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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
APLICAÇÃO DE MÉTODO GEOFÍSICO EM ESTUDO HIDROGEOLÓGICO, NO
MUNICÍPIO DE NOVA LIMA MG
CARACTERIZAÇÃO DE AQUÍFEROS EM ÁREA URBANA
AUTORA: Kênia J. Guerra
ORIENTAÇÃO: Prof. Dr. Alexandre Uhlein
BELO HORIZONTE
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
APLICAÇÃO DE MÉTODO GEOFÍSICO EM ESTUDO HIDROGEOLÓGICO NO
MUNICÍPIO DE NOVA LIMA MG
CARACTERIZAÇÃO DE AQUÍFEROS EM ÁREA URBANA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Geologia.
Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
à obtenção do título de Mestre em Geologia,
Área de concentração: Geologia Aplicada
Linha de pesquisa: Caracterização de sistemas de aqüíferos
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Uhlein
Belo Horizonte
Instituto de Geociências da UFMG
2010
AUTORA: Kênia J. Guerra
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i
AGRADECIMENTOS
A execução e conclusão deste trabalho não teriam sido possíveis se não fosse a colaboração e
o apoio de tantas pessoas e a todas, gostaria de manifestar a minha profunda gratidão.
A Georadar Levantamentos Geofísicos S.A., por disponibilizar a área de pesquisa e os
equipamentos utilizados.
Ao meu orientador Prof. Alexandre Uhlein, pelo acompanhamento, atenção e coragem de
abraçar e acreditar nesta causa. A Prof
a
. Tânia Dussin, por ter me dado à oportunidade de
ingressar no mestrado. Ao Prof. Rodrigo Raposo pelo auxílio nas atividades de campo,
metodologias aplicadas, e interpretação dos dados coletados nesta pesquisa.
Aos amigos que trabalharam arduamente em campo, na execução de todos os ensaios e no
tratamento dos dados: Daniela, Joyce, Arides, Lindouro, André, Elton, Flávio e Altamiro. Aos
meus queridos primos Jane Lílian e José Matheus, que me auxiliaram na formatação do texto
e figuras.
Ao Daniel companheiro de dias tensos e alegres, a minha família e aos amigos que
compartilham comigo a alegria de mais uma etapa concluída.
ii
RESUMO
Esta pesquisa foi realizada em uma área de 17.000m
2
, pertencente à empresa Georadar
Levantamentos Geofísicos S.A., localizada no Município de Nova Lima. A área de pesquisa
está inserida na Província mineral do Quadrilátero Ferrífero, que é composta por rochas
arqueanas e paleoproterozóicas, especificamente no Grupo Nova Lima, unidade do
Supergrupo Rio das Velhas. Encontram-se, aflorando na área, duas unidades litológicas
principais: o clorita-talco xisto com veios de quartzo sulfetados, e dois afloramentos de
menores dimensões de itabirito fraturado.
Com o objetivo de caracterizar as condições aqüíferas da área de pesquisa foram integrados
estudos geofísicos e hidrogeológicos. Inicialmente, foi realizado um levantamento preliminar,
que consistiu em determinar os diferentes tipos litológicos e o nível d’água em subsuperfície
através da sondagem elétrica vertical multi eletrodos (SEVME), método geofísico de
resistividade. A partir destes dados, foram definidos os pontos de instalação de 3 poços de
monitoramento e 1 poço de abastecimento e suas possíveis profundidades. Os poços foram
perfurados e foi executada a perfilagem geofísica com quatro ferramentas (resistividade,
radiação gama natural, caliper e ótica) em cada poço. A análise integrada dos dados
geofísicos com informações litológicas de amostragem de calha permitiu identificar na área
três unidades aqüíferas, sendo a principal o aqüífero fraturado do itabirito.
Como metodologia para a identificação das condições hidrodinâmicas do aqüífero fraturado
de itabirito, foram executados dois ensaios: Bail test, nos 3 poços de monitoramento e ensaio
de bombeamento, o segundo apresentando melhores resultados para condutividade hidráulica.
Uma amostra de água do aqüífero do itabirito foi coletada e caracterizada quimicamente. Os
resultados obtidos apontam uma condutividade hidráulica da ordem de 10
-6
m/s e suas águas
como cloretada magnesiana. A análise de potabilidade indica, em geral, boas condições para
consumo, com uma ressalva para as concentrações de antimônio e selênio que se
apresentaram acima do padrão de potabilidade.
Palavras chave: Aqüífero, hidrogeologia, hidroquímica, método de resistividade e perfilagem
geofísica de poço.
ABSTRACT
This research was carried out in an 7.000m
2
area belonging to Georadar Levantamentos
Geofísicos S.A., in Nova Lima county. The investigated area is part of the mineral province’s
Quadrilátero Ferrífero, which consists of Archean and Paleoproterozoic rocks, particularly in
the Nova Lima group, unit of the Supergroup Rio das Velhas. There are two major
lithological units: the talc chlorite schist with quartz sulfide veins, and two smaller fractured
itabirite outcrops.
In order to characterize the conditions of the aquifers in the investigated area, a set of
geophysical and hydrogeological studies has been adopted. First, a preliminary survey to
determine the different types of rocks and the water level in the subsurface was carried out by
a geophysical method of resistivity (vertical eletrical souding VES). Three monitoring wells
and a supply well were drilled and a well-log geophisycal was performed using 4 tools
(resistivity, gamma-ray, caliper and optical) in each well. Analysis of geophysical data
together with data the litology obtained through the examination of the borehole cuttings data
made it possible to identify three aquifer units in the area, the main one being the itabirite
fractured aquifer.
Two tests for the identification of hydrodynamic conditions of the itabirite fracture aquifer
were performed: Bail test in the 3 monitoring wells and a pumping test, the latter showing
better results for hydraulic conductivity. A water sample from the itabirite aquifer was
collected and chemistry characterized. The results indicate hydraulic conductivity (10
-6
m/s)
and the presence of chlorinated magnesium water. The analysis of potability indicates good
conditions for consumption, except for the high concentrations of antimony and selenium.
Keywords: Aquifer, hydrogeology, hydrochemestry, geophysics resistivity methods and
geophysical well logging.
iv
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS..............................................................................................................i
RESUMO...................................................................................................................................ii
ABSTRACT..............................................................................................................................iii
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS............................................................................................................xii
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
1.1 LOCALIZAÇÃO...............................................................................................................3
1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................4
1.3 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................4
2- GEOLOGIA E HIDROGEOLOGIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO................5
2.1 ASPECTOS LITOESTRATIGRÁFICOS DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO............5
2.1.1- Complexos de Rochas Cristalinas Arqueanas..................................................7
2.1.2- Seqüência do Tipo Greenstone Belts..................................................................8
2.1.3- Seqüências Metassedimentares..........................................................................9
2.2 GEOMORFOLOGIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO.........................................11
2.3 HIDROGEOLOGIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO...........................................13
2.3.1- Histórico............................................................................................................14
2.3.2 - Contexto Hidrogeológico do Estado de Minas Gerais e para o Quadrilátero
Ferrífero...........................................................................................................14
2.3.3 Caracterização Hidroestratigráfica e Hidroquímica do Aqüífero em Xistos no
Quadrilátero Ferrífero.....................................................................................16
2.3.4- Propriedades Físicas e Hidráulicas das Rochas Constituintes dos Aqüíferos
do Quadrilátero Ferrífero................................................................................20
3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DOS CONCEITOS DE GEOFÍSICA,
HIDROGEOLOGIA E HIDROQUÍMICA.....................................................................21
3.1 MÉTODO GEOFÍSICOS...............................................................................................21
3.1.1 - Método Geofísico de Eletroresistividade..........................................................22
3.1.1.1 Arranjos.............................................................................................23
v
3.1.1.2 Interpretação dos dados coletados......................................................25
3.1.2 Método de Perfilagem Geofísica de Poços......................................................26
3.1.2.1 Perfis de Resistividade.......................................................................26
3.1.2.2 Radiação Gama...................................................................................30
3.1.2.3 Perfilagem com Compasso Calibrador (Caliper)...............................32
3.1.2.4 Perfilagem Ótica.................................................................................33
3.2 SONDAGEM E PERFURAÇÃO PARA COMPLETAÇÃO DE POÇOS.....................34
3.2.1 - Método de Percussão........................................................................................34
3.2.2 - Método Rotativo................................................................................................35
3.2.3 - Método Rotopneumático...................................................................................35
3.2.4 Revestimento do Poço Perfurado.....................................................................36
3.2.5 Pré -Filtro.........................................................................................................37
3.2.6 - Cimentação........................................................................................................37
3.3 NOÇÕES DE HIDROGEOLOGIA E HIDROQUÍMICA..............................................39
3.3.1 - Hidrogeologia...................................................................................................39
3.3.1.1 Características hidrodinâmicas dos Aqüíferos...................................39
3.3.2 - Hidroquímica...................................................................................................47
3.3.2.1 Parâmetros Físico-Químicos da Água................................................47
3.3.2.2 Classificação e Origem dos Constituintes das Águas Subterrâneas...48
3.3.2.3 Técnicas de Coleta..............................................................................49
3.3.2.4 Preservação e Armazenamento de Amostras.....................................49
3.3.2.5 Tratamento e Apresentação dos Resultados das Análises..................50
3.3.2.5.1 Verificação da Validade das Análises de Água...................50
3.3.2.5.2 Representação Gráfica das Análises...................................53
4 MATERIAIS UTILIZADOS E METODOLOGIA DE PESQUISA...........................55
4.1 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO E MAPEAMENTO GEOLÓGICO...................55
4.2 AQUISIÇÃO GEOFÍSICA ELETRORESISTIVIDADE............................................56
4.3 PERFURAÇÃO DOS POÇOS E DESCRIÇÃO GEOLÓGICA....................................57
4.4 AQUISIÇÃO GEOFÍSICA PERFILAGEM ................................................................58
4.4.1 - Perfilagem Caliper............................................................................................59
4.4.2 - Perfilagem Ótica...............................................................................................59
4.4.3 Perfil de Resistividade......................................................................................60
4.4.4 - Perfilagem Gama..............................................................................................61
vi
4.5 COMPLETAÇÃO DOS POÇOS PERFURADOS..........................................................62
4.6 BAIL TEST.......................................................................................................................62
4.7 ENSAIO DE BOMBEAMENTO, COLETA DE ÁGUA E MEDIÇÃO DE
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS ..........................................................................64
4.7.1 Ensaio de Bombeamento.................................................................................64
4.7.2 Coleta de Água e Medição dos Parâmetros Físico-Químicos........................66
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...........................................67
5.1 TOPOGRAFIA E GEOLOGIA LOCAL.........................................................................67
5.1.1 Topografia........................................................................................................67
5.1.2 Geologia Local..................................................................................................67
5.1.2.1 Itabirito...............................................................................................68
5.1.2.2 Clorita-Talco Xisto.............................................................................68
5.2 LEVANTAMENTO GEOFÍSICO DE ELETRORESISTIVIDADE..............................70
5.3 PERFURAÇÃO DOS POÇOS E DESCRIÇÃO LITOLÓGICA....................................73
5.3.1 Descrição Litológica do poço PM 01...............................................................73
5.3.2 Descrição Litológica do poço PM 02...............................................................73
5.3.3 Descrição Litológica do poço PM 03...............................................................74
5.3.4 Descrição Litológica do poço PA 01................................................................74
5.3.5 Análise Comparativa entre a Seção de Eletroresistividade A-B e as Litologias
Encontradas na Perfuração dos Poços PM 01, PM 02, PM 03 e PA 01........75
5.4 AQUISIÇÃO GEOFÍSICA DE PERFILAGEM.............................................................78
5.4.1 Resultado das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PM 01.......78
5.4.2 Resultado das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PM 02.......78
5.4.3 Resultado das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PM 03.......79
5.4.3.1 Resultados de Perfilagem Caliper para o poço PM 03.......................80
5.4.3.2 Resultados de Perfilagem Gama para o poço PM 03.........................81
5.4.3.3 Resultados de Perfilagem Ótica para o poço PM 03..........................81
5.4.4 Resultado das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PA 01........83
5.4.4.1 Resultados de Perfilagem Caliper para o poço PA 01.......................83
5.4.4.2 Resultados de Perfilagem para Resistividade SP e Gama para o poço
PA 01..................................................................................................84
5.4.4.3 Resultados de Perfilagem ótica para o poço PA 01............................86
vii
5.5 COMPLETAÇÃO DOS POÇOS.....................................................................................88
5.6 HIDROGEOLOGIA........................................................................................................93
5.6.1 Teste de Vazão para o poço PA 01...................................................................93
5.6.2 Bail test.............................................................................................................94
5.6.3 Teste de Bombeamento.....................................................................................97
5.6.4 Direção de Fluxo............................................................................................100
5.7 HIDROQUÍMICA.........................................................................................................102
5.7.1 - Análise dos Parâmetros Físico-Químicos da Água.......................................102
5.7.2 - Análise Hidroquímica da Água do poço PA 01.............................................104
5.7.3 Verificação e Validação dos Resultados da Análise Hidroquímica da Água
do Poço PA 01..................................................................................................106
6 CONCLUSÕES...............................................................................................................109
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................113
ANEXOS
ANEXO 1 Planilhas de monitoramento do ensaio de bombeamento para os poços PM 01,
PM 02, PM 03 e PA 01.
ANEXO 2 Relatório de análise química da água coletada no poço PA 01
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Localização da área de Pesquisa, Nas dependências da empresa Georadar,
Município de Nova Lima (MG)..................................................................................................3
Figura 2.1 Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero, modificado de Alkmim
& Marshak (1998).......................................................................................................................6
Figura 2.2 Coluna estratigráfica para o Quadrilátero Ferrífero e adjacências. A parte direita
da coluna representa as relações observadas no setor ocidental do Quadrilátero Ferrífero, e a
parte esquerda, as relações do setor oriental (Alkmim & Marshak 1998)..................................7
Figura 2.3 Unidades Hidrogeológicas do Quadrilátero Ferrífero, com indicação da
localização da área de pesquisa. Modificado de Mourão (2007)..............................................17
Figura 2.4 Diagrama de Piper e Schoeller para amostras coletadas nos domínios do aqüífero
em xistos unidade hidrogeológica do Quadrilátero Ferrífero (Mourão 2007)..........................18
Figura 2.5 Diagrama adaptado de Chadda 1999 in Mourão (2007) e separação das amostras
dos aqüíferos em xistos em grupos com características químicas semelhantes........................18
Figura 3.1 Disposição dos eletrodos na superfície do terreno e fluxo de corrente (Freitas
Filho 2006)................................................................................................................................22
Figura 3.2 Valores de resistividade elétrica de materiais conhecidos (modificado de Elis
1998 in Ustra 2008)...................................................................................................................25
Figura 3.3 Diagrama esquemático do equipamento de perfilagem resistência pontual
(Oliveira 2005)..........................................................................................................................28
Figura 3.4 Comportamento da curva dos perfis de Resistividade e Radioatividade (Souza
2005) ........................................................................................................................................29
Figura 3.5 Sumário de respostas de perfilagem geofísica em algumas litologias (Oliveira
2005) ........................................................................................................................................30
Figura 3.6 Perfil esquemático de um poço tubular (Demétrio et al. 2008)..........................38
Figura 3.7 Desenho esquemático do teste de slug com os parâmetros geométricos
necessários para estimar a condutividade hidráulica pelo método Hvorslev (1995) in Oliva et
al. (2005)...................................................................................................................................42
ix
Figura 3.8 Formação do cone de depressão a partir do ensaio de bombeamento (Rebouças et
al. 1971)....................................................................................................................................44
Figura 3.9 Método gráfico de superposição para a determinação de T e S utilizando a
metodologia de Theis (Feitosa et al.2008)................................................................................47
Figura 3.10 Diagrama de Piper, modificado de Piper (1944)................................................53
Figura 3.11 Diagrama de Stiff, modificado de Stiff (1951)...................................................54
Figura 3.12 Diagrama de Schoeller, modificado de Schoelller (1962)..................................54
Figura 4.1 Fluxograma das etapas de pesquisa executadas...................................................55
Figura 4.2 Eletroresistivímetro da marca ABEM, modelo SAS 4.000..................................56
Figura 4.3 Foto aérea com a localização da linha de Sevme executada (linha amarela).......57
Figura 4.4 Perfuração e coleta de amostra de solo nos poços instalados...............................58
Figura 4.5 Sonda 3 ACS 3 Arm Caliper Sonde, com as hastes (braços) abertas................59
Figura 4.6 Sonda D-OPTV-Digital Optical Televiewer (ao lado os centralizadores), e
representação esquemática dos sensores...................................................................................60
Figura 4.7 Arranjo bioeletródico (distância AM em polegadas)...........................................61
Figura 4.8 Instalação de revestimento dos poços, tubo geomecânico...................................62
Figura 4.9 Bailer de inox Brasbailer......................................................................................63
Figura 4.10 Medidor de nível d’água Brasbailer...................................................................63
Figura 4.11 Solinst Levelogger Gold....................................................................................63
Figura 4.12 Mini Diver Schlumbeger.....................................................................................63
Figura 4.13 Sonda de medição de nível d’água.....................................................................65
Figura 4.14 Leitura de recuperação com medidor de N.A. no PM 02...................................66
Figura 4.15 Sonda Multi parâmetros Hanna modelo HI 9828..............................................66
x
Figura 5.1 Mapa Geológico Topográfico - Área de estudo Nova Lima MG.....................69
Figura 5.2 Seção A-B de Eletroresistividade da área de estudo sendo, (a) resistividade em
ohm.m e (b) cargabilidade em msec.........................................................................................71
Figura 5.3 Seção A-B na área de pesquisa sendo, (a) resistividade, (b) cargabilidade em
msec e (c) perfil hidrogeológico...............................................................................................76
Figura 5.4 Perfil caliper ao longo do PM 02. Observar que entre 18 e 16 metros, o diâmetro
do poço está menor que 6 polegadas indicando possível colapso nas paredes.........................79
Figura 5.5 Perfil caliper ao longo do poço PM 03.................................................................80
Figura 5.6 Perfilagem gama ao longo do poço PM 03...........................................................81
Figura 5.7 Perfilagem ótica do PM 03 acima do N.A............................................................82
Figura 5.8 N.A. do PM 03 em 5,6 m. Observar a elevada turbidez do fluído.......................82
Figura 5.9 Projeção ortográfica do poço PM 03 nos planos E-W e N-S...............................82
Figura 5.10 Perfil caliper ao longo do poço PA 01. Em destaque ocorrência de fraturas.....83
Figura 5.11 Perfilagem com a ferramenta ELOG. I curva gama natural e SP (vermelha e
verde). II curva de resistividade curta, longa e resistência pontual (azul, vermelha e
verde)........................................................................................................................................84
Figura 5.12 Nível d’água do poço PA 01 em 6,4 metros......................................................87
Figura 5.13 Transição entre solo e rocha a 14,5 metros, observada a partir da diferença de
coloração entre as camadas.......................................................................................................87
Figura 5.14 Projeção ortográfica do poço PA 01 nos planos E-W e N-S..............................87
Figura 5.15 Perfil litológico e construtivo do poço PM 01....................................................89
Figura 5.16 Perfil litológico e construtivo do poço PM 02...................................................90
Figura 5.17 Perfil litológico e construtivo do poço PM 03....................................................91
Figura 5.18 Perfil litológico e construtivo do poço PA 01....................................................92
xi
Figura 5.19 Condutividade hidráulica pelo método Hvorslev PM 01................................95
Figura 5.20 Condutividade hidráulica pelo método Hvorslev PM 03................................96
Figura 5.21 Gráfico tempo x rebaixamento para o ensaio de bombeamento na área de
pesquisa ....................................................................................................................................98
Figura 5.22 Teste de bombeamento interpretação pelo método de Theis PA 01................99
Figura 5.23 Teste de bombeamento interpretação pelo método de Theis PM 01...............99
Figura 5.24 Teste de bombeamento interpretação pelo método de Theis PM 02...............99
Figura 5.25 Teste de bombeamento interpretação pelo método de Theis PM 03...............99
Figura 5.26 Mapa Hidrogeológico - Área de Estudo Nova Lima........................................101
Figura 5.27 Parâmetros físico-químicos do PA 01: temperatura (
o
C), pH, OD (oxigênio
dissolvido em ppm), condutividade elétrica ( s/cm) e SDT (sólidos totais dissolvidos em
mg/L).......................................................................................................................................102
Figura 5.28 Diagrama de Stiff para o PA 01........................................................................104
Figura 5.29 Diagrama de Schoeller. Comparação entre amostras coletadas por Mourão
(2007) e o PA 01.....................................................................................................................105
Figura 5.30 Diagrama de Piper. Comparação entre amostras coletadas por Mourão (2007) e
o PA 01....................................................................................................................................106
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Valores de condutividade hidráulica observados por Mourão (2007) para as
diferentes unidades litológicas presentes no aqüífero Cauê e demais unidades aqüíferas do
Quadrilátero Ferrífero...............................................................................................................20
Tabela 3.1 Arranjos eletródicos mais utilizados (Ustra 2008)...............................................24
Tabela 3.2 Exemplo de valores de resistividade em alguns minerais ou rochas (Telford et al
1999 in Oliveira 2005)..............................................................................................................27
Tabela 3.3 Classificação das rochas sedimentares de acordo com sua radioatividade natural
(Nery 1997 in Souza 2005).......................................................................................................32
Tabela 3.4 Métodos de análise de fluxo para poços em função do tipo de aqüífero e regime
de bombeamento (Feitosa et al. 2008)......................................................................................45
Tabela 3.5 Definição dos principais parâmetros físico-químicos das águas subterrâneas
modificado de Santos (2008)....................................................................................................48
Tabela 3.6 Critério de aceitabilidade para análise de água pelo balanço iônico (Clesceri et
al. 2005)....................................................................................................................................51
Tabela 5.1 Valores de resistividade dos domínios A, B, C e D para a seção A-B da área de
pesquisa e seus materiais correspondentes pela classificação de Elis (1998) in Ustra (2008).70
Tabela 5.2 Intervalos de leitura de cargabilidade para a seção A-B e a condição aqüífera
referente a estas leituras............................................................................................................72
Tabela 5.3 Espessura estimada da camada aqüífera nos poços PM 01, PM 02, PM 03 e PA
01...............................................................................................................................................72
Tabela 5.4 Descrição das unidades litológicas presentes na área de pesquisa e suas
características hidrogeológicas.................................................................................................75
Tabela 5.5 Relação dos poços perfilados e ferramentas de perfilagem utilizadas.................78
Tabela 5.6 Interpretação dos dados de leitura de resistividade e radioatividade natural para o
poço PA 01 e sua relação com o perfil geológico.....................................................................85
xiii
Tabela 5.7 Quadro resumo dos resultados obtidos nos métodos de eletroresistividade,
perfilagem e sondagem aplicados aos poços PM 01, PM 02, PM 03 e PA 01 para a
caracterização do aqüífero da área de pesquisa.........................................................................88
Tabela 5.8 Teste de vazão para o poço PA 01.......................................................................94
Tabela 5.9 Valores de condutividade hidráulica obtidos pelos ensaios bail test e
bombeamento e seus valores indicativos definidos por Mourão (2007) para o aqüífero no
itabirito ...................................................................................................................................100
Tabela 5.10 Valores de carga hidráulica para os poços PA 01, PM 01, PM 02 e PM 03....100
Tabela 5.11 Parâmetros físico-químicos da água do PA 01................................................103
Tabela 5.12 Análise hidroquímica da água segundo a Portaria 518 Ministério da Saúde...104
Tabela 5.13 Cálculo do balanço iônico para o PA 01..........................................................107
Tabela 5.14 Valor calculado de TDS (sólidos totais dissolvidos) para o PA 01.................107
1
CAPÍTULO 1
1- INTRODUÇÃO
Os recursos hídricos, em especial a água subterrânea, correspondem a uma importante fonte
de abastecimento de água para a sociedade. Neste contexto de utilização deste recurso torna-
se cada vez mais necessária a caracterização dos sistemas aqüíferos. Para esta caracterização
são aplicados estudos nas áreas de Geofísica, Hidroquímica e Hidrogeologia. A escolha de
qual metodologia de pesquisa aplicar em um estudo específico é de extrema importância para
se obter resultados representativos em menor tempo e custo.
Este trabalho constitui-se na aplicação de geofísica em um estudo hidrogeológico em área
urbana, no Município de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. A área de
estudo está inserida dentro da região denominada como Quadrilátero Ferrífero, caracterizado
por grandes corpos de mineralização de ferro. Tratando-se especificamente dos recursos
hídricos subterrâneos tem-se como unidade aquífera o aqüífero xistoso Nova Lima, de idade
Arqueana. São complexos metamórficos que representam a crosta siálica do Quadrilátero
Ferrífero, sendo caracterizados por uma evolução tectônica de repetidos ciclos de crescimento
crustal (Carneiro et al. 1955). Neste estudo foram aplicadas técnicas de Geofísica,
Hidroquímica e Hidrogeologia para a caracterização do aqüífero.
