certos advérbios que estabelecem relações interoracionais ou
intertextuais. É o caso de pois, logo, portanto, entretanto, contudo,
todavia, não obstante. Assim, além das conjunções coordenativas já
assinaladas, teríamos as explicativas (pois, porquanto, etc.) e
conclusivas (pois [posposto], logo, portanto, então, assim, por
conseguinte, etc.), sem contar contudo, entretanto, todavia que se
alinham junto com as adversativas. Não incluir tais palavras entre as
conjunções coordenativas já era lição antiga na gramaticografia de
língua portuguesa; vemo-la em versões de sua Gramática [MMa.1].
Perceberam que tais advérbios marcam relações textuais e não
desempenham o papel de conector das conjunções coordenativas,
apesar de alguns manterem com elas certas aproximações ou mesmo
identidades semânticas. (Bechara, 2003:316)
Carone (1988) defende que as conjunções são geralmente
expressões que deslizaram do estatuto de advérbio para o de conjunção. De
acordo com ela, o então figura entre os operadores (além disso, apesar disso, pelo
contrário, assim, aliás, etc.) que atuam como elementos de coesão entre partes de
um texto, incluindo-se, assim, na faixa de transição do advérbio para a conjunção.
Para alguns autores, como Faraco e Moura, o então ainda é
classificado apenas como advérbio de tempo, mas se consultarmos alguns
autores de gramáticas pedagógicas (Terra, 2002; Infante, 1995; Nicola & Infante,
1997; Sacconi, 1994) já notaremos o reconhecimento do caráter multifuncional e
polissêmico do termo. Eles o apresentam não só como um advérbio puramente,
mas também como um conector interfrásico que articula partes de um texto,
assumido, desse modo, o papel de conjunção. Neste caso, o então abarca um
novo valor semântico-pragmático. Esse termo pode, assim, comportar-se como
um nexo conclusivo, expressando uma relação factual de causa-consequência ou
uma relação de inferência entre proposições, sendo a primeira uma das
premisssas e a segunda uma conclusão.
A relação factual de causa-consequência e a relação de inferência