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NILO MÁRCIO DE ANDRADE TEIXEIRA
OCUPAÇÃO URBANA EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: O CASO LAGOA
DA PINDOBA EM FEIRA DE SANTANA-BA
Dissertação submetida ao corpo docente do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil e Ambiental da Universidade Estadual de
Feira de Santana como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Civil e Ambiental, sob a
orientação do Prof. Dr. Carlos César Uchôa de
Lima.
FEIRA DE SANTANA
MAIO, 2010
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ii
Ficha Catalográfica Biblioteca Central Julieta Carteado
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iii
iv
Para Adriane, Nilinho, Daniel,
meus pais e meus irmãos.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que me auxiliaram na realização deste trabalho, em especial à
professora Janúzia Mendes, pela amizade, incentivo e demonstração da importância da
pesquisa.
Aos meus queridos colegas de curso, pela convivência harmoniosa, pela ajuda mútua e
pelos momentos inesquecíveis que passamos juntos.
Aos meus grandes amigos Paulo Rogério, Maria Auxiliadora e Luís Cláudio que se
dedicaram, incondicionalmente, a me ajudar na construção deste trabalho.
Ao estimado Professor Carlos Uchôa - sem o qual seria impossível finalizar este trabalho -
pelo acolhimento, respeito e dedicação.
Ao Professor Francisco Zorzo, pelos ensinamentos e contribuição inicial na realização
deste trabalho.
À Coordenação do Curso e a todos os professores do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil e Ambiental, pelo total apoio e compreensão nos momentos difíceis
vivenciados nesses anos.
Aos funcionários do Programa por todo o suporte e contribuição.
Ao estudante de engenharia Aurino Cordeiro, pelo apoio na realização da pesquisa e ao
desenhista Jefferson Pereira, pelo acompanhamento nas visitas à campo e confecção dos
mapas.
À comunidade do Bairro Novo Horizonte, pela recepção amigável e fundamental
colaboração no desenvolvimento da pesquisa.
Aos colegas da GEPRO pelo suporte material de computadores e cópias e pela minha
liberação do setor, quando se fez necessário.
Aos funcionários da Prefeitura Municipal de Feira de Santana, que auxiliaram com dados
e informações indispensáveis para a realização desta pesquisa.
vi
Tudo tem seu tempo.
vii
Resumo da Dissertação apresentada ao PPGECEA/UEFS como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
OCUPAÇÃO URBANA EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: O CASO DA LAGOA
DA PINDOBA EM FEIRA DE SANTANA-BA
Nilo Márcio de Andrade Teixeira
Maio / 2010
Orientador: Prof. Dr. Carlos César Uchôa de Lima
Programa: Engenharia Civil e Ambiental
As ocupações espontâneas, que ocorrem em áreas de proteção, nas quais surgem
diversos problemas de caráter ambiental, são potencializados pela intensificação da
ocupação urbana, normalmente caracterizada por construções precárias, em locais com
restrições ao uso do solo. Neste sentido, o objetivo geral desta pesquisa é analisar o
processo de ocupação urbana no entorno da Lagoa da Pindoba, situada no bairro Novo
Horizonte, no município de Feira de Santana - Bahia, enfatizando os seus
desdobramentos para o ambiente e para a comunidade, inserida nesse contexto. Fez-se a
opção metodológica pela divisão da área de estudo, no entorno da Lagoa, em três níveis
de acordo com as peculiaridades de cada área (A1, A2 e A3). Nestas três divisões
territoriais foram aplicados questionários estruturados com o intuito de levantar quatro
variáveis: características sociais dos chefes de famílias do bairro Novo Horizonte;
características físicas dos domicílios; cobertura de saneamento básico e outros serviços;
percepção dos moradores em relação aos problemas ambientais no entorno da Lagoa da
Pindoba. Os resultados obtidos permitem inferir que o crescimento desordenado do bairro
Novo Horizonte no entorno da lagoa, originou uma área e comunidade carentes, com
serviços e ou equipamentos urbanos precários. Notam-se problemas básicos, de
infraestrutura urbana, peculiares de bairros periféricos, que afetam a qualidade de vida do
ponto de vista social e ambiental. Paralelamente ao adensamento populacional, ocorreu
também o agravamento da degradação ambiental, fruto da falta de planejamento urbano
por parte do poder público, o qual se exime em promover ações políticas capazes de
melhorar as condições ambientais da Lagoa e as condições de sobrevivência da
população. Ficou evidente também nesta pesquisa que a percepção ambiental pode ser
utilizada como um valioso instrumento para avaliar a degradação ambiental de uma
determinada região, como o caso da Lagoa da Pindoba e o bairro Novo Horizonte em seu
entorno, caracterizando de forma mais real os impactos a as necessidades da
comunidade. Assim, este estudo aponta para a possibilidade de usar tais resultados no
embasamento das formulações de políticas púbicas voltadas para o atendimento das
reivindicações desta comunidade.
Palavras chave: Ocupação Urbana, Percepção Ambiental, Proteção Ambiental,
Crescimento Desordenado.
viii
Abstract of Dissertation presented to PPGECEA/UEFS as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
URBAN OCCUPATION IN AREA OF ENVIRONMENTAL PROTECTION: THE CASE OF
THE POND OF PINDOBA IN FEIRA DE SANTANA-BA
Nilo Márcio de Andrade Teixeira
May / 2010
Advisor 1: Carlos César Uchôa de Lima
Department: Civil and Environment Engineering
The spontaneous occupations in protection areas, in which several problems of
environmental character are generated, are reinforced for the intensification of the urban
occupation, usually characterized by precarious constructions, in places with restrictions to
the use of the soil. In this sense, the general objective of this research is to analyze the
process of urban occupation around the Pond of Pindoba, located in the New Horizon
neighborhood in the municipal district of Feira de Santana - Bahia, emphasizing their
interference in the environment and in the community, inserted in that context. The
methodological option was made by the separation of the study area, in three divisions in
agreement with the peculiarities of each area (A1, A2 and A3). In these three territorial
divisions structured questionnaires were applied with the intention of identify the four
variables: Social characteristics of the bosses of families of the New Horizon
neighborhood; physical characteristics of the homes; the presence of the sanitation and
other services; the residents' perception in relation to the environmental problems next to
the the Pond of Pindoba. The obtained results allow to infer that the disordered growth of
the New Horizon neighborhood around the pond, have originated an area with poor
development in services and/or precarious urban equipments. Basic problems are noticed,
of urban infrastructure, peculiar of marginal neighborhoods that affect the quality of life
under social and environmental point of view. Parallel to the population growing, it has
occurred the worsening of the environmental degradation, originated of the lack of urban
planning by the public power, which is exempted in promoting political actions capable to
improve the environmental conditions of the pond and the conditions of survival of the
population. It was also evident in this research that the environmental perception can be
used as a valuable instrument to evaluate the environmental degradation of some areas,
as the case of the Pond of Pindoba and the New Horizon neighborhood, characterizing in
a more real way the impacts to the community's necessities. This study can be used as
basement of the formulations of pubic politics directed to the attendance of this
community's requirements.
keywords: Urban occupation, Environmental Perception, Environmental Protection,
Disordered Growth.
ix
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ......................................................................... xiv
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 4
2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 4
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 4
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 5
3.1 O AMBIENTE URBANO E A QUALIDADE DE VIDA ................................................... 5
3.2 A OCUPAÇÃO URBANA E A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL........................................ 7
3.3 UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS BLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO E A
PROMOÇAO DA QUALIDADE DE VIDA ......................................................................... 10
3.4 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NO DESENVOLVIMENTO URBANO ........ 13
4 OCUPAÇÃO URBANA NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA E O CASO DA LAGOA
DA PINDOBA .................................................................................................................. 18
4.1 A CIDADE DE FEIRA DE SANTANA ......................................................................... 20
4.1.1 Histórico ................................................................................................................ 20
4.1.2 Crescimento Urbano ............................................................................................. 21
4.1.3 Características dos serviços públicos de saneamento básico ......................... 22
4.1.4 Ocupação urbana nas periferias .......................................................................... 25
4.2 O BAIRRO NOVO HORIZONTE E A LAGOA DA PINDOBA...................................... 28
4.2.1 Localização e caracterização ............................................................................... 28
4.2.2 Histórico da Ocupação ......................................................................................... 29
5 METODOLOGIA ........................................................................................................... 32
5.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................................. 32
5.1.1 Levantamento Bibliográfico ................................................................................. 33
5.1.2 Levantamento Documental .................................................................................. 33
5.1.3 Campo de Estudo ................................................................................................. 33
5.1.4 Delimitação da Área de Estudo ............................................................................ 35
5.1.5 Instrumentos de Coleta de Dados ....................................................................... 42
5.2 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................. 44
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 45
6.1 CARACTERÍSTICAS SOCIAIS POR ÁREA ............................................................... 46
6.1.1 Área 1 ..................................................................................................................... 46
6.1.2 Área 2 ..................................................................................................................... 47
6.1.3 Área 3 ..................................................................................................................... 47
6.1.4 Análise das características sociais das três áreas............................................. 48
6.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS DOMICÍLIOS DO BAIRRO NOVO HORIZONTE
........................................................................................................................................ 54
6.2.1 Generalidades ....................................................................................................... 55
6.2.2 Número de cômodos ............................................................................................ 56
6.2.3 Área do domicílio .................................................................................................. 56
6.2.4 Cobertura da casa ................................................................................................. 57
x
6.2.5 Problemas no interior do domicílio ..................................................................... 59
6.2.6 Localização dos banheiros .................................................................................. 60
6.3 COBERTURA DOS SERVIÇOS BLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO E DE
OUTROS SERVIÇOS DO BAIRRO NOVO HORIZONTE ................................................ 61
6.3.1 Tipos de abastecimento de água ......................................................................... 62
6.3.2 Regularidade do serviço de abastecimento de água ......................................... 64
6.3.3 Outras alternativas de abastecimento de água .................................................. 65
6.3.4 Armazenamento da água ...................................................................................... 66
6.3.5 Esgotamento sanitário ......................................................................................... 67
6.3.6 Rede elétrica e coleta de lixo ............................................................................... 70
6.3.7 Pavimentação das ruas e drenagem urbana ....................................................... 72
6.3.8 Segurança pública ................................................................................................ 76
6.3.9 Aspectos do entorno ............................................................................................ 77
6.3.10 Transporte ........................................................................................................... 80
6.4 PRINCIPAIS PROBLEMAS, MELHORIAS E PERCEPÇÕES DOS MORADORES DO
BAIRRO NOVO HORIZONTE .......................................................................................... 80
6.4.1 Utilização da Lagoa............................................................................................... 81
6.4.2 Morar próximo à Lagoa ........................................................................................ 82
6.4.3 Melhorias para o local .......................................................................................... 82
6.4.4 O que poderia ser feito na área da Lagoa ........................................................... 83
6.4.5 Responsabilidades das melhorias ....................................................................... 85
6.4.6 Problemas mais agravantes ................................................................................. 86
6.5 ANÁLISE DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS RELACIONADOS AO
PROCESSO DE OCUPAÇÃO URBANA DO BAIRRO NOVO HORIZONTE .................... 87
6.6 PROBLEMAS QUE DIFICULTAM A REVITALIZAÇÃO URBANÍSTICA NO ENTORNO
DA LAGOA DA PINDOBA................................................................................................ 92
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 95
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 99
APÊNDICE A................................................................................................................. 105
APÊNDICE B................................................................................................................. 111
APÊNDICE C................................................................................................................. 112
ANEXO A ...................................................................................................................... 117
ANEXO B .......................................................................................................................... 1
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Vista da Escola Municipal Otaviano Campos, fundada em 1974 (foto do autor,
2008) ............................................................................................................................... 31
Figura 2 - Vista do posto de saúde Dr. Osvaldo Requião, fundado em 1980 (Foto do autor,
2008) ............................................................................................................................... 31
Figura 3 Sede da Associação dos Moradores do Bairro Novo Horizonte ...................... 31
(o autor, 2008) ................................................................................................................. 31
Figura 4 Mobilização da Associação dos Moradores com apoio da UEFS .................... 31
(o autor, 2008) ................................................................................................................. 31
Figura 5 - Localização do bairro Novo Horizonte no município de Feira de Santana ....... 34
Figura 6 - Bairro Novo Horizonte e os bairros vizinhos / Fonte: CONDER (2008) ............ 34
Figura 7 - Vista do acesso principal do bairro Novo Horizonte e BR 116 (o autor, 2008) . 35
Figura 8 - Vista do acesso principal do bairro Novo Horizonte e Praça Maria Quitéria (o
autor, 2008) ..................................................................................................................... 35
Figura 9 - Mapa do bairro Novo Horizonte com seus limites e a mancha da Lagoa da
Pindoba (PLANARQ, 2000) ............................................................................................. 36
Figura 10 - Localização das principais lagoas, entre as quais a Lagoa da Pindoba, no
Município de Feira de Santana / Fonte: Lobão e Machado (2005). .................................. 37
Figura 11 - Delimitação da Lagoa da Pindoba e faixa de preservação sobre ortofoto
CONDER, 1999 / Fonte: Lobão e Machado (2005) .......................................................... 38
Figura 12 - Delimitação da Lagoa da Pindoba e faixa de preservação sobre ortofoto
proposta pela pesquisa adaptada do levantamento planialtimétrico e de logradouros da
PLANARQ 2005. .............................................................................................................. 39
Figura 13 - Comparação entre a delimitação proposta por Lobão (2005) e pela presente
pesquisa. ......................................................................................................................... 40
Figura 14 - Delimitação do campo de estudo e sua divisão em áreas sobre ortofoto
CONDER (1998). ............................................................................................................. 41
Figura 15: População residente no Bairro Novo Horizonte por faixa Etária e Sexo segundo
Anuário estatístico de Feira de Santana CDL (2008) com base no Censo -IBGE - 2000 . 48
Figura 16 - Quantidade de membros da família por domicílio no bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-BA. ...................................................................................................... 49
Figura 17 - Faixa etária (idade em anos- i) dos chefes de família do bairro Novo Horizonte
- Feira de Santana-Bahia, por área estudada e o total das três áreas. ............................ 50
Figura 18 - Escolaridade dos chefes de família do bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-Bahia, por área estudada e o total das três áreas.............................................. 50
Figura 19: Principais fontes de renda dos chefes de família do bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-Bahia, por área estudada e o total das três áreas. ............................... 51
Figura 20 Pequeno comércio local ................................................................................ 52
(o autor, 2008) ................................................................................................................. 52
Figura 21 Edifício misto com comércio e residência (o autor, 2008) ............................. 52
Figura 22 - Tempo de residência dos chefes de família nas áreas pesquisadas do bairro
Novo Horizonte - Feira de Santana-BA ............................................................................ 52
xii
Figura 23: Renda (r) mensal das famílias do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
........................................................................................................................................ 53
Figura 24: Origem dos chefes de família do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
........................................................................................................................................ 54
Figura 25: Domicílios Particulares no Bairro Novo Horizonte segundo Anuário estatístico
de Feira de Santana CDL (2008) com base no Censo - IBGE - 2000 .............................. 55
Figura 26: Número de cômodos (c) por domicílio no bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA. .................................................................................................................... 56
Figura 27: Área dos domicílios visitados no bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
........................................................................................................................................ 57
Figura 28: Tipo de cobertura dos domicílios visitados no bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA. .................................................................................................................... 58
Figura 29 Casa precária (o autor, 2008) ....................................................................... 58
Figura 30 Casa precária (o autor, 2008) ....................................................................... 58
Figura 31 Casa em construção (o autor, 2008) ............................................................. 59
Figura 32: Freqüência de problemas no interior dos domicílios relatados pelos moradores
do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA. ............................................................ 60
Figura 33: Localização dos banheiros nos domicílios visitados no bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-BA. ...................................................................................................... 61
Figura 34: Cobertura de abastecimento de água no bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA. .................................................................................................................... 63
Figura 35 Residência em construção em rua não pavimentada, com ponto de ligação
de água............................................................................................................................ 63
Figura 36: Regularidade do serviço de abastecimento de água no bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-BA. ...................................................................................................... 64
Figura 37: Outras alternativas de abastecimento de água no bairro Novo Horizonte - Feira
de Santana-BA. ............................................................................................................... 66
Figura 38: Tipos de armazenamento de água nos domicílios do bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-BA. ...................................................................................................... 66
Figura 39: Percentual do serviço de esgotamento sanitário nos domicílios visitados no
bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA. ................................................................. 68
Figura 40 Ligação irregular de esgoto sanitário na rede pluvial que tem como destino
final a lagoa. .................................................................................................................... 69
Figura 41 Lixo em terreno baldio (o autor, 2008) .......................................................... 72
Figura 42 Sacos de lixo nas proximidades da lagoa (o autor, 2008) ............................. 72
Figura 43 Rua pavimentada, porém sem drenagem, escoamento superficial da chuva (o
autor, 2008) ..................................................................................................................... 73
Figura 44 Rua sem pavimentação (o autor, 2008) ........................................................ 73
Figura 45 Canal de drenagem no limite leste do bairro (o autor, 2008) ......................... 73
Figura 46 Detalhe do canal de drenagem (o autor, 2008) ............................................. 73
Figura 47: Estado das ruas visitadas quanto à pavimentação e drenagem pluvial no bairro
Novo Horizonte - Feira de Santana-BA. ........................................................................... 74
Figura 48 Ausência de calha coletora em rua pavimentada (o autor, 2008) .................. 75
Figura 49 Ausência de calha coletora em rua pavimentada (o autor, 2008) .................. 75
xiii
Figura 50 Falta de tratamento nos passeios, acúmulo de lixo e crescimento de
vegetação (o autor, 2008) ................................................................................................ 75
Figura 51 Falta de tratamento nos passeios, favorecendo o crescimento de vegetação (o
autor, 2008) ..................................................................................................................... 75
Figura 52: Segurança pública no bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA. ............. 77
Figura 53: Aspectos do entorno do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA quanto à
presença de lixo em terrenos baldios. .............................................................................. 78
Figura 54: Aspectos do entorno do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA quanto à
presença de roedores e insetos. ...................................................................................... 78
Figura 55: Aspectos do entorno do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA quanto à
presença de roedores e insetos. ...................................................................................... 78
Figura 56: Lagoa da Pindoba, com densa quantidade de macrófitas, indicadoras de
elevado grau de eutrofização. .......................................................................................... 79
Figura 57: Utilização da lagoa pelos moradores do bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA. .................................................................................................................... 81
Figura 58: Avaliação dos moradores quanto a morar próximo à lagoa no bairro Novo
Horizonte - Feira de Santana-BA. .................................................................................... 82
Figura 59: Melhorias citadas pelos moradores para o bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA. .................................................................................................................... 83
Figura 60: O que poderia ser feito na área da lagoa segundo os moradores do bairro Novo
Horizonte - Feira de Santana-BA. .................................................................................... 84
Figura 61 Muro da UEFS com guarita ........................................................................... 86
(o autor, 2008) ................................................................................................................. 86
Figura 62 Laboratório da UEFS que fica dentro da faixa de preservação da lagoa (o
autor, 2008) ..................................................................................................................... 86
Figura 63: Problemas mais agravantes observados no entorno da lagoa pelos moradores
do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA. ............................................................ 87
Figura 64 Aspecto geral das moradias e das ruas da área A3 (o autor, 2008) .............. 88
Figura 65 Ruas sem pavimentação, sem passeio da área A2 (o autor, 2008) ............... 88
Figura 66 Lixo em terrenos baldios na área A1 (o autor, 2008) ..................................... 88
Figura 67 Lixo na lagoa e crescimento de macrófitas área A2 (o autor, 2008) .............. 88
Figura 68: Campanha educativa de combate a dengue realizada no bairro Novo Horizonte
- Feira de Santana-BA. .................................................................................................... 90
Figura 69 Campo de futebol (o autor, 2008) ................................................................. 91
Figura 70 Campo de futebol (o autor, 2008) ................................................................. 91
Figura 71 Vista da Praça Maria Quitéria (o autor, 2008) ............................................... 91
Figura 72 Bar como opção de lazer .............................................................................. 91
(o autor, 2008) ................................................................................................................. 91
xiv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AMONHO - Associação dos Moradores do Novo Horizonte
ASRE - Áreas Sujeitas a Regime Específico
CONDER - Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
EMBASA - Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS - Organização Mundial de Saúde
PDDU - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PLANARQ - Planejamento Ambiental e Arquitetura Ltda
PMFS - Prefeitura Municipal de Feira de Santana
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana
1 INTRODUÇÃO
O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), no Art. 2
o
, defende que a garantia do direito
a cidades sustentáveis, é entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao
trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 2001).
Entretanto, observa-se que, o desenho urbano das cidades brasileiras está
distante do estabelecido pela referida Lei, por materializar o modelo econômico
capitalista, caracterizado pela concentração de renda e acúmulo do capital, conferindo
uma dinâmica de distribuição espacial de equipamentos e serviços urbanos concentrados
em poucas áreas privilegiadas das cidades.
No entanto, essa distribuição espacial nas cidades, também resulta do processo
de sua formação original e não pode ser desvinculada do seu contexto histórico e das
suas dimensões geográficas, econômicas, políticas, sociais e culturais, bem como das
suas inter-relações. Pode-se definir que, a expansão urbana das cidades segue o
direcionamento desses fatores, sendo ainda consequência das ações do Poder Público e,
muitas vezes, do conflito social e da mobilização das classes.
Sendo assim, pode-se dizer que essa expansão ocorre de forma desequilibrada. E
quando essa se refere à população de baixa renda, normalmente, não é um direito, mas
sim, uma conquista. Por vezes, excluída do mercado imobiliário formal e, em face à
ausência de políticas habitacionais universalizadas, a população de baixa renda busca
alternativas próprias de moradia, que se traduzem em loteamentos clandestinos,
favelizações e ocupações espontâneas. Essa população se desloca do centro à periferia,
espalhando a cidade horizontalmente.
À medida que crescem, as áreas de ocupação irregular tornam-se um problema
político e social, visto que, na maioria das vezes, tais áreas são legitimadas e
beneficiadas pelo Poder Público, quando se tornam foco de benfeitorias em troca de
favores políticos. Soma-se a isso o fato desses locais não interessarem ao mercado
imobiliário formal (MARICATO, 2000).
Quando as ocupações espontâneas, ou invasões, ocorrem em áreas de proteção
ambiental (devido a vários fatores, como por exemplo, a facilidade de instalação, em
função da ausência de fiscalização por parte do governo), surgem diversos problemas de
caráter ambiental, que são potencializados pela intensificação da ocupação urbana,
2
normalmente caracterizada por construções precárias, em locais com severas restrições
ao uso do solo.
A ocupação desordenada nessas áreas, associada à ausência de infraestrutura,
especialmente de saneamento básico, vai refletir nas condições de vida da população.
Este tipo de ocupação pode acarretar diversos problemas ambientais e de saúde pública,
como por exemplo, o lançamento de esgoto a céu aberto, a disposição inadequada de
resíduos sólidos, o soterramento de corpos d’água, o desmatamento de vegetação nativa,
entre outros.
Esse tipo de ocupação não é um fenômeno novo. Ocorre com maior freqüência
nos países em desenvolvimento, sendo objeto de estudo de vários autores, como Marinho
(1997), que desenvolve pesquisa sobre a Revitalização da Lagoa Olho D’água, em
Recife, tratando da sua ocupação urbana; Camillo et al. (2005) que avaliou os impactos
do projeto urbanístico “Reviva Lagoa Itatiaia”, Campo Grande, MS; Araújo et al. (2004),
cujo estudo aponta as conseqüências da urbanização acelerada em torno da Lagoa dos
Potiguares, Natal, RN; e Silva e Moura (2007), que abordam a degradação da lagoa de
pedras e a necessidade de sua revitalização e preservação, no município de Lagoa de
Pedras, RN.
Quando essa ocupação se dá numa área de proteção, como uma lagoa, os
problemas ambientais tem maior relevância, devido à importância destas serem áreas de
preservação permanente para conservação dos mananciais.
Especialmente nas cidades com muitas lagoas ou nascentes dentro de seu
perímetro, fazem-se necessários estudos aprofundados e continuados sobre a ocupação
urbana e a degradação ambiental dessas áreas, como forma de controle para
preservação das mesmas. Assim, um levantamento quantitativo (dados físicos da área de
estudo) e qualitativo (a percepção dos moradores sobre o ambiente em que vivem)
favorece um diagnóstico mais realista sobre o local, permitindo à sociedade civil e ao
Poder Público programar ações pautadas nas políticas públicas para enfrentar
adequadamente os problemas ambientais e sociais decorrentes nestas áreas.
Diante do exposto, o presente estudo ganha relevante importância na cidade de
Feira de Santana Bahia, devido a sua peculiar história de crescimento urbano atrelado à
presença de lagoas no seu entorno, pois estas serviam de apoio para os viajantes se
abastecerem e foram indispensáveis no abastecimento de água da cidade até a metade
do século XX.
A sustentabilidade dos recursos naturais e paisagísticos também é outro ponto de
3
interesse desta pesquisa. O uso inadequado das áreas das lagoas por parte da
população, em forma de invasões, depósito de lixo, etc., e o descaso do Poder Público
em protegê-las, podem levar ao desaparecimento das mesmas. Perante essas situações,
surge o questionamento: até que ponto a ocupação periurbana numa região de lagoa
pode contribuir para a geração de problemas ambientais?
Nesse contexto, o objeto deste estudo é o processo de urbanização do entorno de
uma lagoa da cidade de Feira de Santana, denominada Lagoa da Pindoba, situada no
bairro Novo Horizonte. Dessa forma, pretende-se compreender como se deu a ocupação
urbana nessa região, quais as consequências da ocupação para o meio ambiente e como
os moradores se relacionam com esse espaço urbano, por meio de suas práticas e
hábitos cotidianos.
A escolha da Lagoa da Pindoba, como objeto de estudo desta pesquisa, reside no
fato desta lagoa estar inserida no mesmo bairro da Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS) e do seu Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil e Ambiental.
Além disso, essa instituição já possui alguns trabalhos realizados na comunidade do
bairro Novo Horizonte. A proximidade com o campo de estudo facilitou a execução da
pesquisa e, adicionalmente, o bairro reúne problemas ambientais, que são similares a de
outras regiões com lagoas em áreas urbanas.
Portanto, um estudo socioambiental no entorno da Lagoa da Pindoba pode servir
para compreender a ocupação urbana desse tipo de espaço e ajudar a definir medidas de
planejamento urbano, que possam vir a ser usadas pela Administração Pública Municipal,
por meio de ações políticas para esta e outras áreas do município de Feira de Santana,
buscando a melhoria da qualidade de vida da sua população.
4
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar o processo de ocupação urbana no entorno da Lagoa da Pindoba,
enfatizando os seus desdobramentos para o ambiente e para a comunidade, inserida
nesse contexto.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar um levantamento documental sobre a história da ocupação urbana do
bairro Novo Horizonte.
Averiguar os principais problemas ambientais existentes na região da Lagoa da
Pindoba (lixo, esgotamento sanitário, drenagem urbana, abastecimento de água e
condições de moradia).
Identificar a percepção dos moradores frente aos problemas ambientais no
entorno na Lagoa da Pindoba.
Avaliar as condições físicas das moradias localizadas no entorno da Lagoa da
Pindoba.
5
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 O AMBIENTE URBANO E A QUALIDADE DE VIDA
Quando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, afirmou que o fim último do
desenvolvimento sustentável era o pleno desenvolvimento das capacidades afetivas e
intelectuais de todo ser humano, a qualidade de vida foi colocada no centro dos seus
objetivos (LEFF, 2001).
A qualidade de vida é um conceito crucial para os estudos urbanos. Trata-se de
um conceito amplo e complexo. Assim como o conceito de “saúde” com o qual tem
relação - da Organização Mundial da Saúde (OMS), definido como “bem-estar físico,
mental e social”, o conceito de qualidade de vida também permite diversas interpretações.
Na conceituação adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a
Qualidade de Vida foi definida como “[...] a percepção do indivíduo sobre a sua posição na
vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a
seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (FLECK, 1999, p. 20).
Herculano (2000) propõe que:
"qualidade de vida" seja definida como a soma das condições
econômicas, ambientais, científico-culturais e políticas coletivamente
construídas e postas à disposição dos indivíduos para que estes possam
realizar suas potencialidades: inclui a acessibilidade à produção e ao
consumo, aos meios para produzir cultura, ciência e arte, bem como
pressupõe a existência de mecanismos de comunicação, de informação,
de participação e de influência nos destinos coletivos, através da gestão
territorial que assegure água e ar limpos, higidez ambiental,
equipamentos coletivos urbanos, alimentos saudáveis e a disponibilidade
de espaços naturais amenos urbanos, bem como da preservação de
ecossistemas naturais.
A qualidade de vida pode ser entendida como a satisfação em viver num lugar
com demanda de atendimento das necessidades básicas, além de aspirações e desejos.
Este conceito, portanto, abrange aspectos quantitativos e aspectos qualitativos. Os
primeiros podem ser entendidos como as necessidades básicas, ou seja, alimentação e
moradia, etc, que podem ser mensuradas a partir de medidas concretas como renda, por
6
exemplo. Os últimos pressupõem um caráter mais subjetivo, determinado por avaliações
dos seus valores culturais, como afeto, pertencimento e auto-estima.
Sob este aspecto, Assis (2006) afirma que a qualidade de vida, a partir do meio
biofísico, pode ser correlacionada, por exemplo, às necessidades fisiológicas, as quais
não se definem apenas pela quantidade, mas também pela qualidade. Se a qualidade de
vida estiver correlacionada às necessidades emocionais ou sensíveis, define-se pela sua
caracterização, a exemplo de uma paisagem não poluída, que pode ser um indicativo de
qualidade de vida.
Sob o ponto de vista da saúde, pode-se entender a mesma como sendo individual
e coletiva. A primeira refere-se, portanto, à capacidade do ser humano e a segunda ao
resultado da presença e atuação de determinantes de doenças e comprometimentos da
saúde, tanto de natureza física, como biológica e social (FORATTINI, 1991).
Ao se empregar o conceito de qualidade de vida, que trata da noção que varia
com o tempo e condições existenciais, surgem diversas dificuldades em medi-la. Tenta-se
mensurá-la por índices, ou indicadores objetivos como, por exemplo, as taxas de
desemprego ou número de domicílios sem esgotamento sanitário. também as formas
subjetivas, medidas com determinadas categorias de análise, como as percepções
colhidas diretamente dos indivíduos por meio de questionário. Para determinar a
qualidade de vida de uma comunidade, de forma mais realista, deve-se observar os dois
aspectos em conjunto. Segundo Leff (2001), o conceito de qualidade de vida não pode ser
reduzido a uma visão simplista, e a ele devem ser somados os valores culturais,
condições de existência, processos econômicos e ideológicos.
A importância em considerar os dados subjetivos é que eles tem relação com o
desejo de mudança. Isso se dá, a princípio, de forma individual, pessoal, mas vai
ganhando caráter coletivo em função das relações sociais. E o desejo de mudar está
ligado às insatisfações humanas, que, segundo Hörnquist (1990), podem ser de ordem
orgânica (saúde e estado funcional), psicológica (identidade, auto-estima, aprendizado),
social (relacionamento, privacidade, sexualidade), comportamental (hábitos, vida
profissional, lazer), material (economia privada, renda, habitação) e estrutural (posição
social, significado da própria vida).
Vários outros aspectos tem sido usados na elaboração de índices para medir a
qualidade de vida. Embora, as medidas utilizadas na avaliação da qualidade de vida
coletiva, tendam ao uso de indicadores concretos (FORATTINI, 1991). Mesmo assim, os
indicadores subjetivos não devem ser desprezados para se conhecer mais profundamente
7
o comportamento de determinada população.
Considerando os aspectos concretos (água, esgoto, lixo, drenagem, moradia,
lazer, transporte, serviços de saúde, emprego, etc.) e os aspectos subjetivos (saúde do
indivíduo, auto-estima, identidade, relacionamento, privacidade, pertencimento ao lugar,
etc.), é possível fazer uma projeção sobre a satisfação do morador, de determinada
região.
O desenvolvimento urbano, o modelo econômico, a exclusão e desigualdade
sociais parecem definir um comportamento padrão e modelo coletivo. No entanto, a
pesquisa deverá buscar o questionamento individual, incluir o indivíduo no cenário da vida
local, nos processos de decisões que o afetarão como participante de uma comunidade,
pois a percepção do próprio sujeito sobre as suas condições de existência é quesito
importante para análise da qualidade de vida. Nesse sentido ela está associada às formas
de identidade, cooperação, solidariedade, participação e aspirações sociais.
A presente pesquisa procurou conhecer e compreender como o morador do bairro
Novo Horizonte se relaciona com o meio ambiente em particular com a Lagoa da
Pindoba -, o seu sentimento de pertencimento ao lugar e como os problemas ambientais e
estruturais do bairro afetam a sua qualidade de vida.
3.2 A OCUPAÇÃO URBANA E A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
A ocupação urbana desordenada é característica dos países subdesenvolvidos -
onde se insere o Brasil - e corresponde ao uso inadequado de áreas impróprias para a
realização das atividades humanas. Juntamente com a ausência de planejamento
adequado provoca sérios desequilíbrios, comprometendo o meio ambiente, e resultando,
por sua vez, em problemas econômicos, sociais, ambientais e de saúde da população.
O processo de urbanização das cidades brasileiras, intensificado com o
capitalismo, não ocorreu sempre de forma ordenada, sendo responsável pela aceleração
do desmatamento com a consequente transformação do meio ambiente “natural”. Assim,
a crescente concentração populacional que vem ocorrendo nas áreas urbanas e as
condições ambientais existentes exigem que sejam tomadas decisões urgentes, no
sentido de torná-las ambientalmente sustentáveis (JESUS, 2007).
Para Lima et al. (2009), no presente momento o direcionamento do uso e
8
ocupação do solo urbano tem sido realizado de maneira questionável, uma vez que o
planejamento da expansão urbana não tem dado relevância ao advento dos paradigmas
de qualidade e à satisfação dos usuários dos vários segmentos da sociedade, que ao se
tornarem do conhecimento público oferece alternativas dos meios convencionais de
tratamento do espaço urbano.
Um dos problemas ambientais mais graves que ocorrem nas cidades brasileiras é
a ocupação urbana em torno de lagoas, fontes e mananciais. Decorre disso a poluição
causada pelo mau uso da área, principalmente, com o lançamento de esgoto e lixo
diretamente nas águas ou nas proximidades. No caso da ocupação em torno da Lagoa da
Pindoba em Feira de Santana, como consequência desse uso inadequado, constata-se o
aterramento da margem da lagoa, o incômodo do mau cheiro, a presença de insetos, as
enchentes, a perda da vegetação nativa, o comprometimento da saúde da população,
entre outros problemas, comprometendo, assim, a qualidade de vida da população.
A ocupação urbana em torno da área de recursos hídricos não é exclusiva de
Feira de Santana. Essa ocorrência se repete em todo o País, com características
similares. Alguns estudos servem de referência para esta pesquisa, como o estudo sobre
a represa de Guarapiranga, em São Paulo, realizado por Catunda (2002) e o estudo
intitulado Urbanização Acelerada da Lagoa dos Potiguares, em Natal-RN, realizada por
Araújo et al. (2004).
Diminuir ou parar a urbanização desenfreada dessas áreas é um dos grandes
desafios da Administração Pública, que necessita combinar infraestrutura e serviços com
a qualidade de vida da população, por meio de planejamento territorial satisfatório da
cidade e de gestão administrativa que respeite e priorize as necessidades reais dos
cidadãos, por meio da participação dos mesmos nos processos de discussão.
Maricato (2000) retrata a ocupação urbana no Brasil como “tragédia urbana
brasileira” e destaca que em 1940, a população urbana no País era de 18,8 milhões de
habitantes e, em 2000, chegou a, aproximadamente, 138 milhões. Constata-se que em 60
anos, 125 milhões de pessoas foram assentadas no tecido urbano, o que corresponde à
metade da população do Canadá. Significa que o território foi ocupado de alguma forma e
que essas pessoas viveram bem ou mal, satisfazendo suas necessidades de trabalho,
moradia, transporte, saúde, entre outras.
A ocupação das periferias urbanas remonta ao final do século XIX e início do
século XX como consequência do inchamento urbano. A implementação das bases legais
para o mercado imobiliário ajudou na expulsão da população pobre e seu deslocamento
9
para morros e outras áreas afastadas dos centros das cidades (MARICATO, 2000).
O processo de industrialização do País, que abrange cidades como Feira de
Santana, entra em nova fase a partir da segunda metade do século XX, resultando em
mudanças significativas no modo de vida da população, bem como nas moradias e na
forma das cidades. Devido à massificação do consumo dos bens materiais (elétrico/
mecânicos), mudaram os valores, a cultura e o conjunto do ambiente construído. Vale
ressaltar o grau de dependência externa que interfere decisivamente na produção do
espaço construído (MARICATO, 2000), e, que esse fator, sempre interferiu de forma
constante e decisiva na produção do espaço construído brasileiro. Cada ciclo econômico
fruto de uma demanda externa, gerou degradação ambiental, a exemplo do ciclo da cana,
do café e do ouro.
Apenas com a criação do Sistema Financeiro de Habitação, no regime militar em
1964, é que as cidades brasileiras passaram a ocupar o centro de uma política destinada
a mudar o seu padrão de produção (MARICATO, 2000). Mas, infelizmente, governo e
mercado privado não foram capazes de democratizar o acesso à moradia. A população
de baixa renda foi penalizada ao ter que ocupar áreas vazias sem qualquer infraestrutura,
espalhando as cidades para a periferia.
Os problemas ambientais, tais como, enchentes, desmoronamentos, poluição dos
recursos hídricos, poluição do ar, impermeabilização da superfície do solo,
desmatamento, congestionamento habitual, retorno das epidemias, violência, etc., são
consequências do crescimento urbano desordenado que sempre se deu com a exclusão
social (MARICATO, 2000).
Esse crescimento, mais visível nas grandes cidades, se intensifica a partir de 1980
nas cidades de porte médio, a exemplo de Feira de Santana, caracterizando um novo tipo
de urbanização bastante desigual e agressiva ao meio ambiente. O crescimento maior
das periferias em relação aos núcleos centrais implica num aumento relativo das regiões
mais pobres, retrato da desigualdade social mais profunda, principalmente, nas últimas
décadas de 1980 e 1990.
Apesar dos indicadores sociais apontarem para um aumento geral na melhoria da
qualidade de vida da população, esse fato não deve ser creditado ao processo de
urbanização das cidades. Outros fatores favoráveis podem mascarar a análise de
qualidade de vida urbana, como a socialização de informações, a cobertura dos serviços
de água e esgoto, atendimento médico, extensão dos serviços de vacina, aumento da
insalubridade, etc. (MARICATO, 2000).
10
O crescimento das periferias, entretanto, contribui para o aumento da violência em
índices nunca vistos antes, pois são nestas áreas que vivem as pessoas com níveis mais
baixos de renda, menor índice de escolaridade, maior desemprego e as piores condições
de moradia, entre outros aspectos, que colaboram com a proliferação de problemas
sociais.
A ocupação urbana nas periferias não se restringe às favelas ou ocupações
espontâneas. Esse universo se amplia quando se consideram os loteamentos irregulares.
Nem os próprios municípios tem controle sobre a sua situação fundiária. E os dados do
IBGE não retratam precisamente a realidade quanto ao percentual da população
moradora dessas áreas. Em São Paulo, por exemplo, estima-se que 22% da população
residam em favelas. Esse número em Recife sobe para 46% (MARICATO, 2003).
Segundo a mesma autora, de todas as mazelas decorrentes desse processo de
urbanização - social e ambiental - um dos maiores graus talvez possa ser identificado no
saneamento básico.
3.3 UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO E A
PROMOÇAO DA QUALIDADE DE VIDA
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle
de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem efeitos nocivos sobre o seu
bem-estar físico, mental e social. Ou seja, um conjunto de ações sobre o meio ambiente
físico, de controle ambiental, cujo objetivo é proteger a saúde do homem (HELLER et al.,
1995).
Moraes (2004) apud Loureiro et al.(2005, p.3) define Saneamento Básico como:
O conjunto de ações, entendidas, fundamentalmente, como de saúde
pública compreendendo o abastecimento de água em quantidade
suficiente para assegurar a higiene adequada e conforto, com qualidade
compatível com os padrões de potabilidade, coleta, tratamento e
disposição adequada dos esgotos e dos resíduos sólidos, drenagem
urbana de águas pluviais e controle ambiental de roedores, insetos,
helmintos e outros vetores e reservatórios de doenças.
Para este autor, o saneamento básico, tem um sentido mais restrito e sugere
ações destinadas à melhoria da salubridade ambiental e ao controle de enfermidades,
mas em virtude da complexidade do contexto urbano-ambiental atual, este conceito tem
11
sido modificado e ampliado. Surge o termo saneamento ambiental que possui um sentido
mais amplo, que não visa apenas à saúde, mas busca incorporar elementos relacionados
ao meio ambiente, principalmente ao modo de vida urbano.
Assim, o autor define Saneamento ambiental, como:
O conjunto de ações que visa alcançar veis crescentes de salubridade
ambiental, por meio do abastecimento de água potável, coleta,
tratamento e disposição sanitária dos resíduos líquidos, sólidos e
gasosos, prevenção e controle do excesso de ruídos, drenagem urbana
de águas pluviais, promoção da disciplina sanitária, do uso e ocupação
do solo, controle de vetores de doenças transmissíveis e demais serviços
e obras especializadas (MORAES, 2004 apud LOUREIRO et al., 2005,
p.3).
Vale ressaltar que salubridade ambiental pode ser entendida como o conjunto de
condições materiais e sociais necessárias para alcançar um estado propício à saúde,
condições essas influenciadas pela cultura (MORAES, 2004 apud LOUREIRO et al.,
2005).
O conceito de saneamento, então, está diretamente ligado ao bem-estar da
população, à sua saúde e serve de base para o desenvolvimento das atividades
humanas. A falta dele, por outro lado, afeta os indivíduos, bem como o meio ambiente
com diversos problemas.
Neste trabalho serão utilizadas as definições dos serviços de saneamento básico
sugeridas por Borja (2004) apud Loureiro et al. (2005), detalhado no Quadro 01.
QUADRO 01: Descrição dos Serviços de Saneamento Básico
Serviços
Descrição
Abastecimento de Água
Conjunto de atividades, instalações e equipamentos destinados a
fornecer água potável a uma comunidade. O sistema dispõe das
seguintes unidades: captação, adução, tratamento, reservação e
distribuição.
Esgotamento Sanitário
A parte física desse serviço é constituída de instalações e
equipamentos destinados a coletar, transportar, tratar e dispor
corretamente, em receptor final (água ou solo) os esgotos domésticos
de forma que não venham a poluir os recursos naturais.
Drenagem Urbana
O sistema constitui-se em uma estrutura física que direciona, coleta,
transporta e dispõe em cursos d’água as águas pluviais de uma bacia
hidrográfica, permite o controle de cheias, e é de extrema importância
para o controle da disseminação de vetores transmissores de
doenças.
Resíduos Sólidos
Envolve as atividades, instalações e equipamentos destinados a
coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos,
constituindo-se em uma importante medida para o controle de várias
doenças relacionadas com a falta de saneamento básico.
Fonte: Borja (2004) apud Loureiro et al (2005).
12
De acordo com o IBGE (2000), somente 76,1% da população brasileira é atendida
por abastecimento de água e 40% por rede de esgotamento sanitário. Esses dados, no
entanto, apesar de sugerirem certa universalização e equidade dos serviços, não se
verificam de modo igual. Estudos acadêmicos empíricos, como os realizados por Moraes
(2004) em Salvador, desvendam a precariedade desses serviços. Além disso, os dados
oficiais contemplam apenas o aspecto quantitativo, não abordam a qualidade dos
serviços. Destaca-se ainda que a cidade informal, ou seja, a parte escondida e esquecida
da cidade formal (os bairros periféricos e invasões) possui uma realidade distinta, não
sendo atendida pelos serviços urbanos de forma adequada.
Conforme dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar
(PNAD 2008), a situação dos serviços públicos de saneamento básico atual é a seguinte:
Em 2008, o Brasil tinha 30,2 milhões domicílios ligados à rede de esgoto, uma
participação 1,4 ponto percentual maior que em 2007. O Norte, mesmo tendo a menor
parcela (9,5%) de domicílios com esse serviço, teve redução de 0,5 ponto percentual, não
mantendo o crescimento ocorrido entre 2006 e 2007. Nessa região cresceu 5,5 pontos
percentuais a proporção de domicílios com fossa séptica (mais 308 mil). O Norte ainda
possuía 1,6 milhões de domicílios sem rede coletora ou fossa séptica.
O percentual de domicílios atendidos por rede geral de abastecimento de água no
Brasil (83,9%) também se manteve em crescimento: mais 0,7 ponto percentual ou 1,9
milhões de unidades em relação a 2007. No Nordeste, o acréscimo foi de 2,3 pontos
percentuais, ou mais 770 mil domicílios.
Após alta de 0,6 pontos percentual em relação a 2007, 87,9% (50,6 milhões) dos
domicílios brasileiros passaram a contar com coleta de lixo. Houve crescimento do
atendimento em todas as regiões. a energia elétrica continuava a ser o serviço público
com o maior alcance no país: atingia 98,6% dos domicílios em 2008.
A precariedade do saneamento sico nas áreas periféricas ou de ocupações
espontâneas ganha contornos mais expressivos devido a longos anos de ausência de
políticas públicas e planejamento, notadamente nestas áreas. Entretanto, com a
aprovação da Lei 11.445, de 2007, um novo patamar se estabelece na história política
do saneamento básico no Brasil, principalmente, pelo fato desta Lei trazer importantes
regulamentações para os serviços públicos de saneamento básico.
Outra barreira na universalização dos serviços públicos de saneamento básico são
as distâncias dos assentamentos periféricos, dificultando a implantação dos serviços
urbanos por parte do Poder Público. Como consequência, um grande número de pessoas
13
não tem empregos e recursos para ter acesso ao abastecimento de água, à rede de
esgoto, ao lazer, ao transporte urbano, ou à coleta regular de lixo, etc. Essa carência de
serviços propicia problemas de diversas ordens, principalmente de renda e de saúde
pública. Além de problemas sociais, sendo a violência apontada como um dos mais
graves, e de problemas ambientais, que causam a poluição do meio ambiente.
Neste sentido, a universalização dos serviços, que compõem o saneamento
ambiental, é preponderante para a promoção da qualidade de vida dos indivíduos. Isto se
, principalmente, por meio da diminuição da incidência de doenças ou erradicação das
mesmas e da melhoria do aspecto sanitário e estético do ambiente urbano, tornando-o
mais aprazível.
Nas ocupações urbanas em torno de áreas de lagoas, com baixa cobertura de
saneamento básico, como é o caso da Lagoa da Pindoba em Feira de Santana-BA, os
problemas ambientais e de saúde da população são agravados devido ao modo como os
moradores utilizam o espaço urbano em torno da mesma. Assim, o comprometimento do
recurso hídrico e o risco à saúde ficam evidentes com a poluição causada pelo
lançamento de dejetos, resíduos sólidos e esgoto diretamente nas águas da Lagoa, que
por sua vez, para muitas famílias, servem para o seu próprio abastecimento.
Para reverter esta situação, o município dispõe de vários instrumentos legais,
sendo o mais importante o Plano Diretor, que visa amenizar os problemas urbanos.
Entende-se que a aplicação da lei deve ser feita de forma a preservar o meio ambiente,
porém, esta deve estar aliada à educação ambiental da população. A gestão pública
também deve ter a participação da sociedade para que o Plano Diretor seja cumprido
plenamente por todos os setores sociais e em todas as áreas da cidade, principalmente
nas periferias. O Plano Diretor não deve atender apenas os interesses políticos e de
especulação imobiliária, mas sim os interesses sociais de maneira ampla, pensando a
cidade como um todo, universalizando o bem-estar dos seus cidadãos.
3.4 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NO DESENVOLVIMENTO URBANO
O planejamento urbano tem como meta principal a resolução dos problemas na
formação do espaço urbano, buscando para isso, a melhoria da qualidade de vida da
população, bem como a minimização das injustiças sociais. Compreende a atividade de
14
planejar, de pensar o futuro, de organizar os espaços construídos, ligando todos esses
aspectos no tempo e no espaço (SOUZA, 2002).
O planejamento urbano é, de fato, um campo que congrega os mais diferentes
profissionais, técnicos e cientistas sociais. Sugere um contexto mais amplo, como a
própria palavra diz: planejar significa tentar prever a evolução de um fenômeno com o
objetivo de tentar evitar ou minimizar problemas e ampliar margens de manobra (SOUZA,
2002). Não é, portanto, uma atividade exclusiva do urbanista. Cabe a esse profissional, no
entanto, a organização dos espaços arquiteturais, pois o urbanismo, segundo o arquiteto
e urbanista modernista Le Corbusier (1984) apud Souza (2004), constitui-se
essencialmente em um saber arquitetônico.
Gestão urbana, por sua vez, envolve a administração de uma determinada
situação no tempo presente dentro dos marcos dos recursos disponíveis. Planejamento e
gestão urbanos são distintos e complementares vistos por essa ótica da ciência social.
Nada mais são que estratégias de desenvolvimento urbano alimentados por pesquisa
social básica, tanto teórica quanto empírica, ou seja, diagnóstico (SOUZA, 2002).
Entende-se como desenvolvimento urbano o crescimento da cidade com
distribuição, melhoria da qualidade de vida e aumento da justiça social. Como o
crescimento de Feira de Santana tem se dado de modo desigual, pouco se sabe sobre as
periferias urbanas. Essa demanda deu suporte à pesquisa no Bairro Novo Horizonte,
onde foram aplicados questionários (os quais apresentam questões relacionadas ao tema
de estudo), junto à população local e realizadas observações em campo para obter um
diagnóstico da área.
O diagnóstico, abordado na pesquisa, além de fornecer um retrato da área em
estudo, servirá de instrumento para uma possível transformação socioespacial, que para
ser autêntica e legítima, conforme Souza (2002), deveria ser assumida pela comunidade e
não conduzida por intelectuais ou imposta pelo Estado.
Para Maricato (2000), o planejamento urbano contém propostas que dizem
respeito à regulação do espaço urbano, ou seja, toda a legislação urbanística que implica
em padrões de produção do ambiente construído urbano. O urbanismo brasileiro
(entendido aqui como planejamento e regulação urbanística) não tem comprometimento
com a realidade concreta, mas como uma ordem que diz respeito a uma parte da cidade
apenas. Ou seja, segundo a autora, o planejamento urbano não atende a população total,
mas somente à cidade “oficial”. É nesse contexto que se insere o bairro Novo Horizonte,
caracterizado, a princípio, por ser uma ocupação informal e irregular, gerando vários
15
problemas sociais e ambientais. Apesar de ser legitimado pelo Poder Público, ainda
encontra-se à margem do planejamento urbano municipal.
A ocupação ilegal é ignorada na representação da “cidade oficial”, sendo essa
ilegalidade funcional quando as relações políticas são arcaicas; quando o mercado
imobiliário é restrito e especulativo e quando a aplicação da lei se faz com relação de
favores. A ilegalidade é disfuncional quando se trata de sustentabilidade ambiental, de
relações democráticas, para melhoria da qualidade de vida urbana e ampliação da
cidadania (MARICATO, 2000).
Quando o planejamento urbano no Brasil surgiu no final do século XIX, ele se
referia ao discurso de “melhoramento e embelezamento” das cidades. A partir de meados
do século XX, essa ótica muda, quando o espaço urbano passa a tentar reproduzir a
cidade da produção, de forma mais eficaz. Porém o processo de urbanização trouxe
heranças dos tempos anteriores, coloniais e imperiais, calcadas no patrimonialismo e nas
relações de favor (MARICATO, 2000). Por isso, historicamente, a legislação brasileira se
mostra ineficaz quando contraria interesses de proprietários imobiliários ou quando estão
em pauta os direitos sociais.
Sem a cobertura legal de um planejamento e ausência de um mercado imobiliário
formal e de políticas de habitação por parte do Estado, a camada da população com
menor poder aquisitivo recorre à invasão de terras como alternativa de habitação. Esse
tipo de ocupação se acentua nas periferias urbanas, onde a legislação não tem alcance e
as áreas são desvalorizadas ou inviáveis para o mercado formal imobiliário, como por
exemplo, no entorno de córregos ou áreas de proteção ambiental. Nesse perfil se
enquadra uma parte do bairro Novo Horizonte, especialmente as áreas localizadas à
margem da Lagoa da Pindoba.
Segundo Maricato (2000), a periferização é parte intrínseca do processo de
urbanização e tem como características a industrialização com baixos salários, gestões
urbanas norteadoras pelos interesses dos especuladores e empreiteiros imobiliários e
uma legislação ambígua à aplicação arbitrária da lei que favorece a ocupação. O direito à
ocupação então é até admitido e tolerado, mas não o direito à cidade. O critério que
define é o mercado ou da localização. Segundo Taschner (1997), o crescimento das
metrópoles tem diminuído e sofrido uma redistribuição espacial, que se caracteriza pelo
estancamento do núcleo central e crescimento da periferia.
O Poder Público permite e até legitima as ocupações devido à falta de uma política
habitacional, de oferta de moradias para a população de baixa renda. As ocupações
16
acabam se caracterizando como parte de uma estratégia dos governos para suprir a sua
ausência de planejamento e gestão para compensar o não comprometimento com a
população, tentando assim diminuir a sua culpa e estancando os problemas sociais mais
sérios, como uma possível revolta da população.
Como consequência desse processo de periferização e exclusão territorial,
surgem diversos problemas socioambientais. Dentre eles, tem destaque a degradação do
meio ambiente que é promovida pela dinâmica de exclusão habitacional e assentamentos
informais, a exemplo de ocupações urbanas próximas a lagoas.
O Plano Diretor de Feira de Santana, de agosto de 1992, define as áreas em torno
das lagoas como sujeitas a regime específico (ASRE), que é o caso da região em torno
da Lagoa da Pindoba, objeto de estudo desta pesquisa. Ao mesmo tempo em que o Plano
não aceita qualquer uso do solo em um faixa de 100 metros, contados horizontalmente do
espelho d´água da lagoa na sua cota mais alta (faixa de proteção), no capítulo II, Art. 6º, §
2º, a lei prevê a “regularização fundiária e urbanização das áreas ocupadas por população
de baixa renda”. Essa ambigüidade favorece as ocupações espontâneas mesmo em
áreas de proteção ambiental. Apesar do Plano Diretor, no artigo 35, descrever que: “As
margens e bordas dos rios, lagos e lagoas serão protegidas e preservadas através de
áreas que delimitarão uma faixa de solo que assegure o equilíbrio do ecossistema”
(FEIRA DE SANTANA, 1992, p.3).
Para Santiago (2010), na regulação da propriedade, existe área que, por sua
própria natureza, impõe limitações ao exercício do direito de propriedade e cuja
preservação também é realizada com vistas ao bem-estar dos cidadãos, valor fundante
do Estatuto da Cidade. Tal área é nominada como área de preservação permanente,
definida no Código Florestal como “área protegida nos termos dos arts. e desta Lei,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (BRASIL, 1965).
Neste sentido, um Plano Diretor deve defender o patrimônio público e pensar na
cidade como uma totalidade, visando assegurar a valorização de sua paisagem e
qualidade de vida urbana. Não deve estar vinculado apenas à cultura de mercado.
A ausência de planejamento e a descontinuidade de atuação administrativa
municipal podem desencadear situações que levam à degradação ambiental, como por
exemplo, a poluição dos recursos hídricos, a deficiência no sistema de drenagem urbana,
a ocupação das várzeas, a destinação inadequada do lixo, a diminuição das áreas verdes
17
e a poluição do ar. A presença desses fatores traz graves problemas para a saúde da
população.
Para Castells (1979) a política governamental deve absorver a capacidade de
organização e intervenção das massas populares, deve atender os diversos tipos de
interesses, os quais se destacam: interesses financeiros, representados por agentes
imobiliários, interesses políticos, compreendendo os projetos de governo e interesses
coletivos dos habitantes da cidade pela qualidade de vida.
O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Feira de Santana, de
1992, no artigo 3º, prevê que sejam estabelecidos mecanismos de participação da
sociedade no processo de planejamento municipal. Isso se verifica quando da discussão
do novo Plano Diretor do Município, elaborado pela PLANARQ (2006), para Feira de
Santana, quando várias audiências foram realizadas, abertas ao público, no decorrer do
ano. Apesar da pouca divulgação e dos interesses políticos, a participação da população
feirense, ou de determinados segmentos dessa população, é fundamental para a
definição de um Plano Diretor que atenda às suas necessidades.
Apesar de recente, visto que o primeiro Plano de Feira data da década de 1960, a
preocupação com o planejamento urbano da cidade tem-se intensificado. O crescimento
desordenado, a migração, as invasões, a violência, a degradação ambiental, a falta de
moradia para a população de baixa renda, são problemas sociais graves, entre tantos
outros, que têm recebido atenção cada vez maior na vida cotidiana da população.
Merecem destaque e reflexões aprofundadas, pois são o grande desafio do Poder Público
e da sociedade na gestão do Município para indicar os direcionamentos corretos no
processo de urbanização.
18
4 OCUPAÇÃO URBANA NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA E O CASO DA LAGOA
DA PINDOBA
A ocupação urbana de Feira de Santana se deu desde a sua origem, no século
XVIII, em torno das lagoas e nascentes. Devido à sua localização geográfica, o núcleo da
futura cidade servia de ponto de apoio e abastecimento para viajantes e tropeiros e ao
próprio gado, que passavam pela região.
Algumas pessoas começaram a se fixar na região, visando o pequeno comércio
oriundo da passagem dos vaqueiros, surgindo assim, uma feira de gado e um comércio
paralelo de alimentos e outros produtos essenciais à sobrevivência dos viajantes, durante
o longo percurso de suas jornadas, e a dos moradores da região (SANTOS, 2003).
Em 1833, com o status de Vila de Feira de Santana, observa-se uma primeira
preocupação com o suprimento de água, com a elaboração das primeiras leis municipais,
que proibiam o lançamento de venenos nas poças com água das quais o gado se servia.
A questão da água é vista como fator de importância vital para o desenvolvimento
econômico da região. A cidade foi se expandido do centro para a periferia num traçado
linear e radial seguindo as estradas e caminhos (CALDAS, 1998).
Com o crescimento urbano, a ocupação original dos espaços das lagoas e
nascentes contribuiu, ao longo do tempo, para a degradação do meio ambiente. As áreas
em torno das lagoas, por muito tempo, vem sendo utilizadas para consumo de água. Por
sua localização nos vales, são muitas vezes usadas como depósito de lixo, servindo de
alternativas para a ocupação humana de renda mais baixa, ou mesmo como área de
construção de grandes empreendimentos, provocando aumento da invasão das áreas de
mananciais e, na maioria das vezes, ao seu aterro, sem que nenhuma providência
preventiva, coercitiva, proibitiva ou mesmo educacional seja tomada (DUARTE et al.,
2001).
As leis municipais, desde os códigos de postura da cidade e o planejamento
urbanístico, como o primeiro Plano Diretor de 1968, até os dias atuais, mostram-se
ineficientes na questão do controle da degradação ambiental. No que se refere às lagoas,
observa-se que a sua ocupação desordenada, ou irregular, caracterizada pelas invasões
espontâneas das populações de baixa renda, gera diversos impactos ambientais, levando
à deterioração quase irreversível dessas áreas.
A utilização indiscriminada da água, o lançamento de dejetos, a retirada da
vegetação nativa e o soterramento do leito são graves problemas ambientais percebidos
19
nos assentamentos populares no entorno das lagoas. Ao lado das questões ambientais,
que envolvem os meios físicos e bióticos, tem-se atrelados problemas sérios de ordem
social como as altas taxas de desemprego e subemprego, o êxodo rural, a violência, a
falta de serviços públicos de saúde e estabelecimentos públicos de educação.
A ocupação das áreas em torno das lagoas em Feira de Santana segue uma
tendência das cidades de Terceiro Mundo e da América Latina, onde se reproduz um
modelo de desigualdade e segregação social (MACHADO & LOBÃO, 2005). A população
de baixa renda, excluída do mercado formal de habitação, tem como alternativa de
moradia a invasão de áreas desocupadas, públicas ou privadas em zonas periféricas da
cidade. Devido à falta de infraestrutura dos locais e de educação ambiental dos
moradores/habitantes, as áreas em torno das lagoas sofrem agressões, que podem levar
ao seu desaparecimento.
Segundo Duarte et al. (2001), em 1972, a interpretação das fotos aéreas das
áreas próximas às lagoas de Feira de Santana revelava que não existia ocupação do tipo
“urbana” em torno dessas lagoas, estando as mesmas situadas em “meio rural”.
Atualmente, o que se observa é uma intensa ocupação urbana de forma desordenada,
que está levando à redução do perímetro de algumas lagoas, como é o caso da Lagoa
Grande e do Prato Raso, em Feira de Santana-BA, segundo estudo realizado por
Machado e Lobão (2005).
Diversos fatores levam à ocupação dessas áreas, a exemplo de aspectos
políticos, sociais, econômicos, culturais, entre outros. Assim como os primeiros habitantes
de Feira de Santana utilizaram as áreas das lagoas e os moradores atuais o vem fazendo,
de forma inadequada, dificilmente as futuras gerações poderão ter, nessas áreas,
espaços saudáveis de convivência. Portanto, essas áreas são importantes para a Cidade
do ponto de vista da saúde e de saneamento básico, merecendo um planejamento
pautado em princípios legais, e por serem locais que podem ser urbanizados e destinados
para o lazer, moradia e diversas outras atividades, de forma adequada e sustentável.
Em seu artigo, intitulado Agonia Ocular de uma Cidade Cega, Moreira (2003)
aponta o descaso com as lagoas e as nascentes de Feira de Santana por parte do Poder
Público. Apesar da importância das lagoas - não somente na formação da cidade, como
também na saúde da população - com a instalação da água encanada por volta da
metade do século XX, os poderes públicos abandonaram as lagoas e nascentes, outrora
únicos responsáveis pelo abastecimento de água da Cidade. O que de certa forma,
contribuiu para o agravamento da degradação ambiental desses mananciais e da própria
20
Cidade, comprometendo a qualidade de vida da população, que não é devidamente
atendida pelas decisões no planejamento da Cidade.
Neste sentido, esta pesquisa ganha respaldo por reforçar a importância da
percepção dos moradores da Lagoa da Pindoba em relação aos problemas ambientais na
área em que vivem, levantando os verdadeiros desejos da população quanto às melhorias
ou benfeitorias que podem ser implantadas. Pois, ações políticas devem ser respaldadas
por um diagnóstico da área em estudo, que definam de maneira pragmática as
prioridades reais da população.
4.1 A CIDADE DE FEIRA DE SANTANA
4.1.1 Histórico
Feira de Santana é o segundo maior município do estado da Bahia, tanto em
população quanto na economia. Está situada numa zona de transição entre o recôncavo e
o semi-árido, possuindo um clima sub-úmido e seco, numa área denominada de agreste
baiano.
Sua extensão territorial é de 1.344km
2
, compreendendo oito distritos: Bonfim de
Feira, Governador João Durval Carneiro, Humildes, Jaguara, Jaíba, Maria Quitéria,
Distrito de Matinha e Tiquaruçu. Faz limites com os municípios de Santa Bárbara e
Santanópolis a Norte, Antonio Cardoso e São Gonçalo dos Campos a Sul, Coração de
Maria a leste e Angüera e Serra Preta a Oeste. Tem altitude de 324m acima do nível do
mar e dista 108km de Salvador, a capital do Estado. Sua população era de 591.707
habitantes, segundo as estimativas da população para 1º de julho de 2009 do IBGE.
Feira de Santana exerce forte atração em cerca de 40 municípios, tais como
Serrinha, Cruz das Almas, Ipirá, Amélia Rodrigues, etc., localizados num raio de 100km,
que juntos possuem uma população de 800.000 habitantes (PLANARQ, 2000). É um
entroncamento rodoviário que se expande nas margens da BR 324 e da BR 116.
A “Princesa do Sertão alcunha dada por Rui Barbosa -, como é conhecida, se
organizou em torno da capela Nossa Senhora Santana padroeira da Cidade -, numa
fazenda chamada Olhos D’água, situada numa região de muitas nascentes, no século
XVIII. Recebeu, primeiramente, o nome de Santana dos Olhos D’água, devido à região
21
ser rica em lagoas, que abasteciam tropeiros e o gado, vindos de diversas regiões com
destino à cidade de Cachoeira. Trajeto esse que ganhou maior importância econômica,
incrementando o fluxo de mercadorias e pessoas, com a inauguração do trecho da
estrada de ferro Cachoeira-Feira de Santana (ZORZO, 2000).
Desde cedo, Feira de Santana apresentou vocação para o comércio,
principalmente por meio das grandes feiras. Elevada à condição de Vila de Feira de
Santana, em 1832, a cidade emancipou-se como unidade política em 1833, passando a
ser denominada Feira de Santana, em 1938.
Até o início do século XX, a economia feirense se baseava na agricultura e
pecuária, com grande potencial para o seu comércio. O Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano (PDDU) de 2000 indicava que no final da década de 1990, havia no Município
11.491 unidades econômicas industriais, comerciais e prestadoras de serviços. Desse
total, apenas 880 estabelecimentos eram industriais, evidenciando a força do comércio e
a prestação de serviços de Feira.
Historicamente, Feira de Santana sempre atraiu pessoas de outros lugares que
vinham para a Cidade à procura de mercadorias, principalmente, nas feiras livres, cuja
feira principal ocorria na avenida principal da Cidade (Av. Getúlio Vargas), por volta do
início até a metade do século XX. Hoje, é o comércio diversificado que faz esse papel,
elevando a Cidade à condição de grande pólo regional de desenvolvimento econômico.
A localização estratégica de Feira, como passagem para diversos lugares - no
passado e hoje, como entroncamento rodoviário garantiu seu crescimento econômico e
populacional. Esse último se deu na base da migração regional, no aumento do volume
de negócios e na incorporação de áreas à zona urbana (CALDAS, 1998).
4.1.2 Crescimento Urbano
O crescimento urbano de Feira acentuou-se na segunda metade do século XX,
expandindo-se do centro às periferias, extrapolando a linha do anel de contorno (via
rodoviária que desvia o tráfego de veículos pesados do centro da cidade, circundando a
mesma), dando origem a vários bairros periféricos, inclusive o Novo Horizonte. Quanto à
habitação, cerca de 56% da população da cidade de Feira de Santana ainda habita na
22
área circundada pelo anel de contorno. Sua maior concentração ocorre nos quadrantes
Noroeste e Sudoeste.
As maiores taxas de crescimento populacional de Feira de Santana em quase
sua totalidade formada por famílias de média e baixa renda estão significativamente nos
bairros fora do “anel”, o que representa cerca de 70% do incremento entre os anos de
1991 e 1996, contra apenas 30% dentro do “anel de contorno (PLANARQ, 2000).
As maiores taxas de crescimento populacional fora do “anel de contorno” estão
situadas no vetor Norte onde se situa o bairro Novo Horizonte -, principalmente, e em
apenas algumas áreas do vetor Sul (Tomba e Aviário). No setor Norte as maiores
tendências ocorrem no quadrante Noroeste bairros de Gabriela, Asa Branca e Campo
do Gado Novo e Campo Limpo; e, em seguida, nos quadrantes Nordeste/Leste
Conceição, Santo Antônio dos Prazeres, Parque Ipê e Lagoa Salgada. Dentro do “anel”,
as maiores taxas de crescimento estão em Pedra do Descanso, Calumbi, Tomba e
Muchila, todos no quadrante Sudoeste, onde ocorrem as maiores ofertas de terrenos
ainda desocupados. Por outro lado, diversos bairros intra-anel como Centro, Jardim
Cruzeiro, Ponto Central, Capuchinhos, etc., apresentam perda de população no período
1991/96 (PLANARQ, 2000).
Foram identificadas cerca de 40 invasões espontâneas”, e mais de 60
“loteamentos” para moradores carentes implantados pela Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social em áreas públicas, por meio do Programa Municipal de
Habitação Popular (PLANOLAR). Essas ocupações concentram-se, principalmente, no
vetor Norte, na área fora do “anel de contorno” (PLANARQ, 2000).
4.1.3 Características dos serviços públicos de saneamento básico
A cidade de Feira de Santana conta com serviços públicos de saneamento básico
geridos por diferentes órgãos. O abastecimento de água e o esgotamento sanitário são de
responsabilidade da concessionária Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A
(EMBASA), o sistema de drenagem das águas pluviais é de responsabilidade das
Secretarias Municipais de Serviços Públicos, Planejamento e Desenvolvimento Urbano e
os serviços de limpeza pública a prefeitura terceiriza, a empresa QUALITY que é a
23
prestadora do serviço. A seguir são descritas algumas características destes serviços no
município.
4.1.3.1 Drenagem Urbana
Em relação à drenagem urbana, observa-se que alguns fundos de vale, dentro da
área do anel rodoviário, ainda não receberam tratamento adequado para conviver com o
aumento do fluxo das águas de chuva provocado pela impermeabilizão dos terrenos
urbanizados. A pressão de ocupação das margens destes fundos de vale e a necessidade
de transporem a barreira física representada pelo anel colocam em grande potencial a
ocorrência de alagamentos em áreas marginais a estes fundos de vale. O problema fica
mais significativo quando estes corpos de água recebem também esgotos domésticos,
fato que torna os impactos das inundações ainda mais significativos.
Como existem várias lagoas receptoras da drenagem que ficam como áreas
secas, expostas boa parte do ano, isso provoca grande pressão por ocupação humana
nessas áreas, diminuindo a capacidade das lagoas como corpo receptor e, em
contrapartida, promovendo o alagamento das residências no seu entorno (PLANARQ,
2000).
4.1.3.2 Abastecimento de água
O Sistema Integrado de Abastecimento de Água (S.I.A.A) de Feira de Santana é
abastecido pelo Rio Paraguaçu a partir do reservatório de acumulação formado pela
Barragem de Pedra do Cavalo, construída pelo Governo do Estado. A barragem de Pedra
do Cavalo, dista cerca de 30Km da Cidade, e atualmente regulariza uma vazão de 80.000
L/s, abastecendo de forma satisfatória várias outras localidades, inclusive contribuindo
para o abastecimento da Cidade de Salvador.
É importante observar que, mesmo na área atendida por rede de abastecimento
de água, o Sistema não está sendo operado de maneira adequada, ou seja, não uma
cobertura total dos serviços de distribuição diariamente, durante as 24 horas do dia,
24
principalmente em áreas da periferia, a exemplo de Pedra Furada, Asa Branca, Conjunto
George Américo, Av. Hermeto Dias de Carvalho, localizadas fora do “anel de contorno”.
Essas áreas são abastecidas duas vezes por semana, quando a Empresa Baiana de
Águas e Saneamento S/A (EMBASA) realiza manobras na rede de distribuição, o que
vem comprometendo de maneira significativa a qualidade da água distribuída à
população, além de deixar parte dos bairros localizados na zona baixa da Cidade sem
água, durante a execução das manobras (PLANARQ, 2000).
4.1.3.3 Esgotamento sanitário
No que diz respeito ao esgotamento sanitário, a cidade de Feira de Santana está
dividida em três bacias de esgotamento sanitário: Subaé, Jacuípe e Pojuca, sendo que,
apenas parte da Bacia do Jacuípe é coberta pela rede pública de esgotamento sanitário.
O bairro Novo Horizonte, a Lagoa de Pindoba e a Lagoa do Prato Raso estão
inseridos Bacia do Pojuca, onde não existe tratamento de esgoto. Esta Bacia possui
população estimada (em 1999) de 147.891 habitantes e uma demanda de 34.554 ligações
de esgoto. A bacia compreende uma pequena parte do bairro de Campo Limpo atendida
pela rede pública de esgotamento sanitário e três conjuntos habitacionais, que tem os
esgotos coletados e lançados no interceptor da Bacia do Jacuípe (PLANARQ, 2000).
Considerando-se uma geração per capita de esgoto de 180 litros/hab/dia e uma
estimativa de população para 1999 da ordem de 427.439 habitantes, são gerados cerca
de 77.000m
3
/dia de esgoto na Cidade. Destes, somente 24% (18.500 m
3
) são coletados
diariamente e encaminhados à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), ou possuem
tratamento próprio. O restante 76% (58.500m
3
) não são atendidos pelo Sistema de
esgotamento santário, sendo uma pequena parte deste lançado em fossas sépticas
(PLANARQ, 2000). A grande maioria é lançada diretamente no meio ambiente e retorna
inevitavelmente ao local, que por sua vez abastece as lagoas e os riachos. Isso contribui
de maneira significativa para a degradação ambiental e os altos índices de doenças
associadas à água contaminada, a exemplo das diarréias e verminoses, indicadores de
saúde associados à carência ou precariedade de saneamento básico.
25
4.1.3.4 Resíduos Sólidos
Sobre resíduos sólidos vale destacar que a cidade de Feira de Santana é dividida
em 28 setores de coleta, sendo que os setores dentro do “anel de contorno” possuem
uma coleta mais eficiente e, de acordo com os dados do Departamento de Limpeza
Urbana da Prefeitura Municipal de Feira de Santana (PMFS), são coletadas cerca de 250
toneladas diárias de lixo, representando, aproximadamente, 7.500 toneladas /mês.
Em função da localização e da acessibilidade, grande parte dos resíduos sólidos
gerados nos setores localizados fora do “anel”, não é coletada, sendo lançada,
diretamente, no meio ambiente, muitas vezes nos canais de macro drenagem.
Os resíduos sólidos gerados na cidade de Feira de Santana tem como destino
final o aterro sanitário Nova Esperança. Localizado no bairro de mesmo nome, o aterro
ganhou status de aterro sanitário em 2003. Foi projetado para uma vida útil de oito anos e
possui uma área de 100.000m
2
. Recebe atualmente, segundo dados da sua
administração, cerca de 400 toneladas/dia, o que dá uma média de 800 gramas de
resíduos sólidos por habitante.
4.1.4 Ocupação urbana nas periferias
Para o entendimento da ocupação urbana nas periferias de Feira de Santana é
necessário compreender como se deu a evolução urbana da cidade ao longo do tempo.
Segundo Freitas (1998), todo crescimento urbano acompanha o curso das estradas,
refletindo a história.
Até o final do culo XIX, a ocupação urbana de Feira de Santana se limitava ao
núcleo central e as áreas em torno dele, onde se formaram os primeiros bairros. Do final
do século XIX até a década de 40 do século XX, ocorreu uma grande expansão partindo
desse núcleo em direção ao bairro Minadouro, habitado por uma população de baixa
renda, do bairro Tanque da Nação e ampliação do bairro Olhos D’água a Oeste do centro.
Ao Sul, formou-se o bairro Pilão, esses habitados por uma população de classe média
(FREITAS, 1998).
A inauguração da estrada rodoviária Bahia-Feira em 1929, hoje denominada BR-
324, que liga Feira de Santana a Salvador, foi marcante para o crescimento da parte Sul
26
da Cidade, pois propiciou a formação de concentrações urbanas ao longo da via.
A expansão do município a Leste (Av. João Durval) deveu-se, principalmente, à
mudança do terminal ferroviário da Praça da Matriz para a área hoje denominada Ponto
Central, atraindo a população que se formou nesse bairro. Nas décadas de 40 e 60 do
século passado predominou o crescimento da área Leste da Cidade e os bairros
Kalilândia, Estação Nova, Brasília e Chácara São Cosme. Os conjuntos habitacionais
foram construídos pela iniciativa estatal (governo federal, estadual e municipal). Outra
área de expansão da Cidade se formou em torno do Centro Industrial do Subaé CIS, no
setor Sul na década de 70, no século XX.
No final da década de 1960 e início da década de 1970 ocorreu o aparecimento
dos bairros populares mais afastados do centro. A expansão do setor Norte da Cidade,
onde se localiza o bairro Novo Horizonte, é visível a partir do surgimento do campus da
UEFS em 1976, às margens da BR-116 Norte (FREITAS, 1998). Além disso, surge o
primeiro dos vários conjuntos habitacionais de Feira de Santana, que originou o bairro
Cidade Nova, na década de 1970. A partir daí, vários loteamentos surgem na Cidade
entre 1970 e 1980. E, como tentativa de suprir a carência de habitações para a população
de baixa renda, novos conjuntos habitacionais são erguidos nessas duas décadas
obedecendo às normas da política habitacional brasileira, representada pelo Sistema
Financeiro de Habitação SFH do Banco Nacional de Habitação BNH (FREITAS,
1998).
Lima (1994), alerta que a Cidade tem atraído movimentos migratórios externos e
internos (principalmente campo-cidade) notadamente a partir da metade do século XX, o
que aumenta a ocupação da sua periferia, agravando o nível de vida da população
marginalizada. O maior contingente de migrantes do rural para o urbano ocorreu entre
1960 e 1970 com uma população de 58.441 habitantes (FREITAS, 1998).
Lima (1994) faz uma relação do crescimento da Cidade com o comércio, a
indústria, a agropecuária e os serviços. O crescimento econômico de Feira de Santana
atrai grande população e a Cidade passa de uma condição de dependente da Capital
para um grande centro regional e nacional, principalmente de comércio e serviços.
Apesar de uma visível autonomia em alguns setores, como no comércio, essa condição
de dependência da cidade de Salvador ainda é característica de Feira de Santana em
outros setores, como o lazer, por exemplo.
Estudando um caso de ocupação urbana em Feira de Santana, o loteamento
George Américo, Caldas (1998) destacou os principais agentes sociais que tem relação
27
com a expansão urbana: os proprietários dos meios de produção, os proprietários de
terras, os promotores imobiliários urbanos, o Estado e os grupos excluídos. Por meio das
suas ações e práticas complexas ao longo do tempo, esses agentes determinaram a
expansão da Cidade em função da:
Incorporação de novas áreas que deram origem a bairros, como Pampalona e
SIM.
Densificação do uso do solo compulsionada pelo intenso processo migratório
como ocorre em bairros populares e também populosos como Tomba e Cidade
Nova.
Processos de renovação urbana impulsionados por projetos técnico-institucionais
promovidos pela iniciativa estatal (governos municipal e estadual), como os
inúmeros conjuntos habitacionais.
Relocação diferenciada coercitiva em certos momentos de crise como foi no bairro
George Américo (iniciativa popular).
Relocação Não-coercitiva provocada pelo dinamismo econômico, como foi o caso
do bairro Santa Mônica, sempre de conteúdo social, político, econômico e social.
Por meio das observações realizadas, durante as visitas, ao bairro Novo Horizonte e
da análise de depoimentos de antigos moradores, pode-se dizer que o local teve como
agente determinante da expansão urbana, dentro da classificação de Caldas (1998), a
densificação.
Basicamente, os espaços periféricos de uso informal em Feira de Santana são
resultado das iniciativas populares, como foi o caso do bairro George Américo, Jussara,
Rocinha, etc. São ocupados por grupos de populares, por pessoas de baixa renda,
moradores de rua, desabrigados, desempregados, sub-empregados, invasores de terra,
que consomem o espaço como estratégia de sobrevivência.
Por outro lado, a ocupação da periferia em Feira de Santana pode ocorrer de outra
forma, como por exemplo, por meio da iniciativa estatal com a construção de conjuntos
habitacionais, ou por outros agentes sociais da classe dominante, como os grandes
proprietários de terra, os empreendedores, ou especuladores imobiliários. Esses ocupam
a periferia da Cidade originando novos bairros, denominados nobres, porém deixam para
a prefeitura a incumbência de levar equipamentos urbanos de infraestrutura para tais
regiões.
A ocupação da região em torno da Lagoa da Pindoba, por sua vez, se inicia por volta
28
de 1950, a princípio, com o surgimento de fazendas e, posteriormente, se dá o loteamento
dessas áreas (LIMA et al., 1997).
Dentre os vetores de crescimento mais importantes do bairro Novo Horizonte, pode
ser destacada a construção da BR-116 Norte, que promoveu o surgimento de habitações
e serviços ao longo da pista, que serviam de ponto de apoio para motoristas de ônibus e
caminhões. A Lagoa da Pindoba também se caracteriza como outro vetor de crescimento,
pois seu uso era fonte de renda da população com a exploração do barro pelas olarias e a
pesca, assim como, a construção da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS),
que colaborou com a expansão urbana do bairro Novo Horizonte e áreas próximas. A
doação de terras pelo Estado, propiciando novas ocupações, e o papel do Município, na
produção formal do espaço e no consentimento das invasões, são outros vetores
fundamentais para o crescimento urbano da região.
4.2 O BAIRRO NOVO HORIZONTE E A LAGOA DA PINDOBA
4.2.1 Localização e caracterização
O bairro Novo Horizonte es localizado ao Norte do município de Feira de
Santana, fora do anel de contorno, ao lado da UEFS, distando 8km do centro da cidade.
Seu principal acesso se dá pela BR-116 Norte, com entrada pela Praça Maria Quitéria.
No estudo de Lima et al. (1997) o bairro limitava-se geograficamente ao Norte com
a chácara Bom Viver, a Leste com a Rodovia BR-116 Norte, a Oeste com o bairro Campo
Limpo e ao Sul com a Universidade Estadual de Feira de Santana.
transporte formal, como ônibus coletivos e microônibus (mais adequados às
estreitas ruas do bairro) e veículos menores (vans), além de transportes alternativos ou
informais.
Em seu trabalho Lima et al. (1997) verificaram junto aos moradores mais antigos,
que o bairro era formado por várias lagoas e durante a sua ocupação fez-se necessário
aterrar grande parte destas, para a construção de casas, restando apenas a Lagoa da
Pindoba.
Além das residências, a construção da BR-116 Norte também colaborou com o
soterramento da Lagoa, além de dividi-la em duas, a exemplo da Lagoa do Prato Raso,
29
que foi cortada pela Avenida José Falcão e hoje apresenta maior grau de antropização,
estando prestes a desaparecer.
A Lagoa da Pindoba é fonte de alimento e renda para diversas pessoas que ali
habitam. Entretanto, vem sofrendo agressões desde a fundação do bairro, levando à
degradação ambiental, pois são retiradas por moradores e até por empresas de outras
localidades, grandes quantidades de barro para a fabricação de tijolos (LIMA et al., 1997).
Além disso, vem sendo degradada de diversas formas, desde a diminuição da vegetação
nativa até o lançamento direto de dejetos nas suas águas. Apesar de contaminada,
alguns habitantes a utilizam, principalmente para pesca, ou, simplesmente como
passagem, desconhecendo o perigo de contrair doenças relacionadas à água
contaminada.
Algumas casas situadas à margem da Lagoa lançam seus esgotos diretamente no
espelho d’água. E as casas mais distantes, cujas ruas possuem sistema de drenagem
pluvial, fazem ramificações de esgoto primário nessa rede, tendo a Lagoa como destino
final.
Segundo Lobão e Machado (2005), a situação da Lagoa da Pindoba define-se
como muito antropizada, sendo uma lagoa perene e fonte de renda para oleiros e
pescadores. Ainda segundo os autores, a ocupação urbana se intensificou no final do
século XX, nas décadas de 1980 e 1990, com o crescimento do bairro Novo Horizonte e a
construção de novos prédios da Universidade Estadual de Feira de Santana.
4.2.2 Histórico da Ocupação
O Bairro Novo Horizonte ganha esse status em 2004, com a Lei Complementar n
o
18, de 08 de julho de 2004. Tem-se então definidos os seus limites: “O ponto inicial se
no encontro da Rua Excede com a BR-116 Norte, daí segue pela BR-116 Norte, Rua
Pomedore, Rua “O" do Conjunto Feira VI, Rua Pitombeiras, Rua Porto Platina, Rua Praia
Grande, Rua Excede até o ponto inicial.” Dentro do bairro, encontram-se a UEFS e a
Lagoa da Pindoba, objeto desta pesquisa.
Segundo Lima et al. (1997), no Relatório do Estágio Supervisionado Novo
Horizonte (RESNH) do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de
Santana, a história do bairro foi construída a partir de relatos da população, visto que não
30
há registros oficiais.
A primeira referência histórica do bairro data de 1952 (LIMA et al., 1997) com a
existência no local, das fazendas do Sr. Aprígio e do Sr. Tertuliano Neris. Posteriormente,
surgiram outras fazendas como a Fazenda da Pindoba, devido à lagoa ali existente.
Moradores mais antigos relatam que as terras eram do Estado, que os terrenos
foram doados e aos poucos, as pessoas foram construindo suas casas, principalmente,
próximo a BR-116. Com o tempo, as áreas mais próximas à Lagoa também foram sendo
ocupadas. Algumas tentativas de remoção das casas desses moradores foram feitas
por vários governos, sem sucesso, no entanto.
De acordo com informações levantadas na Secretaria de Planejamento da
Prefeitura Municipal da Feira de Santana, as terras seriam do Estado e foram doadas
para alguns comerciantes/fazendeiros, que posteriormente lotearam algumas áreas.
Em visita ao local, constatou-se que o bairro Novo Horizonte é o único na cidade
que conta com um administrador de bairro, funcionário municipal, o Sr. Orlando Mota
Freitas, hoje com 70 anos. Ele representa a ligação entre a população e o Poder Público e
conseguiu muitas benfeitorias para o local, com a mobilização popular, nos seus 12
anos de mandato.
Em 1964, foi construída a BR-116 Norte, ficando o local denominado “Km 06”. A
partir daí foram surgindo às primeiras residências na margem da pista. Essas serviam de
ponto de apoio para os motoristas de ônibus e caminhão, com pequenos comércios que
permanecem até hoje.
Em 1967, foi construída a Pedreira Princesa, ao Norte do bairro Novo Horizonte na
época conhecida como Batedor e, hoje, denominada Pedreira Itapororoca. Ainda naquele
ano, o posto de combustíveis Excede foi erguido, conhecido na época como Km 07,
gerando empregos para a população fixada no bairro. Somente em 1972, a COELBA
implantou energia elétrica no bairro (LIMA et al., 1997).
Em 1974, foi construída a Escola Municipal Otaviano Campos (Figura 1), que leva
o nome do vereador que solicitou sua construção. Em 1980, foram construídas a igreja
católica Nossa Senhora da Paz e o posto médico Dr. Osvaldo Requião (Figura 2). Nessa
época houve uma votação para escolher o nome atual do bairro. Ainda foram construídos
dois poços artesianos e uma caixa d’água, pois o que existia era próximo à Lagoa e sua
água estava contaminada.
Uma parte do bairro foi desapropriada pelo governo estadual, ficando então, a
Companhia de Desenvolvimento Urbano e Articulação Municipal (INTERURB) autorizada
31
de executar a desapropriação da área conforme Decreto 32.940, de 11 de março de
1986, e a doação às famílias cadastradas, de terrenos com área de 314,78m
2
cada (LIMA
et al., 1997).
Figura 1: Vista da Escola Municipal
Otaviano Campos, fundada em 1974 (foto
do autor, 2008)
Figura 2: Vista do posto de saúde Dr.
Osvaldo Requião, fundado em 1980 (Foto
do autor, 2008)
Com a mobilização da Associação dos Moradores do Novo Horizonte (AMONHO)
(Figuras 3 e 4) foram instalados telefones públicos e a primeira linha de transporte
urbano, em 1987. As primeiras ruas foram pavimentadas em 1991 e, no ano seguinte, a
EMBASA levou água encanada para o bairro.
Figura 3: Sede da Associação dos Moradores
do Bairro Novo Horizonte (o autor, 2008)
Figura 4: Mobilização da Associação dos
Moradores com apoio da UEFS (o autor,
2008)
Em 1996, foi instalado um módulo policial, sendo uma conquista dos moradores
que o construíram em parceria com o Município, visto que poucos bairros da cidade
possuem esse tipo de equipamento.
32
5 METODOLOGIA
Visando contribuir para uma melhor compreensão da problemática ambiental na
área da Lagoa da Pindoba, no bairro Novo Horizonte, em Feira de Santana, com base na
sua ocupação urbana e na relação dos moradores com o meio ambiente, por meio de
levantamentos quantitativos e qualitativos, sob o ponto de vista/percepção dos
moradores, foi realizado um diagnóstico que propõe referenciar mais precisamente futuras
ações públicas para melhoria da área da Lagoa da Pindoba e de outras áreas
semelhantes da cidade.
Para o atendimento deste fim, foi escolhido, pelo pesquisador, aprofundar o estudo
de quatro variáveis no ambiente da Lagoa. Tais variáveis visam expressar:
1) as características sociais dos chefes de famílias do bairro Novo Horizonte;
2) as características físicas dos domicílios;
3) a cobertura dos serviços públicos de saneamento básico e outros serviços;
4) a percepção dos moradores em relação aos problemas ambientais no entorno da
Lagoa da Pindoba.
5.1 TIPO DE PESQUISA
Esta pesquisa se classifica como descritiva, pois segundo Gil (1995) a pesquisa
descritiva tem como objetivo principal a descrição das características de determinada
população ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Foi realizada uma análise da
ocupação urbana em torno da Lagoa da Pindoba e suas consequências para o meio
ambiente.
Quanto à abordagem do problema, ela se caracterizou por ser uma pesquisa
quantitativa e qualitativa. Quantitativa, porque está relacionada com o levantamento de
dados físicos, a respeito das questões de abastecimento de água, esgotamento sanitário,
resíduos sólidos, drenagem urbana e condições de moradia. Qualitativa, porque se
baseou nas respostas dos questionários aplicados aos moradores do bairro, segundo sua
percepção sobre os problemas levantados. Os dados foram obtidos por meio de
levantamentos e observações de campo, da aplicação de questionários e entrevistas, com
33
a pretensão de compreender a percepção e o comportamento dos moradores do bairro
Novo Horizonte diante do ambiente em que vivem.
5.1.1 Levantamento Bibliográfico
Foi realizado levantamento de material elaborado sobre o tema, com base nas
seguintes fontes secundárias: teses, dissertações, artigos científicos, reportagens,
sistemas de dados e internet.
5.1.2 Levantamento Documental
No levantamento documental, segundo Lakatos e Marconi (1991), recorre-se a
fontes primárias, como determinações legais, programas e relatórios de políticas públicas,
fontes estatísticas, etc. Vale ressaltar que a exploração das fontes documentais foi
realizada nos arquivos disponíveis na Prefeitura Municipal de Feira de Santana, na
Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER), no IBGE, na
UEFS e na Associação dos Moradores do Bairro Novo Horizonte.
5.1.3 Campo de Estudo
A presente pesquisa foi realizada no entorno da Lagoa da Pindoba, no Bairro Novo
Horizonte, em Feira de Santana-BA. O referido bairro está localizado ao norte do
município de Feira de Santana (Figura 5).
O bairro Novo Horizonte está localizado fora do anel de contorno que limitava,
inicialmente a sede do município de Feira de Santana, ao lado da UEFS (Figura 6). Faz
limites com os bairros Papagaio e Campo Limpo.
34
Figura 5: Localização do bairro Novo Horizonte no município de Feira de Santana. Fonte:
CONDER (2008).
Figura 6: Bairro Novo Horizonte e os bairros vizinhos. Fonte: CONDER (2008).
NOVO HORIZONTE
35
Seu principal acesso se pela BR-116 Norte (Figura ), com entrada pela Praça
Maria Quitéria (Figura 8), distando 8km do centro da Cidade, um tempo médio de 40
minutos em transporte coletivo desse centro (LIMA et al., 1997).
Figura 7: Vista do acesso principal do bairro
Novo Horizonte e BR 116 (o autor, 2008)
Figura 8: Vista do acesso principal do bairro
Novo Horizonte e Praça Maria Quitéria (o
autor, 2008)
Segundo dados do IBGE (2000), , no bairro Novo Horizonte, uma população
estimada de 3.211 pessoas, sendo 49,30% de homens e 50,70% de mulheres. Esses são
originários, em sua maioria, da zona rural deste município e de municípios vizinhos, e até
de outros estados, em busca de emprego e melhores condições de vida na cidade
grande.
Seu território medido no mapa fornecido pela empresa PLANEJAMENTO
AMBIENTAL E ARQUITETURA LTDA (PLANARQ, 2000), por meio do programa Auto-
Cad, revela uma área aproximada de 2.896.767,00m
2
. A área da Lagoa corresponde a
191.215,00m
2
, ou seja, 6,6% da área total do bairro.
5.1.4 Delimitação da Área de Estudo
A área de estudo escolhida se refere à área em torno da Lagoa da Pindoba que
está inserida no bairro Novo Horizonte (Figura 9).
36
Figura 9: Mapa do bairro Novo Horizonte com seus limites e a mancha da Lagoa da Pindoba
(PLANARQ, 2000).
A Lagoa da Pindoba, juntamente com a Lagoa do Prato Raso, Lagoa Grande,
Lagoa Salgada e Tabua, integram a rede de recursos hídricos (Figura 10) do município de
Feira de Santana, da qual destacam-se os Rios Pojuca e Subaé (LOBÃO; MACHADO,
2005).
37
Figura 10: Localização das principais lagoas, entre as quais a Lagoa da Pindoba, no
Município de Feira de Santana / Fonte: Lobão e Machado (2005).
O campo de estudo foi definido em forma de vários critérios de escolha. Um
primeiro critério considerou a área de preservação ambiental prevista na Lei
Complementar nº. 1.612/92, do Código do Meio Ambiente do Município de Feira de
Santana, que classifica esta faixa como Área Sujeita a Regime Específico, na
subcategoria de Área de Preservação dos Recursos Naturais (ASRE). Esta área é
delimitada a partir do espelho d’água até 100m medidos horizontalmente do seu nível
mais alto, conforme a referida Lei.
Apesar de constar na Lei, essa faixa de preservação não possui, no Plano Diretor
do Município, um desenho específico que demarque com exatidão essa área. No estudo
de Lobão e Machado (2005), a delimitação da área de preservação proposta considerou o
espelho da Lagoa avançando sobre as casas de renda mais baixa, situadas a Oeste
(Figura 11).
38
Figura 11: Delimitação da Lagoa da Pindoba e faixa de preservação sobre ortofoto CONDER,
1999 / Fonte: Lobão e Machado (2005)
Para esta pesquisa, foram definidos os limites da Lagoa e a faixa de preservação
de acordo com a interpretação dos mapas de curvas de nível e de logradouros do bairro
Novo Horizonte fornecidos pela Prefeitura Municipal e as ortofotos, disponibilizadas pela
PLANARQ e fornecidas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
(CONDER) de 1998 (Figura 12).
A faixa delimitada para esta pesquisa, com 100 metros de largura (Figura 12)
contém espaços urbanos variados como zonas urbanas de maior e menor densidade ao
Norte, áreas de chácaras a Leste, moradias precárias a Oeste e uma pequena área do
campus da UEFS ao Sul, compondo um mosaico rico e determinante para a pesquisa,
com uma área estimada de 328.315,00m
2
.
39
Figura 12: Delimitação da Lagoa da Pindoba e faixa de preservação sobre ortofoto proposta
pela pesquisa interpretada do levantamento planialtimétrico e de logradouros da PLANARQ
2005.
Os limites da lagoa no trabalho de Lobão e Machado (2005) sugerem uma área
física bem maior que a proposta por esta pesquisa. O espelho d’água da pesquisa se
baseou na análise dos mapas da PLANARQ, e na observação em campo, que possibilitou
verificar uma área já pavimentada e habitada a Oeste, definindo um recuo nas águas da
Lagoa. Entretanto, analisando as duas ortofotos, é possível observar, em ambas, a
invasão da faixa de proteção (linha amarela) por diversas construções irregulares (Figura
13).
40
Figura 13: Comparação entre a delimitação proposta por Lobão e Machado (2005) e pela
presente pesquisa.
O campo de estudo foi escolhido segundo alguns critérios. Primeiramente, pela
sua localização na cidade de Feira de Santana; por situar-se em um bairro periférico (fora
do anel de contorno); por estar próxima à Instituição de pesquisa (UEFS); por possuir
dentro dos seus limites uma lagoa - que é área de proteção ambiental - e por sofrer,
juntamente, com as principais lagoas do município, problemas de ordem ambiental,
decorrentes da ocupação urbana irregular e/ ou desordenada.
A delimitação da área de preservação e, consequentemente, do campo de estudo
desta pesquisa, previu a setorização da mesma em três áreas distintas, com extensão
territorial de tamanho aproximado, denominadas A1, A2 e A3 (Figura 14). Essa divisão se
justificou pelas características peculiares de cada setor, o que facilitaria a execução e
compreensão do trabalho e revelaria, hipoteticamente, o comportamento ambiental dos
diferentes agentes locais e a influência de cada um deles nos impactos ambientais
causados na região da Lagoa. Essas características foram observadas em estudos
preliminares da área, por meio de análise dos mapas e ortofotos e nas visitas realizadas
ao bairro.
41
Figura 14: Delimitação do campo de estudo e sua divisão em áreas sobre ortofoto. CONDER
(1998).
A área A1, a Nordeste, corresponde à zona urbana mais densa do bairro Novo
Horizonte, localizando-se a norte e a leste, incorporando um trecho da BR-116. Nesta
área encontram-se as habitações de melhor nível de construção, classificadas por Jacobi
(2006) como moradias adequadas, constituindo-se como uma área de maior densidade
populacional.
A área A2 fica ao Sul da Lagoa e contém propriedades mini-fundiárias (chácaras),
grandes espaços livres e uma pequena seção do campus da UEFS.
A área A3 situa-se a Noroeste, onde os problemas ambientais são mais
percebidos, pois contemplam um grande número de moradias precárias (JACOBI, 2006),
que apontam uma população com menor poder aquisitivo em relação às outras duas
áreas (A1 e A2).
Campus da UEFS
BR
116
BR
116
42
5.1.5 Instrumentos de Coleta de Dados
5.1.5.1 Amostra
O universo do campo de estudo foram os domicílios existentes do bairro Novo
Horizonte. Segundo levantamento do IBGE (2000), no bairro do Novo Horizonte, um
total de 928 residências. Na área delimitada no campo de estudo foram contabilizados
365 domicílios por meio da análise da ortofoto da CONDER (1998), subdivididos em: A1-
256 domicílios, A2- 13 domicílios e A3- 96 domicílios.
Para realizar o cálculo da quantidade significativa da amostra das residências de
cada área foi utilizada a fórmula abaixo, baseando-se no cálculo de amostras para
populações finitas (GIL, 1995):
onde:
n =Tamanho da amostra.
2
= Nível de confiança escolhido, expresso em número de desvios-padrão.
p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica.
q = Percentagem complementar (100-p).
N = Tamanho da população.
e
2
= Erro máximo permitido.
Para calcular a quantidade de amostras de domicílios, determinaram-se os
seguintes valores para cada área definida (A1, A2, A3):
2
= 2
p = 95
q = 5
N= 256 (para A1), 13 (para A2) e 96 (para A3)
e
2
= 5.
Após a aplicação da fórmula foram obtidos os números de amostras para cada
área:
2
. p . q . N
n =
e
2
(N-1) +
2
p.q
43
A1- n= 59 domicílios
A2- n= 11 domicílios
A3- n= 43 domicílios
A utilização da fórmula deve-se à classificação do universo da pesquisa ser
considerado finito. Pra Gil (1995), universos finitos são aqueles cujo número de elementos
não excede a 100.000.
Os domicílios, dentro de cada área definida (A1, A2, A3), foram identificados e
numerados conforme mapas existentes em órgãos oficiais e/ou visitas ao campo. Após a
identificação de cada domicílio nas áreas setorizadas, os mesmos foram sorteados
aleatoriamente para a aplicação do questionário, obedecendo à quantidade encontrada de
questionários no cálculo estatístico. Se o morador, por acaso, não concordasse em
participar da pesquisa, seria feito novo sorteio.
As residências foram identificadas de acordo com a similaridade das
características socioambientais, por meio da análise dos mapas da cidade de Feira de
Santana, fornecidos pela Prefeitura Municipal, PLANARQ e ortofotos realizadas pela
CONDER, de 1998, além de observações “in loco”.
A escolha das residências que participaram da pesquisa se deu por meio da
amostragem aleatória simples, de modo que todas apresentassem a mesma
probabilidade de participar da amostra. Para Gil (1995) essa amostragem consiste em
atribuir a cada elemento da população, no caso do presente estudo, cada residência da
área estudada, um número único, para depois selecionar algumas dessas residências de
forma casual. E para garantir que a escolha fosse realmente ao acaso, podiam ser
utilizados números aleatórios.
5.1.5.2 Aplicação do questionário
A quantidade de questionários (APÊNDICE A) aplicados foi de acordo com o
número de domicílios calculados acima, ou seja, em A1- 59 questionários, A2- 11
questionários e A3- 43 questionários.
No questionário aplicado, apenas as questões referentes aos dados pessoais
foram direcionadas aos chefes de famílias, as demais questões referem-se à residência e
44
seu entorno. Por isso, as questões foram respondidas preferencialmente em sua maioria,
pelas donas de casa, após a leitura do termo de consentimento livre e esclarecido
(APÊNDICE B) e, que a mesma assinou, conforme indicação da Resolução nº 196/96, do
Ministério da Saúde. A escolha pelas donas de casa deu-se pelo fato das mesmas
conhecerem melhor a realidade da casa e do entorno (JACOBI, 2006) e por serem mais
facilmente encontradas em casa nos horários de coleta dos dados desta pesquisa.
Foi realizado um pré-teste para a aplicação do questionário em uma residência de
cada área distinta, num total de três pré-testes, para verificação da eficácia dos mesmos e
as possíveis alterações.
A formulação do questionário se baseou, principalmente, na estruturação da
pesquisa realizada por Jacobi (2000), no trabalho intitulado Cidade e Meio Ambiente
Percepções e Práticas em São Paulo. No caso da pesquisa realizada no bairro Novo
Horizonte, os questionários foram divididos em quatro itens: características sociais;
características físicas e estruturais dos domicílios; cobertura dos serviços de saneamento
básico e outros serviços, além da percepção dos moradores em relação aos problemas
ambientais.
5.1.5.3 Entrevistas abertas e conversas informais
As entrevistas e as conversas informais foram realizadas com líderes comunitários
e moradores mais antigos do bairro, com a transcrição simples no papel, tendo como
objetivo a busca de informações sobre a ocupação urbana do local e a percepção dessas
pessoas frente aos problemas ambientais vivenciados na região da Lagoa da Pindoba.
5.2 ANÁLISE DOS DADOS
As informações obtidas nos questionários foram analisadas conforme a sua
natureza, a partir das quais foram geradas matrizes de dados (APÊNDICE C). Os dados
quantitativos foram submetidos à análise estatística e geraram os gráficos e tabelas. Já os
dados qualitativos foram avaliados de acordo com os trechos das respostas que mais se
relacionaram com o tema em questão.
45
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Serão apresentados a seguir os resultados e sua discussão, desenvolvido no
bairro Novo Horizonte, entre fevereiro e março de 2008, com algumas visitas de
verificação em 2009. O estudo foi realizado por meio da aplicação de questionário junto
aos moradores, com o intuito de levantar informações a respeito das condições
socioculturais e a sua percepção em relação à ocupação urbana e os impactos
ambientais nesta área. Este estudo também conta com dados coletados a partir de
observações e registros de campo, do estudo de alguns documentos e projetos da
prefeitura e conversas informais com membros da comunidade, o que ajudou a construir
um quadro da situação atual deste bairro.
Segundo os cálculos estatísticos apresentados na Metodologia, a quantidade de
questionários a serem aplicados junto aos moradores deveria ser de 113, no total, sendo
59 para a área 1, 11 para a área 2 e 43 para a área 3. Porém, durante a pesquisa, apenas
86 moradores foram ouvidos, devido a diversos problemas, como a existência de
residências fechadas, moradores que não desejaram participar, etc. Dessa forma, 86
questionários ficaram assim divididos: em 59 para a área 1, 7 para a área 2 e 20 para a
área 3. Este número final de questionários, juntamente com as observações de campo e
as entrevistas, mostraram-se suficientes para traçar o diagnóstico do bairro segundo a
percepção dos moradores.
A apresentação dos resultados do estudo empírico foi dividida em três partes,
sendo que a primeira contempla uma breve descrição das características sociais para as
três áreas anteriormente definidas (A1, A2 e A3). Os próximos tópicos mostram as
análises dos dados coletados do bairro como um todo, na qual segunda parte diz respeito
às características físicas dos domicílios do bairro Novo Horizonte, à cobertura dos
serviços de saneamento básico e outros serviços e, por fim, à percepção dos moradores
em relação aos problemas ambientais no entorno da Lagoa da Pindoba. A terceira parte,
consta de análise dos problemas socioambientais relacionados com o processo de
ocupação urbana no entorno da Lagoa da Pindoba.
Todos os gráficos apresentados foram gerados de matrizes de dados, as quais se
encontram no Apêndice C. Estas matrizes foram obtidas por meio da aplicação de
questionário. No Anexo A, encontra se um mapa atualizado do bairro Novo Horizonte
com as características principais da região.
46
6.1 CARACTERÍSTICAS SOCIAIS POR ÁREA
Foi feita uma opção metodológica de dividir a área total do entorno da Lagoa em
três áreas distintas (A1, A2 e A3), por possuírem características específicas. A área A1
situa-se a nordeste do bairro, onde se concentram o maior número de domicílios. A área
A2 fica ao Sul da Lagoa, possui maior quantidade de áreas livres e contém pequenas
chácaras e parte do campus da UEFS. A área A3 localiza-se a Noroeste e contempla
grande número de moradias precárias.
6.1.1 Área 1
As características levantadas nesta pesquisa traçam um perfil sociocultural dos
residentes no entorno da Lagoa da Pindoba. Assim, constatou-se que na área A1 a faixa
etária dos chefes de família apresenta a seguinte distribuição: 54% deles possuem 40
anos ou menos; 22% estão entre 40 e 50 anos; 10% estão entre 50 e 60 anos; e apenas
13,5% estão acima dos 60 anos.
Ainda referente aos chefes da família, a baixa escolaridade é uma característica
desta área em que 66% não completaram sequer o ensino fundamental, e apenas 1,7%
completaram o ensino médio. Quanto ao tempo de residência, 25% moram há 10 anos ou
menos no bairro, 35% residem mais de 10 e menos que 20 anos e 38% residem
mais de 20 anos no bairro. Quanto à origem, pode-se constatar que 50,85% deles são de
origem urbana e 49,15% rural (APÊNDICE C).
Nesta área do bairro, em 28,81% das residências moram mais que cinco pessoas,
e em 35,59% moram até três pessoas, encontrando-se a mesma percentagem para as
residências com quatro ou cinco moradores.
Quanto à renda mensal familiar 74,58% das famílias sobrevivem com um ou
menos que um salário mínimo, 23,73% possuem um rendimento de até dois salários e
apenas 1,69% ganham mais de três salários. Entretanto, 32,2% dos chefes de família
desta área declararam estar desempregados. Dentre os que trabalham 15,25% estão
empregados no comércio, 13,56% na construção civil, igualmente 13,56% são
autônomos, 8,47% trabalham em empresas, 5,08% na indústria e, 11,86% são
aposentados (APÊNDICE C).
47
6.1.2 Área 2
Nesta área, na qual estão localizados apenas onze domicílios, dos quais sete
foram entrevistados, a idade dos chefes de família que estão entre 40 e 60 anos, soma
85,72% e, 14,28% têm mais de 60 anos. O grau de escolaridade indica que 43% não
completaram o ensino fundamental e 29% são analfabetos.
A maioria tem pouco tempo de residência no bairro, 71,43% moram em período
inferior a 10 anos. Sua origem é predominantemente urbana (71,43%) e, a quantidade de
pessoas por domicílio, é de cinco pessoas em 71,43% das residências desta área. Apesar
disso, apenas 28,5% deles trabalham e ajudam a complementar a renda familiar. Grande
parte dos chefes de família trabalha na construção civil (28,57%), como ajudantes de
pedreiro, também um aposentado, um policial, um caminhoneiro, um trabalhador do
comércio e de indústria.
A renda mensal familiar para 42,86% está acima de um e até dois salários
mínimos, 28,57% recebem até um salário e acima de dois ou três salários somam 28,58%
(APÊNDICE C).
6.1.3 Área 3
Localizada a Noroeste da Lagoa, na qual se situam 96 domicílios, 40% dos chefes
de família tem até 40 anos, 30% estão acima dos 60 anos e 30% estão entre 40 e 60
anos.
É a localidade que apresentou o menor grau de escolaridade dos chefes de
família, no qual 40% são analfabetos, 75% são de origem urbana e muitos residem no
bairro dez anos ou menos (45%). Em 45% das residências desta área moram entre
quatro e cinco pessoas, em 30% residem até três pessoas e em 20% mais de cinco
pessoas.
Sobrevivendo com uma renda mensal de no máximo um salário nimo em 75%
dos casos, enquanto os demais 25% ganham até dois salários. As principais fontes de
renda são construção civil (25%) e indústria (20%), 15% dos chefes de família são
aposentados e 30% estão desempregados (APÊNDICE C).
48
6.1.4 Análise das características sociais das três áreas
A população residente no Bairro Novo Horizonte é de 3.209, com 1.584 homens e
1.625 mulheres, a distribuição por faixa etária e sexo encontra-se na Figura 15, segundo
Anuário estatístico de Feira de Santana/CDL (2008), com base no Censo do IBGE 2000.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0 a 4
5 a 9
10 a 15
16 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
80 ou mais
TOTAL
MULHER
HOMEM
Figura 15: População residente no Bairro Novo Horizonte por faixa Etária e Sexo segundo
Anuário Estatístico de Feira de Santana CDL (2008), com base no Censo do IBGE 2000.
No Bairro Novo Horizonte, a quantidade de membros da família por domicílio é de
3 a 5 indivíduos em 40,7% das residências visitadas (Figura 16). Diferindo dos dados
obtidos por Nascimento (1983) na década de 80, que ao estudar esta comunidade,
verificou que as famílias eram em média compostas por seis membros. Entretanto, estes
dados ainda estão acima da média para o estado da Bahia, cujo número médio de
pessoas por domicílio é de 3,7 segundo a PNAD (IBGE, 2007). Esses dados podem
refletir a ausência ou ineficiente atuação do Poder Público em relação ao planejamento
familiar junto às comunidades carentes.
49
32,56%
40,70%
26,74%
q3 3 < q 5 q > 5
Figura 16: Quantidade de membros da família por domicílio no bairro Novo Horizonte - Feira
de Santana-BA.
Em relação à faixa etária constatou-se que na Área 1 concentra-se o maior
número de chefes de família com idade menor que 40 anos (Figura 17). Observa-se
também o baixo nível de escolaridade dos chefes de família, em que 66,10% (Figura 18)
não completaram o ensino fundamental, somando nas três áreas um total de 52,33%.
Estes dados coincidem com o maior índice de desemprego na Área 1, 32,2% (Figura 19).
A maior quantidade de chefes de família com idade maior que 60 anos encontra-
se na Área 3 (30%). Apesar disso, apenas 15% são aposentados (Figura 19). Portanto,
grande parte desses residentes ainda está inserida no mercado de trabalho, contribuindo
para a complementação da renda mensal familiar. Nesta área também se verificou um
grande percentual de chefes de família sem escolaridade (40%) e um alto índice de
desemprego (30%) (Figura 19).
De acordo com estudo realizado por Nascimento (1983), neste mesmo bairro,
ficou evidente que 23,4% da população eram analfabetas ou faziam assinar o nome e
13,7% tinham o primeiro grau incompleto. Numa análise comparativa, constata-se que
mesmo com o aumento da população residente no bairro Novo Horizonte entre 1983 e
2008, o nível de escolaridade nesta região continua baixo. A PNAD mostra que a taxa de
analfabetismo encontrada no Brasil para as pessoas de 15 anos ou mais, em 2006, foi de
10,5% e segundo dados do Ministério da Educação (MEC, 2007) dos 417 municípios
baianos, 346 têm índices de analfabetismo superiores a 20% (a média nacional é 13%).
Neste estudo, o percentual de chefes de família do bairro Novo Horizonte sem
escolaridade foi de 16,28%, sendo, portanto, acima da média nacional (FIGURA 18).
50
0
10
20
30
40
50
60
%
A1
54,24
22,03
10,17
13,56
A2
0,00
42,86
42,86
14,29
A3
40,00
25,00
5,00
30,00
Total
46,51
24,42
11,63
17,44
i ≤ 40
40 < i50
50 < i60
i > 60
Figura 17: Faixa etária (idade em anos- i) dos chefes de família do bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-Bahia, por área estudada e o total das três áreas.
0
10
20
30
40
50
60
70
%
A1
8,47
20,34
66,10
1,69
3,39
0,00
A2
14,29
0,00
42,86
14,29
14,29
14,29
A3
40,00
30,00
15,00
5,00
5,00
5,00
Total
16,28
20,93
52,33
3,49
4,65
2,33
Sem
Escolaridade
1º Grau
Completo
1º Grau
Imcompleto
2º Grau
Completo
2º Grau
Imcompleto
o Sabe
Figura 18: Escolaridade dos chefes de família do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-
Bahia, por área estudada e o total das três áreas.
51
De acordo com Lima et al. (1997), as atividades agrícolas e de pesca
predominavam no início da formação do bairro, pois existiam fazendas de criação de
gado, cultivo de plantações de subsistência e a pesca na Lagoa da Pindoba.
Atualmente, das principais fontes de renda dos chefes de família do bairro Novo
Horizonte, a construção civil é responsável por empregar 17,44%, seguido pelo comércio
com 12,79% (FIGURA 19). Neste bairro, constatou-se a presença de pequenos
estabelecimentos comerciais, como mercadinhos, bares, salão de beleza, farmácia, etc.
(FIGURAS 20 e 21), surgidos das necessidades básicas dos moradores distantes do
centro comercial do Município, além de representar uma fonte de renda alternativa em
função do alto índice de desemprego.
O estudo desenvolvido por Nascimento (1983) mostra que o maior contingente
populacional economicamente ativo refere-se aos trabalhadores de serviços e
assemelhados (8,4%), representados pelas ocupações: servente, gari, garçom, motorista,
mecânico, carregador, etc.
0
5
10
15
20
25
30
35
%
A1
15,25
5,08
8,47
11,86
13,56
0,00
13,56
32,20
A2
14,29
14,29
14,29
14,29
28,57
14,29
0,00
0,00
A3
5,00
20,00
0,00
15,00
25,00
0,00
5,00
30,00
Total
12,79
9,30
6,98
12,79
17,44
1,16
10,47
29,07
Comércio
Indústria
Empresa
(vigilancia,
hotelaria,
Aposentadoria/
Pensões do
INSS
Constução civil
(Pedreiro/
Pintor)
Funcionário
Público
(Segurança
Autonomo
Desempregado
Figura 19: Principais fontes de renda dos chefes de família do bairro Novo Horizonte - Feira
de Santana-Bahia, por área estudada e o total das três áreas.
52
Figura 20: Pequeno comércio local
(o autor, 2008)
Figura 21: Edifício misto com comércio e
residência (o autor, 2008)
Nas proximidades deste bairro, encontram-se algumas empresas, entre as quais
se destacam um posto de combustíveis, uma pousada, uma indústria de papel e uma
indústria de sabão, que absorvem mão-de-obra do bairro Novo Horizonte, comportando
os 9,3% dos chefes de família que trabalham neste setor (FIGURA 19).
Na Área 2, encontram-se famílias residindo à menos tempo no bairro (71,43%),
com tempo menor que dez anos, sendo que a média do bairro é de 34,88% residente à
mais de vinte anos (FIGURA 22). Provavelmente o fato da ocupação da Área 2 ser mais
recente, está relacionado com a maior distância do centro do bairro, por ainda não ter
pavimentação e, por isso mesmo, possuir um menor número de residências, diferindo das
outras áreas, densamente povoadas. Outra característica peculiar da Área 2 é que os
chefes de família tem maior renda mensal (42,86%), ganhando mais que um salário
mínimo, e também apresentavam maior grau de escolaridade.
33,72%
31,40%
34,88%
t ≤ 10 anos 10 < t ≤ 20 anos t > 20 anos
Figura 22: Tempo de residência dos chefes de família nas áreas pesquisadas do bairro Novo
Horizonte - Feira de Santana-BA.
53
Para Forattini (1991), que se considerar que a pobreza não se limita à
insuficiência da renda, mas sim constitui condição ou síndrome que se relaciona a vários
tipos de carência como educação, saúde, previdência social e outros. O que reflete a
realidade de muitas famílias do bairro Novo Horizonte, pela falta de assistência por parte
do Poder Público em muitos aspectos.
Segundo o diagnóstico socioeconômico de Feira de Santana realizado em 1998,
40,1% dos chefes de domicílio no município apresentava renda mensal de até um salário
mínimo, diferentemente da média do bairro Novo Horizonte, em que mais de 70% no ano
de 2008, recebem menos que um salário (FIGURA 23). Isso demonstra uma condição
social preocupante, que, além da baixa renda, observou-se carência nos aspectos
educacionais, de saúde, dentre outros. Situação esta comparável com a atual verificada
no estado da Bahia, sendo que 35,6% dos domicílios particulares permanentes urbanos
possuem rendimento mensal inferior a um salário mínimo (PNAD, 2006).
70,93%
25,58%
1,16%
2,33%
r ≤ 1 salário 1 < r 2 salários
2 < r 3 salários r > 3 salários
Figura 23: Renda (r) mensal das famílias do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
Quanto à origem dos chefes de família, nas Áreas 2 e 3, a maioria é de origem
urbana (71,43% e 75%, respectivamente). Enquanto que na Área 1 um equilíbrio entre
as origens urbana e rural, mas em média 58,14% são de origem urbana (FIGURA 24).
54
58,14%
41,86%
Urbana Rural
Figura 24: Origem dos chefes de família do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
Esses dados refletem uma mudança na origem dos chefes de família, pois no
início da ocupação do bairro Novo Horizonte, a maioria das pessoas tinha origem rural,
vindo de cidades e distritos próximos, o que era comum vinte anos atrás, em que a
taxa de migração da zona rural para a urbana era maior. Atualmente os moradores do
bairro Novo Horizonte são indivíduos naturais da própria cidade, ou de zonas urbanas de
outras cidades próximas de Feira de Santana.
Esta tendência acompanha o atual modelo de ocupação urbana nas áreas
periféricas das grandes cidades no Brasil. Além disso, a taxa de urbanização de 83,3%,
em 2006, mostra que o processo de urbanização no País está crescendo anualmente
(IBGE, 2008).
As maiores taxas de crescimento populacional de Feira de Santana em quase
sua totalidade formada por famílias de média e baixa renda estão significativamente nos
bairros fora do “anel de contorno” (ou seja, fora da área mais central da cidade), o que
representa cerca de 70% do incremento entre os anos de 1991 e 1996, contra apenas
30% dentro do “anel de contorno” (FEIRA DE SANTANA, 2006).
6.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS DOMICÍLIOS DO BAIRRO NOVO HORIZONTE
Apesar da opção metodológica em dividir a área de estudo em três áreas distintas,
após a pesquisa de campo, as observações in loco, entrevistas e aplicação dos
questionários, verificou-se poucas diferenças nos resultados da pesquisa nas três áreas.
55
Sendo assim, os dados, a seguir, serão apresentados para o bairro Novo Horizonte como
um todo.
6.2.1 Generalidades
No bairro Novo Horizonte, quase todos os chefes de família entrevistados,
relataram que os domicílios são próprios, mas apenas 14,2% tem escritura. A maioria
tinha um documento de doação do terreno e um caso cuja casa é cedida. O tipo de
construção mais comumente observada foi a de alvenaria. Segundo o IBGE (2000)
existem no Bairro Novo Horizonte, 1.024 domicílios particulares, sendo que 85%
encontram-se ocupados e destes 12% são de uso não residencial (FIGURA 25).
85%
1%
1%
13%
Ocupados Fechados Uso ocasional Vagos
Figura 25: Domicílios Particulares no Bairro Novo Horizonte segundo Anuário estatístico de
Feira de Santana CDL (2008) com base no Censo - IBGE - 2000
A distribuição dos domicílios brasileiros segundo sua condição de ocupação, de
acordo com a PNAD 2006 (IBGE, 2008), foi a seguinte: 73,0% próprios; 18,7% alugados;
e 7,7% cedidos. Tal informação se presta a avaliações acerca da propriedade de imóveis
no País. Segundo Nascimento (1983), a situação da condição de ocupação indicava que,
naquela época, 78,7% das famílias do bairro Novo Horizonte possuía domicílio próprio,
12% eram alugados, 4% cedidos e 5,3% provenientes de ocupação.
88%
12%
Residencial Uso não residencial
56
6.2.2 Número de cômodos
A maioria dos domicílios visitados nesta pesquisa possui de três a cinco cômodos,
que correspondem a 60,47%, ou 52 casas. Apenas 9,30%, ou 8 casas tem menos que
três cômodos, e 30,23%, ou 26 casas tem mais de cinco ambientes (FIGURA 26).
Comparando com os dados de Nascimento (1983) deste mesmo bairro, observam-se
algumas diferenças, embora em escalas diferentes, quanto a esta característica do
domicílio, pois foi constatado por aquele autor que 53,4% dos domicílios tinham 3 a 4
cômodos, 25,3%, entre 1 a 2 cômodos, 16% de 5 a 6 cômodos e apenas 5,3% possuíam
mais de 6 cômodos. Observa-se, portanto que, as alterações no número de cômodos não
são significativas para revelar profundas alterações nas condições socioeconômicas desta
comunidade.
9,30%
60,47%
30,23%
c3 3 < c ≤ 5 c > 5
Figura 26: Número de cômodos (c) por domicílio no bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA.
6.2.3 Área do domicílio
Quanto à área, a maior quantidade de domicílios, 35 unidades, ou 40,7% tem área
menor que quarenta metros quadrados (FIGURA 27). Este número é explicado devido às
casas da área próxima à Lagoa, Área 3, serem mais precárias. As casas com maior área,
de quarenta a oitenta metros quadrados e acima de oitenta metros quadrados ficam nas
Áreas 1 e 2. Na Área 1, as casas sofreram mais modificações, principalmente, porque
57
os filhos dos chefes de família dessas casas permaneceram nas casas dos pais, com
suas novas famílias e, como alternativa de moradia, ampliaram as residências. Outro
motivo é o uso dos domicílios para o comércio. Na Área 2, as casas possuem área maior
devido ao melhor poder aquisitivo dos chefes de famílias.
40,70%
33,72%
25,58%
a40 m² 40 < a 80 a > 80 m²
Figura 27: Área dos domicílios pesquisados no bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
De acordo com as observações in loco, os domicílios apresentam aspectos
distintos de acordo com a sua localização. As casas mais distantes da Lagoa, mais
próximas à BR-116 Norte - que foram as primeiras edificações - são de melhor qualidade
do ponto de vista da construção, do material empregado. Existem algumas casas até com
segundo pavimento, mas predominam no bairro, casas térreas, com baixa qualidade de
construção, principalmente, na Área 3, perto da Lagoa. Muitas dessas casas foram
erguidas com tijolos vindos do barro extraído da própria Lagoa, pelas olarias que existiam
na Área.
6.2.4 Cobertura da casa
A telha cerâmica aparece com maior percentual de alternativa para cobertura dos
domicílios, com 91,86%, ou 79 unidades (FIGURA 28). Algumas casas tem somente a laje
batida como cobertura, representando 4,65%, ou 4 casas do total entrevistado. E apenas
3,49% das residências, ou 3 unidades, tem outro tipo de telhado, como de fibro-cimento,
por exemplo.
58
91,86%
3,49%
4,65%
Telha cerâmica Outros (Eternit, etc) Laje
Figura 28: Tipo de cobertura dos domicílios visitados no bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA.
De acordo com esses dados e as observações visuais, as casas, podem ser
classificadas, segundo Jacobi (2006), como adequadas à moradia humana. Entretanto, as
moradias mais próximas à Lagoa tem uma qualidade inferior, com algumas delas sendo
construídas com tábuas de madeira. Essas possuem poucos cômodos, quando não,
apenas um cômodo. Muitas não tem sequer banheiro e os moradores utilizam a própria
Lagoa para suas necessidades. Tais construções, segundo classificação proposta por
Jacobi (2006), são denominadas de precárias (FIGURAS 29 e 30).
Existem casas que recebem acabamento apenas na fachada frontal, no restante a
alvenaria (em bloco cerâmico, devido ao fechamento da olaria) fica aparente. Muitas não
possuem acabamento nem na fachada e se encontram em fase de construção, num
processo lento de edificação, de acordo com as condições financeiras do morador
(FIGURAS 31).
Figura 29: Casa precária (o autor, 2008)
Figura 30: Casa precária (o autor, 2008)
59
Figura 31: Casa em construção (o autor, 2008)
6.2.5 Problemas no interior do domicílio
Em relação ao interior dos domicílios, vários problemas são destacados. Dentre
eles, o mais observado é a umidade nas paredes, com 74,42% (FIGURA 32). A falta de
reboco, a presença de goteiras e a ausência de esgoto nas unidades vem em segundo
lugar na lista dos problemas assinalados, com 23,26%. Ainda merecem destaque a falta
de abastecimento de água, com 9,30% e ausência de banheiro no interior do domicílio
com 8,14%. Verifica-se que o conforto do morador não teve tanto destaque, que,
poucas pessoas apontam o tamanho dos cômodos, bem como a falta de iluminação e
ventilação naturais como um problema dos domicílios. Isso se deve ao fato, dos
moradores não terem outros referenciais e, por isso, habituam-se a viver em condições
que, para as classes sociais mais abastadas, seriam de muito desconforto.
60
8,14
23,26
2,33
2,33
74,42
23,26
23,26
9,30
3,49
1,16
1,16
1,16
3,49
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
%
Falta de banheiro
Falta de rede de esgoto
Falta de ventilação natural
Falta de iluminação natural
Umidade nas paredes
Goteira
Falta de reboco, pintura e/ou
piso
Falta de água
Cômodos pequenos
Rachadura nas paredes
Infiltração nas paredes
Falta de Cozinha
Não respondeu
Figura 32: Frequência de problemas no interior dos domicílios relatados pelos moradores
do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
6.2.6 Localização dos banheiros
Das casas pesquisadas 11,63%, equivalentes a dez unidades, não possuem
banheiro, 18,60%, ou seja, 16 unidades tem banheiro sem ligação com a estrutura do
prédio e em 69,77% (FIGURA 33) dos casos, os banheiros se situam no interior do
domicílio. Grande parte desses não é revestida com cerâmica. Onde não existe banheiro,
foi relatado, pelos moradores, a utilização da Lagoa para as suas necessidades.
Esta realidade é verificada em outros bairros de municípios brasileiros com
características similares ao do Novo Horizonte, conforme dados coletados por Agra e
Silva (2007), em estudo realizado em dois bairros da cidade de Campina Grande-PB, nos
quais 90% das residências estudadas possuem banheiro. No bairro do Alto Branco este
número aumenta para 97%. No entanto, observou-se que no Bairro do Pedregal, um
número significativo de residências ainda tem banheiros localizados apenas na área
61
externa (37%). Em contrapartida, no Bairro do Alto Branco 21% das residências
investigadas apresentam banheiros tanto na área externa, quanto interna.
Em estudo semelhante, Jacobi (2000), relatou que em três regiões pesquisadas na
cidade de São Paulo, a presença de banheiro dentro do domicílio ocorre em 87,2% das
moradias, 15,3% fora dela e 2,5% tem banheiro coletivo.
Estes dados nos permitem inferir que, mesmo o município contando com
saneamento básico, a ausência de banheiro nos domicílios é um problema, pois leva as
famílias a acondicionarem fezes em jornais e sacos plásticos e estas são, geralmente,
enterradas no quintal da casa ou colocadas/lançadas nas proximidades da mesma,
favorecendo a contaminação e, consequentemente, a transmissão de doenças (AGRA;
SILVA, 2007).
69,77%
18,60%
11,63%
Dentro do domicílio Fora do domicílio Não tem banheiro
Figura 33: Localização dos banheiros nos domicílios visitados no bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-BA.
6.3 COBERTURA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO E DE
OUTROS SERVIÇOS DO BAIRRO NOVO HORIZONTE
A distribuição dos serviços públicos de saneamento básico na cidade de Feira de
Santana se mostra desigual com níveis de cobertura e padrão de qualidade diferenciada
entre os bairros. Conforme se verifica no Bairro Novo Horizonte, por estar localizado fora
da área urbana planejada, constatou-se, nesta pesquisa, alguns problemas em termos
qualitativos e quantitativos nos serviços públicos de saneamento.
Neste sentido, a presente pesquisa buscou traçar, um perfil dos principais serviços
do bairro Novo Horizonte e os problemas decorrentes da precariedade de alguns, tendo
como base os princípios da Lei nº 11.445 (Diretrizes nacionais para o saneamento
62
básico), de 5 de janeiro de 2007, a qual estabelece no inciso VI do Art. 2
o
, que os
serviços públicos de saneamento básico serão prestados em articulação com as políticas
de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua
erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante
interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o
saneamento básico seja fator determinante.
Sabendo que o saneamento básico é um aspecto fundamental para garantir a
qualidade de vida do cidadão, pode-se inferir que a ausência de qualquer um dos serviços
que o compõem pode interferir, significativamente, na característica da sua moradia, pois
ambientes precários de habitação tem papel decisivo nas condições de vida e saúde dos
indivíduos. A seguir serão demonstrados e discutidos os resultados dos dados levantados
no bairro Novo Horizonte.
6.3.1 Tipos de abastecimento de água
Um total de 81,40% das residências, 70 casas pesquisadas, recebem água
encanada da concessionária (EMBASA) enquanto 18,60%, equivalentes a 16 residências,
dizem não receber esse serviço (FIGURA 34). Entretanto, nas visitas realizadas no local,
verificou-se que algumas residências dividem o abastecimento. A água encanada de uma
determinada casa é dividida com outras, às vezes até com mais de duas casas,
normalmente com um parente que mora ao lado. Observou-se também que, nas ruas não
pavimentadas ou residências em construção, existem ligação de água, demonstrando
que este serviço deverá atingir, em breve, o restante dessa população ainda não
beneficiada com o abastecimento de água (FIGURA 35).
63
81,40%
18,60%
Água encanada (EMBASA) Não tem água encanada
Figura 34: Cobertura de abastecimento de água no bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-
BA.
Figura 35: Residência em construção em rua não pavimentada, já com ligação de água.
Apenas na Área 2, o atendimento é universal. No município de Feira de Santana,
desde 1991 (IBGE, 2000), 95% dos domicílios tem abastecimento de água com
canalização interna (rede geral, poço ou nascente e outras formas). Esses dados
implicam que, a situação de abastecimento de água na área de estudo ainda se encontra
abaixo da média da Cidade.
O abastecimento de água por rede geral, em princípio, oferece uma água de
melhor qualidade. Em todo o País, 93,2% do total dos domicílios urbanos contavam com
este serviço. Comparando os dados do País e do estado da Bahia com os dados
64
levantados no bairro do Novo Horizonte, a média deste último está abaixo, indicando a
necessidade de uma melhoria no abastecimento de água para o bairro estudado.
De acordo com o Relatório Final do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
(PDDU) de Feira de Santana (2000), o sistema de abastecimento de água apresenta
pontos críticos, tais como: a falta de pressão em cerca de 5% da rede de distribuição
implantada; a falta de controle da água consumida; existem cerca de 50% de perdas
físicas e de faturamento, existindo muitos vazamentos na rede o que compromete a
qualidade da água.
Existe hoje um ficit de 15.187 ligações o que corresponde a cerca de 15% da
população, em que pese a EMBASA afirmar que mais de 90% da Cidade é atendida.
Mesmo na área atendida por rede, não se pode afirmar que uma cobertura total dos
serviços de distribuição com o sistema atendendo diariamente 24 horas por dia, em
função dos cortes temporários em locais distintos da cidade (FEIRA DE SANTANA, 2000).
6.3.2 Regularidade do serviço de abastecimento de água
Mesmo onde a cobertura de abastecimento de água é de 100% da população,
existe uma queixa dos moradores quanto à regularidade do serviço. Para as três áreas
estudadas, o abastecimento regular se refere a apenas 62,79% (FIGURA 36). Observa-se
ainda que 17,44% não tem água encanada, utilizando fontes alternativas, como poços e
cisternas.
62,79%
19,77%
17,44%
Regular Não regular Não se aplica (não usa)
Figura 36: Regularidade do serviço de abastecimento de água no bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-BA.
65
Ainda de acordo com o Relatório Final do PDDU de Feira de Santana (2000), é
importante observar que, mesmo na área atendida por rede de abastecimento de água, o
sistema não está sendo operado de maneira adequada, ou seja, não uma cobertura
total dos serviços de distribuição diariamente, durante as 24 horas do dia, principalmente,
em áreas da periferia localizadas fora do “anel de contorno”. Essas áreas são abastecidas
duas vezes por semana, quando a EMBASA realiza manobras na rede de distribuição, o
que vem comprometendo de maneira significativa a qualidade da água distribuída à
população, além de deixar parte dos bairros localizados na zona baixa da cidade sem
água, durante a execução das manobras. Portanto, essa irregularidade no serviço, leva os
moradores a buscar fontes alternativas de abastecimento, muitas vezes inadequadas para
consumo humano.
6.3.3 Outras alternativas de abastecimento de água
Apesar da proximidade com um recurso natural - a Lagoa - os moradores do bairro
Novo Horizonte afirmam não utilizar sua água como opção de abastecimento. Dos que
não têm água da EMBASA, 16,28% (FIGURA 37) utilizam a água da casa vizinha, e os
demais alternam o poço e a cisterna como segunda opção. Comparando estes dados com
os levantados por Nascimento, em 1983, observa-se grande evolução no bairro quanto a
este aspecto, pois naquele período 100% das famílias utilizava um chafariz como fonte de
suprimento de água para consumo doméstico. Este chafariz situa-se na Praça Maria
Quitéria e serve basicamente para irrigação dos jardins da praça. Porém, alguns
moradores utilizam a fonte para lavagem de carros e caminhões o que gera certo
conflito na comunidade, pois parte dela não concorda com esse tipo de uso da água.
66
5,81%
5,81%
72,09%
16,28%
Poço Cisterna Não utiliza Casa do vizinho
Figura 37: Outras alternativas de abastecimento de água no bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA.
6.3.4 Armazenamento da água
Uma quantidade significativa das residências, 36,05%, não possui reservatório. A
água vem direto da rede de distribuição para o encanamento de sanitários e cozinhas.
Bem próximo a esse número, 33,72% tem caixa d’água coberta. Tonéis e baldes,
cobertos com tampa, também são citados por 25,58% dos moradores como outros tipos
de armazenamento da água. Menos de 5% revelaram armazenar a água em reservatórios
descobertos (FIGURA 38).
33,72%
25,58%
3,49%
36,05%
1,16%
Caixa d'água coberta Caixa d'água descoberta
Resevatório (tonéis, baldes, etc.) coberto Resevatório (tonéis, baldes, etc.) descoberto
Não tem reservatório
Figura 38: Tipos de armazenamento de água nos domicílios do bairro Novo Horizonte - Feira
de Santana-BA.
67
É objetivo primordial da saúde pública que a população tenha água em quantidade
e qualidade em seu domicílio (BRASIL, 2006). Assim, a forma de armazenamento de
água e manutenção dos reservatórios domésticos constitui fator importantíssimo como
medida preventiva contra a incidência de diarréias e outras doenças associadas à
ingestão de água.
Os reservatórios domiciliares são pontos fracos do sistema, onde a água está mais
sujeita à contaminação, pois o ideal seria admitir as caixas d’água nos domicílios, em
sistemas com abastecimento intermitente. O reservatório deve ter capacidade para
abastecer o domicílio, pelo menos pelo período de um dia, e ser devidamente tampado
(BRASIL, 2006). Situação oposta do que foi observado in loco, pois em várias residências
a precariedade dos reservatórios e capacidade de armazenamento encontra-se
absolutamente fora de um padrão que garanta a qualidade e a quantidade da água
desejada.
6.3.5 Esgotamento sanitário
De acordo com Galvão Junior (2009), no Brasil, o déficit de serviços públicos de
saneamento básico é elevado, sobretudo no que se refere ao esgotamento e tratamento
de esgotos, com maior carência nas áreas periféricas dos centros urbanos e nas zonas
rurais, onde está concentrada a população mais pobre.
Não há rede coletora de esgotos no bairro Novo Horizonte, entretanto 4,61%
informaram na entrevista que usam a rede de esgoto, o que pode ser entendido como um
equívoco do morador em relação ao funcionamento deste serviço por considerar as
fossas sépticas, ou a drenagem pluvial como parte integrante da rede coletora de esgoto,
pois a grande maioria, 62,79%, confirmaram utilizar as fossas sépticas para despejo dos
esgotos e 32,56% não tem nenhuma forma de coleta de esgoto, descartando a céu aberto
ou na Lagoa, conforme mencionado por alguns dos entrevistados (FIGURA 39).
68
4,65%
62,79%
32,56%
Utilizam fossas ou a rede de drenagem entendida como rede de esgoto
Fossa séptica
Não tem (despeja na lagoa)
Figura 39: Percentual do serviço de esgotamento sanitário nos domicílios visitados no
bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
Este quadro demonstra a vulnerabilidade da população residente no Novo
Horizonte quanto aos riscos de doenças relacionados a soluções precárias ou à falta
deste serviço público de saneamento básico. O que demonstra que essa comunidade
encontra-se bem abaixo da média de cobertura de esgotamento sanitário para o estado
da Bahia, que atingiu um percentual de 61,8% de domicílios com serviço de rede coletora,
e 31,9% com fossa (IBGE, 2000). O alto percentual de fossas sépticas no bairro Novo
Horizonte, pode ser uma das fontes com risco de contaminação da Lagoa da Pindoba
com material fecal pela sua proximidade e por uma possível precariedade na manutenção
das mesmas.
Existem também muitas ligações inadequadas de esgotos sanitários das casas na
rede de drenagem pluvial e lançamento de esgoto a céu aberto, que podem ter como
destino final a Lagoa (FIGURA 40). Essa situação se agrava nos períodos chuvosos, onde
o nível do lençol freático sobe, e acaba por invadir algumas fossas, que retornam suas
águas ricas em coliformes termotolerantes para o manancial hídrico subterrâneo.
69
Figura 40: Ligação irregular de esgoto sanitário na rede pluvial que tem como destino final a
Lagoa.
Em relação ao próprio município de Feira de Santana, o bairro também está
abaixo da média. Existem na sede do município dez estações de tratamento de esgotos
sanitário e, segundo Araujo (2003), o sistema de tratamento de esgotos está preparado
para atender a uma população de 297.008 habitantes, que corresponde a 61,4% da
população urbana de Feira de Santana. Entretanto, só estão interligados ao sistema
162.056 habitantes que corresponderia a 33,5% da população, ressaltando que uma boa
parte da população utiliza fossa séptica com sumidouro.
No município de Feira de Santana, existe um Plano de Ações das Lagoas (Feira
de Santana, 2008) proposto pela prefeitura, entretanto, todas as áreas no entorno de cada
lagoa, devem estar previamente contempladas com sistema de esgotamento sanitário,
sob pena de inviabilizar a sustentabilidade dos projetos de ação propostos para as lagoas.
A Lagoa da Pindoba não se encontra, a princípio, contemplada neste Plano, por existirem
dúvidas a respeito de quem seria a responsabilidade de gestão da mesma.
70
6.3.6 Rede elétrica e coleta de lixo
Esses dois serviços são universalizados no bairro Novo Horizonte. Não há queixas
quanto à regularidade desses serviços. Não costuma faltar energia no bairro e a coleta do
lixo ocorre três vezes por semana. Quanto ao serviço de coleta de lixo no estado da Bahia
73% dos domicílios dispõem de tal serviço (IBGE, 2008).
Em visita à Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura Municipal de Feira de
Santana, algumas informações pertinentes ao bairro Novo Horizonte, foram coletadas em
relação a estes dois serviços:
Iluminação Pública: Instalar e manter os “braços” (luminárias) de luz são de
responsabilidade desta Secretaria. A COELBA é responsável pela rede de iluminação
pública. O bairro Novo Horizonte é todo assistido pela iluminação pública, com exceção
das áreas desabitadas.
Um problema que afeta este serviço é o crescimento desordenado da cidade,
principalmente na malha horizontal, pois fica cada dia mais difícil atender toda a
demanda. Para requerer iluminação pública deve haver um abaixo-assinado dos
moradores, enviando à prefeitura, para esta tomar providências. A prefeitura aciona a
COELBA, que é paga pelo serviço de instalação da rede e instalações dos postes. A
prefeitura vai ao local apenas ligar as luminárias, ou seja, os braços de luz.
A manutenção é feita quando solicitação pelos moradores. O órgão manda a
equipe ao local para verificar a solicitação e observar se tudo está funcionando
adequadamente. E assim, parte para outra solicitação. Quando não solicitações, a
equipe segue uma rotina de procedimentos que contempla todos os bairros da Cidade,
assim como todos os distritos. São 5 turmas (equipes) de manutenção, que o
terceirizadas, mas respondem ao diretor do Departamento de Iluminação Pública da
prefeitura. Cada equipe tem um fiscal e o atendimento é feito até as 20h, diariamente. O
contato é feito diretamente com os moradores.
Não existe um número certo de postes, pois é difícil cadastrá-los devido ao
crescimento urbano. Um mapeamento e uso de algum programa de computador, segundo
o diretor do órgão, facilitaria em muito a manutenção desses equipamentos.
71
O Departamento conta com 3 carros, que fiscalizam toda a Cidade, que é dividida
ao meio, para que seja toda coberta pelo serviço. Eles trabalham até 22h30, todos os
dias.
As lâmpadas usadas no bairro Novo Horizonte são de vapor de sódio, que têm
mais luminosidade. Os bairros mais afastados recebem esse tipo de iluminação, somente
as ruas novas e asfaltadas recebem lâmpadas brancas, metalizadas. É um procedimento
da prefeitura.
Coleta de Lixo: Em relação aos resíduos sólidos, a prefeitura de Feira de Santana
terceiriza o serviço, com a empresa QUALITY, a qual respondeu as perguntas pertinentes
ao serviço em questão.
A quantidade de resíduos sólidos no bairro Novo Horizonte varia conforme o dia
em que são executadas as coletas, segunda, quarta e sextas-feiras. Normalmente são 15
toneladas, ou 20 toneladas por dia coletados.
Os componentes dos resíduos sólidos são bem variados, que se trata de uma
coleta domiciliar. Tem resíduos orgânicos, plásticos, pequenos metais, etc. Os resíduos
sólidos do Posto de Saúde não diferem muito do resíduo residencial, pois os
procedimentos são simples, com exceção das gases e seringas que podem ser
infectantes, sendo acondicionados em recipientes apropriados.
O veículo que transporta os resíduos sólidos é um caminhão compactador. O
destino é o aterro sanitário municipal e a limpeza das ruas se nos dias de coleta,
começa as 7h até terminar o serviço.
Em observação in loco, verificou-se a presença de muitos terrenos baldios, que
servem de depósito de lixo. As ruas na zona mais periférica do bairro, ou seja, próxima à
BR, tem melhor aspecto de limpeza, diferentemente das ruas próximas à Lagoa
(FIGURAS 41 e 42). Esse fato mostra que a coleta pode não estar sendo feita da forma
como é planejada, ou seja, não está atingindo toda a área. Outra possibilidade é da
própria população não ter o hábito de colocar os resíduos sólidos em sacos para que os
mesmos sejam coletados pelo serviço de limpeza pública.
72
Figura 41: Lixo em terreno baldio (o autor,
2008).
Figura 42: Sacos de lixo nas proximidades da
Lagoa (o autor, 2008).
6.3.7 Pavimentação das ruas e drenagem urbana
No que diz respeito à drenagem urbana, as informações foram obtidas nas visitas
realizadas e entrevistas informais com os moradores do bairro. O mapa topográfico da
área estudada (ANEXO B) apresenta curvas de nível com cota mais elevada na zona do
centro do Bairro, diminuindo na direção da Lagoa. Em algumas ruas a drenagem é
superficial levando as águas de chuva em direção à Lagoa enquanto outras ruas não
possuem sequer pavimentação (FIGURAS 43 e 44). Segundo o administrador do Bairro,
na época de cheia, as casas próximas à Lagoa são invadidas pelas águas. Muitos
moradores, inclusive, segundo relatos, chegam a abandonar suas casas, mudando-se
para outros bairros, nessa época.
73
Figura 43: Rua pavimentada, porém sem
drenagem, escoamento superficial da chuva
(o autor, 2008).
Figura 44: Rua sem pavimentação (o autor,
2008).
O serviço de pavimentação da prefeitura atendeu o desejo desses moradores,
sem levar em conta o fator inundação, sem o cuidado em adotar dispositivos de
drenagem para canalização da água de chuva e da cheia da Lagoa, com exceção de um
canal subterrâneo, que passa sob a BR, já no limite do Bairro a Leste (FIGURAS 45 e 46).
Somente nas cotas mais altas, as ruas tem sistema de coleta de águas pluviais com
bocas de lobo e rede de drenagem. A canalização segue para o interior da Lagoa.
Figura 45: Canal de drenagem no limite leste
do bairro (o autor, 2008).
Figura 46: Detalhe do canal de drenagem (o
autor, 2008).
Principalmente na área central, Áreas 1 e 3, as ruas são pavimentadas. Não
pavimentação na Área 2, por ser uma ocupação mais recente e mais afastada do centro
do Bairro, com pouco número de casas, o que pode revelar pouco poder de pressão
política. As ruas pavimentadas representam 82,56% (FIGURA 47) dos domicílios que
74
participaram da pesquisa, porém não existe sistema de drenagem pluvial com caixas
coletoras. As águas das chuvas e servidas (ora lançadas nas ruas) tem como destino final
a Lagoa da Pindoba, devido à inclinação natural do terreno. A pavimentação é feita com
paralelepípedo, os meio-fios são de pedra e os passeios não são bem cuidados,
contribuindo para o desconforto da população.
17,44%
82,56%
Não pavimentada Pavimentada sem drenagem pluvial
Figura 47: Estado das ruas visitadas quanto à pavimentação e drenagem pluvial no bairro
Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
De acordo com informações levantadas informalmente na Secretaria Municipal de
Planejamento, a drenagem se das seguintes formas: superficial (ruas, calhas e
sarjetas); profunda (manilhas, células e canais); pavimentação (escorre pela rua);
extravasor (bueiro); e canal (manilhas). Em visita ao local, verificou-se que o Bairro possui
pavimentação em grande parte das ruas (FIGURAS 48 e 49), porém constatou-se a
ausência de calhas coletoras entre a rua e o meio fio, o que dificulta o escoamento das
águas. Além disso, este escoamento também é prejudicado pelo acúmulo de resíduos
sólidos e a falta de tratamento nos passeios, o que favorece o crescimento de vegetação
no local (FIGURAS 50 e 51). Tanto nas ruas pavimentadas, quanto nas de terra, o
escoamento superficial tem como destino final a Lagoa.
Existe tubulação pluvial subterrânea em algumas ruas pavimentadas, que não
possuem a dimensão adequada para escoar as águas pluviais. A essas tubulações o
feitas ligações clandestinas de esgotos sanitários, acarretando em poluição da Lagoa e
das próprias ruas, quando as tubulações quebram, deixando o esgoto a céu aberto. Outro
exemplo de drenagem é o extravasor (uma manilha com diâmetro aproximado de 2,00m,
que cruza a BR-116 e ajuda a drenar a água da Lagoa em épocas de cheia). Além disso,
outro elemento que compõe o conjunto de drenagem do Bairro é um canal subterrâneo
que sai do bairro Feira VI até a Lagoa, passando por dentro da UEFS. Segundo
75
informações dos moradores e funcionários da Secretaria de Planejamento, não existe
nenhum projeto de drenagem para o Bairro.
Figura 48: Ausência de calha coletora em
rua pavimentada (o autor, 2008).
Figura 49: Ausência de calha coletora
(sarjeta) em rua pavimentada (o autor, 2008).
Figura 50: Falta de tratamento nos passeios,
acúmulo de lixo e crescimento de vegetação
(o autor, 2008).
Figura 51: Falta de tratamento nos passeios,
favorecendo o crescimento de vegetação (o
autor, 2008).
Segundo o PDDU (PLANAQ, 2000), como existem várias lagoas receptoras da
drenagem na Cidade que ficam como áreas secas expostas boa parte do ano, isso
provoca grande pressão por ocupação humana nessas áreas, diminuindo a capacidade
das lagoas como corpo receptor e, em contrapartida, promovendo o alagamento das
residências no seu entorno, bem como as construídas na área de atuação da lagoa.
Para Heller (1997) apud Souza et al. (2002) ainda se afiguram obscuros os
mecanismos envolvidos na relação saneamento-saúde no que concerne à drenagem
urbana, talvez porque, comparativamente aos demais componentes do saneamento
76
básico (abastecimento de água, coleta de resíduos sólidos e de esgotos), a drenagem
tem sido considerada menos importante. Cairncross (1989) apud Souza et al. (2002), não
obstante, reconhece a importância da drenagem para a saúde pública, assegurando,
ainda, que a escassez de pesquisas correlatas também se deve ao fato de que o Banco
Mundial e outros bancos de desenvolvimento regional, apesar dos investimentos que
realizam na área, não tem tido maior interesse em estudar o tema.
Assim, diante do perfil traçado quanto aos fatores sanitários do bairro Novo
Horizonte, observa-se que a ocupação em torno da Lagoa da Pindoba em Feira de
Santana, resultou no surgimento de um Bairro em condição de degradação
socioambiental, pois como consequência desse uso inadequado, constata-se o
aterramento da margem da Lagoa, o incômodo do mau cheiro, os vetores, as enchentes,
a perda da vegetação nativa, o comprometimento da saúde da população, entre outros
problemas, comprometendo a qualidade de vida da população.
6.3.8 Segurança pública
O aumento da violência é crescente nos grandes centros urbanos, principalmente
nas áreas periféricas. Esse fator atinge também o bairro Novo Horizonte e preocupa a
maioria da população. Nas visitas feitas ao módulo policial e nas conversas com os
policiais e moradores, foi constatado que o Bairro apresenta um alto índice de violência,
mais notadamente na rua Treze de Maio, na Área 3, onde se localizam as casas mais
precárias e onde os moradores atribuem residir grande número de marginais. Os
incidentes mais comuns são assaltos a motoristas na BR-116, agressões, brigas
familiares, pequenos furtos a transeuntes no próprio bairro e até dentro da UEFS.
Porém o que mais tem agravado a violência no Bairro é o tráfico de drogas. Em
conversas informais com os policiais e os funcionários do Posto de Saúde, estes afirmam
que é notório o fluxo de pessoas de outros locais da cidade, que frequentam o Bairro para
comprar todo tipo de droga. Apesar da presença do módulo policial, os moradores dizem
que os militares são incapazes de deter a ação dos bandidos. Porém são comuns e
frequentes as batidas policiais com maior aparato, na área do tráfico, próximo à Lagoa.
No entanto, 97,67% dos moradores responderam não haver policiamento na região
(FIGURA 52).
77
Figura 52: Segurança pública no bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
A escola pública presente no bairro, também, segundo informações da Polícia
Militar, se encontra em decadência, pois teria se tornado alvo da marginalidade. Os pais,
então, preferem colocar seus filhos nas escolas do bairro vizinho, Feira VI, que
apresentam melhores condições de ensino e também de segurança.
6.3.9 Aspectos do entorno
Embora haja vários terrenos baldios, 95,35% dos moradores afirmam não ter
resíduos sóldos nessas áreas (FIGURA 53). Porém essa afirmação vai de encontro à
presença de roedores e insetos, segundo relatam 68,60% dos entrevistados (FIGURA
54). O Bairro não é tão arborizado, mas tem um aspecto agradável, principalmente na
Área 1, onde é mais bem cuidado. Mas para 46,51% (FIGURA 55) dos moradores, as
áreas verdes estão degradadas. presença de resíduos sólidos nas ruas, em terrenos
baldios, principalmente após os fins de semana, em função das festas em bares
espalhados por toda a Área.
78
4,65%
95,35%
Presença de lixo em terrenos baldios Ausência de lixo em terrenos baldios
Figura 53: Aspectos do entorno do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA quanto à
presença de lixo em terrenos baldios.
68,60%
31,40%
Presença de roedores e insetos Ausência de roedores e insetos
Figura 54: Aspectos do entorno do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA quanto à
presença de roedores e insetos.
53,49%
46,51%
Presença de áreas verdes Áreas verdes degradadas
Figura 55: Aspectos do entorno do bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA quanto à
presença de Áreas Verdes.
79
A ocupação urbana de um ambiente natural, no processo de urbanização,
geralmente ocorre com a remoção da cobertura vegetal. O desmatamento, quando feito
de forma inadequada, resulta em vários impactos ambientais como: modificações
climáticas; danos à flora e fauna; exposição do solo, causando o incremento da erosão;
remoção da camada fértil do solo; assoreamento dos recursos hídricos; aumento do
escoamento superficial da água e redução da infiltração; inundações (MOTA, 2003).
Muitos aspectos citados no parágrafo anterior podem ser observados no bairro
Novo Horizonte, no entorno da Lagoa da Pindoba, onde encontra-se grande quantidade
de vegetação típica de ambientes eutrofizados com densa presença de macrófitas
aquáticas, como Taboa, o que para muitos moradores é confundida com áreas verdes,
além da inexistência de um espelho d’água (Figura 56).
Figura 56: Lagoa da Pindoba, com densa quantidade de macrófitas, indicadoras de elevado
grau de eutrofização.
80
6.3.10 Transporte
O bairro Novo Horizonte é bem servido de transporte urbano, em comparação a
outros bairros da Cidade, o que não quer dizer que seja um transporte de qualidade ou
mesmo seguro. A proximidade com a BR-116 e a UEFS garante uma boa oferta de linhas
de ônibus, sejam municipais, intermunicipais e até interestaduais. O transporte local é
garantido por linhas de ônibus urbanos e vans legais e ilegais. Os ônibus que transitam
por dentro do bairro tem um tamanho menor, são micro-ônibus, mais adequado às ruas
estreitas do bairro. O transporte se configura como uma das vantagens eleita pelos
moradores para morar no Bairro, que é rápida e fácil a locomoção para o centro e
outros bairros da Cidade, muito embora a maioria se queixe da qualidade dos veículos.
6.4 PRINCIPAIS PROBLEMAS, MELHORIAS E PERCEPÇÕES DOS MORADORES DO
BAIRRO NOVO HORIZONTE
Segundo Fernandes et al. (2010), cada indivíduo percebe, reage e responde
diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou manifestações
daí decorrentes são resultados das percepções (individuais e coletivas), dos processos
cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa. O estudo da percepção ambiental
é de fundamental importância para que se possa compreender melhor as inter-relações
entre o homem e o ambiente, suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações,
julgamentos e condutas.
Neste sentido, o interesse em conhecer as percepções e priorizações dos
moradores do bairro Novo Horizonte se deu a partir da perspectiva dessas informações
subsidiarem políticas públicas direcionadas para as reais necessidades desta
comunidade. Na análise de tais percepções, verificou-se que os habitantes deste bairro
não assumem o papel de co-responsáveis por mudanças relevantes por seu território,
sendo, essa atitude passiva, um dos fatores limitadores do avanço nas conquistas e
garantias dos interesses coletivos.
Esta falta de autonomia dos moradores reflete numa dependência, quase que
exclusiva, das instituições públicas, vistas como únicas responsáveis pela indução, gestão
e controle das transformações do ambiente urbano. Dentro desse contexto, foi observado
81
que as principais demandas da população deste Bairro dependem das ações do Poder
Público, como a pavimentação das ruas, segurança, construção de creches, melhorias no
serviço de água, disponibilidade de rede de esgoto e atendimento médico.
Dos serviços já prestados, a comunidade aponta os principais problemas a serem
melhorados, como o aumento da segurança e, consequentemente, medidas que
diminuam a violência - comum em áreas periféricas -, ações fomentadoras de novas
portas de trabalho e aumento da renda familiar, promoção de melhorias na qualidade da
água da Lagoa e na educação formal e cidadã.
Dentre os resultados das percepções dos moradores do bairro Novo Horizonte, o
que mais chamou a atenção foi o sentimento dos moradores de não identificação com o
espaço onde vivem, o que gerou a escolha, pela grande maioria, em aterrar a Lagoa,
como forma de melhoria para o local.
6.4.1 Utilização da Lagoa
Apesar da existência da Lagoa no Bairro, que poderia ser utilizada de diversas
formas, como lazer, por exemplo, a maior parte da população, 80,23% (FIGURA 57), não
utiliza a Lagoa de maneira alguma, provavelmente devido à qualidade da água. Essa
qualidade está diretamente ligada ao item que aparece em segundo lugar na utilização da
lagoa pelos moradores, que se refere ao despejo de esgotos sanitários, com 11,63%. A
pescaria vem em terceiro lugar com 4,65%, seguida da lavagem de tanques, banhos em
animais e regar as plantas, com 1,16% cada um, respectivamente.
11,63%
1,16%
80,23%
1,16%
4,65%
1,16%
Banho nos animais Pescaria Lavar o tanque
Despeja os esgotos Molhar as plantas Não utiliza
Figura 57: Utilização da Lagoa pelos moradores do bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA.
82
6.4.2 Morar próximo à Lagoa
A não identificação do morador do bairro Novo Horizonte com o local em que vive,
se reforça com o fato de 77,91% dos moradores afirmarem não gostar de morar nesta
área, contra apenas 22,09%, que dizem gostar, ou já estarem acostumados (FIGURA 58).
22,09%
77,91%
Gosta Não gosta
Figura 58: Avaliação dos moradores quanto a morar próximo à Lagoa no bairro Novo
Horizonte - Feira de Santana-BA.
6.4.3 Melhorias para o local
As duas melhorias mais citadas pela população foram à construção de creches e
escolas e a melhoria da segurança pública policiamento com 37,21% cada uma
(FIGURA 59). Em seguida aparece o atendimento médico e presença de farmácias, com
18,60%, pavimentação das ruas (15,12%), ampliação dos serviços de água e esgoto
(13,95%), entre outros. Neste item, dois aspectos chamam a atenção. Primeiro, o fato de
poucos moradores se preocuparem com a criação de áreas de lazer, apenas 4,65% dos
moradores. E, segundo, que apenas dois moradores, ou 1,16% dos entrevistados
aceitariam ter suas casas transferidas para outra área, mesmo isso significando uma
melhoria na qualidade de vida deles. Essa tentativa foi proposta aos moradores da
margem da Lagoa, na Área 3, em governos anteriores, sem êxito, no entanto.
83
15,12
13,95
4,65
37,21
4,65
37,21
18,60
3,49
4,65
3,49
1,16
1,16
13,95
0
5
10
15
20
25
30
35
40
%
Pavimentação
Ampliação dos serviços
de água e esgoto
Iluminação pública
Presença do Estado
(Segurança Pública)
Limpeza pública
Creches e escolas
Atendimento médico (e
Farmácia)
Melhoria do transporte
blico
Criar áreas de lazer
Criar empregos
Criar associação de
bairros
Relocar as casas
o respondeu
Figura 59: Melhorias citadas pelos moradores para o bairro Novo Horizonte - Feira de
Santana-BA.
6.4.4 O que poderia ser feito na área da Lagoa
Ao serem questionados, sobre este aspecto, o aterramento da Lagoa foi à
resposta mais frequente, 51,16% (FIGURA 60). A limpeza do entorno foi citada por
33,72% dos entrevistados, seguido de tratamento da água da Lagoa, por 11,63% e coleta
e tratamento dos esgotos por 10,47%. Foi respondido também, por apenas 3,49%, que o
entorno da lagoa poderia ser transformada em área de lazer. E a criação de projetos
sociais e de preservação é citada por 4,65%, enquanto que criatórios de peixes, apenas
por 2,33%.
84
33,72
1,16
11,63
1,16
1,16
51,16
10,47
2,33
3,49
4,65
2,33
2,33
5,81
0
10
20
30
40
50
60
%
Limpeza do
entorno
Aprofundamento
do leito
Tratamento da
água
Pavimentão
Iluminação
Aterramento da
lagoa
Coleta e
tratamento de
esgoto
Criario de
peixes
Transformar em
áera de lazer
Projetos sociais
e de
preservação
Relocar as
casas
Melhorar as
casas do
entorno da lagoa
Não respondeu
Figura 60: O que poderia ser feito na área da Lagoa segundo os moradores do bairro Novo
Horizonte - Feira de Santana-BA.
Em visita à Prefeitura Municipal, foram obtidas as seguintes informações sobre o
bairro Novo Horizonte, de acordo com os relatos dos representantes de cada setor,
abaixo descritos:
ÁREAS VERDES
Só existe atenção com a Praça Maria Quitéria na entrada do bairro.
Serviços de poda, limpeza e molhação. Antes era feita com carros-pipa,
mas a cisterna antiga que existe na Praça foi revitalizada e está sendo
usada na molhação das plantas da Praça (alguns moradores reclamam de
algumas pessoas que utilizam essa água para lavagem de veículos).
Normalmente, a molhação é feita 3 vezes por semana.
O setor de Áreas Verdes, assim como os demais serviços da prefeitura,
funciona quando há solicitações da comunidade. “Para a limpeza da Praça,
não há solicitações.
85
FISCALIZAÇÃO
O setor da Fiscalização se responsabiliza pela inspeção dos terrenos
baldios. Tem 4 funcionários que atuam quando denúncias de sujeira,
acúmulo de lixo em algum terreno. A responsabilidade da limpeza dos
terrenos é dos proprietários, segundo a Lei nº 1.613/92, do Código de
Polícia Administrativa de Feira de Santana, que diz, no seu artigo 101:
“Os proprietários ou inquilinos são obrigados a conservar em perfeito
estado de asseio os seus pátios, quintais, calçadas, terrenos e prédios,
devendo ser mantidos livres de matos, lixo e águas estagnadas.”
Segundo relato do funcionário:
A prefeitura age quando uma denúncia e ela vai ao local e autua o
proprietário, identificando-o pelo cadastro imobiliário do Município. Ele terá
alguns dias para resolver a limpeza. Caso não obedeça, será multado.
Como a multa é considerada baixa, alguns preferem pagar a multa a limpar
o terreno, porém com o acúmulo de notificações, a multa fica alta e o setor
também encaminha o processo para a dívida ativa do Município, o que
prejudicará o proprietário quando fizer qualquer transação junto à
prefeitura. A prefeitura não exige, mas sugere que os terrenos sejam
murados e os passeios calçados, porém isso raramente é feito o que
melhoraria as condições de saúde da comunidade do local. O bairro Novo
Horizonte possui inúmeros terrenos baldios.
6.4.5 Responsabilidades das melhorias
Quanto às responsabilidades das melhorias citadas, 100% dos entrevistados
disseram que é obrigação da Prefeitura e/ou Estado, o que reitera o comportamento da
comunidade de não se sentirem responsáveis, ou co-responsáveis das ações de
melhorias para o seu ambiente urbano. Apesar da existência de uma associação de
86
moradores, muitos moradores não se sentem parte dela, o que diminui a força da
entidade para pleitear benfeitorias.
Dentre as lagoas que integram a zona urbana do município de Feira de Santana,
um agravante se destaca na Lagoa da Pindoba, quanto à responsabilidade de gestão
deste recurso, pois esta não é contemplada com a criação de um Parque no Plano de
Ações para as Lagoas de Feira de Santana (2008) da Prefeitura Municipal, a qual
recomenda que a Lagoa da Pindoba seja incorporada à área de domínio da Universidade
Estadual de Feira de Santana, por ser área remanescente da Secretaria Estadual de
Agricultura. Entretanto, observa-se que na área de limite entre a Universidade e a Lagoa,
existe um muro separando-as (FIGURAS 61 e 62) representando, portanto, um conflito de
informações e de responsabilidades.
Figura 61: Muro da UEFS com guarita
(o autor, 2008).
Figura 62: Laboratório da UEFS que fica
dentro da faixa de preservação da Lagoa (o
autor, 2008).
6.4.6 Problemas mais agravantes
Dentre os principais problemas observados no entorno da Lagoa, citados pelos
moradores, a qualidade da sua água e a poluição tiveram 95,35% e 91,86% de citações,
respectivamente, evidenciando que a comunidade está consciente desses problemas. A
violência também foi lembrado de forma significativa entre os moradores com 75,58% de
citações. Outros problemas muito citados pela comunidade foram a ausência de rede de
87
esgotos (40,70%), a ausência de escolas e creches (34,88%), as enchentes (31,40%),
dentre outros (FIGURA 63).
29,07%
13,95%
10,47%
18,60%
16,28%
5,81%
2,33%
1,16%
1,16%
1,16%
Qualidade da água Poluição
Ausência de rede de coleta de esgoto Ausência de serviços médicos
Violência Ausência de escolas e creches
Enchentes Ausência de uma associação de bairros
Aterramento da lagoa Ausência de transporteblico
Figura 63: Problemas mais agravantes observados no entorno da Lagoa pelos moradores do
bairro Novo Horizonte - Feira de Santana-BA.
6.5 ANÁLISE DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS RELACIONADOS AO
PROCESSO DE OCUPAÇÃO URBANA DO BAIRRO NOVO HORIZONTE
A ocupação urbana do bairro Novo Horizonte, nos dias atuais, é um reflexo, em
menor escala, do que ocorre no município de Feira de Santana, principalmente nas
regiões periféricas da Cidade. Por meio da pesquisa de campo, onde foram realizadas as
entrevistas e as observações no local, o Bairro continua a crescer em população e em
número de construções. No entanto, as melhorias de infraestrutura não seguem o mesmo
ritmo, não atendendo, assim, as necessidades básicas da população, o que aumenta os
problemas anteriormente discutidos.
Observou-se que a tendência dessa ocupação caminha na direção das áreas
menos povoadas do bairro, como a Área 2, situada no limite do muro da UEFS e a Área 3
(FIGURAS 64, 65, 66 e 67), no setor norte, na rua Lauro de Freitas. Apesar da demanda
de ocupação ser maior na Área 1, devido a sua melhor estrutura em comparação às
88
outras duas áreas, esta não oferece tantos terrenos disponíveis, sendo a compra ou
aluguel de algumas casas, a única possibilidade de morar nesta área.
Figura 64: Aspecto geral das moradias e das
ruas da área A3 (o autor, 2008).
Figura 65: Ruas sem pavimentação, sem
passeio da área A2 (o autor, 2008).
Figura 66: Lixo em terrenos baldios na área
A1 (o autor, 2008).
Figura 67: Lixo na lagoa e crescimento de
macrófitas área A2 (o autor, 2008).
Quanto à assistência a saúde, apesar da existência de um posto de saúde, muitos
moradores reclamaram da qualidade dos serviços realizados, ainda que, neste tópico, a
presença da UEFS seja mais intensa, colaborando com as ações do Poder Público.
Segundo Lima et al. (1997), até aquele ano, o Posto de Saúde desenvolvia
atividades relacionadas ao Programa Nacional de Imunização, com a aplicação de
vacinas e assistência ao pré-natal para as mulheres. Naquela época, os serviços mais
utilizados do Posto de Saúde eram as consultas médicas, principalmente, nas
especialidades de pediatria, clínica médica e ginecologia, mas não atendia a todas às
necessidades da população.
89
Atualmente, a Unidade de Saúde da Família - USF Osvaldo Requião presta os
serviços de odontologia, médicos (ginecologia, pediatria e clínica geral) e de enfermagem
estabelecidos pelo Ministério da Saúde que vai desde Pré-Natal; Hipertensão Arterial;
Diabetes; Saúde do Adulto e Idoso, do Adolescente, da Mulher; Avaliação do Crescimento
e Desenvolvimento Infantil; Planejamento Familiar até Imunização, abarcando entre
outros atendimentos essenciais ao bem-estar e a saúde da comunidade do bairro Novo
Horizonte (ALMEIDA, 2009).
Segundo Almeida (2009), no atendimento a crianças, os principais problemas
encontrados na realização das consultas foram: baixo peso, dermatite, diarréia
(Parasitoses), fimose, constipação e obstrução de vias aéreas. Muitas dessas
enfermidades, como diarréia são indicadores de baixas condições sanitárias e ambientais,
refletindo diretamente na saúde das crianças pela relativa fragilidade e exposição a estas
condições. Além disso, dentre os problemas que mais crescem na comunidade,
encontram-se o alcoolismo, o uso de drogas e a gravidez na adolescência, conforme
relatam os profissionais do Posto de Saúde Osvaldo Requião.
De acordo com dados obtidos nessa unidade de saúde, as enfermidades mais
frequentes que podem estar relacionadas com a proximidade da Lagoa foram:
ascaridíase, amebíase, giardíase, além de viroses, dermatites e problemas respiratórios.
Os profissionais relatam que essas doenças são agravadas pelas precárias condições
sanitárias do Bairro, aliado a isso, a falta de higiene e a baixa escolaridade dos
moradores, apesar do acompanhamento dos agentes de saúde e das campanhas
educativas junto às residências e escolas pela melhoria desse quadro. No entanto,
algumas conquistas são alcançadas, como por exemplo, a redução da incidência de
casos de dengue na região. Em 2008, o Bairro ocupou o 1º lugar em número de casos de
dengue no município de Feira de Santana. Com as campanhas educativas e a realização
do mutirão “Fim da Picada” em 2009, o Bairro passou para o 32º lugar (FIGURA 68). Em
2010 até o momento foram registrados no Posto de Saúde apenas dois casos dessa
doença.
Entre os problemas mais relevantes observados pelos moradores, a violência
ganha destaque. Muito embora, a pesquisa tenha se baseado nas respostas dos chefes
de família, durante as visitas ao local, pôde-se constatar a presença de muitos jovens não
inseridos no mercado de trabalho formal. A baixa escolaridade e alto índice de
desemprego induzem ao aumento da violência, constatada no quadro de ocorrências
criminais, fixadas no módulo policial do Bairro.
90
Outro item bastante mencionado pelos moradores diz respeito à ausência de
escolas e creches. Este fato atrapalha a inserção, principalmente de mulheres, no
mercado de trabalho, pois essas não tem com quem deixar seus filhos para trabalhar.
Figura 68: Campanha educativa de combate a dengue realizada no bairro Novo Horizonte -
Feira de Santana-BA.
Associado a esse problema, a falta de áreas de lazer reduz ainda mais as opções
de atividades para crianças e jovens, seja para diversão, ou prática de algum esporte. A
única opção de lazer do Bairro se restringe a um precário campo de futebol (FIGURA 69 e
70), que também serve de caminho para os moradores.
A Prefeitura Municipal contemplou, nos últimos anos, alguns bairros da Cidade
com quadras esportivas e praças equipadas com brinquedos infantis, bancos e
jardineiras, a exemplo do Centenário, Jomafa e o bairro vizinho denominado de Feira VI.
Mas essa benfeitoria ainda não chegou ao bairro Novo Horizonte, o qual possui apenas
uma pequena praça (FIGURA 71). Na verdade, esse espaço, denominado de “praça”, não
passa de um passeio mais largo incrustado entre as duas vias da avenida principal de
acesso ao bairro, a Maria Quitéria. Este local é mais explorado, nos fins de semana, por
91
bares próximos (FIGURA 72), cujos proprietários armam tendas e barracas para
promoção de festas.
O Bairro o possui grande quantidade de árvores e, vários terrenos baldios,
cobertos de mato, servem de pasto aos animais soltos. Nestes terrenos, os esgotos a céu
aberto e a própria Lagoa contribuem para a presença mosquitos e roedores,
comprometendo a qualidade ambiental e a saúde da população.
Figura 69 Campo de futebol (o autor, 2008).
Figura 70 Campo de futebol (o autor, 2008).
Figura 71 Vista da Praça Maria Quitéria (o
autor, 2008).
Figura 72 Bar como opção de lazer
(o autor, 2008).
Apesar de residirem próximos à Lagoa, os moradores não se identificam com a
mesma, visto que nos resultados da aplicação do questionário, foi desejo da grande
maioria o aterramento da mesma. Na aplicação do questionário, verificou-se também, que
os moradores colocaram como principais problemas, a qualidade da água da Lagoa e a
poluição no seu entorno. Isso demonstra que, em sua percepção, os moradores
92
identificam os problemas, mas querem dar uma solução mais rápida, que é o aterramento,
acreditando que, dessa forma, os problemas serão minimizados.
Embora não fique explícito nas respostas das entrevistas, este fato aponta para
um sentimento de inferioridade e não pertencimento da população para com aquele
ambiente. Como se o aterramento da Lagoa concedesse o mesmo status de moradores
de outros bairros. Isto pode explicar a degradação imposta à Lagoa. Nesse caso, um
trabalho voltado à educação ambiental para a comunidade trabalhada, poderia despertar
uma consciência de revitalização e, consequentemente, fazer com que os moradores
pudessem perceber a importância da Lagoa na manutenção de um ecossistema
importante para a área, no que diz respeito à vida dos organismos aquáticos, pássaros e
na regulação do clima local, que favoreceria toda a comunidade.
A ordenação do espaço urbano, principalmente em torno da Lagoa, o trabalho da
prefeitura, além de uma maior inserção da UEFS na comunidade e maior envolvimento da
associação de moradores com seus cidadãos, poderiam minimizar esse sentimento de
não pertencimento à área da Lagoa da Pindoba, dando a essa população maior grau de
identificação com seu ambiente urbano.
6.6 PROBLEMAS QUE DIFICULTAM A REVITALIZAÇÃO URBANÍSTICA NO ENTORNO
DA LAGOA DA PINDOBA.
A primeira idéia desta pesquisa consistia em revitalizar a área da Lagoa por meio
de um projeto urbanístico, que ordenasse o uso do solo, com objetivo de proteger e
preservar esse ambiente.
Nesse projeto urbanístico, o lazer, as atividades lúdicas e a prática esportiva
seriam prioridade. Haveria local destinado ao desenvolvimento de oficinas, cursos de
capacitação e cooperativa de algum serviço e/ou produto, que fosse característico dos
moradores. Além disso, seria planejada a relocação das moradias localizadas na faixa de
proteção da Lagoa para uma outra área do bairro, com a criação de um projeto
arquitetônico específico.
Esse espaço revitalizado se tornaria um centro de convivência para os moradores,
com a intenção de favorecer a sua integração, na tentativa de fortalecer a afetividade
desta comunidade para com a Lagoa. Com esse projeto, que seria resultado do desejo
93
dos moradores, muitos aspectos negativos do bairro, como a falta de esgotamento
sanitário, a violência, entre outros, seriam levantados e discutidos, para a busca de
soluções.
Entretanto, uma intervenção com essa finalidade não é fácil de ser realizada, pois
depende de diversos fatores (econômicos, sociais, políticos, culturais, etc) e, nessas
áreas, encontra-se um volume grande de problemas, que foram abordados ao longo desta
pesquisa, como esgotamento sanitário, poluição, segurança e saúde públicas,
precariedade das moradias, crescimento desordenado, entre outros. Esses problemas
são comuns em outras regiões do País, sendo alvo de estudo de diversos autores.
Dentre os autores que estudam essa problemática, destaca-se Marinho (1997),
que ao analisar o Projeto de Revitalização da Bacia da Lagoa Olho D’água, na região
metropolitana do Recife, Pernambuco, apontou que são três os principais desafios
urbanos comuns às cidades brasileiras: a qualificação dos assentamentos populares; a
conservação de elementos significativos do ambiente natural, circundados por ocupações
urbanas e o controle sobre o processo de expansão de áreas de acentuada valorização
imobiliária.
Diante do exposto, nota-se a que a situação na Lagoa da Pindoba corresponde à
realidade encontrada na lagoa Olho D’água. A ocupação no entorno da Lagoa da Pindoba
também sofre com a oferta de infraestrutura básica, resultando numa perda dos
elementos naturais, sendo vítima da falta de controle da expansão do bairro.
A mesma problemática é apontada por Araújo et al. (2004), ao desenvolver um
estudo sistematizado das consequências da urbanização acelerada em torno da Lagoa
dos Potiguares - Natal/RN. Neste estudo, o autor constata que as condições naturais da
cidade de Natal apresentam fragilidades, onde os desequilíbrios são provocados pelo
acelerado processo de ocupação e pelo descaso com o meio ambiente, o que reflete em
processos de degradação ecoambiental.
No município de Feira de Santana, observa-se esse mesmo tipo de descaso, uma
vez que todas as lagoas inseridas no perímetro urbano se encontram em elevado estado
de degradação ambiental, fruto da ausência de planejamento urbano e do desrespeito às
áreas de preservação permanente.
Verifica-se também, a necessidade de um Estudo de Impacto Ambiental na Lagoa
de Pindoba para um levantamento criterioso sobre as diversas características do seu
entorno, por meio da visão de diferentes profissionais, necessária para o desenvolvimento
de um projeto urbanístico que contemple todos os aspectos do meio. Em estudo realizado
94
por Camillo et al. (2006), Análise crítica do Estudo Ambiental Preliminar (EAP) do projeto
urbanístico “Reviva Lagoa Itatiaia”, em Campo Grande/MS, os autores descrevem que o
principal problema foi a ausência da multidisciplinaridade, pois embora os estudos que
compõem EAP tenham sido elaborados por uma equipe que reunia profissionais de
diferentes áreas, não houve uma discussão multidisciplinar dos impactos passíveis de
serem gerados e das medidas necessárias para mitigá-los. Desta forma a
multidisciplinaridade se limitou aos estudos de caracterização da área.
Outro importante fator a ser levado em consideração nos processos de
revitalização é o resgate histórico do meio, para o conhecimento de toda a população.
Conforme Silva e Moura (2007), ao avaliar a revitalização da Lagoa de Pedras e seu
Resgate Histórico, apontam o abandono em que a Lagoa de Pedras se encontra, como
fruto do descaso do poder público e da sociedade local, que não conhece práticas de
educação e nem de preservação ambiental, permitindo que aconteçam os impactos
negativos sobre a lagoa, como a poluição das águas, devido aos descartes e esgotos
jogados dentro dela. Para sair desse estado, os autores acreditam que existe a
necessidade de se promover uma ampla campanha de resgate histórico da Lagoa de
Pedras.
O mesmo se verifica na Lagoa da Pindoba, pois a ausência de conhecimento da
população sobre a sua importância para o desenvolvimento local impede que esta crie um
laço afetivo com esse ambiente, demonstrando pouco interesse na sua revitalização como
um espaço que poderia ser mais bem aproveitado, para favorecer a melhoria da
qualidade de vida e a integração local.
Comparando a situação da Lagoa da Pindoba com a situação dessas outras
lagoas citadas, em diferentes regiões do país, percebe-se que os problemas são
semelhantes e as soluções para esses passam pelos mesmos caminhos. Não existe,
então, uma fórmula pronta, porém, transparece a necessidade de se debruçar sobre a
questão de forma dedicada e conhecer profundamente a comunidade envolvida nesse
processo e seus desejos, com um pensamento multidisciplinar, na tentativa de buscar
soluções para os diversos problemas.
95
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Numa primeira análise, o crescimento desordenado do bairro Novo Horizonte no
entorno da Lagoa, originou uma área e comunidade carentes, com poucos serviços e ou
equipamentos urbanos. Notam-se problemas básicos, de infraestrutura urbana, peculiares
de bairros periféricos, que afetam a qualidade de vida do ponto de vista social e
ambiental.
As moradias, em todo o bairro Novo Horizonte, apresentam características
semelhantes, ou seja, um baixo padrão de construção como um todo. Entretanto, na Área
1, se concentram as melhores casas e até alguns sobrados, enquanto que na Área 3,
próxima à Lagoa, foram verificadas as casas mais precárias, inclusive barracos de
madeira. Encontram-se casas, que podem ter área superior a 100m² e casebres de um
único cômodo, com área em torno de 9m².
Este estudo permite concluir que na área da Lagoa da Pindoba, ocorre o não
cumprimento do que determina o Código de Meio Ambiente de Feira de Santana, Lei
Complementar 1.612, de dezembro de 92, revisada pela Lei Complementar 041, de
setembro de 2009, estabelecendo as áreas das lagoas como Áreas Sujeitas a Regime
Específico - ASRE na Subcategoria de Áreas de Preservação dos Recursos Naturais
APRN. Essa situação confirma assim, a necessidade de uma aplicação efetiva das
propostas do Plano Diretor Municipal, buscando a sustentabilidade dos projetos
habitacionais no Município a fim de evitar a degradação e o assoreamento das lagoas
inseridas no perímetro urbano, mitigando os impactos negativos causados pela
exploração humana.
Segundo Carneiro e Faria (2005), para que a ação do Poder Público possa
concretizar a função social da cidade e da propriedade é fundamental que sejam
oferecidas alternativas habitacionais para a população de baixa renda que ocupa os
espaços destinados à preservação permanente.
A análise dos questionários aplicados permitiu inferir ainda que a maioria dos
entrevistados carece de um entendimento maior sobre os impactos ambientais causados
pela ocupação urbana no entorno da Lagoa da Pindoba. Isso pode ser o reflexo, entre
outros aspectos, do baixo nível de escolaridade da maioria dos residentes nesta
localidade.
96
A principal motivação das pessoas para ocupar o entorno da Lagoa, observada
nos resultados da pesquisa, por meio da aplicação dos questionários, das entrevistas e
das visitas ao local, foi a falta de oportunidade e de recursos para habitar outros espaços
com melhor infraestrutura. Esse tipo de ocupação ocorre, usualmente, de uma forma não
planejada, fazendo com que as residências, muitas vezes, ocupem áreas inadequadas
para a construção civil.
As primeiras famílias que ocuparam o Bairro chegaram com a expectativa de
melhorar sua qualidade de vida, o que, no entanto, não se confirmou. Observou-se que as
novas famílias passaram a habitar as mesmas residências dos seus pais, construindo
novos cômodos nas edificações existentes e assim permanecendo no Bairro.
Paralelamente ao adensamento populacional, ocorreu também o agravamento da
degradação ambiental, fruto da falta de planejamento urbano por parte do Poder Público,
o qual se exime em promover ações políticas capazes de melhorar as condições
ambientais da Lagoa e as condições de sobrevivência da população. Apesar da existência
da Associação dos Moradores do Bairro Novo Horizonte - AMONHO - essas melhorias
não foram alcançadas.
A rápida ocupação urbana da região, impulsionada pela produção imobiliária,
gerou inúmeros problemas ambientais, e a precariedade nos serviços públicos de
saneamento básico levou a degradação da Lagoa da Pindoba. Isso porque, dentre os
componentes necessários à ocupação urbana, a adoção de um sistema em rede para a
coleta, o tratamento e o destino final adequados de esgotos perde a importância no
momento da elaboração de políticas públicas de investimento na região, gerando conflitos
socioambientais de reivindicação por serviços públicos de saneamento básico.
Constatou-se que o bairro Novo Horizonte, representa também uma área de risco,
em função da deficiente segurança pública, pois segundo relato de moradores, a região é
ponto de tráfico. Mais uma vez, as características apresentadas neste Bairro, inserem-se
nas mesmas condições socais para a maioria das zonas periféricas dos grandes centros
urbanos, pela falta de investimentos. Esse quadro compromete a qualidade de vida local,
uma vez que assusta os moradores e os impedem de criar um nculo afetivo com o seu
bairro e a vontade de propor mudanças.
Neste sentido, segundo Paixão et al. (2009), a urbanização da forma como se
encontra organizada em Feira de Santana, assim como em todo o Brasil, ou seja,
submetida aos interesses do sistema capitalista, o qual impõe e reforça tanto a divisão
social do trabalho como a divisão territorial do mesmo, exerce forte influência na dinâmica
97
socioespacial de uma determinada localidade. Uma vez que a partir do crescimento
urbano acelerado, sem que haja planejamento social, tem-se o desencadeamento de
problemas urbanos, dentre os quais se destaca a violência.
A motivação inicial da pesquisa foi de estudar e entender o processo de produção
da área com vistas a transformar o ambiente do entorno da Lagoa em uma área
urbanizada, revitalizando o uso do espaço, com novos equipamentos disponíveis a
população, bem como elaborar um diagnóstico da área que servisse de base para
formulação de políticas públicas, que fossem aplicadas nesta região e em regiões
semelhantes.
Para tanto, a pesquisa procurou ouvir os moradores e seus desejos, para quem
normalmente as melhorias são impostas. Essa transformação traria um novo desenho
para o Bairro, aumentando a satisfação das pessoas em residir no local. No decorrer da
pesquisa, porém, os resultados se mostraram contrários a essa perspectiva.
Como esse estudo se baseou nas percepções dos próprios moradores do entorno
da Lagoa, um dos resultados mais marcantes foi a total transferência de responsabilidade,
por parte da população, para o Poder Público das ações de beneficiamento desse espaço
ocupado. Ou seja, para a quase totalidade dos moradores do bairro Novo Horizonte, a
melhoria da qualidade de vida depende das políticas públicas, negando, assim, o seu
poder de mobilização e reivindicação e o seu papel enquanto agente transformador de
mudanças sociais.
Entretanto, ficou evidente nesta pesquisa que a percepção ambiental pode ser sim
utilizada como um instrumento para avaliar a degradação ambiental de uma determinada
região, como o caso da Lagoa da Pindoba e o bairro Novo Horizonte em seu entorno.
Segundo Fernandes et al. (2010), a importância da pesquisa em percepção
ambiental para o planejamento do ambiente foi ressaltada pela UNESCO em 1973, devido
ao fato de que, uma das dificuldades para a proteção dos ambientes naturais está na
existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre
os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos socioeconômicos que desempenham
funções distintas, no plano social, nesses ambientes.
Moraes (2009), conclui que estas avaliações devem ser feitas considerando tanto
o ponto de vista técnico quanto do morador/usuário, para que se possa obter uma visão
global do ambiente em questão e para verificar de fato o impacto destas ações no
atendimento de suas expectativas e necessidades.
98
Para Westphal (2000), a população deve participar de todo o processo, por meio
de seus grupos organizados e da sociedade civil, pois é ela que vive e sente os
problemas no seu cotidiano. Muitas vezes as soluções racionalmente decididas não são
adequadas à realidade da comunidade. Se a discussão for aberta, as soluções serão
mais reais e efetivas e a sociedade, a protagonista da própria mudança.
Uma vez que a população se mostrou indiferente a propor transformações
levantadas por ela mesma, fica evidente assim, a necessidade de se investir em projetos
educacionais que venham a fortalecer o laço e a auto-estima desta comunidade para com
seu ambiente.
Neste sentido, a educação ambiental pode ser um importante instrumento
transformador para esta comunidade, pois representa uma etapa importante no processo
de conscientização em relação à sustentabilidade ambiental. De acordo com a Lei
9795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, Art.
1º: Entende-se por educação ambiental os processos, por meio dos quais, o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).
Miles (2005) afirma que a educação ambiental desempenha uma função social
fundamental com a finalidade de despertar a consciência e o melhor entendimento dos
problemas que afetam o meio ambiente, bem como a aceitação da ideia de preservação.
Entretanto, a solução para a grande maioria dos problemas levantados neste
estudo que afligem a comunidade do bairro Novo Horizonte, vai além da educação
ambiental. É necessário também o comprometimento político e transformações
econômicas e sociais dentro da sociedade como um todo. Também é certo que a
mobilização comunitária munida de informações e estudos, como, por exemplo, esta
pesquisa - que se predispõe a ser um instrumento de reivindicações para a comunidade
estudada -, tem valor preponderante no impulso destas mudanças.
99
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MORAES, Odair. Método de análise de dados para avaliação de áreas urbanas
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105
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
ÁREA DE SANEAMENTO
1. Dados Pessoais
Nome do chefe da família:
Idade do chefe da família:
Escolaridade do chefe da família:
( ) sem escolaridade ( ) 1
o
. grau completo ( ) 1
o
. grau incompleto
( ) 2
o
. grau completo ( ) 2
o
. grau incompleto ( ) superior
Origem do chefe da família:
( ) urbana ( ) rural
Há quanto tempo reside no bairro? ________________________________
Quantas pessoas residem na casa?
( ) adultos ( ) crianças ( ) idosos
Quantas famílias residem na casa?
( ) uma ( ) mais de uma ( ) mais de duas
O chefe da família trabalha fora?
( ) sim ( ) não
Se sim, em quê?
( ) comércio ( ) indústria ( ) serviço próprio ( ) outros________________
1.10Mais pessoas trabalham fora?
106
( ) sim ( ) não
1.11 Se sim, quantas pessoas?__________________________________
1.12 Qual a renda familiar?
( ) menos de 1 salário mínimo ( ) 1 salário mínimo ( ) 2 salários mínimos
( ) 3 salários mínimos ( ) mais de 3 salários mínimos
2. Dados do Domicílio
Situação da casa:
( ) própria ( ) alugada ( ) cedida
Se é própria, tem escritura?
( ) sim ( ) não
Quantos cômodos te a casa?_____________________________________
Quais os cômodos da casa?
( ) quarto ( ) quarto e sala ( ) quarto, sala, cozinha ( ) quarto e cozinha
Tipo de construção da moradia:
( ) adobe ( ) madeira ( ) bloco cerâmico ( ) bloco de concreto
Área da casa:
( ) 10,00m2 ( ) > 10,00m2 < 20,00m2 ( ) > 20,00m2 < 40,00m2 ( ) > 40,00m2
Tem banheiro?
( ) sim ( ) não
Se sem, fica dentro da casa?
( ) sim ( ) não
O banheiro é revestido de cerâmica nas paredes?
( ) sim ( ) não
A cozinha tem pia?
( ) sim ( ) não
107
Se sim, ela é usada só para lavagem de pratos?
( ) sim ( ) não
Qual o piso da casa?
( ) terra batida ( ) cimento ( ) cerâmica ( ) outros____________________
Qual o forro do teto?
( ) madeira ( ) pvc ( ) gesso ( ) não tem
Qual o tipo de cobertura da casa?
( ) telha cerâmica ( ) telha de amianto ( ) laje ( ) outros______________
As paredes internas têm reboco?
( ) sim ( ) não
Se sim, elas são pintadas?
( ) sim ( ) não
As paredes externas têm reboco?
( ) sim ( ) não
Se sim, elas são pintadas?
( ) sim ( ) não
Há animais domésticos na casa?
( ) sim ( ) não
3. Serviços
Tem água encanada?
( ) sim ( ) não
Se sim, o abastecimento é regular?
( ) sim ( ) não
Se não, de onde retira a água para consumo?
108
( ) lagoa ( ) poço ( ) cisterna ( ) cisterna ( ) outros _________________
A água usada para beber é a mesma usada para banho, cozinhar, etc?
( ) sim ( ) não
Como armazena a água?
( ) caixa d’água ( ) reservatório subterrâneo ( ) reservatório no chão
( ) outros_______________________________________________________
O local é fechado com tampa?
( ) sim ( ) não
Qual o tipo de esgotamento sanitário?
( ) embasa ( ) fossa séptica ( ) fossa negra ( ) não tem______________
Tem rede de energia elétrica?
( ) sim ( ) não
Falta energia com freqüência na sua casa?
( ) sim ( ) não
Tem coleta de lixo da prefeitura?
( ) sim ( ) não
Se sim, qual a freqüência do atendimento?
( ) uma vez por semana ( ) duas vezes ou mais por semana
Se não, onde despeja o lixo?
( ) na lagoa ( ) na rua ( ) na calçada ( ) terreno baldio ( ) outros_______
As ruas são pavimentadas?
( ) sim ( ) não
3.14 As ruas têm drenagem pluvial, rede coletora?
( ) sim ( ) não
3.15 Tem iluminação pública?
( ) sim ( ) não
109
3.16 Tem segurança pública?
( ) sim ( ) não
3.17 Tem lixo em terrenos próximos?
( ) sim ( ) não
3.18 Há presença de roedores e insetos?
( ) sim ( ) não
3.19 Presença de áreas verdes?
( ) sim ( ) não
3.20 Aspecto do entorno:
( ) bem cuidado/ limpo ( ) degradado/ sujo
4. Percepções
Como utiliza a lagoa?
( ) lazer ( ) trabalho ( ) outros____________________________________
O que acha de morar próximo à lagoa?
Que melhorias gostaria de ter neste local?
O que você que poderia ser feito na área da lagoa?
Quem você que deveria fazer tais melhorias?
( ) prefeitura/ estado ( ) associação de moradores ( ) empresas
( ) população
110
Quais os principais problemas observados no entorno da lagoa?
( ) qualidade da água da lagoa
( ) poluição
( ) enchentes
( ) falta de esgoto
( ) lixo
( ) poluição sonora
( ) falta de transporte público
( ) falta de iluminação pública
( ) falta de serviços médicos
( ) falta de energia elétrica
( ) violência
( ) falta de escolas/ creches
( ) outros_______________________________________________________
Dentre os problemas citados anteriormente, qual você considera o mais agravante e
porquê?
Quais os principais problemas no interior do domicílio?
( ) falta de banheiro
( ) falta de abastecimento de água
( ) falta de rede de esgoto
( ) falta de energia elétrica
( ) falta de ventilação natural
( ) falta de iluminação natural
( ) cômodos pequenos
( ) umidade nas paredes
( ) goteiras
( ) falta de reboco e pintura
( ) outros ______________________________________________________
Dentre os problemas citados anteriormente, qual você considera o mais agravante e
porque?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5. Observações
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
111
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Nilo Márcio de Andrade Teixeira, aluno do Mestrado de Engenharia Civil e
Ambiental da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), área de concentração
Saneamento Ambiental, solicito a sua participação na Pesquisa de nome: OCUPAÇÃO
URBANA EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: O CASO LAGOA DA PINDOBA EM
FEIRA DE SANTANA-BA. Esta pesquisa tem a orientação do Professor Doutor Carlos
César Uchôa de Lima e apresenta o seguinte objetivo geral:
Analisar o processo de ocupação urbana no entorno da Lagoa da Pindoba,
enfatizando os seus desdobramentos para o ambiente e para a comunidade, inserida
nesse contexto.
Serão aplicados questionários que visam responder sobre a história da Lagoa,
seus principais problemas ambientais, a percepção dos moradores a respeito do ambiente
em que vivem e as condições físicas das moradias do entorno da Lagoa.
Caso fique com receio de responder algumas perguntas, você tem todo o direito
de deixá-las em branco. Seu nome não será divulgado, mas preservado.
Se entendeu todas estas informações, por favor, solicito que assine abaixo, sendo
que uma cópia ficará sob minha responsabilidade e a outra ficará com você. Agradeço a
sua colaboração.
Feira de Santana-BA, ____ de _________________de 2007
___________________________
Entrevistado
_____________________________
Nilo Márcio de Andrade Teixeira
Aluno do Mestrado de Engenharia Civil e Ambiental
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil e Ambiental
Departamento de Tecnologia
(75) 32248310
(75) 91296210
____________________________
Professor Doutor Carlos César Uchôa de Lima
Professor do Programa de Pós-graduação de Engenharia Civil e Ambiental
Universidade Estadual de Feira de Santana
(75) 32248310
112
APÊNDICE C
MATRIZ DE DADOS OBTIDOS A PARTIR DA APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS QUE
GERARAM OS GRÁFICOS DAS CARACTERÍSTICAS DO BAIRRO NOVO HORIZONTE.
DADOS PESSOAIS DOS
CHEFES DE FAMÍLIAS
%
%
%
%
Idade (anos)
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
i ≤ 40
32
54,24
0
0,00
8
40,00
40
46,51
40 < i ≤ 50
13
22,03
3
42,86
5
25,00
21
24,42
50 < i ≤ 60
6
10,17
3
42,86
1
5,00
10
11,63
i > 60
8
13,56
1
14,29
6
30,00
15
17,44
Escolaridade
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Sem Escolaridade
5
8,47
1
14,29
8
40,00
14
16,28
1º Grau Completo
12
20,34
0
0,00
6
30,00
18
20,93
1º Grau Imcompleto
39
66,10
3
42,86
3
15,00
45
52,33
2º Grau Completo
1
1,69
1
14,29
1
5,00
3
3,49
2º Grau Imcompleto
2
3,39
1
14,29
1
5,00
4
4,65
Não Sabe
0
0,00
1
14,29
1
5,00
2
2,33
Origem
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Urbana
30
50,85
5
71,43
15
75,00
50
58,14
Rural
29
49,15
2
28,57
5
25,00
36
41,86
Tempo de residência no
bairro
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
t ≤ 10 anos
15
25,42
5
71,43
9
45,00
29
33,72
10 < t ≤ 20 anos
21
35,59
2
28,57
4
20,00
27
31,40
t > 20 anos
23
38,98
0
0,00
7
35,00
30
34,88
Quantidade de pessoas
na casa
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
q ≤ 3
21
35,59
1
14,29
6
30,00
28
32,56
3 < q ≤ 5
21
35,59
5
71,43
9
45,00
35
40,70
q > 5
17
28,81
1
14,29
5
25,00
23
26,74
Renda familiar
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
r ≤ 1 salário
44
74,58
2
28,57
15
75,00
61
70,93
1 < r ≤ 2 salários
14
23,73
3
42,86
5
25,00
22
25,58
2 < r ≤ 3 salários
0
0,00
1
14,29
0
0,00
1
1,16
r > 3 salários
1
1,69
1
14,29
0
0,00
2
2,33
Fonte de Renda
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Comércio
9
15,25
1
14,29
1
5,00
11
12,79
Indústria
3
5,08
1
14,29
4
20,00
8
9,30
Empresa (vigilancia,
hotelaria, deposito,
motorista)
5
8,47
1
14,29
0
0,00
6
6,98
Aposentadoria/ Pensões
do INSS
7
11,86
1
14,29
3
15,00
11
12,79
Constução civil (Pedreiro/
Pintor)
8
13,56
2
28,57
5
25,00
15
17,44
Funcionário Público
(Segurança Pública)
0
0,00
1
14,29
0
0,00
1
1,16
Autonomo
8
13,56
0
0,00
1
5,00
9
10,47
Desempregado
19
32,20
0
0,00
6
30,00
25
29,07
113
DADOS DO DOMICÍLIO
%
%
%
%
Número de cômodos da
casa
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
c ≤ 3
5
8,47
1
14,29
2
10,00
8
9,30
3 < c ≤ 5
36
61,02
3
42,86
13
65,00
52
60,47
c > 5
18
30,51
3
42,86
5
25,00
26
30,23
Área da casa (m²)
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
a ≤ 40 m²
17
28,81
0
0,00
18
90,00
35
40,70
40 < a ≤ 80 m²
22
37,29
5
71,43
2
10,00
29
33,72
a > 80 m²
20
33,90
2
28,57
0
0,00
22
25,58
Cobertura
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Telha cerâmica
54
91,53
5
71,43
20
100,00
79
91,86
Outros (Eternite, etc)
3
5,08
0
0,00
0
0,00
3
3,49
Lage
2
3,39
2
28,57
0
0,00
4
4,65
Principais problemas no
domicílio
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Freq.
Falta de banheiro
2
3,39
1
14,29
4
20,00
7
8,14
Falta de rede de esgoto
6
10,17
4
57,14
10
50,00
20
23,26
Falta de ventilação
natural
1
1,69
1
14,29
0
0,00
2
2,33
Falta de iluminação
natural
1
1,69
1
14,29
0
0,00
2
2,33
Umidade nas paredes
46
77,97
2
28,57
16
80,00
64
74,42
Goteira
18
30,51
2
28,57
0
0,00
20
23,26
Falta de reboco, pintura
e/ou piso
13
22,03
2
28,57
5
25,00
20
23,26
Falta de água
5
8,47
0
0,00
3
15,00
8
9,30
Cômodos pequenos
2
3,39
0
0,00
1
5,00
3
3,49
Rachadura nas paredes
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Infiltração nas paredes
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Falta de Cozinha
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Não respondeu
3
5,08
0
0,00
0
0,00
3
3,49
Localização do(s)
banheiro(s)
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Dentro do domicílio
42
71,19
5
71,43
13
65,00
60
69,77
Fora do domicílio
12
20,34
1
14,29
3
15,00
16
18,60
Não tem banheiro
5
8,47
1
14,29
4
20,00
10
11,63
114
SERVIÇOS
%
%
%
%
Abastecimento de água
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Água encanada (EMBASA)
49
83,05
7
100,00
14
70,00
70
81,40
Não tem água encanada
10
16,95
0
0,00
6
30,00
16
18,60
Regularidade do serviço
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Regular
41
69,49
1
14,29
12
60,00
54
62,79
Não regular
9
15,25
6
85,71
2
10,00
17
19,77
Não se aplica (não usa)
9
15,25
0
0,00
6
30,00
15
17,44
Outras alternativas de
abastecimento
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Lagoa
0
0,00
0
0,00
0
0,00
0
0,00
Poço
1
1,69
4
57,14
0
0,00
5
5,81
Cisterna
1
1,69
1
14,29
3
15,00
5
5,81
Não utiliza
48
81,36
2
28,57
12
60,00
62
72,09
Casa do vizinho
9
15,25
0
0,00
5
25,00
14
16,28
Armazenamento da água
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Caixa d'água coberta
22
37,29
4
57,14
3
15,00
29
33,72
Caixa d'água descoberta
0
0,00
0
0,00
1
5,00
1
1,16
Resevatório (tonéis, baldes, etc.)
coberto
15
25,42
2
28,57
5
25,00
22
25,58
Resevatório (tonéis, baldes, etc.)
descoberto
2
3,39
1
14,29
0
0,00
3
3,49
Não tem reservatório
20
33,90
0
0,00
11
55,00
31
36,05
Esgotamento sanitário
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Rede de esgoto (EMBASA)
4
6,78
0
0,00
0
0,00
4
4,65
Fossa séptica
37
62,71
7
100,00
10
50,00
54
62,79
Não tem (despeja na lagoa)
18
30,51
0
0,00
10
50,00
28
32,56
Rede elétrica
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Atendimento
59
100,00
7
100,00
20
100,00
86
100,00
Coleta de lixo
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Atendimento 2x ou mais por
semana
59
100,00
7
100,00
20
100,00
86
100,00
Estado das ruas
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Não pavimentada
5
8,47
7
100,00
3
15,00
15
17,44
Pavimentada sem drenagem
pluvial
54
91,53
0
0,00
17
85,00
71
82,56
Pavimentada com drenagem
pluvial
0
0,00
0
0,00
0
0,00
0
0,00
Segurança pública
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Não há policiamento
57
96,61
7
100,00
20
100,00
84
97,67
Ronda policial (Estado)
2
3,39
0
0,00
0
0,00
2
2,33
Aspectos do entorno
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Presença de roedors e insetos
43
72,88
4
57,14
12
60,00
59
68,60
Ausência de roedors e insetos
16
27,12
3
42,86
8
40,00
27
31,40
Presença de lixo em terrenos
baldios
2
3,39
0
0,00
2
10,00
4
4,65
Ausência de lixo em terrenos
baldios
57
96,61
7
100,00
18
90,00
82
95,35
Presença de áreas verdes
27
45,76
7
100,00
12
60,00
46
53,49
Áreas verdes degradadas
32
54,24
0
0,00
8
40,00
40
46,51
115
PERCEPÇÕES
%
%
%
%
Utilização da lagoa
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Banho nos animais
0
0,00
1
14,29
0
0,00
1
1,16
Pescaria
1
1,69
1
14,29
2
10,00
4
4,65
Lavar o tanque
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Despeja os esgotos
7
11,86
0
0,00
3
15,00
10
11,63
Molhar as plantas
0
0,00
0
0,00
1
5,00
1
1,16
Não utiliza
50
84,75
5
71,43
14
70,00
69
80,23
O que acha de morar
próximo a lagoa
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Gosta
13
22,03
3
42,86
3
15,00
19
22,09
Não gosta
46
77,97
4
57,14
17
85,00
67
77,91
Melhorias citadas para o
local
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Pavimentação
6
10,17
6
85,71
1
5,00
13
15,12
Ampliação dos serviços de
água e esgoto
7
11,86
1
14,29
4
20,00
12
13,95
Iluminação pública
1
1,69
2
28,57
1
5,00
4
4,65
Presença do Estado
(Segurança Pública)
20
33,90
3
42,86
9
45,00
32
37,21
Limpeza pública
3
5,08
1
14,29
0
0,00
4
4,65
Creches e escolas
27
45,76
0
0,00
5
25,00
32
37,21
Atendimento médico (e
Farmácia)
16
27,12
0
0,00
0
0,00
16
18,60
Melhoria do transporte
público
2
3,39
0
0,00
1
5,00
3
3,49
Criar áreas de lazer
4
6,78
0
0,00
0
0,00
4
4,65
Criar empregos
3
5,08
0
0,00
0
0,00
3
3,49
Criar associação de bairros
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Relocar as casas
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Não respondeu
5
8,47
0
0,00
7
35,00
12
13,95
O que poderia ser feito na área
da lagoa
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Limpeza do entorno
20
33,90
4
57,14
5
25,00
29
33,72
Aprofundamento do leito
0
0,00
1
14,29
0
0,00
1
1,16
Tratamento da água
8
13,56
1
14,29
1
5,00
10
11,63
Pavimentação
0
0,00
1
14,29
0
0,00
1
1,16
Iluminação
0
0,00
1
14,29
0
0,00
1
1,16
Aterramento da lagoa
28
47,46
2
28,57
14
70,00
44
51,16
Coleta e tratamento de
esgoto
8
13,56
0
0,00
1
5,00
9
10,47
Criatório de peixes
2
3,39
0
0,00
0
0,00
2
2,33
Transformar em áera de lazer
3
5,08
0
0,00
0
0,00
3
3,49
Projetos sociais e de
preservação
3
5,08
0
0,00
1
5,00
4
4,65
Relocar as casas
2
3,39
0
0,00
0
0,00
2
2,33
Melhorar as casas do entorno
da lagoa
2
3,39
0
0,00
0
0,00
2
2,33
Não respondeu
2
3,39
0
0,00
3
15,00
5
5,81
Responsabilidade das
melhorias
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
116
Prefeitura/Estado
59
100,00
7
100,00
20
100,00
86
100,00
Associação de moradores
0
0,00
0
0,00
0
0,00
0
0,00
Empresas
0
0,00
0
0,00
0
0,00
0
0,00
População
0
0,00
0
0,00
0
0,00
0
0,00
Principais problemas observados
no entorno da lagoa
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Qualidade da água
59
100,00
7
100,00
16
80,00
82
95,35
Poluição
59
100,00
7
100,00
13
65,00
79
91,86
Ausência de rede de esgoto
20
33,90
6
85,71
9
45,00
35
40,70
Ausência de serviços
médicos
5
8,47
6
85,71
0
0,00
11
12,79
Violência
48
81,36
2
28,57
15
75,00
65
75,58
Ausência de escolas e
creches
28
47,46
1
14,29
1
5,00
30
34,88
Enchentes
10
16,95
0
0,00
17
85,00
27
31,40
Lixo
2
3,39
0
0,00
0
0,00
2
2,33
Aterramento da lagoa
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Ausência de uma associação
de bairros
0
0,00
0
0,00
1
5,00
1
1,16
Ausência de transporte
público
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Problemas mais agravantes
dentre os citados
A1
A1
A2
A2
A3
A3
Total
Total
Qualidade da água
16
27,12
4
57,14
5
25,00
25
29,07
Poluição
10
16,95
2
28,57
0
0,00
12
13,95
Ausência de rede de coleta
de esgoto
4
6,78
0
0,00
5
25,00
9
10,47
Ausência de serviços
médicos
2
3,39
0
0,00
0
0,00
2
2,33
Violência
9
15,25
1
14,29
6
30,00
16
18,60
Ausência de escolas e
creches
14
23,73
0
0,00
0
0,00
14
16,28
Enchentes
2
3,39
0
0,00
3
15,00
5
5,81
Ausência de uma associação
de bairros
0
0,00
0
0,00
1
5,00
1
1,16
Aterramento da lagoa
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
Ausência de transporte
público
1
1,69
0
0,00
0
0,00
1
1,16
117
ANEXO A
Mapa Atualizado das principais
características do Bairro Novo
Horizonte
ANEXO B
Mapa topográfico da área estudada
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