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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química
Programa de Pós-graduação em Química
“Degradação do Ácido Diclorofenoxiacético
(2,4-D) com Ozônio eletrogerado”
Fernando Delalíbera de Castro
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós Graduação do
Instituto de Química da Universidade
Federal de Uberlândia como parte
dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Química, área
de concentração em Físico-química.
UBERLÂNDIA – MG
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA
IQUFU – INSTITUTO DE QUÍMICA
“Degradação do Ácido Diclorofenoxiacético
(2,4-D) com ozônio eletrogerado”
Fernando Delalíbera de Castro
Aluno
Professor Dr. Luiz Antônio de Faria
Orientador
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFU - MG, Brasil
C355d Castro, Fernando Delalibera de, 1970-
Degradação do ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) com ozônio
Eletrogerado [manuscrito] / Fernando Delalibera de Castro. – 2010.
80 f.
Orientador: Luiz Antonio de Faria.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Progra-
ma de Pós-Graduação em Química.
Inclui bibliografia.
1. Ozônio – Teses. 2. Ozonização – Teses. I. Faria, Luiz Antonio de.
II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em
Química. III. Título
CDU: 546.214
DEDICO…
… a minha família, em especial a minha esposa
Kayla Leite e minha filha Fernanda Delalíbera
pelo apoio, compreensão e estímulo constante
nessa longa caminhada.
AGRADECIMENTOS
A todos que direta ou indiretamente, contribuíram para a realização e finalização deste
trabalho.
Meu especial agradecimento a todas as pessoas que colaboraram como sujeitos da
pesquisa.
A Deus
pela saúde e perseverança.
A
esposa Kayla e filha Fernanda
pelo constante incentivo, paciência e compreensão da importância deste trabalho.
Aos meus pais
pela força, apoio e estímulo.
Aos companheiros e companheiras do laboratório
pela prontidão, pelo incentivo e apoio.
Agradeço ao professor e orientador Luiz Antônio de Faria, pelo acompanhamento,
revisão e críticas que propiciaram maior aprofundamento nas difíceis questões da pesquisa.
“Nenhuma atividade no bem é insignificante...
As mais altas árvores são oriundas de minúsculas sementes.
A repercussão do bem é inimaginável...
Para servir a Deus, ninguém necessita sair do seu próprio lugar ou reivindicar
condições diferentes daquelas que possui.”
“Os Espíritos Amigos sempre mostram disposição de nos auxiliar, mais é preciso que,
pelo menos lhes ofereçamos uma base...
Muitos ficam na expectativa do socorro do Alto, mas não querem nada com o esforço
de renovação; querem que os espíritos se intrometam na sua vida e resolvam seus problemas...
Ora, nem Jesus Cristo, quando veio na Terra, se propôs resolver o problema particular
de alguém...
Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.”
“Sem Deus no coração, as futuras gerações colocarão em risco a Vida no planeta. Por
maior que seja o avanço tecnológico da Humanidade, impossível que o homem viva em paz
sem que a idéia de Deus o inspire em suas decisões.”
“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído
do lugar...
As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.”
Emmanuel sempre nos ensinou que: “... se as críticas dirigidas a você são verdadeiras,
não reclame; se não são, não ligue para elas...”
“... quando você não tiver uma palavra que
auxilie, procure não abrir a boca...”
“Abençoemos aqueles que se preocupam conosco, que nos amam, que nos atendam as
necessidades...
Valorizemos o amigo que nos socorre que se interessa por nós, que nos escreve, que
nos telefona para saber como estamos indo...
A amizade é uma dádiva de Deus...
Mais tarde, haveremos de sentir falta daqueles que não nos deixam experimentar
solidão.”
“Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse
o ofensor...
“Magoar alguém é terrível...”
Textos do livro: “O Evangelho de Chico Xavier
RESUMO
Ozônio gerado eletroquimicamente foi aplicado na degradação do herbicida ácido 2,4-
diclorofenoxiacético (2,4-D), em solução ácida e alcalina. As degradações foram realizadas
utilizando-se um reator coluna de bolhas sob condições de semi-batelada. A oxidação do 2,4-
D foi estudada utilizando-se diferentes abordagens experimentais de modo a obter o maior
número possível de informações sobre o processo oxidativo (degradação e mineralização
parcial) a partir de diferentes pontos de vista. Mudanças estruturais do 2,4-D durante a
ozonização foram quantificadas monitorando-se o decréscimo da absorbância integrada (190-
310 nm). A conversão do 2,4-D através da ozonização em subprodutos e/ou substâncias
minerais foi quantificada através de cromatografia gasosa (CG) e Carbono Orgânico Total
(COT). Medidas de COT e Demanda Química de Oxigênio (DQO) revelaram que somente
uma pequena quantidade de 2,4-D foi mineralizada durante a ozonização. Também foi
verificado que as ozonizações do 2,4-D efetuadas em condições alcalinas resultam numa
remoção e/ou degradação mais rápida, em relação às efetuadas em condições ácidas. Foi
utilizado o modelo cinético de pseudoprimeira ordem para determinar as diferentes constantes
de velocidade obtidos na degradação do 2,4-D. A susceptibilidade à oxidação da matéria
orgânica, medida através da razão DQO/COT, revelou que a ozonização tanto em condição
ácida e alcalina pode levar a redução na natureza recalcitrante da matéria orgânica degradada
em comparação com o composto parental 2,4-D.
Palavras-chaves: Ozônio, 2,4-D, eletrogerado, degradação, mineralização.
ABSTRACT
Electrochemically generated ozone was applied on degradation of the herbicide 2,4-
dichlorophenoxyacetic acid (2,4-D), in acid and alkaline solutions, under semi-batch
condition using a column bubble reactor. Oxidation of 2,4-D was studied using different
experimental approaches in order to assess the oxidative process (degradation and partial
mineralization) from different points of view. Structural changes of 2,4-D during ozonation
were quantified monitoring the decrease of the integrated absorbance (190-310 nm) while its
conversion in ozonation by-products and/or mineral substances was quantified using the Gas
Chromatography (GC) and Total Organic Carbon (TOC) techniques. Measurements of TOC
and Chemical Oxygen Demand (COD) revealed that only a small amount of 2,4-D was
mineralized during ozonation. Also verified is that alkaline conditions resulted in a more rapid
removal and/or degradation of 2,4-D. Pseudo-first order kinetics was used in order to
determine the different rate constants obtained for degradation of 2,4-D. Oxidation
susceptibility of the organic matter measured through the COD/TOC ratio revealed that
ozonation (acid and alkaline conditions) can lead to a reduction in the recalcitrance nature of
the degraded organic matter in comparison with the parental compound (2,4-D).
Key-words: Ozone, 2,4-D, electrogered, degradation , mineralization,
ÍNDICE DAS FIGURAS
Figura 1: Fórmula estrutural plana do Ácido Diclorofenoxiacético.................................... 3
Figura 2: Formas canônicas do híbrido de ressonância representativas da molécula de
O
3
...........................................................................................................................................
7
Figura 3: Esquema proposto para as reações do ozônio com uma espécie M em solução
aquosa....................................................................................................................................
9
Figura 4: Esquema representativo do mecanismo de ozonização de um composto M
qualquer, adaptado de Langlais et al., (1991)......................................................................
10
Figura 5: Mecanismo de Criegee para a adição do tipo ciclo dipolar do ozônio em
ligações insaturadas ..............................................................................................................
11
Figura 6: Mecanismo para a decomposição do intermediário ozonídeo em solventes
próticos .................................................................................................................................
11
Figura 7: Esquema representativo da reação eletrofílica do ozônio com compostos
aromáticos............................................................................................................................
12
Figura 8: Diagrama representativo da ozonização de compostos aromáticos adaptado de
Langlais et al., (1991)...........................................................................................................
13
Figura 9: Esquema do princípio de funcionamento de ozonizadores do tipo corona.......... 17
Figura 10: Corte esquemático de reator de EPS (PbO
2
/Nafion
®
) extraído Stucki et al.,
(1985).................................................................................................................................... 22
Figura 11: Ozonizador eletroquímico protótipo N º1. ........................................................ 24
Figura 12: Suporte de titânio jateado e perfurado empregado no protótipo Nº1 sem
β-PbO
2
.................................................................................................................................
25
Figura 13: Suporte de titânio perfurado e eletrodeposição empregado no reator protótipo
Nº1.........................................................................................................................................
26
Figura 14: Configuração final do reator eletroquímico gerador de O
3
protótipo Nº1,
extraída de DA SILVA et al.(2004)...................................................................................... 27
Figura 15: Fonte de corrente contínua (80A/12V) empregada no reator protótipo
Nº1......................................................................................................................................... 28
Figura 16: Fotografia do conjunto experimental empregado na geração eletroquímica de
O
3
...........................................................................................................................................
29
Figura 17: Aparato experimental utilizado no estudo de degradação do carbono orgânico
total........................................................................................................................................
32
Figura 18: Frasco reacional utilizado no estudo cinético de descoloração.......................... 33
Figura 19: Micrografias dos filmes de β-PbO
2
....................................................................
38
Figura 20: EDX do filme de β-PbO
2
..................................................................................
39
Figura 21: Espectro de absorção UV de soluções de 2,4-D em função da concentração:
1, 10, 20, 30 e 50 mg dm
-3
pH 4............................................................................................ 44
Figura 22: Relação da Absorbância vs. Concentração em: (A) λ
= 229 nm ; (B) λ
= 280
nm. Coeficientes de Correlação: (A) 0,99531; (B) 0,99411. pH = 4....................................
45
Figura 23: Evolução dos espectros UV durante as ozonizações efetuadas em condições
(A) ácida (pH 4) e (B) alcalina (pH 12). [D]
0
= 50 mg dm
-3
. ν
EOP
= 1.10 g h
1
.................
46
Figura 24: Perfil cinético de pseudo-primeira ordem obtido da remoção da absorbância
integrada. ν
EOP
= 1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. Condições: (- - -) pH 4 e (-.-.-.) pH 12....
49
Figura 25: Cromatograma representativo do 2,4-D dissolvido em metanol seco. [2,4-D]
= 50 mg dm
-3
. Volume injetado = 2 microlitros (μL)........................................................... 50
Figura 26: Perfil cinético de pseudo-primeira ordem obtido para a remoção do 2,4-D.
ν
EOP
= 1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. Condições: (- - -) pH 4 e (-·-· -·-) pH 12..................
52
Figura 27: Perfis cinéticos de pseudo-primeira ordem obtidos para a remoção de COT .
ν
POE
= 1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. [COT]
0
= 200 mg dm
-3
. Condições (- - -) pH 4 e
(---) pH 12...........................................................................................................................
54
Figura 28: Perfis cinéticos de pseudo-primeira ordem obtidos para a remoção de DQO.
ν
PEO
= 1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. [COD]
0
= 212 mg dm
-3
. Condições: (- - -) pH 4 e
(---) pH 12...........................................................................................................................
55
Figura 29: Evolução da viabilidade de oxidação da matéria orgânica (γ = DQO/COT)
com o tempo de ozonização e o pH. ν
PEO
= 1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
..........................
58
Figura 30: Variação do pH durante a degradação do 2,4-D.(A) = pH 4 ou natural; (B) =
pH 12. [O
3
]
A
= 0,92 g h
-1
; [O
3
]
B
= 0,61 g h
-1
. (
Φ
RFO
)
A
= 13,38 % ; (
Φ
RFO
)
A
= 11,39 %. T =
25º C......................................................................................................................................
59
ÍNDICE DAS TABELAS
Tabela I – Propriedades físicas e químicas do ácido diclorofenoxiacético........................ 2
Tabela II – Potencial de oxidação de diferentes oxidantes................................................ 6
Tabela III – Métodos para geração de radicais HO
..........................................................
6
Tabela IV - Porcentagens atômica nominal e experimental obtidas através das análises
EDX. ...................................................................................................................................
40
Tabela V - Dados extraídos para cálculo da eficiência de corrente (
Φ
RFO
): 1, 2, 3 ,4
referem-se ao número da degradação.................................................................................................
42
Tabela VI - Resultados obtidos do cálculo da quantificação do ozônio na fase gasosa
(υ
RFO
) ................................................................................................................................................................
43
Tabela VII – Evolução da área cromatográfica em função do tempo de ozonização e do
pH.........................................................................................................................................
51
Tabela VIII – Eficiência de degradação obtida através de diferentes métodos de
monitoramento.....................................................................................................................
56
Tabela IX – Influência do pH sobre o parâmetro R
k
......................................................... 61
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1
I.1 Aspectos Gerais........................................................................................................ 1
I.2 – Ácido Diclorofenóxiacético.................................................................................. 2
I.3 – Processos Oxidativos Avançados.......................................................................... 5
I.3.1 – Ozônio.................................................................................................... 6
I.3.2 – Ozônio: reações...................................................................................... 9
I.3.2.1 – Reação direta do ozônio molecular........................................ 10
I.3.2.2 – Reação indireta do ozônio em fase gasosa............................. 13
I.4 – Métodos de produção de O
3
.................................................................................. 15
I.4.1 – Método Fotoquímico.............................................................................. 15
I.4.2 – Processo Corona..................................................................................... 16
I.4.3 – Método Eletroquímico............................................................................ 18
1.4.3.1 – Produção eletroquímica de ozônio: aspectos teóricos............ 19
1.4.3.2 – Reatores eletroquímicos de ozônio......................................... 21
II – OBJETIVOS .............................................................................................................. 23
III – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL................................................................. 23
III.1 – Reator Eletroquímico de Ozônio........................................................................ 23
III.1.1 – Preparação dos Eletrodos........................................................................ 24
III.2 – Equipamentos utilizados na operação do reator de Ozônio................................ 28
III.3 – Determinação de Ozônio em fase gasosa........................................................... 30
III.4 – Eletrólito utilizado na geração de Ozônio.......................................................... 31
III.5 – Ácido Diclorofenóxiacético empregado na degradação..................................... 31
III.6 – Aparelhagem utilizada na degradação do 2,4-D................................................. 32
III.6.1 – Estudo cinético da ozonização do 2,4- D................................................ 33
III.6.2 – Medidas do Ozônio residual................................................................... 34
III.6.3 – Medida do pH......................................................................................... 34
III.6.4 – Estudo Espectrofotométrico.................................................................... 34
III.6.5 – Estudos Cromatográficos........................................................................ 34
III.6.6 – Demanda Química de Oxigênio (DQO) ................................................ 35
III.6.7 – Carbono Orgânico Total (COT).............................................................. 36
III.7 – Caracterização ex situ por microscopia eletrônica de varredura (MEV)............ 37
III.8 – Caracterização ex situ por Difração Atômica de Raio-X (EDX)....................... 37
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 37
IV.1 – Caracterização do eletrodo de β-PbO
2
................................................................
