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MARIA EMILIA ZENTENO
O ENTRE O ONCOGENE BCR-ABL E OS
RECEPTORES DE TIPO TOLL (TLR)
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Imunologia do
Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo, para obtenção
do Título de Mestre em Ciências Biológicas
São Paulo
2010
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MARIA EMILIA ZENTENO
O ENTRE O ONCOGENE BCR-ABL E OS
RECEPTORES DE TIPO TOLL (TLR)
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Imunologia do
Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo, para obtenção
do Título de Mestre em Ciências Biológicas
Área de concentração: Imunologia
Orientador: Gustavo P. Amarante- Mendes
São Paulo
2010
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS
________________________________________________________________________________________________
Candidato(a): Maria Emilia Zenteno.
Título da Dissertação: Relação entre o oncogene BCR-ABL e os receptores
de
tipo TOLL(TRL) .
Orientador(a): Gustavo Pessini Amarante-Mendes.
A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado,
em sessão pública realizada a .............../................./.................,
( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a)
Examinador(a): Assinatura: ....................................................................................
Nome: ............................................................................................
Instituição: .....................................................................................
Examinador(a): Assinatura: ....................................................................................
Nome: ...........................................................................................
Instituição: .....................................................................................
Presidente: Assinatura: ....................................................................................
Nome: ...........................................................................................
Instituição: .....................................................................................
4
5
DEDICATÓRIA
Aos meus pais e irmãos.
Aos meus amigos e primos.
Ao meu amor, Santiago.
6
AGRADECIMENTOS
Para começar, gostaria de agradecer ao meu orientador Gustavo por ter me
guiado com responsabilidade e sabedoria. Pra mim foi muito importante seu apoio e
atenção nos primeiros momentos do mestrado que não foi fácil conseguir
decolar. Agradeço a ele por ter confiado em mim, mesmo porque, imagino que seja
difícil orientar uma pessoa tão atrapalhada quanto eu. Por isso e muito mais, os
caminhos e prazos para cada experimento por ele estipulado foram de extrema
importância para o avanço deste trabalho até a meta especifica traçada.
Agradeço aos amigos do Laboratório, que para minha felicidade ainda estão
comigo, compartilhando lindos momentos nas horas de trabalho. Ao Welbert, Jackie,
Luciana, Tiago, Julia, Barbara, Inaê, Danilo, Rodolfo, Flavia, Gabriella, Bruno e
Nathalia. A cada um deles, obrigada pela alegria, pela amizade, pela disposição pra
discutir os experimentos do dia a dia, pelos conselhos que recebi deles. Enfim,
agradeço ter conhecido pessoas tão legais e sem problemas para quebrar um galho
quando precisar. Por estarem aí para me ajudar nos momentos difíceis.
Aos amigos que não estão mais no laboratório, mas que se encarregaram de
me ensinar às principais técnicas, necessárias para meu trabalho. Da mesma
maneira, que sentaram comigo pacientemente para interpretar e discutir os
resultados obtidos. Eles me transmitiram sua experiência e despertaram em mim a
capacidade de analisar e questionar os experimentos realizados. Ao Ricardo, Ana
Elisa, Monica, Claudia, Daniel, Fabiola, Maira e Luciana Concepción.
Aos amigos do Laboratório da Professora Karina Bortoluci, inclusive a própria
prof
a
, a Carininha, a Alessandra e a Silvia. Por terem me ajudado com algumas
técnicas e terem me emprestado gentilmente alguns reagentes. Por formar parte
desta grande família que é o laboratório 244.
A todo o pessoal do Departamento de Imunologia, sempre disponível para
compartir momentos agradáveis de diversão e por estarem realizando com excelente
desempenho seus respectivos trabalhos. Ao Otacilio, Milton, Jotelma, Eni, Tiago,
Amanda, Roberto. Aos porteiros da noite que sempre ficaram preocupados toda vez
que ia embora após as 10hs da noite.
A toda a galera argentina que me ajudaram nos primeiros momentos em São
Paulo e continuam sendo uma boa companhia. A eles que planejaram as nossas
7
juntaderas de amigos todo final de semana e às vezes receberam minhas
desculpas por não conseguir ir, que sempre tinha que fazer alguma coisa no
laboratório. A vocês, Silvina, Jorge e Hector (aliás, Chichi), muchas gracias.
A minha família, minha mãe Teresa, meu pai Ramon, meus irmãos Gustavo e
Marisa, a minha melhor amiga Malvina, a minha cunhada Analia. Para todos eles
muito obrigada por suportarem minha ausência e serem tão pacientes comigo
esperando o glorioso momento de minha volta pra Salta. Mesmo não
compreendendo o motivo da distância eles sabem o grande motivo da minha estadia
no Brasil e por isso fico feliz. Caros pais, agora estou colhendo os frutos que vocês
tinham me falado pra esperar, valeu o sacrifício e não tenho nada para me
arrepender. Aqueles valores que vocês me ensinaram foram e são muito importantes
no meu desenvolvimento na vida. Obrigada por tudo.
Ao amor da minha vida, Santiago, por estar sempre ao meu lado, nos bons e
maus momentos, suportando todos meus humores. Por cebarme unos mates
enquanto conversávamos sobre aspéctos de meu trabalho e do dele. Por ter me
dado o apoio e conselhos toda vez que eu precisei e principalmente por ser como
ele é, compreensível e paciente.
Agradeço às duas agências de financiamento CNPq e FAPESP que
aportaram o dinheiro para que este trabalho fosse realizado.
8
RESUMO
Zenteno ME. Relação entre o oncogene BCR-ABL e os receptores de tipo Toll (TLR)
[Dissertação (Mestrado em Imunologia)]. São Paulo: Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo; 2010.
Recentemente, a expressão gênica dos receptores TLR foi encontrada em diversos
tipos de células tumorais. A sua participação na biologia do câncer é controversa
que foram descritas ações pró e anti-tumorais após a ativação de sua sinalização.
Na Leucemia Mielóide Crônica (LMC) nada se tem demonstrado. BCR-ABL é uma
oncoproteína quimérica cujo sítio tirosina quinasa constitutivamente ativado promove
inúmeras vias de sinalizações que desencadeia a transformação celular. Este
trabalho se inicia com a hipótese de existir uma relação entre o oncogene BCR-ABL
e a expressão dos receptores TLRs. Nós verificamos em células murinas TonB210.1
com expressão de BCR-ABL induzível por doxiciclina que Tlr1 e Tlr2 tem sua
expressão gênica relativa aumentada na presença da oncoproteína. A regulação
positiva de Tlr1 é dependente da ação tirosina quinasa de BCR-ABL. Também
mostramos que as vias p38 e JNK estão reprimindo a expressão de Tlr1 induzida por
BCR-ABL enquanto que a via ERK é utilizada pelo BCR-ABL para promovê-la. Por
outro lado, observamos que a ligação de TLR1/2 com seu agonista sintético
Pam3CSK4 induz um aumento da produção de IL-6 e leva ao aumento da
resistência a morte induzida pelas drogas Ara-C e VP16 nas TonB210.1 BCR-ABL
positivas. Em conclusão, estes resultados indicam que BCR-ABL esta regulando a
expressão gênica de alguns TLRs. Por tanto esses dados contribuem para a
compreensão sobre o comportamento de células tumorais BCR-ABL positivas em
um contexto de infecção e por conseqüência, dão margem ao estudo de novos alvos
de fator de risco para a LMC.
Palavras-chave: BCR-ABL. TLR. Leucemia Mielóde Crônica. Câncer.
9
ABSTRACT
Zenteno ME. Relationship between the oncogene BCR-ABL and Toll-like receptors
(TLR) [Master Thesis (Imunology)]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo; 2010.
Recently, the gene expressions of TLR receptors have been described in several
kinds of tumours cells. Its participation in cancer biology is controversy because roles
were already been described pro and anti-tumoral activities after their signaling
activation. In Chronic Myeloid Leukemia (CML) there are no published data. BCR-
ABL is a quimeric protein and its tyrosine-kinase site is activated constitutively. Thus,
many signaling pathways are activated and several cells processes are altered
thereby resulting in cellular transformation. This work has started with the hypothesis
that a putative relationship between the oncogene BCR-ABL and the expression of
TLR receptors could exists. We verified in murine cells TonB210.1 BCR-ABL
expression inducible by doxycicline that Tlr1 and Tlr2 have their relative gene
expression up-regulated in the presence of the oncoprotein. Therefore the Tlr1
regulation is dependent of BCR-ABL tyrosine kinase action. Using MAPK inhibitors
we showed that p38 and JNK pathways are suppressing the TLR1 induction by BCR-
ABL while ERK pathway is used by the oncoprotein for promote it. On the other hand,
we observed in TonB210.1 BCR-ABL positive cells that the binding of TLR1/2
heterodimer to their synthetic agonist Pam3CSK4 induced the increased production
of IL-6 and when these cells were induced by Ara-C and VP-16 drugs the apoptosis
resistance increased. In conclusion, these results indicate that the oncoprotein
regulates the gene expression of some TLRs. Therefore, this fact gives us datas
about the behavior of BCR-ABL positive tumor cells in the context of infection and in
consequence the study of new risk factor targets for CML.
Keywords: BCR-ABL. TLR. Chronic Myeloid Leukemia. Cancer
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Ligantes de receptores TLR.......................................................................16
Figura 2. Via de sinalização dos receptores TLR......................................................17
Figura 3. Dominios estruturais das proteinas s-Src e c-Abl.......................................28
Figura 4. Estruturas auto-regulatorias de c-Abl.........................................................29
Figura 5. Dominios estruturais da proteína BCR......................................................30
Figura 6. Vias de sinalizações ativadas por BCR-ABL e os processos celulares
envolvidos...................................................................................................................31
Figura 7. Tratamento de células Ba/F3 e TonB210.1 com doxiciclina para a indução
de BCR-ABL...............................................................................................................45
Figura 8. STI 571 inibe a capacidade fosforilativa da tirosina quinasa de BCR-
ABL............................................................................................................................46
Figura 9. Perfil de expressão gênica basal dos receptores Tlr nas linhagens murinas
Ba/F3 e TonB210.1....................................................................................................47
Figura 10. Analises de expressão gênica dos receptores Tlrs nas linhagens murinas
Ba/F3 e TonB210.1...................................................................................................48
Figura 11. Estrutura do gene Tlr1 murino com alguns dos fatores de transcrição
preditos......................................................................................................................50
Figura 12. Vias das MAPKs regulam a expressão gênica de Tlr1 na presença de
BCR-ABL...................................................................................................................51
Figura 13. O agonista sintético de TLR1/TLR2, Pam3CSK4, ativou a via de NFκB
em uma concentração de 10μg/ml nas lulas TonB210.1 positivas e negativas para
BCR-ABL....................................................................................................................53
Figura 14. Células TonB210.1 com expressão de BCR-ABL apresentaram um
aumento significativo de IL-6 na presença de Pam3CSK4........................................54
11
Figura 15. Pam3CSK4 não alterou a proliferação das celulas TonB210.1 com e sem
a expressão de BCR-ABL........................................................................................55
Figura 16. Células TonB210.1 com expressão de BCR-ABL são resistentes à morte
celular induzidas por agentes inibidores da replicação celular................................56
Figura 17. Modelo de regulação gênica de Tlr1 por BCR-ABL...............................66
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 RECEPTORES TIPO TOLL (TLR).................................................................... 13
1.1.1 Sinalização TLR ....................................................................................... 16
1.2 IMPORTÂNCIA DOS TLRS NO CÂNCER ........................................................ 19
1.2.1 Aspectos pró-tumorais dos TLRs .......................................................... 21
1.2.2 TLR na terapia contra o câncer .............................................................. 24
1.3 BCR-ABL E LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA ............................................... 26
1.3.1 Vias de sinalização de BCR-ABL e processos celulares envolvidos . 31
1.3.1.1 Via RAS .............................................................................................. 32
1.3.1.2 Via PI3K ............................................................................................. 33
1.3.1.3 Via JAK-STAT .................................................................................... 33
1.3.1.4 Via NFκB ............................................................................................ 34
2 OBJETIVO ............................................................................................................. 36
2.1 METAS ESPECIFICAS ................................................................................ 36
3 MATERIAIS E METODOS ..................................................................................... 37
3.1 Materiais ...................................................................................................... 37
3.2 Reagentes ................................................................................................... 37
3.3 Métodos ...................................................................................................... 37
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 44
5.1 Padronização de um modelo de BCR-ABL induzível por doxiciclina em
células de camundongo .................................................................................. 44
5.2 Inibição da ação tirosina-quinasa de BCR-ABL com mesilato de
imatinibe (MI) e analises da expressão gênica dos Tlrs. .............................. 45
5.3 A sinalização das MAPKs está envolvida na regulação da expressão
gênica de Tlr1 ................................................................................................... 49
 ....... 52
5.5 Pam3CSK4 induz um aumento da produção de IL-6 nas células BCR-
ABL positivas. .................................................................................................. 53
5.6 A indução com Pam3CSK4 não altera a proliferação das células BCR-
ABL positivas. .................................................................................................. 54
5.7 Pam3CSK4 induz quimioresistência nas células BCR-ABL positivas. . 55
6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 57
6.1 Regulação dos receptores de tipo Toll por BCR-ABL. ........................... 58
6.2 Participação das MAPK na regulação de tlr1 .......................................... 60
6.3 Ativação da via de sinalização de TLR1/TLR2 com Pam3CSK4 ............ 61
6.4 Consequências biológicas após ativação da via de sinalização de
TLR1/TLR2 com Pam3CSK4 ............................................................................ 64
7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 67
REFERÊNCIAS* ....................................................................................................... 68
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 RECEPTORES TIPO TOLL (TLR)
A proteína Toll foi identificada inicialmente como uma molécula essencial na
determinação dorsoventral de embriões de moscas Drosophila (Anderson et al.,
1985). Anos mais tarde, Lemaitre et al. acharam uma nova função da proteína Toll,
ja não no desenvolvimento embrionário senão na defesa imune de moscas adultas
contra infecções por Aspergillus fumigatus (Lemaitre et al., 1996). Os autores viram
que a indução da proteína Toll estimulava a produção de agentes antimicrobianos.
Dessa forma, os dados demonstraram uma ativa participação da sinalização do
receptor Toll na ativação da imunidade inata.
Simultaneamente, estudos moleculares mostraram uma alta homologia
protéica entre membros das sinalizações da proteína Toll em Drosophila e o receptor
de IL-1 em mamíferos. Nesse sentido, membros de ambas as sinalizações tais como
as proteinas CACTUS e NFkB, respectivamente, compartilham a mesma função e
estrutura protéica (Wasserman, 1993). Soma-se o fato das evidencias mostrarem
similitudes estruturais entre os domínios citoplasmáticos da proteína Toll e o receptor
de IL-1 (Gay e Keith, 1991) o que sugere a existência de uma via conservada
possivelmente ativada pelo receptor homologo a proteína Toll em mamíferos. Foi no
ano 1997 quando Medzhitov et al. descreveram a estrutura do homologo humano da
proteína Toll da mosca, hoje conhecida como TLR4 (Medzhitov et al., 1997). Mas o
descobrimento que revolucionou a forma de observar a interação entre a imunidade
inata e adaptativa para o combate de patogenos, foi o fato deles terem observado
que mutantes constitutivamente ativados daquele homologo protéico hToll (Toll
humano) leva a ativação de NFkB e indução de genes de citocinas pro-inflamatorias
como IL-1, IL-6, IL-8 e moléculas co-estimulatorias como B7.1 (Medzhitov et al.,
1997). Dessa forma foi demonstrado que a via Toll/NFkB é conservada desde
invertebrados até vertebrados e que sinaliza para a ativação das células do sistema
adaptativo e assim as informa da presença de patógenos.
