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Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Centro Tecnológico (CTC)
Departamento de Engenharia Civil (ECV)
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC)
DEIVIS LUIS MARINOSKI
DESENVOLVIMENTO DE UM CALORÍMETRO PARA
DETERMINAÇÃO DO FATOR SOLAR DE VIDROS E JANELAS
Florianópolis
Fevereiro de 2010
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DEIVIS LUIS MARINOSKI
DESENVOLVIMENTO DE UM CALORÍMETRO PARA
DETERMINAÇÃO DO FATOR SOLAR DE VIDROS E JANELAS
Tese submetida à Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito parcial, exigido pelo Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil - PPGEC, para a
obtenção do Título de DOUTOR em Engenharia Civil
Área de concentração: Construção Civil
Orientador: Prof. Roberto Lamberts, PhD
Florianópolis, 25 de fevereiro de 2010.
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina
M339d Marinoski, Deivis Luis
Desenvolvimento de um calorímetro para determinação do fator
solar de vidros e janelas [tese] / Deivis Luis Marinoski ; orientador,
Roberto Lamberts. – Florianópolis, SC, 2010. 298 p.: il., grafs.,
tabs., plantas.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro
Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil.
Inclui referências
1. Engenharia civil. 2. Fator solar. 3. Calorímetro. 4. Medição em
campo. 5. Vidros e janelas. I. Lamberts, Roberto. II. Universidade
Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil. III. Título.
CDU 624
i
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil - PPGEC
DESENVOLVIMENTO DE UM CALORÍMETRO PARA
DETERMINAÇÃO DO FATOR SOLAR DE VIDROS E JANELAS
DEIVIS LUIS MARINOSKI
Tese julgada adequada para a obtenção do Título de DOUTOR
em Engenharia Civil e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil - PPGEC da
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
---------------------------------------------------------------
Profª. Dra. Janaíde Cavalcante Rocha - Coordenadora do PPGEC
---------------------------------------------------------------
Prof. Roberto Lamberts, PhD - Orientador e Moderador
---------------------------------------------------------------
Prof. Dr. Saulo Güths - Co-Orientador
COMISSÃO EXAMINADORA:
---------------------------------------------------------------
Prof. Fernando Oscar Ruttkay Pereira, PhD - ARQ/UFSC
---------------------------------------------------------------
Prof. Dr. José A. Bellini da Cunha Neto - EMC/UFSC
---------------------------------------------------------------
Profª. Dra. Lucila Chebel Labaki - FEC/UNICAMP
--------------------------------------------------------------
Prof. Dr. Nathan Mendes - EMC/PUC-PR
ii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Luiz e Lecir e à minha irmã Ana Kelly, pelo grande
incentivo e apoio.
Ao Prof. Roberto Lamberts pela orientação e amizade.
Ao Prof. Saulo Guths pela co-orientação e grande disposição em ajudar.
A todos os colegas do Laboratório de Eficiência Energética em
Edificações (LabEEE) pela ótima convivência e troca de conhecimento.
Aos colegas do Laboratório de Meios Porosos e Propriedades termo-
físicas (LMPT), em especial Alexandre e Damian.
Aos demais professores, colegas e funcionários do Programa de Pós-
graduação em Engenharia Civil (PPGEC) e a todos aqueles que, direta
ou indiretamente, colaboraram com o desenvolvimento desta pesquisa e
também com a minha formação.
Aos laboratórios LabEEE, LMPT, LabTermo, pela disponibilidade do
espaço físico, empréstimo de equipamentos, fornecimento de dados e
suporte técnico.
As empresas Cebrace e HunterDouglas pela doação de amostras.
Ao CNPq, CAPES, FEESC e FURNAS pelo financiamento do trabalho
através do pagamento de bolsas de estudo e aquisição de material.
Sobretudo a Jeová Deus, o grandioso criador do universo Revelação
(Apocalipse) 4:11.
iii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.................................................................................VII
LISTA DE TABELAS ..................................................................................XI
LISTA DE QUADROS..............................................................................XIII
LISTA DE SÍMBOLOS.............................................................................XIV
RESUMO................................................................................................XVII
ABSTRACT...........................................................................................XVIII
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................1
1.1 CONTEXTO DE ESTUDO: JANELAS E O CONSUMO DE ENERGIA......................1
1.2 MOTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVA ...............................................................4
1.3 OBJETIVOS.........................................................................................6
1.3.1 Objetivo geral....................................................................................6
1.3.2 Objetivos específicos .........................................................................6
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO...................................................................7
2 REVISÃO DE LITERATURA .........................................................9
2.1 FUNDAMENTOS DA MEDIÇÃO DE GANHO DE CALOR APLICADOS AOS
CALORÍMETROS SOLARES .....................................................................9
2.2 SISTEMAS DE MEDIÇÃO DE GANHO DE CALOR SOLAR EM JANELAS .............11
2.2.1 Simulador solar ...............................................................................11
2.2.2 UF-ASHRAE Solar calorimeter ........................................................17
2.2.3 MOWITT (Mobile Window Thermal Test Facility).............................21
2.2.4 Queen’s solar calorimeter .................................................................25
2.2.5 Fenestration Radiometer (Radiômetro de abertura)..............................28
2.3 ESTIMATIVA DO FATOR SOLAR ATRAVÉS DE PROPRIEDADES ÓPTICAS........31
2.4 NORMALIZAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO E CÁLCULO DO FATOR SOLAR.......35
2.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO E DISCUSSÃO.....................................................37
3 PROJETO, CONSTRUÇÃO E INSTRUMENTACÃO DO
CALORÍMETRO ..........................................................................39
3.1 PROJETO DO CALORÍMETRO ................................................................39
3.1.1 Dimensionamento dos absorvedores de calor......................................39
3.1.1.1 Cavidade principal (CP)...........................................................................39
3.1.1.2 Cavidade secundária (CS) ........................................................................41
3.1.2
Dimensionamento do sistema de resfriamento.....................................42
3.1.2.1 Unidade condensadora..............................................................................43
3.1.2.2 Reservatório 43
3.1.2.3 Modificações............................................................................................44
iv
3.1.3 Dimensionamento do trailer de abrigo................................................46
3.1.4 Distribuição elétrica e hidráulica .......................................................48
3.1.5 Sensores de monitoramento ..............................................................49
3.1.6 Sistema de aquisição de dados e controle............................................51
3.2 FABRICAÇÃO DOS COMPONENTES E MONTAGEM DO CALORÍMETRO ...........54
3.2.1 Fabricação dos absorvedores de calor.................................................54
3.2.1.1 Cavidade principal (CP)...........................................................................54
3.2.1.2 Cavidade secundária (CS) ........................................................................56
3.2.2 Fabricação do sistema de resfriamento...............................................56
3.2.3 Fabricação do trailer de abrigo ..........................................................58
3.2.4 Desenvolvimento do sistema de aquisição e controle...........................59
3.2.5 Montagem do calorímetro.................................................................60
3.3 CALIBRAÇÃO E INSTALAÇÃO DOS SENSORES DE MONITORAMENTO............67
3.3.1 Piranômetros...................................................................................68
3.3.2 Anemômetros..................................................................................74
3.3.3 Fluxímetros.....................................................................................76
3.3.4 Termopares e termistor.....................................................................80
3.3.5 Medidores de vazão .........................................................................86
3.3.6 Medidor de coeficiente de convecção.................................................88
3.3.7 Calorímetro solar.............................................................................90
4 CALIBRAÇÃO DO CALORÍMETRO: PRIMEIRA FASE ...........93
4.1 VIDRO DE REFERÊNCIA.......................................................................93
4.2 COEFICIENTES DE TROCA DE CALOR (H)................................................94
4.3 TESTE INICIAL COM O CALORÍMETRO....................................................94
4.3.1 Medição com a cavidade principal (CP) .............................................94
4.3.1.1 Condições gerais.......................................................................................94
4.3.1.2 Resultados 97
4.3.2 Medição com a cavidade secundária (CS).........................................103
4.3.3 Considerações sobre o teste inicial...................................................106
4.4 SEGUNDA SÉRIE DE TESTES ...............................................................107
4.4.1 Medição com a cavidade principal (CP) ...........................................107
4.4.1.1 Condições gerais.....................................................................................107
4.4.1.2 Resultados 108
4.4.2 Medição com a cavidade secundária (CS).........................................111
4.4.2.1 Condições gerais.....................................................................................111
4.4.2.2 Resultados 112
4.4.3 Considerações sobre a segunda série de testes...................................114
5 CALIBRAÇÃO DO CALORÍMETRO: SEGUNDA FASE ..........117
5.1 NOVO MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DO FATOR SOLAR.......................117
5.1.1 Determinação do Fator Solar na cavidade principal (FScp).................120
5.1.2 Determinação do Fator Solar na cavidade secundária (FScs)...............121
v
5.2 NOVA CONDIÇÃO DE CONTROLE DE TEMPERATURA NAS CAVIDADES........122
5.3 VARIAÇÃO NA TEMPERATURA DAS CAVIDADES ....................................124
5.4 MODELO MATEMÁTICO....................................................................127
5.5 ANÁLISES PARAMÉTRICAS................................................................133
5.5.1 Diferença de temperatura cavidade-vidro .........................................133
5.5.2 Coeficientes de troca......................................................................138
5.5.3 Perdas de calor ..............................................................................146
5.6 NOVAS MEDIÇÕES COM O VIDRO DE REFERÊNCIA..................................149
5.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ETAPA DE CALIBRAÇÃO ...............................166
6 TESTES COM DIFERENTES VIDROS E
PROTEÇÕES SOLARES ............................................................169
6.1 VIDROS .........................................................................................169
6.1.1 Amostras utilizadas........................................................................169
6.1.2 Resultados de FS ...........................................................................171
6.1.2.1 Vidro verde 6mm....................................................................................172
6.1.2.2 Vidro prata 8mm ....................................................................................176
6.1.2.3 Vidro incolor 6mm.................................................................................180
6.1.2.4 Considerações sobre os resultados de FS para os vidros ........................183
6.2 PROTEÇÕES SOLARES INTERNAS ........................................................188
6.2.1 Amostras utilizadas........................................................................188
6.2.2 Resultados de FS ...........................................................................190
6.2.2.1 Persiana horizontal (branca)...................................................................191
6.2.2.2 Persiana horizontal (preta)......................................................................192
6.2.2.3 Cortina rolô 194
6.2.2.4 Considerações sobre os resultados de FS para as proteções internas......197
6.3 PROTEÇÕES SOLARES EXTERNAS........................................................198
6.3.1 Amostras utilizadas........................................................................198
6.3.2 Resultados de FS ...........................................................................200
6.3.2.1 Considerações sobre os resultados de FS para as proteções externas.....206
6.4 ANÁLISE DAS INCERTEZAS................................................................208
6.4.1 Incerteza no resultado da CP...........................................................209
6.4.2 Incerteza no resultado da CS...........................................................212
6.4.3 Resumo geral dos resultados das medições.......................................214
7 COMPARAÇÕES COM O WINDOW6 E COM O MODELO
MATEMÁTICO ..........................................................................219
7.1 WINDOW6 E MODELO MATEMÁTICO...............................................219
7.2 MODELAGEM .................................................................................219
7.3 RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES.........................................................224
7.3.1 Vidros ..........................................................................................224
7.3.2 Proteções solares internas ...............................................................228
7.3.3 Proteções solares externas...............................................................228
vi
7.4 RESUMO DAS COMPARAÇÕES ENTRE FS..............................................230
8 CONCLUSÕES ...........................................................................235
8.1 SÍNTESE GERAL E OUTRAS CONSIDERAÇÕES.........................................235
8.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................239
8.3 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS .............................................241
REFERÊNCIAS.........................................................................................243
ANEXOS ...................................................................................................249
vii
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FIGURA 1-1. FLUXOGRAMA GERAL DO DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ........................8
FIGURA 2-1. CORTE DO TRANSDUTOR DE FLUXO DE CALOR A GRADIENTE TANGENCIAL
(GÜTHS ET AL., 1998) .....................................................................................10
FIGURA 2-2. APLICAÇÃO DOS TRANSDUTORES............................................................10
FIGURA 2-3. PASSAGEM DO FLUIDO PELA SUPERFÍCIE DE ABSORÇÃO E VARIAÇÃO NA
TEMPERATURA DE ENTRADA E SAÍDA ...............................................................11
FIGURA 2-4. ESQUEMA INTERNO DO CALORÍMETRO
(HARRISON E VAN WONDEREN, 1994) ............................................................12
FIGURA 2-5. ESQUEMA DO LOCAL DE TESTE (HARRISON E VAN WONDEREN, 1994) ...13
FIGURA 2-6. VARIAÇÃO ANGULAR DA FONTE DE RADIAÇÃO
(HARRISON E VAN WONDEREN, 1998) ............................................................16
FIGURA 2-7. UF - ASHRAE SOLAR CALORIMETER ( SEECL, 2000)..........................17
FIGURA 2-8. ESQUEMA DO SISTEMA DE FUNCIONAMENTO DO CALORÍMETRO
(TSENG E GOSWAMI, 2001).............................................................................18
FIGURA 2-9. SISTEMA MOWITT MOSTRANDO AS DUAS CÂMARAS OPERANDO DE
FORMA INDEPENDENTE (LBNL, 2007).............................................................21
FIGURA 2-10. CORTE TRANSVERSAL DAS CÂMARAS DO MOWITT (LBNL, 2007) ....22
FIGURA 2-11. INTERIOR DE UMA DAS CÂMARAS (LBNL, 2007)..................................22
FIGURA 2-12. SISTEMA DE CONTROLE DA TEMPERATURA DE UMA DAS CÂMARAS DO
MOWITT (LBNL, 2007) ...............................................................................22
FIGURA 2-13. VISTA EXTERNA DO CALORÍMETRO (A) E CORTE ESQUEMÁTICO (B)
(COLLINS E HARRISON, 2004). ........................................................................25
FIGURA 2-14. FENESTRATION RADIOMETER (PEREIRA, 1992).....................................29
FIGURA 2-15. RADIÔMETRO DE ABERTURA DESENVOLVIDO NA UFSC
(MACEDO, 2002).............................................................................................29
FIGURA 2-16. CONFIGURAÇÃO GERAL DA MEDIÇÃO UTILIZANDO O RESFRIAMENTO POR
CIRCULAÇÃO DE ÁGUA (MARINOSKI ET AL., 2007)...........................................30
FIGURA 2-17. ESQUEMA DOS ÂNGULOS DE ROTAÇÃO DO SCANNING RADIOMETER
(PAPAMICHAEL ET AL., 1988 - ADAPTADO) ......................................................32
FIGURA 2-18. TESTE UTILIZANDO O SCANNING RADIOMETER (LBNL, 2007) ...........32
FIGURA 2-19. VISTA FRONTAL E LATERAL DA BLACK BOX
(TSENG E GOSWAMI, 2001).............................................................................33
FIGURA 2-20. ESQUEMA DE POSICIONAMENTO DOS PIRANÔMETROS (VISTA FRONTAL E
LATERAL) (TSENG E GOSWAMI, 2001).............................................................33
FIGURA 3-1. DESENHO ESQUEMÁTICO DA CAVIDADE PRINCIPAL (COTAS EM MM) ........41
FIGURA 3-2. DESENHO ESQUEMÁTICO DA CAVIDADE DE SECUNDÁRIA
(COTAS EM MM)...............................................................................................42
FIGURA 3-3. DESENHO ESQUEMÁTICO PARA MONTAGEM DO BANHO TÉRMICO.............44
FIGURA 3-4. BANHO TERMOSTÁTICO PARA A CAVIDADE SECUNDÁRIA ........................45
FIGURA 3-5. ESQUEMA DA DISTRIBUIÇÃO INTERNA DOS COMPONENTES
(
VISTA EM PLANTA, SEM ESCALA) ....................................................................47
FIGURA 3-6. ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO E CONTROLE52
FIGURA 3-7. COMPOSIÇÃO DA CAVIDADE COM SERPENTINAS APLICADAS NA FACE
EXTERNA (PEÇAS LATERAIS) ...........................................................................55
viii
FIGURA 3-8. VISTA DO LADO EXTERNO DA CAVIDADE E REFORÇO
ESTRUTURAL DO FUNDO..................................................................................55
FIGURA 3-9. VISTA DO LADO INTERNO DA CAVIDADE .................................................55
FIGURA 3-10. DETALHE DO ISOLAMENTO TÉRMICO EM LÃ DE VIDRO E
CAIXA PROTETORA ..........................................................................................55
FIGURA 3-11. VISTA POSTERIOR DA CAVIDADE SECUNDÁRIA JÁ MONTADA
(DETALHE DA SERPENTINA) .............................................................................56
FIGURA 3-12. VISTA FRONTAL DA CAVIDADE SECUNDÁRIA
(DETALHE DO PLANO DE COLAGEM DOS FLUXÍMETROS)...................................56
FIGURA 3-13. SERPENTINA E RESISTÊNCIAS AQUECEDORAS NO
INTERIOR DO RESERVATÓRIO ...........................................................................57
FIGURA 3-14. SISTEMA CONDENSADOR 1,5HP ...........................................................57
FIGURA 3-15. VISTA GERAL DO BANHO TÉRMICO........................................................57
FIGURA 3-16. ESTRUTURA DO TRAILER (PERFIS METÁLICOS) ......................................58
FIGURA 3-17. MOLDURAS DE MADEIRA NAS ABERTURAS PARA AS CAVIDADES............58
FIGURA 3-18. VISTA EXTERNA DO TRAILER ACABADO ................................................59
FIGURA 3-19. INTERFACE DE COMUNICAÇÃO..............................................................60
FIGURA 3-20. INTERFACE DE MONITORAMENTO .........................................................60
FIGURA 3-21. FLUXOGRAMA DA SEQUÊNCIA DE MONTAGEM DO CALORÍMETRO ..........62
FIGURA 3-22. SISTEMA CONDENSADOR INSTALADO NA PLATAFORMA
DIANTEIRA DO TRAILER ...................................................................................63
FIGURA 3-23. RESERVATÓRIO INSTALADO NO INTERIOR DO TRAILER .........................63
FIGURA 3-24. VISTA EXTERNA DA CAVIDADE PRINCIPAL JÁ INSTALADA NO TRAILER...63
FIGURA 3-25. PINTURA DA CAVIDADE PRINCIPAL .......................................................63
FIGURA 3-26. DETALHE INTERNO DA CAVIDADE SECUNDÁRIA JÁ INSTALADA NO
TRAILER..........................................................................................................64
FIGURA 3-27. VISTA EXTERNA DA INSTALAÇÃO DA CAVIDADE SECUNDÁRIA
(SEM O VIDRO) ................................................................................................64
FIGURA 3-28. QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO ELÉTRICA ...................................................65
FIGURA 3-29. PONTO DE LUZ NO TETO........................................................................65
FIGURA 3-30. LIGAÇÃO DA BOMBA E BARRILETE COM REGISTROS DE
CONTROLE DE FLUXO DA CP............................................................................65
FIGURA 3-31. ISOLAMENTO DAS TUBULAÇÕES E DAS CAVIDADES ...............................65
FIGURA 3-32. CAMINHO PERCORRIDO PELA ÁGUA (A); VISÃO EXTERNA DO MISTURADOR
(B); DIVISÓRIA INTERNA (C); ISOLAMENTO DO MISTURADOR DEPOIS DE
INSTALADO NO TRAILER (D).............................................................................66
FIGURA 3-33. LAYOUT DA INSTALAÇÃO DOS COMPONENTES DO SISTEMA
DE AQUISIÇÃO E CONTROLE .............................................................................67
FIGURA 3-34. CONFIGURAÇÃO DA CALIBRAÇÃO DOS PIRANÔMETROS .........................69
FIGURA 3-35. DETERMINAÇÃO DE RADIAÇÃO SOLAR PARA CALIBRAÇÃO DOS
PIRANÔMETROS (DIA 21/11/2007, CÉU CLARO) ................................................71
FIGURA 3-36. DETERMINAÇÃO DE RADIAÇÃO SOLAR PARA CALIBRAÇÃO DOS
PIRANÔMETROS
(DIA 03/12/2007, CÉU PARCIALMENTE NUBLADO) ...................73
FIGURA 3-37. TÚNEL DE VENTO UTILIZADO PARA CALIBRAÇÃO DOS ANEMÔMETROS...75
FIGURA 3-38. CURVA DE CALIBRAÇÃO DO ANEMÔMETRO 1 (INTERNO) .......................75
FIGURA 3-39. CURVA DE CALIBRAÇÃO DO ANEMÔMETRO 2 (EXTERNO) ......................75
FIGURA 3-40. NUMERAÇÃO DOS FLUXÍMETROS, VISTA EXTERNA FRONTAL .................76
ix
FIGURA 3-41. GEL NA FACE DO FLUXÍMETRO (A), RESISTÊNCIA APLICADA SOBRE O GEL
(B), MANTA TÉRMICA ACIMA DA RESISTÊNCIA (C), ARRANJO COMPLETO (D)......77
FIGURA 3-42. ESQUEMA DE CALIBRAÇÃO DOS FLUXÍMETROS.....................................78
FIGURA 3-43. CURVA DE CALIBRAÇÃO DO FLUXÍMETRO 1..........................................79
FIGURA 3-44. CONFIGURAÇÃO PARA CALIBRAÇÃO DOS TERMOPARES .........................81
FIGURA 3-45. CURVA DE CALIBRAÇÃO DOS TERMOPARES...........................................82
FIGURA 3-46. TESTE COM DOIS TERMOPARES NO INTERIOR DO BANHO .......................83
FIGURA 3-47. VARIAÇÃO NAS TEMPERATURAS MEDIDAS PELOS TERMOPARES.............84
FIGURA 3-48. INCERTEZA NA MEDIDA DO T DA ÁGUA NA ENTRADA E
SAÍDA DA CAVIDADE........................................................................................84
FIGURA 3-49. CURVA DE CALIBRAÇÃO DO TERMISTOR ...............................................85
FIGURA 3-50. EXEMPLO DA FIXAÇÃO DOS TERMOPARES (A); EXEMPLO DE PROTEÇÃO
DOS TERMOPARES QUANDO EXPOSTOS À RADIAÇÃO SOLAR (B); ENTRADA PARA
MEDIÇÃO DA TEMPERATURA DO AR (C); JUNTA DE REFERÊNCIA
DOS TEMOPARES (D) .......................................................................................86
FIGURA 3-51. MEDIDOR E HASTE ARTICULADA (A); CONJUNTO MONTADO NA
POSIÇÃO DE USO (B).........................................................................................88
FIGURA 3-52. MEDIDOR DE COEFICIENTE DE CONVECÇÃO INSTALADO NO
CALORÍMETRO.................................................................................................90
FIGURA 3-53. VISTA EXTERNA DO CALORÍMETRO EM FUNCIONAMENTO (A, B) ............91
FIGURA 4-1. TMCP E TEMPERATURA DO AR EXTERNO (TAR EXT)
DURANTE A MEDIÇÃO ......................................................................................98
FIGURA 4-2. VARIAÇÕES DE TEMPERATURA NAS FACES DA CAVIDADE PRINCIPAL
(OBS.: A NOMENCLATURA DE POSICIONAMENTO DAS FACES SUPÕE O
OBSERVADOR LOCALIZADO ATRÁS DA CAVIDADE) ...........................................98
FIGURA 4-3. DIFERENÇAS DE TEMPERATURA ENTRE O AR EXTERNO
E TMCP E ENTRE A ÁGUA NA ENTRADA E SAÍDA DA CAVIDADE PRINCIPAL.......99
FIGURA 4-4. VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DO VIDRO DA CAVIDADE PRINCIPAL........100
FIGURA 4-5. VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DO AR NO INTERIOR DA CAVIDADE
PRINCIPAL .....................................................................................................100
FIGURA 4-6. CALOR RETIRADO PELO FLUIDO NA CAVIDADE PRINCIPAL .....................101
FIGURA 4-7. FATOR SOLAR MEDIDO NO PRIMEIRO TESTE DE CALIBRAÇÃO
(ÂNGULO DE INCIDÊNCIA ~ 45°).....................................................................103
FIGURA 4-8. RESULTADOS DO PRIMEIRO TESTE COM A CAVIDADE SECUNDÁRIA ........105
FIGURA 4-9. TMCP E TEMPERATURA DO AR EXTERNO (SEGUNDO TESTE)..................108
FIGURA 4-10. VARIAÇÕES DE TEMPERATURA NAS FACES DA CP (SEGUNDO TESTE)...109
FIGURA 4-11. FATOR SOLAR MEDIDO NO SEGUNDO TESTE DE CALIBRAÇÃO
(ÂNGULO DE INCIDÊNCIA ~ 60°).....................................................................110
FIGURA 4-12. DIFERENÇAS DE TEMPERATURA ENTRE O AR EXTERNO E TMCP E ENTRE
A ÁGUA NA ENTRADA E SAÍDA DA CAVIDADE PRINCIPAL (SEGUNDO TESTE).....111
FIGURA 4-13. FATOR SOLAR MEDIDO NA CS (SEGUNDO TESTE)................................113
FIGURA 4-14. VARIAÇÃO DE TEMPERATUR NA CS (SEGUNDO TESTE)........................113
F
IGURA 4-15. FENÔMENO DA PASSAGEM DO FLUXO DE CALOR DEVIDO
À DIFERENÇA DE TEMPERATURA DO AR .........................................................116
FIGURA 5-1. CONDIÇÕES PARA A COMPOSIÇÃO DOS TERMOS DA
EQUAÇÃO GERAL DO FS.................................................................................119
x
FIGURA 5-2. VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DO BANHO NOS QUATRO
TESTES LISTADOS NA TABELA 5-1..................................................................124
FIGURA 5-3. VARIAÇÃO DA TEMPERATURA MÉDIA DA CP E DO VIDRO ......................125
FIGURA 5-4. VARIAÇÃO DO FS MEDIDO NA CP.........................................................125
FIGURA 5-5. VARIAÇÃO DA TEMPERATURA MÉDIA DA CS E DO VIDRO ......................126
FIGURA 5-6. VARIAÇÃO DO FS MEDIDO NA CS.........................................................126
FIGURA 5-7. ESQUEMA DE REPRESENTAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR NAS
CAVIDADES (SEM ESCALA).............................................................................130
FIGURA 6-1. DIMENSÕES DA LÂMINA (BRISE HORIZONTAL)
FONTE: HUNTERDOUGLAS..........................................................................199
FIGURA 7-1. OPÇÕES DE CÁLCULO SELECIONADAS NO W6........................................220
FIGURA 7-2. EXEMPLO: CONSTRUÇÃO DAS PROTEÇÕES SOLARES NO W6...................222
FIGURA 7-3. ESQUEMA DE REDUÇÃO DO ESPAÇAMENTO ENTRE AS LÂMINAS.............223
FIGURA 7-4. EXEMPLO DE MONTAGEM DOS SISTEMAS TRANSPARENTES ....................223
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TABELA 3-1. DIMENSÕES PREVISTAS PARA A ABERTURA DA
CAVIDADE PRINCIPAL (CP)..............................................................................40
TABELA 3-2. QUADRO DE CARGAS DO CALORÍMETRO .................................................48
TABELA 3-3. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA BOMBA DE RECALQUE .........................49
TABELA 3-4. SENSORES DE MONITORAMENTO ............................................................50
TABELA 3-5. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO PIRANÔMETRO
KIPP&ZONEN MODELO CM-21........................................................................50
TABELA 3-6. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DOS MEDIDORES DE VAZÃO.......................51
TABELA 3-7. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO PIRANÔMETRO
KIPP&ZONEN MODELO CM22.........................................................................69
TABELA 3-8. CONSTANTES DE CALIBRAÇÃO DOS PIRANÔMETROS FABRICADOS NO
LMPT (CÉU CLARO)........................................................................................70
TABELA 3-9. INCERTEZA NA CALIBRAÇÃO DOS PIRANÔMETROS PARA CÉU ABERTO .....71
TABELA 3-10. CONSTANTES DE CALIBRAÇÃO DOS PIRANÔMETROS FABRICADOS NO
LMPT (CÉU PARCIALMENTE NUBLADO)...........................................................72
TABELA 3-11. INCERTEZA NA CALIBRAÇÃO DOS PIRANÔMETROS PARA CÉU
PARCIALMENTE NUBLADO ...............................................................................73
TABELA 3-12. INCERTEZA NA CALIBRAÇÃO DOS ANEMÔMETROS ................................76
TABELA 3-13. CONSTANTES DE CALIBRAÇÃO DOS FLUXÍMETROS................................80
TABELA 3-14. VARIAÇÃO ENTRE OS VALORES DE T MEDIDO E T DA CURVA
AJUSTADA NA CALIBRAÇÃO DOS TERMOPARES .................................................82
TABELA 3-15. VARIAÇÃO ENTRE OS VALORES DE TEMPERATURA MEDIDA
E CALCULADA (CURVA AJUSTADA) NA CALIBRAÇÃO DO TERMISTOR .................85
TABELA 3-16. DETERMINAÇÃO DA VAZÃO NA CAVIDADE PRINCIPAL ..........................87
TABELA 4-1. PROPRIEDADES ÓPTICAS DO VIDRO INCOLOR 3MM (CARAM, 2002).........94
TABELA 5-1. VARIAÇÃO NA TEMPERATURA MÉDIA DO BANHO TÉRMICO ...................123
TABELA 5-2. RESUMO DAS MEDIÇÕES COM O VIDRO INCOLOR 3MM ..........................163
TABELA 5-3. AJUSTE DO FS PARA T(TC-TVE) = -5°C............................................164
TABELA 5-4. AJUSTE DO FS PARA T(TC-TVE) = -10°C..........................................165
TABELA 6-1. PROPRIEDADES ÓPTICAS DO VIDRO (CARAM, 2002) .............................170
TABELA 6-2. RESUMO DAS MEDIÇÕES COM O VIDRO VERDE 6MM..............................175
TABELA 6-3. RESUMO DAS MEDIÇÕES COM O VIDRO PRATA 8MM..............................179
TABELA 6-4. RESUMO DAS MEDIÇÕES COM O VIDRO INCOLOR 6MM ..........................182
TABELA 6-5. COMPARAÇÃO ENTRE FS MÉDIO MEDIDO NA CP E CS..........................183
TABELA 6-6. FAIXAS DE T CAVIDADE-VIDRO EM FUNÇÃO DA
ABSORÇÃO DO VIDRO ....................................................................................186
TABELA 6-7. COMPARAÇÃO ENTRE O FS MEDIDO E TEÓRICO (TESTES COM VIDROS)..187
TABELA 6-8. RESUMO DAS MEDIÇÕES COM AS PROTEÇÕES SOLARES INTERNAS .........196
TABELA 6-9. COMPARAÇÃO ENTRE O FS MEDIDO E TEÓRICO
(
TESTES COM PROTEÇÕES INTERNAS) .............................................................198
TABELA 6-10. RESUMO DAS MEDIÇÕES COM AS PROTEÇÕES SOLARES EXTERNAS ......205
TABELA 6-11. COMPARAÇÃO ENTRE O FS MEDIDO E TEÓRICO
(TESTES COM PROTEÇÕES EXTERNAS) ............................................................207
xii
TABELA 6-12. INFORMAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA INCERTEZA NO
FS MEDIDO NA CP.........................................................................................210
TABELA 6-13. INCERTEZA NO FS MEDIDO NA CP (VIDROS).......................................211
TABELA 6-14. INCERTEZA NO FS MEDIDO NA CP (PROTEÇÕES SOLARES)..................212
TABELA 6-15. INFORMAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA INCERTEZA NO
FS MEDIDO NA CS.........................................................................................213
TABELA 6-16. INCERTEZA NO FS MEDIDO NA CS (VIDROS).......................................214
TABELA 6-17. RESUMO GERAL DAS MEDIÇÕES COM OS VIDROS (CP) ........................215
TABELA 6-18. RESUMO GERAL DAS MEDIÇÕES COM OS VIDROS (CS) ........................216
TABELA 6-19. RESUMO GERAL DAS MEDIÇÕES COM AS PROTEÇÕES SOLARES............217
TABELA 7-1. COMPARAÇÃO FS MEDIÇÃO X FS MODELO MATEMÁTICO
(VIDROS NA CP)............................................................................................225
TABELA 7-2. COMPARAÇÃO FS MEDIÇÃO X FS MODELO MATEMÁTICO
(VIDROS NA CS)............................................................................................226
TABELA 7-3. COMPARAÇÃO FS MEDIÇÃO X FS W6 (VIDROS NA CP)........................227
TABELA 7-4. COMPARAÇÃO FS MEDIÇÃO X FS W6 (VIDROS NA CS) ........................227
TABELA 7-5. COMPARAÇÃO FS MEDIÇÃO X FS W6 (PROTEÇÕES INTERNAS).............229
TABELA 7-6. COMPARAÇÃO FS MEDIÇÃO X FS W6 (PROTEÇÕES EXTERNAS)............229
xiii
L
L
I
I
S
S
T
T
A
A
D
D
E
E
Q
Q
U
U
A
A
D
D
R
R
O
O
S
S
QUADRO 5-1. VARIAÇÃO PARAMÉTRICA DO T CAVIDADE-VIDRO
(VIDRO INCOLOR 3MM)..................................................................................134
QUADRO 5-2. VARIAÇÃO PARAMÉTRICA DO T CAVIDADE-VIDRO
(VIDRO VERDE 6MM) .....................................................................................136
QUADRO 5-3. VARIAÇÃO PARAMÉTRICA DO H
INT
/(H
INT
+H
EXT
) (VIDRO INCOLOR 3MM) 139
QUADRO 5-4. VARIAÇÃO PARAMÉTRICA DO H
INT
/(H
INT
+H
EXT
) (VIDRO VERDE 6MM)....141
QUADRO 5-5. VARIAÇÃO PARAMÉTRICA DO HINT/(HINT+HEXT)
PARA T(TC-TVE) = -10°C...........................................................................144
QUADRO 5-6. ANÁLISE PARAMÉTRICA DAS PERDAS DE CALOR..................................147
QUADRO 5-7. MEDIÇÕES NA CP (VIDRO INCOLOR 3MM)...........................................150
QUADRO 5-8. MEDIÇÕES NA CS (VIDRO INCOLOR 3MM)...........................................156
QUADRO 6-1. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP (VIDRO VERDE 6MM)...................172
QUADRO 6-2. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CS (VIDRO VERDE 6MM)...................173
QUADRO 6-3. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP (VIDRO PRATA 8MM) ...................176
QUADRO 6-4. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CS (VIDRO PRATA 8MM) ...................177
QUADRO 6-5. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP (VIDRO INCOLOR 6MM)................180
QUADRO 6-6. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CS (VIDRO INCOLOR 6MM)................181
QUADRO 6-7. DETALHES DAS AMOSTRAS DE PROTEÇÕES SOLARES INTERNAS ...........189
QUADRO 6-8. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP
(PERSIANA HORIZONTAL - BRANCA - 45°).......................................................191
QUADRO 6-9. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP
(PERSIANA HORIZONTAL - PRETA - 45°)..........................................................192
QUADRO 6-10. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP (ROLÔ - BRANCA)......................194
QUADRO 6-11. POSICIONAMENTO DAS LÂMINAS E INSTALAÇÃO
DO BRISE NO CALORÍMETRO...........................................................................199
QUADRO 6-12. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP
(BRISE HORIZONTAL BRANCO - 45°) BANHO OFF.......................................202
QUADRO 6-13. RESULTADOS DE FS MEDIDO NA CP
(BRISE HORIZONTAL BRANCO - 45°) BANHO ON........................................203
QUADRO 7-1. RESUMO DAS COMPARAÇÕES ENTRE FS (VIDROS NA CP) ....................231
QUADRO 7-2. RESUMO DAS COMPARAÇÕES ENTRE FS (VIDROS NA CS) ....................232
QUADRO 7-3. RESUMO DAS COMPARAÇÕES ENTRE FS (PROTEÇÕES INTERNAS).........233
QUADRO 7-4. RESUMO DAS COMPARAÇÕES ENTRE FS (PROTEÇÕES EXTERNAS) ........234
xiv
L
L
I
I
S
S
T
T
A
A
D
D
E
E
S
S
Í
Í
M
M
B
B
O
O
L
L
O
O
S
S
Abreviações
adap = adaptado(a);
Âng Inc = Ângulo de incidência (°);
CS = Cavidade secundária;
CP = Cavidade principal;
DesvPad = Desvio Padrão;
Flux = fluxímetro;
FS = Fator Solar (adimensional);
FSmed = Fator Solar medido;
FS teórico = Fator Solar teórico;
Horiz = Horizontal
Rad = Radiação solar (W/m²);
Tempo med = Tempo de medição (min);
var = Variação;
W6 = Window6;
Momenclatura
A
difuso
= Absorção do vidro para a radiação solar difusa (adimensional);
A
face
ou A
face_n
= Área da face da cavidade do calorímetro (m²);
A
J
= Área de janela exposta à radiação (m
2
);
A
T_faces
= Área total das faces da cavidade (m²);
C
água
= Calor específico da água (J/l K);
CP
FACE
= Temperatura da face da cavidade principal em (°C);
CS fundo = Temperatura média da cavidade secundária (°C);
DT ou
T = Diferença de temperatura;
FS
brise
=
Fator Solar do Brise (adimensional);
FScp = Fator Solar medido na cavidade principal (adimensional);
FScs = Fator Solar na cavidade secundária;
FS
med
= Fator solar medido (adimensional);
Flux
m
= Resultado do ganho de calor de cada fluxímetro (W/m
2
);
h = Coeficientes de troca de calor (W/m²K)
h
c
= Coeficiente de troca por convecção (W/m²K);
h
ext
= Coeficiente de troca de calor global externo (W/m²K);
h
int
= Coeficiente de troca de calor global interno (W/m²K);
h
horiz
= Coeficiente de troca de calor global na superficie horizontal (W/m²K);
h
r
= Coeficiente de troca radiante (W/m²K);
h
vert
= Coeficiente de troca de calor global na superficie vertical (W/m²K);
h
_trailer
= Coeficiente de troca de calor superficial total no trailer (W/m²K);
K
flux
= Constante de calibração do fluxímetro (W/mV);
K
pir
= Constante de calibração do piranômetro (W/m²/mV);
xv
Qcp = Fluxo de calor na cavidade principal através da amostra (W);
Qcp
faces
= Calor perdido através das paredes da cavidade (W);
Qcp
faces
= Calor perdido através das paredes da cavidade (W);
Qcp
bf
= Calor perdido através das bordas de fixação (W);
Qcp
fluid
= Calor removido pelo fluido do sistema de resfriamento (W);
Qcp
equi
= Calor gerado pelos equipamentos internos (W);
Qu
cp
= Fluxo (ganho ou perda) de calor devido à diferença de temperatura do ar
no lado interno e externo da amostra (W);
q
conv
= Densidade de fluxo de calor transferida da superfície interna da cavidade
devido ao efeito convectivo gerado pelo ar enclausurado (W/m
2
);
q
flui
= Densidade de fluxo de calor removido pela passagem do fluido (água)
pelas serpentinas (W/m2);
q
med
= Densidade de fluxo de calor quantificada pelo calorímetro (W/m
2
);
q
OL
= Densidade de fluxo de calor trocada em onda longa entre a superfície
interna da cavidade e o vidro (W/m
2
);
q
perdas
= Densidade de fluxo de calor perdido para o ar pelas faces externas da
cavidade, e pelo contato das bordas com a estrutura do trailer (W/m
2
);
q
radα
αα
α
 = Densidade de fluxo de calor absorvido pelo vidro devido à incidência de
radiação solar (W/m
2
);
q
radτ
ττ
τ
= Densidade de fluxo de calor transmitida através do vidro devido à
incidência de radiação solar (W/m
2
);
q
ref
= Densidade de fluxo de calor (onda curta) refletido pela superfície interna
da cavidade (W/m
2
);
m
cp
= Taxa de fluxo de massa de água da cavidade principal (l/s);
N ou Nk = Parcela da fração absorvida que é reemitida para o interior do
ambiente (adimensional);
P
res
= Potência dissipada na resistência aquecedora (W);
Rad
J
= Radiação solar incidente no plano de medição (W/m
2
).
R
ar
= Resistência térmica na interface da superfície externa do isolante da
cavidade e o ar externo (m²°K/W);
R
car
= Resistência térmica da câmara de ar formada no interior da cavidade
(m²°K/W).
R
ext
= Resistência superficial externa (m²K/W);
R
int
= Resistência superficial interna (m²K/W);
R
is
ou R
isolante
= Resistência térmica do isolante térmico da cavidade (m2°K/W);
R
t
= Resistência térmica superficial entre o isolamento e o ar no interior do
trailer (m²K/W);
R
Tcp
= Resistência térmica total entre o ar no interior da cavidade principal e o
ar externo (m
2
K/W);
R
tr
= Resistência térmica superficial entre o isolamento e o interior do trailer
(m2°K/W);
R
v
= Resistência térmica do vidro (m2°K/W);
S
flux
= Sinal de resposta do fluxímetro (mV);
SHGC(D) = Fator Solar do vidro para radiação difusa (adimensional);
xvi
S
pir
= Sinal de resposta do piranômetro (mV);
t = Coeficiente “t-Student”;
T
ar
= Temperatura do ar (°C);
T
ARext
= Temperatura do ar externo (°C);
T
ARtr
= Temperatura do ar no interior do trailer (°C);
T
brise
= Parcela de radiação solar que passa através do brise de forma difusa
(adimensional);
T
c
ou T
CAVIDADE
= Temperatura média da cavidade (°C ou K);
T
car
= Temperatura na câmara de ar no interior da cavidade (°C);
T
ce
= Temperatura média da cavidade (°C);
T
c_face_n
= Temperatura média de cada face da cavidade (°C);
T
ci =
Temperatura superfície interna da cavidade
T
disfuso
= Transmissão do vidro para a radiação solar difusa (adimensional);
T
flux
= Temperatura do fluxímetro (°C);
T
isi
= Temperatura da superfície interna do isolamento (°C);
T
ise
= Temperatura da superfície externa do isolamento (°C);
TMCP = Temperatura média da cavidade principal (°C);
TMCS = Temperatura média da cavidade secundária (°C);
T
trailer
= Temperatura do trailer (°C ou K);
T
VE
= Temperatura na superfície externa do vidro (°C ou K);
T
Vi
= Temperatura da superfície interna do vidro (°C ou K);
T
VIDRO
= Temperatura média do vidro (°C);
T
viz
= Temperatura da vizinhança (°C ou K);
U
face
= transmitância térmica total da face (W/m²K);
u(G) = Incerteza da grandeza G;
Var ext = Velocidade do ar externo (m/s);
T
cp
= Diferença de temperatura da água entre a entrada e saída da cavidade
principal (°C);
T
cp_ar
= Diferença de temperatura entre o ar no interior da cavidade principal e
o ar no meio exterior (°C);
T
face
= Diferença de temperatura a temperatura da face e o ar (°C);
Letras gregas
α
αα
α= Absortância a radiação solar do vidro (adimensional);
= Diferença;
ε
εε
ε
c
= Emissividade da superfície interna da cavidade (adimensional);
ε
εε
ε
V
= Emissividade da superfície interna do vidro (adimensional);
θ =
θ = θ =
θ = Ângulo de incidência (°);
σ
σσ
σ = Constante de Stefan-Boltzmann igual a 5,67.10
-8
(W/m²K
4
);
τ
ττ
τ = Transmitância a radiação solar do vidro (adimensional);
xvii
MARINOSKI, Deivis Luis. Desenvolvimento de um calorímetro para
determinação do fator solar de vidros e janelas. 2010. 298p. Tese
(Doutorado) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
R
R
E
E
S
S
U
U
M
M
O
O
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um calorímetro utilizado para
determinar o Fator Solar de vidros e janelas completas, com ou sem elementos
de proteção solar. O Fator Solar é um índice adotado internacionalmente como
parâmetro de comparação entre estes elementos de fechamento. Este índice tem
um valor adimensional que varia de 0 a 1, e representa a fração da energia solar
que é transmitida diretamente, mais a parcela absorvida pela janela e
posteriormente reemitida para o interior da edificação. O desenvolvimento do
calorímetro inclui o seu projeto, construção, detalhamento da instrumentação e
calibração, além de medições do Fator Solar para diferentes elementos. O
calorímetro possui dois sistemas de medição de ganho térmico: um em função
da diferença de temperatura do líquido de resfriamento da cavidade principal
(usada para testes com elementos em escala real), e um outro sistema para a
cavidade secundária, que quantifica o calor adquirido através de vidros por meio
de transdutores de fluxo de calor. Durante a etapa de calibração, uma nova
metodologia de controle para a medição utilizando o calorímetro foi proposta. A
partir daí foram testados 4 tipos de vidros, cada um deles simultaneamente nas
duas cavidades (vidro monolítico incolor 3mm, incolor 6mm, verde 6mm, e
prata laminado 8mm). Também foram realizadas medições na cavidade
principal com três tipos de proteções solares internas (persiana metálica branca
45°, persiana metálica preta 45°, rolô branco) e uma proteção externa (brise
horizontal metálico branco 45°). Todos os testes foram realizados sob condições
ambientais reais, com os elementos posicionados verticalmente e orientados
para o norte. Os resultados do Fator Solar medido foram comparados com
valores teóricos calculados através da norma ISO 9050 para o caso dos vidros.
para as proteções solares, foram adotados como parâmetros de comparação
valores obtidos com base no ASHRAE Fundamentals (2005). Os resultados
obtidos em campo também foram comparados com os resultados de simulações
realizadas com um modelo matemático e no Software Window6. A incerteza de
medição (absoluta) foi em média de ±0,04 na cavidade secundária e de ±0,12 na
cavidade principal. Em geral, os valores experimentais encontrados
apresentaram boa concordância com os valores teóricos. Assim, o calorímetro
pode ser utilizado para fins de pesquisa ou como alternativa para verificação de
Fator Solar de novos produtos que não estejam cobertos pelos processos de
cálculo apresentados nas normalizações existentes.
Palavras-chave: Fator Solar, Calorímetro; Medição em campo; Vidros e
Janelas.
xviii
MARINOSKI, Deivis Luis. Development of a calorimeter for determination
of Solar Factor of glazing and windows. 2010. 298p. Thesis (Doctorate)
Civil Engineering Departament, Federal University of Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Brazil.
A
A
B
B
S
S
T
T
R
R
A
A
C
C
T
T
This work presents the development of a calorimeter used to determine the
Solar Factor of glazing and windows, including or not shading devices. Solar
Factor is an index used around the world for comparing thermal performance of
fenestrations. This index has a non-dimensional value between 0 and 1, and it
represents the solar energy fraction that is directly transmitted added of the
portion absorbed by the window and re-emitted towards the inside of the
building. The development of the calorimeter includes project, construction,
instrumentation particularities, calibration and Solar Factor measurements in
different elements. The calorimeter has two systems of thermal gain
measurement: the first one depends on the temperature difference of fluid used
for refrigeration of main chamber test (employed to tests with elements in full
scale); the second system is applied in a secondary chamber, where heat flux
transducers are used to measure the solar gain through fenestration. During the
calibration stage, a new method for calorimeter measurement control was
applied and tested. After this, four types of glass were tested at the two
chambers (monolithic 3mm clear glass, 6mm clear glass, 6mm green glass, and
laminated 8mm silver neutral). Measurements were also performed using the
main cavity with three types of internal shading devices (metal venetian blind
with white horizontal slats at 45°, metal venetian blind with black horizontal
slats at 45°, white roller blind) and one external (metal white horizontal slats at
45°). All the tests were conducted under real outdoor conditions. The surface of
measurement was always maintained in vertical position and on the north
orientation. For glass products, the results of Solar Factor measurements were
compared with theoretical values determinate by ISO 9050. As for the shading
devices, values based on ASHRAE Fundamentals (2005) were adopted as
parameters for comparison. Also, the experimental values were compared with
simulations developed using a mathematical model and the Window6 software.
The uncertainty of measurement (absolute) was on average ±0.04 for the
secondary cavity and ±0.12 in the main cavity. In general, the experimental
values presented good agreement with the theoretical values. Thus, the
calorimeter can be used for research purposes or as an alternative to determine
Solar Factor of new products, which are not covered by the calculation
procedures presented in the existing standardization.
Keywords: Factor Solar, Calorimeter; Outdoor measurement; Fenestrations.
1
1
1
I
I
N
N
T
T
R
R
O
O
D
D
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
1.1 C
ONTEXTO DE ESTUDO
:
JANELAS E O CONSUMO DE
ENERGIA
Mergulhando no universo da engenharia e dos desafios da
tecnologia atual, a preocupação com a eficiência energética tem se
mostrado um dos focos de inquietação para a sociedade dos nossos
tempos. O estudo do consumo de energia associado às edificações tem
aberto um leque para uma grande variedade de análises e melhorias.
Estas englobam desde o caráter macro, tais como aplicações em projeto,
construção, ocupação e condicionantes externos, até chegar aos limites
chamados “inferiores”, como as propriedades intrínsecas de cada
elemento ou material utilizado.
De maneira geral, cada um dos elementos ou materiais
utilizados nas edificações tem a sua importância para a formação de um
ambiente que atenda as necessidades humanas, sejam elas relativas à
segurança, estética, conforto ou consumo de energia. No entanto,
existem alguns destes elementos que ocupam uma posição distinta do
ponto de vista da relação entre suas funcionalidades e o ambiente
construído. Dentro desta categoria, estão incluídas as janelas e aberturas
da edificação.
As janelas e aberturas podem ocupar desde uma pequena fração
da área da fachada ou até mesmo chegar a compor grandes paredes
envidraçadas, constituindo a maior parte do envelope construtivo. Por
isso, em muitos casos, elas são consideradas um elemento dominante na
aparência da edificação. A variedade de formas, cores e materiais
utilizados permitem modificações na aparência e na estética
arquitetônica. Além dos fatores estéticos, as aberturas apresentam
originalmente outras funções, tais como permitir a passagem da luz e a
ventilação. Também é reconhecida a sua influência psicológica ao
promover satisfação, saúde e produtividade para os ocupantes (Carmody
et al., 2004).
No entanto, com a evolução da tecnologia, algumas dessas
funções passaram a ser supridas através de sistemas artificiais, visando o
conforto e a manutenção de condições ambientais estáveis de moradia e
trabalho. Deste modo, atrelaram-se diretamente as janelas e aberturas ao
uso e também aos custos com energia.
2
Exemplos quantitativos do impacto das aberturas sobre o
consumo de energia podem ser observados através de diversas
pesquisas, realizadas principalmente nos EUA. Frost et al. (1996)
estimaram que no ano de 1994 existia neste país uma área de janelas de
aproximadamente 1,77 bilhões de metros quadrados no setor residencial,
que era responsável pelo consumo de 1,7.1015 BTU/ano (498
TWh/ano). Destes, 1,3.1015 BTU/ano (76,5%) eram usados para
aquecimento e 0,4.1015 BTU/ano (23,5%) para resfriamento.
Nesta mesma época, acreditava-se que as janelas do setor
residencial dos EUA geravam um custo adicional de energia de US$ 9,3
bilhões/ano. Estudos do LBNL (Lawrence Berkeley Nacional
Laboratory – University of California) supunham que se todas as janelas
compradas entre os anos de 1996 e 2010 (15 anos) incorporassem
camadas de baixa emissividade (low-E), gás de baixa condutividade e
outras tecnologias, este mesmo gasto poderia ser reduzido em até 25%,
ou seja, mais de U$ 2 bilhões/ano em 2010 (Carmody et al., 1996).
A partir de avaliações mais recentes, Carmody et al. (2004)
mencionam que os edifícios comerciais dos EUA são responsáveis por
16% do consumo de energia do país, o que corresponde a 15,4
quadrilhões (Peta
1
) de BTUs/ano de um total de 92,6 (respectivamente,
4.513 TWh e 27.138 TWh). Desta parcela, as janelas são responsáveis
por 1,1 PBTUs/ano (322 TWh) consumidos com resfriamento e
aquecimento em edifícios comerciais, enquanto a iluminação artificial
representa 3,83 PBTUs/ano (1.122 TWh). Assumindo que 25% da
energia utilizada com iluminação artificial poderia ser substituída pela
iluminação natural se as janelas fossem aplicadas adequadamente (cerca
de 0,96 PBTUs/ano ou 280 TWh), estima-se que as janelas de edifícios
comerciais somem aproximadamente 2 PBTUs/ano (602 TWh) do
consumo anual, ou seja, mais do que 2% do consumo total anual do
país
2
. Com base nestes valores, verifica-se que as janelas representam
1
Peta (P) representa o valor de 10
15
.
2
Comparação com o consumo total anual de energia elétrica em alguns países do mundo (IEA,
2006):
Alemanha
Austrália
Brasil
China
França
Japão
Reino Unido
579,9
224,9
359,6
2.054,6
478,1
1.031,3
371,3
TWh
TWh
TWh
TWh
TWh
TWh
TWh
(Ano Base 2004)
3
mais de 12% de toda a energia utilizada nos edifícios comerciais dos
EUA. Se o setor residencial for incluído nestes cálculos, as janelas
seriam então responsáveis por um total de 5 PBTUs/ano (1.465 TWh),
ou mais de 5% da energia consumida anualmente no país.
Restringindo o assunto apenas aos efeitos das trocas térmicas
envolvidas, é notório que os ganhos e perdas de calor através das janelas
representam parcelas importantes das cargas de resfriamento e
aquecimento dos ambientes. Ainda nos EUA, estima-se que, em média,
estas trocas correspondam a 31% da carga de resfriamento e 17% da
carga de aquecimento em edifícios comerciais. no caso de
construções residenciais, estes números seriam de 34% e 23%,
respectivamente (Winkelmann, 2001).
Por sua vez, a radiação solar incidente nas janelas é um fator
muito significativo sobre o consumo de energia gerado pelas cargas de
resfriamento e aquecimento. Reilly e Hawthorne (1998) realizaram um
estudo avaliando a influência da transmitância térmica e do ganho de
calor solar através de janelas sobre o consumo de energia com
condicionamento de ambientes residenciais em duas cidades dos EUA.
Estima-se que, para o caso da cidade de Baltimore (aquecimento
predominante), somente o ganho de calor solar através de janelas
compõe aproximadamente 15% da energia utilizada para
condicionamento. para a cidade de Miami (resfriamento
predominante), o ganho de calor solar é responsável por 37% do
consumo de energia com condicionamento.
Li e Lam (2000), por meio de estudos e simulações energéticas
de edifícios comerciais na cidade de Hong Kong, também mostraram
que o consumo de energia com ar condicionado está entre 50% e 60%
do uso total de energia elétrica. Neste caso o ganho de calor solar,
principalmente por aberturas, foi o maior responsável pela carga de
resfriamento.
Tendo em vista estes números, países como EUA, Canadá,
Reino Unido, Suécia, Austrália e outros, têm desenvolvido, nos últimos
anos, iniciativas que visam minimizar os custos com o consumo de
energia atribuído às aberturas. Os governos destes países m investido
em projetos de pesquisas com o objetivo de compreender melhor os
processos físicos de transmissão de luz e calor através das janelas,
buscando, inclusive, determinar as propriedades dos materiais que as
compõem. As linhas de pesquisa têm se subdividido em estudos na área
teórica, experimental, desenvolvimento de softwares e elaboração de
normas. Estes conhecimentos têm dado suporte para algumas ações,
4
como a criação de sistemas de certificação, onde índices de desempenho
energético dos produtos colocados no mercado são avaliados e
proporcionam um indicativo para sua melhor aplicação em relação à
eficiência energética.
