresentar aumento hipofisário com imagens de ressonância nuclear
magnética (RNM) da região selar muitas vezes semelhantes àquelas dos
craniofaringiomas, com hiperssinal em T1. Por outro lado, camundongos
com expressão persistente do Prop1 exibem defeitos na regulação da
proliferação celular hipofisária, incluindo cistos da bolsa de Rathke,
hiperplasia adenomatosa e tumores, sugerindo que mutações com ganho de
função no PROP1 tamm poderiam contribuir para a patogênese de
tumores hipofisários em seres humanos. A semelhança entre as imagens de
RNM dos pacientes com craniofaringiomas e daqueles com aumento
hipofisário devido a mutações inativadoras no PROP1, e o fato de que
camundongos transgênicos com expressão persistente do Prop1
apresentam aumento da susceptibilidade a tumores hipofisários, deram base
a nossa hipótese de que uma desregulação na expressão do PROP1 em
humanos poderia estar envolvida na patogênese dos craniofaringiomas
adamantinomatosos. Esse trabalho teve como objetivo avaliar a presença de
mutação somática no exon 3 do CTNNB1 e avaliar a expressão desse gene
e do gene PROP1 em craniofaringiomas adamantinomatosos. Foram obtidas
14 amostras desse tipo de tumor por meio da ressecção terapêutica. As
amostras foram submetidas à extração do RNA e posterior transcrição
reversa para obtenção de cDNA. A partir do cDNA foi realizada PCR e
sequenciamento do exon 3 do CTNNB1 em todas as amostras. Porém, a
avaliação por PCR em tempo real foi realizada apenas em 12 amostras,
devido à qualidade inadequada de 2 amostras para submissão a essa
metodologia. Foram encontradas mutações missense, em heterozigose em 9
das 14 amostras, sendo 5 previamente descritas e 2 ainda não descritas em
craniofaringiomas adamantinomatosos. Hiperexpressão do CTNNB1 foi
encontrada em 7 amostras, sendo 5 com mutação e 2 sem mutação no
CTNNB1.A hiperexpressão variou de 2,5 a 6,2 vezes maior que o pool de
hipófise normal. Contudo, a expressão do PROP1 foi indetectável em todas
as amostras. Concluímos que o aumento da expressão do CTNNB1
presente em 58% das amostras sugere o envolvimento também da
hiperexpressão desse gene na etiopatogenia do craniofaringioma
adamantinomatoso, enquanto a ausência de expressão do PROP1 afasta a
participação desse gene na etiopatogenia do craniofaringioma
adamantinomatoso.
Descritores: 1. Craniofaringioma adamantinomatoso, 2. Beta catenina, 3.
Expressão gênica, 4. Mutação de sentido incorreto, 5. Proteínas de
homeodomínio/genética, 6. Sela túrcica/patologia, 7. Fator de transcrição
PIT-1/genética.
Abstract
Cani CMG. Analysis of PROP1 and CTNNB1 expression genes in
adamantinomatous craniopharyngiomas with and without CTNNB1 somatic
mutation [thesis]. Sao Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo”; 2010. 85p.
Craniopharyngiomas are the the commonest tumors to involve the
hypothalamo-pituitary regions in childhood population. Histologically they are
benign, and can be divided in two primary subtypes: the adamantinomatous
and the papillary. Although histologically benign, their infiltrative tendency
and aggressive behavior can result in great morbidity. The pathogenesis of
craniopharyngiomas is poorly understood. To date, β-catenin gene
(CTNNB1) mutations have been identified only in the adamantinomatous
subtype. These mutations affect the degradation target box of β-catenin that
accumulates in the cytoplasm and the nucleus increasing the transcriptional
activity of WNT pathway through interaction with the transcription factors of
LEF/TCF family, leading to tumorigenesis. Recently, an interaction between
β-catenin and PROP1 was described as a new mecanism for β-catenin-
dependent regulation of pituitary cell-lineage determination. According to this
novel model, the PROP1/β-catenin proteic complex would act as a binary
switch to simultaneously repress the transcription factor HESX1 and to
activate expression of transcription factor PIT1, depending on the associated
cofactors. Patients with loss-of-function mutations in PROP1 present
combined pituitary hormonal deficiency generally associated with pituitary
enlargement and the magnetic resonance imaging (MRI) of the sellar region
in these patients sometimes resembles that of the craniopharyngiomas, with
T1 hyperintense signal. On the other hand, transgenic mice with persistent
Prop1 expression exhibit defects consistent with misregulation of pituitary cell
proliferation, including adenomatous hyperplasia with formation of Rathke’s
cleft cysts and tumors suggesting that misregulation of PROP1 expression in
human could contribute to pathogenesis of pituitary tumors. The similarity
between the MRI images of craniopharyngiomas patients and that of patients
with loss-of-function mutations in PROP1, associated with the fact that
transgenic mice with persistent Prop1 expression exhibit increased
susceptibility to pituitary tumors gave rise to our hypothesis that a
misregulation of PROP1 expression could be involved in the pathogenesis of
adamantinomatous craniopharyngiomas. The aim of this study was to
analyze the presence of somatic mutations in exon 3 of CTNNB1 and the
expression pattern of this gene and the PROP1 gene in adamantinomatous
craniopharyngiomas. Fourteen samples were obtained from therapeutic
surgery and submitted to RNA extraction and reverse transcription in order to
produce the cDNA. The cDNA was used as a template to CTNNB1 exon 3
PCR reaction followed by direct sequencing of all samples. However, the
real-time RT-PCR analysis was realized only in 12 samples, since 2 of them
had an insufficient quality for this method. Missence, heterozygous mutations
were found in 9 out of 14 samples; five were previously described and 2 not
yet described in adamantinomatous craniopharyngiomas. Overexpression of
CTNNB1 was found in 7 samples, which them 5 with CTNNB1 mutation 2
whitout. The overexpression ranged from 2.5 to 6.2 fold more than pituitary
normal pool. However, the PROP1 expression was undetectable in all the
samples. We could conclude that the amount of 58% CTNNB1
overexpressed samples suggest also a role of this overexpression in the
pathogenesis of adamantinomatous craniopharingiomas, while the
undetectable levels of PROP1 exclude a role of this gene in the pathogenesis
of adamantinomatous craniopharingiomas.
Descriptors: 1. Adamantinomatous craniopharyngioma, 2. Beta catenin, 3.
