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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ – PUCPR
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – CCET
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO URBANA – PPGTU
FUNÇÕES SOCIAIS E AMBIENTAIS DE PARQUE URBANO INSTITUÍ-
DO COMO UNIDADE DE CONSERVAÇÃO:
PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL BARIGUI
EM CURITIBA, PARANÁ
PAULO CEZAR ALVES DE SOUZA
CURITIBA
2010
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PAULO CEZAR ALVES DE SOUZA
FUNÇÕES SOCIAIS E AMBIENTAIS DE PARQUE URBANO INSTITUÍ-
DO COMO UNIDADE DE CONSERVAÇÃO:
PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL BARIGUI
EM CURITIBA, PARANÁ
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Gestão Urbana do
Centro de Ciências Exatas e de
Tecnologia, da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Gestão
Urbana.
Orientadora:
Profa. Dra. Letícia Peret Antunes Hardt
CURITIBA
2010
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TERMO DE APROVAÇÃO
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me conceder saúde, serenidade e força de vontade para a
busca do conhecimento.
À minha orientadora, Profa. Dra. Letícia Peret Antunes Hardt, pela constante
atenção e paciência, pela confiança e compreensão em todos os momentos de
dificuldades e insegurança, pelo contínuo incentivo para a realização desta pesquisa
e pela amizade construída.
Ao Prof. Dr. Harry Alberto Bollmann e à Dra. Leide Takahashi, pela atenção
e assessoria oportuna.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana
(PPGTU), pelo profissionalismo demonstrado a todo momento.
À minha esposa, por estar sempre ao meu lado, acreditando no meu
sucesso.
Um dia, a Terra vai adoecer. Os pássaros cairão
do céu, os mares vão escurecer e os peixes
aparecerão mortos na correnteza dos rios.
Quando esse dia chegar, os índios perderão o seu
espírito. Mas vão recuperá-lo para ensinar ao
homem branco a reverência pela sagrada terra. Aí,
então, todas as raças vão se unir sob o símbolo do
arco-íris para terminar com a destruição. Será o
tempo dos Guerreiros do Arco-Íris.
(Profecia feita mais de 200 anos por "Olhos de
Fogo", uma velha índia Cree).
RESUMO
Associada ao elevado crescimento populacional, a acentuada expansão urbana
determina a necessidade cada vez maior de áreas verdes nas cidades, dentre as
quais se destacam os parques urbanos, cujas funções tornam-se gradativamente
mais importantes. Alguns desses espaços são instituídos como unidades de
conservação da natureza. Assim, seu processo de planejamento e gestão requer
especial atenção da administração pública, garantindo a conservação ambiental e
contribuindo para o desenvolvimento humano. Nesse contexto, o objetivo geral da
pesquisa consiste em investigar a apropriação de parques urbanos instituídos como
unidades de conservação e suas funções sociais e ambientais, a partir da percepção
dos seus usuários, fornecendo subsídios para a gestão de cidades. A estrutura do
trabalho é embasada em diversos tipos de métodos (especialmente exploratórios,
descritivos e analíticos). A partir do estabelecimento de fundamentação teórica sobre
os temas de embasamento da investigação, é definido o Parque Natural Municipal
Barigui, na cidade de Curitiba, Paraná, como objeto do estudo de caso,
considerando-se a determinação de critérios específicos de inclusão e exclusão de
unidades de conservação existentes no território curitibano. A área de estudo é,
então, caracterizada em seu processo histórico-cultural e segundo seus aspectos
naturais e antrópicos. A análise da percepção é efetivada por meio de entrevistas
com seus usuários, realizadas a partir da aplicação amostral de formulários no
próprio local, permitindo a definição do perfil dos visitantes, dos seus hábitos de
frequência e da sua percepção acerca das funções sociais e ambientais do parque
selecionado, bem como do processo de gestão do mesmo. Pelos resultados
encontrados, observa-se que seus frequentadores são principalmente indivíduos de
diversos bairros de Curitiba e de outros municípios da sua região metropolitana, com
destaque para visitantes de áreas limítrofes ao parque. Utilizam seus veículos
particulares como principal meio de transporte e possuem, na sua maioria, nível
superior de escolaridade, com maior tendência a visitas nos finais de semana para a
prática de lazer e atividades de recreação. Diagnostica-se que o público do Parque
Barigui percebe a importância das funções ambientais do parque. No entanto, sua
procura e utilização pelos visitantes estão vinculadas especialmente às suas funções
sociais. Conclui-se, também, que a percepção dos usuários, associada à sua efetiva
participação nas atividades de planejamento e manutenção das unidades de
conservação, possibilita a indicação de instrumentos de administração pública a
serem direcionados à adequada gestão de parques urbanos e áreas similares.
Palavras-chave: Unidade de conservação. Parque urbano. Funções sociais e
ambientais. Gestão.
ABSTRACT
Associated with high population growth, urban expansion markedly determines the
growing need for green areas in cities, among which stand out urban parks, whose
functions become increasingly important. Some of these spaces are established as
units of conservation. Thus, the process of planning and management requires
special attention in public administration, ensuring environmental conservation and
contributing to human development. In this context, the objective of the research is to
investigate the ownership of urban parks established as protected areas and their
social and environmental functions, from the perspective of their users, providing
subsidies for management of cities. The structure of work is based on a variety of
methods (especially exploratory, descriptive and analytical). From the establishment
of theoretical foundations on the subjects of research, is defined Barigui Municipal
Natural Park, in Curitiba, Parana, as the object of case study, from the determination
of specific criteria of inclusion and exclusion of units existing conservation area in
Curitiba. The study area is then characterized in its historical-cultural and second
aspects of natural and man-made. The analysis of perception is accomplished
through interviews with its users, made from the sample application forms on the
spot, allowing the definition of the profile of visitors, their habits and frequency of your
perceptions of social and environmental functions of selected park and its
management process. By the results, it appears that their patrons are mostly
individuals from various districts of Curitiba and other cities of its metropolitan area,
especially for visitors from areas bordering the park. Use their private vehicles as the
main means of transport and have, mostly higher education level, more likely to
visitors on weekends to practice leisure and recreation activities. It is diagnosed that
the public of Park Barigui perceives of the importance of environmental functions of
the park. However, its demand and use by visitors are especially linked to their social
functions. It was also the perception of users, coupled with their effective
participation in planning and maintenance of conservation units, allows the indication
of instruments of government to be directed to the appropriate management of urban
parks and similar areas.
Keywords: Conservation area. Urban park. Social and environmental functions.
Management.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Identificação dos critérios de inclusão dos parques urbanos de
Curitiba para seleção da área de estudo......................................51
Tabela 2 Características dos principais bairros do entorno do Parque
Natural Municipal Barigui – 2007..................................................63
Tabela 3: Cronograma de aplicação dos formulários de entrevista.............73
Tabela 4: Região de residência dos usuários do Parque Natural Municipal
Barigui...........................................................................................77
Tabela 5: Bairros de Curitiba não representados por usuários do Parque
Natural Municipal de Curitiba........................................................79
Tabela 6: Região de residência dos turistas do Parque Natural Municipal
Barigui...........................................................................................80
Tabela 7: Faixas etárias e respectiva proporção por gênero dos usuários
entrevistados no Parque Natural Municipal Barigui......................83
Tabela 8: Profissões dos usuários do Parque Natural Municipal Barigui.....85
Tabela 9: Demonstrativo do quantitativo de estabelecimentos de ensino de
Curitiba..........................................................................................87
Tabela 10: Motivos de utilização do Parque Natural Municipal Barigui no
período do dia de maior freqüência dos usuários.........................96
Tabela 11: Motivos de escolha da classe de alta importância do Parque
Natural Municipal Barigui pelos usuários......................................99
Tabela 12: Outras áreas similares utilizadas pelos usuários do Parque
Natural Municipal Barigui............................................................102
Tabela 13: Exemplos de funções de um parque urbano citados pelos
usuários do Parque Natural Municipal Barigui............................104
Tabela 14: Exemplos de funções sociais de um parque citadas pelos usuários
do Parque Natural Municipal Barigui...........................................105
Tabela 15: Exemplos de funções ambientais de um parque citadas pelos
usuários do Parque Natural Municipal Barigui............................106
Tabela 16: Motivos de escolha das classes de alta importância para um
parque urbano genérico pelos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui.........................................................................109
Tabela 17: Responsabilidade de preservação do Parque Natural Municipal
Barigui segundo seus usuários...................................................113
Tabela 18: Motivos negativos de enquadramento do Parque Natural
Municipal Barigui na classe de qualidade geral boa segundo seus
usuários.......................................................................................116
Tabela 19: Motivos da classificação da qualidade geral do Parque Natural
Municipal Barigui segundo seus usuários...................................117
Tabela 20: Eventuais formas de participação dos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui em trabalho voltado à preservação da área do
parque.........................................................................................119
Tabela 21: Eventuais formas de participação dos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui em trabalho voltado ao desenvolvimento de
lazer ou atividades de recreação e cultura na área do parque ..123
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Categorias de unidades de conservação, segundo grupos..........27
Quadro 2: Categorias do Sistema Municipal de Unidades de Conservação no
município de Curitiba e respectivas definições.............................28
Quadro 3: Estrutura de delineamento da pesquisa........................................45
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1: Representação esquemática de espaços territoriais
especialmente protegidos (ETEP), áreas protegidas (AP) e
unidades de conservação (UC).....................................................24
Figura 2: Mapa de localização de unidades de conservação por bairros de
Curitiba..........................................................................................48
Figura 3: Mapa de localização de parques por bairros de Curitiba.............49
Figura 4: Mapa da Rede Integrada de Transporte de Curitiba....................50
Figura 5: Imagem aérea do Parque Natural Municipal Barigui ...................53
Figura 6: Vista aérea do lago no Parque Natural Municipal Barigui............55
Figura 7: Vista de mata ciliar no Parque Natural Municipal Barigui.............57
Figura 8: Vista de arborização isolada no Parque Natural Municipal Barigui
.......................................................................................................57
Figura 9: Vista de aves de hábitos aquáticos no Parque Natural Municipal
Barigui...........................................................................................58
Figura 10: Vista de réptil de grande porte (jacaré-do-papo-amarelo) no
Parque Natural Municipal Barigui..................................................59
Figura 11: Vista de mamíferos (capivaras) no Parque Natural Municipal
Barigui...........................................................................................59
Figura 12: Mapas e imagem aérea de macro localização do Parque Natural
Municipal Barigui...........................................................................61
Figura 13: Carta imagem da região do Parque Natural Municipal Barigui.....62
Figura 14: Vista da Guarda Municipal no Parque Natural Municipal Barigui.64
Figura 15: Vista da área de restaurantes no Parque Natural Municipal Barigui
.......................................................................................................65
Figura 16: Vista da área de churrasqueiras no Parque Natural Municipal
Barigui...........................................................................................65
Figura 17: Vista da área de equipamentos para ginástica no Parque Natural
Municipal Barigui...........................................................................66
Figura 18: Vista de lanchonete no Parque Natural Municipal Barigui............67
Figura 19: Vista de restaurante Parque Natural Municipal Barigui................67
Figura 20: Imagem aérea de localização de pontos de aplicação dos
formulários de entrevista no Parque Natural Municipal Barigui....72
Figura 21: Gráfico de faixas etárias dos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui...........................................................................81
Figura 22: Gráfico de proporção de homens e mulheres do Parque Natural
Municipal Barigui...........................................................................82
Figura 23: Gráfico de grau de escolaridade dos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui...........................................................................84
Figura 24: Gráfico de utilização de meios de transporte pelos usuários do
Parque Natural Municipal Barigui..................................................88
Figura 25: Roteiro da Linha Turismo de Curitiba...........................................90
Figura 26: Gráfico de frequência de uso do Parque Natural Municipal Barigui
pelos usuários...............................................................................92
Figura 27: Gráfico de intensidade de frequência dos usuários do Parque
Natural Municipal Barigui..............................................................94
Figura 28: Gráfico de período do dia de maior frequência dos usuários do
Parque Natural Municipal Barigui..................................................95
Figura 29: Gráfico de escala de importância atribuída pelos usuários ao
Parque Natural Municipal Barigui..................................................98
Figura 30: Gráfico de utilização de outras áreas similares ao Parque Natural
Municipal Barigui pelos usuários.................................................102
Figura 31: Gráfico de conhecimento das funções de um parque pelos
usuários do Parque Natural Municipal Barigui............................103
Figura 32: Gráfico de conhecimento das funções sociais de um parque pelos
usuários do Parque Natural Municipal Barigui............................104
Figura 33: Gráfico de conhecimento das funções ambientais de um parque
pelos usuários do Parque Natural Municipal Barigui..................106
Figura 34: Gráfico de escala de importância atribuída pelos usuários do
Parque Natural Municipal Barigui a um parque urbano genérico
.....................................................................................................108
Figura 35: Gráfico de aspectos de maior importância em um parque urbano
genérico segundo usuários do Parque Natural Municipal Barigui
.....................................................................................................111
Figura 36: Gráfico de classificação da qualidade do Parque Natural Municipal
Barigui pelos usuários.................................................................115
Figura 37: Gráfico de aceitação de convite para participação em trabalho
voltado à preservação do Parque Natural Municipal Barigui pelos
seus usuários..............................................................................118
Figura 38: Gráfico de aceitação de convite para participação em trabalho
voltado ao desenvolvimento de lazer ou atividades de recreação e
cultura no Parque Natural Municipal Barigui pelos seus usuários
.....................................................................................................121
LISTA DE SIGLAS
AME Amigos do Esporte
AP área protegida
APA área de proteção ambiental
APP área de preservação permanente
CAERN Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio Grande do Norte
CBD Convenção da Diversidade Biológica
CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
COMEC Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COP8 Conferência das Partes
DIBAP Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Ambiental
do Paraná
DPP Departamento de Parques e Praças da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente
DUC Departamento de Unidades de Conservação do Instituto Ambiental
do Paraná
ETA Estação de Tratamento de Água
ETEP espaços territoriais especialmente protegidos
FBCN Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza
FBPN Fundação O Boticário de Proteção à Natureza
FUNATURA Fundação Pró-Natureza
IAP Instituto Ambiental do Paraná
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços
IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
IUCN International Union for the Conservation of Nature and Natural
Resources
MINEROPAR Minerais do Paraná
MMA Ministério do Meio Ambiente
MRE Ministério das Relações Exteriores
ONG organização não governamental
ONU Organização das Nações Unidas
PMC Prefeitura Municipal de Curitiba
PMCS Prefeitura Municipal de Canoas
PMPA Prefeitura Municipal de Porto Alegre
PMRJ Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo
PENAP Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas
PETROBRAS Petróleo do Brasil
PNMA Política Nacional do Meio Ambiente
PPGTU Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana
PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná
RIT Rede Integrada de Transporte
RL reserva legal
SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SMMA Secretaria Municipal do Meio Ambiente
SMUC Sistema Municipal de Unidades de Conservação
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC unidade de conservação
URBS Urbanização de Curitiba
WWF World Wildlife Fund
ZR-1 Zona Residencial 1
ZR-SF Zona Residencial Santa Felicidade
ZS-1 Zona de Serviço 1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................17
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................20
2.1 ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS...................................................20
2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.....................................................23
2.2.1 Gênese e evolução................................................................................24
2.2.2 Sistema de unidades de conservação.................................................26
2.3 ÁREAS VERDES URBANAS............................................................30
2.4 PARQUES URBANOS......................................................................31
2.4.1 Gênese e evolução..........................................................................31
2.4.2 Funções dos parques urbanos......................................................32
2.4.3 Funções sociais...............................................................................35
2.4.4 Funções ambientais........................................................................37
2.5 PERCEPÇÃO....................................................................................39
2.6 GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO MEIO URBANO
41
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................44
3.1 MÉTODOS DA PESQUISA...............................................................44
3.2 ESTRUTURAÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO...........................46
3.3 SELEÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...................................................46
3.3.1 Determinação de critérios..............................................................46
3.3.2 Inclusão e exclusão de parques....................................................47
3.3.3 Definição do objeto de estudo.......................................................51
3.4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................52
3.4.1 Processo histórico-cultural............................................................52
3.4.2 Aspectos naturais e antrópicos.....................................................54
3.4.2.1 Fatores abióticos.............................................................................54
3.4.2.2 Fatores bióticos...............................................................................56
3.4.2.3 Fatores antrópicos..........................................................................60
3.4.2.3.1 Aspectos socioespaciais................................................................60
3.4.2.3.2 Aspectos econômicos e institucionais.........................................66
3.5 REALIZAÇÃO DE ENTREVISTAS COM USUÁRIOS......................69
3.5.1 Elaboração e pré-aplicação do formulário de entrevista............69
3.5.2 Determinação dos pontos de aplicação dos formulários de
entrevista..........................................................................................71
3.5.3 Aplicação dos formulários de entrevista......................................73
3.5.4 Tabulação dos dados coletados....................................................74
3.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS.........................................................74
3.6.1 Avaliação da percepção dos usuários..........................................74
3.6.2 Estruturação de fundamentos para gestão..................................75
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................76
4.1 PERFIL DOS USUÁRIOS..................................................................76
4.2 HÁBITOS DE UTILIZAÇÃO DO PARQUE.........................................91
4.3 FUNÇÕES DO PARQUE...................................................................98
4.4 GESTÃO DO PARQUE....................................................................112
4.5 FUNDAMENTOS PARA GESTÃO DE PARQUES URBANOS.......125
5 CONCLUSÃO..................................................................................127
REFERÊNCIAS...............................................................................131
APÊNDICE A
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA DE PESQUISA SOBRE
PERCEPÇÃO DE USUÁRIOS DO PARQUE NATURAL MUNICPAL
BARIGUI EM CURITIBA..................................................................145
17
1 INTRODUÇÃO
O tema relativo aos parques urbanos surge da necessidade de estruturação
de ferramentas para a caracterização de diversos projetos relacionados com a
implementação e com a conservação de áreas verdes, ganhando relevância no
cenário multidisciplinar das ciências ligadas ao urbanismo e ao meio ambiente.
A vida na cidade, especialmente nos grandes centros, é vista como situação
de oportunidades e satisfação de necessidades básicas, mas também como
estressante e perigosa, com diversos conflitos e graves problemas que afetam a
consolidação das áreas urbanas como espaços importantes para reprodução da vida
social. Os conflitos e problemas urbanos comportam dimensões éticas, sociais,
filosóficas, físicas, culturais e econômicas, dentre outras (SOUZA, 2003).
Segundo Barcellos (1999), nas décadas de 1960 a 1980, a sociedade
brasileira passou por profundas mudanças, que parecem ter colocado os parques
urbanos no foco das políticas públicas. Houve aceleração na velocidade das
transformações econômicas, sociais e culturais, imprimindo novos significados aos
parques e exigindo que os profissionais responsáveis pelas áreas verdes revissem
os pressupostos utilizados na sua definição e conceituação.
Para o mesmo autor, os novos papéis desempenhados pelos parques
apresentam duas vertentes de ações, que geram mudanças no seu tratamento nas
cidades brasileiras. A primeira utiliza o parque como estratégia de conservação dos
recursos naturais, especialmente a partir da década de 1980, quando a questão
ambiental é efetivamente institucionalizada no aparelho estatal brasileiro. A segunda
é menos evidente, porque somente nos últimos anos vem se manifestando de modo
mais consistente nas cidades brasileiras, dizendo respeito ao uso dos parques como
elementos de dinamização da economia urbana, especialmente das atividades
ligadas ao lazer e ao turismo. Atualmente, o que se tem de novo é o sentido de
eficiência que se procura imprimir aos parques públicos e à evolução das suas
funções.
18
No Brasil, as políticas públicas não dispensaram a merecida atenção à
questão dos parques urbanos, na medida em que predomina a tendência de reduzi-
los à uma imagem, que, em muitos casos, encontra-se superada. Esta condição
dificulta a gestão destes espaços, devido à falta de compreensão das novas funções
assumidas pelos parques nas cidades (BARCELLOS, 1999).
Macedo e Sakata (2003) acrescentam que as cidades brasileiras necessitam
cada vez mais de novos parques públicos, que, em geral, são de dimensões
menores devido à escassez de terrenos e ao seu elevado custo nos grandes
centros. O parque público da atualidade é um elemento típico da cidade, estando em
constante processo de recodificação.
Segundo Silva (1974, p.127):
a cidade industrial moderna, com seu cotejo de problemas, colocou a
exigência de áreas verdes, parques e jardins, como elemento urbanístico,
não destinados apenas à ornamentação urbana, mas como uma
necessidade higiênica, de recreação e mesmo de defesa e recuperação do
meio ambiente em face da degradação de agentes poluidores, e elementos
de equilíbrio do meio ambiente urbano, de equilíbrio psicológico, de
reconstrução da tranqüilidade, de recomposição do temperamento
desgastados na faina estressante diária.
Ao mesmo tempo, a Prefeitura Municipal de Curitiba salienta que um dos
aspectos fundamentais da política de áreas verdes na cidade é, justamente, a
afirmação do lazer e da recreação como fatores indispensáveis ao equilíbrio físico e
mental do ser humano e ao seu desenvolvimento, não sendo, no entanto, a sua
finalidade única (PMC, 2009a).
Nessa perspectiva, a presente dissertação busca, por meio de estudo de
caso, discutir a percepção ambiental do Parque Natural Municipal Barigui, em
Curitiba, Paraná, pelos seus frequentadores, no momento da sua utilização para
lazer e recreação (funções sociais). Assim, sua hipótese norteadora baseia-se na
assertiva de que o usuário de parque urbano busca esta área verde mais pela suas
funções sociais que pela percepção ambiental.
Nesse contexto, o problema central do estudo se volta à identificação das
razões pelas quais os usuários de parques urbanos enquadrados como unidades de
conservação não possuem a devida percepção ambiental das reais funções
ecológicas dessa área verde.
Assim, o objetivo geral da pesquisa consiste em investigar a apropriação
de unidades de conservação como parques urbanos e suas funções sociais e
ambientais, a partir da percepção dos seus usuários.
19
A partir do estabelecimento de fundamentação teórica sobre os temas de
embasamento da pesquisa, constituem objetivos específicos do estudo:
a) selecionar a área de estudo com base na determinação de
critérios específicos, adotando-se Curitiba como estudo de caso;
b) caracterizar os aspectos naturais e antrópicos do parque
selecionado, bem como seu processo histórico-cultural;
c) analisar, com base em aplicação de entrevistas, o perfil
dos usuários, seus hábitos de frequência e sua percepção das funções
sociais e ambientais do parque selecionado, visando à fundamentação
da gestão de unidades de conservação no meio urbano.
As justificativas para esse estudo são fortalecidas pelos conceitos e
funções dos espaços livres urbanos e pela sua evolução no decorrer dos anos,
assim como pelas alterações conceituais relacionadas à natureza nos últimos
tempos. Esses espaços ajudam a construir a paisagem urbana como um produto,
resultante de um processo social de ocupação e da gestão de determinado território
(MACEDO, 1999).
Dentre as possíveis formas de equilíbrio entre o processo de urbanização
contemporâneo e a preservação do ambiente, o parque urbano surge com novos
contornos culturais e estéticos, desenhando o perfil, entorno e identidades, os quais
devem ser devidamente interpretados nos seus diferentes tempos, funções e usos
(SCALISE, 2002).
Hildebrand et al. (2001), ao estudarem os parques de Curitiba, concluíram
que estas áreas verdes urbanas possuem inegável importância, não para os
moradores do entorno, mas também para a população da cidade como um todo e
para o turismo local. Ainda, acrescentaram que, em Curitiba, embora tenha sido
expressiva a implantação de parques nas últimas duas décadas, pouco se sabe
sobre os efeitos desta política sob a ótica de um sistema integrado de áreas verdes
e sobre a efetiva mudança de hábitos e opinião da população urbana.
A continuidade de estudos sobre os parques, especificamente do Parque
Natural Municipal Barigui, pode contribuir para a sustentabilidade urbana,
possibilitando o entendimento de procedimentos que levam à melhoria da qualidade
de vida nas cidades.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção estabelece as referências teórico-conceituais da pesquisa, com
base especialmente em definições relacionadas às áreas naturais protegidas,
unidades de conservação (UCs), parques urbanos e suas funções sociais e
ambientais.
2.1 ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS
O reconhecimento das áreas naturais protegidas foi ampliado no século XIX,
em um período em que a densidade demográfica não era tão elevada, a infra-
estrutura era menos desenvolvida e a cidade e sua população não exerciam
significativas influências ou pressões sobre estas áreas (CARVALHO; GORINI;
MENDES, 2006).
Segundo Terborgh et al. (2002), o período de 1960 a 1990 foi o de maior
intensidade de criação das áreas protegidas, com os objetivos principais de
conservar espaços naturais e garantir a proteção da sua biodiversidade e dos seus
recursos naturais.
Cabe ressaltar que, naquele momento, as populações cresciam de forma
acentuada, principalmente nas cidades, aumentando a necessidade por produção de
alimentos, viabilização de espaços para habitação, implementação de soluções
rápidas de urbanização, concentração de indústrias e continuidade de extração
vegetal e mineral, exercendo maior grau de pressão sobre o ambiente e,
consequentemente, promovendo maior nível de consumo de recursos naturais
(SENA, 2006).
Para Terborgh et al. (2002), essas acentuadas influências sobre as áreas
naturais protegidas, causadas pelas atividades antrópicas, fortaleceram a
importância da criação e existência de áreas verdes e da conservação da sua
biodiversidade, que os ganhos auferidos pelo homem, a partir da manutenção
destes espaços naturais, são, em sua singularidade, intangíveis. Tais benefícios
advêm, dentre outras origens, da recreação e de melhores condições de qualidade
de vida, relacionadas a medidas psicológicas, ao bem-estar físico e ao próprio valor
destinado à natureza.
21
Na visão de Diegues (2001), essas áreas se fortaleceram em uma época de
discussão sobre as relações entre a sociedade e a natureza, em que não se pregava
a humanidade como centro da existência. Defendia-se, então, a concepção
biocentrista, em que todas as vidas têm o mesmo valor, referindo-se à importância
da natureza intocada, com porções do território inviolável transformadas em áreas
naturais protegidas. Um importante marco desta política ambiental mundial foi a
criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, em 1872,
considerada a primeira unidade de conservação formalmente institucionalizada.
O manual de planificação de sistemas nacionais de áreas silvestres
protegidas na América Latina (BRITO, 2000) define para o Sistema Nacional de
Áreas Naturais Protegidas que:
Cada país dispensará esforços e adequado manejo para obter sucesso na
intenção de conservação das unidades de áreas naturais protegidas de
interesse ecológico e social e no processo contínuo do desenvolvimento
sustentável (MOORE; OMARZABAL, 1988
1
apud BRITO, 2000, p.2).
Essa condição busca o estreitamento das relações entre a sociedade e a
conservação ambiental em determinados espaços naturais de posse e interesse de
cada país, caracterizando a contribuição da proteção e do uso adequado dos
recursos naturais para a sustentabilidade dessa nação. Esta definição tem uma
leitura de conservação da natureza in situ, com maior propriedade para discussão
entre todos os países (BRITO, 2000).
Torquato e Costa (2007) comentam que, no Brasil, a preocupação legislativa
precursora do tema relacionado à proteção do ambiente foi a criação do Real Horto,
no ano de 1811, tendo como mentor o Imperador Dom João VI. O local é conhecido
atualmente como Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Alguns anos depois, outros
jardins botânicos foram criados no Brasil, como os de Salvador, Cuiabá, Aracaju,
Ouro Preto e Olinda, em 1825, e o de São Luiz, em 1830.