1.2 M
OTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVA
Principalmente em regiões de clima quente, o ganho de calor solar
é um dos maiores responsáveis pelo aumento da carga térmica no
interior da edificação. Arasteh (1995) descreve um consenso sobre o
assunto ao mencionar que o controle do ganho de calor solar é muito
importante para o projeto de edificações eficientes devido aos seguintes
fatores:
Cada vez mais residências e edifícios estão sendo construídos
com sistemas de condicionamento de ar;
Ganhos solares em edifícios de climas quentes contribuem para
o aumento da carga de resfriamento;
O sistema elétrico atinge seu pico de demanda em períodos de
verão, quando as cargas de resfriamento são mais significativas.
Desta maneira, observa-se que as construções brasileiras se
enquadram claramente nesta situação, sofrendo uma grande influência
do calor solar transmitido através das aberturas.
No Brasil, de uma maneira geral, a preocupação com o impacto
no consumo de energia que as aberturas causam ainda é incipiente. As
normas voltadas para o setor são, em sua maioria, relacionadas a
aspectos construtivos das janelas. Praticamente inexistem normas
nacionais relacionadas à eficiência energética de janelas.
No entanto, no ano de 2007, uma medida oficial foi aplicada
neste sentido. O MME (Ministério de Minas e Energia), através da
Eletrobrás/Procel, implementou uma regulamentação, inicialmente
voluntária, para certificação de níveis de eficiência energética em
prédios comerciais e blicos. Dentro desta regulamentação, o
conhecimento das propriedades das janelas e seus componentes passa a
ser essencial para a avaliação global da eficiência energética dos
edifícios.
Uma destas propriedades é o Fator Solar (FS), conhecido
internacionalmente como Solar Heat Gain Coefficient (SHGC). O Fator
Solar é um dos mais importantes índices de desempenho energético de
5
janelas e aberturas. Este índice representa a fração de ganho térmico
devido à radiação solar que a abertura transmite diretamente, somada à
parcela que é absorvida e re-emitida pela própria abertura para o interior
da edificação. Sua definição é expressa na equação [1.1], onde τ e α são
propriedades ópticas (transmitância e absortância) de cada elemento, e N
é a fração de fluxo de calor absorvido que chega ao interior da
edificação (ASHRAE, 2005). Estas propriedades ópticas, por sua vez,
são dependentes do ângulo de incidência (θ) e do comprimento de onda.
O Fator Solar é dado como um mero adimensional entre 0 e 1. Este
valor pode ser especificado apenas para o vidro ou ser indicado para
todo o conjunto da janela.
),(),(),(
λθαλθτλθ
NFS +=
[1.1]
Este tipo de informação, associada à simulação computacional e
outros processos de análise, possibilita a elaboração de projetos de
edificações melhores e mais eficientes.
Mas a criação de modelos matemáticos para determinar o ganho
de calor solar e o Fator Solar para algumas situações é difícil, devido ao
grande número de variáveis envolvidas, uma vez que cada tipo de janela
e proteção solar tem características específicas que precisam ser
consideradas.
Mesmo assim, muitos esforços têm sido realizados com o
objetivo de caracterizar o fenômeno. Klems (1994a, 1994b, 2002),
Collins (2002) e Collins e Harrison (2004a) desenvolveram métodos
para estimar o ganho de calor solar através de aberturas com proteções
solares. Atualmente, alguns destes modelos matemáticos de cálculo têm
sido implementados através de programas computacionais, mas estes
apresentam limitações, especialmente quando se deseja avaliar janelas
com elementos de sombreamento. Deste modo, medições diretas são
importantes para comparar e validar os resultados calculados (Klems et
al. 1996; Collins, 2002; Collins e Harrison, 2004b).
Os calorímetros solares são dispositivos comumente utilizados
nas pesquisas relacionadas com a avaliação de desempenho térmico de
janelas. Através destes sistemas, é possível a realização de medições
para determinar a quantidade de calor que cruza o plano da janela sob
condições reais de utilização ou situações específicas de teste. Em
alguns casos, os resultados das medições são utilizados para auxiliar o
processo de certificação de janelas.
6
No Brasil, a Universidade Federal de Santa Catarina tem
continuamente dedicado esforços para o desenvolvimento de
dispositivos experimentais de medição de ganho de calor solar, visando
a caracterização de sistemas de aberturas (Pereira, 1993; Pereira et al.,
1999; Macedo e Pereira, 2003). Marinoski et al. (2005, 2007) deram
continuidade a esta linha de pesquisa, apresentando o aperfeiçoamento
de uma bancada de testes existente. Este último estudo é utilizado
como base para construção de um novo equipamento de medição
calorimétrica através de aberturas, conforme proposto nos objetivos
deste trabalho. O desenvolvimento do novo calorímetro faz parte de um
projeto de pesquisa financiado pelo programa de P&D
FURNAS/ANEEL.
A normalização internacional prevê o uso de calorímetros para
situações em que os procedimentos matemáticos não descrevem de
maneira satisfatória o fenômeno da passagem da radiação pela abertura
(Ex: proteções solares, envidraçamentos inovadores, formas prismáticas
ou curvas, películas holográficas, etc.). Assim, tendo em vista a
significância das janelas para o conforto e eficiência energética das
edificações brasileiras e o fato de não existir nenhum dispositivo
nacional que viabilize testes de determinação do Fator Solar destes
elementos em condições reais, destaca-se mais uma vez a necessidade
do desenvolvimento deste trabalho.
1.3 O
BJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
Projetar e construir um calorímetro solar para teste de janelas
em tamanho real, e desenvolver um método de determinação do Fator
Solar aplicado ao equipamento.
1.3.2 Objetivos específicos
Calibrar o calorímetro e os sensores utilizados;
Desenvolver um método de determinação do Fator Solar
aplicado ao calorímetro.
Determinar o Fator Solar de alguns tipos de vidros e proteções
solares comumente utilizados nas edificações brasileiras;
Verificar comparativamente os resultados de Fator Solar
determinados com o calorímetro frente a valores obtidos através
7
de processos matemáticos e computacionais.
1.4 E
STRUTURA DO TRABALHO
Neste primeiro capítulo, chamou-se a atenção para a
importância das aberturas nas edificações, tendo como foco o consumo
de energia. Também foram apresentadas as justificativas e a motivação
da pesquisa, bem como os seus objetivos. o capítulo dois traz uma
revisão da literatura nacional e internacional, abordando diferentes
métodos e sistemas de medição do ganho de calor e procedimentos para
determinação do Fator Solar de janelas.
No terceiro capítulo são descritas as considerações de projeto
do calorímetro, fabricação e montagem dos diversos componentes
utilizados, bem como a calibração e instalação de sensores de
monitoramento das variáveis ambientais e outras grandezas.
No quarto e quinto capítulos são expostas, respectivamente, a
primeira e a segunda fase de calibração do calorímetro. Estas duas fases
incluem: os testes iniciais com o calorímetro, a metodologia de
determinação do FS, alterações necessárias no sistema de controle,
considerações sobre a física da transferência de calor através dos vidros,
o desenvolvimento de um modelo matemático e resultados de FS para o
vidro de referência utilizado nos testes de calibração.
O capítulo seis apresenta os resultados da determinação do FS
realizada com o calorímetro para alguns tipos de vidros e proteções
solares internas e externas. Também são estimadas as incertezas nos
valores de FS obtidos nestas medições. Depois disso, no sétimo capítulo,
os valores de FS encontrados experimentalmente são comparados com
valores obtidos através de processos de cálculo matemático e
computacional.
Por fim, as conclusões e considerações finais sobre a pesquisa
são apresentadas no capítulo oito. A seguir, a Figura 1-1 mostra um
fluxograma geral com as etapas executivas do estudo e a sua
distribuição ao longo do texto deste documento.
8
Figura 1-1. Fluxograma geral do desenvolvimento do estudo
Capítulo 3
Capítulos 4 e 5
Capítulo 6
Capítulo 7
9
2
2
R
R
E
E
V
V
I
I
S
S
Ã
Ã
O
O
D
D
E
E
L
L
I
I
T
T
E
E
R
R
A
A
T
T
U
U
R
R
A
A
2.1 F
UNDAMENTOS DA MEDIÇÃO DE GANHO DE CALOR
APLICADOS AOS CALORÍMETROS SOLARES
Dois processos de medição são normalmente aplicados para
determinar o ganho de calor solar através de uma janela: o método
fluximétrico e o método calorimétrico por diferença de temperatura.
O método fluximétrico utiliza um sensor plano (fluxímetro),
composto pelo agrupamento de dezenas de micro termopares que geram
um sinal proporcional à diferença de temperatura devido ao fluxo de
calor transmitido. O sensor é instalado no lado oposto à radiação solar
incidente na amostra de teste (janela) e quantifica a fração da radiação
solar que atravessa este elemento.
Um exemplo deste tipo de sensor é o transdutor " a gradiente
tangencial" descrito por Güths (1994) e Güths et al. (1995). Esse
transdutor é construído a partir de técnicas de fotogravura, possuindo
uma termopilha a eletrodos depositados (cobre/constantan) disposta
paralelamente à superfície de medição (Figura 2-1). Assimetrias físicas
na forma de pinos metálicos provocam diferenças de temperatura sobre
a termopilha gerando uma tensão proporcional ao fluxo de calor. A
espessura desse sensor é de 300
µ
m, apresentando uma resistência
térmica de aproximadamente 6 x 10
-4
m
2
K/W. A Figura 2-2 mostra a
aplicação dos transdutores sobre uma base plana.
10
V
Figura 2-1. Corte do transdutor de fluxo de calor a
gradiente tangencial (Güths et al., 1998)
Figura 2-2. Aplicação dos transdutores
no processo calorimétrico, o ganho de calor é quantificado
através da remoção do calor absorvido por uma superfície também
posicionada no lado oposto à radiação solar incidente sobre a amostra de
teste (janela). Esta remoção se dá por meio da passagem (contato) de um
fluído, normalmente a água, pela superfície de absorção. Não havendo
mudança de fase no fluído, o valor do calor específico da água (Cp)
pode ser mantido constante, e o calor removido (q) é então quantificado
com base na vazão mássica () e na diferença entre a temperatura
média (T) do fluido na entrada e na saída da superfície de contato. Este
11
é o mesmo princípio básico associado aos trocadores de calor, que
correlaciona estas variáveis na forma matemática q=CpT (Incropera
e DeWitt, 2003). A Figura 2-3 apresenta um esquema do processo de
remoção do calor por meio da passagem do fluido.
Figura 2-3. Passagem do fluido pela superfície de absorção e
variação na temperatura de entrada e saída
2.2 S
ISTEMAS DE MEDIÇÃO DE GANHO DE CALOR SOLAR EM
JANELAS
2.2.1 Simulador solar
Entre os anos de 1988 e 1989, o governo canadense, através do
NRC (Natural Resources Canada), patrocinou o desenvolvimento de um
protótipo e também de um procedimento de medição para determinar o
FS e a transmitância térmica através de janelas. Desde então,
melhoramentos no equipamento foram feitos, e em 1992 os testes com
diferentes modelos de aberturas passaram a ser efetivamente realizados.
ρ
α
τ
Radiação
Solar (OC)
Radiação
Térmica (OL)
Convecção
AMOSTRA
(vidro, etc)
ISOLANTE
ABSORVEDOR
DE CALOR
FLUIDO
(entrada)
FLUIDO
(saída)
T
1
T
2
(T
2
>
T
1
)
REMOÇÃO
DO CALOR
12
Harrison e Van Wonderen (1994) apresentam um trabalho
descrevendo a utilização de um simulador solar para determinar, em
laboratório, o valor do FS em diferentes modelos de janelas.
Posteriormente, os resultados foram comparados a valores obtidos com
um programa computacional.
Para realizar as medições, primeiramente as amostras são
montadas em um calorímetro para janelas. O calorímetro é posicionado
em uma câmara com condições ambientais controladas. Do lado
externo, a amostra (janela) é irradiada, em um ângulo fixo, por uma
única fonte (lâmpada) que proporciona índices de radiação entre 150 e
1100 W/m
2
. Esta mpada é combinada com um sistema de refletores
que proporciona radiação uniforme sobre a área da amostra e uma
distribuição espectral próxima a solar (Figura 2-4 e Figura 2-5).
Figura 2-4. Esquema interno do calorímetro
(Harrison e Van Wonderen, 1994)
13
Figura 2-5. Esquema do local de teste
(Harrison e Van Wonderen, 1994)
O desempenho da janela é diretamente medido com base no
balanço interno de energia da célula – equação [2.1]. O fluxo de energia
através da janela e da câmara (Q
net
) é a soma da energia extraída da
placa absorvedora (Q
abs
), do calor que sai através das paredes da célula
(Q
cw
) e das paredes que suportam a janela (Q
mw
), menos a potência
dissipada internamente pelos equipamentos (P
inputs
).
inputsmwcwabsnet
PQ+Q+Q=Q
[2.1]
O fator de desempenho térmico da janela (
η
), que corresponde à
fração do fluxo de calor incidente que é admitida pela mesma, é definido
na equação [2.2]:
GA
Q
=η
f
net
.
[2.2]
Onde:
Q
net
= Fluxo de energia através da janela (W);
A
f
= Área da janela (m
2
);
G = Irradiação solar (W/m
2
).
Em estudos prévios sobre o método, Harrison e Dubrous (1990)
apud Harrison e Van Wonderen (1994) desenvolveram uma análise de
14
regressão relacionando simultaneamente o FS e a transmitância térmica
da janela (U
f
). Neste estudo, o fator de desempenho é determinado em
diferentes condições climáticas (com G variando de 200 a 1000 W/m
2
e
diferença de temperatura (
T) fixa em 40°C). A regressão é do tipo
linear, definindo o FS como a intersecção da linha de regressão com o
eixo das ordenadas, e U
f
igual à inclinação da reta, como mostra a
equação [2.3]:
G
T
UFS=η
f
.
[2.3]
Para isolar FS, busca-se a condição em que o
T/G seja nulo e,
conseqüentemente,
η
 represente o próprio FS. Desta forma, para
realização do experimento a opção encontrada foi manter a diferença de
temperatura através da janela igual a zero.
Através de simulação computacional foi realizada uma
verificação da influência das mudanças das condições ambientais de
teste sobre o FS. Como ferramenta, foi utilizado o software VISION3
(Wright, 1992). Este programa tem como padrão as condições
ambientais de teste estabelecidas em norma pela CSA (Canadian
Standards Association). As condições da CSA estabeleciam:
Temperatura interna de 21°C;
Temperatura externa de –18°C;
Coeficiente de convecção exterior de 30 W/m2K;
Irradiação solar de 783 W/m2K;
Distribuição do espectro solar conforme a ASTM AM1.5
(ASTM, 1987).
Estas condições foram alteradas, aplicando-se as novas
condições de teste, que são as seguintes:
Temperatura interna de 21°C;
Temperatura externa de 21°C;
Coeficiente de convecção exterior de 20 W/m2K;
Irradiação solar de 783 W/m2K;
Distribuição espectral da lâmpada.
15
Diferentes tipos de vidros foram analisados no programa
VISION3, verificando-se que as variações dos resultados do FS,
comparando a condição padrão (CSA) e a condição do método de teste
eram pequenas.
Um total de nove amostras foram testadas, todas com vidros
duplos e o mesmo modelo de esquadria, porém com diferentes tipos de
vidros (claro, reflexivo, verde, e Low-e). Em média, a incerteza dos
valores da medição foi de ± 4,9%. A variação entre os resultados
medidos e calculados de FS foi considerada pequena, com uma
diferença média igual a 0,03.
Levando-se em consideração a influência da distribuição
espectral sobre os valores de FS para alguns tipos de vidro, foi
desenvolvido um fator de ajuste para corrigir parte do erro causado pelo
uso da lâmpada em lugar da radiação solar. O ajuste dos valores
medidos segundo a distribuição espectral da ASTM reduziu
significativamente a diferença entre os valores obtidos pelo método de
teste e a simulação. De maneira geral, observou-se que os efeitos
causados no FS, pelo uso da lâmpada para substituir a radiação solar,
foram pequenos em janela com vidros claros ou coloridos, mas foram
significativos para janelas com vidro espectralmente seletivos.
Quatro anos mais tarde, Harrison e Van Wonderen (1998)
apresentaram um novo trabalho, dando continuidade ao estudo anterior.
Novamente o simulador solar é utilizado para medir valores de FS em
diferentes modelos de aberturas comercialmente disponíveis (inclusive
com proteções solares), comparando os resultados medidos com valores
de simulação computacional.
A novidade foi um melhoramento do equipamento, permitindo
a variação do ângulo de incidência da radiação. A variação angular da
altura solar foi possibilitada através do movimento vertical da lâmpada
(fonte de radiação), montada sobre um elevador. Com isso, as amostras
foram diretamente irradiadas até um ângulo de 30° com a horizontal, e
para ângulos maiores que este valor foi utilizado um sistema de espelhos
refletores (Figura 2-6). Já a variação azimutal é conseguida pela rotação
da célula calorimétrica sobre um eixo vertical no interior da câmara
climatizada.
O estudo buscou verificar a dependência angular do FS para
algumas amostras de vidro com e sem proteções solares tipo veneziana e
cortina. Foi analisado também o potencial de programas computacionais
para simular unidades envidraçadas complexas. Usando as propriedades
ópticas dos materiais previamente medidas, os sistemas de aberturas
16
foram simulados utilizando o programa VISION4 (Wright, 1994). Os
valores de FS calculados pelo programa foram comparados aos valores
medidos através do método de teste proposto. Como o programa
VISION4 não havia sido desenvolvido para utilizar dispositivos de
controle solar, foi assumida uma simplificação, onde se considerou estas
proteções como sendo vidros translúcidos ou opacos.
Figura 2-6. Variação angular da fonte de radiação
(Harrison e Van Wonderen, 1998)
Para as unidades compostas apenas por vidros ou com cortinas
tipo “roller shade” com o perímetro selado, os valores medidos e
calculados de FS apresentaram uma boa concordância. Isso mostrou,
para efeito de simulação, que é possível supor determinados tipos de
sistema de sombreamento como uma camada de vidro translúcido ou
opaco. Porém, para venezianas com perímetro aberto, os resultados
mostraram variação significativa (chegando a valores de FS 25% acima
do encontrado do caso com perímetro selado). Este resultado foi
atribuído ao efeito da convecção natural que aumenta a transferência da
energia absorvida pelas palhetas para o interior do calorímetro, e
também à reflexão da luz em função da orientação e da cor das palhetas.
A aplicação do programa para estes casos de sistemas complexos foi
restrita devido a limitações teóricas e limitações do modelo de cálculo
de transferência de calor.
17
2.2.2 UF-ASHRAE Solar calorimeter
O UF-ASHRAE Solar calorimeter é um equipamento utilizado
para medir o ganho de calor solar através de aberturas. O nome origina-
se do fato de o equipamento ter sido doado pela ASHRAE para a
Universidade da Flórida, em 1961, onde ele foi instalado e recalibrado,
entrando em funcionamento em 1962. Antes disso, o calorímetro já
operava desde sua construção, em 1945, no laboratório de pesquisas da
ASHVE (American Society of Heating and Ventilating Engineers –
como era conhecida a ASHRAE até 1954) em Cleveland, Ohio
(McCluney, 1991; SEECL, 2000).
Tseng e Goswami (2001) realizaram um estudo utilizando o
calorímetro solar para medir o FS de amostras de janelas fornecidas pela
NFRC, onde o princípio de funcionamento do equipamento é descrito.
O calorímetro é constituído de um absorvedor cilíndrico cortado
por um plano metálico com uma abertura para fixação da amostra. O
dispositivo está montado sobre um sistema de eixos e rodas que permite
a movimentação e rotação do equipamento (Figura 2-7).
Figura 2-7. UF - ASHRAE Solar calorimeter ( SEECL, 2000)
O equipamento conta com um sistema de circulação de água
para remover o calor transmitido para o interior da câmara isolada
termicamente. Durante a medição, a temperatura e a massa do fluxo de
água são ajustados para remover o calor absorvido e manter a
18
temperatura interna do calorímetro em um nível constante,
preferencialmente igual à temperatura ambiente.
A tubulação de circulação de água é soldada a uma placa de
cobre, que forma a superfície de absorção, e ambas são pintadas com
tinta preta. As paredes da câmara também são de cobre escurecido. Já as
laterais e a parte posterior são altamente isoladas por uma camada de 4
polegadas de espuma de isocianeto injetado. A face externa do
isolamento é coberta por alumínio pintado de branco. A fim de
determinar o calor residual perdido através do isolamento, é colocada
uma placa de poliestireno rígido de condutividade conhecida e com
sensores entre o metal de absorção e o isocianeto para verificar a
diferença de temperatura (Figura 2-8).
Legenda:
1. Amostra
(janela ou painel de vidro)
2. Isolamento térmico
3. Camada de monitoramento do
fluxo de calor
4. Tubulação de água
5. Bomba de velocidade constante
6. Aquecedor elétrico ajustável
7. Medidor de fluxo
8. Máquina de refrigeração
Figura 2-8. Esquema do sistema de funcionamento do calorímetro
(Tseng e Goswami, 2001)
O ganho de calor solar (Q
SHG
) através da abertura no
calorímetro é dado pela equação [2.4], através do balanço térmico entre
o calor removido pela circulação de água (Q
out
), o fluxo de calor através
do painel frontal (Q
sp
), o fluxo de calor através da abertura ou janela
(Q
w
), e o fluxo de calor através da paredes da célula do calorímetro
(Q
walls
).
wallswspoutSHG
QQQQQ +++=
[2.4]
19
o calor removido pelo sistema de circulação de água (Q
out
)
pode ser calculado através da equação [2.5]:
TCpmQ
out
= ..
.
[2.5]
Onde:
.
m
= Taxa de fluxo de massa de água no sistema (kg/s);
Cp = Calor específico da água (J/kgK);
T = Diferença de temperatura entre a água que entra e sai do
calorímetro (°C).
O fluxo de calor através do painel frontal (Q
sp
) pode ser
calculado pela equação [2.6]:
spoutspinspspsp
RTTAQ
/).(
,,
=
[2.6]
Onde:
A
sp
= Área do painel (m
2
);
T
sp,in
= Temperatura do lado interno do painel (°C);
T
sp,out
= Temperatura do lado externo do painel (°C);
R
sp
= Resistência térmica do painel (m
2
K/W).
O fluxo de calor através de abertura (Q
w
) em condições de
regime permanente é dado pela equação [2.7]:
).(.
ambencwfenw
TTAUQ =
[2.7]
Onde:
U
fen
= Coeficiente de transmitância térmica total da abertura (W/m
2
K);
A
w
= Área da abertura (m
2
);
T
enc
= Temperatura no interior da câmara (°C);
T
amb
= Temperatura externa (°C).
Para condições de regime permanente, o fluxo de calor
transmitido através das paredes laterais da célula do calorímetro (Q
walls
)
é dado pela equação [2.8]:
20
= ).(.
xxwalls
TA
k
Q
δ
[2.8]
Onde:
k = Condutividade térmica do material (W/mK);
δ = Espessura do isolamento (m);
A
x
= Área de uma parede “x” da célula (m
2
);
T = Diferença de temperatura entre o lado interno e externo de uma
parede “x” da célula (°C).
O FS é
então
determinado como sendo a razão entre o ganho
de calor solar (QSHG) e a radiação incidente (Qisr). A radiação
incidente é, por sua vez, calculada pela multiplicação da área da janela
pela densidade de radiação solar que chega até ela no momento da
medição.
Foram realizadas medições utilizando o calorímetro para
inclinação da amostra (vidro incolor 6,4mm) igual a 45° e 90°, com
ângulo de incidência de radiação entre 20° e 30° e intensidade mínima
de radiação de 630W/m
2
. Os testes nas duas inclinações (45° e 90°)
foram divididos em três subgrupos baseados na diferença entre a
temperatura interna e externa do calorímetro: pequena diferença de
temperatura (
T < 1,7°C); média diferença de temperatura (1,7°C <
T
< 6.7°C); e grande diferença de temperatura (
T > 6,7°C).
Analisando a influência da inclinação da amostra, verificou-se
que quando a diferença de temperatura era pequena, os valores medidos
para 45° e 90° (em média 0,80 e 0,82 respectivamente) ficaram bastante
próximos. Os resultados indicaram que a diferença entre os valores do
SHGC nos dois casos é de aproximadamente 2,5%. Esta diferença
corresponde a um valor próximo ao desvio padrão das medições, por
isso os autores concluíram que o efeito da inclinação dentro deste
intervalo não é significativo.
Os resultados das medições mostraram também que a diferença
de temperatura entre o ar no interior e no exterior do calorímetro tem
grande influência sobre o resultado do FS. Quando a diferença de
temperatura é menor que 1,7°C, o valor do FS medido para 45° e 90° de
inclinação é de 0,80 e 0,82, respectivamente. Para diferença de
temperatura média (1,7°C <
T < 6.7°C), os valores de FS encontrados
21
variam entre 0,78 e 0,68. quando a diferença de temperatura é alta
(
T > 6,7°C), os valores de FS, tanto para a inclinação de 45° como 90°,
decrescem significativamente, ficando em torno de 0,60.
2.2.3 MOWITT (Mobile Window Thermal Test Facility)
O MOWITT é um dispositivo construído na Universidade da
Califórnia, pelos pesquisadores do Lawrence Berkeley National
Laboratory (LBNL), para verificar e estudar o desempenho de janelas,
vidros e dispositivos de sombreamento sob condições reais de utilização
(Klems e Warner, 1992; Klems e Kelley, 1996; Klems et al., 1996;
LBNL, 2007)
O sistema caracteriza o fluxo líquido de energia em função do
tempo, medidas de temperatura, incidência de radiação solar e das
condições de vento às quais estão expostas as amostras de janela. O
MOWITT é composto por um par de calorímetros instalados em um
“container” sobre rodas, o que possibilita sua movimentação.
Trata-se de um equipamento baseado em transdutores de fluxo
de calor que medem a energia transmitida através da abertura, operando
em escala real. O sistema é composto de duas grandes câmaras, cobertas
por fluxímetros, dispostas lado a lado, onde é fixada a abertura que será
testada e uma abertura de referência (Figura 2-9, Figura 2-10 e Figura
2-11). A abertura de referência é composta apenas por um vidro claro
com espessura de 3mm.
Figura 2-9. Sistema MOWITT mostrando as duas câmaras operando
de forma independente (LBNL, 2007)
22
Figura 2-10. Corte transversal das câmaras
do MOWITT (LBNL, 2007)
Figura 2-11. Interior de
uma das câmaras
(LBNL, 2007)
Cada cavidade tem sua superfície externa mantida à temperatura
constante por um complexo sistema de circulação de ar ao redor das
câmaras de teste, conforme mostrado na Figura 2-12.
Após o desenvolvimento de um método matemático para
estimar o ganho de calor solar em janelas com proteções solares, o
MOWITT foi utilizado para comparar os resultados calculados com
medições diretas (Klems e Warner, 1992; Klems, 1993).
Figura 2-12. Sistema de
controle da temperatura de
uma das câmaras do
MOWITT (LBNL, 2007)
23
Inicialmente, um scanner radiométrico foi usado para medir a
transmissão e reflexão de radiação nos elementos que compõem o
sistema de abertura. Então, um processo de cálculo matemático, que
considera inter-reflexões, é aplicado para determinar as propriedades de
transmissão e a absorção da radiação entre as camadas (vidros). Estas
propriedades são depois combinadas com as medições das frações de
fluxo de calor emitidas por elementos específicos, estimando assim o
resultado do Fator Solar. A expressão utilizada para representar o Fator
Solar (FS) da abertura é, então, dada pela equação [2.9]:
α
τ
i
NFS
+
=
[2.9]
Onde:
τ
=
Transmitância
α
=
Absortância
N
i
= Fração da radiação solar absorvida por um elemento e transmitida
para o interior do ambiente.
Reconhecendo que existe uma dependência do FS em relação
ao ângulo de incidência (
θ)
, ao ângulo azimutal (
φ)
e também ao
número de camadas que compõem a abertura,
foi realizada uma
generalização da equação [2.9]. A equação [2.10] apresenta esta
generalização para alguns tipos de aberturas, onde, T
fH
representa a
transmitância direcional do sistema e N
i
e A
fi
são, respectivamente, as
frações de fluxo para o interior e a absortância em cada uma das “i”
camadas.
=
+=
M
i
fiifH
ANTFS
1
),(),(),(
φθφθφθ
[2.10]
Observou-se que T
fH
e A
fi
são valores puramente ópticos,
dependendo de propriedades como o comprimento de onda e refletância,
mas não da temperatura. N
i
é um valor calorimétrico que pode
depender da geometria do sistema, da temperatura das camadas, da
temperatura dos arredores, da temperatura e movimentação do ar e da
intensidade da radiação solar.
24
Em parte do mesmo estudo, foram realizados testes com o
MOWITT para avaliar estas frações N
i
. Isso foi realizado através da
colocação de dois sistemas idênticos em câmaras separadas, sendo que
sobre um determinado elemento de um deles (por exemplo, uma
veneziana) é dissipada uma potência elétrica conhecida para simular um
aumento na absortância solar. Esta potência elétrica causa uma variação
no fluxo de calor medido na primeira câmara, que é comparado ao fluxo
de calor do sistema na segunda câmara (mais detalhes em Klems e
Kelley, 1996). Para uma verificação teórica das frações N
i,
é aplicada a
equação [2.11], que relaciona o fluxo líquido de calor medido (W),
transmitância térmica (U), área exposta (A), temperatura do ar externo
(t
0
), temperatura do ar interno (t
1
), Fator Solar (FS), radiação solar
incidente (I
s
) e potência dissipada (P), todos em função do tempo (t).
)()()()]()()[()(
10
tPNtAItFStTtTUAtW
is
++=
[2.11]
Nas verificações diretas do Fator Solar, a equação [2.11]
também é utilizada, excluindo-se o termo que considera as frações de
fluxo (NiP(t)).
Para o caso de uma janela de vidros duplos incolores com uma
proteção solar interna branca translúcida, o valor do FS obtido pelo
método matemático proposto foi de 0,33±0,04, e o valor medido com o
MOWITT foi de 0,36±0,04 para um ângulo de incidência médio de
aproximadamente 47°. Os dois resultados de FS (calculado e medido),
além de apresentarem uma boa concordância entre si, também
mostraram ter uma boa aproximação com o valor tabelado no ASHRAE
Handbook (versão 1989) para o mesmo tipo de sistema, que era de 0,35
para um ângulo de incidência de 30°.
Mais tarde, Klems et al. (1996) apresentaram novas
comparações de resultados de FS de janelas com proteção solar (neste
caso um vidro duplo com uma veneziana interna a 45°) pelo método de
cálculo desenvolvido anteriormente (Klems, 1993) e medições
realizadas com o MOWITT.
Neste estudo, os valores encontrados nas medições mostraram
significativa similaridade com os correspondentes valores obtidos
através do método de cálculo. O intervalo dos ângulos de incidência dos
valores de FS obtidos nas medições foi de 15° a 75°, sendo que os
valores calculados reproduziram a tendência angular dos resultados dos
testes com o MOWITT. Plotando os resultados do FS medido em função
25
do ângulo de incidência, a variação máxima observada em relação à
curva ajustada pelo método de cálculo foi de 0,10.
Assim, os resultados dos testes realizados com o MOWITT
auxiliaram na validação do método de cálculo proposto por Klems
(1993). Este método, por sua vez, serviu de base para um
equacionamento de cálculo do FS em aberturas com proteções solares,
que foi utilizado na atualização da versão 2001 do Handbook of
fundamentals da ASHRAE (Klems, 2002).
2.2.4 Queen’s solar calorimeter
Collins e Harrison (2004a) descrevem o procedimento de
medição utilizado para testes de amostras de janelas com proteções
solares internas. O aparato de medição utilizado é um calorímetro solar
(Figura 2-13) com um controle computacional que segue a
movimentação do sol. O equipamento está localizado no Departamento
de Engenharia Mecânica da Universidade de Queens, Kingston, em
Ontário, Canadá.
Figura 2-13. Vista externa do calorímetro (A) e corte esquemático (B)
(Collins e Harrison, 2004).
Próximo ao calorímetro, uma estação climática mantém a
instrumentação para medição de velocidade, direção do vento,
temperatura e umidade. Dois piranômetros são fixados diretamente na
face frontal do calorímetro (medição de radiação direta e difusa) e
26
termopares são utilizados para determinar de temperatura do ar e das
superfícies.
A energia que penetra através da abertura do calorímetro (Q
input
)
é determinada através do balanço térmico entre os ganhos, perdas e
geração interna de calor. Para uma área projetada da janela (A
f
) e da
transmitância térmica (U
f
), a taxa instantânea de energia é calculada
através da equação [2.12] como a diferença entre o fluxo de calor e as
perdas devido à diferença de temperatura interna e externa:
foiffinput
ATUAIFSQ ....
,
=
[2.12]
Onde:
Ti,o = Diferença de temperatura através da janela (°C);
I = Radiação incidente (W/m²);
Aplicando o mesmo conceito de fator de desempenho (
η
)
proposto por Harrison e Van Wonderen (1994), é possível isolar o Fator
Solar reescrevendo a expressão anterior na forma da equação [2.13]:
I
TU
FS
IAf
Q
finput
==
.
.
η
[2.13]
O fator de desempenho pode ser, então, graficamente
representado plotando valores instantâneos em uma curva de
η
versus
T
i,o
/I , onde a intersecção da reta obtida por regressão linear com o
eixo das ordenada (onde
T
i,o
/I = zero) representa o valor do FS.
Já há alguns anos, este dispositivo vem sendo utilizado em
pesquisas realizadas no Canadá sobre o desempenho de janelas.
Inicialmente, Collins e Harrison (2001a) utilizaram o calorímetro em um
estudo sobre a influência da geometria da cortina e da variação do
ângulo de inclinação do calorímetro (com a vertical), sobre as frações de
fluxo de calor emitidas por uma veneziana de alumínio devido à
absorção da radiação solar. Neste estudo, o calorímetro foi colocado em
um ambiente interno com condições ambientais controladas
(temperatura e velocidade do ar) e resistências aquecedoras foram
fixadas nas lâminas da veneziana para simular a absorção da radiação
solar. Durantes os testes, os ângulos de inclinação do calorímetro foram
27
modificados entre valores de (vertical) e 75°, em intervalos regulares
de 15°. o fechamento das lâminas da veneziana foi ajustado para
ângulos de -45°, 0°, 45° e 70°.
Os resultados das medições demonstraram que existe pouca
variação no valor das frações de fluxo devido à alteração do ângulo de
fechamento das lâminas da veneziana. No entanto, quando o ângulo de
fechamento da lâmina é elevado e o ângulo de inclinação do calorímetro
também é elevado, as perdas para o exterior aumentam, reduzindo a
fração de fluxo de calor para o interior. O espaço entre as venezianas e o
vidro também mostrou ser significativo, sendo que a alteração deste
espaço de 17mm para 20mm gerou um aumento de 15% no valor das
frações de fluxo. Outro resultado importante deste mesmo estudo, é que
a queda do valor das frações de fluxo para o interior é muito pequena
(menos de 2%) para a variação angular do calorímetro entre 0° (vertical)
e 60°. para ângulos acima de 60°, esta variação se torna mais
significativa.
Neste mesmo ano, Collins e Harrison (2001b) publicaram outro
trabalho utilizando o calorímetro em medições onde são determinados
valores de FS e transmitância térmica de uma amostra de janela com
vidro incolor 6,4mm e uma proteção solar interna. Foram verificadas as
variações destes valores em função da alteração do ângulo de inclinação
da amostra de 90° (vertical) para 45°. A amostra é um pano de vidro
incolor com uma tela de alumínio pintada de preto instalada
internamente como elemento de proteção solar.
O resultado final do FS obtido com a análise estatística dos
valores, determinados em sete diferentes dias de medição foi, para o
caso da amostra na vertical igual a 0,71±0,01, e para a inclinação de 45°
igual a 0,67±0,01. Esta redução no valor do FS foi atribuída,
primariamente, às mudanças nas frações de fluxo de calor emitidas pela
proteção solar. A variação dos resultados é explicada devido ao aumento
da presença do ar quente na interface entre o vidro e a proteção, o que
eleva as perdas para o exterior. Os autores concluem mencionando que
em casos de janelas comerciais, os efeitos observados no FS são
menores devido à menor absorção do calor nos elementos de proteção
solar. Assim, no pior caso, a redução em uma medida de FS realizada a
45° será de no máximo 5%.
Três anos mais tarde, Collins e Harrison (2004a) apresentaram
resultados de medições em uma janela de vidros duplos incolor 3mm
com uma veneziana horizontal interna. Foram determinados valores de
ganho de calor solar e transmitância térmica, sendo as proteções solares
28
testadas em três diferentes ângulos de inclinação das lâminas (0°, 45°, -
45°) e também em dois ângulos de incidência da radiação solar (30°,
45°). As venezianas foram divididas em dois tipos, uma com alta
refletância (branca) e outras com alta absortividade (preta). Em todos os
casos, as proteções solares proporcionaram uma redução no ganho de
calor solar variando de 5% a 40%. o efeito sobre a transmitância
térmica mostrou ser pouco significativo.
2.2.5 Fenestration Radiometer (Radiômetro de abertura)
Pereira e Sharples (1991), tendo por base o dispositivo proposto
por Bauman et al. (1986), chamado de Integrating Window Pyranometer
(IWP), desenvolveram um sistema experimental de medição da radiação
solar transmitida através de aberturas em modelos com escala reduzida.
Este dispositivo (IWP) consiste basicamente em um medidor de
fluxo de calor na forma de uma placa pintada de preto e posicionada
atrás da janela. Um ventilador é instalado atrás desta placa, resfriando e
forçando a passagem do calor através do sensor. Pereira e Sharples
(1991) e Pereira (1992) realizaram algumas modificações no IWP,
empregando um novo sensor. Este novo sensor é baseado na integração
de múltiplas junções termoelétricas sobre uma fina folha condutora.
Através da técnica de circuito impresso, usada no processo de
eletrodeposição, foi possível produzir em torno de 1.400 termopares
numa área de 0,01m
2
. O novo sensor, associado a um ventilador mais
potente, apresentou melhores resultados, medindo fluxos radiantes
menores que 100 W/m
2
e reduzindo o tempo do sinal de resposta.
Por ser um dispositivo térmico, o novo sistema gera um sinal de
saída proporcional à diferença de temperatura, sendo sensível à radiação
em onda curta e onda longa. Além disso, o dispositivo mede a radiação
solar transmitida diretamente e retransmitida (calor absorvido) pelos
vidros, sendo a soma destes valores igual ao ganho de calor solar.
Assim, este aparelho foi classificado como um radiômetro (Figura 2-14).
Neste estudo, inicialmente foi realizada uma calibração do
radiômetro através de uma comparação com os resultados obtidos
utilizando um solarímetro. Posteriormente, para realização da medição
do ganho de calor solar, foram utilizados três diferentes tipos de
sistemas em escala: 1°) vidros duplos, 3mm, sem proteção (referência);
2°) vidro duplo com prateleira de luz reflexiva externamente; 3°) vidro
duplo com brises horizontais pintados de branco. As medições foram
realizadas em condições reais de céu em dois dias diferentes. Uma
29
análise do resultado possibilitou perceber a tendência do decréscimo do
Fator Solar com o aumento do ângulo de incidência. Os valores
encontrados de coeficientes de sombreamento e Fator Solar foram
também comparados a valores apresentados por outros autores e pela
ASHRAE, mostrando-se bastante próximos a estes (variação menor que
10%).
Dez anos depois, Macedo (2002) e Macedo e Pereira (2003)
apresentam uma descrição da construção e montagem do um novo
equipamento baseado no sistema de medição do Fenetration
Radiometer.
Um protótipo foi construído em uma caixa metálica com saídas
de ar em todo o perímetro e duas aberturas frontais com dimensões de
20cm x 20cm (Figura 2-15). Sobre a primeira abertura é colocado o
sistema de sombreamento ou outro elemento a ser analisado, e na
segunda um material de referência (normalmente um vidro simples,
3mm).
Figura 2-14. Fenestration
Radiometer (Pereira, 1992)
Figura 2-15. Radiômetro de
abertura desenvolvido na UFSC
(Macedo, 2002)
Foram então realizados testes com seis diferentes tipos de
elementos de aproveitamento da iluminação natural. Estes elementos
foram caracterizados termicamente através da determinação do Fator
Solar em dias e horários específicos. Durante este estudo, foram
encontradas variações significativas (entre 13% e 24%) nas constantes
de calibração dos sensores (transdutores de fluxo de calor a gradiente
tangencial), quando determinadas por métodos de calibração em
laboratório e em campo.
30
Esta questão conduziu, mais tarde, a realização de outro estudo
buscando melhorar a precisão dos resultados obtidos com o radiômetro.
Marinoski (2005) e Marinoski et al. (2007) realizaram testes em campo
e calibração dos sensores de fluxo de calor utilizados no radiômetro,
aplicando um vidro incolor de 3mm. Os resultados dos testes iniciais
demonstraram a existência de erros no valor do Fator Solar medido
chegando a 19%, e também a ocorrência de elevação da temperatura da
chapa de suporte dos sensores. Após um processo cuidadoso de
calibração em laboratório, o erro médio encontrado no Fator Solar caiu
para 5,4%. Neste momento, o radiômetro utilizava um sistema de
dissipação de calor através de ventiladores que insuflam o ar
diretamente na face posterior da chapa de suporte dos sensores. A
elevação da diferença de temperatura entre a chapa e o ar impede a
passagem do fluxo de calor através dos sensores, gerando erros na
medição. Então foram realizados novos testes utilizando um sistema de
resfriamento por circulação de água (Figura 2-16), montado sob a chapa
de suporte dos sensores.
Através de um ajuste na temperatura de controle da água que
circula no sistema, a diferença média de temperatura entre a chapa de
suporte dos sensores e o ar caiu abaixo de 1°C, e o erro médio verificado
no resultado do Fator Solar medido foi de apenas 0,94%. Desta forma,
verificou-se que a elevação da temperatura da chapa de suportes dos
sensores acima da temperatura do ar está diretamente associada a erros
nos resultados do fluxo de calor ou do Fator Solar determinado com o
radiômetro de abertura.
Figura 2-16. Configuração geral
da medição utilizando o
resfriamento por circulação de
água (Marinoski et al., 2007)
31
2.3 E
STIMATIVA DO
F
ATOR
S
OLAR ATRAVÉS DE PROPRIEDADES
ÓPTICAS
Tendo por base o método da "Solar-Thermal Separation”,
desenvolvido por Klems et al. (1992, 1993, 1996, 2002),
matematicamente o Fator Solar de uma janela pode ser estimado através
de propriedades puramente ópticas somadas a frações térmicas. Assim, a
determinação de propriedades ópticas de elementos vítreos e proteções
solares é uma base para a caracterização da janela quanto ao ganho de
calor solar.
Por isso, na década de 80, pesquisadores da Universidade da
Califórnia (EUA) iniciaram o desenvolvimento de um radiômetro na
forma de um grande scanner. O equipamento, chamado de Scanning
Radiometer ou Bidirectional Radiometric Scanner, foi utilizado para
verificar a transmitância e refletância bidirecional em janelas e seus
componentes.
O equipamento é composto basicamente por três elementos
principais: uma fonte de luz fixa, uma amostra montada sobre um plano
móvel e um detector móvel. Primeiramente, a fonte de luz é fixada em
frente à amostra. A amostra é montada sobre um plano com um sistema
de eixos que permite um movimento com dois graus de liberdade (giro).
A amostra pode ser rotacionada sobre um eixo vertical e sobre um eixo
horizontal para ajustar o ângulo de incidência. Desta maneira, é possível
cobrir todo o hemisfério de incidência de radiação. O detector pode ser
movimentado ao longo de um arco semicircular de 180°, que pode
descrever um movimento completo de revolução ao redor da amostra
(Figura 2-17).
Atualmente, o sistema de detecção utilizado é formado por três
elementos: um espelho coletor, uma esfera integradora e um par de
sensores. A radiação é coletada pelo espelho e focada na entrada da
esfera integradora que possui um sensor radiométrico e outro
fotométrico. Os sensores coletam dados de comprimento de onda e
intensidade de radiação refletida e transmitida pela amostra (LBNL,
2003). A Figura 2-18 apresenta um teste sendo realizado através do
Scanning Radiometer.
Os resultados encontrados com o Scanning Radiometer foram
utilizados para o incremento de novos métodos de estimativa do ganho
de calor solar e FS em aberturas complexas (tais como janelas com
venezianas) e também como suporte no desenvolvimento do sistema de
certificação de desempenho de janelas nos EUA.
32
Figura 2-17.
Esquema dos
ângulos de
rotação do
Scanning
Radiometer
(Papamichael et al.,
1988 - adaptado)
Figura 2-18.
Teste utilizando o
Scanning
Radiometer
(LBNL, 2007)
Em outro estudo, Tseng e Goswami (2001) realizaram medições
das propriedades ópticas solares com um dispositivo chamado “Black
Box”. O dispositivo consiste em uma caixa pintada de preto com uma
abertura de 1 x 1 metro para colocação da amostra (Figura 2-19). A
caixa está montada sobre um sistema de eixos que permite variar o
ângulo de incidência da radiação solar. Piranômetros são utilizados para
realizar a medição das propriedades, sendo posicionados em 3 pontos:
um em frente à amostra (para verificar a radiação total incidente); um no
interior da caixa, atrás da amostra (para determinar a radiação
transmitida); e um do lado externo da caixa, voltado para a amostra (a
Fonte
de luz
Detector
33
fim de determinar a parcela da radiação refletida) Figura 2-20. Um
valor aproximado do FS pôde então ser estimado pela soma do valor da
transmitância mais a metade do valor da absortância à radiação solar da
amostra testada.
Figura 2-19. Vista frontal e lateral da Black Box
(Tseng e Goswami, 2001)
Figura 2-20. Esquema de posicionamento dos piranômetros
(Vista frontal e lateral) (Tseng e Goswami, 2001)
Além de serem aplicadas em metodologias de cálculo
complexas, as propriedades ópticas solares também são muito utilizadas
em cálculos simplificados do Fator Solar. Sokolay (2002) apresenta e
compara metodologias de cálculo de ganho de calor solar através de
aberturas utilizadas em três países (Austrália, Reino Unido e EUA),
além de expor gráficos com as propriedades ópticas e FS de alguns tipos
de vidros. Neste trabalho, é discutida a questão da fração do calor
34
absorvido pelo vidro e que passa para o interior do ambiente, onde o
valor de 1/3, em termos práticos, é considerado um valor representativo
para tal fração.
Fazendo um paralelo entre os métodos de estimativa do ganho
de calor solar nos três países, o autor destaca que no Reino Unido é
utilizado o procedimento da admitância, onde é calculado ganho de
calor para um ponto no centro do ambiente. Neste método, o valor da
fração de calor solar que penetra no ambiente é dependente da massa
térmica do ambiente, sendo apresentados valores para edificações leves
e pesadas. Nos EUA, atualmente tem sido usado o conceito do SHGC
(Solar Heat Gain Coefficient). Aqui o valor da fração de fluxo de calor
absorvida e reemitida para o interior da edificação depende das
condições ambientais (função da transmitância térmica e convecção).
na Austrália, o método adotado pela AIRAH (Australian Institute of
Refrigeration, Ar-conditioning and Heating) é o método da Carrier para
dimensionamento de ar condicionado, onde são apresentadas séries de
tabelas, sendo o ganho solar dado como a radiação solar multiplicada
pelo FS, que por sua vez é igual a
τ
+ 0,4
α
.
No entanto, Sokolay (2002) destaca que todos estes métodos
são antigos e produzem apenas estimativas. Além disso, existem
também valores de FS disponíveis para dispositivos de proteção solar
externos, mas estes devem ser usados com cuidado. No caso de
proteções solares mais complexas, não existe um valor adequado para
representar o ganho de calor a partir das propriedades ópticas sem levar
em conta a questão da geometria.
No Brasil, Santos (2002) realizou um estudo onde foram
determinados valores de FS de diferentes tipos de elementos
transparentes para ângulos variados de incidência da radiação solar. Os
valores de FS foram calculados com base nas propriedades ópticas
(transmitância (T), refletância (R) e absortância (A)) obtidas a partir de
testes espectrofotométricos. O intervalo espectral utilizado nas medições
foi de 300 a 2000nm, sendo o FS para os diferentes ângulos de
incidência calculados pela equação FS=T+Ni.A, onde Ni é a parcela de
energia absorvida que vai para o interior da edificação. Aqui, Ni é dada
como a razão entre a transmitância térmica (U) e o coeficiente de
convecção externo (he) adotado, mesma simplificação apresentada pela
ASHRAE (2005) para o caso do vidro simples.
35
2.4 N
ORMALIZAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO E CÁLCULO DO
F
ATOR
S
OLAR
Além dos métodos experimentais, atualmente existem
procedimentos normalizados de medição e cálculo do ganho de calor
solar e do Fator Solar. Alguns destes procedimentos de cálculo vêm
sendo implementados em programas computacionais.
Nos EUA, a NFRC (National Fenestration Rating Council)
apresenta um conjunto de normas voltadas para a determinação do FS e
aplicação deste índice na certificação de janelas. Os documentos NFRC
que tratam do ganho de calor solar através de aberturas são as normas
NFRC 200 (2004) e a NFRC 201 (2004).
A NFRC 200 apresenta um procedimento referenciado na
norma ISO 15099 (2003) para determinar o FS e a transmitância de luz
visível através de aberturas, para um conjunto de condições ambientais
ajustadas e apenas ângulo de incidência normal. O valor do FS total é
composto pelo somatório dos FS dos diversos componentes da janela
(no centro e nas bordas do vidro, nos divisores dos vidros e nas
esquadrias) ponderado em função das suas áreas. A norma estabelece
que programas computacionais autorizados pela NFRC podem ser
utilizados para determinar o FS e a transmissão de luz, e também para
calcular a transferência de calor através das esquadrias e de outros
componentes da janela.
Alguns tipos de aberturas não cobertos pela NFRC 200 (janelas
com sistema de sombreamento complexo; elementos com propriedades
não especulares; aberturas utilizando vidros que não são paralelos, tais
como vidros curvos, ondulados, entre outros) são avaliados através dos
procedimentos da NFRC 201.
Na NFRC 201 é apresentado um método de teste com diversas
instruções para a realização de medições de ganho de calor solar e para
determinação do FS através do uso de calorímetros. São analisados
aspectos que podem ser aplicados tanto a calorímetros expostos
diretamente à radiação solar (em campo), e também a calorímetros
utilizados em laboratório, submetidos à radiação artificial (por meio de
lâmpadas especiais que simulam o espectro solar). A norma apresenta o
conceito básico de funcionamento do calorímetro e a instrumentação
que necessita ser instalada para medir o ganho de calor solar. São dadas
recomendações para calibração dos instrumentos e a precisão necessária
nos resultados de cada sensor. São abordados procedimentos e cuidados
que devem ser observados durante a medição relacionados à instalação
36
da amostra e às condições gerais do teste. Também são descritos os
cálculos matemáticos necessários para determinar o FS através do
balanço térmico na célula calorimétrica.
As normas ISO 9050 (2003) e a ISO 15099 (2003) apresentam
procedimentos de cálculos para o FS e outros índices de desempenho
energético de vidros e janelas com pano envidraçado simples ou
múltiplos, e também algumas tipologias de proteções solares internas
(ex.: venezianas). Alguns destes modelos matemáticos normalizados,
associados com novos algoritmos, têm sido aplicados a programas
computacionais que permitem estimar o ganho de calor solar para
determinados modelos de janelas e condições ambientais específicas
(WIS, 2003; WINDOW5, 2002). A seguir, a equação [2.14] apresenta o
cálculo para estimar o FS conforme procedimento da ISO 9050:
ie
qFS +=
τ
[2.14]
Onde:
τ
e
= Transmitância solar direta (adimensional);
q
i
= Fração de calor absorvida pelo vidro e retransmitida para o interior
(adimensional).
No caso do vidro simples, a fração de calor retransmitida para o
interior (q
i
) pode ser calculada através da equação [2.15] também
proposta pela ISO 9050:
ie
i
ei
hh
h
q
+
=
α
[2.15]
Onde:
α
e
= Absortância solar da face externa do vidro (adimensional);
h
i
= Coeficiente de transferência de calor no lado interno do vidro
(W/m
2
K);
h
e
= Coeficiente de transferência de calor no lado externo do vidro
(W/m
2
K).
O “Handbook-Fundamentals” da ASHRAE (ASHARE, 2005)
também apresenta formulações para cálculo e tabelas de valores do FS
de janelas (inclusive contendo alguns tipos de proteções solares),
37
baseados nos estudos de desenvolvidos por Klems et al. (1992, 1993,
1996, 2002).
no Brasil não existe uma norma específica para determinar o
FS de vidros e janelas. A NBR 15220-2 (2005) apenas apresenta uma
forma simplificada de estimativa, aplicada a elementos transparentes ou
translúcidos. Nesta norma, o FS é dado pela equação [2.16]:
τα
+=
se
RUFS
[2.16]
Onde:
U = Transmitância térmica do componente (W/m
2
K);
α = Absortância à radiação solar (adimensional em função da cor);
Rse = Resistência superficial externa (m
2
K/W).
τ = Transmitância à radiação solar.
2.5 S
ÍNTESE DO CAPÍTULO E DISCUSSÃO
Este capítulo apresentou uma seqüência de diferentes sistemas e
métodos de medição direta do ganho de calor solar em janelas. Também
foram descritos processos de cálculos do Fator Solar a partir das
propriedades ópticas dos elementos que compõem a abertura além de
serem mencionadas as principais normas relacionadas ao assunto
.
Analisando os sistemas de medição apresentados, foi possível
observar, de modo geral, que eles buscam determinar a parcela de ganho
de calor devido à radiação solar separadamente
,
ou seja, sem influência
do ganho devido à diferença de temperatura interna e externa. Quando
não é possível eliminar a diferença de temperatura, busca-se, então,
manter esta diferença constante, para que possa ser quantificada.
É possível dizer também, que os dispositivos de campo
representam melhor a realidade de utilização das aberturas
(especialmente os que mantêm o plano da janela próximo à posição
vertical). No entanto, estes necessitam de um cuidadoso monitoramento
das variáveis ambientais durante o período de teste, para que a
influência destas variáveis (radiação, velocidade do ar, ângulo de
incidência, etc.) possa ser considerada com maior significância nos
resultados.
Em todos os estudos, se destaca o ângulo de incidência da
radiação como uma das variáveis de maior influência sobre o Fator
Solar, uma vez que a variação deste modifica a quantidade de energia
que se propaga através do elemento vítreo ou da proteção solar.