Gene expression, 4. Mutation missense, 5. Homeodomain proteins/genetics,
6. Sella turcica/pathology, 7. Transcription factor PIT-1/genetics.
1
Introdução
2
Os craniofaringiomas são tumores raros localizados na região
intra/supraselar. Correspondem a 10% de todos os tumores intracranianos
pediátricos, sendo os mais comuns da região hipotálamo-hipofisária nessa
população (1). São tumores epiteliais que crescem ao longo do ducto
craniofaríngio, canal que conecta o ectoderma oral com a bolsa de Rathke
(2). Apesar de sua histologia benigna, sua tendência infiltrativa e seu
comportamento agressivo resultam em significante morbimortalidade. O
comprometimento da hipófise e das estruturas neuronais adjacentes pelo
tumor primário e/ou recorrente, ou pelas intervenções terapêuticas, gera
complicações endócrinas, visuais, hipotalâmicas, e muitas vezes sequelas
cognitivas que comprometem significativamente a qualidade de vida. Ao
diagnóstico, a freqüência do déficit hormonal varia de 35-95% para GH, 38-
82% para gonadotrofinas, 21-62% para ACTH, 21-42% para TSH e 6-38%
para diabetes insipidus (2). A associação de mais de um déficit pode estar
presente em 85% dos pacientes (3). Histologicamente os craniofaringiomas
podem ser divididos em dois subtipos: adamantinomatosos e papilíferos,
com histogênese distinta, sendo o primeiro originado de restos de células
escamosas do ducto craniofaríngio (4), e o segundo de metaplasia das
células adeno-hipofisárias (5). O subtipo adamantinomatoso é o mais
comum, predominando nas duas primeiras décadas de vida, mas podendo
ocorrer em qualquer idade; o subtipo papilífero tem sido descrito quase que
exclusivamente em adultos (6).
A patogênese dos craniofaringiomas é pouco compreendida.
Mutações no gene CTNNB1, que codifica a proteína β-catenina, são a única
3
alteração molecular conhecida até o momento implicada na tumorigênese
dos craniofaringiomas. A β-catenina possui dois papéis fundamentais. Na
membrana plasmática ela se associa a moléculas de adesão do tipo
caderinas formando complexos que por sua vez se ligam aos feixes de
actina do citoesqueleto nas junções de aderência célula-célula. A presença
da β-catenina nessas junções é fundamental para assegurar uma adequada
adesão intercelular (7). Além do seu papel estrutural, a β-catenina atua
também como um componente da cascata de sinalização da via WNT,
altamente conservada entre as espécies, que regula a proliferação, a
morfologia, a mobilidade e o destino celular, bem como a formação axial e a
organogênese (8).
De acordo com o modelo canônico de sinalização da β-catenina,
ligantes da ampla família de proteínas WNT, ricas em cisteína, se ligam a
receptores de membrana formados pela associação de uma proteína do tipo
frizzled com as proteínas 5 e 6 relacionadas ao receptor da lipoproteína de
baixa densidade (low-density-lipoprotein receptor-related protein: LRP 5/6).
Na ausência do ligante WNT, a β-catenina é fosforilada pela caseína
quinase 1 na serina da posição 45. Essa fosforilação por sua vez possibilita
que a β-catenina seja subsequentemente fosforilada pela glicogênio sintase
3β (GSK-3β) uma quinase serina/treonina nos aminoácidos das posições
41 (treonina), 37 (serina) e 33 (serina). A fosforilação desses dois últimos
aminoácidos desencadeia a ubiquitinação da β-catenina e sua consequente
degradação no proteossomo, resultando em baixos níveis dessa proteína no
citoplasma (9, 10). O processo de fosforilação ocorre com a β-catenina
4
associada a um complexo multiprotéico contendo as proteínas Axina, e/ou
sua homóloga Axina2/conductina, e APC (produto do gene supressor
tumoral APC adenomatous polyposis coli), além da GSK-3β. Quando o
ligante WNT se acopla ao receptor, o complexo multiprotéico se desfaz por
meio da destruição da Axina, que é um componente essencial desse
complexo (9). Na ausência do mesmo, a β-catenina deixa de ser degradada
e se acumula no citoplasma, entrando então no núcleo, aonde vai se ligar
aos fatores de transcrição da família LEF/TCF (lymphoid enhancer factor/T
cell factor), estimulando a expressão de vários genes alvo tais como genes
envolvidos na proliferação e diferenciação celulares, bem como na
progressão tumoral (Figura 1) (10, 11).
Figura 1. Via de sinalização WNT. Quando o ligante WNT se acopla ao receptor
desencadeia a ativação da via: a proteína dishevelled (dsh) bloqueia a
degradação da β-catenina, que entra no núcleo e ativa a transcrição dos
genes alvo. Na ausência do ligante a via é inativada através da
fosforilação da β-catenina pela GSK3β, o que desencadeia sua
ubiquitinação pela βTrCP e degradação no proteossomo.
5
Recentemente foi descoberto um novo mecanismo de determinação
da linhagem celular hipofisária regulado pela β-catenina. Ao invés de se ligar
aos fatores de transcrição da família LEF/TCF, como ocorre na via canônica
de sinalização WNT, a β-catenina interage diretamente com o PROP1 para
determinar a diferenciação celular hipofisária. De acordo com esse modelo,
admite-se que o complexo protéico PROP1/β-catenina atue
simultaneamente como repressor do HESX1 e ativador do PIT1,
dependendo dos co-fatores associados (12). O PROP1 é um fator de
transcrição específico da hipófise do tipo paired-like homeodomain, assim
denominado devido a sua homologia com a proteína da Drosophila descrita
primeiramente. O HESX1 e PIT1 são fatores de transcrição envolvidos no
desenvolvimento hipofisário cujas expressões obedecem a uma ordem
tempo-espacial fundamental para a adequada diferenciação das linhagens
celulares hipofisárias. O HESX1 é um repressor transcricional do tipo paired-
like homeodomain, enquanto o PIT1 é um membro da família de fatores de
transcrição POU domain (13).
Pacientes com mutações germinativas inativadoras no PROP1 podem
apresentar aumento hipofisário com imagens de ressonância nuclear
magnética (RNM) da região selar muitas vezes semelhantes àquelas dos
craniofaringiomas, com hiperssinal em T1 (Figura 2). Por outro lado,
camundongos com expressão persistente do Prop1 exibem defeitos na
regulação da proliferação celular hipofisária, incluindo cistos da bolsa de
Rathke, hiperplasia adenomatosa e tumores, sugerindo que mutações com
6
ganho de função no PROP1 também poderiam contribuir para a patogênese
de tumores hipofisários em seres humanos (14).
A semelhança entre as imagens de RNM dos pacientes com
craniofaringiomas e daqueles com aumento hipofisário devido a mutações
inativadoras no PROP1, o fato de que camundongos transgênicos com
expressão persistente do Prop1 apresentam aumento da susceptibilidade a
tumores hipofisários, e o fato de que a β-catenina única proteína envolvida
até o momento com a patogênese dos craniofaringiomas
adamantinomatosos interage com o PROP1 para controlar a determinação
da linhagem celular hipofisária deram base a nossa hipótese de que uma
desregulação na expressão do PROP1 em humanos poderia estar envolvida
na patogênese dos craniofaringiomas adamantinomatosos.
