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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CARACTERÍSTICAS MORFOFUNCIONAIS
CARDÍACAS DE ATLETAS FISICULTURISTAS EM USO DE ESTERÓIDES
ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS.
Octávio Barbosa Neto
Uberaba – MG
Setembro 2010
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OCTÁVIO BARBOSA NETO
MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CARACTERÍSTICAS MORFOFUNCIONAIS
CARDÍACAS DE ATLETAS FISICULTURISTAS EM USO DE ESTERÓIDES
ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS.
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Patologia, área de concentração “Patologia Geral”, da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como
requisito parcial para obtenção do Título de Doutor em
Patologia.
Orientador: Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva.
Uberaba, MG
Setembro, 2010
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OCTÁVIO BARBOSA NETO
MODULAÇÃO AUTONÔMICA E CARACTERÍSTICAS
MORFOFUNCIONAIS CARDÍACAS DE ATLETAS
FISICULTURISTAS EM USO DE ESTERÓIDES
ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS.
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Patologia da Universidade Federal
do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor.
Área de concentração: Patologia Geral.
Uberaba, 17 de Setembro de 2010
Banca Examinadora
Nome: Valdo José Dias da Silva.
Titulação: Doutorado.
Assinatura:
Instituição: Departamento de Ciências Biológicas – UFTM – Uberaba/MG.
Nome: Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz.
Titulação: Doutorado.
Assinatura:
Instituição: Escola de Educação Física e Esporte – USP – São Paulo/SP.
Nome: José Hamilton Matheus Nascimento.
Titulação: Doutorado.
Assinatura:
Instituição: Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho – UFRJ – Rio de Janeiro/RJ.
Nome: Nádia Carla Cheik
Titulação: Doutorado.
Assinatura:
Instituição: Faculdade de Educação Física – UFU – Uberlândia/MG.
Nome: Fábio Lera Orsatti.
Titulação: Doutorado.
Assinatura:
Instituição: Curso de Educação Física – UFTM – Uberaba/MG.
Catalogação na fonte: Biblioteca da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
B21m Barbosa Neto, Octávio
Modulação autonômica e características morfofuncionais cardíacas
de atletas fisiculturistas em uso d esteróides anabólicos androgênicos /
Octávio Barbosa Neto. - - 2010.
154f. : tab. : graf. : fig.
Tese (Doutorado em Patologia Geral) – Universidade Federal do
Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2010.
Orientador: Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva.
1. Cardiopatias. 2. Esteróides Anabólicos. 3. Frequência Cardíaca. 4.
Treinamento de resistência. I. Título. II. Universidade Federal do
Triângulo Mineiro. III. Silva, Valdo José Dias da.
CDU 616.12
DEDICATÓRIA
Dedicatória
Doutorado Octávio Barbosa Neto
Dedico este trabalho...
Primeiramente ao Deus Pai todo poderoso. Por me permitir acordar a cada novo dia de
muitas bênçãos; pelo pleno funcionamento do meu corpo físico, mental, espiritual e
emocional. Pelo dom da vida e por me abrir os caminhos até o presente momento.
Aos meus queridos pais Silvio e Maria Guaraciaba, pelo amor, dedicação e incentivo,
por não medirem esforços para a minha educação pessoal e formação profissional. Amo
vocês.
Aos meus irmãos Marco e Silvia, pelo companheirismo, ternura e pelo simples fato de
serem o que são.
A minha eterna amada Sueli, pois diante do amor e carinho de sua existência,
convívio, não me permito omiti-la, mas sim lhe dedicar meu afeto e protestos de
reconhecimento e amor.
Ao meu cunhado Beto, pela alegria que compartilhamos a vida.
A minha sobrinha Lahanne, por ser sempre amável e meiga, pela paciência de me
escutar e conversar.
Ao meu incansável afilhado Luquinhas, por sua graça, ingenuidade e por conseguir me
tirar sorrisos em momentos que jamais pensaria em fazê-lo.
A todos meus familiares e amigos, que compartilham todas as minhas conquistas e
desilusões.
Aos sempre queridos amigos que me ajudaram e aos infortúnios que me desafiaram.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
Todo trabalho de doutorado para ser realizado envolve um grande número de pessoas,
a execução deste não ocorreu de forma diferente. Portanto, só tenho que agradecer a todos que
me querem bem. Especialmente, àqueles que me apoiaram, me ajudando, na concretização
desse sonho.
Ao Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva, meu orientador, pela pessoa humana que é.
Pela capacidade de nos conduzir e despertar à vontade de novas descobertas científicas. Por
ter a serenidade e disponibilidade de me orientar neste trabalho e também por acreditar na
minha capacidade e dedicação.
Aos professores Luiz Carlos, Edson, Aldo e Simone, pelo convívio e pelo apoio, que
resultaram em valiosos ensinamentos.
Aos professores Vicente e Marlene, pelos conselhos e respeito para com seus alunos.
Ao amigo Monó, pela ajuda, amizade e apoio em todos os momentos de minha
trajetória acadêmica.
Ao amigo Ricardo Alexandre, companheiro de profissão, pela paciência de escutar os
desabafos nos momentos críticos dessa jornada e por ter me auxiliado nesta tese.
Aos grandes amigos Marcus Paulo, Igor e Lucas, companheiros desta incansável
jornada que é a ciência. Em especial ao Lucas, que me auxiliou nas coletas de dados deste
trabalho.
A minha grande amiga Elisabete Nogueira, por compartilhar minhas angústias e
insatisfações.
Aos Cardiologistas, Dr. Luiz Pertili, Dr. Marco Antônio e Dr. Oswaldo, pelo auxílio
nas análises e realização dos exames cardiológicos.
À endocrinologista, Dra. Elisabete Mantovani, pelo auxílio nos exames hormonais.
Agradecimentos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
Ao Marquinhos, técnico de laboratório que me ajudou nas coletas de sangue deste
estudo.
Aos amigos de laboratório Margareth, Ana Maria, Donizete, Glauco, Isabel e Fausto,
pela presteza, amizade e auxílio no convívio diário.
A companheira e bibliotecária Bete Perez, apesar do pouco tempo de convívio, me
transmitiu muita paz e sabedoria.
A todos os companheiros do laboratório de Fisiologia, por estarem sempre dispostos a
ajudar.
EPÍGRAFE
"Deus nos concede, a cada dia, uma página de
vida nova no livro do tempo. Aquilo que
colocarmos nela, corre por nossa conta."
Chico Xavier
.
RESUMO
RESUMO
Doutorado Octávio Barbosa Neto
A administração crônica de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) tem sido
utilizada de forma indiscriminada para melhorar a performance atlética. No entanto, existem
indícios de que tal prática pode trazer malefícios ao sistema cardiovascular, favorecendo o
acometimento de ocorrências fatais. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo
investigar as alterações autonômicas e morfofuncionais cardíacas em atletas fisiculturistas
usuários EAA. Quarenta e cinco homens com 29,8 ± 0,5 anos de idade participaram
voluntariamente deste estudo e foram separados em três grupos: sedentários controles (SED,
n=15), fisiculturistas usuários (FUE, n=15) e não usuários de EAA (FNE, n=15). Foram
avaliadas características antropométricas, composição corporal e perfil hormonal, além dos
parâmetros de frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA) sistólica (PAS) e diastólica
(PAD), duplo produto (DP), variabilidade da FC (VFC) no domínio do tempo (DT) e da
frequência (DF), cálculo de entropias e dinâmica não linear simbólica em repouso e durante a
manobra postural ativa, bem como análises eletrocardiográficas (ECG) e ecocardiográficas
em repouso. Para todas as análises estatísticas utilizou-se a significância α = 0,05.
Verificamos maior peso corporal e índice de massa corpórea (IMC) em fisiculturistas usuários
de EAA quando comparados aos demais grupos. Indivíduos que não realizam atividades
físicas, entretanto, possuem maiores percentuais de gordura, menores índices de massa
muscular e diâmetros antropométricos em comparação a ambos os grupos de atletas. Os
hormônios luteinizante (LH), folículo estimulante (FSH) e sulfato de desidroepiandosterona
(DHEA-S) se encontram reduzidos em usuários de anabolizantes. Por outro lado, as
concentrações plasmáticas de testosterona e estradiol (E
2
) foram superiores no grupo FUE em
relação aos FNE e SED. Atletas que fazem uso abusivo de esteróides possuem elevados níveis
basais de PAS, PAD e DP quando confrontados aos não usuários e sedentários. Os resultados
da VFC, tanto no DF como na análise simbólica, demonstraram que o grupo usuário apresenta
uma maior modulação simpática e uma menor modulação parassimpática em repouso em
comparação aos demais grupos. Após o teste ortostático, todavia, constatamos uma menor
amplitude de resposta da FC, PAS, PAD e DP no grupo FUE em relação aos FNE e SED.
Esta atenuação de resposta ao teste tilt também foi evidenciada na modulação simpática
através da análise espectral e dinâmica não linear simbólica nesses indivíduos. A massa
ventricular esquerda (MVE), bem como seu índice (iMVE) e o volume diastólico final (VDF),
foram maiores nos grupos de esportistas do que nos sedentários. Contudo, a MVE, o iMVE,
as espessuras da parede posterior (EPPd), do septo interventricular (ESd) e a espessura
relativa do VE no final da diástole foram significativamente maiores no grupo FUE em
relação aos não usuários e sedentários. Os valores corrigidos do intervalo QT (iQTc) e da
dispersão do iQT (DQTc) se encontram superiores no grupo FUE em comparação aos SED.
Atletas usuários de anabolizantes apresentaram um desvio do eixo elétrico frontal do QRS
para a esquerda em comparação aos demais voluntários. Nossos resultados sugerem que
atletas usuários de EAA possuem uma disautonomia cardiovascular, o que pode constituir um
importante mecanismo através do qual o abuso de EAA seja associado ao aumento no risco
cardiovascular, com maior suscetibilidade à ocorrência de morte bita. Em adição, as
alterações estruturais e funcionais da musculatura cardíaca decorrentes do uso de
anabolizantes, por efeitos diretos e/ou indiretos constatadas neste estudo, podem provocar e
perpetuar doenças cardiovasculares. Portanto, o uso indiscriminado destas drogas pode
aumentar o risco de morte entre seus usuários.
Palavras-chave: Análise não linear simbólica, esteróides anabólicos androgênicos,
modulação autonômica cardiovascular, treinamento resistido e variabilidade da frequência
cardíaca.
ABSTRACT
ABSTRACT
Doutorado Octávio Barbosa Neto
The chronic administration of anabolic androgenic steroids (AAS) has been used
indiscriminately in order to improve athletic performance. However, there are indications that
this practice may cause damage to the cardiovascular system, increasing the risk of fatal
events. Thus, the aim of the present study was to investigate the autonomic and
morphofunctional cardiac alterations on bodybuilders AAS users. Forty-five male with 29.8 ±
0.5 years-old participated voluntarily of this study and were separated in three groups:
sedentary subjects controls (SE, n=15), bodybuilders AAS users (SU, n=15) and AAS
nonusers (SN, n=15). We evaluated anthropometric characteristics, physical composition,
hormonal profile, heart rate (HR), systolic (SAP) and diastolic (DAP) arterial pressure, rate
pressure product (RRP), as well as time (TD) and frequency (FD) domain parameters and
Shannon’s entropy and symbolic nonlinear dynamic parameters of HR variability (HRV) in
resting and during the active postural maneuver and electrocardiographic (ECG) and
echocardiographic data at rest. For all statistical analysis we used the significance α = 0.05.
We found higher body weight and body mass index (BMI) in bodybuilders AAS users when
compared to the others groups. Subjects that do not practice physical activities, however, have
a bigger percentage of fat, less muscular mass index and anthropometric diameters in
comparison to both groups of athletes. The Luteinizing hormone (LH), follicle stimulating
hormone (FSH) and dehidroepiandrosterona sulfate (DHEA-S) are reduced in AAS users. On
the other hand, the plasma concentration of testosterone and estradiol (E
2
) were higher in the
SU group in relation to SN and SE groups. Athletes making abusive use of steroids presented
elevated baseline levels of SAP, DAP and RRP when confronted to AAS nonusers and
sedentary. The HRV parameters for both FD and symbolic analysis demonstrated that the
users group showed a higher sympathetic modulation and a lower parasympathetic
modulation is resting in comparison of the others groups. After the orthostatic test, however,
we noted a lesser response of HR, SAP, DAP and RRP as well as the sympathetic modulation
measured by means of spectral analysis and symbolic nonlinear dynamic in SU groups in
relation to SN and SE groups. The left ventricular mass (LVM), as well as the LVM index and
LV end-diastolic volume was higher in trained groups than sedentary group. Furthermore, the
LVM, LVM index, the LV posterior wall thickness, the interventricular septal thickness and
the thickness relative of LV in end-diastolic were significantly higher in the user group in
relation to nonusers and sedentary. The corrected values of QT interval (cQT) and QT interval
dispersion (cQTD) were higher in SU group in comparison to the sedentary. AAS users
presented a shift of QRS electrical axis towards to the left in comparison to the non users and
sedentary volunteers. Our results suggested that AAS users had a marked autonomic
dysfunction, which may constitute an important mechanism linking AAS abuse to increased
cardiovascular risk. In addition, the structural and functional alterations of the cardiac
musculature resulting from the use of anabolic steroids, by direct and/or indirect effects, could
provoke and perpetuate cardiovascular diseases. Therefore, the increased cardiovascular risk
associated to indiscriminated use of AAS could be ascribed at least partially to the cardiac
autonomic dysfunction.
Keywords: Nonlinear symbolic analysis, anabolic androgenic steroids, cardiovascular
autonomic modulation, resistance training and heart rate variability.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
Doutorado Octávio Barbosa Neto
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................27
1.1 Histórico dos esteróides anabólicos e sua incidência.........................................................29
1.2 Hormônios esteróides e EAA.............................................................................................34
1.3 Efeitos adversos dos EAA..................................................................................................43
1.4 Efeitos dos EAA no sistema nervoso autônomo ................................................................50
1.5 Análises da modulação autonômica cardíaca.....................................................................52
2 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................59
3 HIPÓTESE ............................................................................................................................61
4 OBJETIVOS..........................................................................................................................63
4.1 Geral ...................................................................................................................................63
4.2 Específicos..........................................................................................................................63
5 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................65
5.1 Sujeitos ...............................................................................................................................65
5.2 Anamnese ...........................................................................................................................66
5.3 Procedimentos experimentais.............................................................................................67
5.4 Exames físicos e parâmetros hemodinâmicos....................................................................67
5.5 Antropometria e composição corporal ...............................................................................68
5.6 Variabilidade da frequência cardíaca .................................................................................68
5.7 Análise simbólica ...............................................................................................................70
5.8 Manobra postural ativa.......................................................................................................75
5.9 Estudos Eletrocardiográficos e Ecocardiográficos.............................................................75
5.10 Avaliação hormonal..........................................................................................................77
5.11 Análise estatística.............................................................................................................77
6 RESULTADOS.....................................................................................................................80
6.1 Composição corporal e características antropométricas.....................................................80
6.2 Histórico esportivo e padrões de uso dos EAA..................................................................82
6.3 Avaliação hormonal............................................................................................................84
6.4 Parâmetros hemodinâmicos em repouso e após manobra postural ativa............................87
6.5 VFC da cardíaca em repouso e após manobra postural ativa.............................................92
6.6 Análise simbólica ...............................................................................................................94
6.7 Estudo ecocardiográfico.....................................................................................................96
6.8 Parâmetros eletrocardiográficos.........................................................................................98
7 DISCUSSÃO.......................................................................................................................103
8 CONCLUSÕES...................................................................................................................125
9 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................127
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Doutorado Octávio Barbosa Neto
%
Delta da porcentagem de diferença após o teste tilt
0V Padrão sem variação da análise simbólica
1V Padrão com uma variação da análise simbólica
2VD Padrão com duas variações diferentes da análise simbólica
2VS Padrão com duas variações similares da análise simbólica
5α-DHT Hormônio 5α dihidrotestosterona
5β-DHT Hormônio 5β dihidrotestosterona
Ach Neurotransmissor Acetilcolina
ACTH Hormônio Adrenocorticotrópico
AG Ácido Graxo
AMPc Adenosina Monofosfato Cíclico
BHE Barreira Hemato-Encefálica
bpm Batimentos Por Minuto
CEBRID Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
CRH Hormônio Liberador da Corticotropina
CT Cipionato de Testosterona
DC Débito Cardíaco
DdVE Diâmetro Diastólico do Ventrículo Esquerdo
DECA Decadurabolin
DF Domínio da Frequência
DHEA Desidroepiandosterona
DHEA-S Sulfato de Desidroepiandosterona
DHT Dihidrotestosterona
DM-2 Diabetes Mellitus do Tipo 2
DN Decanoato de Nandrolona
DNA Ácido Desoxirribonucleico
DQT Dispersão do intervalo QT
DQTc Dispersão do intervalo QT corrigido
DsVE Diâmetro Sistólico do Ventrículo Esquerdo
DT Domínio do Tempo
Lista de Siglas e Abreviaturas
Doutorado Octávio Barbosa Neto
E
2
Hormônio Estradiol
EAA Esteróides Anabólicos Androgênicos
ECG Eletrocardiograma
EPPd Espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo
ES Entropia de Shannon
ESd Espessura do Septo Interventricular
FC Frequência cardíaca
FE Fração de Ejeção
FFT Transformação Rápida de Fourier
FNE Grupo de Fisiculturistas não usuários de esteróides
FSH Hormônio Folículo Estimulante
FUE Grupo de Fisiculturistas usuários de esteróides
GC Enzima Guanilato Ciclase
GMPc Guanosina Monofosfato Cíclica
GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofina
HC Hipertrofia Cardíaca
HDL Lipoproteína de Alta Densidade
HF Componente de alta Frequência
HFnu Componente de alta Frequência Normalizado
HTGL Enzima Lípase Triglicerídica Hepática
HVE Hipertrofia Ventricular Esquerda
Hz Hertz
IAM Infarto Agudo do Miocárdio
IC Insuficiência Cardíaca
IGF-I Insulin-Like Growth Factor-I
IMC Índice de Massa Corpórea
iMVE Índice de Massa Ventricular Esquerda
iQT Intervalo QT
iQTc Intervalo QT corrigido
iRR Intervalo das ondas R
ISL Índice de Sokolow-Lyon
LDL Lipoproteína de Baixa Densidade
LF Componente de baixa Frequência
Lista de Siglas e Abreviaturas
Doutorado Octávio Barbosa Neto
LF/HF Relação LF/HF
LFnu Componente de baixa Frequência normalizado
LH Hormônio Luteinizante
mmHg Milímetros de Mercúrio
NEP Hormônio Norepinefrina
NIDA National Institute on Drug Abuse
NO Óxido Nítrico
NOe Óxido Nítrico Endotelial
NOS Óxido Nítrico Sintase
NPS Nitroprussiato de Sódio
OXL Oximetolona
PA Pressão Arterial
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAS Pressão Arterial Sistólica
PT Propionato de Testosterona
PVN Núcleo Paraventricular
RNAm Ácido Ribonucléico Mensageiro
RPT Resistência Periférica Total
RVP Resistência Vascular Periférica
SED Grupo Sedentário
SNA Sistema Nervoso Autônomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpático
SNS Sistema Nervoso Simpático
SRA Sistema Renina Angiotensina
STZ Estanazolol
VDF Volume Diastólico Final
VE Ventrículo Esquerdo
VFC Variabilidade de Frequência Cardíaca
VLDL Lipoproteína de Muito Baixa Densidade
VLF Componente de Muito Baixa Frequência
VS Volume Sistólico
VSF Volume Sistólico Final
LISTA DE FIGURAS
Lista de Figuras
Figura 1: Biossíntese e metabolismo dos esteróides endógenos.............................................35
Figura 2: Perfil espectral de uma série temporal de intervalos RR de um ser humano
saudável....................................................................................................................................56
Figura 3: Ilustração sintética do método da análise simbólica................................................71
Figura 4: Exemplos de padrões para categoria 0V, 1V, 2VS e 2VD......................................72
Figura 5: Descrição dos processos para detecção dos padrões determinísticos frequentes
(FPDs).......................................................................................................................................74
Figura 6: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio luteinizante (LH) entre
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)...84
Figura 7: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio folículo estimulante
(FSH) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de
EAA (FUE)...............................................................................................................................85
Figura 8: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio sulfato de
desidroepiandosterona (DHEA-S) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não
usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..............................................................................85
Figura 9: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos de testosterona total entre os
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)...86
Figura 10: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio Estradiol (E2) entre
os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
..................................................................................................................................................86
Figura 11: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial sistólica (PAS) entre
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)...87
Figura 12: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial diastólica (PAD)
entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA
(FUE)........................................................................................................................................88
Figura 13: Valores médios (±epm) da frequência cardíaca (FC) de repouso entre os
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)...88
Figura 14: Valores médios (±epm) do duplo produto (DP) entre os sedentários controles
(SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)......................................89
Figura 15: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na pressão
arterial sistólica (PAS) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários
(FNE) e usuários de EAA (FUE)..............................................................................................90
Lista de Figuras
Figura 16: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na pressão
arterial diastólica (PAD) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários
(FNE) e usuários de EAA (FUE)..............................................................................................90
Figura 17: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na
frequência cardíaca (FC) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários
(FNE) e usuários de EAA (FUE)..............................................................................................91
Figura 18: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) no duplo
produto (DP) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e
usuários de EAA (FUE)............................................................................................................91
Figura 19: Valores médios (±epm) do índice de massa ventricular esquerda (iMVE) obtido
pela divisão da MVE pela área da superfície corporal entre os sedentários controles (SED),
fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)..................................................97
Figura 20: Valores médios (±epm) da espessura relativa do VE definida pela soma das EPPd
e ESd do VE em relação à DdVE entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não
usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE). ..............................................................................98
Figura 21: Valores médios (±epm) da dispersão QT entre os sedentários controles (SED),
fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)................................................100
Figura 22: Valores médios (±epm) da dispersão do QT corrigido (DQTc) entre os sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)....................100
Figura 23: Valores médios (±epm) do índice de Sokolow-Lyon (ISL) entre os sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)....................101
LISTA DE TABELAS
LISTA DE TABELAS
Doutorado Octávio Barbosa Neto
Tabela 1: Lista dos EAA mais consumidos nos EUA (National Institute on Drug Abuse-
NIDA), 2001.............................................................................................................................33
Tabela 2: Valores médios da idade e da composição corporal dos grupos sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA
(FUE)........................................................................................................................................81
Tabela 3: Valores médios das características antropométricas dos grupos sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA
(FUE)........................................................................................................................................81
Tabela 4: Valores referentes aos dados do histórico esportivo obtidos na anamnese dos
grupos fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE)......................................82
Tabela 5: Tipo e período de uso dos Esteróides Anabólicos Androgênicos (EAA) por
fisiculturistas.............................................................................................................................83
Tabela 6: Valores médios associados à VFC no domínio do tempo (DT) e da frequência (DF)
em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas
usuários de EAA (FUE) em repouso........................................................................................93
Tabela 7: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na VFC em
voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas
usuários de EAA (FUE)............................................................................................................93
Tabela 8: Valores médios de complexidade da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e
da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA
(FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE) em repouso. ..................................................95
Tabela 9: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) da
complexidade da VFC e da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas
não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE)....................................95
Tabela 10: Valores médios das varáveis do estudo ecocardiográfico bidimensional em
voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas
usuários de EAA (FUE)............................................................................................................97
Tabela 11: Valores médios dos parâmetros eletrocardiográficos em voluntários sedentários
(SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE). 99
INTRODUÇÃO
Doutorado Octávio Barbosa Neto
27
1 INTRODUÇÃO
Considerada como um dos mais eficientes meios de promoção a saúde, a atividade
física vem atraindo cada vez mais jovens a frequentarem centros esportivos e academias de
ginástica com propósito de buscarem através do culto ao corpo, suas realizações pessoais.
