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Tese de Doutorado
´
Algebras de Hopf em
Teorias Quˆanticas Deformadas
Paulo Guilherme Santos Couto de Castro
Orientador: Francesco Toppan
Centro Brasileiro de Pesquisas F´ısicas
Coordena¸ao de F´ısica Torica
Rio de Janeiro
Agosto de 2010
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Τοῖς ζητοῦσὶ τι πρᾶγμα εὕρεσιν ἐπακολουθεῖν εἰκὸς ἄρνησιν
εὑρέσεως καὶ ἀκαταληψίας ὁμολογίαν ἐπιμονὴν ζητήσεως.
Sexto Emp´ırico
Para Isabel
ii
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Sum´ario
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v
Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi
Introdu¸ao 1
1
´
Algebras de Hopf e Drinfel’d Twist 5
1.1
´
Algebras de Hopf . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Drinfel’d Twist . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3
´
Algebra Universal Envelopante e seu Drinfel’d Twist . . . . . 20
2
´
Algebras de Heisenberg Bosˆonicas: Primeira e Segunda Quan-
tiza¸oes 27
2.1
´
Algebra de Heisenberg Deformada . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2 Segunda Quantiza¸ao e Osciladores de
Wigner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.3
´
Algebras de Heisenberg Estendidas . . . . . . . . . . . . . . . 42
3
´
Algebras de Heisenberg Fermiˆonicas e Mecˆanica Quˆantica
Supersim´etrica Deformada 45
3.1
´
Algebra de Heisenberg Fermiˆonica e
´
Algebra de Supersimetria
Unidimensional N -estendida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2 Representa¸ao de superespa¸co . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.2.1 O caso N = 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2.2 O caso N = 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Conclus˜ao 65
Referˆencias 67
iii
Agradecimentos
Ao meu Doktorvater Francesco Toppan, pelo muito que me ensinou, por
sua disponibilidade, generosidade e paciˆencia.
Aos Professores Biswajit Chakraborty e Zhanna Kuznetsova, pela praze-
rosa e produtiva colabora¸ao cient´ıfica.
Ao Professor Mario Novello, pela acolhida em meus primeiros tempos no
CBPF.
Aos meus colegas, em especial Ricardo Kullock, Rodrigo Maier e Thiago
Guerreiro, pela amizade e agrad´aveis conv´ıvio e intercˆambio de ideias.
`
A minha fam´ılia e aos meus amigos, fontes inesgot´aveis de est´ımulo e
apoio.
Aos funcion´arios do CBPF, pela presteza em ajudar sempre.
O autor contou com bolsa do CNPq.
iv
Resumo
Neste trabalho faremos uso da teoria de Drinfel’d de deforma¸ao de ´algebras
de Hopf para estudar teorias quˆanticas deformadas.
Demonstramos que, identificando-se corretamente o papel da extens˜ao
central da ´algebra de Heisenberg, ´e poss´ıvel construir sua ´algebra universal
envelopante e deform´a-la por meio do Drinfel’d twist, obtendo-se uma teoria
ao comutativa. No formalismo de segunda quantiza¸ao, mostramos que
a estrutura de ´algebra de Hopf da ´algebra de Heisenberg (n˜ao deformada
e deformada) pode ser obtida a partir da ´algebra de Hopf dos campos e
osciladores de Schr¨odinger, desde que eles sejam considerados como geradores
da super´algebra osp(1|2).
Estudamos a deforma¸ao da ´algebra de Heisenberg fermiˆonica e apresen-
tamos uma identifica¸ao com a ´algebra da mecˆanica quˆantica supersim´etrica
unidimensional N -estendida, poss´ıvel para N par. Apresentamos ainda uma
segunda constru¸ao para a deforma¸ao da mecˆanica quˆantica supersim´etrica
unidimensional N -estendida, por meio da representa¸ao de superespa¸co, em
que os geradores de supersimetria ao realizados em termos de operadores da
super´algebra universal envelopante de um oscilador bosˆonico e m´ultiplos os-
ciladores fermiˆonicos. Para as duas constru¸oes, recuperamos, num contexto
mais geral, resultados de cliffordiza¸ao conhecidos na literatura.
v
Abstract
In this work we apply the Drinfel’d twist of Hopf algebras to the study of
deformed quantum theories.
We prove that, by carefully considering the role of the central exten-
sion, it is indeed possible to construct the universal enveloping algebra of
the Heisenberg algebra and deform it by means of a Drinfel’d twist, which
yields a noncommutative theory. Furthermore, we show that in the second-
quantisation formalism the Hopf-algebra structure of the Heisenberg algebra
(both undeformed and deformed) can be obtained from the Hopf algebra of
the Schr¨odinger fields and oscillators, as long as they are taken to be odd
generators of the osp(1|2) superalgebra.
We study the deformation of the fermionic Heisenberg algebra and pre-
sent an identification with the algebra of the one-dimensional N -extended
supersymmetric quantum mechanics, possible for even N . A second construc-
tion for the deformation of the one-dimensional N -extended supersymmetric
quantum mechanics is presented in the superspace representation, where the
supersymmetry generators are realised in terms of operators belonging to
the universal enveloping superalgebra of one bosonic and several fermionic
oscillators. In both constructions we recover, in a more general setting, some
Cliffordization results of the literature.
vi
Introdu¸ao
As divergˆencias afligem a mecˆanica quˆantica desde os seus prim´ordios [1].
A possibilidade de resolver-se o problema das divergˆencias introduzindo-se
um comprimento fundamental como regulador ultravioleta natural foi pri-
meiro aventada por Heisenberg [2]. A ideia, inspirada na pr´opria rela¸ao de
incerteza momento-posi¸ao, ´e a de que, em escalas menores que a distˆancia
elementar, os conceitos de ponto e instante deixem de fazer sentido, sendo
substitu´ıdos por uma no¸ao difusa de espa¸co-tempo. A maneira mais simples
de implementar a ao comutatividade do espa¸co-tempo ´e por meio de uma
rela¸ao do tipo
[x
µ
, x
ν
] =
µν
,
com θ
µν
uma matriz antissim´etrica constante. Esta rela¸ao de comuta¸ao
induz a rela¸ao de incerteza
x
µ
x
ν
1
2
|θ
µν
|,
com |θ
µν
| da ordem de grandeza do quadrado da distˆancia elementar.
Um candidato natural para este comprimento (ver [3], [4]) ´e o chamado
1
comprimento de Planck
P
=
G
c
3
,
que combina as constantes fundamentais da natureza (constante de Newton
G, constante de Planck e velocidade da luz c) de modo dimensionalmente
apropriado. Por tratar-se de uma constante da natureza, e ao de um corte
imposto pela m˜ao do homem, este regulador ultravioleta seria extremamente
benvindo na teoria quˆantica.
No entanto, ´e imediato ver que uma teoria deste tipo ´e manifestamente
ao covariante de Lorentz. Com efeito, as coordenadas x
µ
transformam-se
como vetores enquanto θ
µν
´e constante em todos os referenciais.
A fim de evitar esta inconveniˆencia, Snyder introduziu em [5] a rela¸ao
de comuta¸ao
[x
µ
, x
ν
] = (x
µ
p
ν
x
ν
p
µ
),
que ´e claramente covariante sob transforma¸oes de Lorentz. No entanto, pro-
vavelmente devido tanto `a falha em realizar predi¸oes experimentais acuradas
quanto ao grande sucesso das t´ecnicas de renormaliza¸ao, esta proposta re-
cebeu pouca aten¸ao `a ´epoca. Assim, a teoria quˆantica com espa¸co-tempo
ao comutativo passou por um per´ıodo longo de ostracismo.
O interesse ressurgiu com Seiberg e Witten [6], que mostraram que a te-
oria de cordas, num certo limite de baixas energias, pode ser realizada como
uma teoria quˆantica de campos efetiva num espa¸co-tempo ao comutativo.
Tal ressurgimento foi tamb´em, em grande medida, propiciado pelos desen-
volvimentos matem´aticos ocorridos na d´ecada de 80, como veremos a seguir.
Desde ent˜ao, teorias ao comutativas tˆem sido ´area de intensa pesquisa, e
2
para revis˜ao do assunto indicamos, e.g., [7], [8] e [9].
Os desenvolvimentos matem´aticos a que nos referimos acima foi a in-
trodu¸ao do conceito de grupo quˆantico por Drinfel’d ([10], [11]) e Jimbo
[12], inicialmente no contexto de sistemas quˆanticos integr´aveis. A ideia ´e
que, se a estrutura do espa¸co-tempo ´e deformada, os grupos de simetria que
agem sobre ele ao podem deixar de e-lo. No entanto, grupos e ´algebras de
Lie, que implementam as simetrias, ao objetos ditos r´ıgidos, ou seja, insus-
cet´ıveis de deforma¸ao. Portanto, para or em pr´atica o programa de defor-
mar os grupos de simetria foi necess´ario lan¸car ao das ´algebras de Hopf,
nascidas muito antes no seio da topologia alg´ebrica [13] e tema de interesse
dos matem´aticos desde ent˜ao (ver os cl´assicos [14], [15] e, mais recentemente,
[16]).
As ´algebras de Hopf fornecem, portanto, o cen´ario matem´atico adequado
para empreender o estudo dos grupos quˆanticos. O assunto ´e imensamente
vasto e ramificado, e encontra-se bem exposto, por exemplo, em [17] e [18].
Para uma interessante coletˆanea de artigos pioneiros, ver [19].
Este formalismo permitiu, por exemplo, reconciliar a n˜ao comutatividade
com a covariˆancia de Lorentz: em [20], o problema ´e sanado considerando-
se o espa¸co comutativo subjacente (portanto manifestamente covariante de
Lorentz) dotado de um produto deformado, produto este que ´e implementado
por meio de um Drinfel’d twist.
Neste trabalho, aplicaremos a maquinaria das ´algebras de Hopf e do Drin-
fel’d twist `as ´algebras de Heisenberg bosˆonicas e fermiˆonicas. No cap´ıtulo
1, expomos (sucintamente) a teoria asica geral das ´algebras de Hopf e do
Drinfel’d twist e, em particular, como aplic´a-la `a ´algebra universal envelo-
3
pante de uma ´algebra de Lie. No cap´ıtulo 2, inicialmente mostramos que,
a despeito de afirma¸oes em contr´ario, ´e, sim, poss´ıvel construir a ´algebra
universal envelopante da ´algebra de Heisenberg dotada de uma estrutura de
´algebra de Hopf, e estudamos sua deforma¸ao tanto no contexto de primeira
quantiza¸ao quanto no contexto em que ela ´e realizada por meio de obje-
tos bilineares integrados dos campos e osciladores de Schr¨odinger (segunda
quantiza¸ao), o que ´e feito lan¸cando-se ao dos osciladores de Wigner. No
cap´ıtulo 3, estudamos a deforma¸ao da ´algebra de Heisenberg fermiˆonica
e apresentamos uma identifica¸ao com a ´algebra da mecˆanica quˆantica su-
persim´etrica unidimensional N -estendida, poss´ıvel para valores pares de N .
Estudamos tamem a deforma¸ao da mecˆanica quˆantica supersim´etrica em
sua representa¸ao de superespa¸co (poss´ıvel para qualquer N ), recuperando,
num contexto mais geral, alguns resultados da literatura pr´evia de teorias
ao anticomutativas com viola¸ao da regra de Leibniz ([21], [22]).
Os resultados originais desta tese encontram-se em [23] e [24].