O sistema imune inato a diferença do sistema imune adaptativo, reconhece
microorganismos via receptores de reconhecimento de padrões (Patterns
Recognition Receptors; PRR) de menor diversidade e especificidade quando
comparados ao grande repertorio de receptores rearranjados dos linfócitos T e B. Os
14
PRR têm a características de reconhecer padrões moleculares associados a
patógenos (Pathogen-associated molecular patterns; PAMPs) que são moléculas
conservadas pertencentes ao patógeno e essenciais pra sua sobrevivência sendo
que elas dificilmente apresentam muita variação. Os PRR por outro lado, são
moléculas constitutivamente expressas nas células do sistema imune inato, não são
clonais e sua ligação não gera memória imunológica.
Os receptores de tipo Toll (Toll-like Receptors, ou TLRs) fazem parte da
primeira linha de defesa contra patógenos, portanto pertencem ao grupo de PRR.
TLRs são uma família de 11 receptores identificados no ser humano e 13 em
camundongos. Eles reconhecem uma variedade de estruturas moleculares em
bactérias, vírus, fungos e protozoários (Kawai e Akira, 2007). Esses receptores são
expressos nas células apresentadoras de antígenos (Antigen-Presenting Cells;
APCs), células epiteliais, endoteliais e linfócitos T. A sinalização desses receptores
culmina na indução de citocinas pro-inflamatórias, quimiocinas, interferons de tipo I
(IFN-α e -β) e a expressão de moléculas co-estimulatorias (Akira e Takeda, 2004).
A indução da expressão das moléculas B7 pela ligação dos receptores TLRs
com PAMPs é um processo fundamental na ativação do sistema imune adaptativo.
No transcurso do tempo evolutivo os receptores de tipo Toll foram selecionados para
o reconhecimento de moléculas não próprias e a conseqüente estimulação do
sistema imune. Em organismos superiores a indução de moléculas co-estimulatorias
dirigida pela ligação dos TLRs, representa um grande avanço evolutivo que esse
processo permite a ativação e diferenciação de linfócitos T efetores. Sendo assim,
os TLRs montam uma eficiente resposta imune efetora para a eliminação de
microorganismos invasores.
Os TLRs o proteínas transmembrânicas tipo I cuja estrutura extracelular é
formada por um ectodomínio com repetições ricas em leucinas (LRR), responsável
pelo reconhecimento de PAMPs, e um domínio citoplasmático homólogo à região
homônima do Receptor de IL-1 denominado Toll/IL-1 receptor (TIR), que
desencadeia a sinalização dos TLRs (Bowie e O'Neill, 2000).
Existem dois grupos principais segundo sua localização celular (Figura 1). Os
TLRs de membrana plasmática (TLR1, 2, 4, 5, 6, 10, 11) e os TLRs endossomais
(TLR3, 7, 8, 9). Existe outra subclassificação dependendo do tipo de ligante
reconhecido pelos receptores. Neste sentido, a subfamília composta pelos TLR1, 2 e
15
6 reconhecem lipopeptídeos, enquanto os TLR3, 7, 8 e 9 compõem o grupo de
reconhecimento dos ácidos nucléicos. TLR5 reconhece a proteína flagelina, principal
componente do flagelo das bactérias presentes na lamina própria intestinal.
Finalmente, o TLR4 se une a vários ligantes estruturalmente não relacionados,
reconhecendo, principalmente, lipopolisacarídeos (LPS) da parede celular das
bactérias gram-negativas, mas também a proteína de fusão do vírus sincicial
respiratório (RSV), o paclitaxel, a fibronectina e proteínas de choque térmico (heat
shock protein; HSPs) (Akira et al., 2006). TLR2 forma heterodímeros com TLR1, 6,
CD36, para distinguir uma ampla variedade de PAMPs, tais como, peptidoglicanas,
lipopeptídeos de bactérias gram-positivas e micoplasma, e zymosan de fungos,
evidenciando cooperação entre os mesmos TLRs para o reconhecimento antigênico
(Alexopoulou et al., 2001). O TLR11 do camundongo reconhece componentes ainda
desconhecido de bactérias uropatogênicas e também as moléculas tipo profilina do
parasita Toxoplasma gondii (Zhang et al., 2004).
Entre os TLRs endossomais; TLR3 reconhece RNA de dupla fita (double
strand RNA; dsRNA) produzidos por vírus durante sua replicação (Alexopoulou et al.,
2001); TLR7 reconhece RNA de fita simples (single strand RNA; ssRNA)
provenientes de retrovírus, mas apresenta ligantes artificiais, tais como as moléculas
sintéticas do tipo imidazoquinolinas, cujo representante principal é o imiquimod,
assim também os análogos de guanosinas, tais como, loxorribine, embora exista
outro ligante para este receptor, os siRNA (small interference RNA). TLR8 têm uma
alta homologia com TLR7 e por essa questão também participa no reconhecimento
de ssRNA (Heil et al., 2004) e TLR9 se liga a motivos CpG desmetilados,
encontrados com freqüência no DNA de vírus e bactérias.
16
Triacil-
lipopeptídeo
Diacil-
lipopeptídeo
Flagelina
LPS
Membrana Plasmática
Figura 1. Ligantes de receptores TLR.
FONTE: Adaptado de Kawai e Akira (2010).
1.1.1 Sinalização TLR
A sinalização dos TLRs ativa a indução dos genes de citocinas inflamatórias
como TNF, IL-6, IL-1 e IL-12, assim também induz a expressão de moléculas co-
estimulatorias em células dendríticas e macrofagos. Coletivamente, cada TLR
recruta uma combinação específica de moléculas adaptadoras para ativar diferentes
fatores de transcrição que darão origem à resposta apropriada e efetiva contra o
patógeno estimulador. Basicamente, dependendo do estímulo, podem ser ativados
os fatores de transcrição NFB e AP-1 para produção de citocinas inflamatórias e/ou
IRFs para a produção de interferons tipo I (IFN- e -). Assim, moléculas
provenientes de patógenos extracelulares serão reconhecidos principalmente pelos
TLRs de membrana plasmatica, TLR1, 2, 6, 4 e 5 que estimulam a produção apenas
de citocinas pro-inflamatorias. Já, moléculas associadas a patogenos intracelulares
como vírus ou bactérias que replicam dentro de endossomos, contatam e ativam os
TLRs endossomais os quais induzem a produção de interferon de tipo I cujo principal
efeito é a inibição da replicação celular das células infectadas.
17
O reconhecimento dos PAMPs pelos TLRs estimula o recrutamento de
proteínas adaptadoras que possuem domínios TIR em sua estrutura para interagir
com o domínio TIR intracelular dos TLRs. São quatro as moléculas adaptadoras
envolvidas na sinalização dos receptores TLRs, MyD88, TIRAP, TRIF e TRAM (ou
TICAM2) (Akira e Takeda, 2004). A proteína MyD88 é utilizada por todos os TLRs, a
exceção de TLR3, e ativa NFkB e as vias das MAPKs para induzir a produção de
citocinas pro-inflamatorias. Por outro lado, TLR3 utiliza a molécula TRIF para
sinalizar a produção de interferon de tipo I e citocinas inflamatorias via ativação dos
fatores de transcrição, IRF3 e NFkB, respectivamente. TRAM e TIRAP são mais
duas moléculas adaptadoras utilizadas pelo TLR4 para recrutar TRIF e pelo TLR2 e
4 para recrutar MyD88, respectivamente (Figura 2). Desta maneira, a sinalização
dos TLRs pode ser classificada de duas formas via dependente de MyD88 para a
produção de citocinas inflamatórias e via dependente de TRIF para a produção de
interferon de tipo I principalmente.
Figura 2. Via de sinalização dos receptores TLR.
FONTE: (Kawai e Akira, 2007)
Como pode ser observado na Figura 2, TLR4 é o único receptor que utiliza as
quatro moléculas adaptadoras para desencadear sua sinalização. A produção de
18
citocinas inflamatórias induzidas por este receptor necessita da ativação de NFkB
pelas duas vias, dependente de MyD88 e TRIF.
Na via dependente de MyD88, inicialmente é recrutada e ativada a molécula
IRAK4 (IL-1 receptor-associated kinase 4) após a ligação do receptor TLR com seu
PAMPs cognato. Esta ativação promove a interação de TRAF6, uma E3 ligasa que
cataliza a poliubiquitinação de Ly63 (K63) de proteinas alvos. Dessa forma, o
complexo regulatório de TAK1 (TGFβ-activated kinase 1) é recrutado e ubiquitinado
com a conseqüente ativação desta molécula. A partir de TAK1 duas vias diferentes
são ativadas. Por um lado, a cauda de ubiquitinas na K63 recruta a proteína NEMO
do complexo inibitório IKK, envolvido na ativação de NFkB, e o aproxima da
molécula TAK1. Dessa forma a quinasa TAK1 consegue fosforilar e ativar a
subunidade IKKβ com a subseqüente fosforilação e degradação da proteína
inibidora de NFkB, IkBα. Porfim, NFkB fica liberado e consegue translocar pro núcleo
celular e ativar a transcrição de citocinas inflamatórias, as quais incluem IL-6 e IL-12.
A outra via ativada por TAK1 é a via das MAPKs. Sendo TAK1 uma MAPKKK, ela é
encarregada da ativação das vias de p38MAPK, JNK e ERK. Assim, diversos fatores
de transcrição são ativados inclusive o fator AP-1. Tal fator é um fator de transcrição
dimérico composto por monômeros das subfamílias protéicas c-jun, c-fos e ATF,
sendo o c-jun o que têm o papel mais relevante na resposta inflamatória da
sinalização TLR (Kawai e Akira, 2010).
A via dependente de TRIF se inicia com a ligação dos receptores TLR3 ou 4.
Esta molécula adaptadora recruta TRAF6 que ativa TAK1 para a posterior ativação
de NFkB. Provavelmente por mecanismos de ubiquitinação similares aos descritos
anteriormente para a sinalização dependente de MyD88. Uma molécula primordial
para ativação de NFkB via TRIF na resposta pela ativação de TLR3 é a proteína
RIP1. Deficiências nas moléculas que ubiquitinizam RIP1, não mostram ativação de
NFkB via TRIF embora exista ativação pela via dependente de MyD88. Desta
maneira, com a ativação de NFkB e MAPK, a partir da ativação previa de TAK1, é
induzida a produção de citocinas inflamatórias. Simultaneamente, assim como TAK1
na via de MyD88, TRIF sinaliza para outra via que induz a produção de interferon-β
na estimulacao do receptor de TLR3. Assim, TRIF se associa com a proteína TRAF3
e sinaliza a ativação da proteína TBK1 (TANK-binding kinase1) que por sua vez
19
fosforila e ativa o fator de transcrição IRF3 pra este translocar ao núcleo e induzir a
produção de interferon-β.
Além das duas vias descritas acima, existe outra sinalização desencadeada
pelos receptores de reconhecimento de ácidos nucleidos, TLR7 e 9. Tal via
caracteriza-se pela produção de interferon de tipo I (IFN- e IFN-) de forma
dependente de MyD88, independente de TRIF e com ativação do fator de
transcrição IRF7 (Interferon Regulatory Factor 7). Esses receptores de tipo Toll são
constitutivamente expressos em células dendríticas plasmocitóides (pDC)
conhecidas como células típicas produtoras de IFN tipo I e por tal motivo com
relevante participação na resposta imune anti-viral. A produção de interferon de tipo I
pelas celulas pDC na estimulação dos receptores TLRs encontra-se seriamente
comprometida na ausência da proteína ICSBP (Interferon Consensus Site Binding
Protein), também conhecido como IRF8 (Kawai e Akira). Ele é um fator de
transcrição da via de sinalização dos IFN-α e β, que estimula um processo de
retroalimentação positiva para aumentar a produção de IFN de tipo I. Esse fato
determina um papel fundamental desta proteína, assim como da ativação dos TLR7
e 9, para a produção das citocinas essências para o combate das doenças virais
(Honda et al., 2004; Kawai et al., 2004).
1.2 IMPORTÂNCIA DOS TLRs NO CÂNCER
A inflamação é um processo fundamental na resposta imune, principalmente
porque estimula a ação do sistema para eliminação de patógenos, para o reparo e
remodelação tissular e a volta a homeostases. Para que tudo isso aconteça, precisa
de um alerta inicial através da secreção de citocinas inflamatórias e o recrutamento
de células do sistema imune. Recentemente, importantes observações concluíram
que o estabelecimento do estado de inflamação crônica por infecção ou injuria é um
importante fator de risco para o câncer (Coussens e Werb, 2002). Alguns exemplos
neste sentido foram observados no desenvolvimento do câncer de estomago na
presença de inflamação crônica estimulada pela infecção com Helicobacter pylori e a
transformação neoplásica de células hepáticas em infecções com vírus da Hepatite
B e C (Fukata e Abreu, 2009; Peek e Blaser, 2002). Acredita-se que o
microambiente tumoral compartilha características similares ao local de inflamação
20
crônica, mesmo na inflamação estéril produzida na ausência de patógeno (Dvorak,
1986). De certa maneira, esses locais possuem fatores que suportam a iniciação,
manutenção e progressão da neoplasia de células vizinhas. O principal fato que
comprova esta afirmação é a diminuição do risco de desenvolvimento de alguns
tipos de neoplasias pelo uso de drogas anti-inflamatorias (Gupta e Dubois, 2001;
Robak et al., 2008).
O reparo e geração de tecido após insultos injuriosos é um processo
complexo no quais receptores de tipo Toll foram primariamente envolvidos. A
sinalização dos TLRs resulta ser essencial na manutenção da integridade tissular e
reparo do tecido danificado em modelos de injuria colônica provocada por infecção,
radiação ou químicos (Fukata et al., 2005; Rakoff-Nahoum e Medzhitov, 2008;
Rakoff-Nahoum et al., 2004). Assim também, TLR participa ativamente na
regeneração tissular após a parcial hepatectomia (Rakoff-Nahoum e Medzhitov,
2008; Seki et al., 2005). Sua contribuição baseia-se na produção de citocinas e
fatores que são sinais de sobrevivências para as células teciduais que repovoarão o
local injuriado ao tempo que previnem a apoptose daquelas. Um desses fatores é a
produção de prostaglandina, via regulação de Cox-2 pelas células do estroma
tecidual na inflamação por injuria (Brown et al., 2007; Fukata et al., 2006).
Conseqüentemente, a prostaglandina e outros produtos da ativação dos TLRs, tais
como quimiocinas, VEGF e metaloproteasas de matriz extracelular (Fukata et al.,
2006; Pull et al., 2005; Rakoff-Nahoum et al., 2004), têm efeitos na arquitetura
tissular ao estarem envolvidos na angiogênese e remodelação do tecido danificado.
Recentes evidências demonstraram que TLRs pode tambem regular a morte
celular. Tal regulação pode ser um efeito direto, como demonstrado por Monick et al.
em células de macrófagos estimulados por LPS que leva ao aumento da expressão
de proteinas anti-apoptóticas como A1, c-IAP1, c-IAP2 e XIAP (Monick et al., 2001).