Além do mais, a cada ano os níveis de capacidade dos atletas em vários esportes vêm
melhorando. Os recordes atléticos atingem novas marcas, e as margens entre o sucesso e o
fracasso no mundo do esporte tornam-se cada vez mais estreitas. Na busca interminável pela
glória, atletas e praticantes de atividade física frequentemente desejam testar qualquer
substância para melhorar seu desempenho e aporte físico. Muitas substâncias ou fenômenos
que melhoram tais aspectos são denominados auxílios ergogênicos (Bemben, 2005).
Dentre esses recursos, estão os esteróides anabólicos androgênicos (EAA), que além
de ofuscar o brilho do esporte vêm colocando em risco a saúde de muitos atletas e esportistas.
Neste contexto, os EAA são os instrumentos para a realização do presente estudo já que seu
uso indiscriminado está muito difundido no mundo esportivo.
O uso exógeno de drogas com intuito de melhorar o desempenho físico e para fins
estéticos tem sido um achado constante em academias de todo mundo (Aquino Neto, 2001).
Os EAA tornaram-se com o passar de vários anos, um método particular na tentativa de
aumentar a força, a massa muscular e o desempenho atlético. São usados principalmente por
classes de atletas mundiais de competitividade, halterofilistas ou atletas que desejam melhorar
a aparência corporal buscando continuamente ultrapassar seus rivais (LaBree, 1991; Miles et
al., 1992, Labre, 2002). No entanto, o uso de drogas para melhorar a performance não é
restrito somente à elite atlética; sendo também uma prática crescente entre muitos
adolescentes praticantes de atividades físicas, principalmente em academias ou centros de
treinamento físico, que usam EAA na ilusão de adquirir “o corpo ideal”.
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
28
O abuso de esteróides anabolizantes ocorre também entre fisiculturistas não-
competitivos ou não atletas (Kam, Yarrow, 2005). O desejo de melhorar a aparência física
tem se mostrado o maior motivo para o uso de EAA, o que contrasta com as razões citadas
por atletas, os quais visam melhor desempenho esportivo (Yesalis et al., 1989; Tanner et al.,
1995). Evidências recentes também sugerem que os EAA estão entre as três drogas mais
oferecidas para crianças no Reino Unido (Dawson, 2001). Esta conduta tem favorecido o uso
indiscriminado e abusivo destes esteróides, podendo expor seus usuários a riscos de saúde.
Segundo Yap et al. (1996), o uso de EAA associados à prática desportiva sempre
esteve cercado de enigmas acerca de seus benefícios e consequências. Em contraste aos
efeitos benéficos observados como resposta ao treinamento físico, principalmente o aeróbio,
diversos estudos vêm demonstrando uma grande associação do uso de EAA com alterações
e/ou adaptações no sistema cardiovascular, tais como hipertrofia cardíaca, prejuízo no fluxo
coronário e perfusão miocárdica, estímulo do sistema nervoso simpático (SNS), prejuízo na
vasodilatação dependente do endotélio, além de associação com patologias como infarto
agudo do miocárdio (IAM) e aterosclerose (Tagarakis et al., 2000; Woodiwiss et al., 2000;
Urhausen et al., 2004.).
Envolvidos no cuidado da saúde de esportistas, médicos, fisiologistas e preparadores
físicos determinam o estado de saúde e a capacidade de treinar destes através de exames
físicos. Enquanto praticantes de atividades físicas e atletas tendem a ver estas avaliações
como uma mera formalidade, os profissionais de saúde valorizam tais procedimentos como
uma intervenção importante na qual possibilita a execução segura de atividades esportivas
(Carvalho et al., 1996). Dentre os exames físicos, a avaliação cardiológica tem grande
importância, já que doenças cardiovasculares respondem por mais de 95% das causas de
morte súbita em atletas jovens (Fletcher, 1999). Apesar de rara, a morte súbita em atletas,
especialmente nos jovens, sempre causa um grande impacto onde quer que ocorra, tanto pela
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
29
grande repercussão na mídia quanto pela perplexidade que acomete a população devido à
visão geral de que indivíduos treinados constituem o segmento mais saudável da sociedade
(Dyment, 1996).
Portanto, estudos avaliando o potencial efeito do uso indiscriminado de esteróides
anabolizantes necessitam ser cada vez mais desenvolvidos e principalmente divulgados à
população, para que a mesma tenha total esclarecimento dos possíveis efeitos colaterais
causados pelo uso destes recursos, reforçando o aumentado risco de desenvolvimento de
doenças cardiovasculares e morte cardíaca súbita em seus usuários.
1.1 Histórico dos esteróides anabólicos e sua incidência
Desde tempos remotos, a necessidade de ser superior ao seu semelhante e garantir uma
posição de respeito dentro do convívio social fez o homem valorizar de forma extrema a
aparência física e o tamanho corporal. Quem alcançasse determinado perfil antropométrico,
ditado pela sociedade, seria visto como um exemplo de vigor, poder, beleza e sexualidade.
Tais características começaram a ser atribuídas aos órgãos sexuais antes mesmo da
palavra hormônio ser conhecida (Santos, 2003). Existem relatos na literatura que indicam que
povos do passado, crentes na cultura de que havia alguma relação entre os órgãos sexuais de
animais e alguma substância fortificante e afrodisíaca, alimentavam-se de tais órgãos e suas
secreções para desenvolverem maior coragem e aumentarem sua força e função sexual
(Hoberman, Yesalis, 1995).
Originada na Babilônia, a castração humana evidenciou que a perda dos testículos
significava para os machos não só a perda da fertilidade, mas também a sua força, seu poder e
sua agressividade (Santos, 2003).
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
30
No século XIX, pesquisas envolvendo modelos animais verificaram uma relação entre
a retirada dos órgãos sexuais e a ocorrência de alguns efeitos no organismo desses animais.
Inicialmente, propunha-se uma explicação neurológica para os efeitos da castração. Todavia,
em 1849, o pesquisador alemão Arnold Berthold ao realizar um elegante experimento,
verificou que a retirada dos testículos de galos jovens levava a diminuição da crista, perda da
cor das penas e da função sexual. Entretanto, o reimplante destes testículos na cavidade
abdominal impedia essas regressões. Tais resultados sugeriram que os testículos secretavam
uma substancia no sangue que regulava o desenvolvimento e a manutenção das características
sexuais do macho. Deste estudo nasceu também a endocrinologia (Araújo, 2003).
Em meados da década de 1880, o médico francês Brown-Sequard desenvolveu uma
serie de experiências em que injetava extratos feitos de testículos de es e de porcos da índia
em si mesmo, e relatou haver um considerável aumento em sua força física e energia
intelectual (Hoberman, Yesalis, 1995). nos anos 20 do século passado, tecido de testículos
de macaco era enxertado em atletas, em consequência da “organoterapia” que precedeu o
advento da endocrinologia moderna (Aquino Neto, 2001).
A associação de drogas no esporte é uma prática muito antiga e o desejo de superação
sem respeitar limites pode ser evidenciado em diversas etapas da história da humanidade. No
período da antiguidade, por volta de 2700 anos a.C. o imperador chinês Shen Nung já
descrevia os efeitos estimulantes da infusão de uma planta local, o “Machuang”, a qual
contém altas concentrações de efedrina e passou a ser utilizada por lutadores e desportistas
chineses para dar mais ânimo e coragem nas disputas (Fineschi et al., 2001). Relatos do uso
de plantas, ervas e cogumelos, com o intuito de favorecer o desempenho dos atletas também
são encontrados desde as olimpíadas da Grécia Antiga, que foram iniciadas em 800 a.C.
(Grivetti, Applegate, 1997).
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
31
Os EAA são um grupo de compostos formados pela testosterona e seus derivados, que
apresentam efeitos anabolizantes e androgênicos (Lise et al., 1999; Fonseca, Thiesen, 2000;
Mottram, George, 2000, Shahidi, 2001).
Desde 1935 a testosterona vem sendo sintetizada, e durante a Guerra Mundial, foi
amplamente utilizada pelos alemães para aumentar a força e agressividade de seus soldados,
bem como suas hostilidades. Até então, seu uso terapêutico restringia-se ao tratamento de
pacientes com queimaduras, depressão ou em recuperação de grandes cirurgias (Lise et al.,
1999, Fonseca, Thiesen, 2000).
Em 1939, sugeriu-se que sua administração poderia melhorar o desempenho de atletas
(Lise et al., 1999). Na década de 50 os levantadores de peso russos já faziam uso de esteróides
anabólicos, onde os mesmos administravam testosterona com intuito de aumentar a força e a
massa muscular (Mottram, George, 2000). Todavia, a primeira referência ao uso de
hormônios sexuais para melhorar o desempenho de atletas ocorreu em 1954, em um
campeonato de levantamento de peso em Viena, sendo que seu uso tornou-se difundido com
este fim a partir de 1964 (Lise et al, 1999).
Dados da literatura relatam que os melhores atletas aderiram aos EAA por volta de
1960, nas modalidades de lançamentos e arremessos no atletismo. Nos anos 70, o uso já havia
se difundido entre velocistas e corredores de meia-distância. Porém, os métodos eficazes para
a detecção de esteróides anabolizantes tornaram-se possíveis a partir da década de 70. Esta
evolução permitiu ao Comitê Olímpico Internacional (COI) adicionar os esteróides
anabolizantes à sua lista de substâncias banidas nos Jogos Olímpicos de 1976 em Montreal
(Mottram, George, 2000). Apesar desta medida, o uso dos EAA começou a expandir-se e
efetivarem-se em várias outras modalidades desportivas tais como: voleibol, basquetebol,
handebol, ciclismo, natação, ginástica e futebol (LaBree, 1991).
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
32
mais de 30 anos os EAA penetraram em outros esportes olímpicos. No entanto, os
primeiros testes não conseguiam distinguir as diferenças entre os esteróides sintéticos e
endógenos. Este problema foi solucionado nos Jogos Olímpicos de 1984, quando amostras
contendo EAA foram detectadas com auxílio de cromatografia a gás e espectrometria de
massa e razões de testosterona/epitestosterona foram introduzidas como um indicador do uso
de testosterona (Mottran, George, 2000). O caso de detecção mais conhecido de uso de EAA
foi o do velocista jamaicano naturalizado canadense Ben Johnson, medalha de ouro nos 100m
rasos nas Olimpíadas de Seul, em 1988, onde foi suspenso, perdendo a sua medalha ao
detectarem em sua urina a presença de metabólitos do anabolizante estanazolol (Calfee,
Fadale, 2006).
O termo “Doping” deriva de um dialeto africano e refere-se a uma bebida estimulante
usada em cerimônias religiosas. O COI define Doping” como o uso de qualquer substância
exógena ou endógena em quantidades anormais com a finalidade de aumentar o desempenho
do atleta em competições (Lise et al., 1999).
Alguns estudos realizados em diversos países demonstram o aumento no consumo de
esteróides anabolizantes entre jovens, em academias e escolas. Em 1990, em resposta ao
problema de produção e venda ilegal de EAA, o Congresso dos EUA aprovou uma legislação
fazendo dos EAA substâncias controladas nível III. Apesar da publicidade adversa, de acordo
com o National Institute on Drug Abuse- NIDA, 2001, estimativas recentes reportam mais de
meio milhão de adolescentes com uso frequente de EAA nos EUA. Dentre os EAA derivados
da testosterona mais consumidos nos EUA (Tabela 1), o decanoato de nandrolona (DECA) é o
mais utilizado.
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
33
Tabela 1: Lista dos EAA mais consumidos nos EUA (National Institute on
Drug Abuse- NIDA), 2001.
Esteróides Orais Esteróides Injetáveis
Anadrol (Oximetalona) Deca-Durabolin (Decanoato de Nandrolona)
Oxandrin (Oxandrolona) Durabolin (Fenilproprionato de Nandrolona)
Dianabol (Metandrosterona) Depo-testosterone (Cipionato de Testosterona)
Winstrol (Estanozolol) Equipoise (Undecilenato de Boldenona)
No Brasil, entretanto, estudos que abordam o uso de anabolizantes ainda são escassos
(Iriart, Andrade, 2002). Segundo levantamentos feitos pelo Centro Brasileiro de Informações
sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), realizados no ano de 2005 em 108 cidades brasileiras
com mais de 200 mil habitantes, 0,9% da população já utilizou esteróides anabolizantes
alguma vez na vida (CEBRID, 2005). O consumidor preferencial no Brasil é representado por
homens entre 17 e 34 anos. O maior número de usuários concentra-se na região Sudeste do
país, e o uso, comparado com a última estimativa realizada em 2001, obteve um aumento de
206%. Estes números ainda são considerados baixos se comparados às demais drogas de
abuso, todavia indicam um aumento preocupante no número de usuários dessa substância no
Brasil. Em outro estudo do uso não-médico de medicamentos psicoativos entre escolares no
Sul do Brasil, 2,2% dos entrevistados declararam fazer uso de anabolizantes, sendo que a
maior prevalência ocorreu entre jovens do sexo masculino, com idade superior a 12 anos,
igualmente dividido entre escolas da rede pública e particular. Os mesmos ainda relataram
que o aconselhamento para o uso da droga em sua maioria vinha por parte de amigos de
academias de ginástica e a fonte de obtenção foi em 40% dos casos através da farmácia (Dal
Pizzol et al., 2006).
Estudos prévios demonstram que a melhora na aparência física é a principal motivação
para o uso de esteróides anabolizantes entre praticantes de musculação (Lobo et al., 2003). A
insatisfação com a imagem corporal leva muitas vezes os indivíduos a procurarem métodos
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
34
que produzam resultados com maior rapidez. O desejo de alcançar tais resultados muitas
vezes se sobrepõe ao risco dos efeitos colaterais (Iriart, Andrade, 2002; Lobo, et al., 2003).
Este achado comprova que o uso de EAA já está disseminado em outros segmentos da
população, além do atlético em que o uso era motivado, principalmente, pela melhora do
desempenho em competições esportivas (Franco Silva, Moreau, 2003).
Infelizmente, constatam-se inúmeras falhas no controle de fiscalização, que os EAA
podem ser adquiridos facilmente no comércio e em academias de ginástica. Há vários anos, os
EAA junto com os narcóticos vêm sendo utilizados indiscriminadamente por atletas,
praticantes de atividade física e por adolescentes na prática esportiva e recreativa. Tal fato
ocorre devido ao comércio livre e à obtenção sem prescrição médica ou com prescrição
médica indevida (Pedroso Silva et al., 2002).
1.2 Hormônios esteróides e EAA
Os hormônios esteróides apresentam um núcleo básico derivado da estrutura química
do colesterol, portanto, são hormônios de natureza lipídica. A biossíntese dos hormônios
esteróides androgênicos é restrita ao córtex das glândulas adrenais e gônadas, que expressam
diferentes formas do complexo enzimático citocromo P-450, responsáveis pelo processamento
da molécula de colesterol. Esta síntese irá formar após sucessivas oxidações, o principal
precursor dos hormônios esteróides, a pregnenolona. A conversão do colesterol em
pregnenolona ocorre na mitocôndria, onde é transportada ao retículo endoplasmático,
desencadeando três etapas de síntese que a convertem em testosterona. A testosterona é uma
molécula com 19 átomos de carbono e exerce efeitos designados como androgênicos e
anabólicos em uma extensa variedade de tecidos alvos andrógeno-dependentes, incluindo o
sistema reprodutor, o sistema nervoso central (SNC), a glândula pituitária anterior, o rim, o
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
35
fígado, os músculos esquelético e cardíaco, entre outros (Smith et al., 1980; Hebert et al.,
1984; Shahidi, 2001). Durante o processo de conversão da pregnenolona em testosterona,
ocorre também a formação de desidroepiandosterona (DHEA) e androstenediona
(Handelsman, 2001). A figura 1 ilustra, de forma simplificada, a biossíntese e o metabolismo
dos esteróides endógenos no organismo humano.
Figura 1: Biossíntese e metabolismo dos esteróides endógenos. Adaptado de Horning (1968).
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
36
A testosterona é um hormônio esteróide androgênico primário secretado pelas células
de Leydig nos testículos e refere-se à classe de hormônios sexuais masculinos, promotores e
mantenedores das características sexuais específicas (incluindo o trato genital, as
características sexuais secundárias e a fertilidade) e da condição anabólica dos tecidos
somáticos. No sexo feminino, ela é produzida em pequena quantidade pelos ovários. No
entanto, também pode ser sintetizada pela córtex da supra-renal em ambos os sexos. No
homem adulto normal, a concentração plasmática de testosterona varia de 300 a 1000 ng/dl
(Litwack, Schimidt, 1997).
Nos mamíferos, a secreção de testosterona é pulsátil e regulada por retroalimentação
negativa. Quando ocorre deficiência de testosterona, há um estímulo do hipotálamo que,
através da secreção de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), estimula a glândula
hipófise anterior a liberar hormônio folículo estimulante (FSH), bem como o hormônio
luteinizante (LH), que estimula a secreção de androgênios. O excesso de testosterona suprime
a secreção dos hormônios gonadotróficos e, com isso, ocorre diminuição da produção
endógena de testosterona (Lise et al, 1999).
Naturalmente no organismo, a testosterona passa por uma série de biotransformações
por oxi-redução. O primeiro passo é a redução no principal androgênio intracelular presente
nos tecidos reprodutivos, a dihidrotestosterona (DHT), mais especificamente em 5α-DHT
pela enzima 5α-redutase (cérebro e trato reprodutivo) e a 5β-DHT pela enzima 5β-redutase
(fígado), que são mediadores intracelulares da maioria das ações androgênicas (Wu, 1997;
Lise et al., 1999). Enquanto os esteróides 5α são androgênicos, os 5β não são (Shahidi, 2001).
A DHT é mais potente que a testosterona porque se liga aos receptores andrógenos com
afinidade de 2 a 6 vezes maior, porém está presente no plasma em concentrações muito
menores comparado à testosterona. Por outro lado, a DHEA, o sulfato de DHEA (DHEA-S) e
androstenediona, produzidos pela glândula adrenal, são considerados androgênios com baixo
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
37
poder biológico e exercem uma menor função na manutenção das características sexuais no
homem (Fonseca, Thiensen, 2000). Aproximadamente 95% da testosterona no sangue são
ligadas à proteína ß-globulina e é biologicamente inativa, somente a testosterona livre, que
possui uma concentração sanguínea de 2-3% é ativa (Mottran, George, 2000). A testosterona
livre pode penetrar nas células por difusão simples e ligar-se a receptores de esteróides no
citosol, o qual é transportado para o cleo, onde inicia a transcrição do DNA. Dependendo
do tipo de célula em que se encontra, ela pode na sua forma original sofrer a ação de enzimas
(Fonseca, Thiesen, 2000; Mottran, George, 2000).
Atualmente, os hormônios esteróides têm sido administrados em doses terapêuticas
para o tratamento de diversas condições clínicas caracteizadas por deficiências androgênicas
naturais, tais como: hipogonadismo, puberdade e crescimento retardados, micropênis
neonatal, deficiência parcial em homens idosos e deficiência secundária por doenças crônicas,
contracepção hormonal masculina, osteoporose, anemia secundária, baixa estatura devido à
síndrome de Turner (Cowart, 1989; Rosenfeld et al., 1992; Schroor et al., 1995; Bhasin et al.,
1997; De Rose, Nóbrega, 1999; Conway et al., 2000). No tratamento das deficiências
anabólicas, têm sido utilizados nas sarcopenias relacionadas ao HIV, à cirrose alcoólica, à
doença pulmonar obstrutiva pulmonar crônica, e em pacientes com queimaduras graves
(Dobs, 1999; Grinspoon et al., 2000); no tratamento da fadiga em pacientes com doença renal
crônica e no retardo da fraqueza na distrofia muscular de Duchenne (Johansen et al., 1999;
Fenichel et al., 2001). também relatos recentes do uso de esteróides anabólicos em baixas
doses no tratamento de doenças cardiovasculares, tendo efeitos antiaterogênicos e
antianginosos (English et al., 2000).
A atividade anabólica da testosterona e de seus derivados é manifestada primariamente
em sua ação miotrófica, que resulta em aumento da massa muscular, por aumentar a ntese
protéica no músculo (Kam, Yarrow, 2005) e por controlar os níveis de gordura corporal. O
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
38
potencial valor terapêutico da atividade anabólica da testosterona em várias condições
catabólicas tem levado à síntese de muitos derivados que tem como objetivo prolongar a sua
atividade biológica, desenvolvendo produtos que são menos androgênicos e mais anabólicos,
os EAA (Strauss, Yesalis, 1991; Schänzer, 1996).
Os EAA são considerados um subgrupo dos andrógenos, ou seja, são hormônios
sintéticos e semi-sintéticos análogos à testosterona obtidos por manipulação em sua estrutura
molecular base de hidrocarboneto com finalidades de potencializar seus efeitos anabólicos
aliado a uma minimização androgênica e aumento da resistência à metabolização em
comparação a testosterona (Strauss, Yesalis, 1991; Schänzer, 1996). Possui como destino
primário os receptores androgênicos, apresentando efeitos anabólicos e androgênicos, e
destino secundário o fígado onde pode ser metabolizado e eliminado (Wu, 1997). Seus efeitos
anabólicos dependem da dosagem e do tipo de esteróide anabólico administrado. Além disso,
nenhum deles é considerado puramente anabólico, apresentando efeitos androgênicos (Kuhn,
2002; Evans, 2004). Entende-se por anabolismo, à síntese protéica e a inibição de proteólise.
Doses suprafisiológicas de esteróides durante períodos de 10 a 20 semanas aumentam
tamanho e força muscular, com ou sem treinamento físico concomitante (Evans, 2004). Os
aumentos de massa muscular e síntese protéica decorrente da administração de EAA são
alheios à hipertrofia provocada pelo exercício sico resistido, que por sua vez também é
conhecido como fator anabólico (Cunha et al., 2005). Postula-se que ambos os efeitos
anabólicos atuem de forma suplementar, comprovando a eficiência da administração de EAA
com fins anabólicos. A extensão das alterações da relação anabólico-androgênica é chamada
de “índice terapêutico” (Hatfield, 1986).