4
Cap´ıtulo 1
´
Algebras de Hopf e Drinfel’d
Twist
Neste cap´ıtulo faremos uma breve exposi¸ao das estruturas matem´aticas que
ser˜ao necess´arias ao entendimento dos cap´ıtulos subsequentes.
1.1
´
Algebras de Hopf
Considere um espa¸co vetorial A sobre um corpo k e os mapas k-lineares
µ : A A A e η : k A. Chamamos (A, µ, η), ou simplesmente A, uma
´algebra associativa com unidade (ou unital) se os diagramas
A A A
idµ
µid
A A
µ
A A
µ
A
5
e
k A
ηid
A A
µ
t
t
t
t
t
t
t
t
t
t
t
A
A k
idη
comutarem.
O mapa µ ´e chamado de multiplicao e o mapa η de unidade, e µ e
η ao chamados estruturas ou mapas estruturais da ´algebra. Denotamos
µ(a b) = a · b (a, b A). O primeiro diagrama corresponde `a propriedade
da associatividade, que tamb´em pode ser expressa como
(a · b) · c = a · (b · c), (1.1)
a, b, c A.
O segundo diagrama garante a existˆencia da unidade `a esquerda e `a direita
1 em A , com η(1) = 1 (1, evidentemente, ´e a unidade em k).
A no¸ao de calgebra (ou ogebra) pode ser introduzida de forma natural
dualizando-se (no sentido de teoria de categorias [25]) as defini¸oes acima.
Em particular, o sentido das setas dos diagramas deve ser invertido. Assim
sendo, considere um espa¸co vetorial C sobre o corpo k e os mapas k-lineares
: C C C e : C k. Chamamos (C, , ), ou por simplicidade C,
6
uma calgebra se os diagramas
C C C C C
id
C C
id
C
e
k C
C C
id
id
C
s
s
s
s
s
s
s
s
s
s
s
C k
comutarem.
O mapa ´e chamado de coproduto ou comultiplicao e o mapa cou-
nidade, sendo e conhecidos como coestruturas ou mapas coestruturais
da co´algebra. Conv´em aqui introduzir a nota¸ao de Sweedler (ver [14]), ou
nota¸ao sigma, que consiste em suprimir os ´ındices de soma na express˜ao do
coproduto, isto ´e,
∆(a) =
i
(a
1
)
i
(a
2
)
i
a
1
a
2
, (1.2)
a C.
A propriedade correspondente ao primeiro diagrama ´e conhecida como
coassociatividade, e equivale `a express˜ao
∆(a
1
) a
2
= a
1
∆(a
2
), (1.3)
7
enquanto a propriedade de counitariedade contida no segundo diagrama ´e
garantida por (1) = 1, onde evidentemente denotamos por 1 a unidade em
C e por 1 a unidade em k, valendo a rela¸ao
(a
1
) a
2
= a
1
(a
2
). (1.4)
Usamos a nota¸ao µ
A
, η
A
, 1
A
e
C
,
C
para situa¸oes em que a arias
´algebras ou ogebras, omitindo o subscrito quando ao houver risco de con-
fus˜ao.
Sejam agora A e
˜
A ´algebras e h : A
˜
A um mapa linear. Dizemos
que h ´e um homomorfismo de ´algebras se ele for multiplicativo e preservar a
unidade, isto ´e, os diagramas
A A
hh
µ
A
˜
A
˜
A
µ
˜
A
A
h
˜
A
e
A
h
˜
A
k
η
A
b
b
b
b
b
b
b
b
η
˜
A
Ð
Ð
Ð
Ð
Ð
Ð
Ð
comutarem.
8
Tais condi¸oes podem ser expressas, respectivamente, como
h(a · b) = h(a)
˜
·h(b) (1.5)
h(1
A
) = 1
˜
A,
(1.6)
onde a, b A, · ´e a multiplica¸ao em A e
˜
· a multiplica¸ao em
˜
A.
Analogamente, para C e
˜
C co´algebras, um mapa linear g : C
˜
C ´e
dito um homomorfismo de calgebras se ele for comultiplicativo e preservar
a counidade, isto ´e, os diagramas
C C
gg
˜
C
˜
C
C
g
C
˜
C
˜
C
e
C
g
C
b
b
b
b
b
b
b
b
˜
C
˜
C
Ð
Ð
Ð
Ð
Ð
Ð
Ð
k
comutarem.
A informa¸ao contida nos diagramas pode ser escrita simplesmente como
˜
C
(g(c)) = g(c
1
) g(c
2
) (1.7)
˜
C
(g(1
C
)) = 1, (1.8)
onde c C e c
1
c
2
= ∆
C
(c).
9
Seja agora (B, µ, η) uma ´algebra sobre k e (B, , ) uma co´algebra sobre
k. Chamamos (B, µ, η, , ), ou simplesmente B, uma bi´algebra (ou b´ıgebra)
se as estruturas µ e η e as coestruturas e forem compat´ıveis, isto ´e, µ e η
forem homomorfismos de co´algebra e ∆ e forem homomorfismos de ´algebra.
A compatibilidade entre estruturas e coestruturas exprime-se diagrama-
ticamente como a comutatividade dos diagramas
B B
µ
B
B B
B B B B
idτid
B B B B,
µµ
B
B B
k
η
k k,
ηη
B B
µ
B
k k
k
e
k
η
b
b
b
b
b
b
b
b
id
k,
B
10
com τ : a b → b a o chamado mapa de troca ou transposi¸ao.
Em ormulas, o conte´udo dos diagramas ´e, respectivamente,
∆(a · b) = a
1
· b
1
a
2
· b
2
(1.9)
∆(1) = 1 1 (1.10)
(a · b) = (a)(b) (1.11)
(1) = 1, (1.12)
onde a, b B e a multiplica¸ao em k ´e indicada pela simples justaposi¸ao.
Essas express˜oes ser˜ao muito usadas no decorrer desta tese.
Seja agora A uma ´algebra e C uma co´algebra. Tomemos Hom(C, A) (C
e A como espa¸cos vetoriais). Definimos, para f, g Hom(C, A), a opera¸ao
de convolu¸ao
f g = µ
A
(f g)∆
C
. (1.13)
Hom(C, A) tem uma estrutura natural de ´algebra com mapas estruturais
dados por
µ
Hom(C,A)
(f g) = f g (1.14)
η
Hom(C,A)
(λ) = λη
A
C
, (1.15)
λ k.
Considere agora H uma bi´algebra. Se existir S Hom(H, H) tal que
S 1
Hom(H,H)
= 1
Hom(H,H)
S = η
H
H
, (1.16)
11
(H, µ, η, , , S), ou por simplicidade H, ´e uma ´algebra de Hopf. O elemento
S : H H ´e chamado de ant´ıpoda ou coinversa. Se existir, tal elemento ser´a
´unico, o que decorre diretamente de ser uma inversa `a esquerda e `a direita.
A equa¸ao (1.16) ´e, aplicando-se a defini¸ao de convolu¸ao, equivalente a
µ (S id) ∆ = µ(id S)∆ = η , (1.17)
de modo que a defini¸ao de ´algebra de Hopf pode ser apreendida pela comu-
tatividade do diagrama
H H
Sid
H H
µ
r
r
r
r
r
r
r
r
r
H
v
v
v
v
v
v
v
v
v
r
r
r
r
r
r
r
r
r
k
η
H.
H H
idS
H H
µ
v
v
v
v
v
v
v
v
v
Como consequˆencia direta da defini¸ao, S ´e um antiautomorfismo de H
e valem, para a, b H,
S(a · b) = S(b) · S(a) (1.18)
S(1) = 1 (1.19)
(S(a)) = (a) (1.20)
∆(S(a)) = a
2
a
1
. (1.21)
Se S
2
= 1
Hom(H,H)
= id
H
, H ´e dita involutiva. Em particular, se H ´e
comutativa ou cocomutativa (τ ∆ = ∆), ent˜ao H ´e involutiva.
12
Voltamos agora nossa aten¸ao para a quest˜ao das representa¸oes de uma
´algebra de Hopf, que ser˜ao dadas pela ao de H (aqui encarada simplesmente
como ´algebra) sobre um odulo.
Seja M um k-m´odulo (i.e., um espa¸co vetorial; para maiores detalhes, ver
o cap´ıtulo 12 de [26]) e H uma ´algebra. Dizemos que M ´e um H-m´odulo `a
esquerda se existir um mapa linear
α : H M M
tal que os diagramas
H H M
idα
µid
H M
α
H M
α
M
e
k M
ηid
H M
α
M
id
M
M
comutam.
O mapa α ´e chamado uma ao `a esquerda de H sobre M e o par (α, M)
uma representa¸ao de H.
13
Equivalentemente aos diagramas, podemos dizer que o mapa
ρ : H End(M)
h → α(h ) (1.22)
´e um homomorfismo de ´algebras (com a multiplica¸ao em End(M) dada pela
composi¸ao), o que ´e uma maneira mais convencional de ver que (α, M)
constitui uma representa¸ao de H.
Por simplicidade, denotamos a ao pelo s´ımbolo , ou seja, α(h, v) =
h v, h H, v M. Assim, o conte´udo dos diagramas pode ser expresso
como
(h · g) v = h (g v) (1.23)
1 v = v, (1.24)
g, h H, v M.
Todos estes conceitos podem ser dualizados, obtendo-se as no¸oes de H-
com´odulo, coao e correpresenta¸ao, sobre os quais ao nos deteremos. As
no¸oes de H-m´odulo `a direita e ao `a direita ao inteiramente an´alogas.
Consideremos agora o caso mais interessante em que o H-m´odulo `a es-
querda M ´e uma ´algebra, com multiplica¸ao m : M M M. Dizemos
que H age covariantemente sobre M se a multiplica¸ao m for respeitada pela
14
ao de H, i.e.,
h (m(v w)) = m((h
1
v) (h
2
w)) (1.25)
h 1
M
= (h)1
M
, (1.26)
h H, v, w M. Neste caso, diz-se que m ´e equivariante com respeito `a
ao α, e que M ´e uma H-m´odulo-´algebra.
a algumas oes not´aveis de H sobre si mesma, como a chamada ao
regular, dada pela multiplica¸ao µ, e a ao adjunta, dada por
ad
g
(h) = g
1
· h · S(g
2
), (1.27)
g, h H. A ao adjunta torna H uma H-m´odulo-´algebra e fornece a repre-
senta¸ao adjunta de H.
1.2 Drinfel’d Twist
Nesta se¸ao introduziremos o conceito de ´algebras de Hopf quase-triangulares,
introduzido em [10] (para uma revis˜ao, ver [27]) e apresentaremos um m´etodo
sistem´atico para produzir exemplos, o chamado Drinfel’d twist.
Uma ´algebra de Hopf H ´e quase-cocomutativa se existir um elemento
invert´ıvel R H H tal que
(τ ∆)(a) = R · ∆(a) · R
1
(1.28)
a H.
15
Denotando
R = R
α
R
α
, R
1
=
¯
R
α
¯
R
α
, (1.29)
onde est´a subentendida uma soma sobre o multi-´ındice α, ´e conveniente in-
troduzir
R
12
= R
α
R
α
1 (1.30)
R
13
= R
α
1 R
α
(1.31)
R
23
= 1 R
α
R
α
. (1.32)
Uma ´algebra de Hopf quase-cocomutativa ´e dita quase-triangular se
(∆ id)R = R
13
R
23
(1.33)
(id ∆)R = R
13
R
12
. (1.34)
O elemento R ´e chamado estrutura quase-triangular ou matriz-R universal.