1
Ver MOORE, A.; OMARZABAL, C. Manual de planificación de sistemas nacionales de
áreas silvestres protegidas en la America Latina metodología y recomendaciones.
Santiago: Proyeto Food and Agriculture Organization FAO / Programa das Nações Unidas
para o Meio ambiente PNUMA; Oficina Regional de La FAO para América Latina y el
Caribe, 1988.
22
Para Carvalho, Gorini e Mendes (2006), o principal marco no Brasil para o
surgimento das áreas naturais protegidas aconteceu no ano de 1934, com a
instituição do Código Florestal Brasileiro, que estabelecia legalmente a criação de
parques nacionais, visando à constituição de bases legais para a proteção territorial
dos recursos naturais e demais áreas silvestres. Segundo os autores, o primeiro
parque nacional criado no Brasil foi o do Itatiaia, no ano de 1937. Com 30 mil
hectares recobertos por vasta área de Floresta Atlântica, está localizado na Serra da
Mantiqueira, entre os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Segundo Pereira e Scardua (2008), em junho de 1992, durante a Convenção
da Diversidade Biológica (CDB), a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD), que trata de assuntos de caráter ambiental global
(MRE; MMA, 2009), teve o texto assinado pelo Presidente da República do Brasil e
ratificada pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo 2, de 3 de
fevereiro de 1994 (BRASIL, 1994), e promulgada pelo Decreto Federal Nº 2.519, de
17 de março de 1998 (BRASIL, 1998).
Segundo o Artigo da CDB, as áreas naturais protegidas são definidas
como regiões geograficamente pré-fixadas para um específico destino e
normatizadas por um conjunto de regras, tendo administração própria direcionada ao
alcance dos objetivos específicos de conservação (MRE; MMA, 2009). Em uma
leitura mais próxima da ótica jurídica, a CDB não manifesta peculiaridades para a
conservação de espaços definidos como áreas protegidas, nem mesmo
relacionadas aos objetivos, políticas e programas a serem executados pelas nações
envolvidas (PEREIRA; SCÁRDUA, 2008).
O Artigo 6º da CDB relata que os envolvidos deverão criar e executar
estratégias, planos e programas para a conservação ambiental, ou adaptar os
existentes (MRE; MMA, 2009). De acordo com essa linha de pensamento, no mês
de março de 2006, na cidade de Curitiba, Paraná, durante a Conferência das Partes
(COP8), colocou-se em prática o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas
(PENAP). Regulamentado pelo Decreto Federal 5.758, de 13 de abril de 2006
(BRASIL, 2006), defende intenções e objetivos inerentes às áreas protegidas,
definidas pelo Ministério do Meio Ambiente como áreas terrestres e marinhas do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), terras indígenas, territórios
quilombolas, áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais (RLs).
23
Para a International Union for the Conservation of Nature and Natural
Resources (IUCN, 1994), organização não governamental ligada a diversos países,
o conceito de unidade de conservação ou área natural protegida é definido
igualmente como determinada porção da superfície terrestre ou marítima instituída
por lei como de proteção e manutenção de todo um conjunto biológico, além de suas
riquezas naturais e culturais.
Para Adams (2000), o conceito de áreas naturais protegidas, denominadas
no Brasil de unidades de conservação, surgiu unicamente para tornar segura, por
meio de leis, a conservação da fauna, flora, nichos ecológicos, fenômenos físicos,
condições biológicas e recursos hídricos, em relação aos interesses do homem e
seus anseios de crescimento urbano-industrial.
2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Os conceitos de unidades de conservação e áreas naturais protegidas se
confundem ou até, muitas vezes, se completam –, assim como o exato momento
de surgimento dos respectivos temas. Existe uma pluralidade de definições para os
dois termos relacionados à proteção do ambiente. Em certas ocasiões, são
empregados como sinônimos. Em outras, são estudados como assuntos distintos.
Possivelmente, uma das principais causas desta situação seja a transformação dos
diferentes domínios do saber, ao longo do tempo.
Na análise de Pereira e Scardua (2008), áreas naturais protegidas são
enquadradas no gênero dos espaços territoriais especialmente protegidos e, por sua
vez, não se confundem genericamente com unidades de conservação. Esta versão
segue o ponto de vista de Silva (1982), que afirma que espaços territoriais
especialmente protegidos, definidos na Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 (BRASIL, 1988), não se restringem a unidades de conservação,
embora estas sejam classificadas como aqueles espaços.
Na Figura 1, tem-se a representação esquemática de caso, analisado por
Pereira e Scardua (2008), de organização em níveis hierárquicos dos temas
discutidos.
24
ETEP
Figura 1: Representação esquemática de espaços territoriais especialmente protegidos
(ETEP), áreas protegidas (AP) e unidades de conservação (UC)
Fonte: Elaborada com base em Pereira e Scardua (2008).
Godoy (2000, p.132), em uma abordagem histórica de relação dos
indivíduos com o espaço e suas interações concatenadas, descreve que:
Nessa perspectiva, as áreas protegidas são lugares que adquirem
especificidade a partir das operações que são feitas sobre eles, sendo que
as unidades de conservação, por meio de uma minuciosa tipologização dos
lugares, constituem tais operações que, por sua vez, são claramente
explicitadas no discurso jurídico-científico, pois é nele que se a grande
operação de demarcação.
À análise deste conceito, pode-se acrescentar as críticas realizadas por Brito
(1998) e Morsello (1999), que comentam que as unidades de conservação, no
Brasil, são caracterizadas por alguns autores como “ficções jurídicas” e “parques de
papel”. Ou seja, depara-se constantemente com sérias dificuldades para sua efetiva
implementação (HARDT; HARDT, 2007).
O fato relevante nessa discussão sobre conceitos não reside na abrangência
ou limitação do tema, nem na interpretação ou aplicação das definições, mas na
coerência de entendimento e avaliação dos critérios para estabelecimento das
formas de uso e dos objetivos determinantes para o modelo da criação de
determinadas áreas protegidas. Nesse contexto, considera-se o conjunto de
interações entre si e com os meios natural e construído como um todo, além dos
aspectos de importância que estes espaços, desde a sua origem até os tempos
atuais, representam para a perpetuidade da vida humana.
2.2.1 Gênese e evolução
De acordo com Godoy (2000), a América Latina, a África e a Ásia seguiram
o modelo das unidades de conservação surgido nos Estados Unidos, com a criação
do Parque Nacional de Yellowstone, em 1872.
AP
UC
25
Por volta de 1970, iniciou-se uma etapa de grande comprometimento com o
ambientalismo mundial, com incidência direta na política brasileira. Cabe registrar
diversos encontros mundiais entre nações, destacando-se as conferências da
Biosfera (1968) e de Estocolmo (1972), que implicaram em amplo envolvimento e
discussão internacional para a elaboração e aplicação de estratégias e medidas
legais, com determinados prazos estabelecidos para a proteção ambiental
(MEDEIROS, 2003).
O termo “unidade de conservação” apareceu oficialmente no país no ano de
1979, quando foi apresentado o Plano do Sistema de Unidades de Conservação do
Brasil (IBDF; FBCN, 1982), pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
(IBDF), em associação com a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza
(FBCN), com uma segunda versão revisada em 1982 (MERCADANTE, 2001;
MEDEIROS, 2003).
No ano de 1988, o IBDF, em parceria com a Fundação Pró-Natureza
(FUNATURA), elaborou uma pesquisa sobre as categorias de proteção existentes
no Brasil, a partir da qual foi formulado um anteprojeto de lei para criação do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) (MEDEIROS, 2006).
Somente no ano de 1989, essa proposta foi concluída e entregue ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
(MERCADANTE, 2001), criando nove categorias distintas de unidades de
conservação (UCs), organizadas em três grupos (BRASIL, 1989):
a) proteção integral Parque Nacional, Reserva Ecológica (fusão da
Reserva Biológica com a Estação Ecológica), Monumento Natural e
Refúgio da Vida Silvestre (absorvendo os objetivos da Área de
Relevante Interesse Ecológico, que seria extinta);
b) manejo provisório – Reserva de Recursos Naturais;
c) manejo sustentávelReserva de Fauna (em substituição aos Parques
de Caça), Área de Proteção Ambiental e Reserva Extrativista.
O desejo de se criar, na década de 1970, um sistema único SNUC foi
concretizado em 2000, com a definição de critérios e objetivos para a implantação e
administração das várias tipologias e categorias de áreas naturais protegidas,
adiante tratadas.
26
2.2.2 Sistemas de Unidades de Conservação
Segundo Milano (1989), as unidades de conservação ou áreas silvestres
são destinadas à proteção de importantes recursos naturais ou culturais, devendo
preferencialmente ser mantidas na forma intocada e ser adequadamente manejadas.
Estes espaços naturais protegidos por lei demonstram, em seu modelo de criação,
as intenções para as quais foram criados e esses objetivos deverão ser os principais
instrumentos para o planejamento da área, em todas as suas variáveis ambientais.
A Lei Federal 9.985, de 18 de julho de 2000 (BRASIL, 2000), que institui
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e outras
providências, caracteriza unidade de conservação como:
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas
de proteção (Artigo 2º).
Da análise comparativa entre a Lei Federal 9.985/2000 e o conceito de
Milano (1989), observa-se que a norma legal direcionou maior atenção ao espaço
geográfico e aos limites políticos que cada área protegida viesse a estabelecer. No
entanto, a definição do autor, em data anterior à da legislação federal, complementa
esta lei, destacando, com maior preocupação, os objetivos a que se destinam as
UCs.
Uma das maiores dificuldades em se discutir a temática das unidades de
conservação é o emprego das múltiplas abordagens sobre o conceito de território,
de forma integrada com as relações sociais, políticas, econômicas, antropológicas,
geográficas, ambientais etc.
Raffestin (1993, p.143) destaca o caráter político do território, bem como a
sua compreensão sobre o conceito de espaço geográfico, pois o entende como
substrato, ou seja, um palco pré-existente ao território. Nas palavras do autor:
É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O
território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida
por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível.
Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente [...] o ator
“territorializa” o espaço.
27
Da mesma forma, a ideia de poder também é uma constante na discussão
sobre território feita por Saquet (2004, p.81):
O território é produzido espaço-temporalmente pelas relações de poder
engendradas por um determinado grupo social. Dessa forma, pode ser
temporário ou permanente e se efetiva em diferentes escalas, portanto, não
apenas naquela convencionalmente conhecida como o “território nacional”
sob gestão do Estado-Nação.
Pádua (2002) critica o processo de criação das unidades de conservação no
Brasil, nos diversos níveis de competência governamental. A autora enfatiza que
esta intenção de implementação sem a devida propriedade técnica, sem estudos
prévios e sem objetivos lógicos de interesse público, não passa de arranjos políticos
ou de interesses pessoais.
Segundo o Artigo da Lei Federal 9.985/2000 (BRASIL, 2000), as
unidades de conservação integrantes do SNUC compreendem dois grupos, com
características específicas, apresentadas no Quadro 1.
GRUPOS CATEGORIAS
Unidades de Proteção Integral: têm como objeti-
vo preservar a natureza, sendo permitido so-
mente o uso indireto dos recursos naturais, ex-
ceto nos casos previstos em lei
Estação Ecológica
Reserva Biológica
Parque Nacional
Monumento Natural
Refúgio de Vida Silvestre
Unidades de Uso Sustentável: têm como
objetivo adequar o processo de integração da
conservação ambiental com o uso sustentável
de parcela dos recursos naturais existentes
Área de Proteção Ambiental
Área de Relevante Interesse Ecológico
Floresta Nacional
Reserva Extrativista
Reserva de Fauna
Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Reserva Particular do Patrimônio Natural
Quadro 1: Categorias do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, segundo
grupos
Fonte: Elaborado com base na Lei Federal Nº 9.985/2000 (BRASIL, 2000).
A instituição da lei federal procura padronizar, orientar e coordenar, de forma
geral e por meio de normas e regras legais, os objetivos da criação de unidades de
conservação, com relação ao manejo do uso humano da natureza, englobando a
preservação, a conservação e o uso sustentável do meio natural. No entanto, a
eficácia dessas normas e regras se concretiza de maneira pontual quando cada
região, estado ou município desenvolve seus próprios regulamentos, em detrimento
de suas riquezas culturais e biológicas ou de suas características geográficas.
28
A cidade de Curitiba, região de estudo de caso desta pesquisa, seguiu as
diretrizes federais e criou sua própria legislação ambiental, de acordo com suas
singularidades e seus interesses.
A Lei Municipal 9.804, de 03 de janeiro de 2000, cria o Sistema Municipal
de Unidades de Conservação (SMUC) de Curitiba, estabelecendo critérios e
procedimentos para implantação de suas áreas naturais protegidas.
Curitiba foi um dos municípios brasileiros pioneiros na criação do sistema
municipal de unidades de conservação. A título de exemplificação, pode-se citar o
caso de Porto Alegre, onde este sistema ainda não foi instituído. O respectivo
projeto de lei foi enviado à Câmara Municipal e tramita sob o 4.079/2007 (PMPA,
2009). No Rio de Janeiro, também se encontra em tramitação na Câmara Municipal
o Projeto de Lei Nº 175/2009, para implementação do SMUC (PMRJ, 2009).
O Artigo da Lei Municipal 9.804/2000 define como unidades de
conservação, áreas no município de Curitiba
de propriedade pública ou privada, com características naturais de
relevante valor ambiental ou destinadas ao uso da população, legalmente
instituídas, com objetivos e limites definidos, sob condições especiais de
administração e utilização, às quais aplicam-se garantias de conservação,
proteção e aproveitamento público.
O Artigo classifica as unidades de conservação de acordo com o
constante no Quadro 2.
CATEGORIAS DEFINIÇÕES
ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APAs)
Terras de interesse público ou privado, limitadas a
certas práticas de utilização, como o processo de
ocupação e o uso sustentável dos recursos
naturais, com o objetivo de proteger recursos
hídricos e a biodiversidade da propriedade como
um todo
PARQUES DE CONSERVAÇÃO
Áreas pertencentes ao Município, definidas para
amparar recursos naturais de interesse silvestre e
antrópico, com dimensão mínima de 10 ha
(Continua)
Quadro 2: Categorias do Sistema Municipal de Unidades de Conservação de Curitiba e
respectivas definições
Fonte: Elaborado com base na Lei Municipal Nº 9.804/2000 (CURITIBA, 2000).
29
(Continuação do Quadro 2)
CATEGORIAS DEFINIÇÕES
PARQUES LINEARES
Determinadas extensões de áreas comuns a
todos ou particulares, percorrendo ou envolvendo
cursos d’água, abrigando e conservando fundos
de vale, compreendendo, em casos especiais,
outras unidades de conservação que estão no seu
interior ou nos limites
PARQUES DE LAZER
Terras pertencentes ao Município, com mínimo de
10 ha de extensão, possuindo infra-estrutura
capaz de proporcionar lazer e recreação, e com
características naturais de interesse à proteção
RESERVAS BIOLÓGICAS
Áreas pertencentes ao Município ou particulares,
com espécies silvestres, atributos estéticos ou
cênicos com características do ambiente natural
da região, podendo variar sua extensão, com
práticas de proteção ambiental e de estudos
voltados à pesquisa científica
BOSQUES NATIVOS RELEVANTES
Áreas de bosques, com espécies da flora original
do município de Curitiba, em terras restritas, com
o objetivo de preservar recursos hídricos, habitats
da fauna e estabilidade dos solos, voltados à
proteção estética e manutenção da distribuição
equilibrada dos maciços vegetais em que o poder
público estabelece medidas legais à utilização da
terra
BOSQUES DE CONSERVAÇÃO
Porções de terras de propriedade municipal,
instituídas com o objetivo de abrigar recursos
naturais em áreas menores que 10 ha, de
interesse público, que assegurem a qualidade de
vida do cidadão
BOSQUES DE LAZER
Porções de terras de propriedade municipal,
instituídas com o objetivo de abrigar recursos
naturais em áreas inferiores 10 ha, para a prática
de atividades públicas ou lazer
ESPECÍFICAS
Áreas criadas para fins e objetivos específicos,
tais como: Jardim Botânico, Pomar Público, Jardim
Zoológico e nascentes
(Conclusão)
Pela análise do Quadro 2, verifica-se que a classificação das categorias de
unidades de conservação no município de Curitiba, de acordo com a Lei Municipal
9.804/ 2000, não as relaciona em níveis ou ordem hierárquica, embora algumas
sejam consideradas mais importantes para a proteção ambiental que outras. Os
conceitos adotados têm por objetivo definir a caracterização das categorias, tendo
em vista o interesse ou a necessidade de cada uma e a implementação do processo
de gestão como instrumento de proteção para estas áreas públicas ou privadas
dentro do município.
30
2.3 ÁREAS VERDES URBANAS
Vários o os conceitos de áreas verdes urbanas. Segundo Milano (1993),
são compreendidas como áreas livres na cidade, com características
predominantemente naturais, independentes do porte da vegetação.
Para Llardent (1982, p.51), são definidas como “qualquer espaço livre no
qual predominam as áreas coberta por vegetação, correspondendo, em geral, ao
que se conhece como parques, jardins ou praças”.
Conforme Hardt (2000, p.14), as áreas verdes urbanas são classificadas em
duas categorias:
a) públicas, sujeitas a enfoque mais técnico da administração municipal,
comportando tanto os espaços verdes com funções relacionadas ao
lazer e à recreação (e.g.: parques, praças), à conservação ambiental
(e.g.: áreas de preservação permanente, unidades de conservação)
ou especiais (e.g.: cemitérios-parque), quanto a arborização de ruas;
b) privadas, subordinadas a enfoque mais político e legal (devido à
inacessibilidade pública e à facilidade de supressão da cobertura
vegetal), enquadrando espaços verdes voltados ao lazer (e.g.: jardins,
quintais), à conservação ambiental (e.g.: áreas de preservação
permanente, unidades de conservação) ou a funções especiais (e.g.:
cemitérios-parque).
Cada cidade ou região possui variações de extensões de terras, assim como
da sua população e do número de espaços verdes públicos ou privados. Como
exemplos da variação de extensão de cada gleba, pode-se citar, em Curitiba, o
Parque Caiuá, com menos de 10 ha (46.000 m²), enquanto o Parque Natural
Municipal Barigui possui mais que 10 ha (1.400.000 m²) (IPPUC, 2009b). Em 2009, a
soma das áreas verdes em Curitiba chega a 77.786.020,60 m², ocupando cerca de
18% do município (IPPUC, 2009b). Por sua vez, a cidade de Nova York, nos
Estados Unidos, possuía, em 2003, 106.710.000 de áreas verdes municipais, em
torno de 13% do seu espaço urbano (RODGERS, 2004).
As áreas verdes urbanas, ao adquirirem diversas funções (HARDT, 2000),
podem promover maiores ou menores benefícios ao cidadão, relacionados ao seu
bem estar psicológico, físico e social, dentre outros. Para Lima et al. (1994), para
fins de índice, área verde é definida como um espaço onde, por qualquer motivo,
haja cobertura vegetal. Existe um hipotético índice (cuja autoria é atribuída à
Organização das Nações Unidas ONU) de 12 por habitante como padrão
mínimo de áreas de lazer e vegetação para qualquer cidade.
31
Nucci (2001) critica a ausência de um conceito mais claro sobre áreas
verdes, havendo, assim, riscos de erro na compreensão dos políticos, tendo, como
consequência, a discrepância no planejamento e gestão destes espaços.
Em uma retrospectiva de conceitos e classificações, o parque urbano pode
ser considerado uma tipologia de área verde, componente das categorias de
unidades de conservação instituídas, em Curitiba, pela Lei Municipal 9.804/2000,
e incluída no grupo de unidades de proteção integral proposto pela Lei Federal
Nº 9.985/2000, como área natural protegida, destinada ao lazer e atividades de
recreação de baixo impacto, aos estudos voltados à pesquisa científica e à
conservação da biodiversidade e de recursos naturais.
2.4 PARQUES URBANOS
Lima et al. (1994) definem parque urbano como área verde com funções
ecológicas, estéticas e de lazer, com extensão geralmente maior que praças e
jardins públicos. O parque público também é resultante de um processo evolutivo
que remonta a tempos antigos.
2.4.1 Gênese e evolução
Na Roma Antiga, o parque público era uma construção arquitetônica onde
predominavam pérgulas, colunas e pórticos (MAXIMIANO, 2004). Os primeiros
parques urbanos de configuração semelhante à atual surgiram na Inglaterra, no final
do século XVIII, expandindo-se alguns anos depois para outros países da Europa.
De início, as intenções de criação dos parques na Inglaterra fixavam-se nos modelos
de jardins, influenciados pelas culturas e artes orientais, sendo construídos e
incrementados paisagisticamente de acordo com a disposição dos elementos
naturais pré-existentes (MELAZO; COLASANTI, 2003), na linguagem característica
do Romantismo (HARDT; HARDT, 2006).
As transformações provocadas pela Revolução Industrial no século XVIII, a
mecanização da lavoura e consequente êxodo rural, a aplicação de novos materiais
e de técnicas construtivas, a aquisição de novos espaços e a implementação de
novas soluções de infraestrutura nas cidades, entre outras características, marcaram
32
a criação dos primeiros parques urbanos na Inglaterra, antes restritos às residências
privadas (SANTUCCI, 2003).
Segundo Macedo e Sakata (2002), o modelo francês, aplicado pelo Barão
Georges-Eugéne Haussmann, com princípios conceituais do Barroco (HARDT;
HARDT, 2006), além do estilo romântico, também inspirou a estruturação desses
parques, configurando espaços elaborados por traçados retilíneos, ornamentados
por caminhos ligados entre si e jardins construídos para retratar a paisagem
panorâmica.
Nos Estados Unidos, surgiram com o “Movimento de Parques Urbanos”,
liderado por Frederick Law Olmstead, idealizador do Central Park de Nova York,
inaugurado em 1873, e difundido em várias cidades norte-americanas (SCALISE,
2002).
Inicialmente, os parques brasileiros foram projetados a partir de uma
concepção arquitetônica que procurou dar sentido a uma postura passiva em termos
de lazer. Para Macedo e Sakata (2003), a evolução das linhas de projetos
paisagísticos dos parques urbanos brasileiros adquiriu acentuadas mudanças
durante dois séculos, desde o seu surgimento. Em sua trajetória, são identificadas
três grandes linhas projetuais: Eclética, Moderna e Contemporânea.
Do ponto de vista histórico, os parques urbanos brasileiros surgiram no Rio
de Janeiro, com a construção dos primeiros parques e do Jardim Botânico. Nas
décadas de 1960 e 1970, sofreram mudanças relacionadas principalmente aos
verdadeiros objetivos a que se destinavam (focados essencialmente no aspecto
urbano), assumindo diferentes funções sociais, com o encargo de se tornar agente
de socialização comunitária, e sofrendo interferências públicas, no que tange à sua
implementação e gestão (BARCELLOS, 1999).
2.4.2 Funções dos parques urbanos
As transformações anteriormente citadas são endossadas por Scalise
(2002), que descreve novos estudos em parques de regiões européias e
americanas, apontando aspectos do comportamento e percepção da população,
condições socioculturais e características da adequação dos espaços verdes e
urbanos, sobretudo aos usuários, além da possibilidade de integrá-los ao processo
de planejamento e gestão dessas áreas verdes.
33
As finalidades mais comuns dos parques urbanos estão voltadas ao lazer e
a atividades de recreação; outras são relacionadas à conservação e preservação da
natureza (MELAZO; COLASANTI, 2003).
Dumazedier (2008, p.34) conceitua lazer como:
um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre
vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se,
ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada,
sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após
livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares ou
sociais.
Oleas (2009) destaca que o lazer, diretamente relacionado à disponibilidade
de tempo livre, é necessário ao desenvolvimento biológico, psíquico e social do
homem. Cabe ressaltar, porém, a diferenciação conceitual proposta por Cavallari e
Zacarias (2007) entre lazer e recreação. Para os autores, o primeiro termo
corresponde ao estado de espírito de um indivíduo em seu tempo livre, enquanto o
segundo compreende a escolha espontânea de uma pessoa para satisfação das
suas vontades e anseios relacionados ao lazer. Neste contexto, Silva et al. (2008,
p.3) afirmam que “o lazer pode acontecer sem a recreação, porém o inverso é uma
inverdade”.
Dada a similaridade e complexidade de entendimento e emprego dos termos
“conservação e preservação da natureza” torna-se importante conceituá-los.
A Lei Federal Nº 9.985/2000, que institui o SNUC, caracteriza a conservação
da natureza, como:
o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a
manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do
ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases
sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as
necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a
sobrevivência dos seres vivos em geral (BRASIL, 2000, Artigo 2º, Inciso II).
Por sua vez, a preservação da natureza é definida, nos termos daquela lei,
como:
conjunto de todos, procedimentos e políticas que visem à proteção a
longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção
dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais
(BRASIL, 2000, Artigo 2º, Inciso V).
34
Segundo Macedo e Sakata (2003), os parques urbanos são espaços
destinados ao público, com os objetivos de promover a recreação, independente do
modelo, e de conservar a natureza na sua forma e estrutura original.
Do ponto de vista ambiental, Feiber (2004) considera os parques urbanos
não apenas como instrumentos destinados à proteção da vegetação e à redução
dos efeitos da poluição, mas podendo também se voltar à conservação e
manutenção dos recursos hídricos, dentre outros, em benefício da população
urbana.
Para Rodgers (2004), a linha de pensamento relacionada a parques é outra.
O autor salienta que estes espaços públicos são a “alma” da cidade e, quando bem
administrados, tornam-se instrumentos fundamentais de inovação econômica do
município, proporcionando melhor qualidade de vida aos citadinos.
Para os dois autores, formas diferentes de se analisar a função de um
parque urbano. Feiber (2004) defende a vertente ambiental e Rodgers (2004) a
econômica. O ponto comum ou fundamental entre as duas visões é o resultado em
si, que é o de atender as necessidades da população urbana.
Pádua (2002) reforça o conceito de Rodgers (2004) quando defende a
necessidade da incorporação de parques urbanos como instrumentos equivalentes
na engrenagem econômica da cidade, como vem sendo desenvolvida em outros
países.
Para Bartalini (1996), parque urbano é uma área com extensão mínima de
um quarteirão urbano, livre ao uso público, característico por estar acessível ou
possuir obstáculos geograficamente naturais, sendo, muitas das vezes, ponto de
encontro dos limites entre bairros.
Ao analisar o conceito defendido por Bartalini (1996), torna-se apropriado
explorar esta definição da dimensão mínima apresentada pelo autor, de um
quarteirão urbano, cujas medidas médias o de aproximadamente 100 m por
100 m (ou seja, 1 ha). Estes valores podem variar de acordo com diferenças
populacionais, culturais, econômicas e espaciais entre municípios e regiões. No
caso da cidade de Curitiba, região onde se desenvolve o estudo de caso desta
pesquisa, torna-se impraticável aplicar esta definição, que a Lei Municipal
9.804/2000, regulamenta uma área mínima de 10 ha para parques de
conservação e de lazer.
35
Kliass (1993) descreve os parques urbanos como lugares de uso comum
da população, possuidores de extenso espaço natural, como os relacionados à
flora, com o objetivo de proporcionar recreação ao usuário.
