Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
ALTERNATIVAS FARMACOLÓGICAS PARA A
RESISTÊNCIA PARASITÁRIA MÚLTIPLA EM
REBANHOS DE RUMINANTES: UMA NOVA
ABORDAGEM
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Alfredo Skrebsky Cezar
Santa Maria, RS, Brasil
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
ALTERNATIVAS FARMACOLÓGICAS PARA A
RESISTÊNCIA PARASITÁRIA MÚLTIPLA EM REBANHOS
DE RUMINANTES: UMA NOVA ABORDAGEM
por
Alfredo Skrebsky Cezar
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação
em Medicina Veterinária, Área de Concentração em Medicina Veterinária
Preventiva, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Medicina Veterinária
Orientadora: Fernanda Silveira Flôres Vogel, Dr.
Santa Maria, RS, Brasil
2010
ads:
2
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
ALTERNATIVAS FARMACOLÓGICAS PARA A RESISTÊNCIA
PARASITÁRIA MÚLTIPLA EM REBANHOS DE RUMINANTES: UMA
NOVA ABORDAGEM
elaborada por
Alfredo Skrebsky Cezar
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Medicina Veterinária
Santa Maria, 10 de Março de 2010.
3
AGRADECIMENTOS
À orientadora, Drª. Fernanda Silveira Flôres Vogel, pelo constante incentivo, pelas cobranças
sinceras e pelo reconhecimento do trabalho realizado no dia-a-dia, pela liberdade que me
permitiu para a tomada de decisões e pela atenção e empenho que empreendeu na condução
dos trabalhos e para a superação das dificuldades que se impuseram ao longo do caminho.
Ao professor Dr. Luís Antônio Sangioni pela excepcional convivência, conselhos e
ensinamentos durante o curso deste trabalho no Laboratório de Doenças Parasitárias da
UFSM (LADOPAR).
A toda a equipe do LADOPAR com a qual gratamente convivi em alguns dos mais decisivos
(e desgastantes) anos da minha vida acadêmica, por todo o apoio, companheirismo nos erros e
nos acertos no decorrer do nosso trabalho e pelos momentos de puro exercício da amizade,
mesmo nas horas de trabalho mais árduo e pesado nos experimentos a campo ou nas
incontáveis horas dentro dos laboratórios.
Ao apoio e solicitude dos profissionais e estudantes ligados ao Departamento de Medicina
Veterinária Preventiva da UFSM, especialmente aos mestres Dr. Rudi Weiblen, Dr. Eduardo
Furtado Flores e Drª. Águeda Palmira Castagna de Vargas e à equipe do Setor de Virologia.
Aos meus familiares, meu pai Heraldo, minha e Maria Angela e meus irmãos Felipe e
Heraldo, e aos amigos Nelson e Alice Cauzzo, pelo tanto que me apoiaram desde os primeiros
passos na escolha da carreira de Médico Veterinário.
À minha namorada Fernanda, por todo o carinho e incentivo nos momentos difíceis, pelo
compartilhamento das emoções ao longo dos dias, por desejar o meu sucesso e dedicar-se a
ele ao meu lado, por me ajudar a superar qualquer desafio, por ser meu porto-seguro.
Ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, da UFSM, pela oportunidade e
estrutura oferecidas para a realização deste trabalho.
Às agências financiadoras (CAPES e CNPq) que apoiaram nossos projetos.
4
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
ALTERNATIVAS FARMACOLÓGICAS PARA A RESISTÊNCIA PARASITÁRIA
MÚLTIPLA EM REBANHOS DE RUMINANTES: UMA NOVA ABORDAGEM
AUTOR: ALFREDO SKREBSKY CEZAR
ORIENTADORA: FERNANDA SILVEIRA FLÔRES VOGEL
Santa Maria, 10 de Março de 2010.
As infecções por nematódeos do trato gastrintestinal estão entre as principais
enfermidades de ruminantes ao redor do mundo. Essas infecções, clínicas ou subclínicas,
impactam negativamente a produtividade dos rebanhos, e a viabilidade econômica dos
mesmos está diretamente relacionada a um controle adequado desses parasitas. Embora
estejam comprovados os benefícios de utilizarem-se diversas práticas de controle alternativo
de parasitas, as quais vêm sendo aprimoradas ao longo dos anos, em geral, a utilização de
fármacos antiparasitários eficazes sobre os helmintos que infectam os ruminantes ainda é
essencial para que se obtenham resultados satisfatórios. No entanto, o desenvolvimento de
resistência parasitária a tais fármacos tem se tornado cada vez mais comum e, em alguns
casos, as populações de parasitas já apresentam resistência múltipla a várias classes de anti-
helmínticos e endectocidas, comprometendo o adequado controle das helmintoses. Neste
estudo apresentam-se experimentos que foram conduzidos com o objetivo de encontrarem-se
meios de restabelecer a eficácia dos tratamentos, recuperando-se a utilidade de princípios
ativos para os quais os nematódeos gastrintestinais de rebanhos de ruminantes já tenham
desenvolvido resistência. Foram utilizados testes de eficácia com base na redução da
contagem de ovos nas fezes dos animais após os tratamentos (FECRT), e em culturas de
larvas para a identificação dos gêneros de nematódeos presentes nessas amostras. Avaliaram-
se os efeitos anti-helmínticos de fármacos de alta concentração (longa ação), de
superdosagens, de combinações comerciais e de combinações de drogas elaboradas com base
em estudos prévios de eficácia das mesmas (isoladamente), utilizando-se para isso, fármacos
comercializados separadamente. Os melhores resultados foram obtidos, justamente, com estas
últimas. Propõe-se, a partir destas constatações, uma nova abordagem em relação ao controle
antiparasitário em populações de helmintos multi-resistentes, utilizando-se a combinação de
diferentes fármacos (com princípios ativos e mecanismos de ação distintos), e valendo-se de
testes de eficácia para a escolha dos fármacos e para a comprovação dos resultados obtidos
com suas combinações especificamente em cada rebanho.
Palavras-chave: Combinações, superdoses, anti-helmínticos, multi-resistentes, helmintos.
5
ABSTRACT
Master‘s Dissertation
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
PHARMACOLOGICAL ALTERNATIVES FOR MULTIPLE PARASITIC
RESISTANCE IN RUMINANT LIVESTOCK: A NEW APPROACH
AUTHOR: ALFREDO SKREBSKY CEZAR
ADVISER: FERNANDA SILVEIRA FLÔRES VOGEL
Santa Maria, March, 10, 2010.
Infections by gastrointestinal nematodes are among the main diseases of the
ruminants around the world. These infections cause - in their clinical or subclinical courses
a decrease of the productivity of the herds, thus, the economic viability of the ruminant farms
is directly related to an adequate control of these parasites. Although the benefits of the use of
several practices of alternative control of parasites are proven and, despite of that these
practices have been improved through the years, in general, the use of efficacious antiparasitic
drugs is imperative to control satisfactorily the helminths of the ruminants. However, the
development of parasite resistance to these drugs has become common and, in some cases,
parasitic populations are multiple resistant to several classes of anthelmintics and
endectocides, and it makes very difficult to control the helminthosis adequately. In this study
are shown some experiments conducted with the aim of to find ways to restore the efficacy of
the treatments, for recovering the usefulness of active ingredients for which the
gastrointestinal nematodes of ruminants became resistant. Efficacy tests of the drugs were
made using Fecal Egg Count Reduction Tests (FECRT) and larvae cultures, for the
identification of the genus of nematodes existing, before and after the treatments. We
evaluated the anthelmintic action of high concentrated (long acting) drugs, overdoses (high
dosages), commercial combinations of drugs and combinations of chemicals, formulated with
basis in previous efficacy tests for each active ingredient alone. These combinations, done
from drugs sold separately, gave us the best results. Based in these observations, we are
proposing a new approach regarding helminth control in multi-resistant populations, by using
combinations of drugs with different mechanisms of action on the parasites, and taking
advantage of the efficacy tests, performed before the choose of drugs, and then, to prove the
results obtained with the combinations done particularly for each herd.
Key words: Combinations, overdoses, anthelmintics, multi-resistant, helminths.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
CAPÍTULO 2
QUADRO 1. Percentuais de redução média de OPG, obtidos após a aplicação de
diferentes antiparasitários em bovinos naturalmente infectados por nematódeos do
trato gastrintestinal, nos dias 7 (D+7) e 14 (D+14) s-tratamento..................................
28
QUADRO 2. Representatividade de larvas infectantes (L3) recuperadas dos cultivos de
larvas - no dia anterior aos tratamentos (-1) e nos dias 7 (+7) e 14 (+14) pós-
tratamentos para os gêneros Cooperia spp. (Coop.), Haemonchus spp. (Haem.),
Ostertagia spp. (Ostert.), Trichostrongylus spp. (Trich.) e Oesophagostomum spp.
(Oesoph.)...........................................................................................................................
29
CAPÍTULO 4
QUADRO 1. Tratamentos avaliados nos ovinos do rebanho-alvo e eficácias calculadas
das drogas com base em um Teste de Redução da Contagem de Ovos nas Fezes
(FECRT) em um estudo prévio.........................................................................................
52
QUADRO 2. Percentual de cada um dos três gêneros de nematódeos gastrintestinais -
Haemonchus spp. (Haem.), Trichostrongylus spp. (Trich.), Ostertagia spp. (Ostert.)
recuperados de culturas de larvas nas fezes dos ovinos, antes (D0) e 12 dias depois
(D12) dos tratamentos antiparasitários, em um estudo prévio (para as drogas
selecionadas para o presente estudo).................................................................................
53
QUADRO 3. Tratamentos avaliados no rebanho-alvo de ovinos no presente estudo.........
54
QUADRO 4. Médias de OPG de cada grupo de ovinos antes (D0) e 12 dias depois
(D12) dos tratamentos antiparasitários e eficácias calculadas de cada tratamento com
base em um Teste de Redução da Contagem de Ovos nas Fezes (FECRT).....................
55
QUADRO 5. Percentual de cada um dos cinco gêneros de nematódeos gastrintestinais -
Haemonchus spp. (Haem.), Trichostrongylus spp. (Trich.), Ostertagia spp. (Ostert.),
Cooperia spp. (Coop.), Oesophagostomum spp. (Oesoph.) recuperados de culturas
de larvas em fezes ovinas coletadas antes (D0) e 12 dias depois (D12) dos tratamentos
antiparasitários..................................................................................................................
56
7
LISTA DE TABELAS
CHAPTER 3
TABLE 1. Groups (n=15) and treatments evaluated in the target sheep flock....................
37
TABLE 2. Mean EPG of each sheep group before (D0) and 12 days after (D12)
antiparasitic treatments and calculated efficacies of the drugs based on Fecal Egg
Count Reduction Tests (FECRT) by Coles et al. (1992) and RESO FECRT
analysis:.............................................................................................................................
38
TABLE 3. Percentage of each of three genera of gastrointestinal nematodes -
Haemonchus spp. (Haem.), Trichostrongylus spp. (Trich.), Ostertagia spp. (Ostert.)
recovered from larvae cultures of sheep feces collected before (D0) and 12 days after
(D12) antiparasitic treatments, and percentages of reduction (PR) post-treatments
calculated in RESO FECRT software:…………………………………….....................
39
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................
2 AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE DIFERENTES FORMULAÇÕES DE
LACTONAS MACROCÍCLICAS EM CEPAS RESISTENTES DE
NEMATÓDEOS DE BOVINOS.......................................................................................
Abstract..............................................................................................................................
Resumo..............................................................................................................................
Introdução..........................................................................................................................
Material e todos............................................................................................................
Resultados e discussão......................................................................................................
Referências........................................................................................................................
3 MULTIPLE RESISTANCE OF GASTROINTESTINAL NEMATODES TO
NINE DIFFERENT DRUGS IN A SHEEP FLOCK IN SOUTHERN
BRAZIL…………………………………………………………………………………...
Abstract………………………………………………………………………………….
1. Introduction...................................................................................................................
2. Materials and methods..................................................................................................
3. Results...........................................................................................................................
4. Discussion......................................................................................................................
References.........................................................................................................................
4 COMBINAÇÃO DE DROGAS ANTIPARASITÁRIAS COMO ALTERNATIVA
PARA O CONTROLE DE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS MULTI-
RESISTENTES EM OVINOS..........................................................................................
Abstract……………………………..……………………………………………………
Resumo..............................................................................................................................
Introdução..........................................................................................................................
Material e todos............................................................................................................
9
Resultados e discussão......................................................................................................
Conclusões.........................................................................................................................
Referências........................................................................................................................
5 CONCLUSÕES...............................................................................................................
6 REFERÊNCIAS..............................................................................................................
10
1 INTRODUÇÃO
As endoparasitoses dos ruminantes podem ser causadas por uma diversidade de
helmintos, entre os quais se destacam os nematódeos do trato gastrintestinal (THAMSBORG;
ROEPSTORFF; LARSEN, 1999; WALLER, 2002; MEJÍA et al., 2003; JACKSON et al.,
2009). Com as alterações ambientais provocadas através do processo de domesticação dos
animais (como o aumento da densidade populacional e a restrição de movimento dos
rebanhos) e com a interferência humana na seleção genética das espécies domésticas visando
apenas, ou principalmente, a propagação de características desejáveis a critérios de produção,
o homem alterou o equilíbrio natural parasita/hospedeiro, favorecendo o aumento das
populações de parasitas (REINECKE, 1994; WALLER, 2002). Por conseguinte, as
endoparasitoses passaram a exercer um papel central dentre as causas de prejuízos
econômicos nas criações pecuárias, podendo ser consideradas o principal fator restritivo à
viabilidade dos sistemas de produção intensiva ou semi-intensiva de pequenos ruminantes em
diversas regiões do mundo (van WYK; MALAN; RANDLES, 1997; SANGSTER, 1999;
BIFFA; JOBRE; CHAKKA, 2006; LEATHWICK et al., 2009).
As mais notórias conseqüências das infecções por nematódeos do trato gastrintestinal
nos rebanhos de ruminantes se devem ao seu impacto negativo ao bem-estar e à produtividade
dos animais, causando desenvolvimento retardado, anorexia, queda do desempenho
reprodutivo, má conversão alimentar, perda de peso, entre outros, chegando à mortalidade dos
animais debilitados e, especialmente, de cordeiros (MacRAE, 1993; McLEOD, 1995;
BAHIRATHAN et al., 1996; KAGIRA; KANYARIA, 2001; WEST et al., 2009). Porém, na
maioria dos casos, as infecções têm um curso subcnico e, por isso, podem passar
despercebidas, paradoxalmente aos grandes prejuízos que determinam (KYRIAZAKIS et al.,
1994; FORBES; CUTLER; RICE, 2002; WEST et al., 2009). Por conta disso, é essencial ao
bom desempenho geral dos rebanhos, que se apliquem medidas eficazes de controle e
profilaxia, as quais minimizem os efeitos dessas parasitoses, mantendo-as dentro de níveis
normais aceitáveis, os quais, em tese, dependerão da intensidade do sistema de produção
(REINECKE, 1994; STROMBERG; AVERBECK, 1999; MOLENTO, 2009). A adoção
dessas medidas determina um custo, o qual se deve, grandemente, a necessidade de aplicação
de fármacos antiparasitários nos rebanhos (McLEOD, 1995).
Os melhores métodos e técnicas a serem aplicados, visando à sustentabilidade do
controle parasitário, são variáveis em função das práticas de manejo utilizadas em cada
rebanho, das espécies e das categorias animais criadas na área em questão, e de fatores
11
ambientais locais ou regionais (BARGER, 1999; WALLER, 1997; WALLER;
THAMSBORG, 2004). Porém, alguns conceitos básicos da epidemiologia dos
endoparasitas dos ruminantes que precisam ser conhecidos para a realização de um manejo
correto dos fármacos antiparasitários (STROMBERG; AVERBECK, 1999; WALLER, 1999).
Levando-se em conta esses aspectos, têm-se como propostas para o alcance deste objetivo: a
utilização da menor freqüência de tratamentos alopáticos necessária (van WYK et al., 2006),
o emprego de formulações as quais provoquem a menor pressão de seleção de genótipos
resistentes possível, evitando-se as formulações de longa ação (YAZWINSKI et al., 2006;
LEATHWICK et al., 2009), e a incorporação de subterfúgios, como a alternância de bases
químicas (BARNES; DOBSON; BARGER, 1995), para frear o desenvolvimento da
resistência parasitária. Com estas práticas - entre outras possíveis, revisadas por van Wyk et
al. (2006) e por Cezar; Catto; Bianchin (2008) tem-se como principal objetivo a manutenção
e, idealmente, a ampliação da população parasitária em refugia.
A refugia consiste no estoque de ovos e larvas de parasitas presentes no ambiente, fora
de contato com o princípio ativo utilizado ou, mesmo, de formas parasitárias, adultas ou
imaturas, albergadas em animais não-tratados, e apresenta papel fundamental na
sustentabilidade dos tratamentos antiparasitários (van WYK et al., 2006; KENYON et al.,
2009; MOLENTO, 2009). Isso porque, quanto maior for a parcela da populão parasitária
que venha a entrar em contato com doses, terapêuticas ou não, dos antiparasitários utilizados
no rebanho, maior será a pressão de seleção, ou seja, o estímulo para a sobrevivência e
proliferação de genótipos parasitários com maior grau de resistência ao(s) princípio(s) ativo(s)
utilizado(s) (WOLSTENHOLME et al., 2004; KENYON et al., 2009).