Adicionalmente, se R
1
= τ(R), H ´e dita triangular. Toda ´algebra de Hopf
cocomutativa ´e trivialmente triangular com R = 1 1.
Como consequˆencia da defini¸ao, temos que a estrutura quase-triangular
R satisfaz `a rela¸ao
R
12
R
13
R
23
= R
23
R
13
R
12
, (1.35)
que ´e a chamada equa¸ao de Yang-Baxter quˆantica ([28–30], [31]). Esta
equa¸ao, por emergir em diversos sistemas f´ısicos, serviu de motivao origi-
nal para o estudo de ´algebras de Hopf quase-triangulares: para cada repre-
senta¸ao ρ de H em matrizes, (ρ ρ)R ´e uma solu¸ao matricial de (1.35),
16
da´ı R ser conhecida como matriz-R universal. Para mais detalhes, ver, e.g.,
[27].
Para provar que R satisfaz `a equa¸ao de Yang-Baxter quˆantica, aplicamos
(id τ ) a (1.34) obtendo
(id τ ∆)R = (id τ )R
13
R
12
= R
12
R
13
, (1.36)
e, por outro lado, fazemos uso da condi¸ao de quase-cocomutatividade (1.28)
(id τ ∆)R = R
23
((id ∆)R)R
1
23
= R
23
R
13
R
12
R
1
23
. (1.37)
Como R
23
´e invert´ıvel, (1.35) se verifica.
Agora, passamos a expor o etodo do Drinfel’d twist (ver [32]), que
pode ser usado para gerar ´algebras de Hopf quase-triangulares a partir da
deforma¸ao de ´algebras de Hopf cocomutativas. Para tanto, iniciemos por al-
gumas defini¸oes. Seja H uma ´algebra de Hopf. Um 2-cociclo ´e um elemento
invert´ıvel ξ H H tal que
(1 ξ)(id ∆)ξ = (ξ 1)(∆ id)ξ. (1.38)
O 2-cociclo ξ ´e dito counit´ario se
( id)ξ = 1 = (id )ξ. (1.39)
Sejam agora (H, µ, η, , , S) uma ´algebra de Hopf cocomutativa e F
H H um 2-cociclo counit´ario. Temos que χ = µ(id S)F ´e um elemento
17
invert´ıvel de H com χ
1
= µ(S id)F
1
.
Definindo
F
: H H H e S
F
: H H como
F
(a) = F∆(a)F
1
(1.40)
S
F
(a) = χS(a)χ
1
, (1.41)
(H, µ, η,
F
, , S
F
) ´e uma ´algebra de Hopf triangular com matriz-R universal
dada por
R = F
21
F
1
. (1.42)
Denotamos a ´algebra de Hopf torcida (H, µ, η,
F
, , S
F
) por H
F
.
´
E de
se ressaltar que, como ´algebra, H
F
´e idˆentica a H (i.e., ao o mesmo espa¸co
vetorial e as estruturas alg´ebricas ao ao deformadas). O elemento F ´e
chamado de twist, e a nota¸ao
F = f
α
f
α
, F
1
=
¯
f
α
¯
f
α
, (1.43)
com soma sobre o multi-´ındice α, ser´a usada adiante.
Para provar que H
F
´e uma ´algebra de Hopf, devemos mostrar que
F
´e
coassociativo, i.e.,
(∆
F
id)∆
F
(a) = (id
F
)∆
F
(a), (1.44)
e que S
F
´e um ant´ıpoda, ou seja,
(S
F
id)∆
F
(a) = (id S
F
)∆
F
(a), (1.45)
18
a H. A demonstra¸ao envolve ao-somente aplica¸ao direta das defini¸oes,
das propriedades (1.18), (1.21) e da condi¸ao de 2-cociclo counit´ario (1.38),
(1.39).
Passamos a provar a triangularidade de H
F
. Inicialmente, verificamos
que H
F
´e quase-cocomutativa:
τ
F
= F
21
F
1
21
= RFF
1
R
1
= R
F
R
1
. (1.46)
Devemos mostrar que R definido em (1.42) ´e uma estrutura quase-triangular,
i.e.,
(∆
F
id)R = R
13
R
23
(1.47)
(id
F
)R = R
13
R
12
, (1.48)
o que requer apenas manipula¸oes das propriedades asicas e da condi¸ao de
2-cociclo, al´em da cocomutatividade de H. Por fim, ´e evidente que
R
21
= FF
1
21
= R
1
. (1.49)
Tomemos agora uma H-m´odulo-´algebra M dotada de multiplica¸ao m so-
bre a qual H age covariantemente no sentido de (1.25)–(1.26). Por defini¸ao,
v w = m
F
(v w) = m(F
1
(v w)), (1.50)
v, w M. Neste caso, m
F
define uma nova ´algebra associativa M
que ´e
covariante sob a ao da ´algebra de Hopf deformada H
F
definida anterior-
19
mente. A prova desta afirma¸ao ´e simples. A associatividade de segue da
condi¸ao de 2-cociclo satisfeita por F. Para provar a equivariˆancia de m
F
,
basta ver que h (m
F
(v w)) = m
F
(∆
F
(h) (v w)):
h (m
F
(v w)) = h m(F
1
(v w)) = m(∆(h)F
1
(v w)) =
= m(F
1
F∆(h)F
1
(v w)) = m
F
(∆
F
(h) (v w)).(1.51)
1.3
´
Algebra Universal Envelopante e seu Drin-
fel’d Twist
Neste trabalho, a ´unica ´algebra de Hopf com que lidaremos ser´a a ´algebra
universal envelopante de uma ´algebra de Lie sobre o corpo dos complexos C,
conforme veremos a seguir.
Recapitulemos, primeiramente, a defini¸ao de ´algebra de Lie. Sejam g
um espa¸co vetorial sobre um corpo k e [·, ·] : g × g g uma opera¸ao bin´aria
bilinear ([αx + βy, z] = α [x, z] + β [y, z] e [z, αx + βy] = α [z, x] + β [z, y]
α, β k, x, y, z g).
Se [·, ·] satisfizer a propriedade de antissimetria e a identidade de Jacobi,
[x, y] + [y, x] = 0 (1.52)
[x, [y, z]] + [z, [x, y]] + [y, [z, x]] = 0, (1.53)
(g, [·, ·]), ou simplesmente g, ´e chamada uma ´algebra de Lie.
As ´algebras de Lie ao ao associativas, o que impossibilita a aplica¸ao
da t´ecnica do Drinfel’d twist, como ´e nossa inten¸ao. A fim de contornar
20
este obst´aculo, torna-se necess´ario encontrar uma ´algebra associativa com
unidade que contenha o espa¸co vetorial g. A constru¸ao natural a fazer ´e a
´algebra universal envelopante de g, que ter´a, como veremos, as importantes
propriedades de possuir g como subespa¸co linear e exibir, naturalmente, uma
estrutura de ´algebra de Hopf.
Seja g uma ´algebra de Lie sobre k. Considere a ´algebra tensorial de g
T (g) =
g = k g (g g) (g g g) . . . (1.54)
Seja agora I o ideal em T (g) gerado pelo conjunto de todos os elementos
da forma (x y y x) [x, y]. A ´algebra universal envelopante de g ´e
definida como o quociente
U(g) = T (g)/I. (1.55)
O teorema de Poincar´e-Birkhoff-Witt, que enunciaremos a seguir, forne-
cer´a uma descri¸ao expl´ıcita e mais trat´avel da ´algebra universal envelopante
U(g), bem como algumas importantes consequˆencias. (Para maiores deta-
lhes, ver o cap´ıtulo 5 de [33]).
Sejam g uma ´algebra de Lie, U(g) sua ´algebra universal envelopante e {τ
i
}
uma base totalmente ordenada de g com elementos satisfazendo as rela¸oes
de comuta¸ao [τ
i
, τ
j
] = iC
k
ij
τ
k
. A afirma¸ao do teorema de Poincar´e-Birkhoff-
Witt ´e que o conjunto dos monˆomios {τ
i
1
· · · τ
i
n
} com i
1
· · · i
n
´e uma
base para U(g).
Tal resultado nos fornece uma descri¸ao bem mais conveniente de U(g),
21
qual seja, a de que U(g) ´e a ´algebra dos polinˆomios dos geradores τ
i
odulo
as rela¸oes de comuta¸ao [τ
i
, τ
j
] = iC
k
ij
τ
k
, com C
k
ij
as chamadas constantes
de estrutura da ´algebra de Lie. Adotaremos este ponto de vista nos cap´ıtulos
seguintes.
Como corol´ario do teorema, temos que g injeta-se naturalmente em U(g)
por meio do homomorfismo canˆonico ι : g U(g), sendo, em particular, o
subespa¸co linear de U(g).
A ´algebra universal envelopante de uma ´algebra de Lie tem naturalmente
um car´ater de ´algebra de Hopf, herdado de sua estrutura de ´algebra tensorial,
com coestruturas dadas por
∆(τ
i
) = τ
i
1 + 1 τ
i
(1.56)
(τ
i
) = 0, (1.57)
e ant´ıpoda dado por
S(τ
i
) = τ
i
. (1.58)
Para provar que (1.56)–(1.58) fornecem uma estrutura de ´algebra de Hopf,
basta verificar as propriedades (1.9) e (1.11):
∆(τ
i
· τ
j
) = (τ
i
1 + 1 τ
i
) · (τ
j
1 + 1 τ
j
)
= τ
i
· τ
j
1 + τ
i
τ
j
+ τ
j
τ
i
+ 1 τ
i
· τ
j
= (τ
i
)
1
· (τ
j
)
1
(τ
i
)
2
· (τ
j
)
2
, (1.59)
onde cabe salientar a dupla aplica¸ao da nota¸ao de Sweedler e, portanto, a
22
ocorrˆencia de uma dupla soma,
(τ
i
· τ
j
) = (τ
i
)(τ
j
) = 0, (1.60)
e, por fim, mostrar que S ´e um ant´ıpoda, o que pode ser feito aplicando a
defini¸ao expl´ıcita dada em (1.17):
µ(S id)∆(τ
i
) = µ(S(τ
i
) 1 + S(1) τ
i
) = τ
i
+ τ
i
=
µ(id S)∆(τ
i
) = µ(τ
i
S(1) + 1 S(τ
i
)) = τ
i
τ
i
=
= 0 = η((τ
i
)) = (τ
i
)1. (1.61)
Por meio da multiplicatividade e linearidade de e e da antimultipli-
catividade de S, tais defini¸oes podem ser estendidas a todos os monˆomios
de τ
i
e, portanto, a todos os elementos de U(g). Com (1.10), (1.12) e (1.19),
completa-se a descri¸ao de U(g) como ´algebra de Hopf.
Para a ´algebra universal envelopante U(g), a ao adjunta (1.27) ´e o
comutador de Lie, como pode ser verificado diretamente:
ad
τ
i
(τ
j
) = (τ
i
)
1
· τ
j
· S ((τ
i
)
2
) = τ
i
· τ
j
· 1 + 1 · τ
j
· (τ
i
) = [τ
i
, τ
j
]. (1.62)
Passemos agora `a aplica¸ao da prescri¸ao apresentada na se¸ao anterior
`a ´algebra universal envelopante U(g). Para tanto, tomemos um elemento
F U(g) U(g) (1.63)
que seja um twist, i.e., satisfa¸ca `as condi¸oes (1.38) e (1.39). Por meio das
23
express˜oes (1.40) e (1.41), calculamos o coproduto e ant´ıpoda deformados
dos elementos primitivos τ
i
g
F
(τ
i
) = F∆(τ
i
)F
1
(1.64)
S
F
(τ
i
) = χS(τ
i
)χ
1
, (1.65)
com as estruturas alg´ebricas e counidade permanecendo inalteradas. Cha-
mamos a ´algebra de Hopf deformada assim obtida de U
F
(g).