37
IV.1.1 – Análise por MEV.................................................................................... 38
IV.1.2 – Caracterização ex situ através de Difração Eletrônica de Raio-X
(EDX)................................................................................................................... 39
IV.2 – Cálculo da eficiência da corrente....................................................................... 40
IV.3 – Quantificão do ozônio na fase gasosa............................................................... 42
IV.4 – Estudo da degradação do Ácido Diclorofenoxiacético, 2,4-D........................... 43
IV.4.1 – Estudo espectrofotométricos do 2,4-D – curva de calibração................ 43
IV.4.2 – Avaliação dos espectros UV durante as ozonizações do 2,4-D
em soluções pH 4 e pH 12.................................................................................... 45
IV.5 – Remoção do 2,4-D durante a ozonização sob condições de semi-batelada
vista por cromatografia gasosa...................................................................................... 50
IV.6 – Mineralização parcial durante a ozonização do 2,4-D....................................... 53
IV.7 – Medidas de DQO................................................................................................ 55
IV.8 – Susceptibilidade da oxidação da matéria orgânica durante a ozonização.......... 56
IV.9 – Variação do pH do meio reacional com o tempo de ozonização....................... 58
IV.10 – Caracterização dos processos oxidativos elementares envolvidos na reação
de ozonização................................................................................................................. 60
V – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS........................................................................ 61
VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 62
1
I – INTRODUÇÃO
I.1 – Aspectos Gerais
A poluição de águas naturais, do ar e do solo aliada ao impacto tecnológico verificado
desde a revolução industrial, combinado a ineficaz proteção ambiental, juntamente com a
ausência de uma política de prevenção eficiente, fez com que os avanços científicos
freqüentemente alcançados resultassem em danos irremediáveis ao meio ambiente. Neste
contexto, a contaminação edáfica
1
têm sido um dos grandes problemas socioambientais.
Aliado a isso, a economia de água vem ganhando especial atenção, haja visto, por exemplo,
que o volume produzido de água potável pela Companhia de Saneamento do Estado de São
Paulo (SABESP), tem-se estagnado em torno de 2,8 bilhões m
3
/ano, um fato preocupante
visto que a demanda de água, a qual não para de crescer, já iguala-se à capacidade hídrica dos
mananciais (SABESP, 2008).
A degradação do ambiente por pesticidas é um problema ambiental complexo,
heterogêneo e difuso. As principais fontes poluidoras são efluentes industriais (agroindústrias
e indústrias de pesticidas), bem como a agropecuária extensiva e intensiva. Estes poluentes
devem ser removidos tanto para proteção dos mananciais hídricos, quanto para alcançar
padrões de potabilidade da água como também a descontaminação da matéria orgânica no
solo – fonte primária nutricional dos vegetais. As metodologias utilizadas no tratamento
destes efluentes dependem do nível de concentração e podem ser as mais variadas possíveis.
Dentre os processos convencionais de tratamento, destacam-se: os físicos: coagulação,
adsorção, flotação e sedimentação; os biológicos: oxidação da matéria orgânica por
microorganismos; os químicos: uso de oxidantes (ozônio, peróxido de hidrogênio, cloro,
dióxido de cloro, entre outros); os baseados na combinação de processos físicos e químicos
tais como: extração por solvente, adsorção por carbono ou então pelos processos oxidativos
avançados, conhecidos como POAs, p.ex., O
3
/UV, O
3
/UV/H
2
O
2
, etc (CHU e MA, 2000;
KUNZ et al., 2002; KASPRZYK-HORDERN et al., 2003; TCHOBANOGLOUS et al., 2003;
FORGACS et al., 2004; DA SILVA et al., 2009).
A aplicação destas tecnologias avançadas pode permitir a redução na complexidade da
matéria orgânica, minimizando assim, seu efeito deletério no ambiente (TCHOBANOGLOUS
et al., 2003; DA SILVA et al., 2009). Uma revisão sobre tecnologias avançadas para o
1
Do solo, da água e do ar.
2
tratamento de águas e efluentes envolvendo a aplicação de diferentes sistemas POAs, foi
recentemente apresentado por Da Silva (DA SILVA et al., 2009).
I.2 – Ácido Diclorofenoxiacético
O ácido 2,4-diclorofenoxiacético vulgarmente conhecido como 2,4-D (Patente
PI0013646-8); é um dos herbicidas mais comuns e antigos do mundo. Desenvolvido na
década de 40, verificou-se que esse organoclorado tinha potencial para afetar os processos de
crescimento em plantas de um modo semelhante aos reguladores de crescimento naturais,
razão pela qual o produto foi descrito depois como “hormonal”. Após o final da década de 40,
vários grupos continuaram a pesquisar o produto e determinaram seu uso como herbicida
(GREENE e POHANISH, 2005). A tabela I cita as principais propriedades físicas e químicas
do 2,4-D.
Tabela I - Propriedades físicas e químicas do ácido diclorofenoxiacético.
Massa Molar (g mol
-1
) 221,03744
Fórmula Molecular C
8
H
6
Cl
2
O
3
Solubilidade em água à 25
o
C (mg L
-1
) 900
Solubilidade em metanol 19,7 a 20,3
o
C (g L
-1
) 392,8
Volume Molar (cm
3
) 148,4
Ponto de Fusão (
o
C) 162,8
Ponto de Ebulição(
o
C) 345,6
Cor Branco
Textura Cristalina
Refratividade Molar (cm
3
) 48,91
Área Superficial polar (Å) 35,53
Densidade Absoluta(g cm
-3
) 1.488
Pressão de Vapor (mmHg a 25
o
C) 2,31.10
-5
pKa 2,8
CAS 94-75-7
3
A Figura 1 esboça a fórmula estrutural plana ou fórmula de Couper do 2,4-D.
O
Cl Cl
OH
O
Figura 1: Fórmula estrutural plana do Ácido Diclorofenoxiacético.
O 2,4-D é classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como
um herbicida hormonal de toxicidade I (extremamente tóxico). Semelhante classificação é dada
pela Organização Mundial de Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO) e pela
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (UNITED STATES-ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY – US-EPA). É comercializado em formulações de sais, amina e
éster, sendo de ação pós-emergente. Embora o herbicida tenha sido sintetizado em 1942 e já
comercializado na década de 40, existem, ainda hoje, lacunas de informações relativas aos
efeitos à saúde humana e riscos ao ambiente. Por ser altamente seletivo e sistêmico, o 2,4-D é
transportado pela seiva bruta, sendo acumulado nos tecidos em crescimento das raízes, agindo
por inibição do crescimento de ervas (AMARANTE JÚNIOR et al., 2002).
Atualmente, o 2,4-D e outros produtos fenoxiacéticos estão sendo usados
mundialmente como ferramenta básica na agricultura moderna. Devido as suas vantagens
como herbicida seletivo de folha larga, seu baixo custo e ultimamente com a adoção do
desenvolvimento da prática do plantio direto (que iniciou o conceito de agricultura
ambientalmente sustentável), tem se tornado uma ferramenta quase insubstituível para
controle de plantas daninhas. Esse grupo de herbicida ácido é o mais utilizado nos: Estados
Unidos, Europa e antiga União Soviética. O trigo produzido nos Estados Unidos utiliza
praticamente só o 2,4-D e há previsão de que o consumo global deverá crescer na próxima
década. Nos Estados Unidos, onde o 2,4-D é o terceiro produto fitossanitário mais utilizado,
4
mais de 31.000 toneladas são usadas anualmente. No reino Unido, é um dos seis mais
consumidos (GREENE e POHANISH, 2005).
Desde a guerra do Vietnã, quando foi usado pela força aérea norte-americana como
agente desfolhante, junto com o ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético (2,4,5-T) e o
pentaclorofenol (PCF), formando o “agente laranja”; esse herbicida também vem substituindo
a capina manual e mecânica, diminuindo a mão-de-obra e resultando no aumento da
produtividade agrícola (AMARANTE JÚNIOR et al., 2003).
A Lei Federal nº 518 de 2.003, estabelece que os produtos e agentes físicos, químicos
ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de
produtos agrícolas, em pastagens, na produção de florestas nativas ou implantadas e de outros
ecossistemas, bem como de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja
alterar a composição da flora ou da fauna a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos
considerados nocivos, são caracterizados como agrotóxicos (OPAS, 1997).
O solo além de ser o reservatório final dos herbicidas é também fonte da qual os
resíduos podem ser liberados para a atmosfera, lençol freático e organismos vivos. O
comportamento dos herbicidas no solo é bastante complexo e é resultante de inúmeros fatores,
sendo um deles a interação com os constituintes das diferentes frações contidas no solo (ácido
húmico, ácido fúlvico, humina, argila, óxidos etc.). A adsorção é a interação do soluto
(herbicida) da fase líquida com a superfície das partículas da fase sólida do solo. É um
processo determinante para se entender o comportamento dos herbicidas, pois está
relacionada diretamente aos processos de transporte, adsorção e bioatividade deste no solo,
influenciando diretamente na disponibilidade dos produtos para as plantas e na ação seletiva
dos herbicidas pela interferência no seu deslocamento (VIEIRA et al., 1998).
Dentro desse contexto, a degradação do 2,4-D e outros compostos organoclorados
podem ocorrer química, física e biologicamente, para a redução de resíduos no meio
ambiente, embora muito das vezes o princípio ativo não é totalmente suprimido
(AMARANTE JUNIOR et al., 2003). Além disso, o 2,4-D é considerado um poluente de
pobre biodegradabilidade, visto que ele não é facilmente decomposto em ambientes naturais
quando está presente em concentrações maiores que 1 mg dm
-3
.
A meia-vida do 2,4-D no solo varia de 7 a 16 dias dependendo principalmente dos
microrganismos do solo, os quais são os principais responsáveis pela degradação do herbicida
(SÁNCHES-BRUNET et al., 1991). Em ambientes aquáticos, a velocidade de degradação do
herbicida é acelerada com o aumento de nutrientes, sedimento e carbono orgânico dissolvido.
A meia-vida desse organoclorado em água varia entre uma e diversas semanas, dependendo
5
também das condições de oxigenação da água. Apesar da meia-vida relativamente curta em
água e no solo, o 2,4-D tem sido detectado em baixas concentrações nas águas superficiais do
Canadá e em alguns estados do Estados Unidos (CERDEIRA et al., 2002).
Para prevenir problemas de contaminação de água com agrotóxicos (CARNEY, 1991;
WALKER et al., 2000) os países da Comunidade Européia adotam como concentração
máxima admissível (MAC) 0,1 μg dm
-3
por composto na água potável, sem no entanto,
ultrapassar 0,5 μg dm
-3
ao considerar a soma de todos os compostos. Limites semelhantes são
adotados por outros países como Estados Unidos e Canadá. No Brasil, a Portaria n
o
518 do
Ministério da Saúde de 25 de março de 2004 em seu artigo 14, que indica os limites máximos
de pesticidas em água, estabelece o valor de 30,0 μg dm
-3
como máximo aceitável para 2,4-D
(BRASIL, 2004).
I.3 - Processos Oxidativos Avançados
Processos oxidativos avançados (POA) podem ser definidos como: “um processo de
tratamento de água que é feito à pressão e temperatura ambiente e que envolve a geração de
radicais hidroxila em quantidade suficiente para purificar a água”. O radical hidroxila (HO
) é
um oxidante químico com potencial padrão elevado (E
o
= 2,80 V) e não seletivo que, uma vez
gerado, ataca de forma agressiva os compostos orgânicos. O ataque do radical hidroxila inicia
uma série de reações oxidativas levando à mineralização do composto orgânico. As rotas
exatas dessas reações ainda não estão esclarecidas. O radical hidroxila (HO
) pode ser
utilizado na destruição de compostos orgânicos constituintes de águas residuárias, solos
contaminados e gases provenientes de incineradores (GLAZE et al., 1987).
Na Tabela II é apresentada uma lista dos principais oxidantes e seus respectivos
potenciais de oxidação. O potencial é diretamente proporcional ao poder de oxidação.
6
Tabela II – Potencial de oxidação de diferentes oxidantes.
Oxidante Potencial de oxidação (V) vs.ERH
Flúor 3,06
Radical hidroxila (HO
)
2,80
Ozônio (O
3
) 2,07
Peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) 1,78
Permanganato de potássio (KMnO
4
) 1,69
Dióxido de cloro (CO
2
)
1,56
Cloro (C
2
)
1,36
Oxigênio (O
2
) 1,23
Fonte: IGLESIAS (2002).
Nos métodos não fotoquímicos segundo Munter (2001), os radicais hidroxila são
gerados sem a utilização de energia luminosa. Dentre os processos citados na Tabela III, será
dada ênfase à ozonização em pH elevado, que foi um dos processos utilizados nos trabalhos
realizados durante o desenvolvimento desta dissertação.
Tabela III – Métodos para geração de radicais HO
Não-fotoquímicos Fotoquímicos
Ozonização a pH elevado (> 8,5) O
3
+ UV
Ozônio + peróxido de hidrogênio (O
3
/ H
2
O
2
) H
2
O
2
+ UV
Ozônio + catalisador (O
3
+ CAT) O
3
/ H
2
O
2
/UV
Fenton (H
2
O
2
+ Fe
2+
) Oxidação fotocatalítica (UV/TiO
2
)
Fonte: MUNTER (2001).
1.3.1 – Ozônio
Em 1777, van Marun, físico holandês, verificou que o ar próximo à sua máquina
eletrostática adquiria um odor pungente quando faíscas elétricas eram liberadas (RIDEAL,
1920). Após 63 anos e, em 1840, Schönbein anunciou oficialmente a descoberta do ozônio na
Academia de Munique. A origem do nome provém da palavra grega “ozein”, que significa
7
“cheiro”. DE LA RIVE e MARIGNAC (1845) produziram o ozônio submetendo oxigênio
puro e seco à passagem de arcos elétricos, enquanto Hunt (1848), em posteriores experiências
sobre suas propriedades oxidantes, teorizou que a molécula de ozônio era composta por três
átomos de oxigênio. A figura 2 mostra as quatro formas canônicas do híbrido de ressonância
representativas da molécula de ozônio, O
3
, propostas por (BAYLEY, 1978):
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
Figura 2: Formas canônicas do híbrido de ressonância representativas da molécula de O
3
.
A figura 2 demonstra que a molécula de ozônio é constituída pela existência de um
átomo de oxigênio deficiente em elétrons. Em decorrência dessa deficiência eletrônica, a
molécula do ozônio possui um forte caráter eletrofílico, o que permite reagir com diferentes
compostos. Devido a alta instabilidade e reatividade, o ozônio não pode ser estocado e nem
transportado, requerendo, portanto que seja gerado in situ, ou seja, no local de sua aplicação.
Dependendo de sua concentração na fase gasosa (>30% m/m) e da pressão (>> 1 atm) o
ozônio é explosivo (DA SILVA, 2004).