Nesse sentido, se observa que a rotação de bases químicas, realizada com critérios
técnicos, dificulta o desenvolvimento da resistência, por haver uma interrupção na pressão de
seleção para determinada base em detrimento de outra, eliminando-se, assim, muitos dos
genótipos resistentes à primeira, pela utilização da segunda (BARNES; DOBSON; BARGER,
1995; JACKSON; COOP, 2000). Porém, como contrapartida, a alternância equivocada de
bases químicas, especialmente naqueles casos em que são empregadas alta freqüência de
tratamentos e rápida rotação de drogas (CRAIG, 1993; JACKSON; COOP, 2000; CRUZ et
al., 2010), somada à inerente resistência lateral
1
(RANJAN et al., 2002) e à possível
1
Resistência lateral: diz-se daquela que se desenvolve quando, a partir de pressão de seleção exercida por
fármaco de determinada classe química, ocorre, concomitantemente, o desenvolvimento de resistência parasitária
para outro(s) fármaco(s) desta mesma classe química (van WYK; MALAN; RANDLES, 1997; SANGSTER,
1999).
12
resistência cruzada
2
(MOTTIER; PRICHARD, 2008; JAMES; DAVEY, 2009), além de, em
alguns casos, à transferência de cepas resistentes de um rebanho para outro pela aquisão de
animais (SILVESTRE et al., 2000; LEATHWICK; POMROY; HEATH, 2001;
LEATHWICK et al., 2009), podem resultar no desenvolvimento de resistência múltipla.
Conceitua-se a resistência múltipla como aquela em que diferentes classes de fármacos
antiparasitários, de comprovada eficácia sobre os parasitas-alvo em condições naturais,
passam a ter sua eficácia reduzida sobre determinada população parasitária, a qual, na sua
origem, consistia de ampla maioria (mais de 95%) de genótipos susceptíveis a estes fármacos
(MEJÍA et al., 2003; TAYLOR et al., 2009). Em bovinos, são menos comuns os casos de
resistência parasitária múltipla (COLES, 2002; MEJÍA et al., 2003), mas em pequenos
ruminantes, além da grande ocorrência desses casos ao redor do mundo (WOLSTENHOLME
et al., 2004), relatos que dão conta de populações de helmintos multi-resistentes às
principais classes de medicamentos antiparasitários (avermectinas/milbemicinas,
benzimidazóis e imidazotiais) disseminadas por diversas regiões (FARIAS et al., 1997;
ZAJAC; GIPSON, 2000; WAGHORN et al., 2006). Além disso, é comum a resistência lateral
dentro de cada uma dessas classes de medicamentos (VÁRADY et al., 1997; van WYK;
MALAN; RANDLES, 1997; SANGSTER, 1999; SANGSTER; GILL, 1999; JACKSON;
COOP, 2000), especialmente, entre os endectocidas do grupo das lactonas macrocíclicas
(avermectinas/milbemicinas) (KAPLAN, 2004).
Quanto mais intensivo for o sistema de criação, maiores tendem a ser os prejuízos ao
produtor no caso de tratamentos anti-helmínticos ineficazes, seja pela sua incorreta aplicão,
seja pela resistência parasitária (REINECKE, 1994; BARGER, 1999; KAGIRA;
KANYARIA, 2001) e, que se destacar, que os métodos alternativos de controle anti-
helmíntico devem ser tratados como complementares no controle dos parasitas nos rebanhos
e, com isso, devem ser associados ao tratamento alopático, e eficaz, dos animais (WALLER;
THAMSBORG, 2004; CEZAR; CATTO; BIANCHIN, 2008; MOLENTO, 2009). Sabendo-se
disso, fica clara a necessidade de recorrer-se a alternativas farmacológicas para restabelecer a
eficácia dos tratamentos e garantir a sustentabilidade do controle anti-helmíntico e a
viabilidade produtiva em rebanhos acometidos pela resistência parasitária múltipla.
2
Resistência cruzada: diz-se daquela que se entre princípios ativos pertencentes a grupos químicos distintos
entre si. Dessa forma, ocorre quando, ainda que indiretamente, a pressão de seleção exercida por determinado
fármaco sobre a população parasitária provoca, concomitantemente, o desenvolvimento de genótipos resistentes
a outro(s) fármaco(s) de grupo(s) químico(s) distinto(s) ao primeiro (van WYK; MALAN; RANDLES, 1997;
SANGSTER, 1999).
13
A ampla gama de fármacos antiparasitários disponíveis no mercado, com diferentes
princípios ativos, formulações, concentrações, vias de administração, nomes comerciais
(McKELLAR; JACKSON, 2004), paradoxalmente à liberdade de escolha que proporciona,
acaba por confundir os produtores, os quais, em geral, prescindem do aconselhamento de um
dico veterinário, e utilizam critérios aleatórios na compra desses medicamentos para
aplicação nos seus rebanhos. Essa realidade, que se observa no campo, é compatível com a
amplitude dos problemas de resistência parasitária que se observam nas mais diferentes
regiões do mundo (KAPLAN, 2004; WOLSTENHOLME et al., 2004).
Como alternativas de manejo de fármacos antiparasitários que podem ser propostas
com vistas a recuperar a eficácia dos tratamentos sobre populações multi-resistentes de
nematódeos gastrintestinais estão: (a) o uso de fármacos de alta concentração (longa ação); (b)
a aplicação de superdoses; (c) as aplicações de um mesmo fármaco em dias consecutivos; e
(d) as combinações comerciais de princípios ativos. Porém, todas essas práticas apresentam
alguns pontos negativos importantes, os quais serão apresentados a seguir.
Em geral, as formulações com altas concentrações de princípio ativo são veiculadas
de maneira a garantir um ―estoque‖ deste princípio ativo no organismo do animal tratado, o
qual vai sendo liberado gradativamente na corrente sangüínea (LIFSCHITZ et al., 1999;
DUPUY; SUTRA; ALVINERIE, 2007; LIFSCHITZ et al., 2007), de onde se distribui aos
tecidos-alvos nos quais se dá o contato com os parasitas (LIFSCHITZ et al., 1999). Por conta
destes mecanismos, tais fármacos tendem a ter um efeito mais expressivo no aumento do
período de ação do que propriamente na eficácia do tratamento (DOBSON; LeJAMBRE;
GILL, 1996; LIFSCHITZ et al., 2007). Contando contra a utilização de fármacos com longo
período de ação tem-se a sua característica de permanecerem sendo liberados na corrente
sangüínea em subdoses por muito tempo depois de sua aplicação, o que ocorre posteriormente
à sua queda para concentrações plasmáticas inferiores à dose terapêutica (DOBSON;
LeJAMBRE; GILL, 1996; LAWRENCE et al., 2006). Durante esse período, ocorre a
eliminação daqueles genótipos de parasitas mais susceptíveis ao princípio ativo, diminuindo a
sua proporção na refugia (van WYK et al., 2006; KENYON et al., 2009), e acarretando, com
isso, na aceleração do desenvolvimento de resistência parasitária.
Embora se possa imaginar que superdosagens promovam um aumento da eficácia
dos tratamentos, isto pode não se confirmar na prática (WALLER, 1997). Adicionalmente,
essas altas doses acabam por imprimir elevada pressão de seleção de genótipos (homozigotos)
resistentes ao princípio ativo (BARNES; DOBSON; BARGER, 1995; GEERTS;
GRYSEELS, 2000; SILVESTRE et al., 2002), o que, por sua vez, tende a inviabilizar a droga
14
utilizada a médio-longo prazo. Ainda, podem ocorrer intoxicações e se exacerbarem os efeitos
adversos das drogas administradas em superdosagens (BARLOW; SHARPE; KINCAID,
2002; van der LUGT; VENTER, 2007). Além disso, com esta prática elevam-se os custos dos
tratamentos, e pode haver interferência no tempo de carência para o abate ou para a utilização
do leite dos animais, não sendo mais possível considerar as recomendações expressas nas
bulas dos medicamentos, as quais são válidas apenas para as doses igualmente recomendadas.
Aplicações consecutivas de um mesmo princípio ativo em curtos intervalos de
tempo (dias) podem aumentar sua eficácia sobre parasitas resistentes (SANGSTER et al.,
1991; CHARTIER; PORS; BENOIT, 1995; HENNESSY, 1997), mas além de elevarem os
custos dos tratamentos, aumentam o manejo e o estresse dos animais (van WYK et al., 2006),
o que, por si, poderá desencorajar o produtor a adotar esse sistema.
Por fim, as combinações comerciais de princípios ativos impedem que a escolha das
bases químicas aplicadas seja feita conforme a realidade de cada rebanho. Isso reduz as
opções do produtor às combinações mercadologicamente mais viáveis, não necessariamente
as mais indicadas a determinado rebanho especificamente.
As combinações de drogas realizadas por meio de aplicação concomitante de
fármacos m sido comumente estudadas em humanos para o controle de parasitas resistentes
ou para o aumento da eficácia dos tratamentos antiparasitários (ISMAIL et al., 1998;
ALBONICO et al., 2003; PINK et al., 2005). As combinações comerciais, contendo diferentes
classes de princípios ativos, têm seu uso freqüente para o controle de ectoparasitas resistentes
em bovinos, principalmente na América Latina (GEORGE; POUND; DAVEY, 2004;
FURLONG; PRATA; MARTINS, 2007). Essas estratégias têm sido pouco exploradas para
endoparasitas de animais de produção, embora o aparecimento de resistência parasitária
múltipla em rebanhos de pequenos ruminantes tenha instigado alguns estudos com essa
proposta (ANDERSON; MARTIN; JARRET, 1988; MILLER; CRAIG, 1996;
ENTROCASSO et al., 2008). Nesse sentido, deve-se destacar que, ao realizarem-se
tratamentos com combinações de diferentes drogas, pouco acréscimo no que diz respeito
ao manejo, e têm-se, como vantagens importantes, a manutenção das dosagens recomendadas
para cada fármaco e a possibilidade de combinação de bases pertencentes a grupos químicos
distintos, os quais apresentam diferentes mecanismos de ação. Estas diferenças nos modos de
ação dificultam as adaptações dos parasitas e, conseqüentemente, a disseminação de genótipos
resistentes aos tratamentos (BARNES; DOBSON; BARGER, 1995; GEERTS; GRYSEELS,
2000; HU et al., 2010).
15
Os estudos in vitro (MOLENTO; PRICHARD, 1999; RANJAN, 2002; van
ZEVEREN et al., 2007) têm grande importância para o esclarecimento dos mecanismos de
desenvolvimento da resistência parasitária nos mais diversos contextos, e permitem um maior
controle em relação aos fatores desencadeadores dos mecanismos de resistência nas
populações de parasitas, que nesses modelos experimentais podem-se evitar as variáveis
ambientais, por exemplo. Porém, sabendo-se que, a campo, as cepas resistentes tendem a se
desenvolver diferentemente daquelas produzidas em laboratório (GILL et al., 1998), torna-se
imprescindível a condução de estudos em condições reais, ainda que, nesses casos, devam-se
considerar particularidades inerentes a cada rebanho, as quais não devem ser generalizadas.
Contudo, a conjuão de tais estudos é essencial para que se confirmem ou não as teorias
advindas das mais diversas investigações conduzidas dentro do tema da resistência parasitária
ao redor do mundo.
Nos capítulos seguintes são apresentados e discutidos experimentos que foram
realizados com a finalidade de apresentar a problemática da resistência parasitária utilizando-
se rebanhos de ruminantes do sul do Brasil, experimentos os quais se propuseram, mais
especificamente, ao objetivo de testar alternativas farmacológicas para a recuperação da
eficácia dos tratamentos antiparasitários sobre as populações de nematódeos gastrintestinais
multi-resistentes presentes nesses rebanhos. A partir desses estudos, propõe-se uma nova
abordagem em relação à resistência parasitária ltipla, na qual se almeja a recuperação da
eficácia dos tratamentos alopáticos como objetivo primordial à elaboração de programas de
controle anti-helmíntico sustentáveis, os quais deverão ser complementados com as ditas
práticas alternativas, comprovadamente úteis, benéficas e indissociáveis de um adequado
manejo antiparasitário.
16
2 AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA DE DIFERENTES FORMULAÇÕES DE
LACTONAS MACROCÍCLICAS EM CEPAS RESISTENTES DE
NEMATÓDEOS DE BOVINOS
1
Alfredo Skrebsky Cezar
2
*
, Fernanda S. F. Vogel
3
, Luís Antônio Sangioni
3
,
Ana Maria Antonello
4
, Giovana Camillo
2
, Gustavo Toscan
2
e Luciana O. de Araujo
4
(Artigo aceito para publicação na revista científica Pesquisa Veterinária Brasileira, 2010)
ABSTRACT.- Cezar A.S., Vogel F.S.F., Sangioni L.A., Antonello A.M., Camillo G., Toscan
G. & Araujo L.O. 2010. [Anthelmintic action of different formulations of macrocyclic
lactones on resistant strains of nematodes of cattle.] Ação anti-helmíntica de diferentes
formulações de lactonas macrocíclicas em cepas resistentes de nematódeos de bovinos.
Pesquisa Veterinária Brasileira xx(xx):xx-xx. Programa de Pós-graduação em Medicina
Veterinária Preventiva, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS,
97105-900, Brazil. E-mail: alfredosps@hotmail.com
The macrocyclic lactones (MLs) (avermectins and milbemicins) are endectocides
broadly used in livestock and in some parasitic diseases of humans. In cattle, parasite
resistance to MLs is emerging, and the appearance of formulations that differ in their
pharmacological properties become complex the choice of the most appropriate drug to each
case. In order to evaluate possible alternatives to restore the effectiveness of MLs on resistant
strains of gastrointestinal nematodes, were tested, in this study, ten different treatments based
on the MLs on a population of gastrointestinal nematodes of cattle which, known, was under
pressure of selection by 1% avermectins. Additionally, was tested a benzimidazole. The
efficacy of the drugs was calculated with basis on the reduction of eggs per gram of feces
(EPG) of bovines. The resistance of each genus was evaluated by identification of the larvae,
obtained from culture in the feces, pre- and post-treatments. The desired efficacy was not
1
Recebido em:
2
Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária Preventiva - Doenças Parasitárias. Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), Av. Roraima, nº 1000, Prédio 44, Sala 5149, Camobi, Santa Maria, RS, Brasil.
CEP: 97105-900. Telefone: (55) 3220 8071. E-mail: alfredosps@hotmail.com. *Autor para correspondência.
3
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP), Centro de Ciências Rurais (CCR), UFSM. Av.
Roraima, nº 1000, Prédio 44, Camobi, Santa Maria, RS, Brasil. CEP: 97105-900. Telefone: (55) 3220 8071.
4
Curso de Medicina Veterinária, UFSM. Santa Maria, RS, Brasil.
17
obtained using long acting avermectins - with high concentration and in association - even
with the application of high doses. The genera Cooperia spp., Haemonchus spp. and
Trichostrongylus spp. were resistant to avermectins, and Ostertagia spp. to ivermectin. It was
observed that, once established parasite resistance to the 1% MLs, the application of drugs, of
this same chemical group, even in formulations of high concentration, association or in high
doses, may not result in the expected efficacy.
INDEX TERMS: macrolactones, long action, parasite resistance, helminthes.
RESUMO.- As lactonas macrocíclicas (LMs) (avermectinas e milbemicinas) são
endectocidas amplamente utilizados em animais e em algumas parasitoses humanas. Em
bovinos, a resistência parasitária às LMs é emergente, e o surgimento de formulações que
diferem nas suas propriedades farmacológicas tornou complexa a escolha da droga mais
indicada a cada caso. Com o objetivo de avaliar possíveis alternativas para recuperar a
eficácia de LMs sobre cepas resistentes de nematódeos gastrintestinais, testaram-se, neste
estudo, dez diferentes tratamentos a base de LMs sobre uma população de nemadeos
gastrintestinais de bovinos a qual, sabidamente, sofrera pressão de seleção por avermectinas a
1%. Adicionalmente, testou-se um benzimidazol. A eficácia das drogas foi calculada com
base na redução de ovos por grama de fezes (OPG) dos bovinos. A resistência de cada nero
foi avaliada por meio de identificação de larvas, obtidas de cultivos nas fezes, pré- e pós-
tratamentos. Não se obteve a eficácia desejada com o emprego de avermectinas de longa ação
- com alta concentração e em associação - ou mesmo, com a aplicação de superdoses. Os
gêneros Cooperia spp., Haemonchus spp. e Trichostrongylus spp. foram resistentes às
avermectinas, e Ostertagia spp. à ivermectina. Observou-se que, uma vez estabelecida a
resistência parasitária a LMs a 1%, a aplicação de fármacos, deste mesmo grupo químico,
ainda que em formulações mais concentradas, associações ou superdoses, pode não resultar na
eficácia esperada.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: macrolactonas, longa ação, resistência parasitária, helmintos.
INTRODUÇÃO
As infecções por nematódeos do trato gastrintestinal influenciam negativamente na
produtividade e no bem-estar dos bovinos, sendo necessário que se promovam medidas de
18
controle e profilaxia que as minimizem. Até o momento, quase todos os métodos de controle
dessas parasitoses dependem, em algum grau, do emprego de quimioterápicos. As lactonas
macrocíclicas (LMs) são endectocidas de amplo espectro (avermectinas e milbemicinas),
largamente utilizados em animais domésticos e em algumas parasitoses de humanos (Shoop et
al. 1995, Geary 2005). A resistência parasitária a essas drogas encontra-se disseminada ao
redor do mundo nos rebanhos bovinos (Kaplan 2004), reduzindo a eficácia e, por
conseqüência, o retorno econômico dos tratamentos antiparasitários.