Scalise (2002), por sua vez, define os parques da cidade como
equipamentos públicos urbanos, difundidos no Brasil a partir dos modelos europeus
e americanos. Isto é, são destinados à contemplação da natureza na cidade, ao
desenvolvimento de sociabilidades e ao incremento da qualidade paisagística
(MELAZO; COLASANTI, 2003).
Kaick, Hardt e Oba (2006) argumentam que as transformações de hábitos,
interesses e necessidades do cidadão têm aumentado a procura pelos parques
urbanos. Em associação com este fato, outras funções podem ser atribuídas a estes
espaços públicos pelos atores comprometidos com o bem-estar da população
(funções sociais) e com a conservação das áreas naturais (funções ambientais).
2.4.3 Funções sociais
Para Kliass (1993), o parque urbano surge em um momento de necessidade
de criação, nas cidades, de determinadas áreas públicas adequadas a um novo
desejo urbano, ou seja, com caráter social, para atender a procura pelo lazer e para
romper a paisagem árida do ambiente urbano.
A partir do momento em que toda a população pôde usufruir destes espaços
públicos e das vantagens proporcionadas pela disponibilidade de seu uso, os
seguintes benefícios à sociedade, dentre outros, têm sido frequentemente
associados à existência de parques:
a) melhoria no estado de saúde dos usuários;
b) promoção do desenvolvimento humano (físico-motor,
perceptivo, social e cultural);
c) melhoria da qualidade de vida;
d) redução do comportamento antissocial;
e) construção de comunidades saudáveis;
f) diminuição dos custos com cuidados de saúde e serviços
sociais;
g) geração de recursos econômicos na comunidade local;
36
h) valorização econômica do entorno, dentre outros
(DICKSON; GRAY; MANN, 2008; HARDT, 2000).
Assim, além dos anteriormente mencionados, os benefícios das áreas
verdes estão também relacionados às seguintes funções:
a) psicológicas por seu espaço constituir uma opção de lazer e
recreação para o usuário, diminuindo o estresse da vida urbana e
trazendo equilíbrio físico e emocional ao ser humano;
b) estéticas por embelezar a cidade e pelo seu potencial de controle da
poluição visual;
c) socioeconômicas por possibilitar alternativas de renda e pelo seu
potencial de valorização imobiliária;
d) educativas por oferecer e desenvolver atributos relacionados com a
educação ambiental e com diversas ciências (GUZZO, 2006; HARDT,
2000).
Na concepção de Furegato (2005), as vias de acesso aos parques urbanos
adequadamente pavimentadas e localizadas em regiões que permitem integração de
modalidades de transporte público, contribuem para a frequência e utilização dessas
áreas verdes, não apenas por moradores locais, mas também por outros visitantes e
turistas.
O parque urbano também pode abrigar o uso informal, de passagem, com
caminhos secundários de pedestres, esportes recreativos, centros comunitários,
festivais, playgrounds, piscinas etc. (BARTALINI, 1996).
Vale ressaltar que, para Gouvêa (2001), os parques urbanos revestem-se de
particular importância como elemento de descontinuidade na distribuição da malha
urbana.
Para Kaick, Hardt e Oba (2006), quando estas áreas verdes urbanas
possuem infraestrutura, como equipamentos, serviços e atrações voltadas ao
público, suas funções sociais apresentam maiores ganhos em termos de qualidade.
Hardt (2006) comenta que as áreas verdes urbanas também possuem
importantes funções visuais e estéticas, além das recreativas e ambientais,
destacando-se como símbolos paisagísticos, a exemplo dos modelos europeus e
americanos (SCALISE, 2002), e como elemento de valorização da paisagem da
cidade e como incremento da sua qualidade espacial e ambiental (MELAZO;
COLASANTI, 2003).
37
2.4.4 Funções ambientais
Um parque urbano pode proporcionar certos benefícios à cidade e aos seus
habitantes, desde que, no momento de seu planejamento, tenha-se real sentido para
a sua existência, considerando-se a sua administração pelos atores públicos e
demais interessados no município.
Segundo Santos et al. (2001), somente torna-se possível para um específico
ecossistema natural oferecer bens e efetivos serviços que garantam as
necessidades dos usuários quando consideradas a sua biodiversidade e as suas
relações com processos e componentes do meio natural.
Para Costanza et at. (1997), a capacidade de determinado ecossistema
natural proporcionar bens e serviços (funções ambientais) que satisfaçam as
necessidades humanas depende de suas características ambientais.
Assim, além dos anteriormente mencionados, os benefícios das áreas
verdes estão também relacionados à função ecológica, por possuírem recursos
capazes de amenização climática; melhoria da qualidade do ar, da água e do solo;
controle da pressão sonora; proteção da biota e da biodiversidade; assim como
prevenção de sinantropismo (GUZZO, 2006; HARDT, 2000).
Sem dúvida, o lazer e as atividades de recreação realizadas em áreas
verdes são essenciais para a amenização do estresse e da pressão gerada pelo
cotidiano da vida urbana. No entanto, tais áreas não se destinam somente a esta
finalidade. Assim, cabe destacar, também, a proteção dos ecossistemas, da sua
biodiversidade, da permeabilidade do solo, das matas ciliares e de habitats da fauna
e da flora, além do controle da poluição hídrica, atmosférica e sonora. Portanto, além
da real importância para a vida urbana, compreendendo objetivos fundamentais da
existência destes espaços, as áreas verdes são possuidoras da capacidade de
desenvolvimento e manutenção da estabilidade e do equilíbrio das relações da
cidade com seu ambiente (PMC, 2009b).
Gouvêa (2001) ressalta que os parques urbanos revestem-se de particular
importância tanto como reservas de vegetação e de recursos naturais, quanto como
instrumentos no controle de condições microclimáticas e de efeitos da poluição.
Os resultados ambientais de algumas atividades urbanas ou de intervenções
numa determinada área podem causar alterações ou riscos associados às funções
38
ambientais dos parques urbanos, levando a certas consequências socioeconômicas
e culturais.
Segundo Loboda e De Angelis (2005), as funções ambientais das áreas
verdes urbanas estão direcionadas basicamente à diminuição dos impactos da
poluição e contaminação sofridos pela natureza, em função das atividades
industriais no espaço urbano, dentre outras.
Estas funções ambientais podem se extinguir, resultado das ações
antrópicas, causando alterações nos ecossistemas (EHRLICH; MOONEY, 1983).
Neste caso, haveria necessidade da intervenção do homem, utilizando tecnologia e
recursos financeiros para a recuperação destes ambientes.
Segundo Spirn (1995), os parques e as praças criados na cidade também
devem ser concebidos com o objetivo de impedir grandes acúmulos de água das
chuvas, evitando, assim, as enchentes, mediante a permeabilização do solo.
Silva e Egler (2002, p.7) apresentam duas perspectivas com relação à
importância desses espaços urbanos para a conservação ambiental:
Uma é real, dado que os parques funcionam como “preventivos” de danos
ambientais, pois se mantém atributo natural de uma dada localidade, e a
outra é “potencial”, uma vez que a manutenção desses elementos é
importante para amortecer ruídos, embelezar o ambiente, melhorar o
microclima local quanto à umidade e insolação, ajudar no controle de
erosão, melhorar a qualidade de ar, proteger mananciais e outros.
Os problemas sociais e ambientais estão tão fortemente entrelaçados que
não cabe mais analisá-los isoladamente. Ao se estudar os parques urbanos e suas
funções, torna-se imprescindível canalizar esforços para se entender sua relação
com a cidade e suas transformações, juntamente com seus problemas de caráter
social, econômico, cultural, ambiental e de outros campos científicos interligados.
Determinados espaços podem adquirir grande importância para a
população, em termos de prazer cotidiano ou como refúgio permanente para a sua
vida, ou, ainda, como extensão do significado e da riqueza do mundo. Todavia,
existem outros fatores influenciando a imaginabilidade, como a leitura social de uma
área, sua função, sua história, ou mesmo seu nome (LYNCH, 1997), relacionados,
em diversas instâncias, a condições perceptuais do homem.
39
2.5 PERCEPÇÃO
Segundo Nascimento, Del Rio e Oliveira (1996), as percepções e atitudes
são aspectos que têm o poder de alterar o ritmo do cotidiano das pessoas, por
possuírem a habilidade de modificar princípios morais, sociais e culturais, dando
origem ou ampliando o aprendizado sobre outros temas ou certos campos da
ciência. Os autores entendem a percepção como um contínuo desenvolvimento da
mente, que constrói o envolvimento do indivíduo com o ambiente, por meio de
processos individuais, especialmente sensitivos e cognitivos (HARDT, 2000; 2004).
Cisneiros (1998) reforça esta condição quando acrescenta que a percepção
torna-se experiência individual em determinado espaço, resultado de conhecimentos
recebidos pelos sentidos, por meio da interação e da socialização.
Begossi (1993) comenta que, ao se estudar a manifestação da ligação entre
a complexidade de formação das sociedades humanas e seu espaço de
interrelações sociais, acrescenta-se elementos econômicos, sociais e psicológicos
ao processo.
Segundo Tuan (1983), a cidade passa a ser percebida como um conjunto de
imagens que se interrelacionam, levando os indivíduos a formar “esquemas
perceptivos” da paisagem urbana, de conhecimento (e reconhecimento) de
sensações.
Conforme Hardt e Hardt (2006, p.3):
Definida genericamente como a visualização do ecossistema urbano, a
paisagem da cidade é essencialmente interpretada tanto por meio do
espaço visual, constituído pelo ambiente total (natural e construído, sendo
secundariamente integrado pelo meio socioeconômico, conformando
condições ambientais e sociais), quanto por mecanismos perceptuais,
dependentes da experiência humana (ambiência pessoal e comportamento)
e das condições de vida.
Del Rio (1990, p.121) descreve a imagem como “símbolo, identidade,
caráter, personalidade e possibilidades”, características estas fomentadas pela
relação entre a cidade e o cidadão.
Para Castrogiovanni (2000), uma imagem específica varia
consideravelmente em função da construção e da meticulosa observação de cada
indivíduo no decorrer de cada período de tempo.
De acordo com Lynch (1999), uma imagem pode exercer forte influência no
ser humano, sendo capaz de transformar a percepção e a memória de seu
40
observador. Este conceito pode estar relacionado tanto às diferentes sensações que
cada observador tem do lugar que observa quanto com a imagem que constrói a
relação.
Fruto de instrumentos perceptuais de identidade particular para cada
observador, a percepção torna diferenciada a interpretação de uma única paisagem,
de modo que várias pessoas podem contemplá-la ao mesmo tempo, mas cada um a
percebe de formas diferentes (HARDT, 2004).
Para Kanashiro (2003), ao se relacionar os problemas humanos com o
centro psicológico da motivação, as ações de conhecer, sentir e fazer são respostas
presentes na interrelação do homem com o meio. Nesse sentido, Lynch (1997, p.7)
comenta que “as imagens ambientais são o resultado de um processo bilateral entre
o observador e seu ambiente”.
Tuan (1980) salienta que, quando o indivíduo estabelece contato real com o
espaço, este se torna um aspecto determinante da percepção do lugar.
No pensamento de Tuan (1983), aquele local, ao adquirir símbolos e signos,
recebe identificação e é percebido como lugar pelo homem, de acordo com suas
experiências. Estas imagens espaciais vividas, no momento de sua leitura, permitem
revelar as percepções espaciais.
Kanashiro (2003) acrescenta que estudos científicoscomprovaram que os
sentidos do homem, como visão, olfato, audição, tato e paladar, enquanto
receptores sensoriais de mensagens do ambiente, são igualmente transmissores de
experiências emocionais.
Para Le Corbusier (1984), uma paisagem, aqui codificada como imagem,
torna-se real e concreta por intermédio da visão, isto é, pelos olhos, exercendo uma
condição altamente subjetiva de percepção sensorial.
Segundo Silva (2003), ao se observar um parque urbano, a percepção que
se cria no subconsciente é capaz de reproduzir o imaginário que se construiu em
torno dos parques da cidade.
Del Rio (1990) assinala que o ser humano, ao analisar a percepção
ambiental resultante da experiência visual, obtém respostas do processo de escolha
e de definição mental para capacitação para perceber aquilo que é observado.
Para Ferrara (1993), a percepção ambiental é definida como a operação
que expõe a lógica da linguagem que organiza os signos expressivos dos usos e
41
hábitos de um lugar. Este conceito é um modelo explícito de estereótipo do lugar,
construído pela população e resultado da sua observação e da sua vivência.
Oliveira (2002) trabalha o conceito a partir do construtivismo piagetiano,
propondo a percepção ambiental como um processo de atribuição de significados,
subordinado às estruturas cognitivas e detentor de funções adaptativas.
Do ponto de vista científico, é interessante notar como o conceito de
percepção ambiental tem estabelecido conexões entre estudos sobre o meio físico,
afeitos aos métodos da geografia, e reflexões sobre as relações desse meio com a
subjetividade, próprias do instrumental psicológico.
Evidencia-se, assim, a relevância do entendimento do conceito de
percepção ambiental para a democratização da ciência e dos saberes, sobretudo
para reflexão sobre instrumentos disponíveis e seu grau de adequação para garantia
da escuta às comunidades na gestão urbana e na administração de áreas naturais
protegidas, visando garantir maior qualidade ambiental e de vida para todos.
2.6 GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO EM MEIO URBANO
A partir do século XVIII, o desenvolvimento industrial ocasionou o
surgimento de inúmeros núcleos urbanos e o crescimento desordenado de cidades.
À medida que aumentava a produção industrial, os recursos naturais eram
progressivamente explorados, degradando o meio natural em virtude das intensas
transformações econômicas e sociais. É no século XX que o processo de
urbanização torna-se um fenômeno mundial. Os núcleos urbanos passam a receber
um grande contingente populacional das zonas rurais, além do crescimento
vegetativo de toda a humanidade (LIMA NETO; RESENDE; MELO; SOUZA, 2007).
Historicamente, verifica-se que as relações entre o homem e a natureza
foram marcadas por intensos conflitos. Segundo Ross (2005, p.213):
o acréscimo do conhecimento técnico e científico dos culos XVIII, XIX e
XX possibilitado pelo capitalismo colocou definitivamente os interesses das
sociedades humanas de um lado e a preservação da natureza de outro. A
praticamente a década de 1970, não havia no mundo a menor preocupação
com as questões ambientais ou ecológicas, a não ser nas universidades,
onde o assunto era tratado cientificamente.
42
No início do século XXI, o Brasil promulgou o Estatuto da Cidade (Lei
Federal 10.257, de 10 de julho de 2001), o qual estabelece “normas de ordem
pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem
coletivo, da segurança e do bem estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio
ambiental” (BRASIL, 2001, Artigo 1º, Parágrafo único), determinando princípios para
o planejamento urbano no território nacional.
Villaça (2004, p.180) entende planejamento urbano como qualquer ação
que tenha sido objeto de algum plano, “por mais amplo que seja o conceito”. Por
sua vez, Castells (1986, p.209-210) considera que seu surgimento está, de certo
modo, atrelado às sociedades industriais avançadas e ao agravamento dos
"problemas urbanos, isto é, processos sociais de consumo coletivo". Mas, tal como
outros críticos do planejamento, considera-o como uma ideologia voltada para atuar
de maneira deliberada e consciente, por meio de planos, programas e declarações
políticas, com vistas à promoção da ação política e privada, que tem objetivos
preestabelecidos em relação às áreas de interesses do sistema de atores urbanos.
Segundo o Estatuto da Cidade, a política que trata da urbanização deve
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade
mediante certas diretrizes gerais, dentre as quais se destaca a de se garantir o
direito a cidades sustentáveis, entendido como “o direito à terra urbana, à moradia,
ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações (BRASIL,
2001, Artigo 2º, Inciso I)”.
Conforme o mesmo instrumento legal, o planejamento do desenvolvimento
das cidades deve (BRASIL, 2001):
a) evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos
negativos sobre o ambiente (Artigo 2º, Inciso IV);
b) garantir o direito ao ordenamento e controle do uso do solo, de forma a
evitar a poluição e a degradação ambiental (Artigo 2º, Inciso VI);
c) adotar padrões de produção e consumo e de expansão urbana,
compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental (Artigo 2º,
Inciso VIII);
d) promover a proteção, preservação e recuperação do ambiente natural
e construído (Artigo 2º, Inciso XII), dentre outros pressupostos.
43
Lanna (1996) descreve o planejamento ambiental como estudo prospectivo
que visa à adequação do uso, controle e proteção do ambiente às aspirações sociais
ou governamentais, expressas formal ou informalmente em uma política ambiental, a
partir da coordenação, compatibilização, articulação e implementação de projetos de
intervenções estruturais e não-governamentais. Nesse contexto, o autor define
gestão ambiental como:
o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que
interagem em um dado espaço com vistas a garantir a adequação dos
meios de exploração dos recursos ambientais naturais, econômicos e
sócio-culturais às especificidades do meio ambiente, com base em
princípios e diretrizes previamente acordados/definidos (p.5).
O cenário curitibano de conservação da natureza começou a se formar na
década de 1980, quando o então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
(IBDF) repassou formalmente ao Município a responsabilidade da gestão das suas
áreas verdes. Com a criação de legislação específica, que incentivou e limitou o
fracionamento do solo, foram estimuladas a formação e proteção destas áreas
(ECOTÉCNICA, 2007).
A Prefeitura Municipal de Curitiba considera a questão ambiental como uma
forma de integração das ações do poder público com os anseios da população, para
que, juntos, possam construir um ambiente equilibrado. As atividades nas áreas
verdes municipais propiciam, aos seus freqüentadores, maiores graus de
compreensão sobre a dinâmica da cidade e de integração com o meio onde vivem.
Visitas orientadas, trilhas perceptivas e exposições sobre os ecossistemas para
estudantes ou visitantes possibilitam, em determinadas áreas, o desenvolvimento de
atitudes de conservação da natureza (PMC, 2009a).
44
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos adotados partiram da pesquisa
bibliográfica (GIL, 1999), com base teórico-conceitual pormenorizada sobre parques
urbanos e suas funções sociais e ambientais, com detalhamento dos demais
assuntos relacionados.
A partir da fundamentação teórica, optou-se pelo estudo de caso, o qual, de
acordo com Yin (1994), é usado em muitas áreas, incluindo pesquisas de
gerenciamento de cidades e regiões, bem como o campo das ciências sociais.
A definição da área de estudo foi realizada a partir da caracterização dos
parques urbanos de Curitiba instituídos como unidades de conservação, com base
em critérios de avaliação para a seleção do objeto de análise. Tal procedimento foi
apoiado, de um lado, em conceitos estruturados em fundamentos técnicos,
referentes às características tipológicas, geográficas, físicas e biológicas dos
espaços, bem como a aspectos da sua evolução e das suas funções, em especial as
relacionadas ao planejamento e gestão da cidade. De outro lado, foi estabelecido
em bases legais com destaque para as vinculadas a unidades de conservação,
especialmente as atinentes ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
instituído pela Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (BRASIL, 2000).
3.1 MÉTODOS DA PESQUISA
Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa apresenta três tipologias
metodológicas interrelacionadas: exploratória, descritiva e analítica (GIL, 1999).
Para o estudo de caso, optou-se pela pesquisa de campo exploratória (ver
objetivos específicos explicitados na Seção 1 Introdução), que proporciona maior
familiaridade com o problema com vistas a torná-lo mais claro e a construir
hipóteses, assim como por técnicas descritivas e analíticas, cuja abordagem do
problema determina seu caráter de pesquisa qualitativa, em que o próprio
pesquisador busca interpretar a situação-problema (SILVA; MENEZES, 2005).
Nesse âmbito, a elaboração da pesquisa obedeceu as fases e passos
detalhados no Quadro 3.
45
FASES MÉTODOS TÉCNICAS FONTES DADOS RESULTADOS
Estruturação
do referencial
teórico
Exploratório
Pesquisa
bibliográfica
Livros,
legislação
(federal,
estadual e
municipal),
meios eletrô-
nicos e
outras fontes
secundárias
Conceitos,
definições de
temas,
parâmetros e
critérios
utilizados em
outras
pesquisas
Fundamentação de
conceitos e definições
dos temas relacionados
Seleção da
área de estudo
Exploratório,
descritivo e
analítico
Pesquisa
bibliográfica
e
documental
Órgãos
públicos
(federais,
estaduais e
municipais),
meios
eletrônicos e
outras fontes
secundárias
e primárias
Dados
extraídos de
fontes
anteriores e
de
documentos
sobre parques
Determinação
de critérios para seleção
Inclusão de parques
Definição do objeto
de estudo
Caracterização
da área de
estudo
Exploratório
e descritivo
Pesquisa
bibliográfica,
e de campo
Órgãos
públicos
(federais,
estaduais e
municipais),
meios
eletrônicos e
outras fontes
secundárias
e primárias
Processo de
criação e
desenvolvi-
mento da
área de
estudo
Caracterís-
ticas atuais
específicas
Contextualização do
processo histórico-
cultural
Contextualização de
aspectos naturais e
antrópicos
Realização de
entrevistas
com usuários
Exploratório
Pesquisa de
campo
(entrevistas)
Usuários do
parque
selecionado
Descrição do
perfil, hábitos
de uso,
percepção,
avaliação e
descrição de
valores
Elaboração do
formulário de entrevista
Determinação dos
pontos de aplicação dos
formulários
Aplicação dos
formulários de entrevista
Tabulação de dados
coletados
Análise dos
resultados e
discussão
Analítico
Síntese-
analítica
Formulários
de entrevista
e fontes
anteriores
Dados tabu-
lados e emba-
samento
teórico e
conceitual
Avaliação da percepção
Discussão dos
resultados
Fundamentação para
gestão
Quadro 3: Estrutura de delineamento da pesquisa
Fonte: Elaborado com base nos objetivos específicos do estudo e em conceitos de Gil
(1999).
46
3.2 ESTRUTURAÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO
A técnica utilizada nesta fase corresponde à pesquisa bibliográfica sobre
áreas naturais protegidas, unidades de conservação, áreas verdes, parques
urbanos e suas funções sociais e ambientais, além de aspectos relacionados à
percepção e à gestão.
Seu desenvolvimento compreende a Seção 2Referencial teóricoe serve
de embasamento à argumentação da Seção 4 – Resultados e discussão.
3.3 SELEÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Esta fase compreende os passos relativos à determinação de critérios de
seleção dos parques de Curitiba investigados para definição do objeto de estudo.
3.3.1 Determinação de critérios
Com base em conceitos apresentados na fundamentação teórica, foram
considerados os seguintes aspectos citados em obras de referência, para a escolha
do parque urbano objeto de estudo:
a) área superior a 10 ha (100.000 m²) conforme especificação da Lei
Municipal Nº 9804/2000 (CURITIBA, 2000);
b) maior grau de visitação (FUREGATO, 2005) determinante de maior
confiabilidade para definição da amostra necessária para a aplicação
dos formulários de entrevista, além de ser representativo da área de
maior interesse à visitação.
47
A definição e seleção de abrangência da área de estudo foram
fundamentadas na interpretação dos seguintes mapas temáticos (IPPUC, 2009d):
a) unidades de conservação (Figura 2) identificação das áreas definidas
legalmente nesta tipologia de espaços naturais protegidos;
b) parques urbanos por bairros em Curitiba (Figura 3) seleção das
unidades de conservação identificadas no item anterior e
caracterizadas oficialmente neste tipo de área protegida;
c) Rede Integrada de Transporte (Figura 4) aferição do grau de
acessibilidade por meio da Rede Integrada de Transporte (RIT) aos
parques identificados nas Figuras 3 e 4.
3.3.2 Inclusão e exclusão de parques
Atualmente, Curitiba dispõe de 17 parques urbanos (PMC, 2009b), dos quais
quatro são servidos pela Linha Turismo
2
(ver Figura 12, adiante apresentada) e 14
pelo sistema de transporte público (Figura 4).
Nesta pesquisa, porém, a investigação para a seleção se limita à análise de
15 áreas. As duas excluídas da análise foram o Jardim Botânico e o Passeio
Público, por não serem caracterizados na sua denominação como “parques” devido
à especificidade das suas funções.
2
O percurso da Linha Turismo inclui visitação em 25 pontos turísticos de Curitiba, em um
passeio com duração em média de 02h30 em um trajeto de 44 km. O ponto de partida pode
ser a Praça Tiradentes, no centro da cidade, ou diversos outros locais também situados na
área central. A linha funciona de terça-feira a domingo, das 09h00 às 17h30; os ônibus
partem a cada 30 minutos. O sistema tarifário concede ao usuário o recebimento de uma
cartela com cinco tíquetes, que lhe o direito ao embarque e a quatro reembarques,
pagando uma tarifa única, o que lhe permite escolher o ponto turístico que deseja conhecer
melhor, podendo embarcar novamente na Linha Turismo para cumprir o restante do trajeto.
Os veículos são equipados com sistema de som para divulgação de informações gravadas
sobre os locais visitados em três idiomas – português, inglês e espanhol (PMC, 2009a, s.p.).
48
Figura 2: Mapa de localização de unidades de conservação por bairros de Curitiba
Fonte: IPPUC (2009d)
BAIRROS
01-CENTRO
02-SÃO FRANCISCO
03-CENTRO CÍVICO
04-ALTO DAGLÓRIA
05-ALTO DARUAXV
06-CRISTO REI
07-JARDIMBOTÂNICO
08-REBOUÇAS
09-ÁGUA VERDE
10-BATEL
11-BIGORRILHO
12-MERCÊS
13-BOMRETIRO
14-AHÚ
15-JUVEVÊ
16-CABRAL
17-HUGO LANGE
18-JARDIMSOCIAL
19-TARUMÃ
20-CAPÃO DA IMBUIA
21-CAJURU
22-JARDIMDASAMÉRICAS
23-GUABIROTUBA
24-PRADO VELHO
25-PAROLIN
26-GUAÍRA
27-PORTÃO
28-VILA IZABEL
29-SEMINÁRIO
30-CAMPINADO SIQUEIRA
31-VISTAALEGRE
32-PILARZINHO
33-SÃO LOURENÇO
34-BOAVISTA
35-BACACHERI
36-BAIRROALTO
37-UBERABA
38-HAUER
39-FANNY
40-LINDÓIA
41-NOVO MUNDO
42-FAZENDINHA
43-SANTAQUITÉRIA
44-CAMPO COMPRIDO
45-MOSSUNGUÊ
46-SANTO INÁCIO
47-CASCATINHA
48-SÃO JOÃO
49-TABOÃO
50-ABRANCHES
51-CACHOEIRA
52-BARREIRINHA
53-SANTACÂNDIDA
54-TINGUI
55-ATUBA
56-BOQUEIRÃO
57-XAXIM
58-CAPÃO RASO
59-ORLEANS
60-SÃO BRAZ
61-BUTIATUVINHA
62-LAMENHA PEQUENA
63-SANTAFELICIDADE
64-ALTO BOQUEIRÃO
65-SÍTIO CERCADO
66-PINHEIRINHO
67-SÃO MIGUEL
68-AUGUSTA
69-RIVIERA
70-CAXIMBA
71-CAMPO DE SANTANA
72-GANCHINHO
73-UMBARÁ
74-TATUQUARA
75-CIDADE INDUSTRIAL
49
Figura 3: Mapa de localização de parques e áreas similares em Curitiba
Fonte: IPPUC (2009d)
50
Figura 4: Mapa da Rede Integrada de Transporte de Curitiba
Fonte: IPPUC (2009d)
51
Na Tabela 1, é considerada a inclusão e exclusão das unidades de
conservação de Curitiba caracterizadas como parques urbanos e seus respectivos
critérios para ponderação na análise.