38
Também a inclinação da janela instalada no calorímetro é um ponto de
preocupação, pois altera as trocas convectivas e, conseqüentemente, as
componentes da parcela absorvida, que são reemitidas para o interior e
exterior do calorímetro. Uma conclusão interessante é que medições
com venezianas devem ser feitas preferencialmente na vertical devido
ao efeito da convecção entre o vidro e as lâminas. Este efeito se torna
bastante significativo acima de 45° de inclinação do calorímetro.
Observa-se, inclusive, que o processo de medição mais utilizado é o
calorimétrico através de trocadores de calor com circulação de água em
um circuito fechado.
Assim, os calorímetros, de modo geral, têm contribuído no
desenvolvimento e no aperfeiçoamento de procedimentos de cálculo do
Fator Solar e na validação de softwares. Atualmente, estes
procedimentos de cálculo estão em estágio avançado, com resultados
validados para um grande número de situações, inclusive para alguns
casos de janelas com proteções solares. Porém, a normalização
internacional (NFRC 201, por exemplo) ainda prevê o uso de
calorímetros para situações em que os procedimentos matemáticos não
descrevam de maneira satisfatória o fenômeno da passagem da radiação
pela abertura, tais como em aberturas com sistema de sombreamento
entre vidros, elementos com propriedades não especulares e aberturas
utilizando vidros que não são paralelos (curvos, ondulados, etc.).
39
3
3
P
P
R
R
O
O
J
J
E
E
T
T
O
O
,
,
C
C
O
O
N
N
S
S
T
T
R
R
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
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I
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S
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R
R
U
U
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T
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A
A
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C
Ã
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O
O
D
D
O
O
C
C
A
A
L
L
O
O
R
R
Í
Í
M
M
E
E
T
T
R
R
O
O
3.1 P
ROJETO DO CALORÍMETRO
Devido à complexidade do projeto do dispositivo final, foram
elaborados subprojetos para cada um dos componentes básicos do
equipamento (absorvedores de calor, sistema de resfriamento, sistema de
monitoramento e trailer de abrigo), os quais são apresentados a seguir.
3.1.1 Dimensionamento dos absorvedores de calor
Para a construção do calorímetro proposto, foi determinada a
utilização de dois absorvedores de calor distintos. Estes componentes
são utilizados para remover o calor que passa através dos elementos que
serão testados durante as medições com o calorímetro.
O primeiro absorvedor foi denominado
“cavidade principal”,
uma vez que pode ser utilizado para medições até mesmo com janelas
completas (compostas por vidros, esquadrias e proteções solares) em
tamanho real. o segundo absorvedor foi denominado “cavidade
secundária”, pois é utilizado para verificar o ganho de calor através de
amostras menores e compostas por um elemento único e plano, como é
o caso de uma chapa de vidro. Os dois absorvedores foram fabricados
em cobre, visando conseguir maior rapidez nas trocas de calor em
função da elevada condutividade térmica do material.
3.1.1.1 Cavidade principal (CP)
Inicialmente, através de um estudo que levou em consideração o
efeito da convecção natural em câmaras enclausuradas (Marinoski et al.,
2006a), foi determinada a dimensão para a profundidade da cavidade
principal. O valor da profundidade adotada foi de 300mm. Esta
profundidade foi adotada pelo fato de que neste espaço o fenômeno
convectivo ocorre de maneira semelhante ao de um ambiente de maior
profundidade. A camada limite térmica calculada apresentou pouca
espessura mesmo quando a profundidade da cavidade era elevada (3cm
quando L=5m). Isto demonstrou que a adoção de profundidades
menores (neste caso 30cm) não interfere no desenvolvimento da camada
limite, segundo as condições de contorno analisadas. Esta profundidade
também permite que elementos de proteção solar internos sejam
40
instalados e testados. Além disso, a otimização da profundidade resulta
em um calorímetro mais compacto e reduz os custos de fabricação.
a dimensão do vão de abertura da cavidade principal, onde
será fixada a amostra de janela para teste, foi definida com base no
estudo apresentado por Lucini (2001), para padronização do vão de
esquadrias. Além disso, foi levada em consideração uma futura
aplicação dos sensores de fluxo de calor (transdutores de fluxo de calor
à gradiente tangencial), o que implica na adoção de medidas para a
cavidade com valores múltiplos das dimensões do sensor (10x10;
20x20; 30x30cm). Desta forma, foram adotadas as dimensões de
abertura da cavidade conforme mostra a Tabela 3-1.
Tabela 3-1. Dimensões previstas para a abertura da
cavidade principal (CP)
Vão modular (mm)
Largura = 1500
Altura = 1200
Nas paredes da cavidade, foi prevista uma tubulação hidráulica
de cobre, que será conectada ao sistema de circulação de água
responsável pelo resfriamento. O espaçamento entre tubos, necessário
para manter a temperatura homogênea ao longo da superfície, foi
definido com base em estudo preliminar (Marinoski et al., 2006b), sendo
fixada uma distância de 50mm de centro a centro.
A cavidade foi projetada com paredes planas em chapa de cobre
de espessura igual a 0,89mm, e tubos de cobre para circulação de água
com diâmetro nominal de 9,3mm, soldados paralelamente à maior
dimensão das chapas. Do lado externo, a cavidade foi isolada
termicamente através de uma camada de aproximadamente 70mm de
de vidro, aplicada sobre a estrutura de cobre.
Previu-se, também, que as bordas frontais da estrutura da
cavidade fossem fixadas, através de parafusos, a um acabamento em
madeira. O acabamento de madeira tem como objetivo proporcionar
resistência mecânica na fixação e isolamento térmico ao contato.
A Figura 3-1 mostra um desenho esquemático da cavidade
principal, e no ANEXO A pode ser observado o projeto executivo
completo para a construção da cavidade e também o detalhe de fixação
da mesma.
41
1200
1
5
0
0
300
Figura 3-1. Desenho esquemático da cavidade principal (cotas em mm)
3.1.1.2
Cavidade secundária (CS)
O dimensionamento da cavidade secundária foi determinado em
função de recomendações normativas e aspectos construtivos do
calorímetro A norma NFRC 201 (2004), no item 5.5.2.1B, recomenda
que no caso de amostra de vidro seja adotada uma dimensão de área
visível não inferior a 20” x 20” (aproximadamente 50cm x 50cm), com
o objetivo de reduzir a incerteza no resultado do Fator Solar medido.
Seguindo esta norma, foi adotada, na fabricação desta cavidade,
a dimensão mínima recomendada, de 50cm x 50cm. Para tal, foi
utilizada uma chapa de cobre com espessura de 3mm, na qual foi fixada
uma serpentina, também de cobre, na sua parte posterior, com diâmetro
externo de 9,3mm. Com base nestas dimensões, foram produzidos
transdutores que serão utilizados para quantificar o fluxo de calor pela
cavidade.
As bordas (laterais) da cavidade são fixadas em ripas de
madeira que têm a função de suporte para fixação da placa de cobre e
também de isolamento térmico. As ripas juntas totalizam uma espessura
de aproximadamente 18mm. Esta espessura foi adotada para reduzir os
efeitos da troca de calor por convecção interna entre a superfície do
42
material que está sendo testado (no caso um vidro) e a superfície do
fundo da cavidade, que absorve o calor.
Do lado externo, a cavidade também é isolada termicamente
através de uma camada de, aproximadamente, 70mm de lã de vidro
aplicada sobre a estrutura de cobre.
A Figura 3-2 mostra um desenho esquemático da cavidade
secundária, já o ANEXO B apresenta o projeto executivo completo para
a construção da mesma (OBS: Esta peça sofreu um reprojeto durante a
montagem do calorímetro, por isso a palavra “nova” é encontrada em
algumas notas do detalhamento do projeto executivo. O ANEXO B
apresenta a versão final de projeto da cavidade secundária).
500
5
0
0
18
Figura 3-2. Desenho esquemático da cavidade de secundária
(cotas em mm)
3.1.2 Dimensionamento do sistema de resfriamento
O sistema de resfriamento é necessário para remover o calor
que é adquirido através dos absorvedores. Este sistema de resfriamento
foi concebido no formato de um grande banho termostático, composto
por uma unidade condensadora, reservatório de água e resistências
aquecedoras. O controle de temperatura deste sistema é realizado por
um software específico que também gerencia a aquisição de dados dos
sensores de monitoramento. A seguir, é apresentado o dimensionamento
dos componentes do sistema de resfriamento e o seu esquema de
montagem.
43
3.1.2.1 Unidade condensadora
A partir da soma das áreas expostas da cavidade principal
(1,50m x 1,20m = 1,80m
2
) e da cavidade secundária (inicialmente de
0,60m x 0,60m = 0,36m
2
)
3
, foi determinada a área total exposta à
radiação solar, que é de 2,16m
2
.
Para uma condição de céu claro nos meses de verão, pode-se
adotar níveis de radiação solar médios próximos de 1000W/m
2
, em
função da posição do sol.
Supondo uma condição de ângulo de incidência da radiação
normal ao plano das amostras (pior caso) instaladas na face frontal das
cavidades, é possível determinar a carga térmica instantânea.
Multiplicando o valor da área total exposta das cavidades (2,16m
2
) pela
radiação incidente (1000W/m
2
), chega-se à carga térmica instantânea
estimada de 2160W.
Um valor típico de desempenho apresentado pela ASHRAE
(2000) para o caso de compressores pequenos (herméticos com potência
menor que 4kW) com gás R-22 (para temperatura de evaporação de
7,2°C e temperatura de condensação de 54,4°C) é de 2,93W/W
(térmico/elétrico).
Desta forma, desconsiderando as perdas no sistema é possível
prever um compressor com uma potência mínima de 737W (ou
aproximadamente 1,0HP). A partir desta estimativa, foi adotada para a
fabricação do banho térmico proposto uma unidade condensadora de
potencial nominal de 1,5HP (1118W).
3.1.2.2 Reservatório
A fim de dimensionar o reservatório de água para o sistema de
refrigeração, inicialmente foi determinado o volume de líquido
necessário para preencher as tubulações em todo o trecho de circulação
de água da cavidade principal e secundária. Foram quantificados para tal
os comprimentos das tubulações utilizadas.
Somando os volumes observados para as duas cavidades,
chega-se a um valor mínimo aproximado de apenas 20 litros. Porém,
devido à necessidade de homogeneização da temperatura do líquido que
entra e sai do reservatório em um circuito fechado, foi adotado um
3
Posteriormente, a dimensão da cavidade secundária foi reduzida para 50cm x 50cm, devido à
necessidade de ajuste no tamanho dos sensores de fluxo de calor. No entanto, a unidade
condensadora já havia sido dimensionada e fabricada com base na carga térmica determinada a
partir da área inicial.
44
volume de reservatório com capacidade para até 150 litros. As
dimensões internas definidas para a cuba foram de 40cm x 50cm x
80cm.
No interior do reservatório foi posicionada a serpentina de
resfriamento ligada ao sistema condensador. Também três resistências
aquecedoras de 1000W (cada) foram instaladas para realização do
controle da temperatura da água.
A Figura 3-3 apresenta o esquema de montagem do banho
térmico composto pelo sistema condensador e reservatório. O sistema
condensador é instalado externamente ao trailer que abriga o conjunto
completo do calorímetro (ver Item 3.1.3). Já a estrutura do reservatório é
fixada internamente, de onde partem as conexões para circulação de
água. Para o sistema condensador também foi prevista uma proteção
metálica contra as intempéries, sendo as dimensões definidas durante a
instalação.
Unidade
condensadora
1,5HP
Reservatório
Retorno da
água
(vai para bomba de
recirculação 1/2CV)
Serpentina
Saída de água
Isolante
térmico nas
laterais
Resistência
1000W
Conectores
Externos
Caixa metálica
de proteção da
unidade
condensadora
Tubulação
de cobre
Instalação Externa Instalação Interna
Figura 3-3. Desenho esquemático para montagem do banho térmico
3.1.2.3 Modificações
Como apresentado nos itens anteriores, a intenção inicial do
projeto do sistema de resfriamento era que este atendesse às duas
cavidades (CP e CS), simultaneamente. No entanto, testes posteriores
demonstraram a necessidade da utilização de um sistema de
45
resfriamento exclusivo para cada uma das cavidades. Por isso, um banho
térmico de menores proporções foi instalado para atender a cavidade
secundária.
Este segundo banho é um
sistema produzido em escala industrial e
distribuído pela empresa MicroQuímica
Ltda, modelo MQBMP - 01 (Figura
3-4). O equipamento permite a seleção
digital da temperatura da água com uma
resolução de 0,1°C, num intervalo de
trabalho entre -20°C e +150°C. A água
é armazenada em uma cuba com
capacidade para 9 litros, e a circulação
ocorre por meio de uma bomba com
uma vazão de aproximadamente 6
litros/min, permitindo uma boa
homogeneização da temperatura do
líquido. A potência total do conjunto é
de 1100W.
Figura 3-4. Banho
termostático para a cavidade
secundária
Ainda outra modificação importante foi realizada no banho que
faz o resfriamento da cavidade principal. O seu projeto previa
inicialmente três resistências aquecedoras de 1000W cada, usadas para
fazer o ajuste da temperatura da água por meio de um controle de PID.
Com a redução da carga térmica inicialmente prevista, devido à retirada
da cavidade secundária do circuito de resfriamento e também pelo fato
de que as amostras de teste (vidros, etc.) bloqueiam a passagem de
grande parte da energia incidente, foi necessária a instalação de mais
quatro resistências aquecedoras (2 x 1000W e 2 x 750W)4 para que o
balanço térmico de controle pudesse ser atingido. Estas quatro novas
resistências são mantidas ligadas ininterruptamente durante o
funcionamento do banho, enquanto que a potência dissipada pelas outras
três é controlada pelo sistema PID.
4
Nos testes com elementos onde o FS alcançou valores mais baixos (menores que 0,30), o
acionamento de mais duas resistências de 750W foi necessário para manter a estabilidade no
banho.
46
3.1.3 Dimensionamento do trailer de abrigo
Uma vez que a montagem do calorímetro envolve a utilização
de diversos componentes, foi definido que estes seriam abrigados em
um trailer. A opção pelo trailer foi baseada na facilidade de
movimentação que este tipo de veículo permite e também pela proteção
contra intempéries. Além disso, o custo de fabricação deste tipo de
abrigo para o sistema é reduzido, visto que o trailer é produzido em
escala comercial.
As dimensões principais adotadas para o trailer (altura x
comprimento x largura) foram determinadas a partir da definição das
características dos componentes internos (trocadores de calor e sistema
de resfriamento). Também foi levada em consideração a necessidade de
condições para movimentações internas durante a instalação,
monitoramento e manutenção dos sistemas.
Desta forma, optou-se pelo projeto e construção de um trailer
com dimensões de 190cm x 350cm x 160cm e com capacidade de carga
para aproximadamente 350kg. O ANEXO C mostra os desenhos das
vistas principais (frontal, lateral e superior) do trailer projetado.
Foram previstas no projeto duas portas traseiras de acesso,
também duas aberturas laterais (para os trocadores de calor: CP e CS), e
uma plataforma frontal. Sob o assoalho da parte traseira foram previstos
dois macacos para apoio e nivelamento. Na dianteira, foi prevista uma
roda auxiliar escamoteável para facilitar as movimentações. Toda a
estrutura é sustentada por um eixo simples e suspensão com feixe de
molas e amortecedores sobre rodas.
Para a fixação das amostras de janelas que serão testadas no
calorímetro, foi projetada uma moldura de madeira no perímetro da
abertura principal de medição. Esta moldura servirá como marco da
janela, e tem dimensões de 150cm x 120cm. Internamente, a moldura
também tem a função de dar suporte para a fixação da cavidade
principal. Também foi projetada uma moldura em madeira para a
fixação da cavidade secundária, com dimensões de 60cm x 60cm
(alterada mais tarde para 50cm x 50cm). A utilização da madeira como
material de fabricação da moldura foi admitida devido as suas
características de bom isolamento térmico, baixo peso e boa resistência.
O ANEXO C também mostra os detalhes para fabricação das duas
molduras citadas.
A Figura 3-5 apresenta um esquema do arranjo interno dos
diversos componentes (cavidades, banho térmico, ligações e sistema de
47
monitoramento) que compõem o sistema completo do calorímetro e
ficam alojados na parte interna e também na plataforma externa do
trailer.
Cavidade
Principal (CP)
Compressor
Bomba de
recirculação
Tubulações para
circulação de água
Sistema de aquisição
e controle
Cavidade Secundária (CS)
Registros
Cabeamento
(sistema de aquisição e controle)
1600
Banho Termostático
(para CP)
Saída
Retorno
3500
120 120 120
120
Banho Termostático
(para CS)
Cabeamento
(sistema de aquisição e controle)
450 1500 500 600 450
500
Figura 3-5. Esquema da distribuição interna dos componentes
(vista em planta, sem escala)
48
3.1.4 Distribuição elétrica e hidráulica
Para alimentar os equipamentos que estão abrigados no trailer,
foram previstas instalações elétricas no interior do calorímetro. A Tabela
3-2 mostra o quadro com as cargas previstas e as proteções (disjuntores)
adotadas. Já o projeto executivo destas instalações é apresentado no
ANEXO D.
Tabela 3-2. Quadro de cargas do calorímetro
circ.
Nome Pot. (W)
Tensão
(V)
I (A)
Disjuntor
(A)
Fio
(mm²)
1
Banho
Termostático (CP)
3000 220 13,6 20 2,5
2
Tomadas Gerais +
Banho
Termostático (CS)
2500 220 11,4 15 2,5
3
Resistências
aquecedoras
5
3000 220 13,6 20 2,5
4 Bomba 600 220 2,7 10 2,5
5
Lâmpada +
Tomadas Gerais
1000 220 4,5 10 2,5
Total 10100
Ramal de entrada = fiação 6mm²
as ligações hidráulicas foram realizadas através da utilização
de mangueiras flexíveis de PVC reforçado por fios de poliéster (para
pressões médias), com diâmetro nominal de ¾ de polegada. A Tabela
3-3 apresenta as principais características técnicas da bomba utilizada
para forçar a circulação da água na cavidade principal (obs.: as
características da bomba utilizada no banho térmico da cavidade
secundária já foram descritas no item 3.1.2.3). Nas entradas de cada uma
das faces da cavidade principal são instalados registros de gaveta para
regulagem da vazão. Por fim, no retorno do líquido para os reservatórios
foi instalado um medidor de vazão na saída de cada uma das cavidades.
Os medidores de vazão permitem tanto a leitura direta, por meio de um
mostrador analógico, como também a leitura de um sinal digital para
determinação da vazão em um sistema de aquisição de dados
6
.
5
As novas resistências aquecedoras instaladas, conforme mencionado no item 3.1.2.3, foram
temporariamente ligadas a um circuito de alimentação elétrica externo.
6
Infelizmente não foi possível implementar a leitura digital das vazões devido a dificuldades
na interpretação do sinal e na compatibilidade com o sistema de aquisição de dados do
calorímetro.
49
Tabela 3-3. Características técnicas da bomba de recalque
Potência nominal Vazão máxima Diâmetro
¾ CV 3,2m
3
/h ¾“ (entrada e saída)
3.1.5 Sensores de monitoramento
Diversos sensores de monitoramento são utilizados para
verificar as condições ambientais e o fluxo de calor na estrutura do
calorímetro. A Tabela 3-4 apresenta uma lista com os tipos de sensores
aplicados na configuração final do calorímetro, bem como as
quantidades e pontos de instalação. A quantidade e o tipo de sensores
foram definidos em função das necessidades de informações para o
cálculo de ganho de calor e posteriores análises dos resultados.
Dois piranômetros são utilizados para determinação da radiação
solar. Um deles é instalado no plano de medição (plano de instalação da
amostra de vidro ou janela a ser testada), enquanto o outro é utilizado
para determinação da radiação global horizontal no momento da
medição (OBS.: apenas o valor da radiação solar no plano de medição é
utilizado como variável no cálculo do Fator Solar das amostras).
Na determinação da radiação incidente no plano de medição é
usado um piranômetro de precisão da marca Kipp&Zonen, modelo CM-
21, cujas características técnicas são apresentadas na Tabela 3-5. Já para
a determinação da radiação horizontal, é utilizado um piranômetro de
menor custo (tipo termopilha), fabricado no LMPT/UFSC (Laboratório
de Meios Porosos e Propriedades Termofísicas da Universidade Federal
de Santa Catarina).
Para determinação direta do fluxo de calor, são empregados
quatro transdutores de fluxo de calor (fluxímetros). Os quatro sensores
têm dimensões de 25x25cm e são instalados na face frontal da cavidade
secundária. Estes sensores foram desenvolvidos pelo LMPT em
cooperação com uma universidade francesa (Université de Lille). O
processo de fabricação dos fluxímetros utiliza a fotogravura e a
confecção de termopares planares a eletrodos depositados. O princípio
de funcionamento do sensor é baseado no desvio das linhas de fluxo de
calor, gerando uma diferença de temperatura num plano tangencial ao
plano de medição (Güths, 1994).
50
Tabela 3-4. Sensores de monitoramento
Tipo de sensor Ponto de instalação Quantidade
Externo - plano horizontal 1
Piranômetros
Externo - plano de medição 1
Externo - plano de medição 1
Anemômetro
No interior da cavidade principal 1
Fluxímetros No interior da cavidade secundária 4
Na superfície externa da cavidade principal 6
Na superfície externa da cavidade secundária 1
Ar no interior da cavidade principal 3
Ar no interior da cavidade secundária 1
Ar externo 1
Na água de entrada e saída das cavidades 4
No tanque de água do banho termostático da CP
1
Nas bordas de fixação externas 6
No vidro (2 x na CP e 1 x na CS) 3
Termopares
Na esquadria da janela 1
Termistor Junção de referência dos termopares 1
Saída da cavidade principal 1
Medidor de
vazão
Saída da cavidade secundária 1
Medidor de coef.
de convecção
Plano de medição externo 1
Total
39
Tabela 3-5. Características técnicas do piranômetro
Kipp&Zonen modelo CM-21
Intervalo espectral de medição 305 -2800nm
Sensibilidade 7–17 (µV/ W / m²)
Tempo de resposta 5 s
Erro direcional (para 80° com 1000 W/m²) ± 10 W/m²
Erro de linearidade (0 - 1000 W/m²) ± 0.2 %
Variação de estabilidade (variação/ano) ± 0.5 %
Sensibilidade à mudança de temperatura
(-20 para 50 °C)
1 %
Incerteza na medição (totais horários) 2 %
A velocidade do ar no interior da cavidade principal e no
ambiente externo é verificada com o uso de dois anemômetros do tipo
51
fio quente e frio. Este sensor é produzido no LMPT sendo composto
por duas junções dependentes feitas com termistores de 30K. Um
termistor envolto por um fio de constantan forma a junção quente. Este
fio de constantan recebe uma tensão e esquenta o termistor que fornece
um sinal elétrico. O outro termistor fornece um sinal proporcional à
temperatura ambiente. O ar incidente no constantan altera o sinal
recebido da junção quente, e assim é possível obter o valor da
velocidade do ar pela correlação entre a diferença de temperatura entre
as junções (Lopes et al., 2007a).
A temperatura em diversos pontos do calorímetro é verificada
através do uso de termopares do tipo T (bitola 24 AWG flexível). Estes
termopares apresentam resistência à corrosão e umidade, e seu limite de
utilização varia na faixa de temperatura entre -184°C e 370°C, com
limite de erro ± 0,5°C . Para fornecer a temperatura de referência na
junção dos termopares é utilizado um termistor do tipo NTC (20KOhm a
25°C), com precisão ± 0.03 °C e faixa de temperatura de aplicação de -
50°C até 300°C.
Os medidores de vazão são utilizados para verificar a vazão do
líquido que circula através das serpentinas das duas cavidades. Os dois
medidores utilizados são modelo Multijato ¾”, e foram adquiridos junto
à empresa Contécnica Ltda (Porto Alegre/RS). As características
técnicas dos medidores de vazão são apresentadas na Tabela 3-6.
Tabela 3-6. Características técnicas dos medidores de vazão
Vazão mínima Vazão máxima Diâmetro
0,030m
3
/h 3,0m
3
/h ¾“ (entrada e saída)
Ainda, para complementar o monitoramento do calorímetro, é
utilizado, durante os testes, um medidor de coeficiente de convecção (h)
construído com base na bancada experimental utilizada por Comunelo
(2006). Este medidor tem como princípio de funcionamento isolar o
valor de “h” através do conhecimento dos demais fatores (fluxo de calor,
área de troca e diferenças de temperaturas) aplicados à equação
fundamental da troca convectiva.
3.1.6 Sistema de aquisição de dados e controle
Para realizar a aquisição contínua dos dados durante o período
de medição é utilizado um sistema de condicionamento e gravação do
sinal gerado pelos diferentes sensores de monitoramento (ciclo completo
de leitura a cada 27 segundos). Este sistema foi desenvolvido pela
52
equipe de eletrônica do LMPT/UFSC, sendo usado com sucesso
também em outras aplicações de pesquisa, com a finalidade de aquisição
de dados.
Basicamente o funcionamento do sistema de aquisição segue a
seguinte lógica (Figura 3-6): inicialmente, os sinais em microvoltagem
são lidos individualmente nas placas de aquisição; estas placas, por sua
vez, estão ligadas a um multímetro digital que transmite o sinal por um
cabo serial para um micro computador; os sensores que respondem
em baixa voltagem são lidos diretamente por um componente
intermediário desenvolvido no LMPT (chamado TUR), o qual também
controla as placas de aquisição; o TUR está ligado a uma placa mãe que
se comunica com um software específico no microcomputador; o
software, por sua vez, gerencia o armazenamento do sinal e realiza a
conversão para a as unidades típicas de cada variável.
Temperatura
Fluxo de calor
Radiação solar
Placas de
aquisição
Multímetro
digital
Software
(aquisição
e controle)
TUR
1
Placa
mãe
Fonte de
alimentação da placa
Tiristor
(controle da corrente)
TUR
2
Velocidade do ar
VARIÁVEIS
VARIÁVEIS
Resistências aquecedoras para
controle da temperatura do banho
P1
P2 P3
Circuito elétrico de
alimentação
das resistências
Aquisição
Controle
Microcomputador
Figura 3-6. Esquema de funcionamento do sistema
de aquisição e controle
Além da aquisição de dados, o software também realiza o
controle da temperatura da água do reservatório do banho termostático,
que é utilizada para resfriamento da cavidade principal. Para o controle
da temperatura, a unidade condensadora do banho é mantida ligada
53
permanentemente (acionamento manual), sendo a temperatura de
controle atingida através do acionamento das resistências aquecedoras,
realizado pelo software.
O software com controle PID do banho termostático busca
atingir a condição da equação [3.1], onde a temperatura média da
cavidade (T
CAVIDADE
) deve ser igual à temperatura média do vidro
(T
VIDRO
) que é a interface com o meio externo, mais uma diferença de
temperatura (
T) definida para o teste. (OBS.: Mais detalhes sobre este
critério de controle serão analisados nos próximos capítulos).
TTT
VIDROCAVIDADE
+=
[3.1]
No caso da cavidade principal , a T
CAVIDADE
é renomeada como TMCP
(em ºC), que é definida através da equação [3.2] a seguir:
=
6
1
_
6
1
__
)]).([(
nface
n
nfacenFACE
n
A
ACP
TMCP
[3.2]
Onde:
CP
FACE
= Temperatura da face da cavidade principal em °C
(respectivamente de 1 até 6)
7
.
A
face
= Área da face da cavidade principal em (respectivamente de 1
até 6).
para a cavidade secundária, a
T
CAVIDADE
é renomeada como
TMCS, que corresponde à temperatura do fundo desta cavidade. No
entanto, neste caso, a condição estabelecida na equação [3.1] é obtida
através de controle manual realizado pelo operador que ajusta
diretamente a temperatura do banho (reduz ou eleva a temperatura da
água).
7
OBS.: Para efeito de monitoramento, o fundo da CP foi dividido em duas partes com áreas
iguais, sendo a temperatura de cada parte monitorada isoladamente. Assim, são somadas seis
faces para a CP (quatro laterais e duas de fundo).
54
3.2 F
ABRICAÇÃO DOS COMPONENTES E MONTAGEM DO
CALORÍMETRO
A fabricação dos principais componentes e a montagem do
calorímetro foram realizadas com base nos projetos executivos
apresentados nos ANEXOS A, B, C e D.
A seguir, é exibido um resumo com imagens e detalhes da
fabricação dos principais componentes utilizados no calorímetro. A
fabricação da maioria das peças foi terceirizada (com exceção do
sistema de aquisição e controle e dos sensores de fluxo de calor
produzidos no LMPT/UFSC, e da cavidade secundária construída no
LabTermo/UFSC), o trabalho de montagem dos diferentes
componentes foi realizado no LMPT (com exceção do banho
termostático que foi montado pela própria empresa fornecedora).
3.2.1 Fabricação dos absorvedores de calor
3.2.1.1 Cavidade principal (CP)
A fabricação da cavidade principal foi realizada pela empresa
Solares Aquecimento Solar Ltda (Florianópolis/SC). A estrutura da
cavidade é formada por cinco peças: 4 laterais e o fundo. Estas peças
foram montadas através da soldagem, corte e dobra de chapas de cobre,
com espessura de 0,89mm. Nas faces externas da cavidade foi soldada
uma serpentina de tubos de cobre que fazem parte do sistema de
resfriamento que será utilizado. Esta configuração consiste em dois
tubos de maior diâmetro nas extremidades (22mm) e tubos de menor
diâmetro (9,3mm) espaçados regularmente a cada 50mm, ligados aos
tubos das extremidades (Figura 3-7).
Todas as serpentinas foram testadas contra vazamento, através
de ar comprimido, a uma pressão de 10 m.c.a (1Kgf/cm
2
). Sobre os
tubos de cobre aplicados ao fundo da cavidade, foi necessário adicionar
um tubo de maior diâmetro na diagonal. Este tubo tem apenas função
estrutural, uma vez que se observou, durante a construção, uma
excessiva deformação da peça que compõe o fundo da cavidade, em
função do peso da estrutura. Embora este reforço estrutural não tenha
sido previsto inicialmente, ele não causa nenhum prejuízo técnico para a
utilização do sistema de resfriamento previsto. A Figura 3-8 e a Figura
3-9 mostram a vista do lado externo e interno da cavidade já montada.
55
Envolvendo toda a superfície externa da cavidade, sobre a
serpentina de cobre, foi colocado um isolamento térmico formado por
uma camada de de vidro de aproximadamente 70mm de espessura. O
isolamento será preso ao corpo da cavidade após a colocação da mesma
no calorímetro e da instalação do sistema de resfriamento. O conjunto
cavidade e isolamento serão recobertos por uma caixa metálica de
proteção com pintura eletrostática na cor branca (Figura 3-10). Esta
caixa protetora será fixada diretamente na estrutura do calorímetro, não
tendo nenhum contato térmico com a cavidade.
Figura 3-7. Composição da
cavidade com serpentinas
aplicadas na face externa
(peças laterais)
Figura 3-8. Vista do lado externo
da cavidade e reforço estrutural
do fundo
Figura 3-9. Vista
do lado interno da cavidade
Figura 3-10. Detalhe do
isolamento térmico em lã de vidro
e caixa protetora
Reforço
estrutural
para o fundo
56
3.2.1.2 Cavidade secundária (CS)
A fabricação da cavidade secundária foi realizada no LabTermo
(Laboratório de Ciências Térmicas da UFSC). Para a fabricação da
cavidade, foi utilizada uma chapa de cobre com espessura de 3mm e
dimensões de 50cm x 50cm. Na parte posterior desta chapa, foi fixada
uma serpentina de cobre com diâmetro externo de 3/8”.
Esta chapa de maior espessura foi empregada para tornar
possível manter a planicidade necessária durante a colagem dos
fluxímetros na face frontal. Devido à espessura da chapa, o processo de
fixação da serpentina foi bastante difícil, sendo necessário um processo
de soldagem utilizando uma liga de fósforo e cobre (foscoper).
Esta estrutura completa é formada pela chapa de cobre presa a
uma esquadria de madeira, a ser posteriormente fixada no trailer. A
Figura 3-11 e a Figura 3-12 apresentam a cavidade secundária montada
conforme o projeto executivo.
Figura 3-11. Vista posterior da
cavidade secundária já montada
(detalhe da serpentina)
Figura 3-12. Vista frontal da
cavidade secundária (detalhe do
plano de colagem dos
fluxímetros)
3.2.2 Fabricação do sistema de resfriamento
A fabricação do banho térmico aplicado à cavidade principal foi
realizada pela empresa Matiola Refrigeração Ltda (São José SC). O
reservatório de água foi fabricado em inox 304 número 24, obedecendo
às dimensões internas especificadas de 40cm x 50cm x 80cm, e sendo
protegido com isolamento de 60mm de poliestireno expandido,
externamente revestido por chapa epóxi pintada na cor branca.No
57
interior do reservatório, foi instalada uma serpentina de cobre e também
as três resistências aquecedoras previstas inicialmente (Figura 3-13). A
fiação de ligação das resistências ficou exposta na parte frontal do
reservatório, para que posteriormente esta fiação fosse conectada à
alimentação elétrica.
O sistema condensador utilizado para a refrigeração é da marca
Danfoss, modelo HCM018, com potência nominal de 1,5HP, e
alimentação 220V monofásica (Figura 3-14). O sistema tem dimensões
de 50cm x 70cm x 44,2cm, e peso de aproximadamente 45kg. A Figura
3-15 mostra a vista geral do banho térmico construído.
Figura 3-13. Serpentina e resistências
aquecedoras no interior do reservatório
Figura 3-14. Sistema
condensador 1,5HP
Figura 3-15. Vista geral do banho térmico
Ligação das
resistências
Retorno
da água
Saída da
água
Sistema
condensador
Serpentina
Resistência
aquecedora
58
3.2.3 Fabricação do trailer de abrigo
A fabricação do trailer foi realizada pela empresa Pirâmide
Reboques Indústria Metalúrgica Ltda (Joinville/SC). O chassi de
sustentação foi fabricado em perfis de viga U de 100mm galvanizado
(Figura 3-16). as molduras de madeira para fixação das cavidades e
das amostras de janela foram fabricadas em madeira de lei (Figura
3-17).
Figura 3-16. Estrutura do
trailer (perfis metálicos)
Figura 3-17. Molduras de madeira nas
aberturas para as cavidades
Para o fechamento lateral, foram empregadas chapas
galvanizadas com acabamento em pintura na cor branca, e para o
assoalho da parte interna foram utilizadas tábuas de madeira de lei. Já no
piso da plataforma externa, foram aplicadas chapas de aço galvanizado.
A Figura 3-18 mostra o acabamento final do trailer.
59
Figura 3-18. Vista externa do trailer acabado
3.2.4 Desenvolvimento do sistema de aquisição e controle
Além da ligação dos componentes físicos de aquisição e
controle (TURs, Placas, fontes, tiristor, multímetro, micro-computador e
cabeamento), um software específico é necessário para gerenciar o
funcionamento do sistema.
Uma versão beta deste software, em linguagem C++, foi
desenvolvida no LMPT para atender as necessidades do sistema de
aquisição e controle do calorímetro, segundo as definições do item 3.1.6
deste capítulo.
A Figura 3-19 apresenta a interface de comunicação entre o
programa e os dispositivos de aquisição (multímetro e placas mãe). Já
na Figura 3-20 é apresentada a interface de aquisição e controle. Esta
interface está organizada em 5 abas (janelas) para monitoramento da
cavidade principal, cavidade secundária, sistema de resfriamento,
variáveis ambientais e resultados. O sistema de aquisição foi testado e
apresentou um correto funcionamento na leitura do sinal gerado pelos
sensores conectados aos diferentes canais.
60
Figura 3-19. Interface de comunicação
Figura 3-20. Interface de monitoramento
3.2.5 Montagem do calorímetro
A montagem do calorímetro ocorreu a partir da fabricação de
cada um dos componentes descritos anteriormente. Alguns destes
componentes foram produzidos simultaneamente para acelerar o
processo de construção do calorímetro. O fluxograma abaixo (Figura
61
3-21) apresenta a seqüência de fabricação e montagem aplicada e
desenvolvida em seis etapas.
O primeiro componente a ser instalado no trailer de abrigo foi o
sistema de resfriamento (banho térmico). Esta instalação foi realizada
diretamente na empresa fornecedora, por se tratar de um trabalho
especializado.
O sistema condensador foi fixado através de parafusos sobre a
plataforma metálica na parte dianteira do trailer (Figura 3-22). O
posicionamento externo do sistema foi previsto para facilitar a
dissipação do calor retirado da água do reservatório e também para
reduzir o nível de ruído na área interna do trailer. Sobre o sistema
condensador foi montada uma cobertura em chapa metálica para
proteção contra as intempéries, além de grades laterais para evitar o
acesso de pessoas não autorizadas ou danos aos componentes.
O reservatório de água foi instalado do lado interno do trailer
junto à parede de fechamento da parte dianteira (Figura 3-23). Já a
fixação do reservatório foi realizada diretamente no piso de madeira do
trailer por meio de parafusos. Após isso, a tubulação do gás refrigerante
que passa pela serpentina no interior do reservatório foi conectada ao
sistema condensador e revestida com isolante térmico.
62
Figura 3-21. Fluxograma da sequência de montagem do calorímetro
O segundo componente a ser instalado no trailer de abrigo foi a
cavidade principal. Antes da fixação da estrutura de cobre, as bordas da
moldura de madeira (marco da janela) foram isoladas termicamente com
a aplicação de uma camada de poliestireno expandido.
63
Figura 3-22. Sistema condensador
instalado na plataforma dianteira
do trailer
Figura 3-23. Reservatório
instalado no interior do trailer
Depois disso, a cavidade foi fixada na moldura de madeira
através de parafusos auto-atarraxantes. A Figura 3-24 mostra a vista
externa da cavidade principal instalada. Posteriormente, a superfície
interna da cavidade foi pintada com uma tinta de propriedades
conhecidas (absortividade e emissividade iguais a 0,95 e 0,86,
respectivamente) – Figura 3-25.
Figura 3-24. Vista externa da
cavidade principal já instalada no
trailer
Figura 3-25. Pintura da cavidade
principal
O terceiro componente instalado no trailer de abrigo foi a
cavidade secundária. Antes da instalação, foram soldados os conectores
de mangueira nas extremidades de entrada e saída da serpentina.
Também foram colados na superfície externa 4 sensores de fluxo de
calor, os quais foram previamente pintados com a mesma tinta
mencionada.
64
No lado externo, foi também aplicado um isolante térmico
(poliestireno expandido com espessura de 15mm) no perímetro dos
sensores, para o ajuste das dimensões da cavidade (50x50cm). A Figura
3-26 mostra a configuração interna da instalação (ainda sem o
isolamento), enquanto a Figura 3-27 apresenta a visão externa da
cavidade secundária ainda sem o vidro.
Figura 3-26. Detalhe interno da
cavidade secundária já instalada
no trailer
Figura 3-27. Vista externa da
instalação da cavidade secundária
(sem o vidro)
Após a colocação das cavidades e do banho térmico, iniciou-se
o trabalho de montagem das instalações elétricas e hidráulicas.
O quadro de distribuição do sistema elétrico (Figura 3-28) foi
instalado na lateral do trailer oposta às cavidades. Este foi fixado sobre
uma chapa de madeira, onde posteriormente também foram instalados os
componentes do sistema de aquisição de dados. A alimentação do
quadro é realizada a partir de uma ligação externa subterrânea conectada
à fiação (espera) deixada sob o piso.
A fiação do sistema elétrico foi fixada de maneira aparente,
aproveitando o espaço formado pelos perfis metálicos que compõem a
estrutura do trailer, sendo o acabamento realizado com calhas de PVC.
O aterramento, por sua vez, foi ligado na própria estrutura do trailer, de
maneira que eventuais descargas elétricas sejam conduzidas para o solo
através dos apoios metálicos de sustentação do veículo (frontal e
traseiro).
Conforme estava previsto no projeto executivo, um ponto de
iluminação no teto (Figura 3-29) e uma tomada para ligação de um
ventilador (usado como exaustor/insulflador) junto à porta de entrada
foram instalados.
65
Figura 3-28. Quadro de distribuição
elétrica
Figura 3-29. Ponto de luz no
teto
O sistema hidráulico também foi montado, sendo realizadas as
conexões entre a entrada e a saída das serpentinas, de cada uma das
faces das cavidades aos respectivos registros e bombas. Tanto as
tubulações como as cavidades também foram isoladas termicamente
(Figura 3-30 e Figura 3-31).
Figura 3-30. Ligação da bomba e
barrilete com registros de controle
de fluxo da CP
Figura 3-31. Isolamento das
tubulações e das cavidades
Considerando que na cavidade principal há uma saída para cada
uma das 5 faces, e em cada saída a água se encontra em uma
temperatura diferente, um misturador foi instalado para garantir uma boa
homogeneização da água. Este dispositivo consiste em um tubo de PVC
com duas paredes divisórias, forçando a passagem da água em um
66
circuito tipo “Chicane” (Figura 3-32). Então a medição da temperatura
de água que passa pela CP é obtida após a passagem pelo misturador.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3-32. Caminho percorrido pela água (a); visão externa do
misturador (b); divisória interna (c); isolamento do misturador depois
de instalado no trailer (d).
Em relação ao sistema de aquisição e controle, para facilitar a
operação e melhor acomodação de alguns dos equipamentos (multímetro
e micro computador), foi construída uma bancada de madeira fixada na
parede do trailer. Os demais componentes eletrônicos (TURs, placas,
fontes, tiristor) foram fixados na mesma placa de madeira onde havia
sido instalado o quadro de distribuição elétrica. A Figura 3-33 mostra
disposição dos componetes do sistema de aquisição instalados no trailer.
67
Figura 3-33. Layout da instalação dos componentes do sistema de
aquisição e controle
3.3 C
ALIBRAÇÃO E INSTALAÇÃO DOS SENSORES DE
MONITORAMENTO
Antes da instalação dos sensores alistados na Tabela 3-4, foi
realizada a calibração destes dispositivos, conforme os procedimentos
descritos nos itens a seguir.
Para verificar a incerteza nos resultados da calibração dos
sensores, as diferenças entre os valores de referência (determinados com
o instrumento de referência) e do sensor calibrado (calculados a partir
das curvas ou coeficientes de calibração obtidos) são avaliadas
estatisticamente. A incerteza da calibração (u) é calculada como sendo o
desvio padrão (s) das variações encontradas. Neste caso, em que o
número de pontos de medição é pequeno (n<200), é necessário aplicar
um coeficiente de correção (t), conhecido como coeficiente t-Student,
para corrigir o desvio padrão (equação [3.3] e equação [3.4]). O
coeficiente t-Student, para uma distribuição normal, é tabelado em
68
função da probabilidade de enquadramento desejada (ex.: 90%, 95% ou
99% de confiança) e do número de amostras (Gonçalves, 2002). Então:
γ
=
=
n
xx
s
n
i
i
1
2
)(
[3.3]
Onde:
x
= Valor de referência (determinado com o instrumento de referência);
x
i
= Valor do sensor calibrado (calculado a partir das curvas ou
coeficientes de calibração obtidos);
n = Número de observações;
γ
= Número de restrições lineares.
E também:
).( stu
±
=
[3.4]
Sendo:
t = Coeficiente t-Student;
s = Desvio padrão.
3.3.1 Piranômetros
A calibração dos piranômetros é realizada a partir de uma
análise comparativa entre os valores de radiação solar medidos
simultaneamente pelos sensores utilizados no calorímetro e os valores
de referência medidos por um piranômetro de alta precisão
(kipp&Zonen CM22), utilizado na estação solarimétrica do
LABSOLAR (Laboratório de Energia Solar da UFSC). Durante a
calibração, todos os sensores são ajustados na mesma posição e sob as
mesmas condições ambientais. As características técnicas do
piranômetro de referência são apresentadas na Tabela 3-7.
No caso do sensor fabricado no LMPT, a calibração consiste na
obtenção de uma constante. O cálculo da constante de calibração do
instrumento segue a relação expressa na equação [3.5]:
K
pir
= Rad/S
pir
[3.5]
69
Onde:
K
pir
= Constante de calibração do piranômetro (W/m²/mV);
Rad = Radiação solar (W/m²);
S
pir
= Sinal de resposta do piranômetro (mV).
Tabela 3-7. Características técnicas do piranômetro
Kipp&Zonen modelo CM22
Intervalo espectral de medição 200 -3600nm
Sensibilidade 7–14 (µV/ W / m²)
Tempo de resposta 5 s
Erro direcional (para 80° com 1000 W/m²) < 5 W/m²
Erro de linearidade (0 - 1000 W/m²) ± 0.2 %
Variação de estabilidade (variação/ano) ± 0.5 %
Sensibilidade à mudança de temperatura (-20 para
50 °C)
0,5 %
Precisão ± 1 %
Portanto, a constante final (K
pir
) para piranômetro é obtida
como sendo a média dos valores calculados em um conjunto de leituras
simultâneas de radiação e tensão.
Todos os testes de
calibração dos piranômetros foram
realizados no plano horizontal,
como mostra a Figura 3-34. Além
do sensor kipp&zonen CM21, mais
dois sensores fabricados no LMPT
foram também calibrados. Na
Tabela 3-8 são apresentados os
valores das constantes de calibração
dos piranômetros fabricados no
LMPT e também os valores da
radiação medida com os
piranômetros kipp&Zonen CM21 e
CM22, em cada tempo de leitura, de
um dia de céu claro.
Figura 3-34. Configuração da
calibração dos piranômetros
As constantes médias encontradas respectivamente para o
piranômetro LMPT 1 e 2, tendo por base o valor da radiação medida
com o sensor do LabSolar, foram 924,900 W/m
2
/mV e 1089,148
W/m
2
/mV. No caso do CM21, a diferença média no valor da radiação
em relação ao LABSOLAR (CM22) foi de 3,1%. Com isso, a constante
70
original do CM21 (90,009 W/m
2
/mV) foi corrigida para 92,799
W/m
2
/mV.
Tabela 3-8. Constantes de calibração dos piranômetros fabricados no
LMPT (céu claro)
Horário
Piran.
LMPT
1 (mV)
Piran.
LMPT
2 (mV)
LabSolar
Kipp&Zo
nen CM22
(W/m²)
K 1
(W/m²/mV)
K 2
(W/m²/mV)
Kipp&Zon
en CM21
(W/m²)
13:52:30
1,029 0,933 985 957,2 1055,7 958
13:55:00
1,037 0,885 980 945,0 1107,3 952
13:57:30
1,034 0,848 977 944,4 1151,5 951
14:00:00
1,025 0,840 973 949,3 1158,3 947
14:02:30
1,025 0,856 967 943,4 1129,7 939
14:05:00
1,017 0,876 960 944,0 1095,9 932
14:07:30
1,018 0,875 954 936,6 1089,7 924
14:10:00
1,022 0,877 952 931,5 1085,5 923
14:12:30
1,023 0,877 943 921,8 1075,3 914
14:15:00
1,033 0,882 934 904,2 1059,0 911
14:17:30
1,026 0,870 933 909,4 1072,4 904
14:20:00
1,020 0,871 924 905,9 1060,8 897
14:22:30
1,018 0,856 921 904,7 1075,9 888
14:25:00
1,021 0,863 916 897,2 1061,4 877
14:27:30
1,037 0,861 912 879,0 1058,7 878
Média 1,0257 0,8713 949 924,9 1089,1 920
A Figura 3-35 apresenta todos os resultados da medição em
termos da radiação solar para a data em questão (21/11/2007). OBS.:
Neste gráfico, os valores do piranômetro CM21 foram determinados a
partir da constante original.
71
750
800
850
900
950
1000
1050
1100
13:52:30
13:55:00
13:57:30
14:00:00
14:02:30
14:05:00
14:07:30
14:10:00
14:12:30
14:15:00
14:17:30
14:20:00
14:22:30
14:25:00
14:27:30
Horário
Radião (W/m²)
LabSolar Kipp&Zonen CM22
LMPT 1
LMPT 2
Kipp&Zonen CM21
Figura 3-35. Determinação de radiação solar para calibração dos
piranômetros (dia 21/11/2007, céu claro)
A Tabela 3-9 mostra os valores da análise estatística referente à
incerteza da calibração dos piranômetros LMPT 1 e 2, para um dia de
céu claro.
Tabela 3-9. Incerteza na calibração dos piranômetros para céu aberto
Piranômetros LMPT 1 LMPT 2
Média de K (W/m²/mV)
924,90 1089,15
Desvio padrão (W/m²/mV)
23,36 33,69
t (15 amostras, 95% de confiança)
2, 145 2, 145
Incerteza absoluta (W/m²/mV)
50,11 72,26
Incerteza relativa 5% 7%
Na caso dos piranômetros LMPT 1 e 2, a calibração foi repetida
em um dia de céu parcialmente nublado. A Tabela 3-10 apresenta os
valores das constantes de calibração obtidas neste dia, sendo suas
médias, respectivamente, 902,005 W/m2/mV e 1145,552 W/m2/mV.
a Figura 3-36 apresenta todos os resultados da medição em termos da
radiação solar para a data em questão (03/12/2007).
Os cálculos estatísticos foram feitos em três períodos diferentes,
de acordo com os níveis de radiações observados na Figura 3-36. O
primeiro período é composto pelos dados extraídos no horário entre 14h
15 min e 14h 30 min utilizando-se o valor “t-Student” igual a 2,447 para
72
as 7 amostras. Para o segundo período, foi utilizado “t” igual a 2,262
para 10 amostras, sendo essas referentes aos dados extraídos das 14h
32min 30s até às 14h 55min. O terceiro período, com 7 amostras e “t”
igual a 2,447, refere-se aos dados extraídos no horário entre 14h 57min
30s e 15h 12min 30s.
Tabela 3-10. Constantes de calibração dos piranômetros fabricados no
LMPT (céu parcialmente nublado)
Horário
Piranômetro
LMPT 1
(mV)
Piranômetro
LMPT 2
(mV)
LabSolar
Kipp&Zonen
CM22
(W/m²)
K 1
(W/m²/mV)
K 2
(W/m²/mV)
14:15:00
0,383 0,312 334 872,1 1070,5
14:17:30
0,353 0,275 303 857,2 1100,4
14:20:00
0,338 0,267 293 865,7 1095,9
14:22:30
0,348 0,275 310 892,0 1128,7
14:25:00
0,360 0,284 316 876,9 1111,6
14:27:30
0,376 0,289 328 873,4 1136,3
14:30:00
0,382 0,302 349 913,9 1156,0
14:32:30
0,443 0,350 425 958,7 1213,4
14:35:00
0,715 0,430 863 1207,0 2007,0
14:37:30
1,032 0,835 1024 992,2 1226,3
14:40:00
0,711 0,554 874 1229,3 1577,6
14:42:30
0,827 0,640 699 845,0 1091,9
14:45:00
0,574 0,481 478 832,9 994,0
14:47:30
0,653 0,515 557 852,8 1081,4
14:50:00
0,545 0,472 395 725,3 837,5
14:52:30
0,440 0,360 374 849,8 1038,6
14:55:00
0,491 0,392 626 1274,1 1595,9
14:57:30
0,354 0,297 286 806,8 961,6
15:00:00
0,350 0,287 291 830,3 1012,5
15:02:30
0,364 0,294 328 901,6 1116,3
15:05:00
0,447 0,355 372 832,2 1047,9
15:07:30
0,450 0,363 389 864,4 1071,6
15:10:00
0,476 0,378 347 728,2 916,9
15:12:30
0,356 0,302 273 766,3 903,3
Média 0,490 0,388 451 902,0 1145,6
73
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
14:15:00
14:17:30
14:20:00
14:22:30
14:25:00
14:27:30
14:30:00
14:32:30
14:35:00
14:37:30
14:40:00
14:42:30
14:45:00
14:47:30
14:50:00
14:52:30
14:55:00
14:57:30
15:00:00
15:02:30
15:05:00
15:07:30
15:10:00
15:12:30
Horio
Radiação (W/m²)
LMPT 1
LMPT 2
LabSolar Kipp&Zonen CM22
Figura 3-36. Determinação de radiação solar para calibração dos
piranômetros (dia 03/12/2007, céu parcialmente nublado)
A Tabela 3-11 mostra os valores da análise estatística referente
à incerteza da calibração dos piranômetros LMPT 1 e 2, para o dia de
céu parcialmente nublado.
Tabela 3-11. Incerteza na calibração dos piranômetros para céu
parcialmente nublado
Primeiro período
(7 amostras)
Segundo período
(10 amostras)
Terceiro período
(7 amostras)
Piranômetros
LMPT
1 2 1 2 1 2
Média de K
(W/m²/mV)
878,73 1114,2 943,67 1253,63 818,55 1004,32
Desvio
padrão
(W/m²/mV)
18,79 28,54 193,94 372,5 58,28 80,32
t (95% de
confiança)
2,447 2,447 2,262 2,262 2,447 2,447
Incerteza
absoluta
(W/m²/mV)
45,98 69,84 438,69 842,59 142,6 196,53
Incerteza
relativa
5% 6% 46% 67% 17% 20%
Fazendo uma análise da Tabela 3-9 e da Tabela 3-11, pode-se
observar uma grande diferença entre as incertezas e os desvios padrões
74
dos piranômetros nos dias de medição com diferentes condições de céu.
Uma maior incerteza é apresentada em dia de céu parcialmente nublado,
devido às variações da quantidade e densidade das nuvens no céu.
Pode-se observar que o piranômetro 1 apresentou uma incerteza
em seus resultados menor (5%) nos dias de medição de céu claro
(Tabela 3-9), quando comparado ao piranômetro 2 (7%). nos dias
com o céu parcialmente nublado, a incerteza de ambos é bastante
elevada, chegando a valores médios de 46% para o piranômetro 1 e 67%
para o piranômetro 2. Porém, quando o céu apresenta uma condição
estável (totalmente encoberto, como representado pelo primeiro período
da Tabela 3-11), a incerteza de ambos retorna aos valores da condição
de céu claro, com 5% e 6% de erro, respectivamente, para o piranômetro
1 e 2.
Através dessa análise, pode-se concluir que o piranômetro 1 é o
mais indicado para ser usado no calorímetro. Porém, este será usado
apenas para determinação da radiação horizontal, enquanto que para
determinação da radiação incidente no plano da janela será utilizado o
piranômetro Kipp&Zonen CM21.
A fixação destes dois sensores no calorímetro é realizada
através de bases de madeira móveis que podem ser recolhidas ao fim da
medição.
3.3.2 Anemômetros
Estes instrumentos foram calibrados em um túnel de vento que
está instalado no LabTermo (Laboratório de Ciências Térmicas) da
UFSC, como mostra a Figura 3-37.
A calibração consiste na colocação de um anemômetro
previamente calibrado em uma abertura na saída de ar do túnel, medindo
a velocidade do ar (m/s). Este anemômetro já calibrado (referência) faz a
leitura da velocidade do ar lançado no túnel, que atinge também os
anemômetros em calibração. Os anemômetros em calibração, por sua
vez, fornecem uma diferença de potencial (mV) característica para cada
velocidade do ar. Então, obtém- se uma curva de calibração através da
plotagem dos valores de velocidade (anemômetro de referência)
versus
a diferença de potencial (anemômetros em calibração) lida em um
multímetro digital.