O potencial de oxidação da molécula de O
3
verificado na escala de oxidação, (Eº =
2,07 V) é superado somente pelo flúor, F
2
(Eº = 3,06 V) e pelo radical hidroxila (E
o
= 2,80 V).
A termodinâmica preconiza dois valores diferentes para o potencial de oxidação,
correspondente a duas equações químicas diferentes devido a possível influência do O
2
dissolvido no meio sobre o estado padrão de formação da molécula de O
3
(ver item I.4.3.1).
Devido às complicações no manuseio de F
2
e às vantagens previamente aferidas ao uso de O
3
,
o número de aplicações envolvendo ozônio é bem superior. E não só atualmente. A maior
publicação sobre aplicações de O
3
nos mais diversos processos, cerca de 230 páginas, data de
1904 segundo La Coux. No tratamento de água na Europa, o emprego de O
3
ocorre a mais de
um século na desinfecção, controle de gosto e odor e descoloração (HILL e RICE, 1982).
Em fase aquosa o ozônio se degrada rapidamente a espécies radicalares e oxigênio,
sendo que a grande vantagem é não gerar subprodutos. É um agente oxidante poderoso, capaz
de participar de um grande número de reações com compostos orgânicos e inorgânicos,
(KUNZ et al., 2002; ALMEIDA et al., 2004). Pode reagir com a maioria dos compostos
8
contendo ligações duplas, como C=C, C=N, N=N, etc., mas não com grupos funcionais
contendo ligações simples, como C-C, C-O, O-H, etc. (ALMEIDA et al., 2004). Na prática
(GOGATE e PANDIT, 2004), o ozônio tem sido aplicado como um reagente químico em
síntese, em processos de purificação de água potável, como desinfetante em tratamento de
esgoto e para o branqueamento de fibras naturais.
Desde o início do século XX já se conhece o efeito desinfetante, mas foram nos
últimos vinte anos que adquiriu notoriedade no tratamento de águas residuárias. O ozônio é
um gás instável e deve ser gerado no local onde será usado. O método de geração mais
utilizado é por descarga corona. O maior custo operacional para o processo de oxidação por
ozônio é o custo da eletricidade para sua geração. O requerimento energético para a síntese de
ozônio usando ar como fonte de oxigênio varia de 22 a 33 kWh kg O
3
-1
(MUNTER, 2001).
Se o ozônio for produzido a partir de oxigênio puro esse valor varia de 12 a 18 kWh
kg O
3
-1
, mas o custo do oxigênio deve ser considerado. A formação do ozônio é uma reação
endotérmica (IGLESIAS, 2002):
3 O
2
2 O
3
(ΔH
f
= +284,5 kJ mol
-1
a 1 atm)
(1)
Com o aumento do pH, a velocidade de decomposição do ozônio na água também
aumenta, portanto são diretamente proporcionais. A oxidação de compostos orgânicos pode
ocorrer devido a uma combinação de reações com ozônio molecular e reações com os radicais
hidroxila formados (MUNTER, 2001):
3 O
3
+ OH
+ H
+
2OH + 4 O
2
(2)
Tem sido relatado que a velocidade de reação do radical HO
é mais rápida que o
ozônio molecular (GLAZE et al., 1987). A ozonização envolve dois mecanismos de reação, o
ataque direto do ozônio e o ataque através dos radicais OH formados na decomposição do
ozônio. A ozonização em solução ácida envolve apenas a reação seletiva do ozônio com
compostos orgânicos insaturados. A capacidade oxidante do ozônio é menor que a do radical
OH, cuja formação é favorecida em pH>10 (GOGATE e PANDIT, 2004). Portanto, o meio
básico é mais eficiente que o meio ácido, devido à reação dos compostos orgânicos tanto com
ozônio molecular quanto com radicais oxidantes, incluindo o radical hidroxila, (GLAZE et
al., 1987).
A figura 3 mostra o esquema proposto para as reações do ozônio com uma espécie M
em solução aquosa.
9
Figura 3: Esquema proposto para as reações do ozônio com uma espécie M em solução
aquosa (GLAZE et al., 1987).
1.3.2 – Ozônio: reações
Devido a razões operacionais e de custo/benefício, o processo de ozonização não é
estendido até a mineralização total; ao contrário, visa-se apenas reduzir o nível de
concentração do poluente a um limite aceitável, ou convertê-lo em outro composto menos
nocivo ou transformar a carga de agrotóxicos resistentes em outras espécies degradáveis por
tecnologias mais baratas (por ex. biodegradação) (DA SILVA, 2004).
De acordo com Hoigné e Bader (HOIGNÉ e BADER, 1977) e Hoigné e Bader
(HOIGNÉ e BADER, 1979), as reações de ozonólise com um composto qualquer (M) podem
proceder seguindo duas vias principais: (i) através da reação direta do composto M com a
molécula de ozônio; (ii) através da reação indireta que ocorre por meio de espécies radicalares
formadas a partir da decomposição do ozônio em água (por ex. HO
2
, HO
, etc). Um
esquema representativo dos processos (i) e (ii) é mostrado na figura 4, (LANGLAIS et
al.,1991):
O
3
(
)
O
3
(excesso)
OH
y
OH
y
ou (R
y
)
M
ox
+M
+S
i
P R
y
+M
Reação em
cadeia
R = Radical livre que catalisa a
decomposição do ozônio.
M = Soluto
S
i
= Capturador de radical livre
M
ox
= Soluto oxidado
P = Produtos que não são
catalisados pela decomposição
do ozônio.
Reação direta com O
3
Reação tipo radicalar
O
3
(g)
10
O
3
+
M
H
O
-
M
ox
HO
O
+
M
M
ox
Reação direta (i)
Reação tipo radicalar (ii)
Figura 4: Esquema representativo do mecanismo de ozonização de um composto M qualquer,
adaptado de Langlais, et al., (1991).
A figura 4 mostra que ambos os processos (i) e (ii) tendem a aumentar a sua
velocidade com o aumento da concentração do O
3
dissolvido. No caso (ii), este processo é
dependente da velocidade de decomposição do O
3
em fase aquosa, processo este catalisado
pela presença do ânion OH
, ou seja, quanto mais básico for o pH da solução maior a
velocidade de oxidação de contaminantes orgânicos e inúmeros solventes inorgânicos por se
tratar de uma reação radicalar. As espécies hidroxilas são rapidamente consumidas após sua
formação, devido a pouca seletividade com o substrato, daí sua dupla aptidão de reagir com
orgânicos e inorgânicos (DA SILVA et al., 2003).
I.3.2.1 - Reação direta do ozônio molecular
Pelas estruturas de ressonância da molécula do ozônio (ver Fig. 2) o ozônio pode atuar
basicamente de três formas: (i) como um dipolo (mecanismo de Criegee), (ii) como um agente
eletrofílico; (iii) como um agente nucleofílico.
(i) Mecanismo de Criegee: O mecanismo mostrado na Fig. 5 é conhecido como
mecanismo de Criegee e representa a reação de adição do tipo ciclo polar 1-3 em ligações
insaturadas formando um ozonídeo primário (I).
11
CC
OO
O
δ+
δ+ δ−
δ−
CC
O
OO
+
-
CC
OO
O
I
Figura 5: Mecanismo de Criegee para a adição do tipo ciclo dipolar do ozônio em ligações
insaturadas (LANGLAIS et al., 1991).
De acordo com a Fig. 6, em solventes próticos como a água, este ozonídeo primário
decompõe-se formando um composto com grupo carbonila (aldeído ou cetona) e um
intermediário do tipo zwitterion (II). O intermediário (II) rapidamente rearranja-se num outro
intermediário do tipo hidroxi-hidroperóxido (III) que, em geral, resulta na formação de um
composto contendo um grupo carbonila e em peróxido de hidrogênio.
CO
R
1
R
2
C
R
3
R
4
HOO
HO
III
CC
R
3
R
4
R
1
R
2
OO
O
H
O
H
C
R
3
R
4
O
O
O
H
H
-
+
II
CO
R
3
R
4
+H
2
O
2
Figura 6: Mecanismo para a decomposição do intermediário ozonídeo em solventes próticos,
(LANGLAIS et al., 1991).
(ii) Reação eletrofílica: As reações eletrofílicas do O
3
com compostos orgânicos são
restritas a sítios moleculares com grande densidade eletrônica e, em particular, para certos
compostos aromáticos (LANGLAIS et al., 1991). Portanto, compostos aromáticos
12
substituídos com grupos ativantes com elevada atividade eletrônica (por ex. OH, NH
2
e
similares) tendem a reagir fortemente com a molécula de O
3
nas orientações preferenciais
“orto” e “para”. Contrariamente, compostos aromáticos substituídos com grupos desativantes
(retiradores de densidade eletrônica, por ex. COOH, NO
2
) normalmente tendem a reagir
lentamente com O
3
. A Fig. 7 mostra um esquema representativo da reação eletrofílica do
ozônio com compostos aromáticos.
α
α
Ο
Ο
Ο
+
+
ΟΟ
Ο
Η
D
+
+
+
ΗΟΟ
Ο
D
+
+
e
−Ο
2
D
ΟΗ
D
ΟΗ
e
Figura7: Esquema representativo da reação eletrofílica do ozônio com compostos aromáticos
(LANGLAIS et al., 1991).
(iii) Reação nucleofílica: outra situação a ser considerada é o caso da reação do tipo
nucleofílica, (LANGLAIS et al., 1991), a qual ocorre mais freqüentemente nos sítios
moleculares com baixa densidade eletrônica de compostos orgânicos aromáticos contendo
grupos retiradores de elétrons.
Das várias reações citadas, as eletrofílicas são as mais eficientes devido à forte
natureza eletrofílica da molécula de O
3
. Reações de ozonização de cinética lenta (K
obs
< 100
mol
-1
s
-1
) estão geralmente relacionadas à reação direta do O
3
e são fortemente dependentes da
concentração do O
3
presente na fase aquosa. Nestes casos, a tecnologia corona (ver item I.4.2)
não é eficaz, pois funciona com baixas concentrações de O
3
na fase gasosa. Não obstante,
essas reações podem ser efetuadas ao empregar sistemas ozonizadores capazes de fornecer
ozônio em elevadas concentrações, como nos sistemas eletroquímicos (FOLLER e
KELSALL, 1993).
13
A figura 8 mostra um diagrama elaborado por Langlais et al.,(LANGLAIS et al.,
1991) representativo da ozonização de compostos aromáticos que resume os possíveis
caminhos reacionais (I, II e III).
O
O
O
OOH
O
OHO
OH
O
OHO
R
O
OH
O
OH
O
R
O
OH
O
R
O
OH
O
OH
O
OH
O
R
R
O
OH
R
R
O
O
R
O
O
H
O
H
N
+
O
-
O
-
O
Cl
-
NH
4
+
O
OH
(OH
-
)
n
...
(I)
(II)
Aromáticos Alifáticos Insaturados Alifáticos Saturados
( R' = C
n
H
n
; C
n
H
(n - 1)
R)
Aromáticos Quinóides Degradação
Poli-hidroxil Total
(III)
;;
;
;
;
Figura 8: Diagrama representativo da ozonização de compostos aromáticos adaptado de
Langlais et al., (1991) .
I.3.2.2 - Reação indireta do ozônio em fase aquosa
A estabilidade do ozônio dissolvido em água é fortemente variável com os seguintes
fatores: (i) pH; (ii) luz ultravioleta; (iii) concentração do ozônio e (iv) concentração de
captores de radicais (“scavangers”) (LANGLAIS et al., 1991). Portanto, segundo Staehelin e
Hoigné (1982), na ausência de luz na região do UV e de captores de radicais, a velocidade de
decomposição do ozônio em fase aquosa,
υ
d
, é dada pela seguinte expressão :
14
]HO][O[
]O[
3
3
== k
dt
d
d
υ
(3)
onde k é a constante de velocidade da reação global de segunda ordem; [O
3
] é a concentração
do ozônio dissolvido em água e [OH
] é a concentração dos ânions hidroxila.
Uma análise da eq. 3 mostra que a velocidade de decomposição do O
3
dissolvido em
água é de primeira ordem para o O
3
e para o íon OH
sendo, portanto, fortemente afetada pela
concentração destas espécies. De acordo com Staehelin e Hoigné (1982) e Tomiyasu et al.,
(1985) a decomposição do ozônio em fase aquosa é bastante complexa e ocorre via um
processo em cadeia que pode ser representado pelas seguintes reações:
Mecanismo de decomposição de O
3
na fase aquosa (4)
O
3
+ OH
-
HO
2
+ O
2
-
k
1
= 70 M
-1
s
-1
(4.1)
HO
2
O
2
-
+ H
+
k
2
= 10
-4,8
M
-1
s
-1
(4.2)
O
3
+ O
2
-
O
3
-
+ O
2
k
3
= 1,6.10
9
M
-1
s
-1
(4.3)
O
3
-
+ H
+
HO
3
k
4
=5,2.10
10
M
-1
s
-1
k
4’
=2,3.10
2
M
-1
s
-1
pK
a
= 6,2 (4.4)
HO
3
HO
+ O
k
5
= 1,1.10
5
M
-1
s
-1
(4.5)
HO
+ O
3
HO
4
k
6
= 2,0.10
9
M
-1
s
-1
(4.6)
HO
4
HO
2
+ O
2
(4.7)
HO
4
+ HO
4
H
2
O
2
+ 2 O
3
(4.8)
HO
4
+ HO
3
H
2
O
2
+ O
3
+ O
2
k
7
= 2,8.10
4
M
-1
s
-1
(4.9)
HO
+ CO
3
2-
OH
-
+ CO
3
-
(4.10)
CO
3
-
+ O
3
produtos (CO
2
, O
2
-
, O
2
)
k
8
= 4,2.10
8
M
-1
s
-1
(4.11)
HO
4
+ HO
4
H
2
O
2
+ 2 O
3
k
9
= 1,5.10
7
M
-1
s
-1
(4.12)
Segundo Staehelin e Hoigné, (1982) e Tomiyasu et al., (1985), no mecanismo de
decomposição do ozônio descrito acima, os processos elementares 4.1 e 4.2 são
representativos das etapas iniciais denominadas de “propagação”, já as etapas posteriores são
representativas dos processos denominados de “quebra” 4.3 a 4.7 e de captura por
“scavengers” 4.8 a 4.12.
Dados experimentais indicam que aproximadamente 0,5 mol de HO
é formado por
mol de O
3
decomposto em água potável (HOIGNÉ e BADER, 1983). Entre as várias espécies
radicalares formadas durante a decomposição do O
3
, o radical hidroxila (OH
) desempenha o
15
papel mais importante nos processos de oxidação de compostos orgânicos devido ao seu
elevadíssimo potencial de oxidação (Eº = 2,80 V) nos chamados Processos Oxidativos
Avançados (POA).