Os EAA o geralmente administrados por via oral ou parenteral, porém, existem
outras formas de aplicação destas drogas: via retal, implante de cápsulas, nasal, transdérmica
para suplantar o metabolismo de primeira passagem para o fígado (Lise et al., 1999; Shahidi,
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
39
2001). A maioria dos usuários (exceção dos casos clínicos) acredita que os vários EAA são
diferentes quanto a sua ação e então combinam múltiplas preparações na forma oral e
injetável visando maiores efeitos. Essa prática denomina-se combinação, acúmulo ou
empilhamento (Bacurau, 2001). Outra forma é apirâmide”, onde o EAA é iniciado em baixa
dosagem aumentando até atingir um pico, e depois um retorno gradual às doses iniciais
(Hatfield, 1986; Lise et al., 1999). Outros métodos usados são os chamados “ciclos”, onde
ocorre o uso por 6 a 12 semanas (Dawson, 2001), com interrupção por 3-4 semanas e
repetição do ciclo com suspensão do uso semanas antes da competição. também as formas
mistas, que é a combinação destes esquemas (Lise et al., 1999). É fundamental salientar que
os usuários de EAA, cuja administração é a injetável, correm o risco de formação de
abscessos, de adquirir hepatites B e/ou C, além da transmissão do HIV decorrente de descuido
no manuseio de seringas de injeção (Dawson, 2001).
Os EAA de administração oral passam por um processo denominado 17α-alquilação,
no qual uma molécula de testosterona é modificada e comumente um grupo metil (CH
3
) ou
etil (C
2
H
5
) é introduzido na posição C17α. Desta maneira a 17α-alquilação retarda a
inativação hepática da testosterona e os produtos se tornam oralmente ativos e mais resistentes
a este metabolismo. Embora esse processo preserve as propriedades ativas dos esteróides, ele
traz como desvantagem uma grande sobrecarga ao gado (Shahidi, 2001). Os EAA de
administração injetável têm a sua molécula mais solúvel devido à esterificação do grupo 17-
hydroxil. O tipo de ácido usado para acidificar este grupo determina a duração da ação
anabólica. A substituição de um hidrogênio por um grupo metil resulta na formação de 19-
nortestosterona (nandrolona) e a esterificação do grupo 17-hydroxil da nandrolona com ácido
decanóico, um ácido graxo (AG) de cadeia longa, forma o DECA, o qual é liberado na
circulação vagarosamente e exerce sua atividade anabólica dentre 6 a 7 dias (Shahidi, 2001).
A maior parte destas substâncias é dissolvida em óleo e são consideradas menos nocivas do
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
40
que os anabolizantes de administração oral por não passarem pelo processo de alquilação,
porém são mais deletérios para os rins (Guimarães Neto, 2002; Kam, Yarrow, 2005;).
Cientistas alemães desenvolveram um androgênio nasal capaz de aumentar a agressão
e a competitividade atlética sem efeitos sistêmicos (Wood, 2004). A indústria farmacêutica,
na tentativa de minimizar e/ou excluir o metabolismo hepático, estudou modificações na
estrutura molecular dos compostos, dando origem a 3 grupos derivados ou 3 classes: Classe
A, comporta os EAA produzidos via esterificação do grupo 17ß-hidroxil como o propionato,
cipionato e enantato de testosterona. Estes derivados andrógenos são mais solúveis em veículo
lipídico, como aqueles usados para injeções. A testosterona quando injetada em uma solução
de óleo é rapidamente absorvida, metabolizada e excretada. Classe B, estes análogos são
aqueles que têm sido alquilados na posição do carbono 17α, como a metiltestosterona. Classe
C, são EAA produzidos via modificação dos anéis da classe A ou B como a mesterolona. As
duas últimas são usadas nas preparações via oral e a primeira retarda a metabolização hepática
e aumenta a atividade oral. Estes derivados têm boa absorção gástrica, são excretados
rapidamente, por causa de sua meia vida curta, sendo altamente potentes, porém altamente
tóxicos ao fígado (Lise et al., 1999; Basaria et al., 2001; Shahidi, 2001).
Os mecanismos de ação dos EAA ainda não estão amplamente elucidados. Tais
substâncias são transportadas como mensageiros químicos na corrente sanguínea, seja em sua
forma livre, ou combinada às moléculas transportadoras. Todavia, apenas em sua forma livre
elas difundem-se diretamente através da membrana plasmática de células-alvo ligando-se a
receptores protéicos intracelulares. No citoplasma da célula, a molécula de esteróide ligada ao
receptor androgênico específico migra para o núcleo celular, onde desencadeia o processo de
transcrição gênica e, consequentemente, de tradução protéica, a qual modula as ações
celulares dependentes de andrógeno (Haup, Rovere, 1984; Celotti, Cesi, 1992; Shahidi, 2001).
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
41
Os andrógenos exercem seus efeitos biológicos através de receptores intracelulares
que estão presentes no trato reprodutivo bem como em muitos tecidos não reprodutivos.
Algumas ações dos andrógenos são modificadas por enzimas locais tais como a 5α-redutase e
a aromatase. A testosterona, assim como alguns androgênios sintéticos, pode sofrer um
processo chamado aromatização, que se através da transformação de uma molécula de
esteróide nos estrógenos estradiol e estrona através da enzima aromatase. Esta enzima catalisa
a transformação da testosterona em estrógeno de forma irreversível. Este processo de
aromatização é o responsável pelo efeito de ginecomastia em homens.
Em indivíduos do sexo masculino, a 5α-redutase está presente em quase todas as
estruturas androgênio dependente, enquanto a aromatase tem sido demonstrada e
caracterizada somente no cérebro e no tecido adiposo (Martini, 1982). No coração e na
musculatura esquelética a atividade deste complexo enzimático parece ser muito baixa
(Matsumine et al., 1986). Dentre todos os tecidos dependentes de andrógenos, a musculatura é
um dos poucos tecidos em que o processo de 5α-redução é muito baixo ou ausente. Martini
(1982), demonstrou, in vitro, que a 5α-redutase é praticamente ausente na musculatura
esquelética de ratos. Além disso, é possível que nos músculos esquelético e cardíaco, ainda
exista uma alta atividade da enzima 3α-hidroxisteróide desidrogenase, no qual converte DHT
em 3α-diol, um componente que não se liga ao receptor androgênico, sendo que o mesmo não
pode ser convertido novamente a DHT. Esta característica metabólica, que distingue os
músculos de outros tecidos andrógeno-dependentes, poderia explicar em parte a dissociação
da ação anabólica e androgênica.
Como já mencionado, os EAA podem promover efeitos tróficos diretamente através da
sua ligação aos receptores de andrógenos, promovendo um aumento na razão de síntese
protéica e diminuição na degradação destas proteínas, ou seja, um balanço nitrogenado
positivo (Griggs et al., 1989; Celotti, Cesi, 1992). Porém os efeitos destas substâncias sobre
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
42
os receptores de andrógenos no músculo esquelético não são uniformes e depende da
concentração destes receptores no músculo em questão (Janssen et al, 1994). A hipertrofia
muscular esquelética ocorre também, em decorrência da ativação de células satélites,
provocando um aumento no número de mionúcleos e no diâmetro da fibra (Joubert, Tobin,
1989). A estimulação destas células poderia também aumentar o número de receptores de
andrógenos, pois os mesmos estão localizados nos mionúcleos, tornando, assim, o músculo
mais suscetível aos compostos anabólicos.
Trabalhos recentes têm demonstrado que os androgênios podem aumentar a síntese
protéica, através da estimulação intramuscular da expressão do gene para IGF-I (insulin-like
growth factor-I) e ainda, que o DECA promove aumento da expressão da proteína do choque
térmico HSP72 em fibras musculares de contração rápida, o que contribui para o aumento da
tolerância do músculo ao treinamento de alta intensidade. Essa proteína é usualmente
sintetizada em resposta ao estresse, inclusive o causado pelo exercício físico (Sheffield-
Moore, 2000).
Outro importante mecanismo de ação indireta dos EAA ocorre por meio da inibição da
função dos glicocorticóides, decorrentes da competição pelos seus receptores (Mayer, Rosen,
1975; Hickson et al., 1990), preservando assim, o aumento na retenção de glicogênio e a
massa muscular. Até o momento, entretanto, não existe um consenso sobre tal mecanismo.
Zhao et al. (2004), demonstraram que o EAA oxandrolona é capaz de inibir os efeitos
catabólicos dos glicocorticóides, não pela competição por seus receptores, mas devido a
interação entre os receptores de andrógenos e os receptores dos glicocorticóides,
demonstrando que o mecanismo de ação parece depender do tipo de esteróide anabólico
administrado.
Atualmente, o uso de EAA e sua contribuição na hipertrofia muscular e diminuição do
percentual de gordura corpórea é bastante conflitante. Os resultados obtidos a este respeito
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
43
ainda são controversos. Estudos realizados em animais experimentais demonstraram que a
administração exógena de testosterona não foi capaz de alterar parâmetros bioquímicos
relacionados ao metabolismo energético no músculo gastrocnêmio e produzir efeito sobre a
hipertrofia muscular em ratos (Martini, 1982; Haup, Rovere, 1984). Por outro lado, Tamaki et
al. (2001) demonstraram que os EAA podem modificar a atividade de enzimas mitocondriais
e sarcotubulares na musculatura esquelética em ratos normais. Em humanos, doses
suprafisiológicas de testosterona provocam aumento de força e hipertrofia muscular,
especialmente quando administradas em associação ao treinamento contra-resistido (Bhasin et
al., 1996). Após muitos anos de estudo, entretanto, não estão claros quais são os efeitos dos
EAA sobre a performance atlética e quais são os reais efeitos colaterais do seu uso. Além
disso, prováveis diferenças nas condições experimentais dificultam o encontro de resultados
conclusivos.
1.3 Efeitos adversos dos EAA
Embora estudos demonstrem que os EAA podem induzir melhor desempenho
esportivo, diversas complicações orgânicas estão associadas ao seu uso. Inúmeros estudos
demonstram os principais efeitos ocasionados pelo uso abusivo destas substâncias
(Maravelias et al., 2005; Calfee, Fadale, 2006).
Os efeitos adversos dos EAA permanecem incompletamente documentados, havendo
comumente envolvimento hepático, endócrino, músculo-esquelético, cardiovascular,
imunológico, reprodutivo e psicológico que podem ser divididos em efeitos virilizantes,
feminilizantes e tóxicos, mediados por mecanismos incertos (Lise et al., 1999). Estudos que
relacionam o mau uso destas drogas com mudanças súbitas de temperamento e síndromes
comportamentais muito tempo vem sendo descritas dentro e fora dos esportes (Pedroso
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
44
Silva et al., 2002). De acordo com Wu (1997), os efeitos adversos do abuso dos EAA
dependem da idade e sexo dos indivíduos, da duração e exposição total da dose e do tipo de
esteróide usado. Além do mais, com o uso prolongado das doses farmacológicas dos EAA
pode se considerar o aparecimento das mais sérias consequências.
Os sistemas reprodutor e endócrino sofrem diversas alterações com o uso de EAA. Em
homens adultos e adolescentes observa-se uma diminuição dos níveis dos hormônios LH e
FSH, os quais levam a diminuição da produção de testosterona endógena, da espermatogênese
e atrofia testicular, podendo até causar infertilidade, dificuldade ou dor ao urinar, alopecia,
priapismo, acne, hipertrofia prostática e carcinoma prostático. A ginecomastia em homens é
um efeito muito comum em usuários de anabolizantes e pode resultar da conversão de
andrógenos para estradiol e estrona (Wagner, 1991; Maravelias et al., 2005). Porém, em um
estudo de Takahashi et al. (2004), realizado em ratos, a administração de EAA provocou uma
significante elevação na testosterona, DHT e 17α-estradiol, o que levou o autor a acreditar
que as diferenças de resultado ocorrem devido a diferenças no sistema metabólico de
esteróides anabólicos androgênicos entre ratos e humanos.
Em garotas e mulheres adultas observam-se anormalidades no ciclo menstrual e
também efeitos masculinizantes que incluem acne, timbre de voz mais grave, diminuição da
gordura corporal e tamanho dos seios, hirsutismo, hipertrofia do clitóris, alteração do
metabolismo glicídico (resistência à insulina, intolerância à glicose), alteração do perfil
tireóideo, queda de cabelo, sendo que alguns destes efeitos androgênicos podem ser
irreversíveis (Elliot, Goldberg, 2000). Em adolescentes de ambos os sexos ocorre fechamento
prematuro das epífises ósseas, virilização irreversível (Moura, 1984; Hatfield, 1986; LaBree,
1991; Wu, 1997; Lise et al., 1999; Bacurau, 2001; Dawson, 2001).
As drogas de uso oral em altas doses estão mais associadas aos tumores do fígado, a
icterícia obstrutiva, a formação de cistos hepáticos hemorrágicos, ao desencadeamento do
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
45
diabetes e as doenças cardíacas coronarianas. Os mecanismos das doenças são: maior
metabolismo hepático das drogas, aumento da resistência celular à insulina e depressão da
lipoproteína de alta densidade (HDL). As drogas injetáveis produzem maior tendência para a
trombose cerebral e periférica, em virtude da maior formação metabólica de hormônios
femininos, tais como os estrogênios (Pedroso Silva et al., 2002). Schumacher et al. (1999),
relataram o aparecimento de hematoma hepático subcapsular e subsequente hemorragia intra-
abdominal em um atleta de culturismo pelo abuso de nandrolona e mesterolona.
Alguns efeitos têm sido relatados no tecido muscular esquelético, tais como necrose
avascular da cabeça do fêmur e aumento de lesões músculo tendíneas (Hatfield, 1986;
Laseter, Russell, 1990; Visuri, Lindholm, 1993; Evans et al., 1998; Beiner et al., 1999; Lise et
al., 1999; Bacurau, 2001; Dawson, 2001). Ao interromper o uso de EAA, geralmente ocorre o
enrijecimento da articulação acompanhado de intensas dores. A maioria dos usuários de EAA
passa a experimentar um número de lesões acima do normal. Estudos eletromiográficos
indicam que os aumentos de volume produzidos por esteróides resultam em um tecido
“anormal” que pode ser estruturalmente mais fraco (Hatfield, 1986).
A literatura tem relatado também efeitos adversos à saúde mental, tais como euforia,
irritabilidade, hiperatividade, tensão nervosa, mudanças na libido e psicose (Martínezsanchis
et al., 1998; Lindqvist et al., 2002). Esteróides aumentam a agressividade e a excitabilidade,
aumentam a energia, evocam euforia sexual, mudanças dramáticas no humor, distração e
problemas cognitivos relacionados com a memória e orientação (Vetulani, 2001). Corrigan
(1996) divide os efeitos psicológicos em três grupos representando efeitos continuados
provocados por EAA: a) de imediato são vistas a mudança de humor e a euforia, melhora da
confiança, energia e auto-estima, aumento da motivação e do entusiasmo. Ocorre diminuição
da fadiga, insônia e habilidade para treinar com dor, irritação, raiva, agitação; b) após altas
doses de EAA ocorre a perda da inibição, com alterações no humor; c) os efeitos graves se
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
46
manifestam quando esses sentimentos de agressividade evoluem para comportamentos
violentos, hostis e anti-sociais.
Nos últimos anos, uma atenção vem sendo focalizada especialmente para os efeitos
cardiovasculares em atletas usuários de EAA (Urhausen et al., 2004). Diversos estudos
demonstram complicações cardiovasculares tais como hipertensão, insuficiência cardíaca
(IC), fibrilação ventricular, hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE), tromboses, IAM,
arritmias, eritropoiese, perfil das lipoproteínas alterado e morte cardíaca súbita (Nieminen et
al., 1996; Sullivan et al., 1998; Thiblin et al., 2000). Entretanto, parece que a incidência de
eventos cardiovasculares induzidos por EAA não é bem conhecida, sugerindo que os riscos
podem ser ainda maiores.
Fineschi et al. (2001) reforçou a hipótese de que a combinação dos efeitos do
treinamento físico de força de alta intensidade e o uso de esteróides anabolizantes é um fator
de risco para injúrias no miocárdio e subsequente morte súbita em jovens fisiculturistas, os
quais foram avaliados em seu estudo. Entretanto, as adaptações cardiovasculares ao exercício
e as mudanças fisiológicas no miocárdio diferem das condições patológicas associadas com
morte cardíaca súbita em atletas (Parssinen, Seppala, 2002). O remodelamento cardíaco
induzido pelo exercício é considerado fisiológico e benéfico ao coração, melhorando o
metabolismo celular, a estrutura ventricular esquerda, o fluxo sanguíneo coronário e a função
cardíaca (Fagard, 1996; Douglas et al., 1997; Moore, 1998; Thomas et al., 2000).
O coração de machos em muitas espécies é maior do que o de fêmeas, mesmo após a
eliminação da diferença de peso corporal. Stolt et al., (2000) relatam que a massa do VE entre
atletas de endurance do sexo feminino não excede a massa do VE de sedentários do sexo
masculino controle. Estudos experimentais apóiam a suposição de um efeito androgênico
direto sobre o coração, sugerindo que estrogênio tem uma função preventiva na patogênese da
hipertrofia do VE (Lip et al., 2000).
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
47
A hipertrofia cardíaca (HC) constitui um dos principais mecanismos de adaptação do
miocárdio frente a sobrecargas crônicas de pressão ou volume impostas ao coração em
determinadas condições e refere-se ao aumento da massa ventricular. A HC ocorre em
condições patológicas tais como, a hipertensão arterial, IAM, hiperatividade simpática, ou
ainda em resposta a condições fisiológicas devido à sobrecarga de trabalho imposta pelo
exercício físico dinâmico e estático realizado de forma crônica (Oliveira et al. 2005). Estas
hipertrofias apresentam características estruturais e funcionais diferentes e podem ser
classificadas, de modo geral, como concêntricas ou excêntricas (Weber, Brilla, 1991).
Em estados patológicos, diferentes tipos de sobrecarga crônica podem levar à HC de
maneiras distintas. Uma sobrecarga de volume, com aumento da pré-carga, como verificada
na insuficiência aórtica ou mitral, levando a um aumento do diâmetro interno do VE e
aumento proporcional da espessura da parede. Este tipo de adaptação é chamado de
hipertrofia ventricular excêntrica. Uma sobrecarga de pressão, em decorrência do aumento da
pós-carga, como verificada na estenose aórtica ou na hipertensão arterial, está associada ao
espessamento da parede ventricular esquerda e diminuição da dimensão interna da cavidade
ventricular, sendo esta denominada hipertrofia ventricular concêntrica (Heineke, Molkentin,
2006).
O uso de EAA também é normalmente relacionado com as influências sobre a resposta
hipertrófica do VE. Estudos prévios citam a hipertrofia e o remodelamento cardíaco como
resultado do uso de anabolizantes (De Piccoli et al., 1991; Urhausen et al., 2004). Dickerman
et al. (1998), avaliando atletas de elite levantadores de peso, verificaram que os indivíduos
usuários de esteróides anabolizantes apresentaram maior aumento da parede ventricular
esquerda do que os atletas que não faziam uso destas substâncias. Urhausen et al. (2004)
encontraram, entre fisiculturistas que usavam EAA, uma alta hipertrofia induzida.
Treinamento com peso combinado ao uso de EAA aumenta a espessura da parede do VE,
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
48
volume diastólico final (VDF), e o tempo de relaxamento isovolumétrico (Dickerman et al.,
1998).
Os mecanismos que levam ao desenvolvimento da HC ainda são muito discutidos na
literatura, todavia, estímulos como sobrecargas de volume ou pressão sobre o miocárdio e
fatores neuro-humorais, podem ativar fatores de transcrição, através da ativação de uma
cascata de eventos bioquímicos intracelulares, os quais se ligam na região promotora de um
determinado gene, levando ao aumento na expressão do RNAm deste gene. O aumento da
expressão de determinados genes associados a melhor eficiência e capacidade contrátil podem
determinar uma maior síntese protéica levando ao desenvolvimento da HC (Oliveira, Krieger,
2002).
Em animais de experimentação, mudanças histopatológicas tais como fibrose
miocárdica e inflamação foram observadas em amostras de autópsia em ratos após exposição
à EAA (Nieminen et al., 1996; Fried, 2000). Esses efeitos deletérios sobre células miocárdicas
foram dependentes da dose administrada e do tempo de exposição de EAA (Melchert et al.,
1992). Culturas realizadas com cardiomiócitos de ratos revelaram destruição de células
associadas com atividade de contração deprimida, aumento da fragilidade lisossomal e
atividade mitocondrial reduzida (Melchert et al., 1992). Além disso, Tagarakis et al. (2000)
demonstram que exercício muscular combinado com EAA prejudica a adaptação
microvascular cardíaca ao condicionamento físico. Essa descoberta apóia o direto efeito de
toxicidade dos EAA sobre o miocárdio.
Intervalo QT (iQT) no eletrocardiograma (ECG) refere-se ao tempo entre a ativação
ventricular até o fim da recuperação elétrica. O prolongamento deste intervalo entre atletas de
resistência ocorre devido ao aumento do tônus vagal ou da HC adaptativa (Browne et al.,
1982). O prolongamento do iQT prediz morte em pacientes com doença cardíaca, mas não em
indivíduos saudáveis (Karjalainen et al., 1997). Vários estudos sugerem uma associação entre
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
49
o aumento da dispersão de QT (DQT) e mortalidade em pacientes hipertensos (Mayet et al.,
1996). A HVE, induzida por substâncias anabólicas, reflete aumento da DQT similar ao
encontrado na HVE hipertensiva (Mayet et al., 1996), o que pode refletir no aumento do risco
de arritmias em usuários de EAA (Nieminen et al., 1996).
Um estudo delineado com fisiculturistas demonstrou com auxílio de ultrasom, que o
consumo de EAA por estes atletas, levou a uma disfunção endotelial e alteração do perfil
lipídico, por diminuir os níveis de HDL colesterol, podendo aumentar os riscos de
aterosclerose (Ebenbichler et al., 2001). Aumentos nas concentrações plasmáticas de LDL
(lipoproteína de baixa densidade) foram observados em ratos submetidos a treinamento físico
anaeróbio e tratados com nandrolona, podendo diminuir o relaxamento dependente do
endotélio e a ativação da enzima guanilato ciclase (GC) (Cunha et al., 2005), diminuindo,
assim, a produção de Guanosina Monofosfato Cíclica (GMPc) e ocasionando um menor
relaxamento do músculo liso vascular. O uso prolongado de EAA pode estimular a agregação
plaquetária (Ferenchick, 1991) e aumentar a atividade da lípase triglicerídica hepática
(HTGL). O aumento na atividade desta enzima pode estar correlacionado com a diminuição
nos níveis plasmáticos de HDL (Glazer, 1991), ou ainda, com o aumento nas concentrações
plasmáticas de LDL como resultado do aumentado catabolismo das VLDL (lipoproteínas de
muito baixa densidade), podendo potencializar a aterosclerose (Baldo-Enzi et al., 1990). A
facilitação da formação de trombo pelo uso de EAA pode estar, portanto, associada a
aumentos na agregação plaquetária ou ainda a aumentos de fatores pré-coagulantes (Sader et
al., 2001).