75
Para a calibração
dos anemômetros, foram
determinados, no túnel de
vento, 19 pontos de
velocidade do ar em função
da diferença de potencial.
Para cada anemômetro foi
então obtida uma curva de
calibração, com a respectiva
função polinomial (Figura
3-38 e Figura 3-39).
Figura 3-37. Túnel de vento utilizado
para calibração dos anemômetros
y = 2,274x
5
- 10,092x
4
+ 8,479x
3
+ 21,228x
2
- 43,666x + 23,303
R
2
= 1,000
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00
Diferença de potencial (mV)
Velocidade (m/s)
Anemômetro 1
Polinômio
(Anemômetro 1)
Figura 3-38. Curva de calibração do anemômetro 1 (interno)
y = -12,699x
5
+ 53,000x
4
- 92,650x
3
+ 89,457x
2
- 50,820x + 14,397
R
2
= 1,000
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5
Diferea de potencial (mV)
Velocidade (m/s)
Anemômetro 2
Polinômio
(Anemômetro 2)
Figura 3-39. Curva de calibração do anemômetro 2 (externo)
76
A partir da calibração, calculou-se a variação entre as
velocidades do ar medida versus a calculada através da curva ajustada.
Com isso, foi realizada uma análise estatística referente à incerteza da
calibração, onde a incerteza absoluta é o desvio padrão multiplicado
pelo coeficiente “t-Student” para o conjunto das 19 amostras (Tabela
3-12).
Tabela 3-12. Incerteza na calibração dos anemômetros
Anemômetro 1 2
Desvio padrão (m/s) 0,0156 0,0163
t (19 amostras, 95% de confiança) 2,101 2,101
Incerteza absoluta (m/s) 0,033 0,034
Quanto à instalação, o anemômetro 1 foi colocado no interior da
cavidade principal, preso a uma haste, a uma distância de
aproximadamente 15 cm do centro da face superior da cavidade. o
anemômetro 2 é móvel, podendo ser recolhido. Durante a medição do
FS de uma amostra qualquer, o anemômetro 2 é colocado externamente,
preso a uma haste (com 30 cm de comprimento) fixada
perpendicularmente ao plano de medição.
3.3.3 Fluxímetros
Inicialmente, os fluxímetros utilizados na cavidade secundária
foram calibrados em laboratório, conforme descrito por Lopes et al.
(2007b). No entanto, algumas dificuldades na dissipação do fluxo de
calor aplicado aos sensores durante esta calibração comprometeu as
constantes de calibração, o que foi verificado nos testes após a
instalação da cavidade. Por isso, uma nova calibração, agora in loco, foi
necessária.
Para a calibração dos
quatro fluxímetros (numerados
como mostra a Figura 3-40), foi
utilizada uma fonte geradora de
corrente elétrica, um multímetro,
uma resistência elétrica, e uma
placa isolante.
Figura 3-40. Numeração dos
fluxímetros, vista externa frontal
77
A resistência utilizada (9,24) é plana e tem dimensões iguais
as dos 4 fluxímetros (25cm x 25cm). Esta é conectada a fonte geradora
de corrente por dois fios condutores e sua face plana é colocada em
contato com o fluxímetro a ser calibrado. Entre o fluxímetro e a
resistência é utilizado um gel para eliminar bolhas de ar entre eles, o que
melhora a transferência de calor. Também foi usada uma manta térmica
entre o isolante e a resistência para melhorar o isolamento e uma
alavanca para fixação do sistema (Figura 3-41).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3-41. Gel na face do fluxímetro (a), resistência aplicada sobre o
gel (b), manta térmica acima da resistência (c), arranjo completo (d)
Depois do arranjo de calibração estar pronto (Figura 3-42),
então são ajustados,
na fonte de tensão, diferentes valores de corrente
elétrica, que geram valores de densidades de potência pré-determinados
(ex: 1000W/m², 2000W/m²...). Depois disso, são feitas as leituras das
tensões correspondentes geradas nos fluxímetros, e, considerando que o
78
sistema seja ideal (toda a potência fornecida à resistência é transmitida
ao fluxímetro), estas tensões são usadas para determinar as constantes de
calibração.
Figura 3-42. Esquema de calibração dos fluxímetros
O valor da constante de calibração é dado pela relação da
equação [3.6] em cada potência dissipada, sendo que a constante final
corresponde à média obtida da série de medições realizadas em cada
fluxímetro.
K
flux
= P
res
/S
flux
, [3.6]
Onde:
K
flux
= Constante de calibração do fluxímetro (W/mV);
P
res
= Potência dissipada na resistência aquecedora (W);
S
flux
= Sinal de resposta do fluxímetro (mV).
Primeiramente, foram aplicados seis valores de potência ao
fluxímetro 1, para determinar o comportamento da curva de densidade
de potência versus
tensão. Esta curva apresentou um comportamento
linear, como mostra a Figura 3-43.
79
y = 0,0353x + 0,1002
R
2
= 0,9989
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 500 1000 1500 2000 2500
Densidade de Potência (W/m²)
Sinal do fluxímetro (mV)
Figura 3-43. Curva de calibração do Fluxímetro 1
Então, em todos os fluxímetros apenas um patamar de
densidade de potência (igual a 2000W/m²) foi utilizado para calcular as
constantes, sendo a verificação repetida duas vezes em cada sensor.
Este procedimento foi adotado pelo fato de que estudos anteriores
(Guths et al., 1998) mostraram que, para potências elevadas, as fugas de
calor pelas laterais dos sensores se tornam menos significativas em
relação ao fluxo principal. Desta forma, os valores de constantes obtidos
a partir de potências elevadas estão menos sujeitos aos erros devido às
fugas de calor. A Tabela 3-13 apresenta as condições de medição e a
constante de calibração final (média) para cada fluxímetro.
A incerteza de calibração foi estimada a partir do valor mais
alto do desvio padrão observado nas quatro séries de calibração (1,4%)
multiplicado pelo coeficiente “t-student” (para 95% de confiança, e n=4
séries de calibração), que é igual 3,182. Com isso, o valor de incerteza
na calibração assumido para os 4 sensores foi de 4,5%.
80
Tabela 3-13. Constantes de calibração dos fluxímetros
T base_ ar
ext (°C)
Densidade de
potência (W/m²)
Sinal do
Fluxímetro (mV)
Constante
(W/m²/mV)
Fluxímetro 1
-0,33 2000 70,100 28,531
-0,31 2000 70,760 28,265
Média 28,398
Desvio padrão (absoluto) 0,188
Desvio padrão (relativo) 0,7%
Fluxímetro 2
1,84 2000 89,001 22,472
1,99 2000 89,522 22,341
Média 22,406
Desvio padrão (absoluto) 0,092
Desvio padrão (relativo) 0,4%
Fluxímetro 3
1,56 2000 154,500 22,778
1,49 2000 154,750 22,741
Média 22,759
Desvio padrão (absoluto) 0,026
Desvio padrão (relativo) 0,1%
Fluxímetro 4
-0,61 2000 57,250 34,934
-0,95 2000 56,120 35,638
Média 35,286
Desvio padrão (absoluto) 0,497
Desvio padrão (relativo) 1,4%
3.3.4 Termopares e termistor
A calibração dos termopares foi realizada em uma amostra
retirada do mesmo lote de cabos utilizados no monitoramento do
calorímetro. O processo de calibração consiste basicamente em manter a
junção de referência dos termopares em uma temperatura fixa, enquanto
a junção de contato é submetida a diferentes temperaturas, sendo
verificada simultaneamente a diferença de potencial gerada a partir das
diferenças de temperatura observadas. A partir de uma curva de
diferença de potencial versus diferença de temperatura é obtida uma
81
expressão (polinômio) de calibração para o sensor. Este processo é
descrito detalhadamente a seguir.
Em uma garrafa térmica com gelo triturado, mergulha-se a
junção de referência, que mantém a sua temperatura próxima de 0ºC. A
outra junção é colocada em um banho termostático digital
(Microquímica, modelo MQBMP-01, resolução 0,1°C), onde é possível
fazer ajustes de temperaturas. Embora o banho possua um controle
digital de temperatura, também é utilizado um termômetro de mercúrio,
para um controle mais preciso. As temperaturas ajustadas no banho são
definidas com base na faixa de temperatura a que os sensores serão
submetidos quando em uso. Ao mesmo tempo, a diferença de potencial
entre as junções é medida com um multímetro digital (HP, modelo
34401A, resolução 0,1µV).
A Figura 3-44 mostra a
configuração aplicada na calibração
onde pode ser observada a junção de
referência (garrafa térmica), o banho
termostático, e o multímetro digital
utilizado.
A curva característica de
calibração, para uma amostra do lote
de termopares utilizados, foi então
plotada em um gráfico de dispersão.
Esta curva ajustada é do tipo
polinomial do terceiro grau, tendo a
diferença de temperatura em função da
diferença de potencial (Figura 3-45).
Figura 3-44. Configuração
para calibração dos
termopares
Pode-se também realizar uma análise da variação entre os
valores de T medidos e os valores de T calculados através da curva
ajustada. A Tabela 3-14 a seguir contém os dados e resultados obtidos
deste cálculo.
82
y = 0,1143x
3
- 1,1320x
2
+ 26,6310x - 0,1711
R
2
= 1,0000
0
10
20
30
40
50
60
0,000 0,500 1,000 1,500 2,000 2,500
Diferença de potencial (mV)
Temperatura (°C)
Termopar Polinômio (Termopar)
Figura 3-45. Curva de calibração dos termopares
Tabela 3-14. Variação entre os valores de T medido e T da curva
ajustada na calibração dos termopares
Valores de
T
medidos (°C)
Valores de
T através
da curva ajustada (°C)
Variação (°C)
14,40 14,38 0,018
18,40 18,41 0,009
22,40 22,44 0,041
26,40 26,38 0,020
30,30 30,33 0,029
34,40 34,34 0,062
38,40 38,36 0,042
42,30 42,39 0,092
46,40 46,37 0,029
50,40 50,42 0,016
54,40 54,39 0,012
A partir da variação entre os valores de
T medido e ajustado é
determinada a incerteza da calibração. Para este conjunto de medições
composto por 11 pontos, com desvio padrão (0,053°C) multiplicado
pelo coeficiente “t-Student(que para um grau de confiança de 95% é
83
igual a 2,228), a incerteza no valor absoluto medido corresponde a
0,12°C.
Um das variáveis de maior influência no cálculo do ganho de
calor da CP é a diferença de temperatura entre a entrada e a saída do
líquido que circula pelas serpentinas de resfriamento. Para verificar a
estabilidade dos termopares utilizados nestes pontos de monitoramento,
os dois sensores foram colocados juntos (a uma distância de
aproximadamente 1cm entre eles) dentro de um banho termostático
(Microquímica, modelo MQBMP). A Figura 3-46 mostra a variação da
temperatura medida pelos termopares no interior do banho. Pode-se
observar a excelente aproximação das curvas ao longo do tempo de
teste, e também a resposta simultânea dos dois sensores a uma alteração
proposital no “setpoint” do banho (tempo 10 min). a Figura 3-47
apresenta a variação entre as leituras dos dois termopares ao longo do
teste. Na média esta variação foi nula, mas com um desvio padrão de
±0,02°C. Aplicando o coeficiente “t-Student” (para um mínimo de 40
leituras e grau de confiança de 95%, “t” corresponde a 2,023), a
incerteza na medição do
T da água foi de 0,04°C.
24,5
25,0
25,5
26,0
26,5
27,0
27,5
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Tempo (min)
Temperatura (°C)
Termopar CP (entrada)
Termopar CP (saída)
Figura 3-46. Teste com dois termopares no interior do banho
84
-0,10
-0,08
-0,06
-0,04
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Tempo (min)
Variação (°C)
Figura 3-47. Variação nas temperaturas medidas pelos termopares
Ainda, a Figura 3-48 mostra a variação da incerteza relativa
sobre o valor absoluto do
T da água, medido entre a entrada e saída da
cavidade.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
T na água entre a entrada e a saída da cavidade (°C)
Incerteza no
T registrado
pelos termopares
Figura 3-48. Incerteza na medida do
T da água
na entrada e saída da cavidade
No caso do termistor, a calibração é realizada apenas com a
utilização do banho termostático. Este tipo de sensor gera diretamente
uma tensão proporcional à temperatura medida, não necessitando de
junção de referência. Assim, a partir de algumas leituras de temperatura
85
e tensão é possível encontrar uma curva de calibração característica do
termistor. A Figura 3-49 apresenta a curva ajustada para os pontos de
leitura obtidos durante a calibração.
Novamente, a partir da variação entre os valores medidos e
calculados através da curva ajustada (Tabela 3-15), pode ser obtida a
incerteza na calibração do termistor. Repetindo o procedimento
aplicado para os termopares, mas agora utilizando um coeficiente “t-
Student” para 7 pontos e 95% de confiança (2,477), temos uma incerteza
na calibração igual a 0,52°C.
y = 2,4628x
3
- 17,4520x
2
+ 62,3340x - 60,6430
R
2
= 1,0000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
Diferença de potencial (V)
Temperatura (°C)
Termistor Polinômio (Termistor)
Figura 3-49. Curva de calibração do termistor
Tabela 3-15. Variação entre os valores de temperatura medida e
calculada (curva ajustada) na calibração do termistor
Temperatura
medida
(°C)
Temperatura
ajustada (°C)
Variação
(°C)
15,00 15,02 0,017
20,00 19,95 0,054
25,00 25,02 0,024
30,00 30,24 0,236
35,00 34,59 0,408
40,00 40,29 0,295
45,00 44,91 0,089
86
(a)
(b)
(c)
O comprimento total de
termopares utilizados foi de
aproximadamente 60m e a instalação dos
mesmos foi realizada nos pontos
previstos no item 3.1.5, sendo as juntas
de medição coladas às superfícies
monitoradas (Figura 3-50a), e protegidas
com papel aluminizado quando expostas
à radiação solar (Figura 3-50b).
Para a medição da temperatura
do ar externo foi utilizado um termopar
posicionado na área de sucção de um
ventilador protegido por um duto que
impede a incidência de radiação solar
(Figura 3-50c).
o termistor foi colocado entre
as junções de referência dos termopares,
agrupadas no interior de um perfil
metálico (Figura 3-50d).
Figura 3-50. Exemplo da fixação dos
termopares (a); exemplo de proteção dos
termopares quando expostos à radiação
solar (b); entrada para medição da
temperatura do ar (c); junta de
referência dos temopares (d)
(d)
3.3.5 Medidores de vazão
Embora tenham sido instalados medidores de vazão na saída
das duas cavidades, apenas o valor da vazão do fluxo de água na
cavidade principal é efetivamente utilizado no cálculo de ganho de
calor, uma vez que o processo de quantificação é diferenciado entre as
cavidades.
Assim, o valor da vazão aplicada à cavidade principal em
função do bombeamento foi determinado por meio de uma análise de
tempo e volume. A Tabela 3-16 apresenta os resultados de 44 leituras de
87
volume para diferentes intervalos de tempo (de 5 a 36 minutos) e seus
respectivos valores de vazão encontrados. O valor médio da vazão na
CP determinado a partir desta análise e adotado nos cálculos foi de
0,475 l/s.
Tabela 3-16. Determinação da vazão na cavidade principal
Intervalo
de tempo
(min)
Volume
(m³)
Vazão
(l/s)
Intervalo de
tempo (min)
Volume
(m³)
Vazão
(l/s)
5 0.135 0.450 15 0.439 0.488
5 0.139 0.463 15 0.440 0.489
5 0.150 0.500 15 0.455 0.506
7 0.206 0.490 16 0.475 0.495
8 0.226 0.471 17 0.450 0.441
8 0.236 0.492 19 0.545 0.478
9 0.220 0.407 20 0.542 0.452
10 0.260 0.433 20 0.565 0.471
10 0.264 0.440 20 0.572 0.477
10 0.272 0.453 20 0.583 0.486
10 0.287 0.478 20 0.585 0.488
10 0.287 0.478 20 0.585 0.488
10 0.288 0.480 21 0.600 0.476
12 0.343 0.476 21 0.616 0.489
14 0.392 0.467 22 0.637 0.483
14 0.398 0.474 22 0.660 0.500
14 0.407 0.485 24 0.700 0.486
15 0.410 0.456 26 0.742 0.476
15 0.420 0.467 28 0.826 0.492
15 0.424 0.471 28 0.827 0.492
15 0.428 0.476 35 1.012 0.482
15 0.435 0.483 36 1.036 0.480
Vazão média (l/s) 0.475
Desvio padrão (l/s) 0.019
t (44 amostras, 95% de confiança) 2.019
Incerteza absoluta (l/s) 0.039
Incerteza relativa (%) 8.2%
88
3.3.6 Medidor de coeficiente de convecção
Este instrumento é composto por uma resistência elétrica plana
de 3,0cm x 3,5cm, revestida com alumínio na face exposta ao ar externo
e isolada na outra face, onde um termopar para obtenção da
temperatura da base da resistência. O isolante é fixado em uma base de
suporte de madeira com formato de “L”. Presa a esta base uma haste
articulada com uma chapa metálica na extremidade, para proteger a
resistência da incidência da radiação solar direta (Figura 3-51). Assim, o
coeficiente de convecção na superfície paralela à resistência é estimado
isolando “h” na seguinte na equação [3.7]:
q”= h(Tb-Tar) [3.7]
Onde:
q” = Calor trocado entre a resistência e o ar (W/m²);
h
= Coeficiente de convecção medido (W/m²K);
Tb = Temperatura da base da resistência (°C);
Tar = Temperaturas do ar externo (°C).
(a)
(b)
Figura 3-51. Medidor e haste articulada (a); conjunto montado na
posição de uso (b)
Como q” é numericamente igual à potência elétrica dissipada na
resistência (potência = V²/RA), onde V é a tensão entregue à resistência
(1,578Volts), R é a resistência elétrica (24,7), e A é a área da
89
superfície da resistência (0,00105m²), logo q” é invariável, e igual à
96W/m².
Comunelo (2007) realizou uma comparação teórica versus
experimental que apresentou uma boa correlação entre os valores de “h”
obtidos com um dispositivo semelhante ao usado no calorímetro, porém
para uma condição de escoamento laminar. Embora o teste de Comunelo
(2007) tenha uma condição de escoamento diferente da superfície
externa do calorímetro, os valores de “h” obtidos com o dispositivo
também apresentaram uma boa aproximação quando comparados à
correlação da equação [3.8] apresentada por Incropera e DeWitt (2003),
para uma condição de escoamento turbulento em uma placa plana
vertical. A Figura 3-52 apresenta a comparação entre estes valores, para
um
T médio entre a base da resistência e o ar em torno de 10°C. Em
média, a variação entre os resultados medidos e teóricos foi de 28%
(embora tenha chegado a 96% para o ponto com velocidade abaixo de
1,0m/s), sendo que as menores variações ocorreram na faixa de
velocidade entre 2,0 e 3,5m/s.
3/1
5/4
PrRe037,0
.
LL
k
Lh
Nu =
[3.8]
Sendo:
L
Nu
= Número de Nusselt médio (adimensional);
h
= Coeficiente médio de transferência de calor por convecção
(W/m
2
K);
L = Comprimento da superfície (m);
k = Condutividade térmica do fluido (W/mK);
Re = Número de Reynolds (adimensional);
Pr = Número de Prandlt (adimensional);
Condições de validade: Re
5.10
5
; Pr
0,6.
90
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5
Velocidade do ar (m/s)
h (W/m²K)
Medido Teórico
Figura 3-52. Medidor de coeficiente de convecção instalado no
calorímetro
3.3.7 Calorímetro solar
A Figura 3-53 apresenta a visão externa da configuração final
do calorímetro durante a determinação do Fator Solar em uma amostra
de vidro incolor.
91
(a)
(b)
Figura 3-53. Vista externa do calorímetro em funcionamento (a, b)
92
93
4
4
C
C
A
A
L
L
I
I
B
B
R
R
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
D
D
O
O
C
C
A
A
L
L
O
O
R
R
Í
Í
M
M
E
E
T
T
R
R
O
O
:
:
P
P
R
R
I
I
M
M
E
E
I
I
R
R
A
A
F
F
A
A
S
S
E
E
4.1 V
IDRO DE REFERÊNCIA
Para a calibração do calorímetro, foi utilizado como elemento
de teste o vidro incolor com espessura de 3mm. Este tipo de material
tem um comportamento bem caracterizado em relação à passagem da
radiação solar, sendo comumente utilizado como referência para
comparação com outros tipos de vidros e elementos de proteção solar
(ASHRAE, 2005; NFRC 201, 2004).
Para a instalação das chapas de vidro foram seguidas as
instruções da NFRC 201 (2004), que recomenda, em caso de calibração
de dispositivos de teste, a não colocação de esquadrias. Portanto, foram
utilizados apenas elementos estruturais de madeira para posicionamento
e fixação dos vidros.
O vidro utilizado para a calibração foi fornecido pela empresa
Cebrace Cristal Plano S/A, sendo que as duas chapas utilizadas (uma
para a cavidade principal e outra para cavidade secundária) foram
retiradas do mesmo lote de material. As propriedades ópticas para este
mesmo tipo de vidro, do mesmo fabricante, foram determinadas por
Caram (2002), conforme apresentado na Tabela 4-1. Já os valores
adotados da emissividade, igual 0,84 (nas duas faces), e da
condutividade térmica, de 1,000 W/mK, foram obtidos na International
Glazing Database (IGDB v11.4) para um produto similar (ID 102
generic clear glass 3mm).
94
Tabela 4-1. Propriedades ópticas do vidro incolor 3mm (Caram, 2002)
Propriedades ópticas totais (300 - 2000nm)
Material Ângulo
Absorção Reflexão Transmissão
0 5 10 85
10 5 10 85
20 5 10 85
30 5 11 84
40 5 12 83
50 5 15 80
60 6 19 75
70 6 31 63
Vidro incolor 3mm
80 6 55 39
4.2 C
OEFICIENTES DE TROCA DE CALOR
(
H
)
O “ANEXO E” apresenta os detalhes das correlações e das
condições supostas, além dos valores das propriedades e constantes
utilizadas nos cálculos do “h” e das trocas de calor desenvolvidos nas
análises a seguir.
4.3 T
ESTE INICIAL COM O CALORÍMETRO
4.3.1 Medição com a cavidade principal (CP)
4.3.1.1 Condições gerais
Após alguns ajustes preliminares, o primeiro teste de calibração
foi realizado no dia 07/05/2008. O teste teve início às 10h00min da
manhã, quando foram acionados os sistemas de resfriamento (banho
térmico), bombeamento e aquisição de dados e controle. No entanto, a
medição passou a ser realizada efetivamente a partir das 11h50min,
se estendendo até as 12h30min. Durante este período, compreendido
entre o acionamento dos sistemas (10h) e o início da medição
(11h50min), foram realizados os ajustes manuais das vazões nas faces,
para a estabilização da temperatura da cavidade.
Em relação às condições ambientais observadas no período de
teste, destaca-se que estas se mantiveram estáveis, com céu claro e baixa
velocidade do vento. Em especial a radiação solar incidente no plano da
95
janela (Radj), que está diretamente associada ao resultado do FS,
apresentou uma variação muito pequena (16W/m² ou 2% em relação à
média, que foi de 749W/m²). Ainda, durante o período de medição,
foram registrados os valores de velocidade do ar externo e radiação
global horizontal, cujos valores médios encontrados são,
respectivamente, 0,9m/s e 574W/m². Já a temperatura média do ar era de
27,5°C.
Nesta fase, o processo adotado para verificar o valor medido do
FS foi o proposto pela NFRC 201 (2004), onde o fator solar instantâneo
(neste caso FScp) é dado pela equação [4.1]:
JJ
cp
RadA
QuQcp
FScp
)(
+
=
[4.1]
Onde:
Qcp = Fluxo de calor na cavidade principal através da amostra (W);
Qu
cp
= Fluxo (ganho ou perda) de calor devido à diferença de
temperatura do ar no lado interno e externo da amostra (W);
A
J
= Área de janela exposta à radiação (m
2
);
Rad
J
= Radiação solar incidente no plano de medição da janela (W/m
2
).
Aqui Qcp é definido como a soma de quatro fluxos de calor: o
calor perdido através das paredes da cavidade (Qcp
faces
); o calor perdido
através das bordas de fixação (Qcp
bf
); o calor removido pelo fluido do
sistema de resfriamento (Qcp
fluid
); e o calor gerado pelos equipamentos
internos (Qcp
equi
).
Uma vez que não existe geração de calor interna na cavidade e
também não há contato direto entre as bordas de fixação e a estrutura da
cavidade, Qcp
bf
e Qcp
equi
são assumidos como igual a zero. Já o fluxo de
calor através das faces da cavidade deve ser determinado através da
equação [4.2]:
=
=
n
i
ifaceifaceifacefaces
TAUQcp
1
___
[4.2]
Onde:
U
face
= transmitância térmica total da face (W/m²K);
A
face
= Área da face do calorímetro (m²);
T
face
= Diferença de temperatura entre a face e o ar (°C);
96
n = Número de faces (neste caso n=6).
Para determinar o calor extraído pelo sistema de resfriamento é
aplicada a equação [4.3]:
cpaguacpfluid
TCmQcp = ..
[4.3]
Onde:
m
cp
= Taxa de fluxo de massa de água da cavidade principal (l/s);
C
agua
= Calor específico da água (J/l K);
T
cp
= Diferença de temperatura da água entre a entrada e saída da
cavidade principal (°C).
Ainda é necessário determinar Qucp, para tal foi aplicada a
equação [4.4]:
Tcp
arcpJ
cp
R
TA
Qu
_
=
[4.4]
Onde:
R
Tcp
= Resistência térmica total entre o ar no interior da cavidade
principal e o ar externo, dada pela soma de R
incp
+ R
vidro
+ R
ext
(m
2
K/W);
A
J
= Área de janela exposta à radiação (m
2
);
T
cp_ar
= Diferença de temperatura entre o ar no interior da cavidade
principal e o ar no meio exterior (°C).
Nesta fase, tendo por base o estudo realizado por Marinoski
(2005), buscou-se um ajuste do sistema de resfriamento referenciado na
temperatura do ar externo. De maneira geral, busca-se eliminar (ou
minimizar) o efeito das trocas térmicas devido à diferença de
temperatura entre a cavidade e o ar, por manter a cavidade
aproximadamente na mesma temperatura do ar externo.
Assim, o software com controle PID do banho termostático
buscou atingir a condição da equação [4.5], em que temperatura do ar
externo (T
AR_ext
) é igual à temperatura média das faces da cavidade
principal (TMCP) mais uma diferença de temperatura (
T
AR-TMCP
).
97
Neste caso, para uma condição ideal se assume
T
AR-TMCP
sendo igual a
zero.
TMCPARextAR
TTTMCP
+=
_
[4.5]
4.3.1.2 Resultados
A partir da temperatura de cada uma das faces absorvedoras de
calor, é determinada, através de uma ponderação de áreas, a temperatura
média da cavidade principal (TMCP).
A TMCP é continuamente comparada ao valor da temperatura
do ar externo (T
AR_ext
), ajustando a temperatura do banho para que uma
diferença de temperatura (
T) nula entre TMCP e o ar fosse atingida. A
Figura 4-1 apresenta a temperatura do ar externo e a TMCP registrada
durante o período de medição.
Embora o valor de TMCP tenha se mantido próximo ao valor da
temperatura do ar (variação máxima de 2,59°C), cabe destacar que as
diferenças de temperatura entre as faces, em alguns momentos da
medição, foram acentuadas (chegando até 11°C), como mostra a Figura
4-2. Estas variações podem estar associadas a fatores tais como: a
incidência ou não da radiação solar na face, a vazão de líquido ajustada
para a face, perdas de carga na passagem do líquido pelas tubulações e a
posição da face no conjunto da cavidade. Assim, para minimizar os
efeitos destes fatores, ficou clara a necessidade de melhorar o ajuste das
vazões nos testes posteriores.
Analisando agora em termos de
T, é possível através da Figura
4-3 observar as variações na diferença entre a temperatura do ar externo
e a temperatura média da cavidade principal (DT ar ext_TMCP), e
também as variações na diferença de temperatura da água entre a
entrada e a saída da cavidade principal (DT entrada_saída_CP).
Verifica-se que os valores de “DT ar ext_TMCP” se mantêm dentro do
intervalo de 0°C e 1°C, tendo um valor médio de 0,55°C e desvio
padrão de ±0,18°C. Já no caso da “DT entrada_saída_CP”, este intervalo
de amplitude vai aproximadamente de -1°C até 2,5°C, sendo a média
igual a 1,01°C e o desvio padrão a ±1,07°C. A variação negativa aqui
indica que TMCP estava, em alguns momentos, acima da temperatura
do ar (resultando em perdas de calor), enquanto a variação positiva
indica que TMCP está abaixo da temperatura do ar (resultando em
ganhos de calor).
98
24,0
24,5
25,0
25,5
26,0
26,5
27,0
27,5
28,0
28,5
29,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
TemperaturaC)
T ar ext C) TMCP (°C)
Figura 4-1. TMCP e temperatura do ar externo (Tar ext)
durante a medição
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
Temperatura (°C)
CP Face AC)
CP Face B (°C)
CP Face C (°C)
CP Face D (°C)
CP Face E1 (°C)
CP Face E2 (°C)
TMCP (°C)
A
B
C
D
E1 E2
Figura 4-2. Variações de temperatura nas faces da cavidade principal
(OBS.: a nomenclatura de posicionamento das faces supõe o observador
localizado atrás da cavidade)
99
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
T (°C)
DT ar ext_TMCP (°C)
DT entrada_saida_CP (°C)
Figura 4-3. Diferenças de temperatura entre o ar externo e TMCP
e entre a água na entrada e saída da cavidade principal
Também durante esta fase inicial de calibração, foi realizado o
monitoramento da temperatura do vidro e da temperatura do ar no
interior da cavidade. A Figura 4-4 mostra a variação da temperatura em
dois pontos da superfície externa do vidro. Já a Figura 4-5 apresenta a
variação da temperatura do ar no interior da cavidade em três posições
verticais ao longo da altura da cavidade (espaçamento de 40cm entre as
posições).
A velocidade do ar no interior da cavidade também foi
monitorada conforme previsto na instrumentação, no entanto, problemas
no funcionamento do sensor (anemômetro) geraram resultados
incoerentes, por isso os dados obtidos foram desconsiderados e um valor
fixo de 0,1m/s foi adotado para os cálculos envolvidos.
100
31,0
31,5
32,0
32,5
33,0
33,5
34,0
34,5
35,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
Temperatura (°C)
CP vidro_centro
CP vidro_borda
Figura 4-4. Variação da temperatura do vidro da cavidade principal
28,0
29,0
30,0
31,0
32,0
33,0
34,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
Temperatura (°C)
CP Ar AC)
CP Ar B (°C)
CP Ar C (°C)
A
B
C
Figura 4-5. Variação da temperatura do ar no interior da
cavidade principal
Então, aplicando a metodologia de cálculo proposta e tendo
como dados de entrada os resultados do monitoramento, juntamente
com valores das propriedades dos elementos envolvidos nos processos
de transferência de calor, é possível determinar os valores das perdas de
calor e do fator solar medido na cavidade principal.
No caso das estimativas das perdas de calor, foram aplicadas
correlações empíricas para determinar os coeficientes de troca (ANEXO
E). Para calcular estes coeficientes nas faces da cavidade principal com
isolante, foi suposta a condição de convecção natural (com velocidade
do ar fixa igual 0,05m/s).
Na interior da cavidade, o valor de “h” foi
obtido para a condição de confinamento em câmaras retangulares.
para o coeficiente de troca na superfície externa do vidro instalado na
101
cavidade, foi suposta a condição de convecção forçada, adotando as
velocidades medida ao longo do teste (OBS.: nesta fase de testes, o
dispositivo de medição de “h”, apresentado no capítulo anterior, ainda
não havia sido montado e instalado).
Assim, os valores médios de “h”, estimados para a superfície do
vidro voltada para o meio interno e externo, foram os seguintes: h
int
=
5,9W/m²K (R = 0,17m²K/W) e h
ext
= 10,3W/m²K (R = 0,10m²K/W).
Para a resistência térmica do vidro, o valor calculado foi de
0,003m²K/W. para as faces horizontais e verticais do fundo da
cavidade os resultados foram: h
horiz
= 7,2W/m²K (R = 0,14 m²K/W) e
h
vert
= 7,7 W/m²K (R = 0,13m²K/W).
Então, a perda média estimada devido à diferença de
temperatura entre o ar interno e externo da cavidade (
T = 4,7°C) foi de
17,4W/m². no caso das faces que compõem o fundo da cavidade, as
perdas foram em média de -3,9W/m², ou seja, houve, na verdade,
ganhos de calor, uma vez que na maior parte do tempo o ar estava com
uma temperatura acima do valor da temperatura da cavidade.
Na Figura 4-6, é apresentada a variação no valor do calor
retirado da cavidade principal através da passagem do fluido (Qcpfluid).
Aqui se tem um valor médio instantâneo para o calor retirado da
cavidade durante o intervalo de medição de 1049W (ou 593W/m² se
dividido pela área de abertura da cavidade). Observa-se que neste caso a
extensão da faixa de amplitude de valores é bastante grande.
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
Calor retirado pelo fluido (W)
Qcpfluid (W)
Figura 4-6. Calor retirado pelo fluido na cavidade principal
Por fim, esta amplitude de variação no calor retirado através do
fluido é quase que integralmente repassado ao valor do FS medido,
102
que as perdas (ou ganhos) pelas faces (Qcpfaces) e pelo ar (Qucp) são
comparativamente pequenos em relação à Qcpfluid, e a radiação
incidente (RAD janela) se mantém praticamente constante. A Figura 4-7
apresenta a variação do FS medido na cavidade principal (FScp) ao
longo do teste, também o valor médio calculado para o período
(FScp_médio), e ainda o valor teórico estimado através da ISO 9050. O
valor téorico assume que as propriedades do vidro incolor 3mm, com
um ângulo de incidência de 45°, são:
τ
=0,815 e
α
=0,065 (CARAM,
2002).
O valor teórico do FS determindo pela ISO 9050 com seus
coeficientes de troca padronizados (h
int
= 8W/m²K e h
ext
= 23W/m²K)
foi igual a 0,83. quando os coefientes de troca estimados para a
condição de teste (h
int
= 5,9W/m²K e h
ext
= 10,3W/m²K) são adaptados à
ISO 9050, o valor teórico do FS passa para 0,84.
Analisando estes resultados, a diferença observada entre o valor
médio do FS medido (0,79) e o valor teórico (0,84), dado pela ISO 9050
adaptada aos valores de “h” para a condição de teste, foi de apenas 6%.
Embora esta variação esteja em um patamar aceitável, o desvio padrão
foi ainda bastante elevado, chegando ±0,26 em termos absolutos (ou em
termos percentuais, 33,3% do valor médio). OBS.: Na Figura 4-7, em
alguns momentos o FS atinge valores acima de 1, o que não é coerente
com o conceito do FS, embora fisicamente isso possa acontecer caso
outros ganhos de calor além da radiação solar estejam atuando no
sistema.
103
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050 adap)
= 0,79 (médio medido)
Figura 4-7. Fator solar medido no primeiro teste de calibração
(ângulo de incidência ~ 45°)
8
4.3.2 Medição com a cavidade secundária (CS)
O primeiro teste com a cavidade secundária foi realizado
simultaneamente ao teste com a cavidade principal, sendo assim
submetida às mesmas condições ambientais já descritas no item anterior.
Para a obtenção do fator solar determinado através da cavidade
secundária, o ganho de calor é quantificado através de transdutores de
fluxo. Assim, o sistema de resfriamento aqui é apenas responsável por
manter a placa de suporte dos fluxímetros em uma temperatura estável.
A equação [4.6] apresenta o cálculo empregado para determinar o fator
solar (neste caso FScs):
Jcs
cs
RadA
QuQcs
FScs
)( +
=
[4.6]
Onde:
Qcs = Fluxo de calor através do vidro na cavidade secundária (W);
8
OBS.: Os ângulos de incidência calculados para o horário de início e fim
da medição foram 45,6° e 46,5°, respectivamente. No Anexo F, é
apresentado o processo adotado para esta verificação.
104
Qu
cs
= Fluxo de calor devido à diferença de temperatura do ar no lado
interno e externo do vidro (W);
A
cs
= Área da abertura da cavidade secundária exposta à radiação (m
2
);
Rad
J
= Radiação solar incidente no plano de medição da janela (W/m
2
).
O valor de Qcs é resultado da soma do: fluxo de calor através
das faces da cavidade (Qcs
faces
); mais o fluxo de calor através das bordas
de fixação (Qcs
bf
); mais o calor quantificado pelos fluxímetros e
removido pelo fluido do sistema de resfriamento (Qcs
flux
); e ainda o
calor gerado pelos equipamentos internos (Qcs
equi
). Novamente, como
não existe geração de calor interna na cavidade e as bordas de fixação
são isoladas, Qcs
bf
e Qcs
equi
são assumidos como iguais a zero. Qcs
faces
também pode ser assumido como sendo igual a zero, uma vez que o
fluxo de calor é medido na passagem pelo fluxímetro e depois chega
à face que serve de base destes sensores, então estas perdas não alteram
o resultado medido. Assim, neste caso resta apenas um componente
para o ganho, sendo definido pela equação [4.7]:
flux
m
i
iflux
AFluxQcs ).(
1
=
=
[4.7]
Onde:
Flux = Resultado do ganho de calor do fluxímetro (W/m
2
);
A
flux
= Área individual do fluxímetro em m² (igual 0,0625m
2
);
m = Número de fluxímetros da cavidade (neste caso m=4).
Ainda é necessário determinar Qu
cs
, sendo então aplicada a
equação [4.8]:
Tcs
arcscs
cs
R
TA
Qu
_
=
[4.8]
Onde:
R
Tcs
= Resistência térmica total entre o ar no interior da cavidade
secundária e o ar externo, dada pela soma de R
int
+ R
vidro
+ R
ext
(m
2
K/W);
A
cs
= Área da cavidade secundária exposta à radiação (m
2
);
105
T
cs_ar
= Diferença de temperatura entre o ar no interior da cavidade
secundária e o ar externo (°C).
No entanto, a análise dos resultados deste primeiro teste de
calibração com a CS revelou problemas no funcionamento dos sensores
de fluxo de calor (fluxímetros). A Figura 4-8 mostra o resultado dos
fluxos medidos através de cada um dos 4 sensores (CS flux 1, 2, 3 e 4)
em comparação com a radiação solar incidente (RAD janela). Observa-
se que, com exceção do fluxímetro 3, todos ou outros sensores de fluxo
apresentaram valores superiores ao valor da radiação incidente no plano
de medição. Os resultados destes últimos são considerados incoerentes,
uma vez que, para as condições de teste, possíveis ganhos de calor em
relação ao ar não chegariam a proporcionar um acréscimo que elevasse
os valores medidos com os fluxímetros acima do valor da radiação
incidente.
575
600
625
650
675
700
725
750
775
800
825
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
Fluxo/Radição solar (W/m²)
RAD (janela) CS Flux 1 CS Flux 2 CS Flux 3 CS Flux 4
Figura 4-8. Resultados do primeiro teste com a cavidade secundária
Deste modo, acredita-se que o erro observado nos valores de
fluxo esteja ligado à temperatura da chapa de cobre que serve de suporte
dos fluxímetros. Marinoski (2005) realizou testes e calibrações com o
mesmo tipo de sensor, porém com dimensões inferiores (10x10cm),
verificando que a temperatura da chapa de suporte causa alterações nos
resultados de fluxo. Ainda neste estudo, uma vez que as dimensões dos
sensores eram menores, a dissipação de calor aplicado ao fluxímetro
106
durante o processo de calibração era realizada com mais facilidade.
no caso dos sensores utilizados no calorímetro (25x25cm), devido à
maior área e, consequentemente, maior quantidade de calor aplicado,
provavelmente a dissipação do calor não tenha sido suficiente para
forçar a passagem total do fluxo e evitar o sobreaquecimento da chapa
de suporte (que corresponde ao fundo da cavidade secundária). Assim,
as curvas de calibração foram obtidas para uma situação em que a chapa
de suporte estava sobreaquecida.
No entanto, quando os fluxímetros são
utilizados no calorímetro, a chapa de suporte é resfriada, modificando a
condição de passagem de fluxo em relação a qual havia sido obtida a
curva de calibração. Em função deste problema, observou-se a
necessidade de uma nova calibração destes sensores.
4.3.3 Considerações sobre o teste inicial
Após a realização deste primeiro teste, uma série de ajustes na
instrumentação passou a ser realizada visando melhorar a precisão dos
resultados medidos.
Em relação à cavidade principal, observou-se que, levando em
conta as condições do teste (ângulo de incidência de 45°), embora o
valor médio do FS medido para o vidro (0,79) tenha sido relativamente
próximo ao valor teórico estimado (0,84), o desvio padrão dos
resultados do FS medido foi elevado (em média ±0,26). Embora este
desvio esteja em parte associado à incerteza nos instrumentos
(termopares, medidores de vazão e piranômetro), neste momento,
baseando-se em observações ao longo do teste, foi possível dizer que a
principal causa desta grande oscilação estava ligada às variações
acentuadas e irregulares do
T da água entre a entrada e a saída da
cavidade.
Portanto, para melhorar a homogeneização da temperatura da
água de resfriamento, que passa através das faces da cavidade principal,
foi instalado um misturador antes do ponto de medição da temperatura
de saída. Outra medida tomada foi a aplicação de isolante térmico tanto
nas faces das cavidades como nas mangueiras de circulação de água.
(OBS: O formato final desta modificação foi apresentado no item 3.2.5
do capítulo 3).
Ainda, o ajuste dos parâmetros PID do sistema de controle foi
alterado para tornar as respostas do acionamento das resistências
aquecedoras
mais sensíveis às variações do
T entre o ar e temperatura
média da cavidade principal (TMCP). Também o posicionamento do
107
termopar utilizado para a medição da temperatura do ar externo foi
mudado para uma área de sucção de um ventilador que força a passagem
do ar e é protegido por um duto que impede a incidência de radiação
solar. Além disso, foram adicionadas mais resistências aquecedoras,
ligadas continuamente no interior do reservatório do banho, para que a
temperatura da água pudesse ser modificada, porém de modo mais suave
durante os acionamentos (OBS: O formato final desta modificação foi
apresentado no item 3.1.2 e 3.3.4 do capítulo 3).
Outra questão importante para reduzir as incertezas na medição
na cavidade principal está associada ao controle da vazão nas faces.
Como o ajuste é realizado manualmente através da abertura dos
registros, é necessário que um operador verifique, durante o teste, as
temperaturas das faces e efetue ajustes nas aberturas (ou fechamentos)
dos registros. Por isso, na continuidade da etapa de calibração mais
testes passaram a ser realizados para alcançar uma melhor distribuição
destas vazões e minimizar as variações de temperatura entre as faces.
Em relação à cavidade secundária, este primeiro teste
demonstrou a necessidade de uma nova calibração dos fluxímetros. Esta
nova calibração foi então realizada com os fluxímetros instalados no
calorímetro, e com a utilização de um banho térmico exclusivo para a
cavidade secundária. Assim, foram obtidas novas constantes de
calibração para os quatro sensores. (OBS: O formato final desta
modificação foi apresentado no item 3.1.2 e 3.3.5 do capítulo 3).
Depois deste teste, também foi instalado o medidor de
coeficiente de convecção externo (OBS: O formato final desta
modificação foi apresentado no item 3.3.6 do capítulo 3).
4.4 S
EGUNDA SÉRIE DE TESTES
A partir da execução dos ajustes propostos no item anterior, e
aplicando o mesmo equacionamento de determinação do fator solar
apresentado, uma segunda série de medições foi iniciada.
4.4.1 Medição com a cavidade principal (CP)
4.4.1.1 Condições gerais
No dia 27/03/09 um novo teste foi realizado. Após 40 minutos
iniciais para estabilização dos sistemas, às 10h56min teve início a
medição, que se estendeu por 87 minutos. As condições eram de céu
108
claro, velocidade do ar baixa (média de 1,2m/s), e temperatura do ar em
torno de 30,6°C. A intensidade média da radiação solar no plano da
janela (Radj) foi de 580W/m², com um ângulo de incidência que variou
entre 60° e 61° ao longo do teste.
4.4.1.2 Resultados
Neste segundo teste, observa-se, inicialmente, que a
temperatura do ar externo e a TMCP mantiveram-se mais próximas,
como mostra a Figura 4-9. Também um novo ajuste das aberturas dos
registros
9
em cada uma das faces reduziu as variações entre as mesmas.
A diferença que antes chegava a 11°C, agora é mantida durante quase
todo o teste dentro de uma faixa de 3°C (entre 29° e 32°C) como mostra
Figura 4-10.
Para determinar o FS medido, foi aplicada a mesma
metodologia proposta no teste inicial, considerando os ganhos e perdas
de calor no sistema ao longo do teste. Nestes cálculos, os valores médios
de “h” para a superfície do vidro voltada para o meio interno e externo
foram os seguintes: h
int
= 6,0W/m²K (R= 0,17m²K/W) e h
ext
=
15,7W/m²K (R= 0,07m²K/W). Já para as faces horizontais e verticais do
fundo da cavidade, os resultados foram: h
horiz
= 7,6W/m²K (R=
0,13m²K/W) e h
vert
= 8,2W/m²K (R= 0,12m²K/W). A resistência térmica
do vidro foi de 0,003m²K/W.
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
40 50 60 70 80 90 100 110 120
130
Tempo (min)
Temperatura (°C)
T ar extC) TMCP (°C)
Figura 4-9. TMCP e temperatura do ar externo (segundo teste)
9
Condições de abertura dos registros são apresentadas no item 3 do ANEXO I.
109
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
40 50 60 70 80 90 100 110 120
130
Tempo (min)
Temperatura (°C)
CP Face AC)
CP Face B (°C)
CP Face CC)
CP Face DC)
CP Face E1 (°C)
CP Face E2 (°C)
TMCP (°C)
Pontos internos nas paredes da cavidade principal
A
B
C
D
E1 E2
Figura 4-10. Variações de temperatura nas faces da CP (segundo teste)
A perda média estimada devido à diferença de temperatura
entre o ar interno e externo da cavidade (
T = 6,4°C) foi de 28,6W/m².
no caso das faces que compõem o fundo da cavidade, apesar do uso
do isolante, as perdas estimadas foram, em média, de
-3,5W/m², ou seja, houve ganhos de calor, uma vez que, no interior do
trailer, o ar estava acima da temperatura média da cavidade principal
(TMCP).
Assim, a Figura 4-11 apresenta o resultado da medição em
termos do FS. Neste segundo teste, embora a diferença (45%) entre o
valor medido e teórico do FS tenha sido maior do que no teste inicial
(6%), observou-se que o desvio padrão entre as medidas caiu de ±0,26
para ±0,15 em termos absolutos. Agora os valores, embora oscilem,
mantêm-se dentro de uma faixa mais estreita, que segue uma tendência
menos instável do que no teste anterior. No entanto, o valor médio do
FS medido (1,11) não é coerente com o conceito do fator solar, uma vez
que a energia quantificada é maior do que a energia incidente na forma
de radiação solar. O valor teórico para o FS, neste caso, foi de 0,77 tanto
110
para a ISO 9050 (com valores de “h” padronizados) quanto para a ISO
9050 adaptada (com valores de “h” estimados para a situação de teste).
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 1,11 (médio medido)
= 0,77 (ISO 9050 adap)
Figura 4-11. Fator solar medido no segundo teste de calibração
(ângulo de incidência ~ 60°)
Ao buscar respostas para o resultado observado na medição do
FS, a Figura 4-12 nos algumas indicações das suas causas, as quais
estão inicialmente associadas ao sistema de medição. Observa-se que,
embora na média, a diferença de temperatura entre o ar externo e TMCP
(DT ar ext_TMCP) esteja mais próxima a zero (0,7°C), que é a condição
ideal de controle, as variações entre
T positivos e negativos são
bastante acentuadas e contínuas ao longo da medição. Este
T é o
parâmetro usado para controle da temperatura do banho térmico que
gerencia o acionamento e desligamento das resistências no interior do
reservatório do banho.
Esta variação sobrecarrega o sistema PID que não consegue
atingir uma estabilidade na temperatura de controle. Com isso, a água
que sai do reservatório entra na cavidade com certo grau de
instabilidade que é incrementado pela variação da temperatura (de até
3°C) nas faces pelas quais a água passa. Embora o misturador na saída
da cavidade consiga atenuar parte dessa oscilação, ela ainda é notada
como mostra a curva “DT entrada_saída_CP” na Figura 4-12. Por fim,
111
esta oscilação é percebida no resultado do FS medido, que é diretamente
dependente deste parâmetro.
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Tempo (min)
T (°C)
DT ar ext_TMCP C)
DT entrada_saída_CP (°C)
Figura 4-12. Diferenças de temperatura entre o ar externo e TMCP
e entre a água na entrada e saída da cavidade principal (segundo teste)
No entanto, mesmo supondo que fossem reduzidas as oscilações
repassadas para a temperatura de controle do banho, e que a diferença de
temperatura entre as faces fosse completamente eliminada, chegando
assim a um valor de
T da água bastante estável entre a entrada e saída,
pode-se dizer que o valor final do FS medido tenderia para a média
observada (1,11), revelando um valor que, como mencionado, não é
coerente com os padrões comparativos.
4.4.2 Medição com a cavidade secundária (CS)
4.4.2.1 Condições gerais
Simultaneamente ao segundo teste com a cavidade principal, foi
realizado o segundo teste com cavidade secundária. Desta vez, foram
aplicadas as novas constantes de calibração obtidas
in loco
. Também
um banho termostático exclusivo foi utilizado para a CS. No entanto,
este banho não tem um sistema de controle automatizado, sendo o
controle realizado diretamente pelo operador que ajusta periodicamente
(aproximadamente a cada 2 minutos) a temperatura do banho em função
do
T entre a base dos fluxímetros (que é o fundo da CS) e o ar externo.
112
As condições ambientais externas são as mesmas observadas no
teste com a CP e descritas no item 4.4.1.1, onde h
ext
= 15,7W/m²K (R =
0,07m²K /W). o valor do h
int
, estimado por correlações matemáticas,
é igual 5,1W/m²K (R = 0,20m²K/W).
4.4.2.2 Resultados
Também neste teste buscou-se a condição de controle da
temperatura na cavidade em função da temperatura do ar externo. No
entanto, mesmo antes de ser atingida uma diferença de temperatura
pequena entre a CS (fundo) e o ar externo, observou-se que o valor do
FS medido estava bem acima do valor teórico esperado (0,76). O
valor médio do FS nesta parte da medição foi de 0,91, como mostra a
Figura 4-13, no trecho entre os minutos 40 e 80. Ao longo deste tempo,
a diferença de temperatura entre a CS (fundo) e ar externo foi em média
de 5,9°C, mas a tendência observada foi que na medida em que esse
valor era reduzido o valor do FS aumentava. Então, uma nova tentativa
de ajuste foi realizada. Ao invés de resfriar a CS para igualar a
temperatura do ar externo, passou-se a aquecê-la.
Então, a partir da estabilização do banho térmico, foi possível
verificar, nesta segunda parte do teste, que o valor do FS médio, medido
de 0,83, ficou mais próximo do valor teórico 0,76 (diferença de 9,4%),
como se observa na Figura 4-13 entre os minutos 90 e 120.
Na Figura 4-14 é apresentada a linha das temperaturas na CS
para os mesmos tempos da Figura 4-13. Aqui fica mais claro como a
alteração na temperatura da CS (fundo) se reflete sobre o FS medido.
Apenas visualmente é possível notar que existe um melhor resultado do
FS quando uma aproximação da temperatura da CS (fundo) com a
temperatura do vidro (CS Vidro) e do ar no interior da cavidade (CS
Ar), e não com o ar externo.
As perdas médias estimadas devido ao
T entre o ar interno e
externo foram, respectivamente, de 30,3W/m²K e 55,0W/m²K, para a
primeira e a segunda parte do teste.
É interessante ainda destacar que, exceto no tempo de ajuste de
temperatura (minuto 80 até 90), o desvio padrão entre os resultados
instantâneos do FS medido na CS foi, em termos absolutos, de apenas
±0,01.
113
0,62
0,64
0,66
0,68
0,70
0,72
0,74
0,76
0,78
0,80
0,82
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
0,94
0,96
0,98
1,00
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Tempo (min)
FS
FScs FS trico FS médio
=0,76 (ISO 9050 adap)
=0,83 (médio medido)
=0,91 (médio medido)
(Ajuste de temperatura)
Figura 4-13. Fator Solar medido na CS (segundo teste)
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
34,0
36,0
38,0
40,0
42,0
44,0
46,0
48,0
50,0
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Tempo (min)
Temperatura (°C)
CS Vidro CS (fundo) CS Ar Ar ext
Figura 4-14. Variação de temperatur na CS (segundo teste)
114
4.4.3 Considerações sobre a segunda série de testes
Primeiro, em relação à cavidade principal (CP), cabe destacar
que, neste segundo teste, embora a variação (desvio padrão) entre os
resultados medidos tenha diminuído de amplitude em relação ao teste
inicial (de ±0,26 para ±0,15), esta variação ainda é elevada em relação
ao valor médio do FS medido. Como mencionado no item 4.3.3,
grande parte desta oscilação do valor do FS está ligada ao acionamento e
desligamento freqüente das resistências que fazem o controle da
temperatura da água no banho térmico. Mesmo com as mudanças
realizadas no ponto de medição da temperatura do ar externo, as
variações contínuas deste parâmetro não permitem que o sistema PID
encontre um equilíbrio na injeção de potência através das resistências
dentro do banho, havendo novamente a necessidade de alguma
modificação na forma de controle.
Além disso, o resultado encontrado para o FS medido na CP
neste segundo teste (1,11 em média) indica que, além das incertezas
associadas à instrumentação, a própria metodologia de controle e de
cálculo do fator solar adotadas talvez não estejam apropriadas para
representar as condições de teste. O que apóia esta ideia é o que
aconteceu na medição realizada na CS. Neste caso foi possível observar
que na primeira parte do teste, onde buscou-se como forma de controle
um ajuste para minimizar o
T entre a CS e o ar externo, o resultado do
FS medido (0,91) estava longe do valor do FS téorico (0,76). Mas
depois de um novo ajuste na temperatura da CS, os valores experimental
e teórico se aproximaram, com o FS médio da CS passando para 0,83.
Este fato foi realmente intrigante, pois a metodologia de
determinação do FS adotada tem por base o equacionamento proposto
pela NFRC 201, além de ser coerente com outras pesquisas apresentadas
no Capítulo 2, que também indicam a necessidade de controle na
temperatura da cavidade em função da temperatura do ar externo, para
minimizar perdas (ou ganhos) de calor para o ambiente externo. Além
disso, a pesquisa realizada por Marinoski (2005), também demonstrou
esta mesma condição, indicando matematicamente e experimentalmente
que a eliminação do
T entre a base dos fluxímetros (fundo da
cavidade) e o ar externo resultava em menor incerteza no resultado do
FS medido.