I.4 – Métodos de Produção de Ozônio
I.4.1 – Método Fotoquímico
Segundo Volman (1963), evidências experimentais apontam para um mecanismo onde
uma molécula de oxigênio no seu estado fundamental (O
2
Σ
g
3
) dissocia-se com a absorção da
radiação eletromagnética em dois átomos de oxigênio. Posteriormente, o átomo de oxigênio
reage com uma molécula de oxigênio, produzindo a molécula de ozônio. A energia envolvida
no processo descrito acima corresponde a um comprimento de onda (
λ
) de 242 nm.
Teoricamente, em
λ
< 242 nm, a eficiência quântica da formação de O
3
por irradiação de luz é
2, pois cada fóton absorvido produzirá dois radicais de oxigênio, os quais serão utilizados na
produção de duas moléculas de ozônio. A reação de formação de ozônio pode ser assim
descrita, (GROTH e PHYS, 1937):
O
2
+ h
ν
2 O
(5)
O
+ O
2
O
3
(6)
onde h
ν
é a energia do fóton.
Na prática é muito difícil produzir luz em comprimentos de onda suficientemente
curtos para produzir ozônio a partir do oxigênio sem a simultânea produção de comprimentos
de onda que promovam a fotólise do ozônio, a eficiência quântica observada é sempre menor
que 2. O rendimento real é o valor de equilíbrio entre os respectivos processos de produção e
de dissociação do ozônio. A decomposição de O
3
pode ser assim descrita, (GROTH e PHYS,
1937):
16
O
3
+ O
2 O
2
(7)
O
3
+ hν O
2
+ O
(
1
D) 200 < λ < 308 nm
(8)
onde O
(
1
D) representa o estado eletrônico excitado singlete.
Segundo Duron et al., (DURON et al., 1982), a presença de um corpo inerte afeta a
produção de ozônio no processo fotoquímico. Esta influência, decorrente de uma colisão de
terceira ordem, baseia-se no fato do corpo inerte M atuar removendo o excesso de energia
adquirido pela molécula de O
3
imediatamente após a colisão. A eficiência da produção de
ozônio no processo fotoquímico varia com a natureza do gás empregado (por ex. CO
2
, N
2
, ar),
apresentando valores no intervalo de 0,5 a 1,0%. A tecnologia fotoquímica para a geração de
ozônio encontra aplicações em pequenas escalas laboratoriais com o propósito de eliminar
odores e efetuar assepsia. O mais interessante desta tecnologia é a facilidade de se obter um
controle preciso e reprodutível da produção de ozônio através do controle da potência da
lâmpada empregada.
I.4.2 – Processo Corona
O processo corona, desenvolvido por Von Siemens (VON SIEMENS, 1857) é baseado
na produção de O
3
a partir da passagem de um arco elétrico em ambiente gasoso contendo O
2
.
É a tecnologia mais difundida para a produção de ozônio em pequena, média e grande escala.
A Figura 9 mostra um esquema do princípio de funcionamento dos ozonizadores do tipo
corona, (CARLINS et al.,1982).
17
Figura 9: Esquema do princípio de funcionamento de ozonizadores do tipo corona.
Como mostra a figura 9, o ozonizador do tipo corona é geometricamente semelhante a
um capacitor. Neste tipo de configuração, a aplicação de uma elevada diferença de potencial
alternado provoca a passagem de elétrons (arco elétrico) entre os dois pólos (eletrodos) da
corona, cuja energia é parcialmente absorvida pelas moléculas de oxigênio, podendo assim
resultar na formação do ozônio, sendo que o restante da energia é dissipada na forma de calor
(efeito Joule).
A produção de ozônio no processo corona pode ser assim representada (BENSON,
1959):
e
-1
+ O
2
2O
+ e
-1
(9)
O
+ O
2
+ M O
3
+ M*
(10)
onde M representa uma molécula de um gás inerte (por ex. N
2
) que serve para remover o
excesso de energia adquirido pelo O
3
imediatamente após o encontro bimolecular.
Pelo mecanismo acima, a reação de formação de ozônio inicia-se quando elétrons
livres de alta energia (e
-1
) do arco elétrico colidem com a molécula de oxigênio, dissociando-
a. Na etapa seguinte, o ozônio é formado a partir de uma colisão de terceira ordem, na qual a
espécie inerte M absorve o excesso de energia adquirido no choque, estabilizando assim a
molécula de ozônio recém-formada. Estudos comprovaram a importância da espécie inerte M
na formação do ozônio (POPOVICH et al., 1971; ROSEN, 1972).
Verificou-se um aumento
AC
18
de 5% na eficiência da produção de ozônio com a adição de 5 a 8% (v/v) de nitrogênio ao
oxigênio puro.
Paralelamente ao processo de produção de ozônio, ocorre a reação de decomposição
do O
3
, a qual é representada pelo seguinte mecanismo, (BENSON, 1959):
O
+ O
3
2O
2
(11)
e
-1
+ O
3
O
2
+ O
+ e
-1
(12)
Os mecanismos descritos acima mostram claramente que a eficiência da reação de
formação de ozônio é a resultante da competição entre os processos formação e de
decomposição ocorrendo dentro da corona. Os parâmetros controladores da eficiência de
formação do ozônio são: (i) temperatura do gás de entrada; (ii) conteúdo de oxigênio (ar ou
oxigênio puro); (iii) presença de contaminantes na fase gasosa; (iv) potência elétrica da
corona e (v) o fluxo do gás de alimentação, (CARLINS, 1982; DA SILVA et al., 2003).
O processo corona intrinsecamente é pouco eficiente para a produção de O
3
fazendo
que a maioria dos equipamentos disponíveis comercialmente apresente valores de eficiência
inferiores a 10%, (CARLINS, 1982). No entanto, em virtude da durabilidade, custo e do
consumo de energia elétrica relativamente baixa ( 14 Wh g
-1
), esta tecnologia é bastante
difundida e empregada em diferentes aplicações (DA SILVA et al., 2003)
I.4.3 – Método Eletroquímico
Conforme pode ser verificado nos itens I.4.1 e I.4.2, o emprego das tecnologias corona
e fotoquímica de produção de ozônio não permitem a obtenção de uma concentração elevada
de ozônio na fase gasosa. Tal fato indica uma limitação ao uso do ozônio em processos
oxidativos que apresentam cinética lenta, como é o caso da decomposição de certos tipos de
agrotóxicos e corantes presentes em efluentes urbanos e industriais, (TATAPUDI e FENTON,
1994).
A baixa eficiência demonstrada pelos métodos corona e fotoquímico se deve ao fato
das fontes de energia empregadas para promover a dissociação da molécula de oxigênio
(radiação UV e arco elétrico) também acarretarem a degradação da molécula de O
3
recém
formada, já que a reação ocorre em fase homogênea. A produção eletroquímica de ozônio,
19
PEO, ao contrário, possibilita a geração de radicais O
(precursores da molécula de O
3
) em
uma interface sólido/líquido. Logo, uma vez formadas as moléculas de O
3
na interface, estas
podem inicialmente se deslocar para o seio da fase líquida, evitando que a fonte de energia
responsável pela sua formação propicie a sua decomposição em moléculas de O
2
.
No processo eletroquímico, a molécula de água é oxidada no ânodo, podendo resultar
em elevadas concentrações de radicais oxigenados, os quais são precursores tanto da molécula
de O
2
, quanto da de O
3
. Inúmeros trabalhos sobre a reação de formação de ozônio, RFO, em
diferentes materiais eletródicos e eletrólitos de suporte, têm sido apresentados na literatura
(FOLLER e TOBIAS, 1982; KÖTZ e STUCKI, 1987; FOLLER e KELSALL, 1993; BABAK
et al., 1994; CHERNIK et al., 1997; DA SILVA et al., 2003; SANTANA et al., 2004) com
eficiência de corrente para a RFO,
Φ
RFO
, entre 3 e 50%. O fato de a tecnologia eletroquímica
permitir a obtenção de elevadas concentrações de ozônio na fase gasosa aumenta de forma
considerável as possibilidades de aplicação do ozônio em diversos processos oxidativos, o
que tem resultado num grande interesse por parte da comunidade científica nos últimos anos
no sentido de buscar um aprimoramento desta tecnologia (FOLLER e KELSALL, 1993; DA
SILVA et al., 2003; SANTANA et al., 2004).
I.4.3.1 - Produção eletroquímica de ozônio: aspectos teóricos
As semi-reações seguintes representam os processos redox do ozônio (FOLLER e
TOBIAS, 1982):
O
3
+ 6 H
+
+ 6 e
-
3 H
2
O, E
o
= 1,51 V/ERH - 0,059 pH
(13)
O
3
+ 2 H
+
+ 2 e
-
H
2
O + O
2
, E
o
= 2,07 V/ERH - 0,059 pH
(14)
Contudo, do ponto de vista experimental, somente a reação (13) tem sido considerada
(FOLLER e TOBIAS, 1982; SANTANA et al., 2004).
A reação de desprendimento de oxigênio, RDO, é o processo termodinamicamente
mais favorável em meio aquoso e ocorre simultaneamente à reação de formação de ozônio,
RFO, de acordo com:
20
O
2
+ 4 H
+
+ 4 e
-
2 H
2
O, E
o
= 1,23 V/ERH – 0,059 pH
(15)
Vários mecanismos foram propostos para a RFO em eletrodos inertes (por ex. β-PbO
2
)
(WABNER e GRAMBOW, 1985; BABAK et al., 1994; CHERNIK et al., 1997). De acordo
com o mecanismo proposto por da Silva (DA SILVA et al., 2003), o favorecimento cinético
da RDO frente à RFO pode ser compreendido em termos de uma baixa concentração
superficial do intermediário O
associada a uma baixa cobertura por bolhas de O
2
. Uma
melhor compreensão das conclusões relatadas por esses autores pode ser obtida analisando-se
o mecanismo abaixo (DA SILVA et al., 2003):
Mecanismo de Da Silva et al., para as etapas da RDO/RFO em eletrodos inertes (16)
Etapas eletroquímicas: Controle cinético b/mV (
α
=0,5; T=25
o
C)
(H
2
O)
ads
(OH
)
ads
+ H
+
+ e
-
edv
(OH
)
ads
(O
)
ads
+ H
+
+ e
-
120
40
(I)
(II)
Etapas químicas: Controle da eficiência
(O
)
ads
[1-
θ
](O
)
ads
+
θ
(O
)*
ads
[1-
θ
](2O
)
ads
[1-
θ
](O
2
)
ads
[1-
θ
](O
2
)
ads
[1-
β
][1-
θ
](O
2
)
ads
+
β
[1-
θ
](O
2
)*
ads
(0 < θ < 1)
15
(III)
(IV)
(V)
Evolução do oxigênio:
[1-
β
][1-
θ
](O
2
)
ads
O
2
(VI)
Formação do ozônio:
θ
(O
)*
ads
+
β
[1-
θ
](O
2
)*
ads
[
θ
+
β
(1-
θ
)](O
3
)
ads
[
θ
+
β
(1-
θ
)](O
3
)
ads
O
3
10 (VII)
(VIII)
b = coeficiente de Tafel; “θ” e “β” são as coberturas parciais descrevendo a competição entre
os processos da RDO e da RFO enquanto que “” representa a cobertura superficial
responsável pela formação do O
3
.
O mecanismo descrito acima mostra que o desfavorecimento cinético da RFO frente a
RDO é proveniente do fato da formação do O
2
ser uma etapa anterior e necessária à formação
do O
3
, demonstrando assim que a fração do oxigênio produzido, que permanece adsorvido na
superfície do eletrodo (ver etapa V, equação 16), torna-se um dos intermediários da RFO. Em
21
decorrência disso, a eficiência da corrente para a RFO é função da concentração superficial
das espécies oxigenadas adsorvidas no eletrodo (O
2(ads)
e O
(ads)
),(DA SILVA et al., 2003).
Há três necessidades básicas associadas à RFO: (i) o material eletródico deve ter boa
condutividade e um elevado sobrepotencial para o processo da RDO; (ii) o eletrólito deve ser
inerte, ou seja, os ânions e cátions do eletrólito não devem apresentar processos eletródicos
que compitam com a RDO/RFO e com a reação de desprendimento de hidrogênio, RDH,
respectivamente, e (iii) para minimizar/evitar o desgaste do eletrodo, o material eletródico
deve estar em seu estado de oxidação mais elevado ou deve apresentar uma cinética
extremamente lenta da corrosão eletroquímica (DA SILVA et al., 2003).
As considerações acima limitam consideravelmente a escolha do material eletródico
para o ânodo e do eletrólito a serem empregados na RFO. Dados da literatura (FOLLER e
TOBIAS, 1982; TATAPUDI e FENTON, 1994; DA SILVA et al., 2003); demonstram que a
maioria das investigações da RFO empregam como material eletródico a platina, o carbono
vítreo, diamante dopado com boro, dióxido de chumbo ou uma mistura de dióxido de chumbo
com Ebonex, e como eletrólito, soluções aquosas dos ácidos sulfúrico, perclórico e fosfórico,
(DA SILVA et al., 2003). Trabalhos mais recentes continuam a empregar o dióxido de
chumbo como ânodo (FRANCO, 2005; SANTANA et al., 2009).
I.4.3.2 – Reatores eletroquímicos de ozônio
Ozônio pode ser gerado eletroquimicamente usando um eletrólito polimérico sólido
(EPS) ao invés de eletrólitos aquosos. Um fluxo de água fica em contato direto com a face
interna do ânodo poroso, o qual está separado do cátodo por um polímero sólido: a membrana
trocadora de prótons (STUCKI et al., 1985; STUCKI et al., 1987; TATAPUDI e PALLAV,
1993). Estas membranas são polímeros de ácido sulfônico perfluorado que operam como
separador de gases e eletrólito sólido devido à sua alta eficiência de transporte de prótons.
Esse sistema, conhecido e comercializado como processo Membrel
®
(sistema eletrolítico de
produção de ozônio Membrel), tem a vantagem da dissolução de altas concentrações de O
3
diretamente na água, eliminando os problemas de contato deste gás com o fluxo de água
FOLLER e KELSALL, 1993). A figura 10 exemplifica um gerador deste tipo:
22
Figura 10: Corte esquemático de reator de EPS (PbO
2
/Nafion
®
) extraído de Stucki et al.,
(1985).
No tipo de ozonizador mostrado na figura 10, altas concentrações de ozônio dissolvido
(20 mg dm
-3
) podem ser obtidas, sendo a principal desvantagem a dependência da eficiência
de corrente para a RFO com as condições de preparo do eletrodo.