1.1. O gene CTNNB1
O gene CTNNB1 (ENSG00000168036) está localizado no braço curto
do cromossomo 3 na posição 22-21.3 (3p 22-21.3); possui 15 exons e
codifica uma proteína de 781 aminoácidos que possui uma região de
repetição em tandem de 40 aminoácidos, que formam doze repetições da
chamada região armadillo, primeiramente identificada na Drosophila, nas
quais se ligam os fatores de transcrição que interagem com a β-catenina,
bem como o APC e a Axina/conductina, de uma maneira mutuamente
exclusiva (15). A estrutura cristalográfica da região armadillo é uma super-
7
hélice, semelhante a uma haste, formada de α-hélices (16). A porção amino-
terminal da β-catenina possui os resíduos de serina e treonina relacionados
à degradação dessa proteína.
1.2. O gene PROP1
O gene PROP1 (ENSG00000175325) pertence à classe homeobox e
está localizado no braço longo do cromossomo 5, posição 35.3 (5q 35.3);
possui três exons e codifica uma proteína de 226 aminoácidos. O homeobox
é uma sequência altamente conservada de DNA, com cerca de 180 pares de
base. As proteínas codificadas por genes homeobox possuem um domínio
de ligação de 60 aminoácidos, chamado homeodomain, através do qual a
proteína se liga ao DNA dos genes alvo. O homeodomain é formado por três
hélices, sendo a terceira especialmente importante para o reconhecimento
do DNA (17). Fatores de transcrição do tipo paired-like homeodomain podem
se ligar monomericamente a um motif TAAT isolado e dimericamente a uma
sequência palindrômica contendo esse mesmo motif invertido, separado por
três nucleotídeos (TAATTGAATTA) (18). Estudo recente mostrou através de
ensaios de transfecção que o PROP1 quando ligado dimericamente ao DNA
é capaz de ativar a transcrição. Porém, a ligação monomérica não teve
efeito sobre a expressão gênica. Contudo não se pode negar a possibilidade
de que a ligação monomérica possa modular a expressão gênica quando em
conjunto com outros fatores que se ligam a sítios justapostos e/ou distantes
8
do sítio de ligação do PROP1 ao promotor (17). De fato, complexos proteína-
proteína, formados pela interação entre fatores, podem controlar a
expressão gênica de maneira tempo-espacial (12). Foi demonstrado ainda,
que a porção carboxi-terminal do PROP1 possui potentes domínios de
ativação transcricional, enquanto que a porção amino-terminal tem atividade
repressora, sugerindo que o PROP1 possa funcionar tanto como ativador
quanto como repressor transcricional (19, 20).
1.3. CTNNB1 e ncer
Mutações no CTNNB1 têm sido implicadas em vários tipos de câncer.
Todas são localizadas no exon 3 do CTNNB1 e afetam os resíduos de serina
e treonina da porção amino-terminal, onde se liga a GSK-3β. Quando
mutada a β-catenina deixa de ser fosforilada, o que impede a sua
degradação, resultando em ativação constitutiva desta via na ausência do
ligante WNT (21).
O primeiro trabalho publicado demonstrando mutação no CTNNB1 em
craniofaringiomas foi de Sekine et al. em 2002, no qual foram analisados
tecidos de 16 craniofaringiomas fixados em parafina, sendo 10 do subtipo
adamantinomatoso e 6 papilíferos, submetidos à extração de DNA por meio
da proteinase K, e posterior PCR e sequenciamento direto do exon 3. Todos
os tumores do subtipo adamantinomatoso apresentaram mutação no
CTNNB1 em contraste com os tumores do tipo papilífero que não
9
apresentaram mutações (22). Em 2004, Kato et al. publicaram sua casuística
composta por 14 craniofaringiomas adamantinomatosos e 1 papilífero; o
DNA foi obtido pela digestão por proteinase K e extração pelo método do
fenol/clorofórmio das amostras congeladas ou fixadas em parafina; foi
realizada análise apenas do exon 3 e a frequência de mutação foi de 69%
(9/13) nos adamantinomatosos e o único papilífero não apresentou mutação
(23). Em 2005, mais dois trabalhos foram publicados. O primeiro, de Buslei
et al. analisou 35 craniofaringiomas adamantinomatosos com mutação em
80% das amostras (28/35), e 6 papilíferos sem mutação; também analisou
60 adenomas pituitários (produtores de GH ou PRL ou FSH ou ACTH ou não
funcionantes) nos quais não foi encontrada mutação (24); o DNA dessas
amostras foi extraído pelo método automatizado BioRobot EZ1 conforme
instruções do fabricante e amplificado para a analise do exon 3 por single
strand conformation polymorphism (SSCP). O segundo trabalho publicado
em 2005, de Oikonomou et al. evidenciou 16% de mutação nos
craniofaringiomas adamantinomatosos (7/43) e de maneira semelhante às
outras casuísticas, nenhum dos 8 craniofaringiomas papilíferos apresentou
mutação, assim como nenhum dos 22 adenomas pituitários analisados
(produtores de prolactina ou FSH/LH); o DNA foi extraído tanto de amostras
congeladas quanto fixadas em parafina, porém não foi descrito o método de
extração (25). Todas as mutações evidenciadas nos diversos trabalhos
foram somáticas, missense, encontradas no exon 3 do CTNNB1, variando
entre os dons 32, 33, 37, 41, 43 e 45 e apenas uma deleção de 81 pb
compreendida entre os códons 35 e 63 (Tabela 1).
10
11
Tabela 1 Mutações somáticas no exon 3 do CTNNB1 em craniofaringiomas
adamantinomatosos, descritas na literatura
Autor/ano
Presença de
mutação/nº de
casos
Frequência
%
Códons afetados/
(nº de casos)
Sekine/2002
10/10
100
32 (2) 33 (5)
37 (2) 41 (1)
Kato/2004
9/13
69
32 (3) 33 (3)
37 (1) 41 (1)
43 (1)
Buslei/2005
28/35
80
32 (8) 33 (9)
37 (3) 41 (6)
45 (1)
Del 35-63 (1)
Oikonomou/2005
7/43
16
32 (1) 33 (2)
37 (1) 41 (3)
Além dos craniofaringiomas, outros tumores também apresentam
mutações no CTNNB1 (21) (Tabela 2). No ncer colorretal esporádico sem
mutação no APC (principal gene envolvido na patogênese desse tipo de
câncer), aproximadamente 50% apresenta mutação no CTNNB1, o que
representa menos de 10% dos tumores colorretais (10). em
hepatoblastomas, tumores incidentes na infância, a proporção de mutações
nesse gene chega a 70%, caindo para 25% em carcinomas hepatocelulares
(26-29). No câncer gástrico a frequência de mutação varia entre os tipos
intestinal e difuso, sendo no primeiro de 23 a 27% (30, 31) e, no segundo de
12
0 a 38% (30-32). Nos tumores carcinóides gastrointestinais, a frequência de
mutação chega a 38% (33). No tumor pancreático do subtipo sólido
pseudopapilar, de baixa malignidade, mutação no CTNNB1 foi encontrada
em 18 das 20 amostras analisadas (34). Em uma série que analisou
carcinomas endometriais, porém sem diferenciar os subtipos histológicos, a
frequência de mutação foi de 40% (35); em outra série que analisou 95
carcinomas endometriais endometrióides e 33 não endometrióides, apenas o
primeiro subtipo mostrou mutação no CTNNB1 em 15% das amostras (36).