´
E evidente que g ao ´e o subespa¸co linear de U
F
(g).
´
E natural, portanto,
investigar qual seria o subespa¸co linear que gera U
F
(g). Chamaremos este
espa¸co g
F
e seus elementos τ
F
i
de geradores deformados.
As condi¸oes para g
F
, apontadas em [34], ao trˆes, a saber: (i) a de que
{τ
F
i
} seja uma base de g
F
, (ii) a deforma¸ao m´ınima da regra de Leibniz
F
(τ
F
i
) = τ
F
i
1 + f
j
i
τ
F
j
, (1.66)
f
j
i
U(g), e (iii) a de que, sob a ao adjunta deformada, denotada por
[·, ·]
F
, as constantes de estrutura de g sejam reproduzidas
[τ
F
i
, τ
F
j
]
F
= iC
k
ij
τ
F
k
. (1.67)
Para obtermos g
F
, h´a um procedimento canˆonico (ver [35], [36]). Tomam-
se como geradores deformados
τ
F
i
=
¯
f
α
(τ
i
)
¯
f
α
(1.68)
24
com coproduto deformado dado por
F
(τ
F
i
) = τ
F
i
1 +
¯
R
α
¯
R
α
(τ
F
i
). (1.69)
Em consonˆancia com (1.27), a ao adjunta deformada ´e dada por
[τ
F
i
, τ
F
j
]
F
= (τ
F
i
)
1
· τ
F
j
· S
F
(τ
F
i
)
2
. (1.70)
Assim constru´ıdo, g
F
satisfaz `as trˆes condi¸oes requeridas.
Por fim, como pretendemos estudar tamb´em sistemas fermiˆonicos, fare-
mos uso das chamadas super´algebras de Lie (ou ´algebras de Lie Z
2
-graduadas),
e suas super´algebras de Hopf deformadas.
Uma super´algebra de Lie sobre um corpo k (de caracter´ıstica zero) ´e
um espa¸co vetorial g = g
0
g
1
dotado de uma opera¸ao bin´aria bilinear
[·, ·} : g × g g satisfazendo `as propriedades de Z
2
-gradua¸ao
[g
i
, g
j
} g
(i+j mod 2)
, (1.71)
antissimetria Z
2
-graduada
[x, y} = (1)
|x||y|
[y, x}, (1.72)
e identidade de Jacobi generalizada
(1)
|x||z|
[[x, y, z} + (1)
|y||x|
[[y, z}, x} + (1)
|z||y|
[[z, x}, y} = 0, (1.73)
25
x, y, z g, e onde |x| = i se x g
i
(grau de x). Chamamos g
0
a parte par
ou bosˆonica de g e g
1
a parte ´ımpar ou fermiˆonica de g. A super´algebra de
Lie g tamb´em pode ser estendida a sua super´algebra universal envelopante
dotada de estrutura de super´algebra de Hopf.
As f´ormulas (1.18), (1.42), (1.68) e (1.70) ao naturalmente estendidas ao
caso das super´algebras como
S(τ
i
· τ
j
) = (1)
|τ
i
||τ
j
|
S(τ
j
) · S(τ
i
) (1.74)
R =
α,β
(1)
|
¯
f
β
||f
α
|
(f
α
¯
f
β
f
α
¯
f
β
) (1.75)
τ
F
i
=
α
(1)
|
¯
f
α
||τ
i
|
¯
f
α
(τ
i
)
¯
f
α
(1.76)
τ
F
i
, τ
F
j
F
=
k
(1)
|τ
F
j
||(τ
F
i
)
k
2
|
(τ
F
i
)
k
1
· τ
F
j
· S
F
(τ
F
i
)
k
2
. (1.77)
26
Cap´ıtulo 2
´
Algebras de Heisenberg
Bosˆonicas: Primeira e Segunda
Quantiza¸oes
Neste cap´ıtulo mostraremos como ´e poss´ıvel (ao contr´ario do que se admitia
em [37] e [38]) construir a ´algebra universal envelopante da ´algebra de Hei-
senberg e deform´a-la por meio da ecnica do Drinfel’d twist, obtendo, como
resultado, uma teoria ao comutativa. Mostraremos, tamem, como esta es-
trutura pode ser recuperada no contexto da segunda quantiza¸ao, utilizando-
se o formalismo dos osciladores de Wigner.
2.1
´
Algebra de Heisenberg Deformada
Nesta se¸ao, aplicaremos o formalismo delineado no cap´ıtulo anterior `a ´algebra
de Heisenberg bosˆonica, que denotaremos h(N ).
27
Para tanto, considere a ´algebra h(N ):
[x
i
, x
j
] = [p
i
, p
j
] = 0 (2.1)
[x
i
, p
j
] =
ij
(2.2)
[, x
i
] = [, p
j
] = 0, (2.3)
i, j = 1, ..., N .
Aplicaremos o twist
F = exp
i
2
α
ij
p
i
p
j
, (2.4)
onde α
ij
´e uma matriz antissim´etrica. A condi¸ao de 2-cociclo (1.38) ´e trivi-
almente satisfeita, visto que F ´e um twist dito abeliano, pois envolve apenas
geradores que comutam entre si.
Cabe aqui salientar a necessidade de identificar corretamente o papel da
extens˜ao central como elemento da ´algebra h(N ), e ao como m´ultiplo da
identidade, devendo, portanto, ser tratado de maneira idˆentica aos demais
geradores de h(N ), isto ´e, com coproduto e ant´ıpoda dados por
∆() = 1 + 1 (2.5)
S() = . (2.6)
Agora, procedemos `a deforma¸ao de h(N ).
Com o aux´ılio da ormula de Hadamard, calculamos o coproduto defor-
28
mado de x
k
:
F
(x
k
) = exp
i
2
α
ij
p
i
p
j
∆(x
k
) exp
i
2
α
ij
p
i
p
j
=
= x
k
1 + 1 x
k
+
α
kj
2
( p
j
p
j
) . (2.7)
Como p
i
and comutam com os p
j
s do twist, seus coprodutos ao se
deformam:
F
(p
k
) = ∆(p
k
) (2.8)
F
() = ∆(). (2.9)
O ant´ıpoda ao ´e deformado. Para ver isto, basta calcular o elemento
χ f
α
S(f
α
) = exp
i
2
α
ij
p
i
p
j
= 1, (2.10)
de modo que S
F
= χSχ
1
= S.
A deforma¸ao de x
k
´e dada por (1.68):
x
F
k
=
¯
f
α
(x
k
)
¯
f
α
= x
k
α
kj
2
p
j
, (2.11)
enquanto p
i
and , pela raz˜ao aduzida acima, ao sofrem deforma¸ao.
Calculamos, agora, os coprodutos deformados dos geradores deformados.
Neste caso, a matriz-R universal ´e simplesmente R = F
2
(pois F
21
=
F
1
, pela antissimetria de α
ij
e abelianidade do twist). Assim, o coproduto
29
deformado de x
F
k
´e obtido usando-se (1.69):
F
(x
F
k
) = x
F
k
1 + 1 x
F
k
+ α
ik
p
i
, (2.12)
onde ressaltamos a contribui¸ao de .
O ant´ıpoda de x
F
k
´e facilmente obtido usando-se a propriedade antimul-
tiplicativa de S:
S(x
F
k
) = x
k
1
2
α
kj
p
j
= x
F
k
α
kj
p
j
. (2.13)
Estamos, agora, de posse de todas as express˜oes necess´arias ao alculo
dos colchetes deformados dos geradores deformados, conforme (1.70):
x
F
i
, p
F
j
F
=
ij
(2.14)
x
F
i
, x
F
j
F
= 0 (2.15)
p
F
i
, p
F
j
F
= 0 (2.16)
F
, x
F
i
F
=
F
, p
F
i
F
= 0. (2.17)
Note-se que os colchetes deformados das quantidades deformadas possuem
as mesmas constantes de estrutura que os colchetes ordin´arios das quantida-
des ao deformadas. O mesmo se observa em [39] para a ´algebra universal
envelopante da ´algebra de Poincar´e, U(iso(1, 3)).
Calculamos agora os colchetes ordin´arios das quantidades deformadas.
30
ao eles
x
F
i
, p
F
j
=
ij
(2.18)
x
F
i
, x
F
j
=
ij
2
(2.19)
p
F
i
, p
F
j
= 0 (2.20)
F
, x
F
i
=
F
, p
F
i
= 0. (2.21)
Note-se, agora, que os x
F
i
s tˆem natureza n˜ao comutativa, ao contr´ario dos
x
i
s originais (2.1). A comutatividade pode ser restaurada pela transforma¸ao
inversa de (2.11), i.e., x
i
= x
F
i
+
α
ij
2
p
j
, que ´e conhecida como desvio de Bopp
na literatura [40]. No entanto, a deforma¸ao nas coestruturas ao pode ser
removida por nenhuma tranforma¸ao, sendo, portanto, ao nosso ver, mais
fundamental. Tamb´em ´e interessante lembrar que h(N ) ´e o subespa¸co linear
de U(h(N )) e notar que, analogamente, os x
F
i
s (junto com p
F
i
= p
i
e
F
= )
formam o subespa¸co linear de U
F
(h(N )), que chamaremos h
F
(N ).
Finalmente, queremos estudar a deforma¸ao da multiplica¸ao no U(h(N ))-
odulo M que consiste no espa¸co de fun¸oes em R
N
dotado da multiplica¸ao
ponto a ponto usual
m(g h) = g · h,
(g · h)(ˇx) = g(ˇx)h(ˇx), (2.22)
ˇx R
N
.
A ao da ´algebra h(N ) sobre o odulo ´e a ao adjunta, i.e., ´e tal que
31
p
i
age por derivao e x
i
por multiplica¸ao,
p
i
g(ˇx) = i
ˇx
i
g(ˇx) (2.23)
x
i
g(ˇx) = ˇx
i
· g(ˇx). (2.24)
A multiplica¸ao deformada no odulo (ver [41]) ´e dada por
g(ˇx) h(ˇx) m
F
(g(ˇx) h(ˇx)) = (m F
1
)(g(ˇx) h(ˇx)) =
=
¯
f
α
g(ˇx)
·
¯
f
α
h(ˇx)
=
= e
i
2
θ
ij
ˇx
i
ˇy
j
(g(ˇx) · h(ˇy)) |
ˇx=ˇy,
(2.25)
onde introduzimos, por conveniˆencia, θ
ij
= α
ij
2
.
O produto estrela, para este caso particular, ´e comumente conhecido como
produto de Weyl-Groenewold [42] ou produto de Moyal [43].