A tecnologia de EPS aumenta sobremaneira a estabilidade do ânodo, com reatores
operando por mais de 3 anos a 1,0 A cm
-2
(STUCKI et al., 1987). Isso é possível graças a
ausência de convecção do eletrólito, diminuindo o desgaste do filme de β-PbO
2
e ao EPS que
evita o acúmulo de prótons na superfície do eletrodo, impedindo assim sua dissolução
(STUCKI et al., 1985). Este sistema apresenta um consumo energético relativamente elevado
quando a RDH é empregada como processo catódico e menor consumo ao se usar cátodos
difusores de gás para a redução de oxigênio.
O ozônio também pode ser produzido a partir de um sistema ozonizador operando à
base de eletrólitos aquosos contendo flúor-compostos (por ex. NaF, HBF
4
, KPF
6
) (FOLLER e
KELSALL, 1993). O ânodo é estável em densidades de corrente de até 400 mA cm
-2
,
obtendo-se uma concentração de ozônio na fase gasosa (O
2
+O
3
) de até 35% quando o HBF
4
(48% m/m) é empregado.
A principal vantagem do EPS é a menor quantidade de energia elétrica quando
comparado a reatores fazendo uso de eletrólitos aquosos. E também a possibilidade de se
operar em temperaturas maiores do que as praticadas em sistemas eletrolíticos aquosos
(STUCKI, et al., 1985; STUCKI et al., 1987; TATAPUDI e PALLAV, 1993). De fato, os
resultados presentes na literatura indicam maiores rendimentos para a RFO em T = 30 ºC. Por
Cátodo/membrana/ânodo
23
essas qualidades, empresas como a Permelec (Japão), Air Liquide (França), OxyTech
(Inglaterra) e Lynntech (EUA) utilizam a tecnologia EPS nos seus reatores eletroquímicos de
geração de ozônio (STUCKI et al., 1985; STUCKI et al., 1987; TATAPUDI e PALLAV,
1993).
II – OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo principal investigar a degradação do herbicida
organoclorado 2,4-D através de ozônio gerado eletroquimicamente no reator protótipo Nº 1,
(DA SILVA, 2004). As degradações serão monitoradas através das seguintes técnicas: estudos
espectrofotométricos, cromatografia gasosa, demanda química de oxigênio (DQO) e carbono
orgânico total (COT). As degradações serão efetuadas em solução ácida (pH 4) e básico (pH
12).
III – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
III.1 – Reator Eletroquímico de Ozônio
O ozônio utilizado no estudo de degradação do 2,4-D foi obtido empregando-se o
reator eletroquímico protótipo Nº1 desenvolvido recentemente em nosso laboratório (DA
SILVA et al., 2004). O reator construído em acrílico possui uma dimensão de 19x15x10cm e
emprega a membrana Nafion
®
117 como eletrólito polimérico sólido (EPS), a qual é
permeável aos íons H
+
. O protótipo Nº1 foi projetado de modo que os compartimentos
anódico e catódico sejam simétricos, com o conjunto ânodo/EPS/cátodo montado sob pressão
contra a carcaça de acrílico. Este procedimento visa reduzir ao máximo a queda ôhmica
localizada entre os eletrodos, minimizando assim a perda de energia elétrica. A membrana de
Nafion foi condicionada, colocando-a, inicialmente por 30 minutos, em solução de HNO
3
5,6
mol dm
-3
em ebulição, seguido de imersão em água deionizada em ebulição por 2 horas.
24
O ozonizador opera em valores de corrente de até 80 A. Dependendo da temperatura,
do eletrólito e da corrente aplicada, pode produzir até 4 gramas de ozônio por hora a uma
potência específica de 60 Wh g
-1
(DA SILVA et al., 2004).
A figura 11 mostra o ozonizador protótipo Nº1 montado destacando as
conexões elétricas e hidráulicas.
Figura 11: Ozonizador eletroquímico protótipo Nº1.
III.1.1 –Preparação dos eletrodos
O suporte metálico do ânodo é constituído por titânio, Ti, enquanto que o do cátodo é
aço inoxidável 316, ambos com a mesma dimensão (11,0 x 15,0 x 0,15 cm) e o mesmo
número de perfurações (81, com = 6 mm). Os suportes foram perfurados para permitir uma
25
distribuição do campo elétrico superficial entre os eletrodos e fluxo de prótons através do EPS
no sentido ânodo – cátodo. A área ativa dos eletrodos, incluindo a área da seção transversal
oriunda da perfuração, é de 207 cm
2
e pode ser vista na figura 12.
Figura 12: Suporte de titânio jateado e perfurado empregado no protótipo Nº1 sem β-PbO
2
.
O ânodo de Ti foi jateado com microesferas de aço, lavado com isopropanol, atacado
com ácido oxálico (5% m/m) em ebulição por 30 min. Após esta etapa, efetuou-se a
eletrodeposição de β-PbO
2
nas duas faces do suporte de Ti a partir de uma solução ácida de
Pb(NO
3
)
2
(VETEC) nas condições: [Pb
2+
] = 0,2 mol dm
-3
; [HNO
3
] = 0,2 mol dm
-3
; j = 10 mA
cm
-2
por 60 min; T = 60 ºC. O cátodo de aço inoxidável 316 não foi submetido a nenhum pré-
26
tratamento para seu emprego no reator. Uma das grandes diferenças deste trabalho em relação
ao de (DA SILVA et al., 2004) foi a eliminação da etapa de platinização, que antecedeu a
deposição de β-PbO
2
.A figura 13 mostra o suporte de titânio eletrodepositado com β-PbO
2
.
Figura 13: Suporte de titânio perfurado e eletrodeposição empregado no reator protótipo Nº1.
A configuração do reator eletroquímico gerador de ozônio protótipo Nº1 é mostrada
em detalhes na figura 14.
27
H
2
O
2
/O
3
9,6 cm
4,8 cm
10,0 cm
14,8 c
m
3,2 cm
12,6 cm
10,0 cm
18,8 cm
2
3
4
5
1
6
A: entrada do eletrólito.
B: saída do eletlito.
1 - Compartimento catódico.
2 - Anel de vedação.
3 - Cátodo aço
o
Inox
4 - EPS (
Nafion
®
117).
5 - Ânodo (T
i
,
o
β-PbO
2
).
6 - Com
p
artimento anódico
.
Figura 14: Configuração final do reator eletroquímico gerador de O
3
protótipo Nº 1, extraída
de DA SILVA et al.(2004).
28
III.2 – Equipamentos utilizados na operação do reator de Ozônio
Fonte de corrente contínua: O controle galvanostático da corrente aplicada ao
protótipo Nº1 foi efetuado com o auxílio de uma fonte de corrente contínua (80A/12V)
especialmente projetada para este fim (ver Fig. 15). Os valores da corrente aplicada ao reator
foram medidos com o auxílio de um amperímetro digital da FLUKE modelo 337, enquanto
que o potencial do reator foi medido empregando-se um multímetro digital da Tektronix
modelo DMM 137.
Figura 15: Fonte de corrente contínua (80A/12V) empregada no reator protótipo.
29
Fluxômetro: A medida do fluxo volumétrico dos gases (O
2
+O
3
), Q, transportados do
frasco separador de gases até o espectrofotômetro por arraste com N
2
ultra-puro (>99,99% -
White Martins) foi efetuada com o auxílio de um fluxômetro da Brooks previamente
calibrado.
Bomba: Empregou-se uma bomba centrífuga magnética, própria para fluidos
corrosivos, da Machi Bombas, modelo 5CMD.
Sistema de refrigeração: O controle da temperatura do eletrólito foi efetuado através
do uso de um sistema de refrigeração de alta precisão (± 0,1
o
C) da Frigomix
®
-Thermomix
BM, da B. Braun Biotech International. O líquido refrigerante utilizado foi uma mistura água-
etanol 1:2 (v/v). A Figura 16 mostra uma foto do conjunto experimental empregado na
geração eletroquímica do ozônio.
Figura 16: Fotografia do conjunto experimental empregado na geração eletroquímica de O
3
.
Da esquerda para direita: sistema de refrigeração (banho ultratermostatizado), fonte de
corrente contínua, frasco reservatório e separador de gases, reator eletroquímico, fluxômetro,
bomba centrífuga, frasco reator e espectrofotômetro.
30
III.3 – Determinação de Ozônio em fase gasosa
A determinação em fluxo da concentração do ozônio produzido foi efetuada através de
medidas espectrofotométricas na região do ultravioleta (UV), em comprimento de onda (
λ
) de
254 nm e considerando-se um valor para o coeficiente de absortividade molar (
ε
) de 3024
mol
-1
cm
-1
dm
3
(LEITZKE, 1977). A leitura da absorbância foi feita com o auxílio de um
espectrofotômetro da marca Biospectro, modelo SP 220, utilizando-se uma cubeta de fluxo
especialmente projetada para este fim ( = 0,63 cm) (DA SILVA et al., 2004). O branco
utilizado para definir a linha de base nas medidas espectrofotométricas foi o gás nitrogênio
ultra puro (pureza > 99,99% - White Martins), em condições estacionárias de vazão, idêntica
à da medida da absorbância do O
3
. Assim, a precisão das medidas está diretamente ligada à
precisão da medida de vazão do N
2
ultra puro usado como gás de arraste. Desta forma,
empregou-se um fluxômetro, marca Brooks, de alta precisão, previamente calibrado para o
gás de arraste utilizado.
A eficiência de corrente para a RFO, ou seja, a parcela da corrente total utilizada na
RFO é um parâmetro adimensional indicativo da quantidade de ozônio gerado numa
eletrólise. Ela pode ser determinada em condições estacionárias do fluxo volumétrico da
mistura gasosa O
2
+O
3
+N
2
relacionando-se a absorbância do ozônio em 254 nm com a
corrente total aplicada à cela (j
T
= j
RDO
+ j
RFO
) (DA SILVA et al., 2001; SANTANA et al.,
2004). Desta forma, a mistura gasosa O
2
/O
3
gerada no compartimento anódico do reator foi
transportada por bombeamento juntamente com o eletrólito até o frasco reservatório onde o
gás (O
2
/O
3
) foi separado do líquido espontaneamente por diferença de pressão. Então, a
mistura gasosa é transportada por arraste com N
2
ultra puro até o espectrofotômetro. Para a
quantificação de O
3
na fase gasosa, calculou-se inicialmente a corrente responsável pela
reação de formação de ozônio, J
RFO
, utilizando-se a seguinte equação:
j
RFO
(A) = Ab . V . z . F /
ε
.
(17)
onde: V é o fluxo volumétrico dos gases (O
2
+ O
3
+ N
2
), Ab é a absorbância do O
3
em 254
nm, z é o número de elétrons (z = 6), F é a constante de Faraday (96.485 C mol
-1
),
ε
é a
absortividade molar do O
3
(3024 mol
-1
cm
-1
dm
3
) e é o caminho ótico da cubeta empregada
no espectrofotômetro (0,63 cm).
31
A massa de O
3
produzida por unidade de tempo, ou seja, a velocidade de geração de
ozônio,
ν
O3,
pode ser calculada a partir da corrente parcial da RFO, j
RFO
, de acordo com a
seguinte relação:
RFO
RFO
O
j
zF
Mj
gh .298,03600)(
1
3
=
=
ν
(18)
onde M é a massa molar de O
3
gerado (g mol
-1
).
III.4 - Eletrólito utilizado na geração de Ozônio
Empregou-se como eletrólito uma solução de H
2
SO
4
com concentração 1,0 mol dm
-3
na presença do flúor-composto KPF
6
, na concentração de 0,03 mol dm
-3
. A utilização de KPF
6
foi comprovado aumentar a eficiência da produção de ozônio (DA SILVA et al., 2004).
III.5 – Ácido Diclorofenoxiacético empregado na degradação
Inicialmente pesou-se aproximadamente 0,5 g (98% de pureza) de 2,4-D da marca
comercial SIGMA. Essa massa foi dissolvida num béquer com metanol (VETEC) como co-
solvente, de forma gradual, perfazendo um total de 35 mL de solução. A seguir, esse volume
foi transferido para um balão volumétrico de 1 dm
3
e todo seu volume completado com água
deionizada. Os testes de ozonização foram realizados em um frasco reator de vidro,
capacidade 1 dm
3
, utilizando um volume de 0,8 dm
3
de 2,4-D a 500 ppm em pH 4 (pH da
solução após a adição de 2,4-D ao solvente aquoso) e pH 12. Nos estudos em pH 12, foram
adicionados alíquotas de KOH 1,0 mol dm
-3
e o pH monitorado com um pHmetro da marca
Hanna Instruments modelo HI 221, munido de um eletrodo de vidro previamente calibrado
com três soluções tampão de pH: 4,0 , 7,0 e 10,0.
32
III.6 – Aparelhagem utilizada nos estudos da degradação do 2,4-D
O conjunto experimental utilizado nos estudos de degradação do 2,4-D é mostrado na
figura 17. A mistura O
2
/O
3
/N
2
(cuja proporção em uma dada temperatura é dependente da
corrente aplicada ao reator) foi borbulhada através de uma placa de vidro sinterizada
(porosidade: 30%; espessura: 3 mm; diâmetro: 30 mm) no frasco reator de capacidade de
1000 mL.
FONTE DE CORRENTE
CIRCULADOR DO
LÍQUIDO
REFRIGERANTE
SISTEMA
RESFRIADOR
REATOR
ELETROQUÍMICO
HIDROGÊNIO
FLUXÔMETRO
OZÔNIO
OXIGÊNIO
ESPECTROFOTÔMETRO
DESCARTE
TORPEDO DE NITROGÊNIO
FRASCO RESERVATÓRIO DE
ELETRÓLITO E SEPARADOR
DE GASES
FRASCO
REATOR
VÁLVULA
Figura 17: Aparato experimental utilizado no estudo de degradação do carbono orgânico
total.
33
III.6.1- Estudo cinético de ozonização do 2,4-D
O estudo cinético de ozonização foi conduzido empregando-se um frasco reacional
com capacidade de 1 dm
3
, especialmente projetado para esta finalidade, como mostra a figura
18.
Figura 18: Frasco reacional utilizado no estudo cinético de descoloração.
Amostras de 0,8 dm
3
de 2,4-D foram ozonizadas continuamente e monitoradas
espectrofotometricamente em função do tempo de reação. Para tal, alíquotas de 7,5 mL foram
retiradas periodicamente a cada 15 minutos para a leitura da absorbância e das demais
análises.
34
III.6.2 - Medidas do ozônio residual
A concentração do ozônio que não reagiu com o 2,4-D foi determinada em função do
tempo de reação através da análise espectrofotométrica dos gases provenientes do frasco
reator. A partir da razão das absorbâncias nos estados estacionários, A
EE
(t = 0), e instantâneo,
A
t
(t > 0), determinou-se a eficiência de aproveitamento do ozônio em função do tempo de
reação.
III.6.3- Medida do pH
Durante toda a ozonização o pH foi monitorado com um pHmetro marca Hanna
Instruments modelo HI 221, munido de um eletrodo de vidro previamente calibrado com três
soluções tampão de pH 4,0, 7,0 e 10,0.