Em carcinomas de ovário mutações foram encontradas em 7 de 11
amostras; em outro estudo, 14 de 45 carcinomas endometrióides de ovário
apresentaram mutação (37, 38). No câncer de próstata 5% das amostras
apresentaram mutação (39). Carcinomas anaplásicos de tireóide também
apresentam mutação em 61% das amostras (40); em outra série do mesmo
autor, foi demonstrada frequência de 25 e 65,5% em carcinomas de tireóide
pouco diferenciados e indiferenciados respectivamente (41). O tumor de
Wilms, uma das neoplasias renais mais comuns da infância, tamm
demonstrou mutação no CTNNB1 em 15% das 40 amostras analisadas (42).
A neoplasia que apresenta uma das maiores frequências de mutação 95%
- é o pilomatrixoma, que deriva do folículo piloso (43). Tumores desmóides,
uma forma infiltrativa de fibromatose, possuem uma frequência de 50% de
mutação (44, 45). Mutações no CTNNB1 em tumores adrenocorticais
também são descritas numa frequência de 19,5 a 27% em adenomas e 20 a
31% em carcinomas, sendo o primeiro defeito molecular nesse tipo de tumor
que apresenta praticamente a mesma prevalência entre as lesões benignas
13
e malignas (46, 47). Como já mencionado, as mutações no CTNNB1
encontradas nas diversas neoplasias, localizaram-se sempre no exon 3,
afetando em sua maioria a região hot spot composta pelos resíduos de
serina e treonina, ou aminoácidos adjacentes.
14
Tabela 2 Frequência de mutação somática no exon 3 do CTNNB1 em diversos
tumores
Tumor
Frequência %
Autor/ano
Câncer colo-retal
10
Lustig/2003
Hepatoblastoma
70
Koch/1999
Park/2001
Taniguchi/2002
Carcinoma hepatocelular
25
De La Coste/1998
Taniguchi/2002
Câncer gástrico tipo
intestinal
23-27
Clements/2002
Park/1999
Câncer strico tipo difuso
0-38
Clements/2002
Park/1999
Sasaki/2001
Carcinóide gastrointestinal
38
Fujimori/2001
Tumor pancreático sólido
pseudo-papilar
90
Abraham/2002
Carcinoma endometrial
40
Mirabelli-
Primdahl/1999
Carcinoma de ovário
63
Gamallo/1999
Câncer de próstata
5
Voeller/1998
Carcinoma anaplásico de
tireóide
61
Garcia-Rostan/1999
Tumor de Wilms
15
Maiti/2000
Pilomatrixoma
95
Chan/1999
Tumor desmóide
50
Miyoshi/1998
Tejpar/1999
Adenoma adrenocortical
19,5-27
Masi/2009
Tissier/2005
Carcinoma adrenocortical
20-31
Masi/2009
Tissier/2005
15
1.4. PROP1 e mutações inativadoras
Pacientes portadores de mutações germinativas inativadoras no
PROP1 geralmente apresentam hipófise de tamanho normal ou reduzido.
Porém, na literatura relatos de aumento hipofisário nesses pacientes (48-
57). Em 1978, Parks et al. descreveram, provavelmente pela primeira vez, a
associação de hipopituitarismo com aumento do volume da sela túrcica em
três irmãos (54). Em 1999, Mendonca et al. publicaram o primeiro
seguimento longitudinal de uma paciente com hipopituitarismo cujas
imagens de RNM, realizadas aos 8 anos de idade, apresentavam aumento
do lobo anterior da hipófise com hiperssinal em T1, semelhantes às imagens
de craniofaringiomas; aos 15 anos de idade, numa nova RNM, revelou-se
uma acentuada redução do tamanho hipofisário (Figura 2). Essa paciente
possuía a deleção de 2 pb em homozigose (301-302 delAG) no exon 2 do
PROP1 (48). No mesmo ano, Rosenbloom et al. publicaram uma série com
oito pacientes portadores de hipopituitarismo familiar que possuíam a
mesma deleção 301-302 delAG em homozigose, sendo 6 irmãos de uma
prole e dois de outra, na qual três pacientes da primeira prole apresentaram
aumento da região selar visualizada à radiografia simples (55). Em 2002,
Teinturier et al. diagnosticaram um paciente portador de hipopituitarismo
como tendo um craniofaringioma intrasselar. Porém, a redução espontânea
da massa os fez rever o diagnóstico que foi então atribuído a uma deleção
no PROP1 (50). Riepe et al., em 2001, publicaram o seguimento longitudinal
de dois irmãos com hipopituitarismo devido a uma mutação em heterozigose
16
composta para as deleções 301-302 delAG e 150 delA; no início do
seguimento ambos apresentavam um aumento hipofisário que após alguns
anos deixou de ser evidenciado, dando lugar a uma hipófise hipoplásica, às
custas da redução acentuada do lobo anterior (56). Em 2004, Voutetakis et
al. publicaram uma série de 15 pacientes portadores de hipopituitarismo com
mutações inativadoras do PROP1, dos quais cinco apresentavam aumento
hipofisário nas imagens de RNM, consistente com uma lesão sem realce ao
contraste, interposta entre o lobo anterior (normalmente realçado após o
contraste) e a neurohipófise; a haste hipofisária estava deslocada
anteriormente. Em três desses pacientes houve regressão espontânea da
massa hipofisária, com normalização da posição da haste. Esse estudo
demonstrou que embora uma hipófise reduzida seja geralmente observada
em pacientes mais velhos, um mero significante de pacientes mais jovens
apresenta aumento hipofisário com subseqüente regressão, e que
provavelmente esse aumento se origine do lobo intermediário (49). Numa
outra série publicada em 2005 por Turton et al., dos 15 pacientes avaliados
com hipopituitarismo e mutação no PROP1, em apenas um pôde ser
evidenciado aumento hipofisário seguido de redução (52). Em um estudo
publicado recentemente, a análise retrospectiva de 31 pacientes com
hipopituitarismo e mutação no PROP1 evidenciou dois pacientes que foram
submetidos à cirurgia para remoção de tumor hipofisário. A análise
histológica dos tecidos mostrou células epiteliais, parcialmente oxifílicas,
formando estruturas microcísticas de aspecto glandular, preenchidas por
colóide eosinofílico sem atipia ou aspecto proliferativo; a imunohistoquímica
17
evidenciou todos os tipos de células hormonais. Esses achados
correspondem ao lobo intermediário da hipófise (58), corroborando os
achados de imagem de Voutetakis et al. (49). Além desses, outros trabalhos
também evidenciaram aumento hipofisário associado a mutações no PROP1
(51, 53, 57). A mutação mais freqüente nos casos de hipopituitarismo
familiar, presente em aproximadamente 50% desses pacientes, é a 301-302
delAG, sendo também a mais comumente envolvida nos casos com
aumento hipofisário (53, 59), nos quais também foram identificadas outras
mutações como 150delA, 112-124del, R73C/R99X (49, 52, 57).