As LMs disponíveis para aplicação em bovinos apresentam-se em diversas
formulações - com diferentes princípios ativos, concentrações e associações - dando
alternativas ao produtor para a escolha de drogas eficazes no seu rebanho e adequadas ao seu
manejo. Porém, é necessário que se encontrem meios para estender a vida-útil destes e dos
demais fármacos antiparasitários, caso contrário, o desenvolvimento de resistência múltipla
aos anti-helmínticos pode dificultar, ou mesmo, inviabilizar o controle das nematoases no
rebanho (Coles 2002, Kaplan 2004). Além disso, deve-se destacar a importância de manter-se
a viabilidade dos endectocidas para programas de controle integrado das parasitoses.
Há correlação positiva entre a dose administrada e a concentração plasmática de LMs
em bovinos (Lanusse & Prichard 1993, van Zeveren et al. 2007) e alguns estudos indicam que
a aplicação de LMs de alta concentração com longa ação (LA) e em associação pode
aumentar a eficiência dos tratamentos (Dobson et al. 1996, Catto et al. 2005, Yazwinski et al.
2006, Borges et al. 2008). Além disso, na seleção experimental de nemadeos resistentes a
LMs, a partir de cepas originalmente susceptíveis, em geral, é necessária a aplicação de uma
subdose para desencadear o processo de seleção, a qual é aumentada gradativamente, sobre
subseqüentes gerações do parasita, até obterem-se cepas resistentes à dose terapêutica do
princípio ativo (Ranjan et al. 2002, van Zeveren et al. 2007). Essas observações apontam para
uma adaptação dose-dependente da população parasitária ao princípio ativo, o que indica que
cepas resistentes à dose terapêutica nima de determinada droga poderiam ser susceptíveis
ao contato com maiores concentrações da mesma. Levando-se em conta esses fatos, e as
evidências de que as cepas resistentes presentes nos rebanhos podem diferir daquelas
produzidas em laboratório (Gill et al. 1998), torna-se importante a investigação criteriosa da
aplicabilidade desses conceitos em condições de campo.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar a ação de LMs - com diferentes
princípios ativos e concentrações, em associação, com diferentes doses e períodos de
persistência - e, adicionalmente, de um fármaco do grupo dos benzimidazóis, sobre uma
população de helmintos que, sabidamente, sofrera pressão de seleção por avermectinas a 1%,
19
e a qual não sofrera pressão de seleção por outros anti-helmínticos nos oito anos anteriores ao
estudo. Com isso, buscou-se avaliar a viabilidade dessas alternativas para o controle de
helmintos em uma população resistente às avermectinas de baixa concentração (a 1%).
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizou-se um rebanho bovino situado no município de São Pedro do Sul, no estado
do Rio Grande do Sul, Brasil, cuja escolha deveu-se ao manejo antiparasitário previamente
realizado, que consistia na aplicação de doramectina a 1% (DRM 1%) (apenas em neonatos
ou pré-castração - nos machos) e de ivermectina a 1% (IVM 1%), com média de 4
tratamentos/ano, em todas as categorias animais. Não havia critério definido para os
tratamentos, sendo, os mesmos, realizados de maneira profilática e, por conveniência, quando
os animais viessem a ser manejados para outros fins. Assim, por conta da pressão de seleção
exercida sobre os nematódeos gastrintestinais presentes nos bovinos e, por conseqüência, nas
pastagens, partiu-se de boa probabilidade de se encontrarem cepas de nematódeos resistentes
à LMs. Deste rebanho, utilizou-se um lote de 149 bovinos da raça Brangus, com cerca de 12
meses de idade, mantidos em campo nativo, com densidade de 1,1 UA ha
-1
e isentos de
tratamento anti-helmíntico nos três meses precedentes ao início dos testes.
O estudo constituiu-se de três experimentos subseqüentes e interdependentes, onde
os resultados de cada experimento indicavam o que seria testado a seguir. Durante o curso
deste estudo avaliou-se, pelos mesmos métodos, um grupo de animais não-tratados junto a
cada um dos experimentos. Com isso, monitoraram-se possíveis variações naturais da
população parasitária que pudessem interferir nos resultados dos testes de eficácia.
Experimento 1: testou-se a eficácia anti-helmíntica de avermectinas e de uma
milbemicina, nas suas formulações a 1%, em veículo oleoso (de liberação lenta) ou não-
aquoso. Adicionalmente, testou-se a eficácia de um anti-helmíntico do grupo dos
benzimidazóis. Para isso, foram constituídos 6 grupos (n=8), que receberam os seguintes
tratamentos: G1. ivermectina a 1%
5
(IVM 1%) (0,2 mg Kg
-1
); G2. doramectina a 1%
6
(DRM
1%) (0,2 mg Kg
-1
); G3. ivermectina a 1% LA
7
(IVM 1% LA) (0,2 mg Kg
-1
); G4. abamectina a
1% LA
8
(ABM 1% LA) (0,2 mg Kg
-1
); G5. moxidectina a 1%
9
(MOX 1%) (0,2 mg Kg
-1
); G6.
5
Ivermectina 1% Ouro Fino, Ouro Fino Saúde Animal, Rodovia Anhanguera SP 330, Km 298, Cravinhos, SP.
6
Dectomax®, Pfizer Saúde Animal, Avenida Monteiro Lobato 2270, Guarulhos, SP.
7
Ivotan® L.A., Intervet do Brasil Veterinária LTDA, Avenida Sir Henry Wellcome 335, Cotia, SP.
8
Abamectina 1% Ouro Fino LA, Ouro Fino Saúde Animal, Rod. Anhanguera SP 330, Km 298, Cravinhos, SP.
9
Cydectin Injetável®, Fort Dodge Saúde Animal, Rua Luiz Fernando Rodriguez, 1701, Campinas, SP.
20
sulfóxido de albendazol a 10%
10
(SULF-ALB 10%) (2,5 mg Kg
-1
) - do grupo dos
benzimidazóis.
Experimento 2: testou-se a ação anti-helmíntica de avermectinas de alta
concentração com longa ação (LA), incluindo-se uma droga composta por uma associação de
princípios ativos, sobre a população de nematódeos gastrintestinais resistente às avermectinas
a 1%. Os grupos tratados (n=8) foram: G7. ivermectina a 3,15% LA
11
(IVM 3,15% LA) (0,63
mg Kg
-1
); G8. ivermectina a 4% LA
12
(IVM 4% LA) (0,8 mg Kg
-1
); G9. ivermectina a 2,25%
(0,45 mg Kg
-1
) + abamectina a 1,25% LA (0,25 mg Kg
-1
)
13
(IVM+ABM 3,5% LA).
Experimento 3: testou-se a ivermectina - a 1% e a 3,15% LA - em superdoses (triplo
da dose terapêutica) sobre a população de nematódeos gastrintestinais resistente às
avermectinas a 1%. Os grupos tratados (n=8) foram: G10. IVM 1%
5
em dose tripla (0,6 mg
Kg
-1
); G11. IVM 3,15% LA
11
em dose tripla (1,9 mg Kg
-1
).
Procederam-se coletas de fezes no dia anterior ao tratamento (D-1) e aos 7 (D+7), 14
(D+14) e 21 (D+21) dias pós-tratamento. Realizaram-se contagens de ovos de nematódeos
por grama de fezes (OPG) (individualmente para cada amostra fecal), pelo método de Gordon
& Withlock, modificado, com sensibilidade de detecção de 50 OPG; e cultivos de larvas (uma
por grupo experimental, em cada uma das coletas), pelo método de Roberts & O‘Sullivan,
identificando-se até 100 larvas infectantes por coprocultura (Ueno & Gonçalves 1998). Foram
selecionados animais com OPG inicial ≥200 (D-1), os quais foram divididos em grupos com
dias de OPG pré-tratamento equivalentes, a cada experimento, por randomização
estratificada, com o ranqueamento dos animais por contagem de OPG. Todas as drogas
testadas foram administradas pela via subcutânea, em dose única. Os dias dos tratamentos
foram tomados como dias zero (D0) dos experimentos.
Seguindo as recomendações da World Association for the Advancement of
Veterinary Parasitology (Coles et al. 1992), considerou-se eficaz aquela droga que atingiu ou
superou os 95% de redução de OPG aos 7 (D+7) e aos 14 (D+14) dias pós-tratamento,
calculado pela fórmula: PR = 100 (1 OPGpós / OPGpré), onde, PR representa o
percentual de redução de OPG calculado; ―OPGpós‖ equivale à média aritmética de OPG para
cada grupo pós-tratamento (D+7, D+14 e D+21); e ―OPGpré‖ equivale à média aritmética de
OPG para cada grupo pré-tratamento (D-1). Os valores de OPG foram comparados pelo teste
ANOVA com DMS Duncan, com nível de significância de 5%. O grau de resistência, de cada
10
Ricobendazole 10 Injetável, Ouro Fino Saúde Animal, Rodovia Anhanguera SP 330, Km 298, Cravinhos, SP.
11
Ivomec® Gold, Merial Saúde Animal, Fazenda São Francisco, s/nº, Paulínia, SP.
12
Master LP, Ouro Fino Saúde Animal, Rodovia Anhanguera SP 330, Km 298, Cravinhos, SP.
13
Solution® 3,5% L.A., Intervet do Brasil Veterinária LTDA, Avenida Sir Henry Wellcome 335, Cotia, SP.
21
gênero de nematódeo presente no rebanho para cada droga testada, foi avaliado pela
comparação entre o seu percentual representativo, nos cultivos de larvas, pré- e pós-
tratamento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 são demonstradas as dias de OPG e as eficácias calculadas das
formulações testadas. Devido a nenhum dos tratamentos testados durante este estudo ter sido
capaz de manter uma média de redução de OPG ≥95% (em relação à D-1) até o D+21 (dados
o demonstrados), não foram realizadas novas coletas depois de decorrido este período.
Conforme se observa no Quadro 1, detectou-se resistência parasitária aos fármacos
que vinham sendo utilizados nos bovinos IVM 1% (G1) e DRM 1% (G2) - e resistência
lateral à ABM (G4) (princípio ativo que não houvera sido utilizado anteriormente neste
rebanho). No que diz respeito às médias de OPG s-tratamentos, tanto a DRM quanto a
ABM apresentaram melhor desempenho no D+7 (p<0,05), se comparado às IVMs a 1% (G1 e
G3). A resistência parasitária à IVM 1% era esperada neste caso, uma vez que esta era a
formulação mais freqüentemente utilizada nos bovinos. O desenvolvimento de resistência às
avermectinas, em rebanhos tratados profilaticamente com esses fármacos (Soutello et al.
2007, Souza et al. 2008), e a ocorrência de resistência lateral entre princípios ativos desse
grupo químico (Mello et al. 2006) têm sido comumente descritos. Por outro lado, não se
observou, neste estudo, resistência lateral à MOX 1% (G5), diferentemente do que fora
relatado por Vermunt et al. (1996). Embora avermectinas e milbemicinas apresentem
mecanismos de ação quase idênticos (Shoop et al. 1995), o que, aparentemente, implica em
que o desenvolvimento de resistência às avermectinas provoque, paralelamente, resistência às
milbemicinas e vice-versa (Kaplan et al. 2007), pouco se sabe a respeito de quais fatores
poderiam ser determinantes para que ocorra ou não resistência lateral para
avermectinas/milbemicinas em uma população parasitária. Segundo Ranjan et al. (2002) a
resistência parasitária à MOX pode se desenvolver mais lentamente, em comparação com a
IVM, na população parasitária, fazendo com que parasitas resistentes à IVM permaneçam
susceptíveis à dose terapêutica da MOX. Essas observações vão ao encontro dos resultados
deste estudo, cuja população parasitária fora selecionada pela dose terapêutica de
avermectinas. Todavia, Condi et al. (2009) demonstraram que a resisncia parasitária à
MOX, avaliada pela redução da contagem de OPG, pode acabar sendo subestimada devido à
supressão, provocada pela droga, na excreção de ovos pelos nematódeos gastrintestinais, sem
22
que haja, porém, a equivalente redução da carga parasitária. Por conta disso, deve-se ter
cautela ao utilizar-se a MOX em caso de ineficácia de outras LMs em um rebanho, uma vez
que a diferença observada na eficácia da MOX em relação às avermectinas será,
possivelmente, temporária, sendo que o modelo experimental utilizado não permitiu a
comprovação desta tendência pelo curto período de observão.
Conforme se demonstra no Quadro 1, embora tenham sido observados maiores
percentuais de redução de OPG com a aplicação de IVM 3,15% LA (G7) e de IVM 4% LA
(G8), se comparado às IVMs a 1% (G1 e G3), não houve diferença estatística para as médias
de OPG s-tratamentos entre estes grupos, exceto no caso do G3, no qual o desempenho do
tratamento foi inferior ao do G7 e ao do G8 (p<0,05) no D+14. Por outro lado, a associação
IVM+ABM 3,5% LA (G9) determinou menores médias de OPG (p<0,05) tanto em relação à
IVM a 1% (D+7) como à IVM 1% LA (D+7 e D+14). Além disso, o desempenho dessa
associação (G9) foi superior (p<0,05) ao da IVM 3,15% LA (G7) no D+7. Contudo, estes
tratamentos com formulações de alta concentração não atingiram a eficácia desejada (redução
dia de OPG 95%) (Coles et al. 1992), o que não foi obtido mesmo com a aplicação de
superdosagens de IVM (G10 e G11), apesar da obtenção de menores médias de OPG (p<0,05)
no D+7 para o G10 em relação ao G1 e ao G3, e no D+14 para o G11 se comparado ao G3.
De forma geral, pode-se afirmar que os nematódeos gastrintestinais dos bovinos, os quais
se mostravam resistentes aos tratamentos realizados na propriedade, apresentaram resistência
a uma concentração equivalente ao triplo da dose terapêutica recomendada para a IVM.
O SULF-ALB10% foi eficaz, considerando-se a redução média de OPG (D+7 e
D+14). Em uma primeira análise, estes resultados não confirmariam as evidências de que a
pressão de seleção, exercida pelas LMs, seria capaz de aumentar a freqüência de alelos
envolvidos na resistência aos benzimidazóis na população parasitária, como comprovado, in
vitro, na espécie Haemonchus contortus (Mottier & Prichard 2008). Porém, recuperaram-se
larvas resistentes a este tratamento (Quadro 2), com alta predominância de Haemonchus spp.
no D+7, seguida por grande representatividade de Cooperia spp. no D+14.
Não houve variações representativas das médias de OPG dos grupos o-tratados no
curso dos experimentos. Nestes grupos os gêneros Cooperia spp. e Haemonchus spp.
predominaram, as freqüências de Trichostrongylus spp. e Ostertagia spp. foram consideráveis
e de Oesophagostomum spp. foram mínimas (dados não-demonstrados).
Conforme observa-se no Quadro 2, o gênero Oesophagostomum spp. não se
demonstrou resistente a nenhum dos tratamentos. Após o tratamento (D+14) com MOX 1%
(G5), sobressaíram-se larvas de Haemonchus spp. e Cooperia spp. (Quadro 2), porém, a
23
elevada redução de OPG obtida com esta droga (Quadro 1) não permitiu a comprovação de
resistência da população parasitária neste caso. Por outro lado, conforme se observa no
Quadro 2, os gêneros Cooperia spp. e Haemonchus spp. demonstraram resistência a todos os
tratamentos com avermectinas, larvas do gênero Trichostrongylus spp. resistentes às
avermectinas também foram recuperadas ao longo deste estudo, e o gênero Ostertagia spp.,
que apareceu em níveis consideráveis apenas no experimento 3, demonstrou resistência à
IVM (G10 e G11). Nota-se que, tal como relatado neste, cepas de Cooperia spp. e
Haemonchus spp. resistentes às avermectinas têm sido comumente descritas em bovinos
(Rangel et al. 2005, Soutello et al. 2007, Suarez & Cristel 2007, Borges et al. 2008). Em
relação ao gênero Cooperia spp., isto pode estar relacionado à sua característica de ser dose-
limitante para as LMs (Shoop et al. 1995), ou seja, de ser naturalmente mais tolerante a esses
fármacos se comparado a maioria dos demais gêneros de nematódeos. Para o gênero
Haemonchus spp., tal fato parece estar relacionado à dominância genética que torna mais
eficiente a transmissão da resistência às LMs (Dobson et al. 1996). no que confere aos
gêneros Trichostrongylus spp. e Ostertagia spp., os relatos de resistência às LMs em rebanhos
bovinos são mais raros, e os mecanismos envolvidos neste processo são pouco conhecidos.
A concentração necessária nos tecidos-alvos, para que a droga seja eficaz, é variável
entre os gêneros de helmintos (Lifschitz et al. 1999), o que sugere que possa variar também
entre cepas resistentes e susceptíveis de um mesmo gênero de nematódeo (Shoop et al. 1995).
As farmacocinéticas da IVM 1% e da IVM 3,15% LA foram demonstradas por Lifschitz et al.
(2007), os quais observaram influências da concentração do fármaco, da dose aplicada e do
veículo (não-aquoso ou oleoso) na curva de concentração plasmática da IVM em bovinos.