Ou um efeito indireto de regulação da morte a partir da liberação de fatores após
ativação da sinalização TLR que age nas células vizinhas. Como foi mostrado por
nosso grupo de pesquisa através do trabalho que explica a ação da PGE2 presente
no sobrenadante de cultura de macrófagos tratados com LPS na resistência à morte
por AICD (activation-induced cell death) de hibridomas de linfócitos T (Weinlich et al.,
2008).
21
Pró-tumoral TLR Referências
Pró-angiogênico 2,9 58
Proliferação 3,4 64-67
Quimioresistência 4 81,82
Ativação de Treg 4,5 93,94
Na inflamação não infecciosa, a ativação dos receptores TLRs pode
acontecer pelo reconhecimento de moléculas intracelulares derivadas de células que
morreram por necrose, mas não por apoptose. Este grupo de moléculas chamasse
conjuntamente de DAMPs (Damage Associated Molecules Patterns) que indicam
sinais de perigo por perda da integridade tissular provocada por injuria e formam
parte dos ligantes endógenos de TLRs. Entre eles podemos citar moléculas
associadas à estrutura da mitocôndria como são as HSPs (Heat Shock Proteins) e a
molécula associada à cromatina, HMGB1 (Rakoff-Nahoum e Medzhitov, 2009).
1.2.1 Aspectos pró-tumorais dos TLRs
O papel dos TLR na biologia do câncer atingiu maior relevância devido aos
múltiplos processos celulares que sua sinalização controla, além da simples ativação
do sistema imune. A literatura é variada e às vezes, controversa na hora de definir
uma função especifica para esses receptores imunes. Enfim, a relação entre TLRs e
câncer não esta determinada e tudo mostra que a o envolvimento destes depende
do tipo de câncer e suas características microambientais. A Tabela 1 fornece
exemplos de processos celulares que demonstram o envolvimento direto da
sinalização dos TLR no beneficio das células tumorais.
Tabela 1 - Efeitos pró-tumorais dos TLRs
FONTE: Adaptada de Wolska et al. (2009).
O primeiro indicativo de que a sinalização TLR poderia ter um efeito pro-
tumoral vem de trabalhos de transferência adotiva de células transformadas. Foi
observado que o estimulo dos receptores TLRs com seus agonistas desencadeia o
crescimento dos tumores. Em modelos murino de câncer, utilizando linhagens
22
lulas e tecidos TLR
Carcinoma Gástrico TLR4, 5, 9 (IHQ); 4, 5 (FT)
ncerColon TLR1-4 (PCR); TLR2 (FT)
Carcinoma Hepatocelular TLR2, 3, 4, 6, 9 (PCR)
ncerde Ovario Epitelial TLR4 (PCR, IHQ, WB, FT)
Carcinoma de células escamosas epiteliais TLR5, 9 (IHQ, FT)
ncerde mama TLR4, 9 (PCR, DNAarray); TLR9 (IHQ, WB, FACS, FT)
ncerde Próstata TLR9 (IHQ, WB, FT)
ncerde Pulmão TLR2, 3, 4, 9 (PCR); TLR4 (FACS); TLR9 (IHQ, HIS, FT)
Melanoma TLR3 (WB); TLR4 (PCR, IHQ); TLR3, 4 (FT)
Neuroblastoma TLR4 (PCR, FACS, FT)
celulares de hepatocarcinoma, foi evidenciado o crescimento tumoral quando LPS foi
injetado intraperitonealmente (Luo et al., 2004).
Paralelamente, estudos indicam que células de vários tipos de tumores
induzem a expressão dos receptores TLRs quando comparados as células controles
normais (Tabela 2). Tal expressão em células de câncer mostrou ter um papel
essencial no desenvolvimento das neoplasias. Assim, foi demonstrado que
camundongos deficientes de tais receptores imunes são protegidos da formação de
tumores quando induzidos em modelos experimentais (Fukata et al., 2007; Swann et
al., 2008; Wolska et al., 2009). Ensaios in vitro demonstraram que o silenciamento
gênico com siRNA (small interference; RNA) do receptor TLR4 em linhagens de
câncer de próstata provoca a diminuição da capacidade proliferativa após a ligação
com LPS (Kundu et al., 2008). Em um trabalho similar, a diminuição da expressão
gênica de TLR2, também com siRNA, de células de hepatocarcinoma induz a
redução do crescimento tumoral em camundongos Balb/c (Huang et al., 2007). Em
conclusão, as evidências demonstram que a regulação gênica positiva dos
receptores do tipo Toll nas celulas tumorais leva a produção protéica deles capaces
de sinalizar e provocar o crescimento celular observado.
Tabela 2 - Expressão dos receptores TLRs em diversos tipos cânceres humanos
FONTE: Adaptada de Yu e Chen (2008).
IHQ: Imunohistoquimica; PCR: Reação em cadeia da Polimerasa; FT: Função
testada; WB: Western Blottilng; FACS: Citometria de Fluxo; HIS: Hibridização in situ.
Existem controvérsias respeito a funcionalidade dos receptores TLR nas
celulas transformadas. Diversos efeitos foram descritos após ativação da sinalização
dos TLR em celulas tumorais. Algumas das evidências que conetam directamente os
23
TLRs com o desenvolviento do câncer vêm de estudos in vitro de ativação da
sinalização diretamente nas celulas transformadas. Assim, Huang et al.
demonstraram que a ligação de TLR2 com Listeria monocytogenes em células de
hepato-carcinoma promove o crescimento tumoral e estimula o aumento da
produção de IL-6 e oxido nítrico (Huang et al., 2007). Outros fenótipos foram
obervados pelos autores, tais como aumento da proliferação celular, resistência a
apoptose e metástases das células tumorais ao regular a secreção de
metaloproteinases e integrinas. Em relação ao fenótipo de remodelação da matriz
extracelular e promoção de metástase, observou-se que o estímulo com agonista de
TLR9 em linhagens tumorais de mama MDA e MDB-231 promoveu a invasão celular
ao aumentar a atividade da metaloproteinase de matriz 13 (MMP13) (Kent et al.,
2002; Merrell et al., 2006).
Dentre as doenças hematológicas, o mieloma múltiplo demonstrou utilizar a
sinalização TLR para a sobrevivência e proliferação das células transformadas.
Estudos feitos em células de pacientes e linhagens celulares mostraram o aumento
da sobrevivência celular na presença de CpG, o agonista de TLR9, quando
submetidas a baixa quantidade de soro fetal bovino (2%) na cultura. Esse mesmo
agonista tornou as células tumorais resistentes à morte por apoptose induzida pela
droga dexametasona. Paralelamente, em outro ensaio, os autores demonstraram
que o agonista de TLR7, loxoribine, também protege às células da morte induzida
pela dexametasona. A secreção da citocina IL-6 no meio extracelular mostrou ser
crucial no processo de proliferação das lulas tumorais que o uso de anticorpo
anti-IL6 bloqueou o aumento celular quando comparado com o controle tratado com
IgG e CpG (Jego et al., 2006). Simultaneamente, Bohnhorst et al. confirmou o
envolvimento da sinalização de outros receptores TLRs na proliferação e
sobrevivência em linhagens celulares de mieloma múltiplo e em células derivadas de
pacientes. Dito trabalho demonstra o aumento da proliferação celular, medido com
timidina triciada, induzida após a ligação do Pam3Cys e o receptor heterodimérico
composto por TLR1/2. O mesmo resultado pode ser observado quando as células
são induzidas com agonistas de TLR4, 7 e 8. Novamente foi confirmada a
participação da citocina IL-6 no aumento da proliferação e sobrevivência das células,
comprovado pela diminuição da proliferação de células tratadas com Pam3Cys
24
quando anticorpos anti-IL-6 estão presentes no meio de cultura (Bohnhorst et al.,
2006).
1.2.2 TLR na terapia contra o câncer
A terapia anti-tumoral utilizada atualmente consiste no ataque de células em
divisão através de quimioterapia e radioterapia. O sucesso do tratamento depende
do tipo de câncer, que cada neoplasia apresenta características particulares de
sobrevivência e evasão imune. O estudo da biologia das células cancerosas
mostrou um persistente ambiente imunossupressor ao redor das células
transformadas (Liu et al., 2007). Portanto, terapias que colaborem com o sistema
imune na eliminação das células cancerosas são de extrema importância. Para isso,
é preciso que células apresentadoras de antígenos circundem esses ambientes e
consigam estimular o sistema imune adaptativo, principalmente as células T
citotóxicas (CTL), encarregadas de eliminar especificamente as células tumorais.
Elas induzem apoptose através de granzimas e perforinas, assim como via FasL,
estimulando Fas nas células alvo.
Assim, tomando vantagem da expressão dos receptores de tipo Toll em
células tumorais, foi aproveitada sua sinalização para quebrar a imunosupressão dos
microambientes tumorais. Estudos pioneiros iniciados há 100 anos por William Coley
demonstraram a promoção da resposta anti-tumoral em vários tipos de ncer após
administração repetida de extrato crú de micróbios (streptococos) (Huang et al.,
2008). Anos mais tarde foi comprovada a melhoria de pacientes com câncer de
bexiga após aplicação da vacina BCG, concluindo-se na atuação dos TLRs 2 e 4
neste fenômeno (Uehori et al., 2003).
Na área das doenças mieloproliferativas hematológicas foram realizados
amplos avanços na utilização dos agonistas de TLRs na imunoterapia. Tem sido
descrito o uso dos agonistas de TLR7 e 9 na terapia de Leucemia Linfóide Crônica
(CLL). Seqüências ricas em CpG DNA representam o agonista de TLR9 capaz de
estimular as células CLL um aumento da expressão de MHC classe I, moléculas co-
estimuladoras, incluindo membros da família B7 (CD80 e CD86), moléculas de
adesão e moléculas da família do receptor TNF- (Spaner e Masellis, 2007).
Ensaios in vitro demonstraram que células leucêmicas se tornaram sensíveis à
25
ação das CTL (linfócitos T citotóxicos) depois de vários dias de ativação com
agonistas de TLRs (Spaner et al., 2008).
Resultados similares foram encontrados na Leucemia Mieloide Aguda (LMA)
(Smits et al., 2010). Eles observaram um aumento da imunogenicidade em culturas
primárias de pacientes e em linhagens celulares quando tratadas com resiquimod,
um agonista dos receptores TLR7/8, obtendo-se, como resultado, o aumento da
expressão das moléculas do MHC, da produção de citocinas pró-inflamatórias e da
ativação de células T virgens alogênicas.
A revisão de Schon et al. (2008) descreve porque os receptores de TLR7, 8 e
sua sinalização são considerados novos alvos para a terapia do câncer. Eles
descrevem o fato da produção de citocinas pró-inflamatórias e outros mediadores
através da ativação do NFκB, pode gerar uma predominante resposta anti-tumoral
quando se utiliza imiquimod. São citados trabalhos que demonstram como células
dendríticas adquirem uma atividade anti-tumoral sob estimulação com aquele
agonista provocando, ao mesmo tempo, uma diminuição da ação dos mecanismos
supressores atuantes no microambiente tumoral.
A importância do estudo desses receptores endossomais na terapia do câncer
baseia-se na produção de IFN do tipo I. Neste sentido, existe um trabalho
interessante na Leucemia Mielóide Crónica, onde os autores observaram o aumento
significativo da sobrevivência de camundongo Balb/c injetados com lulas BaF/3
que expressam ectópica e simultaneamente as proteínas BCR-ABL e ICSBP,
quando comparadas as células que só expressam a oncoproteina BCR-ABL. É
importante destacar que pacientes com CML têm baixos níveis de ICSBP nas
células que expressam BCR-ABL e que o tratamento com IFN-α e –β leva a melhoria
do quadro clinico destes pacientes (Nardi et al., 2009).
Com todas as evidências descritas no envolvimento dos receptores TLRs nos
diversos tipos de cânceres, surgiu o interesse em investigar a sinalização destes
receptores em células que expressam BCR-ABL.
26
1.3 BCR-ABL E LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA
A Leucemia Mielóide Crônica é uma doença mieloproliferativa, caracterizada
pela expansão clonal e transformação das células-tronco primitivas e pluripotentes.
A anormalidade citogenética marcante na LMC é uma translocação
cromossômica t(9;22) (q34;q11) que envolve os genes bcr (breakpoint cluster region)
localizado no cromossomo 22 e o gene c-Abl (Abelson leukemia vírus) no
cromossomo 9. Assim se forma o pequeno cromossomo chamado “cromossomo
Filadélfia” que contêm em sua estrutura a fusão gênica BCR-ABL cujo produto
transducional é a oncoproteína quimérica e homônima, com constitutiva atividade
tirosina-quinase (Pane et al., 2002).
A LMC é uma doença trifásica. A fase inicial chamasse de fase crônica,
momento no qual se observa uma expansão massiva da linhagem celular
granulocítica contendo a molécula BCR-ABL. Esta fase é assintomática, apresenta a
capacidade de diferenciação celular dentro dos valores normais, e têm uma duração
de 3 a 4 anos. Seguidamente, a leucemia pode progredir para a fase acelerada
onde o paciente sofre um aumento do número de blastos no sangue periférico e o
tratamento começa a não ter efeito. Na última fase chamada fase blástica
caracteriza-se por ser aguda e geralmente fatal. Ocorre um bloqueio da
diferenciação celular na medula óssea, liberando-se no sangue periférico 30% ou
mais de células blásticas linfóides ou mielóides (Ren, 2005), além de outras
desordens genéticas e/ou epigenéticas.
O principal tratamento para esta doença é o transplante definitivo de medula
óssea, mas o sucesso depende da idade do paciente e disponibilidade de doadores
compatíveis (Goldman e Druker, 2001). A intervenção terapêutica de primeira linha é
a medicação com mesilato de imatinibe (Glivec, STI571, CGP57148) desenvolvido
como um potente inibidor da tirosina-quinase c-Abl, que induz apoptose
seletivamente nas células BCR-ABL-positivas. O Glivec inibe a autofosforilação de c-
Abl por competir no sitio catalítico com ATP. Em pacientes recentemente
diagnosticados com LMC em fase crônica, o imatinibe induz uma completa resposta
citogenética em um 80% dos doentes, evidenciada com a ausência do cromossomo
Filadélfia nas células da medula óssea (Hehlmann et al., 2007). Estudos moleculares
mostram que a indução de morte das células BCR-ABL-positivas pelo imatinibe
27
consiste, entre outros mecanismos, no aumento da produção de duas proteínas pró-
apoptoticas da família Bcl-2, Bim e Bad, que estavam sendo silenciadas pela
oncoproteina (Kuroda et al., 2006).
A aquisição de mutações pontuais no sitio catalítico de c-ABL é uma das
causas de resistências ao glivec dependente de BCR-ABL (Gorre e Sawyers, 2002).
Uma das mutações mais estudadas corresponde à substituição da treonina 315 por
isoleucina. Este resíduo está localizado dentro de sitio catalítico, T315I. Tal mutação
desencadeia resistência ao Glivec que a treonina 315 participa ativamente da
ligação da droga no sitio catalítico através de pontes de hidrogênio com sua cadeia
lateral (Quintas-Cardama e Cortes, 2009). Para superar este problema, outros
inibidores de tirosina-quinases foram desenvolvidos e estão sendo utilizados no
tratamento da LMC, em pessoas que não respondem ao mesilato de imatinibe.