A Geofísica é um método indireto onde são empregadas ferramentas de baixo custo e de
rápida aplicação. Dois métodos foram aplicados neste trabalho: Eletroresistividade e
Perfilagem. O levantamento Geofísico através da aplicação de métodos elétricos, vem
trazendo grandes e importantes informações sobre o potencial hídrico existente no subsolo
(Freitas Filho 2006). O método de Eletroresistividade consiste em emitir uma corrente
contínua ou de baixa freqüência em dois pontos do terreno e medir a diferença de potencial
em dois outros pontos. A partir deste potencial medido obtem-se o perfil de resistividade em
subsuperfície da área pesquisada (Freitas Filho 2006). As diferentes resistividades observadas
neste trabalho foram interpretadas identificando-se em subsuperfície o nível d’água do
aqüífero e os diferentes horizontes litológicos. A Perfilagem Geofísica de poço é usada
principalmente na prospecção de petróleo e de água subterrânea, e secundariamente para a
verificação de variações texturais de camadas sedimentares e zonas fraturadas (Nery 1997 in
Souza 2005). Em uma Perfilagem de poço é usado um conjunto de perfis geofísicos, os quais
são compostos de sensores acoplados a equipamentos eletrônicos. Estes sensores são
2
introduzidos poço adentro, registrando a cada profundidade as diversas informações relativas
as características físicas das rochas e dos fluídos em seus interstícios (Souza 2005). Esta
ferramenta foi empregada neste trabalho com o objetivo de verificar em poços perfurados a
existência de fraturas, os diferentes tipos litológicos, nível d’água, alinhamento e diâmetro de
perfuração. Todos estes dados irão auxiliar na determinação do perfil de completação dos
poços perfurados.
Para a execução de coleta de água, ensaios Hidrogeológicos e de Perfilagem é necessária a
instalação de poços com construção adequada em pontos representativos da área. Para a
definição do número de poços a serem instalados, sua locação e método de sondagem a ser
empregado foram analisadas as condições topográficas, bem como os resultados do
levantamento geofísico de Eletroresistividade. Foram instalados quatro poços onde técnicas
de perfilagem, hidroquímica e hidrogeologia foram aplicadas. A caracterização hidroquímica
de águas subterrâneas é largamente aplicada para a classificação e identificação da qualidade
das águas. É realizada a coleta de água subterrânea em poço previamente instalado. As etapas
de coleta, preservação, armazenamento e transporte foram realizadas de acordo com as
recomendações do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (Clesceri
et al. 2005). Os dados obtidos nas análises de laboratório foram processados e gerados
diagramas através do programa Aquachem, que facilitam a interpretação para classificação da
água.
Os ensaios hidrogeológicos são executados para a obtenção do parâmetro k. Segundo Silva et
al. (2007) o coeficiente de proporcionalidade k, é chamado de condutividade hidráulica e leva
em conta as características do meio, incluindo porosidade, tamanho e distribuição das
partículas, forma das partículas, arranjo das partículas, bem como as características do fluido
que está escoando (viscosidade e massa específica). Dois ensaios foram aplicados neste
trabalho para a obtenção do parâmetro k, Bail test e bombeamento. O Bail test é um ensaio de
permeabilidade, realizado em nível variável (zona saturada) em que é aplicada uma carga ou
descarga através da introdução ou remoção súbita de um volume dentro do poço, de forma
que o nível d’água (N.A.) seja elevado ou rebaixado instantaneamente (Oliva et al. 2005).
Este teste é realizado em cada poço separadamente e pode não ser representativo para a
caracterização de um meio aqüífero como um todo. As constantes hidrodinâmicas que melhor
definem o aqüífero são obtidas por meio de ensaio de bombeamento (Rebouças et al. 1971). O
ensaio de bombeamento demanda um conjunto de equipamentos e mero de pontos de
3
monitoramento elevado, desta forma, apresenta-se mais representativo para a caracterização
do aqüífero como um todo.
Foram analisados criticamente todos os resultados obtidos em cada técnica de Geofísica,
Hidrogeologia e Hidroquímica aplicadas. Foi observado que todos os ensaios empregados
contribuíram com informações importantes para a caracterização do sistema aqüífero da área
de pesquisa. As condições e limitações de cada ensaio são apresentadas para a escolha do
melhor método ou conjunto deles que se deve aplicar para que atenda ao objetivo de futuras
pesquisas de caracterização de aqüíferos em outras áreas de estudo.
A área de pesquisa está situada no Município de Nova Lima, nas dependências da empresa
Georadar Levantamentos Geofísicos S.A., que em conjunto com a Universidade Federal de
Minas Gerais, possibilitou o desenvolvimento desta pesquisa.
1.1 LOCALIZAÇÃO
O município de Nova Lima localiza-se próximo ao município de Belo Horizonte limitado
pelos municípios de Raposos e Rio Acima. A área de estudo está localizada dentro dos limites
da empresa Georadar, com endereço Rua Ludovico Barbosa, número 60, a 6 Km do centro do
Município de Nova Lima nos limites de seu distrito industrial (Figura 1.1).
Figura 1.1: Localização da área de Pesquisa, nas dependências da empresa Georadar,
Município de Nova Lima (MG).
4
1.2 OBJETIVOS
Esta dissertação tem como objetivos: Estudar a condição do aqüífero situado em uma área de
17.000m
2
dentro das dependências da empresa Georadar no município de Nova Lima. Aplicar
métodos geofísicos, hidroquímicos e hidrogeológicos para a caracterização do aqüífero da
área de pesquisa. Caracterizar parâmetros hidrogeológicos e hidroquímicos das águas
subterrâneas da área de pesquisa e compará-los com resultados obtidos em outras pesquisas
realizadas na região de Nova Lima.
1.3 JUSTIFICATIVA
A caracterização dos meios aqüíferos para sua utilização sustentável e o monitoramento de
áreas impactadas é cada vez mais importante para a preservação do meio ambiente. Dentro
deste contexto torna-se de extrema importância o conhecimento de metodologia que aplicadas
representem as características dos meios aqüíferos.
Os aqüíferos representam uma porção manancial de água de extrema importância para suprir
as necessidades de abastecimento público de água potável, principalmente em regiões onde,
de alguma forma, a água superficial não consegue atender as demandas de consumo. Como a
localização dos aqüíferos é em sub superfície, torna-se oneroso o tratamento de águas
subterrâneas por dificuldades de captação e devido a seu grande volume.
Ao caracterizar um regime de fluxo subterrâneo, obtém-se um modelo representativo da
direção e velocidade de fluxo. Estas variáveis o de extrema importância na caracterização
do meio aqüífero quanto à identificação das dimensões de uma possível pluma de
contaminação, bem como, a vazão ideal de explotação.
Dentre os parâmetros de interesse para a caracterização do meio aqüífero estão à
permeabilidade, direção de fluxo e composição hidroquímica da água. Técnicas para obtenção
destes parâmetros são analisadas nesta dissertação identificando-se as metodologias que
melhor reflitam as condições dos meios aqüíferos. Desta forma justifica-se a aplicação deste
estudo como auxílio para futuras pesquisas de aqüíferos em diferentes áreas de pesquisa.
5
CAPÍTULO 2
2- GEOLOGIA E HIDROGEOLOGIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO
Muitos trabalhos de caráter geológico e hidrogeológico foram
desenvolvidos na Província Mineral do Quadrilátero Ferrífero e adjacências. A partir da
análise deste contexto obtém-se as relações geológicas e hidrogeológicas existentes de cunho
regional e local que caracterizam a área de estudo.
2.1 ASPECTOS LITOESTRATIGRÁFICOS DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO
O Quadrilátero Ferrífero está localizado na área meridional do Cráton São Francisco, sendo
este uma unidade geotectônica neoproterozóica composta por rochas arqueanas e
paleoproterozóicas pouco afetadas pelo evento tectonotermal Brasiliano, ocorrido entre 630 a
490 Ma (Alkmim & Marshak 1998).
Na região do Quadrilátero Ferrífero (Figura 2.1) são encontradas, basicamente, três grandes
assembléias de rochas:
1) complexos metamórficos de rochas cristalinas arqueanas;
2) seqüências do tipo greenstone belts arqueanas (Supergrupo Rio das Velhas e faixas
correlatas);
3) seqüências metassedimentares paleoproterozóicas e mesoproterozóicas geradas a partir de
ambientes sedimentares plataformais (Supergrupo Minas, Grupo Itacolomi e Supergrupo
Espinhaço).
São encontradas ainda, rochas básicas e metabásicas intrusivas, com idades que remontam ao
Proterozóico Médio e que cortam descontinuamente as unidades acima. Ocorrem também
coberturas sedimentares instaladas em bacias interiores terciárias, de modo restrito, em
diferentes áreas do Quadrilátero Ferrífero, estando assentadas, discordantemente, sobre
diferentes litotipos do Supergrupo Minas (Alkmim & Marshak 1998).
6
Figura 2.1: Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero, modificado de Alkmim &
Marshak (1998).
O metamorfismo que atingiu o conjunto formado pelas rochas supracrustais (seqüências do
tipo greenstone belts e coberturas metassedimentares plataformais) encontra-se, na maioria
das vezes, no domínio da fácies xisto verde, podendo atingir a fácies anfibolito baixo junto às
bordas leste e sudeste do Quadrilátero Ferrífero. A Figura 2.2 mostra a coluna estratigráfica
proposta para a região. A seguir as diferentes unidades são descritas de forma individualizada.
7
Figura 2.2 Coluna estratigráfica para o Quadrilátero Ferrífero e adjacências. A
parte direita da coluna representa as relações observadas no setor ocidental do Quadrilátero
Ferrífero, e a parte esquerda, as relações do setor oriental (Alkmim & Marshak
1998).
2.1.1 Complexos de Rochas Cristalinas Arqueanas
Os complexos de rochas cristalinas arqueanas são constituídos por uma grande diversidade
petrográfica, predominantemente relacionadas à classe das rochas metamórficas e
subordinadamente à classe das rochas ígneas (Carneiro et al. 1995). As estruturas dômicas
destes terrenos ocorrem tanto perifericamente quanto no interior do Quadrilátero Ferrífero,
servindo de embasamento arqueano para a região. Formalmente são indivisos, porém,
informalmente recebem adjetivações geográficas: Complexo Caeté, Bonfim, Bação, Belo
Horizonte e Congonhas. Constitui por ortognáisses de composição trondjemítica, estando
polideformados, migmatizados ou não. Apresentam algumas intrusões de granitóides na
8
forma de veios ou corpos circunscritos, anfibolitos, pegmatitos e corpos intrusivos máficos a
ultramáficos (Carneiro et al. 1995).
Estes complexos metamórficos representam a crosta siálica do Quadrilátero Ferrífero e são
caracterizados por uma evolução tectônica de repetidos ciclos de crescimento crustal, cujo
início remonta ao Arqueano Médio (Carneiro et al. 1995). O acervo de datações U-Pb
existente nestes complexos mostra um longo período evolutivo compreendido entre 3200 e
2600 Ma. (Renger et. al. 1994).
2.1.2 Seqüências do Tipo Greenstone Belts
As seqüências arqueanas do tipo greenstone belts, denominadas Supergrupo Rio das Velhas,
são representadas pelos Grupos Nova Lima e Maquiné (Carneiro et al. 1995). O Grupo Nova
Lima, onde está inserida a área de estudo, é constituído por três unidades:
1) unidade metavulcânica composta por rochas ultramáficas, metabasaltos, metatufos,
komatiítos, esteatitos e formações ferríferas do tipo algoma;
2) unidade metassedimentar química formada por xistos carbonáticos, formação ferrífera
bandada do tipo algoma e filitos grafitosos;
3) unidade metassedimentar clástica formada por quartzitos imaturos e metaconglomerados.
O Grupo Maquiné representa a unidade de topo do Supergrupo Rio das Velhas; trata-se de
uma unidade clástica com até 2000 metros de espessura, com ocorrência restrita à porção
centro leste do Quadrilátero Ferrífero. É constituído de quartzitos e conglomerados,
subordinadamente filitos e grauvacas. O contato com o sotoposto Grupo Nova Lima varia de
gradacional a discordante, ou, localmente, por falhamentos.
9
2.1.3 Seqüências Metassedimentares
1) Supergrupo Minas
O Supergrupo Minas sobrepõe-se, geralmente em contato tectônico, às unidades de rochas dos
complexos metamórficos e do Supergrupo Rio das Velhas, principalmente sobre estas
últimas. Trata-se de um espesso pacote metassedimentar que inclui formações ferríferas
bandadas do tipo Lago Superior e abundante material clástico (Carneiro et al. 1995). A coluna
litoestratigráfica do Supergrupo Minas é dividida em quatro unidades: i) unidade clástica
basal (Grupo Caraça), ii) unidade química intermediária (Grupo Itabira), iii) unidade clástica
de topo (Grupo Piracicaba) e o iv) Grupo Sabará, que era classificado como formação de topo
do Grupo Piracicaba, tendo sido elevado por Noce (1995) à categoria de Grupo do
Supergrupo Minas. A idade máxima para o início destas deposições supracrustais é estimada
em cerca de 2650 Ma. O encerramento da bacia sedimentar Minas foi datado em
aproximadamente 2100 Ma., com a deposição dos Grupos Sabará e Itacolomi,
respectivamente representantes das fácies flysh e molassa na região (Renger et al. 1994).
i) O Grupo Caraça apresenta, na base, a Formação Moeda, a qual é constituída essencialmente
por quartzitos com intercalações de filitos e níveis conglomeráticos geralmente na posição
basal, típicos de um ambiente fluvial e marinho transgressivo (Carneiro et al. 1995). Renger et
al. (1994) propõem uma idade entre 2590 e 2560 Ma. para a deposição destes quartzitos. A
presença de embasamento elevado, assim como as profundas variações de espessuras e
mudanças de fácies, refletem a natureza segmentada da bacia Minas durante a deposição da
Formação Moeda (Noce 1995). Através do contato transacional deposita-se a Formação
Batatal, onde predominam filitos sericíticos, por vezes carbonosos e ferruginosos,
característicos de um ambiente marinho plataformal.
ii) O Grupo Itabira constitui-se numa seqüência de metassedimentos químicos iniciada
pela Formação Cauê. Esta, por sua vez, é composta de formações ferríferas do tipo Lago
Superior (itabiritos), quartzosos ou dolomíticos, mais raramente anfibolíticos, abrigando
corpos lenticulares de minério de ferro rico, havendo ainda a presença de filitos ferruginosos e
dolomitos. A espessura destas formações ferríferas é variável, podendo atingir 300 a 500
metros nos flancos do Sinclinal Moeda, acima de 1000 metros na região oeste do sinclinal
Gandarela e 200 a 400 metros em regiões não deformadas. No topo, a Formação Gandarela é
representada por rmores dolomíticos, em parte estromatolíticos, e, subordinadamente,
10
itabiritos e filitos. Estas duas unidades litoestratigráficas são interpretadas como depositadas
em um ambiente marinho de plataforma estável.
iii) O Grupo Piracicaba caracteriza um novo período de instabilidade tectônica na
bacia Minas. Este Grupo tem a Formação Cercadinho como unidade basal. Trata-se de uma
alternância de quartzitos e filitos, comumente ferruginosos e com presença de dolomitos
subordinados. Estratigraficamente acima se posiciona a Formação Fecho do Funil, constituída
por filitos, filitos dolomíticos e lentes de dolomito. Os ortoquartzitos de granulometria fina da
Formação Taboões e os filitos e filitos grafitosos da Formação Barreiro são de ocorrência
restrita, e formam, respectivamente, as rochas de topo do Grupo Piracicaba.
iv) O Grupo Sabará é constituído por clorita xistos e filitos, metagrauvacas, metatufos,
metaconglomerados, quartzitos e raras formações ferríferas. Possui espessura máxima de
3.500 m, enquanto as demais unidades do Supergrupo Minas, juntas, atingem 3.000m. Este
Grupo Sabará era considerado como unidade superior do Grupo Piracicaba. Porém, a
espessura elevada e a variação litológica justificam sua elevação a este Grupo. Trata-se de
uma deposição sedimentar do tipo flysh, correlacionada ao Evento Transamazônico (Noce
1995), e que denota o final da Bacia Minas.
2) Grupo Itacolomi
As rochas do Grupo Itacolomi foram desmembradas da então Série Minas por Guimarães
(1931) in Carneiro et al. (1995), com base na existência de uma discordância angular entre as
duas unidades. São compostas por quartzo xisto, quartzito de granulometria grossa, quartzito
ferruginoso com estratificações cruzadas, metaconglomerados e grit. Os conglomerados da
base apresentam seixos derivados de rochas do Supergrupo Minas e dos terrenos granito
gnáissicos. Sua distribuição é restrita às porções sul e sudeste do Quadrilátero Ferrífero.
Os sedimentos do Grupo Itacolomi caracterizam ambientes deposicionais fluviais e lacustres,
inferidos como de natureza molássica segundo bacias restritas, cujas subsidências tiveram
início a partir da sedimentação dos litotipos do Grupo Sabará (Carneiro et al. 1995).
3) Supergrupo Espinhaço
O pacote quartzítico da Serra das Cambotas representa o Supergrupo Espinhaço naquela
região. Localiza-se a nordeste do Quadrilátero Ferrífero onde originalmente foram
11
considerados como pertencentes ao Grupo Tamanduá. A região da Serra das Cambotas é
formada por um pacote de rochas distintas, tectonicamente justapostas.
4) Diques de rochas máficas
Apresentam-se como enxames de diques máficos cortando, em geral, os terrenos granito
gnáissicos além das unidades supra crustais paleo e mesoproterozóicas. Os diques incluem
desde tipos metamorfisados na fácies anfibolito até aqueles com textura ígnea preservada
(Noce 1995).
5) Coberturas cenozóicas
Depósitos e coberturas sedimentares de provável idade cenozóica ocorrem esporadicamente
em todas as partes do Quadrilátero Ferrífero (Pomerene 1964). Estes materiais são formados
basicamente por espessas crostas de canga, em geral associadas à Formação Cauê, e por
sedimentos de provável idade terciária, cujas principais áreas de ocorrência são as bacias do
Fonseca (extremo leste do Quadrilátero Ferrífero) e do Gandarela, e ainda a calha do Sinclinal
da Moeda.
2.2 GEOMORFOLOGIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO
A intensa variação das condições lito-estruturais dentro do Quadrilátero Ferrífero resultou na
formação de vários níveis topográficos localizados entre as cotas aproximadas de 800 e 2100
metros. Estes níveis foram individualizados através de medianas e interpretados como
remanescentes de várias superfícies de aplainamentos correlacionáveis a inúmeros períodos
de dissecação (Barbosa 1980).
Levando-se em conta que a datação de formas de relevo deve considerar uma combinação de
vários caracteres geomorfológicos, mais do que umas poucas características, tais como a
determinação de altitudes médias de várias elevações e/ou a presença ou não de crostas
lateríticas, Varajão (1991) lança dúvida sobre a existência de testemunhos de um número
grande de períodos de dissecação. Assim, por exemplo, uma superfície de aplainamento
constituída por rochas quartzíticas e outra por rochas xistosas, ainda que em posições
topográficas distintas (sendo a primeira mais elevada), podem ser representantes de um único
período de dissecação e seus respectivos posicionamentos justificados pela maior ou menor
resistência dos processos erosivos. Neste contexto, a geomorfologia da região apresenta um
12
forte controle lito-estrutural e fortes contrastes de resistência litológica, o que reflete num
modelado de dissecação acentuada com importantes variações altitudinais e ocorrências de
serras e cristas cortadas por vales epigênicos (Magalhães Jr. & Saadi 1994).
Em termos temporais pode-se afirmar que grande parte da Plataforma Brasileira, inclusive o
Quadrilátero Ferrífero, foi afetada por um extenso nível de aplainamento durante o Terciário,
sendo o mesmo correlacionável à Superfície Sul Americana (Magalhães Jr. & Saadi 1994).
Posteriormente houve um rebaixamento do nível de base, o que desencadeou a dissecação
desta superfície, caracterizando assim um desenvolvimento geomorfológico policíclico para a
Plataforma Brasileira.
De modo descritivo o Quadrilátero Ferrífero forma um conjunto de relevos altos onde, em
geral, as grandes estruturas estão agora em posição geomorfológica invertida (Barbosa 1980),
ou seja, os domos de complexos de rochas cristalinas arqueanas e os anticlinais foram
desmontados, estando os sinclinais em posições topograficamente elevadas.
Em intrínseca relação com a evolução geomorfológica do Quadrilátero Ferrífero estão às
coberturas cenozóicas, os solos de cobertura, os depósitos aluviais, os corpos de Hematita
instalados na Formação Cauê a sul de Belo Horizonte e os processos de carstificação
ocorridos nos mármores dolomíticos da Formação Gandarela e quartzitos do Grupo Itacolomi.
As coberturas cenozóicas são representadas por depósitos de bacias intramontanhas
localizadas nas calhas dos grandes sinclinais, a exemplo do que ocorre no denominado Platô
da Moeda (Pomerene 1964), e por coberturas de canga, em geral associadas às rochas da
Formação Cauê.
Segundo Barbosa (1980) os solos de coberturas são freqüentemente rasos, ferruginosos e
fortemente pedregosos. Uma exceção deve ser feita aos solos residuais associados à Formação
Gandarela e às rochas de origem pelítica que possuem espessuras da ordem de 100 metros em
determinados locais.
Os depósitos de terraços aluviais como, por exemplo, ocorrem no Vale do Rio das Velhas na
região de Belo Horizonte, comumente apresentam morfogêneses controladas por falhamentos
que resultam na presença de terraços escalonados relacionados, provavelmente, à dissecação
da Superfície Sul Americana (Magalhães Jr. & Saadi, 1994).
13
Os processos de carstificação dos mármores dolomíticos da Formação Gandarela são
evidenciados por vários aspectos incluindo: 1) formação de dolinas, em geral colmatadas com
material argiloso; 2) pela formação de cavernas de pequeno a médio porte, sendo a mais
expressiva a Gruta da Igrejinha, localizada no Sinclinal Dom Bosco próximo a localidade
denominada Hargreaves; e, 3) pela surgência cárstica dos Fechos, junto ao córrego
homônimo. O Grupo Itacolomi, quando representado por quartzitos aflorantes na serra
homônima, apresenta feições cársticas (Ferreira Filho & Lazarim 1993), evidenciadas pela
presença de dolinas, cavernas de pequeno porte, sumidouros e formação de espeleotemas de
opala e calcedônia (Lima 1987).
2.3 HIDROGEOLOGIA DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO
Muitos estudos de caráter hidrogeológico vem sendo desenvolvidos no Quadrilátero Ferrífero
a exemplo de Mourão (2007) e Rebouças (1994). O principal motivo é o aumento na demanda
levando-se em conta o abastecimento público de água e o rebaixamento do nível d’água
subterrânea em áreas de mineração, especialmente de minério de ferro. Além disso, certas
surgências de água subterrânea são utilizadas como fontes de águas minerais, a exemplo do
que ocorre na fonte de Água Quente, localizada no interior do Sinclinal da Moeda, e nas
fontes Ingá e Igarapé, localizadas no extremo sudoeste da Serra do Curral.
14
2.3.1 Histórico
Tem-se conhecimento de estudos hidrogeológicos no Quadrilátero Ferrífero desde a década de
1980, quando algumas minerações de ferro da região atingiram o nível d’água subterrânea, o
que motivou uma intensificação das investigações de caráter hidrogeológico nos domínios da
Formação Cauê visando o rebaixamento dos níveis d’água em minas a céu aberto. Os
resultados destes estudos indicaram valores de condutividade hidráulica entre 7,5 e 10,0 m/dia
para hematitas da Mina da Mutuca, localizada junto à falha homônima.
Na década de 90 novos e importantes estudos foram realizados nesta região, voltados tanto
para o rebaixamento de minas a céu aberto, como para outros fins, tais como a definição de
mananciais de águas subterrâneas para abastecimento público e hidrogeologia regional. Neste
último contexto é digno de destaque o trabalho de Mourão (2007), onde é apresentada uma
caracterização hidrogeológica detalhada do aqüífero Cauê e demais unidades aqüíferas do
Quadrilátero Ferrífero.
2.3.2 Contexto Hidrogeológico do Estado de Minas Gerais e para o Quadrilátero Ferrífero
Segundo Rebouças (1994) um sistema aqüífero é definido como um conjunto formado por
uma ou mais unidades litoestratigráficas que apresentam continuidade hidráulica,
características hidrodinâmicas, condições de recarga, circulação e descarga, e de qualidade
das águas relativamente semelhantes.
Utilizando uma definição similar a esta, Souza (1995) identifica no Estado de Minas Gerais a
presença de dez sistemas aqüíferos formados, cada qual, por um conjunto de unidades
aqüíferas. Estas unidades por sua vez são definidas como sendo a ocorrência de um ou mais
tipos predominantes e bem definidos de rochas portadoras de água associadas a uma unidade
geológica específica.
De acordo com esta classificação, os sistemas aqüíferos identificados em Minas Gerais são os
seguintes:
1. Sistema Aluvial,
2. Sistema de Cobertura Detrítica,
15
3. Sistema Arenítico,
4. Sistema Carbonático,
5. Sistema Pelítico Carbonático,
6. Sistema Basáltico,
7. Sistema Pelítico,
8. Sistema Quartzítico,
9. Sistema Xistoso,
10. Sistema Gnáissico Granítico.
Conforme esta classificação, a região do Quadrilátero Ferrífero está inserida nos domínios dos
Sistemas Xistoso, Quartzítico e Gnáissico Granítico. A área de pesquisa esta localizada no
Quadrilátero Ferrífero, assim serão detalhados os sistemas: xistoso, quartzítico e gnáissico-
granítico.
O Sistema Xistoso, principal sistema em área existente no Quadrilátero Ferrífero, segundo
esta classificação, possui armazenamentos em meio fissurado e agrega unidades aqüíferas de
rochas predominantemente xistosas. No Quadrilátero Ferrífero este sistema engloba as
seguintes unidades litológicas informais coincidentes com zonas aqüíferas:
1) filitos, filitos intercalados em quartzitos, xistos e xistos intercalados em quartzitos, todos do
Supergrupo Minas;
2) filitos e xistos do Supergrupo Rio das Velhas.