Com base nessas informações, pode-se afirmar que ambas as formulações, nas doses usuais
(0,2 mg Kg
-1
e 0,63 mg Kg
-1
, respectivamente), apresentam picos plasmáticos equivalentes,
devido à liberação lenta da IVM em veículo oleoso (caso da IVM 3,15% LA). No presente
estudo, as formulações de IVM de alta concentrão com liberação lenta (G7 e G8), em geral,
determinaram maior redução média de OPG sobre as cepas resistentes em relação às IVMs a
1% (G1 e G3). Isto poderia indicar que o tempo de exposição dos parasitas a uma mesma
concentração plasmática do princípio ativo tem influência positiva na eficia do tratamento.
Neste contexto, as formulações LA têm como principal vantagem sua maior
persistência em concentração suficiente à manutenção da sua ação antiparasitária (Dobson et
al. 1996). A exemplo disso, Catto et al. (2005) detectaram menor prevalência das infecções,
menor média de OPG e maior ganho de peso em bezerros tratados com IVM 3,15% LA em
comparação a bezerros tratados com IVM 1%, devendo-se ressaltar que essas difereas
24
puderam ser constatadas em um período observacional mais longo (dos 3 a 5 meses ao
desmame). Porém, no presente estudo, a ação dessa maior persistência das formulações LA no
controle da re-infecção parasitária não pôde ser quantificada, o que se deveu à baixa eficácia
destes fármacos no rebanho utilizado. Adicionalmente, ao utilizar-se uma associação de
avermectinas, como no caso da IVM+ABM 3,5% LA (G9), soma-se à maior persistência, um
possível efeito combinado dos princípios ativos, levando-se em conta que diferenças na
susceptibilidade dos diferentes gêneros ou espécies de helmintos a cada uma dessas bases
químicas (Borges et al. 2008). De outra forma, ao aumentar-se a dose administrada de IVM,
tal qual realizado nos grupos G10 e G11, obtém-se um aumento equivalente do seu pico de
concentração plasmática (Lifischitz et al. 2007), o que poderia ser determinante para a
eficácia do princípio ativo sobre helmintos menos sensíveis (ou mais resistentes) ao mesmo.
Juntamente a essas observações, deve-se considerar o fato de que na seleção
experimental, em condições laboratoriais, de genótipos de parasitas resistentes a LMs como,
por exemplo, de H. contortus (Ranjan et al. 2002) e de Ostertagia ostertagi (van Zeveren et
al. 2007), o processo de seleção é desencadeado pela aplicação de subdoses nos animais
inoculados com a cepa parental (susceptível), seguido de aumento gradativo da dose sobre
subseqüentes gerações dos parasitas, até a obtenção de uma cepa resistente à dose terapêutica
do princípio ativo, devendo-se ressaltar que, nestes casos, não há o efeito da refugia e de
outros fatores epidemiológicos que poderiam interferir na proporção de genótipos resistentes.
A conjunção destas observações permitia supor que, em condições de campo, ao
sofrer pressão de seleção pela dose terapêutica (i.e. 0,2 mg Kg
-1
de IVM), durante um longo
período, a população parasitária que se tornasse resistente, pudesse apresentar
susceptibilidade a maiores doses e concentrações de princípio ativo, o que não se confirmou
em termos de eficácia baseada na redução média de OPG, no presente estudo.
A baixa eficácia dos tratamentos anti-helmínticos, detectada neste rebanho, indica a
ocorrência de perdas econômicas, as quais não estavam sendo identificadas pelos
proprietários por decorrerem de infecções subclínicas. Esta situação, provavelmente, é similar
à de outras propriedades que utilizam as LMs de maneira profilática, ou ainda, supressiva.
Buscar meios de restabelecer a eficácia das LMs em parasitas resistentes de animais
pode ser uma alternativa para estender a vida útil deste importante grupo de endectocidas nos
rebanhos e poderia, inclusive, servir de base para casos de resistência em parasitas de
humanos, onde a recuperação cnica do paciente suplantaria maiores custos com os
tratamentos. Porém, observou-se que, uma vez estabelecida a resistência parasitária às
avermectinas a 1%, a utilização destes fármacos, ainda que em formulações mais
25
concentradas, associações ou superdoses, pode não resultar no retorno esperado, devendo-se
testar a viabilidade destas oões no rebanho-alvo antes de instituírem-se tais tratamentos.
Restam, ainda, diversos pontos a serem esclarecidos em relação aos mecanismos de
resistência parasitária, especialmente em condições de campo. É necessário que se
aprofundem pesquisas nesta área visando um melhor aproveitamento das drogas
antiparasitárias existentes no mercado.
REFERÊNCIAS
Borges F.A., Silva H.C., Buzzulini C., Soares V.E., Santos E., Oliveira G.P. & Costa A.J.
2008. Endectocide activity of a new long-action formulation containing 2.25% ivermectin +
1.25% abamectin in cattle. Vet. Parasitol. 155(3/4):299-307.
Catto J.B, Bianchin I. & Torres Junior R.A.A. 2005. Efeitos da everminação de matrizes e de
bezerros lactentes em sistema de produção de bovinos de corte na região de Cerrado. Pesq.
Vet. Bras. 25(3):188-194.
Coles G.C. 2002. Cattle nematodes resistant to anthelmintics: why so few cases? Vet. Res.
33(5):481489.
Coles G.C., Bauer C., Borgsteede F.H.M., Geerts S., Klei, T.R., Taylor M.A. & Waller P.J.
1992. World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (W.A.A.V.P.)
methods for the detection of anthelmintic resistance in nematodes of veterinary importance.
Vet. Parasitol. 44(1/2):3544.
Condi G.K., Soutello R.G.V. & Amarante A.F.T. 2009. Moxidectin-resistant nematodes in
cattle in Brazil. Vet. Parasitol, 161(3/4):213-217.
Dobson R.J., LeJambre L. & Gill J. 1996. Management of anthelmintic resistance: inheritance
of resistance and selection with persistent drugs. Int. J. Parasitol. 26(8/9):993-1000.
Geary T.G. 2005. Ivermectin 20 years on: maturation of a wonder drug. Trends Parasitol.
21(11): 530-532.
Gill J.H., Kerr C.A., Shoop W.L. & Lacey E. 1998. Evidence of multiple mechanisms of
avermectin resistance in Haemonchus contortus - comparison of selection protocols. Int. J.
Parasitol. 28(5):783-789.
Kaplan R.M. 2004. Drug resistance in nematodes of veterinary importance: a status report.
Trends Parasitol. 20(10):477-481.
Kaplan R.M., Vidyashankar A.N., Howell S.B., Neiss J.M., Williamson L.H. & Terrill T.H.
2007. A novel approach for combining the use of in vitro and in vivo data to measure and
26
detect emerging moxidectin resistance in gastrointestinal nematodes of goats. Int. J.
Parasitol. 37(7):795-804.
Lanusse C.E. & Prichard R.K. 1993. Relationship between pharmacological properties and
clinical efficacy of ruminant anthelmintics. Vet. Parasitol. 49(2/4):123-158.
Lifschitz A., Virkel G., Pis A., Imperiale F., Sanchez S., Alvarez L., Kujanek R. & Lanusse
C. 1999. Ivermectin disposition kinetics after subcutaneous and intramuscular
administration of an oil-based formulation to cattle. Vet. Parasitol. 86(3):203-215.
Lifschitz A., Virkel G., Ballent M., Sallovitz J., Imperiale F., Pis A. & Lanusse C. 2007.
Ivermectin (3.15%) long-action formulations in cattle: absorption pattern and
pharmacokinetic considerations. Vet. Parasitol. 147(3/4):303-310.
Mello M.H.A., Depner R., Molento M.B. & Ferreira J.J. 2006. Resistência lateral às
macrolactonas em nematodas de bovinos. Arch. Vet. Sci. 11(1):8-12.
Mottier M.L. & Prichard R.K. 2008. Genetic analysis of a relationship between macrocyclic
lactone and benzimidazole anthelmintic selection on Haemonchus contortus.
Pharmacogenet. Genomics 18(2):129-140.
Rangel V.B., Leite R.C., Oliveira P.R. & Santos Junior E.J. 2005. Resistência de Cooperia
spp. e Haemonchus spp. às avermectinas em bovinos de corte. Arq. Bras. Med. Vet. Zoot.
57(2):186-190.
Ranjan S., Wang G.T., Hirschlein, C. & Simkins K.L. 2002. Selection for resistance to
macrocyclic lactones by Haemonchus contortus in sheep. Vet. Parasitol. 103(1/2):109-117.
Shoop W.L., Mrozik H. & Fisher M.H. 1995. Structure and activity of avermectins and
milbemycins in animal health. Vet. Parasitol. 59(2):139-156.
Soutello R.G., Seno M.C.Z. & Amarante A.F.T. 2007. Anthelmintic resistance in cattle
nematodes in northwestern São Paulo State, Brazil. Vet. Parasitol. 148(3/4):360-364.
Souza A.P., Ramos C.I., Bellato V., Sartor A.A. & Schelbauer C.A. 2008. Resistência de
helmintos gastrintestinais de bovinos a anti-helmínticos no Planalto Catarinense. Ciên. Rur.
38(5):1363-1367.
Suarez V.H. & Cristel S.L. 2007. Anthelmintic resistance in cattle nematode in the western
Pampeana Region of Argentina. Vet. Parasitol. 144(1/2):111-117.
Ueno H. & Goalves V.C. 1998. Manual para diagnóstico das helmintoses de ruminantes.
quio : Japan International Cooperation Agency. 143p.
van Zeveren A.M., Casaert S., Alvinerie M., Geldhof P., Claerebout E. & Vercruysse J. 2007.
Experimental selection for ivermectin resistance in Ostertagia ostertagi in cattle. Vet.
Parasitol. 150(1/2):104-110.
27
Vermunt J., West D. & Pomroy W. 1996. Inefficacy of moxidectin and doramectin against
ivermectin-resistant Cooperia spp. of cattle in New Zealand. N. Z. Vet. J. 44(5):188-193.
Yazwinski T.A., Williams J.C., Smith L.L., Tucker C., Loyacano A.F., DeRosa A., Peterson
P., Bruer D.J. & Delay R.L. 2006. Dose determination of the persistent activity of
moxidectin long-acting injectable formulations against various nematode species in cattle.
Vet. Parasitol. 137(3/4):273-285.
28
Quadro 1 - Percentuais de redução média de OPG, obtidos após a aplicação de
diferentes antiparasitários em bovinos naturalmente infectados por nematódeos do trato
gastrintestinal, nos dias 7 (D+7) e 14 (D+14) pós-tratamento:
Grupos e tratamentos (doses)
Médias de OPG (PR)
D-1
D+7
D+14
G1. IVM 1% (0,2 mg Kg
-1
)
494
A a
437
A a b
(12%)
356
A a b
(28%)
G2. DRM 1% (0,2 mg Kg
-1
)
506
A a
125
B d
(75%)
181
B b c
(64%)
G3. IVM 1% LA (0,2 mg Kg
-1
)
531
A a
456
A a b
(14%)
544
A a
(-2%)
G4. ABM 1% LA (0,2 mg Kg
-1
)
506
A a
206
A c d
(59%)
175
A b c
(65%)
G5. MOX 1% (0,2 mg Kg
-1
)
494
A a
0
B d
(100%)*
025
B
c
(95%)*
G6. SULF-ALB 10% (2,5 mg Kg
-1
)
544
A a
019
B d
(97%)*
019
B c
(97%)*
G7. IVM 3,15% LA (0,63 mg Kg
-1
)
512
A a
412
A a b c
(20%)
175
B b c
(66%)
G8. IVM 4% LA (0,8 mg Kg
-1
)
475
A a
219
B b c d
(54%)
175
B b c
(63%)
G9. IVM+ABM 3,5% LA (0,7 mg Kg
-1
)
506
A a
144
A d
(71%)
156
A b c
(69%)
G10. IVM 1% (0,6 mg Kg
-1
)
487
A a
161
B d
(67%)
487
A a
(0%)
G11. IVM 3,15% LA (1,9 mg Kg
-1
)
506
A a
219
A b c d
(57%)
225
A b c
(56%)
____________________
PR= percentual de redução de OPG por grupo em D+7 e D+14 em relação à D-1.
* Tratamentos eficazes: PR ≥ 95% (Coles et al. 1992).
Letras diferentes, na mesma linha (maiúsculas) ou na mesma coluna (minúsculas), indicam diferença
estatística, pelo teste ANOVA com DMS Duncan, com p< 0,05.
29
Quadro 2 - Representatividade de larvas infectantes (L3) recuperadas dos cultivos de larvas - no dia anterior aos tratamentos (-1) e nos
dias 7 (+7) e 14 (+14) pós-tratamentos para os gêneros Cooperia spp. (Coop.), Haemonchus spp. (Haem.), Ostertagia spp. (Ostert.),
Trichostrongylus spp. (Trich.) e Oesophagostomum spp. (Oesoph.):
Grupos e tratamentos (doses)
Coop. (%)
Haem. (%)
Ostert. (%)
Trich. (%)
Oesoph. (%)
-1
+7
+14
-1
+7
+14
-1
+7
+14
-1
+7
+14
-1
+7
+14
G1. IVM 1% (0,2 mg Kg
-1
)
37
63
61
40
35
38
3
0
0
19
2
1
1
0
0
G2. DOR 1% (0,2 mg Kg
-1
)
28
65
79
58
34
20
3
1
0
9
0
1
2
0
0
G3. IVM 1% LA (0,2 mg Kg
-1
)
68
91
90
14
6
7
4
0
0
14
3
3
0
0
0
G4. ABM 1% LA (0,2 mg Kg
-1
)
52
48
74
27
52
23
0
0
0
20
0
3
1
0
0
G5. MOX 1% (0,2 mg Kg
-1
)
78
0
56
16
0
40
0
0
0
6
0
4
0
0
0
G6. SULF-ALB 10% (2,5 mg Kg
-1
)
81
10
69
8
90
31
1
0
0
9
0
0
1
0
0
G7. IVM 3,15% LA (0,63 mg Kg
-1
)
72
70
57
23
28
43
0
0
0
5
2
0
0
0
0
G8. IVM 4% LA (0,8 mg Kg
-1
)
67
14
28
28
86
72
0
0
0
5
0
0
0
0
0
G9. IVM+ABM 3,5% LA (0,7 mg Kg
-1
)
42
14
28
51
86
72
0
0
0
7
0
0
0
0
0
G10. IVM 1% (0,6 mg Kg
-1
)
8
16
18
71
76
68
10
6
8
2
2
6
9
0
0
G11. IVM 3,15% LA (1,9 mg Kg
-1
)
4
4
48
78
90
38
7
4
0
4
2
14
7
0
0
30
3 MULTIPLE RESISTANCE OF GASTROINTESTINAL NEMATODES
TO NINE DIFFERENT DRUGS IN A SHEEP FLOCK IN SOUTHERN
BRAZIL
Alfredo Skrebsky Cezar
a,*
, Gustavo Toscan
a
, Giovana Camillo
a
, Luís Antônio Sangioni
a
,
Henrique Olmedo Ribas
b
, Fernanda Silveira Flôres Vogel
a
(Short Communication submitted to Veterinary Parasitology Journal)
a
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP), Centro de Ciências Rurais
(CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97105-900, Santa Maria, RS, Brazil.
b
Merial Animal Health Ltda., Brazil.
* Corresponding author. Tel.: +55 55 3220 8071; fax: +55 55 3220 8257.
E-mail address: alfredosps@hotmail.com (A.S. Cezar).
ABSTRACT
Based on clinical observation of a flock of approximately 5,000 sheep (breed Merino) from
southern Brazil, the failure of anthelmintic treatments was suspected. The sensitivity of the
gastrointestinal nematodes that infected these sheep to nine drugs (Levamisole, Moxidectin,
Albendazole, Ivermectin, Nitroxynil, Disophenol, Trichlorphon, Closantel, and a combination
of Ivermectin, Levamisole and Albendazole) was evaluated. None of the drugs reduced the
count of nematode eggs per gram of feces (EPG) in the sheep to an adequate extent (defined
as a 95% reduction in EPG). Therefore, we found multiple parasite resistance to all classes of
anthelmintic drugs available for small ruminants in the Brazilian market. The genera
Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. and Ostertagia spp. had various degrees of
resistance (or natural tolerance) to each of the drug treatments.
Keywords: FECRT, ovine, anthelmintic, multi-drug resistance, helminth, EPG.
31
1. Introduction
In Rio Grande do Sul state, Brazil, sheep farming is a deeply rooted tradition
(Echevarria et al., 1996). The economic viability of this production system depends entirely
on adequate control of endoparasites. Information is scarce regarding parasite resistance in
sheep in southern Brazil but there is evidence of widespread resistance to the most common
drugs, such as avermectins and benzimidazoles (Waller et al., 1996). Resistance of parasites
to anthelmintics tends to increase the mean parasite burden in a sheep flock, which implies
several problems such as an increase in the number of treatments needed for parasite control,
a decrease in reproductive indexes, a retardation in body development, and an increase in the
mortality rate in the flock (Hovi et al., 2003; Wolstenholme et al., 2004).
Resistance of parasites to anthelmintics develops gradually and its early recognition
depends on monitoring the effectiveness of treatments (McKellar and Jackson, 2004). The
Fecal Egg Count Reduction Test (FECRT) can be used to measure parasite resistance (Coles
et al., 1992; McKenna, 2006). However, sheep ranchers rarely suspect any failure of the drug
treatments until the appearance of clinical signs. By this point, the flock may already be in a
very serious situation.
In this study, we evaluated the efficacies of each of nine drugs with anthelmintic (or
endectocide) action - covering most classes of nematicidal drugs available worldwide - on a
suspected multi-drug resistant population of gastrointestinal nematodes. We report here an
extremely severe case of multiple anthelmintic resistance in a sheep flock from southern
Brazil.