Em relação à disfunção endotelial, o mecanismo que pode estar relacionado a estas
alterações inclui o óxido nítrico (NO). Estudos demonstraram redução no relaxamento arterial
em resposta à GC em coelhos e nitroprussiato de sódio (NPS) em humanos (Beutel et al.,
2005). Existem evidências de que a atividade simpática modula a hipertensão em ratos
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
50
administrados com testosterona. Além disso, existem alterações no barorreflexo após
utilização de stanozolol (Beutel et al., 2005). Outras alterações são bem estabelecidas,
como modificação no balanço de sódio, hipertrofia miocárdica e lesões vasculares (Sader et
al., 2001).
1.4 Efeitos dos EAA no sistema nervoso autônomo
O sistema nervoso autônomo (SNA) influencia o estado de equilíbrio corporal
(homeostasia) e diferentes sistemas vegetativos, incluindo a função cardiovascular, frequência
cardíaca (FC), pressão arterial (PA) e o metabolismo. O SNA é composto por um sistema de
vias aferentes que transmite sinais para o SNC, o qual responde de forma reflexa aos órgãos-
alvo. Sabe-se até então, que pelo menos três arcos reflexos estão envolvidos na modulação da
atividade parassimpática para o coração e simpática para o coração e vasos sanguíneos. Os
barorreceptores arteriais, que são terminações nervosas livres e sensíveis às deformações da
parede arterial e controlam a PA momento a momento. Os receptores cardiopulmonares, que
são ativados por mudança de pressão das câmaras cardíacas induzindo respostas
principalmente na FC e vasodilatação muscular periférica; e os quimiorreceptores arteriais
que respondem a reduções sanguíneas da pressão parcial de O
2
, pH e o aumento da pCO
2
(De
Angelis, et al., 2004). Além disso, o SNS e o sistema nervoso parassimpático (SNP), que são
os dois maiores componentes do SNA, usam neurotransmissores distintos na junção neuro-
efetora, norepinefrina (NEP) para o primeiro e acetilcolina (Ach) para o segundo. Tanto o
SNS quanto o SNP, entretanto, realizam sinapses nos gânglios onde a Ach figura como o
neurotransmissor entre os neurônios que se originam no SNC e as eferências pós-
ganglionares. A maioria dos órgãos recebe inervação de ambos os sistemas, as quais
costumam mediar ações antagônicas (Kirstein, Insel, 2004). O SNA influencia tônica e
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
51
reflexamente o sistema cardiovascular, modificam o débito cardíaco (DC) por alterar a força
de contração das fibras miocárdicas e a FC. Nos vasos sanguíneos modificam a contratilidade
do músculo liso vascular e assim, a resistência vascular periférica (RVP) (De Angelis, et al.,
2004). Dessa forma, o SNA é um importante mecanismo de controle do sistema
cardiovascular.
Alterações neste sistema podem levar a uma disfunção autonômica, o que pode afetar
adversamente a saúde. Esta mudança atinge desde episódios ocasionais de hipotensão
mediada neuralmente até doenças neuro-degenerativas progressivas. Aumento no tônus da
inervação simpática cardíaca e renal provoca o desenvolvimento da hipertensão essencial. Na
IC crônica a ativação simpática cardíaca prejudica a função miocárdica. Várias outras
síndromes clínicas estão associadas à disautonomia, como o diabetes mellitus tipo II (DM-2),
a síndrome da fadiga crônica, a obesidade visceral, a dislipidemia, o mal de Parkinson, dentre
outros (Pereira Jr et al., 2006).
Até o presente momento são escassos na literatura estudos sobre os efeitos diretos da
administração de EAA na atividade autonômica em humanos. Um estudo relacionou o
stanozolol (esteróide anabólico androgênico de grande potência) com aumento na PA,
mudança na atividade barorreflexa, sem alteração na atividade simpática nos animais tratados
com stanozolol (Pereira Jr et al., 2006). Os mecanismos supostos para modificação no
controle reflexo cardiovascular incluem a síntese de NO e controle central do nervo vago,
como o aumento da atividade glutamatérgica no hipotálamo e hipocampo (Beutel et al.,
2005). No entanto, outro estudo relacionado ao DECA observou redução da atividade vagal e
tendência ao aumento da atividade simpática após sua administração (Pereira Jr et al., 2006).
Por último, um estudo experimental induziu rato à isquemia e fibrilação ventricular com doses
excessivas de nadrolona por mecanismos não elucidados (Phillis et al., 2007). Portanto são
necessárias mais investigações relativas a esta abordagem.
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
52
1.5 Análises da modulação autonômica cardíaca
O sistema cardiovascular, assim como os demais sistemas, possui uma organização
integrada, caracterizada pela interação de subsistemas, oscilações auto-sustentáveis e circuitos
de retroalimentação que respondem a estímulos intrínsecos e extrínsecos, incluindo o
comando central, mecanismos reflexos e controle humoral (Malliani, Montano, 2002; Di
Rienzo, Porta, 2009).
Várias são as técnicas disponíveis para a avaliação da função autonômica
cardiovascular, dentre as quais podemos citar a medida de catecolaminas circulantes,
respostas a estímulos estressantes, teste da função barorreflexa, registro eletromiográficos de
fibras simpáticas vasomotoras, etc. A maioria destas técnicas, embora úteis na avaliação do
estado autonômico, é, em sua grande maioria, invasivas e de difícil execução no contexto
clínico ambulatorial (Castro et al., 1992, Jesus, 1996).
Mais recentemente, para a análise do SNA cardiovascular, softwares específicos têm
sido desenvolvidos, os quais determinam as variações contínuas que ocorrem nos valores dos
ciclos cardíacos normais, detectadas, por exemplo, através de registro contínuo
computadorizado do ECG, ou através de registros Holter de longa duração. Reflexos eferentes
simpáticos e parassimpáticos atuando sobre o sinusal, produzem modificações dos ciclos
P-P do ECG, expressão dos efeitos modulatórios autonômicos sobre o marcapasso sinusal do
coração. Aceita-se que o SNP, através de seus efeitos colinérgicos, seja o maior responsável
pela variabilidade dos ciclos P-P normais. Corroborando esta afirmativa, está a observação de
que as drogas que produzem redução dos efeitos vagais, como por exemplo, drogas anti-
muscarínicas, como a atropina, reduzem de forma evidente e significativa as flutuações dos
ciclos cardíacos; e as que aumentam os reflexos vagais, como os beta bloqueadores, produzem
imediato efeito inverso.
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
53
Akselrod et. al. (1981), foram um dos primeiros grupos de pesquisa a relatarem que a
variabilidade dos parâmetros cardiovasculares contém informações importantes sobre o
controle autonômico da circulação. A quantificação destas flutuações durante o repouso prove
informações sobre a regulação cardiovascular sem requerer estímulos que possam interferir
com os parâmetros medidos. Variações cíclicas na variabilidade da FC (VFC) são decorrentes
dos impulsos parassimpáticos e simpáticos sobre o coração (Sayers, 1973). Quanto maiores os
efeitos parassimpáticos, maiores serão as flutuações. Uma baixa variabilidade indica a
existência de depressão da atividade vagal e/ou exacerbação da atividade simpática cardíaca
(Kleiger et al., 1987; Porter et al., 1990).
Os reflexos autonômicos exercem um papel fundamental sobre todos os mecanismos
regulatórios cardíacos. As propriedades eletrofisiológicas, a dinâmica cardíaca e a função
contrátil são profundamente influenciadas por eles. Em adição, os reflexos autônomicos
podem alterar de forma importante os mecanismos de doença, facilitando o aparecimento de
eventos arrítmicos graves e, muitas vezes, fatais, como a morte súbita (Kleiger et al., 1987;
Porter et al., 1990).
O sistema simpático exerce um nítido efeito arritmogênico, cabendo ao parassimpático
uma ação inversa, protetora. A maioria dos eventos cardíacos acompanha-se
momentaneamente de um aumento da atividade simpática cardíaca. Assim, é possível que a
análise do perfil autonômico cardíaco por meio da análise da VFC represente um elemento
importante para a estratificação de risco em algumas doenças cardíacas (Lombardi et al.,
1987; Farrel et al., 1992; La Rovere et al., 2003).
Dois métodos são normalmente utilizados para a avaliação da VFC. Um explora o
domínio de tempo (DT), usando índices estatísticos extraídos das variações temporais dos
ciclos (expressos normalmente em ms) ou dos percentuais de flutuação observados em ciclos
adjacentes (%). O outro, no domínio da frequência (DF), define e separa, por meio da análise
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
54
espectral, as diversas respostas de frequência (Hz) observadas nas variações das séries
temporais de intervalo RR (iRR) (Task Force, 1996).
A análise VFC no DT é feita a partir das variações dos ciclos cardíacos considerados
normais. São extraídos índices para quantificação da VFC, usando o tempo como variável.
Representam, em sua maioria, valores estatísticos que englobam todo o período de gravação
ou parte do mesmo. Na maioria dos programas, esses índices somente são avaliados a partir
de um nimo de cem ciclos sucessivos, mensurados por períodos de cinco minutos,
desprezando-se automaticamente variações bruscas dos mesmos com valores superiores a
25% do precedente. Assim, hipoteticamente, são abolidas as alterações consequentes às
ectopias supraventriculares e ventriculares ou a artefatos de registro (Task Force, 1996).
Alguns índices de VFC no DT têm sido amplamente utilizados para estratificação de
risco no pós-infarto do miocárdio. Na maioria dos pacientes, observa-se, nas primeiras 48
horas de evolução do processo agudo, uma progressiva redução da VFC por depressão da
atividade vagal (Kleiger et al., 1987).
A análise da VFC no DF para avaliação da função autonômica cardíaca ganhou nas
últimas duas décadas, um marcante impulso como um novo e promissor recurso
metodológico, não invasivo, de grande simplicidade e de fácil aplicação em nível
ambulatorial ou hospitalar. Este método permite caracterizar em valores absolutos e relativos
os componentes modulatórios simpático e parassimpático cardíaco e, assim, o balanço
funcional entre ambos. Ele consiste na análise computadorizada da variabilidade espontânea
de uma série de iRR do ECG no DF por meio da análise espectral. A análise da VFC baseada
nesse método vem sendo amplamente aplicada (Task Force, 1996).
A análise espectral foi descrita pela primeira vez em 1720, pelo barão francês Jean
Baptiste J. Fourier. Ele demonstrou que os sinais oscilatórios compostos podem ser
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
55
decompostos em ondas sinusoidais simples com diferentes amplitudes, fases e frequências
(Hz), a partir de uma função matemática por ele descrita, denominada de Função de Fourier.
Com a criação do algoritmo de computador para a realização da análise de Fourier em
sinais digitais, a chamada transformação rápida de Fourier (“Fast Fourier Transform”-FFT),
tornou-se possível a aplicação da análise espectral em vários sinais digitais computadorizados,
incluindo o ECG. A FFT, quando aplicada às flutuações do iRR derivado do sinal
eletrocardiográfico, ao desdobrar em seus diversos componentes oscilatórios individuais com
características, amplitude e frequências definidas. Captando-se os sinais e transformando-os,
obtêm-se curvas espectrais que diferenciam as bandas de resposta de frequência (Task Force,
1996). Mais recentemente, outro método de análise espectral baseado no modelamento
autoregressivo do sinal de iRR passou também a ser empregado. Este método tem a vantagem
de remover o ruído do sinal e identificar com maior precisão as frequências centrais das
oscilações (Pagani et al., 1986; Malliani et al., 1991).
Três principais componentes espectrais expressos em termos de áreas que integram
determinadas faixas de frequências espectrais foram descobertos em seres humanos (figura 2).
Um componente inclui as frequências espectrais muito baixas (“very low frequency” - VLF -
0,01- 0,04 Hz), provavelmente relacionado à termo-regulação, ao sistema renina–angiotensina
(SRA), etc. Um segundo componente reune as baixas frequências espectrais (“low frequency”
- LF - 0,04 - 0,15 Hz), relacionado com a modulação autonômica barorreflexa, refletindo
predominantemente modulação simpática e em menor grau a modulação parassimpática. Um
terceiro componente, que integra as altas frequências espectrais (‘high frequency” - HF - 0,15
- 0,50 Hz), coincide com o ritmo respiratório, o qual expressa exclusivamente a influência
parassimpática sobre o nodo sinusal, manifestada pela arritmia sinusal respiratória (Akselrod
et al., 1981; Pagani et al., 1986; Malliani et al., 1991; Task Force, 1996).
Introdução
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56
Figura 2: Perfil espectral de uma série temporal de intervalos RR de um ser humano saudável. Note os
componentes espectrais VLF (very low frequency), LF (low frequency) e HF (high frequency) da variabilidade
do iRR. (DE = densidade espectral, LF/HF = razão entre LF e HF, o qual expressa o balanço simpato-vagal
cardíaco). Fonte: Extraído de Malliani et al., Circulation, 1991.
Uma série de estudos sobre a VFC foi baseada nas medidas tradicionais nos DT e DF
(Lipsitz et al., 1990; Melo et al., 2008). Entretanto, este tipo de análise apresenta uma
importante limitação, uma vez que os resultados obtidos são muito sensíveis à definição das
bandas de oscilações (principalmente na definição do limite inferior da banda LF, geralmente
0,04 Hz, e na abrangência da banda HF em torno da frequência respiratória). Em
contrapartida, índices baseados em métodos não lineares não necessitam de qualquer
definição de bandas de frequências (Porta et al., 2007c). Estes métodos não lineares podem
assim fornecer resultados mais estáveis e reprodutíveis e também identificar anormalidades e
alterações não aparentes (Lipsitz et al., 1992; Mäkikallio et al., 2002; Huikuri et al., 2003).
Além disso, os métodos o lineares são por si mais adequados para extrair informações
relevantes relacionadas à complexidade dos sistemas regulatórios (Huikuri et al., 2000;
Huikuri et al., 2003).
Recentemente, várias abordagens foram propostas visando quantificar a complexidade.
A maioria destes estudos foi baseada em índices desenvolvidos para a análise de séries
Introdução
Doutorado Octávio Barbosa Neto
57
temporais de longa duração e, portanto, em gravações ambulatoriais de 24 horas (Huikuri et
al., 2000; Mäkikallio et al., 2001; Maestri et al., 2007a). Por outro lado, registros de
laboratório de curta duração (<10 min) oferecem uma oportunidade única para avaliar a
regulação autonômica cardiovascular em condições controladas e padronizadas (Maestri et al.,
2007b). A avaliação da complexidade em registros de curta duração é baseada no cálculo de
entropias (Kaplan et al., 1991; Porta et al., 1998), na predição local não-linear (Porta et al.,
2000) e na dinâmica simbólica (Guzzetti et al., 2005; Porta et al., 2007c).
A complexidade é quantificada pela avaliação da quantidade de informação carreada
por uma série temporal (quanto maior a informação, maior a complexidade). Comumente, a
complexidade de registros curtos da VFC é avaliada com base na estimativa da entropia
condicional, que analisa a quantidade de informação transportada por uma amostra de série
temporal, quando amostras passadas são conhecidas (quanto menor a informação, mais
regular e previsível é a série) (Porta et al., 2007a,b). Além disso, Porta et al. (2007c),
propuseram recentemente uma nova ferramenta não linear baseada na análise simbólica de
sequências de três batimentos para distinguir a modulação cardíaca simpática e
parassimpática.
O teste do estresse postural tilt test é um importante indicador das respostas
autonômicas cardíacas (Rutan et al., 1992), ou seja, a manobra de tilt test” é
reconhecidamente um relevante estímulo clínico e fisiológico para o estudo do SNA e pode
ser utilizada para a detecção precoce de distúrbios autonômicos em diversas patologias. Além
do mais, diferentemente das coletas de informações em repouso, a manobra de tilt test
permite a realização de uma avaliação dinâmica dos mecanismos regulatórios do sistema
cardiovascular (Lipsitz et al., 1990; Montano et al., 1994; Mukai, Hayano, 1995).
JUSTIFICATIVA
Doutorado Octávio Barbosa Neto
59
2 JUSTIFICATIVA
Apesar de inúmeros investigadores terem demonstrado alterações na modulação
autonômica da FC em animais de experimentação durante e após administração de EAA,
poucos o os estudos referentes a este aspecto em seres humanos. Além do mais, até o
presente momento, não se encontra nenhum trabalho realizado com atletas fisiculturistas
usuários de EAA baseado no cálculo de entropias, na predição local não-linear e na dinâmica
simbólica, bem como estudos em relação as respostas cardiovasculares ao ortostatismo ativo
nesta população.
HIPÓTESE
Doutorado Octávio Barbosa Neto
61
3 HIPÓTESE
No presente estudo, testamos a hipótese de que as modificações causadas pelo uso
abusivo de esteróides anabólicos em atletas fisiculturistas desencadeiam uma disautonomia
cardíaca, com prevalência de uma hiperatividade simpática e uma atenuação vagal avaliadas
por meio da VFC, e que tais alterações podem ser detectadas pelas análises não-lineares.
Além disso, lançamos a hipótese de que nestes indivíduos uma menor resposta autonômica ao
estresse postural ativo pode estar presente e ser associada com alterações eletrocardiográficas
e morfofuncionais cardíacas quando comparados a fisiculturistas não usuários e indivíduos
sedentários controles.
OBJETIVOS
Doutorado Octávio Barbosa Neto
63
4 OBJETIVOS
4.1 Geral
Avaliar as alterações autonômicas e morfofuncionais cardíacas em atletas
fisiculturistas usuários de esteróides anabólicos androgênicos.
4.2 Específicos
Avaliar os efeitos dos esteróides anabólicos androgênicos em atletas fisiculturistas
sobre:
Parâmetros antropométricos e composição corporal;
Os níveis basais da pressão arterial, frequência cardíaca e duplo produto;
Perfil hormonal;
A variabilidade da frequência cardíaca em repouso, por meio de análise
espectral, cálculo de entropias e dinâmica não-linear simbólica;
Respostas autonômicas cardíacas ao ortostatismo ativo “tilt test”;
Atividade elétrica cardíaca através do eletrocardiograma;
Aspectos anatomo-funcionais mecânicos cardíacos através do ecocardiograma.
MATERIAL e MÉTODOS
Doutorado Octávio Barbosa Neto
65
5 MATERIAL E MÉTODOS
5.1 Sujeitos
Quarenta e cinco homens com idade entre 18 e 35 anos participaram voluntariamente
do presente estudo, os quais foram separados em três grupos: sedentários controles (SED,
n=15), fisiculturistas usuários de EAA (FUE, n=15) e fisiculturistas o usuários de EAA
(FNE, n=15).
Os indivíduos do grupo sedentário foram recrutados no município de Uberaba/MG. Os
grupos de fisiculturistas usuários e não usuários de EAA foram recrutados em academias de
ginástica também de nosso município. Todavia, em relação ao grupo de fisiculturistas
usuários de EAA, infelizmente em nossa cidade não se encontraram amostras suficientes com
tais características para a realização deste trabalho. Por essa razão, foram convidados
fisiculturistas usuários de EAA em academias de ginástica de regiões próximas a Uberaba,
tais como, Ribeirão Preto, Uberlândia e Patos de Minas. O translado desses indivíduos foi
efetuado pelo serviço de transporte da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Todos os voluntários foram informados verbalmente e por escrito sobre o protocolo
experimental a que se submeteriam e, após a leitura e assinatura do termo de consentimento
livre e esclarecido, foram orientados de acordo com suas disponibilidades, quanto ao dia e
horário que deveriam comparecer para a realização dos protocolos de avaliações. Em todas as
fases da pesquisa, todos os voluntários foram identificados por códigos, assegurando assim, o
anonimato dos participantes e confidencialidade dos resultados.
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
66
Foram considerados critérios de inclusão: indivíduos que não realizam atividades
físicas a mais de um ano (grupo SED), fisiculturistas que treinam musculação mais de 5
anos e fazem uso de EAA pelo menos 2 anos (grupo FUE) e fisiculturistas que treinam
musculação mais de 5 anos e não fazem uso de EAA (grupo FNE). Critérios de exclusão:
indivíduos que possuíam insuficiências neurológicas ou vasculares, histórico de doenças
reumáticas e/ou distúrbios metabólicos, hipertireoidismo, indivíduos com terapia
imunossupressiva, indivíduos em tratamento de longo prazo com corticosteróides, indivíduos
sofrendo de diabetes mellitus e doença severa cardíaca ou respiratória, bem como indivíduos
fumantes ou com consumo excessivo de álcool.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UFTM, sob o
protocolo de n
o
1536.
5.2 Anamnese
Um questionário em formato de fácil resposta foi elaborado para que os participantes
respondessem de modo voluntário a fim de se obter informações a respeito do estilo de vida,
histórico individual e familiar de doenças, período de treinamento e/ou sedentarismo e
padrões do uso de EAA.
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
67
5.3 Procedimentos experimentais
Todos os experimentos foram realizados em uma sala com temperatura ambiente (22 ±
1
o
C) e no mesmo período do dia. Os voluntários foram familiarizados com a sala de
experimento, procedimentos e equipamentos utilizados. Todos os indivíduos foram instruídos
a evitar cafeína, fumo e bebidas alcoólicas, bem como evitar a realização de qualquer
exercício moderado ou intenso na véspera e no dia da aplicação do protocolo.
5.4 Exames físicos e parâmetros hemodinâmicos
Exames cardiológicos foram realizados por um cardiologista e consistiu na obtenção
dos seguintes dados: pulso tomado em artéria radial, femoral ou carótida (nesta ordem de
preferência de acordo com a deficiência que porventura o voluntário apresentasse) com
contagem em 60 segundos para se obter o número de impulsos por minuto. Além disso, todos
os voluntários foram submetidos à inspeção, palpação e ausculta da região precordial.
A FC foi obtida através dos registros eletrocardiográficos, a PA foi aferida nas
situações de repouso e imediatamente após a manobra do teste tilt ativo utilizando-se um
esfigmomanômetro digital automático (Omron M3 Intellisense) devidamente calibrado,
medida em milímetros de mercúrio (mmHg), identificando respectivamente a PA sistólica
(PAS) e diastólica (PAD). O duplo produto (DP) foi calculado pelo produto PAS x FC.
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
68
5.5 Antropometria e composição corporal
Avaliações antropométricas para definir a massa corporal e a estatura foram realizadas
em todos participantes do presente estudo através de uma balança digital (Design Clean
HD313 - Tanita) e por um estadiômetro (E120p Tonelli). A partir desses dados foi
quantificado o índice de massa corpórea (IMC), dado pela razão peso (kg) / altura (m
2
). As
circunferências foram medidas do perímetro dos segmentos corporais com uma fita métrica da
marca Sanncom divisões de 0,1 cm. Durante o procedimento todos os voluntários foram
orientados a usarem o mínimo de roupa possível.