O Sistema Quartzítico inclui armazenamentos em rochas quartzíticas, sendo, na região do
Quadrilátero Ferrífero, representado pelos quartzitos do Supergrupo Minas e do Supergrupo
Rio das Velhas Grupo Maquiné (Alkmim & Marshak 1998).
O Sistema Gnáissico Granítico é representado por zonas aqüíferas instaladas nos domínios
dos complexos de rochas metamórficas existentes na região do Quadrilátero Ferrífero, como
16
os complexos Belo Horizonte e Bação. Este Sistema Gnáissico Granítico apresenta
características de meio poroso fissural.
Apesar da grande abrangência da classificação proposta por Souza (1995) algumas
observações foram feitas por Mourão (2007) para sua utilização no Quadrilátero Ferrífero, são
elas:
1) Os dolomitos e itabiritos do Grupo Itabira não estão incluídos nesta classificação devido à
pequena escala de ocorrência desta unidade estratigráfica. Porém são de grande importância
na hidrogeologia do Quadrilátero Ferrífero. Estes dois materiais apresentam permeabilidades
secundárias, o primeiro com caráter cárstico fissural e o segundo com caráter intersticial.
Ambos estão condicionados ao espesso manto de intemperismo que afeta os litotipos da
região.
2) Os xistos e filitos, quando pertencentes a um sistema aqüífero de rochas armazenadoras,
apresentam pequenos volumes de água armazenada com caráter local. Este tipo de rocha tem
suas ocorrências mais expressivas na forma de aquitarde, como descrito por Alkmim (1996) e
Rúbio (1996) acerca dos filitos da Formação Batatal presentes na porção norte do Platô da
Moeda.
2.3.3 Caracterização Hidroestratigráficas e Hidroquímica do Aqüífero em Xistos no
Quadrilátero Ferrífero
Mourão (2007) apresenta a localização das unidades hidrogeológicas principais do
Quadrilátero Ferrífero (Figura 2.3). A área de estudo desta dissertação está localizada dentro
dos limites de aqüíferos em xistos do sistema aqüífero Nova Lima. Mourão (2007) caracteriza
esta formação contendo rochas xistosas, sendo xistos metassedimentares e metavulcânicos,
além de níveis metaquartizíticos, intercalações de metachert e corpos de formação ferrífera;
estes últimos de maior transmissividade dentre as demais litologias.
17
Figura 2.3: Unidades Hidrogeológicas do Quadrilátero Ferrífero, com indicação da localização da área de pesquisa. Modificado de Mourão
(2007).
18
A composição química das águas do aqüífero xistoso é apresentada por Mourão (2007) na
Figura 2.4, onde se pode observar pelos diagramas de Piper e Schoeller uma grande
homogeneidade na composição química das amostras de águas coletadas com algumas
diferenças referentes a concentrações de cálcio e magnésio. Na Figura 2.5 Mourão (2007)
apresenta um diagrama onde se observa que as amostras encontram-se alinhadas segundo uma
reta que passa pela origem indicando fortes correlações entre as concentrações de cálcio,
magnésio e bicarbonato. A partir destas correlações foram definidos três grupos
composicionais.
Figura 2.4: Diagrama de Piper e Schoeller para amostras coletadas nos domínios do
aqüífero em xistos unidade hidrogeológica do Quadrilátero Ferrífero (Mourão 2007).
Figura 2.5: Diagrama adaptado de Chadda 1999 in Mourão (2007) e separação das
amostras dos aqüíferos em xistos em grupos com características químicas semelhantes.
Os Grupos 1 e 2 abrangem águas altas e medianamente mineralizadas, com pH e
condutividade elétrica médios, respectivamente, de 7,47 e 7,62 e de 167,0 e 97,1 S/cm.
19
Provavelmente associam-se às rochas carbonatadas, de ocorrência comum no Grupo Nova
Lima. O Grupo 3 é formado com águas de baixos valores em sólidos dissolvidos e
caracterizado por pH ácido (média de 6,06) e condutividade elétrica média de 31,6 S/cm
(Mourão 2007).
Cloretos e sulfatos ocorrem em baixas concentrações (médias de 2,6 a 2,9 mg/L), mas
localmente podem atingir valores acima de 6,0 mg/L. O ferro está quase sempre presente
sendo que, em mais de 50% das amostras em que foi determinado, encontra-se acima do
limite de potabilidade, conforme a Portaria 518 do Minstério da Saúde (média 1,06 e mediana
de 0,2 mg/L). A correlação encontrada para íons cálcio e fósforo podem ser um indicativo da
presença de fosfato de cálcio nas rochas como, por exemplo, apatitas (Mourão 2007).
20
2.3.4 Propriedades Físicas e Hidráulicas das Rochas Constituintes dos Aqüíferos do
Quadrilátero Ferrífero.
Mourão (2007) apresenta o resultado de ensaios laboratoriais para a determinação de
permeabilidade intrínseca, porosidade e densidade de diversas litologias dentro do aqüífero
Cauê, e demais unidade aqüíferas do Quadrilátero Ferrífero. Para tal foram coletadas amostras
representativas em duas unidades litológicas diferentes; minérios de ferro e itabiritos. Os
resultados obtidos permitiram definir intervalos característicos de valores de propriedades
físicas para litotipos identificados que devem ser entendidos como valores mínimos, que
amostras friáveis não puderam ser ensaiadas, e de caráter indicativo. A Tabela 2.1 apresenta
os valores de condutividade hidráulica nas diferentes unidades litológicas observadas por
Mourão (2007).
Tabela 2.1: Valores de condutividade hidráulica observados por Mourão (2007) para as
diferentes unidades litológicas presentes no aqüífero Cauê e demais unidades aqüíferas do
Quadrilátero Ferrífero.
Unidade Litológica
Condutividade Hidráulica (m/s)
Hematitas
Valores de 3,0x10
-6
a 2,5x10
-5
m/s
Itabiritos
Valores de 2,0 x10
-9
m/s a 1,8x10
-5
m/s, sendo para
Itabiritos frescos não fraturados valores máximos de
6,2x10
-10
m/s e para Itabiritos argilosos valores baixos
em média 7,0x10
-10
m/s.
Filitos
Valores de 6,9x10
-6
m/s para decompostos a
8,7x10
-8
m/s para semidecompostos
Cherts compactos e fraturados
Valores em média de 1,15x10
-6
m/s
Rochas básicas, independente do
grau de intemperismo.
Valores baixos comparados a aquitardes com média
de 2,7x10
-10
m/s
Quartzito Moeda semidecomposto e
fraturado
Valores relativamente reduzidos da ordem de
3,3x10
-9
m/s
21
CAPÍTULO 3
3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DOS CONCEITOS DE GEOFÍSICA,
HIDROGEOLOGIA E HIDROQUÍMICA
Esta revisão bibliográfica pretende apresentar de forma sucinta os conceitos e metodologias
aplicadas nesta pesquisa utilizados em trabalhos anteriormente para a caracterização de
aqüíferos. Desta forma pretende-se apresentar um resumo conceitual sobre métodos geofísicos
(eletroresistividade e perfilagem de poços), métodos de sondagem para perfuração de poços e
noções de hidrogeologia e hidroquímica.
3.1 MÉTODOS GEOFÍSICOS
A utilização de métodos diretos (sondagem, ensaios in loco e coleta de amostra) em estudos
geológicos e ambientais de subsuperfície é um procedimento de elevado custo financeiro, pois
exige a instalação de poços de monitoramento para análises físico-químicas e ensaios físicos
no caso de estudos de água subterrânea. Desta forma, os métodos indiretos (Geofísica), estão
sendo cada vez mais utilizados nas geociências, especificamente em estudos ambientais. Entre
inúmeras aplicações de ferramentas geofísicas em estudos ambientais, destaca-se a
identificação e caracterização litológica, determinação do nível d’água e mapeamento da
direção do fluxo subterrâneo (Silva et al. 2007).
Diversos autores, a saber, Soares (2007) e Lacerda et al. (2007), apresentam os métodos
Geofísicos elétricos e Eletromagnéticos, como os mais indicados para estudos de
caracterização rasa por serem métodos de baixo custo e fácil aquisição. Almeida et al (2007)
apresentam a técnica de perfilagem para a caracterização de furos não revestidos com bom
resultado para identificação de diferentes litologias e do diâmetro do poço.
Neste trabalho foram aplicados os métodos de Eletroresistividade e Perfilagem devido à
disponibilidade do equipamento. Inicialmente foi aplicada a Eletroresistividade e após a
análise dos resultados obtidos neste levantamento, foram definidos os locais de instalação dos
poços. Após a perfuração dos poços foi executada a perfilagem ao longo destes.
22
3.1.1 Método Geofísico de Eletroresistividade
O método de eletroresistividade requer uma corrente elétrica que seja aplicada no solo por
meio de eletrodos fixados à superfície do terreno. A diferença de potencial que se forma no
solo é medida utilizando-se um segundo par de eletrodos. A resistividade pode ser calculada
conhecendo-se a geometria da disposição dos eletrodos, a corrente elétrica aplicada e a
voltagem medida (Benson et al 1982 in Oliveira 2005). A partir deste potencial medido é
possível identificar em subsuperfície as diferentes anomalias que se apresentam com valores
de maior ou menor resistividade ou condutividade, e correlacionar estas anomalias às
estruturas e condições geológicas locais. A Figura 3.1 ilustra a disposição dos eletrodos na
aplicação do método de superfície do terreno (Freitas Filho 2006).
Figura 3.1: Disposição dos eletrodos na superfície do terreno e fluxo de corrente (Freitas
Filho 2006).
O método de Eletroresistividade irá apresentar a resistividade aparente e/ou a medida de
cargabilidade do meio. A resistividade aparente é dada por Cruz et al. (2007):
a
= vk/I sendo, k = . n . (n+1) . (n+2) .a (1)
onde:
a
= resistividade aparente da subsuperfície
k = fator geométrico que depende do espaçamento entre os eletrodos
v = diferença de potencial entre os eletrodos
I = corrente injetada pelos eletrodos
n = nível de investigação em profundidade
a = distância entre os eletrodos
23
As variações de voltagem podem ser medidas no domínio do tempo ou da freqüência. No
domínio do tempo a corrente elétrica é periodicamente injetada e desligada através do
eletrodo AB (Figura 3.1). Após o desligamento da corrente a voltagem medida nos eletrodos
MN (Figura 3.1) sofre um caimento. A integral medida através da curva de caimento da
voltagem resulta na cargabilidade (M) da equação abaixo (Costa 2007).
(2)
onde: M= cargabilidade
Vp= voltagem primária
t = tempo
I = corrente injetada pelos eletrodos
n = nível de investigação em profundidade
Os métodos de eletroresistividade envolvem medidas de uma impedância, com subseqüente
interpretação em termos de propriedades elétricas da subsuperfície, e finalmente da superfície
geológica (Ustra 2008).
Os equipamentos utilizados possuem uma fonte controlada para emissão de corrente elétrica e
medidores da corrente e voltagem geradas. Neste trabalho foi utilizado o equipamento da
marca ABEM, modelo SAS 4.000, que mede a voltagem aplicada e valores da curva de
caimento da voltagem, fornecendo dados de resistividade e cargabilidade.
3.1.1.1 Arranjos
Todos os arranjos geométricos usados para obter a resistividade e a cargabilidade aparentes
são baseados na equação 1. O fator geométrico k será diferente para cada tipo de arranjo. Um
resumo dos arranjos mais aplicados é mostrado na Tabela 3.1 (Ustra 2008).
Como pode ser observado na Tabela 3.1 existem vários tipos de arranjo, o arranjo Wenner,
técnica de caminhamento elétrico que consiste em deslocar sobre o terreno um quádruplo
AMNB (Figura 3.1) fixo realizando leituras em estações regularmente espaçada, foi escolhido
para ser utilizado nesta pesquisa devido a atender as condições indicadas por Freitas Filho
(2006) e Silva, Dourado et al. (2007). Conforme apresentado por Freitas Filho (2006) em
locais onde se deseja estudar as variações laterais de resistividade do subsolo, utiliza-se o
caminhamento Wenner. Silva et al. (2007), relata que o arranjo Wenner é ideal para meio
24
geológico heterogêneo por caracterizar os contrastes laterais, anomalias de resistividade
decorrentes da presença de hidrocarbonetos, água subterrânea e estruturas enterradas. Além
deste método apresentar bons resultados para caracterização de variações laterais e da
presença de água subterrânea, o mesmo foi escolhido por ser o de mais rápida aquisição de
campo, maior produtividade e conseqüentemente menor custo.
Tabela 3.1: Arranjos eletródicos mais utilizados (Ustra 2008).
25
3.1.1.2 Interpretação dos dados coletados
Através dos valores de resistividade (Ohmn.m) obtidos pelo método de eletroresistividade
pode-se identificar os diferentes tipos litológicos e outras características do aqüífero. Oliva et
al. (2007) identificam o contato entre zona saturada e zona não saturada pela determinação do
N.A. (nível d’água do aqüífero) através da análise dos valores de resistividade. A Figura 3.2
apresenta um quadro com as variações dos valores de resistividade em matérias conhecidos
(Ustra 2008):
Figura 3.2: Valores de resistividade elétrica de materiais conhecidos (modificado de Elis
1998 in Ustra 2008).
A medida de resistividade elétrica em rochas e minerais pode apresentar valores diferentes
dos representados na Figura 3.2 devido a condições geológicas específicas. Exemplos de
situações adversas são os valores de resistividade elétrica obtidos em rochas cristalinas (pouco
porosa), conforme pode ser observado na Figura 3.2 estes valores serão normalmente altos, no
entanto, se esta rocha estiver muito fraturada, a água que circula através das fraturas contendo
sais minerais dissolvidos diminuirá bastante a resistividade da rocha. Após a análise do perfil
de resistividade obtido pode-se observar diferentes materiais e identificar a zona saturada e
insaturada da área de pesquisa.
26
3.1.2 Método de Perfilagem Geofísica de Poços
O método de perfilagem de poços consiste na realização de um perfil em um poço, vertical ou
inclinado, com medições de determinados parâmetros específicos de cada ferramenta. O perfil
é traçado por meio de uma sonda que percorre ao longo do poço e registra simultaneamente os
parâmetros medidos. Uma mesma sonda poderá medir diferentes parâmetros. Os principais
parâmetros obtidos por meio da perfilagem geofísica de poços são: perfis de resistividade,
perfis de radiação, perfil ótico e perfil de diâmetro do poço (caliper).
Encontramos na literatura diferentes aplicações para o método de perfilagem de poços.
Oliveira (2005) aplica a perfilagem para co-estimativas de variáveis geológicas minerais
identificando os horizontes de depósitos de carvão em subsuperfície. Almeida et al. (2007)
aplicam a perfilagem para identificar correlações estratigráficas e estimativas de densidade
para a complementação de informações de coleta de testemunhos de sondagem em litologias
associadas. Souza (2005) aplica a perfilagem no mapeamento de aqüíferos. Porem é como
auxílio na pesquisa e monitoramento de poços para extração de petróleo que a perfilagem de
poços vem sendo usualmente aplicada, como pode ser observado no trabalho de Leite et al.
(2007) que encontram bons resultados na caracterização de poços de produção de petróleo a
partir da perfilagem geofísica.
3.1.2.1 Perfis de Resistividade
A resistividade de um material homogêneo medida em dadas condições de temperatura e
saturação é constante e independe do volume. A resistividade é normalmente medida em ohm
x metro e é definida como a resistência elétrica de um material quando uma corrente de 1
ampere é aplicada em 1 metro de comprimento de material de seção de 1 metro quadrado, nas
condições normais de temperatura e pressão (Hoffman et al.1990 in Oliveira 2005).
A Tabela 3.2 apresenta os valores de resistividades (Telford et al. 1990 in Oliveira 2005). A
partir dessa tabela pode-se concluir que com apenas um único parâmetro não é possível
identificar o tipo de litologia do aqüífero.
27
Tabela 3.2: Exemplo dos valores de resistividade em alguns minerais ou rochas (Telford et al. 1990 in
Oliveira 2005).
Perfis de resistividade apresentam a forma de propagação do fluxo de corrente elétrica
emitido pelo eletroresistivímetro nas diferentes camadas em diferentes profundidades. Dois
processos controlam o fluxo de corrente: condução eletrolítica e troca de íons. Cada litologia
apresenta uma maneira de condução de corrente elétrica diferente. A umidade e porosidade
facilitam a condução do fluxo de corrente e reduzem a resistividade. A forma, distribuição dos
grãos, cimentação e a matriz também afetam o fluxo de corrente fazendo com que a
resistividade aumente. Com o aumento da compactação nas camadas.
Uma corrente é gerada no eletroresistivímetro e é transmitida ao eletrodo de corrente fixado
no solo. A corrente passa pelo solo entre os eletrodos, o fluido do poço e a estratigrafia por
condução eletrolítica no fluído e por troca de íons em minerais argilosos. A corrente aplicada
no eletrodo é mantida constante. A diferença de potencial elétrico gerada entre o eletrodo de
corrente e um eletrodo de referência aterrado na área é proporcional à soma das resistências
de todos materiais. Desta forma a resistência poderá ser obtida a partir da equação
desenvolvida por George Simon Ohm, lei de ohm, 1827.
28
R = E/I (3)
onde: E= diferença de potencial em volts
R= resistência
I = corrente em amperês
Um diagrama esquemático da sonda de resistividade pontual, utilizada neste trabalho, é
apresentada na Figura 3.3 (Oliveira 2005). Esta sonda é provida de eletrodo de corrente. O
tamanho do eletrodo de corrente controla a profundidade de investigação. Se o eletrodo for
esférico, o volume efetivo de investigação será aproximadamente cinco vezes o diâmetro do
eletrodo (Guyod 1944 in Oliveira 2005).
Figura 3.3: Diagrama esquemático do equipamento de perfilagem resistência pontual
(Oliveira 2005).
Os eletrodos e equipamentos de medição de resistividade devem, sempre, ser imersos em
líquido para que a corrente seja transmitida da sonda para a parede do furo. As medidas são
interpretadas qualitativamente, ou seja, os valores de resistência permitem estabelecer se uma
camada é mais ou menos resistiva que outra (Figura 3.4). São observadas as seguintes
características gerais de comportamento para resistividade, conforme Souza (2005):
29
Figura 3.4: Comportamento da curva dos perfis de Resistividade e Radioatividade (Souza
2005)
Resistividade baixa qualquer aumento na salinidade (devido à composição da lama ou
presença de água salgada na formação ou ainda arenitos contendo salmouras) provocará
decréscimo na resistência, devido à presença de minerais argilosos que são bons condutores.
Caso o poço sofra um alargamento em algum ponto (presença de regiões fraturadas ou
desmoronamento de camadas arenosas inconsistentes) a resistência sofrerá também
decréscimo. Camadas delgadas prejudicam o fluxo de corrente, dificultando seus
reconhecimentos e quantificações.
Resistividade alta engloba rochas portadoras de água doce, bem como areia/arenito e
seixo/conglomerado onde, nestas duas últimas litologias, a presença freqüente do mineral
quartzo é a causa para a elevada resistência, pois este mineral não é bom condutor de corrente
elétrica.
O raio de investigação do perfil de resistividade está ligado ao grau de salinidade e diâmetro
do poço, onde ambos afetam o valor de resistência. O primeiro em virtude da facilidade de
passagem do fluxo de corrente frente à presença dos íons e o segundo devido ao volume de
fluido que preenche o poço. Portanto, a ausência de linearidade na resposta do perfil de
resistividade o torna meramente qualitativo. É utilizado na localização e determinação de
espessuras de aqüíferos, variações litológicas e correlação entre poços.
30
O perfil de resistividade e de radiação gama poderá ser interpretado conforme o tipo de rocha
e sua relação com a resistividade, como pode ser observado na Figura 3.5.
Figura 3.5: Sumário de respostas de perfilagem geofísica em algumas litologias (Oliveira
2005).
3.1.2.2 Radiação Gama
A radiação gama consiste na energia liberada pelo núcleo atômico na forma de onda
eletromagnética para sua estabilização após a emissão de uma partícula ou . As rochas e
solos apresentam elementos radioativos que estão em desintegração. Estes elementos podem
ser identificados por meio de perfilagem geofísica a partir de um detector instalado em uma
sonda que irá percorrer toda extensão do poço a ser perfilado.
O perfil da radiação gama é amplamente empregado para identificação de litologias (Oliveira
2005). A perfilagem de radiação gama natural pode ser executada em poços preenchidos com
líquidos ou vazios e é pouco afetada por irregularidades, fluídos de perfuração ou
revestimento do poço. As sondas de perfilagem de emissão natural de raios gama são
formadas por um detector de radiação natural emitida pela rocha através de leitor Geiger-
Mueller ou cintilômetros. A profundidade de investigação está diretamente relacionada à
densidade do material perfilado. Com o aumento da densidade diminui a profundidade de
investigação (Oliveira 2005).
O sistema de detecção de radiação é composto por cintilômetros o qual determina o número
de decaimentos por unidade de tempo (CPS contagens por segundo). Os cintilômetros são
cristais de Iodo e de Sódio ativados com pequena porção de Tálio, que, quando ionizados, por
partículas, emitem luz visível. A intensidade dessa luz é proporcional a energia de ionização
da partícula. A luz é detectada por um tubo multiplicador onde, este produz um pulso com
31
amplitude proporcional a energia da partícula detectada. Nas sondas empregadas, o tubo foto-
multiplicador conta com pulsos sem distinção de faixa de energia que realizam a contagem
total dos decaimentos (Oliveira 2005).
De maneira a indicar quais isótopos ocorrem naturalmente, sendo responsáveis pela atividade
de raios gama da formação, é importante comparar a meia vida com a idade estimada da Terra
em cerca de 4 x 10
9
anos. somente três isótopos com meia vida nesta magnitude:
40
K com
1,3 x 10
9
anos,
232
Th com 1,4 x 10
10
anos e
238
U com 4,4 x 10
9
anos. O decaimento do
40
K é
acompanhado pela emissão de um raio gama simples com energia de 1,46 mev. O
232
Th e o
238
U decaem através de duas séries diferentes de doze ou mais isótopos intermediários para
um isótopo estável de chumbo. Este fator torna o espectro de raios gama complexo, com
emissões de diferentes energias. A emissão de raios gama proeminente da série do urânio é
devida a um isótopo de bismuto, enquanto que a série do Tório é um isótopo de Tálio (Ellis
1987 in Lima 2006).
O perfil de raios gama é, ainda hoje, um dos melhores indicadores litológicos, principalmente
nas rochas sedimentares. Esta é a razão pela qual ele é utilizado nos trabalhos de correlação
entre poços, uma vez que se pode distinguir arenitos e/ou carbonatos dos folhelhos, desde que
os dois primeiros tipos não estejam contaminados (Lima 2006).
O potássio natural contém 0,012% do isótopo radioativo
40
K. Ele é abundante nos feldspatos e
nas micas, que se decompõe em argilominerais, que por sua vez concentram outros elementos
pesados através dos processos de troca catiônica e de adsorção. O folhelho é, portanto, a
litologia mais radioativamente natural entre rochas sedimentares, à exceção dos evaporitos
potássicos. Desta forma o perfil de raios gama reflete a proporção de folhelho ou argila de
uma formação (Lima 2006).
As rochas sedimentares podem ser classificadas de acordo com sua radioatividade natural.
Esses valores são aplicados na análise dos perfis de radioatividade como pode ser observado
na Tabela 3.3. Um perfil gama mostra um aumento de radiação nas camadas que contenham
folhelho rico em potássio/fósforo/argila (Figura 3.4). Sabe-se que este perfil reflete a
proporção de folhelho ou argila da formação, portanto, pode-se utiliza-lo como um indicador
do teor de folhelho ou argilosidade das rochas. Sendo assim, um arenito argiloso pode ser
diferenciado de um arenito limpo. Em aqüíferos um fluxo muito baixo de raios gama,
devido a pouca concentração de argila (Souza 2005).
32
Tabela 3.3: Classificação das rochas sedimentares de acordo com sua radioatividade
natural (Nery 1997 in Souza 2005).
Alta Radioatividade
Média Radioatividade
Baixa Radioatividade
Folhelhos de águas profundas
(lamas de radiolários e
globicerinas) e folhelhos
pretos betuminosos
Folhelhos e arenitos
argilosos e águas rasas
Grande maioria de
carvões
Evaporitos potássicos
(carnalita e silvita)
Carbonatos
Evaporitos não potássicos
(halita, anidrita e gipsita)
Algumas rochas
ígneas/metamórficas
Dolomitos
Arenitos limpos
O grau de investigação do perfil de radiação depende da energia do fóton, litologia, tipo de
detector, lama, diâmetro do poço e massas específicas das camadas. O que não deve
ultrapassar 40 cm. É um dos melhores indicadores litológicos, principalmente para rochas
sedimentares e sedimentos inconsolidados, possibilitando a identificação de unidades permo-
porosas. Ajuda na correlação entre poços vizinhos, avaliando a continuidade lateral dos
aqüíferos. Tem a vantagem de poder ser realizado em furos secos revestidos e não revestidos,
onde nestes últimos os furos são preenchidos com lama de estabilização (Souza 2005).