Dentre eles podemos nomear os inibidores de segunda geração tais como nilotinib e
dasatinib que inibem membros da família SRC além do c-Abl (Weisberg et al., 2007).
Mesmo assim há pacientes que evoluem drasticamente da fase crônica para a
blástica, onde os tratamentos deixam de ter efeito e a expectativa de vida é de
aproximadamente seis meses (Hehlmann et al., 2007).
O estudo de uma proteína fusionada, no caso de BCR-ABL, fomenta o
estudo individual da estrutura e função das proteínas integrantes daquela quimera.
c-Abl é produto de um proto-oncogene que pertence à família das tirosinas
quinasas de tipo não receptor. Esta proteína de 145 KDa tem funções dentro de
núcleo celular e no citoplasma. Regula diversos processos celulares tais como
mitogênese, migração, adesão, resposta ao dano no DNA, sobrevivência e resposta
ao estresse oxidativo (Sirvent et al., 2008). A organização estrutural dos domínios de
c-ABL é similar a proteina quinase SRC, assim ambas as proteínas possuem um
domínio SH1 tirosina quinasa, SH2 e SH3 na direção do extremo N-terminal (Figura
3). na extremidade C-Terminal, a molécula c-Abl apresenta uma seqüência rica
em prolina (PXXP) que interage com motivos SH3 de proteínas adaptadoras; um
sítio de ligação ao DNA; um sítio de união para F-actina e outro para G-actina; sinais
de localização nuclear (NLS) e um sinal de exportação nuclear (NES) (Sirvent et al.,
2008).
28
Figura 3. Dominios estruturais das proteinas c-Src e c-Abl.
FONTE: Adaptado de Sirvent et al. (2008).
As funções e localizações desta proteína são estritamente reguladas em
consideração ao número de processos celulares em que c-Abl esta envolvida, já que
uma vez desregulada pode levar à transformação celular. Exemplos de c-Abl
oncogênicas podem ser citados as proteínas v-Abl e BCR-ABL que são estritamente
citoplasmáticas e cuja tirosina quinasa esta ativada constitutivamente (Sirvent et al.,
2008). Em células normais c-Abl encontra-se em uma conformação inativa auto-
inibitoria que consiste no domínio SH2 e SH3 participando conjuntamente na
oclusão do sitio catalítico evitando o ingresso do substrato e do ATP (Hantschel e
Superti-Furga, 2004). Além de c-Abl apresentar duas conformações estruturais: ativa
e inativa, ela possui mais um nível de regulação. Tal nível baseia-se na ativação da
proteína por auto-fosforilação da tirosina Y214 localizada no loop de ativação
(Figura 4). Quando este resíduo não está fosforilado, o loop de ativação
encontrasse dentro do sitio quinase de c-Abl evitando dessa forma a ativação da
molécula (Dorey et al., 2001). A fosforilação acontece por um mecanismo auto-
catalitico in trans e se refere às fosforilações cruzadas entre proteínas iguais após
previa homo-oligomerização (Dorey et al., 2001). Foi demonstrado que para uma
total ativação é necessário a fosforilação também da tirosina Y245 situada no
domínio de ligação entre SH2 e a quinase (Brasher e Van Etten, 2000) (Figura 4).
29
Figura 4. Estruturas auto-regulatorias de c-Abl.
FONTE: Sirvent et al. (2008)
Camundongos neonatos com c-Abl contendo uma mutação não funcional
morrem precocemente e aumenta a susceptibilidade as infecções, presumivelmente
pelo comprometimento do desenvolvimento de linfócitos B e T (Schwartzberg et al.,
1991; Tybulewicz et al., 1991).
BCR é uma proteína de 160 KDa que é ubiquamente expressa. Sua estrutura
protéica esta formada por um domínio de dimerização (DD) no extremo N-terminal
seguido do domínio serina/treonina-quinase cujos substratos identificados
correspondem a BAP-1 da família 14-3-3 (Reuther et al., 1994) assim também o
próprio BCR (Laneuville, 1995). No centro da molécula encontrassem os domínios
homólogos a plecstrina (PH) e homologo a dbl que estimulam a troca de guanidina
trifosfato para guanina difosfato pelos fatores trocadores de guanidina RHO
(Denhardt, 1996). o extremo C-terminal tem um domínio com atividade GTPase
para RAC, o qual regula a polimerização de actina e a atividade da NADPH oxidase
em células fagociticas (Diekmann et al., 1995) (Figura 5).
30
Figura 5. Dominios estruturais da proteína BCR.
FONTE: Sirvent et al. (2008)
Embora se saiba que BCR ativa várias vias de sinalizações a partir de seus
domínios de ligação, sua relevância biológica ainda não foi bem estabelecida. De
fato, foi demonstrado que camundongos KO para BCR possui um deficiente burst
oxidativo em células neutrofilicas (Voncken et al., 1995), sugerindo uma função anti-
microbial em células mielóides.
Dependendo do sitio de quebra da molécula BCR podem ser gerados três
tipos de proteínas quiméricas BCR-ABL (Figura 5). Cada tipo desenvolve formas
diferentes de leucemia. Assim, a isoforma de 230 kDa está relacionada com a
leucemia crônica neutrofílica (Pane et al., 1996), enquanto que a isoforma de 210
kDa é responsável pela leucemia mieloide crônica e a de 190 kDa está envolvida em
algumas formas de leucemia linfocítica aguda (Chopra et al., 1999).
A expressão da oncoproteína BCR-ABL é uma condição necessária e
suficiente para a transformação das células na LMC, uma vez que sua presença
demonstrou ter um papel fundamental em sua patologia (Melo et al., 2003). A
proteína fusionada proporciona sítios de ligação para o desencadeamento de
inúmeros processos celulares que em células normais sem modificação citogenética
são finamente controlados. Sendo assim, c-Abl perde sua conformação inativa na
fusão com a proteína BCR e dessa forma observa-se a constitutiva ação catalítica de
seu domínio tirosina-quinase (Pendergast et al., 1991). Por outro lado, BCR possui
domínios de oligomerização (DO) que fornece à proteína quimérica a capacidade de
agrupar-se e conseqüentemente estimular as auto-fosforilações nas tirosinas Y245 e
Y412 que ativam a molécula de c-ABL (Hantschel e Superti-Furga, 2004). Tauchi et
31
adesão
proliferação
transformação
anti-apoptose
proliferação
al. (1997) demonstrou que mutações em tal motivo de homo-oligomerização evita a
transformação celular de células de fibroblastos murinos contendo BCR-ABL (Tauchi
et al., 1997). A dimerização molecular de c-ABL demonstrou ser importante na
transformação celular e ativação dessa molécula, já que esses mesmos efeitos
foram observados na proteína quimérica TEL-ABL onde os domínios de
oligomerização são proporcionados pela proteina TEL em substituição ao BCR
(Golub, 1997).
1.3.1 Vias de sinalização de BCR-ABL e processos celulares envolvidos
Numerosas vias de sinalização são ativadas em células que expressam BCR-
ABL. Em conseqüência, os principais processos celulares alterados pelas inúmeras
proteínas ativadas simultaneamente são: diminuição da adesão das células ao
estroma da medula óssea (Gordon et al., 1987), expressão e função alterada das
moléculas de adesão (Bhatia et al., 1994), inibição da apoptoses em células
dependente de fatores de crescimento (Bedi et al., 1994) e detenção da
diferenciação celular nas fases aguda da doença (Quintas-Cardama e Cortes, 2009).
Figura 6. Vias de sinalizações ativadas por BCR-ABL e os processos celulares envolvidos.
FONTE: Adaptada de Marley e Gordon (2005).
32
1.3.1.1 Via RAS
Esta via de sinalização esta envolvida na transformação de fibroblastos
ativada por BCR-ABL. A mutação na tirosina Y177 por fenilalanina evita a união de
GRB-2 e diminui a ativação de RAS (Pendergast et al., 1993). Através desta
mutação se observa diminuição da transformação em células primarias da medula
óssea mesmo com a constitutiva atividade quinase de c-ABL (Pendergast et al.,
1993). Aquela tirosina 177 quando fosforilada serve como sitio de reconhecimento
pelo domínio SH2 da proteína GRB2 que posteriormente recruta SOS (Son os
sevenless, trocador de nucleotídeos guanina) o que resulta na ativação de RAS
(Ren, 2005). Na ausência de GRB-2, ainda pode ser observado o fenótipo
transformante pelo BCR-ABL e a molécula RAS ainda esta ativada. Atualmente
sabe-se que existem outras proteínas adaptadoras recrutadas por BCR-ABL, como
CRKL e SHC que ativam alternativamente RAS (Goga et al., 1995; ten Hoeve et al.,
1994).
A principal via ativada pela proteína RAS (Figura 6) corresponde à família das
MAPKs (mitogen activated protein kinase) que são proteínas serinas-treoninas
kinases. Elas incluem três tipos de serinas-treoninas kinases sendo elas ERK
(extracellular signal regulated kinase), JNK/SAPK (jun N-terminal kinase, Stress-
activated protein kinase) e p38MAPK. As MAPKs são ativadas após previa ativação
de receptores tirosinas kinases e regula uma variedade de processos celulares, tais
como proliferação, diferenciação, sobrevivência, morte e transformação (Kim e Choi,
2010). Em células expressando BCR-ABL foi demonstrado que as vias ERK e JNK
estão sendo ativadas pela proteína RAS e ambas as vias são requeridas para a
atividade transformante (Chopra et al., 1999; Raitano et al., 1995).
A transformação da célula por BCR-ABL é descrita como a capacidade destas
células se tornarem capaces de proliferar independentemente de citocinas de
crescimento (Daley e Baltimore, 1988). Da mesma forma, camundongos irradiados
letalmente e reconstituídos com medula óssea BCR-ABL positiva desenvolvem
varias neoplasias hematológicas inclusive a sindrome similar a LMC (Daley et al.,
1990). Em relação à ativação das vias de sinalização Ras-Raf-Erk e Ras-Raf-JNK,
foi demonstrado que as moléculas c-myc e ciclina D1 são os principais responsáveis
do aumento de proliferação das células Filadélfia positivo (Raitano et al., 1997).
33
1.3.1.2 Via PI3K
A proteina PI3K esta formada por duas subunidades p85 (regulatória) e p110
(catalítica). A primeira subunidade funciona como proteína adaptadora sendo
recrutada através de seus domínios SH2 e SH3, dessa forma permite à subunidade
catalítica interagir com tirosinas kinases de tipo receptor e citoplasmáticas que a
levaram a sua ativação enzimática (Margolis, 1992). PI3K esta envolvida na
sinalização induzida pela ligação de RTK (receptor tyrosine kinase) participando
assim dos processos de mitogênese, transformação celular e apoptoses (Coughlin et
al., 1989; Wages et al., 1992). Sua interação com a proteina BCR-ABL foi
demonstrada a partir de ensaios de imunoprecipitação mostrando que a subunidade
p85 de PI3K co-precipita com a oncoproteina em linhagem celular CML (Gotoh et al.,
1994). Avaliando a funcionalidade desta interação, Skorski et al. (1995) observou a
inibição da proliferação em linhagens celulares filadelfia positiva assim também em
células CML primarias na presença de wortmannin, um potente inibidor da
subunidade catalítica p110 de PI3K (Skorski et al., 1995).
1.3.1.3 Via JAK-STAT
O crescimento normal das células é controlado por citocinas. IL-3 e GM-CSF
(granulocyte/monocyte colony stimulating factor) são duas citocinas que regulam o
crescimento e diferenciação das células mielóides (Raitano et al., 1997; Warren et
al., 1995). Os receptores de cada uma destas citocinas transduz um sinal intracelular
com ativação de JAK (Janus-Activated Kinase) que fosforila e ativa os fatores de
transcrição STAT (signal transducers and activators of transcription) (Schindler e
Darnell, 1995). BCR-ABL ativa constitutivamente as vias de JAK e STAT (STAT1 e
5) em células hematopoiéticas (Carlesso et al., 1996; Shuai et al., 1996) substituindo
o sinal das citocinas de crescimento e por conseqüência a regulação da
sobrevivência celular estabelecida pelas mesmas.
A via JAK-STAT também esta envolvida no processo de apoptose. STAT5
que esta sendo ativada constitutivamente por BCR-ABL, dirige à ativação
trasncripcional da proteína anti-apoptotica Bcl-xL (Gesbert e Griffin, 2000).
34
1.3.1.4 Via NFκB
NFκB é um complexo de fatores de transcrição ativados em resposta a
citocinas inflamatórias. Esta envolvida na resposta imune, proliferação e
diferenciação. Reuther et al. (1997) mostrou que BCR-ABL ativa os genes
dependente de NFκB e que tal ativação foi parcialmente mediada por RAS e
dependente da tirosina quinase de BCR-ABL (Reuther et al., 1998). Foi demonstrado
também que a ativação desta molécula também foi requerida para a tumorigênese
induzida por BCR-ABL em camundongos nude (Reuther et al., 1998).
Durante apoptose induzida por TNF foi observado que a ativação de NFκB
suprime a ativação de caspase 8 e por tanto inibe a morte celular (Wang et al.,
1998).
Além de sua capacidade transformante, BCR-ABL torna as células, que a
possuem, altamente resistentes à apoptose induzida por escassez de citocinas
(Cortez et al., 1995; Kabarowski et al., 1994) ou quando induzida por agentes
quimioterápicos (Bedi et al., 1995). Por outro lado, BCR-ABL também foi envolvida
na resistência a morte induzida por Fas (McGahon et al., 1995). Algumas
explicações da literatura para estes fenômenos sugerem que a oncoproteina esteja
alterando os controles do ciclo celular (Bedi et al., 1995) ao tempo que leva a
superexpressão de membros anti-apoptoticos da familia Bcl-2 como por exemplo a
superexpressão da proteina Mcl-1 (Deininger et al., 2000). Paralelamente, já foi
descrito Mcl-1 sendo regulado positivamente em varios cânceres desenvolvendo
uma principal atuação na resistência as drogas anti-câncer (Warr e Shore, 2008) e
ao próprio mesilato de imatinibe (Zimmerman et al., in press 2010).
Quanto à participação de RAS na geração de sinais anti-apoptóticos, foi
demonstrado que a expressão constitutiva de Mcl-1, um membro anti-apoptótico da
família Bcl-2, depende da via de Ras/Raf/MEK e que a inibição de Mcl-1 diminui a
sobrevivência e aumenta a sensibilidade de células que expressam BCR-ABL à
indução de morte pelo mesilato de imatinibe (Aichberger et al., 2005).
Portanto, consideramos que o estudo dos receptores TLRs na LMC seja de
extrema importância, que poderia aportar dados inéditos sobre a relação entre a
oncoproteina quimérica BCR-ABL e os receptores imunes. Dessa forma poderíamos
conhecer a relevância destes últimos na biologia da LMC, assim como propor novos
35
alvos de terapia para o uso de agonistas ou antagonistas da via de sinalização dos
TLRs para complementar o tratamento com as drogas utilizadas hoje.
Neste sentido, trabalhamos com a hipótese de que tanto BCR-ABL possa ser
capaz de modular a expressão ou a sinalização dos TLRs, quanto a estimulação dos
TLRs em células BCR-ABL-positivas possa interferir na sinalização desta tirosina-
quinasa.