Porém, analisando fisicamente o fenômeno da passagem do
fluxo de calor devido à diferença de temperatura no interior e no exterior
da cavidade de medição do calorímetro, observamos que três situações
115
são possíveis, conforme apresentado na Figura 4-15. A situação “a” e
“b” mostram uma condição em que uma direção única para a
passagem do fluxo de calor devido à
T entre o ar interno e externo.
Nestes casos é possível aplicar a formulação proposta
(
T
ARint
T
ARext
)/R
T
para determinar a densidade de fluxo de calor devido ao
T
do ar, porém não se leva em conta o aquecimento do vidro. Quando se
passa a considerar que esta interface de separação entre o meio interno e
externo (vidro) ganha calor através da absorção de parte da radiação
solar incidente, a formulação
(
T
ARint
T
ARext
)/R
T
poderia ser aplicada na
pior hipótese como uma simplificação, apenas se T
vi
se mantivesse em
um valor intermediário entre T
ARint
e T
ARext
. No entanto, como o calor
absorvido na cavidade é removido pelo sistema de resfriamento, o que
muitas vezes acontece na prática é a situação “c”, onde o vidro aquecido
pela radiação solar atinge uma temperatura superior ao T
ARint
e T
ARext
e
não há troca de calor diretamente entre o T
ARint
e T
ARext
.
A partir destas observações, passou-se a buscar uma nova
metodologia de determinação do FS medido através do calorímetro, de
modo que a situação “c” pudesse ser melhor representada através do
equacionamento para os ganhos (ou perdas) de calor. Esta nova
metodologia e as alterações na forma de controle da temperatura nas
cavidades serão discutidas no próximo capítulo, que apresenta a segunda
fase de calibração do calorímetro.
116
(c)
(b)
Isolante
Cavidade
Isolante
Meio externo
T
ARint
> T
vi
> T
ARext
Qu
Isolante
Cavidade
Isolante
Meio externo
T
ARint
< T
vi
< T
ARext
Qu
Isolante
Cavidade
Isolante
Meio externo
T
ARint
< T
vi
> T
ARext
Q
1
Q
2
(a)
Figura 4-15. Fenômeno da passagem do fluxo de calor devido à
diferença de temperatura do ar
117
5
5
C
C
A
A
L
L
I
I
B
B
R
R
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
D
D
O
O
C
C
A
A
L
L
O
O
R
R
Í
Í
M
M
E
E
T
T
R
R
O
O
:
:
S
S
E
E
G
G
U
U
N
N
D
D
A
A
F
F
A
A
S
S
E
E
5.1 N
OVO MÉTODO PARA DETERMINAÇÃO DO
F
ATOR
S
OLAR
Para conseguir representar uma situação mais próxima à
realidade do processo de transferência de calor que ocorre durante as
medições, uma nova formulação para determinação do FS foi
desenvolvida e aplicada ao calorímetro.
Assim, O valor do FS medido pelo calorímetro pode ser obtido
através da aplicação da equação geral [5.1]:
J
perdasOLconvmed
med
Rad
qqqq
FS
+++
=
[5.1]
Onde:
FS
med
= Fator solar medido (adimensional);
q
med
= Densidade de fluxo de calor quantificada pelo calorímetro
(W/m
2
);
q
conv
= Densidade de fluxo de calor transferida da superfície interna da
cavidade devido ao efeito convectivo gerado pelo ar enclausurado
(W/m
2
);
q
OL
= Densidade de fluxo de calor trocada em onda longa entre a
superfície interna da cavidade e o vidro (W/m
2
);
q
perdas
= Densidade de fluxo de calor perdido para o ar pelas faces
externas da cavidade e pelo contato das bordas com a estrutura do trailer
(W/m
2
);
Rad
J
= Radiação solar incidente no plano de medição (W/m
2
).
Aqui q
med
dependerá do processo de medição aplicado em cada
uma das cavidades (fluximétrico ou calorimétrico) para quantificar o
calor removido pela radiação solar incidente na superfície de absorção.
Já q
conv
e q
OL
são definidos, respectivamente, pela equação [5.2]:
( )
car
vic
conv
R
TT
q
)(
=
[5.2]
Onde:
118
Tc = Temperatura média da cavidade (K);
Tvi = Temperatura da superfície interna do vidro (K);
Rcar = Resistência térmica da câmara de ar formada no interior da
cavidade (m²K/W).
E pela equação [5.3]:
1
11
))()((
44
+
=
vc
OL
TviTc
q
εε
σ
[5.3]
Onde:
σ
= Constante de Stefan-Boltzmann igual a 5,67.10
-8
(W/m²K
4
)
T
c
= Temperatura média da cavidade (K);
T
Vi
= Temperatura da superfície interna do vidro (K);
ε
c
= Emissividade da superfície interna da cavidade (adimensional);
ε
V
= Emissividade da superfície interna do vidro (adimensional);
Na composição de q
perdas
as fugas de calor pelas bordas podem
ser desconsideradas, uma vez que a área de contato é muito pequena e
está isolada termicamente. a perdas pelas faces externas da cavidade
são quantificadas através da equação [5.4]:
(
)
)(
arisolante
arc
perdas
RR
TT
q
+
=
[5.4]
T
c
= Temperatura média da cavidade (°C);
T
ar
= Temperatura do ar externo (°C);
R
isolante
= Resistência térmica do isolamento da cavidade (m²K/W).
R
ar
= Resistência térmica na interface da superfície externa do isolante
da cavidade e o ar externo (m²K/W).
É importante destacar que a direção dos fluxos dependerá das
diferenças de temperatura encontradas no momento da medição, sendo
isso uma condição para a composição dos termos da equação geral [5.1].
Então, quando T
c
< T
car
< T
vi
, os fluxos q
conv
e q
OL
estão na mesma
direção da remoção de calor da cavidade, e por isso embutidos no valor
de q
med
, sendo assim não devem ser considerados na equação [5.1]. Por
119
outro lado, quando T
c
> T
car
> T
vi
,
a direção de
q
conv
e q
OL
é contrária a da
remoção de calor da cavidade, ou seja, estes fluxos não estão sendo
quantificados (há perda de calor na superfície de absorção), e por isso a
equação [5.1] é aplicada na sua forma completa. A Figura 5-1
exemplifica, de forma gráfica, as duas condições.
Condição 1: T
c
< T
car
< T
vi
;
então
q
conv
e q
OL
já estão
quantificados no calor removido pelo sistema de
refrigeraç
ão
Rad.
τ
v
.
α
s
q
conv
q
OL
q
med
(Calor removido
pelo sistema
de refrigeração)
{
T
ci
< T
car
< T
vi
q
perdas
Isolante
Vidro
Cavidade (ar)
Absorvedor
(cobre)
Isolante
Rad.
τ
v
.
α
s
q
conv
q
OL
{
T
ci
> T
car
> T
vi
q
perdas
Isolante
Vidro
Cavidade (ar)
Absorvedor
(cobre)
Isolante
(Calor perdido
pelo absorvedor
para o vidro)
}
q
med
(Calor removido
pelo sistema
de refrigeração)
Condição 2: T
c
> T
car
> T
vi
; então
q
conv
e q
OL
precisam
ser adicionados à q
med
Figura 5-1. Condições para a composição dos termos da equação geral do FS.
120
Tendo em vista que dois diferentes processos de medição de
ganho de calor são aplicados (calorimétrico e fluximétrico), a equação
geral de cálculo do FS pode ser reescrita para a cavidade principal (CP)
e para a cavidade secundária (CS).
5.1.1 Determinação do Fator Solar na cavidade principal (FScp)
Neste caso, a equação [5.1] é reescrita na forma da equação
[5.5]:
J
perdascpOLconvfluido
cp
Rad
qqqq
FS
_
+
+
+
=
[5.5]
sendo que q
fluido
representa a densidade de fluxo extraída da
cavidade principal através do sistema de resfriamento com circulação de
água (em W/m²). Este valor é, por sua vez, obtido por meio da equação
[5.6]:
Aj
TCm
q
cpaguacp
fluido
=
..
[5.6]
Onde:
m
cp
= Taxa de fluxo de massa de água da cavidade principal (l/s);
C
agua
= Calor específico da água (J/l K);
T
cp
= Diferença de temperatura da água entre a entrada e saída da
cavidade principal (°C);
A
J
= Área de abertura exposta à radiação (m
2
);
q
conv
e q
OL
são dados, respectivamente, pela equação [5.2] e
equação [5.3], apresentadas anteriormente. Neste caso, o fluxo é
quantificado unidirecionalmente, sendo a temperatura da cavidade (T
c
)
igual ao valor médio ponderado pela área de todas as faces que a
compõem (chamada de TMCP), conforme a equação [3.2] do capítulo 3.
O fluxo de calor perdido através das faces que compõem a
cavidade principal deve ser determinado através da equação [5.7]:
121
(
)
(
)
facesT
n
tis
ARtrnfacec
nface
tis
ARtrfacec
face
perdascp
A
RR
TT
A
RR
TT
A
q
_
1
__
_
1__
1_
_
)(
...
)(
+
++
+
=
[5.7]
Onde:
A
face_n
= Área de cada face da cavidade (m²);
A
T_faces
= Área total das faces da cavidade (m²);
T
c_face_n
= Temperatura média de cada face da cavidade (°C);
T
ARtr
= Temperatura do ar no interior do trailer (°C);
R
is
= Resistência térmica do isolamento da cavidade (m²K/W).
R
t
= Resistência térmica superficial entre o isolamento e o ar no interior
do trailer
(m²K/W);
n = Número de faces (neste caso n=6).
Através da implementação do equacionamento apresentado, é
possível obter o valor do FScp para cada seqüência de leitura de dados,
ou seja, o valor instantâneo no momento de medição. Por fim, o valor
final do FS da amostra testada na cavidade de principal (FScp) é obtido
pela média aritmética simples dos resultados instantâneos dentro de um
período mínimo de medição, após ser atingida a condição (aproximada)
de regime permanente.
5.1.2 Determinação do Fator Solar na cavidade secundária (FScs)
Para a obtenção do fator solar determinado através da cavidade
secundária, o mesmo procedimento apresentado no item anterior é
aplicado, sendo, porém, adotado o processo de quantificação
fluximétrica para verificar o ganho através da abertura frontal da
cavidade.
Nesta determinação, o calor removido pela água de
resfriamento não é quantificado, sendo esta tarefa realizada pelos
transdutores de fluxo (fluxímetros). Assim, o sistema de resfriamento
aqui é apenas responsável por manter a placa de suporte dos fluxímetros
em uma temperatura estável, a qual proporciona o correto
funcionamento dos sensores. Também não é necessário quantificar as
perdas das faces (q
perdas
) da cavidade para o ar externo, tendo em vista
que estas perdas acontecem após a passagem do fluxo de calor pelo
transdutor.
A equação [5.8] apresenta o cálculo empregado para determinar
o FS através da cavidade secundária (neste caso FScs):
122
J
OLconvflux
cs
Rad
qqq
FS
++
=
[5.8]
O único componente da equação [5.8] ainda não definido é q
flux
,
que representa a densidade de fluxo de calor medida (em W/m²) que
penetra na cavidade secundária. Este termo é obtido pela equação [5.9],
a seguir:
m
Flux
q
m
i
i
flux
)(
1
=
=
[5.9]
Onde:
Flux
m
= Resultado do ganho de calor de cada fluxímetro (W/m
2
);
m = Número de fluxímetros da cavidade (neste caso m=4).
5.2 N
OVA CONDIÇÃO DE CONTROLE DE TEMPERATURA NAS
CAVIDADES
Conforme visto na primeira fase de calibração, a oscilação em
torno da média (desvio padrão) dos valores de FS medido na CP é alta.
Como o FS medido é muito sensível à variação do
T entre a água que
entra e sai da cavidade, o acionamento e desligamento das resistências
do banho térmico em função de um parâmetro que flutua ao longo do
teste causa uma maior variação na temperatura da água de entrada,
aumentando a incerteza no resultado.
Por isso, nesta segunda fase de calibração uma nova forma de
controle foi aplicada. Ao invés do banho térmico seguir a temperatura
do ar externo como parâmetro do sistema PID para controlar a
temperatura da cavidade, passou-se a utilizar um valor fixo para
temperatura de controle, que é ajustado pelo operador do calorímetro no
momento do teste.
Os resultados de testes comparativos com as duas formas de
controle são apresentados na Tabela 5-1 e na Figura 5-2 . É possível
notar que os testes 1 e 2, realizados na primeira fase de calibração
(descrita no capítulo anterior), têm uma variação em torno da
temperatura média do banho bem superior ao valor observado quando o
ajuste passa a ser um valor fixo. Desta forma, o ajuste fixo melhora a
123
estabilização da temperatura da água do banho, o que contribui para a
redução da incerteza no valor final do FS medido.
Além disso, como demonstrado anteriormente, quando
elevação da temperatura do vidro (que separa o meio interno da
cavidade e o meio externo) acima da temperatura do ar dos dois lados,
então não troca de calor entre o ar interno e o ar externo. Nesta
situação, a temperatura do ar no interior da cavidade será dependente da
temperatura da superfície interna da cavidade e da temperatura da
superfície interna do vidro. Também, a troca de calor em onda longa no
interior da cavidade será em função da diferença de temperatura da
superfície da interna da cavidade e da superfície interna do vidro. Deste
modo, um parâmetro mais coerente para o controle da temperatura do
banho térmico e, conseqüentemente, da cavidade é a temperatura do
vidro e não a do ar externo. Isso se porque é a partir da alteração do
valor da temperatura do vidro que são modificados os ganhos por
convecção através do ar interno e os ganhos em radiação de onda longa
entre o vidro e a cavidade.
Assim, o valor fixado pelo operador para controle da
temperatura da cavidade (CP ou CS) e do banho térmico passa a ser
definido como o resultado da soma da temperatura média do vidro da
respectiva cavidade mais um
T aplicado para o teste (T
VIDRO
+
T). O
valor deste
T e os efeitos de sua variação serão discutidos ao longo dos
itens a seguir.
Tabela 5-1. Variação na temperatura média do banho térmico
Teste
Variação na
temperatura média do
banho
Temperatura de
controle
Incidência de
radiação na CP
1 (07/05/08) ±0,42 Ar externo (livre)
Sim
2 (27/03/09) ±0,33
Ar externo
(forçado)
Sim
3 (22/05/09) ±0,19
Fixo (ajustado
pelo operador) Sim
4 (04/06/09) ±0,16
Fixo (ajustado
pelo operador) Não (sombreada)
124
Teste
1
18,0
18,5
19,0
19,5
20,0
20,5
21,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
Temperatura (°C)
Teste
2
26,0
26,5
27,0
27,5
28,0
28,5
29,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
TemperaturaC)
Teste
3
27,0
27,5
28,0
28,5
29,0
29,5
30,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
Temperatura (°C)
Teste
4
14,0
14,5
15,0
15,5
16,0
16,5
17,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
TemperaturaC)
Figura 5-2. Variação da temperatura do banho nos quatro testes
listados na Tabela 5-1
5.3 V
ARIAÇÃO NA TEMPERATURA DAS CAVIDADES
Para observar a influência da diferença de temperatura (
T)
entre o vidro e a temperatura média da cavidade (TMCP ou CS(fundo)),
125
foram realizados alguns testes experimentais, alterando o
T através do
aquecimento da cavidade.
Um teste com a CP utilizando o vidro incolor 3mm foi
conduzido sob condições reais (RADj =705W/m²; ângulo de incidência
~ 45°; T
ARext
=21,5°C; h
int
=5,6W/m²K; h
ext
=15,0W/m²K). A Figura 5-3
apresenta os valores da TMCP e da temperatura do vidro durante este
teste. Apesar das grandes dispersões entre os valores de FS medido
(FScp), é possível notar, na Figura 5-4, uma tendência de redução e
estabilização do FS à medida que as curvas de temperatura da Figura 5-3
se aproximam.
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
34,0
36,0
70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190
Tempo (min)
TemperaturaC)
TMCP CP Vidro
Figura 5-3. Variação da temperatura média da CP e do vidro
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico
= 0,84
(ISO 9050 adap)
Figura 5-4. Variação do FS medido na CP
126
Outro teste sob condições reais de medição (RADj = 630W/m²;
ângulo de incidência ~ 45°; T
ARex t
= 18,9°C; h
in t
= 5,2W/m²K; h
ext
=
17,3W/m²K), agora com a CS, também foi realizado com o vidro incolor
3mm. No início da medição, a temperatura média da cavidade (CS
fundo) estava próxima da temperatura do vidro, então à medida que a
temperatura da CS foi elevada, o efeito sobre o FS medido (FScs) é
novamente observado, como no caso anterior. A Figura 5-5 mostra a
variação da temperatura do vidro e da CS. na Figura 5-6, observa-se
que o FS cai devido à alteração aplicada, e estabilizando em outro
patamar na parte final do teste.
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
34,0
36,0
38,0
40,0
42,0
44,0
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Tempo (min)
Temperatura (°C)
CS (fundo) CS vidro
Figura 5-5. Variação da temperatura média da CS e do vidro
0,74
0,76
0,78
0,80
0,82
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
0,94
0,96
0,98
1,00
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico
=0,83 (ISO9050 adap)
Figura 5-6. Variação do FS medido na CS
127
As variações observadas nas curvas da Figura 5-3 até a Figura
5-6 apenas ilustram que tanto na CP quanto na CS o FS medido é
influenciado pela diferença de temperatura entre a cavidade e o vidro.
No entanto, visto que os testes sob condições reais sofrem influência de
uma série de outros fatores (ex: instrumentação), é difícil isolar o efeito
de apenas uma variável. Teoricamente, o
T cavidade-vidro altera tanto
o fluxo de calor convectivo quanto o radiante entre as duas superfícies,
mas as medições realizadas não nos permitem quantificar diretamente o
efeito dessa alteração sobre o FS medido. Por isso, torna-se necessária
uma representação matemática do fenômeno físico envolvido na
passagem do fluxo de calor pelas duas cavidades.
5.4 M
ODELO MATEMÁTICO
Para possibilitar análises e comparações com os resultados
experimentais, o modelo matemático unidimensional desenvolvido por
Marinoski (2005) foi adaptado para representar a passagem do fluxo de
calor através de cada uma das cavidades, no caso de uma chapa de vidro
monolítico. Os processos de transferência de calor abrangidos neste
equacionamento são os seguintes:
Convecção na superfície externa do vidro;
Radiação (onda longa) entre a superfície do vidro e a vizinhança;
Transmissão e absorção da radiação solar (onda curta) pelo vidro;
Condução no vidro;
Reflexão e absorção da radiação solar (onda curta) no interior da
cavidade;
Convecção no interior da cavidade;
Troca líquida de radiação (onda longa) entre a superfície interna do
vidro e a cavidade;
Condução através do isolamento da cavidade (fugas);
Convecção na superfície externa do isolamento da cavidade (fugas);
Radiação (onda longa) entre a superfície do isolamento e a
vizinhança (fugas);
A Figura 5-7 mostra uma representação em corte das duas
cavidades (CP e CS) com os fluxos de calor que foram considerados no
modelo matemático, para simular o processo de medição real. Também
o equivalente elétrico desta representação é apresentado, sendo o
128
balanço de energia em função da passagem do fluxo de calor realizado
para os “nós” nele definidos.
Isolante
Vidro
Cavidade (ar)
Absorvedor
(cobre)
Isolante
CP
Convecção
Radiação
Térmica
(OL)
Convecção
Condução
Convecção
(remoção de calor pela
passagem da água nas
serpentinas)
Convecção
Meio extern
o
Interior
do trailer
ρ
α
τ
τ
α
ρ
Radiação
Solar (OC)
(OC)
ρ
α
(OL)(OL)
Equivalente elétrico
T
ARext
R
ext
T
ve
R
v
T
vi
R
car
T
car
R
car
T
isi
=T
c
T
ARtr
R
t
q
rad
τ
q
rad
α
q
OL
q
ref_OC
q
flui
T
ise
R
is
q
OL
q
OL
Continua...
129
Isolante
Vidro
Cavidade (ar)
Absorvedor
(cobre)
Isolante
CS
ConvecçãoConvecção
Condução
Convecção
(remoção de calor pela
passagem da água nas
serpentinas)
Convecção
fluxímetro
ρ
α
τ
α
ρ
Radiação
Solar (OC)
(OC)
ρ
τ
α
Meio extern
o
Interior
do trailer
Radiação
Térmica
(OL)
(OL)(OL)
Equivalente elétrico
T
ARext
R
ext
T
ve
R
v
T
vi
R
car
T
car
R
car
T
isi
=T
c
=T
flux
T
ARtr
R
t
q
rad
τ
q
rad
α
q
OL
q
ref_OC
q
flui
T
ise
R
is
q
OL
q
OL
Continua...
130
Legenda
q
radα
= Densidade de fluxo de calor absorvido pelo vidro devido à incidência de radiação
solar (W/m
2
);
q
radτ
= Densidade de fluxo de calor transmitida através do vidro devido à incidência de
radiação solar (W/m
2
);
q
ol
= Troca líquida de calor em ondas longas (W/m
2
);
q
ref
= Densidade de fluxo de calor (onda curta) refletido pela superfície interna da cavidade
(W/m
2
);
q
flui
= Densidade de fluxo de calor removido pela passagem do fluido gua) pelas
serpentinas (W/m
2
);
R
ext
= Resistência térmica superficial entre o vidro e o ar externo (m
2
K/W);
R
v
= Resistência térmica do vidro (m
2
K/W);
R
car
= Resistência térmica na câmara de ar formada no interior da cavidade (m
2
K/W);
R
is
= Resistência térmica do isolante térmico da cavidade (m
2
K/W);
R
tr
= Resistência térmica superficial entre o isolamento e o interior do trailer (m
2
K/W);
T
ARext
= Temperatura do ar externo (°C);
T
ve
= Temperatura na superfície externa do vidro (°C);
T
vi
= Temperatura na superfície interna do vidro (°C);
T
car
= Temperatura na câmara de ar no interior da cavidade (°C);
T
flux
= Temperatura do fluxímetro (°C);
T
c
= Temperatura da chapa de cobre que forma a cavidade (°C);
T
isi
= Temperatura da superfície interna do isolamento (°C);
T
ise
= Temperatura da superfície externa do isolamento (°C);
T
ARtr
= Temperatura do ar no interior do trailer (°C);
Figura 5-7. Esquema de representação da transferência de calor
nas cavidades (sem escala)
O “ANEXO Gapresenta o equacionamento para o balanço de
energia em função da passagem do fluxo de calor para os “nós” dos dois
casos propostos.
A resolução dos sistemas de equações foi realizada no programa
computacional EES (Engineering Equation Solver), versão 6.883-3D.
Este programa possibilita a solução de sistemas de equações com grande
rapidez, e também permite a realização de cálculos paramétricos entre as
variáveis. O código de programação inserido no EES, para um exemplo
de modelagem com o vidro incolor 3mm, também é apresentado no
“ANEXO G” para cada uma das cavidades.
É importante destacar que o modelo apresenta algumas
limitações. Primeiro, em relação às perdas de calor na forma de trocas
131
radiativas em onda longa entre o vidro e a vizinhança (entorno), adotou-
se como temperatura da vizinhança (T
viz
) o valor medido da temperatura
do ar externo (T
ARext
). Já no caso da troca de calor entre o isolamento da
cavidade e o interior do trailer, adotou-se para temperatura do trailer
(T
trailer
) o valor medido da temperatura do ar no interior do trailer (T
ARtr
).
Além disso, o modelo leva em conta apenas uma reflexão de
ondas curtas na superfície interna da cavidade e posteriormente na
superfície interna do vidro.
O valor da temperatura do ar na câmara é adotado como sendo
igual à média entre a temperatura superficial interna do vidro e a
temperatura da cavidade.
Outra simplificação realizada foi assumir que a temperatura das
chapas de cobre que formam as cavidades é a mesma nas duas
superfícies da chapa (interna e externa). Como estes elementos têm uma
espessura muito pequena (0,89mm na CP e 3mm na CS) e a
condutividade do material (cobre) é bastante elevada (380 W/mK),
considera-se que praticamente não resistência térmica, e toda a
energia na forma de calor que chega de um lado da chapa é transmitida
para o outro lado. O mesmo ocorre com o fluxímetro, que também tem
uma resistência térmica muito baixa (0,0006 m²K/W). Por isso, o
processo de transmissão de calor por condução ao longo da espessura
destes elementos não foi equacionado.
Também, o processo convectivo de remoção de calor através da
circulação de água em contato com as serpentinas não foi equacionado
diretamente. Para quantificar este fluxo, assume-se que o calor removido
pelo fluido é igual ao calor total absorvido pela cavidade menos as
perdas pelo isolamento. De qualquer modo, para o cálculo do FS é
utilizado o valor do fluxo absorvido pela cavidade sem perdas. Assim,
em termos de processo de transferência de calor, os dois modelos se
tornam equivalentes, sendo apenas modificada e acrescentada a
nomenclatura das superfícies através das quais o fluxo de calor passa em
cada cavidade.
Sobre o equacionamento utilizado no modelo matemático, ainda
é importante dizer que diversas variáveis são aplicadas, sendo algumas
delas resultados de medições em campo durante o teste. Já outras são
estimadas ou assumidas a partir de cálculos ou dados teóricos. As
variáveis de entrada foram classificadas da seguinte forma:
Variáveis obtidas em medições: radiação solar; temperatura do ar
externo; temperatura na superfície externa do vidro; temperatura da
132
cavidade; temperatura do ar no interior do trailer; coeficiente de
convecção externa.
Variáveis estimadas (calculadas): coeficiente de troca de calor na
câmara de ar; resistência térmica da câmara de ar; resistência
térmica do vidro; resistência térmica do isolamento; coeficiente de
troca de calor no interior do trailer; resistência térmica no interior
do trailer; resistência térmica superficial externa; temperatura da
vizinhança, temperatura do trailer.
Variáveis teóricas: propriedades dos materiais e constantes.
É importante destacar o procedimento utilizado para estimar o
valor de algumas destas variáveis. No caso dos coeficientes de
convecção no interior da câmara formada entre o vidro e cavidade (h
car
),
foram utilizadas correlações para confinamentos em câmaras
retangulares, onde diferença de temperatura entre as faces verticais
internas. Estas correlações são apresentadas na forma das equações
(E.11) e (E.12) do ANEXO E, para CP e CS, respectivamente. A este
coeficiente de troca convectivo é adicionado o coeficiente de troca
radiativo dado pela equação (E.13), resultando assim no coeficiente
global de troca interno (h
int
).
O coeficiente global de troca externo (h
ext
) é calculado como
sendo a soma do valor do “h” convectivo medido experimentalmente,
mais a parcela radiativa obtida pela equação (E.15), também do ANEXO
E.
No caso da estimativa das perdas de calor, para coeficiente de
troca convectiva entre o ar no interior do trailer e a superfície externa do
isolamento da cavidade, foi adotado o valor fixo de 3,1 W/m²K. Este
valor foi estimado a partir da correlação proposta por Churchill e Chu
(1975) apud Incropera e DeWitt (2003) para a condição de convecção
natural em superfícies planas verticais, conforme apresentado na
equação (E.9) do ANEXO E. Para esta estimativa, foi suposta uma
diferença de temperatura de 10°C entre o ar no interior do trailer e a
temperatura na superfície do isolamento, e também uma velocidade do
fluido igual a 0,05m/s. A este valor foi adicionado o coeficiente de troca
radiativa igual 5,5W/m²K (conforme definido no item 6 do ANEXO E),
resultando em um coeficiente de troca de calor superficial total (h
_trailer
)
igual a 8,6W/m²K.
133
5.5 A
NÁLISES PARAMÉTRICAS
Utilizando o modelo matemático descrito acima, foram
elaboradas análises para verificar a influência de algumas variáveis
envolvidas no processo de transferência de calor sobre o resultado do
fator solar.As análises foram realizadas para 4 casos:
CP com vidro incolor 3mm
CS com vidro incolor 3mm
CP com vidro verde 6mm
CS com vidro verde 6mm
Para todos os casos foram adotadas as propriedades ópticas dos
vidros, segundo o ângulo de incidência no momento de teste.
5.5.1 Diferença de temperatura cavidade-vidro
Como apresentado no item
5.2
, uma nova forma de controle foi
aplicada às cavidades. Agora o sistema de controle busca manter a
temperatura média da cavidade igual à temperatura do vidro mais uma
diferença de temperatura
entre o vidro e a cavidade
(T
VIDRO
+
T), sendo
este valor ajustado pelo operador. Para analisar o efeito deste
T, foram
aplicadas ao modelo matemático as condições reais de medição e
realizada a variação deste parâmetro.
O Quadro 5-1 e o Quadro 5-2 apresentam a alteração causada
no valor do FS devido à variação da diferença (
T) entre temperatura
média da cavidade (Tc) e a temperatura do vidro
10
(Tve). A linha em
destaque (cinza na tabela, e em azul no gráfico) representa o resultado
da simulação tendo como dados de entrada os valores de “Tve” e “Tc”
obtidos em campo, ou seja, na condição real de medição. a coluna
chamada “var” mostra a variação do FS tendo como base o ponto de
T
mais próximo a zero.
10
Valor medido na face externa do vidro
134
Quadro 5-1. Variação paramétrica do
T cavidade-vidro (vidro incolor 3mm)
CP com vidro incolor 3mm
Condições de teste:
Radj= 766 W/m²
TArext = 21,5°C
hint=5,8 W/m²K
hext=15,0 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 40°
α = 0,05
τ = 0,83
ρ = 0,12
Tc (°C) Tve (°C)
T (°C) FS var
20 30,6 -10,6 0,87 0,07
22 30,6 -8,6 0,86 0,06
24 30,6 -6,6 0,84 0,04
26 30,6 -4,6 0,83 0,03
28 30,6 -2,6 0,81 0,02
30 30,6 -0,6 0,80 0,00
32 30,6 1,4 0,78 -0,02
34 30,6 3,4 0,77 -0,03
36 30,6 5,4 0,75 -0,05
38 30,6 7,4 0,74 -0,06
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
T(Tc-Tve) (°C)
FS
Condição real
de medição
Varião
paramétrica
Continua...
135
CS com vidro incolor 3mm
Condições de teste:
Radj= 743 W/m²
TArext = 18,2°C
hint=5,5 W/m²K
hext=16,2 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 45°
α = 0,05
τ = 0,81
ρ = 0,14
Tc (°C) Tve (°C) T (°C) FS var
21 29,4 -8,4 0,84 0,06
23 29,4 -6,4 0,83 0,04
25 29,4 -4,4 0,81 0,03
27 29,4 -2,4 0,80 0,01
29 29,4 -0,4 0,78 0,00
31 29,4 1,6 0,77 -0,02
33 29,4 3,6 0,75 -0,03
35 29,4 5,6 0,74 -0,05
37 29,4 7,6 0,72 -0,06
39 29,4 9,6 0,71 -0,08
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12
T(Tc-Tve) (°C)
FS
Condição real
de medição
Variação
paramétrica
136
Quadro 5-2. Variação paramétrica do
T cavidade-vidro (vidro verde 6mm)
CP com vidro verde 6mm
Condições de teste:
Radj= 699 W/m²
TArext = 25,8°C
hint=6,5 W/m²K
hext=15,4 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 42°
α = 0,40
τ = 0,50
ρ = 0,10
Tc (°C) Tve (°C)
T (°C) FS var
34 44,5 -10,5 0,57 0,09
36 44,5 -8,5 0,56 0,07
38 44,5 -6,5 0,54 0,06
40 44,5 -4,5 0,52 0,04
42 44,5 -2,5 0,50 0,02
44 44,5 -0,5 0,48 0,00
46 44,5 1,5 0,46 -0,02
48 44,5 3,5 0,44 -0,04
50 44,5 5,5 0,42 -0,06
52 44,5 7,5 0,40 -0,08
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
T(Tc-Tve) (°C)
FS
Condição real
de medição
Varião
paramétrica
Continua...
137
CS com vidro verde 6mm
Condições de teste:
Radj= 699 W/m²
TArext = 25,8°C
hint=6,0 W/m²K
hext=15,4 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 42°
α = 0,40
τ = 0,50
ρ = 0,10
Tc (°C) Tve (°C)
T (°C) FS var
37 47,9 -10,9 0,56 0,09
39 47,9 -8,9 0,55 0,07
41 47,9 -6,9 0,53 0,06
43 47,9 -4,9 0,51 0,04
45 47,9 -2,9 0,49 0,02
47 47,9 -0,9 0,47 0,00
49 47,9 1,1 0,45 -0,02
51 47,9 3,1 0,43 -0,04
53 47,9 5,1 0,41 -0,06
55 47,9 7,1 0,39 -0,08
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
T(Tc-Tve) (°C)
FS
Condição real
de medição
Variação
paramétrica
138
Para a simulação com o vidro incolor 3mm (Quadro 5-1),
observa-se, tanto na CP como na CS, que a variação (var) no FS é em
média de 0,015 a cada alteração de 2°C. com o vidro verde (Quadro
5-2), esta variação (var) do FS passa para em média 0,02 a cada
alteração de 2°C no
T cavidade-vidro.
Esta maior sensibilidade do vidro verde à alteração do
T já era
esperada, uma vez que a absorção do material é maior e,
conseqüentemente, o aquecimento das superfícies é mais elevado. Com
isso, as trocas convectivas e radiativas para o interior são incrementadas.
5.5.2 Coeficientes de troca
A influência da relação (hint/(hint+hext)) entre os coeficientes
de troca de calor também foi analisada parametricamente, como mostra
o Quadro 5-3 e o Quadro 5-2. Aqui a coluna “var” apresenta a variação
absoluta sofrida pelo FS em relação à simulação com a condição real de
coeficientes de troca (h) da medição (linha cinza em destaque). Em
todos os casos foi fixada um
T cavidade-vidro igual a -5°C.
139
Quadro 5-3. Variação paramétrica do h
int
/(h
int
+h
ext
) (vidro incolor 3mm)
CP com vidro incolor 3mm
Condições de teste:
Radj= 766 W/m²
TArext = 21,5 °C
hint=5,8 W/m²K
hext=15,0 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 40°
α = 0,05
τ = 0,83
ρ = 0,12
h
int
(W/m²K)
h
ext
(W/m²K)
__h
int
__
(h
int
+h
ext
) FS var
1,0 15,0 0,06 0,80 -0,03
2,0 15,0 0,12 0,81 -0,02
3,0 15,0 0,17 0,81 -0,02
4,0 15,0 0,21 0,82 -0,01
5,0 15,0 0,25 0,83 0,00
6,0 15,0 0,29 0,83 0,00
7,0 15,0 0,32 0,84 0,01
8,0 15,0 0,35 0,85 0,02
9,0 15,0 0,38 0,85 0,02
10,0 15,0 0,40 0,86 0,03
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
hint/(hint+hext)
FS
Para "h" da
medição
Variação
paramétrica
Continua...
140
CS com vidro incolor 3mm
Condições de teste:
Radj= 743 W/m²
TArext = 18,2°C
hint=5,5 W/m²K
hext=16,2 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 45°
α = 0,05
τ = 0,81
ρ = 0,14
h
int
(W/m²K)
h
ext
(W/m²K)
__h
int
__
(h
int
+h
ext
)
FS var
1,0 16,3 0,06 0,79 -0,03
2,0 16,3 0,11 0,79 -0,03
3,0 16,3 0,16 0,80 -0,02
4,0 16,3 0,20 0,81 -0,01
5,0 16,3 0,23 0,81 -0,01
6,0 16,3 0,27 0,82 0,00
7,0 16,3 0,30 0,83 0,01
8,0 16,3 0,33 0,84 0,02
9,0 16,3 0,36 0,84 0,02
10,0 16,3 0,38 0,85 0,03
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
hint/(hint+hext)
FS
Para "h" da
medição
Varião
paramétrica
141
Quadro 5-4. Variação paramétrica do h
int
/(h
int
+h
ext
) (vidro verde 6mm)
CP com vidro verde 6mm
Condições de teste:
Radj= 699 W/m²
TArext = 25,8°C
hint=6,5 W/m²K
hext=15,4 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 42°
α = 0,40
τ = 0,50
ρ = 0,10
h
int
(W/m²K)
h
ext
(W/m²K)
__h
int
__
(h
int
+h
ext
) FS var
1,0 15,4 0,06 0,48 -0,03
2,0 15,4 0,12 0,48 -0,03
3,0 15,4 0,16 0,49 -0,02
4,0 15,4 0,21 0,50 -0,01
5,0 15,4 0,25 0,51 0,00
6,0 15,4 0,28 0,51 0,00
7,0 15,4 0,31 0,52 0,01
8,0 15,4 0,34 0,53 0,02
9,0 15,4 0,37 0,53 0,02
10,0 15,4 0,39 0,54 0,03
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
hint/(hint+hext)
FS
Para "h" da
medição
Variação
paramétrica
Continua...
142
CS com vidro verde 6mm
Condições de teste:
Radj= 699 W/m²
TArext = 25,8°C
hint=6,0 W/m²K
hext=15,4 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 42°
α = 0,40
τ = 0,50
ρ = 0,10
h
int
(W/m²K)
h
ext
(W/m²K)
__h
int
__
(h
int
+h
ext
) FS var
1,0 15,4 0,06 0,48 -0,04
2,0 15,4 0,11 0,49 -0,03
3,0 15,4 0,16 0,50 -0,02
4,0 15,4 0,21 0,51 -0,01
5,0 15,4 0,25 0,51 -0,01
6,0 15,4 0,28 0,52 0,00
7,0 15,4 0,31 0,53 0,01
8,0 15,4 0,34 0,54 0,02
9,0 15,4 0,37 0,54 0,02
10,0 15,4 0,39 0,55 0,03
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
hint/(hint+hext)
FS
Para "h" da
medição
Variação
paramétrica
143
Observa-se que em ambas as cavidades e com os dois tipos de
vidro analisados em termos absolutos o resultado de “var” é semelhante,
uma vez que é mantida a relação h
int
/(h
int
+h
ext
). Observa-se que em
ambas as cavidades e com os dois tipos de vidro analisados, o resultado
de “var” , em termos absolutos, é semelhante, uma vez que é mantida a
relação h
int
/(h
int
+h
ext
). No entanto, em termos relativos, quando “var” é
comparado ao FS para a condição real de teste, o valor da relação mostra
ter mais influência sobre o valor do vidro verde. Por exemplo, para a CP
com vidro incolor 3mm, uma variação (var) de 0,03 em termos
absolutos sobre o FS médio (0,83) significa, em termos relativos, 3,7%,
para o vidro verde 6mm, o percentual para a mesma variação (de
0,03), se comparada ao FS (de 0,52), representa 6,5%. É interessante
destacar também, que a influência desta relação entre os coeficientes de
troca está diretamente associada ao
T cavidade-vidro. Quando este
T
é de aproximadamente -1°C, a variação causada sobre o FS, devido a
alteração da relação de “h” dentro da faixa analisada (h
int
/(h
int
+h
ext
) até
0,40), é de no máximo 0,01, tanto para o vidro verde como para o
incolor. quando o
T é de -10°C, esta variação pode chegar a 0,07
(absoluto), como mostra o Quadro 5-5 (OBS: o efeito sobre o FS devido
a esta alteração do
T é semelhante na CP e na CS, por isso apenas um
caso será apresentado).
144
Quadro 5-5. Variação paramétrica do hint/(hint+hext) para
T(Tc-Tve) = -10°C
CP com vidro incolor 3mm
Condições de teste:
Radj= 766 W/m²
TArext = 21,5 °C
hint=5,8 W/m²K
hext=15,0 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 40°
α = 0,05
τ = 0,83
ρ = 0,12
h
int
(W/m²K)
h
ext
(W/m²K)
__h
int
__
(h
int
+h
ext
) FS var
1,0 15,0 0,06 0,81 -0,06
2,0 15,0 0,12 0,82 -0,05
3,0 15,0 0,17 0,83 -0,04
4,0 15,0 0,21 0,85 -0,02
5,0 15,0 0,25 0,86 -0,01
6,0 15,0 0,29 0,87 0,00
7,0 15,0 0,32 0,89 0,02
8,0 15,0 0,35 0,90 0,03
9,0 15,0 0,38 0,91 0,04
10,0 15,0 0,40 0,93 0,06
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
hint/(hint+hext)
FS
Para "h" da
medição
Varião
paramétrica
Continua...
145
CP com vidro verde 6mm
Condições de teste:
Radj= 699 W/m²
TArext = 25,8°C
hint=6,0 W/m²K
hext=15,4 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 42°
α = 0,40
τ = 0,50
ρ = 0,10
h
int
(W/m²K)
h
ext
(W/m²K)
__h
int
__
(h
int
+h
ext
) FS var
1,0 15,4 0,06 0,49 -0,07
2,0 15,4 0,12 0,50 -0,06
3,0 15,4 0,16 0,52 -0,04
4,0 15,4 0,21 0,53 -0,03
5,0 15,4 0,25 0,55 -0,01
6,0 15,4 0,28 0,56 0,00
7,0 15,4 0,31 0,57 0,01
8,0 15,4 0,34 0,59 0,03
9,0 15,4 0,37 0,60 0,04
10,0 15,4 0,39 0,62 0,06
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
hint/(hint+hext)
FS
Para "h" da
medição
Varião
paramétrica
146
5.5.3 Perdas de calor
Durante o teste real de campo, apenas na CP as perdas de calor
pelo fundo da cavidade são consideradas na composição do ganho de
calor para a estimativa do FS. Como mencionado, no teste usando a
CS, o fluxo de calor é medido pelos transdutores antes de chegar até a
placa de resfriamento por circulação de água, não havendo assim
interferências das perdas de calor da placa sobre o resultado do FS
medido.
Nas análises paramétricas anteriores, as perdas não foram
consideradas tanto na CP como na CS, uma vez que nos dois casos o
modelo matemático permite isolar o fluxo de calor em um ponto (nó)
antes da placa de resfriamento. Porém, adaptando o modelo matemático,
é possível incluir as perdas do fundo da cavidade para o meio externo
(ar dentro do trailer). Esta análise será realizada apenas para o caso da
CP, onde as perdas de calor pelo fundo da cavidade são de interesse.
Neste caso, será adotada como parâmetro variável a temperatura do ar
no interior do trailer (T
ARtr
). Como simplificação, é assumindo que a
temperatura da estrutura do trailer é igual a T
ARtr.
O Quadro 5-6 mostra a variação do FS devido às perdas (ou
ganhos) de calor através do fundo da cavidade em função da alteração
da temperatura do ar no interior do trailer (assumida aqui como
representando a temperatura de toda a vizinhança). Os resultados
mostram que as perdas (ou ganhos) de calor pelo isolamento têm pouca
influência sobre o valor final do FS no dos vidros analisados. Quando o
T chega a aproximadamente 8°C, o FS passa a sofrer alguma variação
(var = 0,01), e somente em condições bem desfavoráveis (
T ~ 20°C)
esta variação passa para 0,02.
147
Quadro 5-6. Análise paramétrica das perdas de calor
CP com vidro incolor 3mm
Condições de teste:
Radj= 766 W/m²
TArext = 21,5 °C
hint=5,8 W/m²K
hext=15,0 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 40°
α = 0,05
τ = 0,83
ρ = 0,12
T
artr
(°C) T
c
(°C) T (°C) FS var
10,0 26,2 16,2 0,82 -0,01
14,0 26,2 12,2 0,82 -0,01
18,0 26,2 8,2 0,82 -0,01
22,0 26,2 4,2 0,82 0,00
26,0 26,2 0,2 0,83 0,00
30,0 26,2 -3,8 0,83 0,00
34,0 26,2 -7,8 0,83 0,01
38,0 26,2 -11,8 0,84 0,01
42,0 26,2 -15,8 0,84 0,01
46,0 26,2 -19,8 0,84 0,02
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
-20 -16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20
T(Tc-Tartr) (°C)
FS
Perdas nulas
Variação
paramétrica
Continua...
148
CP com vidro verde 6mm
Condições de teste:
Radj= 699 W/m²
TArext = 25,8°C
hint=6,0 W/m²K
hext=15,4 W/m²K
Propriedades do vidro:
Ângulo incidência = 42°
α = 0,40
τ = 0,50
ρ = 0,10
T
artr
(°C) T
c
(°C) T (°C) FS var
22,0 38,1 16,1 0,52 -0,01
26,0 38,1 12,1 0,53 -0,01
30,0 38,1 8,1 0,53 -0,01
34,0 38,1 4,1 0,53 0,00
38,0 38,1 0,1 0,54 0,00
42,0 38,1 -3,9 0,54 0,00
46,0 38,1 -7,9 0,54 0,01
50,0 38,1 -11,9 0,55 0,01
54,0 38,1 -15,9 0,55 0,01
58,0 38,1 -19,9 0,55 0,02
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
-20 -16 -12 -8 -4 0 4 8 12 16 20
T(Tc-Tartr) (°C)
FS
Perdas nulas
Varião
paramétric
a
149
5.6 N
OVAS MEDIÇÕES COM O VIDRO DE REFERÊNCIA
Aplicando a nova metodologia para verificar o FS e também
utilizando a nova condição de controle para a temperatura das
cavidades, foram realizadas novas medições com o vidro incolor 3mm.
O Quadro 5-7 e o Quadro 5-8 apresentam os gráficos com o resultado do
FS medido em cada uma das cavidades (CP e CS), e também as
variações (
T) entre a temperatura média da cavidade
11
(Tc) e o vidro
(Tve). No caso da CP, é também apresentada a variação do
T da água
entre a entrada e a saída da cavidade.
11
OBS.: Aqui Tc representa os valores de “TMCP” para a cavidade principal, e de “CS
(fundo)” para a cavidade secundária.
150
Quadro 5-7. Medições na CP (vidro incolor 3mm)
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050 adap)
= 0,83 (médio medido)
-8,0
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Água (Tsaída-Tentrada)
Teste 22-05-2009
Continua...
151
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050 adap)
= 0,83 (médio medido)
-8,0
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
T C)
(Tc-Tve)
Água (Tsaída-Tentrada)
Teste 08-06-2009
Continua...
152
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050 adap)
= 0,84 (médio medido)
-8,0
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Água (Tsaída-Tentrada)
Teste 30-06-2009
Continua...
153
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050
= 0,79 (médio medido)
-8,0
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Água (Tsaída-Tentrada)
Teste 12-07-2009
Continua...
154
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,83 (ISO 9050
= 0,84 (médio medido)
-8,0
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
T C)
(Tc-Tve)
Água (Tsaída-Tentrada)
Teste 13-07-2009
155
De modo geral, é possível observar em todos os testes (Quadro
5-7) que, embora ainda existam oscilações nos resultados medidos do
FS, estas foram reduzidas em relação aos testes da primeira fase de
calibração com a CP. Agora o desvio padrão observado variou em todas
as medições entre ±0,04 e ±0,08 (absoluto). Também a nova maneira de
controle da temperatura da cavidade, que tem por referência a
temperatura do vidro, proporcionou uma maior aproximação dos valores
do FS medido com os valores teóricos.
No entanto, ao observar as curvas de
T (Tc-Tve), nota-se que
elas apresentam diferenças entre cada uma das medições. Em parte estas
diferenças foram geradas propositalmente. Uma vez que durante os
testes não se sabia como estas diferenças alterariam os resultados, foram
aplicados valores de
T diferentes ao iniciar cada medição (ex: Tc-Tve
= -5°C, -4°C, -1°C, 0°C). Mas as variações nestas curvas também são
conseqüências do ajuste da temperatura de controle do banho térmico,
que é realizado manualmente ao longo do teste para que o
T seja
mantido.
Embora a análise paramétrica realizada para
T(Tc-Tve)
através do modelo matemático indique a influência direta deste
parâmetro sobre o FS, os resultados experimentais apresentados para o
vidro incolor 3mm não demonstram isso claramente. Provavelmente isso
se deve ao fato de que a parcela ganha por onda longa gerada pelo
T é
menor do que a incerteza de medição. Por isso, com base nos resultados
observados é possível dizer que, para vidros com valores elevados de
transmissão e baixa absorção da radiação solar, como o incolor, o
resultado do FS medido na CP dependerá em muito da estabilidade do
sistema de medição. Isso se comprova no Teste (30-06-09), onde
coincidentemente ocorre o menor desvio padrão no
T da água de
entrada e saída (0,58±0,03°C), também o menor desvio no
T cavidade-
vidro (-4,1±0,45°C), o menor desvio no valor do FS medido (0,84±0,04)
e a melhor aproximação com o valor teórico da ISO 9050 (0,84).
A seguir são apresentados os resultados das medições realizadas
simultaneamente na CS para os mesmos dias de teste (Quadro 5-8):
156
Quadro 5-8. Medições na CS (vidro incolor 3mm)
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050 adap)
= 0,85 (médio medido)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Teste 22-05-2009
Continua...
157
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050 adap)
= 0,86 (médio medido)
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Teste 08-06-2009
Continua...
158
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,84 (ISO 9050 adap)
= 0,87 (médio medido)
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Teste 30-06-2009
Continua...
159
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,83 (ISO 9050 adap)
= 0,85 (médio medido)
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Teste 12-07-2009
Continua...
160
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,83 (ISO 9050 adap)
= 0,85 (médio medido)
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
T (°C)
(Tc-Tve)
Teste 13-07-2009
161
Nos testes com a CS, os valores de
T(Tc-Tve) também
diferem de um dia de medição para outro. Agora o
T é na maior parte
do tempo positivo, ou seja, Tc está mais aquecida do que o vidro,
havendo assim perdas de calor. No entanto, o método de determinação
do FS, conforme proposto no item 5.1.2, compensa estas perdas por
onda longa entre o vidro e a superfície do fluxímetro fixado na parte
interna da cavidade. É por isso que o efeito de redução do FS, previsto
através do modelo matemático, acaba não sendo diretamente percebido
quando o
T é positivo.
Isso pode ser visto, por exemplo, no Teste (30-06-09) onde o
T é em média de +5,4°C. Aqui se a compensação da perda em onda
longa for excluída do valor do FS medido (0,87) este valor cai para 0,83.
Desta forma, o resultado está de acordo com a análise paramétrica
apresentada no Quadro 5-1, que previa uma redução entre 0,04 e 0,05
(absoluto) no valor do FS para um
T(Tc-Tve) de +5°C na CS.
É interessante analisar o Teste (12-07-09) e o Teste (13-07-09).
Nestes dois casos, o
T(Tc-Tve) é em média próximo a zero. Assim, as
perdas (ou ganho) devido à onda longa entre o vidro e os fluxímetros na
cavidade é praticamente nula. Teoricamente neste caso o ganho ou perda
convectivo também seria nulo, se assumirmos que Tc e Tve são iguais e
a temperatura do ar é uma média das duas temperaturas. Assim,
teoricamente está sendo medida apenas a parcela da radiação solar
transmitida pelo vidro. No entanto, observa-se nos dois testes que o FS
medido é em média de 0,85, um pouco acima do valor de referência da
ISO 9050 (0,83). Apesar desta diferença, pode-se dizer que as medições
apresentam uma boa aproximação, uma vez que a incerteza no
resultado dos sensores é de 4,5% (ou neste caso ±0,04 em termos
absolutos), e a fração retransmitida não chega a 0,02 (absoluto) para o
vidro incolor 3mm com a aplicação da ISO 9050. Além disso, na prática
se observou que dependendo das condições de estabilização da cavidade
durante o período anterior ao início da medição, o ar enclausurado pode
chegar a uma temperatura acima de Tc e Tve, gerando, assim, um ganho
convectivo adicional.
De modo geral, as medições na CS apresentam boa estabilidade
e, conseqüentemente, baixo desvio padrão, que foi em média de ±0,01
(absoluto) considerando todos os testes.
A Tabela 5-2 apresenta um resumo com os valores médios do
FS medido em cada cavidade e de outras variáveis estimadas ou
162
medidas ao longo dos testes. Informações complementares sobre as
condições de medição podem ser encontradas no “ANEXO H”.
Para que todos os valores sejam comparados em um mesmo
patamar de
T(Tc-Tve), é possível realizar um ajuste do FS medido
com base no resultado da variação do FS x
T(Tc-Tve) encontrada nas
análises paramétricas do item 5.5.1. Nesta análise se verificou que, para
o vidro incolor 3mm, uma redução (ou aumento) do
T em 2°C causa
uma alteração linear de aproximadamente 0,015 (absoluto) no FS (ou
calculando com mais precisão podemos definir: 0,00075/0,1°C). A partir
desta proporção, é possível, de maneira simplificada, ajustar o FS
medido para que todos os testes tenham o mesmo
T(Tc-Tve).
A Tabela 5-3 e a Tabela 5-4 apresentam os valores do FS das
medições ajustado a um
T de -5°C e -10°C, respectivamente. Como
esperado, nos casos onde o
T(Tc-Tve) foi elevado (em termos
absolutos) o FS cresceu, uma vez que esta condição força os ganhos
convectivos e radiantes. Para a CP, o
T de -5°C mostrou ser a condição
onde se obtém os resultados de FS ajustado mais próximos dos valores
da ISO 9050. na CS isso não aconteceu, em qualquer uma das duas
condições de
T o FS ajustado se afasta do valor de referência da ISO
9050.
Observa-se que, embora o modelo matemático indique que a
variação do
T(Tc-Tve) causa variações lineares sobre o FS medido,
tanto na CS quanto na CP, na prática isso não acontece da mesma forma.
Os resultados indicam que o efeito do
T é diferente em cada cavidade.
Como os valores de FS ajustados da
Tabela 5-3 e da Tabela 5-4 têm por base os valores de FS
medidos, sendo apenas acrescentado (ou subtraído) um fator de correção
proporcionalmente à “diferença de
T”, fica claro que a CS é mais
sensível ao
T negativo (que força os ganhos de calor) do que a CP.
Assim, embora o número de testes realizados até aqui não seja
suficiente para conduzir de modo preciso ao melhor valor de
T(Tc-
Tve), fica definido para as medições posteriores que são necessárias
condições diferenciadas de
T(Tc-Tve) em cada cavidade.