III.6.4 - Estudos Espectrofotométricos
Inicialmente foi registrado um espectro de varredura na região UV-VIS da solução de
2,4-D. A concentração das amostras degradadas pelo ozônio foi investigada registrando-se a
absorbância no comprimento de onda de máximo para cada amostra em função do tempo de
ozonização. As amostras foram diluídas com água deionizada na proporção de 1:10. O
registro dos espectros de UV/Vis foi efetuado empregando-se um espectrofotômetro da marca
Mecasys modelo OPTIZEN 2120UV PLUS interfaceado a um PC com software
OPTIZENVIEW 3.2. Foi utilizada uma cubeta de quartzo de caminho ótico de 10 mm para a
obtenção dos espectros de absorção.
III.6.5 – Estudos Cromatográficos
A cinética de degradação do 2,4-D também será acompanhada através do registro de
cromatogramas, utilizando-se um cromatógrafo gasoso marca Shimadzu, modelo GC 14-B,
com detector de captura eletrônica e coluna capilar CP-Sil 8 CB para pesticidas 50 m x 0,25
mm x 0,12 μm, marca Varian. As condições de obtenção dos cromatogramas serão:
temperatura inicial = 214
o
C; temperatura final = 229
o
C, programa de temperatura 0,5
o
C min
-1
,
35
temperatura injetor = 270
o
C e temperatura do detector = 300
o
C, gás de arraste = N
2
, fluxo de
1,5 dm
3
min
-1
.
Na preparação da amostra para registro dos cromatogramas, alíquotas de 7,5 mL foram
retiradas do frasco reacional a cada 15 minutos, dos quais 1 mL foi pipetado e submetido à
evaporação branda até secura, realizada numa manta aquecedora mantida a 90ºC. Após
evaporação, o resíduo foi resfriado num dessecador e adicionados cerca de 10 mL de metanol
seco, dessa solução final uma alíquota foi injetada no cromatógrafo gasoso.
III.6.6 – Demanda Química do Oxigênio (DQO)
A DQO foi determinada empregando-se o método padrão descrito na literatura
(CLESCERI et al., 1998). Esta análise consistiu da digestão de um volume conhecido de
amostra através do aquecimento (105
o
C por 2 h) com um excesso de dicromato de potássio
em presença de ácido (H
2
SO
4
) num tubo de vidro hermeticamente fechado. Neste
procedimento a matéria orgânica, representada por (CH
2
O)
n
, é oxidada com a simultânea
redução do ânion dicromato (amarelo), o qual é convertido ao cátion crômico (verde) de
acordo com a seguinte reação de oxi-redução:
Cr
2
O
7
2-
+ 14H
+
+ 6e
-
2Cr
3+
+ 7 H
2
O (x 2)
(CH
2
O)
n
+ nH
2
O nCO
2
+ 4nH
+
+ 4ne
-
(x 3)
2n Cr
2
O
7
2-
+ 3 (CH
2
O)
n
+ 16n H
+
Ag
2
SO
4
4n Cr
3+
+ 3n CO
2
+ 11n H
2
O
(19)
O sulfato de prata (Ag
2
SO
4
) é adicionado como catalisador para assegurar a oxidação
total de certas classes de compostos orgânicos. O método é concluído através da determinação
do cátion crômico por medida colorimétrica.
A presença de íons cloreto pode interferir no cálculo da DQO de acordo com a
seguinte reação:
6 C
-
+ Cr
2
O
7
2-
+ 14 H
+
3 C
2
+ 2 Cr
3+
+ 7 H
2
O
(20)
Esta interferência é eliminada através da adição de sulfato de mercúrio (HgSO
4
) na
solução, o qual se combina com o íon cloreto, resultando na formação do complexo solúvel
HgC
4
2-
(CLESCERI et al., 1998).
36
Para a aplicação do procedimento descrito acima foram preparadas as seguintes
soluções: (i) solução digestora; (ii) solução catalisadora, (iii) solução padrão de ftalato ácido
de potássio (KHP).
(i) A solução digestora (dicromato de potássio + sulfato de mercúrio (II)) foi
preparada dissolvendo-se exatamente 5,11g de K
2
Cr
2
O
7
(de qualidade padrão primário,
previamente seco a 105
o
C por 2 horas) em aproximadamente 250 mL de água destilada.
Adiciona-se 16,6g de HgSO
4
e,
em seguida, lentamente, 83,6 mL de H
2
SO
4
concentrado. O
volume da solução foi completado para 500 mL.
(ii) A solução catalisadora é preparada dissolvendo-se 6,08 g de Ag
2
SO
4
em 600 mL
de H
2
SO
4
concentrado. A dissolução completa foi obtida após 48 h.
(iii) A solução padrão de ftalato ácido de potássio (KHP) é preparada dissolvendo-se
0,106 g de ftalato ácido de potássio de qualidade padrão primário, previamente seco a 120 ºC
por 2 horas, em água destilada. Completa-se o volume para 500 mL.
A mistura reacional contendo as soluções (i) e (ii) e a amostra são misturadas em tubos
padrão de 10 mL da HACH. A seqüência da mistura das soluções segue a ordem: (1º) 1,5 mL
da solução digestora; (2º) 2,5 mL da amostra ozonizada e (3º) 3,5 mL da solução catalisadora.
Em seguida, os tubos são hermeticamente fechados, homogeneizados e colocados num
bloco digestor da HACH a 105 °C por 2 horas. Após o resfriamento até temperatura ambiente,
mediu-se a absorção de cada amostra, branco e padrão no comprimento de onda apropriado
(λ= 620 nm), utilizando-se de um espectrofotômetro HACH DR 4000U. Todas as medidas
foram realizadas pelo Grupo de Pesquisa do Professor Antonio Eduardo da Hora Machado –
IQ/UFU.
III.6.7 - Carbono Orgânico Total (COT)
Para determinar a quantidade de carbono orgânico total (COT) presente nas amostras
ozonizadas, a molécula orgânica precisa ser quebrada em unidades de carbono simples e então
convertida a CO
2
que podem então ser medidas quantitativamente. O método COT utiliza
calor e oxigênio, irradiação ultravioleta, oxidantes químicos, ou a combinações desses
oxidantes para converter todo o carbono orgânico a dióxido de carbono (CO
2
).
37
No presente estudo, o COT das amostras ozonizadas foi determinado em função do
tempo de reação empregando-se um analisador de COT marca SHIMADZU modelo 5000A.
A utilização deste equipamento foi gentilmente permitida pelo Professor Dr. Antônio Eduardo
da Hora Machado IQ/UFU.
III.7 – Caracterização ex situ por Microscopia Eletrônica de Varredura
(MEV)
As imagens por MEV foram realizadas no Laboratório de Tecnologia em Atrito e
Desgaste da Faculdade de Engenharia Mecânica da UFU, num aparelho Carls Zeiss modelo
LEO 940 A.
III.8 – Caracterização ex situ por Difração Atômica de Raio-X (EDX)
As análises através de EDX foram realizadas Laboratório de Tecnologia em Atrito e Desgaste
da Faculdade de Engenharia Mecânica da UFU, num aparelho Carls Zeiss modelo LEO 940.
IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO
IV. 1 – Caracterização do eletrodo de β-PbO
2
O PbO
2
pode ser obtido por eletrodeposição em duas diferentes formas cristalográficas
(POHL e RICKET, 1981; HILL, 1982): (i) a forma ortorrômbica α-PbO
2
(do tipo columbita),
e (ii) a forma tetragonal β-PbO
2
(do tipo rutílica). A principal diferença entre estas estruturas é
a forma na qual as unidades hexacoordenadas PbO
6
se empacotam. Na forma β-PbO
2
, as celas
unitárias vizinhas compartilham bordas opostas, resultando na formação de cadeias lineares
octaédricas. Já na forma α-PbO
2
, as celas unitárias vizinhas compartilham bordas não-opostas,
38
resultando na formação de cadeias na forma de ziguezague. Estas formas podem ser
diferenciadas através de estudos por difração de raios-X. Estudos anteriores (DA SILVA,
2004) comprovaram que o método eletroquímico de deposição, utilizado neste trabalho,
resulta na formação da estrutura β-PbO
2
.
IV.1.1 – Análise por MEV
A figura 19 apresenta as micrografias dos filmes de β-PbO
2
.
Figura 19: Micrografias dos filmes de β-PbO
2
.
39
Como pode ser observado na escala de 20 μm; a camada superficial de β-PbO
2
apresenta uma uniformidade na distribuição e tamanho das partículas e possui também fendas
e rachaduras homogêneas. Este comportamento é oriundo do processo de eletrocristalização
dos filmes de β-PbO
2
. O fato de possuir fendas, rachaduras e provavelmente poros, torna a
área eletroquímica ativa muito superior à sua área geométrica, o que é bom para a produção
de ozônio. Micrografias semelhantes foram obtidas por (DA SILVA, 2004).
IV.1.2 – Caracterização ex situ através de Energia Dispersiva de Raio-X (EDX)
A figura 20 mostra o EDX do filme de β-PbO
2
depositado eletroquimicamente sobre o
suporte de titânio.
Figura 20: EDX do filme de β-PbO
2
.
A tabela IV exibe os valores da porcentagem atômica nominal e experimental obtidos
através das análises de EDX. Os resultados mostram uma boa concordância entre os valores
nominal versus experimental. Essa concordância demonstra que o procedimento de
eletrodeposição do β-PbO
2
é eficiente.
40
Tabela IV - Porcentagens atômica nominal e experimental obtida através das análises EDX.
Elemento
Concentração
Experimental (%)
% de erro
experimental
Concentração
nominal (%)
O 11,93 1,53 13,37
Si 0,22 0,52 -
Ca 0,12 0,12 -
Ti 0,28 0,28 -
Pb 87,45 2,32 86,63
Total 100,00 100,00
Fonte: Adaptado de Da Silva, (2004).
IV.2 – Cálculo da eficiência da corrente
Segundo trabalhos relatados na literatura (STUCKI et al., 1985; DA SILVA et al., 2003),
a eficiência da corrente para a RFO, ou seja, a parcela da corrente total devida a este
processo, pode ser determinada em condições estacionárias do fluxo volumétrico da mistura
gasosa O
2
+O
3
+N
2
relacionando-se a absorbância do ozônio em um determinado comprimento de
onda com a corrente total aplicada à cela (j
T
= J
RDO
+ J
RFO
) .
Admitindo-se que os únicos produtos formados no compartimento anódico sejam o O
2
e o
O
3
, tem-se que a eficiência de corrente com respeito a reação de formação de ozônio,
Φ
RFO,
pode ser representada pela seguinte relação:
Φ
RFO
= j
RFO
/(j
RDO
+j
RFO
) = j
RFO
/ j
T
(21)
onde o numerador e o denominador da expressão são representativos das correntes parcial
devido a RFO e total (RDO+RFO), respectivamente.
De acordo com a Lei de Faraday a velocidade da RFO,
V
RFO
, pode ser relacionada com a
corrente parcial da RFO, j
RFO
, de acordo com a seguinte relação:
j
RFO
= z v
RFO
F (22)
41
onde z é o número de elétrons envolvidos no processo da RFO (z = 6) (Da Silva et al., 2003;
Foller e Tobias, 1982) e F é a constante de Faraday (96485 C mol
-1
).
A velocidade da reação v
RFO
pode, alternativamente, ser representada pela seguinte
expressão:
v
RFO
=
Δ
n (O
3
) /
Δ
t
(23)
onde
Δ
n(O
3
) representa o número de mols de ozônio produzido no intervalo de tempo,
Δ
t.
Substituindo-se a eq.23 na eq.22, e introduzindo-se o conceito de concentração molar do
gás:
j
RFO
= (
Δ
V /
Δ
t) [O
3
] z F
(24)
Definindo-se o fluxo volumétrico dos gases como sendo V = (
Δ
V/
Δ
t), e introduzindo-se a Lei de
Lambert-Beer na eq.24, obtém-se a seguinte expressão para a o cálculo da corrente parcial para o
processo da RFO:
j
RFO
= (V A
b .
z . F)/(
ε
. )
(25)
onde A
b
é a absorbância do O
3
,
ε
é a absortividade molar do O
3
, (3024mol
-1
cm
-1
dm
3
) e é o
caminho ótico da cubeta empregada no espectrofotômetro (0,63 cm).
Finalmente, através da substituição da eq.25 na eq. 21 obtêm-se a seguinte expressão para o
cálculo da eficiência da corrente para o processo da RFO,
Φ
RFO
(DA SILVA et al., 2001; DA
SILVA et al., 2003):
Φ
RFO
=(V . A
b
. z . F)/(ε . . j
T
)
(26)
Pode-se verificar na eq.26 que para cada valor de j
T
o produto V. A
b
, é uma constante.
Isto permite que os valores da absorbância possam ser medidos em um limite analiticamente
aceitável através de um simples processo de diluição ou concentração da massa de O
3
efetuado
por meio de uma variação do fluxo volumétrico do gás de arraste (N
2
).
Adotando os valores experimentais de acordo com a tabela V e substituindo na
fórmula acima (eq. 26) obtém-se uma eficiência de corrente (
Φ
RFO
) média de 13,38 % para
meio natural (pH ~ 4) e 12,76% para meio alcalino (pH ~ 12) como visto na tabela V.
42
Tabela V: Dados extraídos para cálculo da eficiência de corrente (
Φ
RFO
): 1, 2, 3,4 referem-se ao
número da degradação.
IV.3 Quantificação do ozônio na fase gasosa
De acordo com Stuchi et al., (1985); Da Silva et al., (2003), na quantificação do ozônio na
fase gasosa, calculou-se inicialmente a corrente responsável pela reação de formação de ozônio, j
RFO
,
utilizando-se a seguinte equação:
j
RFO
(A) = A
b
. V . z . F /
ε
.
(27)
onde A
b
é a absorbância em 254 nm; V é o fluxo volumétrico dos gases (O
2
/O
3
) (L s
-1
); z é o número de
elétrons (6 e
-
); F é a constante de Faraday (96485 C mol
-1
);
ε
é a absortividade molar do ozônio em
254 nm (3024 cm
-1
mol
-1
L); é o caminho ótico da cubeta (0,63 cm).