36
2 OBJETIVO
Investigar a relação biológica entre a oncoproteina BCR-ABL e os TLRs.
2.1 METAS ESPECIFICAS
Padronizar a expressão da oncoproteina BCR-ABL no sistema induzível da
linhagem murina TonB210.1.
Investigar a modulação da expressão gênica dos receptores TLR pelo BCR-
ABL.
Avaliar a integridade da via de sinalização dos TLRs modulados pelo BCR-
ABL através da ativação de NFκB pelo estimulo com o agonista respectivo.
Investigar a relevância biológica da ligação do agonista de TLR na biologia
das células BCR-ABL positivas.
37
3 MATERIAIS E METODOS
3.1 Materiais
Linhagens Celulares
Ba/F3: linhagem murina de pró-linfócito B dependente de IL-3, derivada de
camundongo Balb/c.
TonB210.1: linhagem celular derivada de Ba/F3 gentilmente fornecida pelo Dr
Christian Sillaber da Universidad de Vienna, Austria. Essa linhagem consegue
expressar a oncoproteína BCR-ABL humana na presença de doxiciclina e através de
um transactivador que age diretamente no promotor responsívo a tetraciclina da
proteína. A sequência da proteína encontra-se inserida no plasmídio denominado
pTetP210.pUHD172-1neo cujo promotor no extremo 5’ é responsívo a tetraciclina.
3.2 Reagentes
Os reagentes utilizados para cultura de células, reações de PCR, extração de
RNA e conversão em cDNA foram obtidos da Invitrogen Co. (Carlsbad, CA, EUA).
Os reagentes e oligonucleotídeos Taqman utilizados nas reações de real-time PCR
foram obtidos da Applied Biosystems. Os anticorpos utilizados para marcação dos
western blotting foram, em geral, obtidos da Cell signaling. Para a estimulação do
receptor heterodimérico TLR1/2 utilizamos o seu principal agonista, Pam3CSK4
sendo este cedido gentilmente pelo Dr. Ruslan Medzhitov da Universidade de Yale.
A droga doxiciclina utilizada para induzir a produção de BCR-ABL e o reagente MTT
para os ensaios de proliferação foram obtidos da empresa SIGMA-ALDRICH (Saint
Louis, Missouri, USA). Os inibidores utilizados foram LY294002 [Cell Signaling],
PD98059 [Cell Signaling], SB203580 [TOCRIS] e SP600125 [TOCRIS].
3.3 Métodos
Cultura de Células
As linhagens murinas foram cultivadas em meio RPMI 1640, suplementado
com 10% soro fetal bovino, 2 mM L-glutamina, 100 μg/ml penicilina, 100 g/ml
38
estreptomicina e 25 mM HEPES (RPMI completo) e 10% de sobrenadante de células
WEHI contendo IL-3. As culturas foram mantidas em estufa à 37
o
C e 5% CO
2
.
O uso das células para os experimentos foi condicionado ao mínimo de 95%
de viabilidade verificada por exclusão com Azul de Tripan. A contagem do número
de células, tanto para repique quanto para a execução dos experimentos foi feita
com o auxílio de uma câmara de Neubauer.
Indução de BCR-ABL com doxiciclina nas células TonB210.1
Cinquenta mil células TonB210.1 foram cultivadas em placa de 24 wells com
meio RPMI e 10% de sobrenadante WEHI. Durante a padronização do sistema,
utilizamos duas concentrações de Doxiciclina: 1 e 5g/ml . Depois dessa etapa do
projeto nós sempre utilizamos 5 g/ml de doxiciclina em todos os ensaios de indução
de BCR-ABL. Mantivemos as células com a droga em estufa por 48 horas.
Eletroforese de proteínas e Western-blot
Para obtenção das amostras, utilizamos o extrato protéico obtido de 1x10
6
células das linhagens celulares utilizadas no estudo. As células foram centrifugadas
240g por 5min a 4 °C e ressuspensas em 100µl de tampão de amostra (1x SDS,
“Sodium Dodecyl Sulphate”). Na sequência, foram aquecidas a 100 °C por 5min e
rapidamente resfriadas em gelo. O estoque destas amostras foi mantido a -20 °C. A
análise das proteínas foi feita por eletroforese em gel de poliacrilamida contendo
SDS na concentração 12% para proteína IkBα (39KDa) e 8% para BCR-ABL
(210KDa). Enquanto as amostras estavam no gel de empacotamento a voltagem
aplicada foi de 80V e quando as amostras passaram para o gel de corrida, a
voltagem foi aumentada para 100V. Após a eletroforese, as proteínas do gel foram
transferidas para uma membrana de 0,45µm de PVDF (Polyvinylidene Difluoride) da
PIERCE, com auxílio do sistema da Bio-Rad por 4 a 5h. Após a transferência, a
membrana foi bloqueada durante 3h a temperatura ambiente para impedir
marcações inespecíficas dos anticorpos à membrana. Para a marcação com a
maioria dos anticorpos utilizados no decorrer do projeto, o bloqueio foi feito com uma
solução de 5% BSA (Bovine Serum Albumin) em TBS-Tween, 0,1% Azida. A
marcação das membranas com os anticorpos foi feita durante 12h com o anticorpo
primário desejado a 4°C. Após esse processo a membrana é lavada 3 vezes em
39
TBS Tween e incubada por 1h com o anticorpo secundário apropriado a temperatura
ambiente, conjugado à peroxidase. Após essa marcação a membrana é lavada 3
vezes com tampão TBS-Tween. A detecção dos imunecomplexos foi feita pelo
método de quimioluminescência ECL (Amersham) e subseqüente exposição a um
filme auto-radiográfico (Kodak co.). O tempo de exposição das membranas ao filme
dependeu da intensidade da marcação e variou de 10s a 5min.
Ativação da via de NFkB com agonistas de TLR1/TLR2
Para verificar se o agonista de TLR1/TLR2 é capaz de ativar a via de NFB
nas células TonB210.1, tratadas ou não com doxiciclina, e nas células macrofágicas
J774, essas linhagens foram submetidas a incubação com Pam3CSK4 (1μg/mL e/ou
10µg/mL) em diferentes intervalos de tempos. Dez milhões de células foram
adicionadas em tubo de 1,5mL em um volume final de 1mL. Foi adicionado ao tubo o
volume correspondente a concentração final de agonista e em seguida foi colocado
em thermomixer a 37 °C sob agitação de 350rpm, onde permaneceu por todo o
experimento. A cada intervalo de tempo foi retirado 100μL do tubo e esse volume foi
transferido para tubos devidamente identificados contendo 100μL de uma solução de
PBS + Ortovanadato de sódio 0,2mM, um inibidor de fosfatasas. As amostras foram
preparadas para a posterior realização de Western Blotting utilizando o anticorpo
IB- (Cell signaling).
Inibição das vias de sinalização
Para conhecer qual é a via de sinalização utilizada por BCR-ABL para
aumentar a expressão de TLR1, nós pré-incubamos as células TonB210.1 por 30min
com os 4 inibidores e posteriormente acrescentamos a doxiciclina (5g/ml) como
descrito acima. As concentrações dos inibidores utilizadas foram as seguintes:
LY294002 (50µM), inibidor de PI3K, PD98059 (20 µM), inibidor de MEK1, SB203580
(10 µM), inibidor de p38MAPK e SP600125 (25 µM), inibidor de JNK. Após 48h de
indução do BCR-ABL, colhemos as amostras e as preparamos em TRIZOL®
(INVITROGEN).
40
Extração de RNA
Um a cinco milhões de células foram transferidas para um tubo de 1,5ml e
centrifugadas a 420g por 3min. O sobrenadante foi descartado e 0,5ml de TRIZOL
foi adicionado, sob agitação em vortex lento. Após 5min de incubação em
temperatura ambiente, foi adicionado 0,1ml de clorofórmio seguida de nova
incubação por 2min. As amostras foram centrifugadas a 12.000g por 15min a 4
o
C e
o sobrenadante foi transferido para um novo tubo. Foi então adicionado 1 vol de
isopropanol (0,25ml) seguido por uma incubação a -20
o
C por 2h. As amostras foram
novamente centrifugadas e o sobrenadante foi descartado, recuperando-se o
precipitado de RNA. Meio mililitro de Etanol 75% foi adicionadoe seguida as
amostras foram centrifugadas a 7500g por 5min a 4
o
C. O precipitado foi seco e
ressupenso em água destilada, livre de RNAse e DNAse. A quantificação foi feita
utilizando-se um espectrofotômetro (SpectraMax 190 Molecular Devices) com
comprimento de onda de 260/280nm .
Conversão de RNA para cDNA
A mesma quantidade de RNA, um a três microgramas para todas as
amostras, foram diluídas em 11µl de água livre de RNAse. Foi adicionado 500 ng de
oligo dT, seguido de aquecimento a 70
o
C por 10min e rápido resfriamento em gelo.
Acrescentou-se 8µl do mix Superscript (4µl de Tampão 5x; 1µl de dNTP 10mM; 2µl
de DTT 0,1M e 200 U Superscript III R/T) e incubou-se a 50
o
C por 50min. A enzima
foi inativada incubando a reação a 72
o
C por 15min seguidos por 5min a 4
o
C.
RT-qPCR
A reação de qPCR avalia o acúmulo do produto da reação de amplificação em
sua fase logarίtmica, o qual está diretamente relacionado à quantidade de molde
existente no início da reação. Este é atualmente um método considerado preciso e
reprodutível para quantificação da expressão gênica. Para as reações de RT-qPCR
foi utilizado o kit Taqman (Applied Biosystem). O número de catálogo dos primers
para Tlrs de camundongos está especificado na Tabela 3. Preparamos as reações
segundo às quantidades determinadas pelo fabricante dos oligonucleótidos. O perfil
térmico aplicado foi o seguinte: 2min a 50 °C, 10min a 95 °C, 50 ciclos de 30s a 95
41
Fragmentos Gênicos N de catálogo
Tlr1 Mm 00446095_m1
Tlr2 Mm 00442346_m1
Tlr3 Mm 01207404_m1
Tlr4 Mm 00445274_m1
Tlr5 Mm 00546277_s1
Tlr6 Mm 02529782_s1
Tlr7 Mm 00446590_m1
Tlr9 Mm 00446193_m1
Gapdh 4352932E
°C e 1min a 60 °C. O equipamento e software utilizado foram Stratagene 3005P
TM
e
MxPro
TM
QPCR.
Tabela 3 - Número de catálogo dos oligonucleotídeos utilizados nas reações de
qPCR (Taqman)
.
Cálculo da expressão relativa e análises estatísticas
Duas análises podem ser utilizadas para quantificar a expressão gênica, a
quantificação absoluta e quantificação relativa. Os métodos de comparação de Cts
foram utilizados neste trabalho para comparar a expressão relativa dos genes
estudados. Para os cálculos de 2
-∆∆Ct
, considerou-se que durante a reação de qPCR
a fluorescência aumenta a cada ciclo e atinge um limiar (threshold) no qual as
amostras podem ser comparadas. Quanto maior o mero inicial de fitas molde,
mais cedo a fluorescência poderá ser observada. Para cada amostra, o threshold
cycle (Ct) obtido na fase exponencial da reação, foi analisado para os genes de
interesse assim como para um controle interno cuja expressão não apresente
diferença estatística, sendo nesse caso o Gapdh. A diferença entre os valores dos
Cts (∆Ct) foi calculada para cada gene de interesse respeito ao controle interno nas
células em cada uma das condições (com e sem doxiciciclina). Para a obtenção dos
valores de ∆∆Ct foi feita a subtração dos valores de ∆Ct das células com doxiciclina
dos ∆Ct das células sem doxiciclina. Finalmente o valor 2
-∆∆Ct
é calculado para a
obtenção da relação entre cada lula e sua respectiva amostra de referência. Esse
valor representa quantas vezes o gene está aumentado ou diminuído (Livak e
Schmittgen, 2001).
42
Os dados apresentados para as linhagens celulares foram obtidos pela média
dos Cts obtidos nas triplicatas de cada amostra e são representativos de três
experimentos.
Dosagem de citocina por ELISA sandwich
A produção de IL-6 foi analisada por ELISA sandwich de captura, utilizando kit
da BDOptEIA
TM
(N° de Catálogo 55240),
de acordo com as instruções do fabricante.
As dosagens foram realizadas em duplicata.
Tratamento para indução de apoptose
Quinhentas mil células de TonB210.1 previamente induzidas e não com
doxiciclina foram submetidas às drogas indutoras de morte VP-16 [etoposídeo]
(50µM) e Ara-C [citarabine] (100 µM) por 18h na presença de Pam3CSK (1,5 µg/ml).
A morte por apoptose foi avaliada através da técnica de HFS (Hypotonic Fluorescent
Solution).
Análise de apoptose via fragmentação de DNA (HFS)
O conteúdo de cada poço derivado dos tratamentos realizados, contendo de
5x10
5
células, foi centrifugado a 240g por 5min a 4
o
C e ressuspensos em tampão
hipotônico HFS [0,1% de Triton X-100, 0,1% de citrato de sódio e 50g/ml de iodeto
de propídeo (PI)]. Estas células permaneceram por um período mínimo de 1h de
incubação a 4
o
C antes de serem analisadas por citometria de fluxo no citômetro
FACScalibur (Becton-Dickinson, Mountain View, CA, USA). O conteúdo de DNA
produz um perfil gráfico dependente da fase do ciclo celular em que estas se
encontram. Foram considerados eventos apoptóticos os núcleos hipodiplóides, que
no gráfico aparecem à esquerda do pico G0-G1. Foi feito um gate utilizando-se os
parâmetros de tamanho (FSC) e granulosidade (SSC) para a exclusão dos debris.
Finalmente as amostras adquiridas no citômetro foram analisadas pelo sofware Cell
Quest.
Análises de proliferação através do ensaio colorimétrico da redução do MTT
O MTT apresenta coloração amarelo-fluorescente. A forma estrutural em anel
do componente tetrazólico do MTT é incorporada pelas células viáveis, e assim
43
quebrada pelas enzimas mitocondrias, gerando cristais insolúveis de formazina na
cor azul escuro. Por tanto, esse método indica a atividade mitocondrial, que é
diretamente proporcional ao mero de células vivas e metabolicamente saudáveis
(Weichert et al., 1991). Dez mil células induzidas ou não com doxiciclina por 48h
foram estimuladas com 50ng/ml de Pam3CSK4. Após o tempo de 72 e 96h, foi
adicionado o MTT em uma concentração de uso de 500µg/ml. As células foram
então incubadas a 37
o
C por 3h e em seguida foi adicionado 100µl de solução SDS
10% preparado em HCl 0,01N, que age na dissolução dos cristais reduzidos do
MTT, e novamente incubadas por 18h. Por fim, a densidade óptica foi determinada
em espectrofotômetro de ELISA, SpectraMax 190 Molecular Devices. A leitura foi
feita no comprimento de onda de 540nm.