3.1.2.3 Perfilagem com Compasso Calibrador (Caliper)
A ferramenta Caliper é utilizada para a verificação do diâmetro do poço perfilado (sem
revestimento) e sua variação em toda sua extensão. Alem de apresentar a integridade do poço,
esse perfil pode ser relacionado com características mecânicas das rochas. Em rochas friáveis
ou fraturadas, o diâmetro do poço tende a aumentar. Normalmente o compasso calibrador não
é o único dispositivo em uma sonda, podendo estar acoplado em uma mesma sonda de
medição de raios gama natural. A combinação do compasso calibrador com outros
equipamentos pode ser fundamental para a identificação adequada da estratigrafia. O
compasso calibrador também contribui para manter a sonda reta e encostada na parede ou no
centro do poço. Esse equipamento deve ser calibrado com uma escala com diâmetros
conhecidos (Oliveira 2005).
33
O Caliper consiste em um ou mais braços que pressionam constantemente a parede do poço
durante toda perfilagem. Qualquer mudança de diâmetro do poço provocará uma variação na
abertura do braço que é registrada e informada conforme unidade definida no processo de
calibração (Oliveira 2005).
3.1.2.4 Perfilagem Ótica
A perfilagem ótica é uma ferramenta pouco empregada por ser de alto custo. Não se tem
conhecimento de trabalhos aplicados a pesquisa ambiental com utilização desta ferramenta,
desta forma este trabalho será pioneiro na aplicação deste método.
A perfilagem ótica consiste na geração de uma imagem da parede do poço captada por uma
câmera digital, a partir da reflexão da parede do poço, através da emissão de luz branca vinda
de LEDs contidos na própria ferramenta de perfilagem. A imagem obtida pela câmera é
orientada de modo que não haja rotação. Esta orientação é feita através de magnetômetros e
acelerômetros triaxiais. Estes sensores permitem traçar a trajetória do poço, fornecendo sua
inclinação, direção e a caracterização de estruturas geológicas para poços não revestidos. Em
poços revestidos, o sensor ótico, permite analisar o estado do revestimento, a qualidade da
água do poço e o volume de contaminante quando houver. O ângulo de incidência da luz é
variável, assim o sistema é capaz de manter o foco da parede do poço, mesmo variando o
diâmetro. Robertson (2008) apresenta variadas aplicações para esta perfilagem sendo de
extrema importância para a identificação de fraturas ao longo do poço perfilado.
34
3.2 SONDAGEM E PERFURAÇÃO PARA COMPLETAÇÃO DE POÇOS
O principal objetivo ao se realizar uma sondagem é a coleta de testemunhos para descrição
geológica. Em trabalhos de pesquisa ambiental para águas subterrâneas as perfurações são
executadas para coleta de amostras solo e instalação de poços de monitoramento para
posterior coleta de água e ensaios hidrogeológicos, como aplicado por Ogihara (2000), e na
execução de perfilagem geofísica nos poços perfurados para pesquisa, como aplicado por
Souza (2005). Nos dois estudos acima descriminados houve bons resultados para a aplicação
destas técnicas, várias metodologias de sondagem são conhecidas.
Vários métodos de perfuração são conhecidos, Demetrio et al. (2008) definem os métodos de
perfuração, materiais de completação e perfil construtivo dos poços, conforme apresentado
abaixo:
3.2.1 Método de Percussão
O método de perfuração à percussão baseia-se no movimento contínuo de subida e descida de
uma ferramenta pesada, golpeando as rochas, desagregando-as e/ou fragmentando-as. Embora
existam equipamentos das mais diversas dimensões, as perfuratrizes utilizadas neste método
são geralmente pequenas e de simples operação, facilmente transportadas em um chassi de
caminhão adaptado (Demetrio et al. 2008).
Indicações do Método de Perfuração à Percussão o método a percussão é mais indicado para
rochas consolidadas, que geralmente não apresentam muitos problemas de desmoronamento.
Para rochas não consolidadas, a perfuração é feita com o poço preenchido com lama ou com a
utilização de revestimento provisório, o que dificulta e onera o custo da perfuração (Demetrio
et al. 2008).
O método à percussão é recomendado também para profundidades inferiores a duzentos
metros e os diâmetros de perfuração não devem ultrapassar 14 polegadas. Embora esses
limites possam ser ampliados, as dificuldades são geralmente muito grandes e os
equipamentos precisam ser de maior porte (Demetrio et al. 2008).
35
3.2.2 Método Rotativo
O método rotativo baseia-se na trituração e/ou desagregação da rocha pelo movimento
giratório de uma broca. O início das primeiras perfurações pelo método rotativo datam de
1860. As perfuratrizes para perfuração pelo método rotativo, ou simplesmente sondas
rotativas, podem ser máquinas de pequeno ou grande porte, dependendo das profundidades e
diâmetros a que se destinam (Demetrio et al. 2008).
Amostragem de calha a amostragem do material atravessado durante a perfuração de um
poço é uma informação fundamental para o projeto final do mesmo, bem como para o
conhecimento da geologia da área. O intervalo de amostragem depende da precisão
pretendida, normalmente é utilizado o espaçamento de três metros entre as amostras. Para
maiores detalhamentos coletam-se amostras a cada metro perfurado. No método de perfuração
à percussão a amostragem é feita a partir do material coletado na caçamba de limpeza. Esta
coleta normalmente gera amostras. No método rotativo de perfuração não paralisação do
avanço da broca para coleta de material, a amostragem é feita antes da lama passada pela
peneira ou, quando inexiste peneira, na calha do tanque de lama. As amostras colhidas são
assim chamadas de amostras de calha (Demetrio et al. 2008).
3.2.3 Método Rotopneumático
Este método consiste na fragmentação da rocha através da combinação de uma percussão em
alta freqüência com pequeno curso e rotação. O fluído utilizado e principal agente da
operacionalidade deste método é ar comprimido procedente de compressores de alta potência
(Demetrio et al. 2008).
Em geral é utilizado para a perfuração de rochas compactadas (cristalino) com excelente
rendimento. A coluna de perfuração consiste de uma broca (bit) e uma peça denominada
“martelo”, que conecta o bit ao hasteamento e proporciona, em função da passagem do ar, a
freqüência de percussão (Demetrio et al. 2008).
Devido à disponibilidade de equipamento e da necessidade em se coletar as amostras para
descrição do perfil geológico dos poços este método foi escolhido para a perfuração dos poços
deste trabalho.
36
3.2.4 Revestimento do Poço Perfurado
O revestimento é composto de tubos instalados ao longo de toda a perfuração, cuja principal
finalidade é sustentar as paredes do poço, impedindo que a seqüência litológica atravessada
desmorone. A porção do revestimento onde se instala a bomba chama-se câmara de
bombeamento. O trecho do revestimento onde se localiza a zona de admissão de água para o
poço, ou zona de entrada d’água do aqüífero, é ocupado por tubos perfurados, denominados
filtros (Demetrio et al. 2008).
A escolha do tipo de material será em função da resistência mecânica e química, de modo a
adaptar-se às condições a que sesubmetido. Assim sendo, entre outras coisas, a escolha
depende da qualidade da água, da profundidade do poço, do diâmetro de perfuração, do
método de perfuração e também do custo. Os tipos de revestimento empregados em poços
tubulares são basicamente dois: aço e PVC. No passado, o aço era o material mais comumente
empregado em todos os casos. Nos últimos anos, porém, o PVC está se tornando cada vez
mais utilizado, principalmente em poços com menos de 300 m de profundidade que captam
águas muito corrosivas (Demetrio et al. 2008). Neste trabalho devido à profundidade dos
poços ser menor que 300 metros foi escolhido revestimento de PVC para instalação.
O filtro, como mencionado, é um revestimento especial, que permite a passagem da água
do aqüífero para dentro do poço. O seu comprimento é definido basicamente em função das
características locais do aqüífero (Demetrio et al. 2008).
Vários são os tipos de filtros que podem ser empregados. A escolha adequada depende da
natureza do material a ser telado, da demanda a ser atendida e dos recursos disponíveis para a
obra. Os filtros geomecânicos (PVC), empregados neste trabalho, são bastante utilizados,
principalmente em poços para o abastecimento de condomínios e residências (Demetrio et al.
2008).
37
3.2.5 Pré-Filtro
O pré-filtro é o preenchimento de cascalho colocado no espaço anelar, existente entre o
revestimento/filtro e a perfuração. Tem por finalidade estabilizar areias muito finas e bem
selecionadas e permitir maior percentagem de área das ranhuras do filtro (Demetrio et al.
2008).
O pré-filtro é indicado em praticamente todos os casos, quando não se deseja perder muito
tempo com desenvolvimento natural. É indispensável no caso de sedimentos muito finos e
uniformes, a menos que sejam utilizados filtros com ranhuras pequenas demais (por exemplo,
menores do que 0,25 mm), o que pode trazer problemas de colmatação prematura, sobretudo
quando existe alguma fração argilosa na matriz arenosa fina, e nas formações granulares em
geral. É sempre preferível utilizar o pré-filtro porque o mesmo permite a instalação de filtros
com ranhuras mais abertas, o que contribui para uma maior eficiência hidráulica do poço. Os
poços deste estudo foram instalados com a utilização de pré-filtro devido à formação ser
composta por rochas alteradas de granulometria fina (Demetrio et al. 2008).
3.2.6 Cimentação
A colocação de pasta de cimento no espaço anelar entre o revestimento e a parede do poço, ou
em casos especiais, dentro do próprio poço, é denominada de cimentação, cujas principais
finalidades são (Demetrio et al. 2008):
1. Vedação quando um poço é abandonado, seja qual for o motivo, deve ser totalmente
preenchido com pasta de cimento, eliminando um meio de acesso para a penetração de
poluentes no aqüífero.
2. Fixação é uma das finalidades básicas no que diz respeito à construção do poço e
tem como objetivo fixar o revestimento à parede do poço de forma a estabilizar
permanentemente a obra.
3. Proteção sanitária a cimentação do espaço anelar da parte mais superior do poço
impedirá que águas poluídas da superfície se infiltrem e contaminem a água captada
pelo poço.
4. Proteção tem como objetivo proteger o revestimento da ação de águas agressivas.
38
5. Separação de Aqüíferos quando existem vários níveis aqüíferos e entre eles um ou
mais apresentam água imprópria para consumo, os níveis indesejáveis são separados
por cimentação.
6. Correções de Desvios de Perfuração quando por algum problema a perfuração sofre
desvio de verticalidade que venha comprometer a descida do revestimento ou outras
operações, pode-se corrigir este defeito fazendo-se uma cimentação do trecho que
sofreu desvio, e posteriormente reabrir o poço.
A cimentação é feita com uma pasta formada de cimento + água. Às vezes acrescenta-se
bentonita na proporção de 3 a 6%. Para todos poços instalados neste trabalho foi executada
cimentação. A Figura 3.6 apresenta um perfil esquemático do poço (Demetrio et al. 2008).
Figura 3.6: Perfil esquemático de um poço tubular (Demétrio et al. 2008).
39
3.3 NOÇÕES DE HIDROGEOLOGIA E HIDROQUÍMICA
Estudos de Hidrogeologia e Hidroquímica, desde algumas décadas, vem desenvolvendo
métodos para análise e caracterização de águas subterrâneas. Agregando-se técnicas destas
duas áreas de conhecimento pode-se obter importantes informações das características do
aqüífero. A exemplo de Oliva et al (2005) que aplicou metodologias hidrogeológicas para a
determinação da condutividade hidráulica da Formação Rio Claro, através de análise
granulométrica e teste de Slug. E de Migliorini et al. (2006) que aplicou metodologias
hidroquímicas para a caracterização da qualidade das águas subterrâneas em áreas de
cemitérios na região de Cuiabá MT, através da análise de seus parâmetros físico-químicos.
Para esta pesquisa foram aplicadas várias metodologias hidrogeológicas e hidroquímicas para
a caracterização do aqüífero e da composição de suas águas. Este capítulo apresenta a
descrição de variados métodos Hidrogeológicos e Hidroquímicos utilizados como ferramenta
na caracterização de águas subterrâneas.
3.3.1 Hidrogeologia
3.3.1.1 Características Hidrodinâmicas dos Aqüíferos
Um dos principais objetivos de estudos hidrogeológicos é a determinação das características
hidrodinâmicas dos aqüíferos. As constantes hidrodinâmicas podem ser obtidas por meio de
ensaio de bombeamento, teste de slug, ou outros métodos que não serão abordados neste
trabalho. As principais constantes hidrodinâmicas utilizadas na caracterização de aqüíferos,
são a condutividade hidráulica (k), a transmissividade (T) e o coeficiente de armazenamento
(S) que serão descritas a seguir, juntamente com os ensaios aplicados para sua obtenção:
Condutividade Hidráulica (k)
O principal fator que determina a disponibilidade de água subterrânea não é a quantidade de
água que os materiais armazenam, mas a sua capacidade em permitir o fluxo de água através
dos poros. Esta propriedade dos materiais conduzirem água é chamada de permeabilidade, que
depende do tamanho dos poros e da conexão entre eles (Cabral 2008).
40
Um sedimento argiloso, por exemplo, apesar de possuir alta porosidade é praticamente
impermeável, pois os poros são muito pequenos e a água fica presa por adsorção. Por outro
lado, derrames basálticos, onde a rocha em si não tem porosidade alguma, mas possui
abundantes fraturas abertas e interconectadas como disjunções colunares (juntas de
resfriamento), podem apresentar alta permeabilidade devido a esta porosidade secundária.
Cabral (2008) aplica a lei de Darcy para obtenção do coeficiente de proporcionalidade k, que
pode ser chamado de condutividade hidráulica e leva em conta as características do meio,
incluindo porosidade, tamanho e distribuição das partículas, forma das partículas, arranjo das
partículas, bem como as características do fluido que está escoando (viscosidade e massa
específica). Obviamente um fluido viscoso terá no meio poroso, velocidade diferente da que a
velocidade da água que apresenta baixa viscosidade. Além disso, um líquido mais denso terá
características de escoamento diferentes de um líquido menos denso.
Conforme Cabral (2008) em um meio isotrópico a condutividade hidráulica (k) pode ser
definida como a velocidade aparente do fluído pelo gradiente hidráulico unitário. A constante
k refere-se à facilidade da formação aqüífera de exercer a função de um condutor hidráulico.
O experimento de Darcy baseou-se na medição da vazão de água (Q) com um cilindro
preenchido por material arenoso, para diferentes gradientes hidráulicos. O fluxo de água para
cada gradiente foi calculado pela relação entre vazão (Q) e a área (A) da seção do cilindro. O
fluxo de água foi definido como vazão específica (q) do material. A condutividade hidráulica
pode ser, então, expressa em função dos parâmetros do meio e do fluido da seguinte forma
(Cabral 2008):
K = kρg/ μ = kg/ v (4)
onde: K= condutividade hidráulica (L/T)
k = permeabilidade intrínseca do meio poroso (L
2
)
v = volume
ρ e μ = representam as características do fluído, respectivamente massa específica e
viscosidade
absoluta, ou pode ser usada a viscosidade cinemática.
A condutividade hidráulica pode ser expressa em m/s ou cm/s, poderá ser determinada através
de fórmulas, métodos de laboratório ou ensaios de campo. Os ensaios de campo incluem o
Bail test e teste de bombeamento, ambos aplicados neste trabalho e descritos a seguir. Os
valores médios de condutividade hidráulica conforme Cabral (2008) são para argila 10
-8
a 10
-
41
5
, silte e silte arenoso 10
-5
a 10
-3
, areia argilosa 10
-5
a 10
-3
, areia siltosa e areia fina 10
-4
a 10
-2
,
areia bem distribuída 10
-2
a 10
-1
e cascalho 10
29
a 10
0
em m/s.
Transmissividade (T)
Cabral (2008) define que a transmissividade corresponde a quantidade de água que pode ser
transmitida horizontalmente por toda espessura saturada do aqüífero. O conceito de
transmissividade é utilizado em estudos bidimensionais e tridimenssionais. Para aqüíferos
confinados a transmissividade é dada pela equação:
T = K.b (5)
onde: T= Transmissividade (m/s
2
)
K= condutividade hidráulica (m/s)
b = espessura do aqüífero (m)
Coeficiente de Armazenamento (S)
A capacidade de um aqüífero armazenar e transmitir água depende das propriedades da água
(densidade, viscosidade e compressibilidade) e das propriedades do meio poroso (porosidade,
permeabilidade intrínseca e compressibilidade). Estas propriedades são responsáveis por todo
comportamento do aqüífero. O armazenamento específico de um aqüífero saturado é definido
como o volume de água liberado por um volume unitário do aqüífero submetido a um
decréscimo unitário de carga hidráulica (Cabral 2008).
Teste de Slug
O teste de slug, conforme definem Oliva et al. (2005), é realizado em nível variável (zona
saturada), onde é aplicada uma carga ou descarga através da introdução (sólido cilíndrico de
volume conhecido) ou remoção súbita de volume dentro do poço (remoção de água), de forma que
o nível d’água (N.A.) seja elevado ou rebaixado instantaneamente. A estabilização desse nível
pode ser tão rápida que muitas vezes só é possível acompanha-lo através de transdutores de
pressão.
Quando o volume é removido o teste é conhecido como “bail test” e, quando adicionado, slug test.
Este volume deslocado é igual à adição ou à remoção de água do aqüífero. O resultado do
monitoramento da posição do nível d’água (NA) é uma curva de rebaixamento ou recuperação do
42
N.A., com o tempo. Desta curva são extraídos os parâmetros que, juntamente com as características
geométricas do poço, fornecem o valor de condutividade hidráulica. A interpretação do nível
d’água x tempo para o bail test e o slug test pode ser obtida pelo método de Hvorslev (1951) in
Oliva et al. (2005) conforme equação abaixo. A figura 2.7 apresenta o desenho esquemático do
slug test com os parâmetros geométricos, necessários para estimar a condutividade hidráulica pelo
método de Hvorslev (1951) in Oliva et al. (2005).
K = r² ln(Le / R) (6)
2LeT
0
onde: k= condutividade hidráulica (cm/s)
r = raio do revestimento (cm)
R = raio do poço (cm)
Le = comprimento do filtro (cm)
T
0
= tempo que leva para o nível de água cair a 37% da posição inicial (s)
Figura 3.7: Desenho esquemático do teste de Slug com os parâmetros geométricos necessários para estimar
a condutividade hidráulica pelo método Hvorslev (1995) in Oliva et al. (2005).
Para Demir & Narasimhan (1994) o método de Hvorslev constitui uma forma rápida de se obter a
condutividade hidráulica de aqüíferos, devido ao método ser largamente usado e sua prática trazer
benefícios para a definição de seus limites de atuação e precisão. Um importante aspecto deste
método é que em sua aplicação é desconsiderado o coeficiente de armazenamento (S) sendo
indicado para o Slug test onde a condutividade hidráulica (k) é obtida pontualmente. Em casos
onde não se tem conhecimento do tipo de aqüífero e da forma geométrica do mesmo, não se poderá
negligenciar o valor do coeficiente de armazenamento (S) e desta forma não será indicado à
aplicação do método de Hvorslev. Neste estudo foi aplicado o bail test” devido à facilidade de
remoção da água armazenada dentro dos poços.
43
Ensaio de Bombeamento
Rebouças et al. (1971) definem o ensaio de bombeamento como o teste que irá apresentar
melhores resultados teóricos para a obtenção das constantes hidrodinâmicas, a saber,
condutividade hidráulica (k), transmissividade (T) e coeficiente de armazenamento (S) por
permitir obter o maior número de informações sobre o comportamento das águas subterrâneas
e anomalias geológicas locais. Devido a esta indicação este método foi escolhido para ser
aplicado neste estudo.
A metodologia para execução do ensaio de bombeamento é apresentada por Rebouças et al.
(1971). O poço deverá ser bombeado e a partir deste bombeamento um volume que se
encontra disponível é prontamente retirado. O nível piezométrico das águas do aqüífero
começa a baixar nas imediações do poço bombeado. Esta baixa provoca um desequilíbrio da
pressão hidrostática do sistema e devido a isso, a água do aqüífero começa a se escoar para o
interior do poço bombeado. Mas como a viscosidade da água não é nula, seu movimento
convergente para o poço se realiza com perdas de energia, as quais produzem uma queda de
pressão ao longo das linhas de fluxo. Nestas condições a superfície da água subterrânea se
aprofunda adquirindo a forma de um cone de revolução de geratriz curvilínea, que se
convencionou chamar de cone de depressão.
Assim, pouco a pouco a influência do bombeamento cresce e se aprofunda, consumindo o
volume de água de saturação ou armazenamento que está estocado no aqüífero. Com a
expansão do cone, o volume de água liberado por unidade de abaixamento de nível torna-se
cada vez maior e desta forma a velocidade de aprofundamento diminui, a atingir uma
estabilização aparente. A partir da medição do nível piezométrico dos poços de observação
em intervalos de tempo pré-determinados irá se identificar o raio de influência do
bombeamento como pode ser observado na Figura 3.8 A e B (Rebouças et al. 1972).
Vários métodos são aplicados para a interpretação dos ensaios de bombeamento, a escolha do
método irá ser relacionada ao tipo de condição física do aqüífero associado ao comportamento
da evolução dos rebaixamentos (regime permanente ou transitório).
44
Figura 3.8: Formação do cone de depressão a partir do ensaio de bombeamento (Rebouças
et al. 1971).
Segundo Feitosa et al. (2008) o termo regime está relacionado ao comportamento evolutivo
do cone de rebaixamento durante o bombeamento de um poço. Ao iniciar-se o bombeamento
em qualquer tipo de aqüífero, ocorre um rebaixamento progressivo, no espaço e no tempo, do
nível d’água ou do nível de pressões do aqüífero. Inicialmente a água extraída é proveniente
apenas do armazenamento do aqüífero, ocasionando um contínuo rebaixamento da superfície
piezométrica. Este comportamento onde o cone de rebaixamento evolui progressivamente
com o tempo é chamado regime transiente. Com a continuidade do bombeamento o cone de
rebaixamento pode chegar a atingir massas de águas superficiais ou provocar drenagem a
partir de outros aqüíferos, passando a existir uma contribuição de água de uma fonte externa
ao sistema (recarga induzida). Quando a parcela correspondente à fonte externa igualar-se à
vazão bombeada, cessará a contribuição do armazenamento, ocorrendo uma estabilização no
tempo e no espaço do cone de rebaixamento. Este comportamento é chamado de regime
permanente ou estacionário. A característica fundamental do regime permanente é que o
45
aqüífero deixa de ser um fornecedor de água, passando a funcionar apenas como um meio de
transmissão.
A Tabela 3.4 apresenta os métodos de interpretação de testes de aqüífero em função do tipo de
aqüífero e do regime de bombeamento (Feitosa et al. 2008). Devido às características do
sistema aqüífero da área de estudo, observadas durante o bombeamento, o método de Theis
foi escolhido para tratamento dos dados obtidos. Desta forma a descrição deste método será
apresentada a seguir.
Tabela 3.4: Métodos de análise de fluxo para poços em função do tipo de aqüífero e
regime de bombeamento (Feitosa et al. 2008).
Regime de
Bombeamento
Aqüíferos Confinados
Aqüíferos Livres
Não Drenante
Drenante
Estacionário
Thiem
De Glee
Hantush/Jacob
Dupuit & Forchheimer
Transiente
Theis
Jacob
Walton Hantush
Hantush & Jacob
Boultom & Pricket
Theis
O método de Theis, apresentado por Feitosa et al. (2008) consiste na seguinte relação, onde s
será o rebaixamento:
s= Q W
(u)
tirando-se T e S teremos: T = Q W
(u)
e S = 4 T (7)
4 T 4 s r
2
onde: T= Transmissividade
Q = vazão de bombeamento
s = rebaixamento a uma distância r do poço bombeado
S = coeficiente de armazenamento
t = tempo a partir do início do bombeamento
A correção de Jacob, apresentado em Feitosa et al. (2008) é dada pela seguinte relação que
deverá ser aplicada para aqüífero livre de regime transitório:
s
c
= s - s
2
(8)
2H
0
onde: s
c
= rebaixamento corrigido
s = rebaixamento medido
H
0
= espessura saturada inicial
S = coeficiente de armazenamento
46
A metodologia para execução do teste de bombeamento consiste nos seguintes passos (Feitosa
et al. 2008):
1. Realização de um teste de aqüífero com acompanhamento de no nimo, um poço de
observação.
2. Correção dos rebaixamentos medidos (s) utilizando-se a equação de correção proposta
por Jacob.
3. Construção da curva padrão log W
(u)
x log 1/u ou log u.
4. Construção da curva de campo plotando-se os valores de rebaixamento s x tempo, em
papel bilog. Deve-se utilizar o mesmo módulo logaritmo da curva teórica.
5. Superposição da curva de campo sobre as curva padrão até a obtenção do melhor
ajuste e escolha de um ponto qualquer, denominado ponto de superposição. Como
observado na Figura 3.9. Na medida do possível deve-se escolher um ponto de
superposição para valores inteiros de W
(u)
e 1/u para facilitar os cálculos.
6. Mantendo a superposição, efetuar o registro dos valores de W
(u)
e 1/u, na curva padrão,
e s e t, na curva de campo, correspondentes ao ponto de superposição escolhido. Tal
como apresentado na Figura 3.9.
7. Cálculo da transmissividade (T) e do coeficiente de armazenamento (S) através das
equações apresentadas pelo método de Theis.
8. Conhecendo-se a espessura do aqüífero, calcula-se a condutividade hidráulica (K).
47
Figura 3.9: Método gráfico de superposição para a determinação de T e S utilizando a
metodologia de Theis (Feitosa et al. 2008).