2. Materials and methods
This study was conducted in a flock of, approximately, 5,000 Merino breed sheep,
on a farm in the state of Rio Grande do Sul in the southern, sub-tropical region of Brazil, near
the border with Uruguay. According to the owners, a previous owner also had raised sheep on
the same land. However, farming had ceased on this area and all livestock had been removed
because drug treatments had failed to control sheep endoparasites. Then, sheep from a
neighboring farm were introduced to the land to establish a new flock. These sheep had no
evident signs of parasite resistance, although they were being submitted to monthly
treatments, with alternation of drugs (macrocyclic lactones, imidazothiazoles, benzimidazoles
and nitrophenols). This treatment regimen was maintained, and some months after the
establishment of the new flock, the farmers suspected that the several anthelmintic and
endectocide drugs used in the sheep were failing in controlling endoparasites. At that moment,
32
sheep were already suffering of loss of weight, submandibular swelling, diarrhea, and was
occurring death of lambs.
Based on the clinical and epidemiological history of the farm, a large study was
needed to evaluate the efficacies of drugs belonging to different chemical groups. Thus,
aiming to find one or more drugs that effectively controlled the target parasite population, 135
sheep aged approximately nine months were distributed randomly to each of nine groups
(n=15). Each group received one of the treatments described in Table 1. The doses were
determined by individual sheep weight. All the sheep were kept in the same pasture area, in a
constant stocking rate, with a good forage condition, in a continuous grazing system.
Fecal samples were collected immediately before the treatments (D0) and 12 days
after (D12). Values of EPG were counted, in each fecal sample, using the modified McMaster
technique, with a detection margin of 100 EPG. Larvae cultures were performed as given in
the Roberts & O‘Sullivan modified technique (Ueno and Gonçalves, 1998) and the genera of
the gastrointestinal nematodes were identified following the recommendations of van Wyk et
al. (2004), counting 100 infective larvae for each collection of each group.
The efficacy of each treatment was assessed using a FECRT, and was calculated by
the formula: PR = 100 (1 Final EPG / Initial EPG), where, PR‖ is the reduction in EPG
expressed as a percentage; Initial EPG‖ (D0) and ―Final EPG‖ (D12), respectively, are the
arithmetic mean values of EPG for each group, counted before (used as untreated control) and
after drug treatment (Coles et al., 1992; Coles et al., 2006; McKenna, 2006). In addition,
RESO FECRT analysis software, version 4.0 (available in
http://www.vetsci.usyd.edu.au/sheepwormcontrol, within the ‗SiteMap‘) was used to assess
resistance levels of the nematode genera that were found affecting the flock for each drug
tested. For this purpose we compared the percentage of each genus recovered from the larvae
cultures before (D0) and after (D12) treatments. Thus, to be considered efficacious, the drug
should to reduce the EPG by at least 95%, with 95% confidence limits less than 90%,
considering all genera together and each genus alone (Coles et al., 1992; McKenna, 2006).
3. Results
None of the treatments evaluated in this study was effective considering the FECRT
(Table 2).
In Table 3 are shown the genera of gastrointestinal nematodes recovered from larvae
cultures, their proportions and their reduction percentages before and after each treatment.
33
Only three genera of gastrointestinal nematodes (Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. and
Ostertagia spp.) were detected. Each of them was resistant (or tolerant) to each drug tested.
4. Discussion
An extremely difficult situation regarding the control of gastrointestinal nematodes
was observed in the target flock in our study, since the parasite population was resistant to
each class of anthelmintic drugs available for ruminants in the Brazilian market. Thus, given
that side resistance between drugs that have similar mechanisms of action is common
(McKellar and Jackson, 2004), it is possible that the conventional chemical resources for the
control of nematodes in this sheep flock may be exhausted.
In the nematode genera Haemonchus spp., Trichostrongylus spp. and Ostertagia
spp., we detected parasite resistance to: Levamisole phosphate 22.3%, Moxidectin 1%,
Albendazole sulphoxide 10%, Ivermectin 1% and a combination of Levamisole, Albendazole
and Ivermectin (Table 3). These drugs cover the three major classes of broad-spectrum drugs
used to control gastrointestinal nematodes worldwide (McKellar and Jackson, 2004;
Wolstenholme et al., 2004).
The compounds Nitroxynil 34%, Disophenol 20% and Closantel 10% are not
recommended for control of Trichostrongylus spp. or Ostertagia spp. infections but they are
indicated for the control of Haemonchosis (van Wyk et al., 1997; McKellar and Jackson,
2004). However, the population of Haemonchus spp. in the flock in our study showed
resistance to these drugs (Table 3). Similarly, Trichlorphon 10% is not recommended for
control of Trichostrongylus spp. infections. Thus, in our study, the genera Haemonchus spp.
and Ostertagia spp. showed resistance to this drug (Table 3). In summary, each of the
treatments was ineffective on the totality of the genera of gastrointestinal nematodes found in
the flock because the nematodes were resistant to or tolerant of the active ingredient(s).
Other studies have revealed the existence of gastrointestinal nematodes that are
resistant to antiparasitic drugs in sheep in southern Brazil (Echevarria et al., 1996; Farias et
al., 1997). Multiple resistance to the three main classes of drugs with anthelmintic action
(avermectins/milbemycins, benzimidazoles and imidazothiazoles), apparently, is not rare in
this region (Waller et al., 1996) but the situation observed here is particularly worrying. Drug
combinations could possibly restore the effectiveness of the treatments. However, these
resources are likely to become ineffective with long-term use when parasites are resistant to
all classes of available drugs. Furthermore, alternative methods of control of parasites have
been proven to be more efficient when used as a complement to chemotherapy because they
34
can delay the development of parasite resistance and preserve the usefulness of the
antiparasitic drugs (Waller, 2006; Torres-Acosta and Hoste, 2008).
Knowing that preventative actions, to slow the development of parasite resistance,
were not being performed, we can claim that several of the features found in the flock targeted
in our study can had contributed to the severe case of multiple resistance reported here. In this
sense, we should emphasize the mistaken athelmintic management that was being promoted,
with rapid alternation of drugs without monitoring their effectiveness, combined with
epidemiological conditions that are favorable to the presence of helminths during all the
months of the year in southern Brazil (Echevarria et al., 1996; Waller, 1997; Wolstenholme
et al., 2004). In addition, we have, in this case, the likely previous environmental
contamination with resistant nematodes, once the quarantine period was not sufficient for the
elimination of the nematodes‘ larvae from the pasture (Stromberg, 1997; Souza et al., 2000).
Furthermore, on the contrary of the appearances (lack of clinical signs), the presence of
resistant nematodes infecting the sheep introduced in the farm was very probable, due the
anthelmintic regimen which was performed in the farm from where the sheep were brought
(van Wyk et al., 2006; Molento, 2009). Because of this, these sheep may have carried
resistant strains to the new farm (Silvestre et al., 2000; Wolstenholme et al., 2004).
These results confirm the importance of establishing programs of parasite control
based on clinical and epidemiological criteria to increase the sustainability of controlling
livestock parasites. In this context, treatments should be applied at the minimum frequency
that is feasible and management measures that decelerate the development of the parasite
resistance should be employed (Barger, 1999; Jackson and Miller, 2006; Waller, 2006). These
same concepts can be applied in the flock in our study to reduce dependency on chemical
treatments by adding alternative methods to control endoparasites, such as the selection of
less susceptible animals, biological control, and the introduction of other herbivorous species
in the sheep pasture, among others (Jackson and Miller, 2006; Torres-Acosta and Hoste,
2008). Nevertheless, based on the scenario observed in our study, efficacious chemical
treatments, with combination of drugs for example, must be found to make viable the control
of the gastrointestinal nematodes infections in the studied flock.
References
Barger, I.A., 1999. The role of epidemiological knowledge and grazing management for
helminth control in small ruminants. Int. J. Parasitol. 29, 41-47.
35
Coles, G.C., Bauer, C., Borgsteede, F.H.M., Geerts, S., Klei, T.R., Taylor, M.A., Waller, P.J.,
1992. World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (WAAVP)
methods for the detection of anthelmintic resistance in nematodes of veterinary
importance. Vet. Parasitol. 44, 35-44.
Coles, G.C., Jackson, F., Pomroy, W.E., Prichard, R.K., von Samson-Himmelstjerna, G.,
Silvestre, A., Taylor, M.A., Vercruysse, J., 2006. The detection of anthelmintic resistance
in nematodes of veterinary importance. Vet. Parasitol. 136, 167-185.
Echevarria, F., Borba, M.F.S., Pinheiro, A.C., Waller, P.J., Hansen, J.W., 1996. The
prevalence of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheep in Southern Latin
America: Brazil. Vet. Parasitol. 62, 199-206.
Farias, M.T., Bordin, E.L., Forbes, A.B., Newcomb, K., 1997. A survey on resistance to
anthelmintics in sheep stud farms of southern Brazil. Vet. Parasitol. 72, 209-214.
Hovi, M., Sundrum, A., Thamsborg, S.M., 2003. Animal health and welfare in organic
livestock production in Europe: current state and future challenges. Livest. Prod. Sci. 80,
41-53.
Jackson, F., Miller, J., 2006. Alternative approaches to control - Quo vadit? Vet. Parasitol.
139, 371-384.
McKellar, Q.A, Jackson, F., 2004. Veterinary anthelmintics: old and new. Trends Parasitol.
20, 456-461.
McKenna, P.B., 2006. Further comparison of faecal egg count reduction test procedures:
sensitivity and specificity. N. Z. Vet. J. 54, 365-366.
Molento, M.B., 2009. Parasite control in the age of drug resistance and changing agricultural
practices. Vet. Parasitol. 163, 229-234.
Silvestre, A., Chartier, C., Sauvé, C., Cabaret, J., 2000. Relationship between helminth
species diversity, intensity of infection and breeding management in dairy goats. Vet.
Parasitol. 94, 91-105.
Souza, P., Bellato, V., Sartor, A.A., Ramos, C.I., 2000. Período para desinfestação das
pastagens por larvas de nemaides gastrintestinais de ovinos, em condições naturais nos
campos de Lages, SC. Rev. Bras. Parasitol. Vet. 9, 159-164.
Stromberg, B.E., 1997. Environmental factors influencing transmission. Vet. Parasitol. 72,
247-264.
Torres-Acosta, J.F.J., Hoste, H., 2008. Alternative or improved methods to limit gastro-
intestinal parasitism in grazing sheep and goats. Small Rumin. Res. 77, 159-173.
36
Ueno, H., Gonçalves, V.C., 1998. Manual para diagnóstico das helmintoses de ruminantes.
quio : Japan International Cooperation Agency. 143p.
van Wyk, J.A., Cabaret, J., Michael, L.M., 2004. Morphological identification of nematode
larvae of small ruminants and cattle simplified. Vet. Parasitol. 119, 277-306.
van Wyk, J.A., Hoste, H., Kaplan, R.M., Besier, R.B., 2006. Targeted selective treatment for
worm management - How do we sell rational programs to farmers? Vet. Parasitol. 139,
336-346.
van Wyk, J.A., Malan, F.S., Randles, J.L., 1997. How long before resistance makes it
impossible to control some field strains of Haemonchus contortus in South Africa with
any of the modern anthelmintics? Vet. Parasitol. 70, 111-122.
Waller, P.J., 1997. Nematode parasite control of livestock in the tropics/subtropics: the need
for novel approaches. Int. J. Parasitol. 27, 1193-1201.
Waller, P.J., 2006. Sustainable nematode parasite control strategies for ruminant livestock by
grazing management and biological control. Anim. Feed Sci. Technol. 126, 277-289.
Waller, P.J., Echevarria, F., Eddi, C., Maciel, S., Nari, A., Hansen, J.W., 1996. The
prevalence of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheep in Southern Latin
America: General overview. Vet. Parasitol. 62, 181-187.
Wolstenholme, A.J., Fairweather, I., Prichard, R., von Samson-Himmelstjerna, G., Sangster,
N.C., 2004. Drug resistance in veterinary helminthes. Trends Parasitol. 20, 469-476.
37
Table 1 Groups (n=15) and treatments evaluated in the target sheep flock:
Groups (n=15) and drugs tested
Dose
(mg Kg
-1
)
Class
Trade name, Company
G1. Levamisole phosphate 22.3%
a
4.5
Imidazothiazole
Levamisole F, Vetbrands
G2. Moxidectin 1%
a
0.2
Milbemycin
c
Cydectin ovinos, Fort Dodge
G3. Albendazole sulphoxide 10%
a
2.5
Benzimidazole
Ricobendazole 10, Ouro Fino
G4. Ivermectin 1%
a
0.2
Avermectin
c
Ivomec Injetável, Merial
G5. Nitroxynil 34%
a
9.7
Nitrophenol
Dovenix Supra, Merial
G6. Disophenol 20%
a
10.0
Nitrophenol
Disofenol 20%, IBASA
G7. Trichlorphon 10%
a
100.0
Organophosphate
Bevermex, IRFA
G8. Ivermectin
Levamizole
Albendazole
b
0.2
7.5
5.0
Combination
d
Trimix, Merial
G9. Closantel 10%
b
10.0
Salicylanilide
Diantel, IRFA
a
Subcutaneously.
b
Orally.
c
Macrocyclic lactone.
d
Mixture of Avermectin, Imidazothiazole and Benzimidazole classes.
38
Table 2 Mean EPG of each sheep group before (D0) and 12 days after (D12) antiparasitic
treatments and calculated efficacies of the drugs based on Fecal Egg Count Reduction Tests
(FECRT) by Coles et al. (1992) and RESO FECRT analysis:
Groups (n=15) and treatments
EPG (mean)
Efficacy
(PR)
FECRT
Analysis
D0
D12
G1. Levamisole phosphate 22.3%
440
340
23%
Resistance
G2. Moxidectin 1%
160
73
54%
Resistance
G3. Albendazole sulphoxide 10%
393
400
-2%
Resistance
G4. Ivermectin 1%
367
520
-42%
Resistance
G5. Nitroxynil 34%
487
333
32%
Resistance
G6. Disophenol 20%
380
280
26%
Resistance
G7. Trichlorphon 10%
340
460
-35%
Resistance
G8. Ivermectin, Levamizole, Albendazole
480
153
68%
Resistance
G9. Closantel 10%
347
427
-23%
Resistance
39
Table 3 - Percentage of each of three genera of gastrointestinal nematodes - Haemonchus spp.
(Haem.), Trichostrongylus spp. (Trich.), Ostertagia spp. (Ostert.) - recovered from larvae
cultures of sheep feces collected before (D0) and 12 days after (D12) antiparasitic treatments,
and percentages of reduction (PR) post-treatments calculated in RESO FECRT software:
Groups (n=15) and treatments
Haem. (%)
Trich. (%)
Ostert. (%)
D0 D12 (PR)
D0 D12 (PR)
D0 D12 (PR)
G1. Levamisole phosphate 22.3%
48
38 (39%)
52
56 (17%)
0
6 (0%)
G2. Moxidectin 1%
50
31 (72%)
44
59 (38%)
6
10 (31%)
G3. Albendazole sulphoxide 10%
60
66 (0%)
26
26 (0%)
14
8 (42%)
G4. Ivermectin 1%
30
46 (0%)
60
22 (48%)
10
32 (0%)
G5. Nitroxynil 34%
32
40 (14%)
66
34 (65%)
2
26 (0%)
G6. Disophenol 20%
48
22 (66%)
36
46 (6%)
16
32 (0%)
G7. Trichlorphon 10 %
42
36 (0%)
52
41 (0%)
6
23 (0%)
G8. Iverm., Levam., Albendaz.
30
46 (51%)
56
16 (91%)
14
38 (13%)
G9. Closantel 10%
44
38 (0%)
50
20 (51%)
6
42 (0%)
40
4 COMBINAÇÃO DE DROGAS ANTIPARASITÁRIAS COMO
ALTERNATIVA PARA O CONTROLE DE NEMATÓDEOS
GASTRINTESTINAIS MULTI-RESISTENTES EM OVINOS
1
Alfredo Skrebsky Cezar
2
*, Felipe Lamberti Pivoto
3
, Luís Antônio Sangioni
4
,
Fernanda Silveira Flôres Vogel
4
(Manuscrito sob as normas de submissão à revista científica Pesquisa Veterinária Brasileira)
ABSTRACT.- Cezar, A.S., Pivoto, F.L., Sangioni, L.A. & Vogel, F.S.F. 2010.
[Combination of drugs as an alternative to control multi-resistant gastrointestinal
nematodes in sheep]. Combinação de drogas antiparasitárias como alternativa para o controle
de nematódeos gastrintestinais multi-resistentes em ovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira
xx(xx):xx-xx. Programa de s-Graduação em Medicina Veterinária Preventiva, Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, 97105-900, Brazil. E-mail:
alfredosps@hotmail.com.
This study was conducted aiming to find efficacious anthelmintic treatments on a
multi-resistant population of gastrointestinal nematodes of sheep, which was found resistant
to all the classes of nematicidal drugs available in the Brazilian market. We used data from a
previous study performed in the target flock testing conventional treatments. Thus, using the
calculated efficacy of the drugs for each nematode genus present in the flock, we selected
drugs which, combined or used in higher doses, could improve the efficacy of the treatments.
We evaluated anthelmintic action of each treatment using the percentage of reduction of eggs
in the feces, along with larvae cultures. A combination of Moxidectin 1% + Disophenol 20%
showed 99% of efficacy, and combinations of Moxidectin 1% + Trichlorphon 10% and
Moxidectin 1% + Levamisole Phosphate 22,3% showed more than 90% of efficacy.