Tabela 1: Identificação dos critérios de inclusão dos parques urbanos de Curitiba para
seleção da área de estudo
PARQUES URBANOS
ÁREA
(em m²)
ACESSIBILIDADE
RESULTADO
(exigência legal
= superior a
10 ha)
Linha de transporte
público
Quantidade
1 Barigui 1.400.000
Normal 11
INCLUSÃO
Turismo 1
2 Tingui 380.000
Normal 7
INCLUSÃO
Turismo 1
3 Barreirinha 275.380 Normal 10 INCLUSÃO
4 Tanguá 235.000
Normal 3
INCLUSÃO
Turismo 1
5 São Lourenço 203.918
Normal 12
INCLUSÃO
Turismo 1
6 dos Tropeiros 173.474 Normal 4 INCLUSÃO
7 do Atuba 173.265 Normal 0 EXCLUSÃO
8 Bacacheri 152.000 Normal 31 INCLUSÃO
9 das Pedreiras 103.500 Normal 4 INCLUSÃO
10 Caiuá 46.000 Normal 1 EXCLUSÃO
11 Diadema 112.000 Normal 1 INCLUSÃO
12 Passaúna 120.000 Normal 3 INCLUSÃO
13 Iguaçu 569.000 Normal 3 INCLUSÃO
14 Cajuru 104.000 Normal 3 INCLUSÃO
15 Nascente do Belém 11.178 Normal 7 EXCLUSÃO
Fonte: Elaborada com base em IPPUC (2009b), URBS (2009) e PMC (2009b).
Cabe ressaltar que não linha de ônibus que tenha o Parque do Atuba
como destino. As linhas de transporte público que circulam próximo ao parque têm
destino ao município de Colombo, região metropolitana de Curitiba.
3.3.3 Definição do objeto de estudo
A seleção da área específica de estudo é resultante da identificação do
maior grau de visitação das áreas inclusas para seleção no item anterior, recaindo a
escolha, portanto, sobre o Parque Barigui, com 6.668 visitantes diários e 2.430.000
anuais (IPPUC, 2009d; PMC; 2009b; URBS, 2009). Coincidentemente, este também
é o maior parque curitibano.
52
3.4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A seguir, é apresentada a contextualização da área de estudo Parque
Natural Municipal Barigui, sob o enfoque histórico-cultural e de suas características
atuais, o qual, de acordo com a Lei Municipal 9.804/2000 (CURITIBA, 2000), que
instituiu o sistema de Unidade de Conservação do Município, se enquadra na
categoria de unidade de conservação de proteção integral.
Segundo a lei do SNUC, “as unidades da categoria de Parque Nacional,
quando criadas pelo Estado ou Município, são denominadas, respectivamente,
Parque Estadual e Parque Natural Municipal” (BRASIL, 2000, Artigo 11, Parágrafo
4º). Não obstante, por ser um parque urbano, tem certas especificidades,
constatadas ao longo deste trabalho.
3.4.1 Processo histórico-cultural
A origem da área de estudo remonta ao chamado Plano Agache (1941-
1943), com a proposta de criação de um parque com um lago central formado pelo
represamento do rio Barigui. Este espaço teria o objetivo de promover a prática
esportiva e o lazer da elite, como regatas emotoring (esportes motorizados) e
passeios de lancha. Naquele plano, os automóveis eram considerados como
utensílios civilizadores; nele também se previa a construção ao redor do lago de vias
de 20 m de largura, servindo como linha isoladora da mata ciliar (ECOTÉCNICA,
2007).
Segundo o Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Barigui
(ECOTÉCNICA, 2007), no início da década de 1970 surge novamente a intenção de
criação de um parque ao redor das águas do rio Barigui. Para os urbanistas que
chegaram em Curitiba em 1971, a cidade era caracterizada como carente em áreas
verdes, o que somava-se aos problemas ambientais daquela época e à falta de
aderência ao conceito de lazer próximo à natureza. A questão seria, então,
solucionada com a criação de parques urbanos.
53
O projeto do novo Parque Barigui, elaborado pelo Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) e pela Urbanização de Curitiba (URBS),
foi baseado em argumentos expostos para o “saneamento” e “contenção de cheias”
que, até então, eram tratados como assuntos intermediários (ECOTÉCNICA, 2007).
O nome Barigui tem origem indígena e significa "rio do fruto espinhoso", em
alusão às pinhas das araucárias nativas, ainda remanescentes. O lugar, uma antiga
"sesmaria" pertencente a Martins Mateus Leme, foi transformado em parque
(Figura 5), em 1972, pelo Prefeito Jaime Lerner, sendo instituído como unidade de
conservação em 05 de maio de 1994, pelo Decreto Municipal 252/1994
(CURITIBA, 1994).
Figura 5: Imagem aérea do Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: GOOGLE EARTH (2009)
54
3.4.2 Aspectos naturais e antrópicos
Esta seção apresenta a caracterização do Parque Natural Municipal Barigui,
sendo abordados os seus fatores abióticos, bióticos e antrópicos.
3.4.2.1 Fatores abióticos
Segundo Maack (1968), as variações climáticas do Paraná são relacionadas
às diferenças de altitudes nos planaltos paranaenses e ao ângulo de incidência de
radiação solar, responsável pelas estações do ano. A região do Parque Barigui está
sujeita ao clima Cfb, ou seja, subtropical úmido mesotérmico, com chuvas bem distri-
buídas durante o ano, verões amenos e geadas severas e frequentes. Essa região
climática ocorre na porção mais elevada do estado e envolve os planaltos de Curiti-
ba e de Ponta Grossa, bem como a parte oriental do planalto de Guarapuava. As
temperaturas médias anuais variam em torno de 17º C e são inferiores aos 20°C. O
índice pluviométrico anual alcança mais de 1.200 mm anuais (ECOTÉCNICA, 2007).
A bacia do rio Barigui, ocupando 35% do território curitibano e abrigando
30% da população da capital (o que equivale a mais de 450.000 habitantes PMC,
2009b), integra a grande bacia hidrográfica do rio Iguaçu e drena um território de
279 km², em uma extensão de 66 km, interceptando os municípios de Curitiba e Al-
mirante Tamandaré, onde tem suas nascentes. Sua foz, no rio Iguaçu, localiza-se na
divisa entre os municípios de Araucária e Curitiba. Neste último, passa por outros dois
importantes parques natural municipais (Tingui e Tanguá), além do Barigui (ECOTÉCNICA, 2007).
Grande parte da área de drenagem do Parque Barigui contribui para um lago de aproxi-
madamente 1,3 km² (Figura 6).
55
Figura 6: Vista aérea do lago do Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: GOOGLE EARTH (2009)
Segundo Ecotécnica (2007), o monitoramento da qualidade hídrica do lago não é contínuo, o
que resulta em uma série de dados incompletos, mas que permite o seu enquadramento como critica-
mente degradada a poluída, devido ao grande aporte de matéria orgânica e nutrientes, à tendência à
eutrofização e à depleção crítica dos níveis de oxigênio dissolvido na coluna d’água, bem como à alta
turbidez biogênica.
Segundo a mesma fonte, as tipologias de solos do Parque Barigui (residuais maduros, resi-
duais jovens, coluviais
3
transportados, litólicos
4
saprolíticos
5
e aluvionares
6
), assim como as ro-
chas gnáissico-migmatiticas e os materiais inconsolidados da Formação Guabirotuba que formam o
seu subsolo, fazem parte do amplo contexto tectônico de Bacia Sedimentar de Curitiba, que integra um
conjunto de entidades geomorfológicas similares, relativamente paralelas a Serra do Mar.
3.4.2.2 Fatores bióticos
3
Solos ou fragmentos rochosos transportados ao longo das encostas de morros, devido à
ação combinada da gravidade e da água (MINEROPAR, 2010).
4
Classe que agrupa solos rasos e cascalhentos (MINEROPAR, 2010).
5
Manto de alteração constituído essencialmente de mistura de minerais secundários e
primários derivados de rochas pela ação do intemperismo químico e que mantém vestígios
da estrutura original da rocha, sendo reconhecido como um produto de alteração da rocha
in situ (MINEROPAR, 2010).
6
Designação genérica que engloba os depósitos de origem fluvial ou lacustre, constituídos de
cascalhos, areias, siltes e argilas das planícies de inundação e do so dos montes e das
escarpas (MINEROPAR, 2010).
56
Sob o ponto de vista biogeográfico, a área do Parque Barigui situa-se na
Região Neotropical a grande área que compreende o território das Américas do
Sul e Central e a porção sul da América do Norte, enquadrando-se, ainda, na
Província Atlântica, que corresponde à zona fitogeográfica popularmente
denominada de Floresta Atlântica e, mais particularmente, na Subprovíncia Guarani,
localizada em regiões planálticas sub-brasileiras (MELLO-LEITÃO, 1980
7
apud
STRAUBE; URBEN FILHO, 2005).
Segundo Straube e Urben Filho (2005), essa região compreende uma área
de endemismo faunístico denominada Paraná Center, caracterizada pelo predomínio
das Florestas com Araucária e pelos Campos Limpos a elas associados, além de
encraves e ecótonos com os tipos vegetacionais circundantes nas regiões limítrofes
e nos vales dos principais rios que drenam a região.
Na área do Parque Barigui, são encontrados tipos de vegetação secundária
que sofreram (e em alguns locais ainda sofrem) alterações de origem antrópica. Não
uniformidade da cobertura florestal, mas um mosaico de áreas secundárias que
variam de um tipo florestal bem estruturado e diversificado em espécies, até locais
em fase de sucessão ainda não florestal (capoeirinhas). A Floresta Ombrófila Mista
Aluvial (mata ciliar Figura 7) que se desenvolvia junto às margens do rio Barigui e
dos córregos secundários, encontra-se descaracterizada, ocorrendo em relativa inte-
gridade em porções muito reduzidas. Também existem parcelas relativamente ex-
tensas com atividades de origem antrópica, sendo alguns locais desprovidos de ve-
getação e outros recorbertos com tapete gramináceo (ECOTÉCNICA, 2007).
A vegetação do parque também é composta por espécies exóticas em gru-
pos e isoladas (Figura 8), na maioria dos casos plantadas pela Prefeitura Municipal
nos moldes aplicados à arborização urbana (ECOTÉCNICA, 2007).
7
Ver MELLO-LEITÃO, C. de. As zonas de fauna da América tropical. Revista Brasileira de
Geografia. v.2, n.8, p.71-118, 1980.
57
Figura 7: Vista de mata ciliar no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
Figura 8: Vista de arborização isolada do Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
58
A crescente urbanização na área do entorno do parque contribui para a eli-
minação, ou pelo menos para a descaracterização quase por completo dos ambien-
tes naturais locais, trazendo, como consequência, dificuldades na caracterização da
fauna primitiva associada ao ambiente florestal com araucárias (Floresta Ombrófila
Mista) (ECOTÉCNICA, 2007).
Dentre as classes de animais nativos, destacam-se aves de hábitos terres-
tres, aquáticos e migratórios (Figura 9) (SCHERER NETO; VIANNA, 1992). Também
habitam o parque, répteis (Figura 10) e mamíferos (Figura 11) (GUERRA, 1993). A
ictiofauna encontra-se relativamente comprometida pela qualidade das águas da ba-
cia (ECOTÉCNICA, 2007).
Figura 9: Vista de aves de hábitos aquáticos no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
59
Figura 10: Vista de réptil de grande porte (jacaré-do-papo-amarelo) no Parque Natural
Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
Figura 11: Vista de mamíferos (capivaras) no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
60
3.4.2.3 Fatores antrópicos
Neste item, são apresentados os aspectos socioespaciais, econômicos e
institucionais relativos ao Parque Natural Municipal Barigui.
3.4.2.3.1Aspectos socioespaciais
Situado na parte noroeste da cidade de Curitiba, o Parque Natural Municipal
Barigui tem acesso principal pelas seguintes vias pavimentadas:
a) Avenida Manoel Ribas, ao norte, onde se encontra a sede da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), que administra o
parque por meio do seu Departamento de Parques e Praças;
b) rodovia BR 277, ao sul;
c) Avenida Cândido Hartmann, na sua parte central (PMC,
2009b).
Por sua localização, próxima ao centro da cidade, e pela sua ampla
infraestrutura, o Barigui é hoje o parque mais frequentado de Curitiba (PMC, 2009a).
No seu interior, a circulação se por rede articulada de vias, configuradas
por trilhas, pistas de caminhada, ciclovias e ruas com pavimentação em anti-pó
(ECOTÉCNICA, 2007). O parque possui ampla área para estacionamento.
O entorno do Parque Barigui é composto especialmente por quatro bairros
(Figuras 12 e 13): Cascatinha, Mercês, Santo Inácio e Bigorrilho, cuja caracterização
sucinta consta da Tabela 2. Outros bairros, como Campina do Siqueira, Mossunguê
e Vista Alegre, também se encontram em suas imediações, mas suas conexões
físicas são atenuadas pela existência de significativos umbrais estabelecidos pela
rodovia BR-277, no caso dos dois primeiros, e pela Avenida Manoel Ribas, no caso
do último.
61
Figura 12: Mapas e imagem aérea de macro localização do Parque Natural Municipal
Barigui
Fonte: Elaborada com base em Ecotécnica (2007).
62
Figura 13: Carta imagem da região do Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: Elaborada com base em Ecotécnica (2007), Google Earth (2009) e IPPUC (2009d).
Legenda:
limite do Parque Municipal Natural Barigui
principais bairros de entorno do Parque Municipal Natural Barigui
vias principais
63
Tabela 2: Características dos principais bairros do entorno do Parque Natural Municipal
Barigui – 2007
BAIRRO
ÁREA
(km²)
POPULAÇÃO
(habitantes)
LOCALIZAÇÃO EM
RELAÇÃO AO
PARQUE
PROPORÇÃO DA ÁREA
VERDE DO BAIRRO
(%)
SANTO INÁCIO 2,72 6.037 Oeste 22,96
BIGORRILHO 3,50 27.127 Leste 5,46
MERCÊS 3,28 14.089 Nordeste 2,72
CASCATINHA 2,57 2,061 Noroeste 5,10
Fonte: Elaborada com base em IPPUC (2009c).
Segundo IPPUC (2007c), os quatro bairros totalizam uma área de 12,07 km²,
que representa 2,79% da área total do município de Curitiba. Conforme o Censo De-
mográfico de 2000 (IBGE, 2000), a região do parque apresenta uma população jo-
vem residente da ordem de 49.314 habitantes (ECOTÉCNICA, 2007).
A Lei Municipal Nº 9.800, de 03 de janeiro de 2000 (CURITIBA, 2000b), dispõe sobre
o zoneamento de uso e ocupação do solo no município de Curitiba, incluindo, sob
sua jurisdição, o Parque Natural Municipal Barigui, enquadrado no Setor Especial de
Áreas Verdes. As zonas urbanísticas integrantes da área de entorno de 1 km do par-
que, são (CURITIBA, 2000b):
a) Zona Residencial 1 (ZR-1) abrange a porção leste-oeste do parque,
englobando parte dos bairros Santo Inácio, Cascatinha, Mercês e Bi-
gorrilho. Nela, ocorrem especialmente habitações unifamiliares, predo-
minantemente em lotes de cerca de 600 m²;
b) Zona de Serviço 1 (ZS-1) ocorre na porção sudoeste do parque,
transpondo a BR-277. A predominância de uso é relacionada com habi-
tações transitórias e algumas tipologias de comércio e serviços. O lote
mínimo é de 450 m²;
c) Zona Residencial Santa Felicidade (ZR-SF) – engloba as porções norte
e noroeste do parque, envolvendo parcela do bairro Cascatinha. São
permitidas várias tipologias de habitação e usos comunitários, dentre
outros. O lote mínimo é de 600 m².
A segurança física do parque é realizada pela Guarda Municipal (Figura 14),
que tem por objetivo principal zelar pelo patrimônio público da área. Nos finais de se-
mana, aumenta o número de visitantes e ocorrências, havendo, eventualmente, o re-
forço da Polícia Militar (ECOTÉCNICA, 2007).
64
Figura 14: Vista da Guarda Municipal no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
A região é atendida por redes de abastecimento de água, esgotamento sani-
tário e drenagem de águas pluviais (SANEPAR, 2000), sendo os serviços de coleta
de resíduos sólidos no próprio parque, tanto orgânicos quanto de varrição e capina,
terceirizados e realizados no período noturno, três vezes por semana (ECOTÉCNI-
CA, 2007).
Dentre as atividades realizadas no parque, destacam-se aquelas relativas à
recreação (pista de aeromodelismo e patinação), à gastronomia (bares, lanchonetes,
petiscarias e restaurantes Figura 15) e à cultura (Museu do automóvel, remanes-
centes históricos, pavilhão de exposições, sede do Grupo de Escoteiro Tapejara e
Casa da Leitura, dentre outras), predominado o lazer (pistas de caminhada e quios-
ques com churrasqueiras Figura 16) e o esporte (canchas poliesportivas e equipa-
mentos de ginástica – Figura 17) (ECOTÉCNICA, 2007).
65
Figura 15: Vista da área de restaurantes no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
Figura 16: Vista da área de churrasqueiras no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
66
Figura 17: Vista da área de equipamentos para ginástica no Parque Natural Municipal
Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
3.4.2.3.2Aspectos econômicos e institucionais
O Parque Barigui oferece pontos de venda móveis, fixos com atividades eco-
nômicas terciárias (comércio e prestação de serviços Figuras 18 e 19) e ambulan-
tes, sob a responsabilidade de fiscalização da Seção de Controle de Atividades Co-
merciais do Departamento de Parques e Praças da SMMA (ECOTÉCNICA, 2007).
67
Figura 18: Vista de lanchonete no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
Figura 19: Vista de restaurante no Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: SOUZA (2010)
68
Um dos instrumentos mais importantes para a execução da Política Nacional
do Meio Ambiente (PNMA) é o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA),
estruturado por vários órgãos: o Conselho de Governo, Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA
8
) (Lei Federal
6.938, de 31 de agosto de 1981 – BRASIL, 1981).
A instituição diretamente vinculada à gestão das unidades de conservação
no Estado do Paraná é o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), responsável pelo
cumprimento da legislação ambiental, exercendo, para tanto, o poder de polícia
administrativa, controle, licenciamento, fiscalização, organização e manutenção do
Sistema Estadual de Unidades de Conservação. No Estado do Paraná, o IAP, por
meio da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (DIBAP) e do Departamento
de Unidades de Conservação (DUC), é responsável pela avaliação das unidades de
conservação no que compete à validação ou não do recebimento de Imposto
sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) Ecológico por Biodiversidade
(ECOTÉCNICA, 2007).
O ICMS Ecológico consiste no repasse de 5% dos recursos do ICMS do
Estado aos Municípios, correspondente à áreas protegidas ou mananciais de
abastecimento de água (IAP, 2010). O repasse ao Município de Curitiba do ICMS
Ecológico por Biodiversidade relativo ao Parque Barigui se dá desde 1997. Em 2009,
o valor recolhido foi de R$ 267.378,01 (IAP, 2009).
A Prefeitura de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(SMMA), é responsável direta pela administração do Parque Natural Municipal
Barigui e pela execução da política ambiental no município. A SMMA executa o
controle ambiental, sendo responsável pelos procedimentos de licenciamento e pela
fiscalização, tanto para atividades ou empreendimentos considerados de risco
ambiental, ou seja, com potencial de causar poluição de qualquer forma
(atmosférica, hídrica, sonora, edáfica, solo e residual, dentre outras), quanto para
proteção de árvores e áreas verdes – públicas ou privadas (PMC, 2009b).
A gestão do Parque Barigui está inserida no âmbito das responsabilidades
do Departamento de Parques e Praças. No entanto, as atribuições desse órgão são
8
Vale lembrar que as atribuições e competências relativas às unidades de
conservação federais encontram-se, hoje, sob a jurisdição do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBIO).
69
descritas para a Divisão de Parques e Bosques, nível de atuação operacional, que
se reporta diretamente à Direção do Departamento de Parques e Praças (DPP), que
tem por finalidade planejar, coordenar e supervisionar as atividades administrativas,
técnicas, científicas, culturais, esportivas e de obras nos parques e bosques da
cidade de Curitiba (PMC, 2009a).
3.5 REALIZAÇÃO DE ENTREVISTAS COM USUÁRIOS
Esta fase foi estruturada a partir dos procedimentos relacionados à
elaboração do formulário de entrevista e à determinação dos seus pontos de
aplicação, bem como à tabulação dos seus resultados, adiante detalhados.
3.5.1 Elaboração do formulário de entrevista
O formulário de entrevista (Apêndice A) foi estruturado em quatro partes
principais: perfil do usuário, hábitos de utilização do espaço, funções do parque e
gestão da área, sendo realizada sua pré-aplicação visando evidenciar possíveis
falhas na redação das questões, tais como: complexidade, imprecisão,
desnecessidade e constrangimento (GIL, 1999), para retificar a elaboração das
questões direcionadas aos usuários.
A pré-aplicação dos formulários de entrevista foi concretizada no Parque
Barigui, com o número de amostra de 31 entrevistados, nos dias:
a) 27 de fevereiro de 2009 (sexta-feira), no período da tarde, entre 17h00
e 20h00;
b) 28 de fevereiro de 2009 (sábado), no período da tarde, entre as 13h00
e 17h00;
c) 01 de março de 2009 (domingo), nos períodos da manhã e da tarde,
entre 11h00 e 16h00.
Tal procedimento presta-se, portanto, para corrigir falhas no instrumento de
avaliação e, conforme Carzola e Silva (2006), representa os 30 graus de liberdade
(n >= 31 formulários aplicados na pior e melhor situação) no estabelecimento de
relativa heterogeneidade para a mínima confiança de resultados, de maneira a testar
sua eficiência. Segundo os autores, graus de liberdade correspondem à quantidade
de dados disponíveis (livres) para o cálculo da estatística.
70
Após a consolidação do formulário (Apêndice A), as entrevistas foram
realizadas junto aos usuários do Parque Barigui por amostragem aleatória simples,
considerando gênero de acordo com a distribuição da população de Curitiba (47,9%
homens e 52,1% mulheres) (IPPUC, 2009a). A faixa etária foi distribuída nos
seguintes intervalos: 15 a 19, 20 a 24, 25 a 29, 30 a 34, 35 a 39, 40 a 44, 45 a 49, 50
a 54, 55 a 59, 60 a 64, 65 a 69, 70 a 74, 75 a 79 e 80 anos de idade ou mais, de
acordo com a classificação oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2010), com vistas à obtenção de níveis oficiais de informações do perfil dos
usuários. Às faixas etárias de 0 a 4, 5 a 9 e 10 a 14 anos, não foram realizadas
entrevistas, tendo em vista a amplitude e complexidade do tema para essas idades.
Segundo Anderson e Manfredo (1986), os visitantes de áreas naturais usualmente
apresentam preferências e padrões de comportamento distintos, características que
são, geralmente, influenciadas por fatores como idade e sexo, entre outros.
No momento da abordagem do transeunte, foi desconsiderado o nível de
escolaridade e profissão, que o objetivo básico da pesquisa consiste em
diagnosticar a percepção do usuário do parque. Entretanto, estes dois aspectos
foram registrados nos formulários, sendo considerados e tabulados posteriormente.
Com o objetivo de obter informações sobre os usuários do Parque Barigui e
tendo o pressuposto do elevado custo e a amplitude de tempo para pesquisar todo o
contingente populacional, fez-se necessária a adoção do processo de amostragem,
cuja ideia básica é extrair uma fração da população (amostra, ou seja, parte da
população que é tomada como objeto de investigação da pesquisa; subconjunto da
população PESSOA; SILVA, 1997), que seja representativa e permita fazer
afirmações e inferências. Para que tais considerações tenham validade, deve-se
garantir que a amostra tenha sido selecionada de maneira aleatória e probabilística
(GIL, 2002).
71
Para determinação do número necessário de usuários a serem entrevistados
para compor a amostra representativa, utilizou-se a seguinte fórmula (pertinente a
populações infinitas – GIL, 2002):
n = (y² x p x q x ) N
(e²)
Onde:
y = nível de confiança escolhido (95%);
p = percentagem com a qual o fenômeno deve se verificar (50%);
q = percentagem complementar (1-p);
e = erro máximo permitido (5% – adequado para pesquisas sociais);
N = universo da pesquisa (população total da região metropolitana de Curitiba, estimada em
3.260.292 habitantes – COMEC; IBGE, 2010);
n = amostra para aplicação (400 formulários / entrevistados).
Conforme Pessoa, Silva e Duarte (1997), o universo (N) é o conjunto de
elementos (indivíduos, objetos, imóveis etc.) reunidos em subconjuntos
denominados população; sua amplitude do universo pode ser finita (não excedente a
100.000) ou infinita (excedente a 100.000 elementos). Para os autores, população é
o conjunto constituído de elementos, de um mesmo universo, com pelo menos uma
característica comum. A percentagem com que o fenômeno se verifica (p)
compreende a estimação prévia desta proporção, muito importante para a
determinação do tamanho da amostra (VITAL; BERTOLINO; FONSECA, 2009).
Como segurança, utilizou-se o valor de 50%, sendo o nível de confiança
estabelecido em 95%, com erro ximo admissível de 5% (adequado para
pesquisas sociais, cujo intervalo de tolerância varia entre 3 a 5%). De acordo com
Pessoa, Silva e Duarte (1997), o objetivo fundamental da amostragem é maximizar a
representatividade, ou seja, tornar a amostra o mais significativa possível. Para
tanto, dois critérios podem ser adotados: a intencionalidade, quando o pesquisador
intervém na escolha dos indivíduos por razões ligadas aos objetivos da pesquisa, e
a aleatoriedade, quando não interveniência do entrevistador. No caso da
presente pesquisa, adotou-se esta última condição.
3.5.2 Determinação dos pontos de aplicação dos formulários de entrevista
Para a coleta dos dados em campo, foram selecionados quatro pontos
estratégicos (Figura 20), definidos após a pré-aplicação da entrevista, onde foram
observados os principais locais de acesso de pedestres, estacionamentos de
72
veículos e áreas de encontro de pessoas (bar e restaurante), a fim de obter contato
com maior variedade possível para a amostra.
Figura 20: Imagem aérea de localização de pontos de aplicação dos formulários de
entrevista
Fonte: Elaborada com base em Ecotécnica (2007), Google Earth (2009), IPPUC (2009d).
Notas:
Ponto 1 – área de entrada do parque (acesso pela BR 277), saindo do estacionamento, junto à
pista de caminhada e ao lado do lago;
Ponto 2 – área dos restaurantes;
Ponto 3 – área de entrada (acesso pela Avenida. Cândido Hartmann) correspondente à maior
visitação;
Ponto 4 – área da chaminé (acesso pela Avenida Cândido Hartmann).
Legenda:
limite do Parque Municipal Natural Barigui
pontos de aplicação dos formulários
vias principais
1
2
3
4
73
3.5.3 Aplicação dos formulários de entrevista
O período de aplicação do formulário de entrevista correspondeu aos meses
de agosto, setembro e outubro de 2009.
Para a obtenção de dados de acordo com a realidade da frequência dos
usuários, foi realizada a aplicação do formulário em dias e períodos alternados em
pontos de coletas diferentes (ver Figura 6) durante as quatro semanas de cada mês,
seguindo o cronograma de distribuição de tempo e período apresentado na
Tabela 3.