3.3.2 Hidroquímica
Para determinar o tipo de análise a que será submetida à água é necessário definir o objetivo
da pesquisa. As análises freqüentemente aplicadas a estudos de água subterrânea são: análise
físico-química, análises bacteriológicas, análises microbiológicas, análises radioativas e
análises ambientais. Em geral são feitas análises dos constituintes maiores e menores e as
propriedades físicas. A coleta para análise química e físico-química da água tem como
objetivo sua caracterização quanto a potabilidade e uma comparação dos parâmetros obtidos
por outras campanhas de amostragem efetuadas na mesma formação aqüífera por outros
autores.
3.3.2.1 Parâmetros Físico-Químicos da Água.
Os parâmetros físico-químicos da água são uma ferramenta de grande importância na
caracterização de águas subterrâneas. Todos parâmetros citados foram analisados neste
estudo. A Tabela 3.5 apresenta a descrição destes paramentos baseado em Santos (2008) e sua
aplicação na caracterização das águas subterrâneas.
48
Tabela 3.5: Definição dos principais parâmetros físico-qmicos das águas subterrâneas,
modificado de Santos (2008).
Parâmetros
Definição
Valores de Referência
Temperatura
Amplitude térmica da água.
Para água subterrânea varia de
1 a 2 °C.
Turbidez
Dificuldade da água para transmitir a luz,
provocada pelos sólidos em suspensão.
Unidade de medida UNT
(Unidade Nefelométrica de
Turbidez). Limite para água
subterrânea de até 5 UNT.
Sólidos em
suspensão
Corresponde à carga lida em suspensão (silte,
argila, matéria orgânica) presente na água
depois de seca e pesada, sendo medida em
mg/l.
As águas subterrâneas, na sua
maioria, praticamente não m
sólidos em suspensão.
Condutividade
Elétrica (CE)
Medida da facilidade da água em conduzir
corrente elétrica, estando diretamente ligada
com o teor de sais dissolvidos sob a forma de
íons.
Em águas contaminadas as
medidas de condutividade são
altas.
pH
Medida da concentração hidrogeniônica da água
ou solução, sendo controlado pelas reações
químicas e pelo equilíbrio entre os íons
presentes. O pH é essencialmente uma função
do gás carbônico dissolvido e da alcalinidade da
água. Varia de 1 a 14, sendo ácido com valores
inferiores a 7 e alcalino ou básico com valores
superiores 7 e neutro com o valor igual a 7.
Valores de pH para águas
subterrâneas entre 5,5 e 8,5 e
em casos excepcionais pode
variar entre 3 e 11.
Sólidos Totais
dissolvidos
Peso total dos constituintes minerais presentes
na água, por unidade de volume. Representa a
concentração de todo o material dissolvido na
água, seja ou não volátil.
Para água subterrânea
apresenta valor de até 1000
mg/l.
Oxigênio
dissolvido
(OD)
Quantidade, em mg/l de oxigênio dissolvido na
água.
Nas águas naturais de
superfície o índice OD varia de
0 a 19 mg/l Em águas
subterrâneas a quantidade de
oxigênio dissolvido é muito
baixa pelo fato de estar fora do
alcance da atmosfera.
3.3.2.2 Classificação e Origem dos Constituintes das Águas Subterrâneas
Os constituintes das águas subterrâneas são derivados das interações entre a água e os
diversos sólidos, líquidos e gases que acontecem desde a área de recarga até a área de
descarga. Assim a origem de seus constituintes esta associada à qualidade da água de
infiltração, ao tempo de transito e aos tipos litológicos atravessados (Mestrinho 2008).
As espécies inorgânicas presentes em concentração 5mg/L são referidas como os
constituintes maiores ou principais. Os constituintes menores e traços (0,01-10 mg/L) estão
em maior proporção, mas sua concentração não pode exceder a dos elementos principais
(Mestrinho 2008).
49
Os constituintes classificados como principais são os íons Cl
-
, SO
4
2-
, HCO
3
-
, Na
+
, Ca
2+
e Mg
2+
e em algumas situações, os íons NO
3
-
, CO
3
2-
, K
+
e Fe
3+
. As substâncias dissolvidas pouco
ionizadas como alguns ácidos, hidróxidos de Fe e a sílica (SiO
4
H
4
) em estado coloidal, podem
ser importantes, assim como seus íons derivados (Fe
2+
, Fe
3+
e SiO
4
H
3
-
). Entre os gases
dissolvidos gás carbônico (CO
2
) e o oxigênio (O
2
) são os principais ainda que não sejam
analisados sistematicamente nas águas subterrâneas (Mestrinho 2008).
Os constituintes menores incluem NO
3
-
, CO
3
2 -
, K
+
e Fe
2+
, além do NO
2
-
, NH
4
+
e Sr
2+
. Outros
íons menores freqüentes são o Br
-
, S
-2
, PO
4
2-
, H
3
BO
3
-
, NO
2
-
, OH
-
, I
-
, Fe
3+
, Mn
2+
, NH
4
+
, H
+
, Al
3+
. Os traços são os íons metálicos As
2+
, Sb
2+
, Cr
3+
, Cu
2+
, Ni
2+
, Zn
2+
, Ba
2+
, Cd
2+
, Hg
2+
,etc que
podem apresentar concentrações superiores ao background regional em áreas de jazidas
naturais ou com contaminação antrópica (Mestrinho 2008).
3.3.2.3 Técnicas de Coleta
Conforme apresentam Clesceri et al. (2005) a coleta de amostras de água é a etapa de
pesquisa mais importantes para a correta interpretação hidroquímica, pois ela representa a
síntese do universo estudado e dela dependem todas as demais etapas (análises laboratoriais,
interpretação dos dados, elaboração de relatórios). Desta forma é essencial que a amostragem
seja feita com técnicas e equipamentos adequados para evitar todas as fontes possíveis de
contaminação e perdas.
3.3.2.4 Preservação e Armazenamento de Amostras
Conforme definem Clesceri et al. (2005) no intervalo de tempo entre a coleta de amostras
d’água e a realização das análises no laboratório especializado, podem ocorrer modificações
físico-químicas, biológicas e radiológicas na amostra, que alteram as características da água
amostrada. Para se evitar, diminuir ou retardar essas modificações faz-se necessário utilizar
técnicas adequadas de preservação e armazenamento das amostras d’água subterrânea. Os
principais métodos de preservação de amostras d’água são o controle de pH, refrigeração e
adição química, tendo como efeito o retardamento e/ ou redução da:
Ação biológica
Hidrólise dos complexos químicos
Hidrólise dos compostos químicos
Volatilização dos constituintes
50
Efeitos de absorção e/ou aderência ao material do recipiente armazenador
Mesmo com a preservação da amostra coletada, conforme exposto acima, esta preservação
não é totalmente eficaz. Desta forma para garantir uma amostragem representativa deve-se
atender a um intervalo de tempo máximo, entre a coleta e a realização da análise laboratorial.
Para cada parâmetro físico-químico, biológico e radiológico, o intervalo pode variar desde
algumas horas até meses. Os resultados das análises laboratoriais serão mais confiáveis,
quanto menor for o intervalo de tempo entre a coleta e a análise. Convêm evitar variações de
temperaturas, agitações, vibrações e se deve armazenar as amostras de água em local fresco e
escuro. Alguns parâmetros devem ser determinados in situ, como à temperatura,
condutividade elétrica, pH, oxigênio dissolvido etc. A análise deve ser feita o mais breve
possível, para evitar que a amostra de água se altere e perca as suas características físico-
químicas originais (Clesceri et al. 2005).
3.3.2.5 Tratamento e Apresentação dos Resultados das Análises
3.3.2.5.1 Verificação da Validade das Análises de Água
Os seguintes procedimentos são aplicáveis à validação das análises de amostras de água,
desde que elas tenham sido realizadas de forma relativamente completa, incluindo parâmetros
como pH, condutividade, STD (sólidos totais dissolvidos), e os principais constituintes
aniônicos e catiônicos. Os testes descritos não requerem análises laboratoriais adicionais e se
baseiam em cálculos teóricos, comparados aos resultados medidos. Para cada teste, existe um
critério típico de aceitabilidade e, caso os resultados não atendam a esse critério, os dados não
possuem confiabilidade e devem ser reavaliados, podendo ser necessária à realização de novas
análises. Três testes de validação mais importantes serão abordados. São eles: balanço iônico,
comparação entre SDT medido e calculado, e comparação entre condutividade medida e
calculada (Clesceri et al. 2005).
51
Balanço Iônico
Teoricamente, a soma de cátions deve ser igual à soma de ânions, quando expressa em meq/L,
se todos os componentes forem analisados corretamente. Essa avaliação é aplicável a todas as
águas potáveis, por serem eletricamente neutras.
cátions = ânions (9)
Esse cálculo é chamado balanço iônico e pode ser usado para verificar a validade das análises.
O teste é baseado na avaliação da diferença percentual, como definida a seguir:
Diferença % = 100
ânionscátions
ânionscátions
(10)
Segundo Clesceri et al. (2005), o critério de aceitabilidade típico para a diferença percentual
é:
Tabela 3.6: Critério de aceitabilidade para análise de água pelo balanço iônico (Clesceri et
al. 2005)
Soma dos ânions meq/L
Diferença % Aceitável
0-3,0
± 0,2 meq/L
3,0-10,0
± 2%
10,0-800
5%
Águas subterrâneas que apresentam condutividade muito baixa (3-60 S/cm), podem ser
consideradas similares a águas de chuva. Nesses casos, é importante a incorporação das
concentrações de H
+
, que podem ter influência significativa, e devem ser baseadas nas
medidas de pH realizadas concomitantemente às análises químicas no laboratório, e não nas
medidas de pH in loco ou após a coleta de amostras, a não ser que as análises químicas
tenham sido realizadas imediatamente após a coleta. Esse cuidado é devido a consideráveis
alterações que podem ocorrer no pH, como resultado de eventuais reações na amostra durante
o armazenamento. Ainda para águas de chuva, se a razão ( cátions / ânions) é menor que
0,85 ou superior a 1,15, os dados são considerados questionáveis. Deve-se, neste caso, avaliar
a necessidade de re-análise da amostra (Clesceri et al. 2005).
52
Sólidos Dissolvidos Totais
Outra forma de validação de resultados consiste na comparação entre o valor de sólidos
dissolvidos totais medidos e o valor obtido pelo seu cálculo. Os sólidos totais dissolvidos em
uma amostra de água são calculados através da soma das concentrações expressas em mg/L
dos constituintes, como segue abaixo (Clesceri et al. 2005):
SDT = 0,6 x (alcalinidade) + Na
+
+ K
+
+ Ca
2+
+ Mg
2+
+ Cl
-
+ SO
4
2-
+ SiO
3
2-
+NO
3
-
+ F
-
(12)
A concentração medida de sólidos dissolvidos totais deve ser mais alta que a concentração
calculada, que algum constituinte de contribuição significante pode não estar incluído no
cálculo. Se o valor medido é menor que o calculado, a soma de íons mais elevada ( cátions
ou ânions), bem como o valor medido de SDT, são considerados suspeitos, indicando a
necessidade de nova análise da amostra. Por outro lado, se a concentração medida de sólidos é
superior em 20% ou mais que a calculada, o resultado da soma mais baixa de íons é suspeito,
e os constituintes selecionados devem ser analisados novamente. A inequação abaixo
apresenta a aceitabilidade para o teste de SDT, segundo Clesceri et al. (2005):
1,0 <
calculadosSDT
medidosSDT
< 1,2 (13)
Condutividade Elétrica
Um teste adicional que pode ser aplicado às análises envolve o cálculo da condutividade.
Clesceri et al. (2005) sugere que se a condutividade elétrica calculada for superior à medida,
deve-se reavaliar a soma de íons mais elevada (cátions ou ánios). No caso contrário, se a
condutividade calculada for menor do que a medida, a soma mais baixa de íons deve ser
analisada novamente. O critério de aceitabilidade, baseado na razão entre a condutividade
calculada e medida é:
0,9 <
medidaadecondutivid
calculadaadecondutivid
< 1,1 (14)
53
3.3.2.5.2 Representação Gráfica das Análises
A representação gráfica tem sido usada, para a classificação da tipologia química da água e
para verificar a abundância relativa dos elementos maiores. É um método rápido de avaliar a
evolução química da água, indicando diferenças e similaridades entre amostras ou processos
e reações químicas. Contudo o tratamento das diferentes populações de amostras
relacionadas a distintas origens ou fácies minerais exige a aplicação de métodos estatísticos.
Os diagramas de Piper (Piper 1994), Stiff (Stiff 1951) e Schoelller (Schoelller 1962) ilustram
características das águas associadas a diferentes tipos litológicos. Para a execução dos
diagramas é necessário obter as relações iônicas que podem ser calculadas com o auxílio de
softwares adequados como o Aquachem, (Mestrinho 2008). Estes diagramas são apresentados
respectivamente nas Figuras 3.10, 3.11 e 3.12 e foram utilizados nesta pesquisa através da
aplicação do programa Aquachem.
Quando existem muitas análises, utiliza-se o diagrama de Piper que deve ser analisado em
conjunto com o mapa geológico ou hidrogeológico (Figura 3.10). Para tal deve-se calcular a
percentagem em miliequivalente por litro de cada composto em relação ao total de cátions e
ânions. Este diagrama irá determinar o tipo de aqüífero (fácies hidroquímica).
Figura 3.10: Diagrama de Piper, modificado de Piper (1994).
54
O diagrama de Stiff (1951) pode ser usado juntamente com mapas hidrogeológicos e
representa quais íons estão em maiores concentrações formando figuras geométricas
distorcidas. (Figura 3.11).
Figura 3.11 Diagrama de Stiff, modificado de Stiff (1951).
O diagrama de Schoelller (1962) é bastante difundido para o uso e representação das
amostras de água, nele podem ser representadas várias amostras e pode se comparar o teor de
cada elemento nas diferentes amostras por meio de linhas (Figura 3.12).
Figura 3.12: Diagrama de Schoeller, modificado de Schoeller (1962).
55
CAPÍTULO 4
4 MATERIAIS UTILIZADOS E METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia foi criteriosamente definida com o objetivo de caracterizar o aqüífero xistoso
dentro da área de pesquisa. A seqüência de atividades foi definida de tal forma que os
resultados obtidos em uma etapa foram plenamente analisados antes que a etapa seguinte dos
trabalhos fosse executada. Buscou-se aplicar metodologias diversas que em conjunto
caracterizem da melhor forma o aqüífero da área de pesquisa. As etapas desenvolvidas são
apresentadas na Figura 4.1.
Figura 4.1: Fluxograma das etapas de pesquisa executadas.
4.1 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO E MAPEAMENTO GEOLÓGICO
Inicialmente foi executado o levantamento topográfico que constitui a base detalhada de todas
as informações geradas neste trabalho. Este levantamento visa posicionar e amarrar as
informações coletadas num sistema de coordenadas geográficas georeferenciado, realizado
através de estação total completa Topcom GTS 229, modelo UP 2151.
56
Após o levantamento topográfico foi executado o reconhecimento dos aspectos litológicos e
estruturais das unidades geológicas locais. Foram tomadas medidas de direção e mergulho
das camadas e fraturas. A partir da análise deste levantamento obteve-se a compreensão do
condicionamento geológico-estrutural e geomorfológico e do possível comportamento do
fluxo da água subterrânea, localizando dentro da área de pesquisa as regiões de alto
topográfico (área de recarga do aqüífero) e baixo topográfico. Como conclusão desta primeira
etapa foi gerado o mapa geológico topográfico com as unidades geológicas de ocorrência na
área e a delimitação das áreas de alto e baixo topográfico na escala de 1:1200.
4.2 AQUISIÇÃO GEOFÍSICA - ELETRORESISTIVIDADE
Na área de pesquisa foi executado o levantamento geofísico eletroresistivo caracterizado
como SEVME (Sondagem Elétrica Vertical Multi-eletrodos). Este levantamento
constitui um imageamento subterrâneo através de seções elétricas verticais multi
eletrodos (SEVME), que permitem visualizar, em quaisquer direções e profundidades,
os contrastes elétricos entre os diferentes meios físicos em subsuperfície. Tal
levantamento tem como principal vantagem à característica de proporcionar suporte e
amarração com a interpretação dos dados geológicos obtidos na descrição geológica
executada durante a perfuração dos poços.
O equipamento utilizado é da marca ABEM, Modelo SAS 4.000 (Figura 4.2). Foi executado
arranjo entre eletrodos de Wenner, que melhor representa as características da área de
pesquisa, conforme descrito e justificado no capítulo 3.
Figura 4.2: Eletroresistivímetro da marca ABEM, modelo SAS 4.000.
57
Após a análise do mapa geológico e topográfico, foi definida a localização da seção geofísica
A-B. A seção A-B foi locada na área de baixo topográfico (região menor cota topográfica da
área de pesquisa), com o objetivo de avaliar a profundidade do nível d’água e os diferentes
horizontes litológicos em subsuperfície. A área de baixo topográfico é a mais indicada para
instalação dos poços pela maior facilidade de perfuração. Após a análise dos resultados de
eletroresistividade, foi definida a localização dos pontos de instalação dos três poços de
monitoramento e o poço de abastecimento.
A Figura 4.3 apresenta uma foto aérea com a localização da seção de SEVME executada
(linha amarela). A seção executada apresenta comprimento de 100m atingindo uma
profundidade de leitura no centro da seção de 16,5 metros. O objetivo da SEVME nesta
pesquisa é identificar os diferentes horizontes litológicos e o nível d’água em profundidade.
Os dados obtidos foram processados e tratados pelo programa Res 2d inv produzindo um
mapa de anomalias que será apresentado no capítulo 5.
Figura 4.3: Foto área com a localização da linha de sevme executada (linha amarela).
4.3 PERFURAÇÃO DOS POÇOS E DESCRIÇÃO GEOLÓGICA
Após a análise dos resultados obtidos pelo levantamento geofísico de eletroresistividade foi
definida a instalação de 4 poços, sendo 3 poços de monitoramento e 1 poço para
abastecimento das dependências da empresa. Foi empregada uma perfuratriz Roto pneumática
com compressor acoplado. A sonda apresenta a seguinte especificação: Sonda S-100
rotopneumática montada sobre caminhão Volvo NL10 utilizando motor PERKINS com
rotação máxima de 2.000 RPM para acionamento do sistema de perfuração, cabeçote
A
A
B
58
hidráulico com rotação máxima de 90 RPM e perfuração em conjunto com compressor de ar
com pressão de 150 psi e capacidade de 750 pcm.
A perfuratriz executa a perfuração a partir de inserção de gás comprimido em conjunto com
um sistema de broca rotativa que provoca o deslocamento do material perfurado para a
superfície (Figura 4.4). A cada metro perfurado é coletada uma amostra para descrição e
composição do perfil litológico do poço.
A perfuração é prosseguida até que se encontre a entrada d’água. Após esta profundidade a
perfuração, para os poços de monitoramento, foi executada até alcançar a profundidade
máxima de 20 metros o que garante uma coluna d’água representativa para a execução dos
ensaios hidrodinâmicos propostos nesta pesquisa. Para o poço Tubular Profundo a perfuração
avançou até encontrar a segunda entrada d’água no aqüífero fissural do itabirito.
Figura 4.4: Perfuração e coleta de amostra de solo nos poços instalados.
4.4 AQUISIÇÃO GEOFÍSICA - PERFILAGEM
O objetivo da perfilagem é identificar mudanças litológicas expressivas, presença de fraturas,
nível d’água e a integridade das paredes do Poço. O perfil de perfilagem é executado com
quatro ferramentas distintas (caliper, ótica, resistividade e gama) que adquirem suas leituras
simultaneamente. A perfilagem foi executada nos 4 Poços (PA 01, PM 01, PM 02, PM 03)
perfurados na área de pesquisa, logo após a perfuração, antes de serem revestidos. A partir da
análise dos resultados de perfilagem e descrição dos testemunhos, foi possível definir o perfil
59
de completação dos 4 poços. Este perfil apresenta a profundidade do revestimento, a seção
filtrante e o intervalo do pré-filtro. A metodologia aplicada em cada ferramenta é descrita a
seguir.
4.4.1 Perfilagem Caliper
A perfilagem caliper foi empregada para se medir o diâmetro do poço. Foi utilizada para tal
finalidade é a sonda 3ACS 3 Arm Caliper Sonde. Ela possui três hastes (braços) acopladas
na parte inferior do corpo da sonda (Figura 4.5).
Figura 4.5: Sonda 3ACS 3 Arm Caliper Sonde, com as hastes (braços) abertas.
Um mecanismo na parte interna da sonda faz com que as hastes se movam de forma
sincronizada, num movimento de abertura e fechamento. Um motor acionado pelo
computador mantém as hastes fechadas, permitindo descer a sonda até o fundo, para poder dar
início à operação de medição do diâmetro do poço. Ao se chegar ao fundo do poço, o motor é
acionado para abrir os braços da sonda. O mecanismo de abertura e fechamento está acoplado
a um potenciômetro que converte a posição dos braços em voltagem, sendo registrada pelo
microprocessador da sonda. Esta voltagem é então convertida em diâmetro, que é a
quantidade física que se quer medir. Ao proceder a subida do equipamento ele irá registrar o
diâmetro de todo o poço.
4.4.2 Perfilagem Ótica
A perfilagem óptica consiste na geração de uma imagem da parede do poço, captada por uma
câmera digital, através da emissão e reflexão de luz branca, vinda de LED’s contidos na
própria ferramenta, que incide na parede do poço perfilado. Para execução da perfilagem ótica
foi aplicada uma sonda do tipo D-OPTV Digital Optical Televiewer (Figura 4.6). A sonda
60
OPTV utiliza uma câmera miniaturizada, com um comprimento de 50 mm. A câmera opera
com o poço vazio ou com água limpa, podendo obter imagens da parede do poço com
resolução moderada a alta. A sonda combina a visão axial de uma câmera de vídeo com um
espelho hiperbolóide para obter uma visão de 360 graus da parede do poço.
Figura 4.6: sonda D-OPTV Digital Optical Televiewer (ao lado, os centralizadores), e
representação esquemática dos sensores.
A imagem obtida pela câmera é orientada de modo que não haja rotação. Esta orientação é
feita através de magnetômetros e acelerômetros triaxiais contidos na ferramenta. Estes
sensores traçam a trajetória do poço, fornecendo sua inclinação e direção. Devido ao fato do
ângulo de incidência da luz ser variável, dependendo da posição vertical do raio de luz
refletido pelo espelho, o sistema é capaz de manter o foco na parede do poço, mesmo
variando o diâmetro do poço.
A imagem da parede do poço obtida pela sonda óptica, uma vez que é orientada, irá
identificar, as diversas estruturas geológicas (fraturas e acamamentos) e sua distribuição
espacial.
4.4.3 Perfil de Resistividade
O requisito básico para a execução da perfilagem elétrica é que o fluido de perfuração seja
eletricamente condutor, de modo a propiciar bom contato elétrico entre a ferramenta (sonda) e
os horizontes atravessados pela sondagem. Nesta pesquisa foi utilizado como fluido a água do
próprio aqüífero. À semelhança dos métodos de supercie o que se determina é a
resistividade aparente em função da geometria dos eletrodos. Os arranjos mais difundidos são
os do tipo mono, bi e trieletródicos. Para esta pesquisa foi aplicada a ferramenta ELOG, que
utiliza o arranjo bieletródico, apresentando as curvas de resistividade curta (SHN),
61
resistividade longa (LON) e resistência pontual (SPR). Neste arranjo, uma corrente de valor
constante flui entre os eletrodos A e B; a diferença de potencial é medida entre os eletrodos M
e N (Figura 4.7). O perfil, resultado do levantamento com arranjo bieletródico, é mais
indicativo da resistividade da formação, se comparado ao arranjo monoeletródico, uma vez
que o uso de dois eletrodos permite medir a resistividade da formação nas proximidades da
sonda. A profundidade de investigação é diretamente proporcional ao espaçamento entre
eletrodos A e M.
Figura 4.7: Arranjo bieletródico (distância AM em polegadas).
4.4.4 Perfilagem Gama
A perfilagem gama consiste na medida da radioatividade natural das formações atravessadas
pela perfuração. Os três elementos que contribuem para a radioatividade da formação são:
tório, urânio e potássio. As radiações gama são rapidamente absorvidas, porém, podem
atravessar o revestimento e/ou fluido de perfuração.
O sensor de raios gama consiste basicamente de um detector e de um contador de pulsos
elétricos. O detector é um cintilômetro que produz um pulso elétrico discreto para cada raio
gama detectado. O detector não determina a intensidade da energia do raio gama ele apenas
registra um pulso acima de um nível de energia determinado. A informação obtida é apenas
uma taxa de amostragem - pulso/segundo (ou CPS, do inglês counts per second”) para cada
profundidade.
62
4.5 COMPLETAÇÃO DOS POÇOS PERFURADOS
Após a análise dos dados obtidos pela descrição geológica dos testemunhos de sondagem de
cada poço, em conjunto com os resultados obtidos pela perfilagem e eletroresistividade, foi
definido o perfil de completação dos 4 poços.
Após a remoção de toda a ferramenta de perfuração, em cada um dos 4 poços, foi instalado
revestimento com tubo geomecânico de 4” (Figura 4.8) e colocação do pré-filtro, de diâmetro
0,20 a 0,50 mm. Este procedimento garante a integridade do poço e a qualidade dos dados
obtidos. Os perfis geológicos e construtivos dos poços foram processados no programa Visual
Poços.