Definindo-se o colchete de Moyal como [g, h]
(g h h g), vemos
implementada a ao comutatividade entre as vari´aveis de posi¸ao:
[ˇx
i
, ˇx
j
]
=
ij
. (2.26)
Aqui foi necess´ario introduzir a nota¸ao ˇx
i
para as quantidades no m´odulo
correspondentes aos operadores x
i
. A correspondˆencia entre fun¸oes de ope-
radores da ´algebra de Heisenberg e fun¸oes no espa¸co comutativo se a por
meio da transforma¸ao de Wigner, introduzida em [44]. Inversamente, para
obtermos fun¸oes de operadores a partir de fun¸oes de vari´aveis do espa¸co
de fase, devemos usar a bem conhecida transforma¸ao introduzida por Weyl
32
em [45].
2.2 Segunda Quantiza¸ao e Osciladores de
Wigner
Tendo estudado a deforma¸ao da ´algebra de Heisenberg bosˆonica, preten-
demos agora mostrar como esta estrutura pode ser obtida num contexto de
segunda quantiza¸ao, sobre a qual cabe fazer uma brev´ıssima digress˜ao agora.
Nesta se¸ao, ´e um n´umero.
Considere a Lagrangiana
L =
d
D
x
i
2
ψ
o
ψ
2
2m
|
ψ|
2
. (2.27)
´
E imediato mostrar que ela fornece, como equa¸ao de movimento, a
equa¸ao de Schr¨odinger
i
ψ
t
=
2
2m
2
ψ. (2.28)
Passando para o formalismo Hamiltoniano, a pr´opria defini¸ao do mo-
mento canonicamente conjugado a origem aos v´ınculos
π
ψ
i
2
ψ
0 (2.29)
π
ψ
i
2
ψ 0, (2.30)
onde π
ψ
, π
ψ
representam os momenta canonicamente conjugados a ψ, ψ
.
Aplicando-se o formalismo de colchetes de Dirac (ver [46]), pode-se impor
33
a igualdade forte sobre os v´ınculos, obtendo-se os colchetes
{ψ(x, t), ψ
(y, t)}
DB
=
1
i
δ
D
(x y). (2.31)
Agora, o procedimento usual de quantiza¸ao canˆonica pode ser aplicado
e fornece as rela¸oes de comuta¸ao
ψ(x), ψ
(y)
= δ
D
(x y) (2.32)
[ψ(x), ψ(y)] =
ψ
(x), ψ
(y)
= 0. (2.33)
Definimos os objetos
X
i
=
d
D
y y
i
ψ
(y)ψ(y) (2.34)
P
i
=
i
2
d
D
y ψ
(y)
i
ψ(y) (2.35)
que satisfazem `as rela¸oes de comuta¸ao
[X
i
, P
j
] = iδ
ij
N (2.36)
[X
i
, X
j
] = 0 (2.37)
[P
i
, P
j
] = 0, (2.38)
[N, X
i
] = [N, P
i
] = 0 (2.39)
onde N =
d
D
y ψ
(y)ψ(y) ´e o chamado operador n´umero de part´ıculas.
As express˜oes (2.34)-(2.35) relacionam o formalismo da segunda quantiza¸ao
com o da primeira quantiza¸ao, como veremos.
34
As express˜oes (2.36)-(2.38) reproduzem a ´algebra de Heisenberg, com N
fazendo o papel de extens˜ao central no caso de N part´ıculas. Para mostrar
que tal identifica¸ao, de fato, faz sentido, devemos ver que X
i
´e um operador
posi¸ao e P
i
um operador momento. Definindo-se |y = ψ
(y)|0 e aplicando-
se (2.32)-(2.33), obtemos, como desejado,
X
i
|y = y
i
|y. (2.40)
Um alculo direto permite mostrar que
[P
i
, ψ(x)] = i
i
ψ(x) (2.41)
P
i
, ψ
(x)
= i
i
ψ
(x), (2.42)
de modo que P
i
´e o gerador das transla¸oes. Com isto, temos uma descri¸ao
da ´algebra de Heisenberg no formalismo de segunda quantiza¸ao.
Os campos podem ser agora expandidos em seus modos de Fourier
ψ(x) =
1
(2π)
D
d
D
p e
i
p·x
a
p
(2.43)
ψ
(x) =
1
(2π)
D
d
D
p e
i
p·x
a
p
, (2.44)
e, inversamente,
a
p
=
d
D
x e
i
p·x
ψ(x) (2.45)
a
p
=
d
D
x e
i
p·x
ψ
(x). (2.46)
35
A ´algebra satisfeita por a
p
, a
p
´e
a
p
, a
p
= (2π)
D
δ
D
(p p
) (2.47)
[a
p
, a
p
] =
a
p
, a
p
= 0. (2.48)
´
E interessante notar que a ´algebra dos campos (2.32)-(2.33) e dos oscila-
dores correspondentes (2.47)-(2.48) ´e a pr´opria ´algebra de Heisenberg h(N )
no limite N , com ψ
(x) e a
p
como momenta conjugados a ψ(x) e a
p
,
respectivamente, e δ
D
(x y) e (2π)
D
δ
D
(p p
) num papel an´alogo a iδ
ij
.
Agora tentaremos construir a estrutura de ´algebra de Hopf das ´algebras
dos campos ψ(x), ψ
(x) e osciladores a
p
, a
p
, para depois deform´a-la por meio
do mesmo twist F (2.4).
Para tanto, iniciamos por expressar
P no espa¸co dos momenta
P
i
=
1
(2π)
D
d
D
p p
i
a
p
a
p
, (2.49)
e obtemos a ´algebra dos osciladores com P
i
[P
i
, a
p
] = p
i
a
p
(2.50)
P
i
, a
p
= p
i
a
p
. (2.51)
Aplicamos agora o twist
F = exp
i
2
α
ij
P
i
P
j
, (2.52)
36
e obtemos a deforma¸ao de a
p
e a
p
a
F
p
=
¯
f
α
(a
p
)
¯
f
α
= a
p
e
i
2
α
ij
p
i
P
j
(2.53)
a
†F
p
=
¯
f
α
(a
p
)
¯
f
α
= a
p
e
i
2
α
ij
p
i
P
j
, (2.54)
que ´e a mesma encontrada em [47], bem como a deforma¸ao dos campos ψ(x)
e ψ
(x)
ψ
F
(x) = ψ(x) e
2
α
ij
i
P
j
(2.55)
ψ
†F
(x) = ψ
(x) e
2
α
ij
i
P
j
. (2.56)
A deforma¸ao de ψ(x) e ψ
(x) ´e compat´ıvel com a de a
p
e a
p
pois elas se
relacionam pela transformada de Fourier usual
a
F
p
=
d
D
x e
i
p·x
ψ
F
(x) (2.57)
a
†F
p
=
d
D
x e
i
p·x
ψ
†F
(x). (2.58)
Conforme vimos, a estrutura alg´ebrica de Heisenberg ´e corretamente re-
produzida pelas ´algebras de ψ(x), ψ
(x) e a
p
, a
p
(no sentido de (2.36)-(2.38)
com N
ˆ
, sendo
ˆ
a extens˜ao central da se¸ao anterior). Tentaremos
agora reproduzir a estrutura coalg´ebrica, e veremos que, numa abordagem
ingˆenua, o processo falha a no caso ao deformado.
A constru¸ao natural a fazer seria tomar a express˜ao (2.34) e aplicar a
37
propriedade de multiplicatividade do coproduto:
∆(X
i
) =
d
D
y y
i
∆(ψ
(y))∆(ψ(y)) =
=
d
D
y y
i
(ψ
(y) 1 + 1 ψ
(y))(ψ(y) 1 + 1 ψ(y)) =
= X
i
1 + 1 X
i
+
d
D
y y
i
(ψ
(y) ψ(y) + ψ(y) ψ
(y)).
(2.59)
A presen¸ca do termo cruzado ´e inteiramente indesej´avel, pois o coproduto
esperado seria ∆(X
i
) = X
i
1 + 1 X
i
. Mostraremos agora como resolver
este problema.
A solu¸ao repousa na no¸ao de osciladores de Wigner. Em [48], Wigner
demonstrou que as equa¸oes de movimento de Heisenberg para os operado-
res momento e posi¸ao podem ser satisfeitas sem que, necessariamente, as
rela¸oes canˆonicas de comuta¸ao sejam realizadas.
A constru¸ao de Wigner requer, no caso mais simples (de um ´unico os-
cilador bosˆonico), que a Hamiltoniana seja expressa como o anticomutador
dos osciladores a = a
e a
= a
+
,
H =
1
2
{a
, a
+
}, (2.60)
e, para compatibilizar as equa¸oes de movimento de Heisenberg com as
equa¸oes de Hamilton, tamb´em
[H, a
±
] = ±a
±
. (2.61)
38
Introduzindo, adicionalmente,
E
±
= {a
±
, a
±
}, (2.62)
o que se obt´em ´e a super´algebra ortossimpl´etica osp(1|2) (ver [49]).
Note-se que, nesta constru¸ao, os operadores de cria¸ao e aniquila¸ao
ao de natureza ´ımpar, em oposi¸ao `a sua natureza f´ısica bosˆonica,
1
e ´e
precisamente esta ideia que usaremos para resolver o problema de (2.59).
Para resolver o problema da incompatibilidade da deforma¸ao da ´algebra
dos campos da segunda quantiza¸ao com a deforma¸ao da ´algebra de Heisen-
berg, iniciamos por re-escrever os operadores de posi¸ao, momento e n´umero
com o ordenamento de Weyl [45]:
˜
X
i
=
1
2
d
D
y y
i
ψ
(y)ψ(y) + ψ(y)ψ
(y)
(2.63)
˜
P
i
=
1
2
d
D
p p
i
a
p
a
p
+ a
p
a
p
(2.64)
˜
N =
1
2
d
D
y
ψ
(y)ψ(y) + ψ(y)ψ
(y)
. (2.65)
Eles satisfazem `a mesma ´algebra que os operadores X
i
, P
i
e N introdu-
zidos anteriormente. Aproveitamos para re-escrever o operador P
i
no espa¸co
dos momenta, visto que ali ele toma uma forma diagonal que facilitar´a os
alculos subsequentes.
Conforme foi antecipado, declaramos agora que ψ(y) e a
p
ao ´ımpares, e
1
O mesmo acontece no formalismo da supersimetria BRST.
39
o coproduto de
˜
X
i
´e corretamente induzido como
∆(
˜
X
i
) =
1
2
d
D
y y
i
(∆(ψ
(y))∆(ψ(y)) + ∆(ψ(y))∆(ψ
(y))) =
=
1
2
d
D
y y
i
[ψ
(y)ψ(y) 1 ψ(y) ψ
(y) + ψ
(y) ψ(y) + 1 ψ
(y)ψ(y) +
+ψ(y)ψ
(y) 1 ψ
(y) ψ(y) + ψ(y) ψ
(y) + 1 ψ(y)ψ
(y)] =
=
˜
X
i
1 + 1
˜
X
i
, (2.66)
o mesmo valendo, por alculo exatamente an´alogo, para os coprodutos de
˜
P
i
e
˜
N.
O ant´ıpoda de X
i
tamem ´e, como esperado,
S(
˜
X
i
) =
1
2
d
D
y y
i
(S(ψ(y)ψ
(y))S(ψ
(y)ψ(y)) =
=
1
2
d
D
y y
i
[(1)
|ψ(y)||ψ
(y)|
S(ψ
(y))S(ψ(y)) + (1)
|ψ
(y)||ψ(y)|
S(ψ(y))S(ψ
(y))] =
=
1
2
d
D
y y
i
ψ
(y)ψ(y) ψ(y)ψ
(y)
=
=
˜
X
i
, (2.67)
bem como
S(
˜
P
i
) =
˜
P
i
(2.68)
S(
˜
N) =
˜
N. (2.69)
A counidade ao ´e problema, visto que (ψ(y)) = (a
p
) = 0 leva direta-
mente a (
˜
X
i
) = (
˜
P
i
) = (
˜
N) = 0.