18
A
B
Figura 2. A - RNM do paciente com mutação inativadora do PROP1. Paiis
superiores aos 8 anos de idade com aumento hipofisário e hiperssinal em
T1. Painéis inferiores aos 15 anos com redução hipofisária. B RNM de
pacientes com craniofaringioma, evidenciando o hiperssinal em T1.
19
2. Objetivos
1. Pesquisar a presença de mutações somáticas no exon 3 do gene
CTNNB1 em craniofaringiomas do subtipo adamantinomatoso.
2. Avaliar a expressão dos genes PROP1 e CTNNB1 em
craniofaringiomas do subtipo adamantinomatoso.
20
3. todos
3.1. Considerações Éticas
O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética para Análise de
Projetos de Pesquisa (CAPPesq) da Diretoria Clínica do Hospital das
Clínicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O
termo de consentimento livre e esclarecido foi obtido para todos os
pacientes.
3.2. Casuística
Foram avaliados 14 craniofaringiomas do subtipo adamantinomatoso
obtidos de pacientes (9 do sexo feminino) submetidos à ressecção
terapêutica no Hospital das Clínicas da FMUSP (n=12) ou em hospital
privado (n=2). Todos os pacientes foram operados por via transcraniana pelo
neurocirurgião pediátrico Dr. Hamilton Matushita. A idade dos pacientes
variou entre 1 ano e 7 meses e 21 anos (média de 10 anos). Sete pacientes
fizeram seguimento em outros hospitais e os dados clínicos de evolução
21
pós-operatória não foram disponíveis. Dentre os 7 pacientes que tiveram
seguimento no Hospital das Clínicas 5 apresentaram recidivas tumorais.
Todas as amostras foram submetidas à pesquisa de mutações do
exon 3 do CTNNB1. Para tanto, foi utilizado como template o cDNA obtido
do RNA tumoral por meio de transcrição reversa.
Do total de 14 amostras apenas 12 foram submetidas à análise da
expressão gênica uma vez que a extração do RNA de 2 amostras gerou
material degradado.
3.3. Extração de RNA
O RNA total das amostras foi extrdo a partir dos tecidos de
craniofaringiomas coletados durante o ato operatório terapêutico e
congelados em RNAlater
®
(Ambion, Austin, TX, USA) a -20
o
C. Utilizou-se o
método do reagente tiocianato de guanidina-fenol-clorormio TRIzol
®
(Invitrogen, Carlsbad, CA, USA). A uma quantidade média de 100 mg de
tecido foi adicionado 1 mL de TRIzol
®
. Essa mistura foi homogeneizada por
trituração, os debris foram descartados e adicionou-se 200 µL de
clorofórmio, agitando-se o tubo vigorosamente por 15 segundos, seguido
por um repouso de 3 minutos em temperatura ambiente. A mistura foi então
centrifugada a 12.000 x g por 15 minutos a 4
o
C, após o qual se obteve uma
solução trifásica formada por um sobrenadante translúcido contendo o RNA,
uma fase intermediária leitosa contendo o DNA e uma fase inferior rosada
22
contendo proteínas. O sobrenadante foi transferido para um novo tubo, ao
qual foi adicionado 500 µL de isopropanol, incubado por 10 minutos em
temperatura ambiente e centrifugado a 12.000 x g por 10 minutos a 4
o
C.
Essa centrifugação permite a formação do pellet de RNA, que é então
lavado através da adição de 1000 µL de etanol a 75% e centrifugação a
7500 x g por 5 minutos a 4
o
C. O etanol é removido por inversão e o tubo
contendo o pellet é deixado invertido para secar em temperatura ambiente
por 30 minutos. O pellet é então ressuspenso em 50 µL de água livre de
RNAse e por fim, desnaturado a 65
o
C por 10 minutos e estocado a -80
o
C.
A integridade do RNA extraído foi testada através da eletroforese em gel de
agarose 1% e visualização em transiluminador ultravioleta para avaliação da
presença das 2 bandas de RNA ribossômico (18S e 28S). As amostras que
não apresentaram as duas bandas foram excluídas. As concentrações das
amostras de RNA total foram avaliadas a partir da leitura em
espectrofotômetro.
3.4. Transcrição Reversa
O DNA complementar (cDNA) de cada amostra foi sintetizado por
transcrição reversa utilizando-se o High Capacity cDNA Archive Kit
®
(Applied
Biosystems, Foster City, CA, USA). Para a reação de transcrição reversa
são preparadas duas soluções para cada amostra: a primeira contendo 1250
ng de RNA total diluídos em 25 µL de água livre de RNAse; a segunda
23
contendo uma mistura de reagentes fornecidos pelo fabricante em
quantidades indicadas pelo mesmo, sendo 5 µL de buffer, 2 µL de dNTP
(trifosfato de nucleotídeo), 5 µL de primers randômicos, 2,5 µL de
transcriptase reversa e 10 µL de água livre de RNAse. Essas soluções são
então misturadas obtendo-se um volume final de 50 µL que é aquecido a 25
o
C por 10 minutos, e em seguida a 37
o
C por 120 minutos. A concentração
final de cDNA é de 25 ng/µl.
3.5. PCR
O exon 3 do CTNNB1 foi amplificado utilizando-se primers exônicos a
partir de 25 ng de cDNA. Cada reação de PCR foi realizada num volume
final de 25 µL completado com água, que continha 5 µL de tampão 5x para
PCR (KCl 50 mmol, MgCl
2
1,5 mmol e Tris-HCl pH 9,0 10 mmol), 200 mol
de dNTP, 20 pmol de primer sense (5-GATTTGATGGAGTTGGACATGG-3’)
e de antisense (5’-TGTTCTTGAGTGAAGGACTGAG-3’) e 1,5 U de
polimerase de DNA GoTaq® (Promega, Madison, WI, USA). Essa mistura foi
então desnaturada por 5 minutos a 94
o
C e submetida a 35 ciclos (94 C por
45 s, 65 ºC por 45 s e 72 C por 60 s.), seguidos por uma extensão de 10
minutos a 72
o
C. Os fragmentos amplificados tinham 218 pb, e foram
submetidos à eletroforese em gel de agarose 1,5% corado com brometo de
etídio e visualizados sob luz ultravioleta. Os produtos de PCR foram pré
tratados com uma combinação de exonuclease I e fosfatase alcalina de
24
camarão (United States Biochemical Corp., Cleveland, OH, USA) e
diretamente sequenciados usando o kit BigDye para sequenciamento (PE
Applied Biosystems, Foster City, CA, USA) em um sequenciador automático
ABI Prism 3100 (Perkin Elmer Corp.).