A aferição da composição corporal foi realizada através do método indireto,
utilizando-se o protocolo de Guedes (1994) de três dobras cutâneas: tríceps, supra-ilíaca e
abdome. Para mensurar as dobras cutâneas supracitadas foi utilizado um adipômetro da marca
Sanny Medical®, com sensibilidade de pressão de 9,8 kg/mm
2
e amplitude de leitura de 0 até
80 mm e graduação de escala em medição em décimos de milímetros (Fernandes Filho,
2003). Após a coleta de dados foi utilizado o software Physical Test 7.0 para obtenção e
classificação dos resultados encontrados.
5.6 Variabilidade da frequência cardíaca
Para o estudo da função autonômica cardíaca, foram realizados registros
eletrocardiográficos utilizando-se um eletrocardiograma ECAFIX FUNBEC ECG5 e um
conversor analógico-digital A/D-DI-194 com frequência de amostragem de 240 Hz. O
registro do ECG foi feito na posição MC5 pelo tempo de 5 minutos com o voluntário em
repouso em decúbito dorsal em uma maca.
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
69
Para a análise da variabilidade cardiovascular, os sinais do ECG, continuamente
registrados ao longo do protocolo, foram processados por software (software PRE,
gentilmente cedido por Eng. Dr. Alberto Porta, Universidade de Milão, Itália) de modo a
gerar séries temporais batimento-a-batimento de iRR. A variância dos valores de iRR dentro
dos períodos basal e ortostatismo foi tomada como um índice de variabilidade no DT.
A variabilidade do iRR foi também avaliada no DF empregando-se o método de
análise espectral autoregressivo. Os procedimentos teóricos e analíticos estão completamente
descritos em publicações prévias (Pagani et al., 1986; Malliani et al., 1991; Task Force,
1996). Brevemente, séries temporais batimento a batimento de iRR, coletados durante os
tempos de registro, contendo 300 batimentos sucessivos foram avaliadas. Usando segmentos
estacionários das séries temporais, parâmetros autoregressivos foram estimados através do
método de Levinson-Durbin e a ordem do modelo foi escolhida de acordo com o critério de
Akaike. Em seguida, sobre cada segmento estácionário individual de 300 batimentos, a
decomposição espectral foi realizada mediante uso de software apropriado (software LA,
gentilmente cedido pela engenheiro Dr. Alberto Porta, Universidade de Milão, Itália). Este
procedimento permite automaticamente quantificar a frequência central e a potência de cada
componente espectral relevante em unidades absolutas bem como em unidades normalizadas.
O procedimento de normalização, aplicado apenas à variabilidade do iRR, foi
realizado pela divisão da potência do componente de baixa frequência (low frequency - LF;
0,04-0,15 Hz) ou de alta frequência (high frequency - HF; 0,15-0,50 Hz) pela potência
espectral total da qual se subtrai a potência da banda de muito baixa frequência (very low
frequency - VLF, 0,01-0,04 Hz), multiplicando-se o resultado por 100 (Pagani et al., 1986;
Malliani et al., 1991; Task Force, 1996). Os parâmetros espectrais obtidos para cada segmento
estacionário individual de 300 batimentos foram avaliados e valores médios resultantes do
tempo de registro foram obtidos para cada voluntário.
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
70
5.7 Análise simbólica
A análise da VFC pelo método não linear foi realizada a partir da análise simbólica e
do cálculo da entropia de Shannon (ES), por meio do programa de rotina de análise
desenvolvido pelo Professor Alberto Porta e colaboradores do Dipartimento di Scienze
Precliniche, Università Degli Sudi di Milano, Milão, Itália (Porta et al., 2001)
A técnica descrita por Porta et al. (2001), baseia-se na transformação da rie da VFC
em uma sequência dos números inteiros (símbolos), na construção de padrões (palavras), na
redução do número de padrões agrupando-os em um pequeno número de famílias e na
avaliação das taxas de ocorrência dessas famílias. Uma abordagem de simplificação baseada
no processo de quantificação uniforme foi usada para transformar a série RR em uma
sequência de símbolos.
A análise simbólica ou dinâmica simbólica foi calculada a partir dos seguintes passos:
os iRR são uniformemente distribuídos em 6 níveis (de 0 a 5), sendo que cada nível é
identificado por um símbolo (no caso, um número), os quais são agrupados de 3 em 3,
formando padrões simbólicos (Figura 3).
Para reduzir o número de padrões sem perda de informações, foi efetuado um processo
de redução de redundância. Todos os padrões foram agrupados em quatro famílias, de acordo
com o número e tipos de variações de um mbolo para o próximo. As famílias foram às
seguintes: padrões sem variação [0V: todos os símbolos são iguais, por exemplo (3,3,3) ou
(4,4,4); Figura 4, A e B], padrões com uma variação [1V: 2 símbolos consecutivos são iguais
e o símbolo restante é diferente, por exemplo, (3,4,4) ou (4,4,2); Figura 4, C e D], padrões
com duas variações similares [2VS: os 3 símbolos formam uma rampa ascendente ou
descendente, por exemplo, (1,2,4) ou (4,3,2); Figura 4, E e F], e padrões com duas variações
diferentes [2VD: os 3 símbolos formam um pico ou um vale, por exemplo, (2,4,2) ou (4,1,2);
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
71
Figura 4, G e H]. Foram avaliados os índices de ocorrência de todas as famílias: 0V%, 1V%,
2VS% e 2VD%.
Figura 3: Ilustração sintética do método da análise simbólica. Os iRR são uniformemente distribuídos em
6 níveis (de 0 a 5). Cada nível foi identificado com um símbolo (número) e foram construídos padrões em
comprimento de 3 símbolos. Adaptado de Guzzetti et al. (2005).
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
72
A escolha desta estratégia foi realizada por meio dos grupos de todos os padrões
possíveis, em quatro categorias caracterizadas pelo conteúdo de frequências diferentes: 0V
caracterizada apenas por padrões de baixas frequências (padrão constante); 1V e 2VS
representados por padrões de alta e baixa frequências; e 2VD dominado por padrões de alta
frequências (Porta et al., 2001) (Figura 4).
Figura 4: Exemplos de padrões para categoria 0V (A e B), 1V (C e D), 2VS (E e F) e 2VD (G e
H).(beats: batimentos; symbols: símbolos). Fonte: Porta et al., 2007 (adaptado).
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
73
Estudos com bloqueio farmacológico (Guzzetti et al., 2005) e testes autonômicos
(Guzzetti et al., 2005; Porta et al., 2007c) indicaram que os índices 0V% e 2VD% são capazes
de avaliar as modulações autonômicas. Guzzetti et al. (2005) observaram que em voluntários
saudáveis ocorre o aumento do padrão 0V e diminuição do padrão 2VD durante o teste de tilt
e handgrip, condição caracterizada pelo aumento da modulação simpática e diminuição da
modulação vagal. Nos padrões 1V e 2VS não houve nenhuma mudança significativa. Diante
disso, no presente estudo, foi utilizado o padrão 0V que caracteriza a modulação simpática, e
o padrão 2VD que caracteriza a modulação parassimpática (Guzzetti et al., 2005).
Resumidamente, a série foi alocada sobre ξ símbolos com resolução de (RRmáx-
RRmín)/ξ, onde RR
máx
e RR
mín
eram respectivamente o valor máximo e o mínimo de iRR da
série. Após a quantificação, a rie de iRR se tornou a sequência RR
ξ
={RR
ξ
(i), i=1,...,N} de
valores inteiros variando de 0 a ξ-1. A técnica de atraso das coordenadas foi utilizada para
transformar a série RRξ na sequência de padrões RR
ξ,L
={RR
ξ,L
(i), i=1,...,N} com
RR
ξ,L
(i)=[RR
ξ
(i), RR
ξ
(i-1),..., RR
ξ
(i-L + 1)]. O número de padrões possíveis RR
ξ,L
(i) foi ξ
L
.
Como ξ
L
aumenta rapidamente com o aumento do L e ξ, ambos os parâmetros foram mantidos
em baixos valores: para a aplicação em dados de registro de curta duração, a melhor escolha
foi ξ=6 e L=3, e o número de padrões possíveis foi de 216. Nos períodos basal e durante o
tilt test” foram avaliadas séries temporais de iRR com número fixo 300 valores suscessivos.
Outra análise não linear empregada foi o cálculo da ES. Este método de análise difere
dos índices tradicionais lineares da estimação da VFC, no sentido de que esta não se destina a
avaliar a magnitude da VFC, mas sim calcula o grau de complexidade da distribuição da série
dos iRR (Porta et al., 2001). Ou seja, a ES foi calculada para fornecer uma estimativa de
complexidade da distribuição dos padrões, sendo um índice que descreve a forma da
distribuição destes padrões. A ES é alta se a distribuição é plana (todos os padrões são
identicamente distribuídos e a série transporta o máximo de informações). Pelo contrário, a
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
74
ES é baixa se um subconjunto de padrões é mais comum, enquanto outros estão ausentes ou
são pouco frequentes (por exemplo, em uma distribuição de Gauss) (Porta et al., 2001).
Conforme a fórmula utilizada para o cálculo da ES: ES (L,
ξ
) = -
Σ
p (x
ξ
L
).log p (x
ξ
L,
).
Sendo: x = amostra de séries; ξ = número de níveis pelos quais as amostras são distribuídas
(fixo em 6); L = sequência de amostra (fixo em 3).
Segundo Pineda (2006), a ES é explicada pela quantidade de informações geradas por
um processo, onde são somadas todas as probabilidades de ocorrência de evento,
multiplicadas pelo seu próprio logaritmo. A ES não é calculada diretamente sobre as amostras
de série, mas sobre os padrões de comprimento L (ou seja, ordenam-se sequências de
amostras L), medindo assim, a complexidade de distribuição da série de iRR, verificando,
desta forma, se existem alguns padrões mais presentes do que outros (Figura 5).
Figura 5: Descrição dos processos para detecção dos padrões determinísticos frequentes (FPDs). Um
FDPs é encontrado se as probabilidades de função de densidade (PDF) são calculadas sobre as séries
originais (barras abertas) superando média [PDF] + 2 vezes os desvios padrões [PDV] calculado sobre
15 realizações de substituição de dados (barras pretas) e se o PDF for maior que 0,04 (linha pontilhada).
Apenas três FPDs são detectados. (Pattern types: tipos de padrão). Fonte: Porta et al., 2001.
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
75
5.8 Manobra postural ativa
Imediatamente após os registros na posição supina, todos os voluntários foram
orientados a ficarem na posição ortostática ao lado da maca (teste tilt ativo), onde os mesmos
permaneceram nessa posição por mais 5 minutos. A PA foi aferida nos primeiros segundos do
ortostatismo. A porcentagem da resposta do tilt em relação à posição supina (%) nos vários
parâmetros analisados, foi calculada empregando-se a fórmula: % = (valor pós-teste tilt -
valor basal / valor basal) x 100.
5.9 Estudos Eletrocardiográficos e Ecocardiográficos
Após os registros da VFC, todos os participantes deste estudo foram submetidos a um
ECG completo de repouso. O ECG foi realizado com os indivíduos na posição supina,
obtendo-se as derivações precordiais habituais de V1 a V6. As derivações periféricas (DI, DII,
DIII, aVR, aVL, aVF) também foram obtidas. Para o ECG de repouso foi utilizado um
software da marca Heart Ware (Belo Horizonte, MG, Brasil) modelo Ergo98 versão 1.1.6.1.
Os traçados foram obtidos e avaliados na tela de um computador pessoal, e quando foram
identificados como de boa qualidade foram armazenados para posterior impressão e
interpretação dos mesmos.
Os parâmetros avaliados no ECG foram: duração da onda P, duração do complexo
QRS, intervalo PR e segmento ST. Estes parâmetros foram medidos manualmente em cada
uma das doze derivações por três ciclos consecutivos.
O iQT foi medido a partir da primeira deflexão do complexo QRS até o retorno da
onda T à linha de base. Havendo onda U presente, a porção visível da onda T era extrapolada
até a linha de base TP. Se não fosse possível determinar o fim de T, a derivação foi excluída
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
76
da análise. Para cada traçado considerou-se o valor máximo médio do intervalo do iQT (QT
máximo) e o mínimo médio (QT mínimo). Para minimizar a variação intra-observador,
utilizou-se a média do iQT de três batimentos consecutivos. O iQT foi corrigido para a FC
(iQTc) segundo a fórmula de Bazett: iQTc = QT/raiz quadrada de iRR (Bazett, 1920). A DQT
e a DQT corrigida (DQTc) foram definidas como as diferenças entre os valores máximos e
mínimos dos intervalos, expressas em milissegundos (ms).
Avaliaram-se também os eixos elétricos do ECG utilizando-se a fórmula:
Eixo = arctang{[3 x (D
2
+ D
3
)] / [(2xD
1
) + D
2
– D
3
]}.
Para o auxílio no diagnóstico de HVE tomou-se por base critérios eletrocardiográficos
utilizando-se o índice de Sokolow-Lyon (ISL), dado pela somatória dos valores da onda S da
derivação V
1
+ valores da onda R das derivações V
5
ou V
6
(Sokolow, Lyon, 1949).
Em seguida, os indivíduos foram submetidos à análise ecocardiográfica bidimensional,
dos fluxos cardíacos com o emprego do Doppler convencional. Os exames ecocardiográficos
foram realizados por ecocardiografistas experientes segundo recomendações da Sociedade
Americana de Ecocardiografia, utilizando-se um equipamento comercialmente disponível
(Philips IE33, Andover, MA, EUA), equipado com transdutor de 2 a 5 MHZ.
Os parâmetros ecocardiográficos estudados foram: medidas lineares diretas -
diâmetros diastólico (DdVE) e sistólico do VE (DsVE), espessura da parede posterior do VE
no final da diástole (EPPd), espessura do septo interventricular no final da diástole (ESd),
medidas calculadas indiretamente - volume sistólico final (VSF) e VDF do VE, volume
sistólico (VS), fração de ejeção (FE) do VE, DC, massa (MVE) e índice de massa do VE
(iMVE) obtido pela divisão da MVE pela área da superfície corporal, sendo considerado
normal valores menores que 110g/m
2
para mulheres e menores que 134 g/m
2
para homens
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
77
(Dahlof et al., 1998). Realizou-se também análises qualitativas do espessamento relativo, que
é definido pela soma das espessuras diastólicas do septo ventricular e parede posterior, em
relação à dimensão diastólica do VE, sendo considerado hipertrofia cardíaca valores acima de
45 g/m
2
(Ganan et al., 1992).
Tanto os exames eletrocardiográficos quanto os ecocardiográficos foram realizados
por três cardiologistas em clínicas cardiológicas nos municípios de Uberaba/MG e Ribeirão
Preto/SP.
5.10 Avaliação hormonal
Ao final dos protocolos de registros eletrocardiográficos e ecocardiográficos os
voluntários foram submetidos à punção da veia anticubital do braço direito para retirada de
amostras de sangue para análise do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal.
Todo o sangue foi processado e centrifugado a 1.000 rpm por 10 minutos. Em seguida,
o soro foi pipetado e aliquotado em tubos de ensaios e estocados em freezer a -80
o
C até
análise posterior. Os hormônios: testosterona total, estradiol (E
2
), LH, FSH e DHEA-S foram
mensurados pelo método de quimioluminescência (Advia Centaur, Bayer Corporation,
Tarrytown, NY, EUA). Todas as análises hormonais foram realizadas por técnicos
especializados no Laboratório Central de Análises Clinicas do Hospital Escola da UFTM.
5.11 Análise estatística
Os parâmetros relacionados ao volume de treinamento semanal entre ambos os grupos
de fisiculturistas foi avaliado utilizando-se o teste “t” de student para amostras paramétricas,
ou o teste de Mann-Whitney para amostras não paramétricas. Os demais parâmetros avaliados
Material e Métodos
Doutorado Octávio Barbosa Neto
78
entre os indivíduos dos grupos sedentários, fisiculturistas usuários ou não de EAA foram
comparados através do teste ANOVA “one way” seguido pelo pós-teste de Tukey ou teste
Kruskal-Wallis seguido pelo pós-teste de Dunn's, de acordo com presença ou não de
normalidade de distribuição e/ou homogeneidade da variância. A diferença entre os
parâmetros foi considerada significativa quando p<0,05. As análises foram conduzidas
utilizando-se o software SigmaStat 2.3.0 (Jandel Scientific Software; SPSS, Chicago, IL).
Todos os dados foram expressos como média ± EPM.
RESULTADOS
Doutorado Octávio Barbosa Neto
80
6 RESULTADOS
6.1 Composição corporal e características antropométricas
Os dados referentes à média de idade e a composição corporal dos voluntários do
presente estudo estão apresentados na tabela 2. Analisando estes parâmetros, nota-se que não
houve diferenças em relação à idade e a estatura entre os grupos avaliados. Todavia,
evidenciou-se um maior peso corporal em fisiculturistas usuários de EAA quando comparados
aos fisiculturistas não usuários e sedentários (p<0,005). O que também foi constatado ao
avaliar o IMC (p<0,05).
Por outro lado, os indivíduos que não realizam atividades físicas possuem maiores
valores de massa gorda e de porcentagem de gordura em comparação aos atletas usuários de
esteróides e aos não usuários (p<0,001), e menores valores de massa magra, massa muscular e
porcentagem de músculo em relação aos grupos FNE (p<0,05) e FUE (p<0,005)
respectivamente. Entre os grupos de fisiculturistas, observaram-se maiores valores de massa
magra e muscular em usuários de EAA (p<0,001).
Os resultados da avaliação antropométrica são visualizados na tabela 3. Não se
evidenciaram diferenças nos valores de circunferências da cintura, do abdome e do quadril
entre os grupos. Contudo, constatou-se valores inferiores de circunferências do tórax, ante
braço, braço e coxas nos indivíduos sedentários quando confrontados a ambos os grupos de
fisiculturistas (p<0,05), o que também ocorreu com o grupo FNE em comparação ao grupo
FUE (p<0,05). Por fim, os fisiculturistas usuários de esteróides apresentaram maiores
circunferências de panturrilhas em relação aos sedentários (p<0,05).
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
81
Tabela 2: Valores médios da idade e da composição corporal dos grupos sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de
EAA (FUE).
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
Idade (anos) 30,2 ± 0,8 30,0 ± 1,0 29,2 ± 1,1
Peso (Kg) 81,6 ± 2,9 85,6 ± 3,1 99,1 ± 2,1*#
Estatura (m) 1,73 ± 0,0 1,75 ± 0,0 1,79 ± 0,0
IMC (Kg/m
2
) 27,0 ± 0,8 27,7 ± 0,8 30,8 ± 0,4*#
Massa Gorda (Kg) 17,5 ± 1,1 12,4 ± 1,2* 12,4 ± 1,1*
Gordura (%) 21,1 ± 0,9 14,2 ± 1,0* 12,5 ± 1,1*
Massa Magra (Kg) 64,1 ± 2,1 73,1 ± 2,1* 86,7 ± 2,2*#
Massa Muscular (Kg) 44,8 ± 1,5 52,9 ± 1,5* 63,0 ± 1,8*#
Músculo (%) 55,2 ± 0,7 62,1 ± 1,1* 63,5 ± 1,1*
Dados expressos como média ± EPM. Abreviaturas: Índice de Massa Corpórea (IMC); Quilograma (Kg);
Metro (m) e Centímetro (cm).
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Tabela 3: Valores médios das características antropométricas dos grupos sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de
EAA (FUE).
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
Tórax (cm) 98,9 ± 1,1 106,5 ± 1,9* 112,3 ± 1,5*#
Cintura (cm) 88,9 ± 1,9 86,4 ± 1,8 92,1 ± 1,2
Abdome (cm) 94,8 ± 2,3 89,7 ± 1,9 93,6 ± 1,5
Quadril (cm) 102,4 ± 1,7 101,4 ± 2,1 106,1 ± 1,0
Ante braço D (cm) 29,0 ± 0,5 30,7 ± 0,5* 33,8 ± 0,3*#
Ante braço E (cm) 28,6 ± 0,5 30,7 ± 0,5* 33,6 ± 0,4*#
Braço D (cm) 32,9 ± 0,8 40,3 ± 0,7* 43,4 ± 0,6*#
Braço E (cm) 32,3 ± 0,8 40,2 ± 0,7* 43,1 ± 0,5*#
Coxa D (cm) 57,8 ± 0,9 61,7 ± 1,2* 65,5 ± 0,9*#
Coxa E (cm) 57,0 ± 0,9 61,0 ± 1,2* 64,7 ± 0,9*#
Panturrilha D (cm) 37,7 ± 0,6 38,1 ± 0,6 40,1 ± 0,3*
Panturrilha E (cm) 37,3 ± 0,6 38,6 ± 0,7 40,0 ± 0,3*
Dados expressos como média ± EPM. Abreviaturas: Direito (D); Esquerdo (E) e Centímetro (cm).
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
82
6.2 Histórico esportivo e padrões de uso dos EAA
De acordo com a anamnese realizada nos voluntários do presente estudo, verificou-se
que ambos os grupos de fisiculturistas não apresentaram diferenças significativas quanto ao
tempo de prática do halterofilismo, fato esse também observado em relação ao volume e a
duração semanal de treinamento (Tabela 4).
Tabela 4: Valores referentes aos dados do histórico esportivo obtidos na anamnese dos
grupos fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
Tempo de pratica do halterofilismo (anos) 6,3 ± 0,3 7,0 ± 0,2
Volume de treinamento semanal (vezes) 4,8 ± 0,2 5,3 ± 0,1
Duração de treinamento semanal (horas) 6,6 ± 0,2 7,4 ± 0,3
Dados expressos como média ± EPM
Os padrões de uso dos EAAs, que vinham sendo utilizados pelos fisiculturistas por
ocasião do estudo estão apresentados na tabela 5, e incluíam os seguintes esteróides:
stanozolol (Winstrol® Depot, Zambon), propianato de testosterona (Durateston®, Organon),
cipionato de testosterona (Deposteron®, Sigma Pharma Ltda), decanoato de nandrolona
(Deca-Durabolin®, Organon) e oximetolona (Hemogenin®, Aventis Pharma). Os esteróides
mais utilizados entre os fisiculturistas foram: decanoato de nandrolona (80 %), propianato de
testosterona (73,3 %), stanozolol (53,3 %), cipionato de testosterona (33,3 %) e em menor
padrão de uso o esteróide oximetolona (13,3 %). A maioria dos usuários (93,3 %) fazia o uso
desses esteróides pelo método de combinação de drogas (Tabela 5).
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
83
De acordo com os relatos dos fisiculturistas usuários, os mesmos afirmaram que
adquiriam as drogas por fontes não médicas em estabelecimentos farmacêuticos (73,3%).
Esses compostos eram auto-administrados na grande maioria por via intramuscular (86,6%), e
a média do ciclo de uso foi de 9,8 ± 0,4 semanas, com padrões de uso piramidal e irregular,
em doses que variavam de atleta para atleta, sendo que a dosagem semanal média foi de 646,6
± 34,2 mg (Tabela 5).