O caso ao deformado encontra-se, portanto, resolvido. Resta mostrar,
40
agora, que as deforma¸oes (2.53)-(2.54) e (2.55)-(2.56) induzem corretamente
as deforma¸oes dos objetos bilineares integrados.
A deforma¸ao de
˜
X
i
pode ser mais facilmente calculada no espa¸co dos
momenta:
˜
X
F
i
=
i
4
d
D
p
a
†F
p
p
i
a
F
p
+ a
F
p
p
i
a
†F
p
=
˜
X
i
1
2
α
ij
p
j
˜
N, (2.70)
e vˆe-se que ela se reduz `a deforma¸ao (2.11) no limite de uma part´ıcula
(
˜
N
ˆ
).
A (ausˆencia de) deforma¸ao de
˜
P
i
tamem pode ser facilmente calculada
˜
P
F
i
=
1
2
d
D
p p
i
a
†F
p
a
F
p
+ a
F
p
a
†F
p
=
=
1
2
d
D
p p
i
a
p
e
i
2
α
ij
p
i
P
j
e
i
2
α
ij
p
i
P
j
a
p
+ a
p
e
i
2
α
ij
p
i
P
j
e
i
2
α
ij
p
i
P
j
a
p
=
=
˜
P
i
. (2.71)
Deste modo, conclui-se que, al´em de poder-se construir a ´algebra universal
envelopante da ´algebra dos campos e osciladores de Schr¨odinger e deform´a-la
por meio do Drinfel’d twist, tamem se pode induzir corretamente a estrutura
de ´algebra de Hopf dos operadores posi¸ao e momento, tanto no caso usual
quando no caso deformado, desde que se encarem os campos e osciladores
fundamentais como geradores ´ımpares de uma super´algebra de Lie.
41
2.3
´
Algebras de Heisenberg Estendidas
Apresentamos, nesta se¸ao, um exemplo muito simples de um procedimento
que pode ter aplica¸oes bastante interessantes. Tal procedimento consiste em
construir elementos compostos a partir dos elementos primitivos da ´algebra
de Heisenberg e depois, por raz˜oes f´ısicas (e.g., a necessidade de induzir-
se uma regra de composi¸ao correta para o estado de muitas part´ıculas),
declarar que ao elementos primitivos de uma ´algebra estendida. A natureza
composta original ´e utilizada, ao somente, para calcular as constantes de
estrutura da nova ´algebra. Estas ideias encontram-se bem discutidas em
[51].
Iniciamos com a ´algebra de Heisenberg h(N ) descrita acima e introduzi-
mos os elementos
K
ij
=
p
i
p
j
,
M
ij
=
x
i
p
j
,
N
ij
=
p
i
x
j
,
V
ij
=
x
i
x
j
, (2.72)
que agora declaramos serem elementos primitivos de uma ´algebra estendida.
42
A ´algebra assim estendida satisfaz a
[K
ij
, x
k
] =
ik
p
j
jk
p
i
,
[M
ij
, x
k
] =
jk
x
i
,
[N
ij
, x
k
] =
ik
x
j
,
[M
ij
, p
k
] =
ik
p
j
,
[N
ij
, p
k
] =
jk
p
i
,
[V
ij
, p
k
] =
ik
x
j
+
jk
x
i
,
[V
ij
, K
kl
] =
jk
M
il
+
jl
M
ik
+
ik
N
lj
+
il
N
kj
,
[V
ij
, M
kl
] =
il
V
jk
+
jl
V
ik
,
[V
ij
, N
kl
] =
ik
V
jl
+
jk
V
il
,
[K
ij
, M
kl
] =
ik
K
jl
jk
K
il
,
[K
ij
, N
kl
] =
il
K
jk
jl
K
ik
,
[M
ij
, N
kl
] =
ik
M
lj
jl
M
ik
. (2.73)
Trata-se, na verdade, da ´algebra dada pela soma semidireta h(N )
s
sp(2N )
[52].
Agora podemos considerar a Hamiltoniana do oscilador harmˆonico dada
por
H =
i
p
2
i
2
+ ω
2
i
x
2
i
2
= λ
K
ii
+ ω
2
V
ii
, (2.74)
onde λ ´e uma constante de normaliza¸ao apropriada.
43
Aplicamos agora o twist usual
F = exp(
ij
p
i
p
j
), (2.75)
com α
ij
= α
ji
.
A Hamiltoniana deformada ´e
H
F
= H 2λω
2
α
ij
M
ij
+ λω
2
2
α
ij
α
ik
K
jk
. (2.76)
O coproduto deformado da Hamiltoniana ´e
F
(H) = ∆(H)2λω
2
α
ij
(p
i
x
j
x
j
p
i
)+λω
2
α
ij
α
kj
(K
ik
K
ik
),
(2.77)
sendo, por outro lado, o coproduto deformado da Hamiltoniana deformada
F
(H
F
) = H
F
1+1H
F
4λω
2
α
ij
(p
i
x
j
)+2λω
2
α
ij
α
kj
(K
ik
). (2.78)
Este tipo de extens˜ao da ´algebra de Heisenberg e a classe de Hamiltonia-
nas que ele fornece tem sido discutido, por exemplo, no contexto de mecˆanica
conforme e supersimetria bosonizada [53].
44
Cap´ıtulo 3
´
Algebras de Heisenberg
Fermiˆonicas e Mecˆanica
Quˆantica Supersim´etrica
Deformada
Teorias quˆanticas em espa¸cos ao anticomutativos vˆem sendo estudadas na
abordagem do Drinfel’d twist ([54], [55]). Neste cap´ıtulo estudaremos as de-
forma¸oes da mecˆanica quˆantica supersim´etrica unidimensional N -estendida
por meio do twist das ´algebras de Heisenberg fermiˆonicas. Mostraremos que
duas constru¸oes ao poss´ıveis, quais sejam, a identifica¸ao da ´algebra de
supersimetria com a ´algebra de Heisenberg fermiˆonica (poss´ıvel para N par),
e a realiza¸ao da ´algebra de supersimetria em termos de operadores perten-
centes `a ´algebra universal envelopante gerada por um oscilador bosˆonico e
N osciladores fermiˆonicos (poss´ıvel para qualquer N ). Recuperaremos, num
45
contexto mais geral, alguns resultados da literatura.
3.1
´
Algebra de Heisenberg Fermiˆonica e
´
Algebra
de Supersimetria Unidimensional N -estendida
Considere a ´algebra de Grassmann gerada por N coordenadas anticomuta-
tivas θ
α
. Estas coordenadas, junto com suas derivadas de Berezin
α
=
θ
α
,
formam uma super´algebra de Lie com 2N geradores ´ımpares e um ´unico ge-
rador par, a extens˜ao central z. Trata-se da ´algebra de Heisenberg fermiˆonica
h
F
(N ), satisfazendo `as rela¸oes de (anti)comuta¸ao
{θ
α
, θ
β
} = {
α
,
β
} = 0, (3.1)
{
α
, θ
β
} = δ
αβ
z, (3.2)
[z,
α
] = [z, θ
α
] = 0. (3.3)
Como discutido no cap´ıtulo anterior, uma interpreta¸ao cuidadosa do
papel da extens˜ao central ´e necess´aria, sendo seu coproduto e ant´ıpoda dados
por
∆(z) = z 1 + 1 z (3.4)
S(z) = z. (3.5)
Pode-se atribuir aos geradores de h
F
(N ) dimens˜ao de massa [θ
α
] =
1
2
,
[
α
] =
1
2
, [z] = 0.
Passamos agora `a ´algebra universal envelopante U(h
F
(N )), que tem estru-
46
tura de super´algebra de Hopf, e a deformaremos por meio do twist abeliano
F = exp (C
αβ
α
β
) , (3.6)
expresso em termos da matriz diagonal
C
αβ
=
1
M
η
αβ
, (3.7)
onde M ´e um parˆametro de massa e η
αβ
´e uma matriz diagonal adimensonal
admitindo, sem perda de generalidade, p entradas +1, q entradas 1 e r
entradas zero (p + q + r = N ).
Lan¸cando ao das ecnicas desenvolvidas nos cap´ıtulos anteriores, obte-
mos a deforma¸ao nos geradores θ
α
θ
F
α
= f
β
(θ
α
)f
β
= θ
α
+ C
αβ
β
z, (3.8)
ao sofrendo os demais geradores deforma¸ao por comutarem com os
α
do
twist. Note-se que os geradores deformados diferem dos originais pelo an´alogo
fermiˆonico do desvio de Bopp.
O coproduto deformado de θ
α
´e
F
(θ
α
) = exp (C
αβ
α
β
) ∆(θ
α
) exp (C
αβ
α
β
)
= θ
α
1 + 1 θ
α
+ C
αβ
(
β
z z
β
), (3.9)
47
e evidentemente
F
(
α
) =
α
1 + 1
α
(3.10)
F
(z) = z 1 + 1 z. (3.11)
Como
χ = f
α
S(f
α
) = exp (C
αβ
α
β
) = 1, (3.12)
o ant´ıpoda ao sofre deforma¸ao.
A matriz-R universal ´e dada por
R =
α,β
(1)
|
¯
f
β
||f
α
|
(f
α
¯
f
β
f
α
¯
f
β
) = exp (2C
αβ
α
β
) , (3.13)
de modo que obtemos o coproduto deformado de θ
F
α
como
F
(θ
F
α
) = θ
F
α
1 + 1 θ
F
α
+ 2C
αβ
β
z. (3.14)
De posse do ant´ıpoda
S(θ
F
α
) = θ
α
+ C
αβ
z
β
= θ
F
α
+ 2C
αβ
z
β
, (3.15)
48
podemos calcular os colchetes deformados
θ
F
α
,
F
β
F
= δ
αβ
z
F
,
θ
F
α
, θ
F
β
F
= 0, (3.16)
F
α
,
F
β
F
= 0, (3.17)
F
α
, z
F
F
=
θ
F
α
, z
F
F
= 0, (3.18)
que possuem as mesmas constantes de estrutura da ´algebra original (3.1)-
(3.3).
Os colchetes ordin´arios dos geradores deformados tornam ao anticomu-
tativos os geradores originalmente grassmannianos:
θ
F
α
,
F
β
= δ
αβ
z, (3.19)
θ
F
α
, θ
F
β
= 2C
αβ
z
2
, (3.20)
F
α
,
F
β
= 0, (3.21)
z
F
, θ
F
α
=
z
F
,
F
α
= 0. (3.22)
Tratamos, agora, de estudar a deforma¸ao da multiplica¸ao m num odulo
M. O odulo ser´a novamente um espa¸co de fun¸oes, agora das vari´aveis
grassmanianas, e a ao de h
F
(N ) dada por
α
a = z
a
θ
α
(3.23)
θ
α
a = θ
α
· a, (3.24)
onde · denota a multiplica¸ao grassmanniana usual, i.e., a · b = m(a b),
49
a, b M.
Como estamos trabalhando no odulo, que fornece uma representa¸ao
de h
F
(N ), a extens˜ao central deve tomar um valor num´erico. Em particular,
por conveniˆencia, escolhemos z = 1.