Tabela 3: Cronograma de aplicação do formulário de entrevista
AGOSTO
SEMANA DIAS DO
MÊS
PERÍODO ATIVIDADE NÚMERO DE
FORMULÁRIOS
PONTO DE
COLETA
Primeira 02 a 08 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
34 1 e 2
Segunda 09 a 15 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
34 3 e 4
Terceira 16 a 22 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
33 1 e 3
Quarta 23 a 29 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
33 2 e 4
- 30 e 31 Interpretação e contextualização mensal de dados
SETEMBRO
SEMANA DIAS DO
MÊS
PERÍODO ATIVIDADE NÚMERO DE
FORMULÁRIOS
PONTO DE
COLETA
Primeira 01 a 05 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
34 1 e 4
Segunda 06 a 12 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
33 2 e 3
Terceira 13 a 19 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
33 3 e 4
Quarta 20 a 26 Manhã/Tarde Aplicação do formulário 33 1 e 2
- 27 a 30 Interpretação e contextualização mensal de dados
OUTUBRO
SEMANA DIAS DO
MÊS
PERÍODO ATIVIDADE NÚMERO DE
FORMULÁRIOS
PONTO DE
COLETA
Primeira 04 a 10 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
34 1 e 2
Segunda 11 a 17 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
33 3 e 4
Terceira 18 a 24 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
33 1 e 3
Quarta 25 a 29 Manhã/Tarde
Aplicação do formulário
Tabulação de dados
33 2 e 4
- 30 a 31 Interpretação e contextualização mensal de dados
Fonte: Elaborada com base nos procedimentos especificados nos itens 3.4.41 e 3.4.4.1
74
3.5.4 Tabulação dos dados coletados
Com as informações levantadas, foi realizada a sua tabulação para análise
do perfil dos usuários, seus hábitos de frequência e sua percepção das funções
sociais e ambientais, bem como da gestão do parque.
Da mesma forma que o formulário original, o critério de análise da pesquisa
tem quatro temas, subdivididos de maneira que, nas questões definidas no
formulário de entrevista (Apêndice A), sejam caracterizados os seguintes grupos:
a) Grupo 1 descrição do perfil dos usuários entrevistados (questões 1 a
6);
b) Grupo 2 – hábitos de frequência no parque (questões 7 a 9);
c) Grupo 3 percepção das funções sociais e ambientais (questões 10 a
16);
d) Grupo 4 gestão do parque (qualidade, equipamentos e serviços do
parque – questões 17 a 20).
Paralelamente à tabulação dos dados, foram confeccionados gráficos para
adequada interpretação e exploração das informações segundo os diversos grupos
anteriormente mencionados.
3.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados foram interpretados sob duas óticas: análise das informações
específicas de percepção dos usuários e estabelecimento de fundamentação para
gestão de unidades de conservação no meio urbano.
3.6.1 Avaliação da percepção dos usuários
A percepção dos usuários do Parque Natural Municipal Barigui foi avaliada
segundo os quatro grupos de características anteriormente mencionados.
Com relação ao Grupo 1 Perfil do usuário, foram tratadas as informações
referentes à região de residência, idade, sexo, grau de escolaridade e profissão.
No Grupo 2 Hábito de utilização do parque, foram analisados dados de
frequência, intensidade, período do dia e motivos de uso da unidade.
75
As respostas do Grupo 3 Funções do parque se voltaram à sua escala e
elementos de importância, à identificação de uso de outro parque e sobre funções
desta tipologia de área verde, de forma genérica e de maneira específica (sociais e
ambientais).
O Grupo 4 Gestão da área se relacionou com a interpretação de
responsabilidades e de graus de qualidade do parque, assim como com a
disponibilidade dos entrevistados de participação mais ativa no planejamento e
manutenção da área.
3.6.2 Estruturação de fundamentos para gestão
Este item trata do sistema vigente e da necessidade de implementação ou
ampliação de novas formas de gestão no Parque Barigui, tendo como base o concei-
to de gestão ambiental (LANNA, 1996) e os resultados das informações concatena-
das nesta pesquisa, voltadas para a busca de práticas e instrumentos da ciência da
administração envolvendo os diferentes agentes públicos.
A gestão urbana tem na conservação da natureza uma tarefa essencial para
a garantia do convívio saudável dos cidadãos com o ambiente da cidade. A preocu-
pação com a qualidade desse ambiente, de equilíbrio precário, reflete-se na adoção
de políticas de áreas verdes que busquem a utilização máxima dos benefícios ecoló-
gicos, econômicos e sociais que os elementos naturais, associados aos componen-
tes construídos, podem proporcionar.
O Brasil é marcado pela visível desigualdade social e pela dependência eco-
nômica e tecnológica dos países industrializados. Todavia, não obstante o fato de
ser subdesenvolvido, é classificado como uma nação industrializada e urbanizada.
Nesse sentido, não foi dada, por quem de direito, a devida atenção às prováveis mu-
danças dos quadros bióticos e abióticos das regiões agredidas pelo processo de in-
dustrialização (SOUZA; ARAÚJO; CATUNDA; 1996).
Cabe ainda tratar no incentivo do sistema de parceria no gerenciamento de
unidade de conservação, bem como no planejamento estratégico, tendo por objetivo
gerar benefícios tanto para a unidade quanto para os atores envolvidos no processo.
76
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta seção apresenta os resultados da tabulação dos formulários de
entrevista (Apêndice A), realizada conforme os itens 3.5.4 Tabulação dos dados
coletados e 3.6.1 Avaliação da percepção dos usuários, apontando eventuais
bases para o processo de gestão do Parque Natural Municipal Barigui.
4.1 PERFIL DOS USUÁRIOS
Segundo Magro et al. (1990), o levantamento e análise do perfil dos
visitantes de uma unidade de conservação permitem caracterizar as condições
básicas dos usuários e suas posturas, valores, anseios, expectativas, interesses e
críticas, possibilitando traçar tendências, identificar problemas e obter subsídios e
parâmetros para conciliar os objetivos de conservação ambiental com os de
visitação pública, essenciais para o planejamento e manejo destas áreas.
A análise do perfil do frequentador do Parque Natural Municipal Barigui visa,
além da busca de dados sobre os usuários para a produção de informações
referente à pesquisa, fornecer subsídios tanto para melhorar a satisfação de uso do
visitante quanto para atingir os propósitos conservacionistas de manejo do parque.
A primeira questão deste grupo se refere à região de residência dos
entrevistados, subdividida nas seguintes unidades territoriais: bairro, município e
estado (Tabelas 4, 5 e 6).
77
Tabela 4: Região de residência dos usuários do Parque Natural Municipal Barigui
(Continua)
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
ITEM BAIRRO MUNICÍPIO ESTADO NÚMERO DE
USUÁRIOS
1 Bigorrilho Curitiba Paraná 27
2 Mercês Curitiba Paraná 21
3 Santa Felicidade Curitiba Paraná 21
4 Cascatinha Curitiba Paraná 19
5 Santo Inácio Curitiba Paraná 19
6 Santa Quitéria Curitiba Paraná 14
7 Batel Curitiba Paraná 13
8 Campo Comprido Curitiba Paraná 12
9 Vista Alegre Curitiba Paraná 12
10 Centro Curitiba Paraná 11
11 Vila Isabel Curitiba Paraná 11
12 Mossunguê Curitiba Paraná 11
13 Campina do Siqueira Curitiba Paraná 9
14 Centro Cívico Curitiba Paraná 9
15 Guaíra Curitiba Paraná 9
16 Pilarzinho Curitiba Paraná 9
17 São Francisco Curitiba Paraná 9
18 São Braz Curitiba Paraná 9
19 Barreirinha Curitiba Paraná 8
20 Bom Retiro Curitiba Paraná 8
21 Bacacheri Curitiba Paraná 7
22 Bairro Alto Curitiba Paraná 7
23 Cristo Rei Curitiba Paraná 7
24 Juvevê Curitiba Paraná 7
25 Portão Curitiba Paraná 7
26 Rebouças Curitiba Paraná 7
27 Seminário Curitiba Paraná 7
28 Taboão Curitiba Paraná 7
29 Prado Velho Curitiba Paraná 6
30 Ahú Colombo Paraná 5
31 Capão Raso Curitiba Paraná 5
32 Jardim Botânico Curitiba Paraná 5
33 Parolin Curitiba Paraná 5
34 Água Verde Curitiba Paraná 4
35 Alto da Glória Curitiba Paraná 4
36 Atuba Curitiba Paraná 4
37 Boa Vista Curitiba Paraná 4
38 Cajuru Curitiba Paraná 4
39 Santa Cândida Curitiba Paraná 3
40 Boqueirão Curitiba Paraná 2
41 Capão da Imbuia Curitiba Paraná 2
42 Centro Almirante Tamandaré Paraná 2
43 Fazendinha Curitiba Paraná 2
44 Ferraria Campo Largo Paraná 2
45 Guabirotuba Curitiba Paraná 2
46 Maracanã Colombo Paraná 2
47 Pinheirinho Curitiba Paraná 2
48 São Pedro São José dos Pinhais Paraná 2
78
(Continuação da Tabela 4)
ITEM BAIRRO MUNICÍPIO ESTADO NUMERO DE
USUÁRIOS
49 Sítio Cercado Curitiba Paraná 2
50 Tingui Curitiba Paraná 2
51 Uberaba Curitiba Paraná 2
52 Cidade Industrial Curitiba Paraná 1
53 Pinhais Pinhais Paraná 1
54 São Gabriel Curitiba Paraná 1
55 Tatuquara Curitiba Paraná 1
56 Xaxim Curitiba Paraná 1
TOTAL DE ENTREVISTADOS (desconsiderados os turistas) 395
(Conclusão)
Percebe-se, portanto, a predominância de residentes nos bairros limítrofes
(ver Figura 6 e Tabela 2 no item 3.4.2 Aspectos naturais e antrópicos) Bigorrilho,
citado por 27 usuários (6,75% do total de entrevistados), Mercês, citado por 21
(5,25%), Cascatinha, citado por 19 (4,75%) e Santo Inácio, por 19 (4,25%).
Diagnostica-se, assim, que o entorno imediato do parque responde por pouco mais
da quinta parte (21,50%) dos seus visitantes.
Cabe ressaltar, porém, que os dois últimos bairros citados (Cascatinha e
Santo Inácio) apresentam valores inferiores a Santa Felicidade (5,25%), próximo à
área e situado na sua porção norte, mas não limítrofe à mesma. Observa-se que
Mercês e Santa Felicidade apresentam números de visitantes idênticos (21). A
resposta para esta relação de igualdade de valores esta na análise dos formulários
de entrevista dos visitantes destes dois bairros que declaram frequentar o Parque
Barigui em função da facilidade de acesso e por ser a área verde mais próxima das
suas residências. Essas respostas vão de encontro ao argumento de Furegato
(2005) sobre a contribuição das vias de acesso bem pavimentadas e localizadas em
regiões que permitam integração de modalidades de transporte público para a
frequência e utilização dos parques urbanos não apenas por moradores locais, mas
também por visitantes e turistas.
Alguns dos bairros mais distantes do parque, localizados na parte sul de
Curitiba, apresentam números reduzidos de frequentadores. Cidade Industrial,
Tatuquara, Xaxim, Sítio Cercado, Pinheirinho e Boqueirão correspondem, em
conjunto, a 2,25% da visitação. Mesmo havendo outras áreas similares mais
próximas, a procura do Parque Barigui por estes visitantes tem como justificativas:
por ser bem estruturado e amplo, além de possuir espaço para estacionamento de
veículos.
79
Do total de 75 bairros de Curitiba, cerca de dois terços (50) são
mencionados pelos entrevistados, demonstrando a amplitude de abrangência do
parque no município. Castrogiovanni (2000) coloca que, sendo o espaço urbano
compartilhado entre diferentes pessoas, com temperamentos, formações,
ocupações, origens étnicas e classes sociais diversas, e sendo a cidade uma
representação desta diversidade, sua arquitetura e a ordenação de seus elementos
devem refletir essa condição.
Os 25 bairros restantes não mencionados, cerca de um terço, estão
representados na Tabela 5. Esse aspecto se deve, provavelmente, pela existência
de outras opções de parques urbanos e áreas similares encontradas no município
(ver Figuras 2 e 3). Esses espaços verdes podem oferecer vantagens aos visitantes,
como proximidade e acessibilidade, dentre outras.
Tabela 5: Bairros de Curitiba não representados por usuários do Parque Natural
Municipal Barigui
ITEM BAIRROS
1 Abranches
2 Alto Boqueirão
3 Alto da XV
4 Butiatuvinha
5 Augusta
6 Cabral
7 Cachoeira
8 Campo de Santana
9 Cachimba
10 Fanny
11 Ganchinho
12 Hauer
13 Hugo Lange
14 Jardim das Américas
15 Jardim Social
16 Lamenha Pequena
17 Lindóia
18 Novo Mundo
19 Orleans
20 Riviera
21 São Lourenço
22 São João
23 São Miguel
24 Tarumã
25 Umbará
TOTAL DE BAIRROS 25
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
80
Observa-se, ainda, que a utilização do parque estende-se à população da
região metropolitana de Curitiba. Os municípios de Almirante Tamanda e
Colombo, localizados ao norte do Parque Barigui, Campo Largo, a oeste, e São José
dos Pinhais e Pinhais, a leste, representam, em conjunto, 2,50% da visitação.
Durante a aplicação dos formulários de entrevista, foi identificada a presença
de apenas 5 turistas no parque (Tabela 6), oriundos das cidades de Belo Horizonte,
Foz do Iguaçu, São Paulo, São José e Ponta Grossa, representando 1,25% do total
dos entrevistados.
Tabela 6: Região de residência dos turistas do Parque Natural Municipal Barigui
ITEM BAIRRO MUNICÍPIO ESTADO NUMERO DE TURISTAS
1 Centro Belo Horizonte Minas Gerais 1
2 Centro Foz do Iguaçu Paraná 1
3 Centro Ponta Grossa Paraná 1
4 Penha São Paulo São Paulo 1
5 São Pedro São José Santa Catarina 1
TOTAL DE ENTREVISTADOS (excetuando-se os usuários) 5
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Verifica-se, portanto, que o parque exerce influência em uma área de
extensão territorial que extrapola os limites administrativos de Curitiba e da sua
região metropolitana.
O reduzido número de turistas entrevistados pode estar relacionado ao
período da aplicação dos formulários, nos meses de agosto, setembro e outubro,
não correspondentes a férias escolares e abrangendo dois meses da estação de
inverno, caracterizado pelas condições chuvosas e frias do clima subtropical úmido
no município de Curitiba, que encontra-se a 934,6 m acima do nível do mar (IBGE,
2010).
Nesse mesmo período, havia a preocupação dos órgãos de saúde no
combate a pandemia da Influenza A (H1N1)
9
, conhecida como gripe suína, que tinha
como uma das suas medidas de prevenção, a de evitar ambientes fechados com
aglomerações de pessoas, como avião e ônibus, dentre outros meios de transporte
(NEUMANN; NODA; KAWAOKA, 2009; PMC, 2010c).
9
Influenza A (H1N1), ou gripe A, é uma doença respiratória contagiosa, que leva a um
quadro de infecção respiratória. O contágio se dá, principalmente, por meio de tosse,
espirros ou de secreções respiratórias de pessoas infectadas (PMC, 2010).
81
A questão seguinte, envolvendo a idade dos usuários, foi dividida nas
faixas etárias constantes da Figura 21.
Figura 21: Gráfico de faixas etárias dos usuários do Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Observa-se que o maior número de usuários do parque pertence à faixa
etária de 30 a 34 anos, com 78 frequentadores (19,50%), seguida pela de 35 a 39
anos, com 77 entrevistados (19,25%). Da análise do formulário de entrevista, esses
dois grupos integram o universo dos visitantes com formação superior (ver Figura
23, adiante apresentada) e que declaram o Parque Barigui como de alta importância
(ver Figura 29, adiante apresentada). Para Del Rio e Oliveira (1999), o grau de
escolaridade, idade e gênero influenciam na percepção ambiental do indivíduo. Isso
leva a acreditar que a maior representação das duas faixas etárias acima citadas,
correspondendo a 38,75% do total, estão relacionadas com o nível intelectual dos
respondentes.
Segundo IPPUC (2009e), na projeção para 2009 da população de Curitiba
por grupos de idade, a faixa etária de 30 a 34 anos é a maior, com 167.994
indivíduos.
Para a faixa etária de 65 a 69 anos, é identificado apenas um usuário. De
acordo com IPPUC (2009e), esse grupo de idade possui 43.597 indivíduos, não
sendo o de menor número, porém o menos representado, como se observa na
Figura 21. Nas faixas etárias de 70 a 74, 75 a 79 e 80 ou mais anos, não é
identificado nenhum usuário. Portanto, quando somados os valores abaixo da faixa
etária de 55 a 59 anos, diagnostica-se a prevalência do público adulto utilizando o
parque, segundo a divisão das faixas etárias da população propostas por IPPUC
(2009e): jovem (0 a 20 anos), adulta (20 a 59) e terceira idade (60 ou mais anos).
82
A maior quantidade de frequentadores entrevistados (213) é do gênero
feminino (53,25% Figura 22). O masculino corresponde a 187 usuários (46,75%).
Estas proporções são aproximadas às da população da região metropolitana de
Curitiba (3.260.292 habitantes IPPUC, 2009e 53,25% de mulheres e 46,75% de
homens – IPARDES, 2009).
46,75%
53,25%
MULHER HOMEM
Figura 22: Gráfico de proporção de homens e mulheres usuários do Parque Natural
Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Do total de mulheres entrevistadas, 199 declaram utilizar o parque para
lazer, na prática de atividades físicas, voltadas para o embelezamento estético
corporal e para o bem-estar relativo à saúde. As 14 restantes declaram ir ao parque
para relaxar ou encontrar amigos. A jornada dupla de trabalho, dos deveres
domésticos e das funções relacionadas ao cuidado com os filhos e marido, aliada ao
trabalho externo profissional, é tratada por Aquino et al. (1991), que ressaltam esta
preocupação em um levantamento da mortalidade feminina, levantando a
possibilidade de novos agravamentos à saúde e uma possível equiparação das
causas de morte a fatores que incluem maior grau de inserção da mulher no
mercado de trabalho.
Na Tabela 7, é explicitada a distribuição da população nas faixas etárias e
respectiva proporção por gênero dos usuários entrevistados no Parque Barigui.
83
Tabela 7: Faixas etárias e respectiva proporção por gênero dos usuários entrevistados
no Parque Natural Municipal Barigui
FAIXA ETÁRIA
(idade em
anos)
TOTAL MASCULINO FEMININO
NÚMERO % NÚMERO % NÚMERO %
15 a 19 11 2,75 6 1,50 5 1,25
20 a 24 29 7,25 15 3,75 14 3,50
25 a 29 52 13,00 26 6,50 26 6,50
30 a 34 78 19,50 36 9,00 42 10,50
35 a 39 77 19,25 35 8,75 42 10,50
40 a 44 53 13,25 26 6,50 27 6,75
45 a 49 41 10,25 18 4,50 23 5,75
50 a 54 23 5,75 10 2,50 13 3,25
55 a 59 24 6,00 10 2,50 14 3,50
60 a 64 11 2,75 5 1,25 6 1,50
65 a 69 1 0,25 00 0,00 1 0,25
70 a 74 - - - - - -
75 a 79 - - - - - -
80 ou mais - - - - - -
TOTAL 400 100 187 46,75 213 53,25
Fonte: Elaborada a partir da aplicação do formulário de entrevista da pesquisa.
Nas faixas etárias de 15 a 19 e de 20 a 24 anos, maior proporção de
homens entrevistados. Segundo IPPUC (2009e), a projeção da população de
Curitiba para 2009 da faixa etária de 15 a 19 anos aponta o total absoluto de
150.950 pessoas, correspondendo a 76.290 (4,23%) para o sexo masculino e
74.660 (4,14%) para o feminino. Para o grupo de 20 a 24 anos, o total absoluto é de
153.801 indivíduos, sendo 77.077 (4,27%) homens e 76.724 (4,25%) mulheres. Os
dados coletados nos formulários de entrevista e analisados na Tabela 7,
considerando as duas faixas investigadas, são equivalentes às proporções da
estatística populacional curitibana, sendo de maior expressão para o sexo
masculino.
Para os outros grupos, a proporção se inverte, com valores superiores para
o sexo feminino. De acordo com IPPUC (2009e), a faixa etária de 30 a 34 anos é a
maior em indivíduos dentre as classes, com o total absoluto de 167.994 pessoas,
sendo 82.416 (4,57%) homens e 85.578 (4,74%) mulheres. Nesse grupo, as
proporções referentes ao gênero dos entrevistados correspondem à estatística do
IPPUC, com maior valor para o sexo feminino.
84
Observa-se, ainda, a pequena proporção das faixas da terceira idade (60
anos ou mais), com 12 usuários, correspondendo a 3,00% do total entrevistado. Isso
se deve, possivelmente, a fatores como o clima (chuvoso e frio) e à grande
quantidade de visitantes nos finais de semana, período este declarado pelos idosos
como evitado, tanto pela falta de tranquilidade quanto pela insuficiência de espaço
para lazer para os frequentadores de mais idade.
Com relação ao grau de escolaridade (Figura 23), pode-se deduzir que o
Parque Barigui é seletivo, pois comporta maior proporção de frequentadores
(47,00%, equivalente a 188 usuários) com nível correspondente ao ensino superior
completo, sendo registrada a presença de 11 pós-graduados (2,75%).
Durante a aplicação dos formulários de entrevista, não foi observado
entrevistados analfabetos ou com ensino fundamental (1ª a 8ª). Segundo IPPUC
(2009e), a população analfabeta de Curitiba, com 15 anos ou mais idade,
corresponde a 40.244 (3,38% do total da população, considerando-se o censo
demográfico de 2000).
33
39
11
129
188
162
227
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
Analfabetos 1ª a 5ª Série a 8ª Série Ensino Médio Ensino Superior Pós-Graduação
NÚMERO DE USUÁRIOS
Incompleto Completo Total
Figura 23: Gráfico de grau de escolaridade dos usuários do Parque Natural Municipal
Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O número de usuários com ensino superior completo ou incompleto (56.75%
do total) é maior que o dos frequentadores com ensino médio completo concluído ou
cursando (40,50%). Segundo IPPUC (2009e), no indicador de desenvolvimento de
Curitiba, no ano 2008, 125.449 alunos encontravam-se matriculados em
estabelecimentos de ensino superior. o grau contava apenas com
85
78.269 estudantes. Não foi encontrado nenhum aspecto de destaque envolvendo ou
relacionando os 47 entrevistados com pós-graduação.
A abordagem sobre a profissão dos entrevistados não é vinculada, a
princípio, a nenhuma divisão (Tabela 8).
Tabela 8: Profissões dos usuários do Parque Natural Municipal Barigui
ITEM PROFISSÃO NÚMERO DE USUÁRIOS
1 Funcionário público municipal 43
2 Aposentado 27
3 Professor 27
4 Vendedor 23
5 Comerciante 23
6 Funcionário público estadual 21
7 Estudante 20
8 Funcionário público federal 16
9 Operador de marketing 14
10 Autônomo 13
11 Militar 11
12 Empresário 11
13 Promotor de vendas 9
14 Enfermeiro 7
15 Fisioterapeuta 7
16 Promotor de eventos 7
17 Bancário 6
18 Secretária 5
19 Advogado 5
20 Agente de viagem 5
21 Arquiteto 5
22 Administrador de empresa 4
23 Auxiliar administrativo 4
24 Motorista 4
25 Recepcionista 4
26 Farmacêutico 3
27 Gerente de produção 3
28 Gerente de supermercado 3
29 Jornalista 3
30 Médico 3
31 Metalúrgico 3
32 Nutricionista 3
33 Pedagogo 3
34 Publicitário 3
35 Taxista 3
36 Artesão 2
37 Bioquímico 2
38 Dsigner gráfico 2
39 Eletricista 2
(Continua)
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
86
(Continuação da Tabela 8)
ITEM PROFISSÃO NÚMERO DE USUÁRIOS
40 Engenheiro florestal 2
41 Engenheiro civil 2
42 Garçon 2
43 Gráfico 2
44 Mecânico 2
45 Músico 2
46 Paisagista 2
47 Psicólogo 2
48 Químico 2
49 Técnico eletrônico 2
50 Técnico em raio-x 2
51 Veterinário 2
52 Agrônomo 2
53 Assistente de laboratório 1
54 Assistente social 1
55 Bibliotecária 1
56 Cabeleireira 1
57 Engenheiro de segurança 1
58 Esteticista 1
59 Fotógrafo 1
60 Gerente de farmácia 1
61 Gerente de posto de gasolina 1
62 Gerente de marketing 1
63 Meteorologista 1
64 Porteiro 1
65 Protético 1
66 Técnico em recursos humanos 1
67 Loud máster (mestre de carga de avião) 1
TOTAL DE ENTREVISTADOS 400
(Conclusão)
Representando 10,75% do total, 43 dos respondentes são funcionários
públicos municipais, somando-se, ainda, estaduais (21 usuários 5,25%) e federais
(16 usuários – 4,00%).
Outra profissão que se destaca é a de professor, juntamente com a
categoria dos aposentados, que apresenta 27 respondentes cada (6,75% do total).
O destaque na presença de educadores no parque pode ser justificado pelos
números de unidades educacionais da rede pública e privada de Curitiba, como
demonstra a Tabela 9.
87
Tabela 9: Demonstrativo do quantitativo de estabelecimentos de ensino em Curitiba
2009
ITEM NÍVEL DE ESCOLARIDADE QUANTIDADE
1 Educação infantil 499
2 Ensino fundamental 452
3 Ensino médio 213
4 Ensino superior 78
TOTAL 1.242
Fonte: Elaborada com base em IPPUC (2009e).
O maior número de unidades corresponde ao ensino infantil (40,17% do
total). Com o menor valor, tem-se o ensino superior, com 6,28%. Percebe-se a
diminuição da quantidade de estabelecimentos dos tipos de ensino quanto maior o
nível educacional.
As profissões de vendedor e comerciante relacionam-se a 23 usuários cada
(5,75%). Os estudantes, que correspondem a 20 frequentadores (5,00%), declaram
ir ao parque por residirem e estudarem nas suas proximidades.
Também se observa uma diversificação das profissões dos visitantes do
Barigui. O parque com adequada estrutura, serviços e ampla área, favorece a
diversidade popular, tornando-se ponto de encontro de origens, etnias e culturas.
Não foi identificado nenhum usuário desempregado entre os entrevistados. Cabe
ressaltar, porém, que foi perguntada a profissão do visitante, e não a condição se
estava empregado.
Na última questão do grupo sobre perfil do usuários, a abordagem é
relacionada ao meio de transporte utilizado pelo entrevistado para chegar ao
Parque Barigui (Figura 24).
88
Figura 24: Gráfico do grau de utilização de meios de transporte pelos usuários do
Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista do da pesquisa.
O carro é identificado como o meio de transporte mais utilizado pelos
frequentadores para acesso ao parque. Os 342 respondentes (85,50%) se deslocam
à área com veículo próprio. A maior incidência de usuários que usam veículos
próprios é identificada nos dias de semana (entre 16h00 e 19h00). No final de
semana (sábado e domingo), a incidência é maior no período entre 13h00 e 18h00,
equivalendo a 62,25%.
