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fotografia da modelo Adriana Bombom, de postura corporal sensual, trazendo à
lembrança movimento de dança, na modalidade samba. O mote sensual encontra-se na
dualidade semântica da palavra bombom; em primeira instância evoca uma guloseima
de confeitaria, geralmente de chocolate, muito saborosa; nessa acepção constitui-se em
substantivo com função de objeto, de sentido denotativo. Por outro lado, a dançarina
possui a cor do chocolate, sendo assim, por semelhança e conotação, a personagem tem
sabor tão agradável quanto o do chocolate; nesse caso, a palavra bombom configura
metáfora, segundo teoria verificável em Garcia (2004:107). Além disso, a expressão
passou a ser um atributo, cognome, caracterizando os predicados físicos da modelo, daí
seu caráter antonomástico, uma variedade de metonímia, segundo Garcia (2004:121).
Observa-se ainda a analogia da oração Pai que é pai com o coloquialismo da
reiteração intencional a fim de enfatizar a idéia da importância de exercer as funções de
pai. Infere-se da mensagem publicitária que um bom pai ambiciona, cobiça bombom não
só o doce, mas também a dançarina, de pele acastanhada, popularmente denominada
mulata, tal qual a marca da cerveja. A mensagem de duplo sentido, ambígua, toca o
imaginário masculino, seduz, persuade.
É possível traduzir linguagem publicitária por linguagem metafórica,
metonímica, hiperbólica e assim por diante, porque via de regra, são os recursos de que
se vale a publicidade, revigorando palavras emprestando-lhes um novo revestimento.
Também no cotidiano inúmeras vezes o falante constrói seu discurso com a
linguagem da persuasão, em casa, no trabalho em qualquer instância que caracterize
interesse pessoal. Por isso, insere-se em linguagem de poder, a capacidade de produzir
adesão e de formar consensos. O linguajar de sala de aula, por exemplo, é uma tentativa
de persuadir o aluno por meio de uma série de palavras.
Tão sedutora quanto a linguagem publicitária é a linguagem das canções;
enquanto uma seduz por meio da persuasão, a outra provoca identificação do falante
pela temática, pelo som e pelo ritmo. Em primeira instância a linguagem do som
encanta, fato observável desde o bebê que brinca com o tom da própria voz reiteradas
vezes, maravilhado. E segue ao longo da vida, embevecido com o som: o canto dos
pássaros, os sons da natureza, as árvores cujas folhas o vento balança emitindo um som
peculiar, as ondas do mar, da mesma forma, veículos em movimento produzem ruídos
distintos. Na verdade o som permeia a humanidade para o bem e para o mal. Para o
primeiro, pode-se pensar o sonoro OM esotérico o qual evoca sensações de bem-estar e