conhecimentos do leitor e estabelecem expectativas em todos os níveis do texto. O leitor
utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. E é a partir
da interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento lingüístico
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, o
textual
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e o conhecimento de mundo
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que o sentido do texto é construído pelo leitor
(KLEIMAN, 2002). Segundo Kleiman, porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de
conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo.
(op.cit.:13). Caso o leitor não tenha esse conhecimento prévio, a compreensão da mensagem
do texto será dificultada ou até mesmo não será possível. Cabe ao professor nesta hora, ajudar
os alunos a construírem os conhecimentos que lhes faltam e são requeridos pela leitura.
Na etapa seguinte, a da leitura em si, o aluno pode averiguar as hipóteses inicialmente
levantadas, assim como fazer uma leitura mais minuciosa, para que possa obter uma
compreensão detalhada do texto. Logo, o que o leitor antecipou, pode ser confirmado no texto
(ou não), inclusive as inferências. Se a informação é coerente com as hipóteses formuladas, o
leitor, juntamente com seu conjunto de conhecimentos, continuará construindo o significado
global do texto, utilizando para isso, diferentes estratégias de raciocínio. Mas se o leitor
detectar a existência de informações que não combinam entre si, possivelmente não obterá a
compreensão textual, ou deverá fazer os ajustes necessários. Quanto a isso, Colomer &
Camps (2002:46) nos falam que
O mecanismo de controle da compreensão implica um estado de alerta do leitor que permite
detectar o erro a respeito tanto do processamento das sucessivas hipóteses e verificações,
como de sua integração em uma compreensão global do que se lê. Trata-se de uma atividade
metacognitiva, de auto-avaliação constante do leitor sobre seu próprio processo de construção
de sentido, que lhe permite aceitar como válida a informação recebida e, portanto, continuar a
leitura ou, caso contrário, adotar alguma estratégia que lhe permita refazer o
processo para reconstruir o significado.
A etapa da pós-leitura é aquela que apresenta as questões que estimulam discussões
junto aos alunos e que possibilita uma ampliação do conhecimento construído a partir da
leitura. É nesse momento que o professor tem a oportunidade de fazer com que o aluno
incorpore, de maneira crítica e/ou reflexiva, ao seu conhecimento de mundo, o que ele pôde
reconstruir por meio do processo leitor (RIO DE JANEIRO, 2007b).
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Segundo Kleiman (2002) é o conhecimento implícito, não verbalizado, nem verbalizável que faz com que falemos
português como falantes nativos. E este conhecimento abrange desde o conhecimento sobre como pronunciar o português,
passando pelo conhecimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da mesma. Além
disso, segundo a autora, este conhecimento desempenha um papel central no processamento do texto. É ele que permite a
identificação de categorias e das funções dos segmentos ou frases.
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Conjunto de noções e conceitos sobre o texto que nos permite caracterizá-lo como uma estrutura expositiva ou narrativa,
por exemplo. Segundo Kleiman (2002), quanto mais conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo
tipo de texto, mais fácil será sua compreensão.
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Corresponde aos conhecimentos do leitor que lhe permitem preencher os vazios da informação que lhe dá o redator. E
porque nem todos os leitores possuem os mesmos conhecimentos prévios, as mesmas experiências, é que haverá diferenças
na compreensão da informação (Colomer &Camps, 2002).