O grande número de frequentadores que utilizam carros também está
relacionado com a maioria dos respondentes ser de bairros mais afastados (77,75%)
contra 21,00% dos principais bairros limítrofes e 1,25% da Linha Turismo (adiante
comentada). Segundo IPPUC (2009e), a frota de veículos em Curitiba é de
1.116.018. A opção de privilégio do transporte individual é bem aceita pela
população usuária do automóvel, pois são inquestionáveis as vantagens que o
veículo próprio oferece em relação ao transporte coletivo no que concerne ao
conforto, privacidade, conveniência, velocidade etc.
Um total de 37 usuários (9,25%) vai ao parque a e 9 (2,25%) utilizam
bicicleta, estando estes últimos na faixa etária de 15 a 19 anos. Todos estes
respondentes são moradores dos principais bairros limítrofes.
A Bicicleta Ônibus Carro Linha Turismo
0
50
100
150
200
250
300
350
400
37
9
7
342
5
MERO DE USUÁRIOS
89
Apenas 7 usuários (4,74%), moradores dos bairros próximos ao parque,
dispõem de ônibus para chegar até o Parque Barigui.
O sistema viário básico de Curitiba foi definido no seu plano diretor de 1966,
com o objetivo principal de conciliar a cidade do automóvel às necessidades,
aspirações e perspectivas humanas, dentro de uma visão global e integrada dos
problemas de mobilidade, prevendo-se o desenvolvimento da cidade no sentido
nordeste-sudoeste e a linearidade da expansão ao longo de eixos estruturais
(IPPUC, 2009e). O transporte público de massa também tem adotado medidas no
esforço de diminuir a poluição sonora e as emissões de dióxido de carbono (CO
2
).
A imagem negativa do transporte coletivo disseminada na sociedade
contribui sobremaneira para valorização e opção do transporte individual.
Costumeiramente, os ônibus são questionados quanto à sua qualidade, segurança,
conforto, rapidez etc. Hoje, 2 milhões de passageiros utilizam diariamente o sistema
integrado de transporte coletivo, composto por 1.980 ônibus, que atendem 395
linhas (URBS, 2009), dentre as quais se destaca a Linha Turismo, citada por 5
usuários (4,25%), todos turistas.
Desde a década de 1970, Curitiba tem passado por avanços estruturais,
culturais, ambientais e econômicos. alguns anos, a cidade tem apresentado
importante crescimento em termos de turismo receptivo. De 2000 a 2001, esse
aumento atingiu um percentual de 3,5% no número de turistas. De 2000 a 2003, a
quantidade de visitantes cresceu 58% (SEBRAE/PR, 2005).
Para Goeldner (2002, p.23), “o turismo é a soma de fenômenos e relações
originados da interação de turistas, empresas, governo local e comunidade anfitriã,
no processo de atrair e receber turistas”. A Linha Turismo (Figura 25) é um dos
principais produtos consumidos pelos turistas que visitam Curitiba.
90
Figura 25: Representação esquemática do roteiro da Linha Turismo de Curitiba
Fonte: Elaborada com base em URBS (2009).
Por meio desta linha, o turista tem apenas a visão geral da cidade, pois este
produto seleciona os atrativos de maior representatividade do destino em especial
os parques, locais históricos e pontos de eventos culturais
Segundo Wainberg (2001, p.11):
[...] a cidade deve ser vista como uma escritura, uma fala a ser interpretada
pelo transeunte. Trata-se de um enigma a ser desvendado pela exploração.
A percepção é estimulada pelo estranhamento causado por sua arquitetura,
vias, limites, bairros, pontos nodais, marcos, avenidas, cafés e bares. É uma
obra de arte viva, e seus atores móveis são os seus habitantes. [...] No
campo estranho, todo detalhe é relevante na composição do todo.
O fato do andar superior do ônibus da Linha Turismo ser aberto proporciona
outra visão aos seus passageiros, que podem observar a cidade de grande altura,
tendo outra percepção de detalhes, alguns dos quais detentores de relevante
importância, sejam culturais, naturais ou sociais, dentre outros.
91
A motocicleta o é citada por nenhum visitante como seu meio de
transporte para acesso à área, embora se tenha observado a sua presença na área
de estacionamento do parque. Nesse sentido, essa análise se fortalece com a
alusão de Furegato (2005) ao fato de que parques urbanos bem localizados e de
fácil acesso possibilitam a frequência de não de moradores locais, como também
da população mais distante e de turistas. Os dados da presente pesquisa mostram
que, no caso do Parque Barigui, no período da investigação, o público turista não
corresponde a grande proporção de visitação.
Vale ressaltar que a identificação do perfil dos usuários é fundamental para
o sucesso das atividades de uso público em parques urbanos instituídos como
unidades de conservação. Afinal, após se conhecer as características dos visitantes,
é possível a tomada de decisões com maior qualidade, com a possibilidade da
aplicação de medidas e técnicas mais objetivas, gerando racionamento e otimização
de recursos materiais, financeiros e humanos (SAVI, 1997). Todavia, também é
importante o reconhecimento dos hábitos de uso nessa tipologia de espaço da
cidade.
4.2 HÁBITOS DE UTILIZAÇÃO DO PARQUE
Com relação à frequência de uso do parque (Figura 26), observa-se que o
final de semana possui maior número de visitantes, principalmente no domingo, dia
em que os usuários têm maior disponibilidade de tempo, não em função da
distância da residência ao parque, como pelo seu período de permanência no local.
Esse número se comprova não pela observação visual no Parque Barigui, mas
também pela preferência respondida pelos visitantes.
92
Figura 26: Gráfico de frequência de uso do Parque Natural Municipal Barigui pelos
usuários
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevistado da pesquisa.
Como mencionado, o domingo, citado por 97 entrevistados (24,25%), é o
preferido para ir ao parque, justificando o elevado número de veículos neste dia.
Com 88 respondentes (22,00%), o sábado se caracteriza como sendo outro dia ideal
para estar no parque, sendo indicada como segunda opção durante a semana.
A preferência por dias alternados é citada por 49 frequentadores (12,25%).
Esta resposta tem relação com a disponibilidade de tempo e conveniência com a
prática de outras atividades. Alguns casos se relacionam ao encontro de pessoas da
mesma faixa etária para a prática de atividades físicas, exposto pelos próprios
entrevistados.
A sexta-feira é citada por 43 usuários (10,75%) como sendo o dia mais
apropriado, de acordo com a sua disponibilidade de tempo para ir ao parque, que
estes respondentes não trabalhariam no sábado.
A quinta-feira é declarada por 35 frequentadores (8,75%) como sendo o
mais adequado dia da semana, de acordo com sua disponibilidade de tempo, para
realizar atividades de recreação no parque.
A quarta-feira é citada por 32 usuários (8,00%) para prática de exercícios no
parque.
Para 29 entrevistados (7,25%), a terça-feira é relatada como o dia mais
indicado para a prática de lazer e das atividades de recreação.
Segunda-f ei-
ra
Tea-f eira Quarta-f eira Quinta-f eira Sexta-f eira bado Domingo Alternado 1ª Visita
0
20
40
60
80
100
120
11
29
32
35
43
88
97
49
16
NÚMERO DE USUÁRIOS
93
A segunda-feira é citada por 11 frequentadores (2,75%) para realizar
caminhada e corrida no parque.
Dos usuários que declaram a sua preferência pelos dias úteis de semana
(segunda-feira a sexta-feira), dois aspectos são abordados pela maioria dos
entrevistados: a disponibilidade de tempo e por ser o período em que o parque está
mais vazio, em comparação com o final de semana.
Dentre os 400 entrevistados, 16 (4,00%) visitavam o Barigui pela primeira
vez.
Pelos resultados obtidos, observa-se a diversidade de frequência,
comportando maior público no final de semana (46,25%), com maior movimento no
domingo. Assim, torna-se possível o planejamento e implementação de medidas
precisas e pontuais da administração do parque, com vistas à adequação e melhoria
dos serviços e equipamentos (segurança, limpeza, manutenção e estacionamento,
dentre outros), voltados a atender não as necessidades do público visitante, mas
também toda a extensão da área verde.
Com referência à intensidade de frequência (Figura 27), o maior número
de respostas pelos frequentadores corresponde à mensal (esporádicos), citada 148
vezes pelos usuários do parque (37,00% do total), seguida pela semanal (assíduos),
indicada por 113 entrevistados (28,25%), e pela quinzenal (ocasionais), com 97
respostas (24,25%). Os demais intervalos (diário, trimestral e anual) respondem, em
conjunto, por apenas 10,50% do total.
94
Figura 27: Gráfico de intensidade de frequência dos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
De posse dos resultados da intensidade de frequência, somados às
informações anteriores, cabe à administração do parque e áreas similares, como
também aos órgãos de segurança pública, de trânsito e turismo, dentre outros, a
capacidade de planejamento em tempo hábil, a longo prazo e intercalado com outros
eventos culturais, musicais, esportivos etc. Com relação aos usuários, as
frequências mensal e semanal indicam que os frequentadores, no decorrer do mês,
estão envolvidos com outras atividades que impossibilitam sua recreação ou
procuram alternativas de lazer em lugares similares ou diferentes.
O período do dia de maior utilização do Parque Barigui considera os turnos
da manhã, tarde e noite, além do uso alternado (Figura 28).
Diário Semanal Quinzenal Mensal Trimestral Anual
0
20
40
60
80
100
120
140
160
15
113
97
148
11
16
NÚMERO DE USUÁRIOS
95
Figura 28: Gráfico de período do dia de maior frequência dos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O maior número de usuários (249 62,25%) prefere frequentar o parque no
período da tarde, enquanto 104 (26,00%) têm a preferência pelo seu uso de manhã.
O restante (47 11,75%) opta por período alternado. O fator determinante dessas
preferências está relacionado com o aspecto da disponibilidade de tempo do usuário
do parque (Tabela 10).
A escolha da maioria dos respondentes pela tarde tem como um dos motivos
o fator clima, levando-se em conta que a aplicação dos formulários de entrevista
transcorreu nos meses de agosto, setembro e outubro, quando as manhãs frias
diminui a frequência de uso do Parque Barigui. À tarde, a temperatura geralmente é
mais elevada, aumentando o movimento de usuários. Outro benefício do uso
vespertino do parque é que, ao término da tarde, os visitantes prolongam as
atividades, adentrando a noite. A procura pelos frequentadores por maior espaço
para realizar atividades de recreação, sensação de tranquilidade e sossego pode ser
encontrada no período da manhã, quando o movimento é bem menor.
Os principais motivos de utilização do Parque Barigui pelos respondentes
durante os diferentes períodos do dia estão relacionados na Tabela 10.
Manhã Tarde Noite Alternado
0
50
100
150
200
250
300
104
249
0
47
NÚMERO DE USRIOS
96
Tabela 10: Motivos de utilização do Parque Natural Municipal Barigui no período do dia
de maior frequência dos usuários
ITEMMOTIMOTIVOS NÚMERO DE CITÕES PELOS USUÁRIOS
1 Disponibilidade de tempo 197
2 Proximidade da residência 97
3 Folga de compromisso 43
4 Estacionamento amplo 35
5 Encontrar amigos 12
6 Comodidade 7
7 Beleza 5
8 Segurança 3
9 Fuga do trânsito da cidade 3
10 Horário de maior movimento 3
11 Menor incidência da luz solar (final de tarde) 1
12 Existência de muitas opções 1
13 Não soube responder 1
TOTAL DE CITAÇÕES 408
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O aspecto disponibilidade de tempo, citado 197 vezes (48,28%), se destaca
dentre os outros motivos de utilização em determinado período de uso, enquanto
residir em uma distância razoavelmente próxima do parque tem 97 respostas
(23,77%). Quarenta e três frequentadores (10,53%) procuram o parque nesse
período por estarem de folga. Esses motivos decorrem de longa data.
No final do século XVIII na Inglaterra, a Revolução Industrial tendeu a
expropriar o trabalhador, utilizando-se das mais diversas formas, seja removendo as
pessoas das antigas comunidades e, muitas das vezes, não lhes dando emprego,
seja tirando-lhes o ofício que lhes era próprio (artesanal), visto que este não poderia
concorrer com o modo de mecanização da produção (THOMPSON, 1989).
A luz do dia não determinava o início e o fim da jornada de trabalho dos
operários, visto que a iluminação em algumas cidades era a gás (HOBSBAWM,
1989). Com a sua inclusão no trabalho nas fábricas, as mulheres também passaram
a ser exploradas com longas horas de trabalho e salários baixos, sem o devido
tempo para dedicação a si mesmas (HOBSBAWM, 1989).
no início do século XX, aparece o uso do tempo disponível para lazer. Em 1914,
Henry Ford instituiu o Fordismo, introduzindo uma jornada diária de trabalho de oito
horas e U$ 5,00 para os trabalhadores da linha de montagem em sua fábrica de
automóveis em Michigan, nos Estados Unidos, seguindo as tendências já correntes
de racionalização do tempo e do processo de produção. Em parte, o propósito das
horas diárias e do valor estipulado era obrigar o trabalhador a adquirir a disciplina
necessária à operação do sistema de linha de montagem de alta produtividade.
97
Previa dar aos trabalhadores não renda, mas também tempo disponível para o
lazer para que consumissem os produtos produzidos em massa que as corporações
fabricavam em quantidades cada vez maiores (ANTUNES, 1995). Atualmente, a
disponibilidade de tempo e folga de compromissos são utilizadas de diferentes
maneiras, de acordo com a necessidade de cada indivíduo, ao contrário do proposto
pelo Fordismo.
Conforme o constante na Tabela 10, o amplo estacionamento do parque é
citado 35 vezes (8,57%) como um dos motivos de uso em determinado período.
Neste aspecto, não foi observada nenhuma relação numérica com meios de
transportes (ver Figura 24), em que 342 respondentes (83,82%) declaram
deslocarem-se para o local com automóvel próprio. A relação está vinculada à
acessibilidade e distância da residência do usuário até o parque.
Goode (2004), em apresentação da experiência londrina, aponta, entre
outras propostas, algumas das possibilidades de transformar os parques e áreas
verdes em instrumentos de sensibilização ambiental, como a reaproximação entre
pessoas e natureza, utilização de técnicas alternativas de construção, com princípios
ecológicos etc. O autor observa o parque como um dos elementos que compõem a
cidade (um pedaço dela), demandando, portanto, sua comunicação em termos
sociais (acessibilidade, deslocamento e comunicação).
A falta da acessibilidade não é consequência da incapacidade do indivíduo,
mas o resultado da deficiência dos meios de acesso (estradas pavimentadas,
transporte público e coletivo, sinalização etc., excluindo e segregando pessoas com
diferentes condições físicas e econômicas, dentre outras (SANDEVILLE JUNIOR;
VAZ, 2004).
Com base nos resultados da Tabela 4 e da Figura 24 (anteriormente
apresentadas), nota-se a existência da mobilidade populacional de Curitiba e a
eficiência dos meios de acesso ao Parque Barigui, tornando-o ponto de encontro
para visitantes. Doze pessoas responderam ser o parque o local definido para
encontrar amigos. Os demais motivos citados correspondem, em conjunto a 5,00%,
do total.
Torna-se evidente, assim, a relevância dos estudos acerca das funções dos
parques urbanos e áreas similares.
98
4.3 FUNÇÕES DO PARQUE
A escala de importância atribuída ao Parque Barigui (Figura 29) destaca
a classe alta para 331 entrevistados (82,75%) e média para 69 (17,25%), sem
indicação para a classe baixa e nenhuma.
Figura 29: Gráfico de escala de importância atribuída pelos usuários ao Parque Natural
Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O potencial do parque urbano, como área verde, é inquestionável, a
começar pelos serviços ambientais que presta ao seu entorno imediato.
São serviços relativos à manutenção da biodiversidade local e regional, à
drenagem de águas pluviais, à regulação microclimática, ao equilíbrio ecológico
(principalmente como abrigo de espécies reguladoras de pragas urbanas e
bioindicadoras) e à qualidade do ar (por meio do sequestro de carbono e retenção
de partículas sólidas emitidas por veículos). Sem contar com a rica possibilidade de
servir de local a atividades de educação ambiental. Todos esses serviços ambientais
ainda carecem de medidas, mas, sem dúvida, são prestados pelas áreas verdes
(SOUZA; MACHADO, 2007).
Torna-se fundamental discutir o real papel do parque, além da abordagem
da arquitetura e do paisagismo. Esse “além” significa observar a cidade inteira, de
forma sistêmica, inter-relacionada e interdependente, com inúmeras partes
compondo um todo, interligadas de diversas formas (HARDT, 2006).
Alta Média Baixa Nenhuma
0
50
100
150
200
250
300
350
331
69
0 0
NÚMERO DE USUÁRIOS
99
Em um contexto capitalista, os parques urbanos têm a função especial de
divulgação da condição ambiental da cidade e das suas potencialidades turísticas,
sendo componente essencial na manutenção da qualidade do ambiente urbano.
A Tabela 11 identifica os motivos de escolha da classe de alta
importância do parque.
Tabela 11: Motivos de escolha da classe de alta importância do Parque Natural Municipal
Barigui pelos usuários
ÍTEM MOTIVOS NÚMERO DE CITAÇÕES PELOS USUÁRIOS
1 Estrutura do lazer e recreação 106
2 Proximidade à residência 89
3 Proximidade ao Centro 37
4 Área verde na cidade 32
5 Infraestrutura 27
6 Proximidade com a natureza 21
7 Preservação de ambiente natural 19
8 Espaço livre em área verde 13
9 Estabelecimento de relações sociais 12
10 Muitas opções 11
11 Ausência da poluição sonora 9
12 Estacionamento amplo 9
13 Segurança 8
14 Não sabe 4
15 Ponto turístico 3
TOTAL DE CITAÇOES 400
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Grande importância é dispensada ao lazer e as atividades de recreação
pelos usuários do parque, mencionados pelos entrevistados em um total de 106
citações (26,50%). A proximidade da residência ao parque é apontada 89 vezes
(22,25%) como o motivo de escolha. Por ser área próxima ao Centro, este aspecto é
citado 37 vezes (9,25%).
Macedo e Sakata (2003, p.13) reafirmam que o real papel do parque é ser
“um espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa
urbana”. Esse conceito parece sugerir que, para a criação de parque urbano, deve
haver a demanda por áreas recreativas. Mas, essa não é sua única função, como
relatado na Seção 2 Referencial teórico. As áreas verdes nas cidades assumem,
ainda, tarefas de proteção dos recursos hídricos, contenção de enchentes das águas
das chuvas e amenização da poluição sonora, dentre outras.
Com relação à proximidade ao Barigui, se volta ao fato de ser mais cômodo
para o deslocamento do frequentador, pois a localização do parque no entorno do
Centro favorece a acessibilidade. Como exposto anteriormente, Curitiba é dotada de
100
adequados meios de acesso. Essa posição ao redor do centro urbano permite a
integração de modalidades do transporte público e coletivo.
Por sua vez, os aspectos naturais são valorizados pelo somatório dos itens:
área verde na cidade, preservação do ambiente natural, espaço livre em área verde
e proximidade com a natureza, com 85 citações (21,25%). O item 3.4.2 descreve as
características naturais e antrópicas da área pesquisada. Essa proporção de
respondentes revela a necessidade de realização de medidas de educação
ambiental, utilizando os meios de comunicação visual por toda extensão do parque,
trazendo informações sobre fauna, flora e proteção dos recursos hídricos, dentre
outras (ECOTÉCNICA, 2007). Não essa estratégia, mas também outras, como a
realização de eventos culturais no próprio local, podem despertar ou aumentar a
conscientização dos frequentadores acerca da importância da preservação
ambiental e da existência da área verde em meio urbano.
O Parque Barigui é considerado bem estruturado por 27 usuários (6,75%),
por comportar amplo estacionamento, churrasqueiras, banheiros, restaurantes,
bares, quadras de esporte, equipamentos para atividades físicas (não somente
destinados ao público jovem, mas também à terceira idade), iluminação para
atividades noturnas, bancos para estar, arborização, aspectos de limpeza, pista
pavimentada para pedestre, ciclovia e pavilhão para eventos, dentre outros
elementos.
A diversidade de opções oferecida é citada por 11 respondentes (2,75%). Ao
visitar ao parque, o usuário utiliza componentes da estrutura que satisfaçam suas
necessidades; para que essa visita se desenvolva por longo tempo, torna-se crucial
encontrar, no local, alimentação, água e sanitários (inclusive para deficientes
físicos), além de outros dispositivos. Equipamentos destinados ao lazer e atividades
de recreação são atrativos para frequentadores de residências próximas e distantes.
Cabe ressaltar, porém, que a imagem da cidade, amplamente veiculada, de
valorização das suas áreas verdes, pode influenciar decisivamente a opinião do
público em geral (SÁNCHEZ, 1997).
Cabe apontar o pequeno destaque dispensado pelos respondentes ao item
segurança, mencionada 8 vezes (2,00%). Essa proporção demonstra que esse
serviço público passa despercebido pela maioria dos usuários. Segundo IPPUC
(2009e), o registro de roubos consumados em Curitiba no ano de 2008 atingiu
15.821 ocorrências, correspondendo a um crescimento de 3,16% em relação ao ano
101
anterior. Quanto a furtos no mesmo ano, foram indicados 35.665 casos. Os crimes
consumados contra a pessoa física chegaram a 23.415, numa proporção 0,81%
inferior ao ano anterior. De acordo com os dados expostos, os números de citações
referentes ao item segurança deveriam ter sido superiores aos demais.
Possivelmente, a sensação de tranquilidade e paz proporcionada por esse local ou
pela realização de atividades prazerosas, faça o visitante, naquele momento de
lazer, considerar esse aspecto irrelevante temporariamente.
Outros motivos citados respondem, em conjunto. a 7,00% do total das
citações.
Pela análise da Tabela 11, depreende-se que 85 frequentadores (21,25%)
atribuem importância a aspectos ambientais, enquanto os outros 315 (78,75%) citam
motivos de caráter social. Verifica-se que a grande maioria dos entrevistados avalia
o parque pela estrutura voltada às funções sociais. Os resultados gerados pela
Figura 34 e pela Tabela 11, adiante apresentadas, comprovam que a classificação
da classe de alta importância do Barigui ocorre em função dos atrativos e opções
voltadas às atividades de recreação e cultura, à amplitude da área e à qualidade da
estrutura. Assim, comprova-se a afirmação de Macedo e Sakata (2003, p.13) de que
o principal intuito de criação de parques urbanos está voltado ao lazer de massa, e
que essa classificação é fruto da demanda por áreas recreativas.
Consultados sobre a utilização de outras áreas similares ao Parque
Barigui (Figura 30), 343 usuários (85,75%) negaram essa situação, sendo que
apenas 56 (14,00%) residem em bairros próximos ou vizinhos ao parque. A alta
proporção da não frequência de outras áreas similares está relacionada com os
resultados tanto da Tabela 4 (região de residência do usuário), com predominância
de residentes nos principais bairros limítrofes à área pesquisada; quanto da Tabela
10 (motivos de utilização do Parque Natural Municipal Barigui no período do dia de
maior frequência dos usuários), com destaque para o item proximidade da
residência, com 97 respostas (23,77%), que resulta pela preferência de uso; e ainda
da Tabela 11 (motivos de escolha da classe de alta importância do Parque Natural
Municipal Barigui pelos usuários), apontando os itens: estrutura e proximidade à
residência e ao Centro, correspondendo, em conjunto a 58,00% do total.
102
Figura 30: Gráfico de utilização de outras áreas similares ao Parque Natural Municipal
Barigui pelos usuários
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Um total de 57 usuários (14,25%) utiliza outros parques e áreas similares.
Destes, 26 residem em bairros relativamente próximos ao Parque Barigui (Centro,
Bom Retiro, Vista Alegre, São Francisco, Campina do Siqueira e Batel) e com
acesso facilitado à Rede Integrada de Transporte (RIT), enquanto 31 moram
distantes, tendo como motivos para utilizar outra área (Tabela 12), a proximidade da
residência com outro parque ou o difícil acesso a RIT (IPPUC, 2009e).
Tabela 12: Outras áreas similares utilizadas pelos usuários do Parque Natural Municipal
Barigui
ITEM PARQUES E ÁREAS SIMILARES NÚMERO CITAÇÕES PELOS USUÁRIOS
1 Parque São Lourenço 24
2 Jardim Botânico 14
3 Parque Tanguá 8
4 Parque Bacacheri 5
5 Bosque João Paulo II 2
6 Passeio Público 2
7 Parque Iguaçu 1
8 Bosque da Fazendinha 1
TOTAL DE CITAÇÕES 57
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Sim o
0
50
100
150
200
250
300
350
400
57
343
NÚMERO DE USUÁRIOS
Sim Não
0
50
100
150
200
250
300
350
400
57
343
NÚMERO DE USUÁRIOS
103
Um total de 24 entrevistados aponta o Parque São Lourenço como principal
opção de utilização, por residirem nas suas proximidades. O Jardim Botânico é outra
alternativa citada por 14 entrevistados. Nenhum desses usuários reside próximo a
esta área; todavia, moram em bairros que possuem vias de tráfego rápido e de
acesso fácil.
Para os 8 entrevistados que frequentam o Parque Tanguá, não é possível
diagnosticar-se relação clara entre usuário e local.
Dos 5 entrevistados que utilizam o Parque Bacacheri, 3 residem no próprio
bairro e outro no Atuba, nas vizinhanças desta área verde.
Dos 2 respondentes que usam o Bosque João Paulo II, um reside no Ahú e
outro no Centro, ou seja, bairros próximos a esta área. Dois residentes no Centro
também utilizam o Passeio Público, além do Parque Barigui. Um entrevistado utiliza,
por conveniência, o Bosque Fazendinha, que reside no bairro homônimo. Por fim,
um entrevistado respondeu frequentar o Parque Iguaçu, tendo em vista residir no
bairro Uberaba.
Um total de 324 entrevistados (81,00%) alegam desconhecer as funções de
um parque urbano (Figura 31 e Tabela 13). Dos 76 (19,00%) que afirmam
conhecê-las, nenhum afirma compreender as funções sociais e ambientais.
Figura 31: Gráfico de conhecimento das funções de um parque pelos usuários do
Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Sim Não
0
50
100
150
200
250
300
350
76
324
MEROS DE USRIOS
104
Tabela 13: Exemplos de funções de um parque urbano citados pelos usuários do Parque
Natural Municipal Barigui
ITEM FUNÇÕES DE UM PARQUE NÚMERO DE CITAÇOES PELOS USUÁRIOS
1 Funções sociais:
lazer
48
2 Funções ambientais:
conservação do ambiente natural
28
TOTAL DE CITAÇÕES 76
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Nas funções sociais, especificamente, o item lazer é o mais citado, no total
de 48 vezes (63,16%).
As funções ambientais, voltadas à conservação do ambiente natural, se
relacionam com 28 respostas (36,84%). Pela análise da Figura 31 e da Tabela 13,
diagnostica-se o desconhecimento, pela maioria dos visitantes, das funções
atribuídas ao parque urbano. Assim como discutido acerca dos dados da Tabela 11,
a realização de medidas de educação ambiental na região do Parque Barigui e
áreas similares pode alterar esse parâmetro.