Deste modo, a multiplica¸ao deformada ´e
a b m
F
(a b) = (m F
1
)(a b). (3.25)
Definindo [a, b}
a b + (1)
|a||b|
b a, temos
{θ
α
, θ
β
}
= 2C
αβ
, (3.26)
{
α
, θ
β
}
= δ
αβ
, (3.27)
{
α
,
β
}
= 0, (3.28)
que nos fornece uma cliffordiza¸ao das coordenadas outrora grassmannianas,
an´aloga `a obtida em [56], [57], [58] .
Agora consideraremos a ´algebra de supersimetria unidimensional N -esten-
dida e mostraremos que, para valores pares de N , ela ´e isomorfa a h
F
(
N
2
),
de modo que a deforma¸ao obtida acima pode ser aplicada com facilidade se
fizermos as identifica¸oes convenientes.
Para tanto, considere a ´algebra formada pelos geradores de supersimetria
Q
I
e a extens˜ao central H satisfazendo a
{
Q
I
,
Q
J
} = δ
IJ
H, (3.29)
H,
Q
I
= 0, (3.30)
50
I, J = 1, . . . , N .
Para N par, podemos dividir os geradores ´ımpares nos setores quiral
i
e
antiquiral Q
i
:
Q
i
=
Q
i
+ i
Q
i+
N
2
, (3.31)
Q
i
=
Q
i
i
Q
i+
N
2
, (3.32)
com i = 1, . . . ,
N
2
.
Feito isto, a ´algebra ´e re-expressa como
Q
i
, Q
j
= 2δ
ij
H, (3.33)
{Q
i
, Q
j
} =
Q
i
, Q
j
= 0, (3.34)
[H, Q
i
] =
H, Q
i
= 0. (3.35)
Esta ´algebra ´e isomorfa a (3.1)-(3.3) se fizermos as identifica¸oes
Q
i
θ
α
(3.36)
Q
i
α
(3.37)
2H z. (3.38)
Usando essa identifica¸ao em (3.6), deformamos, agora, a ´algebra (3.33)-
(3.35) por meio do twist abeliano
F = exp
C
ij
2
Q
i
Q
j
, (3.39)
51
com C
ij
=
η
ij
M
, onde η
ij
´e uma matriz diagonal adimensional com p entradas
positivas, q negativas and r zero (p + q + r = N ) e M um parˆametro de
massa.
Esta deforma¸ao, conforme antecipado, coincide com (3.6).
O coproduto deformado de Q
i
´e
F
(Q
i
) = ∆(Q
i
) + C
ij
(Q
j
H H Q
j
). (3.40)
Os ´unicos geradores deformados ao os Q
i
s, cuja deforma¸ao ´e dada por
Q
F
i
= Q
i
+ C
ij
Q
j
H. (3.41)
A matriz-R universal ´e F
2
, de sorte que o coproduto deformado dos
geradores deformados ´e
F
(Q
F
i
) = Q
F
i
1 + 1 Q
F
i
+ 2C
ij
Q
j
H, (3.42)
o que, juntamente com os ant´ıpodas
S(Q
F
i
) = Q
i
+ C
ij
Q
j
H = Q
F
i
+ 2C
ij
Q
j
H, (3.43)
52
permitir´a o alculo dos colchetes deformados
Q
F
i
, Q
F
j
F
= δ
ij
H
F
= δ
ij
H, (3.44)
Q
F
i
, Q
F
j
F
= 0, (3.45)
Q
F
i
, Q
F
j
F
= 0, (3.46)
Q
F
i
, H
F
F
=
Q
F
i
, H
F
F
= 0. (3.47)
Em contrapartida, os colchetes ordin´arios das quantidades deformadas
ao
Q
F
i
, Q
F
j
= δ
ij
H
F
, (3.48)
Q
F
i
, Q
F
j
= 0, (3.49)
Q
F
i
, Q
F
j
= 2C
ij
(H
F
)
2
, (3.50)
H
F
, Q
F
i
=
H
F
, Q
F
i
= 0. (3.51)
´
E de notar-se que super´algebras ao lineares da forma {Q
a
, Q
b
} = δ
ab
P
n
(H),
com P
n
(H) um polinˆomio de ordem n da Hamiltoniana, foram introduzidas
em [50].
3.2 Representa¸ao de superespa¸co
Agora queremos estudar a deforma¸ao da mecˆanica quˆantica supersim´etrica
na representa¸ao de superespa¸co. Para tanto, faz-se necess´ario introduzir
o conjunto de vari´aveis grassmannianas θ
I
e suas derivadas
θ
I
, que, com a
extens˜ao central z, formam a ´algebra h
F
(N), bem como o parˆametro bosˆonico
53
t e sua derivada
t
, que, com a extens˜ao central , satisfazem `a ´algebra de
Heisenberg bosˆonica h(1). Obtemos, portanto, a princ´ıpio, a ´algebra h(1)
h
F
(N). Podemos agora identificar as extens˜oes centrais (z = ), obtendo
assim uma ´algebra que chamaremos h(1, N). A ´algebra de supersimetria
N -estendida pode ser realizada explicitamente em termos de operadores da
´algebra U(h(1, N )):
Q
I
=
θ
I
+
i
θ
I
t
, (3.52)
H = i∂
t
, (3.53)
com I = 1, . . . , N .
Aqui ´e necess´ario impor, na mesma linha do discutido na se¸ao 2.3 e em
[51], que o coproduto n˜ao deformado de
Q
I
coincida com o coproduto de um
gerador fermiˆonico primitivo, i.e., ∆(
Q
I
) =
Q
I
1 + 1
Q
I
. Deste modo,
ao ´e preocupante a presen¸ca de termos do tipo
1
na express˜ao acima.
Como estamos trabalhando em U(h(1, N )), agora ´e poss´ıvel deformar os
geradores de supersimetria por meio do twist (3.6)
F = exp(C
IJ
θ
I
θ
J
), (3.54)
obtendo como geradores deformados
Q
F
I
=
Q
I
+ C
IJ
H
θ
J
, (3.55)
e, ´e claro, H
F
= H.
54
Obt´em-se como coproduto deformado de
Q
I
F
(
Q
I
) = ∆(
Q
I
) + C
IJ
(
θ
J
H H
θ
J
), (3.56)
ao passo que o coproduto deformado de
Q
F
I
´e
F
(
Q
F
I
) =
Q
F
I
1 + 1
Q
F
I
+ 2C
IJ
(
θ
J
H). (3.57)
Os colchetes ordin´arios dos geradores deformados ao
{
Q
F
I
,
Q
F
J
} = δ
IJ
H + 2C
IJ
H
2
, (3.58)
enquanto os colchetes deformados, como esperado, restauram a ´algebra ori-
ginal
{
Q
F
I
,
Q
F
J
}
F
= δ
IJ
H. (3.59)
Discutiremos, a seguir, os casos particulares N = 2 e N = 4.
3.2.1 O caso N = 2
Consideramos, aqui, a realiza¸ao dos geradores de supersimetria N = 2 por
meio da ´algebra U(h(1, 2)):
Q
1
=
θ
1
+
i
θ
1
t
, (3.60)
Q
2
=
θ
2
+
i
θ
2
t
. (3.61)
55
Podem-se acrescentar as derivadas fermiˆonicas
D
1
=
θ
1
i
θ
1
t
, (3.62)
D
2
=
θ
2
i
θ
2
t
. (3.63)
Estes quatro geradores, mais a extens˜ao central H, satisfazem `a chamada
´algebra de pseudossupersimetria N = (2, 2) dada pelas rela¸oes
{
Q
I
,
Q
J
} = δ
IJ
H, (3.64)
{D
I
, D
J
} = δ
IJ
H, (3.65)
{D
I
,
Q
J
} = 0, (3.66)
H,
Q
I
= [H, D
I
] = 0. (3.67)
Podemos agora deformar esta ´algebra por meio de qualquer twist F
U(h(1, 2)) U(h(1, 2)) que seja invert´ıvel e satisfa¸ca a condi¸ao de 2-cociclo.
Em particular, um twist abeliano admiss´ıvel ´e
F = exp
M
Q Q +
η
M
D D
, (3.68)
onde
Q =
Q
1
i
Q
2
, (3.69)
D = D
1
iD
2
(3.70)
e , η ao n´umeros normaliz´aveis a +1, 1 ou 0 sem perda de generalidade.
56
O twist (3.39) ´e recuperado para η = 0, C
11
=
M
.
Os geradores deformados ao
Q
F
1
=
Q
1
+
M
(
Q
1
i
Q
2
)H, (3.71)
Q
F
2
=
Q
2
i
M
(
Q
1
i
Q
2
)H, (3.72)
D
F
1
= D
1
+
η
M
(D
1
iD
2
)H, (3.73)
D
F
2
= D
2
M
(D
1
iD
2
)H, (3.74)
e H
F
= H.
Os coprodutos deformados ao dados por
F
(
Q
1
) = ∆(
Q
1
) +
M
(
Q
1
H H
Q
1
)
i
M
(
Q
2
H H
Q
2
),
F
(
Q
2
) = ∆(
Q
2
)
i
M
(
Q
1
H H
Q
1
)
M
(
Q
2
H H
Q
2
),
F
(D
1
) = ∆(D
1
)
η
M
(D
1
H H D
1
) +
M
(D
2
H H D
2
),
F
(D
2
) = ∆(D
2
) +
M
(D
1
H H D
1
) +
η
M
(D
2
H H D
2
).
(3.75)
Como
χ = f
α
S(f
α
) = exp
M
Q
2
η
M
D
2
= 1, (3.76)
57
os ant´ıpodas ao se deformam e ao
S(
Q
F
1
) =
Q
F
1
+
2
M
(
Q
1
i
Q
2
), (3.77)
S(
Q
F
2
) =
Q
F
2
2i
M
(
Q
1
i
Q
2
), (3.78)
S(D
F
1
) = D
F
1
2η
M
(D
1
iD
2
), (3.79)
S(D
F
2
) = D
F
2
+
2
M
(D
1
iD
2
). (3.80)
A matriz-R universal ´e simplesmente
R = F
2
= exp
2
M
Q Q +
η
M
D D

. (3.81)
Com estes resultados, podemos calcular os coprodutos deformados das
quantidades deformadas. ao eles
F
(
Q
F
1
) =
Q
F
1
1 + 1
Q
F
1
+
2
M
(
Q
1
i
Q
2
) H, (3.82)
F
(
Q
F
2
) =
Q
F
2
1 + 1
Q
F
2
2i
M
(
Q
1
i
Q
2
) H, (3.83)
F
(D
F
1
) = D
F
1
1 + 1 D
F
1
2η
M
(D
1
iD
2
) H, (3.84)
F
(D
F
2
) = D
F
2
1 + 1 D
F
2
+
2
M
(D
1
iD
2
) H, (3.85)
e fornecem, conforme esperado, os colchetes deformados dos geradores defor-
mados com as constantes de estrutura originais,
{
Q
F
I
,
Q
F
J
}
F
= δ
IJ
H
F
, (3.86)
{D
F
I
, D
F
J
}
F
= δ
IJ
H
F
, (3.87)
{D
F
I
,
Q
F
J
}
F
= 0. (3.88)
58
Agora passamos a estudar a multiplica¸ao deformada num odulo que
consiste no espa¸co de fun¸oes das vari´aveis grassmannianas θ
1
, θ
2
. A multi-
plica¸ao ordin´aria m ´e o produto grassmanniano usual, i.e.,
m(θ
I
θ
J
) = θ
I
· θ
J
. (3.89)
A ao de
Q
I
e D
I
no odulo ´e dada por
Q
I
θ
J
= D
I
θ
J
= δ
IJ
. (3.90)
Definimos o produto estrela como
θ
I
θ
J
= m
F
(θ
I
θ
J
) = (m F
1
)(θ
I
θ
J
) (3.91)
e calculamos explicitamente
θ
1
θ
1
=
M
η
M
, (3.92)
θ
2
θ
2
=
M
+
η
M
, (3.93)
θ
1
θ
2
=
i
M
M
+ θ
1
θ
2
, (3.94)
de modo que os anticomutadores estrela ao
{θ
1
, θ
1
}
= 2
M
+
η
M
, (3.95)
{θ
2
, θ
2
}
= 2
M
+
η
M
, (3.96)
{θ
1
, θ
2
}
= 2i
M
+
η
M
. (3.97)
59
Passando para coordenadas quirais
θ = θ
1
+
2
,
¯
θ = θ
1
2
, (3.98)
os anticomutadores estrela exprimem-se como
{θ, θ}
= 8
M
+
η
M
, (3.99)
{
¯
θ,
¯
θ}
= 0, (3.100)
{θ,
¯
θ}
= 0, (3.101)
dando-nos a cliffordiza¸ao em metade das coordenadas (setor quiral), como
obtido em [59] e [60].