3.6. Análise in siico das variantes alélicas identificadas
Foi utilizado o PolyPhen, um todo de predição in silico, que
classifica as mutações missense com base no seu potencial impacto sobre a
função ou estrutura da proteína. O PolyPhen classifica as predições das
mutações da seguinte forma: 1 - provavelmente danosa: grande chance de
afetar a função ou estrutura da proteína; 2 - possivelmente danosa: poderia
afetar a função ou estrutura da proteína; 3 benigna: provavelmente sem
efeito na proteína (60)
3.7. Estudo da expressão por PCR em tempo real
O cDNA obtido na transcrição reversa foi submetido a reações de
PCR em tempo real para quantificação da expressão dos genes PROP1,
CTNNB1 e PIT1 de 12 craniofaringiomas adamantinomatosos. Tal
quantificação foi realizada por um sistema de detecção de sequências (SDS)
ABI Prism 7000 (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA) utilizando-se
para tanto o TaqMan® Gene Expression Assay (números de identificação:
25
PROP1 - Hs00196604_m1; CTNNB1 Hs00355045_m1; PIT1 -
Hs00230821_m1) que contém pares de primers exônicos específicos para
cada gene, além de sonda específica para o fragmento amplificado. Primers
e sonda são previamente testados por um sistema de desenvolvimento de
ensaios da Applied Biosystems, de forma a garantir a amplificação apenas
dos produtos desejados, bem como a não amplificação de DNA genômico.
As sondas dos genes alvo PROP1, CTNNB1 e PIT1 são marcadas com uma
fluorescência FAM, enquanto as dos genes endógenos PGK1
(phosphoglyceratekinase 1 - 4326318E), CYC (cyclophilin A - 4326316E) e
HPRT1 (hypoxanthine phosphoribosyl-transferase 1 - 4326321E) são
marcadas com fluorescência VIC. As diferentes fluorescências que marcam
as sondas emitem comprimentos de onda bem distintos, permitindo a sua
diferenciação quando captados pela câmera CCD do aparelho de detecção.
As reações de amplificação por PCR em tempo real foram realizadas
em triplicata e singleplex utilizando-se 12.5 µl de TaqMan
®
Universal PCR
Master Mix, 2 µL de cDNA (25 ng/ µL), 1,25 µL do ensaio contendo primers e
sonda específicos para cada gene, em um volume final de 25 µL completado
com água. Visando garantir a acurácia das reações, o desvio padrão
máximo aceito entre as triplicatas foi de até 0,3.
Para se calcular o nível de expressão de cada gene nas diferentes
amostras, foi realizada uma quantificação relativa utilizando-se o método 2
-
ΔΔCT
, onde C
T
(threshold cycle) é o ciclo da PCR em tempo real no qual a
amplificação atinge a fase logarítmica; ΔC
T
é a diferença de expressão entre
o gene alvo e o endógeno de uma determinada amostra e o ΔΔC
T
26
corresponde à diferença entre o ΔC
T
da amostra de cada paciente e o ΔC
T
do calibrador (61). Calibrador é uma amostra cuja expressão é utilizada
como base de comparação para obtenção dos resultados de expressão.
Utilizamos como calibrador um pool comercial de 39 hipófises de adultos
(636157 - Human Pituitary Gland Poly A
+
RNA, Clontech, Palo Alto, CA,
USA). As amostras foram consideradas hiper ou hipoexpressas quando se
apresentaram 2 vezes mais ou menos expressas em relação ao calibrador.
Consideramos como indetectáveis as amostras com C
T
>34. Nesta condição
a quantidade de cDNA do gene alvo se aproxima de cópia única, gerando
resultados de pouca precisão e baixa reprodutibilidade.
3.8. Validação do método 2
-ΔΔCT
Para utilizarmos o método 2
-ΔΔCT
no cálculo da expressão relativa é
preciso que a eficiência de amplificação do gene alvo e do endógeno seja
aproximadamente igual. Para avaliar essa eficiência nós realizamos uma
curva padrão de amplificação para cada gene utilizando a mesma amostra, o
pool comercial de hipófises normais. Para a construção das curvas foi
utilizada uma quantidade inicial de amostra que foi progressivamente diluída
em 50%, obtendo-se um total de seis diluições nas quais a concentração da
diluição anterior era o dobro da seguinte. Para garantir uma eficiência de
amplificação perto de 100%, a inclinação (y) da curva padrão deve ser de -
3,3 ± 0,3; enquanto para garantir uma adequada acurácia entre as triplicatas
o coeficiente de correlação (R
2
) deve ser 0,99 (Gráficos 1 e 2). Após a
27
construção das curvas, para determinar se a eficiência de amplificação das
reações de PCR do gene alvo e do endógeno eram aproximadamente
iguais, realizamos o ΔC
T
(C
T
alvo C
T
endógeno). Para tanto, utilizamos o
C
T
gerado para cada diluição equivalente do alvo e do endógeno. Em
seguida construímos uma nova curva onde foram lançados os valores do
ΔC
T
versus os valores do logaritmo das diluições para se obter uma linha de
regressão semilogarítmica cuja inclinação é utilizada como critério de
validação para o uso de método 2
-ΔΔCT
(Gráfico 3). Tal método pode ser
utilizado quando o valor de inclinação (y) da curva é < 0,1.