1
Recebido em
2
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV), Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. *Autor para correspondência. Tel.: +55 55 3220 8071; fax: +55
55 3220 8257. E-mail: alfredosps@hotmail.com
3
Curso de Medicina Veterinária, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
4
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP), Centro de Ciências Rurais (CCR), UFSM,
Santa Maria, RS, Brasil.
41
Combinations of drugs, with different mechanisms of action, provide efficacious anthelmintic
treatments in the target flock.
INDEX TERMS: Multidrug resistance, anthelmintics, efficacy, association, ruminants.
RESUMO.- Este estudo foi realizado com o objetivo de encontrarem-se tratamentos anti-
helmínticos eficazes sobre uma população de nematódeos gastrintestinais de ovinos, a qual
desenvolveu resisncia a todas as classes de drogas com ação nematicida disponíveis para
ruminantes no mercado brasileiro. Valendo-se da eficácia calculada destas drogas e
conhecendo-se sua ão sobre cada gênero de nematódeo presente no rebanho a partir de um
estudo prévio, selecionaram-se drogas as quais, utilizadas em combinações ou em superdoses,
pudessem aumentar significativamente a eficia dos tratamentos. Utilizou-se o percentual de
redução da contagem de ovos nas fezes e as culturas de larvas para avaliar a ação anti-
helmíntica dos tratamentos. A combinação de Moxidectina 1% + Disofenol 20% apresentou
99% de eficácia, e as combinações de Moxidectina 1% + Triclorfon 10% e de Moxidectina
1% + Fosfato de Levamisol 22,3% superaram os 90% de eficácia. A utilização de
combinações de princípios ativos com diferentes mecanismos de ação possibilitou a
recuperação da eficácia dos tratamentos anti-helmínticos no rebanho-alvo.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Resistência múltipla, anti-helmínticos, eficácia, associação,
ruminantes.
INTRODUÇÃO
A resisncia múltipla de nematódeos gastrintestinais de pequenos ruminantes às três
principais classes de drogas com ação em endoparasitas (avermectinas/milbemicinas,
benzimidazóis e imidazotiazóis) tem se tornado um problema comum ao redor do mundo
(Mwamachi et al. 1995, Sargison et al. 2007, Traversa et al. 2007). O desenvolvimento de
novas drogas antiparasitárias é dificultado por uma série de fatores de ordem técnica e
econômica (McKellar & Jackson 2004, Hopkins et al. 2007, Woods & Williams 2007) e, com
isso, tem-se a opção de recorrer a outras classes menos consagradas de anti-helmínticos
(McKellar & Jackson 2004) para que se obtenham tratamentos eficazes nesses rebanhos. Mas
o que fazer quando, assim como no rebanho-alvo do presente estudo, o manejo antiparasitário
42
equivocado resulta em resistência múltipla a todas as classes de drogas com ão nematicida
disponíveis no mercado?
Os métodos de controle alternativo com base no manejo dos animais e das pastagens,
no estímulo à resposta imune do hospedeiro, no controle biológico e na fitoterapia têm se
mostrado promissores e são importantes para a sustentabilidade do controle de parasitas nos
rebanhos, porém, ainda devem ser vistos como complementares ao controle baseado em
tratamentos alopáticos eficazes (Waller & Thamsborg 2004, van Wyk et al. 2006). Por conta
disso, é necessário que se encontrem alternativas para a recuperação da eficácia dos
antiparasitários sobre populações de helmintos multi-resistentes. Nesse sentido, podem-se
citar a utilização de fármacos de alta concentração (longa ação), a aplicação de superdoses,
aplicações de um mesmo fármaco em dias consecutivos e as combinações comerciais de
princípios ativos como algumas das possíveis alternativas para a obtenção de um controle
anti-helmíntico eficaz sobre parasitas resistentes. Porém, alguns pontos negativos em relação
a essas práticas precisam ser considerados.
As formulações com altas concentrações de princípio ativo tendem a ter um efeito
mais expressivo no aumento do período de ão do que propriamente na eficácia do
tratamento, e aceleram o desenvolvimento de resistência parasitária (Dobson et al. 1996,
Yazwinski et al. 2006). A pressão de seleção de genótipos (homozigotos) resistentes ao
princípio ativo pode ser elevada com a utilização de superdoses (Barnes et al. 1995),
agravando o problema de resistência parasitária. Aplicações consecutivas de uma mesma
droga, além de elevarem os custos dos tratamentos, aumentam o manejo e o estresse dos
animais (van Wyk et al. 2006). Por fim, as combinações comerciais de princípios ativos não
permitem que a escolha das bases químicas a serem aplicadas seja feita conforme a realidade
de cada rebanho.
As combinações de drogas têm sido comumente estudadas para o controle de parasitas
resistentes ou para o aumento da eficácia dos tratamentos antiparasitários em humanos
(Albonico et al. 2003, Pink et al. 2005) e, particularmente, para o controle de ectoparasitas
resistentes em bovinos (George et al. 2004, Furlong et al. 2007, Martins et al. 2008). Embora
essa estratégia tenha sido pouco explorada para endoparasitas, o aparecimento de resistência
parasitária múltipla em rebanhos de pequenos ruminantes instigou alguns estudos com esta
proposta (Anderson et al. 1988, Miller & Craig 1996, Entrocasso et al. 2008). Em tratamentos
com combinações de drogas podem-se manter as dosagens recomendadas para cada fármaco e
combinar-se as bases pertencentes a grupos químicos distintos, os quais apresentam diferentes
43
mecanismos de ão, dificultando as adaptações dos parasitas, as quais os tornam resistentes
aos tratamentos (Barnes et al. 1995, Geerts & Gryseels 2000, Hu et al. 2010).
Para o delineamento deste estudo foram utilizados os índices de eficácia de anti-
helmínticos e endectocidas testados previamente no rebanho-alvo. Esses resultados foram
empregados como ferramentas para a identificação das drogas candidatas às combinações de
princípios ativos que foram testadas em comparação a superdoses e a um fármaco de alta
concentração (longa ação). O objetivo deste estudo foi o de encontrar alternativas de
tratamentos alopáticos eficazes, sobre uma população de nematódeos gastrintestinais multi-
resistente a todas as classes de medicamentos com ação nematicida disponíveis no mercado
brasileiro, e que foi encontrada infectando naturalmente os ovinos no rebanho-alvo.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi conduzido em um rebanho de, aproximadamente, 5000 ovinos da
raça Merino Australiano no estado do Rio Grande do Sul, na porção subtropical do Brasil, na
região da Fronteira-Oeste, na divisa com o Uruguai. Conforme um estudo prévio realizado no
mesmo rebanho detectou-se resistência dos nematódeos gastrintestinais dos ovinos a todas as
classes de fármacos com ação nematicida disponíveis para ruminantes no mercado brasileiro
(Quadro 1 e Quadro 2).
Assim, com base nesses resultados prévios, foram selecionados aqueles fármacos
com maior eficácia em relação à redução de OPG (Quadro 1) e/ou sobre um ou mais dos
gêneros de nematódeos encontrados no rebanho (Quadro 2). Primou-se, além disso, por
fármacos com amplo espectro de ação sobre nematódeos gastrintestinais. Dessa forma,
elaboraram-se combinações de dois a dois princípios ativos e, adicionalmente, tratamentos
com Moxidectina em superdose ou em alta concentração (longa ação) e com Fosfato de
Levamisole em superdose.
Foram utilizados oito grupos de ovinos (n=15), formados aleatoriamente a partir de
um lote de animais com cerca de 10 meses de idade, naturalmente infectados por nematódeos
do trato gastrintestinal. Cada um dos tratamentos descritos no Quadro 3 foi testado sobre um
desses oito grupos. Como regra, combinaram-se fármacos com mecanismos de ação diferentes
entre si. Não houve mistura física dos fármacos anteriormente às aplicações, que se deram por
vias ou em pontos anatômicos distintos nos animais, seguindo-se as dosagens recomendadas
nas bulas dos medicamentos (exceto, nos grupos G1 e G2 nos quais se utilizaram superdoses).
44
Coletaram-se amostras de fezes imediatamente antes dos tratamentos (D0) e doze
dias após os mesmos (D12). A cada coleta, as amostras foram examinadas, conforme
recomendações de Ueno & Gonçalves (1998), por contagens individuais de OPG pela técnica
de Gordon & Withlock modificada, com margem de detecção de 100 OPG, e por culturas de
larvas, uma para cada grupo a cada coleta, pela técnica de Roberts & O‘Sullivan, com
identificação de gênero de 100 larvas infectantes recuperadas de cada cultura.
A eficácia dos tratamentos testados foi calculada através de um Teste de Redução da
Contagem de Ovos nas Fezes (FECRT), sendo calculada pela fórmula: PR = 100 (1 OPG
final / OPG inicial), onde, ―PR‖ é o percentual de redução de OPG; OPG inicial e OPG
final são, respectivamente, a média aritmética dos valores de OPG para cada grupo
imediatamente antes (D0) e doze dias depois (D12) dos tratamentos (Coles et al. 1992, Coles
et al. 2006, McKenna 2006). Para ser considerado eficaz, um tratamento deveria reduzir a
contagem de OPG e os percentuais de cada gênero de nematódeo nas culturas de larvas em
pelo menos 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As eficácias calculadas de cada um dos tratamentos testados encontram-se descritas
no Quadro 4. Observa-se que apenas o tratamento composto por uma combinação de
Moxidectina 1% (MOX 1%) + Disofenol 20% (DISOF) apresentou eficácia dentro do nível
desejado (PR 95%). Os tratamentos com MOX 1% (dobro da dose terapêutica
recomendada), MOX 1% + Triclorfon 10% (TRICLOR) e MOX 1% + Fosfato de Levamisol
22,3% (LEVAM) apresentaram eficia próxima aos 90%. Todos os demais tratamentos
foram insuficientes.
No Quadro 5 apresentam-se os gêneros de nematódeos gastrintestinais recuperados
das culturas de larvas e suas proporções antes e depois dos tratamentos. Detectaram-se
maiores freqüências dos gêneros Haemonchus spp., Trichostrongylus spp., Ostertagia spp. e
Cooperia spp., os quais apresentaram mais relevância em relação à resistência parasitária aos
tratamentos em geral. O gênero Oesophagostomum spp. ocorreu com baixa prevalência,
porém, detectou-se resistência deste gênero aos tratamentos a base de MOX 1% + Closantel
10% (CLOS) e de LEVAM + TRICLOR.
A combinação MOX 1% + DISOF apresentou redução de OPG de 99%, podendo, com
isso, ser considerada altamente eficaz (Coles et al. 1992, Wood et al. 1995). Conforme se
observa no Quadro 5, este tratamento atuou principalmente sobre Haemonchus spp., o que
45
era esperado, uma vez que ambas as drogas utilizadas haviam demonstrado, previamente, boa
ação sobre este gênero (Quadro 2). Este é um resultado de grande relevância sabendo-se que a
haemoncose é extremamente prejudicial à criação de ovinos, podendo ser considerada um dos
principais problemas na ovinocultura ao redor do mundo, particularmente nas regiões
tropicais e subtropicais (Echevarria et al. 1996, Cheah & Rajamanickam 1997, Miller et al.
1998, Waller et al. 2004).
Além disso, levando-se em conta o baixo desempenho dos tratamentos
convencionais testados anteriormente neste mesmo rebanho (Quadro 1), pode-se considerar
positiva a obtenção de resultados superiores aos 90% de eficácia (Wood et al. 1995, Sangster
1999), observados nos tratamentos: Moxidectina 1% + Triclorfon 10% (MOX 1% +
TRICLOR) com PR = 91%, e Moxidectina 1% + Fosfato de Levamisol 22,3% (MOX 1% +
LEVAM) com PR = 92%, com a ressalva de que no primeiro caso observou-se alto grau de
resistência dos gêneros Trichostrongylus spp. e Ostertagia spp. e, no segundo, do gênero
Trichostrongylus spp. (Quadro 5). Dessa forma, tais combinações apenas seriam
recomenveis no caso de baixa incidência dos gêneros resistentes nos animais ou com a
utilização de um terceirormaco para o controle destes nematódeos.
Por outro lado, as combinações de MOX 1% + CLOS e de LEVAM + TRICLOR
apresentaram eficácias insuficientes (Quadro 4). Deve-se notar que o CLOS foi incluído neste
estudo devido à sua ação sobre Trichostrongylus spp. demonstrada anteriormente no rebanho-
alvo (Quadro 2), porém, este fármaco, além de não ser sequer indicado para o controle do
referido gênero, havia apresentado, naquele estudo, PR= -23%, o que pode ter determinado o
baixo desempenho de sua combinação com a MOX 1%. De maneira semelhante, a
combinação de dois rmacos com alto grau de resistência parasitária no rebanho-alvo
(Quadro 1) (LEVAM + TRICLOR) teve baixíssima eficácia (Quadro 4). Este fato pode estar,
ainda, associado à ocorrência de mecanismos semelhantes de resistência parasitária
(resistência cruzada) entre imidazotiazóis e organofosfatos (Sangster 1999). Isso demonstra
que combinações aleatórias de drogas não são aconselháveis em hipótese alguma, sob pena de
aumentarem os custos dos tratamentos sem acréscimos à eficácia dos mesmos e podendo
acentuar o problema de resistência parasitária.
As superdosagens de MOX 1% ou de LEVAM (ambas compatíveis ao dobro da
dose terapêutica recomendada) não apresentaram eficácia satisfatória (Quadro 4). Tais
tratamentos foram executados visando a obtenção de um aumento proporcional no pico
plasmático dos princípios ativos e, por conseguinte, nos tecidos-alvos nos quais contato
com os parasitas (Lanusse & Prichard 1993, van Zeveren et al. 2007). Porém, tais
46
subterfúgios não foram efetivos, assim como havia sido observado por Cezar et al. (2010) em
bovinos.
As lactonas macrocíclicas de longa ação, veiculadas em base oleosa, têm como
característica um período estendido de absorção após a aplicação (Ranjan et al. 2010), caso da
Moxidectina 10% Longa Ação (MOX 10% LA). Ressaltando-se que a resistência parasitária à
MOX 1% já havia sido demonstrada no rebanho-alvo em estudo prévio (Quadro 1), observou-
se que a utilização da formulação de MOX 10% LA não foi suficiente para o alcance da
eficácia desejada (PR 95%). Isso vai ao encontro de resultados anteriores que dão conta de
que o aumento da concentração de lactonas macrocíclicas para as quais se tenha comprovado
resistência parasitária pode não resultar na recuperação da eficácia do tratamento (Cezar et al.
2010). Essas observações indicam que a utilização de antiparasitários de longa ação (e com
maior concentração de princípio ativo) deve ser recomendada apenas em casos em que se
deseje ampliar o período de proteção para o rebanho. Em tempo, deve-se fazer a ressalva de
que a formulação comercial de MOX 10% LA disponível no mercado apenas possui indicação
do fabricante para o uso em bovinos, tendo sido testada aqui, experimentalmente. No entanto,
a moxidectina é um endectocida indicado e amplamente utilizado em ovinos (McKellar &
Jackson 2004).
A combinação de MOX 1% + DISOF além de ter resultado em maior redução de
OPG em comparação aos demais tratamentos testados, superou a redução mínima de OPG
esperada, ao alcançar um PR=99%. Nesse caso, o fato de não se ter que recorrer a superdoses
proporcionará uma menor pressão de seleção de genótipos resistentes na população parasitária
e permitirá maior segurança no que diz respeito ao risco de efeitos adversos exceto possíveis
efeitos devidos à interação medicamentosa, os quais precisam ser avaliados. Além disso, ao se
evitarem os fármacos de alta concentração (com longa ação) também se evita acelerar o
processo de resistência parasitária, uma vez que, quando utilizados, estes proporcionam longo
período de sub-dose residual, prejudicando a refugia, a qual, provavelmente, se encontra
bastante comprometida no caso em questão (Coles 2002, van Wyk et al. 2006). Por sua vez,
quando utilizadas nas suas doses terapêuticas recomendadas, e nas suas formulações de menor
concentração, os anti-helmínticos facilitam um manejo adequado à manutenção da refugia nas
pastagens (Molento 2009), o que é essencial para a sustentabilidade dos tratamentos.
Outra questão a ser considerada é que a combinação de fármacos tenderá a ser mais
efetiva quando forem utilizados princípios ativos com mecanismos de ação diferentes, o que
possibilita uma maior probabilidade de que se somem os efeitos de ambos, uma vez que serão
necessários diferentes mecanismos adaptativos dos parasitas para que estes resistam à
47
combinação de princípios ativos, e isto tenderá a dificultar o desenvolvimento da resistência
parasitária (Hall et al. 1981, Barnes et al. 1995).
O gênero Trichostrongylus spp. foi resistente e aumentou sua proporção após todos
os tratamentos (Quadro 5). Este gênero foi o principal limitante para a eficácia das
combinações de drogas utilizadas. Por conta disso, devem-se buscar alternativas para um
controle adequado de Trichostrongylus spp. no rebanho-alvo deste estudo. Contudo,
considerando-se a situação extrema da resistência parasitária encontrada acometendo o
mesmo, pode-se classificar a resistência do nero Trichostrongylus spp. como aceitável,
desde que a eficácia do tratamento supere os 95%. Ainda, conforme se observa no Quadro 5,
recuperaram-se larvas resistentes dos gêneros Haemonchus spp. e Ostertagia spp. após todos
os tratamentos, o gênero Cooperia spp. foi susceptível aos tratamentos com MOX 1% +
LEVAM, MOX 1% + CLOS e MOX 10% LA.