Como H
F
= H, poder-se-ia pensar que o setor bosˆonico ao sofre de-
forma¸ao alguma. No entanto, considere o operador bosˆonico
W =
i
2
(
Q
1
Q
2
Q
2
Q
1
), (3.102)
que tamb´em ´e declarado primitivo, ou seja, ∆(W ) = W 1 + 1 W e
S(W ) = W .
Se procedermos `a sua deforma¸ao (fazendo, por simplicidade, η = 0),
obtemos que W
F
= W , pois [Q, W ] = 2HQ. ao a, pois, deforma¸ao no
n´ıvel alg´ebrico. O coproduto de W , no entanto, ´e deformado:
F
(W ) = ∆(W )
2
M
(Q QH + QH Q), (3.103)
60
o que mostra que o setor bosˆonico ao ´e inteiramente infenso `a deforma¸ao
fermiˆonica.
3.2.2 O caso N = 4
Voltamos nossa aten¸ao agora para a ´algebra de supersimetria N = 4
{
Q
I
,
Q
J
} = δ
IJ
H, (3.104)
H,
Q
I
= 0, (3.105)
(I, J = 1, 2, 3, 4) e aplicamos o twist
F = exp
η
ij
M
Q
i
Q
j
, (3.106)
onde η
ij
´e diagonal e
Q
1
=
Q
1
i
Q
2
, (3.107)
Q
2
=
Q
3
i
Q
4
. (3.108)
Fazemos η
11
= e η
22
= η.
O mesmo procedimento de antes nos permite calcular a deforma¸ao dos
61
geradores
Q
F
1
=
Q
1
+
M
(
Q
1
i
Q
2
)H, (3.109)
Q
F
2
=
Q
2
i
M
(
Q
1
i
Q
2
)H, (3.110)
Q
F
3
=
Q
3
+
η
M
(
Q
3
i
Q
4
)H, (3.111)
Q
F
4
=
Q
4
M
(
Q
3
i
Q
4
)H. (3.112)
Os coprodutos deformados ao
F
(
Q
1
) = ∆(
Q
1
) +
M
(
Q
1
H H
Q
1
)
i
M
(
Q
2
H H
Q
2
),
F
(
Q
2
) = ∆(
Q
2
)
i
M
(
Q
1
H H
Q
1
)
M
(
Q
2
H H
Q
2
),
F
(
Q
3
) = ∆(
Q
3
) +
η
M
(
Q
3
H H
Q
3
)
M
(
Q
4
H H
Q
4
),
F
(
Q
4
) = ∆(
Q
4
)
M
(
Q
3
H H
Q
3
)
η
M
(
Q
4
H H
Q
4
).
(3.113)
A matriz-R universal ´e simplesmente F
2
, permitindo o alculo dos co-
produtos deformados dos geradores deformados
F
(
Q
F
1
) =
Q
F
1
1 + 1
Q
F
1
+
2
M
(
Q
1
i
Q
2
) H, (3.114)
F
(
Q
F
2
) =
Q
F
2
1 + 1
Q
F
2
2i
M
(
Q
1
i
Q
2
) H, (3.115)
F
(
Q
F
3
) =
Q
F
3
1 + 1
Q
F
3
+
2η
M
(
Q
3
i
Q
4
) H, (3.116)
F
(
Q
F
4
) =
Q
F
4
1 + 1
Q
F
4
2
M
(
Q
3
i
Q
4
) H. (3.117)
62
Os ant´ıpodas ao
S(
Q
F
1
) =
Q
F
1
+
2
M
(
Q
1
i
Q
2
), (3.118)
S(
Q
F
2
) =
Q
F
2
2i
M
(
Q
1
i
Q
2
), (3.119)
S(
Q
F
3
) =
Q
F
3
+
2η
M
(
Q
3
i
Q
4
), (3.120)
S(
Q
F
4
) =
Q
F
4
2
M
(
Q
3
i
Q
4
), (3.121)
de modo que os colchetes deformados ao, como esperado,
{
Q
F
I
,
Q
F
J
}
F
= δ
IJ
H
F
, (3.122)
H
F
,
Q
F
I
F
= 0. (3.123)
Examinamos agora a multiplica¸ao deformada m
F
no espa¸co de fun¸oes
de vari´aveis de Grassmann θ
I
, I = 1, . . . , 4, com a ao dos
Q
I
s sobre o
odulo dada por
Q
I
θ
J
= δ
IJ
.
Com a defini¸ao a dada de produto estrela, tem-se
θ
1
θ
1
=
M
, (3.124)
θ
2
θ
2
=
M
, (3.125)
θ
3
θ
3
=
η
M
, (3.126)
θ
4
θ
4
=
η
M
; (3.127)
e todas as demais combina¸oes coincidem com o produto grassmanniano or-
din´ario.
63
Passando para coordenadas quirais
ζ
1
= θ
1
+
2
, (3.128)
ζ
1
= θ
1
2
, (3.129)
ζ
2
= θ
3
+
4
, (3.130)
ζ
2
= θ
3
4
, (3.131)
os anticomutadores estrela ao
{ζ
I
, ζ
J
}
= 8
η
IJ
M
, (3.132)
{ζ
I
, ζ
J
}
= 0, (3.133)
{ζ
I
, ζ
J
}
= 0, (3.134)
dando-nos novamente a cliffordiza¸ao nas coordenadas quirais sem barra,
como em [59] e [60].
Para mostrar que o setor bosˆonico tamem sofre algum efeito do twist,
procedemos analogamente e introduzimos os operadores bosˆonicos hermitia-
nos
W
1
=
i
2
(
Q
1
Q
2
Q
2
Q
1
), (3.135)
W
2
=
i
2
(
Q
3
Q
4
Q
4
Q
3
), (3.136)
que ao, novamente, considerados como elementos primitivos.
64
Sua ´algebra com os Q
i
s ´e
[Q
i
, W
j
] = 2HQ
i
δ
ij
(sem soma em i), (3.137)
de modo que n˜ao a deforma¸ao no n´ıvel alg´ebrico, i.e, W
F
i
= W
i
. O mesmo
ao se verifica no n´ıvel coalg´ebrico, pois seus coprodutos deformados ao
F
(W
i
) = ∆(W
i
)
2η
ij
M
(Q
j
Q
j
H + Q
j
H Q
j
). (3.138)
65
Conclus˜ao
Neste trabalho provamos que ´e poss´ıvel construir a ´algebra universal envelo-
pante U(h) da ´algebra de Heisenberg, e deform´a-la por meio de um Drinfel’d
twist abeliano desde que o papel da extens˜ao central seja cuidadosamente le-
vado em conta, i.e., considerando-a como um elemento gen´erico da ´algebra de
Lie e ao um m´ultiplo da identidade. Mostramos que os comutadores defor-
mados dos geradores deformados x
F
i
e p
F
i
do subespa¸co linear de U
F
(h) exi-
bem as mesmas constantes de estrutura da ´algebra original, ou seja, a ´algebra
[x
i
, x
j
] = 0 ´e reproduzida pela deforma¸ao: [x
F
i
, x
F
j
]
F
= 0. A ao comutati-
vidade emerge no caso h´ıbrido, quando computamos o comutador ordin´ario
dos geradores deformados como [x
F
i
, x
F
j
] =
ij
. Mostramos tamb´em como
implementar um produto estrela no odulo, e como este produto tamem
a origem `a ao comutatividade da forma [ˇx
i
, ˇx
j
]
=
ij
Passando ao formalismo de segunda quantiza¸ao, os geradores de posi¸ao
e momento da ´algebra de Heisenberg ao realizados como bilineares integra-
dos dos campos e osciladores (modos de Fourier) de Schr¨odinger. Constr´oi-se
a ´algebra universal envelopante da ´algebra dos osciladores e vˆe-se que a es-
trutura de ´algebra de Hopf da ´algebra de Heisenberg ao ´e corretamente re-
produzida (a falha ´e nas coestruturas). Mostramos que o problema ´e inteira-
66
mente sanado e a estrutura completa de ´algebra de Hopf da ´algebra de Heisen-
berg ´e corretamente induzida se adotarmos, simultaneamente, o ordenamento
de Weyl e a prescri¸ao de Wigner de encarar os osciladores de Schr¨odinger
como geradores de uma super´algebra apropriada, como osp(1|2n). Levando
em conta a natureza ´ımpar (oposta `a real natureza f´ısica) dos osciladores,
pode-se obter corretamente a ´algebra de Hopf U(h) e deform´a-la em U
F
(h). A
deforma¸ao de U(h) ´e inteiramente compat´ıvel com a deforma¸ao da ´algebra
dos osciladores asicos.
Por fim, investigamos as deforma¸oes da ´algebra de Heisenberg fermiˆonica
e da mecˆanica quˆantica supersim´etrica unidimensional N -estendida por meio
de um twist abeliano. Apresentamos duas constru¸oes poss´ıveis. Primeiro,
para valores pares de N , pode-se proceder `a identifica¸ao com a ´algebra
de Heisenberg fermiˆonica, obtendo-se a mesma deforma¸ao com a troca dos
s´ımbolos. Alternativamente, pode-se adotar a representa¸ao de superespa¸co,
em que a ´algebra da mecˆanica quˆantica supersim´etrica ´e realizada em ter-
mos de operadores pertencentes `a super´algebra universal envelopante gerada
por um oscilador bosˆonico e m´ultiplos osciladores fermiˆonicos, e deformar
a ´algebra de supersimetria neste cen´ario. Tanto em termos de geradores
deformados quanto de um produto deformado corretamente definido num
odulo, reobtivemos, num contexto matem´atico mais geral, resultados de
cliffordiza¸ao da literatura. Mostramos que, mesmo tratando-se de um twist
fermiˆonico, o setor bosˆonico da teoria sofre deforma¸ao em seus estados de
muitas part´ıculas, como se depreende da deforma¸ao do coproduto. Os mo-
delos considerados admitem derivadas fermiˆonicas que violam a regra de
Leibniz Z
2
-graduada.
67
Referˆencias Bibliogr´aficas
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71
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