Tabela 5: Tipo e período de uso dos Esteróides Anabólicos Androgênicos (EAA) por
fisiculturistas.
Grupo EAA Dosagem Semanal
(mg)
Tempo de Uso
(anos)
Ciclo de Uso
(semanas)
FUE-01 DN, PT, STZ 600 6 8
FUE-02 DN, PT, STZ 750 3,5 8
FUE-03 PT, STZ 1000 3,5 8
FUE-04 DN 500 2 10
FUE-05 CT, OXL, STZ 500 2,5 8
FUE-06 DN, PT 750 5 8
FUE-07 DN, PT, STZ 550 4 10
FUE-08 DN, PT, OXL 625 3 10
FUE-09 DN, PT 600 2 10
FUE-10 DN, PT, STZ 750 3,5 12
FUE-11 DN, CT, STZ 600 2,5 12
FUE-12 DN, PT, CT 600 6 8
FUE-13 PT, CT 750 5,5 12
FUE-14 DN, PT, STZ 525 4,5 12
FUE-15 DN, CT 600 4 12
Abreviaturas: DN = Decanoato de Nandrolona (Deca Durabolin); PT = Propionato de Testosterona
(Durateston); CT = Cipionato de Testosterona (Deposteron); STZ = Estanozolol (Winstrol); OXL =
Oximetolona (Hemogenin).
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
84
6.3 Avaliação hormonal
O resultado do perfil hormonal dos voluntários deste estudo revelou uma drástica
redução das concentrações de LH nos fisiculturistas usuários de EAA (0,4 ± 0,1 mUI/L)
quando comparados aos fisiculturistas não usuários (2,9 ± 0,2 mUI/L; p<0,001) e aos
indivíduos sedentários (3,5 ± 0,2 mUI/L; p<0,001) (Fig. 6). Redução essa que também foi
observada nas concentrações de FSH (0,8 ± 0,2 mUI/ml em FUE) versus (2,9 ± 0,2 mUI/ml
em FNE; p<0,001) e (3,4 ± 0,3 mUI/ml em SED; p<0,001) (Fig. 7) e de DHEA-S (98,8 ± 5,5
mcg/dL em FUE) versus (238,8 ± 25,5 mcg/dL em FNE; p<0,001) e (232,8 ± 18,7 mcg/dL em
SED; p<0,001), respectivamente (Fig. 8).
Por outro lado, os atletas que fazem uso de esteróides anabólicos apresentaram
elevados níveis de testosterona total (665,8 ± 87,6 ng/dL) em comparação aos não usuários
(417,0 ± 22,4 ng/dL; p<0,005) e sedentários (406,2 ± 34,4 ng/dL; p<0,005) (Fig. 9), o que
também foi evidenciado em relação ao hormônio estradiol (99,8 ± 7,7 pg/ml em FUE) versus
(40,2 ± 2,1 pg/ml em FNE; p<0,001) e (39,3 ± 3,0 pg/ml em SED; p<0,001) (Fig. 10).
Figura 6: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio luteinizante (LH) entre
os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,001 vs. SED e
#
p<0,001 vs. FNE.
LH (mUI/L)
0
1
2
3
4
5
SED FNE FUE
*
#
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
85
Figura 7: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio folículo estimulante
(FSH) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de
EAA (FUE).
*p<0,001 vs. SED e
#
p<0,001 vs. FNE.
Figura 8: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos do hormônio sulfato de
desidroepiandosterona (DHEA-S) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não
usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,001 vs. SED e
#
p<0,001 vs. FNE.
FSH (mUI/ml)
0
1
2
3
4
SED FNE FUE
*
#
DHEA-S (mcg/dL)
0
50
100
150
200
250
300
SED FNE FUE
*
#
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
86
Figura 9: Valores médios (±epm) dos níveis plasmáticos de testosterona total entre os
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,005 vs. SED e
#
p<0,005 vs. FNE.
Figura 10: Valores médios epm) dos níveis plasmáticos do hormônio Estradiol (E2) entre os
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,005 vs. SED e
#
p<0,005 vs. FNE.
Testosterona Total (ng/dL)
0
200
400
600
800
1000
SED FNE FUE
*
#
E
2
(pg/ml)
0
20
40
60
80
100
120
140
SED FNE FUE
*
#
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
87
6.4 Parâmetros hemodinâmicos em repouso e após manobra postural ativa
Analisando os níveis pressóricos basais, pode-se constatar que os atletas fisiculturistas
que fazem uso abusivo de esteróides possuem valores superiores de PAS (141,0 ± 2,2 mmHg)
em comparação a ambos os grupos FNE (129,0 ± 3,7 mmHg; p<0,05) e SED (123,6 ± 2,0
mmHg; p<0,001) (Fig. 11). Comportamento esse também observado na PAD (90,2 ± 3,4
mmHg em FUE) versus (79,2 ± 3,3 mmHg em FNE; p<0,05) e (75,0 ± 2,4 mmHg em SED;
p<0,005), respectivamente (Fig. 12).
Em relação à FC de repouso, entretanto, não se evidenciaram diferenças significativas
entre os grupos (67,5 ± 2,2 bpm em SED; 68,9 ± 1,6 bpm em FNE e 69,4 ± 2,9 bpm em FUE)
(Fig. 13). Em contrapartida, os usuários de EAA apresentaram valores do DP
significativamente maiores (9772,5 ± 415,4 mmHg.bpm) quando confrontados aos
sedentários (8356,9 ± 318,5 mmHg.bpm; p<0,05), mas não quanto ao grupo FNE (8862,6 ±
279,8 mmHg.bpm) (Fig. 14).
Figura 11: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial sistólica (PAS) entre os
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,001 vs. SED e
#
p<0,05 vs. FNE.
*
Pressão Arterial Sistólica
(mmHg)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
#
SED FNE FUE
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
88
Figura 12: Valores médios (±epm) dos níveis basais da pressão arterial diastólica (PAD) entre
os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,005 vs. SED e
#
p<0,05 vs. FNE.
Figura 13: Valores médios (±epm) da frequência cardíaca (FC) de repouso entre os sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
Pressão Arterial Diastólica
(mmHg)
0
20
40
60
80
100
120
SED FNE FUE
*
#
Frequência Cardíaca
(bpm)
0
20
40
60
80
SED FNE FUE
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
89
Figura 14: Valores médios (±epm) do duplo produto (DP) entre os sedentários controles (SED),
fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,05 vs. SED.
A amplitude de resposta (%) induzida pela manobra postural ativa na PAS está
apresentada na figura 15. Nota-se que os voluntários do grupo FUE obtiveram menores
respostas ao teste tilt (0,1 ± 0,3 %) em comparação aos grupos FNE (3,7 ± 0,8 %; p<0,001) e
SED (3,8 ± 0,4 %; p<0,001). Dados semelhantes foram observados no % da PAD, atletas
usuários de EAA apresentaram uma menor amplitude de resposta (0,5 ± 0,4 %) quando
comparados aos não usuários (4,3 ± 0,7 %; p<0,001) e sedentários (5,8 ± 1,3 %; p<0,001)
(Fig. 16).
Em relação ao comportamento da FC por outro lado, o grupo esteróide demonstrou
possuir uma menor taquicardia em resposta ao tilt ativo (8,0 ± 1,4 %) do que o grupo
sedentário controle (15,0 ± 1,7 %; p<0,05), mas não ao grupo FNE (12,6 ± 2,0 %) (Fig. 17).
A figura 18 refere-se ao % do DP. Ao confrontarmos ambos os grupos de
fisiculturistas, podemos evidenciar que os FUE apresentaram uma menor amplitude de
resposta (12,6 ± 2,4 %) em comparação aos FNE (23,6 ± 3,5 %; p<0,05), bem como aos SED
(27,4 ± 2,9 %; p<0,005).
Duplo Produto
(mmHg x bpm)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
SED FNE FUE
*
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
90
Figura 15: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na pressão
arterial sistólica (PAS) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE)
e usuários de EAA (FUE).
*p<0,001 vs. SED e
#
p<0,001 vs. FNE.
Figura 16: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na pressão
arterial diastólica (PAD) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários
(FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,001 vs. SED e
#
p<0,001 vs. FNE.
Pressão Arterial Sistólica
(
%)
0
1
2
3
4
5
SED FNE FUE
#
*
Pressão Arterial Diastólica
(
%)
0
2
4
6
8
SED FNE FUE
#
*
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
91
Figura 17: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na
frequência cardíaca (FC) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários
(FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,05 vs. SED.
Figura 18: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) no duplo
produto (DP) entre os sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários
de EAA (FUE).
*p<0,005 vs. SED e
#
p<0,05 vs. FNE.
Frequência Cardíaca
(
%)
0
5
10
15
20
25
30
SED FNE FUE
*
Duplo Produto
(
%)
0
5
10
15
20
25
30
35
SED FNE FUE
#
*
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
92
6.5 VFC da cardíaca em repouso e após manobra postural ativa
A análise da VFC no DT e DF na situação de repouso pode ser observada para os
grupos SED, FNE e FUE na Tabela 6. Esses dados evidenciam que não ocorreram diferenças
consideráveis entre os parâmetros, iRR, variância e componente VLF. Todavia, no grupo
FUE, o componente da banda LF, bem como seus valores normalizados (LFnu), se encontram
elevados em relação aos grupos FNE (p<0,001) e SED (p<0,001), o que também pode ser
observado no balanço simpato-vagal, dado pela razão LF/HF (p<0,001). Por outro lado, os
valores normalizados da banda de alta frequência (HFnu), foram significativamente menores
nos fisiculturistas usuários de EAA quando comparados aos fisiculturistas não usuários
(p<0,001) e sedentários controle (p<0,001). O componente HF do grupo FUE também foi
inferior ao grupo SED (p<0,05), mais não em relação ao grupo FNE (Tabela 6).
A amplitude de resposta da VFC após o estresse ortostático pode ser vista na tabela 7.
Percebe-se que o grupo esteróide apresentou uma menor diminuição do iRR em comparação
ao grupo sedentário (p<0,05). Evidenciou-se também que os atletas usuários de EAA tiveram
uma menor resposta do componente LF quando confrontados aos não usuários (p<0,05) e
sedentários (p=0,005), bem como uma menor elevação do LFnu em relação ao grupo SED
(p=0,007). A resposta do índice simpato-vagal (LF/HF) pós ortostase, foi significativamente
inferior no grupo FUE quando comparado ao grupo SED (p<0,005). Não se observaram
diferenças significativas nos valores da variância, VLF, HF e HFnu entre os voluntários do
presente estudo após a manobra postural ativa (Tabela 7).
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
93
Tabela 6: Valores médios associados à VFC no domínio do tempo (DT) e da frequência (DF)
em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas
usuários de EAA (FUE) em repouso.
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
iRR (ms)
0,902 ± 0,0
0,878 ± 0,0
0,886 ± 0,0
Variância (ms
2
)
4293,8 ± 814,4 3199,2 ± 535,4
2301,0 ± 386,3
VLF (ms
2
)
1260,2 ± 250,2 1908,1 ± 630,8 1571,6 ± 318,1
LF (ms
2
)
802,7 ± 95,0 711,7 ± 66,7 1711,0 ± 133,6*#
LF, nu (%)
48,9 ± 4,3 48,8 ± 4,3 73,0 ± 3,5*#
HF (ms
2
)
1265,7 ± 248,8 742,3 ± 156,8 647,7 ± 266,6*
HF, nu (%)
50,9 ± 4,3 48,5 ± 5,0 26,9 ± 3,5*#
Relação LF / HF
0,83 ± 0,1 1,90 ± 0,5 6,58 ± 1,4*#
Dados expressos como média ±EPM. iRR (intervalo RR), VLF (potência de banda de muito baixa frequência),
LF (potência de banda de baixa freqüência), LFnu (potência de banda de baixa freqüência em unidades
normalizadas), HF (potência de banda de alta frequência) e HFnu (potência de banda de alta frequência em
unidades normalizadas).
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Tabela 7: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) na VFC em
voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas
usuários de EAA (FUE).
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
iRR (%)
-17,8 ± 1,8
-15,2 ± 2,1
-10,5 ± 1,8*
Variância (%)
18,2 ± 28,0 21,8 ± 17,3
126,8 ± 85,0
VLF (%)
139,0 ± 69,0 46,8 ± 35,0 306,5 ± 299,0
LF (%)
65,2 ± 24,0 49,0 ± 18,8 -24,1 ± 12,4*#
LF, nu (%)
70,7 ± 13,1 90,6 ± 31,1 22,5 ± 7,2*
HF (%)
-69,4 ± 7,2 -29,2 ± 14,4 -29,5 ± 16,4
HF, nu (%)
-57,3 ± 6,2 -29,2 ± 27,3 -32,6 ± 15,6
Relação LF / HF (%)
891,9 ± 264,3 467,0 ± 228,9 127,1 ± 69,7*
Dados expressos como média ±EPM. iRR (intervalo RR), VLF (potência de banda de muito baixa frequência), LF
(potência de banda de baixa freqüência), LFnu (potência de banda de baixa freqüência em unidades normalizadas),
HF (potência de banda de alta frequência) e HFnu (potência de banda de alta frequência em unidades
normalizadas).
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
94
6.6 Análise simbólica
Os resultados das análises de complexidade e simbólica nas posições supina e
ortostática estão demonstrados nas tabelas 8 e 9. Na situação de repouso com os voluntários
em decúbito dorsal (Tabela 8), não se observaram diferenças relevantes quanto à média dos
iRR e a variância entre os grupos avaliados neste estudo. Contudo, nota-se que a ES
apresentou menores valores nos atletas usuários de EAA do que nos voluntários do grupo
sedentário (p<0,05). A análise simbólica indicou um aumento do padrão 0V no grupo FUE
em comparação aos grupos FNE (p<0,05) e SED (p<0,001). Por outro lado, observou-se uma
redução do padrão 2VS nos atletas fisiculturistas usuários e não usuários de esteróides quando
confrontados aos voluntários sedentários (p<0,005). Em relação ao padrão 2VD, percebe-se
similares reduções no grupo esteróides comparados aos atletas não usuários (p<0,05) e
indivíduos sedentários (p<0,001) (Tabela 8).
Após o teste tilt, observou-se que o grupo FUE apresentou uma menor redução nos
valores de iRR em relação ao grupo SED (p<0,05) (Tabela 9). Podemos observar ainda que os
fisiculturistas usuários de EAA apresentaram menores respostas do padrão 0V quando
confrontados aos grupos FNE e SED (p<0,001), respectivamente. Não se constatou diferenças
significativas quanto à variância e a ES, bem como os padrões 1V, 2VS e 2VD entre os
grupos após o ortostatismo (Tabela 9).
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
95
Tabela 8: Valores médios de complexidade da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e
da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas o usuários de EAA
(FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE) em repouso.
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
iRR (ms)
0,915 ± 0,0
0,881 ± 0,0
0,876 ± 0,0
Variância (ms
2
)
3990,3 ± 1009,2 3042,3 ± 602,3
3454,3 ± 914,1
ES
3,6 ± 0,0 3,3 ± 0,1 3,1 ± 0,1*
Análise Simbólica
0V (%)
21,1 ± 2,0 30,8 ± 2,9 43,5 ± 4,3*#
1V (%)
44,3 ± 1,2 42,8 ± 2,0 39,0 ± 2,5
2VS (%)
13,6 ± 1,7 7,3 ± 0,8* 6,5 ± 1,1*
2VD (%)
20,7 ± 1,2 17,1 ± 2,3 10,8 ± 1,4*#
Dados expressos como média ±EPM. Abreviaturas: iRR (intervalo RR), ES (Entropia de Shannon), 0V (padrões
sem variação), 1V (padrões com 1 variação), 2VS (padrões com 2 variações) e 2VD (padrões com 2 variações
diferentes).
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Tabela 9: Valores médios (±epm) da resposta induzida pela manobra de tilt (%) da
complexidade da VFC e da análise simbólica em voluntários sedentários (SED), fisiculturistas
não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
iRR (%)
-18,1 ± 1,7
-15,5 ± 1,9
-11,1 ± 2,3*
Variância (%)
71,3 ± 45,3 11,1 ± 15,4
32,6 ± 33,9
ES (%)
-15,4 ± 4,1 10,5 ± 12,9 0,7 ± 6,8
Análise Simbólica
0V (%)
99,0 ± 10,9 55,1 ± 13,4 12,0 ± 5,1*#
1V (%)
-3,4 ± 4,8 10,6 ± 7,6 3,4 ± 6,2
2VS (%)
-44,6 ± 11,2 -8,7 ± 9,6 4,7 ± 23,5
2VD (%)
-61,4 ± 6,5 -37,1 ± 13,8 -24,9 ± 13,5
Dados expressos como média ±EPM. Abreviaturas: iRR (intervalo RR), ES (Entropia de Shannon), 0V (padrões
sem variação), 1V (padrões com 1 variação), 2VS (padrões com 2 variações) e 2VD (padrões com 2 variações
diferentes).
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
96
6.7 Estudo ecocardiográfico
Os valores das várias medidas do ecodopplercardiograma colorido são mostrados na
Tabela 10. Nota-se que não ocorreram modificações no DdVE e no DsVE entre os voluntários
deste estudo. Em contra partida, a EPPd e a ESd do VE se encontram significativamente
aumentadas no grupo esteróides quando comparados aos não usuários (p<0,001) e sedentários
(p<0,001). O que também ocorreu em relação à MVE (p<0,001). Além do mais, os atletas não
usuários de anabolizantes apresentaram uma MVE superior ao grupo sedentário (p<0,001).
Esta tabela nos evidencia ainda que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram valores
superiores do VDF em comparação aos indivíduos do grupo SED (p<0,005).
O iMVE obtido pela divisão da MVE pela superfície corpórea (Fig. 19), foi
significativamente maior nos usuários de EAA (127,7 ± 3,9 g/m
2
) comparados aos sedentários
(71,8 ± 3,5 g/m
2
; p<0,001) e não usuários (89,6 ± 2,2 g/m
2
; p<0,001). O que também ocorreu
entre os grupos de esportistas (p<0,001).
A espessura relativa do VE, definida pela soma das EPPd e ESd do VE em relação à
DdVE (Fig. 20), foi superior nos sujeitos que fazem uso de EAA (0,46 ± 0,0) quando
confrontados aos voluntários não usuários (0,34 ± 0,0; p<0,001) e sedentários (0,32 ± 0,0;
p<0,001).
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
97
Tabela 10: Valores médios das varáveis do estudo ecocardiográfico bidimensional em
voluntários sedentários (SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas
usuários de EAA (FUE).
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
DdVE (mm)
48,4 ± 1,1 50,4 ± 1,3 51,8 ± 1,0
DsVE (mm)
29,4 ± 1,0 31,9 ± 0,9
32,3 ± 1,5
EPPd (mm)
7,7 ± 0,2 8,7 ± 0,2 11,5 ± 0,3*#
ESd (mm)
8,0 ± 0,2 8,6 ± 0,2 12,3 ± 0.4*#
MVE (g)
139,3 ± 7,3 178,9 ± 5,6* 243,7 ± 4,2*#
VDF (ml)
110,7 ± 6,0 130,5 ± 4,8* 131,1 ± 3,0*
VSF (ml)
27,5 ± 2,1 35,4 ± 2,3 35,3 ± 3,8
VS (ml)
83,2 ± 5,1 95,0 ± 3,5 95,7 ± 2,0
DC (ml/min)
5,5 ± 0,2 6,4 ± 0,2 6,5 ± 0,4
FE (%)
75,5 ± 1,3 73,0 ± 1,3 73,2 ± 1,6
Dados expressos como média ±EPM.
DdVE (diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo); DsVE (diâmetro sistólico final do ventrículo
esquerdo); EPPd (espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo no final da diástole); ESd (espessura do
septo interventricular no final da diástole); MVE (massa ventricular esquerda); VDF (volume diastólico final),
VSF (volume sistólico final); VS (volume sistólico); DC (débito cardíaco) e FE (fração de ejeção).
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Figura 19: Valores médios (±epm) do índice de massa ventricular esquerda (iMVE)
obtido pela divisão da MVE pela área da superfície corporal entre os sedentários
controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*P<0,001 vs. SED; #P<0,001 vs. SED.
*
iMVE - SC
(g/m²)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
SED FNE FUE
#
*
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
98
Figura 20: Valores médios (±epm) da espessura relativa do VE definida pela soma
das EPPd e ESd do VE em relação à DdVE entre os sedentários controles (SED),
fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
*p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.
6.8 Parâmetros eletrocardiográficos
Os valores obtidos através do ECG de repouso estão visualizados na tabela 11. Ao
analisar a duração das ondas eletrocardiográficas percebe-se que não ocorreram diferenças
significativas quanto à duração da onda P, bem como os intervalos PR, QRS, QT e o
segmento ST. Todavia, após a correção do intervalo QT pela FC (QTc), nota-se que o grupo
de atletas usuários de EAA apresentaram valores significativamente maiores em relação aos
sedentários (p<0,05). Os eixos elétricos frontais P e T dos sinais obtidos pelo ECG não
diferiram entre os voluntários do presente estudo. Por outro lado, o grupo esteróide apresentou
menores valores do eixo QRS em comparação aos não usuários (p=0,020) e sedentários
(p=0,018).
A dispersão do intervalo QT não se mostrou alterada entre os grupos avaliados (Fig.
21). Em contrapartida, a DQTc foi superior nos fisiculturistas em uso abusivo de
Espessura Relativa - VE
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
SED FNE FUE
*
#
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
99
anabolizantes (67,6 ± 5,2 ms) ao serem confrontados aos indivíduos do grupo SED (42,9 ± 2,2
ms; p<0,001) (Fig. 22).
A figura 23 nos demonstra o ISL dos participantes deste estudo, o qual é um parâmetro
sugestivo do diagnóstico de HVE. Nessa figura podemos evidenciar que os valores deste
índice nos usuários de esteróides foram estatisticamente superiores (29,0 ± 0,4 mm) em
relação aos não usuários e sedentários (21,1 ± 0,6 mm e 15,6 ± 0,7 mm; p<0,001),
respectivamente. O que também pode ser observado entre os grupos FNE e SED (p<0,001).
Tabela 11: Valores médios dos parâmetros eletrocardiográficos em voluntários sedentários
(SED), fisiculturistas não usuários de EAA (FNE) e fisiculturistas usuários de EAA (FUE).