Sendo assim, a ação da combinação de fármacos poderá apresentar resultados mais
ou menos satisfatórios dependendo do(s) gênero(s) de nematódeo(s) predominante(s) no
rebanho, sendo que a própria eficácia dos tratamentos, juntamente à variação dos fatores
epidemiológicos locais, terão inflncia na carga parasitária e na proporção de cada gênero na
população de parasitas do rebanho (Barger 1999, Molento 2009). Embora haja relatos de
resistência lateral de endoparasitas à moxidectina em rebanhos tratados com outras lactonas
macrocíclicas (Vermunt et al. 1996), aparentemente, a resistência à moxidectina se
desenvolve mais lentamente do que a resistência às avermectinas (Ranjan et al. 2002, Cezar et
al. 2010). Isto torna a moxidectina uma boa candidata para associação com outras drogas em
casos de resistência múltipla. De qualquer forma, as combinações de rmacos a serem
utilizadas sobre populações parasitárias multi-resistentes devem ser baseadas em testes de
eficácia destas drogas, incluindo culturas de larvas, no rebanho-alvo.
CONCLUSÕES
Demonstrou-se a viabilidade da recuperação da eficácia dos tratamentos anti-
helmínticos no rebanho acometido por nematódeos resistentes a todas as classes de drogas
com ação nematicida disponíveis no mercado.
A combinação de drogas antiparasitárias, com diferentes mecanismos de ação,
possibilitou alta eficácia do tratamento anti-helmíntico sobre uma população de nematódeos
gastrintestinais de ovinos, altamente resistente, inclusive às drogas utilizadas nas
combinações, e sem necessidade de maiores doses ou concentrações dos princípios ativos.
48
Em princípio, a utilização de combinações de antiparasitários é aconselhável em
casos extremos, nos quais todas as oões de tratamentos convencionais, a base de um único
fármaco em cada tratamento, estejam esgotadas em relação a sua eficácia anti-helmíntica.
REFERÊNCIAS
Albonico M., Bickle Q., Ramsan M., Montresor A., Savioli L. & Taylor M. 2003. Efficacy of
mebendazole and levamisole alone or in combination against intestinal nematode
infections after repeated targeted mebendazole treatment in Zanzibar. Bull. World Health
Organ. 81:343-352.
Anderson N., Martin P.J. & Jarret R.G. 1988. Mixtures of anthelmintics: a strategy against
resistance. Aust. Vet. J. 65:6264.
Barger I.A. 1999. The role of epidemiological knowledge and grazing management for
helminth control in small ruminants. Int. J. Parasitol. 29:41-47.
Barnes E.H., Dobson R.J. & Barger I.A. 1995. Worm control and anthelmintic resistance:
adventures with a model. Parasitol. Today 11:56-63.
Cezar A.S., Vogel F.S.F., Sangioni L.A., Antonello A.M., Camillo G., Toscan G. & Araujo
L.O. 2010. Ação anti-helmíntica de diferentes formulações de lactonas macrocíclicas em
cepas resistentes de nematódeos de bovinos. Pesq. Vet. Bras. xx:xxx-xxx.
Cheah T.S. & Rajamanickam C. 1997. Epidemiology of gastro-intestinal nematodes of sheep
in wet tropical conditions in Malaysia. Trop. Anim. Health Prod. 29:165-173.
Coles G.C. 2002. Sustainable use of anthelmintics in grazing animals. Vet. Rec. 151:165-169.
Coles G.C., Bauer C., Borgsteede F.H.M., Geerts S., Klei T.R., Taylor M.A. & Waller P.J.
1992. World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology (WAAVP)
methods for the detection of anthelmintic resistance in nematodes of veterinary
importance. Vet. Parasitol. 44:35-44.
Coles G.C., Jackson F., Pomroy W.E., Prichard R.K., von Samson-Himmelstjerna G.,
Silvestre A., Taylor M.A. & Vercruysse J., 2006. The detection of anthelmintic resistance
in nematodes of veterinary importance. Vet. Parasitol. 136:167-185.
Dobson R.J., LeJambre L. & Gill J. 1996. Management of anthelmintic resistance: inheritance
of resistance and selection with persistent drugs. Int. J. Parasitol. 26:993-1000.
Echevarria F., Borba M.F.S., Pinheiro A.C., Waller P.J. & Hansen J.W. 1996. The prevalence
of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheep in Southern Latin America:
Brazil. Vet. Parasitol. 62:199-206.
49
Entrocasso C., Alvarez L., Manazza J., Lifschitz A., Borda B., Virkel G., Mottier L. &
Lanusse C. 2008. Clinical efficacy assessment of the albendazoleivermectin combination
in lambs parasitized with resistant nematodes. Vet. Parasitol. 155:249256.
Furlong J., Prata M.C.A. & Martins J.R. 2007. O carrapato dos bovinos e a resistência: temos
o que comemorar? A Hora Vet. 159:26-32.
Geerts S. & Gryseels, B. 2000. Drug resistance in human helminths: current situation and
lessons from livestock. Clin. Microbiol. Rev. 13:207-222.
George J.E., Pound J.M. & Davey R.B. 2004. Chemical control of ticks on cattle and the
resistance of these parasites to acaricides. Parasitol. 129:353366.
Hall C.A., Kelly J.D., Whitlock H.V. & Ritchie L. 1981. Prolonged anthelmintic effect of
closantel and disophenol against a thiabendazole selected resistant strain of Haemonchus
contortus in sheep. Res. Vet. Sci. 31:104-106.
Hopkins A.L., Witty M.J. & Nwaka S. 2007. Mission possible. Nature 449:166-169.
Hu Y., Platzer E.G., Bellier A. & Aroian R.V. 2010. Discovery of a highly synergistic
anthelmintic combination that shows mutual hypersusceptibility. PNAS 107:5955-5960.
Disponível em: <http://www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0912327107>. Acesso em: 5
mar. 2010.
Lanusse C.E. & Prichard R.K. 1993. Relationship between pharmacological properties and
clinical efficacy of ruminant anthelmintics. Vet. Parasitol. 49:123-158.
Martins J.R., Furlong J., Prata M.C.A. & Doyle R.L. 2008. Acaricide resistance in Brazil and
the use of mixtures as chemical alternative for tick control. In: VI Seminario Internacional
de Parasitología Animal, 2008, Boca del Río Veracruz, Mexico.
McKellar Q.A. & Jackson F. 2004. Veterinary anthelmintics: old and new. Trends Parasitol.
20:456-461.
McKenna P.B., 2006. Further comparison of faecal egg count reduction test procedures:
sensitivity and specificity. N. Z. Vet. J. 54:365-366.
Miller D.K. & Craig T.M. 1996. Use of anthelmintic combinations against multiple resistant
Haemonchus contortus in Angora goats. Small Rumin. Res. 19:281-283.
Miller J.E., Bahirathan M., Lemarie S.L., Hembry F.G., Kearney M.T. & Barras S.R. 1998.
Epidemiology of gastrointestinal nematode parasitism in Suffolk and Gulf Coast Native
sheep with special emphasis on relative susceptibility to Haemonchus contortus infection.
Vet. Parasitol. 74:55-74.
Molento M.B. 2009. Parasite control in the age of drug resistance and changing agricultural
practices. Vet. Parasitol. 163:229-234.
50
Mwamachi D.M., Audho J.O., Thorpe W. & Baker R.L. 1995. Evidence for multiple
anthelmintic resistance in sheep and goats reared under the same management in coastal
Kenya. Vet. Parasitol. 60:303-313.
Pink R., Hudson A., Mouriès M.-A. & Bendig M. 2005. Opportunities and challenges in
antiparasitic drug discovery. Nature Rev. Drug Discov. 4:727739.
Ranjan S., Search R., Szewczyk E., Amodie D., Pollet R. & Rugg D. 2010. Evaluation of the
persistent activity of moxidectin (10%) long-acting (LA) injectable formulation against
Dictyocaulus viviparus, Haemonchus placei, Trichostrongylus axei and
Oesophagostomum radiatum infections in cattle. Vet. Parasitol. 167:5054.
Ranjan S., Wang G.T., Hirschlein C. & Simkins K.L. 2002. Selection for resistance to
macrocyclic lactones by Haemonchus contortus in sheep. Vet. Parasitol. 103:109-117.
Sangster N.C. 1999. Anthelmintic resistance: past, present and future. Int. J. Parasitol. 29:115-
124.
Sargison N.D., Jackson F., Bartley D.J., Wilson D.J., Stenhouse L.J. & Penny C.D. 2007.
Observations on the emergence of multiple anthelmintic resistance in sheep flocks in the
south-east of Scotland. Vet. Parasitol. 145:65-76.
Traversa D., Paoletti B., Otranto D. & Miller J. 2007. First report of multiple drug resistance
in trichostrongyles affecting sheep under field conditions in Italy. Parasitol. Res.
101:1713-1716.
Ueno H. & Goalves V.C. 1998. Manual para diagnóstico das helmintoses de ruminantes.
quio : Japan International Cooperation Agency. 143p.
van Wyk J.A., Hoste H., Kaplan R.M. & Besier R.B. 2006. Targeted selective treatment for
worm managementHow do we sell rational programs to farmers? Vet. Parasitol.
139:336-346.
van Zeveren A.M., Casaert S., Alvinerie M., Geldhof P., Claerebout E. & Vercruysse J. 2007.
Experimental selection for ivermectin resistance in Ostertagia ostertagi in cattle. Vet.
Parasitol. 150:104-110.
Vermunt J., West D. & Pomroy W. 1996. Inefficacy of moxidectin and doramectin against
ivermectin-resistant Cooperia spp. of cattle in New Zealand. N. Z. Vet. J. 44:188-193.
Waller P.J. & Thamsborg S.M. 2004. Nematode control in green ruminant production
systems. Trends Parasitol. 20:493-497.
Waller P.J., Rudby-Martin L., Ljungström B.L. & Rydzik A. 2004. The epidemiology of
abomasal nematodes of sheep in Sweden, with particular reference to over-winter survival
strategies. Vet. Parasitol. 122:207-220.
51
Wood I.B., Amaral N.K., Bairden K., Duncan J.L., Kassai T., Malone Jr. J.B., Pankavich J.A.,
Reinecke R.K., Slocombe O., Taylor S.M. & Vercruysse J. 1995. World Association for
the Advancement of Veterinary Parasitology (W.A.A.V.P.) second edition of guidelines
for evaluating the efficacy of anthelmintics in ruminants (bovine, ovine, caprine). Vet.
Parasitol. 58:181-213.
Woods D.J. & Williams T.M. 2007. The challenges of developing novel antiparasitic drugs.
Invert. Neurosci. 7:245-250.
Yazwinski T.A., Williams J.C., Smith L.L., Tucker C., Loyacano A.F., DeRosa A., Peterson
P., Bruer D.J. & Delay R.L. 2006. Dose determination of the persistent activity of
moxidectin long-acting injectable formulations against various nematode species in cattle.
Vet. Parasitol. 137:273-285.
52
Quadro 1 Tratamentos avaliados nos ovinos do rebanho-alvo e eficácias calculadas das
drogas com base em um Teste de Redução da Contagem de Ovos nas Fezes (FECRT) em
um estudo prévio:
Drogas testadas em cada grupo
de ovinos (n=15)
Dose
(mg Kg
-1
)
Eficia
(FECRT)
Nome comercial, Fabricante
Fosfato de Levamisol 22,3%
4,5
23%
Levamisol F, Vetbrands
Moxidectina 1%
0,2
54%
Cydectin ovinos, Fort Dodge
Sulfóxido de Albendazol 10%
2,5
-2%
Ricobendazole 10, Ouro Fino
Ivermectina 1%
0,2
-42%
Ivomec Injetável, Merial
Nitroxinil 34%
9,7
32%
Dovenix Supra, Merial
Disofenol 20%
10,0
26%
Disofenol 20%, IBASA
Triclorfon 10%
100,0
-35%
Bevermex, IRFA
Ivermectina
Levamizole
Albendazole
0,2
7,5
5,0
68%
Trimix, Merial
Closantel 10%
10,0
-23%
Diantel, IRFA
53
Quadro 2 Percentual de cada um dos três gêneros de nematódeos gastrintestinais -
Haemonchus spp. (Haem.), Trichostrongylus spp. (Trich.), Ostertagia spp. (Ostert.) -
recuperados de culturas de larvas nas fezes dos ovinos, antes (D0) e 12 dias depois (D12)
dos tratamentos antiparasitários, em um estudo prévio (para as drogas selecionadas
para o presente estudo):
Drogas testadas em grupos de 15 ovinos
Haem. (%)
Trich. (%)
Ostert. (%)
D0 D12
D0 D12
D0 D12
Fosfato de Levamisol 22,3%
48
38 ↓
a
52
56 ↑
0
6 ↑
Moxidectina 1%
50
31 ↓
44
59 ↑
6
10 ↑
Disofenol 20%
48
22 ↓
36
46 ↑
16
32 ↑
Triclorfon 10 %
42
36 ↓
52
41 ↓
6
23 ↑
Closantel 10%
44
38 ↓
50
20 ↓
6
42 ↑
a
As setas representam redução (↓) ou aumento (↑) no percentual de cada gênero após o tratamento.
54
Quadro 3 Tratamentos avaliados no rebanho-alvo de ovinos no presente estudo:
Grupos (n=15) e tratamentos
Dose
(mg Kg
-1
)
a
Classes
Nome comercial, Fabricante
G1.
Moxidectina 1%
(Dobro da dose)
0,4
Milbemicina
b
Cydectin ovinos, Fort Dodge
G2.
Fosfato de Levamisol 22,3%
(Dobro da dose)
9,0
Imidazotiazol
Levamisol F, Vetbrands
G3.
Moxidectina 1%
Fosfato de Levamisol 22,3%
0,2
4,5
Milbemicina
b
Imidazotiazol
Cydectin ovinos, Fort Dodge
Levamisol F, Vetbrands
G4.
Moxidectina 1%
Disofenol 20%
0,2
10,0
Milbemicina
b
Nitrofenol
Cydectin ovinos, Fort Dodge
Disofenol 20%, IBASA
G5.
Moxidectina 1%
Triclorfon 10%
0,2
100,0
Milbemicina
b
Organofosfato
Cydectin ovinos, Fort Dodge
Bevermex, IRFA
G6.
Moxidectina 1%
Closantel 10%
0,2
10,0
Milbemicina
b
Salicilanilida
Cydectin ovinos, Fort Dodge
Diantel, IRFA
G7.
Fosfato de Levamisol 22,3%
Triclorfon 10%
4,5
100,0
Imidazotiazol
Organofosfato
Levamisol F, Vetbrands
Bevermex, IRFA
G8.
Moxidectina 10%
1,0
Milbemicina
b
Onyx, Fort Dodge
a
Todos por via parenteral, subcutânea, exceto o Closantel 10% (via oral).
b
Lactona Macrocíclica.
55
Quadro 4 Médias de OPG de cada grupo de ovinos antes (D0) e 12 dias depois (D12)
dos tratamentos antiparasitários e eficácias calculadas de cada tratamento com base em
um Teste de Redução da Contagem de Ovos nas Fezes (FECRT):
Grupos (n=15) e tratamentos
OPG (médio)
Eficia
(FECRT)
D0
D12
G1. Moxidectina 1% (Dobro da dose)
2900
313
89%
G2. Fosfato de Levamisol 22,3% (Dobro da dose)
3971
682
83%
G3. Moxidectina 1% + Fosfato de Levamisol 22,3%
4887
395
92%
G4. Moxidectina 1% + Disofenol 20%
3067
40
99%
G5. Moxidectina 1% + Triclorfon 10%
2538
238
91%
G6. Moxidectina 1% + Closantel 10%
5140
892
83%
G7. Fosfato de Levamisol 22,3% + Triclorfon 10%
4227
1536
36%
G8. Moxidectina 10%
2773
598
78%
56
Quadro 5 - Percentual de cada um dos cinco neros de nematódeos gastrintestinais -
Haemonchus spp. (Haem.), Trichostrongylus spp. (Trich.), Ostertagia spp. (Ostert.),
Cooperia spp. (Coop.), Oesophagostomum spp. (Oesoph.) - recuperados de culturas de
larvas em fezes ovinas coletadas antes (D0) e 12 dias depois (D12) dos tratamentos
antiparasitários:
Grupos (n=15) e
tratamentos
Haem.
(%)
Trich.
(%)
Ostert.
(%)
Coop.
(%)
Oesoph.
(%)
D0 D12
D0 D12
D0 D12
D0 D12
D0 D12
G1. Moxidectina 1%
(Dobro da dose)
78
72
a
4
40
0
2
18
6
0
0
G2. Fosf. Levam.
b
22,3%
(Dobro da dose)
46
14
16
80
16
4
20
2
2
0
G3. Moxidectina 1% +
Fosf. Levam. 22,3%
68
6
4
91
20
3
8
0
0
0
G4. Moxidectina 1% +
Disofenol 20%
54
6
10
86
20
4
16
4
0
0
G5. Moxidectina 1% +
Triclorfon 10%
80
26
2
48
2
20
16
6
0
0
G6. Moxidectina 1% +
Closantel 10%
60
4
24
86
0
6
12
0
6
2
G7. Fosf. Levam. 22,3%
+ Triclorfon 10%
62
8
8
62
4
18
26
8
0
4
G8. Moxidectina 10%
58
47
0
47
2
6
40
0
0
0
a
As setas representam redução (↓) ou aumento (↑) no percentual de cada gênero após o tratamento.
b
Fosf. Levam. = Fosfato de Levamisole.