A partir dos valores de j
RFO
calculou-se a concentração do ozônio (g h
-1
) empregando-se a
seguinte relação:
Degradação (pH = 4) 1
a
2
a
3
a
4
a
MÉDIA
Absorbância ____ 1,65 1,59 2,22 1,82
Vazão O
3
(L s
-1
) ____ 0,00735 0,00418 0,00535 0,00563
Corrente (A) ____ 26,5 25,2 19,8 23,83
T(
o
C) ____ 1,5 2,7 1,7 1,97
Degradação (pH= 12) 1
a
2
a
3
a
4
a
MÉDIA
Absorbância 1,85 1,56 2,10 1,52 1,75
Vazão O
3
(L s
-1
) 0,006794 0,00418 0,00418 0,0033 0,00461
Corrente (A) 25 25 15 15 20
T(
o
C) 2 1,6 1,5 0,7 1,45
Degradação (pH = 4)
1
a
2
a
3
a
4
a
MÉDIA
Eficiência
Φ
RFO
_____ 13,91 8,01 18,23 13,38
Degradação (pH= 12) 1 2 3 4 MÉDIA
Eficiência
Φ
RFO
7,92 17,75 10,13 15,25 12,76
43
υ
RFO
(g h
-1
) = 0,298 j
RFO
(28)
O valor da corrente aplicada ao reator e a temperatura do eletrólito, cujos valores
experimentais foram adotados de acordo com a tabela V e substituindo na fórmula acima (eq.
28) obteve-se um valor médio correspondente a uma produção média de ozônio equivalente a
0,92 g h
-1
em pH 4 e média de 0,74 g h
-1
em pH 12, conforme pode ser verificado na tabela
VI.
Tabela VI: Resultados obtidos do cálculo da quantificação do ozônio na fase gasosa (
υ
RFO
).
Degradação (pH 4) 1
a
2
a
3
a
4
a
Média
υ
O
3
(g h
-1
)
------- 1,10 0,60 1,08 0,92
Degradação (pH 12) 1
a
2
a
3
a
4
a
Média
υ
O
3
(g h
-1
)
1,14 0,59 0,79 0,45 0,74
IV.4 – Estudo da degradação do Ácido Diclorofenoxiacético, 2,4-D
IV.4.1 – Estudos espectrofotométricos do 2,4-D – curva de calibração
A figura 21 exibe alguns espectros de absorção na região do ultravioleta (UV) em
função da concentração de 2,4-D.
44
200 250 300 350 400
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
Absorbância
λ/nm
1ppm
5ppm
10ppm
20ppm
30ppm
50ppm
50 mg.L
-1
30 mg.L
-1
20 mg.L
-1
10 mg.L
-1
5 mg.L
-1
1 mg.L
-1
Figura 21: Espectros de absorção UV de soluções de 2,4-D em função da concentração: 1,
5,10, 20, 30 e 50 mg dm
-3
. pH = 4.
O perfil dos espectros UV obtido tanto em pH 4 como em pH 12 está de acordo com o
reportado na literatura (THOMAS e BURGESS, 2007). Como pode ser observado, a figura 21
exibe a presença de vários picos situados em ~210, 223, 229, 280 e 290 nm. Os picos mais
intensos são três: ~210, 229 e 280nm. A partir dos picos observados em
λ
máx
de 229 e 280 nm,
foram construídas curvas de calibração de absorbância versus concentração de 2,4-D. A figura
22 apresenta o resultado deste estudo. Como pode ser observado, os valores dos coeficientes
de correlação demonstram que qualquer dos dois comprimentos de onda podem ser utilizados
para monitorar a degradação do 2,4-D. Entretanto, como será discutido na seção posterior, a
absorbância integrada, ao invés da altura dos picos, é a que melhor descreve as
transformações ocorrendo durante os experimentos de ozonização do parental 2,4-D.
45
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Absorbância
[2,4-D] mg.L
-1
(A)
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Absorbância
[2,4-D] mgL
-1
(B)
Figura 22: Relação da Absorbância vs Concentração em: (A) λ
= 229 nm ; (B) λ
= 280 nm.
Coeficientes de Correlação: (A) 0,99531; (B) 0,99411. pH = 4.
IV.4.2 – Avaliação dos espectros UV durante as ozonizações do 2,4 –D em
soluções de pH 4 e pH 12.
As potencialidades do método UV em investigar mudanças estruturais de
recalcitrantes orgânicos durante os processos de oxidação e sua correlação com os resultados
de demanda química de oxigênio (DQO) e carbono orgânico total (COT) foram discutidas
previamente na literatura (DORÉ et al., 1980; THOMAS et al., 1999; SAROJ et al., 2005;
MARTINS et al., 2008). A absorção na região do UV tem sido utilizada principalmente como
uma medida dos substituintes dos compostos aromáticos (TCHOBANOGLOUS et al., 2003).
Este método tem provado sua utilidade na avaliação da presença de agregados de compostos
que absorvem no UV (parental + subprodutos) em meio aquoso. O método UV é de fato uma
medida da natureza do carbono que está sendo analisado em água, mais especificamente do
quanto o carbono é aromático (TCHOBANOGLOUS et al., 2003; SAROJ et al., 2005).
A figura 23 mostra a evolução dos espectros UV registrados durante as ozonizações
efetuadas em solução ácida (pH 4) e básica (pH 12). O perfil dos espectros durante as
ozonizações é semelhante ao mostrado na Fig. 21.
46
Figura 23: Evolução dos espectros UV durante as ozonizações efetuadas em condições (A)
ácida (pH 4) e (B) alcalina (pH 12). [D]
0
= 50 mg dm
-3
.
ν
PEO
= 1.10 g h
1
.
A molécula de 2,4-D é composta de um anel aromático sobre o qual estão ligados dois
átomos de C e um grupo OCH
2
C(O)OH (ver Fig.1). Deste modo, o anel aromático é
conjugado a um par de elétrons livres de ambos átomos, cloro e oxigênio. Na região do UV
próximo (< 280 nm) tem diferentes picos correspondentes as bandas π ⎯→ π* dos compostos
aromáticos, sendo um deles localizado em 281 nm (banda
1
L
b
), enquanto outros picos são
encontrados em comprimentos de onda menores (
λ
<240 nm)(FEIGENBRUGEL et al., 2006).
A partir das considerações acima, mudanças estruturais da molécula de 2,4-D durante
47
a ozonização podem ser obtidas através da evolução dos espectros na região do UV (190-310
nm)(DORÉ et al., 1980). Enquanto o pico localizado no menor comprimento de onda (~210
nm) pode ser, em princípio, atribuído ao anel aromático (DORÉ et al., 1978; DORÉ et al,
1980), os outros picos localizados em comprimentos de onda maiores (223, 229, 280 e 290
nm) são relacionados principalmente à influência da conjugação eletrônica devida aos grupos
auxocrômicos.
Uma análise da Fig.23 revela que o pico localizado em 210 nm não apresenta
mudanças significativas durante a ozonização em condições ácidas (pH 4), enquanto os picos
localizados em 223 e 229 nm apresentam uma diminuição moderada com o aumento do
tempo de ozonização. Estes resultados estão em boa concordância com a literatura (DORÉ et
al., 1978), onde foi reportado que as características principais da evolução dos espectros na
região UV durante a ozonização do 2,4-D é a diminuição gradual dos picos de absorção
localizados em ~229 e ~280 nm.
Contrário ao comportamento apresentado em condições ácida, os resultados
experimentais obtidos em condições alcalinas (pH 12) mostram uma diminuição considerável
na intensidade do pico localizado em 210 nm. Como mencionado por Doré et al. (DORÉ et
al., 1980), “o estudo dos espectros UV permite-nos checar se o progresso das reações é
idêntico ou não”. Na luz destas considerações, nós podemos propor que a oxidação promovida
pelos radicais HO
(pH 12) segue uma tendência diferente em comparação com a oxidação
promovida pelo ozônio molecular (pH 4).
Em adição, visto que o pico localizado em 280 nm diminui ligeiramente durante a
ozonização, pode ser argüido que a destruição do conteúdo aromático compreende somente
uma menor parte do processo oxidativo (TCHOBANOGLOUS et al., 2003).
A ausência de mudanças no perfil dos espectros durante a oxidação evidencia que os
sub-produtos provenientes da ozonização são principalmente constituídos de moléculas e/ou
íons simples, visto que não foi verificado o surgimento de novos picos característicos de
compostos orgânicos saturados complexos (DORÉ et al., 1980).
De acordo com a literatura (GIRI et al., 2008), a oxidação do 2,4-D usando diferentes
processos oxidativos avançados (POAs) segue um modelo cinético de pseudoprimeira ordem.
Como descrito anteriormente por Da Silva et al. (DA SILVA et al., 2009), considerando que
as condições de pseudoprimeira ordem prevalecem nas condições de semi-batelada, utilizadas
neste trabalho, o processo de ozonização pode ser descrito pelo seguinte modelo cinético
48
geral:
tkDD
=
obs0
)]/[]ln([
(29)
onde
Z
0
Y-X
obs
])[HO])([][HO()ν(α
= Dk
, enquanto:
ν
= velocidade de aplicação do ozônio;
[OH
] = concentração do radical hidroxila; [D]
0
= concentração inicial do composto parental
(p.ex. 2,4-D), e [OH
-
] = concentração do ânion hidroxila; α, x, y e z são as constantes
empíricas para o processo particular de ozonização (DORÉ et al., 1980; DA SILVA et al.,
2009; SANTANA et al., 2009;).
Dependendo das condições experimentais, parte do ozônio pode reagir diretamente
com a substância orgânica, D, e uma outra parte pode decompor-se e iniciar uma reação com
oxidantes secundários, sendo o maior deles o radical hidroxila (OH
) (TCHOBANOGLOUS,
2003). No primeiro caso, o ozônio reage como um eletrófilo e sofre uma reação muito
seletiva, enquanto no segundo caso ocorre uma reação rápida e não-seletiva (CHU e MA,
2000; SAROJ et al., 2005).
É importante mencionar que o monitoramento do desaparecimento do sinal analítico
(p. ex., picos HPLC e CG) representando a presença da substância parental (p.ex., 2,4-D), não
fornece informação do grau de mineralização da matéria orgânica (parental + subprodutos da
ozonização), bem como de mudanças no conteúdo de aromáticos (THOMAS et al., 1999).
Das considerações acima, é importante enfatizar que o uso de diferentes abordagens
experimentais torna-se necessário para complementar o estudo da degradação de diferentes
poluentes recalcitrantes. Por exemplo, efluentes apresentando o mesmo valor de COT podem
ser constituídos de diferentes substâncias orgânicas (THOMAS et al., 1999) e em alguns
casos a absorbância integrada na região-UV pode apresentar uma correlação com a DQO
(MARTINS et al., 2008).
De acordo com a equação 29, a velocidade de remoção da absorbância integrada
durante a ozonização pode ser descrita pela seguinte relação:
tkII =
UV
obsABS(0)ABS
)/ln(
(30)
onde a razão I
ABS
/I
ABS(0)
é a absorbância integrada normalizada (190-310 nm) e k
obs
UV
é a
constante cinética de velocidade de pseudoprimeira ordem.
A Fig. 24 exibe um perfil cinético de pseudoprimeira ordem, a qual descreve a
remoção da absorbância integrada (190-310 nm) em função das condições de pH.
49
Figura 24: Perfil cinético de pseudoprimeira ordem obtido da remoção da absorbância
integrada. ν
EOP
= 1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. Condições: (- - -) pH 4 e (-.-.-.) pH 12.
Uma análise da Fig. 24 mostra que a remoção da absorbância é mais rápida em
condições alcalinas onde ocorre o processo da oxidação indireta envolvendo os radicais
hidroxilas (DA SILVA et al., 2009). A constante cinética de velocidade de pseudoprimeira
ordem, k
obs
UV
, de 7,2x10
-4
min
-1
(t
1/2
= 963 min) e 17,5x10
-4
min
-1
(t
1/2
= 396 min), obtidas no
presente estudo, indicam que a degradação parcial do 2,4-D levando à redução na
concentração dos centros cromóforos, é 2,4 vezes mais rápida em condições alcalinas quando
comparadas com as ozonizações efetuadas em meio ácido.
Visto que o tratamento baseado nas análises UV não é seletivo, temos que a evolução
dos espectros representam as diferentes mudanças estruturais atribuídas aos vários conteúdos
aromáticos (TCHOBANOGLOUS et al., 2003). Como discutido por Martins et al.
(MARTINS et al., 2008), a análise UV efetuada durante os estudos de integração é
interessante visto que a absorbância integrada pode manter uma correlação com a DQO.
A análise dos resultados experimentais revela uma remoção da absorbância integrada
de 19 e 25% para as ozonizações efetuadas em condições ácida e alcalina, respectivamente.
Do ponto de vista teórico, a situação onde a absorbância é totalmente removida
50
durante a ozonização compreende o caso denotado como mineralização total; isto é, a total
conversão dos compostos orgânicos em substâncias minerais.
IV.5 - Remoção do 2,4-D durante a ozonização sob condições de semi-
batelada vista por cromatografia gasosa
A técnica de cromatografia gasosa (CG) foi utilizada na determinação da quantidade
removida na ozonização devida a conversão do 2,4-D para subprodutos ou substâncias
minerais. A Fig. 25 exibe um cromatograma representativo do 2,4-D obtido em condição
ácida (pH 4), o qual é representativo de todas as condições investigadas. Como pode ser
observado na figura, o pico localizado no tempo de retenção de 6,4 min representa o parental
2,4-D. O decréscimo na área deste pico, representando a quantidade de 2,4-D, foi monitorado
durante as ozonizações efetuadas em condições ácidas e alcalinas.
Figura 25: Cromatograma representativo do 2,4-D dissolvido em metanol seco. [2,4-D] = 50
mg dm
-3
. Volume injetado = 2 microlitros (μL).
51
A tabela VII apresenta os valores da área cromatográfica em função do tempo de
ozonização para as diferentes condições investigadas.
Tabela VII - Evolução da área cromatográfica em função do tempo de ozonização e do pH.
pH 4 pH 12
Área /mV tempo/min Área/mV tempo/min
712005 0 710995 0
631492 30 574671 30
606297 45 538126 45
505338 60 463827 60
494624 90 386592 90
463828 120 322217 120
620443 135 277335 135
382472 150 254554 150
343612 180 214148 180
O surgimento de novos picos nos cromatogramas devido à formação de subprodutos
pela ozonização não foi considerada neste trabalho. Pelo contrário, atenção foi dada à
susceptibilidade da oxidação da matéria orgânica (ver discussão a seguir) (SAROJ et al.,
2005; FRANCO et al., 2008; SANTANA et al., 2009). Após tratamento dos dados, a Fig. 26
exibe um perfil cinético de pseudoprimeira ordem representando a remoção do 2,4-D durante
a ozonização efetuada em diferentes condições de pH.
52
Figura 26: Perfil cinético de pseudoprimeira ordem obtido para a remoção do 2,4-D. ν
PEO
=
1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. Condições: (- - -) pH 4 e (-·-· -·-) pH 12.
Analisando a Fig. 26, observa-se que o desaparecimento do 2,4-D é mais pronunciado
em condições alcalinas, corroborando com a tendência geral obtida nos estudos UV
reportados na seção IV.4.2. Segundo Doré et al., (DORÉ et al., 1980), a ozonização de
compostos aromáticos (p.ex., 2,4-D) é interpretada como sendo uma reação em duas etapas:
(i) oxidação conduzindo a abertura do anel arotico (etapa mais rápida) e (ii) oxidação dos
sub-produtos da ozonização (etapa mais lenta) formados na primeira etapa.