SED
(n=15)
FNE
(n=15)
FUE
(n=15)
Duração onda P (ms)
82,3 ± 2,2
84,7 ± 3,0
87,4 ± 1,8
Intervalo PR (ms)
136,1 ± 5,7 140,6 ± 6,5
153,4 ± 8,3
Intervalo QRS (ms)
58,6 ± 4,0 62,8 ± 4,2 63,7 ± 4,3
Segmento ST (ms)
116,0 ± 6,6 117,6 ± 6,2 118,3 ± 6,6
Intervalo QT (ms)
343,7 ± 3,3 342,8 ± 6,0 358,8 ± 8,8
Intevalo QTc (ms
1/2
)
354,9 ± 4,0 360,6 ± 5,0 375,5 ± 6,7*
Eixo P (Graus)
51,5 ± 5,1 43,2 ± 4,7 44,0 ± 5,0
Eixo QRS (Graus)
54,7 ± 7,1 46,9 ± 5,1 17,8 ± 7,4*#
Eixo T (Graus)
35,4 ± 5,3 30,8 ± 5,7 24,9 ± 6,4
Dados expressos como média ±EPM.
*p<0,05 vs. SED e #p<0,05 vs. FNE.
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
100
Figura 21: Valores médios (±epm) da dispersão QT entre os sedentários controles
(SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA (FUE).
Figura 22: Valores médios (±epm) da dispersão do QT corrigido (DQTc) entre os
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA
(FUE).
*p=0,001.
Dispersão QT
(ms)
0
10
20
30
40
50
60
SED FNE FUE
Dispersão QTc
(ms
1/2
)
0
20
40
60
80
SED FNE FUE
*
Resultados
Doutorado Octávio Barbosa Neto
101
Figura 23: Valores médios (±epm) do índice de Sokolow-Lyon (ISL) entre os
sedentários controles (SED), fisiculturistas não usuários (FNE) e usuários de EAA
(FUE).
*p<0,001 vs. SED e #p<0,001 vs. FNE.
*
Índice de Sokolow-Lyon
(mm)
0
10
20
30
40
SED FNE FUE
#
*
DISCUSSÃO
Doutorado Octávio Barbosa Neto
103
7 DISCUSSÃO
Estudos demonstrando os efeitos do uso de doses suprafisiológicas de esteróides
anabolizantes são de grande importância para elucidação dos principais parâmetros
fisiológicos acometidos com o excesso de consumo destas drogas sintéticas. Nesse sentido,
nosso estudo demonstra uma clara relação existente entre o uso abusivo de EAA e o
comprometimento de algumas variáveis hormonais e hemodinâmicas, bem como disfunções
autonômicas, eletrofisiológicas e morfofuncionais cardíacas.
Sabe-se que a prática de exercício físico regular pode levar a modificações da
composição corporal, aumentando a massa muscular e reduzindo a gordura corpórea. Porém,
a interminável busca pelo corpo ideal está evidente na sociedade atual, a qual faz do corpo um
objeto de possível modelagem. Diversas são as formas de se esculpir a imagem corporal, seja
aumentando ou diminuindo proporções, modificando-se assim a estética natural. Dentre os
meios de se modelar a estética corporal encontra-se o uso de EAA, que pode ser considerado
uma via de efeito rápido para tais fins. Os usuários de EAA fazem-no com intuito de alcançar
seus potentes efeitos anabólicos, isto é, o efeito que aumenta a massa muscular e proporciona
força física.
Em nosso estudo, evidenciamos significativas diferenças quanto à composição
corporal entre os grupos avaliados. Analisando-se estes dados, observamos que os atletas do
grupo esteróide apresentaram maiores valores de peso corporal e IMC em relação aos não
usuários e sedentários. Resultados esses que vão de encontro ao estudo realizado por Montisci
et al. (2010).
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
104
Levando em consideração os valores de IMC e sua devida classificação, podemos ter
uma razoável ideia da composição corporal de indivíduos sedentários. Por outro lado,
ressalta-se que o IMC não é um método muito fidedigno como padrão único para avaliar o
grau de adiposidade de indivíduos ativos e sua composição corporal, uma vez que estes, pela
prática intensa de atividade física, acabam por adquirir maior peso corporal em virtude de
ganho de massa muscular, o que gera um IMC maior, sem significar excesso de adiposidade.
Existe uma diferença básica entre excesso de peso e obesidade. O primeiro é quando a
massa corporal como um todo excede a determinados limites, e o segundo caso é a condição
na qual apenas a quantidade de gordura corporal ultrapassa os limites desejados. casos em
que os indivíduos podem ser considerados pesados, e não gordos, pelo desenvolvimento
muscular, e não pelo excesso de gordura, logo não comprometem seu estado de saúde, e
outros casos de indivíduos com menor peso corporal que possuem certa quantidade de
gordura que os prejudica, devido à deficiência muscular. Sendo assim, o IMC deve ser
associado a outras variáveis de composição corporal para a avaliação da adiposidade dos
esportistas.
Nesse sentido, constatamos que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram
menores valores de gordura corporal. Tais achados também foram evidenciados no estudo
proposto por Maesta et al. (2000), que encontraram em fisiculturistas de elite brasileiros, um
percentual de gordura corporal abaixo da media com valores superiores de IMC, o que,
segundo os valores padronizados para a população em geral, os consideraria indivíduos
com sobrepeso, o que não é o caso.
Nossos dados demonstram ainda, que os atletas usuários e não usuários de EAA
apresentaram maiores índices de massa muscular quando comparados aos indivíduos
sedentários. Dados esses também observados por Urhausen et al. (2004). Em adição, a massa
muscular livre de gordura dos fisiculturistas do grupo esteróides foi superior aos não usuários.
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
105
Os quais corroboram com estudos prévios (Joubert, Toubin, 1989; Tamaki et al., 2001;
Urhausen et al., 2004).
De fato, acredita-se que os EAA melhoram o desempenho atlético por aumentarem a
massa muscular através do aumento da síntese protéica muscular, da promoção da retenção de
nitrogênio, da inibição do catabolismo protéico e da estimulação da eritropoiese (Ghaphery,
1995; Kadi, 2000; Hartgens, Kuipers, 2004).
Estudos controlados demonstraram um aumento tanto no mero quanto no tamanho
individual de fibras musculares em resposta à administração de EAA. Estas respostas são
potencializadas pela associação do tratamento ao treinamento de força, visando hipertrofia
muscular (Joubert, Toubin, 1989; Tamaki et al., 2001).
As fibras musculares esqueléticas são multinucleadas. Alguns autores consideram que
a hipertrofia resultante do uso de EAA, associado à prática de exercícios resistidos, é
decorrente do aumento no número de mionúcleos, mantendo constante a relação
mionúcleos/volume citoplasmático. A principal fonte de mionúcleos é proveniente da
ativação, proliferação e incorporação de células-satélite ao músculo correspondente. Estas,
por sua vez, também possuem receptores androgênicos (Doumit et al., 1996; Kuhn, 2002).
Entre os mecanismos envolvidos no aumento da massa muscular, estão o aumento da
síntese protéica via RNAm, através da estimulação intramuscular da expressão do gene para o
IGF-I, além do balanço nitrogenado positivo, inibição do catabolismo protéico, bem como
efeitos na junção neuromuscular (Kadi, 2000; Smurawa, Congeni, 2007).
Neste contexto, advoga-se que, com o uso de esteróides, a proteína ingerida possui
uma potencial assimilação de seus aminoácidos, proporcionando retenção de nitrogênio com
desenvolvimento e crescimento muscular. Todavia, tal efeito é temporário devido a
mecanismos homeostáticos do organismo (Goldwire, Price, 1995; Holland-Hall, 2007).
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
106
Existem evidências do papel anticatabólico exercido pela administração de doses
suprafisiológicas de testosterona e/ou de seus análogos. Esse fato é caracterizado pela
competição destas substâncias pelos receptores dos glicocorticóides que são liberados em
situações de estresse durante exercícios intensos, o que inibe parcialmente a expressão dos
efeitos catabólicos provocados pelos glicocorticóides, uma vez que seus sítios de ação estão
ocupados. Dados obtidos através de estudos com animais também confirmam este efeito.
Assim, pode-se dizer que este efeito contribui para aumentar a massa muscular através da
inibição da degradação protéica (Holland-Hall, 2007).
Além disso, Gonzáles et al. (2000), evidenciaram aumento da expressão da proteína do
choque térmico HSP72 em fibras glicolíticas após a administração de decanoato de
nandrolona em ratos wistar, na qual contribui para o aumento da tolerância do músculo
esquelético ao treinamento de alta intensidade. Essa proteína é usualmente sintetizada em
resposta ao estresse, inclusive naquele causado pelo exercício físico.
Os dados obtidos por meio dos questionários aplicados na etapa de inclusão do estudo
permitiram evidenciar que os esteróides anabólicos mais utilizados foram: decanoato de
nandrolona, propianato de testosterona e estanozolol, por via intramuscular. Somente em dois
casos (13,3%), foi constatada a administração por via oral utilizando-se o esteróide
oximetolona. Nossos achados estão de acordo com estudos prévios (Franco Silva, Moreau,
2003; Pedroso Silva et al., 2007; Maior et al., 2009). A literatura demonstra que a preferência
pelo uso do decanoato de nandrolona se relaciona ao fato deste esteróide inibir a ação
enzimática da 5α-redutase, não ocorrendo dessa forma, a conversão dos EAA para DHT,
consequentemente, provocando um menor efeito androgênico (Hartgens, Kuipers, 2004).
Em relação aos padrões de uso, o questionário evidenciou que os atletas
administravam com o padrão de pirâmide, que se caracteriza pelo uso de doses crescentes até
o final do primeiro período, seguido por doses decrescentes até o final do ciclo, e, padrões
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
107
irregulares, que se caracteriza por sequências de uso determinadas aleatoriamente,
dependendo da finalidade pretendida. O padrão irregular foi o mais utilizado pelos
fisiculturistas (53,3%) alocados neste estudo. Esse achado se apresenta semelhante ao
evidenciado por Iriart e Andrade (2002). Entretanto, o padrão de uso em pirâmide apresenta-
se também em destaque, que foi utilizado por 46,7% dos voluntários e é a série de uso pré-
estabelecida mais descrita pela literatura. Constatamos ainda que o ciclo de uso foi de 9,8 ±
0,4 semanas e a dosagem semanal média foi de 646,6 ± 34,2 mg, resultados esses que estão
condizentes com os de Venâncio et al. (2010).
Atualmente, sabe-se que o abuso de esteróides anabólicos deixou de ser uma questão
exclusiva ao universo do esporte de alto rendimento para tornar-se um problema de saúde
pública global. Informações reais de prevalência do abuso de EAA são extremamente difíceis
de ser obtida, tanto em atletas, quanto em não atletas, o que se deve, essencialmente, ao fato
de que a principal metodologia empregada nas pesquisas baseia-se em questionários de auto-
relato, instrumento o qual é amplamente suscetível à omissão e distorção de informações,
principalmente aquelas referentes ao abuso de substâncias. Portanto, com intuito de constatar
o uso abusivo dessas drogas, realizamos a avaliação do perfil hormonal desses atletas.
A manipulação de doses suprafisiológicas de hormônios anabólicos promove
modificações sobre o padrão hormonal. Embora a sugestão de relação causal seja
problemática, algumas alterações hormonais ocorrem sistematicamente junto às alterações
metabólicas.
Os parâmetros hormonais apresentaram-se alterados nos fisiculturistas usuários de
esteróides avaliados nesse trabalho. O uso de EAA levou a supressão da liberação das
gonadotrofinas LH e FSH, que é um efeito reportado em diversos estudos na literatura (Small
et al., 1984; Alén et al., 1985; Iñigo et al., 2000; Bonetti et al., 2008; Venâncio et al., 2010). A
queda dos níveis séricos destes hormônios é explicada devido ao mecanismo de
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
108
retroalimentação negativa sobre o eixo hipotálamo-hipófise, promovido pela alta
concentração sanguínea de esteróides (Torres-Calleja et al., 2000). Small et al. (1984)
inferiram que a inibição crônica do eixo hipofisário, caracterizado clinicamente por longos
períodos de azoospermia, podem determinar quadros de infertilidade irreversíveis.
Particularmente, a redução dos níveis de FSH pode desencadear diminuições na contagem,
mobilidade e alterações na morfologia dos espermatozóides (Bonetti et al., 2008). Quanto às
reduções das concentrações de LH, esse processo leva a alteração da sinalização para a síntese
e posterior liberação de testosterona. Possivelmente, essa seja uma explicação para os baixos
níveis de testosterona em estudo realizados com usuários de EAA, dependendo da classe de
substâncias utilizadas.
O recente interesse científico e público com relação ao DHEA-S, foi impulsionado, em
grande parte, pelas frequentes evidências publicadas nos últimos anos, que sugerem uma
marcada relação entre o declínio desse hormônio endógeno e o envelhecimento. Estes achados
motivam a hipótese de que o declínio hormonal determina um estado de deficiência hormonal
verdadeiro, podendo representar algo significativo em pacientes com idade avançada
(Hornsby, 1997; Miller, 1997). Por estas razões, tem sido proposto terapias de reposição
hormonal com DHEA, com o objetivo de restaurar os níveis basais do DHEA-S em homens
idosos, e assim promover uma série de benefícios em condições relacionadas com a idade,
como por exemplo, nas doenças cardiovasculares, no diabetes, nas disfunções imunológicas,
na depressão, nas doenças neoplásicas, nas disfunções músculo esqueléticas e sexuais
(Morales et al., 1994; Hornsby, 1997).
Em nosso estudo, constatamos baixos níveis de DHEA-S em usuários de EAA
comparados aos não usuários e sedentários. Entretanto, até onde sabemos não se encontram
estudos referentes às alterações desse hormônio com o uso abusivo de esteróides anabólicos.
Um possível mecanismo que poderia explicar esse fato estaria na alteração da liberação do
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
109
hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) no eixo hipotálamo-hipófise. Sabe-se que DHEA-S é
um hormônio endógeno sintetizado e excretado primariamente pela zona reticular do córtex
adrenal, em resposta ao estímulo do ACTH, secretado pela pituitária. O exato mecanismo de
ação e o papel clínico desta substância permanecem desconhecidos (Morales et al., 1994).
Estudos prévios demonstram haver uma forte ligação entre o aumento das
concentrações de testosterona e a supressão do eixo hormônio adrenocorticóide-cortisol
(ACTH-cortisol), explicando em parte a elevada síntese protéica (Van Breda et al., 1993;
Ferrando et al., 1998). Alén e Häkkinen (1985) observaram reduções nos níveis de ACTH
durante a manipulação de testosterona em atletas de levantamento de peso, embora o cortisol
não tenha se alterado. A supressão do eixo ACTH-cortisol ocorre, pois uma ação
concorrente entre testosterona e cortisol para os mesmos receptores de membrana (Van Breda
et al., 1993), atenuando os efeitos catabólicos promovidos pelo cortisol.
Nossos dados demonstram uma elevada concentração sérica de testosterona em
fisiculturistas usuários de EAA. Resultados esses que estão de acordo com estudos realizados
em humanos (Venâncio et al., 2010) e animais de experimentação (Rocha et al., 2007; Soci et
al., 2009). Possivelmente, tal fato tenha ocorrido devido ao uso de doses maciças dos
esteróides Durateston (propianato de testosterona) e Deposteron (cipionato de testosterona)
verificados em nosso trabalho.
Adicionalmente a isso, os voluntários do grupo que faziam uso dos esteróides
anabolizantes apresentaram alto nível de E
2
, que corroboram com os achados de Alén et al.
(1985), Iñigo et al. (2000), Torres-Calleja et al. (2001), Urhausen et al. (2003) e Venâncio et
al. (2010), na qual reportaram que doses suprafisiológicas de testosterona propiciam o
aumento sérico desse hormônio, e consequentemente, aromatização enzimática do mesmo a
E
2
. As repercussões dessa alteração podem ir desde ao fechamento prematuro das epífises
ósseas, no caso de indivíduos que ainda não completaram o crescimento, a alterações
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
110
comportamentais, como instalação de ansiedade e depressão (Hartgens, Kuipers, 2004). Além
disso, é bastante comum, por conta da elevação de E
2
, usuários de esteróides apresentarem
acúmulo de gordura em determinados sítios do corpo, como por exemplo, na região dos
mamilos, onde desenvolve o quadro de ginecomastia.
Elevados níveis pressóricos em repouso foram encontrados nos fisiculturistas usuários
de esteróides desse estudo, nos quais confirmam alguns dados encontrados na literatura (Freed
et al., 1975; Deligiannis et al., 1988; Lenders et al., 1988; Alves et al., 2010). Embora
inconclusivos até o momento, diversos autores acreditam que este efeito hipertensivo dos
EAA seja dose, droga e tempo dependente (Kleiner et al., 1989; Thompson et al., 1989).
Evidências demonstraram que em médio prazo um aumento na PA com o uso de
esteróides (Grace et al., 2003). De fato, os esteróides anabolizantes tem sido associados com
hipertensão arterial em ratos (Beutel et al., 2005) e em atletas (Urhausen et al., 2004).
Acredita-se que um dos motivos que expliquem o desenvolvimento a hipertensão é a retenção
hídrica e de sais desencadeados pelos EAA. O aumento do volume plasmático total que ocorre
nesses usuários, provavelmente contribui para elevação desta PA. Estas alterações sanguíneas,
em geral, demoram em torno de quatro semanas para surgirem. Tipicamente ela é descrita
como transitória, resolvendo-se espontaneamente com a suspensão do uso do medicamento
(Sullivan et al., 1998). Sabe-se também que os andrógenos podem causar hipertensão de
origem renal. A hipertensão arterial verificada em alguns estudos pode, em parte, ser
consequência de danos renais observados em ratos que receberam esteróides anabolizantes
(Takahashi et al., 2004), que a presença de receptores de andrógenos foi constatada nos
rins (Wilson, Mcphaul, 1996; Xie et al., 1996).
Outros efeitos podem também explicar a associação do uso de anabolizantes e
hipertensão arterial, tais como perda do controle parassimpático e, ainda, uma predisposição a
hiperestimulação do sistema simpático em ratos que receberam administração crônica de
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
111
decanoato de nandrolona (Pereira Júnior et al., 2006). Recentemente, Alves et al. (2010)
demonstraram em fisiculruristas usuários de EAA, que os mesmos apresentaram maiores
índices de atividade nervosa simpática muscular comparados a não usuários. Koike (2009), ao
estudar os efeitos do decanoato de nandrolona em ratos submetidos ao treinamento físico por
natação, verificou através do duplo bloqueio farmacológico com atropina e propranolol, um
menor tônus vagal nos animais sedentários tratados com este esteróide, além do mais, o
mesmo evidenciou que o treinamento físico não provocou melhoras neste parâmetro.
Estudos realizados em fisiculturistas demonstraram também que o consumo de
esteróides, por estes atletas, levou a uma disfunção endotelial e alterações do perfil lipídico,
por diminuir os níveis de HDL, podendo aumentar os riscos de aterosclerose (Ebenbichler et
al, 2001). Aumentos nas concentrações plasmáticas de LDL foram observados em humanos
(Venâncio et al., 2010) e em ratos submetidos a treinamento físico anaeróbio e tratados com
nandrolona (Cunha et al, 2005), podendo diminuir o relaxamento dependente do endotélio e a
ativação da GC, diminuindo, assim, a produção de GMPc e ocasionando um menor
relaxamento do músculo liso vascular, consequentemente, aumentando a resistência periférica
total (RPT) e a PA (Karhunen et al., 1988). Outros mecanismos seriam a diminuição na
biodisponibilidade do NO. Redução no relaxamento arterial em resposta à GC em coelhos, à
Ach em ratos (Soci et al., 2009) e NPS em humanos (Beutel et al., 2005) foram demonstrados.
Em adição, alguns pesquisadores que avaliaram o efeito dos EAA na função vascular
observaram que a participação do endotélio na produção de substâncias vasoativas pode estar
comprometida (Ebenbichler et al., 2001; Ammar et al., 2004). O endotélio é um importante
modulador da resposta vasomotora sendo capaz de produzir fatores vasoativos que podem
promover o relaxamento ou a contração do vaso. A presença de disfunção endotelial pode
ocasionar prejuízo do tônus muscular contribuindo para o desenvolvimento de diversas
doenças cardiovasculares, particularmente as de natureza isquêmica.
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
112
Em relação à FC de repouso, não constatamos diferenças significativas entre os grupos
avaliados em nosso trabalho. Resultados esses que corroboram com alguns estudos realizados
em atletas usuários de EAA (Urhausen et al., 2004; Chung et al., 2007; Montisci et al., 2010).
Recentemente, entretanto, Alves et al. (2010) demonstraram através da análise da FC de 24h
uma maior taquicardia em usuários de esteróides. Grace et al. (2003) ao estudarem os efeitos
dos esteróides na FC de repouso em fisiculturistas durante três fases distintas do ciclo de uso,
demonstraram não haver diferenças consideráveis nas fases pré e pós administração das
drogas. Todavia, ao analisarem os efeitos dos EAA durante o pico de uso, os mesmos
verificaram uma maior FC de repouso em comparação aos não usuários.
Interessantemente, Sánchez et al. (2009) ao isolar o átrio direito de ratos Wistars
castrados, demonstrou que a administração aguda de 5-DHT desencadeou um efeito
cronotrópico negativo no coração desses animais, o que poderia em parte, explicar a não
diferença na FC de repouso encontrada em nosso estudo.
Além do mais, a literatura evidencia que uma das principais adaptações do sistema
cardiovascular decorrente do treinamento físico é a bradicardia de repouso. Essa adaptação,
entretanto, parece ser mais pronunciada com o treinamento aeróbio, tanto em humanos
(Katona et al., 1982; Smith et al., 1989; Sugawara et al., 2001), quanto em animais (Geenen et
al., 1988; Negrão et al., 1992; Medeiros et al., 2004). De fato, Rocha et al. (2009) elucidaram
que a bradicardia de repouso em ratos tratados com esteróide anabolizante é mediada pelo
treinamento físico empregado e não pelo uso de anabolizantes.
Verificamos também que o DP, no qual estima o consumo máximo de O
2
no
miocárdio, se encontra elevado no grupo esteróide. Tal fato é decorrente de maiores valores
de PAS encontrado nesses indivíduos.
A variabilidade dos parâmetros cardiovasculares contém informações importantes
sobre o controle autonômico da circulação. A quantificando destas flutuações durante o
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
113
repouso prove informações sobre a regulação cardiovascular sem requerer estímulos que
podem interferir com os parâmetros medidos (Parati et al., 2006). Variações cíclicas na VFC
são decorrentes dos impulsos parassimpáticos e simpáticos sobre o coração (Sayers, 1973).
Através da técnica do DF constatamos maiores índices do componente LF e LFnu em
fisiculturistas usuários de EAA, os quais são indicativos de uma maior modulação simpática
no coração. Este perfil é descrito na literatura em algumas condições patológicas, como por
exemplo, no IAM, hipertensão, entre outros (Lombardi et al., 1987; Cohen et al., 2000). Até
então são escassos na literatura de efeitos diretos da administração de EAA na atividade
autonômica em humanos. No entanto, um estudo relacionado ao decanoato de nandrolona em
animais de experimentação observou uma tendência ao aumento da atividade simpática após
sua administração (Pereira Júnior et al., 2006).