Figura 4.8: Instalação do revestimento dos poços, tubo geomecânico.
4.6 BAIL TEST
Para determinação da permeabilidade do meio aqüífero da área de pesquisa foi executado o
Bail test nos poços de monitoramento PM 01, PM 02 e PM 03. Os dados coletados foram
extraídos por meio do programa específico de cada equipamento empregado em cada poço.
Todos os dados foram processados no programa Aquifer Test pelo método de Hvorslev (1951)
in Oliva et al. (2005).
Para o Bail test foram utilizados os equipamentos bailer de inox da marca Brasbailer (Figura
4.9), medidor de nível d’água da marca Brasbailer (Figura 4.10), Solinst Levelogger Gold
(Figura 4.11) e Mini Diver da marca Schlumberger (Figura 4.12) , os dois últimos fazem a
leitura da pressão d’água sobre o equipamento e transformam na variação de nível d’água
durante o ensaio.
63
O ensaio foi executado programando-se os equipamentos Levelogger e Mini Diver para
leituras em intervalos de 60 segundos. Inicialmente é medido o nível d’água (N.A.) do poço
com o medidor de nível d’água. Em seguida o equipamento é colocado dentro do poço e é
inserido o bailer, que irá remover uma coluna d’água de aproximadamente 50cm, o N.A. é
rebaixado em 50cm. O medidor de N.A. é mantido na leitura inicial e o equipamento irá
permanecer dentro do poço até que o N.A. retorne ao valor inicial. O ensaio é finalizado
removendo o equipamento do poço ao ser verificado com o medidor de nível d’água que o
poço retornou ao N.A. inicial.
Figura 4.9: Bailer de inox Brasbailer.
Figura 4.10: Medidor de nível d’água
Brasbailer.
Figura 4.11: Solinst Levelogger Gold.
Figura 4.12: Mini Diver Schlumberger.
64
4.7 ENSAIO DE BOMBEAMENTO, COLETA DE ÁGUA E MEDIÇÃO DE PARÂMETROS
FÍSICO-QUÍMICOS
4.7.1 Ensaio de Bombeamento
Com o objetivo de se conhecer as condições hidrodinâmicas do poço tubular profundo (PA 01)
para cálculo de explotação e dimensionamento do equipamento (moto-bomba) a ser instalado no
poço, foi executado inicialmente um teste de vazão de 24 hs. Neste ensaio foi utilizado um
compressor de especificação PEG 60 PCM e um medidor de nível d’água da marca Brasbailer de
50 metros (Figura 4.10).
Primeiramente é medido o nível d’água do poço sem bombeamento (nível estático). Em seguida é
instalada dentro do poço uma mangueira de diâmetro interno 30 mm acoplado ao compressor e
outra mangueira de mesmo diâmetro para saída de água até a profundidade de 35 metros. O
compressor produz um volume de ar que é inserido dentro do poço e provoca a saída de água. O
volume de água que saí do poço é controlado e a vazão (m
3
/h) é medida. A vazão foi medida
utilizando-se um recipiente graduado. O ensaio é controlado de forma a manter-se uma vazão
constante de saída de água do poço.
O ensaio é executado durante 24 hs mantendo-se uma vazão constante que será a vazão de
explotação do poço, o nível d’água no intervalo de bombeamento é medido e chamado nível
dinâmico. Após a conclusão do bombeamento de 24 hs, o compressor é desligado e a recuperação
do poço é controlada até que seu nível dinâmico retorne a seu nível estático. Durante o teste de
vazão os poços de monitoramento (PM 01, PM 02 e PM 03) foram monitorados medido-se o
nível d’água para verificar o raio de influência do bombeamento do Poço tubular profundo.
Foram feitas medidas durante o inicio do bombeamento, onde o rebaixamento ocorre rapidamente
e no final do ensaio após as 24 hs de bombeamento.Todos dados coletados neste ensaio
permitiram dimensionar a bomba a ser instalada no poço tubular profundo.
Após o teste de vazão do poço PA 01 e o dimensionamento de sua vazão de explotação foi
instalada uma bomba elétrica neste poço com capacidade para bombeamento de até 3 m
3
/h que
será usada para futura explotação do poço e para o teste de bombeamento. Os equipamentos:
hidrômetro, 4 medidores de nível d’água da marca Brasbailer (Figura 4.10), 2 Solinst Levelogger
65
Gold (Figura 4.11), 1 Mini Diver Schlumbeger (Figura 4.12), 1 sonda de medição de nível
(Figura 4.13) e 1 computador portátil da marca ACER (Figura 4.13) foram instalados para a
execução do teste de bombeamento. Foram programados e instalados 3 Solinst levelogger um em
cada poço de monitoramento para leituras a cada 60 segundos.
Figura 4.13: Sonda de medição de nível d’água.
O teste de bombeamento foi executado a vazão constante, sob regime transiente, o que consiste
no bombeamento contínuo do poço para a obtenção de sua curva de rebaixamento e/ou
recuperação versus tempo. Em conjunto com o bombeamento, foram feitas medições de
rebaixamento e recuperação de nível d’água do poço bombeado assim como nos 3 poços de
monitoramento (PM 01, PM 02 e PM 03) situados dentro da área de pesquisa (figura 4.14). Ao
longo do teste de bombeamento e após a parada da bomba foi medida a recuperação dos níveis a
intervalos de tempo pré-estabelecidos em escala logarítmica, visando obter a curva de
rebaixamento e recuperação versus tempo, para determinação de parâmetros hidráulicos do
aqüífero tais sejam, a transmissividade hidráulica “T” e condutividade hidráulica “k“. O tubo de
saída d’água do poço foi levado até uma canaleta que encaminha a água para o esgoto público
para que a água bombeada não retorne para o local do poço em bombeamento e realize infiltração
e recarga do mesmo, falseando resultados. Neste tubo de saída d’água de bombeamento, foi
instalado um registro de controle de vazão (hidrômetro), juntamente com os equipamentos
citados foi utilizado cronômetro de precisão. O tratamento e interpretação dos dados para
determinação dos parâmetros hidráulicos do aqüífero (transmissividade e condutividade) foram
obtidos pelo método de Theis através do programa Aquifer Test.
De forma a garantir a execução adequada do teste, o poço a ser bombeado ficou em repouso
durante 24 hs antecedente ao ensaio, garantindo que o seu nível estático estivesse em condições
naturais.
66
Figura 4.14: Leitura de recuperação com medidor de N.A. no PM 02.
4.7.2 Coleta de Água e Medição dos Parâmetros Físico-Químicos
Durante o bombeamento do Poço PA 01 foram medidos os parâmetros físico-químicos (pH,
condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos, salinidade e temperatura)
da água bombeada com a Sonda Multi Parâmetros Hanna modelo HI 9828 (Figura 4.15). A partir
da medição constante dos parâmetros físico-químicos foi gerado um gráfico onde se acompanha
todo tempo de medição até que as leituras se mantiveram constantes. Como garantia de uma
amostra representativa do aqüífero, no momento em que se verificou que os parâmetros físico-
químicos se tornaram constantes foi coletada uma amostra de água. As análises químicas da
amostra foram realizadas pelo Laboratório Geochemical. Com base no conhecimento prévio de
que as águas deste aqüífero eram pouco mineralizadas (Mourão 2007), e que este aspecto afeta a
qualidade das análises, definiu-se trabalhar com os tipos litológicos principais envolvidos na
interação água-rocha. Desta forma dezenove parâmetros foram analisados e comparados a
Portaria 518 do Ministério da Saúde in Mestrinho (2008). Os resultados analíticos, secundários e
obtidos na pesquisa, foram importados para o banco de dados do aplicativo Aquachem 3.7 para
avaliação e tratamento.
Figura 4.15: Sonda Multi parâmetros Hanna modelo HI 9828.
67
CAPÍTULO 5
5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1 TOPOGRAFIA E GEOLOGIA LOCAL
A partir do levantamento topográfico e mapeamento geológico foi produzido o mapa geológico
topográfico da área apresentado na Figura 5.1a. Posteriormente uma seção geológica foi obtida
visando reconhecer as condições estruturais da área de baixo topográfico, local definido para o
levantamento geofísico e instalação dos Poços (Figura 5.1 b).
5.1.1 Topografia
Observando-se a distribuição e cotas das curvas de nível e seus valores de cota no Mapa da
Figura 5.1a pode-se identificar duas regiões distintas, caracterizadas como área de alto
topográfico e área de baixo topográfico. O sentido do fluxo subterrâneo, com raras exceções, irá
acompanhar a topografia do terreno, desta forma estas duas regiões representam para o aqüífero
respectivamente: alto topográfico caracterizado como área de recarga e baixo topográfico, como
pode ser observada na Figura 5.1a. A análise do mapa da Figura 5.1 mostra o fluxo subterrâneo
deslocando de SW para NE.
A escolha dentro da área de pesquisa do local para instalação dos 4 poços previstos deve
considerar vários fatores, sendo o principal, a condição topográfica do terreno. Para diminuir o
tempo e custo de perfuração foi definida a área de baixo topográfico para instalação dos poços. A
locação dos poços e o método de perfuração a ser aplicado foram definidos após a análise dos
resultados do levantamento geofísico de resistividade. Foi definida uma seção de geofísica a ser
executada cobrindo toda extensão da área de baixo topográfico com o objetivo de conhecer suas
condições em subsuperfície antes da locação dos poços.
5.1.2 Geologia Local
A área de pesquisa está inserida na seqüência metassedimentar do Grupo Nova Lima, unidade do
Supergrupo Rio das Velhas. Está área está localizada em terreno particular da empresa Georadar
Levantamentos Geofísicos S.A. no município de Nova Lima MG. A área apresenta cerca de
17.000m
2
e mostra afloramentos de xistos em uma parede subvertical e no piso devido a um corte
executado, para terraplagem do local.
68
Predomina em toda área a presença do clorita-talco xisto esverdeado, por vezes amarronzado ou
amarelado, com modificação de cores devido à ação intempérica. Podem-se observar nesta rocha
porções variáveis com maiores concentrações de clorita ou talco. A xistosidade é bem visível,
bem como, dois afloramentos de itabirito fraturado (Figura 5.1a). As duas unidades litológicas
observadas na área são descritas a seguir.
5.1.2.1 Itabirito
Rocha metassedimentar de ocorrência em camadas contínuas, com porções ricas em quartzo,
carbonato e magnetita. Apresenta-se na área, como pode ser observado na Figura 5.1a, em três
afloramentos localizados a oeste, com direção e mergulho de camada 140/30.
Conforme definem Carneiro et al. (1995), os itabiritos do Grupo Nova Lima apresentam-se
bastante fraturados. Estas fraturas originam uma zona aqüífera de porosidade fissural intercalada
por zonas de porosidade intersticial, o que caracteriza um aqüífero com elevada capacidade de
armazenamento e elevada condutividade hidráulica.
5.1.2.2 Clorita-Talco Xisto
O clorita-talco xisto, é a principal unidade litológica da área de pesquisa, aflorando por toda sua
extensão com veios de quartzo sulfetados (Figura 5.1a), apresenta direção e mergulho de camada
140/40. Esta unidade faz parte do Grupo Nova Lima, de origem vulcano-sedimentar (Carneiro et
al. 1995). Os xistos esverdeados representam o metamorfismo de basaltos ou tufos básicos, que
se intercalam com sedimentos pelíticos ricos em matéria orgânica. O contato com o itabirito é
brusco, porém as camadas são concordantes. Esta unidade não apresenta grande potencial
aqüífero, e ocorre como aquitardes, com baixos valores de condutividade hidráulica.
O perfil geológico A-B executado na área de baixo topográfico (Figura 5.1b) apresenta uma
camada de colúvio de 1 a 3 metros sobre as unidades litológicas principais a saber, saprólito do
clorita-talco xisto, saprólito do xisto e o itabirito. O mergulho e direção da camada do itabirito,
em perfil, foram analisados para a locação dos poços. O poço PA 01 foi locado no final da seção
A-B para captar água do aqüífero fissural e os demais poços ao longo da seção A-B.
69
70
5.2 LEVANTAMENTO GEOFÍSICO DE ELETRORESISTIVIDADE
O levantamento geofísico de eletroresistividade tem como objetivo, nesta pesquisa, identificar em
subsuperfície o nível d’água (N.A.) e os diferentes níveis litológicos. Estas informações irão
auxiliar na definição da metodologia de sondagem a ser executada na perfuração dos poços que
serão instalados na área de pesquisa.
O caminhamento geofísico de eletroresistividade foi executado ao longo da área de descarga do
aqüífero, definida para a instalação dos poços. Foi executada uma seção geofísica ao longo da
linha A-B (Figura 5.1a) de mesma localização da seção do perfil geológico apresentado na Figura
5.1 b.
A seção geofísica obtida como resultado do levantamento de eletroresistividade da linha A-B é
apresentada na Figura 5.2. A Figura 5.2a apresenta o perfil de resistividade em ohm.m. Para esta
seção foram identificados quatro diferentes intervalos de leitura que foram denominados
domínios A, B, C e D. A Tabela 5.1 apresenta os diferentes valores de resistividade dos domínios
A,B,C e D e seus materiais correspondentes pela classificação de Elis (1998) in Ustra (2008).
Tabela 5.1: Valores de resistividades dos domínios A,B,C e D para a seção A-B da área de
pesquisa e seus materiais correspondentes pela classificação de Elis (1998) in Ustra (2008).
Domínio
Resistividade (ohm.m)
Tipo de material *
B
> 3.000
Muito arenoso
A
1.000 3.000
Arenoso
C
200 1.000
Pouco arenoso
D
< 200
Rocha sã ou pouco alterada
*modificado de Elis (1998) in Ustra (2008).
O perfil de resistividade (Figura 5.2a) apresenta as profundidades aproximadas e limites entre os
domínios A, B, C e D. A partir das informações da Tabela 5.1 foi possível identificar dois
horizontes de granulometria diferenciada, sendo os domínios A, B e C arenosos e o domínio D
rocha ou pouco alterada. Cruzando as informações obtidas pelo perfil de resistividade (Figura
5.2a) com as informações obtidas no mapa geológico e perfil geológico (Figura 5.1), pode-se
correlacionar as unidades litológicas presentes na área com os domínios A, B, C e D.
71
Figura 5.2: Seção A-B de Eletroresistividade da área de estudo sendo, (a) resistividade em ohm. e, (b) cargabilidade em msec.
72
Assim o domínio A irá corresponder ao colúvio, B ao saprólito do clorita-talco xisto, C ao clorita-
talco xisto e D ao saprólito do itabirito. Uma análise hidrogeológica inicial deste contexto indica a
presença de duas unidades aqüíferas, sendo um aqüífero granular superior (domínios A, B e C) e
um aqüífero fraturado inferior (abaixo do domínio D), o que poderá ser confirmado ou não com as
demais metodologias a serem aplicadas nas próximas etapas desta pesquisa.
Para meios saturados com água ricas em íons dissolvidos a cargabilidade apresenta maiores valores
indicando que está na zona saturada. Desta forma pode-se definir o limite entre a zona insaturada e
zona saturada através da análise dos valores de cargabilidade obtidos em uma seção geofísica. O
perfil de cargabilidade (Figura 5.2b) da seção geofísica executada na área de pesquisa apresentou
dois domínios distintos de intervalos de leitura. O limite em subsuperfície entre estes dois domínios
de leitura representa o nível d’água deste aqüífero. A Tabela 5.2 apresenta os intervalos de leitura
de cargabilidade e a condição aqüífera referente a estas leituras.
Tabela 5.2: Intervalos de leitura de cargabilidade para a seção A-B e a condição aqüífera
referente a estas leituras.
Domínio
Cargabilidade (msec)
Condição aqüífera
1
0 6
Zona insaturada
2
6- 15
Zona saturada
Uma análise do conjunto de dados obtidos pelo mapa e perfil geológico e as seções geofísicas de
eletroresistividade e cargabilidade, apresentada na Tabela 5.3, torna possível identificar as
características gerais em subsuperfície dos quatro poços a serem instalados. Desta forma pode-se
estimar o nível d’água e as profundidades de perfuração dos 4 poços e definir a metodologia de
sondagem a ser aplicada.
Tabela 5.3: Espessura estimada da camada aqüífera nos poços PM 01, PM 02, PM 03 e PA-01.
Poço
Espessura da camada aqüífera (m)
N.A. (m)
(nível d’água)
Aqüífero Granular
Aqüífero fraturado
PM 01
0 16
5,0
PM 02
0 12
12 16
7,0
PM 03
0 16
5,0
PA 01
0 15
15 - 30
7,0
73
5.3 PERFURAÇÃO DOS POÇOS E DESCRIÇÃO LITOLÓGICA
A sondagem consiste em uma metodologia para perfuração e coleta de testemunhos (amostras
para descrição geológica). Nesta pesquisa devido às condições estimadas de profundidade de
perfuração e tipo de material a ser perfurado foi empregada sonda rotopneumática. Foram
perfurados três poços de monitoramento (PM 01, PM 02 e PM 03) e um poço para explotação
(PA 01). A localização dos quatro poços está indicada na Figura 5.1. A seguir será
apresentada a descrição litológica referente aos quatro poços perfurados na área de pesquisa.
5.3.1 Descrição Litológica do poço PM 01
A perfuração do PM 01 atingiu a profundidade de 19 metros. No primeiro intervalo de
perfuração (0,00 a 4,00 m) foi encontrado colúvio pouco compactado siltoso. A 5,07 m
observou-se o limite entre a zona insaturada e zona saturada indicando o N.A. deste poço. No
intervalo de 4,00 a 12,00 m foi encontrado saprólito de itabirito siltoso. No intervalo final de
perfuração (12,00 a 19,00 m) foi encontrado saprólito da rocha predominante na área, o
clorita-talco xisto, com fragmentos de quartzo provenientes dos veios quartzosos sulfetados
aflorantes por toda área.
Em 12,00 m foi identificada uma segunda entrada d’água, o que representa que neste poço
podemos identificar duas unidades aqüíferas diferentes. A unidade superior formada pelo
saprólito de itabirito de condutividade hidráulica possivelmente baixa com caráter de
aqüitarde. A unidade inferior é formada pelo saprólito do clorita-talco xisto de condutividade
hidráulica possivelmente baixa com caráter de aqüitarde. Os valores de condutividade
hidráulica serão confirmados pelos ensaios hidrogeológicos.
5.3.2 Descrição Litológica do poço PM 02
A perfuração do PM 02 atingiu a profundidade de 21 metros. No primeiro intervalo de
perfuração (0,00 a 4,00 m) foi encontrado colúvio pouco compactado areno argiloso. A 5,83
m observou-se o limite entre a zona insaturada e zona saturada indicando o N.A. deste poço.
No intervalo de 4,00 a 15,00 m foi encontrado saprólito do itabirito areno argiloso. No
intervalo final de perfuração (15,00 a 21,00 m) foi encontrado itabirito fraturado.
Em 15,00 m foi identificada uma segunda entrada d’água, o que representa que neste poço
podemos identificar duas unidades aqüíferas diferentes. A unidade superior é formada pelo
74
saprólito do itabirito de condutividade hidráulica possivelmente baixa com caráter de
aqüitarde. A unidade inferior é formada pelo itabirito fraturado de condutividade hidráulica
possivelmente alta, devido à presença de fraturas, e com caráter de aqüífero fraturado.
5.3.3 Descrição Litológica do poço PM 03
A perfuração do PM 03 atingiu a profundidade de 21 metros. No primeiro intervalo de
perfuração (0,00 a 3,00 m) foi encontrado colúvio pouco compactado areno argiloso. A 4,94
m observou-se o limite entre a zona insaturada e zona saturada indicando o N.A. deste poço.
Foi observado um pequeno intervalo de saprólito de itabirito de 3,00 a 4,00 m seguido de um
longo intervalo (3,00 a 11,00 m) de itabirito alterado argiloso. No intervalo final (11,00 a
21,00 m) foi encontrado itabirito fraturado.
Em 15,00 m foi identificada uma segunda entrada d’água, desta forma neste poço podemos
identificar duas unidades aqüíferas diferentes. A unidade superior é formada por itabirito
alterado argiloso de condutividade hidráulica possivelmente baixa com caráter de aqüitarde. A
unidade inferior é formada pelo itabirito fraturado de condutividade hidráulica possivelmente
alta devido à presença de fraturas caracterizado como aqüífero fraturado.
5.3.4 Descrição Litológica do poço PA 01
A perfuração do PA 01 atingiu a profundidade de 40 metros. Devido ao objetivo de futura
explotação o poço foi aprofundado mais que os demais poços de monitoramento para captar
água do maior número de fraturas possível. No primeiro intervalo de perfuração (0,00 a 1,00
m) foi encontrado colúvio pouco compactado areno argiloso. No intervalo de 1,00 a 12,00
metros foi encontrado saprólito do clorita-talco xisto, este intervalo apresentou intercalações
entre camadas mais arenosas e camadas mais argilosas. A 6,89 m observou-se o limite entre a
zona insaturada e zona saturada indicando o N.A. deste poço. No intervalo de 12,00 a 16,00
metros foi encontrado o clorita-talco xisto maciço. No intervalo final de perfuração (16,00 a
40,00 m) foi encontrado itabirito fraturado, de 24,00 a 34,00 m foi observado um horizonte
característico de brecha com grande concentração de fraturas centimétricas.
Em 16,00 e 31,00 metros foram identificados dois diferentes pontos de aporte d’água, em
diferentes unidades litológicas o que representa duas unidades aqüíferas diferentes. A unidade
superior é formada pelo saprólito do clorita-talco xisto de condutividade hidráulica
75
possivelmente baixa com caráter de aqüítarde. A unidade inferior é formada pelo itabirito
caracterizada como aqüífero fraturado. Devido à presença de duas regiões com grande
incidência de fraturas este poço terá possivelmente um grande aporte de água do aqüífero
gerando uma condutividade hidráulica alta.
5.3.5 Análise Comparativa entre a Seção de Eletroresistividade A-B e as Litologias
Encontradas na Perfuração dos Poços PM 01, PM 02, PM 03 e PA 01
Com base nos dados obtidos pela descrição litológica dos poços perfurados na área de
pesquisa foi possível gerar um perfil geológico referente à linha A-B da Figura 5.1 (mesma
seção A-B de eletroresistividade) com sua caracterização hidrogeológica, definindo os limites
e unidades aqüíferas presentes. A Tabela 5.4 apresenta resumidamente as características
hidrogeológicas referentes a todos horizontes litológicos identificados na área de pesquisa.
Tabela 5.4: Descrição das unidades litológicas presentes na área de pesquisa e suas características
hidrogeológicas.
A Figura 5.3c apresenta o perfil geológico gerado a partir dos dados da Tabela 5.4 e demais
informações obtidas na descrição litológica dos poços da seção A-B da figura 5.1. O perfil
geológico contém as cinco unidades litológicas da Tabela 5.4. Este perfil apresenta uma
camada superior de colúvio (1 a 4 metros) e abaixo desta camada aparecem intercalações do
do clorita-talco xisto com o itabirito e o saprólito dessas unidades. Do início do perfil em A
até aproximadamente o centro encontra-se predominantemente o saprólito de itabirito, e do
centro em direção a B, uma camada de saprólito do clorita-talco xisto.
Após a perfuração dos poços foi possível identificar em detalhe a estratigrafia da área de
pesquisa que não foi identificada no mapeamento prévio. Entre os poços PM 02 e PM 03
existe uma intercalação de camadas do itabirito e do clorita-talco xisto que pode ser observada
no perfil apresentado na Figura 5.3c. Devido à extensão da camada superior de colúvio esta
intercalação não foi observada no mapeamento prévio.
Unidades
litológicas
Classificação
Granulometria
Condutividade
hidráulica
Tipo de
aqüífero
colúvio
Zona insaturada
arenoso
Alta
Saprólito do
itabirito
Unidade 1
Areno argiloso
Baixa
Aquitarde
Saprólito do
clorita-talco
xisto
Unidade 2
Silto argiloso
Baixa
Aquitarde
Clorita-talco
xisto maciço
Camada
semipermeável
Maciço
Muito baixa
Itabirito
Unidade 3
Maciço fraturado
Alta
Aqüífero
fraturado
76
Figura 5.3: Seção A-B na área de pesquisa, sendo (a) resistividade, (b) cargabilidade e (c) perfil hidrogeológico.
77
Uma análise comparativa entre o perfil de cargabilidade (b) e o perfil geológico (c) da Figura
5.3 indicam que as leituras de cargabilidade apresentam bons resultados para a identificação
do limite entre zona saturada e zona insaturada. O nível d’água nos poços, identificado
durante a perfuração, apresentou praticamente o mesmo valor observado no perfil de
cargabilidade (b). A análise do perfil de cargabilidade na seção A-B (Figura 5.1) se mostrou
uma boa ferramenta no auxílio da definição da técnica de sondagem na instalação de poços,
principalmente com relação à profundidade de perfuração, que foi definida a partir do valor
do nível d’água previsto para cada poço pelo levantamento geofísico.
Uma análise comparativa entre o perfil de resistividade (a) e o perfil geológico (c) da Figura
5.3 indicam que a interpretação das leituras de resistividade apresentaram resultados razoáveis
na definição da espessura das diferentes camadas litológicas. A interpretação das leituras de
resistividade obtidas entre os poços PM 01 e PA 01 confirmam os resultados obtidos pela
descrição do perfil litológico destes poços, porem os resultados obtidos nas leituras de
resistividade entre os poços PM 01 e PM 03 não foram plenamente concordantes com a
descrição litológica. Esta análise sugere que a aplicação desta técnica deve ser criteriosa e
seus resultados devem ser usados em conjunto com outros dados para garantia de uma
representação correta da área de pesquisa.