Quando arguidos sobre seu conhecimento acerca de funções sociais de
um parque, 311 usuários (77,75%) afirmam desconhecer esses atributos, enquanto
89 (22,25%) respondem que conhecem essas funções desempenhadas por essa
tipologia de espaço urbano (Figura 32).
Figura 32: Gráfico de conhecimento das funções sociais de um parque pelos usuários do
Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Sim Não
0
50
100
150
200
250
300
350
89
311
NÚMERO DE USUÁRIOS
105
A Tabela 14 apresenta exemplos de funções sociais de um parque citadas
pelos entrevistados.
Tabela 14: Exemplos de funções sociais de um parque citados pelos usuários do Parque
Natural Municipal Barigui
ITEM FUNÇÃO SOCIAL NÚMERO DE CITAÇÕES PELOS USUÁRIOS
1 Proporcionar lazer (atividades de recreação) 80
2 Estabelecer relações sociais 6
3 Evitar enchentes 1
4 Propiciar medidas psicológicas (relaxamento) 1
5 Minimizar a alteração da temperatura 1
TOTAL DE CITAÇÕES 89
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Novamente, observa-se a maior incidência de aspectos relativos a lazer e a
atividades de recreação e físicas citados pelos entrevistados. Mas, conceitualmente,
todos os exemplos citados podem ser considerados de acordo com as definições
sobre funções sociais de um parque (ver Seção 2 – Referencial teórico).
Parques públicos promovem o convívio social, a espiritualidade, o contato
com a natureza e a visitação turística; também exercem influência sobre o
comportamento das pessoas. Entretanto, é necessário contato constante com
espaços públicos, o que acontece em Curitiba, devido à considerável quantidade de
bosques e parques distribuídos pela cidade. São 17 parques e 13 bosques, que
conservam mais de 22 milhões de metros quadrados em área verde (IPPUC,
2009b).
Nota-se, assim, que o contato com os parques criou uma cultura urbanística
junto à população. Embora esses espaços públicos acabem por ter uma influência
no modo de vida das pessoas, cada local possui suas características próprias.
Quando questionados sobre seu conhecimento acerca de funções
ambientais de um parque, 341 entrevistados (85,25%) afirmam conhecer tais
funções (Figura 33).
106
Figura 33: Gráfico de conhecimento das funções ambientais de um parque pelos
usuários do Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O item mais ou menos foi acrescentado durante a aplicação dos formulários
de entrevista por ter aparecido eventualmente nas respostas dos usuários, somando
42 citações (10,50%). Dos 400 usuários entrevistados, 17 (4,25%) não conhecem as
funções ambientais de um parque. A Tabela 15 apresenta exemplos dessas funções
citadas pelos entrevistados.
Tabela 15: Exemplos de funções ambientais de um parque citadas pelos usuários do
Parque Natural Municipal Barigui
ITEM FUNÇÃO AMBIENTAL NÚMERO DE CITAÇÕES PELOS USUÁRIOS
1 Preservação a natureza 282
2 Preservação da flora 27
3 Diminuição a poluição 21
4 Melhoria da quantidade de o oxigênio na
atmosfera 12
5 Contato com o verde 11
6 Preservação da fauna 9
7 Absorção da água da chuva 7
8 Preservação a mata nativa 8
9 Preservação os recursos hídricos 4
TOTAL DE RESPOSTAS 381
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O aspecto mais citado é a preservação da natureza, com 282 respostas
(74,01% do total), enquanto outras 27 (7,09%) especificam a preservação da flora. O
item com maior proporção de citações demonstra uma intenção de incorporar todas
as espécies e recursos naturais do meio natural, tais como: árvores, animais, água,
solo etc. Em contrapartida, o segundo aspecto trata da proteção de um único
elemento natural (vegetação). A diminuição da poluição é representada por 21
respostas (5,51%). Já o contato com o verde é abordada por 11 visitantes (2,89%).
Sim o Mais ou menos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
341
17
42
NÚMERO DE USUÁRIOS
107
O sistema urbano não é auto-sustentável e consome recursos naturais
provenientes de outros sistemas, tais como os naturais, seminaturais e agrários. É a
partir desse consumo desenfreado que surge a poluição urbana. De acordo com
Dias (1994), a cidade é um sistema parasita.
Troppmair (1995) advoga a ideia de que o sistema urbano não é um
ecossistema, pois até nota-se a ocorrência do processo de entrada,
retroalimentação e saída de matéria e energia, porém não se verifica a auto-
regularização o equilíbrio. Logo, para o autor, o sistema urbano não pode ser
considerado um ecossistema.
Em contrapartida, outros autores como Dias (1994), Lima e Gessner. (2005)
e Hardt (2006) afirmam que as cidades podem ser consideradas como ecossistemas
por estarem sujeitas aos mesmos processos operantes em sistemas naturais.
Contudo, esses autores mencionados são uníssonos em afirmar que os
ecossistemas urbanos diferem dos naturais, visto que os primeiros o
extremamente dependentes de tecnologia, pois não possuem auto-suficiência,
enquanto os segundos, por sua vez, possuem a capacidade de estabilidade por
auto-regularização.
Os exemplos relacionados com a preservação de espécies animais são
citados 9 vezes (2,36%) e de espécies vegetais nativas são mencionados por 8
frequentadores (2,09%). Os resultados da interpretação dos turistas pesquisados por
Kaick (2007) refletem o enfoque voltado à conservação ambiental pelo planejamento
urbano de Curitiba ao longo dos últimos anos (IPPUC, 2009e), pois 58,00% dos
entrevistados naquele estudo apontam a manutenção da vegetação e da fauna nos
locais visitados como seu principal aspecto positivo.
A absorção da água, relacionada ao grau de permeabilidade da área
construída na cidade, tem 7 citações (1,84%). Um aspecto preocupante relaciona-se
com o fato de que apenas 4 usuários (1,05%) fazem referência à preservação dos
recursos hídricos, razão precípua de criação do Parque Barigui (HARDT et al.,
2009), o qual faz parte de uma política municipal de preservação de fundo de vales,
com o objetivo de evitar o assoreamento e a poluição dos rios, proteger a mata ciliar
e impedir a ocupação irregular das suas margens, tornando estas áreas abertas à
utilização pública.
108
Cabe ressaltar que, mesmo a função social sendo citada pela maioria dos
frequentadores como motivo de utilização do Parque Barigui (ver Tabela 10), a
função ambiental é identificada por 85,25% dos 400 entrevistados, ou seja, por 341
usuários.
Com relação à escala de importância de um parque urbano genérico,
371 respondentes (92,75%) classificam-no numa classe de importância alta
(Figura 34).
Figura 34: Gráfico de escala de importância atribuída pelos usuários do Parque Natural
Municipal Barigui a um parque urbano genérico
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
A classificação na classe média de importância é feita por apenas 29
usuários (7,25%), enquanto o Parque Barigui (ver Figura 29) é enquadrado nesta
classe por 69 (17,25%) dos seus usuários. A análise dos resultados da Figura 34
não revela dados ou elementos que possibilitem desvendar ou relacionar a
inferioridade de classificação da classe média do Barigui com referência a um
parque urbano genérico. Possivelmente, a frequente utilização pelos visitantes (ver
Figura 27) os tornem mais exigente, que sua constante permanência na área
permite que percebam inadequações ou falhas na administração da área verde.
A Tabela 16 comporta os motivos de escolha das classes de alta
importância de um parque urbano genérico.
Alta Média Baixa Nenhuma
0
50
100
150
200
250
300
350
400
371
29
0 0
NÚMERO DE USUÁRIOS
109
Tabela 16: Motivos de escolha das classes de alta importância para um parque urbano
genérico pelos usuários do Parque Natural Municipal Barigui
ITEM MOTIVOS NÚMEROS DE CITAÇÕES PELOS USUÁRIOS
1 Lazer (recreação) 161
2 Proteção do ambiente natural 127
3 Medidas psicológicas 51
4 Qualidade de vida 21
5 Espaço livre na cidade 13
6 Socialização 11
7 Diminuição da poluição 7
8 Contato com a natureza 5
9 Diminuição da pressão sonora 3
10 Diferenciação de programa 3
TOTAL DE CITAÇÕES 402
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Na classe alta de importância de um parque em geral, o item lazer se
destaca novamente, sendo citado por 161 usuários (40,04%). O segundo aspecto,
mencionado por 127 visitantes (31,59%), é a proteção do ambiente natural.
De acordo com os resultados da Figura 34 e da Tabela 16, observa-se a
determinação pelos respondentes da alta importância do parque urbano pela
demanda de carência de lazer. No entanto, a Figura 35 comprova que o aspecto de
maior importância é a área verde. Têm-se, então, dois temas distintos, porém que
elevam o valor do parque: função social (lazer) e percepção ambiental (área verde).
Medidas psicológicas, apontadas por 51 entrevistados (12,68%), e contato
com a natureza, citado 5 vezes (1,24%), estão relacionados ao conforto psíquico do
usuário, que o procura, na maioria das vezes, nos momentos de disponibilidade de
tempo, isto é, no final de semana.
O preço de morar em uma grande cidade é um estado constante de
ansiedade. As pessoas ficam expostas às mazelas biológicas e psicossociais, como
violência, perda de identidade, tensão, elevada competitividade e frustração, entre
outras (DIAS, 1994). A função psicológica ocorre quando as pessoas, em contato
com os elementos naturais dessas áreas, relaxam, com efeitos de anti-estresse.
Este aspecto está relacionado com o exercício do lazer e da recreação nas áreas
verdes (GUZZO, 2006).
Melhores níveis de qualidade de vida proporcionados pelos benefícios
gerados na utilização da área verde, do ponto de vista dos usuários, são abordados
por 21 frequentadores (5,22%), enquanto a sensação de tranquilidade em se
deslocar no espaço livre do parque em meio à cidade é citada por 13 visitantes
(3,23%).
110
A preocupação com a melhoria da qualidade de vida ocupa, cada vez mais,
a atenção de representantes de governos e da sociedade civil mundial e está
fortemente vinculada à questão ambiental.
Para Herculano, Porto e Freitas (2000), a avaliação e mensuração da
qualidade de vida de uma população vem sendo proposta de duas formas. Em
primeiro lugar, examinando-se os recursos disponíveis e a capacidade eletiva de um
grupo social para satisfazer suas necessidades. Uma segunda forma de estimativa
consiste em avaliar as necessidades, a partir dos graus de satisfação e dos
patamares desejados.
Segundo Wilheim et al. (2000), os fatores de qualidade de vida podem ser
agrupados para fins didáticos, em duas grandes categorias, os físico-fisiológicos e
os sócio-psicológicos ou culturais. O autor acrescenta que determinados fatores são
influenciados decisivamente pela paisagem urbana, ao ponto de melhorar a
qualidade de vida do cidadão quando as condições paisagísticas são
adequadamente administradas, em especial aquelas vinculadas aos espaços
públicos.
As possibilidades de construção de novas amizades e de fortalecimento das
relações sociais nas dimensões dessa área verde são descritas por 11 usuários
(2,73%). A prática de cultuar sociabilidades resulta em comunidades saudáveis
(DICKSON; GRAY; MANN, 2008).
Segundo D'Incao (1994, p.95-109):
A sociabilidade é o meio pelos quais as pessoas (independente de classe
social) se relacionam entre si de modo a gerar maior interação entre elas e
consequentemente contribuírem umas com as outras para uma vida
harmônica e até a resolução ou felizmente a não propagação de problemas
pessoais.
Enfim, tudo o que envolve a sociabilidade e a socialização depende da
identificação e da predisposição de cada indivíduo, sendo da natureza humana a
necessidade de estar e participar de um grupo social.
Com relação a aspectos de poluição, 7 entrevistados (1,74%) afirmam que o
parque contribui para se respirar o oxigênio mais puro, enquanto 3 (0,74%)
comentam que, no momento da utilização do parque, percebe-se a diminuição da
poluição sonora causada pelo trânsito de veículos. Outros 3 respondentes (0,74%)
citam que frequentar essa área verde constitui um programa diferente. A discussão
do tema “áreas verdes urbanas” tem sido uma constante na atualidade, dada a sua
111
saliência e centralidade no que concerne à dinâmica do sistema urbano, uma vez
que essas áreas amenizam os impactos provocados pelas cidades.
Da análise da Tabela 16, verifica-se que, das 402 respostas citadas pelos
entrevistados, 270 (67,16%) são relacionadas ás funções sociais e o restante (132
32,83%) aborda as funções ambientais, especialmente contato com a natureza,
diminuição da poluição e proteção do ambiente natural.
Sobre os aspectos de maior importância em um parque urbano
genérico, constam alternativas de área verde e de lazer e recreação (Figura 35).
Figura 35: Gráfico de aspectos de maior importância em um parque urbano genérico
segundo usuários do Parque Natural Municipal Barigui
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Um total de 334 respondentes (83,50%) afirma que a área verde é o aspecto
mais importante em um parque urbano genérico. Quinze usuários (3,75%) apontam
o lazer e atividades de recreação. Para 51 respondentes (12,75%), ambos são
importantes, resultando no acréscimo deste item durante a aplicação dos formulários
de entrevista. Pela análise da Tabela 15 e dos resultados das Figuras 33, 34 e 35,
conclui-se que o maior percentual dos visitantes do Parque Barigui possui
determinado grau de percepção ambiental.
Durante a aplicação da questão sobre os aspectos de maior importância em
um parque urbano genérico, quando da arguição aos usuários sobre sua
continuidade de utilização do Parque Barigui na eventualidade de retirada da área
de lazer e de recreação, a resposta de todos os entrevistados é positiva, ou seja,
que permaneceria usando o parque, tendo em vista a existência de outras opções
de lazer e recreação em outras áreas similares em Curitiba, além de shoppings,
playgrounds, campos de futebol, escolas, parques de diversões, cinemas etc.
Área verde Lazer e recreação Ambos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
334
15
51
NÚMERO DE USUÁRIOS
112
A resposta dos frequentadores evidencia a certeza de dependência da
realização de lazer e atividades de recreação e que sua frequência neste local
ocorre em função desses dois aspectos. Pode-se afirmar que, de posse das
respostas e dos resultados, a área verde condiciona o uso do parque.
Sobre a sua continuidade de utilização do Parque Barigui na eventualidade
de retirada da área verde, a resposta de todos os entrevistados foi negativa, ou seja,
que não permaneceria usando o parque. Observa-se, portanto, que apesar do lazer
e das atividades de recreação serem citados como principais motivos de utilização
do parque, o ambiente constitui motivo abstrato e psicológico de maior importância
em um parque urbano para os entrevistados. Percebe-se que é de natureza
fundamental a implementação de adequada infra-estrutura, serviços e equipamentos
nas áreas verdes, devendo haver compatibilidade com as necessidades de cada
espaço, enquadrando os anseios do público usuário e os interesses do município.
A administração municipal deve ficar atenta às tendências e valorizar os
espaços que oferece à comunidade e visitantes. Em um estudo da Paraná
Pesquisas (2008) com os jovens de Curitiba, apenas 3,49% apontaram que buscam
os parques da cidade quando querem se divertir, 47,21% procuram os shoppings
centers, 32,09% as casas de shows ou bares, 27,44% os cinemas (que
normalmente estão dentro dos shoppings), 23,95% os estádios de futebol e outros
centros esportivos, e 8,6% os teatros, museus e outros espaços culturais. Nessa
visão, as prefeituras podem fazer projeções das tendências de aceitação e utilização
dos parques, em um amplo contexto de gestão..
4.4 GESTÃO DO PARQUE
Para consulta sobre a sua percepção acerca da responsabilidade de
ações preservacionistas desenvolvidas no Parque Barigui, na primeira parte da
arguição, foram oferecidas oito alternativas (Tabela 17) aos entrevistados, com
possibilidade de repetição.
113
Tabela 17: Responsabilidade de preservação do Parque Natural Municipal Barigui
segundo seus usuários
ITEM ALTERNATIVA NÚMERO DE CITAÇÕES PELO USUÁRIO
1 Prefeitura Municipal 400
2 População em geral 400
3 Governo Estadual 45
4 Governo Federal 27
5 Comércio/indústria 15
6 Organizações não governamentais 13
7 Não sabe -
8 Outra -
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
A totalidade dos usuários afirma que esta responsabilidade é da população
em geral e também da Prefeitura Municipal, observando-se, portanto, o amplo
reconhecimento da responsabilidade municipal pela administração do parque.
Ainda tem-se 45 pessoas (11,25%) citando o Governo Estadual e 27
(6,75%) o Governo Federal. O comércio e a indústria aparecem com 15 citações
(3,75%), que estes últimos também produzem resíduos e efluentes. Treze
usuários (3,25%) apontam as organizações não governamentais (ONGs) como
responsáveis. Não há citação para outras alternativas e para situação de
desconhecimento. Pelos resultados apresentados, observa-se a conscientização dos
visitantes da sua responsabilidade da preservação do Parque Barigui. De modo
geral, esse resultado representa que os frequentadores zelam pela área para si e
para a população como um todo.
A identificação pelos usuários da responsabilidade municipal pela gerência
do parque sugere o entendimento da designação nominal “Parque Natural Municipal
Barigui” ou representa a frequente exposição da Prefeitura de Curitiba na realização
de propagandas audiovisuais, antes e durante as atividades culturais e recreativas
desenvolvidas no local, bem como a presença de policiamento municipal ou a
execução da manutenção e limpeza, dentre outros aspectos. Esses itens aproximam
cidadão e governo municipal e produz uma boa imagem da prefeitura.
A responsabilidade estadual e federal tem pouco destaque pelos
entrevistados, em virtude da reduzida participação nas atividades desenvolvidas nos
parque urbanos. Cabe ressaltar o papel de suma importância do governo federal ao
criar e instituir as leis proteção às UCs (Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de
2000 – BRASIL, 2000).
O comércio e a indústria são indicados como responsáveis pela
conservação ambiental, tendo em vista as suas atividades produzirem resíduos
114
sólidos e efluentes líquidos e gasosos. Na verdade, é de responsabilidade da
prefeitura a fiscalização pela produção e coleta do lixo. A parceria entre o governo
municipal e empresas na intenção da proteção do ambiente natural deve ser
incentivada, uma vez que os benefícios são comuns a todos. Um exemplo desse
modelo bem sucedido de esforços em conjunto é realizado no município de Itaú, na
região oeste do estado do Rio Grande do Norte. A Companhia de Águas e Esgotos
(CAERN) e a Prefeitura Municipal de Itaú lançaram o projeto "Itaú na Coleta
Seletiva, Nem Todo Lixo é Lixo", uma ação de conservação ambiental no município,
envolvendo estudantes e vários segmentos da sociedade (CAERN, 2010). Outro
exemplo de parceria corresponde ao Jardim Botânico de Brasília, que realiza a
recuperação da mata ciliar do córrego Cabeça do Veado, com recursos da Petróleo
do Brasil (PETROBRAS, 2010).
Às organizações não governamentais também é atribuída
responsabilidade. A título de exemplo, a World Wildlife Fund (WWF) é uma
organização dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a
atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional
dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações
(WWF, 2010). Outra ONG que desenvolve trabalhos mundialmente é o Greenpeace,
organização global e independente que atua para defender o ambiente e promover a
paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos (GREENPEACE,
2010). Em nível nacional, pode ser destacada a Fundação O Boticário de Proteção à
Natureza, que tem, inclusive, desenvolvido uma rede própria de unidades de
conservação no território brasileiro (FBPN, 2010).
A análise da participação dos indivíduos pelo envolvimento regular e direto
em organizações voluntárias é também perspectivada como geradora da confiança,
da reciprocidade da cooperação, da empatia face aos outros e da compreensão do
que é o interesse comum. Para Newton (2004), a participação dos cidadãos em
organizações voluntárias é interpretada como um sinal de “confiança social” na
sociedade civil, apontando a vitalidade das instituições sociais, em particular, a sua
força e eficiência na defesa do interesse público.
115
Porém cabe evidenciar que a delegação de responsabilidade de
preservação do ambiente natural não é de exclusiva competência individual, de
instituições ou do poder público, mas de toda a humanidade, não em causa própria,
pelo conjunto de interesses e necessidades da espécie humana, mas em benefício
do planeta.
Acerca da classificação da qualidade do Parque Barigui (Figura 36), 298
usuários (74,50%) enquadram-no na classe muito boa. Nesta classe, os itens
limpeza, bem estruturado, amplo e proximidade são mencionados com maior
frequência (Tabela 19). A classe boa é definida por 97 usuários (24,25%), de acordo
com os aspectos especificados na Tabela 18. Outros 5 visitantes classificam o
Parque Barigui como de classe regular, citando os itens anteriores.
Figura 36: Gráfico de classificação da qualidade do Parque Natural Municipal Barigui
pelos usuários
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Nenhum dos 400 entrevistados classificou o parque como de qualidade
geral ruim ou muito ruim. Nenhum usuário também alegou desconhecer seus
aspectos qualitativos. A análise dessas três respostas demonstra que a área verde
oferece, de modo geral, uma estrutura satisfatória para utilização, caracterizando-a
como apropriada para a visitação.
A Tabela 18 identifica os motivos negativos de redução do nível de
qualidade do Parque Barigui.
Muito boa Boa Regular Ruim Muito ruim o sabe
0
50
100
150
200
250
300
350
298
97
5
0 0 0
NÚMERO DE USUÁRIOS
116
Tabela 18: Motivos negativos de enquadramento do Parque Natural Municipal Barigui na
classe de qualidade geral segundo seus usuários
ITEM MOTIVOS NEGATIVOS CITADOS PELOS USUÁRIOS
1 Inexistência de programas e atividades direcionadas aos usuários
2 Falta de segurança (presença policial)
3 Ocorrência frequente de mal cheiro na entrada do parque (esgoto)
4 Eliminação do parque infantil
5 Descumprimento de normas pelos usuários (cães focinheiras, donos não recolhem
os resíduos sólidos dos seus cães)
6 Existência ainda de coisas para serem feitas
7 Presença de usuários não pelo lazer, mas, para promoção de bagunça
8 Falta de opções interativas
9 Inexistência de fiscalização na área do parque
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Os motivos negativos citados pelos respondentes são aspectos da
insatisfação dos usuários do Parque Barigui. As críticas sugestivas foram
apresentadas espontaneamente, juntamente com a solicitação de inclusão desses
itens na discussão dos resultados do trabalho, com o objetivo de, futuramente,
serem resolvidos. Destaca-se, assim, a importância de pesquisas de caráter social,
de amplo interesse, envolvendo academia, poder público e toda a sociedade. Assim,
é evidente, ainda, a necessidade de implementação ou adequação de serviços e
equipamentos voltados ao bem estar dos frequentadores e a atividades culturais,
interativas, dentre outras, tornando-se relevante o conhecimento dos resultados da
pesquisa para possíveis intervenções pontuais pela administração do Parque Barigui
com objetivo de manter a qualidade geral do parque.
Estimulados a explicitar seus motivos de classificação da qualidade geral
do Parque Barigui entre muito boa, boa e regular, os entrevistados apontaram os
itens relacionados à estrutura como os principais fatores para tal enquadramento
(Tabela 19).
117
Tabela 19: Motivos da classificação da qualidade geral do Parque Natural Municipal
Barigui segundo seus usuários
ITEM MOTIVOS CITADOS PELOS USUÁRIOS
1 Adequada estruturação
2 Boa arborização
3 Conservação da área verde
4 Existência de espaço livre
5 Presença de gente bonita
6 Limpeza
7 Localização do parque
8 Existência de academia
9 Existência de área de lazer e recreação
10 Boa iluminação
11 Topografia plana e convidativa
12 Disponibilidade de várias opções
13 Presença de animais
14 Próximo da residência
15 Segurança
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Pela análise da Tabela 19, diagnostica-se a manifestação de motivos
enquadrados em temas mais amplos, anteriormente discutidos conceitualmente
(Seção 2 Referencial teórico) ou arrolados na presente análise de resultados,
como estrutura, lazer, acessibilidade, disponibilidade de tempo e outros. De maneira
a não tornar a discussão dos assuntos repetitiva, admite-se o estudo comparativo
entre as Tabelas 18 e 19. Assim, observa-se a superioridade da proporção de
motivos de classificação da qualidade geral (Tabela 19) em relação aos motivos
negativos (Tabela 18). No entanto, as citações dessa última são apenas dados
apresentados em forma de crítica pelos visitantes, não sendo computada como
resultado, cabendo, futuramente, ser fruto de investigação em outros trabalhos.
Acerca da sua eventual aceitação de convite para participação em
trabalho voltado à preservação do parque (Figura 37), 363 usuários (90,75%)
respondem afirmativamente e 31 (7,75%) negativamente, devido à sua
indisponibilidade de tempo.
118
Figura 37: Gráfico de aceitação de convite para participação em trabalho voltado à
preservação do Parque Natural Municipal Barigui pelos seus usuários
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
As 363 respostas positivas ao convite, correspondendo a 90,75%, indicam a
intenção e disposição desses entrevistados na participação de tarefas de diversas
formas. A discussão, portanto, recai sobre a forma e a eficácia desses trabalhos,
que seu intuito é voltado à preservação do parque. Essas atividades devem ser
planejadas de maneira que os passos do desenvolvimento processo sejam do
conhecimento do público voluntário. A divisão de tarefas deve ser definida de acordo
com a disponibilidade de tempo, especialização ou afinidade de cada indivíduo,
desde que agrade ambas as partes e cumpra a meta estabelecida. Os resultados
positivos do trabalho produzem satisfação para os participantes e,
consequentemente, a predisposição em realizar outras atividades do mesmo porte.
A divulgação do sucesso alcançado pode atrair outros cidadãos e servir de modelo
para a administração de outras áreas verdes e os benefícios da preservação podem
se estender a outros parques e áreas similares.
O item talvez, citado por 6 usuários (1,25%), expressa a falta de afinidade
com a atividade. Esses frequentadores condicionam sua participação de acordo com
seu tempo disponível e interesse próprio. Nesse caso, no desenvolvimento de
trabalhos voltados à preservação da área, os ganhos pessoais passam a ser
coletivos, que os benefícios do ambiente natural não se destinam unicamente a
um indivíduo, mas a toda a população.
Trinta e um entrevistados (7,75%) se opõem a contribuir por não ter
disponibilidade de tempo.
Sim Não Talvez
0
50
100
150
200
250
300
350
400
363
31
6
NÚMERO DE USUÁRIOS
119
Indiscutivelmente, o nível de participação dos cidadãos em causas cívicas e,
designadamente, o grau de mobilização local para atividades como o voluntariado
em áreas voltadas ao ambiente, saúde, cultura, desporto, solidariedade social ou
defesa do patrimônio etc., são de suma relevância. Muitos cidadãos envolvem-se
com afinco em atividades em prol da comunidade, desempenhando, não raras
vezes, papéis muito ativos na atenuação de problemas dos grupos sociais mais
desfavorecidos.
A discussão a respeito da preservação do parque ganha aprofundamento e
melhor entendimento quando abordadas as eventuais formas de participação.
Assim, em complementação à questão anterior, os usuários foram consultados
sobre a sua eventual forma de participação em trabalho voltado à preservação
da área do parque (Tabela 20).