Análises estatísticas
Todas as análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do software
Graphpad Prism, versão 3.02, da companhia Graphpad Software Incorporation. O
teste usado foi o one-way ANOVA, seguido pelo pós-teste Tukey, para ensaios que
envolveram uma variável (tratamento com drogas). O teste utilizado para ensaios
que envolveram duas variáveis foi o two-way ANOVA, seguido pelo pós-teste
Bonferroni. O primeiro tipo de análise foi utilizado para averiguar se o fenômeno
observado era resultante da variação entre os diferentes tratamentos e não de uma
combinação aleatória. A segunda análise consistiu em comparar tratamentos dois a
dois e ver se estes eram significativamente diferentes entre si. Valores de p<0,01 e
p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
44
5 RESULTADOS
5.1 Padronização de um modelo de BCR-ABL induzível por doxiciclina em
células de camundongo
Com o intuito de estudar a biologia da LMC e a relação entre BCR-ABL e a
sinalização dos TLRs, nós trabalhamos em um modelo de estudo in vitro com células
de camundongos. Assim, escolhemos a linhagem derivada de Ba/F3 denominada
TonB210.1 gerada pelo Dr. Kevin M. Klucher et al. no ano 1997. TonB210.1 foi
criada mediante a transfecção estável de uma construção que contém o gene BCR-
ABL junto a um promotor responsivo à droga doxiciclina (Klucher et al., 1998). Nós
estimulamos a produção da proteína BCR-ABL utilizando duas concentrações de
doxiciclina; 1 e 5µg/ml. Paralelamente, submetemos as células Ba/F3 às mesmas
concentrações de doxiciclina para avaliar a ação da droga na expressão basal dos
genes Tlr. Assim também observamos que a doxiciclina não comprometeu a
viabilidade das células nos tempos e nas doses utilizadas. A quantidade obtida de
oncoproteína foi diretamente proporcional à quantidade de droga utilizada (Figura
7A). Da mesma forma, a concentração de substratos fosforilados em resíduos de
tirosina aumentou progressivamente com o aumento da concentração da droga
indutora.
Em seguida, avaliamos o tempo requerido pela TonB210.1 para deixar de
produzir BCR-ABL, após a remoção da doxiciclina do meio de cultura. Observamos
ausência total da proteína BCR-ABL após 48h de retirada a droga com a
consequente diminuição da quantidade de proteínas fosforiladas. Diante destes
resultados podemos afirmar que BCR-ABL demanda 48h para ser degradada em
sua totalidade (Figura 7B).
45
Anti-c-Abl
Anti -PY
Anti--actina
Anti-c-Abl
Anti -PY
Anti--actina
(210 KDa)
A
B
-
(210 KDa)
-
(45 KDa)
-
(45 KDa)
-
Ba/F3
TonB210.1
Doxiciclina (μg/ml)
- 1 5 - 1 5
C 0 24 48 72
Tempo (Hs) após retirada a Dox
Figura 7. Tratamento de células Ba/F3 e TonB210.1 com doxiciclina para a indução de
BCR-ABL. A) TonB210.1 expressa a oncoproteína BCR-ABL (p210) na presença
de diferentes concentrações de doxicilina. 5x10
5
células Ba/F3 e células
TonB210.1 foram induzidas com 1 e 5g/ml de doxiciclina por 48h. B) a proteína
BCR-ABL é degradada das células após 48 h da retirada de doxiciclina.
Western-Blot com o anticorpo específico para c-Abl revela BCR-ABL (210KDa) e
anticorpo -PY detecta proteínas fosforiladas totais. Como controle de carga foi
usado anticorpo anti- -actina (45 KDa). (c) controle não induzido.
5.2 Inibição da ação tirosina-quinasa de BCR-ABL com mesilato de imatinibe
(MI) e analises da expressão gênica dos Tlrs.
Definido o procedimento experimental, seguidamente submetemos ambas as
linhagens celulares ao tratamento com 5 g/ml de doxiciclina e incubação por 48h
para a indução da produção de BCR-ABL na presença ou não de 10 M de MI. A
Figura 6 mostra que quando tratada com MI, BCR-ABL perde sua capacidade
fosforilativa.
A
B
46
Doxiciclina
:
STI571:
- - + + - - + +
- + - + - + - +
Ba/F3
TonB210.1
Anti-c-Abl
Anti -PY
Anti--actina
(210 KDa)
-
(45 KDa)
-
Figura 8. STI 571 inibe a capacidade fosforilativa da tirosina quinasa de BCR-ABL . 5x10
5
células Ba/F3 e células TonB210.1 foram incubadas por 48h com 5 g/ml de
doxiciclina na presença ou não de 10M de STI571. Western Blotting com
anticorpo específico para c-Abl revela BCR-ABL (210KDa) e anticorpos -PY
detectam proteínas fosforiladas totais. Como controle de carga foi usado
anticorpo anti- -actina (45 KDa).
Pouco se sabe do envolvimento dos receptores TLRs na LMC e foi essa
questão o que motivou o inicio do presente projeto. Em seguida, demos foco a
possibilidade de BCR-ABL poder regular a expressão gênica dos TLRs. Um ensaio
semelhante ao desenvolvido na Figura 8 foi realizado, sendo que as amostras foram
agora processadas para extração de RNA e sínteses de cDNA.
Inicialmente comparamos a expressão basal dos TLRs nas células BaF/3 e
TonB210.1. A Figura 9 demonstra que ambas apresentam um perfil de expressão
semelhante destes receptores.
47
Figura 9. Perfil de expressão gênica basal dos receptores Tlr nas linhagens murinas Ba/F3
e TonB210.1. Para calcular a expressão basal de Tlrs em ambas as linhagens,
utilizamos como calibrador aquele Tlr que apresentou a menor expressão gênica
em cada linhagem. Para Ba/F3 o calibrador empregado foi Tlr4 da própria
linhagem e em TonB210.1 foi Tlr3. Como referência endógena foi empregado o
gene Gapdh.
Ao analisarmos individualmente a expressão gênica de cada receptor Tlr em
ambas as linhagens submetidas ou não ao tratamento com Doxiciclina e/ou STI571,
observamos que apenas Tlr1 e Tlr2 foram modulados significativamente de modo
específico na TonB210.1. A expressão de Tlr1 foi induzida na presença de BCR-
ABL, mas não quando o imatinibe foi adicionado à cultura, demonstrando que a
atividade tirosina quinase é essencial para este efeito. A expressão de Tlr2, por sua
vez, foi modulada positivamente pela BCR-ABL, mesmo na presença do imatinibe
(Figura 10).
A linhagem Ba/F3, nosso controle experimental, não apresentou mudanças
estatisticamente significativa na expressão gênica da maioria dos receptores Tlrs
entre os tratamentos. A exceção foi Tlr4, que variou significativamente na presença
de doxiciclina, tanto na BaF/3 quanto na TonB210.1 (Figura 10). No entanto, as
diferenças podem não terem sido devido à presença de BCR-ABL talvez um efeito
direto da doxiciclina. Por esse motivo, não consideraremos o aumento da expressão
desse gene como sendo causado pela oncoproteína em TonB210.1.
Outros dois receptores avaliados foram os receptores de Tlr7 e Tlr8, que não
apresentaram níveis detectáveis de mRNA, sugerindo que esses genes são pouco
ou nada expressos em ambas as células.
TonB sem indução
TLR1
TLR2
TLR3
TLR4
TLR5
TLR6
TLR7
TLR9
0
50
100
150
200
Expreso Gênica
TLRs/GAPDH
Ba/F3 sem indução
TLR1
TLR2
TLR3
TLR4
TLR5
TLR6
TLR7
TLR9
0
10
20
30
Expreso Gênica
TLRs/GAPDH
48
- + - +
- + - +
- - + +
- - + +
Doxiciclina:
STI571:
Ba/F3
TonB210.1
49
Figura 10. Analises de Real time RT-qPCR do receptor Tlrs nas linhagens murinas Ba/F3 e
TonB210.1 submetidas aos tratamentos com doxiciclina e/ou STI571. 5x10
5
células Ba/F3 e células TonB210.1 foram incubadas por 48h com 5 g/ml de
doxiciclina na presença ou não de 10M de STI571. Gapdh foi utilizado como
referência endógena. Os resultados são representativos de dois experimentos
independentes em triplicatas. *** p≤0,001, ** p≤0,01 e * p≤0,05.
5.3 A sinalização das MAPKs está envolvida na regulação da expressão gênica
de Tlr1
Sabe-se que muitas são as vias ativadas pela oncoproteina, mesmo porque a
capacidade fosforilativa constitutiva deve-se a perda de seu domínio regulador
durante a translocação cromossômica, em conseqüência, além das vias ativadas
pelo domínio quinasa também um maior numero de vias de sinalizações ativadas
devido ao aumento de interações protéicas provenientes de ambas as proteínas
agora fusionadas. Contudo, nós nos interessamos mais naquelas vias de
sinalizações ativadas através do sítio tirosina quinasa de c-Abl. Entre as primeiras
moléculas a serem ativadas encontra-se a proteína Ras cuja sinalização participa
durante o processo de oncogênese. Diversas vias são ativadas a partir de Ras
(Marley e Gordon, 2005), entre elas encontram-se as vias PI3K/Akt e MAPKs tais
como JNK e ERK (Raitano et al., 1995) (Figura 6).
Com o mesmo objetivo, nós investigamos quais fatores de transcrição já
foram descritos na regulação da expressão gênica de Tlr1. Procurando na literatura
achamos o trabalho de Izadi et al., em que demonstraram que a regulação gênica
positiva do receptor de Tlr1 é dependente da ativação de JNK1. Eles descreveram 3
elementos de resposta ao complexo AP-1 no promotor proximal de Tlr1 (Izadi et al.,
2007).
Simultaneamente, fomos realizar uma análise in silico para a obtenção de
outros fatores de transcrição que reconhecem elementos de resposta localizados no
promotor de Tlr1. Para isso, nós utilizamos ferramentas de bioinformática que
inferem a natureza dos fatores de transcrição usando bases de dados de genomas
descritos. Neste trabalho utilizamos três sitios de predição: o sitio do Genome
Browser proveniente da Universidade de California de Santa Cruz (UCSC)
http://genome.ucsc.edu/ (Kent et al., 2002), do Mybioinfo www.mybioinfo.info e do
50
Toll-like receptor 1Proximal promoter
9640 bp
AP-1
NFAT-4
AML-1a
C/EBPβ
NFĸB
Sabiosciences www.sabiosciences.com . Dessa forma, nos interessaram os fatores
de transcrição descritos na Figura 11, que foram preditos pelas três ferramentas.
Novamente, o complexo AP-1 foi descrito nas análises, sugerindo então que uma
das vias das MAPKs poderia estar regulando a expressão de Tlr1. A figura também
mostra o envolvimento das vias do cálcio intracelular (NFAT-4), assim como a via de
NFkB.
Figura 11. Estrutura do gene Tlr1 murino com alguns dos fatores de transcrição preditos.
A partir dessas premissas, nós fomos avaliar a expressão do gene Tlr1
quando presentes os inibidores das vias de sinalizações de JNK (SP600125),
p38MAPK (SB203580), PI3K-Akt (PD98059) e MEK1 (Ly294002) em células
TonB210.1 induzidas com doxiciclina. A Figura 12 demonstra claramente que as
três vias das MAPKinases: JNK, p38MAPK e ERK1, estão envolvidas no processo
de regulação gênica de Tlr1 induzida por BCR-ABL. Sendo que as duas primeiras
sinalizações participam reprimindo a expressão gênica, e a última, a via de ERK1,
colabora com a oncoproteina BCR-ABL para regular positivamente a expressão
gênica desse receptor.
51
0
2
4
6
8
10
nd ndnd nd nd
Doxiciclina
STI571
Inibidor
- + + - + - + - + - +
- - + - - - - - - - -
- - - LY PD SB SP
***
**
***
***
Expreso Gênica
Tlr1/Gapdh
Figura 12. Vias das MAPKs regulam a expressão do gene Tlr1 na presença de BCR-ABL.
5x10
5
células TonB210.1 incubadas por 48h com 5 g/ml de doxiciclina na
presença e ausência de STI571 (10M) e de cada inibidor das vias de
sinalização de PI3K, LY294002 (50µM); de ERK1, PD98059 (20 µM), de
p38MAPK, SB203580 (10 µM) e de JNK, SP600125 (25 µM) pré-incubados por
30 min previamente à indução de BCR-ABL por doxiciclina. Gapdh foi utilizado
como referência endógena. Os resultados são representativos de dois
experimentos independentes em triplicatas. *** p≤0,001. Não detectado (nd).
No entanto a expressão do receptor Tlr1 é induzida unicamente por BCR-
ABL, uma vez que na presença de cada inibidor e na ausência da oncoproteina, seu
mRNA não foi detectado. Isso demonstra que componentes das vias das MAPKs
são estimulados e regulados pela proteína quimérica. Por tanto, baseados no
resultado da Figura 12, nós acreditamos na existência de um balanço entre as vias
MAPKs para a indução final do gene Tlr1.
Por outro lado, a via PI3K não parece estar envolvida na regulação da
expressão gênica desse receptor.
O ensaio realizado com o sistema induzível de BCR-ABL nas células
TonB210.1 proporcionou informações inéditas a respeito da relação entre essa
proteína quimérica e a expressão gênica dos receptores imunes TLRs. Os
resultados tornam-se mais relevantes se pensarmos na qualidade da interação
molecular entre os dois tipos de proteínas já que esse é um sistema condicional cuja
52
única variação é o aparecimento de BCR-ABL, mantendo-se o mesmo conteúdo
citoplasmático.
5.4 Ativação da via de NFκB na presença do agonista de TLR1/TLR2
Em conjunto, os resultados das RT-qPCR sugerem que tanto Tlr1 quanto Tlr2
são fortemente regulados por BCR-ABL. Interessantemente esses receptores se
associam formando heterodímeros na superfície celular fundamentais para o
reconhecimento de estruturas lipopeptídicas tri-aciladas presentes em bacterias
como a Borrelia burgdorferi. O composto sintético utilizado para a ativação
específica dessa via de sinalização é o Pam3CSK4 constituído por três cadeias de
ácidos graxos palmitoílicas e uma seqüência peptídica de cisteinas (C), serinas (S) e
lisinas (K).
Em seguida nós fomos avaliar a ativação de NFkB na estimulação do dímero
TLR1/TLR2 com seu agonista artificial, Pam3CSK4. Para isso utilizamos duas
concentrações do agonista e fizemos uma cinética de ativação.
Assim, comprovamos a ativação de NFκB, evidenciada indiretamente pela
degradação de seu inibidor, o IκBα, nas células TonB210.1 com e sem doxiciclina
estimuladas com Pam3CSK4. s utilizamos duas concentrações de agonista: 1 e
10 g/ml de Pam3CSK4, e fizemos uma cinética de ativação. Previamente ao uso do
agonista de TLR1/TLR2 nós observamos que BCR-ABL não ativa a via de NFkB na
ausência de ativação da via dos TLRs, mesmo sob o tratamento com as drogas
doxiciclina e/ou STI571 (dados não mostrados). A ativação de NFκB somente foi
detectada com 10 g/ml de agonista, o que representa uma quantidade 10 vezes
maior da requerida para a ativação do mesmo receptor em macrófagos J774 (Figura
13). Esta ativação foi mais aparente nas células TonB210.1 tratadas com Doxiciclina
e, por tanto, expressando BCR-ABL. Desta forma, nós concluímos que o
heterodímero TLR1/TLR2 está sendo expresso na membrana das lulas BCR-ABL
positiva de forma aumentada e é capaz de transduzir um sinal intracelular. A
conseqüência direta daquela ativação ainda é incerta na biologia do BCR-ABL, mas
a literatura sugere possíveis efeitos que tentaremos responder nos próximos
ensaios.