163
Tabela 5-2. Resumo das medições com o vidro incolor 3mm
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
22/5/2009 0,83±0,06 0,84 -5,2 31,1 38,5 36,4 27,2 5,7 16,5 1,6 763 42° - 43° 40
8/6/2009 0,83±0,05 0,84 -4,4 26,3 29,3 30,6 21,5 5,7 15,4 0,9 766 39° - 42° 80
30/6/2009 0,84±0,04 0,84 -4,1 28,0 31,4 32,2 24,3 5,7 16,9 1,5 763 40° - 42° 36
12/7/2009 0,79±0,08 0,83 -0,8 27,4 29,9 28,2 18,2 5,2 16,8 3,0 746 43° - 47° 60
Vidro
incolor
3mm
13/7/2009
0,84±0,06 0,83 -0,7 26,3 29,7 27,0 20,9 5,2 18,5 4,2 795 40° - 42° 45
Cavidade Secundária
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
média
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
22/5/2009 0,85±0,01 0,84 3,1 42,7 43,6 39,5 27,2 5,3 16,5 1,6 763 42° - 43° 40
8/6/2009 0,86±0,01 0,84 4,6 40,1 40,1 35,5 21,5 5,4 15,4 0,9 766 39° - 42° 80
30/6/2009 0,87±0,00 0,84 5,4 40,8 41,1 35,4 24,3 5,5 16,9 1,5 763 40° - 42° 36
12/7/2009 0,85±0,00 0,83 -0,2 29,3 33,5 29,4 18,2 4,8 16,8 3,0 743 43° - 47° 60
Vidro
incolor
3mm
13/7/2009
0,85±0,00 0,83 0,7 30,6 33,5 30,0 20,9 5,0 18,5 4,2 795 40° - 42° 45
164
Tabela 5-3. Ajuste do FS para
T(Tc-Tve) = -5°C
Cavidade Principal
Teste
FS
médio
T (Tc-Tve)
(°C)
T (Tc-Tve)
ajustado (°C)
Diferença de
T (°C)
Diferença
no FS
FS
ajustado
FS teórico
(ISO 9050
adap)
22/5/2009 0,83 -5,2 -5,0 0,2 -0,002 0,83 0,84
8/6/2009 0,83 -4,4 -5,0 -0,6 0,005 0,83 0,84
30/6/2009 0,84 -4,1 -5,0 -0,9 0,007 0,85 0,84
12/7/2009 0,79 -0,8 -5,0 -4,2 0,032 0,82 0,83
13/7/2009 0,84 -0,7 -5,0 -4,3 0,032 0,87 0,83
Cavidade Secundária
Teste
FS
médio
T (Tc-Tve)
(°C)
T (Tc-Tve)
ajustado (°C)
Diferença de
T (°C)
Diferença
no FS
FS
ajustado
FS teórico
(ISO 9050
adap)
22/5/2009 0,85 3,1 -5,0 -8,1 0,061 0,91 0,84
8/6/2009 0,86 4,6 -5,0 -9,6 0,072 0,93 0,84
30/6/2009 0,87 5,4 -5,0 -10,4 0,078 0,95 0,84
12/7/2009 0,85 -0,2 -5,0 -4,8 0,036 0,89 0,83
13/7/2009 0,85 0,7 -5,0 -5,7 0,043 0,89 0,83
165
Tabela 5-4. Ajuste do FS para
T(Tc-Tve) = -10°C
Cavidade Principal
Teste
FS
médio
T (Tc-Tve)
(°C)
T (Tc-Tve)
ajustado (°C)
Diferença de
T (°C)
Diferença
no FS
FS
ajustado
FS teórico
(ISO 9050
adap)
22/5/2009 0,83 -5,2 -10,0 -4,8 0,036 0,87 0,84
8/6/2009 0,83 -4,4 -10,0 -5,6 0,042 0,87 0,84
30/6/2009 0,84 -4,1 -10,0 -5,9 0,044 0,88 0,84
12/7/2009 0,79 -0,8 -10,0 -9,2 0,069 0,86 0,83
13/7/2009 0,84 -0,7 -10,0 -9,3 0,070 0,91 0,83
Cavidade Secundária
Teste
FS
médio
T (Tc-Tve)
(°C)
T (Tc-Tve)
ajustado (°C)
Diferença de
T (°C)
Diferença
no FS
FS
ajustado
FS teórico
(ISO 9050
adap)
22/5/2009 0,85 3,1 -10,0 -13,1 0,098 0,95 0,84
8/6/2009 0,86 4,6 -10,0 -14,6 0,110 0,97 0,84
30/6/2009 0,87 5,4 -10,0 -15,4 0,116 0,99 0,84
12/7/2009 0,85 -0,2 -10,0 -9,8 0,074 0,92 0,83
13/7/2009 0,85 0,7 -10,0 -10,7 0,080 0,93 0,83
166
5.7 C
ONSIDERAÇÕES SOBRE A ETAPA DE CALIBRAÇÃO
Este capítulo apresentou a segunda fase do processo de
calibração do calorímetro. Nesta etapa, um novo método de
determinação do FS foi desenvolvido e aplicado nas medições. O
método leva em consideração o aquecimento do elemento de teste
(vidro) para o equacionamento do processo de transferência de calor
associado à determinação do FS. Destacou-se que fisicamente, na
maioria das situações de teste, não há trocas de calor diretamente entre o
meio interno e externo, mas que essas trocas ocorrem distintamente
entre o vidro e o meio interno, e o vidro e o meio externo, em função
das condições ambientais existentes.
Em conseqüência disso, discutiu-se no item 5.2 que um
parâmetro mais coerente para o controle da temperatura das cavidades é
a temperatura do vidro e não a do ar externo (como foi aplicado na
primeira fase de calibração). Isso se porque é a partir da alteração na
temperatura do vidro que são modificados os ganhos por convecção e os
ganhos em radiação de onda longa entre o vidro e a cavidade. Além
disso, passou-se a adotar um valor ajustado pelo operador ao longo do
teste para o controle da temperatura da cavidade (CP ou CS),
melhorando assim a estabilidade do banho térmico. Este valor passou a
ser definido como o resultado da soma da temperatura média do vidro
da respectiva cavidade mais um
T aplicado para o teste (T
VIDRO
+
T).
O efeito das variações deste
T entre a cavidade e o vidro foi
analisado experimentalmente e também com o auxílio de um modelo
matemático aplicado a cada uma das cavidades. As análises
paramétricas desenvolvidas com o modelo matemático no item
5.5.1
mostram que a variação positiva ou negativa do
T cavidade-vidro tem
influência direta sobre o valor do FS. O grau dessa influência dependerá
do valor do
T aplicado e também da absorção (que causa maior
aquecimento) do vidro, como foi demostrado na comparação entre o
vidro incolor e o verde.
Embora a análise com o modelo matemático indique uma
variação linear do FS em função da alteração
T cavidade-vidro, novas
medições realizadas mostraram diferenças entre os resultados
experimentais e os simulados com o modelo matemático.
No caso da CP, não foi possível perceber claramente o efeito da
alteração do
T entre os testes, provavelmente porque a parcela de
167
ganho por onda longa gerada pelo
T é menor do que a incerteza (neste
caso o desvio padrão) de medição, uma vez que o vidro tem baixa
absorção (incolor 3mm). Por isso, com base nos resultados observados é
possível dizer que, para vidros com valores altos de transmissão e baixa
absorção da radiação solar, como o incolor, o resultado do FS medido na
CP dependerá mais da estabilidade do sistema de medição do que do
T
cavidade-vidro.
Na CS também o resultado da variação do
T cavidade-vidro
dos testes experimentais não foi tão evidente sobre o valor do FS como
na simulação com o modelo matemático. Isso se deve ao fato de que no
próprio equacionamento do método de determinação proposto existe
uma compensação para as perdas de calor. Quando a temperatura da
cavidade está acima da temperatura do vidro (que foi o caso das
medições realizadas), as perdas por onda longa da cavidade para o vidro
são consideradas e adicionadas ao ganho total usado no cálculo do FS.
Além disso, o modelo matemático é uma simplificação do processo real
de medição. Na CS, o fluxo de calor é determinado por sensores
(fluxímetros), o que no modelo matemático é representado apenas como
uma superfície de absorção sem resistência térmica. Isso por si
pode levar a diferenças entre os valores matemáticos e experimentais,
mas, além disso, as medidas dos próprios sensores têm incertezas, o que
pode aumentar estas diferenças.
Ainda tratando da questão do
T cavidade-vidro, a aplicação do
fator de correção para igualar o
T em todos os testes contribuiu para
demonstrar que a CS é mais sensível à variação negativa do
T do que a
CP. Assim, chegou-se à conclusão de que é necessária a aplicação de
uma condição diferenciada de
T cavidade-vidro em cada cavidade.
Como apenas um tipo de vidro foi testado nesta etapa, esta condição de
T ainda não pôde ser plenamente estabelecida para cada cavidade. Por
isso, nos testes com outros tipos de vidros, conforme será apresentado
no capítulo a seguir, a condição de
T cavidade-vidro ainda será
ajustada com base nas observações dos próprios resultados
experimentais.
Apesar disso, pode-se dizer que a melhoria da primeira para a
segunda fase de calibração foi significativa, devido a ajustes e
modificações na instrumentação, controle das cavidades e no próprio
método de determinação do FS. Também é possível afirmar que os
resultados experimentais encontrados nesta segunda fase de calibração
foram satisfatórios tanto para a CP quanto para a CS, apresentando uma
168
boa aproximação com o padrão comparativo estabelecido com a ISO
9050, e permitindo assim dar continuidade aos testes com outros vidros
e proteções solares.
Também ficou evidente nos resultados dos testes realizados,
que a CS apresenta uma maior estabilidade de medição, sendo o seu
desvio padrão sobre o FS médio do vidro incolor 3mm de no máximo
±0,01 (absoluto). Já na CP, o desvio padrão chegou a ±0,08 (absoluto).
169
6
6
T
T
E
E
S
S
T
T
E
E
S
S
C
C
O
O
M
M
D
D
I
I
F
F
E
E
R
R
E
E
N
N
T
T
E
E
S
S
V
V
I
I
D
D
R
R
O
O
S
S
E
E
P
P
R
R
O
O
T
T
E
E
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
S
S
O
O
L
L
A
A
R
R
E
E
S
S
6.1 V
IDROS
6.1.1 Amostras utilizadas
Após a fase de calibração utilizando o vidro incolor 3mm, mais
três tipos de vidros foram instalados no calorímetro para determinação
do FS. Estes vidros foram:
Vidro plano verde 6mm;
Vidro refletivo prata neutro 8mm (laminado Cool-lite 4+4mm);
Vidro plano incolor 6mm.
Todas as amostras de vidros foram produzidas pela empresa
Cebrace Cristal Plano Ltda. O vidro verde e incolor 6mm é do tipo
“float”, que é um vidro plano com espessura uniforme e massa
homogênea. Já o vidro da linha Laminado Refletivo Cool-lite
caracteriza-se por ser composto por duas chapas de vidro intercaladas
com uma película plástica (PVB), uma com face metalizada à vácuo e
outra do tipo float.
As propriedades ópticas destes três tipos de vidros foram
determinadas em laboratório por Caram (2002) para ângulos de
incidência entre e 80°. A Tabela
6-1
apresenta estas propriedades
juntamente com uma imagem ilustrativa da amostra destacando o efeito
da sua transparência. Para estes vidros, foram adotados valores de
emissividade (igual 0,84 nas duas faces) e condutividade térmica (igual
a 1,000W/mK) obtidos a partir da International Glazing Database
(IGDB v11.4) para produtos semelhantes.
Durante as medições, as chapas de vidro (1490mm x 1190mm
na cavidade principal; 500mm x 500mm na cavidade secundária) foram
instaladas no calorímetro na posição vertical e orientação norte. Em
nenhuma das amostras foi utilizada esquadria, sendo a fixação e vedação
dos elementos realizada diretamente ao longo do marco de madeira que
delimita a abertura das cavidades.
170
Tabela 6-1. Propriedades ópticas do vidro (Caram, 2002)
Propriedades ópticas totais
(300 - 2000nm)
Material Ângulo
Absorção Reflexão Transmissão
0 39 7 54
10 39 7 54
20 40 7 53
30 40 8 52
40 40 10 50
50 43 11 46
60 42 15 43
70 39 26 35
Vidro verde 6mm
80 30 50 20
Propriedades ópticas totais
(300 - 2000nm)
Material Ângulo
Absorção Reflexão Transmissão
0 53 28 19
10 53 28 19
20 54 28 18
30 54 28 18
40 54 29 17
50 54 30 16
60 53 32 15
70 48 39 13
Vidro prata 8mm
80 35 56 9
Propriedades ópticas totais
(300 - 2000nm)
Material Ângulo
Absorção Reflexão Transmissão
0 9 10 81
10 9 10 81
20 9 10 81
30 9 11 80
40 10 12 78
50 11 14 75
60 11 18 71
70 10 30 60
Vidro incolor 6mm
80 11 53 36
171
6.1.2 Resultados de FS
Destaca-se inicialmente aqui, a dificuldade da realização de
medições em campo, pois estas estão muitas vezes sujeitas às variações
ambientais desfavoráveis aos testes, como por exemplo, no caso de
medições do FS, a presença de pequenas porções de nebulosidade
mesmo em dias de “céu claro”. A influência deste fator pode ser
observada nos gráficos de FS que são apresentados a seguir, onde
existem algumas descontinuidades na seqüência dos valores do fator
solar medido. Além disso, quedas acidentais no funcionamento do
sistema de aquisição e controle também prejudicaram algumas leituras.
Apesar disso, os testes com os três tipos de vidros puderam ser
realizados em condições que permitiram um tempo mínimo de medição
de 30min. O período de estabilização das cavidades que antecede o
tempo efetivo de medição também variou de teste para teste, mas em
nenhum caso foi inferior a 50 minutos.
Todas as medições foram realizadas no intervalo de tempo entre
às 11h da manhã e às 14h da tarde, durante diferentes dias dos meses de
julho e agosto. A amplitude do ângulo de incidência da radiação solar
atingida em todas as medições neste período ficou dentro do intervalo de
40° e 50°.
Foi aplicada a estes testes a mesma instrumentação e os mesmos
procedimentos de controle empregados na fase final de calibração do
calorímetro, descrita no capítulo anterior.
Em relação à condição de
T cavidade-vidro, esta foi mantida
sempre com um valor negativo, ou seja, com a temperatura da cavidade
obrigatoriamente abaixo da temperatura do vidro, conduzindo assim o
fluxo de calor na direção do interior da cavidade. No entanto, como
mencionado na fase de calibração, o valor deste
T não foi fixado
igualmente para todas as amostras, mas buscou-se, através de
observações diretas dos valores medidos, encontrar uma condição de
equilíbrio e estabilidade para resultados coerentes do FS.
Com isso, os gráficos do Quadro 6-1 ao Quadro 6-6 apresentam,
a seguir, os resultados das medições realizadas com as amostras de
vidro: verde 6mm; prata 8mm; e incolor 6mm, na CP e na CS,
respectivamente. Ao final da série de medições de cada amostra é
apresentado um resumo (Tabela 6-2 a Tabela 6-4) com os valores
médios do FS medido e as condições gerais de cada teste.
172
6.1.2.1 Vidro verde 6mm
Quadro 6-1. Resultados de FS medido na CP (vidro verde 6mm)
Teste
17/7/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,61 (ISO 9050 adap)
= 0,52 (médio medido)
Teste
29/7/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS trico FS médio
= 0,60 (ISO 9050 adap)
= 0,54 (médio medido)
Continua...
173
Teste
30/7/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,59 (ISO 9050 adap)
= 0,49 (médio medido)
Quadro 6-2. Resultados de FS medido na CS (vidro verde 6mm)
Teste
17/7/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,60 (ISO 9050 adap)
= 0,53 (médio medido)
Continua...
174
Teste
29/7/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,59 (ISO 9050 adap)
= 0,56 (médio medido)
Teste
30/7/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,58 (ISO 9050 adap)
= 0,52 (médio medido)
175
Tabela 6-2. Resumo das medições com o vidro verde 6mm
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
17/7/2009 0,52±0,05 0,61 -6,5 38,1 42,9 44,6 25,8 5,8 15,3 2,6 699 41° - 43° 56
29/7/2009 0,54±0,06 0,60 -7,4 28,0 33,5 35,4 18,7 5,9 17,8 3,0 732 40° - 42° 46
Vidro
verde
6mm
30/7/2009 0,49±0,06 0,59 -6,0 29,9 35,1 35,9 17,7 5,8 16,3 2,3 729 43° - 44° 30
Cavidade Secundária
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
média
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
17/7/2009 0,53±0,01 0,60 -0,9 46,7 51,2 47,8 25,8 5,0 15,3 2,6 699 41° - 43° 56
29/7/2009 0,56±0,02 0,59 -2,7 35,6 42,2 38,3 18,7 5,3 17,8 3,0 732 40° - 42° 46
Vidro
verde
6mm
30/7/2009 0,52±0,01 0,58 -2,9 36,5 42,0 39,4 17,7 5,3 16,3 2,3 729 43° - 44° 30
176
6.1.2.2 Vidro prata 8mm
Quadro 6-3. Resultados de FS medido na CP (vidro prata 8mm)
Teste
3/8/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,30 (ISO 9050 adap)
= 0,21 (médio medido)
Teste
4/8/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio= 0,33 (ISO 9050 adap)
= 0,24 (médio medido)
Continua...
177
Teste
5/8/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,31 (ISO 9050 adap)
= 0,21 (médio medido)
Quadro 6-4. Resultados de FS medido na CS (vidro prata 8mm)
Teste
3/8/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,29 (ISO 9050 adap)
= 0,21 (médio medido)
Continua...
178
Teste
4/8/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,31 (ISO 9050 adap)
= 0,21 (médio medido)
Teste
5/8/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,29 (ISO 9050 adap)
= 0,21 (médio medido)
179
Tabela 6-3. Resumo das medições com o vidro prata 8mm
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
3/8/2009 0,21±0,06 0,30 -7,8 35,1 39,9 42,9 22,2 5,9 18,2 - 749 45° - 46° 38
4/8/2009 0,24±0,07 0,33 -10,0 31,9 37,2 41,9 21,2 6,0 13,7 - 727 45° - 48° 71
Vidro
prata 8mm
5/8/2009 0,21±0,06 0,31 -10,4 32,5 37,4 42,9 24,6 6,0 16,4 2,5 674 47° - 50° 61
Cavidade Secundária
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
média
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
3/8/2009 0,21±0,01 0,29 -2,7 42,0 49,8 44,7 22,2 5,3 18,2 - 749 45° - 46° 38
4/8/2009 0,21±0,00 0,31 -2,7 44,4 51,0 47,1 21,2 5,3 13,7 - 727 45° - 48° 71
Vidro
prata 8mm
5/8/2009 0,21±0,00 0,29 -2,5 41,2 47,9 43,7 24,6 5,2 16,4 2,5 674 47° - 50° 61
180
6.1.2.3 Vidro incolor 6mm
Quadro 6-5. Resultados de FS medido na CP (vidro incolor 6mm)
Teste
12/8/2009
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,78 (ISO 9050 adap) = 0,79 (médio medido)
Teste
14/8/2009
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,78 (ISO 9050 adap)
= 0,76 (médio medido)
181
Quadro 6-6. Resultados de FS medido na CS (vidro incolor 6mm)
Teste
12/8/2009
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,77 (ISO 9050 adap)
= 0,81 (médio medido)
Teste
14/8/2009
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
FS
FScs FS teórico FS médio
= 0,78 (ISO 9050 adap)
= 0,80 (médio medido)
182
Tabela 6-4. Resumo das medições com o vidro incolor 6mm
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
12/8/2009 0,79±0,07 0,78 -3,4 28,3 31,7 31,7 22,3 5,6 16,3 - 713 47° - 50° 75
14/8/2009 0,76±0,08 0,78 -3,4 31,6 34,8 35,0 24,9 5,6 14,5 - 683 48° - 49° 80
Vidro
incolor
6mm
-
Cavidade Secundária
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
média
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
12/8/2009 0,81±0,01 0,77 -0,1 36,6 39,4 36,7 22,3 4,8 16,3 - 713 47° - 50° 75
14/8/2009 0,80±0,01 0,78 -0,8 39,1 41,9 39,9 24,9 5,0 14,5 - 683 48° - 49° 80
Vidro
incolor
6mm
-
183
6.1.2.4 Considerações sobre os resultados de FS para os vidros
Novamente, conforme observado na fase de calibração, os
resultados de FS para os três diferentes vidros testados mostraram que a
CS tem maior estabilidade de medição, com o desvio padrão chegando a
no máximo
±
0,02 (absoluto). A CP, por sua vez, manteve praticamente a
mesma faixa de desvio padrão da fase de calibração, entre
±
0,05 e
±
0,08
(absoluto). Apesar dessa diferença na estabilidade dos valores
instantâneos medidos em cada cavidade, os resultados do FS médio
encontrado em cada uma delas para o mesmo teste foi sempre bastante
próximo, tanto na fase de calibração (vidro 3mm) como agora, como
mostra a Tabela 6-5.
Tabela 6-5. Comparação entre FS médio medido na CP e CS
Amostra TESTE
FS médio na
CP
FS médio na
CS
Diferença FS
médio (CP-CS)
22/5/2009 0,83 0,85 -0,02
8/6/2009 0,83 0,86 -0,03
30/6/2009 0,84 0,87 -0,03
12/7/2009 0,79 0,85 -0,06
Vidro
incolor 3mm
13/7/2009 0,84 0,85 -0,01
17/7/2009 0,52 0,53 -0,01
29/7/2009 0,54 0,56 -0,02
Vidro verde
6mm
30/7/2009 0,49 0,52 -0,03
3/8/2009 0,21 0,21 0,00
4/8/2009 0,24 0,21 0,03
Vidro prata
8mm
5/8/2009 0,21 0,21 0,00
12/8/2009 0,79 0,81 -0,02
Vidro
incolor 6mm
14/8/2009 0,76 0,80 -0,04
Sobre a condição de
T cavidade-vidro, cabe ressaltar que, ao
longo das medições, buscou-se experimentalmente ajustar valores de
T
que proporcionassem resultados coerentes de FS nas duas cavidades.
Este ajuste de
T era procurado durante o período de estabilização que
antecedia o tempo efetivo de medição, sendo o mesmo mantido durante
o teste. Por exemplo, se durante o período de estabilização o
T
184
estivesse muito elevado (negativamente), forçando assim os ganhos e
resultando em valores de FS acima de 1,00 (o que é incoerente), o
operador reajustava a condição de controle reduzindo o
T para obter
resultados coerentes (dentro da faixa de 0 a 1). O contrário também era
possível, caso a cavidade estivesse muito aquecida e o
T muito baixo
ou elevado positivamente (perdendo calor), os valores de FS poderiam
ser próximos à zero ou negativos, o que é incoerente, sendo também
necessário o ajuste do
T.
Ainda em relação a esta condição de
T cavidade-vidro, dois
pontos são importantes. O primeiro ponto a ser destacado é a diferença
que existe entre os valores aplicados na CP e na CS, como havia sido
considerado na fase de calibração. Os valores absolutos e a faixa de
ajuste do
T na CP são superiores aos da CS. Na CP os valores
aplicados aos três vidros ficaram entre -3,7°C e -10,4°C, na CS esta
variação foi de -0,1°C a -2,9°C.
O segundo ponto, é que os ajustes de
T são diferenciados para
cada vidro testado. Analisando os resultados da CP, pode-se observar
que os vidros com parcela de absorção de radiação elevada e
transmissão baixa, como o verde e prata, tiveram os valores mais
elevados (em termos absolutos) de
T. Em média, a faixa de
T
cavidade-vidro aplicada nos testes com estes vidros ficou entre -6,0ºC e
-10,4ºC. Já nos vidros com menor índice de absorção da radiação solar e
transmissão alta, como o incolor, o
T aplicado foi reduzido, ficando
em torno de -3,4ºC.
Na CS, o valor de
T para o vidro verde e prata ficou em
média, entre -2,5 ºC e -3,0ºC, para o vidro incolor, o
T foi inferior a
-1ºC. Embora exista uma coerência na relação tipo de vidro e maior ou
menor
T entre a CP e a CS, em um dos testes (17/7/2009) com o vidro
verde na CS o
T ficou abaixo de -1ºC, sem alterar significativamente o
resultado do FS.
De modo geral, pode-se dizer que este efeito de diferenciação
do
T entre os tipos de vidros e as cavidades está provavelmente
associado às propriedades dos vidros e às dimensões das cavidades. Em
vidros com transmissão alta e absorção reduzida, a parcela da energia
absorvida e emitida para o interior por radiação em onda longa e
convecção é pequena se comparada à parcela transmitida diretamente,
tendo menor influência sobre o valor final do FS. Por isso, mesmo
um
T reduzido, que induza a direção do fluxo de calor para o interior
185
da cavidade, é suficiente para estabilizar a medição numa faixa
coerente de FS.
Já nos caso dos vidros com baixa transmissão e alta absorção de
radiação solar, a parcela da energia absorvida e emitida para o interior
por onda longa e convecção é bem mais significativa na composição do
FS. No entanto, esta parcela é dependente do
T. Por isso, devido à
forma, às maiores dimensões e ao processo de medição, a CP acaba não
tendo sensibilidade suficiente para quantificar esta parcela e não atinge
resultados coerentes de FS quando o
T é reduzido.
Na CS, o efeito do
T sobre o FS de vidros com diferentes
propriedades ópticas pode estar sendo minimizado devido à
proximidade dos sensores com o vidro, permitindo captar melhor tanto a
radiação solar transmitida diretamente como a parcela absorvida e
reemitida pelo vidro. Além disso, o processo de medição fluximétrico é
mais estável e os sensores são mais sensíveis ao calor do que a CP, o
que permite quantificar frações menores de energia sem grandes
incertezas. Por isso, mesmo com
T pequeno, a CS consegue realizar
medições em vidros com baixa transmissão e absorção elevada da
radiação solar.
Sobre a CS, é interessante destacar também outro ponto. Os
resultados experimentais mostram uma elevação da temperatura do ar no
interior da cavidade, mantendo-se este valor em média sempre acima da
temperatura do vidro quanto da temperatura da cavidade. Teoricamente,
era esperado que a temperatura do ar se mantivesse entre estes dois
últimos valores, como acontece na CP. A explicação para este fenômeno
pode estar ligada a dois fatores. Primeiro, devido a um pré-aquecimento
do ar antes do sistema de resfriamento entrar em funcionamento,
enquanto as superfícies ainda estão superaquecidas. Segundo, que a
superfície dos fluxímetros poderia estar atingindo uma temperatura mais
elevada do que a estrutura da cavidade onde o sensor está fixado,
aquecendo ainda mais o pequeno volume de ar enclausurado na câmara.
Com base nestas observações experimentais, é possível assim
estimar faixas de aplicação de
T cavidade-vidro para a CP e CS em
função do tipo de vidro, conforme mostra a Tabela 6-6.
186
Tabela 6-6. Faixas de
T cavidade-vidro em função
da absorção do vidro
T (Tc – Tve)
Absorção do vidro
(α
αα
α)
CP CS
(α
αα
α < 0,10)
-2 até -5ºC 0 até -1ºC
(0,10 < α
αα
α < 0,40)
-5 até -8ºC -1 até -2ºC
(α
αα
α > 0,40)
-8 até -12ºC -2 até -3ºC
Outra análise importante sobre os resultados das medições é a
comparação com os valores estimados pela ISO 9050. Para obter o valor
de “FS teórico” através da ISO 9050, foram utilizados na equação de
cálculo proposta pela norma, os coeficientes de troca médios segundo as
condições do período de cada medição, tornando o FS supostamente
mais realístico. Levando isso em conta, é interessante nesta comparação,
que tanto na CP quanto na CS, os vidros com menor absorção (incolor
3mm e 6mm) apresentam uma maior aproximação entre os dois
resultados de FS (medido e teórico), com uma diferença máxima de
5,2%. Já à medida que os vidros se tornam mais absorventes, esta
diferença cresce, ficando entre 5,1% e 16,9% para o vidro verde, e entre
27,3% e 32,3% para o vidro prata. Essas diferenças podem ser
observadas na Tabela
6-1
para todos os testes.
A explicação para este aumento na diferença entre os valores
teóricos e experimentais pode ser relacionada com duas questões.
Primeiro, à medida que quantitativamente a energia (calor) transmitida
pelo vidro diminui, aumentam as incertezas no resultado do FS obtido
na medição. Segundo, existe a possibilidade da razão entre coeficientes
de troca (h
int
/(h
int
+h
ext
)) superestimar a parcela absorvida e reemitida
pelo vidro para interior do calorímetro, por isso, nos vidros mais
absorventes a diferença entre o FS medido e teórico é maior, visto que
neste caso a parcela de ganho devido à absorção tem maior peso sobre
FS.
E ainda uma terceira hipótese é que o calorímetro não esteja
sendo sensível a toda à fração absorvida e reemitida pelo vidro para o
interior conforme considerada pela ISO 9050, visto que os valores
medidos para os vidros mais absorventes (verde e prata) são sempre
inferiores aos valores estimados com a norma. Isto poderia ser corrigido,
pois, como discutido anteriormente, o aumento do
T cavidade-vidro
pode causar o aumento desta fração e melhorar a aproximação com os
valores teóricos. No entanto, esta questão ainda fica em aberto, visto que
a ISO 9050 não estabelece condições de temperatura.
187
Tabela 6-7. Comparação entre o FS medido e teórico (testes com vidros)
Amostra
TESTE FS médio na CP
FS
teórico
(ISO9050
adap)
Diferença
(absoluta)
Diferença
(%)
FS
médio
na CS
FS
teórico
(ISO9050
adap)
Diferença
(absoluta)
Diferença
(%)
22/5/2009
0,83 0,84 0,01 1,2% 0,85 0,84 -0,01 -1,2%
8/6/2009 0,83 0,84 0,01 1,2% 0,86 0,84 -0,02 -2,4%
30/6/2009
0,84 0,84 0,00 0,0% 0,87 0,84 -0,03 -3,6%
12/7/2009
0,79 0,83 0,04 4,8% 0,85 0,83 -0,02 -2,4%
Vidro
incolor
3mm
13/7/2009
0,84 0,83 -0,01 -1,2% 0,85 0,83 -0,02 -2,4%
17/7/2009
0,52 0,61 0,09 14,8% 0,53 0,60 0,07 11,7%
29/7/2009
0,54 0,60 0,06 10,0% 0,56 0,59 0,03 5,1%
Vidro
verde
6mm
30/7/2009
0,49 0,59 0,10 16,9% 0,52 0,58 0,06 10,3%
3/8/2009 0,21 0,30 0,09 30,0% 0,21 0,29 0,08 27,6%
4/8/2009 0,24 0,33 0,09 27,3% 0,21 0,31 0,10 32,3%
Vidro
prata
8mm
5/8/2009 0,21 0,31 0,10 32,3% 0,21 0,29 0,08 27,6%
12/8/2009
0,79 0,78 -0,01 -1,3% 0,81 0,77 -0,04 -5,2%
Vidro
incolor
6mm 14/8/2009
0,76 0,78 0,02 2,6% 0,80 0,78 -0,02 -2,6%
188
6.2 P
ROTEÇÕES SOLARES INTERNAS
6.2.1 Amostras utilizadas
Também foram realizadas medições utilizando os seguintes
tipos de proteções solares de uso interno:
Persiana horizontal (cor branca);
Persiana horizontal (cor preta);
Cortina rolô (tecido na cor branca).
Todos estes produtos estão comercialmente disponíveis no
mercado brasileiro e são distribuídos pela empresa HunterDouglas, que
doou as amostras para esta pesquisa.
As persianas testadas são fabricadas em alumínio, com lâminas
de fechamento de 16mm de largura e 0,650mm de espessura. O
espaçamento entre as lâminas é de aproximadamente 12,7mm. Durante
as medições, as lâminas foram posicionadas em um ângulo de
fechamento de aproximadamente 45° em relação à horizontal (girando
no sentido horário).
a cortina é denominada pelo fabricante como “Rolô Light
Screen White LSN 088”, cujo tecido é composto de 35% fibra de
vidro e 65% PVC. O Quadro 6-7 apresenta uma imagem com detalhes
de cada uma das amostras e também a configuração após a sua
instalação no calorímetro.
Em todos os testes com as proteções solares, o vidro incolor
3mm (vidro de referência) foi utilizado sempre como elemento de
fechamento transparente associado (Obs.: as propriedades ópticas deste
vidro já foram apresentadas no capítulo 4).
Agora, apenas a cavidade principal (CP) foi empregada para a
realização das verificações do FS. Novamente, em nenhuma das
amostras foram utilizadas esquadrias, sendo a fixação dos elementos
realizada diretamente no marco de madeira que delimita a abertura da
cavidade principal.
189
Quadro 6-7. Detalhes das amostras de proteções solares internas
Detalhe – Persiana
(branca)
Instalação no calorímetro – Persiana (branca)
Detalhe – Persiana
(preta)
Instalação no calorímetro – Persiana (preta)
Detalhe – Rolô Instalação no calorímetro – Rolô
190
6.2.2 Resultados de FS
Nesta nova série de testes, todas as medições foram realizadas
no intervalo de tempo entre as 10h30min da manhã e as 14h da tarde,
durante dias da segunda quinzena do mês de agosto e início de setembro
de 2009. A amplitude do ângulo de incidência da radiação solar coberta
nas medições neste período ficou entre 50° e 60º. Já o tempo mínimo de
medição para os testes com as três proteções internas foi de 45min,
sendo que o período mínimo de estabilização observado para a cavidade
principal antes do tempo efetivo de medição foi de 40min.
Nestas medições também foi utilizada a mesma instrumentação
e os mesmos procedimentos de controle empregados na fase final de
calibração do calorímetro. No entanto, visto que a cavidade está
sombreada e o fluxo de calor agora é inferior ao fluxo existente quando
apenas o vidro é utilizado, então o
T cavidade-vidro foi mantido em
torno de -10ºC, para que o calorímetro estivesse em melhores condições
de quantificar o ganho devido ao aquecimento do vidro e da proteção
solar.
Como valor de referência para comparação com os resultados
experimentais, o FS teórico foi estimado com base na ASHRAE (2005),
onde no caso de proteções solares internas uma aproximação pode ser
obtida de modo simplificado pela multiplicação do FS do vidro pelo
IAC (Interior Solar Attenuation Coefficient) da proteção solar. Assim, o
FS teórico para cada tipo de proteção foi obtido assumindo o FS do
vidro incolor 3mm (para ângulo de incidência de 55°) igual a 0,78, e os
seguintes valores de IAC (ASHRAE, 2005):
0,68 para persiana clara a 45° (Ref.: Table 19);
0,75 para persiana escura a 45° (Ref.: Table 19);
0,40 para cortina com tecido branco (Ref.: Table 19).
A seguir, os gráficos do Quadro 6-8 ao Quadro 6-10 apresentam
os resultados das medições realizadas com as três amostras de proteções
solares associadas ao vidro incolor 3mm. Ao final da série de medições,
é apresentado um resumo (Tabela 6-8) com os valores médios do FS
medido e as condições gerais de cada teste.
191
6.2.2.1 Persiana horizontal (branca)
Quadro 6-8. Resultados de FS medido na CP
(persiana horizontal - branca - 45°)
Teste
21/8/2009
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,53 (teórico)
= 0,41 (médio medido)
Teste
22/8/2009
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,53 (teórico)
= 0,38 (médio medido)
Continua...
192
Teste
26/8/2009
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,53 (teórico)
= 0,38 (médio medido)
6.2.2.2 Persiana horizontal (preta)
Quadro 6-9. Resultados de FS medido na CP
(persiana horizontal - preta - 45°)
Teste
27/8/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,59 (teórico)
= 0,56 (médio medido)
Continua...
193
Teste
28/8/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,59 (teórico)
= 0,58 (médio medido)
Teste
29/8/2009
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,59 (teórico)
= 0,49 (médio medido)
194
6.2.2.3 Cortina rolô
Quadro 6-10. Resultados de FS medido na CP (rolô - branca)
Teste
30/8/2009
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,31 (teórico)
= 0,29 (médio medido)
Teste
31/8/2009
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,31 (teórico)
= 0,32 (médio medido)
Continua...
195
Teste
01/9/2009
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,31 (teórico)
= 0,33 (médio medido)
196
Tabela 6-8. Resumo das medições com as proteções solares internas
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
±
DesvPad
FS teórico
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
21/8/2009 0,41±0,07 0,53 -8,4 26,5 34,4 34,9 20,2 5,9 19,1 3,0 706 53° - 57° 45
22/8/2009 0,38±0,07 0,53 -8,6 27,9 34,8 36,5 18,2 5,9 16,5 2,5 634 50° - 52° 65
Persiana
branca 45°
26/8/2009 0,38±0,06 0,53 -10,4 31,7 39,5 42,1 24,8 6,0 15,4 2,1 662 52° - 57° 113
27/8/2009 0,56±0,06 0,59 -10,0 32,6 49,4 42,6 26,0 6,0 16,9 2,5 673 52° - 55° 121
28/8/2009 0,58±0,06 0,59 -10,8 33,9 49,4 44,7 26,7 6,0 14,8 2,0 589 54° - 58° 62
Persiana
preta 45°
29/8/2009 0,49±0,06 0,59 -11,1 35,6 52,0 46,7 28,9 6,0 16,2 3,6 635 54° - 58° 93
30/8/2009 0,29±0,05 0,31 -10,0 32,3 36,2 42,3 27,4 6,0 17,7 3,7 636 55° - 60° 90
31/8/2009 0,32±0,05 0,31 -8,6 31,9 35,4 40,5 26,9 5,9 18,0 4,1 604 56° - 60° 63
Rolô
branco
1/9/2009 0,33±0,05 0,31 -12,5 36,4 40,0 48,9 30,1 6,1 14,8 3,4 630 54° - 57° 100
197
6.2.2.4 Considerações sobre os resultados de FS para as proteções
internas
Destacando novamente a variação do desvio padrão dos
resultados do FS médio medido, observa-se que também para os testes
com proteções internas, a CP manteve praticamente a mesma faixa de
variação apresentada nos testes anteriores, que desta vez ficou entre
±
0,05 e
±
0,07 (absoluto).
os valores do
T cavidade-vidro foram mantidos em média
dentro da faixa de -8ºC e -12ºC. De modo geral, nestas medições os
valores de coeficiente global de troca (h) interno e externo, bem como a
radiação incidente, também foram bastante semelhantes em todos os
testes. Esta boa aproximação entre as condições de medição proporciona
uma melhor base para comparação entre os parâmetros medidos.
Comparando o FS obtido para as duas persianas, em termos de
sombreamento fica evidente o melhor desempenho da amostra de cor
branca sobre a de cor preta. Calculando uma média a partir do FS
medido nos três testes (persiana branca = 0,39 e preta = 0,54), a persiana
de cor preta tem um acréscimo de aproximadamente 0,15 (absoluto) em
relação ao FS da persiana branca, ou seja, um ganho de calor 39% maior
do que um produto com formato idêntico, porém com coloração
diferente.
Fazendo a mesma comparação entre o rolô (com FS médio dos
três testes = 0,31) e as duas persianas, teríamos a persiana preta com
aproximadamente 0,23 (absoluto) acima do resultado do FS do rolô, ou
um ganho de calor 73% maior. o FS da persiana branca está
aproximadamente 0,08 (absoluto) acima do FS do rolô, o que significa
um aumento de 24% no ganho de calor.
Outra análise importante é a comparação com os valores
estimados pela ASHRAE. A Tabela 6-9 mostra as diferenças
percentuais e absolutas entre o FS medido e teórico. Observa-se que as
melhores aproximações ocorreram para a persiana preta e o rolô branco,
chegando na maioria dos testes a diferenças inferiores a 5%. Já em todos
os testes com a persiana branca estas diferenças foram mais
significativas, ficando entre 22% e 29%.
A título de informação, cabe destacar ainda que das três
amostras testadas apenas a cortina rolô apresentava informações técnicas
sobre seu desempenho frente à radiação solar. O fabricante apresentou,
no catálogo do produto, o valor do coeficiente de sombreamento (0,59)
198
para a amostra em questão. A partir deste mero, é possível deduzir
(multiplicando-o por 0,87) o valor do FS, que neste caso seria igual a
0,51.
Tabela 6-9. Comparação entre o FS medido e teórico
(testes com proteções internas)
Amostra TESTE
FS médio
na CP
FS teórico
(ASHRAE)
Diferença
(absoluta)
Diferença
(%)
21/8/2009 0,41 0,53 0,12 22,7%
22/8/2009 0,38 0,53 0,15 28,4%
Persiana
branca 45°
26/8/2009 0,38 0,53 0,15 28,4%
27/8/2009 0,56 0,59 0,02 4,3%
28/8/2009 0,58 0,59 0,01 0,9%
Persiana
preta 45°
29/8/2009 0,49 0,59 0,10 16,2%
30/8/2009 0,29 0,31 0,02 7,1%
31/8/2009 0,32 0,31 -0,01 -2,6%
Rolô branco
1/9/2009 0,33 0,31 -0,02 -5,8%
Além dos valores de FS, um resultado que chama a atenção são
os valores de temperatura do ar atingidos no interior da cavidade. Nos
testes com a persiana branca, esta temperatura variou entre 34ºC e 40ºC,
nos testes com a persiana preta (que tem um formato idêntico) este
valor ficou em média entre 49ºC e 52ºC, ocorrendo um acréscimo de
pelo menos 9ºC basicamente devido à diferença de cor. no caso da
cortina rolô, a temperatura do ar ficou entre 35ºC e 40ºC, praticamente
os mesmos valores encontrados com a persiana branca.
6.3 P
ROTEÇÕES SOLARES EXTERNAS
6.3.1 Amostras utilizadas
Apenas um tipo de proteção solar externa foi submetido ao teste
de determinação do FS utilizando o calorímetro. O modelo escolhido foi
um brise horizontal com lâminas na cor branca, também fabricado pela
empresa HunterDouglas e denominado comercialmente como
Metalbrise.
199
As dimensões
transversais da lâmina
que compõem o brise
podem ser observadas
na Figura 6-1, sendo o
espaçamento entre elas
(de centro a centro)
igual a 56mm.
Figura 6-1. Dimensões da lâmina (brise
horizontal) Fonte: HunterDouglas
O brise foi instalado sobre a cavidade principal de medição,
sendo mantido o vidro incolor 3mm como elemento transparente. As
lâminas foram posicionadas em um ângulo de fechamento de
aproximadamente 45° em relação à horizontal (sentido horário), gerando
um sombreamento total na área envidraçada. O Quadro 6-11 apresenta
imagens com o posicionamento e instalação do brise no calorímetro.
Quadro 6-11. Posicionamento das lâminas e instalação do brise no
calorímetro
Detalhe – Brise horizontal a 45° Instalação no calorímetro – Brise horizontal
200
6.3.2 Resultados de FS
Todas as medições realizadas com o brise ocorrem no intervalo
entre as 10h30min da manhã e as 14h da tarde, durante dois dias da
segunda quinzena do mês de outubro e um dia da primeira semana de
novembro. Em Florianópolis, nesta época do ano, a altura solar é
elevada, por isso a amplitude do ângulo de incidência da radiação solar
coberta nas medições ficou entre 70° e 80º. Em conseqüência disso, os
níveis de radiação sobre o plano de medição foram baixos, mantendo-se
aproximadamente entre 300W/m² e 400W/m². O tempo mínimo de
medição para os testes foi de 30 minutos, sendo o período inicial
mínimo observado para a estabilização da cavidade principal também de
30min. Já o
T cavidade-vidro aplicado durante os testes variou na faixa
entre -1ºC e -8ºC.
Nestas condições de medição, e ainda tendo em vista que o
vidro está totalmente sombreado (recebendo apenas porções de radiação
solar difusa mais a radiação refletida pelo brise), o ganho de calor
esperado é bastante reduzido. Nas medições utilizando a CP, este ganho
de calor reduzido gera uma dificuldade de medição, visto que o
resultado do FS será dependente da variação da temperatura da água que
circula na cavidade. Quando esta variação na temperatura da água é
muito pequena, as incertezas do processo de medição passam a ser
bastante significativas em relação ao resultado do FS. Como já discutido
nos capítulos anteriores, algumas destas incertezas estão vinculadas ao
funcionamento do banho térmico, em função das perturbações que o
controle da temperatura da água ocasiona. Por isso, os testes com o brise
foram classificados em duas condições de medição: uma com o banho
térmico desligado (“off”) e outra com o banho ligado (“on”). Na
condição de banho “off”, a água continua circulando pelo sistema, mas
sem controle de temperatura.
Como valor de referência para comparação com os resultados
experimentais, o FS teórico foi estimado com base nas considerações da
ASHRAE (2005). No caso dos brises, uma simplificação para estimar o
FS pode ser obtida na forma da equação [6.1]:
)(. DSHGCTFS
brisebrise
=
[6.1]
Aqui, T
brise
representa a parcela de radiação solar que passa
através do brise de forma difusa, e SHGC(D) é o FS do vidro para
radiação difusa. O SHGC(D) é calculado pela equação [6.2]:
201
difusodifuso
ANkTDSHGC .)( +=
[6.2]
Onde, T
disfuso
e A
difuso
, são respectivamente a transmissão e
absorção do vidro para a radiação solar difusa. E Nk é a parcela da
fração absorvida que é reemitida para o interior do ambiente. Então,
para estimar o FS
brise
neste caso, aos seguintes valores foram adotados
(ASHRAE, 2005):
T
disfuso
= 0,75 (Ref.: Table 13, ID 1a - 3mm CLR)
A
difuso
= 0,10 (Ref.: Table 13, ID 1a - 3mm CLR)
Nk = 0,46 (Ref.: Table 17, single glazing with exterior venetian
blind 45°)
T
brise
= 0,11 (Ref.: Table 18, group 2, >40°)
Por fim, o valor calculado do FS teórico utilizado como padrão
de comparação nos testes com o brise é igual a 0,09 (absoluto).
A seguir, os gráficos do Quadro 6-12 e do Quadro 6-13
apresentam os resultados das medições realizadas com a proteção solar
externa. Ao final da série de medições, é apresentado um resumo
(Tabela 6-10) com os valores médios do FS medido e as condições
gerais de cada teste.
202
Quadro 6-12. Resultados de FS medido na CP
(brise horizontal branco - 45°) – banho “off”
Teste
20/10/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,09 (teórico)
= 0,11 (médio medido)
Teste
30/10/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,09 (teórico)
= 0,13 (médio medido)
203
Quadro 6-13. Resultados de FS medido na CP (brise horizontal branco
- 45°) – banho “on”
Teste
20/10/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,09 (teórico)
= 0,15 (médio medido)
Teste
30/10/2009
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,09 (teórico)
= 0,22 (médio medido)
Continua...
204
Teste
02/11/2009
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (min)
FS
FScp FS teórico FS médio
= 0,09 (teórico)
= 0,19 (médio medido)
205
Tabela 6-10. Resumo das medições com as proteções solares externas
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
± DesvPad
FS
teórico
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
20/10/2009
(banho off)
0,11±0,05 0,09 -7,0 18,7 22,2 25,7 26,4 5,8 19,7 3,8 380 73° - 74° 38
30/10/2009
(banho off)
0,13±0,08 0,09 -4,4 24,2 27,2 28,6 29,0 5,7 20,2 4,2 356 77° - 78° 30
20/10/2009
(banho on)
0,15±0,09 0,09 -7,1 18,0 21,7 25,1 25,4 5,9 18,2 3,9 358 75° - 76° 40
30/10/2009
(banho on)
0,22±0,08 0,09 -4,4 25,0 27,8 29,4 30,0 5,7 20,0 4,1 369 77° - 78° 69
Brise
horizontal
branco 45°
2/11/2009
(banho on)
0,19±0,06 0,09 -1,8 30,4 32,1 32,2 31,1 5,4 18,6 3,9 324 78° - 79° 37
206
6.3.2.1 Considerações sobre os resultados de FS para as proteções
externas
Sobre a variação do desvio padrão dos resultados do FS médio
medido, observa-se nos testes com a proteção externa que desta vez foi
alcançado um limite superior maior do que o observado nas medições
anteriores (que era de ±0,08), ficando esta variação agora na faixa de
±0,05 a ±0,09 (absoluto).
Já em relação aos resultados dos testes com banho “off” e
banho “on”, em primeiro lugar é possível visualmente notar como o
funcionamento do banho acaba gerando uma maior amplitude e
freqüência de oscilações nos resultados do FS medido. Verifica-se que
os resultados do FS com banho “off” são mais baixos do que o banho
“on”, embora as condições de medição sejam em média muito
semelhantes, o que caracteriza um distúrbio nos resultados causado pelo
controle da temperatura da água.
Em relação aos valores do
T cavidade-vidro aplicados para as
medições com banho “on”, não é possível notar de maneira clara a
influência que a variação de
T exerceu sobre o resultado do FS.
Cabe lembrar que com o uso do brise, a radiação solar difusa
não causa um aquecimento significativo do vidro e também a absorção
do vidro incolor 3mm é pequena. Além disso, a condição que ocorreu
nos testes anteriores, onde a temperatura do vidro se mantinha acima da
temperatura do ar externo e da temperatura da cavidade formando uma
interface de separação entre os dois, não ocorre agora. Pode-se verificar
em todas as medições com o brise, que a temperatura média do vidro se
manteve sempre ligeiramente abaixo da temperatura do ar (ou caso
fossem levadas em conta as incertezas, estaria praticamente na mesma
temperatura do ar). Com isso, teríamos uma condição em que o aumento
do
T cavidade-vidro geraria ganhos do ar externo (mais aquecido), e
não apenas da fração da radiação solar absorvida pelo vidro e reemitida
em onda longa e convecção para o interior do ambiente.
Esta condição remete novamente para discussão sobre a busca
de um
T nulo entre o ar no interior da cavidade e o ar no meio externo,
para conseguir isolar o FS. De qualquer modo, a oscilação (ou desvio
padrão) em relação ao FS médio medido é proporcionalmente tão
elevada, que mesmo quando esta condição de
T nulo é aproximada
(como no teste 02-11-09), não é possível observar uma correlação com o
207
T aplicado nos outros dois testes (banho “on”) que justifique os
resultados maiores ou menores de FS.
nos testes com o banho “off”, a influência da variação do
T
cavidade-vidro é mais perceptível, tanto que nos dois gráficos
apresentados (Quadro 6-12) se observa a tendência clara de redução do
FS à medida que o tempo passa, visto que, como não há resfriamento da
água, a cavidade aquece gradualmente reduzindo o
T.
Ainda como comparação em termos quantitativos, a Tabela 6-9
mostra as diferenças percentuais e absolutas entre o FS medido e o FS
teórico estimado.
Tabela 6-11. Comparação entre o FS medido e teórico
(testes com proteções externas)
Amostra TESTE
FS médio
na CP
FS
teórico
Diferença
(absoluta)
Diferença
(%)
20/10/2009
(banho off)
0,11 0,09 -0,02 -22,2%
30/10/2009
(banho off)
0,13 0,09 -0,04 -44,4%
20/10/2009
(banho on)
0,15 0,09 -0,06 -66,7%
30/10/2009
(banho on)
0,22 0,09 -0,13 -144,4%
Brise
Horiz
branco
45°
2/11/2009
(banho on)
0,19 0,09 -0,10 -111,1%
Em tudo, fica evidente a dificuldade de medição na CP em
situações com ganho de calor reduzido. Como o resultado do ganho de
calor (e conseqüentemente do FS) é dependente da temperatura da água,
à medida que a variação da temperatura da água passante pela cavidade
diminui, a incerteza nos resultados aumenta percentualmente (OBS.: a
questão das incertezas será analisada no item 6.4). Testes em condições
de maior incidência de radiação poderiam contribuir para reduzir as
incertezas nas medições, visto que o ganho de calor seria maior. Além
disso, o próprio banho térmico precisaria ser melhorado.
Outra limitação importante é a estimativa dos coeficientes de
troca externos, que precisaria ser ajustada levando em conta a presença
das proteções solares. De modo geral, um estudo mais aprofundado,
tanto teórico como experimental, além de adaptações do método de
208
determinação do FS proposto no capítulo 5, precisariam ser realizadas
para definir a forma de medição mais apropriada aos testes com
proteções solares externas.
6.4 A
NÁLISE DAS INCERTEZAS
No caso do Fator Solar (FS), sendo este calculado a partir de
outros valores, ou seja, obtido por uma medição indireta, as incertezas
individuais de cada componente do resultado final têm seus efeitos
combinados. Em termos simples, o FS pode ser definido como sendo a
razão entre o ganho de calor solar que penetra através de uma abertura
(determinado com o processo fluximétrico ou calorimétrico), pela
radiação solar incidente sobre esta mesma abertura (determinada por um
sensor de radiação solar).
Neste caso, se tratam de grandezas de entrada estatisticamente
independentes entre si, ou seja, as quais não guardam nenhuma forma de
sincronismo. Então, são pequenas as chances de que as variações
aleatórias, associadas a cada grandeza de entrada, conduzam a uma
combinação em que todos os valores extremos sejam atingidos ao
mesmo tempo. Assim, pode-se utilizar uma forma mais apropriada para
combinar estes efeitos.
Segundo Gonçalves (2002), existe uma expressão genérica que
possibilita uma estimativa da incerteza combinada para o caso geral,
onde, seja uma determinada grandeza “G” calculada em função de
diversas outras grandezas de entrada (ex.: G = f(x1, x2, x3, x4...)). A
incerteza combinada de G pode então ser estimada pela equação [6.3]:
...)4(
4
)3(
3
)2(
2
)1(
1
)(
2222
2
+
+
+
+
= xu
x
f
xu
x
f
xu
x
f
xu
x
f
Gu
[6.3]
Sendo:
u(G) = Incerteza da grandeza G;
u(x1), u(x2), u(x3), u(x4) = Incertezas associadas às grandezas de
entrada x1, x2, x3, x4, ..., respectivamente.
Com a equação [6.3] podem ser deduzidos casos particulares de
combinação de incertezas. Uma expressão geral para a estimativa da
incerteza combinada associada às somas e/ou subtrações de duas ou
mais grandezas de entrada estatisticamente independentes é dada na
equação [6.4]:
209
...)3()2()1(...)321(
2222
+++=±±± xuxuxuxxxu
[6.4]
Já para a situação onde “G” é a grandeza de interesse, calculada
por multiplicações e/ou divisões de várias grandezas de entrada (ex.: G
= (x1)
±1
. (x2)
±1
. (x3)
±1
...), a incerteza relativa combinada pode ser
estimada pela equação [6.5]:
...
3
)3(
2
)2(
1
)1()(
2222
+
+
+
=
x
xu
x
xu
x
xu
G
Gu
[6.5]
Na composição do FS utilizando o calorímetro, estão
envolvidas grandezas que são dados teóricos (ex: calor específico da
água), para os quais é difícil estimar um grau de incerteza. Isso restringe
esta análise às grandezas obtidas com os sensores de monitoramento
utilizados. Assim, a partir das incertezas individuais dos sensores,
aplicadas à equação [6.4] e [6.5] durante cada etapa de cálculo, é então
possível estimar a incerteza combinada no valor final do FS.
No entanto, durante o processo de medição como um todo,
podem surgir incertezas de caráter aleatório não associado a nenhum dos
sensores de monitoramento (ex: perturbações devido ao movimento da
água no sistema, bolhas de ar, acionamento e desligamento de
equipamentos, etc.), sendo difícil estimá-las. No entanto, estas
incertezas se refletem no aumento ou redução do desvio padrão
observado em torno da média do FS para um período de medição. Neste
caso, o desvio padrão engloba todas as incertezas.
Assim, como metodologia para definição da incerteza do FS
medido, será adotado o maior valor absoluto entre o desvio padrão do
resultado do teste corrigido pelo coeficiente “t-student” (para 95% de
confiança e n>40, “t”~2) e o valor obtido a partir da incerteza
combinada dos sensores de monitoramento.
6.4.1 Incerteza no resultado da CP
A Tabela 6-12 apresenta as informações necessárias na
estimativa da incerteza do FS a partir das incertezas dos sensores de
monitoramento, aplicadas à equação [6.5]. Neste caso, a análise fica
210
restrita à parcela do ganho de calor efetivamente quantificada na CP
((m.C.