Tabela 20: Eventuais formas de participação dos usuários do Parque Natural Municipal
Barigui em trabalho voltado à preservação da área do parque
ITEM FORMAS DE PARTICIPAÇÃO EM ALGUM
TRABALHO CITADAS PELOS USUÁRIOS
NÚMEROS DE CITAÇÕES
PELOS USUÁRIOS
1 Mão de obra 195
2 Qualquer atividade 93
3 Depende da atividade 33
4 Conscientização e preservação da natureza 27
5 Planejamento 21
TOTAL DE CITAÇÕES 369
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
Nesse contexto, o item mão de obra é o mais citado (195 vezes 52,85%),
seguido pelo item qualquer atividade (93 vezes 25,20%). Estes entrevistados se
colocaram à disposição para qualquer atividade desenvolvida no intuito da
preservação. No entanto, condicionaram os fatores da comunicação prévia e da
participação durante o tempo disponível.
O quesito depende da atividade (33 vezes 8,94%) coloca a profissão do
respondente como condição da eventual participação por não haver relações
similares entre si.
120
Vinte e sete usuários (7,31%) lembram do item conscientização e
preservação da natureza. Estes poderiam distribuir panfletos, criar murais,
desenvolver brincadeiras educativas, distribuir mudas nativas e realizar sua
plantação, dentre outras atividades.
Por sua vez, o item planejamento é citado apenas 21 vezes (5,69%). Estes
voluntários desejam compor equipes de planejadores e liderar grupos. Alegam
possuir perfil para tais funções e experiência de participação em outros trabalhos de
conscientização.
A eventual participação dos frequentadores nas campanhas ou projetos de
conscientização é de grande importância para preservação do meio natural,
conscientização ambiental e valorização do voluntariado, como modelo para áreas
similares, dentre outras finalidades. Porém, para sua concretização, torna-se
fundamental a iniciativa da administração das áreas verdes dos municípios, o que
acontece em algumas cidades.
Como exemplo, pode-se citar o caso da Prefeitura Municipal de Canoas,
representada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e pelo Corpo de
Bombeiros da Brigada Militar, que aproxima os pré-adolescentes por meio do projeto
Bombeiro Ambiental Mirim. O objetivo do projeto é transformá-los em agentes
multiplicadores na prevenção de incêndios e na preservação ambiental, despertando
a mentalidade coletiva na segurança do trânsito e direitos humanos, também
desenvolvendo o sentido de cidadania e civismo a partir das práticas das atividades
típicas de bombeiros e fiscais ambientais (PMCS, 2009).
Sobre a sua eventual aceitação de convite para participação em trabalho
voltado ao desenvolvimento de lazer ou de atividades de recreação e cultura
no parque (Figura 38), 349 usuários (87,25%) respondem afirmativamente,
enquanto 39 (9,75%) negativamente.
121
Figura 38: Gráfico de aceitação de convite para participação em trabalho voltado ao
desenvolvimento de lazer ou a atividades de recreação e cultura no Parque
Natural Municipal Barigui pelos seus usuários
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O item talvez, citado por 12 usuários (3% do total entrevistado) se refere à
eventualidade da participação de acordo com a sua disponibilidade de tempo e a
conveniência da atividade com sua especialidade e interesse pessoal.
Analisando os dados expostos na Figura 38 em relação o gráfico anterior
(Figura 37), referente ao interesse dos frequentadores em participar em trabalhos
voltados à preservação da área do Parque Barigui, percebe-se que a disposição
para participação quando em trabalhos voltados ao desenvolvimento do lazer ou
de atividades de recreação e cultura diminui cerca de 3,50%, e o item talvez
aumenta de 6 (Figura 37) para 12 (Figura 38) usuários (3,00% do total de
entrevistados). Portanto, os números demonstram o maior interesse dos
entrevistados pelos trabalhos voltados à preservação do parque.
Cabe ressaltar que, durante a elaboração e desenvolvimento do
planejamento de trabalhos envolvendo público voluntariado, de responsabilidade dos
órgãos municipais de proteção ambiental, as estratégias devem ter clareza, concisão
e objetividade. Assim, as incertezas e os incertos deixariam de existir.
Trinta e nove entrevistados (9,75%) respondem que se opõem a contribuir
por não ter tempo disponível para esse tipo de atividade. Considera-se esse número
dentro da mesma proporção das respostas negativas (7,75%) da Figura 37. Os 31
respondentes são convictos da não participação tanto nos trabalhos voltados à
preservação do parque quanto no desenvolvimento de lazer ou de atividades de
recreação e cultura. Os 8 usuários (2,00%) a mais nesse item, alegam também não
Sim Não Talv ez
0
50
100
150
200
250
300
350
400
349
39
12
NÚMERO DE USUÁRIOS
122
possuírem afinidade com tal atividade. Possivelmente, isso se deve à falta de
tradição no Brasil de cultuar o trabalho voluntário.
Alguns países com forte tradição de voluntariado como, por exemplo, na
Europa, (Inglaterra, Irlanda, França e países nórdicos), além dos Estados Unidos,
Canadá e Austrália –, surgem também frequentemente referenciados pela sua
capacidade de dinamização do movimento voluntário (LASBY; MCIVER, 2004).
Os estados e municípios brasileiros deveriam estudar estes métodos
dinâmicos desenvolvidos nas diversas áreas sociais por esses países. Talvez, algum
destes seja adequado às características para utilização em alguma cidade brasileira.
A resposta positiva ao convite, correspondendo a 87,25%, indica a redução
desses entrevistados na participação desse trabalho.
Analisando os dados expostos na Figura 38 em relação o gráfico anterior
(Figura 37), referente ao interesse dos frequentadores em participar em trabalhos
voltados à preservação da área do Parque Barigui, percebe-se que o interesse na
participação quando em trabalhos voltados ao desenvolvimento do lazer ou de
atividades de recreação e cultura diminui 3,50%, e a resposta positiva diminui de
363 (Figura 37) para 349 (Figura 38) usuários (14 visitantes a menos 3,50% do
total de entrevistados). Os números demonstram novamente o maior interesse dos
entrevistados pelos trabalhos voltados à preservação do parque.
O fato é que o Parque Barigui comporta tanto os espaços de áreas verdes,
quanto os destinados ao lazer. Em razão disso, a questão da participação dos
voluntários nos trabalhos de preservação do Parque Barigui gera a dúvida se esse
voluntariado participaria com seu objetivo próprio de preservar o meio natural ou de
conservar seu local de lazer e práticas de recreação.
Os resultados demonstram que os visitantes classificam a área verde como
o espaço de maior importância no parque (Figura 35), apesar do lazer e atividades
de recreação serem citados como principais motivos de utilização do mesmo local.
Essa resposta torna-se uma questão a ser pesquisada futuramente.
De maneira complementar a questão anterior, os usuários foram
consultados sobre a sua eventual forma de participação em trabalho voltado ao
desenvolvimento de lazer ou de atividades de recreação e cultura no parque
(Tabela 21):
123
Tabela 21: Eventuais formas de participação dos usuários do Parque Natural Municipal
Barigui em trabalho voltado ao desenvolvimento de lazer ou de atividades de
recreação e cultura na área
ITEM FORMAS DE PARTICIPAÇÃO DE ALGUM
TRABALHO CITADAS PELOS USUÁRIOS
NÚMEROS DE CITAÇÕES
PELOS USUÁRIOS
1 Mão-de-obra 195
2 Qualquer atividade 93
3 Monitoria 19
4 Estruturação de atividades físicas recreativas 16
5 Sugestões 15
6 Apoio moral 12
7 Divulgação 9
8 Desenvolvimento de atividades educativas 2
TOTAL DE CITAÇÕES 361
Fonte: Elaborada a partir da aplicação dos formulários de entrevista da pesquisa.
O item mão de obra é citado 195 vezes (54,01%), enquanto qualquer
atividade é destacada por 93 pessoas (25,76%). A prontidão em exercer a função de
monitoria é caracterizada 19 vezes (5,26%). A estruturação de atividades físicas
recreativas é mencionada 16 vezes (4,43%). A forma de participação sugerindo
atividades é descrita 15 vezes (4,15%). O apoio moral (incentivo aos trabalhos) é
abordado 12 vezes (3,32%). Nove frequentadores (2,49%) alegam a possibilidade
de trabalhar na divulgação do projeto. Dois usuários (0,55%) participariam no
desenvolvimento de atividades educativas.
Analisando os dados expostos na Tabela 21 em relação à anterior, referente
a eventual forma de participação em trabalho voltado ao desenvolvimento de lazer
ou atividades de recreação e cultura no Parque Barigui, percebe-se que o interesse
na participação diminui 2,16%, de 369 (Tabela 20) para 361 (Tabela 21) usuários (8
visitantes a menos 2,00% do total de entrevistados). Esses 8 frequentadores se
enquadram na proporção dos respondentes que se opõem a contribuir com serviço
voluntário. A análise dos meros entre as duas tabelas demonstra o maior
interesse dos entrevistados pelos trabalhos voltados à preservação do parque.
Os projetos sociais envolvendo o voluntariado devem ser tratados de forma
igualitária, sendo executados de acordo com a devida prioridade e eventual
necessidade de cada atividade. Aos órgãos públicos responsáveis por programas
que abrangem as diversas áreas sociais, em benefício da população, cabe
demonstrar, publicamente, antes da execução, a importância de cada trabalho para
o município e o interesse e a preocupação dispensados por cada cidadão.
124
Nesse contexto, para melhor entendimento, exemplifica-se o projeto Amigos
do Esporte (AME), desenvolvido pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e
Recreação de São Paulo. O programa recruta pessoas que procuram alternativas
para o trabalho voluntário e têm vontade de ajudar ao próximo, além de disposição e
necessidade de alternativa oficial, organizada e bem orientada. Na capital mais
populosa do planeta (IBGE, 2010), as pessoas estão normalmente agitadas,
correndo atrás dos seus interesses, presas dentro da individualidade. O projeto
busca alternativas para entender e viver a cidade de maneira diferente, utilizando-se
do esporte como alternativa básica. É uma reunião de voluntários que têm a
intenção de participar, de forma mais ativa, do processo social-esportivo,
contribuindo para a cidadania e para a cultura de paz no município. Ao mesmo
tempo, os participantes descobrem uma ferramenta de promoção de saúde,
qualidade de vida e consciência comunitária (PMSP, 2009).
A análise dos resultados das Tabelas 20 e 21, referentes à discussão sobre
a eventual participação dos usuários em trabalhos voluntariados, demonstram
preferência do indivíduo para determinado tema do seu interesse, tornando-se mais
um dos desafios enfrentados pelos agentes públicos.
Os modelos de programas e projetos executados pelas prefeituras
municipais anteriormente exemplificados, são resultantes da capacidade do
administrador público de criação e inovação de métodos e estratégias envolvendo a
comunidade local ou a população da cidade como um todo, com vistas à
preservação de determinada área ou à concretização de benefícios para o alcance
de melhores níveis de qualidade de vida. A constante coleta de dados e a produção
de informações sobre o município e dos seus elementos transformadores, quando
bem empregadas pelos órgãos públicos, correspondem à adequada gestão pública,
que deve conciliar a questão ambiental com o lazer, por meio de adequada estrutura
de planejamento, da definição precisa de objetivos, da alocação de recursos
materiais e pessoais e da viabilização da educação ambiental. Assim, a gestão
acaba por configurar um forte desafio para a qualidade tanto dos parques urbanos e
áreas similares quanto da cidade como um todo.
125
4.5 FUNDAMENTOS PARA GESTÃO DE PARQUES URBANOS
Além dos subsídios explicitados nas subseções anteriores, cabe mencionar
outros aspectos visando à adequada gestão de parques urbanos. Segundo IBGE
(2010), mais de 80% população brasileira vive em áreas urbanizadas; deste
percentual, grande parte se encontra em regiões metropolitanas, as quais
apresentam, de modo geral, sérios problemas ambientais, níveis críticos de
degradação socioespacial, assentamentos ilegais, sistemas de transporte e de
saúde falidos, ficit habitacional, saneamento básico precário, falta de
equipamentos de educação e atendimento infantil, menores abandonados e
violência urbana acentuada, dentre muitas outras questões.
O aumento cada vez mais frequente no número de visitantes turistas ou
habitantes locais em áreas naturais e espaços de lazer urbanos, tem despertado a
discussão quanto à dinâmica de utilização destes locais e da sua estrutura, vista
como uma necessidade da sociedade em busca do usufruto do seu tempo livre,
tornando indispensável a valorização de unidades de conservação urbanas e o
processo de planejamento e gestão destes espaços de forma responsável.
De acordo com os preceitos legais que instituíram o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC Lei Federal 9.985, de 18 de julho de 2000 -
BRASIL, 2000), os parques devem, basicamente, promover a conservação da
natureza, a pesquisa científica, a educação ambiental e a recreação ao ar livre
(turismo ecológico), dentre outras finalidades. Todavia, percebe-se que esses
espaços públicos geralmente não se voltam à concretização plena destas metas.
Assim, de forma geral, como fundamento essencial ao processo de gestão
de parques urbanos, deve-se considerar o imperativo do estabelecimento do foco
precípuo aos reais objetivos dessas áreas quando instituídas como unidades de
conservação, principalmente àqueles vinculados à educação ambiental e à pesquisa
científica, promovidas, em geral, em reduzida escala e com ações pontuais, exceto
em algumas áreas verdes destinadas especificamente a estas práticas.
De maneira específica, também se torna indispensável a ampliação de
trabalhos de conscientização e de aprofundamento do conhecimento junto a
população de Curitiba, especialmente sob a responsabilidade dos gestores públicos
designados para a condução dessas questões.
126
Com referência peculiar ao Parque Barigui, além das inúmeras abordagens
anteriormente realizadas, vale ainda mencionar que, em termos financeiros, alguns
entrevistados destacam a possibilidade de gratuidade do banheiro público, assim
como fazem menção sobre a incoerência da cobrança da vigilância dos veículos
pelos guardadores de carro, afirmando que esse papel é de responsabilidade da
Polícia Militar ou da Guarda Municipal.
Embora a qualidade do Parque Barigui tenha sido classificada
prioritariamente como muito boa, quando se trata de avaliação individual, seu
enquadramento se estabelece no nível regular, tendo em vista a falta de fiscalização
dos agentes de segurança no que diz respeito ao controle do uso de focinheiras em
cães, à soltura de animais domésticos no interior da área e à velocidade dos
ciclistas, dentre outros itens, envolvendo, portanto, a ampliação de medidas de
ordem administrativa (intensificação da segurança, ampliação da fiscalização,
maximização do controle da área, reavaliação das normas de uso etc.).
Os usuários comentam, ainda, que a qualidade da política de administração
do Parque Barigui deveria ser ampliada, sugerindo que esta expansão também
envolvesse inúmeras medidas direcionadas ao público da unidade, tais como:
comunicação visual sobre extensão do parque, zoneamento e normas de uso;
desenvolvimento de atividades de educação, de conservação e de preservação
ambiental; esclarecimentos acerca de princípios de limpeza; proibição de atividades
adversas; viabilização de atrações e programas voltados aos usuários,
principalmente para idosos; realização de estudos de identificação da demanda real
e potencial do parque; elaboração de pesquisas sobre a satisfação dos visitantes; e
implantação de centros de apoio aos frequentadores, com informações pertinentes e
interessantes, acesso a internet, biblioteca e outras fontes de informação, dentre
outras.
Depreende-se, portanto, que alguns elementos podem e devem ser
observados no âmbito da gestão do Parque Barigui, de forma ampla, integrada e
participativa.
127
5 CONCLUSÃO
O parque urbano contemporâneo é caracterizado por novos papéis, com
usos e funções cada vez mais importantes para as cidades. Além dos efeitos
ambientais positivos, destacam-se os benefícios gerados à sociedade, como o bem
estar público local, atuando significativamente na saúde física e mental dos cidadãos
e influindo na melhoria da qualidade de vida, como foi constatado na análise das
respostas dos entrevistados no Parque Natural Municipal Barigui.
Sob este foco, a realização do estudo de caso possibilitou, de maneira
específica, averiguar a hipótese inicialmente estabelecida, chegando-se à
constatação de que os visitantes não são capazes de identificar plenamente as
funções de parques e áreas similares. A hipótese norteadora da pesquisa,
apresentada na introdução desse trabalho, de que o usuário de parque urbano
busca esta área verde mais por sua função social que pela percepção ambiental, é
comprovada ao se observar os resultados que apontam que os frequentadores
tendem a utilizar o Parque Barigui principalmente para satisfazer suas necessidades
voltadas ao lazer e a atividades de recreação.
Observa-se, entretanto, que a área verde do Parque Barigui é indicada pelos
entrevistados como de maior importância que o espaço destinado ao lazer,
demonstrando que os usuários possuem a percepção da relevância da sua
vegetação. Todavia, a procura e a utilização do parque pelos visitantes estão
estreitamente vinculadas às funções sociais.
Dessa forma, sob o ponto de vista funcional, o Parque Barigui oferece
oportunidades para o contato com a natureza e para a realização de diversas
experiências individuais e sociais. Além de promover ganhos aos usuários, o parque,
quando bem conservado e com infraestrutura adequada, proporciona melhores
condições para a melhoria de qualidade de vida da população.
Embora o objetivo geral do estudo, de investigar a apropriação da unidade
de conservação como parque urbano e suas funções social e ambiental, a partir da
percepção dos seus usuários, tenha sido alcançado, assim como os objetivos
específicos, constata-se que os entrevistados não especificam os atributos sociais e
ambientais de uma área verde urbana. Para tanto, recomenda-se a implementação
de medidas de educação ambiental no Parque Barigui e em áreas similares,
128
empregando recursos de comunicação visual, de exposição escrita e de atividades
culturais, dentre outros, de acordo com as peculiaridades dos visitantes,
caracterização das funções do espaço, espécies da flora e da fauna etc.
O embasamento dos diversos objetos conceituais e a contextualização das
teorias relacionadas, abordados no referencial teórico, contribuíram de forma
fundamental, para o alcance dos objetivos previstos, assim como na elaboração e
desenvolvimento da metodologia de pesquisa, possibilitando, desta forma, o
reconhecimento da importância deste estudo e o melhor entendimento acerca dos
temas expostos. Cabe ressaltar que os assuntos apresentados na seção 3 possuem
ampla gama de referências disponíveis, o que permite análises mais aprofundadas e
relações mais detalhadas das funções sociais e ambientais do parque urbano.
Em termos de procedimentos metodológicos, destaca-se a utilização de
dados de trabalhos anteriores como base para a seleção do objeto de estudo. Esta
alternativa permite que se garanta, de certa forma, a continuidade das investigações
e o aproveitamento de informações existentes, possibilitando o aprofundamento de
estudos futuros. Recomenda-se esta opção para pesquisas posteriores, ressaltando-
se, ainda, a vantagem de configuração de base preliminar para o início de novos
projetos tanto de relevância acadêmica como de gestão do Parque Barigui.
Especificamente em relação à identificação e à avaliação da percepção,
tanto de indivíduo como da população, as técnicas e métodos mostraram-se
adequados. Para futuras aplicações, indica-se o apropriado estabelecimento de
critérios de avaliação, especialmente em relação aos objetivos de estudo e aos
processos a serem adotados.
Um dos pontos negativos dos procedimentos desenvolvidos consiste no
tempo de aplicação das entrevistas, que consumiram, em média, doze minutos para
preenchimento de um formulário e em torno de cinco meses para o total de
quatrocentos. Considera-se este o período máximo para esta atividade, que a
morosidade pode inviabilizar a pesquisa, devido à quantidade e à disponibilidade de
respondentes em conseqüência do clima frio e chuvoso, característico em Curitiba.
Tais características sazonais podem ser apontadas como as principais limitações
para a realização da pesquisa. Assim, recomenda-se a formação de equipe de apoio
e a compatibilização das atividades com previsões do tempo para a aplicação dos
formulários de entrevistas.
129
Uma das vantagens dos métodos aplicados consiste em possibilitar a
comparação entre diferentes grupos de respondentes (classificados por gênero,
idade, nível intelectual, residência etc.), dentre outros. Cabe evidenciar que os
entrevistados se mostraram interessados em colaborar com a entrevista.
Esta pesquisa destaca-se como mais um ponto de partida para o
atendimento de demandas geradas pela sociedade, em conformidade com as reais
necessidades e anseios dos usuários de parques urbanos e áreas similares. Sua
principal contribuição para a gestão urbana e para os atores nela envolvidos reside
no estabelecimento de uma ferramenta direcionada à melhoria dos
empreendimentos voltados ao gerenciamento de áreas verdes urbanas, onde
aspectos relacionados ao planejamento e à administração de cidades podem
otimizar recursos, tempo e investimentos financeiros, visando, em última instância,
ao bem estar da sociedade.
Contudo, cabe mencionar que o tema é amplo e de dimensões capazes de
produzir vasto conhecimento acerca do assunto voltado ao planejamento e gestão
de espaços verdes urbanos instituídos como unidades de conservação, devendo-se,
ainda, assinalar algumas recomendações para a continuidade das análises e
discussões pertinentes e necessárias inclusive acerca do Parque Barigui.
A importância do tema é ampliada quando se trata da relação entre as áreas
verdes e os usuários, objetivando a identificação e interpretação da percepção
desses espaços, assim como pelo interesse referente às sensações positivas e
negativas refletidas pelos parques inseridos em regiões urbanizadas.
Entretanto, recomenda-se a ampliação das investigações em outras áreas
similares de Curitiba, abordando os aspectos sociais, econômicos, políticos,
ambientais e urbanísticos, dentre outros, direcionados à percepção da segurança,
limpeza, educação ambiental, atividades culturais, infraestrutura e satisfação dos
usuários, bem como aos efeitos benéficos e deletérios gerados pelos parques nos
âmbitos da academia e da administração pública, visando a análises reflexivas,
quantitativas e analíticas, gerando potenciais para a cidade e para a população, com
conservação ambiental associada à qualidade de vida.
Acredita-se que essa pesquisa torne-se não apenas base para futuros
trabalhos sobre unidades de conservação urbanas e sua importância para as
cidades, mas também alternativa de contribuição e avaliação da percepção das
funções sociais e ambientais de diversos parques públicos no país.
130
Espera-se também estimular e colaborar com o desenvolvimento de políticas
públicas relacionadas à criação e conservação de novos parques e unidades de
conservação nas cidades brasileiras, possibilitando a continuidade de discussões
interdisciplinares sobre os espaços verdes públicos para estudantes, pesquisadores
e demais profissionais interessados pelo tema, especialmente os gestores públicos,
com desdobramentos de novos projetos de pesquisas e métodos de trabalhos em
áreas verdes, contribuindo para o desenvolvimento de estudos acadêmicos e de
aplicação prática.
A realização desse estudo e o conteúdo exposto apresentam aspectos que
demonstram a necessidade de revisão das estratégias das políticas públicas e de
adequação de ações de gestão urbana e seus processos, voltadas para ao Parque
Barigui, com incremento da infraestrutura e de medidas de educação ambiental para
a evidência das reais funções do parque urbano.
Recomenda-se, ainda, que seja investigada a apropriação da área de estudo
como parque urbano e suas funções sociais e ambientais, a partir da percepção dos
residentes acerca do entorno. Desta forma, possibilita-se maior compreensão do
todo, ou seja, dos frequentadores, do local, e do seu entorno. Também torna-se
possível a avaliação de eventuais influências das imediações sobre a área, e vice-
versa.
Cabe ressaltar, por fim, que a pesquisa de campo realizada não é aplicável
exclusivamente ao Parque Natural Municipal Barigui, podendo ser reproduzida e
adaptada a diferentes realidades urbanas, visando à análise das áreas verdes nas
suas mais diversas situações e tipologias.
131
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145
APÊNDICE A
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA DE PESQUISA SOBRE PERCEPÇÃO DE
USUÁRIOS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL BARIGUI EM CURITIBA
PERFIL DO USUÁRIO
1) Região de residência:
Bairro: Município: Estado:
2) Idade:
( ) 14 a 20 ( ) 21 a 27 ( ) 28 a 34 ( )35 a 41 ( ) 42 a 48 ( ) 49 a 60 ( ) acima
de 60 anos
3) Gênero:
( ) Masculino ( ) Feminino
4) Grau de escolaridade:
( ) analfabeto
( ) ciclo de 1ª a 5ª série: ( ) completo ( ) incompleto
( ) ciclo de 6ª a 8ª série: ( ) completo ( ) incompleto
( ) ensino médio: ( ) completo ( ) incompleto
( ) ensino superior: ( ) completo ( ) incompleto
( ) pós-graduação
5) Profissão – especificar:______________________
6) Meio de transporte:___________________
HÁBITOS DE UTILIZAÇÃO DO PARQUE
7) Qual é a sua freqüência de uso deste parque?
Em dias da semana (assinale apenas aqueles de maior freqüência):
( ) segunda ( ) terça ( ) quarta ( ) quinta ( ) sexta ( ) sábado ( ) domingo
Em que intensidade:
( ) diária ( ) semanal ( ) quinzenal ( ) mensal ( ) anual
( ) outra
(especificar):___________________________________________________
8) Em que período do dia você mais utiliza este parque? Assinale apenas
UMA alternativa.
( ) manhã ( ) tarde ( ) noite ( ) alternados
9) Por quais motivos você utiliza este parque neste período? Cite até TRÊS:
_______________________________________________________________________________________________
FUNÇÕES DO PARQUE
10) Qual é a escala de importância que você daria a este parque urbano?
( ) alta ( ) média ( ) baixa ( ) nenhuma
Por que? Cite até TRÊS motivos:
______________________________ _________________________________________________________________
11) Você utiliza outro parque?
146
( ) sim ( ) não
Caso sim: quais são? Cite até TRÊS exemplos:
_______________________________________________________________
12) Você sabe quais são as funções de um parque urbano?
( ) sim ( ) não
Caso sim: quais são? Cite até TRÊS exemplos:
_______________________________________________________________
13) Você sabe o que é uma função social de um parque?
( ) sim ( ) não
Caso sim: quais são? Cite até TRÊS exemplos:
_______________________________________________________________
14) Você sabe o que é uma função ambiental de um parque?
( ) sim ( ) não
Caso sim: quais são? Cite até TRÊS exemplos:
_______________________________________________________________
15) Qual é a escala de importância que vo daria em geral a um parque
urbano?
( ) alta ( ) média ( ) baixa ( ) nenhuma
Por que? Cite até TRÊS motivos:
_______________________________________________________________
16) Na sua opinião, o que é mais importante em um parque urbano?
( ) área verde ( ) área de recreação e lazer
Por que? Cite até TRÊS motivos:
_______________________________________________________________
GESTÃO DA ÁREA
17) A quem caberia a responsabilidade de preservar este parque? Cite até
TRÊS principais responsáveis na sua opinião:
( ) Governo Federal ( ) Governo Estadual ( ) Prefeitura Municipal
( ) Organizações não governamentais (ONGs) ( ) População em geral
( ) Comércio / Indústria ( ) Não sei ( ) Outro especificar:_________
18) Como você classifica a qualidade geral deste parque?
( ) muito boa ( ) boa ( ) regular ( ) ruim ( ) muito ruim ( ) não sei
Por que? Cite até TRÊS motivos:
_______________________________________________________________________________________________
19) Se você fosse convidado a participar de algum trabalho que viesse a
contribuir para a preservação do parque, você aceitaria?
( ) sim ( ) não
Caso sim: de que forma você poderia participar? Cite aTRÊS alternativas:
_______________________________________________________________________________________________
20) Se você fosse convidado a participar de algum trabalho que viesse a
contribuir para o desenvolvimento de atividades de lazer, recreação ou
cultural no parque, você aceitaria?
( ) sim ( ) não
Caso sim: de que forma você poderia participar? Cite aTRÊS alternativas:
_______________________________________________________________________________________________
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