53
Ø 2,5 5 10 15 30 45 60 90 min
-IkB
-actin
-IkB
-actin
TonB210.1 sem Dox TonB210.1 com Dox
Ø 2,5 5 10 15 30 45 60 90 min
Ø 2,5 5 10 15 30 45 60 90 min
Ø 2,5 5 10 15 30 45 60 90 min
1μg/ml Pam3CSK4
10μg/ml Pam3CSK4
Ø 2,5 5 10 30 60 min
J774
Figura 13. O agonista sintético de TLR1/TLR2, Pam3CSK4, ativou a via de NFkB em uma
concentração de 10µg/ml nas celulas TonB210.1 negativas e positivas para
BCR-ABL. Cinética de ativação de NFkB de 1x10
7
de células TonB210 sem
tratamento e tratadas com 5g/ml de doxiciclina submetidas às concentrações
de 1g/ml e 10g/ml de Pam3CSK4. Cinética de ativação de NFkB da linhagem
macrofágica J774 com 1g/ml de Pam3CSK4.
5.5 Pam3CSK4 induz um aumento da produção de IL-6 nas células BCR-ABL
positivas.
Posteriormente fomos estudar um dos produtos principais da via de
sinalização ativada dos TLRs, a citocina IL-6. Para isso estimulamos durante um
período de 24h com Pam3CSK4 em uma concentração dependente do numero
celular e a quantidade de agonista utilizada na cinética para a ativação de NFkB.
Por tanto trezentas mil células TonB210.1 foram estimuladas com 1,5μg/ml de
agonista assim como dez milhões foram ativadas com 10μg/ml. As células
TonB210.1 desse experimento eram células positivas e negativas para BCR-ABL,
determinadas através da indução prévia com doxiciclina por 48h.
Após termos realizado o procedimento de ELISA sandwich para IL-6, s
observamos um aumento significativo na produção desta citocina no sobrenadante
das células BCR-ABL positivas quando estimuladas tanto com Pam3CSK4 quanto
com LPS, agonista de TLR4 (Figura 14). É muito interessante destacar a enorme
produção de IL-6 através do estímulo de TLR1/TLR2 nas células transformadas
54
meio
Pam3CSK4
LPS
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
- Dox
+ Dox
***
***
IL-6 (pg/ml)
quando comparadas as células sem BCR-ABL, sendo este de 1500 pg/ml,
quantidade comparável a produzida por macrófagos (dados não mostrado).
Figura 14. Células TonB210.1 com expressão de BCR-ABL apresentaram um aumento
significativo de IL-6 na presença de Pam3CSK4. 3x10
5
células foram induzidas
com 1,5g/ml de Pam3CSK4 e 1,5g/ml de LPS por 24h. Os resultados o
representativos de dois experimentos independentes em triplicatas. *** p≤0,001
5.6 A indução com Pam3CSK4 não altera a proliferação das células BCR-ABL
positivas.
Baseado em dados da literatura que demonstram o envolvimento da
sinalização dos receptores TLRs no aumento de proliferação e sobrevivência de
células tumorais (Jego et al., 2006; Li et al., 2010) em seguida fomos observar a
proliferação das células TonB210.1 BCR-ABL positivas e negativas quando
estimuladas com Pam3CSK4.
Para atingir nosso objetivo específico, utilizamos a técnica colorimétrica de
MTT cujo princípio consiste na redução deste último componente quando ligado nas
mitocôndrias ativas. Desta forma, trata-se de uma medição indireta da quantidade de
células viáveis.
Não observamos diferença significativa na proliferação entre as células
induzidas e não induzidas com doxiciclina na presença e na ausência do agonista
(Figura 15). Mesmo que a tendência após 96 h de cultura em RPMI com 10% de
soro fetal bovino é de menor divisão celular de ambas as células na presença do
Pam3CSK4.
55
0 hs
72 hs
96 hs
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
Meio
Meio+Pam3CSK4
+Dox
Dox+Pam3CSK4
Proliferação
(Absorbância 540nm)
Figura 15. Pam3CSK4 não alterou a proliferação das células TonB210.1 com e sem a
expressão de BCR-ABL. 1x10
4
células induzidas ou não com 5g/ml de
doxiciclina por 48 h foram estimuladas ou não com 50ng/ml de Pam3CSK4. A
análise foi feita através da medição de células viáveis pelo método
colorimétrico MTT e a leitura a 540nm por espectrofotometria após 72 e 96
horas. As barras representam a média das triplicatas realizadas para cada
tratamento e, acima destas, estão representados os respectivos desvios-
padrão.
5.7 Pam3CSK4 induz quimioresistência nas células BCR-ABL positivas.
A ativação dos receptores de tipo Toll foi relacionada tanto com o aumento
da susceptibilidade quanto com a indução da resistência à morte por apoptose
(Salaun et al., 2007). Com o intuito de alterar a alta resistência à apoptose descrito
para as células expressando BCR-ABL (Bedi et al., 1994), posteriormente nós fomos
avaliar o comportamento das células sob condições de estresse celular induzido por
drogas que impedem a replicação celular.
Na Figura 16, nós confirmamos que BCR-ABL torna as células resistentes a
apoptose induzidas por Ara-C e VP16 como foram descritos por outros alunos de
nosso grupo em células humanas. No mesmo gráfico mostramos que a presença de
Pam3CSK4 torna as células BCR-ABL positivas ainda mais resistentes à morte por
apoptose. A diferença estatística com p value <0,5 confirma a quimioresistência
contra duas drogas utilizadas na terapia anti-câncer, fornecida pelo agonista
Pam3CSK4 em células BCR-ABL positivas.
56
Control
VP16
Ara-C
0
25
50
75
Medium
Medium+Pam3CSK4
+Dox
Dox+Pam3CSK4
***
*
***
**
*
% núcleos hipodiploides
Figura 16. Células TonB210.1 com expressão de BCR-ABL são resistentes à morte celular
induzidas por agentes inibidores da replicação celular. 2x10
5
células induzidas ou
não com 5g/ml de doxiciclina por 48h, foram estimuladas ou não com 1,5g/ml
de Pam3CSK4 na presença de 50M de VP16 (etoposídeo) e 100M de Ara-C
por 18h. A análise foi feita por citometria de fluxo após incorporação de iodeto de
propídeo em tampão HFS. As barras representam a média das triplicatas
realizadas para cada tratamento e, acima destas, estão representados os
respectivos desvios-padrão. *** p≤0,001, ** p≤0,01 e * p≤0,05 (Teste ANOVA e
BONFERRONI)
57
6 DISCUSSÃO
O presente trabalho foi iniciado a partir das premissas existentes na literatura
respeito do envolvimento da sinalização dos receptores de tipo Toll em diversos
tipos de cânceres. O principal objetivo era conhecer o papel desses receptores em
células contendo a oncoproteina BCR-ABL. Esta ultima proteína é a assinatura
molecular da Leucemia Mieloide Cronica e sabe-se que ela e a responsável pelo
fenótipo transformado das células progenitoras da medula óssea. A evolução da
doença se correlaciona positivamente com o aumento do numero de transcritos
BCR-ABL, assim maior numero de proteínas são fosforiladas e diversas vias de
sinalização permanecem ativadas. Dessa forma lulas transformadas ganham
características celulares vantajosas respeito às células normais, tais como
resistência a apoptose e crescimento independente de citocinas que fazem com que
elas perpetuem e aumentem em numero.
Por todos estes motivos e outros, é preciso investigar profundamente a
biologia das células transformadas por BCR-ABL para entender quais são as vias de
sinalizações que sustentam a viabilidade das células leucêmicas.
Por tal razão s investigamos o papel da sinalização dos receptores imunes
TLRs nas células leucêmicas BCR-ABL positivas, baseado na extensa literatura
comprovando o envolvimento desta sinalização em diversos tipos de cânceres
(Rakoff-Nahoum e Medzhitov, 2009).
Em neoplasias hematológicas foram demonstrados aspectos positivos e
negativos da ativação desta sinalização e os primeiros estão sendo aproveitados
para o combate de doenças como a Leucemia Linfocitica Crônica fazendo uso de
agonistas dos receptores de TLR7 e 9 (Smits et al., 2010; Spaner e Masellis, 2007).
Tanto Ba/F3.BA com expressão constitutiva de BCR-ABL quanto TonB210.1
são modelos conhecidos no estudo de sobrevivência e inibição de apoptose
induzidas por BCR-ABL, principalmente porque essas células tem sido selecionadas
pelo crescimento independente aos fatores de crescimento como são IL-3 e GM-
CSF (Bedi et al., 1994). Informações importante respeito da biologia do BCR-ABL
foram descobertos a través do uso de modelos murinos que desenvolvem a
sindrome mieloproliferativa similar a Leucemia Mieloide Crônica (Chopra et al.,
1999). Outros estudos foram feitos em linhagens humanas geradas a partir de
58
pacientes nas diferentes fases da doença e que expressam de forma endógena o
gene BCR-ABL. Por outro lado, pouco dados são publicados na literatura a partir de
resultados realizados com amostras de pacientes, principalmente na área de nosso
interesse que envolve conhecimento do histórico clinico das pessoas desde o
momento do diagnostico. Portanto, informações crucias para este trabalho, tais
como relação leucemia-infecção, poderia dar bases fortes para os resultados obtidos
in vitro. Mesmo assim, a grande vantagem de nosso modelo se baseia no fato de
conseguir estudar as vias de sinalizações inicialmente alteradas pela oncoproteina
uma vez que a célula começa a expressá-la.
.
6.1 Regulação dos receptores de tipo Toll por BCR-ABL.
Para atingir o nosso objetivo, nos aprimoramos um sistema de BCR-ABL
induzível através de doxiciclina em células murinas TonB210.1. Tal sistema nos
permite estudar a estreita relação de BCR-ABL e as vias ativadas por ela, assim
como avaliar as diferenças no comportamento celular na sua presença. Inicialmente
observamos que BCR-ABL esta regulando a expressão gênica de alguns dos
receptores TLR (Figuras 10), sendo que a expressão do receptor Tlr1 e dependente
da ação catalítica do sitio tirosina kinase de c-Abl, como foi demonstrado através do
uso de STI571. Paralelamente também foi regulado por BCR-ABL o parceiro
molecular de TLR1, o receptor TLR2, sendo que este ultimo não demonstrou estar
sendo regulado positivamente pelo sitio tirosina kinase. Esses dados pela primeira
vez mostram a oncoproteina regulando a expressão dos receptores de tipo Toll ao
nível mRNA. Sabe-se que a expressão desses receptores é conhecida
principalmente nas células apresentadoras de antígenos, como macrófagos e
dendriticas assim também em células epiteliais, onde a ativação de sua sinalização
por PAMPs leva a secreção de citocinas pró-inflamatorias e indução da resposta
imune adaptativa. Mas, quando a superexpressão gênica desses receptores
acontece em lulas transformadas, as conseqüências biológicas descritas até
agora são diferentes e, em alguns casos, beneficiando a progressão tumoral. A
sinalização dos receptores TLRs participa da indução do reparo tissular após uma
infecção, por tanto estimula o aumento da proliferação celular, neovascularização,
produção de citocinas de crescimento e resistência a apoptose. Este microambiente
59
é rico em ROS que provoca danos ao DNA de células normais e gera mutações que
as transforma em tumorais (Chen et al., 2008). A célula tumoral adquire
características que a levam a perpetuar no decorrer da doença: produção de
citocinas de crescimento, insensibilidade aos sinais de detenção da proliferação,
evasão a apoptose, angiogênese, ilimitada replicação celular e invasão tissular
(Hanahan e Weinberg, 2000). Em pelo menos três destas características os
receptores TLR foram envolvidos na biologia do câncer (Bohnhorst et al., 2006; Li
et al., 2010; Salaun et al., 2007). Por tal razão nos acreditamos que a oncoproteina
BCR-ABL estaria utilizando a ativação dos receptores TLRs para sustentar seu
fenotipo transformado. A literatura descreve os receptores TLRs como moléculas
que estão sendo induzidas e cuja ativação e aproveitada no contexto de
tumorigênesis associadas à inflamação crônica (Coussens e Werb, 2002).
Os receptores de tipo Toll, quando estimulados através da ligação de seu
agonista, transduzem um sinal intracelular que leva a ativação de três principais
fatores de transcrição; MAPK, NFkB e membros da família IRF que estimulam a
produção de citocinas pro-inflamatorias e interferons de tipo I (Akira e Takeda,
2004). Entretanto, a via de NFkB esta ativada pelo BCR-ABL, utilizando em parte
a sinalização de Ras, como descritos em camundongos nude. Essa via participa do
processo de tumorigêneses de células hematopoiéticas em modelos murinos de
leucemia e proporciona a capacidade de crescimento em meio privado de citocinas e
inibição da morte por apoptose em células murinas 32D (Reuther et al., 1998). Nas
nossas células TonB210.1 s não observamos ativação de NFkB na ausência de
estimulação dos receptores TLRs após 48h de indução de BCR-ABL (dados não
mostrados), indicando talvez que este processo de ativação necessite de maior
tempo na presença da proteína quimérica. Nada tem sido descrito respeito do
mecanismo molecular que BCR-ABL utiliza para ativar o fator de transcrição NFkB,
mas as análises de bioinformática feita neste trabalho (Figura 11) mostra que a
seqüência do promotor de TLR1 possui elementos de resposta para este fator.
Assim s sugerimos um circuito de retroalimentação positivo onde a expressão de
TLR1 induzida pela oncoproteina levaria a translocação do fator de transcrição NFkB
ao núcleo após a ligação do receptor com seu ligante (ainda não identificado na
LMC) e que por sua vez este participe na produção de mais receptor de tipo toll.
60
6.2 Participação das MAPK na regulação de tlr1
Seguidamente estávamos interessados em conhecer, quais são as vias que
BCR-ABL utiliza para induzir a expressão de TLR1. Para isso, escolhemos uma
abordagem farmacológica com uso de inibidores de vias de sinalizações para
responder essa pergunta. Como demonstrado na Figura 12 elementos da via de
sinalização das MAPKinases estão envolvidos na regulação de TLR1 ao nível
transcripcional, reprimindo sua expressão, no caso da via de p38MAPK e JNK, ou
induzindo sua expressão como foi comprovado através do uso do inibidor da via de
MEK1. A sinalização de JNK esta envolvida tanto com a indução de apoptose
quanto com sua inibição, mas de fato JNK é o centro dos mecanismos que integra
múltiplas vias para determinar o destino celular (Vlahopoulos e Zoumpourlis, 2004).