28
Gráfico 1 Curva-padrão de amplificação do gene endógeno CYC
Gráfico 2 Curva-padrão de amplificação do gene alvo PROP1
y = -3,408x + 29,22
R² = 0,998
0
5
10
15
20
25
30
0 0,5 1 1,5 2 2,5
C
T
Log
10
RNA total
CYC
y = -3,343x + 37,90
R² = 0,994
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
C
T
Log
10
RNA total
PROP1
29
Gráfico 3 Experimento de validação do método 2
-ΔΔCT
. Validação para os genes
alvo PROP1 e endógeno CYC
y = 0,093x + 8,652
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0 0,5 1 1,5 2 2,5
ΔC
T
Log
10
RNA total
Validação do Método 2
-ΔΔCT
30
3.9. Escolha dos genes endógenos
Quando se emprega a técnica de estudo de expressão em tempo
real, para se obter uma interpretação confiável dos resultados bem como ser
capaz de detectar pequenas mudanças nos níveis de expressão, é
necessária uma normalização precisa. Nos cálculos da quantificação relativa
uma estratégia comum de normalização é a amplificação de um ou mais
genes endógenos controles, em paralelo ao gene alvo. Um gene endógeno
ideal deve exibir uma expressão constitutiva e estável nas amostras
investigadas. A escolha de um gene endógeno inadequado pode gerar
resultados alterados. Sendo assim, para escolhermos quais seriam os
melhores genes endógenos para os tecidos de craniofaringiomas deste
estudo, nós testamos sete genes (Tabela 3), comumente utilizados como
endógenos, através de um software criado e validado por Vandesompele et
al., o geNorm (62). Esse programa avalia a estabilidade de expressão dos
genes endógenos testados baseando-se nos níveis de expressão dos
mesmos antes de serem normalizados e utiliza-se do princípio de que a
razão entre a expressão de dois genes endógenos ideais é sempre a mesma
para todas as amostras, independente das condições experimentais. Para
cada gene é calculado um valor de estabilidade denominado M; quanto
menor o valor de M, mais estável é o gene. O uso de mais de um gene
endógeno para normalização gera resultados mais acurados. Por isso,
através do geNorm obtivemos os 3 genes endógenos com os menores
valores de M entre os sete testados, que foram então considerados os mais
31
apropriados para as amostras de craniofaringiomas do presente estudo
(Gráfico 4). Os genes escolhidos foram PGK1, CYC e HPRT1. A média
geométrica da expressão dos três genes foi usada então, como gene
endógeno no lculo 2
-ΔΔCT
.
Tabela 3 - Genes alvo
1
e endógenos
2
estudados por PCR em tempo real
Símbolo
Nome do gene
Função
Número de
identificaçã
PROP1
1
Profeta do PIT1
Fator de transcrição específico
da hipófise
Hs00196604_m
1
CTNNB1
1
β-catenina
Proteína da junção de aderência
e da via Wnt
Hs00355045_m
1
PIT1
1
PIT1
Fator de transcrição específico
da hipófise
Hs00230821_m
1
ACTB
2
Beta-actina
Proteina estrutural
citoesquelética
4326315E
B2M
2
Beta-2-microglobulina
Molécula do complexo principal
de histocompatibilidade I
4326319E
GAPDH
2
Glyceraldeído-3-
fosfatase-desidrogenase
Oxidoredutase na glilise e
gliconeogênese
4326317E
HPRT
2
Hipoxantina-ribosil-
transferase
Síntese de purinas
4326321E
PGK1
2
Fosfoglicerato quinase 1
Enzima glicolítica
4326318E
CYC
2
Ciclofilina A
Catalisa a isomerização cis-
trans de ligações peptídicas
4326316E
TBP
2
Proteína ligadora
TATA-box
Fator de transcrição geral da
RNA polimerase II
4326322E
32
Gráfico 4 Valores de estabilidade da expressão (M) dos genes endógenos nos
craniofaringiomas adamantinomatosos
3.10. Análise estatística
Foi utilizado o teste exato de Fisher para o cálculo do significado
estatístico da expressão do CTNNB1.
Valor de estabilidade da expressão (M)
Genes mais estáveis
Genes menos estáveis
33
4. Resultados
4.1. Sequenciamento
Foram identificadas 7 mutações somáticas no exon 3 do CTNNB1 em
9 dos 14 craniofaringiomas adamantinomatosos estudados (Tabela 4).
Todas as mutações são do tipo missense, em heterozigose. Cinco delas já
foram previamente descritas nesses tumores (22-25) e duas delas ainda
não. Uma das mutações não descritas resultou na substituição do
aminoácido hidrofílico ácido asrtico, pelo aminoácido hidrofóbico valina no
códon 32. A outra mutação não descrita resultou em substituição de uma
serina por prolina, ambos classificados como aminoácidos polares sem
carga, no códon 37.
34
Tabela 4 Análise do exon 3 do CTNNB1 em pacientes com craniofaringiomas
adamantinomatosos
Paciente
Idade
(anos)
Sexo
Troca na sequencia
de DNA
Troca de
aminoácido
1
9
M
c.122C>T
p.Thr41Ile
2
4
M
Não encontrada
Não encontrada
3
1
F
c.110C>T
p.Ser37Phe
4
10
F
Não encontrada
Não encontrada
5
9
M
c.109T>C
p.Ser37Pro
1
6
21
M
Não encontrada
Não encontrada
7
2
F
c.94G>A
p.Asp32Phe
8
1
M
c.122C>T
p.Thr41Ile
9
13
F
c.98C>T
p.Ser33Phe
10
17
F
c.94G>A
p.Asp32Phe
11
14
F
c.98C>G
p.Ser33Cys
12
11
F
Não encontrada
Não encontrada
13
9
F
Não encontrada
Não encontrada
14
4
F
c.95A>T
p.Asp32Val
1
1 Mutações ainda não descritas em craniofaringiomas adamantinomatosos
35
4.2. Análise in silico
Todas as amostras, tanto as previamente descritas, como as não
descritas em craniofaringiomas adamantinomatosos, foram classificadas
como provavelmente danosas, ou seja, com grande chance de afetar a
função ou estrutura da proteína.
4.3. PCR em tempo real
4.3.1. Gene CTNNB1
Doze amostras foram submetidas à analise por PCR em tempo real,
sendo que dessas, sete apresentavam mutação no CTNNB1. Em cinco
dessas sete amostras observamos um aumento da expressão do CTNNB1
que variou de 2,5 a 6,2 vezes maior que a expressão do pool de hipófise
normal (amostras 3, 5, 9, 11, 14) (Gráfico 5). Com relação às cinco amostras
sem mutação no CTNNB1, apenas duas apresentaram expressão de 3,6 e
4,6 vezes maior que a do pool de hipófise normal (amostras 13 e 4
respectivamente) (Gráfico 5). Contudo, não houve diferença estatisticamente
significante entre o número de amostras com hiperexpressão do CTNNB1
nos grupos com e sem mutação neste gene (p=0,558).
36
Gráfico 5 Expressão do CTNNB1 por PCR em tempo real em craniofaringiomas
adamantinomatosos com e sem mutação no CTNNB1, em relação ao
pool de hipófise normal
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
2
6
12
13
4
PHN
1
10
9
14
11
5
3
Quantificação Relativa
Craniofaringiomas adamantinomatosos
Expressão do CTNNB1
2
PHN
3
Com mutação
Sem mutação
PHN: pool hipófise normal
37
4.3.2. Gene PROP1
A expressão do PROP1 foi indetectável em dez das doze amostras
avaliadas. Entretanto, as duas amostras que apresentaram valores
detectáveis, embora hipoexpressos em relação ao pool de hipófise normal,
também apresentaram expressão de PIT1, sugerindo contaminação com
tecido hipofisário normal.