T)/Aj) e à energia total incidente sobre a área de abertura (rad),
medida com o piranômetro.
Tabela 6-12. Informações para estimativa da incerteza no
FS medido na CP
Informações sobre os sensores
Sensor
Valor
absoluto de
referência
Incerteza
12
(%)
Incerteza
(absoluta)
Piranômetro – rad (W/m²) 700 1,0% 7
Vazão: leitura – m (l/s) 0,475 8,2% 0,03895
Termopares: água entrada-saída –
T (ºC)
Faixa 1 (entre 0,6 - 0,4°C)
0,5 8,0% 0,040
Faixa 2 (entre 0,4 - 0,2°C)
0,3 13,0% 0,039
Faixa 3 (entre 0,2 - 0,0°C)
0,1 40,0% 0,040
Informações sobre o FS
Simplificação: FS = (m*C*(
T)/Aj)/rad
Valor
absoluto de
referência
do FS
Amostra
Faixa de T dos termopares:
Faixa 1 (entre 0,6 - 0,4°C)
0,83 (vidro incolor 3mm)
Faixa 2 (entre 0,4 - 0,2°C)
0,52 (vidro verde 6mm)
Faixa 3 (entre 0,2 - 0,0°C)
0,22 (vidro prata 8mm)
Faixa 1 (entre 0,6 - 0,4°C)
0,78 (vidro incolor 6mm)
Faixa 2 (entre 0,4 - 0,2°C)
0,39 (persiana branca 45º)
Faixa 2 (entre 0,4 - 0,2°C)
0,54 (persiana preta 45º)
Faixa 3 (entre 0,2 - 0,0°C)
0,31 (rolô branco)
Faixa 3 (entre 0,2 - 0,0°C)
0,16 (brise horiz branco 45°)
Assim, as incertezas relativas calculadas para o FS medido na
CP em cada faixa de
T da água, foram as seguintes:
Faixa 1 (entre 0,6 - 0,4°C) = 11,5%
Faixa 2 (entre 0,4 - 0,2°C) =15,4%
12
Valores determinados conforme as calibrações apresentadas no Capítulo.
211
Faixa 3 (entre 0,2 - 0,0°C) = 40,8%
A Tabela 6-13 e a Tabela 6-14 apresentam a definição da
incerteza absoluta no resultado do FS de cada medição com os vidros e
com as proteções solares, realizada na CP. A coluna “sensores” indica a
incerteza absoluta obtida pela multiplicação da incerteza relativa (nas
respectivas faixas apresentadas acima) pelo FS médio medido. Já a
coluna “Desvpad*t” indica a incerteza absoluta obtida pela
multiplicação do desvio padrão de cada medição pelo coeficiente “t-
student” (t = 2). O número hachurado em cada coluna é a incerteza final
definida para o FS médio obtido nas medições.
Tabela 6-13. Incerteza no FS medido na CP (vidros)
Incerteza (absoluta)
Amostra
Teste
Sensores Desvpad*t
FS médio
±
incerteza
22/5/2009 0,10 0,12 0,83±0,12
8/6/2009 0,10 0,10 0,83±0,10
30/6/2009 0,10 0,08 0,84±0,10
12/7/2009 0,09 0,16 0,79±0,16
Vidro incolor
3mm
13/7/2009 0,10 0,12 0,84±0,12
17/7/2009 0,08 0,10 0,52±0,10
29/7/2009 0,08 0,12 0,54±0,12
Vidro verde
6mm
30/7/2009 0,08 0,12 0,49±0,12
3/8/2009 0,09 0,12 0,21±0,12
4/8/2009 0,10 0,14 0,24±0,14
Vidro prata
8mm
5/8/2009 0,09 0,12 0,21±0,12
12/8/2009 0,09 0,14 0,79±0,14
Vidro incolor
6mm
14/8/2009 0,09 0,16 0,76±0,16
212
Tabela 6-14. Incerteza no FS medido na CP (proteções solares)
Incerteza (absoluta)
Amostra
Teste
Sensores Desvpad*t
FS médio ±
incerteza
21/8/2009 0,06 0,14 0,41±0,14
22/8/2009 0,06 0,14 0,38±0,14
Persiana
branca
45°
26/8/2009 0,06 0,12 0,38±0,12
27/8/2009 0,09 0,12 0,56±0,12
28/8/2009 0,09 0,12 0,58±0,12
Persiana
preta 45°
29/8/2009 0,08 0,12 0,49±0,12
30/8/2009 0,12 0,10 0,29±0,12
31/8/2009 0,13 0,10 0,32±0,13
Rolô
branco
1/9/2009 0,13 0,10 0,33±0,13
20/10/2009 (banho off) 0,04 0,10 0,11±0,10
30/10/2009 (banho off) 0,05 0,16 0,13±0,16
20/10/2009 (banho on) 0,06 0,18 0,15±0,18
30/10/2009 (banho on) 0,09 0,16 0,22±0,16
Brise
Horiz
branco
45°
2/11/2009 (banho on) 0,08 0,12 0,19±0,12
6.4.2 Incerteza no resultado da CS
Na CS, a análise fica restrita à parcela do ganho de calor
efetivamente quantificada através dos fluxímetros ((flux1+...+flux4)/4),
e à energia total incidente sobre a área de abertura (rad), medida com o
piranômetro. Neste caso, a Tabela 6-15 apresenta as informações
necessárias para a estimativa da incerteza do FS a partir das incertezas
dos sensores, aplicadas à equação [6.5].
213
Tabela 6-15. Informações para estimativa da incerteza
no FS medido na CS
Informações sobre os sensores
Sensor
Valor absoluto de
referência
Incerteza
13
(%)
Incerteza
(absoluta)
Piranômetro – rad (W/m²) 700 1,0% 7
Fluxímetros– flux (W/m²)
Faixa 1 (entre 700 - 500W/m²)
600 4,5% 27
Faixa 2 (entre 500 - 300W/m²)
400 4,5% 18
Faixa 3 (entre 300 - 100W/m²)
200 4,5% 9
Informações sobre o FS
Simplificação: FS = flux/rad
Valor absoluto de
referência do FS
Amostra
Calor que atinge os fluxímetros:
Faixa 1 (entre 700 - 500W/m²)
0,86 (vidro incolor 3mm)
Faixa 2 (entre 500 - 300W/m²)
0,54 (vidro verde 6mm)
Faixa 3 (entre 300 - 100W/m²)
0,21 (vidro prata 8mm)
Faixa 1 (entre 700 - 500W/m²)
0,80 (vidro incolor 6mm)
Como a incerteza dos fluxímetros é proporcionalmente a mesma
em todas as faixas de radiação que atingem os sensores, em qualquer
situação a incerteza relativa calculada para o FS medido na CS será
igual a 4,5%.
A Tabela 6-16 apresenta a definição da incerteza absoluta no
resultado do FS de cada medição com os vidros, agora realizada na CS.
Novamente a coluna “sensores” indica a incerteza absoluta
obtida pela multiplicação da incerteza relativa (4,5%) pelo FS médio
medido na CS. Já a coluna “Desvpad*t” indica a incerteza absoluta
obtida pela multiplicação do desvio padrão de cada medição pelo
coeficiente “t-student(t = 2). O número hachurado em cada coluna é a
incerteza final definida para o FS médio obtido nas medições.
13
Valores determinados conforme as calibrações apresentadas no Capítulo 3
214
Tabela 6-16. Incerteza no FS medido na CS (vidros)
Incerteza (absoluta)
Amostra
Teste
Sensores Desvpad*t
FS médio ±
incerteza
22/5/2009 0,04 0,02 0,85±0,04
8/6/2009 0,04 0,02 0,86±0,04
30/6/2009 0,04 0,00 0,87±0,04
12/7/2009 0,04 0,00 0,85±0,04
Vidro incolor
3mm
13/7/2009 0,04 0,00 0,85±0,04
17/7/2009 0,02 0,02 0,53±0,02
29/7/2009 0,02 0,04 0,56±0,04
Vidro verde
6mm
30/7/2009 0,02 0,02 0,52±0,02
3/8/2009 0,01 0,02 0,21±0,02
4/8/2009 0,01 0,00 0,21±0,01
Vidro prata
8mm
5/8/2009 0,01 0,00 0,21±0,01
12/8/2009 0,04 0,02 0,81±0,04 Vidro incolor
6mm
14/8/2009 0,04 0,02 0,80±0,04
6.4.3 Resumo geral dos resultados das medições
A seguir, a Tabela 6-17 até a Tabela 6-19 apresentam um
resumo de todas as medições realizadas em cada uma das cavidades do
calorímetro (CP e CS). Juntos com os resultados do FS medido e da sua
incerteza, também são apresentadas informações sobre as condições de
cada teste.
215
Tabela 6-17. Resumo geral das medições com os vidros (CP)
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
±
incerteza
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
22/5/2009 0,83±0,12 0,84 -5,2 31,1 38,5 36,4 27,2 5,7 16,5 1,6 763 42° - 43° 40
8/6/2009 0,83±0,10 0,84 -4,4 26,3 29,3 30,6 21,5 5,7 15,4 0,9 766 39° - 42° 80
30/6/2009 0,84±0,10 0,84 -4,1 28,0 31,4 32,2 24,3 5,7 16,9 1,5 763 40° - 42° 36
12/7/2009 0,79±0,16 0,83 -0,8 27,4 29,9 28,2 18,2 5,2 16,8 3,0 746 43° - 47° 60
Vidro
incolor
3mm
13/7/2009
0,84±0,12 0,83 -0,7 26,3 29,7 27,0 20,9 5,2 18,5 4,2 795 40° - 42° 45
17/7/2009 0,52±0,10 0,30 -7,8 35,1 39,9 42,9 22,2 5,9 18,2 - 749 45° - 46° 38
29/7/2009 0,54±0,12 0,33 -10,0 31,9 37,2 41,9 21,2 6,0 13,7 - 727 45° - 48° 71
Vidro
verde
6mm
30/7/2009 0,49±0,12 0,31 -10,4 32,5 37,4 42,9 24,6 6,0 16,4 2,5 674 47° - 50° 61
3/8/2009 0,21±0,12 0,30 -7,8 35,1 39,9 42,9 22,2 5,9 18,2 - 749 45° - 46° 38
4/8/2009 0,24±0,14 0,33 -10,0 31,9 37,2 41,9 21,2 6,0 13,7 - 727 45° - 48° 71
Vidro
prata 8mm
5/8/2009 0,21±0,12 0,31 -10,4 32,5 37,4 42,9 24,6 6,0 16,4 2,5 674 47° - 50° 61
12/8/2009 0,79±0,14 0,78 -3,4 28,3 31,7 31,7 22,3 5,6 16,3 - 713 47° - 50° 75
14/8/2009 0,76±0,16 0,78 -3,4 31,6 34,8 35,0 24,9 5,6 14,5 - 683 48° - 49° 80
Vidro
incolor
6mm
-
216
Tabela 6-18. Resumo geral das medições com os vidros (CS)
Cavidade Secundária
Amostra TESTE
FS médio
±
incerteza
FS teórico
(ISO 9050
adap)
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
22/5/2009 0,85±0,04 0,84 3,1 42,7 43,6 39,5 27,2 5,3 16,5 1,6 763 42° - 43° 40
8/6/2009 0,86±0,04 0,84 4,6 40,1 40,1 35,5 21,5 5,4 15,4 0,9 766 39° - 42° 80
30/6/2009 0,87±0,04 0,84 5,4 40,8 41,1 35,4 24,3 5,5 16,9 1,5 763 40° - 42° 36
12/7/2009 0,85±0,04 0,83 -0,2 29,3 33,5 29,4 18,2 4,8 16,8 3,0 743 43° - 47° 60
Vidro
incolor
3mm
13/7/2009
0,85±0,04 0,83 0,7 30,6 33,5 30,0 20,9 5,0 18,5 4,2 795 40° - 42° 45
17/7/2009 0,53±0,02 0,60 -0,9 46,7 51,2 47,8 25,8 5,0 15,3 2,6 699 41° - 43° 56
29/7/2009 0,56±0,04 0,59 -2,7 35,6 42,2 38,3 18,7 5,3 17,8 3,0 732 40° - 42° 46
Vidro
verde
6mm
30/7/2009 0,52±0,02 0,58 -2,9 36,5 42,0 39,4 17,7 5,3 16,3 2,3 729 43° - 44° 30
3/8/2009 0,21±0,02 0,29 -2,7 42,0 49,8 44,7 22,2 5,3 18,2 - 749 45° - 46° 38
4/8/2009 0,21±0,01 0,31 -2,7 44,4 51,0 47,1 21,2 5,3 13,7 - 727 45° - 48° 71
Vidro
prata 8mm
5/8/2009 0,21±0,01 0,29 -2,5 41,2 47,9 43,7 24,6 5,2 16,4 2,5 674 47° - 50° 61
12/8/2009 0,81±0,04 0,77 -0,1 36,6 39,4 36,7 22,3 4,8 16,3 - 713 47° - 50° 75
14/8/2009 0,80±0,04 0,78 -0,8 39,1 41,9 39,9 24,9 5,0 14,5 - 683 48° - 49° 80
Vidro
incolor
6mm
-
217
Tabela 6-19. Resumo geral das medições com as proteções solares
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
±
incerteza
FS teórico
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
21/8/2009 0,41±0,14 0,53 -8,4 26,5 34,4 34,9 20,2 5,9 19,1 3,0 706 53° - 57° 45
22/8/2009 0,38±0,14 0,53 -8,6 27,9 34,8 36,5 18,2 5,9 16,5 2,5 634 50° - 52° 65
Persiana
branca 45°
26/8/2009 0,38±0,12 0,53 -10,4 31,7 39,5 42,1 24,8 6,0 15,4 2,1 662 52° - 57° 113
27/8/2009 0,56±0,12 0,59 -10,0 32,6 49,4 42,6 26,0 6,0 16,9 2,5 673 52° - 55° 121
28/8/2009 0,58±0,12 0,59 -10,8 33,9 49,4 44,7 26,7 6,0 14,8 2,0 589 54° - 58° 62
Persiana
preta 45°
29/8/2009 0,49±0,12 0,59 -11,1 35,6 52,0 46,7 28,9 6,0 16,2 3,6 635 54° - 58° 93
30/8/2009 0,29±0,12 0,31 -10,0 32,3 36,2 42,3 27,4 6,0 17,7 3,7 636 55° - 60° 90
31/8/2009 0,32±0,13 0,31 -8,6 31,9 35,4 40,5 26,9 5,9 18,0 4,1 604 56° - 60° 63
Rolô
branco
1/9/2009 0,33±0,13 0,31 -12,5 36,4 40,0 48,9 30,1 6,1 14,8 3,4 630 54° - 57° 100
Continua...
218
Cavidade Principal
Amostra TESTE
FS médio
± incerteza
FS
teórico
T
(Tc-Tve)
(°C)
Tc
(°C)
Tar
int
(°C)
Tve
(°C)
Tar
ext
(°C)
h int
(W/m²K)
h ext
(W/m²K)
Var
ext
(m/s)
Rad
media
(W/m²)
Ang Inc
(°)
Tempo
med
(min)
20/10/2009
(banho off)
0,11±0,10 0,09 -7,0 18,7 22,2 25,7 26,4 5,8 19,7 3,8 380 73° - 74° 38
30/10/2009
(banho off)
0,13±0,16 0,09 -4,4 24,2 27,2 28,6 29,0 5,7 20,2 4,2 356 77° - 78° 30
20/10/2009
(banho on)
0,15±0,18 0,09 -7,1 18,0 21,7 25,1 25,4 5,9 18,2 3,9 358 75° - 76° 40
30/10/2009
(banho on)
0,22±0,16 0,09 -4,4 25,0 27,8 29,4 30,0 5,7 20,0 4,1 369 77° - 78° 69
Brise
horizontal
branco 45°
2/11/2009
(banho on)
0,19±0,12 0,09 -1,8 30,4 32,1 32,2 31,1 5,4 18,6 3,9 324 78° - 79° 37
219
7 COMPARAÇÕES COM O WINDOW6 E COM O
MODELO MATEMÁTICO
7.1 WINDOW6
E
M
ODELO
M
ATEMÁTICO
Além da comparação com valores teóricos (ISO, ASHRAE),
conforme apresentado nos capítulos anteriores, os resultados do FS
medido também foram comparados com resultados de simulações
realizadas por algoritmos de cálculo.
Para realizar estas simulações, foi utilizado o programa
computacional WINDOW6 (versão Research 6.2.33), desenvolvido nos
EUA pelo Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL)14, e
também o modelo matemático desenvolvido por Marinoski (2005) e
adaptado para este estudo, segundo apresentado no capítulo 5. Nos dois
casos, os elementos de testes (vidros e proteções) foram modelados
sendo inseridas suas propriedades ópticas e térmicas e as condições
ambientais observadas para cada medição.
O modelo matemático é aplicável apenas para simular o
resultado do FS de elementos vítreos (pano único) submetidos às
configurações de medição do calorímetro. o WINDOW6 (W6) pode
realizar simulações com vidros (múltiplas camadas) associados a
elementos complexos, como proteções solares, prevendo valores do FS,
transmitância térmica, transmissão de luz visível, dentre outros índices.
7.2 M
ODELAGEM
Para aplicação dos quatro tipos de vidros testados
experimentalmente (incolor 3mm, verde 6mm, prata 8mm e incolor
6mm) no modelo matemático, foram seguidos os mesmos
procedimentos de inserção de variáveis apresentados no capítulo 5 e
no ANEXO G. Todos os vidros foram simulados segundo as condições
reais de testes (médias) encontradas na CP e na CS.
a modelagem no W6 pode ser dividida em três etapas.
Conforme apresentado por Marinoski e Lamberts (2007) e Marinoski et
al. (2008), estas etapas consistem na definição das condições de
14
Mais informações sobre o WINDOW6 podem ser obtidas através do site dos
desenvolvedores do programa: http://windows.lbl.gov/software/software.html
220
contorno, nas características dos componentes e na composição dos
elementos (sistemas envidraçados ou janelas completas).
As condições de contorno incluem as configurações do software
em relação a diversos parâmetros, incluindo modelos de cálculo. Na
maior parte destas configurações foram mantidos os valores “defaults”
do próprio programa. Cabe destacar que nas configurações “Thermal
calculation options” para todos os campos foram selecionados os
procedimentos segundo a ISO 15099 (Figura 7-1a). Também é
importante mencionar que na janela “Venetian blind calculation
methods” foi mantido o valor “Directional difuse” (Figura 7-1b)
recomendado no manual de utilização do programa. “Directional difuse”
indica que a luz incidente produz radiação difusa que é transmitida e
refletida. Este método leva em conta as contribuições individuais de
todas as partes (segmentos) superficiais dos elementos de proteção que
são visíveis em uma determinada direção de saída (LBNL, 2006).
(a)
(b)
Figura 7-1. Opções de cálculo selecionadas no W6
Para estabelecer condições ambientais semelhantes (médias), as
quais as amostras foram submetidas durante as medições de campo, foi
selecionada na janela “Environmental Conditions Library” a opção
“Fixed Combined Coefficient”. Esta opção permite a entrada do
coeficiente global de transferência de calor interno e externo. Além
221
disso, também são necessários como dados de entrada a temperatura do
ar interno e externo e a radiação incidente.
Todos os tipos de vidros e proteções solares testadas em campo
foram modelados no W6. Esta modelagem consiste na inserção das suas
características dimensionais, além de algumas propriedades ópticas e
térmicas.
Para os vidros foram utilizadas as propriedades ópticas
determinadas por Caram (2002) em diferentes ângulos de incidência,
conforme apresentado no capítulo 4 e 6. Como o W6 realiza a
simulação segundo um ângulo de incidência normal da radiação, as
propriedades ópticas de transmissão e reflexão (visível e total) foram
introduzidas no programa diretamente com os valores para um ângulo
de incidência próximo ao observado em campo. A emissividade e a
condutividade térmica adotada em todos os casos foi de 0,84 e
1,0W/mK, respectivamente.
Para as persianas e o brise foi adotado o valor de condutiviade
térmica igual a 160W/mK (material metálico) e emissividade igual a
0,90. Nos elementos (lâminas) com acabamento na cor branca a reflexão
(visível e total) assumida foi igual a 0,70, e para os elementos com
acabamento na cor preta foi assumida 0,10. a transmissão é
inexistente nos dois casos (material opaco).
Ao tecido (fios) da cortina rolô foram atribuidos os seguintes
valores: reflexão (visível e total) igual a 0,50; emissividade igual a 0,90;
e condutividade térmica igual a 0,30W/mK.
A construção do brise e das persianas foi realizada no módulo
“Shading layer library”, tipo “Venetian blind, horizontal”, que permite
definir as dimensões, inclinação e curvatura das lâminas (Figura 7-2).
a construção da cortina rolô foi realizada na tipologia
“Woven shade”, onde é possível detalhar o diâmetro, a distância entre
fios e a espessura do tecido (os valores introduzidos para estes três
parâmetros foram, respectivamente, 1,0mm, 1,1mm e 1,0mm).
Para os brises, onde a janela está totalmente sombreada, é
necessário também a modelagem de um vidro com as propriedades de
transmissão e reflexão para a radiação difusa. Este elemento foi criado
na biblioteca do W6, tendo como dados de entrada os valores de
transmissão e reflexão da radiação difusa fornecidos pela ASHRAE
(2005) para um vidro incolor 3mm (ref.: ID 1a, 3mm, CLR). Neste caso,
as duas propriedades ópticas assumidas foram, respectivamente, 0,75 e
0,14.
222
Figura 7-2. Exemplo: construção das proteções solares no W6
Ainda é necessário destacar mais um recurso utilizado para a
modelagem das proteções solares. Em todos os testes de campo, o
ângulo de incidência dos raios solares e a inclinção das lâminas (a 45°)
não permitia a passagem de nenhuma fração de radiação direta. No
entanto, o W6 não proporciona ajuste do ângulo de incidência da
radiação, sendo este fixado como normal ao plano da janela. Com isso,
aplicando o espaçamento real das minas aos modelos computacionais,
eram geradas áreas com passagem direta de radiação (entre as lâminas).
Assim, para melhorar a aproximação entre a situação real e o modelo
aplicado no W6, buscou-se uma condição onde as lâminas bloqueassem
totalmente a radiação direta, embora o ângulo de incidência não seja o
mesmo de campo. Esta condição foi obtida através da redução do
espaçamento entre lâminas, permitindo um bloqueio total da radiação
direta apenas em função da inclinação da lâmina (45°). O esquema da
Figura 7-3 indica como é determinado o valor mínimo (d) a ser
deduzido do espaçamento entre as lâminas para a obtenção do
sombreamento completo.
Por fim, a última etapa da modelagem consiste na montagem
dos sistemas transparentes (Figura 7-4) compostos pelas diversas
223
camadas (vidros, espaços de ar
15
, proteções solares internas ou externas)
e a seleção da condição ambiental previamente definida.
45°
45°
E
d
w
Figura 7-3. Esquema de
redução do espaçamento
entre as lâminas.
Figura 7-4. Exemplo de montagem dos sistemas transparentes
15
O espaço de ar ajustado na CP entre o vidro e as proteções internas foi de aproximadamente
25mm, e entre o vidro e o brise foi de 50mm.
°=
2
452
W
senEd
224
7.3 R
ESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
A seguir são apresentados os resultados de FS obtidos nas
simulações realizadas com o W6 e o modelo matemático (somente
vidros) comparados com os resultados das 27 medições realizadas em
campo com o calorímetro.
7.3.1 Vidros
Na Tabela 7-1 e na Tabela 7-2 é possível observar os resultados
do FS simulado no modelo matemático e comparado ao valor medido
pelo calorímetro, respectivamente para a CP e CS. No caso da CP, existe
uma excelente aproximação entre os resultados medidos e os resultados
do modelo matemático, tanto para o vidro incolor (3mm e 6mm) como
para o verde. Para estas amostras, em todos os testes a variação entre os
dois resultados se manteve sempre abaixo dos 6%. Apenas em dois
testes com o vidro prata 8mm a variação relativa foi mais elevada,
chegando até no máximo 20,5%. No entanto, cabe destacar que em
termos absolutos esta variação de 20,5% corresponde a apenas 0,04, que
pode ser considerada uma diferença também pequena.
Com base nestes resultados, é possível dizer que o modelo
matemático representa bem a condição de medição existente na CP,
especialmente para vidros com maior transmissão da radiação solar
direta. À medida que os valores de reflexão e absorção do vidro
aumentam, o modelo fica mais vulnerável a incertezas, uma vez que o
equacionamento para quantificar estas parcelas tem maiores
simplificações. Além disso, quando a transmissão de energia é baixa, os
resultados na CP têm incertezas maiores, ampliando ainda mais a
variação entre o valor do FS medido e o simulado com o modelo
matemático.
Para a CS, as variações entre o FS medido e simulado pelo
modelo matemático se mantêm na faixa entre aproximadamente 6% e
17%. Agora, as variações são, na maioria das vezes, mais elevadas do
que no caso da CP. No entanto, observa-se novamente que é nos testes
com o vidro prata que ocorrem as maiores diferenças entre o FS medido
e simulado.
Ainda comparando os resultados das cavidades, é interressante
observar que a variação do modelo em relação ao FS medido na CP é
negativa (resultado do modelo é inferior) no caso dos vidros incolor
3mm e 6mm, e positiva (resultado do modelo é superior) nos vidros
225
verde e prata. Isso destaca a maior dificuldade da CP em quantificar o
FS em vidros com menor transmissão de radiação. na CS, a variação
observada em todos os testes é sempre negativa (o resultado do modelo
é inferior ao da CS), neste caso talvez o modelo não represente bem a
condição real, deixando de quantificar parte do ganho de calor.
Tabela 7-1. Comparação FS medição x FS modelo matemático
(vidros na CP)
Cavidade principal
Amostra
Teste
FS
(medição)
FS (modelo
matemático)
Variação
Âng Inc
(medição)
Âng Inc
(simulação)
22/05/2009 0,83 0,83 -0,2% 42° - 43° 40°
08/06/2009 0,83 0,83 -0,4% 39° - 42° 40°
30/06/2009 0,84 0,83 -1,5% 40° - 42° 40°
12/07/2009 0,79 0,79 -0,5% 43° - 47° 45°
Vidro
incolor
3mm
13/07/2009 0,84 0,80 -5,0% 40° - 42° 40°
17/07/2009 0,52 0,53 1,3% 41° - 43° 40°
29/07/2009 0,54 0,54 -0,7% 40° - 42° 40°
Vidro
verde
6mm
30/07/2009 0,49 0,51 3,5% 43° - 44° 45°
03/08/2009 0,21 0,23 7,6% 45° - 46° 45°
04/08/2009 0,24 0,25 2,1% 45° - 48° 45°
Vidro
prata
8mm
05/08/2009 0,21 0,25 20,5% 47° - 50° 50°
12/08/2009 0,79 0,75 -5,6% 47° - 50° 50°
Vidro
incolor
6mm 14/08/2009 0,76 0,75 -1,7% 48° - 49° 50°
226
Tabela 7-2. Comparação FS medição x FS modelo matemático
(vidros na CS)
Cavidade secundária
Amostra
Teste
FS
(medição)
FS (modelo
matemático)
Variação
Âng Inc
(medição)
Âng Inc
(simulação)
22/05/2009 0,85 0,76 -10,4% 42° - 43° 40°
08/06/2009 0,86 0,76 -11,5% 39° - 42° 40°
30/06/2009 0,87 0,75 -13,4% 40° - 42° 40°
12/07/2009 0,85 0,78 -8,0% 43° - 47° 45°
Vidro
incolor
3mm
13/07/2009 0,85 0,79 -6,9% 40° - 42° 40°
17/07/2009 0,53 0,48 -9,6% 41° - 43° 40°
29/07/2009 0,56 0,50 -10,9% 40° - 42° 40°
Vidro
verde
6mm
30/07/2009 0,52 0,48 -7,3% 43° - 44° 45°
03/08/2009 0,21 0,18 -13,8% 45° - 46° 45°
04/08/2009 0,21 0,18 -13,8% 45° - 48° 45°
Vidro
prata
8mm
05/08/2009 0,21 0,18 -16,7% 47° - 50° 50°
12/08/2009 0,81 0,72 -11,1% 47° - 50° 50°
Vidro
incolor
6mm 14/08/2009 0,80 0,73 -9,3% 48° - 49° 50°
A seguir, a Tabela 7-3 e a Tabela 7-4 mostram,
respectivamente, a comparação entre o FS medido na CP e na CS com
os resultados obtidos nas simulações do W6.
227
Tabela 7-3. Comparação FS medição x FS W6 (vidros na CP)
Cavidade principal
Amostra
Teste
FS
(medição)
FS (W6) Variação
Âng Inc
(medição)
Âng Inc
(simulação)
22/05/2009 0,83 0,84 1,6% 42° - 43° 40°
08/06/2009 0,83 0,84 1,7% 39° - 42° 40°
30/06/2009 0,84 0,84 0,4% 40° - 42° 40°
12/07/2009 0,79 0,83 4,8% 43° - 47° 45°
Vidro
incolor
3mm
13/07/2009 0,84 0,84 0,2% 40° - 42° 40°
17/07/2009 0,52 0,62 19,4% 41° - 43° 40°
29/07/2009 0,54 0,60 11,5% 40° - 42° 40°
Vidro
verde
6mm
30/07/2009 0,49 0,59 20,6% 43° - 44° 45°
03/08/2009 0,21 0,30 44,8% 45° - 46° 45°
04/08/2009 0,24 0,33 37,1% 45° - 48° 45°
Vidro
prata
8mm
05/08/2009 0,21 0,31 47,1% 47° - 50° 50°
12/08/2009 0,79 0,78 -1,4% 47° - 50° 50°
Vidro
incolor
6mm 14/08/2009 0,76 0,78 2,9% 48° - 49° 50°
Tabela 7-4. Comparação FS medição x FS W6 (vidros na CS)
Cavidade secundária
Amostra
Teste
FS
(medição)
FS (W6) Variação
Âng Inc
(medição)
Âng Inc
(simulação)
22/05/2009 0,85 0,84 -0,8% 42° - 43° 40°
08/06/2009 0,86 0,84 -2,0% 39° - 42° 40°
30/06/2009 0,87 0,84 -3,1% 40° - 42° 40°
12/07/2009 0,85 0,83 -2,6% 43° - 47° 45°
Vidro
incolor
3mm
13/07/2009 0,85 0,84 -0,8% 40° - 42° 40°
17/07/2009 0,53 0,62 17,2% 41° - 43° 40°
29/07/2009 0,56 0,60 7,7% 40° - 42° 40°
Vidro
verde
6mm
30/07/2009 0,52 0,59 14,2% 43° - 44° 45°
03/08/2009 0,21 0,31 47,6% 45° - 46° 45°
04/08/2009 0,21 0,34 61,0% 45° - 48° 45°
Vidro
prata
8mm
05/08/2009 0,21 0,32 50,5% 47° - 50° 50°
12/08/2009 0,81 0,78 -3,8% 47° - 50° 50°
Vidro
incolor
6mm 14/08/2009 0,80 0,78 -2,3% 48° - 49° 50°
228
Observa-se agora, tanto na CP quanto na CS, uma boa
aproximação entre os resultados medidos e simulados para o vidro
incolor 3mm e 6mm. Para estas duas amostras, em nenhum teste a
variação entre o FS medido e simulado no W6 ultrapassa 5%. Já no
vidro verde, a variação cresce nas duas cavidades, chegando até a um
valor máximo de aproximadamente 20%, enquanto que no caso do vidro
prata a variação é ainda mais alta, oscilando entre 37% e 47% na CP, e
entre 47% e 61% na CS. Novamente, estas maiores variações entre os
resultados dos vidros com menor transmissão direta de radiação (e
maior absorção), podem estar associadas à maior incerteza que ocorre
nas cavidades para quantificar fluxos de energia reduzidos, ou ainda, à
possibilidade dos coeficientes de troca internos utilizados na simulação
estarem superestimados em relação à realidade, o que elevaria a fração
de ganho de calor (h
int
/(h
int
+h
ext
)) dos vidros mais absorventes.
7.3.2 Proteções solares internas
A Tabela 7-5 mostra os resultados da comparação entre os
valores de FS das proteções solares internas medidos na CP e os
resultados da simulação no W6. Em todos os testes se observa uma
ótima aproximação entre os valores medidos e simulados, tanto que a
variação máxima observada é inferior a 9%. Visto que agora o fluxo de
calor é reduzido, os efeitos da incerteza nos valores medidos podem ser
percebidos pelo fato de os resultados da variação em relação ao W6 ora
serem positivos ora negativos, para a mesma amostra.
7.3.3 Proteções solares externas
A Tabela 7-6 apresenta a comparação dos valores de FS
medidos e simulados no W6 para os cinco testes realizados com o brise
horizontal. Nos testes com a condição “banho off”, observa-se uma boa
aproximação entre os resultados medidos e simulados, sendo a variação
máxima inferior a 10%. Já para a condição “banho on” a variação
cresce, ficando entre 20% e 47%.
Em todos os casos, como apresentado no capítulo anterior,
cabe lembrar que a incerteza nos valores medidos é bastante elevada.
Além disso, a configuração da amostra e a condição de ângulo de
incidência aplicada na simulação é bem diferente da medição. Mesmo
assim, os resultados medidos apresentam uma ordem de grandeza
229
razoavelmente próxima aos valores de FS comumente esperados para
este tipo de proteção solar.
Tabela 7-5. Comparação FS medição x FS W6 (proteções internas)
Cavidade principal
Amostra
Teste
FS
(medição)
FS (W6) Variação
Âng Inc
(medição)
Âng Inc*
(simulação)
21/08/2009 0,41 0,38 -7,3% 53° - 57° 55°
22/08/2009 0,38 0,39 2,6% 50° - 52° 50°
Persiana
branca
45°
26/08/2009 0,38 0,38 1,1% 52° - 57° 55°
27/08/2009 0,56 0,52 -7,1% 52° - 55° 55°
28/08/2009 0,58 0,53 -8,6% 54° - 58° 55°
Persiana
preta 45°
29/08/2009 0,49 0,52 6,1% 54° - 58° 55°
30/08/2009 0,29 0,30 3,4% 55° - 60° 60°
31/08/2009 0,32 0,30 -6,3% 56° - 60° 60°
Rolô
branco
01/09/2009 0,33 0,31 -6,1% 54° - 57° 55°
* Para as propriedades do vidro
Tabela 7-6. Comparação FS medição x FS W6 (proteções externas)
Cavidade principal
Amostra
Teste
FS
(medição)
FS (W6) Variação
Âng Inc
(medição)
Âng Inc
(simulação)
20/10/2009
(banho off)
0,11 0,12 9,1% 73° - 74° normal (0°)
30/10/2009
(banho off)
0,13 0,12 -7,7% 77° - 78° normal (0°)
20/10/2009
(banho on)
0,15 0,12 -20,0% 75° - 76° normal (0°)
30/10/2009
(banho on)
0,22 0,12 -45,5% 77° - 78° normal (0°)
Brise
Horiz
branco
45°
2/11/2009
(banho on)
0,19 0,12 -36,8% 78° - 79° normal (0°)
230
7.4 R
ESUMO DAS COMPARAÇÕES ENTRE
FS
Do Quadro 7-1 até Quadro 7-4 o, é possível observar, por meio
dos gráficos de barras, um resumo geral com os diferentes valores
estimados de FS colocados lado a lado.
Para os vidros (na CP e na CS), são comparados os resultados
do FS verificados nas medições x teórico (ISO 9050) x modelo
matemático x W6. Já para as proteções solares, é apresentada a
comparação do FS verificado nas medições x teórico (com base na
ASHRAE (2005)) x W6.
Comparação com o W6 e o modelo matemático - 231
Quadro 7-1. Resumo das comparações entre FS (vidros na CP)
Cavidade principal
Amostra Teste ID
22/05/2009 1
08/06/2009 2
30/06/2009 3
12/07/2009 4
Vidro
incolor 3mm
13/07/2009 5
17/07/2009 6
29/07/2009 7
Vidro verde
6mm
30/07/2009 8
03/08/2009 9
04/08/2009 10
Vidro prata
8mm
05/08/2009 11
12/08/2009 12
Vidro
incolor 6mm
14/08/2009 13
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Teste (ID)
FS
FScp
FS (ISO 9050)
FS mod mat
FS (W6)
Comparação com o W6 e o modelo matemático - 232
Quadro 7-2. Resumo das comparações entre FS (vidros na CS)
Cavidade secundária
Amostra Teste ID
22/05/2009 1
08/06/2009 2
30/06/2009 3
12/07/2009 4
Vidro
incolor 3mm
13/07/2009 5
17/07/2009 6
29/07/2009 7
Vidro verde
6mm
30/07/2009 8
03/08/2009 9
04/08/2009 10
Vidro prata
8mm
05/08/2009 11
12/08/2009 12
Vidro
incolor 6mm
14/08/2009 13
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Teste (ID)
FS
FScs
FS (ISO 9050)
FS mod mat
FS (W6)
Comparação com o W6 e o modelo matemático - 233
Quadro 7-3. Resumo das comparações entre FS (proteções internas)
Cavidade principal
Amostra Teste ID
21/08/2009 1
22/08/2009 2
Persiana
branca 45°
26/08/2009 3
27/08/2009 4
28/08/2009 5
Persiana
preta 45°
29/08/2009 6
30/08/2009 7
31/08/2009 8
Rolô branco
01/09/2009 9
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Teste (ID)
FS
FScp
FS teórico
FS (W6)
Comparação com o W6 e o modelo matemático - 234
Quadro 7-4. Resumo das comparações entre FS (proteções externas)
Cavidade principal
Amostra Teste ID
20/10/2009
(banho off)
1
30/10/2009
(banho off)
2
20/10/2009
(banho on)
3
30/10/2009
(banho on)
4
Brise Horiz
branco 45°
2/11/2009
(banho on)
5
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1 2 3 4 5
Teste (ID)
FS
FScp
FS teórico
FS (W6)
235
8
8
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
8.1 S
ÍNTESE GERAL E OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Este trabalho apresentou o projeto e a construção de um
calorímetro solar para a determinação do FS de vidros e janelas (com ou
sem proteções solares) sob condições reais de utilização. O dispositivo
emprega dois sistemas diferentes para quantificar o fluxo de calor que
penetra através do elemento de fechamento testado. O primeiro sistema
determina o ganho térmico em função da diferença de temperatura do
líquido de resfriamento da cavidade principal (usada para testes de
elementos com dimensões em escala real 150x120cm) e o outro
sistema, aplicado à cavidade secundária (com dimensões reduzidas
50x50cm), quantifica o calor adquirido através de vidros por meio de
transdutores de fluxo.
Após a etapa de construção do calorímetro, a fase de calibração
do dispositivo demandou um longo período de testes usando o vidro de
referência incolor 3mm, com duração de mais de um ano de atividades.
No teste inicial, o resultado do FS medido na cavidade principal (CP)
apresentou uma incerteza (desvio padrão) bastante elevada, chegando a
±0,26 em torno da média. A cavidade secundária (CS) também
apresentou problemas de funcionamento neste primeiro teste. Assim,
logo de início houve a necessidade de uma série de ajustes. Na CP a
homogeneização da temperatura da água de resfriamento e o isolamento
térmico foram melhorados, e também alguns parâmetros do sistema de
controle foram alterados. Em relação à CS, houve a necessidade de uma
nova calibração dos transdutores de fluxo e da utilização de um banho
térmico exclusivo para resfriamento.
Depois destes ajustes, em uma segunda série de testes, o desvio
padrão dos resultados medidos na CP foi reduzido em relação ao teste
inicial (de ±0,26 passou para ±0,15). Apesar da aparente melhora, esta
variação ainda era bastante elevada. Além disso, o resultado do FS
médio observado não era coerente, pois resultava em valores acima de 1
(absoluto). Nesta etapa, o controle da temperatura da cavidade era
realizado em função da temperatura do ar externo, e buscava-se uma
condição de
T nula entre estes dois parâmetros. Com isso, concluiu-se
que, além da incerteza gerada pela instrumentação, também as
metodologias de controle e de cálculo do FS adotadas não estavam
apropriadas para representar as condições de teste.
236
O resultado da CS apoiou esta idéia quando experimentalmente
se verificou que por meio da alteração da condição de
T era possível
melhorar a aproximação do valor do FS medido com o valor esperado
(teórico). Depois disso, uma análise teórica dos processos físicos de
transferência de calor envolvidos indicou que a situação mais comum
nas medições em campo realizadas com vidros é aquela onde o vidro
aquecido pela radiação solar atinge uma temperatura superior a T
ARint
e a
T
AR
,
e não há troca de calor diretamente entre o ar interno e o ar externo.
A partir daí, uma nova metodologia de determinação do FS e
também uma nova condição de controle de temperatura das cavidades
foram desenvolvidas para a CP e para a CS. Esta nova condição foi
estabelecida como dependente da temperatura média do vidro. Desta
forma, o
T observado passou a ser a diferença entre a temperatura da
cavidade e do vidro.
O efeito das variações deste
T entre a cavidade e o vidro foi
analisado experimentalmente e também com o auxílio de um modelo
matemático aplicado a CP e a CS. As análises paramétricas
desenvolvidas com o modelo matemático mostaram que a variação
positiva ou negativa do
T cavidade-vidro tem influência direta sobre o
valor do FS. O grau dessa influência dependerá do valor do
T aplicado
e também da absorção do vidro, como foi demonstrado na comparação
entre o vidro incolor e o vidro verde.
Assim, depois de realizadas novas medições com o vidro
incolor 3mm, a melhoria da primeira para a segunda fase de calibração
foi significativa, sendo os resultados experimentais encontrados na
segunda fase de calibração considerados satisfatórios tanto para a CP
quanto para a CS. Estes valores de FS medidos apresentaram uma boa
aproximação com o padrão comparativo estabelecido com a ISO 9050, o
que permitiu dar continuidade aos testes com outros vidros e proteções
solares. Também já ficou evidente nos resultados destas medições, que a
CS apresentava uma maior estabilidade e menor incerteza nos valores de
FS determinados em cada teste.
Depois da etapa de calibração utilizando o vidro de referência,
testes com outros tipos de vidros (verde 6mm, prata 8mm e incolor
6mm), e também com proteções solares internas (persianas horizontais e
cortina rolô) e externas (brise horizontal) foram realizados.
Sobre os vidros, dois pontos relacionados com a condição de
T cavidade-vidro chamaram a atenção. O primeiro é a existência de
uma diferença entre os valores de
T aplicados na CP e na CS, onde os
237
valores absolutos e a faixa de ajuste do
T na CP são superiores aos da
CS. Na CP os valores aplicados aos três vidros ficaram entre -3,7°C e -
10,4°C, na CS esta variação foi de -0,1°C a -2,9°C. O segundo ponto
é que os ajustes de
T são diferenciados para cada vidro testado. Com
base nestas observações experimentais, foi possível estimar faixas de
aplicação de
T cavidade-vidro para a CP e CS em função do tipo de
vidro. Para as proteções solares, uma condição de
T cavidade-vidro
também precisou ser definida.
De modo geral, os resultados de FS dos vidros de maior
transmissão (incolor) se aproximaram mais dos valores teóricos usados
como referência (ISO 9050), com uma variação abaixo de 6%. nos
vidros com maior absorção, verde e prata, esta diferença em relação ao
resultado teórico chegou próxima a 17% e 33%, respectivamente. Para
as proteções internas, as melhores aproximações com os valores teóricos
(ASHRAE) ocorreram para a persiana preta e o rolô branco, ficando, na
maioria dos testes, com diferenças inferiores a 5%. Já em todos os testes
com a persiana branca, estas diferenças foram mais significativas,
permanecendo entre 22% e 29%. Nos testes com o brise externo,
embora os valores medidos se apresentem na mesma ordem de grandeza
dos valores de referência, as variações foram mais acentuadas (entre
20% e 145%) em função da época desfavorável de medição e das
limitações da CP para medidas com ganho de calor reduzido. Além das
diferenças em relação aos valores teóricos, nesta etapa também foram
analisadas as incertezas do FS medido. Na maioria dos casos, a incerteza
absoluta estimada na CP foi de ±0,12, e na CS igual a ±0,04.
Por fim, os testes foram simulados no programa Window6 (W6)
e no modelo matemático (apenas vidros). Na comparação com o modelo
matemático, os valores de FS medidos na CP apresentaram uma ótima
aproximação para todos os vidros, com diferenças praticamente sempre
abaixo de 6%. na CS estas diferenças ficaram entre 6% e 17%. Em
relação ao W6, no caso dos vidros, as diferenças encontradas seguiram a
mesma tendência observada na comparação experimental x teórico (ISO
9050), sendo de até no máximo 5% para os vidros incolores, até 20%
para o verde, e até 61% para o prata. Para as proteções internas, houve
uma ótima aproximação com o W6, com variações inferiores a 9% em
todos os testes. No brise, a diferença máxima entre o valor medido e o
simulado foi de 45%.
A seguir são apresentadas outras conclusões e considerações
importantes derivadas do desenvolvimento do trabalho:
238
Tanto o projeto como a fabricação e montagem dos diferentes
componentes do calorímetro foram processos complexos que exigiram a
aplicação de conhecimentos derivados de diversos ramos da engenharia,
além de consideráveis recursos financeiros.
Sobre a etapa de construção do calorímetro, destaca-se também
a necessidade de uma calibração cuidadosa dos instrumentos (sensores)
utilizados no monitoramento das diversas variáveis associadas à
determinação do FS e ao funcionamento do calorímetro. Esta etapa é
sempre de grande importância visto que os resultados do FS são
diretamente dependentes das medidas destas variáveis, e,
conseqüentemente, a incerteza associada ao FS também depende da
precisão nas leituras dos sensores.
A análise do fenômeno físico da passagem do fluxo de calor
através do vidro mostrou que, dependendo da condição de medição, não
é possível quantificar ganhos (ou perdas) de calor entre o ar interno e
externo do calorímetro sem levar em consideração a temperatura do
vidro simples.
A modelagem matemática aplicada à representação do processo
de medição nas duas cavidades do calorímetro exigiu diversas
simplificações de cálculo e estimativas de variáveis. Especialmente as
estimativas dos coeficientes globais de troca de calor (h
int
e h
ext
) são um
ponto delicado, uma vez que estas exigem muitas suposições teóricas.
Em termos médios, os valores de FS medidos, tanto na CP
quanto na CS, apresentaram boa aproximação com os resultados
téoricos de referência e também entre si.
Na CP, a incerteza é significativamente mais alta do que na CS,
de três a quatro vezes maior. Isso se deve basicamente ao processo de
medição utilizado na CP, que depende da diferença de temperatura da
água que circula entre a entrada e saída da cavidade. Quando o ganho é
baixo, a incerteza do sensor (termopar), associada a perturbações ao
longo do caminho percorrido, torna-se proporcionamente elevada em
relação ao valor da diferença de temperatura medida. Como o cálculo do
FS é dependente desta diferença de temperatura, esta incerteza é
transmitida para o resultado final do FS.
O processo de medição com o uso de fluxímetros se mostrou
mais estável e com menores incertezas. Embora se tivesse idéia do
potencial destes dispositivos, o seu uso em uma cavidade de maiores
dimensões não foi viável por dificuldades técnicas e financeiras na
produção dos sensores.
239
Além das incertezas de medição, os valores de h
int
e h
ext
adotados são determinantes na aproximação dos resultados do FS
medido e teórico, especialmente para os vidros (ou proteções) com alto
índice de absorção da radiação solar.
8.2 L
IMITAÇÕES DA PESQUISA
No sistema de medição:
Uma das principais limitações do sistema de medição do
calorímetro está ligada ao ângulo de incidência da radiação. Embora
durante a fase de concepção do calorímetro houvesse a intenção de
conseguir realizar pequenas inclinações com a estrutura do trailer,
permitindo assim algum ajuste no ângulo de incidência, essa
possibilidade se mostrou inviável após a instalação da
instrumentação. A inclinação da estrutura provavelmente provocaria
danos aos sistemas de controle, monitoramento e de resfriamento
(banhos), além de dificultar a atividade do operador internamente.
Assim, os testes ficam restritos a um posicionamento vertical das
amostras. Com isso, os ângulos de incidência e conseqüentemente
os níveis de radiação dependerão da posição solar, em função da
latitude local e da época de medição ao longo do ano.
Sobre o sistema de resfriamento da cavidade principal (CP),
diferentemente do que se pensava na fase de projeto, o banho de
maiores dimensões e volume apresenta mais dificuldade para
homogeneização e controle da temperatura da água. Além disso,
existe a dificuldade de equalizar as temperaturas nas faces que
compõem a CP. Para isso, o processo de ajuste de vazões precisa ser
realizado manualmente de maneira diferenciada para cada face.
Com vazões diferenciadas e aquecimento irregular das fases,
surgem problemas hidrodinâmicos que geram oscilações e
dificuldades de escoamento, o que prejudica a obtenção de uma
temperatura uniforme na cavidade.
Outra limitação da CP é a dificuldade dos sensores utilizados
(termopares) para medir a diferença de temperatura na água de
entrada e saída em testes com elementos que proporcionem ganhos
de calor reduzido (ex: brises), o que implica em grandes elevações
das incertezas nos resultados do FS.
240
Os sistemas de aquisição de dados e controle também apresentam
deficiências. A leitura da vazão ainda precisa ser realizada
diretamente pelo operador. Também a temperatura média do vidro
(que serve como base no controle do banho térmico da CP) e o
T
aplicado, precisam ser determinados pelo operador e inseridos no
software de controle. O banho térmico da CS não está interligado ao
controle, tendo que ser ajustado em paralelo e de modo contínuo
pelo operador. Além disso, o equacionamento para a determinação
instantânea do FS a partir dos dados medidos não está
completamente implementado no software.
Ainda o sistema de alimentação elétrica precisaria ser reforçado
para atenter novas cargas de equipamentos não previstos na fase de
projeto. O número de canais do sistema de aquisição também
necessita ser ampliado para possibilitar medidas de outras variáveis,
como a temperatura das proteções solares.
No método de medição:
No método de determinação do FS proposto para o calorímetro, o
controle da temperatura da cavidade em função da temperatura do
vidro não levou em conta o uso das esquadrias na janela a ser
testada. Para o caso de uma avaliação da janela completa, a
temperatura teria de ser ponderada em função da área de vidro e da
área de esquadria, para que fosse possível estabelecer uma condição
apropriada de
T entre a temperatura média da cavidade e da janela.
Não foram estudados os efeitos da presença de proteções solares
internas e externas sobre os coeficientes globais de troca de calor
internos e externos. Em todos os testes foram adotadas as mesmas
correlações (e condições) de estimativa destes coeficientes usadas
para os vidros sem outros elementos associados.
A incerteza absoluta encontrada nos resultados de FS obtidos na CP
é superior à incerteza normalmente observada nos resultados
apresentados por outros calorímetros (ex: ±0,04 para o MOWITT).
Apesar das limitações existentes, o resultado coerente das medidas
de FS realizadas com o calorímetro frente aos valores teóricos de
referência demonstrou que o equipamento tem condições técnicas
de ser usado (podendo até mesmo ser aperfeiçoado) para aplicações
em pesquisas ou como suporte em futuros processos de certificação
de janelas desenvolvidos no Brasil.
241
8.3 S
UGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
Novos testes com proteções solares externas (sob níveis de radiação
mais elevados) e com outros tipos de elementos (vidros simples,
duplos, triplos, proteções internas, elementos de sombreamento
entre vidros, etc.), incluindo variações dos ângulos de incidência da
radiação solar e dos ângulos de fechamentos das lâminas.
Testes utilizando janelas completas (com esquadrias);
Testes com proteções solares externas adaptadas à cavidade
secundária;
Aprofundar o estudo sobre os coeficientes de troca de calor,
incluindo estimativas destes valores para o caso de aplicação de
elementos de proteção solar;
Comparar os resultados de FS medidos no calorímetro com valores
encontrados através de outros métodos e dispositivos.
Desenvolvimento de uma norma brasileira para determinação e
estimativa do FS em vidros, proteções solares e janelas completas.
242
243
R
R
E
E
F
F
E
E
R
R
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
S
S
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249
A
A
N
N
E
E
X
X
O
O
S
S
ANEXO A – Projeto executivo da cavidade principal
ANEXO B – Projeto executivo da cavidade secundária
ANEXO C – Projeto executivo do trailer de abrigo
ANEXO D – Projeto executivo do sistema elétrico do calorímetro
ANEXO E – Correlações para estimativa de coeficientes de troca de
calor (h)
ANEXO F – Procedimento para verificação do ângulo de incidência
ANEXO G – Modelo matemático
ANEXO H – Outras informações sobre as medições realizadas
ANEXO I – Recomendações para execução de medições utilizando
o calorímetro
250
ANEXO A – Projeto executivo da cavidade principal
(Obs.: dimensões em mm).
1500
1200
55
55
120055 55
Vista Frontal Vista Lateral Esquerda
1310
1610
391
A
Isolante térmico
A
Tubulação de cobre
300
15
1310
50
1382
70
70
Figura A.1 - Vista Frontal e lateral esquerda da cavidade (sem escala)
251
Vista Superior
55 1500 55
391
300
Isolante térmico
Tubulação de cobre
1682
50
Corte A-A
55 1500 55
391
300
Isolante térmico
1682
Figura A.2 - Vista superior e corte A-A (sem escala)
252
3050
70
Isolante térmico
Marco de madeira
Chapa de cobre
(superfície interna
da cavidade)
Serpentina
(água fria)
80
Chapa galvanizada de
fechamento do trailer
10
100
Reforço estrutural
30 40
30
LADO
INTERNO
LADO
EXTERNO
Figura A.3 - Detalhe de fixação da cavidade principal (sem escala)
253
ANEXO B – Projeto executivo da cavidade secundária
(Obs.: dimensões em mm).
10
480
100 150 100
10
Chapa de cobre
Nova esquadria
(680x680x100mm)
680
Nova esquadria
(680x100mm)
200 200140
140
20
150
100 480 100
50090 90
10 10
20
20
Chapa de cobre
Vista superior
Vista frontal (com a chapa de cobre)
Vista frontal (esquadria de madeira)
Alinhamento da
furação da
esquadria
Nova esquadria
(100x15mm)
Alinhamento da
furação da
esquadria
furação da
chapa de cobre
Figura B.1 - Projeto executivo da nova cavidade
secundária (sem escala)
254
20
20
40
20 20
200200100 100
Chapa de cobre
Esquadria original
(700x700x60mm)
Nova esquadria
(680x680x100mm)
Vista frontal
Figura B.2 - Projeto executivo da instalação da
nova cavidade secundária (sem escala)
255
ANEXO C – Projeto executivo do trailer de abrigo
(Obs.: dimensões em mm).