78
5.4 AQUISIÇÃO GEOFÍSICA DE PERFILAGEM
O levantamento geofísico de perfilagem nesta pesquisa tem como objetivo verificar as
condições construtivas dos poços, a inclinação de perfuração, as condições de
desmoronamento das paredes internas, o nível d’água, a espessura das camadas e verificar a
presença e localização de fraturas.
Como será descrito a seguir alguns impeditivos relativos ao perfil de perfuração dos poços
tornou possível executar as quatro ferramentas de perfilagem (caliper, resistividade,
radioatividade natural e ótica) nos quatros poços da área de pesquisa. A Tabela 5.5 apresenta a
relação dos poços perfilados e as ferramentas de perfilagem utilizadas em cada um. A seguir
serão apresentados os resultados das ferramentas aplicadas e discussões sobre as razões
referentes às ferramentas que não puderam ser aplicadas.
Tabela 5.5: Relação dos poços perfilados e ferramentas de perfilagem utilizadas.
5.4.1 Resultados das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PM 01
Não foi possível realizar nenhuma perfilagem no poço de monitoramento PM 01. Ao se
descer à sonda caliper no poço foi verificado que, a uma profundidade de 3,5 metros, houve
uma queda no tensionamento do cabo de perfilagem, indicando que a ferramenta havia
atingido alguma obstrução. Isto também foi verificado com o medidor de N.A. (o sensor não
descia abaixo da profundidade mencionada). Desta forma, não serão apresentados resultados
de perfilagem para este poço.
5.4.2 Resultados das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PM 02
A perfilagem caliper no poço de monitoramento PM 02 se mostrou extremamente útil,
particularmente na verificação da integridade do poço e na decisão de se resguardar as outras
sondas. Assim como os outros PMs, o PM 02 foi perfurado com 6 polegadas (para posterior
completação com tubos de 4 polegadas). Entretanto, no intervalo de 18 a 16 metros, pode ser
Ferramentas de Perfilagem
Poço
Caliper
Resistividade
Radioatividade
natural
ótica
PM 01
ne
ne
ne
ne
PM 02
x
ne
ne
ne
PM 03
x
ne
x
x
PA 01
x
x
x
x
ne não foi executado levantamento com esta ferramenta
x executado levantamento com esta ferramenta
79
observado que o diâmetro do poço decresce abruptamente para aproximadamente 4,5
polegadas, o que é inferior ao diâmetro nominal de perfuração (Figura 5.4). Isto é um
indicativo de possível estrangulamento ou colapso das paredes do poço, principalmente pelo
fato de que a perfilagem foi realizada imediatamente após a perfuração.
Na hipotética situação de as paredes do poço se fecharem quando a ferramenta estivesse no
fundo, poderia ocorrer uma obstrução do poço e não ser possível trazer a ferramenta de volta à
superfície. Assim, no sentido de não se correr riscos de perda das ferramentas, foi decidido
que não seriam realizadas outras perfilagens no PM 02.
Figura 5.4: Perfil caliper ao longo do PM 02.
Observar que entre 18 e 16 metros o diâmetro
está menor que 6 polegadas indicando possível
colapso nas paredes.
5.4.3 Resultados das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PM 03
A perfilagem para o PM 03 apresentou bons resultados, foi possível executar as ferramentas
caliper, radioatividade natural e ótica. As curvas de resistividade e potencial espontâneo não
apresentaram resultados válidos devido ao nível d’água do poço estar em 5,6 metros e a
profundidade total atingida pela sonda ser de 15 metros. A seção não isolada do cabo de
80
perfilagem ficou completamente externa ao fluído dentro do poço o que impediu as leituras.
Somente são possíveis leituras de resistividade e potencial espontâneo nos intervalos do poço
preenchidos por fluído. A seguir serão apresentados os resultados de perfilagem obtidos pelas
demais ferramentas executadas no PM 03.
5.4.3.1 Resultados de Perfilagem Caliper para o poço PM 03
A perfilagem caliper permite identificar as dimensões internas do poço e suas condições para
a execução das demais ferramentas. Para o PM 03 a curva do diâmetro interno não apresentou
variações significativas, com medidas entre 6,2 e 6,3 em toda sua extensão (Figura 5.5). Esta
característica (variações mínimas no valor do diâmetro) seria perfeitamente compreensível no
caso de um poço revestido. Entretanto, num poço não-revestido, isto é extremamente
improvável, o que levou a suspeita de que, durante a descida da ferramenta, fragmentos de
solo e lama tivessem penetrado entre as articulações dos braços da sonda. Esta suspeita foi
confirmada quando a ferramenta foi trazida de volta à superfície: havia mesmo grande
quantidade de lama nas articulações. Mais 2 tentativas posteriores foram efetuadas, mas os
resultados foram os mesmos. Porém, como o diâmetro do poço não se mostrou menor que o
nominal, optou-se pela execução de leitura das demais ferramentas de perfilagem, para as
quais os resultados são apresentados a seguir.
81
Figura 5.5: Perfil caliper ao longo do poço PM 03.
5.4.3.2 Resultados de Perfilagem Gama para o Poço PM 03
Os valores de gama natural para o PM 03 apresentam dois intervalos de variação de leituras, o
intervalo superior de 0 a 8,40m característico de material mais argiloso (saprólito do itabirito)
e o intervalo inferior de 8,40 a 15m característico de material maciço (itabirito fraturado)
(Figura 5.6). Este resultado era esperado devido às informações obtidas a partir do perfil
litológico deste poço.
Figura 5.6: Perfilagem gama ao longo do poço PM 03.
5.4.3.3 Resultados de Perfilagem Ótica para o poço PM 03
A perfilagem óptica no PM 03 apresentou bons resultados, permitindo a visualização das
paredes do mesmo, porém somente acima do nível d’água (N.A.) (Figura 5.7). Abaixo do
INTERVALO
SUPERIOR
0 A 8,40 m
INTERVALO
INFERIOR
8,40 à 15 m
82
nível d’água, localizado em aproximadamente 5,6 metros, não foi possível a obtenção de
imagens, devido à elevada turbidez do fluido no interior do poço (Figura 5.8).
Figura 5.7: Perfilagem ótica do PM 03 acima
do N.A.
Figura 5.8: N.A. do PM 03 em 5,6 m.
Observar a elevada turbidez do fluído.
Com as informações obtidas pelos acelerômetros e magnetômetros, foi possível constatar que
o poço apresenta geometria praticamente vertical, com inclinação máxima de 1 grau. A
representação espacial do poço está apresentada na figura 5.9.
Figura 5.9: Projeção ortográfica do poço PM 03 nos planos E-W e N-S.
Nível d’água
83
5.4.4 Resultados das Aquisições Geofísicas de Perfilagem para o poço PA 01
O poço PA 01 apresentou as melhores condições de perfilagem, com bons resultados para as
quatro ferramentas executadas (Caliper, resistividade, radioatividade natural e ótica). Os
resultados de cada ferramenta são apresentados e discutidos a seguir.
5.4.4.1 Resultados de Perfilagem Caliper para o poço PA 01
A sonda caliper foi a primeira a ser utilizada no poço, principalmente para identificar se havia
alguma obstrução, estrangulamento, ou qualquer outra condição no poço que pudesse
representar um potencial risco para as demais ferramentas a serem utilizadas em seguida. O
perfil caliper obtido é apresentado na Figura 5.10.
Figura 5.10: Perfil caliper ao longo do PA 01. Em destaque ocorrências de fraturas.
O perfil caliper apresentou variações expressivas no diâmetro interno ao longo de todo o
poço. Particularmente, na mudança litológica da região de rocha para a região da rocha
alterada (a transição ocorre em aproximadamente 15 metros), verifica-se um aumento
significativo do diâmetro do poço. Isto pode ser explicado devido à rocha alterada, menos
consolidada que a rocha sã, poder sofrer maior desgaste do que esta última, quando perfurado
84
pela sonda. Na região de rocha (abaixo de 15 metros), o diâmetro do poço também sofre
variações (o que é perfeitamente normal em poços abertos), porém bem menos pronunciadas.
A principal característica do perfil caliper do poço PA 01 foram às variações observadas no
diâmetro do poço no intervalo de rocha sã, em aproximadamente 18 e 32 metros. Estas
variações foram justamente nas profundidades em que a descrição da sondagem apontou
entrada de água no poço. Esta conjunção de fatores nos leva a crer que são nestas
profundidades que estão localizadas as maiores fraturas deste poço, o que é de suma
importância na definição da completação do mesmo.
5.4.4.2 Resultados de Perfilagem para Resistividade, SP e Gama do poço PA 01
Devido à ferramenta ELOG captar simultaneamente, as curvas gama, potencial
espontâneo (SP) e resistividades, os resultados referentes às leituras serão apresentados
em conjunto (Figura 5.11).
Figura 5.11 - Perfilagem com a ferramenta ELOG. I curva gama natural e SP (vermelha e verde). II
curva de resistividade curta, longa e resistência pontual (azul, vermelha e verde).
( I )
( II )
Leitura inválida
~170 mv
~160mv
~150 mv
~170-180 mv
~60-80 API
~110-120 API
Leitura inválida
10
4
Ohm
10
3
Ohm
10
4
Ohm
10
2
Ohm
85
A Figura 5.11 apresenta dois perfis. O perfil I apresenta as leituras de potencial espontâneo
(SP) em milivolts e radioatividade natural gama em API, respectivamente curva verde e
vermelha. O perfil II apresenta as leituras de resistividade curta, longa e resistência pontual
em Ohm.m, respectivamente curva azul, vermelha e verde.
Analisando-se o perfil I para leituras de potencial espontâneo SP, pode-se definir quatro
intervalos com leituras: 170 mv (0 a 6m), 160 mv (6 a 15m), 150 mv (15 a 28m) e 170-180
mv (28 a 36m). Cada intervalo será interpretado conforme Souza (2005) e Oliveira 2005
identificando os tipos de matérias referentes a cada leitura. O perfil I de gama natural
apresentou dois intervalos de leituras, o início da seção até 15 metros os dados são inválidos
devido a não ter presença de fluido neste intervalo, o primeiro intervalo com leituras de 110
120 API (15 a 23m) e o segundo com leituras de 170 a 180 API (23 a 36m). Cada intervalo
será interpretado conforme Souza (2005) identificando os tipos de matérias referentes a cada
leitura.
O perfil II de resistividade apresentou quatro intervalos de leitura. Os dados do intervalo de 0
a 15 metros da seção são inválidos. As leituras dos 4 intervalos seguintes são: 10
4
Ohm.m (15
a 17m), 10
3
Ohm.m (17 a 23m), 10
4
Ohm.m (23 a 28m), 10
2
Ohm.m (28 a 36m). Cada
intervalo será interpretado conforme Telford et al (2009) in Oliveira (2005), Souza (2005) e
Oliveira 2005 identificando os tipos de matérias referentes a cada leitura (Figura 5.11). A
Tabela 5.6 apresenta a interpretação dos dados de leitura de resistividade, potencial
espontâneo e gama natural para o PA 01.
Tabela 5.6: Interpretação dos dados de leitura de resistividade e radioatividade natural para
o poço PA 01 e sua relação com o perfil geológico.
Intervalo
(m)
Perfil
litológico
Interpretação das leituras de resistividade e radiatividade conforme autores
Souza (2005)
Oliveira (2005)
Telford et al
(1990)
Res. (Ohm)
SP (mv)
Rad. (API)
Res. (Ohm)
Rad. (mv)
Res. (Ohm)
0-5
Colúvio
Seção inválida
Areia seca
Seção
inválida
Seção
inválida
Arenito
Seção
inválida
Sap. Xisto
5-15
Sap. Xisto
Areia com
água doce
15-17
Xisto sã
Areia com água
doce
Areia
argilosa
com água
doce
Calcáreo
Calcáreo
Xisto
17-23
Sap.
Itabirito
Arenito
Argila
consolidada
23-28
Itabirito
fraturado
Areia com
água doce
Calcáreo
Xisto
28-36
Areia argilosa
com água doce
Argila
Arenito
Siltito
Bauxita
Res. resistividade em Ohm.m
Rad radioatividade gama natural em milivolts
SP potencial espontâneo em API
86
Pode-se observar que a interpretação segundo Telford et al. (1990) in Souza (2005) para a
resistividade é a que melhor se aproxima das condições observadas pela descrição litológica, a
presença do xisto e o do saprólito de itabirito (argila consolidada) marcou o contato exato
entre estas duas unidades. A interpretação de Souza (2005) para resistividade Potencial
espontâneo e radioatividade natural foi a que melhor retratou as condições aqüíferas do poço,
identificando o limite entre a zona insaturada e zona saturada, e o limite entre os dois
aqüíferos representados pelo saprólito de xisto (areia argilosa com água doce) e o aqüífero
inferior do itabirito fraturado (areia com água doce). As interpretações segundo Oliveira
(2005) não apresentaram bons resultados.
O método de perfilagem para leituras de resistividade e radioatividade apresentou bons
resultados na a identificação das diferentes unidades litológicas em subsuperfície. Porém
deve-se definir uma classificação que seja adequada para as condições da área de pesquisa, do
contrário os resultados não serão interpretados corretamente.
Para a identificação das características do meio aqüífero o método de perfilagem por leituras
de resistividade e radioatividade natural apresentou bons resultados, indicando o limite entre
zona saturada e insaturada e sua granulometria.
5.4.4.3 Resultados de Perfilagem ótica para o poço PA 01
A perfilagem ótica foi realizada ao longo de todo o poço. Conforme previsto, devido ao
elevado diâmetro (constatado após a perfilagem caliper), associado à elevada turbidez da
água, a sonda OPTV não forneceu imagens ideais das paredes do poço, e não permitiu a
visualização das fraturas. Mesmo assim, foi possível observarmos algumas características
interessantes. É possível averiguar que o N.A. do poço estava estabilizado em 6,4 metros
(Figura 5.12), o que estava em concordância com o valor determinado pelo medidor de N.A..
Com a perfilagem ótica, foi possível distinguir a transição entre o solo e a rocha em
aproximadamente 14,5 metros de profundidade, o que pode ser observado na Figura 5.13.
Esta profundidade se aproxima bastante da profundidade em que houve a mudança nos
valores de gama natural e resistividade, demonstrando uma grande correlação entre as
perfilagens realizadas com as diferentes ferramentas.
87
Figura 5.12: Nível d’água do poço PA 01
em 6,4 metros.
Figura 5.13: Transição entre solo e rocha a
14,5 metros, observada a partir da diferença de
coloração entre as camadas
A ferramenta D-OPTV fornece, além de 360º de imagem contínua das paredes do poço, a
visualização do posicionamento do poço no espaço através das informações geradas pelo
conjunto de acelerômetros e magnetômetros triaxiais. Pode-se verificar que o poço apresentou
a 25 metros uma inclinação máxima de 8,4 graus na direção SW, conforme ilustra a Figuras
5.14. Além disso, pode-se constatar também que o poço apresenta uma trajetória curva; em
outras palavras, a inclinação aumenta a partir da superfície e, após atingir o seu máximo,
decresce à medida que se aprofunda o poço.
Figura 5.14: Projeção ortográfica do poço PA 01 nos planos E-W e N-S.
.
solo (14,15 m)
rocha
Nível d’água (6,40 m)
88
5.5 COMPLETAÇÃO DOS POÇOS
A definição do perfil de completação dos poços é de extrema importância, pois todos ensaios
hidrogeológicos e hidroquímicos serão executados nestes poços e refletem as condições aqüíferas
relativas ao intervalo onde a água está sendo ensaiada em subsuperfície. Os ensaios foram
executados no intervalo da seção filtrante instalada no poço e refletem as condições específicas
da unidade aqüífera captada. Com base nos resultados obtidos nos levantamentos geofísicos, na
descrição litológica dos testemunhos coletados na sondagem e nas informações obtidas no mapa e
perfil geológico, foi possível definir a completação dos poços. A Tabela 5.7 apresenta um quadro
resumo com os dados coletados.
Tabela 5.7 Quadro resumo dos resultados obtidos nos métodos de eletroresistividade,
perfilagem e sondagem aplicados aos poços PM 01, PM 02, PM 03 e PA01 para a
caracterização do aqüífero da área de estudo.
POÇ
O
LITOLOGIA (metros)
Nível d’água (N.A. em metros)
Sondagem
Eletroresistivida-
de
Perfilagem
Sondagem
Eletroresis-
tividade
Perfilagem
PM 01
0 a 4 colúvio
4 a 12 saprólito
de itabirito
12 a 18 saprólito
do clorita-talco
xisto
0 a 4 muito
arenoso
4 a 12 arenoso
12 a 16 pouco
arenoso
não foi
executada
5,07
5,00
não foi
executada
PM 02
0 a 4 colúvio
4 a 15 saprólito
do itabirito
15 a 21 Itabirito
0 a 2 pouco
arenoso
2 a 12 rocha sã
não foi
executada
5,63
7,00
não foi
executada
PM 03
0 a 3 colúvio
argiloso
3 a 4 saprólito do
itabirito argiloso
4 a 21 Itabirito
0 a 3 pouco
arenoso
0 a 15
argiloso
4,94
5,00
5,60
PA 01
0 a 1 colúvio
1 a 12 saprólito
de talco xisto
12 a 16 clorita -
talco xisto
16 a 40 Itabirito
0 a 3 muito
arenoso
3 a 12 muito
arenoso
0 a 14 solo
14 a 40
rocha
(18 fratura
32 fratura)
6,89
7,00
6,40
89
O PM 01 possui duas unidades aqüíferas. A unidade superior, o aqüífero no saprólito do itabirito
e inferior aqüífero no saprólito do clorita-talco xisto. Como forma de observar o comportamento
do aqüífero da unidade inferior, o intervalo de filtro foi instalado acompanhando a camada desta
unidade, desta forma os ensaios de permeabilidade neste poço irão representar a condutividade
hidráulica do aqüífero do saprólito do clorita-talco xisto. A Figura 5.14 apresenta o perfil
litológico e construtivo do poço PM 01.
Figura 5.15: Perfil litológico e construtivo do poço PM 01.
90
O PM 02 possui duas unidades aqüíferas. A unidade superior é formada pelo saprólito do
itabirito. A unidade inferior é formada pelo itabirito fraturado. Foi definida a instalação da seção
filtrante no aqüífero inferior, desta forma os ensaios para cálculo da condutividade hidráulica irão
representar o comportamento da unidade aqüífera do itabirito fraturado. A Figura 5.16 apresenta
o perfil litológico e construtivo do poço PM 02.
Figura 5.16: Perfil litológico e construtivo do poço PM 02.
91
O PM 03 possui duas unidades aqüíferas. A unidade superior é formada pelo saprólito do
itabirito. A unidade inferior é formada pelo itabirito fraturado. Foi definida a instalação da seção
filtrante no aqüífero inferior, desta forma os ensaios para cálculo da condutividade hidráulica irão
representar o comportamento da unidade aqüífera do itabirito fraturado. A Figura 5.17 apresenta
o perfil litológico e construtivo do poço PM 03.
Figura 5.17: Perfil litológico e construtivo do poço PM 03
92
O PA 01 apresenta duas unidades aqüíferas distintas e uma camada semipermeável entre as duas
unidades. A unidade superior é formada pelo saprólito do clorita-talco xisto, a unidade
semipermeável é formada pelo clorita-talco xisto maciço e a unidade inferior pelo itabirito
fraturado. Foi definida a instalação de duas seções filtrantes para captação de água no aqüífero
fraturado em dois intervalos de fraturas. Os ensaios para cálculo da condutividade hidráulica
neste poço representam as características exclusivamente do aqüífero fraturado do itabirito.
Figura 5.18: Perfil litológico e construtivo do poço PA 01.
93
5.6 HIDROGEOLOGIA
O principal objetivo desta pesquisa é a caracterização das condições hidrogeológicas do aqüífero.
Neste sentido as demais metodologias aplicadas tiveram o objetivo de gerar informações que
auxiliaram na definição de materiais e métodos para execução dos ensaios hidrogeológicos e
hidroquímicos. Como resultado dos ensaios anteriormente mencionados foi possível determinar
várias características do aqüífero da área de pesquisa são elas:
- Vazão de explotação para o poço PA 01 através do teste de vazão com regime de
bombeamento de 24 hs.
- Condutividade hidráulica das unidades aqüíferas através do Bail test executado em cada poço
de monitoramento separadamente.
- Transmissividade e condutividade hidráulica do aqüífero fraturado do itabirito através do
ensaio de bombeamento.
- Direção do fluxo subterrâneo através da carga hidráulica calculada para cada poço
separadamente.
Os resultados obtidos e sua análise são apresentados a seguir.
5.6.1 Teste de Vazão para o poço PA 01
O poço PA 01, conforme apresentado em seu perfil litológico e construtivo (Figura 5.18), foi
instalado com dois intervalos de seção filtrante de 16,00 a 22,00 m e de 28,00 a 36,00 m. Estes
dois intervalos têm como objetivo, captar água em uma única unidade aqüífera formada pelo
itabirito fraturado. O teste de vazão tem como objetivo identificar a vazão máxima de explotação
e a partir deste valor dimensionar a potência da bomba submersa a ser instalada no poço PA 01.
A bomba submersa será usada no teste de bombeamento e para futura explotação do poço.
O teste de vazão foi executado com um compressor através do bombeamento contínuo do poço
PA 01 por um período de 24 hs. A Tabela 5.8 apresenta os resultados obtidos no teste que
identificou, a vazão do poço, o nível estático e o nível dinâmico. O nível estático encontrado para
94
o poço PA 01 é de 6,30 metros e o nível dinâmico de 9,70 metros, apresentando um desnível total
de 3,40 metros. A vazão máxima de explotação, vazão onde o poço estabilizou seu rebaixamento,
é de 6,30 m
3
/h. Baseado nestes dados foi instalada uma bomba submersa com capacidade de
bombeamento de até 4 m
3
/h, vazão menor que o valor máximo de explotação e suficiente para
atender a demanda da empresa, garantindo que o bombeamento não irá ultrapassar o valor de
recarga do aqüífero.
Tabela 5.8: Teste de vazão para o poço PA01
5.6.2 Bail test
O ensaio Bail test é um ensaio pontual, que tem como objetivo obter a condutividade hidráulica
da unidade aqüífera onde está instalado o intervalo filtrante do poço ensaiado. O ensaio foi
aplicado nos 3 poços de monitoramento PM 01, PM 02 e PM 03. O PM 01 tem a seção filtrante
instalada no aqüífero granular, formado pelo clorita-talco xisto, desta forma o resultado de
Poço nº
PA 01
Cliente: Georadar S/A Local: Nova Lima/MG Profundidade: 40 metros
Nível Estático: 6,30 metros Nível Din.: 9,70 metros Saliência de Teste: 01 metro
Equipamento do teste: Horário de início: Horário de teste:
Compressor PEG 60 PCM 08:00 horas :24:00 horas
Tempo
(minutos)
N.D.
(m)
Vazâo
(m³/h)
Tempo
(seg.)
Hora
Local
N.D.
(m)
Vazão
(m³/h)
Tempo
(minutos)
N.A.
(m)
1 6.50 8.60 41.86 08:01 1 9.50
2 6.50 8.40 42.86 08:03 3 9.10
5 6.80 8.10 44.44 08:05 5 8.80
10 7.60 7.80 46.15 08:10 10 8.30
15 7.80 7.60 47.37 08:15 15 7.40
20 7.80 7.60 47.37 08:20 20 7.30
25 7.90 7.40 48.65 08:25 30 7.05
30 8.10 7.30 49.32 08:30 40 6.90
40 8.40 6.90 52.17 08:40 50 6.85
50 8.40 6.90 52.17 08:50 60 6.50
60 8.75 6.80 52.94 09:00 80 6.40
80 9.10 6.60 54.55 09:20 100 6.30
100 9.10 6.60 54.55 09:40 120 6.30
120 9.40 6.40 56.25 10:00 150 6.30
150 9.70 6.30 57.14 10:30 180 6.30
180 9.70 6.30 57.14 11:00 240 6.30
240 9.70 6.30 57.14 12:00
300 9.70 6.30 57.14 13:00
360 9.70 6.30 57.14 14:00
420 9.70 6.30 57.14 15:00
500 9.70 6.30 57.14 16:20
600 9.70 6.30 57.14 18:00
720 9.70 6.30 57.14 20:00
800 9.70 6.30 57.14 21:20
900 9.70 6.30 57.14 23:00
1000 9.70 6.30 57.14 24:00
1200 9.70 6.30 57.14 04:00
1440 9.70 6.30 57.14 08:00
Data: 27 de maio de 2008
TESTE DE BOMBEAMENTO
95
condutividade hidráulica irá representar este aqüífero. Para os poços PM 02 e PM 03 a seção
filtrante está instalada no aqüífero fraturado do itabirito assim os resultados de condutividade
hidráulica serão representativos para este aqüífero. Os dados obtidos nos ensaios foram tratados
pelo programa Aquifer Test, pelo método de Horslev, conforme definido na metodologia.
A Figura 5.19 apresenta a curva referente ao Bail test executado no PM 01 o valor de
condutividade hidráulica obtido é de 4,20 x 10
-4
m/s, ou seja, uma condutividade média
característica de materiais silte arenosos ou areias argilosas (Cabral 2008). No perfil litológico do
PM 01 (Figura 5.15) pode-se observar que a unidade aqüífera onde está inserida a seção filtrante
é formada pelo saprólito do clorita-talco xisto caracterizado como siltoso, confirmando, pela sua
composição, o valor de condutividade hidráulica obtida neste ensaio.