38
5. Discussão
Os craniofaringiomas são os tumores mais comuns da região
hipotálamo-hipofisária em crianças (1). Apesar de serem histologicamente
benignos, seu comportamento é agressivo e seu caráter invasivo para as
estruturas adjacentes - como a hipófise, o nervo óptico, e o hipotálamo -
pode resultar em sequelas com prejuízo frequente na qualidade de vida.
Mutações no gene CTNNB1, que codifica a proteína β-catenina, foram
descritas numa frequência variável de 16 a 100% dos craniofaringiomas
adamantinomatosos avaliados em diferentes séries (22-25). Essas mutações
foram encontradas no exon 3, afetando sempre o sítio de degradação da β-
catenina. Todas as mutações eram missense, exceto uma deleção de 81 pb,
somáticas e em heterozigose.
No presente estudo identificamos mutações no CTNNB1 em 64% das
amostras. Tais mutações foram encontradas nos códons 33 (n=2), 37 (n=2)
e 41 (n=2) afetando diretamente os resíduos de serina e treonina da β-
catenina, que são o alvo de fosforilação pela GSK-3β. Outro códon
acometido foi o 32 (n=3), que flanqueia o sítio de fosforilação da GSK-3β, o
que provavelmente também impediria a ação dessa enzima, como acontece
nas mutações nos códons 33, 37 e 41 (21) (Tabela 4).
Tanto as mutações já descritas encontradas nessa casuística quanto
as duas mutações ainda não descritas (p.Ser37Pro e p.Asp32Val) em
39
craniofaringiomas foram classificadas pelo programa PolyPhen como
provavelmente danosas, isto é, com grande chance de afetar a proteína.
Recentemente as mutações previamente descritas no CTNNB1
tiveram seu papel demonstrado na etiopatogênese do craniofaringioma
adamantinomatoso através do aumento da expressão dos genes alvo Axin2
e BMP4, da via de sinalização WNT (63). O primeiro codifica a proteína
Axina2, componente do complexo multiprotéico de degradação da β-
catenina, que atua como regulador negativo da via WNT (64); o segundo
codifica uma proteína de mesmo nome que exerce papel fundamental no
processo de desenvolvimento dentário (65) e esaumentada em tumores
com elevação da β-catenina (66). O aumento na expressão desses genes foi
evidenciado em células tumorais com acúmulo nuclear de β-catenina que
foram micro-dissecadas a laser. Ao contrário, as células sem acúmulo
nuclear da β-catenina não apresentaram tal aumento. Por outro lado, estes
autores tamm demonstraram que nem todas as células com presença de
mutações no exon 3 do CTNNB1 apresentavam acúmulo nuclear de β-
catenina, sugerindo que talvez as mutações que alteram a degradação da
proteína possam não ser suficientes per se para gerar tal acúmulo (63) e que
talvez outro mecanismo esteja envolvido nesse processo.
Outros fatores além das mutações ativadoras no CTNNB1 podem
estar envolvidos no acúmulo citoplasmático e consequentemente nuclear da
β-catenina. Entre eles, a ligação às caderinas e o transporte através da
membrana nuclear. Quando ligada à caderina, fazendo parte das junções de
aderência célula-lula, a β-catenina o entra no núcleo. A entrada e a
40
saída da β-catenina através do núcleo são processos que ocorrem sem
gasto energético, mas dependem das repetições armadillo 10-12 e da região
carboxi-terminal (67). O mesmo trabalho que avaliou a expressão da Axina2
e do BMP4 nas células com mutação no exon 3 e acúmulo nuclear de β-
catenina não encontrou mutações nos exons que codificam as regiões
responsáveis pela ligação às caderinas (exons 4, 9 e 13) e pelo transporte
nuclear da β-catenina (exons 8-13), indicando um mecanismo de transporte
nuclear e de ligação às junções de aderência intactos (63).
Em nossa casuística, avaliamos pela primeira vez a expressão do
CTNNB1 em craniofaringiomas adamantinomatosos. Observamos uma
expressão variável nesses tumores, com hiperexpressão em 58% das
amostras. Essa hiperexpressão ocorreu independentemente da presença ou
ausência de mutações no CTNNB1. O aumento de expressão do CTNNB1
poderia estar envolvido na patogênese dos tumores sem mutação nesse
gene. Enquanto nos tumores com mutação, essa hiperexpressão poderia
contribuir na patogênese ou modificar o fenótipo do tumor. No entanto, como
essa é a primeira descrição desse achado, outros estudos com maior
número de tumores são necessários para esclarecer o papel dessa
hiperexpressão.
A patogênese dos craniofaringiomas sem alterações no CTNNB1
ainda permanece sem explicação. Para investigar outros genes
provavelmente envolvidos nesse processo, analisamos a expressão do
PROP1. Esse gene foi escolhido baseado no fato de que a β-catenina
única proteína envolvida até o momento com a patogênese interage com o
41
PROP1 para controlar a determinação da linhagem celular hipofisária (12) e
de que camundongos transgênicos com expressão persistente do Prop1 m
defeitos no controle da proliferação celular com aumento da susceptibilidade
a tumores hipofisários (14). Além disso, pacientes com mutações
inativadoras do PROP1 podem apresentar aumento hipofisário (48-57).
Portanto, a desregulação na expressão do PROP1 poderia resultar no
desenvolvimento de craniofaringiomas adamantinomatosos nos quais não
foram identificadas alterações no CTNNB1. Contudo, nenhuma das
amostras apresentou expressão de PROP1, exceto as que tamm
expressaram PIT1, sendo consideradas, portanto, contaminadas com tecido
hipofisário normal. Inicialmente nós imaginamos que as amostras sem
alteração no CTNNB1 poderiam apresentar um padrão de expressão de
PROP1 diferente do observado nas amostras com mutação, especialmente
uma hiperexpressão, o que eventualmente poderia ser responsável pela
patogênese dessas amostras. Contudo, nossos achados não foram capazes
de provar essa hipótese, uma vez que tanto as amostras com mutação
quanto as sem mutação no CTNNB1 apresentaram níveis indetectáveis de
PROP1, indicando que tal gene não deve ter relação com a tumorigênese
dos craniofaringiomas adamantinomatosos.
42
6. Conclusões
1- Identificamos mutações com ganho de função no CTNNB1 em 64%
dos tumores sendo cinco descritas e duas mutações ainda não
descritas em craniofaringiomas adamantinomatosos.
2- Observamos aumento da expressão do CTNNB1 em 58% das
amostras sugerindo o envolvimento tamm da hiperexpressão desse
gene na etiopatogenia do craniofaringioma adamantinomatoso.
3- Observamos ausência de expressão do PROP1 em todas as
amostras, afastando o envolvimento desse fator de transcrição na
etiopatogenia do craniofaringioma adamantinomatoso.
43
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