A modulação parassimpática avaliada através do componente HF e seus valores
normalizados se encontra reduzida no grupo usuários de esteróides. Este resultado é mais um
indício de disfunção vagal induzido pelo uso crônico de esteróide. Estes dados vão de
encontro com os resultados de Pereira Júnior et al. (2006), onde se demonstrou redução do
índice HF em animais tratados com decanoato de nadrolona.
Vários estudos demonstram relação direta entre redução da atividade parassimpática e
aumento de mortalidade e eventos súbitos (Kleiger et al., 1987; Bigger et al., 1993;
Ponikowski et al., 1997; Lanza et al., 1998; Nolan et al., 1998). O mecanismo pelo qual o
esteróide provocou redução da atividade parassimpática ainda é pouco entendido. Como
mencionado anteriormente, os esteróides influenciam tanto a expressão quanto a atividade da
NO sintase (NOS) (Hodgin et al., 2002). Esta via é muito importante que o NO tem função
moduladora na liberação de acetilcolina e receptores estão presentes no gânglio cardíaco,
nodo sinoatrial e fibras que inervam o nodo sinoatrial (Herring et al., 2002). Além disso,
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
114
existem indícios que os hormônios andrógenos influenciam a atividade nervosa colinérgica
(Mitsushima et al., 2008).
A análise do balanço autonômico é de fundamental importância, pois a existência de
um predomínio simpático está associada à morte súbita cardíaca (Vanoli et a., 2001). O índice
simpato-vagal, avaliado através da relação LF/HF foi muito maior no grupo esteróide que nos
demais grupos deste estudo.
Relatos da literatura têm apontado que a hiperatividade simpática cardíaca com o uso
de EAA possa ser desencadeada por mecanismos neurais. Alguns pesquisadores evidenciaram
que a administração de esteróides sintéticos influencia o funcionamento de diferentes sistemas
de neurotransmissão no SNC (Schlussman et al., 2000; Tamaki et al., 2003; Carrillo et al.,
2009). Em um estudo de Tamaki et al. (2003), ratos que receberam doses excessivas de
nandrolona apresentaram altas concentrações plasmáticas de norepinefrina no hipotálamo, que
possui um importante papel na gênese e manutenção do tônus simpático. Além do mais, já
está descrita a existência de receptores androgênicos no núcleo paraventricular (PVN) (Bao et
al., 2006), nos quais podem ser estímulados pelos níveis elevados de andrógenos circulantes
aumentando a expressão do hormônio liberador da corticotropina (CRH) em neurônios deste
núcleo (Bao, Swaab, 2007). Estes achados, juntamente com os achados de Yamada et al.
(2009), que constataram um possível papel do CRH produzido no PVN sobre a regulação
simpática cardiovascular, reforçam a ideia de um efeito central dos androgênios, via
CRH/PVN, estimulando a atividade nervosa simpática. Tem sido bem demonstrado que os
esteróides cruzam a barreira hematoencefálica (BHE) e atuam em receptores andrógenos
específicos nas regiões regulatórias centrais cardiovasculares (Pouliot et al., 1996). Em
adição, existem evidências de que doses suprafisiológicas de EAA podem seletivamente inibir
a captação extraneuronal de neuroaminas aumentando a resposta vascular a norepinefrina
(Greenberg et al., 1974; Green et al., 1993). Em um elegante estudo publicado recentemente,
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
115
Rocha et al. (2007) demonstraram que a administração prolongada de doses suprafisiológicas
de decaonato de nandrolona em ratos, resultou no aumento da ativação do SRA cardíaco.
Níveis de ativação do SRA central estão associados a uma hiperatividade simpática (Zhang et
al., 1999; Huang, Leenen, 2009), o que confirma a hipótese de que o predomínio da
modulação simpática observado nos fisiculturistas usuários de EAA neste estudo possa ser de
origem central.
Um importante objetivo do presente estudo foi avaliar a modulação autonômica da FC
através dos índices de complexidade e a análise simbólica em atletas usuários de esteróides.
Os principais achados referente a este protocolo foram que a ES se encontra reduzida em
usuários de esteróides quando comparados a indivíduos sedentários. A ES é uma medida da
complexidade do padrão de distribuição. A presença de picos na distribuição de padrões
(relativos aos padrões mais frequentemente detectados) ou de vales (relativos aos padrões
menos frequente ou a ausência de certos padrões) determina a diminuição da ES em relação
ao seu valor máximo previsto por uma distribuição plana (Porta et al., 2001). Adicionalmente,
a ES não fornece qualquer indicação sobre os tipos de padrões detectados na série. Se duas
séries são caracterizadas por diferentes padrões com distribuição idêntica, a ES é igual (Porta
et al., 2001). Assim, uma classificação de padrões (análise simbólica) é necessária para a
compreensão de quais padrões estão envolvidos na geração da complexidade.
Nesse aspecto, constatamos que os tipos de padrões se encontram diferentes em nosso
estudo. Os atletas fisiculturistas usuários de EAA apresentaram um aumento na taxa de
ocorrência do padrão 0V e uma redução dos padrões 2VS e 2VD em comparação aos
fisiculturistas não usuários de anabolizantes e aos sedentários controles. Os padrões 0V são
características de ondas lentas (oscilações de baixa frequência) enquanto que os padrões 2VS
e 2VD são fragmentos de ondas mais rápidas, ou seja, oscilações de alta frequência (Porta et
al., 2001). Estudos prévios com bloqueio farmacológico e testes autonômicos, em indivíduos
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
116
saudáveis e doentes, m relacionado os padrões simbólicos com a modulação autonômica
cardíaca (Guzzeti et al., 2005; Maestri et al., 2007a; Porta et al., 2007c). O padrão 0V tem
sido associado à modulação simpática enquanto o 2VD tem sido associado a modulação vagal
(Guzzeti et al., 2005; Porta et al., 2007c). Dessa forma, os resultados aqui apresentados
indicam que o grupo de fisiculturistas usuários de esteróides apresenta maior modulação
simpática e menor modulação vagal em comparação aos demais grupos. Esses achados
corroboram com os dados encontrados em nosso estudo em relação à VFC no DF.
Um importante achado neste trabalho se refere às alterações hemodinâmicas e
autonômicas decorrentes do teste de manobra postural em atletas usuários de EAA. Até onde
sabemos, são escassas na literatura informações a esse respeito em seres humanos. Nossos
resultados evidenciam menores respostas pressóricas e taquicárdicas nesses sujeitos após o
ortostatismo. Esses dados fortemente se associam a hipótese de envolvimento de distúrbios de
regulação autonômica com o uso abusivo de anabolizantes, o qual pode ser confirmado com a
baixa ativação do componente simpático da VFC observado tanto na análise espectral quanto
na dinâmica não linear simbólica em nossos voluntários.
Em consonância com estes achados, prévias observações têm demonstrado a
ocorrência de anormalidades no controle nico e reflexo cardiovascular após administração
crônica de esteróides anabólicos em animais de experimentação (Beutel et al., 2005). Estes
autores evidenciaram um prejuízo no controle barorreflexo arterial da FC em ratos que
receberam doses de estanozolol por oito semanas. Sabe-se que os barorreceptores arteriais
modulam reflexamente a atividade nervosa simpática. Distúrbios nesse sistema poderiam
justificar a menor modulação simpática da VFC encontrada nos fisiculturistas usuários de
esteróides que participaram do nosso estudo.
Adicionalmente, a administração de esteróides reduz a expressão da enzima NOS
(Hodgin et al., 2002), que por sua vez tem influência direta na função barorreflexa (Wang et
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
117
al., 2003), e pode ser um mecanismo envolvido na redução da resposta taquicárdica induzido
pelo esteróide anabólico exógeno. Logo, este também pode ser um dos mecanismos
responsáveis pela redução da atividade vagal nos animais com uso de esteróide, onde já existe
literatura demonstrando relação da redução da função barorreflexa e a atividade
parassimpática (Ogoh et al., 2005).
O controle reflexo da circulação, entretanto, não depende exclusivamente dos
barorreceptores arteriais, mas também de receptores localizados na região cardiopulmonar,
cujo reflexo especificamente controla a atividade de fibras nervosas parassimpáticas
(Vasquez, 1994). Nesse sentido, Bissoli et al. (2009) verificaram uma redução da
sensibilidade do reflexo Bezold-Jarisch da FC e da PA em ratos tratados cronicamente com
decanoato de nandrolona. As medidas lineares e não lineares da VFC realizado em nosso
estudo, os qual demonstraram a ocorrência de alterações no controle autonômico cardíaco,
reforça a ideia de que a disfunção autonômica possa constituir uma manifestação importante
da fisiopatologia cardiovascular do uso abusivo de EAA.
Estímulos mecânicos e neuro-humorais atuam diretamente no coração e provocam
alterações estruturais cardíacas. A hipertrofia cardíaca refere-se ao aumento da massa
muscular e constitui um dos principais mecanismos de adaptação do músculo estriado diante
de uma sobrecarga de trabalho (Katz, 2003). De fato, o treinamento de força realizado
cronicamente é um potente estímulo para hipertrofia cardíaca. Investigadores têm reportado
que atletas que realizam treinamento de força, principalmente exercícios isométricos,
apresentam uma maior HVE em comparação a não atletas (Huston et al., 1985; Maron, 1986;
Pelliccia et al., 1999; Pluim et al., 2000; D’Andrea et al., 2002). Esses achados condizem com
os resultados encontrados em nosso estudo, onde verificamos que os atletas não usuários
apresentaram tanto uma MVE quanto o iMVE superiores aos voluntários sedentários.
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
118
Evidenciamos ainda que os fisiculturistas usuários de EAA possuem uma hipertrofia
cárdica significativamente maior em relação aos demais grupos, o qual corrobora com estudos
realizados tanto em humanos (Dickerman et al., 1997; Urhausen et al., 2004; Chung et al.,
2007) quanto em modelos animais (Norton et al., 2000; Beutel et al., 2005; Pereira Júnior et
al., 2006; Bissoli et al., 2009). Em adição, verificamos que a hipertrofia cardíaca evidenciada
nos usuários de anabolizantes foi caracterizada sendo do tipo concêntrica, pois os mesmos
apresentaram uma maior EPPd e ESd, além de maiores índices de espessura relativa do VE.
Esses dados estão de acordo com relatos da literatura (Dickerman et al., 1997; Urhausen et al.,
2004; Chung et al., 2007). Montisci et al. (2010) encontraram em atletas que fazem uso
abusivo de esteróides, maiores espessuras do septo interventricular e da parede posterior do
VE, com um modelo de geometria concêntrica do VE. Ganau et al. (1992) ao estudarem os
diferentes padrões de hipertrofia cardíaca propuseram uma classificação da geometria
ventricular. Valores da espessura relativa do VE iguais ou superiores a 45 mm são
caracterizadas como concêntrica.
O uso de EAA, associados ou não a atividade física, resulta em várias alterações
morfológicas e fisiológicas no coração, similares às encontradas nos quadros iniciais de
cardiomiopatias e IC (Luke et al., 1990; Sullivan et al., 1998). O potencial papel dos
hormônios esteróides nas respostas de crescimento do VE não é completamente
compreendido e diversos estudos focando este assunto vêm sendo desenvolvidos.
São muitos os mecanismos adaptativos do coração em reposta ao crescimento, ao
exercício e outras mudanças fisiológicas que estão sob a influência de esteróides, sejam eles
endógenos ou não (Sullivan et al., 1998).
Os hormônios sintéticos derivados da testosterona podem influenciar na resposta
hipertrófica através de ações nos receptores de andrógenos encontrados em miócitos cardíacos
(Liu et al., 2003). Estes esteróides parecem atuar de maneira direta sobre o coração, pela ação
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
119
sobre receptores nucleares, aumentando o RNAm e estimulando a síntese de proteínas
cardíacas (Melchert, Welder, 1995; Kochakian, Yesalis, 2000). Estes efeitos podem estar
diretamente ligados à ão de androgênios sobre receptores nos miócitos cardíacos (Marsh et
al., 1998).
Maior rigidez aórtica também foi demonstrada em atletas que fazem o uso de
esteróides anabolizantes (Kasikcioglu et al., 2007). Um estudo realizado por Ferrer et al.
(1994) demonstrou que os prejuízos observados na função vascular de coelhos que foram
tratados com o esteróide anabólico nandrolona poderiam ocorrer devido ao menor
relaxamento na aorta torácica destes animais, causado pela inibição da guanilato ciclase e
consequente diminuição da produção de NO endotelial (NOe). Prejuízos na reatividade
vascular não dependente do endotélio também foram observados em fisiculturistas usuários de
anabolizantes, sendo este um efeito reversível após a descontinuidade no uso destas
substâncias (Lane et al., 2006). Sendo assim, a presença de disfunção endotelial pode
ocasionar um prejuízo na função vascular, contribuindo para o desenvolvimento de diversas
patologias cardiovasculares, dentre elas a hipertrofia patológica.
Lagnsfeld (1988) demonstrou que a testosterona favorece a expressão da isoenzima α-
miosina de cadeia pesada independente dos estímulos hemodinâmicos existentes. Zaugg
(2002) relata o aparecimento, in vitro, de apoptose de miócitos no VE de ratos expostos a
EAA, o que poderia estar implicado na patogênese do remodelamento ventricular, na
cardiomiopatia e na morte súbita associada ao abuso de EAA.
Outros mecanismos têm sido propostos para explicar a indução da hipertrofia do
miocárdio pelos anabolizantes e, dentre eles, destaca-se um possível efeito tóxico direto sobre
o miocárdio. Esta relação direta causaria necrose tecidual e consequentemente áreas
fibróticas, locais estes que favorecem o aparecimento de arritmias fatais (Melchert et al.,
1992).
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
120
Em nosso estudo não encontramos diferenças quanto aos diâmetros sistólicos e
diastólicos do VE. Tais parâmetros foram evidenciados por alguns autores (Urshuasen et al.,
2004; Nottin et al., 2006), mais não por outros (Chung et al., 2007; Montisci et al., 2010).
Verificamos ainda, que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram um VDF superior ao
grupo sedentário, o que poderia ser decorrente das adaptações a sobrecarga imposta pelo
treinamento físico (D’Andrea et al., 2002). Por outro lado, o VDF não diferiu entre os grupos
de atletas.
Recentemente, alguns estudos avaliaram as propriedades de relaxamento do VE
usando a técnica do Doppler tecidual e identificaram uma disfunção diastólica em um grupo
fisiculturistas que usavam esteróides quando comparados com fisiculturistas que não
utilizavam e com um grupo de sedentários (Nottin et al., 2006; Krieg et al., 2007). Estudos
prévios têm evidenciado alterações na função diastólica do VE em usuários de EAA (Pearson
et al., 1986; De Piccoli et al., 1991). Entretanto, a maioria desses estudos o encontrou
diferenças em atletas de força, com ou sem o uso de esteróides anabolizantes (Salke et al.,
1985; Thompson et al., 1992; Yeater et al., 1996; Palatini et al., 1996; Trifunovic et al., 1998).
Tais divergências podem ser atribuídas à duração e/ou intensidade dos programas de
treinamento, dificuldade óbvia na condução de uma história precisa da administração de EEA
(controle do doping) e aos resultados inconsistentes da analise cardíaca por técnicas
ecocardiográficas (Nottin et al., 2006).
O uso ilícito e abusivo de EAA durante os últimos anos tem gerado sérios problemas
de saúde pública (Payne et al., 2004), no qual se associam com alterações cardíacas e morte
súbita (Kennedy, Lawrence, 1993; Maron, 2003). Eventos arrítmicos como fibrilação atrial e
ventricular, batimentos ectópicos ventriculares, entre outros, têm sido frequentemente
observados com a administração de anabolizantes (Nieminen et al., 1996; Sullivan et al.,
1999). Estudos prévios têm relatado diferentes avaliações nos parâmetros eletrocardiográficos
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
121
que podem fornecer informações independentes sobre prognósticos de arritmias ventriculares,
tais como o intervalo e a dispersão QT do ECG (Stolt et al., 1999).
Nossos resultados demonstram que usuários de EAA possuem em média um intervalo
QTc superior aos sedentários, além de uma maior magnitude da dispersão do QTc. Dados
condizentes foram observados em humanos (Stolt et al., 1999) e em animais de
experimentação (Medei et al., 2010).
Intervalo QT no ECG é descrito como o tempo entre a ativação ventricular até o fim
da recuperação elétrica. Estudos têm reportado que o prolongamento do intervalo QT entre
atletas de resistência pode ocorrer devido ao aumento do tônus vagal ou da hipertrofia
cardíaca adaptativa (Browne et al., 1982). O prolongamento do intervalo QT prediz morte em
pacientes com doença cardíaca, mas não em indivíduos saudáveis (Karjalainen et al., 1997).
Vários estudos também têm sugerido aumento de dispersão de QT associado ao aumento de
mortalidade em pacientes hipertensos (Mayet et al., 1996). A HVE, induzida por substâncias
anabólicas, reflete um aumento da dispersão do intervalo QT similar ao encontrado na
hipertrofia VE hipertensiva (Mayet et al., 1996). Isto pode refletir em um aumento do risco de
arritmias em usuários de EAA (Nieminen et al., 1996).
Relatos da literatura têm demonstrado que a HVE pode produzir alterações na
repolarização sendo refletidas no ECG. Estudos eletrofisiológicos apontam que essas
alterações na repolarização são decorrentes de uma duração prolongada do potencial de ação
cardíaco (Aronson, 1980). Prolongamento do potencial de ação em corações hipertrofiados de
ratos tem sido atribuído à diminuição da densidade de corrente transitório de efluxo de
potássio (I
to
) (Tomita et al., 1994).
Considerada uma das mais importantes correntes de repolarização em ratos, a I
to
determina a fase precoce de repolarização do potencial de ação cardíaco, assim como do
acoplamento excitação-contração via modulação de cálcio e outras correntes de potássio.
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
122
Neste contexto, Medei et al. (2010) encontraram HVE e uma densidade reduzida na
corrente I
to
em ratos que receberam doses suprafisiológicas de decanoato de nandrolona por
um período de oito semanas. Além do mais os autores demonstraram uma baixa regulação das
subunidades regulatórias (KChIP2) e subunidades formadoras (Kv1.4 e Kv4.3) no VE desses
animais, as quais são consideradas proteínas importantes na modulação das propriedades
eletrofisiológicas da I
to
, o que poderia explicar em parte a redução na densidade da corrente I
to
refletida no aumento do intervalo QT do ECG (Wickenden et al., 1999; Deschenes et al.,
2002).
O desvio do eixo elétrico no plano frontal é um aspecto importante na análise do ECG.
Verificamos em nosso estudo, que o grupo de atletas usuários de anabolizantes apresentou um
desvio do eixo elétrico frontal do QRS para a esquerda em comparação aos demais
voluntários, ou seja, um deslocamento médio das forças elétricas através dos ventrículos em
direção ao VE, o que caracteriza uma maior HVE, porém dentro da faixa de normalidade
prevista para a população estudada (Ghorayeb, Batlouni, 1998).
O eixo elétrico cardíaco representa a resultante das direções e magnitudes dos
impulsos elétricos gerados no coração durante o ciclo cardíaco.
O eixo elétrico QRS é útil, pois auxilia a determinar a posição do coração dentro da
caixa torácica, o sentido resultante do impulso elétrico cardíaco e a integridade do músculo
cardíaco. Ele, por si só, não representa diagnóstico, mas auxilia no mesmo.
Desde os primeiros estudos de Einthovem, já se procurava associar a HVE com o
desvio do eixo elétrico. O complexo ventricular representa o registro gráfico de ambas às
cavidades, direita e esquerda, do coração. Havendo hipertrofia de uma delas, essa irá
predominar sobre a outra. Com o evoluir dos conhecimentos eletrocardiográficos,
pesquisadores concluíram que, quando há predominância do VD, haverá desvio do eixo
elétrico para a direita, e quando houver predominância do VE, o eixo se desviará para a
Discussão
Doutorado Octávio Barbosa Neto
123
esquerda. Logo, pelas derivações clássicas, o desvio do eixo elétrico para a esquerda, seria um
dos caracteres diagnósticos de HVE (Daher et al., 2000).
Apesar de algumas críticas, vários estudos sugerem que a análise do eixo elétrico QRS
e seus aspectos morfológicos (alterações na amplitude ou duração), através do ECG, ainda é
uma das ferramentas mais utilizada para a detecção de hipertrofia ventricular e risco de morte
súbita (Estes, Jackson, 2009; Bacharova et al., 2010).
Muitos estudos têm sido realizados para melhorar os critérios eletrocardiográficos de
identificação da HVE. Dentre esses, se encontra o critério de Sokolow-Lyon. Nossos dados
demonstram que ambos os grupos de fisiculturistas apresentaram maiores valores do ISL em
relação aos não atletas. Em adição, constatamos que os atletas que fazem uso abusivo de
EAA, possuem o ISL superior aos não usuários.
Alguns investigadores observaram um pior prognóstico para doença coronariana e
mortalidade cardiovascular associada a incrementos nos índices de critérios de Sokolow-Lyon
(Prineas et al., 2001). Domingos et al (1998), utilizando critérios de voltagem para
diagnóstico de HVE em pacientes hipertensos, demonstraram que o ISL apresentou altos
níveis de sensibilidade e de especificidade, sendo bastante eficaz na detecção da HVE.
Os resultados do ISL aqui demonstrados vêm corroborar com os demais achados em
nosso trabalho com relação à HVE.
CONCLUSÕES
Doutorado Octávio Barbosa Neto
125
8 CONCLUSÕES
Considerando os resultados deste estudo, demonstramos através da variabilidade da
frequência cardíaca, seja pelo método linear como pela dinâmica não linear simbólica, que
atletas fisiculturistas usuários de esteróides anabólicos androgênicos possuem uma
disautonomia cardiovascular, sendo constatada através de um desvio no balanço simpato-
vagal na direção de um aumento da modulação simpática e redução da modulação vagal
cardíaca, o que constitui, por si só, em um importante mecanismo através do qual o abuso de
anabolizantes poderia estar associado ao aumento no risco cardiovascular, com maior
suscetibilidade à ocorrência de morte súbita.
As alterações estruturais e funcionais da musculatura cardíaca decorrente do uso de
esteróides anabolizantes, por efeitos diretos e/ou indiretos constatadas neste estudo, podem
provocar e perpetuar doenças cardiovasculares. Portanto, o uso indiscriminado destas drogas
sintéticas pode aumentar o risco de morte entre seus usuários. É de extrema importância que
estes riscos cheguem ao conhecimento dos indivíduos que usam ou pensam em fazer uso
destas substâncias, tendo como objetivos melhores desempenhos esportivos ou fins estéticos,
para que os mesmos possam avaliar se realmente os benefícios alcançados pelo uso abusivo
destas drogas são maiores ou mais importantes que os riscos que elas oferecem aos seus
usuários.
Por fim, futuras pesquisas devem ser incentivadas para o melhor entendimento da
associação do uso abusivo de esteróides e eventos fatais nestes usuários.
REFERÊNCIAS
Doutorado Octávio Barbosa Neto
127
9 REFERÊNCIAS
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