Por outro lado, é possível inferir qual é o mecanismo empregado pela oncoproteina
para superexpressar TLR1. No trabalho revisto por Quintás-Cardama e Jorge Cortés
(2009), eles descreveram a sinalização ocasionada pela auto-fosforilação da tirosina
177 no domínio SH2 do BCR, de BCR-ABL. Tal modificação pos-traducional fornece
ao domínio um aumento da afinidade pela proteína GRB2, que posteriormente
recruta SOS, o trocador de nucleotídeos guanina de RAS, e assim desencadeia a
ativação desta última molécula. Por sua vez, RAS causa a ativação constitutiva de
ERK1 e PI3K/Akt, moléculas envolvidas principalmente na proliferação celular
independente de fator de crescimento e da inibição da apoptose, respectivamente. O
mecanismo descrito anteriormente foi observado na etapa inicial de transformação
por BCR-ABL de células LMC primarias, sugerindo então que a superexpressão de
TLR1 deva acontecer nas primeiras células neoplásicas philadelphia positivas
dentro da medula óssea (Quintas-Cardama e Cortes, 2009). Interessantemente, a
ativação de ERK1 é dependente de citocinas durante a fase crônica da doença, mas
torna-se constitutivamente ativada na fase blástica onde é realmente detectada nas
células progenitoras CD34
+
(Notari et al., 2006).
A utilização individual dos inibidores nas células BCR-ABL positivas,
demonstraram diferentes funções entre as três vias das MAPKs na regulação de
TLR1 (Figura 17). De fato, se sabe que na LMC a expressão da proteína JunB e
inibida nas células provenientes de pacientes acometidos com a doença (Radich et
al., 2006). JunB é um componente do complexo de transcrição AP-1 que funciona
61
como um supressor de tumores nas células mielóides. Esta molécula antagoniza os
efeitos ocasionados por outros membros da sinalização JNK ativados por RAS,
assim inibindo a proliferação e sobrevivência das lulas BCR-ABL positivas (Angel
e Karin, 1991). Tomando esses dados em vista, nós sugerimos a possível
participação de JunB na repressão gênica de TLR1 nas células TonB210.1
estimuladas com BCR-ABL, segundo o mostrado nós resultados da Figura 12
mediante o uso do inibidor SP600125.
Os dados resultantes da utilização do inibidor da via p38 MAPK
demonstraram a atuação das proteínas p38 α e β na repressão gênica de TLR1.
Embora, sua participação tenha sido menor do que a observada para elementos da
via JNK, de certa forma esse dado não deixa de ser relevante, que interessantes
publicações descrevem a via de p38 MAPK como uma sinalização que participa
ativamente nos efeitos anti-leucémicos induzidos por drogas como Interferon α
(Mayer et al., 2001), mesilato de imatinibe (Parmar et al., 2004) e dasatinib (Dumka
et al., 2009). Nesses trabalhos, todos descrevem a ativação de p38 como evento
necessário para a inibição do crescimento celular induzidas pelas drogas
mencionadas anteriormente. Vale ressaltar que estas três drogas representam os
medicamentos de primeira linha na terapia para a LMC (Weisberg et al., 2007).
6.3 Ativação da via de sinalização de TLR1/TLR2 com Pam3CSK4
Com o intuito de determinar se aquela expressão gênica dos receptores TLR1
e 2 se traduzem a proteína funcional expressas na membrana plasmática, s
ativamos essa via com o agonista sintético do heterodimero, Pam3CSK4. A ativação
de NFkB acontece em resposta a citocinas como IL-1 ou TNFα. O evento marcante
da sinalização é a fosforilação dos resíduos Ser32 e Ser36 de IkBα, o inibidor
especifico de NFkB no citoplasma. Ditas fosforilações marcam esta proteína pra ser
ubiquitinizada e degradada pelo proteossomo, liberando o NFkB ativo pra translocar
ao núcleo celular. A avaliação da ativação do fator de transcrição de NFkB foi feita
através da visualização do sumiço da proteína IkBα, por western blotting (Brown et
al., 1995).
Nossos resultados confirmam a integridade da via de sinalização de
TLR1/TLR2 quando ativado com seu agonista Pam3CSK4 (10μg/ml) nas lulas
62
TonB210.1 tratadas ou não com doxiciclina (Figura 13). O fator de transcrição NFκB
conseguiu translocar pro núcleo embora aquela ativação precise de maior
quantidade de agonista quando comparamos com o necessário para os macrófagos
J774 (1ug/ml). Sabe-se que macrófagos e células dendriticas sinalizam para a
produção de citocinas pro-inflamatorias ativando a via de NFκB na presença de
mínimas quantidades de PAMPs (Akira e Takeda, 2004). Soma-se a possibilidade
destas células TonB210.1 estarem expressando menores quantidades de receptores
de membrana para responder a mesma dose de agonista utilizado pra J774. Isso foi
observado por uma pesquisadora de nosso grupo, onde hibridomas de linfócitos T
expressando menor quantidade de mRNAs dos TLRs do que em macrófagos,
precisaram de maior quantidade de agonista para ativar a via de NFκB.
De qualquer forma, as células que não expressam BCR-ABL estão
respondendo com a mesma cinética de ativação que as células que expressam a
proteína quimérica, o que demonstra que o aumento da expressão de TLR1 induzido
por BCR-ABL não esta intensificando o sinal de ativação de NFkB proveniente da
ligação do heterodimero TLR1/TLR2 com seu agonista (Figura 13). Mesmo porque
ambas as lulas apresentam pouca diferença no que respeita ao receptor de TLR2,
sugerindo uma ação conjunta e igual entre os dois receptores pra transdução do
sinal.
Porém, quando foi feito a dosagem de citocina IL-6 produzida após o estimulo
com o agonista de TLR1/TLR2, foi observado uma diferença significativa entre as
células negativas e positivas para BCR-ABL. Estas últimas produziram maior
quantidade de IL-6 do que as primeiras, quando expostas a mesma dose de
agonista (Figura 14). Esse dado confirma o resultado obtido na Figura 10 ja que
uma relação diretamente proporcional entre o aumento do número de mRNA de
TLR1 e o aumento de IL-6 produzidas nas lulas BCR-ABL positivas estimuladas
com Pam3CSK4. Esta citocina junto com TNFα e IL- são os produtos pro-
inflamatorios esperados da via ativada dos receptores TLR. Sugerindo então que
mesmo tendo, ambas as células, a mesma cinética de ativação de NFkB,
possivelmente a combinação de fatores de transcrição, além do NFkB, esteja
influenciando na quantidade de citocina produzida. Esta hipótese se baseia nos
dados revistos por Trinchieri e Sher (2007), onde explicam que a quantidade de
citocina produzida depende das combinações de receptores TLRs que estão sendo
63
ativados simultaneamente (Trinchieri e Sher, 2007). Nesse aspecto, foram descritos
trabalhos demonstrando que as citocinas TNFα, IL-1β, IL-12, IL-23, Cox-2 e a
própria IL-6, foram mais fortemente induzidos em células dendriticas quando
estimuladas com combinações de agonistas de TLRs comparados ao estimulo com
um único agonista (Gautier et al., 2005; Napolitani et al., 2005). Assim, da mesma
forma que as vias dos receptores TLRs cooperam para o aumento da produção de
citocinas secretadas, nós acreditamos que possa existir uma influência das vias
ativadas por BCR-ABL nas vias ativadas pelo engajamento de TLR1/TLR2 com seu
agonista.
IL-6 é uma citocina que induz a resposta de fase aguda da inflamação. Possui
funções pleiotrópicas e sistêmicas. Mas, como outras citocinas, também tem
propriedades anti-inflamatorias (Barton et al., 1996; Opal e DePalo, 2000). Um dos
mecanismos anti-inflamatorios utilizados por esta citocina corresponde à indução
dos antagonistas das principais citocinas pro-inflamatorias, IL-1ra (receptor
antagonista de IL-1) e o receptor solúvel de TNFα (Tilg et al., 1994). Assim, a ação
pro ou anti-inflamatoria resultante da IL-6 secretada, depende do microambiente e
das interações dos fatores solúveis presentes. Neste sentido, existem diversos
relatos na literatura citando ao aumento de IL-6 como um marcador de progressão
tumoral (Barton, 2005). Viu-se aumento do crescimento tumoral de células de
hepatocarcinoma H22 quando TLR2 foi estimulado com Lysteria monocytogenes,
sendo que os principais fatores produzidos foram IL-6 e iNOS (Huang et al., 2007).
As moléculas MyD88 e NFkB participam ativamente na indução desta citocina como
foi demonstrado em modelo de carcinoma hepatocelular (Naugler et al., 2007). Em
relação à LMC, foi descrito uma maior produção de IL-6 e survivina no soro de
pacientes em fase blástica e acelerada da doença quando comparados aos
controles saudáveis e mesmos aos pacientes na fase crônica (Zhara et al., 2007).
A presença de IL-6 e TGFβ, produzidas pelas células tumorais podem induzir
a diferenciação das células Th17 (Ivanov et al., 2006). Dessa forma a presença de
citocinas IL-17 e IL-23 têm sido identificadas em tecidos de câncer de ovário o qual
sugere que a inflamação mediada pelos linfócitos Th17 promove o crescimento
tumoral. Neste sentido citocinas produzidas após a ligação dos receptores TLRs das
células tumorais podem influenciar na determinação do fenótipo de linfócitos T e por
tanto definir o tipo de resposta imune atuante no microambiente. Assim, a ativação
64
da reposta imune inata pela ação dos receptores TLRs, leva à produção de citocinas
IL-1, IL-8, IL-6, TGFβ que promovem angiogêneses ao tempo que regula a
diferenciação dos linfócitos T (Wang et al., 2008).
Em fim, fatores solúveis produzidos pelas células tumorais após estimulo com
agonista de TLR, suprime a ação de células imunes efetoras, linfócitos T e NK. Entre
os produtos diretamente induzidos após a ligação do receptor TLR4 em células
tumorais estão IL-6 e NO.(Huang et al., 2005).
A literatura é consistente com o fato da IL-6 estar aumentada no
microambiente tumoral favorecendo a progressão neoplásica. Seguidamente, nós
queríamos saber o porqde sua secreção. Para responder isso, trabalhos in vitro
com células de mieloma multiple estimuladas com agonistas de TLR (CpG e
Pam3CSK4) demonstraram o envolvimento da citocina IL-6 na sobrevida celular e no
aumento da proliferação de culturas carentes de nutrientes. O papel direto dela foi
confirmado mediante utilização de anticorpos neutralizantes, que mostrou diminuição
da proliferação e aumento da susceptibilidade a apoptose induzida pela droga
dexametasona (Bohnhorst et al., 2006; Jego et al., 2006). Esses dados sugerem que
ligantes de TLRs agem como fatores de sobrevivência estimulando a produção de
IL-6 para que tenha um efeito autocrino e induza o aumento da proliferação (Li et al.,
2010). A bibliografia é escassa na hora de mostrar um mecanismo pela qual IL-6
esta induzindo à proliferação e inibindo a apoptose.
6.4 Consequências biológicas após ativação da via de sinalização de
TLR1/TLR2 com Pam3CSK4
Além da produção de IL-6 confirmada neste trabalho, s almejávamos
conhecer as conseqüências biológicas advindas após da ligação do receptor
hetedimerico TLR1/2. Assim, a partir de dados da literatura s continuamos nossa
investigação avaliando o efeito da ativação com Pam3CSK4 na proliferação e na
morte da célula induzida por dano ao DNA.
No que respeita a proliferação, esperava-se uma evidente mudança no
numero de células BCR-ABL viáveis após o estimulo com Pam3CSK4, mas não foi
isso o que aconteceu (Figura 15). Uma provável explicação seja o fato de ter
avaliado a replicação celular em condições ótimas. Chamasse dessa forma as
65
culturas suplementadas com os fatores essências que fornecem as condições
permissivas para a divisão celular sem estresse tais como 37 graus de temperatura,
existência de nutrientes, 5% de atmosfera de CO
2
, pH neutro, etc. Se o efeito esta
na sobrevivência celular, deveríamos avaliar a viabilidade celular em meios pobres
de nutrientes.
Porém, quando avaliamos a morte induzida por dano ao DNA, nós verificamos
que o estímulo com Pam3CSK4 proporciona resistência a apoptose nas células
BCR-ABL (Figura 16). As duas drogas utilizadas neste experimento são utilizadas
na terapia contra o câncer, sendo que Ara-C é usada na Leucemia Mieloide Aguda.
Elas induzem dano ao DNA e inibem enzimas essências para a replicação celular.
Em ambos os casos a apoptose é induzida porque a maquinaria de reparo celular
não conseguiu resolver o dano provocado. Possivelmente a resistência a apoptose
observada nos nossos resultados possa estarem relacionados a sinalização TLR
regulando, expressão ou ativação de moléculas anti-apoptoticas (Salaun et al.,
2007).
Em conclusão, o presente trabalho demonstra que a proteina BCR-ABL esta
induzindo a expressão gênica dos receptores da imunidade inata, TLR1 e 2. Sendo
que para o primeiro, a indução foi dependente da ação do sitio catalítico tirosina
quinase da oncoproteina. Por outro lado, também vimos que as vias das MAPKs
estão envolvidas na indução e repressão de TLR1 e que tais vias são ativadas ao
mesmo tempo na presença de BCR-ABL. Assim, nós comprovamos que a
estimulação do heterodimero com Pam3CSK4 nas células BCR-ABL positivas induz
o aumento da produção de IL-6, uma citocina angiogênica e inflamatória, nas
primeiras 24h após o estimulo. Portanto, nossos resultados, através de ensaios in
vitro, fornecem informações respeito ao comportamento da célula BCR-ABL positiva
na presença de PAMPs.
Embora existam muitos estudos sobre LMC, uma incógnita em especial
permanece sem resposta: por que existem pacientes que evoluem rapidamente da
fase crônica a blastica, mesmo recebendo o tratamento adequado e prematuro,
quando comparados com outros indivíduos que permanecem em remissão sob o
mesmo protocolo de tratamento. Nossos resultados fomentam uma possível
explicação, a qual esta relacionada com o contexto de infecções em pacientes
acometidos com LMC.
66
BCR-ABL
MAPK
p38MAPK ERK1JNK MAPK
mRNAde Tlr1
Em consideração ao fato da IL-6 no microambiente tumoral ser um sinal de
mal prognostico pro paciente com câncer, nós sugerimos que possivelmente células
transformadas com BCR-ABL na presença de PAMPs ou ligantes endógenos de
TLRs ativariam a sinalização destes últimos levando a progressão do câncer. Assim,
s estimamos que pacientes na fase crônica acometidos com determinadas
infecções poderiam evoluir para as fases acelerada e blástica, comprometendo sua
melhoria.
Figura 17. Modelo de regulação gênica de Tlr1 por BCR-ABL.
67
7 CONCLUSÃO
1) BCR-ABL regula positivamente o gene Tlr1.
2) A regulação positiva de Tlr1 é dependente da ação do sitio catalítico tirosina
quinasa de c-Abl.
3) As MAPKs controlam a expressão gênica de Tlr1 quando presente a
oncoproteina.
4) BCR-ABL utiliza a via de ERK1 para superexpressao Tlr1 e as vias p38 MAPK
e JNK agem reprimindo a expressão desse gene.
5) A sinalização do dímero TLR1/TLR2 ativa NFκB com 10μg/ml de agonista
sintético Pam3CSK4 nas células TonB210.1 sem e com BCR-ABL.
6) Celulas BCR-ABL positivas produzem maior quantidade de IL-6 na presença
de Pam3CSK4 quando comparadas com células TonB210.1 sem expressao
da oncoproteina.
7) Pam3CSK4 não altera a proliferação de células TonB210.1 com BCR-ABL
respeito daquelas que não tem BCR-ABL.
8) A via de TLR1/TLR2 ativada proporciona resistência a apoptose quando
induzida por drogas que danificam o DNA em células BCR-ABL positivas.
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