57
5 CONCLUSÕES
A resistência parasitária múltipla aos rmacos com ação nematicida, provavelmente
disseminada em rebanhos de ruminantes no sul do Brasil, precisa ser controlada de maneira a
se restabelecer a eficácia dos tratamentos anti-helmínticos, caso contrário, este problema
poderá inviabilizar economicamente alguns desses rebanhos.
A utilização de superdoses e/ou de formulações com alta concentração de princípio
ativo (longa ação), não garante a eficácia dos tratamentos sobre populações de nematódeos
gastrintestinais resistentes aos mesmos princípios ativos nas formulações e dosagens
convencionais.
A combinação de princípios ativos quimicamente semelhantes, com mecanismos de
ação similares, tende a resultar em baixo incremento da eficácia dos tratamentos em
populações de nematódeos gastrintestinais resistentes ao grupo químico em questão.
A combinação de drogas, com mecanismos de ação distintos, disponíveis
separadamente no mercado, é uma alternativa viável para o controle de nematódeos
gastrintestinais multi-resistentes. Contudo, a sua utilização deve ser baseada em testes de
eficácia e em culturas de larvas que possibilitem o direcionamento da escolha daqueles
fármacos que sejam os melhores candidatos em cada caso.
A utilização de combinações de drogas é recomenvel em casos de resistência
múltipla a todos os rmacos com ação nematicida disponíveis no mercado, e seu efeito deve
ser comprovado por meio de testes de eficácia.
A utilização de combinações aleatórias de fármacos antiparasitários não deve ser
utilizada, sob pena de incorrer-se no risco de agravar o problema de resistência parasitária no
rebanho com a aplicação de combinações ineficazes.
58
6 REFERÊNCIAS
ALBONICO, M. et al. Efficacy of mebendazole and levamisole alone or in combination
against intestinal nematode infections after repeated targeted mebendazole treatment in
Zanzibar. Bulletin of the World Health Organization, v. 81, n. 5, p. 343-352, 2003.
ANDERSON, N.; MARTIN, P. J.; JARRET, R. G. Mixtures of anthelmintics: a strategy
against resistance. Australian Veterinary Journal, v. 65, n. 2, p. 62-64, 1988.
BAHIRATHAN, M. et al. Susceptibility of Suffolk and Gulf Coast Native suckling lambs to
naturally acquired strongylate nematode infection. Veterinary Parasitology, v. 65, n. 3-4, p.
259-268, 1996.
BARGER, I. A. The role of epidemiological knowledge and grazing management for
helminth control in small ruminants. International Journal for Parasitology, v. 29, n. 1, p.
41-47, 1999.
BARLOW, A. M.; SHARPE, J. A. E.; KINCAID, E. A. Blindness in lambs due to inadvertent
closantel overdose. Veterinary Record, v. 151, n. 1, p. 25-26, 2002.
BARNES, E. H.; DOBSON, R. J.; BARGER, I. A. Worm control and anthelmintic resistance:
adventures with a model. Parasitology Today, v. 11, n. 2, p. 56-63, 1995.
BIFFA, D.; JOBRE, Y.; CHAKKA, H. Ovine helminthosis, a major health constraint to
productivity of sheep in Ethiopia. Animal Health Research Reviews, v. 7, n. 1-2, p. 107-
118, 2006.
CEZAR, A. S.; CATTO, J. B.; BIANCHIN, I. Controle alternativo de nematódeos
gastrintestinais dos ruminantes: atualidade e perspectivas. Ciência Rural, v. 38, n. 7, p. 2083-
2091, 2008.
CHARTIER, C.; PORS, I.; BENOIT, C. Efficacy of pyrantel tartrate against experimental
infections with Haemonchus contortus, Teladorsagia circumcincta and Trichostrongylus
colubriformis in goats. Veterinary Parasitology, v. 59, n. 1, p. 69-73, 1995.
COLES, G. C. Cattle nematodes resistant to anthelmintics: why so few cases? Veterinary
Research, v. 33, n. 5, p. 481489, 2002.
59
CRAIG, T. M. Anthelmintic resistance. Veterinary Parasitology, v. 46, n. 1-4, p. 121-131,
1993.
CRUZ, D. G. et al. Anthelmintic efficacy and management practices in sheep farms from the
state of Rio de Janeiro, Brazil. Veterinary Parasitology, 2010. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6TD7-4YGHGX6-
3&_user=687358&_coverDate=02%2F26%2F2010&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_s
ort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=1282273442&_rerunOrigin=scholar.google&_a
cct=C000037899&_version=1&_urlVersion=0&_userid=687358&md5=56e1d18360f113947
eead50c110021d3>. Acesso em: 5 mar. 2010.
DOBSON, R. J.; LeJAMBRE, L.; GILL, J. Management of anthelmintic resistance:
inheritance of resistance and selection with persistent drugs. International Journal for
Parasitology, v. 26, n. 8-9, p. 993-1000, 1996.
DUPUY, J.; SUTRA, J. F.; ALVINERIE, M. Pharmacokinetics assessment of moxidectin
long-acting formulation in cattle. Veterinary Parasitology, v. 147, n. 3-4, p. 252257, 2007.
ENTROCASSO, C. et al. Clinical efficacy assessment of the albendazole-ivermectin
combination in lambs parasitized with resistant nematodes. Veterinary Parasitology, v. 155,
n. 3-4, p. 249-256, 2008.
FARIAS, M. T. et al. A survey on resistance to anthelmintics in sheep stud farms of southern
Brazil. Veterinary Parasitology, v. 72, n. 2, p. 209-214, 1997.
FORBES, A. B.; CUTLER, K. L.; RICE, B. J. Sub-clinical parasitism in spring-born, beef
suckler calves: epidemiology and impact on growth performance during the first grazing
season. Veterinary Parasitology, v. 104, n. 4, p. 339-344, 2002.
FURLONG, J.; PRATA, M. C. A.; MARTINS, J. R. O carrapato dos bovinos e a resistência:
temos o que comemorar? A Hora Veterinária, v. 27, n. 159, p. 26-32, 2007.
GEERTS, S.; GRYSEELS, B. Drug resistance in human helminths: current situation and
lessons from livestock. Clinical Microbiology Reviews, v. 13, n. 2, p. 207-222, 2000.
GEORGE, J. E.; POUND, J. M.; DAVEY, R. B. Chemical control of ticks on cattle and the
resistance of these parasites to acaricides. Parasitology, v. 129, p. 353-366, 2004. Suppl. 1.
60
GILL, J. H. et al. Evidence of multiple mechanisms of avermectin resistance in Haemonchus
contortus - comparison of selection protocols. International Journal for Parasitology, v. 28,
n. 5, p. 783-789, 1998.
HENNESSY, D. R. Modifying the formulation or delivery mechanism to increase the activity
of anthelmintic compounds. Veterinary Parasitology, v. 72, n. 3-4, p. 367-390, 1997.
HU, Y. et al. Discovery of a highly synergistic anthelmintic combination that shows mutual
hypersusceptibility. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States
of America, v. 107, n. 13, p. 5955-5960, 2010. Disponível em:
<http://www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0912327107>. Acesso em: 5 mar. 2010.
ISMAIL, M. M. et al. Efficacy of single dose combinations of albendazole, ivermectin and
diethylcarbamazine for the treatment of Bancroftian filariasis. Transactions of the Royal
Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 92, n. 1, p. 94-97, 1998.
JACKSON, F.; COOP, R. L. The development of anthelmintic resistance in sheep nematodes.
Parasitology, v. 120, n. 7, p. 95-107, 2000.
JACKSON, F. et al. Worm control in sheep in the future. Small Ruminant Research, v. 86,
n. 1-3, p. 40-45, 2009.
JAMES, C. E.; DAVEY, M. W. Increased expression of ABC transport proteins is associated
with ivermectin resistance in the model nematode Caenorhabditis elegans. International
Journal for Parasitology, v. 39, n. 2, p. 213-220, 2009.
KAGIRA, J,; KANYARIA, P. W. The role of parasitic diseases as causes of mortality in
small ruminants in a high-potential farming area in central Kenya. Journal of the South
African Veterinary Association, v. 72, n. 3, p. 147-149, 2001.
KAPLAN, R. M. Drug resistance in nematodes of veterinary importance: a status report.
Trends in Parasitology, v. 20, n. 10, p. 477-481, 2004.
KENYON, F. et al. The role of targeted selective treatments in the development of refugia-
based approaches to the control of gastrointestinal nematodes of small ruminants. Veterinary
Parasitology, v. 164, n. 1, p. 3-11, 2009.
KYRIAZAKIS, I. et al. The effect of subclinical intestinal nematode infection on the diet
selection of growing sheep. British Journal of Nutrition, v. 72, n. 5, p. 665-677, 1994.
61
LAWRENCE, K. E. et al. Farm management practices associated with macrocyclic lactone
resistance on sheep farms in New Zealand. New Zealand Veterinary Journal, v. 54, n. 6, p.
283-288, 2006.
LEATHWICK, D. M.; POMROY, W. E.; HEATH, A. C. G. Anthelmintic resistance in New
Zealand. New Zealand Veterinary Journal, v. 49, n. 6, p. 227-235, 2001.
LEATHWICK, D. M. et al. Managing anthelmintic resistance: Is it feasible in New Zealand
to delay the emergence of resistance to a new anthelmintic class? New Zealand Veterinary
Journal, v. 57, n. 4, p. 181-192, 2009.
LIFSCHITZ, A. et al. Ivermectin disposition kinetics after subcutaneous and intramuscular
administration of an oil-based formulation to cattle. Veterinary Parasitology, v. 86, n. 3, p.
203-215, 1999.
LIFSCHITZ, A. et al. Ivermectin (3.15%) long-action formulations in cattle: absorption
pattern and pharmacokinetic considerations. Veterinary Parasitology, v. 147, n. 3-4, p. 303-
310, 2007.
MacRAE, J. C. Metabolic consequences of intestinal parasitism. Proceedings of the
Nutrition Society, v. 52, n. 1, p. 121-130, 1993.
McKELLAR, Q. A; JACKSON, F. Veterinary anthelmintics: old and new. Trends in
Parasitology, v. 20, n. 10, p. 456-461, 2004.
McLEOD, R. S. Costs of major parasites to the Australian livestock industries. International
Journal for Parasitology, v. 25, n. 11, p. 1363-1367, 1995.
MEJÍA, M. E. et al. Multispecies and multiple anthelmintic resistance on cattle nematodes in
a farm in Argentina: the beginning of high resistance? Veterinary Research, v. 34, n. 4, p.
461-467, 2003.
MILLER, D. K.; CRAIG, T. M. Use of anthelmintic combinations against multiple resistant
Haemonchus contortus in Angora goats. Small Ruminant Research, v. 19, n. 3, p. 281-283,
1996.
MOLENTO, M. B. Parasite control in the age of drug resistance and changing agricultural
practices. Veterinary Parasitology, v. 163, n. 3, p. 229-234, 2009.
62
MOLENTO, M. B.; PRICHARD, R. K. Effects of the multidrug-resistance-reversing agents
verapamil and CL 347,099 on the efficacy of ivermectin or moxidectin against unselected and
drug-selected strains of Haemonchus contortus in jirds (Meriones unguiculatus).
Parasitology Research, v. 85, n. 12, p. 1007-1011, 1999.
MOTTIER M. L.; PRICHARD R. K. Genetic analysis of a relationship between macrocyclic
lactone and benzimidazole anthelmintic selection on Haemonchus contortus.
Pharmacogenetics and Genomics, v. 18, n. 2, p. 129-140, 2008.
PINK, R. et al. Opportunities and challenges in antiparasitic drug discovery. Nature Reviews
Drug Discovery, v. 4, n. 9, p. 727-739, 2005.
RANJAN, S. et al. Selection for resistance to macrocyclic lactones by Haemonchus contortus
in sheep. Veterinary Parasitology, v. 103, n. 1-2, p. 109-117, 2002.
REINECKE, R. K. Parasitic control in intensive vs. non-intensive systems - ruminants.
Veterinary Parasitology, v. 54, n. 1-3, p. 49-67, 1994.
SANGSTER, N. C. Anthelmintic resistance: past, present and future. International Journal
for Parasitology, v. 29, n. 1, p. 115-124, 1999.
SANGSTER, N. C.; GILL, J. Pharmacology of anthelmintic resistance. Parasitology Today,
v. 15, n. 4, p. 141-146, 1999.
SANGSTER, N. C. et al. Disposition of oxfendazole in goats and efficacy compared to sheep.
Research in Veterinary Science, v. 51, n. 3, p. 258-263, 1991.
SILVESTRE, A. et al. Relationship between helminth species diversity, intensity of infection
and breeding management in dairy goats. Veterinary Parasitology, v. 94, n. 1-2, p. 91-105,
2000.
SILVESTRE, A. et al. Sheep and goat nematode resistance to anthelmintics: pro and cons
among breeding management factors. Veterinary Research, v. 33, n. 5, p. 465-480, 2002.
STROMBERG, B. E.; AVERBECK, G. A. The role of parasite epidemiology in the
management of grazing cattle. International Journal for Parasitology, v. 29, n. 1, p. 33-39,
1999.
63
TAYLOR, M. A. et al. Multiple resistance to anthelmintics in sheep nematodes and
comparison of methods used for their detection. Small Ruminant Research, v. 86, n. 1-3, p.
67-70, 2009.
THAMSBORG, S. M.; ROEPSTORFF, A.; LARSEN, M. Integrated and biological control of
parasites in organic and conventional production systems. Veterinary Parasitology, v. 84, n.
3-4, p. 169-186, 1999.
van der LUGT, J. J.; VENTER, I. Myelin vacuolation, optic neuropathy and retinal
degeneration after closantel overdosage in sheep and in a goat. Journal of Comparative
Pathology, v. 136, n. 2-3, p. 87-95, 2007.
van WYK, J. A.; MALAN, F. S.; RANDLES, J. L. How long before resistance makes it
impossible to control some field strains of Haemonchus contortus in South Africa with any of
the modern anthelmintics? Veterinary Parasitology, v. 70, n. 1-3, p. 111-122, 1997.
van WYK, J. A. et al. Targeted selective treatment for worm management - How do we sell
rational programs to farmers? Veterinary Parasitology, v. 139, n. 4, p. 336-346, 2006.
van ZEVEREN, A. M. et al. Experimental selection for ivermectin resistance in Ostertagia
ostertagi in cattle. Veterinary Parasitology, v. 150, n. 1-2, p. 104-110, 2007.
VÁRADY, M. et al. In vitro characterization of lines of Oesophagostomum dentatum selected
or not selected for resistance to pyrantel, levamisole and ivermectin. International Journal
for Parasitology, v. 27, n. 1, p. 77-81, 1997.
WAGHORN, T. S. et al. Prevalence of anthelmintic resistance on sheep farms in New
Zealand. New Zealand Veterinary Journal, v. 54, n. 6, p. 271-277, 2006.
WALLER, P. J. Nematode parasite control of livestock in the tropics/subtropics: the need for
novel approaches. International Journal for Parasitology, v. 27, n. 10, p. 1193-1201, 1997.
______. International approaches to the concept of integrated control of nematode parasites of
livestock. International Journal for Parasitology, v. 29, n. 1, p. 155-164, 1999.
______. Global perspectives on nematode parasite control in ruminant livestock: the need to
adopt alternatives to chemotherapy, with emphasis on biological control. In: FAO. Animal
Production and Health Division. Biological control of nematode parasites of small ruminants
in Asia. Final proceedings… Rome, Italy: FAO, 2002. 104p. (FAO Animal Production and
Health Paper).
64
WALLER, P. J.; THAMSBORG, S. M. Nematode control in ‗green‘ ruminant production
systems. Trends in Parasitology, v. 20, n. 10, p. 493-497, 2004.
WEST, D. et al. Estimating the cost of subclinical parasitism in grazing ewes. Small
Ruminant Research, v. 86, n. 1, p. 84-86, 2009.
WOLSTENHOLME, J. et al. Drug resistance in veterinary helminthes. Trends in
Parasitology, v. 20, n. 10, p. 469-476, 2004.
YAZWINSKI, T. A. et al. Dose determination of the persistent activity of moxidectin long-
acting injectable formulations against various nematode species in cattle. Veterinary
Parasitology, v. 137, n. 3-4, p. 273-285, 2006.
ZAJAC, A.M.; GIPSON, T. A. Multiple anthelmintic resistance in a goat herd. Veterinary
Parasitology, v. 87, n. 2-3, p. 163-172, 2000.
65
Cezar, Alfredo Skrebsky, 1985-
C425a
Alternativas farmacológicas para a resistência parasitária
múltipla em rebanhos de ruminantes: uma nova abordagem
/ Alfredo Skrebsky Cezar. - 2010.
64 f. ; il.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Santa
Maria, Centro de Ciências Rurais, Programa de Pós-
Graduação em Medicina Veterinária, 2010.
“Orientadora: Prof
a
. Fernanda Silveira Flôres Vogel”
1. Medicina veterinária 2. Ruminantes 3. Superdoses 4.
Anti-helmínticos 5. Multi-resistentes 6. Helmintos I. Vogel,
Fernanda Silveira Flôres Vogel II. Título III. Título: Uma nova
abordagem
CDU: 619:636.2/.3
Ficha catalográfica elaborada por
Patrícia da Rosa Corrêa CRB 10/1652
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais/UFSM
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo