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A flora do Cerrado é diferenciada dos demais biomas, mas muitas espécies são
compartilhadas (HERINGER et al., 1977: 1977; OLIVEIRA FILHO; FONTES, 2000) e a
riqueza florística é relativamente bem conhecida. Uma listagem pioneira foi elaborada em
1892 por Warming a partir de um estudo na região de Lagoa Santa, Minas Gerais,
posteriormente, outros autores reuniram dados sobre a flora do Cerrado, destacando-se as
tentativas de Rizzini (1963), que apresentou 537 espécies entre árvores e arbustos; Heringer et
al. (1977), com 774 espécies arbustivas e arbóreas; Filgueiras; Pereira (1994), que listaram
2264 espécies vasculares nativas para o Distrito Federal; Castro (1994) compilou 1753
espécies vasculares para o Cerrado lato sensu, excluindo lianas e herbáceas, enquanto Ratter
et al. (1973) produziram listagens para o norte do Mato Grosso. Listagens isoladas, revisões,
catálogos são muitos, mas o maior número de espécies foram compiladas por Mendonça et al.
(2008) que reuniram um total de 12.356 espécies de ocorrência espontânea.
Originalmente o Mato Grosso do Sul possuia vastas extensões de Cerrado que
ocuparam mais da metade de seu território, mas é o Estado com menor índice de coleta por
quilômetro quadrado, ou seja, quando o ideal de coleta deveria estar em torno de uma exsicata
por km
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, a realidade é de 0,25 espécimes (PEIXOTO, 2003). Este panorama dificulta o
conhecimento da composição florística. O bioma Cerrado, neste Estado, tem sido alvo de
intensa ação antrópica, o que pode ter resultado em grandes perdas de diversidade biológica,
além de ter fragmentado a paisagem natural. O reduzido número de áreas protegidas do
Cerrado não é suficiente para garantir a conservação adequada de tão importante bioma que,
além de recobrir 23% do território nacional (RIBEIRO; WALTER, 1998), recobre 65% de
Mato Grosso do Sul. Recentemente, Pott et al. (2006) elaboraram uma lista de 1.579 espécies
no Complexo Aporé-Sucuriú e Dourado (2008), em uma etapa preliminar, listou 292 espécies
para o Parque Municipal Capivaras.
Quanto à vegetação arbustivo-arbórea, Ratter et al. (2003) listaram e analisaram 376
áreas e registraram 951 espécies. Levando-se em conta árvores e arbustos grandes, apenas 38
destas foram registradas como ocorrentes em 50% das áreas: Acosmium dasycarpum, Annona
coriacea, Aspidosperma tomentosum, Astronium fraxinifolium, Brosimum gaudichaudii,
Bowdichia virgilioides, Byrsonima coccolobifolia, B. crassa, B. verbascifolia, Caryocar
brasiliense, Casearia sylvestris, Connarus suberosus, Curatella americana, Davilla elliptica,
Diospyrus híspida, Eriotheca gracilipes, Erythroxylum suberosum, Hancornia speciosa,
Himatanthus obovatus, Hymenaea stigonocarpa, Kielmeyera coriacea, Lafoensia pacari,
Machaerium acutifolium, Ouratea hexasperma, Pouteria ramiflora, Plathymenia reticulata,
Qualea grandiflora, Q. multiflora, Q. parviflora, Roupala montana, Salvertia