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No Brasil, as políticas públicas não dispensaram a merecida atenção à
questão dos parques urbanos, na medida em que predomina a tendência de reduzi-
los à uma imagem, que, em muitos casos, encontra-se superada. Esta condição
dificulta a gestão destes espaços, devido à falta de compreensão das novas funções
assumidas pelos parques nas cidades (BARCELLOS, 1999).
Macedo e Sakata (2003) acrescentam que as cidades brasileiras necessitam
cada vez mais de novos parques públicos, que, em geral, são de dimensões
menores devido à escassez de terrenos e ao seu elevado custo nos grandes
centros. O parque público da atualidade é um elemento típico da cidade, estando em
constante processo de recodificação.
Segundo Silva (1974, p.127):
a cidade industrial moderna, com seu cotejo de problemas, colocou a
exigência de áreas verdes, parques e jardins, como elemento urbanístico,
não destinados apenas à ornamentação urbana, mas como uma
necessidade higiênica, de recreação e mesmo de defesa e recuperação do
meio ambiente em face da degradação de agentes poluidores, e elementos
de equilíbrio do meio ambiente urbano, de equilíbrio psicológico, de
reconstrução da tranqüilidade, de recomposição do temperamento
desgastados na faina estressante diária.
Ao mesmo tempo, a Prefeitura Municipal de Curitiba salienta que um dos
aspectos fundamentais da política de áreas verdes na cidade é, justamente, a
afirmação do lazer e da recreação como fatores indispensáveis ao equilíbrio físico e
mental do ser humano e ao seu desenvolvimento, não sendo, no entanto, a sua
finalidade única (PMC, 2009a).
Nessa perspectiva, a presente dissertação busca, por meio de estudo de
caso, discutir a percepção ambiental do Parque Natural Municipal Barigui, em
Curitiba, Paraná, pelos seus frequentadores, no momento da sua utilização para
lazer e recreação (funções sociais). Assim, sua hipótese norteadora baseia-se na
assertiva de que o usuário de parque urbano busca esta área verde mais pela suas
funções sociais que pela percepção ambiental.
Nesse contexto, o problema central do estudo se volta à identificação das
razões pelas quais os usuários de parques urbanos enquadrados como unidades de
conservação não possuem a devida percepção ambiental das reais funções
ecológicas dessa área verde.
Assim, o objetivo geral da pesquisa consiste em investigar a apropriação
de unidades de conservação como parques urbanos e suas funções sociais e
ambientais, a partir da percepção dos seus usuários.