Valores obtidos para a constante de velocidade cinética de pseudoprimeira ordem de
44x10
-4
min
-1
(t
1/2
= 158 min) e 72x10
-4
min
-1
(t
1/2
= 96 min) indicam que a remoção de 2,4-D
é 1,6 vezes mais rápida em condições alcalina quando comparada com a ozonização efetuada
em meio ácido.
A degradação do 2,4-D avaliada dos dados de cromatografia gasosa foi de 51,7% e
70% para as ozonizações efetuadas em condições ácida e alcalina, respectivamente. Pode ser
argüido levando-se em consideração estes resultados experimentais que a degradação do 2,4-
53
D não é acompanhada pela concomitante conversão dos subprodutos da ozonização em
substâncias minerais, visto que uma intensa absorbância ainda permanece após 180 minutos
de ozonização (ver figura 23).
Considerando que uma ruptura completa do anel aromático durante a ozonização do
2,4-D foi reportada (DORÉ et al., 1978), pode ser proposto para o presente caso que a razão
molar O
3
/2,4-D na região do filme, necessária para uma degradação considerável do 2,4-D,
não foi conseguida sob as presentes condições experimentais de semi-batelada.
De acordo com a literatura (DORÉ et al., 1980; GIRI et al., 2008), os sub-produtos
mais comuns obtidos durante a oxidação parcial do 2,4-D são derivados clorados estáveis, tais
como 2-clorobenzoquinona (2-CBQ), 2-clorohidroquinona (2-CHQ), 4,6-diclororesorcinol
(4,6-DCR), 2,4-diclororesorcinol (2,4-DCR) e 2,4-diclorofenol (2,4-DCF).
Considerando que a maioria dos subprodutos acima apresentam atividade
espectroscópica na região UV (DORÉ et al., 1980; TCHOBANOGLOUS et al., 2003), é
esperado que permaneça uma considerável absorbância residual para os casos onde somente
seja obtido uma baixa/moderada mineralização da matéria orgânica.
IV.6 - Mineralização parcial durante a ozonização do 2,4-D
De acordo com a literatura (GIRI et al., 2008), a remoção de carbono orgânico total,
COT, da degradação do 2,4-D, segue uma cinética de pseudoprimeira ordem. A Fig. 27
mostra os perfis cinéticos de pseudoprimeira ordem, os quais descrevem a remoção de COT
durante a ozonização do 2,4-D efetuadas em condições ácida e básica.
54
Figura 27: Perfis cinéticos de pseudoprimeira ordem obtidos para a remoção de COT . ν
POE
=
1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. [COT]
0
= 200 mg dm
-3
. Condições (- - -) pH 4 e (---) pH 12.
Os valores das constantes cinéticas, extraídas da Fig. 27, são de 12,1x10
-4
e 25,3x10
-4
min
-1
para as ozonizações efetuadas em condições ácida e alcalina, respectivamente. Além
disso, obteve-se, após 180 min de ozonização, um grau de mineralização de 13 e 26% em
condições ácida e alcalina, respectivamente. Como esperado, um grau de mineralização
superior do 2,4-D foi obtido em condições alcalina, onde ocorre o processo de oxidação não-
seletivo através dos radical hidroxila. Esses resultados são muito similares à aqueles obtidos
na seção IV.4.2, confirmando a existência de uma relação muito próxima entre a remoção da
absorbância integrada e COT (THOMAS et al., 1999).
Os dados experimentais obtidos no presente estudo estão em boa concordância com
outros estudos (GIRI et al., 2008) onde uma constante cinética de velocidade de 15x10
-4
min
-1
foi obtida para a remoção de COT durante a ozonização do 2,4-D.
Deve-se enfatizar, que em todos os estudos de ozonização do 2,4-D, citados como
referência para efeito de comparação com nossos resultados, o ozônio foi obtido utilizando-se
55
o método Corona, diferente de nossa metodologia que utiliza a técnica eletroquímica na
produção de ozônio.
IV.7 - Medidas de DQO
Dependendo das propriedades intrínsecas do agrotóxico, uma relação entre a remoção
da absorbância integrada na região UV e a DQO pode ser encontrada (MARTINS et al.,
2008). Enquanto no caso envolvendo a análise da absorbância integrada nós podemos obter
uma avaliação da evolução da complexidade da matéria orgânica solúvel, tem-se que as
medidas de DQO fornecem informações sobre a quantidade de matéria orgânica sob
condições drástica de oxidação (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION, 1989;
TCHOBANOGLOUS et al., 2003).
A Fig. 28 exibe um perfil cinético de pseudoprimeira ordem representando a remoção
de DQO durante a ozonização em função das condições de pH.
Figura 28: Perfis cinéticos de pseudoprimeira ordem obtidos para a remoção de DQO. ν
PEO
=
1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
. [COD]
0
= 212 mg dm
-3
. Condições: (- - -) pH 4 e (---) pH 12.
56
A análise da Fig. 28 revela que as constantes de velocidade são de 17,8x10
-4
e
26,9x10
-4
para o processo de ozonização efetuado em condições ácidas e alcalinas,
respectivamente. Também foi obtido valores de 18 e 28% para a remoção de DQO após 180
min de ozonização em condições ácida e alcalina, respectivamente.
Uma análise comparativa compreendendo os resultados experimentais obtidos nas
seções anteriores (UV, CG, COT e DQO) revela uma boa concordância dos dados relativos à
degradação do 2,4-D discutidos sob diferentes pontos de vista. A tabela VIII apresenta esta
comparação.
Tabela VIII - Eficiência de degradação obtida através de diferentes métodos de
monitoramento.
Taxa de degradação Método de
Monitoração
pH 4 pH 12
UV 19% 25%
CG 52% 70%
COT 13% 26%
DQO 18% 28%
Como já argüido anteriormente, a razoável degradação obtida através da cromatografia
gasosa, não é acompanhada pela abertura do anel aromático e/ou mineralização dos
subprodutos da ozonização. Este fato é comprovado pela intensa absorção que ainda
permanece na região do UV (ver Fig. 23).
IV.8 - Susceptibilidade da oxidação da matéria orgânica durante a
ozonização
A extensão da oxidação do 2,4-D através da ozonização foi determinada observando-
se o declínio nos valores de DQO das amostras ozonizadas, onde o declínio na DQO pode ser
atribuído parcialmente a mineralização, caso no qual a porção mineralizada de carbono
57
deixará de contribuir com a DQO. Em adição, o declínio na DQO tamm pode ser
parcialmente atribuído a oxidação parcial, mas não a completa mineralização das moléculas
orgânicas (TCHOBANOGLOUS et al., 2003).
A degradação parcial de substâncias recalcitrantes (p.ex., pesticidas e herbicidas)
levando à formação de substâncias orgânicas com menor toxidade, em comparação ao
composto parental, tem sido um dos principais interesses na aplicação do ozônio, visto que
nesses casos a matéria orgânica resultante pode ser posteriormente degradada por processos
naturais ocorrendo nos ambientes terrestres e aquáticos (TCHOBANOGLOUS et al., 2003).
Neste contexto, a susceptibilidade à oxidação da matéria orgânica degradada,
γ
=
DQO/COT, torna-se um parâmetro importante para propósitos ambientais, visto que ele pode
ser utilizado para avaliar mudanças na recalcitrância e/ou toxidade da matéria orgânica
(SAROJ et al., 2005). De modo a elucidar este ponto, a razão
γ
= DQO/COT das amostras
ozonizadas foi determinada em função do pH e do tempo de ozonização.
A evolução de
γ
durante a ozonização efetuada em condições ácida e alcalina é
apresentada na Fig. 29. Observa-se um declínio na razão DQO/COT com o tempo de
ozonização, especialmente em condições alcalinas. Este comportamento sugere que o carbono
orgânico remanescente em solução após a ozonização está, em média, num estado de
oxidação superior comparado a antes da ozonização (MOMANI et al., 2004; SAROJ et al.,
2005).
58
Figura 29: Evolução da viabilidade de oxidação da matéria orgânica (
γ
= DQO/COT) com o
tempo de ozonização e o pH.
ν
PEO
= 1.10 g h
1
. [D]
0
= 50 mg dm
-3
.
Uma análise da Fig. 29 revela que
γ
diminui durante a ozonização, especialmente em
condições alcalinas. Esses resultados indicam que a ozonização (processos de oxidação direta
com O
3
e indireta com HO
) levam a um aumento na susceptibilidade à oxidação da matéria
orgânica formada durante a ozonização.
IV.9 – Variação do pH do meio reacional com o tempo de ozonização
Tem sido observado que a degradação de organoclorados é normalmente
acompanhada de uma variação do pH reacional (CHEN, 2000; ZHANG et al., 2004). Esta
variação com o tempo de ozonização tem sido atribuída à formação de ácidos orgânicos e
inorgânicos originados da oxidação parcial do composto e do consumo de íons OH
-
durante o
59
processo de análise do O
3
em fase aquosa, (CHEN, 2000). A figura 30 mostra a variação do
pH do meio reacional com o tempo de ozonização, t, para o 2,4-D.
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
2
4
6
8
10
12
A
B
pH
t / min
Figura 30: Variação do pH durante a degradação do 2,4-D.(A) = pH 4 ou natural; (B) = pH
12. [O
3
]
A
= 0,92 g h
-1
; [O
3
]
B
= 0,61 g h
-1
. (
Φ
RFO
)
A
= 13,38 % ; (
Φ
RFO
)
A
= 11,39 %. T = 25º C.
Durante as degradações realizadas em condições ácida (pH 4), o pH praticamente não
varia , mas em meio alcalino o pH vai decaindo com o passar das degradações como é
observado na figura 30.
De acordo com a Fig. 30, nos primeiros 45 minutos o pH cai para 11 e decresce a 10
após 145 minutos de ozonização. Já em meio natural o pH se mantêm constante nos 180
minutos de exposição ao ozônio. De acordo com Zhang et al. (ZHANG et al., 2004), a
redução do pH a valores inferiores a 7, normalmente observada durante ozonizações
prolongadas em meios neutros ou alcalinos, é resultante da formação de ácido carboxílico.
Este é um importante fator que dificulta a oxidação completa do pesticida a CO
2
. Além disso,
o meio básico ajuda na decomposição do ozônio (E
0
= 1,51 v) em espécies radicalares com
elevado potencial de oxidação, como é o caso do radical hidroxila (E
0
= 2,80 V). Assim, de
acordo com Sarasa et al., (SARASA et al., 1998) ; Chen et al.,(CHEN et al., 2000) , a
60
redução do pH observada na Fig. 30 também pode estar vinculada à formação do radical
hidroxila que envolve o consumo de íons OH
-
.
IV.10 - Caracterização dos processos oxidativos elementares envolvidos na
reação de ozonização.
A discriminação do tipo de processo elementar ocorrendo durante a oxidação das
amostras pode ser determinada experimentalmente, permitindo verificar a predominância da
reação direta ou indireta. Entretanto, estudos mostram que a quantificação do radical hidroxila
em solução é uma difícil tarefa experimental devido a sua elevadíssima reatividade com todas
as espécies em fase aquosa resultando numa concentração estacionária muito baixa (< 10
-12
mol dm
-3
) (VON GUNTEM, 2003).
Face a estas considerações, no presente trabalho, a discriminação entre os
processos direto e indireto foi feita assumindo-se que em meio ácido e básico, as espécies
oxidantes em concentração apreciável são o O
3
e HO
, respectivamente. Assim, a
quantificação da reação de degradação, devido aos processos direto e indireto, pode ser
efetuada a partir da análise do parâmetro
R
k
, o qual é definido pela seguinte razão:
R
k
=
3
O
obs
HO
obs
k
k
(31)
A partir da eq.31 pode-se distinguir os seguintes casos limites: (i)
R
k
> 1: a reação
de oxidação via processo indireto;
R
k
< 1: reação de oxidação via processo direto e (iii) R
k
1, ambos processos, indireto e direto, são importantes. A tabela IX mostra os valores de
R
k
em função do pH e das diferentes abordagens experimentais utilizadas para a determinação da
constante de velocidade.
61
Tabela IX - Influência do pH sobre o parâmetro R
k
.
TÉCNICAS
pH 4
R
K
pH 12
R
K
UV k
obs
UV
7,2x10
-4
17,5x10
-4
2,43
CROMATOGRAFIA
K
obs
CG
44X10
-4
72X10
-4
1,64
COT
K
obs
COT
12,1X10
-4
25,3X10
-4
2,1
DQO
K
obs
DQO
17,8X10
-4
26,9X10
-4
1,51
A análise dos dados da tabela IX permite verificar que os valores de
R
k
, calculados a
partir de diferentes abordagens experimentais, apresenta valores sempre superiores a unidade.
Isso significa que a cinética de degradação, ocorre preferencialmente através da reação com
os radicais HO
, confirmando os comentários já feitos nas seções anteriores.
V – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Os resultados experimentais dos estudos de degradação do 2,4-D por oxidação direta
(O
3
) e indireta (HO
) revelaram que a reação de ozonização, avaliada por diferentes
abordagens experimentais, apresentou um perfil cinético comum de pseudoprimeira ordem.
Os estudos cinéticos de degradação efetuados em função do pH, revelaram que a
ozonização pode conduzir a degradação parcial do 2,4-D gerando sub-produtos, os quais
apresentam uma recalcitrância inferior a substância parental (2,4-D).
Verificou-se que a degradação do 2,4-D e os processos de mineralização procedem mais
rapidamente em condições alcalinas via “oxidação indireta” devido a ação do radical
hidroxila, HO
.
As análises efetuadas por UV indicam que, após 180 min de ozonização, permanece
uma intensa absorbância enquanto as análises por cromatografia gasosa revelaram uma
considerável remoção de 2,4-D.
62
Umas interpretações racionalizadas dos diferentes resultados experimentais indicam que
a ozonização foi eficiente na conversão do composto parental (2,4-D) para subprodutos da
ozonização. Entretanto, os elevados valores de DQO e COT, obtidos após 180 min de
ozonização, revelaram que somente uma pequena quantidade de matéria orgânica foi
convertida em substâncias minerais.
A análise da razão DQO/COT revelou que a ozonização produz um decréscimo na
susceptibilidade à oxidação da matéria orgânica (subprodutos da ozonização), indicando
assim que foram formadas substâncias menos prejudiciais para o ambiente em comparação ao
2,4-D.
Finalmente, os resultados mostram que uma sequência natural das futuras atividades,
envolve a realização de novas degradações do 2,4-D visando a separação e análise dos
produtos intermediários e finais para poder propor um mecanismo que possa descrever a
reação de ozonização do 2,4-D.
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