450 500 600 450
3500
1200
650 600
1900
Macaco para
nivelamento
350
350
1500
650
Roda auxiliar
Figura C.1 - Vista frontal (sem escala)
256
1900
1600
2100
Figura C.2 - Vista lateral esquerda (sem escala)
257
3500
1600
450 1500 500 600 450
500
Plataforma
metálica
Figura C.3 - Vista superior (sem escala)
258
30
30
1560
1260
60
60
720
720
A A
B
B
C
C
Marco da janela em
madeira de lei seca
(tábua 30x80mm)
1500
1200
600
600
Marco da janela em
madeira de lei seca
(ripa 8x60mm)
Figura C.4 - Detalhe para instalação das molduras de madeira (sem escala)
259
30
3050
30
1500
30
50
1560
60
88
60
600
720
40
80
Reforço
estrutural
Reforço
estrutural
70
3040
70
80
30
Marco da janela em
madeira de lei seca
(tábua 30x80mm)
60
Reforço
estrutural
Reforço
estrutural
60
LADO
INTERNO
LADO
EXTERNO
Marco da janela em
madeira de lei seca
(ripa 8x60mm)
Chapa de
reforço
estrutural
Chapa de
reforço
estrutural
Figura C.5 - Detalhe para instalação das molduras de madeira:
Corte AA - vista em planta (sem escala)
260
Corte BB (vista
lateral esquerda)
Corte CC (vista
lateral esquerda)
1260
70
30 50
1900
650
720
650
1900
70
8
3040
80
350
70
30 50
4030
350
Marco da janela em
madeira de lei seca
(tábua 30x80mm)
Reforço
estrutural
Reforço
estrutural
60
8 8
60
600
60
Reforço
estrutural
Reforço
estrutural
Marco da janela
em madeira
de lei seca
(ripa 8x60mm)
LADO
INTERNO
LADO
EXTERNO
LADO
INTERNO
LADO
EXTERNO
30
Chapa de
reforço
estrutural
Chapa de
reforço
estrutural
Figura C.6 - Detalhe para instalação das molduras de madeira:
Corte BB e CC - vista lateral esquerda (sem escala)
261
3050
70
80
Chapa galvanizada de
fechamento do trailer
Perfil de reforço
estrutural
30 40
30
LADO
INTERNO
LADO
EXTERNO
30 40
Chapa de reforço estrutural
Parafusos (definir potos de
fixação durante a
montagem)
Marco da janela em
madeira de lei seca
(tábua 30x80mm)
70
Preenchimento interno
em madeira de lei seca
(barrote 30x40mm)
Figura C.7 - Detalhe de fixação da moldura de madeira:
marco da abertura da cavidade principal (sem escala)
262
60
88
Chapa galvanizada de
fechamento do trailer
Perfil de reforço
estrutural
LADO
INTERNO
LADO
EXTERNO
Parafusos (definir potos de
fixação durante a
montagem)
30
Marco da janela em
madeira de lei seca
(ripa 8x60mm)
Figura C.8 - Detalhe de fixação da moldura de madeira:
marco da abertura da cavidade secundária (sem escala)
263
ANEXO D – Projeto executivo do sistema elétrico do calorímetro
(Obs.: dimensões em mm).
CIRCUITOS:
1 - Banho Térmostático (CP)
2 - Tomadas Gerais + Banho Térmostático (CS)
3 - Resistâncias
4 - Bomba
5 - Lâmpada+Tomadas Gerais
450 500 4501500 600
1600
Cavidade
Principal (CP)
Cavidade Sec. (CS)
Banho
Termostático (CS)
Banho termostático
(CP)
Saída externa
(fase + neutro)
#6,0mm2
2
1 3 4 5
3
3
3
5a
5
Resistências
aquecedoras
Calha para
passagem de fiação
Quadro de
distribuição
a
Interruptor
Tomadas
3
1 4
Aterramento
na carroceria
do trailer
Figura D.1 - Projeto elétrico do calorímetro (vista em planta, sem escala)
264
ANEXO E – Correlações para estimativa de
coeficientes
de troca de calor (h)
1. CONVECÇÃO NATURAL EM SUPERFÍCIES PLANAS
No caso de trocas de calor através do processo conectivo entre um fluido
(ar) e uma superfície plana (ex: faces das cavidades), podem ser
considerados exclusivamente os efeitos do escoamento natural caso a
condição (Gr
L
/Re
L
2
) >> 1 seja satisfeita (Incropera e DeWitt, 2003), onde
Gr
L
é denomindao “Número de Grashof” (adimensional) e Re
L
é o “Número
de Reynolds” (adimensional). Por sua vez, Grashof e Reynolds são
definidos através das equações a seguir:
2
3
)..(.
υ
β
LTTg
Gr
S
L
=
(E.1)
µ
ρ
LV
L
..
Re
=
(E.2)
Onde:
g = Aceleração da gravitacional (m/s
2
);
β = Coeficiente de expansão térmica volumétrica (K
-1
);
T
S
= Temperatura da superfície da placa (°C ou K);
T
= Temperatura do fluído (°C ou K);
L = Comprimento da placa (m);
υ = Viscosidade cinética (m
2
/s);
ρ = Densidade do fluído (kg/m
3
);
V
= Velocidade do fluído (m/s);
µ = Viscosidade (kg/s.m).
Ainda, temos β (para o caso de gases ideais) e υ como sendo:
=
T
1
β
(E.3)
ρ
µ
υ
=
(E.4)
265
Assumindo as superfícies das cavidades do calorímetro como placas planas,
pode então ser adotada como verificações teóricas de coeficientes médios de
convecção (
h
), a correlação empírica apresentada por Incropera e DeWitt
(2003) na forma:
n
L
L
RaC
k
Lh
Nu
.
.
==
(E.5)
Onde:
L
Nu
= Número de Nusselt médio (adimensional);
h
= Coeficiente de convecção médio (W/m
2
K);
k = Condutividade térmica (W/mK);
C= coeficiente em função do tipo de escoamento;
n = expoente em função do tipo de escoamento.
Assim, as expressões empíricas para a condição de escoamento laminar
(n=1/4) e turbulento (n=1/3), nos respectivos limites de Ra
L
,
para uma placa
em posição horizontal com fluxo ascendente (Ts > T), são dadas a seguir:
4/1
.54,0
L
RaNu =
(E.6)
Condição geral: 10
4
< Ra
L
< 10
7
3/1
.15,0
L
RaNu =
(E.7)
Condição geral: 10
7
< Ra
L
< 10
11
E para uma placa horizontal com escoamento descendente (Ts < T),
temos:
4/1
27,0
L
RaNu =
(E.8)
Condição geral: 10
5
< Ra
L
< 10
10
Por sua vez, o número de Rayleigh (Ra
L
) é definido como:
α
υ
β
.
)..(.
Pr.
3
LTTg
GrRa
S
LL
==
(E.9)
Onde ainda :
266
α = difusividade térmica (m²/s);
Pr = número de Prandlt (adimensional).
para o caso de uma placa vertical, uma correlação que pode ser aplicada
sobre toda a faixa de Ra
L
tem sido recomenda por Churchill e Chu (1975)
apud Incropera e DeWitt (2003), e é dada na forma da equação a seguir:
[ ]
2
27/8
16/9
6/1
Pr)/492,0(1
.387,0
825,0
+
+=
L
L
Ra
Nu
(E.9)
2. CONVECÇÃO FORÇADA EM SUPERFÍCIES PLANAS
Para uma verificação teórica dos valores de “h” na superfície externa do
vidro, foi adotada uma condição de camada limite turbulenta sobre toda a
superfície. Tal condição é atingida pela existência de uma perturbação da
camada limite no bordo de ataque, o que realmente ocorre na prática, uma
vez que o vidro é fixado em uma borda de madeira sobressalente em todo o
seu perímetro. Para esta situação, uma correlação apropriada para Nusselt
médio é dada por Incropera e DeWitt (2003) através da equação (E.10):
3/15/4
Pr.Re.037,0
L
L
Nu =
(E.10)
3. CONVECÇÃO NATURAL EM CÂMARAS NÃO VENTILADAS
No caso dos coeficientes de convecção no interior da mara formada entre
o vidro e cavidade (h
car
), foram utilizadas correlações apropriadas para
confinamentos em câmaras retangulares onde diferença de temperatura
entre as faces verticais internas. Estas correlações são dadas por Catton
(1978) apud Incropera e DeWitt (2003) e MacGregor e Emery (1969) apud
Incropera e DeWitt (2003) em função da relação H/L (altura/largura),
Prandlt (Pr) e Rayleigh (Ra).
4
1
28,0
Pr2,0
Pr
22,0
.
+
=
L
H
Ra
k
Lh
Nu
L
L
L
(E.11)
Condição geral: (2< H/L <10; 1 < Pr < 100000; 10
3
< Ra < 10
10
)
267
3/1
046,0
.
L
L
L
Ra
k
Lh
Nu =
(E.12)
Condição geral: (1< H/L <40; 1 < Pr < 20; 10
6
< Ra < 10
9
)
A Tabela E.1 apresenta um exemplo com a comparação entre os valores de
h
car
estimados usando as correlações apresentadas para cada uma das
cavidades do calorímetro.
Tabela E.1. Exemplo de valores de h
car
estimados por diferentes correlações
“h
car
” para a Cavidade Principal (CP)
Condições:
Espessura da câmara = 300mm
T entre as superfícies aquecidas = 10°C
Referência h
car
(W/m²K) R (m²K/ W)
Churchill e Chu (1975) apud
Incropera e DeWitt (2003) –
Convecção natural em uma placa
plana vertical
3,0 0,33
Catton (1978) apud Incropera e
DeWitt (2003) – Convecção em
uma cavidade vertical retangular
1,49 0,67
“h
car
” para a Cavidade Secundária (CS)
Condições:
Espessura da câmara = 18mm
T entre as superfícies aquecidas = 10°C
Referência h
car
(W/m²K) R (m²K/ W)
Condução pura
1,5 0,67
Churchill e Chu (1975) apud
Incropera e DeWitt (2003) –
Convecção natural em uma placa
plana vertical
3,3 0,30
MacGregor and Emery (1969)
apud Incropera e DeWitt (2003)
Convecção em uma cavidade
vertical retangular
1,17 0,85
268
4. TROCA DE CALOR RADIANTE
A troca radiante também está presente na transmissão de calor entre o vidro
(1) e a superfície interna da cavidade (2), e entre o vidro e a vizinhança no
meio externo.
No caso da mara formada entre o vidro e a cavidade, o coeficiente de
troca radiante (h
r
) pode ser obtido pela equação apresentada pela ASHRAE
(2005):
3
]100/)273[(227,0 += Tmh
effr
ε
(E.13)
Onde:
ε
eff
= Emissividade efetiva (adimensional);
Tm = Temperatura média do ar na câmara (°C),
sendo a emissividade efetiva determinada através da relação:
1
11
1
21
+
=
εε
ε
eff
(E.14)
h
r
entre a superfície externa do vidro e a vizinhança é dado pela
expressão apresentada por Incropera e DeWitt (2003):
))((
2
2
vizvizr
TTsTTsh ++=
εσ
(E.15)
T
viz
é a temperatura da vizinhança que define a temperatura em que estão
todas as superfícies vizinhas e o ar ao redor da placa (vidro).
5. COEFICIENTE GLOBAL DE TROCA (h
t
)
Tendo em vista as trocas de calor por convecção e radiação, que ocorrem
entre uma determinada superfície aquecida e o meio externo, o coeficiente
global de troca (h
t
) pode ser escrito conforme a equação (E.16), onde h
c
é o
coeficiente de troca por convecção e h
r
é o coeficiente de troca radiante.
rct
hhh +=
(E.16)
269
Assumindo que T
viz
= T
, então o fluxo total pode ser obtido por:
)("
= TTshq
tt
(E.17)
6. CONSIDERAÇÕES SOBRE “h” APLICADO NAS ANÁLISES DO
FATOR SOLAR
No caso das cavidades CP e CS, a emissividade efetiva (ε
eff
) entre o vidro
(ε=0,84) e a parede da cavidade (ε =0,86) é igual a 0,74. Adotando então
uma temperatura média (tm) de 27° para o ar no interior damara formada
e aplicando a equação (E.13), então o valor do coeficiente de troca radiante
(h
r
) é igual a 4,5 W/m²K. Comparativamente, observa-se que a ISO 9050
utiliza para determinar coeficiente de troca de calor interno (h
int
) a relação
da equação (E.18), onde εi é a emissividade da superfície interna do vidro.
Neste caso, h
r
é dado pelo segundo termo da soma e depende somente da
emissividade do vidro. Para um valor de emissividade do vidro de 0,84,
então h
r
é igual a 4,4 W/m²K.
+=
837,0
4,4
6,3
int
i
h
ε
(E.18)
Externamente, o valor de h
r
pode ser estimado pela aplicação da equação
(E.15), no entanto este dependerá simultaneamente da temperatura da
superfície (vidro) e da vizinhança, não variando linearmente com o T entre
as mesmas. A Tabela E.2 apresenta valores de h
r
para diferentes
temperaturas que podem ser atingidas pelos vidros e pela vizinhança.
Assim, um valor médio para h
r
nesta faixa de condições de temperatura é
5,5 W/m²K.
Tabela E.2. Valores de h
r
para trocas com o meio externo (vizinhança)
Ts (°C)
25 30 40 50 35 40 50 60
T
viz
=T (°C)
20 20 20 20 30 30 30 30
T (°C)
5 10 20 30 5 10 20 30
Média
hr (W/m²K) 4,9 5,0 5,3 5,6 5,4 5,6 5,8 6,1 5,5
Assim, para aplicação nas estimativas do Fator Solar segundo as condições
de medição dos testes realizados neste trabalho, são adotados como
270
coeficientes de troca de calor global interno (h
int
) e externo (h
ext
) os
resultados das seguintes expressões:
5,4
int
+=
c
hh
(E.19)
5,5+=
cext
hh
(E.20)
Nestas equações (E.19 e E.20), h
c
é o coeficiente de troca por convecção,
estimado segundo uma correlação apropriada para a situação ou por valores
obtidos experimentalmente. o segundo termo da soma nos dois casos é o
coeficiente de troca radiante (h
r
), sendo este mantido fixo para todas as
condições de teste. Por fim, o valor da resistência superficial interna (R
int
) e
externa (R
ext
) é dado pelas expressões:
int
int
1
h
R =
(E.21)
ext
ext
h
R
1
=
(E.22)
Referências:
ASHRAE. American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning
Engineers. ASHRAE Fundamentals Handbook 2005. Chapter 31 – Fenestration.
Atlanta, GA, USA, 2005.
Catton, I. Natural Convection in Enclosures. Proc 6th Int. Heat Transfer
Conf. Toronto, Canadá, 1978, Vol 6 pp. 13-31 apud Incropera, F. P. e
DeWitt, D. P. Fundamentos da transferência de calor e massa. edição,
Editora LTC. Rio de Janeiro, RJ, 2003.
Churchill, S.W., and Chu H.H.S. Correlating Equations for Laminar and Turbulent
Free Convection from a Vertical Plate. Int J. Heat Mass Transfer, 18, 1323, 1975.
apud Incropera, F. P. e DeWitt, D. P. Fundamentos da transferência de calor e
massa. 5° edição, editora LTC. Rio de janeiro, RJ, 2003
Incropera, F. P. e DeWitt, D. P. Fundamentos da transferência de calor e massa. 5°
edição, editora LTC. Rio de janeiro, RJ, 2003.
271
ISO 9050. Determination of light transmittance, solar direct transmittance, total
solar energy transmittance, ultraviolet transmittance and related glazing factors.
International Organization for Standardization, 2003.
MacGregor, R. K. and Emery, A. P. Free Convection Through Vertical
Plane Layers: Moderate and High Prandtl Number Fluids. J. Heat Transfer
91, 391, (1969) apud Incropera, F. P. e DeWitt, D. P. Fundamentos da
transferência de calor e massa. edição, editora LTC. Rio de janeiro, RJ,
2003.
Dados e constantes adicionais utilizadas para o cálculo das trocas de calor nas
cavidades
Ar (300K ou 27°C ao nível do mar)
ρ = densidade do fluído (kg/m
3
) 1,1614
µ = viscosidade (kg/s.m) 1,85E-05
λ = condutividade térmica (W/mK) 0,0263
υ = viscosidade cinética (m
2
/s) 1,59E-05
α = difusividade térmica (m²/s) 2,25E-05
Pr = número de Prandlt (adimensional) 0,707
Dimensões das faces da cavidade principal
Verticais Horizontais
L = comprimento das placas (m) 1,2 1,5
P = Profundidade das placas (m) 0,3 0,3
Dimensões das faces da cavidade secundária
Verticais Horizontais
L = comprimento das placas (m) 0,5 -
P = Profundidade das placas (m) 0,5 -
Vidro
k = condutividade térmica (W/mK) 1,0
L = comprimento da placa (m) na CP 1,5
P = Profundidade da placa (m) na CP 1,2
L = comprimento da placa (m) na CS 0,5
P = Profundidade da placa (m) na CS 0,5
g = aceleração da gravitacional (m/s
2
) 9,81
Calor específico da água a 20°C (J/lK) 4187
272
ANEXO F – Procedimento para verificação do ângulo de
incidência
A orientação do
plano de medição do
calorímetro foi
obtida com uma
bússola, onde se
observou um valor
azimutal de
aproximadamente
22° em relação ao
norte magnético.
Para corrigir este
valor em relação ao
norte geográfico,
inicialmente foi
obtido o valor da
declinação
magnética para a
data da medição.
Figura F.1 - Local de medição onde está
posicionado o calorímetro (Google Earth, 2009)
O valor da declinação magnética pode ser verificado “online” através da
homepage do Observatório Nacional (ON, 2009). Assim, o valor final do
azimute para a orientação do plano de medição é igual a aproximadamente
4°. A Figura F.1 mostra uma imagem do local de medição.
a posição relativa do sol (azimute solar e altura solar) para o horário de
medição foi determinada com o auxílio do software SOL. V.3.2 (UFRJ,
2004). Por fim, o ângulo de incidência (θ) da radiação com uma superfície
vertical é obtido através da equação abaixo:
)cos..(coscos
1
φγθ
=
(F.1)
Onde:
γ = Altura solar (graus);
∆φ = Diferença azimutal entre o sol e a superfície.
Calorímetro
273
Dados necessários para verificação
Data Alterada ao longo dos testes
Data decimal Alterada ao longo dos testes
Horário de início do teste Alterada ao longo dos testes
Horário de fim do teste Alterada ao longo dos testes
Local Florianópolis
Latitude -27°40’
Longitude -48°33’
Latitude decimal -27,667
Longitude decimal -48,550
Declinação magnética Alterada ao longo dos testes
Declinação magnética decimal Alterada ao longo dos testes
Azimute do plano de medição 3,85°
Referências:
UFRJ. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Softwares Desenvolvidos. SOL
V.3.2 CR/2004. Disponível em: http://www.ufrrj.br/institutos/it/dau/softs.htm
Acesso: maio/2008.
ON. Observatório Nacional. Declinação Magnética. 2009. Disponível em:
http://obsn3.on.br/~jlkm/magdec/index.html Acesso: out/2009.
274
ANEXO G – Modelo matemático
A Tabela G.1 apresenta simbologia adotada para o modelo matemático e
para a construção do código computacional empregado na resolução do
sistema de equações.
Tabela G.1. Simbologia adotada no modelo matemático
ângulo_rad = Ângulo de incidência da radiação solar (°);
h
ar_ext
= Coeficiente de convecção com o ar externo (W/m
2
K);
h
car
= Coeficiente de convecção na câmara de ar no interior da
cavidade (W/m
2
K);
h
_trailer
= Coeficiente de convecção com o ar na face da cavidade isolada
e voltada para dentro do trailer (W/m
2
K);
h
r_ext
= Coeficiente de troca radiante externo (W/m
2
K);
h
r_car
= Coeficiente de troca radiante na câmara de ar (W/m2K);
h
ext
= Coeficiente global de troca externo (W/m
2
K);
h
int
= Coeficiente global de troca interno na câmara de ar (W/m
2
K);
q
rad
= Radiação solar incidente no plano de medição (W/m
2
);
q
1
= Densidade de fluxo de calor devido à convecção na superfície
externa do vidro (W/m
2
);
q
1a
= Densidade de fluxo de calor devido à radiação solar absorvida
na superfície externa do vidro (W/m
2
);
q
1b
= Densidade de fluxo de calor perdido por radiação em onda
longa do vidro para a vizinhança (W/m2);
q
2
= Densidade de fluxo de calor total na superfície externa do vidro
(W/m
2
);
q
3
= Densidade de fluxo de calor por condução no vidro (W/m
2
);
q
4
= Densidade de fluxo de calor total na superfície interna do vidro
(W/m
2
);
275
q
5
= Densidade de fluxo de calor devido à convecção na superfície
interna do vidro (W/m
2
);
q
5a
= Densidade de fluxo de calor devido à troca líquida de radiação
em onda longa na superfície interna do vidro (W/m
2
);
q
5b
= Na CP: Densidade de fluxo de calor devido à radiação solar
refletida pela superfície interna da cavidade e absorvida na
superfície interna do vidro (W/m
2
); Na CS: Densidade de fluxo
de calor devido à radiação solar refletida pela superfície interna
do fluxímetro e absorvida na superfície interna do vidro - (W/m
2
)
q
6
= Na CP: Densidade de fluxo de calor por convecção na
superfície interna da cavidade (W/m
2
); Na CS: Densidade de
fluxo de calor por convecção na superfície interna do fluxímetro
(W/m
2
);
q
6a
= Na CP: Densidade de fluxo de calor por troca líquida de
radiação em onda longa na superfície interna cavidade (W/m
2
);
Na CS: Densidade de fluxo de calor por troca líquida de radiação
em onda longa na superfície interna do fluxímetro (W/m
2
);
q
6b
= Na CP: Densidade de fluxo de calor devido à radiação solar
transmitida pelo vidro e absorvida pela cavidade (W/m
2
); Na CS:
Densidade de fluxo de calor devido à radiação solar transmitida
pelo vidro e absorvida pelo fluxímetro (W/m
2
);
q
6c
= Na CP: Densidade de fluxo de calor devido à radiação solar
refletida pela cavidade e novamente refletida na superfície interna
do vidro (W/m
2
); Na CS: Densidade de fluxo de calor devido à
radiação solar refletida pelo fluxímetro e novamente refletida na
superfície interna do vidro (W/m
2
);
q
7
= Na CP: Densidade de fluxo de calor total na superfície interna
da cavidade (W/m
2
);
Na CS: Densidade de fluxo de calor total na superfície interna do
fluxímetro (W/m
2
);
q
8
= Densidade de fluxo de calor na chapa de cobre que forma a
cavidade (W/m
2
);
q
9
= Densidade de fluxo de calor perdido através do isolamento:
fugas (W/m
2
);
q
10
= Densidade de fluxo de calor total na superfície externa do
276
isolamento (W/m
2
);
q
flui
= Densidade de fluxo de calor retirada pelo sistema de
refrigeração por circulação de água (W/m
2
);
R
car
= Resistência térmica da câmara de ar (m
2
K /W);
R
ar_ext
= Resistência térmica superficial entre o vidro e o ar externo -
(m
2
K/W);
R
is
= Resistência térmica do isolamento (m
2
K/W);
R
v
= Resistência térmica do vidro (m
2
K/W);
R
tr
= Resistência térmica total entre o isolamento e o interior do
trailer (m
2
K/W);
T
ARext
= Temperatura do ar externo (°C);
T
ARtr
= Temperatura do ar no interior do trailer (°C);
Tc = Temperatura da chapa de cobre que forma a cavidade (°C);
T
car
= Temperatura na câmara de ar no interior da cavidade (°C);
T
isi
= Temperatura na superfície interna do isolamento (°C)
T
ise
= Temperatura da superfície externa do isolamento (°C);
T
flux
= Temperatura do fluxímetro (°C);
T
trailer
= Temperatura do trailer (°C);
T
ve
= Temperatura na superfície externa do vidro (°C);
T
vi
= Temperatura na superfície interna do vidro (°C);
T
viz
= Temperatura da vizinhança (°C);
kv = Condutividade térmica do vidro (W/mK);
kc = Condutividade térmica da chapa de cobre (W/mK);
k_isolante = Condutividade térmica do isolante: lã de vidro (W/mK);
α
_oc_v
= Absortância à radiação solar na superfície externa do vidro
(adimensional);
277
α
_oc_v_nor
= Absortância à radiação solar do vidro para ângulo de incidência
normal na superfície interna do vidro (adimensional);
α
_ol_v
= Absortância à radiação de onda longa do vidro (adimensional);
α
_oc_cp
= Absortância à radiação solar da chapa de cobre pintado
(adimensional);
α
_oc_flux
= Absortância à radiação solar do fluxímetro pintado
(adimensional);
τ
_oc_v
= Transmitância à radiação solar do vidro na superfície externa
(adimensional);
τ
_ol_v
= Transmitância à radiação de onda longa do vidro
(adimensional);
ρ
_oc_v
= Refletância à radiação solar na superfície externa do vidro
(adimensional);
ρ
_oc_v_nor
= Refletância à radiação solar do vidro para ângulo de incidência
normal (adimensional);
ρ
_ol_v
= Refletância à radiação de onda longa do vidro (adimensional);
ρ
_oc_cp
= Refletância à radiação solar da chapa de cobre pintado
(adimensional);
ρ
_oc_flux
= Refletância à radiação solar do fluxímetro pintado
(adimensional);
ε
_ol_v
= Emissividade do vidro (adimensional);
ε
_ol_cp
= Emissividade da chapa de cobre pintado (adimensional);
ε
_ol_flux
= Emissividade do fluxímetro pintado (adimensional);
ε
_ol_is
= Emissividade do isolamento (adimensional);
σ
= Constante de Stefan-Boltzmann (W/m
2
K
4
);
A seguir é apresentado o equacionamento do balanço de energia em função
da passagem do fluxo de calor para os “nós” do equivalente elétrico (Figura
G.1) proposto para o modelo matemático da cavidade principal:
278
T
ARext
R
ext
T
ve
R
v
T
vi
R
car
T
car
R
car
T
isi
=T
c
T
ARtr
R
t
q
rad
τ
q
rad
α
q
OL
q
ref_OC
q
flui
T
ise
R
is
q
OL
q
OL
Figura G.1. Equivalente elétrico para a CP
Nó T
ve
extar
vextA
R
TT
q
_
Re
1
)(
=
(G.1)
vocrada
qq
__1
.
α
=
(G.2)
))273()273((
44
1
++= TveTvizq
b
εσ
(G.3)
ba
qqqq
1112
++=
(G.4)
32
qq =
(G.5)
v
vive
R
TT
q
=
3
(G.6)
279
Nó T
vi
43
qq =
(G.7)
ba
qqqq
5554
++=
(G.8)
2
5
car
carvi
R
TT
q
=
(G.9)
+
++
=
1
11
)))273()273.((((
____
44
5
volcpol
vic
a
TT
q
εε
σ
(G.10)
norvoccpocvocradb
qq
_______5
...
αρτ
=
(G.11)
Nó T
car
2
)(
cvi
car
TT
T
+
=
(G.12)
Nó T
c
2
6
car
ccar
R
TT
q
=
(G.13)
280
+
++
=
1
11
)))273()273.((((
____
44
6
volcpol
cvi
a
TT
q
εε
σ
(G.14)
cpocvocradb
qq
____6
..
ατ
=
(G.15)
norvoccpocvocradc
qq
_______6
...
ρρτ
=
(G.16)
cba
qqqqq
66667
+++=
(G.17)
87
qq =
(G.18)
98
qqq
flui
=
(G.19)
Nó T
isi
= T
c
cisi
TT =
(G.20)
is
iseisi
R
TT
q
=
9
(G.21)
Nó T
ise
281
109
qq =
(G.22)
trailerARtr
TT =
(G.23)
t
trailerise
R
TT
q
=
10
(G.24)
Por fim o Fator Solar calculado segundo a modelagem da cavidade
principal é dado pela expressão:
rad
q
q
FS
8
=
(G.25)
A Figura G.2 apresenta o equivalente elétrico para a cavidade secundária.
Neste caso, o equacionamento inicialmente é similar ao primeiro (cavidade
principal) até a interface da superfície interna do vidro e o ar no interior da
cavidade. A partir daí passa a ser aplicada a seguinte formulação:
T
ARext
R
ext
T
ve
R
v
T
vi
R
car
T
car
R
car
T
isi
=T
c
=T
flux
T
ARtr
R
t
q
rad
τ
q
rad
α
q
OL
q
ref_OC
q
flui
T
ise
R
is
q
OL
q
OL
Figura G.2. Equivalente elétrico para a CS
Nó T
vi
282
43
qq =
(G.26)
ba
qqqq
5554
++=
(G.27)
2
5
car
carvi
R
TT
q
=
(G.28)
+
++
=
1
11
)))273()273.((((
____
44
5
volfluxol
viflux
a
TT
q
εε
σ
(G.29)
norvocfluxocvocradb
qq
_______5
...
αρτ
=
(G.30)
Nó T
car
2
)(
fluxvi
car
TT
T
+
=
(G.31)
Nó T
c
= T
flux
fluxc
TT =
(G.32)
283
2
6
car
fluxcar
R
TT
q
=
(G.33)
+
++
=
1
11
)))273()273.((((
____
44
6
volfluxol
fluxvi
a
TT
q
εε
σ
(G.34)
fluxocvocradb
qq
____6
..
ατ
=
(G.35)
norvocfluxocvocradc
qq
_______6
...
ρρτ
=
(G.36)
cba
qqqqq
66667
+++=
(G.37)
87
qq =
(G.38)
98
qqq
flui
=
(G.39)
Nó T
isi
= T
c
cisi
TT =
(G.40)
is
iseisi
R
TT
q
=
9
(G.41)
284
Nó T
ise
109
qq =
(G.42)
trailerARtr
TT =
(G.43)
t
trailerise
R
TT
q
=
10
(G.44)
Então, o Fator solar calculado segundo a modelagem da cavidade
secundária é dado pela expressão:
rad
q
q
FS
8
=
(G.45)
Linhas de Programação
do EES para cada modelo
"MODELO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA CAVIDADE PRINCIPAL DO
CALORÍMETRO - CASO vidro incolor 3mm"
"LISTA DE VARIÁVEIS DE ENTRADA"
"Variáveis medidas - Dados reais "
qrad= 750 "Radiação solar incidente no
plano de medição - (W/m2)"
TArext = 22 "Temperatura do ar externo -
(°C)"
lv = 0,003 "Espessura do vidro - (m)"
lc = 0,00089 "Espessura da chapa de
cobre que forma a cavidade - (m)"
lcar = 0,3 "Espessura da câmara de ar
formada no interior da cavidade - (m)"
285
l_isolante = 0,07 "Espessura da lã de vidro
que isola a cavidade - (m)"
Tve = 28 "Temperatura na superfície
externa do vidro - (°C)"
Tc = 26 "Temperatura da chapa de
cobre que forma a cavidade - (°C)"
TArtr= 30 "Temperatura do ar no
interior do trailer (°C)"
har_ext = 15,5 "Coeficiente de convecção
com o ar externo - (W/m2K)"
"Variáveis estimadas "
hcar = 5,5 "Coeficiente de convecção
na câmara de ar no interior do cavidade - (W/m2K)"
Rcar = (1/hcar) "Resistência térmica da
câmara de ar - (m2K/W)"
Rv = (lv/kv) "Resistência térmica do
vidro - (m2K/W)"
Ris = (l_isolante/k_isolante) "Resistência térmica do
isolamento: lã de vidro - (m2K/W)"
h_trailer = (3,1+5,5) "Coeficiente de convecção
da face da cavidade voltada para dentro do
trailer - (W/m2K)"
Rt= (1/h_trailer ) "Resistência térmica
superficial entre o isolamento e o ar no interior do
trailer (m2K/W)"
Rar_ext = (1/har_ext ) "Resistência térmica
superficial entre o vidro e o ar externo - (m2K/W)"
Tviz = TArext "Temperatura da vizinhança
- (°C)"
Ttrailer = TArtr "Temperatura do trailer -
(°C)"
hr_ext = epsilon_ol_v *sigma *((Tviz+273) +(Tve+273))*((Tviz+273)^2 +(Tve+273)^2 )
"Coeficiente de troca
radiante externo - (W/m2K)"
eff=((1/((1/epsilon_ol_cp) + (1/epsilon_ol_v) - 1))) "Emissividade efetiva
(adimensional)"
hr_car = 0,227*eff*((((Tvi+Tc)/2)+273)/100)^3 "Coeficiente de troca
radiante na câmara de ar - (W/m2K)"
hext = (har_ext + hr_ext) "Coeficiente global de
troca externo - (W/m2K)"
hint = (hcar +hr_car) "Coeficiente global de troca
interno: na câmara de ar - (W/m2K)"
"Variáveis teóricas - propriedades dos materiais e constantes"
kv = 1,0 "Condutividade térmica do Vidro - (W/mK)"
kc = 380 "Condutividade térmica do chapa de cobre - (W/mK)"
k_isolante =0,045 "Condutividade térmica do isolante: lã de vidro -
(W/mK)"
angulo_rad = 40 "Ângulo de incidência da radiação solar - (°)"
286
alpha_oc_v = 0,10 "Absortância à radiação solar do vidro na superfície externa, para o
ângulo de incidência da radiação solar - [ ]"
alpha_oc_v_nor = 0,09 "Absortância à radiação solar do vidro para ângulo de incidência
normal da face interna - [ ]"
tau_oc_v = 0,82 "Transmitância à radiação solar do vidro na superfície externa, para
o ângulo de incidência da radiação solar - [ ]"
rho_oc_v = 0,08 "Refletância à radiação solar do vidro na superfície externa, para o
ângulo de incidência da radiação solar - [ ]"
rho_oc_v_nor = 0,08 "Refletância à radiação solar do vidro em ângulo de
incidência normal na superfície interna - [ ]"
epsilon_ol_v = 0,9 "Emissividade do vidro - [ ]"
epsilon_ol_cp = 0,86 "Emissividade da chapa de cobre pintado: superfície
interna da cavidade - [ ]"
epsilon_ol_is = 0,95 "Emissividade do isolamento - [ ]"
alpha_oc_cp = 0,95 "Absortância à radiação solar da chapa de cobre
pintado: superfície interna da cavidade - [ ]"
rho_oc_cp = (1- alpha_oc_cp) "Refletância à radiação solar da chapa de cobre
pintado: superfície interna da cavidade - [ ]"
sigma = 5,67E-8 "Constante de Stefan-Boltzmann - (W/m2k4)"
"RESULTADOS - Incógnitas"
"Tvi = temperatura na superfície interna do vidro - (°C)"
"Tcar = temperatura na câmara de ar no interior da cavidade - (°C)"
"Tisi = temperatura na superfície interna do isolamento, em contato com cavidade de cobre -
(°C)"
"Tise = temperatura na superfície externa do isolamento, em contato com o ar interno do trailer
- (°C)"
"q1 = densidade de fluxo de calor por convecção na superfície externa do vidro - (W/m2)"
"q1a = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar absorvida pelo vidro na superfície
externa - (W/m2)"
"q1b = densidade de fluxo de calor perdido por radiação em onda longa do vidro para a
vizinhança"
"q2 = densidade de fluxo de calor total na superfície externa do vidro - (W/m2)"
"q3 = densidade de fluxo de calor por condução no vidro - (W/m2)"
"q4 = densidade de fluxo de calor total na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q5 = densidade de fluxo de calor por convecção na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q5a = densidade de fluxo de calor devido à troca líquida de radiação em onda longa na
superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q5b = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar refletida pela superfície interna da
cavidade e absorvida na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q6 = densidade de fluxo de calor por convecção na superfície interna da cavidade - (W/m2)"
"q6a = densidade de fluxo de calor por troca líquida de radiação em onda longa na superfície
interna da cavidade - (W/m2)"
"q6b = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar transmitida pelo vidro e absorvida
pela cavidade - (W/m2)"
"q6c = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar refletida pela cavidade e novamente
refletida na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q7 = densidade de fluxo de calor total na superfície interna da cavidade - (W/m2)"
"q8 = densidade de fluxo de calor na chapa de cobre que forma a cavidade - (W/m2)"
"qflui = densidade de fluxo de calor retirada pelo sistema de refrigeração: circulação de água -
(W/m2)"
287
"q9= densidade de fluxo de calor perdido através do isolamento: fugas - (W/m2)"
"q10 = densidade de fluxo de calor total na superfície externa do isolamento - (W/m2)"
"q10a = densidade de fluxo de calor perdido para o ar no interior do trailer - (W/m2)"
"q10b = densidade de fluxo de calor perdido por radiação em onda longa do isolamento para o
trailer"
"FS = fator solar [ ]"
"CÁLCULO"
"Balanço de calor no vidro"
q1= (TArext -Tve)/Rar_ext
q1a = (qrad*alpha_oc_v)
q1b = epsilon_ol_v*sigma * ((Tviz+273)^4 -(Tve+273)^4 )
q2 = q1 +q1a +q1b
q3 = q2
q3 = (Tve - Tvi)/Rv
q3 = q4
q4 = q5 + q5a + q5b
q5 = (Tvi - Tcar)/(Rcar/2)
q5a = ((sigma * ((Tc+273)^4 - (Tvi+273)^4))/((1/epsilon_ol_cp) + (1/epsilon_ol_v) - 1))
q5b = qrad*tau_oc_v *rho_oc_cp*alfa_oc_v_nor
"Balanço na câmara de ar"
Tcar = ((Tvi+Tc)/2)
"Balanço na chapa de cobre"
q6 = (Tcar -Tc)/(Rcar/2)
q6a = ((sigma * ((Tvi+273)^4 - (Tc+273)^4))/((1/epsilon_ol_cp) + (1/epsilon_ol_v) - 1))
q6b = qrad*tau_oc_v *alpha_oc_cp
q6c = qrad*tau_oc_v *rho_oc_cp*rho_oc_v_nor
q7 = q6 +q6a +q6b +q6c
q7 = q8
qflui = q8 - q9
288
"Balanço no isolante"
Tisi = Tc
q9 =(Tisi - Tise)/Ris
q9 = q10
q10 = (Tise -Ttrailer)/Rt
"Fator solar calculado"
FS = q8/qrad
"MODELO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA CAVIDADE SECUNDÁRIA DO
CALORÍMETRO - CASO vidro incolor 3mm"
"LISTA DE VARIÁVEIS DE ENTRADA"
"Variáveis medidas - Dados reais"
qrad= 750 "Radiação solar incidente no
plano de medição - (W/m2)"
TArext = 22 "Temperatura do ar externo -
(°C)"
lv = 0,003 "Espessura do vidro - (m)"
lc = 0,003 "Espessura da chapa de
cobre que forma a cavidade - (m)"
lcar = 0,018 "Espessura da câmara de ar
formada no interior da cavidade - (m)"
l_isolante = 0,07 "Espessura da lã de vidro
que isola a cavidade - (m)"
Tve = 28 "Temperatura na superfície
externa do vidro - (°C)"
Tc = 26 "Temperatura da chapa de
cobre que forma a cavidade - (°C)"
TArtr= 30 "Temperatura do ar no
interior do trailer (°C)"
har_ext = 15,5 "Coeficiente de convecção
com o ar externo - (W/m2K)"
Rflux =0,0006 "Resistência térmica do
fluxímetro - ( m2K/W)"
"Variáveis estimadas"
hcar = 5,5 "Coeficiente de convecção
na câmara de ar no interior do cavidade - (W/m2K)"
Rcar = (1/hcar) "Resistência térmica da
câmara de ar - (m2K/W)"
Rv = (lv/kv) "Resistência térmica do
vidro - (m2K/W)"
289
Ris = (l_isolante/k_isolante) "Resistência térmica do
isolamento: lã de vidro - (m2K/W)"
h_trailer = (3,1+5,5) "Coeficiente de convecção
da face da cavidade voltada para dentro do
trailer - (W/m2K)"
Rt = (1/h_trailer ) "Resistência térmica
superficial entre o isolamento e o ar no interior do
trailer (m2K/W)"
Rar_ext = (1/har_ext) "Resistência térmica
superficial entre o vidro e o ar externo - (m2K/W)"
Tviz = TArext "Temperatura da
vizinhança - (°C)"
Ttrailer = TArtr "Temperatura do trailer -
(°C)"
hr_ext = epsilon_ol_v *sigma *((Tviz+273) +(Tve+273))*((Tviz+273)^2 +(Tve+273)^2 )
"Coeficiente de troca
radiante externo - (W/m2K)"
eff=((1/((1/epsilon_ol_flux) + (1/epsilon_ol_v) - 1))) "Emissividade efetiva
(adimensional)"
hr_car = 0,227*eff*((((Tvi+Tc)/2)+273)/100)^3 "Coeficiente de troca
radiante na câmara de ar - (W/m2K)"
hext = (har_ext + hr_ext) "Coeficiente global de
troca externo - (W/m2K)"
hint = hcar +hr_car "Coeficiente global de
troca interno: na câmara de ar - (W/m2K)"
"Variáveis teóricas - propriedades dos materiais e constantes"
kv = 1,0 "Condutividade térmica do Vidro - (W/mK)"
kc = 380 "Condutividade térmica da chapa de cobre -
(W/mK)"
k_isolante =0,045 "Condutividade térmica do isolante: lã de vidro -
(W/mK)"
angulo_rad = 40 "Ângulo de incidência da radiação solar - (°)"
alpha_oc_v = 0,10 "Absortância à radiação solar do vidro na superfície externa, para o
ângulo de incidência da radiação solar - [ ]"
alpha_oc_v_nor = 0,09 "Absortância à radiação solar do vidro para ângulo de incidência
normal face interna - [ ]"
tau_oc_v = 0,82 Transmitância à radiação solar do vidro na superfície externa, para
o ângulo de incidência da radiação solar - [ ]"
rho_oc_v = 0,08 "Refletância à radiação solar do vidro na superfície externa, para o
ângulo de incidência da radiação solar - [ ]"
rho_oc_v_nor = 0,08 "Refletância à radiação solar do vidro em ângulo de incidência
normal na superfície interna - [ ]"
epsilon_ol_v = 0,9 "Emissividade do vidro - [ ]"
epsilon_ol_flux = 0,86 "Emissividade do fluxímetro pintado: superfície
interna da cavidade - [ ]"
epsilon_ol_is = 0,95 "Emissividade do isolamento - [ ]"
alpha_oc_flux = 0,95 "Absortância à radiação solar do fluxímetro
pintado - [ ]"
rho_oc_flux = (1- alpha_oc_flux) "Refletância à radiação solar do fluxímetro
pintado: superfície interna da cavidade - [ ]"
sigma = 5,67E-8 "Constante de Stefan-Boltzmann - (W/m2k4)"
290
"RESULTADOS - Incógnitas"
"Tvi = temperatura na superfície interna do vidro - (°C)"
"Tcar = temperatura na câmara de ar no interior da cavidade - (°C)"
"Tisi = temperatura na superfície interna do isolamento, em contato com cavidade de cobre -
(°C)"
"Tise = temperatura na superfície externa do isolamento, em contato com o ar interno do trailer
- (°C)"
"Tflux= temperatura na superfície do fluxímetro - (°C)"
"q1 = densidade de fluxo de calor por convecção na superfície externa do vidro - (W/m2)"
"q1a = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar absorvida pelo vidro na superfície
externa - (W/m2)"
"q1b = densidade de fluxo de calor perdido por radiação em onda longa do vidro para a
vizinhança"
"q2 = densidade de fluxo de calor total na superfície externa do vidro - (W/m2)"
"q3 = densidade de fluxo de calor por condução no vidro - (W/m2)"
"q4 = densidade de fluxo de calor total na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q5 = densidade de fluxo de calor por convecção na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q5a = densidade de fluxo de calor devido à troca líquida de radiação em onda longa na
superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q5b = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar refletida pela superfície interna do
fluxímetro e absorvida na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q6 = densidade de fluxo de calor por convecção na superfície interna do fluxímetro - (W/m2)"
"q6a = densidade de fluxo de calor por troca líquida de radiação em onda longa na superfície
interna do fluxímetro - (W/m2)"
"q6b = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar transmitida pelo vidro e absorvida
pelo fluxímetro - (W/m2)"
"q6c = densidade de fluxo de calor devido à radiação solar refletida pelo fluxímetro e
novamente refletida na superfície interna do vidro - (W/m2)"
"q7 = densidade de fluxo de calor total na superfície interna do fluxímetro - (W/m2)"
"q7a = densidade de fluxo de calor por condução através do fluxímetro - (W/m2)"
"q8= densidade de fluxo de calor na chapa de cobre que forma a cavidade - (W/m2)"
"qflui = densidade de fluxo de calor retirada pelo sistema de refrigeração: circulação de água -
(W/m2)"
"q9= densidade de fluxo de calor perdido através do isolamento: fugas - (W/m2)"
"q10 = densidade de fluxo de calor total na superfície externa do isolamento - (W/m2)"
"q10a = densidade de fluxo de calor perdido para o ar no interior do trailer - (W/m2)"
"q10b = densidade de fluxo de calor perdido por radiação em onda longa do isolamento para o
trailer"
"FS = fator solar [ ]"
"CÁLCULO"
"Balanço de calor no vidro"
q1= (TArext -Tve)/Rar_ext
q1a = (qrad*alpha_oc_v)
q1b = epsilon_ol_v*sigma * ((Tviz+273)^4 -(Tve+273)^4 )
291
q2 = q1 +q1a +q1b
q3 = q2
q3 = (Tve - Tvi)/Rv
q3 = q4
q4 = q5 + q5a + q5b
q5 = (Tvi - Tcar)/(Rcar/2)
q5a = ((sigma * ((Tflux+273)^4 - (Tvi+273)^4))/((1/epsilon_ol_flux) + (1/epsilon_ol_v) - 1))
q5b = qrad*tau_oc_v *rho_oc_flux*alfa_oc_v_nor
"Balanço na câmara de ar"
Tcar = ((Tvi+Tflux)/2)
"Balanço no fluxímetro-chapa"
q6 = (Tcar -Tflux )/(Rcar/2)
q6a = ((sigma * ((Tvi+273)^4 - (Tflux+273)^4))/((1/epsilon_ol_flux) + (1/epsilon_ol_v) - 1))
q6b = qrad*tau_oc_v *alpha_oc_flux
q6c = qrad*tau_oc_v *rho_oc_flux*rho_oc_v_nor
q7 = q6 +q6a +q6b +q6c
Tflux = Tc
q7 =q8
qflui = q8- q9
"Balanço no isolante"
Tisi = Tc
q9 =(Tisi - Tise)/Ris
q9 = q10
q10 = (Tise -Ttrailer)/Rt
"Fator solar calculado"
FS = (q8)/qrad
292
ANEXO H – Outras informações sobre as medições
realizadas
O CD que acompanha este documento apresenta os resultados das seguintes
variáveis monitoradas ao longo de cada medição:
Variáveis ambientais
Radiação solar no plano da janela;
Temperatura do ar externo;
Temperatura do ar no interior do trailer;
Velocidade do ar externo.
Informações da CP
Temperatura do banho;
Temperatura da água na entrada CP;
Temperatura da água na saída CP;
Temperatura média da CP;
Temperatura do ar na CP;
Temperatura externa do vidro na CP;
T cavidade-vidro;
T água de entrada-saída da CP.
Informações da CS
Temperatura média da CS;
Temperatura do ar na CS;
Temperatura externa do vidro na CS;
Fluxo de calor medido nos fluxímetros da CS.
293
Disponível para download em:
http://www.labeee.ufsc.br/publicacoes/teses.php
294
ANEXO I – Recomendações para execução de medições
utilizando o calorímetro
A seguir é apresentada a seqüência de execução juntamente com
recomendações importantes para a realização de verificações do FS em
vidros e janelas, utilizando o calorímetro.
1. Preparação e instalação da amostra
Necessariamente a amostra (vidros, proteções solares, janelas completas,
etc.) deverá ser ajustada às dimensões de abertura da cavidade utilizada no
teste:
Cavidade principal (CP): 150cm (horizontal) x 120cm (vertical);
Cavidade secundária (CS): 50cm x 50cm.
Antes da instalação, tanto a amostra como a superfície interna da cavidade
deverão ser completamente limpas. A instalação deve ser cuidadosa para
evitar danos à estrutura do calorímetro e do corpo da amostra.
As bordas de contato entre a amostra e a cavidade deverão ser vedadas com
material isolante (ex: silicone) e presas de modo apropriado para evitar
quedas.
2. Condições ambientais
Para obtenção de resultados de FS com menores incertezas, os testes
deverão ser realizados sob condições ambientais estáveis. Para isso, são
sugeridos a seguir alguns limites preferenciais que poderão ser observados:
Condição de céu: claro (sem nuvens);
Posição do plano de medição: vertical;
Níveis de radiação incidente no plano de medição: acima de
600W/m²;
Velocidade do ar externo: abaixo de 3m/s;
Ângulos de incidência da radiação no plano de medição: menor
que 60°.
OBS.: Para atender as condições de níveis de radiação e ângulo de
incidência é necessária a análise da época do ano apropriada, em função da
posição do sol para a latitude local.
295
3. Operação do calorímetro
A seguinte seqüência básica de acionamento manual dos componentes deve
ser obedecida para dar início ao teste:
Ligar o microcomputador e o multímetro conectados ao sistema de
aquisição e controle (placas);
Executar o software de gerenciamento e inserir o valor da
temperatura de controle da cavidade;
Ligar o banho termostático (nas duas cavidades);
Ligar a bomba de circulação de água.
Como ajuste inicial da vazão do líquido que circula nas faces da CP, poderá
ser adotado o ajuste ótimo encontrado para a abertura dos registros durante
os testes de calibração do calorímetro, conforme mostra a Tabela I.1.
Tabela I.1. Ajuste inicial das vazões na CP
Abertura dos registros da CP
Registro Voltas
A ¼
B ¼
C ¼
D ½
E 2
Do lado externo do calorímetro, no mesmo plano de medição da janela,
deverão ser posicionados os sensores de monitoramento da velocidade do ar
(anemômetro), da radiação solar (piranômetro) e o medidor de coeficiente
de convecção.
Os sensores de temperatura (termopares) aplicados na amostra poderão ser
instalados previamente ao momento de teste. No caso de testes com vidros
na CP, dois termopares são usados, um colocado na superfície externa no
centro do vidro e outro próximo à borda (aproximadamente 10cm). Na CS,
apenas um termopar é aplicado no centro do vidro. Para fixar as juntas de
medição dos termopares nas amostras de vidro, deverão ser usadas fitas
adesivas transparentes, para evitar a criação de pontos que possam bloquear
a
passagem da radiação solar.
296
Recomenda-se proteger todas as juntas de medição dos termopares
aplicados sobre elementos expostos à radiação solar. Esta proteção pode ser
feita através do uso de pequenas barreiras radiantes, modeladas em papel
aluminizado e acopladas na forma de um arco sobre a junta.
A amostra deve ser exposta à radiação solar após o acionamento do
sistema de resfriamento, para evitar superaquecimento da estrutura e do ar
no interior das cavidades. No caso de amostras de vidro, janelas, ou
elementos de proteção solar interna (ex: cortinas e persianas), a tampa
externa de cada cavidade pode ser mantida fechada para impedir a
incidência da radiação durante os preparativos iniciais do teste. Durante o
período em que a tampa estiver fechada (sem incidência de radiação na
amostra), o controle da temperatura da cavidade pode ser ajustado com o
valor igual à temperatura média do vidro.
Após a abertura da tampa, o controle da temperatura da cavidade deve ser
ajustado com o valor dado pela soma (T
VIDRO
+T). Aqui T
VIDRO
é a
temperatura média do vidro, obtida aritmeticamente entre o valor da
temperatura externa da borda e do centro do vidro, para o caso da CP. Com
base nas observações experimentais, as faixas estimadas de T cavidade-
vidro em função do tipo de vidro são dadas pela Tabela I.2, para a CP e a
CS. Caso este processo seja realizado manualmente, o valor de controle
deve ser corrigido (reajustado) no máximo a cada 5 minutos ao longo de
todo o teste.
Sob condições ambientais estáveis, um tempo mínimo deverá ser respeitado
após o início da exposição da amostra à radiação solar. Este tempo não
deverá ser inferior a 30 minutos, para as duas cavidades.
Tabela I.2. Faixas de
T cavidade-vidro em função da
absorção do vidro
T (Tc – Tve)
Absorção do vidro
CP CS
(α < 10)
-2 até -5ºC 0 até -1ºC
(10 < α < 40)
-5 até -8ºC -1 até -2ºC
(α > 40)
-8 até -12ºC -2 até -3ºC
Durante o período de estabilização e ao longo de todo o teste, o operador
deverá estar atento à temperatura individual das faces, no caso das medições
realizadas na CP. A homogeneização da temperatura da CP (TMCP) é
297
fundamental para bons resultados na medição. Por isso, depois da
regulagem inicial (valores propostos na Tabela I.1), reajustes podem ser
necessários para melhorar a equalização das temperaturas entre as faces da
CP.
4. Análise dos dados
Um tempo mínimo de medição deve ser respeitado após o período de
estabilização, para que seja adquirido um mero consistente de dados para
compor um FS médio. Sugere-se que este tempo seja superior a 30 minutos.
É importante esclarecer que o tempo total de medição pode se estender por
períodos maiores, sendo utilizado na análise de dados intervalos menores
retirados deste período total, onde houverem melhores condições de
estabilização no teste.
Para uma maior confiabilidade, recomenda-se que cada amostra seja testada
no mínimo três vezes, preferencialmente sob condições ambientais
semelhantes, mas sempre em dias diferentes.
O tratamento dos dados poderá ser realizado em planilhas eletrônicas (tipo
Excel), sendo implementado o equacionamento do método de determinação
do FS proposto neste trabalho (Capítulo 5). Como resultado final, deve ser
obtido um valor de FS médio no período de teste analisado. Esta média é
calculada aritmeticamente a partir dos valores instantâneos registrados ao
longo do tempo de medição. Além do desvio padrão em torno da média,
outros processos estatísticos poderão ser aplicados para verificar as
incertezas existentes no resultado do FS medido.
Como sugestão para a apresentação dos resultados obtidos, propõe-se que
estes sejam exibidos na forma de um relatório técnico de medição. O FS
poderá ser dado em resultados instantâneos ao longo do tempo (forma
gráfica), constando também o valor médio encontrado, segundo
determinado ângulo de incidência da radiação solar. Valores de FS (teóricos
ou experimentais) de elementos já caracterizados poderão ser usados como
valores de referência. Tabelas contendo as seguintes informações médias
dos testes também podem ser inseridas:
Amostra (nome, referência comercial, etc.);
Data do teste;
FS médio ± incerteza;
298
FS teórico de referência (caso houver);
T cavidade-vidro (°C);
Temperatura da cavidade (°C);
Temperatura do ar no interior da cavidade (°C);
Temperatura do vidro (°C);
Temperatura do ar externo (°C);
Coeficiente global de troca de calor interno (W/m²K);
Coeficiente global de troca de calor externo (W/m²K);
Velocidade do ar externo (m/s);
Radiação solar no plano de medição (W/m²);
Intervalo de ângulos de incidência (°);
Tempo de medição (min).
Outras informações fornecidas pelos fabricantes sobre as propriedades
ópticas e térmicas das amostras testadas também poderão ser incluídas no
relatório técnico.
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