Figura 5.19: Condutividade hidráulica pelo método de Hvorslev - PM 01.
Uma análise comparativa entre os dados bibliográficos (Cabral 2008) e os dados obtidos pelo
ensaio indicam que a condutividade hidráulica obtida é coerente com o tipo de material de
composição do aqüífero. Desta forma pode-se concluir que o ensaio Bail test para o PM 01
apresentou bons resultados encontrando um valor de condutividade hidráulica coerente para o
aqüífero granular formado pelo saprólito do clorita-talco xisto.
96
O ensaio Bail test executado no PM 02 não apresentou bons resultados. Após a remoção do
volume de água previsto houve uma recuperação muito rápida de seu nível estático. Desta forma
não foi possível obter uma curva representativa para o cálculo de condutividade hidráulica. Os
resultados obtidos no ensaio do PM 02 foram desconsiderados nesta pesquisa.
A Figura 5.20 apresenta a curva referente ao Bail test executado no PM 03. Como pode ser
observado no perfil litológico do PM 03 (Figura 5.17) a unidade aqüífera onde está instalada a
seção filtrante é formada pelo itabirito fraturado. O valor de condutividade hidráulica para este
aqüífero é de 1,15 x 10
-5
m/s. Os valores de condutividade hidráulica previstos por Mourão
(2007) para esta unidade aqüífera são da ordem de 10
-6
a 10
-8
m/s, ou seja, o valor encontrado no
ensaio difere bastante do esperado. Como foi apresentado na revisão bibliográfica, por ser um
ensaio pontual, o Bail test poderá não representar as verdadeiras condições hidráulicas do
aqüífero. Para uma melhor avaliação da condutividade hidráulica de um aqüífero, conforme
afirmam Filho et al. (1971), é indicada a execução do teste de bombeamento. Este teste foi
executado e seus resultados são apresentados a seguir.
Figura 5.20: Condutividade hidráulica pelo método de Hvorslev - PM 03.
97
5.6.3 Teste de Bombeamento
O teste de bombeamento é o ensaio que melhor representa as condições hidráulicas de um
aqüífero. Este teste considera as características não apenas do poço bombeado, mas também a
influência deste bombeamento em poços de observação distribuídos no entorno do poço
bombeado (Filho et al. 1971). O poço PA 01, onde foi instalada a bomba submersa, foi escolhido
para ser bombeado. Os poços PM 01, PM 02 e PM 03 foram definidos como poços de observação
e seus níveis d’água foram monitorados durante todo ensaio. As planilhas de acompanhamentos
dos poços de observação e do poço PA 01 se encontram no anexo 1.
Feitosa et al. (2008) apresentam várias formas de tratamento dos dados do ensaio de
bombeamento, conforme descrito no capítulo 3. Para a escolha de qual método aplicar, foram
consideradas as condições do aqüífero fraturado de itabirito. Este aqüífero é classificado como
livre devido à pressão exercida na superfície aqüífera ter o mesmo valor da pressão atmosférica.
Outra característica importante para a definição do método de tratamento dos dados é o regime de
bombeamento, que neste caso é transiente, onde com o aumento do bombeamento o cone de
rebaixamento aumenta progressivamente. Com base nestas condições e analisando as indicações
de Feitosa et al. (2008) foi escolhido o método de Theis para o tratamento dos dados pelo
programa Aquifer Test.
O gráfico com os resultado de tempo x nível d’água para o teste de bombeamento é apresentado
na Figura 5.21. Pode-se observar que os poços PM 01 e PM 02 sofreram maior influência do
bombeamento do poço PA 01. O PM 01 apresentou desnível de 0,82 metros passando do nível
estático de 5,33 m para o nível dinâmico no final do bombeamento de 6,15 m. Este poço tem sua
seção filtrante instalada no aqüífero granular do saprólito do clorita-talco xisto. Esta unidade
aqüífera está localizada acima da unidade do aqüífero fraturado de itabirito. Este resultado indica
que os dois aqüíferos são comunicantes, ou seja, um bombeamento no aqüífero inferior irá
provocar rebaixamento no aqüífero superior. Outra razão para este rebaixamento observado no
PM 01 está relacionada a seu posicionamento quanto ao PA 01(poço bombeado), quanto mais
próximo o poço de observação estiver do poço bombeado maior será a influência em seu
rebaixamento. Devido ao PM 01 ser o mais próximo do poço bombeado, conseqüentemente irá
apresentar o maior rebaixamento.
98
Figura 5.21- Gráfico tempo x rebaixamento para o ensaio de bombeamento na área de
pesquisa.
O PM 02 apresentou pequeno rebaixamento, com desnível de 0,65 metros, passando do nível
estático de 5,89 m para o nível dinâmico no final do bombeamento de 6,54 m. No PM 03
praticamente não foi observado nenhum rebaixamento, apresentando desnível de 0,07 metros,
passando do nível estático de 5,86 m para o nível dinâmico no final do bombeamento de 5,93 m.
Estes dois poços têm a seção filtrante instalada na unidade aqüífera do itabirito fraturado.
O resultado do bombeamento observado na Figura 5.21 era esperado devido à distância entre os
dois poços e o PA 01. O PM 03 é o mais distante do PA 01 e o PM 02 o mais próximo. À
medida que se afasta do poço bombeado a tendência é que o rebaixamento nos poços seja menor.
Pode-se concluir que o cone de rebaixamento formado pelo bombeamento do PA 01 não atingiu o
PM 03, e no PM 02 sua influência foi menor que no PM 01.
Os resultados de condutividade hidráulica e transmissividade, para os poços PM 01, PM 02, PM
03 e PA 01, obtidos após o tratamento dos dados do ensaio de bombeamento pelo método de
Theis no programa Aquifer Test, são apresentados nas Figuras 5.22, 5.23, 5.24 e 5.25.
99
Figura 5.22: Teste de bombeamento interpretação pelo
método de Theis - PA 01.
Figura 5.23: Teste de bombeamento interpretação pelo
método de Theis - PM 01.
Figura 5.24: Teste de bombeamento interpretação pelo
método de Theis - PM 02.
Figura 5.25: Teste de bombeamento interpretação pelo
método de Theis PM 03
100
Os resultados obtidos de condutividade hidráulica do ensaio de bombeamento para os quatros
poços apresentaram valores de 5,69 x10
-6
m/s a 9,23x10
-6
m/s. Estes valores estão dentro dos
limites previstos por Mourão (2007) para o itabirito do Grupo Nova Lima (2,0 x10
-9
m/s a
1,8x10
-5
m/s). Uma análise comparativa entre os dados obtidos pelos ensaios Bail test e ensaio de
bombeamento indicam que, conforme definido por Feitosa et al. (2008), o ensaio de
bombeamento apresentou o resultado que melhor representa a condutividade hidráulica do
aqüífero fraturado do itabirito da área de pesquisa (Tabela 5.9).
Tabela 5.9: Valores de condutividade hidráulica obtida pelos ensaios bail test e bombeamento e
os valores indicativos definidos por Mourão (2007) para o aqüífero no itabirito.
Poços
Condutividade hidráulica m/s para o aqüífero do itabirito fraturado
Bail test
Teste de bombeamento
PA 01
Não executado
6,24 x 10
-6
PM 01
4,20 x 10
-4
5,59 x 10
-6
PM 02
Resultado desconsiderado
7,50 x 10
-6
PM 03
1,15 x 10
-5
9,23 x 10
-6
Valores de referência
Mourão (2007)
2,0 x10
-9
m/s a 1,8x10
-5
m/s, sendo para Itabiritos frescos não fraturados
máximos de 6,2x10
-10
m/s e para Itabiritos argilosos em média 7,0x10
-10
m/s.
5.6.4 Direção de Fluxo
A direção de fluxo do aqüífero da área de pesquisa foi definida com base nos valores de carga
hidráulica (cota - nível d’água) de cada poço instalado, e sua localização espacial (coordenadas x
e y), dados presentes na Tabela 5.10.
Tabela 5.10: Valores de carga hidráulica para os poços PA 01, PM 01, PM 02, PM 03.
PM
Coordenada X
Coordenada Y
Cota
Nível d’água
Carga Hidráulica
PA-01
616,104.541
7,788,078.893
1,022.691
7.35
1015.341
PM-01
616,052.000
7,788,114.270
1,021.654
5.33
1016.324
PM-02
616,028.000
7,788,119.608
1,022.254
5.89
1016.364
PM-03
616,008.488
7,788,137.300
1,022.132
5.86
1016.272
A Figura 5.26 apresenta o mapa hidrogeológico com a carga hidráulica de cada poço e a direção
do fluxo subterrâneo calculada (22
0
radianos de direção SW NE). Como pode ser observado no
mapa hidrogeológico a direção de fluxo é perpendicular às curvas de vel, resultado esperado
após a análise das condições topográficas e do relevo da área de pesquisa.
101
102
5.7 HIDROQUÍMICA
Uma amostra de água do poço PA 01 foi coletada para leitura de parâmetros físico-químicos e
análise química. A amostra foi coletada a partir do bombeamento contínuo do poço até que se
mantivessem constantes as leituras dos parâmetros físico-químicos, garantindo a qualidade da
água amostrada. A Figura 5.27 apresenta um gráfico identificando o horário do início da
estabilização dos parâmetros físico-químicos. Como pode ser observado a partir de 15:10 os
valores dos parâmetros se mantiveram constantes, desta forma a amostra foi coletada as 15:30 hs.
Os resultados dos parâmetros físico-químicos e análise química tornaram possível a classificação
da água quanto à fácies hidroquímica e a verificação de sua potabilidade, como serão
apresentados a seguir.
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS PA 01
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
14:33
14:39
14:45
14:51
14:57
15:03
15:09
15:15
15:21
15:27
15:33
17:02
Tempo
Leituras
°C
pH
OD ppm
µS/cm
SDT mg/L
Figura 5.27: Parâmetros físico-químicos do PA 01: temperatura (
o
C), pH, OD - oxigênio
dissolvido (ppm), condutividade elétrica ( s/cm) e SDT - sólidos totais dissolvidos (mg/L).
5.7.1 Análise dos Parâmetros Físico-Químicos da Água
Os parâmetros físico-químicos são bons indicadores para a verificação da qualidade da água
subterrânea, pode-se definir o grau e tipo de contaminação presente na água ou se esta se
encontra em condições de consumo, com base nos dados de condutividade elétrica, pH, OD e
sólidos totais dissolvidos apresentados na Tabela 5.11.
103
Tabela 5.11: Parâmetros físico-químicos da água do PA 01
Hora
Temp °C
pH
OD ppm
Cond. µS/cm
SDT mg/l
ORP
14:33:25
23,23
5,42
6,17
8
5,00
86,1
14:39:25
23,09
4,53
8,15
7
4,60
239,7
14:45:25
23,08
4,47
7,64
6
4,60
260,4
14:51:25
23,08
4,47
7,53
6
4,60
272,4
14:57:25
23,06
4,46
7,24
6
4,60
285,3
15:03:25
23,07
4,56
6,21
6
4,60
285,6
15:09:25
23,05
4,48
6,99
6
4,60
297,3
15:15:25
23,03
4,50
6,96
6
4,60
301,2
15:21:25
23,04
4,49
6,94
6
4,60
305,7
15:27:25
23,03
4,50
6,92
6
4,60
307,9
15:33:25
23,03
4,53
6,93
6
4,60
309,0
17:02:24
22,83
4,60
6,76
6
4,60
305,6
Os valores de condutividade elétrica apresentados na Tabela 5.11 (6 a 8 µS/cm) e de sólidos
totais dissolvidos (4 a 5 mg/L) são considerados baixos se comparados aos valores de referências
apresentados por Mourão (2007) para este aqüífero (~31,6 µS/cm). Estes dados indicam que a
água terá pouca concentração de íons dissolvidos e possivelmente nenhuma contaminação.
A análise dos valores de pH (5 a 4) apresentada na Tabela 5.11 indica um ambiente acido, um
pouco acima dos valores de referência apresentados por Mourão (2007) para este aqüífero (pH ~
6). Estes dados indicam que a água amostrada está dentro dos limites de acidez comuns para este
aqüífero.
A análise dos valores de OD apresentada na Tabela 5.11 (6 ppm) indica uma concentração muito
acima dos valores de referência para águas subterrâneas indicados por Santos (2008) menor que 1
ppm. Este é um valor muito alto se considerarmos o valor de referência para água subterrânea,
porém este valor não poderá ser considerado devido ao processo de coleta com bombeamento em
alta vazão que promove o contato direto da água amostrada com o oxigênio presente no ar. Este
processo aumenta expressivamente o oxigênio dissolvido, não refletindo as condições reais da
água amostrada.
104
5.7.2 Análise Hidroquímica da Água do Poço PA 01
Os resultados da análise hidroquímica da amostra de água coletada no poço PA 01 são
apresentados e comparados na Tabela 5.12, com os valores de referência segundo a Portaria 518
do Ministério da Saúde. A análise dos resultados indica que a água tem pouca concentração de
íons dissolvidos, sendo o ánion de maior concentração Cl
-1
e o cátion de maior concentração
Mg
+2
, o que é evidenciado pelo diagrama de Stiff (Figura 5.28). O anexo 2 apresenta o relatório
de ensaio químico para a amostra de água coletada no PA 01 do laboratório Geochemical que
executou a análise.
Tabela 5.12 - Análise hidroquímica da água segundo a Portaria 518 do Ministério da Saúde.
Figura 5.28: Diagrama de Stiff para o PA 01.
105
Os íons metálicos em geral não apresentam concentrações expressivas, a exceção do antimônio
(Sb) e selênio (Se), que mesmo em pequenas concentrações são nocivos à saúde e apresentam
concentração acima dos valores de referência segundo a portaria 518 do Ministério da Saúde. A
origem da presença destes íons pode estar relacionada a presença de pequenas concentrações
destes metais na rocha encaixante e sua mobilização.
A Figura 5.29 apresenta uma comparação entre as amostras apresentadas por Mourão, 2007 para
o aqüífero em xistos com a amostra do PA 01 no digrama de Schoeller. Como pode ser
observado as concentrações para os íons Mg, Ca e Na+K para o PA 01 se aproximam com as
amostras do Grupo 3 caracterizadas por baixos valores de sólidos dissolvidos e pH ácido. Para o
íon Cl, como já observado anteriormente, encontra-se uma concentração elevada fora dos padrões
encontrados por Mourão, 2007. A incidência de alta concentração de Cl pode estar associada a
alguma atividade antrópica que acarretou em contato de água tratada pela concessionária local
com a água do aqüífero.
Figura 5.29: Diagrama de Schoeller para o PA 01.
106
Outro importante dado das águas do aqüífero fraturado do itabirito da área de pesquisa é sua
classificação quanto à fácies. A Figura 5.29 apresenta uma comparação na classificação da fácies
da água pelo diagrama de Piper (Piper 1944) apresentada por Mourão, 2007 com a amostra
coletada no PA01. Como pode ser observado a exceção da alta concentração do íon Cl a amostra
tem uma classificação próxima a apresentada para o Grupo 3. Devido a alta concentração de Cl a
água do aqüífero foi classificada como cloretada magnesiana, porem como a concentração de Cl
tem origem antrópica esta classificação não representa corretamente a caracterização do aqüífero.
Figura 5.30: Diagrama de Piper para o PA 01.
Uma análise comparativa entre os resultados obtidos nos diagramas de Piper (cloretada
magnesiana) e Schoeller e os valores indicativos apresentados por Mourão (2007) para amostras
da mesma formação aqüífera da área de pesquisa, indica as concentrações dos componentes da
água do PA 01 apresentadas estão abaixo dos valores esperados, a exceção do cloro de possível
origem antrópica. Este fato, possivelmente, está relacionado à localização de coleta das amostras
de Mourão (2007) que estão mais próximas de regiões de alta mineralização do Quadrilátero
Ferrífero e atividade de lavra, o que influencia diretamente na concentração iônica da água
subterrânea por aumento na dissolução de íons metálicos que podem gerar contaminação do meio
aqüífero.
107
4.7.3 Verificação e Validação dos Resultados da Análise Hidroquímica da Água do poço PA 01
Para verificação e validação dos resultados obtidos pela análise hidroquímica da água coletada no
poço PA 01 pelo laboratório (Geochemical) foram calculados o balanço iônico e TDS (sólidos
totais dissolvidos) e comparados aos valores de indicação (Cesceri et al. 2005). A Tabela 5.13
apresenta os resultados do Balanço iônico e a Tabela 5.14 apresenta o valor de TDS calculado a
partir dos resultados das análises de laboratório.
Tabela 5.13: Cálculo de Balanço iônico para o PA 01.
Amostra
CEOP-PA01
Classificação
Mg-Cl
Temperatura (°C)
22.80
pH
4.60
Soma de ânions
0.12
meq/L
Soma de cátions
0.06
meq/L
Balanço
37.54
%
Sólidos Totais dissolvidos
5,33
mg/L
Total hardness
1.72
mg/l CaCO3
Alcalinidade
-0.04
mg/l CaCO3
Íons maiores composição
mg/l
mmol/l
meq/l
Na
0.24
0.01
0.01
K
0.10
0.003
0.003
Ca
0.08
0.00
0.00
Mg
0.37
0.02
0.03
Cl
4.30
0.12
0.12
SO
4
0.00
0.00
0.00
Conforme definido por Cesceri et al. (2005) pode-se validar a análise hidroquímica de uma
amostra segundo dois critérios:
1.Cálculo do balanço iônico:
ânions
(meq/l)
Diferença
aceitável
0 3,0
0,2 meq/l
3 - 10
2 %
10 - 800
5 %
Cálculo para a amostra PA 01 a partir dos dados da Tabela 5.13: Cátions ánions = 0,06 0,12 =
0,06 meq/l. O resultado de 0,06 está dentro dos limites aceitáveis de 0,2 meq/l validando a
análise hidroquímica da amostra do poço PA 01.
2. Cálculo de TDS:
1,0 < STD medido < 1,2 STD medido (Tabela 5.11)/ STD calculado (Tabela 5.14) = 5/5 =1
STD calculado
108
Tabela 5.14: Valor calculado de TDS (sólidos totais dissolvidos) para o PA 01.
109
CAPÍTULO 6
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A área de pesquisa está localizada no Município de Nova Lima, nas dependências da empresa
Georadar Levantamentos Geofísicos S.A., constituindo-se em um estudo hidrogeológico com
aplicação de método geofísico. A área de pesquisa está inserida nos domínio do Supergrupo Rio
das Velhas, Grupo Nova Lima, região do Quadrilátero Ferrífero.
O levantamento topográfico identificou duas regiões distintas dentro da área de pesquisa. Uma
área de alto topográfico a SW, caracterizada como região de recarga do aqüífero. E uma área de
baixo topográfico a NW.
O mapa geológico e perfil da área de pesquisa apresentam quatro unidades litológicas
predominantes sendo: uma fina cobertura de colúvio de 1 a 4 metros, uma camada de saprólito do
clorita-talco xisto com espessura aproximada de 5 metros, um nível inferior de clorita-talco xisto
com intercalações de camadas de itabirito maciço fraturado. O contato entre as camadas é
concordante com direção e mergulho de camada variando entre 140/30 e 140/40. A área
apresenta ainda veios de quartzo sulfetados nos afloramentos do clorita-talco xisto.
O levantamento geofísico de eletroresistividade empregado neste estudo apresentou bons
resultados, identificando em profundidade os diferentes tipos litológicos e nível d’água. Através
da análise do perfil de eletroresistividade foi possível identificar quatro domínios litológicos
diferentes caracterizados como: B- muito arenoso, A- arenoso, C- pouco arenoso e D- rocha sã ou
pouco alterada. Através da análise do perfil de cargabilidade foi possível identificar o limite entre
a zona insaturada e a zona saturada, que consiste no nível d’água da seção analisada. Os valores
de nível d’água estão entre 5 e 7 metros.
A sondagem nos poços PM 01, PM 02, PM 03 e PA 01, executada com sonda rotopneumática,
apresentou bons resultados. A sonda apresentou bom rendimento executando a perfuração de
todos poços em 2 dias. O resultado das sondagens executadas confirmou as informações obtidas
pelo levantamento geofísico de eletroresistividade, concluindo-se que esta metodologia é um bom
indicador para orientação na definição dos equipamentos de sondagem a serem utilizados.
110
A partir da descrição dos testemunhos de sondagem, da identificação do nível d’água, da análise
do mapa geológico e perfil foi possível identificar três unidades aqüíferas na área de pesquisa. O
aqüífero granular superior formado pelo saprólito do itabirito, um aquitarde do saprólito do
clorita-talco xisto e o aqüífero fraturado inferior do itabirito.
O levantamento geofísico de perfilagem executado nesta pesquisa apresentou bons resultados
para a aplicação da ferramenta caliper que identifica com clareza o diâmetro interno do poço
indicando a presença de fraturas ou obstruções no furo. A partir da análise da ferramenta caliper
foi verificada a integridade dos poços e definida a utilização ou não das demais ferramentas de
perfilagem. Para os poços PM 01 e PM 02 foram detectadas variações significativas no diâmetro
dos poços, optando-se por não utilizar as demais ferramentas. Para os poços PM 03 e PA 01 não
foram identificadas variações significativas e optou-se por utilizar as demais ferramentas de
perfilagem.
Nos poços PM 03 e PA 01 a perfilagem por leitura de resistividade, radioatividade natural e ótica
apresentaram bons resultados. Através destes levantamentos foi possível identificar os diferentes
horizontes litológicos, que se apresentaram concordantes com a descrição dos testemunhos de
sondagem. A perfilagem ótica apresentou bons resultados para a identificação do nível d’água
para os dois poços. Para o PA 01 foi possível identificar o contato entre a rocha fraturada e o
saprólito de rocha alterada, porém para o PM 03, devido à alta turbidez da água do poço, não foi
possível verificar a presença de falhas nem contatos.
O ensaio hidrogeológico Bail test empregado nos poços de monitoramento PM 01, PM 02 e PM
03 para obtenção do valor da condutividade hidráulica, não apresentou resultados satisfatórios. O
PM 02 foi desconsiderado e os valores obtidos para o PM 03 estavam fora dos valores de
referência Este fato está relacionado ao teste ser executado pontualmente e não considerar toda
extensão do aqüífero. Para o PM 01 os resultados obtidos foram satisfatórios.
O ensaio hidrogeológico teste de bombeamento, executado no poço PA-01 e observado nos
demais poços, apresentou bons resultados para a identificação da condutividade hidráulica do
aqüífero. Em todos os poços o valor de condutividade hidráulica está próximo a 10
-6
m/s e a
transmissividade 10
-4
m
2
/s , concordante com os valores de referência para o sistema aqüífero
111
xistoso unidade hidrogeológica do itabirito fraturado. Uma análise comparativa entre o ensaio de
bombeamento e Bail test identificou que a melhor metodologia para representar as condições
hidráulicas dos aqüíferos subterrâneos é o teste de bombeamento por ser representativo de toda
área.
A partir dos valores da carga hidráulica dos poços PA 01, PM 01, PM 02 e PM 03, obtidos a no
levantamento topográfico e medição do nível d’água foi possível identificar a direção do fluxo
subterrâneo que, conforme esperado, acompanha a topografia, se deslocando de SW para NE com
inclinação de 22,6
0
, perpendicular às curvas de nível.
A medição dos parâmetros físico-químicos da água durante a coleta do poço PA 01 mostrou ser
uma boa prática. A partir dos dados coletados destes parâmetros foi possível identificar o
momento ideal de coleta. Os testes de validação da amostra coletada foram positivo o que
identifica que as amostras foram coletadas e analisadas de forma correta.
A análise hidroquímica da água coletada no poço PA 01 e o tratamento dos resultados pelo
programa Aquachem apresentou bons resultados. A água coletada foi comparada aos valores de
referência de Mourão (2007) e se apresentaram com concentrações a baixo do esperado, este fato
pode ser explicado pela região de coleta do PA 01 estar mais distante de áreas mineralizadas se
comparada a área de coleta das amostras de referência. A água foi classificada como cloro
magnesiana, pelo diagrama de Stiff, esta concentração de cloro atípica para esta área área
possivelmente é de origem antrópica. Para os parâmetros de potabilidade da Portaria 518 do
Ministério da Saúde, a água coletada no PA 01 apresentou contaminação pelos íons Se e Sb, o
que indica a necessidade de um tratamento prévio para consumo humano.
Todas as técnicas aplicadas neste estudo, a exceção do ensaio Bail test, apresentaram bons
resultados como ferramentas para caracterização do aqüífero da área de estudo no Município de
Nova Lima, sendo indicadas para futuras aplicações em estudos executados em outras áreas.
A aplicação de uma metodologia integrada onde várias técnicas de diferentes áreas de
conhecimento são abordadas, se mostrou, nesta pesquisa, um grande avanço. A análise
sistemática das condições hidrogeológicas da área de estudo, somente foi possível devido à
aplicação destas técnicas em conjunto. Porém, para estudos onde não se tem disponibilidade de
112
tantas ferramentas, deve-se optar pelas metodologias de sondagem, ensaio de bombeamento e
análise hidroquímica, que apresentaram os principais resultados na geração do modelo
hidrogeológico conceitual da área de pesquisa.
113
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117
ANEXO 1
Planilhas de monitoramento do ensaio de bombeamento para os poços PM 01, PM 02, PM 03 e
PA01
118
119
120
121
122
ANEXO 2
Relatório de análise química da água coletada no poço PA 01
123
124
125
126
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